casos praticos assoc sem fins lucrativos

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Funcionamento e Organização: gestão contabilística e fiscalidade CASO PRÁTICO Nº 2 Fui contactada para ser técnica de contas de uma associação sem fins lucrativos cuja denominação é Associação Portuguesa de Massagem Infantil, o CAE é 91333 - outras actividades associativas, ne, com enquadramento em IVA Isenção artigo 9.º, no regime geral de IRC e com contabilidade organizada por opção informatizada. Não está reconhecida como utilidade pública. Os proveitos desta associação são: quotas dos associados, donativos e de cursos ministrados aos associados. A nível de IVA julgo que está bem enquadrado, mas visto que estas tencionam vender bonecos (utilizados nos cursos e para aplicação do mesmo) a associados e não só, e também eventualmente um CD/DVD feito pela associação do curso por eles ministrados qual o enquadramento futuro? A maior dúvida está no enquadramento de IRC, pois até à data não foi enviado nenhum Modelo 22 e somente a declaração anual. Parecer Técnico Este tipo de entidade é um sujeito passivo de IRC nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do Código do IRC. Tendo em conta a qualificação jurídica e os fins que prossegue, ou o tipo de rendimentos que obtém, pode beneficiar de isenções subjectivas e objectivas. Deste modo, a entidade pode beneficiar de isenção subjectiva (tipo de sujeito passivo) , desde que se enquadre no disposto no artigo 10.º do Código do IRC. “… As pessoas colectivas de mera utilidade pública que prossigam, exclusiva ou predominantemente, fins científicos ou culturais, de caridade, assistência, beneficência, solidariedade social ou defesa do meio ambiente…” estão isentos de IRC, nos termos do disposto na alínea c) do n.º 1 daquele artigo 10.º. 1 07-10-2010

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Funcionamento e Organizao: gesto contabilstica e fiscalidadeCASO PRTICO N 2Fui contactada para ser tcnica de contas de uma associao sem fins lucrativos cuja denominao Associao Portuguesa de Massagem Infantil, o CAE 91333 - outras actividades associativas, ne, com enquadramento em IVA Iseno artigo 9., no regime geral de IRC e com contabilidade organizada por opo informatizada. No est reconhecida como utilidade pblica.Os proveitos desta associao so: quotas dos associados, donativos e de cursos ministrados aos associados.A nvel de IVA julgo que est bem enquadrado, mas visto que estas tencionam vender bonecos (utilizados nos cursos e para aplicao do mesmo) a associados e no s, e tambm eventualmente um CD/DVD feito pela associao do curso por eles ministrados qual o enquadramento futuro?A maior dvida est no enquadramento de IRC, pois at data no foi enviado nenhum Modelo 22 e somente a declarao anual.Parecer TcnicoEste tipo de entidade um sujeito passivo de IRC nos termos da alnea a) do n. 1 do artigo 2. do Cdigo do IRC. Tendo em conta a qualificao jurdica e os fins que prossegue, ou o tipo de rendimentos que obtm, pode beneficiar de isenes subjectivas e objectivas.Deste modo, a entidade pode beneficiar de iseno subjectiva (tipo de sujeito passivo), desde que se enquadre no disposto no artigo 10. do Cdigo do IRC. As pessoas colectivas de mera utilidade pblica que prossigam, exclusiva ou predominantemente, fins cientficos ou culturais, de caridade, assistncia, beneficncia, solidariedade social ou defesa do meio ambiente esto isentos de IRC, nos termos do disposto na alnea c) do n. 1 daquele artigo 10..A obteno desta iseno carece de reconhecimento do Ministro das Finanas, devidamente publicado no Dirio da Repblica, onde deve ser delimitada a sua amplitude, de acordo com os fins prosseguidos.Na questo refere-nos no existir o reconhecimento de utilidade pblica, pelo que, a iseno referida fica aqui afastada.No que respeita s isenes objectivas, remetemos para o disposto no artigo 11. do Cdigo do IRC. Este normativo atribui iseno, no exclusivamente em funo do tipo de sujeito passivo, mas sim em funo do tipo de rendimentos que obtm. Assim, os rendimentos derivados