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Centro Universitário UniFBV | Wyden Brasil Mestrado Profissional em Gestão Empresarial Patricia Carla T. L. F. Carvalho dos Reis A percepção do jovem trabalhador sobre qualidade de vida no trabalho: um estudo qualitativo com jovens da Região Metropolitana do Recife. Recife, 2018.

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Centro Universitário UniFBV | Wyden Brasil

Mestrado Profissional em Gestão Empresarial

Patricia Carla T. L. F. Carvalho dos Reis

A percepção do jovem trabalhador sobre qualidade de vida no trabalho:

um estudo qualitativo com jovens da Região Metropolitana do Recife.

Recife, 2018.

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Centro Universitário UniFBV | Wyden Brasil

Mestrado Profissional em Gestão Empresarial

CLASSIFICAÇÃO DE ACESSO A DISSERTAÇÕES

Considerando a natureza das informações e compromissos assumidos com suas fontes, o acesso

a monografias do Mestrado de Administração da Faculdade Boa Viagem é definido em três

graus:

- "Grau 1": livre (sem prejuízo das referências ordinárias em citações diretas e indiretas);

- "Grau 2": com vedação a cópias, no todo ou em parte, sendo, em consequência, restrita a

consulta em ambientes de biblioteca com saída controlada;

- "Grau 3": apenas com autorização expressa do autor, por escrito, devendo, por isso, o

texto, se confiado a bibliotecas que assegurem a restrição, ser mantido em local sob chave

ou custódia.

A classificação desta dissertação se encontra, abaixo, definida por seu autor.

Solicita-se aos depositários e usuários sua fiel observância, a fim de que se preservem as

condições éticas e operacionais da pesquisa científica na área de Administração.

___________________________________________________________________________

Título da dissertação: A percepção do jovem trabalhador sobre qualidade de vida no

trabalho: um estudo qualitativo com jovens da Região Metropolitana do Recife.

Nome do Autor: Patricia Carla Teixeira Leandro Fidalgo de Carvalho dos Reis

Data da aprovação:

Classificação, conforme especificação acima:

Grau 1

Grau 2

Grau 3

Local e data:

Recife, 27 de abril de 2018.

Assinatura do autor

Patricia Carla T. L. F. Carvalho dos Reis

×

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A percepção do jovem trabalhador sobre qualidade de vida no trabalho:

um estudo qualitativo com jovens da Região Metropolitana do Recife.

Dissertação apresentada como requisito

complementar para obtenção do grau de Mestre

em Gestão Empresarial do Centro Universitário

UniFBV | Wyden Brasil, sob a orientação do

Prof. Dr. Diogo Helal.

Recife, 2018.

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Catalogação na fonte -

Biblioteca do Centro Universitário UniFBV | Wyden, Recife/PE

R375p Reis, Patrícia Carla Teixeira Leandro Fidalgo.

A percepção do jovem trabalhador sobre qualidade de vida no

trabalho: um estudo qualitativo com jovens da Região

Metropolitana do Recife / Patrícia Carla Teixeira Leandro

Fidalgo Reis. – Recife : UniFBV | Wyden, 2018.

125 f. : il.

Orientador(a): Diogo Helal.

Dissertação (Mestrado) Gestão Empresarial -- Centro

Universitário UniFBV | Wyden.

1. Qualidade de vida no trabalho. 2. QVT. 3. Jovens

trabalhadores. I. Título. DISS

658[18.1]

Ficha catalográfica elaborada pelo setor de processamento técnico da Biblioteca.

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Dedico este trabalho aos meus pais (in

memoriam), a Mateus e à Lieutiene... a vocês,

todo o meu amor!

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AGRADECIMENTOS

Gratidão é um dos mais belos sentimentos nesta vida e um dos melhores também, nos faz sentir

verdadeiramente bem reconhecer aqueles que tão essencialmente contribuíram para as nossas

conquistas, seja com palavras ou ações, seja por compartilharem conosco, de maneira especial

e única, cada momento, sempre acreditando que chegaríamos lá!

E assim me sinto,

...profundamente grata a Deus, ao Universo e à vida, pela nova oportunidade que tive após sentir

a morte me tocar, que eu ainda possa retribuir em dobro, ao mundo, sendo um pouquinho

melhor a cada dia em que me for permitido viver e compartilhando com todos o que

verdadeiramente importa, os relacionamentos que vivemos e os valores que deixamos como

legado;

...profundamente grata aos meus pais, os que me tiveram e partiram, não por escolha própria e

os que me receberam como se sempre houvessem me esperado, os verdadeiros responsáveis

pelo que sou, que me ensinaram acima de tudo a ser amada para poder amar, e a ser feliz, para

felicidade poder semear... Os melhores valores também aprendi com eles, lealdade, integridade

e dedicação à família... Sempre foram o melhor exemplo;

...profundamente grata a minha família, pequena e tão espalhada, por este país tão imenso, e

também minha família do além-mar, alguns desses que a distância não faz esquecer e com os

quais, mantenho-me mais próxima do que se na mesma cidade ou país vivêssemos e que sempre

acreditaram em mim. Em especial ao meu irmão mais velho, João, que na ausência dos meus

pais, espero tê-lo deixado orgulhoso como sei que meus pais estariam se aqui estivessem. E às

minhas irmãs, todas elas, tão amadas e que sempre me deram tanta força e torceram

verdadeiramente por mim;

... profundamente grata à minha família do coração, amigos que se tornaram mais que amigos,

que me recebem como uma filha e uma irmã e meus amigos, todos, por fazerem parte do que

sou e por me fortalecerem de uma maneira ou de outra, desejando que tenham compreendido

minha ausência em tantos momentos, ao vivo ou ainda virtualmente;

...profundamente grata à minha coordenadora acadêmica Alcione Donida pela pessoa

maravilhosa e por todo o incentivo e apoio dados, sempre apostou e acreditou em mim;

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...profundamente grata ao meu orientador, Diogo Helal, esse gigante não só em conhecimento,

mas pelo imenso ser humano que é, alguém que toda a competência não lhe tirou a humildade

e empatia, obrigada por sempre ter acreditado em mim e pelo apoio incondicional que você

sempre me deu tão eficazmente mesmo em poucas palavras e até mesmo no silêncio, tanto nos

momentos difíceis que passei com problemas de saúde, como na recuperação do tempo perdido.

Parabéns pela forma genial com que conduz as orientações;

...profundamente grata aos meus alunos, a cada um deles, os de agora e os de sempre, afinal a

busca por ser um pouquinho melhor a cada dia, pessoal e profissionalmente, tem a ver com

vocês! Pelo tanto que eu acredito e amo o que faço, e o quanto quero poder estar com vocês

ainda por muitos e muitos anos, compartilhando mais que competências técnicas, competências

comportamentais e humanas, nosso grande diferencial;

...e mais gratidão ainda, por minha pequenina família, meu filho Mateus com quem Deus me

abençoou há 14 anos e que desde então me motiva a ser alguém melhor para poder ser-lhe

sempre um bom exemplo e ajudá-lo a ser melhor também, e Lieutiene Passos, minha amiga-

irmã-tudo que foi a pessoa fundamental, meu porto-seguro, meu cais, que sempre me incentivou

a navegar, dando-me a segurança de sua presença e de seu apoio em tudo e à cada momento,

sem você nada disso seria possível, nada! Minha mais profunda gratidão!

Enfim, gratidão!

Muita gratidão...

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Não é sobre chegar no topo do mundo e saber que venceu,

é sobre escalar e sentir que o caminho te fortaleceu. É

sobre ser abrigo e, também ter morada em outros corações

e assim ter amigo contigo em todas as situações [...]

Segura teu filho no colo, sorria e abraça os teus pais

enquanto estão aqui. Que a vida é trem bala, parceiro. E

a gente é só passageiro prestes a partir...

(ANA VILELA, 2017)

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RESUMO

Este estudo tem como objetivo analisar a percepção de jovens trabalhadores em relação à

qualidade de vida no trabalho (QVT). Na fundamentação teórica foram abordados os seguintes

constructos: qualidade de vida no trabalho e jovem trabalhador. Em relação à qualidade de vida

no trabalho, foram abordados os seguintes tópicos: um pouco de história; os diferentes conceitos

e modelos de QVT; o modelo de Walton (1973) e a importância da QVT nos dias atuais. Em

relação a jovem trabalhador, foram abordados os seguintes tópicos: os diversos conceitos sobre

“jovem” e “juventude”; diferentes trajetórias do jovem de ontem e do jovem de hoje e o mundo

do trabalho e o jovem nos dias atuais. A metodologia consistiu em uma pesquisa qualitativa, do

tipo descritiva. Para o alcance dos objetivos propostos, foram entrevistados 10 jovens, entre 18

e 29 anos, que trabalham há pelo menos 6 meses na mesma empresa, moram na Região

Metropolitana do Recife e, no mínimo, cursam o ensino superior. Os resultados mostraram que

esses jovens estão dentro do perfil estudado como idade adulta emergente ou pós-adolescência

e seguem uma biografia de escolha e não mais uma biografia normal como os jovens de décadas

atrás. As mudanças que vêm ocorrendo no mundo como um todo e no mercado de trabalho,

especificamente, têm gerado mudanças comportamentais nesses jovens que passam a ter uma

visão um tanto diferenciada da QVT como mostra a pesquisa e sua análise. A QVT que se

mantém de alta relevância por tudo que foi debatido neste trabalho, deve, portanto, manter-se

em sincronia com essas mudanças e estar mais atenta a esse público, não só por toda a

representatividade dele no mercado de trabalho mundial atual, mas por serem os trabalhadores

de amanhã.

Palavras-chave: Qualidade de vida no trabalho. QVT. Jovens trabalhadores.

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ABSTRACT

This study aims to analyze the perception of young workers in relation to quality of work

life (QWL). In the theoretical basis the following constructs were approached: quality of work

life and young worker. Regarding the quality of working life, the following topics were

discussed: a little history; the different QWL concepts and models; the model of Walton (1973)

and the importance of the QWL in the present day. In relation to the young worker, the

following topics were addressed: the various concepts of "young" and "youth"; the different

trajectories of the youth of yesterday and the youth of today and the world of work and the

young in the present day. The methodology consisted of a qualitative research, of the

descriptive type. To reach the proposed objectives, ten young people, aged between 18 and 29

years, who worked for at least 6 months in the same company, lived in the metropolitan area of

Recife and, at a minimum, attended higher education. The results showed that these youngsters

are within the profile studied as emerging or post- adolescent adulthood and follow a choice

biography and no longer a normal biography with young people decades ago. The changes that

have been occurring in the world as a whole and in the labor market, specifically, have

generated behavioral changes in these young people that come to have a somewhat different

view of the QWL as shown in the research and its analysis.

The QVT, which remains highly relevant for everything that has been discussed in this work,

must therefore be kept in sync with these changes and be more attentive to this public, not only

for all its representativeness in the current world labor market, but because they are the workers

of tomorrow.

Key-words: Quality of work life. Quality of working life. QWL. Young workers.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráfico 1 – Idade x jovens entrevistados 50

Gráfico 2 – Tempo de trabalho na empresa atual (em meses) x jovens entrevistados 50

Quadro 1 – Concepções de QVT e suas características 26

Quadro 2 – Modelos teóricos em QVT 28

Quadro 3 – Relação entre os critérios do modelo de QVT de Walton e questões da

entrevista semiestruturada

45

Quadro 4 – Identificação simbólica dos jovens entrevistados 52

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – A incidência de pesquisas publicadas sobre “QVT” e “jovens” nos

principais repositórios de artigos de administração

17

Tabela 2 – Termos relacionados à QVT x autores 30

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 12

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO 12

1.2 PERGUNTA DE PESQUISA 15

1.3 OBJETIVOS 15

1.3.1 Objetivo geral 15

1.3.2 Objetivos específicos 15

1.4 JUSTIFICATIVAS 16

1.4.1 Justificativa teórica 16

1.4.2 Justificativa prática 18

2 REFERENCIAL TEÓRICO 22

2.1 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO - QVT 22

2.1.1 Um pouco de história 22

2.1.2 Os diferentes conceitos e modelos de QVT 25

2.1.3 O modelo de Walton (1973) 29

2.1.4 A importância da QVT nos dias atuais 32

2.2 JOVEM TRABALHADOR 34

2.2.1 Os diversos conceitos sobre “jovem” e “juventude 34

2.2.2 Diferentes trajetórias do jovem de ontem e do jovem de hoje 37

2.2.3 O mundo do trabalho e o jovem nos dias atuais 39

3 METODOLOGIA 42

3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA 42

3.2 SUJEITOS DA PESQUISA 42

3.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS 44

3.4 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS 46

3.5 LIMITES E LIMITAÇÕES DA PESQUISA 46

4 ANÁLISE DOS DADOS 49

4.1 ANÁLISE DO PERFIL DOS SUJEITOS ENTREVISTADOS 49

4.2 ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS REALIZADAS 52

4.3 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E JOVENS

TRABALHADORES: UMA ANÁLISE GERAL

73

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 80

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REFERÊNCIAS 83

APÊNDICES 87

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12

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

Embora a preocupação com a melhoria da qualidade de vida no trabalho tenha surgido de

maneira intrínseca, porém sutil, com a escola das Relações Humanas na década de 1930 e

reforçada com a teoria Comportamental, na década de 1950, o termo “Qualidade de Vida no

Trabalho” (QVT), tal como o conhecemos hoje, é um pouco mais recente. Sua definição e suas

dimensões, passaram a ser melhor delineadas nos anos de 1970, quando surgiram os primeiros

estudos e pesquisas específicas sobre o tema e alguns dos modelos mais utilizados até hoje,

para dimensionar e avaliar a QVT (LIMONGI-FRANÇA, 2004).

O entendimento do que é QVT é inversamente proporcional à quantidade de definições que

conseguimos encontrar para este termo, isto é, a compreensão do termo é tão simples quanto

vasta.

Segundo Limongi-França e Assis (1995, p. 1), a “QVT é uma compreensão abrangente e

comprometida sobre as condições de vida no trabalho, incluindo aspectos de bem-estar,

garantia de saúde e segurança física, mental e social e capacitação para realizar tarefas com

segurança e bom uso da energia pessoal”. Limongi-França (2004, p. 34) no entanto, admite

“certa confusão sobre os significados teórico e técnico do conceito de QVT, o que poderia

conduzir, simplesmente, a outro modismo nas empresas” e justamente por isso defende que

“devem-se identificar fatores e critérios que sustentem a formulação de modelos de

implantação de projetos de QVT”.

Entre outros modelos, Limongi-França (2004) chama a atenção para o modelo de Walton

(1973), que desde os anos de 1970 ainda é um dos modelos mais utilizados para categorizar as

dimensões que devem ser avaliadas em QVT, totalizando 8 dimensões, a saber: compensação

justa e adequada, condições de trabalho seguras e saudáveis, oportunidade imediata para

desenvolver e usar as capacidades humanas, oportunidade futura para o crescimento contínuo,

integração social na organização, constitucionalismo na organização, trabalho e espaço total na

vida e relevância social do trabalho (WALTON, 1973). Essas dimensões serão detalhadas mais

adiante, no próximo capítulo.

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13

Fernandes (1996, p. 35) diz que QVT é “a ciência comportamental, tratando especificamente

de aspectos ligados ao bem-estar das pessoas em situações de trabalho”. Continua a autora:

A tecnologia de QVT (Qualidade de Vida no Trabalho) pode ser

utilizada para que as organizações renovem suas formas de organização

no trabalho, de modo que, ao mesmo tempo em que se eleve o nível de

satisfação do pessoal, se eleve também a produtividade das empresas,

como resultado de maior participação dos empregados nos processos

relacionados ao seu trabalho (FERNANDES, 1996, p.35).

Fernandes (1996) relata também sua preocupação pelo fato do conceito de QVT ser tão

abrangente que justamente por isso, precisa ser muito bem definido, pois afinal, o trabalho não

representa apenas uma fonte de renda, mas um meio pelo qual os trabalhadores satisfazem as

mais variadas necessidades com impacto direto na qualidade de suas vidas.

Walton (1973), na época em que o termo QVT passou a ser reiteradamente usado, já afirmava

o quanto esse termo é amplo e abrangente, incluindo não só todos os direitos que os

trabalhadores haviam conquistado no século XX como também a visão proposta por psicólogos

relacionando o moral à produtividade, principalmente na década de 1950, para os quais a

melhoria das relações humanas contribuiria significativamente para o aumento de ambos.

Walton (1973) ainda inclui nesse termo as conquistas dos anos de 1960 em relação às inúmeras

oportunidades de trabalho que surgiam igualmente para todos, bem como os valores que

passaram a ser aspirados na década de 1970, como ter empregadores socialmente responsivos,

obviamente aqui levando em consideração a realidade de seu país (Estados Unidos) e de outras

economias similares, características estas, presentes, porém com alguns anos de atraso em

países como o Brasil e outras economias emergentes.

De maneira notável, Walton (1973) já chamava a atenção para as mudanças que certamente

iriam acontecer no mundo do trabalho nos próximos anos e o quanto isso influenciaria a QVT,

já que as próximas gerações teriam expectativas diferentes, o que afetaria e afeta diretamente a

compreensão do termo “qualidade de vida no trabalho”.

Walton não parece estar errado ainda hoje; nos últimos anos as mudanças têm acontecido a uma

velocidade surpreendente e não é possível querer diante de tais mudanças, permanecer com

conceitos estáticos. É preciso repensar diante das novas realidades ou como Walton mesmo

disse, diante das novas expectativas dos trabalhadores atuais, o que significa de fato, qualidade

de vida no trabalho hoje.

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Afinal o trabalho e sua importância dependem totalmente do contexto histórico, social e cultural

no qual estiver inserido, variando assim a centralidade do mesmo ou não, na vida do trabalhador

e o que ele representa seja para o indivíduo, seja para os grupos sociais ou para a sociedade em

si (OLIVEIRA; PICCININI, 2011), dessa forma, é necessário analisar como as mudanças no

mundo do trabalho e as mudanças comportamentais próprias dos trabalhadores atuais

interferem no conceito e na percepção da QVT de forma a manter atualizado o seu conceito, e

eficazes as suas práticas.

Assim, embora seja um assunto aparentemente já muito debatido, o tema QVT mantém-se

bastante fértil para novas pesquisas. Segundo Reis e Helal (2016, p.18), “verificou-se que

embora seja um tema amplamente discutido, há ainda aspectos pouco explorados ou por

explorar”. Nesse mesmo estudo, os autores sugerem que a temática “QVT” possa ser pesquisada

juntamente a outros temas que, praticamente, ainda não foram relacionados a ela, como por

exemplo, “jovens”.

A questão dos jovens trabalhadores tem sido de grande interesse mundial, devido à sua

representatividade no mercado de trabalho, seja pela sua participação ou por sua ausência nesse

mercado, ser de extrema relevância e influenciar direta e indiretamente a situação

socioeconômica dos países nos quais estão inseridos, conforme podemos ver abaixo.

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), os jovens representam mais de 35%

dos desempregados no mundo, de acordo com o seu relatório “Global Employment Trends for

Youth 2017: Paths to a better working future” (Tendências Globais de Emprego para a

Juventude 2017: Caminhos para um melhor trabalho futuro). Em números absolutos isso

representa 70,9 milhões de jovens sem trabalho em um período da vida que com certeza é

bastante crítico e decisivo para suas ações e vidas futuras, com consequências para as

sociedades das quais fazem parte. O mesmo relatório da OIT, previu que no final de 2017

enquanto a taxa global de desemprego entre os jovens seria de 13%, no Brasil alcançaria os

inimagináveis 30%, mais que o dobro da média global (ILO, 2017).

Sem contar que, aqueles que estão inseridos no mercado de trabalho, em sua maioria, não estão

cobertos por direitos e benefícios trabalhistas que lhes garantam maior segurança, já que 3 em

cada 4 jovens que trabalham estão em trabalhos informais, em comparação com 3 a cada 5

adultos. Porém, nos países em desenvolvimento esses números chegam aos incríveis 19 a cada

20 jovens trabalhadores no mercado informal (ILO, 2017).

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15

O referido relatório propõe a necessidade de políticas que levem em conta as rápidas mudanças

que têm ocorrido no mundo do trabalho, impulsionadas principalmente pela tecnologia, e que

permitam estatísticas mais favoráveis a esses jovens trabalhadores, expandindo não

simplesmente as chances de entrada nesse mercado de trabalho, mas ampliando também a

possibilidade do trabalho decente para mais e mais jovens (ONUBR, 2017).

Sendo assim, este trabalho propõe responder e atender, respectivamente, a pergunta de pesquisa

e os objetivos relatados abaixo, de maneira a poder contribuir significativamente para o estudo

do tema “QVT x Jovens Trabalhadores”. O intuito é promover mais conhecimento para a

melhoria dos programas e ações junto a esse público, que até então, tem sido praticamente

ignorado pelos estudos de QVT e possibilitando dessa maneira, quem sabe, mais oportunidades

de trabalho justo e decente para um número cada vez maior de jovens.

1.2 PERGUNTA DE PESQUISA

Qual a percepção de jovens trabalhadores da Região Metropolitana de Recife em relação à

qualidade de vida no trabalho?

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo geral

Analisar a percepção de jovens trabalhadores da Região Metropolitana do Recife em relação à

qualidade de vida no trabalho.

1.3.2 Objetivos específicos

I. Sintetizar o que tem sido caracterizado como qualidade de vida no trabalho nos últimos

anos;

II. Investigar as expectativas dos jovens trabalhadores em relação ao trabalho;

III. Analisar as experiências e perspectivas desses jovens através do relato de suas próprias

percepções referentes à QVT.

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16

1.4 JUSTIFICATIVAS

1.4.1 Justificativa teórica

Teoricamente justifica-se a importância deste trabalho, pois embora seja um tema que desde os

anos de 1970 esteja em voga, ainda há muito que se pesquisar sobre ele e muito para se colocar

em prática em boa parte das organizações.

Um estudo bibliométrico realizado por Reis e Helal (2016), no qual foi feito um levantamento

e posterior análise de todos os artigos publicados sobre o tema “Qualidade de Vida no Trabalho

– QVT” disponíveis no SPELL, um importante repositório de artigos científicos de diversas

áreas, entre elas, de administração.

O estudo mostrou que um total de 65 artigos haviam sido escritos sobre QVT, com o primeiro

deles datando de 1987 e os últimos, de 2015, embora o ano de 2016 estivesse incluso na

pesquisa, ainda não apresentava publicações à época do estudo. Dos 65 artigos, 53 deles, ou

seja, 81,5% do total de publicações foram concentradas entre os anos de 2005 e 2015 (REIS;

HELAL, 2016), “o que revela também um crescimento no interesse pelo tema e a importância

ainda maior dele para as organizações e trabalhadores atuais (REIS; HELAL, 2016, p. 10).

Nesse estudo bibliométrico também foram analisados todos os outros temas que foram

relacionados à QVT nessas publicações e embora a variedade tenha sido grande, nenhum dos

trabalhos relacionou à QVT, temas como “jovem”, “jovens”, ou “juventude”, confirmando a

carência existente de pesquisas que englobem essas temáticas em conjunto (REIS; HELAL,

2016).

Para atualização desses dados, uma breve pesquisa foi realizada não só junto ao Spell, para

acrescentar dados de novos artigos que tenham sido registrados após a publicação do estudo

bibliométrico acima citado, como também junto ao CAPES, outro importante repositório de

artigos acadêmicos. Nessa breve pesquisa, foram levadas em conta todas as publicações do tipo

“artigo”, “em língua portuguesa” sobre os temas relacionados e contidos tanto em um quanto

no outro repositório, até o momento presente, o resultado segue abaixo:

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17

Tabela 1 – A incidência de pesquisas publicadas sobre “QVT” e “jovens” nos principais

repositórios de artigos de administração

Palavra(s)-Chave Capes Spell

a. Qualidade de Vida no Trabalho / QVT 59 82

b. Jovem ou jovens 1526 88

c. Juventude 228 8

Qualidade de Vida no Trabalho / QVT + “b” ou “c” 0 0

Fonte: Capes, 2018 e Spell, 2018 – dados levantados e organizados pela autora, 2018.

Pode-se observar pela tabela acima que há uma grande produção tanto no Capes quanto no Spell

sobre QVT e considerando especificamente o Spell, nota-se que houve um acréscimo de 16

artigos apenas nos últimos 2 anos sobre o tema após a realização do estudo bibliométrico já

mencionado, o que reforça o retorno de um crescente interesse pelo tema nos últimos anos.

É possível observar também um bom número de artigos sobre “jovem” / “jovens” e

“juventude”, de qualquer forma, a pesquisa confirmou não haver nenhum artigo que aborde

QVT junto a nenhum desses outros temas.

Obviamente existem outros repositórios de artigos acadêmicos na área da administração ou que

incluem essa área, e assim, esses dados não excluem a possibilidade de haver alguma publicação

ou mais, na língua portuguesa, que trate desses temas em conjunto. Há apenas dois exemplos,

de estudos realizados, no formato de artigos, com essas temáticas que sejam de conhecimento

desta autora, um deles, de Gouvea, Rios e Dutra, com o título “Qualidade de Vida no Trabalho:

um estudo centrado no discurso de jovens trabalhadores” de 2016, e o de Rios, Paiva, Rocha e

Ferreira com o título “Qualidade de vida no trabalho: um estudo longitudinal com jovens-

trabalhadores” de 2014. Ambos relacionam a QVT a jovens trabalhadores, mais

especificamente a jovens aprendizes que frequentavam cursos ministrados por uma mesma

instituição; o de 2016 complementou o primeiro de 2014, sendo um, qualitativo e o outro

quantitativo, respectivamente. O presente trabalho avança no sentido de focar em uma outra

faixa etária, ainda de jovens, mas a partir dos 18 anos e ampliando-a até aos 29 anos, e

especificamente, que estejam ao menos cursando o nível superior.

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18

Porém, mesmo havendo no mínimo esses outros dois artigos que façam a conexão entre esses

temas, são temas que juntos formam uma nova linha de pesquisa pouquíssimo explorada, o que

pode ser confirmado pela representatividade dos dados aqui apresentados.

Dessa maneira, estudos que façam a junção desses temas só têm a contribuir para a atualização

do conceito de QVT, seu planejamento, execução e avaliação em sintonia com as mudanças

que tão vertiginosamente vêm ocorrendo nos últimos anos, seja no mundo do trabalho, seja no

comportamento dos jovens trabalhadores, mantendo o tema e sua prática sempre atuais e

altamente contextualizados.

1.4.2 Justificativa Prática

O trabalho vem passando por uma série de transformações ao longo do tempo, entre elas, o

desaparecimento de empregos permanentes, a influência de novas tecnologias e as novas

maneiras de organização do trabalho, numa realidade em que muitos por um lado, sofrem por

falta de trabalho, enquanto outros trabalham excessivamente (MORIN, 2001).

Apesar das mudanças ocorridas, o trabalho continua a representar um papel muito importante

na vida das pessoas e para a sociedade como um todo. Em estudos organizados por diferentes

pesquisadores, foi perguntado às pessoas se caso elas tivessem dinheiro suficiente para viver de

maneira confortável o resto da vida sem trabalhar, ‘o que fariam em relação aos seus

trabalhos?’. Mais de 80% das pessoas pesquisadas respondeu que continuaria trabalhando, mas

em condições diferentes das atuais (MORIN, 1997; MORSE e WEISS, 1955; TAUSKY, 1969;

KAPLAN e TAUSKY, 1974; MOW, 1987; VECCHIO, 1990 apud MORIN, 2001). As

justificativas dadas foram: “para se relacionar com outras pessoas, para ter o sentimento de

vinculação, para ter algo que fazer, para evitar o tédio e para se ter um objetivo na vida”

(MORIN, 2001, p. 9).

Além de todas as transformações que o trabalho vem passando nos últimos anos em todo o

mundo, vive-se atualmente em nosso país, momentos de muita apreensão com mudanças que

vêm acontecendo desde o último ano em relação à legislação trabalhista, que ainda não se sabe

que repercussão terá na prática e como exatamente influenciará o mercado de trabalho e mais

especificamente, os jovens, a curto, médio e longo prazos.

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19

Uma nova lei (Lei nº 13.467 de 13/07/2017) entrou em vigor desde o dia 11 de novembro de

2017, publicada no Diário Oficial em 14 de novembro do mesmo ano com novas alterações

referentes à medida provisória 808, também de 14 de novembro. A reforma trouxe modificações

para a nossa Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), decreto-lei nº5.452 de 1º de maio de

1943 e a Lei 6.019, de 03/01/1974, a Lei 8.036, de 11/05/1990, e a Lei 8.212, de 24/07/1991,

que foram a ela acrescentadas em datas posteriores (LEGJUR, 2017).

A nova lei mexeu em cem pontos da legislação anterior, mudando as regras relacionadas à

jornada de trabalho, almoço e intervalos, férias, acordos coletivos, contribuição sindical, planos

de carreira, trabalho autônomo, grávidas e lactantes em relação a trabalho insalubre, ações na

justiça, contrato de trabalho, demissão, entre outros, além de adicionar novas modalidades de

trabalho, como o trabalho intermitente e o trabalho remoto (home office) que já acontecem, mas

ainda não tinham nenhuma legislação que os cobrissem (LEGJUR, 2017).

Embora seja cedo para saber as consequências, independentemente se serão mais positivas que

negativas ou ainda, o inverso; o que é relevante no momento é a insegurança que a mudança

gera no mercado e principalmente, nos trabalhadores de uma maneira geral, ainda temerosos de

como será essa nova realidade na prática para todos, novos contratos e para contratos já

estabelecidos. Mudanças que devem influenciar diretamente a qualidade de vida no trabalho e

que embora ainda não possam ser investigadas mais a fundo quanto às suas consequências,

podem ser pesquisadas o quanto sua mudança já influencia a percepção dos jovens

trabalhadores de forma que nenhum programa ou ação de QVT venha as ignorar por falta de

estudos relacionados à questão.

Além das mudanças no mundo do trabalho e especificamente no Brasil, da legislação

trabalhista; importa saber que a maioria dos jovens ao buscar o primeiro emprego se depara

com uma grande dificuldade: precisam trabalhar para ganhar experiência, mas boa parte dos

empregos exige experiência prévia. Então como começar? Estágio? Outro problema, ainda mais

em época de crise, no Brasil, empresas chegam a exigir experiência para contratarem para vagas

de estágio e oferecem cada vez menos supervisão, esquecendo a principal finalidade do estágio,

contratam inclusive para áreas divergentes da formação em curso do estagiário (COSTA, 2017).

Com a dificuldade em conseguir experiência para poderem obter um emprego melhor, muitos

se veem a mercê de trabalhos informais ou de empregos com aspectos de precariedade; as

empresas que mais absorvem jovens sem exigir experiência, são as empresas da área de varejo,

fast-food e telemarketing (DAFNÉ, 2017).

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Muitos desses empregos sobrecarregam com cargas-horárias mais pesadas (trabalho nos fins de

semana e feriados) e condições de trabalho que não favorecem os estudos concomitantes, como

no caso de empregos na área de varejo ou de fast-food (KLEIN, 2002); e mesmo tendo uma

carga horária menor, como no caso dos empregos de telemarketing, essa área é conhecida por

causar uma sobrecarga emocional muito grande devido à extrema pressão e stress sob o qual

exercem seu trabalho, provocando adoecimento físico e psíquico (MENDES; VIEIRA;

MORRONE, 2016). Todas essas áreas com um número muito grande de rotatividade, sendo

usadas principalmente como um meio de entrada no mercado de trabalho por muitos jovens,

que em sua maioria não pretende permanecer nelas, mas permitindo a uma minoria, fazer

carreira (CAIUSCA; ALVES, 2015).

