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SPGD 2016 2º SIMPÓSIO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESIGN DA ESDI Rio de Janeiro, 9 a 11 de novembro de 2016 Categorias Temáticas no Design de Estampas e Padronagens Thematic categories in Print and Pattern Design MOREIRA, Daniela Brum; MONTEIRO, Gisela Costa Pinheiro RESUMO: Este artigo é uma revisão de literatura sobre a nomenclatura de estampas. Em geral, elas são nomeadas e organizadas por temas ou estilos que variam de acordo com a visão de cada autor sobre o assunto. Foram analisadas sete importantes publicações usadas como fonte de consulta para a criação de estampas pelos designers brasileiros. A maior parte dos títulos são de autores estrangeiros e, quando há tradução, datam a partir dos anos 1990. A pesquisa visa gerar conteúdo para que possa ser feita uma análise de tais abordagens, com o intuito de compreender os pontos que permeiam os sete títulos. Palavras-chave: Pesquisa e metodologia do design; História do design; Design de Moda; Design de Superfície; Classificação de estampas. ABSTRACT: This article is a literature review on the print and pattern’s nomenclature. In general, they are named and organized by themes or styles that vary to the point of view of each author on the subject. From then on, the seven major publications used as a reference source by Brazilian designers and inspiration for creating prints were analyzed. Most of the titles are by foreign authors and, when there is translation, dating from the year 1990. The research aims to generate content for an analysis of such approaches can be made, in order to understand the points that permeate the seven titles. Keywords: Design methodology and research; Design history. Fashion Design; Surface Design; Print styles.

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SPGD 2016

2º SIMPÓSIO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESIGN DA ESDI

Rio de Janeiro, 9 a 11 de novembro de 2016

Categorias Temáticas

no Design de Estampas e

Padronagens Thematic categories in Print and Pattern Design MOREIRA, Daniela Brum; MONTEIRO, Gisela Costa Pinheiro RESUMO: Este artigo é uma revisão de literatura sobre a nomenclatura de estampas. Em geral, elas são nomeadas e organizadas por temas ou estilos que variam de acordo com a visão de cada autor sobre o assunto. Foram analisadas sete importantes publicações usadas como fonte de consulta para a criação de estampas pelos designers brasileiros. A maior parte dos títulos são de autores estrangeiros e, quando há tradução, datam a partir dos anos 1990. A pesquisa visa gerar conteúdo para que possa ser feita uma análise de tais abordagens, com o intuito de compreender os pontos que permeiam os sete títulos.

Palavras-chave: Pesquisa e metodologia do design; História do design; Design de Moda; Design de Superfície; Classificação de estampas.

ABSTRACT: This article is a literature review on the print and pattern’s nomenclature. In general, they are named and organized by themes or styles that vary to the point of view of each author on the subject. From then on, the seven major publications used as a reference source by Brazilian designers and inspiration for creating prints were analyzed. Most of the titles are by foreign authors and, when there is translation, dating from the year 1990. The research aims to generate content for an analysis of such approaches can be made, in order to understand the points that permeate the seven titles.

Keywords: Design methodology and research; Design history. Fashion Design; Surface Design; Print styles.

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MOREIRA; MONTEIRO. Categorias Temáticas no Design de Estampas e Padronagens

Anais do 2º Simpósio de Pós-Graduação em Design da ESDI | SPGD 2016

ISSN 2447-3499

1 — Introdução

Este artigo é uma revisão de literatura, onde busca-se fazer uma investigação sobre a abordagem temática de diversos tipos de estampas, e tem como objetivo apresentar uma categorização que inclua termos adequados com o intuito de auxiliar o diálogo no campo profissional: entre designers, empresas e indústrias, para promover uma comunicação mais eficaz.

Este diálogo é determinado pelos desenhos dos motivos e a maneira pela qual eles são representados na composição de estampas ou padronagens em uma determinada peça ou produto, que por sua vez, estabelecem uma comunicação com o usuário. Podemos tomar como exemplo, uma estampa floral que pode ser usada para: papel de presente (campo do design gráfico); vestido (campo do design de moda); cortina (campo do design de interiores); frigideira (campo design de produto) etc. Isso confere uma transversalidade na linguagem em diversas superfícies (como por exemplo, o papel, o tecido e o metal) para os diversos segmentos de mercado. Esta transversalidade reforça a relevância da busca por definição de termos, a fim de facilitar a comunicação não somente entre os vários segmentos do mercado, mas também com o usuário.

