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*MÓDULO 1*
Capitalismo – Crises econômicas
Aprendendo com o passado
Em outubro de 2008, Wall Street viveu a pior semana
de sua história. O índice Dow Jones, que mede o
comportamento da bolsa de valores dos Estados Unidos,
caiu 18% — o recorde negativo anterior havia sido
registrado em julho de 1933. Como se isso não fosse
assustador o suficiente, os sistemas bancários dos
Estados Unidos e da Europa estiveram à beira de um
colapso.
© CREATIVE COMMONS
Em 1873, o mercado financeiro já vivia uma grave crise
Criticados por estar sempre a reboque dos
acontecimentos, governos dos países mais afetados
tentaram tomar o controle da situação. Num esforço
inédito e coordenado, os países da União Europeia e os
Estados Unidos lançaram medidas de ajuda para
resgatar bancos falidos, garantir seus depósitos e irrigar
os paralisados mercados privados de crédito. Dias depois
de os Estados Unidos anunciarem um pacote de 700
bilhões de dólares para combater a crise financeira, a
União Europeia pôs 2,5 triIhões de dólares à disposição
de suas instituições financeiras — foi a primeira vez
desde o lançamento do euro, em 1999, que os chefes de
governo dos 15 países da moeda comum europeia
fizeram uma reunião de cúpula formal, tamanha a
gravidade da situação.
Esse remédio amargo era o caminho inevitável para
superar a crise e evitar o risco de repetir a história
iniciada com o crash de 1929. Na época, a atuação do
governo Herbert Hoover, então presidente dos Estados
Unidos, ajudou a aprofundar a mais grave recessão já
vivida pelo país, com resultados desastrosos para a
economia mundial. Em vez de cortar, o governo elevou
os juros. Quando o sensato era salvar os bancos, o
governo permitiu que as instituições quebrassem. Além
disso, com o objetivo de proteger o mercado interno,
instituiu uma taxa de importação que acabou provocando
retaliações e reduziu drasticamente as exportações
americanas, deteriorando ainda mais a situação das
empresas do país.
Alguns grandes nomes da economia
ADAM SMITH (escocês, 1723-1790): Pioneiro
em política econômica, escreveu A Riqueza das
Nações. Iluminista, era partidário do liberalismo,
ou seja, da tese de que a economia deve
crescer por si própria, sem incentivos nem
entraves governamentais ou de outras fontes
externas. Para Adam Smith, um pensador influente até os dias
de hoje, o mercado regularia a economia, diminuindo com o
tempo as desigualdades, sem a tutela do Estado.
KARL MARX (alemão, 1818-1883): Autor de O
Capital e do Manifesto Comunista (este escrito
em parceria com o pensador alemão Friedrich
Engels), baseou seu trabalho no estudo da
exploração do trabalho pelo capital. Crítico do
capitalismo, não acreditava que o sistema
pudesse levar à diminuição gradual das diferenças sociais.
Segundo Marx, é da natureza do capitalismo a concentração de
grandes quantidades de riquezas nas mãos de poucos.
JOHN MAYNARD KEYNES (inglês, 1883-1946):
O principal teórico da primeira metade do século
XX, especialmente após a crise de 1929,
discordava da tese do equilíbrio natural da
economia e acreditava na importância de uma
política fiscal regulatória. Sua principal obra é A
Teoria Geral do Emprego, da Renda e do Lucro.
IMAGENS: © CREATIVE COMMONS
As primeiras grandes crises do capitalismo
ocorreram no século XIX, durante a Segunda
Revolução Industrial. A de 1873 ficou conhecida
como Grande Depressão. Prolongou-se por décadas
e foi a mais marcante até então, só superada pelo
impacto da crise de 1929.
O rápido crescimento econômico dos Estados
Unidos após a Primeira Guerra Mundial levou o país
a uma onda especulatória que culminou com a crise
de 1929. Fortes economias ao redor do planeta, em
especial as que tentavam se recuperar do conflito
mundial, foram seriamente afetadas. Com o
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programa de recuperação econômica conhecido
como New Deal (Novo Acordo), o governo norte-
-americano interveio de forma a diminuir a crise
econômica no decorrer da década de 1930.
A crise de 2008, a mais recente da história do
capitalismo, foi provocada pela ação especulatória
de grandes empresas e bancos. Eles criaram uma
bolha financeira que atingiu seriamente não apenas
os Estados Unidos, mas vários dos principais
mercados do mundo, em especial as maiores
economias da Europa.
Após o fim do regime militar brasileiro, a alta inflação
foi um dos principais problemas enfrentados pelos
governos civis que se seguiram. Os mais diversos
planos econômicos tentaram conter a inflação, como
o Plano Cruzado I e II, do governo José Sarney, o
Plano Collor, do governo Fernando Collor, e o Plano
Real, do governo Itamar Franco. Foi só com o
sucesso desse último, lançado em 1994, que a
inflação foi finalmente contida e, desde então, vem
sendo mantida em níveis considerados razoáveis
para os padrões da história recente do Brasil.
*ATENÇÃO, ESTUDANTE!*
Para complementar o estudo deste Módulo, utilize seu LIVRO DIDÁTICO.
*********** ATIVIDADES ***********
Texto para a questão 1.
Quando a bolha estoura
As crises financeiras vão e voltam como as estações do ano — e repetem sempre o mesmo script
De uma hora para outra, a crise bateu. A bolsa de
valores, que não parava de quebrar recordes de alta,
despencou. Dinheiro virou coisa rara no mercado.
Empréstimos minguaram e todo mundo passou a gastar
menos. Aí piorou de vez: sem crédito nem clientes,
empresas que até outro dia tinham seus maiores lucros
na história não conseguiram mais equilibrar as contas.
De cada 100 companhias, 72 fecharam as portas. E as
que resistiram perderam valor no mercado.
Operador da Bolsa de Nova Iorque demonstra desolação, mas a crise não é invenção do século XX
© AFP
Pode até parecer uma notícia referente à mais recente
crise financeira, mas tudo isso aconteceu em 1697, na
Inglaterra. O governo precisou intervir para colocar
rédeas no mercado financeiro depois que uma bolha de
crescimento econômico estourou e deu lugar à maior
crise financeira da história até então. As semelhanças
entre esse mundo de 300 anos atrás e o de agora
deixam claro: a última crise não tem nada de nova nem
significa o fim do capitalismo. As crises de hoje são
maiores porque não há mais fronteiras econômicas como
no século XVII. Mesmo assim, seguem o roteiro de
outras dezenas de bolhas econômicas que estouraram
ao longo da história.
O mercado moderno, com empresas controladas por
milhares de acionistas, começou na Holanda, em 1602.
Foi quando a Companhia das Índias Orientais, que
comercializava especiarias, dividiu sua propriedade em
partes iguais e minúsculas (as ações) para financiar com
mais facilidade suas empreitadas marítimas. Todo mundo
dividia as despesas na hora de comprar as ações e tinha
direito a uma parcela do lucro. Era um negócio de risco:
ninguém sabia qual seria o lucro de uma expedição. Se
os barcos demorassem para voltar do Oriente, algum
acionista podia achar que eles afundaram e tentar vender
sua participação na companhia antes que ela própria
afundasse. Aí o jeito era vender por um preço menor que
o original. Agora, quando vinha a notícia de que os
barcos estavam chegando carregados, a expectativa ia lá
para cima e as ações podiam ser vendidas por um preço
bem maior.
A febre das ações chegou com tudo à Inglaterra no
final daquele mesmo século XVII, graças a um certo
capitão de navio chamado William Phillips. Em 1687, ele
voltou de uma viagem com 32 toneladas de prata e baús
de joias retirados de um navio espanhol que naufragara.
Isso rendeu 190 mil libras (R$ 105 milhões em valores de
hoje) para dividir entre os financiadores da expedição, o
que assegurou um retorno de 10.000%. Inspirados no
sucesso dessa empreitada, surgiram dezenas de projetos
de caça ao tesouro que lançaram ações no mercado. O
dinheiro rolou solto durante a fase de entusiasmo, mas
logo se chegou à conclusão de que não havia tantos
tesouros assim no mar. As ações das expedições
despencaram, contrariando a expectativa
exageradamente otimista de que subiriam para sempre.
Quando veio a queda, o resto também desmoronou.
Muita gente ficou sem dinheiro para pagar dívidas e
credores levaram calote.
Apesar do baque, contudo, a euforia do século XVII
serviu para construir o mundo a que você está
acostumado. Graças ao “cassino” das ações, a
Companhia das Índias pôde se financiar e inventar o
comércio global. A especulação ajudou a bancar também
a Revolução Industrial, para citar outro momento crucial
da história. De crise em crise, a história continua sendo
escrita.
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Os passos de toda crise
1. OLHA A ONDA
Novas oportunidades de investimento (internet, imóveis etc.)
criam chances de lucros cada vez maiores no mercado
financeiro.
2. EUFORIA
Quanto mais lucro se espera, mais as ações sobem.
Investidores novatos entram no negócio.
3. FASE MANÍACA
Companhias novas lançam ações para aproveitar a euforia.
Pessoas e empresas fazem fortunas da noite para o dia. O
crédito fica facinho.
4. ESTOURO DA BOLHA
As expectativas de lucro não viram realidade. Investidores
fogem. Bancos tomam calote. O crédito some, a economia
trava. E vem a crise.
Superinteressante, out. 2008 (com adaptações).
.1. (AED-SP)
Qual a origem comum de todas as crises financeiras?
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.2. (ENEM-MEC)
A depressão econômica gerada pela crise de 1929
teve no presidente americano Franklin Roosevelt (1933-
-1945) um de seus vencedores. New Deal foi o nome
dado à série de projetos federais implantados nos
Estados Unidos para recuperar o país, a partir da
intensificação da prática da intervenção e do
planejamento estatal da economia. Juntamente com
outros programas de ajuda social, o New Deal ajudou a
minimizar os efeitos da depressão a partir de 1933.
Esses projetos federais geraram milhões de empregos
para os necessitados, embora parte da força de trabalho
norte-americana continuasse desempregada em 1940. A
entrada do país na Segunda Guerra Mundial, no entanto,
provocou a queda das taxas de desemprego, e fez
crescer radicalmente a produção industrial. No final da
guerra, o desemprego tinha sido drasticamente reduzido.
EDSFORD, R. America’s response to the Great Depression.
Blackwell Publishers, 2000 (tradução adaptada).
A partir do texto, conclui-se que
(A) o fundamento da política de recuperação do país foi
a ingerência do Estado, em ampla escala, na
economia.
(B) a crise de 1929 foi solucionada por Roosevelt, que
criou medidas econômicas para diminuir a produção
e o consumo.
(C) os programas de ajuda social implantados na
administração de Roosevelt foram ineficazes no
combate à crise econômica.
(D) o desenvolvimento da indústria bélica incentivou o
intervencionismo de Roosevelt e gerou uma corrida
armamentista.
(E) a intervenção de Roosevelt coincidiu com o início da
Segunda Guerra Mundial e foi bem-sucedida,
apoiando-se em suas necessidades.
.3. (ENEM-MEC)
A prosperidade induzida pela emergência das
máquinas de tear escondia uma acentuada perda de
prestígio. Foi nessa idade de ouro que os artesãos, ou os
tecelões temporários, passaram a ser denominados, de
modo genérico, tecelões de teares manuais. Exceto em
alguns ramos especializados, os velhos artesãos foram
colocados lado a lado com novos imigrantes, enquanto
pequenos fazendeiros-tecelões abandonaram suas
pequenas propriedades para se concentrar na atividade
de tecer. Reduzidos à completa dependência dos teares
mecanizados ou dos fornecedores de matéria-prima, os
tecelões ficaram expostos a sucessivas reduções dos
rendimentos.
THOMPSON, E. P. The making of the english working class.
Harmondsworth: Penguim Books, 1979 (adaptado).
Com a mudança tecnológica ocorrida durante a
Revolução Industrial, a forma de trabalhar alterou-se
porque
(A) a invenção do tear propiciou o surgimento de novas
relações sociais.
(B) os tecelões mais hábeis prevaleceram sobre os
inexperientes.
(C) os novos teares exigiam treinamento especializado
para serem operados.
(D) os artesãos, no período anterior, combinavam a
tecelagem com o cultivo de subsistência.
(E) os trabalhadores não especializados se apropriaram
dos lugares dos antigos artesãos nas fábricas.
.4. (ENEM-MEC)
Eu, o Príncipe Regente, faço saber aos que o
presente Alvará virem: que desejando promover e
adiantar a riqueza nacional, e sendo um dos mananciais
dela as manufaturas e a indústria, sou servido abolir e
revogar toda e qualquer proibição que haja a este
respeito no Estado do Brasil.
Alvará de liberdade para as indústrias (1.º de Abril de 1808).
In: BONAVIDES, P.; AMARAL, R. Textos políticos da história
do Brasil. Vol. 1. Brasília: Senado Federal, 2002 (adaptado).
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O projeto industrializante de D. João, conforme expresso
no Alvará, não se concretizou. Que características desse
período explicam esse fato?
(A) A ocupação de Portugal pelas tropas francesas e o
fechamento das manufaturas portuguesas.
(B) A dependência portuguesa da Inglaterra e o
predomínio industrial inglês sobre suas redes de
comércio.
(C) A desconfiança da burguesia industrial colonial
diante da chegada da família real portuguesa.
(D) O confronto entre a França e a Inglaterra e a posição
dúbia assumida por Portugal no comércio
internacional.
(E) O atraso industrial da colônia provocado pela perda
de mercados para as indústrias portuguesas.
.5. (ENEM-MEC)
Homens da Inglaterra, por que arar para os senhores
que vos mantêm na miséria?
Por que tecer com esforços e cuidado as ricas roupas
que vossos tiranos vestem?
Por que alimentar, vestir e poupar do berço até o
túmulo esses parasitas ingratos que exploram vosso suor
— ah, que bebem vosso sangue?
SHELLEY. Os homens da Inglaterra. Apud HUBERMAN, L.
História da Riqueza do Homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.
A análise do trecho permite identificar que o poeta
romântico Shelley (1792-1822) registrou uma contradição
nas condições socioeconômicas da nascente classe
trabalhadora inglesa durante a Revolução Industrial. Tal
contradição está identificada
(A) na pobreza dos empregados, que estava dissociada
da riqueza dos patrões.
(B) no salário dos operários, que era proporcional aos
seus esforços nas indústrias.
(C) na burguesia, que tinha seus negócios financiados
pelo proletariado.
(D) no trabalho, que era considerado uma garantia de
liberdade.
(E) na riqueza, que não era usufruída por aqueles que a
produziam.
.6. (ENEM-MEC)
Um banco inglês decidiu cobrar de seus clientes cinco
libras toda vez que recorressem aos funcionários de suas
agências. E o motivo disso é que, na verdade, não
querem clientes em suas agências; o que querem é
reduzir o número de agências, fazendo com que os
clientes usem as máquinas automáticas em todo tipo de
transações. Em suma, eles querem se livrar de seus
funcionários.
HOBSBAWM, E. O novo século. São Paulo:
Companhia das Letras, 2000 (adaptado).
O exemplo mencionado permite identificar um aspecto da
adoção de novas tecnologias na economia capitalista
contemporânea. Um argumento utilizado pelas empresas
e uma consequência social de tal aspecto estão em
(A) qualidade total e estabilidade no trabalho.
(B) pleno emprego e enfraquecimento dos sindicatos.
(C) diminuição dos custos e insegurança no emprego.
(D) responsabilidade social e redução do desemprego.
(E) maximização dos lucros e aparecimento de
empregos.
.7. (ENEM-MEC)
O movimento operário ofereceu uma nova resposta ao
grito do homem miserável no princípio do século XIX. A
resposta foi a consciência de classe e a ambição de
classe. Os pobres então se organizavam em uma classe
específica, a classe operária, diferente da classe dos
patrões (ou capitalistas). A Revolução Francesa lhes deu
confiança; a Revolução Industrial trouxe a necessidade
da mobilização permanente.
HOBSBAWM, E. A era das revoluções.
São Paulo: Paz e Terra, 1977.
No texto, analisa-se o impacto das Revoluções Francesa
e Industrial para a organização da classe operária.
Enquanto a “confiança” dada pela Revolução Francesa
era originária do significado da vitória revolucionária
sobre as classes dominantes, a “necessidade da
mobilização permanente”, trazida pela Revolução
Industrial, decorria da compreensão de que
(A) a competitividade do trabalho industrial exigia um
permanente esforço de qualificação para o
enfrentamento do desemprego.
(B) a completa transformação da economia capitalista
seria fundamental para a emancipação dos
operários.
(C) a introdução das máquinas no processo produtivo
diminuía as possibilidades de ganho material para os
operários.
(D) o progresso tecnológico geraria a distribuição de
riquezas para aqueles que estivessem adaptados
aos novos tempos industriais.
(E) a melhoria das condições de vida dos operários seria
conquistada com as manifestações coletivas em
favor dos direitos trabalhistas.
.8. (ENEM-MEC)
Em meio às turbulências vividas na primeira metade
dos anos 1960, tinha-se a impressão de que as
tendências de esquerda estavam se fortalecendo na área
cultural. O Centro Popular de Cultura (CPC) da União
Nacional dos Estudantes (UNE) encenava peças de
teatro que faziam agitação e propaganda em favor da
luta pelas reformas de base e satirizavam o
“imperialismo” e seus “aliados internos”.
KONDER, L. História das Ideias Socialistas no Brasil.
São Paulo: Expressão Popular, 2003.
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No início da década de 1960, enquanto vários setores da
esquerda brasileira consideravam que o CPC da UNE
era uma importante forma de conscientização das
classes trabalhadoras, os setores conservadores e de
direita (políticos vinculados à União Democrática
Nacional — UDN —, Igreja Católica, grandes
empresários etc.) entendiam que esta organização
(A) constituía mais uma ameaça para a democracia
brasileira, ao difundir a ideologia comunista.
(B) contribuía com a valorização da genuína cultura
nacional, ao encenar peças de cunho popular.
(C) realizava uma tarefa que deveria ser exclusiva do
Estado, ao pretender educar o povo por meio da
cultura.
(D) prestava um serviço importante à sociedade
brasileira, ao incentivar a participação política dos
mais pobres.
(E) diminuía a força dos operários urbanos, ao substituir
os sindicatos como instituição de pressão política
sobre o governo.
.9. (ENEM-MEC)
Em 4 de julho de 1776, as treze colônias que vieram
inicialmente a constituir os Estados Unidos da América
(EUA) declaravam sua independência e justificavam a
ruptura do Pacto Colonial. Em palavras profundamente
subversivas para a época, afirmavam a igualdade dos
homens e apregoavam como seus direitos inalienáveis: o
direito à vida, à liberdade e à busca da felicidade.
Afirmavam que o poder dos governantes, aos quais cabia
a defesa daqueles direitos, derivava dos governados.
Esses conceitos revolucionários que ecoavam o
Iluminismo foram retomados com maior vigor e amplitude
treze anos mais tarde, em 1789, na França.
COSTA, Emília Viotti da. Apresentação da coleção. In: Wladimir Pomar.
Revolução Chinesa. São Paulo: UNESP, 2003 (com adaptações).
Considerando o texto acima, acerca da independência
dos EUA e da Revolução Francesa, assinale a opção
correta.
(A) A independência dos EUA e a Revolução Francesa
integravam o mesmo contexto histórico, mas se
baseavam em princípios e ideais opostos.
(B) O processo revolucionário francês identificou-se com
o movimento de independência norte-americana no
apoio ao absolutismo esclarecido.
(C) Tanto nos EUA quanto na França, as teses
iluministas sustentavam a luta pelo reconhecimento
dos direitos considerados essenciais à dignidade
humana.
(D) Por ter sido pioneira, a Revolução Francesa exerceu
forte influência no desencadeamento da
independência norte-americana.
(E) Ao romper o Pacto Colonial, a Revolução Francesa
abriu o caminho para as independências das
colônias ibéricas situadas na América.
.10. (ENEM-MEC)
O Estado de S. Paulo, 28/9/2004.
A situação abordada na tira torna explícita a contradição
entre a(s)
(A) relações pessoais e o avanço tecnológico.
(B) inteligência empresarial e a ignorância dos cidadãos.
(C) inclusão digital e a modernização das empresas.
(D) economia neoliberal e a reduzida atuação do Estado.
(E) revolução informática e a exclusão digital.
.11. (ENEM-MEC)
Em dezembro de 1998, um dos assuntos mais veiculados
nos jornais era o que tratava da moeda única europeia.
Leia a notícia destacada abaixo.
O nascimento do euro, a moeda única a ser adotada
por onze países europeus a partir de 1.º de janeiro, é
possivelmente, nos últimos dez anos, a mais importante
realização deste continente, que assistiu à derrubada do
Muro de Berlim, à reunificação das Alemanhas, à
libertação dos países da Cortina de Ferro e ao fim da
União Soviética. Enquanto todos esses eventos têm a ver
com a desmontagem de estruturas do passado, o euro é
uma ousada aposta no futuro e uma prova da vitalidade
da sociedade europeia. A “Euroland”, região abrangida
por Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Finlândia,
França, Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo e Portugal,
tem um PIB (Produto Interno Bruto) equivalente a quase
80% do americano, 289 milhões de consumidores e
responde por cerca de 20% do comércio internacional.
Com este cacife, o euro vai disputar com o dólar a
condição de moeda hegemônica.
Gazeta Mercantil, 30/12/1998.
A matéria refere-se à “desmontagem das estruturas do
passado”, que pode ser entendida como
(A) o fim da Guerra Fria, período de inquietação mundial
que dividiu o mundo em dois blocos ideológicos
opostos.
(B) a inserção de alguns países do Leste Europeu em
organismos supranacionais, com o intuito de exercer
o controle ideológico no mundo.
(C) a crise do capitalismo, do liberalismo e da
democracia, levando à polarização ideológica da
antiga URSS.
(D) a confrontação dos modelos socialista e capitalista,
para deter o processo de unificação das duas
Alemanhas.
(E) a prosperidade das economias capitalista e
socialista, com o consequente fim da Guerra Fria
entre os EUA e a URSS.
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.12. (ENEM-MEC)
As diferentes formas em que as sociedades se
organizam socioeconomicamente visam a atender suas
necessidades para a época. O liberalismo, atualmente,
assume papel crescente, com os Estados diminuindo sua
atuação em várias áreas, inclusive vendendo empresas
estatais. Da ideia de interferência estatal na economia,
do “Estado de Bem-Estar”, da assistência social ampla e
emprego garantido por lei, e, às vezes, à custa de
subsídios (na Europa defendido pela Social-Democracia),
caminha-se para um Estado enxuto e ágil, onde a
manutenção do progresso econômico e uma maior
liberdade na conquista do mercado são as formas de
assegurar ao cidadão o acesso ao bem-estar. Nem
sempre a população concorda.
Nesse contexto, as eleições gerais na Alemanha, em
1998, poderão levar Helmuth Kohl, com longa e frutuosa
carreira à frente daquele país, a entregar o posto ao
social-democrata Gerhard Schroeder.
O desemprego na Alemanha atinge seu ponto
máximo. A moeda única europeia será o fim do marco
alemão. A imagem de Helmuth Kohl começa a
desvanecer-se. Conseguirá vencer este ano? Seja como
for, ele luta. Mas recebeu um novo e tremendo golpe: o
Partido Liberal (FDP) deixou Kohl. O secretário-geral do
FDP, Guido Westerwelle declarou: “Começou o fim da
era Kohl!”
