cel. carlos alberto ustra a verdade sufocada

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.' RESERVADOl ( <,Ii'i 1 1 '" li', , ~1'\\:: I' i( li I i ,li " li !\I , < \:\ \1: li;' . I' - b :] I .~ A presente obra é composta de dois volumes, cujos assun~ tos sao os abaixo discriminados: 19 VOLUME - UMA EXPLICAÇÃO NECESS~RIA INTRODUÇÃO • A VIO~NCIA EM TRES ATOS • A TERCEIRA TENTATIVA DETO~ffiDA DO PODER 1964 - ENGAJAMENTO DAS FORÇAS ARMADAS (1969) ,I 29 VOLUME - 3~ PARTE \ • A TERCEIRA rfENTATIVA DE TOHADA DO PODER 1970 - 1973 4~ PARTE •A QUARTA! TENTATIVA DE'TOMADA DO PODER 1974 - ••• \ , , 11E S E. RV f\ O O\ " ,

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  1. 1. .' RESERVADOl ( encoltt~~vamo6' pIL xim06 ao inimigo, dint~o de um ce~co ~ue p5de. be~ executado em v~lLtude d~ exi~tnci~ de muita~ e~t~~daJ.> na lLegio. O Te.nente Mende.6 60i c.onden~do ~ ntolLlLelL~ c.olLonhada.6 de 6uzil, e. a.6.6im o fio)..,' .6ndo depdi.6 entelLlLado". Alguns meses mais tarde, em 8 de setembro de 1970, Ariston Oliveira Lucena, que havia sido preso, apontou o local onde o Tenente Mendes estava enterrado. As fotografias tiradas de seu crnio atestam o horrendo crime cometido. ~a"QQ. m~nutQS o~ols, QS trs terroristas retornaram, e, ';~:"""'~!!f''''.~~~t':f:f~!ti!di:! !?~ili";1,a;L, "o ~l)~!;!'n" F~l imore de s foa" hou- J:tl~ ~ 181:~fi~ag' iif6I!11! ~ lili eitM{~tt ~~~ill'~'1l2l1!'1~QIt- 1''''''~.... -.!:. . do e com a base do crnio partida, o Tenente Mendes gemia e con torcia-se em dores. Digenes Sobrosa de Souza desferiu-lhe ou- troS golpes na cabea~ esfacelando-a. Ali mesmo, numa pequena vala e com seus coturnos ao lado da cabea ensanguentada, o Te- nente Mendes foi enterrado . Lamarca, Yoshitane Fugimore e Digenes Sobrosa de Souza afasta- ram-se, ficando Ariston Oliveira Lucena e Gilberto Faria Lima tornando conta do prisioneiro. I , _ i _ o ex-Cap~tao Carlos: Lamarca morreu na tarde de 17 de se tembro de 1971, no interior da Bahia, durante tiroteio com a foras de segurana; _ Yoshitane Fugimore morreu em 5 de dezembro ~e 1970, em so Paulo, durante tiroteio com as foras ~e segurana; _ Digenes Sobrosa de Souza e Ariston Oliveira Lucena fo- ram anistiados em 1979 e-vivem livremente no Brasil; e _ Gilberto Faria Lima fugiu para o'e~terior e desconhece- se o ,seu paradeiro atual./ 3.Terceiro ato A manh de 23 de maro de 1971 encontrou o jovem advogado de 26 anos, srgio Moura Barbosa, escrevendo uma .carta; em seU c RESERVADO ------'-
  2. 20. RESERVADO, xxv quarto de pensa0 no bairro de Indianpolis,na capital de so Paulo. Os bigodes bem aparqdos e as longas suas contrastavam com o aspecto conturbado de seu rosto, que nao conseguia escon- der a cris~ pela qual estava passando. I .Trs frases foram colocadas 'em destaque na primeira folha da carta: liA Revoluo nao tem prazo e nem pressa"; "No pedi- mos licena a ningum para prati:ar atos revolucionrios'; e "No I devemos ter medo de errar. ~ prercrvel errar'fazendo do que na da fazer". Em torno de cada frase,. todas de Carlos Marighela, o jovem tecia ilaes prpriasp tiradas de sua experincia rcvolu cionria corno ativo militante da Ao Libertadora Nacional(AIN). Ao mesmo tempo, lembrava-se das profundas transformaes que ocorreram em sua vida e em seu pensamento, desde 1967,quan- do era militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e estu- dante de Sociologia Poltica da Universidade Mackenzie, em so Paulo.Pensava casar-se com Maria Ins e j estava iniciando a montagem de um apartamento na Rua da Consolao. Naquela epoca, as concepoes militaristas exportadas por Fidel Castro e Che Guevara empolg~vam os jovens, e Marighela surgia como o lder comunista que os levaria tomada do poder atravs da luta armada. Impetuoso, desprendido e idealista, largou o PCB e inte- grou-se ao agrup~mento de Marighela, que, no incio ,de 1968, da- ria origem ALN. ,Naquela manh, a carta servia como repo$it- rio de suas dvidas: "Fao e~~e~ comen~~~o~ a p~op~~to da ~~_ ~uaio em que no~ encon~~amo~: cornple~a de6en~~va e ab~olu~a 6al~a de ~mag~naio pa~a ~a~~mo~ dela. O d~~a6~o, que ~e no~ ap~e~en~a no a~ual mornen~o ~.do~ rna~~ ~~~~o~, na med~da em que e.6~: em jogo a plr..plr..