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Red. 06——— 10 fevereiro Rafael Cunha (Bernardo Soares) Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados.

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Red. 06——— 10fevereiro

Rafael Cunha (Bernardo Soares)

Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados.

07/02

09/02

14/02

16/02

Conceito de Texto e suas Classificações, Variações Linguísticas e de Registro19:15

Tipos e Gêneros Textuais

19:15

CRONOGRAMA

Conceito de Texto e suas Classificações, Variações Linguísticas e de Registro09:15

Tipos e Gêneros Textuais

09:15

21/02

23/02

Textos Argumentativos: Carta, Artigo de Opinião, Editorial e Dissertação Argumentativa19:15

Textos Argumentativos: Carta, Artigo de Opinião, Editorial e Dissertação Argumentativa09:15

Conceito de texto e suas classificações, variações lin-guísticas e de registro

07fev

01. Resumo

02. Exercícios de Aula

03. Exercícios de Casa

04. Questão Contexto

129

Red.

RESUMOEstamos começando o nosso curso de Redação e

Interpretação de textos. Nas aulas que você, aluno,

acompanhará até suas provas, trabalharemos não só

a estrutura de uma redação dissertativo-argumen-

tativa, mas também as bases para uma excelente

interpretação textual - seja das coletâneas que en-

contrar pela frente, seja da própria prova de lingua-

gens. Nesse sentido, é importante que você entenda

não só o que fazer em um parágrafo de introdução,

de desenvolvimento e de conclusão, mas também

o que é um texto, que classificações ele pode ter e

como a nossa língua varia entre essas produções,

pressupostos importantes nessa produção e leitura.

Vamos começar por eles, então?

O conceito de textoAntes de tudo, é importante fazermos uma ressalva:

é bem provável que você já tenha lido, em diversos

livros e dicionários, que a determinação de um texto

se resume a um conjunto de frases. Essas definições

não estão totalmente erradas, mas é provável que,

com o tempo e estudo, você perceba que faltam in-

formações nessa conceituação. Fica aqui, então, a

primeira coisa que você precisa guardar e lembrar

sempre que for interpretar qualquer texto: o senti-

do desse aglomerado de frases depende, definitiva-

mente, do contexto em que cada fala está inserida.

Isso significa que, em um recorte rápido de qualquer

afirmação, interpretações equivocadas podem sur-

gir. Vamos ver um exemplo?

No sábado do dia 21 de janeiro de 2017, pouco tem-

po depois de o presidente Donald J. Trump ter sido

empossado nos Estados Unidos, mulheres foram às

ruas em uma grande marcha, conhecida como Wo-

men’s March (Marcha das Mulheres), em tom de luta

pelos direitos das minorias norte-americanas. Diver-

sas celebridades estiveram presentes no protesto

de mais de 400 mil pessoas, em Washington. Veja o

discurso de uma delas, a cantora Madonna:

Nós mulheres devemos rejeitar esta nova tira-

nia, na qual não somente mulheres estão em

perigo, mas todas as minorias. Hoje marcamos

o começo de nossa história. A revolução come-

ça hoje. Eu pensei muito em explodir a Casa

Branca, mas sei que isso não mudará nada. Nós

escolhemos o amor.

Dias depois da Marcha, em diversos canais de co-

municação, muitos se exaltaram com a reprodução

de uma das falas do discurso, retirada do contexto:

“Eu pensei muito em explodir a Casa Branca”. Em

resposta às críticas, a cantora, em seu Instagram,

retomou alguma de suas falas, como o trecho em

que diz ter escolhido o amor, afirmando ser contra

qualquer tipo de violência e confirmando o uso de

uma metáfora ao falar da Casa Branca.

O exemplo comprova a necessidade de, ao lermos

um texto, percebermos não só o aglomerado de pa-

lavras formando uma frase - ou de frases formando

um texto -, mas também o contexto em que cada

uma das falas se insere. Feita a ressalva, podemos

entender, com clareza, a definição completa de tex-

to:

Um texto é uma unidade linguística e semântica

compreendida por um leitor em dada situação.

Vamos entender cada um dos termos utilizados nes-

se conceito? Em primeiro lugar, por ser uma unida-

de, o texto apresenta-se como um todo que pode

ou não ser dividido em partes (introdução, desen-

volvimento, conclusão; parágrafos, estrofes, ver-

sos, períodos). Isso já confirma, de certa maneira, a

necessidade de lembrarmos, sempre, que qualquer

fala depende de um todo no qual está inserida, cer-

to? Além disso, por ser uma unidade linguística e se-

mântica, trabalha com a linguagem - conheceremos

muitas das suas formas, nos próximos parágrafos - e

o sentido, ou seja, toda e qualquer unidade, para ser

texto, precisa produzir sentido, precisa ter conteú-

do. Por fim, um texto pode ser entendido como tal

se o leitor levar em consideração a situação em que

a mensagem estiver sendo passada. Mais uma vez, o

contexto é imprescindível na interpretação.