A Alemanha ajuda a concretizar o bloco econômico da
União Europeia. A participação neste bloco implica a
adoção de um sistema socioeconômico que
(A) dificulte a livre iniciativa econômica, inclusive das
grandes empresas na Alemanha.
(B) ofereça mercado europeu mais restrito aos produtos
e serviços alemães.
(C) diminua as oportunidades de iniciativa econômica
para os alemães em outros países e vice-versa.
(D) garanta o emprego, na Alemanha, pelo afastamento
da concorrência de outros países da própria União
Europeia.
(E) permita à economia alemã, por meio da união de
esforços com os países da União Europeia,
concorrer em melhores condições com países de
fora da União Europeia. ________________________________________________ *Anotações*
.13. (ENEM-MEC)
Depois de estudar as migrações, no Brasil, você lê o
seguinte texto:
O Brasil, por suas características de crescimento
econômico, e apesar da crise e do retrocesso das últimas
décadas, é classificado como um país moderno. Tal
conceito pode ser, na verdade, questionado se levarmos
em conta os indicadores sociais: o grande número de
desempregados, o índice de analfabetismo, o déficit de
moradia, o sucateamento da saúde, enfim, a avalanche
de brasileiros envolvidos e tragados num processo de
repetidas migrações [...]
VALIN, A. Migrações: da perda de terra à exclusão social.
São Paulo: Atuali, 1996, p. 50 (com adaptações).
Um dos fenômenos mais discutidos e polêmicos da
atualidade é a “globalização”, a qual impacta de forma
negativa
(A) na mão de obra desqualificada, desacelerando o
fluxo migratório.
(B) nos países subdesenvolvidos, aumentando o
crescimento populacional.
(C) no desenvolvimento econômico dos países
industrializados desenvolvidos.
(D) nos países subdesenvolvidos, provocando o
fenômeno da “exclusão social”.
(E) na mão de obra qualificada, proporcionando o
crescimento de ofertas de emprego e fazendo os
salários caírem vertiginosamente.
Texto para as questões 14 e 15.
Você está fazendo uma pesquisa sobre a globalização e
lê a seguinte passagem, em um livro:
A sociedade global
As pessoas se alimentam, se vestem, moram, se
comunicam, se divertem, por meio de bens e serviços
mundiais, utilizando mercadorias produzidas pelo
capitalismo mundial, globalizado.
Suponhamos que você vá com seus amigos comer
Big Mac e tomar Coca-Cola no McDonald’s. Em seguida,
assiste a um filme de Steven Spielberg e volta para casa
num ônibus de marca Mercedes.
Ao chegar em casa, liga seu aparelho de TV Philips
para ver o videoclipe de Michael Jackson e, em seguida,
deve ouvir um CD do grupo Simply Red, gravado pela
BMG Ariola Discos em seu equipamento AIWA.
Veja quantas empresas transnacionais estiveram
presentes nesse seu curto programa de algumas horas.
PRAXEDES et alii. O Mercosul. São Paulo:
Ática, 1997 (com adaptações).
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.14. (ENEM-MEC)
Com base no texto e em seus conhecimentos de
Geografia e História, marque a resposta correta.
(A) O capitalismo globalizado está eliminando as
particularidades culturais dos povos da Terra.
(B) A cultura, transmitida por empresas transnacionais,
tornou-se um fenômeno criador das novas nações.
(C) A globalização do capitalismo neutralizou o
surgimento de movimentos nacionalistas de forte
cunho cultural e divisionista.
(D) O capitalismo globalizado atinge apenas a Europa e
a América do Norte.
(E) Empresas transnacionais pertencem a países de
uma mesma cultura.
.15. (ENEM-MEC)
A leitura do texto ajuda você a compreender que:
I. a globalização é um processo ideal para garantir
o acesso a bens e serviços para toda a
população.
II. a globalização é um fenômeno econômico e, ao
mesmo tempo, cultural.
III. a globalização favorece a manutenção da
diversidade de costumes.
IV. filmes, programas de TV e música são
mercadorias como quaisquer outras.
V. as sedes das empresas transnacionais
mencionadas são os EUA, a Europa Ocidental e
o Japão.
Dessas afirmativas estão corretas
(A) I, II e IV, apenas.
(B) II, IV e V, apenas.
(C) II, III e IV, apenas.
(D) I, III e IV, apenas.
(E) III, IV e V, apenas.
________________________________________________ *Anotações*
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*MÓDULO 2*
Totalitarismo – Sem oposição
O nazifascismo
Logo depois da Primeira Guerra Mundial, a Itália se
encontrava em profunda crise econômica. O Partido
Socialista ganhava mais e mais adeptos, e as greves
tomavam conta do país. Nesse cenário, o ex-militante
socialista Benito Mussolini fundou, em 1919, o Partido
Fascista. O ideário ultranacionalista, oposto ao
socialismo e à democracia, conquistou adeptos até
dentro do governo. Com a forte pressão dos “camisas
negras”, como eram chamados os cada vez mais
numerosos militantes fascistas, o poder cedeu. Em 1922,
após a Marcha sobre Roma, Mussolini foi convidado a
assumir o cargo de primeiro-ministro.
Durante a década de 1920, o Duce (guia), apelido de
Mussolini, pôs em prática o novo regime. Jornais foram
fechados, adversários políticos acabaram mortos e o
corporativismo foi implantado, ou seja, o controle do
movimento operário com a institucionalização de
corporações que reuniam patrões e empregados. O culto
à personalidade de Mussolini era incentivado; as
crianças eram ensinadas nas escolas a adorar a figura
do Duce e os símbolos fascistas. Na década de 1930,
Mussolini implementou seu plano de expansão territorial,
buscando colônias na África a partir da invasão da
Etiópia.
A Alemanha, na mesma época, vivia um processo
semelhante. Arrasada após a derrota na Primeira Guerra,
que lhe impôs uma série de sanções econômicas e
militares, a nação sofria com inflação e pobreza.
Tentativas de revolução socialista fracassaram, assim
como um golpe planejado pelo Partido Nacional-
-Socialista dos Trabalhadores Alemães, ou Partido
Nazista, em 1923. O fato, conhecido como Putsch de
Munique, levou à prisão o líder do partido, Adolf Hitler, e
tornou-o mais conhecido. As ideias de Hitler e do
nazismo foram expressas no livro Minha Luta, escrito por
ele na prisão. No livro, Hitler tratava de temas como
totalitarismo, nacionalismo, militarismo, corporativismo,
expansionismo, anticomunismo (itens comuns ao
fascismo italiano) e racismo, sobretudo dirigido aos
judeus. Os alemães, segundo Hitler, pertenciam a uma
raça ariana, pura e superior.
Em 1932, com a situação econômica agravada pela
crise de 1929, os nazistas venceram as eleições gerais,
apoiados pela classe média, que temia o comunismo. Um
ano depois, Hitler foi nomeado primeiro-ministro. Chefe
de governo e de Estado a partir de 1934, Hitler
desfrutava poder absoluto, iniciando o Terceiro Reich,
nome que deu ao Estado alemão, incorporando
posteriormente outros territórios.
© AFP Benito Mussolini (à esquerda) e Adolf Hitler se encontram em Munique, na Alemanha, em 1940
Entre suas medidas econômicas, o intervencionismo e
uma política de frentes de trabalho, inclusive em ações
que visavam a impulsionar a indústria bélica, controlaram
a inflação e diminuíram o desemprego. Assim como o
Duce, o Führer impediu a formação de outros partidos,
perseguiu inimigos políticos e fechou jornais. Além disso,
iniciou uma perseguição aos judeus, confiscando seus
bens e segregando-os em guetos. Suas ideias de
expansão pela Europa e a remilitarização da Alemanha
(em desobediência às cláusulas do Tratado de
Versalhes, imposto à Alemanha após a Primeira Guerra
Mundial) seriam determinantes na eclosão da Segunda
Guerra. Terceiro aliado dos alemães e italianos na
guerra, o Japão vivia um regime monárquico nacionalista,
expansionista e racista.
O ideário fascista teve raízes em diversos países, com
formação de partidos ou grupos com maior ou menor
força nos anos 1930 na Espanha, em Portugal, nos
Estados Unidos, na Inglaterra, na França e até no Brasil,
onde se uniam sob a bandeira do integralismo.
Regimes totalitários são aqueles nos quais o poder
do Estado se concentra em um pequeno grupo de
pessoas. São governos de partido único e que
contam com um líder à frente de todos.
A Itália assistiu à ascensão do fascismo, liderado por
Benito Mussolini, no começo da década de 1920.
Mussolini virou presidente em 1922 e instaurou um
regime de medo.
Na Alemanha, o nazismo cresceu no mesmo período
e chegou ao poder na década de 1930, quando o
partido de Adolf Hitler venceu as eleições em meio à
grande crise econômica no país.
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A Gestapo, polícia secreta de Adolf Hitler, agia com
violência na repressão a eventuais opositores do
regime nazista e na perseguição de judeus. Muitas
de suas ações foram motivadas por denúncias de
cidadãos comuns contra vizinhos e até mesmo
parentes.
Nazismo e fascismo são ideologias que pregam o
nacionalismo, o militarismo, o totalitarismo e o
racismo como forma de controlar a sociedade.
Josef Stalin assumiu o poder na União Soviética em
1924 e implantou um regime totalitário, marcado pela
repressão violenta, pelo culto à personalidade e pela
burocratização do Estado.
Entre os conflitos mais marcantes da história da
civilização ocidental estão as guerras do Peloponeso
(entre Atenas e Esparta), Púnicas (Roma e Cartago),
dos Cem Anos (França e Inglaterra), dos Sete Anos
(Europa, Ásia e América do Norte) e Napoleônicas
(Europa).
Interesses imperialistas e uma nova formação de
Estados europeus estão entre as causas principais
da Primeira Guerra Mundial (1914-1917), também
chamada de Grande Guerra. Caracterizada pelas
batalhas de trincheiras, ela terminou com a derrota
alemã, que teve de assinar o Tratado de Versalhes.
Alemanha, Itália e Japão formaram o Eixo, aliança
que deflagrou a Segunda Guerra Mundial. Além de
desejar ampliar territórios, a Alemanha queria se
vingar pela humilhação sofrida depois do fim da
Grande Guerra.
O avanço alemão na Europa, iniciado em 1939, foi
contido em 1943 do lado oriental pelos soviéticos e,
depois do Dia D de 1944, no lado ocidental pelos
Aliados, que reuniam ingleses, norte-americanos e
forças mistas de resistência dos países ocupados.
No Pacífico, os norte-americanos derrotaram os
japoneses, mas a rendição foi assinada somente
depois do lançamento das bombas atômicas sobre
as cidades de Hiroshima e Nagasaki.
Após 1945, a Guerra Fria manteve o mundo dividido
em dois blocos: de um lado, os Estados Unidos e
seus aliados; do outro, a União Soviética e os países
incorporados à esfera socialista. Muitas guerras,
como a da Coreia e a do Vietnã, foram consequência
da Guerra Fria.
*ATENÇÃO, ESTUDANTE!*
Para complementar o estudo deste Módulo, utilize seu LIVRO DIDÁTICO.
*********** ATIVIDADES ***********
Texto para a questão 1.
Secreta e mortal
Com a ajuda de cidadãos comuns, a Gestapo se transformou na peça central do terror nazista
Em 1939, o médico Ludwig Kneisel foi ao quartel-
-general da polícia secreta do regime nazista para delatar
o “comportamento suspeito” de uma vizinha, a estudante
de música Ilse Sonja Totzke, que volta e meia era vista
conversando com judeus na pequena cidade alemã de
Wurtzburgo. No ano seguinte, foi a vez de uma jovem
colega de Ilse, chamada Gertrude Weiss, informar aos
agentes que a estudante nunca respondia à saudação
“Heil Hitler!”. Questionada pela Gestapo em um
interrogatório, Ilse confirmou que tinha amigos judeus.
Recebeu a ordem para romper essas amizades, mas não
obedeceu. Continuou sendo monitorada até o ponto de
ser enviada ao campo de concentração de Ravensbruck,
de onde jamais voltou.
Raros alemães desafiaram a Gestapo, a exemplo de
Ilse. Milhões, contudo, viveram no mesmo clima de
pavor, em que todos eram denunciantes e potenciais
denunciados. A polícia secreta de Adolf Hitler tinha a
fama de ser infalível e implacável, quase onisciente, até.
Hoje, porém, historiadores têm uma visão distinta.
Embora fosse a peça central do terror nazista e agisse
praticamente acima da lei, a Gestapo não teria a mesma
eficácia sem a colaboração de cidadãos comuns, como
Kneisel e Weiss. Em Krefeld, por exemplo, com 170 mil
habitantes, a polícia secreta tinha apenas 13 oficiais —
um para cada 13 mil habitantes. Entre 1933 e 1939, 41%
dos processos contra judeus nessa cidade foram
iniciados por denúncias de civis. Alguns delatores
chegaram a integrar uma “rede de espionagem” da
instituição, dispostos a dedurar pelo bem do país — ou
aproveitar a ocasião para resolver desavenças pessoais.
Implacável com todos que fossem considerados inimigos do nazismo, a polícia secreta de Hitler espalhou o terror sob o comando de Himmler (centro)
© AFP
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A Gestapo foi criada em 1933 e teve como primeiras
vítimas os comunistas, social-democratas e demais
adversários políticos do regime nazista. No início, a
maioria dos agentes atuava atrás da escrivaninha,
analisando denúncias. Nas batidas em locais suspeitos,
nas ruas, frequentemente andavam à paisana. Mas, sob
o comando de Heinrich Himmler a partir de 1934, tornou-
-se cada vez mais violenta. Comandante da temida SS, a
tropa de elite do regime nazista, Himmler já havia se
revelado um dos maiores carrascos da população judia
ainda antes da guerra. A perseguição começou com um
boicote econômico às suas lojas, ordenado por Hitler, em
1933. Dois anos depois, as Leis de Nuremberg cassaram
a cidadania dos judeus e declararam ilegais os
casamentos entre eles e pessoas de “sangue alemão”.
Qualquer contato passou a ser visto pelo regime como
um crime em potencial. Quando estourou a Segunda
Guerra, em 1939, membros da Gestapo passaram a
integrar esquadrões da morte que seguiam o Exército
nos países ocupados, eliminando quem bem quisessem
— principalmente os judeus.
A perseguição se intensificou para valer com a Noite
dos Cristais, em 9 de novembro de 1938. Uma onda de
ira popular varreu a Alemanha em represália ao
assassinato de um diplomata, em Paris, por um judeu
polonês, revoltado com a perseguição a seu povo. Os
tumultos foram insuflados pelos escritórios locais da
Gestapo. Deixaram mais de 90 judeus mortos e centenas
de feridos. Cerca de 30 mil pessoas foram enviadas a
campos de concentração. Durante a guerra, o controle
social foi radicalizado. O regime de exceção podia
considerar delito qualquer frase dita em público que
pudesse ofender “a vontade do povo alemão”. A Gestapo
se tornara mais poderosa do que nunca. Himmler
conseguira unificar todas as forças policiais do país e
submetê-las à SS com a criação do Escritório Central de
Segurança do Reich (RSHA). Em 1940, a polícia secreta
foi liberada de cumprir o Decreto do Reichstag. Ou seja,
na prática, podia atuar como legislador, juiz, jurado e
executor. Assim, tornou-se a última instância responsável
pelo destino dos judeus.
Em 1946, o Tribunal de Nuremberg julgou os 22
criminosos de guerra mais importantes da Alemanha.
Doze foram condenados à morte. A Gestapo foi definida
como uma organização criminosa, e a corte resolveu que
os responsáveis pagariam por seus crimes. Himmler já
havia se suicidado no ano anterior, mas vários
mandachuvas menos conhecidos, como Richard
Schulenburg, puderam reorganizar sua vida
normalmente. Aos 68 anos, o ex-chefe de assuntos
judaicos em Krefeld pleiteou uma pensão do Estado,
alegando ter sido obrigado a integrar a Gestapo. Deu
certo: recebeu pensão até morrer, aos 82 anos.
Aventuras na História, set. 2010 (com adaptações).
.1. (AED-SP)
O texto relata o gradual aumento de poder da Gestapo.
Destaque alguns fatos que justificam essa afirmação.
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.2. (ENEM-MEC)
O Massacre da Floresta de Katyn foi noticiado pela
primeira vez pelos alemães em abril de 1943. Numa
colina na Rússia, soldados nazistas encontraram
aproximadamente doze mil cadáveres. Empilhado em
valas estava um terço da oficialidade do Exército
polonês, entre os quais, vários engenheiros, técnicos e
cientistas. Os nazistas aproveitaram-se ao máximo do
episódio em sua propaganda antissoviética. Em menos
de dois anos, porém, a Alemanha foi derrotada e a
Polônia caiu na órbita da União Soviética — a qual
reescreveu a história, atribuindo o massacre de Katyn
aos nazistas. A Polônia inteira sabia tratar-se de uma
mentira; mas quem o dissesse enfrentaria tortura, exílio
ou morte.
Disponível em: http://veja.abril.com.br.
Acesso em: 19/5/2009 (adaptado).
Como o Massacre de Katyn e a farsa montada em torno
desse episódio se relacionam com a construção da
chamada Cortina de Ferro?
(A) A aniquilação foi planejada pelas elites dirigentes
polonesas como parte do processo de integração de
seu país ao bloco soviético.
(B) A construção de uma outra memória sobre o
Massacre de Katyn teve o sentido de tornar menos
odiosa e ilegítima, aos poloneses, a subordinação de
seu país ao regime stalinista.
(C) O Exército polonês havia aderido ao regime nazista,
o que levou Stalin a encará-lo como um possível foco
de restauração do Reich após a derrota alemã.
(D) A Polônia era a última fronteira capitalista do Leste
Europeu e a dominação desse país garantiria acesso
ao mar Adriático.
(E) A aniquilação do Exército polonês e a expropriação
da burguesia daquele país eram parte da estratégia
de revolução permanente e mundial defendida por
Stalin.
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.3. (ENEM-MEC)
Os regimes totalitários da primeira metade do século
XX apoiaram-se fortemente na mobilização da juventude
em torno da defesa de ideias grandiosas para o futuro da
nação. Nesses projetos, os jovens deveriam entender
que só havia uma pessoa digna de ser amada e
obedecida, que era o líder. Tais movimentos sociais
juvenis contribuíram para a implantação e a sustentação
do nazismo, na Alemanha, e do fascismo, na Itália,
Espanha e Portugal.
A atuação desses movimentos juvenis caracterizava-se
(A) pelo sectarismo e pela forma violenta e radical com
que enfrentavam os opositores ao regime.
(B) pelas propostas de conscientização da população
acerca dos seus direitos como cidadãos.
(C) pela promoção de um modo de vida saudável, que
mostrava os jovens como exemplos a seguir.
(D) pelo diálogo, ao organizar debates que opunham
jovens idealistas e velhas lideranças conservadoras.
(E) pelos métodos políticos populistas e pela
organização de comícios multitudinários.
.4. (ENEM-MEC)
O príncipe, portanto, não deve se incomodar com a
reputação de cruel, se seu propósito é manter o povo
unido e leal. De fato, com uns poucos exemplos duros
poderá ser mais clemente do que outros que, por muita
piedade, permitem os distúrbios que levem ao assassínio
e ao roubo.
MAQUIAVEL, N. O Príncipe. São Paulo:
Martin Claret, 2009.
No século XVI, Maquiavel escreveu O Príncipe, reflexão
sobre a Monarquia e a função do governante. A
manutenção da ordem social, segundo esse autor,
baseava-se na
(A) inércia do julgamento de crimes polêmicos.
(B) bondade em relação ao comportamento dos
mercenários.
(C) compaixão quanto à condenação de transgressões
religiosas.
(D) neutralidade diante da condenação dos servos.
(E) conveniência entre o poder tirânico e a moral do
príncipe.
________________________________________________ *Anotações*
.5. (ENEM-MEC)
QUINO. Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
Democracia: “regime político no qual a soberania é
exercida pelo povo, pertence ao conjunto dos cidadãos.”
JAPIASSÚ, H.; MARCONDES, D. Dicionário Básico
de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2006.
Uma suposta “vacina” contra o despotismo, em um
contexto democrático, tem por objetivo
(A) impedir a contratação de familiares para o serviço
público.
(B) reduzir a ação das instituições constitucionais.
(C) combater a distribuição equilibrada de poder.
(D) evitar a escolha de governantes autoritários.
(E) restringir a atuação do Parlamento.
.6. (ENEM-MEC)
Para os amigos pão, para os inimigos pau; aos amigos
se faz justiça, aos inimigos aplica-se a lei.
LEAL, V. N. Coronelismo, enxada e voto.
São Paulo: Alfa Omega, 2008.
Esse discurso, típico do contexto histórico da República
Velha e usado por chefes políticos, expressa uma
realidade caracterizada
(A) pela força política dos burocratas do nascente
Estado republicano, que utilizavam de suas
prerrogativas para controlar e dominar o poder nos
municípios.
(B) pelo controle político dos proprietários no interior do
país, que buscavam, por meio dos seus currais
eleitorais, enfraquecer a nascente burguesia
brasileira.
(C) pelo mandonismo das oligarquias no interior do
Brasil, que utilizavam diferentes mecanismos
assistencialistas e de favorecimento para garantir o
controle dos votos.
(D) pelo domínio político de grupos ligados às velhas
instituições monárquicas e que não encontraram
espaço de ascensão política na nascente República.
(E) pela aliança política firmada entre as oligarquias do
Norte e Nordeste do Brasil, que garantiria uma
alternância no poder federal de presidentes
originários dessas regiões.
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.7. (ENEM-MEC)
Os generais abaixo-assinados, de pleno acordo com o
Ministro da Guerra, declaram-se dispostos a promover
uma ação enérgica junto ao governo no sentido de
contrapor medidas decisivas aos planos comunistas e
seus pregadores e adeptos, independentemente da
esfera social a que pertençam. Assim procedem no
exclusivo propósito de salvarem o Brasil e suas
instituições políticas e sociais da hecatombe que se
mostra prestes a explodir.
Ata de reunião no Ministério da Guerra, 28/9/1937. In: BONAVIDES, P.;
AMARAL, R. Textos políticos da história do Brasil. Vol. 5. Brasília:
Senado Federal, 2002 (adaptado).
Levando em conta o contexto político-institucional dos
anos 1930 no Brasil, pode-se considerar o texto como
uma tentativa de justificar a ação militar que iria
(A) debelar a chamada Intentona Comunista, acabando
com a possibilidade da tomada do poder pelo PCB.
(B) reprimir a Aliança Nacional Libertadora, fechando
todos os seus núcleos e prendendo os seus líderes.
(C) desafiar a Ação Integralista Brasileira, afastando o
perigo de uma guinada autoritária para o fascismo.
(D) instituir a ditadura do Estado Novo, cancelando as
eleições de 1938 e reescrevendo a Constituição do
país.
(E) combater a Revolução Constitucionalista, evitando
que os fazendeiros paulistas retomassem o poder
perdido em 1930.
.8. (ENEM-MEC)
Disponível em: http://pimentacomlimao.files.wordpress.com.
Acesso em: 17/4/2010 (adaptado).
A charge remete ao contexto do movimento que ficou
conhecido como Diretas Já, ocorrido entre os anos de
1983 e 1984. O elemento histórico evidenciado na
imagem é
(A) a insistência dos grupos políticos de esquerda em
realizar atos políticos ilegais e com poucas chances
de serem vitoriosos.