Por outro lado, as maiores taxas de contratação de jovens na última década têm vindo dos

setores de finanças, comércio e saúde. Está havendo também uma mudança nas habilidades

exigidas desses jovens, tendo crescido as oportunidades tanto para jovens mais qualificados,

nos países desenvolvidos, quanto para jovens menos qualificados, nos países em

desenvolvimento e emergentes. A demanda por jovens semiqualificados, isto é, com o nível

médio, teve um declínio tanto nos países desenvolvidos quanto nos demais. Essa realidade traz

uma polarização do trabalho advinda principalmente pelas novas tecnologias e que aumenta

ainda mais as desigualdades existentes (OIT, 2017).

Ainda segundo a OIT (2017), os jovens se iniciam no mercado de trabalho na maioria das vezes

através de trabalhos informais ou empregos temporários e a velocidade com que fazem a

transição para o emprego relaciona-se direta e proporcionalmente, ao fato de fazerem parte de

economias desenvolvidas e emergentes bem como o tempo que passaram estudando, pois

quanto mais estudos tem um jovem, mais rapidamente ele faz essa transição. De qualquer

forma, há muita insegurança em relação se conseguirão ou não fazer essa transição e em quanto

tempo.

Como de uma maneira geral, os jovens se mostram mais fluentes em tecnologia, há um número

crescente deles recorrendo à internet, a chamada gig economy (economia sob demanda das

plataformas digitais), para novas formas de trabalho e renda, no entanto o crowd work (trabalho

realizado remotamente através de plataformas online) traz riscos significativos, baixos

rendimentos para a maioria e não oferece garantia de continuidade de trabalho ou renda e nem

acesso a outros benefícios próprios a outros trabalhos, salvo raras exceções (OIT, 2017).

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Sendo assim, o desafio do emprego para os jovens é não só sobre criação de oportunidades, mas

principalmente sobre a qualidade do trabalho e empregos decentes que permitam maior inclusão

e crescimento sustentável para as economias em questão (OIT, 2017).

Dessa maneira, este trabalho se justifica por poder contribuir de forma prática para a melhoria

dessa qualidade do trabalho tão almejada, podendo servir de embasamento no planejamento e

implementação de ações e programas que têm esse objetivo, levando em conta as percepções

desses jovens em questão, em relação à qualidade de vida no trabalho.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo será delineada um pouco da história da Qualidade de Vida no Trabalho, os

diferentes conceitos e modelos de QVT bem como especificamente, o modelo de Walton e o

motivo de sua escolha para embasar esta pesquisa. Será ainda reforçada a importância da QVT

nos dias atuais, muito mais como uma estratégia preventiva que corretiva dada a realidade dos

dias atuais e as tendências que se esperam para o futuro em relação à saúde como um todo,

física e emocional e sua relevância para o tema. Também serão descritos os diversos conceitos

relacionados aos jovens e à juventude, bem como as diferenças marcantes nas trajetórias dos

jovens de ontem e os de hoje e as características e tendências do mercado de trabalho atual e

futuro para esses jovens.

2. 1 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO (QVT)

2.1.1 Um pouco de história

Ao longo da história podemos identificar ações que tiveram como principal objetivo diminuir

o esforço humano em uma aparente preocupação com a qualidade de vida no trabalho, embora

esse termo só tenha sido utilizado centenas de anos depois, no século XX. Dessa maneira,

alguns pesquisadores referem-se, por exemplo, à utilização dos princípios da geometria,

propostos por Euclides de Alexandria em 300 a.C. ou à utilização da “lei das alavancas”

proposta por Arquimedes em 287 a.C., como algumas das primeiras tentativas em nossa

civilização para melhorar as condições de trabalho, nesses casos específicos, de agricultores às

margens do Nilo ou de trabalhadores braçais (RODRIGUES, 2016).

Obviamente muitas outras descobertas e invenções ao longo dos séculos tiveram como premissa

facilitar o trabalho ou acabaram por servir a esse propósito. Podemos citar a própria Revolução

Industrial, que nos séculos XVIII e XIX, suscitou o interesse de muitos estudiosos e a partir

desse ponto, a criação de diversas teorias voltadas para o aperfeiçoamento do trabalho em si,

de suas condições e de sua organização. Desenvolveram-se então, estudos científicos acerca do

trabalho, da produção e o que pode influenciar essa produção. Teorias como a Administração

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Científica e a Administração Clássica que começaram por dar ênfase às tarefas realizadas e à

estrutura das organizações, passando pela teoria da Burocracia com o mesmo foco em estrutura.

Por volta da década de 30 do século passado (XX), chega-se à primeira teoria que viria a dar

ênfase às pessoas, a teoria das Relações Humanas e na década de 50, a teoria Comportamental

com o mesmo foco (FERREIRA; REIS; PEREIRA, 2011).

Tanto a teoria das Relações Humanas como a teoria Comportamental trouxeram temas até então

ignorados pelas demais escolas da administração. Questões como: motivação, liderança,

dinâmica de grupo, processos decisórios, mudança organizacional e outras, relacionadas

diretamente ao comportamento humano individual e em grupo; e como esse comportamento

pode influenciar e ser influenciado pelo trabalho em si e pelas condições de trabalho, não só

físicas e estruturais, mas também e principalmente pelas condições emocionais, portanto,

individuais, como também, as ligadas ao relacionamento interpessoal e todos os seus

desdobramentos. Após essas escolas, outras surgiram, com o foco no ambiente e na tecnologia

(FERREIRA; REIS; PEREIRA, 2011), mas até hoje sem desmerecer tudo que cada escola

trouxe de contribuição para a administração em geral, o foco em pessoas permanece de extrema

relevância, por motivos óbvios, dada a importância do ser humano em qualquer tipo de trabalho

e porque há ainda muito a se pesquisar sobre comportamento humano e sua relação com o

trabalho. Embora essas teorias tenham iniciado até meados do século passado, há muito ainda

a ser pesquisado e contrariamente a toda a importância que é dada a tais teorias e seus

desdobramentos, falta muito para que sejam aplicadas suas premissas em boa parte das

organizações atuais (WILLIAMS, 2017).

O que isso tem a ver com a qualidade de vida no trabalho? Tudo. Pois embora tenha se dito que

sempre houve uma preocupação com a qualidade de vida dos trabalhadores ao se implementar

descobertas e invenções que facilitaram a vida dos mesmos ao longo dos tempos, se

observarmos mais atentamente, veremos que não se pode afirmar nada disso com absoluta

certeza. Pelo contrário, havia uma preocupação sim, em facilitar o trabalho, mas não para

beneficiar o trabalhador, se assim fosse, haveria registros de uma diminuição do trabalho com

a entrada de novos métodos que o facilitaram. E não é isso que se observa ao longo da história.

Facilitava-se o trabalho para que então se pudesse trabalhar mais, produzir mais, seja na época

dos trabalhadores agrícolas do antigo Egito seja para os trabalhadores braçais desde antes da

nossa era, quanto para os trabalhadores da idade média e tantos outros, até que começasse a

haver a aquisição de alguns direitos no século XIX. A aquisição desses direitos relacionados ao

trabalho, para os dias atuais ainda não soam como direitos, mas como uma tentativa de

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minimizar de maneira ainda ineficiente as condições de trabalho que beiravam à escravidão,

mas de qualquer forma, foram passos importantes e essenciais para outras mudanças que ainda

viriam e mais direitos que ainda se conquistariam (COGGIOLA, 2008). Por exemplo, em

relação aos trabalhadores ingleses do século XIX, a carga horária média de um operário dessa

época é inimaginável para os nossos dias atuais, mesmo com o grande volume de trabalho que

se acredita hoje ter, como podemos observar na afirmação de COGGIOLA (2008, p.8):

Em 1833, surgiu a primeira lei limitando a 8 horas de trabalho a jornada

das crianças operárias. Em 1842 proibiu-se o trabalho de mulheres em

minas. Gradativamente, as associações conquistaram a proibição do

trabalho infantil, a limitação do trabalho feminino, o direito de greve, a

limitação da jornada de trabalho, o que teria efeitos decisivos para os

trabalhadores: as horas de trabalho por semana para trabalhadores

adultos nas indústrias têxteis eram, em 1780, em torno de 80 horas por

semana; em 1820, 67 horas por semana; em 1860, 53 horas por semana.

Claro que na conquista gradual de mais e mais direitos para os trabalhadores ao longo do século

XIX, e principalmente, durante o século XX, com o primeiro experimento no intuito de

relacionar condições de trabalho e produtividade (Experimento de Hawthorne, 1924 – 1932) e

com o surgimento da escola das Relações Humanas e de teorias como a de Maslow e Herzberg,

que abordam a questão da motivação/ satisfação no trabalho, passou a haver uma maior

compreensão de que para uma maior produtividade seria necessário uma melhoria no que

posteriormente veio a se chamar “qualidade de vida no trabalho”. Afinal, dessa maneira,

aumentaria - se a motivação e consequentemente, a produção. Com isso, já estava sendo

delineado, ainda que de maneira muito sutil, aquilo que viria a consolidar-se como qualidade

de vida no trabalho, termo que passou a ser utilizado ainda na década de 1950 (RODRIGUES,

2106; BELO; MORAES, 2007).

Fernandes (1996) atribui o termo “qualidade de vida no trabalho” a Eric Trist e seus

colaboradores que desenvolveram estudos, segundo a abordagem sociotécnica, no Tavistock

Institute de Londres em 1950, sobre a relação “indivíduo - trabalho - organização”, visando

tornar menos penosa a vida dos trabalhadores. Já segundo Heloani (2003), o próprio Eric Trist

afirmou que o termo surgiu em uma conferência internacional sobre os sistemas sociotécnicos,

em Arden House (Nova Iorque) em 1972. Enquanto que para Veloso, Bosquetti e Limongi-

França (2005) o termo QVT teria surgido em 1970, nos Estados Unidos, com Louis Davis que

algum tempo depois criou o Center for Quality of Working Life, na Califórnia e mantinha

contato com o Tavistock Institute, tendo provavelmente sido influenciado por suas pesquisas.

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Também nos Estados Unidos, nos anos de 1960 foram criados o “National Comission on

Produtivity” e o “National Center for Produtivity and Quality of Working Life” (este último,

criado pelo próprio congresso americano), ambos voltados para o estudo da relação entre

produtividade e qualidade de vida no trabalho (HUSE; CUMMINGS; 1985 apud

FERNANDES, 1996).

Nos anos de 1970 e 80 voltou um forte interesse pelo tema, provavelmente devido à influência

de novos modelos de gestão e dos conceitos e programas de Qualidade Total vindos do Japão

para o Ocidente; a globalização do mercado; assim como maior conscientização por parte dos

trabalhadores a respeito de seus direitos e aumento da responsabilidade social por parte das

empresas (FERNANDES, 1996).

E justamente a partir dos anos de 1970 começaram a surgir os primeiros modelos de QVT e

com eles, um melhor entendimento de sua definição e critérios, como veremos mais adiante.

2.1.2 Os diferentes conceitos e modelos de QVT

Nadler e Lawler (1983), assim como os demais autores citados na introdução deste trabalho,

como Limongi-França, Fernandes ou Walton, também demonstravam preocupação quanto ao

fato do interesse crescente em Qualidade de Vida no Trabalho, na década de 1970 e 80, poder

ser apenas considerado como mais um modismo na gestão e como modismo, ser posteriormente

descartado então, como tantos outros; o que seria um erro incomensurável, dada a importância

da mesma para as organizações e para os trabalhadores. Eles também propuseram para evitar

que tal coisa ocorresse, que se deveria então, evitar as definições vagas e confusas sobre QVT

e procurar trabalhar melhor seu conceito e os critérios ligados a ela, de maneira a evitar que o

termo acabasse sendo tão abstrato quanto descartável. Por outro lado, acreditavam que talvez o

próprio fato do termo ser um tanto ambíguo e interpretado de diferentes formas ao longo do

tempo é que também tem feito dele algo que permanece atual e vivo. Estes autores, inclusive,

propõem diferentes períodos ligados a determinadas concepções sobre QVT conforme mostra

o quadro abaixo:

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Quadro 1 – Concepções de QVT e suas características

Período Concepções evolutivas do termo QVT

1959-1972 QVT = variável

1969-1974 QVT = abordagem

1972-1975 QVT = método

1975-1980 QVT = movimento

1979-1982 QVT = tudo

(futuro) QVT = nada

Fonte: dados baseados em Nadler e Lawler (1983).

No quadro acima vemos que a primeira concepção acerca da QVT a relacionava com o termo

“variável”, pois nesse período de 1959 a 1972, o foco da QVT era nos resultados individuais,

na reação individual ao trabalho, buscando melhoria de QVT para os trabalhadores em relação

à satisfação no trabalho, saúde mental e impacto do trabalho para o indivíduo em si.

A segunda concepção que relacionava QVT com o termo “abordagem”, no período de 1969 a

1974, tinha como foco, os resultados organizacionais, como projetos cooperativos para

gerenciamento da mão de obra, buscando benefícios tanto para os indivíduos quanto para as

organizações.

A terceira concepção relacionava a QVT ao termo “método”, no período de 1972 a 1975, e

considerava a QVT como um conjunto de métodos, abordagens ou tecnologias para melhorar o

ambiente de trabalho e torná-lo mais produtivo e satisfatório. Exemplo: grupos de trabalho autônomos,

enriquecimento de trabalho ou o design de novas plantas como sistemas sociais e técnicos integrados.

A quarta concepção relacionava a QVT a “movimento”, no período de 1975 a 1980, devido a

uma aparente diminuição de interesse pelo tema QVT, causada provavelmente pela crise

econômica mundial e pelas crises energéticas (decadência do sistema monetário internacional,

e as altas do petróleo que chegaram até 400% - petróleo árabe versus mundo ocidental), os

interessados por QVT organizaram diversos grupos, reuniões e atividades com o objetivo de

estimular as discussões sobre QVT.

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A quinta concepção relacionava QVT a “tudo”, no período de 1979 a 1982, isto é, o conceito

se tornou tão amplo nessa época, que tudo que podia levar ao desenvolvimento da organização

e resolver questões de concorrência, reclamações de clientes, baixa produtividade, baixa

qualidade e outros problemas passou a ser considerado QVT. Assim, tal ampliação do conceito

o tornou confuso a ponto de não ser mais compreendido corretamente por todos e

principalmente, pelos gestores em questão.

A sexta concepção relacionava QVT a “nada”, considerando o período futuro, já que devido às

altas expectativas de que a QVT poderia resolver quase tudo nas organizações, no período

anterior, e as falhas de vários projetos de QVT que por isso se propuseram a questões não

pertinentes e não deram certo, passou a haver um receio de que em um futuro próximo a QVT

viesse a se tornar só mais um modismo que passou.

Dentro dessas concepções, diversas definições foram ao longo do tempo traduzindo o termo

QVT de acordo com o período em que foram sendo criadas.

Walton (1973) afirmava que,

Nos últimos anos, a frase "qualidade de vida" tem sido utilizada com

crescente frequência para descrever certos valores ambientais e

humanísticos negligenciados pelas sociedades industrializadas em favor

do avanço tecnológico, da produtividade industrial e do crescimento

econômico.

Nadler e Lawler (1983) afirmavam que, “o foco dos esforços da QVT não é apenas sobre como as

pessoas podem trabalhar melhor, mas sobre como o trabalho pode fazer com que as pessoas

melhorem”, o que amplia e muito a visão sobre QVT.

Fernandes (1996) afirma que não se pode atribuir um conceito consensual à QVT mesmo se

fazendo uma exaustiva revisão bibliográfica, e diz que “o conceito engloba além de atos

legislativos que protegem o trabalhador, o atendimento a necessidades e aspirações humanas,

calcado na ideia de humanização do trabalho e na responsabilidade social da empresa”

Limongi-França (2004), explica que,

Embora, historicamente, QVT esteja mais associada a questões de

saúde e segurança no trabalho, seu conceito passa a sinalizar a

emergência de habilidades, atitudes e conhecimentos em outros fatores,

abrangendo agora associações com produtividade, legitimidade,

experiências, competências gerenciais e mesmo integração social.

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Além de todos esses conceitos e definições desenvolvidos principalmente a partir dos anos de

1970, é também nessa década, que pesquisadores da área começaram a desenvolver modelos

de QVT com critérios bem definidos para a devida avaliação da mesma pelas organizações. De

forma, que tais critérios não deixem margem de dúvidas sobre o que é e o que não é QVT e

como devem ser avaliadas as ações e os programas de QVT nas empresas, saindo de um

conceito mais abstrato para um mais concreto, que permita avaliar corretamente, seja de

maneira quantitativa seja de maneira, qualitativa, para acompanhamento e melhoria desses

programas e ações, entendendo seus impactos na produção e resultados da organização, como

veremos mais adiante.

Entre os modelos, destacam-se os de: Walton (1973); Hackman e Oldham (1975); Westley

(1999); Werther e Davis (1983); Belanger (2000); Huse e Cummings (1985) – todos

largamente utilizados como referência tanto para estudo fora como em noss país (LIMONGI-

FRANÇA; KANIKADAN, 2006). E anos mais tarde, o de Limongi-França (1996),

pesquisadora brasileira mais citada em artigos acadêmicos escritos na língua portuguesa e

com o maior repertório de pesquisas e obras nessa área, entre os mais citados (REIS; HELAL,

2016).

Seque abaixo um quadro com os modelos em questão e as dimensões/ critérios que cada um

dos autores considerou relevantes:

Quadro 2 – Modelos teóricos em QVT

Modelo Dimensões

Walton

(1973)

• Compensação justa e adequada

• Condições de trabalho seguras e saudáveis

• Oportunidades imediatas para desenvolver e usar as capacidades

humanas

• Oportunidades futuras para o crescimento contínuo

• Integração social na organização

• Constitucionalismo na organização

• Trabalho e espaço total na vida

• Relevância social do trabalho

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Hackman e

Oldham

(1975)

• Variedade de Habilidade

• Identidade da Tarefa

• Significado da Tarefa

• Autonomia

• Feedback

Westley

(1979)

• Política

• Econômica

• Psicológica

• Sociológica

Werther e

Davis

(1983)

• Organizacional

• Ambiental

• Comportamental

Belanger

(1983)

• Trabalho em si

• Crescimento pessoal e profissional

• Tarefas com significado

• Funções e estruturas organizacionais abertas

Huse e

Cummings

(1985)

• Participação do trabalhador

• Projeto de cargos

• Inovação no sistema de recompensas

• Melhoria no ambiente de trabalho

Limongi-

França

(1996)

• Biológico

• Psicológico

• Social

• Organizacional

Fonte: LIMONGI-FRANÇA; KANIKADAN, 2006 com acréscimos da autora, 2018.

Para esta pesquisa o modelo escolhido foi o de Walton (1973), como justificado a seguir.

2.1.3 O modelo de Walton (1973)

Em uma rápida pesquisa no Google Acadêmico, por artigos acadêmicos envolvendo os termos

relacionados à QVT (tanto na língua portuguesa como na língua inglesa), entre aspas (para que

apareçam apenas resultados exatos) juntamente com cada um dos autores dos modelos citados

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anteriormente (no item 2.1.2), gerou os seguintes resultados para cada uma dessa relações,

conforme tabela abaixo.

Tabela 2 – Termos relacionados à QVT x autores

Termos Resultados +

Walton

+

Westley

+

Hackman

e

Oldham

+

Limongi-

França

QVT 23.500 2.040 3.890 890 1.550

Qualidade de Vida no Trabalho 20.600 2.310 918 1.190 2.200

Resultado Parcial 44.100 4.350 4.808 2.080 3.750

QWL¹ 20.600 2.480 1.760 1.100 357

Quality of Work Life 41.800 4.380 5.760 2.990 546

Resultado Parcial 62.400 6.860 7.520 4.090 903

QWL² 20.600 2.480 1.760 1.100 357

Quality of Working Life 29.200 3.790 3.520 2.290 626

Resultado Parcial 49.800 6.270 5.280 3.390 983

QLW 8.750 162 258 65 72

Quality of Life at Work 2.890 556 341 293 321

Resultado Parcial 11.640 718 599 358 393

Resultado Geral 18.198 18.207 9.918 6.029

Fonte: Pesquisa no Google Acadêmico, 2018.

Foi registrada nessa tabela apenas os quatro melhores resultados gerais, sabendo-se que Huse e

Cummings, Werther e Davis, e Belanger geraram menor número de resultados, respectivamente

nessa ordem, do maior para o menor.

Interessante notar com essa breve pesquisa de termos, que enquanto na língua portuguesa há

apenas um termo “Qualidade de Vida no Trabalho” e portanto, uma sigla “QVT”; na língua

inglesa há três termos parecidos que representam o mesmo que o nosso em português, sendo o

mais utilizado deles “Quality of Work Life” e “QWL”, seguido de “Quality of Working Life”

e “QWL”, e por último e menos usado, mas também correto, “Quality of Life at Work” e

“QLW”, sendo as siglas dos dois primeiros termos exatamente iguais.

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Embora Walton aparentemente seja o mais conhecido, vimos surgir um número bem

representativo e um pouco maior para Westley, no resultado geral. Porém ao se pesquisar,

colocando esses dois autores e o ano de suas teorias juntamente com o termo mais utilizado na

língua inglesa, “Quality of Work Life”, Walton (1973) gera 912 resultados contra 388 de

Westley (1979).

Nota-se também a relevância dos resultados que retornam na busca por Limongi-França

relacionando-a aos termos citados, única brasileira e única mulher, muitíssimo conhecida em

nosso país pelo amplo número de publicações acerca do tema, ficou em quarto lugar nessa

pesquisa e à frente dos demais autores de outros modelos de QVT também bastante conhecidos

lá fora.

Vale ainda citar que de acordo com o estudo bibliométrico de Reis e Helal (2016), nos 65 artigos

pesquisados sobre QVT disponibilizados pelo Spell até aquele ano,

[...] a autora mais mencionada em todas as mil, seiscentas e trinta e três (1633)

referências foi a Ana Cristina Limongi-França com oitenta e duas (82)

referências a obras suas, e esse total coincide com a soma da segunda (2ª) e

terceiro (3º) autores mais mencionados, respectivamente, Eda Conte

Fernandes, com 42 referências a obras suas e Richard E. Walton, com 40

referências às suas obras.

Vale ressaltar que as referências feitas à Limongi-França eram relacionadas a 17 publicações

diferentes suas, enquanto às de Fernandes relacionadas a 7 diferentes publicações e as de

Walton, a 3 publicações. O que revela o quanto é ampla a produção de Limongi-França a

contribuir para o desenvolvimento dessa área. Por outro lado, a obra mais mencionada, isto é,

que aparece mais vezes nas referências dos artigos, é a de Walton (1973), com 33 menções

seguida pela de Limongi-França (2004), com 28 menções, ficando a de Westley (1979) em 7º

lugar. Esses dados são considerando a produção nacional disponibilizada no repositório de

artigos acadêmicos, Spell.

Dessa maneira, pela representatividade de ambos os autores e pesquisadores, Walton e

Limongi-França, poderia-se optar seguramente pelo modelo de um ou de outro com resultados

igualmente relevantes, mas por uma questão de identificação pessoal, o modelo de Walton

(1973) foi o escolhido para este estudo.

Walton (1973) criou um modelo, no qual ele determina 8 critérios que devem ser avaliados em

Qualidade de Vida no Trabalho e justamente com os quais, contribui para uma melhor

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compreensão do que é de fato QVT. Esse modelo é até os dias atuais um dos mais utilizados no

mundo.

Seguem as dimensões desse modelo que possui 8 grandes critérios com alguns subcritérios,

estes organizados por Fernandes (1996) e pela própria autora (2018) de forma a se poder

entender melhor cada uma das dimensões citadas no modelo em questão.

1. Compensação justa e adequada – salário; comissões e premiações; benefícios,

equidade interna e externa;

2. Condições de trabalho seguras e saudáveis – jornada de trabalho; carga de trabalho;

ambiente físico; material e equipamento; ambiente saudável; nível de estresse;

3. Oportunidades imediatas para desenvolver e usar as capacidades humanas –

autonomia; feedback; uso e desenvolvimento de competências e habilidades pessoais no

trabalho; relevância do trabalho;

4. Oportunidade futura para crescimento contínuo – treinamento e desenvolvimento

pessoal e profissional; carreira; segurança no emprego;

5. Integração social na organização – preconceito; relacionamento interpessoal;

6. Constitucionalismo na organização – liberdade de expressão; direitos pessoais e

trabalhistas;

7. Trabalho e espaço total na vida – equilíbrio entre vida pessoal e profissional;

flexibilidade de horários;

8. Relevância social do trabalho – responsabilidade socioambiental interna e externa;

orgulho de trabalhar na empresa.

2.1.4 A relevância da QVT nos dias atuais

Por ser uma área aparentemente bastante explorada, com um vasto número de pesquisas como

pode-se ver nos repositórios científicos e publicações relacionadas à gestão de pessoas e áreas

afins, pode-se pensar que justamente é uma área que esgotou suas possibilidades e não tem

muito mais a acrescentar, mas essa não é nem de longe a realidade que temos em relação à

QVT, não só por haver variáveis ainda não pesquisadas a fundo e em conjunto com a QVT,

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como o foco desta pesquisa, mas também por haver uma distância grande entre teoria e prática

boa parte das empresas. É preciso cada vez mais, diminuir essa distância, tornando a QVT algo

concreto na vida de cada trabalhador em prol de um presente e futuro de mais qualidade para

todos, trabalhadores e empresas.

Para se ter uma ideia de sua importância e do quanto cada vez mais ela será imprescindível às

empresas e aos trabalhadores em geral, houve uma constatação em pesquisas de que o aumento

na expectativa de vida não significa um aumento na qualidade de vida, isto é, vive-se mais, mas

esses anos a mais são normalmente marcados com as mais diversas limitações, sequelas e

deficiências provenientes de doenças crônicas ou graves, cada vez mais comuns, como a

hipertensão, a diabetes, as doenças cardíacas, o câncer e as doenças mentais.

Um estudo epidemiológico observacional chamado Global Burden of Disease - GBD (Carga

Global da Doença), já considerado o mais abrangente até o momento desse tipo, tem gerado

uma série de artigos publicados pela The Lancet, a famosa e reconhecida revista científica

médica do Reino Unido que desde 1823, impacta de maneira significativa a saúde global com

seus artigos nas mais diversas áreas da medicina. Esse estudo envolve a colaboração de 486

cientistas de 302 instituições em 50 países e descreve a mortalidade e a morbidade de grandes

doenças, lesões e fatores de risco para a saúde regional, nacional e mundial. Nele, examinam-

se tendências de 1990 aos dias atuais para poder compreender quais os desafios de saúde que

se apresentam em nosso século.

O GBD 2010 ficou disponível em 2012 (e outras versões vem ampliando e atualizando esse

levantamento em anos seguintes) e é formado por um consórcio de sete instituições:

Universidade de Harvard, Universidade de Washington, Universidade John Hopkins,

Universidade de Queensland, Colégio Imperial de Londres, Universidade de Tóquio e

Organização Mundial de Saúde. Essa série de estudos foi encomendada pelo Banco Mundial e

foi apoiada pela Fundação Bill & Melinda Gates (THE LANCET, 2018).

Entre os artigos desse estudo, um dos que se destacou foi o da Escola de Saúde Pública de

Harvard que analisou as condições de saúde em 187 países entre os anos de 1990 e 2010.

Verificou-se que quanto mais a longevidade aumenta, maior se torna a distância entre

expectativa de vida e qualidade de vida. Para cada ano a mais de vida, há apenas 0,8 vivido com

saúde (SALOMON, 2012). Complementando, um estudo da Universidade de Queensland

mostrou que os transtornos mentais como a depressão e a ansiedade, são responsáveis pela

metade dos anos vividos com alguma sequela incapacitante. Dos problemas de saúde que mais

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causam sequelas e pioram a qualidade de vida, destacaram-se dez (10): dor nas costas,

depressão, anemia ferropriva, dor no pescoço, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC),

problemas musculoesqueléticos, transtornos de ansiedade, enxaqueca, diabetes e quedas (VOS,

2012).

Diante dessa realidade, com pesquisas que vem comprovando que o ser humano está vivendo

mais, mas com mais sequelas de diversas doenças, a QVT deverá estar cada vez mais atualizada

e sintonizada com tais constatações para poder pelo menos, minimizar os efeitos das doenças

crônicas, mentais e de acidentes na vida do trabalhador e de preferência mais do que minimizar

sequelas, ajudar a prevenir as doenças que as causam.

Ao considerar as mudanças de legislação que vem ocorrendo especificamente em nosso país,

esse trabalhador precisará trabalhar até mais tarde. O que justifica mais uma vez a importância

de uma QVT atuante, desde o início da carreira de cada pessoa, já que melhor que remediar,

será sempre prevenir. A prevenção deverá iniciar no início da vida adulta para poder ter maiores

resultados e poder promover mais que uma minimização de sequelas, uma verdadeira qualidade

de vida no trabalho. Esse trabalhador deverá começar jovem sua vida profissional, mas a

encerrará em idade muito mais avançada, seja por que a expectativa de vida desses jovens vem

aumentando e uma grande maioria quer continuar produtivo, seja porque mesmo não querendo,

boa parte fará a opção e o esforço de trabalhar mais para poder se aposentar melhor.

2.2 JOVEM TRABALHADOR

2.2.1 Os diversos conceitos sobre “jovem” e “juventude”

Como diz Khel (2004), a juventude é um termo difícil de definir com exatidão, afinal quem não

se considera jovem nos dias atuais? Décadas atrás, as pessoas tão logo chegavam a idade adulta,

queriam parecer mais velhas e pareciam, um homem com 25 anos já usava bigode, as roupas e

os acessórios necessários para parecer mais velho, entre os homens de 50, jamais entre os de

18. O prestígio da juventude é recente. Hoje a juventude é um conceito muito mais elástico, “é

um estado de espírito, é um jeito de corpo, é um sinal de saúde e disposição, é um perfil do

consumidor, uma fatia do mercado em que todos querem se incluir” (KHEL, 2004). A autora

ainda afirma:

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Parece humilhante deixar de ser jovem e ingressar naquele período da vida em

que os mais complacentes nos olham com piedade e simpatia e, para não

utilizar a palavra ofensiva “velhice”, preferem o eufemismo “terceira idade”.

Passamos de uma longa, longuíssima juventude, direto para a velhice,

deixando vazio o lugar que deveria ser ocupado pelo adulto (KHEL, 2004, p.

44).

Então o que é ser jovem afinal?

O dicionário informa para o verbete “jovem” a seguinte definição: “1. Que tem pouca idade;

que está na juventude; moço. 2. Que tem comportamento, aparência ou caráter de jovem. 3.

Que não chegou ao desenvolvimento máximo, imaturo” (TERRA, 2014, p. 599).

Já para o verbete “juventude”: “1. Fase entre a infância e a idade adulta; mocidade. 2. Qualidade

do que é jovem, recente ou imaturo. 3. Os jovens; mocidade” (TERRA, 2014, p. 603).

De qualquer maneira, a definição do dicionário também não é exata, embora diga que juventude

seja uma fase entre a infância e a vida adulta, não determina quando uma fase termina e a outra

começa, nem mesmo aproximadamente.

Também pode-se observar que até no dicionário o conceito se encontra ampliado quando faz

referência ao comportamento, aparência ou caráter de jovem. Porém, a despeito de todos hoje

quererem prolongar mais essa juventude para além do sinônimo de pouca idade, relacionando-

a à aparência e comportamento positivos associados à essa faixa etária, o fato é que alguns

estudiosos já concordam há algum tempo, que devido a mudanças sociais que tem ocorrido nas

últimas décadas, essa faixa etária aumentou ao longo do tempo.