Agora que já entendemos o conceito de texto, é im-

portante listarmos algumas classificações que, de

certa forma, nos ajudarão a interpretar melhor qual-

quer mensagem, seja uma imagem, seja um texto

escrito. Você sabe o que é um texto verbal, um texto

não verbal e um texto híbrido? E a diferença entre

um texto literário e um não literário?

130

Red.

A linguagem no texto

A linguagem verbal aparece em toda mensagem

constituída, necessariamente, de palavras. Isso sig-

nifica que tanto a aula ao vivo que você está vendo

quanto este material podem ser considerados textos

verbais. A redação que você produz no vestibular

também. Um discurso de posse de um presidente?

Texto verbal. O próprio conceito de texto que você

acabou de ler, ali em cima, é um exemplo de lingua-

gem verbal. Em determinado contexto - no caso, o

de uma aula -, uma mensagem específica é passada.

Um texto não verbal, por sua vez, constitui-se qual-

quer elemento diferente de palavras, formulan-

do, ainda assim, uma mensagem. Uma charge, por

exemplo, está em linguagem não verbal. As cores do

sinal de trânsito também. Por isso, é importante lem-

brar que, diferentemente do que muitos alunos cos-

tumam pensar, o texto não verbal não está somente

nas mensagens com imagens, com fotos. Uma pin-

tura pode passar uma informação e, consequente-

mente, ser classificada como texto não verbal.

Se uma mensagem apresenta, simultaneamente,

linguagens verbal e não verbal - e se a informação

passada depende, obrigatoriamente, dessas duas

-, chamamos o texto de híbrido ou misto. Veja esta

propaganda a seguir:

É possível notar que a mensagem passada depen-

de, necessariamente, da imagem no fundo e do tex-

to escrito. Sem a imagem, interpretaremos de uma

maneira; sem o texto verbal, de outra.

Texto literário e texto não literário

Antes de falarmos sobre os registros encontrados

nos mais variados textos, é importante apontarmos

duas últimas classificações: texto literário e não lite-

rário. Vamos ver um exemplo:

Um grupo de pesquisadores financiados pela

Nasa estudará o comportamento humano em

uma eventual viagem para Marte. A equipe si-

mulará a exploração espacial em uma cúpula

geodésiva em um vulcão no Havaí.

Os seis membros da tripulação vão na próxima

semana para sua nova casa, o vulcão Mauna

Loa, fora de atividade desde 1984, para uma es-

tadia de oito meses. Não haverá contato físico

131

Red.

com o mundo exterior. Todas as comunicações

ocorrerão com 20 minutos de atraso, simulando

o tempo que leva para que as mensagens atra-

vessam a distância entre Marte e a Terra. Os

pesquisadores também serão obrigados a usar

um traje espacial ao sair do complexo.

Que características você enxerga nesses dois pará-

grafos? Em primeiro lugar, é fácil perceber que tra-

ta-se de uma notícia. Não à toa o texto faz parte da

área de Ciência do Jornal O Globo. Podemos ver,

também, que todas as informações foram apresen-

tadas de maneira totalmente objetiva, sem qualquer

recurso figurado - daqui a algumas aulas, você en-

tenderá isso como uma marca da função referencial

da linguagem. São informações, então, apresentadas

de maneira denotativa. O foco necessariamente no

contexto, sem a preocupação de “enfeitar” a infor-

mação passada, caracteriza o que chamamos de tex-

to não literário. A redação que você vai produzir no

fim do ano, por exemplo, é um texto literário.

Uma observação importante: ainda que você encon-

tre qualquer trecho um pouco mais figurado em um

texto (como uma metáfora, por exemplo), se a pre-

dominância é de uma mensagem objetiva, direta, re-

ferencial, o texto será caracterizado como não lite-

rário.

Observe, agora, este outro exemplo:

A lua no cinema

A lua foi ao cinema,

passava um filme engraçado,

a história de uma estrela

que não tinha namorado.

Não tinha porque era apenas

uma estrela bem pequena,

dessas que, quando apagam,

ninguém vai dizer, que pena!

Era uma estrela sozinha,

ninguém olhava pra ela,

e toda a luz que ela tinha

cabia numa janela.

A lua ficou tão triste

com aquela história de amor

que até hoje a lua insiste:

— Amanheça, por favor!