(B) a mobilização em torno da luta pela democracia
frente ao regime militar, cada vez mais
desacreditado.
(C) o diálogo dos movimentos sociais e dos partidos
políticos, então existentes, com os setores do
governo interessados em negociar a abertura.
(D) a insatisfação popular diante da atuação dos partidos
políticos de oposição ao regime militar criados no
início dos anos 80.
(E) a capacidade do regime militar em impedir que as
manifestações políticas acontecessem.
.9. (ENEM-MEC)
Os três tipos de poder representam três diversos tipos
de motivações: no poder tradicional, o motivo da
obediência é a crença na sacralidade da pessoa do
soberano; no poder racional, o motivo da obediência
deriva da crença na racionalidade do comportamento
conforme a lei; no poder carismático, deriva da crença
nos dotes extraordinários do chefe.
BOBBIO, N. Estado, Governo, Sociedade: para uma teoria geral
da política. São Paulo: Paz e Terra, 1999 (adaptado).
O texto apresenta três tipos de poder que podem ser
identificados em momentos históricos distintos.
Identifique o período em que a obediência esteve
associada predominantemente ao poder carismático:
(A) República Federalista Norte-Americana.
(B) República Fascista Italiana no século XX.
(C) Monarquia Teocrática do Egito Antigo.
(D) Monarquia Absoluta Francesa no século XVII.
(E) Monarquia Constitucional Brasileira no século XIX.
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.10. (ENEM-MEC)
Charge capa da revista O Malho, de 1904. Disponível em:
http://1.bp.blogspot.com. Acesso em: 21/3/2011.
A imagem representa as manifestações nas ruas da
cidade do Rio de Janeiro, na primeira década do século
XX, que integraram a Revolta da Vacina. Considerando o
contexto político-social da época, essa revolta revela
(A) a insatisfação da população com os benefícios de
uma modernização urbana autoritária.
(B) a consciência da população pobre sobre a
necessidade de vacinação para a erradicação das
epidemias.
(C) a garantia do processo democrático instaurado com
a República, através da defesa da liberdade de
expressão da população.
(D) o planejamento do governo republicano na área de
saúde, que abrangia a população em geral.
(E) o apoio ao governo republicano pela atitude de
vacinar toda a população em vez de privilegiar a
elite.
.11. (ENEM-MEC)
A consolidação do regime democrático no Brasil
contra os extremismos da esquerda e da direita exige
ação enérgica e permanente no sentido do
aprimoramento das instituições políticas e da realização
de reformas corajosas no terreno econômico, financeiro e
social.
Mensagem programática da União Democrática Nacional (UDN) — 1957.
Os trabalhadores deverão exigir a constituição de um
governo nacionalista e democrático, com participação
dos trabalhadores para a realização das seguintes
medidas: a) Reforma bancária progressista; b) Reforma
agrária que extinga o latifúndio; c) Regulamentação da
Lei de Remessas de Lucros.
Manifesto do Comando Geral dos Trabalhadores (CGT) — 1962.
BONAVIDES, P.; AMARAL, R. Textos políticos da história do Brasil.
Brasília: Senado Federal, 2002.
Nos anos 1960, eram comuns as disputas pelo
significado de termos usados no debate político, como
“democracia” e “reforma”. Se, para os setores
aglutinados em torno da UDN, as reformas deveriam
assegurar o livre mercado, para aqueles organizados no
CGT, elas deveriam resultar em
(A) fim da intervenção estatal na economia.
(B) crescimento do setor de bens de consumo.
(C) controle do desenvolvimento industrial.
(D) atração de investimentos estrangeiros.
(E) limitação da propriedade privada.
.12. (ENEM-MEC)
Os Jogos Olímpicos tiveram início na Grécia, em 776
a.C., para celebrar uma declaração de paz. Na sociedade
contemporânea, embora mantenham como ideal o
congraçamento entre os povos, os Jogos Olímpicos têm
sido palco de manifestações de conflitos políticos. Dentre
os acontecimentos apresentados abaixo, o único que
evoca um conflito armado e sugere sua superação,
reafirmando o ideal olímpico, ocorreu
(A) em 1980, em Moscou, quando os norte-americanos
deixaram de comparecer aos Jogos Olímpicos.
(B) em 1964, em Tóquio, quando um atleta nascido em
Hiroshima foi escolhido para carregar a tocha
olímpica.
(C) em 1956, em Melbourne, quando a China abandonou
os Jogos porque a representação de Formosa
também havia sido convidada para participar.
(D) em 1948, em Londres, quando os alemães e os
japoneses não foram convidados a participar.
(E) em 1936, em Berlim, quando Hitler abandonou o
estádio ao serem anunciadas as vitórias do
universitário negro, Jesse Owens, que recebeu
quatro medalhas.
.13. (ENEM-MEC)
A primeira metade do século XX foi marcada por
conflitos e processos que a inscreveram como um dos
mais violentos períodos da história humana.
Entre os principais fatores que estiveram na origem dos
conflitos ocorridos durante a primeira metade do século
XX estão
(A) a crise do colonialismo, a ascensão do nacionalismo
e o totalitarismo.
(B) o enfraquecimento do império britânico, a Grande
Depressão e a corrida nuclear.
(C) o declínio britânico, o fracasso da Liga das Nações e
a Revolução Cubana.
(D) a corrida armamentista, o terceiro-mundismo e o
expansionismo soviético.
(E) a Revolução Bolchevique, o imperialismo e a
unificação da Alemanha.
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.14. (ENEM-MEC)
As secas e o apelo econômico da borracha — produto
que no final do século XIX alcançava preços altos nos
mercados internacionais — motivaram a movimentação
de massas humanas oriundas do Nordeste do Brasil para
o Acre. Entretanto, até o início do século XX, essa região
pertencia à Bolívia, embora a maioria da sua população
fosse brasileira e não obedecesse à autoridade boliviana.
Para reagir à presença de brasileiros, o governo de La
Paz negociou o arrendamento da região a uma entidade
internacional, o Bolivian Syndicate, iniciando violentas
disputas dos dois lados da fronteira. O conflito só
terminou em 1903, com a assinatura do Tratado de
Petrópolis, pelo qual o Brasil comprou o território por 2
milhões de libras esterlinas.
Disponível em: www.mre.gov.br. Acesso em:
3/11/2008 (adaptado).
Compreendendo o contexto em que ocorreram os fatos
apresentados, o Acre tornou-se parte do território
nacional brasileiro
(A) pela formalização do Tratado de Petrópolis, que
indenizava o Brasil pela sua anexação.
(B) por meio do auxílio do Bolivian Syndicate aos
emigrantes brasileiros na região.
(C) devido à crescente emigração de brasileiros que
exploravam os seringais.
(D) em função da presença de inúmeros imigrantes
estrangeiros na região.
(E) pela indenização que os emigrantes brasileiros
pagaram à Bolívia.
.15. (ENEM-MEC)
Substitui-se então uma história crítica, profunda, por
uma crônica de detalhes onde o patriotismo e a bravura
dos nossos soldados encobrem a vilania dos motivos que
levaram a Inglaterra a armar brasileiros e argentinos para
a destruição da mais gloriosa República que já se viu na
América Latina, a do Paraguai.
CHIAVENATTO, J. J. Genocídio americano: A Guerra do
Paraguai. São Paulo: Brasiliense, 1979 (adaptado).
O imperialismo inglês, “destruindo o Paraguai,
mantém o status quo na América Meridional, impedindo a
ascensão do seu único Estado economicamente livre”.
Essa teoria conspiratória vai contra a realidade dos fatos
e não tem provas documentais. Contudo essa teoria tem
alguma repercussão.
DORATIOTO, F. Maldita guerra: nova história da Guerra do
Paraguai. São Paulo: Cia. das Letras, 2002 (adaptado).
Uma leitura dessas narrativas divergentes demonstra que
ambas estão refletindo sobre
(A) a carência de fontes para pesquisa sobre os reais
motivos dessa Guerra.
(B) o caráter positivista das diferentes versões sobre
essa Guerra.
(C) o resultado das intervenções britânicas nos cenários
de batalha.
(D) a dificuldade de elaborar explicações convincentes
sobre os motivos dessa Guerra.
(E) o nível de crueldade das ações do exército brasileiro
e argentino durante o conflito.
________________________________________________ *Anotações*
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*MÓDULO 3*
Trabalho – Produção
O nascimento da produção
O trabalho dos hominídeos (família de primatas que
compreende o homem e seus ancestrais) e dos primeiros
homens consistia em caçar, pescar, coletar frutas, folhas
e raízes e se defender de ataques de outros animais.
Para conseguir sobreviver, movia-se por longas
distâncias, mudando constantemente de região, e até
mesmo alcançando novos continentes. Por volta de
12.000 a.C., no fim da última era glacial, o solo ficou mais
fértil e o clima, mais ameno. O homem passou a viver
próximo de rios e lagos por um período maior. Aos
poucos, notou que os grãos que caíam no solo
germinavam e geravam outras plantas.
REPRODUÇÃO
Placa com linguagem etrusca
O domínio da agricultura, que, como se sabe hoje,
ocorreu simultaneamente em várias partes do mundo, foi
alcançado há cerca de 10.000 anos. Foi um
acontecimento revolucionário para nossa espécie:
marcou o fim da vida nômade. O homem começou a se
fixar em determinadas regiões. A utilização da agricultura
fez com que o homem elaborasse meios para controlar e
melhorar seu sustento. Com o tempo, a noção se
estruturou. Instrumentos foram criados para trabalhar a
terra, e os animais já não serviam apenas como alimento
e fonte de vestimenta — eram também importantes como
força de trabalho.
A vida sedentária e o cultivo do solo levaram ao
surgimento de aglomerados humanos, que se
transformaram em vilas e cidades. O trabalho começou a
se diversificar: alguns homens plantavam, outros
fabricavam instrumentos, havia aqueles que construíam
reservatórios e diques e, por fim, um grupo que
organizava o trabalho dos outros. Guerras surgiram pelo
controle de territórios, e os derrotados se transformavam
muitas vezes em escravos. Surgia, assim, uma divisão
de classes baseada no poder econômico e na
capacidade militar.
Ao mesmo tempo, a necessidade de controlar uma
sociedade cada vez mais complexa resultou nas
primeiras estruturas de ordenamento social, um embrião
do que hoje conhecemos por Estado. Em algumas
sociedades, essa organização incipiente rapidamente se
sofisticou na figura de um governante centralizado, um
rei (ou faraó, no caso dos egípcios). Foi uma evolução
lenta e que paulatinamente mudou o modo de produção,
batizado por alguns historiadores de asiático, pois se
desenvolveu no Oriente Médio (babilônios, assírios,
fenícios, hebreus e persas) e nas regiões onde hoje
ficam o Egito, a China e a Índia.
Da coleta à fabricação
Os principais modos de produzir riqueza durante a Antiguidade
PRIMITIVO: É o modo usado pelos seres humanos pré-
-históricos. Não havia produção para a subsistência: o
homem colhia, caçava e pescava para se alimentar e
dependia de sua mobilidade (nomadismo) para encontrar
regiões mais férteis. Não havia divisão de classes, Estado
nem propriedade privada das terras.
ASIÁTICO: Ao dominar a agricultura, o homem deixa de ser
nômade e se fixa em regiões mais produtivas, como
margens de rios e lagos. Ao fazê-lo, desenvolve um conceito
de propriedade. A criação e a fabricação de utensílios para a
agricultura geram novos trabalhos e trabalhadores. O
aumento das populações nos locais mais férteis favorece o
surgimento de vilas e cidades, que, por sua vez, dão início a
uma divisão de classes. Obras maiores, para conter cheias,
tornam o trabalho ainda mais especializado e acabam
conduzindo à criação da escrita. A necessidade de organizar
imensos contingentes populacionais para a edificação de
grandes obras de irrigação fez com que esses povos
vivessem em impérios teocráticos, extremamente
centralizados. Esse modo de produção foi predominante em
algumas sociedades da Antiguidade.
Trabalhar a terra e cultivar o próprio alimento foi a
primeira grande revolução no modo de produção do
homem. Foi a partir da Revolução Agrícola que
surgiram a escrita e as mais importantes sociedades
da Antiguidade. Com a agricultura, o ser humano
tornou-se sedentário, criou cidades que se
organizaram em Estados e viu surgir a figura do rei
como o governante que centralizava o poder dessas
novas sociedades.
Os gregos e os romanos dependiam da agricultura e
do comércio com civilizações mediterrâneas. O uso
de escravos, normalmente capturados em guerras,
era comum nessas sociedades. Eles eram
onipresentes e respondiam por várias funções
importantes para as cidades, incluindo a de lecionar.
O modo de produção feudal dependia da agricultura.
Servos trabalhavam pela subsistência e enriqueciam
os senhores donos da terra. Os servos plantavam
num sistema de aproveitamento da terra com o
revezamento de diferentes culturas.
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O comércio se fortaleceu a partir do século XII na
Europa. Foi quando começou a surgir uma nova
classe, a burguesia.
A Revolução Industrial consolidou o modo de
produção capitalista, caracterizado por trabalhadores
assalariados, propriedade privada e dos meios de
produção, foco no lucro e valorização do maior
acúmulo possível do capital.
O capitalismo ficou mais complexo com a diminuição
da concorrência e o surgimento de grandes
conglomerados das mais diversas áreas produtivas.
*ATENÇÃO, ESTUDANTE!*
Para complementar o estudo deste Módulo, utilize seu LIVRO DIDÁTICO.
*********** ATIVIDADES ***********
Texto para a questão 1.
Dinheiro também é cultura
A inovação financeira sempre foi um fator central no avanço da civilização
Em novembro de 2008, quando os mercados
financeiros mundiais estavam mergulhados no pânico
absoluto, a rainha Elizabeth II, da Inglaterra, visitou a
London School of Economics para inaugurar um novo
prédio. Na ocasião, aproveitou para perguntar aos
professores da tradicional escola de economia o motivo
da irrupção de uma das mais profundas crises
econômicas da história. “Mas como ninguém percebeu o
que estava acontecendo?”, questionou a rainha, que é
famosa por sempre manter a fleuma e evitar ao máximo
emitir opiniões sobre qualquer assunto. Ela não esteve
sozinha, obviamente, ao pôr em dúvida o tirocínio dos
economistas. Desde a eclosão da crise, eles e seus
modelos teóricos caíram em desgraça. As ferramentas
financeiras desenvolvidas nos últimos cinquenta anos
foram classificadas de inúteis, nas críticas mais amenas,
ou de perniciosas, nas mais acerbas. Também voltou
com força a ideia de que as bolsas não são mais do que
cassinos vulgares, nos quais espertalhões fazem fortuna
à custa de inocentes. Escrito por um súdito da rainha, o
historiador escocês Niall Ferguson, o livro A Ascensão do
Dinheiro ajuda a combater esse espírito. Primeiro, ao
demonstrar que a inovação financeira sempre foi um fator
central no avanço das sociedades — ou mesmo das
civilizações. Em segundo lugar, por conferir à reflexão
econômica a sua devida dimensão de aventura
intelectual.
“Atrás de cada fenômeno histórico grandioso existe
um segredo financeiro”, afirma Ferguson. O livro traça a
história das finanças desde os seus primórdios, na
Mesopotâmia. E essa história, diz Ferguson, não deve
ser vista apenas como um pano de fundo para os
grandes acontecimentos da cultura e da política. Todos
os fios estão entretecidos. Na transição dos séculos XIV
e XV, por exemplo, o florescimento dos negócios
bancários na Itália foi condição indispensável para que a
Renascença tivesse seus esplendores. Da mesma forma,
a criação das finanças corporativas foi alicerce para o
império britânico, e a expansão da indústria de seguros e
do crédito ao consumidor, um pressuposto da
prosperidade americana no século XX. Ferguson,
obviamente, não deixa de registrar os momentos de
ruptura. Seria uma das “verdades perenes” da história
financeira o fato de que, “mais cedo ou mais tarde, as
bolhas sempre explodem”. No balanço geral da história,
contudo, os ganhos sempre se sobrepõem às perdas.
Ferguson rejeita peremptoriamente a tese de que a
pobreza decorre da exploração de homens simples por
financistas predatórios. “A pobreza”, diz ele, “tem muito
mais a ver com a falta de instituições financeiras e de
bancos do que com sua presença”.
Na transição
do século XIV
para o século XV,
os esplendores
da Renascença só
se tornaram viáveis
pelo florescimento
dos negócios
bancários na Itália
© AFP
O livro de Ferguson também é valioso por apontar
muitos dos personagens que, ao longo dos séculos,
foram responsáveis pelas grandes inovações no mundo
das finanças. São figuras como o matemático italiano
Leonardo de Pisa, ou Fibonacci, responsável pela
introdução do sistema decimal na Europa da Idade
Média, ou o barão Nathan de Rothschild, um dos
fundadores da· dinastia de financistas que dominou o
sistema bancário europeu no século XIX e aperfeiçoou a
emissão de títulos de dívidas de países. Aparecem, por
fim, alguns dos pais do pensamento financeiro
contemporâneo, calcado na matemática e que deu base
para o extraordinário crescimento daquilo que Ferguson
chama de “Planeta Finanças”, com sua miríade de títulos
e derivativos. São acadêmicos ainda vivos e atuantes,
como Harry Markowitz, pioneiro no estudo de
diversificação de carteiras de investimentos, e Myron
Scholes, que, junto com Fischer Black (já falecido),
desenvolveu a fórmula de Black-Scholes, uma equação
matemática utilizada para dar preço a ativos financeiros.
Veja, 26/8/2009 (adaptado).
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.1. (AED-SP)
O texto menciona alguns momentos importantes da
história que, de acordo com o historiador Niall Ferguson,
estiveram intimamente relacionados a aspectos
financeiros. Que momentos históricos são esses e quais
os aspectos financeiros relacionados a cada um deles?
___________________________________________________
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.2. (ENEM-MEC)
A Revolução Industrial ocorrida no final do século
XVIII transformou as relações do homem com o trabalho.
As máquinas mudaram as formas de trabalhar, e as
fábricas concentraram-se em regiões próximas às
matérias-primas e grandes portos, originando vastas
concentrações humanas. Muitos dos operários vinham da
área rural e cumpriam jornadas de trabalho de 12 a 14
horas, na maioria das vezes em condições adversas. A
legislação trabalhista surgiu muito lentamente ao longo
do século XIX, e a diminuição da jornada de trabalho
para oito horas diárias concretizou-se no início do século
XX.
Pode-se afirmar que as conquistas no início deste século,
decorrentes da legislação trabalhista, estão relacionadas
com
(A) a expansão do capitalismo e a consolidação dos
regimes monárquicos constitucionais.
(B) a expressiva diminuição da oferta de mão de obra,
devido à demanda por trabalhadores especializados.
(C) a capacidade de mobilização dos trabalhadores em
defesa dos seus interesses.
(D) o crescimento do Estado ao mesmo tempo em que
diminuía a representação operária nos Parlamentos.
(E) a vitória dos partidos comunistas nas eleições das
principais capitais europeias.
.3. (ENEM-MEC)
“[...] Um operário desenrola o arame, o outro o
endireita, um terceiro corta, um quarto o afia nas pontas
para a colocação da cabeça do alfinete; para fazer a
cabeça do alfinete requerem-se 3 ou 4 operações
diferentes; [...]”
SMITH, Adam. A Riqueza das Nações. Investigação sobre a sua
natureza e suas causas. Vol. I. São Paulo: Nova Cultural, 1985.
Jornal do Brasil, 19/2/1997.
A respeito do texto e do quadrinho são feitas as
seguintes afirmações:
I. Ambos retratam a intensa divisão do trabalho, à
qual são submetidos os operários.
II. O texto refere-se à produção informatizada e o
quadrinho, à produção artesanal.
III. Ambos contêm a ideia de que o produto da
atividade industrial não depende do
conhecimento de todo o processo por parte do
operário.
Dentre essas afirmações, apenas
(A) I está correta.
(B) II está correta.
(C) III está correta.
(D) I e II estão corretas.
(E) I e III estão corretas.
.4. (ENEM-MEC)
Desiguais na fisionomia, na cor e na raça, o que lhes
assegura identidade peculiar, são iguais enquanto frente
de trabalho. Num dos cantos, as chaminés das indústrias
se alçam verticalmente. No mais, em todo o quadro,
rostos colados, um ao lado do outro, em pirâmide que
tende a se prolongar infinitamente, como mercadoria que
se acumula, pelo quadro afora.
Nádia Gotlib. Tarsila do Amaral, a modernista.
Tarsila do Amaral, Operários.
O texto aponta no quadro de Tarsila do Amaral um tema
que também se encontra nos versos transcritos em:
(A) “Pensem nas meninas / Cegas inexatas / Pensem
nas mulheres / Rotas alteradas.” (Vinicius de Moraes)
(B) “Somos muitos severinos / iguais em tudo e na sina: /
a de abrandar estas pedras / suando-se muito em
cima.” (João Cabral de Melo Neto)
(C) “O funcionário público / não cabe no poema / com
seu salário de fome / sua vida fechada em arquivos.” (Ferreira Gullar)
CHH História _________________________________________________________________________________________________________________________
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(D) “Não sou nada. / Nunca serei nada. / Não posso
querer ser nada. / À parte isso, tenho em mim todos
os sonhos do mundo.”
(Fernando Pessoa)
(E) “Os inocentes do Leblon / Não viram o navio entrar
[...] / Os inocentes, definitivamente inocentes tudo
ignoravam, / mas a areia é quente, e há um óleo
suave / que eles passam pelas costas, e aquecem.”
(Carlos Drummond de Andrade)
.5. (ENEM-MEC)
As tiras ironizam uma célebre fábula e a conduta dos
governantes. Tendo como referência o estado atual dos
países periféricos, pode-se afirmar que nessas histórias
está contida a seguinte ideia:
(A) Crítica à precária situação dos trabalhadores ativos e
aposentados.
(B) Necessidade de atualização crítica de clássicos da
literatura.
(C) Menosprezo governamental com relação a questões
ecologicamente corretas.
(D) Exigência da inserção adequada da mulher no
mercado de trabalho.
(E) Aprofundamento do problema social do desemprego
e do subemprego.
.6. (ENEM-MEC)
Após a Independência, integramo-nos como
exportadores de produtos primários à divisão
internacional do trabalho, estruturada ao redor da Grã-
-Bretanha. O Brasil especializou-se na produção, com
braço escravo importado da África, de plantas tropicais
para a Europa e a América do Norte. Isso atrasou o
desenvolvimento de nossa economia por pelo menos uns
oitenta anos. Éramos um país essencialmente agrícola e
tecnicamente atrasado por depender de produtores
cativos. Não se poderia confiar a trabalhadores forçados
outros instrumentos de produção que os mais toscos e
baratos.
O atraso econômico forçou o Brasil a se voltar para
fora. Era do exterior que vinham os bens de consumo
que fundamentavam um padrão de vida “civilizado”,
marca que distinguia as classes cultas e “naturalmente”
dominantes do povaréu primitivo e miserável. [...] E de
fora vinham também os capitais que permitiam iniciar a
construção de uma infraestrutura de serviços urbanos, de
energia, transportes e comunicações.
SINGER, Paul. Evolução da economia e vinculação internacional. In:
SACHS, I.; WILLHEIM, J.; PINHEIRO, P. S. (orgs.). Brasil: um século
de transformações. São Paulo: Cia. das Letras, 2001, p. 80.
Levando-se em consideração as afirmações acima,
relativas à estrutura econômica do Brasil por ocasião da
independência política (1822), é correto afirmar que o
país
(A) se industrializou rapidamente devido ao
desenvolvimento alcançado no período colonial.
