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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFBV/WYDEN MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL - MPGE Gilvan Florêncio da Silva PRÁTICAS DE GESTÃO AMBIENTAL NO CENTRO UNIVERSITÁRIO DO VALE DO IPOJUCA (UNIFAVIP) EM BUSCA DA CERTIFICAÇÃO: UM ESTUDO DE CASO SOBRE A PERCEPÇÃO DE ALUNOS DE CURSOS DE GRADUAÇAO. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Janaina de Holanda Costa Calazans RECIFE 2018

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFBV/WYDEN

MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL - MPGE

Gilvan Florêncio da Silva

PRÁTICAS DE GESTÃO AMBIENTAL NO CENTRO UNIVERSITÁRIO DO VALE DO

IPOJUCA (UNIFAVIP) EM BUSCA DA CERTIFICAÇÃO: UM ESTUDO DE CASO

SOBRE A PERCEPÇÃO DE ALUNOS DE CURSOS DE GRADUAÇAO.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Janaina de Holanda Costa Calazans

RECIFE

2018

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Centro Universitário UNIFBV - WYDEN

Mestrado Profissional em Gestão Empresarial - MPGE

CLASSIFICAÇÃO DE ACESSO A DISSERTAÇÕES

Considerando a natureza das informações e compromissos assumidos com suas fontes, o acesso

à dissertação do Mestrado Profissional em Gestão Empresarial - do Centro Universitário

UniFBV é definido em três graus:

Grau 1: livre (sem prejuízo das referências ordinárias em citações diretas e indiretas);

Grau 2: com vedação a cópias, no todo ou em parte, sendo, em consequência, restrita

a consulta em ambientes de bibliotecas com saída controlada;

Grau 3: apenas com autorização expressa do autor, por escrito, devendo, por isso, o

texto, se confiado a bibliotecas que assegurem a restrição, ser mantido em local sob chave ou

custódia;

A classificação desta dissertação se encontra, abaixo, definida por seu autor.

Solicita-se aos depositários e usuários sua fiel observância, afim de que se preservem as

condições éticas e operacionais da pesquisa científica na área de administração.

TÍTULO DA DISSERTAÇÃO

PRÁTICAS DE GESTÃO AMBIENTAL, NO CENTRO UNIVERSITÁRIO DO VALE DO IPOJUCA

(UNIFAVIP) EM BUSCA DA CERTIFICAÇÃO: UM ESTUDO DE CASO SOBRE A PERCEPÇÃO DE

ALUNOS DE CURSOS DE GRADUAÇÃO.

Nome do(a) autor(a): Gilvan Florêncio da Silva

Data da Aprovação: 21 de junho de 2018

Classificação conforme especificação acima:

Grau 1 x

Grau 2

Grau 3

Recife, 15 de janeiro de 2019

Assinatura do autor

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GILVAN FLORÊNCIO DA SILVA

PRÁTICAS DE GESTÃO AMBIENTAL NO CENTRO UNIVERSITÁRIO DO VALE DO

IPOJUCA (UNIFAVIP) EM BUSCA DA CERTIFICAÇÃO: UM ESTUDO DE CASO

SOBRE A PERCEPÇÃO DE ALUNOS DE CURSOS DE GRADUAÇAO.

Nenhuma entrada de sumário foi encontrada.

RECIFE

2018

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Catalogação na fonte -

Biblioteca do Centro Universitário UniFBV | Wyden, Recife/PE

S586 Silva, Gilvan Florêncio da.

Práticas de gestão ambiental no Centro Universitário do Vale do

Ipojuca (UNIFAVIP) em busca da certificação: um estudo de caso

sobre a percepção de alunos de cursos de graduação. / Gilvan

Florêncio da Silva. – Recife: UniFBV | Wyden 2018.

84 f.

Orientador(a): Janaína de Holanda Costa Calazans.

Dissertação (Mestrado) Gestão Empresarial -- Centro

Universitário UniFBV | Wyden.

1. Sustentabilidade. 2. Gestão ambiental. 3. Consciência

ecológica. 4. Responsabilidade social. I. Título.

DISS 658[18.1]

Ficha catalográfica elaborada pelo setor de processamento técnico da Biblioteca.

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RESUMO

Este trabalho analisa a visibilidade por parte dos alunos dos cursos de gestão, em relação aos

procedimentos e ações de sustentabilidade desenvolvidas no Centro Universitário do Vale do

Ipojuca (UNIFAVIP), buscando descobrir a existência de uma consciência ecológica naqueles

discentes. O objetivo é identificar e avaliar, se essas práticas ditas sustentáveis pela IES, podem

servir de parâmetros e requisitos para um Sistema de Gestão Ambiental apto para se obter uma

certificação ambiental. O estudo visa contribuir com soluções para o desenvolvimento

sustentável das organizações corporativas com ênfase nas Instituições de Ensino Superior. O

referencial teórico utilizado sustenta que o ambiente desenvolvido nas instituições de ensino

superior, com várias iniciativas para difundir as normas e princípios sustentáveis, possibilita

conhecimentos para a sociedade, por envolver alunos, professores e funcionários em torno da

sustentabilidade. O tema tem se tornado recorrente no mundo acadêmico, diante da

preocupação com o meio ambiente, que despertou no meio social o interesse por novos saberes

como forma de minimizar os impactos causados pela ação humana. A educação socioambiental

tem papel fundamental para conscientizar os discentes de sua responsabilidade com o meio

ambiente e com a sociedade, no entanto, esses estudos se apresentam ainda de forma tímida.

Nesta pesquisa foi realizado um estudo de campo, com a identificação e investigação do

posicionamento dos alunos acerca do nível de responsabilidade sustentável na instituição

selecionada, analisando-se qualitativamente os dados que foram coletados por meio de

observações, entrevistas individuais e aplicação de um grupo focal. As interpretações dos dados

apontaram para uma inquietação comum entre os alunos pesquisados, perante a forma como a

instituição pensa a sustentabilidade, possibilitando descobrir, que a consciência ecológica dos

discentes, encontram-se condicionadas a diversos fatores que ainda não foram trabalhados pela

instituição.

Palavras-chave: Sustentabilidade. Consciência Ecológica. Gestão Ambiental.

Responsabilidade Social. Educação Ambiental.

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ABSTRACT

This work analyzes the students' visibility of the management courses, in relation to the

procedures and actions of sustainability developed in University Center of the Ipojuca Valley

(UNIFAVIP), seeking to discover the existence of an ecological awareness in those students.

The objective is to identify and evaluate if these practices are sustainable by the IES, can serve

as parameters and requirements for an Environmental Management System able to obtain an

environmental certification. The study aims to contribute with solutions for the sustainable

development of corporate organizations with an emphasis on Higher Education Institutions.

The theoretical framework used supports the fact that the environment developed in higher

education institutions, with several initiatives to disseminate sustainable norms and principles,

provides invaluable gains to society by involving students, teachers and employees around

sustainability. The theme has become recurrent in the academic world, in the face of concern

for the environment, which has aroused in the social environment the interest for new

knowledge as a way to minimize the impacts caused by human action. Socio-environmental

education has a fundamental role to make students aware of their responsibility to the

environment and society, however, these studies are still presented in a timid manner. In this

research, a field study was carried out, with the identification and investigation of the students'

position on the level of sustainable responsibility in the selected institution, analyzing

qualitatively the data that were collected through observations, individual interviews and

implementation of a focus group. The interpretations of the data pointed to a common concern

among the students surveyed, considering the way in which the institution thinks sustainability,

allowing to discover, that the ecological awareness of the students, are conditioned to several

factors that have not yet been worked by the institution.

Keywords: Sustainability. Ecological Consciousness. Environmental Management. Social

Responsibility. Education Environmental.

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Primeiro foi necessário civilizar o homem

em relação ao próprio homem. Agora é

necessário civilizar o homem em relação

à natureza e aos animais.

Victor Hugo.

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AGRADECIMENTOS

Ao Senhor Deus, companhia inseparável em todos os momentos da minha vida, o meu

sustento, a minha força, minha esperança, a minha gratidão por conduzir meus passos, por ser

a minha fortaleza, pela saúde e por permitir a realização pessoal e profissional. A Nossa

Senhora, o meu reconhecimento como intercessora, santa protetora, por renovar a minha fé.

Aos meus pais, Luiz e Maria, que acreditaram nos meus sonhos, por ainda, serem

exemplos de caráter e dignidade, aos meus irmãos e minhas irmãs Abigail e Salete, e aos meus

sobrinhos, por todo o apoio e incentivo. Que o amor de vocês esteja sempre presente em minha

vida.

À minha orientadora, Profa. Dra. Janaina de Holanda Costa Calazans, por quem tenho

grande admiração e carinho. Obrigado por ter compartilhado o conhecimento, pelo

enriquecimento científico, por ter acreditado no meu potencial, e por ter me proporcionado esta

oportunidade. Agradeço pelo carinho, amizade e dedicação.

Aos colegas da Instituição UNIFAVIP, companheiros fiéis e atenciosos, que muito me

incentivaram e contribuíram com suas experiências, aos meus amigos de escritório de

advocacia, que compartilham a labuta diária, contribuindo para o meu saber. Aos meus amigos

de mestrado, Beth, Bianca, Jonatha, Edna, Edivânia, e Inayan, companheiros no trilhar de um

sonho realizado, parceiros de estudos e alegrias.

Aos demais colegas, professores e funcionários do MPGE pelas lições de vida e pelas

experiências compartilhadas, especialmente aos alunos que disponibilizaram o seu precioso

tempo, para serem partícipes na construção desse projeto.

A todos os funcionários da Instituição onde foi realizada a pesquisa, pelo apoio, presteza

e compromisso profissional.

Aos professores componentes da banca examinadora e à Coordenação do MPGE.

Aos demais amigos, familiares e colegas de trabalho, o meu sincero agradecimento.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 2 – Tipos de indicadores Ethos de responsabilidade social ......................................... 35

Quadro 3 – Indicadores Ethos de responsabilidade social referentes ao meio ambiente ......... 35

Quadro 4 – Sujeitos da pesquisa ............................................................................................... 49

Quadro 5 – Categorias temáticas .............................................................................................. 55

Quadro 6 – Extensão do conceito de Sustentabilidade ............................................................. 56

Quadro 7 – Possibilidade de desenvolvimento econômico sustentável ................................... 58

Quadro 8 – Ações e práticas sustentáveis desenvolvidas pelo UNIFAVIP ............................. 61

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ASPROMA Associação dos Protetores do Meio Ambiente

CF Constituição Federal

CMMAD Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

CNUDN Conferência das Nações Unidas Sobre Desenvolvimento Natural

EA Educação Ambiental

GA Gestão Ambiental

IES Instituições de Ensino Superior

LDB Lei de Diretrizes e Bases

MEC Ministério da Educação

PCN Parâmetros Curriculares Nacionais

PNEA Política Nacional de Educação Ambiental

PPC Projeto Pedagógico de Curso

PPI Projeto Pedagógico de Instituição

PRONEA Programa Nacional de Educação Ambiental

RSC Responsabilidade Social Corporativa

RSE Responsabilidade Social Empresarial

SGA Sistema de Gestão Ambiental

UNESCO Organização das Nações Unidas Para Educação Ciência e Cultura

UNIFAVIP Centro Universitário do Vale do Ipojuca

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................14

1.1 Objetivos da pesquisa.............................................................................................17

1.1.1 Objetivo geral........................................................................................................17

1.1.2 Objetivos específicos.............................................................................................17

1.2 Justificativas da pesquisa..........................................................................................18

1.2.1 Justificativa teórica................................................................................................18

1.2.2 Justificativa prática................................................................................................18

2 FUNDAMNTAÇÃO TEÓRICA...............................................................................21

2.1 Sustentabilidade e sua Relação com as Instituições de Ensino Superior ................23

2.2 A Gestão Ambiental nas Instituições de Ensino Superior........................................27

2.3 A Responsabilidade Social nas Instituições de Ensino Superior..............................32

2.4 A Educação Ambiental e a Obediência Normativa nas Instituições de Ensino

Superior...........................................................................................................................36

2.5 A Afirmação Jurídica da Política Nacional de Educação Ambiental........................39

2.6 As Ações de Sustentabilidade Desenvolvida por uma IES no Agreste Pernambucano

.........................................................................................................................................43

3 METODOLOGIA.......................................................................................................46

3.1 Método.......................................................................................................................46

3.2 Locus da pesquisa......................................................................................................48

3.3 Sujeitos da pesquisa...................................................................................................49

3.4 Técnica de coleta de dados........................................................................................50

3.4.1 Fase de planejamento .............................................................................................51

3.4.2 Fase de Condução das Entrevistas..........................................................................53

3.4.3 Fase de Análise de Dados.......................................................................................53

3.5 Técnica de análise dos dados.....................................................................................53

3.6 Limitações da pesquisa..............................................................................................54

4 APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DA

PESQUISA.....................................................................................................................54

4.1 Abrangência do Conceito de Sustentabilidade..........................................................55

4.2 Possibilidade de Práticas Empresariais Sustentáveis.................................................57

4.3 Existência de Ações Sustentáveis no UNIFAVIP.....................................................60

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4.4 Processo de CONSCIENTIZAÇÃO Ecológica pelo UNIFAVIP.............................63

5 CONCLUSÕES...........................................................................................................68

5.1 Sugestões para a Instituição.......................................................................................71

5.2 Sugestões para estudos futuros..................................................................................72

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................74

APÊNDICE A- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO....80

APÊNDICE B- QUESTIONÁRIO...............................................................................81

APÊNDICE C- ROTEIRO GRUPO FOCAL ............................................................82

APÊNDICE D- REGRAS PARA APLICAÇÃO DE GRUPO FOCAL .................83

APÊNDICE E- AUTORIZAÇÃO DO REITOR RICARDO CÍRIACO.................84

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1 INTRODUÇÃO

A sustentabilidade ambiental tem sido assunto recorrente para as organizações que querem se

posicionar como empresas candidatas a uma certificação ambiental, assumindo

responsabilidades para com a sociedade e o meio ambiente. Esse tem sido um assunto de

relevância também para as universidades, que, enquanto instituições de ensino e pesquisa,

atuam como protagonistas nas mudanças de paradigmas sociais, por serem instituições de

ensino e de pesquisas. Quando tratamos das instituições de cunho privado, esta preocupação

vai além, uma vez que, a adoção de uma gestão sustentável, se torna um dos elementos

estruturantes da própria imagem do fornecedor, que é evidenciado através dos serviços

prestados para o consumidor. Em razão disso, estas instituições têm fomentado políticas

voltadas para a causa ecológica, assumindo responsabilidades e efetivando ações sustentáveis.

Segundo Dias (2015), o dilema de como se encontrar alternativas para a preservação do meio

ambiente evidenciou-se a partir da década de 1960, quando se percebeu as consequências do

uso em excesso dos insumos esgotáveis, sem qualquer ação para minimizar ou compensar os

danos causados.

Nas décadas seguintes cresceu o interesse pelo tema, uma vez que, ao mesmo tempo em que

países ricos e emergentes se desenvolviam economicamente, ficava mais evidente a degradação

ambiental, causando preocupações ao Poder Público, que devido aos danos ambientais em

virtude do desenvolvimento econômico sem previsão dos impactos ambientais, começou a

sofrer pressão de vários setores da sociedade civil organizada, exigindo-se das corporações um

maior respeito com o meio ambiente, bem comum da coletividade. Entende-se como gestão

ambiental um conjunto de ações e atividades no âmbito administrativo e prático voltado à

obtenção de efeitos positivos perante ações humanas diretamente relacionadas ao meio

ambiente.

Um olhar diferenciado para o meio ambiente, estruturante do próprio conceito de gestão

ambiental, deixou de se restringir a pequenos grupos de estudiosos e passou a pautar discussões

em âmbito global (BARBIERI, 2011).

Na atual conjuntura mundial, a realidade fática e a mídia têm mostrado que os recursos naturais

não são infinitos. A crise ambiental vivenciada hodiernamente já alcançou proporções não

vistas anteriormente ao longo de toda a história da humanidade, e grande parcela disso é

resultado da intervenção do próprio homem, agente modificador do meio (DIAS, 2015).

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Em busca de manter um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a preservação

ambiental, o governo em comunhão com a sociedade civil, tem elaborado novas propostas para

a efetiva preservação do meio ambiente, bem como, tem procurado avaliar as iniciativas até

então existentes para buscar formas de enquadramento destas no objetivo de minimização dos

impactos ambientais.

Na tentativa de elaborar um conceito genérico de sustentabilidade, a Comissão Mundial Sobre

o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), presidida em Estolcomo no ano de 1987 pela

então primeira-ministra da Noruega Gro Harlem Brundtland, culminou com o relatório

Brundtland ou Nosso Futuro Comum, que determinou sustentabilidade como sendo um

processo transformativo voltado à harmonização da exploração dos recursos, do

direcionamento econômico, do desenvolvimento tecnológico e da mudança institucional como

forma de reforço da atenção às necessidades humanas, no que corresponde aos resultados de

uma organização medida em termo socioambiental, onde se atenda as necessidades do presente,

sem comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem as suas necessidades

(CMMAD, 1997).

Segundo Moreira (2013), o relatório elaborado pela CMMAD foi essencial para a inserção no

mundo empresarial do debate acerca da realidade dos problemas ambientais, sendo responsável

pela introdução do caráter de finitude conferido aos recursos naturais enquanto perspectiva a

pautar o pensamento mercadológico.

Várias conferências mundiais sobre o meio ambiente ainda surgiram - a exemplo da ECO 92,

realizada em 1992; e da RIO + 20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento

Natural (CNUDN), realizada em 2012, ambas no Rio de Janeiro (RJ), e por último no mês de

março do ano corrente o Fórum mundial da Água realizado em Brasília, todos esses encontros,

com a finalidade de encontrar uma harmonia entre o desenvolvimento econômico e ambiental

que viabilize a sustentabilidade, já que estudos apontam para um decaimento na qualidade de

vida das pessoas, bem como para a extinção de determinadas espécies de seres vivos, havendo

uma necessidade de ações urgentes em busca do reequilíbrio do planeta. Nesses encontros,

apontou-se a educação ambiental como um caminho viável e essencial para atingir o objetivo

de harmonizar a tríade do desenvolvimento sustentável, qual seja aquela composta pelos eixos

de desenvolvimento ambiental, econômico e social.

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Diante desse debate sobre o meio ambiente, as instituições superiores de ensino (IES) tornaram-

se instrumentos de mudanças nas práticas de preservação ambiental, por discutirem saberes nas

disciplinas de gestão ambiental e correlatas, em observância ao requisito de nº 16 disposto no

formulário do Ministério da Educação (MEC), que trata acerca da sustentabilidade enquanto

meio para a efetivação de uma Política de Educação Ambiental. A busca por novas diretrizes

de conscientização para práticas mais sustentáveis passou a embasar o discurso de várias IES

nas últimas décadas (RYAN et al., 2006).

Geralmente, Instituições de Ensino Superior, no seu mister de educar, se propõem a

disponibilizar conhecimentos e recursos tecnológicos para a formação de futuros profissionais,

podendo ainda, por meio de ações de responsabilidade socioambiental no âmbito de sua

extensão, aproximarem-se da comunidade onde atuam. Assim, se mostra possível unir a teoria

e a prática como forma de encontrar meios de preservação do meio ambiente.