A presente pesquisa apresenta o mapeamento de alguns títulos sobre estampas e padronagens que tratam do assunto de forma total ou parcial. Todos se preocupam em agrupar as estampas e padronagens em categorias temáticas. Os títulos estão apresentados em ordem alfabética pelo sobrenome dos autores, como pode ser observado na figura 1:

Todo sobre padronagem

Somente um capítulo sobre

estamparia Todo sobre

padronagem Todo sobre

padronagem Somente um capítulo

sobre padronagem

Todo sobre padronagem e

estamparia

Briggs-Goode

traduzido 2014

Chataignier em português

2006

Edwards, traduzido

2012

Meller & Elffers em inglês

1991

Pezzolo, em português

2007

Quartino, em português

2009

Figura 1: Capas dos títulos catalogados, exceto do sétimo que é um artigo acadêmico somente sobre nomenclatura de estampas, escrito por Evelise Ruthschilling, professora doutora, uma referência nesta linha de pesquisa e Patrícia Fantinel.

Não foi incluída nesta pesquisa o livro A gramática do ornamento do inglês Owen Jones (2010), publicado pela primeira vez em 1856. Embora seja um clássico para os estudiosos sobre estampa, a categorização proposta por Jones, não se repete nos títulos mais recentes. O foco dado pelo autor está na representação dos ornamentos dos povos (do oriente ao ocidente). No entanto, vale a pena destacar o vigésimo e último capítulo do livro, Folhas e flores da natureza, que antecipa a categoria do floral, presente na classificação da maioria dos autores estudados.

O conteúdo deste artigo está dividido em duas partes. Em um primeiro momento: a descrição das categorias de estampas propostas pelos autores. E, em um segundo momento: uma análise das mesmas com o intuito de verificar os pontos tangentes e divergentes de cada. Ainda na segunda parte da análise, será verificado se há relação entre as categorias propostas pelos autores e as propostas nas principais feiras de estampas nacionais e

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internacionais. A partir de então será possível, nas considerações finais deste artigo, ter uma opinião concreta sobre o assunto estudado.

2 — Descrição das categorias de estampas e padronagens

As estampas são imagens aplicadas em nas mais variadas superfícies. E as mesmas podem ser localizadas ou corridas. Entende-se por estampa localizada àquela que é aplicada de maneira única, sem repetições. E, por sua vez, a estampa corrida leva este nome por ser aplicada de forma repetida, seguindo um padrão de repetição (ANDRADE; MONTEIRO; SUDSILOWSKY, 2015).

Figura 2: Exemplo de estampas localizada e corrida a partir do motivo floral (Usado com a permissão de Brum).

Mas nem toda imagem é uma estampa, pois, ao pé da letra, uma estampa é algo aplicado sobre uma superfície. Nos tecidos, por exemplo, as imagens podem ser estampadas ou criadas a partir da tecelagem de fios tingidos que, entrelaçados, formarão o tecido e a imagem ao mesmo tempo. A imagem também poderá ser formada apenas pelo entrelaçamento dos fios. As imagens podem ser encontradas também em bordados, rendas e tapeçarias (EDWARDS, 2012, p. 10). A relação com superfícies de modo geral é relativamente recente, datando do final do século XX e se popularizando no início do XXI. Em geral, a principal superfície abordada pelos autores é a têxtil. Tanto é que dos sete autores estudados, seis tratam exclusivamente do design têxtil, como pode ser observado no quadro 1.

Quadro 1: A representação gráfica no design têxtil.

Títulos Substrato

Têxtil Superfície

1. Design de Estamparia Têxtil x

2. Fio a fio x

3. Design têxtil x

4. Textile design x

5. Tecidos, Motivos e padrões x

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Títulos Substrato

Têxtil Superfície

6. Diseño de estampados x 7. Taxonomia x

No mercado, o termo design de estampas se tornou sinônimo de qualquer aplicação gráfica sobre tecidos. Dentre os fatores que colaboraram para este entendimento, é possível citar a facilidade de acesso aos softwares de criação que permitiu a arte-finalização das estampas, assim como ao barateamento da impressão digital colorida e o aumento de impressões em pequena escala sob demanda.

A seguir será apresentado um breve descritivo biográfico com foco no objetivo da publicação, seguida pela classificação proposta. Uma descrição das categorias propostas por autores em relação às estampas e padronagens.

2.1 Briggs-Goode

Amanda Briggs-Goode é autora do livro Design de Estamparia Têxtil e diretora do curso de BA Textile Design da Nottingham Trent University, no Reino Unido e publicou, recentemente, um dos livros mais completos sobre estampa traduzidos para a língua portuguesa. Dentre os assuntos tratados, destacamos a classificação das estampas, cujo objetivo é o de reconhecer, desenvolver e interpretar cada estilo, ou categoria temática, para auxiliar o designer no processo criativo (BRIGGS-GOODE, 2014).

Classificação

Diversos critérios são levados em consideração para ajudar a definir as categorias temáticas das estampas. A partir deles, um amplo vocabulário auxilia no entendimento visual mais detalhado de cada categoria.