~acon6~ana no m~~odo de luta. que ~dotamo~. :; . O~mpa~~ e em que no~ encon~~amo~ ameaa COmpJLOme~e~ o mov~men~o ~evoluc~on~~o b~a.6~le~~o, levando-o, no mZn~mo, i e.6tagnao.... --".. .. .- - .. - ... e, no m:x~mo, i extino". Esse ~om pessimista est~va muito longe das esperanas que depositara nos mtodos revolucion~os cubanos. Lembrava-se de sua priso, em fins de julho de 1968, quando f.ora denunciado por estar pretendendo realizar um curso de guerrilha em Cuba. ~ ' Conseguindo esconder suas lig~9cs com a ALN, em pouco~ dias foi liberado. Lembrava-s'e, taITbm,da sua primeira tentativa p~ ra ir a Havana, atravs de ROIt)a,quando foi detido, em ,6 de, .. ,a.. t ' I .._ , R E S E li V A D. O I
  3. 21. : " RESERVADO XXVI Com o crescimento de suas indecises, no aceitou, depro~ to, a funo que lhe foi oferecida de ser o cObrdenador da ALN na Guanabara. Ao aceit-la, aps um perodo de reflexo, a pro- posta j fora canc~lada. FOi,. ento, int,..eg:r::adoa um "Grupo de Fogo" da ALN em so Paulo, no .qual participara de diversos as- saltos~ ati aquela manh. Seu descoritentamento, entretanto, era SERVADO Codinome: nome falso usado pelos comunistas em suas.atividades rev~lu- cionrins. agosto de 1968, no aeroporto do Galeo, no Rio de Janeiro. Con- duzido Policia do Exrcito, foi liberado trs dias depois. F.!, nalmcnte, conseguindo o seu intento, permaneceu quase dois anos ,em Cuba, usando o codinome (2) de "Carlos". Aprendeu a lidar com armamentos e explosivos, a executar sabotagens, a realizar assaltos e familiarizou-se com as tcnicas de guerrilhas urbana e rural .Em junho,de 1970, voltou ao Brasil, retornando suas li- gaes com a ALN. Em face de'suainteli~ncia:.a~uda-e dos conhecimentos que trazia de Cuba, rapidamente ascendeu na hierarquia da ALN, pas- sando a trabalhar a nvel de sua Coordenao Nacional. Foi qua!! do, em 23 de outubro de 1970, um segundo golpe atingiu duramen- te a ALN, com a morte de seu lder Joaquim Cmara Ferreira, o "Velho" ou "Toledo", quase um ano aps a morte de Marighel.a (em novembro de 1969). 'Lembrava-:-seque, durante 4 meses,. ficou sem ligaes com a organizao. Premido pela insegurana, no compa receu a vrios pontos, sendo destitudo da Coordenao Nacio- nal. No ~stava c6ncordando com a direo empreendida ALN e escreveu, na carta, que havia entrado "em e~~endimento com ou- ~~o~ companhei~06 igualmente em de6aco~do com a conduc~o . dada ao nOd~o movimenton. ( 2) No incio de fevereiro de 1971, foi chamado para urnadis-' cussao com a Coordenao Nacional e, na carta, assim descreveu. . a reunio: nAo toma~em conhecimento de m~u contato pa~alel9, o~ comp~nhei~o~ do Comando chama~am-me pa~a uma didriu6d~o, a q~al tkan~cok~eu num.clima pouco amidt~~o, includive Com o .emp~ego, pela~ dua~ pa~te~, de palavka~ inconveniente~ paka.uma di6CU~- 4~O polZtica. Con6e~~o que 6iquei ~Ukp~~~o c~m a keacio d06 co~ panhei~o~ po~ n~o denota~em quklque~ ~en~o de autoc~Ztica e ~o- i men~e en~ende~em a minha condu~a cpmo um ~imple6 a~o de indi6ci p.t..ina n No sabia, o jovem,' que a ALN suspeitava de que houves- se trado o "Velho":--' _.'----...-..- ...
