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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHH História 15

*MÓDULO 1*

Capitalismo – Crises econômicas

Aprendendo com o passado

Em outubro de 2008, Wall Street viveu a pior semana

de sua história. O índice Dow Jones, que mede o

comportamento da bolsa de valores dos Estados Unidos,

caiu 18% — o recorde negativo anterior havia sido

registrado em julho de 1933. Como se isso não fosse

assustador o suficiente, os sistemas bancários dos

Estados Unidos e da Europa estiveram à beira de um

colapso.

© CREATIVE COMMONS

Em 1873, o mercado financeiro já vivia uma grave crise

Criticados por estar sempre a reboque dos

acontecimentos, governos dos países mais afetados

tentaram tomar o controle da situação. Num esforço

inédito e coordenado, os países da União Europeia e os

Estados Unidos lançaram medidas de ajuda para

resgatar bancos falidos, garantir seus depósitos e irrigar

os paralisados mercados privados de crédito. Dias depois

de os Estados Unidos anunciarem um pacote de 700

bilhões de dólares para combater a crise financeira, a

União Europeia pôs 2,5 triIhões de dólares à disposição

de suas instituições financeiras — foi a primeira vez

desde o lançamento do euro, em 1999, que os chefes de

governo dos 15 países da moeda comum europeia

fizeram uma reunião de cúpula formal, tamanha a

gravidade da situação.

Esse remédio amargo era o caminho inevitável para

superar a crise e evitar o risco de repetir a história

iniciada com o crash de 1929. Na época, a atuação do

governo Herbert Hoover, então presidente dos Estados

Unidos, ajudou a aprofundar a mais grave recessão já

vivida pelo país, com resultados desastrosos para a

economia mundial. Em vez de cortar, o governo elevou

os juros. Quando o sensato era salvar os bancos, o

governo permitiu que as instituições quebrassem. Além

disso, com o objetivo de proteger o mercado interno,

instituiu uma taxa de importação que acabou provocando

retaliações e reduziu drasticamente as exportações

americanas, deteriorando ainda mais a situação das

empresas do país.

Alguns grandes nomes da economia

ADAM SMITH (escocês, 1723-1790): Pioneiro

em política econômica, escreveu A Riqueza das

Nações. Iluminista, era partidário do liberalismo,

ou seja, da tese de que a economia deve

crescer por si própria, sem incentivos nem

entraves governamentais ou de outras fontes

externas. Para Adam Smith, um pensador influente até os dias

de hoje, o mercado regularia a economia, diminuindo com o

tempo as desigualdades, sem a tutela do Estado.

KARL MARX (alemão, 1818-1883): Autor de O

Capital e do Manifesto Comunista (este escrito

em parceria com o pensador alemão Friedrich

Engels), baseou seu trabalho no estudo da

exploração do trabalho pelo capital. Crítico do

capitalismo, não acreditava que o sistema

pudesse levar à diminuição gradual das diferenças sociais.

Segundo Marx, é da natureza do capitalismo a concentração de

grandes quantidades de riquezas nas mãos de poucos.

JOHN MAYNARD KEYNES (inglês, 1883-1946):

O principal teórico da primeira metade do século

XX, especialmente após a crise de 1929,

discordava da tese do equilíbrio natural da

economia e acreditava na importância de uma

política fiscal regulatória. Sua principal obra é A

Teoria Geral do Emprego, da Renda e do Lucro.

IMAGENS: © CREATIVE COMMONS

As primeiras grandes crises do capitalismo

ocorreram no século XIX, durante a Segunda

Revolução Industrial. A de 1873 ficou conhecida

como Grande Depressão. Prolongou-se por décadas

e foi a mais marcante até então, só superada pelo

impacto da crise de 1929.

O rápido crescimento econômico dos Estados

Unidos após a Primeira Guerra Mundial levou o país

a uma onda especulatória que culminou com a crise

de 1929. Fortes economias ao redor do planeta, em

especial as que tentavam se recuperar do conflito

mundial, foram seriamente afetadas. Com o

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programa de recuperação econômica conhecido

como New Deal (Novo Acordo), o governo norte-

-americano interveio de forma a diminuir a crise

econômica no decorrer da década de 1930.

A crise de 2008, a mais recente da história do

capitalismo, foi provocada pela ação especulatória

de grandes empresas e bancos. Eles criaram uma

bolha financeira que atingiu seriamente não apenas

os Estados Unidos, mas vários dos principais

mercados do mundo, em especial as maiores

economias da Europa.

Após o fim do regime militar brasileiro, a alta inflação

foi um dos principais problemas enfrentados pelos

governos civis que se seguiram. Os mais diversos

planos econômicos tentaram conter a inflação, como

o Plano Cruzado I e II, do governo José Sarney, o

Plano Collor, do governo Fernando Collor, e o Plano

Real, do governo Itamar Franco. Foi só com o

sucesso desse último, lançado em 1994, que a

inflação foi finalmente contida e, desde então, vem

sendo mantida em níveis considerados razoáveis

para os padrões da história recente do Brasil.

*ATENÇÃO, ESTUDANTE!*

Para complementar o estudo deste Módulo, utilize seu LIVRO DIDÁTICO.

*********** ATIVIDADES ***********

Texto para a questão 1.

Quando a bolha estoura

As crises financeiras vão e voltam como as estações do ano — e repetem sempre o mesmo script

De uma hora para outra, a crise bateu. A bolsa de

valores, que não parava de quebrar recordes de alta,

despencou. Dinheiro virou coisa rara no mercado.

Empréstimos minguaram e todo mundo passou a gastar

menos. Aí piorou de vez: sem crédito nem clientes,

empresas que até outro dia tinham seus maiores lucros

na história não conseguiram mais equilibrar as contas.

De cada 100 companhias, 72 fecharam as portas. E as

que resistiram perderam valor no mercado.

Operador da Bolsa de Nova Iorque demonstra desolação, mas a crise não é invenção do século XX

© AFP

Pode até parecer uma notícia referente à mais recente

crise financeira, mas tudo isso aconteceu em 1697, na

Inglaterra. O governo precisou intervir para colocar

rédeas no mercado financeiro depois que uma bolha de

crescimento econômico estourou e deu lugar à maior

crise financeira da história até então. As semelhanças

entre esse mundo de 300 anos atrás e o de agora

deixam claro: a última crise não tem nada de nova nem

significa o fim do capitalismo. As crises de hoje são

maiores porque não há mais fronteiras econômicas como

no século XVII. Mesmo assim, seguem o roteiro de

outras dezenas de bolhas econômicas que estouraram

ao longo da história.

O mercado moderno, com empresas controladas por

milhares de acionistas, começou na Holanda, em 1602.

Foi quando a Companhia das Índias Orientais, que

comercializava especiarias, dividiu sua propriedade em

partes iguais e minúsculas (as ações) para financiar com

mais facilidade suas empreitadas marítimas. Todo mundo

dividia as despesas na hora de comprar as ações e tinha

direito a uma parcela do lucro. Era um negócio de risco:

ninguém sabia qual seria o lucro de uma expedição. Se

os barcos demorassem para voltar do Oriente, algum

acionista podia achar que eles afundaram e tentar vender

sua participação na companhia antes que ela própria

afundasse. Aí o jeito era vender por um preço menor que

o original. Agora, quando vinha a notícia de que os

barcos estavam chegando carregados, a expectativa ia lá

para cima e as ações podiam ser vendidas por um preço

bem maior.

A febre das ações chegou com tudo à Inglaterra no

final daquele mesmo século XVII, graças a um certo

capitão de navio chamado William Phillips. Em 1687, ele

voltou de uma viagem com 32 toneladas de prata e baús

de joias retirados de um navio espanhol que naufragara.

Isso rendeu 190 mil libras (R$ 105 milhões em valores de

hoje) para dividir entre os financiadores da expedição, o

que assegurou um retorno de 10.000%. Inspirados no

sucesso dessa empreitada, surgiram dezenas de projetos

de caça ao tesouro que lançaram ações no mercado. O

dinheiro rolou solto durante a fase de entusiasmo, mas

logo se chegou à conclusão de que não havia tantos

tesouros assim no mar. As ações das expedições

despencaram, contrariando a expectativa

exageradamente otimista de que subiriam para sempre.

Quando veio a queda, o resto também desmoronou.

Muita gente ficou sem dinheiro para pagar dívidas e

credores levaram calote.

Apesar do baque, contudo, a euforia do século XVII

serviu para construir o mundo a que você está

acostumado. Graças ao “cassino” das ações, a

Companhia das Índias pôde se financiar e inventar o

comércio global. A especulação ajudou a bancar também

a Revolução Industrial, para citar outro momento crucial

da história. De crise em crise, a história continua sendo

escrita.

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Os passos de toda crise

1. OLHA A ONDA

Novas oportunidades de investimento (internet, imóveis etc.)

criam chances de lucros cada vez maiores no mercado

financeiro.

2. EUFORIA

Quanto mais lucro se espera, mais as ações sobem.

Investidores novatos entram no negócio.

3. FASE MANÍACA

Companhias novas lançam ações para aproveitar a euforia.

Pessoas e empresas fazem fortunas da noite para o dia. O

crédito fica facinho.

4. ESTOURO DA BOLHA

As expectativas de lucro não viram realidade. Investidores

fogem. Bancos tomam calote. O crédito some, a economia

trava. E vem a crise.

Superinteressante, out. 2008 (com adaptações).

.1. (AED-SP)

Qual a origem comum de todas as crises financeiras?

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.2. (ENEM-MEC)

A depressão econômica gerada pela crise de 1929

teve no presidente americano Franklin Roosevelt (1933-

-1945) um de seus vencedores. New Deal foi o nome

dado à série de projetos federais implantados nos

Estados Unidos para recuperar o país, a partir da

intensificação da prática da intervenção e do

planejamento estatal da economia. Juntamente com

outros programas de ajuda social, o New Deal ajudou a

minimizar os efeitos da depressão a partir de 1933.

Esses projetos federais geraram milhões de empregos

para os necessitados, embora parte da força de trabalho

norte-americana continuasse desempregada em 1940. A

entrada do país na Segunda Guerra Mundial, no entanto,

provocou a queda das taxas de desemprego, e fez

crescer radicalmente a produção industrial. No final da

guerra, o desemprego tinha sido drasticamente reduzido.

EDSFORD, R. America’s response to the Great Depression.

Blackwell Publishers, 2000 (tradução adaptada).

A partir do texto, conclui-se que

(A) o fundamento da política de recuperação do país foi

a ingerência do Estado, em ampla escala, na

economia.

(B) a crise de 1929 foi solucionada por Roosevelt, que

criou medidas econômicas para diminuir a produção

e o consumo.

(C) os programas de ajuda social implantados na

administração de Roosevelt foram ineficazes no

combate à crise econômica.

(D) o desenvolvimento da indústria bélica incentivou o

intervencionismo de Roosevelt e gerou uma corrida

armamentista.

(E) a intervenção de Roosevelt coincidiu com o início da

Segunda Guerra Mundial e foi bem-sucedida,

apoiando-se em suas necessidades.

.3. (ENEM-MEC)

A prosperidade induzida pela emergência das

máquinas de tear escondia uma acentuada perda de

prestígio. Foi nessa idade de ouro que os artesãos, ou os

tecelões temporários, passaram a ser denominados, de

modo genérico, tecelões de teares manuais. Exceto em

alguns ramos especializados, os velhos artesãos foram

colocados lado a lado com novos imigrantes, enquanto

pequenos fazendeiros-tecelões abandonaram suas

pequenas propriedades para se concentrar na atividade

de tecer. Reduzidos à completa dependência dos teares

mecanizados ou dos fornecedores de matéria-prima, os

tecelões ficaram expostos a sucessivas reduções dos

rendimentos.

THOMPSON, E. P. The making of the english working class.

Harmondsworth: Penguim Books, 1979 (adaptado).

Com a mudança tecnológica ocorrida durante a

Revolução Industrial, a forma de trabalhar alterou-se

porque

(A) a invenção do tear propiciou o surgimento de novas

relações sociais.

(B) os tecelões mais hábeis prevaleceram sobre os

inexperientes.

(C) os novos teares exigiam treinamento especializado

para serem operados.

(D) os artesãos, no período anterior, combinavam a

tecelagem com o cultivo de subsistência.

(E) os trabalhadores não especializados se apropriaram

dos lugares dos antigos artesãos nas fábricas.

.4. (ENEM-MEC)

Eu, o Príncipe Regente, faço saber aos que o

presente Alvará virem: que desejando promover e

adiantar a riqueza nacional, e sendo um dos mananciais

dela as manufaturas e a indústria, sou servido abolir e

revogar toda e qualquer proibição que haja a este

respeito no Estado do Brasil.

Alvará de liberdade para as indústrias (1.º de Abril de 1808).

In: BONAVIDES, P.; AMARAL, R. Textos políticos da história

do Brasil. Vol. 1. Brasília: Senado Federal, 2002 (adaptado).

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O projeto industrializante de D. João, conforme expresso

no Alvará, não se concretizou. Que características desse

período explicam esse fato?

(A) A ocupação de Portugal pelas tropas francesas e o

fechamento das manufaturas portuguesas.

(B) A dependência portuguesa da Inglaterra e o

predomínio industrial inglês sobre suas redes de

comércio.

(C) A desconfiança da burguesia industrial colonial

diante da chegada da família real portuguesa.

(D) O confronto entre a França e a Inglaterra e a posição

dúbia assumida por Portugal no comércio

internacional.

(E) O atraso industrial da colônia provocado pela perda

de mercados para as indústrias portuguesas.

.5. (ENEM-MEC)

Homens da Inglaterra, por que arar para os senhores

que vos mantêm na miséria?

Por que tecer com esforços e cuidado as ricas roupas

que vossos tiranos vestem?

Por que alimentar, vestir e poupar do berço até o

túmulo esses parasitas ingratos que exploram vosso suor

— ah, que bebem vosso sangue?

SHELLEY. Os homens da Inglaterra. Apud HUBERMAN, L.

História da Riqueza do Homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.

A análise do trecho permite identificar que o poeta

romântico Shelley (1792-1822) registrou uma contradição

nas condições socioeconômicas da nascente classe

trabalhadora inglesa durante a Revolução Industrial. Tal

contradição está identificada

(A) na pobreza dos empregados, que estava dissociada

da riqueza dos patrões.

(B) no salário dos operários, que era proporcional aos

seus esforços nas indústrias.

(C) na burguesia, que tinha seus negócios financiados

pelo proletariado.

(D) no trabalho, que era considerado uma garantia de

liberdade.

(E) na riqueza, que não era usufruída por aqueles que a

produziam.

.6. (ENEM-MEC)

Um banco inglês decidiu cobrar de seus clientes cinco

libras toda vez que recorressem aos funcionários de suas

agências. E o motivo disso é que, na verdade, não

querem clientes em suas agências; o que querem é

reduzir o número de agências, fazendo com que os

clientes usem as máquinas automáticas em todo tipo de

transações. Em suma, eles querem se livrar de seus

funcionários.

HOBSBAWM, E. O novo século. São Paulo:

Companhia das Letras, 2000 (adaptado).

O exemplo mencionado permite identificar um aspecto da

adoção de novas tecnologias na economia capitalista

contemporânea. Um argumento utilizado pelas empresas

e uma consequência social de tal aspecto estão em

(A) qualidade total e estabilidade no trabalho.

(B) pleno emprego e enfraquecimento dos sindicatos.

(C) diminuição dos custos e insegurança no emprego.

(D) responsabilidade social e redução do desemprego.

(E) maximização dos lucros e aparecimento de

empregos.

.7. (ENEM-MEC)

O movimento operário ofereceu uma nova resposta ao

grito do homem miserável no princípio do século XIX. A

resposta foi a consciência de classe e a ambição de

classe. Os pobres então se organizavam em uma classe

específica, a classe operária, diferente da classe dos

patrões (ou capitalistas). A Revolução Francesa lhes deu

confiança; a Revolução Industrial trouxe a necessidade

da mobilização permanente.

HOBSBAWM, E. A era das revoluções.

São Paulo: Paz e Terra, 1977.

No texto, analisa-se o impacto das Revoluções Francesa

e Industrial para a organização da classe operária.

Enquanto a “confiança” dada pela Revolução Francesa

era originária do significado da vitória revolucionária

sobre as classes dominantes, a “necessidade da

mobilização permanente”, trazida pela Revolução

Industrial, decorria da compreensão de que

(A) a competitividade do trabalho industrial exigia um

permanente esforço de qualificação para o

enfrentamento do desemprego.

(B) a completa transformação da economia capitalista

seria fundamental para a emancipação dos

operários.

(C) a introdução das máquinas no processo produtivo

diminuía as possibilidades de ganho material para os

operários.

(D) o progresso tecnológico geraria a distribuição de

riquezas para aqueles que estivessem adaptados

aos novos tempos industriais.

(E) a melhoria das condições de vida dos operários seria

conquistada com as manifestações coletivas em

favor dos direitos trabalhistas.

.8. (ENEM-MEC)

Em meio às turbulências vividas na primeira metade

dos anos 1960, tinha-se a impressão de que as

tendências de esquerda estavam se fortalecendo na área

cultural. O Centro Popular de Cultura (CPC) da União

Nacional dos Estudantes (UNE) encenava peças de

teatro que faziam agitação e propaganda em favor da

luta pelas reformas de base e satirizavam o

“imperialismo” e seus “aliados internos”.

KONDER, L. História das Ideias Socialistas no Brasil.

São Paulo: Expressão Popular, 2003.

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No início da década de 1960, enquanto vários setores da

esquerda brasileira consideravam que o CPC da UNE

era uma importante forma de conscientização das

classes trabalhadoras, os setores conservadores e de

direita (políticos vinculados à União Democrática

Nacional — UDN —, Igreja Católica, grandes

empresários etc.) entendiam que esta organização

(A) constituía mais uma ameaça para a democracia

brasileira, ao difundir a ideologia comunista.

(B) contribuía com a valorização da genuína cultura

nacional, ao encenar peças de cunho popular.

(C) realizava uma tarefa que deveria ser exclusiva do

Estado, ao pretender educar o povo por meio da

cultura.

(D) prestava um serviço importante à sociedade

brasileira, ao incentivar a participação política dos

mais pobres.

(E) diminuía a força dos operários urbanos, ao substituir

os sindicatos como instituição de pressão política

sobre o governo.

.9. (ENEM-MEC)

Em 4 de julho de 1776, as treze colônias que vieram

inicialmente a constituir os Estados Unidos da América

(EUA) declaravam sua independência e justificavam a

ruptura do Pacto Colonial. Em palavras profundamente

subversivas para a época, afirmavam a igualdade dos

homens e apregoavam como seus direitos inalienáveis: o

direito à vida, à liberdade e à busca da felicidade.

Afirmavam que o poder dos governantes, aos quais cabia

a defesa daqueles direitos, derivava dos governados.

Esses conceitos revolucionários que ecoavam o

Iluminismo foram retomados com maior vigor e amplitude

treze anos mais tarde, em 1789, na França.

COSTA, Emília Viotti da. Apresentação da coleção. In: Wladimir Pomar.

Revolução Chinesa. São Paulo: UNESP, 2003 (com adaptações).

Considerando o texto acima, acerca da independência

dos EUA e da Revolução Francesa, assinale a opção

correta.

(A) A independência dos EUA e a Revolução Francesa

integravam o mesmo contexto histórico, mas se

baseavam em princípios e ideais opostos.

(B) O processo revolucionário francês identificou-se com

o movimento de independência norte-americana no

apoio ao absolutismo esclarecido.

(C) Tanto nos EUA quanto na França, as teses

iluministas sustentavam a luta pelo reconhecimento

dos direitos considerados essenciais à dignidade

humana.

(D) Por ter sido pioneira, a Revolução Francesa exerceu

forte influência no desencadeamento da

independência norte-americana.

(E) Ao romper o Pacto Colonial, a Revolução Francesa

abriu o caminho para as independências das

colônias ibéricas situadas na América.

.10. (ENEM-MEC)

O Estado de S. Paulo, 28/9/2004.

A situação abordada na tira torna explícita a contradição

entre a(s)

(A) relações pessoais e o avanço tecnológico.

(B) inteligência empresarial e a ignorância dos cidadãos.

(C) inclusão digital e a modernização das empresas.

(D) economia neoliberal e a reduzida atuação do Estado.

(E) revolução informática e a exclusão digital.

.11. (ENEM-MEC)

Em dezembro de 1998, um dos assuntos mais veiculados

nos jornais era o que tratava da moeda única europeia.

Leia a notícia destacada abaixo.

O nascimento do euro, a moeda única a ser adotada

por onze países europeus a partir de 1.º de janeiro, é

possivelmente, nos últimos dez anos, a mais importante

realização deste continente, que assistiu à derrubada do

Muro de Berlim, à reunificação das Alemanhas, à

libertação dos países da Cortina de Ferro e ao fim da

União Soviética. Enquanto todos esses eventos têm a ver

com a desmontagem de estruturas do passado, o euro é

uma ousada aposta no futuro e uma prova da vitalidade

da sociedade europeia. A “Euroland”, região abrangida

por Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Finlândia,

França, Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo e Portugal,

tem um PIB (Produto Interno Bruto) equivalente a quase

80% do americano, 289 milhões de consumidores e

responde por cerca de 20% do comércio internacional.

Com este cacife, o euro vai disputar com o dólar a

condição de moeda hegemônica.

Gazeta Mercantil, 30/12/1998.

A matéria refere-se à “desmontagem das estruturas do

passado”, que pode ser entendida como

(A) o fim da Guerra Fria, período de inquietação mundial

que dividiu o mundo em dois blocos ideológicos

opostos.

(B) a inserção de alguns países do Leste Europeu em

organismos supranacionais, com o intuito de exercer

o controle ideológico no mundo.

(C) a crise do capitalismo, do liberalismo e da

democracia, levando à polarização ideológica da

antiga URSS.

(D) a confrontação dos modelos socialista e capitalista,

para deter o processo de unificação das duas

Alemanhas.

(E) a prosperidade das economias capitalista e

socialista, com o consequente fim da Guerra Fria

entre os EUA e a URSS.

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.12. (ENEM-MEC)

As diferentes formas em que as sociedades se

organizam socioeconomicamente visam a atender suas

necessidades para a época. O liberalismo, atualmente,

assume papel crescente, com os Estados diminuindo sua

atuação em várias áreas, inclusive vendendo empresas

estatais. Da ideia de interferência estatal na economia,

do “Estado de Bem-Estar”, da assistência social ampla e

emprego garantido por lei, e, às vezes, à custa de

subsídios (na Europa defendido pela Social-Democracia),

caminha-se para um Estado enxuto e ágil, onde a

manutenção do progresso econômico e uma maior

liberdade na conquista do mercado são as formas de

assegurar ao cidadão o acesso ao bem-estar. Nem

sempre a população concorda.

Nesse contexto, as eleições gerais na Alemanha, em

1998, poderão levar Helmuth Kohl, com longa e frutuosa

carreira à frente daquele país, a entregar o posto ao

social-democrata Gerhard Schroeder.

O desemprego na Alemanha atinge seu ponto

máximo. A moeda única europeia será o fim do marco

alemão. A imagem de Helmuth Kohl começa a

desvanecer-se. Conseguirá vencer este ano? Seja como

for, ele luta. Mas recebeu um novo e tremendo golpe: o

Partido Liberal (FDP) deixou Kohl. O secretário-geral do

FDP, Guido Westerwelle declarou: “Começou o fim da

era Kohl!”

