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7/25/2019 CEGOV - 2015 - SUAS Servicos Caderno de Estudos
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1CAPACITASUAS | PROVIMENTO DE SERVIOS E BENEFCIOS
CURSO DE INTRODUO AO
PROVIMENTOSERVIOSDOS
DO SUAS
EBENEFCIOSSOCIOASSISTENCIAIS
E IMPLEMENTAO DE AES DO
PLANO BRASIL SEM MISRIA
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CURSO DE INTRODUO AO
PROVIMENTOSERVIOSDOS
DO SUAS
EBENEFCIOSSOCIOASSISTENCIAIS
E IMPLEMENTAO DE AES DO
PLANO BRASIL SEM MISRIA
MINISTRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE FOME - MDSBRASLIA | BRASIL | 2015
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B823c BRASIL. Ministrio de Desenvolvimento Social e Combate Fome
Curso de introduo ao provimento dos servios e benefcios socioassistenciais do SUAS eimplementao de aes do Plano Brasil Sem Misria / Ministrio de Desenvolvimento Social eCombate Fome; autoras Rosa Maria Castilhos Fernandes, Maria Luiza Rizzotti. Braslia: MDS;Porto Alegre: CEGOV/UFRGS, 2015.
123 p. (CapacitaSUAS)
1. Brasil : Poltica e governo. 2. Proteo social. 3. Sistema nico de Assistncia Social. I. Fernan-des, Rosa Maria Castilhos. II. Rizzotti, Maria Luiza. III. Ttulo.
CDD 361.610981
2015 Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome.Todos os direitos reservados.Qualquer parte desta publicao pode ser reproduzida, desdeque citada a fonte.Secretaria de Avaliao e Gesto da Informao (SAGI)
Bloco A | 3 andar | Sala 307 | CEP 70046-900 | Braslia | DFTelefone: (61) 2030-1770www.mds.gov.brCENTRAL DE RELACIONAMENTO DO MDS: 0800 707 2003
Universidade Federal do Rio Grande do Sul(UFRGS)Centro de Estudos Internacionais sobreGoverno (CEGOV)
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www.ufrgs.br/cegov
ELABORAO DE CONTEDOS
Este material foi produzido com recursos doTED 004/2014, firmado entre a SAGI/MDS ea UFRGS/CEGOV
Autoras |Rosa Maria Castilhos Fernandes eMaria Luiza Rizzotti
Equipe MDS
Ana Paula Gonalves,Angela Siman (ConsultoraPNUD), Antonio de Castro, Denise Mafra, ElianaTeles do Carmo, Elyria Bonetti Yoshida Credidio,Janine Bastos, Lea Lcia Ceclio Braga, JosFerreira da Crus, Lus Otvio Pires de Faria,Marcilio Marquesini Ferrari, Maria Cristina A.M. de Lima, Maria de Jesus Rezende, MichelleStephanou, Patricia A. F. Vilas Boas, PedroTomaz, Rogeres Rabelo, Simone Albuquerque,Telma Maranho Gomes, Thais Kawashima
Equipe CEGOV
Coordenao Geral | Aline Gazola HellmannTcnicos |Ana Carolina Ribeiro Ribeiro, AnaJulia Bonzanini Bernardi, Bruno Sivelli, GabrielaPerin, Gianna Reis Dias, Giordano BenitesTronco, Jssica Sulis, Jlia da Motta, ThiagoBorne Ferreira
Capa | Joana Oliveira de OliveiraProjeto grfico | Gabriel Thier, Joana Oliveirade Oliveira, Liza Bastos Bischoff, Mrcia MyliusDiagramao e figuras |Mrcia Mylius
EXPEDIENTE
Presidenta da Repblica Federativa do Brasil | Dilma RousseffVice-Presidente da Repblica Federativa do Brasil| MichelTemerMinistra do Desenvolvimento Social e Combate Fome|Tereza CampelloSecretrio Executivo| Marcelo CardonaSecretrio de Avaliao e Gesto da Informao| PauloJannuzziSecretria Nacional de Assistncia Social| Denise ColinSecretrio Nacional de Segurana Alimentar e Nutricional |Arnoldo Anacleto de CamposSecretrio Nacional de Renda de Cidadania | Luis Henriqueda Silva de PaivaSecretrio Extraordinrio de Erradicao da Pobreza | TiagoFalco
Secretaria de Avaliao e Gesto da InformaoSecretria Adjunta | Paula Montagner
Diretor de Monitoramento| Marconi Fernandes de SousaDiretor de Gesto da Informao| Caio NakashimaDiretora de Formao e Disseminao | Patrcia A. F. VilasBoasDiretor de Avaliao| Alexandro Rodrigues Pinto
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INTRODUOEste Caderno do Curso de Introduo ao Provimento dos
Servios e Benefcios Socioassistenciais do SUAS e Implementao
de Aes do Plano Brasil Sem Misria tem como objetivo geral: capacitar os tcnicos quanto ao conhecimento, s habilidades e
s atitudes necessrias ao provimento dos servios e benefcios
socioassistenciais, previstos no SUAS, e implementao das
aes do Plano Brasil Sem Misria.
E como objetivos especficos:
realizar nivelamento do pblico da capacitao quanto ao
conhecimento e compreenso e defesa da garantia dos
direitos socioassistenciais institudos pela Constituio Federal
de 1988, pela Lei Orgnica de Assistncia Social de 1993 e suasatualizaes, consubstanciados no SUAS;
oferecer ao pblico da capacitao os instrumentos conceituais
e metodolgicos que os capacitem a realizar registro
sistemtico, reflexo e avaliao quanto a adequao de suas
prticas profissionais e processos de trabalho aos princpios
e diretrizes do SUAS e s reais necessidades apresentadas
pelos usurios e beneficirios dos servios e benefcios
socioassistenciais;
realizar nivelamento do pblico da capacitao quanto ao
conhecimento e compreenso do desenho e dos meios deoperacionalizao das Agendas Estratgicas de Governo que
fazem interface com o SUAS (Plano Brasil Sem Misria; Plano
Crack: possvel vencer! e Plano Viver sem Limite), bem
como da sinergia que essa interface gera no fortalecimento do
combate pobreza, aos riscos e s vulnerabilidades sociais.
O Caderno est organizado emtrs Mdulos, com unidades
especficas (ao todo so 7 unidades) e comos respectivos contedos
programticos, perfazendo uma carga horria total de 38 horas-
aula de Curso (conforme demonstrado no contedo programtico).Tambm como instrumento pedaggico e de fixao dos contedos,
no final deste Caderno constam exerccios que contribuem com o seu
processo de aprendizagem. As oficinas propostas no Mdulo 2, sero
desenvolvidas no Curso Presencial e podero ser disseminadas nas
equipes de trabalho no mbito do SUAS. Ao longo da leitura deste
Caderno, voc observar palavras-chave grifadas; estas aparecem
conceituadas em quadros destacados nas laterais do texto.
Desejamos a todos um timo curso!
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CONTEDO PROGRAMTICO
MDULO 114H/A
A ASSISTNCIA SOCIAL E A GARANTIA DOS DIREITOS SOCIOASSISTENCIAIS POR MEIO DO SUAS.
Unidade 1
4h/a
1.1. A especificidade da Assistncia Social no contexto do Sistema Brasileiro de Proteo
Social (SBPS);
1.2. A Assistncia Social no campo da Seguridade Social.
Unidade 210h/a
2.1. As bases de organizao e operacionalizao do SUAS:
Conceitos Fundamentais:Pobreza; Riscos; Vulnerabilidades Sociais; Sireito e Proteo Social;
Seguranas Sociais: de Acolhida; de Convvio; de Sobrevivncia (Renda);
Eixos Estruturantes do SUAS:Descentralizao poltico-administrativa; Participao e
Controle Social; Centralidade na Famlia; Territrio como base de organizao dos servios;
Rede Socioassistencial; Vigilncia Socioassistencial; Intersetorialidade;A Tipificao Nacional dos Servios Socioassistenciais;
A Proteo Social Bsica:concepo e equipamento de referncia;
A Proteo Social Especial:concepo e equipamento de referncia;
Gesto dos Benefcios Socioassistenciais;
O Protocolo de Gesto Integrada de Servios, Benefcios e Transferncia de Renda.
MDULO 214H/A
O PROVIMENTO DOS SERVIOS SOCIOASSISTENCIAIS: QUE TRABALHO ESSE?
Unidade 1
8h/a
1.1. Caractersticas e especificidades dos processos de trabalho relacionados proviso dos servios socioassistenciais:
O trabalho em equipes de referncia;
A interdisciplinaridade;
A dimenso tica e poltica da relao entre profissional e usurio;
A dimenso tcnica da interveno profissional;
Unidade 2
6h/a
1.2. Oficina de Aprendizagem 1 (etapa presencial)
1.3. Oficina de Aprendizagem 2 (etapa presencial)
MDULO 310 H/A O SUAS E AS AGENDAS ESTRATGICAS: O FORTALECIMENTO DO COMBATE POBREZA, AOSRISCOS E S VULNERABILIDADES SOCIAIS.
