caracterização e separação física de placas de circuito ... · medeiros, n. m. –...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUIMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUIMICA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Caracterização e Separação Física de Placas de
Circuito Impresso de Computadores Obsoletos
Natália Moraes Medeiros
Orientador: Prof. Dr. Carlson Pereira de Souza
Natal/RN
Agosto/2015
Natália Moraes Medeiros
Caracterização e Separação Física de Placas de Circuito Impresso de
Computadores Obsoletos
Dissertação de mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Química, da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, para
obtenção do título de Mestre em
Engenharia Química, sob orientação do
Prof. Dr. Carlson Pereira de Souza.
Natal/RN
Agosto/2015
Catalogação da Publicação na Fonte.
UFRN / CT / DEQ
Biblioteca Setorial “Professor Horácio Nícolás Sólimo”.
Medeiros, Natália Moraes.
Caracterização e separação física de placas de circuito impresso de
computadores obsoletos / Natália Moraes Medeiros. - Natal, 2015.
80 f.: il.
Orientador: Carlson Pereira de Souza.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Centro de Tecnologia. Departamento de Engenharia Química. Programa de
Pós-graduação em Engenharia Química.
1. Resíduos sólidos industriais - Tratamento - Dissertação. 2. Metais
pesados - Dissertação. 3. Lixo eletrônico - Dissertação. I. Souza, Carlson
Pereira de. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.
RN/UF/BSEQ CDU 628.54(043.3)
MEDEIROS, N. M. – Caracterização e separação física de placas de circuito impresso de
computadores obsoletos. Dissertação de Mestrado, UFRN, Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Química. Área de concentração: Engenharia Química. Rio Grande do Norte, Natal
– RN, 2015.
Orientador: Carlson Pereira de Souza
Resumo: O consumo desenfreado de equipamentos eletrônicos juntamente com a rápida
imersão de novas tecnologias no mercado impulsiona o crescimento acelerado de resíduos
eletroeletrônicos. Esses resíduos sólidos, em sua maioria, contem placas de circuito impresso
em sua estrutura. Estas, por apresentarem muitos metais dentre eles metais pesados, são
altamente tóxicas. Os resíduos eletrônicos são descartados de forma indevida e
indiscriminadamente, normalmente sem nenhum tratamento e junto com os demais resíduos
urbanos, contaminando o meio ambiente e causando graves problemas a saúde humana. Além
desses metais, há também metais preciosos e de base de alto valor agregado, que podem ser
recuperados e reciclados, reduzindo a exploração dos recursos naturais. Assim, devido ao alto
potencial de crescimento e reutilização desses resíduos, processos de tratamento, de
caracterização e de separação foram aplicados às placas de circuito impresso. As placas foram
submetidas a tratamentos físicos, como desmantelamento, moagem, separação
granulométrica, separação magnética e por tratamentos químicos como pirólise e lixiviação.
Através dos processos de caracterização (pirólise e lixiviação) as proporções dos componentes
das faixas granulométricas foram determinadas: 46,08% de metais; 23,32% de polímeros e
30,60% de cerâmicos. Observou-se também pela separação granulométrica, que os
componentes metálicos tendem a se concentrarem nas frações mais grosseiras, enquanto que
os materiais poliméricos e cerâmicos nas frações finas. Do processo de separação magnética
obteve-se 12,08% de material magnético e 82,33% de material não magnético.
Palavras-chave: placas de circuito impresso, caracterização, separação física.
MEDEIROS, N. M. – Characterization and physical separation of printed circuit boards
obsolete computers. Master’s Thesis, UFRN, Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Química. Concentration Area: Chemical Engineering, Natal/RN, Brasil, 2015.
Adviser: Carlson Pereira de Souza
Abstract: The unbridled consumption of electronic equipment associated with fast immersion
of new technologies on the market leads to the accelerated growth of electronic waste. Such
waste mostly contains printed circuit boards in its structure. Printed circuit boards have many
metals, including heavy metals, being highly toxic. Electronic waste is discarded improperly
and indiscriminately, usually without any previous treatment and with other municipal waste,
contaminating the environment and causing serious problems to human health. Beyond these
metals, there are also precious metals and high value-added basis, that can be recovered and
recycled, reducing the exploration of natural resources. Thus, due to the high growth potential
and reuse of these waste treatment processes, characterization and separation were applied to
the printed circuit boards. The printed circuit boards were subjected to physical treatments
such as dismantling, crushing, sizing separation, magnetic separation and chemical treatments
such as pyrolysis and leaching. Through characterization process (pyrolysis and leaching) the
proportions of the components of the granulometric range were determined: 46,08% of
metals; 23,32% of polymers and 30,60% of ceramics. It was also observed by particle size
separation that metal components tend to concentrate in coarse fractions, while polymeric and
ceramic components in fine fractions. From the magnetic separation process was obtained
12,08% of magnetic material and 82,33% of non-magnetic material.
Key-words: printed circuit boards, characterization, physical separation.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a minha
família, amigos e a todos que
contribuíram para essa conquista.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, por ter me guiado e me iluminado com força e serenidade
durante essa caminhada.
Ao Prof. Dr. Carlson Pereira de Souza, pela confiança, orientação, comprometimento
e pelos esforços para que este trabalho fosse desenvolvido.
Aos meus pais, José Araújo de Medeiros e Cláudia Regina de Moraes Medeiros, por
nunca me deixaram faltar quanto a estudo, carinho, amor e apoio.
Aos meus irmãos Ana Cláudia Moraes Medeiros e Leonardo Rafael Medeiros, pelo
companheirismo, pelos conselhos e por sempre estarem ao meu lado.
A Herick Bulhões Cândido, pelo incentivo, apoio, companheirismo, paciência e por
sempre me incentivar nas adversidades.
Aos colegas de trabalho do LAMNRC, que sempre me incentivaram e me ajudaram na
busca das soluções pros problemas enfrentados.
Ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química (PPGEQ) da UFRN e ao
Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) pela oportunidade, pelo conhecimento adquirido e
pelo apoio financeiro.
Aos professores que me orientaram e que contribuíram para este trabalho, em
especial a Profa. Dra. Luciana Figueiredo Lopes Lucena.
A Raffael Andrade Costa de Melo e Elder Santos de Gois, pela ajuda e pelo empenho
de grande contribuição para o desenvolvimento e realização desse trabalho.
A todos os meus amigos, que me acompanharam e me incentivaram durante essa
conquista.
A todos que contribuíram para essa realização.
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO ............................................................................................... 12
1. Introdução.......................................................................................................................... 13
CAPÍTULO 2: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................ 15
2. Revisão Bibliográfica ........................................................................................................ 16
2.1. Resíduos Sólidos ........................................................................................................ 16
2.2. Legislação Brasileira .................................................................................................. 17
2.3. Resíduos Eletroeletrônicos ........................................................................................ 19
2.3.1. Situação dos REEE no mundo ............................................................................ 22
2.3.2. Situação dos REEE no Brasil ............................................................................. 23
2.4. Placa de Circuito Impresso ........................................................................................ 25
2.5. Metais e seus impactos na saúde e no meio ambiente ............................................... 26
2.6. Métodos de Tratamento de Placas de Circuito Impresso ........................................... 28
2.6.1. Processo Mecânico ............................................................................................. 28
2.6.1.1. Desmantelamento e Corte ........................................................................... 29
2.6.1.2. Cominuição ................................................................................................. 30
2.6.1.3. Separação Granulométrica .......................................................................... 30
2.6.1.4. Separação Magnética................................................................................... 31
2.6.2. Processo Pirometalúrgico ................................................................................... 32
2.6.2.1. Pirólise ......................................................................................................... 33
2.6.3. Processo Hidrometalúrgico................................................................................. 34
2.6.3.1. Lixiviação .................................................................................................... 34
2.6.4. Processo Eletrometalúrgico ................................................................................ 35
2.6.5. Processo Biohidrometalúrgico ............................................................................ 36
2.6.6. Processo de caracterização ................................................................................. 36
CAPÍTULO 3: METODOLOGIA EXPERIMENTAL ............................................................ 38
3. Metodologia Experimental ................................................................................................ 39
3.1. Materiais .................................................................................................................... 39
3.1.1. Placas de Circuito Impresso ............................................................................... 39
3.1.2. Soluções .............................................................................................................. 40
3.1.3. Equipamentos ..................................................................................................... 40
3.2. Métodos ..................................................................................................................... 41
3.2.1. Desmantelamento e Corte ................................................................................... 43
3.2.2. Cominuição ......................................................................................................... 44
3.2.3. Separação Granulométrica .................................................................................. 45
3.2.4. Caracterização do Material ................................................................................. 46
3.2.4.1. Pirólise ......................................................................................................... 46
3.2.4.2. Lixiviação em água régia ............................................................................ 47
3.2.5. Separação magnética .......................................................................................... 48
CAPÍTULO 4: RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................... 50
4. Resultados e Discussões .................................................................................................... 51
4.1. Moagem e Separação Granulométrica ....................................................................... 51
4.2. Caracterização do Material ........................................................................................ 56
4.2.1. Pirólise ................................................................................................................ 56
4.2.2. Lixiviação ........................................................................................................... 57
4.3. Separação Magnética ................................................................................................. 60
CAPÍTULO 5: CONCLUSÃO ................................................................................................. 69
5. Conclusão .......................................................................................................................... 70
Referências Bibliográficas ........................................................................................................ 72
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Quantidade de lixo eletrônico gerado por computadores em toneladas/ano. Fonte:
Schluep et al. (2009). ................................................................................................................ 23
Figura 2: Placa de circuito impresso completa. ...................................................................... 39
Figura 3: Fluxograma dos processos aplicados às placas. ..................................................... 42
Figura 4: Placa de circuito impresso antes (substrato + componentes) e depois (substrato) do
desmantelamento. ..................................................................................................................... 43
Figura 5: Soprador térmico Vonder. ........................................................................................ 43
Figura 6: a) Placa reduzida a fragmentos; b) Guilhotina tesourão. ....................................... 44
Figura 7: Moinho de facas. ...................................................................................................... 44
Figura 8: Conjunto de peneiras vibratórias e agitador. .......................................................... 45
Figura 9: Forno tubular. .......................................................................................................... 46
Figura 10: Separador magnético Frantz isodinâmico. ............................................................ 48
Figura 11: Fluxograma do processo de separação magnética. ............................................... 49
Figura 12: Distribuição em (%) mássica do material moído das faixas granulométricas. ..... 52
Figura 13: Distribuição granulométrica da amostra N1 de dmédio = 1,08mm, [-14#,+32#]. .. 53
Figura 14: Distribuição granulométrica da amostra N2 de dmédio = 0,685 mm [-32#,+60#]. 53
Figura 15: Distribuição granulométrica da amostra N3 de dmédio = 0,0251 mm [-60#]. ........ 54
Figura 16: Elementos detectados por fluorescência de raios-X após processo de
peneiramento. ........................................................................................................................... 55
Figura 17: Média da (%) mássica dos elementos químicos detectados nas amostras após
processo de pirólise. ................................................................................................................. 56
Figura 18: Média da (%) mássica dos elementos químicos detectados nas amostras após
processo de lixiviação. ............................................................................................................. 57
Figura 19: Composição das frações granulométricas estudadas após os processos de
caracterização. ......................................................................................................................... 59
Figura 20: Porcentagens das frações separadas magneticamente em cada amostra. ............ 61
Figura 21: Imagens da amostra N1 não magnética: a) partículas mistas de metal e ganga; b)
partículas de ganga; c) amostra completa. .............................................................................. 64
Figura 22: Imagens da amostra N2 não magnética: a) partículas de metal; b) partículas de
ganga; c) amostra completa. .................................................................................................... 65
Figura 23: Imagens amostra N3 não magnética. ..................................................................... 66
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Razões, dos moradores da Malásia, para adquirir EEE novos. ........................................................... 20
Tabela 2: Quantidade de lixo eletrônico gerado no Brasil em 2009..................................................................... 24
Tabela 3: Economia de energia dos materiais reciclados .................................................................................... 24
Tabela 4: Relação de alguns metais com a saúde humana. .................................................................................. 27
Tabela 5: Distribuição do material após separação granulométrica. .................................................................. 51 Tabela 6: Concentração média dos componentes encontrados nas amostras após os processos de
caracterização. ...................................................................................................................................................... 58
Tabela 7: Análise química das frações separadas magneticamente no Frantz. .................................................... 62
Tabela 8: Análise de cobre antes e depois da separação magnética .................................................................... 67
SIGLAS E ABREVIATURAS
ABDI – Agencia Brasileira de Desenvolvimento Industrial
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos
Especiais
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente
DMP – Departamento de Materiais e Patrimônio
EEE – Equipamentos elétricos e eletrônicos
FM – Fração metálica
FNM – Fração não metálica
NBR – Norma Brasileira
PCI – Placa de circuito impresso
PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos
REEE – Resíduos de Equipamentos Elétrico e Eletrônicos
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
Capítulo 1 - Introdução 13
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
1. Introdução
As preocupações ambientais, por muitos anos, se relacionavam com chuva ácida,
destruição da camada de ozônio e aquecimento global. A globalização e as inovações
tecnológicas modificaram o estilo de vida bem como também as necessidades da sociedade.