Além disso as IES possuem enquanto razão de existência, ainda que teoricamente, oferecer aos

alunos os instrumentos intelectuais capazes de aprofundar o pensamento crítico e a capacidade

de confronto da realidade na qual estão inseridos (ENGELMAN, et al., 2009). A materialização

deste objetivo seria fundamental no fomentar de atitudes responsáveis por parte dos discentes

e futuros profissionais do ponto de vista socioambiental, não só no ambiente público, como

também nas relações de cunho privado, inserindo comportamentos ecológicos no entremeio da

convivência e do cotidiano humano.

Tendo em vista a importância dos estudos em educação ambiental inseridos aos poucos nas

universidades, bem como, a necessidade da adoção por parte delas, de uma gestão sustentável,

este trabalho se propõe a analisar o reconhecimento das práticas ambientais desenvolvidas no

campus do Centro Universitário do Vale do Ipojuca - UNIFAVIP, pelos alunos de graduação,

matriculados nos cursos de Gestão, aqui consideradas as graduações em Administração,

Logística, Recursos Humanos e Ciências Contábeis, haja vista que contam com a oferta de uma

grade curricular que contempla as disciplinas de Gestão Ambiental e correlatas.

Assim, a proposta deste estudo se volta a analisar se os alunos dos cursos de Gestão ofertados

pelo UNIFAVIP, o reconhecem como sendo uma IES aderente a práticas sustentáveis e mais,

se essas práticas ajudam a formar uma consciência ecológica, pautada no conhecimento da

responsabilidade socioambiental para sua vida prática, possibilitando o desenvolvimento de um

Sistema de Gestão Ambiental (SGA), que é um conjunto de funções, desenvolvidas nas

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organizações, de forma programada, envolvendo vários setores, com objetivo de diminuir os

impactos negativos sobre o meio ambiente gerados pela atuação das próprias empresas,

preenchendo requisitos satisfatórios para obtenção de certificação ambiental.

Dessa forma, nos propomos a responder ao seguinte problema de pesquisa: De que maneira os

alunos têm percebido as práticas de Gestão Ambiental desenvolvidas pelo Centro Universitário

do Vale do Ipojuca que possibilite a certificação ambiental? Para a consecução desta proposta,

identificaremos a priori quais as práticas ambientais apontadas pelo setor de operações e

marketing do UNIFAVIP – Centro Universitário do Vale do Ipojuca para, em seguida, analisar

se este estão de acordo com o Sistema de Gestão Ambiental e se os alunos dos cursos de

graduação reconhecem essas práticas como sendo sustentáveis e, em caso afirmativo, se essas

práticas são capazes de auxiliar na construção de uma consciência ecológica, que possibilite um

SGA apto para obter a certificação ambiental.

1.1 Objetivos da pesquisa

Os objetivos propostos pelo presente trabalho representam os pontos basilares que nortearam

a pesquisa, seja em fase de investigação bibliográfica para estruturação do referencial teórico,

seja na coleta de dados propriamente dita.

1.1.1 Objetivo geral

Analisar a percepção dos alunos de cursos de graduação a respeito das práticas de Gestão

Ambiental desenvolvidas pelo Centro Universitário do Vale do Ipojuca, em busca da

certificação.

1.1.2 Objetivos específicos

1. Identificar a existência de ações ambientais promovidas pelo UNIFAVIP e percebidas pelos

alunos;

2. Investigar a percepção dos alunos acerca do nível de responsabilidade sustentável do

UNIFAVIP a partir das práticas de gestão ambiental percebidas;

3. Avaliar, a partir dos indicadores previstos na ISO 14.001, a possibilidade de obtenção pelo

UNIFAVIP de um certificado ambiental;

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4. Analisar os reflexos das ações ambientais promovidas institucionalmente pelo UNIFAVIP

nos alunos

1.2 Justificativas da pesquisa

1.2.1 Justificativa teórica

Os estudos que contribuem com soluções para o desenvolvimento sustentável das organizações,

têm nas Instituições de Ensino Superior importantes aliadas, em virtude das mesmas

desenvolvem pesquisas, aproximando-se das abordagens e definições existentes, enquanto

realidade tangível e aplicável. “Essas instituições de ensino superior assumem um papel

primordial na sustentabilidade, já que suas atividades, incluindo pesquisas, ensino e

engajamento social são de extrema importância para um aprendizado de toda uma sociedade”

(LADEIRA et al, 2012).

O ambiente desenvolvido nas instituições de ensino, com várias iniciativas para difundir as

normas e princípios sustentáveis, possibilita ganhos inestimáveis para a sociedade, com o

envolvimento de alunos, professores e funcionários em torno da Sustentabilidade, unindo a

teoria e a prática como forma de conscientização e preservação do meio ambiente. “A cultura

intrínseca das instituições de ensino parece ser benéfica para as causas ambientais, uma vez que

estas instituições são estáveis, possuem perspectivas de longo prazo, fazem pesquisa, e os

objetivos educativos são bem recebidos por quem frequenta este ambiente” (GRAEDEL apud

LADEIRA et al., 2012).

O termo sustentabilidade vem sendo objeto de estudo de diversos pesquisadores ao longo dos

anos, como por exemplo, Cavalcanti (2003); Canepa (2007); Barbierie (2011); Tachizawa,

(2011); Dias (2015); Pontes (2015). No início, as pesquisas acadêmicas buscavam discussões

sobre a proteção ambiental, cujo foco era o ambiente natural, mas os estudos foram evoluindo

e se expandindo, abrangendo cada vez mais horizontes.

Para alguns autores como Cavalcanti (1994, p. 99) Sustentabilidade “significa a possibilidade

de se obterem continuamente condições iguais ou superiores de vida para um grupo de pessoas

e seus sucessores em dado ecossistema”.

A Sustentabilidade é um conhecimento que envolve reconhecer a complexidade do sistema

dinâmico, a robustez social, as mais diversas culturas e a incorporação de critérios normativos,

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que podem ser adaptados e alterados em diferentes contextos (MILLER et al. apud LADEIRA

et al., 2012).

A seguir apresentaremos informações acerca do trajeto realizado preliminarmente de

exploração bibliográfica, onde fora feito um levantamento sistematizado da literatura na

coleção de periódicos científicos, sobre os temas centrais: sustentabilidade em instituições de

ensino superior, gestão ambiental em instituições de ensino superior, responsabilidade social

em instituições de ensino superior e educação ambiental e instituições de ensino superior, se

obtendo a seguinte resposta:

Quadro 1 – Registros de trabalhos científicos encontrados nos portais da Scielo, da Capes, da

Ebsco e da Spell

TEMA SCIELO CAPES EBSCO SPELL

Sustentabilidade em IES 6 196 767 0

Gestão Ambiental em IES 5 207 1745 0

Responsabilidade social em IES 3 448 27 0

Educação ambiental em IES 7 193 707 0

Fonte: O Autor Acesso: 24/10/2017

A preocupação com o meio ambiente despertou a sociedade para o debate acerca da

sustentabilidade, buscando novos saberes como forma de minimizar os impactos causados pela

ação humana, surgindo uma discussão sobre uma tríade sustentável que é o desenvolvimento

econômico, o ambiental e o social. Para Elkington (1994), criador do termo Triple Bottom Line1,

“a sustentabilidade é o equilíbrio entre os três pilares: ambiental, econômico e social”.

As Instituições de Ensino Superior com suas ações e práticas respaldada nos pilares ambientais,

oferecem uma Educação Ambiental fundada no diálogo, no estudo e na pesquisa, se

consolidando como instrumentos de preservação do meio ambiente para presentes e futuras

gerações. Canepa (2007) corrobora com essa afirmação, quando alega que:

O desenvolvimento sustentável depende diretamente do equilíbrio entre o

comportamento social, nossa relação com o meio ambiente e o processo de mudanças

na exploração dos recursos naturais, também está relacionado com o bom

1 Triple Bottom Line – o tripé da Sustentabilidade – expressão também conhecida como os “Três Ps” (people,

planet and profit) ou, em português, “PPL” (pessoas, planeta e lucro). Segundo esse conceito, para ser sustentável

uma organização ou negócio deve ser financeiramente viável, socialmente justo e ambientalmente responsável.

Disponível em www.filantropia.ong. Acesso em 26.10.17.

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gerenciamento dos investimentos tecnológicos, promovido pelas instituições públicas

e privadas. (CANEPA, 2007, p. 68)

A Educação Ambiental tem papel fundamental para conscientizar os discentes de sua

responsabilidade com o meio ambiente e com a sociedade, principalmente nos cursos de gestão.

Espera-se, portanto, que esses alunos, por ter em sua grade curricular disciplinas que abordam

as questões sustentáveis, apreendam os ensinamentos teóricos e transforme-os em ações

sustentáveis nos campus das instituições e fora deles, num elo de envolvimento de docentes,

discentes e colaboradores, com debate nos diversos ensinos.

No campo do marketing, Calomarde (2000) assim descreveu o marketing ecológico:

O marketing ecológico é um modo de conceber e executar a relação de troca, com a

finalidade de que seja satisfatória para as partes que nela intervêm, a sociedade e o

meio ambiente, mediante o desenvolvimento, valoração, distribuição e promoção por

uma das partes de bens, serviços ou ideias que a outra parte necessita, de forma, que,

ajudando a conservação e melhora do meio ambiente, contribuem ao desenvolvimento

sustentável da economia e da sociedade. (CALOMARDE, 2000, p. 22).

No campo da administração, a Sustentabilidade vem sendo foco de vários estudos com o

propósito de desenvolvimento econômico e bem-estar socioambiental, onde empregados,

fornecedores e insumos esgotáveis, estejam em sintonia com as práticas de Gestão Ambiental.

Assim, segundo Tachizawa (2011, p. 55) “A responsabilidade social e ambiental pode ser

resumida no conceito de “efetividade”, como o alcance de objetivos do desenvolvimento

econômico-social. Portanto, uma organização é efetiva quando mantém uma postura

socialmente responsável”.

No campo das ciências jurídicas, a Sustentabilidade ganha um papel relevante no estado

democrático de direito, quando se atribui a responsabilidade, aos poderes republicanos e a toda

coletividade, de defender e preservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado, para as

presentes e futuras gerações, conforme predisposição no art. 225, caput, da Constituição Federal

(BRASIL, 1988).

No campo da engenharia, a sustentabilidade vem com um conceito moderno de construção

sustentável, onde se procura usar tecnologias ecológicas nas obras, para preservar o meio

ambiente e poupar os recursos naturais. Conforme afirma Plessis apud Neto e Alcântara (2015),

a sustentabilidade na construção civil

é alcançada quando o conceito de desenvolvimento sustentável for inserido em todo

o ciclo de vida da construção. Sendo resultado de um processo multidisciplinar com

o objetivo de restaurar e manter a harmonia entre o ambiente natural e o ambiente

construído enquanto estabelece assentamentos que reafirmam a dignidade humana e

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encorajam a igualdade econômica (PLESSIS apud NETO; ALCÂNTARA, 2015, p.

511).

Em outro aspecto, levanta-se como contribuição da pesquisa, agora no campo social, a

discussão sobre o quanto não só as IES, mas toda a comunidade ao redor, ganha com as práticas

ambientais desenvolvidas por ela, cujo foco é prestar um bom serviço de educação no ensino

superior, ao mesmo tempo, que presta um serviço de cidadania com responsabilidade social.

“A empresa deve reconhecer que sua responsabilidade para com a sociedade e para com o

público em geral vai muito além de suas responsabilidades com seus clientes”

(LONGENECKER apud DONAIRE, 1999, p. 20).

Deste modo, o presente trabalho tem uma importância para todas as instituições de ensino

superior, que poderão se beneficiar para uma implementação eficaz do Sistema de Gestão

Ambiental, desenvolvendo corretamente as suas ações e práticas sustentáveis, possibilitando

um retorno não só econômico, mas socioambiental.

1.2.2 Justificativa prática

No campo prático, esta pesquisa busca ofertar uma contribuição não apenas para a IES em

estudo, mas igualmente para outras, uma vez que, ao final, apresentará um diagnóstico da

efetividade das ações ambientais praticadas pela IES e o comportamento dos discentes. Assim,

será possível relacionar a consciência ambiental dos alunos e as práticas sustentáveis da IES,

possibilitando a implementação de Sistemas de Gestão Ambiental de forma adequada, dando

condições de pleitear uma certificação ambiental.

Diante de um contexto regional onde a maior parte das IES se localiza na capital do estado, o

UNIFAVIP se destaca enquanto referência na produção de conhecimento dentro do Agreste de

Pernambuco, tendo sido a primeira instituição do Município de Caruaru-PE a ser reconhecida

enquanto Centro Universitário pelo MEC. Nesse sentido, pensar em estratégias de melhoria

dentro da realidade vivenciada pelos alunos desta é também encontrar formas de promover uma

educação sustentável voltada à população do interior pernambucano.

O estudo ainda provoca nas demais IES, o interesse na busca da competitividade, ao

identificarem práticas sustentáveis na perspectiva de ampliação de mercados, terminando por

aderirem a ações promotoras de um ensino sustentável no campo do ensino superior.

É válido ressaltar, também, que segundo, a Agência Pernambucana de Aguas e Clima, o

Nordeste brasileiro vem vivenciando nos últimos três anos (2015-2017) um período de escassez

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de recursos hídricos, resultando em mais um período de seca. Embora o clima predominante

nesta região, principalmente em sua porção central, seja o tropical semiárido, caracterizado pela

irregularidade de chuvas e por temperaturas elevadas, tem se aprofundado consideravelmente.

Essa realidade pode ser aferida por dados produzidos pelo Monitor de Secas do Nordeste do

Brasil, projeto piloto desenvolvido por entidades brasileiras, nos âmbitos federais, estaduais e

de ensino superior, em comunhão com a sociedade civil.

Comparado o mês de outubro nos anos de 2015 e 2017, conhecemos do seguinte cenário:

Figura 1 – Seca na Região Nordeste (outubro de 2015 – outubro de 2017)

Fonte: print screendo comparativo de mapas elaborado pelo Monitor de Secas entre outubro/2017 e

outubro/2015.2

Grande parte dos motivos que levam a esse descontrole climático diz respeito justamente à

ausência de uma utilização consciente do meio ambiente. Em razão disso, o estudo desta

temática, delimitado em uma instituição do Agreste pernambucano – mais especificamente em

Caruaru (PE), município que saiu da classificação de Seca Exterma (S3) para a de Seca

Excepcional (S4), mais gravosa – se mostra pertinente.

2Disponível em: <http://msne.funceme.br/map/mapa-monitor/comparacao>. Acesso em dez. 2017.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Sustentabilidade e sua relação com as Instituições de Ensino Superior

A sustentabilidade tem sido assunto recorrente no meio acadêmico, onde a busca por

conhecimento acontece por diferentes caminhos, chamando a atenção tanto do poder público,

como das organizações, da sociedade e de instituições diversas.

Pontes et al. (2015) afirmam que, nos últimos tempos, os governos, as universidades e as

empresas têm percebido que o debate acerca da sustentabilidade se mostra essencial e que

pensar um desenvolvimento sustentável vai além de estratégias contemporâneas para

enquadramento do mercado na sociedade atual.

O conceito de sustentabilidade e de desenvolvimento sustentável pode ser pensado a partir de

diferentes óticas, comumentemente utilizado nos discursos político-ideológicos,

principalmente nos programas eleitorais e nos debates de cunho empresarial, que serão pauta

nas eleições próximas de outubro de 2018. Diegues (1992) alerta para a pluralidade de

entendimentos surgidos a partir do termo “desenvolvimento”. De forma sintática, pode estar

relacionado a uma maior obtenção de recursos naturais e, consequentemente, a uma maior

produção em massa; a um processo histórico, sucessivo, de transmutação das sociedades

tradicionais às sociedades consideradas como modernas; ou a um processo modificador de

estruturas políticas e sociais. O desenvolvimento a partir de uma ótica sustentável encontra

fundamento nas duas últimas vertentes, através de uma proposta de mitigação e conscientização

das ações desenvolvidas na primeira.

Aparecido pela primeira vez na Conferência de Estocolmo, em 1972, sob a nomenclatura de

“abordagem de ecodesenvolvimento”, o então Secretário Geral da Conferência, Maurice

Strong, apontou como sendo critérios a serem considerados neste processo: 1) a equidade social,

qual seja a proposição de ações voltadas ao combate das desigualdades presentes nas estruturas

da sociedade; 2) a prudência ecológica, através de uma produção pautada na utilização e no

consumo consciente dos recursos naturais; e 3) a eficiência econômica, não excluindo a ideia

de lucro da atividade produtiva (SACHS, 1993).

Em 1987, a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD) publicou,

com a intitulação “Nosso Futuro Comum”, um relatório que tratou pela primeira vez acerca do

desenvolvimento sustentável enquanto conceito de natureza complexa. As premissas presentes

neste documento foram elaboradas a partir de duas definições basilares, quais sejam a de

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necessidade e a de interferência tecnológica (DIAS, 2011). Nesse sentido, a efetivação de um

desenvolvimento sustentável pressupõe um processo onde as questões como a pobreza, a

hipossuficiência e as necessidades humanas devem ser prioridade na formulação de políticas

públicas por parte dos Estados, que, por sua vez, devem combater o crescimento tecnológico

não responsável para com o meio enquanto impeditivo para o atendimento dessas necessidades.

O Relatório da CMMAD estabelece que o desenvolvimento sustentável diz respeito a um

processo transformador, voltado à harmonia da produção, da exploração, dos investimentos, do

desenvolvimento tecnológico e das instituições perante as necessidades sociais, em uma

perspectiva temporal de realidade presente e futura (CMMAD, 1991). Adota, assim, uma ótica

de desenvolvimento descentralizada e solidária para com as gerações posteriores (PELICIONI,

1998).

A interpretação desses conceitos e a formulação de outros por parte dos teóricos que pesquisam

nesta temática, muitas vezes contraditórios e incapazes de atingirem um ponto consensual, é

alvo de críticas. Herculano (1992), Baroni (1992), Espinosa (1993), Minayo (1998) e outros

compactuam de um mesmo entendimento que os interesses estratégicos e econômicos acabaram

desvirtuando a ideia central da sustentabilidade, generalizada para tentar universalizar o que

deveria ser considerado de forma individual, regionalizada, em razão da multiplicidade de

contextos sócio-econômico-territoriais existentes.

No entanto, devido aos debates travados nas últimas décadas, tem-se evidenciado vários estudos

sobre o desenvolvimento sustentável, como forma de encontrar meios que minimizem os

impactos ambientais causados pela produção de bens. Discussões como essas provocaram o

surgimento de uma preocupação latente com o meio ambiente por parte de diversos segmentos,

inclusive de Instituições de Ensino Superior (PONTES et al., 2015).

Essa mudança se deu justamente pela percepção de que, para que os problemas ambientais

aprofundados nos últimos anos sejam reduzidos ou sanados, o posicionamento adotado por

gestores e administradores de empresas, cerne das sociedades capitalistas em desenvolvimento,

deve ser direcionado a uma consideração do meio enquanto pauta do desenvolvimento

econômico e empresarial (BARBIERI, 2007).

Embora por vezes haja o reconhecimento teórico, o desenvolvimento de uma responsabilidade

socioambiental das empresas ainda se mostra, na prática, muito aquém do desejado para a

obtenção de um desenvolvimento sustentável mínimo. Essa responsabilidade é pautada na

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expansão da ótica empresarial, forçando as empresas e seus agentes a pensarem além das

relações societárias, para diante de um conjunto muito maior de pessoas que sofrem os efeitos

das suas escolhas (MORAES FILHO, 2009).