A Alemanha ajuda a concretizar o bloco econômico da

União Europeia. A participação neste bloco implica a

adoção de um sistema socioeconômico que

(A) dificulte a livre iniciativa econômica, inclusive das

grandes empresas na Alemanha.

(B) ofereça mercado europeu mais restrito aos produtos

e serviços alemães.

(C) diminua as oportunidades de iniciativa econômica

para os alemães em outros países e vice-versa.

(D) garanta o emprego, na Alemanha, pelo afastamento

da concorrência de outros países da própria União

Europeia.

(E) permita à economia alemã, por meio da união de

esforços com os países da União Europeia,

concorrer em melhores condições com países de

fora da União Europeia. ________________________________________________ *Anotações*

.13. (ENEM-MEC)

Depois de estudar as migrações, no Brasil, você lê o

seguinte texto:

O Brasil, por suas características de crescimento

econômico, e apesar da crise e do retrocesso das últimas

décadas, é classificado como um país moderno. Tal

conceito pode ser, na verdade, questionado se levarmos

em conta os indicadores sociais: o grande número de

desempregados, o índice de analfabetismo, o déficit de

moradia, o sucateamento da saúde, enfim, a avalanche

de brasileiros envolvidos e tragados num processo de

repetidas migrações [...]

VALIN, A. Migrações: da perda de terra à exclusão social.

São Paulo: Atuali, 1996, p. 50 (com adaptações).

Um dos fenômenos mais discutidos e polêmicos da

atualidade é a “globalização”, a qual impacta de forma

negativa

(A) na mão de obra desqualificada, desacelerando o

fluxo migratório.

(B) nos países subdesenvolvidos, aumentando o

crescimento populacional.

(C) no desenvolvimento econômico dos países

industrializados desenvolvidos.

(D) nos países subdesenvolvidos, provocando o

fenômeno da “exclusão social”.

(E) na mão de obra qualificada, proporcionando o

crescimento de ofertas de emprego e fazendo os

salários caírem vertiginosamente.

Texto para as questões 14 e 15.

Você está fazendo uma pesquisa sobre a globalização e

lê a seguinte passagem, em um livro:

A sociedade global

As pessoas se alimentam, se vestem, moram, se

comunicam, se divertem, por meio de bens e serviços

mundiais, utilizando mercadorias produzidas pelo

capitalismo mundial, globalizado.

Suponhamos que você vá com seus amigos comer

Big Mac e tomar Coca-Cola no McDonald’s. Em seguida,

assiste a um filme de Steven Spielberg e volta para casa

num ônibus de marca Mercedes.

Ao chegar em casa, liga seu aparelho de TV Philips

para ver o videoclipe de Michael Jackson e, em seguida,

deve ouvir um CD do grupo Simply Red, gravado pela

BMG Ariola Discos em seu equipamento AIWA.

Veja quantas empresas transnacionais estiveram

presentes nesse seu curto programa de algumas horas.

PRAXEDES et alii. O Mercosul. São Paulo:

Ática, 1997 (com adaptações).

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.14. (ENEM-MEC)

Com base no texto e em seus conhecimentos de

Geografia e História, marque a resposta correta.

(A) O capitalismo globalizado está eliminando as

particularidades culturais dos povos da Terra.

(B) A cultura, transmitida por empresas transnacionais,

tornou-se um fenômeno criador das novas nações.

(C) A globalização do capitalismo neutralizou o

surgimento de movimentos nacionalistas de forte

cunho cultural e divisionista.

(D) O capitalismo globalizado atinge apenas a Europa e

a América do Norte.

(E) Empresas transnacionais pertencem a países de

uma mesma cultura.

.15. (ENEM-MEC)

A leitura do texto ajuda você a compreender que:

I. a globalização é um processo ideal para garantir

o acesso a bens e serviços para toda a

população.

II. a globalização é um fenômeno econômico e, ao

mesmo tempo, cultural.

III. a globalização favorece a manutenção da

diversidade de costumes.

IV. filmes, programas de TV e música são

mercadorias como quaisquer outras.

V. as sedes das empresas transnacionais

mencionadas são os EUA, a Europa Ocidental e

o Japão.

Dessas afirmativas estão corretas

(A) I, II e IV, apenas.

(B) II, IV e V, apenas.

(C) II, III e IV, apenas.

(D) I, III e IV, apenas.

(E) III, IV e V, apenas.

________________________________________________ *Anotações*

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*MÓDULO 2*

Totalitarismo – Sem oposição

O nazifascismo

Logo depois da Primeira Guerra Mundial, a Itália se

encontrava em profunda crise econômica. O Partido

Socialista ganhava mais e mais adeptos, e as greves

tomavam conta do país. Nesse cenário, o ex-militante

socialista Benito Mussolini fundou, em 1919, o Partido

Fascista. O ideário ultranacionalista, oposto ao

socialismo e à democracia, conquistou adeptos até

dentro do governo. Com a forte pressão dos “camisas

negras”, como eram chamados os cada vez mais

numerosos militantes fascistas, o poder cedeu. Em 1922,

após a Marcha sobre Roma, Mussolini foi convidado a

assumir o cargo de primeiro-ministro.

Durante a década de 1920, o Duce (guia), apelido de

Mussolini, pôs em prática o novo regime. Jornais foram

fechados, adversários políticos acabaram mortos e o

corporativismo foi implantado, ou seja, o controle do

movimento operário com a institucionalização de

corporações que reuniam patrões e empregados. O culto

à personalidade de Mussolini era incentivado; as

crianças eram ensinadas nas escolas a adorar a figura

do Duce e os símbolos fascistas. Na década de 1930,

Mussolini implementou seu plano de expansão territorial,

buscando colônias na África a partir da invasão da

Etiópia.

A Alemanha, na mesma época, vivia um processo

semelhante. Arrasada após a derrota na Primeira Guerra,

que lhe impôs uma série de sanções econômicas e

militares, a nação sofria com inflação e pobreza.

Tentativas de revolução socialista fracassaram, assim

como um golpe planejado pelo Partido Nacional-

-Socialista dos Trabalhadores Alemães, ou Partido

Nazista, em 1923. O fato, conhecido como Putsch de

Munique, levou à prisão o líder do partido, Adolf Hitler, e

tornou-o mais conhecido. As ideias de Hitler e do

nazismo foram expressas no livro Minha Luta, escrito por

ele na prisão. No livro, Hitler tratava de temas como

totalitarismo, nacionalismo, militarismo, corporativismo,

expansionismo, anticomunismo (itens comuns ao

fascismo italiano) e racismo, sobretudo dirigido aos

judeus. Os alemães, segundo Hitler, pertenciam a uma

raça ariana, pura e superior.

Em 1932, com a situação econômica agravada pela

crise de 1929, os nazistas venceram as eleições gerais,

apoiados pela classe média, que temia o comunismo. Um

ano depois, Hitler foi nomeado primeiro-ministro. Chefe

de governo e de Estado a partir de 1934, Hitler

desfrutava poder absoluto, iniciando o Terceiro Reich,

nome que deu ao Estado alemão, incorporando

posteriormente outros territórios.

© AFP Benito Mussolini (à esquerda) e Adolf Hitler se encontram em Munique, na Alemanha, em 1940

Entre suas medidas econômicas, o intervencionismo e

uma política de frentes de trabalho, inclusive em ações

que visavam a impulsionar a indústria bélica, controlaram

a inflação e diminuíram o desemprego. Assim como o

Duce, o Führer impediu a formação de outros partidos,

perseguiu inimigos políticos e fechou jornais. Além disso,

iniciou uma perseguição aos judeus, confiscando seus

bens e segregando-os em guetos. Suas ideias de

expansão pela Europa e a remilitarização da Alemanha

(em desobediência às cláusulas do Tratado de

Versalhes, imposto à Alemanha após a Primeira Guerra

Mundial) seriam determinantes na eclosão da Segunda

Guerra. Terceiro aliado dos alemães e italianos na

guerra, o Japão vivia um regime monárquico nacionalista,

expansionista e racista.

O ideário fascista teve raízes em diversos países, com

formação de partidos ou grupos com maior ou menor

força nos anos 1930 na Espanha, em Portugal, nos

Estados Unidos, na Inglaterra, na França e até no Brasil,

onde se uniam sob a bandeira do integralismo.

Regimes totalitários são aqueles nos quais o poder

do Estado se concentra em um pequeno grupo de

pessoas. São governos de partido único e que

contam com um líder à frente de todos.

A Itália assistiu à ascensão do fascismo, liderado por

Benito Mussolini, no começo da década de 1920.

Mussolini virou presidente em 1922 e instaurou um

regime de medo.

Na Alemanha, o nazismo cresceu no mesmo período

e chegou ao poder na década de 1930, quando o

partido de Adolf Hitler venceu as eleições em meio à

grande crise econômica no país.

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A Gestapo, polícia secreta de Adolf Hitler, agia com

violência na repressão a eventuais opositores do

regime nazista e na perseguição de judeus. Muitas

de suas ações foram motivadas por denúncias de

cidadãos comuns contra vizinhos e até mesmo

parentes.

Nazismo e fascismo são ideologias que pregam o

nacionalismo, o militarismo, o totalitarismo e o

racismo como forma de controlar a sociedade.

Josef Stalin assumiu o poder na União Soviética em

1924 e implantou um regime totalitário, marcado pela

repressão violenta, pelo culto à personalidade e pela

burocratização do Estado.

Entre os conflitos mais marcantes da história da

civilização ocidental estão as guerras do Peloponeso

(entre Atenas e Esparta), Púnicas (Roma e Cartago),

dos Cem Anos (França e Inglaterra), dos Sete Anos

(Europa, Ásia e América do Norte) e Napoleônicas

(Europa).

Interesses imperialistas e uma nova formação de

Estados europeus estão entre as causas principais

da Primeira Guerra Mundial (1914-1917), também

chamada de Grande Guerra. Caracterizada pelas

batalhas de trincheiras, ela terminou com a derrota

alemã, que teve de assinar o Tratado de Versalhes.

Alemanha, Itália e Japão formaram o Eixo, aliança

que deflagrou a Segunda Guerra Mundial. Além de

desejar ampliar territórios, a Alemanha queria se

vingar pela humilhação sofrida depois do fim da

Grande Guerra.

O avanço alemão na Europa, iniciado em 1939, foi

contido em 1943 do lado oriental pelos soviéticos e,

depois do Dia D de 1944, no lado ocidental pelos

Aliados, que reuniam ingleses, norte-americanos e

forças mistas de resistência dos países ocupados.

No Pacífico, os norte-americanos derrotaram os

japoneses, mas a rendição foi assinada somente

depois do lançamento das bombas atômicas sobre

as cidades de Hiroshima e Nagasaki.

Após 1945, a Guerra Fria manteve o mundo dividido

em dois blocos: de um lado, os Estados Unidos e

seus aliados; do outro, a União Soviética e os países

incorporados à esfera socialista. Muitas guerras,

como a da Coreia e a do Vietnã, foram consequência

da Guerra Fria.

*ATENÇÃO, ESTUDANTE!*

Para complementar o estudo deste Módulo, utilize seu LIVRO DIDÁTICO.

*********** ATIVIDADES ***********

Texto para a questão 1.

Secreta e mortal

Com a ajuda de cidadãos comuns, a Gestapo se transformou na peça central do terror nazista

Em 1939, o médico Ludwig Kneisel foi ao quartel-

-general da polícia secreta do regime nazista para delatar

o “comportamento suspeito” de uma vizinha, a estudante

de música Ilse Sonja Totzke, que volta e meia era vista

conversando com judeus na pequena cidade alemã de

Wurtzburgo. No ano seguinte, foi a vez de uma jovem

colega de Ilse, chamada Gertrude Weiss, informar aos

agentes que a estudante nunca respondia à saudação

“Heil Hitler!”. Questionada pela Gestapo em um

interrogatório, Ilse confirmou que tinha amigos judeus.

Recebeu a ordem para romper essas amizades, mas não

obedeceu. Continuou sendo monitorada até o ponto de

ser enviada ao campo de concentração de Ravensbruck,

de onde jamais voltou.

Raros alemães desafiaram a Gestapo, a exemplo de

Ilse. Milhões, contudo, viveram no mesmo clima de

pavor, em que todos eram denunciantes e potenciais

denunciados. A polícia secreta de Adolf Hitler tinha a

fama de ser infalível e implacável, quase onisciente, até.

Hoje, porém, historiadores têm uma visão distinta.

Embora fosse a peça central do terror nazista e agisse

praticamente acima da lei, a Gestapo não teria a mesma

eficácia sem a colaboração de cidadãos comuns, como

Kneisel e Weiss. Em Krefeld, por exemplo, com 170 mil

habitantes, a polícia secreta tinha apenas 13 oficiais —

um para cada 13 mil habitantes. Entre 1933 e 1939, 41%

dos processos contra judeus nessa cidade foram

iniciados por denúncias de civis. Alguns delatores

chegaram a integrar uma “rede de espionagem” da

instituição, dispostos a dedurar pelo bem do país — ou

aproveitar a ocasião para resolver desavenças pessoais.

Implacável com todos que fossem considerados inimigos do nazismo, a polícia secreta de Hitler espalhou o terror sob o comando de Himmler (centro)

© AFP

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A Gestapo foi criada em 1933 e teve como primeiras

vítimas os comunistas, social-democratas e demais

adversários políticos do regime nazista. No início, a

maioria dos agentes atuava atrás da escrivaninha,

analisando denúncias. Nas batidas em locais suspeitos,

nas ruas, frequentemente andavam à paisana. Mas, sob

o comando de Heinrich Himmler a partir de 1934, tornou-

-se cada vez mais violenta. Comandante da temida SS, a

tropa de elite do regime nazista, Himmler já havia se

revelado um dos maiores carrascos da população judia

ainda antes da guerra. A perseguição começou com um

boicote econômico às suas lojas, ordenado por Hitler, em

1933. Dois anos depois, as Leis de Nuremberg cassaram

a cidadania dos judeus e declararam ilegais os

casamentos entre eles e pessoas de “sangue alemão”.

Qualquer contato passou a ser visto pelo regime como

um crime em potencial. Quando estourou a Segunda

Guerra, em 1939, membros da Gestapo passaram a

integrar esquadrões da morte que seguiam o Exército

nos países ocupados, eliminando quem bem quisessem

— principalmente os judeus.

A perseguição se intensificou para valer com a Noite

dos Cristais, em 9 de novembro de 1938. Uma onda de

ira popular varreu a Alemanha em represália ao

assassinato de um diplomata, em Paris, por um judeu

polonês, revoltado com a perseguição a seu povo. Os

tumultos foram insuflados pelos escritórios locais da

Gestapo. Deixaram mais de 90 judeus mortos e centenas

de feridos. Cerca de 30 mil pessoas foram enviadas a

campos de concentração. Durante a guerra, o controle

social foi radicalizado. O regime de exceção podia

considerar delito qualquer frase dita em público que

pudesse ofender “a vontade do povo alemão”. A Gestapo

se tornara mais poderosa do que nunca. Himmler

conseguira unificar todas as forças policiais do país e

submetê-las à SS com a criação do Escritório Central de

Segurança do Reich (RSHA). Em 1940, a polícia secreta

foi liberada de cumprir o Decreto do Reichstag. Ou seja,

na prática, podia atuar como legislador, juiz, jurado e

executor. Assim, tornou-se a última instância responsável

pelo destino dos judeus.

Em 1946, o Tribunal de Nuremberg julgou os 22

criminosos de guerra mais importantes da Alemanha.

Doze foram condenados à morte. A Gestapo foi definida

como uma organização criminosa, e a corte resolveu que

os responsáveis pagariam por seus crimes. Himmler já

havia se suicidado no ano anterior, mas vários

mandachuvas menos conhecidos, como Richard

Schulenburg, puderam reorganizar sua vida

normalmente. Aos 68 anos, o ex-chefe de assuntos

judaicos em Krefeld pleiteou uma pensão do Estado,

alegando ter sido obrigado a integrar a Gestapo. Deu

certo: recebeu pensão até morrer, aos 82 anos.

Aventuras na História, set. 2010 (com adaptações).

.1. (AED-SP)

O texto relata o gradual aumento de poder da Gestapo.

Destaque alguns fatos que justificam essa afirmação.

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.2. (ENEM-MEC)

O Massacre da Floresta de Katyn foi noticiado pela

primeira vez pelos alemães em abril de 1943. Numa

colina na Rússia, soldados nazistas encontraram

aproximadamente doze mil cadáveres. Empilhado em

valas estava um terço da oficialidade do Exército

polonês, entre os quais, vários engenheiros, técnicos e

cientistas. Os nazistas aproveitaram-se ao máximo do

episódio em sua propaganda antissoviética. Em menos

de dois anos, porém, a Alemanha foi derrotada e a

Polônia caiu na órbita da União Soviética — a qual

reescreveu a história, atribuindo o massacre de Katyn

aos nazistas. A Polônia inteira sabia tratar-se de uma

mentira; mas quem o dissesse enfrentaria tortura, exílio

ou morte.

Disponível em: http://veja.abril.com.br.

Acesso em: 19/5/2009 (adaptado).

Como o Massacre de Katyn e a farsa montada em torno

desse episódio se relacionam com a construção da

chamada Cortina de Ferro?

(A) A aniquilação foi planejada pelas elites dirigentes

polonesas como parte do processo de integração de

seu país ao bloco soviético.

(B) A construção de uma outra memória sobre o

Massacre de Katyn teve o sentido de tornar menos

odiosa e ilegítima, aos poloneses, a subordinação de

seu país ao regime stalinista.

(C) O Exército polonês havia aderido ao regime nazista,

o que levou Stalin a encará-lo como um possível foco

de restauração do Reich após a derrota alemã.

(D) A Polônia era a última fronteira capitalista do Leste

Europeu e a dominação desse país garantiria acesso

ao mar Adriático.

(E) A aniquilação do Exército polonês e a expropriação

da burguesia daquele país eram parte da estratégia

de revolução permanente e mundial defendida por

Stalin.

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.3. (ENEM-MEC)

Os regimes totalitários da primeira metade do século

XX apoiaram-se fortemente na mobilização da juventude

em torno da defesa de ideias grandiosas para o futuro da

nação. Nesses projetos, os jovens deveriam entender

que só havia uma pessoa digna de ser amada e

obedecida, que era o líder. Tais movimentos sociais

juvenis contribuíram para a implantação e a sustentação

do nazismo, na Alemanha, e do fascismo, na Itália,

Espanha e Portugal.

A atuação desses movimentos juvenis caracterizava-se

(A) pelo sectarismo e pela forma violenta e radical com

que enfrentavam os opositores ao regime.

(B) pelas propostas de conscientização da população

acerca dos seus direitos como cidadãos.

(C) pela promoção de um modo de vida saudável, que

mostrava os jovens como exemplos a seguir.

(D) pelo diálogo, ao organizar debates que opunham

jovens idealistas e velhas lideranças conservadoras.

(E) pelos métodos políticos populistas e pela

organização de comícios multitudinários.

.4. (ENEM-MEC)

O príncipe, portanto, não deve se incomodar com a

reputação de cruel, se seu propósito é manter o povo

unido e leal. De fato, com uns poucos exemplos duros

poderá ser mais clemente do que outros que, por muita

piedade, permitem os distúrbios que levem ao assassínio

e ao roubo.

MAQUIAVEL, N. O Príncipe. São Paulo:

Martin Claret, 2009.

No século XVI, Maquiavel escreveu O Príncipe, reflexão

sobre a Monarquia e a função do governante. A

manutenção da ordem social, segundo esse autor,

baseava-se na

(A) inércia do julgamento de crimes polêmicos.

(B) bondade em relação ao comportamento dos

mercenários.

(C) compaixão quanto à condenação de transgressões

religiosas.

(D) neutralidade diante da condenação dos servos.

(E) conveniência entre o poder tirânico e a moral do

príncipe.

________________________________________________ *Anotações*

.5. (ENEM-MEC)

QUINO. Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

Democracia: “regime político no qual a soberania é

exercida pelo povo, pertence ao conjunto dos cidadãos.”

JAPIASSÚ, H.; MARCONDES, D. Dicionário Básico

de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2006.

Uma suposta “vacina” contra o despotismo, em um

contexto democrático, tem por objetivo

(A) impedir a contratação de familiares para o serviço

público.

(B) reduzir a ação das instituições constitucionais.

(C) combater a distribuição equilibrada de poder.

(D) evitar a escolha de governantes autoritários.

(E) restringir a atuação do Parlamento.

.6. (ENEM-MEC)

Para os amigos pão, para os inimigos pau; aos amigos

se faz justiça, aos inimigos aplica-se a lei.

LEAL, V. N. Coronelismo, enxada e voto.

São Paulo: Alfa Omega, 2008.

Esse discurso, típico do contexto histórico da República

Velha e usado por chefes políticos, expressa uma

realidade caracterizada

(A) pela força política dos burocratas do nascente

Estado republicano, que utilizavam de suas

prerrogativas para controlar e dominar o poder nos

municípios.

(B) pelo controle político dos proprietários no interior do

país, que buscavam, por meio dos seus currais

eleitorais, enfraquecer a nascente burguesia

brasileira.

(C) pelo mandonismo das oligarquias no interior do

Brasil, que utilizavam diferentes mecanismos

assistencialistas e de favorecimento para garantir o

controle dos votos.

(D) pelo domínio político de grupos ligados às velhas

instituições monárquicas e que não encontraram

espaço de ascensão política na nascente República.

(E) pela aliança política firmada entre as oligarquias do

Norte e Nordeste do Brasil, que garantiria uma

alternância no poder federal de presidentes

originários dessas regiões.

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.7. (ENEM-MEC)

Os generais abaixo-assinados, de pleno acordo com o

Ministro da Guerra, declaram-se dispostos a promover

uma ação enérgica junto ao governo no sentido de

contrapor medidas decisivas aos planos comunistas e

seus pregadores e adeptos, independentemente da

esfera social a que pertençam. Assim procedem no

exclusivo propósito de salvarem o Brasil e suas

instituições políticas e sociais da hecatombe que se

mostra prestes a explodir.

Ata de reunião no Ministério da Guerra, 28/9/1937. In: BONAVIDES, P.;

AMARAL, R. Textos políticos da história do Brasil. Vol. 5. Brasília:

Senado Federal, 2002 (adaptado).

Levando em conta o contexto político-institucional dos

anos 1930 no Brasil, pode-se considerar o texto como

uma tentativa de justificar a ação militar que iria

(A) debelar a chamada Intentona Comunista, acabando

com a possibilidade da tomada do poder pelo PCB.

(B) reprimir a Aliança Nacional Libertadora, fechando

todos os seus núcleos e prendendo os seus líderes.

(C) desafiar a Ação Integralista Brasileira, afastando o

perigo de uma guinada autoritária para o fascismo.

(D) instituir a ditadura do Estado Novo, cancelando as

eleições de 1938 e reescrevendo a Constituição do

país.

(E) combater a Revolução Constitucionalista, evitando

que os fazendeiros paulistas retomassem o poder

perdido em 1930.

.8. (ENEM-MEC)

Disponível em: http://pimentacomlimao.files.wordpress.com.

Acesso em: 17/4/2010 (adaptado).

A charge remete ao contexto do movimento que ficou

conhecido como Diretas Já, ocorrido entre os anos de

1983 e 1984. O elemento histórico evidenciado na

imagem é

(A) a insistência dos grupos políticos de esquerda em

realizar atos políticos ilegais e com poucas chances

de serem vitoriosos.

(B) a mobilização em torno da luta pela democracia

frente ao regime militar, cada vez mais

desacreditado.