Com o tempo, essas preocupações se voltaram não só a essas questões ambientais já
existentes, mas a outras novas como o lixo eletrônico.
É inegável o crescimento da produção e do consumo de produtos eletroeletrônicos.
Atrelado ao fato de que esses tipos de produtos têm um tempo de vida útil reduzido e que esse
setor da indústria tem um desenvolvimento muito ágil, um con13siderável problema vem
agregado a esses fatores - a geração de resíduo eletrônico.
Os equipamentos eletrônicos são compostos de diversos materiais com características
de toxicidade e periculosidade. Seus resíduos geralmente são tratados e dispostos de forma
inadequada, juntamente com os resíduos domiciliares lançados em aterros sanitários, lixões a
céu aberto ou queimados sem nenhum tratamento prévio. Esse quadro prejudica o meio
ambiente contaminando solos, água e ar. A saúde humana também fica exposta (no manuseio
desses resíduos e em contato com ambientes poluídos) à contaminação (bioacumulação de
metais) atingindo sistemas e órgãos do corpo humano como rins, fígado e pulmões e
provocando doenças mais graves como o câncer (Puckett et al., 2002 ). Metais e outros
componentes presentes nesses tipos de material também são desperdiçados com esse descarte
indiscriminado.
As soluções para tais pontos abordados são a reciclagem, o reaproveitamento e a
reutilização desses materiais, que podem se tornar uma fonte secundária poupando os recursos
naturais, que apresentam quantidade limitada na Terra (como petróleo, gás e metais, por
exemplo). Fazer do lixo uma matéria-prima para novos utensílios, dando utilidade a materiais
que seriam descartados e se transformariam em agentes poluidores. Além da atenção
necessária nas etapas do processo de reciclagem como coleta, tratamento e destinação
adequada, há também a possibilidade do desenvolvimento de produtos sustentáveis projetados
para reduzirem impactos ambientais (Marques et al., 2013).
Capítulo 1 - Introdução 14
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
As placas de circuito impresso (PCI) são fortemente utilizadas na indústria
eletroeletrônica em diversos equipamentos de comunicação, entretenimento, controle de
máquinas e eletrodomésticos. Sua composição é heterogênea, contendo metais, cerâmicos e
polímeros tornando os processos de reciclagem e reaproveitamento complexos (Zeng et al.,
2012).
Sendo assim, contemplando uma parcela desse amplo universo que é a problemática
do lixo eletrônico, o presente trabalho tem como objetivo geral estudar e caracterizar as placas
de circuito impresso de computadores obsoletos quanto aos componentes qualitativos e
quantitativos presentes nesse material.
Têm-se como objetivos específicos a aplicação de processos de caracterização como a
pirólise e a lixiviação para a determinação da composição do material. Almeja-se também
aplicar a separação granulométrica para verificar a distribuição e a concentração dos materiais
presentes em diferentes faixas granulométricas. Realizar uma análise de liberação de grãos
para melhor compreensão da liberação das partículas das faixas granulométricas trabalhadas e
realizar um processo de separação magnética a fim de se caracterizar as faixas
granulométricas e determinar uma faixa adequada para a aplicação de processos subsequentes
de recuperação de componentes metálicos.
CAPÍTULO 2
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 16
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
2. Revisão Bibliográfica
2.1. Resíduos Sólidos
Com o constante aumento da preocupação com as questões ambientais, com a saúde
pública e a valorização do desenvolvimento sustentável pelas empresas e pela população, os
resíduos sólidos estão sendo estudados e classificados para o desenvolvimento de um melhor
gerenciamento quanto a esse tipo de resíduo.
Qualquer processo produtivo gera resíduos, independente da área de produção:
alimentícia, têxtil, automobilística ou eletrônica por exemplo. Atividades doméstica,
comercial e hospitalar também geram resíduos. Por muitos anos, produziu-se sem a
preocupação da sua reciclagem e dos seus efeitos causados na natureza.
Segundo a Norma Brasileira (NBR) nº 10.004/2004 da ABNT todos esses resíduos em
estado sólido ou semi-sólidos resultantes dessas atividades são resíduos sólidos. Por serem tão
diversificados, é importante o conhecimento de suas características físicas e químicas e de
seus efeitos negativos na natureza para que possibilite a coleta, o tratamento e a destinação
adequada para cada tipo de resíduo.
Segundo a ABRELPE (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e
Resíduos Especiais) em 2012, 63 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos foram
gerados aproximadamente no Brasil. A quantidade de resíduos está relacionada aos locais de
armazenamento e descarte, que precisam ser dimensionados de acordo com o volume gerado.
A composição ajuda a verificar o potencial econômico e a classificá-lo quanto aos danos
causados à saúde e ao meio ambiente. Essas informações são importantes para um melhor
direcionamento quanto ao sistema de tratamento e a disposição final desses resíduos.
Os resíduos sólidos são classificados de acordo com o processo de criação, suas
características e composição e seus impactos à saúde e ao meio ambiente tendo como
referência os impactos de outras substâncias e resíduos já listados. A classificação dos
resíduos sólidos segundo a ABNT NBR n°10.004/2004 é:
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 17
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
Resíduos classe I: perigosos
Resíduos classe II: não perigosos
o Resíduos classe II A: não inertes
o Resíduos classe II B: inertes
A Lei nº 12.305/2010 da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Brasil, 2010)
classifica os resíduos sólidos quanto à periculosidade:
a) resíduos perigosos: aqueles que, em razão de suas características de
inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade,
carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam
significativo risco à saúde pública ou à qualidade ambiental, de acordo com lei,
regulamento ou norma técnica;
b) resíduos não perigosos: aqueles que não se enquadram na alínea “a” acima.
2.2. Legislação Brasileira
A primeira lei nacional de gestão de resíduos foi aprovada: a Política Nacional de
Resíduos Sólidos (PNRS) foi instituída pela Lei de nº 12.305, de agosto de 2010 e alterou a
Lei de nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. A PNRS foi instituída objetivando a contribuição
no avanço dos problemas ambientais e socioeconômicos mais prevalecentes causados pelos
resíduos sólidos. Propõe o hábito de consumo sustentável, o aumento da reciclagem e da
reutilização dos resíduos e aqueles que não são reciclados ou reaproveitados, os rejeitos, a
destinação correta para a redução da geração dos resíduos e a minimização dos impactos
(Ministério do Meio Ambiente, 2014).
A gestão e o gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos visa atenuar os impactos
ambientais do produto final causados pelos resíduos sólidos através da redução, da coleta, da
triagem, da reutilização, da reciclagem, do transporte, da disposição, destinação e tratamento
dos resíduos sólidos (Santaella et al., 2014).
As mudanças inovadoras na gestão e no gerenciamento se caracterizam pelo sistema
de logística reversa. O sistema de logística reversa orienta a devolução dos resíduos sólidos as
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 18
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
empresas para que seja realizado o reaproveitamento no ciclo produtivo ou a eliminação
ambientalmente segura.
A legislação declara que os fabricantes, comerciantes, importadores e distribuidores
devem (ABDI, 2012):
investir no desenvolvimento de produtos potencialmente reutilizáveis, recicláveis, que
gerem menor quantidade de resíduos e que apresentam uma forma de destinação
ambientalmente correta;
divulgar informações sobre como proceder com os resíduos associados aos seus
produtos;
assegurar que o sistema de logística reversa está sendo implementado e posto em
prática.
O consumidor tem como compromisso o retorno dos produtos e embalagens aos
comerciantes e distribuidores. Por sua vez, os comerciantes e distribuidores devem devolver
aos fabricantes e importadores e finalmente estes destinar adequadamente.
Os titulares dos serviços públicos também possuem o comprometimento e a
responsabilidade da coleta seletiva, de estabelecer práticas de reaproveitamento com o setor
empresarial e a realização da compostagem dos resíduos orgânicos.
A responsabilidade quanto à gestão e o gerenciamento desses materiais pós-consumo
é, portanto, concedida a todos aqueles que se relacionam de forma direta e indireta de
qualquer fase do ciclo de vida de um produto, englobando assim o setor público, a iniciativa
privada e a população.
Apesar de todas essas atribuições, sabe-se que a implementação e o custo associado a
esse sistema ainda são bastante limitados. Além das dificuldades operacionais e econômicas, a
conscientização, o acesso à informação e os hábitos da população são barreiras para tais
práticas. Na maioria dos casos, mudanças significativas são atingidas após um longo período.
Há algumas normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2004),
responsável pela normatização técnica no Brasil, direcionadas aos resíduos sólidos. Algumas
delas estão listadas abaixo:
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 19
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
NBR 10.004/2004 – Resíduos sólidos: Classificação;
NBR 10.005/2004 – Procedimento para obtenção de extrato lixiviado de
resíduos sólidos;
NBR 10.006:2004 - Procedimento para obtenção de extrato solubilizado de
resíduos sólidos;
NBR 10.007:2004 – Amostragem de resíduos sólidos.
Em relação a pilhas e baterias o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA)
determinou algumas limitações. A resolução de n°401 (CONAMA, 2008) determina os
limites máximos de alguns metais tóxicos como chumbo, cádmio e mercúrio para pilhas e
baterias e atribui a responsabilidade pelo gerenciamento de coleta, transporte e tratamento
ambientalmente adequado aos produtores e distribuidores.
2.3. Resíduos Eletroeletrônicos
Todo equipamento que funcione através de corrente elétrica ou do campo
eletromagnético é considerado eletroeletrônico. Os equipamentos eletroeletrônicos (EEE) são
classificados em tais categorias (ABDI, 2012):
Linha Branca: refrigeradores e congeladores, fogões, lavadoras de roupa e louça,
secadoras, condicionadores de ar;
Linha Marrom: monitores e televisores de tubo, plasma, LCD e LED, aparelhos de
DVD e VHS, equipamentos de áudio, filmadoras;
Linha Azul: batedeiras, liquidificadores, ferros elétricos, furadeiras, secadores de
cabelo, espremedores de frutas, aspiradores de pó, cafeteiras;
Linha Verde: computadores desktop e laptops, acessórios de informática, tablets e
telefones celulares.
Os resíduos eletrônicos, conhecidos pela sigla REEE (Resíduos de Equipamentos
Elétricos e Eletrônicos) se referem aos equipamentos eletroeletrônicos que não apresentam
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 20
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
mais utilidade. Esses resíduos são compostos por equipamentos quebrados, obsoletos ou que
foram substituídos por outros mais modernos.
O crescimento populacional, o avanço tecnológico e a cultura capitalista global vêm
contribuindo para o elevado consumo desses utensílios eletrônicos. Esse aumento no consumo
dos produtos eletroeletrônicos também pode ser atribuído aos preços mais acessíveis, a
necessidade da internet na vida moderna e aos benefícios da rápida comunicação e
entretenimento.
O lixo eletrônico apresenta uma taxa exponencial de crescimento sendo a fração de
mais rápido aumento do fluxo de resíduos sólidos urbanos. Estima-se que a relação entre
computadores comprados e que provavelmente serão descartados é de 3:2 (Nnorom &
Osibanjo, 2008). As rápidas inovações tecnológicas com modelos mais sofisticados lançados
no mercado reduzem o tempo de vida útil dos produtos eletroeletrônicos, o que resulta em
grandes quantidades de lixo eletrônico.
As várias razões para esse consumo desenfreado, e consequentemente o descarte
desses produtos, são comprovadas segundo pesquisa realizada por Afroz et al. (2013) com os
moradores de Kuala Lumpur, na Malásia. A Tabela 1 mostra as razões para a atualização dos
EEE desses habitantes.
Tabela 1: Razões, dos moradores da Malásia, para adquirir EEE novos.
Razões Frequência (%)
Produto previamente danificado ou
não funcionando mais 73 22,12
Produto de baixa capacidade 37 11,21
Novos produtos com mais recursos
tecnológicos avançados 81 24,55
Aumento do nível de renda
disponível 58 17,58
Influência de outros 62 18,79
Ouras razões 19 5,76
Total 330 100
Fonte: Afroz et al. (2013).