Paulo Leminski

Note que, diferentemente do texto anterior, o poe-

ma de Leminski apresenta, em primeiro lugar, uma

linguagem mergulhada em recursos figurados - prin-

cipalmente pela personificação da lua e da estrela.

Aqui, o foco está no texto em si, na mensagem e na

maneira como ela chega ao ouvinte, ao receptor -

em algumas aulas, você entenderá isso como uma

característica da função poética da linguagem. A pre-

sença predominante dessa função no texto é impor-

tante na sua caracterização como texto literário. Em

suas aulas de Literatura, é comum que os textos li-

dos sejam predominantemente literários - uma vez

que seus autores fazem questão de recheá-los de re-

cursos figurados ou, como você já deve ter ouvido

falar, conotativos.

Variação linguística e regis-tros da linguagem

Por fim, em uma interpretação textual, é essencial

que entendamos o registro aplicado àquela mensa-

gem, a fim de que possamos identificar, também, a

origem do texto, o público-alvo e, é claro, a informa-

ção passada.

Na sua prova do ENEM, por exemplo, um dos con-

teúdos mais cobrados nas questões é a variabilidade

linguística encontrada no território brasileiro. Os so-

taques e as variações vocabulares, principalmente,

tomam conta das questões e levam o aluno a uma

reflexão importante sobre os conceitos de certo e

errado na fala e escrita.

Antes de tudo, é importante que você saiba que a

linguagem, de uma maneira mais ampla, divide-se

em formal e informal. Há, porém, subdivisões cla-

ras, encontradas em diversas produções textuais.

Vamos vê-las?

✓ Registro formal: preocupa-se, exclusivamente,

com as correções gramaticais. Pode ser mais erudito

(ou hiperculto), apresentando um vocabulário mais

rebuscado e, claramente, um cuidado exagerado

com as regras da norma culta. Pode ser, também,

mais culto, preocupando-se com a correção, mas de

132

Red.

menos perfeccionista, de certa maneira.

Sua redação do vestibular, por exemplo, precisa es-

tar no registro culto da linguagem. Sabemos que,

muitas vezes, a vontade de trabalhar com palavras

mais rebuscadas é grande; porém, o vocabulário

mais rebuscado pode, em certos momentos, atrapa-

lhar o entendimento da mensagem, considerando o

conhecimento por parte do receptor. Vamos ver al-

guns exemplos desses dois registros?

A presente pesquisa tem como objetivo expla-

nar acerca da alienação parental hodiernamen-

te, trazendo conceitos e distinções pertinentes

à temática, bem como trazendo esclarecimen-

tos sobre algumas confusões conceituais. Apre-

sentar-se-á, também, as consequências psico-

lógicas e jurídicas decorrentes da prática da

alienação parental, além de discorrer sobre a

Lei 12.318/10, criada para lidar especificamente

com o referido fenômeno, abordando seu con-

texto de surgimento e discorrendo sobre sua es-

trutura.

Disponível em: http://www.ambito-juridico.

com.br

Note que o trecho, retirado de um resumo de pes-

quisa de um site jurídico, trabalha sempre com um

vocabulário bem mais rebuscado, com palavras

mais complexas, difíceis de serem encontradas em

um texto mais corriqueiro. Trata-se, então, de um

texto erudito ou hiperculto, com um registro muito

mais cuidadoso e perfeccionista com relação à nor-

ma dita culta.

Veja outro exemplo:

De acordo com o sociólogo Émile Durkheim, a

sociedade pode ser comparada a um “corpo

biológico” por ser, assim como esse, composta

por partes que interagem entre si. Desse modo,

para que esse organismo seja igualitário e coe-

so, é necessário que todos os direitos dos cida-

dãos sejam garantidos. Contudo, no Brasil, isso

não ocorre, pois em pleno século XXI as mulhe-

res ainda são alvos de violência. Esse quadro

de persistência de maus tratos com esse setor é

fruto, principalmente, de uma cultura de valori-

zação do sexo masculino e de punições lentas e

pouco eficientes por parte do Governo.

Disponível em: www.g1.globo.com

Nesta introdução de uma redação nota 1000 do

ENEM 2015, o cuidado com a questão gramatical

ainda existe. Entretanto, a busca por palavras mais

simples, mais presentes no nosso cotidiano, tam-

bém é frequente. Apesar da perfeita correção, com

relação à norma culta, não foi necessário apresentar

nenhum termo mais rebuscado para que a mensa-

gem fosse passada. De certa maneira, o que se disse

foi interpretado até de forma mais fácil, não acha?

Esse texto faz parte, então, de um registro mais cul-

to.