(C) o diálogo dos movimentos sociais e dos partidos

políticos, então existentes, com os setores do

governo interessados em negociar a abertura.

(D) a insatisfação popular diante da atuação dos partidos

políticos de oposição ao regime militar criados no

início dos anos 80.

(E) a capacidade do regime militar em impedir que as

manifestações políticas acontecessem.

.9. (ENEM-MEC)

Os três tipos de poder representam três diversos tipos

de motivações: no poder tradicional, o motivo da

obediência é a crença na sacralidade da pessoa do

soberano; no poder racional, o motivo da obediência

deriva da crença na racionalidade do comportamento

conforme a lei; no poder carismático, deriva da crença

nos dotes extraordinários do chefe.

BOBBIO, N. Estado, Governo, Sociedade: para uma teoria geral

da política. São Paulo: Paz e Terra, 1999 (adaptado).

O texto apresenta três tipos de poder que podem ser

identificados em momentos históricos distintos.

Identifique o período em que a obediência esteve

associada predominantemente ao poder carismático:

(A) República Federalista Norte-Americana.

(B) República Fascista Italiana no século XX.

(C) Monarquia Teocrática do Egito Antigo.

(D) Monarquia Absoluta Francesa no século XVII.

(E) Monarquia Constitucional Brasileira no século XIX.

________________________________________________ *Anotações*

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.10. (ENEM-MEC)

Charge capa da revista O Malho, de 1904. Disponível em:

http://1.bp.blogspot.com. Acesso em: 21/3/2011.

A imagem representa as manifestações nas ruas da

cidade do Rio de Janeiro, na primeira década do século

XX, que integraram a Revolta da Vacina. Considerando o

contexto político-social da época, essa revolta revela

(A) a insatisfação da população com os benefícios de

uma modernização urbana autoritária.

(B) a consciência da população pobre sobre a

necessidade de vacinação para a erradicação das

epidemias.

(C) a garantia do processo democrático instaurado com

a República, através da defesa da liberdade de

expressão da população.

(D) o planejamento do governo republicano na área de

saúde, que abrangia a população em geral.

(E) o apoio ao governo republicano pela atitude de

vacinar toda a população em vez de privilegiar a

elite.

.11. (ENEM-MEC)

A consolidação do regime democrático no Brasil

contra os extremismos da esquerda e da direita exige

ação enérgica e permanente no sentido do

aprimoramento das instituições políticas e da realização

de reformas corajosas no terreno econômico, financeiro e

social.

Mensagem programática da União Democrática Nacional (UDN) — 1957.

Os trabalhadores deverão exigir a constituição de um

governo nacionalista e democrático, com participação

dos trabalhadores para a realização das seguintes

medidas: a) Reforma bancária progressista; b) Reforma

agrária que extinga o latifúndio; c) Regulamentação da

Lei de Remessas de Lucros.

Manifesto do Comando Geral dos Trabalhadores (CGT) — 1962.

BONAVIDES, P.; AMARAL, R. Textos políticos da história do Brasil.

Brasília: Senado Federal, 2002.

Nos anos 1960, eram comuns as disputas pelo

significado de termos usados no debate político, como

“democracia” e “reforma”. Se, para os setores

aglutinados em torno da UDN, as reformas deveriam

assegurar o livre mercado, para aqueles organizados no

CGT, elas deveriam resultar em

(A) fim da intervenção estatal na economia.

(B) crescimento do setor de bens de consumo.

(C) controle do desenvolvimento industrial.

(D) atração de investimentos estrangeiros.

(E) limitação da propriedade privada.

.12. (ENEM-MEC)

Os Jogos Olímpicos tiveram início na Grécia, em 776

a.C., para celebrar uma declaração de paz. Na sociedade

contemporânea, embora mantenham como ideal o

congraçamento entre os povos, os Jogos Olímpicos têm

sido palco de manifestações de conflitos políticos. Dentre

os acontecimentos apresentados abaixo, o único que

evoca um conflito armado e sugere sua superação,

reafirmando o ideal olímpico, ocorreu

(A) em 1980, em Moscou, quando os norte-americanos

deixaram de comparecer aos Jogos Olímpicos.

(B) em 1964, em Tóquio, quando um atleta nascido em

Hiroshima foi escolhido para carregar a tocha

olímpica.

(C) em 1956, em Melbourne, quando a China abandonou

os Jogos porque a representação de Formosa

também havia sido convidada para participar.

(D) em 1948, em Londres, quando os alemães e os

japoneses não foram convidados a participar.

(E) em 1936, em Berlim, quando Hitler abandonou o

estádio ao serem anunciadas as vitórias do

universitário negro, Jesse Owens, que recebeu

quatro medalhas.

.13. (ENEM-MEC)

A primeira metade do século XX foi marcada por

conflitos e processos que a inscreveram como um dos

mais violentos períodos da história humana.

Entre os principais fatores que estiveram na origem dos

conflitos ocorridos durante a primeira metade do século

XX estão

(A) a crise do colonialismo, a ascensão do nacionalismo

e o totalitarismo.

(B) o enfraquecimento do império britânico, a Grande

Depressão e a corrida nuclear.

(C) o declínio britânico, o fracasso da Liga das Nações e

a Revolução Cubana.

(D) a corrida armamentista, o terceiro-mundismo e o

expansionismo soviético.

(E) a Revolução Bolchevique, o imperialismo e a

unificação da Alemanha.

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.14. (ENEM-MEC)

As secas e o apelo econômico da borracha — produto

que no final do século XIX alcançava preços altos nos

mercados internacionais — motivaram a movimentação

de massas humanas oriundas do Nordeste do Brasil para

o Acre. Entretanto, até o início do século XX, essa região

pertencia à Bolívia, embora a maioria da sua população

fosse brasileira e não obedecesse à autoridade boliviana.

Para reagir à presença de brasileiros, o governo de La

Paz negociou o arrendamento da região a uma entidade

internacional, o Bolivian Syndicate, iniciando violentas

disputas dos dois lados da fronteira. O conflito só

terminou em 1903, com a assinatura do Tratado de

Petrópolis, pelo qual o Brasil comprou o território por 2

milhões de libras esterlinas.

Disponível em: www.mre.gov.br. Acesso em:

3/11/2008 (adaptado).

Compreendendo o contexto em que ocorreram os fatos

apresentados, o Acre tornou-se parte do território

nacional brasileiro

(A) pela formalização do Tratado de Petrópolis, que

indenizava o Brasil pela sua anexação.

(B) por meio do auxílio do Bolivian Syndicate aos

emigrantes brasileiros na região.

(C) devido à crescente emigração de brasileiros que

exploravam os seringais.

(D) em função da presença de inúmeros imigrantes

estrangeiros na região.

(E) pela indenização que os emigrantes brasileiros

pagaram à Bolívia.

.15. (ENEM-MEC)

Substitui-se então uma história crítica, profunda, por

uma crônica de detalhes onde o patriotismo e a bravura

dos nossos soldados encobrem a vilania dos motivos que

levaram a Inglaterra a armar brasileiros e argentinos para

a destruição da mais gloriosa República que já se viu na

América Latina, a do Paraguai.

CHIAVENATTO, J. J. Genocídio americano: A Guerra do

Paraguai. São Paulo: Brasiliense, 1979 (adaptado).

O imperialismo inglês, “destruindo o Paraguai,

mantém o status quo na América Meridional, impedindo a

ascensão do seu único Estado economicamente livre”.

Essa teoria conspiratória vai contra a realidade dos fatos

e não tem provas documentais. Contudo essa teoria tem

alguma repercussão.

DORATIOTO, F. Maldita guerra: nova história da Guerra do

Paraguai. São Paulo: Cia. das Letras, 2002 (adaptado).

Uma leitura dessas narrativas divergentes demonstra que

ambas estão refletindo sobre

(A) a carência de fontes para pesquisa sobre os reais

motivos dessa Guerra.

(B) o caráter positivista das diferentes versões sobre

essa Guerra.

(C) o resultado das intervenções britânicas nos cenários

de batalha.

(D) a dificuldade de elaborar explicações convincentes

sobre os motivos dessa Guerra.

(E) o nível de crueldade das ações do exército brasileiro

e argentino durante o conflito.

________________________________________________ *Anotações*

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*MÓDULO 3*

Trabalho – Produção

O nascimento da produção

O trabalho dos hominídeos (família de primatas que

compreende o homem e seus ancestrais) e dos primeiros

homens consistia em caçar, pescar, coletar frutas, folhas

e raízes e se defender de ataques de outros animais.

Para conseguir sobreviver, movia-se por longas

distâncias, mudando constantemente de região, e até

mesmo alcançando novos continentes. Por volta de

12.000 a.C., no fim da última era glacial, o solo ficou mais

fértil e o clima, mais ameno. O homem passou a viver

próximo de rios e lagos por um período maior. Aos

poucos, notou que os grãos que caíam no solo

germinavam e geravam outras plantas.

REPRODUÇÃO

Placa com linguagem etrusca

O domínio da agricultura, que, como se sabe hoje,

ocorreu simultaneamente em várias partes do mundo, foi

alcançado há cerca de 10.000 anos. Foi um

acontecimento revolucionário para nossa espécie:

marcou o fim da vida nômade. O homem começou a se

fixar em determinadas regiões. A utilização da agricultura

fez com que o homem elaborasse meios para controlar e

melhorar seu sustento. Com o tempo, a noção se

estruturou. Instrumentos foram criados para trabalhar a

terra, e os animais já não serviam apenas como alimento

e fonte de vestimenta — eram também importantes como

força de trabalho.

A vida sedentária e o cultivo do solo levaram ao

surgimento de aglomerados humanos, que se

transformaram em vilas e cidades. O trabalho começou a

se diversificar: alguns homens plantavam, outros

fabricavam instrumentos, havia aqueles que construíam

reservatórios e diques e, por fim, um grupo que

organizava o trabalho dos outros. Guerras surgiram pelo

controle de territórios, e os derrotados se transformavam

muitas vezes em escravos. Surgia, assim, uma divisão

de classes baseada no poder econômico e na

capacidade militar.

Ao mesmo tempo, a necessidade de controlar uma

sociedade cada vez mais complexa resultou nas

primeiras estruturas de ordenamento social, um embrião

do que hoje conhecemos por Estado. Em algumas

sociedades, essa organização incipiente rapidamente se

sofisticou na figura de um governante centralizado, um

rei (ou faraó, no caso dos egípcios). Foi uma evolução

lenta e que paulatinamente mudou o modo de produção,

batizado por alguns historiadores de asiático, pois se

desenvolveu no Oriente Médio (babilônios, assírios,

fenícios, hebreus e persas) e nas regiões onde hoje

ficam o Egito, a China e a Índia.

Da coleta à fabricação

Os principais modos de produzir riqueza durante a Antiguidade

PRIMITIVO: É o modo usado pelos seres humanos pré-

-históricos. Não havia produção para a subsistência: o

homem colhia, caçava e pescava para se alimentar e

dependia de sua mobilidade (nomadismo) para encontrar

regiões mais férteis. Não havia divisão de classes, Estado

nem propriedade privada das terras.

ASIÁTICO: Ao dominar a agricultura, o homem deixa de ser

nômade e se fixa em regiões mais produtivas, como

margens de rios e lagos. Ao fazê-lo, desenvolve um conceito

de propriedade. A criação e a fabricação de utensílios para a

agricultura geram novos trabalhos e trabalhadores. O

aumento das populações nos locais mais férteis favorece o

surgimento de vilas e cidades, que, por sua vez, dão início a

uma divisão de classes. Obras maiores, para conter cheias,

tornam o trabalho ainda mais especializado e acabam

conduzindo à criação da escrita. A necessidade de organizar

imensos contingentes populacionais para a edificação de

grandes obras de irrigação fez com que esses povos

vivessem em impérios teocráticos, extremamente

centralizados. Esse modo de produção foi predominante em

algumas sociedades da Antiguidade.

Trabalhar a terra e cultivar o próprio alimento foi a

primeira grande revolução no modo de produção do

homem. Foi a partir da Revolução Agrícola que

surgiram a escrita e as mais importantes sociedades

da Antiguidade. Com a agricultura, o ser humano

tornou-se sedentário, criou cidades que se

organizaram em Estados e viu surgir a figura do rei

como o governante que centralizava o poder dessas

novas sociedades.

Os gregos e os romanos dependiam da agricultura e

do comércio com civilizações mediterrâneas. O uso

de escravos, normalmente capturados em guerras,

era comum nessas sociedades. Eles eram

onipresentes e respondiam por várias funções

importantes para as cidades, incluindo a de lecionar.

O modo de produção feudal dependia da agricultura.

Servos trabalhavam pela subsistência e enriqueciam

os senhores donos da terra. Os servos plantavam

num sistema de aproveitamento da terra com o

revezamento de diferentes culturas.

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O comércio se fortaleceu a partir do século XII na

Europa. Foi quando começou a surgir uma nova

classe, a burguesia.

A Revolução Industrial consolidou o modo de

produção capitalista, caracterizado por trabalhadores

assalariados, propriedade privada e dos meios de

produção, foco no lucro e valorização do maior

acúmulo possível do capital.

O capitalismo ficou mais complexo com a diminuição

da concorrência e o surgimento de grandes

conglomerados das mais diversas áreas produtivas.

*ATENÇÃO, ESTUDANTE!*

Para complementar o estudo deste Módulo, utilize seu LIVRO DIDÁTICO.

*********** ATIVIDADES ***********

Texto para a questão 1.

Dinheiro também é cultura

A inovação financeira sempre foi um fator central no avanço da civilização

Em novembro de 2008, quando os mercados

financeiros mundiais estavam mergulhados no pânico

absoluto, a rainha Elizabeth II, da Inglaterra, visitou a

London School of Economics para inaugurar um novo

prédio. Na ocasião, aproveitou para perguntar aos

professores da tradicional escola de economia o motivo

da irrupção de uma das mais profundas crises

econômicas da história. “Mas como ninguém percebeu o

que estava acontecendo?”, questionou a rainha, que é

famosa por sempre manter a fleuma e evitar ao máximo

emitir opiniões sobre qualquer assunto. Ela não esteve

sozinha, obviamente, ao pôr em dúvida o tirocínio dos

economistas. Desde a eclosão da crise, eles e seus

modelos teóricos caíram em desgraça. As ferramentas

financeiras desenvolvidas nos últimos cinquenta anos

foram classificadas de inúteis, nas críticas mais amenas,

ou de perniciosas, nas mais acerbas. Também voltou

com força a ideia de que as bolsas não são mais do que

cassinos vulgares, nos quais espertalhões fazem fortuna

à custa de inocentes. Escrito por um súdito da rainha, o

historiador escocês Niall Ferguson, o livro A Ascensão do

Dinheiro ajuda a combater esse espírito. Primeiro, ao

demonstrar que a inovação financeira sempre foi um fator

central no avanço das sociedades — ou mesmo das

civilizações. Em segundo lugar, por conferir à reflexão

econômica a sua devida dimensão de aventura

intelectual.

“Atrás de cada fenômeno histórico grandioso existe

um segredo financeiro”, afirma Ferguson. O livro traça a

história das finanças desde os seus primórdios, na

Mesopotâmia. E essa história, diz Ferguson, não deve

ser vista apenas como um pano de fundo para os

grandes acontecimentos da cultura e da política. Todos

os fios estão entretecidos. Na transição dos séculos XIV

e XV, por exemplo, o florescimento dos negócios

bancários na Itália foi condição indispensável para que a

Renascença tivesse seus esplendores. Da mesma forma,

a criação das finanças corporativas foi alicerce para o

império britânico, e a expansão da indústria de seguros e

do crédito ao consumidor, um pressuposto da

prosperidade americana no século XX. Ferguson,

obviamente, não deixa de registrar os momentos de

ruptura. Seria uma das “verdades perenes” da história

financeira o fato de que, “mais cedo ou mais tarde, as

bolhas sempre explodem”. No balanço geral da história,

contudo, os ganhos sempre se sobrepõem às perdas.

Ferguson rejeita peremptoriamente a tese de que a

pobreza decorre da exploração de homens simples por

financistas predatórios. “A pobreza”, diz ele, “tem muito

mais a ver com a falta de instituições financeiras e de

bancos do que com sua presença”.

Na transição

do século XIV

para o século XV,

os esplendores

da Renascença só

se tornaram viáveis

pelo florescimento

dos negócios

bancários na Itália

© AFP

O livro de Ferguson também é valioso por apontar

muitos dos personagens que, ao longo dos séculos,

foram responsáveis pelas grandes inovações no mundo

das finanças. São figuras como o matemático italiano

Leonardo de Pisa, ou Fibonacci, responsável pela

introdução do sistema decimal na Europa da Idade

Média, ou o barão Nathan de Rothschild, um dos

fundadores da· dinastia de financistas que dominou o

sistema bancário europeu no século XIX e aperfeiçoou a

emissão de títulos de dívidas de países. Aparecem, por

fim, alguns dos pais do pensamento financeiro

contemporâneo, calcado na matemática e que deu base

para o extraordinário crescimento daquilo que Ferguson

chama de “Planeta Finanças”, com sua miríade de títulos

e derivativos. São acadêmicos ainda vivos e atuantes,

como Harry Markowitz, pioneiro no estudo de

diversificação de carteiras de investimentos, e Myron

Scholes, que, junto com Fischer Black (já falecido),

desenvolveu a fórmula de Black-Scholes, uma equação

matemática utilizada para dar preço a ativos financeiros.

Veja, 26/8/2009 (adaptado).

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.1. (AED-SP)

O texto menciona alguns momentos importantes da

história que, de acordo com o historiador Niall Ferguson,

estiveram intimamente relacionados a aspectos

financeiros. Que momentos históricos são esses e quais

os aspectos financeiros relacionados a cada um deles?

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

.2. (ENEM-MEC)

A Revolução Industrial ocorrida no final do século

XVIII transformou as relações do homem com o trabalho.

As máquinas mudaram as formas de trabalhar, e as

fábricas concentraram-se em regiões próximas às

matérias-primas e grandes portos, originando vastas

concentrações humanas. Muitos dos operários vinham da

área rural e cumpriam jornadas de trabalho de 12 a 14

horas, na maioria das vezes em condições adversas. A

legislação trabalhista surgiu muito lentamente ao longo

do século XIX, e a diminuição da jornada de trabalho

para oito horas diárias concretizou-se no início do século

XX.

Pode-se afirmar que as conquistas no início deste século,

decorrentes da legislação trabalhista, estão relacionadas

com

(A) a expansão do capitalismo e a consolidação dos

regimes monárquicos constitucionais.

(B) a expressiva diminuição da oferta de mão de obra,

devido à demanda por trabalhadores especializados.

(C) a capacidade de mobilização dos trabalhadores em

defesa dos seus interesses.

(D) o crescimento do Estado ao mesmo tempo em que

diminuía a representação operária nos Parlamentos.

(E) a vitória dos partidos comunistas nas eleições das

principais capitais europeias.

.3. (ENEM-MEC)

“[...] Um operário desenrola o arame, o outro o

endireita, um terceiro corta, um quarto o afia nas pontas

para a colocação da cabeça do alfinete; para fazer a

cabeça do alfinete requerem-se 3 ou 4 operações

diferentes; [...]”

SMITH, Adam. A Riqueza das Nações. Investigação sobre a sua

natureza e suas causas. Vol. I. São Paulo: Nova Cultural, 1985.

Jornal do Brasil, 19/2/1997.

A respeito do texto e do quadrinho são feitas as

seguintes afirmações:

I. Ambos retratam a intensa divisão do trabalho, à

qual são submetidos os operários.

II. O texto refere-se à produção informatizada e o

quadrinho, à produção artesanal.

III. Ambos contêm a ideia de que o produto da

atividade industrial não depende do

conhecimento de todo o processo por parte do

operário.

Dentre essas afirmações, apenas

(A) I está correta.

(B) II está correta.

(C) III está correta.

(D) I e II estão corretas.

(E) I e III estão corretas.

.4. (ENEM-MEC)

Desiguais na fisionomia, na cor e na raça, o que lhes

assegura identidade peculiar, são iguais enquanto frente

de trabalho. Num dos cantos, as chaminés das indústrias

se alçam verticalmente. No mais, em todo o quadro,

rostos colados, um ao lado do outro, em pirâmide que

tende a se prolongar infinitamente, como mercadoria que

se acumula, pelo quadro afora.

Nádia Gotlib. Tarsila do Amaral, a modernista.

Tarsila do Amaral, Operários.

O texto aponta no quadro de Tarsila do Amaral um tema

que também se encontra nos versos transcritos em:

(A) “Pensem nas meninas / Cegas inexatas / Pensem

nas mulheres / Rotas alteradas.” (Vinicius de Moraes)

(B) “Somos muitos severinos / iguais em tudo e na sina: /

a de abrandar estas pedras / suando-se muito em

cima.” (João Cabral de Melo Neto)

(C) “O funcionário público / não cabe no poema / com

seu salário de fome / sua vida fechada em arquivos.” (Ferreira Gullar)

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(D) “Não sou nada. / Nunca serei nada. / Não posso

querer ser nada. / À parte isso, tenho em mim todos

os sonhos do mundo.”

(Fernando Pessoa)

(E) “Os inocentes do Leblon / Não viram o navio entrar

[...] / Os inocentes, definitivamente inocentes tudo

ignoravam, / mas a areia é quente, e há um óleo

suave / que eles passam pelas costas, e aquecem.”

(Carlos Drummond de Andrade)

.5. (ENEM-MEC)

As tiras ironizam uma célebre fábula e a conduta dos

governantes. Tendo como referência o estado atual dos

países periféricos, pode-se afirmar que nessas histórias

está contida a seguinte ideia:

(A) Crítica à precária situação dos trabalhadores ativos e

aposentados.

(B) Necessidade de atualização crítica de clássicos da

literatura.

(C) Menosprezo governamental com relação a questões

ecologicamente corretas.

(D) Exigência da inserção adequada da mulher no

mercado de trabalho.

(E) Aprofundamento do problema social do desemprego

e do subemprego.

.6. (ENEM-MEC)

Após a Independência, integramo-nos como

exportadores de produtos primários à divisão

internacional do trabalho, estruturada ao redor da Grã-

-Bretanha. O Brasil especializou-se na produção, com

braço escravo importado da África, de plantas tropicais

para a Europa e a América do Norte. Isso atrasou o

desenvolvimento de nossa economia por pelo menos uns

oitenta anos. Éramos um país essencialmente agrícola e

tecnicamente atrasado por depender de produtores

cativos. Não se poderia confiar a trabalhadores forçados

outros instrumentos de produção que os mais toscos e

baratos.

O atraso econômico forçou o Brasil a se voltar para

fora. Era do exterior que vinham os bens de consumo

que fundamentavam um padrão de vida “civilizado”,

marca que distinguia as classes cultas e “naturalmente”

dominantes do povaréu primitivo e miserável. [...] E de

fora vinham também os capitais que permitiam iniciar a

construção de uma infraestrutura de serviços urbanos, de

energia, transportes e comunicações.

SINGER, Paul. Evolução da economia e vinculação internacional. In:

SACHS, I.; WILLHEIM, J.; PINHEIRO, P. S. (orgs.). Brasil: um século

de transformações. São Paulo: Cia. das Letras, 2001, p. 80.

Levando-se em consideração as afirmações acima,

relativas à estrutura econômica do Brasil por ocasião da

independência política (1822), é correto afirmar que o

país

(A) se industrializou rapidamente devido ao

desenvolvimento alcançado no período colonial.

(B) extinguiu a produção colonial baseada na escravidão

e fundamentou a produção no trabalho livre.

