caracterizaÇÃo dos efeitos da radiaÇÃo ionizante em

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fpen AUTARQUIA ASSOCIADA À UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO CARACTERIZAÇÃO DOS EFEITOS DA RADIAÇÃO IONIZANTE EM PELE HUMANA PARA ALOENXERTO SELMA CECÍLIA BOURROUL Dissertação apresentada como parte dos requisitos para obtenção do Grau de Mestre em Ciências na Área de Tecnologia Nuclear-Aplicações. Orientadora: Dra. Monica Beatriz Mathor São Paulo 2004 48

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  • fpen AUTARQUIA ASSOCIADA UNIVERSIDADE DE SO PAULO

    CARACTERIZAO DOS EFEITOS DA RADIAO

    IONIZANTE EM PELE HUMANA PARA ALOENXERTO

    SELMA CECLIA BOURROUL

    Dissertao apresentada como parte dos requisitos para obteno do Grau de Mestre em Cincias na rea de Tecnologia Nuclear-Aplicaes.

    Orientadora: Dra. Monica Beatriz Mathor

    So Paulo 2004

    48

  • INSTITUTO DE PESQUISAS ENERGTICAS E NUCLEARES Autarquia associada Universidade de So Paulo

    CARACTERIZAO DOS EFEITOS DA RADIAO

    IONIZANTE EM PELE HUMANA PARA ALOENXERTO

    SELMA CECLIA BOURROUL / /

    Dissertao apresentada como parte dos requisitos para obteno do Grau de iviestre em Cincias na rea de Tecnologia Nuclear -Aplicaes

    Orientadora:

    Dra. Monica Beatriz Mathor

    SO PAULO 2004

  • minha me, por ter me mostrado os primeiros caminhos.

    Ao Armando, por ter tornado minha escolha possvel.

    Ao Giuliano, por sua alegria.

  • Agradecimentos

    A Dra. Mnica Beatriz Mathor, pela orientao sempre presente, por sua amizade e

    principalmente compreenso.

    Ao CNPq, pela bolsa de Mestrado.

    Ao IPEN, pela oportunidade do desenvolvimento deste trabalho.

    Ao Dr. Jos Roberto Rogero, Presidente da Comisso de Ps Graduao, pelo apoio

    nossa participao em Congressos, que se traduziu na divulgao e enriquecimento deste

    trabalho.

    Diviso de Ensino, em especial ao Fernando Moreira, Ilze Puglia, Vera Lucia

    Garcia e Ana Maria Benassi, pelo apoio e ateno.

    Ao CTR, pelo acolhimento e por propiciar condies para o desenvolvimento do

    nosso trabalho.

    Dra. Marisa Roma Herson, por seu interesse, sugestes e inestimvel colaborao

    pessoal que possibilitaram a realizao deste trabalho.

    Ao Banco de Tecidos do Instituto Central do Hospital das Clnicas da Faculdade de

    Medicina da Universidade de So Paulo, pelo fornecimento dos tecidos necessrios

    pesquisa.

    Ao Dr. Eddy Segura Pino, por ter tomado possvel a caracterizao biomecnica da

    pele, mas principalmente, por suas importantes sugestes neste estudo.

    Ao Dr. Sergio Ferreira de Oliveira, por seu interesse neste trabalho, por ter

    realizado o estudo e anlise ultra-estrutural dos tecidos iiTadiados.

    Ao amigo Msc. Alex Kors Vidsiunas, pela preparao e incluso das amostras para

    observao no microscpio eletrnico de transmisso.

    Ao Gaspar Ferreira de Lima, por seu profissionahsmo nos cortes e contrastao do

    material para microscopia eletrnica.

    Dra. Kayo Okasaki, Msc. Mriam Suzuki e Dra. Mrcia Silva, pelas

    instrues nas observaes e registros fotogrficos da microscopia ptica.

    Ao Dr. Jarbas Arruda Bauer, excelente professor, por apresentar a histologia como

    um estudo dinmico e integrado.

    Ao Dr. Wilson Aparecido Parejo Calvo, pela colaborao e informaes sobre

    irradiao no acelerador de eltrons.

  • Aos Eng. Eifsabeth Somessari e Carlos Gaia da Silveira, pela irradiao das

    amostras, sugestes e explicaes. Ao Hlio Antonio Paes, pela fabricao do dispositivo

    de proteo do termopar para as medidas de temperatura no acelerador de eltrons.

    Msc. Clia Marina Napolitano e ao Ethel Martins Pedroso pela dosimetria.

    Ao Manuel Nunes Mori, pela padronizao do corte das amostras e pela realizao

    dos primeiros ensaios biomecnicos.

    Ao Djalma Batista Dias, pela realizao dos ensaios biomecnicos e por suas

    explicaes sobre a tcnica de funcionamento da mquina Instron, que possibilitaram

    minha independncia na realizao dos ensaios de trao .

    Ao Daniel Cavalh, pela ajuda na padronizao das amostras para o estudo

    biomecnico.

    amiga Elisa Santos, pela colaborao nas primeiras lminas histolgicas.

    Wilma Conceio Montilha pela reahzao da anlise estatstica.

    Ao Laboratrio de Histologa do Departamento de Patologia da Faculdade de

    Medicina da Universidade de So Paulo, pela preparao das lminas histolgicas. A

    Silvana Altran do Laboratrio de Cirurgia Plstica e Microcirurgia da FM-USP, por sua

    colaborao na entrega das amostras para histologa.

    amiga Dra. Suzi Frey Sabato, companheira de congi-esso, por sua amizade e

    incentivo.

    amiga Dra. Sueli Borrely, pelo incentivo e conselhos.

    Aos amigos de equipe Maria Ftima Klingbell, Andrea Cecilia Dorion Rodas,

    CjTiara Viterbo, Karina Lima e Lus Otvio Carvalho Kosmiskas, pelo apoio.

    Aos amigos de CTR, Msc. Icimone Oliveira, Maria Fernanda Romanelh, Maria

    Cristina Moraes, Daniela Nardi e David Tsai, por sua amizade e ajuda.

    Aos amigos do ICB Ana Luca Mota, Augusto Montezano e Angela Bruni, por suas

    sugestes e amizade.

    s amigas Mrcia Celina Valdez dos Santos e Nancy Umisedo , que mesmo

    distncia sempre deram seu apoio e carinho.

    Agradeo especialmente ao Prof Flavio Delmanto, Diretor do Ncleo de Sade do

    Centro Universitrio UnFMU, pois foram sua compreenso e generosidade que

    possibHtaram a minha dedicao integral a este trabalho.

    cmssho NKomi D Emm\ HCLEAR/SP-PEM

  • CAKACTERIZA.O DOS EFEITOS DA RADIAO IONIZANTE EM PELE

    HUMANA PARA ALOENXERTO

    Selma Ceclia Bourroul

    RESUMO

    A pele desempenha papel fundamental na viabihdade do organismo. Nos casos de leses extensas, os aloenxertos apresentam-se como uma alternativa para cobrir temporariamente essas reas. Aps triagem do doador, a pele processada em ghcerol concentrado (acima de 85%), pode ser armazenada nos Bancos de Tecidos. O glicerol nessa concentrao possui efeito bacteriosttico porm h necessidade de quarentena. A esterilizao da pele por radiao ionizante o mtodo mais indicado pois reduz o prazo para transplante do enxerto em pacientes e sua confiabilidade considerada excelente. Os objetivos deste trabalho foram estabelecer procedimentos de utilizao de duas fontes distintas de radiao ionizante para esterihzao de pele humana destinada ao aloenxerto, e avaliar a pele aps exposio irradiao gama e feixe de eltrons. Foi realizada a caracterizao do tecido quanto a resposta aos ensaios de trao por meio da comparao dos valores do mdulo de elasticidade entre amostras-controle e irradiadas. Amostras de pele foram submetidas a doses de 25 kGy e 50 kGy no in-adiador de ^Co e no acelerador de eltrons. Foram reahzados tambm estudos de morfologa e ultra-estmtura. As amostras irradiadas com gama a 25kGy, no apresentaram diferena sigTiicava quanto aos valores do mdulo de elasticidade em relao ao controle. As amostras submetidas irradiao gama a 50 kGy e ao feixe de eltrons a 25 kGy e 50 kGy apresentaram diferena significativa quanto aos valores do mdulo de elasticidade em relao ao controle. A anlise das ultramicrografas revelaram modificaes na estrutura e modificao no padro de estriao das fibrilas de colgeno da derme das amostras irradiadas.

    COESO mioim. DE Em\^ HuaiAwsp-PEM

  • CHARACTERIZATION OF IONIZING RADIATION EFFECTS ON HUMAN

    SKIN ALLOGRAFTS

    Selma Ceclia Bourroul

    ABSTRACT

    The skin has a fundamental role in the viabihty of the human body, hi the cases of extensive wounds, allograft skin provides an alternative to cover temporarily the damaged areas. After donor screening and preservation in gtycerol (above 85%), the skin can be stored in the Skin Banks. The glycerol at this concentration has a bacteriostatic effect after certain time of presei-vation. On the other hand, skin sterilization by ionizing radiation may reduces the quarantine period for transplantation in patients and its safety is considered excellent. The objectives of this work were to establish procedures using tvvo sources of ionizing radiation for sterilization of human skin allograft, and to evali.iate the skin after gamma and electron beam irradiation. The analysis of stress-strain intended to verify possible effects of the radiation on the structure of preserved grafts. Skin samples were submitted to doses of 25 kGy and 50 kGy in an irradiator of ^Co and in an electron beam accelerator. Morphology and ultra-structure studies were also accomplished. The samples irradiated with a dose of 25kGy seemed to maintain the biomechanic characteristics. The gamma irradiated samples with a dose of 50 kGy and submitted to an electron beam at doses of 25 kGy and 50 kGy presented significant differences in the values of the elasticity modulus, in relation to the control. The analysis of the ultramicrographies revealed modifications in the structure and alterations in the pattern of collagen fibrils periodicity of the irradiated samples.

    CCMSSO W\Qr^L C i ENER&iA KuCLEAR/SP-IPEh!

  • SUMARIO

    Pgina

    1 INTRODUO 17

    2 OBJETIVOS 20

    3 CONSIDERAES GERAIS 21

    3.1 A PELE HUMANA 21 3.1.1 Funes 21 3.1.2 Morfologa 22 3.1.2.1 Epiderme 22 3.1.2.2 Membrana Basal 23 3.1.2.3 Derme 23 3.1.2.3.1 Fibras Colgenas 24 3.1.2.3.1 Fibras Elsticas 28 3.1.3 Caracterizao Biomecnica da Pele Humana 29 3.2 ALOENXERTO 30 3.3 ESTERILIZAO 32 3.3.1 Esterilizao por Radiao Ionizante 32 3.4 RADIAO IONIZANTE 33 3.4.1 Radiao Gama 33 3.4.2 Feixe de Eltrons 34 3.4.3 Efeito Direto e Efeito Indireto da Radiao Ionizante 35 3.5 FONTES DE RADIAO IONIZANTE 35 3.5.1 Irradiador de Cobalto 60 (''"Co) 35 3.5.2 Acelerador de Eltrons 36

    4 MATERIAIS E MTODOS 39

    4.1 MATERIAIS 39

    4.1.1 PREPARAO DAS AMOSTRAS 39 4.1.2 IRRADIADORES 40 4.1.2.1 Irradiador de CobaIto-60 40 4.1.2.2 Acelerador de Eltrons 40 4.1.3 ENSAIOS BIOMECNICOS DE TRAO 40 4.1.3.1 Corte do corpo de prova 40 4.1.3.2 Ensaios de resistencia trao 41 4.1.4 ESTUDOS MORFOLGICOS 41 4.1.4.1 Microscopio ptico 41 4.1.4.2 Microscopio eletrnico de transmisso 41

    4.2 MTODOS 42

    4.2.1 PREPARAO DAS AMOSTRAS 42 4.2.1.1 Manipulao do material biolgico e instrumentos 43 4.2.1.2 Descarte do material biolgico 43