do exerccio de actividades culturais, recreativas e desportivas quando auferidos por associaes devidamente constitudas para o exerccio dessas actividades e desde que reunidas as condies previstas no n. 2 do referido normativo, esto isentos de IRC.Refira-se que deparamos com alguma dificuldade com o enquadramento neste normativo da actividade desenvolvida pela associao em questo, pelo que, em nossa opinio, este no ser aplicvel (embora exista margem para uma consulta directa Administrao Fiscal).No sendo aplicvel entidade em questo nenhuma das isenes referidas ser, no entanto, de ter em ateno a forma de determinao da matria colectvel deste tipo de entidades que difere do regime geral do IRC.s entidades que no exeram a ttulo principal actividade comercial, industrial ou agrcola, so aplicveis as normas dos artigos 48. ("Determinao do rendimento global") e 49. ("Custos comuns e outros"), ambos do Cdigo do IRC, para a determinao do rendimento a tributar.Destes salientamos os n.s 3 e 4 do artigo 49., que determinam quais os rendimentos obtidos por estas entidades que esto isentos de tributao, ou que nem sequer esto sujeitos:3 -Consideram-se rendimentos no sujeitos a IRC as quotas pagas pelos associados em conformidade com os estatutos, bem como os subsdios destinados a financiar a realizao dos fins estatutrios. 4 -Consideram-se rendimentos isentos os incrementos patrimoniais obtidos a ttulo gratuito destinados directa e imediata realizao dos fins estatutrios.Estas entidades so, ento, tributadas pelo rendimento global obtido, correspondendo este soma algbrica dos rendimentos das diversas categorias consideradas para efeitos de IRS e, bem assim, dos incrementos patrimoniais obtidos a ttulo gratuito, conforme resulta da conjugao das alneas a) e b) do n. 1 do artigo 2. do Cdigo com a alnea b) do n. 1 do artigo 3. ambos do CIRC.Os rendimentos obtidos (rendimento global apurado) sero tributados taxa de 20%, nos termos do n. 4 do artigo 80. do Cdigo do IRC.Como sujeitos passivos de IRC ficam estas entidades obrigadas tambm ao cumprimento das obrigaes declarativas, sendo que o artigo 109. prev, no seu n. 6, uma dispensa da entrega da declarao peridica de rendimentos (Modelo 22), quando:- No obtenham rendimentos no perodo de tributao;- Obtendo rendimentos, beneficiem de iseno definitiva, ainda que a mesma no inclua os rendimentos de capitais;- Apenas aufiram rendimentos de capitais cuja taxa de reteno na fonte, com natureza de pagamento por conta, seja igual prevista no n. 4 do artigo 80..Para a declarao anual (actual IES/DA) no existe qualquer dispensa de entrega.Em termos de IVA, o artigo 9. do Cdigo do IVA prev algumas isenes para os organismos sem finalidade lucrativa que cumpram os requisitos do seu artigo 10. donde podemos salientar, por nos parecer susceptvel de ser aplicado s operaes desenvolvidas pela entidade em questo, a iseno prevista no n. 21 daquele artigo 9.:Artigo 9. - IsenesEsto isentas do imposto:()21 - As prestaes de servios e as transmisses de bens com elas conexas efectuadas no interesse colectivo dos seus associados por organismos sem finalidade lucrativa, desde que esses organismos prossigam objectivos de natureza poltica, sindical, religiosa, humanitria, filantrpica, recreativa, desportiva, cultural, cvica ou de representao de interesses econmicos e a nica contraprestao seja uma quota fixada nos termos dos estatutos.Note-se, no entanto, que esta s ser aplicvel s operaes efectuadas no interesse colectivo dos seus associados por organismos sem finalidade lucrativa e a contraprestao obtida seja apenas uma quota fixada nos termos dos estatutos, o que exclui, por exemplo, a venda de CDs.Esta operao alis no os parece estar abrangida por qualquer iseno, devendo ser tributada nos termos gerais.O que significa que, praticando simultaneamente operaes tributadas que conferem direito deduo do imposto suportado a montante e operaes isentas que coarctam aquele direito, ser necessrio atender s regras do artigo 23. do CIVA, no que toca ao cumprimento das regras relativas deduo do imposto.