Unidade 1
6h/a
1.1. O Plano Brasil Sem Misria (BSM);
1.2. A operacionalizao das aes do Brasil Sem Misria (BSM) integradas aos servios e
benefcios socioassistenciais;
Unidade 2
2h/a
2.1. O Plano Crack: possvel vencer!;
2.2. A operacionalizao de aes da agenda de enfrentamento do Crack e de outras
drogas pelo SUAS;
Unidade 3
2h/a
3.1. O Plano Nacional da Pessoa com Deficincia: Viver sem Limite;
3.2. A operacionalizao de aes do Plano Viver sem Limite pelo SUAS.
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MDULO 1A ASSISTNCIA SOCIAL E A GARANTIA DOS DIREITOS
SOCIOASSISTENCIAIS POR MEIO DO SUAS 11
UNIDADE 1 12
1.1. A especificidade da assistncia social no contexto doSistema Brasileiro de Proteo Social (SBPS) 12
1.2. A assistncia social no campo da seguridade social 18
UNIDADE 2 20
2.1. As bases de organizao e operacionalizao do SUAS 20
Conceitos fundamentais: pobreza, riscos, vulnerabilidades sociais, direito e proteo social 22
Seguranas sociais 28
Eixos estruturantes do SUAS 30
A tipificao nacional dos servios socioassistenciais 46
A proteo social bsica: concepo e equipamento de referncia 48
A proteo social especial: concepo e equipamento de referncia 53
Gesto dos benefcios socioassistenciais 58
O protocolo de gesto integrada de servios, benefcios e transferncia de renda 63
MDULO 2O PROVIMENTO DOS SERVIOS SOCIOASSISTENCIAIS:QUE TRABALHO ESSE? 67
UNIDADE 1 68
1.1. Caractersticas e especificidades dos processos de trabalhorelacionados proviso dos servios socioassistenciais 68
O trabalho em equipes de referncia 69
A interdisciplinaridade 71
A dimenso tica e poltica da relao entre profissional e usurio 73
A dimenso tcnica da interveno profissional 76
MDULO 3O SUAS E AS AGENDAS ESTRATGICAS: O FORTALECIMENTO DO COMBATE POBREZA, AOS RISCOS E S VULNERABILIDADES SOCIAIS 83
UNIDADE 1 84
1.1. O Plano Brasil Sem Misria (BSM) 84
1.2. Operacionalizao das aes do Brasil Sem Misria (BSM)
integradas aos servios e benefcios socioassistenciais 87
SUMRIO
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UNIDADE 2 89
2.1. O plano Crack: possvel vencer! 89
2.2. A operacionalizao de aes da agenda de enfrentamentodo crack e de outras drogas pelo SUAS 93
UNIDADE 3 100
3.1. O Plano Nacional da Pessoa com Deficincia: Viver sem Limite 100
3.2. A operacionalizao de aes do Plano Viver sem Limite pelo SUAS 103
EXERCCIOS 107
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SIGLAS
B
BPC Benefcio de Prestao Continuada
BE Benefcio Eventual
BSM Brasil Sem Misria
CCadnico Cadastro nico de Programas Sociais do Governo Federal
CapacitaSUAS Programa Nacional de Capacitao do SUAS
CAS/DF Conselho de Assistncia Social do Distrito Federal
CEAS Conselho Estadual de Assistncia Social
CEGOV Centro de Estudos Internacionais sobre Governo
CF Constituio Federal
CIB Comisso Intergestora Bipartite
CIT Comisso Intergestora Tripartite
CMAS Conselho Municipal de Assistncia Social
CNAS Conselho Nacional de Assistncia Social
Conade Conselho Nacional das Pessoas com Deficincia
Congemas Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistncia Social
Cras Centro Referncia de Assistncia SocialCreas Centro de Referncia Especializado de Assistncia Social
FFEAS Fundo Estadual de Assistncia Social
FMAS Fundo Municipal de Assistncia Social
FNAS Fundo Nacional de Assistncia Social
IIBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
IFES Instituies Federais de Ensino Superior
IGD ndice de Gesto Descentralizada
IPEA Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada
ICS Instncia de Controle Social
LLA Liberdade Assistida
Loas Lei Orgnica de Assistncia Social
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MMDS Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome
N NOB/SUAS Norma Operacional Bsica do Sistema nico de Assistncia SocialNOB-RH Norma Operacional Bsica de Recursos Humanos
OONU Organizao das Naes Unidas
PPaefi Servio de Proteo e Atendimento Especializado Famlias e Indivduos
Paif Servio de Proteo e Atendimento Integral FamliaPAS Plano de Assistncia Social
PBF Programa Bolsa Famlia
PETI Programa de Erradicao do Trabalho Infantil
PMAS Plano Municipal de Assistncia Social
PNAS Poltica Nacional de Assistncia Social
PNEP Poltica Nacional de Educao Permanente
Pronatec Programa Nacional de Acesso ao Ensino Tcnico e ao Emprego
PSB Proteo Social Bsica
PSE Proteo Social EspecialPSC Prestao de Servios Comunidade
PTR Programas de Transferncia de Renda
SSAGI Secretaria Nacional de Avaliao e Gesto da Informao
SBPS Sistema Brasileiro de Proteo Social
SCVF Servio de Convivncia e Fortalecimento de Vnculos
SCVFI Servio de Convivncia e Fortalecimento de Vnculos do Idoso
SICON Sistema de Condicionalidades do Programa Bolsa Famlia
SNAS Secretaria Nacional de Assistncia Social
SUAS Sistema nico de Assistncia Social
SUS Sistema nico de Sade
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13CAPACITASUAS | PROVIMENTO DE SERVIOS E BENEFCIOS
mdulo
1
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEMNesta unidade, voc ir compreender a assistncia social a
partir de uma abordagem scio-histrica, como uma poltica
social afianadora de direitos, assegurados na Constituio de
1988. Os debates e as aes que foram desencadeados, desde
ento, possibilitaram a introduo de novos aportes e de novas
especificaes na Lei Orgnica da Assistncia Social Loas, em
1993, pela Poltica Nacional de Assistncia Social de 2004 (PNAS)
e fundamentalmente pela Norma Operacional Bsica do SUAS
(NOB-SUAS) em 2005. O reconhecimento das especificidades da
Assistncia Social permitir ao leitor a compreenso de que a
incluso da assistncia social no Sistema Brasileiro de Proteo
Social promoveu importantes rupturas na rea.
A ASSISTNCIA SOCIAL E AGARANTIA DOS DIREITOS
SOCIOASSISTENCIAIS PORMEIO DO SUAS
Vamos iniciar este mdulo I refletindo sobre a assistncia social, enquantopoltica de garantia de direitos assegurados na Constituio de 1988, e sobresuas especificidades no Sistema Brasileiro de Proteo Social Brasileiro (SBPS).Alguns conceitos fundamentais sero abordados: pobreza, riscos e vulnerabi-
lidades sociais, direito e proteo social. A descrio das seguranas sociaisafianadas, os princpios, as diretrizes, os eixos estruturantes e a arquiteturaorganizacional do Sistema nico de Assistncia Social (SUAS) so trabalhadosao longo do texto. Da mesma forma, ser possvel identificar o lugar e a funodesempenhada pelas diferentes instncias e pelos equipamentos do SUAS; osdiferentes servios e benefcios ofertados, seus pblicos e objetivos; as razese os processos relacionados gesto integrada dos servios e benefcios ofer-tados pelo SUAS.
Boa leitura!
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1.1. A ESPECIFICIDADE DA ASSISTNCIASOCIAL NO CONTEXTO DO SISTEMABRASILEIRO DE PROTEO SOCIAL (SBPS)
A compreenso da poltica de assistncia social, enquanto
poltica de garantia de direitos assegurados na Constituio
Federal (CF) brasileira de 1988, exige a sua apreenso em um
contexto abrangente, ou seja, como uma das POLTICAS SOCIAIS do
Estado Moderno que vem alcanando centralidade na agenda da
proteo social do pas. Inserida no campo da Seguridade Social e
regulamentada pela Loas, em dezembro de 1993, como poltica
social pblica, a assistncia social inicia sua trajetria para um
campo novo: o campo dos direitos, da universalizao dos acessos e
da responsabilidade estatal (YAZBEK, 2008, p.94).
Para iniciar a reflexo sobre a assistncia social, inserida
no contexto do Sistema Brasileiro de Proteo Social, vamos
relembrar alguns aspectos que marcaram nossa histria.
O processo de redemocratizao vivenciado no Brasil nos anos1980, aps longos anos de ditadura militar, mobilizou diferentes
segmentos sociais e polticos da sociedade unindo trabalhadores e
trabalhadoras, movimentos sociais, entidades de toda ordem na luta
pela liberdade, democracia, justia social e pela constituio de uma
carta cidad que fosse capaz de afianar os direitos humanos e sociais
como responsabilidade pblica e estatal (SPOSATI, 2009, p.13).
Nesse perodo de redemocratizao, o Brasil enfrentou uma
agenda de reformas no que diz respeito ao papel do Estado no camposocial, no sentido de reverter o quadro insustentvel de violao
de direitos e excluso social, vivenciado por parte significativa da
populao brasileira. Nesse contexto, a promulgao da Constituio
Federal de 1988 impulsionou uma mudana na sociedade brasileira
ao instituir, no campo da seguridade social, um sistema de proteo
social definido por um conjunto de iniciativas pblicas, com regulao
estatal para proviso de servios e benefcios sociais, visando ao
enfrentamento das situaes de riscos e privaes sociais, alargando
assim o arco dos direitos sociais (JACCOUD, 2009, p.63).
UNIDADE1MDULO 1
POLTICAS SOCIAIS
Conjunto de iniciativas p-blicas, com o objetivo de re-alizar fora da esfera privada,o acesso a bens, a serviose renda. Seus objetivosso complexos e amplos,
podendo organizar-se noapenas para cobertura deriscos sociais, mas tambmpara a equalizao de opor-tunidades, o enfrentamentodas situaes de destituioe pobreza, o combate sdesigualdades sociais e amelhoria das condies dapopulao. As polticas so-ciais desenvolvem planos,programas e projetos dire-cionados concretizao
de direitos sociais (edu-cao, sade, assistnciasocial, habitao, seguranaalimentar, entre outros) queconstituem a condio decidadania (YASBEK, 2008).
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1 un idade
MD
ULO
1
Historicamente, durante dcadas o Sistema Brasileiro de
Proteo Social (SBPS) foi excludente, deixando de fora de sua
cobertura significativos segmentos populacionais e grupos sociais,
no inseridos no mercado de trabalho formal. Na dcada de 1980, foi
caracterizado como centralizado, institucionalmente fragmentado,marcado pela ausncia da participao populare controle social epelas diferenas e pelos escassos investimentos para a proviso do
sistema. A assistncia social, por exemplo, em sua trajetria histrica e
nos anos da ditadura (1964 a 1985), manteve o padro FILANTRPICOe
benemerente, constitudo de um conjunto variado de aes pblicas
e privadas (desarticuladas e descontnuas) e de prticas secundrias
que funcionavam de forma complementar a outras polticas pblicas.
Essas marcas histricas ampliam ainda mais os desafios de
consolidar e aprimorar o SUAS no mbito pblico estatal, que tem
como responsabilidade garantir uma rede de servios nesse campo ereordenar os servios no governamentais.
