capítulo 2 - princípios e dimensões da sustentabilidade

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  • 8/17/2019 Capítulo 2 - Princípios e Dimensões Da Sustentabilidade

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    Desenvolvimento e Sustentabilidade Ambiental 39

    2.1 Contextualizando

    No capítulo anterior, tivemos a dimensão do quanto às ações humanas são

    impactantes ao bom funcionamento do planeta Terra. Vimos também que essa

    situação é passível de ser minimizada, desde que cada um se comprometa em

    fazer sua parte para a promoção da justiça ecológica. Portanto, é imprescindível

    confirmar que esse processo diário de mudança de hábitos degradantes faz

    parte da reeducação do ser humano para uma cidadania planetária.

    Neste capítulo, daremos continuidade à discussão da disciplina

    Desenvolvimento e Sustentabilidade Ambiental, apresentando os princípios e

    dimensões da sustentabilidade: econômica, social, ecológica, cultural e espacial.

    Com esse conteúdo, será possível verificar que falar de sustentabilidade implica

    em trazer o contexto multidisciplinar necessário para uma apreensão coerente da

    mesma, por meio dos cinco pilares aqui apresentados. Desse modo, sistematizar

    ações pautadas nos princípios e dimensões apresentados no presente capítulo será

    mais uma ferramenta para garantir o difundido desenvolvimento sustentável.

    É importante que, ao final desse capítulo, você esteja apto a:

     • Descrever os princípios norteadores da sustentabilidade ambiental;

     • Identificar a importância de cada princípio norteador da sustentabilida-

    de ambiental, bem como sua inter-relação.

     • Descrever a dimensão dos princípios norteadores da sustentabilidade;

     • Verificar a aplicabilidade de tais princípios no exercício profissional, ado-

    tando medidas mitigadoras e de compensação ambiental.

    PRINCÍPIOS E DIMENSÕES DASUSTENTABILIDADE: ECONÔMICA, SOCIAL,

    ECOLÓGICA, CULTURAL E ESPACIAL

    CAPÍTULO 2

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    Desenvolvimento e Sustentabilidade Ambiental

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    Esperamos que você aproveite ao máximo os conteúdos discutidos neste

    capítulo e tenha um bom estudo!

    2.2 Conhecendo a teoria

    2.2.1 A sustentabilidade econômica

    Iniciamos nossa discussão trazendo à luz o princípio de maior conflito

    conceitual quando se fala em sustentabilidade, pois pensá-la atendendo aos

    interesses econômicos requer visualizá-la do ponto de vista da acumulação

    de riquezas de forma justa e igualitária. Quando se fala em economia, logo

    se remete a sua mola propulsora, o consumo, pois é ele quem a movimenta e

    alimenta seu crescimento.

    Ao tratar dessa temática no capítulo anterior, ficou perceptível como a

    humanidade tem se comportado diante do consumo e como os apelos midiáticos

    têm se mostrado verdadeiramente sedutores, ao ponto de transformar os

    desejos em necessidades básicas à sobrevivência humana.

    A esse respeito, Leff (2008, p.42-43) afirma que “a convulsão dos

    fundamentos que sustentam hoje a ordem econômica dominante nos

    coloca diante do desafio de transformar, a partir de suas bases, o paradigma

    insustentável da economia.”

    Em outras palavras, Leff (2008) critica a forma como o consumo tem

    direcionado a economia, por meio da busca incessante pela acumulação

    do capital privado.

    Isso se deve ao fato de que, ao longo de sua evolução, a humanidade

    passou a querer suprir mais do que sua necessidade de sobrevivência, pois,à medida que foram surgindo os avanços tecnológicos, outros objetivos

    passaram a ser perseguidos. Temas como espiritualidade longevidade, prazer,

    conforto, beleza e convivência são alvo das aspirações humanas.

    Novamente vem à tona a dicotomia necessidade versus desejo. E é aí

    que entra em pauta o modelo econômico vigente, ou seja, o capitalismo, cujo

    crescimento está alicerçado nos pilares do consumo.

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    O Capitalismo é um modo de produção peloqual a economia se dá em unidades chamadas

    empresas, que são de propriedade privada,embora algumas possam ter o governo comoproprietário (SINGER, 1998).

    SAIBA QUE

    Em linhas gerais, esta é a forma de organização das atividades produtivas

    (econômicas) da sociedade baseada no princípio de que os indivíduos podem

    exercer domínio sobre os recursos, com o intuito de transformá-los em bens e

    serviços, agregando sempre um novo valor. Essa ação se perpetua por meio de

    uma cadeia, cujo eixo norteador é o acúmulo privado de capital, justificado na

    máxima do crescimento econômico.

    Essa forma de quantificação de crescimento (centrado na produção)

    gera uma necessidade que deve ser atendida por todos nós: achar um ponto

    de equilíbrio para tal, de modo que todos possam usufruir dos benefícios

    intrínsecos ao crescimento.