Quanto a classificação das categorias temáticas, Briggs-Goode propõe quatro grupos principais: o floral, o geométrico, o étnico e o figurativo:

1. Floral: apresenta flores e/ou tipos de plantas 2. Geométrico: se refere a imagens não orgânicas ou abstratas 3. Étnico: pode ser ligado a locais específicos ou a um grupo antropológico 4. Figurativo: faz referência a ícones populares ou imagens únicas que desafiam

nossas percepções.

A autora considera técnicas e processos de estamparia têxtil, sejam eles tradicionais ou contemporâneos, também como uma possível maneira de classificar, já que possuem uma herança visual que pode ser utilizada pelo designer como uma ferramenta estilística.

2.2 Chataignier

Gilda Chataignier é professora universitária de Design de Moda da Universidade Estácio de Sá e da PUC/RJ. Colaboradora e membro do Conselho Editorial da revista acadêmica dObras, além de ser autora de outros livros sobre moda como Todos os caminhos da Moda e História da Moda no Brasil e o livro Fio a fio. O último é uma referência no aprendizado da moda brasileira, pois aborda uma visão histórica e técnica sobre os tecidos. Neste livro, a autora dedica um capítulo à estampa cujo objetivo é classificar as estampas pela linguagem visual (CHATAIGNIER, 2006).

Classificação

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Considera que as estampas pertencem a seis grandes famílias de categorias temáticas que para a autora são atemporais, apenas sofrendo influências dos modismos e das novas tecnologias. São elas:

1. Florais: apresenta flores e/ou tipos de plantas em uma extensa subclassificação 2. Geométricos: formas geométricas, xadrezes, pois etc. 3. Históricos ou Comemorativos: datas cívicas, religiosas, regionais etc. 4. Étnicos: raças, culturas, mitologias etc. 5. Artísticos: baseados em escolas e tendências de arte etc. 6. Listrados: estampa gráfica com uma abordagem histórica

A autora destaca a estamparia como um fator determinante para a renovação da moda e para a conquista do mercado consumidor (CHATAIGNIER, 2006, p. 81).

2.3 Edwards

Edwards estudou História do Design na Royal College of Art e é responsável pelo curso de História da Arte e Design na Loughborough University. Autor do livro Como compreender design têxtil, um guia dedicado à compreensão de estampas e padronagens especificamente para o campo do design têxtil. É o livro traduzido para a língua portuguesa que aborda, em todo o seu conteúdo, o tema tratado neste artigo. Além disso, é bastante ilustrado. O objetivo de Edwards é o de auxiliar o designer no processo criativo (EDWARDS, 2012).

Classificação

Nota-se que a análise de Edwards tem o ponto de vista do designer, pois ele percebe dados importantes para orientar a criação. Para ele, as imagens podem ser “copiadas como são, estilizadas ou abstraídas a ponto de somente a inspiração que deu origem ao desenho ser reconhecida” (EDWARDS, 2012, p. 38). Mediante este entendimento é possível entender o motivo pelo qual o autor foi tão detalhista em sua classificação:

1. Mundo Natural: folhas, árvores, frutas, flores do campo e gramíneas. 2. Floral: cestos, buquês, fitas e guirlandas, chita, naturalismo, simbolismo vitoriano,

estilização. 3. Animal: insetos, borboletas, vida marinha, pássaros, garças e gansos, pavões,

cavalos, elefantes, mitologia. 4. Estilizado: moldura em S, formas geométricas, repetição pequeno elementos,

repetição grandes elementos, boteh, paisley, medalhões e rosetas, tapetes orientais, quimonos

5. Geométricos: zigue-zagues, quadrados, polígonos, diamantes, treliças, ondas, círculos, ilusões ópticas.

6. Abstratos: patchwork, pinturas, espirais, Art Déco, estilo navajo, estilo pré-colombiano, estruturas cristalinas, psicodélicos, contemporâneo.

7. Objetos: caligrafia e inscrições, artigos domésticos, máquinas e ferramentas, brinquedos, jardins, arquitetura, viagens aéreas ou espaciais,

8. Grades e Listras: listras simples, combinações, quadriculados, trama de cestaria e treliça, tartan, estruturas em grade, xadrezes e tweeds, modernistas.

9. Figuras Humanas: religiosas, mitológicas, pastorais, paisagens, medalhões, toile de jouy, rendas, formas humanas.

10. Figurativos: Esportes, cenas pictóricas, cenas de caça, mitologia universal, mapas, toile de jouy, paisagens, brasões de armas, imagens típicas

Antes de mostrar as classificações, Edwards faz questão de explicar ao leitor os fundamentos de um tecido decorado, como ele assim o define (EDWARDS, 2012, p. 8). Nesta

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abordagem introdutória, o autor apresenta as técnicas que permitem a representação de motivos e padrões em tecidos: tecelagem, estamparia por impressão, tapeçaria ornamental, bordado, renda, tecelagem de tapetes e tingimento. É possível termos uma visão ampla e completa, até porque a seleção de imagens é bastante cuidadosa, com imagens relevantes e sempre com conteúdo histórico. O autor também apresenta um breve estudo sobre as características dos fios dos tecidos, das cores e de uma série de aplicações.