  4. 22. J. 1 XXVII visi~l: "FuL Ln~egaado nea.e gaupo, eapeaando que, 6 Lna Lmente .'pudeaae taabaLhaa dentao de Uma eEll,~a 6aLxa de autonomLa e apLL ca4 meu~ conhec~mento~ e tecn~ca~ em p40l do mov~mento. AZ pe~- . ~ manec~ po~ qua~e doi4 me~e~, e q~al nio 60i a minha decepao ao ve4i6ica~ que.tambem a1 e~tava ~nulado ... Tive a ~en~ao deca4 i _ t~aio polZt~ca". No ~abia, o jovem, que a ~LN estava conside- rando o seu trabalho, nO"Grupo de Fo~o~ como desgastante e "ain da somado vacilao diante do inimigo". No final da carta, Srgio, mantendo a iluso revolucio_ nria, teceu comentrios acerca de sua sada da ALN: UA~~im, ji nio hi nenhuma p044ibil~dade de cont~nua~ tole 4ando o~ e4~04 e om~4~5e4 polZt~ca~ de uma di~ecio que ji teve a opo~tun~dade de ~e cO~~~9i~ e nao o 6ez. . Em ~i con4c~~ncia, jamai4 pode4ei 4e~ acu4ado de a~~iV~4_ ta, opo~tun~4~a ou de~40ti4ta. coe.~. No vacilo e nao tenho dida4 quanto -a4 m~nha~ conv.lc_ Cont~nua4ei t4abalhando pela Revoluo, PO~4 ela e o meu nico omp40m~~40. P~Ocu4a~e~ onde p044a 4e~ e6et~vamente t~l ao moviment e ~ob4e ~4to con0e~4a~emo4 pe440almente". Ao final, assinava "Vicente", o codinome que haVia passa- do a usar depois de.seu regresso de Cuba. i It,I I I I i (3) ~ICobrir um ponto": comparecer a um ponto de encontro (entre mil itantes de uma organizao comunista). No final da tar~e, circulava, procedendo s costumeiras evasivas, pelas ruas do JardimEu~opa, tradicional bairro pau- listano. Na altura do nmero 405 da Rua Capava, aprpximou-se um VOlkswagen gren, com dois ocupantes, que dispararam mais de 10 tiros de revlver 38 e pistola 9rnrn. Um Glaxie,com 3 elemen- ~ tos, dava cobertura ao. Apesar da reao do jovem, que che- gou a descarregar sua arma, foi'atingido por 8 disparos. Morto Terminada a redao, pegou o seu revlver calibre 38 e uma lata 'cheia de balas com um pavio guisa de bomba caseira'e saiu para "cobrir um ponto" (3) com wn militante da A~N. No s~ bia que seria traido. No sabia, inClusive, que o deSCOntenta_ mento da ALN era tanto que ele j havia sido SUbmetido, e conde nado, a um "Tribunal ReVOlucionrio". r RESEnVAOQ
  5. 23. 1-' ma.,'t nos quais a. sugestivos os Ao lado do corpo, ;foram jogados panfletos, ALN assumia a autoria do "justamento" (5). so seguintes trechos desse "Comunicado": nA. Aco Li.bell..ta.doll.a.Na.c.i.ona..t (ALNl exec.u.tou, d1.a.23 de co de 7977, Mll.c.i.o Lei..te Toledo. E~~a. exec.uo .te~e o ni.m de ll.e~gua.ll.da.1l.a. oll.ga.ni.za.c.o. ~. 'Violncia, nunca mais! ... . ........ .. ... . . .. . . . . . . . .. ..~ . To!ell.nc.i.a. e c.onc.i.li.a.c;o ,.ti.vell.a.m une~.ta..6 c.on.6eqUnc.i.a..6, ' na Il.evo!uco bll.a~i.lei.Il.a.. 1empell.a.- nOJ ~ ~a.bell. c.ompll.eendell. o momen.to que pa..6.6a. a. guell.ll.a Il.evoluc.i.onll.i.a e no~~a. ll.e.6pon.6a.bi.li.da.de di.a.n.te dela. enoJ ~a palavll.a de oll.dem ll.evoluc.i.on.ll.i.a~ A.o M~wn.t ll.e".6pon.6abi.li.dad,!- na." oll.ga.ni.zaco c.ada. quadlto 'de ve anal~all. ~ua. c.a.pac.i.dade e ~eu pltepalto. ~epoi..6 di.~.to no ~e peltmi..tem ltec.ao.6 .um Oll.ga.ni.za.c;.o ll.etlo.tuc.i.on.Il.i.a.,em gt'VVta. dec.la.ll.a.da., n.o PE- de pell.mi.;ti.1l.a. quem .tenha. uma. .6.Il.i.ede i.noll.ma.ce.6 c.omo a.