caros amigos

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Caros amigos, Minha turma da Força Aérea está atenta ao problema da 'atividade estrangeira' na RESERVA RAPOSA SERRA DO SOL (em Roraima). Abaixo está um email enviado por um pesquisador Brasileiro (hÁ 2 anos), cumprimentando o reporter da ISTO É pelo trabalho, que mostrava (já naquela época!) a roubalheira de material radioativo Brasileiro. Na mesma carta, ele acrescenta detalhes sobre a atividade. Abaixo desta msg, outra mais recente, explica a qualidade e aplicação dos minerais ali encontrados. Por isto que, de uma hora pra outra, uma reserva indígena Brasileira tornou-se o lugar mais proibido para Brasileiros. Meus parabéns pela reportagem, que acabei de ler na internet. Finalmente alguém leva a público a roubalheira da torianita, Nos anos 80, até 1990 analisamos diversas amostras de torianita, recebidas do Conselho de Segurança Nacional. Eu era pesquisador da CNEN, chefe do Laboratório de Análise Mineral. A primeira amostra que recebi era parecida com cassiterita, minério de estanho. Ao fazer pessoalmente os testes, descobri que não era cassiterita, mas torianita, óxido de tório ( teor maior do que 80%), contendo cerca de 8% de óxido de urânio e teores mais baixos de baddeleyta (óxido de zircônio). Quem estava investigando era o Comandante Sérgio Quintieri, da Marinha, pelo Conselho de Segurança. A maior surpresa não foram apenas os teores de tório e de urânio, mas O TEOR DE CHUMBO RADIOGÊNICO : cerca de 10%. Isto significa que a

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Page 1: Caros amigos

Caros amigos,

 

Minha turma da Força Aérea está atenta ao problema da 'atividade estrangeira' na RESERVA RAPOSA SERRA DO SOL (em Roraima).

Abaixo está um email enviado por um pesquisador Brasileiro (hÁ 2 anos), cumprimentando o reporter da ISTO É pelo trabalho, que mostrava (já naquela época!) a roubalheira de material radioativo Brasileiro. Na mesma carta, ele acrescenta detalhes sobre a atividade.

Abaixo desta msg, outra mais recente, explica a qualidade e aplicação dos minerais ali encontrados.

Por isto que, de uma hora pra outra, uma reserva indígena Brasileira tornou-se o lugar mais proibido para Brasileiros.  

Meus parabéns pela reportagem, que acabei de ler na internet. Finalmente alguém leva a público a roubalheira da torianita, Nos anos 80, até 1990 analisamos diversas amostras de torianita, recebidas do Conselho de Segurança Nacional. Eu era pesquisador da CNEN, chefe do Laboratório de Análise Mineral. A primeira amostra que recebi era parecida com cassiterita, minério de estanho. Ao fazer pessoalmente os testes, descobri que não era cassiterita, mas torianita, óxido de tório ( teor maior do que 80%), contendo cerca de 8% de óxido de urânio e teores mais baixos de baddeleyta (óxido de zircônio). Quem estava investigando era o Comandante Sérgio Quintieri, da Marinha, pelo Conselho de Segurança. A maior surpresa não foram apenas os teores de tório e de urânio, mas O TEOR DE CHUMBO RADIOGÊNICO : cerca de 10%. Isto significa que a maior parte desse chumbo provêm do tório, o chumbo-208 é o final da cadeia de desintegração do tório. Ao longo de alguns anos recebemos amostras do Comandante Quintieri, na CNEN. O material até enganou o maior especialista em mineralogia da CNEN, que examinando-o na mão, disse que era cassiterita, em uma das reuniões, lá por 1986. Dei minha opinião porque já tinha analisado o material, e chamei à atenção para as diferenças (os cristais são parecidos, mas são mais pesados e, ao contrário da cassiterita, dissolve-se com facilidade em ácido

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nítrico, testes muito fáceis de serem executados, até por estudantes).

O Cmte Quintieri informou-me que o material deveria ter muito valor, porque estava investigando há tempos e já tinha descoberto esse material em exportações legais, dizendo ser cassiterita, também em outro caso em caçambas do material, com uma cobertura de cassiterita, para enganar quem fosse tirar amostras, e, o que era incrível, em contrabando de avião. Ele já sabia que o material estava sendo levado para a Guiana, e de lá ia para os EUA, mas ainda não tinha descoberto o local da jazida primária, porque os materiais descobertos eram de 'aluvião', granulado.