✓ Registro informal: O registro informal, por sua

vez, já apresenta um cuidado um pouco menor com

todas as regras gramaticais. Aqui, o objetivo maior

é o de passar a mensagem, sendo mais comum en-

contrá-lo em falas de emissores com menor nível de

alfabetização - o que nos faz caracterizar muitas de

suas marcas como “erros”, o que diversos gramáti-

cos atuais condenam. O registro informal pode ser

dividido em coloquial e vulgar. Leia o texto abaixo:

Pronominais

Dê-me um cigarro

Diz a gramática

Do professor e do aluno

E do mulato sabido

Mas o bom negro e o bom branco

Da Nação Brasileira

Dizem todos os dias

Deixa disso camarada

Me dá um cigarro.

Oswald de Andrade ANDRADE, O.

Obras completas, Volumes 6-7. Rio de Janeiro:

Civilização Brasileira, 1972.

O poema de Oswald de Andrade, um dos escritores

mais importantes do modernismo brasileiro, apre-

senta, de forma crítica, um pouco da diferença clara

entre o nível culto, parte do registro formal, e o co-

loquial, um dos braços do registro informal. Ao dizer

que o “bom negro e o bom branco da Nação Brasi-

leira”, de todos os dias, dizem “me dá um cigarro”,

ignorando a ênclise em “dê-me”, Oswald nos mos-

tra que a variação não determina o certo e o errado,

mas o público que fala e o que ouve.

133

Red.

Perceba, porém, que a linguagem continua tão clara

quanto a coloquial. Há, apenas, um pequeno desvio,

do ponto de vista gramatical, mas que não prejudica

o entendimento da mensagem e, ainda, não se dis-

tancia tanto das regras impostas pela norma culta.

Esse, então, é o registro coloquial, utilizado por nós,

brasileiros, no dia a dia, nas conversas, na nossa ro-

tina.

O registro vulgar, por sua vez, faz parte de uma fala

totalmente distante das regras gramaticais, que não

se importa com os erros, mas que, ainda assim, con-

seque passar sua mensagem. Costuma apresentar

problemas de concordância, de regência, pontua-

ção, etc. e está presente, por exemplo, em falas de

indivíduos com quase nenhuma escolaridade. Veja

um exemplo:

E hoje nós pega páia nas gramas do jardim

E prá esquecê, nós cantemos assim:

Saudosa maloca, maloca querida

Dim-dim donde nós passemos os dias feliz de

nossa vida

Adoniran Barbosa

Perceba que, no trecho da música Saudosa Maloca,

de Adoniran Barbosa, há diversas palavras que fo-

gem completamente ao que conhecemos como nor-

ma culta, que respeita regras gramaticais. A apro-

ximação com personagens de escolaridade mais

baixa, nas letras de Adoniran, facilita o uso de tal

registro e, consequentemente, nos apresenta uma

fala que, muitas vezes, se distancia do que conside-

ramos “certo”.

Há, também, outros registros um pouco mais espe-

cíficos, sobre os quais falaremos um pouco mais em

aula, como o nível regional, o mais técnico e outros.

Não deixe de vê-los e fazer suas anotações, ok?

EXERCÍCIOS DE AULA1. Texto I

Texto II

Conexão sem fio no Brasil

Onde haverá cobertura de telefonia celular para baixar publicações para o Kindle

Época. 12 out. 2009. (Foto: Reprodução/Enem)

A capa da revista Época de 12 de outubro de 2009 traz um anúncio sobre o lança-

mento do livro digital no Brasil. Já o texto II traz informações referentes à abran-

gência de acessibilidade das tecnologias de comunicação e informação nas dife-

134

Red.

2.

rentes regiões do país. A partir da leitura dos dois textos, infere-se que o advento

do livro digital no Brasil

a) possibilitará o acesso das diferentes regiões do país às informações antes res-

tritas, uma vez que eliminará as distâncias, por meio da distribuição virtual.

b) criará a expectativa de viabilizar a democratização da leitura, porém esbarra

na insuficiência do acesso à internet por telefonia celular, ainda deficiente no

país.

c) fará com que os livros impressos tornem-se obsoletos, em razão da diminui-

ção dos gastos com os produtos digitais gratuitamente distribuídos pela internet.

d) garantirá a democratização dos usos da tecnologia no país, levando em consi-

deração as características de cada região no que se refere aos hábitos de leitura

e acesso à informação.

e) impulsionará o crescimento da qualidade da leitura dos brasileiros, uma vez

que as características do produto permitem que a leitura aconteça a despeito

das adversidades geopolíticas.