(B) extinguiu a produção colonial baseada na escravidão
e fundamentou a produção no trabalho livre.
(C) se tornou dependente da economia europeia por
realizar tardiamente sua industrialização em relação
a outros países.
(D) se tornou dependente do capital estrangeiro, que foi
introduzido no país sem trazer ganhos para a
infraestrutura de serviços urbanos.
(E) teve sua industrialização estimulada pela Grã-
-Bretanha, que investiu capitais em vários setores
produtivos. ________________________________________________
*Anotações*
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.7. (ENEM-MEC)
O Egito é visitado anualmente por milhões de turistas
de todos os quadrantes do planeta, desejosos de ver
com os próprios olhos a grandiosidade do poder
esculpida em pedra há milênios: as pirâmides de Gizeh,
as tumbas do Vale dos Reis e os numerosos templos
construídos ao longo do Nilo.
O que hoje se transformou em atração turística era, no
passado, interpretado de forma muito diferente, pois
(A) significava, entre outros aspectos, o poder que os
faraós tinham para escravizar grandes contingentes
populacionais que trabalhavam nesses monumentos.
(B) representava para as populações do alto Egito a
possibilidade de migrar para o sul e encontrar
trabalho nos canteiros faraônicos.
(C) significava a solução para os problemas econômicos,
uma vez que os faraós sacrificavam aos deuses suas
riquezas, construindo templos.
(D) representava a possibilidade de o faraó ordenar a
sociedade, obrigando os desocupados a trabalharem
em obras públicas, que engrandeceram o próprio
Egito.
(E) significava um peso para a população egípcia, que
condenava o luxo faraônico e a religião baseada em
crenças e superstições.
.8. (ENEM-MEC)
Até o século XVII, as paisagens rurais eram marcadas
por atividades rudimentares e de baixa produtividade. A
partir da Revolução Industrial, porém, sobretudo com o
advento da revolução tecnológica, houve um
desenvolvimento contínuo do setor agropecuário.
São, portanto, observadas consequências econômicas,
sociais e ambientais inter-relacionadas no período
posterior à Revolução Industrial, as quais incluem
(A) a erradicação da fome no mundo.
(B) o aumento das áreas rurais e a diminuição das áreas
urbanas.
(C) a maior demanda por recursos naturais, entre os
quais os recursos energéticos.
(D) a menor necessidade de utilização de adubos e
corretivos na agricultura.
(E) o contínuo aumento da oferta de emprego no setor
primário da economia, em face da mecanização.
________________________________________________ *Anotações*
.9. (ENEM-MEC)
O suíço Thomas Davatz chegou a São Paulo em 1855
para trabalhar como colono na fazenda de café Ibicaba,
em Campinas. A perspectiva de prosperidade que o
atraiu para o Brasil deu lugar a insatisfação e revolta, que
ele registrou em livro. Sobre o percurso entre o porto de
Santos e o planalto paulista, escreveu Davatz: “As
estradas do Brasil, salvo em alguns trechos, são
péssimas. Em quase toda parte, falta qualquer espécie
de calçamento ou mesmo de saibro. Constam apenas de
terra simples, sem nenhum benefício. É fácil prever que
nessas estradas não se encontram estalagens e
hospedarias como as da Europa. Nas cidades maiores, o
viajante pode naturalmente encontrar aposento sofrível;
nunca, porém, qualquer coisa de comparável à
comodidade que proporciona na Europa qualquer
estalagem rural. Tais cidades são, porém, muito poucas
na distância que vai de Santos a Ibicaba e que se
percorre em cinquenta horas no mínimo”.
Em 1867 foi inaugurada a ferrovia ligando Santos a
Jundiaí, o que abreviou o tempo de viagem entre o litoral
e o planalto para menos de um dia. Nos anos seguintes,
foram construídos outros ramais ferroviários que
articularam o interior cafeeiro ao porto de exportação,
Santos.
DAVATZ, T. Memórias de um colono no Brasil.
São Paulo: Livraria Martins, 1941 (adaptado).
O impacto das ferrovias na promoção de projetos de
colonização com base em imigrantes europeus foi
importante, porque
(A) o percurso dos imigrantes até o interior, antes das
ferrovias, era feito a pé ou em muares; no entanto, o
tempo de viagem era aceitável, uma vez que o café
era plantado nas proximidades da capital, São Paulo.
(B) a expansão da malha ferroviária pelo interior de São
Paulo permitiu que mão de obra estrangeira fosse
contratada para trabalhar em cafezais de regiões
cada vez mais distantes do porto de Santos.
(C) o escoamento da produção de café se viu
beneficiado pelos aportes de capital, principalmente
de colonos italianos, que desejavam melhorar sua
situação econômica.
(D) os fazendeiros puderam prescindir da mão de obra
europeia e contrataram trabalhadores brasileiros
provenientes de outras regiões para trabalhar em
suas plantações.
(E) as notícias de terras acessíveis atraíram para São
Paulo grande quantidade de imigrantes, que
adquiriram vastas propriedades produtivas.
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.10. (ENEM-MEC)
Entre 2004 e 2008, pelo menos 8 mil brasileiros foram
libertados de fazendas onde trabalhavam como se
fossem escravos. O governo criou uma lista em que
ficaram expostos os nomes dos fazendeiros flagrados
pela fiscalização. No Norte, Nordeste e Centro-Oeste,
regiões que mais sofrem com a fraqueza do poder
público, o bloqueio dos canais de financiamento agrícola
para tais fazendeiros tem sido a principal arma de
combate a esse problema, mas os governos ainda
sofrem com a falta de informações, provocada pelas
distâncias e pelo poder intimidador dos proprietários.
Organizações não governamentais e grupos como a
Pastoral da Terra têm agido corajosamente, acionando
as autoridades públicas e ministrando aulas sobre
direitos sociais e trabalhistas.
Plano Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo. Disponível em:
http://www.mte.gov.br. Acesso em: 17/3/2009 (adaptado)
Nos lugares mencionados no texto, o papel dos grupos
de defesa dos direitos humanos tem sido fundamental,
porque eles
(A) negociam com os fazendeiros o reajuste dos
honorários e a redução da carga horária de trabalho.
(B) defendem os direitos dos consumidores junto aos
armazéns e mercados das fazendas e carvoarias.
(C) substituem as autoridades policiais e jurídicas na
resolução dos conflitos entre patrões e empregados.
(D) encaminham denúncias ao Ministério Público e
promovem ações de conscientização dos
trabalhadores.
(E) fortalecem a administração pública ao ministrarem
aulas aos seus servidores.
.11. (ENEM-MEC)
A evolução do processo de transformação de
matérias-primas em produtos acabados ocorreu em três
estágios: artesanato, manufatura e maquinofatura.
Um desses estágios foi o artesanato, em que se
(A) trabalhava conforme o ritmo das máquinas e de
maneira padronizada.
(B) trabalhava geralmente sem o uso de máquinas e de
modo diferente do modelo de produção em série.
(C) empregavam fontes de energia abundantes para o
funcionamento das máquinas.
(D) realizava parte da produção por cada operário, com
uso de máquinas e trabalho assalariado.
(E) faziam interferências do processo produtivo por
técnicos e gerentes com vistas a determinar o ritmo
de produção.
.12. (ENEM-MEC)
Os tropeiros foram figuras decisivas na formação de
vilarejos e cidades do Brasil colonial. A palavra “tropeiro”
vem de “tropa” que, no passado, se referia ao conjunto
de homens que transportava gado e mercadoria. Por
volta do século XVIII, muita coisa era levada de um lugar
a outro no lombo de mulas. O tropeirismo acabou
associado à atividade mineradora, cujo auge foi a
exploração de ouro em Minas Gerais e, mais tarde, em
Goiás. A extração de pedras preciosas também atraiu
grandes contingentes populacionais para as novas áreas
e, por isso, era cada vez mais necessário dispor de
alimentos e produtos básicos. A alimentação dos
tropeiros era constituída por toucinho, feijão-preto,
farinha, pimenta-do-reino, café, fubá e coité (um molho
de vinagre com fruto cáustico espremido). Nos pousos,
os tropeiros comiam feijão quase sem molho com
pedaços de carne de sol e toucinho, que era servido com
farofa e couve picada. O feijão-tropeiro é um dos pratos
típicos da cozinha mineira e recebe esse nome porque
era preparado pelos cozinheiros das tropas que
conduziam o gado.
Disponível em: http://www.tribunadoplanalto.com.br.
Acesso em: 27/11/2008.
A criação do feijão-tropeiro na culinária brasileira está
relacionada à
(A) atividade comercial exercida pelos homens que
trabalhavam nas minas.
(B) atividade culinária exercida pelos moradores
cozinheiros que viviam nas regiões das minas.
(C) atividade mercantil exercida pelos homens que
transportavam gado e mercadoria.
(D) atividade agropecuária exercida pelos tropeiros que
necessitavam dispor de alimentos.
(E) atividade mineradora exercida pelos tropeiros no
auge da exploração do ouro.
.13. (ENEM-MEC)
Quem construiu a Tebas de sete portas?
Nos livros estão nomes de reis.
Arrastaram eles os blocos de pedra?
E a Babilônia várias vezes destruída. Quem a reconstruiu
[ tantas vezes?
Em que casas da Lima dourada moravam os
[ construtores?
Para onde foram os pedreiros, na noite em que a
[ Muralha da China ficou pronta?
A grande Roma está cheia de arcos do triunfo.
Quem os ergueu? Sobre quem triunfaram os césares?
BRECHT, B. Perguntas de um trabalhador que lê. Disponível em:
http://recantodasletras.uol.com.br. Acesso em: 28/4/2010.
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Partindo das reflexões de um trabalhador que lê um livro
de História, o autor censura a memória construída sobre
determinados monumentos e acontecimentos históricos.
A crítica refere-se ao fato de que
(A) os agentes históricos de uma determinada sociedade
deveriam ser aqueles que realizaram feitos heroicos
ou grandiosos e, por isso, ficaram na memória.
(B) a História deveria se preocupar em memorizar os
nomes de reis ou dos governantes das civilizações
que se desenvolveram ao longo do tempo.
(C) os grandes monumentos históricos foram
construídos por trabalhadores, mas sua memória
está vinculada aos governantes das sociedades que
os construíram.
(D) os trabalhadores consideram que a História é uma
ciência de difícil compreensão, pois trata de
sociedades antigas e distantes no tempo.
(E) as civilizações citadas no texto, embora muito
importantes, permanecem sem terem sido alvos de
pesquisas históricas.
.14. (ENEM-MEC)
DEBRET, J. B.; SOUZA, L. M. (org.). História da vida privada no Brasil:
cotidiano e vida privada na América Portuguesa, v. 1.
São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
A imagem retrata uma cena da vida cotidiana dos
escravos urbanos no início do século XIX. Lembrando
que as atividades desempenhadas por esses
trabalhadores eram diversas, os escravos de aluguel
representados na pintura
(A) vendiam a produção da lavoura cafeeira para os
moradores das cidades.
(B) trabalhavam nas casas de seus senhores e
acompanhavam as donzelas na rua.
(C) realizavam trabalhos temporários em troca de
pagamento para os seus senhores.
(D) eram autônomos, sendo contratados por outros
senhores para realizarem atividades comerciais.
(E) aguardavam a sua própria venda após
desembarcarem no porto.
.15. (ENEM-MEC)
Os cercamentos do século XVIII podem ser
considerados como sínteses das transformações que
levaram à consolidação do capitalismo na Inglaterra. Em
primeiro lugar, porque sua especialização exigiu uma
articulação fundamental com o mercado. Como se
concentravam na atividade de produção de lã, a
realização da renda dependeu dos mercados, de novas
tecnologias de beneficiamento do produto e do emprego
de novos tipos de ovelhas. Em segundo lugar,
concentrou-se na inter-relação do campo com a cidade e,
num primeiro momento, também se vinculou à liberação
de mão de obra.
RODRIGUES, A. E. M. Revoluções burguesas. In: REIS FILHO,
D. A. et al (orgs.). O Século XX, v. I. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2000 (adaptado).
Outra consequência dos cercamentos que teria
contribuído para a Revolução Industrial na Inglaterra foi o
(A) aumento do consumo interno.
(B) congelamento do salário mínimo.
(C) fortalecimento dos sindicatos proletários.
(D) enfraquecimento da burguesia industrial.
(E) desmembramento das propriedades improdutivas. ________________________________________________
*Anotações*
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*MÓDULO 4*
Brasil – Crescimento econômico
A economia açucareira
No século XV, quando os portugueses chegaram ao
Brasil, a Europa vivia o mercantilismo. Um dos pilares
desse sistema era o pacto colonial, segundo o qual os
brasileiros só podiam comercializar produtos com os
portugueses, que, assim, compravam barato, vendiam
caro e tinham exclusividade na exportação de
mercadorias brasileiras para outros países. Grande parte
dos lucros ia para a metrópole, principalmente para a
Coroa portuguesa, que cobrava impostos elevados sobre
a exploração dos produtos da colônia.
© DIVULGAÇÃO
Engenho de açúcar, uma imagem recorrente no Brasil colonial
O primeiro produto explorado pelos colonizadores
portugueses foi o pau-brasil, madeira que então era
abundante em grande parte da faixa litorânea e era
usada para fazer tinturas. Os índios a extraíam e, em
troca, recebiam objetos como colares e espelhos. Os
portugueses enchiam seus navios e voltavam para
Lisboa. Em alguns pontos do litoral, instalaram feitorias
para o armazenamento do produto.
A exploração era fácil e lucrativa, mas não incentivava
a fixação dos portugueses na colônia, o que a tornava
vulnerável a invasões estrangeiras. Para garantir a
proteção do território brasileiro, Portugal decidiu
promover sua ocupação. A forma encontrada para isso
foi criar as Capitanias Hereditárias, dividindo o território
em faixas horizontais.
Escolhida a estratégia, definiu-se o produto: o açúcar.
A matéria-prima, a cana-de-açúcar, adaptava-se bem ao
clima e ao solo brasileiros. Além disso, Portugal já
possuía experiência na produção de cana nos Açores e
na Ilha da Madeira. Para completar, o açúcar tinha
grande aceitação na Europa, o que era uma garantia de
mercado consumidor. Entretanto, faltavam aos
portugueses capital inicial e uma eficiente infraestrutura
de distribuição. Essa questão foi resolvida com uma
parceria com os holandeses, que já fretavam o açúcar
produzido por Portugal nas ilhas do Atlântico.
Os portugueses produziram açúcar adotando o
modelo plantation: grandes propriedades (latifúndios)
monocultoras, chamadas de engenhos, mão de obra
escrava e produção voltada para o mercado externo. Os
latifúndios monocultores e a escravidão permitiam uma
produção vasta, que rendia altos lucros. O destino era
unicamente a exportação, uma vez que Portugal não
tinha interesse em desenvolver a economia interna
brasileira. Os lucros que permaneciam no Brasil ficavam
nas mãos dos senhores de engenho — os donos dos
latifúndios —, originando grande concentração de renda.
A produção de açúcar foi a principal atividade
econômica do Brasil colonial nos séculos XVI e XVII, mas
não a única. Houve outras atividades, como a pecuária,
mas sua produção era voltada para o mercado interno.
Fornecedora de força de tração, alimento e meio de
transporte para os engenhos, ela foi inicialmente
instalada na Bahia e em Pernambuco, em meados do
século XVI. Como no litoral predominavam as lavouras
de cana, o gado foi levado ao interior. As feiras
organizadas para o comércio dos animais deram origem
às vilas, o que permitiu a colonização dos sertões
brasileiros. Além do Nordeste, a atividade se
desenvolveu com força no sul do país, onde foi
favorecida pelas vastas pastagens naturais dos pampas.
Os trabalhadores eram homens livres e de origem
humilde, geralmente índios ou mestiços. Recebiam um
pequeno salário e algumas cabeças de gado e, assim,
podiam começar o próprio negócio, o que ajudava a
desenvolver a atividade no país. A pecuária teve novo
impulso no século XVIII, com o surgimento da mineração
e a necessidade de abastecer as regiões de extração.
Antes de implantar a monocultura da cana-de-açúcar
no Brasil, os portugueses apenas exploravam o pau-
-brasil, que era lucrativo, e utilizavam a mão de obra
indígena a baixíssimo custo.
Implantada a partir do século XVI, a cultura da cana
levou à ocupação do Nordeste brasileiro, sobretudo
das áreas mais próximas ao litoral. O pacto colonial
instituído nessa época como instrumento de
viabilização do novo negócio proporcionava altos
lucros à metrópole e aos integrantes da nova elite
colonial.
Em busca de índios, os bandeirantes ajudaram a
descobrir ouro no interior do Brasil no fim do século
XVII. O ciclo do ouro provocou rápido povoamento e
enriquecimento da região onde hoje fica o estado de
Minas Gerais. A acelerada ocupação em busca de
metais e pedras preciosas foi importante no processo
de integração de várias regiões brasileiras, antes
pouco ocupadas.
A cultura do café na Região Sudeste mudou a
economia brasileira a partir do século XIX. A
produção introduziu o trabalho assalariado no campo
e estimulou as primeiras (nem sempre bem-
-sucedidas) tentativas de industrialização.
O processo de industrialização brasileira ganhou
impulso durante o governo de Getúlio Vargas, que
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melhorou a infraestrutura do país e criou indústrias
de base. Juscelino Kubitschek estimulou o
desenvolvimento da indústria automobilística e de
bens de consumo.
*ATENÇÃO, ESTUDANTE!*
Para complementar o estudo deste Módulo, utilize seu LIVRO DIDÁTICO.
*********** ATIVIDADES ***********
Texto para a questão 1.
Ganhos e perdas
O modelo adotado pelo regime militar fez a economia crescer, mas acirrou a desigualdade social
De 1968 a 1973, o Brasil cresceu à taxa média
próxima de 12% ao ano. Sua economia praticamente
dobrou de tamanho. Um feito, com reflexos na vida de
todas as classes, embora com intensidades bem
diferentes. Os trabalhadores tinham emprego, a classe
média comprou casa própria, carro e TV em cores. Os
empresários lucraram como nunca, e as multinacionais
ampliaram suas operações e ganhos. Era o milagre
brasileiro, o período de maior expansão que o país viveu
no século XX e que deixou os brasileiros eufóricos. Hoje,
olhado em perspectiva, o milagre parece menos
sobrenatural. Teve como efeito colateral uma dívida que
ainda estrangula o país e também a piora na distribuição
de renda, que já era desigual.
Construção da ponte Rio-Niterói: inaugurada em 1974, quando a crise do petróleo já reduzia o forte crescimento econômico do Brasil, a obra é um dos marcos do “milagre” brasileiro
© ANTÔNIO ANDRADE
Em alguma medida, esse boom econômico significou
a retomada do desenvolvimento acelerado anterior. Do
fim da Segunda Guerra Mundial ao início dos anos 60, a
renda per capita aumentara sempre acima de 2% ao ano,
com exceção de 1953 e 1956. Entre 1957 e 1961, o
Brasil cresceu 8,3% anuais, em média. Nos anos
seguintes, a economia estagnou e a inflação disparou, o
que ajuda a entender o contexto em que ocorreu o golpe.
Os governos militares apostaram pesado em
infraestrutura. Foi o tempo do “bras”. Eletrobras,
Siderbras, Petrobras e outras empresas do Estado
usavam grandes somas para superar gargalos em
setores estratégicos. Obras gigantescas também
marcaram o período, como a usina de Itaipu e a ponte
Rio-Niterói.
O Brasil mudou muito durante os anos do milagre.
Ficou mais urbano, mais escolarizado, mais moderno. A
expansão econômica foi usada pelo regime. A expressão
“ordem e progresso” caiu como uma luva. Dava a
entender que o autoritarismo seria necessário para
manter o país na rota do crescimento.
Ocorre que, na década de 60, os mais pobres ficaram
proporcionalmente mais pobres. A participação na renda
nacional da metade menos abastada da população caiu
de 18% para 15%. A renda do 1% mais rico subiu de
12% para 15%. Nos anos 70, a distribuição ficou pior: a
metade mais pobre detinha 14% da renda em 1980,
contra 17% do grupo que reunia o 1% mais rico. Delfim
Netto, todo-poderoso da economia nos anos militares,
dizia que era preciso fazer o bolo crescer para depois
dividi-lo.
Esse momento nunca chegou. Ainda na ditadura, o
milagre virou coisa do passado. A expansão acelerada
durou seis anos; a ditadura, 21. A tentativa de manobrar
a economia de olho na política levou os técnicos do
regime a fazer o que hoje tem cara de grande trapalhada.
A primeira delas ocorreu após o choque do petróleo, no
fim de 1973. O Brasil importava 80% do combustível que
consumia e sentiu o golpe. O governo Geisel financiou
esse gasto com empréstimos externos. Só em 1974, a
dívida brasileira quase dobrou.
A expansão foi mantida à custa do endividamento.
Mas a economia já tinha dado sinais de fragilidade, e o
apoio ao regime declinava. No fim dos anos 70, a fonte
de recursos externos começa a secar. Torna-se difícil
obter novos empréstimos e refinanciar a dívida. A
inflação se acelera, ultrapassando 40% em 1978. Para
completar, o petróleo sofre novo choque em 1979.
Em 1980, a inflação chega a 77%, corroendo
rapidamente os salários. Segundo dados do
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos (Dieese), para comprar a cesta básica
um trabalhador tinha de trabalhar 88 horas e meia em
1965; em 1980, seriam necessárias quase 174 horas.
A forma de reagir aos choques do petróleo tinha
ampliado a vulnerabilidade do Brasil a adversidades
externas. Em 1981, a economia brasileira encolheu 1,6%.
No ano seguinte, cresceu 0,9%. Em 1983, nova recessão
fez o PIB baixar 3,2 %. Na primeira metade dos anos 80,
o dinheiro sumiu do mercado de empréstimos
internacionais e as taxas de juros dispararam. A dívida
brasileira já superava 100 bilhões de dólares, parecia
impagável, e a solução foi recorrer ao Fundo Monetário
Internacional (FMI). Em troca de financiamento, o Fundo
passou a exigir que os governantes seguissem as
políticas que recomendava. O santo mercado financeiro
começava a cobrar o preço do milagre.
Aventuras na História, edição especial, dez. 2008 (adaptado).
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.1. (AED-SP)
O texto indica que, no período da ditadura militar (1964-
-1985), a economia brasileira cresceu bastante, mas, em
contrapartida, houve muitos aspectos negativos. Indique-
-os.
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.2. (ENEM-MEC)
A industrialização do Brasil é fenômeno recente e se
processou de maneira bastante diversa daquela
verificada nos Estados Unidos e na Inglaterra, sendo
notáveis, entre outras características, a concentração
industrial em São Paulo e a forte desigualdade de renda
mantida ao longo do tempo.
Outra característica da industrialização brasileira foi
(A) a fraca intervenção estatal, dando-se preferência às
forças de mercado, que definem os produtos e as
técnicas por sua conta.
(B) a presença de políticas públicas voltadas para a
supressão das desigualdades sociais e regionais, e
desconcentração técnica.
(C) o uso de técnicas produtivas intensivas em mão de
obra qualificada e produção limpa em relação aos
países com indústria pesada.
(D) a presença constante de inovações tecnológicas
resultantes dos gastos das empresas privadas em
pesquisa e em desenvolvimento de novos produtos.
(E) a substituição de importações e a introdução de
cadeias complexas para a produção de matérias-
-primas e de bens intermediários.