Nesse sentido, fundamental compreendermos o quequeremos dizer quando nos referimos seguridade social, poisela compreende um conjunto integrado de aes de iniciativa dos
Poderes Pblicos e da sociedade destinadas a assegurar os direitos
relativos sade, previdncia e assistncia social (Art.194-
CF/1988). A seguridade social, na CF de 1988, composta por trs
polticas de PROTEO SOCIAL: a sade, a previdncia social e a
assistncia social, sendo esta ltima uma incluso inovadora. A
primeira, a sade, reconhecida como direito de todos; o textoconstitucional prope a criao de um Sistema nico de Sade, de
carter universal e no contributivo, para todos os cidados, em
todo o territrio nacional (SUS/Lei n 8080/1990). A segunda, aprevidncia social, caracteriza-se como uma poltica de proteo
social contributiva, pois as pessoas que so beneficiadas com sua
assistncia contribuem com a previdncia social, para que tenham
acesso aos seus benefcios e servios. E a terceira, a assistncia
social, ser prestada a quem dela necessitar,independentemente
de contribuio seguridade social.A assistncia social torna-se, ento, uma poltica de proteo
social articulada a outras polticas sociais que se destinam promoo
dos direitos de cidadania, ou seja, um campo em que se consolidam
os direitos sociais com plena responsabilidade do Estado.
A partir da CF de 1988, o Estado brasileiro reorienta suas
aes, por meio de um conjunto de polticas pblicas voltadas ao
enfrentamento da pobreza e da violao de direitos, e, para proteger
o cidado, essas aes percorrem dois caminhos: o da proteo social
contributivae o da proteo social no contributiva.
FILANTRPICO uma ao inerente ao voluntria, gratuita,beneficente e assistencial,desenvolvida por altrusmo,responsabilidade social,solidariedade, fraternidadee amor ao prximo.
PROTEO SOCIAL
Conjunto de iniciativaspblicas com o objetivo derealizar fora da esfera priva-da o acesso a bens e servi-os e renda. Seus objetivos
so amplos e complexos,podendo organizar-se noapenas para a cobertura deriscos sociais, mas tambmpara a equalizao de opor-tunidades, o enfrentamentodas situaes de destituioe pobreza, o combate s de-sigualdades sociais e a me-lhoria das condies sociaisda populao (JACCOUD,2009, p.60).
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O QUE PRECISO SABER SOBRE ISSO?
PROTEO SOCIAL CONTRIBUTIVA: PROTEO SOCIAL NO CONTRIBUTIVA:
Refere-se poltica de previdncia social. Trata-sede uma proteo contributiva, pois pr-paga edestina-se aos filiados, e no a toda a populao.Por exemplo: esto protegidos os trabalhadorescom carteira de trabalho assinada, os quecontribuem como autnomos e os trabalhadoresrurais que contribuem parcialmente com aprevidncia social. Dentre os direitos sociaiscontributivos, esto a aposentadoria, a pensopor morte e invalidez e o seguro-desemprego.
Refere-se ao acesso a servios e a benefcios,
independentemente de pagamento antecipadoou no ato da ateno. Associa-se s aesfinanciadas a partir da redistribuio da riquezaproduzida pela sociedade, afianando direitossociais a todos os cidados e a todas as cidads.Esto, entre os direitos sociais no contributivos,a sade, a assistncia social, a educao, acultura, o desporto, a garantia de renda, asegurana alimentar e nutricional, entre outros.
De acordo com o que vimos at aqui, podemos dizer que a CFde 1988 foi um marco histrico no Brasil ao ampliar os direitos sociais.
Para tanto, foi necessrio que o Estado reconhecesse que a pobreza
e a vulnerabilidade no so de responsabilidade individual e que sua
superao, portanto, no est vinculada unicamente ao esforo e
ao aproveitamento das oportunidades dos indivduos; ela depende
do compromisso com um modelo de desenvolvimento que articule
o econmico e o social. Essa aposta que impulsiona a ampliao
do Sistema Brasileiro de Proteo Social e com ela a poltica de
assistncia social. Vejamos o que diz o art.203 da Constituio
Federal de 1988:
Art. 203. A assistncia social ser prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuio seguridade social, e tem por objetivos:
a proteo famlia, maternidade, infncia, adolescncia e velhice;
o amparo s crianas e aos adolescentes carentes;
a promoo da integrao ao mercado de trabalho;
a habilitao e reabilitao das pessoas portadoras de deficincia e a promoo de sua integrao vida comunitria;
a garantia de um salrio mnimo de benefcio mensal pessoa portadora de deficincia e ao idosoque comprovem no possuir meios de prover prpria manuteno de t-la provida por sua famlia,conforme dispuser a lei.
Seguindo esta breve contextualizao histrica, no podemos
deixar de frisar que foram as lutas marcadas por setores polticos
e acadmicos, sindicatos, rgos de categorias de profissionais,
organizaes no governamentais e movimentos sociais os quais
pressionaram o governo, promovendo um conjunto de estratgias,
na dcada de 1990, para que a assistncia social se efetivasse como
um direito e para que avanasse na sua consolidao.
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1 un idadeVEJAMOS ALGUNS DESTAQUES NA LINHA DO TEMPO DA ASSISTNCIA SOCIALNO BRASIL A PARTIR DE 1990:
1990 Construo da redao da LEI ORGNICA DA ASSISTNCIA
SOCIAL LOAS,que foi vetada no Congresso Nacional, o
que desencadeou um amplo debate nacional visando
elaborao de um novo Projeto de Lei.
1993 Aprovao da Lei Orgnica da Assistncia Social (Loas).
1995 I Conferncia Nacional de Assistncia Social.
1997 II Conferncia Nacional de Assistncia Social
2001 III Conferncia Nacional de Assistncia Social.
Institui-se o Cadastro nico para Programas Sociais
(Cadnico).
2003 Em dezembro de 2003, realizou-se a IV Conferncia
Nacional de Assistncia Social. A principal deliberao
do evento, precedida de um intenso debate para
avaliao dos 10 anos da Loas, foi pela implementao do
Sistema nico da Assistncia Social (SUAS).
2004 Criao do Ministrio de Desenvolvimento Social e
Combate Fome (MDS), acelera-se o processo de
regulamentao da Loas, com a criao do SUAS. Foi
aprovada a Poltica Nacional de Assistncia Social
(PNAS) Resoluo n14578, de 22 de junho de
2004, definindo-se assim o novo modelo de gesto
que corresponde aos princpios de universalizao,
descentralizao e participao social.
Em 2004 o Programa Bolsa Famlia institudo em lei,
unificando os programas de transferncia de renda
existentes anteriormente.
LEI ORGNICA DAASSISTNCIA SOCIAL,A LOAS L EI N.8.742
Aprovada em 07 de dezem-
bro de 1993, regulamentaos artigos 203 e 204 daConstituio, definindoclaramente os objetivos eas diretrizes da assistnciasocial, a forma de organi-zao e a gesto das aessocioassistenciais, refor-ando a assistncia socialcomo sistema descentra-lizado, com participaopopular e financiado pelopoder pblico, conformeprescreve a ConstituioFederal de 1988.
MD
ULO
1
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18 CEGOV | UFRGS
2005 V Conferncia Nacional de Assistncia Social.
Em junho de 2005, foi aprovada a Norma OperacionalBsica do SUAS (NOB-SUAS Resoluo n 130 do
Conselho Nacional de Assistncia Social (CNAS), de 15 dejulho de 2005), que regulamenta a PNAS.
Criao da Rede SUAS e do Sistema Nacional deInformao do SUAS.
2007 VI Conferncia Nacional de Assistncia Social.
Criao da Rede Nacional de CapacitaoDescentralizada.
2008 Tramitao no Congresso Nacional do Projeto de Lei do
Sistema nico de Assistncia Social (Projeton3077/08).
2009 VII Conferncia Nacional de Assistncia Social.
Aprovao da Tipificao Nacional de ServiosSocioassistenciais (Resoluo n 109 do ConselhoNacional de Assistncia Social (CNAS), de 11 de novembrode 2009) que organiza os servios por nveis de
complexidade do SUAS: Proteo Social Bsica e Especial.
Aprovao do Protocolo de Gesto Integrada entre
servios e benefcios.Implantao do Cadastro Nacional do Sistema nico de
Assistncia Social.
2010 Instituiu-se o Censo SUAS, por meio do Decreto n 7.334,de 19 de outubro de 2010.
2011 VIII Conferncia Nacional de Assistncia Social.
A Lei 12345 de 06/07/2011, altera a Lei n 8.742 de 07 de
Dezembro de 1993 Lei Orgnica da Assistncia Social Loas;
A Resoluo CNAS N 17/2011, ratifica as equipes dereferncias; Reconhece outras categorias para atenders especificidades e particularidades do trabalho sociale s funes de gesto do Sistema. E a ResoluoCNAS N 32/2011, estabelece percentual dos recursos doSUAS, financiados pelo Governo Federal, que podero sergastos no pagamento dos profissionais que integrarem asequipes de referncia, de acordo com o art. 6-E da Lei n8.742/1993, inserido pela Lei 12.435/2011.
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1 un idade2012 A NOB/SUAS 2012, rompe com a lgica de adeso dosentes federados ao SUAS; institui o planejamento na
rea; consolida os principais marcos normativos em
seu texto e cria mecanismos para o aprimoramento da
gesto, servios, benefcios, programas e projetos.
Institucionaliza-se o Programa Nacional de Capacitao
do SUAS: o CAPACITASUAS. Constitui-se numa estratgia
de apoio aos Estados e ao Distrito Federal na execuo
dos Planos Estaduais de Capacitao do SUAS, visando o
aprimoramento da gesto e a qualificao da oferta dos
servios e benefcios socioassistenciais.
2013 Instituda a Poltica Nacional de Educao
Permanente de Assistncia Social(PENEP/SUAS Resoluo n 4 do CNAS, de 13 de maro de 2013).
IX Conferncia Conferncia Nacional de Assistncia
Social.
Sintetizando o que vimos at aqui, fundamental compreen-dermos que a incluso da assistncia social no Sistema Brasileiro deProteo Social promove importantes rupturas na rea.
MAS DO QUE TRATAM ESSAS RUPTURAS?
Da noo de cidado carente ou assistido
para a noo de cidado de direitos
De aes sociais
para a poltica pblica
De aes isoladas
para a centralidade do Estado como agente
executivo, agente regulador e agente de defesa de direitos
Do paradigma assistencialista
para o paradigma socioassistencial
RUPTURAS
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1 un idade fundamental compreendermos que a assistncia social, como
um dos direitos da seguridade social brasileira, responsvel por um
conjunto de desprotees sociais advindas desde as fragilidades dos
CICLOS DE VIDA humano at as socialmente construdas nas relaes
sociais estabelecidas na sociedade. Fragilidades essas que seconstituem em desprotees ou demandas de proteo social que
exigem a cobertura por seguranas sociais a serem providas pela
assistncia social (BRASIL, CAPACITASUAS 1, 2013, p.26).