O texto é uma propaganda de um adoçante que tem o seguinte mote: “Mude sua

embalagem”. A estratégia que o autor utiliza para o convencimento do leitor ba-

seia-se no emprego de recursos expressivos, verbais e não verbais, com vistas a

a) ridicularizar a forma física do possível cliente do produto anunciado, aconse-

lhando-o a uma busca de mudanças estéticas.

b) enfatizar a tendência da sociedade contemporânea de buscar hábitos alimen-

tares saudáveis, reforçando tal postura.

c) criticar o consumo excessivo de produtos industrializados por parte da popu-

lação, propondo a redução desse consumo.

d) associar o vocábulo “açúcar” à imagem do corpo fora de forma, sugerindo a

substituição desse produto pelo adoçante.

e) relacionar a imagem do saco de açúcar a um corpo humano que não desenvol-

ve atividades físicas, incentivando a prática esportiva.

3.

135

Red.

O artista gráfico polonês Pawla Kuczynskiego nasceu em 1976 e recebeu di-

versos prêmios por suas ilustrações. Nessa obra, ao abordar o trabalho infantil,

Kuczynskiego usa sua arte para

a) difundir a origem de marcantes diferenças sociais.

b) estabelecer uma postura proativa da sociedade.

c) provocar a reflexão sobre essa realidade.

d) propor alternativas para solucionar esse problema.

e) retratar como a questão é enfrentada em vários países do mundo.

4. Só há uma saída para a escola se ela quiser ser mais bem-sucedida: aceitar

a mudança da língua como um fato. Isso deve significar que a escola deve

aceitar qualquer forma de língua em suas atividades escritas? Não deve

mais corrigir? Não!

Há outra dimensão a ser considerada: de fato, no mundo real da escrita,

não existe apenas um português correto, que valeria para todas as oca-

siões: o estilo dos contratos não é o mesmo dos manuais de instrução; o

dos juízes do Supremo não é o mesmo dos cordelistas; o dos editoriais dos

jornais não é o mesmo dos dos cadernos de cultura dos mesmos jornais.

Ou do de seus colunistas.

(POSSENTI, S. Gramática na cabeça.

Língua Portuguesa, ano 5, n. 67, maio 2011 – adaptado).

Sírio Possenti defende a tese de que não existe um único “português correto”.

Assim sendo, o domínio da língua portuguesa implica, entre outras coisas,

saber

a) descartar as marcas de informalidade do texto.

b) reservar o emprego da norma padrão aos textos de circulação ampla.

c) moldar a norma padrão do português pela linguagem do discurso jornalís-

tico.

d) adequar as formas da língua a diferentes tipos de texto e contexto.

e) desprezar as formas da língua previstas pelas gramáticas e manuais divul-

gados pela escola.

5. PINHÃO sai ao mesmo tempo que BENONA entra.

BENONA: Eurico, Eudoro Vicente está lá fora e quer falar com você.

EURICÃO: Benona, minha irmã, eu sei que ele está lá fora, mas não que-

ro falar com ele.

BENONA: Mas, Eurico, nós lhe devemos certas atenções.

EURICÃO: Passadas para você, mas o prejuízo foi meu. Esperava que Eu-

doro, com todo aquele dinheiro, se tornasse meu cunhado. Era uma boca a

menos e um patrimônio a mais. E o peste me traiu. Agora, parece que ouviu

dizer que eu tenho um tesouro. E vem louco atrás dele, sedento, atacado

da verdadeira hidrofobia. Vive farejando ouro, como um cachorro da mo-

lest’a, como um urubu, atrás do sangue dos outros. Mas ele está enganado.

Santo Antônio há de proteger minha pobreza e minha devoção.

(SUASSUNA, A. O santo e a porca. Rio de Janeiro: José Olimpyio, 2013)

Nesse texto teatral, o emprego das expressões “o peste” e “cachorro da mo-

lest’a” contribui para

136

Red.

a) marcar a classe social das personagens.

b) caracterizar usos linguísticos de uma região.

c) enfatizar a relação familiar entre as personagens.

d) sinalizar a influência do gênero nas escolhas vocabulares.

e) demonstrar o tom autoritário da fala de uma das personagens.

EXERCÍCIOS PARA CASA1.

Nesse texto, a combinação de elementos verbais e não verbais configura-se

como estratégia argumentativa para

a) manifestar a preocupação do governo com a segurança dos pedestres.

b) associar a utilização do celular às ocorrências de atropelamento de crianças.

c) orientar pedestres e motoristas quanto à utilização responsável do telefone

móvel.

d) influenciar o comportamento de motoristas em relação ao uso de celular no

trânsito.

e) alertar a população para os riscos da falta de atenção no trânsito das grandes

cidades.