CASO PRTICO N 31- Uma associao de pais obrigada a possuir algum tipo de contabilidade? Se sim, gostaria que me informassem quais as obrigaes a que est sujeita.Parecer TcnicoAs associaes so sujeitos passivos de IRC nos termos da alnea b) do n. 1 do artigo 2. do Cdigo do IRC.Nos termos da alnea b) do n. 1 do artigo 3. do CIRC, o IRC incide sobre o rendimento global, correspondente soma algbrica dos rendimentos das diversas categorias consideradas para efeitos de IRS, das entidades que no exeram a ttulo principal, uma actividade de natureza comercial, industrial ou agrcola.Assim, enquanto que as sociedades, as empresas pblicas e as cooperativas so obrigatoriamente tributadas pelo lucro, nos termos da alnea a) do n. 1 do artigo 3. do CIRC, as associaes, as fundaes e as demais pessoas colectivas sem fins lucrativos so tributadas pelo rendimento global, nos termos da referida disposio.No se consideram rendimentos sujeitos a IRC, nos termos do n. 3 do artigo 49. do respectivo Cdigo, as quotas dos associados e os subsdios recebidos e destinados a financiar a realizao dos fins estatutrios.No caso concreto, tratando-se de uma associao de pais, um sujeito passivo de IRC enquadrvel no regime das entidades que no exercem, a ttulo principal, uma actividade de natureza comercial, industrial ou agrcola previsto nos artigos 48. e 49. do Cdigo do IRC, sendo aplicvel a taxa de 20% prevista no n. 4 do artigo 80. do mesmo Cdigo.Quanto possibilidade de as associaes de pais beneficiarem de iseno de IRC, o artigo 11. do respectivo Cdigo contm uma iseno relativa aos rendimentos directamente derivados do exerccio de actividades culturais, recreativas e desportiva aplicvel s associaes legalmente constitudas para o exerccio dessas actividades e que satisfaam as condies do n. 2. S analisando os estatutos da associao em questo que se pode determinar o seu enquadramento neste preceito.A associao de pais consubstanciando-se num sujeito passivo de IRC em conformidade com o disposto no artigo 2. do Cdigo do IRC. Assim, este tipo de entidade est sujeita ao disposto neste Cdigo, nomeadamente no que respeita entrega da declarao de inscrio ou incio de actividade (alnea a) do n. 1 do artigo 109. e n. 1 do artigo 110., ambos do Cdigo do IRC).No tendo rendimentos de actividades comerciais, industriais ou agrcolas ainda que exercidas a ttulo acessrio, no existe obrigao de possuir contabilidade organizada, apenas sendo obrigada a possuir os registos constantes do artigo 116. do CIRC (regime simplificado de escriturao).Contudo, pelo n. 2 do artigo 116. do CIRC, se a associao auferir rendimentos de actividades comerciais, industriais ou agrcolas, mesmo que exercidas a ttulo acessrio, deve, para essas actividades, dispor de contabilidade organizada, segundo o POC e portanto dispor de Tcnico Oficial de Contas conforme dispe o artigo 3. do Decreto-Lei n. 452/1999, de 5 de Novembro, que aprovou o Estatuto da CTOC.No tendo rendimentos tributados em sede de IRC, est dispensada da entrega da declarao de rendimentos, modelo 22, nos termos do n. 6 do artigo 109. do Cdigo do IRC, sem prejuzo dos anexos da IES/declarao anual a que houver lugar, que passaremos a transcrever: A obrigao a que se refere a alnea b) do n. 1 no abrange, excepto quando estejam sujeitas a uma qualquer tributao autnoma, as entidades que, no exercendo a ttulo principal uma actividade comercial, industrial ou agrcola:a) No obtenham rendimentos no perodo de tributao;b) Obtendo rendimentos, beneficiem de iseno definitiva, ainda que a mesma no inclua os rendimentos de capitais e desde que estes tenham sido tributados por reteno na fonte a ttulo definitivo;c) Apenas aufiram rendimentos de capitais cuja taxa de reteno na fonte, com natureza de pagamento por conta, seja igual prevista no n. 4 do artigo 80..