Assim sendo, a poltica de assistncia social torna-se pblica,
no porque realizada por um rgo pblico ou estatal, mas porque
reconhece que superar uma dada necessidade dever do Estado, e
no uma concesso de mrito eventual em face da fragilidade de um
indivduo.
SINTETIZANDO:
A configurao da assistncia social como polticapblica lhe atribui um campo especfico de ao
de proteo social no contributiva
como direito de cidadania
no mbito da seguridade social.
CICLOS DE VIDA
InfnciaAdolescncia
JuventudeAdulto
Idoso.
REFLITA
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Reflita sobre as afirmaes e problematize-as, considerando seuespao de insero/atuao profissional.
Ter um modelo brasileiro de proteo social no significaque ele j exista ou esteja pronto, mas que uma construoque exige muito esforo de mudanas (SPOSATI, 2009, p.17).
No h direito sem a garantia do Estado que se expressa pelaoferta e regulao dos servios e benefcios de proteo social. pela via dos direitos sociais que a proteo social se torna efe-tiva, reduzindo vulnerabilidades e incertezas igualando oportu-nidades e enfrentando as desigualdades (JACCOUD, 2009, p.69).
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OBJETIVOS DE APRENDIZAGEMVamos agora, nesta Unidade 2, apresentar os princpios, as
diretrizes, os eixos estruturantes, a arquitetura organizacional,
os servios e os benefcios ofertados pelo SUAS e as formas de
sua operacionalizao. Voc poder refletir a partir de conceitos
fundamentais, inerentes poltica de assistncia social; descrever
as seguranas sociais afianadas pela poltica, bem como ir
compreender as razes e os processos relacionados gesto
integrada dos servios e benefcios ofertados pelo SUAS.
2.1. AS BASES DE ORGANIZAO EOPERACIONALIZAO DO SUAS
Podemos afirmar que a PNAS e o SUAS alteram as referncias
conceituais, a estrutura organizativa e a lgica de gesto e controle
das aes no mbito da assistncia social. A consolidao do SUAS,
como um sistema orgnico em que a articulao entre as trs esferas
de governo fundamental, implica necessariamente a determina-o de oferta contnua e sistemtica de uma rede constituda e inte-
grada, com padres de atendimento qualificados e pactuados, com
planejamento, financiamento e avaliao (COUTO, 2009, p.206).
Certamente, vivemos em tempos de construo de uma nova
CULTURA INSTITUCIONAL que exige no somente a apropriao de seus
princpios, diretrizes, eixos e de sua arquitetura institucional, mas,
fundamentalmente, a compreenso dos fluxos operacionais e os das
concepes que orientam o seu processo de gesto. J vimos que o
SUAS, como um sistema pblico no contributivo, descentralizado
e participativo tem por funo a gesto do contedo especfico da
assistncia social no campo da proteo social brasileira (NOB/SUAS,
2005, p. 86). Portanto, uma poltica social que tem princpios,
diretrizes e pblico definidos. Vejamos:
UNIDADE2MDULO 1
CULTURA INSTITUCIONAL
Conjunto de comportamen-tos, rituais, normas, costu-mes de uma organizaoou entidade. No processode construo do SUAS, otermo ganha importnciapelo fato de que a unifica-o do sistema implica aintegrao de instituies
que tm diversas culturasorganizacionais.
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2 un idadePRINCPIOS
So princpios do SUAS:
I. supremacia do atendimento s necessidades sociais sobre as exigncias derentabilidade econmica;
II. universalizao dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatrio da aoassistencial alcanvel pelas demais polticas pblicas;
III. respeito dignidade do cidado, sua autonomia e ao seu direito a benefcios eservios de qualidade, bem como convivncia familiar e comunitria, vedando-sequalquer comprovao vexatria de necessidade;
IV. igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminao de qualquernatureza, garantindo-se equivalncia s populaes urbanas e rurais;
V. divulgao ampla dos benefcios, servios, programas e projetos assistenciais, bemcomo dos recursos oferecidos pelo Poder Pbico e dos critrios para sua concesso.
DIRETRIZES
Definem-se como diretrizes estruturantes do SUAS:
I. primazia da responsabilidade do Estado conduo da poltica de assistnciasocial;
II. descentralizao poltico-administrativa e comando nico das aes em cada
esfera de governo;III. financiamento partilhado entre a Unio, os Estados, o Distrito Federal e osMunicpios;
IV. matricidade sociofamiliar;
V. territorializao;
VI. fortalecimento da relao democrtica entre Estado e sociedade civil;
VII. controle social e participao popular (BRASIL, NOB-SUAS, 2012).
PBLICO
O pblico formado por cidados e grupos que se encontram em situaes de
vulnerabilidade e riscos, tais como: famlias e indivduos com perda ou fragilidade de
vnculos de afetividade, pertencimento e sociabilidade; ciclos de vida; identidades
estigmatizadas em termos tnico, cultural e sexual; desvantagem pessoal resultante
de eficincias; excluso pela pobreza e/ou no acesso s demais polticas pblicas; uso
de substncias psicoativas; diferentes formas de violncia advinda do ncleo familiar,
grupos e indivduos; insero precria ou no insero no mercado de trabalho formal
e informal; estratgias e alternativas diferenciadas de sobrevivncia que podem
representar risco pessoal e social (BRASIL, 2004, p.33).
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CONCEITOS FUNDAMENTAIS: POBREZA, RISCOS, VUL-NERABILIDADES SOCIAIS, DIREITO E PROTEO SOCIAL
Tratar sobre a constituio da assistncia social no campo da
proteo social, por meio das seguranas sociais, traz um importantedebate sobre as desprotees e as diferentes situaes de risco e
vulnerabilidades sociais vivenciadas pela populao em seus diferentes
ciclos de vida e nos territrios aos quais pertencem. Neste cenrio,
precisamos reconhecer a primazia da funo do Estado na defesa e
garantia dos direitos sociais e no combate pobreza e s desigualdades;
isso se d, por meio de um conjunto de polticas, programas, servios e
benefcios socioassistenciais. Para tanto, fundamental que gestores e
trabalhadores que atuam e que se envolvem com a operacionalizaoda poltica de assistncia social identifiquem as diferentes expresses
daQUESTO SOCIAL como a pobreza, os riscos e as vulnerabilidades
sociais existentes no seu territrio de atuao.
Para tanto, fundamental tratarmos aqui sobre as
concepes de pobreza, risco, vulnerabilidade social, que so
considerados por diferentes estudiosos como conceitos complexos
e multifacetados; ainda se destacam as concepes de direito
e proteo social. A identificao das diferentes expresses dapobreza, riscos e vulnerabilidades, existentes nos territrios de
abrangncia da poltica, fundamental para que a proteo social
se efetive por meio da garantia dos direitos socioassistenciais dos
usurios do SUAS. Vejamos como se d o dilogo desses conceitos
com a poltica de assistncia social.
POBREZA
Pobreza um fenmeno multifacetado, historicamente
construdo e que no se enfrenta com iniciativas isoladas. este
o sentido a ser atribudo pobreza: de que a pobreza se define,
sobretudo, como um problema social e econmico, encontrando
nessas duas esferas suas mais arraigadas razes e determinaes
(JACCOUD, 2009, p.71). Estudos apontam diferentes abordagens
conceituais e analticas sobre o fenmeno da pobreza que tem
sido avaliado sobre diferentes perspectivas, tais como: voltada ao
dimensionamento da pobreza como insuficincia de renda, como
QUESTO SOCIAL
A questo social se ex-
pressa pelo conjunto dasdesigualdades sociais en-gendradas pelas relaessociais constitutivas do ca-pitalismo contemporneo.Tem relao com a questoda explorao do trabalho ecom a organizao e a resis-tncia dos cidados na lutapela apropriao da riquezasocialmente produzida.
Sobre pobreza consulte:Instituto de Pesquisa Eco-nmica Aplicada-IPEA:http://www.ipea.gov.brPNUD: http://pnud.org.BR/ODM.aspx
ACESSE
http://www.ipea.gov.br/http://pnud.org/ODM.aspxhttp://pnud.org/ODM.aspxhttp://pnud.org/ODM.aspxhttp://pnud.org/ODM.aspxhttp://www.ipea.gov.br/ -
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2 un idadeinsuficincia de acesso a alimentos e de seu consumo, ou ainda
pobreza como privaes socioeconmicas, entre outras perspectivas
que so complementares, cada uma com seus mritos e limitaes.
Entretanto, o seu enfrentamento, complexo e multidimensional,
necessita mobilizar no apenas os benefcios sociais de manuteno
de renda, sejam eles os de natureza contributiva ou no contributiva.
Isso quer dizer que esses benefcios sociais devem se articular com
polticas sociais que ofertem servios, equalizem oportunidades,
garantam o acesso aos padres mnimos de bem-estar e que
mobilizem e ampliem as capacidades dos indivduos que se
encontram em situao de pobreza.
H uma relao estreita entre a situao de pobreza docidado ou famlia com o acesso a servios pblicos.Oque isso significa?
Significa que, para alm da insuficincia ou ausncia de
renda, a pobreza ainda maior quando a proviso de servios
precria e as famlias no contam com redes de proteo
social pblica que viabilizem o acesso a servios sociais bsicos.
importante observarmos que o crescimento econmico no
implica a gerao de emprego ou renda em patamares satisfatrios.
Tambm no corresponde necessariamente a condies adequadas
de desenvolvimento social; pelo contrrio, dessa engrenagem que
emergem mltiplas expresses de vulnerabilidade e risco social que
vivenciam as famlias usurias da Poltica de Assistncia Social.
RISCOS SOCIAIS
O campo dos riscos sociaisdiz respeito ao convvio conflituosode diversas formas como das ofensas, da presena de desigualdade,
do desrespeito equidade e das violaes das integridades fsica
e psquica. So os riscos que surgem das relaes e que levam
apartao, ao isolamento, ao abandono, excluso (SPOSATI, 2009,
p.29). Ainda existem os riscos relacionados violncia fsica e sexual
nas formas de convvio. Portanto, podemos afirmar que os riscos
sociais ocorrem no cotidiano das pessoas, na vida como ela , nos
territrios onde elas vivem.
