capitalismo monopolista

Upload: william-tadeu-quinalia

Post on 29-Feb-2016

23 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

sobre capitalismo

TRANSCRIPT

Capitalismo Monopolista, Imperialismo e Neocolonialismo

De 1760 a 1830, a Revoluo Industrial ficou limitada Inglaterra, a oficina do mundo. Para manter a exclusividade, era proibido exportar maquinrio e tecnologia. Mas a produo de equipamentos industriais superaria logo as possibilidades de consumo interno e no seria possvel conter os interesses dos fabricantes. Alm disso, as naes passaram a identificar o poderio de um pas com seu desenvolvimento industrial. E o processo se difundiu pela Europa, sia e Amrica.

A tecnologia industrial avanou, a populao cresceu, os movimentos imigratrios se intensificaram. No fim do sculo XIX, sobreveio a primeira Grande Depresso (1873 - 1896), que fortaleceu as empresas pela centralizao e concentrao do capital. Iniciou-se a nova fase do capitalismo, a fase monopolista ou financeira, que se desdobrou na exportao de capitais e no processo de colonizao da frica e da sia.

A Revoluo Industrial se irradia

Em ritmo vertiginoso, como na Alemanha, ou retardado por razes polticas, como na Frana, o impacto da Revoluo Industrial inglesa atingiu todas as partes do mundo.

Blgica Primeiro pas da Europa a industrializar-se no sculo XIX. Dois ingleses criaram uma fbrica de tecidos em Lige j em 1807. Foi rpido o desenvolvimento, facilitado pela existncia de carvo e ferro, pelo investimento de capitais ingleses e pela proximidade do mercado europeu.

Alemanha Em ritmo acelerado a partir de 1870, a industrializao alem se beneficiou da unificao nacional, da decidida proteo estatal, da atuao do capital bancrio e do crescimento demogrfico. A peculiaridade aqui est no casamento entre indstria e bancos, bem como no uso de tcnicas que permitiram alto grau de racionalizao.

A Alemanha j era grande produtora de carvo desde 1848. A siderurgia avanou, estimulada pelo desenvolvimento ferrovirio. Na dcada de 1880, a indstria txtil ameaava superar a inglesa, devido adoo de fibras sintticas e novos corantes; destaque-se aqui a expanso da indstria qumica, ligada pesquisa cientfica. No fim do sculo, graas a Werner Siemens, a indstria eltrica tomou grande impulso. Em 1914, a Alemanha iria produzir 35 % da energia eltrica mundial, seguida por Estados Unidos (29%) e Inglaterra (16 %) .

Frana A Revoluo Francesa retardou o desenvolvimento econmico do pas. A consolidao da pequena indstria e a tradio de produzir artigos de luxo dificultaram a grande concentrao industrial. difcil falar em Revoluo Industrial francesa. No houve arranque acelerado, mas lenta transformao das tcnicas de produo e das estruturas industriais.

O processo se acelera a partir de 1848, com a adoo de medidas protecionistas, ou seja, impediu-se a importao de produtos industriais e estimulou-se a exportao. Assim mesmo; havia entraves ao avano: houve retrao demogrfica no sculo XIX, com baixo ndice de natalidade e lenta regresso na mortalidade; a estrutura agrria preservava a pequena propriedade, o que limitava o progresso tecnolgico; faltava carvo e seu preo era o mais alto do mundo; os recursos iam para emprstimos pblicos e investimentos no estrangeiro, em vez de ir para o setor produtivo.

A expanso industrial foi freada ainda pela prtica do autofinanciamento, ou seja, a, o reinvestimento dos lucros na prpria empresa, que preservava seu carter familiar, limitado.

Itlia A unificao poltica e aduaneira impulsionou a industrializao, que arrancou no decnio de 1880-1890. O Estado reservou a produo de ferro e ao para a indstria nacional, favorecendo a criao da siderurgia moderna. A falta de carvo, ao elevar os custos, reduzia a competitividade no exterior. Protegida pelo Estado, a siderurgia se concentrava no norte e sua produo no era suficiente para o mercado interno, o que exigia importaes. A indstria mecnica cresceu mais depressa, especialmente as de construo naval e ferroviria, mquinas txteis e ligadas eletrificao (motores, turbinas). A partir de 1905, a indstria automobilstica de Turim conseguiu excelentes resultados.

Tambm protegida, a indstria txtil era a nica com capacidade de conquistar mercados externos. A falta de carvo estimulou a produo de energia eltrica. O problema mais grave estava na total concentrao do processo de crescimento no norte, enquanto o sul permanecia agrrio e atrasado.

Imprio Austro-Hngaro Sua caracterstica era a enorme mistura de povos e minorias nacionais. O desenvolvimento industrial se acelerou mais na ex-Tchecoslovquia (atuais Eslovquia e Repblica Tcheca), sobretudo nos setores txtil, de extrao de carvo e siderurgia. Destacou-se a Skoda, famosa produtora de armas, material ferrovirio, mquinas agrcolas, etc.

Sucia Deu-se aqui um caso tpico de rpido desenvolvimento ligado a pesados investimentos estrangeiros, principalmente alemes; o mecanismo se explica pelas relaes entre grandes bancos suecos e alemes. Mais tarde, viriam os bancos franceses. A Sucia chegou a ter a dvida externa mais alta do mundo.

Na dcada de 1870, teve incio a construo ferroviria. A partir dos anos de 1890, os alemes se voltaram para as minas de ferro, fundies e forjas. O ao de alta qualidade era exportado. Os franceses investiram mais em energia eltrica. Tambm tiveram importncia a indstria madeireira e a qumica, como a de explosivos, controlada pelo grupo Nobel.

Rssia A arrancada do ltimo pas da Europa a industrializar-se se deu entre 1890 e 1900, com taxa de crescimento industrial de 8% ao ano, jamais igualada pelo Ocidente. Motivos: participao do Estado, investimentos externos e presena de tcnicos estrangeiros. A abolio da servido em 1861 no mudou muito a estrutura agrria, baseada no mir, comunidade agrcola de culturas coletivas. A produtividade no cresceu, nem o poder aquisitivo dos agricultores; e no houve xodo rural que fornecesse mo-de-obra excedente s indstrias.

O Estado exerceu papel importante. A compresso do consumo dos camponeses gerou excedentes de produtos agrcolas exportveis, cujos rendimentos eram transformados em investimentos. Em 1913, metade do capital investido era estrangeira, com maior participao da Frana, Inglaterra, Alemanha, Blgica e Estados Unidos. As indstrias de minerao tinham 91% de capital estrangeiro; as qumicas, 50%; as metalrgicas, 42%; a madeireira, 37%; e a txtil, 28%.

Formaram-se gigantescos conglomerados, como o Cartel Prodameta, que controlava trinta siderrgicas e metalrgicas, com capital francs. Explorava-se carvo da rica bacia do Donetz. A produo de mquinas era ainda reduzida. A descoberta de petrleo no Cucaso deu origem a grande explorao, dominada pelos Rothschild de Paris. Controlada por ingleses e alemes, a indstria txtil respondia por um tero da produo russa.

Estados Unidos Primeiro pas a industrializar-se fora da Europa, a partir de 1843, em resultado da conquista do oeste e dos enormes recursos da advindos; alguns autores preferem como marco a Segunda Revoluo Americana, a Guerra de Secesso entre 1860 e 1865, momento em que a classe capitalista do norte aumentou sua fortuna financiando o governo federal, fornecendo provises aos exrcitos e desenvolvendo a indstria ligada s necessidades do conflito. O resultado foi a consolidao do capitalismo industrial, representado politicamente pelos republicanos. No foi por acaso que, enquanto a abolio da escravatura destrua a economia sulista, o protecionismo alfandegrio, a legislao bancria, a construo de estradas de ferro e a legislao trabalhista garantiam a supremacia do norte e de sua economia industrial.

Depois da guerra, o pas tinha territrio unificado, rede de transportes em expanso, populao crescente, poucas diferenas sociais. Isso permitia a produo para o consumo de massa, o que facilitava a racionalizao da economia. O pas dependia de seu prprio mercado, pois exportava apenas 10% do que produzia a Inglaterra, por exemplo, exportava 52%. Da o carter fortemente protecionista da industrializao americana. O dinamismo do pas atraiu capitais europeus, que se voltaram para setores estratgicos, como ferrovias. A descoberta de ouro na Califrnia acelerou ainda mais economia,

Em 1890, algodo, trigo, carne e petrleo contribuam com 75 % d exportao. O beneficiamento de produtos agrcolas foi a primeira grande indstria; s siderrgicas e indstrias mecnicas superaram o setor agrcola apenas no incio do sculo XX. Sua caracterstica era a formao de enormes empresas, que produziam ferro, carvo, produtos siderrgicos e ferrovirios.

Em 1913, os americanos assumiriam liderana na produo de ferro, carvo, ao, cobre, chumbo, zinco e alumnio. A indstria mecnica avanou, sobretudo automobilstica, com mtodos racionais desenvolvidos pela Ford. A indstria txtil deslocou-se para o sul. A eltrica, estimulada pelas investigaes cientficas que resultaram na fundao da Edison Electric Company, criaram filiais em vrios pases, como Itlia e Alemanha.

Japo Na sia, foi o pas que mais depressa implantou sua Revoluo Industrial. At meados do sculo XIX, o Japo vivia fechado, com sua sociedade dominada por uma aristocracia feudal que explorava a massa de camponeses. Desde 1192, o imperador tinha poder simblico; quem o exercia era o Shogum, supremo comandante militar. A economia monetria vinha se acentuando desde o sculo XVIII e presso dos Estados Unidos forou em 1852 a abertura dos portos aos estrangeiros, atendendo a interesses de expanso d indstria americana. O ponto de partida para s grandes transformaes foi o ano de 1868, com a Revoluo Meiji (Luzes). Com apoio estrangeiro, o imperador tomou o poder do Shogum e passou incorporar tecnologia ocidental, para modernizar o Japo.

A Revoluo Meiji aboliu o feudalismo, com finalidade nem tanto de melhorar a vida servil dos camponeses ms de torn-los mais produtivos. A fortuna dos grandes comerciantes e proprietrios aumentou, em prejuzo dos aposentados e pequenos lavradores. A criao de um exrcito de trabalhadores, devido ao crescimento populacional, permitiu uma poltica de preos baixos, o dumping, favorvel competio no mercado externo.

Um aspecto importante foi a acumulao de capital nacional, decorrente d forte atuao do Estado, que concedeu patentes e exclusividades e integrou os investimentos. Depois de desenvolver as indstrias, o Estado as transferia a particulares em condies vantajosas de pagamento. Formaram-se assim grandes concentraes industriais, zaibatsu, pois 40% de todos os depsitos bancrios, 60% da indstria txtil, 60% da indstria militar, a maior parte da energia eltrica, a indstria de papel e a de construo naval eram controlados por apenas quatro famlias: Sumitomo, Mitsubishi, Yasuda e Mitsui. A indstria pesada avanou devagar pela falta de carvo e ferro. Os recursos hidreltricos foram explorados a partir de 1891. No incio do sculo XX, a siderurgia deu um salto, criando a base para a expanso da indstria naval.

O Estado, assentado na burguesia mercantil e na classe dos proprietrios, tinha apoio dos militares, que pretendiam construir o Grande Japo. O pequeno mercado interno imps a busca de mercados externos e uma poltica agressiva, iniciada com a guerra contra a China (1894-1895), que proporcionou enorme indenizao ao Japo. O mesmo aconteceu aps a guerra contra a Rssia (1904-1905). A I Guerra Mundial (1914-1918) abriu espaos no mercado asitico, imediatamente ocupados pelo Japo.