    Boff (2004, p. 17) confronta esse condicionante quando afirma que “o

    projeto de crescimento material ilimitado, mundialmente integrado, sacrifica

    2/3 da humanidade, extenua recursos da Terra e compromete o futuro das

    gerações vindouras.” Isto significa dizer que a prioridade está na apropriação

    dos indivíduos sobre todas as coisas detentoras de valor, para um posterior

    acúmulo de capital, seguindo os pressupostos do neoliberalismo.

    Neoliberalismo: intervenção artificial do Estado no plano jurídico e

    econômico, sendo este efeito apenas transitório, ou seja, o mercadoé quem orienta o rumo das decisões de governo (SINGER, 1998).

    Infelizmente, o objeto da apropriação humana é o Planeta Terra, e

    esta ocorre de forma desigual, ou seja, uns se tornam cada vez mais ricos em

    detrimento de outros cada vez mais pobres (Quadro 1). Essa máxima ainda

    ocorre em um sistema competitivo gerador de exclusão e individualismo.

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    CONSUMO DO TOTALOFERECIDO

    20% DA POPULAÇÃOMAIS RICA

    20% DA POPULAÇÃOMAIS POBRE

    • Carne e peixe 45% menos de 5%

    • Energia 58% menos de 4%

    • Linhas telefônicas 74% 1,5%

    • Papel 84% 1,1%

    • Veículos 87% menos de 1%

    Quadro 1 - Balança de consumo entre ricos e pobres (PNUD, 2003)

    Os dados apresentados no quadro 1 elucidam o que estamos tentando

    abordar ao afirmar que o modelo econômico atual aponta para o crescimento e

    não para o desenvolvimento como premissa para o alcance da sustentabilidade.

    Neste caso, reforçamos a conceituação que vem sendo trabalhada desde o

    início deste livro texto de que sustentabilidade significa consumir hoje, sem

    comprometer os recursos para o amanhã.

    Neste sentido, é importante destacar que, para atingir a sustentabilidade

    econômica, é imprescindível a igualdade na distribuição dos recursos. A esse

    respeito é válido mencionar alguns preceitos da Agenda 21, fruto da Rio-92

    (citada no capítulo anterior), que traz como principais pontos a erradicação da

    pobreza, a proteção aos recursos naturais e mudança de modos de produção

    e hábitos de consumo.

    Adotar esses pontos significa rever a estrutura econômica vigente, ou

    seja, uma sociedade onde todos os seus membros estivessem em situação de

    igualdade. Para isso ocorrer, seria necessário o estímulo e a cooperação entre

    os participantes da atividade econômica (SINGER, 2002).

    Ao apresentar essa afirmativa, Singer evidencia o quanto é urgente paraa humanidade pensar em um sistema econômico alternativo ao capitalismo,

    em função das desigualdades sociais que o mesmo gera, uma vez que o

    acúmulo de riqueza é a sua principal meta.

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    Para ilustrar essa afirmativa, mencionamos oexemplo do Banco Comunitário da localidade de

    Palmas, existente na periferia de Fortaleza – CE.Trata-se de um serviço financeiro, de naturezacomunitária, que tem por base os princípios da

    Economia Solidária e que oferece à populaçãode baixa renda da citada localidade quatro

    serviços: fundo de crédito solidário, moedasocial circulante local, feiras de produtoreslocais e capacitação em Economia Solidária. Esta

    iniciativa é uma referência para a América Latina.Além disso, ganhou o Prêmio Finep de Inovação

    na categoria tecnologia social no ano de 2008 etem contribuído para a melhoria da qualidade devida dos 30.000 cidadãos que ali residem.

    SAIBA QUE

    Apesar de iniciativas como a do Banco Palmas já se apresentarem como

    uma realidade na busca por alternativas tecnológicas sociais, a humanidade

    ainda não conseguiu implantar mecanismos dessa natureza de forma global.

    Isso tem estimulado as pressões populares para um reposicionamento de

    governos e empresas frente aos problemas ambientais.

    Como reflexo disso, percebe-se um cuidado maior nas decisões tomadas,

    tendo em vista o fato de esta poder ser avaliada e divulgada pelo prisma da

    sustentabilidade, especialmente a partir dos mecanismos do Protocolo de Kyoto.

    Conforme informação tratada no capítulo 1 deste livro-texto, você pôde

    verificar que o protocolo de Kyoto foi gerado a partir da preocupação da

    comunidade internacional como os rumos da intervenção humana no clima,especialmente com relação às emissões de gases poluentes. Neste sentido,

    criou-se o mercado de créditos de carbono ou redução simplificada dos gases

    que provocam o efeito estufa por meio da certificação. Para tal, a bolsa

    do clima foi criada nos Estados Unidos, com a finalidade de intermediar as

    negociações desse Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).

    Fica evidente que essas ações são fruto da participação social ativa. Entretanto,

    tais avanços poderiam ser bem maiores, caso o controle e a participação social dos

    cidadãos ocorresse com maior expressividade nos países em desenvolvimento.

