estratÉgias de implantaÇÃo de sustentabilidade …20... · residenciais existentes que não...

69
i AUTORA: Maria Berenice dos Santos "ESTRATÉGIAS DE IMPLANTAÇÃO DE SUSTENTABILIDADE NO USO E MANUTENÇÃO DE EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS EXISTENTES" Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Construção Civil da Escola de Engenharia UFMG Ênfase: Tecnologia e Produtividade das Construções Orientador: José Cláudio Nogueira Vieira Belo Horizonte Escola de Engenharia da UFMG 2009

Upload: lamxuyen

Post on 08-Feb-2019

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

i

AUTORA: Maria Berenice dos Santos

"ESTRATÉGIAS DE IMPLANTAÇÃO DE SUSTENTABILIDADE NO USO E MANUTENÇÃO DE EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS EXISTENTES"

Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Construção Civil da

Escola de Engenharia UFMG

Ênfase: Tecnologia e Produtividade das Construções

Orientador: José Cláudio Nogueira Vieira

Belo Horizonte

Escola de Engenharia da UFMG

2009

ii

A meus pais, pela minha vida: o maior presente;

A meus filhos Gabriela e Guilherme, pelo

aprendizado do amor incondicional;

Ao Cândido pelo companheirismo e apoio.

iii

AGRADECIMENTOS

Ao Condomínio do Edifício Dom Diego Velasquez pelo aprendizado e oportunidade de práticas sustentáveis.

Ao orientador professor José Cláudio pelo apoio.

Ao professor Silvio Romero, exemplo de competência e dedicação.

A todos os professores que ao nos convidar a entrar na casa de sua sabedoria nos conduziram até o limiar da nossa própria mente.

iv

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 1

1.1 Mudança de Paradigma e Consciência Ecológica .................................................... 1

1.2 Alfabetização Ecológica ............................................................................................. 2

1.3 Fases de um Empreendimento ................................................................................. 5

1.3.1 Fase de idealização ................................................................................................... 5

1.3.2 Fase de concepção e projeto .................................................................................... 6

1.3.3 Fase de construção ................................................................................................... 6

1.3.4 Fase de uso e operação ............................................................................................ 6

1.3.5 Fase de desconstrução / demolição .......................................................................... 7

1.4 Características das Fases de um Empreendimento ................................................. 9

2. OBJETIVO ............................................................................................................................. 11

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................. 12

3.1 Redução do Consumo de Água .............................................................................. 12

3.1.1 Conservação de água .............................................................................................. 13

3.1.2 Adequação de componentes e equipamentos hidráulicos ...................................... 14

3.1.2.1 Equipamentos economizadores de água ................................................................ 14

3.1.3 Utilização de fontes alternativas de água ................................................................ 19

3.1.4 Aproveitamento de águas pluviais ........................................................................... 20

3.1.5 Gestão do uso da água ........................................................................................... 23

3.1.5.1 Monitoramento do consumo de água ...................................................................... 24

3.1.5.2 Estabelecimento de um plano de manutenção ....................................................... 25

3.2 Redução do Consumo de Energia .......................................................................... 28

3.2.1 Conservação de energia .......................................................................................... 28

3.2.2 Uso eficiente da energia .......................................................................................... 30

v

3.2.3 Utilização da energia solar ...................................................................................... 32

3.2.3.1 Sistemas de aquecimento solar .............................................................................. 34

3.2.4 Uso racional de aparelhos eletrodomésticos ........................................................... 37

3.3 Minimização, Coleta Seletiva e Reciclagem do Lixo ............................................... 41

3.3.1 Minimização de resíduos ......................................................................................... 41

3.3.2 Coleta seletiva do lixo .............................................................................................. 42

3.3.3 Reciclagem .............................................................................................................. 43

3.4 Aumento da Durabilidade do Edifício ...................................................................... 43

4. METODOLOGIA .................................................................................................................... 47

5. RESULTADOS ...................................................................................................................... 48

5.1 Estudo de Caso: Condomínio do Edifício Dom Diego Velasquez ........................... 48

5.1.1 Características do edifício Dom Diego Velasquez .................................................. 48

5.1.2 Situação do condomínio Dom Diego Velasquez em abril de 2004 ......................... 48

5.1.3 Intervenções no condomínio Dom Diego Velasquez entre abril de 2004 e março de

2006 ................................................................................................................................. 49

5.1.4 Resultados obtidos (dados de março de 2006 – 2 anos depois) ............................ 50

6. CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 52

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 53

8. ANEXO ................................................................................................................................... 56

vi

LISTA DE NOTAÇÕES, ABREVIATURAS

ABNT = Associação Brasileira de Normas Técnicas

AsBEA = Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura

ACV = Análise do ciclo de vida

BTUs = Unidade Térmica Britânica

CBCS = Conselho Brasileiro de Construção Sustentável

CEMIG = Centrais Elétricas de Minas Gerais

CIB = Conselho Internacional para a Pesquisa e Inovação em Construção -

Internacional Council for Research and Innovation in Building and Construction

Conpet = Programa Nacional da Racionalização do Uso de Derivados do Petróleo e

Gás Natural

COPASA = Companhia de Saneamento de Minas Gerais

FINEP = Financiadora de Estudos e Projetos

GEFAE = Grupo de Estudos sobre Fontes Alternativas de Energia

ISSO = International Organization for Standardization

PCA = Programa de Conservação de Água

PROCEL = Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica

USP = Universidade de São Paulo

vii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1: Preço pago por um empreendimento (CEOTTO, 2008) 10

Figura 3.1: Painel fotovoltaico. 33

Figura 3.2: Esquema de Instalação de Sistema de Aquecimento de Água por Energia Solar -

Tecnologias para construção habitacional mais sustentável, 2007. 34

viii

LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1: Consumo de água em bacias sanitárias 16

Tabela 3.2: Consumo de água em torneiras de lavatórios 17

Tabela 3.3: Consumo de água em chuveiros (duchas) 18

Tabela 3.4: Consumo de água em torneiras de cozinha base 18

Tabela 3.5: Consumo mensal de aparelhos eletrodomésticos 40

ix

LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1.1: Custos e possibilidades de intervenção em cada fase de um empreendimento

(CEOTTO, 2008). 9

Gráfico 3.1: A influência da manutenção no desempenho da edificação. 44

x

RESUMO A introdução de práticas sustentáveis na fase de uso e operação em edificações

residenciais existentes que não contemplaram os princípios da sustentabilidade nas

fases de idealização, concepção, projeto e construção vem reforçar os esforços de

preservação ambiental que se fazem essenciais na relação do meio construído com o

meio natural. Este trabalho propõe práticas relacionadas à redução do consumo de

água e energia, à minimização, coleta seletiva e reciclagem do lixo e ao aumento da

durabilidade do edifício através das atividades de manutenção. Defende a idéia do

usuário consciente e eco-alfabetizado, capaz de construir conhecimentos, habilidades,

atitudes e valores voltados para a sustentabilidade.

Palavras chave: Desenvolvimento sustentável; Estratégias de implantação de

sustentabilidade no uso e manutenção de edificações residenciais existentes.

1

1. INTRODUÇÃO

Em conseqüência da redução dos recursos naturais causada pelo homem, a questão

ambiental tem sido tratada, com especial atenção, nas mais diversas áreas do

conhecimento humano.

O setor da construção civil, representado majoritariamente pela construção e operação

de edifícios, é um grande consumidor destes recursos naturais e energéticos além de

ser um grande gerador de resíduos.

Algumas edificações novas estão sendo projetadas para um bom desempenho

ambiental caracterizadas pela intenção de ter minimizados os seus impactos negativos

no meio ambiente e em seus usuários.

Medidas ambientalmente corretas são aplicadas nos projetos tais como: planejamento

sustentável da área construída; eficiência energética e emprego de energia

renovável; economia de água e eficiência em sua utilização; escolha de materiais de

origem certificada e com baixas emissões de CO2 e redução do volume de lixo e

maior facilidade de reciclagem.

A maioria dos edifícios construídos, no entanto, não contempla projetos, equipamentos

e procedimentos que possibilitem maior proteção ao meio ambiente. Atuar sobre estas

edificações através de práticas sustentáveis e sobre seus usuários através da

ampliação da consciência e educação ambiental pode ser um instrumento das

possibilidades mais imediatas e eficazes na manutenção de nosso planeta.

1.1 Mudança de Paradigma e Consciência Ecológica

Capra afirma que existem soluções para os principais problemas da

contemporaneidade, mas que para solucioná-los se faz necessária uma mudança

radical na percepção, no pensamento e nos valores que o ser humano atribui às

coisas (CAPRA, 1996 apud CIANCIARDI, 2004) . Capra faz referência à mudança de

2

paradigma, do mecanicista para o ecológico, onde a visão sistêmica conduz a novas

soluções que serão, sem dúvida, soluções ecologicamente sustentáveis.

Considerando ciência como o conjunto organizado do conhecimento, a consciência

vem a ser um conjunto que surge das relações humanas, onde o ser humano pode

adquirir conhecimento de modo a poder julgar sua própria realidade. É esta

consciência adquirida com o conhecimento propiciado pela ciência que possibilitará

reverter o processo degenerativo pelo qual a Terra atravessa (CIANCIARDI, 2004).

Adam (2001) propõe que alguns princípios devam permear sempre o pensamento dos

habitantes do planeta:

- Todos os seres têm direito a viver com dignidade, não apenas os seres humanos;

- Ecologia não é apenas uma ciência estática, de um preservacionismo estanque, mas

pressupõe um modelo de desenvolvimento sustentável (de comunidades, edifícios e

cidades auto-sustentáveis) este modelo conjuga desenvolvimento tecnológico e

progresso à gestão dos recursos naturais e ao equilíbrio dos ecossistemas;

- Em geral a ecologia, refere-se a um pensamento planetário, porém a partir das

referências da consciência, estamos diante de uma condição universal, de um sentido

de vida presente em todos os cosmos.Estes princípios que delineiam a consciência

ecológica devem ser as diretrizes para a mudança de paradigma que, ao difundirem

por todos os setores da sociedade, servirão de premissas para a sustentabilidade do

Planeta neste terceiro milênio.

1.2 Alfabetização Ecológica

A conscientização ambiental deve partir de uma reconexão do ser humano com a “teia

da vida” (CAPRA,1996), retomando os ensinamentos que a natureza lhe argüi,

ecoalfabetizando-se. “Ser ecologicamente alfabetizado, ou eco-alfabetizado, significa

entender os princípios de organização das comunidades ecológicas (ecossistemas) e

usar esses princípios para criar comunidades humanas sustentáveis” (CAPRA, 1996).

3

Segundo Capra (1996), cinco são os princípios ecológicos que devem fundamentar a

eco alfabetização do ser humano.

São eles: interdependência, reciclagem e reuso, parceria, flexibilidade e diversidade,

de maneira que, como conseqüência natural da somatória destes, chega-se à

sustentabilidade.

Uma vez apresentado o significado de cada um deles, Cianciardi (2004) faz uma

analogia desses princípios com os procedimentos utilizados na construção civil.

_ interdependência: todos os membros de uma comunidade ecológica estão

interligados de forma muito complexa, formando uma rede de dependência mútua,

onde o desempenho de cada membro vivo do ecossistema depende do todo e o bom

resultado do todo depende de cada membro.

A interdependência entre o sistema construído e o sistema natural pode ser

exemplificada pela utilização dos recursos hídricos dentro de uma unidade

habitacional, que por sua vez depende da entrada da água para possibilitar a

habitabilidade para os seus usuários, assim como o ecossistema depende da filtragem

das águas servidas e da otimização dos recursos hídricos para a manutenção de seu

equilíbrio.

_ reciclagem e reuso: a natureza desenvolveu um processo de natureza cíclica, ao

longo de bilhões de anos, onde os resíduos de um determinado organismo são o

alimento para outro e assim continuamente. Desta forma, isentam de todo e qualquer

resíduo o ecossistema que compartilham. Além do mais, reciclam as mesmas

moléculas de minerais, água e ar (CAPRA, 1996), de forma a ensinar ao ser humano o

procedimento correto de utilização dos recursos naturais.

