carta argumentativa professor
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EDUCAÇÃOTRANSCRIPT
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Ensino médio 3a série Carta argumentativa
Resenha: A pena de morte é uma arma eficiente na guerra contra a máfia das drogas? Em nome da so-
berania das leis da Indonésia, um brasileiro foi executado em tempos de paz e outros ainda poderão ser.
Sugestão de título: A pena de morte e a soberania de um país
Carta argumentativaA carta argumentativa segue os mesmos padrões da estrutura dissertativa, com uma introdução, que
expressa o ponto de vista do emissor; um desenvolvimento, que recorre a argumentos convincentes, e
uma conclusão, que precisa ser coerente com os argumentos apresentados.
Texto 1
Brasileiro condenado à morte na Indonésia escolheu ser fuzilado em pé
[…] Segundo uma autoridade indonésia, Marco pediu para ser executado em pé. Por lei, ele tinha
a opção de sentar em uma cadeira ou se ajoelhar. Os outros quatro executados lado a lado com ele fizeram a mesma escolha, disse.Ainda segundo a mesma autoridade, que pediu anonimato, o brasileiro ficou vendado – por
lei, poderia ter se recusado, se quisesse encarar os carrascos. […]Pela norma de 2010, os condenados usam camisetas brancas. Antes da execução, um médico faz
uma marca preta na altura do coração do condenado, para facilitar a mira dos atiradores.O documento também cita que os fuzis devem estar carregados com uma única bala. Só 3 das 12
eram de verdade; as outras, de festim. Os atiradores não sabiam quem tinha munição verdadeira. [...]Disponível em: <www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/01/1578565-brasileiro-condenado-a-
morte-na-indonesia-escolheu-ser-fuzilado-em-pe.shtml>. Acesso em: 17 jul. 2015.
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Texto 2
Brasileiro condenado à morte por tráfico é fuzilado na Indonésia
17 jan. 2015
O carioca Marco Archer Cardoso Moreira, 53, foi executado por fuzilamento às 15h30 deste sábado (17), horário de Brasília, na Indonésia.
A confirmação foi dada por Tony Spontana, porta-voz da procuradoria-geral do país asiático. A execução ocorreu à 0h30 de domingo (18) pelo horário da Indonésia, dentro do complexo de prisões de Nusakambangan, em Cilacap, a 400 km da capital Jacarta. […]
Em 2003, o brasileiro tentou entrar com 13,4 kg de cocaína nos tubos de sua asa-delta no aero-porto de Jacarta, capital do país, ciente da pena de morte para traficantes.
A investida ajudaria a pagar uma dívida de hospital contraída após acidente de parapente em 1997, em Bali.
Flagrado, aproveitou a distração dos guardas e escapou, até ser recapturado duas semanas depois, longe dali. Traficante de drogas por anos na rota Rio-Amsterdã-Bali, ele nunca havia sido pego.
A fuga e a captura foram parar em jornais e na TV, tanto pela ousadia do brasileiro como pela quantidade de droga apreendida, entre as maiores até hoje para traficantes. […]
Apesar disso, por um período, o governo brasileiro chegou a dar como certo que Marco não seria morto. Era um compromisso firmado informalmente com Susilo Bambang Yudhoyono, presidente da Indonésia de 2004 a 2014. Marco não seria solto, mas tampouco fuzilado.
Quando Joko Widodo assumiu a presidência, no ano passado, o pacto ruiu. O novo mandatário quis usar a morte de traficantes como símbolo da guerra às drogas e rejeitou os apelos para não executar o brasileiro.
Disponível em: <www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/01/1576639-brasileiro-condenado-
a-morte-por-trafico-e-fuzilado-na-indonesia.shtml>. Acesso em: 17 jul. 2015.
Texto 3
O outro brasileiro no corredor da morte na Indonésia
Quando, no fim de julho de 2004, o surfista brasileiro Rodrigo Gularte depositou oito pranchas recheadas de cocaína na esteira do check-in do voo que o levaria a Jacarta, na Indonésia, sabia bem que consequências poderia sofrer.
O aeroporto da capital, onde ele já havia estado antes, é repleto de cartazes que advertem os recém-chegados de que a pena para traficantes de drogas naquele país é o pelotão de fuzilamento. O mesmo alerta é dado ainda no avião, pouco antes do desembarque dos passageiros. Mas Gularte – o menino boa-pinta que estudou nos melhores colégios de Curitiba e tinha fama de conquistador e aventureiro – nunca teve medo de nada.
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“Ele sempre chamou atenção por ser destemido. No mar, era o que mais se arriscava”, conta o amigo, hoje engenheiro, Bernardo Guiss Filho.
Na semana passada, Gularte, há dez anos no corredor da morte, teve negado o pedido de cle-mência feito pelo governo brasileiro ao presidente indonésio, Joko Widodo. […]
Logo que foi preso, o surfista costumava falar frequentemente por telefone com parentes e amigos no Brasil. A um deles, chegou a dizer que tudo acabaria bem e que ainda faria “um filme com aquela história”. Como a primeira prisão em que ficou tinha regras mais flexíveis, conseguia até mesmo ir a um McDonald’s vizinho nos fins de semana, escoltado por guardas.