Esse cenário só pode ser alcançado mediante uma mudança considerável nas estruturas

administrativas. A perspectiva cartesiana, puramente mecanicista, que ainda vige em grande

parte das empresas e nos modos de gerenciamento dessas, não condiz com a necessidade latente

de se adotar uma responsabilidade social voltada à adoção da sustentabilidade enquanto

desenvolvimento holístico, avaliada a partir das relações entre os sistemas ambientais e os

sistemas sociais (ALMEIDA apud TINOCO, 2004).

Nesse sentido, a consecução de formas de desenvolvimento sustentável vai além e necessita,

inclusive, de uma fiscalização por parte dos organismos estatais e da própria sociedade

direcionada aos agentes da teia econômica, aferindo a responsabilidade empresarial com o

meio, apontando e punindo ações degradantes e contrárias à proposta da sustentabilidade

(GIACOMINI FILHO, 2008).

Outrossim, se pensarmos em relações de consumo pautadas em dois polos, quais sejam o

ocupado por quem produz (fornecedor/produtor) e o referente a quem consome (consumidor),

essa responsabilidade social se torna mais clara e mais latente. Sabe-se que grande parte dos

desgastes ambientais ocorridos nos últimos séculos se deu em razão do aumento desenfreado

do capitalismo e da produção irresponsável. Em contrapartida, a oferta cada vez maior de

produtos e inovações tecnológicas, obtidos geralmente a partir da exploração não sustentável

de insumos, gerou nas sociedades hodiernas uma espécie de consumismo igualmente

desenfreado. A lógica da exacerbação do consumo (MORAES FILHO, 2009), cotidianamente

instigada pelas estruturas midiáticas e pelas grandes empresas, tem praticamente extinguido a

preocupação com o meio ambiente nas relações interpessoais e comerciais.

Esse descontrole no consumo tem sido um dos grandes responsáveis no surgimento de

macroproblemas ambientais na atualidade. Tinoco (2004) alerta para alguns deles: 1) aumento

na temperatura global do planeta; 2) destruição gradativa da camada de ozônio e da

biodiversidade; 3) escassez de água potável; e 4) poluição industrial.

É nesse ponto que as IES alcançam um papel fundamental. Por consistirem em ambientes de

disseminação de conhecimentos, são essenciais na formação de cidadãos dotados de opiniões e

práticas sustentáveis. A atuação dessas instituições, através do desenvolvimento tecnológico e

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do senso crítico, pode ser determinante no que tange à construção de uma consciência social

onde a preservação do meio ambiente é atingido a partir da atuação de diversos setores e agentes

da sociedade (TAUCHEN; BRANDLIN, 2006).

Nesse processo, em meio às discussões que envolvem todas as camadas de indivíduos, existem

as ações teóricas, geralmente imutáveis; porém outras tantas práticas passíveis de serem

adotadas de maneiras diferentes, podendo as IES desenvolverem estudos e pesquisas com o

propósito do desenvolvimento sustentável. Essas ações, enquanto práticas político-

pedagógicas, são capazes de auxiliar na efetivação de preceitos da cidadania e na melhoria da

qualidade de vida dos cidadãos (PONTES et al., 2015).

A chamada educação ambiental pode ser entendida como sendo o processo permanente de

conscientização das comunidades a respeito do meio ambiente e de difusão de conhecimentos,

de valores e de experiências capazes de potencializar a atuação individual na consecução do

desenvolvimento sustentável e na resolução dos dilemas ambientais (DIAS, 1992).

O objetivo maior desta modalidade educacional e da sua adoção pelas IES é justamente

proporcionar um cenário capaz de transformar a sociedade hodierna, não sustentável, em uma

sociedade voltada à preservação do meio ambiente e dos recursos naturais e que promova um

crescimento equitativo de seus membros (SADER, 1992).

Esse compromisso deve ser firmado inclusive e primordialmente no projeto político-

pedagógico dessas IES. Instituído enquanto obrigação a ser cumprida pelas instituições de

ensino a partir da Lei nº 9.394, de 1996, que dispõe sobre diretrizes e bases da educação

nacional, podemos definir dois tipos de projetos: 1) o Projeto Pedagógico de Curso (PPC),

voltado à determinada área do conhecimento; e o Projeto Pedagógico de Instituição (PPI), que

norteia as práticas da instituição como um todo (ALBERTO; BALZAN, 2008).

De acordo com Alberto e Balzan (2008), a escolha pela nomenclatura composta pelos termos

“pedagógico” e “político”, e não somente “projeto pedagógico”, tem uma razão de ser: além de

proporcionar uma formação do aluno voltada à inserção na sociedade, abrangendo os limites da

academia e compreendendo as relações intersubjetivas desenvolvidas nesse espaço (vertente

política), orienta a ação educativa com vistas a formar cidadãos críticos e dotados do

conhecimento necessário para exercer uma cidadania efetiva.

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É com base na previsão destes documentos, bem como dos demais estruturantes das IES, que o

MEC avalia os cursos de graduação ofertados. O Instrumento de Avaliação de Cursos de

Graduação Presencial e à Distância (2016) institui as seguintes dimensões a serem tomadas

como diretrizes na avaliação: 1) Organização didático-pedagógica; 2) Corpo docente e tutorial;

e 3) Infraestrutura. Todas elas utilizam como base, além de outros documentos, o PPC.

Além dos fundamentos já expostos, a adoção de uma educação ambiental efetiva interfere

diretamente na nota final (de 1 a 5) obtida ao final do processo avaliativo da IES promovido

pelo MEC. Como subdivisão das dimensões, o mesmo documento prevê indicadores que

facilitam o direcionamento da análise. Entre esses, podemos destacar os indicadores de

contexto educacional (1.1), conteúdos curriculares (1.6), presentes na dimensão organização

didático-pedagógica. Os critérios de análise nestes pontos dizem respeito, respectivamente, à

verificação no PPC de demandas relacionadas à economia, ao social, ao cultural, ao político e

ao ambiental; e à previsão e implementação de conteúdos curriculares que possibilitem um

desenvolvimento profissional do aluno concluinte do curso, estando entre eles os conteúdos

relativos às políticas de educação ambiental (MEC, 2016).

2.2 A Gestão Ambiental nas Instituições de Ensino Superior

O debate sobre sustentabilidade e desenvolvimento sustentável foi sendo aprofundado à medida

em que os impactos sobre o meio ambiente também se pronunciavam. Diante desse cenário,

uma vez que grande parte dos danos se mostravam oriundos da atividade

empresarial/industrial/comercial, às empresas passaram a se apresentar duas possibilidades: 1)

agir de forma repressiva, tomando medidas apenas quando os danos ambientais já houvesse

sido causados e fizessem surgir problemas para a empresa; ou 2) adotar um posicionamento

preventivo, pensando um processo de ações integradas para não acarretar danos ao meio e,

consequentemente, evitar problemas posteriores (MACHADO; OLIVEIRA, 2009).

A partir da segunda possibilidade, passou-se a compreender que ações isoladas não se

mostravam capazes de atingir positivamente esse cenário de degradação, sendo necessária a

elaboração de um conceito que representasse um conjunto encadeado de medidas a serem

tomadas com esse fim. Outrossim, a escolha dessas ações conexas deveria considerar os

critérios de custo-efetividade, possibilitando uma atuação efetiva a partir dos custos atribuídos

à sociedade para a obtenção desses resultados (GUIMARÃES et al., 1995).

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Em razão disso, surgiu o chamado Sistema de Gestão Ambiental (SGA). Denise Curi (2012) o

define como sendo um conjunto de funções, e não medidas isoladas, pensadas dentro do âmbito

empresarial para buscar diminuir os impactos negativos sobre o meio ambiente gerados pela

atuação das próprias empresas. Ou seja, se torna obrigação dessas a consideração da gerência

ambiental enquanto prioridade corporativa, necessária à consecução do desenvolvimento

sustentável e à prevenção de impactos negativos na saúde humana e no meio (SOUZA, 1993).

De igual forma, Perotto et al. (2008) afirmam que os SGAs são ferramentas aptas a para

identificar problemas ambientais e suas respectivas soluções com base na noção de melhoria

contínua e ininterrupta, mesmo após a implementação formal do sistema. Por isso, os

procedimentos operacionais traçados para a efetiva formalização dos SGAs devem ser

acompanhados por métodos de monitoramento, através da análise periódica da redução de

danos causados no meio ambiente e do menor consumo de recursos naturais pelas instituições

que os tem adotado (OLIVEIRA; PINHEIRO, 2010).

Outrossim, para Barbieri (2007), a gestão ambiental representa um conjunto de direcionamentos

e atividades de cunho administrativo e operacional voltado à obtenção de efeitos positivos

perante ações humanas diretamente relacionadas ao meio ambiente, seja de forma preventiva

(evitando o surgimento de danos ambientais) ou repressiva (eliminando ou reduzindo os danos

ambientais).

Há diversas maneiras de estruturação de um SGA, a depender do contexto e dos objetivos

almejados com a adoção do sistema. Cada organização é livre para pensar uma gestão

sustentável que cumpra com as expectativas institucionais, ambientais e econômicas

(DONAIRE, 2014).

No entanto, no presente trabalho, adotaremos como base o entendimento de gestão ambiental

proposto pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), através do Comitê Brasileiro

de Gestão Ambiental e pela Comissão de Estudo de Gestão Ambiental, na ABNT NBR ISO

14001, publicada pela primeira vez em 1996 e alterada pela última em 2004, em sua segunda

edição.

A ISO 14001 traz um dos SGAs mais adotado em todo o mundo e tem por escopo a definição

de requisitos abertos, ou seja, sem a especificação de ações a serem executadas, programáticos,

necessários à efetiva implementação. Esta norma define o SGA como sendo “a parte de um

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sistema da gestão de uma organização utilizada para desenvolver e implementar sua política

ambiental e para gerenciar seus aspectos ambientais” (ABNT, 2004, p. 2).

Didaticamente, podemos identificar dois elementos chave deste conceito: 1) É um sistema de

gestão; e 2) se volta à política ambiental e aos aspectos ambientais da atuação das empresas.

Ou seja, o SGA é formado por um conjunto de pontos inter-relacionados, incluindo aqueles

relacionados às atividades de planejamento, à estrutura organizacional e aos recursos de

natureza financeira (1), que intencionam o cumprimento de princípios e ações adotados pelas

empresas para alcançar um desempenho ambiental administrativamente delimitado (2) (ABNT,

2004).

A metodologia adotada para fundamentar esse sistema de gestão voltado à proteção ambiental

se deu através da consideração de quatro passos a serem seguidos no processo de adoção,

conhecidos como método POCA: 1) Plan, ou planejar; 2) Oc, ou executar; 3) Check-Act, ou

verificar e agir (ABNT, 2004).

De forma mais extensiva, Machado e Oliveira (2009) adotam o chamado ciclo PDCA, onde as

etapas Oce Check-Act sofrem alterações de nomenclatura e de organização. Enquanto que a

primeira passa a adotar o termo Do (implementar), a segunda se divide em duas ações distintas

(check, ou monitorar, e act, ou analisar criticamente). Isso faz com que a metodologia adote

quatro etapas, organizadas em formato de círculo, modificação que transmite o entendimento

de que o SGA não é temporário, e que as atividades que o compõe não consistem em etapas,

mas em elementares contínuas da materialização do sistema.

Em contrapartida, Oliveira e Pinheiro (2010) apontam para as dificuldades práticas enfrentadas

na adoção de SGAs, surgidas desde o nível de comprometimento assumido pelas instâncias

administrativas superiores até o próprio entendimento, por parte dos agentes, dos

procedimentos escritos, documentos e manuais que orientam as atividades.

Afora isso, é fato a crescente notoriedade que a gestão ambiental vem assumindo enquanto

medida capaz de fomentar instituições preocupadas com o desenvolvimento sustentável. No

ambiente educacional, essa realidade já pode ser percebida em algumas IES.

Atualmente, o estudo deste campo de interferência positiva nas instituições que ofertam cursos

de ensino superior se dá através de duas óticas de análise: 1) a partir da consideração de que a

inserção nos projetos pedagógicos de conteúdos programáticos relacionados às questões

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ambientais são capazes de formar profissionais conscientes ecologicamente, conforme já

trabalhado; e 2) em relação à adoção de sistemas de gestão ambiental pela própria administração

das IES e da sua implementação nos campus universitários (TAUCHEN; BRANDLI, 2006).

Esta última merece uma atenção mais aprofundada.

Um Sistema de Gestão Ambiental propriamente dito só é alcançado através de um processo

desenvolvimentista da Gestão Ambiental (GA) isolada. Best e Thapa (2013) desenvolvem três

etapas a serem percorridas pelas instituições, a saber: 1) Gestão Ambiental Básica: adoção de

práticas ambientais simples, como a separação de resíduos para reaproveitamento ou

reciclagem, a instalação de equipamentos que reduzam o consumo de água e de energia elétrica

etc.; 2) Gestão Ambiental Avançada: formação de um Programa Ambiental, com ações

pensadas para todas as instâncias e agentes da instituição; e, finalmente, 3) Sistema de Gestão

Ambiental: quando, por meio da definição de metas, objetivos, planos e formas de

monitoramento, a instituição passa a adotar uma Política Ambiental e um Programa Ambiental

abrangentes, efetivos na redução do consumo de recursos e dos danos causados no meio

ambiente.

Essa consideração é importante quando especificamos o debate nas IES, uma vez que o

cumprimento ou não dessas etapas acarretará em uma responsabilidade maior ou menor das

instituições educacionais na formação ecológica dos seus discentes egressos, bem como na

estruturação de uma política administrativa interna que se paute no desenvolvimento

sustentável e na sustentabilidade. A inserção de melhorias isoladas não se mostra capaz de

concluir pela implementação de um SGA nessas instituições, como se tem pregado; ao

contrário, nada mais significa do que o primeiro passo na conscientização ecológica.

É interessante pensarmos nos campus universitários a partir da analogia que Tauchen e Brandli

(2006) elaboram a partir de um município de tamanho médio. Para eles, a geração de resíduos

sólidos e de efluentes líquidos e o consumo de recursos naturais são facilmente comparados aos

existentes nessas comunidades. Assim, as IES podem ser consideradas como fontes poluidoras

e não apenas as empresas de médio e grande porte, em razão do descaso com o meio tanto em

ambientes administrativos, como nos laborais (VIEBAHN, 2002).

Esse universo é composto por dois grupos de pessoas, formados por partes interessadas que se

encontram dentro da própria IES e pelas que se encontram fora, que são externas. Nas primeiras,

podemos encontrar os discentes, os docentes e o administrativo; na segunda, todo o setor

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público e privado de gestão, as administrações públicas e locais, os sindicatos, o comércio, a

indústria e as organizações não governamentais (KUZU et al., 2013). Esses últimos sofrem

interferência direta dos primeiros, uma vez que a vida pessoal e profissional dos primeiros se

desenvolve primordialmente no ambiente externo às IES, principalmente dos alunos egressos.

Isso supõe dizer que, a adoção de um SGA por parte das instituições de ensino acaba gerando

um duplo efeito: além de assegurar a inserção destas, enquanto organizações, no conjunto de

estruturas sociais, políticas e econômicas empenhadas em contribuir para o desenvolvimento

sustentável em nível global, é essencial para a inclusão dessas práticas nas relações

interpessoais dos sujeitos, uma vez que os agentes individuais são peças-chave neste processo.

No entanto, criar um programa de gestão ambiental não é simples, envolve planejamento,

organização, e orienta a empresa a alcançar metas (ambientais) específicas, em uma analogia,

por exemplo, com o que ocorre com a gestão de qualidade (NILSSON, 1998).

Nas Instituições de Ensino Superior, a gestão ambiental se torna ferramenta para ações

planejadas que apresentem aquele ambiente educacional como propulsor de ideias e práticas

sustentáveis, que vão desde as disciplinas com base nas discussões ambientais - estas de

obrigação curricular - até as ações desenvolvidas em seu campus.

A partir da década de 90 no Brasil, a educação ambiental atingiu um patamar considerável,

onde o desenvolvimento de estudos teóricos e práticas renovadoras tem procurado vencer com

a concepção puramente naturalista das ciências naturais, ao mesmo tempo em que pressupõe

um exercício político voltado ao combate de políticas conservadoras existentes no cenário

brasileiro. Em razão disso, não raro percebermos desde então o surgimento de educadores e

pesquisadores comprometidos com uma educação ambiental que seja crítica, engajada com a

disseminação de uma cidadania responsável (LIMA, 2003).

O desenvolvimento sustentável tornou-se um negócio atrativo e rentável, onde os

consumidores, aos poucos, se mostram mais exigentes quanto as práticas ambientais adotadas

pelos fornecedores de bens ou de serviços. Dessa forma, tornou-se necessário que também as

IES se respaldassem no desenvolvimento de políticas ambientais, através de um sistema de

gestão ambiental que atendesse às novas necessidades sociais e econômicas (MOREIRA,

2013). O papel de destaque assumido pelas IES no processo de desenvolvimento tecnológico,

na preparação de estudantes e no fornecimento de informações e conhecimento pode ser

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utilizado também para construir o desenvolvimento de uma sociedade sustentável e justa

(TAUCHEN; BRANDLIN, 2006).

Assim, as instituições, para consolidar a prática e a consciência sustentável, poderão assumir

um protagonismo socioambiental pautado nas seguintes ações: 1) transformar a educação

puramente informativa em um processo educacional que prepare os discentes para os desafios

surgidos no campo sustentabilidade, seja em meio às relações pessoais ou profissionais

(STERLING, 2005); 2) promover pesquisas de caráter inter e multidisciplinar (VAM DAM,

2006); 3) trazer os problemas sociais para discussões dentro da Academia (ADACHI et al.,

2008); 4) construir relações de rede, onde se mostre possível o compartilhamento de recursos e

de conhecimentos (ADACHI et al., 2008); e 5) buscar lideranças e administradores que se

comprometa a transformar a IES a partir de uma visão à longo prazo e com foco na

transformação social (LOSANO, 2006).

Entretanto, afora a inserção gradual do debate ambiental na Academia, esta não tem alcançado

o patamar necessário para se adequar plenamente à realidade – não tão recente - de proteção ao

meio (MOREIRA, 2013).

2.3 A Responsabilidade Social nas Instituições de Ensino Superior

No cenário empresarial, a adoção de medidas de sustentabilidade e a fiscalização dos processos

produtivos e comerciais com vistas a um desenvolvimento que considere a preservação do meio

ambiente está diretamente relacionada à importância atribuída ao outro polo da relação

empresarial, qual seja o destinatário e/ou consumidor. Essa importância é mensurada através da

preocupação em proceder a um relacionamento empresa-público engajado com padrões éticos

e de transparência, por meio de posicionamentos dispostos no âmbito de abrangência da

chamada responsabilidade social empresarial (RSE) (CUSTODIO; MOYA, 2007).

Em sua vertente corporativista, a responsabilidade social pressupõe um compromisso firmado

com a adoção e a difusão de medidas e pensamentos que, ao mesmo tempo em que estimulam

um contínuo aperfeiçoamento dos processos empresariais, também estabelecem parâmetros de

preservação e melhoria da qualidade de vida da população a serem alcançados, com base em

vertentes éticas, sociais e ambientais (TACHIZAWA, 2011).