2.4 Meller & Elffers

Susan Meller trabalhou na indústria têxtil por mais de 30 anos e é fundadora do Design Library em Nova York, que é uma das maiores coleções de design têxtil com mais de cinco milhões de peças. Joost Elfers a auxiliou na catalogação e classificação para a elaboração do livro Textile Designs que apesar de ser o mais antigo nesta série de livros analisados, é um dos mais completos e com análises substanciais. Este livro teve como objetivo catalogar imagens impressas por seus motivos, com o intuito de ser um banco de memória para os designers. (MELLER & ELFFERS, 1991).

Classificação

A proposta do livro é a de fazer uma segmentação das "grandes famílias" conforme seus motivos, seu layout, sua cor, suas técnicas de impressão e sua fabricação:

1. Floral 2. Geométrico 3. Figurativo 4. Étnico 5. Movimentos artísticos e estilos

Cada tópico possui em torno de setenta subdivisões e todas elas são ilustradas com explicações detalhadas. Por este motivo este livro é considerado praticamente um glossário das categorias temáticas das estampas e muito útil para sua compreensão.

2.5 Pezzolo

Objetivo

Dinah Bueno Pezzolo é jornalista e tornou-se editora de moda dos principais jornais paulistas como O Estado de São Paulo. O livro Tecidos: histórias, tramas, tipos e usos, como seu próprio título adianta, faz uma abordagem de toda a cadeia têxtil desde sua origem, matéria-prima, beneficiamento, novos tecidos e dedica um capítulo aos motivos e padrões têxteis. Neste capítulo, considera tecidos “tipo fantasia”, aqueles com duas ou mais cores que tenham padrões clássicos ou motivos variados (PEZZOLO, 2007, p. 199-217). Por ser apenas um capítulo, o livro apresenta uma breve descrição das principais categorias, por um viés histórico.

Classificação

A autora apresenta duas classificações básicas, os padrões clássicos e os motivos variados, ambos por meio de um panorama histórico:

1. Padrões clássicos: listrados, cashmere, xadrezes, tweeds, olho-de-perdiz, risca-de-giz e os pois.

2. Motivos Variados: Florais, geométricos, animais, abstratos e figurativos (reprodução de figuras).

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Nas imagens apresentadas ao longo do capítulo, o viés histórico é mais significativo do que a catalogação das categorias propriamente ditas. Como é somente um capítulo em um livro, a abordagem não é profunda, mas é esclarecedora para quem deseja ter um primeiro contato com o assunto. A autora não usa o termo estampa. Usa padrões quando quer dar a noção de repetição e usa motivos quando quer dar a noção de temas de representação gráfica.

2.6 Quartino

Daniela Santos Quartino é jornalista freelance, além de design de interiores e editora na Loft Publications. O livro Diseño de Estampados, de la idea al print final, tem a proposta de ser um manual para aqueles que querem entrar no mundo do design de estampas, descriminando todas as etapas que envolvem tal profissão. Especifica e exemplifica desde o processo criativo, o processo técnico até o resultado final. Seu último capítulo propõe uma galeria de imagens, demonstrando como os estilos e motivos se subdividem nas categorias temáticas. (QUARTINO, 2009).

Classificação

Quartino também classifica as estampas por estilos e motivos. Note, porém, que ela cria títulos de fantasia para as categorias como Jardim Botânico, A arca de Noé, sempre fazendo associações poéticas. No entanto, é possível reconhecer em sua análise praticamente a mesma estrutura presente nos outros autores – como o floral e o geométrico –, salvo algumas especificidades como em Contos que dedica ao universo onírico das fadas. Ao todo são propostas nove categorias:

1. Jardim Botânico: flores, folhagem, romantismo, inspiração pop. Inspirados na natureza.

2. Geométrica: linhas e círculos (formas extraídas da geometria) 3. Vida Esportiva: o mar, a montanha, a cidade e o campo (atividades ao ar livre: estilo

de vida) 4. Contos: contos de fadas e fábulas (um mundo criado pela imaginação e tradição) 5. A arca de Noé: fauna real e imaginária 6. Viagens exóticas: África, Oriente, América do Sul 7. Letras e números: as ideias e as mensagens. 8. A arte: desde o Barroco até a Bauhaus e o Abstrato. 9. Novo Romântico: composições extraídas da imaginação.