“Mas ele foi mudando. No início, jogava futebol e conversava com todos. Depois, foi se isolando até se fechar numa bolha”, conta Rogério Paez, brasileiro que ficou preso com Gularte até ser solto, em 2011. “Passou a sair pouco da cela, ler livros de trás para a frente e não falar coisa com coisa. Tinha a mania de fechar a mão e olhar para o céu. Dizia que estavam ouvindo o que ele pensava.”
A jornalista e educadora brasileira Fabiana Mesquita, que visitava presos brasileiros como voluntária da embaixada, confirma: “Num dia, ele estava cheio de esperança, fazendo planos. No outro, apare-cia cheio de patuás amarrados pelo corpo para se proteger dos seus perigos imaginários”. No curso de algumas alucinações, Gularte buscava esconderijo sob a cama de um companheiro de cela. […]
Gularte nasceu em família de classe média alta. Passou a adolescência entre a casa de praia dos pais, em Caiobá, no litoral paranaense, e a fazenda, no Paraguai. Chegou a começar três cursos universitários, mas não concluiu nenhum. Com a ajuda da família, tentou diversos negócios, que também acabaram fechando, entre eles uma creperia em Curitiba e uma casa de massas em Florianópolis, onde morou por um período.
Para os amigos e a família, ele nunca foi um traficante profissional, mas um jovem inconsequente que fez a viagem para sustentar o próprio vício, um caminho fácil naquele ambiente de drogas e sexo farto que fazia a fama de ilhas como Bali no início dos anos 2000. […]
Disponível em: <http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/vasto-mundo/como-e-que-o-surfista-rodrigo-gularte-
nascido-em-familia-rica-do-parana-acabou-no-corredor-da-morte-na-indonesia>. Acesso em: 17 jul. 2015.
Texto 4
Direito Internacional: brasileiro pode ser executado na Indonésia neste domingo
[…]Dentro do contexto do Direito Internacional dos Direitos Humanos, a pena de morte não é
proibida universalmente. O que existe é uma abolição no âmbito regional e proibição de sua reintrodução quando o Estado a tenha abolido em outro âmbito regional, como explica o pro-fessor em Direito Internacional Bruno Viana:
“A Convenção Americana de Direitos Humanos de 1969 (Art. 4, 3) e a Carta dos Direitos Fun-damentais da União Europeia (Art. 2, 2) reforçam a valorização da vida e desestimulam a adoção da pena de morte por parte dos Estados. No mesmo sentido, o Tribunal Penal Internacional, corte internacional com competência para julgar os crimes mais graves cometidos contra a humanidade,
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estabelece como pena máxima a prisão perpétua e não admite a pena de morte. Apesar de todo o esforço da Comunidade Internacional para extinguir a pena de morte, muitos Estados ainda a adotam para determinados crimes, como é o caso da Indonésia no crime de tráfico de drogas. Desde o ponto de vista jurídico, trata-se de uma decisão soberana do Estado da Indonésia.” […]
Disponível em: <http://carreirajuridica.jusbrasil.com.br/noticias/160744554/direito-internacional-
brasileiro-pode-ser-executado-na-indonesia-neste-domingo>. Acesso em: 17 jul. 2015.
Texto 5
Procurador pede respeito à lei da IndonésiaNo dia seguinte à execução do brasileiro Marco Archer e de outros cinco condenados por tráfico
de drogas, de o Brasil e a Holanda terem chamado seus embaixadores em Jacarta para consulta e da reação de entidades de Direitos Humanos, o procurador-geral da Indonésia, Muhammad Prasetyo, pediu respeito às leis do país.
“Podemos entender a reação do mundo e dos países que têm cidadãos que foram executados. No entanto, cada país deve respeitar as leis que se aplicam em nosso país”, disse Prasetyo ao jornal The Jakarta Globe. […]
Ao todo, 60 pessoas estão no corredor da morte na Indonésia, de acordo com a Agência Na-cional contra o Narcotráfico do país asiático. Desses, 30 são estrangeiros, incluindo o brasileiro Rodrigo Muxfeldt Gularte, de 42 anos, preso há dez anos por entrar com cocaína no país.
Presidente indonésio, Joko Widodo, que assumiu o cargo em outubro, também defendeu a política antidrogas e as execuções. Em um post no Facebook, escreveu: “A guerra contra a máfia da droga não pode ser travada com medidas tímidas, porque as drogas arruinaram a vida dos viciados e de suas famílias”.
Em seguida, Widodo postou: “Não há felicidade na vida quando há abuso de drogas. O país deve estar presente e lutar contra os cartéis das drogas de cabeça erguida”, completando: “Indo-nésia saudável é Indonésia sem drogas”.
Porta-voz do procurador-geral, Tony Spontana destacou que as execuções foram realizadas de acordo com a legislação do país asiático.
Disponível em: <http://diariodopara.diarioonline.com.br/impressao.php?idnot=183529>. Acesso em: 17 jul. 2015.
Proposta de redaçãoCom base nos textos e em seus conhecimentos, escreva uma carta argumentativa, dirigida ao procu-
rador-geral da Indonésia, Muhammad Prasetyo, opinando sobre a questão da supremacia das leis de um
país e a adoção da pena de morte, conforme seu ponto de vista. Selecione, organize e relacione argu-
mentos visando convencer o destinatário. Posicione-se como um jovem brasileiro que está escrevendo
motivado pela morte de um cidadão de seu país. Não ultrapasse 30 linhas.
Neusa Maria Araújo
Professora de língua portuguesa no ensino médio