A Tabela 1 acima mostra que 24,55% atualizaram os EEE, pois novos itens tiveram
recursos tecnológicos adicionais e mais avançados. Enquanto que 22,12% afirmaram que os
produtos estavam danificados ou não funcionavam mais. Outra razão relatada por 11,21% dos
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 21
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
domicílios na Malásia foi que o produto, devido a sua baixa capacidade, não mais atendia às
necessidades. O aumento da renda das famílias também foi mencionado por 17,58%.
Os consumidores, portanto, atualizam seus EEE não só devido à quebra do produto,
mas também pela vontade de se obter um produto mais moderno e sofisticado. A diminuição
do tempo de vida útil pela fabricação de produtos cada vez mais descartáveis também
contribui para essa realidade.
Afroz et al. (2013) ainda mostram que apesar da maioria das famílias (59%) saberem
dos efeitos prejudicais dos REEE, somente 2 a 3% delas participam de alguma forma da
reciclagem desses resíduos. Os países emergentes, em sua maioria, não apresentam um
sistema bem definido de coleta, armazenamento, transporte, separação e disposição do lixo
como também uma regulamentação que seja eficiente na aplicação da gestão de resíduos
perigosos.
Nos países desenvolvidos também há limitações quanto à reciclagem dessas sucatas.
Em 2009 nos Estados Unidos, por exemplo, 82,3% do lixo eletrônico foram para os aterros ou
incinerados, enquanto que 17,7% foram reciclados (Kyle, 2011). Estima-se que 70% da
poluição de mercúrio e cádmio e 40% da poluição de chumbo em aterros nos EUA são
provocados por vazamento dos resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos (REEE)
segundo Puckett et al. (2002).
Cui & Zhang (2008) estimaram os valores de alguns metais encontrados em diferentes
tipos de sucatas eletrônicas. Os metais precisos de celulares, calculadoras e PCI representam
mais de 70% do valor e 40% para as TVs e DVDs. Percebe-se que os metais são os
responsáveis pelo valor agregado a esse tipo de sucata e consequentemente pelo interesse da
indústria no desenvolvimento de processos de reciclagem.
Os plásticos, segundo Kang & Schoenung (2005), são os de maior potencial
econômico depois dos metais. Normalmente os utilizados nos aparelhos eletrônicos são
materiais termoplásticos e termorrígidos de alto valor agregado. Os plásticos podem ser
reciclados por processos químicos (resíduos plásticos como matéria prima para processos
petroquímicos), mecânicos (os resíduos são triturados e reutilizados na produção de novos
plásticos) e térmicos (usados como combustível alternativo).
Entretanto, devido aos elevados custos de reciclagem e aos custos quanto à disposição
adequada desses resíduos, muitos países desenvolvidos (com grande produção e geração de
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 22
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
REEE) os exportam para países emergentes da África e Ásia. Segundo a indústria de
reciclagem estima-se que 50 a 80% do lixo coletado nos EUA destinado teoricamente ao
processo de reciclagem na realidade é enviado para países como China (Puckett et al., 2002).
Isso mostra a importância da implementação de um processo acessível para reciclagem e
reaproveitamento dos REEE.
2.3.1. Situação dos REEE no mundo
A expansão da indústria de eletroeletrônicos se intensificou entre 1980 e 1989, com
uma estimativa de 21 milhões de computadores vendidos no mundo todo; em 1998 chegou a
93 milhões (Nnorom & Osibanjo, 2008; Kang & Schoenung, 2005). Em 2001, mais de 300
milhões de pessoas no mundo usavam internet e estimava-se, que dentre dois anos (até 2003),
haveria um aumento para mais de 500 milhões (Fichter, 2003).
A consequência desse crescimento na produção e no consumo de computadores é o
descarte precoce. Estimou-se que a quantidade de computadores que se tornaram obsoletos,
ou seja, fora de uso, foi de aproximadamente 100 milhões em 2004 e que os REEE já
compõem 8% do lixo sólido urbano (Widmer et al., 2005). Robinson (2009) afirma que entre
os anos 2009 e 2014 um bilhão de computadores seriam aposentados.
Os REEE estão se acumulando e crescendo com taxas entre 5 a 10% por ano (Huang
et al., 2009). Huisman et al. (2007) preveem que até 2020, o total dos REEE crescerá entre
2,5% e 2,7% por ano, chegando a 12,3 milhões de toneladas aproximadamente.
O maior país gerador de lixo eletrônico são os Estados Unidos (EUA) chegando a um
acúmulo total de 3 milhões de toneladas. Em 2007, 410 mil toneladas foram recicladas
(13,6%) enquanto que o restante foi jogado impropriamente em aterros ou incinerados
(Oliveira et al., 2012).
Oliveira et al. (2012) também afirmam que a cada ano 2,3 milhões de toneladas são
geradas domesticamente na China e que é o segundo maior país a gerar mais lixo eletrônico.
A América Latina por ser um continente com taxa de urbanização de 75%, acima da média
global de 50%, também apresenta grande geração de lixo eletrônico. A Figura 1 mostra a
situação de alguns países em relação ao lixo eletrônico gerado por computadores obsoletos.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 23
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
Figura 1: Quantidade de lixo eletrônico gerado por computadores em toneladas/ano. Fonte:
Schluep et al. (2009).
Como muitos países emergentes, a Índia é um dos alvos de despejo indiscriminado de
resíduos. Só em Calcutá 5.000 toneladas de lixo eletrônico são gerados todo ano e 20
toneladas são importados todos os dias. Em Bangalore toneladas de plásticos e metais como
cobre, mercúrio, zinco e chumbo também representam um problema (Das et al., 2009).
Schluep et al. (2009) afirmam que em 2007 a Índia e China geraram em média
439.000 e 2.212.000 toneladas de resíduos eletrônicos, incluindo computadores, celulares,
televisões, refrigeradores e impressoras. Dentre esses eletrônicos o volume de computadores
aumentará em até 4 vezes na China e 5 vezes na Índia até 2020 sem contar com o aumento
dos aparelhos telefônicos de até 18 vezes na Índia.
2.3.2. Situação dos REEE no Brasil
O Brasil, por ser um país populoso e um dos grandes países emergentes, produz e
consome muitos produtos. Em relação ao lixo eletrônico (computadores, celulares, televisões,
refrigeradores e impressoras), o Brasil gerou em 2005 em média 368.300 toneladas se
destacando entre os países em desenvolvimento. Desse número 96.800 toneladas são de
computadores descartados (Schluep et al., 2009).
A média de vida de aparelhos celulares no Brasil é menos de dois anos e 10 a 20% se
tornam inativos a cada ano. A tabela a seguir mostra a quantidade de lixo eletrônico gerado no
0
50000
100000
150000
200000
250000
300000
350000
México (2006) Brasil (2005) China (2007) Índia (2007)
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 24
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
Brasil no ano de 2009.
Tabela 2: Quantidade de lixo eletrônico gerado no Brasil em 2009.
ton/ano kg/cap
Telefones fixos e móveis, televisores,
rádios, maquinas de lavar, refrigeradores e
freezers
678.960 3,4
Telefones fixos e móveis, televisões e
computadores 202.450 1,0
Computadores 99.999 0,5
Fonte: Pinheiro et al. (2009).
Araújo et al. (2012) estudaram os equipamentos eletroeletrônicos no Brasil e
concluíram que são responsáveis por 4% do produto interno bruto, se destacando como um
dos setores mais dinâmicos da economia brasileira, e com características de contínua
expansão. O Brasil se encontra entre os cinco maiores produtores de computadores no
mercado global. Entre 2000 e 2008 houve um enorme crescimento de venda e estoque de
computadores e telefones celulares: 385% e 526% respectivamente. Isso mostra que o
mercado dos EEE, aflorado pela tecnologia em contínuo avanço, é um mercado com alto
potencial de geração de resíduos.
Esses EEE descartados poderiam ser reciclados e reutilizados economizando energia.
O alto valor agregado dos constituintes presentes nos REEE, principalmente dos metais e
polímeros, faz com que os REEE sejam uma fonte alternativa desses recursos. A Tabela 3
mostra a relação desse material reciclado com a economia de energia.
Tabela 3: Economia de energia dos materiais reciclados
Material Economia de Energia (%)
Alumínio 95
Cobre 85
Ferro e Aço 74
Chumbo 65
Zinco 60
Papel 64
Plástico >80
Fonte: Cui & Forssberg (2003).
A reciclagem de compostos metálicos é interessante, pois representa um ganho
econômico, energético e ambiental. O processo em que os metais são extraídos diretamente
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 25
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
dos minérios (produção primária) consome mais energia quando comparado aos metais
obtidos pelos resíduos eletrônicos (produção secundária). O consumo de energia em média é
de 116 GJ/ton na produção primária de cobre enquanto que na produção secundária gasta-se
19 GJ/ton, representando uma economia de 83%. No caso do alumínio a economia chega a
95%, a do magnésio 97% (Hayes, 1993 apud Veit, 2001).
No Brasil há poucas indústrias especializadas na reciclagem e no reaproveitamento de
resíduos. Na maioria das vezes o material é enviado para o exterior para que seja processado.
A única empresa que apresenta todo seu processo industrial no Brasil é a Suzaquim Ltda, São
Paulo (Suzaquim, 2014).
A UMICORE, originária na Bélgica, é uma empresa de liderança mundial no refino de
metais preciosos. Estão presentes em vários países, inclusive o Brasil desde 2005, e dentre as
suas áreas de atuação incluem os metais e a reciclagem (Umicore, 2014).
A Cimelia, localizada em Cingapura, é uma empresa que oferece serviços de
gerenciamento e reciclagem de metais de sucatas eletroeletrônicas obsoletas. Possui pontos de
coletas espalhados por vários países. No Brasil se encontra em Campinas, São Paulo (Cimelia,
2014).
2.4. Placa de Circuito Impresso
A indústria eletroeletrônica utiliza intensamente as placas de circuito impresso para o
processamento de dados, estando presente, portanto, na estrutura da maioria dos produtos
dessa área. As PCI são compostas predominantemente por metais (40%), polímeros (30%) e
cerâmicos (30%), segundo He et al. (2006). Quando retirados todos os componentes, tem-se
uma predominância da fase não metálica (FNM) - 72% (Li et al., 2004).
A fração não metálica (FNM) é composta por materiais cerâmicos e plásticos. Os
plásticos compostos nas PCI são basicamente retardantes de chama, polímeros halogenados,
resinas e fibra de vidro. Os materiais cerâmicos presentes nas PCI são basicamente sílica e
alumina. A fração metálica (FM) é composta por metais de base como cobre, ferro, alumínio e
estanho; metais raros como tântalo, gálio e metais do grupo da platina (Pt, Pd, Rd, Rh); metais
nobres como ouro, prata e paládio e metais perigosos como crômio, chumbo, berílio,
mercúrio, cádmio, zinco e níquel (Li et al., 2004; Guo et al., 2009).
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 26
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
No lixo eletrônico, as PCI provenientes dos resíduos de equipamentos elétricos e
eletrônicos representavam, em 2003, 3% do peso total desses REEE segundo dados de
Basdere & Seliger (2003). Chao et al. (2011) afirmam que as PCI são 6% do peso total dos
REEE.
Metais preciosos, como o grupo da platina apresentam elevada estabilidade química e
boa condutividade elétrica e assim são largamente aplicados em aparelhos eletrônicos (Cui &
Zhang, 2008). Segundo Betts (2008) as PCI possuem dez vezes maior concentração de metais
nobres em relação à concentração nos minerais de onde foram extraídos.
2.5. Metais e seus impactos na saúde e no meio ambiente
O lixo eletrônico pode prejudicar a saúde humana de duas formas, como Kiddee et al.
(2013) citam:
através da cadeia alimentar, onde há contaminação das águas e dos solos devido aos
processos informais de reciclagem havendo a transferência das substâncias tóxicas
para os seres humanos;
pela exposição, daqueles que trabalham com esse processo informais de reciclagem, às
substâncias tóxicas liberadas.
Pessoas que vivem nas áreas em que o lixo está sendo reciclado de maneira
inapropriada apresentaram concentrações elevadas de substâncias tóxicas em exames
realizados no sangue, soro, cabelo, leite humano e urina. Na China foram detectados altos
níveis de chumbo e cádmio nos sangue de crianças em regiões próximas a essas reciclagens
informais (Zheng et al., 2008).
Wong et al. (2007) estudaram o grau de contaminação do meio ambiente proveniente
das substâncias químicas liberadas pelos processos de reciclagem informal dos resíduos
eletrônicos em Guiyu, cidade na China que mais recebe esse tipo de lixo e onde a reciclagem
informal é intensamente praticada. Poluentes orgânicos (retardantes de chama), dioxinas,
furanos, hidrocarbonetos aromáticos e metais tóxicos como chumbo, cromo, zinco e cádmio
foram detectados na atmosfera e nos solos dessa região.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 27
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
Em Guiyu ainda na China, níveis elevados de dioxinas foram encontrados no leite e no
cabelo das pessoas onde provavelmente foram contaminados pelo ar, pela água ou por
alimentos (Chan et al., 2007). A existência de metais pesados e compostos retardantes de
chama implica em danos à saúde dos trabalhadores que reciclam os resíduos eletroeletrônicos.