O livro além de ser bem ilustrado, é de extrema importância para a compreensão das etapas projetuais de um designer de estampas, considera as categorias temáticas relevantes para um projeto ao ponto de dedicar-lhes um capítulo o que contribui com a proposta deste artigo.

2.7 Rüthschilling & Fantinel

Evelise Rüthschilling possui experiência em design de superfície, design têxtil e design de moda. A atualmente é docente no Bacharelado em Artes Visuais e no Mestrado e Doutorado em Design da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS (RUTHSCHILLING, 2016). Junto com sua aluna, Patricia Fantinel, escreveu o artigo Taxionomia em Design de Estamparia.

Segundo as autoras, o artigo surge com a necessidade de nomear diversos tipos de desenhos das estampas para facilitar a comunicação e interação entre profissionais e alunos da área

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têxtil e de moda. A dificuldade de comunicação entre os alunos e profissionais envolvidos na cadeia de estamparia também foi um incentivo para debruçar-se sobre essa necessidade (RÜTHSCHILLING; FANTINEL, 2006). Bastante consultado, o artigo é um dos primeiros a aparecer na lista sobre classificação de estampas quando o assunto é digitado no Google, porém não foi encontrada a publicação do mesmo em congressos.

Classificação

Esta classificação está baseada nas superfícies e não nos temas das estampas, como fazem a maior parte dos autores estudados. As autoras seguem os preceitos propostos por Grace Jeffers, historiadora de design e professora adjunta na divisão de pós-graduação no FIT- Fashion Institute of Tecnology, em Nova Iorque. A motivação para esta classificação provavelmente nasceu de um artigo de três páginas datado do ano de 1998, que Jeffers escreve para o Surface Journal Design, denominado Nomenclatura: na taxonomia apropriada para padrões 2-D (JEFFERS, 1998, apud RÜTHSCHILLING, [ca. 2000], tradução nossa). Não é possível afirmar ao certo, pois não há referências citadas neste artigo. Foi levantada tal hipótese ao analisarmos o site da professora que se encontra aninhado no site da UFRGS e que trata do mesmo assunto do artigo, só que com uma série de exemplos.

A proposta descrita no artigo é sobre uma nomenclatura que agrupa as estampas com características similares. Foram consideradas padronagens impressas sobre papeis, tecidos, cerâmicas, vidros, sintéticos e texturas. Não abrange tecelagem, malharia e jacquard:

1. Desenho livre: faz uso de técnicas de desenho, como papel, lápis ou software de edição gráfica.

2. Simulação: tem a intenção de imitar um material, feito por digitalização do material. Resultado uma falsificação

3. Apropriação: faz uso de uma obra já existente, que será referência para o desenvolvimento de um novo desenho. Existe o reconhecimento da fonte, mas com um novo padrão estético. Uma interpretação

4. Tradução de Gêneros Artísticos: retrabalho/manipulação manual ou digital de obras de outras áreas (pintura, gravura, fotografia, desenho etc.)

5. Colagem/ Assamblagem: reagrupamento de elementos diversos novos e antigos, já utilizados ou não, reais ou virtuais

6. Técnicas Artesanais: digitalização de superfícies criadas por técnicas artesanais, construindo padrões dando a ilusão de ter sido feito artesanalmente.

Cita ter observado tipos de desenhos, com motivos étnicos, desenhos clássicos (listrados, xadrezes, florais geométricos…), ou desenhos relacionados a algum movimento das artes, que devem ser analisados com a continuidade da pesquisa.

O artigo visa ajudar na identificação dos desenhos e facilitar na comunicação no meio acadêmico e profissionais na área de design de superfície e suprir a carência bibliográfica sobre o assunto nessa área, porém sua abordagem ser feita a partir do processo criativo das imagens, desloca-o do eixo profissional para o acadêmico, a partir do momento que facilita a compreensão do fazer e não a comunicação com o mercado.

3 — Análise das categorias de estampas e padronagens

Após descrever a forma como cada autor organiza sua classificação, foi possível ter informações suficientes para construir um quadro, com o intuito de auxiliar na análise que os levaram a propor tais classificações. Informações como para que, porque e como, foram

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apresentadas em colunas, respectivamente como, objetivo, justificativa e método (GOLDENBERG, 2009). Foi percebido que o critério em comum entre todos foram as características das imagens e/ou dos seus elementos e motivos. Desde o desenho de um elemento em si, como a visualidade deste(s) na composição da estampa, seu layout, assim como suas cores e interpretações gráficas.

Nos objetivos, foram descritas as motivações que os levaram à classificação dos estilos. O desenvolvimento, a interpretação e o reconhecimento das estampas, foram as maiores motivações encontradas, além da classificação das mesmas.

Na descrição dos métodos utilizados para tal classificação, é também levado em consideração técnicas de impressão e fabricação, o que recai sobre a tradição histórica e consequentemente social dos processos, revelando etnias e costumes de determinados povos. O Oriente é a região onde existe a maior tradição no ramo da estamparia, assim como povos primitivos das Américas e África.