CASO PRTICO N 4Os concessionrios de uma marca de automveis em Portugal, constituram, entre si, uma associao, que tem como objectivo a defesa dos interesses dos seus membros, prestando ainda apoio de carcter tcnico aos seus associados.Trata-se de uma associao sem fins lucrativos, no exerce qualquer actividade comercial, industrial e agrcola, e no tem outros rendimentos que no sejam o de uma quota por cada viatura vendida, aprovada em Assembleia Geral, tem contabilidade organizada, os elementos dos rgo Sociais no recebem qualquer remunerao, e no so distribudos dividendos pelos seus associados.Esto assim, em minha opinio, reunidas as condies para estar isenta de IRC e IVA, isenes previstas no n. 1 do artigo 11. do Cdigo do CIRC e no artigo 21. do CIVA.Porque no exerce qualquer actividade remunerada, de carcter comercial, industrial e agrcola, e pelos servios prestados aos seus associados estes pagam apenas a quota determinada, julgo estar tambm dispensada da apresentao do Mod. 22 e Declarao anual de IRC, de acordo com o n. 6 do artigo 94. do CIRC e suas alneas a) e b).Parecer TcnicoAs associaes sem fins lucrativos, no tendo rendimentos comerciais, industriais ou agrcolas, sujeitos a IRC, esto obrigadas a possuir os registos constantes do artigo 116. do CIRC - Regime simplificado de escriturao.Por outro lado, ainda que haja sujeio obrigatoriedade de possuir contabilidade organizada, aplica-se o Plano Oficial de Contabilidade.Se tiverem rendimentos comerciais, industriais ou agrcolas sujeitos a IRC, existe a obrigatoriedade de possuir contabilizada organizada artigo 116. do CIRC.Em sede de IR, no termos do artigo 10. do CIRC, esto isentas de IRC:a) As pessoas colectivas de utilidade pblica administrativa;b) As instituies particulares de solidariedade social e entidades anexas, bem como as pessoas colectivas quelas legalmente equiparadas;c) As pessoas colectivas de mera utilidade pblica que prossigam, exclusiva ou predominantemente, fins cientficos ou culturais, de caridade, assistncia, beneficncia, solidariedade social ou defesa do meio ambiente.A iseno carece de reconhecimento pelo Ministro das Finanas, a requerimento dos interessados, mediante despacho publicado no Dirio da Repblica, que define a respectiva amplitude, de harmonia com os fins prosseguidos e as actividades desenvolvidas para a sua realizao, pelas entidades em causa e as informaes dos servios competentes da Direco-Geral dos Impostos e outras julgadas necessrias.A iseno ainda condicionada observncia das seguintes condies:a) Exerccio efectivo, a ttulo exclusivo ou predominante, de actividades dirigidas prossecuo dos fins que a justificaram;b) Afectao aos fins referidos na alnea anterior de, pelo menos, 50% do rendimento global lquido que seria sujeito a tributao nos termos gerais, at ao fim do 4. exerccio posterior quele em que tenha sido obtido, salvo em caso de justo impedimento no cumprimento do prazo de afectao, notificado ao director-geral dos Impostos, acompanhado da respectiva fundamentao escrita, at ao ltimo dia til do 1. ms subsequente ao termo do referido prazo;c) Inexistncia de qualquer interesse directo ou indirecto dos membros dos rgos estatutrios, por si mesmos ou por interposta pessoa, nos resultados da explorao das actividades econmicas por elas prosseguidas.Por outro lado, estas entidades que, no exercendo a ttulo principal uma actividade comercial, industrial ou agrcola e, no estando sujeita a uma qualquer tributao autnoma, esto dispensadas da entrega da declarao de rendimentos, modelo 22, desde que:- No obtenham rendimentos no perodo de tributao;- Obtendo rendimentos, beneficiem de