A Tabela 4 mostra os perigos dos metais à saúde humana.
Tabela 4: Relação de alguns metais com a saúde humana.
Elemento Principais danos causados à saúde humana
Alumínio Relaciona-se ao mal de Alzheimer com contaminação crônica.
Bário Efeitos no coração, constrição dos vasos sanguíneos, elevação da
pressão arterial e efeitos no sistema nervoso central.
Cádmio Acumula-se nos rins, fígados, pulmões, pâncreas, testículos e coração.
Em intoxicação crônica pode causar lesão renal, deformação fetal,
câncer, descalcificação óssea e enfisema pulmonar.
Chumbo O mais tóxico. Acumula-se nos ossos, cabelos, unhas, cérebro, fígado e
rins. Cauda dores de cabeça, anemia, atinge sistema nervoso central,
sistema renal, alterações gastrintestinais, neuromusculares e
hematológicas, podendo levar à morte.
Cobre Lesões no fígado.
Cromo Pode provocar anemia, alterações hepáticas e renais e câncer no
pulmão.
Mercúrio Altamente tóxico. Efeito acumulativo, lesões no sistema nervoso
central, absorvidos pelos pulmões, modifica as configurações das
proteínas.
Níquel Provoca mutação genética, câncer.
Fonte: Adaptado de ABDI (2012).
Elevadas concentrações de cobre, cádmio, mercúrio, chumbo, cromo, cobalto, estanho,
zinco, prata, bismuto e índio também foram encontrados em Bangalore, Índia nos solos e nos
ares próximos às áreas de reciclagem (Ha et al., 2009).
O lixo eletrônico descartado nos aterros sanitários, por mais que sejam seguros e
modernos com capacidade de isolamento, há risco de vazamento de produtos químicos e
metais. Há ainda o agravante de milhares de aterros sanitários antigos onde o controle e a
proteção são menores. Esses poluentes podem se deslocar pelos solos e água subterrânea tanto
dentro quanto pelas redondezas dos aterros (Kasassi et al., 2008).
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 28
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
2.6. Métodos de Tratamento de Placas de Circuito Impresso
O processo de tratamento das placas de circuito impresso se torna difícil devido a
heterogeneidade da composição exigindo, portanto, várias etapas de tratamento. A
complexidade aumenta ainda mais por seus constituintes apresentarem alto grau de
periculosidade ao meio ambiente.
As operações aplicadas ao tratamento das PCI são basicamente as mesmas realizadas
para o tratamento ou beneficiamento de minérios, como também pode ser chamado. Essas
operações consistem em alterar a granulometria e a concentrar determinadas espécies sem, na
maioria das vezes, modificar aspectos físicos e químicos.
Os métodos de tratamento das PCI para a reciclagem de seus constituintes são
classificados em três estágios (Moraes, 2011):
Desmontagem: etapa de pré-tratamento onde os materiais são separados;
Beneficiamento: etapa de separação e concentração de materiais através de
processos mecânicos/físicos e processos metalúrgicos;
Refinamento: etapa de recuperação de materiais mais puros por processos
mecânicos/químicos.
2.6.1. Processo Mecânico
Os processos mecânicos geralmente são utilizados para tratar o material fisicamente e
deixá-lo em melhor estado para os tratamentos subsequentes. Durante essa etapa também
objetiva-se liberar, separar e homogeneizar os vários tipos de componentes.
Segundo Cui & Forssberg (2003) o tamanho da partícula, a forma e o grau de
liberação estão estritamente ligados ao processo mecânico utilizado. A grande maioria dos
processos mecânicos possuem uma faixa de tamanho ideal para se obter uma boa eficiência.
Esses processos englobam muitas operações realizadas no tratamento de minérios que
geralmente são aplicados, neste tipo de pesquisa, para a concentração de determinada fração
de interesse das demais frações do resíduo. Funciona como um pré-tratamento para os
procedimentos posteriores de reaproveitamento.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 29
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
Vários estudos aplicaram processamento mecânico para o tratamento de placas de
circuito impresso como Zhang & Forssberg (1999); Lee et al. (2012) e Sant’ana et al. (2013).
Há diversos tratamentos que podem ser usados nesta etapa. Os principais são:
desmantelamento, cominuição, separação granulométrica, separação magnética, separação por
densidade e separação eletrostática.
2.6.1.1. Desmantelamento e Corte
O processo de desmantelamento se caracteriza pela desmontagem manual dos
componentes eletrônicos acoplados na placa de circuito impresso, restando somente o
substrato. Os principais componentes são: processador, memória RAM, memória ROM,
bateria, chipset, conectores, e capacitores.
É comum nessa etapa a negligência e a falta de procedimentos e ferramentas
adequadas que consigam retirar as peças eletrônicas sem danificá-las, o que ocorre
frequentemente. A variedade dos produtos eletroeletrônicos, os diversos modelos e designs,
problemas de coleta e retorno dificultam o desenvolvimento e a implementação de um
processo automatizado e rentável de desmantelamento (Cui & Forssberg, 2003).
Porém, quando realizado de maneira correta e eficiente esse processo pode contribuir
para a reciclagem através do reuso de componentes, da retirada de componentes perigosos e
de componentes e materiais valiosos de alto valor econômico.
Para que haja a implementação de um bom processo de desmontagem visando um
maior aproveitamento dos componentes é necessário ferramentas de alta eficiência e
flexibilidade. A montagem de EEE já é bem aplicada e automatizada com auxílio de robôs,
diferentemente da desmontagem precária e manual (Zeng et al., 2012; Cui & Forssberg,
2003).
Apesar das dificuldades, estudos estão contribuindo para o avanço desse processo. Lee
et al. (2012), através de um aparelho, aplicaram o processo de desmontagem dos componentes
das PCI. Zeng et al. (2012) mostram as contribuições desenvolvidas mais recentemente que
visam a melhoria nos processos de desmantelamento para aplicação até mesmo em escala
piloto.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 30
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
2.6.1.2. Cominuição
O processo de moagem ou ainda cominuição consiste na redução do tamanho pela
força mecânica. Essa etapa é relevante, pois a fragmentação em tamanhos menores implica na
liberação física dos materiais possibilitando a concentração posterior dos diversos
componentes. Essa ação mecânica pode ser através de “facas”, “martelos” ou “bolas” que
correspondem aos mecanismos de corte, impacto e abrasão respectivamente. Dos tipos de
moinho citados, os mais empregados para a cominuição das PCI são de martelos e de facas
(Veit, 2001).
Segundo estudos de liberação dos materiais das PCI através de processos mecânicos
realizados por Zhang & Forssberg (1999) o uso de moinhos de martelos na cominuição pode
agrupar ou encapsular partículas de metais em formas arredondadas, em particular o alumínio.
Por isso, o moinho de martelos não é apropriado para a etapa inicial de cominuição. Assim,
uma cominuição que envolva corte é o mais recomendado.
Cada tipo de moinho apresenta um mecanismo de fratura, o que influencia na
liberação dos materiais e no desgaste do equipamento. O processo de desgaste pode
contaminar o material de estudo incorporando componentes não pertencentes a amostra
original. Esses componentes contaminantes são na verdade o material desgastado do
equipamento. Portanto, o tempo de permanência do material no processo de cominuição é
importante e deve ser o mínimo possível (Chaves & Peres, 1999 apud Moraes, 2011).
2.6.1.3. Separação Granulométrica
A separação granulométrica é relevante, pois proporciona a uniformização do material
para os processos físicos, evitando a interferência de um grão maior sobre um grão menor. A
classificação granulométrica também pode concentrar determinado tipo de material
(polimérico, cerâmico ou metálico) em uma faixa granulométrica.
As peneiras vibratórias, instrumento utilizado para esse tipo de separação, são
superfícies compostas por fios e áreas vazadas, quanto mais fios menor é a área. As partículas
de menor tamanho que as áreas vazadas passam por essas perfurações enquanto que as
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 31
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
maiores são retidas nessa superfície. Assim, o material que passa pela peneira chama-se
material passante e o material que permanece na peneira material retido.
Zhang & Forssberg (1999) concluíram que os metais estão quase completamente
liberados na faixa abaixo de 3 mm. Em frações mais grossas que essa faixa granulométrica os
metais como o Cu, por exemplo, apresentam menor liberação, pois estão associados a
materiais plásticos e cerâmicos.
Veit (2001) acrescenta que em granulometrias abaixo de 1 mm há uma boa
desagregação dos metais em relação aos demais materiais, se concentrando na faixa entre 0,5
e 1 mm. A liberação dos materiais é significativamente importante para a implementação de
um processo de separação posterior (Zhang & Forssberg, 1997).
2.6.1.4. Separação Magnética
Essa técnica também é usada no processamento de tratamento de minérios. Os
materiais que apresentam resposta a um campo magnético são suscetíveis a ele e assim
conseguem ser separados.
Devido a essa susceptibilidade magnética, os materiais se dividem em dois grupos: os
que são atraídos pelo campo e os que são repelidos. Aqueles que são atraídos são classificados
como materiais ferromagnéticos (fortemente atraídos) e paramagnéticos (fracamente atraídos)
enquanto que aqueles que são repelidos são classificados em diamagnéticos (Sampaio et al.,
2004). As propriedades magnéticas dependem da estrutura eletrônica dos elementos e do
arranjo dos átomos no sólido (estrutura cristalina).
A técnica de separação magnética pode ser empregada tanto a seco como a úmido.
Para partículas mais grossas, utiliza-se, normalmente, o método a seco, enquanto que para as
mais finas, a separação úmida.
Há vários tipos de separadores magnéticos, o mais utilizado, porém é o separador
isodinâmico Frantz, devido possivelmente a sua versatilidade e aplicação. É composto
resumidamente por uma calha vibratória com inclinações, lateral e longitudinal, variáveis e
padronizadas em 15° e 25° respectivamente, e dois eletroímãs, de corrente regulável,
responsáveis pelo campo magnético. A separação depende do campo magnético, das
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 32
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
inclinações lateral e longitudinal, da velocidade de escoamento, da granulometria e da
quantidade de material alimentada. A separação é muita lenta, trabalhando-se, portanto com
pouco material (Neumann et al., 2002).
Os grãos susceptíveis ao magnetismo interagem com o campo. Aqueles fortemente
magnéticos são separados vencendo a força gravitacional devido à inclinação lateral, ou seja,
vencendo a força peso que depende do tamanho dos grãos. A inclinação longitudinal
(vertical), que também sofre influencia da força da gravidade, e a granulometria influenciam
na velocidade de escoamento, que interfere na interação dos grãos com o campo magnético.
Uma velocidade de escoamento muito rápida, geralmente característica dos grãos maiores, faz
com que a interação não seja forte o suficiente para a separação dos grãos.
A separação magnética é importante para a retirada dos metais fortemente magnéticos
que poderiam interferir nas próximas etapas. Muitos estudos tem utilizado esse método de
separação para a caracterização e recuperação de metais das PCI (Yamane et al., 2011;
Kasper et al., 2011 e Cui & Forssberg, 2003).
2.6.2. Processo Pirometalúrgico
O processo pirometalúrgico é uma técnica de reciclagem química que faz uso da
temperatura para tratar o material. Esse método proporciona a concentração de metais com a
aplicação de elevadas temperaturas, observando as diferenças no ponto de fusão dos
materiais, onde os polímeros são degradados e as frações cerâmicas e metálicas se concentram
na escória (Cui & Zhang, 2008).
Uma das desvantagens é o alto consumo energético, o que implica também em altos
custos. Outra problemática desse método é a emissão de dioxinas, furanos e metais voláteis
das emissões gasosas provocadas pela degradação da fase polimérica (retardadores de chama).
Essas substâncias são tóxicas e o cuidado e o tratamento dessas emissões são importantes e
levadas em consideração para a implementação do processo (Petter, 2012).
Hung-Lung et al. (2007) aplicaram o processo de pirólise como um método de
reciclagem de metais e compostos bromados nas PCI. Estudaram os efeitos do tamanho da
partícula e da temperatura nos componentes das PCI e dos resíduos da pirólise, produtos
líquidos com o objetivo de otimizar o processo de pirólise nas condições que causem menor
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 33
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
impacto ambiental. Hall & Williams (2007) também aplicaram o processo de pirólise como
tratamento de placas de circuito impresso. Outros exemplos de processos pirometalúrgicos
que podem ser aplicados são incineração, fusão e sinterização.