2.

137

Red.

4.

3.

Nas peças publicitárias, vários recursos verbais e não verbais são usados com o

objetivo de atingir o público-alvo, influenciando seu comportamento. Conside-

rando as informações verbais e não verbais trazidas no texto a respeito da hepa-

tite, verifica-se que:

a) o tom lúdico é empregado como recurso de consolidação do pacto de confian-

ça entre o médico e a população.

b) a figura do profissional da saúde é legitimada, evocando-se o discurso autori-

zado como estratégia argumentativa.

c) o uso de construções coloquiais e específicas da oralidade são recursos de ar-

gumentação que simulam o discurso do médico.

d) a empresa anunciada deixa de se autopromover ao mostrar preocupação so-

cial e assumir a responsabilidade pelas informações.

e) o discurso evidencia uma cena de ensinamento didático, projetado com subje-

tividade no trecho sobre as maneiras de prevenção.

Na criação do texto, o chargista Iotti usa criativamente um intertexto: os traços

reconstroem uma cena de Guernica, painel de Pablo Picasso que retrata os hor-

rores e a destruição provocados pelo bombardeio a uma pequena cidade da Es-

panha. Na charge, publicada no período de carnaval, recebe destaque a figura

do carro, elemento introduzido por lotti no intertexto. Além dessa figura, a lin-

guagem verbal contribui para estabelecer um diálogo entre a obra de Picasso e

a charge, ao explorar

a) uma referência ao contexto, “trânsito no feriadão”, esclarecendo-se o referen-

te tanto do texto de Iotti quanto da obra de Picasso.

b) uma referência ao tempo presente, com o emprego da forma verbal “é”, evi-

denciando-se a atualidade do tema abordado tanto pelo pintor espanhol quanto

pelo chargista brasileiro.

c) um termo pejorativo, “trânsito”, reforçando-se a imagem negativa de mundo

caótico presente tanto em Guernica quanto na charge.

d) uma referência temporal, “sempre”, referindo-se à permanência de tragédias

retratadas tanto em Guernica quanto na charge.

e) uma expressão polissêmica, “quadro dramático”, remetendo-se tanto à obra

pictórica quanto ao contexto do trânsito brasileiro.

138

Red.

5.

6.

A importância da preservação do meio ambiente para a saúde é ressaltada pelos

recursos verbais e não verbais utilizados nessa propaganda da SOS Mata Atlân-

tica. No texto, a relação entre esses recursos

a) condiciona o entendimento das ações da SOS Mata Atlântica.

b) estabelece contraste de informações na propaganda.

c) é fundamental para a compreensão do significado da mensagem.

d) oferece diferentes opções de desenvolvimento temático.

e) propõe a eliminação do desmatamento como suficiente para a preservação

ambiental.

Nesse texto, associam-se recursos verbais e não verbais na busca de mudar o

comportamento das pessoas quanto a uma questão de saúde pública. No cartaz,

essa associação é ressaltada no(a)

a) destaque dado ao laço, símbolo do combate à aids, seguido da frase “Use ca-

misinha”.

b) centralização da mensagem “Previna-se”.

c) foco dado ao objeto camisinha em imagem e em palavra.

d) laço como elemento de ligação entre duas recomendações.

e) sobreposição da imagem da camisinha e da boia, relacionada à frase “Salve

vidas”.

Texto I

Entrevistadora — Eu vou conversar aqui com a professora A.D. … O por-

tuguês então não é uma língua difícil?

Professora — Olha se você parte do princípio… que a língua portuguesa

não é só regras gramaticais… não se você se apaixona pela língua que

você… já domina… que você já fala ao chegar na escola se teu profes-

sor cativa você a ler obras da literatura… obra da/ dos meios de comuni-

cação… se você tem acesso a revistas… é… a livros didáticos… a… livros

de literatura o mais formal o e/ o difícil é porque a escola transforma

como eu já disse as aulas de língua portuguesa em análises gramaticais.

Texto II

Professora — Não, se você parte do princípio que língua portuguesa não

é só regras gramaticais. Ao chegar à escola, o aluno já domina e fala

a língua. Se o professor motivá-lo a ler obras literárias e se tem acesso

a revistas, a livros didáticos, você se apaixona pela língua. O que torna

difícil é que a escola transforma as aulas de língua portuguesa em análi-

139

Red.

7.

8.

ses gramaticais.

(MARCUSCHI, L. A. Da fala para a escrita: atividades de retextualização.