  • 4.2.2 ENSAIOS BIOMECNICOS DE RESISTENCIA TRAO 43 4.3 HISTOLOGIA 45 4.4 ULTRA-ESTRUTURA 46 4.5 ANALISE ESTATSTICA 47 4.5.1 Anlise estatstica descritiva 47 4.5.2 Teste de significncia 47

    5 RESULTADOS 50

    5.1 CARACTERIZAO DAS AMOSTRAS 50 5.2 TESTES BIOMECNICOS DE RESISTNCIA TRAO 51 5.2.1. Amostras submetidas irradiao gama e ao feixe de eltrons com dose de

    25 kGy 52 5.2.1.1 Anlise estatstica 55 5.2.1.1.1 Anlise estatstica descritiva 55 5.2.1.1.2 Teste de significncia 56 5.2.2 Amostras submetidas ao feixe de eltrons com modificao do sistema de

    transporte e da temperatura com dose de 25 kGy 58 5.2.2.1 Registro de temperaturas no acelerador de eltrons 60 5.2.2.1.1 Sistema de transporte de esteira 60 5.2.2.1.2 Sistema de transporte de bandeja 61 5.2.2.2 Anlise estatstica 64 5.2.2.2.1 Anlise estatstica descritiva 64 5.2.3 Amostras submetidas irrradao gama e feixe de eltrons com dose de

    SOkGy 65 5.2.3.1 Anlise estatstica 67 5.2.3.1.1 Anlise estatstica descritiva 67 5.2.3.1.2 Teste de significncia 68 5.2.4 Amostras submetidas a irradiao gama e feixe de eltrons irradiadas com

    doses crescentes de 10 kGy a 50 kGy 70 5.3 ESTUDO HISTOLGICO 72 5.3.1 Hematoxilina-eosina 72 5.3.2 Mallory 72 5.3.3 Picro-sirius 72 5.3.4 Resorcina 72 5.4 ESTUDO ULTRA-ESTRUTURAL 73

    6 DISCUSSO 84

    7 CONCLUSES 92

    APNDICE A - Valores do mdulo de elasticidade (MPa) das amostras do grupo controle e dos grupos irradiados a 25 kCy !00

    APNDICE B - Valores do mdulo de elasticidade (em MPa) das amostras do grupo controle e dos grupos irradiados a 50 kGy 101

    APNDICE C - Teste de Mann-Whitney para pequenas amostras (n

  • LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 3.1 - Representao da molcula de colgeno formada por 3 cadeias alfa. O aminocido glicina est indicado em cor mais forte na regio interna da molcula (modificado de Alberts, 1997). 2S

    FIGURA 3.2 - Estrutura da fibra de colgeno: as fibras de colgeno so formadas por unidades menores, as fibrilas, constitudas por macromolculas denominadas tropocolgeno que esto paralelamente organizadas. O tropocolgeno formado por trs cadeias peptdicas de estrutura alfa- ligadas por pontes de hidrognio (modificado de Gartner & Hyatt, 2001). 26

    FIGURA 3.3 - Pontes de hidrognio na molcula de colgeno: (A) entre tomos que formam a alfa-hhce (intra-molecular); (B) entre as trs molculas alfa que fonnam o tropocolgeno (intermolecular), (modificadas de Lehninger, 1976). 27

    FIGURA 3.4 -Mquina Universal de Ensaios Instron.(A) Aspecto geral , controles e sistema computacional. (B) Garras segurando corpo de prova.. 30

    FIGLIRA 3.5 - Irradiador de cobalto-60 Gammacell-220. (1) cmara secundria com recipiente para amostras; (2) cmara primria (3) Painel de controle. 36

    FIGURA 3.6 - Acelerador de eltrons Dynamitron JOB-188. (1) sistema de varredura; (2) bomba de vcuo; (3) bandeja com suporte para simostras; (4) esteira transportadora. 38

    FIGURA 4.1 - Exemplo de amostras de tiras de pele de espessura parcial acondicionadas em embalagem selada trmicamente, com identificao de que o material foi irradiado (seta). 39

    FIGURA 4.2 - (A) Faca de ao, em foniiato de halteres, para corte de corpo de prova, montada em suporte de madeira; (B) dimenses do corpo de prova; (G) extensmetro; (C) corpo de prova de pele. 41

    FIGUHA 4.3 - Grfico obtido com o software Merlin 2.21, mostrando o prolongamento da poro linear ( / ) e a indicao dos valores de tenso (aj e (J2) e de alongamento ( 8 1 6 8 2 ) para clculo do mdulo de elasticidade de acordo com a equao E = Aa/Ae (3). 45

    FIGLTIA 5.1 - Grfico obtido com o software Merlin 2.21 para a amostra n 3 do gi-upo controle do doador VlIIb. (/) A reta em azul foi construda manualmente para evidenciar a parte linear da curva. 51

    FIGURA 5.2 - Relao entre "stress" x "strain" em 5% das amostras testadas. A seta indica a resistncia trao da camada comeificada da epiderme aps a niptiira da demie. 52

    FIGURA 5.3- Valores de Mdulo de Elasticidade (em MPa) para amostras irradiadas com gama e submetidas ao feixe de eltrons com dose de 25 kGy. 53

    FIGURA 5.4 - Grfico comparativo dos valores de Mdulo de Elasticidade (em MPa) das amostras dos grupos controle dos seis doadores. 54

    FIGURA 5.5- Grfico de porcentagem dos grupos experimentais submetidos irradiao gama e ao feixe de eltrons, com dose de 25kGy, em relao ao controle. 55

    CCMSSO !#tC10mL D B^mik m(iEmsp-?m

  • FIGURA 5.6 - Mdulo de Elasticidade dos grupos irradiados com gama e com eltrons, em porcentagem em relao ao grupo controle de cada doador. (-) A reta em vermelho representa o valor limite entre os dois efeitos. 56

    FIGURA 5.7 - Grfico comparativo dos valores de Mdulo de Elasticidade (em MPa) para amostras ao feixe de eltrons com dose de 25 kGy transportadas por esteira e bandeja temperatura ambiente (ta) e sob resfriamento (resf). 59

    FIGURA 5.8 - Grfico de porcentagem dos grupos experimentais submetidos ao feixe de eltrons, com dose de 25kGy, transportados em esteira e bandeja temperatura ambiente (ta) e sob resfiiamento (fesf), em relao ao controle. 60

    FIGURA 5.9 - Variao da temperatura durante a irradiao a 10 kGy pelo sistema de esteira e de bandeja no acelerador de eltrons, com e sem resfiiamento (em porcentagem). A reta () indica a temperatura ambiente utilizada como referncia. 63

    FIGURA 5.10 - Variao das temperaturas durante a irradiao a 25 kGy pelo sistema de bandeja no acelerador de eltrons, com e sem resfriamento (porcentagem). A reta () indica a temperatura ambiente utilizada como referncia. 64

    FIGURA 5.11 - Mdulo de Elasticidade dos grupos submetidos ao feixe de eltrons, em porcentagem em relao ao grupo controle de cada doador. () A reta representa o valor limite mximo para as amostras transportadas por esteira temperatura ambiente. 64

    FIGURA 5.12 - Valores de Mdulo de Elasticidade (em MPa) pai'a amostras controle e irradiadas com gama e submetidas ao feixe de eltrons com dose de 50 kGy. 66

    FIGURA 5.13 - Valores do mdulo de elasticidade (em MPa) das amostras dos grupos controle para amostras irradiadas com dose de SOkGy. 66

    FIGURA 5.14 - Grfico de porcentagem dos grupos experimentais submetidos irradiao gama e ao feixe de eltrons, com dose de SOkGy, em relao ao controle. 67

    FIGURA S.15 - Mdulo de Elasticidade dos grupos irradiados a SOkGy com gama e com eltrons, em porcentagem em relao ao grupo controle de cada doador. () A reta em vermelho representa o valor limite entre os dois efeitos. 68

    FIGURA 5.16 - Efeito da irradiao crescente sobre os valores das mdias do mdulo de elasticidade das amostras submetidas radiao gama e ao feixe de eltrons. 71

    FIGURA 5.17 - Efeito da irradiao crescente sobre os valores das mdias do mdulo de elasticidade das amostras submetidas radiao gama e ao feixe de eltrons, em porcentagem. 71

    FIGURA 5.18 - Fotomicrografas de pele para aloenxerto coradas com hematoxilina-eosina, observadas ao microscpio de luz. (A) Amostra controle; (B) Amostra submetida radiao gama com dose de 25 kGy; (C) Amostra submetida ao feixe de elfi-ons com dose de 25 kGy; (D) Amostra submetida radiao gama com dose de 50 kGy; (E) Amostra submetida ao feixe de eltrons com dose de 50 kGy. Aumento: 400x. 74

    FIGURA 5.19 - Fotomicrografas de pele para aloenxerto coradas com Mallory, observadas ao microscpio de luz. (A) Amostra controle; (B) Amostra submetida radiao gama com dose de 25 kGy; (C) Amostra submetida ao

  • feixe de eltrons com dose de 25 kGy; (D) Amostra submetida radiao gama com dose de 50 kGy; (E) Amostra submetida ao feixe de eltrons com dose de 50 kGy. Aumento: 400x. 75

    FIGURA 5.20 - Fotomicrografas de pele para aloenxerto coradas com picro-sirius, observadas ao microscpio de luz polarizada. (A) Amostra controle; (B) Amostra submetida radiao gama com dose de 25 kGy; (C) Amostra submetida ao feixe de eltrons com dose de 25 kGy; (D) Amostra submetida radiao gama com dose de 50 kGy; (E) Amostra submetida ao feixe de eltrons com dose de 50 kGy. As setas (->) indicam feixes de fibras de colgeno I. Aumento: 400x. 76

    FIGURA 5.21 - Fotomicrografas de pele para aloenxerto coradas com resorcina, observadas ao microscpio de luz. (A) Amostra controle; (B) Amostra submetida radiao gama com dose de 25 kGy; (C) Amostra submetida ao feixe de eltrons com dose de 25 kGy; (D) Amostra submetida radiao gama com dose de 50 kGy; (E) Amostra submetida ao feixe de eltrons com dose de 50 kGy. As setas ( ^ ) indicam fibras de elastina. Aumento: 400x. 77

    FIGURA 5.22 - Ultramicrografas de pele para aloenxerto observadas ao microscpio eletrnico de transmisso. (A) Amostra controle; (B) Amostra submetida radiao gama com dose de 25 kGy; (C) Amostra submetida ao feixe de eltrons com dose de 25 kGy; (D) Amostra submetida radiao gama com dose de 50 kGy; (E) Amostra submetida ao feixe de eltrons com dose de 50 kGy. As setas ( ^ ) indicam fibrilas de colgeno I em corte longitudinal. Aumento: lOOOOx. 78

    FIGURA 5.23 - Ultramicrografas de pele para aloenxerto observadas ao microscpio eletrnico de transmisso. Amostra controle (ampliada). Aumento: lOOOOx. 79

    FIGURA 5. 24 - Ultramicrografas de pele para aloenxerto observadas ao microscpio eletrnico de transmisso: Amostra submetida radiao gama com dose de 25 kGy (ampliada). Aumento: lOOOOx. 80

    FIGURA 5.25 - Ultramicrografas de pele para aloenxerto observadas ao microscpio eletrnico de transmisso: Amostra submetida ao feixe de eltrons com dose de 25 kGy (ampliada). Aumento: lOOOOx.. 81

    FIGURA 5.26 - Ultramicrografas de pele para aloenxerto observadas ao microscpio eletrnico de transmisso: Amostra submetida radiao gama com dose de 50 kGy (ampliada). Aumento: lOOOOx. 82

    FIGURA 5. 27 - Ultramicrografias de pele para aloenxerto observadas ao microscpio eletrnico de transmisso: Amostra submetida ao feixe de eltrons com dose de >0 kGy (ampliada). Aumento: lOOOOx.. 83