2.6.2.1. Pirólise
A pirólise é um método interessante na reciclagem uma vez que os produtos podem ser
recuperados e reutilizados no próprio processo de pirólise ou até mesmo em demais
processos, solucionando o problema das emissões e economizando energia (Quan et al.,
2010).
Há muitos estudos sobre a pirólise das placas de circuito impresso. Quan et al. (2009)
realizaram um estudo da pirólise de PCI em uma TG com atmosfera inerte de nitrogênio. Os
componentes das PCI foram retirados e somente o substrato foi utilizado. As amostras foram
aquecidas da temperatura ambiente a 800°C e ao atingir essa temperatura permaneceu durante
10 min. Terminado o experimento o forno foi desligado e o aquecimento cessado. A
atmosfera inerte de nitrogênio permaneceu durante o resfriamento até a temperatura ambiente.
Long et al. (2010) estudaram a combinação de reciclagem mecânica com pirólise a
vácuo para o desenvolvimento de um processo de baixo impacto ambiental. A pirólise foi
realizada em uma escala piloto com um reator de leito fixo para reciclar resinas orgânicas
contidas nas PCI.
Moraes (2011) estudou a recuperação de metais por processos mecânicos e
hidrometalúrgicos de PCI retiradas de aparelhos celulares e Yamane (2012) a recuperação de
metais por processos biohidrometalúrgicos de PCI de computadores. Ambas caracterizaram
seu material em atmosfera inerte de argônio atingindo uma temperatura de 800°C e
permanecendo durante 1 hora.
Durante a pirólise há liberação de gases e líquidos referentes à degradação térmica dos
materiais poliméricos e de demais resinas. Há alguns estudos também quanto a caracterização
destes, como por exemplo, Ortuño et al. (2014) que estudaram a caracterização das emissões
do processo de degradação térmica de PCI de aparelhos celulares.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 34
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
Hao et al. (2014) estudaram a pirólise das placas de circuito impresso misturadas com
carvão como proposta de um novo método de processamento. A pirólise foi realizada sob
atmosfera inerte de nitrogênio. A vazão de nitrogênio utilizada na TG como gás de proteção
foi de 50 ml/min.
2.6.3. Processo Hidrometalúrgico
O processo hidrometalúrgico tem como objetivo a dissolução de metais através de um
ataque ácido ou básico. A fase líquida, solução ácida ou básica, é usada para dissolver algum
componente da fase sólida ocorrendo, portanto, reações de transferência entre as fases. O
processo mais empregado é a lixiviação.
Normalmente, segundo afirma Santanilla (2012), após a lixiviação, outros métodos
hidrometalúrgicos são aplicados para a recuperação do material que se tem interesse como a
precipitação (pela formação de sal ou hidróxidos) e a eletrodeposição (recuperação na forma
metálica). Birloaga et al. (2013) e Tuncuk et al. (2012) utilizaram processos
hidrometalúrgicos para o tratamento de placas de circuito impresso.
Segundo Cui & Zhang (2008) processos piro-hidro e bio metalúrgicos são utilizados
para a recuperação de metais de alto valor agregado. Porém, os processos hidrometalúrgicos
são mais adequados em relação aos pirometalúrgicos, pois são controlados mais facilmente,
são de maior exatidão e são mais adequados quanto aos problemas ambientais. (Yang et al.,
2011).
2.6.3.1. Lixiviação
A lixiviação é na verdade a transferência de um componente presente na fase sólida
para a fase líquida, através da sua solubilização. Para que esse processo de extração ocorra a
fase líquida pode ser uma solução ácida ou alcalina.
Como os resíduos eletroeletrônicos apresentam elevada quantidade e variedade de
metais apreciáveis economicamente, a extração e a recuperação desses materiais valiosos são
bastante visadas.
Behnamfard et al. (2013) estudaram a recuperação de cobre e metais precisos como
paládio e ouro através do processo químico de lixiviação. Utilizaram 4 placas de
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 35
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
computadores de fornecedores distintos onde foram reduzidas a partículas menores que 0,3
mm. Realizaram várias lixiviações ácidas com ácido sulfúrico, tiouréia e ácido clorídrico.
Nogueira et al. (2014) também aplicaram a lixiviação para recuperação de metais de alto valor
agregado como paládio e ródio. Petter et al. (2014) analisaram a lixiviação de ouro e prata de
placas de circuito impresso de celulares.
Segundo Petter et al. (2014) a água régia (HCl/HNO3) é uma solução ácida forte e a
mais agressiva para extrair a maioria dos metais, principalmente o cobre. Park & Fray (2009)
usaram água régia para a lixiviação de alguns metais como prata, ouro e paládio e analisaram
a proporção sólido/solução para melhor dissolução encontrando que 1g/20ml seria a mais
adequada. Yamane et al. (2011) estudou a caracterização de placas de circuito impresso de
computadores e aparelhos celular. Utilizou água régia na proporção sólido líquido de 1g/20ml
durante 24 horas a temperatura ambiente.
Apesar das lixiviações ácida e alcalina serem normalmente as mais utilizadas há,
porém, outros estudos de lixiviação envolvendo bactérias. Essa técnica, já aplicada ao
tratamento de minérios, está se expandindo também ao tratamento de resíduos
eletroeletrônicos. Yamane et al. (2013) estudaram os parâmetros e suas influências no
processo de lixiviação bacteriana nas sucatas eletrônicas.
2.6.4. Processo Eletrometalúrgico
O processo eletrometalúrgico no tratamento dos resíduos eletrônicos é aplicado para
recuperação do metal puro, é um processo de refinamento como, por exemplo, a eletro-
obtenção.
A eletro-obtenção é uma técnica caracterizada pela reação eletroquímica envolvendo a
transferência de cargas entre dois eletrodos imersos (cátodos e ânodos) em uma solução
condutora ou eletrólito onde o metal a ser recuperado deve estar. Os íons metálicos da solução
eletrolítica são depositados sobre o cátodo (eletrodo de polo negativo).
Veit et al. (2006) após o tratamento físico aplicaram o processo de eletrometalurgia
para recuperar alguns metais separadamente, especificamente o cobre. Jayakumar et al.
(2011) estudaram a recuperação de metais valiosos como paládio, ródio e rutênio através da
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 36
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
eletrodeposição química. Fogarasi et al. (2014) estudaram a recuperação de cobre e ouro
através da combinação de oxidação eletroquímica imediata.
A vantagem da utilização do processo eletrometalúrgico é que se pode depositar um
determinado metal de interesse mantendo os demais dissolvidos na solução. É um processo de
poucas etapas, relativamente simples e apresenta boa aplicação.
2.6.5. Processo Biohidrometalúrgico
São processos em que a solubilização de metais se dá pela ação de microorganismos.
Essa técnica já é conhecida há um tempo, mas sua utilização como rota alternativa na
recuperação de metais vem sendo aplicada mais recentemente.
Segundo Yamane, 2012 as vantagens do processo biohidrometalúrgico envolve a
economia nos agentes oxidantes utilizados nos processos convencionais hidrometalúrgicos, a
energia necessária e a emissão de gases poluentes em relação aos processos pirometalúrgicos.
A principal desvantagem é a lentidão do processo.
2.6.6. Processo de caracterização
Os processos de caracterização utilizados nesse trabalho foram os processos de
lixiviação, pirólise, análise em FRX, separação magnética e técnica de Gaudin.
Os processos de lixiviação e pirólise são processos, normalmente, de tratamento de
placas de circuito impresso, mas também são aplicáveis para caracterização desses materiais.
Ambas as técnicas se complementam para a determinação da composição dos materiais
metálicos, poliméricos e cerâmicos.
A análise de fluorescência de raios X (FRX) é uma técnica frequentemente aplicada à
caracterização de materiais quanto a composição química. A amostra é exposta a um feixe de
radiação provocando a excitação dos elétrons nas camadas mais externas dos átomos. Por
efeito fotoelétrico, uma fonte de radiação X é usada para ionizar os níveis internos dos
átomos. No regresso ao estado fundamental, o excesso de energia é liberado por emissão de
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 37
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
fótons, que se dá pela diferença de energia de ligação entre os níveis de transição, que é
característico do elemento.
A separação magnética também foi aplicada nesse trabalho para a quantificação da
composição química dos materiais suscetíveis e não suscetíveis a um campo magnético, ou
seja, materiais magnéticos e não magnéticos de cada uma das faixas granulométricas
estudadas.
A análise de liberação de grãos tem como objetivo a determinação do grau de
liberação das partículas dos materiais envolvidos, ou seja, a “porcentagem” correspondente
aos grãos desagregados uns aos outros. Uma das técnicas de liberação de grãos é o método de
Gaudin que consiste na contagem de todas as partículas liberadas e mistas do mineral de
interesse da amostra. A aplicação do método só é viável sendo possível a distinção do mineral
e do material que não se tem interesse. É considerado um método simples e com boa
representação da liberação dos grãos (Barbosa et al., 2014).
CAPÍTULO 3
METODOLOGIA EXPERIMENTAL
Capítulo 3 – Metodologia Experimental 39
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
3. Metodologia Experimental
3.1. Materiais
3.1.1. Placas de Circuito Impresso
As placas de circuito impresso deste trabalho foram fornecidas pelo Departamento de
Material e Patrimônio (DMP/UFRN), responsável pelos computadores obsoletos de toda a
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. São computadores que não são mais utilizados
e que são descartados e recolhidos pelo DMP. As placas referentes a esse computadores são
de vários fabricantes, não tendo distinção de marca e ano. A Figura 2 mostra uma placa de
circuito impresso.
Figura 2: Placa de circuito impresso completa.
As placas de circuito impresso são compostas de maneira geral do substrato e dos
componentes. Ela pode ser manuseada da seguinte forma:
Placa completa (substrato + componentes)
Componentes (bateria, capacitores, processador, etc..)
Substrato (placa sem componentes)
No presente trabalho utilizou-se somente o substrato, porém será sempre referida aqui
como placa de circuito impresso (PCI). Para fins de pesquisa utilizou-se 10 placas totalizando
o equivalente em massa de 2,07 Kg.
Capítulo 3 – Metodologia Experimental 40
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
3.1.2. Soluções
As soluções e reagentes utilizados para o desenvolvimento da pesquisa estão listados a
seguir com suas finalidades descritas respectivamente.
Ácido clorídrico (HCl): utilizado na formulação da água régia;
Ácido nítrico (HNO3): utilizado na formulação da água régia.
O ácido nítrico e o ácido clorídrico foram usados na proporção de 1:3 para a
formulação da água régia no processo de digestão dos metais na etapa de caracterização das
placas. A mistura desses dois ácidos concentrados resulta em produtos voláteis como o cloreto
de nitrosilo (NOCl) e o cloro (Cl-). A solução de água régia perde sua potência à medida que
os produtos voláteis escapam, por isso usa-se imediatamente após o preparo. Abaixo a
representação da reação química da mistura.
𝐻𝑁𝑂3(𝑎𝑞) + 3𝐻𝐶𝑙(𝑎𝑞) → 𝑁𝑂𝐶𝑙(𝑔) + 2𝐶𝑙−(𝑔) + 2𝐻2𝑂(𝑙) [Equação 1]
3.1.3. Equipamentos
Os equipamentos utilizados em todas as etapas físicas e químicas desde o
desmantelamento até a separação magnética estão listados abaixo:
Soprador Térmico de marca Vonder 2.000W que atinge temperaturas entre 350°C a
550°C. Utilizado na retirada dos componentes das placas de circuito impresso.
Guilhotina Tesourão. Utilizado na redução do tamanho da placa de circuito impresso a
fragmentos de aproximadamente 4cm2.
Moinho de Facas de 8 lâminas. Utilizado na cominuição das placas de circuito
impresso.
Conjunto de Peneiras Vibratórias Solutest e agitador de peneiras redondas Viatest.
Peneiras de abertura NBR 1,18 mm (ASTM 16, Mesh/Tyler 14); de 0,5 mm (ASTM
35, Mesh/Tyler 32) e 0,25 mm (ASTM 60, Mesh/Tyler 60).
Capítulo 3 – Metodologia Experimental 41
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
Forno tubular. Utilizado na pirólise para a caracterização do material.
Estufa de Esterilização e Secagem de marca Linea. Utilizado após a lavagem na etapa
de lixiviação para a caracterização do material.
Agitador Fisatom, modelo 752A. Utilizado nos ensaios de lixiviação.
Separador Magnético Isodinâmico Frantz. Utilizado para separar os materiais
magnéticos dos não magnéticos.
Balança analítica de três casas decimais.
Lupa binocular de dez vezes de aumento. Utilizado para análise de grau de liberação
de grãos.
Granulômetro CILAS 1180. Utilizado para análise de tamanho de grãos.