~ que ,e po~~uZa., va.c.i.la.ce.6de~ta. e~p.c.i.e, mui..to meno.6 uma. deec.co de.6. ,- ~e gll.a.u em ~ua~ i.lei.ll.a~ hESE'R~AD 0_1 na ~alada" seus olhos abertos pareciam traduzir a surpresa de ter reconhecido seus assassinos. Da ao faziam parte seus com- panheiros da direo nacional da organizao subversiva Yuri X~ vier Pereira e Carlos Eugnio Sarmento Coelho da Paz (lt Clnentelt ), este ltimo o autor dos disparos fatais. (4) .4............................................................ .............- .... ~............................................. so marcos como os descri tos fruto de mentes deturpa:- das pela ideologia -- ~ue balizam o aminho sangrento e estril (4) Justiamento: homicdio qualificado, prat"icado pelos subversivos e ter YQristas contra companheiros que tentam evitar uma ao ou que abando':" nam a organizao, ou, ainda~ contra os que, direta ou indiretamente, comhatcma subverso, ' . (5) Participaram, ainda, da ao, dando-lhe cobertura: Antonio Srgio de Matos, Pnulo de Tal"so C(>1.L1C't-';:::c..,.1 . (:;,. . Jos Hilton Bnrbos.,. .. /R E S E fi V.~ '>.. ~-,,--_ __ , Enterrado dias depois em ~auru, seu irmo mais velho, en- I ,to Deputado Federal por so Pablo, declarou sabe~' que ele ha- via sido morto pelos prprios companheiros comunistas. o jovem no era "advogado" e nem se chamava "Srgio Moura . .Barbosa", "Carlos" ou "Vicente".' Seu nome'verdadeiro era Mrcio Leite Toledo.
  6. 24. XXIX I , I i, ; , ! I do terrorismo, que por quase urna dcada enxovalhou a cultura nacional, intranquilizando e enchendo, de dor a famlia brasilei ra. Essas aes degradantes, que acabam de ser narradas, sao i tidas como atos herico~ pelos seguidores da ideologia que con- sidera ~a viol~ncia como o motor da histria". Para essas pes- soas, todos os meios so vlidos e justificveis pelos fins po lticos que almejam alcanar. Acolitados por seus iguais, seus nomes, hoje, designam ruas, praas e at escolas no Rio de Ja- neiro e em outros locais qo Pas. Os inquritos para apurao desses atos criminosos contra a pessoa humana tambm transitaram na Justia l1ilitar entre abril de 1964 e maro de 1979. Porm, e?sas pessoas mortas e fe ridas onde se incluem mulheres e at crianas e, na maioria, , completamente alheias ao enfrentamento ideolgico --, por serem inocentes e'no terroristas, no esto incluldas' na categoria daquelas protegidas pelos "direitos humands" de'certas sinecu- ras e nem partilham de urna "humanidade comum" de certas igrejas. Nem parece que a imagem de Deus, estampada na pessoa huwana, e sempre nica. A razo, porem, e m~i~o simples. Essa Igr~jaest sabida- mente infiltrada, assim como o Movimento de Direitos 'Humanos do minado, P?r agentes dessa mesma ideologia, como ficar documen- tado ao longo deste livro. Corno gostaramos de poder crer que esses atos cruis de assassinatos premeditados, assaI tos a mo armada', ate~tados e seqestros com fins pOlticos e qualquer tipo de v'iol~ncia pe~ soa humana nao viessem ~ ocorrer no Brasil, nunca mais! --_.--..~.- --.- -.---~.~. RESERVADO " I/: I!