Obviamente que a determinação da mesma depende do parâmetro utilizado, pois esse pode

determinar diferentes faixas etárias que representam o que chamamos de “juventude” ou

“jovens”, podendo incluir os adolescentes, os jovens em si e os adultos jovens.

Segundo a Organização Internacional do Trabalho - OIT (ILO, 2017), a faixa etária que engloba

os jovens em suas estatísticas vai de 15 a 24 anos, assim como para a Organização das Nações

Unidas – ONU (ONUBR, 2014).

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Já a lei brasileira, considera para todos os efeitos: adolescentes, aqueles entre 12 e 18 anos

(Estatuto da Criança e do Adolescente, 1990) e jovens, aqueles entre 15 e 29 anos (Estatuto da

Juventude, 2013). A ANDI – Agência de Notícias dos Direitos da Infância ([2018?]) conclui

que pode-se assim chamar de adolescentes, aqueles entre 12 e 14 anos, adolescentes-jovens

entre 15 e 17 anos, jovens- jovens entre 18 e 24 anos e jovens-adultos entre 25 e 29 anos.

Essa ampliação do final da juventude passar de 24 para os 29 anos, não é uma mudança pontual,

é uma tendência pesquisada e debatida por diversos pesquisadores pelo mundo, ao se depararem

com mudanças significativas no comportamento de pessoas dessa faixa etária, principalmente

nos países desenvolvidos de uma maneira geral e nos países em desenvolvimento ou

emergentes, nas classes média e alta, fenômeno chamado de “idade adulta emergente” por

Arnett (2013) que dá origem aos adultos emergentes, na verdade jovens que têm sua juventude

prolongada pela demora na transição concreta entre a juventude e a vida adulta, com o

prolongamento dos estudos e a permanência muitas vezes na casa dos pais ou o retorno à ela,

bem como um ingresso mais tardio no mercado de trabalho.

Arnett (2013) chama a atenção que até aproximadamente meio século atrás, os jovens entravam

na vida adulta na casa dos vinte anos, quando a maioria sendo homens, já estavam trabalhando

em tempo integral e se casavam, em média aos 22 anos e sendo mulheres, pouquíssimas

trabalhavam fora, mas já aos 20 anos, em média, se casavam, pois tanto homens como mulheres,

em sua grande maioria não prolongava os estudos para além do ensino secundário. Em média,

também, tinham seu primeiro filho, um ano após o casamento. Isto é, assumiam sua própria

família, trabalho e filhos na casa dos 20 anos. Essa era a realidade tanto nos Estados Unidos

quando na maioria dos outros países industrializados.

Hoje, o que se vê, é que nos países desenvolvidos e nas classes média e alta dos países

emergentes e em desenvolvimento, todas essas responsabilidades estão sendo assumidas mais

tardiamente, prolongando-se os estudos e portanto, a entrada no mercado de trabalho, bem como

o casamento e a maternidade ou paternidade, ficando agora a média em que acontecem tais

marcos, mais próximo à casa dos 30 anos ou mais (ARNETT, 2013).

Assim, faz todo o sentido que ao se estudar os jovens, leve-se em consideração essa faixa etária

mais ampla que respeita as mudanças comportamentais e sociais que vem ocorrendo no mundo

como um todo, principalmente quando temos como foco justamente como nesse estudo, os

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jovens que estão no mínimo, cursando o ensino superior e que portanto, teoricamente, fazem

parte desse conceito de adultos emergentes que ainda permanecem como jovens em transição

para a vida adulta de fato.

De qualquer forma, é importante frisar também, que quando se fala dessa idade adulta

emergente ou dessa juventude prolongada, não significa dizer, que simplesmente esse jovem

seguirá linearmente como o jovem de meio século atrás, todos os marcos de uma vida adulta,

apenas fazendo-o com uma década de “atraso”, isto é, a partir dos seus 30 anos. Hoje já não

podemos falar mais de uma trajetória linear também, esse jovem entrará sim, para o que se

reconhece como vida adulta mais tarde, mas não necessariamente cumprindo com cada um dos

marcos esperados ou na ordem esperada: estudos, trabalho, casamento, filhos... Afinal, as

trajetórias desse jovem de décadas atrás já não é a mesma dos jovens atuais, como será discutido

no próximo item.

2.2.2 Diferentes trajetórias do jovem de ontem e do jovem de hoje

Caramano et al. (2004) mostra que o jovem faz sua transição para a vida adulta de diferentes

formas, podendo se tornar independente, seja saindo ou não da casa dos pais: saindo, na

condição de chefes e cônjuges, ou permanecendo, na condição de filhos e outros parentes. A

transição pode ocorrer de múltiplas maneiras sugerindo que os processos são definidos por

trajetórias não-lineares das fases da vida. Isto é, o jovem de antes seguia como que um roteiro

linear em que se planejava primeiro terminar os estudos, para começar a trabalhar, e então se

casar e ter filhos, por exemplo. Hoje, os jovens não seguem mais trajetórias lineares, muitas

vezes podem ter filhos antes de se casarem e começarem a trabalhar antes mesmo de terminarem

os estudos, podendo se dedicar a estes, às vezes, muito tempo depois. Assim, a realidade de

hoje reforça a não-linearidade da vida, afinal a vida contemporânea de uma maneira geral não

apresenta mais marcos tradicionais dispostos linearmente no tempo. Hoje é mais coerente falar

de caminhos labirínticos, múltiplos e até mesmo, reversos.

E isso ocorre não só no Brasil, mas é uma tendência mundial. As políticas europeias voltadas

para os jovens, assim como as próprias políticas brasileiras, continuam sem levar em conta que

os padrões planejados que eles consideram ao formular tais políticas nada tem a ver com as

trajetórias não padronizadas que são realidade hoje.

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Pais (2003) fala que o conceito de curso de vida familiar, escolar, profissional, embora seja

relacionado a grupos distintos, são interligados e com fronteiras indefinidas. Como explicar

aspectos não –lineares de vida? Uma possibilidade seria através da sociologia pós-linearista.

Métodos lineares produzem visões temporais – presente, passado e futuro, embora cheia de

altos e baixos suavizamos em “antes” e “depois” de tal coisa, apesar de toda a vida ser repleta

de mudanças e descontinuidades. E as desconexões da vida são tão importantes quanto às

conexões. Esses espaços descontínuos e os significados do vazio constituem um desafio para

uma análise sociológica das culturas de jovens.

Dessa maneira, mesmo os jovens que olharem para o futuro com os pés no chão, não terão

necessariamente o futuro que objetivavam. Afinal, a vida é como labirinto tendo o chão material

(realidade) e o teto cultural (regras, crenças e ideologias). Pensar que um possa refletir o outro,

é uma utopia. Assim alguns optam apenas pela expectativa de futuro em vez de planejar esse

futuro. A primeira, está ligada à ideia de apenas esperar, já que muita coisa não depende da

própria pessoa e sim de fatos externos a ela, há uma crença de que basta então esperar e o que

tiver que ser será. Vive-se os sonhos e a ilusão de um futuro que se deseja, mas pelo qual não

se luta (PAIS, 2013).

Esse mesmo jovem, portanto, entra em crise entre a conclusão do curso superior e sua inserção

no mercado de trabalho. Essa crise é evidenciada por fatos como, adiamento da formatura,

trancamento da matrícula, transferências para outros cursos ou até mesmo com o

prolongamento dos estudos, não significando que tal prolongamento seja negativo, mas muitas

vezes acontece devido a essa crise, ao querer continuar sendo estudante e ainda não ser cobrado

para entrar no mercado de trabalho.

As classes média e alta acabam sofrendo mais tensão com essa dificuldade de inserção devido

ao investimento que se faz para o aumentar as possibilidades de elevação do status social, como

por exemplo, o investimento em cursos de idiomas, esportes, intercâmbios, aulas de música e

outros cursos de capacitação e formação (DIB; CASTRO, 2010).

Caramano et al. (2004) diz que embora haja indícios de que a escolarização não é mais

suficiente para garantir a inserção profissional e realização na escala social, ainda é condição

mínima necessária para haver qualquer probabilidade dessa inserção.

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Deve-se questionar a institucionalização da juventude como fase de decisões, quando na

verdade durante toda a vida teremos que tomar diferentes decisões. A dificuldade que hoje há

em se fazer tais escolhas é devido ao fato da trajetória de vida não ser mais linear, e sim um

labirinto com muitas bifurcações e muitos caminhos cruzados, há uma variedade infinitamente

maior de possibilidades e escolhas do que havia antes (PAIS, 2013).

2.2.3 O mundo do trabalho e o jovem nos dias atuais

Em 2017, a OIT publicou uma edição da série Tendências Mundiais de Emprego para a

Juventude (ILO, 2017), na qual fornece indicadores, tendências e políticas do mercado de

trabalho jovem. Esse relatório foca na contínua instabilidade desse mercado e nas dificuldades

enfrentadas pelos jovens em todo o mundo, considerando uma análise do futuro do trabalho

para jovens mulheres e homens e a conexão entre automação e tecnologias digitais com as

perspectivas de emprego para essa faixa etária. Essa publicação inclui também as percepções

desses jovens sobre o futuro do trabalho. Sendo um estudo tão amplo que engloba jovens de

todo o mundo e tão atualizado, é necessário que repliquemos aqui algumas das informações

relevantes que podem ser encontradas em suas 130 (cento e trinta) páginas, de modo a

compreender com dados seguros um pouco mais das características desse mercado de trabalho

atual para os jovens e de como esses jovens percebem esse mercado.

O relatório diz que a população de jovens entre 1997 e 2017, cresceu em 139 milhões de

pessoas, enquanto a força de trabalho jovem diminuiu em 35 milhões de pessoas, isto é, cresceu

o número de jovens em todo o mundo, mas ainda assim o número de jovens trabalhando

diminuiu bastante. A proporção global era de 21,7% de força de trabalho jovem para os atuais

15,5%. Assim como em relação a força de trabalho como um todo, em que os jovens

representavam 55% em 1997 e hoje representam 45,7%.

Esse estudo estima que 70,9 milhões de jovens estavam desempregados em 2017, em todo o

mundo e entre os jovens que trabalham, 76,7% têm empregos informais (contra 57,9% dos

adultos que trabalham). Já a população dos chamados jovens “nem-nem”, aqueles que nem

trabalham e nem estudam, chega a 21, 8% e desse total, 76,9% são do sexo feminino.

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Nas economias emergentes e em desenvolvimento, 16,7% dos jovens trabalhadores vivem

abaixo do limiar de pobreza extrema, considerado para quem vive com menos de U$1,90 por

dia. Há que se considerar também que a maior parte das pessoas que compõem os fluxos

migratórios internacionais, é de jovens, 70% têm menos de 30 anos.

Espera-se que até 2030, ingressarão na força de trabalho ao menos 25,5 milhões de jovens entre

15 e 29 anos e a maior parte quase que inteiramente na África. Assim como até 2030, 77% da

força de trabalho composta por jovens entre 15 e 24 anos estará em países em desenvolvimento,

principalmente da África, da Ásia e do Pacífico.

Já a transição para empregos mais estáveis e satisfatórios se dará mais provavelmente entre

jovens de economias desenvolvidas ou emergentes e menos, nas em desenvolvimento. Da

mesma maneira que em países com altas taxas de desemprego juvenil, os jovens tendem menos

a deixar seus empregos voluntariamente. E nos países em desenvolvimento, os jovens são

propensos a se estabelecer definitivamente como autônomos.

O estudo também garante que quanto mais tempo o jovem estuda, menor é o tempo de transição

entre escola e trabalho. Embora essa transição seja mais demorada em países emergentes do

que naqueles em desenvolvimento. Para os que têm apenas o ensino primário (aqui denominado

de ensino fundamental) é 1,6 vezes mais demorado do que para aqueles que tem o ensino

secundário (aqui denominado de ensino médio), e 2,6 vezes mais demorado do que para aqueles

que têm ensino superior. Já para os que têm ensino secundário é 1,7 vezes mais demorado do

que para aqueles que têm o ensino superior. Foi verificado que a combinação de trabalho e

estudo diminui significativamente o período de transição entre escola e trabalho em todas as

regiões. Em 21 países, o tempo de transição entre escola-trabalho para os jovens que combinam

trabalho e estudo foram de 1,9 meses comparado com 20,1 meses para aqueles que não

combinam.

Os jovens trabalhadores sentem-se mais confortáveis junto às novas tecnologias que os

trabalhadores mais velhos e se adaptam mais rapidamente a essas tecnologias. Para o emprego

dos jovens, as áreas identificadas em crescimento foram: serviços financeiros (em países em

desenvolvimento); saúde humana e atividades de trabalho social (países desenvolvidos);

comércio, hotéis e restaurantes; transporte e armazenamento; informação e comunicações (em

todo o mundo).

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O emprego na indústria diminuiu, mas continua significativo, principalmente na Ásia e no

Pacífico e especificamente para jovens trabalhadores. Quanto à demanda por qualificação tem

mudado bastante, havendo uma maior demanda por trabalhadores tanto de alta quanto de baixa

qualificação e menor demanda por trabalhadores semiqualificados. O que acaba acentuando a

polarização do emprego devido às novas tecnologias e acaba por aumentar as desigualdades

existentes.

De uma maneira geral, a inovação contínua exige uma demanda por habilidades mínimas de

trabalho, as chamadas “soft skills” ou seja, habilidades sociais (ou comportamentais) como

capacidade de resolução de problemas complexos, abertura para a aprendizagem, facilidade de

adaptação e outras, em todos os níveis de escolaridade.

Trabalhadores por conta própria e trabalhadores familiares contribuintes estão sendo

substituídos por trabalhadores que não têm contrato por escrito ou estão em empregos

temporários e jovens têm o dobro da probabilidade de estarem em empregos temporários se

comparados a adultos.

Com as novas tecnologias têm surgido novas formas de trabalho como o crowd working e a gig

economy (economia por demanda/ economia de gratificação instantânea) que geram muitas

oportunidades devido à sua flexibilização, mas também sofrem por falta de regulamentação.

Também facilitam o acesso dos jovens a financiamento de projetos, incentiva empregos verdes

e cooperativas baseadas em plataformas que promovam o empreendedorismo. Porém, enquanto

tais novas formas de trabalho surgem, os jovens, de maneira geral, ainda que possa não parecer,

demonstraram valorizar a segurança no emprego e a esperança de alcançar tal segurança no

futuro.

Assim, políticas e outras iniciativas que visem aumentar a oportunidade de empregos decentes

e formais, com maiores garantias aos jovens, devem levar em consideração todas essas

características levantadas nesse estudo (Global Employment Trends For Youth 2017), das quais

o que aqui está descrito é apenas uma síntese com alguns dos principais dados levantados pela

pesquisa em questão (ILO, 2017).

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3 METODOLOGIA

Neste capítulo são descritas a abordagem utilizada para a pesquisa, a análise e a discussão dos

dados, sendo uma pesquisa qualitativa que visa analisar a percepção de jovens trabalhadores da

Região Metropolitana do Recife em relação à QVT.

3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA

Devido às características desta pesquisa, podemos afirmar que ela é uma pesquisa qualitativa,

do tipo descritiva. Qualitativa porque esse tipo de pesquisa visa analisar a subjetividade, o que

é essencial em pesquisas relacionadas às ciências humanas e sociais. Identifica-se e analisa-se

dados que não podem ser numericamente mensurados, assim pode-se ter uma visão mais ampla

acerca dos fenômenos que envolvem os seres humanos e suas mais diversas relações

estabelecidas nos mais variados ambientes. A pesquisa qualitativa também prioriza o estudo do

fenômeno onde ele acontece, dentro do contexto do qual faz parte, de maneira a manter suas

características originais (GODOY, 1995). Para isso, segundo Godoy (1995, p. 21),

[...] o pesquisador vai a campo buscando captar o fenômeno em estudo a partir

da perspectiva das pessoas nele envolvidas, considerando todos os pontos de

vista relevantes. Vários tipos de dados são coletados e analisados para que se

entenda a dinâmica do fenômeno.

Além de qualitativa, esta pesquisa é do tipo descritiva, pois segundo Gil (2008, p. 42), “as

pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de

determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis”,

o que se aplica bem ao objetivo proposto por este trabalho, relacionando à percepção de jovens

trabalhadores com suas características próprias às práticas de QVT.

3.2 SUJEITOS DA PESQUISA

Os participantes dessa pesquisa foram jovens de ambos os sexos, entre 18 e 29 anos.

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Nesta pesquisa a opção pelos sujeitos dentro dessa faixa-etária, excluindo apenas os

adolescentes-jovens e fazendo com que a faixa iniciasse aos 18 anos e fosse até os 29 anos,

seguindo uma tendência mundial, também presente no Estatuto da Juventude brasileiro

(BRASIL, 2013), deu-se por vários motivos.

O início da faixa de interesse para esta pesquisa, a partir dos 18 anos, justificou-se por ser

apenas a partir daí que o cidadão em nosso país é considerado maior de idade. Embora os

trabalhadores com mais de 16 anos e menos de 18 anos tenham os mesmos direitos de qualquer

outro trabalhador maior de idade, seus deveres são beneficiados por alguns privilégios que

visam proteger o jovem ainda em pleno desenvolvimento, como em questões quanto à

periculosidade, horário noturno, horas extras, férias e outras (CNJ, 2016). Assim, ao se

considerar a faixa de estudo a partir dos jovens de 18 anos, elimina-se qualquer diferença que

poderia haver em relação a direitos e deveres desses jovens trabalhadores.

Já o fim da faixa de interesse ser os 29 anos, justificou-se diante da visão de juventude ampliada

ou de vida adulta emergente, como explicado na fundamentação teórica. Dando assim ao

estudo, uma amplitude maior e mais adequada ao perfil dos sujeitos e daquilo que se quer

pesquisar, com uma representatividade adequada às teorias aqui relatadas.

Os jovens sujeitos desta pesquisa residem na Região Metropolitana do Recife – RMR que inclui

Recife e 14 cidades adjacentes como: Abreu e Lima, Araçoiaba, Cabo de Santo Agostinho,

Camaragibe, Goiana, Igarassu, Ilha de Itamaracá, Ipojuca, Itapissuma, Jaboatão dos

Guararapes, Moreno, Olinda, Paulista e São Lourenço da Mata, conforme atualiza a Lei

Complementar nº 382, de 9 de janeiro de 2018 que dispõe sobre a RMR (PERNAMBUCO,

2018).

Esses jovens trabalham formalmente, e foram escolhidos pelo critério de acessibilidade.

Segundo Vergara (2005) esse critério não envolve nenhum procedimento estatístico e seleciona

os sujeitos com base na facilidade de acesso a eles, neste caso, a própria rede de relacionamentos

da pesquisadora em questão.

Os jovens entrevistados têm no mínimo 6 meses de experiência em seu trabalho atual para que

a entrevista respondida fosse condizente com uma experiência mínima do próprio jovem nesse

trabalho.

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Da mesma maneira, todos os jovens entrevistados estavam, no mínimo, cursando o ensino

superior, com alguns deles cursando e outros já tendo concluído uma ou mais pós-graduações,

lato sensu.

E, para uma amplitude maior, a quantidade de sujeitos entrevistados não foi pré-definida e

dependeu da saturação dos resultados, que segundo Bauer e Gaskell (2013, p. 512) é quando

“esforços adicionais não irão trazer mais nenhuma variedade” aos resultados e que no presente

trabalho se deu após 10 entrevistas.

3. 3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

A coleta de dados foi feita através de entrevista semiestruturada, pois entrevistas menos

estruturadas permitem, dizem Selltiz et al. (1987, p.41 apud VELOSO; SCHIRRMEISTER;

LIMONGI-FRANÇA, 2007, p. 46) “levantar os aspectos afetivos e valorativos das respostas

dos entrevistados e determinar o significado pessoal de suas atitudes” e “embora os

entrevistados sejam livres para expressar de maneira completa sua linha de raciocínio” (ibid.),

a direção da entrevista continua claramente nas mãos do entrevistador. Desse modo o

entrevistador não perde nenhuma informação importante ou mesmo, pode desviar do assunto

se não se obter o que se deseja, possibilitando a riqueza que se pode conseguir com a liberdade

do discurso do entrevistado e ao mesmo tempo, não correndo o risco de que a entrevista não

levante as questões relevantes para a pesquisa que, neste caso, já foram preparadas de antemão

para serem feitas.

A entrevista semiestruturada teve seu roteiro definido com perguntas amplas e obviamente,

abertas, com a finalidade justamente de averiguar a percepção desses jovens através do

conteúdo de seus discursos, já que,

Percepção é o processo de recebimento de informações a respeito do mundo a

nossa volta e da criação de um sentido para elas. Isso implica determinar quais

informações devem ser notadas, como categorizá-las e como interpretá-las

dentro do repertório do nosso conhecimento existente (MCSHANE; VON

GLINOW, 2013).

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45

O que foi claramente o objetivo deste estudo, coletar e analisar a percepção que esses jovens

têm sobre Qualidade de Vida no Trabalho.

Em momento algum foi usado o termo QVT durante a entrevista, porém, cada um dos critérios

do modelo de QVT de Walton (1973), da forma como foi organizado por Fernandes (1996)

com pequenas alterações da própria autora deste trabalho (2018), foi explorado na entrevista.

Dessa forma, tivemos:

Quadro 3 – Relação entre os critérios do modelo de QVT de Walton e questões da

entrevista semiestruturada

Critérios Subcritérios Questões

(Informações Gerais) (Sobre a empresa e o trabalho desenvolvido pelo

jovem)

1, 2;

1. Compensação justa e

adequada

Salário;

Comissão e premiações;

Benefícios;

Equidade interna e externa

3;

2. Condições de trabalho

seguras e saudáveis

Jornada de trabalho;

Carga de trabalho;

Ambiente físico;

Material e equipamento;

Ambiente saudável;

Estresse

4;

3. Oportunidades

imediatas para

desenvolver e usar as

capacidades humanas

Autonomia;

Feedback;

Uso e desenvolvimento de competências e habilidades

pessoais no trabalho;

Relevância do trabalho

5, 6, 7;

4. Oportunidade futura

para crescimento

contínuo

Treinamento e desenvolvimento pessoal e

profissional;

Carreira;

Segurança no emprego

8, 9, 10;

5. Integração social na

organização

Preconceito;

Relacionamento interpessoal;

Cooperação x competição

11, 12;

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46

6. Constitucionalismo na

organização

Liberdade de expressão;

Direitos pessoais e trabalhistas

13;

7. Trabalho e espaço total

na vida

Equilíbrio entre vida pessoal e profissional;

Flexibilidade de horários

14;

8. Relevância social do

trabalho

Responsabilidade socioambiental interna e externa;

Orgulho de trabalhar na empresa

15.

Fonte: a autora, 2018.

O roteiro da entrevista encontra-se no apêndice C.

3.4 TRATAMENTO E ANÁLISE DE DADOS

Para análise das entrevistas, usou-se o método de análise de conteúdo que, segundo Bardin

(2011, p.48), permite: “obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do

conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitem a inferência de

conhecimentos relativos às condições de produção / recepção (variáveis inferidas) destas

mensagens”.

Para Bauer e Gaskell (2013, p. 190),

A análise de conteúdo é apenas um método de análise de texto desenvolvido

dentro das ciências sociais empíricas. Embora a maior parte das análises

clássicas de conteúdo culminem em descrições numéricas de algumas

características do corpus do texto, considerável atenção está sendo dada aos

“tipos”, “qualidades”, e “distinções” no texto, antes que qualquer

quantificação seja feita. Desse modo, a análise de texto faz uma ponte entre o

formalismo estatístico e a análise qualitativa dos materiais. No divisor

quantidade / qualidade das ciências sociais, a análise de conteúdo é uma

técnica híbrida que pode mediar esta improdutiva discussão sobre virtudes e

métodos.

Para realização das entrevistas, a pesquisadora usou as redes sociais e um aplicativo de

mensagens para entrar em contato com alunos e ex-alunos que poderiam estar dentro do perfil

desejado para esta pesquisa, assim todas as entrevistas foram realizadas pessoalmente, por

acessibilidade, tanto junto a alunos e ex-alunos como seus familiares.

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47

Houve de antemão, por todos aqueles que foram contatados, um forte interesse em participar,

porém nem todos atendiam as exigências do perfil desejado, fazendo com que alguns deles

indicassem familiares. Aqueles que não atenderam ao perfil solicitado tiveram por motivo o

fato de não estarem trabalhando, terem mudado de emprego recentemente (e, portanto, tinham

menos de 6 meses na empresa atual) ou terem passado da idade limite de 29 anos, nenhum dos

que foi convidado e estava dentro do perfil, negou-se a participar, pelo contrário, facilitando

assim o trabalho da pesquisadora.

As entrevistas foram realizadas pessoalmente e para facilitar e agilizar ao máximo cada uma

delas e diminuir o tempo entre o agendamento e a realização, a pesquisadora se disponibilizou

a ir até onde seria mais cômodo para cada sujeito, indo até a faculdade ou local de trabalho do

sujeito, ou indo até um lugar neutro, como shopping.

Assim que foi sendo feita cada entrevista, a pesquisadora procurava fazer o mais breve possível

a transcrição da mesma, sendo essa feita normalmente no mesmo dia ou no seguinte, mesmo

demorando várias horas para concluir cada uma delas. As entrevistas foram gravadas (apenas

áudio, arquivos tipo .mp3) através de um aplicativo do celular, enviadas por email para a própria

pesquisadora, salvas nas nuvens e também eletronicamente em um computador, tudo para

garantir a segurança necessária e não se correr risco algum de perder nenhuma delas, caso

houvesse alguma perda ou dano com o celular.

As entrevistas foram realizadas até haver a saturação nas respostas, o que totalizou 10

entrevistas, com duração total de 4h35m30s (quatro horas, trinta e cinco minutos e trinta

segundos) que se transformaram em 75 páginas transcritas fielmente conforme as gravações de

áudio realizadas. As transcrições foram também arquivadas eletronicamente em computador e

nas nuvens, assim como todos os demais arquivos relacionados a esta pesquisa.

Após a realização de todas as transcrições, a pesquisadora imprimiu-as para poder então fazer

uma primeira análise e usou um sistema próprio de marcação feita à mão, de trechos

importantes. Tais arquivos originais estão arquivados fisicamente com a pesquisadora. Nessa

marcação, houve uma grande filtragem de tudo que foi dito por cada entrevistado,

desconsiderando apenas o que era repetitivo e o que fugia ao tema específico ou geral e não

agregava valor à análise.

A etapa seguinte caracterizou-se pela cópia desses trechos, da transcrição original e completa,

para um outro arquivo, tornando-se este, uma transcrição objetiva e focada para realização de

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48

outra posterior análise, esse arquivo com a transcrição dos trechos mais relevantes das

entrevistas realizadas é o APÊNDICE D deste trabalho.

Após essa etapa, foi feito ainda um outro controle à mão, sintetizando todas as informações

colhidas, controle esse que ajudou a elaborar uma síntese qualitativa da análise de conteúdo,

atribuindo códigos para cada subcritério referente a cada critério explorado nas perguntas da

entrevista (APÊNDICE E), dando uma noção geral de que aspectos foram considerados

positivos e que aspectos foram considerados negativos na percepção de cada jovem quanto à

qualidade de vida no trabalho.

A análise de conteúdo realizada sobre todo esse material está registrada no próximo capítulo e

resumida em uma síntese quantitativa das respostas positivas para cada subcritério das

dimensões de QVT de Walton (1973) levantadas na análise de conteúdo (APÊNDICE F).

3. 5 LIMITES E LIMITAÇÕES DA PESQUISA

Como limites da pesquisa pode-se citar o próprio horizonte geográfico relativo aos sujeitos,

neste caso, Região Metropolitana do Recife, podendo esse horizonte ser ampliado em futuras

pesquisas com jovens dessa mesma faixa etária, de forma a explorar e a compreender se as

diferenças regionais, trarão mudanças significativas ao estudo.

Já como limitação, pode-se dizer que a própria visão de mundo da pesquisadora em questão,

que como todo pesquisador, procurou manter-se neutra diante da interpretação e análise dos

dados, mas que sabe que tal neutralidade científica é um tanto utópica, embora seja desejada e

deva sempre ser buscada com verdadeiro esmero.

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4 ANÁLISE DOS DADOS

Neste capítulo serão apresentados, analisados, discutidos e interpretados os dados levantados

através das entrevistas realizadas com jovens trabalhadores com o intuito de atender os

objetivos propostos por esta pesquisa.

4.1 ANÁLISE DO PERFIL DOS SUJEITOS ENTREVISTADOS

A pesquisa foi realizada junto a jovens trabalhadores, entre 18 e 29 anos, com pelo menos 6

meses de experiência na mesma empresa, cursando ou já tendo terminado o ensino superior.

Esse foi o perfil pré-definido pela coerência com o estudo em questão e pelas justificativas já

dadas anteriormente no item “metodologia”.

Além do perfil mínimo exigido para os sujeitos deste estudo, foi possível registrar algumas

informações relevantes acerca desses sujeitos através do que eles próprios informaram no

questionário biográfico (Apêndice B). Nesse questionário, foram solicitados alguns importantes

dados pessoais, parte deles, para identificação e, portanto, controle e arquivamento, garantindo-

lhes o sigilo, conforme foi determinado pelo “Termo de Consentimento Livre e Esclarecido”

(Apêndice A) assinado tanto por cada sujeito, como pela pesquisadora, ficando cada um com

sua via. Alguns outros dados gerais sobre idade, formação, empresa em que trabalham e função

que exercem foram também solicitados de forma a nos permitir melhor compreensão da

representatividade desses jovens entrevistados, o que sem expô-los de maneira individual,

segue como informação geral sem possível identificação dos mesmos.

Dessa maneira, pelos dados levantados, em relação à idade, temos:

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Gráfico 1 – Idade x jovens entrevistados

Fonte: Dados da pesquisa (2018).

Conforme tabela acima, embora já houvesse sido determinada a idade mínima de 18 anos e a

máxima de 29 anos, podemos verificar que três dos respondentes estão na primeira faixa etária

entre 18 e 24 anos e os outros sete, na segunda faixa, entre 25 a 29 anos. Como o estudo foi

realizado por acessibilidade, tal fato não foi proposital, acabando, portanto, por ocorrer

naturalmente.

Em relação ao estado civil, oito deles são solteiros (alguns deles, namorando), um é noivo e

pretende se casar ainda este ano e um já é casado.

Já quando perguntados sobre com quem moram, apenas um deles respondeu que reside com

um parceiro, aquele mesmo que informou anteriormente que é casado. Os outros oito ainda

moram com os pais e um, com familiares.

Ao serem questionados sobre filhos, todos informaram não ter ainda nenhum filho.

Quanto à formação desses jovens, foram registradas as seguintes informações. Metade dos

entrevistados ainda estão cursando o ensino superior e a outra metade, já se formou. Entre

aqueles que ainda estão estudando: dois deles estudam Marketing, dois estudam Recursos

Humanos e um, Engenharia Elétrica. Já entre os formados, cada um deles é formado em uma

área diferente: Pedagogia, Artes Plásticas, Ciências da Computação, Psicologia e Letras.

Dos que já se formaram, dois já fizeram também uma pós-graduação lato sensu

(especialização), e coincidentemente, na mesma área, em Psicopedagogia; um está cursando

20

26

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0 5 10 15 20 25 30

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uma especialização de Psicologia Organizacional e os outros dois, ainda não estão fazendo pós-

graduação.

Já em relação à área de atuação desses jovens, o resultado foi bem diversificado, assim como

os ramos de atuação de suas empresas, embora tenha havido uma prevalência do setor de

serviços, com seis deles desse setor, contra dois da área de comércio, um de indústria e um de

uma entidade sem fins lucrativos.