(C) se tornou dependente da economia europeia por

realizar tardiamente sua industrialização em relação

a outros países.

(D) se tornou dependente do capital estrangeiro, que foi

introduzido no país sem trazer ganhos para a

infraestrutura de serviços urbanos.

(E) teve sua industrialização estimulada pela Grã-

-Bretanha, que investiu capitais em vários setores

produtivos. ________________________________________________

*Anotações*

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.7. (ENEM-MEC)

O Egito é visitado anualmente por milhões de turistas

de todos os quadrantes do planeta, desejosos de ver

com os próprios olhos a grandiosidade do poder

esculpida em pedra há milênios: as pirâmides de Gizeh,

as tumbas do Vale dos Reis e os numerosos templos

construídos ao longo do Nilo.

O que hoje se transformou em atração turística era, no

passado, interpretado de forma muito diferente, pois

(A) significava, entre outros aspectos, o poder que os

faraós tinham para escravizar grandes contingentes

populacionais que trabalhavam nesses monumentos.

(B) representava para as populações do alto Egito a

possibilidade de migrar para o sul e encontrar

trabalho nos canteiros faraônicos.

(C) significava a solução para os problemas econômicos,

uma vez que os faraós sacrificavam aos deuses suas

riquezas, construindo templos.

(D) representava a possibilidade de o faraó ordenar a

sociedade, obrigando os desocupados a trabalharem

em obras públicas, que engrandeceram o próprio

Egito.

(E) significava um peso para a população egípcia, que

condenava o luxo faraônico e a religião baseada em

crenças e superstições.

.8. (ENEM-MEC)

Até o século XVII, as paisagens rurais eram marcadas

por atividades rudimentares e de baixa produtividade. A

partir da Revolução Industrial, porém, sobretudo com o

advento da revolução tecnológica, houve um

desenvolvimento contínuo do setor agropecuário.

São, portanto, observadas consequências econômicas,

sociais e ambientais inter-relacionadas no período

posterior à Revolução Industrial, as quais incluem

(A) a erradicação da fome no mundo.

(B) o aumento das áreas rurais e a diminuição das áreas

urbanas.

(C) a maior demanda por recursos naturais, entre os

quais os recursos energéticos.

(D) a menor necessidade de utilização de adubos e

corretivos na agricultura.

(E) o contínuo aumento da oferta de emprego no setor

primário da economia, em face da mecanização.

________________________________________________ *Anotações*

.9. (ENEM-MEC)

O suíço Thomas Davatz chegou a São Paulo em 1855

para trabalhar como colono na fazenda de café Ibicaba,

em Campinas. A perspectiva de prosperidade que o

atraiu para o Brasil deu lugar a insatisfação e revolta, que

ele registrou em livro. Sobre o percurso entre o porto de

Santos e o planalto paulista, escreveu Davatz: “As

estradas do Brasil, salvo em alguns trechos, são

péssimas. Em quase toda parte, falta qualquer espécie

de calçamento ou mesmo de saibro. Constam apenas de

terra simples, sem nenhum benefício. É fácil prever que

nessas estradas não se encontram estalagens e

hospedarias como as da Europa. Nas cidades maiores, o

viajante pode naturalmente encontrar aposento sofrível;

nunca, porém, qualquer coisa de comparável à

comodidade que proporciona na Europa qualquer

estalagem rural. Tais cidades são, porém, muito poucas

na distância que vai de Santos a Ibicaba e que se

percorre em cinquenta horas no mínimo”.

Em 1867 foi inaugurada a ferrovia ligando Santos a

Jundiaí, o que abreviou o tempo de viagem entre o litoral

e o planalto para menos de um dia. Nos anos seguintes,

foram construídos outros ramais ferroviários que

articularam o interior cafeeiro ao porto de exportação,

Santos.

DAVATZ, T. Memórias de um colono no Brasil.

São Paulo: Livraria Martins, 1941 (adaptado).

O impacto das ferrovias na promoção de projetos de

colonização com base em imigrantes europeus foi

importante, porque

(A) o percurso dos imigrantes até o interior, antes das

ferrovias, era feito a pé ou em muares; no entanto, o

tempo de viagem era aceitável, uma vez que o café

era plantado nas proximidades da capital, São Paulo.

(B) a expansão da malha ferroviária pelo interior de São

Paulo permitiu que mão de obra estrangeira fosse

contratada para trabalhar em cafezais de regiões

cada vez mais distantes do porto de Santos.

(C) o escoamento da produção de café se viu

beneficiado pelos aportes de capital, principalmente

de colonos italianos, que desejavam melhorar sua

situação econômica.

(D) os fazendeiros puderam prescindir da mão de obra

europeia e contrataram trabalhadores brasileiros

provenientes de outras regiões para trabalhar em

suas plantações.

(E) as notícias de terras acessíveis atraíram para São

Paulo grande quantidade de imigrantes, que

adquiriram vastas propriedades produtivas.

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.10. (ENEM-MEC)

Entre 2004 e 2008, pelo menos 8 mil brasileiros foram

libertados de fazendas onde trabalhavam como se

fossem escravos. O governo criou uma lista em que

ficaram expostos os nomes dos fazendeiros flagrados

pela fiscalização. No Norte, Nordeste e Centro-Oeste,

regiões que mais sofrem com a fraqueza do poder

público, o bloqueio dos canais de financiamento agrícola

para tais fazendeiros tem sido a principal arma de

combate a esse problema, mas os governos ainda

sofrem com a falta de informações, provocada pelas

distâncias e pelo poder intimidador dos proprietários.

Organizações não governamentais e grupos como a

Pastoral da Terra têm agido corajosamente, acionando

as autoridades públicas e ministrando aulas sobre

direitos sociais e trabalhistas.

Plano Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo. Disponível em:

http://www.mte.gov.br. Acesso em: 17/3/2009 (adaptado)

Nos lugares mencionados no texto, o papel dos grupos

de defesa dos direitos humanos tem sido fundamental,

porque eles

(A) negociam com os fazendeiros o reajuste dos

honorários e a redução da carga horária de trabalho.

(B) defendem os direitos dos consumidores junto aos

armazéns e mercados das fazendas e carvoarias.

(C) substituem as autoridades policiais e jurídicas na

resolução dos conflitos entre patrões e empregados.

(D) encaminham denúncias ao Ministério Público e

promovem ações de conscientização dos

trabalhadores.

(E) fortalecem a administração pública ao ministrarem

aulas aos seus servidores.

.11. (ENEM-MEC)

A evolução do processo de transformação de

matérias-primas em produtos acabados ocorreu em três

estágios: artesanato, manufatura e maquinofatura.

Um desses estágios foi o artesanato, em que se

(A) trabalhava conforme o ritmo das máquinas e de

maneira padronizada.

(B) trabalhava geralmente sem o uso de máquinas e de

modo diferente do modelo de produção em série.

(C) empregavam fontes de energia abundantes para o

funcionamento das máquinas.

(D) realizava parte da produção por cada operário, com

uso de máquinas e trabalho assalariado.

(E) faziam interferências do processo produtivo por

técnicos e gerentes com vistas a determinar o ritmo

de produção.

.12. (ENEM-MEC)

Os tropeiros foram figuras decisivas na formação de

vilarejos e cidades do Brasil colonial. A palavra “tropeiro”

vem de “tropa” que, no passado, se referia ao conjunto

de homens que transportava gado e mercadoria. Por

volta do século XVIII, muita coisa era levada de um lugar

a outro no lombo de mulas. O tropeirismo acabou

associado à atividade mineradora, cujo auge foi a

exploração de ouro em Minas Gerais e, mais tarde, em

Goiás. A extração de pedras preciosas também atraiu

grandes contingentes populacionais para as novas áreas

e, por isso, era cada vez mais necessário dispor de

alimentos e produtos básicos. A alimentação dos

tropeiros era constituída por toucinho, feijão-preto,

farinha, pimenta-do-reino, café, fubá e coité (um molho

de vinagre com fruto cáustico espremido). Nos pousos,

os tropeiros comiam feijão quase sem molho com

pedaços de carne de sol e toucinho, que era servido com

farofa e couve picada. O feijão-tropeiro é um dos pratos

típicos da cozinha mineira e recebe esse nome porque

era preparado pelos cozinheiros das tropas que

conduziam o gado.

Disponível em: http://www.tribunadoplanalto.com.br.

Acesso em: 27/11/2008.

A criação do feijão-tropeiro na culinária brasileira está

relacionada à

(A) atividade comercial exercida pelos homens que

trabalhavam nas minas.

(B) atividade culinária exercida pelos moradores

cozinheiros que viviam nas regiões das minas.

(C) atividade mercantil exercida pelos homens que

transportavam gado e mercadoria.

(D) atividade agropecuária exercida pelos tropeiros que

necessitavam dispor de alimentos.

(E) atividade mineradora exercida pelos tropeiros no

auge da exploração do ouro.

.13. (ENEM-MEC)

Quem construiu a Tebas de sete portas?

Nos livros estão nomes de reis.

Arrastaram eles os blocos de pedra?

E a Babilônia várias vezes destruída. Quem a reconstruiu

[ tantas vezes?

Em que casas da Lima dourada moravam os

[ construtores?

Para onde foram os pedreiros, na noite em que a

[ Muralha da China ficou pronta?

A grande Roma está cheia de arcos do triunfo.

Quem os ergueu? Sobre quem triunfaram os césares?

BRECHT, B. Perguntas de um trabalhador que lê. Disponível em:

http://recantodasletras.uol.com.br. Acesso em: 28/4/2010.

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Partindo das reflexões de um trabalhador que lê um livro

de História, o autor censura a memória construída sobre

determinados monumentos e acontecimentos históricos.

A crítica refere-se ao fato de que

(A) os agentes históricos de uma determinada sociedade

deveriam ser aqueles que realizaram feitos heroicos

ou grandiosos e, por isso, ficaram na memória.

(B) a História deveria se preocupar em memorizar os

nomes de reis ou dos governantes das civilizações

que se desenvolveram ao longo do tempo.

(C) os grandes monumentos históricos foram

construídos por trabalhadores, mas sua memória

está vinculada aos governantes das sociedades que

os construíram.

(D) os trabalhadores consideram que a História é uma

ciência de difícil compreensão, pois trata de

sociedades antigas e distantes no tempo.

(E) as civilizações citadas no texto, embora muito

importantes, permanecem sem terem sido alvos de

pesquisas históricas.

.14. (ENEM-MEC)

DEBRET, J. B.; SOUZA, L. M. (org.). História da vida privada no Brasil:

cotidiano e vida privada na América Portuguesa, v. 1.

São Paulo: Companhia das Letras, 1997.

A imagem retrata uma cena da vida cotidiana dos

escravos urbanos no início do século XIX. Lembrando

que as atividades desempenhadas por esses

trabalhadores eram diversas, os escravos de aluguel

representados na pintura

(A) vendiam a produção da lavoura cafeeira para os

moradores das cidades.

(B) trabalhavam nas casas de seus senhores e

acompanhavam as donzelas na rua.

(C) realizavam trabalhos temporários em troca de

pagamento para os seus senhores.

(D) eram autônomos, sendo contratados por outros

senhores para realizarem atividades comerciais.

(E) aguardavam a sua própria venda após

desembarcarem no porto.

.15. (ENEM-MEC)

Os cercamentos do século XVIII podem ser

considerados como sínteses das transformações que

levaram à consolidação do capitalismo na Inglaterra. Em

primeiro lugar, porque sua especialização exigiu uma

articulação fundamental com o mercado. Como se

concentravam na atividade de produção de lã, a

realização da renda dependeu dos mercados, de novas

tecnologias de beneficiamento do produto e do emprego

de novos tipos de ovelhas. Em segundo lugar,

concentrou-se na inter-relação do campo com a cidade e,

num primeiro momento, também se vinculou à liberação

de mão de obra.

RODRIGUES, A. E. M. Revoluções burguesas. In: REIS FILHO,

D. A. et al (orgs.). O Século XX, v. I. Rio de Janeiro:

Civilização Brasileira, 2000 (adaptado).

Outra consequência dos cercamentos que teria

contribuído para a Revolução Industrial na Inglaterra foi o

(A) aumento do consumo interno.

(B) congelamento do salário mínimo.

(C) fortalecimento dos sindicatos proletários.

(D) enfraquecimento da burguesia industrial.

(E) desmembramento das propriedades improdutivas. ________________________________________________

*Anotações*

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*MÓDULO 4*

Brasil – Crescimento econômico

A economia açucareira

No século XV, quando os portugueses chegaram ao

Brasil, a Europa vivia o mercantilismo. Um dos pilares

desse sistema era o pacto colonial, segundo o qual os

brasileiros só podiam comercializar produtos com os

portugueses, que, assim, compravam barato, vendiam

caro e tinham exclusividade na exportação de

mercadorias brasileiras para outros países. Grande parte

dos lucros ia para a metrópole, principalmente para a

Coroa portuguesa, que cobrava impostos elevados sobre

a exploração dos produtos da colônia.

© DIVULGAÇÃO

Engenho de açúcar, uma imagem recorrente no Brasil colonial

O primeiro produto explorado pelos colonizadores

portugueses foi o pau-brasil, madeira que então era

abundante em grande parte da faixa litorânea e era

usada para fazer tinturas. Os índios a extraíam e, em

troca, recebiam objetos como colares e espelhos. Os

portugueses enchiam seus navios e voltavam para

Lisboa. Em alguns pontos do litoral, instalaram feitorias

para o armazenamento do produto.

A exploração era fácil e lucrativa, mas não incentivava

a fixação dos portugueses na colônia, o que a tornava

vulnerável a invasões estrangeiras. Para garantir a

proteção do território brasileiro, Portugal decidiu

promover sua ocupação. A forma encontrada para isso

foi criar as Capitanias Hereditárias, dividindo o território

em faixas horizontais.

Escolhida a estratégia, definiu-se o produto: o açúcar.

A matéria-prima, a cana-de-açúcar, adaptava-se bem ao

clima e ao solo brasileiros. Além disso, Portugal já

possuía experiência na produção de cana nos Açores e

na Ilha da Madeira. Para completar, o açúcar tinha

grande aceitação na Europa, o que era uma garantia de

mercado consumidor. Entretanto, faltavam aos

portugueses capital inicial e uma eficiente infraestrutura

de distribuição. Essa questão foi resolvida com uma

parceria com os holandeses, que já fretavam o açúcar

produzido por Portugal nas ilhas do Atlântico.

Os portugueses produziram açúcar adotando o

modelo plantation: grandes propriedades (latifúndios)

monocultoras, chamadas de engenhos, mão de obra

escrava e produção voltada para o mercado externo. Os

latifúndios monocultores e a escravidão permitiam uma

produção vasta, que rendia altos lucros. O destino era

unicamente a exportação, uma vez que Portugal não

tinha interesse em desenvolver a economia interna

brasileira. Os lucros que permaneciam no Brasil ficavam

nas mãos dos senhores de engenho — os donos dos

latifúndios —, originando grande concentração de renda.

A produção de açúcar foi a principal atividade

econômica do Brasil colonial nos séculos XVI e XVII, mas

não a única. Houve outras atividades, como a pecuária,

mas sua produção era voltada para o mercado interno.

Fornecedora de força de tração, alimento e meio de

transporte para os engenhos, ela foi inicialmente

instalada na Bahia e em Pernambuco, em meados do

século XVI. Como no litoral predominavam as lavouras

de cana, o gado foi levado ao interior. As feiras

organizadas para o comércio dos animais deram origem

às vilas, o que permitiu a colonização dos sertões

brasileiros. Além do Nordeste, a atividade se

desenvolveu com força no sul do país, onde foi

favorecida pelas vastas pastagens naturais dos pampas.

Os trabalhadores eram homens livres e de origem

humilde, geralmente índios ou mestiços. Recebiam um

pequeno salário e algumas cabeças de gado e, assim,

podiam começar o próprio negócio, o que ajudava a

desenvolver a atividade no país. A pecuária teve novo

impulso no século XVIII, com o surgimento da mineração

e a necessidade de abastecer as regiões de extração.

Antes de implantar a monocultura da cana-de-açúcar

no Brasil, os portugueses apenas exploravam o pau-

-brasil, que era lucrativo, e utilizavam a mão de obra

indígena a baixíssimo custo.

Implantada a partir do século XVI, a cultura da cana

levou à ocupação do Nordeste brasileiro, sobretudo

das áreas mais próximas ao litoral. O pacto colonial

instituído nessa época como instrumento de

viabilização do novo negócio proporcionava altos

lucros à metrópole e aos integrantes da nova elite

colonial.

Em busca de índios, os bandeirantes ajudaram a

descobrir ouro no interior do Brasil no fim do século

XVII. O ciclo do ouro provocou rápido povoamento e

enriquecimento da região onde hoje fica o estado de

Minas Gerais. A acelerada ocupação em busca de

metais e pedras preciosas foi importante no processo

de integração de várias regiões brasileiras, antes

pouco ocupadas.

A cultura do café na Região Sudeste mudou a

economia brasileira a partir do século XIX. A

produção introduziu o trabalho assalariado no campo

e estimulou as primeiras (nem sempre bem-

-sucedidas) tentativas de industrialização.

O processo de industrialização brasileira ganhou

impulso durante o governo de Getúlio Vargas, que

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melhorou a infraestrutura do país e criou indústrias

de base. Juscelino Kubitschek estimulou o

desenvolvimento da indústria automobilística e de

bens de consumo.

*ATENÇÃO, ESTUDANTE!*

Para complementar o estudo deste Módulo, utilize seu LIVRO DIDÁTICO.

*********** ATIVIDADES ***********

Texto para a questão 1.

Ganhos e perdas

O modelo adotado pelo regime militar fez a economia crescer, mas acirrou a desigualdade social

De 1968 a 1973, o Brasil cresceu à taxa média

próxima de 12% ao ano. Sua economia praticamente

dobrou de tamanho. Um feito, com reflexos na vida de

todas as classes, embora com intensidades bem

diferentes. Os trabalhadores tinham emprego, a classe

média comprou casa própria, carro e TV em cores. Os

empresários lucraram como nunca, e as multinacionais

ampliaram suas operações e ganhos. Era o milagre

brasileiro, o período de maior expansão que o país viveu

no século XX e que deixou os brasileiros eufóricos. Hoje,

olhado em perspectiva, o milagre parece menos

sobrenatural. Teve como efeito colateral uma dívida que

ainda estrangula o país e também a piora na distribuição

de renda, que já era desigual.

Construção da ponte Rio-Niterói: inaugurada em 1974, quando a crise do petróleo já reduzia o forte crescimento econômico do Brasil, a obra é um dos marcos do “milagre” brasileiro

© ANTÔNIO ANDRADE

Em alguma medida, esse boom econômico significou

a retomada do desenvolvimento acelerado anterior. Do

fim da Segunda Guerra Mundial ao início dos anos 60, a

renda per capita aumentara sempre acima de 2% ao ano,

com exceção de 1953 e 1956. Entre 1957 e 1961, o

Brasil cresceu 8,3% anuais, em média. Nos anos

seguintes, a economia estagnou e a inflação disparou, o

que ajuda a entender o contexto em que ocorreu o golpe.

Os governos militares apostaram pesado em

infraestrutura. Foi o tempo do “bras”. Eletrobras,

Siderbras, Petrobras e outras empresas do Estado

usavam grandes somas para superar gargalos em

setores estratégicos. Obras gigantescas também

marcaram o período, como a usina de Itaipu e a ponte

Rio-Niterói.

O Brasil mudou muito durante os anos do milagre.

Ficou mais urbano, mais escolarizado, mais moderno. A

expansão econômica foi usada pelo regime. A expressão

“ordem e progresso” caiu como uma luva. Dava a

entender que o autoritarismo seria necessário para

manter o país na rota do crescimento.

Ocorre que, na década de 60, os mais pobres ficaram

proporcionalmente mais pobres. A participação na renda

nacional da metade menos abastada da população caiu

de 18% para 15%. A renda do 1% mais rico subiu de

12% para 15%. Nos anos 70, a distribuição ficou pior: a

metade mais pobre detinha 14% da renda em 1980,

contra 17% do grupo que reunia o 1% mais rico. Delfim

Netto, todo-poderoso da economia nos anos militares,

dizia que era preciso fazer o bolo crescer para depois

dividi-lo.

Esse momento nunca chegou. Ainda na ditadura, o

milagre virou coisa do passado. A expansão acelerada

durou seis anos; a ditadura, 21. A tentativa de manobrar

a economia de olho na política levou os técnicos do

regime a fazer o que hoje tem cara de grande trapalhada.

A primeira delas ocorreu após o choque do petróleo, no

fim de 1973. O Brasil importava 80% do combustível que

consumia e sentiu o golpe. O governo Geisel financiou

esse gasto com empréstimos externos. Só em 1974, a

dívida brasileira quase dobrou.

A expansão foi mantida à custa do endividamento.

Mas a economia já tinha dado sinais de fragilidade, e o

apoio ao regime declinava. No fim dos anos 70, a fonte

de recursos externos começa a secar. Torna-se difícil

obter novos empréstimos e refinanciar a dívida. A

inflação se acelera, ultrapassando 40% em 1978. Para

completar, o petróleo sofre novo choque em 1979.

Em 1980, a inflação chega a 77%, corroendo

rapidamente os salários. Segundo dados do

Departamento Intersindical de Estatística e Estudos

Socioeconômicos (Dieese), para comprar a cesta básica

um trabalhador tinha de trabalhar 88 horas e meia em

1965; em 1980, seriam necessárias quase 174 horas.

A forma de reagir aos choques do petróleo tinha

ampliado a vulnerabilidade do Brasil a adversidades

externas. Em 1981, a economia brasileira encolheu 1,6%.

No ano seguinte, cresceu 0,9%. Em 1983, nova recessão

fez o PIB baixar 3,2 %. Na primeira metade dos anos 80,

o dinheiro sumiu do mercado de empréstimos

internacionais e as taxas de juros dispararam. A dívida

brasileira já superava 100 bilhões de dólares, parecia

impagável, e a solução foi recorrer ao Fundo Monetário

Internacional (FMI). Em troca de financiamento, o Fundo

passou a exigir que os governantes seguissem as

políticas que recomendava. O santo mercado financeiro

começava a cobrar o preço do milagre.

Aventuras na História, edição especial, dez. 2008 (adaptado).

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.1. (AED-SP)

O texto indica que, no período da ditadura militar (1964-

-1985), a economia brasileira cresceu bastante, mas, em

contrapartida, houve muitos aspectos negativos. Indique-

-os.

___________________________________________________

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___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

.2. (ENEM-MEC)

A industrialização do Brasil é fenômeno recente e se

processou de maneira bastante diversa daquela

verificada nos Estados Unidos e na Inglaterra, sendo

notáveis, entre outras características, a concentração

industrial em São Paulo e a forte desigualdade de renda

mantida ao longo do tempo.

Outra característica da industrialização brasileira foi

(A) a fraca intervenção estatal, dando-se preferência às

forças de mercado, que definem os produtos e as

técnicas por sua conta.

(B) a presença de políticas públicas voltadas para a

supressão das desigualdades sociais e regionais, e

desconcentração técnica.

(C) o uso de técnicas produtivas intensivas em mão de

obra qualificada e produção limpa em relação aos

países com indústria pesada.

(D) a presença constante de inovações tecnológicas

resultantes dos gastos das empresas privadas em

pesquisa e em desenvolvimento de novos produtos.

(E) a substituição de importações e a introdução de

cadeias complexas para a produção de matérias-

-primas e de bens intermediários.