  7. 25. ~ S E fi V A O O) .. AEROPORTO DE GUARARAPES ! I t 1 I1 1 SOLIDAREDADE NOSAGUfO CCM os FERIOOS o JORNALISTA Rf:Grs DE CARVALHONfD RESISTIRIA AOS FERIMENTOS O TENENTE-CORONEL SYLVIO FERREIRA. DA SILVA AGUARDANIX> SOCORRO o CORPO 00 JI1.lIRANTE WILSCN ro- O GUlr.J)~ CIVIL SEI3lSTrJi.O TCWZ DE J.m5 FERNANDES SENOO ru::rrRAOO m 1OUTNn E"1 ESTAOODE CIlOQUE E l-lUrrI.JOO IRESEnVA~ ---
  8. 26. 1 111, ,. " !J li'I 'i I I I. I:~ .i 1 TEN MENDES JNIOR,M)RI'Q A CORO NHADAS, AOS 23 AIDS DE IDADE. N)S RESTOS HOIUJIS, ~ H1RC1 D~ VIOLENCIl , -J~ E R VA 00 ,,' ..JJ -'-':;~-" :!.;.:v~""'.;ls.;,:~;H..".;,...!-..'::1~;'7'.-;:~~. ~: __ ." Ir. - . ~I '''-i~ ~/.;.~~~, .,..:..: ~rr'~..--~~t' . v' '~-',..,' ,,~ " -' ~ ..~. "--' : ~ t :.." .. ~~ . '.,. I.y:i.-:~~. ~t.:r:r~_~.~~-::#~ ~ ;c":--~~'."~'~'~ 't' ".'~.i"~ -.,.~. -"' . '"' .. (1 t : '.:';::'''':'~'0'" '2r; ~ ' ,...J'! .:. ':".~',:,""'.-!"." ,'.,..,,';' tL ~.;.:.;:"~~n...r-_i.-...../~:..-"'~~';''''''..~.'.:,,~;-:J.>o diJ.>cutiu e a.plr.Ovou dJ.>21 condicei-'de i!!:. glr.eJ.>J.>ona. lntelr.na.c.i.ona..e. Comuni.6ta., 'e.e.ege. uma. ' Com.i.J.>J.>.oCentlr.a..e.., , Executiva., clr.iou um Comi:t~ de SOCOIr.Ir.Oa.O.6 F.e.a.ge.e.a.do.6. Ru.6.6o.6, .t1La..tou de que.6.t~~.6 plr..tica..6 e encelr.lr.OU .6euJ.> tlr.a.ba..e.hoJ.> entoa.ndo o h.i.no in.telr.na.ciona..e. do.6 .t1r.a.ba..e.ha.dolr.eJ.>,a. lntelr.na.c.i.ona..e.",(2). Desde o nome e a s~gla (PC-SBIC), obedecendo i 17~ condi~ ao, at renncia ao pacifismo social, o novo Partido aceita- va a ag~tao permanente e a tese da derrubada revolucionria,. , das estruturas vigentes, renegava as regras de convivncia da sociedade brasileira, propunha-se a realizar atividades legais li e ilegais e subordinava-se s Repblicas Socia~istas Soviticas. I I' entidade civil. da revQlta te- desenvolvimento I' I o PC-SBIC surgiu legal, registrado como Trs meses depois, o estado e sitio, decorrente nentista,colocava-o na ilegalidade e inibia o.- .. - .. '. . .... . ., de suas atividades de agita~o. Em 1924, um fato viria repercutir no'PC-SBIC: a realiza-o I ao do V Congresso da IC, em ju~ho/~ulho, j sob o impacto da : i morte de Lenin. Nesse Congresso, rc, mudando de tti~a, pas- .:: sou a adotar a da "Frente ~nica'" vista, por Zinoviev, como "um 'I' ------ .;/,1 . (2) Lima. H.: "Itinerrio das Lutas do PC do Brasil". 1981. pagina 4. W I ; rR E S E n v t. o"'0 I~.-- ..-------- , t,! H rI' li
  9. 37. mtodo para agitao e mobilizao' das massasll (3). No final de 1926, modificou-se o quadro poltico-institu- cional, com o governo de Washington Lus trazendo ventos libera lizantes, tendo o PC 'inclusive, um curto perodo de legalidade, de 19 de julho a 11"de agosto de 1927. Obedecendo aos ditames 'do V Congresso da IC, a direo do Partido lanou a palavra de ordem "Ampla agitao das massas", justificada pela necessidade de "f~ zer surgir o Partido da obscuridade ilegal luz do sol da mais intensa agitao poltica". Partindo da teoria prtica, criou o Bloco Operrio e Ca!,!! pons (BOC) como uma "frente nica operria", que, no por ac~ 50, tinha, na sigla, as mesmas letras da conhecida e j extinta COB. Ainda seguindo a ttica de frente, o PC-SBIC iniciou um tra balho de aproximao com Prestes, que se encontrava na Bol- via (4). Mas; o ano de 1928 foi marcado pela crise econmica mun- dial. Pensando ~m aproveitar a mis~ria que adv~ria para os ope- .. rrios, a IC realizou