Quanto à função exercida por cada jovem, temos cada um deles exercendo uma atividade

diferente, como: Operador de Telemarketing, Analista de Compras, Monitor, Designer Jr,

Engenheiro de Software, Assistente de Gerência, Assistente de RH, Professor de Inglês,

Consultor de Vendas Web e Técnico de Automação Industrial. E cada um deles, com no mínimo

10 meses de experiência na empresa em que estão hoje e no máximo, 8 anos.

Gráfico 2 – Tempo de trabalho na empresa atual (em meses) x jovens entrevistados

Fonte: Dados da pesquisa (2018).

O gráfico acima mostra que com menos de 12 meses, ou seja, um ano, há dois jovens. Com 1

ou 2 anos, dois jovens. Com 3 ou 4, quatro jovens. Com 5 anos ou mais, dois jovens, sendo

mais exata, um deles com 8 anos completos e outro, com 7 anos e 10 meses.

Interessante notar que esses jovens se encaixam bem dentro do perfil de adultos emergentes ou

do conceito de juventude prolongada de Arnett (2013), jovens que estão prolongando seu tempo

de estudo, tanto que parte deles está cursando o nível superior, outros já terminaram e alguns já

fizeram ou estão fazendo uma pós-graduação. Como Arnett (2013) diz, a prolongar os estudos,

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esses jovens também retardam algumas outras questões como a saída de casa, o casamento e a

paternidade/maternidade, bem como a entrada propriamente dita na vida adulta. No caso dos

jovens aqui estudados, 8 deles ainda são solteiros, 1 se casará ainda este ano e 1 já é casado.

Moram ainda com os pais, 8 deles; 1 com outros parentes e um com o parceiro/parceira.

Nenhum deles têm filhos. Claro que nesse caso, todos trabalham, pois esse era o perfil exigido

para o estudo.

Para se ter uma melhor compreensão das respostas dadas pelos jovens, respostas estas que serão

analisadas a partir do próximo subcapítulo, segue abaixo um quadro com informações básicas,

organizadas de maneira a se manter o sigilo sobre os mesmos, mas permitindo um maior

entendimento de qual jovem, relacionado a que função/ área, respondeu o quê. Ainda para

manutenção do sigilo, cada jovem foi chamado por um nome de estrela ou constelação e foi por

esses nomes assim atribuídos que os mesmos foram nomeados para a análise de conteúdo das

entrevistas.

Quadro 4 – Identificação simbólica dos jovens entrevistados

Nome

Fictício Empresa Função

E1 Adhara Serviços / Call Center Op. Telemarketing

E2 Electra Comércio / Representação Cosméticos Analista de Compras

E3 Polaris Entidade sem Fins Lucrativos / Educação Fundamental I Monitor

E4 Nash Serviços / Tecnologia Designer Jr.

E5 Mizar Serviços / Tecnologia Engenheiro de Software

E6 Vega Serviços / Banco Assistente de Gerência

E7 Ankaa Serviços / Educação Superior Assistente de RH

E8 Antares Serviços / Educação Fundamental I e II e Ensino Médio Professor de Inglês

E9 Orion Comércio e Serviços / Automóveis Consultor de Vendas Web

E10 Atria Indústria / Bebidas Téc. de Automação Industrial

Fonte: Dados da pesquisa (2018).

4.2 ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS

A partir deste tópico serão relatadas às respostas dadas a cada uma das perguntas da entrevista

realizada juntamente à análise de conteúdo. A análise de conteúdo foi realizada referente à cada

dimensão do modelo de QVT de Walton (1973), sendo que para abranger cada dimensão do

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modelo em questão, por vezes foi necessário mais de uma pergunta para investigar uma mesma

dimensão, o que será sinalizado no título de cada subtópico.

Para esta análise foi considerada a transcrição de todos os trechos mais relevantes e pertinentes,

que constam ao final do presente trabalho, portanto havendo interesse em aprofundar o

conhecimento sobre a totalidade das respostas e percepções desses jovens a cada uma das

perguntas feitas, o registro mais detalhado consta no apêndice D para eventuais consultas e

maior compreensão das falas obtidas.

Aqui estão registrados alguns desses trechos de forma a deixar mais clara a análise, sem, no

entanto, cansar o leitor. E a análise está organizada por cada dimensão de Walton (1973),

modelo utilizado por este estudo, com exceção do primeiro item, que diz respeito à empresa e

função de cada entrevistado.

a) Empresas e funções exercidas pelos sujeitos entrevistados (perguntas 1 e 2 da

entrevista)

A primeira pergunta da entrevista semiestruturada era para que cada um dos jovens pudesse

falar um pouco sobre as empresas em que trabalham, alguns tentaram explicar a empresa

em si e outros falaram mais sobre a própria opinião que têm sobre ela.

Essa primeira pergunta, teve o objetivo de poder obter mais detalhes sobre a empresa em que

cada jovem trabalha, sem se revelar quais são, através da própria percepção desses jovens.

Metade deles foram bem objetivos e falaram sobre o que a empresa faz, como Adhara, Electra,

Polaris, Vega e Orion, e pelas suas respostas à primeira pergunta, ainda não é possível saber

o que pensam sobre a organização em que trabalham.

Por outro lado, pode-se observar que em uma simples resposta como essa, é possível saber não

só um pouco sobre a empresa, mas também o que o próprio jovem pensa dela naturalmente,

pois metade desses jovens inseriu comentários valorativos, em que sua opinião acerca da

empresa ficou bastante clara.

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Nash, Mizar, Ankaa, Antares e Atria deram mais detalhes sobre a empresa relacionados à

gestão, aspectos esses considerados positivos para os três primeiros, mais positivo que negativo

para Antares, e negativo, para Atria. Vejamos a seguir.

A maneira como foi recrutado e selecionado e a oportunidade que a empresa dá para que se

passe por várias áreas dentro dela, foram os pontos alto para Nash; ou o quanto a empresa

possibilita uma boa comunicação sem entraves ou distinções devido a não haver as divisões que

ocorrem em boa parte das outras empresas entre os diferentes cargos e funções, um ambiente

fantástico e o quanto a faz sentir em casa, os pontos altos para Mizar. Já Ankaa chamou a

atenção para o bom clima organizacional de sua empresa e o quanto ela permite o

desenvolvimento pessoal e profissional, como veremos adiante, devido às bolsas que oferece

para estudos de graduação e pós-graduação. Antares focou no aspecto positivo de sua empresa

investir no funcionário, ser uma multinacional e, portanto, ter agora uma visão estratégica mais

ampla, mas registrou uma contrapartida em relação a isso, dizendo que acha que “houve uma

certa perda em relação à pessoa”. Embora tenha comentado esse aspecto negativo, ele não se

sobressairá aos positivos que a mesma relatou ao longo de toda a entrevista.

Quanto a Atria, ela expõe já em sua primeira resposta a visão que ela confirmará no restante

da entrevista, embora considere a empresa em si boa (referindo-se ao grupo), não pensa o

mesmo da unidade em que se encontra devido à gestão da mesma.

A segunda pergunta era para cada um dos jovens falar sobre seu trabalho e as atividades que

desenvolve. Pelos principais trechos das respostas dadas consegue-se ter um bom entendimento

sobre o que cada um faz, já que todos foram bem explicativos quanto a isso, apenas uma

resposta contém em si, uma discreta crítica, a de Atria, pois ao falar sobre sua função, “minha

função mesmo é encontrar melhorias”; revela o que de fato tem feito, “mas atualmente eu só tô

atendendo emergências”.

De qualquer forma, todos foram claros e juntamente com a primeira resposta forneceram as

informações desejadas para que se tenha melhor noção sobre o trabalho de cada um, objetivo

principal dessas duas primeiras perguntas.

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b) 1ª dimensão de Walton (1973) - Compensação justa e adequada (pergunta 3 da

entrevista)

A partir da terceira pergunta, começa-se a investigar cada uma das oito dimensões de QVT

segundo Walton (1973).

A terceira pergunta visou levantar a percepção desses jovens em relação à primeira dimensão –

Compensação justa e adequada - fator imprescindível para a QVT, segundo Walton (1973),

assim a pergunta era para que cada um dos jovens entrevistados pudesse falar sobre sua

remuneração: salário e benefícios. Sendo estimulados a refletir sobre equidade interna e

externa dessa remuneração, premiações e/ou comissões e dos benefícios que recebem. Como a

percepção do quanto se ganha, se é justo ou não, é muito pessoal, o foco em relação à

remuneração é fazer o jovem refletir sobre equidade interna e externa, conforme o próprio

Walton (1973) diz, a equidade diferentemente, é mais concreta. De maneira simples, o conceito

de equidade abrange o conceito de justiça:

A teoria da equidade, também conhecida como justiça igualitária, é uma teoria

da motivação que explica como as pessoas respondem a situações em que

sentem que receberam menos (ou mais) do que merecem. Um ponto central

da teoria diz que os indivíduos fazem comparações com as pessoas dentro e

fora de sua organização e que essas comparações influenciam na sua

motivação (DUBRIN, 2007 apud BOHLANDER; SNELL, 2015).

Dessa maneira, o jovem tem condições de ter maior entendimento se sua remuneração é justa

ou não, pois obviamente a maioria gostaria de ganhar mais, sempre. Tanto que Electra ainda

brinca com a situação, primeiramente responde rindo “pouquíssimo”, mas logo depois

complementa que suas comissões são muito boas e acima da média do mercado e que fazem

com que sua remuneração fique boa.

Apenas Polaris e Ankaa responderam que seus salários ficavam abaixo da média do mercado

e acima, apenas Electra e Vega. Os outros seis entrevistados disseram que seus salários

estavam na média, embora Nash que havia respondido que seu salário é bom, mas não ótimo,

confesse na mesma resposta que nenhuma outra empresa que ele tenha visto paga tão bem

quanto a sua e que esse salário é suficiente para ele e sua mãe que não trabalha e com quem ele

mora, arcando inclusive com todas as despesas da casa.

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Nenhuma falta de equidade interna foi registrada, a não ser por Antares, que embora tenha dito

que seu salário estava na média para o mercado regional, disse sentir que é injusto a empresa

pagar valores diferentes de acordo com a região do país e ainda, pagar valores diferenciados

dependendo para que ano o professor dá aula, isto é, aqueles que dão aula para o ensino médio

ganham mais do que aqueles que dão aula para o ensino fundamental, e aqueles que dão aula

para o 3º ano do ensino médio ainda ganham mais, embora a formação exigida seja a mesma.

Já em relação aos benefícios, os jovens entrevistados trabalham todos em empresas que de uma

maneira ou de outra os oferecem, os mais citados são os de refeição/ alimentação, plano de

saúde e plano odontológico. Alguns fazem referência ao vale transporte, porém não nos

referiremos a esse, por este ser uma obrigação de toda empresa perante a lei.

Metade deles demonstrou desagrado com os altos descontos por parte das empresas em relação

a esses benefícios, fazendo com que alguns acabem optando por não usufruir deles ou de alguns

deles, como no caso em que a empresa não paga o plano de saúde, apenas permite que o

funcionário através dela tenha acesso a um plano empresarial (em que pagará um pouco menos

do que se fosse um plano pessoa física), mas não subsidia nenhum valor ou muito pouco em

relação à parte com que o funcionário terá que arcar. Os que reclamaram dos altos descontos

desses benefícios, foram Adhara, Electra, Polaris, Antares e Orion.

A outra metade - Nash, Mizar, Vega, Ankaa e Atria - demonstrou-se satisfeita com os

benefícios e não citaram o desconto em seus salários pelos mesmos, sendo seus benefícios

subsidiados em grande parte pelas empresas e, portanto, não gerando sensação de perda para os

funcionários e permitindo-os usufruir sem receio de todos os benefícios que lhes são oferecidos.

Além disso, Nash fez referência a outros tipos de benefícios que sua empresa oferece, como

aulas de pilates e yoga, duas vezes na semana e ginástica laboral, todos os dias.

c) 2ª dimensão de Walton (1973) – Condições de trabalho seguras e saudáveis (pergunta

4 da entrevista)

A quarta pergunta teve o objetivo de investigar a segunda dimensão – Condições de trabalho

seguras e saudáveis - outro fator importante para a QVT, segundo Walton (1973), assim a

pergunta era para cada um deles falar sobre suas condições de trabalho de uma maneira

geral, bem, como o nível de estresse a que é submetido em seu trabalho. Em relação às

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condições de trabalho foram estimulados a refletir sobre certos subcritérios: a jornada de

trabalho, a carga de trabalho, o ambiente físico e ambiente saudável, os materiais e

equipamentos necessários para realizarem seu trabalho e por fim, o estresse que sofrem ao

exercerem seu trabalho.

Segundo Walton (1973, p. 13),

É amplamente aceito em nossa sociedade que os trabalhadores não devem ser

expostos a condições físicas ou a arranjos de horários que sejam

excessivamente perigosos ou prejudiciais para sua saúde. A legislação, a ação

sindical e a preocupação do empregador resultam em padrões crescentes de

condições de trabalho satisfatórias.

Conforme as respostas dadas, 9 dos jovens entrevistados disseram que as condições de trabalho

de uma maneira geral, incluindo cada um desses subcritérios aqui considerados, eram boas ou

ainda melhores do que a média, exceto Adhara, que teceu apenas elogios a jornada de trabalho,

que no seu caso é de apenas 6 horas e 20 minutos, permitindo-lhe tempo entre o trabalho e a

faculdade para realizar outras atividades de seu interesse. Fora isso, todos os demais subcritérios

relacionados às condições de trabalho foram vistos como negativos por ela, a saber: o ambiente

de trabalho, onde há muito barulho e com o aparelho do ar-condicionado central regulado de

maneira a ficar muito frio para a maioria; equipamentos que vivem quebrando prejudicando o

trabalho e as metas a serem cumpridas; a ausência de uma área de lazer e/ou de conforto para

os momentos de descanso/ intervalo e ausência de uma lanchonete onde pudessem comprar

lanches, já que não há nenhum lugar próximo à empresa onde possam comprar um lanche

quando não levam de casa.

Ainda segundo Adhara:

“Eu acho que já é muito ruim você já estar num ambiente que ele lhe frustra de certa forma...

ele é meio estressante, e aí quando você tem aquele momento, né(?), de liberdade, você vai para

o seu intervalo, então a copa ela é toda sem graça, as paredes, todas brancas [...] só tem lá o

micro-ondas e a pia...”

Como Walton (1973, p. 13) já afirmava “é possível que, no futuro, serão impostas normas mais

rigorosas onde a saúde será uma questão menor que o conforto; o objetivo será

minimizar odores, ruídos ou moléstias visuais.” E mais que isso, proporcionar ambientes que

não só contribuam para a saúde do funcionário, mas sejam também agradáveis e prazerosos.

A exemplo disso, temos a fala de Nash:

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“Aí fizeram também uma parte lá em cima do lado da copa, que reformaram, e tem uma cantina

que você pode pegar comida, pode pegar lanche e você pode pagar na hora... antigamente era

com dinheiro, ficava aberta a gaveta com dinheiro lá, você via lá, pegava o dinheiro e deixava

o dinheiro lá, pegava a comida e o troco. Você mesmo administrava, tinha essa confiança, agora

com cartão também, aceita o vale refeição da gente, você mesmo passa na maquininha.”

O que Nash não chegou a dizer que foi observado pela pesquisadora durante sua visita à

empresa, é que a copa a que ele faz referência é não só muito bonita e agradável de se estar

como também muito bem equipada, com grandes geladeiras duplex, micro-ondas, máquinas de

bebidas quentes (cafés, cappuccinos e chocolates) e várias mesas e cadeiras de estilos diferentes

como se fosse um bar ou um restaurante e ao lado dela, a pequena mercearia a que Nash se

referiu, com salgados e doces, mais um freezer com bebidas geladas, incluindo cerveja (que

eles permitem que se beba no trabalho), sanduiches naturais prontos, sobremesas, saladas de

frutas, e um outro freezer com sorvetes; senão bastasse isso, essa copa é aberta para um

ambiente em que há sofás para que se possam acomodar nos momentos livres e uma mesa de

sinuca em que se vê grupos jogando em intervalos que eles próprios administram. Talvez Nash

não tenha se referido a esses detalhes, pois esse foi seu primeiro emprego e depois de alguns

anos, ele está já bem acostumado a essa realidade bem diferente da maioria das empresas.

Obviamente que não se quer com o exemplo de Nash estabelecer parâmetros de como

ambientes assim devem ser, pois são empresas totalmente diferentes e com culturas

organizacionais diferentes, mas uma copa mais equipada e arrumada e uma área agradável de

descanso já seriam muito bem recebidas pelos funcionários na empresa de Adhara, bastando

às vezes muito pouco para agradar ou pelo menos, não tanto como no exemplo da empresa de

Nash, afinal as empresas dos demais entrevistados também não oferecem essas mesmas coisas

e ainda assim foram bem avaliadas.

Já no aspecto do estresse, Adhara, Vega e Atria disseram trabalhar em um nível alto de estresse

seja pelas metas que têm que alcançar, como no caso das duas primeiras, seja pela pressão por

ter que consertar as máquinas na linha de produção na frente de todos e ainda ouvir piadinhas

e brincadeiras, quando precisa se concentrar, como no caso da última. Polaris também disse

trabalhar com certo estresse, mas no caso dela esse estresse não é causado por superiores ou

colegas e sim, pelas crianças com as quais trabalha e que são sempre grandes desafios pela falta

de interesse que demonstram na maioria das vezes em aprender.

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De qualquer forma, é interessante registrar que Antares e Orion trabalham sem estresse em

suas funções atuais, mas ainda na mesma empresa, Antares que já exerceu o cargo de

coordenadora acadêmica disse que sofreu bastante com o estresse e decidiu deixar a

coordenação após dois anos, em busca de mais qualidade de vida; já Orion, disse que sofreu

com o estresse tanto quando começou a trabalhar na empresa em que está, porém em outra

função, como telemarketing, e depois, no início do setor em que está hoje, pois como era um

setor novo, precisou haver uma série de ajustes, mas a gestão ouviu as necessidades e fez tais

ajustes, o que acabou com o estresse inicial.

d) 3ª dimensão de Walton (1973) – Oportunidades imediatas para desenvolver e usar as

capacidades humanas (perguntas 5, 6 e 7 da entrevista)

A 3ª dimensão de Walton (1973), está intimamente relacionada aos estados psicológicos

fundamentais, relatados por Hackman e Oldham (1980): o de “responsabilidade”, ligado à

autonomia e o de “conhecimento dos resultados”, ligado ao feedback do trabalho (ambos

levantados na entrevista pela pergunta 5); e o estado psicológico fundamental, de “significado”,

relacionado à variedade e identidade da tarefa (pergunta 6) e ao significado da tarefa (pergunta

7). Esse é o modelo que diz que há 5 características centrais no trabalho que geram tais estados

psicológicos fundamentais e que “sob as condições certas, os funcionários se sentem mais

motivados e satisfeitos quando os trabalhos têm níveis mais altos dessas características” (MC

SHANE; VON GLINOW, 2013). E de fato, foi o que se observou nas respostas a essas

perguntas, embora deva-se compreender que a organização do trabalho não necessariamente

aumenta a motivação para o trabalho em todas as pessoas e em qualquer situação, pois:

Os funcionários precisam ter as habilidades e o conhecimento necessários para

dominar o trabalho mais difícil. Se não for assim, a organização do trabalho

tende a aumentar o estresse e a diminuir o desempenho profissional. O modelo

original também sugere que aumentar o potencial de motivação do trabalho

não motivará os funcionários que estão insatisfeitos com seu contexto de

trabalho (como condições de trabalho ou segurança no emprego) ou que têm

uma baixa necessidade de crescimento. No entanto, as constatações da

pesquisa têm sido mistas, sugerindo que os funcionários poderiam ser

motivados pela forma de organização do trabalho independentemente de como

se sintam a respeito do seu contexto de trabalho ou da intensidade das suas

necessidades de crescimento (CHAMPOUX, 1991).

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60

Por exemplo, a quinta pergunta teve o objetivo de investigar parte da terceira dimensão –

Oportunidades imediatas para desenvolver e usar as capacidades humanas - segundo

Walton (1973), parte dessa dimensão diz respeito à autonomia e conforme Fernandes (1996)

completa, diz respeito também à retroinformação, ou em outras palavras, ao processo de

feedback, assim a pergunta era para que cada um deles pudesse falar se tem autonomia para

realizar seu trabalho e se recebe feedback sobre seu desempenho de forma a poder

melhorá-lo.

Em relação a ter autonomia, isto é, liberdade para realizarem seus trabalhos, apenas Adhara,

Vega e Ankaa reclamaram desse ponto. A primeira, Adhara, por trabalhar como operadora de

telemarketing receptivo e, portanto, tem que seguir à risca os scripts impostos a ela. A segunda,

Vega, trabalha em um banco e, também tem dificuldade com essa questão da autonomia, pois

por lidarem com o dinheiro alheio precisam seguir uma série de normas para segurança do

cliente e precaução deles, mas aparentemente ela própria sente que é uma segurança para eles

essas normas, então não fala disso como um aspecto negativo. Já Ankaa, como trabalha em

uma multinacional, com várias filiais aqui, mas com a matriz de certas áreas, como a de recursos

humanos e departamento pessoal, alocadas em outra capital, diz sentir terem cada vez menos

autonomia nesse setor nesta filial, pois estão centralizando ainda mais alguns serviços diretos

aos funcionários por telefone e e-mail com essa central, fazendo o trabalho dos funcionários

daqui ficar mais e mais limitado e tornando-os apenas repassadores de informações.

Percebe-se de um modo geral o quanto é significativo para esses jovens não terem autonomia,

como diz Adhara:

“muitas vezes pra ajudar um cliente em determinado problema a gente tem que sair desse padrão

[...] pra resolver o problema do cliente. Porque o padrão não vai resolver, eu sei que não vai

resolver[...]”

Ou Ankaa, tentando justificar, mas revelando sua frustração por não poder ir além na área que

escolheu:

“[...] a gente é um grupo grande né? Então as coisas vêm muito de cima, de cima pra baixo [...]”

A relevância da autonomia para esses jovens trabalhadores não só é percebida pela frustração

demonstrada por aqueles que não a possuem, como pela satisfação daqueles que a tem, já que:

Os trabalhos com níveis elevados de autonomia proporcionam liberdade,

independência e arbítrio na programação do trabalho e na determinação dos

procedimentos a serem empregados para concluir o trabalho. Nos trabalhos

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autônomos, os funcionários tomam suas próprias decisões em vez de se

basearem em instruções detalhadas de supervisores ou manuais de

procedimento (MC SHANE; VON GLINOW, 2013, p.110).

Assim como esses jovens demonstraram que é fundamental se sentirem, no mínimo, ouvidos;

terem suas opiniões levadas em consideração pelos demais, como tão bem explícito na fala de

Mizar:

“[...]eu sou trainee ainda, claro que minha opinião pode não ser a melhor, mas eles sempre

perguntam, sempre tentam incluir...”

Já em relação a processos de feedback, apenas Orion e Atria disseram não receber nenhum

tipo de feedback, Orion disse que embora tenha autonomia para trabalhar e se sinta ouvido e

respeitado pelo seu gestor que o inclui em tudo, diz que o mesmo nesse aspecto é muito fechado,

não dando nenhum tipo de feedback. Já Atria atribui à completa ausência de sua gestora (como

ela explica em sua entrevista) tanto a autonomia que tem como também o fato de não receber

feedback nunca. Sua fala traduz bem o sentimento dos dois, dela e de Orion:

“Não existe feedback, mesmo negativo. Não há. Nem onde eu estou errando, onde eu preciso

melhorar. Horrível, porque assim, mesmo eu tentando, sabendo que eu tô acertando algumas

coisas, mesmo assim eu acho que eu precisaria disso. Acho que é importante, pra crescer.”

Quanto aos demais, que recebem feedbacks, ficou claro pelas suas falas o quanto valorizam isso

para que possam se desenvolver mais e melhor, seja através dos feedbacks formais ou dos

informais, que acontecem constantemente e foram tão valorizados nas falas de Nash e Mizar,

especificamente esta última disse:

“[...] os informais são mais legais porque não tem que escrever aquele negócio todo, o pessoal

chega e fala, tem constantemente.”

Um feedback eficaz motiva quando é construtivo; específico e relevante (quanto a métricas ou

comportamentos específicos); oportuno (o mais próximo possível da ocorrência, para que um

seja associado ao outro); digno de confiança (vindos de fontes confiáveis) e deve ser também,

suficientemente frequente, o que vai depender da experiência do funcionário e do conhecimento

da tarefa em questão (maior ou menor) e do tempo de ciclo do trabalho (mais longo ou menos

longo), o que fará com que os feedbacks ocorram com menor ou maior frequência,

respectivamente (MC SHANE; VON GLINOW, 2013).

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A sexta pergunta complementa a anterior, pois questiona sobre mais uma parte da terceira

dimensão – Oportunidades imediatas para desenvolver e usar as capacidades humanas -

do modelo de QVT de Walton (1973), porém desta vez, referente às múltiplas habilidades, A

pergunta em questão era para cada um dos jovens entrevistados pudesse falar se consegue

colocar em prática e desenvolver várias de suas aptidões e habilidades em seu trabalho

atual.

Interessante notar pelas respostas dadas que justamente as únicas duas pessoas que disseram

não poder desenvolver e nem usar uma múltipla gama de habilidades em seus trabalhos, foram

as mesmas que também já haviam dito não ter autonomia, Adhara e Ankaa. Vendo a ausência

de ambas, autonomia e uso de múltiplas habilidades, como muito negativas, o que fica claro em

suas respostas.

Já os outros 8 jovens, novamente repetem o prazer com que disseram ter autonomia ao falar

que também podem usar uma multiplicidade de habilidades em seus trabalhos, a maioria

chamando a atenção para o quanto puderam aprender boa parte delas na empresa em que estão,

e fazendo o que fazem, na prática e o quanto se sentem bem com isso. Apenas Vega, que havia

dito que não tinha autonomia (mas resignada que em sua área precisa ser dessa forma),

demonstrou bastante satisfação por ter sido recentemente promovida, e por poder estar

aprendendo coisas novas, após 5 anos na mesma área.

A sétima pergunta fecha a terceira dimensão – Oportunidades imediatas para desenvolver e

usar as capacidades humanas - do modelo de QVT de Walton (1973), referindo-se à

relevância do trabalho, que conforme Fernandes (1996) diz respeito à importância do trabalho

tanto para a pessoa como para outras pessoas e para a empresa. A pergunta era para que cada

um deles pudesse falar qual a relevância desse trabalho para si mesmo, para os outros e

para a empresa.

Em relação a esse subcritério da terceira dimensão, relevância do trabalho, há uma questão bem

interessante a notar nas respostas. Não importa o que façam e em que condições façam, como

alguns que reclamaram de vários pontos, todos eles, isto é, 100% deles reconhecem sua própria

importância, a importância do seu trabalho para si mesmo e para a empresa, de maneira

inequívoca. De todos os subcritérios, este está entre os dois únicos que geraram respostas

unânimes.

|Todos se mostraram muito orgulhosos inclusive, ao falar da importância de seus trabalhos,

tanto quando se trata de um trabalho que não gostam, como no caso de Adhara, operadora de

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telemarketing, quando se trata de fazerem o que amam, como no caso de Mizar, engenheira de

software. Sentindo-se imprescindíveis, como diz Electra, analista de compras:

“[...] o fluxo daquilo dali, acontece melhor, quando eu tô.”

Ou com uma visão muito além de si e da empresa, voltada para a sociedade, como no caso de

Antares, professora de inglês:

“Acho que tem uma relevância fundamental pra transformação do mundo, pra que as pessoas

possam ser pessoas melhores, possam enxergar coisas melhores na vida, possam almejar

crescimento de vida. Então eu acho que é de fundamental importância o que eu faço hoje.”

e) 4ª dimensão de Walton (1973) – Oportunidade futura para crescimento contínuo

(perguntas 8, 9 e 10 da entrevista)

A oitava pergunta está relacionada à uma parte da quarta dimensão – Oportunidade futura

para crescimento contínuo – do modelo de QVT de Walton (1973), relacionada ao

treinamento e desenvolvimento pessoal e profissional. Dessa forma, a pergunta era para que

eles pudessem falar se a empresa possibilita de alguma maneira seu desenvolvimento

pessoal e profissional através de cursos e treinamentos. Sendo estimulados a refletir se a

empresa investe apenas em treinamentos que visam a função atual ou também cursos e

formações que visam o desenvolvimento atual e futuro.

No quesito treinamento e desenvolvimento de pessoas, conforme visto nas respostas, a grande

maioria desses jovens disse receber treinamentos e formações, considerando que Ankaa,

embora tenha possibilidade de formação acadêmica pela sua empresa, praticamente de graça, o

que acha excelente, registrou apenas não terem treinamentos. Já Adhara disse o oposto,

recebem apenas treinamentos específicos e jamais formação ou cursos que visem seu

desenvolvimento e crescimento futuros. Apenas Atria disse não receber nenhum dos dois.

Todos os demais disseram receber e pelas suas falas, demonstram total interesse em participar.

A nona pergunta está relacionada à outra parte da quarta dimensão – Oportunidade futura

para crescimento contínuo – do modelo de QVT de Walton (1973), ligada à possibilidade de

carreira na empresa. A pergunta era para que cada um deles pudesse falar se vê possibilidade

de fazer carreira na empresa. Nesse caso, os entrevistados eram levados a refletir se a

empresa realiza ou não o recrutamento interno e se dá oportunidades de fazerem carreira nela.

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Nesta questão, há várias observações interessantes a serem feitas. Primeiramente, embora a

empresa de Adhara dê a possibilidade de se fazer carreira lá, a mesma não se vê crescendo

internamente, embora desejasse mais como um desafio a si mesma, pois para poder participar

das seleções internas a pessoa tem que vir batendo suas metas há um determinado tampo antes

de que ocorram essas seleções (o que ninguém sabe quando será) e ela questionou (durante a

entrevista), como se motivar para bater essas metas com as condições de trabalho em que eles

atuam e sem nunca ganhar um centavo a mais pelo atingimento de metas? Polaris, embora de

uma maneira geral esteja satisfeita com a empresa, disse não haver possibilidade, devido a se

tratar de um projeto de um instituto, não vê como possibilidade, principalmente quando

compara com o plano de cargos que seus colegas professores da escola pública onde ela atua

com o projeto, tem. A Atria disse que embora ache que a unidade ainda vá crescer muito, não

vê muita possibilidade, pois a gestão dessa unidade não valoriza o recrutamento e seleção

internos, dando mais oportunidades a profissionais que vem de fora da empresa.

Os demais, vêm possibilidade de crescimento, se não através de crescimento vertical

(aumentando o nível hierárquico na empresa), com o crescimento horizontal (mantendo o cargo,

mas mudando de nível), como no caso de Nash e Antares. Afinal, nem todos almejam cargos

de gestão, querendo continuar a atuar como técnicos em suas áreas. Nash diz:

“Mas eu não sei se tem como eu crescer muito assim, no que eu faço [...] Tem como você ganhar

mais reconhecimento, mas de cargo, não sei. Com pós-graduação, mestrado, doutorado, aí tem

como crescer mais.”

E Antares:

“Sinceramente eu não me vejo aqui em um plano de carreira não, gerindo, sendo gestora, não.

[...] Mas eu quero sim, crescer na minha profissão, quero sim continuar investindo em mim, na

minha formação, também na minha cultura de mundo [...]”