Mudanas na estrutura industrial

As mudanas na estrutura da produo industrial foram to aceleradas a partir de 1870, que se pode falar de uma Segunda Revoluo Industrial. E a poca em que se usam novas formas de energia: eletricidade, petrleo; de grandes inventos: motor a exploso, telgrafo, corantes sintticos; e de intensa concentrao industrial. A grande diferena em relao primeira fase da Revoluo Industrial era o estreito relacionamento entre cincia e tcnica, entre laboratrio e fbrica. A aplicao da cincia se impunha pela necessidade de reduzir custos, com vistas produo em massa. O capitalismo de concorrncia foi o grande propulsor dos avanos tcnicos.

Novas fontes de energia foram substituindo o vapor. J se conhecia a eletricidade por experincias em laboratrio: Volta, em 1800 e Faraday, em 1831. O uso industrial dependia da reduo do custo e, acima de tudo, da transmisso a distncia. O invento da lmpada incandescente por Edison em 1879 provocou uma revoluo no sistema de iluminao.

J se usava o petrleo em iluminao desde 1853. Em 1859, Rockefeller havia instalado a primeira refinaria em Cleveland. Com a inveno do motor de combusto interna pelo alemo Daimler em 1883, ampliou-se o uso do petrleo. A primeira fase da Revoluo Industrial tinha se concentrado na produo de bens de consumo, especialmente txteis de algodo; na segunda fase, tudo passou a girar em torno da indstria pesada. A produo de ao estimulou a corrida armamentista, aumentando a tenso militar e poltica. Novas invenes permitiram aproveitar minerais mais pobres em ferro e ricos em fsforo. A produo de ao superou a de ferro e seu preo baixou. O descobrimento dos processos eletrolticos estimulou a produo de alumnio.

Na indstria qumica, houve grande avano com a obteno de mtodos mais baratos para produzir soda custica e cido sulfrico, importantes para vulcanizar a borracha e fabricar papel e explosivos. Os corantes sintticos, a partir do carvo, tiveram impacto sobre a indstria txtil e reduziram bastante a produo de corantes naturais, como o anil.

O desenvolvimento dos meios de transporte representou uma revoluo parte. A maioria dos pases que se industrializavam elegeu as ferrovias como o maior investimento. Elas empregavam 2 milhes de pessoas em todo o mundo em 1860. No final dessa dcada, somente os Estados Unidos tinham 93 000 quilmetros de trilhos; a Europa, 104 000, cabendo 22 000 Inglaterra, 20 000 Alemanha e 18 000 Frana. A construo exigiu a mobilizao de capitais, atravs de bancos e companhias por aes, e teve efeito multiplicador, pois aqueceu a produo de ferro, cimento, dormentes, locomotivas, vages. O barateamento do transporte facilitou a ida dos trabalhadores para as vilas e cidades. Contribuiu, assim, para a urbanizao e o xodo rural. As naes aumentaram seu poderio militar, pois podiam deslocar mais depressa suas tropas. Ningum poderia imaginar tal mudana quando Stephenson construiu a primeira linha em 1825, de Stockton a Darlington, na Inglaterra.

Depois que Fulton inventou o barco a vapor em 1808, tambm a navegao martima se transformou. As ligaes transocenicas ganharam impulso em 1838, com a inveno da hlice. Os clperes, movidos a vela, perderam lugar para os novos barcos, que cruzavam o Atlntico na linha Europa - Estados Unidos em apenas dezessete dias.

A Grande Depresso

A primeira grande crise do capitalismo, a Grande Depresso, comeou por volta de 1873 e s terminou em 1896. O ciclo da crise marcado pelas seguintes fases:

_ expanso: aumenta a produo, diminui o desemprego, crescem salrios e lucros, ampliamse as instalaes e os empresrios tm atitude otimista;

_ recesso: a empresa no usa toda a sua capacidade produtiva, o que aumenta os custos e provoca a alta da taxa de juros; os empresrios temem investir em excesso;

_ contrao: caem os investimentos, os empregados da indstria de bens de capital (indstria pesada) so demitidos, diminui o poder aquisitivo da populao, os bancos reduzem os emprstimos, os empresrios tomam todo cuidado com o custo da produo, tm postura pessimista;

_ revitalizao: os preos baixam demais, estimulando alguns a comprar; os estoques se esgotam logo; os preos tendem a subir; os industriais recuperam a confiana e retomam o investimento em instalaes.

A crise de 1873 - 1896 tem explicao estrutural. A organizao dos trabalhadores, isto , o aparecimento dos sindicatos nacionais, resultou em aumento real de salrios entre 1860 e 1874. Por isso, os empresrios preferiram investir em tecnologia, para aumentar a produo com menos trabalhadores. De um lado, produo e lucros se mantiveram; de outro, declinou a massa global de salrios pagos, determinando a recesso do mercado consumidor. Os capitais disponveis no poderiam ser investidos na Europa, pois a produo aumentaria e os preos cairiam. Teriam de ser aplicados fora, atravs de emprstimos com juros elevados ou na construo de ferrovias.

A crise eliminou as empresas mais fracas. As fortes tiveram de racionalizar a produo: o capitalismo entrou em nova fase, a fase monopolista. Sua caracterstica o imperialismo, cujo desdobramento mais visvel foi a expanso colonialista do sculo XIX, assunto do prximo captulo. O imperialismo, por sua vez, caracteriza-se por:

_ forte concentrao dos capitais, criando os monoplios;

_ fuso do capital bancrio com o capital industrial;

_ exportao de capitais, que supera a exportao de mercadorias;

_ surgimento de monoplios internacionais que partilham o mundo entre si.

Formas de monoplio nesta etapa do capitalismo:

Truste Um grupo econmico domina vrias unidades produtivas; nos trustes horizontais, renem-se vrios tipos de empresa que fabricam o mesmo produto; nos verticais, uma empresa domina unidades produtivas estratgicas por exemplo, da minerao do ferro e carvo fabricao de locomotivas, passando pela siderurgia;

Cartel Empresas poderosas, conservando sua autonomia, combinam repartir o mercado e ditam os preos dos produtos que fabricam;

Holding Uma empresa central, geralmente uma financeira, detm o controle das aes de vrias outras empresas.

Imperialismo; o novo colonialismo partilha frica e sia

A colonizao portuguesa e espanhola do sculo XVI havia se limitado Amrica. Com raras excees, as terras africanas e asiticas no foram ocupadas. Ali, os europeus limitaram-se ao comrcio, principalmente o de especiarias. Por isso, no sculo XIX, havia grandes extenses de terras desconhecidas nos dois continentes, que Portugal e Espanha no tinham condies de explorar. Comeou ento nova corrida colonial de outras potncias europias, sobretudo as que haviam passado por uma transformao industrial, como Inglaterra, Blgica, Frana, Alemanha e Itlia.

Os motivos do neocolonialismo

No sculo XVI, o objetivo colonialista era encontrar metais preciosos e mercados abastecedores de produtos tropicais e consumidores de manufaturas europias. O interesse concentrou-se na Amrica.

So mais complexos os fatores que explicam o renascimento colonialista do sculo XIX: claro que havia, sobretudo, interesses econmicos; mas a eles se juntaram outros, sociais, polticos e at religiosos e culturais.

Nessa poca, vrios pases europeus passavam pela Revoluo Industrial. Precisavam encontrar fontes de matria-prima (carvo, ferro, petrleo) e de produtos alimentcios que faltavam em suas terras. Tambm precisavam de mercados consumidores para seus excedentes industriais, alm de novas regies para investir os capitais disponveis construindo ferrovias ou explorando minas, por exemplo.

Tal mecanismo era indispensvel para aliviar a Europa dos capitais excedentes. Se eles fossem investidos na Europa, agravariam a Grande Depresso e intensificariam a tendncia dos pases europeus industrializados de adotar medidas protecionistas, fechando seus mercados e tornando a situao ainda mais difcil. Some-se a tudo isso o crescimento acelerado da populao europia, necessitada de novas terras para estabelecer-se. No plano poltico, cada Estado europeu estava preocupado em aumentar seus contingentes militares, para fortalecer sua posio entre as demais potncias. Possuindo colnias, disporiam de mais recursos e mais homens para seus exrcitos. Tal era a poltica de prestgio, caracterstica da Frana, que buscava compensar as perdas na Europa, especialmente a Alscia-Lorena, para os alemes. Ter colnias significava ter portos de escala e abastecimento de carvo para os navios mercantes e militares distribudos pelo planeta.

J os missionrios se encaixavam nos fatores religiosos e culturais. Eles desejavam converter africanos e asiticos. Havia gente que considerava mesmo dever dos europeus difundir sua civilizao entre povos que julgavam primitivos e atrasados. Tratava-se mais de pretexto para justificar a colonizao. Uma meta dos evangelizadores era o combate escravido. Dentre eles, destacaram-se Robert Moffat e Livingstone. Suas aes, em suma, resultaram na preparao do terreno para o avano do imperialismo no mundo afro-asitico.

Tambm teve importncia o movimento intelectual e cientfico. As associaes geogrficas chegaram a reunir 30 000 scios, 9 000 somente na Frana. Famosos exploradores abriram caminho da mesma forma que os missionrios: Savorgnan de Brazza, Morton, Stanley, Karl Petersoon, Nachtigal. importante notar o desenvolvimento de ideologias racistas que, partindo das teorias de Darwin, afirmavam a superioridade da raa branca.

A partilha da frica

Em 1830, a Frana invadiu a frica e iniciou a conquista da Arglia, completada em 1857. Dez anos mais tarde, Leopoldo II da Blgica deu novo impulso ao colonialismo ao reunirem Bruxelas, a capital, um congresso de presidentes de sociedades geogrficas, para difundir a civilizao ocidental dizia o rei; mas os interesses eram econmicos. Dali resultaram a Associao Internacional Africana e o Grupo de Estudos do Alto Congo, que iniciaram a explorao e a conquista do Congo. Leopoldo era um dos principais contribuintes das entidades, financiadas por capitais particulares.

Outros pases europeus se lanaram aventura africana. A Frana, depois da Arglia, rapidamente conquistou Tunsia, frica Ocidental Francesa, frica Equatorial Francesa, Costa Francesa dos Somalis e Madagascar. A Inglaterra dominou Egito, Sudo Anglo-Egpcio, frica Oriental Inglesa, Rodsia, Unio Sul-Africana, Nigria, Costa do Ouro e Serra Leoa. A Alemanha tomou Camares, Sudoeste Africano e frica Oriental Alem. A Itlia conquistou Eritria, Somlia Italiana e o litoral da Lbia. Pores reduzidas couberam aos antigos colonizadores: a Espanha ficou com Marrocos Espanhol, Rio de Ouro e Guin Espanhola; Portugal, com Moambique, Angola e Guin Portuguesa.

O ponto de partida para a corrida foi a Conferncia de Berlim (1884 - 1885), proposta por Bismarck e Jules Ferry. Seu objetivo principal foi legalizar a posse do Congo por Leopoldo II.

A Europa ocupa tudo

Os investimentos em ferrovias abriram o mercado asitico para os produtos ocidentais e, no sculo XIX, finalmente os pases do Ocidente passaram do simples comrcio praticado nos portos poltica de zonas de influncia. Promoveram ento uma verdadeira partilha do Oriente.

A Rssia era o pas mais interessado em expandir-se para o oriente. Depois da ferrovia Moscou-Vladivostok, ela se chocou com a Inglaterra na sia Central e com o Japo na Manchria.