iseno definitiva, ainda que a ttulo mesma no inclua rendimentos de capitais;- Apenas aufiram rendimentos de capitais cuja taxa de reteno na fonte, com natureza de pagamento por conta, seja igual prevista no n. 4 do artigo 80. do CIRC, ou seja, 20%.Tendo rendimentos sujeitos a IRC, a taxa de tributao de 20%, conforme dispe o n. 4 do artigo 80. do CIRC.Mas ficam obrigadas entrega da declarao de incio de actividade e declarao anual de informao fiscal e contabilstica nos anexos a que houver lugar.Se a entidade em causa for uma Associao Patronal, registada no Ministrio do Trabalho, pode ainda beneficiar do artigo 53. do Estatuto dos Benefcios Fiscais.Aconselhamos ainda a consulta dos inmeros pareceres sobre Associaes sem finalidade lucrativa na seco Consultrio do CD ROM distribudo pela Cmara.Importa salientar que a inexistncia de remunerao dos membros dos rgos sociais no requisito para poder beneficiar da iseno em sede de IRC, mas sim a inexistncia de qualquer interesse directo ou indirecto dos membros dos rgos estatutrios, por si mesmos ou por interposta pessoa, nos resultados da explorao das actividades econmicas por elas prosseguidas.As quotas pagas pelos associados nos termos estatutrios no so sujeitas a IRC de acordo com o n. 3 do artigo 49. do Cdigo do IRC. Embora no dispondo de informao suficiente, parece-nos um pouco duvidoso que se aplica esta no sujeio, quando se fala em pagamento de um quota por cada viatura vendida. No ser essa quota uma contrapartida por servios tcnicos pagos aos associados? Sero esses servios considerados uma actividade comercial? So estas as questes que devero ser levantadas para se aferir da no sujeio ou no a IRC.Em sede de IVA, h que verificar se cumpre os requisitos do artigo 10. do Cdigo do IVA e as normas constantes do artigo 9., nomeadamente do seu n. 21 e/ou 22.

CASO PRTICO N 5Os sujeitos A e B pretendem criar uma associao que respeitar todos os requisitos legais exigidos para que a associao seja fiscalmente caracterizada como sendo sem fins lucrativos e, consequentemente, isenta das obrigaes da sujeio a IRC. O objecto a produo de iniciativas em reas culturais, nomeadamente musical. Os sujeitos A e B querem integrar os respectivos rgos sociais. As receitas previstas sero sobretudo as decorrentes de quotas, donativos, subsdios camarrios e pequenas receitas eventuais. Os custos sero, dentro do possvel, planeados e executados em funo das receitas obtidas. Nos custos os sujeitos A e B pretendem incluir remuneraes pessoais de trabalho dependente e/ou independente.Questo: A incluso das remuneraes referidas colide ou compatvel com o estatuto de iseno de IRC ao qual a associao condiciona a sua razo de existir?A iseno em sede de IRC para entidades sem finalidade lucrativa, consignada nos artigos 10. e 11. do Cdigo do IRC determinada em funo dos rendimentos auferidos e do cumprimento dos requisitos neles estatudos e nunca estabelecida priori e ainda do reconhecimento do Ministro das Finanas, no caso de algumas entidades abrangidas pelo artigo 10. do CIRC.Respondendo directamente questo colocada, as remuneraes de rgos sociais, de trabalhadores dependentes ou independentes no releva para efeitos de se determinar a iseno ou no de IRC.Existe, contudo, um requisito cumulativo com outros, para beneficiar de iseno, em IRC, para as Associaes de natureza, cultural, recreativa e desportiva, ou seja, em caso algum devem distribuir resultados e os membros dos seus rgos sociais no devem ter, por si ou interposta pessoa, algum interesse directo ou indirecto nos resultados de explorao das actividades prosseguidas (alnea a) do n. 2 do artigo 11. do CIRC).