  • LISTA DEJTABELAS

    TABELA 5.1 - Caracterizao das amostras de pele para pesquisa. 50

    TABELA 5.2 - Mdia dos valores de espessura das amostras de pele (em mm) para os lotes irradiados a 25 kGy e 50 kGy. 51

    TABELA 5.3 - Valores da mdia do mdulo de elasticidade (em MPa) do grupo controle, do grupo irradiado com gama e do gnipo submetido ao feixe de eltrons com dose de 25 kGy. 53

    TABELA 5.4 - Valores da mdia do mdulo de elasticidade (em porcentagem) do grupo controle, do grupo irradiado com gama e do grupo submetido ao feixe de eltrons com dose de 25 kGy. 54

    TABELA 5.5 - Medidas centrais e de disperso do mdulo de elasticidade das amostras dos seis doadores para os grupos irradiados com gama e com eltrons (em proporo) a 25kGy. 56

    TABELA 5.6 - Teste de significncia de "Student" para mdia do mdulo de elasticidade (E, em. MPa) dos gi'upos in-adiados com gama e com eltrons com dose de 25 kGy, comparados mdia do grupo controle. Nvel de significncia=l%. 57

    TABELA 5.7 - Teste de significncia de "Student" para mdias do mdulo de elasticidade (E, em MPa) de todos os doadores nos grupos irradiados com gama e com eltrons com dose de 25 kGy, comparados mdia do grupo controle p. Nvel de significncia=l% (a

  • TABELA 5.14 - Temperaturas do ambiente e das amostras irradiadas a 25 kGy com resfriamento no sistema de transporte de bandeja no acelerador de eltrons. Dados apresentados em graus Celsius (C)e em porcentagem (%). 62

    TABELA 5.15 - Temperaturas do ambiente e das amostras irradiadas a 25 kGy com resfriamento no sistema de transporte de bandeja no acelerador de eltrons. Dados apresentados em graus Celsius (C)e em porcentagem (%). 63

    TABELA 5.16 - Medidas centrais e de disperso do mdulo de elasticidade das amostras dos oito doadores para os grupos submetidos ao feixe de eltrons (em proporo)em sistema de transporte de esteira e de bandeja, temperatura ambiente e com resfriamento. 65

    TABELA 5.17 - Valores da mdia do mdulo de elasticidade (em MPa) do grupo controle, do grupo irradiado com gama e do grupo submetido ao feixe de eltrons com dose de 50 kGy. 65

    TABELA 5.18 - Valores da mdia do mdulo de elasticidade (em porcentagem) do grupo controle, do grupo irradiado com gama e do grupo submetido ao feixe de eltrons com dose de 50 kGy. 67

    TABELA 5.19 - Medidas centrais e de disperso do mdulo de elasticidade (em proporo) das amostras dos trs doadores para os grupos irradiados com gama e com eltrons a 50kGy. 68

    TABELA 5.20 - Teste de significancia de "Student" t para mdia do mdulo de elasticidade (E, em MPa) dos grupos irradiados com gama e com eltrons com dose de 50 kGy, comparados mdia do grupo confrole no irradiado. Nvel de significncia=5% (p

  • LISTA TfE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ABNT - Associao Brasileira de Normas Tcnicas.

    AIEA - Agencia Internacional de Energia Atmica.

    ANSI - American National Standard.

    ASTM - American Standard Test Method.

    BT-ICHC - Banco de Tecidos do Instituto Central do Hospital das Clnicas.

    CNEN/SP - Comisso Nacional de Energa Nuclear / So Paulo.

    CTR - Centro de Tecnologa das Radiaes.

    DNA - Deoxyribonucleic Acid (= cido desoxinibonucleico),.

    FM - Faculdade de Medicina.

    IAEA - International Atomic Energy Agency.

    ICB - histituto de Ciencias Biomdicas.

    DPEN - Instituto de Pesquisas Energticas e Nucleares.

    LBM - Laboratrio de Biologia Molecular.

    NBR - Norma Brasileira.

    REG - Retculo Endoplasnitico Granular

    USP - Universidade de So Paulo.

    UV - ultra-violeta (radiao).

  • L I S T A DE SMBOLOS

    A - rea.

    cal - calora (unidade de medida de energa: 1 cal = 4,18 J).

    ^Co " cobalto-60 (istopo radioativo do ^^Co).

    C - Graus Celsius (unidade de medida de temperatura).

    E - mdulo de elasticidade.

    s - alongamento.

    Ae - variao do alongamento.

    d - diferena das mdias.

    F - fora.

    Gy - gray (unidade de medida de dose absorvida: 1 Gy = 1 J/kg)

    g - graus de liberdade.

    Ho - hiptese de nulidade.

    Hi - hiptese alternativa.

    Hz - hertz (unidade de medida de freqncia).

    ,T - joule (unidade de medida de energia).

    kCi - quilocurrie (unidade de medida de atividade: 1 Ci = 3,7x10' desintegraes/seg).

    keV - quiloeltronvolt (unidade de medida de energa: 1 eV = 23.060 kcal/mol).

    kGy - quilogray (10" Gy).

    kGy/h - quilogray por hora (unidade de medida de taxa de dose absoi-vida).

    kGy/s - quilogray por segundo (unidade de medida de taxa de dose absorvida).

    kN - quilonewton (unidade de medida de fora: 10^ N).

    kV - quilovolt (unidade de medida de energa: 10^ V).

    L - comprimento.

    M - molar (concentrao: n de moles do soluto dissolvidos em 1 L de soluo).

    mA - mih ampre (imidade de medida de corrente eltrica).

    MeV - milho de eltronvolt (10* eV).

    MPa - megapascal (unidade de medida do mdulo de elasticidade; 1 MPa = 1 N/mm ) .

    mm - milmetro (unidade de medida de comprimento).

    mm^ - milmetro quadrado (unidade de medida de rea).

    [im - micrmetro (unidade de medida de comprimento: 1 im = 10'^ mm).

    N - newton (unidade de medida de fora).

    n - nmero de amostras.

    COWSSO m.l(M.l DE EMtRJA MUCLEAl-^SP-iPEN

  • mn - nanmetro (tmidade de medida de comprimento: 1 nm = 10'^ [im).

    s - desvio padro,

    s ~ varincia

    a - tenso.

    Aa - variao da tenso.

    t - varivel do teste de significncia de Student.

    3c - mdia das amostras.

  • 17

    1 I N T R O D U O

    A pele, considerada o maior rgos do corpo humano, representa 16 % do peso

    coiporal (Junqueira & Carneiro, 1995) e se constitui em eficiente barreira contra urna

    variedade de agentes fsicos, qumicos e biolgicos, alm de participar de processos

    homeostcos e fisiolgicos de regulao (Hlaeac, 1995).

    Em fiino de sua importancia, extensas leses na pele comprometem a recuperao

    do individuo. o caso, por exemplo, de queimaduras graves, extensas e promdas, que

    destroem epidenne, derme e tecidos subcutneos impossibilitando a regenerao

    espontanea da pele e muitas vezes levando o paciente a bito. A reduo da mortahdade

    est relacionada, portanto, eficcia da proteo precoce da regio queimada de modo a

    diminuir substancialmente a desidratao, possibilitar o controle de infeces (Hemdon,

    1997) e permitir a regenerao adequada da pele, evitando a ocorrncia de retrao dos

    tecidos adjacentes e fonnao de cicatrizes defoiTnantes (Borojevic & Semcella, 1999).

    Para a maioria dos ferimentos causados por queimaduras, a melhor opo de

    cobertura o enxerto antologo (tecido do prprio indivduo) pois pode ser permanente,

    uma vez que no existe risco de rejeio imunolgica. No entanto, se a disponibilidade de

    rea doadora para autoenxerto limitada, outros tipos de substitutos, sintticos ou

    biolgicos, podem ser utizados (Sheridan & Tompkins, 1999).

    Pesquisas com biomateriais tm desenvolvido e colocado no mercado substitutos

    drmicos ou compostos dermo-epidrmicos sintticos, polimricos ou de origem biolgica,

    destinados ao tratamento de queimados (Balasubramani et al. 2001; Rennekampff &

    Schaller, 2002).

    Entretanto, apesar dos avanos no campo da bioengenharia de tecidos, os

    aloenxertos de pele ainda se mantm como "padro ouro" na cobertura temporria de

    queimaduras extensas e profiindas (Mackie, 2001) e tm sido preferencialmente utilizados

    nesses procedimentos, em detrimento dos curativos sintticos ou de biomaterias (Richters

    et a l , 1996). Este fato est relacionado comprovada diminuio da mortahdade e do

    sofrimento dos pacientes, s propriedades do aloenxerto em favorecer a re-epitehzao da

    rea injuriada, e simplicidade do processo de conservao e manuteno da pele em

  • 18

    Bancos de Tecidos (Bolgiani & Benain, 1993; Mackie, 1997; Freedlander et a l , 1998;

    Kearney, 1998; Bravo et al., 2000; Robb et al., 2001).

    As principais crticas utilizao dos enxertos algenos, se referem ao estoque

    limitado de tecidos (Hemdon, 1997) e ao risco de contaminao microbiolgica (Eastlimd,

    1995; Kealey, 1997; Pimay et al., 1997). No entanto, Hemdon (1997) considera que a

    disponibilidade de pele para enxerto pode ser otimizada com a divulgao e sensibilizao

    pblica, dirigida ao aumento da captao de tecidos. Quanto segurana, o autor faz

    referncia necessidade de normas especficas de controle de qualidade nos Bancos de

    Tecidos.

    Nesse sentido, a Agncia Internacional de Energia Atmica (AIEA), com sede em

    Viena, tem contribudo para a criao de bancos de tecidos, na promoo de encontros,

    fornecimento de suporte tecnolgico, elaborao e publicao de normas e padres

    aplicveis esterilizao por radiao ionizante (Pedraza, 2003).

    Os bancos de tecidos devem garantir a integridade e esterilidade dos tecidos

    armazenados. Uma vez que os mtodos de processamento para conservao de tecidos

    (congelamento, liofilizao e imerso em glicerol concentrado) podem no ser

    esterilizantes, faz-se necessrio adicionar ao processo, mtodos de esterilizao (lAEA,

    2002a), que, alm de confiveis, no alterem significativamente a morfologia destes

    tecidos e mantenham suas caractersticas, o mais prximo possvel das do tecido fi-esco.

    Assim como determinados produtos polimricos, tecidos biolgicos no podem ser

    esterilizados pelo calor, pois em temperaturas acima de 56 C ocorre desnaturao de suas

    protenas. A esterilizao por xido de etileno (EtO) requer monitorao, aerao e

    quarentena, para remoo dos resduos do gs (lAEA, 2002a). Dziedzic-Goclawska &

    Stachowicz (1997) so da opinio de que o EtO no deveria ser utilizado para esterilizao

    de aloenxertos, principalmente devido aos efeitos txicos de seus resduos e dos produtos,

    potencialmente cancergenos, resultantes da reao do gs com componentes orgnicos.

    A radiao ionizante, por sua vez, apresenta uma srie de vantagens: no produz

    resduos radioativos, no origina substncias txicas nem oferece riscos de contaminao

    (por isso no h necessidade de quarentena); a estrutura dos tecidos e uma embalagem

    adequada no interferem no resultado da esterilizao; a esterilizao pode ser feita na

    temperatura de armazenamento e embalagem final; e sua confiabilidade considerada

    excelente (Phillips, 1997).

    Existem, entretanto, importantes diferenas no mecanismo de absoro de energia

    pelos tecidos biolgicos, dependendo da fonte que utilizada: raios gama dos irradiadores

  • 19

    de ^Co ou feixes de eltrons gerados em aceleradores (Dziedzic-Goclawska &

    Stachowicz, 1997). Essas diferenas e os efeitos do tipo de radiao ionizante, devem ser

    estudados e conhecidos para a escolha da fonte de irradiao.

    Os efeitos da radiao tambm variam de acordo com o tecido irradiado e como

    este foi processado e armazenado.