Algumas formas de ma-nifestao de risco socialpodem ser identificadaspor meio de: segregao espacial: pre-crias condies de infra-
estrutura, saneamento; padres de convivnciafamiliar, comunitria e so-cial: violncia domstica,abuso sexual, discrimina-o (de gnero, religio,orientao sexual, entreoutros); contingncias da nature-za: enchentes, vendavais,desabamentos, granizos,estiagens/secas.
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PARA TRABALHAR AS SITUAES DE RISCO NECESSRIO PROATIVIDADE E CONHECER:
VULNERABILIDADE SOCIAL
As situaes de vulnerabilidade podem decorrer da pobreza,
da privao, da ausncia de renda, do precrio ou nulo acesso aos
servios pblicos, da intemprie ou calamidade, da fragilizaode vnculos afetivos e de pertencimento social decorrentes de
discriminaes etrias, tnicas, de gnero, relacionadas sexualidade,
deficincia, entre outras.
Nesse sentido, podemos afirmar que:
A. a vulnerabilidade um fenmeno complexo e multifacetado, no se manifestando
da mesma forma, o que exige uma anlise especializada para sua apreenso e respostas
intersetoriais para seu enfrentamento;
B. a vulnerabilidade, se no compreendida e enfrentada, tende a gerar ciclosintergeracionais de reproduo das situaes de vulnerabilidade vivenciadas;
C. as situaes de vulnerabilidade social no prevenidas ou no enfrentadas tendem a se
tornar uma situao de risco;
D. a vulnerabilidade no sinnimo de pobreza; a pobreza uma condio que agrava a
vulnerabilidade vivenciada pelas famlias;
E. a vulnerabilidade no um estado, uma condio dada, mas uma zona instvel que as
famlias podem atravessar, nela recair ou nela permanecer ao longo de sua histria.
Fonte: BRASIL, MDS. Orientaes Tcnicas sobre o Paif. Vol.1, 2012. p. 14-15.
de reparao e superao o grau de vulnerabilidade
as incidncias, as causalidades, as dimenses dos danos
para estimar a possibilidade
o grau de agresso do risco
a resistncia ao risco
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2 un idadeA vulnerabilidade do/a cidado/ e de sua famlia estassociada ao conjunto de determinaes de dimenseseconmicas, polticas e sociais historicamente constru-das, mas as especificidades do territrio influenciam na
construo de estratgias de resistncia. Portanto, a atu-ao com vulnerabilidades significa reduzir fragilidades ecapacitar as potencialidades. Esse o sentido educativoda proteo social que faz parte das aquisies sociais dosservios de proteo (SPOSATTI, 2009, p. 35).
DIREITO
Temos o direito a ter direitos...Hanna Arendt
Conforme j tratado neste texto, cabe reforarmos que
assistncia social, como poltica pblica, tem fundamento
constitucional como parte do Sistema de Seguridade Social;portanto
um direito de seguridade social reclamvel juridicamente
e traduzvel em proteo social no contributiva devida ao
cidado. Isso quer dizer que a noo de direito no significa que o
Estado esteja doando/concedendoalgo para algum receber, mas sim
de que a ao do Estado est fazendo jus, justia, direito em face desuas responsabilidades sociais com os cidados (BRASIL, 2013).
Quando tratamos de direitos sociais em uma sociedade
moderna, no temos como dissociar que o seu alcance possvel
por meio das polticas implementadas pelo Estado, ou seja, no h
direito social sem a garantia do Estado, que vai ento se expressar
pela oferta e pela regulao dos servios e benefcios de proteo
social. E justamente pela via do direito social que a proteo
social se efetiva, reduzindo vulnerabilidades e incertezas, igualando
oportunidades e enfrentando desigualdades (SPOSATTI, 2009, p.69).
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10 DIREITOS SOCIOASSISTENCIAIS
1. Todos os direitos de proteo social de assistncia social consagrados em Lei paratodos: Direito, de todos e todas, de usufrurem dos direitos assegurados pelo ordenamento
jurdico brasileiro proteo social no contributiva de assistncia social efetiva comdignidade e respeito.
2. Direito de equidade rural-urbana na proteo social no contributiva: Direito, docidado e cidad, de acesso s protees bsica e especial da poltica de assistncia social,
operadas de modo articulado para garantir completude de ateno, nos meios rural e urbano.
3. Direito de equidade social e de manifestao pblica: Direito, do cidado e dacidad, de manifestar-se, exercer protagonismo e controle social na poltica de assistncia
social, sem sofrer discriminaes, restries ou atitudes vexatrias derivadas do nvel
pessoal de instruo formal, etnia, raa, cultura, credo, idade, gnero, limitaes pessoais.
4. Direito igualdade do cidado e cidad de acesso rede socioassistencial:Direito igualdade e completude de acesso nas atenes da rede socioassistencial, direta
e conveniada, sem discriminao ou tutela, com oportunidades para a construo daautonomia pessoal dentro das possibilidades e limites de cada um.
5. Direito do usurio acessibilidade, qualidade e continuidade: Direito, do usurioe usuria, da rede socioassistencial, escuta, ao acolhimento e de ser protagonista na
construo de respostas dignas, claras e elucidativas, ofertadas por servios de ao
continuada, localizados prximos sua moradia, operados por profissionais qualificados,
capacitados e permanentes, em espaos com infraestrutura adequada e acessibilidade,
que garantam atendimento privativo, inclusive, para os usurios com deficincia e idosos.
6. Direito em ter garantida a convivncia familiar, comunitria e social: Direito, dousurio e usuria, em todas as etapas do ciclo da vida a ter valorizada a possibilidade de se
manter sob convvio familiar, quer seja na famlia biolgica ou construda, e precedncia
do convvio social e comunitrio s solues institucionalizadas.
7. Direito Proteo Social por meio da intersetorialidade das polticas pblicas:Direito, do cidado e cidad, melhor qualidade de vida garantida pela articulao,
intersetorial da poltica de assistncia social com outras polticas pblicas, para que
alcancem moradia digna trabalho, cuidados de sade, acesso educao, cultura,
ao esporte e lazer, segurana alimentar, segurana pblica, preservao do meio
ambiente, infraestrutura urbana e rural, ao crdito bancrio, documentao civil e ao
desenvolvimento sustentvel.
8. Direito renda: Direito, do cidado e cidad e do povo indgena, renda individual efamiliar, assegurada atravs de programas e projetos intersetoriais de incluso produtiva,
associativismo e cooperativismo, que assegurem a insero ou reinsero no mercado detrabalho, nos meios urbano e rural.
9. Direito ao co-financiamento da proteo social no contributiva: Direito, dousurio e usuria, da rede socioassistencial a ter garantido o cofinanciamento estatal
federal, estadual, municipal e Distrito Federal para operao integral, profissional,
contnua e sistmica da rede socioassistencial nos meios urbano e rural.
10. Direito ao controle social e defesa dos direitos socioassistenciais: Direito, docidado e cidad, a ser informado de forma pblica, individual e coletiva sobre as ofertas
da rede socioassistencial, seu modo de gesto e financiamento; e sobre os direitos
socioassistenciais, os modos e instncias para defend-los e exercer o controle social,
respeitados os aspectos da individualidade humana, como a intimidade e a privacidade.
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2 un idadeE sobre os direitos das famlias usurias dos servios daPoltica de Assistncia Social? Vejamos alguns que de-vem ser assegurados no mbito dos Cras e dos Creas.
Segundo as orientaes tcnicas do Cras (BRASIL, 2009,
p.14), as famlias usurias dos servios da PAS tm o direito de: conhecer o nome e a credencial de quem o atende (profissional
tcnico, estagirio ou administrativo do equipamento);
dispor de locais adequados para seu atendimento, tendo osigilo e a sua integridade preservados;
receber explicaes sobre os servios e sobre seu atendimentode forma clara, simples e compreensvel;
ter seus encaminhamentos por escrito, identificados com onome dos profissionais e seu registro no Conselho ou Ordem
Profissional de forma clara e legvel;
poder avaliar o servio recebido, contando com espao deescuta para expressar sua opinio;
ter acesso ao registro dos seus dados se assim desejar;
ter acesso s deliberaes das conferncias municipais,estaduais e nacionais de assistncia social, entre outros.
Essa breve reflexo fundamental, pois um dos objetivosda assistncia social a defesa e garantia dos direitos (ao lado daproteo e da vigilncia social que sero tratadas adiante neste
caderno), visando garantir o acesso aos servios ofertados pelarede socioassistencial e das demais polticas pblicas de formaigualitria, fortalecendo os indivduos e as famlias na conquistade sua autonomia, dignidade e protagonismos, por meio dodesenvolvimento de potencialidades, valorizando sua identidade e
seu lugar de pertencimento.
PROTEO SOCIAL
Inicialmente, devemos compreender que a proteo social no
se limita a uma s poltica social ou poltica de assistncia social,
pois entender a assistncia social, no mbito da seguridade social e
no campo da proteo social, no a torna a nica a ter ao nesse
campo (BRASIL, CADERNO 1, 2013). J vimos que so os direitos
socioassistenciais que respondem por algumas das desprotees
no campo da proteo social por meio da garantia das seguranas
sociais que sero tratadas ainda neste Caderno.
REFLITA
Ser que os gestores etrabalhadores do SUASconsideram os usuriosds servios ou benefciossociais como sujeitos de
direitos, como cidados,fazem valer o que pensam,o que reivindicam, incluemnas responsabilidades doEstado a cobertura de suasnecessidades na condiode direito?
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Na concepo do SUASo sentido de quem delanecessitarse materializapor meio das trsfunes: proteo social,vigilncia social e defesae garantia de direitossocioassistenciais (BRASIL,CADERNO 1, 2013).
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Mas, afinal, qual o sentido de proteo social na assis-tncia social?
Afirmar a assistncia social como proteo social significa
olhar para o cidado, usurio dos servios, como sujeito de direitos.
Significa tambm reconhecer o direito aos benefcios e aos servios
garantidores de direitos, ofertados pelo conjunto das polticas sociais.
[...] estar protegido significa ter foras prprias ou de terceiros, que impeam que algumaagresso/precarizao/privao venha a ocorrer deteriorando uma dada condio. Pormestar protegido no uma condio nata; ela adquirida no como mera mercadoria, maspelo desenvolvimento de capacidades e possibilidades. No caso, ter proteo e/ou estarprotegido no significa meramente portar algo, mas ter uma capacidade de enfrentamentoe resistncia (SPOSATI, 2009, p.17).