.3. (ENEM-MEC)

Houve momentos de profunda crise na história

mundial contemporânea que representaram, para o

Brasil, oportunidades de transformação no campo

econômico. A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e a

quebra da Bolsa de Nova Iorque (1929), por exemplo,

levaram o Brasil a modificar suas estratégias produtivas e

a contornar as dificuldades de importação de produtos

que demandava dos países industrializados.

Nas três primeiras décadas do século XX, o Brasil

(A) impediu a entrada de capital estrangeiro, de modo a

garantir a primazia da indústria nacional.

(B) priorizou o ensino técnico, no intuito de qualificar a

mão de obra nacional direcionada à indústria.

(C) experimentou grandes transformações tecnológicas

na indústria e mudanças compatíveis na legislação

trabalhista.

(D) aproveitou a conjuntura de crise para fomentar a

industrialização pelo país, diminuindo as

desigualdades regionais.

(E) direcionou parte do capital gerado pela cafeicultura

para a industrialização, aproveitando a recessão

europeia e norte-americana.

.4. (ENEM-MEC)

Não é difícil entender o que ocorreu no Brasil nos

anos imediatamente anteriores ao golpe militar de 1964.

A diminuição da oferta de empregos e a desvalorização

dos salários, provocadas pela inflação, levaram a uma

intensa mobilização política popular, marcada por

sucessivas ondas grevistas de várias categorias

profissionais, o que aprofundou as tensões sociais.

Dessa vez, as classes trabalhadoras se recusaram a

pagar o pato pelas “sobras” do modelo econômico

juscelinista.

MENDONÇA, S. R. A Industrialização Brasileira.

São Paulo: Moderna, 2002 (adaptado).

Segundo o texto, os conflitos sociais ocorridos no início

dos anos 1960 decorreram principalmente

(A) da manipulação política empreendida pelo governo

João Goulart.

(B) das contradições econômicas do modelo

desenvolvimentista.

(C) do poder político adquirido pelos sindicatos

populistas.

(D) da desmobilização das classes dominantes frente ao

avanço das greves.

(E) da recusa dos sindicatos em aceitar mudanças na

legislação trabalhista.

.5. (ENEM-MEC)

Observe as duas afirmações de Montesquieu (1689-

-1755), a respeito da escravidão:

A escravidão não é boa por natureza; não é útil nem

ao senhor, nem ao escravo: a este porque nada pode

fazer por virtude; àquele, porque contrai com seus

escravos toda sorte de maus hábitos e se acostuma

insensivelmente a faltar contra todas as virtudes morais:

torna-se orgulhoso, brusco, duro, colérico, voluptuoso,

cruel.

Se eu tivesse que defender o direito que tivemos de

tornar escravos os negros, eis o que eu diria: tendo os

povos da Europa exterminado os da América, tiveram

que escravizar os da África para utilizá-los para abrir

tantas terras. O açúcar seria muito caro se não

fizéssemos que escravos cultivassem a planta que o

produz.

MONTESQUIEU. O espírito das leis.

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Com base nos textos, podemos afirmar que, para

Montesquieu,

(A) o preconceito racial foi contido pela moral religiosa.

(B) a política econômica e a moral justificaram a

escravidão.

(C) a escravidão era indefensável de um ponto de vista

econômico.

(D) o convívio com os europeus foi benéfico para os

escravos africanos.

(E) o fundamento moral do direito pode submeter-se às

razões econômicas.

.6. (ENEM-MEC)

O mapa abaixo apresenta parte do contorno da América

do Sul destacando a bacia amazônica. Os pontos

assinalados representam fortificações militares instaladas

no século XVIII pelos portugueses. A linha indica o

Tratado de Tordesilhas revogado pelo Tratado de Madri,

apenas em 1750.

MATTOS, Carlos de Meira. Geopolítica e teoria de fronteiras (adaptado).

Pode-se afirmar que a construção dos fortes pelos

portugueses visava, principalmente, a dominar

(A) militarmente a bacia hidrográfica do Amazonas.

(B) economicamente as grandes rotas comerciais.

(C) as fronteiras entre nações indígenas.

(D) o escoamento da produção agrícola.

(E) o potencial de pesca da região.

.7. (ENEM-MEC)

A questão étnica no Brasil tem provocado diferentes

atitudes:

I. Instituiu-se o “Dia Nacional da Consciência

Negra” em 20 de novembro, ao invés da

tradicional celebração do 13 de maio. Essa nova

data é o aniversário da morte de Zumbi, que hoje

simboliza a crítica à segregação e à exclusão

social.

II. Um turista estrangeiro que veio ao Brasil, no

Carnaval, afirmou que nunca viu tanta

convivência harmoniosa entre as diversas etnias.

Também sobre essa questão, estudiosos fazem

diferentes reflexões:

Entre nós [brasileiros], [...] a separação imposta pelo

sistema de produção foi a mais fluida possível. Permitiu

constante mobilidade de classe para classe e até de uma

raça para outra. Esse amor, acima de preconceitos de

raça e de convenções de classe, do branco pela cabocla,

pela cunhã, pela índia, [...] agiu poderosamente na

formação do Brasil, adoçando-o.

FREIRE, Gilberto. O mundo que o português criou.

[Porém] o fato é que ainda hoje a miscigenação não

faz parte de um processo de integração das “raças” em

condições de igualdade social. O resultado foi que [...]

ainda são pouco numerosos os segmentos da

“população de cor” que conseguiram se integrar,

efetivamente, na sociedade competitiva.

FERNANDES, Florestan. O negro no mundo dos brancos.

Considerando as atitudes expostas acima e os pontos de

vista dos estudiosos, é correto aproximar

(A) a posição de Gilberto Freire e a de Florestan

Fernandes igualmente às duas atitudes.

(B) a posição de Gilberto Freire à atitude I e a de

Florestan Fernandes à atitude II.

(C) a posição de Florestan Fernandes à atitude I e a de

Gilberto Freire à atitude II.

(D) somente a posição de Gilberto Freire a ambas as

atitudes.

(E) somente a posição de Florestan Fernandes a ambas

as atitudes.

.8. (ENEM-MEC)

No início do século XIX, o naturalista alemão Carl Von

Martius esteve no Brasil em missão científica para fazer

observações sobre a flora e a fauna nativas e sobre a

sociedade indígena. Referindo-se ao indígena, ele

afirmou:

“Permanecendo em grau inferior da humanidade,

moralmente, ainda na infância, a civilização não o altera,

nenhum exemplo o excita e nada o impulsiona para um

nobre desenvolvimento progressivo [...]. Esse estranho e

inexplicável estado do indígena americano, até o

presente, tem feito fracassarem todas as tentativas para

conciliá-lo inteiramente com a Europa vencedora e torná-

-lo um cidadão satisfeito e feliz.”

MARTIUS, Carl Von. O estado do direito entre os autóctones

do Brasil. Belo Horizonte/São Paulo: Itatiaia/EdUSP, 1982.

Com base nessa descrição, conclui-se que o naturalista

Von Martius

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(A) apoiava a independência do Novo Mundo,

acreditando que os índios, diferentemente do que

fazia a missão europeia, respeitavam a flora e a

fauna do país.

(B) discriminava preconceituosamente as populações

originárias da América e advogava o extermínio dos

índios.

(C) defendia uma posição progressista para o século

XIX: a de tornar o indígena cidadão satisfeito e feliz.

(D) procurava impedir o processo de aculturação, ao

descrever cientificamente a cultura das populações

originárias da América.

(E) desvalorizava os patrimônios étnicos e culturais das

sociedades indígenas e reforçava a missão

“civilizadora europeia”, típica do século XIX.

.9. (ENEM-MEC)

A moderna democracia brasileira foi construída entre

saltos e sobressaltos. Em 1954, a crise culminou no

suicídio do presidente Vargas. No ano seguinte, outra

crise quase impediu a posse do presidente eleito,

Juscelino Kubitschek. Em 1961, o Brasil quase chegou à

guerra civil depois da inesperada renúncia do presidente

Jânio Quadros. Três anos mais tarde, um golpe militar

depôs o presidente João Goulart, e o país viveu durante

vinte anos em regime autoritário.

A partir dessas informações, relativas à história

republicana brasileira, assinale a opção correta.

(A) Ao término do governo João Goulart, Juscelino

Kubitschek foi eleito presidente da República.

(B) A renúncia de Jânio Quadros representou a primeira

grande crise do regime republicano brasileiro.

(C) Após duas décadas de governos militares, Getúlio

Vargas foi eleito presidente em eleições diretas.

(D) A trágica morte de Vargas determinou o fim da

carreira política de João Goulart.

(E) No período republicano citado, sucessivamente, um

presidente morreu, um teve sua posse contestada,

um renunciou e outro foi deposto.

.10. (ENEM-MEC)

João de Deus levanta-se indignado. Vai até a janela e

fica olhando para fora. Ali na frente está a Panificadora

Italiana, de Gamba & Filho. Ontem era uma casinhola de

porta e janela, com um letreiro torto e errado: “Padaria

Nápole”. Hoje é uma fábrica... João de Deus olha e

recorda... Quando Vittorio Gamba chegou da Itália com

uma trouxa de roupa, a mulher e um filho pequeno, os

Albuquerques eram donos de quase todas as casas do

quarteirão. [...] O tempo passou. Os negócios pioraram. A

herança não era o que se esperava. Com o correr dos

anos os herdeiros foram hipotecando as casas. Venciam-

-se as hipotecas, não havia dinheiro para resgatá-las: as

propriedades, então, iam passando para as mãos dos

Gambas, que prosperavam.

VERÍSSIMO, E. Música ao longe. Porto Alegre:

Globo, 1974 (adaptado).

O texto foi escrito no início da década de 1930 e revela,

por meio das recordações do personagem,

características sócio-históricas desse período, as quais

remetem

(A) à ascensão de uma burguesia de origem italiana.

(B) ao início da imigração italiana e alemã, no Brasil, a

partir da segunda metade do século.

(C) ao modo como os imigrantes italianos impuseram, no

Brasil, seus costumes e hábitos.

(D) à luta dos imigrantes italianos pela posse da terra e

pela busca de interação com o povo brasileiro.

(E) às condições socioeconômicas favoráveis

encontradas pelos imigrantes italianos no início do

século.

.11. (ENEM-MEC)

Para Caio Prado Jr., a formação brasileira se

completaria no momento em que fosse superada a nossa

herança de inorganicidade social — o oposto da

interligação com objetivos internos — trazida da colônia.

Este momento alto estaria, ou esteve, no futuro. Se

passarmos a Sérgio Buarque de Holanda, encontraremos

algo análogo. O país será moderno e estará formado

quando superar a sua herança portuguesa, rural e

autoritária, quando então teríamos um país democrático.

Também aqui o ponto de chegada está mais adiante, na

dependência das decisões do presente. Celso Furtado,

por seu turno, dirá que a nação não se completa

enquanto as alavancas do comando, principalmente do

econômico, não passarem para dentro do país. Como

para os outros dois, a conclusão do processo encontra-

-se no futuro, que agora parece remoto.

SCHWARZ, R. Os sete fôlegos de um livro. Sequências brasileiras.

São Paulo: Cia. das Letras, 1999 (adaptado).

Acerca das expectativas quanto à formação do Brasil, a

sentença que sintetiza os pontos de vista apresentados

no texto é:

(A) Brasil, um país que vai pra frente.

(B) Brasil, a eterna esperança.

(C) Brasil, glória no passado, grandeza no presente.

(D) Brasil, terra bela, pátria grande.

(E) Brasil, gigante pela própria natureza.

________________________________________________ *Anotações*

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.12. (ENEM-MEC)

CIATTONI, A. Géographie. L’espace mondial. Paris: Hatier, 2008 (adaptado).

A partir do mapa apresentado, é possível inferir que, nas

últimas décadas do século XX, registraram-se processos

que resultaram em transformações na distribuição das

atividades econômicas e da população sobre o território

brasileiro, com reflexos no PIB por habitante. Assim,

(A) as desigualdades econômicas existentes entre

regiões brasileiras desapareceram, tendo em vista a

modernização tecnológica e o crescimento vivido

pelo país.

(B) os novos fluxos migratórios instaurados em direção

ao Norte e ao Centro-Oeste do país prejudicaram o

desenvolvimento socioeconômico dessas regiões,

incapazes de atender ao crescimento da demanda

por postos de trabalho.

(C) o Sudeste brasileiro deixou de ser a região com o

maior PIB industrial a partir do processo de

desconcentração espacial do setor, em direção a

outras regiões do país.

(D) o avanço da fronteira econômica sobre os estados

da região Norte e do Centro-Oeste resultou no

desenvolvimento e na introdução de novas

atividades econômicas, tanto nos setores primário e

secundário, como no terciário.

(E) o Nordeste tem vivido, ao contrário do restante do

país, um período de retração econômica, como

consequência da falta de investimentos no setor

industrial com base na moderna tecnologia.

________________________________________________ *Anotações*

.13. (ENEM-MEC)

Ó sublime pergaminho

Libertação geral

A princesa chorou ao receber

A rosa de ouro papal

Uma chuva de flores cobriu o salão

E o negro jornalista

De joelhos beijou a sua mão

Uma voz na varanda do paço ecoou:

“Meu Deus, meu Deus,

Está extinta a escravidão”

MELODIA, Z.; RUSSO, N.; MADRUGADA, C. Sublime Pergaminho.

Disponível em: http://www.letras.terra.com.br.

Acesso em: 28/4/2010.

O samba-enredo de 1968 reflete e reforça uma

concepção acerca do fim da escravidão ainda viva em

nossa memória, mas que não encontra respaldo nos

estudos históricos mais recentes. Nessa concepção

ultrapassada, a abolição é apresentada como

(A) conquista dos trabalhadores urbanos livres, que

demandavam a redução da jornada de trabalho.

(B) concessão do governo, que ofereceu benefícios aos

negros, sem consideração pelas lutas de escravos e

abolicionistas.

(C) ruptura na estrutura socioeconômica do país, sendo

responsável pela otimização da inclusão social dos

libertos.

(D) fruto de um pacto social, uma vez que agradaria aos

agentes históricos envolvidos na questão:

fazendeiros, governo e escravos.

(E) forma de inclusão social, uma vez que a abolição

possibilitaria a concretização de direitos civis e

sociais para os negros.

.14. (ENEM-MEC)

A dependência regional maior ou menor da mão de

obra escrava teve reflexos políticos importantes no

encaminhamento da extinção da escravatura. Mas a

possibilidade e a habilidade de lograr uma solução

alternativa — caso típico de São Paulo —

desempenharam, ao mesmo tempo, papel relevante.

FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: EdUSP, 2000.

A crise do escravismo expressava a difícil questão em

torno da substituição da mão de obra, que resultou

(A) na constituição de um mercado interno de mão de

obra livre, constituído pelos libertos, uma vez que a

maioria dos imigrantes se rebelou contra a

superexploração do trabalho.

(B) no confronto entre a aristocracia tradicional, que

defendia a escravidão e os privilégios políticos, e os

cafeicultores, que lutavam pela modernização

econômica com a adoção do trabalho livre.

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(C) no “branqueamento” da população, para afastar o

predomínio das raças consideradas inferiores e

concretizar a ideia do Brasil como modelo de

civilização dos trópicos.

(D) no tráfico interprovincial dos escravos das áreas

decadentes do Nordeste para o Vale do Paraíba,

para a garantia da rentabilidade do café.

(E) na adoção de formas disfarçadas de trabalho

compulsório com emprego dos libertos nos cafezais

paulistas, uma vez que os imigrantes foram trabalhar

em outras regiões do país.

.15. (ENEM-MEC)

Foto de Militão, São Paulo, 1879.

ALENCASTRO, L. F. (org.). História da vida privada no Brasil.

Império: a corte e a modernidade nacional. São Paulo: Cia. das Letras, 1997.

Que aspecto histórico da escravidão no Brasil do século

XIX pode ser identificado a partir da análise do vestuário

do casal retratado acima?

(A) O uso de trajes simples indica a rápida incorporação

dos ex-escravos ao mundo do trabalho urbano.

(B) A presença de acessórios como chapéu e sombrinha

aponta para a manutenção de elementos culturais de

origem africana.

(C) O uso de sapatos é um importante elemento de

diferenciação social entre negros libertos ou em

melhores condições na ordem escravocrata.

(D) A utilização do paletó e do vestido demonstra a

tentativa de assimilação de um estilo europeu como

forma de distinção em relação aos brasileiros.

(E) A adoção de roupas próprias para o trabalho

doméstico tinha como finalidade demarcar as

fronteiras da exclusão social naquele contexto.

*Anotações*

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*MÓDULO 1*

Sociedade – Minorias

O peso da diferença

A perseguição aos diferentes é uma constante

histórica: os gregos já discriminavam todos os outros

povos, a quem consideravam bárbaros. Os espartanos,

que dominaram a Grécia antiga entre os séculos V e IV

a.C., cultuavam a imagem do soldado atlético e

obediente. Quem não se encaixava nesse modelo estava

sujeito à escravidão e até a execução: crianças

deficientes ou doentes eram mortas ao nascer.

Os romanos, notórios por fazer de escravos os povos

que dominavam, foram hostis com todos os povos da

Europa Ocidental, norte da África e Ásia Menor. Na Idade

Média, eram perseguidos os que discordavam da Igreja

Católica, uma prática mantida pela Inquisição até o

século XIX e que matou milhares de pessoas. Muitas das

vítimas eram judeus, chamados de cristãos-novos

(recém-convertidos ao catolicismo). O ressentimento

contra os judeus aumentou na virada do século XIX para

o XX, quando o antissemitismo dividiu a elite intelectual

europeia. Em 1933, chegou ao poder na Alemanha o

regime nazista, que tinha como pilares o racismo, o

antissemitismo, o pangermanismo (união dos povos

germânicos) e a eugenia (“melhoramento” da raça), além

do totalitarismo e o anticomunismo.

Ainda no século XX, um regime abertamente racista, o

apartheid na África do Sul, se manteve no poder por 42

anos. Nos Estados Unidos, apenas em 1963 foram

concedidos direitos iguais a negros que eram segregados

em partes do país. E a chamada “limpeza étnica”

também voltou a assombrar na Bósnia, Chechênia,

Iraque, Congo, Sudão e em outros pontos do mundo.

Limpeza étnica

Exemplos recentes de conflitos e regimes racistas que vitimaram milhões

RUANDA

Quando: 1994

Vítimas: tútsis

Motivação: guerra civil e

racismo

Métodos: civis armados de facões e porretes

Número de mortos: 800.000

Quando chegaram ao país, os belgas encontraram uma

sociedade dividida entre camponeses hutus pobres e

pastores tútsis prósperos. Para garantirem sua

dominação, fizeram dos tútsis a aristocracia ruandesa.

Em 1959, hutus se rebelaram e, em 1962, assumiram o

poder. A violência se agravou em 1990, com a criação da

Frente Patriótica Ruandesa (FPR), por tútsis exilados em

Uganda. Quando o presidente Jouvenal Habyarimana

morreu, em 1994, a população passou a ser

bombardeada com informações de um complô tútsi, o

que levou à execução de 75% dos tútsis que viviam em

Ruanda.

CAMBOJA

Quando: de 1975 a 1979

Vítimas: chineses,

muçulmanos e vietnamitas,

entre outras minorias

Motivação: eliminar etnias

Métodos: execuções a bala e mortes por fome e

excesso de trabalho

Número de mortos: 215.000 chineses, 90.000

muçulmanos e 20.000 vietnamitas

“Preferimos matar dez amigos a deixar vivo um só

inimigo”, dizia Pol Pot, líder do Khmer Vermelho, a ala

mais radical do Partido Comunista local, que tomou o

poder em 1975. Em quatro anos, o regime executou 1,7

milhão de seus 8 milhões de habitantes. A maior parte

dos mortos era da mesma etnia khmer e só morreu por

causa do estado de paranoia e eliminação sistemática

dos adversários implantado pelo regime cambojano. Na

dúvida de quem era amigo ou inimigo, Pol Pot mandava

eliminar todos.

BÓSNIA

Quando: de 1991 a 1999

Vítimas: bósnios, sérvios,

croatas e kosovares

Motivação: conflitos

nacionalistas e movimentos separatistas

Métodos: ataques militares e estupros

Número de mortos: 300.000

O conflito nos Bálcãs entre muçulmanos e católicos,

sérvios e croatas, sérvios e albaneses tem mais de 200

anos. Apenas nas quatro décadas em que o general

ditador Josip Broz Tito unificou esses povos sob a

bandeira da antiga Iugoslávia, houve certo entendimento.

Com a morte de Tito, em 1980, a Eslovênia, a Croácia e

a Bósnia declararam independência. Em 1990, o sérvio

Slobodan Milosevic passou a eliminar os croatas. Os

croatas fizeram o mesmo na Sérvia e na Bósnia. E

muçulmanos bósnios atacaram croatas e sérvios.

Manipulados pela propaganda nacionalista, cada um dos

povos acreditava apenas responder à ameaça inimiga.

________________________________________________ *Anotações*

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Aceito, renegado, aceito novamente

O homossexualismo era aceito na Antiguidade. A recriminação surgiu com o cristianismo

Século VIII a.C.

Um dos primeiros conjuntos de

leis do mundo, o Código

Hammurabi, da Mesopotâmia, do

século VIII a.C., cita os

prostitutos e prostitutas usados

em rituais religiosos – e que

tinham direito a privilégios

especiais. JSP / ISTOCK PHOTO

Séculos XX a.C. a IV d.C.

As relações entre um homem

mais velho e outro mais jovem

eram normais e incentivadas na

Grécia e em Roma. O mesmo não

valia para dois homens da mesma

idade – quando isso acontecia,

eles eram perseguidos.

FABIANA BERTONE

Séculos IV a XIV

O cristianismo tornou-se a religião

oficial do Império Romano no século

IV e, com ele, veio uma crescente

aversão ao prazer e ao riso. A

homossexualidade foi tratada como

antinatural. REPRODUÇÃO

Século XIV

O resgate dos valores clássicos

ocasionou o retorno do gosto pela

forma masculina. Mas, após a

Peste Negra, entre 1347 e 1351, os

sodomitas foram acusados de

causar os males da sociedade. REPRODUÇÃO

Século XIX

A Inglaterra condenava à forca os

acusados de sodomia. Em 1861, o

país trocou a forca por pena de dez

anos de trabalhos forçados. O

escritor Oscar Wilde cumpriu dois

anos dessa pena depois de ser

condenado por prática de

homossexualismo. REPRODUÇÃO

Século XX

A luta pelos direitos dos gays

ganhou força nos anos 70, mas a

homofobia permaneceu sendo

expressada – muitas vezes com

violência física, herança de um

passado marcado por formas

recorrentes de intolerância. ZU1U / DREAMSTIME

O racismo e a intolerância causaram diversos

massacres e injustiças no decorrer da história, dos

gregos e romanos aos tempos atuais.

Genocídio é o termo aplicado para se referir ao

massacre sistemático de um povo, visando a sua

extinção. Foi o que ocorreu com os judeus na

Alemanha nazista, com os armênios sob jugo turco

em 1915 e com tútsis massacrados por hutus em

Ruanda, em 1994.

Durante a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha

nazista perseguiu minorias que não correspondiam a

seu ideal de raça ariana ou raça pura. Além de 6

milhões de judeus, foram executados ciganos,

homossexuais, presos, deficientes, militantes

políticos e outros grupos étnicos e religiosos.

Os homossexuais sofreram perseguição com a

expansão do cristianismo. Em alguns países, foram

presos e condenados à morte.