3.2. Métodos
Neste trabalho alguns processos foram aplicados às placas de circuito impresso para a
caracterização, a concentração de determinados constituintes, como também a separação de
componentes. A Figura 3 mostra os métodos utilizados.
Capítulo 3 – Metodologia Experimental 42
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
Figura 3: Fluxograma dos processos aplicados às placas.
Capítulo 3 – Metodologia Experimental 43
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
3.2.1. Desmantelamento e Corte
A etapa de desmantelamento é a retirada manual dos componentes que estão acoplados
a placa mãe. Alguns desses componentes são: processador, memória RAM, memória ROM,
bateria, chipset, conectores e capacitores. Os componentes foram retirados com o auxílio de
alicates e de um soprador térmico de marca Vonder 2000W que atinge temperaturas entre 350
e 550°C. Como o trabalho é referente ao substrato, não incluindo os componentes que
também podem ser reaproveitados, foi necessária a remoção destes. A Figura 4 mostra a placa
antes e depois da soldagem, e a Figura 5 o soprador térmico utilizado.
Figura 4: Placa de circuito impresso antes (substrato + componentes) e depois (substrato) do
desmantelamento.
Figura 5: Soprador térmico Vonder.
Para reduzi-las a pó, precisou primeiramente diminuir o tamanho para que pudessem
ser processadas no moinho. Utilizou-se para isto, uma guilhotina tesourão em que o tamanho
das placas é reduzido a fragmentos menores de aproximadamente 4cm2.
Capítulo 3 – Metodologia Experimental 44
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
Figura 6: a) Placa reduzida a fragmentos; b) Guilhotina tesourão.
3.2.2. Cominuição
As placas de circuito impresso, com seu tamanho reduzido a fragmentos, foram
processadas no moinho de facas para serem moídas a tamanho de grãos. O moinho de facas de
8 lâminas utilizado é mostrado na Figura 7.
Figura 7: Moinho de facas.
Os fragmentos das placas de circuito impresso foram alimentados aos poucos no
moinho até sua completa cominuição que ocorre em poucos minutos. A velocidade de rotação
é média durando aproximadamente 1h para triturar todos os fragmentos de uma placa unitária.
O pó é retirado e armazenado.
Capítulo 3 – Metodologia Experimental 45
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
3.2.3. Separação Granulométrica
Após a moagem, foi realizado o quarteamento do material triturado de 2,07Kg em
frações menores de 500g e então utilizou-se 207,6g (correspondendo em média ao peso de
uma placa). As placas trituradas foram classificadas em três faixas granulométricas por um
conjunto de peneiras vibratórias como mostra Figura 8. Colocou-se o material de 207,6g na
peneira superior onde permaneceu durante 20 minutos.
O material triturado se distribuiu nas três faixas granulométrica. As peneiras
utilizadas foram de abertura NBR 1,18 mm (ASTM 16, Mesh/Tyler 14); de 0,5 mm (ASTM
35, Mesh/Tyler 32) e 0,25 mm (ASTM 60, Mesh/Tyler 60).
Figura 8: Conjunto de peneiras vibratórias e agitador.
As três faixas granulométricas trabalhadas são representadas pelas nomenclaturas N1,
N2 e N3. A amostra N1 corresponde as partículas [-14#/+32#], a amostra N2 corresponde as
partículas [-32#/+60#] e a amostra N3 corresponde as partículas [-60#]. O material retido na
peneira 14 Mesh, de nomenclatura N0, foi desconsiderado por apresentar partículas maiores
que 1 mm.
Capítulo 3 – Metodologia Experimental 46
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
3.2.4. Caracterização do Material
Após a classificação do material em faixas granulométricas, cada uma dessas faixas
foi caracterizada a fim de se estudar a composição e a proporção dos possíveis tipos de
materiais presentes.
3.2.4.1. Pirólise
As amostras das três faixas granulométricas foram analisadas por ensaios de pirólise.
Os testes foram realizados em triplicata. As faixas granulométricas foram homogeneizadas e
amostras de 0,5 gramas foram colocadas no forno tubular mostrado na Figura 9. A razão do
uso desta quantidade de massa para esse processo de pirólise é devido à limitação do forno
tubular.
Figura 9: Forno tubular.
Antes de começar o aquecimento, o forno tubular foi submetido a uma purga de
nitrogênio durante 2 horas, a fim de garantir a completa ausência de oxigênio. Terminada as 2
horas de purga, iniciou-se o processo de aquecimento até atingir 800°C mantendo o fluxo
constante de nitrogênio. A taxa de aquecimento foi, em média, de 27°C/minuto. Ao atingir a
temperatura desejada de 800°C, as amostras permaneceram nessa temperatura durante 1 hora.
Após esse período, o aquecimento foi desligado e o resfriamento do sistema foi realizado
naturalmente sendo mantida a atmosfera inerte de nitrogênio. Quando a temperatura ambiente
foi atingida, o fluxo de nitrogênio foi desligado e as amostras retiradas para análise.
Capítulo 3 – Metodologia Experimental 47
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
A temperatura aplicada a 800°C se deve a algumas resinas epóxi se degradarem
termicamente a 750°C. A atmosfera inerte é necessária para evitar a oxidação dos metais e
assim a perda de massa (Moraes, 2011).
Através dos ensaios de pirólise e dos balanços de massa foi possível determinar a
quantidade de polímeros de cada uma das amostras. A massa evaporada é equivalente aos
polímeros e as resinas epóxis. Assim a diferença entre a massa inicial da amostra da massa
final restante proporciona a massa dos materiais poliméricos.
𝑚𝑝𝑜𝑙í𝑚𝑒𝑟𝑜𝑠 = 𝑚𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 − 𝑚𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑟𝑒𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 [𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 2]
3.2.4.2. Lixiviação em água régia
A solução utilizada na lixiviação ácida dos metais foi a água régia preparada na
proporção de 1:3 de HNO3/HCl. Para a digestão do material processado das placas de circuito
impresso, a proporção sólido/líquido utilizada foi de 1g/20mL. Assim, como foi utilizado 5g
do material cominuído, utilizou-se 100 mL da solução de água régia.
A lixiviação ocorreu à temperatura ambiente durante 24 horas e sob constante
agitação. Ao seu término, o sistema foi desmontado e a solução descansou por mais 24 horas.
As amostras foram filtradas e o material sólido não lixiviado lavado com 100 ml de água
destilada. A filtração foi realizada com papel de filtro durante 24 horas.
Após a filtração, encaminhou-se o material retido no papel de filtro para o processo de
secagem na estufa à temperatura de 60°C durante 24 horas. Depois de seco, o material foi
pesado e armazenado.
Os ensaios de lixiviação proporcionam a solubilização dos metais na solução ácida,
havendo assim uma transferência de massa da fase sólida para a fase líquida. A diferença de
massa é, portanto, referente a massa dos metais solubilizados e a massa do material sólido não
lixiviado corresponde aos materiais poliméricos e cerâmicos.
A massa dos metais pode ser determinada então pela diferença entre a massa inicial da
amostra e a massa do material não lixiviado.
𝑚𝑚𝑒𝑡𝑎𝑖𝑠 = 𝑚𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 − 𝑚𝑚𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑙 𝑛ã𝑜 𝑙𝑖𝑥𝑖𝑣𝑖𝑎𝑑𝑜 [𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 3]
onde:
Capítulo 3 – Metodologia Experimental 48
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
𝑚𝑚𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑙 𝑛ã𝑜 𝑙𝑖𝑥𝑖𝑣𝑖𝑎𝑑𝑜 = 𝑚𝑚𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑙 𝑛ã𝑜 𝑙𝑖𝑥𝑖𝑣𝑖𝑎𝑑𝑜 𝑠𝑒𝑐𝑜 − 𝑚𝑝𝑎𝑝𝑒𝑙 𝑑𝑒 𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜 [𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 4]
As massas referentes aos metais e aos polímeros encontrados foram trabalhadas em
valores porcentuais. A massa dos materiais cerâmicos, portanto, é obtida pela diferença da
totalidade (100%) pela porcentagem de massa correspondente aos metais e polímeros.
𝑚𝑐𝑒𝑟â𝑚𝑖𝑐𝑜 = 100(%) − 𝑚𝑚𝑒𝑡𝑎𝑖𝑠(%) − 𝑚𝑝𝑜𝑙í𝑚𝑒𝑟𝑜𝑠(%) [𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 5]
3.2.5. Separação magnética
As três faixas granulométricas foram analisadas quanto à susceptibilidade magnética
dos seus constituintes presentes. Para isto foi utilizado o separador magnético isodinâmico
Frantz como mostrado na Figura 10. Amostras de 5 gramas de cada faixa granulométrica
foram analisadas.
Figura 10: Separador magnético Frantz isodinâmico.
A Figura 11 a seguir apresenta o fluxograma do processo de separação magnética
aplicado.
Capítulo 3 – Metodologia Experimental 49
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
Figura 11: Fluxograma do processo de separação magnética.
CAPÍTULO 4
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Capítulo 4 – Resultados e Discussões 51
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
4. Resultados e Discussões
4.1. Moagem e Separação Granulométrica
A Tabela 5 mostra a distribuição do material resultante do processo de separação
granulométrica. Ela mostra a relação entre o mesh, a abertura das peneiras, as amostras, a
massa e a porcentagem mássica de cada fração granulométrica após a realização da moagem e
da separação granulométrica.
Tabela 5: Distribuição do material após separação granulométrica.
Mesh Abertura
(mm) Amostras
Massa
Retida(g) (%)Retida
(%)Retida
Acumulada
(%)Passante
Acumulada
+14 1,18 N0 44,92 21,64 21,64 78,25
-14/+32 0,5 N1 24,87 11,98 33,62 66,27
-32/+60 0,25 N2 43,02 20,72 54,34 45,55
-60 N3 94,57 45,55 99,89 0,00
Total - 207,38 99,89
Os dados da tabela acima mostram que 78,25% do material triturado resultou em
partículas de tamanho inferior a 1,18 mm e que 45,55% se concentrou na fração mais fina,
abaixo de 0,25 mm com apenas uma moagem, enquanto que 21,64% permaneceram com
granulometria acima de 1,18 mm, não sendo trituradas completamente. Isso evidencia que o
moinho de facas é adequado ao processo de cominuição de placas de circuito impresso. A
eficiência do processo de cominuição, calculado pela divisão da quantidade de partículas com
tamanhos inferiores a 1,18 mm pela a massa total triturada, foi de 78,34%. A perda de massa
durante o manuseio no processo de separação granulométrica foi de 1,3%.
A distribuição do material moído de acordo com a faixa granulométrica está
representada graficamente na Figura 12.
Capítulo 4 – Resultados e Discussões 52
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
Figura 12: Distribuição em (%) mássica do material moído das faixas granulométricas.
O resultado da cominuição e da separação granulométrica, graficamente representado
na Figura 12, mostra claramente que a maior parte do material triturado se concentrou na
fração N3 (< 0,25 mm), a de menor granulometria. Segundo Veit (2005) isso se deve aos
materiais que constituem a placa de circuito impresso (aqui se referindo ao substrato), estarem
dispostos de forma laminar (em camadas), facilitando a moagem e se concentrando nas
frações mais finas.
Segundo Zhang & Forssberg (1999), os diversos componentes presentes nessas
sucatas são relativamente fáceis de serem liberados, pois a ligação interfacial entre eles é
baixa. A energia para liberar esses materiais associados não precisa ser muito intensa, devido
às suas propriedades mecânicas bastante distintas.
A fim de se determinar mais precisamente o tamanho médio das partículas de cada
fração granulométrica, utilizou-se o granulômetro CILAS 1180 para a análise de tamanho de
grãos. As Figuras 13, 14 e 15 mostram os resultados dessas análises.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
N0 N1 N2 N3
(%)
em m
assa
Capítulo 4 – Resultados e Discussões 53
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
Figura 13: Distribuição granulométrica da amostra N1 de dmédio = 1,08mm, [-14#,+32#].
Figura 14: Distribuição granulométrica da amostra N2 de dmédio = 0,685 mm [-32#,+60#].
Capítulo 4 – Resultados e Discussões 54
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
Figura 15: Distribuição granulométrica da amostra N3 de dmédio = 0,0251 mm [-60#].
A distribuição granulométrica da amostra N1 (Figura 13) mostra que grande parte das
partículas apresentou concentração no diâmetro de 1,0 mm. O equipamento também fornece,
mais precisamente, o diâmetro médio, que nesta amostra foi de 1,08 mm, seguindo padrão
estatístico do tipo modal, uma vez que não são observadas descontinuidades na distribuição.
A amostra apresentou 10% de partículas de diâmetro de 0,45 mm, 50% apresentaram
diâmetro de 1,00 mm e 90% apresentaram diâmetro de 1,85 mm. A amostra N1 corresponde
ao material passante da peneira 14 Mesh/Tyler (1,18 mm) e retido na peneira 32 Mesh/Tyler
(0,5 mm).