Em 1763, os ingleses haviam tomado a ndia aos franceses e encarregado uma companhia de explor-la. Em 1858, revoltaram-se os cipaios, nativos que serviam nos exrcitos coloniais. A ndia foi ento integrada ao Imprio Britnico. Na China, a Guerra do pio (1840-42) permitiu a conquista de Hong-Kong, Xangai e Nanquim. Uma associao secreta, a Sociedade dos Boxers, reagiu invaso, promovendo atentados contra os estrangeiros; tinha apoio do governo chins. As potncias europias organizaram uma expedio conjunta, o que provocou a Guerra dos Boxers. Depois dela, as potncias ocidentais dominaram a China inteira.

Os japoneses ocuparam a Coria; os alemes, a Pennsula de Shantung; os franceses, a Indochina. Os Estados Unidos estabeleceram um protetorado no Hava e ocuparam Pearl Harbour. Em 1898, anexaram Hava, Guam, Ilhas Marianas e Filipinas. Na Amrica, ocuparam Porto Rico e, aps guerra contra a Espanha, estabeleceram um protetorado em Cuba.

Em 1914, 60% das terras e 65 % da populao do mundo dependiam da Europa. Suas potncias tinham anexado 90% da frica, 99% da Oceania e 56% da sia.

A administrao neocolonialista

Nas reas de dominao francesa, havia dois tipos bsicos de ligao com a metrpole:

1. Colnia, ficava sob superviso direta do Ministrio das Colnias, com administrao de um governador-geral, responsvel por toda a atividade colonial;

2. Protetorado, bastante autnomo, administrado por gente da regio, com superviso de um representante da metrpole.

Entre os ingleses, havia mais variedade administrativa:

1. Colnia da Coroa, dependia diretamente do Escritrio Colonial da metrpole;

2. Colnia, com certo grau de autonomia, tinha Parlamento eleito;

3. Domnio, praticamente independente, exceto no tocante s relaes estrangeiras e defesa.

A administrao colonial dos outros pases era semelhante dos franceses e ingleses.

Poltica de espoliao

Foram os ingleses que organizaram melhor o sistema de explorao colonial. A extenso do imprio lhes proporcionou extraordinria variedade de recursos, humanos e materiais. A poltica econmica liberal, que vigorou na Inglaterra a partir de 1850, estendeu-se s colnias.

J a poltica francesa tarifria (de aumento dos impostos) variava de acordo com a colnia e com o tipo de produtos que ela gerava e consumia.

A ocupao das colnias criou srios problemas administrativos, pois os colonos vindos da metrpole queriam terras, o que s seria possvel se eles as tomassem dos habitantes do pas. Foi o que fizeram. Os europeus confiscaram as terras diretamente ou usaram regies em disponibilidade ou, ainda, foraram tribos nmades a fixar-se em territrios especficos. Para encorajar a colonizao, a metrpole concedeu a explorao das terras a particulares ou a grandes companhias que tivessem condies de realizar grandes empreendimentos, de rendimento elevado.

Para evitar toda concorrncia, a metrpole s permitia indstria extrativa, mineral e vegetal. Mesmo assim, a indstria colonial progrediu, impulsionada pela abundncia de matria-prima e mo-de-obra.

A colonizao, na medida em que representou a ocidentalizao do mundo, destruiu estruturas tradicionais, que muitas vezes no se recompuseram, e nada construiu em seu lugar. Na ndia, o artesanato desapareceu. No Congo, os belgas obrigaram as populaes nativas a executar trabalhos forados e a pagar impostos. Na Arglia, a fim de liberar mo-de-obra, os franceses destruram a propriedade coletiva do solo e o trabalho comunitrio, o que levou muitas pessoas fome e indigncia.

Imperialismo: a supremacia inglesa na Era Vitoriana

A indiscutvel supremacia da Inglaterra -na Europa do sculo XIX atingiu seu apogeu entre -1850 e 1875. O pas, que havia iniciado sua Revoluo Industrial mais de cem anos antes, colocou-se quase um sculo na frente dos demais Estados europeus. Somente na segunda metade do sculo XIX foi que Frana, Itlia e Alemanha comearam a avanar, mas no o suficiente para abalar a hegemonia inglesa.

A Inglaterra enviava homens, capitais, carvo, tecidos e mquinas para o mundo inteiro. A supremacia naval completava a supremacia econmica. As camadas mdias prosperavam, e seu papel poltico ganhava importncia. Londres era a maior cidade do mundo, e o Parlamentarismo, um regime poltico estvel, malevel para que as reformas se antecipassem s necessidades sociais. Assim, a Inglaterra evitou as agitaes que assolaram a Europa dos fins do sculo XVIII ao sculo XIX.

A unio de desenvolvimento econmico com progresso social e estabilidade poltica criou condies para a formao de um vasto imprio colonial na Amrica, frica e sia.

A dinastia Hannover, surgida no incio do sculo XVIII, teve na rainha Vitria (1837-1901) o grande smbolo da virtude e da perseverana inglesas. Ela governou o pas durante o perodo de supremacia britnica, por isso mesmo chamado de Era Vitoriana.

Evoluo econmica

Depois de 1815, quando terminaram as guerras com a Frana, a agricultura inglesa entrou em crise. A paz trouxe a queda de preos dos cereais; os pequenos proprietrios tiveram de vender suas terras. A concentrao de propriedades deu origem a uma agricultura intensiva, dotada de moderna tecnologia. Os grandes proprietrios, controlando o poder poltico, fizeram aprovar leis para impedir a importao e manter altos os preos no pas: as Leis dos Cereais (Corn Laws).

O crescimento da indstria e da importncia dos industriais mudou tal situao. Com cereais caros; eles tinham de pagar salrios mais altos, o que diminua seus lucros. Portanto, defendiam a livre importao de cereais. A campanha pela extino das Corn Laws comeou por iniciativa de Cobden, industrial que pregava o livrecambismo, ou liberdade de troca, como forma de baratear os alimentos e matrias-primas industriais, bem como de abrir mercados para os produtos industrializados ingleses. Entre 1848 e 1852, todas as leis restritivas foram abolidas, inclusive os Atos de Navegao, baixados no sculo XVII.

A Inglaterra consolidou ento sua hegemonia comercial em todo o mundo. Controlava 80% da construo de navios de ferro. Sua frota mercante representava 60% da tonelagem mundial. Somados, o comrcio francs e o alemo representavam menos de 80% do comrcio ingls, em 1870. A Inglaterra comprava alimentos e matrias-primas e exportava para todos os continentes produtos industrializados e capitais.

A concentrao industrial do norte e oeste, perto das bacias carbonferas e dos grandes portos, fez nascer a lnglaterra Negra em oposio Inglaterra Verde do sul e sudoeste; dominada pela agropecuria. Em 1870, o pas produzia dois teros do carvo mundial. A indstria metalrgica concentrava-se em Birmingham e Sheffield. A expanso estava ligada ao desenvolvimento da indstria ferroviria e a novos mtodos de obteno de ao.

A partir de 1890, comearam a surgir grandes concentraes industriais, como forma de conter a concorrncia: reuniam siderrgicas, empresas de minerao e de construo naval. Londres era o primeiro mercado mundial de l; Leeds e Bradford processavam a matria-prima importada. Cresceu a indstria txtil do algodo. Seu centro era Manchester, que recebia fibra da Amrica e exportava tecido, sobretudo para o Extremo Oriente. Em 1850, essa exportao representava metade da exportao inglesa global.

A abundncia de carvo impediu o desenvolvimento hidreltrico. A qumica tambm estava em atraso, porque a Inglaterra recebia da Alemanha quase todo o corante de que precisava.

Problemas sociais

Um trao marcante foi o acelerado crescimento demogrfica. Havia 11 milhes de ingleses no incio do sculo XIX; em 1870, eles eram 26 milhes, graas queda da mortalidade, conseqncia do progresso da medicina e da melhoria de condies de higiene, junto com o aumento da natalidade. O xodo rural superlotou as cidades, que em 1870 concentravam 70% da populao. Londres tinha mais de 3 milhes de habitantes.

Surgiram problemas. O excesso de mo-de-obra comprimiu os salrios. Os trabalhadores viviam em subrbios miserveis. Cresceu a tenso social, e as leis se tornaram mais severas. A classe trabalhadora reagiu de diferentes formas. Primeiro, houve tentativas de greves gerais, que falharam porque os operrios no tinham condies de sustentar-se durante as paralisaes. Os sindicatos trataram de constituir-se como organizaes defensoras dos interesses de classe.

Entre 1870 e 1880, os sindicatos conseguiram para os operrios igualdade perante a lei, direito de greve, regulamentao do horrio de trabalho e a responsabilidade patronal em caso de acidente de trabalho. Outra soluo para a questo social foi a emigrao. A Inglaterra tornou-se o grande celeiro de emigrantes do sculo XIX.

No topo da sociedade, continuava a dominar a aristocracia fundiria, uma classe fechada mas receptiva chegada dos ricos burgueses, industriais ou comerciais. Desta fuso, resultava uma elite poderosa, diferenciada do ponto de vista econmico, no do nascimento.

Trajetria poltica

A partir de 1850, conservadores e liberais se alternaram no poder. Depois do governo do liberal Palmerston, preocupado com questes externas, os dois grandes lderes polticos foram: Gladstone, liberal, pacifista, religioso, e Disraeli, conservador, defensor da monarquia democrtica e da expanso do imprio.

Em 1867, Disraeli adotou uma lei eleitoral que beneficiou a Inglaterra industrial, ou seja, os setores novos da sociedade.

A questo da Irlanda

Dominada pela Inglaterra fazia sculos, a Irlanda jamais se havia deixado subjugar completamente. De lngua cltica e religio catlica (exceto no Ulster, ao nordeste), opunha-se aos ingleses que exploravam seus pequenos proprietrios e lhes tomavam as terras, em caso de atraso no pagamento de tributos. A situao se agravou na Grande Fome (1846-47), quando a Irlanda perdeu 3 milhes de habitantes, mortos ou emigrados. Um grupo de tendncias radicais dominou ento o pas.

Pela Associao Catlica, OConnel foi eleito em 1829 para o Parlamento, como representante da Irlanda. Com apoio de Gladstone, ele defendeu um governo autnomo para a Irlanda, sem resultado. Sobrevieram atentados, que o governo britnico reprimiu duramente. A sociedade secreta dos Fenianos, com apoio de emigrados nos Estados Unidos, tentou sublevar o pas em 1867. A questo continuaria pelo sculo XX afora, mesmo depois que a Irlanda conseguiu independncia parcial.

O Imprio Britnico

Os ingleses se expandiram por meios pacficos ou belicosos. No incio do sculo XX, o Imprio Britnico tinha 400 milhes de habitantes, em 35 milhes de km2 de terras na Amrica, sia, Oceania e frica.

Tornou-se importante controlar os mares. Superior a qualquer outra marinha europia, a inglesa dominava posies estratgicas no Mediterrneo, Atlntico, ndico, no sul da frica e nas rotas ndia-China e Mediterrneo-ndia.

Depois de 1815, os ingleses se haviam apossado da ndia, Egito, Sudo, Nigria, quase todo o sul africano; conquistaram e colonizaram a Austrlia e a Nova Zelndia; impuseram sua tutela Birmnia, Beluchisto, Mesopotmia e Palestina.

