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Capitalização de Nível de Renda da Economia Açucareira Profa. Valeria da Vinha Instituto de Economia / UFRJ

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Page 1: Capitalização de Nível de Renda da Economia Açucareira Profa. Valeria da Vinha Instituto de Economia / UFRJ

Capitalização de Nível de Renda da

Economia Açucareira

Profa. Valeria da Vinha

Instituto de Economia / UFRJ

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Análise de Celso Furtado Final do século XVI

120 engenhos produziam 2 milhões de arrobas (20 vezes a cota das Ilhas do Atlântico um século antes), usando 20 mil escravos => valor médio por engenho 15.000 libras. Total: 1.800.000 libras

Descrição dos gastos fixos

• 375.000 libras em mão-de-obra escrava e assalariados - 20%• Importados (manufaturados de consumo + ferro, cobre)– 70%• Pagamento fora do engenho (transporte e armazenamento) - 5%• Compra de gado e lenha – 3%

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Fluxo de RendaFluxo de renda se estabelece entre a unidade produtora e

o exterior. Apesar de não ter expressão monetária, as relações econômicas têm natureza monetária

O processo de inversão não faz crescer a renda da coletividade, mas apenas o lucro do empresário, uma vez que a renda concentrava-se nas mãos dos proprietários de engenho

A renda per capita na passagem do século XVI para o XVII corresponde a 350 dólares de hoje (década de 60), em 2004 era de 9.743 dólares

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Possibilidades de ExpansãoAgroindústria açucareira era capaz de autofinanciar

uma duplicação de sua capacidade produtiva a cada 2 anos, mas os recursos não eram reinvestidos na produção, em virtude da dependência externa, a maior parte da renda ia para o exterior, cerca de 80%, sujeito às oscilações de preço do mercado. Por isso, quando a demanda externa se enfraquecia, tinha início um processo de atrofiamento interno (redução da produção e da circulação monetária) e um reforço das atividades de subsistência. Era vantajoso negociar mesmo com preço baixo

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Possibilidades de Expansão

1) Disponibilidade de terras2) Disponibilidade de mão de obra3) Nível de preço

Crescimento se deu sem alterações estruturais, pois era em extensão e não intensivo.

Mesmo em momentos de retração da demanda é lucrativo continuar operando=> não há falência

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Impactos do açúcar e da pecuária na economia interna

Efeitos de curto e longo prazos da economia açucareira e da pecuária – no curto prazo são os mesmos, seja na expansão, seja na contração; no longo, apesar da baixa rentabilidade (cerca de 5% da exportação do açúcar), a pecuária é mais sustentável porque se repõe automaticamente e não depende, estruturalmente, da procura externa, estando mais voltada para o mercado interno.

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Evolução e papel da pecuáriaAs primeiras cabeças chegaram ao Brasil das Ilhas de Cabo Verde, em 1534,

para a capitania de São Vicente. Em 1550, Tomé de Sousa trouxe novo carregamento para Salvador.

De Salvador dispersou-se em direção a Pernambuco e daí para o nordeste, principalmente Maranhão e Piauí.

Concentrou-se no NE, em terras do interior, reservando a zona litorânea á cana-de-açúcar.

A atividade criatória cumpriu um duplo papel: complementar a economia do açúcar e iniciar a penetração, conquista e povoamento do interior do Brasil, principalmente do sertão nordestino.

No entanto, esse processo não ocorreu de imediato. Num primeiro momento o gado foi criado no próprio engenho, sendo utilizado como força de tração e alimento.

A exigência de terras para o cultivo da cana-de-açúcar expulsou a boiada dos limites do engenho, dando início a uma segunda etapa, com distinção nítida entre as duas atividades: a agrícola e a criatória, embora ainda vizinhas e interdependentes

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Caminhos do gado

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Funções do gado no engenho

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A civilização do gadoEm 1594, havia 47 currais no São Francisco. Cem anos

depois, eram + de 2.000 e no início do século XVIII, 1,3 milhões de cabeças

Sesmarias dos “sertões” mediam até 40 mil hectares, que comportavam 20 mil cabeças, mas a média eram 1000 a 3000 cabeças por fazenda

Povoamento escasso (1 homem cuidava de 100 cabeças), mas território livre, do não-escravo: branco pobre, índios, caboclos, mestiços

Atividade de subsistência auto-suficiente (leite e carne, e couro como matéria prima)

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O vaqueiro: novo segmento da sociedade

Era um homem livre,

com autonomia para

se deslocar fisicamente,

negociar o seu trabalho e

se tornar proprietário:

sistema de quarta (uma

em cada 4 novilhas era dele)

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Mapa Colônia – sec. XVII e XVIII