    Em tecidos biolgicos "ex vivo", destinados a enxerto, foram constatadas diferentes

    alteraes na estrutura das molculas de colgeno, em amostras de ossos e tendes,

    dependendo do tipo de conservao do tecido (congelado ou liofilizado) comparados ao

    tecido fresco (Dziedzic-Goclawska, 2000).

    Especificamente em relao pele, vrios estudos foram realizados sobre o efeito

    da radiao ionizante no tecido "in vivo". Trott et al., (1999) {apud Schmuth et al., 2001),

    constataram, em modelo animal, mudanas degenerativas da epiderme, morte das clulas

    epiteliais, hipoplasia, inibio da proliferao celular e ocorrncia de apoptose na

    epiderme. Schmuth et al. (2001), relataram a ocorrncia de alterao funcional na

    permeabilidade do estrato crneo da epidenne humana nas dermatites por radiao, em

    pacientes de radioterapia por ftons e por eltrons. Outras pesquisas "in vivo" realizaram

    estudos morfomtricos em fibrilas de colgeno tipo I da derme irradiada de camundongos

    por baixas doses de irradiao gama. Entre eles, Leontiou et al. (1993) descreveram o

    aumento de dimetro das fibrilas de colgeno, e Tzaphlidou et al. (2002), verificaram a

    modificao da arquitetura da fibrila de colgeno na derme irradiada com raios gama.

    A degradao do colgeno modifica suas propriedades biomecnicas (Olde Damink

    et al., 1995) e conseqentemente interfere nas caractersticas biomecnicas da pele, uma

    vez que essa protena fibrosa, inelstica e flexvel da derme responsvel pela integridade

    e resistncia s tenses multi-direcionais a que o tecido pode ser submetido (Ottani, 2001).

    O trabalho que a AIEA tem desenvolvido, resultou no criao de programas

    nacionais de bancos de tecidos que utilizam a radiao ionizante para a esterilizao de

    tecidos em pelo menos trinta pases, dentre os quais, o Brasil (Pedraza, 2003).

    O Instituto Central do Hospital das Clnicas (ICHC) da Faculdade de Medicina da

    Universidade de So Paulo (FM-USP) em convnio com o Instituto de Pesquisas

    Energticas e Nucleares (IPEN-CNEN/SP), e financiado pela AIEA, implantou em 2000, o

    primeiro Banco de Tecidos no Brasil, a utilizar radioesterilizao em tecidos conservados

    em glicerol concentrado (mnimo 85%), para transplantes algenos, proporcionando a

  • 20

    viabilizao de estudos e avaliao dos tecidos submetidos a esse processo (Bourroul et al.,

    2002).

    Durante o binio 2001-2002, especialistas de diferentes reas do Programa de

    Radiao e Bancos de Tecidos, prepararam os seguintes documentos, concludos em

    agosto de 2002, que regulamentam o funcionamento dos bancos de tecidos e a utilizao

    da radiao ionizante como mtodo esterilizante:

    1. Padres internacionais em bancos de tecidos;

    2. Cdigo de prticas para esterilizao por radiao de tecidos para aloenxerto;

    3. Estratgias de conscientizao pblica para bancos de tecidos.

    Para 2003-2004, um dos maiores objetivos do programa ser o de promover a

    utilizao desses docimientos pelos pases participantes (lAEA, 2004).

    2 OBJETIVOS

    Em funo do que foi exposto, os principais objetivos deste trabalho foram:

    > Avaliar os efeitos da radiao na pele conservada em glicerol concentrado por meio da

    caracterizao do tecido quanto morfologia e resposta aos ensaios de resistncia

    trao.

    > Estabelecer procedimentos de utilizao de duas fontes distintas de radiao ionizante

    para esterilizao de pele humana destinada ao aloenxerto: irradiador de ^Co e

    acelerador de eltrons.

  • 21

    3 CONSIDERAES GERAIS

    3.1 A PELE HUMANA

    3.1.1 Funes

    A pele, cuja espessura varia de 0,5 mm a 6,0 mm, reveste externamente o corpo

    humano, garante a proteo do indivduo e sua interao com o meio circundante.

    formada por duas camadas, epiderme e derme.

    A pele ntegra uma efetiva barreira contra invaso de microorganismos, ao de

    toxinas, traumas mecnicos, temperaturas extremas e baixas doses de radiao ionizante

    (Schmuth et al., 2001). A proteo do organismo contra os efeitos prejudiciais dos raios

    solares, especialmente dos ultra-violeta, se deve pigmentao da pele fornecida por

    grnulos de melanina que, produzidos pelos melancitos, so transferidos aos

    queratincitos (Junqueira & Carneiro, 1995).

    Exposta ao meio ambiente, a pele capaz de responder s modificaes externas e

    internas. E responsvel pela manuteno dos processos homeostticos, participa da

    termorregulao corporal, dos equilbrios hdrico e osmfico, e dos processos fisiolgicos

    de regulao, como na sntese de vitamina D \ colesterol e melanina (Hlaeac, 1995;

    Schmuth et al., 2001). Possui um complexo sistema antioxidante, que inclui componentes

    enzimticos e no enzimticos, constituindo-se na primeira defesa contra radicais livres

    (Pugliese, 1998). A sensibilidade sensorial e percepo do meio extemo est relacionada s

    inmeras terminaes nervosas, neurorreceptores, localizados na derme. A resposta

    imunolgica da pele aos alrgenos, ocorre graas aos linfcitos presentes na derme e s

    clulas apresentadoras de antgenos da epiderme (Junqueira, 1995).

    A pele possui anexos - pelos, unhas, glndulas sudorparas e sebceas - com

    funes protetoras especializadas (Kerr, 2000).

    Danos ou perda de grandes reas de pele, tais como queimaduras extensas, podem

    causar severas alteraes sistmicas, tais como, hipotermia, perda de fludos, infeces, ou

    ainda, cicatrizes e alteraes na imagem corporal, ou at mesmo acarretar a morte do

    indivduo. (Hlaeac, 1995; Kofler, 2001).

    'A vitamina D atua no metabolismo do clcio, promovendo sua absoro pelo epitelio intestinal e reduzindo a secreo de Ca*^ pelos rins).

  • 22

    3.1.2 Morfologa :

    Anatmicamente, a pele formada por duas camadas, epiderme e derme, com

    caractersticas e origem embrionaria distintas, mas que possuem uma grande adeso e

    interatividade. Abaixo da derme, a hipoderme formada por tecido adiposo e no faz parte

    da pele; constituindo-se em tecido subcutneo de suporte e unio com os rgos

    subjacentes (Junqueira & Carneiro, 1995; Herson, 1999; Kerr, 2000,).

    A caracterizao das camadas da pele j foi amplamente estudada e aparece na

    maioria dos artigos que abordam o assunto e nos livros-texto de histologa e dermatologia.

    As descries sintticas da epiderme, membrana basal e derme, abaixo descritas, foram

    baseadas em Junqueira & Carneiro (1995); Holbrook & Wolff (1999); Kerr (2000) e Koller

    (2001).

    3.1.2.1 Epiderme

    A epiderme, que constitui a interface com o meio externo, formada por tecido

    epitelial estratificado pavimentse queratinizado de origem ectodrmica com pouqussima

    matriz extracelular. Geralmente muito delgada na maior parte do corpo (no ultrapassando

    0,12 mm), toma-se mais espessa nas reas de constante presso e atrito, tais como solas

    dos ps e palmas das mos. considerada o componente mais ativo da pele pois, medida

    que a camada crnea, mais superficial, sofre descamao, constantemente substituda por

    novas clulas originadas das camadas mais profimdas.

    A epiderme composta por cinco camadas. As caractersticas de cada uma refletem

    as propriedades mitticas e sintticas dos queratincitos e seu estgio de diferenciao:

    1. Camada cmea: Formada por escamas comeas, que perderam ncleo e organelas, mas

    que permanecem aderidas umas s outras e so preenchidas por queratina. Essa camada

    impermevel, resistente s presses mecnicas e ao cisalhamento, s mudanas de pH e de

    temperatura e digesto enzimtica. medida em que se desprendem, as escamas so

    continuamente repostas por queratincitos da camada lcida.

    2. Camada lcida: Ausente nas regies onde a pele mais fina, possui intensa atividade

    enzimtica.

    3. Camada granulosa: Os queratincitos acumulam queratohialina, protena que est

    provavelmente relacionada rigidez da clula que est morrendo. Essa camada tambm

    responsvel pela sntese de involucrina que exocitada acumula-se sobre as clulas

    promovendo a impermeabilizao do epitelio, garantindo o equilbrio hdrico e

    homeosttico do organismo.

  • 23

    4. Camada espinhosa: As clulas possuem tonofibrilas (feixes de filamentos de

    citoqueratina) que juntamente com os desmossomos mantm a coeso entre as clulas e

    conferem resistncia ao atrito.

    5. Camada basal ou germinativa: A camada basal possui clulas indiferenciadas que

    apresentam intensa atividade mittica originando continuamente os queratincitos,

    medida que as clulas amadurecem, so empurradas para as camadas mais superficiais,

    diferenciam-se e assumem novas funes.

    3.1.2.2 Membrana Basal

    A membrana basal estrutura identificada no microscpio ptico, composta pela

    lmina basal (observada somente no microscpio eletrnico) e parte da matriz extracelular

    da derme adjacente. A lmina basal presente no contato entre epiderme e derme,

    produzida por ambas as camadas. As protenas transmembrnicas das clulas epitehais

    mantm interao com as fibrilas de colgeno produzidas pelos fibroblastos, o que garante

    a adeso e continuidade fsica entre as duas camadas (Alberts et a l , 1997).

    A interface entre derme e epiderme papilar, o que aumenta a superfcie de contato

    entre elas e permite que a pele estique sem romper .

    3.1.2.3 Derme

    A derme, camada mais profunda da pele, constituda por tecido conjuntivo de

    origem mesodnuica, onde h maior quantidade de matriz extracelular do que clulas. A

    matriz extracelular formada por grande quantidade de substncia amorfa, representada

    pelos proteoghcanos, e um integrado sistema de fibras de colgeno e elastina produzidas

    pelas clulas do conjuntivo, os fibroblastos. Essa camada garante a integridade fsica da

    pele e tambm participa de sua regenerao.

    Na derme encontram-se os vasos sangneos e linfticos que irrigam e nutrem a

    epiderme, assim como os neurorreceptores que percebem estmulos tteis, variaes de

    temperatura e sensaes dolorosas. Presentes nessa camada esto tambm estruturas da

    epiderme como os folculos pilosos e as glndulas sebceas e sudorparas (Holbrook &

    Wolf, 1999).

    A derme distingue-se em duas regies: derme papilar (poro superior da derme,

    adjacente epiderme) e derme reticular (regio mais profunda).

    A derme papilar irregular na regio de interdi girt ao com a epiderme. E

    constituda por tecido conjuntivo frouxo, fibras reticulares, fibras do sistema elsticos

  • 24

    (oxitalnicas) e muitas alas capilares. Continuamente regio papilai^ a camada reticular

    da derme formada por tecido conjuntivo denso no modelado com fibras colgenas

    firmementeagrupadas em feixes e fibras elsticas espessas (Gartner & Hyatt, 2001).

    3.1.2.3.1 Fibras Colgenas

    O colgeno constitui a famlia de protenas mais abundante nos vertebrados

    superiores (Lehninger, 1976) compreendendo cerca de 25% das protenas totais do

    organismo (Gartner & Hyatt, 2001). Dos 15 tipos de molculas de colgeno conhecidos, os

    freqentemente encontrados nos tecidos conjuntivos so os tipos I, II, III, V e XI, sendo

    todos de estrutura fibrilar (Alberts, 1997). O principal componente fibroso da derme o

    colgeno tipo I, protena insolvel (Stryer, 1996), que corresponde a cerca de 75% da pele,

    em peso seco. As fibras de colgeno, formadas por colgeno I, esto presentes na derme

    reticular e so responsveis pela resistncia do tecido s foras de tenso. As fibras

    reticulares, mais finas, so formadas por colgeno tipo III e encontram-se na regio papilar

    da derme (Holbrook & Wolff, 1999).