Os domnios

As formas de ocupao variavam, mas havia essencialmente dois tipos de colnia: as de comrcio, nos trpicos; e as de povoamento, nas regies temperadas. Os traos mais gerais do colonialismo ingls foram:

_ liberalismo econmico, em substituio ao monoplio;

_ a abolio do trfico de escravos, em 1807; _ a abolio da escravido, em 1833;

_ a autonomia considervel nas colnias em que predominava a populao branca, como no Canad.

As unidades autnomas eram chamadas domnios. Entre eles e a metrpole as relaes acabaram sendo de igual para igual, pois, com o tempo, o Imprio se transformaria em federao de Estados livres, ligados apenas por interesses econmicos: a Commonwealth, ou Comunidade das Naes.

Nas colnias de explorao comercial, o regime variava. Algumas eram administradas diretamente pelo Estado ingls e outras, confiadas a companhias que detinham algum monoplio.

A ndia um exemplo caracterstico da colonizao britnica. A conquista deu-se entre 1798 e 1849. Os ingleses respeitaram os costumes locais e construram ferrovias. Em 1857, com a revolta dos cipaios, os soldados indgenas, seguiram-se dezoito meses de combates e represlias sangrentos. Para evitar novos problemas, a Inglaterra reorganizou o pas. A Companhia das ndias perdeu seus privilgios. E funcionrios designados pelo governo britnico passaram a administrar a ndia.

A cincia e a cultura no sculo XIX

Do ponto de vista cientfico e cultural, as caractersticas dominantes no sculo XIX avanaram pelo sculo XX. Houve progressos enormes em todos os campos da cincia e numerosas invenes na fsica e na qumica. A difuso de suas aplicaes revolucionou indstria e comrcio, transformando as condies de vida.

Com o triunfo do maquinismo, a renovao dos instrumentos de produo, a reformulao dos mtodos e a concentrao empresarial, abriuse nova era para a humanidade: a era da civilizao cientfica.

O progresso cientfico

A organizao mais eficiente do trabalho acelerou o progresso cientfico. Antes, os pesquisadores eram em geral amadores. A Revoluo Francesa criou museus e escolas politcnicas, com ensino de Cincias. A aplicao dos conhecimentos estimulou novos inventos, que levaram a novas pesquisas e descobertas.

Durante a Revoluo e o Imprio surgiram na Frana matemticos ilustres, como Lagrange, Monge e Laplace. Na Fsica, os resultados mais significativos ocorreram no campo da ptica, da teoria do calor e da eletricidade. Fresnel demonstrou que a luz uma vibrao que se propaga por ondas. Carnot, estudando o rendimento das mquinas a vapor, estabeleceu os princpios fundamentais da termodinmica em 1824.

Em 1800, o italiano Volta inventou a pilha eltrica, geradora de corrente contnua. Ampre estabeleceu os princpios que tornaram possvel o desenvolvimento tcnico da eletricidade: ele formulou as leis do eletromagnetismo, demonstrando a existncia de certa identidade entre os fenmenos eltricos e magnticos, e construiu o eletrom.

O ingls Faraday descobriu as correntes de induo, fontes de inumerveis aplicaes prticas. Em 1889, o alemo Hertz mostrou que as oscilaes eltricas propagavam-se no espao atravs de ondas, como a luz. O francs Becquerel descobriu, em 1896, os fenmenos radiativos: a propriedade de certos corpos de emitir radiaes. Em 1900, Pierre Curie e sua mulher Marie, poloneses radicados na Frana, isolaram o mais poderoso corpo radiativo: o rdio.

Qumicos e naturalistas aprofundaram o conhecimento sobre a matria e a vida. Descobriram numerosos elementos qumicos, como potssio, sdio, bromo; agruparam as substncias de acordo com suas propriedades e classificaram-nas em sais, cidos e xidos, com enorme utilidade para a metalurgia. A criao da qumica orgnica enriqueceu a qumica mineral. Gay-Lussac, grande representante da escola francesa, descobriu o iodo. Os trabalhos de Berthelot derrubaram as barreiras entre qumica mineral e orgnica, trazendo solues ao problema da sntese orgnica.

Em 1833, o alemo Gauss inventou o telgrafo eltrico; o americano Morse criou o aparelho transmissor em 1835. No fim da dcada, a partir dos trabalhos de Daguerre, surgiu a fotografia.

Em Paris, o Museu de Histria Natural tornou-se centro de pesquisadores ilustres, como Cuvier, fundador da paleontologia, e Lamarck, estudioso da influncia do meio nas modificaes dos seres vivos. Em 1859, o ingls Darwin publicou Origem das Espcies, dando incio teoria evolucionista.

Claude Bernard afirmava que os fenmenos biolgicos obedeciam s mesmas leis que regiam os corpos inanimados. Para demonstrar tal teoria, usou o mtodo experimental, at ali exclusivo para fenmenos fsicos. Pasteur descobriu que a fermentao e as doenas infecciosas resultavam da ao de seres vivos, micrbios e bactrias. Isolou-os e cultivou-os artificialmente. Isto permitiu a fabricao de vacinas, importantes na preveno de doenas infecciosas.

As cincias humanas avanaram, destacadamente a Geografia e a Histria. Michelet, Guizot e Therry procuraram recriar uma imagem viva do passado; Alexis de Tocqueville salientou a importncia dos aspectos econmicos e sociais na compreenso da Histria. Com Fustel de Coulanges, a Histria adquiriu rigor minucioso: ele estudou a Glia, os capetngios e os carolngios.

Com Vidal de la Blache, a Geografia adquire novas dimenses. No campo da Psicologia, os franceses Janet e Dumas estudaram os automatismos. O estudo de doenas mentais, especialmente o de Charcot, levaram Freud explorao do inconsciente e criao da psicanlise.

A partir de Auguste Comte, pai do positivismo, a sociologia procurou determinar as leis que regem os fenmenos sociais, mostrar sua influncia sobre a mentalidade individual e as representaes coletivas, transformando a conscincia moral em imperativo dos grupos sociais - negando o sentido universal dos valores morais. Representantes desta escola foram Durkheim, autor de O Suicdio (1897), e Lvy-Bruhl.

No fim do sculo, o racionalismo estreito bateu em retirada. O francs Bergson contribuiu para tanto, com sua tese de 1889, que procurava foras vivas do pensamento, por oposio s construes artificiais da inteligncia. O alemo Nietzsche exaltou a superioridade dos valores vitais em face da cincia e da razo. O americano William James desenvolveu o pragmatismo, empirismo radical segundo o qual uma verdade uma ao que tem xito.

Tendncias literrias

O Romantismo surgiu como reao a um Classicismo acadmico e ao intelectualismo do sculo XVIII. Enfatizava o sentimento e o indivduo. Surgiu na Inglaterra, com Wordsworth, Byron, Shelley, e na Alemanha, com Goethe, Schiller e Heine; por volta de 1820 atingiu a Frana, onde teve precursores como Rousseau, Chateaubriand e Madame de Stal.

Na poesia, destacaram-se os franceses Lamartine, Victor Hugo, Musset e Vigny; no romance, Stendhal, Balzac e Dumas; no teatro, Dumas, Musset e Victor Hugo, autor de Hernani (1830). O Romantismo entrou em declnio a partir de 1850. Na poesia, triunfou a doutrina da arte pela arte, ou poesia dos parnasianos, como Leconte de Lisle, hostil exaltao dos sentimentos ntimos. Mais tarde, Baudelaire anunciaria o Simbolismo. No romance, firmava-se a corrente realista de Flaubert na Frana, Dickens na Inglaterra, Tolstoi e Dostoievski na Rssia.

A partir de 1875, a literatura apresenta duas tendncias marcantes. Sob influncia do Naturalismo, o romance acentua a relao entre indivduo e seu meio; torna-se um instrumento nas mos daqueles que pretendem estimular a reflexo sobre as condies de sua poca.

O Naturalismo punha em evidncia as preocupaes sociais do Realismo. A meta do Naturalismo era o realismo levado ao limite extremo. O romance tornava-se o processo verbal da vida, ganhava conotao pessimista, identificava-se com as tendncias socialistas. Da seu aspecto engajado, como nos textos de Zola. Seguem a mesma linha Verga na Itlia; Blasco Ibanez na Espanha; Thomas Mann na Alemanha; Thomas Hardy na Inglaterra; Mximo Gorki na Rssia.

A arquitetura

Na Frana, permaneciam traos da arte barroca, dominante durante o Imprio. O uso de ferro (Pavilho da Indstria de 1878, Torre Eiffel de 1889) no deu origem a um estilo verdadeiramente novo. Os ingleses buscavam uma arte nacional, com estilo prprio, da a importncia do tijolo vista, que recuperava o estilo Tudor.

No Salo dos Artistas Decoradores de Paris, em 1901, surgiria um esforo para a criao de uma arte decorativa aplicvel a todas as outras, da fachada do prdio aos mveis. Inspirava-se na natureza, em especial na flora, e empregava a linha curva, apropriada ao uso do ferro.

Uma revoluo resultou da inveno do concreto armado por Joseph Monnier, em 1848. Depois 'de; tentativas de definio de formas mais racionais no Teatro dos Campos Elsios, na Frana, foi na Amrica que a mistura encontrou singular aplicao. O elevado preo dos terrenos e a concentrao urbana impuseram a construo de edifcios elevados - o primeiro surgiu em Chicago, entre 1884 e 1887. Os arquitetos alemes definiram formas originais e o estilo de Munique se imps na exposio de Colnia, em 1914.

A pintura

A pintura apresentou tendncias notveis. Ela se firmou como oposio ao Academismo, iniciado no final do sculo XVI com os bolonheses Carracci. Segundo esse movimento, os artistas - deveriam inspirar-se na mitologia grega e nas histrias da Bblia, reproduzindo a vida, a natureza e o homem. Procuravam imitar os renascentistas na composio (Rafael), na cor (Ticiano) e na tcnica do claro-escuro (Da Vinci).

A pintura do sculo XIX tambm se opunha ao Neoclassicismo, que dominou a Europa em meados do sculo XVIII e que tinha muitos pontos em comum com o estilo das academias, o Academicismo. Os neoclssicos tinham paixo pela Antiguidade; afirmavam a existncia de uma forma bela, ideal, absoluta e eterna, que se encontrava sobretudo entre os escultores gregos. O exemplo da tendncia na Inglaterra foi Ingres, que pintou dipo Explica o Enigma da Esfinge. Na Frana, temos Louis David, pintor oficial do Imprio Napolenico, autor de A Morte de Marat. A pintura francesa do sculo XIX seguiu sua escola. Mas, aos poucos, a arte abandonou os temas clssicos e voltou-se para o cotidiano, mais prximo dos anseios polticos e sociais do povo.

O Romantismo logo dominou a pintura, como oposio ao Neoclassicismo. Dava cor maior expresso que ao desenho. Pregava a liberdade e orientava-se mais pelo sentimento que pela razo. Surgiram ento grandes paisagistas, como Delacroix e Corot.

Gross, autor de Os Pestilentos de Jafa, desviou-se dos ensinamentos neoclssicos de Louis David: deu s figuras maior movimento e cores mais expressivas. Mas foi Delacroix o grande pintor romntico. Sua obra mais famosa A Liberdade Guiando o Povo, em que se retrata com um fuzil nas mos em defesa da liberdade, na revolta parisiense de 1830.

Na segunda metade do sculo surge o Realismo. Os neoclssicos haviam se preocupado com o desenho, e os romnticos, com a cor. Os realistas agora centravam a ateno no equilbrio entre cor e desenho, entre emoo e inteligncia. Abandonaram temas histricos e concentraram-se em cenas dirias, inspirados pelas idias polticas dominantes. Afirmavam que ser realista no era ser exato, mas verdadeiro. Destacou-se Gustave Courbet, que, recusado pelo jri da Exposio Universal, exps em plena rua, em Paris. Marc Chagall, nascido na Rssia, foi um pioneiro do Realismo.