Em sntese, podemos afirmar que mbito singular daproteo social de assistncia social:
ampliar a capacidade protetiva da famlia e de seus membros;
ampliar a densidade das relaes de convvio e sociabilidade
dos cidados; instalar condies de acolhida e processos de
acolhimento como parte do trabalho de ateno e cuidados;
reduzir as fragilidades da vivncia e da sobrevivncia e reduzir
e restaurar os danos e riscos sociais e de vitimizaes causados
por violncia, agresses, discriminaes, preconceitos(BRASIL,CADERNO 2, 2013).
SEGURANAS SOCIAISOutro aspecto a ser destacado, quando se trata das
especificidades da polticade assistncia social, so as seguranas
sociais que a poltica deve afianar como parte das atenes da
seguridade social brasileira.
ENTO: QUE SEGURANAS AASSISTNCIA SOCIAL DEVE GARANTIR?
SEGURANA DE ACOLHIDA
A segurana de acolhida uma das seguranas primordiais
da poltica de assistncia social, pois opera com a proviso de
necessidades humanas que inicia com os direitos alimentao,
ao vesturio, ao abrigo prprio da vida humana em sociedade.
A orientao dessa segurana a conquista da autonomia, mas
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2 un idade possvel que um indivduo no a conquiste por toda a vida ou
por um perodo, por exemplo: pela idade uma criana ou um
idoso por alguma deficincia ou por restrio momentnea ou
contnua da sade fsica ou mental; essa segurana de acolhida
faz com que o Estado afiance a todos, que, por mltiplas situaesde fragilidades, destituies, discriminaes, agresses humanas
praticadas ou agresses da natureza tenham perdido sua condio
de alojamento e abrigo, permanecendo ao relento, em situao de
abandono e isolamento. Entre outras situaes que demandam a
acolhida na atualidade esto a necessidade de separao da famlia
ou da parentela por mltiplas situaes, como violncia familiar ou
social, drogadio, como o uso do crack e o alcoolismo, desemprego
prolongado e criminalidade ou, ainda, destituio e abandono.
Para que haja essa segurana, cabe ao poder pblicomanter a oferta diversificada
de servios que possibilitem o acolhimento de pessoas, independentemente da idade,
garantindo condies de sobrevivncia, com alimentao, pernoite, higienizao, roupas,
cuidados, escuta e medidas de restaurao para pessoas, famlias, adultos, crianas, jovens,
idosos em situao de rua permanente ou eventual (Caderno 1, CapacitaSUAS, 2013, p. 68).
SEGURANA DE SOBREVIVNCIA E RENDA
A segurana de sobrevivncia (de rendimento e de
autonomia) diz respeito garantia de que todos tenham uma forma
monetria de garantir sua sobrevivncia, independentemente de
suas limitaes para o trabalho ou do desemprego, como no caso
das pessoas com deficincia, dos idosos, dos desempregados, das
famlias numerosas, das famlias desprovidas das condies bsicas
para sua reproduo social em padro digno e de cidadania, em
consonncia aos critrios de elegibilidade do PBF. A segurana de
sobrevivncia opera tambm por intermdio da poltica de benefciosa idosos com mais de 65 anos ou mais que no tenham acesso ao
seguro da previdncia social e a pessoas com deficincia, em ambas
as situaes, que vivam em famlia cujo baixo per capita de renda no
atinja a de salrio mnimo.
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Tambm existem as iniciativas isoladas, de acesso a bens e condies de
desproteo advindas de ocorrncias de vitimizaes coletivas por calamidades pblicas,
como deslizamentos, enchentes, incndios, desalojamentos coletivos por ao da justia,
colocando crianas ao relento e na rua; frentes frias que colocam em risco de morte
populao em situao de rua; secas contnuas que provocam ausncia de alimentao,
fome, doenas; h ainda a ateno a migrantes nacionais e internacionais desalojados.
Nessas atenes, h uma interface com a Defesa Civil (Caderno 1, 2013, p.71).
SEGURANA DE CONVVIO E CONVIVNCIA
A segurana de convvio e convivncia (ou vivncia
familiar)supe a no aceitao de situaes de recluso, de perda
das relaes, sejam elas por discriminao e mltiplas inaceitaesou por intolerncias; ela diz respeito s barreiras relacionais criadas
por questes individuais, grupais e sociais. O direito ao convvio
pressupe considerar as dimenses multiculturais, intergeracionais,
interterritoriais, intersubjetivas, entre outras; a segurana de convvio
amplia o campo preventivo da proteo social ao reconhecer a
importncia do ncleo familiar, expande a proteo social pelo
alargamento e fortalecimento de vnculos sociais, desenvolve trabalho
social que amplia o universo de relaes, informaes, referncias de
pessoas, famlias, grupos, segmentos que se constituem em recursosque contm possibilidades de reduzir fragilidades no enfrentamento
e nas situaes de desproteo ou risco.
Esta segurana faz com que o poder pblico mantenha oferta diversificada, capaz
de alcanar os membros de uma famlia, nuclear ou alargada, de buscar a articulao entre
os que vivem avizinhados em um mesmo territrio, a aproximao entre aqueles que tm
traos em comum de identidade humana etria, cultural e tnica, de gnero, entre outros
aspectos, que garantam a convivncia incluindo as situaes de lutas de reconhecimento
social (BRASIL,Caderno 1, 2013).
EIXOS ESTRUTURANTES DO SUASComo j citado anteriormente, o SUAS inaugura no pas a
gesto compartilhada da poltica de assistncia social como poltica
pblica e instaura, em todo territrio nacional, a perspectiva de
responder universalidade de um direito de cidadania. A gesto
compartilhada contempla alguns eixos estruturantes, que sero
tratados a seguir.
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33CAPACITASUAS | PROVIMENTO DE SERVIOS E BENEFCIOS
2 un idadeDESCENTRALIZAO POLTICOADMINISTR ATIVAAo tratar da descentralizao, no podemos deixar de
reconhecer inicialmente que a Poltica Pblica de Assistncia
Social nacional; esse pressuposto indica que as trs esferas tm
responsabilidades especficas e cooperadas. Uma das principais
mudanas na forma de gesto da Assistncia Social desde a
Constituio Federal de 1988 reafirmada na Loas e, posteriormente,
na PNAS e na NOB/SUAS decorre do princpio da descentralizao
poltico-administrativa na implementao dessa poltica.
importante reconhecermos que o processo de descentralizao
entre as esferas de governo tornou os municpios autnomos e
independentes no plano institucional, no se limitando somente ao
reordenamento estatal, mas fundamentalmente valorizao do poder
local e da participao popular, como fundamentos democrticos
reconquistados aps dcadas de prticas autoritrias e centralizadoras
vivenciadas no pas.
Por outro lado, esse reordenamento aumentou o volume de
responsabilidades e de encargos municipais; isso permitiu que as
estratgias de interveno locais caminhassem na direo de maior
efetividade e democratizao, quando numa maior aproximao
e adequao s necessidades e demandas locais (BRASIL,
CapacitaSUAS, 2008, p.17).
Uma questo a ser considerada que muitos municpios quedesenvolveram um bom planejamento, fundamentado emestudos sobre a realidade local, com gesto efetivamentedemocrtica, oramentos significativos obtidos com o executivoe inovao nas suas prticas, vm alcanando bons resultadosem suas experincias e servem de referncia implementaodos servios e benefcios, em consonncia aos princpios ediretrizes da PNAS e NOB/SUAS. Entretanto, devemos reconhecerque o conjunto dos municpios no homogneo nesse padro;certos municpios tm de superar desafios de ordem conceitual,pois convivem ainda com antigos preceitos e referncias;dficit administrativo e financeiro; capacidade tcnica e definanciamento insuficientes.
Considerando o exposto at aqui e resguardando as
peculiaridades regionais e locais do processo de gesto em cada
esfera de governo, precisamos compreenderque centralizao
e descentralizao no so processos excludentes, mas sim
complementares, pois dotar os municpios e estados de autonomia,
no significa lev-los ao isolamento e total independncia da esfera
federal (BRASIL, CapacitaSUAS, 2008, p.20).
TRS ESFERASAs diferentes atribuies
das trs esferas de governopodem ser acessadas naPNAS (2004, p. 32-33).
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Por ltimo, do ponto de vista do desenho da gesto da
poltica de assistncia social, a relevante mudana nacional foi
a exigncia de implantao de Conselhos, Planos e Fundos de
Assistncia Social, nos trs nveis de governo (federal, estadual
e municipal), enquanto instrumentos bsicos da descentralizao
e democratizao, que possibilitem o acesso ao financiamento
pblico. Tal exigncia obrigatria, tendo em vista que o SUAS
integrado pelos entes federativos, pelos respectivos conselhos e
pelas entidades e organizaes de assistncia social, conforme 2
do art. 6 da Loas.
Alm das exigncias j citadas, importante lembrarmos que
existem instncias de pactuao, como a Comisso Intergestores
Tripartite (CIT)e as Comisses Intergestores Bipartites (CIBs).
So espaos privilegiados de pactuao entre os gestores,
quanto aos aspectos polticos e operacionais da gesto do SUAS com
o objetivo de implementar e efetivar o SUAS. Promovem consensos
entre os entes envolvidos, porm no exigem processo de votao
ou deliberao em suas decises.
PARTICIPAO E CONTROLE SOCIAL
Como j apontado anteriormente, a Constituio Federal de
1988 definiu como diretrizes das polticas pblicas, em especial,
na organizao da assistncia social, a descentralizao poltico-
administrativa e a participao popular na formulao das polticas
e no controle das aes em todos os nveis (nacional, estadual,
municipal e no DF). Tambm a participao da populao, por meio
das organizaes representativas, na formulao e no controle
das aes da poltica de assistncia social, constitui-se na segunda
diretriz da Loas.
Ento, o que preciso saber sobre o controle social e so-bre a participao popular?
O controle social da PAS e do PBF realizado por meio da par-
ticipao da populao na gesto da poltica, no acompanha-
mento, na fiscalizao das instituies governamentais e no
governamentais que os executam e dos recursos destinados
ao funcionamento dos servios, programas, projetos, benef-
cios e transferncia de renda.