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    2.2.2 A sustentabilidade social

    Retomando o capítulo anterior, trazemos a constatação de que vivemos

    em uma sociedade marcada por estereótipos e desejos de consumo implantadospela indústria cultural. Surge, assim, uma homogeneização dos desejos e

    atitudes nas relações sociais, marcada pelo estímulo ao individualismo seguido

    da competição desmedida, onde nem sempre se pode ter o que se quer.

    EXPLORANDO

    Ilustrando esse caso, temos a revista Forbes,que publica anualmente a lista das pessoas

    mais ricas do mundo. Se você acessar o sitehttp://www.forbes.com/lists/ e buscar porBillionares poderá encontrará esse ranking.

    Esses aspectos de homogeneização são marcantes para instauração do

    quadro de desigualdades sociais vigentes no planeta, oriundas da concentração

    de renda gerada pelo propósito da acumulação de capital. Essa retórica faz com

    que se criem verdadeiros bolsões de pobreza, onde reina a fome e a miséria

    absoluta de um lado e, do outro, acúmulo de riqueza gerando ostentação e luxo.

    Como falar em sustentabilidade diante dos

    aspectos elencados acima, marcando a divisão doplaneta em dois mundos: um, em que os indivíduos

    não podem sequer ser considerados cidadãos,uma vez que lhes é negado todas as condições

    de sobrevivência; e outro tão individualista aoponto de possuir um par de sapato para cadapeça de roupa existente no roupeiro?

    REFLEXÃO

    Para clarear seu entendimento, pense no catador de lixo que tem seu

    sustento a partir da colheita dos resíduos gerados por nós e depositados em

    um lixão. De repente, esse indivíduo se depara com a construção de um aterro

    sanitário (melhor forma de destinação final do lixo), que acabará com o lixão. Será

    que esse cidadão apresenta condições de discernir sobre a importância da obra?

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    Provavelmente, o caso não é apenas se é necessário que ele retire as

    sobras de um lixão para sobreviver, obviamente o sistema não favoreceu ao

    mesmo acesso à educação, garantindo-lhe empregabilidade. Ele significa ainda

    afirmar que, para o mesmo, é melhor que o lixo continue sendo destinado deforma errônea, pois, se não mais ali existir, seu sustento ficará comprometido.

    Novamente, fica evidente a complexidade do termo sustentabilidade,

    bem como os encaminhamentos que ele suscita dada a sua característica

    multidisciplinar. Para ilustrar essa proposição, vamos mencionar a abordagem

    apresentada por Leff apud Leff (2008, p. 58), quando diz que:

    Hoje o número de pobres é maior do que nunca antes na história

    da humanidade, e a pobreza extrema avassala mais de um bilhãode habitantes do planeta. Este estado de pobreza ampliada egeneralizada não pode ser atribuído às taxas de fertilidade dospobres, às suas formas irracionais de reprodução e à sua resistênciaa integrar-se ao desenvolvimento. Hoje, a pobreza é resultadode uma cadeia causal e de um círculo vicioso de desenvolvimentoperverso-degradação ambiental-pobreza, induzido pelo caráterecodestrutivo e excludente do sistema econômico dominante.

    Para uma melhor compreensão do discursoacima, bem como prosseguimento ao conteúdoaqui exposto, sugerimos que você visite abiblioteca do campus Salgado Filho e pesquise

    no documento Síntese de indicadores sociais1998  do IBGE, dados sobre: educação, nívelde renda, taxa de desemprego de sua cidade.

    Acrescentamos que será produtivo se vocêrealizar uma análise comparativa dos dados,considerando a realidade das regiões mais

    abastadas com as menos favorecidas.

    DESAFIO

    As informações tratadas até o momento demonstram que pensar em

    desenvolvimento sustentável implica considerar os aspectos que permitam a

    formatação de uma sociedade justa e igualitária.

    Com essa visão voltada para a racionalidade social no ano 2000, 189

    países se comprometeram com a Declaração do Milênio (veja o quadro 2), fato

    que demonstra a necessidade urgente de se alcançar a sustentabilidade social,

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    ou seja, democratizar o acesso à informação e ao conhecimento como forma

    de promover a qualidade de vida dos indivíduos. Além disso, é fundamental

    a criação de mecanismos que possibilitem a participação e o controle social.

    1 – erradicar a extrema pobrezae fome;

    2 – atingir o ensino básicouniversal;

    3 – promover a igualdade degênero e a autonomia dasmulheres;

    4 – reduzir a mortalidade infantil;

    5 – melhorar a saúde materna; 6 – combater o HIV/AIDS, amalária e outras doenças;

    7 – garantir a sustentabilidade

    ambiental;

    8 – estabelecer parceria mundial

    para o desenvolvimento.Quadro 2 - Metas da Declaração do Milênio (CAMARGO, 2010)

    Isso somente será possível à medida que for incorporado um novo olhar para

    o sistema produtivo, por meio de propostas que contemplem o desenvolvimento

    social. Ele deve observar, em sua pauta, propostas que contemplem o

    aproveitamento total dos recursos como forma de fazer frente aos impactos

    gerados pelo desemprego. Tal premissa só será possível quando houver integração

    dos projetos produtivos das comunidades tradicionais, sejam elas rurais, indígenas

    ou urbanas. Os eixos norteadores dessa ação deverão ser a descentralização das

    tomadas de decisão a partir de uma política de incentivo a autogestão. (LEFF, 2008)

    Diante dessa explanação, a palavra de ordem se chama ‘planejamento’,

    ou seja, conhecer a realidade de cada localidade para propor estratégias de

    atuação com foco na resolução dos problemas.