O apartheid, regime que durou de 1948 a 1994,

restringia os direitos dos não brancos na África do

Sul. Nelson Mandela passou 27 anos preso por lutar

pelos direitos dos negros em seu país e se tornou

presidente depois de ser libertado.

Elaborada por Gilberto Freyre, a ideia de democracia

racial – isto é, que não há racismo no Brasil ou que

ele é insignificante – é um mito. Além do racismo que

não aparece nas estatísticas, há o fato de que

negros e pardos ganham menos do que os brancos,

têm menor grau de escolaridade e ocupam menos

cargos de gerência.

********** ATIVIDADES 1 **********

Texto para as questões 1 e 2.

À espera de um salvador

Darfur, no Sudão, cenário de um genocídio silencioso, é um lugar sem lei

O mundo ignora ou finge ignorar que Darfur, no

Sudão, é cenário de uma guerra de extermínio contra

uma população indefesa. O mesmo mundo que se

apieda de um filhote de urso-polar abandonado pela mãe

no zoológico de Berlim fecha os olhos para as centenas

de milhares de crianças subnutridas dos 130 campos de

refugiados de Darfur, no oeste sudanês. Desde a

independência do Império Britânico, em 1956, o norte do

país detém o monopólio do poder político e econômico,

concentrado na capital, Cartum. A partir de 2003, quando

eclodiu o conflito entre o governo do ditador Omar

al-Bashir e rebeldes de Darfur, intensificou-se a matança

indiscriminada de cidadãos que não pertencem à etnia

que se intitula “árabe”. Uma matança selvagem, seja por

meio de fuzilamentos sumários, seja por meio da fome

imposta pelo isolamento.

Darfur é dividida em três estados – do Norte, do Sul e

do Oeste –, que representam quase um sexto do território

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do Sudão, o maior país da África. Hoje, quase metade

dos seus 6 milhões de habitantes vive em aglomerações

humanas improvisadas. Outros 2 milhões ainda não

deixaram suas aldeias, mas foram afetados pela

destruição de lavouras ou pela morte de familiares. Com

a justificativa de combater rebeldes que lutam contra o

regime, o governo do Sudão bombardeia aldeias e apoia

os janjaweeds, milícias autoproclamadas árabes cuja

missão é limpar Darfur de outras etnias. Ao todo, já

morreram 300.000 pessoas.

O número de combatentes e civis mortos de maneira

violenta caiu nos últimos anos, mas não são as

estatísticas que configuram um genocídio.

Há 60 anos, a Organização das Nações Unidas

definiu como crime internacional a tentativa de destruir a

totalidade ou parte de um grupo nacional, étnico, racial

ou religioso. Segundo o texto da ONU, não é preciso

haver assassinatos em massa para que um crime seja

classificado como genocídio. Impor condições de vida

subumanas a um grupo de pessoas semelhantes entre

si, com o objetivo de levar à sua destruição física,

também se enquadra nessa classificação. É o que ocorre

em Darfur.

Os campos de refugiados são verdadeiras bombas

populacionais: a maioria continua recebendo milhares de

pessoas por ano. Elas buscam desesperadamente um

lugar onde possam ter alguma sensação de segurança,

por menor que seja. Nos campos, não há espaço para

plantar ou manter uma criação numerosa de bodes e

camelos. “Tenho uma pequena plantação a três horas de

caminhada”, diz Tigani Suleiman, 55 anos, refugiado que

consegue com isso obter uma renda equivalente a 2

dólares por dia. Outros homens tentam algum

subemprego nas cidades e as mulheres recolhem lenha

para vender, sob o risco de serem estupradas nos

arredores do campo.

Só mesmo a ajuda humanitária tem atenuado o drama

dos refugiados. Graças a ela, a taxa de desnutrição caiu

pela metade nos últimos anos. Atuam na região

dezesseis agências da ONU e 85 ONGs, que prestam

serviços como atendimento de saúde e distribuição de

comida. Para cada 366 habitantes de Darfur, há um

trabalhador humanitário.

Veja, 24/12/2008 (com adaptações).

.1. (AED-SP)

Com base no texto, sintetize as origens do conflito no

Sudão.

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

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.2. (AED-SP)

Por que a ONU considera que não é preciso haver

assassinatos em massa para que se configure um

genocídio?

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.3. (INEP-MEC)

A viagem levou uns 20 minutos. O caminhão parou;

via-se um grande portão e, em cima do portão, uma frase

bem iluminada (cuja lembrança ainda hoje me atormenta

nos sonhos): “Arbeit macht frei” – o trabalho liberta.

Descemos, fazem-nos entrar numa sala ampla, nua e

fracamente aquecida. Que sede! O leve zumbido da água

nos canos da calefação nos enlouquece: faz quatro dias

que não bebemos nada.

LEVI, Primo. É isto um homem? Rio de Janeiro:

Rocco, 1988, p. 20.

A descrição acima – de um prisioneiro chegando a

Auschwitz – revela angústia e horror. Os campos de

concentração nazistas eram:

(A) lugares de reabilitação de doentes mentais,

criminosos comuns e prisioneiros políticos.

(B) instalados apenas na Alemanha e, neles, foram

alojados, durante a Segunda Guerra Mundial, judeus,

homossexuais e comunistas.

(C) lugares de execução sumária e imediata de inimigos

nacionais alemães e de pessoas que se recusavam

a trabalhar.

(D) instalados para acolher os imigrantes que, vindos da

Europa Oriental, tentavam penetrar no território do

Terceiro Reich sem autorização.

(E) lugares onde os considerados indesejáveis eram

submetidos a humilhações, trabalhos forçados ou

execuções em massa.

.4. (UNICAMP-SP)

O primeiro recenseamento geral do Império foi realizado

em 1872. Nos recenseamentos parciais anteriores, não

se perguntava sobre a cor da população. O censo de

1872, ao inserir essa informação, indica uma mudança,

orientada por um entendimento do conceito de raça que

ancorava a cor em um suporte pretensamente mais

rígido. Com a crise da escravidão e do regime

monárquico, que levou ao enfraquecimento dos pilares

da distinção social, a cor e a raça tornavam-se

necessárias.

Adaptado de Ivana Stolze Lima, Cores, Marcas e Falas:

Sentidos da Mestiçagem no Império do Brasil. Rio de

Janeiro: Arquivo Nacional, 2003, p. 109-121.

A partir do enunciado, podemos concluir que há um uso

político na maneira de classificar a população, já que:

(A) o conceito de raça permitia classificar a população a

partir de um critério mais objetivo e exato do que a

cor, o que era necessário em um momento de

transição para um novo regime.

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(B) no final do Império, o enfraquecimento dos pilares da

distinção social era causado pelo fim da escravidão.

Nesse contexto, ao perguntar sobre a raça da

população, o censo permitiria elaborar políticas

visando à inclusão social dos ex-escravos.

(C) a introdução do conceito de raça no censo devia-se a

uma concepção, difundida após 1870, que propunha

a organização da sociedade a partir de critérios

objetivos e científicos, o que levaria a uma maior

igualdade social.

(D) no final do Império, a associação entre a cor da pele

e o conceito de raça criava um novo critério de

exclusão social, capaz de substituir as formas de

distinção que eram próprias da sociedade escravista

e monárquica em crise.

.5. (ENEM-MEC)

O artigo 402 do Código Penal Brasileiro de 1890 dizia:

Fazer nas ruas e praças exercícios de agilidade e

destreza corporal, conhecidos como capoeiragem: andar

em correrias, com armas ou instrumentos capazes de

produzir lesão corporal, provocando tumulto ou

desordens.

Pena: Prisão de dois a seis meses.

SOARES, C. A Negregada instituição: os capoeiras no Rio de Janeiro:

1850-1890. Rio de Janeiro: Secretaria de Cultura, 1994 (adaptado).

O artigo do primeiro Código Penal Republicano naturaliza

medidas socialmente excludentes. Nesse contexto, tal

regulamento expressava

(A) a manutenção de parte da legislação do Império com

vistas ao controle da criminalidade urbana.

(B) a política de eliminação das diferenças e das

desigualdades sociais, com o extermínio dos pobres.

(C) o caráter disciplinador de uma sociedade

industrializada, desejosa de um equilíbrio entre

progresso e civilização.

(D) a criminalização de práticas culturais e a persistência

de valores que vinculavam certos grupos ao passado

de escravidão.

(E) o poder do regime escravista, que mantinha os

negros como categoria social inferior, discriminada e

segregada.

.6. (INEP-MEC)

Sobre a intolerância racial nas Américas nos anos 1950 e

1960, pode-se afirmar que:

(A) leis segregacionistas no sul dos Estados Unidos

forçaram os negros a usar instalações públicas e

frequentar escolas à parte.

(B) a Lei dos Direitos Civis nos Estados Unidos agravou,

em 1963, a segregação racial.

(C) a discriminação racial é uma característica norte-

-americana. No Brasil, há integração das etnias e

democracia racial.

(D) a organização paramilitar denominada Panteras

Negras originou-se no Brasil, como resistência à

opressão dos brancos.

(E) nos países de passado escravocrata, o preconceito

racial tornou-se importante incentivo à política de

integração étnica.

.7. (UNICAMP-SP)

No século XIX, surgiu um novo modo de explicar as

diferenças entre os povos: o racismo. Mas, se os arianos

originaram tanto os povos da Índia quanto os da Europa,

o que justificaria o domínio dos ingleses sobre a Índia? A

suposta explicação é que os arianos da Índia se

enfraqueceram na miscigenação com os aborígenes.

Mas por que essa ideia não foi aplicada no sentido

oposto? Ou seja: por que os arianos da Índia não

aperfeiçoaram aquela raça em vez de se

enfraquecerem?

Adaptado de Anthony Pagden, Povos e Impérios.

Rio de Janeiro: Objetiva, 2002, p. 188-94.

Segundo o texto, podemos concluir que o pensamento

racista do século XIX:

(A) era incoerente, pois os britânicos se consideravam

superiores aos indianos, porém ambos possuíam a

mesma origem racial; além disso, o racismo não

explicava por que a miscigenação enfraqueceu as

raças superiores e não fortaleceu as inferiores.

(B) era um modo de explicar as diferenças entre os

povos pela miscigenação, que poderia levar tanto ao

fortalecimento dos povos inferiores quanto ao

enfraquecimento dos superiores.

(C) era incoerente porque explicava a superioridade e o

domínio dos ingleses sobre os indianos pelo fato de

ambos terem a mesma origem em povos arianos;

porém não explicava por que a miscigenação não

fortaleceu as raças consideradas superiores.

(D) era uma forma de legitimar o domínio dos ingleses

sobre os indianos a partir de suas diferentes origens

raciais; porém não explicava por que a miscigenação

entre ingleses e indianos não levara ao

aperfeiçoamento das raças consideradas inferiores.

********** ATIVIDADES 2 **********

C1 Compreender os elementos culturais que constituem as identidades.

H1 Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura.

.8. (ENEM-MEC)

O movimento hip-hop é tão urbano quanto as grandes

construções de concreto e as estações de metrô, e cada

dia se torna mais presente nas grandes metrópoles

mundiais. Nasceu na periferia dos bairros pobres de

Nova lorque. É formado por três elementos: a música (o

rap), as artes plásticas (o grafite) e a dança (o break). No

hip-hop os jovens usam as expressões artísticas como

uma forma de resistência política.

Enraizado nas camadas populares urbanas, o hip-hop

afirmou-se no Brasil e no mundo com um discurso

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político a favor dos excluídos, sobretudo dos negros.

Apesar de ser um movimento originário das periferias

norte-americanas, não encontrou barreiras no Brasil,

onde se instalou com certa naturalidade – o que, no

entanto, não significa que o hip-hop brasileiro não tenha

sofrido influências locais. O movimento no Brasil é

híbrido: rap com um pouco de samba, break parecido

com capoeira e grafite de cores muito vivas.

Adaptado de Ciência e Cultura, 2004.

De acordo com o texto, o hip-hop é uma manifestação

artística tipicamente urbana, que tem como principais

características

(A) a ênfase nas artes visuais e a defesa do caráter

nacionalista.

(B) a alienação política e a preocupação com o conflito

de gerações.

(C) a afirmação dos socialmente excluídos e a

combinação de linguagens.

(D) a integração de diferentes classes sociais e a

exaltação do progresso.

(E) a valorização da natureza e o compromisso com os

ideais norte-americanos.

H2 Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.

.9. (ENEM-MEC)

A cafeicultura atingiu a província de São Paulo,

adentrando a região do Vale do Paraíba paulista.

Cidades como Areias e Bananal tornaram-se, após os

anos 1850, as mais ricas vilas da província. Na Fazenda

Resgate, em Bananal: “... São 21 quartos, dos quais

cinco são alcovas, onde as moças dormiam vigiadas

pelos pais. Sua sala de visitas é adornada em estilo

rococó.

[...] Pertencia a Manoel de Aguiar Vallim, a Resgate

chegou a produzir 1% da riqueza nacional. Na época, a

fazenda era quase autossuficiente. Só importava sal e

peixe salgado. Produzia anil, fumo, açúcar mascavo e

algodão, com o qual se teciam as roupas usadas pelos

escravos.

[...] Longe de manter a Resgate para o próprio deleite,

Braga (atual proprietário da fazenda) permite que grupos

de estudantes visitem o casarão... ‘Eu me considero uma

espécie de fiel depositário da Resgate. Acho justo que as

pessoas tenham acesso à memória do país’.”

Ângela Pimenta. Pá na memória. Revista Veja,

24/4/1996, edição 1441, p. 122-125.

Pode-se considerar que:

I. a Fazenda Resgate é um patrimônio histórico

representativo do período de grande riqueza

obtida com a cafeicultura na região.

II. a decadência da Fazenda Resgate relaciona-se

com o descaso do poder público com o

patrimônio cultural nacional.

III. a preservação da Fazenda Resgate ocorre

devido à importância que o seu atual proprietário

concede a ela, pois é parte da memória do

desenvolvimento econômico do país.

Dentre essas afirmações,

(A) somente I e II estão corretas.

(B) somente I e III estão corretas.

(C) somente II e III estão corretas.

(D) I, II e III estão corretas.

(E) somente a III está correta.

H3 Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos.

.10. (ENEM-MEC)

A identidade negra não surge da tomada de

consciência de uma diferença de pigmentação ou de uma

diferença biológica entre populações negras e brancas

e(ou) negras e amarelas. Ela resulta de um longo

processo histórico que começa com o descobrimento, no

século XV, do continente africano e de seus habitantes

pelos navegadores portugueses, descobrimento esse

que abriu o caminho às relações mercantilistas com a

África, ao tráfico negreiro, à escravidão e, enfim, à

colonização do continente africano e de seus povos.

K. Munanga. Algumas considerações sobre a diversidade e a

identidade negra no Brasil. In: Diversidade na educação:

reflexões e experiências. Brasília:

Semtec/MEC, 2003, p. 37.

Com relação ao assunto tratado no texto, é correto

afirmar que

(A) a colonização da África pelos europeus foi

simultânea ao descobrimento desse continente.

(B) a existência de lucrativo comércio na África levou os

portugueses a desenvolverem esse continente.

(C) o surgimento do tráfico negreiro foi posterior ao início

da escravidão no Brasil.

(D) a exploração da África decorreu do movimento de

expansão europeia do início da Idade Moderna.

(E) a colonização da África antecedeu as relações

comerciais entre esse continente e a Europa.

________________________________________________ *Anotações*

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*MÓDULO 2*

Cultura – Religiões

O caminho para um só Deus

Criar deuses diferentes foi uma maneira de os povos

da Pré-História e da Antiguidade tentarem entender e

explicar os fenômenos da natureza e os ciclos da vida.

Cultuar o deus da chuva era uma forma de pedir

proteção em tempos de seca, por exemplo. O culto a

muitos deuses é chamado de politeísmo. Vários povos

europeus, africanos, asiáticos e americanos (como os

índios brasileiros) tinham cultos animistas (em louvor aos

elementos da natureza).

Assim como os gregos o foram antes deles, os

romanos eram politeístas e se dedicavam aos rituais

religiosos. Todas as casas possuíam um cômodo

reservado para as oferendas e orações aos deuses.

Além das divindades de origem estrangeira (muitas delas

gregas), o próprio imperador, no período imperial, era um

deus a ser cultuado. No fim do período republicano

(séculos V a I a.C.), já era comum a crença em vida após

a morte, uma doutrina que seria fundamental dentro do

cristianismo prestes a surgir entre os hebreus, então

dominados por Roma.

Os hebreus foram o primeiro povo a abandonar o

poIiteísmo e a crer em uma divindade única e maior.

Embora não tenha valor científico, a saga dos hebreus é

narrada no Velho Testamento desde suas origens na

Mesopotâmia até suas constantes mudanças entre

Canaã ou Palestina (hoje Israel) e o Egito, entre os anos

2000 a.C. e 1500 a.C. Os hebreus conseguiram formar

Israel por volta de 1010 a.C., reino que teve como

soberanos Saul, Davi e Salomão. Quando os romanos

destruíram Jerusalém, no século I, teve início a grande

Diáspora, ou seja, a dispersão dos judeus pelo mundo.

Eles viveram em grupos separados por 2.000 anos, até a

criação do Estado de Israel, apenas em 1948. O

sentimento de pertencer a uma só nação foi possível

apenas em razão de sua forte crença religiosa e do fato

de acreditarem que a Palestina estava destinada a eles

por vontade divina.

Com alguns ensinamentos morais em comum com o

judaísmo, já então consolidado entre os hebreus, o

cristianismo se baseou nas pregações de um hebreu,

Jesus Cristo, transmitidas por seus apóstolos. A nova

religião se difundiu aos poucos entre os romanos, mas

seus seguidores foram perseguidos por não aceitarem o

caráter divino do imperador e serem considerados

subversivos. No século II, com o império já em

decadência e sofrendo invasões bárbaras, o número de

cristãos aumentou consideravelmente. Em 313, o

imperador Constantino se converteu ao cristianismo e

deu liberdade religiosa aos romanos, no chamado Edito

de Milão. Em 380, Teodósio I tornou essa a religião

oficial do império. Quinze anos depois, Teodósio dividiu o

império em dois, o do Ocidente, em Roma, e o do

Oriente, em Constantinopla. O primeiro seria a base da

Igreja Católica Apostólica Romana; o segundo seria o

Império Bizantino, que a partir de 1054 seria regido pela

Igreja Ortodoxa, fundada com a separação do

cristianismo. Essa divisão, conhecida como Cisma do

Oriente, ocorreu por motivos de doutrina.

A Idade Média europeia viveu sob a força do

teocentrismo: Deus é o centro e a explicação para tudo.

Com o apoio do império e dos bárbaros convertidos, a

Igreja Católica passou a acumular terras e fortunas. Com

tanto poder nas mãos, as autoridades católicas fizeram

de tudo para aumentá-lo ainda mais, recebendo doações

e benesses dos novos reinos que se formavam em troca

de confortos e garantias espirituais. Os sacerdotes

muitas vezes usavam como pretexto o suposto combate

à heresia (prática contrária à doutrina da Igreja) para

obter mais poder ou enfraquecer aqueles que não

contribuíam com a Igreja. O símbolo máximo dessa

repressão foi a instauração, no século XIII, dos tribunais

do Santo Ofício, ou Inquisição.

As invasões na Europa

diminuíram a partir do

século XI e, na mesma

época, a Igreja conseguiu

reduzir os conflitos entre os

senhores feudais. A Europa

entrou em relativo período

de paz e segurança,

mantido também sob as

rígidas e violentas normas

da Inquisição. A agricultura

prosperou e a população

aumentou, fazendo com

que os nobres e a Igreja

ambicionassem mais

espaço e poder, o que os

levaria às Cruzadas. REPRODUÇÃO

Papiro do século II chamado P52, que contém trechos, em grego, do Evangelho Segundo João

O homem desenvolveu crenças e religiões desde a

Pré-História para tentar explicar fenômenos da

natureza e do ciclo da vida.

Os hebreus foram os primeiros a desenvolver uma

religião monoteísta (crente em um Deus único).

Depois vieram os cristãos e os islâmicos.

O Império Romano, a princípio, sufocava a fé cristã,

mas ela ganhou força e, no século IV, virou a religião

oficial dos romanos.

A Idade Média viu o fortalecimento financeiro e

político da Igreja Católica, que, por meio de

iniciativas como as Cruzadas e a Inquisição,

procurou ampliar seu poder e manter seus fiéis.

Vários movimentos de cisão da Igreja Católica

ganharam força a partir do século XVI, criando

religiões denominadas protestantes.

A fé islâmica ou muçulmana começou no século VII,

período no qual viveu o profeta Maomé, e unificou

tribos árabes antes inimigas.

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Maomé foi não apenas um profeta, mas também

general e líder político. Conquistou pessoalmente a

cidade de Meca, que se tornou a cidade mais

sagrada para os muçulmanos.

O sionismo foi o movimento entre os judeus para

colonizar a Palestina e fundar um país próprio. Israel

foi criado em 1948, então com o respaldo da ONU,

mas encontrou imediata resistência dos vizinhos

árabes.

O nacionalismo árabe surgiu no século XX como

movimento de independência dos povos islâmicos e

tinha caráter secular e mesmo antirreligioso.

O Islã radical surgiu no século XX como movimento

de independência dos povos árabes e tinha caráter

secular e mesmo antirreligioso.

********** ATIVIDADES 1 **********

Texto para as questões de 1 a 3.

Quem foi Maomé

Profeta e fundador do islamismo, ele também exerceu o papel de líder político e militar

Maomé, o profeta máximo do Islã, teve três fases em

sua vida: de comerciante, profeta e profeta-general.

Nascido com o nome Muhammad Ibn Abdullah, em 570,

na cidade de Meca (na atual Arábia Saudita), perdeu a

mãe aos 6 anos e seu pai antes de nascer. Foi criado

pelo tio Abu Talib e desde cedo começou a trabalhar com

comércio. Sua família era influente e bem relacionada e,

aos 25 anos, casou-se com uma rica comerciante,

Cadija, então com 40 anos. O casamento duraria 24

anos.

Maomé tinha contato com cristãos e judeus, que

conviviam com pagãos na Arábia da época. Aos 40 anos,

quando meditava numa caverna, afirmou ter recebido a

visita do arcanjo Gabriel, que passou a lhe revelar a

palavra de Deus. Analfabeto, o profeta não escreveu ele

mesmo os versos, mas seus seguidores fizeram isso em

qualquer material disponível, como folhas de palmeira.

Compilados após sua morte, os textos formam o Corão.

Na fase de Meca, os versos eram brandos e falavam

principalmente contra a avareza e a obrigação de ajudar

os pobres. Quando, no entanto, Maomé passou a

condenar os ídolos pagãos no templo central de Meca,

criou animosidades em torno de si e de seu clã.

Em 619, morreu Cadija, que deixou a Maomé seis

filhos, entre eles dois homens, que morreriam antes dele.

Casou-se novamente, com duas mulheres ao mesmo

tempo. Uma delas, Aisha, tinha 7 anos. Aisha seria uma

figura importante para o Islã, ao recoletar os versos do

Corão e liderar uma disputa política que separaria xiitas e

sunitas.

Em 9 de setembro de 622, Maomé fugiu de Meca,

perseguido pelos pagãos. Esse fato é considerado tão

importante que é a data inicial do calendário islâmico.

Instalou-se na cidade de Medina, onde conseguiu

converter muitos seguidores. Aos 52 anos, era não

apenas um profeta, mas um líder político e militar.