o seu VI Congresso, de julho a s~tembro, mudando a ttica de IIfrente nica" para a de "classe contra classe". O proletariado mundial, premido pela crise, poderia ser arrastado para a revoluo. Era a oportunidade para os comunistas isolarem-se e lutar contra todas as posies antagni- cas, desde as burguesas at as operrias. A IC determinara o fim da IIfrente". Na URSS, iniciava-se a "cortina de ferro". Tal resoluo pegou o PC-SBrc de su~presa. Para as elei- oes de outubro de 1928, j lanara candidatos atravs do BOC, que, gradativamente, se vinha tornando o substituto legal do PC. Imediatamente, o PC-SBIC convocou o seu 111 Congresso,rea lizado em dezembro de 1928 e janeiro de 1929, em Niteri. Alm de reeleger A;t~~jiid;'per~ira como secretrio-geral, o Congre~ so do PC-SBlC determinou a-intensificao do trabalho clandesti no do PC,a fim de no ser ultrapassado pelo ~OC.Com tal, medi- da, pensava acalmar os chefes moscovitas, que viam, no BOC, a continuao da antiga ttica de IIfrenj:enica". (3) Zinoviev foi o primeiro chefe do.Comintern e o.encarregado de expor, no .seu V Congresso, a estratgia que seria aplicada tanto "Frente nica" quanto s atividades das orGanizaes de frente. (4) Prestes a essa poca ainda no se tornara comunista. , R f. S E R V A O O "
  10. 38. .' ~'E S E R V A O ~. , - 11 Ledo engano. No compreendiam, ainda, os comunistas brasi leiros, que a curvatura dos dorsos no era, apenas, temporria, guisa de um ~umprimento. Ela teria que ser permanente, com a boca sujando-se de terra. , Vivia~se, em Moscou, a plena poca dos expurgos. O poder~ so Stalin, com mao de ferro, mandava assassinar os princip~is dirigentes do Comit Central (CC) e o fantasma do tr9tskismo servia de motivo para o prosseguimento das eliminaes, tanto na "p,tria-mo" como 'nos partidos satli tos. A I Conferncia dos Partidos Comunistas da Amrica Lati- na, realizado em junho de 1929, em Buenos Aires, condenou "a po litica do PC-SBlC frente questo do Bloco Operrio e Campons e o seu atrelamento a este rgo" (5) . O ano de 1930 foi decisivo para o PC-SBlC. Em fevereiro, a IC baixou, a "Resoluo sobre a questo brasileira", com base na Conferncia de Buenos Aires. Nesse documento, critica a poli tica de frente ainda adotada pelo PC-SBIC e ironiza o BOCcomo sendo wn "segundo partido' operrio". Ao mesmo tempo, induz o paE tido a "preparar-se para a luta, a fim de 'encabear a insurrci- ao revolucionria". Os dias de Astrojild~ Pereira estavam contad~s. Em novem- bro de 1930., uma Conferncia do PC-SBlC expulsa o sec.r~trio-ge ralo Em so Paulo, foi afastada uma dissidncia trtskista lide rada por Mrio Pedrosa. Numa guinada para a esque~da, o Partido encerra sua poli- tica de alianas, expurga'os intelectuais de sua direo e ini~ eia uma fase de proletariza~o. 4. A fase do obscurantismo e da indefinio O periodo comprerindido entre o final de 1930 e os medos de 1934 caracterizou~se por um quase obscurantismo do PC-SBIC, que, empreg~ndo uma linha dbia e equivocada, se emaranhava em sucessivas crises. , A agitao politica no Brasil,entretanto, foi i~tensa. Em 1930, ainda s~b influ~ncia dos ideais do tenentism~, formou-se a Aliana Liberal, um agrupa~~nto de oposies~Em qutubro c no (5' Carone, E.: "O PCB - 1922 a 1943"t Difel S.A.,RJ, 1982,' p~gina 9. I '. I -----------. R E S E n V AO/O