CASO PRTICO N 6Uma Associao Cultural registou-se no dia 7 de Agosto de 2002 no Registo Nacional de Pessoas Colectivas. No dia 22 de Janeiro de 2003, efectuou-se a escritura de constituio da associao no 24. Cartrio Notarial de Lisboa. No dia 10 de Maro de 2003, deu incio de actividade nas Finanas, no qual ficou definido;- IRC: Iseno;- IVA: sujeito misto com mtodo de afectao real. Esta situao decorreu do facto de os estatutos da Associao considerarem a venda de publicaes prprias com parte integrante das suas receitas;- Sem contabilidade organizada.O objecto da associao consiste na dinamizao cultural atravs da promoo de actividades culturais. Os rgos sociais da Associao so compostos por um conjunto de actores que criaram esta entidade sem fins lucrativos com o intuito de realizarem eventos culturais ligados ao teatro, designadamente; peas de teatro, performances de rua, workshops, etc. A prossecuo destas actividades somente ser possvel atravs da obteno de subsdios de entidades pblicas e privadas. Assim sendo, com base nos estatutos, constituiro receitas da Associao;- Subsdios de entidades pblicas ou privadas;- Produto de vendas de publicaes prprias (essencialmente, o programa do espectculo);- Quotizao de scios a fixar em Assembleia-geral (na fase inicial no esto estabelecidas quaisquer quotas);- Quaisquer outras receitas que sejam atribudas (na fase inicial as nicas que perspectivamos so a venda de bilhetes dos eventos culturais.Questes:1 - necessrio proceder ao registo da Associao na Conservatria do Registo Comercial? E na Segurana Social, apesar de a associao no ter na fase inicial qualquer empregado?2 Art. 11. CIRC: Julgo que a Associao enquadra-se no mbito deste artigo, o que suscita as seguintes questes:a) O n. 2 do respectivo artigo estipula os requisitos para que os rendimento de actividades culturais sejam isentos. O facto dos membros dos rgos sociais serem, certamente, parte integrante do elenco das peas de teatro a realizar e cobrarem os respectivos honorrios, inviabiliza de alguma forma o exposto na alnea a): ...os membros dos seus rgos sociais no tenham, por si ou por interposta pessoa, algum interesse directo ou indirecto nos resultados de explorao das actividades prosseguidas.b) O n. 3 estabelece que quaisquer rendimentos de carcter comercial, ainda que a ttulo acessrio, em ligao com actividades culturais, no esto ao abrigo de iseno. As receitas decorrentes da venda de bilhetes e da venda dos programas do espectculos so considerados rendimentos de natureza comercial.3 - IVA:a) O facto de ser uma entidade mista obriga a escrita separada para a actividade objecto de IVA? necessrio ter contabilidade organizada?b) Quais as obrigaes em termos de declaraes? E provvel que nos prximos meses no se registem quaisquer operaes no isentas de IVA. Neste sentido necessrio efectuar declaraes apesar de no existir IVA liquidado e dedutvel?4 - Contabilidade organizada e Livros obrigatrios: Com base no art. 116. a obrigatoriedade de contabilidade organizada depende exclusivamente da existncia ou no de rendimentos de carcter comercial.a) Caso os rendimentos associados venda de bilhetes e programas, sejam considerados rendimentos decorrentes da actividade cultural e no de natureza comercial, bastar ter livros de receitas e de despesas?b) Caso os rendimentos decorrentes da venda de bilhetes e de programas sejam considerados rendimentos de carcter comercial ser necessrio ter contabilidade organizada e por conseguinte ter os livros obrigatrio: dirio, razo, inventrio e balano e actas?5 - Quais as obrigaes em termos de declaraes s finanas desta associao?Parecer Tcnico1. Questo As associaes so pessoas colectivas, cujo enquadramento legal se encontra previsto no art. 157. e sgs. do Cdigo Civil.O registo comercial destina-se a dar publicidade situao jurdica dos comerciantes individuais, sociedades comerciais, sociedades civis sob forma comercial e estabelecimentos individuais de responsabilidade limitada, tendo em vista "a segurana no comrcio jurdico" - art. 1. do Cdigo do Registo Comercial.O CRC aplica-se ainda s cooperativas, empresas pblicas, agrupamentos complementares