Já os que almejam cargos de gestão como Mizar, mostraram-se motivados com a perspectiva,

disse ela:

“Vejo sim, com certeza, quero subir umas escadinhas, gerência do fututo...”

Enquanto Orion, embora tenha interesse e seu chefe tem se mostrado forte incentivador, não

quer no momento, pois sabe que não terá a mesma tranquilidade que tem na função que exerce

hoje, e como começou recentemente seu curso superior, quer poder investir mais nele para

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depois então crescer profissionalmente, assim tem tempo para estudar e se dedicar à sua

formação.

Porém, o mais interessante é a análise que se pode fazer das respostas de Electra e de Nash,

em outra parte de sua resposta, ainda não comentada. Electra que trabalha numa microempresa,

uma representação de produtos para cabelereiros, consegue enxergar nos relacionamentos que

estabelece através de seu trabalho, seu network, a sua grande possibilidade de crescimento no

futuro, pois já teve convites e vê nessa possibilidade de ir para uma empresa maior, sua chance

de crescimento.

Enquanto Nash, que demonstra extrema satisfação com sua empresa, ao longo de toda a

entrevista, revela uma preocupação:

“Sim, assim, como eu estou aqui há 8 anos, fico pensando não vou ficar aqui 15

anos...(risos)...Tem gente que está há muito tempo... Eu não sei. [...]”

A inquietude de pensar em mudar, mesmo sendo uma ótima empresa, o que será melhor

comentado, mais adiante, no próximo subcapítulo sobre análise de conteúdo sob a perspectiva

do jovem de hoje.

De qualquer forma, todas as respostas estão em sintonia com o fato de que hoje precisamos

reconhecer que há diferentes planos de carreira.

Os sistemas de desenvolvimento e planejamento de carreira eram,

basicamente, voltados para promoções. Entretanto, nas organizações com

ambiente de trabalho mais dinâmico e pirâmides hierárquicas achatadas, a

carreira de um indivíduo evolui seguindo varias trajetórias diferentes como

promoções, transferências (alocações), rebaixamento do cargo e até mesmo

saída (BOHLANDER; SNELL, 2015).

A décima pergunta conclui a quarta dimensão – Oportunidade futura para crescimento

contínuo – do modelo de QVT de Walton (1973), e diz respeito à segurança no cargo. A

pergunta era para cada um desses jovens falar se mesmo não tendo estabilidade como em um

emprego público, se sente certa segurança quanto ao seu emprego.

À essa pergunta, a grande maioria respondeu que sim, 7 entre os 10 jovens. Embora trabalhem

em empresas privadas, sentem-se seguros de uma maneira geral, seja pelo próprio trabalho que

desenvolvem, como no caso de Electra; seja por conta dos feedbacks que recebe, que para

Antares são como que uma “garantia” de que se está seguindo no caminho certo, não será

demitida; ou ainda como Orion, que além do trabalho que desenvolve, acredita na

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impossibilidade de ser demitido devido a amizade que tem com o gerente dele. Aqui, nenhum

deles pensa em outras variáveis que podem levar a uma demissão e que não estão

necessariamente relacionadas ao trabalho ou à pessoa em si, mas a circunstâncias, dificuldades

econômicas, mudanças e etc.

Por outro lado, Adhara, Vega e Atria dizem não se sentir minimamente seguras, a primeira

devido a se sentir mais um número entre tantos e a sempre haver um alto índice de turnover

(rotatividade) nessa área de telemarketing; a segunda, devido às metas que agora como

assistente de gerente no banco, terá que bater e a última, devido à baixa intolerância para erros

por parte da empresa, embora por outras respostas, se saiba que não só não oferecem

treinamentos, ao menos na área em que está; como não dão feedbacks, ao menos o seu gestor,

deixando o colaborador inseguro.

f) 5ª dimensão de Walton (1973) – Integração social na organização (perguntas 11 e 12

da entrevista)

Nessa dimensão de Walton (1973) fala-se sobre a igualdade de oportunidades de trabalho, que

envolve diversos tipos de discriminação que influenciam diretamente essas oportunidades e que

são mais fáceis de se averiguar a experiência relativa a isso, por parte dos entrevistados. A

discriminação pode-se dar na forma de ações e/ ou palavras que denotem tratamento desigual

ou injusto dado a uma pessoa ou grupo, com base em preconceitos de quaisquer ordem, seja o

assédio sexual, sejam as outras mais diversas formas de discriminação ligadas à orientação

sexual ou gênero; imigração; aparência (peso, raça, cabelo,...), religião ou qualquer outro

motivo.

Assim, a 11ª pergunta está relacionada à parte da quinta dimensão – Integração social na

organização – do modelo de QVT de Walton (1973), e diz respeito ao preconceito. A pergunta

era para que cada um desses jovens pudesse falar se sente que já houve ou há algum tipo de

preconceito em seu trabalho em relação a si mesmo, por parte da empresa, dos superiores

e/ou dos colegas. Aqui segundo Walton (1973, p. 15), tem a ver com “aceitação do trabalhador

por traços, habilidades e potencialidades relacionadas ao trabalho, independentemente da raça,

sexo, credo e origem nacional, ou aos estilos de vida e aparência física.”

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O jovem nessa pergunta era direcionado a refletir se já sofreu preconceito de qualquer tipo (seja

por raça, gênero, orientação sexual, religião, origem, condições econômicas, estilo de vida,

aparência, idade ou qualquer outro motivo que pudesse não só negar-lhe igualdade de

oportunidades, como lhe diferenciar em direitos e/ou deveres, o que não deve ocorrer; ou

simplesmente lhe desrespeitando como pessoa ou profissional.

Essa pergunta de extrema importância traz respostas muito significativas infelizmente, no que

diz respeito ao preconceito. Antes de mais nada, é importante frisar que ao ser formulada a

pergunta, já se dava exemplos de possíveis tipos de preconceito possíveis de acontecer, dos

mais comuns aos nem tanto, sabendo-se que qualquer característica, estilo de vida ou

comportamento podem ser alvos do preconceito de outras pessoas.

Primeiramente, os que disseram nunca ter sofrido preconceito de qualquer tipo em suas

empresas, como o próprio Orion disse:

“Se foi velado, não sei. Mas eu nunca senti isso.”

Adhara, Polaris, Nash, Antares e o já citado Orion. Adhara justifica dizendo que a grande

maioria dos que ali trabalham são jovens e a diversidade é tão presente em seu ambiente de

trabalho que seria praticamente impossível ou no mínimo contraproducente, alguém tentar

levantar o preconceito.

Ankaa deu uma resposta inesperada, disse que o preconceito que sofre é por ser da área de

recursos humanos o que faz seus colegas lhe verem de maneira “diferente”, exigindo dela um

comportamento diferenciado, como ela disse entre risos, ouve muito frases do tipo:

“[...] a menina do RH, hem?! O RH pode fazer isso?”

Já Electra, Mizar, Vega e Atria de maneiras diferentes registraram todas já terem sofrido ou

ainda sofrerem preconceito por serem: mulheres! Do mais leve, que não vem em forma de

maldade, mas que com boa intenção, provoca a distinção pelo gênero, ao pior, por achar que

sendo mulher não terá competência para atuar em uma área reconhecidamente masculina até

então.

Electra fala desse preconceito mais leve, brinca enquanto fala, ri, mas sente incômodo pelas

diferenças geradas simplesmente pelo gênero. Fala o quanto mesmo no ambiente de trabalho,

algumas atividades ainda são consideradas trabalhos femininos, por estarem de alguma forma

relacionados ao trabalho de casa. Em sua entrevista completa, ela explica como exemplo, um

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episódio que ocorreu, em que na empresa haviam acabado os copos descartáveis, ao se ligar

para um dos rapazes que estava na rua, ele logo sugeriu – “Não é melhor pedir a ‘fulaninha’,

ela entende mais...” Entender mais de copos descartáveis? Só porque é mulher? Esse fenômeno

é chamado de “serviço doméstico do escritório”, segundo a professora de Harvard, Rosabeth

Moss Kanter (GRANT; SANDBERG, 2015). Na fala de Electra registrada no quadro acima,

podemos ver outros exemplos, ainda leves ou que geram até mesmo vantagens para quem sofre

o preconceito, porém, incomodam a jovem da mesma maneira.

Quanto a Mizar, devemos lembrar que a mesma fez Ciência da Computação e é engenheira de

software, entrou na empresa de tecnologia onde grande parte dos funcionários ainda é do sexo

masculino, ela disse ter sentido no início, logo no comecinho, mas não sabe precisar exatamente

se era por ser novata na área ou mulher, mas teve que lidar com algumas brincadeirinhas chatas,

algo que não acontece mais. Tanto que assim como Nash, ela respondeu todas as perguntas de

maneira positiva, demonstrou e relatou grande satisfação com a empresa e com as pessoas com

quem trabalha.

Vega embora trabalhe em um banco, em que há pessoas de ambos os sexos nas mais variadas

funções, diz ter sofrido preconceito por ser mulher quando no passado assumiu como

supervisora administrativa, o gestor ficou questionando se ela aguentaria mexer com máquina,

lidar com o pesado... Também disse que de uma maneira geral as mulheres sofrem uma pressão

muito grande no banco para se vestirem bem e estarem maquiadas, o vestir-se bem rende ainda

alguns constrangimentos por diferenças de opiniões entre funcionárias e gestores, já que não há

fardamento.

E por último, Atria, que tem formação técnica em automação industrial e trabalha nessa área,

hoje ela faz engenharia elétrica, ambas áreas ainda predominantemente masculinas. Atria diz

que em seu outro trabalho, embora também fosse a única mulher, não sofria preconceito por

parte de sua equipe, mas de outros profissionais com quem tinha que lidar no dia a dia da

fábrica. Já na empresa atual, ela diz sofrer preconceito por parte de sua própria equipe de

colegas, que exceto por ela, é formada apenas por homens. O caso de Atria é mais sério, por

ser constante, desde que ela entrou:

“[...] tanto que quando eu passei no processo seletivo, depois que eu descobri, que o boato é

que eu entrei porque o gerente queria me pegar. Então assim, a gente sempre sofre porque nunca

dão credibilidade a tua capacidade, principalmente se você for um pouquinho mais bonitinha.”

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O preconceito faz com que ela tenha que trabalhar ouvindo gracinhas, assédios de

“brincadeirinha” (ela ironiza fazendo o gesto de aspas com as mãos) e engolindo sapos. O que

é inadmissível em pleno século XXI e em uma grande empresa.

A 12ª pergunta complementa a quinta dimensão – Integração social na organização – do

modelo de QVT de Walton (1973), e diz respeito ao relacionamento interpessoal. A pergunta

era para cada um desses jovens falar como é o relacionamento entre as pessoas em sua

empresa. Nesse ponto o jovem deveria pensar sobre o relacionamento com sua equipe, colegas

e superiores, dentro do seu próprio setor ou entre setores diferentes, o relacionamento como um

todo.

As respostas fornecidas para essa questão foram em sua grande maioria, 80%, positivas, aliás

muito positivas. Esses 8 jovens mostraram pelas suas falas o quanto se sentem bem acolhidos,

o quanto esse bom relacionamento interpessoal é importante para eles, o quanto isso faz

diferença no dia a dia. Em algumas falas vemos os termos “amigos” e “segunda família” para

se referir aos colegas de trabalho. Até mesmo Adhara que tem tantos motivos de insatisfação

com sua empresa e trabalho, reforçou sobre esse bom relacionamento ao longo de várias

questões, revelando o quanto isso é importante e o quanto a ajuda a encarar as dificuldades no

trabalho.

Electra chegou a compartilhar com muitos detalhes uma difícil fase que passou em sua vida

(uma pequena parte da sua fala está registrada no quadro acima) e o quanto o apoio do seu chefe

(que é o proprietário da empresa) fez toda a diferença para que ela se recuperasse e não perdesse

o emprego, crescendo e ajudando a empresa a crescer desde então.

Mizar volta a reforçar toda a satisfação que demonstrou em suas respostas como um todo,

exceto na que falava sobre preconceito:

“Como eu já havia falado, aqui todo mundo fala com todo mundo, não tem essa de segregação...

o relacionamento é muito legal, acho fantástico... todo mundo ajuda o outro, incentiva... nada

de competitividade. Todo mundo acolhedor, comigo foi assim... é como se cada pessoa fosse

igual a outra, nunca vi nenhuma diferença...acho muito bacana.”

Nessa sua fala, imagina-se então que realmente o fato ocorrido em relação a preconceito tenha

sido algo muito pontual e que logo passou, pois é isso que demonstra todas as outras respostas

dela.

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Quanto às respostas que demostraram mais insatisfação quanto ao relacionamento interpessoal

foram as de Vega e de Atria, como já era esperado, diante das respostas anteriores. Vega faz

referência a grande competitividade que há na sua empresa e Atria reforçou o quanto não tem

apoio de sua equipe, nem mesmo o mínimo de bom relacionamento interpessoal entre colegas.

g) 6ª dimensão de Walton (1973) – Constitucionalismo na organização (pergunta 13 da

entrevista)

A 13ª pergunta engloba a sexta dimensão – Constitucionalismo na organização – do modelo

de QVT de Walton (1973), e diz respeito aos direitos pessoais e trabalhistas. A pergunta era

para cada um desses jovens falar se sente que em seu trabalho respeitam seus direitos tanto

pessoais quanto trabalhistas. Através dessa pergunta o jovem era convidado a refletir se tantos

os seus direitos enquanto pessoa, quanto os seus direitos trabalhistas são respeitados. Como

pessoa, o direito de liberdade de expressão, isto é, se ele sente ter na empresa abertura para

falar, ou se ele sofre retaliações quando expõe suas opiniões e ideias, como diz Fernandes

(1996). Como profissional, se acredita que a empresa cumpre com todos os deveres perante a

lei em relação ao seu emprego.

Quanto a respeitar os direitos pessoais e profissionais, como a liberdade de expressão e todos

os direitos trabalhistas, houve 80% de respostas positivas para liberdade de expressão e,

também para o cumprimento dos direitos trabalhistas por parte das organizações, porém com

uma pequena diferença. Isto é, os que responderam que não tem liberdade de expressão foram

Adhara e Atria. E os que responderam que sua empresa não cumpre com todos os direitos

trabalhistas foram Adhara novamente e Electra.

Dessa forma, para Adhara nem há liberdade de expressão, ao menos junto à chefia e nem

cumprem todos os direitos trabalhistas. Enquanto para Atria, cumprem todos os direitos, mas

em relação à liberdade de expressão, eles reprimem. Em sua entrevista completa ela narra um

episódio em que após uma pesquisa de clima, aqueles que responderam que estavam se sentindo

desmotivados, embora não pudessem ser identificados, foram criticados em uma reunião com

todos, na qual a chefia disse que esses deveriam ir embora da empresa. Não houve interesse em

momento nenhum em saber o motivo ou em se conversar sobre o porquê.

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Já no caso de Electra, a mesma tem muita liberdade de expressão e de uma maneira geral suas

respostas foram muito positivas em relação à sua empresa e trabalho, porém em relação aos

direitos trabalhistas, ela disse que o proprietário-diretor da empresa é estrangeiro e acha um

absurdo os impostos e demais valores que se paga aqui no Brasil e por não concordar, resiste

em pagar, só paga quando lembrado por ela, mas de qualquer forma, mesmo quando paga o

INSS ou deposita o FGTS por exemplo, não desconta dos funcionários.

h) 7ª dimensão de Walton (1973) – Trabalho e espaço total na vida (pergunta 14 da

entrevista)

A 14ª pergunta está relacionada à sétima dimensão – Trabalho e espaço total na vida – do

modelo de QVT de Walton (1973), e diz respeito ao equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. A

pergunta era para que cada um desses jovens pudesse falar que seu trabalho permite haver

maior equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Foi-lhes perguntado também se há alguma

flexibilidade em seus horários que lhe ajuda a manter esse equilíbrio. Segundo Walton (1973,

p. 16), “A experiência de trabalho de um indivíduo pode ter efeitos positivos ou negativos em

outras esferas de sua vida, como suas relações com sua família. Períodos prolongados de

horas extras de trabalho podem ter um efeito sério na vida familiar.”

Essa foi a segunda e última pergunta que gerou apenas respostas positivas. Todos disseram que

conseguem equilibrar sua vida profissional com a vida pessoal. Mas nem sempre foi assim,

alguns em suas entrevistas, disseram que já viveram outras situações. Como no caso de

Antares, que foi durante dois anos coordenadora acadêmica e justamente por achar que estava

perdendo qualidade de vida, resolveu entregar o cargo e manter-se como professora. E ainda

como professora, fez a escolha de diminuir a carga-horária, também para obter mais qualidade

de vida, mesmo baixando seu salário, ganhou em vários sentidos. Como ela mesmo diz:

“[...] eu fiz uma autoanálise na minha vida, vi o que é prioridade pra mim...o trabalho é também

uma das prioridades, mas não é a maior prioridade na minha vida [...] Conheço muitos

profissionais da educação que são doentes, doentes mesmo e não é só corpo, com a mente

destruída, por não estar sabendo lidar com esse equilíbrio. Porque não tem esse equilíbrio,

emocional e de tudo, tudo [...]”

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Já em relação à flexibilidade de horários, apenas dois tem total flexibilidade, Nash e Mizar,

administrando o próprio banco de horas, essas podem ficar positivas ou negativas e eles vão

acertando conforme a necessidade.

Embora Electra, Veja, Ankaa e Orion não tenham essa flexibilidade, podem contar com ela

como exceção quando precisam, todos disseram contar com a compreensão e apoio de seus

gestores para se precisarem chegar mais tarde ou sair mais cedo para resolver algo importante.

Quanto à Adhara a flexibilidade vem pela possibilidade de quando precisar ou quando quiser,

poder trocar com um colega, em que cada um vai no horário do outro, a empresa permite essas

trocas e isso facilita a vida de todos.

Já Polaris e Antares não contam com essa flexibilidade devido à natureza de seus trabalhos,

ambas professoras, não tem como chegar mais tarde ou sair mais cedo sem que alguma turma

fique sem aula. E quanto a Atria, que trabalha em uma indústria fica um pouco mais difícil essa

flexibilidade, ainda mais no caso dela, frente as demais respostas dadas.

i) 8ª dimensão de Walton (1973) – Relevância social do trabalho (pergunta 15 da

entrevista)

A 15ª pergunta, por fim, teve o objetivo de investigar a oitava dimensão – Relevância social

do trabalho – a última e não menos importante dimensão de QVT para Walton (1973), assim

a pergunta era para cada um deles falar se sua empresa é socioambientalmente responsável

e se sente orgulho de trabalhar nela. Walton afirma:

Os papéis socialmente benéficos da organização empregadora e

os efeitos socialmente prejudiciais de suas atividades tornaram-se cada

vez mais questões importantes para os funcionários. [...] As organizações

que atuam de forma socialmente irresponsável irão fazer com que um

número crescente de funcionários deprecie o valor do trabalho e das

carreiras, o que, por sua vez, afeta a autoestima dos trabalhadores (1973,

p. 16).

Nessas respostas, podemos ver que 90% disseram que suas empresas têm algum tipo de

responsabilidade socioambiental, todos falaram um pouquinho sobre o que a empresa faz nessa

área, mas nenhum pareceu saber mais a fundo ou estar envolvido em algum projeto duradouro

e de forma regular. Apenas Adhara disse que sua empresa não fazia.

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Quanto a ter orgulho da empresa, todos disseram ter, menos Adhara e Atria como já era

previsível de acordo com as respostas dadas ao longo de toda a entrevista.

Adhara chega a afirmar que sente vergonha de trabalhar lá, como se estivesse fazendo algo

errado, perdendo tempo, fracassando. E Atria diz que sente orgulho de sua profissão e

complementa:

“Mas não estou me sentindo tão bem nesse ambiente. Tô tentando sobreviver. Orgulho da

empresa? Não, da empresa, não. É uma empresa de nome, tô aprendendo bastante com essas

dificuldades, além de lidar com as pessoas, de ouvir besteira que te coloca à prova, né? Apesar

disso tudo, você aprende muito. [...]”

4.3 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E JOVENS TRABALHADORES: UMA

ANÁLISE GERAL

Como já dito na fundamentação teórica, hoje a transição do jovem para a vida adulta se dá de

diversas maneiras diferentes para uma boa parte deles, deixando a linearidade vivenciada nas

gerações anteriores para uma trajetória não-linear nos dias atuais, como diz Caramano et al.

(2004). Essa não-linearidade é vista também como fragmentação das trajetórias com

reversibilidade de algumas escolhas e percursos de vida, onde jovens alternam “processos de

ida e vinda entre o sistema educativo e o mercado de trabalho, entre viver em casa própria e na

casa dos pais, ou ainda entre a conjugalidade e a vida de solteiros” (PAIS; CAIRNS;

PAPPÁMIKAIL, 2005), características da chamada “geração ioiô” na Europa.

Da mesma forma hoje identificam-se também os “adultos emergentes”, aqueles que prolongam

sua juventude ao prolongarem os estudos e a transição para a vida adulta propriamente dita,

mantendo-se muitas vezes, na casa dos pais até mais tarde como também adiando ou mesmo

não vivenciados outros marcos da vida adulta (ARNETT, 2013).

Outro termo relacionado a essa transição mais demorada e a esse prolongamento da juventude,

é o termo pós-adolescência usado primeiramente por Keniston (1968 apud BOIS-REYMOND,

1998). Vale notar que essa pós-adolescência, no final do século XIX e ainda nas primeiras

décadas do século XX, só era uma realidade para homens de classes mais altas que prolongavam

sua educação e formação até a terceira década de suas vidas, vivenciando uma série de

experiências sociais e sexuais até assumirem sua vida adulta, quando então formavam suas

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próprias famílias e tornavam-se independentes, ainda que naquela época, muitas vezes, devido

a heranças de família.

Outra pesquisadora que também fala sobre diferenças entre as trajetórias de vida dos jovens de

antes e os de hoje, é justamente Bois-Reymond (1998). Essa autora fala sobre as diferenças

entre a normal biography e a choice biography (termo introduzido por Beck, 1992), isto é, entre

a biografia normal de antes e a biografia de escolha dos dias atuais. Segundo ela, os jovens não

mais passam automaticamente para a vida adulta, como numa biografia normal, e sim, tentam

direcionar suas vidas e ao mesmo tempo se adaptar às mudanças constantes de seu ambiente,

principalmente neste caso, do mercado de trabalho. Esses jovens muitas vezes trabalham e

continuam estudando ao mesmo tempo em que precisam decidir questões pessoais. Essa

biografia de escolha é mais característica, assim como a idade adulta emergente e a pós-

adolescência, de jovens de países desenvolvidos ou de jovens de classe média e alta de países

em desenvolvimento ou emergentes. Essas biografias de escolha, como Bois-Reymond (1998,

p. 65) afirma:

[...] não são puramente baseadas na liberdade e na própria escolha, mas são

determinadas por um paradoxo típico da vida moderna: embora as sociedades

(ocidentais) ofereçam mais opções para escolher, as pessoas modernas

(jovens) são forçadas a refletir sobre as opções disponíveis e justificar suas

decisões. Eles também podem ficar frustrados porque percebem que há muitas

opções disponíveis; mas talvez eles não se sintam prontos para fazer uma boa

escolha, ou talvez eles gostariam de fazer uma escolha, mas são impedidos de

fazê-lo. É a tensão entre ‘opção/liberdade’ e ‘legitimação/coerção’ [...]”

A biografia de escolha também se caracteriza por uma maior necessidade de combinar trabalho

e lazer, vida pessoal e profissional, garantindo mais equilíbrio entre as duas. Os jovens atuais

não mais desejam se “matar” de trabalhar para mais tarde em idade mais madura ou quando se

aposentarem, poderem aproveitar, eles querem aproveitar desde já.

A frase que representa tão bem essa biografia de escolha, é como a autora diz: “Eu não quero

comprometer-me ainda” que revela o quanto os jovens de hoje querem poder experimentar

antes de se comprometerem com qualquer coisa, o que também é estendido para todas as áreas

das suas vidas (BOIS-REYMOND, 1998).

Analisando as entrevistas realizadas nesta pesquisa, é importante notar de que jovens estamos

falando para compreender melhor algumas de suas respostas.

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Pelos dados levantados desses jovens, eles se encaixam bem dentro desses conceitos aqui

retratados, o de trajetórias não-lineares, de adultos emergentes, pós-adolescência e ainda de

biografias de escolha.

Primeiramente o perfil dos jovens aqui entrevistados, todos no mínimo cursando o nível

superior, com alguns já tendo concluído o mesmo, outros cursando uma pós-graduação e outros

que também já concluíram uma pós-graduação. Jovens que estão prolongando seus estudos e

formação, que já trabalham, alguns ainda em trabalhos provisórios, temporários até que possam

trabalhar na área que escolheram, outra característica da biografia de escolha. Dos dez jovens

entrevistados, apenas 1 já casado, este com 28 anos, sexo feminino, mas ainda sem filhos.

Todos, portanto, adiando ao máximo a entrada na vida adulta ou negando-se a seguirem uma

biografia normal a assumirem a vida adulta na casa dos vinte anos, deixando para mais próximo

à casa dos trinta, em sintonia com a pós-adolescência ou a idade adulta emergente. Assim como

todos, exceto pela que já é casada, moram ainda com os pais/família, outra característica.

Além do mais algumas respostas dadas ao longo destas entrevistas denotam também algumas

perspectivas tão próprias desses jovens de hoje que viverão mais tempo em uma juventude

prolongada.

Quando foi perguntada sobre as condições de trabalho e depois sobre o equilíbrio entre vida

pessoal e profissional, Antares reforçou o que pudemos ver claramente nas respostas dos

demais, a importância de equilibrar vida pessoal e profissional de maneira a ter mais qualidade

de vida:

“[...] Eu já exerci essa função no ano retrasado de coordenação, no ano passado a gente mudou

de coordenação, eu decidi pela minha sanidade mental, né? Foi realmente uma escolha que eu

disse vou ter que fazer agora, ou eu tenho qualidade de vida ou sou jovem ainda e não posso

estar me estressando muito... [...] Então, agora posso dizer, nesses últimos 2 anos, sendo só

professora, estou mais tranquila, estou podendo fazer meu trabalho de forma mais leve, o que

eu gosto de fazer, aproveitando, me divertindo junto com as crianças também, aprendendo junto

com eles. Eu gosto de dar aula, eu gosto de liderar também, mas quando se dá condições para

isso, quando não se dá condições para isso, sobrecarregando o profissional, eu não acho isso

legal. [...]”

“[...] Eu optei, eu fiz uma opção de vida, na verdade, e optei por, reduzir um pouco, a minha

faixa salarial para ter mais qualidade de vida. [...] eu fiz uma autoanálise na minha vida, vi o

que é prioridade pra mim...o trabalho é também uma das prioridades, mas não é a maior

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prioridade na minha vida [...] Conheço muitos profissionais da educação que são doentes,

doentes mesmo e não é só corpo, com a mente destruída, por não estar sabendo lidar com esse

equilíbrio. Porque não tem esse equilíbrio, emocional e de tudo, tudo. Vejo profissionais,

amigos meus hoje, pra dar um exemplo, que emendam manhã, tarde e noite... adoeceu, por quê?

Porque não teve tempo de cuidar das outras áreas da vida...”

Pode-se observar pelas duas respostas uma preocupação que antes só veríamos provavelmente

em pessoas mais velhas, o jovem hoje preocupa-se desde já com essa qualidade de vida, e para

ele a qualidade de vida no trabalho não é só o que a empresa tem e lhe oferece no trabalho, mas

o que ela lhe permite fora do trabalho, inclusive, ter mais tempo para sua vida pessoal e outros

interesses.

Assim, da mesma forma, Orion que relatou que sua própria chefia tem demonstrado interesse

em apoiá-lo para uma promoção, quando perguntado sobre a possibilidade de fazer carreira na

empresa, disse:

“[...] não é algo que eu queira pro momento. O dinheiro que eu tô ganhando dá pra fazer minhas

coisas, dá pra pagar minha faculdade, pra ajudar minha mãe em casa, comprar as coisas que eu

quero, então por enquanto assim, eu não vejo nem questão de dinheiro, eu vejo questão de saúde

mental (risos), saúde mental, porque o estresse é muito grande, mas eles dão oportunidade de

você crescer.”

Ele, em sua entrevista completa, explicou que a promoção seria ele se tornar vendedor de fato,

não mais pela internet e sim, na concessionária, mas disse saber que embora ganharia muito

mais, haveria muito mais pressão e já não poderia sair no horário correto à noite, podendo

prejudicar seus estudos, o que ele no momento, não quer de forma alguma. Além de querer

manter sua sanidade mental, como ele mesmo diz.

Essas são respostas que exemplificam bem essa preocupação atual do jovem desde muito cedo

com a qualidade de vida no trabalho e mostra também, que o salário não é o maior determinante

de sua satisfação. Em ambos os casos acima, esses jovens preferem abrir mão de ganhar mais

e ter em contrapartida, mais qualidade de vida.

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Outro detalhe importante é que justamente essa pergunta, gerou 100% de respostas positivas,

mesmo de Adhara e Atria que foram as que se demonstraram mais insatisfeitas com suas

empresas ao longo de toda a entrevista. Tanto que Adhara, nessas mesmas duas perguntas,

ressaltou em suas respostas como algo altamente positivo em seu trabalho (considerado tão

insatisfatório de um modo geral por ela) a questão da carga-horária reduzida de 6 horas e 20

minutos pela manhã bem cedo, deixando-lhe tempo livre suficiente entre o trabalho e a

faculdade à noite para poder fazer o que quiser, inclusive outros cursos e estudar.

Quanto a essa questão de não querer se comprometer, própria dos pós-adolescentes ou adultos

emergentes atuais, podemos vislumbrar na resposta de Nash quando questionado sobre a

possibilidade de carreira na empresa, ele disse:

“Sim, assim, como eu estou aqui há 8 anos, fico pensando não vou ficar aqui 15

anos...(risos)...Tem gente que está há muito tempo... Eu não sei.”

Essa resposta seria bem comum, se já não houvessem sido registradas e comentadas suas outras

respostas, que demonstraram que o mesmo está totalmente satisfeito com sua empresa. Disse

por várias vezes que ela tinha e oferecia o que outras não, e mesmo assim, na hora de pensar

sobre carreira, lhe incomodou o fato de ter sido seu único emprego e estar há tanto tempo na

mesma empresa, mesmo ela sendo bem acima da média, simplesmente pelo fato de não ter

experimentado outras empresas. Assim é o jovem que se mantém jovem por mais tempo, não

só com o trabalho, mas em suas relações pessoais, em tudo.

Outro aspecto de bastante interesse provavelmente relacionado ao fato de serem todos jovens,

é o que responderam ao serem questionados sobre a relevância de seus trabalhos. Todos, sem

exceção, mesmo aqueles que não estão satisfeitos com seus trabalhos, valorizaram ao máximo

aquilo que fazem nas respostas que deram. Fato interessante, que por si só pode ser sugestivo

de pesquisas que explorem essa questão e possam trazer mais luz a esse fenômeno notado aqui

em pequena escala, quando consideramos o número absoluto de jovens entrevistados, mas com

uma grande significância, por ter sido uma resposta comum a 100% deles, incluindo os

insatisfeitos com o trabalho e/ou empresa.

A autonomia também foi muito valorizada na fala desses jovens, não como algo a ser

conquistado com muita experiência, mas a ser vivido desde já, tanto que os que sentem tê-la,

mostraram-se altamente satisfeitos com isso assim como aqueles que não a possuem,

mostraram-se altamente frustrados por não poder exercê-la.