Maomé reagia a ataques de tribos rivais com seu

exército e passou a conquistar cidades. Em 630, tomou

Meca. Ordenou a destruição de todos os ídolos do

templo pagão, deixando apenas uma pedra preta.

Segundo Maomé, a pedra datava da época de Adão e

Eva e havia ficado preta em razão dos pecados dos

homens. Em volta dessa pedra foi construída a Caaba, o

templo que é o lugar mais sagrado para os islâmicos.

Se os versos da fase de Meca eram relativamente

“paz e amor”, os versos da fase de Medina tornaram-se

mais militaristas. Desse período data o Verso da Espada

(Corão 9:5), que afirma: “Mas quando os meses

sagrados houverem transcorrido, matai os idólatras

(564), onde quer que os acheis; capturai-os, acossai-os e

espreitai-os; porém, caso se arrependam, observem a

oração e paguem o zakat, abri-Ihes o caminho. Sabei

que Deus é Indulgente, Misericordiosíssimo”, um

preferido dos radicais contemporâneos.

Em Medina, Maomé casou-se várias vezes, chegando

a ter 10 mulheres ao mesmo tempo – para os demais

homens, o limite estabelecido era quatro. Além do Corão,

os Hadiths, diversos livros que contam sua vida, são

também sagrados aos islâmicos. Esses exemplos e as

revelações no Corão estabelecem os preceitos que

formam a Sharia, as leis islâmicas.

Maomé não deixou filhos homens, o que, ao morrer

em 632, aos 62 anos, causou sérios problemas de

sucessão no império que havia criado. Dessa sucessão

conflituosa nasceu a divisão entre xiitas e sunitas.

Superinteressante, São Paulo, mar. 2010.

.1. (AED-SP)

Antes de se tornar profeta, Maomé teve outra atividade

profissional. Qual foi ela?

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.2. (AED-SP)

Qual é a data inicial do calendário islâmico e por quê?

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.3. (AED-SP)

Maomé mudou profundamente a política de sua terra

natal. Como?

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.4. (ENEM-MEC)

“A burca não é um símbolo religioso, é um símbolo da

subjugação, da subjugação das mulheres. Quero dizer

solenemente que não será bem-recebida em nosso

território.”

Nicolas Sarkozy, presidente da França.

estadao.com.br, 22/6/2009.

Deputados que integram a Comissão Parlamentar

encarregada de analisar o uso da burca na França

propuseram a proibição de todos os tipos de véus

islâmicos integrais nos serviços públicos. (...) A resolução

prevê a proibição do uso de tais vestimentas nos serviços

públicos – hospitais, transportes, escolas públicas e

outras instalações do governo.

Folha Online, 26/1/2010.

Com base nos textos acima e em seus conhecimentos,

assinale a afirmação correta sobre o assunto.

(A) O governo francês proibiu as práticas rituais

islâmicas em todo o território nacional.

(B) Apesar da obrigatoriedade do uso da burca se

originar de preocupações morais, o presidente

francês a considera um traje religioso.

(C) A maioria dos Estados nacionais do Ocidente,

inclusive a França, optou pela adoção de políticas de

repressão à diversidade religiosa.

(D) As tensões políticas e culturais na França cresceram

nas últimas décadas com o aumento do fluxo

imigratório de populações islâmicas.

(E) A intolerância religiosa dos franceses, fruto da

Revolução de 1789, impede a aceitação do

islamismo e do judaísmo na França.

.5. (INEP-MEC)

Maomé, nascido em Meca, na Arábia, insatisfeito com o

paganismo, declarou ter visto o anjo Gabriel, que lhe

apresentara um texto com a ordem de recitá-lo.

Considerando-se então o último e maior de todos os

profetas, Maomé promoveu a conversão das tribos da

Arábia. A era muçulmana caracterizou-se pela:

(A) divisão das esferas de poder político e de poder

religioso, constituindo um Estado laico, mas no qual

a Igreja assumia um lugar privilegiado.

(B) expansão territorial do Islã, que se fez inclusive à

custa do Império Persa e do Império Bizantino,

enfraquecidos por graves crises internas.

(C) conversão forçada dos povos conquistados à nova

religião do Islã, com a proibição dos cultos judeus e

cristãos e o confisco de terras.

(D) rejeição total à assimilação da cultura dos povos

conquistados e das culturas antigas, em nome da

verdadeira compreensão da palavra de Deus.

(E) proibição das concentrações urbanas, do comércio e

da geração de novas técnicas de trabalho,

considerados contrários aos preceitos do Corão.

.6. (VUNESP)

“[Na Idade Média] Homens e mulheres gostavam

muito de festas. Isso vinha, geralmente, tanto das velhas

tradições pagãs (...), quanto da liturgia cristã.”

Jacques Le Goff. A Idade Média Explicada

aos Meus Filhos, 2007.

Sobre essas festas medievais, podemos dizer que:

(A) muitos relatos do cotidiano medieval indicam que

havia um confronto entre as festas de origem pagã e

as criadas pelo cristianismo.

(B) os torneios eram as principais festas e rompiam as

distinções sociais entre senhores e servos, que,

montados em cavalos, se divertiam juntos.

(C) a Igreja Católica apoiava todo tipo de comemoração

popular, mesmo quando se tratava do culto a alguma

divindade pagã.

(D) as festas rurais representavam sempre as relações

sociais presentes no campo, com a encenação do

ritual de sagração de cavaleiros.

(E) religiosos e nobres preferiam as festas privadas e

pagãs, recusando-se a participar dos grandes

eventos públicos cristãos.

.7. (ENEM-MEC)

Preparando seu livro sobre o imperador Adriano,

Marguerite Yourcenar encontrou numa carta de Flaubert

esta frase: “Quando os deuses tinham deixado de existir

e o Cristo ainda não viera, houve um momento único na

história, entre Cícero e Marco Aurélio, em que o homem

ficou sozinho”. Os deuses pagãos nunca deixaram de

existir, mesmo com o triunfo cristão, e Roma não era o

mundo, mas, no breve momento de solidão flagrado por

Flaubert, o homem ocidental se viu livre da metafísica – e

não gostou, claro. Quem quer ficar sozinho num mundo

que não domina e mal compreende, sem o apoio e o

consolo de uma teologia, qualquer teologia?

Luís Fernando Veríssimo. Banquete com os Deuses.

O cristianismo, após ter sido durante muito tempo

combatido pelo Império Romano, tornou-se sua religião

oficial no século IV. O reconhecimento do cristianismo

pelo Império Romano corresponde:

(A) ao Concílio Ecumênico, que aboliu os cultos pagãos

e promoveu a expansão do cristianismo.

(B) ao Edito de Milão, que concedeu liberdade de culto

aos cristãos e proibiu as perseguições.

(C) à Pax Romana, que pôs fim aos conflitos religiosos e

atestou a hegemonia do cristianismo na Europa.

(D) ao Concílio de Trento, que sistematizou e tornou

obrigatório o ensino do cristianismo em todo o

Império.

(E) ao Triunvirato, que conferiu poder político a bispos e

considerou heresia qualquer outra crença religiosa.

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.8. (INEP-MEC)

A compreensão do mundo por meio da religião é uma

disposição que traduz o pensamento medieval, cujo

pressuposto é:

(A) o antropocentrismo: a valorização do homem como

centro do Universo e a crença no caráter divino da

natureza humana.

(B) a escolástica: a busca da salvação através do

conhecimento da filosofia clássica e da assimilação

do paganismo.

(C) o panteísmo: a defesa da convivência harmônica de

fé e razão, uma vez que o Universo, infinito, é parte

da substância divina.

(D) o positivismo: submissão do homem aos dogmas

instituídos pela Igreja e não questionamento das leis

divinas.

(E) o teocentrismo: concepção predominante na

produção intelectual e artística medieval, que

considera Deus o centro do Universo.

********** ATIVIDADES 2 **********

H4 Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura.

.9. (ENEM-MEC)

Usamos um calendário que tem como ponto inicial o

nascimento de Cristo. Assim, o ano de 2002 marca o

tempo transcorrido desde o nascimento de Jesus. O

marco inicial do calendário muçulmano é a fuga do

profeta Maomé da cidade de Meca para Medina.

Pode-se afirmar que os calendários muçulmano e cristão

estão organizados a partir de uma referência

(A) política.

(B) religiosa.

(C) econômica.

(D) militar.

(E) social.

H5

Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.

.10. (ENEM-MEC)

A Festa do Divino foi instituída em Portugal nos

primeiros anos do século XIV pela rainha Isabel, mulher

de D. Diniz, quando construiu a igreja do Espírito Santo

em Alenquer. No Brasil, popularizou-se no século XVI e é

celebrada ainda no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas

Gerais, Paraná, Santa Catarina, Maranhão, Amazonas,

Espírito Santo e Goiás, com missa cantada, procissão,

leilão de prendas e as manifestações folclóricas

peculiares de cada região. Na preparação da festa

realiza-se uma folia, com a bandeira do Divino, para

arrecadar fundos, e são armados coretos, palanques e

um trono para o imperador do Divino. Trata-se de uma

criança ou adulto que, durante a festa, exerce poderes

majestáticos, chegando até a libertar presos comuns em

algumas regiões de Portugal e do Brasil.

www.terrabrasileira.net/folclore/regioes/6ritos/divino.html

De acordo com o texto, sobre a Festa do Divino, conclui-

-se que

(A) foi criada no Brasil em homenagem à rainha Isabel

de Portugal.

(B) é herança da cultura europeia cristã trazida pelos

colonizadores.

(C) descaracterizou-se ao incorporar manifestações

folclóricas.

(D) servia para arrecadar fundos ao imperador em

Portugal.

(E) as manifestações folclóricas incorporadas à Festa do

Divino estão relacionadas à família real.

.11. (ENEM-MEC)

Pintura rupestre da Toca do Pajaú – PI. www.betocelli.com

A pintura rupestre acima, que é um patrimônio cultural

brasileiro, expressa

(A) o conflito entre os povos indígenas e os europeus

durante o processo de colonização do Brasil.

(B) a organização social e política de um povo indígena

e a hierarquia entre seus membros.

(C) aspectos da vida cotidiana de grupos que viveram

durante a chamada pré-história do Brasil.

(D) os rituais que envolvem sacrifícios de grandes

dinossauros atualmente extintos.

(E) a constante guerra entre diferentes grupos

paleoíndios da América durante o período colonial.

________________________________________________ *Anotações*

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*MÓDULO 3*

Sociedade – Mulheres

Rainhas do lar

A divisão do trabalho moldou a maneira como as

sociedades humanas se fizeram e também a forma como

as pessoas se organizaram em sua vida privada. Por

causa da gestação e da amamentação, à mulher coube o

cuidado com os filhos e com os trabalhos em casa ou

próximos dela (como a colheita e o manuseio dos

alimentos). O homem, que podia se distanciar e estava

sempre apto ao trabalho, foi adquirindo funções de

comando e atribuições como participar de batalhas. A

sociedade patriarcal, baseada no poder do homem, foi a

base de quase todas as civilizações desde a Antiguidade.

No mundo antigo e feudal, os homens sempre

estiveram nos cargos de comando, com raras exceções –

como Cleópatra, cogovernante do Egito no século I a.C.,

ou a imperatriz bizantina Irene (século IX). Em muitas

cidades-Estado da Grécia, as mulheres não tinham

direitos políticos e as crianças só ficavam sob seus

cuidados quando pequenas – assim que chegavam à

idade de receber educação, por volta dos 7 anos, eram

entregues aos tutores e professores, todos homens.

Entre os romanos, o homem detinha tanto poder que

podia aceitar ou rejeitar um filho, condenando-o algumas

vezes a uma vida de escravidão ou morte. A rejeição era

comum entre crianças do sexo feminino e aquelas com

deficiências. O primogênito (filho mais velho) tinha

privilégios especiais em várias sociedades, como direito

maior à herança e até a uma porção maior de comida. Na

Idade Média, muitos primogênitos herdavam sozinhos as

terras do pai, virando suseranos (o senhor feudal), e

transformavam os irmãos em vassalos (nobres que

deviam ser fiéis ao suserano e prestar-lhe serviços). A

sociedade era patriarcal (girava em torno do chefe de

família) e as mulheres, desprovidas de direitos,

dependiam dos pais, irmãos e marido.

A vida em família durante a Idade Média girava em

torno das obrigações com a Igreja e com o trabalho no

campo. A expectativa de vida era baixa (em torno de 30

anos) e a mortalidade infantil, altíssima (em torno de

45%), em parte devido ao desconhecimento da

importância da higiene para evitar doenças que

vitimavam mais facilmente os mais frágeis. No século IX,

os bispos carolíngios redigiram tratados regularizando o

casamento e dando alguns direitos às mulheres (como o

de não apanhar dos homens) e às crianças (elas eram

uma dádiva e deviam ser aceitas pelos pais). Em

algumas regiões da Europa, monastérios formavam

escolas e abrigavam órfãos e filhos de camponeses, que

assim eram alfabetizados e educados. Essa benesse era

dada aos meninos e jovens do sexo masculino e era

muito restrita, já que mais de 90% da população era

analfabeta.

A Idade Moderna teve mulheres poderosas, como

Isabel I de Castela, que, com o marido, Fernando II de

Aragão, formou o casal mais poderoso do século XV, os

Reis Católicos da Espanha. Também foi marcante a

passagem pelo poder da rainha Elizabeth I, da Inglaterra

(século XVII), soberana em uma época de ebulição

política e cultural em seu país (o escritor William

Shakespeare ganhou fama nesse período). Eram

mulheres da nobreza e com acesso à educação, e foram

exceções numa linha do tempo essencialmente

masculina.

A mulher permaneceu relegada aos bastidores do

poder até muito recentemente. A Revolução Industrial do

século XVIII tirou-a de casa e do campo e a colocou nas

fábricas (muitas vezes, com os filhos). No século XIX, as

mulheres assumiram novos postos nas áreas de

educação e saúde (enfermagem), mas ainda não podiam

votar. O primeiro país a conceder o sufrágio (direito a

voto) feminino foi a Nova Zelândia, em 1893. A Inglaterra

teve um longo movimento sufragista, com protestos,

prisões e até uma morte, e regularizou o voto depois da

Primeira Guerra Mundial, em 1918. Pouco mais de 60

anos depois, o país

elegeria uma mulher

para o cargo de

primeira-ministra,

Margareth Thatcher,

que governou em

conjunto com outra

rainha Elizabeth (II). No

Brasil, as mulheres

puderam votar a partir

de 1932, mas só as

casadas (com

autorização do marido)

e as viúvas e solteiras

que tivessem renda

própria. REPRODUÇÃO

Elizabeth I: uma mulher no poder inglês no século XVII

A divisão de tarefas dentro da família levou o homem

a cuidar da provisão de alimentos e bens, enquanto

a mulher ficou encarregada de cuidar da prole e do

lar.

Nas sociedades patriarcais, vigentes na Idade Média

europeia e no Brasil colonial, todos deviam obedecer

ao chefe da família. Até a divisão de herança

privilegiava apenas os homens.

Até o Renascimento, a educação era ligada a temas

religiosos e, fora do clero e da nobreza, poucos eram

letrados.

A educação das crianças passou a ser considerada

pelas classes mais altas a partir dos séculos XVII e

XVIII. Crianças proletárias trabalhavam na lavoura,

nas minas e fábricas desde muito cedo, por volta dos

6 ou 7 anos.

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O século XX viu o surgimento de várias conquistas

femininas, como o sufrágio (direito ao voto) nas

primeiras décadas e a revolução sexual na década

de 1960, catalisada, entre outros fatores, pelo

desenvolvimento da pílula anticoncepcional.

As mulheres representam quase metade da força de

trabalho do Brasil, mas ganham menos que os

homens para exercer funções iguais.

********** ATIVIDADES 1 **********

Texto para as questões 1 e 2.

Elas chegaram lá

O Brasil está sendo comandado por uma mulher. Muitas famílias também

A batalha diária da

múltipla jornada feminina

tem surtido efeito:

as mulheres ganharam

espaço no mercado de

trabalho em praticamente

todos os setores – e

muitas já exibem o maior

salário da casa. De acordo

com estudo divulgado em

setembro pelo Instituto

Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), 25,7%

das mulheres têm hoje

salário igual ou maior que

o do marido no Brasil.

Esse percentual faz parte de um universo de 13 milhões

de casais, nos quais o homem é apontado como chefe da

casa e a mulher também trabalha. O Brasil tem ainda

mais 5 milhões de casais nos quais a mulher é

apresentada como chefe.

Os tempos de “Amélia” estão, definitivamente, ficando

para trás. O termo ficou famoso como sinônimo de

“mulher do lar” por causa do samba Ai, que Saudades da

Amélia, de Mário Lago e Ataulfo Alves. Lançada em

1941, a música ressaltava as virtudes de uma mulher que

se dedicava de corpo e alma ao bem-estar do marido.

Livres da sombra da submissão, muitas mulheres de hoje

não querem se dedicar exclusivamente às tarefas

domésticas e não esperam, em contrapartida, que caiba

sempre ao homem a tarefa de pagar a conta do

restaurante.

Muitos homens ainda não lidam muito bem com essa

nova realidade. Nessa briga de saldos bancários, quem

acaba pagando a conta muitas vezes é a harmonia

conjugal. Coordenadora administrativa de uma empresa

de planos de saúde de São Paulo, Cláudia Donegati, de

44 anos, tinha um salário quase igual ao do marido até

receber uma promoção. O contracheque engordou,

Cláudia ficou satisfeita com o reconhecimento

profissional, mas acabou arranjando dor de cabeça em

casa.

“Lembro que na época meu marido se sentiu

inferiorizado com a situação e o relacionamento deu uma

boa balançada”, conta. Foram três anos de muita

conversa e ajuda de terapia até reverter a situação.

Uma das consequências mais comuns – e polêmicas

– da superioridade profissional feminina é que a mulher

passa a esperar que o homem assuma parte das tarefas

domésticas. O poder financeiro também dá a ela o direito

de tomar algumas decisões que tradicionalmente são do

marido – a marca do carro, por exemplo. “O homem,

culturalmente, cresce para ter poder, copiando o modelo

do pai e do avô. Quando vê que na casa dele está sendo

diferente, ele se pergunta o que está fazendo de errado”,

afirma a consultora Neli Barboza.

Você S/A Especial, 1/12/2010 (com adaptações).

.1. (AED-SP)

Amélia é o símbolo da dona de casa dedicada aos

afazeres domésticos e submissa ao marido. Por que

esse estereótipo tem se tornado menos comum na

sociedade brasileira?

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

.2. (AED-SP)

Por que muitos homens têm dificuldades para aceitar que

as mulheres ganhem mais do que eles?

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

.3. (ENEM-MEC)

Texto 1:

Durante a Idade Média europeia, as estratégias

matrimoniais organizavam e sustentavam as relações

sociais. O casamento era antes de tudo um pacto entre

famílias. Nesse ato, a mulher era ao mesmo tempo

doada e recebida, como um ser passivo. Sua principal

virtude, dentro e fora do casamento, deveria ser a

obediência, a submissão. Solteira, era identificada

sempre como “filia” de, “soror” de. Casada, passava a ser

personificada como “uxor” de. Filha, irmã, esposa: os

homens deviam ser sua referência.

MACEDO, José Rivair. A Mulher na Idade Média. 5.ª ed.

São Paulo: Contexto, 2002 (com adaptações).

Texto 2:

“O que as revistas femininas aconselhavam às

leitoras:

[...] – A mulher deve fazer o marido descansar nas

horas vagas, nada de incomodá-lo com serviços

domésticos. (Jornal das Moças, 1959).

AFP

Eleita com 55,7 milhões de votos, Dilma Rousseff é a

primeira mulher na Presidência do Brasil

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– Se o seu marido fuma, não arrume brigas pelo

simples fato de cair cinzas no tapete. Tenha cinzeiros

espalhados por toda a casa. (Jornal das Moças, 1957).

– O lugar de mulher é no lar, o trabalho fora de casa

masculiniza. (Querida, 1955). [...].”

In: COTRIM, Gilberto. História e Consciência

do Brasil. 7.ª ed. São Paulo: Saraiva, 1999.

Com base na leitura comparativa dos textos, constata-se

que:

(A) o patriarcalismo medieval europeu influenciou,

durante muito tempo, a cultura brasileira, tendo em

comum a valorização da submissão feminina.

(B) a ideologia patriarcal da Europa renascentista foi

absorvida, sem alterações, pela sociedade brasileira

na ditadura militar.

(C) o Direito Romano, desde a Antiguidade, submeteu a

mulher a uma inferioridade legal, que vigora na atual

legislação brasileira.

(D) as mulheres não possuíam direitos civis, tanto na

Europa, na Idade Moderna, quanto no Brasil, na

segunda metade do século XX.

(E) o papel feminino está subordinado, nas duas

conjunturas históricas, coisificando a mulher, contudo

não existe a discriminação de gênero na sociedade

brasileira atual.

.4. (INEP-MEC)

“Entre Adão e Deus, no paraíso, não havia mais que

uma mulher; ela, porém, não encontrou um momento de

descanso enquanto não conseguiu lançar seu marido

para fora do jardim das delícias e condenar Cristo ao

tormento da cruz.”

VITRY, Jacques. Apud GIORDANI, Mário C. História do

Mundo Feudal. Petrópolis, Vozes, vol. 2, 1983, p. 210.

Analisando o texto de Jacques Vitry, um autor do século

XVIII, e o papel da mulher nas sociedades da

Antiguidade, na Idade Média e na Idade Moderna,

assinale a proposição falsa:

(A) Na maioria das sociedades da Antiguidade, com

exceção da egípcia (onde algumas mulheres tiveram

papel de relevo), a mulher tinha pouca importância,

sendo considerada, frequentemente, uma

propriedade.

(B) Como podemos perceber no texto, o preconceito

contra as mulheres foi reforçado na Idade Média.

(C) A visão preconceituosa do autor, em relação à

mulher, é tão grande que atribui a ela a expulsão do

homem do paraíso e, até mesmo, a condenação de

Cristo à morte na cruz.

(D) Em alguns momentos da História da Europa, a

mulher foi identificada como encarnação do mal.

Muitas delas foram perseguidas, condenadas por

“heresias e bruxaria”.

(E) Com o advento da imprensa, o desenvolvimento

urbano e a disseminação das ideias liberais, as

mulheres, gradativamente, passaram a ter condições

iguais às dos homens. Já no início da Idade

Moderna, na Inglaterra e na França, conseguiram o

direito ao voto e o de serem eleitas para a Câmara

dos Comuns (Inglaterra) e para a Convenção

Nacional (França).

.5. (ENEM-MEC)

Os dados da tabela mostram uma tendência de

diminuição, no Brasil, do número de filhos por mulher.

Evolução das Taxas de Fecundidade

Época Número de filhos por mulher

Século XIX 7

1960 6,2

1980 4,01

1991 2,9

1996 2,32

Fonte: IBGE, contagem da população de 1996.

Dentre as alternativas, a que melhor explica essa

tendência é:

(A) Eficiência da política demográfica oficial por meio de

campanhas publicitárias.

(B) Introdução de legislações específicas que

desestimulam casamentos precoces.

(C) Mudança na legislação que normatiza as relações de

trabalho, suspendendo incentivos para trabalhadoras

com mais de dois filhos.

(D) Aumento significativo de esterilidade decorrente de

fatores ambientais.

(E) Maior esclarecimento da população e maior

participação feminina no mercado de trabalho.

.6. (ENEM-MEC)

A tabela apresenta a taxa de desemprego, em

percentuais, dos jovens entre 15 e 24 anos, estratificada

com base em diferentes categorias.