A maioria deles tem como justificativa de uma catalogação, o auxilio seja na criação seja na comunicação. O que os torna variável, é a maneira que eles propõem essa classificação, porém podemos observar que quase todos determinam estilos que tomam os motivos e elementos como fator decisivo para a classificação, isso facilita para que os objetivos propostos sejam atingidos.

Quadro 2: Análise da abordagem dos autores.

Autor Objetivos (para que)

Justificativa (porque)

Métodos (como)

Categorias

1. Amanda Briggs-Goode

Reconhecimento Desenvolvimento Interpretação dos estilos

Auxílio no processo criativo

Relação entre os tipos de imagens, suas características, layout e organização

Floral Geométrico Étnico Figurativo

2. Gilda Chataignier

Classificar as estampas pela linguagem visual

Criar uma linguagem atemporal

Influência sociocultural, etnia, costumes e tradições

Florais Geométricos Históricos ou comemorativos Étnicos Artísticos Listrados

3. Clive Edwards

Reconhecimento Desenvolvimento Interpretação de cada estilo

Auxílio no processo criativo

Elementos e simbologia das estampas Técnicas de tecelagem ou malharia

Mundo Natural Floral Animal Estilizado Geométrico Abstratos Objetos Grades e listras Figuras humanas Figurativos

4. Susan Meller & Joost Elffers

Catalogar imagens impressas por seus motivos

Criar um banco de memórias

Análise dos motivos, layout, cor, técnicas de impressão e de fabricação

Floral Geométrico Figurativo Étnico Movimentos artísticos e estilos

5. Dinah Bueno Pezzolo

Classificação dos estilos

Não apresenta Análise histórica de acordo com o

Padrões clássicos Florais Geométricos

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Autor Objetivos (para que)

Justificativa (porque)

Métodos (como)

Categorias

tema que representam

Animais Abstratos Figurativos

6. Daniela Santos Quartino

Classificação por estilos e motivos

Auxílio no processo criativo

Interpretação gráfica em uma composição

Jardim Botânico Geométrica Vida esportiva Contos Arca de Noé Viagens exóticas Letras e números A Arte Novo romântico

7. Evelise Ruthschilling & Patrícia Fantinel

Identificação dos desenhos e facilitar a comunicação no meio acadêmico e profissional

Dificuldade de comunicação entre alunos e profissionais da área têxtil e de moda

Levantamento de conteúdos relacionados Análise do processo criativo da imagem

Desenho livre Simulação Apropriação Tradução de gêneros artísticos Colagem Técnicas artesanais

Edwards (2012, p. 10) cita que o universo da classificação das padronagens e estampas, é dividida em quatro grandes categorias: florais, geométricos, abstratos e figurativos (ou pictóricos), mas que em seu trabalho, ele sentiu a necessidade de transformá-las em dez. No entanto, a fim de verificar a validade de seus preceitos, realizamos um quadro relacionando as classificações propostas pelos autores como pode ser observado no quadro 3. Chataignier (, p. 24),

Quadro 3: Agrupamento das categorias por tema.

Autores Floral Geométrico Abstrato Étnico Figurativo

1. Amanda Briggs-Goode

Floral Geométrico x Étnico Figurativo

2. Gilda Chataignier

Florais

Geométricos Listrados

Artísticos

Étnicos

Artístico Históricos ou comemorativos Artísticos

3. Clive Edwards

Mundo Natural Floral

Geométricos Grades e listras

Abstratos x Figurativos Animal Estilizados Objetos Figuras humanas

4. Susan Meller & Joost Elffers

Floral

Geométrico Movimentos artísticos e estilos

Étnico Figurativo Movimentos artísticos e estilos

5. Dinah Bueno Pezzolo

Floral Clássicos

Geométrico Clássicos

Abstrato Clássicos

x Animais Clássicos

6. Daniela Santos Quartino

Jardim Botânico

Geométricos Dependendo do grau de abstração, a temática figurativa pode ser aplicada na abstrata.

x Vida esportiva Contos Arca de Noé Viagens exóticas Letras e números Arte Novo romântico

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MOREIRA; MONTEIRO. Categorias Temáticas no Design de Estampas e Padronagens

Anais do 2º Simpósio de Pós-Graduação em Design da ESDI | SPGD 2016

ISSN 2447-3499

Autores Floral Geométrico Abstrato Étnico Figurativo

7. Evelise Ruthschilling & Patrícia Fantinel

Desenho livre Apropriação Colagem Técnicas artesanais

Desenho livre Apropriação Colagem Técnicas artesanais

Desenho livre Apropriação Simulação Tradução de gêneros artísticos Colagem Técnicas artesanais