A inserção deste conceito no meio empresarial se deu em razão do afastamento cada vez maior

do Estado nos processos econômicos, em comunhão ao aprofundamento dos problemas sociais

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e à emergência de pensar alternativas para combatê-los (REIS, 2007), motivos pelo qual passou-

se a questionar os limites atribuídos pelos agentes e sociedades empresariais para nortear a sua

atuação e a pensar o interesse público e coletivo enquanto critério de observância necessária

(SERPA; FORNEAU, 2007) na definição dos objetivos, da missão e das políticas a serem

adotadas pelas empresas (MAKOWER, 1994).

Essa visão acaba por gerar dois entendimentos: ao tempo em que atribui às empresas uma

responsabilidade direta sobre os problemas sociais enfrentados pela sociedade (TOMEI, 1984),

retirando o mercado de um cenário isolado dos demais fatores e com reflexos puramente

econômicos, também abre espaço para o pensar métodos de cunho empresarial para o

enfretamento desses problemas (REIS, 2007).

Os administradores de empresas que se pautam em uma responsabilidade social devem adotar

orientações e agir de forma compatível com os fins e valores de uma sociedade (BOWER,

1957). Ashley et al. (2003) desenvolvem um conceito que culmina nos efeitos positivos

provocados perante toda a sociedade ou de forma pontual diante de comunidades menores, uma

vez que a RSE representa um compromisso assumido pelas organizações para com os seus

receptores externos.

Assim, acarreta uma obrigação para com a sociedade, com a devida observância do interesse

público, inclusive no que tange à proteção ecológica e ambiental, aos projetos sem fins

lucrativos, às ações educacionais, ao próprio planejamento da comunidade, ao trabalho humano

e à rede de assistência social (DONAIRE, 1995).

Internamente, descobre-se a dimensão estratégica da responsabilidade social, na medida em que

ela possa contribuir para maior competitividade, por implicar um ambiente de trabalho mais

motivador e eficiente, por contribuir para uma imagem institucional positiva e por favorecer o

estabelecimento de relacionamentos calcados em maior comprometimento com seus parceiros

de negócio (COUTINHO apud MARTINELLI, 1997).

No entanto, este representa apenas um dos enfoques dado à RSE, qual seja aquela classificada

como sendo a visão socioeconômica do conceito. Conforme prelecionam Forneau e Serpa

(2007), podemos pensá-la também através da ótica da economia clássica, que vincula a

responsabilidade social à ideia de maximização do lucro empresarial e de contemplação das

expectativas societárias. Dessa forma, o governo não só estaria legitimado, mas obrigado a

tratar das questões sociais surgidas no âmbito de atuação das empresas.

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Em que pese a existência desta forma de pensar a RSE ainda na contemporaneidade, fato é que

as circunstâncias fáticas da economia, o surgimento de novos dilemas sociais e a perpetuidade

de outras exigências conceituais, torna este modelo econômico clássico de responsabilidade

social das empresas ultrapassado. Hoje, a produção de bens e a oferta de bens e serviços deve

levar em consideração outros fatores, sob pena de estarem em desacordo com os avanços

globais.

Essa realidade é muito bem percebida quando analisamos o papel assumido pelas empresas na

consecução de um desenvolvimento sustentável. Como visto, em razão do avanço capitalista

desenfreado e alheio aos efeitos negativos provocados, as empresas protagonizam os índices de

poluição e de utilização dos recursos naturais e contribuem em grande escala para a deterioração

do meio ambiente. Esse fator gera uma contrapartida na busca pela sustentabilidade, alcançada

somente através da atuação proativa e engajada em todos os níveis em conjunto com o governo

e a sociedade, devendo pensar em estratégias que aproximem esses agentes da busca por um

desenvolvimento sustentável efetivo.

Em um sentido corporativista, o envolvimento das organizações e das empresas com as questões

sociais prevalentes nos meios sociais que atingem e pelas quais são atingidas, pode resultar

também em uma oportunidade de negócio (DONAIRE, 2014), na medida em que contextualiza

a organização interna e a proposta de produtos e serviços ofertados pela empresa.

De forma complementar, devemos apontar para uma necessidade crescente de se considerar a

vertente social da sustentabilidade na adoção de medidas de proteção ao meio ambiente e de

redução do consumo de matérias naturais. A sustentabilidade social se volta à consideração dos

seres humanos enquanto sujeitos culturais, reconhecendo diferentes contextos socioculturais a

serem considerados nas medidas ecológicas (KRUSE, 1997).

No que tange à implementação dessa forma de responsabilidade no âmbito das IES, Silva e

Silva (2010) apontam para a utilização de sete temas de Responsabilidade Social Corporativa

(RSC) e respectivos indicadores delimitados pelo Instituto Ethos como forma de avaliar a

responsabilidade social dentro das organizações, a saber: 1) Valores, transparência e

governança; 2) Público interno; 3) Meio ambiente; 4) Fornecedores; 5) Consumidores e

clientes; 6) Comunidade; e 7) Governo e Sociedade.

A avaliação dos indicadores é obtida a partir da aplicação de questionários e representam os

seguintes pontos:

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Quadro 2 – Tipos de Indicadores Ethos de Responsabilidade Social

TIPOS DE INDICADORES OBJETIVO (S)

Indicador de Profundidade

Avaliar o estágio da gestão da empresa em

relação à prática específica a partir de estágios

contíguos delimitados.

Indicador Binário

Qualificar a avaliação feita no indicador de

profundidade, com base em elementos de

validação e aprofundamento do estágio de

responsabilidade social.

Indicador Quantitativo

Quantificar, através do levantamento sistemático

de dados, questões úteis à aferição da RSE e ao

monitoramento interno da empresa.

Fonte: Instituto Ethos de Responsabilidade Social (2007) (adaptado)

A esses indicadores genéricos, vem sendo somados outros desenvolvidos pelo próprio Instituto

para proporcionar uma maior fidedignidade ao processo avaliativo, a exemplo dos chamados

Indicadores Ethos Setoriais. Pensados desde 2009, este tipo de indicador é elaborado a partir

das especificidades e dilemas de cada setor empresarial e complementam a avaliação principal

(ETHOS, 2007) e já se encontra disponível para determinados ramos.

Dentro de cada um dos temas propostos para avaliação, podemos encontrar indicadores que

especificam os pontos a serem obrigatoriamente identificados e mensurados para um relatório

final próximo ao estágio real em que a empresa se encontra.

No que tange à presente pesquisa, mister se faz especificar aqueles que dizem respeito às

questões acerca do meio ambiente que são relevantes na avaliação de RSE das instituições a

partir dos indicadores elaborados pelo Instituto Ethos.

Quadro 3 – Indicadores Ethos de Responsabilidade Social referentes ao meio ambiente

SUBTEMAS INDICADORES

Compromisso com a melhoria da qualidade ambiental

Educação e conscientização ambiental

Gerenciamento dos impactos sobre o meio ambiente e do

ciclo de vida dos produtos e serviços

Sustentabilidade da economia florestal

Minimização de entradas e saídas de materiais

TEMA: MEIO AMBIENTE

Responsabilidade com as

gerações futuras

Gerenciamento do impacto

ambiental

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Fonte: Instituto Ethos de Responsabilidade Social (2007) (adaptado)

Quando tratamos da aferição destes indicadores em IES, especificamente, há de se verificar

dois pontos básicos: 1) Se o plano político-pedagógico e as ementas disciplinares da instituição

contribuem para a proposta medida nos dois primeiros indicadores do quadro, ou seja, se

possuem potencial suficiente para desenvolver um pensamento crítico e responsável acerca do

meio ambiente; e 2) Se a instituição em si, por meio da sua organização interna, da destinação

dos recursos econômicos, da construção e reforma de estruturas físicas e da autoavaliação

periódica tem instituído métodos práticos para preservação atual do meio ambiente e para a

redução e/ou extinção de atividades que vão de encontro ao desenvolvimento sustentável.

Esses resultados positivos, em comunhão àqueles obtidos a partir da aplicação dos demais

indicadores de medição da RPE, permitem uma reestruturação cada vez maior das instituições

de ensino, fazendo com que a ideologia clássica de ensino isolado ceda lugar a um modelo de

gestão institucional que pense na educação e na própria instituição enquanto empresa a partir

da responsabilidade social e ecológica que demanda o novo cenário global.

2.4 A Educação Ambiental e a obediência normativa nas Instituições de Ensino Superior

Ao propormos uma análise efetiva dos métodos educacionais que visam o entendimento

ambiental, faz-se necessário traçar um suporte teórico inicial acerca do que diz respeito à

educação enquanto termo sus generis, lato sensu, uma vez que aqueles se inserem nestes

enquanto ramificação dos objetos de ensino.

Contemporaneamente, a educação tem adquirido um contexto de inserção mercantil, uma vez

que o capital passou a ser o prioritário objetivo das sociedades humanas, em especial daquelas

que habitam os países ocidentais desenvolvidos e em desenvolvimento, bem como de

organizações estatais que se fundamentam em ideologias de cunho neo-liberalista.

Assim, as instituições educacionais se atrelaram ao objetivo de preparar mão-de-obra

qualificada para o mercado de trabalho, não havendo margem para discussões consideradas

secundárias. A ressignificação e a revalorização dos instrumentos educacionais perpassa, assim,

pela modificação do seu próprio objetivo vigente, identificando as potencialidades humanas no

processo socioeducativo e se opondo a qualquer ótica que venha a reduzir os enquanto meros

sujeitos voltados à produção (MACIEL, 2011).

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Essa proposta encontra forte fundamento na chamada Educação Popular, enfoque de estudo de

diversos teóricos, em especial do educador e pedagogo Paulo Freire. Segundo Karen Maciel

(2011, p. 328), a pedagogia freireana procurou vencer com os limites dos métodos clássicos de

educação e passou a considerar a própria sociedade como cenário para a construção do

conhecimento, reconhecendo as construções históricas e sociais como incluídas no processo

educativo.

Em contrapartida, esses tiveram um contato com conteúdos não tão rígidos e, por vezes,

perceptíveis na realidade cotidiana na qual estão inseridos. Outrossim, o considerar histórico e

político da educação trouxe à tona a necessidade de se reinventar e ressignificar temas até então

debatidos e de se discutir assuntos emergentes no cenário global, a exemplo da sustentabilidade

(GADOTTI, 2012, p. 20).

Segundo Mayor (1998), o desenvolvimento sustentável e de caráter autossuficiente só é

alcançável através da educação. É mediante a percepção da importância de se debater o meio

que os educadores considerados populares, conscientes da perspectiva freireana, vem adotando

nas últimas décadas duas posições: 1) Seguem na educação popular comunitária e 2) Promovem

a educação ambiental, também chamada de sustentável (GADOTTI, 2000, p. 6), desvinculadas

do Estado e voltadas às transformações.

Dentre as várias definições sobre o que é Educação Ambiental, destaca-se o conceito de Medina

apud Medina (2001), qual seja o que a considera como sendo um processo que se volta ao

desenvolvimento de uma compreensão crítica e global do ambiente, permitindo uma elucidação

de valores e uma tomada de atitudes que dizem respeito à conservação adequada dos recursos

naturais. Assim, o ensino é baseado em objetivos como a melhoria da qualidade de vida, a

eliminação da pobreza e a redução do consumismo desenfreado.

Essa definição traz a importância da Educação Ambiental, que deve ser enxergada de forma

ampla e global. Devendo ser trabalhada de forma crítica, estimulando a participação e

conscientização das pessoas para a cidadania e participação nas questões ambientais.

Os princípios estão contidos no artigo 4º da lei que se busca reforçar a

contextualização da temática ambiental nas práticas sociais quando expressam que ela

deve ter uma abordagem integrada, processual e sistêmica do meio ambiente em suas

múltiplas e complexas relações, com enfoques humanista, histórico, crítico, político,

democrático, participativo, dialógico e cooperativo, respeitando o pluralismo de ideias

e concepções pedagógicas (MELLO; TRAJBER, 2007, p. 26).

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E nesse sentido, faz-se necessária uma abordagem interdisciplinar, ou seja, várias áreas de

conhecimento devem unir esforços para superar os mais diversos complexos dos problemas

ambientais criados pelo próprio homem. Neste enfoque interdisciplinar Dias (2003 p. 98)

conceitua educação ambiental como a “dimensão dada ao conteúdo e à prática da educação,

orientada para a resolução dos problemas concretos do meio ambiente através de enfoques

interdisciplinares e de uma participação ativa e responsável de cada indivíduo e da

coletividade”.

A educação ambiental está voltada para o desenvolvimento do senso crítico em relação ao

ambiente em que vivemos, relacionando aspectos socioambientais e cidadania, evidenciando,

assim, o caráter democrático que deve estar presente nas práticas de educação ambiental

Anteriormente presente apenas na economia e na ecologia, o desenvolvimento sustentável

passou a ser preocupação dos mais diversos campos, acabando por se inserir no contexto

educacional enquanto temática de ensino. Passou-se a perceber os efeitos do capitalismo

desenfreado no meio ambiente e, com isso, a necessidade de se proceder a modificação das

ciências e da forma como elas eram ensinadas, com vistas a evitar uma potencialização futura

da degradação ambiental (GADOTTI, 2000, p. 10)

Embora trabalhe os conceitos em uma perspectiva voltada às terras indígenas, Loureiro (2010)

debate a percepção da sociedade brasileira em relação ao meio, traçando dois posicionamentos

distintos: 1) Aqueles que são adeptos à racionalidade desenvolvimentista, onde a terra é

considerada simples objeto de exploração; e 2) Os que seguem a racionalidade de cunho

humanitário, onde os indivíduos pertencem ao meio e vice-e-versa. A proposta da educação

sustentável é, justamente, vencer com o primeiro posicionamento, fundamento da educação

clássica, e se pautar na coletividade como enfoco.

Em outro contexto, considerando a mutabilidade legislativa e jurídica como sendo resultado da

dinâmica social e do surgimento de novas demandas e/ou do reconhecimento daquelas já

existentes, porém ainda invisibilizadas nas pautas de debate, a inserção da sustentabilidade

enquanto objeto interdisciplinar de ensino deve muito às normativas criadas.

A educação ambiental se concretizou através de um recurso educacional focado nas questões

éticas e econômicas, evidenciando em uma questão equitativa entre vantagens e perdas em se

servir do meio ambiente.

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Na esfera constitucional, a CF/88, em seu art. 225, caput, eleva a garantia comum a um meio

ambiente equilibrado à esfera de direito constitucionalmente protegido, atribuindo ao Poder

Público e à coletividade o dever de defesa e preservação do mesmo, com vistas às gerações

presentes e futuras (BRASIL, 1988).

Além disso, o artigo ainda possui sete parágrafos, que regem a atuação do Poder Público para

resguardar o meio ambiente, protegem o patrimônio nacional e trazem sanções cabíveis em

casos de atividades lesivas ao meio ambiente. Em outras palavras, tal dispositivo busca o

incentivo ao desenvolvimento sustentável e, ao mesmo tempo, garante o bem-estar da

coletividade.

O respeito ao meio ambiente representa, indiretamente, uma forma de preservação do direito à

vida (SILVA, 2000). Para a proteção deste, é essencial que não só o Poder Público, mas a

coletividade em si, busque os meios necessários para preservação do meio ambiente, mantendo

sempre um equilíbrio social e econômico, sendo a educação um espaço propício para a inserção

do debate na sociedade, para além das instituições de ensino.

Nesse ínterim, destacamos o dever destas instituições em zelar pela defesa ambiental,

incentivando seus membros ao controle, preservação, reciclagem, capacitação e ao mais

importante: o respeito às políticas ambientais. Aliás, não é só respeitar, há necessidade, por

parte das Instituições de Ensino Superior, de criarem políticas ambientais que estimulem

práticas positivas em prol do meio ambiente.

2.5 A Afirmação Jurídica da Política Nacional de Educação Ambiental

Não obstante a significação teórica que a inserção do debate sustentável nas instituições de

ensino possui, por si só válida, a Lei Federal nº 9.795/99, normativa que institui a Política

Nacional de Educação Ambiental (PNEA), formalizou em texto legal a necessidade de se

promover uma educação ambiental no Brasil em todos os níveis de ensino, de forma articulada,

através de métodos formais e informais (BRASIL, 1999). O objetivo desta proposta se pauta

justamente na formação comunitária ativa perante os problemas ambientais e as dificuldades

ecológicas que têm surgido descontroladamente.

Em seu artigo 1º, este instrumento normativo conceitua o termo “educação ambiental” como

sendo

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[...] os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores

sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a

conservação do meio ambiente, bem como de uso comum do povo, essencial à sadia

qualidade de vida e sua sustentabilidade. (BRASIL, 1999)

A estruturação de princípios básicos a serem seguidos pela educação ambiental se justifica pela

criação de um instrumento normativo capaz de orientar, através de normas abstratas, um sistema

educacional que consiga redefinir o entendimento ético e sociopolítico que fundamenta a

relação de dominação provocada pelos indivíduos e pelo capital perante o meio ambiente,

objetivo master da ideologia sustentável (ACSELRAD; LEROY, 1999). Exemplificadamente,

podemos citar a atribuição de um caráter humanista e democrático, com enfoque na participação

popular e na deselitização do sistema educacional (art. 4º, I); a consideração de um conceito

lato sensu de meio ambiente e de sustentabilidade, que englobe as perspectivas socioculturais,

econômicas e políticas (art. 4º, II); a interdisciplinaridade e a multidisciplinariedade no processo

de obtenção do conhecimento (art. 4º, III), indo ao encontro das próprias bases da Educação

Popular de Paulo Freire (BRASIL, 1999); dentre outros.

Uma vez que o ordenamento jurídico brasileiro não pode mais ser considerado de forma isolada,

consequência da internacionalização jurídica e da positivação de normas de proteção dos

direitos humanos em documentos, tratados e convenções oriundos de encontros internacionais

entre países, podemos facilmente correlacionar as diretrizes pensadas para o PNEA às ideias

trabalhadas em Conferências, Congressos, Fóruns e Encontros internacionais que o precederam.

Oportunamente, em trabalho que estuda a educação ambiental no Brasil, Victor Novicki e

Donaldo de Souza (2010) enfocam dois eventos importantíssimos a nível global no debate

acerca da educação ambiental, a saber a Conferência de Tbilisi, organizada pela Organização

das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura em 1997, e o Fórum das

Organizações das Organizações Não Governamentais e Movimentos Sociais de 1992.

Como fruto do primeiro, foram elaboradas uma série de recomendações acerca da

implementação de uma educação ambiental nos sistemas de ensino nacionais, estruturadas em

Declaração e sintetizadas genericamente nos seguintes pontos (UNESCO, 1997):

a) Recomendação nº 1: adoção de critérios orientadores da educação ambiental

Interpretação dos complexos fenômenos que configuram o meio ambiente; fomento dos valores

básicos da autodisciplina; imposição de um ensino menos distante da realidade; manutenção de

um processo contínuo e interdisciplinar; direcionamento a todos os grupos sociais, sem

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distinções de qualquer natureza; aproveitamento pleno de todos os meios, sejam públicos ou

privados, destinados à educação; e comunhão com a legislação, as políticas públicas e as ações

pensadas pelo governo nacional no que tange ao meio ambiente.

b) Recomendação nº 2: determinação de finalidades, objetivos e princípios diretores da

educação ambiental

Finalidade: auxiliar no reconhecimento da interdependência existente entre as questões

econômicas, sociais, políticas e ecológicas; possibilitar que todos tenham acesso ao

conhecimento voltado à preservação do meio ambiente; desenvolver novas formas de

comportamento, conduta e ética que considere a proteção ambiental;

Objetivos: consciência, conhecimentos, comportamento, aptidões, e participação;

Princípios diretores: considerar o meio ambiente como um todo; construir um processo

educacional contínuo e permanente, em todos os níveis; pautar-se em um enfoque

interdisciplinar; examinar questões ambientais e geográficas de forma regionalizada e

contextualizada, além de analisá-las perante circunstâncias atuais e futuras; e explicitar, nos

planos de desenvolvimento nacional, os aspectos ambientais e estabelecer a necessidade de uma

cooperação entre entes, organizações e Estados, dentre outros.