A amostra N2 representada na Figura 14, de comportamento estatístico do tipo
bimodal, correspondente ao material passante da peneira de 32 Mesh/Tyler (0,5 mm) e retido
na peneira de 60 Mesh/Tyler (0,25 mm), apresentou diâmetro médio das partículas de 0,685
mm, onde 10% das partículas apresentaram diâmetro de 0,33 mm; 50% se concentraram no
diâmetro de 0,542 mm e 90% se concentraram em 1,3 mm.
Na Figura 15 referente à amostra N3, material passante da peneira de 60 Mesh/Tyler
(0,25 mm), 10% das partículas apresentaram diâmetro de 0,00254 mm, enquanto que 50%
apresentaram diâmetro de 0,0175 mm e 90% apresentam diâmetro de 0,0556 mm. A média do
tamanho das partículas foi de 0,0251 mm onde a distribuição de tamanho das partículas
apresentou uma distribuição trimodal.
Capítulo 4 – Resultados e Discussões 55
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
Os tamanhos das partículas das faixas granulométricas analisadas pelo equipamento
estão coerentes com as peneiras utilizadas. Somente a amostra N2 que apresentou diâmetro
médio (0,685 mm) um pouco acima da abertura da peneira utilizada (0,5 mm). Uma das
explicações pode ser devido a peneira estar com aberturas um pouco maiores do que o
indicado.
Cada faixa granulométrica foi analisada quanto à composição por fluorescência de
raios-X. A Figura 18 apresenta os resultados desta análise.
Figura 16: Elementos detectados por fluorescência de raios-X após processo de peneiramento.
As análises da Figura 16 mostra que o cobre foi o elemento químico que apresentou
concentração significativa nas três amostras, atingindo até 36,7%. Isso porque o cobre forma
ligas metálicas com outros metais como estanho, níquel e zinco, sendo o metal mais utilizado
na fabricação dessas sucatas. Percebe-se, também, que a porcentagem de cobre varia
proporcionalmente com a granulometria, ou seja, o cobre tende a se concentrar em frações de
partículas mais grossas.
Há outros elementos químicos que também estão presentes em quantidades
significativas como estanho, silício, bromo e cálcio. O estanho, além de formar ligas metálicas
(Sn-Cu, Sn-Ag), também é componente da solda, tendendo a se concentrar nas frações mais
finas (Veit et al., 2005). O mesmo acontece com o silício e o bromo. O silício, por estar na
Cu Sn Si Br Fe Ni Ca Ba Cr Ag
N1 36,70 16,68 9,78 9,00 0,06 6,29 1,40 0,09 0,60
N2 25,80 20,74 12,62 21,56 0,87 0,09 9,90 2,30 0,19 0,72
N3 12,15 22,67 16,93 17,47 2,52 0,25 16,45 4,91 0,59 0,73
0
5
10
15
20
25
30
35
40
% m
ássi
ca d
os
met
ais
Elementos identificados nas amostras N1,N2 e N3.
Capítulo 4 – Resultados e Discussões 56
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
forma de sílica (fibras de vidro), e o bromo por estar ligado aos retardantes de chama
poliméricos, que apresentam bromo em sua composição (Zhang & Forssberg, 1999). Observa-
se também que ferro e níquel apresentaram concentrações baixas em relação a esses outros
elementos químicos detectados.
4.2. Caracterização do Material
4.2.1. Pirólise
As amostras, após passarem pelo processo de pirólise, foram analisadas por
fluorescência de raios-X quanto aos elementos químicos presentes. Como os experimentos
foram realizados em triplicata para cada faixa granulométrica, a média das porcentagens dos
elementos químicos detectados nas amostras está representada na Figura 17.
Figura 17: Média da (%) mássica dos elementos químicos detectados nas amostras após
processo de pirólise.
Comparando a composição das amostras antes e após o processo de pirólise, percebe-
se que houve um aumento do porcentual após esse processo em grande parte dos elementos.
Observa-se que houve um aumento da porcentagem de ferro nas três amostras, principalmente
Cu Sn Si Br Fe Ni Ca Ba Cr
N1 37,86 21,64 14,29 0,47 5,12 0,54 10,19 2,35 1,83
N2 38,19 22,83 15,55 0,42 1,17 0,13 11,83 2,52 0,31
N3 15,94 23,86 22,61 1,68 2,89 0,37 20,38 5,23 0,78
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
% m
ássi
ca d
os
me
tais
Elementos identificados nas amostras N1,N2,N3
Capítulo 4 – Resultados e Discussões 57
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
na primeira (N1), mostrando assim que esse metal possivelmente não foi detectado na análise
anterior ao processo (Figura 18). Um dos elementos químicos em que a porcentagem
diminuiu foi o bromo, devido provavelmente a evaporação dos materiais poliméricos. A perda
de massa proveniente dos polímeros provocou o aumento relativo dos metais.
4.2.2. Lixiviação
O processo de lixiviação também foi realizado em triplicata para cada granulometria.
Todas as três amostras foram analisadas, por fluorescência de raios-X, quanto aos elementos
químicos presentes após a aplicação desse processo. A Figura 18 a seguir mostra a média das
porcentagens dos elementos químicos detectados nas amostras do material não lixiviado.
Figura 18: Média da (%) mássica dos elementos químicos detectados nas amostras após
processo de lixiviação.
As análises de composição química realizadas após a lixiviação mostram que a
concentração de cobre diminuiu como também a de outros metais como ferro, cálcio e cromo.
A lixiviação do cobre, entretanto, foi evidente e considerável caindo de 36,70; 25,80 e 12,15%
para 0,12; 0,14 e 0,11% respectivamente.
Cu Si Br Fe Ca Ba
N1 0,12 12,82 41,04 0,39 6,38 1,66
N2 0,14 14,77 39,42 0,26 6,83 1,01
N3 0,11 18,60 35,67 0,49 7,37 2,46
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
% m
ássi
ca d
os
me
tais
Elementos identificados nas amostras N1,N2 e N3
Capítulo 4 – Resultados e Discussões 58
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
No processo de pirólise visto anteriormente a porcentagem de bromo diminuiu
consideravelmente, no entanto no processo de lixiviação houve aumento da porcentagem. Isso
evidencia, mais uma vez, a ligação com os retardantes de chama poliméricos e que por esta
razão não foi lixiviado pela solução ácida.
Os ensaios de pirólise e lixiviação compõem o processo de caracterização, que permite
a determinação das proporções dos materiais presentes nas placas de circuito impresso. A
Tabela 6 abaixo mostra a média das porcentagens encontradas dos materiais que compõem as
PCI das amostras (N1, N2 e N3) que correspondem às faixas granulométricas.
Tabela 6: Concentração média dos componentes encontrados nas amostras após os processos
de caracterização.
Amostras % Metais % Polímeros % Cerâmico
N1 56,32 14,70 28,98
N2 46,50 23,93 29,57
N3 35,40 31,34 33,25
Média 46,08 23,32 30,60
Os resultados mostram claramente que a fração mais grosseira (N1) apresenta maior
quantidade de componentes metálicos e menor quantidade de componentes poliméricos e
cerâmicos, ao contrário da fração mais fina (N3) que apresenta menor quantidade de metais,
no entanto é mais rica em componentes poliméricos e cerâmicos. Esse comportamento é
melhor visualizado na Figura 19 a seguir.
Capítulo 4 – Resultados e Discussões 59
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
Figura 19: Composição das frações granulométricas estudadas após os processos de
caracterização.
É notória a diminuição da porcentagem de materiais metálicos à medida que as
partículas se tornam mais finas. Enquanto que a porcentagem de polímeros e cerâmicos
aumenta nesse mesmo sentido. Esse comportamento foi observado também em outros estudos
por Sant’ana et al. (2013), Murugan et al. (2008) e Veit (2005).
A tendência desses materiais em se concentrarem em determinada granulometria se
deve a diferença da tenacidade entre esses materiais (resistência ao fraturamento). Os
materiais metálicos tendem a se concentrar nas frações de partículas de maior tamanho, pois
são materiais difíceis de serem triturados, enquanto que os materiais poliméricos e cerâmicos
tendem a se concentrar nas frações mais leves por serem mais frágeis ao processo de moagem
(Chao et al., 2011; Kasper et al., 2011).
Os materiais cerâmicos se distribuíram de forma mais igualitária quando comparados
aos outros componentes poliméricos e metálicos. Mesmo assim, ainda é perceptível a
tendência em se concentrarem nas frações mais finas, como pode ser observado mais
claramente na terceira amostra (N3), de menor granulometria.
56,32
14,70
28,98
46,50
23,93
29,57
35,40 31,34
33,25
0
10
20
30
40
50
60
.
(%)
más
sica
Metal Polímero Cerâmico
N1 N2 N3
1<N1<0,5mm 0,5<N2<0,25mm N3<0,25mm
Capítulo 4 – Resultados e Discussões 60
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
4.3. Separação Magnética
Inicialmente, os ângulos das variáveis das inclinações lateral e longitudinal foram
padronizados em 15° e 25°, e com uma baixa intensidade de corrente de 0,5 A. Quando o
material não apresentava um bom escoamento (fluxo constante de partículas em uma
velocidade média) ou uma boa separação (material distribuído entre o lado magnético e não
magnético), alteravam-se os parâmetros de inclinações e de corrente respectivamente,
dependendo do caso. Essas variações foram feitas, pois a utilização do equipamento
magnético é, na verdade, para minérios. Assim, ajustes foram realizados para melhor
adaptação às características dos materiais em estudo.
A amostra N1 (1mm > x > 0,5mm) não obteve um bom escoamento e uma boa
separação nas condições inicialmente padronizadas. Por ser constituída de grãos maiores,
estes escoavam rapidamente e em grandes quantidades, não interagindo com o campo
magnético criado e, portanto, não eram separados adequadamente. O ângulo de inclinação
longitudinal de 25° foi alterado para 15°. Mesmo assim, não houve mudanças no resultado.
Modificou-se então para o mínimo de 10°. Os parâmetros de inclinação lateral também foram
alterados para 10°. A amperagem foi modificada para o máximo 1,5 A.
A separação magnética da amostra N2 (0,5mm > x > 0,25mm) foi realizada nas
inclinações, lateral e longitudinal, padronizadas (15° e 25° respectivamente); o escoamento
das partículas era contínuo. Porém, na intensidade de corrente de 0,5 A não houve boa
separação das partículas. Aumentou-se, portanto, a intensidade de corrente para 1,0 A. O
material não magnético separado à amperagem de 1,0A foi então submetido à máxima
intensidade de corrente de 1,5 A.
A amostra N3 (x < 0,25mm) não apresentou um bom escoamento e nem uma boa
separação nas variáveis inicialmente padronizadas. Por ser constituída de grãos muito finos,
aderia-se ao equipamento e não escoava de forma contínua. Aumentou-se o ângulo de
inclinação longitudinal de 25° para 30°, favorecendo o escoamento. O ângulo de inclinação
lateral se manteve no padrão de 15°. O material, também por ser muito fino, interagia
fortemente com o campo magnético criado e vencia facilmente a força da gravidade,
concentrando-se no lado magnético. Foi preciso então, diminuir a amperagem de 0,5A para
0,25A. Mesmo assim, a maioria do material continuava escoando para o lado magnético.
Capítulo 4 – Resultados e Discussões 61
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
Diminuiu-se, portanto, a amperagem para 0,20A e uma melhor distribuição do material foi
obtida.
A Figura 20 mostra as porcentagens das frações magnéticas e não magnéticas de cada
faixa granulométrica.
Figura 20: Porcentagens das frações separadas magneticamente em cada amostra.
Percebe-se que a porcentagem da fração magnética diminui à medida que a
granulometria diminui e que a fração não magnética é superior à magnética em qualquer uma
das faixas granulométricas. Esses pontos observados já eram esperados já que os metais, que
são os materiais susceptíveis a campos magnéticos, se concentram nas frações mais grosseiras
e por as placas de circuito impresso possuírem uma composição bem heterogênea a maioria
dos seus constituintes não sofrem influência do magnetismo.
Kasper et al. (2011) obtiveram resultados semelhantes. As frações magnéticas se
concentraram nas faixas granulométricas correspondentes às partículas maiores, enquanto que
as porcentagens das frações não magnéticas foram bastante elevadas: 85,1% na fração mais
grossa e 91,1% na fração mais fina.
Com relação ao processo como um todo, a porcentagem do material separado
magneticamente foi de 12,08% para fração magnética e 82,33% para fração não magnética. A
perda de massa no processo de separação magnética foi de 5,59%. Yamane (2012) obteve
resultados semelhantes com uma fração magnética de aproximadamente 15% e não magnética
de 85% ao final do processo.