A reciclagem e o reuso fazem parte do segundo princípio que pode ser utilizado como

delineador de procedimentos eco alfabetizadores. O processo de recuperação de

ambientes construídos é a aplicação direta do segundo princípio ecológico, em uma

correta interface entre o meio construído e o meio natural; onde a reciclagem e o reuso

postergam a vida útil dos materiais aplicados no edifício, assim como a este próprio,

minimizando a utilização de novos recursos naturais.

4

_ parceria: consiste na associação entre dois organismos de forma cooperativa, sendo

que ambas as partes são beneficiadas com esta cooperação. Este princípio pode ser

aplicado ao sistema construído, de modo a minimizar o impacto de sua implantação no

meio ambiente.

A associação entre uma árvore e uma edificação pode exemplificar este princípio; ao

plantar-se uma árvore de regime caduco junto a uma edificação possibilita-se uma

menor incidência de raios solares no verão e no inverno, com a caída das folhagens,

permite-se uma maior insolação, de modo a propiciar um maior conforto térmico aos

seus usuários e uma minoração no consumo energético. Desta forma, o ecossistema

ganha mais um filtro de Co², assim como abrigo e alimentação para espécies diversas;

a árvore se beneficia com os cuidados dispensados pelo usuário para com ela e o ser

humano pode tirar proveito do conforto térmico propiciado pela sua presença.

Somente com o conhecimento dos princípios ecológicos e a divulgação destes pela

prática da eco alfabetização é que se poderá certificar a sustentabilidade de um

ecossistema em particular e do Planeta como um todo (CAPRA, 1996).

_ flexibilidade: O sistema natural possui flexibilidade e este é o quarto princípio

salientado por Capra (1996), que o define como sendo a elasticidade que as

comunidades ecológicas possuem, objetivando o auto-equilíbrio.

O principio da flexibilidade também deve ser contemplado no planejamento dos

edifícios a serem recuperados, este pode usufruir deste conhecimento em prol de seu

próprio equilíbrio; ao captarem-se as águas pluviais e sistematizar o seu

armazenamento para os períodos de estiagem, busca-se justamente esta auto-

regulação. A edificação beneficia-se com o suprimento de água extra, evitando o corte

brusco de fornecimento para os seus usuários e os mananciais são menos solicitados

nos períodos de estiagem, evitando o seu esgotamento.

_ diversidade: “Um ecossistema diversificado também será flexível, pois contém

muitas espécies com funções ecológicas sobrepostas que podem, parcialmente,

substituir umas às outras” (CAPRA, 1996).

Ao incentivar-se o uso de madeiras não-comerciais para o uso na construção civil e

produção de mobiliário, com certificação de manejo florestal ou advindo do

5

reflorestamento, possibilita-se uma sobrevida às espécies comerciais que são mais

procuradas e conseqüentemente mais desbastadas; este procedimento certifica à

floresta a sobrevivência de um número maior de espécies, garantido uma maior

biodiversidade ao ecossistema da região.

“A ecologia defende a idéia do usuário consciente e eco-alfabetizado, que não é

simplesmente o consumidor final de energia e produtos, mas um gestor de energias e

recursos” (ADAM, 2001).

1.3 Fases de um Empreendimento

O meio edificado é muito semelhante a um sistema vivo que sobrevive extraindo

energia e matéria do ecossistema existente, devolvendo-as depois de utilizá-las, em

um intercâmbio constante; pode-se, pois, considerá-lo como um sistema integrado ao

ecossistema da biosfera, com entradas e saídas (inputs/outputs), caracterizando-se

como um sistema aberto. Estas interações decorrentes dos inputs/outputs acabam por

trazer implicações ecológicas em cada etapa do ciclo de vida de uma edificação, na

produção de subprodutos que interferem na salubridade do ecossistema hospedeiro

(CIANCIARDI,2004).

Para que se possa avaliar o impacto do meio construído sobre o meio natural, faz-se

necessário conhecer cada fase de seu ciclo de vida.

Segundo Ceotto (2008) todo o empreendimento residencial contempla as seguintes

fases:

1.3.1 Fase de idealização

Esta fase é caracterizada pelo desenvolvimento urbano onde são feitas parcerias com

setor público.

É nesta fase que se busca alternativas em “retrofits”, que se pensa na recuperação e

utilização de “brownfields”, que é definida a escolha do terreno e implantação (erosão

6

e sedimentação, permeabilidade e retenção da água de chuva) e se preocupa com a

preservação da cobertura vegetal.

1.3.2 Fase de concepção e projeto

É a fase na qual o empreendimento está sendo concebido. Nesta etapa são realizados

estudos do partido e solução arquitetônica voltada para a conservação de energia,

aproveitamento da luz natural, dimensionamento dos sistemas sem excessos.,

reutilização da água (chuva, esgoto “cinza”, infiltração), economia no consumo de

água (auto-suficiência), tratamento do esgoto, utilização de louças e metais de baixo

consumo de água, economia no consumo de energia elétrica (iluminação e

elevadores), transporte interno e coleta seletiva de lixo.

Nesta fase existe a preocupação de se projetar para a durabilidade, para a

manutenibilidade e para um desempenho definido.

1.3.3 Fase de construção

É nesta fase que existe a preocupação com a minimização da produção de entulhos

(250 litros/m2 de área construída), com o gerenciamento do descarte, com a redução

do entulho agregado à construção, com o uso de tecnologias mais modernas de

construção (construção seca – 30 litros/m3), com a Gestão da Qualidade, com a

redução de ruído, com a utilização de materiais reciclados e madeiras certificadas e

com a elaboração de um plano de manutenção viável. Procura-se também evitar o uso

de materiais com emissão de contaminantes.

1.3.4 Fase de uso e operação

É a etapa em que o empreendimento é ocupado por seus usuários. É a fase da

informação e formação dos proprietários/condôminos, da capacitação das empresas

administradoras, e da capacitação do síndico e da equipe administradora do

condomínio.

7

Os sistemas devem ser entregues em pleno funcionamento dentro de um plano de

manutenção programado pelo construtor que deverá supervisionar a manutenção do

treinamento do pessoal operacional. Nesta fase também é elaborado o plano de

limpeza e conservação sem desperdícios e devem ser mantidos os registros

gerenciais de consumos de energia e água.

Ceotto (2008) afirma que um edifício será tão mais sustentável quanto maior for a

economia na sua operação. O investimento na sustentabilidade tem que ser pago por

esta economia.

Como os edifícios são produtos com longa vida útil, a fase de uso, segundo Ceotto

(2008) é responsável por parcela significativa de impacto ambiental. Os edifícios que

não contemplaram a sustentabilidade nas fases iniciais, há grande consumo de

energia, de água e grande geração de resíduos, especialmente esgoto e lixo

doméstico.

Durante os vários anos de uso, além da manutenção, surge a necessidade de

melhorias tais como revitalização da pintura, novos revestimentos de paredes, pisos e

tetos, novas instalações prediais que geram novos consumos e resíduos. Existirá,

portanto, a necessidade de projetos que contemplem adaptações tecnológicas

sustentáveis para manutenção e reforma, além de espaços flexíveis que atendam às

necessidades dos futuros usuários, para um maior tempo de uso.

A Agenda 21 (2000) observa que estimular a durabilidade dos novos edifícios é uma

das preocupações em muitos países como um meio de conservar espaço. Novas

edificações requerem novos terrenos. No Brasil, como o espaço ainda está longe de

ser um problema, as ações de conservação ainda são tímidas.

1.3.5 Fase de desconstrução / demolição

Desconstrução pode ser considerada como a desmontagem de uma edificação com o

propósito de recuperar de matérias e componentes para reuso e reciclagem. Enquanto

o processo de demolição geralmente acarreta a mistura de diversos materiais e

inevitavelmente a contaminação de componentes que originalmente não

8

representavam risco à saúde humana e ao meio-ambiente, a desconstrução visa à

separação dos materiais.

A desconstrução apresenta diversas vantagens, comparada à demolição tradicional,

dentre as quais podemos citar: a diminuição do volume de resíduos enviado para

aterros e/ou botas-fora, o desenvolvimento econômico sustentável através do reuso e

da reciclagem, a reutilização de componentes, a maior facilidade para a reciclagem de

materiais além de colaborar com a proteção do meio-ambiente. Pode-se destacar

ainda que a desconstrução preserva a energia “virtual” ou Embodied Energy (energia

gasta em todo o processo de produção do material, desde a obtenção da matéria

prima até a manufatura do produto final, incluindo os gastos de energia com

transporte) contida nos materiais, através da prorrogação da vida útil do material ou

componente.

Desafios e as dificuldades a serem superadas pela desconstrução também são

inúmeros. Dentre eles pode-se destacar: os edifícios existentes não foram projetados

para serem desmontados, os componentes também, não foram projetados para serem

desmontados, a inexistência de ferramentas para desmontar edificações existentes, o

preço pago para utilização de aterros e/ou botas-fora é muito baixo, a desmontagem

de edifícios requer mais tempo que a simples demolição, os códigos de obra e os

materiais padrão geralmente não incentivam/estimulam o reuso de componentes, os

custos da desconstrução ainda não são bem conhecidos, ausência de indústrias com

práticas padronizadas e por último o fato dos benefícios econômicos e ambientais da

prática da desconstrução ainda não estarem bem claros. O maior problema enfrentado

pela desconstrução é o fato de que até recentemente a maioria dos arquitetos e

construtores enxergava suas criações como sendo permanentes, e desta forma não

havia preocupação em prever sua futura desconstrução. Para superar este empecilho,

técnicas e ferramentas para a desconstrução estão em fase de desenvolvimento,

pesquisas, para dar suporte, estão em andamento em todo o mundo, e o poder público

está começando a incentivar a prática da desconstrução através do aumento dos

valores pagos para utilização de aterros ou botas-fora, ou em alguns casos proibindo o

descarte de materiais reutilizáveis.

9

1.4 Características das Fases de um Empreendimento

Em cada fase do ciclo de vida do empreendimento, as ações a serem realizadas em

cada uma delas e seu impacto potencial para a sua sustentabilidade variam

significativamente.

As fases de concepção e planejamento têm os menores custos e as maiores

possibilidades de intervenção. Em contra partida na fase de uso e operação os custos

aumentam e as possibilidades de intervenção diminuem consideravelmente (Gráfico

1.1).

Gráfico 1.1: Custos e possibilidades de intervenção em cada fase de um empreendimento

(CEOTTO, 2008).

z

Mesmo assim é necessário fazer algo para os edifícios construídos, pois o impacto

das construções de edifícios no meio ambiente é muito grande e é maior na fase de

uso e operação do edifício do que na construção como afirma Ceotto.

10

Figura 1.1: Preço pago por um empreendimento (CEOTTO, 2008).

A figura 1.1 mostra um iceberg que representa o preço pago por um empreendimento,

entretanto a sua maior parte, não vista, representa o custo a ser pago pelo cliente e

por toda a sociedade (CEOTTO, 2008). Custos com operação, manutenção, correções

e adaptações, passivo ambiental e reutilização a grande maioria das vezes não são

considerados. Isto justifica a importância de se ter uma visão ampla do

empreendimento e considerar toda a sua vida útil bem como todos os aspectos que a

envolvem, para que se possa efetivamente buscar reduções significativas nos

impactos negativos em todo o ciclo de vida das edificações.

11

2. OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é verificar os resultados da implantação de estratégias de

sustentabilidade em edificações existentes, através da analise de um caso de retrofit

com intervenções de infraestrutura e gestão em um edifício residencial.

12

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Quando se propõe práticas sustentáveis na fase de uso e operação em ambientes

construídos tem-se como enfoque a visão sistêmica delineada por Capra, devendo ter

em mente que cada ato de construção resulta em uma alteração do entorno e que este

fator pode ter conseqüências que podem se desencadear em proporções geométricas

até atingir a saúde do próprio planeta.