Em cenário nacional, a criação da PNMA foi um passo importante no processo de

institucionalização da educação ambiental, tendo chegado ao Poder Legislativo Brasileiro a

necessidade de inclusão desta modalidade de ensino em todos os níveis educacionais (BRASIL,

2005). Iniciou-se, a partir deste fato, a inserção nos currículos escolares de conteúdos

relacionados à educação ambiental.

De acordo com a Lei Federal nº 9.795 de 27 de abril de 1999, que dispõe sobre educação

ambiental e institui a Política Nacional de Educação Ambiental, a educação ambiental deve

estar presente em todas as séries e em todas as disciplinas, bem como em todos os níveis de

ensino, desde a Educação Infantil ao Ensino Superior e Ensino Técnico (BRASIL, 1999).

Como forma de potencializar a sua eficácia, cumprindo com as diretrizes estipuladas

internacionalmente, a normativa ainda determina, nos incisos do seu art. 8º, a necessidade de

se firmar parcerias com instituições e segmentos sociais, integrando escolas, universidades e

sociedade.

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Uma vez que a EA objetiva provocar uma mudança sócio-ideológica, e tendo como pressuposto

o caráter de continuidade e complexidade, a inserção do debate foi pensada ainda no Ensino

Fundamental, através da elaboração de Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) que orientam

especificamente os conteúdos ambientais do primeiro ao quinto ano. Dessa forma, questões

envolvendo os pontos a serem tratados, os critérios de avaliação e as orientações didáticas são

previstas neste documento (BRASIL, 1997).

Os PCNs, formulados a partir da Lei de Diretrizes e Bases (LDB 9394/96), incorporam a

temática ambiental como um tema transversal. De acordo com os parâmetros, o meio ambiente

deve estar inserido nas escolas de maneira integrada, contínua, sistemática e abrangente,

permeando todos os campos do conhecimento, não se constituindo, portanto, como uma

disciplina específica no currículo (BRASIL, 1998).

É de se notar que a criação do PNEA se deu em virtude de mobilização nacional e de pressões

internacionais, além de ter sido elaborada em um momento em que questões ambientais

ganharam mais força e atenção no cenário global.

Necessário se faz, ainda, ilustrar que esta política pública não pretende implantar a disciplina

no currículo acadêmico, mas sim promover a educação de forma alternativa, com campanhas,

seminários e uma ampla conscientização acerca das modalidades de proteção ao meio ambiente

e da prática sustentável.

Além das leis de direito ambiental e políticas ambientais, a previsão da questão ambiental no

Código de Defesa do Consumidor se mostra um ponto importante a ser debatido, tendo em vista

a prestação de serviço educacional privado.

A lei consumerista, embora de maneira não muito aprofundada, visto tratar de matéria

específica de consumo, dedica-se à questão ambiental em alguns artigos do seu rol. Em especial,

podemos destacar o art. 4º, inciso III, que aduz:

Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento

das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a

proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem

como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes

princípios:

[...]

III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e

compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento

econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a

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ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e

equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores.

O artigo supracitado cria um parâmetro entre as relações de consumo e as responsabilidades

perante o meio ambiente, referindo-se a manutenção e preservação do ambiente sustentável,

garantindo aos consumidores, de forma digna, o direito ao ambiente ecologicamente

equilibrado.

Complementando tal entendimento, Garcia (2010, p.126) destaca que “novos produtos com

tecnologias inovadoras somente serão aceitos no mercado de consumo se não apresentarem

riscos à saúde e à segurança dos consumidores, bem como se mostrarem eficientes”.

Esse parâmetro anteriormente tratado pode se aplicar perfeitamente no que tange às instituições

de ensino superior, uma vez que, materializada uma relação de consumo entre IES e aluno,

surgirá automaticamente a responsabilidade ambiental da primeira, considerando a dignidade,

a saúde, a segurança e a melhoria na qualidade de vida do segundo.

2.6 As ações de Sustentabilidade desenvolvidas por uma IES no Agreste pernambucano

Conforme exposto anteriormente, a educação é fundamental para a sustentabilidade.

Considerada uma das principais bases do desenvolvimento social, a educação deverá ser

transversal aos demais programas, estratégias e acordos, reconhecendo-se sua importância

como meio necessário para a sua aplicação (DIAS, 2015).

Algumas Instituições de Ensino Superior, de acordo com essa transversalidade de estratégias

da educação sustentável, passaram a promover ações práticas que as apresentem como

instituições modernas e ecologicamente sustentáveis. O encontro de novos caminhos para a

conscientização de práticas mais sustentáveis passou a ser um discurso presente em várias IES

na última década (GAZZONI et al. apud RYAN, 2010).

O Centro Universitário do Vale do Ipojuca (UNIFAVIP), IES privada localizada no agreste de

Pernambuco, na cidade de Caruaru, foi o cenário escolhido para o desenvolvimento do presente

trabalho. De acordo com o marketing institucional promovido digitalmente, o UNIFAVIP vem

promovendo ações sustentáveis em seu campus, configurando-se como sendo uma “instituição

de obediência à responsabilidade socioambiental”.3

3 Informação disponível em www.devrybrasil.edu.br/unifavip.

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Esta instituição faz parte da Adtalem Educacional do Brasil, um grupo americano de ensino,

com mais de 85 anos de história em educação, presente em mais de 50 países e contando com

cerca 160 mil alunos matriculados.

O UNIFAVIP iniciou a sua trajetória acadêmica em 2001 e, hoje, conta com um extenso

portfólio de cursos nas áreas de Arquitetura, Comunicação, Design, Direito, Engenharia,

Gastronomia, Gestão e Negócios, Saúde, Tecnologia e Psicologia; além de ofertas na

modalidade de pós-graduação. No dia 31 de janeiro de 2014, tornou-se o primeiro Centro

Universitário do interior do Nordeste, por meio de credenciamento do Ministério da Educação

(MEC).

As ações de sustentabilidade apresentadas no UNIFAVIP envolvem diversos setores e

colaboradores da instituição, com práticas ditas ecológicas que buscam proteger o meio

ambiente, possibilitando que o marketing da instituição possa apresentá-la como organização

com responsabilidade socioambiental. Dentre as várias ações indicadas pelo setor de operações

do UNIFAVIP, podemos citar:

a) Uso racional de energia, onde são colocados avisos nas salas de aulas, advertindo ao aluno,

que ao sair, “lembre-se de desligar as luzes”;

b) Avisos nas salas de aulas para que os alunos tragam seu squeeze, com a finalidade de redução

dos copos descartáveis;

c) Ação de trocas das lâmpadas comuns por lâmpadas de LED, com a finalidade de reduzir o

consumo de energia elétrica;

d) Manutenção de uma parceria com a Associação dos Protetores do Meio Ambiente

(ASPROMA), que atua de maneira programada na coleta seletiva de materiais recicláveis como

papel, papelão, plástico, metal e vidro;

e) Incentivo da coleta seletiva do lixo, através de lixeiras em locais estratégicos do campus;

f) Difusão do uso racional do papel disponível na instituição, através de treinamentos

ministrados para o setor administrativo, buscando conscientizar seus colaboradores para

reutilização, a exemplo do aproveitamento como rascunho, e sua destinação final para a

reciclagem;

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g) Promoção de ações para a redução e o uso racional de água, com torneiras inteligentes, que

liberam menos água em menos tempo;

h) Instalação de secadores de mãos, nos banheiros, para eliminação do uso do papel descartável.

Tendo em vista essa realidade, busca-se analisar se essas práticas e ações desenvolvidas pelo

UNIFAVIP representam elementos suficientes para a existência de um Sistema de Gestão

Ambiental eficaz na IES, a ponto dos discentes reconhecerem-nas como práticas sustentáveis,

opinando se influem para uma consciência ecológica e corroborando para a instituição avaliar

se suas ações e práticas estão no caminho ecologicamente pretendido.

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3 METODOLOGIA

Neste capítulo, discorrer-se-á acerca dos aspectos metodológicos utilizados para a consecução

do objetivo de pesquisa pretendido neste trabalho. Com vistas a possibilitar uma descrição mais

complexa, dividimos o capítulo em seis tópicos, cada qual com um ponto essencial na

estruturação da metodologia: 1) Método; 2) Locus da pesquisa; 3) Sujeitos da pesquisa; 4)

Técnicas de coleta de dados; 5) Técnica de análise dos dados; e 6) Limitações da pesquisa.

3.1 Método

A pesquisa tem como propósito proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas

a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses, sendo necessário para isso a utilização de

métodos apropriados, delimitando apropriadamente os limites da pesquisa (GIL, 2016).

No que diz respeito à abordagem, o presente estudo de caso, se valeu do método qualitativo

para a consecução do objetivo pretendido com a pesquisa, qual seja o de analisar a percepção

dos alunos de cursos de graduação a respeito das práticas de Gestão Ambiental desenvolvidas

pelo Centro Universitário do Vale do Ipojuca, em busca da certificação.

De acordo com Stablein (2001), não há uma distinção hierárquica entre o método qualitativo e

o método quantitativo, quebrando com o paradigma científico ainda vigente de que o segundo

teria maior valor científico. Ao contrário, aponta para uma simples separação entre

representações numéricas e representações não numéricas, ou seja, entre aquelas que estudam

os fenômenos a partir dos dados números produzidos e aquelas que analisam os fenômenos a

partir das suas substâncias.

A escolha pelo método qualitativo em detrimento do quantitativo guarda relação com a natureza

do método, qual seja aquela que parte de um olhar próprio do sujeito, seja do próprio

pesquisador, seja dos colaboradores da pesquisa, acerca de fenômenos, fazendo com que a

análise dos dados se dê de forma complexa e pormenorizada (MALHEIROS, 2001).

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Uma vez que este estudo parte da percepção de discentes dos cursos de Gestão do UNIFAVIP

a respeito das práticas ambientais desenvolvidas pela IES, aferida na experiência cotidiana no

campus, a análise do conteúdo das informações se mostra essencial, não sendo adequada a

redução dos discursos a dados numéricos.

Com relação aos objetivos, a pesquisa pode ser classificada como exploratória, uma vez que se

propõe a formular uma visão geral, de tipo aproximativo, acerca das práticas ambientais na IES

privada estudada. Tendo em vista que ainda não existem hipóteses anteriormente formuladas

sobre o tema que possam ser perfeitamente aplicáveis à presente pesquisa, o método

exploratório auxilia na formulação de problemas precisos e de hipóteses aplicáveis em futuros

estudos (GIL, 2008).

Por fim, quanto ao procedimento técnico, optou-se pelo estudo de caso enquanto procedimento

de coleta de dados delineador da pesquisa. Segundo Gil (2008), o delineamento da pesquisa diz

respeito ao seu planejamento amplo, onde ocorre a confrontação dos elementos teóricos aos

dados da realidade. Neste sentido, distingue dois grandes grupos de delineamento, a saber: 1)

Os que se valem das fontes “de papel” e 2) Os que se valem dos dados fornecidos por pessoas.

O estudo de campo se localiza nesta segunda classificação.

Podemos citar enquanto características deste procedimento técnico a flexibilidade da pesquisa,

sendo possível inclusive reformular o seu desenho com a pesquisa já em fase de realização; e a

busca por um aprofundamento das questões propostas a partir de dados coletados em campo,

ou seja, dentro de um único grupo, com membros que interagem entre si e possuem elementos

comunicantes (GIL, 2008).

Outrossim, necessário se faz, ressaltar a importância que a epistemologia social e a localização

do pesquisador frente à pesquisa têm alcançado no cenário científico atual. Nessa perspectiva,

Silva et al. (2010) enfocam dois aspectos importantes complementares da redefinição do

conceito de objetividade científica: o distanciamento de quem pesquisa e a assepsia

metodológica perante os fenômenos reais se mostra impossível (1), uma vez que o pesquisador

compõe, necessariamente, parte daquilo que ele próprio analisa na pesquisa (2).

Tendo em vista esse aspecto, e considerando que no estudo de campo a maior parte do trabalho

é realizada pelo pesquisador, dado que se releva a experiência direta vivenciada por ele com a

situação de estudo (GIL, 2002), não podemos deixar de citar que o presente pesquisador compôs

o quadro de docentes do UNIFAVIP por um período de nove anos, de setembro de 2008 a

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dezembro 2017, tendo ministrado neste percurso profissional aulas de disciplinas como Gestão

Ambiental, Direito Ambiental, Direito Empresarial e Ciências Sociais, dentre outras.

Além de possuir um conhecimento teórico prévio na temática ambiental, em razão do conteúdo

programático das disciplinas, o pesquisador esteve inserido diretamente no cenário da pesquisa,

em contato com os sujeitos colaboradores e com o próprio objeto de pesquisa, qual seja as

práticas ambientais desenvolvidas pela IES. Essa realidade não impossibilitou que a pesquisa

fosse dotada de cientificidade suficiente para que se tornasse válida no ambiente acadêmico;

antes, abriu espaço para a formulação do projeto e para uma análise ainda mais completa e

complexa dos dados obtidos.

3.2 Locus da pesquisa

Determinamos enquanto locus - ou cenário - para a realização da pesquisa, as práticas de gestão

ambiental, desenvolvidas no Centro Universitário do Vale do Ipojuca, Instituição de Ensino

Superior de natureza privada, localizada em Caruaru, cidade do Agreste de Pernambuco.

O UNIFAVIP iniciou a sua trajetória acadêmica em 2001 e, hoje, conta com um extenso

portfólio de cursos nas áreas de Arquitetura, Comunicação, Design, Direito, Engenharia,

Gastronomia, Gestão e Negócios, Saúde, Tecnologia e Psicologia; além de ofertas na

modalidade de pós-graduação. No dia 31 de janeiro de 2014, tornou-se o primeiro Centro

Universitário do interior do Nordeste, por meio de credenciamento do Ministério da Educação

(MEC).

A escolha por este locus de pesquisa pode ser justificada a partir dos seguintes pontos: 1) uma

vez que o pesquisador figurou enquanto membro do quadro de docentes da IES durante o

período de realização da pesquisa, o acesso aos discentes, bem como às informações

institucionais necessárias acerca das práticas ambientais inseridas no campus e à autorização

para prosseguimento da pesquisa foi facilitado para consequente consecução do seu objetivo;

2) a IES realiza um projeto de marketing institucional voltado à divulgação de realidades que

valorizam a instituição, primeiro Centro Universitário do interior do Nordeste, inclusive

atribuindo a ela o caráter de organização com responsabilidade socioambiental. A necessidade

de se aferir, na realidade prática dos discentes, se esse patamar formal é realmente alcançado

impulsionou esta pesquisa.

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Dessa forma, e considerando os pontos anteriormente expostos, a autorização para a realização

da pesquisa no local foi dada em 04 de setembro de 2017, em documento assinado pelo então

Reitor do UNIFAVIP, Ricardo Ciriaco. A pesquisa de campo se procedeu nas próprias

dependências institucionais, no dia 02 de dezembro do mesmo ano.

3.3 Sujeitos da pesquisa

A presente pesquisa estruturou a partir de uma amostra do universo dos alunos matriculados

dos cursos de Gestão – sendo eles Recursos Humanos (RH), Administração, Logística e

Ciências Contábeis, escolha justificada em razão de suas grades curriculares requererem

disciplinas cujo conteúdo programático alude à Gestão Ambiental, o que de certa forma capacita

os alunos a avaliarem as ações perceptíveis de cunho sustentável da IES.

Neste estudo, foram selecionados discentes que, juntos, compartilhavam dos seguintes

aspectos: 1) todos se encontravam matriculados em cursos de Gestão ou correlatas no

UNIFAVIP, uma vez que nesses cursos são trabalhadas disciplinas voltadas a temática

ambiental; e 2) haviam demonstrado interesse na área de educação ambiental, informação

aferida a partir de avaliações periódicas realizadas em sala de aula e, no caso de determinados

alunos, de produções científicas dentro da temática onde figuravam como autores ou coautores.

Assim, o estudo de campo possibilitou uma avaliação complexa e interpessoal das subquestões

da pesquisa.

Embora tenham permitido expressamente, de forma verbal, durante a sessão de focus group

realizada em 02 de dezembro de 2017, a utilização dos seus nomes reais neste trabalho, foram

assinados termos de consentimento de participação como sujeitos da pesquisa, onde constava a

garantia de sigilo de identificação do sujeito pesquisado. Desta forma, e visando proporcionar

maior validade à presente pesquisa, a manifestação escrita prevalecerá e os nomes apresentados

aqui serão fictícios, mantendo a anonimidade dos sujeitos.

Neste sentido, e sabendo que todos afirmaram ter cursado alguma disciplina ligada ao tema da

Sustentabilidade, sintetizamos as informações dos participantes:

Quadro 4 – Sujeitos da pesquisa

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NOME IDADE CURSO

Roberto 30 anos Administração

Jéssica 27 anos Ciências Contábeis

Ana 23 anos Administração

Sandra 27 anos Administração

Carolina 25 anos Administração

Jorge 23 anos Administração

Renata 38 anos Administração

Pedro 25 anos Administração

Fonte: Questionário realizado em 02 de dezembro de 2017.

3.4 Técnicas de coleta dos dados

Os dados obtidos na pesquisa foram produzidos a partir da aplicação de questionários, cujas

perguntas se encontram redigidas no Apêndice B do presente trabalho, bem como da técnica

conhecida como focus group, ou grupo focal

Sintaticamente, o focus group consiste em uma modalidade de entrevista estruturada de forma

profunda e realizada em grupos, que possui como objetivo aferir a interação dentro do grupo,

através da influência provocada entre os próprios participantes e identificada nas colocações e

respostas dadas (OLIVEIRA; FREITAS, 2010).

Segundo Oliveira e Freitas (2010), a utilização desta técnica é apropriada quando se objetiva

explicar a visão das pessoas a respeito de determinadas experiências, ideias ou eventos. Para

que o focus groups e torne viável, o pesquisador necessita definir um tópico relacionado ao

propósito da pesquisa, que norteará a entrevista e o debate (KRUEGER, 1994).

Vale instar que, além do objetivo da pesquisa em si, que se mostrou melhor cumprido desta

forma, a escolha do grupo focal enquanto técnica de coleta dos dados também sofreu influência

das características de praticidade que possui: além de ser recomendada em pesquisas de campo,

como é o caso desta, é aquela que, de forma mais rápida e com baixo custo, propicia um

aprofundamento dos conteúdos relacionados à temática que se pretende abordar (CHIESA;

CIAMPONE apud BOCCI et al., 2008).

A técnica aqui instada se mostrou essencial nesta pesquisa, uma vez que pretendeu analisar a

percepção grupal dos discentes já especificados acerca das práticas ambientais do UNIFAVIP.