.3. (ENEM-MEC)
Houve momentos de profunda crise na história
mundial contemporânea que representaram, para o
Brasil, oportunidades de transformação no campo
econômico. A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e a
quebra da Bolsa de Nova Iorque (1929), por exemplo,
levaram o Brasil a modificar suas estratégias produtivas e
a contornar as dificuldades de importação de produtos
que demandava dos países industrializados.
Nas três primeiras décadas do século XX, o Brasil
(A) impediu a entrada de capital estrangeiro, de modo a
garantir a primazia da indústria nacional.
(B) priorizou o ensino técnico, no intuito de qualificar a
mão de obra nacional direcionada à indústria.
(C) experimentou grandes transformações tecnológicas
na indústria e mudanças compatíveis na legislação
trabalhista.
(D) aproveitou a conjuntura de crise para fomentar a
industrialização pelo país, diminuindo as
desigualdades regionais.
(E) direcionou parte do capital gerado pela cafeicultura
para a industrialização, aproveitando a recessão
europeia e norte-americana.
.4. (ENEM-MEC)
Não é difícil entender o que ocorreu no Brasil nos
anos imediatamente anteriores ao golpe militar de 1964.
A diminuição da oferta de empregos e a desvalorização
dos salários, provocadas pela inflação, levaram a uma
intensa mobilização política popular, marcada por
sucessivas ondas grevistas de várias categorias
profissionais, o que aprofundou as tensões sociais.
Dessa vez, as classes trabalhadoras se recusaram a
pagar o pato pelas “sobras” do modelo econômico
juscelinista.
MENDONÇA, S. R. A Industrialização Brasileira.
São Paulo: Moderna, 2002 (adaptado).
Segundo o texto, os conflitos sociais ocorridos no início
dos anos 1960 decorreram principalmente
(A) da manipulação política empreendida pelo governo
João Goulart.
(B) das contradições econômicas do modelo
desenvolvimentista.
(C) do poder político adquirido pelos sindicatos
populistas.
(D) da desmobilização das classes dominantes frente ao
avanço das greves.
(E) da recusa dos sindicatos em aceitar mudanças na
legislação trabalhista.
.5. (ENEM-MEC)
Observe as duas afirmações de Montesquieu (1689-
-1755), a respeito da escravidão:
A escravidão não é boa por natureza; não é útil nem
ao senhor, nem ao escravo: a este porque nada pode
fazer por virtude; àquele, porque contrai com seus
escravos toda sorte de maus hábitos e se acostuma
insensivelmente a faltar contra todas as virtudes morais:
torna-se orgulhoso, brusco, duro, colérico, voluptuoso,
cruel.
Se eu tivesse que defender o direito que tivemos de
tornar escravos os negros, eis o que eu diria: tendo os
povos da Europa exterminado os da América, tiveram
que escravizar os da África para utilizá-los para abrir
tantas terras. O açúcar seria muito caro se não
fizéssemos que escravos cultivassem a planta que o
produz.
MONTESQUIEU. O espírito das leis.
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Com base nos textos, podemos afirmar que, para
Montesquieu,
(A) o preconceito racial foi contido pela moral religiosa.
(B) a política econômica e a moral justificaram a
escravidão.
(C) a escravidão era indefensável de um ponto de vista
econômico.
(D) o convívio com os europeus foi benéfico para os
escravos africanos.
(E) o fundamento moral do direito pode submeter-se às
razões econômicas.
.6. (ENEM-MEC)
O mapa abaixo apresenta parte do contorno da América
do Sul destacando a bacia amazônica. Os pontos
assinalados representam fortificações militares instaladas
no século XVIII pelos portugueses. A linha indica o
Tratado de Tordesilhas revogado pelo Tratado de Madri,
apenas em 1750.
MATTOS, Carlos de Meira. Geopolítica e teoria de fronteiras (adaptado).
Pode-se afirmar que a construção dos fortes pelos
portugueses visava, principalmente, a dominar
(A) militarmente a bacia hidrográfica do Amazonas.
(B) economicamente as grandes rotas comerciais.
(C) as fronteiras entre nações indígenas.
(D) o escoamento da produção agrícola.
(E) o potencial de pesca da região.
.7. (ENEM-MEC)
A questão étnica no Brasil tem provocado diferentes
atitudes:
I. Instituiu-se o “Dia Nacional da Consciência
Negra” em 20 de novembro, ao invés da
tradicional celebração do 13 de maio. Essa nova
data é o aniversário da morte de Zumbi, que hoje
simboliza a crítica à segregação e à exclusão
social.
II. Um turista estrangeiro que veio ao Brasil, no
Carnaval, afirmou que nunca viu tanta
convivência harmoniosa entre as diversas etnias.
Também sobre essa questão, estudiosos fazem
diferentes reflexões:
Entre nós [brasileiros], [...] a separação imposta pelo
sistema de produção foi a mais fluida possível. Permitiu
constante mobilidade de classe para classe e até de uma
raça para outra. Esse amor, acima de preconceitos de
raça e de convenções de classe, do branco pela cabocla,
pela cunhã, pela índia, [...] agiu poderosamente na
formação do Brasil, adoçando-o.
FREIRE, Gilberto. O mundo que o português criou.
[Porém] o fato é que ainda hoje a miscigenação não
faz parte de um processo de integração das “raças” em
condições de igualdade social. O resultado foi que [...]
ainda são pouco numerosos os segmentos da
“população de cor” que conseguiram se integrar,
efetivamente, na sociedade competitiva.
FERNANDES, Florestan. O negro no mundo dos brancos.
Considerando as atitudes expostas acima e os pontos de
vista dos estudiosos, é correto aproximar
(A) a posição de Gilberto Freire e a de Florestan
Fernandes igualmente às duas atitudes.
(B) a posição de Gilberto Freire à atitude I e a de
Florestan Fernandes à atitude II.
(C) a posição de Florestan Fernandes à atitude I e a de
Gilberto Freire à atitude II.
(D) somente a posição de Gilberto Freire a ambas as
atitudes.
(E) somente a posição de Florestan Fernandes a ambas
as atitudes.
.8. (ENEM-MEC)
No início do século XIX, o naturalista alemão Carl Von
Martius esteve no Brasil em missão científica para fazer
observações sobre a flora e a fauna nativas e sobre a
sociedade indígena. Referindo-se ao indígena, ele
afirmou:
“Permanecendo em grau inferior da humanidade,
moralmente, ainda na infância, a civilização não o altera,
nenhum exemplo o excita e nada o impulsiona para um
nobre desenvolvimento progressivo [...]. Esse estranho e
inexplicável estado do indígena americano, até o
presente, tem feito fracassarem todas as tentativas para
conciliá-lo inteiramente com a Europa vencedora e torná-
-lo um cidadão satisfeito e feliz.”
MARTIUS, Carl Von. O estado do direito entre os autóctones
do Brasil. Belo Horizonte/São Paulo: Itatiaia/EdUSP, 1982.
Com base nessa descrição, conclui-se que o naturalista
Von Martius
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(A) apoiava a independência do Novo Mundo,
acreditando que os índios, diferentemente do que
fazia a missão europeia, respeitavam a flora e a
fauna do país.
(B) discriminava preconceituosamente as populações
originárias da América e advogava o extermínio dos
índios.
(C) defendia uma posição progressista para o século
XIX: a de tornar o indígena cidadão satisfeito e feliz.
(D) procurava impedir o processo de aculturação, ao
descrever cientificamente a cultura das populações
originárias da América.
(E) desvalorizava os patrimônios étnicos e culturais das
sociedades indígenas e reforçava a missão
“civilizadora europeia”, típica do século XIX.
.9. (ENEM-MEC)
A moderna democracia brasileira foi construída entre
saltos e sobressaltos. Em 1954, a crise culminou no
suicídio do presidente Vargas. No ano seguinte, outra
crise quase impediu a posse do presidente eleito,
Juscelino Kubitschek. Em 1961, o Brasil quase chegou à
guerra civil depois da inesperada renúncia do presidente
Jânio Quadros. Três anos mais tarde, um golpe militar
depôs o presidente João Goulart, e o país viveu durante
vinte anos em regime autoritário.
A partir dessas informações, relativas à história
republicana brasileira, assinale a opção correta.
(A) Ao término do governo João Goulart, Juscelino
Kubitschek foi eleito presidente da República.
(B) A renúncia de Jânio Quadros representou a primeira
grande crise do regime republicano brasileiro.
(C) Após duas décadas de governos militares, Getúlio
Vargas foi eleito presidente em eleições diretas.
(D) A trágica morte de Vargas determinou o fim da
carreira política de João Goulart.
(E) No período republicano citado, sucessivamente, um
presidente morreu, um teve sua posse contestada,
um renunciou e outro foi deposto.
.10. (ENEM-MEC)
João de Deus levanta-se indignado. Vai até a janela e
fica olhando para fora. Ali na frente está a Panificadora
Italiana, de Gamba & Filho. Ontem era uma casinhola de
porta e janela, com um letreiro torto e errado: “Padaria
Nápole”. Hoje é uma fábrica... João de Deus olha e
recorda... Quando Vittorio Gamba chegou da Itália com
uma trouxa de roupa, a mulher e um filho pequeno, os
Albuquerques eram donos de quase todas as casas do
quarteirão. [...] O tempo passou. Os negócios pioraram. A
herança não era o que se esperava. Com o correr dos
anos os herdeiros foram hipotecando as casas. Venciam-
-se as hipotecas, não havia dinheiro para resgatá-las: as
propriedades, então, iam passando para as mãos dos
Gambas, que prosperavam.
VERÍSSIMO, E. Música ao longe. Porto Alegre:
Globo, 1974 (adaptado).
O texto foi escrito no início da década de 1930 e revela,
por meio das recordações do personagem,
características sócio-históricas desse período, as quais
remetem
(A) à ascensão de uma burguesia de origem italiana.
(B) ao início da imigração italiana e alemã, no Brasil, a
partir da segunda metade do século.
(C) ao modo como os imigrantes italianos impuseram, no
Brasil, seus costumes e hábitos.
(D) à luta dos imigrantes italianos pela posse da terra e
pela busca de interação com o povo brasileiro.
(E) às condições socioeconômicas favoráveis
encontradas pelos imigrantes italianos no início do
século.
.11. (ENEM-MEC)
Para Caio Prado Jr., a formação brasileira se
completaria no momento em que fosse superada a nossa
herança de inorganicidade social — o oposto da
interligação com objetivos internos — trazida da colônia.
Este momento alto estaria, ou esteve, no futuro. Se
passarmos a Sérgio Buarque de Holanda, encontraremos
algo análogo. O país será moderno e estará formado
quando superar a sua herança portuguesa, rural e
autoritária, quando então teríamos um país democrático.
Também aqui o ponto de chegada está mais adiante, na
dependência das decisões do presente. Celso Furtado,
por seu turno, dirá que a nação não se completa
enquanto as alavancas do comando, principalmente do
econômico, não passarem para dentro do país. Como
para os outros dois, a conclusão do processo encontra-
-se no futuro, que agora parece remoto.
SCHWARZ, R. Os sete fôlegos de um livro. Sequências brasileiras.
São Paulo: Cia. das Letras, 1999 (adaptado).
Acerca das expectativas quanto à formação do Brasil, a
sentença que sintetiza os pontos de vista apresentados
no texto é:
(A) Brasil, um país que vai pra frente.
(B) Brasil, a eterna esperança.
(C) Brasil, glória no passado, grandeza no presente.
(D) Brasil, terra bela, pátria grande.
(E) Brasil, gigante pela própria natureza.
________________________________________________ *Anotações*
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.12. (ENEM-MEC)
CIATTONI, A. Géographie. L’espace mondial. Paris: Hatier, 2008 (adaptado).
A partir do mapa apresentado, é possível inferir que, nas
últimas décadas do século XX, registraram-se processos
que resultaram em transformações na distribuição das
atividades econômicas e da população sobre o território
brasileiro, com reflexos no PIB por habitante. Assim,
(A) as desigualdades econômicas existentes entre
regiões brasileiras desapareceram, tendo em vista a
modernização tecnológica e o crescimento vivido
pelo país.
(B) os novos fluxos migratórios instaurados em direção
ao Norte e ao Centro-Oeste do país prejudicaram o
desenvolvimento socioeconômico dessas regiões,
incapazes de atender ao crescimento da demanda
por postos de trabalho.
(C) o Sudeste brasileiro deixou de ser a região com o
maior PIB industrial a partir do processo de
desconcentração espacial do setor, em direção a
outras regiões do país.
(D) o avanço da fronteira econômica sobre os estados
da região Norte e do Centro-Oeste resultou no
desenvolvimento e na introdução de novas
atividades econômicas, tanto nos setores primário e
secundário, como no terciário.
(E) o Nordeste tem vivido, ao contrário do restante do
país, um período de retração econômica, como
consequência da falta de investimentos no setor
industrial com base na moderna tecnologia.
________________________________________________ *Anotações*
.13. (ENEM-MEC)
Ó sublime pergaminho
Libertação geral
A princesa chorou ao receber
A rosa de ouro papal
Uma chuva de flores cobriu o salão
E o negro jornalista
De joelhos beijou a sua mão
Uma voz na varanda do paço ecoou:
“Meu Deus, meu Deus,
Está extinta a escravidão”
MELODIA, Z.; RUSSO, N.; MADRUGADA, C. Sublime Pergaminho.
Disponível em: http://www.letras.terra.com.br.
Acesso em: 28/4/2010.
O samba-enredo de 1968 reflete e reforça uma
concepção acerca do fim da escravidão ainda viva em
nossa memória, mas que não encontra respaldo nos
estudos históricos mais recentes. Nessa concepção
ultrapassada, a abolição é apresentada como
(A) conquista dos trabalhadores urbanos livres, que
demandavam a redução da jornada de trabalho.
(B) concessão do governo, que ofereceu benefícios aos
negros, sem consideração pelas lutas de escravos e
abolicionistas.
(C) ruptura na estrutura socioeconômica do país, sendo
responsável pela otimização da inclusão social dos
libertos.
(D) fruto de um pacto social, uma vez que agradaria aos
agentes históricos envolvidos na questão:
fazendeiros, governo e escravos.
(E) forma de inclusão social, uma vez que a abolição
possibilitaria a concretização de direitos civis e
sociais para os negros.
.14. (ENEM-MEC)
A dependência regional maior ou menor da mão de
obra escrava teve reflexos políticos importantes no
encaminhamento da extinção da escravatura. Mas a
possibilidade e a habilidade de lograr uma solução
alternativa — caso típico de São Paulo —
desempenharam, ao mesmo tempo, papel relevante.
FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: EdUSP, 2000.
A crise do escravismo expressava a difícil questão em
torno da substituição da mão de obra, que resultou
(A) na constituição de um mercado interno de mão de
obra livre, constituído pelos libertos, uma vez que a
maioria dos imigrantes se rebelou contra a
superexploração do trabalho.
(B) no confronto entre a aristocracia tradicional, que
defendia a escravidão e os privilégios políticos, e os
cafeicultores, que lutavam pela modernização
econômica com a adoção do trabalho livre.
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(C) no “branqueamento” da população, para afastar o
predomínio das raças consideradas inferiores e
concretizar a ideia do Brasil como modelo de
civilização dos trópicos.
(D) no tráfico interprovincial dos escravos das áreas
decadentes do Nordeste para o Vale do Paraíba,
para a garantia da rentabilidade do café.
(E) na adoção de formas disfarçadas de trabalho
compulsório com emprego dos libertos nos cafezais
paulistas, uma vez que os imigrantes foram trabalhar
em outras regiões do país.
.15. (ENEM-MEC)
Foto de Militão, São Paulo, 1879.
ALENCASTRO, L. F. (org.). História da vida privada no Brasil.
Império: a corte e a modernidade nacional. São Paulo: Cia. das Letras, 1997.
Que aspecto histórico da escravidão no Brasil do século
XIX pode ser identificado a partir da análise do vestuário
do casal retratado acima?
(A) O uso de trajes simples indica a rápida incorporação
dos ex-escravos ao mundo do trabalho urbano.
(B) A presença de acessórios como chapéu e sombrinha
aponta para a manutenção de elementos culturais de
origem africana.
(C) O uso de sapatos é um importante elemento de
diferenciação social entre negros libertos ou em
melhores condições na ordem escravocrata.
(D) A utilização do paletó e do vestido demonstra a
tentativa de assimilação de um estilo europeu como
forma de distinção em relação aos brasileiros.
(E) A adoção de roupas próprias para o trabalho
doméstico tinha como finalidade demarcar as
fronteiras da exclusão social naquele contexto.
*Anotações*
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*MÓDULO 1*
Sociedade – Minorias
O peso da diferença
A perseguição aos diferentes é uma constante
histórica: os gregos já discriminavam todos os outros
povos, a quem consideravam bárbaros. Os espartanos,
que dominaram a Grécia antiga entre os séculos V e IV
a.C., cultuavam a imagem do soldado atlético e
obediente. Quem não se encaixava nesse modelo estava
sujeito à escravidão e até a execução: crianças
deficientes ou doentes eram mortas ao nascer.
Os romanos, notórios por fazer de escravos os povos
que dominavam, foram hostis com todos os povos da
Europa Ocidental, norte da África e Ásia Menor. Na Idade
Média, eram perseguidos os que discordavam da Igreja
Católica, uma prática mantida pela Inquisição até o
século XIX e que matou milhares de pessoas. Muitas das
vítimas eram judeus, chamados de cristãos-novos
(recém-convertidos ao catolicismo). O ressentimento
contra os judeus aumentou na virada do século XIX para
o XX, quando o antissemitismo dividiu a elite intelectual
europeia. Em 1933, chegou ao poder na Alemanha o
regime nazista, que tinha como pilares o racismo, o
antissemitismo, o pangermanismo (união dos povos
germânicos) e a eugenia (“melhoramento” da raça), além
do totalitarismo e o anticomunismo.
Ainda no século XX, um regime abertamente racista, o
apartheid na África do Sul, se manteve no poder por 42
anos. Nos Estados Unidos, apenas em 1963 foram
concedidos direitos iguais a negros que eram segregados
em partes do país. E a chamada “limpeza étnica”
também voltou a assombrar na Bósnia, Chechênia,
Iraque, Congo, Sudão e em outros pontos do mundo.
Limpeza étnica
Exemplos recentes de conflitos e regimes racistas que vitimaram milhões
RUANDA
Quando: 1994
Vítimas: tútsis
Motivação: guerra civil e
racismo
Métodos: civis armados de facões e porretes
Número de mortos: 800.000
Quando chegaram ao país, os belgas encontraram uma
sociedade dividida entre camponeses hutus pobres e
pastores tútsis prósperos. Para garantirem sua
dominação, fizeram dos tútsis a aristocracia ruandesa.
Em 1959, hutus se rebelaram e, em 1962, assumiram o
poder. A violência se agravou em 1990, com a criação da
Frente Patriótica Ruandesa (FPR), por tútsis exilados em
Uganda. Quando o presidente Jouvenal Habyarimana
morreu, em 1994, a população passou a ser
bombardeada com informações de um complô tútsi, o
que levou à execução de 75% dos tútsis que viviam em
Ruanda.
CAMBOJA
Quando: de 1975 a 1979
Vítimas: chineses,
muçulmanos e vietnamitas,
entre outras minorias
Motivação: eliminar etnias
Métodos: execuções a bala e mortes por fome e
excesso de trabalho
Número de mortos: 215.000 chineses, 90.000
muçulmanos e 20.000 vietnamitas
“Preferimos matar dez amigos a deixar vivo um só
inimigo”, dizia Pol Pot, líder do Khmer Vermelho, a ala
mais radical do Partido Comunista local, que tomou o
poder em 1975. Em quatro anos, o regime executou 1,7
milhão de seus 8 milhões de habitantes. A maior parte
dos mortos era da mesma etnia khmer e só morreu por
causa do estado de paranoia e eliminação sistemática
dos adversários implantado pelo regime cambojano. Na
dúvida de quem era amigo ou inimigo, Pol Pot mandava
eliminar todos.
BÓSNIA
Quando: de 1991 a 1999
Vítimas: bósnios, sérvios,
croatas e kosovares
Motivação: conflitos
nacionalistas e movimentos separatistas
Métodos: ataques militares e estupros
Número de mortos: 300.000
O conflito nos Bálcãs entre muçulmanos e católicos,
sérvios e croatas, sérvios e albaneses tem mais de 200
anos. Apenas nas quatro décadas em que o general
ditador Josip Broz Tito unificou esses povos sob a
bandeira da antiga Iugoslávia, houve certo entendimento.
Com a morte de Tito, em 1980, a Eslovênia, a Croácia e
a Bósnia declararam independência. Em 1990, o sérvio
Slobodan Milosevic passou a eliminar os croatas. Os
croatas fizeram o mesmo na Sérvia e na Bósnia. E
muçulmanos bósnios atacaram croatas e sérvios.
Manipulados pela propaganda nacionalista, cada um dos
povos acreditava apenas responder à ameaça inimiga.
________________________________________________ *Anotações*
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Aceito, renegado, aceito novamente
O homossexualismo era aceito na Antiguidade. A recriminação surgiu com o cristianismo
Século VIII a.C.
Um dos primeiros conjuntos de
leis do mundo, o Código
Hammurabi, da Mesopotâmia, do
século VIII a.C., cita os
prostitutos e prostitutas usados
em rituais religiosos – e que
tinham direito a privilégios
especiais. JSP / ISTOCK PHOTO
Séculos XX a.C. a IV d.C.
As relações entre um homem
mais velho e outro mais jovem
eram normais e incentivadas na
Grécia e em Roma. O mesmo não
valia para dois homens da mesma
idade – quando isso acontecia,
eles eram perseguidos.
FABIANA BERTONE
Séculos IV a XIV
O cristianismo tornou-se a religião
oficial do Império Romano no século
IV e, com ele, veio uma crescente
aversão ao prazer e ao riso. A
homossexualidade foi tratada como
antinatural. REPRODUÇÃO
Século XIV
O resgate dos valores clássicos
ocasionou o retorno do gosto pela
forma masculina. Mas, após a
Peste Negra, entre 1347 e 1351, os
sodomitas foram acusados de
causar os males da sociedade. REPRODUÇÃO
Século XIX
A Inglaterra condenava à forca os
acusados de sodomia. Em 1861, o
país trocou a forca por pena de dez
anos de trabalhos forçados. O
escritor Oscar Wilde cumpriu dois
anos dessa pena depois de ser
condenado por prática de
homossexualismo. REPRODUÇÃO
Século XX
A luta pelos direitos dos gays
ganhou força nos anos 70, mas a
homofobia permaneceu sendo
expressada – muitas vezes com
violência física, herança de um
passado marcado por formas
recorrentes de intolerância. ZU1U / DREAMSTIME
O racismo e a intolerância causaram diversos
massacres e injustiças no decorrer da história, dos
gregos e romanos aos tempos atuais.
Genocídio é o termo aplicado para se referir ao
massacre sistemático de um povo, visando a sua
extinção. Foi o que ocorreu com os judeus na
Alemanha nazista, com os armênios sob jugo turco
em 1915 e com tútsis massacrados por hutus em
Ruanda, em 1994.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha
nazista perseguiu minorias que não correspondiam a
seu ideal de raça ariana ou raça pura. Além de 6
milhões de judeus, foram executados ciganos,
homossexuais, presos, deficientes, militantes
políticos e outros grupos étnicos e religiosos.
Os homossexuais sofreram perseguição com a
expansão do cristianismo. Em alguns países, foram
presos e condenados à morte.