Os fruns de polticassociais tambm se consti-tuem como espao para oexerccio do controle socialdemocrtico, na medida emque exercem presso sociale incidncia poltica paraalm do espao institucio-
nal do Estado.
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35CAPACITASUAS | PROVIMENTO DE SERVIOS E BENEFCIOS
2 un idadeA participao popular na formulao e no controle social est
expressa na Loas/1993, em seu artigo 16, que institui o Conselho
Nacional de Assistncia Social (CNAS) e estabelece os Conselhos
Estaduais de Assistncia Social (CEAS), os Conselhos Municipais
de Assistncia Social (CMAS) e o Conselho de Assistncia Social
do Distrito Federal (CAS/DF), como instncias deliberativas do
sistema descentralizado e participativo, de carter permanente e
composio paritriaentre governo e sociedade civil.
As conferncias e os conselhos, nas trs esferas, so caixas de ressonncia das
demandas da sociedade. So espaos privilegiados de interlocuo e negociao poltica,
fundamentais para a democratizao da poltica de assistncia social (BRASIL, Caderno 2,
2008, p.27).
Tambm compete aos CMAS acompanharem a execuo
dos Programas de Transferncia de Renda (PTR), sobretudo o Bolsa
Famlia e o BPC.
PODESE AFIRMAR QUE UM DOS DESAFIOSPARA A GESTO DO SUAS
potencializar, nos espaos de atendimento populao,atividades que desenvolvam a autonomia e o protagonismo
dos usurios na direo de materializar a participao deles
no espao de controle social, utilizando mecanismos de
democratizao da poltica (COUTO, 2009, p.207).
Resumidamente, esse complexo processo de efetivao da
participao popular e do controle social, entre muitas iniciativas,
requer:
reconhecimento da capacidade de o poder local interferir nagesto pblica;
fortalecimento do dilogo intergovernamental por meio da
ocupao democrtica das instncias de participao e deciso;
promoo da participao da sociedade civil, respeitando sua
autonomia no processo de interlocuo e pactuao;
avano na criao de novos espaos e estratgias de participa-
o cidad, que se faam presentes nos territrios de vulnera-
bilidade social, possibilitando o protagonismo dos usurios da
poltica de assistncia social;
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construo de mecanismos de participao nos Cras, em que
a populao atendida, as lideranas locais, as entidades e or-
ganizaes de assistncia social, os tcnicos e os gestores dis-
cutam os servios, padres de qualidade, problemas locais
e construam coletivamente alternativas de enfrentamento.
(BRASIL, 2008, p.27).
A interveno dos conselhos na formulao e no controle da poltica constitui
um processo complexo que envolve conflitos, pactuaes e a construo de acordos
no interior dos prprios Conselhos e na relao destes com os rgos e instncias de
negociao, pactuao e de deliberao do SUAS.
Contudo, temos de avanar na construo de espaos
compartilhados de discusso, de acompanhamento e de fiscalizao
da PAS, para que trabalhadores e trabalhadoras, usurios, gestores
e todos os atores sociais interessados possam democraticamente
refletir acerca do SUAS, visando ao desenvolvimento de prticas mais
qualificadas e participativas nas mais diversas localidades deste pas.
MATRICIALIDADE SOCIOFAMILIAR
O foco atribudo no SUAS, a centralidade da famlia,pressu-
pe romper com a lgica individualista de prestao dos servios
socioassistenciais, o que significa avanar da ateno individual ou
ainda por faixa etria e por necessidades especficas, para intervir
considerando a dinmica familiar. A famlia aqui entendida como
espao privilegiado de espelhamento dos efeitos da vida social e,
ainda, potencializadora das mudanas da realidade social.
No podemos deixar de frisar o quanto a famlia impactada
pelos reflexos da desigualdade social brasileira, expressando de forma
objetiva no seu cotidiano no somente suas carncias econmicas,
polticas e sociais, mas tambm sua RESILINCIAe resistncia diante
uma dura realidade, ou seja, expressa no s pelos carecimentos,
mas pelos elementos subjetivos de sua forma de resistncia a esses
carecimentos (COUTO, 2009, p. 208).
RESILINCIA
um conceito psicolgicoemprestado da fsica, defini-do como a capacidade de oindivduo lidar com proble-mas, superar obstculos ouresistir presso de situa-es adversas, como cho-
que, estresse, entre outras.
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2 un idadeNo mbito do SUAS, de acordo com o documento O Cras
que temos, o Cras que queremos,o acompanhamento familiar
definido como o conjunto de intervenes desenvolvidas em servios
continuados, com objetivos estabelecidos, que possibilitam famlia
acesso a um espao em que possam refletir sobre sua realidade,
construir novos projetos de vida e transformar suas relaes, sejam
elas familiares ou comunitrias (BRASIL, 2011).
EM SNTESE:
a famlia o ncleo social bsico de acolhida, convvio, autono-
mia, sustentabilidade e protagonismo social;
a defesa do direito convivncia familiar, na proteosocioassistencial, supera o conceito de famlia como unidade
econmica, mera referncia de clculo de rendimento per
capita e a entende como ncleo afetivo, vinculado por laos
consanguneos, de aliana ou afinidade, que circunscrevem
obrigaes recprocas e mtuas, organizadas em torno de
relaes de gerao e de gnero;
a famlia deve ser apoiada e ter acesso a condies para
responder ao seu papel no sustento, na guarda e na educao
de suas crianas e adolescentes, bem como na proteo deseus idosos e pessoas com deficincias;
o fortalecimento de possibilidades de convvio, educao
e proteo social, na prpria famlia, no restringe as
responsabilidades pblicas de proteo social para com os
indivduos e a sociedade (BRASIL, NOB-SUAS, 2005).
preciso que os gestores, ao tratarem da centralidade da fam-lia, estejam atentos, pois pode-se cair na armadilha de transferirdo vis individualista, centrado no sujeito, para um vis grupal,transferindo para a famlia a culpabilizao da situao em quese encontra (COUTO, 2009, p.208).
REFLITA
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TERRITRIO COMO BASE DE ORGANIZAO DOS SERV IOS
Ao reconhecermos que o territrio a base de organizao do
SUAS, temos de explicar que o territrio representa muito mais do
que o espao geogrfico.
OS TERRITRIOS SO:
de trocas de relaes
de expectativas ede sonhos
de contradiese conflitos
espaos de vida...
... querevelam
os significadosatribudos pelos
diferentes sujeitos.
de disputas
de construo edesconstruo de
vnculos
O territrio tambm o terreno das polticas pblicas, onde
se concretizam as manifestaes da questo social e onde se criam
os tensionamentos e as possibilidades para seu enfrentamento.
Podemos considerar o municpio um TERRITRIO, porm com
mltiplos espaos intraurbanos que expressam diferentes arranjos e
configuraes socioterritoriais (comunidades, favelas, vilas, periferias,
regies).
importante considerarmos que o princpio da territorializao
reconhece a presena de mltiplos fatores sociais e econmicos, quelevam o indivduo e a famlia a uma situao de vulnerabilidade, risco
pessoal e social. Pensando nisso, as aes da assistncia social devem
ser planejadas territorialmente, tendo em vista:
a superao da fragmentao;
o alcance da universalidade de cobertura;
a possibilidade de planejar e monitorar a rede de servios;
a realizao de vigilncia social das excluses e estigmatizaes
presentes nos territrios de maior incidncia de vulnerabilida-
des e carecimentos (BRASIL, Caderno SUAS 2, 2008, p.53).
TERRITRIO
Quando tratamos de terri-trio, estamos nos referindoao territrio como espaosocial em constante dinmi-ca, que deve ser compreen-dido para alm dos limitesgeogrficos e administrati-vos (KOGA, 2009, p.31).
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2 un idadePor que, cada vez mais, temos de reconhecer a dinmicaque se processa no cotidianodas populaes nos territ-rios onde atuamos?
Porque a proteo social requer uma maior
aproximao possvel da vida das pessoas, o que pressupe
considerar:
a identificao das efetivas condies de vida das pessoas e do
territrio, onde elas vivem com suas famlias;
o municpio, como uma menor escala administrativa governa-
mental, do ponto de vista federal, onde se operacionalizam pro-
gramas, projetos, servios, benefcios e transferncia de renda;
a identificao das diferentes manifestaes e expresses da
pobreza, dos riscos e vulnerabilidades sociais nos territrios deatuao;
a localizao dos servios socioassistenciais e sua relao com
a concentrao da demanda, ou seja, o tipo/perfil de deman-
das e necessidades que devam ter a ateno nos servios;
a identificao das necessidades da populao, mas tambm
fundamental a identificao das potencialidades (das pessoas,
das famlias e da comunidade) existentes e/ou que devem e
podem ser potencializadas.
Importante lembrarmos, ainda, que a poltica de assistncia
social, ao agir sobre um determinado territrio com base nos dados e
informaes identificados sobre a dinmica desta realidade, inaugura
outra perspectiva de anlise, ao tornar visveis aqueles setores da
sociedade brasileira, tradicionalmente, tidos como invisveis ou
excludos das estatsticas, tais como: a populao em situao de
rua, adolescentes em conflito com a lei, indgenas, quilombolas,
pessoas com deficincias, entre outros peculiares a cada territrio
(PNAS/2004).
A PNAS (2004) prope a caracterizao dos territrios com base
em dados e informaes, considerando a dinmica demogrfica e
socioeconmica, associadas aos processos de excluso/incluso
social, s vulnerabilidades, aos riscos pessoais e sociais em curso
no pas. claro que os dados gerais sobre a situao do pas podem
e devem ser confrontados com a realidade vivida nos municpios,
onde se desenvolve a poltica e se assentam as pessoas que dela se
beneficiam. Essa uma importante iniciativa quando pretendemos
conhecer o territrio de atuao e construir propostas de gesto, que
realmente atendam as necessidades sociais dos usurios da poltica.
O territrio em si, paramim, no um conceito.Ele s se torna um concei-to utilizvel para a anlisesocial quando o considera-mos a partir do seu uso, apartir do momento em quepensamos juntamente comaqueles atores que dele seutilizam
Milton Santos (2000)
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Para realizao de um diagnstico claro e objetivo da realidade
social em que a poltica chamada a intervir, ou melhor, no seu
territrio de atuao, destacam-se alguns indicadores: os aspectos
demogrficos (sobre a populao), a concentrao de pobreza, os
dados referentes s crianas, aosadolescentes e aos jovens, no quese refere violncia domstica, ao trabalho infantil, populao
em situao de rua, estimativa da populao com algum tipo de
deficincia, concentrao da populao com mais de 65 anos
(idosos), entre outros.