Por compartilharem o mesmo ambiente de convivência, a saber o campus desta IES, cenário

que limita este trabalho, bem como por estarem matriculados em cursos de graduação que

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compartilham semelhanças didáticas e por nutrirem interesses pelo tema em questão, o

compartilhamento de ideias durante a conversação.

O desenrolar do debate foi provocado por questionamentos descritos no Anexo II deste trabalho.

As respostas foram arquivadas a partir de filmagem permitida pelos entrevistados, mediante

termo de autorização, a fim de possibilitar uma transcrição fidedigna do conteúdo.

Para a realização do focus group, nos utilizamos das etapas sugeridas por SILVA et al. (2010),

quais sejam as de planejamento (1), de condução das entrevistas (2) e de análise dos dados (3).

3.4.1 Fase de Planejamento

a) Reflexão sobre o propósito da reunião: identificamos no convívio em sala de aula que os

sujeitos se destacavam enquanto formadores de opiniões, expressando os seus posicionamentos

de forma segura e fundamentada. Uma vez que cada um deles demonstrava deter um

conhecimento próprio e igualmente individual acerca de temas relacionados à Sustentabilidade,

ao meio ambiente e à Gestão Ambiental, pensamos em estruturar o projeto de pesquisa a partir

da interação entre esses posicionamentos diversos, porém em muitos pontos convergentes entre

si.

b) Detalhamento de aspectos relacionados com a sua realização: preliminarmente, foi criada

uma conversa coletiva – ou grupo – em aplicativo para smartphone denominado de Whatsapp.

Nele, os sujeitos mantiveram contato com o pesquisador e uns com os outros por um período

anterior à sessão, o que facilitou a combinação de detalhes como data, horário e local de

encontro.

Para o focus group, pessoas foram consideradas em categoria única. Não procedemos à divisão

em grupos a partir de critérios específicos porque o objetivo do trabalho não demandou tamanha

tarefa; ao contrário, determinamos os critérios genéricos de proximidade temática e matrícula

no UNIFAVIP em qualquer curso do ramo de Gestão apenas para a seleção dos colaboradores.

A pesquisa não envolveu nenhum tipo de custo para os participantes, nem ofertou qualquer tipo

de gratificação pela participação. Todos os sujeitos compareceram voluntariamente, fator que

corroborou o interesse dos mesmos na temática trabalhada e na própria pesquisa.

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c) Formação de grupos de tamanho médio: o grupo que participou da sessão foi composto

por 8 (oito) membros, estando dentro da margem adequada prevista por Silva et al. (2010) para

esta técnica de coleta de dados, qual seja de 06 (seis) a 10 (dez) pessoas.

d) Escolha dos membros do grupo de acordo com o propósito da pesquisa: fora informado

o fato de os sujeitos da presente pesquisa terem sido determinados a partir da proximidade que

eles mantêm com o tema da Sustentabilidade, tendo todos eles afirmado já terem cursado

qualquer disciplina nesta área temática.

Outrossim, uma vez que objetivamos analisar de que maneira as práticas de Gestão Ambiental

desenvolvidas pelo UNIFAVIP têm contribuído na formação de uma consciência ecológica em

seus alunos, se fez necessário delimitar o universo da pesquisa aos estudantes que se encontram

matriculados nesta instituição e que, tendo conhecimento do que consiste a Gestão Ambiental,

saiba identificar práticas neste sentido dentro do campus.

e) Nível de envolvimento continnum do moderador: o próprio pesquisador figurou enquanto

moderador na sessão de grupo focal, porém não interferiu no debate de forma que minasse a

validade e a cientificidade dos dados obtidos. Ao contrário, se mostrou proativo apenas no início

da reunião, quando apresentou as diretrizes a serem seguidas pelos colaboradores, bem como

os objetivos geral e específicos do trabalho e a proposta do grupo focal. Após o início do debate,

veio a interferir de forma moderada, apenas controlando os tópicos e fazendo a discussão

progredir.

Para auxiliar no processo de filmagem, dois assistentes auxiliaram o moderador em questões

técnicas, não interferindo em momento algum no debate.

f) Tópicos da discussão cuidadosamente predeterminados e sequenciados: os tópicos foram

estruturados no formato de perguntas e elaborados a partir dos objetivos específicos da

pesquisa, de modo a iniciar o debate com perguntas genéricas e finalizar com perguntas mais

específicas, estratégia utilizada para não enviesar o trabalho e, consequentemente, tornar

inválidos os dados obtidos.

g) Seleção do local: a reunião foi realizada em sala cedida pelo próprio UNIFAVIP e localizada

dentro do campus, mais especificamente no bloco destinado às turmas de Pós-Graduação Stricto

Sensu. Os vidros das janelas do recinto eram adesivados com película de cor escura e não

translúcida; a porta continha, do lado externo, aviso informando sobre a necessidade de não

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interrupção; e a reunião ocorreu em um dia de sábado, quando não havia qualquer atividade

sendo realizada na IES. Esses fatores propiciaram a realização do focus group sem qualquer

interferência externa.

Dentro da sala, as cadeiras foram organizadas em formato de semicírculo, onde o moderador

permaneceu sentado à frente e na linha de visão de todos os participantes. A gravação foi

realizada em duas câmeras, tendo sido uma delas posicionada em frente ao moderador e por

trás dos debatedores, e a outra por trás do moderador e com abertura para os participantes.

3.4.2 Fase de Condução das Entrevistas

a) Sessões curtas: uma vez que foi realizada uma única sessão, esta teve duração aproximada

de 4 h ininterruptas, não extrapolando o limite de 5 (cinco) horas semanais recomendadas por

Silva et al. (2010).

b) Habilidade do moderador: o fato de já existir contato anterior à reunião entre o moderador

e os participantes foi essencial para gerar um clima de conforto entre estes, com total liberdade

de opinião, não limitando o debate com fundamento nos prováveis efeitos que poderiam ser

gerados frente à IES.

c) Clareza na definição da proposta do grupo: no momento inicial, o moderador deixou claro

o objetivo da pesquisa, qual fosse aferir entre os participantes se os mesmos vislumbravam

práticas sustentáveis protagonizadas pelo UNIFAVIP e se estas influenciavam de alguma forma

em suas práticas cotidianas.

3.4.3 Fase de Análise dos Dados

A análise dos dados obtidos foi realizada através da identificação de similitudes entre as falas

proferidas na discussão em grupo, apontando posicionamentos comuns ao grupo. No entanto,

as especificidades não deixaram de ser analisadas, quando apropriadas ao objetivo pretendido

neste trabalho.

3.5 Técnica de análise dos dados

A técnica que se mostrou mais adequada à análise dos dados colhidos nesta pesquisa foi a

Análise de Conteúdo (AC), mais especificamente daquela proposta por Bardin (1977), que diz

respeito a um procedimento de análise das comunicações, objetivando descrever o conteúdo

das mensagens – ou seja, de qualquer ato enunciativo - transmitidas.

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Para a consecução deste propósito, a AC se utiliza dos métodos de classificação das

informações e de criação de categorias apropriadas para (JANIS, 1982), através da análise dos

elementos que irão compô-las, descrever o conteúdo dos dados colhidos.

As categorias utilizadas no presente estudo serão apresentadas no tópico “Apresentação,

Análise e Discussão dos Resultados da Pesquisa”, bem como descrito o processo de formulação

delas.

3.6 Limitações da pesquisa

O fato da pesquisa ter sido iniciada próximo ao final do ano, período em que as atividades de

encerramento de semestre, especialmente as avaliações periódicas dos alunos, já se encontram

em andamento no UNIFAVIP, impossibilitou a realização de mais de uma sessão de entrevista

grupal e, consequentemente, da escolha por um número maior de participantes. Um universo

maior possibilitaria uma coleta de dados mais plurais, o que traria benefícios incontestáveis

para este trabalho.

No entanto, o fato de termos nos limitado a apenas uma reunião, com um total de 8 (oito)

participantes, não veio a interferir na validade que os dados obtiveram quando analisados a

partir da realidade vivenciada pelos discentes da IES em questão, como será visto mais adiante

nos resultados obtidos.

4 APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA

Quando nos propomos a utilizar a Análise de Conteúdo enquanto técnica para análise dos dados

colhidos, precisamos determinar enquanto parâmetro de categorização o nível de efetividade

que as categorias devem alcançar frente aos objetivos pretendidos com a pesquisa. Categorias

definidas como sendo apropriadas são aquelas que, em síntese de Márcio Carlomagno e

Leonardo Rocha (2016), atendem aos seguintes requisitos: 1) Objetividade; 2) Exclusividade;

3) Homogeneidade; e 4) Exaustividade.

Dessa forma, uma categoria devidamente estruturada deve possuir limites bem definidos,

pautados nos sinais e nos conteúdos que irão ser classificados a partir de regras previamente

definidas para inclusão (1), não podendo, sob hipótese alguma, haver um conteúdo passível de

classificação em mais de uma categoria (2). Para que isso se mostre possível, a abrangência da

categoria de análise não deve ser heterogênea, devendo abarcar conteúdos homogêneos entre si

(3) (CARLOMAGNO; ROCHA, 2016). Nessa mesma perspectiva, Malheiros (2011) identifica

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os princípios da exclusão, da pertinência e da objetividade enquanto norteadores do processo

de Análise de Conteúdo. (4) Cada categoria se explica por si só, não é preciso de outra para

entender a sua explicação.

A categorização dos dados, de forma geral, pode se dar a partir de dois caminhos distintos:

pode-se desenhar as categorias a serem utilizadas antes mesmo da coleta dos dados, em uma

estrutura previamente definida que norteará a produção das informações; ou posteriormente,

quando conteúdo já se encontrar devidamente coletado, fazendo com que as categorias se

revelem a partir dos dados (MALHEIROS, 2011). Está segunda estratégia foi a utilizada neste

trabalho. Dessa forma, após a transcrição do grupo focal e a análise exaustiva dos dados

descritos, emergiram as seguintes categorias de análise e suas devidas unidades de registro:

Quadro 5 – Categorias Temáticas

CATEGORIAS TEMÁTICAS UNIDADES DE REGISTRO

Conhecimento da Gestão

Ambiental Empresarial

Abrangência do conceito de Sustentabilidade

Possibilidade de práticas empresariais sustentáveis

Conhecimento de Práticas

Sustentáveis na IES

Existência de ações sustentáveis no UNIFAVIP

Visibilidade das ações sustentáveis do UNIFAVIP

Processo de conscientização ecológica pelo UNIFAVIP

Fonte: Elaboração própria, a partir dos dados da pesquisa, 2017.

As categorias temáticas acima expostas derivaram do objetivo geral pretendido com este

trabalho, qual seja analisar de que maneira as práticas de gestão ambiental desenvolvidas pelo

UNIFAVIP têm contribuído na formação de uma consciência ecológica em seus alunos. Assim

como as questões levantadas no grupo focal, as duas categorias representam agrupamentos de

dados em dois níveis distintos, respectivamente: um mais abrangente, voltado às questões

genéricas acerca da Sustentabilidade e do SGA nas empresas; e outro menos abrangente,

direcionado ao contexto prático da IES que contextualiza a presente pesquisa.

As informações agrupadas na primeira categoria abrem espaço à análise das diversas formas de

perceber – ou não - a Sustentabilidade dentro do UNIFAVIP pelos alunos, determinadas pelo

conhecimento preliminar e pela noção que estes têm acerca da temática.

Cada subtópico deste ponto faz referência às unidades de registro contempladas pelas categorias

temáticas, posto se tratarem da conjugação de unidades de sentido (MALHEIROS, 2011)

identificadas na transcrição do grupo focal, que sintetizam as semelhanças encontradas entre o

discurso proferido por cada um dos participantes.

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4.1 Abrangência do conceito de Sustentabilidade

Quando questionados acerca da noção de Sustentabilidade na qual eles acreditavam ser a mais

adequada, os entrevistados formularam respostas que, mesmo indiretamente, formaram um

conceito pautado em ações individuais e coletivas voltadas à preservação do meio ambiente.

De forma didática, podemos destacar os seguintes pontos, distribuídos em dois níveis de

abrangência:

Quadro 6–Extensão do conceito de Sustentabilidade

Fonte: Elaboração própria, a partir dos dados da pesquisa, 2017.

Das respostas obtidas com a pergunta “O que é Sustentabilidade para você?”, todas foram

estruturadas a partir de exemplificações e de ideias soltas que criaram dois níveis limítrofes,

quais sejam o de maior amplitude e o de menos amplitude, sendo possível a variância dentro

do espaço gerado. As unidades de contextualização selecionadas estavam presentes na fala de

diferentes participantes, intercaladas em respostas que atingiam um meio termo em relação aos

níveis delimitados. Foram comuns respostas que, ao mesmo tempo em que apontavam para

práticas sustentáveis – embora resumidas a ações individuais de consciência ecológica -

enquanto representações de Sustentabilidade, também vislumbravam a necessidade de um

pensamento além destas para a efetivação plena em âmbito empresarial e social.

Neste sentido, a fala do entrevistado Pedro representa perfeitamente esta aferição e localiza o

debate da Sustentabilidade nas organizações:

Níveis de abrangência Unidades de contextualização

MENOR nível de abrangência

"Logística reversa"; "reuso de uma água"; "bom uso da

energia"; "você educar aquela pessoa para não estar

jogando lixo"; "se todas as pessoas tivessem a

consciência de não estar jogando lixo, de não pegar e

jogar as coisas dentro do rio [...]"; "desenvolver isso

naturalmente dentro de nós, com ações pequenas,

começando em casa"; "reaproveitar alimentos"

(SANDRA).

MAIOR nível de abrangência

"Desenvolvimento ambiental é deixar o ambiente

pronto para as gerações presentes e futuras"

(ROBERTO); "quando a gente fala em questão de

Sustentabilidade das organizações, a gente tem ideia

dos processos fabris, de produção da própria empresa,

mas vai muito além disso [...]" (PEDRO).

EXTENSÃO DA SUSTENTABILIDADE

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Mas onde entram as organizações aí? Quando a gente fala em questão de

Sustentabilidade das organizações a gente tem ideia dos processos fabris, de

produção da própria empresa, mas vai muito além disso, porque as empresas têm

por obrigação estimular, na cultura organizacional e pessoal dos seus

colaboradores, a ideia de preservação, a ideia de Sustentabilidade, de que não é um

processo obrigatório apenas durante a atividade fabril, que seja, mas precisa ser

inserida no cotidiano de cada um, entendeu?! É preciso que as empresas, como

garantia da economia, também têm que ser garantia da conscientização cultural, da

mudança de postura das pessoas, não só profissionalmente, mas no seu cotidiano

também. (grifos nossos)4

Esse posicionamento entende a Sustentabilidade enquanto processo de formação e modificação

cultural que, ao mesmo tempo em que pensa estratégias de produção sustentável, afeta

positivamente a vida de todos os agentes envolvidos, através da propagação de práticas

ecológicas, em um claro cumprimento da Responsabilidade Empresarial (GIACOMINI FILHO,

2008).

De forma complementar, Ana nos alerta que

[...] antes de a gente querer que as empresas sejam sustentáveis, a gente tem que ser

sustentável. Eu acredito muito que eu não posso exigir que uma instituição seja

sustentável se eu não sei o que é isso [...]. Então, assim, como é que as empresas

podem querer ser sustentáveis se a própria sociedade não é? Para uma empresa ser

sustentável, toda a sociedade precisa saber o que é sustentável.

O caráter de teia, onde todos os agentes econômicos e sociais detêm obrigações para com o

desenvolvimento sustentável, acaba formando uma espécie de responsabilidade vinculada, onde

um SGA em âmbito empresarial, bem como o reconhecimento deste e a exigência de

implementação, só é possível a partir da conscientização individual, e vice-e-versa.

4.2 Possibilidade de práticas empresariais sustentáveis

Adentrando nos requisitos para se afirmar um Sistema de Gestão Ambiental em determinada

organização, descritos no ponto 2.2 deste trabalho, questionamos aos entrevistados se as

organizações podem se desenvolver economicamente e, ao mesmo tempo, preservarem o meio

ambiente nestes moldes.

A análise das respostas deve ser feita a partir de duas óticas, ambas definidas por critérios

temporais. Foram apontadas duas realidades, uma futura – representada pela expectativa, pela

4As falas transcritas do Focus Group serão inseridas, quando em formato de citação direta, com fonte formatada

em itálico, com vistas a diferenciá-las das demais citações bibliográficas feitas no corpo do trabalho.

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possibilidade vindoura e condicionada – e uma presente – voltada ao contexto atual -. Assim,

obtivemos as seguintes variações:

Quadro 7 –Possibilidade de desenvolvimento econômico sustentável

QUESTIONAMENTO VARIAÇÕES DA RESPOSTA REPETIÇÃO DA RESPOSTA

SIM1

NÃO0

SIM, PORÉM NÃO ATUALMENTE2

TALVEZ5

É possível que as empresas

promovam um

desenvolvimento

econômico de forma

sustentável?

Fonte: Elaboração própria, a partir dos dados da pesquisa, 2017.

A entrevistada Sandra foi a única que não fez ressalvas à possibilidade de um desenvolvimento

ecológico concomitante à aferição de lucros pelas empresas, tendo embasado sua resposta na

experiência profissional que obtém em seu local de trabalho. Nesse sentido, ela afirmou que

[...] a Sustentabilidade pode, sim, ser vivida por uma organização e, ao mesmo tempo,

obter lucro sendo sustentável. Eu vivo dentro de uma organização que tem essa visão

[...]. Economicamente, a gente vê, como administradores de cursos de Gestão, que a

empresa visa diminuir seus custos, e com a Sustentabilidade ela pode fazer isso,

através de uma logística reversa, de um reuso de uma água, do bom uso da energia.

A gente sabe que a empresa pode se utilizar disso.

Dos participantes que vincularam a resposta positiva a uma necessidade de mudança no cenário

atualmente vivido, podemos destacar a fala de Roberto, que aponta para uma questão cultural

como sendo empecilho, no Brasil, para o desenvolvimento sustentável no contexto

mercadológico.

Eu acho possível essa questão ambiental, mas infelizmente o que restringe é a cultura;

eu acho que é um problema cultural. As empresas trabalham com marketing, em

questão de “nós trabalhamos com ecologia, com ecossistema” e tudo mais, mas não

passa de uma fachada. Eu acho que a questão é mais cultural, como por exemplo... É

possível isso acontecer, porque a gente vê países como a Dinamarca [...]. Então eu

acho que é mais uma questão cultural. A educação que nós temos aqui no Brasil levou

a todo esse patamar que estamos vivendo hoje e, para que isso possa ser revertido, o

problema é trabalhar a educação, a cultura. Se mudar a cultura, vai mudar tudo isso

e a gente vai poder ter uma qualidade de vida, e essas empresas vão passar a

trabalhar, a cuidar bem disso, como a gente vê em outros países que a coisa acontece.

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Se faz interessante notar, nesta perspectiva, que as demais respostas que não se enquadraram

explicitamente nas categorias fechadas – enquadradas, em razão disso, na denominada “outras”

embora não tragam objetivamente uma resposta positiva ou negativa, apontam para a cultura e

a educação como espaços onde a mudança nos parâmetros ecológicos deve ser primariamente

realizada. Isso encontra direta relação com a natureza ideológica atribuída à educação

ambiental, onde a integração de conhecimentos, aptidões, valores subjetivos e ações individuais

com vistas às experiências educativas de Sustentabilidade possibilita, por meios formais e

informais de conhecimento, a construção de uma coletividade preocupada com a preservação

do meio (PELICIONI, 1998).