    Para reconhecer o tpo de estrutura que se observa no microscpio ptico e no

    microscpio eletrnico de transmisso, necessrio entender a sntese das fibras de

    colgeno.

    A molcula de colgeno formada por uma tripla hlice a partir de 3 cadeias alfa

    que se enrolam umas nas outras formando um tipo de corda supertorcida. Uma cadeia alfa-

    hlice a estrutura secundria de um polipeptdeo formado por vrias subunidades

    semelhantes, no qual um aminocido se liga com o quarto aminocido da cadeia, dando

    uma volta em si mesmo. Cada cadeia de alfa-colgeno possui cerca de 1000 aminocidos e

    contm 3 aminocidos por volta onde o 3 sempre ghcina (Gly) na seqncia: X-Y-Gly,

    onde X e Y podem ser quaisquer aminocidos mas geralmente X prolina e Y

    hidroxiprolina. O fato da Gly ser o menor aminocido da natureza (pois seu radical

    apenas constitudo pelo hidrognio), que mantm as 3 cadeias alfa prximas, pois ele

    ocupa o interior da molcula (FIG.3.1).

  • 25

    FIGURA 3.1 - Representao da molcula de colgeno formada por 3 cadeias alfa. O aminocido glicina est indicado em cor mais forte na regio interna da molcula (modificado de Alberts, 1997).

    A sntese de colgeno se inicia no retculo endoplasmco granular (REG) onde so

    formadas as 3 cadeias-alfa (cada uma possui um peptdeo de sinal na poro terminal da

    molcula). Algumas prolinas e lisinas da cadeia a so hidroxiladas (insero do anion OH

    nesses aminocidos) auxiliadas pelo co-fator vitamina C no Complexo de Golgi. Na falta

    de vitamina C, a tripla hlice fica frgil e os tecidos conjuntivos no se mantm ntegros.

    Cada cadeia alfa combina-se com duas outras formando uma molcula helicoidal de tripla

    fita Ugada por pontes de hidrognio (H) e denominada de pr-colgeno. O pr-colgeno

    lanado para fora do REG em vescula secretora que leva a molcula para o meio

    extracelular. No meio extemo recebe o nome de tropocolgeno. Aps serem secretados

    pelos fibroblastos, as molculas de colgeno agmpam-se em polmeros ordenados,

    denominados fibrilas de colgeno, graas remoo da seqncia final da molcula de

    colgeno (peptdeo de sinal ou pr-peptdeo), pela enzima colagenase sintetizada pelos

    prprios fibroblastos. O peptdeo de sinal tem a funo de guiar a formao intracelular da

    fita tripla e impedir a formao de fibrilas dentro da clula. As fibrilas de colgeno

    normalmente se agregam em fibras de colgeno. As fibras de colgeno se agregam em

    feixes de colgeno (Alberts, 1997). As fibras e feixes de colgeno podem ser observados

    no microscpio ptico. As fibrilas de colgeno podem ser individuazadas somente no

    microscpio eletrnico. A FIG.3.2, sintetiza o que foi descrito.

  • 26

    feixe

    ^^0=1 fibra fibrila

    regio de superposio

    tropocolgeno

    regio lacunar

    FIGURA 3.2 - Estrutura da fibra de colgeno: as fibras de colgeno so formadas por unidades menores, as fibrilas, constituidas por macromolculas denominadas tropocolgeno que esto paralelamente organizadas. O tropocolgeno formado por trs cadeias peptdicas de estrutura alfa- ligadas por pontes de hidrognio (modificado de Gartner & Hyatt. 2001).

    A estrutura da molcula proteica de colgeno mantida, em grande parte, graas s

    pontes de hidrognio que mantm a estrutura da alfa-hlice e est presente entre molculas

    alfa-hlice, formando a molcula tripla-hlice (FIG.3.3). Esse tipo de ligao ocorre devido

    ao aspecto altamente eletronegativo do tomo de oxignio, que em ligao covalente com o

    hidrognio, tende a atrair o seu nico eltron. O hidrognio assume carga positiva parcial

    local, enquanto que o oxignio fica com carga negativa parcial local na zona das rbitas

    no compartilhadas. Na regio em que pores de molculas se aproximam muito ocorre

    atrao eletrosttica entre a carga negativa parcial do tomo de oxignio de uma poro da

    molcula e a carga positiva parcial do tomo de hidrognio ligado covalentemente a outro

    tomo eletronegativo. Essa unio eletrosttica denominada ponte de hidrognio

    (Lehninger, 1976).

  • 27

    Pontos de hidfngpnio iniertvidow

    QO Oo c O ViM,i (lo.ill.i

    FIGURA 3.3 - Pontes de hidrognio na molcula de colgeno: (A) entre tomos que formam a alfa-hlice (intra-molecular); (B) entre as trs molculas alfa que formam o tropocolgeno (intermolecular), (modificadas de Lehninger, 1976).

    As pontes de hidrognio nas molculas proteicas so relativamente fracas se

    comparadas s ligaes covalentes. A ttulo de comparao, a ponte de hidrognio entre O

    e H tem uma energia de ligao'^ de 4,5 kcal/mol enquanto a ligao covalente entre O e H

    possui uma energia de ligao de 110 kcal/mol. Num sistema aquoso, como nos tecidos

    biolgicos, as molculas de gua competem para formar pontes de hidrognio com as

    molculas de protena. Por outro lado, a formao da primeira ponte de hidrognio entre

    molculas de peptdeos, por questes geomtricas, favorece muito a formao da segunda

    ligao, esta segunda ligao aumenta a probabilidade de se formar uma terceira, e assim

    por diante, resultando numa ligao muito forte entre duas ou mais cadeias peptdicas. Essa

    facilitao de formao de pontes de hidrognio chamada de cooperatividade,

    caracterstica das molculas proteicas que podem conter at milhares de ligaes

    cooperativas de pontes de hidrognio (Lehninger, 1976).

    Alm das ligaes por ponte de hidrognio, j citadas, o reforo intra e

    intermolecular tambm dado por ligaes covalentes cruzadas entre as lisinas que

    compe as molculas de colgeno. Se a ligao cruzada inibida, a fora tensora das

    fibrilas reduz e o tecido toma-se frgil (Alberts, 1997; Stryer, 1992).

    possvel identificar o colgeno com coloraes especficas, em lminas

    histolgicas. A colorao com tricromo de Mallory, por exemplo, comumente utilizada

    C(MSSO W!CIOM\L D EUEHm ^SJCLEAR/SP-IPEN

  • 28

    para diferenciao entre fibras de colgeno e fibras musodares, entretanto, no apresenta

    resultados satisfatrios para distino entre os tipos de colgeno (Montes, 1996).

    Montes (1996) afirma que o mtodo picrosirius um processamento histoqumico

    especfico para deteco de colgeno em cortes histolgico. As molculas de colgeno

    possuem uma orientao paralela, uma em relao s outras, que lhe conferem uma

    birrefringncia natural. O corante "sirius red" alinha-se paralelamente ao longo eixo de

    cada uma das molculas, realando sua birrefringncia; a incidncia de luz polarizada cria

    uma imagem brilhante e colorida das fibras de colgeno que se destacam de outras

    estruturas no orientadas. Pela diferena de intensidade e cor, possvel distinguir os tipos

    de colgeno do tecido observado. Assim, o colgeno tipo I forma fibras espessas {fibras

    colgenas) que apresentam intensa birrefiingncia de colorao amarela ou vermelha. O

    colgeno tipo III forma fibras finas {fibras reticulares) frouxamente dispostas e por isso

    apresentam birrefringncia esverdeada

    Estudos de microscopia eletrnica mostram o colgeno tipo I como grossas fibras

    formadas por uma srie de fibrilas densamente empacotadas. Observadas no microscpio

    eletrnico de transmisso, as fibrilas de colgeno apresentam estriaes transversais

    caractersticas a cada 67 mn, o que reflete a alternncia regular das molculas de colgeno

    (tropocolgeno) paralelamente ordenadas na fibrila (FIG. 3.2). O corante penetra na regio

    lacimar, preenchendo o espao entre as molculas e formando bandas coradas fortemente

    (Alberts, 1997). Stryer (1996) atenta para o fato de que as fileiras de tropocolgeno no

    esto em fase, indicando que as fileiras adjacentes esto deslocadas de aproximadamente

    67 nm. Em recente estudo Tzaphhdou (2004) descreve a no uniformidade das bandas mas

    a ocorrncia de 12 bandas de diferentes espessuras, denominadas "perodo D".

    3.1.2.3.1 Fibras Elsticas

    Uma rede de fibras elsticas na derme fornece a elasticidade pele, de tal modo que

    aps uma distenso temporria, o tecido volta conformao original. O principal

    componente das fibras elsticas a elastina, protena hidrofbica rica em prolina e lisina

    (assim como o colgeno). Alberts (1997) descreve a formao das fibras elsticas e seus

    trs tipos: oxitalnicas, elaunnicas e elsticas. Existe uma aumento de complexidade da

    fibras oxitalnica para a elstica. A fibra oxitalnica constituda apenas por microfibrilas

    agrupados; a elaunnica apresenta substncia amorfa (elastina) entre as microfibrilas e as

    fibras elsticas apresentam um cerne de elastina circundado por microfibrilas (Alberts,

    ^ Energia de ligao a energia necessria para romper uma ligao entre os, tomos.

  • 29

    1997; Gartner & Hyatt, 2001). Existe uma continuidade entre as fibras elsticas,

    elaunnicas e oxitalnica, da regio mais profimda da derme at a regio papilar.

    Montes (1996), descreve os principais mtodos de colorao para fibras elsticas,

    que so precedidos por digesto com elastase. Entre esses mtodos, a colorao por

    resorcina-fiicsina de Weigert a mais sensvel e ainda cora fibras elaunnicas. As fibras

    oxitalnicas so coradas quando previamente feita uma oxidao com oznio

    aquoso 10%.

    Ao mVel ultraestrutural, as fibras elsticas compreendem um cerne com abundante,

    homogneo e amorfo material rodeado de microfibrilas.

    3.1.3 Caracterizao Biomecnica da Pele Humana

    As caractersticas biomecnicas da pele so determinadas principalmente pela

    direo e resistncia apresentadas pela rede de colgeno da derme mais profunda e pelas

    fibras oxitalnicas locahzadas na derme papilar. Biomecnicamente, a pele no se

    comporta como um material homogneo. Segundo Gibson (1967), a anUse de uma lmina

    histolgica de pele que foi fixada em estado relaxado, mostra fibras colgenas dispostas

    aparentemente ao acaso. No entanto se a pele mantida distendida durante a fixao, as

    fibras apresentam-se orientadas no sentido do alongamento; quanto maior a fora a que a

    pele submetida, maior a quantidade de fibras colgenas alinhadas. Submetidas baixa

    tenso, as fibras de colgeno deslizam com relativa facilidade umas sobre as outras e a pele

    distende. medida em que as fibras tomam-se alinhadas, a resistncia contra o

    estiramento aumenta e necessrio aplicar uma fora maior, que acaba provocando a

    deformao do tecido e, finalmente, seu rompimento.

    Recentemente, Noorlander (2002) desenvolveu um mtodo para determinar

    mudanas mensurveis na orientao das fibras colgenas na derme resultantes de tenses

    mecnicas. Baseando-se em mtodo descrito por Junqueira (1979) opw/Noorlander (2002)

    de colorao com picrosirius e observao com microscpio de epipolarizao, o autor

    converte imagens digitais em imagens binarias que so analisadas quantitativamente.

    A epiderme tambm contribui para a caracterizao biomecnica da pele. Chistolini

    (1999) sugere que a fora biomecnica da epideraie devida s junes adesivas

    intercelulares e reao tenso oferecida pelo citoesqueleto, En-e os queratincitos

    estabelecem-se junes adesivas (desmossomos) que mantm as clulas muito unidas

    mesmo quando morrem, as escamas comeas permanecem aderidas superfcie do epitelio

    por causa das junes adesivas.