3.1 Redução do Consumo de Água

A água é um recurso escasso e finito, fundamental à existência e sobrevivência

humana. Sua preservação e conservação são de fundamental importância para a

garantia da sustentabilidade das gerações futuras.

No Brasil, estudos relativos à distribuição do consumo de água tiveram início em 1995,

porém os dados variam de acordo com a tipologia da edificação, dados

socioeconômicos da população envolvida, tipos de equipamentos hidráulicos,

características de projeto dos sistemas prediais, entre outros. A literatura e muitos

Projetos de Sistemas Prediais Hidráulicos consideram o consumo de água diário per

capita de 150 l/hab.dia. No entanto, monitoramentos realizados têm demonstrado que,

por dia, uma pessoa pode gastar, no Brasil, de 50 até 200 litros ou mais de água.

Cabe ressaltar que uma das ações técnicas a serem aplicadas em uma residência

para a Conservação de Água é a avaliação criteriosa dos equipamentos hidráulicos

instalados, a substituição por equipamentos economizadores de água bem como a

otimização do Projeto de Sistemas Hidráulicos Prediais para facilitar a redução e

detecção de vazamentos, além do estabelecimento de rotinas de manutenção

preventiva que compõem um Sistema de Gestão da Água. Com relação ao

desperdício de água, as ações pertinentes são de base comportamental, cabendo ao

usuário final ser informado sobre os impactos gerados pelo mau uso e das formas de

combater tal desperdício.

13

3.1.1 Conservação de água

Conservação de Água constitui qualquer ação que:

• Reduz a quantidade de água extraída das fontes de suprimento;

• Reduz o consumo de água;

• Reduz o desperdício de água;

• Reduz as perdas de água;

• Aumenta a eficiência do uso da água;

• Aumenta a reciclagem e reutilização da água;

• Evita a poluição da água.

Implantar um Programa de Conservação de Água – PCA em uma residência implica

otimizar o consumo de água, com a conseqüente redução do volume de efluentes

gerados, e a partir da gestão da demanda de água já estabelecida, pode-se ainda

utilizar fontes alternativas de água para fins menos nobres, ou seja, não potáveis. A

manutenção dos indicadores de consumo de água já otimizada deve ser garantida por

meio do estabelecimento de um Sistema de Gestão de Água.

Nas edificações residenciais, as ações de Conservação de Água adotadas

contemplam principalmente as seguintes ações:

• Otimização dos sistemas hidráulicos prediais;

• Adequação de componentes hidráulicos (principalmente bacias);

• Adequação de controle de vazões;

14

• Irrigação mais eficiente de áreas de jardins (mangueiras com válvulas automáticas

de fechamento, por exemplo);

• Implementação de procedimentos para as atividades consumidoras de água;

• Uso de fontes alternativas à água da Concessionária, como água de chuva para

lavagem de garagens, veículos, entre outros.

3.1.2 Adequação de componentes e equipamentos hidráulicos

A adequada especificação de equipamentos requer o entendimento do funcionamento

do aparelho, das atividades envolvidas e do tipo de usuário para identificação dos

requisitos de desempenho a serem atendidos. Muitas vezes a especificação de um

componente hidráulico, não necessariamente com características economizadoras de

água, pode resultar na redução do consumo em razão da facilidade de uso e das

características de utilização. Preferencialmente, devem ser especificados

equipamentos cujos componentes apresentem maior durabilidade de forma a viabilizar

os custos provenientes de manutenção. A especificação de equipamentos deve

considerar fabricantes que estejam em conformidade com as normas da ABNT.

3.1.2.1 Equipamentos economizadores de água

“Equipamentos economizadores de água” são aqueles mais adequados à função a

que se destinam, mesmo que não tenham sido fabricados especificamente para

economizar água. A utilização de gatilhos na ponta de mangueiras é um bom exemplo.

Desta forma, a especificação de louças, metais sanitários e equipamentos hidráulicos

é um dos fatores que determinam o maior ou menor consumo de água em uma

edificação, ao longo de sua vida útil.

Existe atualmente no mercado brasileiro uma grande variedade de equipamentos

sanitários que têm como objetivo atender às necessidades dos usuários e promover o

uso racional da água para as atividades a que se destinam. Os produtos

economizadores de água nos Sistemas Prediais apresentam características

específicas de instalação, funcionamento, operação e manutenção.

15

Para a garantia de desempenho destes equipamentos, com obtenção e manutenção

dos índices de consumo de água esperados, é fundamental que os mesmos:

• Sejam especificados adequadamente, em função do uso a que se destinam e do

tipo de usuário;

• Sejam instalados corretamente, de acordo com as orientações e especificações dos

respectivos fabricantes;

• Sejam utilizados da maneira adequada, para o fim a que se destinam, com eventual

capacitação de usuários quando for o caso;

• Recebam a manutenção necessária (preventiva ou corretiva) que garanta a

regulagem e funcionamento correto dos equipamentos, de acordo com as

especificações dos respectivos fabricantes.

O impacto gerado pela adequação dos equipamentos hidráulicos prediais pode ser

significativo. Em uma residência, estes equipamentos estão localizados nos banheiros,

cozinha, área de serviços (lavanderia), piscina e jardins.

Banheiros: Os equipamentos que utilizam água em banheiros podem ser: bacia

sanitária, torneira, chuveiro, banheira, bidê e ducha higiênica.

As bacias sanitárias são equipamentos que se caracterizam pelo uso de um grande

volume de água em um curto espaço de tempo (acionamento). Até o ano 2000, eram

utilizadas, no Brasil, bacias sanitárias cujos equipamentos de descarga consumiam um

volume da ordem de 9L por acionamento.

A indústria nacional, para atender a uma meta do Governo Federal, desenvolveu

bacias que necessitam apenas de aproximadamente 6 litros por acionamento para a

limpeza adequada. Estas bacias estão no mercado desde 2002.

A redução de consumo com a adoção das bacias sanitárias de 6 litros em relação às

de 9 litros é da ordem de 33,3% (e no caso da dual flush, de 58,3%). A Bacia Sanitária

com acionamento do tipo “dual flush” permite ao usuário acionamentos de 3 e 6 l.

(Tabela 3.1)

16

Tabela 3.1: Consumo de água em bacias sanitárias (base: maio/2004)

As opções de bacias sanitárias, visando à economia de água, são:

• Bacia sanitária com válvula de descarga de ciclo fixo e volume de descarga da

ordem de 6 litros;

• Bacia sanitária com caixa de descarga externa ou embutida com volume de

descarga da ordem de 6 litros;

• Bacia sanitária com caixa de descarga pressurizada cujo princípio de

funcionamento é uma câmara onde a água entra pela pressão hidráulica do próprio

sistema de distribuição, comprimindo o ar dessa câmara. Quando a descarga é

acionada, o ar expulsa a água da caixa em alta velocidade. Vale ressaltar que a

pressão mínima de operação é de 140 kPa e que este tipo de equipamento

apresenta alto nível de ruído;

• Bacia sanitária com válvula de descarga eletrônica de ciclo fixo e volume de

descarga da ordem de 6 litros.

As torneiras de lavatórios podem ser convencionais sem arejador, com arejador,

hidromecânicas ou com sensor de presença. O arejador é um componente instalado

na extremidade da bica de uma torneira que reduz a seção de passagem da água

17

através de peças perfuradas ou telas finas e possui orifícios na superfície lateral para

a entrada de ar durante o escoamento de água.

Para o cálculo da redução do consumo de água em torneiras (Figura 3.2), foram

considerados 4 acionamentos por usuário durante o dia, com tempo de funcionamento

de 30s (hidromecânicas) e 15s (com sensor) e 2 acionamentos destas torneiras por

utilização (um para molhar as mãos e outro para enxaguar o sabonete).

Tabela 3.2: Consumo de água em torneiras de lavatórios (base: maio/2004)

Os chuveiros (duchas) devem possuir dispositivos para reduzir o consumo de água.

Estes dispositivos mantêm a vazão constante, a uma faixa de pressão de 10 a 40 mca,

e podem ser de 6, 8, 10, 12 e 14 l/min. O uso de misturadores termostáticos garante o

fornecimento de água pré-misturada. Neste sistema, é regulada a temperatura

desejada e o equipamento faz a mistura, segundo a disponibilidade de água quente e

fria existente na tubulação. Caso haja alguma oscilação na temperatura de entrada da

água quente e fria no dispositivo, o mesmo faz o balanceamento da mistura,

garantindo o fornecimento da água sempre à mesma temperatura. Dessa forma, evita-

se o desperdício de água até que seja feita a mistura adequada pelo usuário.

As reduções de consumo geradas, considerando um tempo de uso de 10 minutos por

banho e reguladores de vazão de 14 e 8 l/min, estão apresentadas na tabela 3.3 a

seguir:

18

Tabela 3.3: Consumo de água em chuveiros (base: maio/2004)

Cozinhas: As torneiras de cozinha devem possuir arejadores para redução do

consumo. A tabela 3.4 abaixo compara o desempenho de torneiras sem e com

arejador e com misturador (para regulagem de temperatura):

Tabela 3.4: Consumo de água em torneiras de cozinha (base: maio/2004)

Área de serviços: As torneiras utilizadas na área de serviços têm as mesmas

características do consumo das torneiras da cozinha.

As máquinas de lavar roupas tradicionais consomem aproximadamente 155 litros de

água por lavagem. Existem máquinas mais eficientes na questão relativa ao consumo

de água: consomem 90 litros por lavagem.

19

Piscina: O consumo de água de uma piscina depende de diversos fatores, tais como:

área, profundidade, taxa de evaporação, freqüência de utilização e temperatura, entre

outros. Nas residências com piscina de borda infinita (nível de água coincide com o

nível do deck), a água de transbordamento bem como a que é eliminada na ocorrência

de limpeza ou manutenção (com exceção da água de lavagem dos filtros) devem ser

encaminhadas para o reservatório de aproveitamento de águas pluviais. Esta água

pode ser utilizada para regar os jardins, lavagem de veículos e lavagem de áreas

externas, para fins não potáveis.

Jardins: Uma mangueira de jardim típica consome de 18 a 30 l/min, podendo, às

vezes, consumir mais de 37 l/min. Deve-se acoplar um esguicho ao bico da

mangueira, para controlar a saída da água. Deste modo, nos momentos em que o

usuário não a está utilizando, não há perda de água.

Sistemas automáticos de irrigação de jardins podem consumir até duas vezes mais

água que a irrigação manual (com mangueira e aspersor), em um mesmo período de

tempo. Entretanto, os sistemas automáticos irrigam a vegetação com mais eficiência

(com relação à quantidade de água utilizada), e os mais sofisticados promovem a rega

apenas quando necessário.

3.1.3 Utilização de fontes alternativas de água

Na escolha de alternativas para o abastecimento de água, devem ser considerados,

além dos custos envolvidos na aquisição de sistemas e equipamentos específicos, os

relativos à gestão da fonte abastecedora para garantia da qualidade necessária a cada

uso específico, resguardando a saúde dos usuários internos e externos.

Uma das grandes responsabilidades da Concessionária diz respeito à qualidade da

água fornecida. Para tornar potável a água que distribui, a Concessionária deve

utilizar-se da tecnologia de tratamento mais indicada para eliminar todos os poluentes

e agentes ameaçadores à saúde, atendendo aos parâmetros de potabilidade fixados

pela Portaria nº 518, de 25 de março de 2004, do Ministério da Saúde.

Além da eficácia do tratamento, a Concessionária é responsável por um programa de

pesquisa e monitoramento na rede de água distribuída, coletando amostras e

20

realizando análises sistemáticas. Somente na Região Metropolitana de São Paulo, por

exemplo, a Concessionária realiza mais de 20.000 ensaios mensais.

O uso negligente de fontes alternativas de água ou a falta de gestão dos sistemas

alternativos podem colocar em risco o consumidor e as atividades nas quais a água é

utilizada, pela utilização inconsciente de água fora dos padrões de qualidade

necessários.