Assim, e entendendo que os aspectos culturais são passíveis de modificações, podemos

enquadrar os participantes que se pronunciaram neste sentido como crentes de uma

possibilidade futura de um efetivo desenvolvimento sustentável, devendo o processo iniciar-se

na atualidade. Essa vertente fundamenta a dimensão temporal da Sustentabilidade, qual seja

aquela que se vale de comparativos entre períodos históricos e contextos socioculturais,

construindo parâmetros de mudanças, conquistas e retrocessos (RATTNER, 1999).

Outra ressalva recorrente nas respostas dos entrevistados diz respeito à má utilização das mídias

de informações no tocante à propagação de noções de Sustentabilidade, fazendo com que a

realidade interna das empresas não seja transparecida para o público externo, em grande maioria

composto com consumidores. A variedade de elementos de marketing que as divulgam como

sendo referências no desenvolvimento sustentável, quando ações sustentáveis não são

notadamente postas em prática no cotidiano empresarial, acaba por gerar um aumento dos

lucros e dos benefícios econômicos das empresas, ao tempo em que mantém uma cultura de

produção desenfreada e desvinculada dos efeitos negativos ao meio e à coletividade. Essa

realidade vai de encontro ao princípio de responsabilidade social, uma vez que quebra com a

transparência que deve haver na relação empresa-consumidor-sociedade.

Rattner (1999) nos diz que o conceito de Sustentabilidade não se limita à mera explicação de

uma realidade; ao contrário, deve pôr em questão as práticas e ações desenvolvidas no cenário

da realidade frente ao discurso, transformando-o em realidade objetiva e legitimando os atores

sociais para comandar comportamentos direcionados ao desenvolvimento sustentável. A quebra

dessa relação inviabiliza a sua efetividade.

Neste sentido, destacamos uma das falas da participante Renata:

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[...] Está em alta o marketing da empresa em relação à Sustentabilidade, mas eu acho

que - com exceções de algumas empresas - a prática efetiva disso dentro das

organizações, principalmente no polo que temos, é muito pequena. Eles trabalham

mais com marketing externo, mas quando você vai para dentro da instituição, eles

não fazem ou fazem muito pouco sobre Sustentabilidade dentro da empresa [...].

Então, assim, as empresas da nossa região têm aquela “capa” para a sociedade,

aquele marketing externo, porém dentro da empresa não existe. Quando se trata de

desenvolvimento social, aí é que cai mesmo, porque quase não se pratica isso nas

empresas atuais. É muito difícil!

Estamos diante, assim, de uma crise ética na forma como as empresas assumem uma postura

diferenciada, e geralmente negativa, frente às propostas difundidas pelos canais midiáticos nos

quais se promovem. D’Angelo (2003) aponta duas grandes categorias de questionamentos

éticos com os quais o marketing comumentemente se defronta, a saber: 1) Aquela relacionada

às características do sistema capitalista e aos estímulos de cunho materialista que são

despertados pela atuação do marketing; e 2) Aquela que diz respeito aos padrões de conduta

adotados nas relações das empresas com o consumidor final e demais agentes da máquina

econômica. Nesta segunda, está incorporada a veracidade das informações que são divulgadas

aos receptores do produto ou serviço, principal empecilho apontado pelo grupo quanto à

efetividade prática do desenvolvimento sustentável.

Por fim, também podemos perceber na fala de alguns dos participantes a crítica a uma

“Sustentabilidade forçada”, representada pela adoção de práticas e ações sustentáveis com

vistas a obter benefícios econômicos e fiscais, enquanto modelo vigente na maioria das

empresas que adotam parâmetros ecológicos na sua atuação.

Jorge deixa essa realidade bem clara ao dizer que

Todo esse conceito ambiental, todas essas questões são antigas em teoria, agora na

prática é algo novo, infelizmente. [...] Hoje em dia tem o marketing, é bonito, talvez

uma redução de impostos se a gente implantar determinados segmentos em nossa

empresa, mas é triste, porque é algo forçado, como esse caso: “ah, vamos colocar tal

coisa que aí a gente vai pagar menos imposto!”.

4.3 Existência de ações sustentáveis no UNIFAVIP

Tendo em mente a noção de Sustentabilidade e de práticas sustentáveis, adentramos no objeto

central deste estudo, iniciando a discussão a respeito da existência ou não de ações positivas

para o desenvolvimento sustentável realizadas pelo UNIFAVIP enquanto instituição. Como

forma de introduzir o debate, foi perguntado aos entrevistados se eles seriam capazes de

identificá-las, a partir da experiência cotidiana no campus.

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Dos oito participantes, sete afirmaram com clareza que conseguiam ver neste cenário

determinadas práticas sustentáveis, ainda que de forma muito tímida e extremamente aquém ao

necessário. Apenas uma entrevistada expressou não conseguir vislumbrar essa realidade, porém

destrinchou, em sua fala, uma quantidade pequena de exemplos que podem ser classificados

como ações de natureza ecológica e que ela presencia existirem na instituição, embora não as

classifique como sustentáveis, adotando um conceito lato sensu de Sustentabilidade.

Desta forma, podemos afirmar que a resposta a esta pergunta foi positiva para grande maioria

dos membros do grupo focal, mas todos reconheceram problemas que merecem ser destacados,

a começar pela pequena quantidade de ações sustentáveis promovidas pelo e no UNIFAVIP.

Expressamente, apenas as seguintes foram identificadas pelos participantes:

Quadro 8 – Ações e práticas sustentáveis desenvolvidas pelo UNIFAVIP

AÇÃO SUSTENTÁVEL FREQUÊNCIA

Avisos com os dizeres "adote um copo" localizados próximos aos

bebedouros3

Lixeiras para coleta seletiva de materiais descartados 6

Espaço externo de convivência arborificado 1

Ação de coleta e distribuição de alimentos (Vertente da Responsabilidade

Social)1

Ação de reciclagem de papéis 1

Implementação do Programa 5S nos setores administrativos 1

Adoção de garrafas para preenchimento com água potável por parte do

corpo docente1

Instalação de secadores de mãos elétricos nos banheiros 3

Corredores arquitetados para entrada de iluminação natural 1

Recipiente para recolhimento de pilhas e baterias usadas 1

Diminuição da pressão da água encanada nos banheiros 1

Fonte: Elaboração própria, a partir dos dados da pesquisa, 2017.

A primeira questão a ser apontada é que, ações com maior planejamento e considerados mais

complexos em relação às ações de fácil implementação, foram pouco percebidos pelos

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membros do grupo. Do total, apenas uma entrevistada, Renata, afirmou a existência dos projetos

de coleta e distribuição de alimentos, de reciclagem de papéis e de implementação do Programa

5S5 nos setores administrativos. Esse conhecimento foi justificado pela atuação direta desta

estudante nestas ações: “[...] E, outra, muita coisa não é nem divulgada. Eu sei de algumas

coisas dessas porque estou envolvida em um projeto e em outro, então eu acabo tendo a

informação, mas um aluno que simplesmente não se envolve, que ele vem, estuda e sai, passam

desapercebidas”.

Os demais entrevistados, que não vieram a colaborar diretamente, afirmaram não terem tomado

conhecimento delas em momento algum. Ao contrário, a percepção de recipientes de coleta

seletiva, de secadores de mãos elétricos e de avisos próximos aos bebedouros foi

frequentemente encontrada nas respostas (6 vezes, 3 vezes e 3 vezes, respectivamente), o que

denota que ações de maior proximidade dos alunos – e, de igual forma, menos complexas - são

mais facilmente notadas.

Em questionário aplicado antes do início da discussão em grupo focal, os participantes

responderam, em um dos questionamentos, se existem recomendações e avisos na instituição

no sentido de orientar os alunos a adotarem medidas ecologicamente sustentáveis, como o uso

consciente da água, da energia, dos copos descartáveis etc. Como resultado, de modo similar

aos resultados obtidos no focus group, podemos perceber que as respostas recorrentes são as

sinalizações dos materiais a serem jogados em cada lixeiro (5 aparições) e a sinalização para

aproveitamento dos copos descartáveis (3 aparições).

Os entrevistados afirmam que essa realidade é consequência da omissão institucional em

promover estratégias de divulgação e difusão de tais práticas entre o corpo discente. Uma das

entrevistadas, Carolina, chegou a afirmar que, durante os quatro anos em que se encontra

matriculada na instituição, nunca chegou a conhecer da existência de grande maioria dessas

ações:

[...] O que eu vejo são esses lixeirozinhos[para coleta seletiva de resíduos]

que eles botam aí. Só tem aí, visível só aí na faculdade. Não sabia de ações

que ela fazia, como Renata acabou de falar, que recolhe papéis.Não sabia. Eu

acho muito fraco o marketing daqui, na parte de ambiente, porque eles não

focam em divulgar aos alunos; eles não têm a preocupação de colocar

informativos. E, assim, o que eles podem fazer?Porque isso é muito

importante, que todos os alunos tenham conhecimento das ações que eles

5O Programa 5S tem origem japonesa e diz respeito a um sistema organizador pautado na existência de cinco

sensos a serem cumpridos: 1) Senso de Utilização; 2) Senso de Organização; 3) Senso de Limpeza; 4) Senso de

Saúde; e 5) Senso de Autodisciplina (VANTI, 1999).

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fazem, e a gente não tem. Faz 4 anos que eu estou na faculdade e não

sabia.(Modificado)

De igual forma, Ana trouxe uma crítica pertinente à forma como se deu a troca dos papéis

descartáveis utilizados na secagem das mãos pelos secadores eletrônicos dos banheiros no

campus. Para ela, a motivação não foi transmitida de forma adequada aos alunos, o que foi de

encontro ao próprio propósito da medida:

Em relação às ações que a instituição tem, consigo ver mínimas. A questão do

secador, realmente já vi, mas a mudança foi tão drástica que... Assim, saiu do

papel, não fizeram campanha nenhuma pro secador. Tá certo, pareceu que foi

por redução, só, mas não foi “ah, vou tirar o papel porque o papel demora

não sei quantos anos para ser depreciado, não sei o que, não sei o que”; não

teve a explicação do porquê foi para o secador, sabe?! Então, tem gente que

ainda não usa o secador, vai lá, pega um bocado de papel e seca a mão. Então,

assim, só fez “do sujo ao mal lavado”, porque não teve a conscientização de

que saiu do papel para o secador porque iria ajudar o meio ambiente; não

teve, sabe?! Então, sinceramente, não teve campanha, foi só uma redução de

custo.

Esse posicionamento omissivo do UNIFAVIP acaba gerando três consequências lógicas: 1) A

quantidade de alunos que tomam conhecimento das práticas sustentáveis existentes acaba sendo

pequena, condicionada ao nível de envolvimento com as questões institucionais, característica

que geralmente não é realidade dentro do corpo discente da instituição;2) Uma formação

pautada nos preceitos da educação ambiental é totalmente inviabilizada, uma vez que esta prevê

uma mudanças de natureza comportamental e cultura; e 3) A instituição acaba transmitindo,

através de um marketing externo, uma imagem que destoa da realidade vivenciada pelos alunos.

4.4 Processo de conscientização ecológica pelo UNIFAVIP

Consecutivamente, e tendo como embasamento a discussão travada anteriormente, levantou-se

no grupo focal a possibilidade ou não de influência dessas ações nas práticas cotidianas dos

participantes. Questionou-se se as ações vislumbradas e relatadas eram suficientes para

desenvolver uma consciência ecológica nos mesmos. As respostas para essa pergunta foram

unânimes, tendo todos os entrevistados respondido de forma negativa.

Essa insuficiência foi relatada diante de dois grupos de pessoas, referenciados pelos

participantes com base no critério de conhecimento e conscientização prévios. Dentro do grupo

genérico de alunos da instituição, pensou-se tanto a partir daqueles que já mantinham o hábito

de preocupação com o meio, incluindo os próprios entrevistados, quanto a partir dos que

desconheciam ou ignoravam a necessidade de um desenvolvimento sustentável e do fomento

de medidas ecologicamente corretas.

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Embora essa distinção seja importante para entender o contexto de análise das práticas

desenvolvidas pelo UNIFAVIP, nota-se que, em ambos os casos, os participantes apontaram

não serem aquelas suficientes para a consolidação de uma consciência ecológica, ainda que por

motivos distintos.

Para fins didáticos, pensemos na seguinte realidade, elaborada com base nos pontos trazidos no

grupo focal: 1) O grupo A, composto por alunos que já efetivam práticas sustentáveis básicas

em seu cotidiano, adentram no ambiente institucional com essas práticas consolidadas na

formação cultural e axiológica previamente moldada, encontrando meios não desconhecidos de

continuidade em um novo cenário; e 2) O grupo B, composto por alunos que não mantém

qualquer contato com as noções de Sustentabilidade, ou, se mantém, que agem de encontro a

elas por não crerem serem necessárias ou não trazerem benefícios próprios. Ao serem inseridos

no ambiente institucional, encontram pequenas medidas ecologicamente pensadas, que ou serão

ignoradas, ou serão capazes de modificar o pensamento predominante através de uma mudança

de natureza cultural.

Nesses dois casos, os entrevistados apresentaram empecilhos não resolvidos pela instituição.

Na primeira, podemos apontar como fator principal para essa incapacidade o nível de

complexidade que as medidas adotadas pela instituição possuem, conforme apontado por

Pedro: “são ações muito básicas, que a gente já conhece: coleta seletiva de lixo, a questão do

copo, como foi bem frisada [...]. Então, para mim, não é suficiente, porque são ações que já

conheço, que já pratico”.

De igual forma, Ana concordou que

As ações atuais da instituição não acrescentam em nada naquilo que a gente já faz,

mas se a instituição se dispor a fazer campanhas, a instar discussões de como

podemos melhorar inúmeras coisas em casa, acredito que sim, a gente possa

melhorar. Agora hoje, atualmente, a forma de Sustentabilidade que o UNIFAVIP

disponibiliza, não.(grifos nossos) (modificado)

Mais uma vez, a necessidade de um cronograma administrativo que envolva a promoção de

campanhas de esclarecimento e de momentos de discussão acerca das práticas já implementadas

e daquelas a serem postas em prática dentro e fora do campus se mostra clara, assim como de

um canal de marketing interno que não contemple questões de natureza ecológico, conforme

opinou o entrevistado Roberto:

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Marketing significa troca. Vou fazer um artigo com relação a isso, o marketing direto

e indireto, entre uma organização e seu cliente. Eu sou cliente da instituição, e nós

devemos manter uma interatividade, não direta – porque é quase impossível -, mas

indireta, através de plataformas digitais, mídias sociais, cartazes por aí espalhados

[...] A instituição tem muito mais visão do seu marketing próprio, e não há troca de

informação voltada para a questão ecológica, a questão do ambiente. Então, essas

ações são suficientes atualmente na faculdade? Não são.[...]Eu preciso, como

cliente, manter uma comunicação indireta com a instituição, para que o meu

conhecimento possa melhorar. Eu vejo direto nas redes sociais a publicação de tantas

outras coisas da instituição, mas a questão ecológica, não.(grifos nossos)

Quando nos voltamos ao outro grupo, formado pelos estudantes que desconhecem ou ignoram

a questão Sustentável, a possibilidade de desenvolvimento de uma consciência ecológica é

ainda mais inviabilizada. Para que isso seja possível, os espaços onde as relações sociais são

travadas, incluindo-se a Academia enquanto instituição com valor inigualável dentro das

propostas da educação ambiental, devem servir de cenário para a produção e difusão de

conhecimentos transdisciplinares no campo ecológico, bem como para a formação de uma

cultura ético-filosófica que reconheça os valores sustentáveis enquanto valores de formação

humana, democrática e cidadã (REIGOTA, 2007).

Ora, se as ações relatadas se mostram insuficientes perante agentes sociais que já conhecem

desses valores, não é inesperada uma mesma resposta negativa quando especificamos aqueles

que não detêm, ainda, desse conhecimento.

A importância que a educação e as instituições de ensino adquirem nesta tarefa de

conscientização fica clara na fala de Renata, a qual utiliza de um exemplo familiar para

demonstrar essa potencialidade:

Há duas instituições que trabalham na vida do ser humano com a conscientização

muito forte: a primeira, que é a família, e a segunda instituição que a gente passa a

maior parte do tempo da gente, é a escola, que hoje, a gente já numa idade mais

avançada, é a instituição da faculdade. Eu tenho um filho que estuda numa

determinada escola aqui e, desde as primeiras séries, já avisavam a questão da

garrafinha, do copo. Hoje o meu menino tem 15 anos e, pra onde ele vai, ele tem

várias garrafinhas [...], mas o colégio dele já vinha trabalhando questão de

alimentação, questão da garrafa, questão de roupa, questão de várias questões de

Sustentabilidade. Lá na escola que ele estuda é muito forte isso, coisa que aqui a

gente não vê esse trabalho forte da instituição, que de no mínimo 2 a 4 anos que cada

ser humano passa aqui dentro, fazendo algum curso, tecnólogo ou uma graduação,

com certeza a gente adotaria sim.(Modificado)

Para além do critério de proposta educacional ecológica, que já representa um motivo mais que

suficiente para se promover uma modificação na forma como o sistema administrativo se

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pauta6, questões formais também são prejudicadas com a manutenção deste sistema

reducionista de gestão ambiental que se demonstrou atualmente existir. Destacamos a

dificuldade em se adquirir uma certificação ambiental, nos moldes da ISO 14001 nestes moldes.

Podemos destacar, dentre os vários requisitos relativos a um SGA, a adoção de uma política

ambiental que seja apropriada à natureza e aos impactos ambientais causados pela sua atividade

produtiva, que se paute em um estado de melhoria contínua, que atenda aos requisitos legais

cabíveis, que seja devidamente documentada e implementada, que seja difundida a todos que

trabalhem na organização e a todo o seu público (ABNT, 2004).

Com vistas a aferir o posicionamento dos alunos quanto a esse aspecto, questionamos aos

participantes do grupo focal se, nas circunstâncias atuais, o UNIFAVIP detém de indicadores

suficientes para pleitear uma certificação ambiental nos parâmetros apregoados por esta norma.

A resposta foi igualmente unânime entre os entrevistados: todos afirmaram não ser possível,

atualmente, que a instituição pleiteia tal certificação. No entanto, trouxeram uma possibilidade

futura para tanto, condicionada às mudanças na forma de pensar a Sustentabilidade

internamente, tendo, nos dizeres de Roberto, “todas as ferramentas necessárias”:

Ela tem a educação, ela tem um bom departamento de marketing e de mídias

sociais, [...].Então, ela pode utilizar os meios que ela tem para conseguir isso.

Eu acredito que em pouco tempo isso possa ser revertido, porque a imagem

que ela tem fora é muito forte. Ela pode induzir internamente. Então, isso é

possível.

O curto prazo apontado é justificado a partir das mudanças já provocadas com a implementação

de ações mais complexas nesta IES. Uma das entrevistadas, Renata, retoma a aplicação do

Regime 5S nos setores administrativos – com a qual ela colaborou enquanto atividade curricular

– para apontar mudanças significativas na forma como os profissionais realizavam as suas

atividades anteriormente:

Ela precisaria trabalhar muito ainda para conseguir uma ISO, a começar

pelos próprios colaboradores internos da instituição, porque veja: [...]

quando a gente aplicou o 5S nos setores, a gente teve vários relatos, inclusive

das pessoas do marketing, que tinha pessoas que tinha na mesa delas mais de

10 canetas, que disseram que, pra cada tipo de assinatura, era uma caneta

diferente [...]. Tinham 5, 8 copos em cima de uma mesa, que deu susto a mesa

quando viu. Então, depois que a gente aplicou o 5S, eles mesmos disseram que

6Alguns dos entrevistados expressaram, em determinados momentos, que o corpo discente da instituição detém

um certo conhecimento no tocante à Sustentabilidade. Os pontos de melhoramento apontados dizem respeito, em

sua maioria, a eixos de competência do setor administrativo, não excluindo a responsabilidade dos professores e

dos demais profissionais em auxiliar neste processo de divulgação das ações implementadas e de formação

consciente.

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levaram para casa o que aprenderam com o 5S, e levaram para sua vida

pessoal. Depois que a gente passava nos setores, fazendo auditoria, a gente

tinha orgulho da mudança que viu nos setores. Então, a própria coordenação,

o reitor da época, até parabenizou a ação, porque viu resultados também em

relação aos setores, em termos de organização e economia de material [...]

(modificado).

Essa possibilidade deixa em aberto o dever institucional de pensar mudanças a serem

introduzidas para possibilitar o fortalecimento de um SGA que faça valer as propostas e os

objetivos inerentes a este modelo. A principal questão é adotar uma ótica extensiva acerca da

Sustentabilidade e dos caminhos apropriados para vencer com um conceito meramente

lucrativo de mercado. Enquanto Instituição de Ensino Superior, a obrigação de dialogar com os

alunos para além de uma relação empresa-consumidores é inquestionável, dada a posição que

a formação de uma consciência crítica assume no debate da educação ambiental. Como um

todo, não nos restam apenas pessimismos; se pensar Sustentabilidade é ir além do presente,

aprendendo com o passado e pensando em estratégias para o futuro, todos nós, docentes,

discentes, governo e sociedade, cremos estar no caminho certo.

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5 CONCLUSÕES

Estando inserido durante muito tempo no quadro de discentes atuantes no Centro Universitário

do Vale do Ipojuca, Instituição de Ensino Superior localizada no município de Caruaru, no

Agreste Pernambucano, e empresa membro do Grupo DeVry Brasil de ensino, o presente

pesquisador sempre se viu diante de disciplinas que contemplavam o debate ambiental de forma

aplicada à gestão empresarial e às organizações lucrativas. A proximidade temática aprofundou

uma preocupação já anteriormente existente para com a relação entre os agentes sociais e o

meio ambiente, em suas mais diversas nuances e perspectivas.

A necessidade de se pensar estratégias para pôr em prática este debate dentro da instituição ao

qual se encontrava vinculado fez surgir a ideia proposta para este trabalho, pensada a partir da

colaboração direta dos alunos. Uma vez que estes vivenciam em outro polo as decisões, ações

e projetos oriundos do corpo administrativo da instituição, a sua participação nos resultados

desta pesquisa remete ao caráter mais prático da realidade vivenciada no cenário de referência.

No primeiro referencial teórico, realizou-se uma exposição de todo o contexto histórico que

culminou no conceito de Sustentabilidade que utilizamos como referência hoje, em grande parte

resultado do aprofundamento dos problemas climáticos e de natureza ecológica surgidos a partir

do desenvolvimento desenfreado do sistema capitalista e da lógica de lucro do mercado. Nesse

sentido, apontou-se a relevância que as Instituições de Ensino, desde as de ensino básico às de

ensino superior, alcançam enquanto instrumento de mudanças das práticas sociais, através da

chamada educação ambiental.

No entanto, a inserção de disciplinas deste grupo nas grades curriculares e nas atividades

pedagógicas não deve vir de forma isolada. No segundo referencial teórico, traçamos os

benefícios de se adotar um Sistema de Gestão Ambiental, ou SGA, no âmbito das organizações,

inclusive daquelas voltadas à oferta de planos de ensino. A ISO 14001, norma elaborada pela

Associação Brasileira de Normas Técnicas, é referência neste campo, traçando parâmetros e

determinando requisitos para a implementação de um SGA eficiente, reconhecido através de

um modelo de certificação ambiental. A norma traz um dos SGAs mais adotado em todo o

mundo e tem por escopo a definição de requisitos abertos, ou seja, sem a especificação de ações

a serem executadas, programáticos, necessários à efetiva implementação.

As empresas certificadas de acordo com a ISO 14001 atingem um estágio de desenvolvimento

sustentável que vai além da adoção de ações isoladas e limitadas a pequenas mudanças

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cotidianas, não descartando a importância destas, uma vez que são essenciais no processo de

educação cultural, mas afirmando que devem ser pensadas dentro de um processo mais

complexo.

No terceiro referencial teórico, aprofundamos a discussão e trouxemos à tona o conceito de

responsabilidade social das empresas, sintetizado pela busca na melhoria da qualidade de vida

dos agentes contidos no polo receptor da atividade empresarial, com a adoção de valores

compatíveis com os fins e objetivos pretendidos pela sociedade na qual a empresa se encontra

inserida. Dentro das IES, adotamos enquanto medida de responsabilidade social os Indicadores

Ethos e especificamos aqueles que tratam especificamente do meio ambiente, voltados à

formalização de uma educação ambiental no plano político-pedagógico de ensino adotado por

essas instituições.

Por sua vez, no quarto e quinto referencial teórico, trouxemos uma normativa e política da

educação ambiental no Brasil, contemplando temas como a Política Nacional de Educação

Ambiental e os princípios constitucionais basilares do ordenamento jurídico brasileiro que

fundamentam essa preocupação com o meio ambiente.

Por fim, no último referencial teórico, afunilamos o debate no locus escolhido para a presente

pesquisa, qual seja o Centro Universitário do Vale do Ipojuca, trazendo informações

importantes e introduzindo o que, posteriormente, veio a ser debatido nos resultados.

Para a consecução do objetivo, optados por uma metodologia baseada na técnica de coleta de

dados conhecida por grupo focal, escolha justificada a partir da proposta metodológica que esta

detém: analisar a interação entre os participantes e identificar as semelhanças nas diversas falas

proferidas durante o debate. A interação entre os sujeitos escolhidos se mostrou satisfatória, o

que resultou na quantidade considerável de dados obtidos. Por sua vez, estes foram analisados

sob os parâmetros da análise de conteúdo, sendo que, para se chegar ao objetivo proposto pelo

autor, o percurso metodológico desenvolvido contou com a adoção de múltiplas técnicas de

coleta de dados (pesquisa documental, observação, entrevista individual, grupo focal), através

da construção de categorias de análise que determinaram a realização de um estudo criterioso

para com os detalhes.

Os participantes do grupo focal foram todos selecionados dentro do quadro de matriculados nos

cursos de Gestão, em razão de possuírem, na grade curricular, disciplinas que debate a educação

ambiental a partir de conteúdos formais pré-determinados, bem como do interesse demonstrado,

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ao longo do período de convivência com este pesquisador em sala de aula, aos assuntos

intrínsecos à pauta ecológica.

No tocante à dimensão técnica, percebeu-se que os entrevistados detêm familiaridade com o

tema pesquisado, que fazem questão de discutirem de forma dinâmica, contribuindo para o

estudo científico, o interesse dos pesquisados pela sustentabilidade chamou a atenção do

pesquisador.

Referente a dimensão ética e política, os alunos demonstraram ter consciência da importância

de praticas sustentáveis no ambiente acadêmico, local de encontro de vários saberes e de

pesquisa.

Os resultados aferidos a partir do grupo focal apontaram para uma inquietação comum perante

a forma como o UNIFAVIP pensa Sustentabilidade, onde foi possível verificar uma coerência

entre o que fora verbalizado pelos entrevistados (grupo focal), e a realidade como se apresenta

as práticas ambientais desenvolvidas naquela instituição privada de ensino superior, verificadas

através das observações, realidade materializada nas ações e nos projetos vislumbrados pelos

alunos na vivência cotidiana no campus considerada reducionista e baseada em ações básicas e

tímidas. Em comunhão à falta de preocupação institucional em promover projetos de

conscientização e em desenvolver estratégias de marketing que divulguem tais medidas, que

demonstrou que os alunos não são favorecidos com um processo de formação cognitiva e

axiológica que trabalhe a perspectiva sustentável, sendo insuficientes pelo menos no momento

para pleitear uma certificação ambiental.

Os entrevistados declararam que existe uma má utilização das mídias de propaganda no tocante

a divulgação de noções de sustentabilidade, onde a realidade interna das empresas não são

transparecidas para o consumidor, que a variedade de elementos de marketing divulgados como

sendo referências no desenvolvimento sustentável, quando ações sustentáveis não são

notadamente postas em práticas no cotidiano empresarial, que em relação a UNIFAVIP,

conseguiam ver determinadas práticas sustentáveis, mas, aquém ao necessário, principalmente

para uma instituição de ensino superior.

Assim, o posicionamento omissivo do UNIFAVIP acaba gerando três consequências lógicas:

1) A quantidade de alunos que tomam conhecimento das práticas sustentáveis existentes acaba

sendo pequena, condicionada ao nível de envolvimento com as questões institucionais,

característica que geralmente não é realidade dentro do corpo discente da instituição; 2) Uma

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formação pautada nos preceitos da educação ambiental é totalmente inviabilizada, uma vez que

esta prevê uma mudanças de natureza comportamental e cultura; e 3) A instituição acaba

transmitindo, através de um marketing externo, uma imagem que destoa da realidade vivenciada

pelos alunos.

A possibilidade de uma conscientização ecológica oriunda das ações desenvolvidas pelo

UNIFAVIP, conforme apontado nas respostas proferidas durante o focus group, se encontra

atualmente condicionada a alguns fatores, entre eles a adoção de projetos mais complexos de

natureza sustentável, a divulgação mais comprometida dessas ações e a responsabilidade

institucional para com uma educação sustentável efetiva.

Ademais, a falta de um cronograma administrativo que envolva a promoção de campanhas de

esclarecimento e de momentos de discussão acerca das práticas já implementadas e daquelas a

serem postas em prática dentro e fora do campus se mostra clara, assim como de um canal de

marketing interno eficaz que contemple questões de natureza ecológico, que possibilite o

conhecimento das práticas ambientais adotadas pela instituição pelos discentes.

Pensar que esses resultados vão além dos posicionamentos adotados pelos oito sujeitos

colaboradores da pesquisa, tudo indica que acaba afetando os aproximadamente 6 mil alunos

que atualmente compõem o quadro de alunos matriculados no Centro Universitário do Vale do

Ipojuca fundamenta o caráter de necessidade atribuído aos pontos apresentados neste trabalho.

5.1 Sugestões para a Instituição

Os alunos que participaram da pesquisa sentem falta de um envolvimento maior da UNIFAVIP

com o tema sustentabilidade e por consequência uma divulgação eficaz por parte do marketing

daquela instituição, com o propósito de engajamento dos setores da diretoria, administrativo,

comercial, financeiro, recursos humanos, manutenção, discentes, docentes e demais

colaboradores, que proporcione uma consciência ecológica a fim de tornar perceptível as ações

e práticas desenvolvidas na UNIFAVIP, tornando-a apta a pleitear uma certificação ambiental,

apesar de reconhecerem que a instituição tem condições de futuramente pleitear o

reconhecimento de uma organização sustentável.

Os entrevistados apontaram que, as ações implementadas pela UNIFAVIP com maior

planejamento e consideradas mais complexas em relação aquelas de fácil implementação, foram

poucas percebidas pelos membros do grupo, apenas uma entrevistada declinou ter

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conhecimento de coleta e distribuição de alimentos, de reciclagem de papeis e de

implementação do programa 5S, de origem japonesa pautados no senso de utilização, de

organização, limpeza, saúde e autodisciplina, o que se faz demonstrar que há uma tendência a

não reconhecer as práticas ambientais que não são divulgadas eficientemente pelo marketing

na instituição, pondo em risco aquela desenvolvida na UNIFAVIP pela ONG ASPROMA.

A adoção das ações por parte da UNIFAVIP de maior proximidade dos alunos, aquelas

entendidas de menos complexidade, são mais facilmente notadas, conforme indicação dos

entrevistados, que apontaram como exemplos, lixeiras inteligentes para coleta seletiva, de

secadores de mãos elétricos, e de avisos de uso consciente da água, da energia, de copos

descartáveis etc. Essas medidas, alinha-se ao propósito da instituição, que é de se apresentar

como uma organização de responsabilidade socioambiental, possibilitando que esta instituição

possa atingir seus objetivos de educação ambiental.

Como ações a serem desenvolvidas no âmbito institucional, sugere-se inicialmente a criação

de um departamento de SGA com ações sustentáveis efetivas e com ampla divulgação, com

envolvimento dos diversos setores da instituição, inclusive com pequenos grupos de discussão

com o tema sustentabilidade, acerca das necessidades percebidas pelos discentes e docentes de

várias áreas, para que a heterogeneidade do grupo enriqueça os debates.

Seria interessante que os discentes contassem com o apoio da tecnologia, inclusive com

informações no portal acadêmico, para conhecimento das ações e práticas desenvolvidas no

campus da UNIFAVIP, promovendo uma interatividade entre esses discentes e a instituição.

5.2 Sugestões para estudos futuros

Replicar esta pesquisa para averiguar se esse sentimento ou essa inquietude passada pelos

discentes são de igual forma percebidas pelos docentes.

Investigar quais são possíveis outros fatores que dificultam o reconhecimento da UNIFAVIP

como uma instituição de práticas ambientais sustentáveis, que possibilitem a pleitear uma

certificação ambiental.

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A possibilidade de um estudo futuro, a fim de, analisar a percepção do consumidor em relação

a UNIFAVIP se apresentar como uma instituição sustentável, com a possibilidade de obter a

certificação ambiental, sendo escolhidos como sujeitos da pesquisa, um percentual dos

candidatos as vagas dos cursos ofertados pela instituição.

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APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Alguns esclarecimentos:

A participação nesta pesquisa é livre, com a garantia de sigilo de identificação do sujeito

pesquisado, podendo o participante, a qualquer tempo, revogar o consentimento dado, sem qualquer

sanção.

A pesquisa não envolverá nenhum tipo de custo para os participantes, bem como não haverá

qualquer tipo de pagamento ou gratificação financeira pela sua participação.

A participação na pesquisa não ensejará constrangimentos, prejuízos ou riscos à integridade do

participante, por se tratar de um trabalho científico voltado para a melhoria da qualidade do ensino

superior, estando pautado em diálogos, entrevistas e no acompanhamento do cotidiano do aluno dos

cursos de gestão do UNIFAVIP.

Os dados coletados terão uso e destino apenas para os objetivos desta pesquisa. Os resultados da

pesquisa se tornarão públicos, sejam eles favoráveis ou não.

CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO SUJEITO DA PESQUISA

Eu, ___________________________________________________________________, RG

__________________, CPF _______________________, abaixo assinado, tendo compreendido

perfeitamente tudo o que me foi informado sobre a minha participação no estudo intitulado

“ANÁLISE DA VISIBILIDADE POR PARTE DOS ALUNOS DOS CURSOS DE GESTÃO NOS

PROCEDIMENTOS E AÇÕES DE SUSTENTABILIDADE EM UMA INSTITUIÇÃO PRIVADA

DE ENSINO SUPERIOR DO AGRESTE PERNAMBUCANO” e estando consciente dos meus

direitos, das minhas responsabilidades, compreendendo os objetivos do presente estudo, eu

concordo em dele participar e, portanto, DOU O MEU CONSENTIMENTO, SEM QUE PARA

ISSO EU TENHA SIDO FORÇADO OU OBRIGADO.

Local, data, mês e ano: ______________________________________________________

Assinatura do sujeito da pesquisa: ____________________________________________________

______________________________________

Gilvan Florêncio da Silva

Pesquisador Responsável

Contato: número de telefone do pesquisador

Antecipadamente, lhe agradeço por participar desta pesquisa, que tem como objetivo analisar de que

maneira os alunos do curso de Gestão visualizam ou reconhecem as práticas e ações sustentáveis

desenvolvidas na UNIFAVIP

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APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO

1. Qual é o seu nome e a sua idade?

_______________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________

2. Qual seu curso?

_______________________________________________

3. Você já cursou alguma disciplina ligada à Sustentabilidade?

___________________________________________________________

4. Como é que você percebe a Sustentabilidade?

_______________________________________________________________________________

5. Você identifica ações institucionais na UNIFAVIP voltadas para a preservação do meio

ambiente? Em caso positivo, cite quais?

_______________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________

6. Existem recomendações/avisos na instituição no sentido de orientar os alunos do uso consciente

da energia, água, copos descartáveis, lixo, entre outros?

_______________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________

7. Você costuma seguir essas recomendações, assumindo na sua vida cotidiana atitudes de

consciência ambiental? Em caso positivo, quais?

_______________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________

8. Você visualiza na instituição algum planejamento como forma de estabelecer objetivos e

processos necessários para obtenção de uma certificação ambiental? Explique.

_______________________________________________________________________________

9. Na sua opinião, a instituição UNIFAVIP/DeVry é uma empresa com práticas e ações ambientais?

_____________________________________

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APÊNDICE C – ROTEIRO DO GRUPO FOCAL

1) Apresentação da temática e dos conceitos básicos;

2) Leitura dos objetivos do trabalho;

3) Aplicação do questionário;

4) Leitura das regras para aplicação do grupo focal;

5) Primeiro questionamento: O que é Sustentabilidade para você? As organizações

podem se desenvolver economicamente e, ao mesmo tempo, preservarem o meio

ambiente?;

6) Segundo questionamento: As instituições de ensino superior têm um papel fundamental

nessa questão de Sustentabilidade, principalmente por serem objetos de pesquisa, de

estudos. Vocês conseguem identificar, aqui no UNIFAVIP, algumas ações que possam ser

consideradas sustentáveis?;

7) Terceiro questionamento: Essas ações são suficientes para trazer uma consciência

ecológica para vocês, a ponto de vocês usarem elas no seu cotidiano?;

8) Quarto questionamento: O UNIFAVIP, por conta dessas ações, tem indicadores para

pleitear, futuramente, uma certificação ambiental?

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APÊNDICE D – REGRAS PARA APLICAÇÃO DO GRUPO FOCAL

Inicialmente quero agradecer a disponibilidade de vocês e o interesse em contribuir com a

minha pesquisa.

O tema central do meu trabalho é analisar de que maneira as práticas e ações sustentáveis

desenvolvidas no UNIFAVIP, tem contribuído na formação de uma consciência ecológica

em seus alunos, que possibilite um sistema de gestão ambiental apto para obtenção de

certificação ambiental.

Regras básicas:

1) Solicito que, por gentileza, mantenham seus celulares desligados durante a sessão.

2) Uma pessoa falará por vez.

3) Cada resposta deverá ter duração média de um minuto, para que todos possam se

pronunciar sobre todos os tópicos propostos.

4) Não deverão ocorrer conversas laterais (a discussão é em grupo)

5) Vamos estabelecer uma ordem para as respostas (seguiremos o sentido horário e a

cada nova pergunta um novo participante começa respondendo)

6) A sessão será gravada e filmada, para posterior transcrição e análise dos dados e

vocês serão identificados com nomes fictícios, garantindo-se assim o anonimato,

conforme descrito no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido que vocês

assinaram.

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APÊNDICE E – AUTORIZAÇÃO DO REITOR RICARDO CÍRIACO