  • 30

    Os estudos biomecnicos podem ser realizados em equipamentos especicos. A

    Mquina Universal de Ensaios Instron, modelo 5567, do CTR/DPEN possui cmara para

    ensaios a temperaturas de -70C a 250C, mdulos de carga de 1 kN e de 10 kN e conjunto

    de garras adequadas para materiais rgidos, semi-rgidos e no rgidos. Possui tambm

    sistema pneumtico de ajuste de garras para fixao das amostras. Na Mquina Universal

    de Ensaios Instron, podem ser realizados ensaios de trao, compresso e flexo. (FIO.3.4).

    O sistema de comando e aquisio de dados composto por microcomputador PC e

    programa Merlin 2.21, e impressora matricial.

    FIGURA 3.4 -Mquina Universal de Ensaios Instron.(A) Aspecto geral , controles e sistema computacional. (B) Garras segurando corpo de prova..

    3.2 ALOENXERTO

    A possibilidade de armazenamento de pele humana para posterior aproveitamento

    como enxerto no recente. Desde o inicio do sculo XX, vrios so os registros de

    estudos do desenvolvimento de diferentes mtodos de conservao.

    PHILLIPS (1997) alirma serem o congelamento, a liofilizao e a imerso em

    glicerol concentrado, os principais mtodos de conservao utilizados em Bancos de

    Tecidos A retrigerao mtodo freqentemente empregado para conservao de

    autoenxertos, no sendo apropriado para armazenagem de enxertos por longo tempo pois a

    viabilidade da pele no refrigerador de apenas 14 dias.

    No processo de congelamento so empregadas substancias crioprotetoras como o

    glicerol em baixas concentraes (de 5% a 30%) que promovem uma diminuio do ponto

    de congelamento da soluo. Os crioprotetorea ajudam a diminuir a formao de cristais de

    gelo, que so muito prejudiciais viabilidade das clulas cutneas. A pele congelada deve

  • 31

    ser armazenada em freezer -80C e para sua utilizao^deve-se proceder a um rpido

    descongelamento e inativao do crioprotetor (Phillips, 1997).

    A liofdizao um mtodo de conservao bastante utilizado pois inativa as

    enzimas que provocam autlise das clulas logo aps sua morte, sem porm, desnaturar as

    protenas, garantindo as propriedades estruturais importantes do enxerto. Nesse processo

    combina-se congelamento e secagem a vcuo, durante o qual a gua removida da clula

    no estado congelado. (Gava, 1979). Tecidos biolgicos liofilizados devem ter um contedo

    de umidade residual menor do que 5%, podem ser mantidos temperatura ambiente,

    reidratam-se facilmente e mantm sua estrutura inicial. (Phillips, 1997). Ainda que inative

    algumas formas vegetativas de microorganismos, como alguns tipos de fungos e bactrias,

    que necessitam de nveis de umidade ao redor de 30% para desenvolver suas atividades

    metablicas (Gava, 1979), a liofihzao no esteriliza os tecidos (IAEA, 2002'*).

    O glicerol em altas concentraes (acima de 85%) pode ser utilizado como

    conservante de tecidos biolgicos a longo prazo (Pigossi et al., 1971) . Ao desidratar a

    pele, o glicerol preserva sua estrutura, pois substitui a gua extrada das clulas e distribui

    a gua remanescente pelo tecido (Marshall, 1995; Richters, 1996). Alm disso, no afeta as

    fibras de colgeno e elastina presentes na derme (Richters, 1996). Aliado simplicidade

    tcnica da conservao, o glicerol apresenta ainda ao bacteriosttica comprovada

    (Baare,1994; Marshall, 1995). Os autores recomendam, porm, a utilizao dos enxertos

    somente aps, no mnimo, quatro semanas, para garantir a efetividade do processo. A

    utilizao de um mtodo de esterilizao aliada conservao em glicerol contribui, entre

    outras vantagens, para diminuir o tempo de quarentena dos enxertos.

    Os tecidos adequadamente conservados so armazenados em Bancos de Tecidos.

    Em So Paulo, o Banco de Tecidos do Instituto Central do Hospital das Clnicas da

    Faculdade de Medicina da Universidade de So Paulo (BT-ICHC) referncia na

    conservao e armazenagem de pele humana destinada a aloenxerto.

    Herson (2004) descreve os procedimentos e os rgos responsveis pela seleo de

    doadores, os critrios para aceite ou recusa do doador (entre eles os resultados da sorologia

    e microbiologia), a retirada com dermtomo eltrico e avaliao do tecido.

    Resumidamente, so considerados doadores para transplante de pele, idivduos

    entre 15 e 60 anos dos quais se conhece os antecedentes mdicos, em morte cerebral

    (considerados tambm doadores de rgos) ou doadores cadver aps parada cardaca. A

    disponibilizao de tecidos humanos para transplante foi regulamentada no Brasil pela Lei

    n 9.434 (1997), cujo contedo estabelece critrios para a retirada de tecidos de doadores in

    ,A0 !#JO*L D Wmh NUCLE'lR/SP-iPEf'

  • 32

    vivo ou post mortem ('precedida de morte enceflica) para transplante ou outras

    modalidades de tratamento.

    So excludos como doadores os portadores de: doenas autoimunes; enfermidades

    malignas (cncer, carcinoma, leucemia, linfoma, sarcoma., nevus malignos, nevus

    mltiplos benignos); doenas transmissveis bacterianas ou virais, tais como: tuberculose,

    Aids, hepatite, doenas venreas. Outras manifestaes que excluem o doador, podem ser:

    infeces na pele, dermatites, leses inflamadas ou abrases na rea; intoxicaes por

    agentes qumicos. Tambm no so aceitos como doadores, os indivduos que tenham

    pertencido a grupos de risco quanto ao comportamento sexual promscuo, consumidores de

    drogas injetveis e tatuados (a menos de 12 meses). Por meio dos exames sorolgicos do

    doador, podem ser detectadas patologias no diagnosticadas.

    A pele destinada pesquisa no caso de resuhados desfavorveis da triagem ou dos

    testes microbiolgicos e sorolgicos.

    3.3 ESTERILIZAO

    O conceito de esterilidade refere-se inativao ou destruio de microorganismos

    capazes de reproduo. O nvel de eficcia obtido com determinado processo esterilizante

    aceito para itens que apresentem a probabilidade de serem no estreis, a um nvel de

    garantia de esterilidade ou Sterility Assurance Levei (SAL) igual ou superior a 10'^. "Esta

    definio de esterilidade, como funo probabilstica, no significa porm inferir que se

    admita a no esterilidade de um em cada milho de unidades e sim agregar cuidados

    adicionais que efetivamente, permitam o emprego seguro do produto" (Pinto, 2000).

    3.3.1 Esterilizao por Radiao Ionizante

    A inativao de microorganismos por agentes esterihzantes envolve dano

    irreversvel de molculas essenciais clula (DNA, protenas). Da mesma forma, a

    exposio a estes agentes pode provocar danos ao tecido (Pinto, 2000).

    Tecidos biolgicos no podem ser esterilizados pelo calor em funo da

    desnaturao de suas protenas; a utilizao de xido de etileno tambm no

    recomendvel pois libera resduos txicos que ficam impregnados no tecido.

    A radiao ionizante, de acordo com Phillips (1997), apresenta imia srie de

    vantagens como agente esterilizante de tecidos biolgicos, quando comparada aos mtodos

  • 33

    tradicionalmente utilizados para esterilizao de produtos mdico-hospitalares (citados

    acima):

    > no produz resduos radioativos, no origina substncias txicas nem oferece riscos de

    contaminao;

    > a estrutura do tecido no interfere na esterilizao;

    > os tecidos podem ser esterilizados na embalagem final e temperatura de

    armazenamento;

    > no h necessidade de quarentena e a confiabilidade excelente.

    Os princpios adotados no cdigo de prticas para a esterilizao de tecidos

    destinados aloenxerto por radiao ionizante, so similares queles usados para

    esterilizao de produtos para cuidados com a sade (lAEA, 2002b), isto , a referncia

    normativa para o estabelecimento da dose esterilizante a ISO 13409 (1996), que

    estabelece 25 kGy a dose esterilizante. Entretanto, os vrus so mais radiorresistentes do

    que outros microorganismos e para garantir a esterilidade nos casos de contaminao viral

    necessrio irradiar os tecidos com doses mais elevadas. Sulvan (1971) encontrou

    valores de dose entre 35kGy e 48kGy para inativao de vrus irradiados em suspenso de

    meio mnimo Eagle.

    O efeito da radiao ionizante nos tecidos vivos bem conhecido. Especificamente,

    a radiao gama altera o colgeno tipo I da derme em sua estrutura molecular e ocorre

    aumento da fireqncia de formao de feixes anormais (Tzaphlidou, 2002).

    Em tecidos para aloenxerto, estudos realizados com amostras de tendes e ossos

    "firescos", indicam que radicais Uvres (principalmente OH) formados pela radilise da gua

    disponvel nos tecidos, promovem 'cross-linking' (ligaes cruzadas) entre as molculas de

    colgeno, tomando-as mais unidas. A ciso das cadeias de polipeptideos do colgeno

    ocorre predominantemente quando o ossos e tendes so irradiados em amostras

    Ik^lizadas, onde no h disponibilidade de gua no tecido (Dziedzic-Goclawska, 2000).

    3,4 RADIAO IONIZANTE

    A absoro de energia da radiao nos materiais pode induzir a uma excitao ou

    ionizao. O aumento do nvel de energia de um eltron em um tomo ou molcula sem

    sua ejeo denominado excitao. Se a radiao tem suficiente energia para ejet-lo a um

    ou mais orbitais do tomo, o processo denominado ionizao, e esta radiao dita

    radiao ionizante. As radiaes ionizantes podem ser emitidas por elementos com ncleos

  • 34

    atmicos instveis ou produzidas em equipamentos conhecidos como fontes intensas de

    radiao (Spinks, 1990). As radiaes ionizantes so classificadas em eletromagnticas e

    particuladas.

    A seguir, sero caracterizadas apenas os tipos de radiao que sero utilizadas no

    processamento das amostras neste trabalho (a caracterizao de todos os tipos de radiao

    ionizante podem ser encontrados em Spinks, 1990).

    3.4.1 Radiao Gama

    Os raios gama so emitidos por istopos radioativos; representam o excesso de

    energia que lanada pelos ncleos instveis que decaem para formar elementos estveis

    (Hall, 1994). So radiaes eletromagnticas de origem nuclear, com pequeno

    comprimento de onda, monoenergticas ou com ura pequeno nmero de energias discretas.

    O ^Co, por exemplo, emite ftons de energia igual a 1,332 e 1,173 MeV.

    Os raios gama tendem a perder a maior parte de sua energia em uma nica coliso. O

    resultado que quando uma frao dos raios gama colide com a completamente

    absorvida mas os ftons restantes so transmitidos com sua energia inicial total.

    No caso do ^Co a interao da radiao com a matria se d, principaknente pelo

    efeito Compton, no qual um fton interage com um eltron livre ou com um eltron

    fracamente ligado a um tomo. Uma parte da energia do fton incidente transmitida ao

    eltron que acelerado e ionizado; a outra parte da energia utilizada na criao de um

    outro fton, com energia menor que a do fton incidente.

    A energia total transferida pela absoro Compton, em qualquer volume,

    diretamente proporcional densidade eletrnica do meio irradiado. O efeito Compton

    predomina para energias de ftons entre 1 e 6 MeV. O efeito Compton pode ser tratado

    como um choque elstico entre o fton e o eltron (HALL, 1994).

    3.4.2 Feixe de Eltrons

    Os eltrons so partculas muito pequenas e leves, com carga negativa.