de empresas, agrupamentos europeus de interesse econmico, bem como a outras pessoas singulares e colectivas sujeitas por lei ao que dispe o CRC.No encontramos qualquer norma no Cdigo Civil que nos indique, a sujeio a registo comercial das associaes, bem como a superveniente obrigao de deverem proceder ao depsito das contas, nos termos do CRC.O Decreto-Lei n. 8-B/2002, de 15 de Janeiro, tem por objecto estabelecer as regras destinadas a assegurar a inscrio das entidades empregadoras no sistema de solidariedade e segurana social.Estabelece o n. 1 do art. 4. daquele diploma, que ficam obrigados a inscrio no sistema de solidariedade e segurana social, as pessoas singulares e colectivas que beneficiam da actividade profissional de terceiros prestada em regime de trabalho subordinado, ou situao legalmente equiparada, independentemente na sua natureza e das finalidades que prossigam as entidades em causa.Esta comunicao dever ser efectuada no prazo de 10 dias teis, a contar da data de incio de actividade, sendo que, caso o formulrio de inscrio seja entregue sem os documentos de prova exigidos, aquelas entidades sero notificadas para os apresentarem, no prazo mximo de 90 dias a contar da data de inscrio no Registo Nacional de Pessoas Colectivas.O Formulrio de inscrio, bem como a obteno de outros dados necessrios inscrio da entidade empregadora, podero ser obtidos no site da segurana social: www.seg-social.pt .2. QuestoOs rendimentos directamente provenientes de actividades culturais, recreativas e desportivas ficam isentos de IRC, desde que obtidos por associaes legalmente constitudas para o exerccio dessas actividades e desde que tais entidades nunca distribuam resultados; os membros dos seus rgos sociais no tenham interesse directo ou indirecto nos resultados de explorao das actividades exercidas; disponham de contabilidade ou escriturao que abranja todas as sua actividades e a ponham disposio dos servios fiscais (art. 11., do Cdigo do IRC).Ou seja, pretende aquele normativo salvaguardar que a prossecuo da actividade praticada pelas entidades ali referidas, no depende do resultado (lucro ou prejuzo) a obter, como condio para beneficiarem da iseno ali prevista. No nos parece ficar este pressuposto prejudicado pelo facto dos associados participarem nas peas de teatro produzidas pela associao em causa.Nos termos do n. 3 da mesma disposio, no se consideram rendimentos directamente derivados do exerccio das referidas actividades, os provenientes de qualquer actividade comercial, industrial ou agrcola exercida, ainda que a ttulo acessrio, em ligao com essas actividades e, nomeadamente, os provenientes da publicidade, direitos respeitantes a qualquer forma de transmisso, bens imveis, aplicaes financeiras e jogo do bingo. Significa isto que, embora uma determinada entidade possa ser abrangida pelo disposto no art. 11. do CIRC, beneficiando relativamente actividade principal da iseno prevista no n. 1 deste artigo, esta iseno no se estende aos rendimentos comerciais da mesma. No se retira deste normativo que, tendo simultaneamente rendimentos comerciais fica prejudicada a iseno prevista neste artigo, mas antes que esta iseno no extensvel queles.3. Questo Os sujeitos passivos mistos - so aqueles que realizam operaes tributadas com direito deduo e operaes isentas sem direito deduo - so operadores econmicos cujo direito deduo incompleto, pois apenas podem deduzir o imposto suportado para a realizao de operaes tributadas (art. 20. do Cdigo do IVA).Para a determinao do direito deduo para estes sujeitos passivos, o art. 23. do Cdigo estabelece dois mtodos:- O mtodo de deduo ou pro-rata, como mtodo dominante;- O mtodo da afectao real, como mtodo supletivo, para alm de ainda se poder aplicar simultaneamente estes dois mtodos.Qualquer destes dois mtodos pode ser utilizado de livre iniciativa dos sujeitos passivos, mas a utilizao do mtodo da afectao real pode ser de aplicao obrigatria sempre que o mtodo de deduo conduza a significativas distores na tributao ou o sujeito passivo exera actividades econmicas distintas e seja imposto pela Administrao Fiscal.Nos termos do n. 