Desenho livre Apropriação Colagem Técnicas artesanais

Desenho livre Apropriação Simulação Tradução de gêneros artísticos Colagem Técnicas artesanais

De fato, floral e geométrico são categorias consideradas por quase todos os autores. Os autores sentiram a necessidade de criar outras categorias específicas que podem, dependendo do teor de abstração: ser mais figurativa ou mais abstrata. Decidimos incluir uma quinta categoria, a étnica, já que esta aparece três vezes nos autores pesquisados e, principalmente, por ser uma categoria marcante. Briggs-Goode (2014, p. 21) exemplifica como étnicas as inspirações orientais e técnicas da indonésia e indiana de estampas. No mesmo sentido, só que com mais detalhes, Chataignier (2006, p. 24) explica que “étnicos aparecem de forma direta ou indireta , ou seja, em figuras humanas de raças variadas ou elementos que identifiquem raças e/ou culturas de origem, tais como um determinado personagem mitologico”. Susan Meller & Joost Elffers (1991, p. 359, tradução nossa) comenta que o étnico na moda signica qualquer padrão ou estilo com uma abordagem exótica ou estrangeira, como desenhos que simulam motivos regionais e técnicas de culturas antigas. Podemos associar a importância da categoria étnica, adicionada no quadro 3, ao estudo proposto por Owen Jones na representação dos ornamentos dos povos.

As categorias apresentadas pelos autores estão alinhadas com as descrições usadas pelo mercado do ramo da estamparia e padronagem, como pode ser observado nas diversas feiras, salões ou eventos, que dedicam um setor ou um segmento à venda de estampas ou artes para esse fim. Muitas vezes tais feiras dedicadas a venda de estampas ocorrem em paralelo a outras dedicadas a produtos e insumos. Podemos citar algumas delas como, Première Vision com a Indigo, Mode City com a Interfiliére, Heim Textil, Printsource, Surtex, Paperworld, Como Crea entre outras. São feiras internacionais, geralmente com edições em vários países e com mais de uma ao longo do ano, seguindo o calendário do segmento ao qual pertence, exemplo, outono/inverno, primavera/verão.

Ao longo de 20 anos de experiência, foram feitas visitas e participações em algumas delas e com isso foi possível observar a maneira que o mercado apresenta as estampas e padronagens. Em geral, as mesmas são exibidas em forma de coleções. As coleções são apresentadas: a partir dos seus mercados (moda, decoração, papelaria); a partir de seus segmentos (infantis, femininos, masculinos, dia dos namorados); e a partir de suas aplicações em produtos (cama, mesa, banho, acessórios, vestuário).

Além disso, é possível encontrar coleções norteadas pelas tendências da temporada proposta pelo evento. Floral, geométrico, abstrato e figurativo já fazem parte do repertório de palavras usadas para descrever as estampas/padronagens. São termos compreendidos por pelas pessoas que circulam nas feiras: o cliente (marcas, empresas e indústrias) e os designers. Para tal a classificação das categorias temáticas ou estilos se torna fundamental, já que é o ponto em comum da linguagem visual a que se propõem.

A classificação proposta por Ruthschilling & Fantinel com a finalidade de facilitar a comunicação com o mercado não funciona no campo do design têxtil. A abordagem das

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autoras está no campo da forma como as imagens são representadas graficamente e não em relação aos motivos, elementos, desenhos e estilos, como é comum no campo.

4 — Conclusão e desdobramentos futuros da pesquisa

Para a elaboração deste artigo, foram privilegiados os títulos traduzidos para a língua portuguesa e impressos no Brasil e, dentre os livros estrangeiros, os mais populares usados como fonte de referência nos principais cursos e presentes nos escritórios de profissionais. Porém, esta pesquisa preliminar abriu caminhos para outros títulos que serão analisados em um futuro próximo.

A análise permitiu identificar que a maioria das categorias temáticas citadas levam em consideração: os motivos, os elementos, os desenhos e os estilos. Tais fatores auxiliam a comunicação do designer com o mercado, seja ele industrial ou não. São eles que determinam o êxito na comunicação entre alunos, profissionais e mercado, já que é a partir dessa linguagem visual construída que se estabelece um diálogo. Segundo Dondis “existe uma enorme importância no uso da palavra "alfabetismo" em conjunção com a palavra "visual" [...] A eficácia, em ambos os níveis, só pode ser alcançada através do estudo" (DONDIS, 1999, p. 16, grifo do autor). Esta é mais uma justificativa que reforça a relevância deste artigo.

Portanto, no momento da criação de uma coleção de estampas, seja a partir de uma demanda (briefing), ou por proposta do designer, como um portfólio, tal coleção pode ser organizada por quantidade de estampas para um determinado tema ou estilo. Exemplificando com o estudo de caso da Stampa Studio que preparou uma coleção de estampas para vender na feira PRINT RJ (um evento de estamparia do mercado de moda carioca, edição janeiro de 2016). Na ocasião foram criadas 20 estampas florais, 50 estampas abstratas e 10 estampas étnicas, conforme as categorias apresentadas no quadro 3.