São Paulo: Cortez, 2001)

O texto I é a transcrição de entrevista concedida por uma professora de portu-

guês a um programa de rádio. O texto II é a adaptação dessa entrevista para a

modalidade escrita. Em comum, esses textos

a) apresentam ocorrências de hesitações e reformulações.

b) são modelos de emprego de regras gramaticais.

c) são exemplos de uso não planejado da língua.

d) apresentam marcas da linguagem literária.

e) são amostras do português culto urbano.

Óia eu aqui de novo xaxando

Óia eu aqui de novo pra xaxar

Vou mostrar pr’esses cabras

Que eu ainda dou no couro

Isso é um desaforo

Que eu não posso levar

Que eu aqui de novo cantando

Que eu aqui de novo xaxando

Óia eu aqui de novo mostrando

Como se deve xaxar.

Vem cá morena linda

Vestida de chita

Você é a mais bonita

Desse meu lugar

Vai, chama Maria, chama Luzia

Vai, chama Zabé, chama Raque

Diz que tou aqui com alegria.

(BARROS, A. Óia eu aqui de novo.

Disponível em <www.luizluagonzaga.mus.br > Acesso em 5 mai 2013)

A letra da canção de Antônio Barros manifesta aspectos do repertório linguís-

tico e cultural do Brasil. O verso que singulariza uma forma do falar popular

regional é

a) “Isso é um desaforo”

b) “Diz que eu tou aqui com alegria”

c) “Vou mostrar pr’esses cabras”

d) “Vai, chama Maria, chama Luzia”

e) “Vem cá, morena linda, vestida de chita”

Em bom português

No Brasil, as palavras envelhecem e caem como folhas secas. Não é so-

mente pela gíria que a gente é apanhada (aliás, não se usa mais a primei-

ra pessoa, tanto do singular como do plural: tudo é “a gente”). A própria

linguagem corrente vai-se renovando e a cada dia uma parte do léxico cai

140

Red.

em desuso.

Minha amiga Lila, que vive descobrindo essas coisas, chamou minha aten-

ção para os que falam assim:

– Assisti a uma fita de cinema com um artista que representa muito bem.

Os que acharam natural essa frase, cuidado! Não saber dizer que viram um

filme que trabalha muito bem. E irão ao banho de mar em vez de ir à praia,

vestido de roupa de banho em vez de biquíni, carregando guarda-sol em

vez de barraca. Comprarão um automóvel em vez de comprar um carro,

pegarão um defluxo em vez de um resfriado, vão andar no passeio em vez

de passear na calçada. Viajarão de trem de ferro e apresentarão sua esposa

ou sua senhora em vez de apresentar sua mulher.

(SABINO, F. Folha de S. Paulo, 13 abr. 1984)

A língua varia no tempo, no espaço e em diferentes classes socioculturais. O

texto exemplifica essa característica da língua, evidenciando que

a) o uso de palavras novas deve ser incentivado em detrimento das antigas.

b) a utilização de inovações do léxico é percebida na comparação de gerações.

c) o emprego de palavras com sentidos diferentes caracteriza diversidade geo-

gráfica.

d) a pronúncia e o vocabulário são aspectos identificadores da classe social a

que pertence o falante.

e) o modo de falar específico de pessoas de diferentes faixas etárias é frequente

em todas as regiões.

9. Da corrida de submarino à festa de aniversário no trem

Leitores fazem sugestões para o Museu das Invenções Cariocas

“Falar ‘caraca!’ a cada surpresa ou acontecimento que vemos, bons ou ruins,

é invenção do carioca, como também o ‘vacilão’.”

“Cariocas inventam um vocabulário próprio”. “Dizer ‘merrmão’ e ‘é merrmo’

para um amigo pode até doer um pouco no ouvido, mas é tipicamente ca-

rioca.”

“Pedir um ‘choro’ ao garçom é invenção carioca.”

“Chamar um quase desconhecido de ‘querido’ é umcarinho inventado pelo

carioca para tratar bem quem ainda não se conhece direito.”

“O ‘ele é um querido’ é uma forma mais feminina de elogiar quem já é co-

nhecido.”

SANTOS, J. F. Disponível em: www.oglobo.globo.com.

Acesso em: 6 mar. 2013 (adaptado).

Entre as sugestões apresentadas para o Museu das Invenções Cariocas, des-

taca-se o variado repertório linguístico empregado pelos falantes cariocas nas

diferentes situações específicas de uso social. A respeito desse repertório, ates-

ta-se o(a)

141

Red.

a) desobediência à norma-padrão, requerida em ambientes urbanos.

b) inadequação linguística das expressões cariocas às situações sociais apresen-

tadas.

c) reconhecimento da variação linguística, segundo o grau de escolaridade dos

falantes.

d) identificação de usos linguísticos próprios de tradição cultural carioca.

e) variabilidade no linguajar carioca em razão da faixa etária dos falantes.