    Vale salientar que planejar o desenvolvimento social requer um olhar para

    os ecossistemas nos quais se está inserido, levando sempre em consideração omanejo das atividades produtivas.

    2.2.3 A sustentabilidade ecológica

    Acreditamos que, com o avanço do conteúdo, você esteja percebendo que

    a sustentabilidade não é um tema que deva ser tratado apenas nas discussões

    teóricas ou restritas aos ambientalistas. Aliás, com os desdobramentos

    apresentados por essa temática, cada indivíduo deve ser um ambientalista

    nato, diante do propósito da conservação das espécies do planeta.

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    Diante disso, é importante ressaltar que falar em sustentabilidade significa pensar

    nela incluindo o ponto de vista ecológico. Para tal, é fundamental perceber como se

    processa a vida sob todos os aspectos, reconhecendo sua importância e o significado

    de cada ser, bem como nossa responsabilidade para a manutenção da mesma.

    “É injusto e imoral tentar fugir às conseqüências

    dos próprios atos. É justo que a pessoa que comeem demasia se sinta mal e jejue. É injusto que quemcede aos próprios apetites fuja às conseqüências

    tomando tônicos e outros remédios. É ainda maisinjusto que uma pessoa ceda à próprias paixões

    animalescas e fuja às conseqüências dos própriosatos”. (Mahatma Gandhi).

    Diante do pensamento acima, como se pode mensurar aresponsabilização do ser humano para o alcance da sustentabilidade

    ecológica e manutenção da vida?

    REFLEXÃO

    Para complementar seu entendimento da discussão que estamos

    iniciando, destacamos o posicionamento de Boff (2004, p. 133) ao mencionar

    a emergência do cuidado com o nosso único planeta:

    Cuidado todo especial merece nosso planeta Terra. Temos unicamenteele para viver e morar. É um sistema de sistemas e superorganismo decomplexo equilíbrio, urdido ao longo de milhões e milhões de anos.Por causa do assalto predador do processo industrialista dos últimosséculos este equilíbrio está prestes a romper-se em cadeia. Desde ocomeço da industrialização, no século XVIII, a população mundialcresceu 8 vezes, consumindo mais e mais recursos naturais; somentea produção, baseada na exploração da natureza, cresceu mais de cemvezes. O agravamento deste quadro com a mundialização do acelerado

    processo produtivo faz aumentar a ameaça e, conseqüentemente, anecessidade de um cuidado especial com o futuro da Terra.

    Será que estamos numa encruzilhada? O método atual de apropriação da

    natureza coloca em risco as condições físicas de vida no planeta? Perguntamos,

    ainda, como impor limites ao crescimento, atendendo todas as circunstâncias

    (energia, alimentos, moradia, água, etc.) que esta demanda implica?

    Os questionamentos acima servem de alerta para a seguinte situação:

    estamos na era do conhecimento e o avanço tecnológico tem proporcionado a

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    criação de mecanismos que contribuem para intervenções menos impactantes

    no ambiente, que são, em alguns momentos, negligenciadas em função dos

    custos de implantação ou manutenção, ou, até mesmo, por falha do sistema,

    quando as agências reguladoras não realizam a fiscalização necessária.

    Isso significa reforçar o conteúdo visto no capítulo anterior dessa

    disciplina, pois toda a ação antrópica desencadeia um impacto no ambiente.

    A partir desse pressuposto, é necessário adotar medidas capazes de mitigá-lo.

    Para isso, é importante que, em cada intervenção, se verifique os cuidados

    necessários, bem como as formas de compensação para danos inevitáveis.

    Assim, é preciso compreender os atributos e a definição de parâmetros

    de valoração dos impactos ambientais originados nas intervenções ambientais.

    Estes podem ser entendidos pelo disposto no quadro 3:

    ATRIBUTOS PARÂMETROS DE VALORAÇÃO

    • Caráter: expressa a alteração oumodificação gerada por uma ação.

    Benéfico: quando for positivoAdverso: quando for negativo.

    • Magnitude: extensão do impacto num dadocomponente do fator ambiental afetado.

    Pequena, média, grande.

    Importância: o quanto cada impacto érelevante na sua relação de interferênciacom o meio ambiente ou quando compa-rado com outros impactos.

    Não significativa, moderada,significativa.

    • Duração: tempo de permanência doimpacto depois da ação que o gerou

    Curta, média, longa.

    • Ordem: relação entre a ação e o impacto. Direta, indireta.