O valor do tório e do urânio não justificaria o transporte de avião, ele teria que ter algum outro valor. Considerando o alto teor de chumbo da ordem de 10%, não acreditei, achando que poderíamos ter cometido algum erro, porque não havia minério de urânio ou tório com tanto chumbo. Quando o teor foi confirmado, separamos o chumbo como sulfato de chumbo, depois preparamos o material para análise por espectrometria de massas, no Instituto de Engenharia Nuclear, Ilha do Fundão. Não deu outra coisa : predominava largamente o chumbo-208 sobre os outros isótopos, o chumbo-207, que provém do urânio-235 e o chumbo 206, que provém do urânio 238, mais abundante na natureza.

Qual a característica desse chumbo-208 ? Assim como os outros 'chumbos' ele não é radioativo, mas o que o distingue do chumbo natural, que é uma mistura dos isótopos, é a sua transparência aos nêutrons, isto é, ele deixa os nêutrons o atravessarem sem resistda mesma forma que o chumbo comum. Esta característica faz dele o material ideal para a blindagem da 'bomba de nêutrons', que agora estão chamando de 'arma nuclear estratégica' - a bomba que só mata seres vivos, sem destruir as instalações e as cidades, porque a blindagem de chumbo-208 deixa passar os feixes intensos de nêutrons, da bomba atômica 'encapsulada com o nosso chumbo-208', sem deixar passar a radiação gama, a radiação beta, a radiação alfa, e os fragmentos de fissão, que provocam as ondas de choque que tudo destroem. Esta famigerada bomba atômica, que usa a blindagem de chumbo-208, bombardeia tudo com os nêutrons, que destroem as células vivas, sem gerar destruição das ondas de choque . Aí

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que está o grande valor da torianita para os senhores da guerra : o chumbo-208, altamente concentrado, em um material do qual tudo pode ser aproveitado a baixo custo, porque é facilmente dissolvido em soluções ácidas diluídas.

Até em Goiânia, quando estávamos descontaminando os locais contaminados com Césio-137 (depois da grande sabotagerm contra o programa nuclear, apresentada como um simples acidente causado por um roubo...) o Cmte Quintieri foi levar amostras para o Presidente da CNEN e para mim. No final do governo, em 1990, a investigação parou, por ordens vindas da Presidência da República. Já se sabia que a rede que contrabandeava torianita era a mesma de pedras preciosa e de drogas. Ao que tudo indica, havia gente muito importante envolvida. Anos depois encontrei casualmente o Cmte Sérgio Quintieri, em Copacabana,e ele me disse que tinha sido transferido para a Capitania dos Portos de São Francisco do Sul, em Santa Catarina, depois foi para a Reserva, e estava em Florianópolis, dava palestra para estagiários da Escola Superior de Guerra, e não sabia mais o que estava acontecendo com a torianita. Ele faleceu há alguns anos, atacado por um câncer. Procure saber desta investigação sobre a torianita no Conselho de Segurança Nacional e na CNEN.Deve haver registros da época. Como era sigiloso, eu só participava das reuniões técnicas na presidência da CNEN, não tinha informações, a não ser aquelas que o Cmte Quintieri me passava. Eu tinha que caracterizar os materiais. Em geral os teores de tório eram sempre muito parecidos, mais de de 80% em óxido, e os teores de urânio variavam entre 4 e 8%. Os teores de chumbo eram sempre da ordem de 10%. AInda devemos ter um pacote de 1 quilo de torianita em nosso laboratório, hoje na UFRJ (Laboratório de Análise Ambiental e Mineral), onde sou professor de Química Analítica (aposentado da CNEN). Este escândalo da torianita, outros de urânio (naquela época também foi descoberto um contrabando de 2 toneladas de minério com quase 20% de urânio no aeroporto de Brasília), o atual de columbita -tantalita são possíveis pelo abandono da área mineral, e pela incompetência na análise de minérios, que deveria ser ensinada nos cursos de química, deveria haver laboratórios competentes atendendo rapidamente a todos os portos e aeroportos e as polícias federal e rodoviária, para não deixar levar materiais valiosos como 'pedras', como acontece com a Tantalita da Paraíba até o Amapá (procurar

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Bebel, na feirinha de Copacabana, posto 6, que negocia pedras preciosas e tem garimpo na Paraíba). Sobre a columbita-tantalita , de Nióbio e Tântalo, consultar Almirante Roberto Gama e Silva, autor do livro 'O entreguismo dos Minérios', Editora Tche, recolhido...), e com esmeraldas exportadas com 'berilo' sem valor de gemas, como foi descoberto pela CNEN, há anos, e contrabandeadas por políticos...