Dentro dessas grandes categorias podem existir subcategorias que visam facilitar ainda mais a comunicação, a identificação e a compreensão do designer e do mercado. Todos os briefings recebidos por tal empresa, após definição temática, são categorizados por estilos onde se inserem um número determinado de estampas a partir dos elementos ou motivos que as compõem, isso auxilia o desenvolvimento de um mix de estampas, e consequentemente uma variedade maior de composições entre os produtos. Podemos levar em consideração, portanto, as grandes famílias como uma classificação consensual para o desenvolvimento de uma coleção ou para a criação de estampas, sendo elas – floral, geométrico, abstrato, étnico, figurativo, animal e movimento artístico. A proposta de subcategorias será uma forma de especificar e facilitar cada vez mais essa comunicação entre profissional, aluno e mercado, sendo assim feita pontualmente em cada caso ou segmento a que for sugerida.

Referências

ANDRADE; MONTEIRO; SUDSILOWSKY. Proposta de metodologia para o ensino sobre os principais tipos de impressão em disciplinas de Projeto nos cursos de Design, com foco em superfícies planas flexíveis. In: CONGRESO DE ENSEÑANZA DEL DISEÑO, 2015, Buenos Aires. Anais... Buenos Aires: Universidade de Palermo, 2015.

BRIGGS-GOODE, Amanda. Design de estamparia têxtil. Porto Alegre: Bookman, 2014.

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ISSN 2447-3499

CAVALCANTI, Ana Helena Soares. ROCHA, Maria Alice Vasconcelos. Brincando com padrões: a arte de criar estampas. Moda Palavra E-periódico. Ano 9, n.17, p. 144: 178, jan-jun 2016.

CHATAIGNIER. Gilda. Fio a fio: tecidos, moda e linguagem. São Paulo: Estação das Letras, 2006.

DONDIS, Donis A. Sintaxe da Linguagem Visual. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

EDWARDS, Clive. Como compreender design têxtil: guia para entender estampas e padronagens. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2012.

HAIRDERSCHAIDT, Francieli; BLUM, Arina. Motivos e Padronagens em Tecido: Diacronias e Sincronias no Design Têxtil Brusquense. Revista da Unifebe. n.1, v. 11, p. 1: 18, jan-jul 2013.

JONES, Owen. A gramática do ornamento: ilustrado com diversos exemplos de estilos e ornamentos. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2010.

MELLER, Susan; ELFFERS, Joost. Textile Design: 200 years of European and American patterns for printed fabrics organized by motif, style, color, layout and period. New York: Harry n. Abrams, 1991.

PEZZOLO, Dinah Bueno. Tecidos: história, tramas, tipos e usos. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2007.

PORTELA, Pablo Luis dos Santos. Design de Superfície e Estamparia na Materialidade Têxtil. In: SEMINÁRIO DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENHO, Cultura e Interatividade, 11., 2015, Feira de Santana. Anais... Feira de Santana: PPGCI, 2015. p. 294-304.

QUARTINO, Daniela Santos. Diseño de Estampados: de la idea al print final. Barcelona: Parramón: Arquitectura y Diseño, 2009.

RINALDI, Ricardo Mendonça. A contribuição da Comunicação Visual para o Design de Superfície. 1988. 126 f. Dissertação (Mestrado em Design): Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, Universidade Estadual Paulista, Baurú, 2009.

RÜTHSCHILLING, Evelise; FANTINEL, Patricia. Taxionomia em Design de Estamparia. Rio Grande do Sul: [s. n.], [2006].

____________________________. Currículo Lattes. 2016. Evelise Anicet Rüthschilling. Disponível em: <http://lattes.cnpq.br/0819535410892773>. Acesso em: 14 out. 2016.

____________________________. Referências. [ca. 2000]. Disponível em: <http://penta.ufrgs.br/~evelise/DSuper/refer.htm>. Acesso em: 14 out. 2016.

WISBBRUN, Laurie. Mastering the art of fabric printing and design: techniques, tutuorials, and Inspiration. San Francisco: California, 2012.

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Notas sobre as autoras:

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ISSN 2447-3499

MOREIRA, Daniela Brum; Design de Superfície: estampando tecidos;

Orientadora: Noni Geiger; Ano previsto para defesa: 2017; Link para o Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/2194062197272433

[email protected]

MONTEIRO, Gisela Costa Pinheiro; Mestre; Catalogação no setor produtivo de

Moda; Orientador: Guilherme Cunha Lima; Ano previsto para defesa: 2018; Link para o Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/5761691222705294

[email protected]

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