Utilizar água não proveniente da concessionária traz o ônus de tornar-se “produtor de

água” e, portanto, responsável pela gestão qualitativa e quantitativa deste insumo.

Cuidados específicos devem ser considerados para que não haja risco de contaminar

pessoas ou produtos, ou mesmo causar danos a equipamentos.

Os principais cuidados na adoção de fontes alternativas de água podem ser

resumidos, de maneira simplificada, em:

• O sistema hidráulico deve ser independente e identificado;

• Torneiras de água não potável devem ser de acesso restrito;

• Devem ser previstos reservatórios específicos;

• Usuários devem ser capacitados para o uso.

Recomenda-se, com veemência, a participação de um profissional especialista na

avaliação do uso de fontes alternativas de água, além da implantação do Sistema de

Gestão da Água para monitoramento permanente.

3.1.4 Aproveitamento de águas pluviais

Uma opção interessante para a Conservação da Água é a avaliação da possibilidade

de aproveitamento de águas pluviais para determinadas finalidades. As águas pluviais,

com pouco ou nenhum tratamento, podem contribuir significativamente para a redução

do consumo de água potável.

21

Esta alternativa deve ser prevista em Projeto, e requer alguns cuidados específicos

como, por exemplo, reservatório independente, para que águas de qualidades

diferentes não sejam misturadas. A água de chuva pode ser encaminhada para

alimentação de bacias sanitárias, regas de jardim, lavagem de piso, entre outros.

Ao adotar uma solução deste tipo, o responsável pelo imóvel passará,

necessariamente, a ser responsável pela gestão da qualidade dessa água. Segundo

estudos, do total da água destinada ao consumo humano, pelo menos 24% são

utilizados em sanitários ou outros usos que demandam água de menor qualidade.

Geralmente, esta demanda é atendida por água potável. Um sistema de

aproveitamento de águas pluviais é, em geral, composto por:

• Reservatórios;

• Sistema de pressurização (que abastece diretamente os pontos de consumo

selecionados) ou sistema de recalque (que eleva a água até um reservatório que

poderá abastecer os pontos de consumo por gravidade);

• Torneiras de lavagem específicas para uso interno e externo;

• Filtros separadores de sólido e líquido;

• Tubos e conexões (rede exclusiva de aproveitamento de água de chuva);

• By pass para abastecimento de água a partir do reservatório de água potável para

eventual suprimento do sistema;

• By pass para saída do reservatório de água de chuva para extravasamento do

excedente para o sistema de águas pluviais.

A utilização de águas pluviais como fonte de abastecimento requer a gestão da

qualidade e quantidade. Quando utilizada para fins menos nobres, como rega de

jardins ou lavagem de áreas externas, a água não necessita de tratamento avançado.

Desta forma, ao reservar e utilizar águas pluviais há uma redução do consumo de

água de qualidade mais nobre.

22

As águas pluviais podem ser coletadas em telhados e também em áreas de piso. A

qualidade das águas pluviais varia de acordo com a localização da coleta e com a

limpeza da área de captação, entre outros. Muitos autores avaliam, por meio de

pesquisas específicas, a variabilidade dos parâmetros físico-químicos e

microbiológicos da água de chuva. Os resultados apresentam discrepâncias

significativas de acordo com as condições dos locais de coleta. As águas pluviais,

como qualquer fonte de água que não seja proveniente da concessionária, apesar de

representarem uma fonte de suprimento relativamente “limpa”, também requerem a

gestão para sua aplicação responsável, a fim de que sempre seja preservada a

qualidade das atividades envolvidas e a saúde dos envolvidos.

Para a análise da viabilidade de utilização de águas pluviais como fonte abastecedora

alternativa, devem ser realizadas simulações que indiquem as possibilidades de

captação e reserva através de séries históricas de dados pluviométricos médios

mensais de Postos Pluviométricos próximos à edificação e da área de captação

disponível. Conhecido o potencial de captação, é possível estimar o volume do

reservatório para uma captação mensal dividindo-se pelos 12 meses do ano. Este

método de cálculo é o mais simples possível e não considera a variação da

precipitação ao longo do ano. Assim, o sistema não irá operar com 100% de eficiência

durante todo o ano.

Métodos mais sofisticados podem ser utilizados para a operação maximizada do

sistema, levando-se em conta o aspecto econômico. Para tal, deve ser considerada a

elaboração de um Projeto específico para aproveitamento de águas pluviais, com o

devido dimensionamento de reservatórios e demais componentes do sistema.

Recomenda-se ainda que as torneiras abastecidas pelo sistema de aproveitamento de

água de chuva sejam do tipo “acesso restrito”, para evitar qualquer risco de

contaminação ou uso inadequado desta fonte de água. Também é necessária a

instalação de sinalização adequada (uma placa, por exemplo) como um alerta de que

a água daquelas torneiras é imprópria para consumo humano.

É importante ressaltar que, para a viabilidade do sistema de aproveitamento e maior

atendimento aos usos possíveis, como bacias sanitárias, torneiras de lavagem, entre

outros, é necessário que este seja concebido já na fase de Projeto, uma vez que

23

adaptações futuras podem ser onerosas ou mesmo inviáveis, por causa da Arquitetura

estabelecida e da infra-estrutura necessária para operar o sistema.

3.1.5 Gestão do uso da água

Segundo o Programa de Conservação de Águas, elaborado sob a coordenação do

Engenheiro Orestes Marracini Gonçalves a Conservação de Água envolve duas áreas

distintas: técnica e humana. A área técnica engloba as ações de avaliação, medição,

aplicação de tecnologias e procedimentos para enquadramento do uso. A área

humana envolve comportamento e expectativas sobre o uso da água e os

procedimentos para realização de atividades consumidoras. O Sistema de Gestão de

Água deve ser estabelecido de forma a permitir que seus usuários possuam domínio

do uso da água. Para tal, propõe-se:

• O acompanhamento contínuo do consumo de água por meio das contas de água e

aferição do indicador de consumo da unidade residencial;

• O estabelecimento de rotinas de manutenção preventiva;

• A avaliação contínua não só da quantidade de água envolvida nas atividades, mas

também da forma como a mesma é utilizada e com que qualidade. Para tal, é

necessário que haja sempre os seguintes questionamentos: ”este processo ou

equipamento ou atividade específica está sendo realizado de maneira apropriada?

Como otimizá-lo para que melhore seu desempenho, consumindo menor

quantidade de água?”;

• A avaliação do custo do ciclo de vida das opções de Conservação de Água, não se

deve considerar apenas os investimentos iniciais. Muitas ações que parecem, a

princípio, proibitivas no aspecto econômico tornam-se viáveis quando amortizadas

pela vida útil do empreendimento.

A experiência mostra que além das ações tecnológicas que visam diretamente à

redução do consumo, é igualmente necessário que seja implantado um Sistema de

Gestão que possibilite o pleno domínio sobre o sistema hidráulico e sua utilização, de

24

forma que os índices de consumo otimizado obtidos não se elevem com o passar do

tempo e ainda se garanta a qualidade da água fornecida às diversas atividades.

O Sistema de Gestão irá garantir a manutenção de bons índices de consumo e o

perfeito desempenho do sistema hidráulico da edificação ao longo do tempo. Sugere-

se que cada usuário controle o consumo e indicador de consumo mensal, ação

integrante do Sistema de Gestão da Água, assumindo, desta forma, o papel de Gestor

da Água em sua residência.

O Sistema de Gestão da Água estabelecido deve ser composto por:

• Monitoramento do consumo mensal de água e indicador de consumo (m3/pessoa.

mês);

• Rotinas de manutenção preventiva;

• Manutenção corretiva, quando necessário.

3.1.5.1 Monitoramento do consumo de água

Mensalmente, a concessionária encaminha para cada residência uma conta de água

contendo o consumo do mês e o histórico dos últimos 6 meses.

O responsável pode acompanhar o consumo a partir da montagem de uma tabela,

para perceber a evolução do consumo mensal bem como possíveis vazamentos ou

anomalias do sistema, no caso de variações excessivas.

O acompanhamento permanente permite ao responsável estabelecer um perfil de

consumo dos usuários desta edificação, além da rápida percepção quando do

surgimento de anomalias.

25

3.1.5.2 Estabelecimento de um plano de manutenção

O funcionamento correto do sistema hidráulico é fundamental para evitar perdas e

desperdícios de água. Para o adequado funcionamento do sistema, deve ser

estabelecido um Plano de Manutenção, ou seja, um conjunto de ações destinadas a

manter o sistema, ou suas partes, em condições adequadas de uso. Além de evitar

perdas e desperdício de água desnecessários, um Plano de Manutenção traz ainda

como conseqüências a redução do número de colapsos, a redução do tempo gasto

para reparos, a minimização dos custos operacionais e o aumento da vida útil do

sistema.

A manutenção do sistema hidráulico pode ser entendida como o conjunto de

atividades necessárias para garantir o controle do uso adequado do sistema e um

programa contínuo de ações capazes de evitar e/ou corrigir anomalias, com o objetivo

de garantir o seu funcionamento eficiente.

Um sistema de manutenção divide-se em manutenção preventiva, manutenção

corretiva e de urgência (ou de emergência).

A manutenção preventiva tem por finalidade diminuir a probabilidade de ocorrência de

desempenho abaixo de valores mínimos preestabelecidos. São providências que

buscam prevenir e/ou evitar qualquer anormalidade no funcionamento do sistema. Na

manutenção preventiva está incluída a atividade de inspeção física das partes do

sistema, buscando sinais de deterioração.

A manutenção corretiva é aquela conduzida no sentido de se atingir um determinado

desempenho. A forma de intervenção é recomendada em cada caso, em função do

tipo de problema envolvido e dos remanejamentos necessários.

Os serviços de atendimento a reparos de acidentes são aqueles ocorridos

inesperadamente e que prejudicam o funcionamento normal do sistema.

Como forma de estabelecer as ações preventivas, os procedimentos podem ser

divididos em:

26

• Limpeza de reservatórios;

• Regulagem de equipamentos;

• Avaliação de perdas físicas.

Limpeza de Reservatórios: A desinfecção de um reservatório deve ocorrer quando:

• O reservatório estiver sujo;

• Houver suspeita ou confirmação de poluição da água do reservatório;

• Algum animal ou objeto cair dentro do reservatório;

• Periodicamente como medida preventiva.

A freqüência de limpeza preventiva está associada às características da água, sendo

função do tempo de sedimentação das partículas presentes, antes que passem a

penetrar nas tubulações de consumo.

Em geral, as Concessionárias e órgãos ligados à saúde adotam, quando se utiliza

água com tratamento e características adequadas para consumo humano, a

freqüência de limpeza de reservatórios a cada 6 meses.

Regulagem de Equipamentos Hidráulicos: A manutenção de equipamentos deve

ser realizada por pessoal capacitado

a) Torneira convencional com elemento vedante:

Procedimento de manutenção: verificada a perda de estanqueidade do produto após o

fechamento (vazamentos), o elemento vedante deve ser substituído.

b) Bacia sanitária:

Procedimento de manutenção: bacias sanitárias não requerem manutenção

específica. Caso ocorram problemas durante sua vida útil, certamente será

27

proveniente de entupimento da peça, já que estas não possuem desgaste pela

utilização. Vale ressaltar que no caso de reforma, o ideal é substituir a bacia atual por

outra, de modelo similar com baixo consumo de água. Isso quer dizer que caso o

sistema atual seja bacia com válvula de descarga, basta trocar a bacia por modelo de

baixo consumo e regular a vazão da válvula de descarga (as bacias de baixo consumo

trabalham com vazão menor que as bacias antigas). Caso a válvula não possua

dispositivo para regulagem de vazão, é necessária a substituição da válvula. Porém,

se o sistema adotado originalmente for bacia com caixa acoplada, será necessária a

substituição do produto e regulagem do mecanismo para garantir que a descarga

consuma apenas 6 litros de água.

c) Válvula de descarga:

Procedimento de manutenção: verificação periódica da estanqueidade do produto

após o fechamento (vazamentos) e se há ocorrência de golpe de aríete (fechamento

brusco) no fechamento da válvula. Em ambos os casos, se ocorrerem desvios, é

necessária a substituição do mecanismo (reparo).

d) Arejadores e restritores de vazão constante:

Procedimento de manutenção: limpeza periódica caso ocorra redução sensível da

vazão dos equipamentos.