Isso quer dizer queas anlises mais gerais do Brasil servem
como subsdios para orientar as anlises locais, o que significa utilizar
os dados e informaes disponveis nos bancos do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatstica (IBGE) e Instituto de Pesquisa EconmicaAplicada (IPEA), alm de estudos realizados por universidades e
centros de pesquisas, assim como os sites do MDS.
O territrio pode ser fator de proteo e/ou de
desproteo (SPOSATI, 2009, p.45). Partindo dessa afirmao,
que iniciativas voc identifica no territrio de sua atuao que
promovem a proteo e quais fatores tm, ainda, contribudo
para a desproteo das pessoas que l vivem?
REDE SOCIOASSISTENCIAL
O SUAS inaugura um novo desenho de rede socioassistencial
que est organizada por nveis de proteo. Os centros de referncia
de assistncia social, vinculados, tanto proteo social bsica
quanto proteo social especial, operam as garantias de seguranas
sociais e referenciam (como o nome aponta) toda a rede de servios
socioassistenciais.
Os servios que so ofertados e garantidos por meio
da rede socioassistencial esto caracterizados na tipificao
nacional (Resoluo do CNAS, n 109 de 2009, da qual trataremos
mais adiante) que, pela primeira vez na histria da poltica de
assistncia social, define e estabelece critrios de qualidade para essa
oferta.
De acordo com a concepo que consta nas normativas
do Sistema, a rede socioassistencial um conjunto integrado
de aes de iniciativa pblica e da sociedade, que oferta e opera
Voc j leu a TipificaoNacional dos Servios So-cioassistenciais?
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2 un idadeprogramas, projetos, servios, benefcios e transferncia de renda
socioassistenciais que se articulam e se efetivam por meio dos diversos
equipamentos pblicos, entidades e organizaes de assistncia
social, complementares do SUAS. Alm disso, a organizao do SUAS
supe diversos planos de articulao entre os entes federados e
destes com as instncias de pactuao, de participao e de controle
social e com as entidades operadoras.
A ao da rede socioassistencial de proteo bsica e especial
realizada diretamente por organizaes governamentais ou
mediante convnios, ajustes ou parcerias com organizaes e
entidades de assistncia social (PNAS/2004). Nessa regulamentao,
reconhece-se o carter pblico da oferta das organizaes sem finslucrativos, que realizam, de forma continuada e planejada, servios,
programas e projetos de proteo social e de defesa e de garantia
dos direitos socioassistenciais.
Compreender o significado da rede socioassistencial, no
mbito do SUAS, fundamental, visto que no se trata de prticas
parciais, desconectadas e fragmentadas, com padres passveis
de avaliao, cujos sujeitos integrantes da rede no dialogam e,
tampouco, garantem a incluso e o acesso dos usurios rede
hierarquizada e territorializada.
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SENDO ASSIM, O QUE ENTO PRECISOCOMPREENDER SOBRE O CONCEITO DE REDE?
Que seu conceito utilizado com significadose possibilidades de intervenes diversas quese fundamentam em prticas e princpiosdemocrticos e se constituem em formas deorganizao e interao. , sem dvida, uma dasformas de construo de alianas, mas que requercomunicao intensa, intercmbio e influnciarecproca (BRASIL, CADERNO 2, 2013).
A articulao em rede supe a construo deconexes e movimentos. Sua hierarquizao compreendida pela incompletude decada servio em si e sua completude emrede, em que cada unidade e cada nvel deproteo tm seu nvel de competncias e deresponsabilidades.
FUNDAMENTAL IDENTIFICAR A REDE SOCIOASSISTENCIALDO TERRITRIO DE SUA ATUAO!
O ponto focal da rede socioassistencial territorial local o Cras
De uma maneira geral a rede socioassistencial:
Integra os servios pblicosprestados pelo ente estatal ou por
organizaes e entidades de assistncia social, cujos participantes
gozam de autonomia que lhes confere sua natureza jurdica;
Essas entidades esto vinculadas em rede e, portanto, realizampactos em torno de objetivos comuns para responder s neces-sidades coletivas e garantir direitos de acordo com as diretrizesda poltica de assistncia social (CapacitaSUAS 2, p.88).
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2 un idade O funcionamento da rede socioassistencial constitui
um espao de relacionamento interorganizacional que
potencializa esforos, meios e informaes visando a alcanar
a integralidade e a completude de respostas devidas
populao usuria;
a construo da articulao da rede socioassistencial um
processo de articulao estratgica de sujeitos e cabe ao setor
pblico estatal a sua construo e coordenao;
seu fundamento o de partilha de responsabilidades
pela cobertura das necessidades coletivas, por meio de
servios operados em rede de ateno, sob os princpios
da responsabilidade pblica, universalidade, transparncia,
publicidade, equidade e qualidade das prestaes.
Podemos concluir,ento, que a rede socioassistencial cumpre um
importante papel poltico no processo de fortalecimento do SUAS. Por
exemplo: a articulao da rede de proteo social bsica referenciada
no Cras consiste no estabelecimento de contatos, alianas e fluxos de
informaes e encaminhamentos entre o Cras e as demais unidades de
proteo social bsica do territrio, assim como a articulao da rede de
proteo social especial referenciada nos Creas.
Frisa-se aqui a importncia de estabelecer fluxos e articulaoentre os nveis de complexidade do Sistema - Proteo Social B-sica e Especial - Cras e Creas ou Cras e servios regionalizados.
INTERSETORIALIDADE
A intersetorialidade um dos eixos que desafiam a poltica de
assistncia social, pois se refere ao dilogo com as demais polticas
e setores, garantindo o acesso das famlias aos servios setoriais
e a outros direitos e oportunidades. As normativas do Sistema
reconhecem a necessria complementaridade entre os servios das
diversas polticas pblicas sociais, visando garantir proteo integral
s famlias e indivduos.
Isso no poderia ser diferente, pois a complexidade das
necessidades e demandas trazidas pela situao de pobreza e
desigualdade social da populao e as disparidades regionais
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e locais de estados e municpios requerem da assistncia social
respostas s questes identificadas. Dessa maneira, a assistncia
social se coloca na dependncia da integrao no s dos servios
socioassistenciais, mas do conjunto de servios e programas de
vrias polticas especficas, quer no mbito estadual ou municipal,
superando o tradicional confinamento das atenes, que recorta os
programas sociais em reas estanques e, consequentemente, pouco
efetivas (BRASIL, CapacitaSUAS 2, 2008, p. 38).
O prprio carter de proteo social abre assistncia social
conexes com as demais polticas do campo social, que se voltam
garantir melhoria das condies de vida da populao empobrecida.
Entretanto, para que a intersetorialidade ocorra, necessrio que
os setores dialoguem entre si, e conheam e construam formas detrabalhar conjuntamente.
Mas como articular a rede interinstitucional em seu mu-nicpio?
Essa articulao pode ser dar por meio dos seguintes passos:
criar mecanismos de compartilhamento por meio de um
sistema de comunicao formal e contnuo entre estruturas
e rgos para viabilizar iniciativas, recursos, lideranas eprocessos de acompanhamento e controle, com as cmaras
intersetorias e os conselhos de controle social articulados;
compreender que a intersetorialidade no um mero arranjo in-
formal; ao contrrio, necessita ser institucionalizada e normatiza-
da de maneira que propicie uma ao contnua e efetiva;
substituir a competio entre as polticas sociais pela
cooperao, atuando com base em interesses comuns,
compartilhados e negociados em comum acordo, semprevisando a atender s necessidades da populao usuria, na
perspectiva do interesse pblico;
reconhecer as especificidades de cada poltica social. No caso
da assistncia social, a interlocuo com os demais setores e
a construo de agendas comuns dependem de uma boa
compreenso por parte dos demais setores, do campo de
atuao da assistncia social, suas normativas, bem como das
funes do Cras, Creas, Centro POP e demais servios ofertados,
prioridades de acesso e fluxos (BRASIL,Caderno SUAS, 2013).
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Devemos tambm considerar que a anlise da adequao
entre as necessidades da populao e as ofertas dos servios e
benefcios socioassistenciais, vistos na perspectiva do territrio,
deve constituir-se como objeto central e de permanente reflexoda Vigilncia Socioassistencial.
Ofertas da Poltica deAssistncia Social
Riscos eVulnerabilidades
Necessidades deProteo Social
Demanda paraServios e Benefcios
Socioassistenciais;
Servios
Benefcios
Programas eProjetos
PSB e PSE
Considerando as referncias da PNAS e da NOB SUAS 2012,depreendemos que a Vigilncia Socioassistencial se organiza a partir
de dois eixos que se articulam para produzir a viso de totalidade:
Vigilncia sobre opadro de servios
Vigilncia de riscos evulnerabilidades
E MAIS: fundamental compreendermos a vigilncia,como
parte integrante dos servios que constituem a rede socioassistencial.
por intermdio dela que a assistncia social chega populao e
que, simultaneamente, so coletadas informaes que subsidiaro
o planejamento de futuras aes. Destacamos o papel dos
trabalhadores do SUAS na coleta e no registro de informaes, por
meio de instrumentos j disponveis e padronizados, tais como:
TERRITRIO
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47CAPACITASUAS | PROVIMENTO DE SERVIOS E BENEFCIOS
2 un idadeO CADNICO E O PRONTURIO SUAS.
Cadastro nico para Progra-mas Sociais do Governo Fe-
deral (CADNICO) um instru-
mento de identificao e carac-
terizao socioeconmica das
FAMLIAS BRASILEIRAS DE BAIXA
RENDA. Qual a finalidade dele?
Manter o registro de todas as
famlias de baixa renda num
nico cadastro. Tambm tem
como finalidade acompanhare ampliar o acesso desse pbli-
co s polticas sociais, traar o
perfil socioeconmico e subsi-
diar o processo de reavaliao
dos benefcios e transferncia
de renda.
PRONTURIOToda a circulao de informa-
es obriga os profissionais a
repensarem as relaes entre
eles e deles com os usurios.
Os profissionais devem trans-
crever dados que sero de
interesse para toda a equipe.
Lembre-se: as profisses tm
prerrogativas tcnicas e ticas
que devem ser respeitadas e
so tambm responsveis pela
garantia do sigilo.
fundamental que haja o conhecimento do cotidiano da vid