O apartheid, regime que durou de 1948 a 1994,
restringia os direitos dos não brancos na África do
Sul. Nelson Mandela passou 27 anos preso por lutar
pelos direitos dos negros em seu país e se tornou
presidente depois de ser libertado.
Elaborada por Gilberto Freyre, a ideia de democracia
racial – isto é, que não há racismo no Brasil ou que
ele é insignificante – é um mito. Além do racismo que
não aparece nas estatísticas, há o fato de que
negros e pardos ganham menos do que os brancos,
têm menor grau de escolaridade e ocupam menos
cargos de gerência.
********** ATIVIDADES 1 **********
Texto para as questões 1 e 2.
À espera de um salvador
Darfur, no Sudão, cenário de um genocídio silencioso, é um lugar sem lei
O mundo ignora ou finge ignorar que Darfur, no
Sudão, é cenário de uma guerra de extermínio contra
uma população indefesa. O mesmo mundo que se
apieda de um filhote de urso-polar abandonado pela mãe
no zoológico de Berlim fecha os olhos para as centenas
de milhares de crianças subnutridas dos 130 campos de
refugiados de Darfur, no oeste sudanês. Desde a
independência do Império Britânico, em 1956, o norte do
país detém o monopólio do poder político e econômico,
concentrado na capital, Cartum. A partir de 2003, quando
eclodiu o conflito entre o governo do ditador Omar
al-Bashir e rebeldes de Darfur, intensificou-se a matança
indiscriminada de cidadãos que não pertencem à etnia
que se intitula “árabe”. Uma matança selvagem, seja por
meio de fuzilamentos sumários, seja por meio da fome
imposta pelo isolamento.
Darfur é dividida em três estados – do Norte, do Sul e
do Oeste –, que representam quase um sexto do território
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do Sudão, o maior país da África. Hoje, quase metade
dos seus 6 milhões de habitantes vive em aglomerações
humanas improvisadas. Outros 2 milhões ainda não
deixaram suas aldeias, mas foram afetados pela
destruição de lavouras ou pela morte de familiares. Com
a justificativa de combater rebeldes que lutam contra o
regime, o governo do Sudão bombardeia aldeias e apoia
os janjaweeds, milícias autoproclamadas árabes cuja
missão é limpar Darfur de outras etnias. Ao todo, já
morreram 300.000 pessoas.
O número de combatentes e civis mortos de maneira
violenta caiu nos últimos anos, mas não são as
estatísticas que configuram um genocídio.
Há 60 anos, a Organização das Nações Unidas
definiu como crime internacional a tentativa de destruir a
totalidade ou parte de um grupo nacional, étnico, racial
ou religioso. Segundo o texto da ONU, não é preciso
haver assassinatos em massa para que um crime seja
classificado como genocídio. Impor condições de vida
subumanas a um grupo de pessoas semelhantes entre
si, com o objetivo de levar à sua destruição física,
também se enquadra nessa classificação. É o que ocorre
em Darfur.
Os campos de refugiados são verdadeiras bombas
populacionais: a maioria continua recebendo milhares de
pessoas por ano. Elas buscam desesperadamente um
lugar onde possam ter alguma sensação de segurança,
por menor que seja. Nos campos, não há espaço para
plantar ou manter uma criação numerosa de bodes e
camelos. “Tenho uma pequena plantação a três horas de
caminhada”, diz Tigani Suleiman, 55 anos, refugiado que
consegue com isso obter uma renda equivalente a 2
dólares por dia. Outros homens tentam algum
subemprego nas cidades e as mulheres recolhem lenha
para vender, sob o risco de serem estupradas nos
arredores do campo.
Só mesmo a ajuda humanitária tem atenuado o drama
dos refugiados. Graças a ela, a taxa de desnutrição caiu
pela metade nos últimos anos. Atuam na região
dezesseis agências da ONU e 85 ONGs, que prestam
serviços como atendimento de saúde e distribuição de
comida. Para cada 366 habitantes de Darfur, há um
trabalhador humanitário.
Veja, 24/12/2008 (com adaptações).
.1. (AED-SP)
Com base no texto, sintetize as origens do conflito no
Sudão.
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.2. (AED-SP)
Por que a ONU considera que não é preciso haver
assassinatos em massa para que se configure um
genocídio?
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.3. (INEP-MEC)
A viagem levou uns 20 minutos. O caminhão parou;
via-se um grande portão e, em cima do portão, uma frase
bem iluminada (cuja lembrança ainda hoje me atormenta
nos sonhos): “Arbeit macht frei” – o trabalho liberta.
Descemos, fazem-nos entrar numa sala ampla, nua e
fracamente aquecida. Que sede! O leve zumbido da água
nos canos da calefação nos enlouquece: faz quatro dias
que não bebemos nada.
LEVI, Primo. É isto um homem? Rio de Janeiro:
Rocco, 1988, p. 20.
A descrição acima – de um prisioneiro chegando a
Auschwitz – revela angústia e horror. Os campos de
concentração nazistas eram:
(A) lugares de reabilitação de doentes mentais,
criminosos comuns e prisioneiros políticos.
(B) instalados apenas na Alemanha e, neles, foram
alojados, durante a Segunda Guerra Mundial, judeus,
homossexuais e comunistas.
(C) lugares de execução sumária e imediata de inimigos
nacionais alemães e de pessoas que se recusavam
a trabalhar.
(D) instalados para acolher os imigrantes que, vindos da
Europa Oriental, tentavam penetrar no território do
Terceiro Reich sem autorização.
(E) lugares onde os considerados indesejáveis eram
submetidos a humilhações, trabalhos forçados ou
execuções em massa.
.4. (UNICAMP-SP)
O primeiro recenseamento geral do Império foi realizado
em 1872. Nos recenseamentos parciais anteriores, não
se perguntava sobre a cor da população. O censo de
1872, ao inserir essa informação, indica uma mudança,
orientada por um entendimento do conceito de raça que
ancorava a cor em um suporte pretensamente mais
rígido. Com a crise da escravidão e do regime
monárquico, que levou ao enfraquecimento dos pilares
da distinção social, a cor e a raça tornavam-se
necessárias.
Adaptado de Ivana Stolze Lima, Cores, Marcas e Falas:
Sentidos da Mestiçagem no Império do Brasil. Rio de
Janeiro: Arquivo Nacional, 2003, p. 109-121.
A partir do enunciado, podemos concluir que há um uso
político na maneira de classificar a população, já que:
(A) o conceito de raça permitia classificar a população a
partir de um critério mais objetivo e exato do que a
cor, o que era necessário em um momento de
transição para um novo regime.
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(B) no final do Império, o enfraquecimento dos pilares da
distinção social era causado pelo fim da escravidão.
Nesse contexto, ao perguntar sobre a raça da
população, o censo permitiria elaborar políticas
visando à inclusão social dos ex-escravos.
(C) a introdução do conceito de raça no censo devia-se a
uma concepção, difundida após 1870, que propunha
a organização da sociedade a partir de critérios
objetivos e científicos, o que levaria a uma maior
igualdade social.
(D) no final do Império, a associação entre a cor da pele
e o conceito de raça criava um novo critério de
exclusão social, capaz de substituir as formas de
distinção que eram próprias da sociedade escravista
e monárquica em crise.
.5. (ENEM-MEC)
O artigo 402 do Código Penal Brasileiro de 1890 dizia:
Fazer nas ruas e praças exercícios de agilidade e
destreza corporal, conhecidos como capoeiragem: andar
em correrias, com armas ou instrumentos capazes de
produzir lesão corporal, provocando tumulto ou
desordens.
Pena: Prisão de dois a seis meses.
SOARES, C. A Negregada instituição: os capoeiras no Rio de Janeiro:
1850-1890. Rio de Janeiro: Secretaria de Cultura, 1994 (adaptado).
O artigo do primeiro Código Penal Republicano naturaliza
medidas socialmente excludentes. Nesse contexto, tal
regulamento expressava
(A) a manutenção de parte da legislação do Império com
vistas ao controle da criminalidade urbana.
(B) a política de eliminação das diferenças e das
desigualdades sociais, com o extermínio dos pobres.
(C) o caráter disciplinador de uma sociedade
industrializada, desejosa de um equilíbrio entre
progresso e civilização.
(D) a criminalização de práticas culturais e a persistência
de valores que vinculavam certos grupos ao passado
de escravidão.
(E) o poder do regime escravista, que mantinha os
negros como categoria social inferior, discriminada e
segregada.
.6. (INEP-MEC)
Sobre a intolerância racial nas Américas nos anos 1950 e
1960, pode-se afirmar que:
(A) leis segregacionistas no sul dos Estados Unidos
forçaram os negros a usar instalações públicas e
frequentar escolas à parte.
(B) a Lei dos Direitos Civis nos Estados Unidos agravou,
em 1963, a segregação racial.
(C) a discriminação racial é uma característica norte-
-americana. No Brasil, há integração das etnias e
democracia racial.
(D) a organização paramilitar denominada Panteras
Negras originou-se no Brasil, como resistência à
opressão dos brancos.
(E) nos países de passado escravocrata, o preconceito
racial tornou-se importante incentivo à política de
integração étnica.
.7. (UNICAMP-SP)
No século XIX, surgiu um novo modo de explicar as
diferenças entre os povos: o racismo. Mas, se os arianos
originaram tanto os povos da Índia quanto os da Europa,
o que justificaria o domínio dos ingleses sobre a Índia? A
suposta explicação é que os arianos da Índia se
enfraqueceram na miscigenação com os aborígenes.
Mas por que essa ideia não foi aplicada no sentido
oposto? Ou seja: por que os arianos da Índia não
aperfeiçoaram aquela raça em vez de se
enfraquecerem?
Adaptado de Anthony Pagden, Povos e Impérios.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2002, p. 188-94.
Segundo o texto, podemos concluir que o pensamento
racista do século XIX:
(A) era incoerente, pois os britânicos se consideravam
superiores aos indianos, porém ambos possuíam a
mesma origem racial; além disso, o racismo não
explicava por que a miscigenação enfraqueceu as
raças superiores e não fortaleceu as inferiores.
(B) era um modo de explicar as diferenças entre os
povos pela miscigenação, que poderia levar tanto ao
fortalecimento dos povos inferiores quanto ao
enfraquecimento dos superiores.
(C) era incoerente porque explicava a superioridade e o
domínio dos ingleses sobre os indianos pelo fato de
ambos terem a mesma origem em povos arianos;
porém não explicava por que a miscigenação não
fortaleceu as raças consideradas superiores.
(D) era uma forma de legitimar o domínio dos ingleses
sobre os indianos a partir de suas diferentes origens
raciais; porém não explicava por que a miscigenação
entre ingleses e indianos não levara ao
aperfeiçoamento das raças consideradas inferiores.
********** ATIVIDADES 2 **********
C1 Compreender os elementos culturais que constituem as identidades.
H1 Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura.
.8. (ENEM-MEC)
O movimento hip-hop é tão urbano quanto as grandes
construções de concreto e as estações de metrô, e cada
dia se torna mais presente nas grandes metrópoles
mundiais. Nasceu na periferia dos bairros pobres de
Nova lorque. É formado por três elementos: a música (o
rap), as artes plásticas (o grafite) e a dança (o break). No
hip-hop os jovens usam as expressões artísticas como
uma forma de resistência política.
Enraizado nas camadas populares urbanas, o hip-hop
afirmou-se no Brasil e no mundo com um discurso
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político a favor dos excluídos, sobretudo dos negros.
Apesar de ser um movimento originário das periferias
norte-americanas, não encontrou barreiras no Brasil,
onde se instalou com certa naturalidade – o que, no
entanto, não significa que o hip-hop brasileiro não tenha
sofrido influências locais. O movimento no Brasil é
híbrido: rap com um pouco de samba, break parecido
com capoeira e grafite de cores muito vivas.
Adaptado de Ciência e Cultura, 2004.
De acordo com o texto, o hip-hop é uma manifestação
artística tipicamente urbana, que tem como principais
características
(A) a ênfase nas artes visuais e a defesa do caráter
nacionalista.
(B) a alienação política e a preocupação com o conflito
de gerações.
(C) a afirmação dos socialmente excluídos e a
combinação de linguagens.
(D) a integração de diferentes classes sociais e a
exaltação do progresso.
(E) a valorização da natureza e o compromisso com os
ideais norte-americanos.
H2 Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.
.9. (ENEM-MEC)
A cafeicultura atingiu a província de São Paulo,
adentrando a região do Vale do Paraíba paulista.
Cidades como Areias e Bananal tornaram-se, após os
anos 1850, as mais ricas vilas da província. Na Fazenda
Resgate, em Bananal: “... São 21 quartos, dos quais
cinco são alcovas, onde as moças dormiam vigiadas
pelos pais. Sua sala de visitas é adornada em estilo
rococó.
[...] Pertencia a Manoel de Aguiar Vallim, a Resgate
chegou a produzir 1% da riqueza nacional. Na época, a
fazenda era quase autossuficiente. Só importava sal e
peixe salgado. Produzia anil, fumo, açúcar mascavo e
algodão, com o qual se teciam as roupas usadas pelos
escravos.
[...] Longe de manter a Resgate para o próprio deleite,
Braga (atual proprietário da fazenda) permite que grupos
de estudantes visitem o casarão... ‘Eu me considero uma
espécie de fiel depositário da Resgate. Acho justo que as
pessoas tenham acesso à memória do país’.”
Ângela Pimenta. Pá na memória. Revista Veja,
24/4/1996, edição 1441, p. 122-125.
Pode-se considerar que:
I. a Fazenda Resgate é um patrimônio histórico
representativo do período de grande riqueza
obtida com a cafeicultura na região.
II. a decadência da Fazenda Resgate relaciona-se
com o descaso do poder público com o
patrimônio cultural nacional.
III. a preservação da Fazenda Resgate ocorre
devido à importância que o seu atual proprietário
concede a ela, pois é parte da memória do
desenvolvimento econômico do país.
Dentre essas afirmações,
(A) somente I e II estão corretas.
(B) somente I e III estão corretas.
(C) somente II e III estão corretas.
(D) I, II e III estão corretas.
(E) somente a III está correta.
H3 Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos.
.10. (ENEM-MEC)
A identidade negra não surge da tomada de
consciência de uma diferença de pigmentação ou de uma
diferença biológica entre populações negras e brancas
e(ou) negras e amarelas. Ela resulta de um longo
processo histórico que começa com o descobrimento, no
século XV, do continente africano e de seus habitantes
pelos navegadores portugueses, descobrimento esse
que abriu o caminho às relações mercantilistas com a
África, ao tráfico negreiro, à escravidão e, enfim, à
colonização do continente africano e de seus povos.
K. Munanga. Algumas considerações sobre a diversidade e a
identidade negra no Brasil. In: Diversidade na educação:
reflexões e experiências. Brasília:
Semtec/MEC, 2003, p. 37.
Com relação ao assunto tratado no texto, é correto
afirmar que
(A) a colonização da África pelos europeus foi
simultânea ao descobrimento desse continente.
(B) a existência de lucrativo comércio na África levou os
portugueses a desenvolverem esse continente.
(C) o surgimento do tráfico negreiro foi posterior ao início
da escravidão no Brasil.
(D) a exploração da África decorreu do movimento de
expansão europeia do início da Idade Moderna.
(E) a colonização da África antecedeu as relações
comerciais entre esse continente e a Europa.
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*MÓDULO 2*
Cultura – Religiões
O caminho para um só Deus
Criar deuses diferentes foi uma maneira de os povos
da Pré-História e da Antiguidade tentarem entender e
explicar os fenômenos da natureza e os ciclos da vida.
Cultuar o deus da chuva era uma forma de pedir
proteção em tempos de seca, por exemplo. O culto a
muitos deuses é chamado de politeísmo. Vários povos
europeus, africanos, asiáticos e americanos (como os
índios brasileiros) tinham cultos animistas (em louvor aos
elementos da natureza).
Assim como os gregos o foram antes deles, os
romanos eram politeístas e se dedicavam aos rituais
religiosos. Todas as casas possuíam um cômodo
reservado para as oferendas e orações aos deuses.
Além das divindades de origem estrangeira (muitas delas
gregas), o próprio imperador, no período imperial, era um
deus a ser cultuado. No fim do período republicano
(séculos V a I a.C.), já era comum a crença em vida após
a morte, uma doutrina que seria fundamental dentro do
cristianismo prestes a surgir entre os hebreus, então
dominados por Roma.
Os hebreus foram o primeiro povo a abandonar o
poIiteísmo e a crer em uma divindade única e maior.
Embora não tenha valor científico, a saga dos hebreus é
narrada no Velho Testamento desde suas origens na
Mesopotâmia até suas constantes mudanças entre
Canaã ou Palestina (hoje Israel) e o Egito, entre os anos
2000 a.C. e 1500 a.C. Os hebreus conseguiram formar
Israel por volta de 1010 a.C., reino que teve como
soberanos Saul, Davi e Salomão. Quando os romanos
destruíram Jerusalém, no século I, teve início a grande
Diáspora, ou seja, a dispersão dos judeus pelo mundo.
Eles viveram em grupos separados por 2.000 anos, até a
criação do Estado de Israel, apenas em 1948. O
sentimento de pertencer a uma só nação foi possível
apenas em razão de sua forte crença religiosa e do fato
de acreditarem que a Palestina estava destinada a eles
por vontade divina.
Com alguns ensinamentos morais em comum com o
judaísmo, já então consolidado entre os hebreus, o
cristianismo se baseou nas pregações de um hebreu,
Jesus Cristo, transmitidas por seus apóstolos. A nova
religião se difundiu aos poucos entre os romanos, mas
seus seguidores foram perseguidos por não aceitarem o
caráter divino do imperador e serem considerados
subversivos. No século II, com o império já em
decadência e sofrendo invasões bárbaras, o número de
cristãos aumentou consideravelmente. Em 313, o
imperador Constantino se converteu ao cristianismo e
deu liberdade religiosa aos romanos, no chamado Edito
de Milão. Em 380, Teodósio I tornou essa a religião
oficial do império. Quinze anos depois, Teodósio dividiu o
império em dois, o do Ocidente, em Roma, e o do
Oriente, em Constantinopla. O primeiro seria a base da
Igreja Católica Apostólica Romana; o segundo seria o
Império Bizantino, que a partir de 1054 seria regido pela
Igreja Ortodoxa, fundada com a separação do
cristianismo. Essa divisão, conhecida como Cisma do
Oriente, ocorreu por motivos de doutrina.
A Idade Média europeia viveu sob a força do
teocentrismo: Deus é o centro e a explicação para tudo.
Com o apoio do império e dos bárbaros convertidos, a
Igreja Católica passou a acumular terras e fortunas. Com
tanto poder nas mãos, as autoridades católicas fizeram
de tudo para aumentá-lo ainda mais, recebendo doações
e benesses dos novos reinos que se formavam em troca
de confortos e garantias espirituais. Os sacerdotes
muitas vezes usavam como pretexto o suposto combate
à heresia (prática contrária à doutrina da Igreja) para
obter mais poder ou enfraquecer aqueles que não
contribuíam com a Igreja. O símbolo máximo dessa
repressão foi a instauração, no século XIII, dos tribunais
do Santo Ofício, ou Inquisição.
As invasões na Europa
diminuíram a partir do
século XI e, na mesma
época, a Igreja conseguiu
reduzir os conflitos entre os
senhores feudais. A Europa
entrou em relativo período
de paz e segurança,
mantido também sob as
rígidas e violentas normas
da Inquisição. A agricultura
prosperou e a população
aumentou, fazendo com
que os nobres e a Igreja
ambicionassem mais
espaço e poder, o que os
levaria às Cruzadas. REPRODUÇÃO
Papiro do século II chamado P52, que contém trechos, em grego, do Evangelho Segundo João
O homem desenvolveu crenças e religiões desde a
Pré-História para tentar explicar fenômenos da
natureza e do ciclo da vida.
Os hebreus foram os primeiros a desenvolver uma
religião monoteísta (crente em um Deus único).
Depois vieram os cristãos e os islâmicos.
O Império Romano, a princípio, sufocava a fé cristã,
mas ela ganhou força e, no século IV, virou a religião
oficial dos romanos.
A Idade Média viu o fortalecimento financeiro e
político da Igreja Católica, que, por meio de
iniciativas como as Cruzadas e a Inquisição,
procurou ampliar seu poder e manter seus fiéis.
Vários movimentos de cisão da Igreja Católica
ganharam força a partir do século XVI, criando
religiões denominadas protestantes.
A fé islâmica ou muçulmana começou no século VII,
período no qual viveu o profeta Maomé, e unificou
tribos árabes antes inimigas.
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Maomé foi não apenas um profeta, mas também
general e líder político. Conquistou pessoalmente a
cidade de Meca, que se tornou a cidade mais
sagrada para os muçulmanos.
O sionismo foi o movimento entre os judeus para
colonizar a Palestina e fundar um país próprio. Israel
foi criado em 1948, então com o respaldo da ONU,
mas encontrou imediata resistência dos vizinhos
árabes.
O nacionalismo árabe surgiu no século XX como
movimento de independência dos povos islâmicos e
tinha caráter secular e mesmo antirreligioso.
O Islã radical surgiu no século XX como movimento
de independência dos povos árabes e tinha caráter
secular e mesmo antirreligioso.
********** ATIVIDADES 1 **********
Texto para as questões de 1 a 3.
Quem foi Maomé
Profeta e fundador do islamismo, ele também exerceu o papel de líder político e militar
Maomé, o profeta máximo do Islã, teve três fases em
sua vida: de comerciante, profeta e profeta-general.
Nascido com o nome Muhammad Ibn Abdullah, em 570,
na cidade de Meca (na atual Arábia Saudita), perdeu a
mãe aos 6 anos e seu pai antes de nascer. Foi criado
pelo tio Abu Talib e desde cedo começou a trabalhar com
comércio. Sua família era influente e bem relacionada e,
aos 25 anos, casou-se com uma rica comerciante,
Cadija, então com 40 anos. O casamento duraria 24
anos.
Maomé tinha contato com cristãos e judeus, que
conviviam com pagãos na Arábia da época. Aos 40 anos,
quando meditava numa caverna, afirmou ter recebido a
visita do arcanjo Gabriel, que passou a lhe revelar a
palavra de Deus. Analfabeto, o profeta não escreveu ele
mesmo os versos, mas seus seguidores fizeram isso em
qualquer material disponível, como folhas de palmeira.
Compilados após sua morte, os textos formam o Corão.
Na fase de Meca, os versos eram brandos e falavam
principalmente contra a avareza e a obrigação de ajudar
os pobres. Quando, no entanto, Maomé passou a
condenar os ídolos pagãos no templo central de Meca,
criou animosidades em torno de si e de seu clã.
Em 619, morreu Cadija, que deixou a Maomé seis
filhos, entre eles dois homens, que morreriam antes dele.
Casou-se novamente, com duas mulheres ao mesmo
tempo. Uma delas, Aisha, tinha 7 anos. Aisha seria uma
figura importante para o Islã, ao recoletar os versos do
Corão e liderar uma disputa política que separaria xiitas e
sunitas.
Em 9 de setembro de 622, Maomé fugiu de Meca,
perseguido pelos pagãos. Esse fato é considerado tão
importante que é a data inicial do calendário islâmico.
Instalou-se na cidade de Medina, onde conseguiu
converter muitos seguidores. Aos 52 anos, era não
apenas um profeta, mas um líder político e militar.