Avaliação de Perdas Físicas: Denomina-se perda toda a água que escapa do

sistema antes de ser utilizada para uma atividade-fim. Em geral, as perdas ocorrem

devido aos seguintes fatores:

• Vazamentos: quando há fuga de água no sistema, por exemplo, em tubulações,

conexões, reservatórios, equipamentos, entre outros;

• Mau desempenho do sistema: por exemplo, um sistema de recirculação de água

quente operando inadequadamente, ou seja, com tempo de espera longo e,

portanto, gerando perda de água antes de ser utilizada pelo usuário;

• Negligência do usuário: torneira deixada mal fechada após o uso, por displicência

ou porque o usuário não quer trocar a torneira.

28

Para a avaliação de perdas físicas, as mesmas deverão ser localizadas e mensuradas.

As perdas de água podem ser visíveis ou invisíveis.

Perdas físicas visíveis são aquelas perceptíveis a olho nu, pois se caracterizam por

escoamento ou gotejamento de água.

Perdas físicas invisíveis são detectadas por meio dos seguintes indícios:

• Manchas de umidade, em paredes e pisos;

• Sons de escoamento de água;

• Sistemas de recalque continuamente ligados;

• Constante entrada de água em reservatórios.

Devem ser realizados testes no sistema hidráulico para a detecção das perdas físicas

invisíveis, inclusive com a utilização de equipamentos específicos para evitar

intervenções destrutivas na edificação.

3.2 Redução do Consumo de Energia

3.2.1 Conservação de energia

Na acepção científica, o termo conservação de energia refere-se ao Princípio da Física

que estabelece que a energia total do universo seja constante, para qualquer sistema

fechado. Dessa forma, a energia pode somente mudar de forma: energia cinética

transforma-se em energia potencial, energia potencial transforma-se em energia

cinética, energia interna transforma-se em calor ou trabalho. Assim, a energia não

pode ser criada ou destruída, somente transformada.

Na terminologia técnica da área de Engenharia, o termo conservação de energia

refere-se a técnicas e procedimentos, que visam reduzir o desperdício e o uso

29

ineficiente da energia, principalmente elétrica, sem comprometer o conforto e/ou a

produção. Em geral, o termo conservação está ligado ao uso racional da energia. Essa

área tecnológica tornou-se emergente, principalmente, depois da crise do petróleo na

década de 1970, quando a elevação dos preços desse insumo alterou

substancialmente a estabilidade das estratégias de obtenção dos recursos

necessários para garantir a sustentabilidade do processo de desenvolvimento.

De maneira genérica, a conservação de energia pode ser aplicada em diversos níveis:

Eliminação dos desperdícios;

Aumento da eficiência das unidades consumidoras de energia;

Aumento da eficiência das unidades geradoras de energia;

Reaproveitamento dos recursos naturais pela reciclagem e redução do conteúdo

energético dos produtos e serviços;

Mudança dos padrões de consumo em favor de produtos e serviços que requerem

menor uso de energia.

No Brasil, as primeiras iniciativas para desenvolver tecnologias de conservação

começaram em 1975, com a organização de um seminário sobre o assunto pelo

Grupo de Estudos sobre Fontes Alternativas de Energia (GEFAE) que resultou na

implantação de um programa de financiamento, pela Financiadora de Estudos e

Projetos (FINEP), de pesquisas sobre eficiência na cadeia de captação, transformação

e consumo de energia.

No entanto, somente dez anos mais tarde, seria criado o Programa de Combate ao

Desperdício de Energia Elétrica (Procel) pela Eletrobrás. Sua atuação inicialmente

caracterizou-se pela publicação e distribuição de manuais destinados à conservação

de energia elétrica entre vários setores sociais. A seguir, foi implementado um

programa pedagógico junto às escolas de ensino fundamental, envolvendo uso de

material didático e treinamento de professores. A partir de 1990, o Procel iniciou

projetos e cursos técnicos para formar profissionais com competência específica na

área.

30

Em 1991, foi instituído, por decreto presidencial, o Programa Nacional da

Racionalização do Uso de Derivados do Petróleo e Gás Natural (Conpet), para

trabalhar sob a coordenação de um grupo, composto por representantes de órgãos

estatais e privados. Embora, atualmente, o consumo de petróleo e derivadas tenha um

potencial de conservação em torno de 30%, o Conpet trabalha com o objetivo de um

ganho de eficiência em torno de 25%. A área de atuação do Conpet abrange as

instituições de ensino e os setores de transportes, industrial (melhoria ambiental e

competitividade produtiva), residencial e comercial (uso de selos de eficiência para

produtos), agropecuário (uso de óleo diesel) e geração de energia (termoelétricas).

Apesar da existência desses programas, boa parte da população brasileira, ainda

desconhece os conceitos relacionados à energia e os benefícios resultantes de

práticas racionais no uso da energia.

A importância do assunto emerge da análise do cenário energético mundial, onde se

observa que, como insumo fundamental, há uma relação direta entre desenvolvimento

humano e consumo de energia (75% da população mundial vive em países em

desenvolvimento com uma significativa demanda reprimida) e que o aumento do

consumo de energia, com base nos modelos atuais, implica uma série de

investimentos que podem resultar em degradação ambiental (poluição, chuva ácida,

destruição da camada de ozônio). Dessa forma, desenvolver formas de garantir a

energia necessária para as necessidades básicas bem como para propiciar melhorias

do padrão de vida, segundo critérios racionais e adequados, é parte fundamental do

processo de desenvolvimento sustentável.

3.2.2 Uso eficiente da energia

Medidas que resultam em uma redução do consumo energético ou maior eficiência do

uso em edificações construídas residenciais:

1- Especificação de equipamentos com menor consumo e melhor eficiência possível

na utilização do gás natural para todos os fins;

2- Automatização de transporte vertical com otimização de carga e menor consumo

energético possível com a adoção de sistemas eficientes como o ADC, (antecipação

31

de chamadas); Programas integrados para conjuntos de elevadores evitando viagens

duplas

3- Iluminação de baixo consumo energético nas áreas comuns de uso contínuo, e

iluminação “incandescente” com acionadores por sensor de presença nas áreas de

uso esporádico ou intermitente. Este princípio, com maior tolerância, também é válido

para as unidades privadas;

4- Planejamento do consumo energético e utilização de equipamentos para gerar

energia em períodos de pico;

5- Melhor aproveitamento possível da iluminação natural, levando-se em conta a

necessidade do seu controle;

6- Melhor condição de conforto térmico evitando a incidência da radiação solar direta

através da adoção de soluções arquitetônicas tipo brise-soleil, venezianas, telas

termo-screen externas, prateleiras de luz, vidros especiais que dispensam o uso de

brises, etc.;

7- Implementação e otimização de ventilação natural; Instalação de brises para

melhoria da ventilação e iluminação;

8- Adoção preferencial de acabamentos claros nas áreas de grande incidência de luz

solar;

9- Tratamento das coberturas do edifício analisando a possibilidade de implementação

de áreas verdes ou, caso esta solução não seja possível, utilizar pinturas reflexivas

para diminuir a absorção de calor para o edifício;

10- Uso de soluções alternativas de produção de energia como a solar, de acordo com

as condições locais. A indústria brasileira está se tornando cada vez mais forte na

produção de equipamentos para estes fins, tornando viáveis estes projetos.

32

3.2.3 Utilização da energia solar

Nas últimas três décadas, o aproveitamento da energia solar para aplicações diversas

tem sido bastante destacado, especialmente em países tropicais e subtropicais, como

o Brasil, que dispõem de condições excelentes de radiação solar ao longo do ano. As

experiências visando a utilização de energia solar para diversos fins datam de tempos

remotos. A história registra que, no século I, Herão de Alexandria já havia construído

um dispositivo para bombeamento de água empregando o calor do sol como fonte

térmica.

O uso direto da energia solar tem três atrativos principais: primeiro, sua capacidade de

renovação, quase infinita, considerando a escala de tempo humana. Segundo, está

relacionada com a proporção menor de impactos ambientais, quando comparada com

aqueles provenientes da exploração e do uso de energias fóssil e nuclear. O terceiro é

a viabilidade de aplicação junto às fontes consumidoras, o que elimina a necessidade

de transporte através de grandes distâncias.

O uso direto da energia solar pode ser feito de duas formas: como fonte de luz e calor

ou para produção de eletricidade. Uma maneira de aproveitar mais eficientemente a

energia solar incidente é através do uso de coletores térmicos, dispositivos capazes de

transformar a luz do sol em calor, que pode ser utilizado diretamente no aquecimento

de água para consumo doméstico. Outra maneira é converter a energia solar

diretamente em energia elétrica, utilizando células fotovoltaicas revestidas de

semicondutores que, ao absorver luz, produzem uma pequena corrente elétrica.

O painel fotovoltaico (Figura 3.1) é um dispositivo constituído por aproximadamente

trinta e seis células solares utilizado para converter energia solar em eletricidade. A

conversão direta da energia solar em corrente elétrica é realizada nas células solares

através do efeito fotovoltaico, que consiste na geração de uma diferença de potencial

elétrico através de radiação.

33

Figura 3.1: Painel fotovoltaico.

Em outras palavras, a célula solar trabalha segundo o princípio de que os fótons

incidentes, colidindo com os átomos de certos materiais, provocam um deslocamento

dos elétrons, carregados negativamente, gerando uma corrente elétrica. Este processo

de conversão não depende do calor, pelo contrário, o rendimento da célula solar cai

quando sua temperatura aumenta.

Deste modo, as células solares não só são apropriadas para regiões ensolaradas, mas

também parecem promissoras para áreas em que outros tipos de sistemas de energia

solar perecem sem perspectivas como as de baixa insolação. As células solares

continuam a operar com o mesmo rendimento sob céu nublado, como sob a luz direta

do sol.

As células solares convertem a luz solar em eletricidade, sem a presença de produtos

poluentes. Elas são hoje o fundamento da indústria fotovoltaica que, durante as três

últimas décadas, vem atendendo um mercado em rápido crescimento.

A conversão da energia solar em energia elétrica, com o uso de painéis fotovoltaicos

já é comercialmente viável para pequenas instalações. Seu uso é particularmente

vantajoso em regiões remotas ou em zonas de difícil acesso. Os sistemas de

comunicação, e, de modo geral, todos os equipamentos eletrônicos com baixo

consumo de potência, podem ser facilmente alimentados por painéis fotovoltaicos.

O coletor solar (Figura 3.2) difere do painel fotovoltaico porque utiliza a energia solar

para aquecer um fluido (em geral a água) e não para gerar eletricidade.

34

Figura 3.2: Esquema de Instalação de Sistema de Aquecimento de Água por Energia Solar -

Tecnologias para construção habitacional mais sustentável, 2007.

O coletor solar é o coração do sistema de aquecimento solar. Ele é o dispositivo

responsável pela absorção e transferência da radiação solar para um fluido sob a

forma de energia térmica. São muito utilizados no aquecimento de água de casas e

edifícios.

De modo geral, o coletor solar funciona recebendo radiação solar e a transfere para a

placa absorvedora. O calor é então transferido para o fluido que escoa no interior de

tubos que estão em contato com a superfície absorvedora.

A utilização de coletores solares para o aquecimento de água está ligada ao uso de

fontes renováveis de energia, que melhoram o desempenho da edificação do ponto de

vista energético, por diminuírem a demanda por energia advinda de fontes não

renováveis, o que conseqüentemente reduz o impacto causado ao meio ambiente.

Porém, uma abordagem mais sistêmica deve considerar, quando possível, o uso da

metodologia de Análise do Ciclo de Vida (ACV), que expõe de forma mais completa as

conseqüências do uso do sistema de aquecimento.