    • Reversibilidade: delimita a possibilidade deretorno ou não ao estado original com ofim de determinada intervenção ambiental.

    Reversível, irreversível.

    • Temporalidade: interinidade da interven-ção ambiental.

    Temporário, cíclico, permanente.

    • Escala: grandeza do impacto com relação àárea de abrangência.

    Local, regional.

    Quadro 3 - Conceituação dos atributos e definição dos parâmetros de valoração dos impactos ambientais ( TAVARES, 2008)

    Estes elementos são indispensáveis para a definição de medidas

    mitigadoras e compensatórias, ou seja, de formas para atenuar e/ou minimizar

    os impactos da intervenção humana em determinado fator ambiental.

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    Um instrumento que deve ser levado em consideração no atendimento à

    valoração dos impactos ambientais é o documento Cuidado do planeta Terra

    (veja o quadro 4). Tal mecanismo é uma estratégia elaborada pelo Programa

    das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNU-MA), o Fundo Mundial paraa Natureza (WWF) e União Internacional para a Conservação da Natureza

    (UICN), cujos princípios fundamentam-se no cuidado. (BOFF, 2004).

    1 – Construir umasociedadesustentável.

    2 – Respeitar e cuidarda comunidade dosseres vivos.

    3 – Melhorar aqualidade da vidahumana.

    4 – Conservar avitalidade e a

    diversidade doplaneta Terra.

    5 – Permanecer noslimites de capacidade

    de suporte doplaneta Terra.

    6 – Modificar atitudes epráticas pessoais.

    7 – Permitir que ascomunidades cuidemdo seu próprio meioambiente.

    8 – Gerar uma estruturanacional para inte-grar desenvolvimen-to e conservação.

    9 – Construir umaaliança global.

    Quadro 4 – Estratégias de cuidado com o planeta Terra (BOFF, 2004, p. 134)

    Fica evidente que as estratégias estão postas à mesa, sendo preciso,

    portanto, compromisso político, uma tarefa extremamente complexa dada a

    necessidade de fixar limites em nível planetário. Incluir a política nesse diálogo

    traz a necessidade de pensar fator cultural de cada povo e sua influência em

    esfera global.

    2.2.4 A sustentabilidade cultural

    Vivemos no mundo dos modismos arraigados por conceitos estereotipados

    de feio e belo, de divisão em seres com inteligência superior e inferior e

    tantas outras subjetividades criadas para afirmar o poder do capitalismo. Essascaracterísticas tornaram-se mais evidentes com o advento da globalização

    impulsionada pelo desenvolvimento tecnológico, favorecendo a igualdade de

    costumes, hábitos e atitudes, entre outras.

    Evidenciar um estilo de vida padronizado leva à desconsideração dos

    saberes e manifestações tradicionais do conteúdo local, por serem percebidos

    como arcaicos e rudimentares, não atendendo a necessidade de produção

    massificada. Assim, gera-se uma construção de desigualdades e pobreza.

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    Esta destruição da base dos recursos do planeta e seu impacto nosvalores culturais e humanos gerou a necessidade de orientar asformas de desenvolvimento para eliminar a pobreza crítica e passarda sobrevivência á melhoria da qualidade de vida. (LEFF, 2008, p. 90)

    Esse raciocínio demonstra que, felizmente, o modo de apropriação da

    cultura, por muito tempo pregado como o ideal, tem sido negado a fim de

    atender aos princípios da sustentabilidade.

    Essa preocupação tem sido percebida pela forma que o estilo de vida

    adotado por personagens, como Madre Tereza de Calcutá e Mahatma Gandhi,

    tem estimulado a adoção de comportamentos baseados no cuidado do outro.

    Madre Tereza de Calcutá (910-1997), à esquerda,foi uma missionária católica albanesa, nascidana República da Macedônia e naturalizada

    indiana, beatificada pela Igreja Católica.

    Mahatma Gandhi (1869 – 1948), à direita, foium líder político e espiritual da Índia. Soube

    utilizar-se engenhosamente de toda a tradiçãopara reerguer o orgulho de sua gente, abaladapela dominação e deu muito que pensar àqueles

    que se consideravam “superiores” e, por isso,dominavam.

    BIOGRAFIA

    Esse pressuposto do cuidado sugere a adoção de estratégias de

    desenvolvimento, que priorizem os saberes tradicionais de manejo, ou seja, a

    valorização do local em detrimento do global. Surge, assim, a necessidade de

    valorização das identidades nacionais, por meio da afirmação de sua cultura e

    conhecimento acumulado ao longo da evolução humana.

    Cabe ainda considerar, nesse aspecto, a sabedoria de povos tradicionais, como

    camponeses e indígenas, bem como o patrimônio cultural (material e imaterial)

    constituído na formação dos povos. Como exemplo de patrimônio material eimaterial, podemos citar a arquitetura e a gastronomia local, respectivamente.

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    É válido destacar o raciocínio apresentado por Leff (2008, p.93), quando

    afirma que “a ética ambiental vincula a conservação da diversidade biológica do

    planeta ao respeito à heterogeneidade étnica e cultural da espécie humana.”