Maomé reagia a ataques de tribos rivais com seu
exército e passou a conquistar cidades. Em 630, tomou
Meca. Ordenou a destruição de todos os ídolos do
templo pagão, deixando apenas uma pedra preta.
Segundo Maomé, a pedra datava da época de Adão e
Eva e havia ficado preta em razão dos pecados dos
homens. Em volta dessa pedra foi construída a Caaba, o
templo que é o lugar mais sagrado para os islâmicos.
Se os versos da fase de Meca eram relativamente
“paz e amor”, os versos da fase de Medina tornaram-se
mais militaristas. Desse período data o Verso da Espada
(Corão 9:5), que afirma: “Mas quando os meses
sagrados houverem transcorrido, matai os idólatras
(564), onde quer que os acheis; capturai-os, acossai-os e
espreitai-os; porém, caso se arrependam, observem a
oração e paguem o zakat, abri-Ihes o caminho. Sabei
que Deus é Indulgente, Misericordiosíssimo”, um
preferido dos radicais contemporâneos.
Em Medina, Maomé casou-se várias vezes, chegando
a ter 10 mulheres ao mesmo tempo – para os demais
homens, o limite estabelecido era quatro. Além do Corão,
os Hadiths, diversos livros que contam sua vida, são
também sagrados aos islâmicos. Esses exemplos e as
revelações no Corão estabelecem os preceitos que
formam a Sharia, as leis islâmicas.
Maomé não deixou filhos homens, o que, ao morrer
em 632, aos 62 anos, causou sérios problemas de
sucessão no império que havia criado. Dessa sucessão
conflituosa nasceu a divisão entre xiitas e sunitas.
Superinteressante, São Paulo, mar. 2010.
.1. (AED-SP)
Antes de se tornar profeta, Maomé teve outra atividade
profissional. Qual foi ela?
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.2. (AED-SP)
Qual é a data inicial do calendário islâmico e por quê?
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.3. (AED-SP)
Maomé mudou profundamente a política de sua terra
natal. Como?
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.4. (ENEM-MEC)
“A burca não é um símbolo religioso, é um símbolo da
subjugação, da subjugação das mulheres. Quero dizer
solenemente que não será bem-recebida em nosso
território.”
Nicolas Sarkozy, presidente da França.
estadao.com.br, 22/6/2009.
Deputados que integram a Comissão Parlamentar
encarregada de analisar o uso da burca na França
propuseram a proibição de todos os tipos de véus
islâmicos integrais nos serviços públicos. (...) A resolução
prevê a proibição do uso de tais vestimentas nos serviços
públicos – hospitais, transportes, escolas públicas e
outras instalações do governo.
Folha Online, 26/1/2010.
Com base nos textos acima e em seus conhecimentos,
assinale a afirmação correta sobre o assunto.
(A) O governo francês proibiu as práticas rituais
islâmicas em todo o território nacional.
(B) Apesar da obrigatoriedade do uso da burca se
originar de preocupações morais, o presidente
francês a considera um traje religioso.
(C) A maioria dos Estados nacionais do Ocidente,
inclusive a França, optou pela adoção de políticas de
repressão à diversidade religiosa.
(D) As tensões políticas e culturais na França cresceram
nas últimas décadas com o aumento do fluxo
imigratório de populações islâmicas.
(E) A intolerância religiosa dos franceses, fruto da
Revolução de 1789, impede a aceitação do
islamismo e do judaísmo na França.
.5. (INEP-MEC)
Maomé, nascido em Meca, na Arábia, insatisfeito com o
paganismo, declarou ter visto o anjo Gabriel, que lhe
apresentara um texto com a ordem de recitá-lo.
Considerando-se então o último e maior de todos os
profetas, Maomé promoveu a conversão das tribos da
Arábia. A era muçulmana caracterizou-se pela:
(A) divisão das esferas de poder político e de poder
religioso, constituindo um Estado laico, mas no qual
a Igreja assumia um lugar privilegiado.
(B) expansão territorial do Islã, que se fez inclusive à
custa do Império Persa e do Império Bizantino,
enfraquecidos por graves crises internas.
(C) conversão forçada dos povos conquistados à nova
religião do Islã, com a proibição dos cultos judeus e
cristãos e o confisco de terras.
(D) rejeição total à assimilação da cultura dos povos
conquistados e das culturas antigas, em nome da
verdadeira compreensão da palavra de Deus.
(E) proibição das concentrações urbanas, do comércio e
da geração de novas técnicas de trabalho,
considerados contrários aos preceitos do Corão.
.6. (VUNESP)
“[Na Idade Média] Homens e mulheres gostavam
muito de festas. Isso vinha, geralmente, tanto das velhas
tradições pagãs (...), quanto da liturgia cristã.”
Jacques Le Goff. A Idade Média Explicada
aos Meus Filhos, 2007.
Sobre essas festas medievais, podemos dizer que:
(A) muitos relatos do cotidiano medieval indicam que
havia um confronto entre as festas de origem pagã e
as criadas pelo cristianismo.
(B) os torneios eram as principais festas e rompiam as
distinções sociais entre senhores e servos, que,
montados em cavalos, se divertiam juntos.
(C) a Igreja Católica apoiava todo tipo de comemoração
popular, mesmo quando se tratava do culto a alguma
divindade pagã.
(D) as festas rurais representavam sempre as relações
sociais presentes no campo, com a encenação do
ritual de sagração de cavaleiros.
(E) religiosos e nobres preferiam as festas privadas e
pagãs, recusando-se a participar dos grandes
eventos públicos cristãos.
.7. (ENEM-MEC)
Preparando seu livro sobre o imperador Adriano,
Marguerite Yourcenar encontrou numa carta de Flaubert
esta frase: “Quando os deuses tinham deixado de existir
e o Cristo ainda não viera, houve um momento único na
história, entre Cícero e Marco Aurélio, em que o homem
ficou sozinho”. Os deuses pagãos nunca deixaram de
existir, mesmo com o triunfo cristão, e Roma não era o
mundo, mas, no breve momento de solidão flagrado por
Flaubert, o homem ocidental se viu livre da metafísica – e
não gostou, claro. Quem quer ficar sozinho num mundo
que não domina e mal compreende, sem o apoio e o
consolo de uma teologia, qualquer teologia?
Luís Fernando Veríssimo. Banquete com os Deuses.
O cristianismo, após ter sido durante muito tempo
combatido pelo Império Romano, tornou-se sua religião
oficial no século IV. O reconhecimento do cristianismo
pelo Império Romano corresponde:
(A) ao Concílio Ecumênico, que aboliu os cultos pagãos
e promoveu a expansão do cristianismo.
(B) ao Edito de Milão, que concedeu liberdade de culto
aos cristãos e proibiu as perseguições.
(C) à Pax Romana, que pôs fim aos conflitos religiosos e
atestou a hegemonia do cristianismo na Europa.
(D) ao Concílio de Trento, que sistematizou e tornou
obrigatório o ensino do cristianismo em todo o
Império.
(E) ao Triunvirato, que conferiu poder político a bispos e
considerou heresia qualquer outra crença religiosa.
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.8. (INEP-MEC)
A compreensão do mundo por meio da religião é uma
disposição que traduz o pensamento medieval, cujo
pressuposto é:
(A) o antropocentrismo: a valorização do homem como
centro do Universo e a crença no caráter divino da
natureza humana.
(B) a escolástica: a busca da salvação através do
conhecimento da filosofia clássica e da assimilação
do paganismo.
(C) o panteísmo: a defesa da convivência harmônica de
fé e razão, uma vez que o Universo, infinito, é parte
da substância divina.
(D) o positivismo: submissão do homem aos dogmas
instituídos pela Igreja e não questionamento das leis
divinas.
(E) o teocentrismo: concepção predominante na
produção intelectual e artística medieval, que
considera Deus o centro do Universo.
********** ATIVIDADES 2 **********
H4 Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura.
.9. (ENEM-MEC)
Usamos um calendário que tem como ponto inicial o
nascimento de Cristo. Assim, o ano de 2002 marca o
tempo transcorrido desde o nascimento de Jesus. O
marco inicial do calendário muçulmano é a fuga do
profeta Maomé da cidade de Meca para Medina.
Pode-se afirmar que os calendários muçulmano e cristão
estão organizados a partir de uma referência
(A) política.
(B) religiosa.
(C) econômica.
(D) militar.
(E) social.
H5
Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.
.10. (ENEM-MEC)
A Festa do Divino foi instituída em Portugal nos
primeiros anos do século XIV pela rainha Isabel, mulher
de D. Diniz, quando construiu a igreja do Espírito Santo
em Alenquer. No Brasil, popularizou-se no século XVI e é
celebrada ainda no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas
Gerais, Paraná, Santa Catarina, Maranhão, Amazonas,
Espírito Santo e Goiás, com missa cantada, procissão,
leilão de prendas e as manifestações folclóricas
peculiares de cada região. Na preparação da festa
realiza-se uma folia, com a bandeira do Divino, para
arrecadar fundos, e são armados coretos, palanques e
um trono para o imperador do Divino. Trata-se de uma
criança ou adulto que, durante a festa, exerce poderes
majestáticos, chegando até a libertar presos comuns em
algumas regiões de Portugal e do Brasil.
www.terrabrasileira.net/folclore/regioes/6ritos/divino.html
De acordo com o texto, sobre a Festa do Divino, conclui-
-se que
(A) foi criada no Brasil em homenagem à rainha Isabel
de Portugal.
(B) é herança da cultura europeia cristã trazida pelos
colonizadores.
(C) descaracterizou-se ao incorporar manifestações
folclóricas.
(D) servia para arrecadar fundos ao imperador em
Portugal.
(E) as manifestações folclóricas incorporadas à Festa do
Divino estão relacionadas à família real.
.11. (ENEM-MEC)
Pintura rupestre da Toca do Pajaú – PI. www.betocelli.com
A pintura rupestre acima, que é um patrimônio cultural
brasileiro, expressa
(A) o conflito entre os povos indígenas e os europeus
durante o processo de colonização do Brasil.
(B) a organização social e política de um povo indígena
e a hierarquia entre seus membros.
(C) aspectos da vida cotidiana de grupos que viveram
durante a chamada pré-história do Brasil.
(D) os rituais que envolvem sacrifícios de grandes
dinossauros atualmente extintos.
(E) a constante guerra entre diferentes grupos
paleoíndios da América durante o período colonial.
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*MÓDULO 3*
Sociedade – Mulheres
Rainhas do lar
A divisão do trabalho moldou a maneira como as
sociedades humanas se fizeram e também a forma como
as pessoas se organizaram em sua vida privada. Por
causa da gestação e da amamentação, à mulher coube o
cuidado com os filhos e com os trabalhos em casa ou
próximos dela (como a colheita e o manuseio dos
alimentos). O homem, que podia se distanciar e estava
sempre apto ao trabalho, foi adquirindo funções de
comando e atribuições como participar de batalhas. A
sociedade patriarcal, baseada no poder do homem, foi a
base de quase todas as civilizações desde a Antiguidade.
No mundo antigo e feudal, os homens sempre
estiveram nos cargos de comando, com raras exceções –
como Cleópatra, cogovernante do Egito no século I a.C.,
ou a imperatriz bizantina Irene (século IX). Em muitas
cidades-Estado da Grécia, as mulheres não tinham
direitos políticos e as crianças só ficavam sob seus
cuidados quando pequenas – assim que chegavam à
idade de receber educação, por volta dos 7 anos, eram
entregues aos tutores e professores, todos homens.
Entre os romanos, o homem detinha tanto poder que
podia aceitar ou rejeitar um filho, condenando-o algumas
vezes a uma vida de escravidão ou morte. A rejeição era
comum entre crianças do sexo feminino e aquelas com
deficiências. O primogênito (filho mais velho) tinha
privilégios especiais em várias sociedades, como direito
maior à herança e até a uma porção maior de comida. Na
Idade Média, muitos primogênitos herdavam sozinhos as
terras do pai, virando suseranos (o senhor feudal), e
transformavam os irmãos em vassalos (nobres que
deviam ser fiéis ao suserano e prestar-lhe serviços). A
sociedade era patriarcal (girava em torno do chefe de
família) e as mulheres, desprovidas de direitos,
dependiam dos pais, irmãos e marido.
A vida em família durante a Idade Média girava em
torno das obrigações com a Igreja e com o trabalho no
campo. A expectativa de vida era baixa (em torno de 30
anos) e a mortalidade infantil, altíssima (em torno de
45%), em parte devido ao desconhecimento da
importância da higiene para evitar doenças que
vitimavam mais facilmente os mais frágeis. No século IX,
os bispos carolíngios redigiram tratados regularizando o
casamento e dando alguns direitos às mulheres (como o
de não apanhar dos homens) e às crianças (elas eram
uma dádiva e deviam ser aceitas pelos pais). Em
algumas regiões da Europa, monastérios formavam
escolas e abrigavam órfãos e filhos de camponeses, que
assim eram alfabetizados e educados. Essa benesse era
dada aos meninos e jovens do sexo masculino e era
muito restrita, já que mais de 90% da população era
analfabeta.
A Idade Moderna teve mulheres poderosas, como
Isabel I de Castela, que, com o marido, Fernando II de
Aragão, formou o casal mais poderoso do século XV, os
Reis Católicos da Espanha. Também foi marcante a
passagem pelo poder da rainha Elizabeth I, da Inglaterra
(século XVII), soberana em uma época de ebulição
política e cultural em seu país (o escritor William
Shakespeare ganhou fama nesse período). Eram
mulheres da nobreza e com acesso à educação, e foram
exceções numa linha do tempo essencialmente
masculina.
A mulher permaneceu relegada aos bastidores do
poder até muito recentemente. A Revolução Industrial do
século XVIII tirou-a de casa e do campo e a colocou nas
fábricas (muitas vezes, com os filhos). No século XIX, as
mulheres assumiram novos postos nas áreas de
educação e saúde (enfermagem), mas ainda não podiam
votar. O primeiro país a conceder o sufrágio (direito a
voto) feminino foi a Nova Zelândia, em 1893. A Inglaterra
teve um longo movimento sufragista, com protestos,
prisões e até uma morte, e regularizou o voto depois da
Primeira Guerra Mundial, em 1918. Pouco mais de 60
anos depois, o país
elegeria uma mulher
para o cargo de
primeira-ministra,
Margareth Thatcher,
que governou em
conjunto com outra
rainha Elizabeth (II). No
Brasil, as mulheres
puderam votar a partir
de 1932, mas só as
casadas (com
autorização do marido)
e as viúvas e solteiras
que tivessem renda
própria. REPRODUÇÃO
Elizabeth I: uma mulher no poder inglês no século XVII
A divisão de tarefas dentro da família levou o homem
a cuidar da provisão de alimentos e bens, enquanto
a mulher ficou encarregada de cuidar da prole e do
lar.
Nas sociedades patriarcais, vigentes na Idade Média
europeia e no Brasil colonial, todos deviam obedecer
ao chefe da família. Até a divisão de herança
privilegiava apenas os homens.
Até o Renascimento, a educação era ligada a temas
religiosos e, fora do clero e da nobreza, poucos eram
letrados.
A educação das crianças passou a ser considerada
pelas classes mais altas a partir dos séculos XVII e
XVIII. Crianças proletárias trabalhavam na lavoura,
nas minas e fábricas desde muito cedo, por volta dos
6 ou 7 anos.
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O século XX viu o surgimento de várias conquistas
femininas, como o sufrágio (direito ao voto) nas
primeiras décadas e a revolução sexual na década
de 1960, catalisada, entre outros fatores, pelo
desenvolvimento da pílula anticoncepcional.
As mulheres representam quase metade da força de
trabalho do Brasil, mas ganham menos que os
homens para exercer funções iguais.
********** ATIVIDADES 1 **********
Texto para as questões 1 e 2.
Elas chegaram lá
O Brasil está sendo comandado por uma mulher. Muitas famílias também
A batalha diária da
múltipla jornada feminina
tem surtido efeito:
as mulheres ganharam
espaço no mercado de
trabalho em praticamente
todos os setores – e
muitas já exibem o maior
salário da casa. De acordo
com estudo divulgado em
setembro pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), 25,7%
das mulheres têm hoje
salário igual ou maior que
o do marido no Brasil.
Esse percentual faz parte de um universo de 13 milhões
de casais, nos quais o homem é apontado como chefe da
casa e a mulher também trabalha. O Brasil tem ainda
mais 5 milhões de casais nos quais a mulher é
apresentada como chefe.
Os tempos de “Amélia” estão, definitivamente, ficando
para trás. O termo ficou famoso como sinônimo de
“mulher do lar” por causa do samba Ai, que Saudades da
Amélia, de Mário Lago e Ataulfo Alves. Lançada em
1941, a música ressaltava as virtudes de uma mulher que
se dedicava de corpo e alma ao bem-estar do marido.
Livres da sombra da submissão, muitas mulheres de hoje
não querem se dedicar exclusivamente às tarefas
domésticas e não esperam, em contrapartida, que caiba
sempre ao homem a tarefa de pagar a conta do
restaurante.
Muitos homens ainda não lidam muito bem com essa
nova realidade. Nessa briga de saldos bancários, quem
acaba pagando a conta muitas vezes é a harmonia
conjugal. Coordenadora administrativa de uma empresa
de planos de saúde de São Paulo, Cláudia Donegati, de
44 anos, tinha um salário quase igual ao do marido até
receber uma promoção. O contracheque engordou,
Cláudia ficou satisfeita com o reconhecimento
profissional, mas acabou arranjando dor de cabeça em
casa.
“Lembro que na época meu marido se sentiu
inferiorizado com a situação e o relacionamento deu uma
boa balançada”, conta. Foram três anos de muita
conversa e ajuda de terapia até reverter a situação.
Uma das consequências mais comuns – e polêmicas
– da superioridade profissional feminina é que a mulher
passa a esperar que o homem assuma parte das tarefas
domésticas. O poder financeiro também dá a ela o direito
de tomar algumas decisões que tradicionalmente são do
marido – a marca do carro, por exemplo. “O homem,
culturalmente, cresce para ter poder, copiando o modelo
do pai e do avô. Quando vê que na casa dele está sendo
diferente, ele se pergunta o que está fazendo de errado”,
afirma a consultora Neli Barboza.
Você S/A Especial, 1/12/2010 (com adaptações).
.1. (AED-SP)
Amélia é o símbolo da dona de casa dedicada aos
afazeres domésticos e submissa ao marido. Por que
esse estereótipo tem se tornado menos comum na
sociedade brasileira?
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.2. (AED-SP)
Por que muitos homens têm dificuldades para aceitar que
as mulheres ganhem mais do que eles?
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.3. (ENEM-MEC)
Texto 1:
Durante a Idade Média europeia, as estratégias
matrimoniais organizavam e sustentavam as relações
sociais. O casamento era antes de tudo um pacto entre
famílias. Nesse ato, a mulher era ao mesmo tempo
doada e recebida, como um ser passivo. Sua principal
virtude, dentro e fora do casamento, deveria ser a
obediência, a submissão. Solteira, era identificada
sempre como “filia” de, “soror” de. Casada, passava a ser
personificada como “uxor” de. Filha, irmã, esposa: os
homens deviam ser sua referência.
MACEDO, José Rivair. A Mulher na Idade Média. 5.ª ed.
São Paulo: Contexto, 2002 (com adaptações).
Texto 2:
“O que as revistas femininas aconselhavam às
leitoras:
[...] – A mulher deve fazer o marido descansar nas
horas vagas, nada de incomodá-lo com serviços
domésticos. (Jornal das Moças, 1959).
AFP
Eleita com 55,7 milhões de votos, Dilma Rousseff é a
primeira mulher na Presidência do Brasil
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– Se o seu marido fuma, não arrume brigas pelo
simples fato de cair cinzas no tapete. Tenha cinzeiros
espalhados por toda a casa. (Jornal das Moças, 1957).
– O lugar de mulher é no lar, o trabalho fora de casa
masculiniza. (Querida, 1955). [...].”
In: COTRIM, Gilberto. História e Consciência
do Brasil. 7.ª ed. São Paulo: Saraiva, 1999.
Com base na leitura comparativa dos textos, constata-se
que:
(A) o patriarcalismo medieval europeu influenciou,
durante muito tempo, a cultura brasileira, tendo em
comum a valorização da submissão feminina.
(B) a ideologia patriarcal da Europa renascentista foi
absorvida, sem alterações, pela sociedade brasileira
na ditadura militar.
(C) o Direito Romano, desde a Antiguidade, submeteu a
mulher a uma inferioridade legal, que vigora na atual
legislação brasileira.
(D) as mulheres não possuíam direitos civis, tanto na
Europa, na Idade Moderna, quanto no Brasil, na
segunda metade do século XX.
(E) o papel feminino está subordinado, nas duas
conjunturas históricas, coisificando a mulher, contudo
não existe a discriminação de gênero na sociedade
brasileira atual.
.4. (INEP-MEC)
“Entre Adão e Deus, no paraíso, não havia mais que
uma mulher; ela, porém, não encontrou um momento de
descanso enquanto não conseguiu lançar seu marido
para fora do jardim das delícias e condenar Cristo ao
tormento da cruz.”
VITRY, Jacques. Apud GIORDANI, Mário C. História do
Mundo Feudal. Petrópolis, Vozes, vol. 2, 1983, p. 210.
Analisando o texto de Jacques Vitry, um autor do século
XVIII, e o papel da mulher nas sociedades da
Antiguidade, na Idade Média e na Idade Moderna,
assinale a proposição falsa:
(A) Na maioria das sociedades da Antiguidade, com
exceção da egípcia (onde algumas mulheres tiveram
papel de relevo), a mulher tinha pouca importância,
sendo considerada, frequentemente, uma
propriedade.
(B) Como podemos perceber no texto, o preconceito
contra as mulheres foi reforçado na Idade Média.
(C) A visão preconceituosa do autor, em relação à
mulher, é tão grande que atribui a ela a expulsão do
homem do paraíso e, até mesmo, a condenação de
Cristo à morte na cruz.
(D) Em alguns momentos da História da Europa, a
mulher foi identificada como encarnação do mal.
Muitas delas foram perseguidas, condenadas por
“heresias e bruxaria”.
(E) Com o advento da imprensa, o desenvolvimento
urbano e a disseminação das ideias liberais, as
mulheres, gradativamente, passaram a ter condições
iguais às dos homens. Já no início da Idade
Moderna, na Inglaterra e na França, conseguiram o
direito ao voto e o de serem eleitas para a Câmara
dos Comuns (Inglaterra) e para a Convenção
Nacional (França).
.5. (ENEM-MEC)
Os dados da tabela mostram uma tendência de
diminuição, no Brasil, do número de filhos por mulher.
Evolução das Taxas de Fecundidade
Época Número de filhos por mulher
Século XIX 7
1960 6,2
1980 4,01
1991 2,9
1996 2,32
Fonte: IBGE, contagem da população de 1996.
Dentre as alternativas, a que melhor explica essa
tendência é:
(A) Eficiência da política demográfica oficial por meio de
campanhas publicitárias.
(B) Introdução de legislações específicas que
desestimulam casamentos precoces.
(C) Mudança na legislação que normatiza as relações de
trabalho, suspendendo incentivos para trabalhadoras
com mais de dois filhos.
(D) Aumento significativo de esterilidade decorrente de
fatores ambientais.
(E) Maior esclarecimento da população e maior
participação feminina no mercado de trabalho.
.6. (ENEM-MEC)
A tabela apresenta a taxa de desemprego, em
percentuais, dos jovens entre 15 e 24 anos, estratificada
com base em diferentes categorias.