3.2.3.1 Sistemas de aquecimento solar

Os sistemas de aquecimento solar mais utilizados, no Brasil, são os compostos por

coletores planos, reservatório e fonte de energia auxiliar. Entretanto, as empresas

35

especializadas têm fornecido ao mercado novos modelos que utilizam, por exemplo,

chuveiro elétrico como fonte de energia auxiliar.

A seguir, são apresentados os principais modelos de sistemas de aquecimento solar

de água existente no mercado brasileiro.

Ducha solar: A ducha solar é um aquecedor de água compacto, desenvolvido para

substituir chuveiros elétricos em residências com até 100 m² e até 4 pessoas. É

constituído de reservatório térmico e placa coletora solar. A ducha também pode

possuir um sistema elétrico que poderá complementar o aquecimento em dias de

pouca insolação.

Aquecedor compacto: O aquecedor compacto foi desenvolvido para substituir

chuveiros elétricos em residências de com até 120 m² e até 4 pessoas. É composto

pelo reservatório térmico, caixa d'água para abastecimento de água fria em

polipropileno e placa coletora solar. O fundo do coletor também pode ser fabricado em

chapa térmica de material reciclado proveniente de embalagens longa vida.

Chuveiro solar: O chuveiro solar é um aquecedor compacto, desenvolvido para

famílias pequenas, atendendo o consumo moderado de água quente para até 3

banhos diários. Este modelo utiliza o chuveiro elétrico para complementação do

aquecimento da água em dias de pouca insolação. Esse equipamento é composto de

um reservatório térmico e uma placa coletora solar.

Aquecedor em base única de sustentação: É um aquecedor de água compacto,

desenvolvido para substituir chuveiros elétricos em residências com até 100 m² e até 4

pessoas. Este aquecedor é composto de uma base de sustentação onde estão fixados

o reservatório térmico e a placa coletora solar. Opcionalmente, o aquecedor pode ter

um sistema auxiliar de aquecimento elétrico para complementar o aquecimento da

água em dias de pouca insolação.

Aquecedor solar PV: O aquecedor solar PV é um aquecedor de água compacto,

desenvolvido para substituir chuveiros elétricos em residências com até 100 m² com e

até 4 pessoas. Este aquecedor provê, além de água quente, energia elétrica captada

por células fotovoltaicas que fazem parte do sistema.

36

O sistema fotovoltaico converte a energia solar em energia elétrica, permitindo-se ligar

ao sistema lâmpadas, eletrodomésticos ou até uma bomba hidráulica de baixo

consumo.

O aquecedor solar é composto de uma base de sustentação onde estão fixados o

reservatório térmico, a placa coletora solar e a célula fotovoltaica. Pode possuir

também um sistema auxiliar elétrico para complementar o aquecimento da água em

dias de pouca insolação.

Aquecedor solar super compacto: O aquecedor solar super compacto é um

aquecedor compacto, desenvolvido para substituir chuveiros elétricos em residências

com até 150 m² e até 4 pessoas. É composto pelo reservatório térmico e a placa

coletora solar. Este modelo utiliza o chuveiro elétrico para complementação do

aquecimento da água em dias de insolação insuficiente.

Aquecedor solar integrado: Este é um modelo de aquecedor solar projetado para ser

instalado na cozinha, no lado de fora da parede em que se encontra a pia. Há

necessidade de que esta parede receba sol na maior parte do dia. Sua capacidade

instantânea é limitada em aproximadamente 15 litros. Acompanha o sistema uma

torneira misturadora que é instalada no local da torneira existente, a qual possibilitará

a mistura da água quente com a fria.

Manta solar: A manta solar é uma manta manufaturada em elastômero sintético com

pigmento especial na cor preta que garante alta absorção com formulação nova e

materiais nobres, que dispensam a caixilharia dos coletores planos. Entretanto,

durante os meses de inverno e outono em que há dias quentes e noites frias, é

importante a utilização de uma capa térmica para evitar a dispersão do calor obtido

durante o dia.

Aquecedor solar compacto ecológico: É um aquecedor de água compacto,

desenvolvido para substituir chuveiros elétricos em residências 2 com até 120 m e até

4 pessoas. Possui um design apropriado para combinar, principalmente, com 2 telhas

cerâmicas. É fabricado em capacidade única de 200 litros e possui um coletor solar de

1,6 m etiquetado pelo INMETRO com classificação "A". Possui sistema complementar

elétrico para aquecimento da água em dias em que o sol não for suficiente e válvula

37

anticongelamento para proteger o coletor solar contra o efeito de geadas e

temperaturas excessivamente baixas. Seu reservatório é fabricado em termoplástico e

o fundo do coletor em chapa térmica de material reciclado proveniente de embalagens

longa vida.

3.2.4 Uso racional de aparelhos eletrodomésticos

O consumidor deve monitorar o gasto de cada aparelho em casa a fim de eliminar todo

o desperdício. Além disso, para cada aparelho, há algumas recomendações para o

uso correto que ajudarão a reduzir o gasto com energia.

Chuveiro: O chuveiro elétrico, em termos de potência, representa 20 geladeiras.

Recomenda-se escovar os dentes, fazer a barba ou depilação no chuveiro. Banhos

devem durar em média sete minutos e ao ensaboar, o chuveiro deve ser desligado.

A chave seletora de temperatura (verão/inverno) não deve ser mudada enquanto o

chuveiro estiver ligado. Utilizar a posição “verão” nos dias quentes, pois a posição

“inverno” consome aproximadamente 30 a 40% a mais de energia. Duchas de alta

pressão não devem ser utilizadas.

Recomenda-se utilizar condutores compatíveis com a potência do chuveiro e não se

esquecer de instalar o fio terra. Nunca esticar a resistência queimada quando quebrar

um pedaço. Os orifícios de saída de água devem ser limpos periodicamente.

Ferro elétrico: O maior número de roupas possível deve se acumulada antes de

utilizar o ferro, porque o aparelho consome mais energia no aquecimento inicial. As

peças mais leves e fáceis de passar devem ser deixadas por último, para aproveitar o

calor do ferro desligado. Todas as vezes que precisar interromper o serviço, desligar o

ferro a fim de evitar consumo desnecessário e o risco de acidente. Na compra de um

equipamento novo optar pelos modelos a vapor, pois são mais econômicos.

Computadores: Recomenda-se aproveitar os recursos de descanso de tela e colocar

o computador em espera sempre que possível. Evitar deixar o computador e a

impressora ligados desnecessariamente.

38

Máquina de lavar e de secar: O maior número de peças deve ser acumulado antes

de colocar na máquina de lavar. O mesmo serve para a secadora de roupas. Deve-se

preferir a utilização da capacidade máxima determinada pelo fabricante da secadora e

da máquina de lavar roupas. Utilizar a quantidade de sabão adequada para não repetir

a operação de enxágüe. Optar por secar as roupas em áreas externas e quintais.

Microondas: Sempre que possível optar pelo fogão a gás. Se não for usar o aparelho,

tire o plug da tomada.

Geladeira e Freezer: A geladeira e/ou freezer deve ser instalado em lugar ventilado,

mantendo uma distância de 20 cm de paredes ou móveis, fora do alcance do sol direto

e distante do fogão. A parte traseira não deve ser utilizada para secar panos ou

roupas.

A borracha da porta deve estar em boas condições. Um teste: pegue uma folha de

papel, coloque entre a borracha e a porta, com metade da folha para fora. Feche a

porta e tente puxar o papel. Se sair facilmente, a vedação está comprometida.

Os alimentos e as bebidas devem ser colocados e retirados de uma só vez. Não

concentrar um volume muito grande de alimentos, o que dificulta a circulação de ar,

nem colocar alimentos quentes na geladeira.

Não se deve forrar as prateleiras com plásticos (mesmo vazados). O plástico dificulta a

circulação de ar dentro do refrigerador que necessita de mais energia para funcionar.

A temperatura deve ser ajustada de acordo com o manual do fabricante.

Se possível desativar o freezer colocando os alimentos no congelador da geladeira.

Isto representa uma economia de 50 kWh por mês.

Televisor: O televisor é responsável por 5 a 15% do consumo total de uma residência.

Deve-se evitar assistir TV com a luz acesa e optar pelo desligamento automático se

tiver o hábito de dormir com a televisão ligada.

Se a família estiver assistindo o mesmo programa, procurar usar apenas uma TV.

39

Iluminação: Uma lâmpada fluorescente compacta de 15 W corresponde a uma

lâmpada normal de 60 W. Em média, as fluorescentes duram dez mil horas, enquanto

uma lâmpada normal de 60 W, apenas mil horas. Substituir as lâmpadas

incandescentes pelas fluorescentes compactas pode reduzir o consumo em 80%.

Utilizar somente lâmpadas de 127 ou 220 V, compatíveis com a tensão da rede.

Deve-se sempre aproveitar a iluminação natural. Escolher cores claras para a pintura

das paredes, móveis e acessórios. As luminárias, lustres e arandelas devem ser

mantidos limpos.

Boiler: O aquecedor deve ser ligado apenas o tempo necessário e sempre cheio de

água. Se possível, instalar um timer para tornar automática essa tarefa. Quando usar o

aparelho, ajustar o termostato de acordo com a temperatura ambiente. Se puder,

substitua o boiler por um aquecedor a gás.

Ar Condicionado: Quanto mais BTUs (Unidade Térmica Britânica, que mede a

capacidade de resfriamento do aparelho) tem um ar-condicionado, mais energia ele

consome. No meio da noite, o ventilador pode substituir o ar-condicionado (redução de

50% no consumo).

Secador de cabelo: O consumo de energia elétrica destes aparelhos é bastante

elevado, embora sejam pequenos. Para economizar o uso deve ser reduzido.

Outras sugestões: Deve-se evitar usar aparelhos elétricos no horário de pico de

consumo. Sempre optar por eletrodomésticos com selo da Procel de economia de

energia. Esses aparelhos foram aprovados por centros de pesquisas do governo no

quesito economia de energia.

A tabela a seguir (Tabela 3.5) apresenta o consumo mensal de aparelhos eletrodomésticos.

40

Aparelho Potência (W) Potência Média Considerada (W)

Tempo de uso horas/mês*

Consumo Mensal (kWh)**

Aparelho de Som 200 a 300 200 30 6 Aspirador 1000 1000 4 4 Batedeira 100 a 300 150 10 1,5

Boiler 300 l 1500 1500 60 90 Cafeteira 1000 1000 10 10 Chuveiro 4000 a 6500 4500 30 135

Ar Condicionado 7000 Btu/h 900 900 45 40,5

Ar Condicionado 10000 Btu/h 1400 1400 45 63

Ar Condicionado 18000 Btu/h 2600 2600 45 117

Computador e impressora 200 a 250 200 30 6

Enceradeira 500 500 4 2 Freezer 350 a 500 400 300 120

Ferro de Passar 800 a 1600 1000 15 15 Geladeira 1 porta 200 200 300 60

Geladeira 2 Portas 400 400 300 120

Lavadoura de pratos 1200 a 2000 1500 30 45

Lavadoura de roupas 1500 1500 15 22,5

Lâmpada Incandescente 60 60 90 5,4

Lâmpada Incandescente 100 100 90 9

Microondas 1200 a 1300 1300 15 19,5 Liquidificador 150 150 10 1,5 Secador de

Cabelo 500 a 1200 1000 15 15

Secadora de Roupa 1000 a 3500 3500 15 52,5

TV 14" 60 60 90 5,4 TV 20" 90 90 90 8,1 TV 29" 120 90 90 10,8

Torradeira 500 a 1200 10 10 12 Torneira elétrica 2500 a 3500 10 10 35 Ventilador portátil 60 a 100 30 30 3

Videocassete 80 a 100 5 5 0,5

Tabela 3.5: Consumo mensal de aparelhos eletrodomésticos

41

O usuário deverá determinar o real tempo de uso para cada equipamento que possuir

em sua residência.