1 do art. 50. do Cdigo do IVA, os sujeitos passivos no enquadrados nos regimes especiais ou que no possuam contabilidade organizada nos termos do Cdigo do IRS ou do IRC, utilizaro para cumprimento das exigncias de escriturao para efeitos do IVA, os livros referidos no citado artigo.Por sua vez o n. 3 do art. 50. estabelece a possibilidade aos referidos sujeitos passivos de no utilizarem os livros referidos no n. 1 do citado artigo, desde que possuam um sistema de contabilidade que satisfaa os requisitos adequados ao correcto apuramento e fiscalizao do imposto.A utilizao de um sistema contabilstico alternativo aos registos referidos no n. 1 do art. 50. no depende de autorizao prvia, mas de mera comunicao Direco-Geral dos Impostos ( respectiva Direco de Finanas), para efeitos de controle.A adopo de um sistema de contabilidade organizada segundo o Plano Oficial de Contabilidade no depende, assim, do enquadramento do sujeito passivo como um sujeito passivo misto.Em sede de IVA, enquadrada que esteja a entidade como sujeito passivo do imposto, dever cumprir as obrigaes declarativas a que esto adstritos os sujeitos passivos do regime normal, nomeadamente o envio da declarao peridica, com a periodicidade que venha a ser definida nos termos do art. 40. do CIVA.No tendo operaes tributveis no perodo a que se refere a declarao (nem imposto a liquidar nem a deduzir), a respectiva declarao dever ser preenchida em conformidade com esses elemento, ou seja, a zeros. No fica no entanto desobrigada do envio da declarao.4. QuestoO artigo 115. do CIRC prev a obrigatoriedade da contabilidade organizada para as entidades ali definidas. Contudo, para uma entidade que no exera a titulo principal, uma actividade comercial industrial ou agrcola, este Cdigo d-lhe a possibilidade de dispor apenas de um regime de escriturao simplificado, conforme o preceituado no n. 1 do artigo 116. do CIRC, que estipula que serem os seguintes os livros obrigatrios:a) Registo de rendimentos, organizado segundo as vrias categorias de rendimentos considerados para efeitos de IRS;b) Registo de encargos, organizado de modo a distinguirem-se os encargos especficos de cada categoria de rendimentos sujeitos a imposto e os demais encargos a deduzir, no todo ou em parte, ao rendimento global;c) Registo de inventrio, em 31 de Dezembro, dos bens susceptveis de gerarem ganhos tributveis na categoria de mais-valias.Porm, nos termos do n. 2 do artigo 116. do CIRC, caso aufira rendimentos de actividades comerciais, industriais ou agrcolas, mesmo que exercidas a ttulo acessrio, deve, para essa actividades dispor de contabilidade organizada.De salientar que, se aplica quer ao regime de escriturao simplificado, como contabilidade organizada da parte tributada, as obrigaes constantes dos nmeros 3, 4, 5, 6 e 7 do artigo 115. do CIRC.

5. QuestoNo que concerne s obrigaes declarativas, de acordo com o n. 6 do artigo 109. do CIRC, s no h lugar entrega da declarao modelo 22 para as entidades que, no exeram a ttulo principal uma actividade de natureza comercial, industrial ou agrcola, desde que verificadas as seguintes condies, excepto se estiverem sujeitas a qualquer tributao autnoma:- no obtenham rendimentos no perodo de tributao;- obtendo rendimentos beneficiem de iseno definitiva, ainda que a mesma no inclua os rendimentos de capitais;- apenas aufiram rendimentos de capitais cuja taxa de reteno na fonte, com natureza de pagamento por conta, seja igual prevista no n. 4 do artigo 80. do CIRC;Conforme dispe a alnea c) do n. 1 do artigo 109., conjugado com o artigo 113., ambos do CIRC, todos os sujeitos passivos de IRC (mesmos os isentos deste imposto) devem entregar, at ao ltimo dia til do ms de Junho, a declarao anual de informao contabilstica e fiscal.Em termos de IVA, esto obrigadas entrega da declarao de incio de actividade, nos termos do n. 1 do artigo 30. do CIVA, as pessoas singulares ou colectivas que exeram uma actividade sujeita a IVA. Essa entrega deve ser efectuada antes de iniciada a actividade e ainda ao envio das declaraes do artigo 40. deste Cdigo.

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