Região Homens Mulheres
Norte 15,3 23,8
Nordeste 10,7 18,8
Centro-Oeste 13,3 20,6
Sul 11,6 19,4
Sudeste 16,9 25,7
Grau de Instrução
Menos de 1 ano 7,4 16,1
De 1 a 3 anos 8,9 16,4
De 4 a 7 anos 15,1 22,8
De 8 a 10 anos 17,8 27,8
De 11 a 14 anos 12,6 19,6
Mais de 15 anos 11,0 7,3
Fonte: PNAD/IBGE, 1998.
Considerando apenas os dados anteriores e analisando
as características de candidatos a emprego, é possível
concluir que teriam menor chance de consegui-lo:
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(A) mulheres, concluintes do Ensino Médio, moradoras
da cidade de São Paulo.
(B) mulheres, concluintes de curso superior, moradoras
da cidade do Rio de Janeiro.
(C) homens, com curso de pós-graduação, moradores
de Manaus.
(D) homens, com dois anos de Ensino Fundamental,
moradores de Recife.
(E) mulheres, com Ensino Médio incompleto, moradoras
de Belo Horizonte.
********** ATIVIDADES 2 **********
C3
Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes grupos, conflitos e movimentos sociais.
H11 Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.
.7. (ENEM-MEC)
Um grupo de estudantes, saindo de uma escola,
observou uma pessoa catando latinhas de alumínio
jogadas na calçada. Um deles considerou curioso que a
falta de civilidade de quem deixa lixo pelas ruas acaba
sendo útil para a subsistência de um desempregado.
Outro estudante comentou o significado econômico da
sucata recolhida, pois ouvira dizer que a maior parte do
alumínio das latas estaria sendo reciclada. Tentando
sintetizar o que estava sendo observado, um terceiro
estudante fez três anotações, que apresentou em aula no
dia seguinte:
I. A catação de latinhas é prejudicial à indústria de
alumínio.
II. A situação observada nas ruas revela uma
condição de duplo desequilíbrio: do ser humano
com a natureza e dos seres humanos entre si.
III. Atividades humanas resultantes de problemas
sociais e ambientais podem gerar reflexos
(refletir) na economia.
Dessas afirmações, você tenderia a concordar, apenas,
com
(A) I e II.
(B) I e III.
(C) II e III.
(D) II.
(E) III.
H12 Analisar o papel da Justiça como instituição na organização das sociedades.
.8. (ENEM-MEC)
O texto refere-se às terras indígenas.
A criação dessas áreas tem como finalidade proteger
e garantir a sobrevivência dos grupos indígenas. Elas
são controladas pela Funai. No entanto, parte dessas
terras ainda não está demarcada, o que facilita a entrada
nessas áreas e sua utilização para outras atividades
como a agropecuária, a mineração, a extração de
madeiras, a construção de hidrelétricas e rodovias.
Muitos grupos indígenas abandonam suas terras,
encontrando sérios problemas para sua sobrevivência.
Adaptado de www.ibge.gov.br
Além da Funai e dos índios, estão envolvidos no
processo de demarcação de terras indígenas
(A) grupos dos sem-terra e comerciantes.
(B) empresários e governos.
(C) grileiros e ambulantes.
(D) embaixadas estrangeiras e comerciantes.
(E) desempregados e industriais.
H13 Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.
.9. (ENEM-MEC)
Leia as citações.
Constituição de 1937
Dos direitos sociais
Art. 139 – A greve e o lock-out são declarados recursos
antissociais nocivos ao trabalho e ao capital e
incompatíveis com os superiores interesses da produção
nacional.
Constituição de 1988
Dos direitos sociais
Art. 9.º – É assegurado o direito de greve, competindo
aos trabalhadores decidir sobre os interesses que devam
por meio dele defender.
Analisando as citações às referidas Constituições, é
possível afirmar que o direito de greve
(A) ajudou a desenvolver a indústria nacional a partir de
1937, durante a ditadura Vargas.
(B) foi uma conquista social recente, no contexto da
ditadura militar dos anos 1960, período de
conquistas democráticas.
(C) foi proibido durante a ditadura Vargas e conquistado
em 1988, em um contexto de abertura democrática.
(D) permitiu às categorias profissionais realizarem a
greve de acordo com sua vontade, tanto em 1937
quanto em 1988.
(E) é permitido pelas duas Constituições, desde que
esteja de acordo com os superiores interesses
nacionais.
________________________________________________ *Anotações*
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*MÓDULO 4*
Cultura – Choque
O Ocidente conhece o Oriente
O período entre a ascensão de Alexandre ao poder
(336 a.C.) e o domínio da Grécia pelos romanos (146
a.C.) é chamado de Helenístico. Durante esses dois
séculos, os gregos expandiram seu território, o que levou
a um encontro com a cultura oriental.
Alexandre assumiu o poder aos 20 anos, após o
assassinato de seu pai, Filipe II. Quando Alexandre
nasceu, seu pai, um governante da Macedônia (norte da
Grécia), havia acabado de conquistar as outras cidades-
-Estado, então bastante enfraquecidas por guerras
constantes entre atenienses e espartanos, e unificou a
Grécia sob um governo único. O jovem Alexandre herdou
um grande território – mas queria mais. Sua maior
batalha foi travada para conquistar o reino da Pérsia, sob
governo de Dario III. Nos combates, mostrou seu talento
para dirigir exércitos e criar novas armas. Anexou a Síria,
a Fenícia, a Palestina, o Egito e a Mesopotâmia.
Educado pelo filósofo grego Aristóteles, Alexandre
difundia a cultura grega conforme expandia o império. Ao
chegar ao Egito, fundou uma cidade para substituir
Atenas como centro de saber da época: batizada de
Alexandria, ela passou a ser o mais importante centro do
Mediterrâneo antes do domínio de Roma. A cidade tinha
uma das maiores bibliotecas da Antiguidade, que reunia
grande parte do conhecimento da época. Foi em
Alexandria que Aristarco de Samos propôs pioneiramente
que a Terra gira ao redor do Sol; que Euclides abriu uma
escola de matemática; que Herófilo, o pai da anatomia,
estudou o cérebro e os ritmos do pulso. Um dos
estudantes de Alexandria foi Arquimedes, cuja
contribuição para a humanidade em matemática e física
inclui o aperfeiçoamento do sistema numérico e a
invenção da alavanca e da roldana móvel.
Além do Egito e da Pérsia, Alexandre e seus exércitos
foram além, atravessando a Ásia Menor e chegando ao
rio Indo, na Índia. Nunca um grupo ocidental havia ido tão
longe e levado a cultura grega (sua língua, a educação, a
filosofia e a religião), o que gerou uma simbiose com os
costumes locais. Aparentemente, Alexandre gostaria de
avançar mais, mas seus homens, longe de casa havia
vários anos, ameaçaram um motim caso não
retornassem para a Grécia.
Na volta, Alexandre parou na Mesopotâmia e morreu,
aos 32 anos, de uma febre desconhecida. A Macedônia
foi dividida entre três generais – Alexandre, o Grande,
não deixou herdeiros declarados. O Império Macedônio
sobreviveu mais de um século graças aos laços de
cultura e comércio iniciados por Alexandre. Mas Roma já
ascendia e dominaria a Macedônia em 148 a.C.,
anexando a Grécia dois anos depois.
EDITORA MOL
Fonte: José Arruda e Nelson Piletti. Toda a História. 3.ª ed. São Paulo: Ática, 2009, p. 7.
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O macedônio Alexandre, o Grande, que assumiu o
poder aos 20 anos e morreu aos 32, no século IV
a.C., ampliou as possessões gregas ao incorporar o
Império Persa e terras da Ásia Menor, numa intensa
troca marcada pelo intercâmbio cultural entre
dominadores e dominados.
Os romanos chamavam de bárbaros (forma
pejorativa de defini-los como “não civilizados”) as
etnias que viviam fora de suas fronteiras e que as
invadiam. Hunos, godos, anglos e saxões são alguns
desses povos, que levaram à derrocada do Império
Romano e formaram novas culturas, misturando
romanos e outros povos.
No século XIX, os europeus usaram seu poder militar
e financeiro para ocupar nações na Ásia e na África.
O neocolonialismo redividiu a África de acordo com
interesses europeus, prejudicando seriamente várias
nações e suas culturas. Os movimentos de ocupação
em busca de riqueza provocaram diversas guerras.
Na Índia, os colonizadores ingleses enfrentaram a
(vitoriosa) resistência pacífica de Mahatma Gandhi e
seus seguidores nas primeiras décadas do século
XX. O país acabou por conquistar a independência,
em 1947.
Para dominar a China, os ingleses deflagraram (e
venceram) a Guerra do Ópio, no século XIX. O país
teve um extenso território colonizado por europeus,
russos, norte-americanos e japoneses. Hoje, realiza
um grande esforço de modernização, crescimento
econômico e aumento da influência política no
cenário internacional, sem deixar de lado as
tradições de uma cultura de 5.000 anos de história.
********** ATIVIDADES 1 **********
Texto para a questão 1.
Admirável mundo novo
Orgulhosos de sua civilização milenar, os chineses crescem em ritmo vertiginoso e buscam a liderança no cenário internacional
Pense num país. Um país de cultura milenar e que se
transformou radicalmente nos últimos tempos. Pense na
capital desse país, que sofreu a maior mudança de sua
longa história em apenas dez anos – os últimos dez
anos. Pequim, China, você certamente pensou. Assim, é
natural Pequim reivindicar um lugar que já ocupou – ou
pretendeu ocupar –, no começo do século XV, como
“capital do universo”. A China, que vive há três décadas
um crescimento econômico estupendo, 10% ao ano em
média, agora se abre para o turismo e o olhar
estrangeiro. Destruiu e reconstruiu bairros e bairros.
Fincou arranha-céus impressionantes, boa parte deles
com a assinatura de arquitetos ocidentais badalados. Viu
sua indústria automobilística explodir, suas malhas viária
e metroviária fermentar, seu aeroporto duplicar e tornar-
-se o maior do mundo. Ficou para trás, muito para trás, a
cidade cheia de lavouras chegando aos limites da Praça
da Paz Celestial, uma imagem que um estrangeiro veria
30 anos atrás.
Se Pequim hoje começa a lembrar Tóquio e Nova
York, consegue (ainda) manter vivas suas diferenças. Os
prédios não têm os 4.º, 14.º, 24.º, 34.º andares porque o
4 é um número associado à morte. Os casais, que só
podem ter um único filho – ou dois, excepcionalmente –,
programam o nascimento de olho no horóscopo.
Popularíssima é a medicina tradicional chinesa, da
acupuntura às receitas de chá e à aplicação de ventosas
nas costas. E a terrível e decana censura do governo
comunista, que controla toda a imprensa nacional, os
filmes em cartaz nos cinemas e a internet, ignora
solenemente a pirataria, outro traço cultural que resiste.
Os chineses consideram-se pais da cultura e da
filosofia orientais. Converse com um local e ele
prontamente repetirá o que aprendeu em idade escolar:
esta é a civilização mais antiga do mundo, com 5.000
anos. O alfabeto é praticamente impenetrável para
forasteiros – são “apenas” cerca de 20.000 ideogramas.
Os chineses orgulham-se disso e passam horas
escrevendo os caracteres na calçada. Acredita-se que a
elegância da escrita denote o grau de instrução. Mais
sinais da cultura chinesa aparecem pelas ruas. No sul de
Pequim, o Parque Tiantan Gongyuan reúne respeitáveis
senhores que fazem tai chi chuan e cantam e dançam
em grupo, ao ar livre. O parque fica ao lado do famoso
Templo do Céu, onde os grandes imperadores ofereciam
sacrifícios em prol de boas colheitas na primavera.
No norte de Pequim, na área montanhosa, está uma
seção da Muralha da China, uma das Sete Novas
Maravilhas do Mundo. Com mais de 6.000 quilômetros de
extensão, ela começou a ser erguida no século III a.C.
para evitar as invasões da Mongólia e agregou quase um
quarto da população (militares, prisioneiros e campônios)
na obra. Hoje é tomada pelo turismo de massa e por uma
massa ainda maior de vendedores ambulantes.
A grande obra-prima da China imperial é a Cidade
Proibida, bem no centro de Pequim, ao lado da Praça da
Paz Celestial. Foi construída para marcar a transferência
de poder de Nanquim para Pequim, no século XV, e
abrigou as dinastias Ming e Qing, que sobreviveram no
poder até 1912. Era “uma cidade dentro de outra”.
Ninguém entrava lá sem autorização – daí o nome –,
embora houvesse espaço de sobra. O palácio tem quase
9.000 cômodos, entre os recintos do imperador e os
edifícios ao redor. O lugar sobreviveu ao saque dos
japoneses em 1931 e às tentativas de demolição durante
os anos 1960, com a chamada Revolução Cultural.
Ali em frente, a célebre Praça da Paz Celestial (ou
Tian’anmen) conecta o passado com o presente. Palco
das grandes cerimônias cívicas, virou uma “Praça
Vermelha” com o triunfo dos comunistas, em 1949. Ao
longo das décadas, foi usada para demonstrações de
força, culminando com o banho de sangue de 1989, em
resposta à manifestação dos estudantes. Uma das
maiores praças do mundo, pode comportar até 500.000
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pessoas e é a morada eterna de Mao Tsé-tung. Foi ele
quem, em 1966, deu início à Revolução Cultural chinesa,
um movimento que estimulava os jovens a se engajar no
comunismo e a rejeitar modelos externos e que, na
prática, fechou escolas e perseguiu intelectuais. Se vivo,
Mao não reconheceria – e possivelmente não aprovaria –
o que Pequim se tornou. Mas, pelas artes da história, ele
continua ali, notavelmente sólido, concreto e ululante –
como todos os novíssimos cartões-postais da cidade.
Viagem & Turismo, jun. 2008 (com adaptações).
.1. (AED-SP)
Por que os chineses se orgulham de sua cultura?
Ofereça subsídios para comprovar essa ideia.
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.2. (INEP-MEC)
Questiona-se atualmente qual o fôlego do
desenvolvimentismo do peculiar socialismo chinês e se
suas reformulações econômicas exigirão iguais
mudanças políticas, dando os contornos a uma
verdadeira “glasnost” chinesa.
VICENTlNO, Cláudio e SCALZARETTO, Reinaldo. Cenário Mundial.
A Nova Ordem Internacional. São Paulo: Scipione, 1992.
Tomando como referência a citação acima, assinale a
alternativa correta:
(A) Embora sejam reconhecidos os avanços no plano
econômico, politicamente o governo chinês mantém
o centralismo e o autoritarismo, tal como se verificou
em Pequim no massacre da Praça da Paz Celestial.
Naquele momento, os estudantes lutavam contra a
influência cultural norte-americana, contra as
privatizações e pelo fortalecimento do Partido
Comunista Chinês.
(B) A base das reformas econômicas na China, a partir
da década de 1980, foi a criação de uma economia
mercantil planificada, com investimentos na
importação de tecnologia e abertura para empresas
estrangeiras, aproveitando o potencial da farta mão
de obra e do excelente mercado consumidor.
(C) Em função da supervalorização da mão de obra, com
os altos salários pagos aos operários chineses, e da
concorrência da exportação de produtos agrícolas
feita por Taiwan, os produtos chineses ficaram
restritos ao comércio com o sudeste asiático.
(D) A devolução de Hong Kong pelos ingleses à China
foi fruto de intensos conflitos que envolveram
recentemente os dois países, culminando com a
implantação de eleições livres e a formação de uma
bolsa de valores naquela região.
.3. (ENEM-MEC)
O dissidente chinês Liu Xiaobo obteve, nesta sexta-
-feira, o Prêmio Nobel da Paz 2010, devido ao uso da
não violência na defesa dos direitos humanos, no seu
país natal. A China reagiu duramente, qualificando a
decisão de uma “blasfêmia” ao próprio prêmio.
Folha de S. Paulo, 8/10/2010.
A conquista do Prêmio Nobel pelo ativista chinês, que
participou das manifestações ocorridas na Praça da Paz
Celestial, em Pequim, e duramente reprimidas pelo
governo em 1989, deixa claras as contradições com as
quais a China depara no início do século XXI, porque:
I. a abertura econômica, a partir de 1978, acabou
com o coletivismo dos tempos maoístas e foi
responsável pelo crescimento do PIB chinês,
favorecido pelos investimentos estrangeiros no
país.
II. ao assumir o governo, Deng Xiaoping combinou
abertura econômica com totalitarismo político e,
mesmo constatando o crescimento desigual no
interior da China, tem resolvido os impasses
políticos por meio de negociações pacíficas.
III. o paradoxo entre o totalitarismo político e a
adoção de liberdade de mercado na China tem
desgastado as instituições de poder, que
recorrem ao exercício da força para conservar o
poder diante de um país influenciado pela
economia de mercado.
É correto afirmar que:
(A) somente I está correta.
(B) somente II está correta.
(C) somente I e II estão corretas.
(D) somente I e III estão corretas.
(E) I, II e III estão corretas.
.4. (FUVEST-SP)
Sobre as invasões dos “bárbaros” na Europa Ocidental,
ocorridas entre os séculos III e IX, é correto afirmar que:
(A) foi uma ocupação militar violenta que, causando
destruição e barbárie, acarretou a ruína das
instituições romanas.
(B) se, por um lado, causaram destruição e morte, por
outro contribuíram, decisivamente, para o
nascimento de uma nova civilização, a da Europa
Cristã.
(C) apesar dos estragos causados, a Europa conseguiu,
afinal, conter os bárbaros, derrotando-os
militarmente e, sem solução de continuidade,
absorveu e integrou os seus remanescentes.
(D) se não fossem elas, o Império Romano não teria
desaparecido, pois, superada a crise do século III,
passou a dispor de uma estrutura socioeconômica
dinâmica e de uma constituição política centralizada.
(E) os godos foram os povos menos importantes, pois
quase não deixaram marcas de sua presença.
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.5. (FUVEST-SP)
“África vive (...) prisioneira de um passado inventado por
outros.”
Mia Couto, Um retrato sem moldura, in Leila Hernandez, A África
na Sala de Aula. São Paulo: Selo Negro, 2005, p. 11.
A frase acima se justifica porque:
(A) os movimentos de independência na África foram
patrocinados pelos países imperialistas, com o
objetivo de garantir a exploração econômica do
continente.
(B) os distintos povos da África preferem negar suas
origens étnicas e culturais, pois não há espaço, no
mundo de hoje, para a defesa da identidade cultural
africana.
(C) a colonização britânica do litoral atlântico da África
provocou a definitiva associação do continente à
escravidão e sua submissão aos projetos de
hegemonia europeia no Ocidente.
(D) os atuais conflitos dentro do continente são
comandados por potências estrangeiras,
interessadas em dividir a África para explorar mais
facilmente suas riquezas.
(E) a maioria das divisões políticas da África definidas
pelos colonizadores se manteve, em linhas gerais,
mesmo após os movimentos de independência.
.6. (INEP-MEC)
Observe a figura a seguir.
ESTÚDIO PINGADO
Essas marcas representam:
(A) a expansão do agronegócio.
(B) o poderio da robótica.
(C) a vulgarização da internet.
(D) o fortalecimento do mercado interno.
(E) a mundialização do capital.
.7. (ENEM-MEC)
“O espaço geográfico é o resultado das
transformações introduzidas pela Revolução Industrial.
(...) O desenvolvimento científico e tecnológico é
revertido em novos produtos (...) e redução de custos,
permitindo (...) maior capacidade de competição.”
orbita.starmedia.com/geoplanetbr/industria.html
No contexto da citação acima, é correto afirmar que:
(A) as principais atividades da indústria são as que
transformam matérias-primas em produtos
manufaturados.
(B) a tecnologia provoca a substituição de humanos por
robôs.
(C) um setor considerado de ponta, nesta fase técnico-
-científico-informacional, é a biotecnologia.
(D) o avanço da engenharia genética tem possibilitado a
seleção das características genéticas das pessoas.
(E) o avanço técnico-científico na indústria atinge com
igual intensidade as diferentes sociedades.
********** ATIVIDADES 2 **********
H14
Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca das instituições sociais, políticas e econômicas.
.8. (ENEM-MEC)
Em um confronto entre policiais e camelôs no centro de
São Paulo, foram colhidos por um repórter de TV dois
depoimentos: o do proprietário de uma loja e o de um
camelô.
Depoimento 1
“Esta situação está ficando insustentável. Não há
lugar para os pedestres circularem livremente pela
calçada e isso prejudica meus negócios. O preço dos
produtos desses camelôs é uma afronta, porque, como
não pagam impostos e só trabalham com mercadorias
contrabandeadas ou roubadas, não há concorrência que
resista.”
Proprietário de uma loja na região central de São Paulo.
Depoimento 2
“Eu era metalúrgico, e fui demitido. O que antes eu
fazia, hoje um monte de máquinas faz no meu lugar. Eu
não consigo arrumar outro emprego, porque as outras
fábricas também estão demitindo. A crise está muito
brava. Peguei meu Fundo de Garantia e apostei tudo
nisso. Monto minha barraca onde tem mais gente
passando pra poder faturar um pouco e sustentar minha
família.”
Vendedor ambulante do centro de São Paulo.
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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHH História 24
Os depoimentos indicam que
(A) a crise econômica e o desemprego prejudicam
proprietários e trabalhadores.
(B) os comerciantes são os únicos prejudicados pela
crise do desemprego.
(C) a crise econômica pode ser resolvida pelo comércio
dos camelôs.
(D) donos das lojas e camelôs estão unidos contra a
crise.
(E) os camelôs são os únicos prejudicados pela crise
uma vez que os comerciantes são os detentores dos
capitais.
H15 Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.
.9. (ENEM-MEC)
À medida que os europeus se apropriavam das terras do
continente americano, intensificaram-se os conflitos com
os ameríndios. As ofensivas dos europeus aos povos
indígenas acabaram por contribuir para a resolução do
problema de mão de obra.
Pode-se afirmar que as relações entre os conquistadores
europeus e os ameríndios foram marcadas pelo(a)
(A) respeito ao modo de vida dos indígenas.
(B) disposição do ameríndio a submeter-se ao europeu.
(C) integração entre europeus e ameríndios.
(D) exploração da mão de obra indígena.
(E) ausência de reações violentas contra os
colonizadores.
.10. (ENEM-MEC)
Leia o texto e observe a charge.
Mais do que a chegada dos colonos, é a escravização
que desintegra o modo de vida das tribos indígenas. Eles
morrem com centenas de doenças transmitidas pelos
brancos. Só na Bahia, em 1563, uma epidemia de varíola
mata cerca de 30 mil índios.
Fonte: NOVAIS, Carlos Eduardo e LOBO, César. História do Brasil para principiantes, 1999.
Utilizando o texto e a charge, escolha a opção correta
acerca da transformação da vida dos índios na Bahia
após a chegada dos portugueses ao Brasil no século
XVI.
(A) Nos primeiros encontros com os europeus, os índios
já tinham conhecimento dos perigos à saúde que o
contato com os colonizadores ocasionaria.
(B) A charge revela que os índios eram seguidores dos
portugueses e não questionavam os aspectos
negativos do contato com os europeus.
(C) A escravidão dos índios dessa região foi imposta
pelos portugueses e aceita pacificamente pelos
índios.
(D) A colonização europeia da América desorganizou o
modo de vida das populações indígenas e
disseminou doenças.
(E) Os colonizadores tratavam com respeito os
indígenas que logo com eles se aliaram nos
trabalhos agrícolas.
________________________________________________ *Anotações*