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E por fim, três pontos relacionados entre si e notados como de alta relevância para esse público

foi tudo aquilo que remete de uma maneira ou de outra aos relacionamentos interpessoais. Isso

pode ser observado não só na pergunta em que se questionava diretamente como é o

relacionamento interpessoal na empresa, como nas perguntas sobre liberdade de expressão e

feedback. Sem contar que alguns fizeram ainda referência à importância de poder falar e de lhe

ouvirem atentamente, em respostas a outras perguntas que não tinham relação direta com essas

questões, dada a importância que eles demonstram em relação a isso. Pela forma com que cada

um dos jovens satisfeitos e insatisfeitos com o relacionamento interpessoal na empresa, falou

sobre tal tema, pode-se inserir a importância real desse quesito para esses jovens.

Assim, alguns pontos podem ser claramente interpretados como característicos de um novo

olhar que essa nova juventude hoje tem e de uma qualidade de vida no trabalho que precisa

estar atenta às mudanças que vêm ocorrendo no mundo para acompanhá-las de maneira

eficiente e eficaz.

Concluindo toda a análise e sintetizando todas as respostas positivas e apenas elas, a autora

criou um quadro em que considerou as 8 dimensões do modelo de Walton (1973) e organizou

seus subcritérios em um total de 20 (ver apêndice F), atribuindo a cada resposta positiva 1

ponto. Assim o mínimo de pontos possíveis seria “zero” e o máximo, 20 pontos, traduzindo

uma satisfação alta em relação à QVT.

Nesse quadro podemos observar que apenas 2 entrevistados pontuaram menos ou igual a 10

pontos, Adhara e Atria, que perfizeram 8 e 10 pontos respectivamente. Em sentido crescente,

logo depois vêm Polaris e Veja, ambos com 15 pontos seguidos por Ankaa com 16 pontos,

Electra e Antares com 17 pontos e Orion com 18 pontos. E como já era de se esperar, apenas

Nash e Mizar com 20 pontos cada um.

A pergunta que gerou respostas com menor índice de satisfação foi relativa a benefícios, da 1ª

dimensão do modelo de Walton (1973), com 50% de respostas positivas. Seguida pela pergunta

referente à ausência de estresse e à ausência de preconceito, cada uma delas com 60% das

respostas positivas.

Por outro lado, apenas duas perguntas geraram respostas 100% positivas: relevância do

trabalho, da 3ª dimensão de Walton (1973) e equilíbrio entre vida pessoal e profissional, da

7ª dimensão de Walton (1973).

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Assim, excetuando Adhara e Atria que totalizaram uma pontuação que representa a metade

apenas dos itens pesquisados, todos os demais pontuaram a partir de 15, o que representa 75%

da pontuação máxima e já sinaliza uma boa satisfação com a QVT em suas organizações.

Observando o resultado e completando com a análise já realizada, consegue-se perceber quais

os pontos que acabam tendo maior impacto nessa satisfação e que tanto podem contribuir como

um alerta e uma atualização sobre QVT e jovens, neste caso, da Região Metropolitana do

Recife.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O mundo não permanece o mesmo, não poderia ser diferente com os jovens ou mesmo com a

qualidade de vida no trabalho. Pensando nisso e na falta de estudos que liguem um tema ao

outro, este trabalho surgiu.

Com o objetivo de analisar a percepção de jovens trabalhadores em relação a qualidade de vida

no trabalho, o referencial teórico não poderia deixar de abordar os dois grandes temas aqui

estudados: QVT e jovem trabalhador. Dando primeiramente um panorama sobre a história da

QVT, seus conceitos e modelos, o modelo de Walton (1973) mais especificamente e como se

não bastasse todas as razões já existentes que fazem ainda da QVT altamente relevante, um

tópico falando justamente sobre a importância dela nos dias atuais, com dados bastante recentes

que reforçam ainda mais sua importância. Quanto ao jovem trabalhador, foi debatido seus

conceitos, as diferentes trajetórias do jovem de ontem e de hoje e o mundo do trabalho e o

jovem nos dias atuais, com muitos dados recentes sobre o mercado de trabalho atual e suas

tendências para essa faixa etária ampliada de jovens.

Dessa maneira foram atendidos os dois primeiros objetivos deste trabalho que era justamente

sintetizar o que tem sido caracterizado como qualidade de vida no trabalho nos últimos anos e

investigar as expectativas dos jovens trabalhadores em relação ao trabalho. Realizada essa parte

teórica do estudo, seguiu-se para a pesquisa em si.

A pesquisa foi qualitativa do tipo descritiva e através de 15 perguntas amplas abordou o modelo

das oito dimensões de QVT de Walton (1973), ainda tão atual e um dos mais utilizados.

As entrevistas foram realizadas junto a jovens dentro dessa faixa mais ampliada da pós-

adolescência e ou idade adulta emergente, indo dos 18 aos 29 anos, que moram na Região

Metropolitana de Recife, trabalham há pelo menos seis meses na mesma empresa e que

estavam, no mínimo, cursando o nível superior. Foram feitas dez entrevistas no total, todas

presenciais, gravadas (áudio) e depois transcritas. Com trechos escolhidos pela pertinência com

o estudo em questão, que foram registrados neste trabalho.

Os resultados da pesquisa e sua consequente análise, responderam a pergunta e portanto

atenderam ao objetivo geral deste estudo: analisar a percepção dos jovens trabalhadores em

relação à QVT, assim como atenderam ao seu terceiro objetivo específico: analisar as

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experiências e perspectivas desses jovens através do relato de suas próprias percepções

referentes à QVT.

Os resultados, portanto, mostraram o que de fato já podemos sentir em nossa realidade local, as

mudanças que já vem sendo faladas há mais tempo em todo o mundo no que diz respeito ao

prolongamento da juventude e adiamento da entrada na vida adulta. Esses jovens seguem

trajetórias de vida diferentes dos jovens de gerações anteriores e, portanto, passam a ver a

qualidade de vida no trabalho sob essa nova perspectiva, relacionando-a não só com o trabalho

em si, mas com o que esse trabalho proporciona ou possibilita fora dele.

Outra questão é que o jovem de décadas atrás tinha como premissa trabalhar muito para

conquistar alguma qualidade de vida no trabalho, o jovem de hoje quer essa qualidade desde

quando entra para o mercado de trabalho, não tendo receio de mudar de trabalho quantas vezes

lhe forem oportunizadas para que encontre algo melhor. Assim, desde o início da carreira, esses

jovens valorizam muito o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

Outros diferenciais almejados desde cedo por esses jovens são: autonomia, feedback, liberdade

de expressão e ótimo relacionamento interpessoal.

O feedback é encarado como algo primordial para o desenvolvimento desses jovens, pois

sabendo o que precisam melhorar, podem crescer com mais segurança, profissionalmente; a

autonomia e a liberdade de expressão resumem a liberdade que eles desejam para realizar seu

trabalho e o relacionamento interpessoal como um todo, o prazer e apoio presentes mesmo

naquele trabalho que não se gosta tanto, quando se estabelece bons vínculos na empresa,

tendendo a fazer amigos e não simplesmente, colegas de trabalho, como a maioria disse em

suas respostas. Afinal para esse jovem o trabalho é como uma extensão de sua vida pessoal, ou

pelo menos assim deve ser, pois é assim que ele vê.

Por fim, a QVT que mantém-se de alta relevância por tudo que foi debatido neste trabalho,

deve, portanto, manter-se em sincronia com essas mudanças e estar mais atenta a esse público,

não só por toda a representatividade dele no mercado de trabalho mundial, mas por serem os

trabalhadores de amanhã, e por sempre ser mais vantajoso investir em prevenção do que em

correção, onde os danos podem ser muito mais resistentes à solução, acarretando maiores custos

não só financeiros, mas humanos; como já podem ser irreversíveis, com consequências muito

mais indesejadas para a sociedade como um todo.

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Como sugestão a ampliar ainda mais este estudo, com outras pesquisas complementares, pode-

se estudar os demais perfis dentro dessa faixa ampliada de juventude, comparando os resultados

entre o perfil aqui abordado, por exemplo, e o perfil de jovens que pararam seus estudos no

ensino médio e não pretendem neste momento seguir com uma formação superior,

representando mais aqueles jovens que seguem uma biografia normal em contraste com estes

que seguem uma biografia de escolha e adiam sua entrada na idade adulta, e quando essa entrada

se dá, não necessariamente seguem uma linearidade ou mesmo cumprem com todos os marcos

antes tão comuns dessa faixa etária.

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APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TCLE BASEADO NAS DIRETRIZES CONTIDAS NA RESOLUÇÃO CNS Nº466/2012, MS.

Prezado (a) Senhor (a)

Esta pesquisa é sobre “A PERCEPÇÃO DO JOVEM TRABALHADOR SOBRE

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO” e está sendo desenvolvida por Patricia Carla

Teixeira Leandro Fidalgo de Carvalho dos Reis, do Curso de Mestrado Profissional em Gestão

Empresarial da UniFBV – Wyden, sob a orientação do Prof. Dr. Diogo Helal.

Os objetivos do estudo são: analisar as experiências e perspectivas de jovens

trabalhadores acerca de seus trabalhos através do relato de suas próprias percepções e

posteriormente, formular sugestões de Qualidade de Vida no Trabalho em sintonia com as

necessidades desses jovens. A finalidade deste trabalho é contribuir para um melhor entendimento

da Qualidade de Vida no Trabalho sob a ótica dos jovens, pois apesar de QVT ser um assunto

já muito pesquisado, ainda carece de estudos relacionados aos jovens, que representam uma

significativa fatia do mercado de trabalho, tanto no Brasil como no mundo.

Solicitamos a sua colaboração para responder a uma entrevista que deve durar em média

30 a 40 minutos, como também sua autorização para apresentar os resultados deste estudo na

dissertação do Mestrado da pesquisadora em questão e em eventos da área e publicar em revista

científica nacional e/ou internacional. Por ocasião da publicação dos resultados, seu nome será

mantido em sigilo absoluto assim como o da empresa na qual o sr(a) trabalha.

Esclarecemos que sua participação no estudo é voluntária e, portanto, o(a) senhor(a) não é

obrigado(a) a fornecer as informações e/ou colaborar com as atividades solicitadas pelo

pesquisador(a). Caso decida não participar do estudo, ou resolver a qualquer momento desistir do

mesmo, não sofrerá nenhum dano. O(a) pesquisador(a) estará a sua disposição para qualquer

esclarecimento que considere necessário em qualquer etapa da pesquisa.

Assinatura do(a) pesquisador(a) responsável

Considerando, que fui informado(a) dos objetivos e da relevância do estudo proposto, de

como será minha participação, dos procedimentos e riscos decorrentes deste estudo, declaro o meu

consentimento em participar da pesquisa, como também concordo que os dados obtidos na

investigação sejam utilizados para fins científicos (divulgação em eventos e publicações). Estou

ciente que receberei uma via desse documento.

Recife, de de 2018.

Assinatura do participante ou responsável legal

Contato com o Pesquisador (a) Responsável: Caso necessite de maiores informações sobre o presente

estudo, favor ligar para o (a) pesquisador (a) (81)99122.5090 ou para a secretaria do Mestrado Profissional

em Gestão Empresarial. Rua Jean Émile Favre, 422 – Imbiribeira. Recife - PE. CEP: 51200-060. E-mail:

[email protected]. Fone: +55(81)3081-4404.

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APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO BIOGRÁFICO

Nome (1º e último) Sexo F M

Data de nascimento Idade

Cidade onde reside Bairro

Whatsapp ( ) Email

Gostaria de receber um retorno com as considerações finais sobre esta

pesquisa por email?

Sim Não

Você é casado(a) – formal ou informalmente? Sim Não

Se não é casado, já é noivo(a) ou já está fazendo planos para se casar? Sim Não

Mora com seus pais, com outros parentes, sozinho, com amigos ou com

namorado(a)?

Tem filhos? Sim Não

ESCOLARIDADE

Ensino Médio Completo

Normal. Técnico. Curso: __________________________________________

Ensino Superior

Curso: _______________________________________________________________

Cursando. Completo.

Pós-graduação (Especialização/ MBA)

Curso: _______________________________________________________________

Cursando. Completo.

Pós-graduação (Mestrado)

Curso: _______________________________________________________________

Cursando. Completo.

Pós-graduação (Doutorado)

Curso: _______________________________________________________________

Cursando. Completo.

TRABALHO ATUAL

Empresa

Cargo/ Função

Desde de Tempo total

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APÊNDICE C - ROTEIRO PARA ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA

1. Conte-me um pouco sobre a empresa que você trabalha.

2. Fale-me sobre seu trabalho e as atividades que você desenvolve.

3. Fale-me também sobre sua remuneração: salário e benefícios. O que você

acha do seu salário? Você recebe benefícios? Quais? O que acha deles? Há um

ou mais benefícios que você não recebe e sente falta? Você tem ideia se outras

pessoas do Grande Recife ganham mais ou menos que você pelo mesmo tipo

de trabalho? Explique.

4. O que você pode me dizer sobre as condições de trabalho que sua empresa

proporciona? Como jornada de trabalho, carga de trabalho, ambiente físico,

material e equipamento, segurança, nível de estresse? Explique.

5. Você tem autonomia para realizar seu trabalho da forma como acha

melhor? Isto é, com uma boa liberdade, mesmo que dentro de determinados

parâmetros determinados pela empresa? E você sente que tem o correto

feedback sobre seu desempenho de maneira a poder melhorá-lo? Explique.

6. Você consegue usar suas aptidões e habilidades no trabalho que

desenvolve? Várias delas ou apenas uma pequena parte, e sempre as mesmas?

Explique.

7. Qual a relevância desse seu trabalho para você e para a vida ou trabalho

de outras pessoas? Você acha que o trabalho que você realiza causa menor

ou maior impacto ao resultado final da sua empresa? Explique.

8. A empresa possibilita de alguma maneira seu desenvolvimento pessoal

através de cursos e treinamentos? Com foco apenas nas habilidades que você

precisa utilizar na função atual ou com possibilidade de lhe preparar para que

você possa crescer profissionalmente em um futuro próximo? Explique.

9. Você vê possibilidade de carreira na empresa em que você trabalha? Eles

tendem a promover talentos internos e/ou possibilitar seleções internas para o

preenchimento das vagas que surgem? Explique.

10. Obviamente mesmo não havendo estabilidade, você sente certa segurança

quanto ao seu emprego ou há muita instabilidade em sua empresa?

Explique.

11. Você sente que já houve ou há algum tipo de preconceito em seu trabalho

em relação a você, por parte da empresa, de seus superiores e/ou de seus

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colegas? Seja devido a qualquer questão como raça, gênero, orientação sexual,

religião, origem, condições econômicas, estilo de vida, aparência, idade ou por

qualquer outro motivo? Explique.

12. Como é o relacionamento entre as pessoas em sua empresa? Entre colegas

e com os superiores? Entre as pessoas de um mesmo setor e de setores

diferentes? As pessoas procuram se ajudar no dia a dia? Há mais competição

ou cooperação? Explique.

13. Você sente que em seu trabalho, respeitam os seus direitos tanto pessoais

quanto trabalhistas? Você sente que tem direito a uma certa privacidade no

trabalho? Você sente que pode expressar suas opiniões sem medo de

represálias? Explique.

14. Você sente que seu trabalho permite haver maior equilíbrio entre trabalho

e vida pessoal? Isto é, seus horários de trabalho permitem sobrar tempo para

realizar outras atividades fora dele: de cuidados com a saúde, lazer, estudo e/ou

convívio mínimo com a família e amigos? Há alguma flexibilidade em seus

horários de entrada/saída ou almoço? Folgas? Explique.

15. A sua empresa é socialmente responsável? Ela desenvolve programas e ações

voltados para a comunidade e/ou o meio ambiente? Ela contribui ou prejudica

a sociedade com sua produção e produtos, seus serviços...? E quanto aos seus

funcionários, ela tem uma preocupação social com eles? Você se sente

orgulhoso(a) de trabalhar nessa empresa? Explique.

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APÊNDICE D – TRANSCRIÇÃO DOS TRECHOS MAIS RELEVANTES DAS

ENTREVISTAS REALIZADAS

Pergunta 1 - Conte-me um pouco sobre a empresa que você trabalha.

Adhara

“Minha empresa é uma empresa de call center, ela trabalha com atendimento ao cliente

[...]”

Electra

“A empresa em que eu trabalho são 15 anos já no mercado, eu já trabalho nela há 3, é

uma empresa de distribuição de cosméticos [...]”

Polaris

“É uma escola pública, só que é um projeto de iniciativa privada dentro da rede pública

e eu trabalho com foco na alfabetização. A gente atende os alunos que têm dificuldade

de aprendizagem, são grupos menores, de alunos, que os professores identificam que têm

uma dificuldade de aprendizagem e aí a gente faz o atendimento mais especializado com

eles. [...] É uma empresa, que é o Grupo X, que agora a gente faz parte de um instituto

que o grupo tem [...]”

Nash

“Quando eu comecei a estudar na Escola X, lá tinha um curso de programação para

jogos, para games, aí quando acabou a escola eles chamaram alguns alunos que tiveram

boas notas e chamaram pra trabalhar aqui. Como tem vários projetos na empresa, é uma

empresa que tem várias áreas diferentes, e eu já estou há muito tempo já, participei de

muita coisa, desde a parte de games, de aplicativo para celular, e agora estou na área de

negócios. Ou seja, uma empresa que tem vários pontos que você pode seguir, que você

pode se encaminhar. [...]”

Mizar

“Eu acho assim, eu nunca trabalhei em outro lugar, mas como aqui foi meu primeiro

emprego, eu já tô há 4 anos, aí eu acho bem diferente, eu me sinto em casa, eu me sinto

bem acolhida desde o começo, bem acolhida, sabe? Parece que eu tô em uma faculdade,

só que com... fazendo um projeto com uma empresa que é da vida real, né? Aí eu acho

legal também o ambiente... o ambiente daqui eu acho fantástico... a comunicação que a

gente... não tem isso, ah é gerente... todo mundo fala de igual pra igual, não tem muito

essa separação, essa segregação dos grupos, sabe? A gente fala com todo mundo... a

gente fala com o pessoal do RH... Dá pra ver a comunicação pelo lugar que a gente

almoça, é tudo bem! Eu acho bem legal!”

Vega

“É uma empresa privada, de carreira fechada, normalmente eles pegam as pessoas assim

do começo. Lá pra 18 anos, 19 anos, aí começa como escriturário, depois como caixa,

supervisor, gerente, entendeu? [...]”

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Ankaa

“De uma forma assim... da minha percepção. Eu gosto de trabalhar aqui na empresa, eu

trabalhei alguns anos atrás, e voltei por vontade mesmo, por gostar da empresa, porque

acho que a gente tem um clima organizacional muito bom. A gente tem programa de

desenvolvimento, que eu acho também muito interessante e casava com minha fase, da

minha carreira mesmo, profissional né? Que eu estava buscando desenvolvimento

mesmo, que eu tava buscando um local onde tivesse um clima bom porque eu já tinha

vindo de outras experiências anteriores que não tinha sido legais em relação a isso, então

foi, eu acho que foi o casamento dessas duas, necessidades minhas. [...]”

Antares

“A empresa em que eu trabalho é uma boa empresa, ela investe nos funcionários, é uma

multinacional, né? A empresa faz parte de um grande grupo educacional. Então é uma

empresa que tem uma visão macro, de empresa mesmo, apesar de ser escola, tem uma

visão empresarial muito focada. Depois que o grupo comprou o colégio, então houve

uma certa mudança. Foi assim que eu cheguei na escola, em 2014, eu havia estagiado

antes nela. Houve uma melhora, na visão macro, no planejamento, mas acredito que

houve uma certa perda em relação à pessoa.”

Orion

“Eu trabalho no Grupo X, uma empresa do ramo de veículos: venda de veículos,

serviços...enfim, tudo que envolve veículos, tanto novos como seminovos. Deve estar

uns 26 anos no mercado, trabalha com a Fiat, a Ford, a Renault, a Nissan, Jeep e Kia. E

todos os seminovos, cada loja dessa tem tanto novo como seminovo. E também trabalha

com o serviço de pós-venda, que seria oficina, acessórios, peças e etc.”

Atria

“A empresa ela é boa, mas a gestão...não! Tanto que assim, esse ano a gente não tá

batendo muito as metas na minha área de manutenção, assim, é, existe uma reunião sobre

resultados, mas eles nunca analisam a parte de gestão deles, sempre é porque não

cumpriu ordem, enfim [...]”

Fonte: Dados da pesquisa (2018).

Pergunta 2 – Fale-me sobre seu trabalho e as atividades que você desenvolve.

Adhara

“Eu sou operadora de telemarketing e a minha função é justamente prestar esses serviços

de atendimento, estar atendendo. Eu trabalho no receptivo, ou seja, eu recebo ligações

[...]”

Electra

“Então, o meu trabalho é bem comercial, bem comercial mesmo, eu faço o contato com

o distribuidor, eu só não faço contato com o profissional, o cabeleireiro, por assim dizer.

Eu não tenho esse contato com ele, mas eu tenho com as distribuidoras. A minha parte é

fazer o quê? Acompanhar as compras deles, acompanhar o índice de compra, quanto que

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ele tá comprando, qual o produto que ele tá comprando, saber o que mais ele tá

comprando, o quê que a região dele mais pede [...]”

Polaris

“Lá a gente faz atendimentos direcionados para as crianças de acordo com os níveis de

letramento, então tem crianças pré-silábicas, silábicas... e, também voltado para a

matemática. É como um reforço, de linguagem e matemática. Do 1º ao 5º ano. [...]”

Nash

“Hoje eu tô na área de negócios, sou Design, fico com a parte gráfica, de armar “PPT”,

peça de divulgação de evento, tem uma pré-venda pro cliente, aí tem os documentos lá

e formato o arquivo, faço capa, infográfico, faço essa parte visual assim. Quando tem os

eventos da empresa, faço o cartaz, peça de divulgação, peça de palestrantes, peça pra site

e peças internas para a empresa também, tipo datas comemorativas [...] Toda essa parte

visual fica comigo.”

Mizar

“Eu entrei como técnica, aí eram mais coisas leves, coisas mais simples, na época eu

tava aprendendo, aí fui subindo, subindo, subindo, hoje eu mexo mais com programação,

eu sou desenvolvedora back-end, mas já tive... já passei por projetos que eu já fui front-

end, já passei por projetos que eu tive que participar do processo todo. [...]”

Vega

“Agora me deram a oportunidade também de ir pra outra área, que é a área mais

comercial, aí eu vou receber agora uma promoção de gerente assistente de pessoa física.

Não é gerente, é só assistente, aí vou trabalhar mais agora com o cliente, vou dar o

suporte ao gerente [...]”

Ankaa

“Eu trabalho como assistente de Recursos Humanos, a minha função é no RH

generalista, então a gente tem atividades voltadas pra área de Recursos Humanos e pra

área de Departamento Pessoal, teve uma junção recente dos dois setores, então a gente

faz um pouquinho tanto da parte mais humana, quanto da parte mais burocrática [...]”

Antares

“Meu trabalho aqui na escola, sou professora de inglês, então trabalho com crianças, esse

foi o público que eu escolhi para trabalhar, na verdade, trabalhei com adolescentes muito

tempo, enfim em outras escolas, mas aqui na escola trabalho com os quartos e sextos

anos, com crianças de 8 a 12 anos, eu me identifico mais com esse público, de crianças.”

Orion

“No momento eu trabalho no setor de Marketing Digital da empresa, que é um setor

bastante novo na verdade, na verdade, tem um ano. A gente cuida de toda a parte online

da empresa, como se fosse um showroom online. A questão de atualização de ofertas,

não só de carros novos, mas oferta de serviços, troca de óleo, tal...[...] Se por acaso algum

cliente entra no site e mostra interesse por essa oferta, e se interessa pelo carro, e manda

pra gente a solicitação, a gente pode entrar em contato e tirar todas as dúvidas do cliente

em relação ao carro, em relação a um financiamento. Praticamente uma venda, só não

ganhamos como vendedor [...]”

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Atria

“Minha função, sou técnica de automação, minha função mesmo é encontrar melhorias,

nos equipamentos, nos processos, mas atualmente eu só tô atendendo emergências. [...]”

Fonte: Dados da pesquisa (2018).

Pergunta 3 – (Dimensão 1) - Fale-me também sobre sua remuneração: salário e benefícios.

O que você acha do seu salário? Você recebe benefícios? Quais? O que acha deles? Há um ou

mais benefícios que você não recebe e sente falta? Você tem ideia se outras pessoas do Grande

Recife ganham mais ou menos que você pelo mesmo tipo de trabalho? Explique.

Adhara

“Meu salário ele está de acordo com o estipulado pelo próprio mercado para a área [...]

Dependendo da empresa em que você trabalhe, ou para o produto que você trabalhe, no

telemarketing, essa renda mensal ela muda, justamente por causa dos benefícios. Porque

às vezes tem comissão e tudo mais, mas no meu caso eu não ganho nenhum tipo de

comissão, então eu fico só naquele valor mesmo mensal e os outros benefícios que tenho

lá na organização, é o básico: plano odontológico, plano de saúde... Tenho vale

alimentação, né? [...] Tem também outro benefício que eles dão, não sei se pode ser

definido como benefício, mas que por uma parte é bom, é um cartão de crédito que eles

concedem [...] você utiliza ele como quiser... dentro do limite logicamente, a diferença

é que já desconta diretamente na sua folha de pagamento. [...] O plano de saúde eu optei

por não ter...eu pagaria uma parte também... não escolhi por isso, seria desconto demais,

por causa do odontológico que eu boto... tenho dependente, é eu que tenho e coloco

minha irmã como dependente e também já vem o desconto que está vindo desse

cartão...eu quebrei...(risos)...e aí como ainda estou pagando esse cartão, está vindo muito

desconto, optei por não ter.”

Electra

“(risos) Pouquíssimo (risos)... Então dentro desse mercado a margem de lucro, não vou

mentir, da comissão eu não tenho que reclamar. A minha margem de lucro, geralmente

eu tô mais que acima da média [...] Existem os benefícios, só que assim, algumas coisas

eu não optei, por causa das deduções, então eu... Optei só pela passagem... Não quis

plano de saúde, não quis plano odontológico, não quis plano funerário, não pretendo

morrer (risos). [...] Ficou só salário, comissão, passagem... Tenho, vale-alimentação...

[...] Tá isso aí é uma coisa que é abaixo, é por empresa né? [...]”

Polaris

“A remuneração realmente é um ponto negativo (risos). Tá bastante abaixo da classe e

pra trabalhar também nos dois horários, manhã e tarde. Está bastante abaixo. [...] Só

recebemos vale transporte e vale alimentação. Plano de saúde tem, mas é descontado

totalmente do salário. Eu utilizo, por enquanto (risos), tô utilizando.”

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Nash

“Eu acho assim, que não é ótima, mas tá muito boa pra mim, então assim, eu já tentei

procurar outros empregos em outros lugares e não fiquei porque eu via que o dinheiro

não era igual ou parecido com o que eu ganho aqui, então tipo, tô aqui há 8 anos porque

até agora porque é uma empresa boa e não achei outra empresa que me desse as mesmos

benefícios, tanto de salário como de plano de saúde... Aqui tenho plano de saúde, tenho

odontológico, seguro de vida, vale refeição, passagem de ônibus, todas essas coisas que

outras empresas não dão. Vale muito mais eu estar aqui do que sair pra outra empresa e

perder o que eu ganho aqui. [...] moro com minha mãe, minha mãe não trabalha e é com

o salário daqui que eu pago o aluguel, pago todas as contas de casa. [...] também tem

pilates, tem yoga. [...] Tem ginástica laboral de manhã, todo o dia, não sei se toda a

empresa tem isso. São benefícios que ela oferece, que outras empresas não têm. Tem

vale-refeição de Natal, um extra que eles dão... Tem todos os “beneficioszinhos” assim

que prendem um funcionário (risos). [...]”

Mizar

“Eu acho que tá na média, acho justo! Os benefícios que a empresa oferece é plano de

saúde; odontológico, tem também ticket de refeição, alimentação, eu só uso esses quatro!

Se tiver mais... (risos). Tem também auxílio de inglês, que aqui dá também, eles pagam

uma parte... tem gente aqui que nem paga o curso, já cobre a mensalidade todinha, eu

nunca participei não, mas tem muitas coisas. O que eu uso de verdade são esses quatro

que eu te falei.”

Vega

“Eu acho que está acima do mercado, eu acho mesmo que eu recebo muito bem. Também

tem o vale alimentação de R$1300,00 que dá pra você, às vezes vender... Plano de saúde

que é aceito em quase todas as redes, além do alimentação, a gente tem também o

refeição, que pode dividir... Tem uma rede de treinamento interna, virtual, com vários

cursos [...] Tem auxílio creche pra quem tem filho, e se você foi pai recentemente, tem

um curso que eles disponibilizam, fica até 10 dias com a esposa pra poder dar o suporte

a ela. Tem o sindicato dos bancários que é um dos melhores, qualquer suporte que eu

estiver precisando, eles sempre estão lá.”

Ankaa

“Se eu for analisar só o salário pelo salário, ele tá um pouco abaixo do mercado, mas se

eu colocar também na balança, benefícios, programas de desenvolvimentos. Os

benefícios que a empresa dá, é bolsa colaborador, que é uma bolsa muito boa [...] então

isso pra mim, se eu tivesse em outra instituição eu teria um custo maior com essa

formação [...] tem programas de qualidade de vida mesmo, temos parceria com outras

empresas, temos o plano de saúde, o plano odontológico, o seguro de vida, o vale

alimentação, o refeição, acho que são esses.”

Antares

“Para o mercado da cidade, da cidade do Recife, meu salário é bom... [...] Acho que a

gente podia ser mais valorizado, até porque a escola é para um público classe A e B da

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região. As horas-aula de professores do ensino fundamental e do ensino médio são

diferenciadas e se for professor do 3º ano, ainda ganha mais, não considero isso justo.

Não é justo. Pois eu sou graduada como os outros. [...] aqui a gente não tem essa

facilidade, se a gente tiver o plano de saúde pela escola tem que pagar um certo valor, a

gente paga tudo, só tem desconto por ser empresarial, mas pagamos tudo. [...] Mas tem

transporte, alimentação, mas a gente paga, e podia ser melhor também. Eu tenho 10% a

mais no salário porque eu sou pós-graduada, se tivesse mestrado ou doutorado ganharia

ainda mais um pouco para cada nível, eles valorizam isso, a formação.

Orion

“[...] em relação à salário, o meu é tranquilo, eu tô satisfeito. Refeição, plano de saúde,

transporte, odontológico... O ticket alimentação é muito baixo, é R$200,00 só, chega a

R$230,00 por aí. Se tivesse uma alimentação, refeição, acho que seria legal. O desconto

é muito alto, é muito desconto, nossa. Quando a gente pega o contracheque e vê o tanto

de desconto dá uma dor no coração. Plano de saúde, nós pagamos uma boa parte. Quando

eu entrei a empresa pagava tudo, mas veio esse lance de crise e tal, aí começou a

aumentar, aumentar [...]”

Atria

“Pelo mercado ele tá dentro, eu sou Automação Jr., lá eu estou recebendo R$3100,00.

Então tá na média, não é um salário alto, mas está dentro da expectativa. Os benefícios

que a gente tem lá, tem o plano de saúde (a empresa paga a maior parte), ganha cerveja

todo o mês, uma caixinha de cerveja, final do ano tem uma cestinha de Natal, pequena,

pra quem é mãe, tem auxílio creche, auxílio escola, material escolar também pra quem

tem filho, tem também vale-alimentação. A gente almoça na empresa e tem o vale-

alimentação.”

Fonte: Dados da pesquisa (2018).

Pergunta 4 – (Dimensão 2) - O que você pode me dizer sobre as condições de trabalho que

sua empresa proporciona? Como jornada de trabalho, carga de trabalho, ambiente físico,

material e equipamento, segurança, nível de estresse? Explique.

Adhara

“Eu gosto muito da carga-horária, porque é uma carga-horária de 6 horas e 20...eu pego

de 07h às 13h20 [...] então é bom porque dá tempo de estudar, dá tempo de ir para

faculdade à noite, eu não fico naquela escassez de tempo entendeu? Eu posso fazer várias

outras coisas, se eu quiser pegar um estágio à tarde ou fizer um curso à tarde...eu posso.

[...] Com relação ao ambiente, é... não é um lugar, como é que eu posso dizer...onde

tenha uma área de lazer, uma área de conforto... [...] Eu acho que já é muito ruim você

já estar num ambiente que ele lhe frustra de certa forma... ele é meio estressante, e aí

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quando você tem aquele momento, né(?), de liberdade, você vai para o seu intervalo,

então a copa ela é toda sem graça, as paredes, todas brancas [...] só tem lá o micro-ondas

e a pia...não tem nada e não tem também nenhuma lanchonete perto pra você comprar

alguma coisa se precisar. [...]Ah, o ar-condicionado às vezes fica muito “alto”, aí

incomoda o frio... O barulho também, você não tem privacidade para trabalhar, o

barulho, ele incomoda muito e às vezes, o barulho ele estressa, acaba estressando

também, porque você quer fazer direito, mas...o barulho tá muito grande, o cliente

reclama...[...] Com relação ao equipamento...é...quebra muito... [...]Isso acaba

prejudicando também e acaba prejudicando também no tempo de “logado”... [...] A gente

não perde nada, porque já não ganha, entendeu? Claro que vai aumentar a insatisfação e,

também, a cobrança em cima de você.

Electra

“Então, por eu fazer todo o processo da empresa, participar de quase todo processo da

empresa, então assim, essas coisas eu mesmo que escolho, [...] A luz, a gente, quando

fez o novo escritório, ele se preocupou em perguntar qual era a luz melhor, por causa

que eu uso lente tudinho... Então assim, ergonomicamente é bacana. Nível de estresse?

Ah, sempre tem...a gente...então... ele é bem legal! Ele é um cara 10! Por isso que eu tô

lá com ele há esse tempo, porque apesar da gente bater de frente, ele ouve muito o que

eu falo... [...]”

Polaris

“Por ser uma escola nova [...]com relação à estrutura eu não tenho do que reclamar, né?

[...] Nível de estresse em relação aos alunos? No meu caso é mais focado nos alunos,

porque o que eu percebo hoje em dia é que os alunos têm muito desinteresse, então esse

acho que é um ponto dificultador mesmo da rede do ensino, porque como são crianças

né? [...]”

Nash

“Uma coisa que é muito boa aqui é a facilidade de horários, tipo assim, eu não preciso

chegar aqui tipo de 8h da manhã em ponto e sair daqui de 6h da noite em ponto. Eu tenho

essa flexibilidade, eu posso chegar de 10h, posso chegar de 6h da manhã, 6h30, 7h... O

importante é eu cumprir a carga horária do dia. Mas digamos, hoje eu não consegui fazer

8 horas, mas tudo bem, eu faço as horas que der e depois, eu vou ajustando. Fica no

banco de horas, eu posso ficar negativo ou positivo, eu próprio vou administrando esse

tempo. [...] Tem essa flexibilidade que outras empresas não têm. [...] O ambiente de

trabalho eu acho ótimo também, as pessoas, a conversa que tem com todo mundo, todo

mundo se dá bem e todas as áreas são abertas [...] você fala com o gerente, você fala com

qualquer pessoa, da mesma altura, não tem aquela divisão. Equipamento tem tudo que

eu preciso, é tudo tranquilo. E também periodicamente passa o pessoal da vistoria pra

ver se você está com a postura certa, se o computador tá baixo, se o computador tá alto,

aí eles vêm avaliando assim, na baia da pessoa, na mesa, se estiver muito baixo, eles

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pegam um suporte...têm todo esse cuidado. Com a iluminação também, [...] eles usam

um medidor de luz pra ver se aquela luz está muito forte para o seu lugar, medindo a luz

de cada baia, de cada lugar, aí todo esse “cuidadozinho” com a estrutura. Aí fizeram

também uma parte lá em cima do lado da copa, que reformaram, e tem uma cantina que

você pode pegar comida, pode pegar lanche e você pode pagar na hora... antigamente

era com dinheiro, ficava aberta a gaveta com dinheiro lá, você via lá, pegava o dinheiro

e deixava o dinheiro lá, pegava a comida e o troco. Você mesmo administrava, tinha essa

confiança, agora com cartão também, aceita o vale refeição da gente, você mesmo passa

na maquininha. [...] Não, não tem nível de estresse, é claro que às vezes aparece alguma

coisa que tem que entregar rápido pro cliente, assim, coisas do próprio trabalho, mas do

ambiente de trabalho, não. Não é aquele trabalho que você acorda com saco, vamos dizer,

que tem que ir trabalhar agora, chateado...”

Mizar

“Em relação ao ambiente, nada a reclamar, só elogiar mesmo! Tem até o pessoal que

passa pra ver a postura da gente, tem o pessoal que vem ver a qualidade das cadeiras que

a gente tá, vão olhando assim... iluminação também, tem o pessoal do suporte que às

vezes passa com um medidor pra ver a iluminação, é tudo bem fantástico!. O ambiente

é muito aconchegante, eu não tenho nada a reclamar... tem também o horário, sempre

flexível. [...] O nível de estresse (risos)... eu passo o dia todo rindo, nem sei se é por

conta da equipe, é sempre divertido. Assim, tem alguns estresses do projeto, só que é

normal, mas é muito raro ter e momento de estresse aqui.”

Vega

“Quanto à estrutura eu acho muito boa, e o banco ele preza muito o conforto do

funcionário [...] quanto às exigências, eles exigem muito do funcionário e a gente fica

muito sobrecarregado [...] Eu não posso fazer hora negativa, mas hora extra eu posso

fazer. [...] Estresse, muito alto. Eu já tive estafa, depressão, ansiedade, crise de pânico,

mas isso foi mais porque estava me adaptando também, e o estresse é muito alto. [...]

Porque a instituição tem a norma dela e a ética, mas vai muito pela gestão da pessoa que

está à frente. Então ultimamente a gente tem pego uma gestão muito forte, que é muito

estressante, quer as coisas pra ontem, você tem que se dividir em mil. Sinto falta de

flexibilidade pra falar com o gerente, porque muitas vezes ele quer cobrar muito e não

vê o lado do funcionário. Tem acesso, mas ele não ouve... a pressão é muito grande [...].”

Ankaa

“[...] eu acho que é uma jornada justa, uma jornada comum das outras empresas. E... eu

acho as condições físicas são muito boas, e as psicológicas também. O nível de estresse

é muito pouco, muito baixa.”

Antares

“A estrutura da escola é uma estrutura boa [...] O grupo está investindo em um novo

prédio [...] A estrutura da escola é boa e vai ser muito melhor [...] Eu já exerci essa função

no ano retrasado de coordenação, no ano passado a gente mudou de coordenação, eu

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decidi pela minha sanidade mental, né? Foi realmente uma escolha que eu disse vou ter

que fazer agora, ou eu tenho qualidade de vida ou sou jovem ainda e não posso estar me

estressando muito... [...] Então, agora posso dizer, nesses últimos 2 anos, sendo só

professora, estou mais tranquila, estou podendo fazer meu trabalho de forma mais leve,

o que eu gosto de fazer, aproveitando, me divertindo junto com as crianças também,

aprendendo junto com eles. Eu gosto de dar aula, eu gosto de liderar também, mas

quando se dá condições para isso, quando não se dá condições para isso, sobrecarregando

o profissional, eu não acho isso legal. [...]”

Orion

“[...] a gente meio que moldou o setor que ele é hoje em dia. Então no começo era muito

difícil, muito... [...] Em questão de espaço a gente foi pra outra sala, maior, mais

espaçosa, mais arejada, mais adequada, tem as divisões, tudo tranquilo. Hoje em dia é

mais tranquilo. Isso justamente foi porque a gente precisou sentar e conversar com o

nosso chefe, nosso coordenador e falar [...] Quanto ao estresse, acho que vai de pessoa

pra pessoa, eu sou uma pessoa que não me estresso muito, eu não consigo levar pro

pessoal o que um cliente me fala ou o que o gerente me diz, entendeu? Eu sei que quando

a gente tá ali dentro da empresa, aa gente é números, a gente precisa render, a gente

precisa fazer o certo, o que tem que ser feito, mas eu não me estresso muito não.

Tranquilo. Comparado com o que eu tinha quando eu entrei na empresa, que eu era do

telemarketing, me estressava mais. [...]”

Atria

“Tem o que é necessário, segurança existe. Eles são rigorosos com a segurança. [...] O

que é previsto na lei, então isso eles seguem à risca. [...] Nível de estresse? (risos) “Ai,

meu Deus...” (risos)... Manutenção... produção só pensa em produzir, então cada

segundinho ali pra eles, então eles pegam muito no pé, em relação a isso, aí acaba sendo

realmente estressante, você trabalha sob pressão, pra quem trabalha precisando pensar...

Porque assim, dá um problema, você vai e de repente, chegam todos os gestores e ficam

olhando, e ainda tem aqueles que soltam piada ali mesmo pra você, tipo pra colocar você

lá embaixo mesmo. Eu acho que é um teste de psicologia ali que eles fazem ali na hora

(risos), mas em relação ao estresse, é alto.”

Fonte: Dados da pesquisa (2018).

Pergunta 5 – (Dimensão 3) - Você tem autonomia para realizar seu trabalho da forma

como acha melhor? Isto é, com uma boa liberdade, mesmo que dentro de determinados

parâmetros determinados pela empresa? E você sente que tem o correto feedback sobre seu

desempenho de maneira a poder melhorá-lo? Explique.

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Adhara

“Não, é outro problema, eles limitam muito o que a gente pode fazer. Às vezes a gente

quer ajudar... Porque existe um procedimento padrão [...] sendo que muitas vezes pra

ajudar um cliente em determinado problema a gente tem que sair desse padrão [...] por

ir contra o padrão que a empresa exige, as regras, torna-se errado. Como a gente é

monitorado, a gente leva “zero” por causa disso. Mas às vezes é necessário quebrar esse

padrão pra resolver o problema do cliente. Porque o padrão não vai resolver, eu sei que

não vai resolver[...] É como eu disse, isso aí depende muito do supervisor [...]Acredito

que eles me ajudaram muito e ainda me ajudam, e eles dão feedback correto...[...]”

Electra

“Sim, sim. Bastante autonomia, em último caso é que eu procuro contato com ele (diretor

e proprietário da empresa). [...] Mas uma vez por mês a gente faz lá um bate bola bem

rápido pra saber como é que estão os distribuidores, e semanalmente, ou quinzenalmente,

a gente faz um acompanhamento dos consultores pra saber como é que tá fluindo, como

é que tá... [...] Sempre há feedback, a gente sempre faz esse bate bola.”

Polaris

“Muita, muita autonomia. A gente tem uma coordenação de fora da escola, mas a gente

tá sempre em contato com os professores, com a gestão, com a direção da escola e assim,

eles respeitam o nosso trabalho. [...] A coordenadora da gente que estava até o fim do

ano passado, agora está tendo uma mudança, a gente tá vendo quem vai ser a nova

coordenadora. Mas na época que ela trabalhava com a gente, a gente sempre tinha retorno

[...] Dava sugestões, elogiava quando tinha realmente algum trabalho sendo...um bom

trabalho, né? [...] conversava com a gente.”

Nash

“Sim, tenho a liberdade de opinar, de não gostar [...] o pessoal sabe escutar, sabem levar

em consideração o que a gente está dizendo ou propondo. [...] Sim, na minha área de

negócios, eu tô sentado numa mesa assim, numa mesa grande dessa, então todo mundo

conversa, de frente pro outro e tal... Eu tô fazendo uma peça de divulgação, então tô com

meu trabalho aqui, todo mundo lá tá vendo, tá dando feedback na hora. [...] trabalho com

outras pessoas, com meu chefe direto, todo mundo junto na mesma mesa...então meio

que a gente vai conversando, durante o dia, durante o mês e tal... O feedback é meio que

diário, né? [...] e tem o anual, que é o geral, que a empresa organiza que é perto do final

do ano geralmente. Você fala como é que você se sente, você preenche lá, marca a

reunião com seu chefe, seu gerente pra ele dar um feedback final.”

Mizar

“Não é tudo seguindo regras não. Eu não vejo isso aqui não! Todo mundo... é como eu

te falei, não tem essa segregação, sabe? Tem reuniões de ... do projeto normal... eu sou

trainee ainda, claro que minha opinião pode não ser a melhor, mas eles sempre

perguntam, sempre tentam incluir... [...]Aqui o feedback da empresa, é o que vejo aqui,

é o feedback formal, e o informal [...] os informais são mais legais porque não tem que

escrever aquele negócio todo, o pessoal chega e fala , tem constantemente.”

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Vega

“Tem que ser de acordo com a norma...tudo é norma. [...] A anterior eu não tinha

feedback nenhum, era mais cobrança, e não tinha muito feedback. Agora essa da outra

agência, eu já tô vendo uma diferença na gestão, porque a pessoa lá, ela dá um feedback,

ela procura saber se você está fazendo um curso, se está se aprimorando...”

Ankaa

“[...] a gente é um grupo grande né? Então as coisas vem muito de cima, de cima pra

baixo, as coisas precisam acontecer nas diversas instituições da mesma forma, então a

gente acaba alguns processos exatos. O feedback aqui a cultura é muito boa, a gente tem

avaliação 180°, hoje tá sendo implantado a 360 [...]aqui eu vejo que acontece na prática,

de verdade.”

Antares

“[...] eu tenho autonomia sim, pra planejar minhas aulas, pra trazer projetos novos, pra

criar, eles me dão muita liberdade. [...] Antes nós não tínhamos muito feedback,

chegavam pra gente e diziam assim, se ninguém chamou pra conversar é porque está

tudo bem. [...] a gente tem um sistema de avaliação aqui, que eu achei super legal, que

foi implantado depois que o grupo comprou a escola [...] Os alunos também avaliam os

professores, isso também é bom. [...] então você também tem a oportunidade de dar um

feedback ao seu gestor, pelo menos eu sempre faço isso.”

Orion

“Uma coisa que eu não posso reclamar do meu chefe, é que ele é muito compreensivo,

ele chega pra conversar [...]então a gente fala pra ele a melhor forma de fazer, até porque

a gente tá ali no operacional, a gente sabe como é estar ali em contato tanto com o cliente

como os vendedores da loja, como o site em si, o jeito como ele funciona, então a gente

passa pra ele o que a gente acha e a gente entra em um consenso. Ele sempre escuta o

que a gente tem para dizer. Porque ele entende que a gente tá à frente dali, né? [...] Não,

na verdade ele é muito assim fechado, uma coisa que a gente comenta muito é que a

gente não sabe se o que a gente tá fazendo é certo ou errado, porque ele é muito na dele.

[...] Mas como a gente tem um controle de puxar os números, de saber quantos clientes

foram, quantos não foram, a gente consegue mensurar mais ou menos se eu tô bem, se

eu não tô bem. Se eu tô fazendo a coisa certa, se eu tô fazendo a coisa errada.”

Atria

“Tenho, liberdade eu tenho. Não existe feedback, mesmo negativo. Não há. Nem onde

eu estou errando, onde eu preciso melhorar. Horrível, porque assim, mesmo eu tentando,

sabendo que eu tô acertando algumas coisas, mesmo assim eu acho que eu precisaria

disso. Acho que é importante, pra crescer.”

Fonte: Dados da pesquisa (2018).

Pergunta 6 – (Dimensão 3) - Você consegue usar suas aptidões e habilidades no trabalho que

desenvolve? Várias delas ou apenas uma pequena parte, e sempre as mesmas? Explique.

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Adhara

Eu acredito que eu não consigo utilizar tudo, e também tem habilidades que eu não

descobri [...] o script, é sempre a mesma coisa [...] É muito repetitivo, você vai estar

sempre ali falando a mesma coisa, raramente acontece um problema ou procedimento

que você não saiba, porque depois de um certo tempo, é como se você já tivesse passado

por tudo ali.”

Electra

“Sim, sim. Agora mais, porque depois que fez essa mudança de escritório, era num local,

mudou para outro, ele começou a criar uma visão maior, então assim... Dentro da minha

área do marketing é super legal. [...]”

Polaris

“Eu acho que eu tenho até conhecimentos que eu adquiro no momento. Porque eu acho

que a faculdade é muito importante, óbvio, claro, né? Mas a bagagem, é só prática.[...]”

Nash

“[...] Como há mudanças de áreas, tenho oportunidade de exercer várias habilidades

diferentes. [...]”

Mizar

“Com certeza, quando eu cheguei aqui eu era muda, tinha medo de falar, os três primeiros

meses eu só ficava lá sentada [...]E o pessoal falava, você tem que falar mais, participar

mais, tem que mostrar sua opinião, não só porque tá na faculdade, você não precisa ter

medo de falar, é importante falar, ver a crítica do que você acha, pra você começar a

ampliar. [...] fui recebendo feedback de gerente, feedback de técnico, aí agora eu falo

com todo mundo sem medo, sem nada.”

Vega

“Eu tô achando diferencial lá, porque como eu tava há 5 anos trabalhando na mesma

coisa... já era tudo automático, já tava engessada naquilo. Então quando eu fui pra outra

função, estou aprendendo muitas coisas novas.”

Ankaa

“Nem todas (risos), é, algumas atividades assim é... a gente tem uma limitação pra

algumas coisas [...] foi implantado... central de atendimento pra o colaborador. Isso

distancia um pouco o RH local do colaborador, então a gente acaba burocratizando as

coisas, ficando muito mecânica e o contato mesmo com o colaborador vai deixando de

acontecer.”

Antares

“De um modo geral, sim, eu acho que sim. [...] Pude perceber nesse processo que eu

amadureci, até em relação à inteligência emocional mesmo, a não reagir simplesmente.

E professor, ele aprende na prática, ele aprende na sala de aula, quando o sangue sobe, e

ali, ele aprende naquela situação ali... [...]”

Orion

“Na verdade eu acho que foi no grupo que eu conheci minhas habilidades, porque eu

tinha terminado os estudos (ensino médio), eu tinha 18 anos, mil e uma dúvidas na minha

cabeça, achava que não servia pra nada [...] E eu fui aprendendo [...] fui conseguindo ver

o que eu podia estar oferecendo pra empresa, o que eu tinha de bom também em mim.

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Então como a maioria das minhas qualidades profissionais eu aprendi lá, eu acho que

hoje em dia eu consigo desenvolver lá também.”

Atria

“Assim, eu acho que é mais um esforço meu, mas sim. Não é um trabalho repetitivo.

Sempre tem coisa nova.”

Fonte: Dados da pesquisa (2018).

Pergunta 7 – (Dimensão 3) - Qual a relevância desse seu trabalho para você e para a vida

ou trabalho de outras pessoas? Você acha que o trabalho que você realiza causa menor ou

maior impacto ao resultado final de sua empresa? Explique.

Adhara

“Ele é importante para mim, porque, creio que primeiramente, pelo financeiro, né? Pra

ser bem sincera, se aparecesse outra oportunidade pra mim, eu faria de tudo pra agarrar,

sinceramente. [...] porque eu acredito que a minha saúde emocional, psicológica, está em

primeiro lugar. E até minha saúde física também [...] acredito que a minha saúde, e a

minha felicidade, tá acima de qualquer dinheiro. Então nem que fosse pra ganhar menos,

eu não me importaria, contanto que desse pra pagar a mensalidade da faculdade eu

pediria pra sair. [...]Mas eu choraria bastante pelas pessoas que conheci lá, foram pessoas

que me ensinaram bastante [...] É importante pra mim, também pelas coisas que...que eu

ainda consigo desenvolver lá, mesmo que sejam limitadas, se eu tô sobrevivendo a isso

aqui...(risos)... se você sobrevive aquilo ali, na minha cabeça, você sobrevive a qualquer

coisa [...] O nosso trabalho, falando assim do cargo em si, ele é primordial, porque sem

a gente a empresa vai pro buraco, ela precisa da gente pra tudo [...]”

Electra

“[...] eu sei que a minha participação é importante. [...] o fluxo daquilo dali, acontece

melhor, quando eu tô. Porque assim, ele me passou muita coisa, muita coisa que era dele,

muitas funções que ele fazia, são minhas hoje em dia, então eu tenho uma certa

responsabilidade.”

Polaris

“Eu acho que de certa forma é uma plantinha, né? A gente vai ali aos poucos, regando.

[...] acho que minha relevância nesse trabalho é realmente buscar a autoestima deles,

então muitos de lá, saem acreditando em si mesmos, sabe? [...]”

Nash

“Acho que pra empresa é uma coisa importante porque é quase tudo que seja visual, né?

[...] Então é algo que tem que tá bonito, a primeira impressão é a que fica, como o pessoal

fala, aí tem essa importância maior. [...] E pra mim, tem uma importância boa porque eu

aprendo, né? Eu aprendo a fazer muita coisa que eu não sabia fazer e vai pro meu

portfólio, pro currículo.”

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Mizar

“[...] essa área de TI tá crescendo muito, cada vez mais, o profissional do futuro!! Tá nos

tops, é super relevante. Esse projeto que eu tô, não posso nem falar muito, mas é um

projeto super importante pra o grupo, para a empresa que contratou o serviço, e quando

entrega uma coisa, aí a gente fala - “caramba, eu fiz parte disso?!”). Eu amo essa área.”

Vega

“Eu acho fundamental, pra mim como pessoa, me dignifica [...] meu trabalho é o que me

permite... ter minhas coisas, acordar de manhã, ter um objetivo fixo, né? E quanto ao

meu processo lá na empresa, eu também acho que é fundamental, porque a pessoa tem

que ter um assistente bom, pra poder efetuar o trabalho. [...]”

Ankaa

“Olha, eu gosto muito do que eu faço, então pra mim isso é relevante porque eu tô na

área que eu escolhi [...] eu acho que isso faz diferença na vida das pessoas e por isso que

me motiva dia a dia [...]”

Antares

“Se a sociedade da gente tivesse noção do que significa educação, a gente não tava no

patamar que a gente tá hoje [...] Eu acredito nisso! Eu escolhi fazer isso, porque eu

acredito nisso! Acho que tem uma relevância fundamental pra transformação do mundo,

pra que as pessoas possam ser pessoas melhores, possam enxergar coisas melhores na

vida, possam almejar crescimento de vida. Então eu acho que é de fundamental

importância o que eu faço hoje. É valorizado? Não, não é valorizado. Talvez aqui, no

âmbito micro, seja; mas num âmbito macro, a nível Brasil, não. [...]”

Orion

“Que pergunta difícil essa...(risos)... [...] é uma coisa muito importante na minha vida,

uma coisa que muitos pensaram que eu não iria durar, mas meu primeiro emprego e já

estou há praticamente 3 anos. Então, eu vejo como uma bênção. Muito importante, pra

própria empresa [...] faz uma diferença muito grande em números e produtividade.”

Atria

Muito importante para mim, pois foi o que eu escolhi fazer. E para a empresa, pois sem

o nosso trabalho, a linha de produção para e quanto mais fica parada, mais dá prejuízo.

Fonte: Dados da pesquisa (2018).

Pergunta 8 – (Dimensão 4) - A empresa possibilita de alguma maneira seu desenvolvimento

pessoal através de cursos e treinamentos? Com foco apenas nas habilidades que você precisa utilizar

na função atual ou com possibilidade de lhe preparar para que você possa crescer profissionalmente em

um futuro próximo? Explique.

Adhara “A gente vai pro treinamento, treinamento padrão, é só sobre procedimentos, só sobre o

sistema. [...] a empresa ganha por ligação atendida, então por exemplo, a partir do

momento que eu atendo 40 ligações por dia, mas boto uma pausa pra ir pra um

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treinamento ... na cabeça deles, não vai estar sendo de vantagem... [...]Treinamentos para

formação, para desenvolvimento...de jeito nenhum [...]”

Electra

“No primeiro ano eu fiz oratória [...] no ano passado, ele pagou 50% do meu inglês, tem

também tem isso lá, ele estimula muito o inglês, ele puxa muito, ele cobra muito, ele

quer que você evolua [...]”

Polaris

“Então, na rede de Recife, eles têm as formações para os professores da rede e a gente

foi incluída nessas formações. Então todo o mês nós temos formações, a mesma

formação da rede, então eu acho que isso ajuda muito. [...]”

Nash

“Tem a bolsa de curso de inglês também [...] paga o material também [...]Sempre que

aparece alguma coisa, eles indicam o que você pode fazer e se não aparecer, eu posso

pesquisar também e se eu achar alguma coisa e quiser fazer, eu peço direto para o meu

gerente e ele negocia [...]Eu posso fazer o curso e depois eu repasso para o pessoal o que

eu aprendi, o que eu vi.”

Mizar

“Assim que eu entrei, entrei com o grupo do ensino médio, que a gente tava no começo

da carreira, eu nunca tinha trabalhado, a gente passou 2 semanas de treinamento, quando

eu entrei aqui nesse projeto também, assim que eu cheguei, já perguntou - Tu tem

conhecimento de tal língua? Aí eu, não. Já vou colocar você em um treinamento - sempre

tem por aqui.”

Vega

“Além do sistema interno de cursos virtuais, agora mesmo eu tô num curso externo, de

gestão de Negócios, módulo I, porque como eu tô sendo promovida [...] Então sempre

tem cursos, às vezes fora também, eles mandam pra outro estado. Também tem

faculdades que dão desconto ao funcionário...”

Ankaa

“Tem os treinamentos, mas eu acho que a gente ainda é um pouco deficiente nisso, a

gente tem alguns programas, mas voltado para o professor [...] mas eu acho que a gente

também, na parte administrativa poderia ter um grupo de treinamento.”

Antares

“Eles investem também, de um tempo pra cá, eles têm investido também em formação.

[...] Pena que não investem mais, afinal eles têm planos maiores, então eu acredito que

eles vão investir mais nos professores...”

Orion

“Sim, inclusive amanhã a gente começa um treinamento, de quatro dias em um hotel de

Boa Viagem, de vendas [...] A empresa investe bastante.”

Atria

“Não, teoricamente isso existe, o grupo foca muito nisso, mas nessa unidade, as pessoas

que estão gerindo... [...] Essa fábrica tem uns 4 anos, a produção dela é a menor, que não

era pra ser, ela é a que quebra mais, uma fábrica nova, quebrando muito, demorando

muito pra se resolver os problemas das máquinas, mas porque tem muita gente nova que

não conhece a máquina e nem recebe treinamento. [...] E ainda tem um problema de

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106

comunicação, a gente resolve o problema aqui, mas o conhecimento não é repassado,

não é replicado. [...]”

Fonte: Dados da pesquisa (2018).

Pergunta 9 – (Dimensão 4) - Você vê possibilidade de carreira na empresa em que você

trabalha? Eles tendem a promover talentos internos e/ou possibilitar seleções internas para o

preenchimento das vagas que surgem? Explique.

Adhara

Eu queria, eu queria, por uma questão de desafio. [...] Eles abrem seleção interna e tudo

o mais, mas como eu disse anteriormente, a dificuldade é justamente a questão da

motivação. [...]”

Electra

“Então, a gente... é uma representação comercial que a gente trabalha com outras

empresas. E aí eu já tive convite para trabalhar no Rio, em outras, em outra empresa, da

representação que a gente tem. Crescimento sempre tem, é só você olhar para o lado e

não necessariamente dentro da empresa.”

Polaris “Não tem essa possibilidade, não tem plano de cargos e carreiras. Infelizmente.”

Nash

“Sim, assim, como eu estou aqui há 8 anos, fico pensando não vou ficar aqui 15

anos...(risos)...Tem gente que está há muito tempo... Eu não sei. Mas eu não sei se tem

como eu crescer muito assim, no que eu faço, na minha área, de ilustração, de designer,

assim. [...] Tem como você ganhar mais reconhecimento, mas de cargo, não sei. Com

pós-graduação, mestrado, doutorado, aí tem como crescer mais. Poder seguir a

carreira...de sei lá...tem a faculdade da empresa agora... Depende de mim, na verdade.”

Mizar “Vejo sim, com certeza, quero subir umas escadinhas, gerência do fututo...”

Vega “Eu vejo, né?”

Ankaa “Vejo, não é uma possibilidade escancarada (risos), mas existe sim.”

Antares

“A maioria dos meus gestores hoje foram professores, então a escola investiu pra que

eles pudessem exercer esse cargo. [...] Sinceramente eu não me vejo aqui em um plano

de carreira não, gerindo, sendo gestora, não. [...] Mas eu quero sim, crescer na minha

profissão, quero sim continuar investindo em mim, na minha formação, também na

minha cultura de mundo [...]”

Orion

“[...] a gente tem um portal [...] quando abre alguma vaga, alguma coisa, o pessoal do

Rh já lança lá. [...] Então quem quiser se inscrever, se inscreve. [...] não é algo que eu

queira pro momento. O dinheiro que eu tô ganhando dá pra fazer minhas coisas, dá pra

pagar minha faculdade, pra ajudar minha mãe em casa, comprar as coisas que eu quero,

então por enquanto assim, eu não vejo nem questão de dinheiro, eu vejo questão de saúde

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mental (risos), saúde mental, porque o estresse é muito grande, mas eles dão

oportunidade de você crescer.”

Atria

“Eu não sei. Essa fábrica vai crescer [...] acho que eles dão mais valor as pessoas que

estão fora, do que as que estão dentro. É como se eles buscassem mais um conhecimento

mais pronto. [...]”

Fonte: Dados da pesquisa (2018).

Pergunta 10 – (Dimensão 4) - Obviamente mesmo não havendo estabilidade, você sente

certa segurança quanto ao seu emprego ou há muita instabilidade em sua empresa?

Explique.

Adhara

“Não! Ninguém sente porque... Como no meu caso, no meu cargo, é muita gente, então

é só um número, e a rotatividade lá é muito grande, sai gente, entra gente, com muita

frequência, constantemente, então tanto faz você ir trabalhar e de repente lá, o supervisor

lhe chamar pra salinha e você ser demitida, você não se sente seguro.[...]”

Electra “Com certeza! Modéstia à parte...(risos)...eu sou muito boa...(risos)...[...]”

Polaris

“Olha, no início, a gente sente um pouco... porque como a gente não é da rede, né? [...]

não é algo que a gente perceba que vai se encerrar.”

Nash “Sinto. Passa uma segurança em estar aqui.”

Mizar

“Me sinto sim, segura. Aqui nunca tive com medo - Ai meu Deus do céu, vai acontecer

alguma coisa! (risos)”

Vega

“Olha, não. Porque como eu fui mudada assim de repente [...] eu tava lá fazendo meu

trabalho direitinho, aí eu fui transferida, fui pra outra área, então fiquei um pouco assim,

desestabilizada, então agora vou procurar um curso agora pra eu poder, se me faltar

trabalho, eu procurar outra coisa para mim.”

Ankaa

“Sinto, mesmo com... acho que minha insegurança no momento é por conta do mercado,

no geral. Não por conta da instituição, mas eu me sinto segura.”

Antares “De certa forma sim, porque também a gente conta com os feedbacks, né? [...]”

Orion

“Me sinto. É estranho falar isso, porque eu não sou do tipo de pessoas que goste de ficar

me gabando de nada, mas pelo trabalho que eu faço todos os dias, pela amizade que eu

tenho com o meu chefe, com o meu gerente... [...]”