    Levantar essa questão implica no reconhecimento do espaço individual ecoletivo e uma apropriação coerente do mesmo.

    2.2.5 A sustentabilidade espacial

    No decorrer deste capítulo trouxemos a discussão da sustentabilidade

    por meio dos princípios e dimensões que a cercam. Incluso neles, está à defesa

    da sustentabilidade espacial por aqueles que estudam e debatem o tema.

    Falar em sustentabilidade espacial significa elencar fatos como

    concentração populacional, densidade demográfica, urbanização. A esse

    respeito Leff (2008, p. 340) diz que “o lugar é o locus das demandas e das

    reivindicações das pessoas pela degradação ambiental, assim como suas

    capacidades de reconstruir seus mundos de vida”.

    Você já parou para pensar no percentual de

    urbanização planetária? Quais a condições devida das grandes metrópoles?

    REFLEXÃO

    Quando trazemos elementos que sugerem a reflexão sobre qualidade de vida

    para a discussão, temos a intenção de fazê-lo compreender o quanto a concentraçãopopulacional em torno das grandes cidades tem contribuído para o caos ambiental.

    Problemas como: poluição atmosférica, contaminação do lençol freático, consumo

    excessivo de água, geração de resíduos, precariedade dos assentamentos humanos,

    segregação socioespacial, entre outros, são mais acentuados nos centros urbanos.

    Como forma de ilustrar esse discurso, apresentamos a verticalização de

    cidades litorâneas em função da especulação imobiliária, em alguns momentos,

    em outros, pelo déficit habitacional. Essas edificações têm ocasionado o

    surgimento de ilhas de calor, provocadas pelo aumento da temperatura.

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    Desenvolvimento e Sustentabilidade Ambiental

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    Jeff Belmonter

    Figura 1 - Verticalização nas Praias do Leblon e Ipanema, no Rio de Janeiro.

    Além disso, podemos acrescentar ainda a ocorrência de sobrecarga nos

    sistemas de abastecimento de água e energia, bem como no esgotamento

    sanitário, como consequência da urbanização crescente nessas áreas,

    localizadas especialmente em regiões metropolitanas.

    Imbuídas do desejo de melhores condições de vida, por meio do alcance

    do emprego ideal, as pessoas se inserem no contexto das grandes cidades,

    pois são elas que apresentam as melhores oportunidades. Entretanto, o que

    se observa são fatos como: o aumento da periferia nas regiões metropolitanas

    e o empobrecimento da população em função da oferta precária de trabalho.

    Tratar dessas questões significa considerar que o processo de

    urbanização traz consigo a necessidade do planejamento para atender as

    demandas dos assentamentos humanos, que se instalam nas metrópoles e

    em seu entorno. “No mundo de hoje, cada vez mais pessoas se reúnem em

    áreas mais reduzidas, como se o hábitat humano minguasse. Isso permiteexperimentar, através do espaço, o fato da escassez.” (SANTOS, 2007, p. 80).

    Dessa forma, é imprescindível mitigar os efeitos desse aglomerado

    populacional por meio de iniciativas que considerem aspectos como:

    possibilidades de fixação das comunidades tradicionais em suas regiões de

    origem, garantido a elas condições de sobrevivência; democratização do

    espaço para o assentamento humano, oferecendo condições necessárias

    de educação, moradia, mobilidade, transporte, saúde e segurança;

    tratamento adequado e técnico para abastecimento de água, energia,

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    Desenvolvimento e Sustentabilidade Ambiental

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    destinação dos resíduos sólidos, qualidade do ar, distribuição racional dos

    equipamentos públicos, acessibilidade e inúmeros outros, menos óbvios,

    porém não menos importantes.

    Sendo assim, as informações apresentadas neste capítulo evidenciam a

    necessidade de pensar sobre a sustentabilidade de forma prática e em todas

    as dimensões da intervenção humana no ambiente.

    Vale salientar que é imprescindível considerar os princípios norteadores

    para tal pressuposto: econômico, social, ecológico, cultural e espacial. Pensar

    e agir usando como fundamento essa premissa é uma maneira de garantir o

    alcance do desenvolvimento sustentável.

    2.3 Aplicando a teoria na prática

    Venha para Natal: a cidade sustentável

    O turismo é a principal atividade econômica da cidade do Natal, responsável pelageração de divisas, bem como de ocupação e renda. Sendo um dos principais

    destinos de sol e mar do Brasil, a prefeitura local realiza constantemente

    investimentos em divulgação do destino.

    Neste sentido, para convencer os turistas, que buscam sol, praias, dunas eemoções, de que Natal é o melhor lugar para passar suas férias a Secretaria de

    Turismo do Município decide produzir um clipe sobre os atrativos locais.

    Tal peça publicitária será veiculada em horário nobre das principais emissoras deTV aberta do país, para o público do principal centro emissor de turistas para a

    cidade: São Paulo e região metropolitana.