    Os feixes de eltrons podem ser produzidos por Aceleradores Industriais de Eltrons,

    por um ctodo aquecido, por onde passa uma alta corrente que provoca uma sada de

    eltrons do material. Esses eltrons so acelerados por uma diferena de potencial aplicada

    entre o ctodo e o nodo. A formao dos feixes de eltrons est condicionada ao

    funcionamento dos aceleradores. Uma vez desligado o aparelho no h emisso de

    Omskj HKiOt^i ENER%.! P4LIC.LEA.R/SP-IPEM

  • eltrons. O feixe de eltrons possui alta taxa de dose porm com baixo poder de penetrao

    na matria.

    O feixe de eltrons monoenergtico, e por meio da variao do potencial aplicado

    acelerao dos eltrons possvel variar a energia cintica dos mesmos aumentando seu

    poder de penetrao. A trajetria do eltron no linear; os eltrons so desviados e

    seguem um caminho em "zig-zag" conforme vo perdendo energia para a excitao

    eletrnica ou ionizao dos tomos, de tal forma que o alcance menor do que a trajetria.

    Os eltrons podem provocar diversos eventos ao longo de sua trajetria. Em

    materiais, cuja densidade prxima a 1,0 (pele humana, por exemplo), a dose aumenta nos

    primeiros centmetros de profundidade em decorrncia do aumento do nmero de eventos,

    devido aos eltrons secundrios. Imediatamente abaixo da superfcie um pequeno volume

    do material, interage com os eltrons secundrios gerados do feixe primrio de eltrons na

    regio e fora da regio por espalhamento. Desse modo, os tomos do material interagem

    com eltrons retro-espalhados vindos de todas as direes. Um pouco mais abaixo da

    superfcie o nmero de eltrons secundrios cai, assim como o feixe primrio atenuado

    (Spinks, 1990).

    3.4.3 Efeito Direto e Efeito Indireto da Radiao Ionizante

    A aherao qumica de uma macromolcula, cujos eltrons foram ejetados

    ocasionada por colises com partcula carregada de alta energia ou atravs da ionizao

    direta por ftons. Este efeito denominado efeito direto da radiao ionizante. O efeito

    indireto devido aos radicais hvres e molculas muito reativas produzidos pela radiao

    em meio aquoso (Biral, 2002).

    Alexander (1967) descreve de maneira bem completa, as interaes, atravs dos

    efeitos direto e indireto, da radiao iorzante com as macromolculas biolgicas.

    3.5 FONTES DE RADIAO IONIZANTE

    3.5.1 Irradiador de Cobalto 60 ( "Co)

    As fontes de ^Co so fontes seladas que apresentam o ncleo radioativo de cobalto

    em um compartimento hermeticamente fechado, que no tem contato direto com os

    materiais externos. O ^Co utilizado nas fontes de irradiao produzido pela irradiao do

    de ^^Co, istopo estvel, sendo formado por uma reao de captura de 1 nutron.O ^Co

    decai com uma meia-vida de 5,27 anos para o istopo estvel ^Ni: pCo Ni + e'

  • 36

    O decaimento caracterizado pela emisso de dois ftons gama, com energias de

    1.17MeV e l,33MeV, com eficincia de aproximadamente 100% para os dois ftons, e

    emisso de partcula p, que no atinge o material a ser irradiado pois barrada pela

    blindagem da fonte.

    O irradiador GammaceU-220, do Centro de Tecnologa das Radiaes do Instituto de

    Pesquisas Energticas e Nucleares (CTR-IPEN/SP), possui 48 lpis de ^Co de 20cm de

    altura que circundam internamente a cmara primaria totalmente isolada; essa disposio

    do material radioativo garante uniformidade de dose numa altura de 10 cm do material pois

    as regies superior e inferior do cilindro recebem uma dose 15% menor. As amostras so

    colocadas na cmara secundria, com dimenses limitadas a altura de 20.47 cm e dimetro

    de 15.49 cm^, e volume total de 3,9 litros. A cmara secundria desce at a meia altura da

    fonte por um sistema de elevador numa velocidade de 2.8 seg. Dentro da cmara

    secundria podem ser colocados atenuadores de dose, de chumbo, com diferentes

    espessuras para 50%, 70% e 90% de atenuao (Silva, 2002) (FIG.3.5).

    FIGURA 3.5 - Irradiador de cobalto-60 Gammacell-220. (1) cmara secundria com recipiente para amostras; (2) cmara primria (3) Painel de controle.

  • S7

    O tempo de irradiao, determinado pela taxa de do^e do irradiador, programado no

    painel de controle e o trmino da irradiao ocorre automaticamente. As taxas de dose do

    irradiador so calculadas mensalmente devido ao decaimento do Co ' .

    5.2 Acelerador de Eltrons

    No acelerador, os eltrons so produzidos em um ctodo aquecido mantido em uma

    regio de potencial mais elevado. Estes eltrons so ento acelerados por uma diferena de

    potencial aplicada entre o ctodo e o nodo.

    Com a acelerao, os eltrons adquirem energia suficiente para atravessar a janela

    de sada, constituda de uma folha fina de titnio (espessuras entre 20 e 40 \im), que

    apresenta resistncia mecnica suficiente para suportar a presso atmosfrica do exterior.

    Toda a regio de produo e acelerao dos eltrons mantida em alto vcuo para permitir

    que a focalizao e a acelerao do feixe em direo janela sejam adequadas. O

    acelerador de eltrons deve ser blindados ou estar contido em uma cmara de irradiao

    construda em concreto para conter os feixes de raios-X gerados pelo freamento de eltrons

    de alta energia.

    O produto da intensidade do feixe ou corrente eltrica formada pelos eltrons em

    movimento (expressa em mA), pela energia do feixe (expressa em eV), corresponde a

    potncia do feixe de eltrons. A potncia mdia do feixe de eltrons est diretamente

    relacionada com a taxa de dose de irradiao (SILVA, 2002).

    SILVA (2002), descreve os principais componentes do JOB-188 do CTR/IPEN

    utilizado nos experimentos. Este acelerador possui energia varivel entre 0,5 e 1,5 MeV,

    corrente de at 25 mA e a taxa de dose pode variar de 1,07 kGy/s a 161,67 kGy/s.

    O sistema de varredura ("optical and sean system") contm vrias bobinas que so

    utilizadas para centralizar e varrer o feixe de eltrons de 60 a 120cm. Essas bobinas

    polarizadas determinam a freqncia de varredura. O sistema de vcuo no Dynamitron

    JOB 188 utiliza uma bomba mecnica de vcuo e tmia difusora para chegar a um valor de

    10" Torr (FIG.3.6). Ficam em vcuo o filamento, parte interna do tubo de acelerao e o

    sistema de varredura que fechado pela janela de titnio.

  • 38

    FIGURA 3.6 - Acelerador de eltrons Dynamitron JOB-188. (1) sistema de varredura; (2) bomba de vcuo; (3) bandeja com suporte para amostras; (4) esteira transportadora.

  • 39

    4 MATERIAIS E MTODOS

    4.1 MATERIAIS

    4.1.1 PREPARAO DAS AMOSTRAS

    Foram utilizadas amostras de pele humana para aloenxerto de espessura parcial,

    (FIG.4.1) retiradas de doador de mltiplos rgos, com dermtomo eltrico, conservadas

    em glicerol concentrado (mnimo 85%). As amostras foram cedidas pelo Banco de Tecidos

    do histituto Central do Hospital das Clnicas da Faculdade de Medicina da Universidade de

    So Paulo.

    As amostras embaladas receberam sensor indicador de radiao e dosmetro. Para

    amostras irradiadas com gama foi utilizado o dosmetro de polimetilmetacrilato Red

    Perpex, com range de 5 a 50 kGy. Para amostras irradiadas no acelerador de eltrons foi

    utilizado o dosmetro de nitrato de celulose CTA Fuji, com range de 5 a 300 kGy.

    No irradiador de ^Co, as amostras foram acondicionadas em recipiente plstico

    cilndrico com tampa (14 cm de dimetro e 20 cm de altura) revestido com espuma de

    poliuretano

    FIGI.TIA 4.1 Exemplo de amostras de tiras de pele de espessura parcial acondicionadas em embalagem selada trmicamente, com identificao de que o material foi irradiado (seta).

  • 40

    4.1.2 IRRADIADORES

    4.1.2.1 Irradiador de Cobalto-60

    As amostras foram irradiadas no irradiador Gammacell-220, do Centro de

    Tecnologia das Radiaes do Instituto de Pesquisas Energticas e Nucleares (CTR-

    IPEN/SP). Em outubro de 2003, a atividade da Gammacell-220 era de 5,54 kCi e a taxa de

    dose 4,58 kOy/h.

    4A.2.2 Acelerador de Eltrons

    O acelerador de eltrons modelo JOB-188 do Centro de Tecnologia das Radiaes do

    Instituto de Pesquisas Energticas e Nucleares (CTR-IPEN/SP), foi ajustado para atingir os

    seguintes parmetros de irradiao:

    > Energia dos eltrons: 0,73 MeV (clculo em funo da espessura e da densidade da

    pele, considerada a mesma do glicerol em que estava imersa, 1,26 g/cm^).

    > Corrente: 0,4 mA.

    > Freqncia de varredura do feixe de eltrons: lOOHz.

    > Velocidade do sistema de transporte (esteira ou bandeja): 3,36 m/min.

    > Taxa de dose: 2,44 kGy/s.

    > Tempo de exposio da amostra ao feixe de eltrons: 0,5 seg.

    Nas condies descritas a dose por uma passagem da amostra sob o feixe de eltrons

    foi de 1,0875 kGy.

    4.1.3 ENSAIOS BIOMECNICOS DE TRAO

    4.1.3.1 Corte do corpo de prova

    O corte do corpo de prova foi feito com faca de ao em formato padro de halteres

    {'dumbbel') montada em suporte de madeira, com dimenses de acordo com a norma

    ASTM D 638: comprimento total de 50 mm e extensmetro (G) com largura de 4 mm e

    comprimento de 30 mm. (FIG. 4.2 A e B).Pira realizao dos cortes, as amostras de pele

    foram apoiadas em placa de acrlico com a epiderme voltada para cima; sobre ela foi

    colocada a faca com a parte cortante voltada para a pele. O corte foi feito com ajuda da

    prensa hidrulica Carver modelo C com carga de 1500 kg.

  • 41

    FIGURA 4.2 - (A) Faca de ao, em formato de halteres, para corte de corpo de prova, montada em suporte de madeira; (B) dimenses do corpo de prova; (G) extensmetro; (C) corpo de prova de pele.

    4,1.3.2 EnsaJos de resistncia trao

    Os ensaios de resistencia trao foram realizados na Mquina Universal de

    Ensaios Instron, modelo 5567, do CTR/IPEN temperatura ambiente, com mdulo de

    carga de 1 kN e garras adequadas para materiais no rgidos.

    4.1.4 ESTUDOS MORFOLGICOS

    4.1.4.1 Microscpio ptico

    As observaes das lminas histolgicas e registros fotogrficos foram realizados

    no microscpio ptico Axioplan Cari Zeiss, binocular (ocular lOx e objetiva 40x), dotado

    de filtro polarizador e cmara fotogrfica, do Laboratrio de Biologa Molecular do IPEN

    (LBM/IPEN).

    4.1.4.2 Microscopio eletrnico de transmisso

    O estudo ultra-estrutural foi realizado no microscpio eletrnico de transmisso

    JEOL JEM-IOOCXII a uma voltagem de 80kV, do Instituto de Cincias Biomdicas da

    Universidade de So Paulo (ICB/USP).

    CCMSSO HKKmi De EMERilA PiJCLEAR/SP-iPEl

  • 42

    4.2 MTODOS

    Antes de seu incio, este projeto foi submetido e aprovado pelo Comit de tica em

    Pesquisa do Ipen, processo nmero 028/CEP-IPEN/SP (ANEXO A).

    Foram disporbilizadas para pesquisa pelo BT-ICHC pele, conservada em glicerol

    concentrado (mnimo 85%) de oito doadores (ANEXO B).