Atria “Não. Lá, qualquer coisa é... (fez um gesto indicando que a pessoa é posta para fora...).”

Fonte: Dados da pesquisa (2018).

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Pergunta 11 – (Dimensão 5) - Você sente que já houve ou há algum tipo de preconceito em

seu trabalho em relação a você, por parte da empresa, de seus superiores e/ou de seus

colegas? Seja devido a qualquer questão como raça, gênero, orientação sexual, religião, origem,

condições econômicas, estilo de vida, aparência, idade ou por qualquer outro motivo? Explique.

Adhara

“Não, eu não senti e eu não acredito...porque, assim... Lá tem muita gente jovem, muito

jovem, 80% é jovem, entendeu? E por ter muito jovem, tem muitos estilos diferentes,

muita gente diferente, então não tem como você levantar o preconceito. [...]”

Electra

“Existe, existe... Por todos os incentivos, por toda a mente aberta, por tudo que tenha,

que o dono tenha, que a empresa passa para os funcionários, mas existe um preconceito

forte por ser mulher. Então determinadas coisas é ainda uma função de mulher. [...] Eu

vejo que a gente tem alguns privilégios, e assim, por mais que seja mínimo... Hoje teve

um fato, a gente tinha que suspender uma caixa, e ele não queria... - Ah não, mulher não

faz isso! - era uma caixa leve, não era uma caixa pesada, mas existe isso aí... Não chega

a prejudicar, mas existe, claro que existe. Por exemplo, ele vai pra Portugal, para os

meninos ele traz vinho, pra mim ele traz maquiagem... (risos)... Não dá pra ser igual, não

dá pra ele trazer maquiagem para os meninos talvez, mas dá pra ele trazer vinho pra mim

(risos)... Poxa, isso me prejudica” (risos)...”

Polaris

“Não, eu fui bastante bem aceita lá na escola [...]Às vezes, por eu ser mais nova, né? A

maioria dos professores são bem mais velhos... mas eu percebo que lá a gente tem uma

troca muito boa [...]”

Nash

“Não, aqui não, nunca senti nada. E também sempre fazem palestra com gente de fora

pra falar sobre esse tema, sobre preconceito, essas coisas. [...] estão sempre trabalhando

nisso no pessoal que trabalha aqui pra evitar esse tipo de coisa.”

Mizar

“Então, no ano passado, no comecinho quando eu tava aqui, eu sentia muito problema,

eu não sei se era por ser mulher ou porque tava iniciando a carreira de programação, ai

tinha umas brincadeirinhas meio chatas, tinha esse projeto que eu tô agora, só tem eu de

mulher e oito homens, ai querendo ou não..., era o que eu sentia, mas agora...”

Vega

“No começo foi porque eu era mulher, e eu entrei na área de supervisão administrativa,

né? Assim, antes de entrar no cargo, meu gestor disse assim: - Tem certeza, que tu queres

ficar como supervisora administrativa, porque você vai mexer com máquina, vai mexer

pesado, vai ...”. Eu disse - Olha, se você me der o trabalho, eu consigo fazer - eles sempre

dão uma barreira pra mulher, tem que fazer sempre melhor, mostrar que é capaz. E

também com a vestimenta, eles têm muito disso. Você tem que se vestir bem, se você

não se vestir bem, tem alguns gestores que eles falam na cara dura, que você está se

vestindo mal (risos). A cobrança é maior para as mulheres [...]”

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Ankaa

“[...] a questão de você ser do RH, você precisa ser a pessoa perfeita, você não pode... -

Ah ela é do RH, a menina do RH, hem?! O RH pode fazer isso? - (risos), tem isso né?

Tem uma cobrança maior, mas não acho... eu acho que é mais de baixo, mais dos outros,

dos colegas, da chefia não.”

Antares “Nunca senti isso aqui [...]”

Orion

“Não, acho que não, nunca houve. Nunca senti isso. Se foi velado, não sei. Mas eu nunca

senti isso.”

Atria

“Com certeza! Mulher! [...] nessa empresa, eu sofro mais com a minha equipe, que é

toda masculina, tanto que quando eu passei no processo seletivo, depois que eu descobri,

que o boato é que eu entrei porque o gerente queria me pegar. Então assim, a gente

sempre sofre porque nunca dão credibilidade a tua capacidade, principalmente se você

for um pouquinho mais bonitinha. Preconceito tem, muito! Todo o dia engolindo sapo...

Quando não é isso, é aqueles assédios de “brincadeirinha” (fez gesto de aspas), uma

gracinha aqui, outra ali...”

Fonte: Dados da pesquisa (2018).

Pergunta 12 – (Dimensão 5) - Como é o relacionamento entre as pessoas em sua empresa?

Entre colegas e com os superiores? Entre as pessoas de um mesmo setor e de setores diferentes?

As pessoas procuram se ajudar no dia a dia? Há mais competição ou cooperação? Explique.

Adhara

“É uma coisa boa, eu gosto. Tentam se ajudar. Há apoio. [...] Eu chego a acreditar, não

sei, mas assim na teoria, que todo mundo se dá bem no final das contas, porque no final

de tudo, é como se todos eles sofressem o mesmo tanto por parte da organização

entendeu? [...] Se unem, entendeu? Acaba ficando todo mundo ali, unido, porque todo

mundo tem que suportar junto o que está passando [...] porque no final tá todo mundo

tão pra baixo, e tão depressivo, entendeu? Tá todo mundo sofrendo.”

Electra

“É bem tranquilo, a gente não tem problema nenhum não. [...] Quando eu passei por uma

dificuldade muito grande, pessoal, eu tava muito ruim, eu tava ruim demais [...] Ele

acreditou mais em mim do eu mesma, muito mais [...] me senti protegida. Criei uma

gratidão... Claro que eu quero crescer, mas por agora eu quero ajudá-lo a crescer ainda

mais. [...] Ele me ouve, respeita minha opinião, ele me dá autonomia de fazer as coisas,

de crescer. Ele respeita o limite das pessoas, pergunta se dá pra ficar quando precisa.

Respeita.”

Polaris

“É muito bom, é muito bom. Todos os professores... acho que vai desde a limpeza, do

pessoal dos serviços gerais até à gestão, todo mundo se relaciona muito bem. A gente se

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respeita, todo mundo se trata muito bem. E a relação entre os professores é de

colaboração mesmo.”

Nash

“Tudo tranquilo. A gente é uma segunda família, assim, todo mundo se dá bem. [...] Na

área de negócios, a minha área lá, também é assim, todo mundo se ajuda pro resultado

final ficar certo.”

Mizar

“Como eu já havia falado, aqui todo mundo fala com todo mundo, não tem essa de

segregação... o relacionamento é muito legal, acho fantástico... todo mundo ajuda o

outro, incentiva... nada de competitividade. Todo mundo acolhedor, comigo foi assim...

é como se cada pessoa fosse igual a outra, nunca vi nenhuma diferença...acho muito

bacana.”

Vega

“Tem muita competição, porque como você trabalha com metas e resultados, você tem

que se mostrar, se não, você não é visto... Mas assim, não é aquela coisa, voraz que todo

mundo quer matar o outro [...]”

Ankaa

“Mais de cooperação, e isso tá nos nossos valores né? [...]os valores são colocados na

prática, a gente vive isso [...]”

Antares

“A equipe de profissionais dessa escola é tão boa, de pessoas boas, então me sinto tão

acolhida aqui, amada mesmo, pelos meus amigos, pelos meus colegas, aqui eu faço

realmente amigos [...]”

Orion

“A gente tem um relacionamento muito bom, todo mundo se ajuda, busca sempre dar

uma dica pro outro... [...] Quando alguém bate a meta, todo mundo bate palma, faz zoada

na mesa, todo mundo fica feliz, porque realmente é isso, quando um vence, a gente

também se sente vitorioso. Porque no final de tudo é um número do setor, que representa,

então a gente não tem essa questão não (competição).”

Atria

“Com meu gestor...por incrível que pareça eu não tenho muito contato... [...]Entre a

minha equipe eu não tive apoio nenhum, desde o começo tô aprendendo tudo sozinha.

São 3 técnicos e eu. [...]”

Fonte: Dados da pesquisa (2018).

Pergunta 13 – (Dimensão 6) - Você sente que em seu trabalho, respeitam os seus direitos

tanto pessoais quanto trabalhistas? Você sente que tem direito a uma certa privacidade no

trabalho? Você sente que pode expressar suas opiniões sem medo de represálias? Explique.

Adhara

“Você só tem essa liberdade com os amigos, assim, com um superior, eu particularmente

não sinto essa liberdade. [...]Direitos trabalhistas, respeitam todos? Não, não por vários

motivos, se você sair sem nenhum problema, entre aspas, de uma empresa de call center

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e levar ela pra justiça, você vai conseguir ganhar, pode demorar 10 anos, mas você ganha,

porque no final das contas, sempre vai ter alguma coisa que não estava de acordo.

Entendeu? [...]”

Electra

“[...] a parte de imposto [...] Ele tem uma relutância muito grande, ele acha que é absurdo,

porque no país dele não é assim... E até trabalhista mesmo, é assim, a gente que tem que

tá cobrando ele pagar, o FGTS, o INSS, tem que tá no pé dele, se não ele não paga. [...]

quando paga, ele não desconta. [...]”

Polaris

“Com relação a isso, essa empresa é bem correta. Sempre pagam, às vezes, até

antecipado [...] Muita liberdade para expressar nossas opiniões [...]”

Nash

“Sim, tudo certinho. [...] E aqui sempre pagam bem antes da data do salário, vale

refeição, tudo certinho.”

Mizar “Sim. Tudo certinho, nunca aconteceu nada.”

Vega “Sim.”

Ankaa “Sim. São.”

Antares “Acho que eu é que preciso ficar mais atenta a alguns direitos, os meus direitos, porque

claro, quando a empresa cresce, há uma tendência a cair um pouco a qualidade, se não

houver organização nesse crescimento, a qualidade decai... Então há umas situações que

a gente precisa rever [...]”

Orion

“Sim, com certeza, A gente sempre busca ouvir o que o outro tem a dizer, como eu falei

no começo, meu chefe ele super escuta o que a gente tem pra falar, tem pra melhorar,

então a opinião da gente é bem ouvida lá. Direitos trabalhistas, sim, respeitam todos.”

Atria

“Liberdade de falar o que pensa? De jeito nenhum! (risos)... É uma gestão que reprime

assim... Não sabe ouvir. [...] Em relação a lei, eles são precavidos.”

Fonte: Dados da pesquisa (2018).

Pergunta 14 – (Dimensão 7) - Você sente que seu trabalho permite haver maior equilíbrio

entre trabalho e vida pessoal? Isto é, seus horários de trabalho permitem sobrar tempo para

realizar outras atividades fora dele: de cuidados com a saúde, lazer, estudo e/ou convívio

mínimo com a família e amigos? Há alguma flexibilidade em seus horários de entrada/saída ou

almoço? Folgas? Explique.

Adhara “Meu trabalho permite fazer muitas coisas, devido à jornada. [...] Agora, você também

pode trocar o horário, por exemplo, ah, hoje de manhã tenho que ir no banco e não dá,

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eu troco com alguém que pega à tarde, ou um pouquinho mais tarde, então há essa

possibilidade de troca, eles permitem isso. [...]”

Electra “Não há costume de sair depois do horário, até sair mais cedo, tem dia que a gente sai

até mais cedo, quando tem ‘zero bronca’.”

Polaris “Sim, com certeza. Lá a gente tem, essa parte que eu digo, a parte positiva, que a gente

não traz atividades, a gente não envia atividades de casa para os meninos fazerem, por

exemplo, porque eles já fazem na própria sala de aula. [...]”

Nash “[...]dá pra conciliar e com outras coisas também.”

Mizar “[...] as 8 horas tá tudo tranquilo, a flexibilidade. Tenho coisa pra resolver a tarde, só

aviso o pessoal da equipe pra não sair sem avisar nada. Hoje vou precisar sair um pouco

mais cedo, aí fico com o banco de horas negativo, mas vou compensando, a flexibilidade

de horário é ok, já ajuda a equilibrar, já resolve os problemas pessoais e o trabalho.”

Vega “Depende da função que você exerce lá, se você for um gerente mesmo, suga bastante.

Antigamente, quando eu tava sozinha, me sugava bastante, aí depois vieram outras

pessoas pra me ajudar, aí agora dá pra conciliar. Se eu quiser sair mais cedo, tenho que

chegar mais cedo, existe essa possibilidade se eu precisar. [...]”

Ankaa “Meu horário é de segunda a sexta. Tem uma flexibilidade, dependendo da sua

necessidade, você pode ir a um gestor, eu já em algum momento até de necessidade

alinhei, e fui tranquila. Só se houver a necessidade.”

Antares “Isso é importante frisar, a nossa área de educação, como professor, a gente é muito

sugado, o sistema suga muito, a relação com os alunos suga muito do emocional, então

a relação com o outro, é muito visceral na verdade. E aí, dentro desse âmbito é muito

complicado manter o equilíbrio. [...] Eu optei, eu fiz uma opção de vida, na verdade, e

optei por, reduzir um pouco, a minha faixa salarial para ter mais qualidade de vida. [...]

eu fiz uma autoanálise na minha vida, vi o que é prioridade pra mim...o trabalho é

também uma das prioridades, mas não é a maior prioridade na minha vida [...] Conheço

muitos profissionais da educação que são doentes, doentes mesmo e não é só corpo, com

a mente destruída, por não estar sabendo lidar com esse equilíbrio. Porque não tem esse

equilíbrio, emocional e de tudo, tudo. Vejo profissionais, amigos meus hoje, pra dar um

exemplo, que emendam manhã, tarde e noite... adoeceu, por quê? Porque não teve tempo

de cuidar das outras áreas da vida...

Orion “Sim, a gente lá, a questão do ponto é muito regrado. [...] Mas terminando no horário a

gente pode ir embora, ninguém pede pra gente ficar, nem nada. [...]a função que eu faço

hoje em dia, é tranquilo. Não tem flexibilidade de horário, mas se for preciso, meu chefe

é muito compreensivo... E a gente não trabalha de sábado e domingo, só de segunda à

sexta, então o que a gente tem pra fazer, pelo menos eu, busco fazer sempre no final de

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semana, claro que uma questão de banco que tem que ser durante a semana, a gente

conversa com ele e ele é super tranquilo em relação a isso.”

Atria “Se eles precisarem de mim num dia de domingo, eu tenho que ir. Trabalho de segunda

à sexta, mas no fim de semana você tem que ficar ali...até de madrugada eles podem

ligar. Eu particularmente nunca deixei meu celular tocando de madrugada, então eu

nunca precisei ir, porque eu fiquei incomunicável...(risos)...”

Fonte: Dados da pesquisa (2018).

Pergunta 15 – (Dimensão 8) - A sua empresa é socialmente responsável? Ela desenvolve

programas e ações voltados para a comunidade e/ou o meio ambiente? Ela contribui ou

prejudica a sociedade com sua produção e produtos, seus serviços...? E quanto aos seus

funcionários, ela tem uma preocupação social com eles? Você se sente orgulhoso(a) de

trabalhar nessa empresa? Explique.

Adhara

“Não, não. [...] eu chego a sentir vergonha de dizer que trabalho lá. De que eu sou

operadora de telemarketing, assim, é como se eu tivesse errado, eu tivesse errando...

Sabe, tipo assim, estás fracassando na tua vida, estás perdendo tempo aqui e não estás

desenvolvendo o que era pra tu desenvolver. É frustrante.”

Electra

“Interno? Muito. A gente procura sempre trabalhar a reciclagem de papel, a gente não

gosta de desperdício, acho que... Acabou que todo mundo adotou essa cultura, vem dele.

[...] Sim, me sinto muito orgulhosa de trabalhar lá. São 3 anos, 3 anos de crescimento

contínuo”

Polaris

“Já é um projeto social, voltado para a comunidade. Em relação a nós...(risos)... Não, eu

acho que não exatamente, o foco da empresa é outro né?” [...] Isso reflete na questão

salarial, no plano de cargos que não tem, e tantas outras coisas... [...] Eu gosto, eu gosto.

[...]eu tô me realizando, eu tô me descobrindo, com esse projeto. E a realização em vê-

los aprendendo [...] eu fico muito satisfeita quando eu vejo eles realmente progredindo,

tendo autoestima [...] É isso que me faz ainda querer seguir nessa área, ainda está me

permitindo ficar (risos)... [...]”

Nash

“Social, tem uma comunidade aqui ao lado que a empresa está sempre fazendo eventos,

tentando organizar o pessoal de lá, arrecadar alimentação pra alguma coisa, a gente se

junta todo mundo aqui e ajuda. E, também esse cuidado com o meio ambiente, pegar

papel pra reciclar. Peça de computador velho, pilha, bateria você bota ali separado pra

levarem. Tem essa preocupação. Sim, me sinto orgulhoso. Quando eu falo que trabalho

aqui, encho a boca pra falar (risos)... [...]”

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Mizar

“Eu já soube de um projeto que era de uma lixeira inteligente, eu não sei se era um cliente

real ou se era um projeto interno [...] Eu me sinto orgulhosa de trabalhar aqui.”

Vega

“Sim. Eles trabalham bastante, eles fixam bastante essa questão de sustentabilidade.

Sinto orgulho de trabalhar lá, a empresa é boa, é uma empresa que tem assim, como é

que eu posso dizer, tem uma visibilidade muito boa no mercado, todo mundo só ouve

falar bem, então...”

Ankaa

“Sim considero. Tem vários programas voltados para comunidade [...] Sim, me sinto

orgulhosa de trabalhar aqui...”

Antares

“Sim, eles têm vários projetos. Têm projetos pra ajudar a comunidade no entorno [...] Eu

gosto, gosto de trabalhar aqui, eu gosto de trabalhar nessa empresa, acho que sou

valorizada por isso, acho que posso contribuir muito pra essa sociedade, no entorno, que

precisa muito, embora os alunos aqui na sua maioria tenham condições financeiras muito

boas, alguns muito melhores que outros, a gente vê as diferenças, mas eles são muito

carentes também, então a gente vê outro tipo de carência, e a gente precisa aprender a

lidar com isso. [...]”

Orion

“Sim, tem sim. Sempre procuram fazer esse negócio de reciclagem, a gente tem lá os

lixos de cada cor... (risos)... Desde quando a gente entra na empresa, na integração,

explicam as normas e sobre o lixo, mas no dia a dia, às vezes, pra ser sincero, acaba-se

jogando em qualquer lixo... Mas tem, eles trabalham essa parte sim, quando chega em

alguma data comemorativa, por exemplo, Natal, Páscoa, fazem arrecadação de alimentos

pra doar... Quem quiser participa. [...] Então eles sempre buscam fazer coisas que

envolvam os próprios funcionários. Eu gosto de trabalhar lá [...]eu tenho assim, orgulho

é uma palavra que a gente não para pra pensar, né? Mas eu sou bastante feliz de trabalhar

lá. Acho que orgulho é a palavra certa, acho que é a palavra certa, orgulho, é isso

mesmo.”

Atria

“Eu acho, assim... eu acompanho um pouco de longe, não acompanho muito, ela tem um

projeto que planta árvores, e de vez em quando eles fazem uma trilha com o pessoal da

comunidade nessa área. Sim, a gente é envolvido. Além disso, tem a preocupação até

por conta de lei, da questão de emissão de poluentes pro rio, eles têm um controle muito

forte, muito forte... e é até bonito de se ver todo o processo e a água saindo clarinha,

clarinha pro rio... Eu sinto orgulho da minha profissão, eu gosto. [...] Mas não estou me

sentindo tão bem nesse ambiente. Tô tentando sobreviver. Orgulho da empresa? Não, da

empresa, não. É uma empresa de nome, tô aprendendo bastante com essas dificuldades,

além de lidar com as pessoas, de ouvir besteira que te coloca à prova, né? Apesar disso

tudo, você aprende muito. [...]”

Fonte: Dados da pesquisa (2018).

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APÊNDICE E – SÍNTESE QUALITATIVA DA ANÁLISE DE CONTEÚDO

Critérios Subcritérios Nº Questões norteadores da entrevista

semiestruturada

Empresas / Funções

(Informações Gerais) (Sobre a empresa e o

trabalho desenvolvido

pelo jovem)

1 Conte-me um pouco sobre a

empresa que você trabalha.

E1- Serviços;

E2- Representação;

E3- Instituto/ Escola Pública;

E4- Empresa de TI;

E5- Empresa de TI;

E6- Banco;

E7- Instituição de Ensino Superior;

E8- Escola Particular;

E9- Grupo de Concessionárias de Veículos;

E10- Indústria de Cerveja.

2 Fale-me sobre seu trabalho e as

atividades que você desenvolve.

E1- Op. Telemarketing;

E2- Analista de Compras;

E3- Professora – Fundamental I;

E4- Designer;

E5- Engenheira de Software;

E6- Assistente de Gerência;

E7- Assistente de RH;

E8- Professora – Fundamental I e II – Inglês;

E9- Consultor de Vendas Web;

E10- Técnica de Automação.

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Critérios Subcritérios Nº Questões norteadores da entrevista

semiestruturada

Aspectos positivos Aspectos negativos

1. Compensação

justa e adequada

SAL - Salário;

CP – Comissão e

premiações;

BNF - Benefícios;

EI e EE - Equidade

interna e externa

3 Fale-me também sobre sua

remuneração: salário e benefícios. O

que você acha do seu salário? Você

recebe benefícios? Quais? O que acha

deles? Há um ou mais benefícios que

você não recebe e sente falta? Você

tem ideia se outras pessoas do Grande

Recife ganham mais ou menos que

você pelo mesmo tipo de trabalho?

Explique.

E1- SAL, EI, EE, BNF

E2- CP, EI, EE, BNF

E3- ---

E4- SAL, BNF

E5- SAL, BNF

E6- SAL, BNF

E7- BNF

E8- EE

E9- SAL, EI, EE, CP

E10- SAL, EI, EE, BNF

E1- CP, BNF

E2- SAL;

E3- SAL, EE, BNF

E4- ---

E5- ---

E6- ---

E7- SAL, EE

E8- SAL, EI, BNF

E9- BNF;

E10- ---

2. Condições de

trabalho seguras e

saudáveis

JT - Jornada de

trabalho;

CT - Carga de

trabalho;

AF - Ambiente

físico;

ME - Material e

equipamento;

AS -Ambiente

saudável;

EST - Estresse

4 O que você pode me dizer sobre as

condições de trabalho que sua

empresa proporciona? Como

jornada de trabalho, carga de trabalho,

ambiente físico, material e

equipamento, segurança, nível de

estresse? Explique.

E1- JT, CT

E2- TUDO

E3- AF

E4- TUDO

E5- TUDO

E6- AF

E7- TUDO

E8- TUDO

E9- TUDO

E10- AF

E1- AF, MF, EST

E2- ---

E3- EST

E4- ---

E5- ---

E6- EST

E7- ---

E8- ---

E9- ---

E10- EST

3. Oportunidades

imediatas para

desenvolver e usar

AUT - Autonomia;

FDB - Feedback;

5 Você tem autonomia para realizar

seu trabalho da forma como acha

E1- FDB, RT E1- AUT, CHA

E2- ---

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117

as capacidades

humanas

CHA - Uso de

competências e

habilidades no

trabalho;

RT - Relevância do

trabalho

melhor? Isto é, com uma boa

liberdade, mesmo que dentro de

determinados parâmetros

determinados pela empresa? E você

sente que tem o correto feedback sobre

seu desempenho de maneira a poder

melhorá-lo? Explique.

E2- AUT, FDB, CHA,

RT

E3- AUT, FDB, CHA,

RT

E4- AUT, FDB, CHA,

RT

E5- AUT, FDB, CHA,

RT

E6- FDB, CHA, RT

E7- FDB, RT

E8- AUT, FDB, CHA,

RT

E9- AUT, CHA, RT

E10- AUT, CHA, RT

E3- ---

E4- ---

E5- ---

E6- AUT

E7- AUT, CHA

E8- ---

E9- FDB

E10- FDB 6 Você consegue usar suas aptidões e

habilidades no trabalho que

desenvolve? Várias delas ou apenas

uma pequena parte, e sempre as

mesmas? Explique.

7 Qual a relevância desse seu trabalho

para você e para a vida ou trabalho

de outras pessoas? Você acha que o

trabalho que você realiza causa

menor ou maior impacto ao

resultado final de sua empresa?

Explique.

4. Oportunidade

futura para

crescimento

contínuo

TED – Treinamento

e Desenvolvimento

pessoal e

profissional;

CAR - Carreira;

8 A empresa possibilita de alguma

maneira seu desenvolvimento

pessoal através de cursos e

treinamentos? Com foco apenas nas

habilidades que você precisa utilizar

na função atual ou com possibilidade

E1- ---

E2- TED, CAR, SEG

E3- TED, SEG

E4- TED, CAR, SEG

E5- TED, CAR, SEG

E6- TED, CAR

E1- TED, CAR, SEG

E2- ---

E3- CAR

E4- ---

E5- ---

E6- SEG

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118

SEG - Segurança no

emprego

de lhe preparar para que você possa

crescer profissionalmente em um

futuro próximo? Explique.

E7- TED (Ed. Formal);

CAR, SEG

E8- TED, CAR, SEG

E9- TED, CAR, SEG

E10- ---

E7- TED (Treinamentos)

E8- TED

E9- ---

E10- TED, CAR, SEG 9 Você vê possibilidade de carreira na

empresa em que você trabalha? Eles

tendem a promover talentos internos

e/ou possibilitar seleções internas para

o preenchimento das vagas que

surgem? Explique.

10 Obviamente mesmo não havendo

estabilidade, você sente certa

segurança quanto ao seu emprego

ou há muita instabilidade em sua

empresa? Explique.

5. Integração social

na organização

PRE - Preconceito;

RI - Relacionamento

interpessoal

11 Você sente que já houve ou há

algum tipo de preconceito em seu

trabalho em relação a você, por

parte da empresa, de seus

superiores e/ou de seus colegas? Seja

devido a qualquer questão como raça,

gênero, orientação sexual, religião,

origem, condições econômicas, estilo

de vida, aparência, idade ou por

qualquer outro motivo? Explique.

E1- PRE, RI

E2- RI

E3- PRE, RI

E4- PRE, RI

E5- RI

E6- RI

E7- RI

E8- PRE, RI

E9- PRE, RI

E1- ---

E2- PRE (mulher)

E3- ---

E4- ---

E5- PRE (mulher -

início)

E6- PRE (mulher -

início), RI

E7- PRE (rh)

E8- ---

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119

12 Como é o relacionamento entre as

pessoas em sua empresa? Entre

colegas e com os superiores? Entre as

pessoas de um mesmo setor e de

setores diferentes? As pessoas

procuram se ajudar no dia a dia? Há

mais competição ou cooperação?

Explique.

E10- --- E9- ---

E10- PRE (mulher), RI

6. Constitucionalismo

na organização

LEX - Liberdade de

expressão;

DPT - Direitos

pessoais e

trabalhistas

13 Você sente que em seu trabalho,

respeitam os seus direitos tanto

pessoais quanto trabalhistas? Você

sente que tem direito a uma certa

privacidade no trabalho? Você sente

que pode expressar suas opiniões sem

medo de represálias? Explique.

E1- ---

E2- LEX

E3- LEX, DPT

E4- LEX, DPT

E5- LEX, DPT

E6- LEX, DPT

E7- LEX, DPT

E8- LEX, DPT

E9- LEX, DPT

E10- DPT

E1- LEX, DPT

E2- DPT

E3- ---

E4- ---

E5- ---

E6- ---

E7- ---

E8- ---

E9- ---

E10- LEX

7. Trabalho e espaço

total na vida

EQL - Equilíbrio

entre vida pessoal e

profissional;

FLX - Flexibilidade

de horários

14 Você sente que seu trabalho

permite haver maior equilíbrio

entre trabalho e vida pessoal? Isto

é, seus horários de trabalho permitem

sobrar tempo para realizar outras

atividades fora dele: de cuidados com

a saúde, lazer, estudo e/ou convívio

E1- EQL, FLX (quando

precisa)

E2- EQL, FLX (quando

precisa)

E3- EQL

E4- EQL, FLX (total)

E5- EQL, FLX (total)

E1- ---

E2- ---

E3- ---

E4- ---

E5- ---

E6- ---

E7- ---

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120

mínimo com a família e amigos? Há

alguma flexibilidade em seus horários

de entrada/saída ou almoço? Folgas?

Explique.

E6- EQL, FLX (sério)

E7- EQL, FLX (quando

precisa)

E8- EQL (optou diminuir

salário para maior QVT)

E9- EQL, FLX (quando

precisa)

E10- EQL, FLX (sério)

E8- ---

E9- ---

E10- ---

8. Relevância social

do trabalho

RSA -

Responsabilidade

socioambiental

interna e externa;

ORG - Orgulho de

trabalhar na empresa

15 A sua empresa é socialmente

responsável? Ela desenvolve

programas e ações voltados para a

comunidade e/ou o meio ambiente?

Ela contribui ou prejudica a

sociedade com sua produção e

produtos, seus serviços...? E quanto

aos seus funcionários, ela tem uma

preocupação social com eles? Você

se sente orgulhoso(a) de trabalhar

nessa empresa? Explique.

E1- ---

E2- RSA, ORG

E3- RSA, ORG

E4- RSA, ORG

E5- RSA, ORG

E6- RSA, ORG

E7- RSA, ORG

E8- RSA, ORG

E9- RSA, ORG

E10- RSA

E1- RSA, ORG

E2- ---

E3- ---

E4- ---

E5- ---

E6- ---

E7- ---

E8- ---

E9- ---

E10- ORG

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121

APÊNDICE F – SÍNTESE QUANTITATIVA DAS RESPOSTAS POSITIVAS PARA CADA SUBCRITÉRIO DAS 8 DIMENSÕES DE

QVT DE WALTON (1973) LEVANTADAS NA ANÁLISE DE CONTEÚDO

Critérios Síntese dos

Subcritérios

E1

Adhara

E2

Electra

E3

Polaris

E4

Nash

E5

Mizar

E6

Vega

E7

Ankaa

E8

Antares

E9

Orion

E10

Atria

%

satisfação

1 Salário – equidade

interna

X X X X X X X X X 90%

Salário – equidade

externa

X X X X X X X X 80%

Benefícios X X X X X 50%

2 Condições de

trabalho

X X X X X X X X X 90%

Ausência de

estresse

X X X X X X 60%

3 Autonomia X X X X X X X 70%

Feedback X X X X X X X X 80%

Múltiplas

habilidades

X X X X X X X X 80%

Relevância do

trabalho

X X X X X X X X X X 100%

4 Treinamento e

desenvolvimento

X X X X X X X X 80%

Carreira X X X X X X X 70%

Segurança X X X X X X X 70%

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Critérios Síntese dos

Subcritérios

E1

Adhara

E2

Electra

E3

Polaris

E4

Nash

E5

Mizar

E6

Vega

E7

Ankaa

E8

Antares

E9

Orion

E10

Atria

%

satisfação

5 Ausência de

preconceito

X X X X X X 60%

Relacionamento

interpessoal

X X X X X X X X 80%

6 Liberdade de

expressão

X X X X X X X X 80%

Direitos

trabalhistas

X X X X X X X X 80%

7 Equilíbrio entre

vida pessoal e

profissional

X X X X X X X X X X 100%

Flexibilidade de

horário

X X X X X X X 70%

8 Responsabilidade

socioambiental

X X X X X X X X X 90%

Orgulho da

empresa

X X X X X X X X 80%

TOTAL de 0 a 20 pontos 8 17 15 20 20 15 16 17 18 10