13,8
81,6
13,64
77,8
8,8
72,4
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
.
(%)
más
sica
Magnético Não Magnético
N1 N2 N3
1<N1<0,5mm 0,5<N2<0,25mm N3<0,25mm
Capítulo 4 – Resultados e Discussões 62
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
As frações da separação magnética das amostras também foram analisadas por
fluorescência de raios X. A Tabela 7 a seguir mostra essas análises. As amostras da fração N2
Mag_1,5A e Não Mag_1,5A correspondem ao material não magnético da amostra Mag_1,0A
de N2.
Tabela 7: Análise química das frações separadas magneticamente no Frantz.
N1: 14 Mesh_1,5A N2: 32 Mesh N3: 60 Mesh_0,25A
Metais/(%) Mag Não Mag Mag_1,0A Mag_1,5A Não Mag_1,5A Mag Não Mag
Cu 31,681 33,282 8,927 31,882 26,814 8,322 15,252
Sn 18,866 18,018 9,768 14,027 24,827 16,260 24,559
Si 12,697 10,458 15,078 11,400 11,184 17,953 17,746
Br 21,812 8,951 48,313 28,362 21,527 15,838 16,787
Fe 0,650 - 0,924 0,820 0,538 2,262 2,075
Ni - 0,061 - - - 0,262 0,206
Ca 10,125 8,548 12,968 9,174 9,344 16,346 15,982
Ba 0,905 1,849 1,532 1,241 2,483 4,322 4,613
Cr 0,125 0,07 0,164 0,116 0,088 0,496 0,470
Ferro, níquel e as ligas metálicas formadas por esses elementos são materiais
ferromagnéticos e, portanto fortemente atraídos pelo campo magnético. São os metais mais
prováveis a serem separados em um processo de separação magnética. Porém, nas placas de
circuito impresso a quantidade de ferro e níquel é inferior a outros elementos químicos como
cobre, estanho, silício e bromo. Essa tendência foi observada na análise realizada antes dos
processos físico e químico na Figura 18 na etapa de separação magnética.
Um dos metais de maior interesse para a recuperação é o cobre devido a sua maior
predominância dentre os metais presentes nesses equipamentos, ao seu valor comercial e a sua
aplicação industrial.
O cobre é um metal diamagnético, ou seja, material ligeiramente repelido quando
submetido a um campo magnético. Em uma separação magnética, portanto, deve se
concentrar na fração não magnética. Na amostra N1, entretanto, a porcentagem de cobre na
fração magnética e não magnética é quase igualitária. Esse comportamento pode ser devido às
partículas de cobre não estarem completamente liberadas, estando ainda associados a outros
componentes que possivelmente estão arrastando o cobre. A elevada quantidade desse metal
Capítulo 4 – Resultados e Discussões 63
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
no material de estudo, placa de circuito impresso, também pode estar influenciando esse
comportamento, se distribuindo mais igualmente nas frações.
Na amostra N2 a separação do cobre é mais evidente, mas mesmo assim uma
quantidade significativa permanece na fração magnética. Na amostra N3 percebe-se a
predominância do metal na fração não magnética, evidenciando que nas amostras anteriores
(N1 e N2) muito provavelmente as partículas de cobre foram arrastadas junto com os outros
metais para a fração magnética, já que nessas amostras mais grosseiras a quantidade de metais
é maior e a liberação dos metais possivelmente menor, resultando em grãos mais
heterogêneos.
Analisou-se, portanto a liberação de grãos de cada faixa granulométrica. Em uma lupa
binocular de lente de 10 vezes de aumento, estimou-se a liberação de grãos de cada faixa
granulométrica trabalhada. A técnica utilizada foi a técnica de Gaudin que consiste na
contagem manual dos grãos considerados liberados (90% da área total composta por uma fase
mineral) e dos grãos não liberados ou mistos (área menor que 90% de uma fase mineral)
(Barbosa et al., 2014).
As amostras foram quarteadas até se obter uma quantidade de no mínimo 200 grãos
(Luz et al., 2010). Os metais podem ser identificados na amostra pelo seu brilho, enquanto
que os grãos opacos se distinguem correspondendo aos materiais poliméricos e cerâmicos. A
equação utilizada para a determinação do grau de liberação está representada a seguir:
𝐺𝑟𝑎𝑢 𝑑𝑒 𝑙𝑖𝑏𝑒𝑟𝑎çã𝑜 = 𝑝𝑎𝑟𝑡í𝑐𝑢𝑙𝑎𝑠 𝑙𝑖𝑣𝑟𝑒𝑠
𝑝𝑎𝑟𝑡í𝑐𝑢𝑙𝑎𝑠 𝑙𝑖𝑣𝑟𝑒𝑠 + 𝑚𝑖𝑠𝑡𝑎𝑠 𝑋 100 [𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 4]
As Figuras 21, 22 e 23 abaixo mostram as imagens para cada granulometria realizada.
Capítulo 4 – Resultados e Discussões 64
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
Figura 21: Imagens da amostra N1 não magnética: a) partículas mistas de metal e ganga; b)
partículas de ganga; c) amostra completa.
Para a amostra N1 não magnético:
𝐺𝑟𝑎𝑢 𝑑𝑒 𝑙𝑖𝑏𝑒𝑟𝑎çã𝑜 (𝑁1) = 226
226 + 168 𝑋 100 = 57,36% [𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 5]
Capítulo 4 – Resultados e Discussões 65
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
Figura 22: Imagens da amostra N2 não magnética: a) partículas de metal; b) partículas
de ganga; c) amostra completa.
Para a amostra N2 não magnético:
𝐺𝑟𝑎𝑢 𝑑𝑒 𝑙𝑖𝑏𝑒𝑟𝑎çã𝑜 (𝑁2) = 488
488 + 66 𝑋 100 = 88,08% [𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 6]
Capítulo 4 – Resultados e Discussões 66
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
Figura 23: Imagens amostra N3 não magnética.
A análise de liberação de grãos não foi possível para a amostra N3, pois suas
partículas são muito pequenas (Figura 23), semelhantes às partículas de pó, impossibilitando a
contagem.
Pelas imagens da amostra N1, na Figura 21, os grãos são bem desiguais quanto a
forma e tamanho e bastante heterogêneos apresentando partículas em sua maioria mistas. Na
amostra N2 (Figura 22) as partículas possuem forma e tamanho mais constantes e regulares. A
estimativa do grau de liberação de grãos das duas amostras mostra que a amostra N2
apresentou maior quantidade de partículas livres, 88,08% de liberação, enquanto que a
amostra N1, 57,36%. Comprovando o comportamento suposto anteriormente.
Com as massas das amostras pesadas nas etapas do processo e com o balanço de
massa pode-se analisar a aplicação do processo de separação magnética para o cobre. As
porcentagens de cobre antes e depois do processo de separação magnética de cada faixa
granulométrica trabalhada foram comparadas como mostra a Tabela 8.
Capítulo 4 – Resultados e Discussões 67
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
Tabela 8: Análise de cobre antes e depois da separação magnética
% de Cu antes da separação magnética
N1 N2 N3
36,70 25,80 12,15
Massa de Cu antes da separação magnética (g)
1,835 1,290 0,607
% de Cu depois da separação magnética
N1 N2 N3
Mag_1,5A Não Mag_1,5A Mag_1,0A Mag_1,5A Não Mag_1,5A Mag_0,2A Não Mag_0,2A
31,68 33,28 8,93 31,88 26,81 8,32 15,25
Massa de Cu nas frações da separação magnética (g)
0,219 1,358 0,052 0,033 1,043 0,037 0,552
% de Cu recuperado
11,91 74,00 4,02 2,52 80,85 5,48 90,87
Através dos dados acima percebe-se que a porcentagem de cobre é maior na fração
não magnética em qualquer granulometria trabalhada. A faixa que apresentou maior
porcentagem de recuperação de cobre foi a N3 com 90,87% , porém apesar do resultado é a
faixa que possui menor quantidade de metais como foi observado na etapa de caracterização e
na literatura. Nessa faixa granulométrica em 5g de material sólido tem-se 11,04% de cobre na
fração não magnética. As perdas de cobre foram 0,259g; 0,163g e 0,019g nas amostras N1,
N2 e N3 respectivamente.
Analisando as outras faixas granulométricas N1 e N2 as porcentagens de recuperação
são bem próximas 74% e 80,85% respectivamente, sendo a de N2 mais elevada. A amostra
N1, porém, apresenta maior quantidade de cobre: em 5g de material sólido 27,15% de cobre
estão concentrados na fração não magnética enquanto que na amostra N2 esse número é de
20,85%. Apesar da porcentagem de cobre da fração não magnética em N1 ser mais elevada, a
separação magnética do cobre foi mais eficiente na amostra N2. Verificou-se também, que
dentre as duas faixas granulométricas a faixa correspondente a N2 foi a que apresentou maior
concentração de material sólido no processo de separação granulométrica.
Além disso, segundo Chao et al. (2011) os metais estão concentrados principalmente
na faixa entre 0,15 e 1,25 mm, porém os componentes metálicos e não metálicos estão mais
desagregados nas partículas de tamanho inferior a 0,6 mm. Por isso, apesar da amostra N1 ser
rica em partículas metálicas essas estão agregadas a outros componentes, como foi estudado
na análise de liberação de grãos. Sendo assim, portanto, N2 (0,5>x>0,25mm) a melhor faixa
granulométrica a ser utilizada para processos subsequentes de recuperação de cobre. Apesar
Capítulo 4 – Resultados e Discussões 68
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
da pequena quantidade magneticamente separada no processo, a separação magnética é viável
para obter frações ricas em cobre e para contribuir na aplicação de processos posteriores (Veit
et al., 2005; Guo et al., 2009).
CAPÍTULO 5
CONCLUSÃO
Capítulo 5 - Conclusão 70
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
5. Conclusão
Com os resultados discutidos e analisados das etapas desenvolvidas foi possível
pontuar algumas conclusões.
O processamento mecânico utilizado, sistema de corte com um moinho de facas de 8
lâminas, foi adequado ao tipo de material trabalhado atingindo uma eficiência de quase 80%
na cominuição das placas de circuito impresso. A separação granulométrica comprovou a
eficiência do processo de cominuição, pois 78,25% do material permaneceram com
granulometria abaixo de 1mm e 45,55% do material se concentraram na granulometria abaixo
de 0,25 mm.
Os processos de lixiviação e pirólise proporcionaram a caracterização dos diferentes
materiais constituintes das placas eletrônicas. As placas de circuito impresso são compostas
basicamente por materiais metálicos, poliméricos e cerâmicos, as proporções encontradas nas
faixas granulométricas foram em média de 46,08%; 23,32% e 30,60% respectivamente.
No processo de separação granulométrica, pôde-se observar a concentração de
materiais em faixas granulométricas específicas. Os componentes metálicos se concentraram
nas frações de partículas com diâmetros maiores, ao contrário dos componentes poliméricos e
cerâmicos que tenderam a se concentrar nas frações de partículas de menor tamanho (os
materiais cerâmicos se distribuíram mais uniformemente entre as faixas granulométricas).
O processo de separação magnética mostrou a tendência das frações magnéticas em se
concentrarem nas faixas granulométricas mais elevadas, ou seja, nas frações correspondentes
a partículas de maior tamanho. Os componentes metálicos, que possuem propriedades
magnéticas, também apresentaram essa tendência, comprovando assim o observado na
separação granulométrica, em que os materiais metálicos se concentram em faixas
granulométricas de partículas maiores.
Analisou-se a melhor faixa granulométrica a ser utilizada para a recuperação de cobre
em tratamentos posteriores. As frações granulométricas 1>x>0,5mm e 0,5>x>0,25mm,
correspondendo às amostras N1 e N2 respectivamente, são as mais ricas em componentes
metálicos. No entanto, através da análise do grau de liberação de grãos concluiu-se que as
Capítulo 5 - Conclusão 71
Natália Moraes Medeiros – 08/2015
partículas de tamanho 0,5>x>0,25mm apresentam maior grau de liberação (88,08%),
possuindo um potencial de recuperação de 80,85%.
Do processo de separação magnética como um todo, obteve-se 12,08% de material
magnético e 82,33% não magnético enquanto que na literatura esses valores foram de 15% e
85% respectivamente. De forma geral, os resultados obtidos pela separação magnética foram
de acordo com o esperado da literatura.
Portanto, os processos de caracterização e de separação magnética proposto para o
estudo e caracterização de placas de circuito impresso de computadores obsoletos foram
adequados e coerentes de acordo com as pesquisas bibliográficas tomadas como base.
REFERÊNCIAS
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Natália Moraes Medeiros – 08/2015
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