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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUIMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUIMICA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO Caracterização e Separação Física de Placas de Circuito Impresso de Computadores Obsoletos Natália Moraes Medeiros Orientador: Prof. Dr. Carlson Pereira de Souza Natal/RN Agosto/2015

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Page 1: Caracterização e Separação Física de Placas de Circuito ... · MEDEIROS, N. M. – Caracterização e separação física de placas de circuito impresso de computadores obsoletos

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUIMICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUIMICA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Caracterização e Separação Física de Placas de

Circuito Impresso de Computadores Obsoletos

Natália Moraes Medeiros

Orientador: Prof. Dr. Carlson Pereira de Souza

Natal/RN

Agosto/2015

Page 2: Caracterização e Separação Física de Placas de Circuito ... · MEDEIROS, N. M. – Caracterização e separação física de placas de circuito impresso de computadores obsoletos

Natália Moraes Medeiros

Caracterização e Separação Física de Placas de Circuito Impresso de

Computadores Obsoletos

Dissertação de mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em

Engenharia Química, da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, para

obtenção do título de Mestre em

Engenharia Química, sob orientação do

Prof. Dr. Carlson Pereira de Souza.

Natal/RN

Agosto/2015

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Catalogação da Publicação na Fonte.

UFRN / CT / DEQ

Biblioteca Setorial “Professor Horácio Nícolás Sólimo”.

Medeiros, Natália Moraes.

Caracterização e separação física de placas de circuito impresso de

computadores obsoletos / Natália Moraes Medeiros. - Natal, 2015.

80 f.: il.

Orientador: Carlson Pereira de Souza.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Centro de Tecnologia. Departamento de Engenharia Química. Programa de

Pós-graduação em Engenharia Química.

1. Resíduos sólidos industriais - Tratamento - Dissertação. 2. Metais

pesados - Dissertação. 3. Lixo eletrônico - Dissertação. I. Souza, Carlson

Pereira de. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/BSEQ CDU 628.54(043.3)

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MEDEIROS, N. M. – Caracterização e separação física de placas de circuito impresso de

computadores obsoletos. Dissertação de Mestrado, UFRN, Programa de Pós-Graduação em

Engenharia Química. Área de concentração: Engenharia Química. Rio Grande do Norte, Natal

– RN, 2015.

Orientador: Carlson Pereira de Souza

Resumo: O consumo desenfreado de equipamentos eletrônicos juntamente com a rápida

imersão de novas tecnologias no mercado impulsiona o crescimento acelerado de resíduos

eletroeletrônicos. Esses resíduos sólidos, em sua maioria, contem placas de circuito impresso

em sua estrutura. Estas, por apresentarem muitos metais dentre eles metais pesados, são

altamente tóxicas. Os resíduos eletrônicos são descartados de forma indevida e

indiscriminadamente, normalmente sem nenhum tratamento e junto com os demais resíduos

urbanos, contaminando o meio ambiente e causando graves problemas a saúde humana. Além

desses metais, há também metais preciosos e de base de alto valor agregado, que podem ser

recuperados e reciclados, reduzindo a exploração dos recursos naturais. Assim, devido ao alto

potencial de crescimento e reutilização desses resíduos, processos de tratamento, de

caracterização e de separação foram aplicados às placas de circuito impresso. As placas foram

submetidas a tratamentos físicos, como desmantelamento, moagem, separação

granulométrica, separação magnética e por tratamentos químicos como pirólise e lixiviação.

Através dos processos de caracterização (pirólise e lixiviação) as proporções dos componentes

das faixas granulométricas foram determinadas: 46,08% de metais; 23,32% de polímeros e

30,60% de cerâmicos. Observou-se também pela separação granulométrica, que os

componentes metálicos tendem a se concentrarem nas frações mais grosseiras, enquanto que

os materiais poliméricos e cerâmicos nas frações finas. Do processo de separação magnética

obteve-se 12,08% de material magnético e 82,33% de material não magnético.

Palavras-chave: placas de circuito impresso, caracterização, separação física.

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MEDEIROS, N. M. – Characterization and physical separation of printed circuit boards

obsolete computers. Master’s Thesis, UFRN, Programa de Pós-Graduação em Engenharia

Química. Concentration Area: Chemical Engineering, Natal/RN, Brasil, 2015.

Adviser: Carlson Pereira de Souza

Abstract: The unbridled consumption of electronic equipment associated with fast immersion

of new technologies on the market leads to the accelerated growth of electronic waste. Such

waste mostly contains printed circuit boards in its structure. Printed circuit boards have many

metals, including heavy metals, being highly toxic. Electronic waste is discarded improperly

and indiscriminately, usually without any previous treatment and with other municipal waste,

contaminating the environment and causing serious problems to human health. Beyond these

metals, there are also precious metals and high value-added basis, that can be recovered and

recycled, reducing the exploration of natural resources. Thus, due to the high growth potential

and reuse of these waste treatment processes, characterization and separation were applied to

the printed circuit boards. The printed circuit boards were subjected to physical treatments

such as dismantling, crushing, sizing separation, magnetic separation and chemical treatments

such as pyrolysis and leaching. Through characterization process (pyrolysis and leaching) the

proportions of the components of the granulometric range were determined: 46,08% of

metals; 23,32% of polymers and 30,60% of ceramics. It was also observed by particle size

separation that metal components tend to concentrate in coarse fractions, while polymeric and

ceramic components in fine fractions. From the magnetic separation process was obtained

12,08% of magnetic material and 82,33% of non-magnetic material.

Key-words: printed circuit boards, characterization, physical separation.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha

família, amigos e a todos que

contribuíram para essa conquista.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por ter me guiado e me iluminado com força e serenidade

durante essa caminhada.

Ao Prof. Dr. Carlson Pereira de Souza, pela confiança, orientação, comprometimento

e pelos esforços para que este trabalho fosse desenvolvido.

Aos meus pais, José Araújo de Medeiros e Cláudia Regina de Moraes Medeiros, por

nunca me deixaram faltar quanto a estudo, carinho, amor e apoio.

Aos meus irmãos Ana Cláudia Moraes Medeiros e Leonardo Rafael Medeiros, pelo

companheirismo, pelos conselhos e por sempre estarem ao meu lado.

A Herick Bulhões Cândido, pelo incentivo, apoio, companheirismo, paciência e por

sempre me incentivar nas adversidades.

Aos colegas de trabalho do LAMNRC, que sempre me incentivaram e me ajudaram na

busca das soluções pros problemas enfrentados.

Ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química (PPGEQ) da UFRN e ao

Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) pela oportunidade, pelo conhecimento adquirido e

pelo apoio financeiro.

Aos professores que me orientaram e que contribuíram para este trabalho, em

especial a Profa. Dra. Luciana Figueiredo Lopes Lucena.

A Raffael Andrade Costa de Melo e Elder Santos de Gois, pela ajuda e pelo empenho

de grande contribuição para o desenvolvimento e realização desse trabalho.

A todos os meus amigos, que me acompanharam e me incentivaram durante essa

conquista.

A todos que contribuíram para essa realização.

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO ............................................................................................... 12

1. Introdução.......................................................................................................................... 13

CAPÍTULO 2: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................ 15

2. Revisão Bibliográfica ........................................................................................................ 16

2.1. Resíduos Sólidos ........................................................................................................ 16

2.2. Legislação Brasileira .................................................................................................. 17

2.3. Resíduos Eletroeletrônicos ........................................................................................ 19

2.3.1. Situação dos REEE no mundo ............................................................................ 22

2.3.2. Situação dos REEE no Brasil ............................................................................. 23

2.4. Placa de Circuito Impresso ........................................................................................ 25

2.5. Metais e seus impactos na saúde e no meio ambiente ............................................... 26

2.6. Métodos de Tratamento de Placas de Circuito Impresso ........................................... 28

2.6.1. Processo Mecânico ............................................................................................. 28

2.6.1.1. Desmantelamento e Corte ........................................................................... 29

2.6.1.2. Cominuição ................................................................................................. 30

2.6.1.3. Separação Granulométrica .......................................................................... 30

2.6.1.4. Separação Magnética................................................................................... 31

2.6.2. Processo Pirometalúrgico ................................................................................... 32

2.6.2.1. Pirólise ......................................................................................................... 33

2.6.3. Processo Hidrometalúrgico................................................................................. 34

2.6.3.1. Lixiviação .................................................................................................... 34

2.6.4. Processo Eletrometalúrgico ................................................................................ 35

2.6.5. Processo Biohidrometalúrgico ............................................................................ 36

2.6.6. Processo de caracterização ................................................................................. 36

CAPÍTULO 3: METODOLOGIA EXPERIMENTAL ............................................................ 38

3. Metodologia Experimental ................................................................................................ 39

3.1. Materiais .................................................................................................................... 39

3.1.1. Placas de Circuito Impresso ............................................................................... 39

3.1.2. Soluções .............................................................................................................. 40

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3.1.3. Equipamentos ..................................................................................................... 40

3.2. Métodos ..................................................................................................................... 41

3.2.1. Desmantelamento e Corte ................................................................................... 43

3.2.2. Cominuição ......................................................................................................... 44

3.2.3. Separação Granulométrica .................................................................................. 45

3.2.4. Caracterização do Material ................................................................................. 46

3.2.4.1. Pirólise ......................................................................................................... 46

3.2.4.2. Lixiviação em água régia ............................................................................ 47

3.2.5. Separação magnética .......................................................................................... 48

CAPÍTULO 4: RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................... 50

4. Resultados e Discussões .................................................................................................... 51

4.1. Moagem e Separação Granulométrica ....................................................................... 51

4.2. Caracterização do Material ........................................................................................ 56

4.2.1. Pirólise ................................................................................................................ 56

4.2.2. Lixiviação ........................................................................................................... 57

4.3. Separação Magnética ................................................................................................. 60

CAPÍTULO 5: CONCLUSÃO ................................................................................................. 69

5. Conclusão .......................................................................................................................... 70

Referências Bibliográficas ........................................................................................................ 72

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Quantidade de lixo eletrônico gerado por computadores em toneladas/ano. Fonte:

Schluep et al. (2009). ................................................................................................................ 23

Figura 2: Placa de circuito impresso completa. ...................................................................... 39

Figura 3: Fluxograma dos processos aplicados às placas. ..................................................... 42

Figura 4: Placa de circuito impresso antes (substrato + componentes) e depois (substrato) do

desmantelamento. ..................................................................................................................... 43

Figura 5: Soprador térmico Vonder. ........................................................................................ 43

Figura 6: a) Placa reduzida a fragmentos; b) Guilhotina tesourão. ....................................... 44

Figura 7: Moinho de facas. ...................................................................................................... 44

Figura 8: Conjunto de peneiras vibratórias e agitador. .......................................................... 45

Figura 9: Forno tubular. .......................................................................................................... 46

Figura 10: Separador magnético Frantz isodinâmico. ............................................................ 48

Figura 11: Fluxograma do processo de separação magnética. ............................................... 49

Figura 12: Distribuição em (%) mássica do material moído das faixas granulométricas. ..... 52

Figura 13: Distribuição granulométrica da amostra N1 de dmédio = 1,08mm, [-14#,+32#]. .. 53

Figura 14: Distribuição granulométrica da amostra N2 de dmédio = 0,685 mm [-32#,+60#]. 53

Figura 15: Distribuição granulométrica da amostra N3 de dmédio = 0,0251 mm [-60#]. ........ 54

Figura 16: Elementos detectados por fluorescência de raios-X após processo de

peneiramento. ........................................................................................................................... 55

Figura 17: Média da (%) mássica dos elementos químicos detectados nas amostras após

processo de pirólise. ................................................................................................................. 56

Figura 18: Média da (%) mássica dos elementos químicos detectados nas amostras após

processo de lixiviação. ............................................................................................................. 57

Figura 19: Composição das frações granulométricas estudadas após os processos de

caracterização. ......................................................................................................................... 59

Figura 20: Porcentagens das frações separadas magneticamente em cada amostra. ............ 61

Figura 21: Imagens da amostra N1 não magnética: a) partículas mistas de metal e ganga; b)

partículas de ganga; c) amostra completa. .............................................................................. 64

Figura 22: Imagens da amostra N2 não magnética: a) partículas de metal; b) partículas de

ganga; c) amostra completa. .................................................................................................... 65

Figura 23: Imagens amostra N3 não magnética. ..................................................................... 66

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Razões, dos moradores da Malásia, para adquirir EEE novos. ........................................................... 20

Tabela 2: Quantidade de lixo eletrônico gerado no Brasil em 2009..................................................................... 24

Tabela 3: Economia de energia dos materiais reciclados .................................................................................... 24

Tabela 4: Relação de alguns metais com a saúde humana. .................................................................................. 27

Tabela 5: Distribuição do material após separação granulométrica. .................................................................. 51 Tabela 6: Concentração média dos componentes encontrados nas amostras após os processos de

caracterização. ...................................................................................................................................................... 58

Tabela 7: Análise química das frações separadas magneticamente no Frantz. .................................................... 62

Tabela 8: Análise de cobre antes e depois da separação magnética .................................................................... 67

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SIGLAS E ABREVIATURAS

ABDI – Agencia Brasileira de Desenvolvimento Industrial

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos

Especiais

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente

DMP – Departamento de Materiais e Patrimônio

EEE – Equipamentos elétricos e eletrônicos

FM – Fração metálica

FNM – Fração não metálica

NBR – Norma Brasileira

PCI – Placa de circuito impresso

PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos

REEE – Resíduos de Equipamentos Elétrico e Eletrônicos

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CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

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Capítulo 1 - Introdução 13

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

1. Introdução

As preocupações ambientais, por muitos anos, se relacionavam com chuva ácida,

destruição da camada de ozônio e aquecimento global. A globalização e as inovações

tecnológicas modificaram o estilo de vida bem como também as necessidades da sociedade.