Ao Realismo sucedeu um movimento chamado Impressionismo. Um dos principais precursores do Impressionismo foi douard Manet. Em 1863, Manet enviou ao Salo dos Artistas Franceses a tela Almoo na Relva, que foi recusada pelo jri. O imperador Napoleo III determinou ento que fosse organizada uma exposio paralela, chamada Salo dos Recusados. A tela de Manet causou grande escndalo, mas marcou uma nova tendncia na pintura. O jornalista Louis Leroy, vendo Impresses do Sol Nascente, de Monet, acusou a ele e a seu grupo de s fazerem borres. E os chamou ironicamente de impressionistas.

Essa nova tendncia, o Impressionismo, destacava o efeito da luz solar sobre os objetos; os pintores impressionistas procuravam registrarem suas telas as constantes alteraes que essa luz provoca nas cores da natureza. Em abril de 1874, foi inaugurada a primeira exposio de obras impressionistas. Entre os expositores estavam Renoir, Degas, Pissarro, Czanne, Sisley, Monet e Morisot. O pblico reagiu negativamente diante dessas obras.

Em 1886, eles passaram a ter seu prprio salo. Em oposio aos artistas que pintavam em atelis, os impressionistas saam ao ar livre, em busca do sol e das mudanas de luminosidade na natureza. A arte da caricatura evoluiu com esse movimento; floresceu com Toulouse-Lautrec, autor de cartazes para teatro.

Em 1905, surgiu o Expressionismo, reao contra o Academismo e o Impressionismo, sob influncia do holands Van Gogh e do alemo Edvard Munch. Eles deformavam as imagens, buscando o drama interior do homem, a verdade por meio da emoo. Os expressionistas viviam o drama de cada ser humano e da sociedade: misria, infncia infeliz, vcios, injustias, angstias. Van Gogh tratou o tema magistralmente, como se pode ver no auto-retrato com a orelha cortada.

O Fovismo surgiu no mesmo ano de 1905. No Salo de Paris, Henri Matisse e outros fizeram uma exposio, na qual havia uma esttua do florentino Donatello. Um crtico francs disse que o mestre italiano estava entre fauves (feras), referindo-se s cores fortes e puras, sem mediaes, dos jovens pintores. O movimento revelava influncias de Van Gogh e Gauguin, j falecidos. Os fovistas abandonaram as regras tradicionais acadmicas, o desenho detalhado, o claro-escuro; usavam as cores de forma selvagem, realando os contornos com traos negros.

Gauguin ficou entre o Expressionismo e o Fovismo. Levou vida tumultuada e morreu na misria no Taiti. Achava importante recriar a natureza dando a cada imagem um valor simblico, que podia ser alterado e deformado. Usava cores fortes combinadas a tcnica simples.

O Cubismo surgiu em 1908. Desde 1906, Pablo Picasso e Georges Braque vinham dando novas formas representao do corpo, procurando reduzi-lo a seus elementos geomtricos bsicos. Seus quadros resultavam de partes de objetos variados da natureza, num jogo de linhas e planos. Diz-se que a tela de Picasso As Senhoritas de Avignon (1907, Paris) foi a primeira obra cubista; outros do a primazia a Braque, pela exposio de 1908 sobre temtica paisagstica.

O mesmo crtico que batizou o Fovismo chamou de cubos as paisagens de Braque. O movimento teve forte influncia sobre a produo industrial e abriu caminho para o Futurismo. Picasso, um dos maiores pintores de todos os tempos, produziu a principal obra do Cubismo: Guernica, nome da cidade bombardeada pelos alemes a pedido do ditador espanhol Francisco Franco. O desespero da populao foi representado em preto, branco e cinza, numa tela de 8 x 3,5 metros. Um documento de dor da Humanidade.

As bases do Futurismo foram lanadas num manifesto assinado pelo escritor italiano Filippo Marinetti. Exigia a destruio do passado e a glorificao do futuro. Seus temas eram multides, fbricas, arsenais, pontes, locomotivas, avies, motores. Na pintura, tal como no cinema, as imagens aparecem dinamizadas pela repetio, como o clebre Co, de Bala. Os futuristas queriam transmitir situaes tensas, em constante mutao, em oposio aos cubistas.

Em 1910, surge o Abstracionismo, resultado da evoluo da pintura de Kandinsky, inicialmente fovista e acadmico. Para ele, um quadro retratava um estado de esprito, no era a mera representao de objetos. A fora das cores expressaria o sentimento. Formas e cores eram seus ritmos e sons. O abstracionismo de Kandinsky era sensvel, mais ligado aos sentimentos, enquanto o de Mondrian era geomtrico, matemtico.

Escultura

Auguste Rodin paira como grande nome da escultura. Com O Beijo, Os Burgueses de Calais e sobretudo O Pensador, influenciou decisivamente a evoluo da escultura francesa e mundial. Preocupava-se com a misria humana, a grandeza herica da Humanidade, seus sonhos.

Msica

A escola romntica alem dominou a msica. Na primeira gerao, destacam-se Schubert e Beethoven; na segunda, Schumann, Mendelssohn, Chopin e Berlioz; na terceira, Liszt e Wagner; Brahms representou o retorno ao Classicismo. Os italianos Verdi e Puccini produziram peras imortais. Faur, Debussy e Ravel brilharam na Frana e marcam uma renovao. Na Rssia, Rimsky-Korsakov seguiu uma linha desligada de influncias ocidentais, enquanto Tchaikovsky permaneceu ligado msica clssica. O austraco Schnberg trouxe tona a msica atonal.

A musicalidade e a nostalgia dos negros americanos deu origem a uma msica nova, destinada a fazer sucesso em todo o mundo contemporneo: o jazi. Sua origem se localiza nas canes de trabalho, work-songs; nos cantos religiosos, spirituals e gospel-songs; e nos blues, cantos melanclicos no-religiosos. A primeira banda surgiu em Nova Orleans em 1912. O jazz penetrou em Chicago em 1914 e em Nova York em 1917.

Cinema

A partir de 1882, as experincias com movimentao de imagens fotogrficas prepararam o advento do cinema. Os irmos franceses Lumire e o americano Thomas Edison realizaram as primeiras projees cinematogrficas. Os Lumire projetaram o primeiro material filmado, em 1895.

Das cenas reais, passou-se filmagem de temas sentimentais e histricos com atores, em minsculos estdios. Em 1912, surgiu a sincronizao entre a pelcula e o fongrafo, antecipando o cinema falado. A futura stima arte se expandiria nos Estados Unidos. O Nascimento de uma Nao, de Griffith, criador das tcnicas de montagem, foi um marco na histria do cinema como forma de arte e entretenimento. Rapidamente, Hollywood se tornou a fbrica de sonhos, geradora de celebridades populares em todo o mundo. Mary Pickford, Theda Bara, Charles Chaplin e Rodolfo Valentino, eis apenas alguns dos grandes nomes do cinema em seus primrdios.

Imperialismo

Introduo

Diante do crescimento de suas economias, Inglaterra, Frana, EUA, Alemanha e posteriormente o Japo iro adotar o protecionismo em seus pases e uma poltica agressiva no plano mundial como forma de conquistar novos mercados.

Iniciava-se a corrida imperialista. Ocorrida a partir da segunda metade do sculo XIX, os pases imperialistas dominaram a Amrica Latina, a sia e a frica.

O imperialismo, que uma conseqncia das transformaes capitalistas ocorridas com a concentrao monopolista e financeira, foi a soluo para a crise do capitalismo de 1873-93.

Apesar de trazer nova vitalidade ao sistema, significou a opresso e a misria das reas coloniais dimanadas e a competio acirrada entre as potncias.

Inmeros foram os conflitos, apesar dos tratados assinados para a ocupao das reas novas. Dentre eles destaca-se o da conferncia de Berlim(1855). Nele, seus signatrios definiram as normas para a navegao, ocupao e utilizao de mo-de-obra na Costa Ocidental da frica.

A partilha desigual e a necessidade crescente de mercados, entretanto, aumenta a tenso entre as potncias, cujo pice ser a ecloso da Primeira Guerra.

Motivaes

A principal motivao do imperialismo foi a necessidade de investir os capitais e a produo de excedentes. A anarquia da produo e os altos lucros dos monoplios eram incompatveis com os baixos salrios, o que trouxe a estagnao e a crise econmica.

Outro fator era o interesse pelas matrias-primas estratgicas, prprias da indstria naquele momento, concentradas fora da Europa, como era o caso dos minerais, petrleo e borracha.

O interesse em encurtar as distncias e fortalecer as posies incentivou a conquista de pontos estratgicos, como foram os casos dos canais do Panam(EUA) e Suez(Frana/Inglaterra)

Mecanismo de Dominao

A constante dominao foi a violncia e a coero. Como exemplo pode-se citar o Big Stick(Grande Porrete) e a poltica Canhoneira.

O Big Stick foi a poltica intervencionista dos EUA, iniciada por Theodore Roosevelt(1901-1909). Destacaram-se neste momento as intervenes a Cuba e Nicargua.

A Poltica Canhoneira

Foi a presso blica dos EUA e Inglaterra sobre o Japo.(EX.: Congo[Blgica])

No foi apenas com a fora bruta que os imperialistas exerceram a sua dominao. Lanaram mo tambm de mecanismos de dominao e convencimento sofisticados, que acabaram se tornando doutrinas at hoje vigentes e defendidas. Dentre elas destacamos:

- Darwinismo Social: Elaborada pelo filsofo ingls H. Spencer, afirmava que a teoria da evoluo de Darwin podia ser aplicada sociedade. A luta pela sobrevivncia entre animais correspondia concorrncia capitalista. A seleo natural garantia a existncia do capitalismo e da cultura mais apta e superior.

- Destino Manifesto: Poltica expansionista baseada no princpio calvinista. Forte nos EUA, afirma o papel deste pas como o responsvel pela ordem e a democracia na Amrica Latina. O imperialismo apontado como uma misso. Seus principais ideais morais, religiosos, humanitrios e cientficos so mostrar o imperialismo como forma de levar os benefcios da civilizao superior, a salvao; ou ento transform-lo em expedio cientfica(momento de valorizao da Antropologia e da Geografia como Cincias do Homem e da Natureza).

Conseqncias do Imperialismo

Do imperialismo resultou a transformao do equilbrio mundial. O crescimento metropolitano no correspondia extenso colonial. No incio do sculo XX, por exemplo, a Alemanha era a segunda superpotncia mundial, entretanto, seu imprio colonial era insignificante. Tal situao gerou insatisfao.

As relaes entre as potncias tornaram-se mais tensas, acirrando nacionalismo e a corrida armamentista e gerando conflitos que levaram primeira Guerra Mundial.

Conflitos Imperialistas

- Nos Balcs, regio com fronteiras e nacionalismos em conflito. Com o esfacelamento do Imprio Turco, controlador da regio, inicia-se a luta pelo controle da regio - ponto estratgico de sada para o Mediterrneo - que envolver nacionalistas(srvios), e os imperialismos russo e austraco.

- Alemanha e Franca pelo controle do Marrocos e por litgios de fronteiras na Europa(Alsrcia e Lorena).

- Gr-Bretanha e Frana pelo controle do canal de Suez. Importncia estratgica, pois controla a sada da Europa para o Oriente(1875-1880).