    4.2.1 PREPARAO DAS AMOSTRAS

    De cada doador, foram selecionados conjuntos de amostras de pele por meio da

    tcnica de amostragem sistemtica (VIEIRA, 2000) limitando a espessura das amostras

    entre 0,15 mm e 0,25 mm. A espessura foi medida com paqumetro com preciso de

    0,05 mm (Mitutoyo), antes e aps a irradiao.

    As tiras de pele selecionadas como amostras foram cortadas em retngulos de

    aproximadamente 6,0 x 5,5 cm e seladas trmicamente em embalagem poli-nylon 5

    camadas, com espessura de 0,05 mm e densidade de 1,15 g/cm^. Na face extema da

    embalagem foi fixada o identificador de irradiao (FIG.4.1) e o dosmetro adequado para

    o tipo de irradiao utilizado.

    As amostras levadas para o irradiador de ^Co foram acondicionadas em recipiente

    plstico cilindrico tampado. Para evitar o aquecimento das amostras devido ao tempo de

    irradiao (5h45min para dose de 25 kGy e l lhSlmin para dose de 50 kGy) foi adicionado

    gelo picado dentro do recipiente com as amostras.

    Para irradiao com dose de 25 kGy foram selecionados trs conjimtos de amostras

    de seis doadores. O primeiro conjimto de amostras foi mantido nas condies iniciais, no

    irradiado, denominado gmpo controle. O segundo conjunto de amostras foi submetido

    irradiao gama em irradiador de ^Co, Gammacell-220. O terceiro conjunto de amostras

    foi exposto ao feixe de eltrons, temperatura ambiente, com sistema de transporte de

    esteira no Acelerador Dynamitron JOB 188.

    Estudos comparativos, do sistema de transporte no acelerador de eltrons - esteira e

    bandeja - na dose de 25kGy temperatura ambiente e em recipiente resfriado com gelo,

    foram realizados em amostras de oito doadores.

    Para irradiao com dose de 50 kGy foreim selecionados trs conjuntos de amostras

    de trs doadores. O primeiro conjunto de amostras foi mantido nas condies iniciais, no

    irradiado, denominado grapo controle. O segundo conjunto de amostras foi submetido

  • 43

    irradiao gama em irradiador de ^Co, Gammacell-220. O terceiro conjunto de amostras

    foi exposto ao feixe de eltrons no Acelerador Dynamitron JOB 188.

    Para estudo do efeito de doses crescentes sobre os valores do mdulo de

    elasticidade da pele irradiada em comparao pele no irradiada foram selecionadas

    amostras de trs doadores para as doses de 15, 25, 30, 40 e SOkGy no irradiador gama e

    para as doses de 5, 10, 20, 25, 40 e SOkGy no acelerador de eltrons.

    4.2.1.1 Manipulao do material biolgico e instrumentos

    Todas as amostras foram manipuladas com equipamento individual de proteo,

    isto , luvas de procedimento, mscara cirrgicas e avental, em laboratrio adequado. O

    equipamento utilizado (faca de corte, Instron) foram higienizados com lcool ethco 70%

    antes e aps sua utilizao. Os instrumentos cirrgicos (pina, bistur, tesoura, frascos)

    foram lavados com sabo lquido especial 'Extran', em seguida embalados em envelope

    grau cirrgico e autoclavados. O material plstico, que no suporta autoclavagem, foi

    embalado adequadamente e esterilizado com radiao ionizante a 25 kGy.

    4.2.1.2 Descarte do material biolgico

    A pele descartada durante os experimentos foi mergulhada em frasco tampado com

    hipoclorito de sdio. O descarte final foi feito em saco plstico apropriado, e o material foi

    ento autoclavado. Aps esse procedimento, reahzado no prprio laboratrio, o material

    foi embalado em saco branco e depositado em "container" prprio para descarte de

    material biolgico de acordo com a NBR-ABTN 12809/1993, que dispe sobre o manuseio

    de resduos de servios de sade, e a Portaria Estadual CVS 01, de 18 de janeiro de 2000,

    que estabelece que a unidade (laboratrio de pesquisa) deve instituir aes para garantir o

    princpio da biossegurana nos programas de garantia da qualidade.

    4.2.2 ENSAIOS BIOMECNICOS DE RESISTNCIA TRAO

    Aps a irradiao e antes dos ensaios biomecnicos, as amostras foram lavadas em

    soluo salina 0,9% estril e mergulhadas em nova soluo por 15 minutos para retirada do

    glicerol, reidratao e recuperao das caractersticas fsicas normais do tecido como a

    maleabilidade e opacidade (HERSON, 1999), simulando as condies rotineiras de uso no

    cenfro cirrgico.

  • 44

    Os ensaios de resistncia trao foram realizados segundo a norma ASTM D638

    (1977) na Mquina Universal de Ensaios Instron com o mdulo de carga de 1 kN (FIG.

    3.4). Nos ensaios, o corpo de prova (FIG. 4.2 C) foi fixado a uma distncia de 27 mm entre

    garras e submetido trao at a ruptura da amostra. A velocidade de afastamento das

    garras foi de 30 mm/min. Os ensaios foram realizados temperatura ambiente de

    aproximadamente 23 C e umidade relativa do ar de 50 %.

    Os grficos, obtidos com o programa Merlin 2.21 da Mquina de Ensaios Instron,

    apresentaram a curva da relao entre a tenso de trao aplicada e o correspondente

    alongamento da amostra.

    A resistncia trao na ruptura representada pela tenso ou "stress" (a, em MPa)

    que a razo entre a fora aplicada (F, em N) e a rea da seo transversal (A, em mm):

    a = F/A (1)

    A deformao ou "strain" (s, em mm/mm) da amostra o resultado da variao do

    comprimento (L) pelo comprimento inicial (Li):

    s = L / L i ; sendo que L = L 2 - L 1 (2)

    onde, L2= comprimento final.

    O mdulo de elasticidade (E) foi calculado na poro linear da curva, como

    ilustrado na FIG.4.3, dividindo-se a variao de tenso ("stress") correspondente a urna

    seco do segmento, pela correspondente variao de alongamento ("strain"):

    E = Aa/As ou E = oi-ai /s2- i (3)

    O mdulo de elasticidade (E) ou mdulo de Young a relao entre a tenso e o

    alongamento do tecido, na regio elstica da curva. Assim, quanto mais resistente o tecido

    ao alongamento, maior o valor do mdulo de elasticidade.

    A FIG.4.3 ilustra o procedimento de clculo do mdulo de elasticidade no grfico

    obtido pelo software Merlin 2.21, programa da Mquina Universal de Ensaios Instron

    compatvel com Windows 3.1.

  • 45

    FIGURA 4.3 - Grfico obtido com o software Merlin 2.21, mosfi-ando o prolongamento da poro linear ( / ) e a indicao dos valores de tenso (CTI e 0 2) e de alongamento (E 1 e E 2) para clculo do mdulo de elasticidade de acordo com a equao E = Aa/Ae (3).

    4.3 HISTOLOGIA

    Foram preparadas amostras de pele ( 3 x 1 0 mm) do grupo controle e dos grupos

    experimentais para montagem de lminas histolgicas. As tcnicas de colorao utilizadas

    foram a colorao de rotina com hematoxilina-eosina, tricromo de Mallory e picro-sirius

    (sendo as duas ltimas coloraes especficas para colgeno), e resorcina de Weigert

    (colorao especfica para fibras do sistema elstico).

    As amostras, inicialmente fixadas em formaldedo 10%, foram desidratadas em

    banhos com solues crescentes de etanol (de 70% at o lcool absoluto) e diafanizadas

    com xilol. Em seguida, foram imersas em parafma e mantidas em estufa. Procedeu-se,

    ento, a incluso em parafina e montagem em bloco de parafma. Os cortes histolgicos

    foram realizados no micrtomo, com os blocos de parafinas endurecidos e esfriados com

    gelo, na espessura final de 5 |am. Os cortes foram colocados em banho-maria (40 C) e em

    seguida distendidos em lminas de vidro apropriadas para microscopia de luz. As lminas

    secaram em estufa a 56 C.

    Previamente colorao foi promovida a desparafinizao do tecido com xilol e

    sua hidratao com banhos subseqentes de lcool etlico absoluto at a soluo diluda de

    70%. A colorao se processou mergulhando-se as lminas em cubetas com os corantes e

    seqncia especficos de acordo com o protocolo de determinada tcnica de colorao. Os

    procedimentos descritos foram realizados no Laboratrio de Histologia do Departamento

    de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de So Paulo. Os protocolos para

    os tipos de colorao utilizados so encontrados em Behmer (1976).

  • 46

    As observaes das lminas e registro fotogrfico foram realizados no LBM/IPEN

    em microscopio Axioplan Cari Zeiss (ocular lOx e objetiva 40x) dotado de cassete

    fotogrfico. Para as observaes e registro fotogrfico das lminas coradas com picro-

    sirius utilizou-se o filtro polarizador e analisador.

    4.4 U L T R A - E S T R U T U R A

    Foram preparadas amostras de pele do grupo controle e dos grupos experimentais,

    fixadas em Kamovsky 2% (glutaraldedo 2%: paraformoldedo 2%: tampo cacodilato de

    sdio 0 , lMpH 7,3).

    Os procedimentos descritos a seguir (Bozzola, 1992) foram realizados no

    Laboratorio de Biologa do Endomtrio do Departamento de Histologa e Embriologa do

    Instituto de Cincias Biomdicas da Universidade de So Paulo.

    Aps a fixao, os fragmentos de 1 x 1 mm foram lavados em tampo cacodilato de

    sdio 0,1 M com pH 7,3 e ps-fixados em tetrxido de osmio a 1% em tampo fosfato

    0,1M temperatura ambiente. Em seguida, os fragmentos foram desidratados em uma srie

    crescente de concentraes de etanol e infiltrados com resina Sprr e xido de propileno

    na proporo de 1:1. Para incluso os tecidos foram deixados em resina pura temperatura

    ambiente. Em seguida os fragmentos foram orientados em forma apropriada para obteno

    de corte transversal no qual possam ser obsei-vadas epidemie e demie. Os fragmentos

    permaneceram em estufa seca a 60 C para polimerizao da resina e formao dos blocos.

    Os blocos foram cortados em micrtomo com navalha de vidro em cortes semi-

    finos de 1 |im, que foram corados com azul de toluidina a 0,25% em borato de sdio a 1%

    em gua destilada. A partir da observao dos cortes semi-finos ao microscpio de luz,

    foram definidos os melhores campos para a realizao dos cortes ultrafinos. Os cortes

    ulfrafmos com cerca de 60 nm de espessura, foram identificados por sua cor prateada

    devido ao ndice de refrao quando flutuam na gua da cuba do micrtomo.

    Os cortes selecionados foram depositados em tela de cobre sobre a qual foi

    realizada a contrastao com soluo de acetato de uranila 2%, seguida de contrastao

    com cfralo de chumbo.

    As observaes e registro fotogrfico foram realizadas no microscpio eletrnico

    de fransmisso JEOL JEM-IOOCXII a uma voltagem de 80kV (ICB/USP).

    COWSSO tmomi iwnm fu:mjs.F-^^j--

  • 47

    4.5 ANALISE ESTATSTICA

    Os valores do mdulo de elasticidade para as amostras de pele apresentaram grande

    disperso, por isso se fez necessrio aplicar testes estatsticos para verificar a significncia

    dos resultados.

    4.5.1 Anlise estatstica descritiva

    Inicialmente, foi realizada a anlise exploratria dos dados e a eliminao de

    valores ''outliers " que pudessem comprometer o estudo.

    Definiu-se como unidade amostrai, o conjunto de dados de um doador. As medidas

    estatsticas de tendncia central e medidas de variabilidade foram calculadas para os

    valores do mdulo de elasticidade dos grupos controle e de cada um dos grupos

    experimentais.

    4.5.2 Teste de signifcncia

    Foi proposto o teste de significncia t de Student, entre os grupos da mesma

    unidade