    Assim, são contratados os serviços de uma agência de publicidade pararealizar tal tarefa. Como o slogan da cidade é ser uma cidade sustentável, é

    imprescindível que esta intervenção ocorra atendendo os princípios e dimensõesda sustentabilidade. Outro detalhe da atividade é a exigência de uma açãointerdisciplinar entre profissionais de turismo, comunicação e gestão ambiental.

    Diante da problemática apresentada, quais fatores nortearão essa

    produção audiovisual?

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    Desenvolvimento e Sustentabilidade Ambiental

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    Para responder a esse questionamento, devem-se considerar os princípios

    e dimensões da sustentabilidade ambiental como fatores norteadores para a

    gravação do vídeo, requerendo dos profissionais envolvidos a adoção de uma

    consciência representada por ações práticas.

    É sabido que toda intervenção no ambiente provoca impacto. Seguir

    o modelo apresentado no quadro 4, que trata do consumo de água virtual,

    ou seja, da quantidade de água utilizada direta ou indiretamente na

    produção de algo é uma ferramenta para mitigar o consumo de água na

    produção do vídeo.

    É a quantidade deágua usada, diretaou indiretamente, naprodução de algo.

    Veja quantos litros deágua virtual existem emcada produto.

    32 litrosMicrochip(2 g)

    140 litrosXícara decafé(125 ml)

    10 litrosFolha depapel A4(80 g/m2)

    2.000 litrosCamiseta dealgodão(250 g)

    Em produtosde origemanimal, amaior parte daágua virtualtem origemna produçãoda ração quealimenta acriação

    200 litrosCopo deleite (200 ml)

    135 litrosOvo(40 g)

    2.325 litrosCarne bovina(150 g)

    720 litrosCarne suína(150 g)

    8.000 litrosPar desapatos decouro

    Quadro 5 – Consumo de água vir tual (ALMANAQUE ABRIL, 2010)

    A equipe também pode aplicar esse modelo aos demais insumos

    utilizados no trabalho, como combustível, fitas de vídeo, bateria, entre outros.

    Os dados provenientes desse levantamento do consumo provocado podem ser

    utilizados para a realização de medidas mitigadoras do impacto causado.

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    O grupo atuante na execução da tarefa proposta deve considerar o

    seguinte discurso de Boff (2004, p. 95):

    Pelo cuidado não vemos a natureza e tudo que nela existe comoobjetos. A relação não é sujeito-objeto, mas sujeito-sujeito.Experimentamos os seres como sujeitos, como valores, como símbolosque remetem a uma Realidade frontal. A natureza não é muda. Falae evoca. Emite mensagens de grandeza, beleza, perplexidade e força.O ser humano pode escutar e interpretar esses sinais. Coloca-se ao pédas coisas, junto delas e a elas sente-se unido. Não existe, co-existecom todos os outros. A relação não é de domínio sobre, mas de con-vivência. Não é pura intervenção, mas inter-ação e comunhão.

    Dessa forma, todos os profissionais envolvidos no processo devem primar

    pela manutenção do equilíbrio, por meio de atitudes proativas de cuidado com

    a natureza, baseando-se na contabilidade ambiental que considera impacto x

    mitigação do impacto.

    Cuidar das coisas implica ter intimidade, senti-las dentro, acolhê-las,respeitá-las, dar-lhes sossego e repouso. Cuidar é entrar em sintoniacom, auscutar-lhes o ritmo e afinar-se com ele. A razão analítico-instrumental abre caminho para a razão cordial, o esprit de finesse,o espírito de delicadeza, o sentimento profundo. (BOFF, 2004, p. 96).

    Sendo a atividade turística pautada no uso do patrimônio (natural e

    cultural) de uma localidade, além de incutir ações mitigadoras dos impactos

    causados na gravação do material publicitário, deve-se utilizá-lo para transmitir

    a mensagem da conservação dos recursos. Isso significa demonstrar, no clipe,

    atitudes estimulantes para a prática sustentável do turismo junto àqueles

    potenciais visitantes do destino.

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    Desenvolvimento e Sustentabilidade Ambiental

    Capítulo 2

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    2.4 Para saber mais

    AZEVEDO, Júlia; IRVING, Marta de Azevedo. Turismo: o desafio da

    sustentabilidade. São Paulo: Futura, 2002.

    Neste livro são analisados o potencial do turismo e os desafios, que terão

    de ser enfrentados para atingir a sustentabilidade, garantindo três objetivos:

    satisfazer o turista, preservar o meio ambiente e assegurar a qualidade de vida

    da comunidade que reside no destino turístico.

    BANCO DO NORDESTE. Manual de impactos ambientais: orientações sobre os

    aspectos ambientais de atividade produtivas. Fortaleza: Banco do Nordeste, 1999.

    Destinado a facilitar o trabalho de pequenos, médios e grandes

    empreendedores, ele contribui para capacitar elaboradores de projetos,

    analistas de crédito de entidades financiadoras e demais profissionais

    envolvidos com a atividade produtiva e suas implicações na conservação

    ambiental.