- Rssia e Japo pelo controle do Oriente(1905).

- EUA e Espanha, que deu ao primeiro o controle de Cuba, Filipinas e Porto Rico(1898).

Colinialismo do Sculo XIX(Neocolonialismo)

- Motivos

* A busca de mercados consumidores, depois da grande expanso industrial.

* Estabelecimento de pontos estratgicos na sia e na frica.

* Crescimento demogrfico na Europa.

* Procura de matria-prima barata; petrleo, ferro, algodo, mangans, cobre e trigo.

* Grande desenvolvimento das comunicaes, facilidade das viagens martimas.

Neste novo imperialismo, que se implanta a partir de 1870, iriam de sobressair a Inglaterra e Frana, inicialmente. Mas, como afirma BURNS, "se algum merece o ttulo de pai do novo imperialismo, esse homem provavelmente Leopoldo II, da Blgica, que em 1876 tomou posse do rico territrio do rio Congo, na frica".

Depois que conseguiram resolver seus problemas internos(Guerras de unificao) Alemanha e Itlia entraram tambm na corrida colonialista. Assim, com atraso, no conseguiram grandes territrios. A Inglaterra foi o maior imprio colonial do mundo no sculo XIX.

- A reao das colnias

Em alguns pontos a prpria reao da populao ou governos dos territrios cobiados pelas potncias europias servia como pretexto para uma implantao mais segura do imperialismo. So exemplos disto:

1) A guerra dos Beres(frica)

Uma revolta dos sul-africanos(descendentes dos primeiros colonos holandeses) contra os estrangeiros deu motivos Inglaterra para conquistar as repblicas do Transvaal e Orange.

2) Revolta dos Cipaios(ndia)

Os CIPAIOS eram os soldados nativos das tropas inglesas da companhia das ndias. Os ingleses jamais os promoviam e os missionrios tentavam convert-los ao Bramanismo. O motivo aparente da revolta foi o fato de os ingleses engraxarem suas armas com sebo de vaca, animal sagrado para eles. Foram dominados e a Inglaterra se fortificou cada vez mais na ndia.

3) Guerra do Boxeres(China)

Foi um movimento de resistncia aos estrangeiros com depredaes, stios das ligaes de Pequim, morticnios e incndios. Foi promovido por uma organizao secreta, a "Sociedade dos Punhos Unidos"(BOXERES). Mas uma fora expedicionria internacional, composta de ingleses, franceses, alemes, russos, japoneses e americanos sufocou a rebelio.

Neocolonialismo - Introduo Processo de explorao econmica e dominao poltica estabelecido pelas potncias capitalistas emergentes ao longo do sculo XIX e incio do sculo XX, que culmina com a partilha da frica e da sia, Colonizao da frica e da sia). A disputa por novos mercados envolve Reino Unido, Frana e Blgica, primeiras potncias industrializadas; Alemanha e Estados Unidos, que conhecem o apogeu industrial e econmico a partir de 1870; e Itlia, Rssia e Japo, que ingressavam na via da industrializao.

Os pases industrializados necessitavam encontrar territrios ricos em matrias-primas para abastecer suas economias e novas regies para investir o capital excedente. Alm das colnias comerciais, as colnias de assentamento deveriam atender aos problemas de crescimento populacional e de fornecimento de mo-de-obra numerosa e barata. As inovaes tecnolgicas decorrentes da segunda Revoluo Industrial e a explorao de novas fontes de energia aumentam a capacidade de produo das indstrias outro fator que fora a busca de novos mercados.

Revoluo Industrial : novas necessidades

A Frana instala-se no norte e em vrios pases da frica, na Indonsia e na Indochina. A Inglaterra domina a ndia, ocupa o Egito, a China e estabelece colnias na frica negra. A Rssia avana na Sibria, no Cucaso e na China. A Blgica ocupa o Congo (atual Zaire); a Alemanha, grande parcela da frica negra. O Japo instala-se na Coria (ver Coria do Sul e Coria do Norte), em parte da China e na Indochina. Os EUA dominam Cuba, Porto Rico, Filipinas, Samoa, Guam e Hava.

A partilha da frica

As novas metrpoles instalam companhias privadas nas colnias para explorar o seu territrio e desenvolvem um sistema administrativo fortemente centralizado nas mos de colonos.

Africanos acorrentados e dominados pelos europeus

Os conflitos gerados pelos interesses colonialistas, em choque pela conquista e manuteno de mercados associados, levam 1 Guerra Mundial (1914-1918). A partir da 2 Guerra Mundial (1939-1945), os movimentos de libertao nacional nas naes asiticas e africanas do incio ao processo de descolonizao da sia e da frica.

Mapa mostrando a partilha da sia

protetorado :- de protetor, s. m., apoio dado por uma nao a outra menos poderosa; pas que beneficia desse apoio.Colnia :-do Lat. Colnia, s. f., conjunto de emigrantes que vo estabelecer-se em pas estranho; grupo de trabalhadores que, saindo da sua provncia, vo estabelecer-se e trabalhar noutra, dentro do pas; Bot., Zool., agrupamento de indivduos da mesma espcie; por ext. territrio ultramarino pertencente a determinada metrpole; grupo de indivduos que se deslocam, de modo a atingirem a mesma finalidade como seja o trabalho, o divertimento, o descanso (colnia balnear, colnia de frias), o cumprimento de uma pena (colnia prisional).

Faroeste

Por volta do ano de 1840, comeou a colonizao da parte oeste dos Estados Unidos da Amrica. A rea de que falamos vai desde o rio Mississipi at s Montanhas Rochosas.

Sabes porque que se chama "faroeste"?

Porque vem do ingls, far west, que significa "oeste longnquo"!

Esta parte oeste dos EUA era chamada "terra de ningum" ou "oeste selvagem". A paisagem era muito agreste com montanhas e plancies de deserto, povoadas pelas vrias tribos de ndios.

Os "peles vermelhas", como eram conhecidos os ndios, viviam em tendas e eram nmadas.

O homem branco, ao querer apoderar-se de novas terras - que na verdade eram dos ndios - acabou por os expulsar dos seus territrios, depois de os ameaar e lutar com eles.

Naquela altura, os "brancos" achavam que a sua raa, hbitos e costumes eram superiores a tudo e eram os nicos que estavam certos. Combater, matar, destruir os ndios parecia-lhes certo, pois, tal como acontecera com a raa negra, nem eram considerados "pessoas".

Naturalmente, os ndios no gostaram de ser roubados do que era seu - e de todos, sem ser de ningum: a Natureza, segundo aquilo em que acreditavam - por isso que atacavam os pioneiros que os tratavam como inimigos a abater.

Haviam vrias tribos de ndios: Navajo, Apache, Ps-Pretos (Blackfoot), Cheyenne, Utah, Dacotas, entre muitas outras.

Alguns, claro, eram mais violentos do que outros e os seus costumes chocavam os "invasores".

Sabias que os ndios chamavam "Caras Plidas" aos pioneiros e aos brancos, em geral?

Os pioneiros dirigiam-se em grandes caravanas para o longnquo e distante oeste.

Eles pretendiam refazer a sua vida naquela zona da Amrica do Norte, principalmente como lavradores. Mas no era s isso: havia notcias de que no oeste havia muito ouro!

Nas caravanas, viajavam famlias inteiras: as mulheres e as crianas iam em carroas muito compridas e os homens seguiam a cavalo, ao seu lado. As carroas transportavam ainda todos os bens da famlia, armas, ferramentas e mantimentos.

Muitos deles eram imigrantes vindos da Europa. Durante a viagem, enfrentavam diversos perigos, como ataques dos ndios, tempestades, pragas de insectos e matilhas de lobos. Apesar de invasores, tambm sofriam muito...

Quando encontravam um stio ideal, desbravavam o local, construam vilas ou aldeias grandes com habitaes de madeira, faziam plantaes de cereais e hortas.

Nas cidades, construam casas, hotis, saloons (os bares), bancos e tudo o que faz falta vida em comunidade.

Para alm das cidades, os colonos construam ranchos, que eram grandes propriedades. Nestas reas, faziam criao de gado, cavalos e grandes plantaes, principalmente de milho.

Nas cidades, a tradio de Hollywood criou muitos filmes com aventuras entre cowboys e ndios, xerifes e fora-da-lei, soldados, pioneiros, jogadores e tudo o mais que possas imaginar.

Claro que era tudo bastante exagerado e curioso ver que os ndios, nos filmes mais antigos so quase sempre maus, mas nos filmes mais actuais j so tratados com alguma justia, fazendo-nos ver tambm o lado deles.

Muitos filmes e livros foram inspirados nas histrias verdadeiras do Faroeste. J deves ter visto e lido muita coisa deste gnero, sempre com aventuras emocionantes!

Os primeiros responsveis pelo avano do homem branco na direo do Oeste norte-americano foram os exploradores Lewis e Clark, naturais da Virgnia e ex-oficiais do exrcito. Foram eles que, entre os anos de 1804 e 1805, percorreram mais de 1.600 km no rio Missouri. Partiram de Saint Louis, na atual divisa entre Illinois e Missouri, atravessaram a regio hoje correspondente a esse estado, passaram por um pequeno trecho do Kansas, seguiram pela rea hoje situada na divisa entre Iowa e Nebraska, atravessaram Dakota do Sul e Dakota do Norte, quebrando esquerda para cortar todo o atual estado de Montana, transpor as Montanhas Rochosas, atravessar Idaho e Oregon at atingir o oceano Pacfico na regio da atual localidade de Fort Clatsop.

Meriwether Lewis era secretrio particular do presidente dos EUA, Thomas Jefferson, e William Clark seu assistente na herica expedio integrada por quarenta e trs homens e trs barcos, que em determinados trechos de corredeiras tiveram que ser penosamente arrastados por terra durante mais de um ms. Atravessaram os territrios de diversas tribos indgenas, como os Oto, os Missouri, os Sioux e os Arikara, mas no foram molestados em nenhum instante pelos ndios, estabelecendo sempre contatos amigveis com troca de presentes e mantimentos. Os mapas e os levantamentos topogrficos efetuados pela dupla, bem como o enorme interesse suscitado pelos relatos da expedio, em muito contriburam para impulsionar a ocupao do Oeste pelos brancos.

A Conquista do Oeste

A expanso para Oeste no poderia ter ocorrido se Jefferson no houvesse comprado a Louisiana da Frana em 1803, aproveitando-se da circunstncia de que Napoleo necessitava urgentemente de dinheiro para financiar suas guerras de conquista. Assim, despendendo apenas 11,25 milhes de dlares, os EUA conseguiram duplicar seu territrio anexando uma gigantesca rea que depois de dividida viria a dar origem a 13 novos estados.

Jefferson demonstrou invulgar tirocnio e invejvel capacidade de antecipao, pois pouco tempo depois, na dcada de 1840, a populao, que no incio do sculo XIX era de apenas sete milhes de habitantes, j havia chegado casa dos trinta milhes (sobretudo em virtude da imigrao europia), necessitando, portanto, de terra para se acomodar. Recente levantamento indica que, entre 1800 e 1914, 60% de todos os imigrantes europeus que cruzaram o Atlntico se fixaram nos Estados Unidos, provando que ele tinha razo em buscar a ampliao do territrio. O problema que Jefferson queria mais. Muito mais... Seu sonho era anexar o Canad e o Alasca e depois descer rumo Patagnia, transformando as trs Amricas numa nica e triunfante Amrica sob a gide dos EUA.