Para se determinar o consumo mensal em kWh de cada aparelho deve-se efetuar o

seguinte cálculo:

Consumo mensal (kWh) = {potência do equipamento (W) x horas de uso mensal (h)}

/1000

3.3 Minimização, Coleta Seletiva e Reciclagem do Lixo

O lixo é responsável por um dos mais graves problemas ambientais de nosso tempo.

Seu volume é enorme e vem aumentando intensa e progressivamente, principalmente

nos grandes centros urbanos.

Na maior parte dos municípios brasileiros (aproximadamente 76% deles), o lixo é

simplesmente jogado no solo, sem qualquer cuidado, formando os lixões, altamente

prejudiciais à saúde pública.

O lixo acumulado é potencialmente um transmissor de doenças por vias indiretas.

As conseqüências da disposição inadequada do lixo no meio ambiente são a

proliferação de vetores de doenças (como ratos, baratas e micróbios), a contaminação

de lençóis subterrâneos e do solo pelo chorume (líquido escuro, altamente tóxico,

formado na decomposição dos resíduos orgânicos do lixo) e a poluição do ar, causada

pela fumaça proveniente da queima espontânea do lixo exposto.

3.3.1 Minimização de resíduos

A minimização de resíduos é um conceito que abrange mais do que a simples coleta

seletiva e envio do lixo para reciclagem. No mundo inteiro, a nova ordem é minimizar o

lixo. Desde 1992, os 170 países presentes na conferência da ONU sobre Meio

Ambiente e Desenvolvimento, a RIO/92, assinaram a Agenda 21, que estabeleceu os

3 Rs: primeiro pensar em todas as maneiras de REDUZIR o lixo, depois,

42

REAPROVEITAR tudo o que for possível, e só depois pensar em enviar materiais para

RECICLAR.

REDUZIR significa gerar menos lixo, evitar desperdícios, escolher produtos mais

duráveis e evitar descartáveis. O primeiro R é o mais importante e o mais difícil, pois

exige mudanças internas profundas: ter menos lixo é ter mais qualidade, menos

quantidade, mais cultura, menos símbolos de status, mais esporte, menos material

esportivo, mais charme, menos maquiagem... (GERHARD GILHREINER)

REUTILIZAR significa prolongar a vida dos materiais, adiar sua transformação em lixo

e valorizar materiais usados. O segundo R é um desfio à criatividade e também

significa em vencer preconceitos contra o usado e o velho. É preciso reformar,

restaurar, compartilhar, doar, trocar, estimular artesãos, brechós, sebos, feiras de

trocas...

RECICLAR significa produzir um novo produto a partir do velho possibilitando a volta

do lixo ao ciclo produtivo como matéria prima. O terceiro R é necessário, mas não

suficiente. É a última alternativa, depois da redução e reutilização. Envolve a

separação dos materiais, a comercialização e o transporte para as indústrias de

reciclagem.

3.3.2 Coleta seletiva do lixo

A Coleta Seletiva é um processo que viabiliza os 3 Rs e envolve:

• Minimizar a geração de lixo;

• Separar os materiais na fonte;

• Coletar separadamente recicláveis e não recicláveis

• Triar e armazenar os recicláveis

• Comercializar ou encaminhar para a reciclagem (voltar para o ciclo produtivo

gerando novos produtos)

43

Dentro desse quadro, a coleta seletiva de lixo aparece não como a solução final, mas

como uma das possibilidades de redução do problema. Nosso lixo é composto por

diversos tipos de material, grande parte reaproveitável.

São centenas de milhares de toneladas de plásticos, vidro, papéis, papelão, latas de

alumínio e de aço que poderiam ter destino mais nobre que atulhar os espaços vitais

de nosso território, ficando sepultadas para sempre.

3.3.3 Reciclagem

A reciclagem é uma atividade, na maior parte dos casos, industrial que transforma os

materiais já usados em outros produtos que podem ser comercializados. Através da

reciclagem, papéis velhos transformam-se em novas folhas ou caixas de papelão; os

vidros se transformam em novas garrafas ou frascos; os plásticos podem se

transformar em vassouras, potes, camisetas; os metais transformam-se em novas

latas ou recipientes.

3.4 Aumento da Durabilidade do Edifício

A durabilidade dos revestimentos de fachada e de qualquer outra parte do edifício,

está associada às ações de manutenção, que segundo John; Cremonini (1995), pode

ser definida como sendo um conjunto de serviços realizados na edificação e suas

partes durante a sua vida útil, com o objetivo de manter seus desempenhos iniciais.

A manutenção pode ser definida como a ação programada preventiva de futuros

problemas, como também ação corretiva de problemas encontrados.

Para isso, torna-se importante à adoção de um programa de manutenção periódica

que, segundo Lichtenstein (1985), exige uma metodologia de operação, controle e

execução. Essa metodologia somente é válida se os custos de implantação e

operação forem compensados em termos de benefício no desempenho do edifício ou

de seus componentes.

Tipos de manutenção segundo a norma BS 3811 (1984) apud Lee (1987):

44

- Manutenção Planejada Preventiva: atividades realizadas durante a vida útil da

edificação, de maneira a antecipar-se ao surgimento de defeitos;

- Manutenção Planejada Corretiva: atividades realizadas para recuperar o

desempenho perdido;

- Manutenção Não Planejada: definida como o conjunto de atividades realizadas para

recuperar o desempenho perdido devido a causas externas não previstas.

Segundo Gomid et al. (2006), os custos com manutenção preventiva devem ser

encarados como investimento patrimonial da edificação, havendo, portanto, a

necessidade de acompanhamento desses custos pelos gestores. Desse modo, os

valores gastos com as atividades do plano e estratégia geral da manutenção adotada

são facilmente justificados.

Gráfico 3.1: A influência da manutenção no desempenho da edificação.

Algumas das justificativas para a viabilidade dos investimentos com a manutenção

preventiva podem ser enunciadas como:

• Diminuição dos desgastes naturais, com o conseqüente aumento da vida útil e

recuperação de níveis de desempenho de sistemas, considerados os níveis de

segurança, conforto e confiabilidade dos mesmos;

45

• Evitar deteriorações precoces das instalações devido à ausência de recursos para

se praticar a manutenção corretamente, quando esta não foi definida dentro de um

plano empresarial (plano de manutenção);

• Reduzir custos e despesas em geral.

As ações de manutenção podem ter duas principais origens: a durabilidade dos

materiais e as manifestações patológicas, sendo que a durabilidade está associada à

manutenção planejada preventiva. Já a patologia está associada à manutenção

planejada corretiva e não planejada, situação em que o edifício ou seu componente

apresenta um desempenho insatisfatório. Segundo Lichtenstein (1985), neste

contexto, deve ocorrer uma intervenção técnica com a finalidade do edifício ou

componente voltar a apresentar um desempenho satisfatório, prolongando sua vida

útil. Pode-se notar que os fatores de degradação que agem sobre os edifícios ou seus

componentes variam dentro de uma cidade e assumem diferentes níveis de

importância dependendo do material em análise e da sua função. Assim, de acordo

Lichtenstein (1985), a forma e velocidade com que ocorre a deterioração são função

da natureza do material ou componente e das condições de exposição a que fica

submetido. Dessa maneira, fica evidenciado que a especificação de um revestimento

de fachada bem como de uma metodologia de manutenção deve ser antecedida por

um estudo dos fatores relacionados para cada edifício.

O revestimento de fachada, além de ser um dos subsistemas de um edifício que está

submetido a um maior número de fatores de degradação, é o subsistema em que

estes atuam primeiramente. A vida útil de um edifício está diretamente relacionada

com a manutenção do desempenho desse subsistema acima dos níveis mínimos

especificados. Para isso, deve-se ter um conhecimento preciso dos fatores de

degradação a que estará submetido o revestimento de fachada, uma vez que a forma

de deterioração é função da natureza do componente e das condições de exposição a

que está submetido. Desse conhecimento, pode-se desenvolver um projeto de

revestimento em que sejam especificados materiais que apresentem maior

durabilidade em determinadas condições de exposição (como por exemplo,

argamassa com adequado teor de aglomerante), propor detalhes construtivos e, além

disso, elaborar um programa de manutenção preventiva.

46

Esse programa de manutenção, como discutido no texto, tem por objetivo postergar a

ocorrência de níveis de desempenho abaixo do mínimo (manifestações patológicas) a

um custo compensador. Para isso, esse programa deve descrever: como realizar a

manutenção dos revestimentos, a periodicidade das atividades de limpeza e inspeção

e os indicadores de degradação como, por exemplo, presença de fissuras,

descolamentos ou falta da pintura, presença de manchas de umidade, de fungos ou

outras sujidades, envelhecimento do selante das juntas.

Além de possibilitar o acréscimo da vida útil dos revestimentos de fachada e

conseqüentemente do edifício, a existência de um programa de manutenção

documentado pode servir de um instrumento de apoio, em caso de ocorrência de

manifestações patológicas causadas pela ausência ou realização incorreta das

atividades de manutenção e possibilitar um melhor planejamento e orçamento das

atividades a serem realizadas pelos usuários e responsáveis pela administração do

edifício ao longo da vida útil do edifício.

47

4. METODOLOGIA

O presente trabalho tem por objetivo verificar os resultados da implantação de

estratégias de sustentabilidade em edificações existentes, através da analise de um

caso de retrofit com intervenções de infraestrutura e gestão em um edifício residencial.

Para isso foi utilizado, como objeto de estudo, o retrofit realizado em um condomínio

residencial multifamiliar existente, localizado na cidade de Belo Horizonte. Os

resultados obtidos são comparados com os resultados esperados pela literatura.

48

5. RESULTADOS

5.1 Estudo de Caso: Condomínio do Edifício Dom Diego Velasquez

5.1.1 Características do edifício Dom Diego Velasquez

Localização: Avenida 31 de Março 1100, Bairro Coração Eucarístico, Belo Horizonte,

Minas Gerais.

Características do edifício: edifício residencial construído no ano de 1988 constituído

por 24 apartamentos de aproximadamente 65m², sendo 4 por andar.

Característica de cada apartamento: apartamento com 2 quartos (o terceiro opcional),

2 banheiros, sala conjugada, cozinha e área de serviço.

Nº de moradores por apartamento: média aproximada de duas pessoas.

Perfil cultural dos moradores: a grande maioria dos moradores possui curso superior.

5.1.2 Situação do condomínio Dom Diego Velasquez em abril de 2004

• Valor da Taxa do Condomínio: R$ 230,00

• Valor da conta de água – geral (Copasa): R$ 924,72

• Valor da conta de energia da área comum (Cemig): R$ 276,13 (utilização de 60%

das luminárias)

• Despesa com elevador: R$ 258,28

• Valor total das dívidas do Condomínio: R$12.205,45

49

• Condições das áreas comuns: desde a construção do edifício somente foram feitos

serviços de limpeza e dedetização, portanto, necessitando de serviços de

manutenção e melhoria.