Com o tempo, essas preocupações se voltaram não só a essas questões ambientais já

existentes, mas a outras novas como o lixo eletrônico.

É inegável o crescimento da produção e do consumo de produtos eletroeletrônicos.

Atrelado ao fato de que esses tipos de produtos têm um tempo de vida útil reduzido e que esse

setor da indústria tem um desenvolvimento muito ágil, um con13siderável problema vem

agregado a esses fatores - a geração de resíduo eletrônico.

Os equipamentos eletrônicos são compostos de diversos materiais com características

de toxicidade e periculosidade. Seus resíduos geralmente são tratados e dispostos de forma

inadequada, juntamente com os resíduos domiciliares lançados em aterros sanitários, lixões a

céu aberto ou queimados sem nenhum tratamento prévio. Esse quadro prejudica o meio

ambiente contaminando solos, água e ar. A saúde humana também fica exposta (no manuseio

desses resíduos e em contato com ambientes poluídos) à contaminação (bioacumulação de

metais) atingindo sistemas e órgãos do corpo humano como rins, fígado e pulmões e

provocando doenças mais graves como o câncer (Puckett et al., 2002 ). Metais e outros

componentes presentes nesses tipos de material também são desperdiçados com esse descarte

indiscriminado.

As soluções para tais pontos abordados são a reciclagem, o reaproveitamento e a

reutilização desses materiais, que podem se tornar uma fonte secundária poupando os recursos

naturais, que apresentam quantidade limitada na Terra (como petróleo, gás e metais, por

exemplo). Fazer do lixo uma matéria-prima para novos utensílios, dando utilidade a materiais

que seriam descartados e se transformariam em agentes poluidores. Além da atenção

necessária nas etapas do processo de reciclagem como coleta, tratamento e destinação

adequada, há também a possibilidade do desenvolvimento de produtos sustentáveis projetados

para reduzirem impactos ambientais (Marques et al., 2013).

Page 16: Caracterização e Separação Física de Placas de Circuito ... · MEDEIROS, N. M. – Caracterização e separação física de placas de circuito impresso de computadores obsoletos

Capítulo 1 - Introdução 14

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

As placas de circuito impresso (PCI) são fortemente utilizadas na indústria

eletroeletrônica em diversos equipamentos de comunicação, entretenimento, controle de

máquinas e eletrodomésticos. Sua composição é heterogênea, contendo metais, cerâmicos e

polímeros tornando os processos de reciclagem e reaproveitamento complexos (Zeng et al.,

2012).

Sendo assim, contemplando uma parcela desse amplo universo que é a problemática

do lixo eletrônico, o presente trabalho tem como objetivo geral estudar e caracterizar as placas

de circuito impresso de computadores obsoletos quanto aos componentes qualitativos e

quantitativos presentes nesse material.

Têm-se como objetivos específicos a aplicação de processos de caracterização como a

pirólise e a lixiviação para a determinação da composição do material. Almeja-se também

aplicar a separação granulométrica para verificar a distribuição e a concentração dos materiais

presentes em diferentes faixas granulométricas. Realizar uma análise de liberação de grãos

para melhor compreensão da liberação das partículas das faixas granulométricas trabalhadas e

realizar um processo de separação magnética a fim de se caracterizar as faixas

granulométricas e determinar uma faixa adequada para a aplicação de processos subsequentes

de recuperação de componentes metálicos.

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CAPÍTULO 2

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 16

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

2. Revisão Bibliográfica

2.1. Resíduos Sólidos

Com o constante aumento da preocupação com as questões ambientais, com a saúde

pública e a valorização do desenvolvimento sustentável pelas empresas e pela população, os

resíduos sólidos estão sendo estudados e classificados para o desenvolvimento de um melhor

gerenciamento quanto a esse tipo de resíduo.

Qualquer processo produtivo gera resíduos, independente da área de produção:

alimentícia, têxtil, automobilística ou eletrônica por exemplo. Atividades doméstica,

comercial e hospitalar também geram resíduos. Por muitos anos, produziu-se sem a

preocupação da sua reciclagem e dos seus efeitos causados na natureza.

Segundo a Norma Brasileira (NBR) nº 10.004/2004 da ABNT todos esses resíduos em

estado sólido ou semi-sólidos resultantes dessas atividades são resíduos sólidos. Por serem tão

diversificados, é importante o conhecimento de suas características físicas e químicas e de

seus efeitos negativos na natureza para que possibilite a coleta, o tratamento e a destinação

adequada para cada tipo de resíduo.

Segundo a ABRELPE (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e

Resíduos Especiais) em 2012, 63 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos foram

gerados aproximadamente no Brasil. A quantidade de resíduos está relacionada aos locais de

armazenamento e descarte, que precisam ser dimensionados de acordo com o volume gerado.

A composição ajuda a verificar o potencial econômico e a classificá-lo quanto aos danos

causados à saúde e ao meio ambiente. Essas informações são importantes para um melhor

direcionamento quanto ao sistema de tratamento e a disposição final desses resíduos.

Os resíduos sólidos são classificados de acordo com o processo de criação, suas

características e composição e seus impactos à saúde e ao meio ambiente tendo como

referência os impactos de outras substâncias e resíduos já listados. A classificação dos

resíduos sólidos segundo a ABNT NBR n°10.004/2004 é:

Page 19: Caracterização e Separação Física de Placas de Circuito ... · MEDEIROS, N. M. – Caracterização e separação física de placas de circuito impresso de computadores obsoletos

Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 17

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

Resíduos classe I: perigosos

Resíduos classe II: não perigosos

o Resíduos classe II A: não inertes

o Resíduos classe II B: inertes

A Lei nº 12.305/2010 da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Brasil, 2010)

classifica os resíduos sólidos quanto à periculosidade:

a) resíduos perigosos: aqueles que, em razão de suas características de

inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade,

carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam

significativo risco à saúde pública ou à qualidade ambiental, de acordo com lei,

regulamento ou norma técnica;

b) resíduos não perigosos: aqueles que não se enquadram na alínea “a” acima.

2.2. Legislação Brasileira

A primeira lei nacional de gestão de resíduos foi aprovada: a Política Nacional de

Resíduos Sólidos (PNRS) foi instituída pela Lei de nº 12.305, de agosto de 2010 e alterou a

Lei de nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. A PNRS foi instituída objetivando a contribuição

no avanço dos problemas ambientais e socioeconômicos mais prevalecentes causados pelos

resíduos sólidos. Propõe o hábito de consumo sustentável, o aumento da reciclagem e da

reutilização dos resíduos e aqueles que não são reciclados ou reaproveitados, os rejeitos, a

destinação correta para a redução da geração dos resíduos e a minimização dos impactos

(Ministério do Meio Ambiente, 2014).

A gestão e o gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos visa atenuar os impactos

ambientais do produto final causados pelos resíduos sólidos através da redução, da coleta, da

triagem, da reutilização, da reciclagem, do transporte, da disposição, destinação e tratamento

dos resíduos sólidos (Santaella et al., 2014).

As mudanças inovadoras na gestão e no gerenciamento se caracterizam pelo sistema

de logística reversa. O sistema de logística reversa orienta a devolução dos resíduos sólidos as

Page 20: Caracterização e Separação Física de Placas de Circuito ... · MEDEIROS, N. M. – Caracterização e separação física de placas de circuito impresso de computadores obsoletos

Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 18

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

empresas para que seja realizado o reaproveitamento no ciclo produtivo ou a eliminação

ambientalmente segura.

A legislação declara que os fabricantes, comerciantes, importadores e distribuidores

devem (ABDI, 2012):

investir no desenvolvimento de produtos potencialmente reutilizáveis, recicláveis, que

gerem menor quantidade de resíduos e que apresentam uma forma de destinação

ambientalmente correta;

divulgar informações sobre como proceder com os resíduos associados aos seus

produtos;

assegurar que o sistema de logística reversa está sendo implementado e posto em

prática.

O consumidor tem como compromisso o retorno dos produtos e embalagens aos

comerciantes e distribuidores. Por sua vez, os comerciantes e distribuidores devem devolver

aos fabricantes e importadores e finalmente estes destinar adequadamente.

Os titulares dos serviços públicos também possuem o comprometimento e a

responsabilidade da coleta seletiva, de estabelecer práticas de reaproveitamento com o setor

empresarial e a realização da compostagem dos resíduos orgânicos.

A responsabilidade quanto à gestão e o gerenciamento desses materiais pós-consumo

é, portanto, concedida a todos aqueles que se relacionam de forma direta e indireta de

qualquer fase do ciclo de vida de um produto, englobando assim o setor público, a iniciativa

privada e a população.

Apesar de todas essas atribuições, sabe-se que a implementação e o custo associado a

esse sistema ainda são bastante limitados. Além das dificuldades operacionais e econômicas, a

conscientização, o acesso à informação e os hábitos da população são barreiras para tais

práticas. Na maioria dos casos, mudanças significativas são atingidas após um longo período.

Há algumas normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2004),

responsável pela normatização técnica no Brasil, direcionadas aos resíduos sólidos. Algumas

delas estão listadas abaixo:

Page 21: Caracterização e Separação Física de Placas de Circuito ... · MEDEIROS, N. M. – Caracterização e separação física de placas de circuito impresso de computadores obsoletos

Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 19

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

NBR 10.004/2004 – Resíduos sólidos: Classificação;

NBR 10.005/2004 – Procedimento para obtenção de extrato lixiviado de

resíduos sólidos;

NBR 10.006:2004 - Procedimento para obtenção de extrato solubilizado de

resíduos sólidos;

NBR 10.007:2004 – Amostragem de resíduos sólidos.

Em relação a pilhas e baterias o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA)

determinou algumas limitações. A resolução de n°401 (CONAMA, 2008) determina os

limites máximos de alguns metais tóxicos como chumbo, cádmio e mercúrio para pilhas e

baterias e atribui a responsabilidade pelo gerenciamento de coleta, transporte e tratamento

ambientalmente adequado aos produtores e distribuidores.

2.3. Resíduos Eletroeletrônicos

Todo equipamento que funcione através de corrente elétrica ou do campo

eletromagnético é considerado eletroeletrônico. Os equipamentos eletroeletrônicos (EEE) são

classificados em tais categorias (ABDI, 2012):

Linha Branca: refrigeradores e congeladores, fogões, lavadoras de roupa e louça,

secadoras, condicionadores de ar;

Linha Marrom: monitores e televisores de tubo, plasma, LCD e LED, aparelhos de

DVD e VHS, equipamentos de áudio, filmadoras;

Linha Azul: batedeiras, liquidificadores, ferros elétricos, furadeiras, secadores de

cabelo, espremedores de frutas, aspiradores de pó, cafeteiras;

Linha Verde: computadores desktop e laptops, acessórios de informática, tablets e

telefones celulares.

Os resíduos eletrônicos, conhecidos pela sigla REEE (Resíduos de Equipamentos

Elétricos e Eletrônicos) se referem aos equipamentos eletroeletrônicos que não apresentam

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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 20

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

mais utilidade. Esses resíduos são compostos por equipamentos quebrados, obsoletos ou que

foram substituídos por outros mais modernos.

O crescimento populacional, o avanço tecnológico e a cultura capitalista global vêm

contribuindo para o elevado consumo desses utensílios eletrônicos. Esse aumento no consumo

dos produtos eletroeletrônicos também pode ser atribuído aos preços mais acessíveis, a

necessidade da internet na vida moderna e aos benefícios da rápida comunicação e

entretenimento.

O lixo eletrônico apresenta uma taxa exponencial de crescimento sendo a fração de

mais rápido aumento do fluxo de resíduos sólidos urbanos. Estima-se que a relação entre

computadores comprados e que provavelmente serão descartados é de 3:2 (Nnorom &

Osibanjo, 2008). As rápidas inovações tecnológicas com modelos mais sofisticados lançados

no mercado reduzem o tempo de vida útil dos produtos eletroeletrônicos, o que resulta em

grandes quantidades de lixo eletrônico.

As várias razões para esse consumo desenfreado, e consequentemente o descarte

desses produtos, são comprovadas segundo pesquisa realizada por Afroz et al. (2013) com os

moradores de Kuala Lumpur, na Malásia. A Tabela 1 mostra as razões para a atualização dos

EEE desses habitantes.

Tabela 1: Razões, dos moradores da Malásia, para adquirir EEE novos.

Razões Frequência (%)

Produto previamente danificado ou

não funcionando mais 73 22,12

Produto de baixa capacidade 37 11,21

Novos produtos com mais recursos

tecnológicos avançados 81 24,55

Aumento do nível de renda

disponível 58 17,58

Influência de outros 62 18,79

Ouras razões 19 5,76

Total 330 100

Fonte: Afroz et al. (2013).

A Tabela 1 acima mostra que 24,55% atualizaram os EEE, pois novos itens tiveram

recursos tecnológicos adicionais e mais avançados. Enquanto que 22,12% afirmaram que os

produtos estavam danificados ou não funcionavam mais. Outra razão relatada por 11,21% dos

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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 21

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

domicílios na Malásia foi que o produto, devido a sua baixa capacidade, não mais atendia às

necessidades. O aumento da renda das famílias também foi mencionado por 17,58%.

Os consumidores, portanto, atualizam seus EEE não só devido à quebra do produto,

mas também pela vontade de se obter um produto mais moderno e sofisticado. A diminuição

do tempo de vida útil pela fabricação de produtos cada vez mais descartáveis também

contribui para essa realidade.

Afroz et al. (2013) ainda mostram que apesar da maioria das famílias (59%) saberem

dos efeitos prejudicais dos REEE, somente 2 a 3% delas participam de alguma forma da

reciclagem desses resíduos. Os países emergentes, em sua maioria, não apresentam um

sistema bem definido de coleta, armazenamento, transporte, separação e disposição do lixo

como também uma regulamentação que seja eficiente na aplicação da gestão de resíduos

perigosos.

Nos países desenvolvidos também há limitações quanto à reciclagem dessas sucatas.

Em 2009 nos Estados Unidos, por exemplo, 82,3% do lixo eletrônico foram para os aterros ou

incinerados, enquanto que 17,7% foram reciclados (Kyle, 2011). Estima-se que 70% da

poluição de mercúrio e cádmio e 40% da poluição de chumbo em aterros nos EUA são

provocados por vazamento dos resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos (REEE)

segundo Puckett et al. (2002).

Cui & Zhang (2008) estimaram os valores de alguns metais encontrados em diferentes

tipos de sucatas eletrônicas. Os metais precisos de celulares, calculadoras e PCI representam

mais de 70% do valor e 40% para as TVs e DVDs. Percebe-se que os metais são os

responsáveis pelo valor agregado a esse tipo de sucata e consequentemente pelo interesse da

indústria no desenvolvimento de processos de reciclagem.

Os plásticos, segundo Kang & Schoenung (2005), são os de maior potencial

econômico depois dos metais. Normalmente os utilizados nos aparelhos eletrônicos são

materiais termoplásticos e termorrígidos de alto valor agregado. Os plásticos podem ser

reciclados por processos químicos (resíduos plásticos como matéria prima para processos

petroquímicos), mecânicos (os resíduos são triturados e reutilizados na produção de novos

plásticos) e térmicos (usados como combustível alternativo).

Entretanto, devido aos elevados custos de reciclagem e aos custos quanto à disposição

adequada desses resíduos, muitos países desenvolvidos (com grande produção e geração de

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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 22

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

REEE) os exportam para países emergentes da África e Ásia. Segundo a indústria de

reciclagem estima-se que 50 a 80% do lixo coletado nos EUA destinado teoricamente ao

processo de reciclagem na realidade é enviado para países como China (Puckett et al., 2002).

Isso mostra a importância da implementação de um processo acessível para reciclagem e

reaproveitamento dos REEE.

2.3.1. Situação dos REEE no mundo

A expansão da indústria de eletroeletrônicos se intensificou entre 1980 e 1989, com

uma estimativa de 21 milhões de computadores vendidos no mundo todo; em 1998 chegou a

93 milhões (Nnorom & Osibanjo, 2008; Kang & Schoenung, 2005). Em 2001, mais de 300

milhões de pessoas no mundo usavam internet e estimava-se, que dentre dois anos (até 2003),

haveria um aumento para mais de 500 milhões (Fichter, 2003).

A consequência desse crescimento na produção e no consumo de computadores é o

descarte precoce. Estimou-se que a quantidade de computadores que se tornaram obsoletos,

ou seja, fora de uso, foi de aproximadamente 100 milhões em 2004 e que os REEE já

compõem 8% do lixo sólido urbano (Widmer et al., 2005). Robinson (2009) afirma que entre

os anos 2009 e 2014 um bilhão de computadores seriam aposentados.

Os REEE estão se acumulando e crescendo com taxas entre 5 a 10% por ano (Huang

et al., 2009). Huisman et al. (2007) preveem que até 2020, o total dos REEE crescerá entre

2,5% e 2,7% por ano, chegando a 12,3 milhões de toneladas aproximadamente.

O maior país gerador de lixo eletrônico são os Estados Unidos (EUA) chegando a um

acúmulo total de 3 milhões de toneladas. Em 2007, 410 mil toneladas foram recicladas

(13,6%) enquanto que o restante foi jogado impropriamente em aterros ou incinerados

(Oliveira et al., 2012).

Oliveira et al. (2012) também afirmam que a cada ano 2,3 milhões de toneladas são

geradas domesticamente na China e que é o segundo maior país a gerar mais lixo eletrônico.

A América Latina por ser um continente com taxa de urbanização de 75%, acima da média

global de 50%, também apresenta grande geração de lixo eletrônico. A Figura 1 mostra a

situação de alguns países em relação ao lixo eletrônico gerado por computadores obsoletos.

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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 23

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

Figura 1: Quantidade de lixo eletrônico gerado por computadores em toneladas/ano. Fonte:

Schluep et al. (2009).

Como muitos países emergentes, a Índia é um dos alvos de despejo indiscriminado de

resíduos. Só em Calcutá 5.000 toneladas de lixo eletrônico são gerados todo ano e 20

toneladas são importados todos os dias. Em Bangalore toneladas de plásticos e metais como

cobre, mercúrio, zinco e chumbo também representam um problema (Das et al., 2009).

Schluep et al. (2009) afirmam que em 2007 a Índia e China geraram em média

439.000 e 2.212.000 toneladas de resíduos eletrônicos, incluindo computadores, celulares,

televisões, refrigeradores e impressoras. Dentre esses eletrônicos o volume de computadores

aumentará em até 4 vezes na China e 5 vezes na Índia até 2020 sem contar com o aumento

dos aparelhos telefônicos de até 18 vezes na Índia.

2.3.2. Situação dos REEE no Brasil

O Brasil, por ser um país populoso e um dos grandes países emergentes, produz e

consome muitos produtos. Em relação ao lixo eletrônico (computadores, celulares, televisões,

refrigeradores e impressoras), o Brasil gerou em 2005 em média 368.300 toneladas se

destacando entre os países em desenvolvimento. Desse número 96.800 toneladas são de

computadores descartados (Schluep et al., 2009).

A média de vida de aparelhos celulares no Brasil é menos de dois anos e 10 a 20% se

tornam inativos a cada ano. A tabela a seguir mostra a quantidade de lixo eletrônico gerado no

0

50000

100000

150000

200000

250000

300000

350000

México (2006) Brasil (2005) China (2007) Índia (2007)

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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 24

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

Brasil no ano de 2009.

Tabela 2: Quantidade de lixo eletrônico gerado no Brasil em 2009.

ton/ano kg/cap

Telefones fixos e móveis, televisores,

rádios, maquinas de lavar, refrigeradores e

freezers

678.960 3,4

Telefones fixos e móveis, televisões e

computadores 202.450 1,0

Computadores 99.999 0,5

Fonte: Pinheiro et al. (2009).

Araújo et al. (2012) estudaram os equipamentos eletroeletrônicos no Brasil e

concluíram que são responsáveis por 4% do produto interno bruto, se destacando como um

dos setores mais dinâmicos da economia brasileira, e com características de contínua

expansão. O Brasil se encontra entre os cinco maiores produtores de computadores no

mercado global. Entre 2000 e 2008 houve um enorme crescimento de venda e estoque de

computadores e telefones celulares: 385% e 526% respectivamente. Isso mostra que o

mercado dos EEE, aflorado pela tecnologia em contínuo avanço, é um mercado com alto

potencial de geração de resíduos.

Esses EEE descartados poderiam ser reciclados e reutilizados economizando energia.

O alto valor agregado dos constituintes presentes nos REEE, principalmente dos metais e

polímeros, faz com que os REEE sejam uma fonte alternativa desses recursos. A Tabela 3

mostra a relação desse material reciclado com a economia de energia.

Tabela 3: Economia de energia dos materiais reciclados

Material Economia de Energia (%)

Alumínio 95

Cobre 85

Ferro e Aço 74

Chumbo 65

Zinco 60

Papel 64

Plástico >80

Fonte: Cui & Forssberg (2003).

A reciclagem de compostos metálicos é interessante, pois representa um ganho

econômico, energético e ambiental. O processo em que os metais são extraídos diretamente

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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 25

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

dos minérios (produção primária) consome mais energia quando comparado aos metais

obtidos pelos resíduos eletrônicos (produção secundária). O consumo de energia em média é

de 116 GJ/ton na produção primária de cobre enquanto que na produção secundária gasta-se

19 GJ/ton, representando uma economia de 83%. No caso do alumínio a economia chega a

95%, a do magnésio 97% (Hayes, 1993 apud Veit, 2001).

No Brasil há poucas indústrias especializadas na reciclagem e no reaproveitamento de

resíduos. Na maioria das vezes o material é enviado para o exterior para que seja processado.

A única empresa que apresenta todo seu processo industrial no Brasil é a Suzaquim Ltda, São

Paulo (Suzaquim, 2014).

A UMICORE, originária na Bélgica, é uma empresa de liderança mundial no refino de

metais preciosos. Estão presentes em vários países, inclusive o Brasil desde 2005, e dentre as

suas áreas de atuação incluem os metais e a reciclagem (Umicore, 2014).

A Cimelia, localizada em Cingapura, é uma empresa que oferece serviços de

gerenciamento e reciclagem de metais de sucatas eletroeletrônicas obsoletas. Possui pontos de

coletas espalhados por vários países. No Brasil se encontra em Campinas, São Paulo (Cimelia,

2014).

2.4. Placa de Circuito Impresso

A indústria eletroeletrônica utiliza intensamente as placas de circuito impresso para o

processamento de dados, estando presente, portanto, na estrutura da maioria dos produtos

dessa área. As PCI são compostas predominantemente por metais (40%), polímeros (30%) e

cerâmicos (30%), segundo He et al. (2006). Quando retirados todos os componentes, tem-se

uma predominância da fase não metálica (FNM) - 72% (Li et al., 2004).

A fração não metálica (FNM) é composta por materiais cerâmicos e plásticos. Os

plásticos compostos nas PCI são basicamente retardantes de chama, polímeros halogenados,

resinas e fibra de vidro. Os materiais cerâmicos presentes nas PCI são basicamente sílica e

alumina. A fração metálica (FM) é composta por metais de base como cobre, ferro, alumínio e

estanho; metais raros como tântalo, gálio e metais do grupo da platina (Pt, Pd, Rd, Rh); metais

nobres como ouro, prata e paládio e metais perigosos como crômio, chumbo, berílio,

mercúrio, cádmio, zinco e níquel (Li et al., 2004; Guo et al., 2009).

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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 26

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

No lixo eletrônico, as PCI provenientes dos resíduos de equipamentos elétricos e

eletrônicos representavam, em 2003, 3% do peso total desses REEE segundo dados de

Basdere & Seliger (2003). Chao et al. (2011) afirmam que as PCI são 6% do peso total dos

REEE.

Metais preciosos, como o grupo da platina apresentam elevada estabilidade química e

boa condutividade elétrica e assim são largamente aplicados em aparelhos eletrônicos (Cui &

Zhang, 2008). Segundo Betts (2008) as PCI possuem dez vezes maior concentração de metais

nobres em relação à concentração nos minerais de onde foram extraídos.

2.5. Metais e seus impactos na saúde e no meio ambiente

O lixo eletrônico pode prejudicar a saúde humana de duas formas, como Kiddee et al.

(2013) citam:

através da cadeia alimentar, onde há contaminação das águas e dos solos devido aos

processos informais de reciclagem havendo a transferência das substâncias tóxicas

para os seres humanos;

pela exposição, daqueles que trabalham com esse processo informais de reciclagem, às

substâncias tóxicas liberadas.

Pessoas que vivem nas áreas em que o lixo está sendo reciclado de maneira

inapropriada apresentaram concentrações elevadas de substâncias tóxicas em exames

realizados no sangue, soro, cabelo, leite humano e urina. Na China foram detectados altos

níveis de chumbo e cádmio nos sangue de crianças em regiões próximas a essas reciclagens

informais (Zheng et al., 2008).

Wong et al. (2007) estudaram o grau de contaminação do meio ambiente proveniente

das substâncias químicas liberadas pelos processos de reciclagem informal dos resíduos

eletrônicos em Guiyu, cidade na China que mais recebe esse tipo de lixo e onde a reciclagem

informal é intensamente praticada. Poluentes orgânicos (retardantes de chama), dioxinas,

furanos, hidrocarbonetos aromáticos e metais tóxicos como chumbo, cromo, zinco e cádmio

foram detectados na atmosfera e nos solos dessa região.

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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 27

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

Em Guiyu ainda na China, níveis elevados de dioxinas foram encontrados no leite e no

cabelo das pessoas onde provavelmente foram contaminados pelo ar, pela água ou por

alimentos (Chan et al., 2007). A existência de metais pesados e compostos retardantes de

chama implica em danos à saúde dos trabalhadores que reciclam os resíduos eletroeletrônicos.

A Tabela 4 mostra os perigos dos metais à saúde humana.

Tabela 4: Relação de alguns metais com a saúde humana.

Elemento Principais danos causados à saúde humana

Alumínio Relaciona-se ao mal de Alzheimer com contaminação crônica.

Bário Efeitos no coração, constrição dos vasos sanguíneos, elevação da

pressão arterial e efeitos no sistema nervoso central.

Cádmio Acumula-se nos rins, fígados, pulmões, pâncreas, testículos e coração.

Em intoxicação crônica pode causar lesão renal, deformação fetal,

câncer, descalcificação óssea e enfisema pulmonar.

Chumbo O mais tóxico. Acumula-se nos ossos, cabelos, unhas, cérebro, fígado e

rins. Cauda dores de cabeça, anemia, atinge sistema nervoso central,

sistema renal, alterações gastrintestinais, neuromusculares e

hematológicas, podendo levar à morte.

Cobre Lesões no fígado.

Cromo Pode provocar anemia, alterações hepáticas e renais e câncer no

pulmão.

Mercúrio Altamente tóxico. Efeito acumulativo, lesões no sistema nervoso

central, absorvidos pelos pulmões, modifica as configurações das

proteínas.

Níquel Provoca mutação genética, câncer.

Fonte: Adaptado de ABDI (2012).

Elevadas concentrações de cobre, cádmio, mercúrio, chumbo, cromo, cobalto, estanho,

zinco, prata, bismuto e índio também foram encontrados em Bangalore, Índia nos solos e nos

ares próximos às áreas de reciclagem (Ha et al., 2009).

O lixo eletrônico descartado nos aterros sanitários, por mais que sejam seguros e

modernos com capacidade de isolamento, há risco de vazamento de produtos químicos e

metais. Há ainda o agravante de milhares de aterros sanitários antigos onde o controle e a

proteção são menores. Esses poluentes podem se deslocar pelos solos e água subterrânea tanto

dentro quanto pelas redondezas dos aterros (Kasassi et al., 2008).

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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 28

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

2.6. Métodos de Tratamento de Placas de Circuito Impresso

O processo de tratamento das placas de circuito impresso se torna difícil devido a

heterogeneidade da composição exigindo, portanto, várias etapas de tratamento. A

complexidade aumenta ainda mais por seus constituintes apresentarem alto grau de

periculosidade ao meio ambiente.

As operações aplicadas ao tratamento das PCI são basicamente as mesmas realizadas

para o tratamento ou beneficiamento de minérios, como também pode ser chamado. Essas

operações consistem em alterar a granulometria e a concentrar determinadas espécies sem, na

maioria das vezes, modificar aspectos físicos e químicos.

Os métodos de tratamento das PCI para a reciclagem de seus constituintes são

classificados em três estágios (Moraes, 2011):

Desmontagem: etapa de pré-tratamento onde os materiais são separados;

Beneficiamento: etapa de separação e concentração de materiais através de

processos mecânicos/físicos e processos metalúrgicos;

Refinamento: etapa de recuperação de materiais mais puros por processos

mecânicos/químicos.

2.6.1. Processo Mecânico

Os processos mecânicos geralmente são utilizados para tratar o material fisicamente e

deixá-lo em melhor estado para os tratamentos subsequentes. Durante essa etapa também

objetiva-se liberar, separar e homogeneizar os vários tipos de componentes.

Segundo Cui & Forssberg (2003) o tamanho da partícula, a forma e o grau de

liberação estão estritamente ligados ao processo mecânico utilizado. A grande maioria dos

processos mecânicos possuem uma faixa de tamanho ideal para se obter uma boa eficiência.

Esses processos englobam muitas operações realizadas no tratamento de minérios que

geralmente são aplicados, neste tipo de pesquisa, para a concentração de determinada fração

de interesse das demais frações do resíduo. Funciona como um pré-tratamento para os

procedimentos posteriores de reaproveitamento.

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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 29

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Vários estudos aplicaram processamento mecânico para o tratamento de placas de

circuito impresso como Zhang & Forssberg (1999); Lee et al. (2012) e Sant’ana et al. (2013).

Há diversos tratamentos que podem ser usados nesta etapa. Os principais são:

desmantelamento, cominuição, separação granulométrica, separação magnética, separação por

densidade e separação eletrostática.

2.6.1.1. Desmantelamento e Corte

O processo de desmantelamento se caracteriza pela desmontagem manual dos

componentes eletrônicos acoplados na placa de circuito impresso, restando somente o

substrato. Os principais componentes são: processador, memória RAM, memória ROM,

bateria, chipset, conectores, e capacitores.

É comum nessa etapa a negligência e a falta de procedimentos e ferramentas

adequadas que consigam retirar as peças eletrônicas sem danificá-las, o que ocorre

frequentemente. A variedade dos produtos eletroeletrônicos, os diversos modelos e designs,

problemas de coleta e retorno dificultam o desenvolvimento e a implementação de um

processo automatizado e rentável de desmantelamento (Cui & Forssberg, 2003).

Porém, quando realizado de maneira correta e eficiente esse processo pode contribuir

para a reciclagem através do reuso de componentes, da retirada de componentes perigosos e

de componentes e materiais valiosos de alto valor econômico.

Para que haja a implementação de um bom processo de desmontagem visando um

maior aproveitamento dos componentes é necessário ferramentas de alta eficiência e

flexibilidade. A montagem de EEE já é bem aplicada e automatizada com auxílio de robôs,

diferentemente da desmontagem precária e manual (Zeng et al., 2012; Cui & Forssberg,

2003).

Apesar das dificuldades, estudos estão contribuindo para o avanço desse processo. Lee

et al. (2012), através de um aparelho, aplicaram o processo de desmontagem dos componentes

das PCI. Zeng et al. (2012) mostram as contribuições desenvolvidas mais recentemente que

visam a melhoria nos processos de desmantelamento para aplicação até mesmo em escala

piloto.

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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 30

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2.6.1.2. Cominuição

O processo de moagem ou ainda cominuição consiste na redução do tamanho pela

força mecânica. Essa etapa é relevante, pois a fragmentação em tamanhos menores implica na

liberação física dos materiais possibilitando a concentração posterior dos diversos

componentes. Essa ação mecânica pode ser através de “facas”, “martelos” ou “bolas” que

correspondem aos mecanismos de corte, impacto e abrasão respectivamente. Dos tipos de

moinho citados, os mais empregados para a cominuição das PCI são de martelos e de facas

(Veit, 2001).

Segundo estudos de liberação dos materiais das PCI através de processos mecânicos

realizados por Zhang & Forssberg (1999) o uso de moinhos de martelos na cominuição pode

agrupar ou encapsular partículas de metais em formas arredondadas, em particular o alumínio.

Por isso, o moinho de martelos não é apropriado para a etapa inicial de cominuição. Assim,

uma cominuição que envolva corte é o mais recomendado.

Cada tipo de moinho apresenta um mecanismo de fratura, o que influencia na

liberação dos materiais e no desgaste do equipamento. O processo de desgaste pode

contaminar o material de estudo incorporando componentes não pertencentes a amostra

original. Esses componentes contaminantes são na verdade o material desgastado do

equipamento. Portanto, o tempo de permanência do material no processo de cominuição é

importante e deve ser o mínimo possível (Chaves & Peres, 1999 apud Moraes, 2011).

2.6.1.3. Separação Granulométrica

A separação granulométrica é relevante, pois proporciona a uniformização do material

para os processos físicos, evitando a interferência de um grão maior sobre um grão menor. A

classificação granulométrica também pode concentrar determinado tipo de material

(polimérico, cerâmico ou metálico) em uma faixa granulométrica.

As peneiras vibratórias, instrumento utilizado para esse tipo de separação, são

superfícies compostas por fios e áreas vazadas, quanto mais fios menor é a área. As partículas

de menor tamanho que as áreas vazadas passam por essas perfurações enquanto que as

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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 31

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maiores são retidas nessa superfície. Assim, o material que passa pela peneira chama-se

material passante e o material que permanece na peneira material retido.

Zhang & Forssberg (1999) concluíram que os metais estão quase completamente

liberados na faixa abaixo de 3 mm. Em frações mais grossas que essa faixa granulométrica os

metais como o Cu, por exemplo, apresentam menor liberação, pois estão associados a

materiais plásticos e cerâmicos.

Veit (2001) acrescenta que em granulometrias abaixo de 1 mm há uma boa

desagregação dos metais em relação aos demais materiais, se concentrando na faixa entre 0,5

e 1 mm. A liberação dos materiais é significativamente importante para a implementação de

um processo de separação posterior (Zhang & Forssberg, 1997).

2.6.1.4. Separação Magnética

Essa técnica também é usada no processamento de tratamento de minérios. Os

materiais que apresentam resposta a um campo magnético são suscetíveis a ele e assim

conseguem ser separados.

Devido a essa susceptibilidade magnética, os materiais se dividem em dois grupos: os

que são atraídos pelo campo e os que são repelidos. Aqueles que são atraídos são classificados

como materiais ferromagnéticos (fortemente atraídos) e paramagnéticos (fracamente atraídos)

enquanto que aqueles que são repelidos são classificados em diamagnéticos (Sampaio et al.,

2004). As propriedades magnéticas dependem da estrutura eletrônica dos elementos e do

arranjo dos átomos no sólido (estrutura cristalina).

A técnica de separação magnética pode ser empregada tanto a seco como a úmido.

Para partículas mais grossas, utiliza-se, normalmente, o método a seco, enquanto que para as

mais finas, a separação úmida.

Há vários tipos de separadores magnéticos, o mais utilizado, porém é o separador

isodinâmico Frantz, devido possivelmente a sua versatilidade e aplicação. É composto

resumidamente por uma calha vibratória com inclinações, lateral e longitudinal, variáveis e

padronizadas em 15° e 25° respectivamente, e dois eletroímãs, de corrente regulável,

responsáveis pelo campo magnético. A separação depende do campo magnético, das

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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 32

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

inclinações lateral e longitudinal, da velocidade de escoamento, da granulometria e da

quantidade de material alimentada. A separação é muita lenta, trabalhando-se, portanto com

pouco material (Neumann et al., 2002).

Os grãos susceptíveis ao magnetismo interagem com o campo. Aqueles fortemente

magnéticos são separados vencendo a força gravitacional devido à inclinação lateral, ou seja,

vencendo a força peso que depende do tamanho dos grãos. A inclinação longitudinal

(vertical), que também sofre influencia da força da gravidade, e a granulometria influenciam

na velocidade de escoamento, que interfere na interação dos grãos com o campo magnético.

Uma velocidade de escoamento muito rápida, geralmente característica dos grãos maiores, faz

com que a interação não seja forte o suficiente para a separação dos grãos.

A separação magnética é importante para a retirada dos metais fortemente magnéticos

que poderiam interferir nas próximas etapas. Muitos estudos tem utilizado esse método de

separação para a caracterização e recuperação de metais das PCI (Yamane et al., 2011;

Kasper et al., 2011 e Cui & Forssberg, 2003).

2.6.2. Processo Pirometalúrgico

O processo pirometalúrgico é uma técnica de reciclagem química que faz uso da

temperatura para tratar o material. Esse método proporciona a concentração de metais com a

aplicação de elevadas temperaturas, observando as diferenças no ponto de fusão dos

materiais, onde os polímeros são degradados e as frações cerâmicas e metálicas se concentram

na escória (Cui & Zhang, 2008).

Uma das desvantagens é o alto consumo energético, o que implica também em altos

custos. Outra problemática desse método é a emissão de dioxinas, furanos e metais voláteis

das emissões gasosas provocadas pela degradação da fase polimérica (retardadores de chama).

Essas substâncias são tóxicas e o cuidado e o tratamento dessas emissões são importantes e

levadas em consideração para a implementação do processo (Petter, 2012).

Hung-Lung et al. (2007) aplicaram o processo de pirólise como um método de

reciclagem de metais e compostos bromados nas PCI. Estudaram os efeitos do tamanho da

partícula e da temperatura nos componentes das PCI e dos resíduos da pirólise, produtos

líquidos com o objetivo de otimizar o processo de pirólise nas condições que causem menor

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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 33

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

impacto ambiental. Hall & Williams (2007) também aplicaram o processo de pirólise como

tratamento de placas de circuito impresso. Outros exemplos de processos pirometalúrgicos

que podem ser aplicados são incineração, fusão e sinterização.

2.6.2.1. Pirólise

A pirólise é um método interessante na reciclagem uma vez que os produtos podem ser

recuperados e reutilizados no próprio processo de pirólise ou até mesmo em demais

processos, solucionando o problema das emissões e economizando energia (Quan et al.,

2010).

Há muitos estudos sobre a pirólise das placas de circuito impresso. Quan et al. (2009)

realizaram um estudo da pirólise de PCI em uma TG com atmosfera inerte de nitrogênio. Os

componentes das PCI foram retirados e somente o substrato foi utilizado. As amostras foram

aquecidas da temperatura ambiente a 800°C e ao atingir essa temperatura permaneceu durante

10 min. Terminado o experimento o forno foi desligado e o aquecimento cessado. A

atmosfera inerte de nitrogênio permaneceu durante o resfriamento até a temperatura ambiente.

Long et al. (2010) estudaram a combinação de reciclagem mecânica com pirólise a

vácuo para o desenvolvimento de um processo de baixo impacto ambiental. A pirólise foi

realizada em uma escala piloto com um reator de leito fixo para reciclar resinas orgânicas

contidas nas PCI.

Moraes (2011) estudou a recuperação de metais por processos mecânicos e

hidrometalúrgicos de PCI retiradas de aparelhos celulares e Yamane (2012) a recuperação de

metais por processos biohidrometalúrgicos de PCI de computadores. Ambas caracterizaram

seu material em atmosfera inerte de argônio atingindo uma temperatura de 800°C e

permanecendo durante 1 hora.

Durante a pirólise há liberação de gases e líquidos referentes à degradação térmica dos

materiais poliméricos e de demais resinas. Há alguns estudos também quanto a caracterização

destes, como por exemplo, Ortuño et al. (2014) que estudaram a caracterização das emissões

do processo de degradação térmica de PCI de aparelhos celulares.

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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 34

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

Hao et al. (2014) estudaram a pirólise das placas de circuito impresso misturadas com

carvão como proposta de um novo método de processamento. A pirólise foi realizada sob

atmosfera inerte de nitrogênio. A vazão de nitrogênio utilizada na TG como gás de proteção

foi de 50 ml/min.

2.6.3. Processo Hidrometalúrgico

O processo hidrometalúrgico tem como objetivo a dissolução de metais através de um

ataque ácido ou básico. A fase líquida, solução ácida ou básica, é usada para dissolver algum

componente da fase sólida ocorrendo, portanto, reações de transferência entre as fases. O

processo mais empregado é a lixiviação.

Normalmente, segundo afirma Santanilla (2012), após a lixiviação, outros métodos

hidrometalúrgicos são aplicados para a recuperação do material que se tem interesse como a

precipitação (pela formação de sal ou hidróxidos) e a eletrodeposição (recuperação na forma

metálica). Birloaga et al. (2013) e Tuncuk et al. (2012) utilizaram processos

hidrometalúrgicos para o tratamento de placas de circuito impresso.

Segundo Cui & Zhang (2008) processos piro-hidro e bio metalúrgicos são utilizados

para a recuperação de metais de alto valor agregado. Porém, os processos hidrometalúrgicos

são mais adequados em relação aos pirometalúrgicos, pois são controlados mais facilmente,

são de maior exatidão e são mais adequados quanto aos problemas ambientais. (Yang et al.,

2011).

2.6.3.1. Lixiviação

A lixiviação é na verdade a transferência de um componente presente na fase sólida

para a fase líquida, através da sua solubilização. Para que esse processo de extração ocorra a

fase líquida pode ser uma solução ácida ou alcalina.

Como os resíduos eletroeletrônicos apresentam elevada quantidade e variedade de

metais apreciáveis economicamente, a extração e a recuperação desses materiais valiosos são

bastante visadas.

Behnamfard et al. (2013) estudaram a recuperação de cobre e metais precisos como

paládio e ouro através do processo químico de lixiviação. Utilizaram 4 placas de

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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 35

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

computadores de fornecedores distintos onde foram reduzidas a partículas menores que 0,3

mm. Realizaram várias lixiviações ácidas com ácido sulfúrico, tiouréia e ácido clorídrico.

Nogueira et al. (2014) também aplicaram a lixiviação para recuperação de metais de alto valor

agregado como paládio e ródio. Petter et al. (2014) analisaram a lixiviação de ouro e prata de

placas de circuito impresso de celulares.

Segundo Petter et al. (2014) a água régia (HCl/HNO3) é uma solução ácida forte e a

mais agressiva para extrair a maioria dos metais, principalmente o cobre. Park & Fray (2009)

usaram água régia para a lixiviação de alguns metais como prata, ouro e paládio e analisaram

a proporção sólido/solução para melhor dissolução encontrando que 1g/20ml seria a mais

adequada. Yamane et al. (2011) estudou a caracterização de placas de circuito impresso de

computadores e aparelhos celular. Utilizou água régia na proporção sólido líquido de 1g/20ml

durante 24 horas a temperatura ambiente.

Apesar das lixiviações ácida e alcalina serem normalmente as mais utilizadas há,

porém, outros estudos de lixiviação envolvendo bactérias. Essa técnica, já aplicada ao

tratamento de minérios, está se expandindo também ao tratamento de resíduos

eletroeletrônicos. Yamane et al. (2013) estudaram os parâmetros e suas influências no

processo de lixiviação bacteriana nas sucatas eletrônicas.

2.6.4. Processo Eletrometalúrgico

O processo eletrometalúrgico no tratamento dos resíduos eletrônicos é aplicado para

recuperação do metal puro, é um processo de refinamento como, por exemplo, a eletro-

obtenção.

A eletro-obtenção é uma técnica caracterizada pela reação eletroquímica envolvendo a

transferência de cargas entre dois eletrodos imersos (cátodos e ânodos) em uma solução

condutora ou eletrólito onde o metal a ser recuperado deve estar. Os íons metálicos da solução

eletrolítica são depositados sobre o cátodo (eletrodo de polo negativo).

Veit et al. (2006) após o tratamento físico aplicaram o processo de eletrometalurgia

para recuperar alguns metais separadamente, especificamente o cobre. Jayakumar et al.

(2011) estudaram a recuperação de metais valiosos como paládio, ródio e rutênio através da

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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 36

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

eletrodeposição química. Fogarasi et al. (2014) estudaram a recuperação de cobre e ouro

através da combinação de oxidação eletroquímica imediata.

A vantagem da utilização do processo eletrometalúrgico é que se pode depositar um

determinado metal de interesse mantendo os demais dissolvidos na solução. É um processo de

poucas etapas, relativamente simples e apresenta boa aplicação.

2.6.5. Processo Biohidrometalúrgico

São processos em que a solubilização de metais se dá pela ação de microorganismos.

Essa técnica já é conhecida há um tempo, mas sua utilização como rota alternativa na

recuperação de metais vem sendo aplicada mais recentemente.

Segundo Yamane, 2012 as vantagens do processo biohidrometalúrgico envolve a

economia nos agentes oxidantes utilizados nos processos convencionais hidrometalúrgicos, a

energia necessária e a emissão de gases poluentes em relação aos processos pirometalúrgicos.

A principal desvantagem é a lentidão do processo.

2.6.6. Processo de caracterização

Os processos de caracterização utilizados nesse trabalho foram os processos de

lixiviação, pirólise, análise em FRX, separação magnética e técnica de Gaudin.

Os processos de lixiviação e pirólise são processos, normalmente, de tratamento de

placas de circuito impresso, mas também são aplicáveis para caracterização desses materiais.

Ambas as técnicas se complementam para a determinação da composição dos materiais

metálicos, poliméricos e cerâmicos.

A análise de fluorescência de raios X (FRX) é uma técnica frequentemente aplicada à

caracterização de materiais quanto a composição química. A amostra é exposta a um feixe de

radiação provocando a excitação dos elétrons nas camadas mais externas dos átomos. Por

efeito fotoelétrico, uma fonte de radiação X é usada para ionizar os níveis internos dos

átomos. No regresso ao estado fundamental, o excesso de energia é liberado por emissão de

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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 37

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

fótons, que se dá pela diferença de energia de ligação entre os níveis de transição, que é

característico do elemento.

A separação magnética também foi aplicada nesse trabalho para a quantificação da

composição química dos materiais suscetíveis e não suscetíveis a um campo magnético, ou

seja, materiais magnéticos e não magnéticos de cada uma das faixas granulométricas

estudadas.

A análise de liberação de grãos tem como objetivo a determinação do grau de

liberação das partículas dos materiais envolvidos, ou seja, a “porcentagem” correspondente

aos grãos desagregados uns aos outros. Uma das técnicas de liberação de grãos é o método de

Gaudin que consiste na contagem de todas as partículas liberadas e mistas do mineral de

interesse da amostra. A aplicação do método só é viável sendo possível a distinção do mineral

e do material que não se tem interesse. É considerado um método simples e com boa

representação da liberação dos grãos (Barbosa et al., 2014).

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CAPÍTULO 3

METODOLOGIA EXPERIMENTAL

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Capítulo 3 – Metodologia Experimental 39

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

3. Metodologia Experimental

3.1. Materiais

3.1.1. Placas de Circuito Impresso

As placas de circuito impresso deste trabalho foram fornecidas pelo Departamento de

Material e Patrimônio (DMP/UFRN), responsável pelos computadores obsoletos de toda a

Universidade Federal do Rio Grande do Norte. São computadores que não são mais utilizados

e que são descartados e recolhidos pelo DMP. As placas referentes a esse computadores são

de vários fabricantes, não tendo distinção de marca e ano. A Figura 2 mostra uma placa de

circuito impresso.

Figura 2: Placa de circuito impresso completa.

As placas de circuito impresso são compostas de maneira geral do substrato e dos

componentes. Ela pode ser manuseada da seguinte forma:

Placa completa (substrato + componentes)

Componentes (bateria, capacitores, processador, etc..)

Substrato (placa sem componentes)

No presente trabalho utilizou-se somente o substrato, porém será sempre referida aqui

como placa de circuito impresso (PCI). Para fins de pesquisa utilizou-se 10 placas totalizando

o equivalente em massa de 2,07 Kg.

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Capítulo 3 – Metodologia Experimental 40

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

3.1.2. Soluções

As soluções e reagentes utilizados para o desenvolvimento da pesquisa estão listados a

seguir com suas finalidades descritas respectivamente.

Ácido clorídrico (HCl): utilizado na formulação da água régia;

Ácido nítrico (HNO3): utilizado na formulação da água régia.

O ácido nítrico e o ácido clorídrico foram usados na proporção de 1:3 para a

formulação da água régia no processo de digestão dos metais na etapa de caracterização das

placas. A mistura desses dois ácidos concentrados resulta em produtos voláteis como o cloreto

de nitrosilo (NOCl) e o cloro (Cl-). A solução de água régia perde sua potência à medida que

os produtos voláteis escapam, por isso usa-se imediatamente após o preparo. Abaixo a

representação da reação química da mistura.

𝐻𝑁𝑂3(𝑎𝑞) + 3𝐻𝐶𝑙(𝑎𝑞) → 𝑁𝑂𝐶𝑙(𝑔) + 2𝐶𝑙−(𝑔) + 2𝐻2𝑂(𝑙) [Equação 1]

3.1.3. Equipamentos

Os equipamentos utilizados em todas as etapas físicas e químicas desde o

desmantelamento até a separação magnética estão listados abaixo:

Soprador Térmico de marca Vonder 2.000W que atinge temperaturas entre 350°C a

550°C. Utilizado na retirada dos componentes das placas de circuito impresso.

Guilhotina Tesourão. Utilizado na redução do tamanho da placa de circuito impresso a

fragmentos de aproximadamente 4cm2.

Moinho de Facas de 8 lâminas. Utilizado na cominuição das placas de circuito

impresso.

Conjunto de Peneiras Vibratórias Solutest e agitador de peneiras redondas Viatest.

Peneiras de abertura NBR 1,18 mm (ASTM 16, Mesh/Tyler 14); de 0,5 mm (ASTM

35, Mesh/Tyler 32) e 0,25 mm (ASTM 60, Mesh/Tyler 60).

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Capítulo 3 – Metodologia Experimental 41

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

Forno tubular. Utilizado na pirólise para a caracterização do material.

Estufa de Esterilização e Secagem de marca Linea. Utilizado após a lavagem na etapa

de lixiviação para a caracterização do material.

Agitador Fisatom, modelo 752A. Utilizado nos ensaios de lixiviação.

Separador Magnético Isodinâmico Frantz. Utilizado para separar os materiais

magnéticos dos não magnéticos.

Balança analítica de três casas decimais.

Lupa binocular de dez vezes de aumento. Utilizado para análise de grau de liberação

de grãos.

Granulômetro CILAS 1180. Utilizado para análise de tamanho de grãos.

3.2. Métodos

Neste trabalho alguns processos foram aplicados às placas de circuito impresso para a

caracterização, a concentração de determinados constituintes, como também a separação de

componentes. A Figura 3 mostra os métodos utilizados.

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Capítulo 3 – Metodologia Experimental 42

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

Figura 3: Fluxograma dos processos aplicados às placas.

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Capítulo 3 – Metodologia Experimental 43

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

3.2.1. Desmantelamento e Corte

A etapa de desmantelamento é a retirada manual dos componentes que estão acoplados

a placa mãe. Alguns desses componentes são: processador, memória RAM, memória ROM,

bateria, chipset, conectores e capacitores. Os componentes foram retirados com o auxílio de

alicates e de um soprador térmico de marca Vonder 2000W que atinge temperaturas entre 350

e 550°C. Como o trabalho é referente ao substrato, não incluindo os componentes que

também podem ser reaproveitados, foi necessária a remoção destes. A Figura 4 mostra a placa

antes e depois da soldagem, e a Figura 5 o soprador térmico utilizado.

Figura 4: Placa de circuito impresso antes (substrato + componentes) e depois (substrato) do

desmantelamento.

Figura 5: Soprador térmico Vonder.

Para reduzi-las a pó, precisou primeiramente diminuir o tamanho para que pudessem

ser processadas no moinho. Utilizou-se para isto, uma guilhotina tesourão em que o tamanho

das placas é reduzido a fragmentos menores de aproximadamente 4cm2.

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Capítulo 3 – Metodologia Experimental 44

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

Figura 6: a) Placa reduzida a fragmentos; b) Guilhotina tesourão.

3.2.2. Cominuição

As placas de circuito impresso, com seu tamanho reduzido a fragmentos, foram

processadas no moinho de facas para serem moídas a tamanho de grãos. O moinho de facas de

8 lâminas utilizado é mostrado na Figura 7.

Figura 7: Moinho de facas.

Os fragmentos das placas de circuito impresso foram alimentados aos poucos no

moinho até sua completa cominuição que ocorre em poucos minutos. A velocidade de rotação

é média durando aproximadamente 1h para triturar todos os fragmentos de uma placa unitária.

O pó é retirado e armazenado.

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Capítulo 3 – Metodologia Experimental 45

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

3.2.3. Separação Granulométrica

Após a moagem, foi realizado o quarteamento do material triturado de 2,07Kg em

frações menores de 500g e então utilizou-se 207,6g (correspondendo em média ao peso de

uma placa). As placas trituradas foram classificadas em três faixas granulométricas por um

conjunto de peneiras vibratórias como mostra Figura 8. Colocou-se o material de 207,6g na

peneira superior onde permaneceu durante 20 minutos.

O material triturado se distribuiu nas três faixas granulométrica. As peneiras

utilizadas foram de abertura NBR 1,18 mm (ASTM 16, Mesh/Tyler 14); de 0,5 mm (ASTM

35, Mesh/Tyler 32) e 0,25 mm (ASTM 60, Mesh/Tyler 60).

Figura 8: Conjunto de peneiras vibratórias e agitador.

As três faixas granulométricas trabalhadas são representadas pelas nomenclaturas N1,

N2 e N3. A amostra N1 corresponde as partículas [-14#/+32#], a amostra N2 corresponde as

partículas [-32#/+60#] e a amostra N3 corresponde as partículas [-60#]. O material retido na

peneira 14 Mesh, de nomenclatura N0, foi desconsiderado por apresentar partículas maiores

que 1 mm.

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Capítulo 3 – Metodologia Experimental 46

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

3.2.4. Caracterização do Material

Após a classificação do material em faixas granulométricas, cada uma dessas faixas

foi caracterizada a fim de se estudar a composição e a proporção dos possíveis tipos de

materiais presentes.

3.2.4.1. Pirólise

As amostras das três faixas granulométricas foram analisadas por ensaios de pirólise.

Os testes foram realizados em triplicata. As faixas granulométricas foram homogeneizadas e

amostras de 0,5 gramas foram colocadas no forno tubular mostrado na Figura 9. A razão do

uso desta quantidade de massa para esse processo de pirólise é devido à limitação do forno

tubular.

Figura 9: Forno tubular.

Antes de começar o aquecimento, o forno tubular foi submetido a uma purga de

nitrogênio durante 2 horas, a fim de garantir a completa ausência de oxigênio. Terminada as 2

horas de purga, iniciou-se o processo de aquecimento até atingir 800°C mantendo o fluxo

constante de nitrogênio. A taxa de aquecimento foi, em média, de 27°C/minuto. Ao atingir a

temperatura desejada de 800°C, as amostras permaneceram nessa temperatura durante 1 hora.

Após esse período, o aquecimento foi desligado e o resfriamento do sistema foi realizado

naturalmente sendo mantida a atmosfera inerte de nitrogênio. Quando a temperatura ambiente

foi atingida, o fluxo de nitrogênio foi desligado e as amostras retiradas para análise.

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Capítulo 3 – Metodologia Experimental 47

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

A temperatura aplicada a 800°C se deve a algumas resinas epóxi se degradarem

termicamente a 750°C. A atmosfera inerte é necessária para evitar a oxidação dos metais e

assim a perda de massa (Moraes, 2011).

Através dos ensaios de pirólise e dos balanços de massa foi possível determinar a

quantidade de polímeros de cada uma das amostras. A massa evaporada é equivalente aos

polímeros e as resinas epóxis. Assim a diferença entre a massa inicial da amostra da massa

final restante proporciona a massa dos materiais poliméricos.

𝑚𝑝𝑜𝑙í𝑚𝑒𝑟𝑜𝑠 = 𝑚𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 − 𝑚𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑟𝑒𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 [𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 2]

3.2.4.2. Lixiviação em água régia

A solução utilizada na lixiviação ácida dos metais foi a água régia preparada na

proporção de 1:3 de HNO3/HCl. Para a digestão do material processado das placas de circuito

impresso, a proporção sólido/líquido utilizada foi de 1g/20mL. Assim, como foi utilizado 5g

do material cominuído, utilizou-se 100 mL da solução de água régia.

A lixiviação ocorreu à temperatura ambiente durante 24 horas e sob constante

agitação. Ao seu término, o sistema foi desmontado e a solução descansou por mais 24 horas.

As amostras foram filtradas e o material sólido não lixiviado lavado com 100 ml de água

destilada. A filtração foi realizada com papel de filtro durante 24 horas.

Após a filtração, encaminhou-se o material retido no papel de filtro para o processo de

secagem na estufa à temperatura de 60°C durante 24 horas. Depois de seco, o material foi

pesado e armazenado.

Os ensaios de lixiviação proporcionam a solubilização dos metais na solução ácida,

havendo assim uma transferência de massa da fase sólida para a fase líquida. A diferença de

massa é, portanto, referente a massa dos metais solubilizados e a massa do material sólido não

lixiviado corresponde aos materiais poliméricos e cerâmicos.

A massa dos metais pode ser determinada então pela diferença entre a massa inicial da

amostra e a massa do material não lixiviado.

𝑚𝑚𝑒𝑡𝑎𝑖𝑠 = 𝑚𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 − 𝑚𝑚𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑙 𝑛ã𝑜 𝑙𝑖𝑥𝑖𝑣𝑖𝑎𝑑𝑜 [𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 3]

onde:

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Capítulo 3 – Metodologia Experimental 48

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

𝑚𝑚𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑙 𝑛ã𝑜 𝑙𝑖𝑥𝑖𝑣𝑖𝑎𝑑𝑜 = 𝑚𝑚𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑙 𝑛ã𝑜 𝑙𝑖𝑥𝑖𝑣𝑖𝑎𝑑𝑜 𝑠𝑒𝑐𝑜 − 𝑚𝑝𝑎𝑝𝑒𝑙 𝑑𝑒 𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜 [𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 4]

As massas referentes aos metais e aos polímeros encontrados foram trabalhadas em

valores porcentuais. A massa dos materiais cerâmicos, portanto, é obtida pela diferença da

totalidade (100%) pela porcentagem de massa correspondente aos metais e polímeros.

𝑚𝑐𝑒𝑟â𝑚𝑖𝑐𝑜 = 100(%) − 𝑚𝑚𝑒𝑡𝑎𝑖𝑠(%) − 𝑚𝑝𝑜𝑙í𝑚𝑒𝑟𝑜𝑠(%) [𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 5]

3.2.5. Separação magnética

As três faixas granulométricas foram analisadas quanto à susceptibilidade magnética

dos seus constituintes presentes. Para isto foi utilizado o separador magnético isodinâmico

Frantz como mostrado na Figura 10. Amostras de 5 gramas de cada faixa granulométrica

foram analisadas.

Figura 10: Separador magnético Frantz isodinâmico.

A Figura 11 a seguir apresenta o fluxograma do processo de separação magnética

aplicado.

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Capítulo 3 – Metodologia Experimental 49

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

Figura 11: Fluxograma do processo de separação magnética.

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CAPÍTULO 4

RESULTADOS E DISCUSSÕES

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Capítulo 4 – Resultados e Discussões 51

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

4. Resultados e Discussões

4.1. Moagem e Separação Granulométrica

A Tabela 5 mostra a distribuição do material resultante do processo de separação

granulométrica. Ela mostra a relação entre o mesh, a abertura das peneiras, as amostras, a

massa e a porcentagem mássica de cada fração granulométrica após a realização da moagem e

da separação granulométrica.

Tabela 5: Distribuição do material após separação granulométrica.

Mesh Abertura

(mm) Amostras

Massa

Retida(g) (%)Retida

(%)Retida

Acumulada

(%)Passante

Acumulada

+14 1,18 N0 44,92 21,64 21,64 78,25

-14/+32 0,5 N1 24,87 11,98 33,62 66,27

-32/+60 0,25 N2 43,02 20,72 54,34 45,55

-60 N3 94,57 45,55 99,89 0,00

Total - 207,38 99,89

Os dados da tabela acima mostram que 78,25% do material triturado resultou em

partículas de tamanho inferior a 1,18 mm e que 45,55% se concentrou na fração mais fina,

abaixo de 0,25 mm com apenas uma moagem, enquanto que 21,64% permaneceram com

granulometria acima de 1,18 mm, não sendo trituradas completamente. Isso evidencia que o

moinho de facas é adequado ao processo de cominuição de placas de circuito impresso. A

eficiência do processo de cominuição, calculado pela divisão da quantidade de partículas com

tamanhos inferiores a 1,18 mm pela a massa total triturada, foi de 78,34%. A perda de massa

durante o manuseio no processo de separação granulométrica foi de 1,3%.

A distribuição do material moído de acordo com a faixa granulométrica está

representada graficamente na Figura 12.

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Capítulo 4 – Resultados e Discussões 52

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

Figura 12: Distribuição em (%) mássica do material moído das faixas granulométricas.

O resultado da cominuição e da separação granulométrica, graficamente representado

na Figura 12, mostra claramente que a maior parte do material triturado se concentrou na

fração N3 (< 0,25 mm), a de menor granulometria. Segundo Veit (2005) isso se deve aos

materiais que constituem a placa de circuito impresso (aqui se referindo ao substrato), estarem

dispostos de forma laminar (em camadas), facilitando a moagem e se concentrando nas

frações mais finas.

Segundo Zhang & Forssberg (1999), os diversos componentes presentes nessas

sucatas são relativamente fáceis de serem liberados, pois a ligação interfacial entre eles é

baixa. A energia para liberar esses materiais associados não precisa ser muito intensa, devido

às suas propriedades mecânicas bastante distintas.

A fim de se determinar mais precisamente o tamanho médio das partículas de cada

fração granulométrica, utilizou-se o granulômetro CILAS 1180 para a análise de tamanho de

grãos. As Figuras 13, 14 e 15 mostram os resultados dessas análises.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

N0 N1 N2 N3

(%)

em m

assa

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Capítulo 4 – Resultados e Discussões 53

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

Figura 13: Distribuição granulométrica da amostra N1 de dmédio = 1,08mm, [-14#,+32#].

Figura 14: Distribuição granulométrica da amostra N2 de dmédio = 0,685 mm [-32#,+60#].

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Capítulo 4 – Resultados e Discussões 54

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

Figura 15: Distribuição granulométrica da amostra N3 de dmédio = 0,0251 mm [-60#].

A distribuição granulométrica da amostra N1 (Figura 13) mostra que grande parte das

partículas apresentou concentração no diâmetro de 1,0 mm. O equipamento também fornece,

mais precisamente, o diâmetro médio, que nesta amostra foi de 1,08 mm, seguindo padrão

estatístico do tipo modal, uma vez que não são observadas descontinuidades na distribuição.

A amostra apresentou 10% de partículas de diâmetro de 0,45 mm, 50% apresentaram

diâmetro de 1,00 mm e 90% apresentaram diâmetro de 1,85 mm. A amostra N1 corresponde

ao material passante da peneira 14 Mesh/Tyler (1,18 mm) e retido na peneira 32 Mesh/Tyler

(0,5 mm).

A amostra N2 representada na Figura 14, de comportamento estatístico do tipo

bimodal, correspondente ao material passante da peneira de 32 Mesh/Tyler (0,5 mm) e retido

na peneira de 60 Mesh/Tyler (0,25 mm), apresentou diâmetro médio das partículas de 0,685

mm, onde 10% das partículas apresentaram diâmetro de 0,33 mm; 50% se concentraram no

diâmetro de 0,542 mm e 90% se concentraram em 1,3 mm.

Na Figura 15 referente à amostra N3, material passante da peneira de 60 Mesh/Tyler

(0,25 mm), 10% das partículas apresentaram diâmetro de 0,00254 mm, enquanto que 50%

apresentaram diâmetro de 0,0175 mm e 90% apresentam diâmetro de 0,0556 mm. A média do

tamanho das partículas foi de 0,0251 mm onde a distribuição de tamanho das partículas

apresentou uma distribuição trimodal.

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Capítulo 4 – Resultados e Discussões 55

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

Os tamanhos das partículas das faixas granulométricas analisadas pelo equipamento

estão coerentes com as peneiras utilizadas. Somente a amostra N2 que apresentou diâmetro

médio (0,685 mm) um pouco acima da abertura da peneira utilizada (0,5 mm). Uma das

explicações pode ser devido a peneira estar com aberturas um pouco maiores do que o

indicado.

Cada faixa granulométrica foi analisada quanto à composição por fluorescência de

raios-X. A Figura 18 apresenta os resultados desta análise.

Figura 16: Elementos detectados por fluorescência de raios-X após processo de peneiramento.

As análises da Figura 16 mostra que o cobre foi o elemento químico que apresentou

concentração significativa nas três amostras, atingindo até 36,7%. Isso porque o cobre forma

ligas metálicas com outros metais como estanho, níquel e zinco, sendo o metal mais utilizado

na fabricação dessas sucatas. Percebe-se, também, que a porcentagem de cobre varia

proporcionalmente com a granulometria, ou seja, o cobre tende a se concentrar em frações de

partículas mais grossas.

Há outros elementos químicos que também estão presentes em quantidades

significativas como estanho, silício, bromo e cálcio. O estanho, além de formar ligas metálicas

(Sn-Cu, Sn-Ag), também é componente da solda, tendendo a se concentrar nas frações mais

finas (Veit et al., 2005). O mesmo acontece com o silício e o bromo. O silício, por estar na

Cu Sn Si Br Fe Ni Ca Ba Cr Ag

N1 36,70 16,68 9,78 9,00 0,06 6,29 1,40 0,09 0,60

N2 25,80 20,74 12,62 21,56 0,87 0,09 9,90 2,30 0,19 0,72

N3 12,15 22,67 16,93 17,47 2,52 0,25 16,45 4,91 0,59 0,73

0

5

10

15

20

25

30

35

40

% m

ássi

ca d

os

met

ais

Elementos identificados nas amostras N1,N2 e N3.

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Capítulo 4 – Resultados e Discussões 56

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

forma de sílica (fibras de vidro), e o bromo por estar ligado aos retardantes de chama

poliméricos, que apresentam bromo em sua composição (Zhang & Forssberg, 1999). Observa-

se também que ferro e níquel apresentaram concentrações baixas em relação a esses outros

elementos químicos detectados.

4.2. Caracterização do Material

4.2.1. Pirólise

As amostras, após passarem pelo processo de pirólise, foram analisadas por

fluorescência de raios-X quanto aos elementos químicos presentes. Como os experimentos

foram realizados em triplicata para cada faixa granulométrica, a média das porcentagens dos

elementos químicos detectados nas amostras está representada na Figura 17.

Figura 17: Média da (%) mássica dos elementos químicos detectados nas amostras após

processo de pirólise.

Comparando a composição das amostras antes e após o processo de pirólise, percebe-

se que houve um aumento do porcentual após esse processo em grande parte dos elementos.

Observa-se que houve um aumento da porcentagem de ferro nas três amostras, principalmente

Cu Sn Si Br Fe Ni Ca Ba Cr

N1 37,86 21,64 14,29 0,47 5,12 0,54 10,19 2,35 1,83

N2 38,19 22,83 15,55 0,42 1,17 0,13 11,83 2,52 0,31

N3 15,94 23,86 22,61 1,68 2,89 0,37 20,38 5,23 0,78

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

% m

ássi

ca d

os

me

tais

Elementos identificados nas amostras N1,N2,N3

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Capítulo 4 – Resultados e Discussões 57

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

na primeira (N1), mostrando assim que esse metal possivelmente não foi detectado na análise

anterior ao processo (Figura 18). Um dos elementos químicos em que a porcentagem

diminuiu foi o bromo, devido provavelmente a evaporação dos materiais poliméricos. A perda

de massa proveniente dos polímeros provocou o aumento relativo dos metais.

4.2.2. Lixiviação

O processo de lixiviação também foi realizado em triplicata para cada granulometria.

Todas as três amostras foram analisadas, por fluorescência de raios-X, quanto aos elementos

químicos presentes após a aplicação desse processo. A Figura 18 a seguir mostra a média das

porcentagens dos elementos químicos detectados nas amostras do material não lixiviado.

Figura 18: Média da (%) mássica dos elementos químicos detectados nas amostras após

processo de lixiviação.

As análises de composição química realizadas após a lixiviação mostram que a

concentração de cobre diminuiu como também a de outros metais como ferro, cálcio e cromo.

A lixiviação do cobre, entretanto, foi evidente e considerável caindo de 36,70; 25,80 e 12,15%

para 0,12; 0,14 e 0,11% respectivamente.

Cu Si Br Fe Ca Ba

N1 0,12 12,82 41,04 0,39 6,38 1,66

N2 0,14 14,77 39,42 0,26 6,83 1,01

N3 0,11 18,60 35,67 0,49 7,37 2,46

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

% m

ássi

ca d

os

me

tais

Elementos identificados nas amostras N1,N2 e N3

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Capítulo 4 – Resultados e Discussões 58

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

No processo de pirólise visto anteriormente a porcentagem de bromo diminuiu

consideravelmente, no entanto no processo de lixiviação houve aumento da porcentagem. Isso

evidencia, mais uma vez, a ligação com os retardantes de chama poliméricos e que por esta

razão não foi lixiviado pela solução ácida.

Os ensaios de pirólise e lixiviação compõem o processo de caracterização, que permite

a determinação das proporções dos materiais presentes nas placas de circuito impresso. A

Tabela 6 abaixo mostra a média das porcentagens encontradas dos materiais que compõem as

PCI das amostras (N1, N2 e N3) que correspondem às faixas granulométricas.

Tabela 6: Concentração média dos componentes encontrados nas amostras após os processos

de caracterização.

Amostras % Metais % Polímeros % Cerâmico

N1 56,32 14,70 28,98

N2 46,50 23,93 29,57

N3 35,40 31,34 33,25

Média 46,08 23,32 30,60

Os resultados mostram claramente que a fração mais grosseira (N1) apresenta maior

quantidade de componentes metálicos e menor quantidade de componentes poliméricos e

cerâmicos, ao contrário da fração mais fina (N3) que apresenta menor quantidade de metais,

no entanto é mais rica em componentes poliméricos e cerâmicos. Esse comportamento é

melhor visualizado na Figura 19 a seguir.

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Capítulo 4 – Resultados e Discussões 59

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

Figura 19: Composição das frações granulométricas estudadas após os processos de

caracterização.

É notória a diminuição da porcentagem de materiais metálicos à medida que as

partículas se tornam mais finas. Enquanto que a porcentagem de polímeros e cerâmicos

aumenta nesse mesmo sentido. Esse comportamento foi observado também em outros estudos

por Sant’ana et al. (2013), Murugan et al. (2008) e Veit (2005).

A tendência desses materiais em se concentrarem em determinada granulometria se

deve a diferença da tenacidade entre esses materiais (resistência ao fraturamento). Os

materiais metálicos tendem a se concentrar nas frações de partículas de maior tamanho, pois

são materiais difíceis de serem triturados, enquanto que os materiais poliméricos e cerâmicos

tendem a se concentrar nas frações mais leves por serem mais frágeis ao processo de moagem

(Chao et al., 2011; Kasper et al., 2011).

Os materiais cerâmicos se distribuíram de forma mais igualitária quando comparados

aos outros componentes poliméricos e metálicos. Mesmo assim, ainda é perceptível a

tendência em se concentrarem nas frações mais finas, como pode ser observado mais

claramente na terceira amostra (N3), de menor granulometria.

56,32

14,70

28,98

46,50

23,93

29,57

35,40 31,34

33,25

0

10

20

30

40

50

60

.

(%)

más

sica

Metal Polímero Cerâmico

N1 N2 N3

1<N1<0,5mm 0,5<N2<0,25mm N3<0,25mm

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Capítulo 4 – Resultados e Discussões 60

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

4.3. Separação Magnética

Inicialmente, os ângulos das variáveis das inclinações lateral e longitudinal foram

padronizados em 15° e 25°, e com uma baixa intensidade de corrente de 0,5 A. Quando o

material não apresentava um bom escoamento (fluxo constante de partículas em uma

velocidade média) ou uma boa separação (material distribuído entre o lado magnético e não

magnético), alteravam-se os parâmetros de inclinações e de corrente respectivamente,

dependendo do caso. Essas variações foram feitas, pois a utilização do equipamento

magnético é, na verdade, para minérios. Assim, ajustes foram realizados para melhor

adaptação às características dos materiais em estudo.

A amostra N1 (1mm > x > 0,5mm) não obteve um bom escoamento e uma boa

separação nas condições inicialmente padronizadas. Por ser constituída de grãos maiores,

estes escoavam rapidamente e em grandes quantidades, não interagindo com o campo

magnético criado e, portanto, não eram separados adequadamente. O ângulo de inclinação

longitudinal de 25° foi alterado para 15°. Mesmo assim, não houve mudanças no resultado.

Modificou-se então para o mínimo de 10°. Os parâmetros de inclinação lateral também foram

alterados para 10°. A amperagem foi modificada para o máximo 1,5 A.

A separação magnética da amostra N2 (0,5mm > x > 0,25mm) foi realizada nas

inclinações, lateral e longitudinal, padronizadas (15° e 25° respectivamente); o escoamento

das partículas era contínuo. Porém, na intensidade de corrente de 0,5 A não houve boa

separação das partículas. Aumentou-se, portanto, a intensidade de corrente para 1,0 A. O

material não magnético separado à amperagem de 1,0A foi então submetido à máxima

intensidade de corrente de 1,5 A.

A amostra N3 (x < 0,25mm) não apresentou um bom escoamento e nem uma boa

separação nas variáveis inicialmente padronizadas. Por ser constituída de grãos muito finos,

aderia-se ao equipamento e não escoava de forma contínua. Aumentou-se o ângulo de

inclinação longitudinal de 25° para 30°, favorecendo o escoamento. O ângulo de inclinação

lateral se manteve no padrão de 15°. O material, também por ser muito fino, interagia

fortemente com o campo magnético criado e vencia facilmente a força da gravidade,

concentrando-se no lado magnético. Foi preciso então, diminuir a amperagem de 0,5A para

0,25A. Mesmo assim, a maioria do material continuava escoando para o lado magnético.

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Capítulo 4 – Resultados e Discussões 61

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

Diminuiu-se, portanto, a amperagem para 0,20A e uma melhor distribuição do material foi

obtida.

A Figura 20 mostra as porcentagens das frações magnéticas e não magnéticas de cada

faixa granulométrica.

Figura 20: Porcentagens das frações separadas magneticamente em cada amostra.

Percebe-se que a porcentagem da fração magnética diminui à medida que a

granulometria diminui e que a fração não magnética é superior à magnética em qualquer uma

das faixas granulométricas. Esses pontos observados já eram esperados já que os metais, que

são os materiais susceptíveis a campos magnéticos, se concentram nas frações mais grosseiras

e por as placas de circuito impresso possuírem uma composição bem heterogênea a maioria

dos seus constituintes não sofrem influência do magnetismo.

Kasper et al. (2011) obtiveram resultados semelhantes. As frações magnéticas se

concentraram nas faixas granulométricas correspondentes às partículas maiores, enquanto que

as porcentagens das frações não magnéticas foram bastante elevadas: 85,1% na fração mais

grossa e 91,1% na fração mais fina.

Com relação ao processo como um todo, a porcentagem do material separado

magneticamente foi de 12,08% para fração magnética e 82,33% para fração não magnética. A

perda de massa no processo de separação magnética foi de 5,59%. Yamane (2012) obteve

resultados semelhantes com uma fração magnética de aproximadamente 15% e não magnética

de 85% ao final do processo.

13,8

81,6

13,64

77,8

8,8

72,4

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

.

(%)

más

sica

Magnético Não Magnético

N1 N2 N3

1<N1<0,5mm 0,5<N2<0,25mm N3<0,25mm

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Capítulo 4 – Resultados e Discussões 62

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

As frações da separação magnética das amostras também foram analisadas por

fluorescência de raios X. A Tabela 7 a seguir mostra essas análises. As amostras da fração N2

Mag_1,5A e Não Mag_1,5A correspondem ao material não magnético da amostra Mag_1,0A

de N2.

Tabela 7: Análise química das frações separadas magneticamente no Frantz.

N1: 14 Mesh_1,5A N2: 32 Mesh N3: 60 Mesh_0,25A

Metais/(%) Mag Não Mag Mag_1,0A Mag_1,5A Não Mag_1,5A Mag Não Mag

Cu 31,681 33,282 8,927 31,882 26,814 8,322 15,252

Sn 18,866 18,018 9,768 14,027 24,827 16,260 24,559

Si 12,697 10,458 15,078 11,400 11,184 17,953 17,746

Br 21,812 8,951 48,313 28,362 21,527 15,838 16,787

Fe 0,650 - 0,924 0,820 0,538 2,262 2,075

Ni - 0,061 - - - 0,262 0,206

Ca 10,125 8,548 12,968 9,174 9,344 16,346 15,982

Ba 0,905 1,849 1,532 1,241 2,483 4,322 4,613

Cr 0,125 0,07 0,164 0,116 0,088 0,496 0,470

Ferro, níquel e as ligas metálicas formadas por esses elementos são materiais

ferromagnéticos e, portanto fortemente atraídos pelo campo magnético. São os metais mais

prováveis a serem separados em um processo de separação magnética. Porém, nas placas de

circuito impresso a quantidade de ferro e níquel é inferior a outros elementos químicos como

cobre, estanho, silício e bromo. Essa tendência foi observada na análise realizada antes dos

processos físico e químico na Figura 18 na etapa de separação magnética.

Um dos metais de maior interesse para a recuperação é o cobre devido a sua maior

predominância dentre os metais presentes nesses equipamentos, ao seu valor comercial e a sua

aplicação industrial.

O cobre é um metal diamagnético, ou seja, material ligeiramente repelido quando

submetido a um campo magnético. Em uma separação magnética, portanto, deve se

concentrar na fração não magnética. Na amostra N1, entretanto, a porcentagem de cobre na

fração magnética e não magnética é quase igualitária. Esse comportamento pode ser devido às

partículas de cobre não estarem completamente liberadas, estando ainda associados a outros

componentes que possivelmente estão arrastando o cobre. A elevada quantidade desse metal

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Capítulo 4 – Resultados e Discussões 63

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

no material de estudo, placa de circuito impresso, também pode estar influenciando esse

comportamento, se distribuindo mais igualmente nas frações.

Na amostra N2 a separação do cobre é mais evidente, mas mesmo assim uma

quantidade significativa permanece na fração magnética. Na amostra N3 percebe-se a

predominância do metal na fração não magnética, evidenciando que nas amostras anteriores

(N1 e N2) muito provavelmente as partículas de cobre foram arrastadas junto com os outros

metais para a fração magnética, já que nessas amostras mais grosseiras a quantidade de metais

é maior e a liberação dos metais possivelmente menor, resultando em grãos mais

heterogêneos.

Analisou-se, portanto a liberação de grãos de cada faixa granulométrica. Em uma lupa

binocular de lente de 10 vezes de aumento, estimou-se a liberação de grãos de cada faixa

granulométrica trabalhada. A técnica utilizada foi a técnica de Gaudin que consiste na

contagem manual dos grãos considerados liberados (90% da área total composta por uma fase

mineral) e dos grãos não liberados ou mistos (área menor que 90% de uma fase mineral)

(Barbosa et al., 2014).

As amostras foram quarteadas até se obter uma quantidade de no mínimo 200 grãos

(Luz et al., 2010). Os metais podem ser identificados na amostra pelo seu brilho, enquanto

que os grãos opacos se distinguem correspondendo aos materiais poliméricos e cerâmicos. A

equação utilizada para a determinação do grau de liberação está representada a seguir:

𝐺𝑟𝑎𝑢 𝑑𝑒 𝑙𝑖𝑏𝑒𝑟𝑎çã𝑜 = 𝑝𝑎𝑟𝑡í𝑐𝑢𝑙𝑎𝑠 𝑙𝑖𝑣𝑟𝑒𝑠

𝑝𝑎𝑟𝑡í𝑐𝑢𝑙𝑎𝑠 𝑙𝑖𝑣𝑟𝑒𝑠 + 𝑚𝑖𝑠𝑡𝑎𝑠 𝑋 100 [𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 4]

As Figuras 21, 22 e 23 abaixo mostram as imagens para cada granulometria realizada.

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Capítulo 4 – Resultados e Discussões 64

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

Figura 21: Imagens da amostra N1 não magnética: a) partículas mistas de metal e ganga; b)

partículas de ganga; c) amostra completa.

Para a amostra N1 não magnético:

𝐺𝑟𝑎𝑢 𝑑𝑒 𝑙𝑖𝑏𝑒𝑟𝑎çã𝑜 (𝑁1) = 226

226 + 168 𝑋 100 = 57,36% [𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 5]

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Capítulo 4 – Resultados e Discussões 65

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

Figura 22: Imagens da amostra N2 não magnética: a) partículas de metal; b) partículas

de ganga; c) amostra completa.

Para a amostra N2 não magnético:

𝐺𝑟𝑎𝑢 𝑑𝑒 𝑙𝑖𝑏𝑒𝑟𝑎çã𝑜 (𝑁2) = 488

488 + 66 𝑋 100 = 88,08% [𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 6]

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Capítulo 4 – Resultados e Discussões 66

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

Figura 23: Imagens amostra N3 não magnética.

A análise de liberação de grãos não foi possível para a amostra N3, pois suas

partículas são muito pequenas (Figura 23), semelhantes às partículas de pó, impossibilitando a

contagem.

Pelas imagens da amostra N1, na Figura 21, os grãos são bem desiguais quanto a

forma e tamanho e bastante heterogêneos apresentando partículas em sua maioria mistas. Na

amostra N2 (Figura 22) as partículas possuem forma e tamanho mais constantes e regulares. A

estimativa do grau de liberação de grãos das duas amostras mostra que a amostra N2

apresentou maior quantidade de partículas livres, 88,08% de liberação, enquanto que a

amostra N1, 57,36%. Comprovando o comportamento suposto anteriormente.

Com as massas das amostras pesadas nas etapas do processo e com o balanço de

massa pode-se analisar a aplicação do processo de separação magnética para o cobre. As

porcentagens de cobre antes e depois do processo de separação magnética de cada faixa

granulométrica trabalhada foram comparadas como mostra a Tabela 8.

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Capítulo 4 – Resultados e Discussões 67

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

Tabela 8: Análise de cobre antes e depois da separação magnética

% de Cu antes da separação magnética

N1 N2 N3

36,70 25,80 12,15

Massa de Cu antes da separação magnética (g)

1,835 1,290 0,607

% de Cu depois da separação magnética

N1 N2 N3

Mag_1,5A Não Mag_1,5A Mag_1,0A Mag_1,5A Não Mag_1,5A Mag_0,2A Não Mag_0,2A

31,68 33,28 8,93 31,88 26,81 8,32 15,25

Massa de Cu nas frações da separação magnética (g)

0,219 1,358 0,052 0,033 1,043 0,037 0,552

% de Cu recuperado

11,91 74,00 4,02 2,52 80,85 5,48 90,87

Através dos dados acima percebe-se que a porcentagem de cobre é maior na fração

não magnética em qualquer granulometria trabalhada. A faixa que apresentou maior

porcentagem de recuperação de cobre foi a N3 com 90,87% , porém apesar do resultado é a

faixa que possui menor quantidade de metais como foi observado na etapa de caracterização e

na literatura. Nessa faixa granulométrica em 5g de material sólido tem-se 11,04% de cobre na

fração não magnética. As perdas de cobre foram 0,259g; 0,163g e 0,019g nas amostras N1,

N2 e N3 respectivamente.

Analisando as outras faixas granulométricas N1 e N2 as porcentagens de recuperação

são bem próximas 74% e 80,85% respectivamente, sendo a de N2 mais elevada. A amostra

N1, porém, apresenta maior quantidade de cobre: em 5g de material sólido 27,15% de cobre

estão concentrados na fração não magnética enquanto que na amostra N2 esse número é de

20,85%. Apesar da porcentagem de cobre da fração não magnética em N1 ser mais elevada, a

separação magnética do cobre foi mais eficiente na amostra N2. Verificou-se também, que

dentre as duas faixas granulométricas a faixa correspondente a N2 foi a que apresentou maior

concentração de material sólido no processo de separação granulométrica.

Além disso, segundo Chao et al. (2011) os metais estão concentrados principalmente

na faixa entre 0,15 e 1,25 mm, porém os componentes metálicos e não metálicos estão mais

desagregados nas partículas de tamanho inferior a 0,6 mm. Por isso, apesar da amostra N1 ser

rica em partículas metálicas essas estão agregadas a outros componentes, como foi estudado

na análise de liberação de grãos. Sendo assim, portanto, N2 (0,5>x>0,25mm) a melhor faixa

granulométrica a ser utilizada para processos subsequentes de recuperação de cobre. Apesar

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Capítulo 4 – Resultados e Discussões 68

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

da pequena quantidade magneticamente separada no processo, a separação magnética é viável

para obter frações ricas em cobre e para contribuir na aplicação de processos posteriores (Veit

et al., 2005; Guo et al., 2009).

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CAPÍTULO 5

CONCLUSÃO

Page 72: Caracterização e Separação Física de Placas de Circuito ... · MEDEIROS, N. M. – Caracterização e separação física de placas de circuito impresso de computadores obsoletos

Capítulo 5 - Conclusão 70

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

5. Conclusão

Com os resultados discutidos e analisados das etapas desenvolvidas foi possível

pontuar algumas conclusões.

O processamento mecânico utilizado, sistema de corte com um moinho de facas de 8

lâminas, foi adequado ao tipo de material trabalhado atingindo uma eficiência de quase 80%

na cominuição das placas de circuito impresso. A separação granulométrica comprovou a

eficiência do processo de cominuição, pois 78,25% do material permaneceram com

granulometria abaixo de 1mm e 45,55% do material se concentraram na granulometria abaixo

de 0,25 mm.

Os processos de lixiviação e pirólise proporcionaram a caracterização dos diferentes

materiais constituintes das placas eletrônicas. As placas de circuito impresso são compostas

basicamente por materiais metálicos, poliméricos e cerâmicos, as proporções encontradas nas

faixas granulométricas foram em média de 46,08%; 23,32% e 30,60% respectivamente.

No processo de separação granulométrica, pôde-se observar a concentração de

materiais em faixas granulométricas específicas. Os componentes metálicos se concentraram

nas frações de partículas com diâmetros maiores, ao contrário dos componentes poliméricos e

cerâmicos que tenderam a se concentrar nas frações de partículas de menor tamanho (os

materiais cerâmicos se distribuíram mais uniformemente entre as faixas granulométricas).

O processo de separação magnética mostrou a tendência das frações magnéticas em se

concentrarem nas faixas granulométricas mais elevadas, ou seja, nas frações correspondentes

a partículas de maior tamanho. Os componentes metálicos, que possuem propriedades

magnéticas, também apresentaram essa tendência, comprovando assim o observado na

separação granulométrica, em que os materiais metálicos se concentram em faixas

granulométricas de partículas maiores.

Analisou-se a melhor faixa granulométrica a ser utilizada para a recuperação de cobre

em tratamentos posteriores. As frações granulométricas 1>x>0,5mm e 0,5>x>0,25mm,

correspondendo às amostras N1 e N2 respectivamente, são as mais ricas em componentes

metálicos. No entanto, através da análise do grau de liberação de grãos concluiu-se que as

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Capítulo 5 - Conclusão 71

Natália Moraes Medeiros – 08/2015

partículas de tamanho 0,5>x>0,25mm apresentam maior grau de liberação (88,08%),

possuindo um potencial de recuperação de 80,85%.

Do processo de separação magnética como um todo, obteve-se 12,08% de material

magnético e 82,33% não magnético enquanto que na literatura esses valores foram de 15% e

85% respectivamente. De forma geral, os resultados obtidos pela separação magnética foram

de acordo com o esperado da literatura.

Portanto, os processos de caracterização e de separação magnética proposto para o

estudo e caracterização de placas de circuito impresso de computadores obsoletos foram

adequados e coerentes de acordo com as pesquisas bibliográficas tomadas como base.

Page 74: Caracterização e Separação Física de Placas de Circuito ... · MEDEIROS, N. M. – Caracterização e separação física de placas de circuito impresso de computadores obsoletos

REFERÊNCIAS

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