Tanta nsia por terra fez com que os ndios norte-americanos sofressem o primeiro grande baque com o Removal Act de 1830, com o qual o Congresso ordenava o deslocamento das naes Cherokee, Creek, Choetaw, Chickasaw e Seminole, dando assim foros oficiais a um processo j deflagrado pelos prprios colonos. Assim, na dcada de 1840, puderam se intensificar as expedies migratrias rumo ao Oeste to exploradas por Hollywood, algumas das quais terminaram de forma desastrosa. Como aquela liderada por Donner que, aps ficar isolada durante terrvel inverno, fez com que seus integrantes apelassem para o canibalismo. Na vertente oposta, a expedio mrmon de 1847, perfeitamente organizada e conduzida, redundou na ocupao do Utah, estado at hoje de maioria mrmon. Os primeiros colonos vinham em pesados carroes que atravessavam lenta e penosamente o pas em caravanas integradas por centenas de pessoas. Depois surgiram os trens, cujos trilhos se espalharam pela terra agreste quais cicatrizes nas costas de um guerreiro, assinalando de modo inequvoco e doloroso que nada mais seria como antes, quando os deuses ainda viviam perto dos homens, e um bravo podia atravessar a pradaria a galope cavalgando um mustang com a velocidade do vento. Empregadas no como instrumento de migrao e sim como meio de transporte rpido e corriqueiro entre cidades, imperavam depois as stagecoaches (diligncias), to apreciadas pelos bandos de fora-da-lei que infestavam as poeirentas estradas do Velho Oeste.

De incio os ndios aceitaram os brancos de bom grado. Contudo, quando estes comearam a chegar aos milhares, tomando conta e cercando suas reas de caa, invadindo seus locais sagrados, os conflitos se tornaram inevitveis. Em 1830, o presidente Jackson obrigou os ndios a se fixarem a oeste do rio Mississpi, assegurando que os brancos se manteriam distantes deste territrio. Mas logo os brancos desrespeitaram esse limite e foram tomando fora as terras dos ndios, at que o prprio governo criou o conceito de Direito Manifesto, ratificado pela Lei de Preempo de 1860 (ou direito de preferncia) segundo a qual os brancos poderiam se estender por todo o continente concedido pela Providncia para o livre desenvolvimento dos nossos habitantes.

Culturas em conflito

Os ndios receberam bem os primeiros brancos porque reverenciavam a terra e julgavam inadmissvel a sua posse, mas os brancos pensavam de modo inteiramente diferente, reivindicando a posse da terra e conspurcando-a de todas as formas. Abatiam florestas inteiras para aproveitar a madeira ou para alcanar veios de carvo, escavavam o subsolo para extrair suas riquezas e ocupavam reas gigantescas com a criao de gado.

Para acelerar a ocupao do Oeste, o governo concedeu enormes extenses de terra s ferrovias, e os ndios logo identificaram nestas um inimigo poderoso, conforme deixou bem claro em dramtico apelo feito em setembro de 1867 o chefe Cauda Pintada: O Pai Grande tem feito estradas que alcanam leste e oeste. Essas estradas so a causa de todos os nossos problemas... O territrio onde vivemos est cheio de brancos. Toda nossa caa foi embora. Tenho sido amigo dos brancos e sou agora... Se pararem com suas estradas poderemos pegar nossa caa. Esse territrio do rio Powder pertence aos Sioux... Meus amigos, ajudem-nos; tenham piedade de ns.

A caa foi, desde sempre, a fonte principal de subsistncia da maioria dos ndios norte-americanos e, com o avano dos brancos, no houve como preservar os hbitos ancestrais, pois a atuao predadora dos colonos dizimava manadas inteiras de bfalos. Com efeito, conforme denunciou Dee Brown em seu excelente Enterrem meu corao na curva do rio: Dos 3.700.000 bfalos destrudos de 1872 a 1874, s 150.000 foram mortos pelos ndios. Quando um grupo de preocupados texanos perguntou ao general Sheridan se nada iria ser feito para deter a matana indiscriminada dos caadores brancos, ele respondeu: Deixem-nos matar, esfolar e vender at que o bfalo tenha sido exterminado, pois esse o nico modo de conseguir paz duradoura e permitir civilizao progredir'. Nos dias de hoje, quando a conscincia ecolgica um fato universal, o conceito de civilizao do general Sheridan faria sorrir, se no fizesse antes chorar. Sobretudo quando se sabe que os caadores, interessados unicamente nas peles, abandonavam milhares de carcaas de bfalos nas pradarias, criando um cenrio de ptrida e dantesca desolao que entristecia e revoltava os ndios que, tradicionalmente, aproveitavam de forma racional todas as partes dos animais: a carne, o tutano e a gordura consumidos na alimentao, as peles e o couro usados na confeco de roupas, mocassins e tendas, o plo empregado em cintos e cordas, enquanto os chifres eram aproveitados para a feitura de colheres e copos. Como muito bem demonstrou Dee Brown em seu formidvel ensaio, os verdadeiros selvagens na histria da conquista do Oeste eram os brancos e no os ndios. Por sinal, conforme observou seu tradutor para o portugus, Geraldo Galvo Ferraz, a contribuio de Brown foi essencial: O resultado [da publicao do seu livro] foi fulgurante. Aps Enterrem meu corao na curva do rio a opinio pblica voltou-se para o ndio. Uma avalanche de livros e filmes (Pequeno grande homem e Seven Arrows, por exemplo) realizou a tardia reviso histrica da epopia da conquista do Oeste'.

A histria do Oeste em grande parte a histria da evoluo das armas de fogo. Quando teve incio a marcha para o interior dos Estados Unidos ainda se usavam as carabinas de um nico tiro, alimentadas pela boca. Mas a Guerra de Secesso transcorrida entre 1861 e 1865 acelerou a produo de todos os tipos de armamentos ditos de repetio, capazes de efetuar diversos disparos sem necessidade de recarga a cada tiro. Quando empregadas contra os ndios, armados de arcos e flechas, lanas e tomahawks (a caracterstica machadinha de guerra) estes no tinham a menor chance, tombando aos milhares. Entre as armas leves, se destacava absoluto o revlver Colt calibre 44, o preferido dos pistoleiros profissionais. Entre os rifles, os mais importantes eram o Springfield calibre 30 empregado pelo exrcito, e o Winchester calibre 44 de uso generalizado entre os civis. Alm destas armas leves, portteis, o exrcito costumava atacar as aldeias indgenas com armas de grosso calibre, como os canhes Hotchkiss, capazes de lanar cargas explosivas a mais de trs quilmetros de distncia.

O genocdio dos ndios foi a crnica de uma morte anunciada que nem mesmo os mais bem-intencionados conseguiam deter. O desespero impotente dos lderes indgenas foi explicitado de forma eloqente pelo j citado Cauda Pintada, dos Sioux Bruls, em 1865: Esta guerra no surgiu aqui em nossa terra; esta guerra foi trazida at ns pelos filhos do Pai Grande [o presidente dos EUA] que vieram tomar nossa terra sem pedir preo e que, em nossa terra, fizeram muitas coisas ms.

O Pai Grande e seus filhos culpam-nos por estes problemas... Nossa vontade era viver aqui, em nossa terra, pacificamente, e fazer o possvel pelo bem-estar e prosperidade do nosso povo, mas o Pai Grande encheu-a de soldados que s pensavam na nossa morte. Parece-me que h um caminho melhor que esse. Quando povos entram em choque, melhor para ambos os lados reunirem-se sem armas e conversar sobre isso e encontrar algum modo pacfico de resolver.

A confrontao dessa fala de Cauda Pintada e, de modo geral, a fala de todos os grandes chefes ndios com as do general Sheridan evidencia um quadro inverso daquele que o Western clssico pintou.

Longe de serem os monstros sanguinrios desdenhosamente apelidados de focinhos vermelhos, os ndios eram respeitosos da natureza e da vida humana, enquanto os brancos no cessaram de dar reiteradas provas de selvageria. Alm da j citada passagem, na qual ele estimulava a extino do bfalo como mecanismo para implantao da civilizao, o general Sheridan retrucou ao Comanche Tosawi, quando este se apresentou como um bom ndio: Os nicos ndios bons que j vi estavam mortos. Essa fala cruel e cnica marcou poca, tornando-se um clebre aforismo sob a frmula: O nico ndio bom um ndio morto.

A ocupao do Oeste foi incrementada aps o fim da Guerra de Secesso, em virtude de um plano governamental de fomento agricultura que levou ao surgimento de conflitos entre os pecuaristas, acostumados a criar o gado livre, e os homesteaders (os lavradores) que tinham suas plantaes invadidas pelo gado. Surgiram ento as primeiras cercas de arame, j que a construo de cercas inteiramente em madeira era demasiado cara. O problema que o arame utilizado se rompia durante o frio excessivo do inverno, alm de no oferecer um obstculo suficientemente dissuasivo para o gado. Diversos tipos de arame farpado apareceram neste perodo, at que, em 1873, um fazendeiro de Kalb, Illinois, Joseph Glidden conseguiu a soluo definitiva ao conceber a idia de dispor as farpas ao longo de dois fios de arame retorcidos. Obteve sua patente no ano seguinte e o Glidden's Patent Steel Barb Fence Wire acabou se tornando o grande facilitador da ocupao definitiva do Oeste americano. Com sua inveno, os magnficos horizontes antes incomensurveis e majestticos das pradarias sem fim foram encolhendo, se apequenando e se fracionando para se ajustar s dimenses das concesses padres de 160 acres concedidos aos homesteaders .

Esses colonos foram descritos por Paulo Perdigo, em Shane, como gente pacata, de meia-idade, com mulheres e filhos, no lidam com armas e temem violncia, so simpticos, alegres, comunicativos, amigos de seus amigos. Querem cultivar a terra, constituir famlia, construir cidades, igrejas, escolas e leis. Muito mais do que o vaqueiro errante, o fora-da-lei, ou o xerife, entidades mticas e emblemticas do Western sempre portando o peculiar chapu de cowboy desenhado por John Stetson foi esse tipo de colono cordato e trabalhador, o verdadeiro construtor do Oeste americano. Graas a eles, aos poucos foram surgindo pequenas localidades em meio a um nmero considervel de propriedades rurais, como a minscula Winterset, fundada em 1849, onde o culto do cavalo exacerbado a ponto de ali, ainda hoje, ser possvel jogar bilhar sem apear, em estabelecimentos nos quais as montarias podem penetrar livremente. Nesta pequena localidade do Iowa nasceu, a 26 de maio de 1907, Marion Morrison, filho de um farmacutico que se tornaria um dos mitos maiores do cinema de Western sob o pseudnimo de John Wayne.

O resgate de uma herana cultural

Em 1828 o advogado George Catlin estava na Filadlfia quando se deparou com um grupo de ndios em visita cidade. O fascnio exercido pela viso destes nativos com suas belas roupagens fez com que ele dedicasse boa parte da dcada seguinte a pint-los in loco em suas aldeias ou nas pradarias quando se dedicavam caa. O priplo de Catlin foi impressionante, se desdobrando entre as reas correspondentes aos atuais estados do Wisconsin, Minnesota, Oklahoma, Arkansas, Dakota e Montana. O importante conjunto de pinturas que reuniu teve seu valor artstico e antropolgico reconhecido ainda no sculo XIX, ao ser incorporado ao acervo do Smithsonian American Art Museum na dcada de 1870. Dois outros pintores tambm focalizaram favoravelmente os ndios neste perodo, o aquarelista alemo Karl Bodmer, que os retratou em seus locais de origem, ao integrar a comitiva de um prncipe alemo em visita aos EUA, e Charles Bird King, sediado em Washington, que retratou os ndios em visita capital federal para tratar de seus problemas no Congresso.

George Catlin tambm escreveu longamente sobre a cultura indgena, tratada por ele em uma dezena de livros, entre os quais o clssico North American Indians . Entre 1823 e 1841, porm com preocupaes mais romanescas do que documentais, James Fenimore Cooper escreveu suas Leather-Stocking Novels que, apesar de empenhadas em construir o mito da epopia norte-americana a partir do olhar do homem branco, tambm contriburam para chamar a ateno sobre a cultura indgena, em particular O ltimo dos Moicanos . Entre fins do sculo XIX (1898) e incio do sculo XX (1930), quem mais se empenhou em valorizar e divulgar a cultura indgena foi o fotgrafo Edward Sheriff Curtis, autor de vastssima srie de fotografias depois reunidas em 40 imponentes livros (congregando um total de 2.228 imagens), sob o patrocnio do banqueiro Pierpoint Morgan. Quando iniciou seu trabalho, na dcada de 1890, muitos dos costumes indgenas haviam sido abandonados ou esquecidos, o que o levou a efetuar em muitos casos o papel de pesquisador e recuperador de tradies perdidas, encomendando a confeco de roupas, adereos e utenslios para empreg-los em suas fotografias. Essas imagens, impregnadas do mais puro lirismo e da mais profunda nostalgia, constituem um inigualado rquiem artstico que em muito contribuiu para que os ndios passassem a ser vistos com outros olhos, depois de um sculo de devastadores mal-entendidos.

Foi o cinema, no entanto, o veculo ideal para a reavaliao do conflituoso relacionamento entre os imigrantes europeus e os ndios norte-americanos, passando primeiro de uma viso preconceituosa para uma abordagem irrestritamente pr-indgena, que tem em Dana com lobos, de Kevin Costner, um dos exemplos mais eloqentes. Mas essa outra histria. Uma histria que A. C. Gomes de Mattos conta admiravelmente em Publique-se a lenda: a histria do Western.

A Guerra de SecessoH 140 anos comeava a Guerra de Secesso nos Estados Unidos, envolvendo o norte industrial e abolicionista contra o sul agro-exportador e escravista. Com um saldo de 600 mil mortos, considerada a primeira guerra moderna da histria e a maior guerra civil do sculo XIX.

INTRODUO : A INDEPENDNCIAA criao de uma Repblica Presidencialista e Federalista, pela constituio norte-americana de 1787, concedia autonomia para cada Estado decidir por seu destino em vrios aspectos, inclusive no tocante mo-de-obra. Nesse sentido, nem a independncia dos Estados Unidos e nem a Constituio, iro alterar a condio de vida da populao negra nos Estados sulistas, que permanece majoritariamente escrava.

Essa estagnao do sul (atual sudeste), representada por uma economia agro-exportadora com base no latifndio escravista, contrastava-se cada vez mais com o desenvolvimento do norte (atual nordeste), industrial e abolicionista, tornando-se num futuro prximo, um entrave para o desenvolvimento capitalista dos Estados Unidos.

ANTECEDENTES DA GUERRAO intenso crescimento territorial dos Estados Unidos na primeira metade do sculo XIX, acompanhado de um rpido aumento da populao, com muitos imigrantes europeus atrados pela facilidade de adquirir terras, tornava ainda mais flagrante, o contraste entre o desenvolvimento do norte e o atraso do sul.

No norte, o capital acumulado durante o perodo colonial, criou condies favorveis para o desenvolvimento industrial cuja mo-de-obra e mercado, estavam no trabalho assalariado. A abundncia de energia hidrulica, as riquezas minerais e a facilidade dos transportes contriburam muito para o progresso da regio, que defendia uma poltica econmica protecionista. J o sul, de clima seco e quente permaneceu atrasado com uma economia agro-exportadora de algodo e de tabaco, baseada no latifndio escravista. Industrialmente dependente, o sul era franco defensor do livre-cambismo, caracterizando mais um contraponto com a realidade do norte.O Acordo de Mississipi em 1820 proibia a escravido acima do paralelo 36o40'. Em conseqncia, o presidente Monroe, que assinara o tratado, foi homenageado com a denominao de "Monrvia", para capital do Estado da Libria, fundado na frica em 1847, para receber os escravos libertados que quisessem voltar sua terra. Em 1850 foi firmado o Compromisso Clay, que concedia liberdade para cada Estado da federao decidir quanto ao tipo de mo-de-obra.Em 1852, Harriet Beecher Stowe publicou a romance abolicionista A Cabana do pai Toms, que vendeu 300 mil cpias s no ano de sua edio, sensibilizando toda uma gerao na luta pelo abolicionismo. Dois anos depois surgia o Partido Republicano, que abraou a causa do abolicionismo. Em 1859, um levante de escravos foi reprimido na Virgnia e seu lder John Brow foi enforcado, transformando-se em mrtir do movimento abolicionista. No ano seguinte, o ex-lenhador que chegou a advogado, Abraham Lincoln, elegeu-se pelo novo Partido Republicano. O Partido Democrata, apesar de mais poderoso, encontrava-se dividido entre norte e sul, o que facilitou a vitria de Lincoln, um abolicionista bem moderado que estava mais preocupado com a manuteno da unidade do pas. Em campanha Lincoln teria afirmado que "Se para defender a Unio eu precisar abolir a escravido, ela ser abolida, mas se para defender a Unio eu precisar manter a escravido, ela ser mantida". Apesar da questo do escravismo ser apenas secundria para Lincoln, o mesmo era visto pelos latifundirios escravistas do sul como um verdadeiro revolucionrio.

Sentindo-se ameaados pelo abolicionismo, em 20 de dezembro de 1860 iniciava-se na Carolina do Sul um movimento separatista, que seguido por outros seis Estados, reuniu-se no Congresso de Montgomery no Alabama, decidindo pela criao dos "Estados Confederados da Amrica". A secesso estava formalizada com um novo pas nascendo no sul. Os estados do norte e do Oeste reagiro dizendo que o sul no tinha o direito de separar-se e formar um outro pas. Iniciava-se assim em 1861 a maior guerra civil do sculo XIX, a Guerra de Secesso, tambm conhecida como "Guerra Civil dos Estados Unidos" ou ainda como "Segunda Revoluo Norte-Americana", que se estendeu at 1865 deixando um saldo de 600 mil mortos.

A GUERRA Enquanto o sul possua apenas 1/3 dos 31 milhes de habitantes do pas, dos quais mais de trs milhes eram escravos, e contava apenas com uma fbrica de armamentos pesados, o norte j contava com pelo menos trs fbricas de armas bem mais modernas, um slido parque industrial, uma vasta rede ferroviria e uma poderosa esquadra. Mesmo com esse contraste totalmente desfavorvel, foi o sul que lanou a ofensiva, criando uma nova capital - Richmond - e elegendo para o governo Jefferson Davis, que a 12 de abril de 1861 atacou o forte de Sunter. Se inicialmente o conflito mostrava algumas vitrias do Sul, que instituiu o servio militar obrigatrio e convocou toda populao para a guerra, com o prolongamento do conflito, o norte ia consolidando sua vitria.

Para fortalecer o norte, Lincoln extinguiu a escravido nos Estados rebeldes em 1862 e prosseguiu incentivando o expansionismo, atravs da promulgao do Homestead Act, que fornecia gratuitamente 160 acres a todos aqueles que cultivassem a terra durante cinco anos. No mar o norte tambm demonstrava toda sua supremacia com os couraados, modernas embarcaes que surgiram nessa guerra e foram responsveis pelo decisivo bloqueio naval imposto sobre o sul. A abolio efetiva da escravido s ocorreu em 31 de janeiro de 1865. Aps trs meses, o general sulista Robert Lee oficializava o pedido de rendio ao general nortista Ulisses Grant. Alguns dias depois o presidente Abrahan Lincoln era assassinado pelo fantico ator sulista John Wilkes Booth.

A Guerra de Secesso considerada a primeira guerra moderna da histria, fazendo surgir os fuzis de repetio e as trincheiras, que iro marcar de forma mais acentuada, a Primeira Guerra Mundial entre 1914 e 1918. As novas tcnicas tornam obsoletos o sabre e o mosquete, fazendo da a luta corpo a corpo uma forma de combate cada vez mais intil.

DESDOBRAMENTOS Com um saldo de 600 mil mortos e o sul devastado, a guerra radicalizou a segregao racial surgindo associaes racistas como Ku-Klux-Klan, fundada por brancos racistas em Nashville no ano de 1867, com o objetivo de impedir a integrao dos negros como homens livres com direitos adquiridos e garantidos por lei aps a abolio da escravido. O trao caracterstico de seus membros era o uso de capuzes cnicos e longos mantos brancos, destinados a impedir o reconhecimento de quem os usava. A intimao contra os negros atingia tambm em menor escala brancos que com eles se simpatizavam, alm de judeus, catlicos, hispnicos e qualquer indivduos contrrio segregao racial. A prtica de terror dava-se desde desfiles seguidos por paradas com manifestaes racistas, at linchamentos, espancamentos e assassinatos, passando ainda por incndios de imveis e destruio de colheita.Com o trmino da guerra, a recuperao econmica dos Estados Unidos foi fulminante, sendo facilitada pela abundncia de recursos naturais e por uma extensa rede de transporte fluvial e ferrovirio, j estava presente nos Estados Unidos desde o final do sculo XIX, quando surgiram gigantescos conglomerados, representando o processo de concentrao industrial mais conhecido como truste, que criou verdadeiros oligoplios atuando nos mais variados setores da indstria de bens durveis de consumo, como ao, petrleo e borracha, destacando-se a Ford, a General Motors e a Chrysler, como tambm a Firestone e a Goodyear.O expansionismo da economia norte-americana pelo mundo, tornava-se cada vez mais inevitvel sob a tica da nova etapa que caracterizava o capitalismo no final de sculo XIX: o imperialismo, que nos Estados Unidos foi evidenciado pela poltica do Big Stick - "Fale macio, carregue um grande porrete e ir longe" - adotada pelo presidente Theodore Roosevelt em 1901. Na Amrica Central o intervencionismo norte-americano evidenciava-se com construo do canal do Panam, visando a ligao do Atlntico com o Pacfico, e com uma emenda na constituio de Cuba (emenda Platt), que assegurou aos Estados Unidos o direito de intervir na recm independente nao caribenha. Destacam-se posteriormente outras intervenes, como na Repblica Dominicana (1905), na Nicargua (1909), no Mxico (1914), no Haiti (1915), alm da compra das Ilhas Virgens Ocidentais Dinamarca em 1916.

Considerada a maior guerra civil do sculo XIX, a Guerra de Secesso foi vital para o desenvolvimento capitalista dos Estados Unidos, pois somente com o seu trmino criou-se no pas um mercado unificado, baseado no modelo industrial nortista, representando assim, o primeiro grande passo para o avano capitalista, que levar os Estados Unidos condio de principal potncia hegemnica do mundo no sculo XX.

A revoluo industrial

A inveno da mquina a vapor e sua aplicao produo na Inglaterra do final do sculo 18 introduzem no mundo uma nova concepo do trabalho e marcam o incio da transio do regime feudal para o capitalismo

O uso do vapor nas mquinas d incio s grandes transformaes nas oficinas, que convertem-se em fbricas. Surgem a locomotiva e o barco a vapor, revolucionando os transportes

As inovaes modificam completamente a estrutura comercial da poca, provocando profundas e rpidas mudanas de ordem econmica, polti