Hoje leciono Química Analítica na UFRJ, reclamo contra o descaso pela Análise Mineral, não se ensina mais análise de minérios pelo Brasil, reclamo contra a roubalheira dos minérios - a grande pirataria - estou lutando para resolver o problema ambiental da Cia Ingá, junto ao porto de Itaguaí-Sepetiba, designado pela Justiça Federal, em uma Ação Civil Pública, agora com nosso projeto de 10 anos aprovado como Projeto Definitivo do Juíza Federal, para reciclar os rejeitos e efluentes que contaminavam a Baía de Sepetiba, produzindo zinco, manganês, magnésio, chumbo e cádmio, e estamos tentando retomar o Projeto Azul da Prússia, que produzimos em Goiânia para a descontaminação de Césio-137 e de Tálio, com o Laboratório Farmacêutico da Marinha.

Meus parabéns pela reportagem e procure saber sobre o destino do chumbo-208 da torianita.

João Alfredo Medeiros

Pesquisador IV, aposentado pelo Instituto de Engenharia Nuclear da CNEN (1981 a 1995)

Ex-Professor da PUC/RJ (1973-1995)

Professor do Instituto de Química da UFRJ, desde 1993.

C.Identidade 173647-0 / CPF 006.221.929-49

Telefone UFRJ : (21) 2562-7859

Residência : Rua Gal Ribeiro da Costa 230 / apto 1006, 22010-050 Rio de Janeiro (21-2244-7985)

A LUTA PELA RESERVA RAPOSA SERRA DO SOL

ALDO ALVIM CEL AER

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Parece um mistério o porquê de uns poucos índios , ignorados por centenas de anos , de repente receberem uma área imensa para sua população com fazendas , povoados, estradas e linhas de transmissão, e que o Governo tenha mandado para expulsar os colonos , um efetivo de centenas de agentes federais,quando é sabida a carência de policiais em todo o país. O mistério é porque ali esta 80% da reserva mundial de Nióbio um mineral básico para se construir reatores de fusão, um processo de produção de energia que usa como combustível apenas água .

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FUSÃO TERMONUCLEAR

O processo termonuclear se baseia na fusão nuclear - o mesmo processo que ocorre no interior do sol e em algumas estrelas-no qual os núcleos de dois isótopos de hidrogênio se fundem para formar Helio, ,gerando grandes quantidades de energia, o que oferece a humanidade uma fonte potencialmente inesgotável de energia.Este processo descontrolado já foi obtido na bomba de hidrogênio,mas o que se deseja é um processo controlado de fusão nuclear.

O processo de o fusão nuclear controlado se baseia no conceito de TOKAMAT, desenvolvido por cientistas russos no qual bobinas magnéticas super condutoras, colocadas em torno de um vaso toroidal, confinam e controlam o fluxo do plasma, um estado da matéria em elevada temperatura. induzindo a formação de uma corrente elétrica.Um modelo deste dispositivo foi mostrado pela URSS numa exposição no Rio de Janeiro ainda no Governo Jango.

Em 26 de junho último, um consórcio internacional que reúne a Rússia, EUA, Comunidade Européia,China, Japão e Coréia do Sul decidiu montar um reator de fusão nuclear experimental em Cadarache na França. Estima-se que a versão comercial levara uns trinta anos para ser operacional.O modelo proposto deverá operar em ciclos de décimos de segundo e gerar 500 MW de potencia, isto significa que suas bobinas serão de alta amperagem e portanto altas temperaturas daí a necessidade do nióbio. Em ciclos tão curtos, o gerador poderá produzir hidrogênio que operaria em células de combustível

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A PARTICIPAÇÃO DO BRASIL

Segundo o conselheiro científico do Governo Britânico sir David King o Brasil poderá dar uma grande contribuição ao projeto , por possuir as maiores reservas de nióbio do mundo. O nióbio resiste a altas temperaturas e é um poderoso condutor elétrico, será usado para construir as bobinas gigantes e gerar um campo magnético para produzir e conduzir o processo de fusão nuclear no interior do reator.Uma comissão da comunidade européia deverá visitar o Brasil, em breve para pedir o apoio ao projeto.

Desafortunadamente tal participação será extremamente improvável enquanto o Brasil tiver um governo que mantenha no local das jazidas de nióbio uma grande reserva indígena intocável chamada Raposa Serra do Sol. Ninguém sabe porque o governo criou tal reserva, sem consulta ao EMFA, universidades, nem o apoio do Congresso. Apenas o STF parece apoiar o Governo Lula , tanto que um governador da área atingida pela reserva indígena entrou com uma ação de inconstitucionalidade e nada conseguiu.Atualmente a expulsão de fazendeiros da reserva foi suspensa até o julgamento final pelo STF.