  11. 39. ),2 DllStRVAGO ~o ac~t~~o o resultado das eleies presi- , ladl~~a o p~ulista Jlio Pre~tes, a Aliana, a do'am DOY!~~ntorevolucionrio, alou Getlio Vargas ao I Nesse incio da dcada de 30, o prestgio de Luiz Carlos Prestes, ento exilado no Prata, ainda era muito grande. As re- percusses nacionais da sua Coluna faziam-no um dos mais respe! tados lderes entre os tenentes. No entanto, era, ainda, um re- volucionrio em busca de uma ideologia. Em maio de 1930, Prestes criou a Liga de Ao Revolucion ria (LAR), defininqo-se contra a Aliana Liberal. Em maro de 1931, aderiu, publicamente, ao comunismo. OPC-SBIC logo tentou incorporar a LAR; Prestes, no entanto, com a fora de sua lide- rana, tentava engolfar o PC-SBIC. O maior lder comunista do Brasil no pertencia aos quadros' do PC! Essa inslita situao foi, aparentemente, resolvida com . . uma inslita soluo: Prestes deixou a Argentina e foi residir na URSS, para ser o representante brasileiro na Internacional Conhi"n j.s ta. Na rea internacional, a poltica de "classe contra clas- seu revelara-se desastrosa para o PCUS. No houve a to deseja- . da recesso mundial, e a fora de Hitler, aproximando-se, gra- . . dualmente, do Japo e da Itlia, aterrorizava os soviticos. E;? ses fatos marcaram uma nova linha poltica: ~oi aliviado o'iso- lamento e retomado o dilogo com as naes ocidentais, culminan do com o ingresso da URSS na Liga .das Naes em 1934. A tudo isso assistia o PC-SBIC, atarantado. Debatendo-se entre as ordens de Moscou, padecia de uma correta definio da linha poli tica e era envolvido por sucessivas crises de direo. Apesar do sectarismo obreirista, caracterstico d~sse pe- rodo, a intensificao da atividade clandestina do PC-SBIC trou xe-lhe um dividendo: o relativo sucesso no trapalho militar, de infiltrao e recrutamento nas Foras Armadas. Aproveitando o idealismo revolucionrio, e at certo pon-.. to ingnuo, do movimento tenentista, cc;mseguiu a simpatia de mu! tos militares. A atuao de mili~ares no Partido, cQmo Mauricio Grabois, Jefferson Cardin, Giocondo Dias, Gregrio Bezerr~ ~gl! fRESEI1VADO
  12. 40. berto Vieira, Dinarco Reis, Agildo Darata e o prprio Prestes, . sao exemplos desse trabalho de infiltrao e recrutamento. Esse trabalho militar foi decisivo para o advento da pri- meira tentativa de tomada do poder pelos comunistas, por meio da luta armada .--- - --".- - , . "
  13. 41. ...-.-~------- -.ER V A O O 14 CAPITULO 111 A INTENTONA COMUNISTA 1. A mudana da linha da IC Induzido pela Internacional Comunista, o PC-SBIC esfora- ra-se por se inserir no processo revolucionrio brasileiro, que teve incio no ano de sua fun~ao e que pass.a por 1924/26 e vai desaguar em 1930. Esse perodo de revoltas e revolues tinha, porm, como motivao, uma problemtica interna, voltada para os problemas estruturais e sociais, mas essencialmente brasilei ros~ Talvez por isso mesmo que as direes do PC-SEIC jamais foram capazes de entend-los. Suas anlises estereotipadasviam, em cada ocasio, apenas urna luta entre os "jmperialisrros"ingls e norte-americano. Com esse dualismo mecanicista explicam tambm a revoluo de 1932. Deste modo, por construrem suas anlises sobre abstraes de carter ideo~gi~o, no conseguiram sintoni zar o Partido com o processo revolu'cionrio em curso e acabaram por perder o "bonde da histria". Essa frustrao iria'faz-los desembocar na Intentona de 1935. Vimos, no capItulo anterior, que a URSS, em 1934, mudara Sua poltica externa, do isolamento para