Região Homens Mulheres

Norte 15,3 23,8

Nordeste 10,7 18,8

Centro-Oeste 13,3 20,6

Sul 11,6 19,4

Sudeste 16,9 25,7

Grau de Instrução

Menos de 1 ano 7,4 16,1

De 1 a 3 anos 8,9 16,4

De 4 a 7 anos 15,1 22,8

De 8 a 10 anos 17,8 27,8

De 11 a 14 anos 12,6 19,6

Mais de 15 anos 11,0 7,3

Fonte: PNAD/IBGE, 1998.

Considerando apenas os dados anteriores e analisando

as características de candidatos a emprego, é possível

concluir que teriam menor chance de consegui-lo:

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(A) mulheres, concluintes do Ensino Médio, moradoras

da cidade de São Paulo.

(B) mulheres, concluintes de curso superior, moradoras

da cidade do Rio de Janeiro.

(C) homens, com curso de pós-graduação, moradores

de Manaus.

(D) homens, com dois anos de Ensino Fundamental,

moradores de Recife.

(E) mulheres, com Ensino Médio incompleto, moradoras

de Belo Horizonte.

********** ATIVIDADES 2 **********

C3

Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes grupos, conflitos e movimentos sociais.

H11 Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.

.7. (ENEM-MEC)

Um grupo de estudantes, saindo de uma escola,

observou uma pessoa catando latinhas de alumínio

jogadas na calçada. Um deles considerou curioso que a

falta de civilidade de quem deixa lixo pelas ruas acaba

sendo útil para a subsistência de um desempregado.

Outro estudante comentou o significado econômico da

sucata recolhida, pois ouvira dizer que a maior parte do

alumínio das latas estaria sendo reciclada. Tentando

sintetizar o que estava sendo observado, um terceiro

estudante fez três anotações, que apresentou em aula no

dia seguinte:

I. A catação de latinhas é prejudicial à indústria de

alumínio.

II. A situação observada nas ruas revela uma

condição de duplo desequilíbrio: do ser humano

com a natureza e dos seres humanos entre si.

III. Atividades humanas resultantes de problemas

sociais e ambientais podem gerar reflexos

(refletir) na economia.

Dessas afirmações, você tenderia a concordar, apenas,

com

(A) I e II.

(B) I e III.

(C) II e III.

(D) II.

(E) III.

H12 Analisar o papel da Justiça como instituição na organização das sociedades.

.8. (ENEM-MEC)

O texto refere-se às terras indígenas.

A criação dessas áreas tem como finalidade proteger

e garantir a sobrevivência dos grupos indígenas. Elas

são controladas pela Funai. No entanto, parte dessas

terras ainda não está demarcada, o que facilita a entrada

nessas áreas e sua utilização para outras atividades

como a agropecuária, a mineração, a extração de

madeiras, a construção de hidrelétricas e rodovias.

Muitos grupos indígenas abandonam suas terras,

encontrando sérios problemas para sua sobrevivência.

Adaptado de www.ibge.gov.br

Além da Funai e dos índios, estão envolvidos no

processo de demarcação de terras indígenas

(A) grupos dos sem-terra e comerciantes.

(B) empresários e governos.

(C) grileiros e ambulantes.

(D) embaixadas estrangeiras e comerciantes.

(E) desempregados e industriais.

H13 Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.

.9. (ENEM-MEC)

Leia as citações.

Constituição de 1937

Dos direitos sociais

Art. 139 – A greve e o lock-out são declarados recursos

antissociais nocivos ao trabalho e ao capital e

incompatíveis com os superiores interesses da produção

nacional.

Constituição de 1988

Dos direitos sociais

Art. 9.º – É assegurado o direito de greve, competindo

aos trabalhadores decidir sobre os interesses que devam

por meio dele defender.

Analisando as citações às referidas Constituições, é

possível afirmar que o direito de greve

(A) ajudou a desenvolver a indústria nacional a partir de

1937, durante a ditadura Vargas.

(B) foi uma conquista social recente, no contexto da

ditadura militar dos anos 1960, período de

conquistas democráticas.

(C) foi proibido durante a ditadura Vargas e conquistado

em 1988, em um contexto de abertura democrática.

(D) permitiu às categorias profissionais realizarem a

greve de acordo com sua vontade, tanto em 1937

quanto em 1988.

(E) é permitido pelas duas Constituições, desde que

esteja de acordo com os superiores interesses

nacionais.

________________________________________________ *Anotações*

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*MÓDULO 4*

Cultura – Choque

O Ocidente conhece o Oriente

O período entre a ascensão de Alexandre ao poder

(336 a.C.) e o domínio da Grécia pelos romanos (146

a.C.) é chamado de Helenístico. Durante esses dois

séculos, os gregos expandiram seu território, o que levou

a um encontro com a cultura oriental.

Alexandre assumiu o poder aos 20 anos, após o

assassinato de seu pai, Filipe II. Quando Alexandre

nasceu, seu pai, um governante da Macedônia (norte da

Grécia), havia acabado de conquistar as outras cidades-

-Estado, então bastante enfraquecidas por guerras

constantes entre atenienses e espartanos, e unificou a

Grécia sob um governo único. O jovem Alexandre herdou

um grande território – mas queria mais. Sua maior

batalha foi travada para conquistar o reino da Pérsia, sob

governo de Dario III. Nos combates, mostrou seu talento

para dirigir exércitos e criar novas armas. Anexou a Síria,

a Fenícia, a Palestina, o Egito e a Mesopotâmia.

Educado pelo filósofo grego Aristóteles, Alexandre

difundia a cultura grega conforme expandia o império. Ao

chegar ao Egito, fundou uma cidade para substituir

Atenas como centro de saber da época: batizada de

Alexandria, ela passou a ser o mais importante centro do

Mediterrâneo antes do domínio de Roma. A cidade tinha

uma das maiores bibliotecas da Antiguidade, que reunia

grande parte do conhecimento da época. Foi em

Alexandria que Aristarco de Samos propôs pioneiramente

que a Terra gira ao redor do Sol; que Euclides abriu uma

escola de matemática; que Herófilo, o pai da anatomia,

estudou o cérebro e os ritmos do pulso. Um dos

estudantes de Alexandria foi Arquimedes, cuja

contribuição para a humanidade em matemática e física

inclui o aperfeiçoamento do sistema numérico e a

invenção da alavanca e da roldana móvel.

Além do Egito e da Pérsia, Alexandre e seus exércitos

foram além, atravessando a Ásia Menor e chegando ao

rio Indo, na Índia. Nunca um grupo ocidental havia ido tão

longe e levado a cultura grega (sua língua, a educação, a

filosofia e a religião), o que gerou uma simbiose com os

costumes locais. Aparentemente, Alexandre gostaria de

avançar mais, mas seus homens, longe de casa havia

vários anos, ameaçaram um motim caso não

retornassem para a Grécia.

Na volta, Alexandre parou na Mesopotâmia e morreu,

aos 32 anos, de uma febre desconhecida. A Macedônia

foi dividida entre três generais – Alexandre, o Grande,

não deixou herdeiros declarados. O Império Macedônio

sobreviveu mais de um século graças aos laços de

cultura e comércio iniciados por Alexandre. Mas Roma já

ascendia e dominaria a Macedônia em 148 a.C.,

anexando a Grécia dois anos depois.

EDITORA MOL

Fonte: José Arruda e Nelson Piletti. Toda a História. 3.ª ed. São Paulo: Ática, 2009, p. 7.

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHH História 21

O macedônio Alexandre, o Grande, que assumiu o

poder aos 20 anos e morreu aos 32, no século IV

a.C., ampliou as possessões gregas ao incorporar o

Império Persa e terras da Ásia Menor, numa intensa

troca marcada pelo intercâmbio cultural entre

dominadores e dominados.

Os romanos chamavam de bárbaros (forma

pejorativa de defini-los como “não civilizados”) as

etnias que viviam fora de suas fronteiras e que as

invadiam. Hunos, godos, anglos e saxões são alguns

desses povos, que levaram à derrocada do Império

Romano e formaram novas culturas, misturando

romanos e outros povos.

No século XIX, os europeus usaram seu poder militar

e financeiro para ocupar nações na Ásia e na África.

O neocolonialismo redividiu a África de acordo com

interesses europeus, prejudicando seriamente várias

nações e suas culturas. Os movimentos de ocupação

em busca de riqueza provocaram diversas guerras.

Na Índia, os colonizadores ingleses enfrentaram a

(vitoriosa) resistência pacífica de Mahatma Gandhi e

seus seguidores nas primeiras décadas do século

XX. O país acabou por conquistar a independência,

em 1947.

Para dominar a China, os ingleses deflagraram (e

venceram) a Guerra do Ópio, no século XIX. O país

teve um extenso território colonizado por europeus,

russos, norte-americanos e japoneses. Hoje, realiza

um grande esforço de modernização, crescimento

econômico e aumento da influência política no

cenário internacional, sem deixar de lado as

tradições de uma cultura de 5.000 anos de história.

********** ATIVIDADES 1 **********

Texto para a questão 1.

Admirável mundo novo

Orgulhosos de sua civilização milenar, os chineses crescem em ritmo vertiginoso e buscam a liderança no cenário internacional

Pense num país. Um país de cultura milenar e que se

transformou radicalmente nos últimos tempos. Pense na

capital desse país, que sofreu a maior mudança de sua

longa história em apenas dez anos – os últimos dez

anos. Pequim, China, você certamente pensou. Assim, é

natural Pequim reivindicar um lugar que já ocupou – ou

pretendeu ocupar –, no começo do século XV, como

“capital do universo”. A China, que vive há três décadas

um crescimento econômico estupendo, 10% ao ano em

média, agora se abre para o turismo e o olhar

estrangeiro. Destruiu e reconstruiu bairros e bairros.

Fincou arranha-céus impressionantes, boa parte deles

com a assinatura de arquitetos ocidentais badalados. Viu

sua indústria automobilística explodir, suas malhas viária

e metroviária fermentar, seu aeroporto duplicar e tornar-

-se o maior do mundo. Ficou para trás, muito para trás, a

cidade cheia de lavouras chegando aos limites da Praça

da Paz Celestial, uma imagem que um estrangeiro veria

30 anos atrás.

Se Pequim hoje começa a lembrar Tóquio e Nova

York, consegue (ainda) manter vivas suas diferenças. Os

prédios não têm os 4.º, 14.º, 24.º, 34.º andares porque o

4 é um número associado à morte. Os casais, que só

podem ter um único filho – ou dois, excepcionalmente –,

programam o nascimento de olho no horóscopo.

Popularíssima é a medicina tradicional chinesa, da

acupuntura às receitas de chá e à aplicação de ventosas

nas costas. E a terrível e decana censura do governo

comunista, que controla toda a imprensa nacional, os

filmes em cartaz nos cinemas e a internet, ignora

solenemente a pirataria, outro traço cultural que resiste.

Os chineses consideram-se pais da cultura e da

filosofia orientais. Converse com um local e ele

prontamente repetirá o que aprendeu em idade escolar:

esta é a civilização mais antiga do mundo, com 5.000

anos. O alfabeto é praticamente impenetrável para

forasteiros – são “apenas” cerca de 20.000 ideogramas.

Os chineses orgulham-se disso e passam horas

escrevendo os caracteres na calçada. Acredita-se que a

elegância da escrita denote o grau de instrução. Mais

sinais da cultura chinesa aparecem pelas ruas. No sul de

Pequim, o Parque Tiantan Gongyuan reúne respeitáveis

senhores que fazem tai chi chuan e cantam e dançam

em grupo, ao ar livre. O parque fica ao lado do famoso

Templo do Céu, onde os grandes imperadores ofereciam

sacrifícios em prol de boas colheitas na primavera.

No norte de Pequim, na área montanhosa, está uma

seção da Muralha da China, uma das Sete Novas

Maravilhas do Mundo. Com mais de 6.000 quilômetros de

extensão, ela começou a ser erguida no século III a.C.

para evitar as invasões da Mongólia e agregou quase um

quarto da população (militares, prisioneiros e campônios)

na obra. Hoje é tomada pelo turismo de massa e por uma

massa ainda maior de vendedores ambulantes.

A grande obra-prima da China imperial é a Cidade

Proibida, bem no centro de Pequim, ao lado da Praça da

Paz Celestial. Foi construída para marcar a transferência

de poder de Nanquim para Pequim, no século XV, e

abrigou as dinastias Ming e Qing, que sobreviveram no

poder até 1912. Era “uma cidade dentro de outra”.

Ninguém entrava lá sem autorização – daí o nome –,

embora houvesse espaço de sobra. O palácio tem quase

9.000 cômodos, entre os recintos do imperador e os

edifícios ao redor. O lugar sobreviveu ao saque dos

japoneses em 1931 e às tentativas de demolição durante

os anos 1960, com a chamada Revolução Cultural.

Ali em frente, a célebre Praça da Paz Celestial (ou

Tian’anmen) conecta o passado com o presente. Palco

das grandes cerimônias cívicas, virou uma “Praça

Vermelha” com o triunfo dos comunistas, em 1949. Ao

longo das décadas, foi usada para demonstrações de

força, culminando com o banho de sangue de 1989, em

resposta à manifestação dos estudantes. Uma das

maiores praças do mundo, pode comportar até 500.000

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHH História 22

pessoas e é a morada eterna de Mao Tsé-tung. Foi ele

quem, em 1966, deu início à Revolução Cultural chinesa,

um movimento que estimulava os jovens a se engajar no

comunismo e a rejeitar modelos externos e que, na

prática, fechou escolas e perseguiu intelectuais. Se vivo,

Mao não reconheceria – e possivelmente não aprovaria –

o que Pequim se tornou. Mas, pelas artes da história, ele

continua ali, notavelmente sólido, concreto e ululante –

como todos os novíssimos cartões-postais da cidade.

Viagem & Turismo, jun. 2008 (com adaptações).

.1. (AED-SP)

Por que os chineses se orgulham de sua cultura?

Ofereça subsídios para comprovar essa ideia.

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.2. (INEP-MEC)

Questiona-se atualmente qual o fôlego do

desenvolvimentismo do peculiar socialismo chinês e se

suas reformulações econômicas exigirão iguais

mudanças políticas, dando os contornos a uma

verdadeira “glasnost” chinesa.

VICENTlNO, Cláudio e SCALZARETTO, Reinaldo. Cenário Mundial.

A Nova Ordem Internacional. São Paulo: Scipione, 1992.

Tomando como referência a citação acima, assinale a

alternativa correta:

(A) Embora sejam reconhecidos os avanços no plano

econômico, politicamente o governo chinês mantém

o centralismo e o autoritarismo, tal como se verificou

em Pequim no massacre da Praça da Paz Celestial.

Naquele momento, os estudantes lutavam contra a

influência cultural norte-americana, contra as

privatizações e pelo fortalecimento do Partido

Comunista Chinês.

(B) A base das reformas econômicas na China, a partir

da década de 1980, foi a criação de uma economia

mercantil planificada, com investimentos na

importação de tecnologia e abertura para empresas

estrangeiras, aproveitando o potencial da farta mão

de obra e do excelente mercado consumidor.

(C) Em função da supervalorização da mão de obra, com

os altos salários pagos aos operários chineses, e da

concorrência da exportação de produtos agrícolas

feita por Taiwan, os produtos chineses ficaram

restritos ao comércio com o sudeste asiático.

(D) A devolução de Hong Kong pelos ingleses à China

foi fruto de intensos conflitos que envolveram

recentemente os dois países, culminando com a

implantação de eleições livres e a formação de uma

bolsa de valores naquela região.

.3. (ENEM-MEC)

O dissidente chinês Liu Xiaobo obteve, nesta sexta-

-feira, o Prêmio Nobel da Paz 2010, devido ao uso da

não violência na defesa dos direitos humanos, no seu

país natal. A China reagiu duramente, qualificando a

decisão de uma “blasfêmia” ao próprio prêmio.

Folha de S. Paulo, 8/10/2010.

A conquista do Prêmio Nobel pelo ativista chinês, que

participou das manifestações ocorridas na Praça da Paz

Celestial, em Pequim, e duramente reprimidas pelo

governo em 1989, deixa claras as contradições com as

quais a China depara no início do século XXI, porque:

I. a abertura econômica, a partir de 1978, acabou

com o coletivismo dos tempos maoístas e foi

responsável pelo crescimento do PIB chinês,

favorecido pelos investimentos estrangeiros no

país.

II. ao assumir o governo, Deng Xiaoping combinou

abertura econômica com totalitarismo político e,

mesmo constatando o crescimento desigual no

interior da China, tem resolvido os impasses

políticos por meio de negociações pacíficas.

III. o paradoxo entre o totalitarismo político e a

adoção de liberdade de mercado na China tem

desgastado as instituições de poder, que

recorrem ao exercício da força para conservar o

poder diante de um país influenciado pela

economia de mercado.

É correto afirmar que:

(A) somente I está correta.

(B) somente II está correta.

(C) somente I e II estão corretas.

(D) somente I e III estão corretas.

(E) I, II e III estão corretas.

.4. (FUVEST-SP)

Sobre as invasões dos “bárbaros” na Europa Ocidental,

ocorridas entre os séculos III e IX, é correto afirmar que:

(A) foi uma ocupação militar violenta que, causando

destruição e barbárie, acarretou a ruína das

instituições romanas.

(B) se, por um lado, causaram destruição e morte, por

outro contribuíram, decisivamente, para o

nascimento de uma nova civilização, a da Europa

Cristã.

(C) apesar dos estragos causados, a Europa conseguiu,

afinal, conter os bárbaros, derrotando-os

militarmente e, sem solução de continuidade,

absorveu e integrou os seus remanescentes.

(D) se não fossem elas, o Império Romano não teria

desaparecido, pois, superada a crise do século III,

passou a dispor de uma estrutura socioeconômica

dinâmica e de uma constituição política centralizada.

(E) os godos foram os povos menos importantes, pois

quase não deixaram marcas de sua presença.

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.5. (FUVEST-SP)

“África vive (...) prisioneira de um passado inventado por

outros.”

Mia Couto, Um retrato sem moldura, in Leila Hernandez, A África

na Sala de Aula. São Paulo: Selo Negro, 2005, p. 11.

A frase acima se justifica porque:

(A) os movimentos de independência na África foram

patrocinados pelos países imperialistas, com o

objetivo de garantir a exploração econômica do

continente.

(B) os distintos povos da África preferem negar suas

origens étnicas e culturais, pois não há espaço, no

mundo de hoje, para a defesa da identidade cultural

africana.

(C) a colonização britânica do litoral atlântico da África

provocou a definitiva associação do continente à

escravidão e sua submissão aos projetos de

hegemonia europeia no Ocidente.

(D) os atuais conflitos dentro do continente são

comandados por potências estrangeiras,

interessadas em dividir a África para explorar mais

facilmente suas riquezas.

(E) a maioria das divisões políticas da África definidas

pelos colonizadores se manteve, em linhas gerais,

mesmo após os movimentos de independência.

.6. (INEP-MEC)

Observe a figura a seguir.

ESTÚDIO PINGADO

Essas marcas representam:

(A) a expansão do agronegócio.

(B) o poderio da robótica.

(C) a vulgarização da internet.

(D) o fortalecimento do mercado interno.

(E) a mundialização do capital.

.7. (ENEM-MEC)

“O espaço geográfico é o resultado das

transformações introduzidas pela Revolução Industrial.

(...) O desenvolvimento científico e tecnológico é

revertido em novos produtos (...) e redução de custos,

permitindo (...) maior capacidade de competição.”

orbita.starmedia.com/geoplanetbr/industria.html

No contexto da citação acima, é correto afirmar que:

(A) as principais atividades da indústria são as que

transformam matérias-primas em produtos

manufaturados.

(B) a tecnologia provoca a substituição de humanos por

robôs.

(C) um setor considerado de ponta, nesta fase técnico-

-científico-informacional, é a biotecnologia.

(D) o avanço da engenharia genética tem possibilitado a

seleção das características genéticas das pessoas.

(E) o avanço técnico-científico na indústria atinge com

igual intensidade as diferentes sociedades.

********** ATIVIDADES 2 **********

H14

Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca das instituições sociais, políticas e econômicas.

.8. (ENEM-MEC)

Em um confronto entre policiais e camelôs no centro de

São Paulo, foram colhidos por um repórter de TV dois

depoimentos: o do proprietário de uma loja e o de um

camelô.

Depoimento 1

“Esta situação está ficando insustentável. Não há

lugar para os pedestres circularem livremente pela

calçada e isso prejudica meus negócios. O preço dos

produtos desses camelôs é uma afronta, porque, como

não pagam impostos e só trabalham com mercadorias

contrabandeadas ou roubadas, não há concorrência que

resista.”

Proprietário de uma loja na região central de São Paulo.

Depoimento 2

“Eu era metalúrgico, e fui demitido. O que antes eu

fazia, hoje um monte de máquinas faz no meu lugar. Eu

não consigo arrumar outro emprego, porque as outras

fábricas também estão demitindo. A crise está muito

brava. Peguei meu Fundo de Garantia e apostei tudo

nisso. Monto minha barraca onde tem mais gente

passando pra poder faturar um pouco e sustentar minha

família.”

Vendedor ambulante do centro de São Paulo.

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Os depoimentos indicam que

(A) a crise econômica e o desemprego prejudicam

proprietários e trabalhadores.

(B) os comerciantes são os únicos prejudicados pela

crise do desemprego.

(C) a crise econômica pode ser resolvida pelo comércio

dos camelôs.

(D) donos das lojas e camelôs estão unidos contra a

crise.

(E) os camelôs são os únicos prejudicados pela crise

uma vez que os comerciantes são os detentores dos

capitais.

H15 Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.

.9. (ENEM-MEC)

À medida que os europeus se apropriavam das terras do

continente americano, intensificaram-se os conflitos com

os ameríndios. As ofensivas dos europeus aos povos

indígenas acabaram por contribuir para a resolução do

problema de mão de obra.

Pode-se afirmar que as relações entre os conquistadores

europeus e os ameríndios foram marcadas pelo(a)

(A) respeito ao modo de vida dos indígenas.

(B) disposição do ameríndio a submeter-se ao europeu.

(C) integração entre europeus e ameríndios.

(D) exploração da mão de obra indígena.

(E) ausência de reações violentas contra os

colonizadores.

.10. (ENEM-MEC)

Leia o texto e observe a charge.

Mais do que a chegada dos colonos, é a escravização

que desintegra o modo de vida das tribos indígenas. Eles

morrem com centenas de doenças transmitidas pelos

brancos. Só na Bahia, em 1563, uma epidemia de varíola

mata cerca de 30 mil índios.

Fonte: NOVAIS, Carlos Eduardo e LOBO, César. História do Brasil para principiantes, 1999.

Utilizando o texto e a charge, escolha a opção correta

acerca da transformação da vida dos índios na Bahia

após a chegada dos portugueses ao Brasil no século

XVI.

(A) Nos primeiros encontros com os europeus, os índios

já tinham conhecimento dos perigos à saúde que o

contato com os colonizadores ocasionaria.

(B) A charge revela que os índios eram seguidores dos

portugueses e não questionavam os aspectos

negativos do contato com os europeus.

(C) A escravidão dos índios dessa região foi imposta

pelos portugueses e aceita pacificamente pelos

índios.

(D) A colonização europeia da América desorganizou o

modo de vida das populações indígenas e

disseminou doenças.

(E) Os colonizadores tratavam com respeito os

indígenas que logo com eles se aliaram nos

trabalhos agrícolas.

________________________________________________ *Anotações*