    FONSECA, Igor Ferraz da; BURSZTYN, Marcel. A banalização da sustentabilidade:

    reflexões sobre governança ambiental em escala local. Soc. estado, Brasília, v.

    24, n. 1, abr. 2009. Disponível em: . Acesso em: 21

     jan. 2010. doi: 10.1590/S0102-69922009000100003.

    O objetivo deste estudo é demonstrar como os quesitos considerados

    necessários para uma boa governança são produzidos e reproduzidos ao longo

    do tempo.

    http://www.cidades.gov.br/conselho-das-cidades/conferencias-das-cidades/4a-conferencia-das-cidades.

    Com a criação do Ministério das Cidades em 2003, o Brasil passou a ter um

    instrumento de participação e controle social que direciona o nosso destino: a

    Conferência das Cidades, incluindo temáticas como o orçamento participativo.

    Acesse e descubra maiores informações.

    PORTILHO, Fátima. Sustentabilidade Ambiental, Consumo e Cidadania. São

    Paulo: Cortez Editora, 2005.

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    O livro contribui certamente para aprofundar o conhecimento sobre um

    processo que opera na intersecção entre a vida pública e privada, e, assim,

    a questão ambiental pode ser colocada num lugar onde as preocupações

    privadas e as questões públicas se encontram.

    2.5 Relembrando

    Caracterizar as relações humano-natureza de forma justa e igualitária na

    distribuição dos recursos é considerar que toda e qualquer intervenção pode

    provocar impacto no ambiente. Neste caso, é preciso a adoção de medidas

    mitigadoras e compensatórias aliadas à implantação de tecnologias limpas,

    visando à equidade no usufruto dos recursos.

    Neste sentido, o desenvolvimento tecnológico deve levar em conta

    as particularidades de cada povo, evitando a homogeneização de hábitos,

    costumes e atitudes. Este fato leva à proposição de valorização das identidades

    nacionais por meio da afirmação de sua cultura e conhecimento, garantindo a

    manutenção das técnicas tradicionais de produção e manejo.

    Esta garantia favorece a fixação dessas comunidades em seu local de

    origem, minimizando os efeitos ocasionados pelos grandes assentamentos

    humanos existentes nas regiões metropolitanas, que são fortes contribuintes

    para a instalação do caos ambiental vivido hoje.

    Em suma, não se pode pensar/agir de forma sustentável sem conceber

    os princípios econômicos, sociais, ecológicos, culturais e espaciais, bem

    como a dimensão da importância que os mesmos apresentam para a

    qualidade ambiental.

    2.6 Testando os seus conhecimentos

    Nos dias atuais, as novas tecnologias se desenvolvem de forma

    acelerada, assumindo papel importante na dinâmica do cotidiano das pessoas

    e da economia mundial. Escolher uma profissão requer de cada indivíduo

    apropriar-se dos conhecimentos que o cercam, assim como a melhor forma de

    utilizar a tecnologia para realizar suas atividades profissionais.

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    Capítulo 2

    A emergência da adoção dos princípios que norteiam a sustentabilidade

    faz com que cada profissional escolha técnicas de exercício da profissão que

    contemplem o uso de tecnologias limpas como forma de mitigar e compensar

    os efeitos de suas atividades no ambiente.

    Desse modo, como o processo de formação profissional deve contemplar

    conteúdos que fundamentem essa premissa, estimulando a adoção de práticas

    cotidianas sustentáveis?

    Onde encontrar

    ASSOCIAÇÃO de Amigos e Moradores de Boa Viagem. Especulação: limite das

    edificações já. Disponível em: http://www.amabv.hpg.ig.com.br/especulacao.html.

    Acesso em: 29 jun. 2010

    BOFF, Leonardo. Saber Cuidar: Ética do Humano-Compaixão pela Terra.

    Petrópolis: Vozes, 2004.

    CAMARGO, Paulo de. 8 jeitos de mudar o mundo: nós podemos. Disponível

    em: http://www.facaparte.org.br/new/download/Livro%20Objetivo%201%20

    -%20Fome.pdf. Acesso em: 24 fev. 2010.

    LEFF, Enrique. Saber ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade,

    poder. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 2008.

    ______. Pobreza, gestión participativa de los recursos naturales y desarrollo

    sustentable em lãs comunidades rurales. Una visión desde América Latina.

    Ecologia Política, n. 8, Barcelona: Icaria, 1994. In: LEFF, Enrique. Saber ambiental:

    sustentabilidade, racionalidade, complexidade, poder. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 2008.

    PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO. RELATÓRIO

    DO DESENVOLVIMENTO HUMANO 2003. New York, USA: PNUD, 2003. Anual.

    ISBN 978-8730-08-X.

    SANTOS, Milton. O espaço do cidadão. 7.ed. São Paulo: EDUSP, 2007.

    SINGER, Paul. Introdução à economia solidária. São Paulo: Fundação PerseuAbramo, 2002.

    ______. O que é economia. 2. ed. ver. ampl. São Paulo: Contexto, 1998.