o dilogo com o oci-. . dente. As ameaas nazistas e fascistas contriburam para alte- rar a linha poltica da IC. A poltica de "classe contra classe" nao dera resultados e levara ao ostracismo diversos partidos comunistas. Quase que num "retorno s origens", a poltic~ d~ "frente" foi retomada,' __ modificando-se o termo "Gnica" pelo "popular". De um modo geral, a frente popular pretendia englobar to- dos os.individuos e'grupos numa luta contra o fascismo, indepe~ dentemente de "suas ideologias. E, ~ claro, aproveitar essa fren te para ~omar o poder. I' 2. A vinda dos estrangeiros Concluindo que no Brasil j amadurecia uma situao revo- . ,.. lucionria e que a nova poli t~ca de "fren.te popular" desencadea ria a revoluo, a curto prazo, a IC decidiu enviar diversos "de legados", todos especialistas,' a fim de acelerar o processo. Com "-------...;...-----L~._ES E nv_~--.:---------- ...
  14. 42. v~io com sua d~tilgrafa. isso pretendia suprira falta de quadros dirigentes do PC-SDlC que ,pudessem levar a tarefa a bom termo. Na realidade, a lC en- viou um selecionado grupo de espies e agitadores profissionais. No inicio de 1934, chegou ao Brasil o ex-deputado alemo Arthur Ernsf Ewert, mais conhecido com "Harry Berger". Tendo atuado nos Estados Unidos, a soldo de Moscou, Berger veio acom- panhado de sua mulher, a comunista alem Elise Saborowski, que entrou no Pais com o nome falso de Machla Lenczycki. Berger acre ditava que a revoluo comunista teria inicio com a criao de o' uma "vasta frente popular antiimperialista", composta I?or oper rios, camponeses e uma parcela da burguesia nacionalista. A ao de derrubada do governo seria efetuada pelas "partes revolucio- nrias infiltradas no Exrcito" e pelos' "operrios e camponeses articulados em formae~ armadas", embrio de um futuro "Exrci to Revolucionrio do Povo". O governo a ser institudo seria um "Governo popular Nacional Revolucionrio", com Prestes a fren- te O mirabolante pIario de Berger, tirado dos comp6nd~os dou- trinrios do marxismo-leninismo, no levava em conta, apenas, um pequenino detalhe: a poltica brasileira, aquinhoada com uma no va Constituio de fundo liberal e populista, es~ava cansada dos mais de 10 anos de crise e ansiava por um pouco de paz e estabi . lid,ade. Outros agitado~es profissionais vieram para o Brqsil, a ma~do de Moscou, durante o ano de 1934. Rodolfo Ghioldi e Car- me~, um casal de argentin~s, vieram como jornalistas. Ghioldi,' na realidade, pertencia ao Comit Executivo da .lC,era dirigen- te do PC argentino e escpndia-se sob o nome falso de "Lqciano Busteros". O casal Len-Jules Vale e Alphonsine veio da B~lgica. para cuidar das finanas. A esposa de Augusto Guralsk,' seret- rio do Bureau Sul-Americano qu~ a ~C mantinha em Montev~du! veio pa~a dar instruo aos quadros do PC-SBle. Para com~niar-se clandestinamente com o grupo, foi enviado um jovem omunista nQrte-americano, Victor Allen Qarron. O especialista e~ sabota- g~ns e explosivos no foi esqulfcido: Paul Franz Gruber;, alemo, I' mulher, Erika, qu~ poderia servir como motorista e : I ! I I, i (J) ,- Para maiores detalhes do plano revolucionrio de Bcrgcr, ver Arago, J. C.: "A Intentona Comunista", Biblicx, R.J., pg.inns 36 c 37.. -' ~
  15. 43. 1(, i I. I {HESEH'lf.O 0 O grupo de espies instalou-se no Rio de Janeiro. De acordo com o insuspeito Fernando Morais; "Uma. .i.den.t.i.da.de..c.Ontum o~ u.n.