10. Noites do Bogart

O Xavier chegou com a namorada mas, prudentemente, não a levou para

a mesa com o grupo. Abanou de longe. Na mesa, as opiniões se dividiam.

— Pouca vergonha.

— Deixa o Xavier.

— Podia ser a filha dele.

—Aliás, é colega da filha dele.

Na sua mesa, o Xavier pegara na mão da moça. —Está gostando?

— Pô. Só.

— Chocante, né? – disse o Xavier. E depois ficou na dúvida. Ainda se dizia

“chocante”? Beberam em silêncio. E ele disse: — Quer dançar?

E ela disse, sem pensar:

— Depois, tio.

E ficaram em silêncio. Ela pensando “será que ele ouviu?”. E ele pensando

“faço algum comentário a respeito, ou deixo passar?”. Decidiu deixar pas-

sar. Mas, pelo resto da noite aquele “tio” ficou em cima da mesa, entre os

dois, latejando como um sapo. Ele a levou em casa. Depois voltou. Sentou

com os amigos.

— Aí, Xavier. E a namorada? Ele não respondeu.

VERISSlMO, L. F. O melhor das comédias da vida privada.

Rio de Janeiro: Objetiva, 2004.

O efeito de humor no texto é produzido com o auxílio da quebra de convenções

sociais de uso da língua. Na interação entre o casal de namorados, isso é decor-

rente

a) do registro inadequado para a interlocução em contexto romântico.

b) da iniciativa em discutir formalmente a relação amorosa.

c) das avaliações de escolhas lexicais pelos frequentadores do bar.

d) das gírias distorcidas intencionalmente na fala do namorado.

e) do uso de expressões populares nas investidas amorosas do homem.

142

Red.

QUESTÃO CONTEXTOTexto I

Rindo de novo, Mary ensaiou passos de dança. Atirou um beijo para sua

imagem no espelho e recebeu um de volta. Depois entrou no box do chuvei-

ro. A água estava quente e ela teve de misturar um pouco da torneira fria.

Afinal, abriu completamente ambas as torneiras e deixou o calor jorrar so-

bre seu corpo.

Não podia ouvir nada além do barulho da água, e o banheiro começou a se

encher de vapor.

Foi por isso que não percebeu a porta abrir, nem o som de passos. Logo que

as cortinas do chuveiro se abriram, o vapor obscureceu seu rosto.

Então ela viu - um rosto, espiando entre as cortinas, flutuando como uma

máscara. Um lenço escondia os cabelos e os olhos vidrados a observavam,

inumanos. Mas não era uma máscara, não podia ser. Uma camada de pó

dava à pele uma brancura de cadáver; havia duas manchas de ruge nas ma-

çãs do rosto. Não era uma máscara. Era o rosto de uma velha louca.

Mary começou a gritar. A cortina se abriu mais e uma mão apareceu, em-

punhando uma faca de açougueiro. E foi a faca que, no momento seguinte,

cortou seu grito.

BLOCH, R; PAIVA, A. (trad). Psicose. Rio de Janeiro: DarkSide Books, 2013

Texto II

Texto III

É possível filmar o que os personagens estão pensando ou o perigo que os

ronda? Hitchcock acreditava no impacto da imagem. Para ele, olhares, ges-

tos e movimentos podem dizer muito mais do que diálogos explicativos, mos-

trando ao telespectador, de forma privilegiada, o que o personagem não viu

ou o que ele realmente pensa e sente.

Disponível em: http://www.saraivaconteudo.com.br

Alfred Hitchcock, um dos mais famosos diretores de cinema do século XX, tinha

como principal característica a valorização do visual. Em muitas de suas obras,

destacava cordas, armas, luvas que, no fim da história, seriam apontadas como

armas do crime.

Nos textos 1 (trecho do livro Psicose, de Robert Bloch) e 2 (cena da adaptação

que Hitchcock fez da obra), é possível identificar diversos trechos em comum,

comprovando a fidelidade do diretor à obra do escritor, mesmo sem o uso de

quaisquer palavras. Levando isso em consideração, identifique três momentos

do texto que, na cena do filme, poderiam ser identificados sem qualquer palavra.

Em seguida, aponte que ferramentas foram aproveitadas pelo cineasta na cons-

trução do sentido que a cena do livro exigia.

143

Red.

01.Exercícios para aula1. b

2. d

3. c

4. d

5. b

02.Exercícios para casa1. d

2. b

3. e

4. c

5. e

6. e

7. c

8. b

9. d

10. a

GABARITO