• Valor médio de cada apartamento: R$65.000,00

5.1.3 Intervenções no condomínio Dom Diego Velasquez entre abril de 2004 e março de 2006

• Pesquisa de clima para saber o nível de satisfação dos condôminos e obter

sugestões das prioridades das ações no Condomínio (anexo1);

• Negociação com a empresa de manutenção do elevador (Thyssenkroup)

• Instalações Elétricas: inspeção e reparos de toda instalação elétrica da área comum

do edifício e substituição de todas as lâmpadas incandescentes por fluorescentes;

instalação de sensores fotoelétricos de presença na caixa de escadas nos halls dos

apartamentos e áreas externas;

• Instalações Hidráulicas: inspeção e reparos de toda instalação hidráulica e de

esgoto da área comum e dos apartamentos do edifício e retirada de todos os

vazamentos;

• Hall de entrada: reparo no teto de gesso e na parede para instalação de arandela,

pintura alvenarias incluindo entrada com jardineiras, pintura da porta de acesso

para as escadas, pintura dos tetos, substituição dos interruptores e espelhos,

instalação de duas portas em vidro temperado com fechaduras e molas; colocação

de insufilm na porta principal, instalação de espelho decorativo, aquisição de

móveis e adornos novos; instalação de sistema de alarme para segurança dos

condôminos;

• Halls dos apartamentos: reparos na pintura dos tetos e paredes (todos os andares);

50

• Guarita: instalação de porta e janela de vidro temperado, instalação de bancada e

armários, instalação de filtro, reforma da instalação sanitária; aquisição de uma

poltrona confortável para os porteiros;

• Garagem e pilotis: limpeza e reparos nas caixas de passagens, verificação e

reparos das instalações de esgoto, execução de base para lixeira em alvenaria

revestida de piso cimentado com declividade para não acumular líquidos e facilitar a

limpeza, jateamento do piso, pintura de faixas delimitando áreas de veículos,

pintura muros divisórios internos e externos, pintura das grades e portões, pintura

das colunas e tetos dos pilotis;

• Depósito: reparos e pintura de alvenarias, tetos e portas, instalação de armários

para os colaboradores, produtos de limpezas e documentos do condomínio;

• Jardins: revitalização de todos os jardins;

• Telhados: limpeza das calhas; revisão do estado geral das telhas; limpeza das

caixas d’água superiores;

• Serviços de serralheria: reforma dos portões principal e da garagem, execução e

instalação de corrimãos na entrada do edifício e hall de escadas, reparo dos

brinquedos, construção lixeira para latas descartáveis, construção de lixeira com

divisórias para coleta seletiva.

5.1.4 Resultados obtidos (dados de março de 2006 – 2 anos depois)

• Valor da Taxa do Condomínio: R$ 230,00 (a taxa não sofreu alteração);

• Valor da conta de água – geral (Copasa): R$ 611,12 (redução de 34%);

• Valor da conta de energia da área comum (Cemig): R$ 262,78 – utilização de 100%

das luminárias;

• Despesa com elevador: R$ 181,38 (redução de 30%);

51

• Valor total das dívidas do Condomínio: R$0,00 (

• Valor médio de cada apartamento: R$125.000,00 (valorização de 48%).

redução de 100%);

• Dentre os resultados relacionados podemos ainda considerar:

• Melhor qualidade de vida;

• Qualidade com baixo custo operacional;

• Satisfação dos moradores proprietários e inquilinos;

• Maior valor de mercado do empreendimento;

• Menores taxas de vacância;

• Mais rapidez na venda ou aluguel;

• Menor custo de conservação, manutenção e melhorias prediais;

• Imagem associada a empreendimentos responsáveis.

• Estes resultados foram alcançados através do esforço e comprometimento da

maioria dos condôminos, colaboradores e membros da administração.

52

6. CONCLUSÃO

O estudo de caso demonstrou que intervenções na infraestrutura e gestão em

edifcacões existentes têm grande influência no desempenho da edificação durante a

fase de uso e manutenção das mesmas. Os principais resultados obtidos foram:

Economia na operação (taxa de condomínio, energia, água e manutenção);

Redução do consumo de água e energia;

Melhoria da qualidade de vida dos condôminos;

Valorização do empreendimento.

Estes resultados estão coerentes com os esperados pela literatura.

Como sugestão de ações de promoção da melhoria de desempenho de edificações

existentes e implantação de sustentabilidade nas mesmas é indicada a elaboração de

um “Manual de retrofit e gestão para implantação de estratégias de sustentabilidade

no uso e manutenção de edificações existentes”.

53

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

- ADAM, R. S. Princípios do ecoedifício: interação entre ecologia, consciência e edifício. São Paulo: Editora Aquariana, 2001.

- AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA (ANEEL). Atlas de Energia Elétrica

do Brasil: 2. Ed. Brasília: 2005. Disponível em:

http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/atlas/pdf/03- Energia_Solar(3).pdf. Acesso em: 15

dezembro de 2008.

- AGENDA 21

- BOFF, L. Saber cuidar: ética do humano: compaixão pela terra. 7. ed. Petrópolis:

Editora Vozes, 2001.

- BRAUN, R. Desenvolvimento ao ponto sustentável: novos paradigmas ambientais. Petrópolis: Editora Vozes, 2001.

- CAPRA, F. A teia da vida. 5. ed. São Paulo: Editora Cultrix, 1996.

- CEOTTO, L. H. Avaliação de sustentabilidade: balanço e perspectiva no Brasil. I Simpósio Brasileiro de Construção Sustentável. São Paulo, 2008

- CIANCIARDI, G. A casa ecológica: premissas para a sustentabilidade ecológica na arquitetura residencial unifamiliar paulistana. Dissertação (Mestrado em

Arquitetura e Urbanismo). São Paulo: Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2004.

- CIANCIARDI, G.; MONTEIRO, R. Z.; BRUNA, G. C. Parâmetros de sustentabilidade

ecológicos na recuperação, manutenção e restauração de edifícios. O IV Seminário Internacional da Lares Latin America Real Estate Society. São Paulo, 2004.

- DEGANI, C. M.; CARDOSO, F. A sustentabilidade ao longo do ciclo de vida de edifícios: a importância da etapa de projeto arquitetônico. NUTAU, 2002.

54

- GOMIDE, T. L. F., PUJADAS, F. Z. A., NETO, J. C. P. F. Técnicas de inspeção e manutenção predial: vistorias técnicas, check-up predial, normas comentadas, manutenção X valorização patrimonial, análise de risco. São Paulo: Editora Pini,

2006.

- GONÇALVES, O. M; Tamaki, H. O; Silva, G. S. Manual de Conservação de Águas

Manual de práticas aplicáveis às residências do empreendimento “GÊNESIS I” para

Conservação de Água.

- HELENE, P. R. L. Manual para reparo, reforço e proteção de estruturas de concreto. 2. ed. São Paulo: Editora: Pini, 1992.

- JOHN, V. M. CREMONINI, R.A. Manutenção dos edifícios: uma visão sistêmica. In: 10º Simpósio Nacional de Tecnologia da Construção: A Manutenção da Construção Civil. São Paulo, 1989.

- KLEIN, S. E. S. Diretrizes de Gestão Ambiental na Indústria da Construção Civil de

Edificações. Dissertação (Mestrado em Engenharia Ambiental). Blumenau: Centro de

Ciências Tecnológicas, Universidade Regional de Blumenau, 2002.

- LAMERTS, R.; TRIANA, M. A. Levantamento do estado da arte: Energia –

Documento 2.2 - Projeto Tecnologias para construção habitacional mais sustentável –

Projeto FINEP 2386/04 – São Paulo, 2007.

- LEE, R. Building maintenance management. 3. ed. London, Ed. Collins,1987.

- LINCHTENSTEIN, N. B. Patologia das construções: procedimento para

formulação dos diagnósticos de falhas e definição de conduta adequada à recuperação de edificações. Dissertação (Mestrado). São Paulo: Escola Politécnica,

Universidade de São Paulo, 1985.

- MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. ELETROBRÁS. Programa Nacional de

Conservação de Energia Elétrica (PROCEL). Brasília, 1985. Disponível em:

www.eletrobras.- gov.br/procel. Acesso em: 15 dezembro de 2008.

55

- OKAMOTO, J. Percepção ambiental e comportamento. 2. ed. São Paulo: Editora

Ipsis, 1997.

- OLIVEIRA, L. H.; ILHA, M. S. O.; GONÇALVES, O. M.; YWASHIMA, L.; REIS, R. P.

A. Levantamento do estado da arte: Água – Documento 2.1 - Projeto Tecnologias

para construção habitacional mais sustentável – Projeto FINEP 2386/04 – São Paulo,

2007.

- ROSSO, T. Racionalização da construção. São Paulo: Editora FAUSP, 1980.

- SILVA, V. G. Metodologias de avaliação de desempenho ambiental de edifícios: estado atual e discussão metodológica – Documento 5 - Projeto Tecnologias para

construção habitacional mais sustentável – Projeto FINEP 2386/04 – São Paulo, 2007.

56

8. ANEXO

1)

PESQUISA DE CLIMA DATA: __/ __/ ___

RESPONSÁVEL: ____________________________________________ APTO:

_____________________________________________________

Visando identificar os interesses dos condôminos do Ed. Dom Diego Velasquez,

solicitamos que responda a pesquisa a seguir. Informamos que o presente instrumento

tem o objetivo de levantar as questões relativas ao funcionamento do condomínio,

sem, entretanto possuir qualquer caráter deliberativo.

Todas e quaisquer decisões sempre deverão ser submetidas às assembléias de

moradores.

� PARTICIPO PORQUE:

� NÃO PARTICIPO PORQUE:

SOBRE SUA PARTICIPAÇÃO NAS ASSEMBLÉIAS DO CONDOMÍNIO:

2) SOBRE A CONSERVAÇÃO DO EDIFÍCIO:

(marque uma alternativa para cada item listado)

Ótima Boa Regular Péssima

Hall de Entrada (Portaria)

Hall dos apartamentos

Jardim

Garagem

57

Banheiro dos Funcionários

Depósito

Elevador

3) SOBRE A LIMPEZA DO EDIFÍCIO:

(marque uma alternativa para cada item listado)

Ótima Boa Regular Péssima

Hall de Entrada (Portaria)

Hall dos apartamentos

Jardim

Garagem

Banheiro dos Funcionários

Depósito

Elevador

4) SOBRE OS FUNCIONÁRIOS:

4.1) PORTEIROS

(marque uma alternativa para cada item listado)

Ótimo Bom Regular Péssimo

Serviço/Atendimento

Apresentação Pessoal

4.2) FAXINEIRAS

Ótimo Bom Regular Péssimo

Serviço/Atendimento

Apresentação Pessoal

58

5) SOBRE AS PRIORIDADES:

(marque uma alternativa para cada item listado)

Alta Média Baixa Nenhuma

1. Troca dos Tapetes da Portaria

2. Troca do Tapete do Elevador

3. Decoração do Hall de Entrada (Pintura e Móveis)

4. Reparo da parte elétrica do Hall de Entrada

5. Troca das Lixeiras da Garagem

6. Limpeza do Piso da Garagem

7. Pintura dos muros divisórios

8. Reparo do teto de gesso da Garagem

9. Reforma do Elevador

10. Troca do Piso do Elevador

11. Reforço ou substituição das Portas do Hall de Entrada

12. Substituição da Porta do Banheiro dos Funcionários

13. Sensor de Presença no sistema elétrico dos Halls

14. Pintura dos Halls dos Andares

15. Limpeza do Piso dos Halls dos Andares

16. Faxina no Depósito

17. Dedetização e Desratização do Prédio

18. Substituição dos Uniformes dos Porteiros

19. Cobertura das Vagas Descobertas

20. Troca das Faixas Antiderrapantes das Escadas da Portaria

21. Outra:

59

6)

� REDUÇÃO DE FUNCIONÁRIOS

� REDUÇÃO DA CARGA HORÁRIA DE FUNCIONÁRIOS

� COBRANÇA EM JUIZO DAS MENSALIDADES ATRASADAS

� REDUÇÃO DAS DESPESAS COM CONTABILIDADE

� MUDANÇA DA EMPRESA QUE PRESTA MANUTENÇÃO NO ELEVADOR

� REDUÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA E ENERGIA – CAMPANHA DE

CONSCIENTIZAÇÃO

OUTROS:

SOBRE AS OPÇÕES PARA REDUÇÃO DAS DESPESAS DO CONDOMÍNIO:

7)

� AUMENTAR A TAXA DE CONDOMÍNIO

� RATEIO EXTRA E TEMPORÁRIO, DENTRO DA TAXA DE CONDOMÍNIO

� CRIAR FUNDO DE RESERVA

� IMPLANTAR COLETA SELETIVA DE LIXO, COM A VENDA DE PRODUTOS

RECICLÁVEIS

OUTROS:

Precisamos melhorar o local onde vivemos e para isto contamos com a

criatividade e participação de todos!

Atenciosamente,

____________________________________________ APTO: _______

____________________________________________ APTO: _______

SOBRE AS OPÇÕES PARA AUMENTO DE RECEITAS DO CONDOMÍNIO: