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Segurança e Saúde no Trabalho da Construção:experiência brasileira e panorama internacional

Jófilo Moreira Lima JúniorAlberto López-ValcárcelLuis Alves Dias

Organização Internacional do TrabalhoEscritório no Brasil

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Copyright © Organização Internacional do Trabalho (2005)1ª edição (2005)

As publicações da Secretaria Internacional do Trabalho gozam da proteção dos direitos autorais sob o Protocolo 2 daConvenção Universal do Direito do Autor. Breves extratos dessas publicações podem, entretanto, ser reproduzidos semautorização, desde que mencionada a fonte. Para obter os direitos de reprodução ou de tradução, as solicitações devem serdirigidas ao Serviço de Publicações (Direitos do Autor e Licenças), International Labour Office, CH-1211 Geneva 22, Suíça.Os pedidos serão bem-vindos.

Lima Júnior, Jófilo MoreiraSegurança e saúde no trabalho da construção: experiência brasileira e

panorama internacional / Jófilo Moreira Lima Júnior, Alberto López-Valcárcel,Luis Alves Dias.

Brasília : OIT - Secretaria Internacional do Trabalho, 2005.72 p.(Série Documentos de Trabajo; 200).

ISBN 92-2-817838-8ISBN 92-2-817839-6 (web pdf)

1. Segurança no Trabalho. 2. Saúde no Trabalho. 3. Indústria da Construção. 4. Brasil. I. López-Valcárcel, Alberto. II. Dias, Luis Alves. III. Título.

13.04.2

As designações empregadas nas publicações da OIT, segundo a praxe adotada pelas Nações Unidas, e a apresentação dematerial nelas incluídas não significam, da parte da Secretaria Internacional do Trabalho, qualquer juízo com referência àsituação legal de qualquer país ou território citado ou de suas autoridades, ou à delimitação de suas fronteiras.A responsabilidade por opiniões expressas em artigos assinados, estudos e outras contribuições recai exclusivamente sobreseus autores, e sua publicação não significa endosso, pela Secretaria Internacional do Trabalho, das opiniões ali constantes.Referências a firmas e produtos comerciais e a processos não implicam aprovação pela Secretaria Internacional do Trabalho,e o fato de não se mencionar uma firma em particular, produto comercial ou processo não significa desaprovação.As publicações da OIT podem ser obtidas nas principais livrarias ou no Escritório da OIT no Brasil: Setor de EmbaixadasNorte, Lote 35, Brasília - DF, 70800-400, tel.: (61) 2106-4600, ou no International Labour Office, CH-1211. Geneva 22, Suíça.Catálogos ou listas de novas publicações estão disponíveis gratuitamente nos endereços acima, ou por e-mail:[email protected] nossa página na Internet: www.oit.org/brasilia

Revisão / Tradução: Edilson Alkmim Cunha (5561) 3367-2389Catalogação na Fonte: Marcia Aquino (5561) 3328-2589

Impresso no BrasilEstação Gráfica - www.estagraf.com

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Apresentação

Aconstrução é um dos setores de atividade eco- nômica que mais absorve acidentes de trabalho

e onde o risco de acidentes é maior. De acordo comas estimativas da OIT, dos aproximadamente 355 milacidentes mortais que acontecem anualmente no mun-do, pelo menos 60 mil ocorrem em obras de construção.

O tema da segurança e saúde na construção é relevantenão só por se tratar de uma atividade perigosa, mas tam-bém, e sobretudo, porque a prevenção de acidentes detrabalho nas obras exige enfoque específico, tanto pelanatureza particular do trabalho de construção comopelo caráter temporário dos centros de trabalho (obras)do setor. Essa circunstância ganhou destaque com aadoção pela OIT, em 1988, da Convenção 167 so-bre segurança e saúde na construção.

A ação do programa Safework da OIT, em matériade segurança e saúde na construção, que se baseiana colaboração com os países na formulação, exe-cução e reexame periódico das políticas e dosprogramas de ação nessa área, propicia: (a) a consi-deração da indústria da construção como uma dasprioridades das políticas nacionais de segurança esaúde no trabalho; (b) a incorporação do tema dasegurança e saúde no trabalho nas políticas nacionaisde desenvolvimento da indústria da construção; (c) aespecificidade da ação setorial em matéria de segu-rança e saúde no trabalho da construção, e (d) aparticipação de trabalhadores e empregadores daconstrução, e de suas organizações, no campo dasegurança e saúde no trabalho.

A criação, no Brasil, em 1995, do ComitêPermanente Nacional (CPN) e dos ComitêsPermanentes Regionais (CPRs) sobre Condições eMeio Ambiente de Trabalho na Indústria da

Construção situou o setor de construção como umadas prioridades nas políticas e programas nacionaisde SST no país e representou, ao mesmo tempo,avanço significativo em matéria de tripartismo eimportante referência em nível internacional.

Nos últimos anos, a OIT vem realizando diversasações no campo de segurança e saúde na constru-ção na América Latina, principalmente nos paísesandinos. No âmbito do projeto Promoção da Segu-rança e Saúde na Construção nos Países doMERCOSUL e Chile, patrocinado pelo Ministério doTrabalho da Espanha, ampliou-se também, em 2003,a cooperação nessa área nos países do Cone Sul.

No caso particular do Brasil, as atividades do Projetoconcentraram-se, em colaboração com aFUNDACENTRO, na realização de uma série de jor-nadas internacionais de segurança e saúde na construçãonas diversas regiões do país. Voltadas especialmentepara o fortalecimento dos CPRs, essas jornadas ressal-taram especialmente as seguintes questões: (a) discussãoe avaliação da interessante experiência tripartite brasi-leira em matéria de segurança e saúde na construção;(b) promoção dos dois importantes instrumentos, da OIT,de aplicação nesse campo: Convenção nº 167, sobre se-gurança e saúde na construção, de 1988, e diretrizes sobreSistemas de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho,ILO-OSH 2001 e (c) análise da experiência da UniãoEuropéia nesse campo, como referência para possívelação conjunta dos países do MERCOSUL.

Com estrutura semelhante à utilizada nas jornadasinternacionais, a presente publicação dividi-se em trêscapítulos, nos quais se aborda o tema da segurança esaúde na construção a partir de três diferentesperspectivas.

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Em primeiro lugar, o engenheiro Jófilo Moreira Lima,diretor do Programa de Engenharia de Segurança naIndústria da Construção, da FUNDACENTRO,analisa o caso do Brasil, documentando especialmen-te a experiência tripartite nesse campo.

No segundo capítulo, o engenheiro Alberto López-Valcárcel, coordenador da área de segurança e saúdena construção do Programa Safework da OIT, em

Genebra, apresenta o panorama internacional e ocritério da OIT sobre o tema.

Por último, o engenheiro Luis Alves Dias, professordo Instituto Superior Técnico da Universidade Téc-nica de Lisboa, examina o caso da União Européia,estudando especialmente a experiência européia emmatéria de coordenação e de planejamento da segu-rança e saúde na construção.

Laís AbramoDiretoraOIT Brasília

Jukka TakalaDiretorSafework OIT Genebra

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CAPÍTULO I - Segurança e Saúde no Trabalho na Indústria da Construção no BrasilLista de Abreviaturas ......................................................................................................................... 91. Características do Setor ................................................................................................................ 112. Ações em Segurança e Saúde no Trabalho na Indústria da Construção ........................................... 14

2.1. Ação de Organizações Empresariais Realizada por Meio das Instituições ................................ 142.2. Ação de Organizações Sindicais Realizada por Meio das Instituições ...................................... 152.3. Ação Governamental Realizada por Meio das instituições

do Ministério do Trabalho e Emprego – MTE ........................................................................ 162.4. Comitês Tripartites .................................................................................................................. 172.5. Ação nas Empresas ................................................................................................................ 17

3. Normatização em Segurança e Saúde na Indústria da Construção .................................................. 183.1. Norma Regulamentadora nº 18 .............................................................................................. 183.2. Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção .................. 19

4. Experiência Tripartite ..................................................................................................................... 214.1. Congressos Nacionais ............................................................................................................ 224.2. Encontros Nacionais de CPRs ............................................................................................... 234.3. Experiência do Comitê Permanente Regional sobre Condições

e Meio Ambiente do Trabalho na Indústria da Construção daParaíba (CPR-PB) .................................................................................................................. 23

4.4. Programa de Trabalho na Indústria da Construção da Delegacia Regional do Trabalho de São Paulo ........................................................................ 24

4.5. Programa Nacional de Eliminação da Silicose (PNES) ........................................................... 245. Conclusões e Recomendações ...................................................................................................... 25Anexo 1: Resumo da Normatização Brasileira na Área de Segurança

e Saúde no Trabalho na Indústria da Construção ............................................................... 27Anexo 2: Relação da Literatura Técnica Elaborada pelos Atores do Sistema Tripartite ........................ 27Anexo 3: Relação dos Principais Vídeos Produzidos pela FUNDACENTRO

Relacionados com a Indústria da Construção....................................................................... 30Anexo 4: Ações em Nível Nacional na Indústria da Construção ......................................................... 31Bibliografia ......................................................................................................................................... 33Sites ................................................................................................................................................... 34

Índice

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CAPÍTULO II - Panorama Internacional da Segurança e Saúde no Trabalho de Construção1. Dimensão do Problema ................................................................................................................. 372. Planejamento e Coordenação: Dois Imperativos da SST na Obra .................................................. 403. Necessidade de Enfoque Específico .............................................................................................. 414. Dono da Obra, Projetista, Manutenção e Uso da Obra Concluída ................................................. 415. Critério da OIT ............................................................................................................................. 426. Crescente Interesse pelos Sistemas de Gestão. As ILO-OSH 2001 ............................................... 437. Enfoque de Sistema na Gestão da SST em Nível Nacional ............................................................. 448. Consideração Final ........................................................................................................................ 45Bibliografia ......................................................................................................................................... 47

CAPÍTULO III - Segurança e Saúde no Trabalho da Construção na União Européia1. Introdução ..................................................................................................................................... 512. Nova Abordagem da Diretriz Canteiros sobre SST4.....................................................................53

2.1. Tarefas, no Âmbito da SST, dos Intervenientes no Processo de Construção ............................ 532.1.1. Dono da Obra e a SST ................................................................................................ 542.1.2. Coordenadores de Segurança e Saúde e a SST ............................................................ 542.1.3. Autor do Projeto e a SST ............................................................................................ 552.1.4. Empreiteiros e a SST ................................................................................................... 552.1.5. Trabalhadores e a SST ................................................................................................. 552.1.6. Nota Final ..................................................................................................................... 56

2.2. Coordenação de Segurança e Saúde ..................................................................................... 562.2.1. Coordenação de Segurança e Saúde na Fase de Projeto ............................................... 582.2.2. Coordenação de Segurança e Saúde na Fase de Construção ........................................ 60

2.3. Novos Documentos de Prevenção de Riscos Profissionais ..................................................... 622.3.1. Comunicação Prévia ..................................................................................................... 622.3.2. Plano de Segurança e Saúde ........................................................................................ 632.3.3. Plano de Intervenções Posteriores ................................................................................ 66

3. Implementação da Diretriz Canteiros e Estratégias para a Melhoria da SST da Construção ............. 673.1. Campanha Européia da Construção 2003 .............................................................................. 683.2. Semana Européia sobre Segurança e Saúde no Trabalho da Construção 2004 ......................... 693.3. Estratégia Global da União Européia sobre SST ..................................................................... 70

4. Conclusões .................................................................................................................................... 70Referências ........................................................................................................................................ 72

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CAPÍTULO I

Segurança e Saúde no Trabalho na Indústria da Construção no Brasil

Jófilo Moreira Lima Júnior

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ANEOR – Associação das Empresas de Obras RodoviáriasBEAT – Boletim Estatístico de Acidente do TrabalhoCAT – Comunicação de Acidentes de TrabalhoCBIC – Câmara Brasileira da Indústria da ConstruçãoCESIC – Comitês de Estudo da Sílica na Indústria da ConstruçãoCGIL – Confederazione Generale del LavoroCGT – Central Geral dos TrabalhadoresCIPA – Comissão Interna de Prevenção de AcidentesCNI – Confederação Nacional da IndústriaCNTI – Confederação Nacional dos Trabalhadores na IndústriaCPN – Comitê Permanente Nacional sobre Condições e

Meio Ambiente do Trabalho na Indústria da ConstruçãoCPR – Comitê Permanente Regional sobre Condições e

Meio Ambiente do Trabalho na Industria da ConstruçãoCRT – Comissão de Relação de TrabalhoCTN – Centro Técnico NacionalCTPP – Comissão Tripartite Paritária PermanenteCUT – Central Única dos TrabalhadoresD.O.U. – Diário Oficial da UniãoDATAPREV – Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência SocialDF – Distrito FederalDIEESE – Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos SocioeconômicosDIESAT – Departamento Intersindical de Estudos e

Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de TrabalhoDRT – Delegacia Regional do TrabalhoDSST – Departamento de Segurança e Saúde do TrabalhoEPI – Equipamento de Proteção IndustrialENIC – Encontro Nacional da Indústria da ConstruçãoFUNDACENTRO – Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do TrabalhoGTT – Grupo de Trabalho TripartiteIBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e EstatísticaINSS – Instituto Nacional do Seguro SocialINST – Instituto Nacional de Saúde no TrabalhoMTE – Ministério do Trabalho e EmpregoNR-18 – Norma Regulamentadora sobre Condições e

Meio Ambiente do Trabalho na Indústria da ConstruçãoNR-4 – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho

Lista de Abreviaturas

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NR-5 – Comissão Interna de Prevenção de AcidenteNRs – Normas Regulamentadoras da Portaria 3.214, de 8/6/1978PBQP – Programa Brasileiro de Qualidade e ProdutividadePCMAT – Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da ConstruçãoPCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde OcupacionalPNES – Programa Nacional de Eliminação da SilicosePPRA – Programa de Prevenção de Riscos AmbientaisPROESIC – Programa Engenharia de Segurança na Indústria da ConstruçãoRTP – Recomendações Técnicas de ProcedimentosSDS – Social Democracia SindicalSECONCI – Serviço Social da Indústria da ConstruçãoSENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem IndustrialSESI – Serviço Social da IndústriaSESMT – Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do TrabalhoSINAENCO – Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia ConsultivaSINDUSCON – Sindicatos da Indústria da Construção CivilSINICON – Sindicato Nacional da Indústria da Construção PesadaSIT – Secretaria de Inspeção do TrabalhoSSST – Secretaria de Segurança e Saúde no TrabalhoSST – Segurança e Saúde no Trabalho

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1. Características do setor

Numa visão macrossetorial, a indústria da construçãopode ser classificada em três setores distintos: cons-trução pesada, montagem industrial e edificações.

A construção pesada compreende as seguintes cate-gorias: obras viárias, obras hidráulicas, obras deurbanização e obras diversas. Podemos considerarque as principais atividades desse setor compreen-dem, sobretudo, a construção de pontes, viadutos,contenção de encostas, túneis, captação, adução, tra-tamento e distribuição de água, redes coletoras deesgoto, emissários, barragens hidrelétricas, dutos eobras de tecnologia especial como usinas atômi-cas, fundações especiais, perfurações de poços depetróleo e gás.

O setor de montagem industrial compreende a cate-goria de obras de sistemas industriais. Resumidamente,temos: montagens de estruturas mecânicas, elétricas,eletromecânicas, hidromecânicas, montagem de sis-tema de geração, transmissão e distribuição deenergia elétrica, montagem de sistemas de telecomu-nicações, montagem de estruturas metálicas,montagem de sistema de exploração de recursos na-turais e obras subaquáticas.

As edificações, objeto principal do nosso trabalho,compreendem a construção de edifícios residenciais,comerciais, de serviços e institucionais, construção deedificações modulares verticais e horizontais eedificações industriais. As empresas que seautoclassificam nessa área podem ainda exercer tra-balhos complementares e auxiliares, reformas edemolições.

Nos trabalhos de edificação, os serviços são normal-mente executados por subempreitada, contratando-seempresas especializadas nas diversas etapas da obra.Suas peculiaridades, entre outras, são altos índices de

rotatividade de pessoal, baixa qualificação profis-sional, duração das obras, porte das empresas, etc.

Além desses três setores, pode-se dizer que há ou-tro setor de serviços especiais e/ou auxiliares queengloba atividades bastante diferenciadas, dentre asquais se destacam, além de projetos, consultoriasdiversas em qualidade, meio ambiente, segurança dotrabalho, entre outras.

O segmento da construção é determinante para o de-senvolvimento sustentado da economia brasileira. Noano de 2000, o setor foi responsável por 15,6% doPIB nacional e empregou 3,63 milhões de pessoas.

A dimensão territorial do Brasil e o tamanho da suapopulação determinam alto potencial de crescimen-to, principalmente, no ramo das edificações.

A cadeia produtiva possuía, em 1998, 204.855 em-presas distribuídas da seguinte forma:

a) 115.939 em edificações;b) 10.811 em construção pesada;c) 1.660 em montagem industrial;d) 76.445 em empreiteiros e locadores de mão-

de-obra.

Não estão incluídas as empresas de materiais deconstrução. Quanto ao número de empregos, temosa seguinte distribuição:

a) diretos: 3,63 milhões;

b) indiretos: 2,17 milhões;c) induzidos: 7,83 milhões;

d) total: 13,63 milhões.

Verifica-se, assim, que cada 100 empregos diretosgeram 275 (indiretos e induzidos).

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O déficit habitacional, em 1995, era de 5,5 milhõesde moradias.

Os dados do IBGE, de 2003, mostram que o PIBda construção teve queda de 8,6%, puxando parabaixo o PIB do país, que fechou o referido períodocom o índice de -0,2%.

Esses indicadores mostram retração no setor. Deacordo com o Sindicato da Indústria da ConstruçãoCivil do Rio de Janeiro, o comportamento evolutivodo PIB da construção, nos últimos anos, aponta ape-nas resultados negativos: -2,60% em 2001, e-2,52%, em 2002. A dimensão desses números é ain-da mais grave, quando se considera que essesegmento respondia por cerca de 20% de PIB na-cional, empregando, em média, três milhões detrabalhadores formais. Em 2004, deve haver apro-ximadamente 1,5 milhão de empregados em todoo país.

Com relação ao perfil da mão-de-obra do setor daconstrução civil, gostaríamos de destacar o trabalhodesenvolvido pelo SESI - Departamento Nacional,denominado "Projeto SESI na Construção Civil" -composto de dois subprojetos - Diagnóstico da Mão-de-obra do Setor da Construção Civil e Operaçãode Serviços em Canteiros de Obra no Distrito Fede-ral que teve como objetivo geral compreender ascaracterísticas e a dinâmica de trabalho no setor,identificando estratégias e mecanismos de interven-ção por parte do SESI.

Os principais resultados desse Projeto são os seguintes:

1) Baixa qualificação:

72% dos trabalhadores pesquisados nuncafreqüentaram cursos e treinamentos.

80% possuem apenas o 1º grau incompleto e20% são completamente analfabetos.

2) Elevada rotatividade no setor:

56,5% têm menos de um ano na empresa e47% estão no setor há menos de cinco anos.

3) Baixos salários:

50% dos trabalhadores ganham menos de doissalários mínimos (SM).

Média salarial: 2,8 SM.

É um dos setores industriais que paga os maisbaixos salários.

4) Altas carências sociais:

Educação:

- Alto índice de absenteísmo causado, sobre-tudo, por problemas de saúde (52% faltaramao trabalho no mês anterior à pesquisa).

- Absenteísmo: um entre cinco trabalhadores.

- 14,6% dos trabalhadores sofreram algumtipo de acidente de trabalho no ano anterior àcoleta dos dados, o que significa um universode aproximadamente 148 mil pessoas ou21,3% do total de trabalhadores acidentadosno Brasil.

Alcoolismo:

- ingerem bebida alcoólica: 54,3%,

- abusam: 15%,

- dependente: 4,4%.

O DIEESE elaborou, em março de 2001, estudosetorial - "A Reestruturação Produtiva na ConstruçãoCivil" (Resenha DIEESE - Estudos Setoriaisnº 12) - que, além de informações de âmbito nacional,contém dados comparativos de seis regiõesmetropolitanas: São Paulo, Porto Alegre, Recife,Salvador, Belo Horizonte e Distrito Federal.Relacionamos, a seguir, alguns dados do estudo:

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a estrutura de ofícios marca a dinâmica de tra-balho no setor: mestres, pedreiros e serventesdividem hierarquicamente o canteiro de obras;

em São Paulo, 42,6 % dos trabalhadores daconstrução civil são pedreiros e ganham emmédia R$ 595,00 mensais. Outros 19,5%são serventes, que ganham em média,R$ 313,00, sempre em valores atualizadospara março de 2000;

baixa taxa de escolarização é também umacaracterística do setor. Em Recife, osocupados na construção civil têm, emmédia, cinco anos de estudo, e 16,1% sãoanalfabetos;

é visível uma forte tendência para a utiliza-ção de sistemas construtivos baseados napré-fabricação de elementos antes produ-zidos no próprio canteiro, transformando oprocesso de construção em sistemas demontagem;

na ótica dos trabalhadores, o processo deterceirização já não é simples tendência masuma realidade no setor. Significa preca-rização, sob o eufemismo da "flexibilização"das condições de trabalho, perda de rendae dificuldade de fiscalização por parte dosindicato.

Dos dois trabalhos citados, entendemos que a pre-venção de acidentes e doenças na indústria daconstrução deve priorizar formação profissional,motivação dos trabalhadores para melhor percepçãodos riscos, melhoria do sistema de informação volta-do para a sua cultura regional e combate aoanalfabetismo. Todos os fatores apresentados con-tribuem, de forma significativa, para o elevado índicede acidentes, principalmente os graves e fatais.

Os dados sobre acidentes de trabalho utilizados noBrasil são provenientes do Ministério da PrevidênciaSocial e se referem ao conceito definido naLei 8.213/91 e no Decreto 3.048/99. O total dos aci-dentes de trabalho registrados corresponde ao númerode acidentes cujos processos foram abertos adminis-trativa e tecnicamente pelo INSS. Esses dados sãoprovenientes da CAT, registrados nos vários postos dainstituição em nível nacional e se classificam em:

Típicos: aqueles que acontecem na exercício dotrabalho ou que decorrem da extensão do conceitoinserido na Lei 8.213/91;

Trajeto: aqueles que acontecem no percurso entrea residência e o trabalho;

Doença do trabalho: que incluem tambémdoenças profissionais.

Número de Acidentes e Doenças do Trabalho no Brasil

* Dados de 1999 e 2000, conforme última revisão da Previdência divulgada em setembro de 2002.** Dados de 2001 são preliminares e estão sujeitos a correções.

Fonte: BEAT, INSS. A partir de 1996 os dados foram extraídos da CAT – Comunicação de Acidentes de Trabalho e SUB – Sistema Único de Benefício, desenvolvidos pela Dataprevque processa as informações provenientes dos postos de benefícios. A Previdência enfatiza que os dados são parciais, estando sujeitos a correções.

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Número de acidentes de trabalho registrados na indústria da construção no período de 1997/2001

Fonte: DATAPREV, SUB, SINTESE. Nota: As diferenças porventura existentes entre soma de parcelas e totais são provenientes de arredondamento.

De acordo com o quadro apresentado de acidentesde trabalho no Brasil, observamos uma redução de32,6% no número de acidentes fatais nos últimosquatro anos, mesmo com o crescimento dainformalidade no trabalho. Considerando o setor for-mal, ou seja, a cerca de apenas um terço da massatrabalhadora do país, a queda no número de morteem função do trabalho foi de 3.793, em 1998, para2.557, em 2001.

Na indústria da construção, o percentual de aciden-tes sobre o total de acidentes no Brasil caiu de 27,18,em 1976, para 7,54, em 1998.O número de aciden-tes fatais vem diminuindo, de 448 em 1998, para 337,em 2001.

O MTE, por meio do PBQP (Programa Brasileiro deQualidade e Produtividade - Meta Mobilizadora daÁrea Trabalho), teve como uma de suas metasmobilizadoras, a partir de 1998, a redução de 40%da taxa de acidentes fatais decorrentes do trabalho,no prazo de cinco anos.

Como estratégia para alcançar a meta da área traba-lho, o Programa articula integrantes de diversasentidades fora do Governo, como sindicatos, asso-ciações patronais e de trabalhadores, e de setorespúblicos como Ministério da Previdência e Assistên-cia Social, Ministério da Saúde, Ministério do

Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior eMinistério do Meio Ambiente.

2. Ações em segurança e saúde no trabalho naindústria da construção

As principais ações na área de segurança e saúde notrabalho na indústria da construção, no sistematripartite no Brasil (patronal, trabalhadores e Governo),são as seguintes:

2.1. Ação de organizações empresariais rea-lizada por meio das instituições abaixorelacionadas:

Confederação Nacional da Indústria - CNI;

Serviço Social da Indústria - SESI;

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial -SENAI;

Serviço Social da Indústria da Construção Civil -SECONCI;

Câmara Brasileira da Indústria da Construção -CBIC;

Sindicatos da Indústria da Construção Civil -SINDUCON.

A organização patronal tem a CBIC, que congregatodos os SINDUSCONs dos estados, participa do

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CPN e dos CPRs e promove anualmente o Encon-tro Nacional da Indústria da Construção - ENIC, queaborda a temática de SST por meio da Comissão deRelação do Trabalho.

O SESI é uma organização dirigida por um Departa-mento Nacional e 27 departamentos regionais quecobrem todas as unidades federadas. Atuam nas áreasde educação, lazer e saúde do trabalhador.

Na área de SST, o SESI tem um diversificado qua-dro de profissionais (442 médicos do trabalho, 70engenheiros de segurança, 136 técnicos de seguran-ça do trabalho e 32 enfermeiros do trabalho), alémde 427 fonoaudiólogos que se encarregam,principalmente, da realização de examesaudiométricos de trabalhadores.

O SENAI tem uma estrutura semelhante à do SESI,isto é, um Departamento Nacional e departamentosregionais em todas unidades da Federação.

A atuação do SENAI na construção civil vem se in-tensificando desde a década de 70, com a formaçãode centenas de trabalhadores para o Programa Inten-sivo de Preparação de Mão-de-Obra e o ProgramaConstrução Civil. Com as mudanças conjunturaisocorridas no setor, a partir da década dos 80, oSENAI vem adequando suas ações e diversificandosuas formas de atendimento, buscando relação maispróxima e individual com as empresas, mediante autilização de unidades móveis. Na década dos 90,passou a atuar em parceria com o empresariado, sin-dicatos, instituições de pesquisa e comunidades,tendo como eixos principais questões da qualidade,produtividade e segurança.

Em 1995, foram publicados pelo Departamento Na-cional do SENAI três importantes documentos:

- Características Estruturais do Setor

- O SENAI e a Construção Civil

- Políticas e Estratégias do SENAI para a Cons-trução Civil

No período de novembro/90 a janeiro/91, o Depar-tamento Nacional do SESI desenvolveu o “ProjetoSESI na Construção Civil”, culminando com a publi-cação de dois importantes documentos:

Diagnóstico da Mão-de-Obra do Setor daConstrução Civil;

Operação de Serviços em Canteiros de Obrano DF.

O SECONCI foi criado para atender especificamenteao segmento da construção. É uma entidade sem finslucrativos, que tem por objetivo a qualidade de vidados trabalhadores da construção civil, bem como suasaúde e bem-estar. Mantém-se com a contribuiçãomensal obrigatória das empresas de construção civil,de um por cento sobre a folha de pagamento, nos ter-mos de uma Convenção Coletiva de Trabalho.

O primeiro a ser criado foi em São Paulo em, 24/3/64, e funcionam atualmente outros SECONCIs noRio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, SantaCatarina, Manaus, Distrito Federal, Goiânia eEspírito Santo.

Além dos trabalhos desenvolvidos nas áreas de Me-dicina, Odontologia e Educação, o SECONCIorganiza palestras nos canteiros de obras, promovecampanhas de caráter educativo e preventivo e pro-gramas de saúde e segurança (PCMSO, PPRA ePCMAT).

2.2. Ação de organizações sindicais realizada pormeio das instituições abaixo relacionadas:

Confederação Nacional dos Trabalhadores daIndústria - CNTI;

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Sindicatos dos Trabalhadores da Indústria daConstrução;

Instituto Nacional de Saúde no Trabalho –INST, da Central Única dos Trabalhadores –CUT;

Departamento Intersindical de Estudos e Pes-quisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho -DIESAT – das Centrais Sindicais.

A organização dos trabalhadores inclui a CNTI quecongrega alguns sindicatos de trabalhadores e outrosvinculados à CUT, Força Sindical, Central Geral dosTrabalhadores - CGT ou Social DemocraciaSindical - SDS.

O DIESAT é uma entidade, sem fins lucrativos, cria-da para assessorar trabalhadores(as) e o movimentosindical em questões relativas a saúde coletiva, saú-de do trabalhador, condições e ambiente de trabalho,legislação em saúde e segurança do trabalhador emeio ambiente.

O INST/CUT foi criado a partir de convênio decooperação firmado entre a CUT e ConfederazioneGenerale del Lavoro – CGIL, que, por meio de seuorganismo para a cooperação internacional, ProgettoSviluppo, intermediou o financiamento junto aoGoverno italiano.

Em atividade desde outubro de 1990, o INST é oórgão de assessoria técnica e política da CUT para aárea de saúde, condições de trabalho e meio ambi-ente, com atuação nas áreas de documentação,formação, publicação, estudos e pesquisas.

Desenvolve projetos em nível nacional e internacionalvoltados para as categorias profissionais e ramos deatividade, buscando contribuir para o fortalecimentodas ações e da organização dos trabalhadores, desdeos locais de trabalho, para intervir nas condições

ambientais e na organização dos processos detrabalho, visando a prevenção de acidentes e doençase a promoção da saúde.

2.3. Ação governamental realizada por meio dasseguintes instituições do Ministério do Trabalhoe Emprego – MTE:

Departamento de Segurança e Saúde no Tra-balho – DSST;

Delegacia Regional do Trabalho – DRT;

Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurançae Medicina do Trabalho – FUNDACENTRO.

A representação governamental tem aFUNDACENTRO que desenvolve estudos e pes-quisas e atua na indústria da construção por meio doPROESIC (Programa Engenharia de Segurança naIndústria da Construção) que vem trabalhando emprojetos e atividades na indústria da construção pormeio do Centro Técnico Nacional (CTN) e de suasunidades descentralizadas instaladas em onze estadosda Federação e no Distrito Federal.

Os principais trabalhos realizados são:

Implantação e participação em CPRs e CPN;

organização de congresso nacional e semináriosregionais;

Cursos e treinamentos para dirigentes sindicais,operadores de elevadores de obras, concepçãoe gerenciamento do PCMAT;

Produção de filmes educativos;

Pesquisas sobre implementação da instalaçãoda rede como medida de proteção pararedução de quedas em edificações verticais,estudos e pesquisas sobre dispositivos paraelevadores de obras e bancada de serra circulardesmontável em madeira;

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Publicações técnicas sobre dados estatísticose recomendações técnicas de procedimentos.

Além desses trabalhos, a equipe do PROESIC fazrotineiramente consultas técnicas, palestras em even-tos e dá pareceres sobre os avanços tecnológicos nosetor. É importante destacar que os projetos desen-volvidos pela FUNDACENTRO na indústria daconstrução são definidos a partir das discussões en-volvendo o corpo técnico e com base na demandaapresentada pela comunidade (vide Anexo 4).

O DSST que, na atual estrutura do MTE, substitui aSSST (Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho)e está subordinado à SIT (Secretaria de Inspeção doTrabalho), é o órgão responsável pela normatização epela política de atuação de segurança e saúde das DRTsque fiscalizam os ambientes de trabalho.

A SIT coordena a CTPP para a definição de temas epropostas que tenham como objetivo a revisão ouelaboração de regulamentação na área de segurançae saúde no trabalho e normas gerais relacionadas comas condições de trabalho.

2.4. Comitês tripartites:

- Comissão Tripartite Paritária Permanente –CTPP;

- Comitê Permanente Nacional sobre Condiçõese Meio Ambiente do Trabalho na Indústria daConstrução – CPN;

- Comitês permanentes regionais sobrecondições e meio ambiente do trabalho naindústria da construção – CPR, instalados nasunidades da Federação.

O CPN e os CPRs foram criados em 1995 quando dareformulação da NR-18 e vêm atuando na maioria dosestados, incentivando estudos e debates com vista aoaperfeiçoamento permanente da norma, participando e

propondo campanhas de prevenção de acidentes edoenças ocupacionais na indústria da construção.

A composição atual do CPN é a seguinte:

Bancada dos empregadores

CBIC, CNI, Associação Nacional das Empresas deObras Rodoviárias – ANEOR, Sindicato Nacional daIndústria da Construção Pesada – SINICON e Sin-dicato Nacional das Empresas de Arquitetura eEngenharia Consultiva – SINAENCO.

Bancada do governo

DSST/MTE, DRT e FUNDACENTRO

Bancada dos trabalhadores

CUT, CGT, Força Sindical, CNTI e SDS

2.5. Ação nas empresas

- Serviço Especializado em Engenharia deSegurança e Medicina do Trabalho – SESMT

- Comissão Interna de Prevenção de Acidentes –CIPA

Empresas públicas e privadas que tenham emprega-dos regidos pela CLT são obrigadas, conforme aNR-4 – Serviços Especializados em Engenharia deSegurança e em Medicina do Trabalho e a NR-5 –Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, aorganizar e manter em funcionamento o SESMT e aCIPA.

O SESMT tem a finalidade de promover a saúde eproteger a integridade do trabalhador no local de tra-balho. Seu dimensionamento é definido conforme ograu de risco da atividade principal e o número totalde empregados do estabelecimento.

Os objetivos da CIPA são de observar e relatar con-dições de risco fazendo sugestões e recomendações

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ao empregador para melhoria das condições de tra-balho e eliminando possíveis causas de acidentes detrabalho e de doenças ocupacionais.

3. Normatização em segurança e saúde naindústria da construção

Alguns aspectos relacionados com segurança e me-dicina do trabalho no Brasil já tinham sidosuperficialmente disciplinados em 1941¹ e 1942².A legislação sobre a matéria deu-se efetivamente pormeio do Capítulo V do Título II da Consolidação dasLeis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-leinº 5.452, de 1º de maio de 1943.

A primeira modificação substancial sofrida pela CLT,no que diz respeito à questão, ocorreu em 1967³.Foram introduzidas algumas inovações, notadamenteas relativas à obrigatoriedade da organização, pelasempresas, do Serviço Especializado de Segurança eMedicina do Trabalho.

Na área da construção civil, destacam-se as portariaspublicadas em 19624 e 19725, que aprovam normasde segurança do trabalho nas atividades daconstrução civil.

A Lei nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977 (publicadano D.O.U. de 23/12/1977, Seção I - Parte I), deu novaredação a todo o Capítulo V do Título II da CLT,relativo a segurança e medicina do trabalho, eabsorveu o conteúdo de vários diplomas legais,destacando-se os referentes a insalubridade e apericulosidade dos ambientes de trabalho. O artigo200 dá ao Ministério do Trabalho o poder de baixar

normas complementares às disposições do CapítuloV, a fim de atender às peculiaridades de cadaatividade ou setor de trabalho, especialmente sobreconstrução, demolição ou reparos de edifícios,depósitos, manuseios e armazenagem de explosivos,escavações, túneis, galerias, minas e pedreiras, etc.

3.1. Norma Regulamentadora nº 18 (NR-18)

A Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978, aprovaas 28 Normas Regulamentadoras - NRs - do CapítuloV, título II da CLT, relativas a segurança e medicinado trabalho. O setor da construção civil foicontemplado com a NR - 18 OBRAS DECONSTRUÇÃO, DEMOLIÇÃO E REPAROS.

A primeira modificação feita na NR-18 ocorreu em19836, com vista a maior abrangência e conteúdomais técnico e atualizado.

Em função dos métodos de trabalho e do avanço datecnologia e das relações de trabalho, a Secretaria deSegurança e Saúde no Trabalho - SSST deu início,em 10/6/94, ao processo de revisão da NR-18 pormeio de um Grupo Técnico de Trabalho constituídopor técnicos da FUNDACENTRO, SSST e DRT.

Foi produzido um texto básico, então publicado noDiário Oficial da União de 18/11/94, para que todoe qualquer interessado se pronunciasse, inclusive fa-zendo propostas de modificação, supressão ouacréscimos até 20/12/95, tendo sido encaminhadasnesse período aproximadamente três mil propostas dealteração oriundas de mais de trezentas instituições,empresas e profissionais autônomos.

1 Decreto-lei nº 3.700, de 9 de outubro de 1941.2 Decreto-lei nº 10.569, de 5 de outubro de 1942.3 Decreto-lei nº 229, de 28 de fevereiro de 1967.4 Portaria nº 46 do Gabinete do Ministro do Trabalho e Previdência Social, de 19 de fevereiro de 1962 (publicada no D.O.U, de 1/3/1962).5 Portaria nº 15, de 18 de agosto de 1972 (publicada no D.O.U, de 20/11/1972).6 Portaria nº 17, de 7 de junho de 1983, (publicada no D.O.U, de 11/7/83, seção I).

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O novo texto foi posto em discussão em reuniãotripartite e paritária, realizada em Brasília/DF, no pe-ríodo de 15 a 19 de maio/95. O texto aprovado nareferida reunião, fruto de consenso entre as partes(trabalhadores, empregadores e Governo), foi sub-metido à Consultoria Jurídica do Ministério doTrabalho e, posteriormente, publicado pela SSST, emjulho de 19957, como a nova NR-18 - CONDI-ÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO NAINDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO.

Dentre os principais itens da nova Norma, atualmen-te em vigor, destacamos:

Obrigatoriedade de elaboração e cumprimentopelas empresas do PCMAT, exigido noprimeiro ano de vigência da Norma, noscanteiros de obra com 20 ou maistrabalhadores e, a partir do terceiro ano,naqueles que tiverem vinte ou maisempregados;

Criação de COMITÊS PERMANENTESNACIONAL E REGIONAIS SOBRECONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DETRABALHO NA INDÚSTRIA DACONSTRUÇÃO;

Comunicação prévia à DRT, antes do início dequalquer obra de construção, demolição oureparo, do endereço e tipo da obra, das datasprevistas do início e conclusão e númeromáximo previsto de trabalhadores;

Todos os acidentes ocorridos no setor devemser comunicados à FUNDACENTRO, quefaz, anualmente, análise estatística;

Quando da ocorrência de acidentes fatais, éobrigatória sua comunicação imediata à auto-ridade policial competente e ao órgão regionaldo Ministério do Trabalho, que a repassará

imediatamente ao sindicato da respectiva cate-goria profissional;

Estruturação de áreas de vivência em cantei-ros de obras, definindo parâmetros mínimossobre instalações sanitárias, vestiários, aloja-mentos, locais para refeições e cozinha,lavanderia e áreas de lazer;

Todos os trabalhadores devem recebertreinamento admissional e periódico, obje-tivando que suas atividades sejam executadascom segurança;

Instituição de que, em edifícios em construçãocom 12 ou mais pavimentos, ou altura equiva-lente, seja obrigatória a instalação de pelomenos um elevador de passageiros, devendoseu percurso alcançar toda a extensão verticalda obra. Esse elevador deve ser ainda instala-do a partir da execução da sétima laje deedifícios em construção com oito ou mais pa-vimentos ou altura equivalente, em cujo canteirotrabalhem pelo menos 30 trabalhadores;

A Norma será complementada e atualizada pormeio de RTPs, publicadas regularmente pelaFUNDACENTRO. Essas recomendaçõesdevem oferecer alternativas técnicas de como sedeve proceder ao cumprimento da Norma.

Após a publicação da Portaria nº 4, de 4 de julho de1995, o CPN modificou a Norma em alguns itenscomo movimentação e transporte de materiais e pes-soas, áreas de vivência, andaimes e plataformas detrabalho e cadeira suspensa. (Vide Anexo 1).

3.2. Programa de Condições e Meio Ambiente deTrabalho na Indústria da Construção - PCMAT

Um dos principais avanços do novo texto da NR-18 -Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústriada Construção, publicada pela Portaria n° 4 de 4/7/95,

7 Portaria nº4 de julho de 1995 da SSST (Secretária de Segurança e Saúde no Trabalho do Ministério do Trabalho).

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é a obrigatoriedade de elaboração pelas empresas doPCMAT. Sua implementação permite efetivogerenciamento do ambiente de trabalho, do processoprodutivo e de orientação aos trabalhadores,reduzindo o acentuado número de acidentes detrabalho e doenças ocupacionais.

De um modo geral, os programas de segurança nes-se setor industrial têm como prioridade a prevençãodos acidentes graves e fatais relacionados com que-das de altura, soterramento, choque elétrico emáquinas e equipamentos sem proteção. É importanteconsiderar também as questões ambientais,ergonômicas, educacionais e planos de manutençãopreventiva voltados para o processo construtivo, bemcomo os problemas de saúde existentes em conse-qüência de deficientes condições de alimentação,habitação e transporte dos trabalhadores.

A variedade de riscos nas várias fases do processoconstrutivo, aliados ao cronograma da obra a sercumprido, fatores ambientais como chuvas, frio, umi-dade, altitude, velocidade dos ventos, entre outros,fazem com que a falta de medidas preventivas e deum efetivo gerenciamento do ambiente de trabalhoseja a causa principal do acentuado número de aci-dentes de trabalho graves e fatais na indústria daconstrução.

Além dos documentos integrantes do Programa, pre-vistos na legislação (item 18.3.4 da NR-18), como:

Memorial sobre condições e meio ambiente detrabalho nas atividades e operações, levando-se em consideração riscos de acidentes e dedoenças do trabalho e suas respectivas medi-das preventivas;

Projeto de execução das proteções coletivasem conformidade com as etapas de execuçãoda obra;

Especificação técnica das proteções coletivase individuais a serem utilizadas;

Cronograma de implantação das medidas pre-ventivas definidas no PCMAT;

Layout inicial do canteiro de obra que inclua aprevisão de dimensionamento das áreas devivência;

Programa educativo com sua respectiva cargahorária, contemplando a temática de preven-ção de acidentes e doenças do trabalho,

recomenda-se que o planejamento do programa deveser em função das principais etapas de desenvolvi-mento da obra, desde os projetos até os serviçosfinais, considerando o risco de acidentes e doenças ea categoria profissional atuante em cada etapa.

Na concepção do PCMAT, deve-se levar em contao compromisso da alta direção da empresa com oprograma por meio da política de segurança e saúde;análise criteriosa de antecipação e reconhecimentodos riscos; pesquisa bibliográfica sobre o tema nosaspectos técnicos e legais e o perfil da mão-de-obra,abordando questões sobre o nível de conhecimentodo trabalhador na área de segurança e saúde, hábi-tos e costumes, escolaridade, entre outras.

O programa vai se desdobrando em vários projetosque devem estar sempre vinculados a uma propostade ação (melhoria das condições de trabalho) comobjetivos concretos passíveis de ser medidos quanti-tativa e/ou qualitativamente; ser limitados no tempo(duração da obra) e representar sempre expansão,modernização ou aperfeiçoamento da ação desejada.

Em relação a seu conteúdo programático, entre outrasinformações necessárias, os projetos devem indicaras metas (físicas e financeiras), a estratégia deexecução e a integração interna e externa.

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Os riscos de acidentes do trabalho devem serpriorizados, principalmente os relacionados comelevadores, lesões perfurantes, máquinas eequipamentos sem proteção, quedas de altura,soterramento e choque elétrico. As proteçõescoletivas devem ser bem-dimensionadas e oequipamento de proteção individual especificado emfunção do local de trabalho.

O treinamento de trabalhadores (admissional e peri-ódico) deve ter material instrucional previamenteelaborado e ser voltado para a sua realidade. Treina-mento específico deve ser previsto para engenheirode obra, mestre e encarregados.

Máquinas, equipamentos e ferramentas diversasdevem ter programa de manutenção preventiva, quepreveja inspeção regular dos equipamentos no localpor pessoal especializado. Essa inspeção deveabranger verificação de sistema elétrico, hidráulico,ventilação e proteção contra incêndio. É importantea previsão de uma ferramentaria bem-organizada.

Quanto a doenças do trabalho, são aspectos importan-tes da elaboração do PCMAT a interface com o PPRAe com o PCMSO definidos pelas NRs 9 e 7, respecti-vamente, bem como a análise ergonômica dos postosde trabalho, de acordo com a NR-17 - Ergonomia.

Na etapa de reconhecimento de riscos causadores dedoenças ocupacionais, além dos agentes físicos, quími-cos e biológicos, devemos considerar as condições detrabalho na obra em função de fatores ambientais comochuva, umidade, velocidade dos ventos e altura.

Sugerimos que a estrutura básica do PCMATcontemple os seguintes itens:

Diagnóstico da situação de partida;

Organização do canteiro de obra;

Riscos ocupacionais;

Treinamento;

Definição das responsabilidades gerenciais;

Controle e avaliação do programa.

4. Experiência Tripartite

Na década dos 80, as preocupações com asquestões de segurança e saúde, embora de maneiraincipiente, começaram a ganhar espaço entretrabalhadores e empresários. A classe trabalhadorainiciou um processo de estruturação de setores e depreparação de quadros para a discussão de matériasrelativas ao tema. Foi criado o DIESAT pelas CentraisSindicais e o INST pela CUT.

A classe empresarial criou na Confederação Nacionalda Indústria (CNI) a Coordenação de Segurança eSaúde no Trabalho, com objetivo de acompanhar asquestões relacionadas com segurança e saúde.

Na década dos 90, intensificaram-se as discussõesentre as três partes, visando à busca de alternativasdiscutidas de avanços nas relações de trabalho.A partir de 1993, teve início a construção de ummodelo de regulamentação na área de segurança esaúde no trabalho que contemplasse satisfatoriamenteos anseios dos atores envolvidos com a questão.

O processo de discussão tripartite culminou com apublicação de portaria do Ministério do Trabalho, em19968, criando a Metodologia de Regulamentação naÁrea de Segurança e Saúde no Trabalho, com aparticipação do Governo, trabalhadores e empre-gadores, buscando o consenso para discussão econstrução dessas regulamentações.

Essa portaria ministerial criou a estrutura básica das eta-pas para a elaboração ou revisão de regulamentaçõesna área de segurança e saúde no trabalho, ou seja:

8 Portaria nº 393, de 9 de abril de 1996.

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I - definição de temas a serem discutidos;

II - elaboração de texto técnico básico;III - publicação do texto técnico básico no Diário

Oficial da União;IV - instalação do Grupo de Trabalho Tripartite -

GTT e

V - aprovação e publicação da norma no DiárioOficial da União.

Foi também instituída a Comissão Tripartite ParitáriaPermanente - CTPP, para a definição de temas epropostas com vista à revisão ou elaboração deregulamentação na área de segurança e saúde notrabalho.

A Portaria de 1996 foi revogada, em 2003, por novaPortaria9, que estabeleceu novos procedimentos paraa elaboração de normas regulamentares relacionadascom saúde e segurança e condições gerais detrabalho, que define que “As deliberações da CTPPserão tomadas perseguindo sempre a construção doconsenso entre seus membros, cabendo à Secretariade Inspeção do Trabalho - SIT decidir sobre questãoque permanecer controversa”.

A proteção dos trabalhadores da construção contrariscos provenientes de seu trabalho tem uma longahistória. Uma das primeiras referências a segurançae saúde na construção é a Recomendação nº 31, de1929, sobre a Prevenção de Acidentes de Trabalho.Atualmente, temos a Convenção nº 167 e a Reco-mendação nº 175 sobre Segurança e Saúde naConstrução, adotada em 1988, mas ainda nãoratificada pelo Brasil. Aplicam-se a todas as ativida-des de construção e contêm as principais exigênciastécnicas com relação a andaimes, trabalhos em altu-ra, trabalhos de demolição, explosivos e proteçãocontra incêndio, máquinas, equipamentos e ferramen-tas manuais, primeiros socorros, entre outras.

4.1. Congressos nacionaisA partir da realização do I Congresso Nacional deEngenharia de Segurança do Trabalho na ConstruçãoCivil, de 17 a 19 de novembro de 1987, em SãoPaulo, quando foi elaborado um documento intitulado"Carta à Nação" (as conclusões do evento), aFUNDACENTRO intensificou suas ações na área daconstrução civil, com a realização de seminários re-gionais, cursos para líderes sindicais, comitêsregionais, participação efetiva na Comissão ParitáriaEstadual Intersindical (SP), Literatura Técnica (SérieConstrução Civil), entre outras ações, atuando sem-pre de forma tripartite.

Essas ações foram se aperfeiçoando e se modifican-do com o passar dos anos, culminando nareformulação da NR-18, em 1998.

O CPN foi coordenado inicialmente pela SSST, de-pois pela FUNDACENTRO, pela bancada dosempresários e dos trabalhadores. Atualmente é co-ordenado pela bancada dos empresários. Os CPRsestão estruturados na maioria dos estados e algunstêm-se destacado pela proposta de trabalho voltadapara ações de educação e atuação direta no canteirode obra.

As principais dificuldades encontradas no processo dediscussão tripartite são, na nossa opinião, a participa-ção e o comprometimento das bancadas, estruturamínima para o funcionamento dos CPRs e CPN, pla-no de trabalho voltado para a realidade dos canteirosde obra e relacionamento CPRs versus CPN.

Como resultado concreto da atuação tripartite, reali-zaram-se, respectivamente, no Rio de Janeiro, em1995, em Porto Alegre, em 1997 e, em Goiânia, em2001, o II, III e IV Congresso Nacional sobre Con-dições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria daConstrução, bem como seminários regionais prepa-ratórios e encontros nacionais anuais dos CPRs.

9 Portaria de 2 de outubro de 2003.

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4.2. Encontros nacionais de CPRs

Após a reformulação da NR18, encontros nacionaisde CPRs vêm sendo realizados. O penúltimo delesfoi o V Encontro Nacional dos CPRs realizado noperíodo de 2 a 4/12/03 no CTE - Centro de Treina-mento Educacional da CNTI - em Luziânia/GO, comrepresentantes das diversas bancadas advindas decerca de 30 CPRs de vários estados da Federação.Esse encontro teve como objetivo geral discutir ocenário em que estão se desenvolvendo açõestripartites em segurança e saúde no trabalho na indús-tria da construção, identificando avanços e avaliandoperspectivas e com objetivos específicos:

Conhecer as experiências bem-sucedidas dosCPRs no ano de 2003;

Aumentar a integração, de uns com os outros,dos comitês permanentes;

Aprimorar as ações dos CPRs fortalecendo aprática do trabalho seguro e saudável.

Durante o Encontro, foi referendada a importância dotripartismo ou quadripartismo, com a inclusão deoutras entidades de apoio técnico, como já praticamalguns - como ferramenta fundamental para o suces-so das políticas de segurança e saúde no trabalhoadotadas no Brasil. As conclusões e recomendaçõesdo Encontro, bem como as avaliações, foram enca-minhadas ao CPN e a todos os CPRs com vista a suaimplementação.

O último encontro nacional dos CPRs foi realizadonos dias 13 e 14/12/2004 na Fundacentro/SP, quan-do foi discutido o cenário em que estão sedesenvolvendo as ações tripartites dos CPRs. Até omomento, as conclusões ainda não foram divulgadas.

4.3. Experiência do Comitê PermanenteRegional sobre Condições e Meio Ambiente doTrabalho na Indústria da Construção da Paraíba(CPR-PB)

Dentre as atividades desenvolvidas pelos CPRsimplantados nos vários estados da Federação,destacamos a ação do CPR-PB, criado em 8/4/1996,que atua de forma quadripartite, ou seja, cada umade suas quatro bancadas tem o mesmo poderdecisório. É composto por aproximadamentedezessete entidades distribuídas entre governo,trabalhadores, empresários e apoio técnico(sindicatos profissionais, entidades de ensino,profissionais autônomos de empresas privadas, SESI,SENAI e Conselho Regional de Engenharia,Arquitetura e Agronomia - CREA/PB).

Os principais trabalhos desenvolvidos foram osseguintes:

Curso de qualificação de guincheiros;Programa educativo (painel com empresários,níveis gerenciais e ações educativas com ope-rários em obras);

Programa Construção Segura e Produtiva;

Curso de aprimoramento e prática docente ;

Curso para mestres e encarregados de obra;

Peça teatral “A Construção”;

Estudos e pesquisa (modelo de uniforme ebombas submersas);

Apresentação de trabalhos em congressos eeventos;

Propostas para aperfeiçoamento da NR-18.

Nos meses de fevereiro, março e abril de 2003, oCPR-PB elaborou seu planejamento estratégico paraos próximos cinco anos. Os resultados apontam para

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um perfil de organização cujo paradigma conceitualremete a uma entidade de promoção da qualidade devida, por meio de parcerias e incentivos, tendo comoresultado final a incessante busca de melhores condi-ções de trabalho na indústria da construção e aintegração dessas melhorias na sociedade.

Relacionamos, nos anexos, os principais produtos(literatura técnica e material instrucional) elaboradospor participantes do sistema tripartite e universidades,após a publicação da Portaria nº 4, de 4 de julho/95,e as principais ações, em nível nacional, na indústriada construção nas décadas dos 80, 90 e 2000.

4.4. Programa de Trabalho na Indústria da Cons-trução da Delegacia Regional do Trabalho deSão Paulo

Nas atividades de fiscalização, destacamos oprograma direcionado para o setor da construçãocivil, da DRT/SP, que teve início em 1987, em SãoBernardo do Campo, Município da Grande São Paulo,quando um grupo de três engenheiros resolveuatender a demandas do sindicato dos trabalhadoresda Região.

Em 1990, o grupo passou a atuar na Capital, comogrupo bipartite. Das experiências adquiridas, o grupopartiu para novas parcerias, envolvendo também osindicato patronal e outras entidades afins, com aconseqüente ampliação das ações.

Houve, então, a transição de um grupo para umprograma de trabalho voltado para a indústria daconstrução.

Atualmente, as ações do Programa abrangem não sóa Capital, mas todo o Estado de São Paulo, visando:direcionamento da fiscalização por prioridade deação; padronização e desburocratização deprocedimentos; proposição de alterações na NR-18;identificação de problemas e busca de soluções;

informação e conscientização do trabalhador e doempregador; comprometimento dos diversos atoresna busca de soluções (ações tripartites); interaçãocom várias instituições (SESI, SENAI,FUNDACENTRO, sindicatos, Ministério Público doTrabalho, etc.) e contínua melhoria das ações fiscais.

Em 27/4/01, foram criados três núcleos no ProgramaEstadual de Construção Civil da Delegacia Regionaldo Trabalho em São Paulo:

Núcleo de combate a acidentes fatais;

Núcleo de ergonomia;

Núcleo de gestão em segurança e saúde notrabalho.

O objetivo é a integração da ergonomia na políticade gestão de segurança e saúde das empresas,visando a contínua melhoria das condições detrabalho e a redução de acidentes graves/fatais e dedoenças profissionais.

4.5. Programa Nacional de Eliminação daSilicose (PNES)

O grupo setorial da indústria da construção doPrograma Nacional de Eliminação da Silicose temcomo objetivo geral promover a cooperação inter-institucional, por meio de recursos humanos,infra-estrutura e financiamentos, para a caracterizaçãodo risco de silicose na indústria da construção e suaeliminação nos prazos estabelecidos no Programa.

Dentre os objetivos específicos destacamos os seguintes:

Articular o envolvimento das instâncias formaisdo setor, já estabelecidas, para prevenção deacidentes de trabalho, nas ações do PNES(CPN, CPRs e PROESIC/FUNDACENTRO)e criar o grupo gestor setorial;Divulgar informações sobre o controle do riscode silicose na indústria da construção;

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Criar comitês de estudo (multidiciplinares einstitucionais) sobre a sílica na indústria daconstrução - CESIC.

Atualmente, o CPR-Paraíba vem desenvolvendoações integradas com o PNES.

5. Conclusões e recomendações

A partir da reformulação da NR-18, em julho de1995, marco na adoção do processo dereformulação das normas regulamentadoras e dapolítica de ação do MTE, as questões relacionadascom segurança e saúde no trabalho na indústria daconstrução no Brasil têm tido melhorias significativas,resultado do envolvimento e comprometimento daspartes em discussões tripartites. Entendemos, noentanto, que algumas ações, a seguir relacionadas, de-verão ser adotadas com vista a contínua melhoria nostrabalhos desenvolvidos pelos segmentos envolvidos.

- Os comitês tripartites (CPN e CPRs) deverãoter maior intercâmbio entre si e adotar o pla-nejamento estratégico na elaboração de seusplanos de ação e promover a implementaçãodas recomendações dos encontros nacionaisdos CPRs, congressos nacionais e do docu-mento Sistemática Gerencial dos ComitêsPermanentes da Indústria da Construção Civil(disponível em CD ROM);

- O regimento interno dos comitês tripartites(CPN e CPRs) deverão contemplar a partici-pação de apoio técnico (universidades,institutos de pesquisas, associações de classe,etc.) e do Ministério Público;

- As bancadas, em nível nacional, deverão terpoder de decisão para implementar ações emnível regional e apoiar efetivamente eventostripartites e encontros nacional e regionais dosCPRs, bem como divulgar as atividadesdesenvolvidas nos planos de trabalho dos

comitês tripartites (CPN e CPR). Deverá serpriorizada a implantação de programas deeducação básica e de qualificação detrabalhadores, com enfoque na área desegurança e saúde na indústria, na construçãoe na elaboração e implementação deprogramas de segurança e saúde previstos nalegislação (PCMAT, PPRA e PCMSO);

- Segundo estimativas do Programa Nacional deEliminação da Silicose - PNES (programainterinstitucional de colaboração com a OIT/OMS), o número de trabalhadores no Brasilque podem estar expostos a poeiras contendosílica é superior a seis milhões, dos quais quatromilhões na construção civil. É importanteimplementar ações conjuntas do PNES comcomitês tripartites (CPN e CPRs), com vistaaos objetivos do Programa:

obter redução significativa nas taxas deincidência de silicose em prazosmedianos (2010-2015);

eliminar a silicose como problema desaúde pública por volta de 2030.

As empresas deverão elaborar e desenvolver oPCMAT integrado com outros programas comoqualidade, meio ambiente (gestão de resíduos), saúdedo trabalhador e saúde no trabalho. Deverão tambémobservar as diretrizes do Guia de Sistema de Gestãoda OIT, que dá orientações para a integração doselementos do sistema de gestão na segurança e saúdeno trabalho, na gestão global da empresa, melhorandocontinuamente a eficácia de SST.

Atuar na fase de projetos, prevendo medidas de segu-rança no pós-obra. Deverão ser previstos auditorias,indicadores de resultados e cláusulas contratuaissobre segurança e saúde no trabalho com relação aempresas terceirizadas que atuam na obra.

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Anexos

Anexo 1

Resumo da Normatização Brasileira na Área deSegurança e Saúde no Trabalho na Indústria

da Construção

- Portaria nº 46, de 19 de fevereiro de 1962;

- Portaria nº 15, de 18 de agosto de 1972;

- Capitulo V - Titulo II da CLT;

- Lei nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977;

- Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978;

- Portaria nº 17, de 7 de julho de 1993;

- Portaria nº 4, de 4 de julho de 1995.

Principais alterações feitas pelo CPN após apublicação da Portaria nº 4,

de 4 de julho de 1995

- Portaria nº 7, de 3 de março de 1997: altera aredação do item 18.35 da NR 18, que passa a vigorarcomo 18.35 - Recomendações Técnicas deProcedimentos.

- Portaria nº 12, de 6 de maio de 1997: altera a re-dação dos itens 18.15, 46.1 e 18.15, 47 da NR-18,referentes a andaimes suspensos mecânicos leves.

- Portaria nº 20, de 17 de abril de 1998: altera a re-dação do item 18.14, e seus subitens, da NR-18 quepassa a vigorar como 18.14 - Movimentação eTransporte de Materiais e Pessoas.

- Portaria nº 30, de 13 de dezembro de 2000: alteraa redação do item 18.4.1.3 da NR-18, referente àárea de vivência.

- Portaria nº 13, de 9 de julho de 2002: altera a re-dação do item Cadeira Suspensa (18.15.50,18.15.51, 18.15.53 e 18.16), da NR-18.

- Portaria nº 30, de 20 de dezembro de 2001: alteraa redação do item 18.15 - Andaimes e Plataforma deTrabalho.

- Portaria nº 114, de 17 de janeiro de 2005: altera aredação dos itens 18.14.24 (Gruas) e 18.18 (Servi-ços em Telhados), inclui o Anexo III e inseredefinições no Glossário da NR-18.

Anexo 2

Relação da Literatura Técnica Elaborada pelosAtores do Sistema Tripartite:

Representação patronal:

BARKOBÉBAS JR, Béda, ANJOS, José RenildoGuedes do, Wanderley, Hugo Oliveira. Campanhade prevenção de acidentes no trabalho na cons-trução civil em Pernambuco. Periódico. 1997

BARKOBÉBAS JR, Béda, CARDS, Quicky.Campanha de prevenção de acidentes no trabalhona construção civil no Estado de Pernambuco.Periódico. 1998

BARKOBÉBAS JR, Béda, PESSOA, RobsonCalazans. Campanha de prevenção de acidentesno trabalho na construção civil no Estado dePernambuco. Periódico. 2001

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BARKOBÉBAS JR, Béda, VÉRAS, JulianaClaudino, MELO, Renata Maciel de, PINHEIRO,Armando Malta Ramires. Campanha de prevençãode acidentes no trabalho na construção civil noEstado de Pernambuco. Periódico., 2003

BARKOBÉBAS JR, Béda, VÉRAS, JulianaClaudino, MELO, Renata Maciel de, PINHEIRO,Armando Malta Ramires. Campanha de prevençãode acidentes no trabalho na construção civil noEstado de Pernambuco. Periódico, 2004

ROUSSELET, Edison da Silva & FALCÃO, César.A Segurança na Obra; Manual Técnico de Segu-rança do Trabalho em Edificações Prediais , 1999,Editora Interciência Ltda

ROUSSELET, Edison da Silva. A Segurança naObra; Manual de Procedimentos para Implanta-ção e Funcionamento de Canteiros de Obras,1997, SECONCI-RJ e MAUA Editora

SAMPAIO, José Carlos de Arruda. Manual de Apli-cação da NR-18 . São Paulo: Editora PINI/Sinduscon-SP, 1998

SAMPAIO, José Carlos de Arruda. PCMAT -Programa de Condições e Meio Ambiente doTrabalho na Indústria da Construção, 1998,Editora Pini/SINDUSCON - SP

SECOVI-SP, Manual Prático de Segurança doTrabalho em Construção e Condomínio

Sinduscon/AM Comissão de Política e Relações doTrabalho - CPRT, Segurança na Obra “Construindoum Brasil melhor”. Manaus-AM, junho de 2003

SINDUSCON/PR. SINDUSCON/PR, maio 1996

SINDUSCON/SP MANUAL DE PREENCHI-MENTO DO ANEXO II DA NR-18:1999

Sumário - II Fórum de Elevadores de Obra -18 dejunho de 1999

USSAN, Sérgio. Gerenciamento de Segurança eSaúde do Trabalho em Obras de Construção. Parte 1

VERAS, Juliana Claudino, CARDOSO, MarthaThereza Negreiro Barros, COSTA FILHO, MariaDuarte, BARKOBÉBAS JR, Béda. “Proposta paraa implantação do sistema de gestão em segurança esaúde no trabalho na indústria da construção civil”,in: Congresso Nacional de Segurança e Medicinado Trabalho, 2003, São Paulo. CONASEMT.,2003

Representação governamental:

Anais do III Congresso Nacional sobre Condiçãoe Meio Ambiente de Trabalho na Indústria daConstrução/I Seminário sobre Condições e MeioAmbiente de Trabalho na Indústria da Construçãonos Países do Mercosul. FUNDACENTRO, 2001

Anais do IV Congresso Nacional sobre Condiçõese Meio Ambiente do Trabalho na Indústria daConstrução/Indústria da Construção nos Paísesdo Merconsul . FUNDACENTRO, 2001

ARAUJO, Nelma Mirian C. de. Custo da Implan-tação do PCMAT na Ponta do Lápis. São Paulo/FUNDACENTRO, 2002

Cartilha de Segurança no Trabalho em Andaimes.Campanha Andaime acima de Tudo. 1997. Minis-tério do Trabalho-Mtb/ Delegacia Regional doTrabalho-DRT/RS

CD-ROM - Sistemática Gerencial dos ComitêsPermanentes da Indústria de Construção Civil -2002 (CPN, Fundacentro, IDORT)

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Dados Estatísticos 1997: Anexos I e II da NR 18Condições e Meio Ambiente do Trabalho na Industriada Construção, 1999

Dados Estatísticos: Anexos I e II da NR 18 - Con-dições e Meio Ambiente do Trabalho na Industria daConstrução. FUNDACENTRO,1998/1999

Engenharia de Segurança do Trabalho na Indús-tria da Construção: Acessos Temporários deMadeira, Medidas de Proteção contra Quedas deAltura e Instalações Elétricas Temporárias emCanteiros de Obras. FUNDACENTRO, 2001

Maia, Paulo Alves. O Ruído nas Obras daConstrução Civil e o Risco de Surdez Ocupacional.Campinas-SP, 1999

Recomendação Técnica de Procedimentos: Esca-das, Rampas e Passarelas. FUNDACENTRO-RTP04, 2002

Recomendação Técnica de Procedimentos: Medi-das de Proteção Contra Quedas de Altura - NR 18Condições e Meio Ambiente do Trabalho na In-dústria da Construção. FUNDACENTRO-RTP01, 1999

Recomendação Técnica de Procedimentos: Movi-mentação e Transporte de Materiais e Pessoas -Elevadores de Obra . FUNDACENTRO-RTP 02,2001

Recomendação Técnica de Procedimentos:Escavações, Fundações e Desmonte de Rochas.FUNDACENTRO-RTP 03, 2002

Trabalho em Altura-Prevenção de Acidentes porQuedas. Ministério do Trabalho e Emprego

Trabalhos Apresentados pela Fundacentro naÁrea da Indústria da Construção no XV Congresso

Mundial em Segurança e Saúde no Trabalho .FUNDACENTRO, 2001

Proteções Coletivas: modelo de dimensionamentode um sistema de guarda-corpo. Artur Carlos daSilva Moreira. Coordenador. Pesquisadoras.Graciele Scarpini; Janaína Clasen. São Paulo:FUNDACENTRO, 2004

Vídeos produzidos pela FUNDACENTRO em con-vênio com a TV Educativa (TVE) relacionados coma indústria da construção (vide Anexo 3)

Representação dos trabalhadores:

Crianças na Construção - O Trabalho de criançasem pedreiras, olarias e marcenarias. Publicação daConticom/CUT em convênio com a OIT/Brasil,Projeto IPEC

Passaporte para a Cidadania - Federação dos Tra-balhadores nas Indústrias da Construção doMobiliário e Montagem Industrial do Estado deSão Paulo - FETICOM

Prevenção de Acidentes do Trabalho em Serviçosde Manutenção de Fachadas - Sindicato dos Traba-lhadores nas Indústrias da Construção Civil deSão Paulo (www.sintraconsp.org.br)

Resenha DIEESE - Estudos setoriais nº 12/ OSTRABALHADORES E REESTRUTURAÇÃOPRODUTIVA NA CONSTRUÇÃO CIVILBRASILEIRA

Universidades

Brasília, Lima José Delfino da Silva - A Contribui-ção das Edificações nos Acidentes do Trabalho:Um Estudo de Casos no Distrito Federal

Contribuições para Revisão da NR-18 - Condiçõese Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da

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Construção (Relatório de Pesquisa), organizado porTarcísio Abreu Saurin...(et al.). Porto Alegre. Pro-grama de Pós Graduação em Engenharia Civil ePrograma de Pós-Graduação em Engenharia deProdução, UFRGS, 2000,140p

Paraná, Senff Carlos Eduardo e Pantarolli MariaAparecida, Óbitos na Construção Civil -monografia apresentada no Curso de pós-Graduaçãoem Engenharia de Segurança do Trabalho do Setorde Tecnologia da Universidade Federal do Paraná

Souza, Vladimir Ferreira de, e Quelhas, Osvaldo LuísGonçalves, Avaliação e controle da exposiçãoocupacional à poeira na indústria da construção.Ciênc. saúde coletiva, 2003, vol.8 no.3, p.801-807.ISSN 1413-8123

Anexo 3

Relação dos Principais Vídeos Produzidos pelaFUNDACENTRO Relacionados com a

Indústria da Construção

“A Construção” Peça Teatral - Revista do Trabalhador

A Peleja - Revista do Trabalhador

Acessos Temporários - Revista do Trabalhador

Andaimes - Revista do Trabalhador

Áreas de Vivências - Revista do Trabalhador

Construção Pesada - Revista do Trabalhador

Elevadores de Obras - Revista do Trabalhador

EPI na Indústria da Construção - Revista doTrabalhador

Escavações e Fundações - Revista do Trabalhador

Higiene Ocupacional - Revista do Trabalhador

Instalações Elétricas Provisórias - Revista doTrabalhador

Layout Organizacional no Canteiro de Obras -Revista do Trabalhador

NR - 18 - Revista do Trabalhador

PCMT - Revista do Trabalhador

Peão não, Cidadão! - Revista do Trabalhador

Prevenção de Acidentes no Trabalho em Armação deFerro - Educativos

Prevenção de Dermatoses Ocupacionais - Revista doTrabalhador

PROESIC - Revista do Trabalhador

Quedas de Altura - Revista do Trabalhador

SILICA - Vídeos do Trabalhador - Educativos

SILICOSE - Revista do Trabalhador

Tijolo com Tijolo - Educativos

Transporte de Trabalhadores da Indústria da Cons-trução - Revista do Trabalhador

Fonte de pesquisa: www.fundacentro.gov.br/publica-ções/aud_videos.asp

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Anexo 4

Ações em Nível Nacional naIndústria da Construção

DÉCADA DOS 80

I Congresso Nacional de Engenharia de Segu-rança na Construção Civil (17 a 19/11/87 - SãoPaulo/ SP)

Seminário sobre SST na Construção

Unidade Móvel de Ensino daFUNDACENTRO

Comitês de discussão (Comissão Paritária/SP)

Publicação da Série Engenharia Civil

DÉCADA DOS 90

Reformulação da NR - 18 (inicio 10/6/94)

Reunião Tripartite e Paritária para conclusão donovo texto da NR 18 (15 a 19/5/95)

Publicação da Portaria nº 4, de 4/7/95

- Principais avanços

- Áreas de vivência

- CPN/CPRs

- PCMAT

- RTPs

CONGRESSOS NACIONAIS SOBRE CONDI-ÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO NAINDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO

II Congresso Nacional (4 a 7/12/95) – Rio deJaneiro/RJ

III Congresso/I Seminário sobre Condições eMeio Ambiente de Trabalho na Indústria daConstrução nos Países do Mercosul (PortoAlegre/RS - 3 a 6/11/97)

Seminários/fóruns regionais sobre condições emeio ambiente de trabalho na indústria daconstrução

DÉCADA DOS 2000

IV Congresso/II Seminário (Goiânia/GO - 24a 27/4/2001).Seminários/fóruns regionais sobre condições emeio ambiente de trabalho na indústria daconstrução

Encontros nacionais dos CPRs (I, II, III , IV,V e VI)

Jornal CPN (março e novembro 2002)

Filmes educativosPublicações técnicas

Pesquisas

Ação Integrada sobre Segurança e Saúde doTrabalhador da Indústria da Construção (20 a23/11/2002, Palmas/TO)CD-ROM - Sistemática Gerencial dos Comi-tês Permanentes da Indústria da Construção(IDORT/FUNDACENTRO - 2002)

Jornada Internacional de Segurança e Saúdena Indústria da Construção (11 e 12/9/03 -São Luis-MA, 23 e 24/3/04 - Belo Horizonte -MG, 25 e 26/3/04 Manaus-AM, Porto Alegre -RS, 30 e 31/3/05 e Goiânia - GO, 4 e 5/4/05)

V Congresso/III Seminário (a ser realizado emOlinda-Recife/PE - 24 a 26/10/05)

Fórum Preparatório ao V Congresso/IIISeminário:- Região Sul – Porto Alegre – RS – 1/4/05

- Região Centro-Oeste - Goiânia- GO -6/4/05

- Região Sudeste/Nordeste/Norte data aser definida

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Bibliografia

Anais do III Congresso Nacional sobre Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Constru-ção/ I Seminário sobre Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção nos Paísesdo Mercosul. FUNDACENTRO, 2001

Anais do IV Congresso Nacional sobre Condições e Meio Ambiente do Trabalho na Indústria da Constru-ção/II Seminário sobre Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Industria da Construção nos Paisesdo Mercosul. FUNDACENTRO, 2001

Anuário Brasileiro de PROTEÇÃO/2003. Novo Hamburgo: MPF Publicações, 2001

CD-ROM - Comitê Permanente Regional sobre Condições e Meio Ambiente do Trabalho na Indústria daConstrução da Paraíba - CPR-PB

Construção Civil, Segurança e Saúde Ocupacional - Levantamento Bibliográfico 1974 - 1981 ,São Paulo, FUNDACENTRO, 1981

Convenção nº 167 e Recomendação nº 175 da OIT

CPN - Comitê Permanente Nacional sobre Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Constru-ção. Atas de Reunião de 1995 a 2003, Brasília/DF

CTPP - Comissão Tripartite Paritária Permanente. Atas de Reunião de 1995 a 2003, Brasília/DF

Dossiê 07 anos de História - CPR/PB

López-Valcarcel, Alberto, Seguridad e Higiene en los Trabajos de Construcción en los países de AméricaLatina - CLASET/OIT, São Paulo, 1986

OIT, Seguridad x Salud em La Construccion. Repertorio de recomendaciones práticas de la OIT. Genebra,Secretaria Internacional do Trabalho, 1992

Planejamento Estratégico

Programa Estadual da Construção Civil - Seção de Segurança e Saúde do Trabalhador da Delegacia Regi-onal do Trabalho de São Paulo (1º semestre de 2003)

Relatório de Gestão da Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho (SSST) Prestando Contas (novem-bro 92 a abril 94) Brasilia/DF

Relatório de Gestão da Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho (SSST), janeiro e julho de 1995

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Sites

www.fundacentro.gov.br

www.mte.gov.br

www.sindusconsp.com.br

www.cipanet.com.br

www.instcut.org.br

www.oitbrasil.org.br

www.proteção.com.br

www.ibge.org.br

www.previdenciasocia.gov.br

www.sesi.org.br

www.dn.senai.br

www.seconci-sp.org.br

Relatório do V Encontro Nacional das CPRs. Luziânia - GO (2 a 4/12/03)

Relatórios de Gestão da FUNDACENTRO (1998/2002)

Relatórios de Gestão da Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho (SSST) -1995 - 1998

Revista CIPA nº 281

Revista Proteção nº 161

SENAI.DN. Estudo setorial da construção civil: Características Estruturais do setor. Rio de Janeiro, 1995 . 131p

SENAI.DN. Estudo setorial da construção civil: O SENAI e a Construção Civil. Rio de Janeiro, 1995, 64p

Serviço Social da Indústria. Departamento Nacional. Divisão Técnica. Diagnóstico da Mão-de-Obra do Setorda Construção Civil. Brasília: SESI/DN,1991, 212p

Serviço Social da Indústria. Departamento Nacional. Divisão Técnica. Projeto SESI na Construção Civil:Operação de serviços em canteiros de obras no Distrito Federal. Brasilia: SESI/DN, 1991, 270p

SINDUSCON-DF/IEL-DF, Perfil da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal, 2003.78p

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CAPÍTULO II

Panorama Internacional da Segurança e Saúdeno Trabalho de Construção

Alberto López-Valcárcel

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1. Dimensão do problema

A indústria da construção é considerada tradicional-mente uma atividade perigosa, tendo em vista a elevadaincidência de acidentes de trabalho e, especialmente,de acidentes de trabalho fatais, conforme se constatano exemplo dos seguintes países:

Nos Estados Unidos, o setor da construção empre-gava, em 2001, 9.581.000 trabalhadores, 7,1% doemprego total do país, absorvendo, todavia, 9,7% detodos os acidentes de trabalho e 20,7% dos aciden-tes fatais (BLS & LABORSTA).

Na França, o setor empregava, em 2000, 1.215.000trabalhadores, 5,6% dos assalariados do país, absor-vendo, todavia, 19% de todos os acidentes detrabalho e 25% dos fatais (CNAMAT &LABORSTA).

Na Espanha, a construção empregava, em 2001,1.850.200 trabalhadores, 11,6% do total dos traba-lhadores do país, absorvendo, todavia, 26,4% detodos os acidentes de trabalho e 26,1% dos fatais(INSHT & LABORSTA).

No Japão, o setor empregava, em 2000,5.690.000 trabalhadores – 10% do total dos tra-balhadores do país, absorvendo, todavia, 25,1% detodos os acidentes de trabalho e 38,7% dos fatais(JACSH & LABORSTA).

A análise desses dados evidencia, em primeiro lu-gar, a importância da construção na geração deemprego num determinado país (7,1% nos Estados

Unidos, 5,6% na França, 11,6% na Espanha e 10%no Japão). O segundo aspecto a chamar a atenção éa elevada proporção dos acidentes de trabalho quetoca ao setor de construção (9,7% nos Estados Uni-dos, 19% na França, 26,4% na Espanha e 25,1% noJapão, o que confere especial relevância ao tema dasegurança em obras de construção. O que, porém,mais se destaca nos dados analisados é a grande pro-porção de acidentes de trabalho fatais ocorridos numdeterminado país no setor da construção (20,7% nosEstados Unidos, 25% na França, 26,1% na Espanhae 38,7 no Japão), o que faz da construção um dossetores prioritários (se não o prioritário) das políticase programas nacionais de segurança e saúde no tra-balho (Figura 1). A Figura 2 mostra a taxa demortalidade na indústria da construção em algunspaíses1. Na análise desses dados estatísticos, devemser levadas em conta as limitações da comparaçãodos dados de sinistralidade na construção2.

1 Panamá e Coréia do Sul (1998); França e Japão (1999); Argentina e Brasil (2000) e Estados Unidos (2001).2 Primeiro, por causa das diferentes formas de coletar dados estatísticos (países onde a fonte estatística é o seguro de acidentes de trabalho, cujanotificação é condição indispensável para fazer jus à assistência de saúde e a indenizações e benefícios correspondentes previstos, registram quasetodos os acidentes). Mas esse não é o caso da maioria dos países, onde a estatística é feita unicamente com base nos acidentes declarados àautoridade do trabalho). Segundo, porque as definições de acidente (inclusive de acidentes fatais) diferem de um país para outro. E, terceiro,porque as taxas de acidentes na construção tendem a aumentar em períodos de crescimento e a diminuir nos períodos de crise do setor.

Figura 1Emprego e acidentes de trabalho na construção

(em percentagem do total das atividades econômicas)

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Em todo caso, a informação estatística disponívelmostra que, após décadas de queda contínua, a taxade acidentes fatais na construção, na maioria dospaíses desenvolvidos, estabilizou-se atualmenteabaixo de 20 acidentes mortais para cada 100 miltrabalhadores.

O caso dos países em desenvolvimento é diferente,onde a situação está longe de ser uniforme. Algunspaíses em desenvolvimento conseguiram diminuirsuas taxas de acidentes fatais no setor para menos de40 (por 100 mil), embora se acredite que a maioriadesses países continuem tendo taxas acima desse nível.

É difícil de ser quantificada a dimensão global dasinistralidade no trabalho da construção, pois amaioria dos países carecem de informação estatísticasobre esse particular. A OIT, entretanto, estima que,no mundo, se produzem todo ano pelo menos 60 milacidentes de trabalho fatais em obras de construção.Isso significa que cerca de 17% do total de acidentesmortais no trabalho (1 em cada 6) recairiam no setorda construção (Figura 3).

A Figura 4 mostra a tendência, em alguns países, nonúmero de acidentes de trabalho fatais na indústria daconstrução. Como se pode observar no caso doJapão e da União Européia, diminuiu o número deacidentes de trabalho mortais, enquanto nos EstadosUnidos verificou-se ligeiro aumento dessasinistralidade. A esse ligeiro aumento no número dosacidentes fatais nos Estados Unidos correspondesemelhante aumento do número de trabalhadores naconstrução (Figura 5). Já no Japão, a acentuadaqueda do número de acidentes de trabalho fataiscorresponde a uma queda quase imperceptível dapopulação empregada no setor (Figura 6).

Figura 2Indústria da Construção. Diferentes países

Taxas de acidentes de trabalho fatais(Número de acidentes fatais por 100.000 trabalhadores)

Figura 3Estimativa global de acidentes de trabalho fatais

(Estimativas de 2003)

Figura 4Indústria da construção. Vários países

Tendências no número de acidentes fatais

Outras tendências também se manifestam, por exem-plo, o caso da Espanha, onde o emprego naconstrução aumentou significativamente nos últimos

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seis anos, enquanto a taxa de acidentes fatais, no se-tor e no mesmo período, experimentou uma quedatambém significativa (Figura 7).

A Figura 8 mostra que o risco do trabalhador naconstrução de sofrer um acidente de trabalho fatal évárias vezes superior ao risco a que está exposto otrabalhador médio do conjunto dos setores deatividade econômica de sofrer o mesmo tipo deacidente3. Como se pode ver, a diferença, porém, émaior no caso de países mais desenvolvidos e, sobesse aspecto, não surpreende que, em muitos dessespaíses, a principal motivação dos programas desegurança na construção seja a de conseguir que aindústria da construção se converta numa atividadenão mais perigosa do que qualquer outra.

Tradicionalmente, os programas de segurança e saú-de no trabalho de construção têm enfatizado o âmbitoda segurança, isto é, a prevenção de acidentes, o quese explica pela imediata visibilidade dos acidentes(lesões e danos materiais), se comparados com asdoenças cujas conseqüências levam tempo paraaparecer. O problema é que a saúde do trabalhadorpode ser afetada muitos anos depois de sua exposiçãoa determinado agente ou contaminador na obra, daía dificuldade de se obterem dados estatísticos comreferência a doenças profissionais, especialmentenuma força de trabalho tão móvel e eventual como ada construção.

3 De fato, é 2,6 maior na Argentina; 2,8 maior na Espanha; 3 vezes maior na Coréia do Sul; 3,4 vezes maior na França; 3,5 vezes maior nosEstados Unidos e 3,8 vezes maior no Japão.

Figura 5EUA Indústria da construção

Tendências no emprego e nos acidentes fatais

Figura 6JAPÃO Indústria da construção

Tendências no emprego e nos acidentes fatais

Figura 7ESPANHA Indústria da construção

Tendências no emprego e nas taxas de acidentes fatais

Figura 8Taxa de acidentes fatais do trabalhador da construção

/ taxa de acidentes fatais do trabalhador médio

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Já se começa, porém, a vislumbrar a verdadeira di-mensão do problema de doenças profissionais naconstrução. Estima-se, por exemplo, que, no ReinoUnido, de cada 20 trabalhadores que trabalham (outenham recentemente trabalhado) na construção, umtenha sofrido transtorno musculoesquelético, especi-almente lombar. Do mesmo modo, estima-se tambémque, no Reino Unido, os trabalhadores na constru-ção têm mais do dobro de probabilidade de sofrerdoenças relacionadas com o trabalho que os traba-lhadores das demais indústrias (CALDWELL).

Na França, por sua vez, 20% das doenças profissio-nais reconhecidas como tais pela previdência socialocorrem no setor da construção, quer dizer, uma emcada cinco, destacando-se, dentre elas, por sua fre-qüência, o higroma da rótula, tendinite, dermatiteproduzida por cimento e surdez profissional (PELÉ).

2. Planejamento e coordenação: dois imperativosda SST na obraGrande parte dos riscos que ocorrem nos trabalhosde construção resulta de mau planejamento. Daí sepoder afirmar que, em geral, uma obra bem-organi-zada é uma obra segura e também, num sentido maisamplo, que uma obra bem-gerida (quer dizer, bem-planejada, organizada, dirigida e controlada) é, alémdisso, uma obra segura.

A organização de uma obra requer sempre planeja-mento prévio. Cada uma das unidades da obra(escavação, estrutura, acabamentos, etc), cada umadas operações dos trabalhos (armazenamento e su-primento de materiais, remoção de entulhos, etc)deveria ser previamente planejada. Por outro lado, aprodutividade, a qualidade, a segurança de um tra-balhador só poderão ser asseguradas se, no exatomomento, houver quantidade suficiente de trabalha-dores com as necessárias aptidões, ferramentas eequipamentos adequados e em bom estado, e sufici-ente quantidade e qualidade do material a ser usado.

São muitos os fatores que dificultam o planejamentona construção: diversidade de tarefas, pouca uniformi-dade das construções, pouco tempo entre a licitaçãoe o início da obra, falta de definição ou reformas noprojeto, mudanças climatológicas imprevistas... Massempre é possível planejar o mínimo do trabalho doponto de vista da segurança, de modo que se possaeliminar a causa de muitos acidentes, quer dizer, é sem-pre possível fazer a prevenção.

Com relação à segurança no trabalho, a melhor ma-neira de fazer esse planejamento é registrar, porescrito, as previsões, com relação à prevenção deriscos, que foram feitas para uma determinada obra.É, sob esse aspecto, que cada vez mais se recorreao chamado projeto de segurança4 como forma efi-caz de planejar e controlar a SST na obra.

O projeto de segurança estabelece, define, quantificae avalia as medidas preventivas (proteções coletivas,sinalização, proteções pessoais, formação, primeirossocorros, etc.) e as instalações sanitárias e de bem-estar (serviços de higiene, vestiários, refeitórios, etc.)que se tenham planejado para uma determinada obra.

A coordenação da prevenção entre as diferentes em-presas que participam da obra é outro aspectofundamental da segurança e da saúde no setor. Na in-dústria da construção é comum várias empresastrabalharem simultaneamente numa mesma obra, demodo que trabalhadores de uma empresa podem es-tar expostos a riscos gerados por outras; acontecetambém que medidas de prevenção e proteçãoadotadas por uma empresa podem afetar trabalhado-res de outras que operam na mesma obra; em outroscasos, ocorre às vezes também o problema de nenhu-ma empresa responsabilizar-se pelo controle dos riscosque possam ter sido deixados por uma empreiteira aoencerrar seus trabalhos e deixar a obra.

4 Conhecido também como programa ou plano de SST da obra.

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É comum se querer improvisar a coordenação semnenhum plano, programa ou projeto de segurançapreviamente assumido pelas empresas que participamda obra, e isso não costuma dar bons resultados, jáque uma boa coordenação nasce, em geral, de umbom planejamento.

3. Necessidade de enfoque específico

A relevância do tema da segurança e saúde no traba-lho de construção não deve ser buscada só pelo fatode constituir uma das atividades com maiores índicesde sinistralidade, mas também pelo fato de a preven-ção de acidentes de trabalho nas obras exigir grandeespecificidade, tanto pela natureza particular dos ris-cos do trabalho de construção como pela naturezatemporária dos centros de trabalho (as obras) dosetor.

A natureza particular do trabalho de construção en-volve uma série de riscos específicos do setor comotrabalho em altura (utilização de andaimes, passarelase escadas de obra; trabalho em coberturas feitas demateriais frágeis); trabalho de escavação (utilizaçãode explosivos, máquinas de movimentação de terra,desprendimento de materiais, quedas na escavação)e levantamento de materiais (utilização de gruas e deelevadores de obra). Mas, o que determinaverdadeiramente a especificidade da segurança e dasaúde no trabalho de construção é a naturezatemporária de seus centros de trabalho.

A temporariedade dos trabalhos de construçãoimplica a “provisoriedade” das instalações sanitáriase de bem-estar (serviços de higiene e limpeza,refeitórios, vestiários, água potável); das instalaçõese serviços de produção (iluminação, eletricidade,elevadores de materiais); das proteções coletivas(guarda-corpos, andaimes, plataformas e redes deproteção) e da sinalização de segurança na obra. Essacontínua mudança de centro de trabalho exige que osistema de gestão da segurança e da saúde no traba-

lho de construção seja diferente do aplicado em ou-tros setores e no qual o planejamento, a coordenaçãoe o orçamento da prevenção das obras adquiremenorme significação.

Alguns países contam com políticas e programas deSST especialmente voltados e concebidos para osetor da construção. Essa situação diferenciada emmatéria de SST no setor inclui, em geral,regulamentos, normas técnicas, serviços de assessoriae inspeção, informações, estudos, publicações eoferta de formação específica para o setor daconstrução. Mas esse não costuma ser o caso damaioria dos países em desenvolvimento, onde aatuação em nível nacional, em matéria da SST,geralmente é pouco diferenciada por setor e ondenormalmente faltam programas específicos de SSTpara o setor da construção.

4. Dono da obra, projetista, manutenção e usoda obra concluída

Segundo estudo sobre a situação da segurança esaúde nos trabalhos de construção nos países daUnião Européia, cerca de dois terços dos acidentesfatais ocorridos em obras de construção dessespaíses eram atribuíveis a más decisões de projeto(com relação a escolha de materiais, equipamentosde construção e projeto arquitetônico) e a máorganização do trabalho (LORENT).

Do mesmo modo, no preâmbulo da Diretiva Euro-péia sobre Segurança e Saúde na Construção (Diretiva92/57/CEE), considera-se que mais da metade dos aci-dentes de trabalho em obras de construção naComunidade Européia (hoje a EU, União Européia) dizrelação com decisões arquitetônicas e/ou de organiza-ção inadequadas ou com mau planejamento das obrasem sua fase de projeto. Conseqüentemente, a DiretivaEuropéia enfatiza, sobretudo, o planejamento e a coor-denação tanto na fase de elaboração do projeto comona fase de construção da obra e recomenda que o dono

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da obra5 designe um coordenador de SST e vele pelacriação de um plano de SST.

Para a Diretiva Européia, porém, a segurança e saú-de na construção vão além da fase de execução daobra, e obriga também os coordenadores de SST aconstituir um “expediente de segurança” com asmedidas de segurança e saúde que deverão seraplicadas no uso e manutenção da obra terminada(segurança na utilização de instalações elétricas, degás, elevadores; segurança contra incêndios; planosde evacuação; segurança na limpeza e manutenção defachadas, telhados, maquinaria, equipamentos;segurança na demolição, etc.).

5. Critério da OIT

A OIT sempre reconheceu a necessidade detratamento diferenciado do tema de segurança esaúde na construção. Já em 1937, adotou aConvenção 62, sobre Prescrições de Segurança naIndústria da Construção, a segunda convenção desegurança e saúde no trabalho, da OIT, dirigidaespecificamente a um setor de atividade econômica.Essa Convenção conta atualmente com 30ratificações, três delas de países da América Latina:Honduras, Peru e Uruguai.

Em 1988, a OIT adotou a Convenção 167 sobreSegurança e Saúde na Construção, por considerarque a antiga Convenção 62, de 1937, sobreprescrições de Segurança na Indústria da Construção,já não era apropriada para regulamentar os riscos desseimportante setor de atividade (OIT, 1987).

Entre outras novidades, a Convenção 167 incorporao tema do planejamento e da coordenação da SSTnas obras, especificando que, no caso de dois ou maisempregadores realizarem atividades simultâneasnuma mesma obra: (a) a coordenação das medidas

prescritas em matéria de segurança e saúde no tra-balho e a responsabilidade de velar por seucumprimento recairão sobre o principal empreiteiroda obra e (b) cada empregador será responsávelpelas medidas prescritas para os trabalhadores sobsua responsabilidade. Além disso, a Convenção 167estabelece que as pessoas responsáveis pelaconcepção e planejamento de um projeto deconstrução deverão tomar em consideração asegurança e saúde dos trabalhadores da obra.

A Convenção 167 foi ratificada, até o momento, por17 países, entre eles cinco latino-americanos:Colômbia, Guatemala, México, RepúblicaDominicana e Uruguai.

Em 1992, foi aprovado novo Repertório deRecomendações Práticas da OIT sobre Segurançae Saúde na Construção. O Repertório volta aenfatizar a importância do tema do planejamento e dacoordenação e assinala, além disso, algumasresponsabilidades adicionais de empresários,projetistas e donos de obra, entre as quais cabesalientar as seguintes:

- na falta de empreiteira principal, dever-se-iaatribuir a uma pessoa ou órgão competente aautoridade e os meios necessários paraassegurar a coordenação e a aplicação dasmedidas em matéria de segurança e saúde notrabalho;

- os responsáveis pela elaboração e peloplanejamento de um projeto de construçãodeveriam considerar a segurança e saúde dotrabalhador da construção na fase de elabora-ção e planejamento do projeto. Além disso,deverão ter em mente os problemas de segu-rança relacionados com sua manutençãoulterior quando isso implicar riscos específicos;

5 Entidade que manda executar a construção e/ou para quem a construção se destina (entidade pública ou particular/incorporador). Conhecidotambém como promotor, propietário ou cliente.

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- os donos de obra deveriam: (a) coordenar, oudesignar pessoa competente para fazê-lo, to-das as atividades relativas a segurança e saúdena execução de seus projetos de construção;(b) informar as empreiteiras sobre os riscosespeciais que podem surgir em matéria de se-gurança e saúde no trabalho e dos quais devemter conhecimento como clientes e (c) solicitardas empreiteiras que incluam em suas propos-tas a previsão orçamentária para fazer frenteaos gastos que implica a adoção das medidasde segurança e de saúde durante o processode construção.

6. Crescente interesse pelos sistemas de gestão.As ILO-OSH 2001

Os trabalhos de construção implicam dois tipos degestão: gestão do projeto ou obra e gestão daempresa ou organização.

Durante a última década, vimos como o centro deatenção em matéria de gestão da SST na indústria daconstrução passou do nível de projeto para o nívelda empresa e para um enfoque mais dinâmico esistemático em consonância com as normasinternacionais de qualidade e de meio ambiente.

A idéia básica por trás desse novo enfoque – o Siste-ma de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho(SG-SST) – é o da melhoria contínua do desempenhoem SST. Sob esse aspecto, a gestão da SST na em-presa construtora não deveria ser consideradaunicamente como uma maneira de observar as corres-pondentes obrigações legais e regulamentares, mastambém como preocupação com a melhoria contínuado desempenho em matéria de SST.

Um indicador do crescente interesse pelos sistemas degestão no setor da construção é o aumento do númerode certificados ISO 9001 e ISO 14001 por partedas empresas do setor, como percentual do númerototal de certificados dessas normas em nível mundial.Assim, enquanto em 1998, o setor construçãorepresentava 8,6% de todos os certificados ISO 9001e 4,1% de todos os certificados ISO 14001, no finaldo ano de 2000 os ditos percentuais já eram de até10,2% e 5,9% respectivamente.

Nesse contexto, a OIT adotou as Diretrizes sobreSistemas de Gestão de Segurança e Saúde noTrabalho (ILO-OSH 2001), numa reunião tripartitede peritos realizada em Genebra, em abril de 2001(Figura 9).

Figura 9

ILO-OSH 2001 - Elementos principais

• Política

• Organização

• Planejamento e Implantação

• Avaliação

• Ações em favor de melhorias

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Essas novas diretrizes da OIT oferecem um modelointernacional único, compatível com outras normas eguias sobre sistemas de gestão; não são legalmenteobrigatórias e sua intenção não é a de substituir nor-mas, regulamentos e leis existentes nos países; refletemos valores da OIT como o tripartismo e as conven-ções internacionais da OIT em matéria da SST, e suaaplicação não requer certificação, embora não seexclua o recurso à certificação como meio de reco-nhecimento de boas práticas.

Um aspecto importante das diretrizes da OIT é anecessidade de um marco nacional para aimplementação dos sistemas de gestão de segurançae saúde no trabalho (SG-SST) num determinado país.As diretrizes da OIT recomendam, especificamente,o estabelecimento de uma política nacional em maté-ria de SG-SST; a adoção de diretrizes nacionais etambém de diretrizes específicas, se considerar ne-cessário atentar para condições e necessidadesparticulares de determinados grupos de empresas(pequenas empresas, construção, agricultura, etc.),além da adoção de um mecanismo de apoio para aimplementação das SG-SST. Essa é uma das carac-terísticas diferenciais das diretrizes da OIT, que asdistinguem de outras normas e guias baseados noenfoque ISO, como são as OSHAS 18000.

Como exemplo de diretrizes específicas para o setorde contrução, cabe mencionar as diretrizes japone-sas sobre Sistemas de Gestão de Segurança eSaúde no Trabalho para a Indústria de Constru-ção, adotadas pela Associação Japonesa deSegurança e Saúde na Construção (JCSHA).

7. Enfoque de sistema na gestão da SST emnível nacional

Na Conferência Internacional do Trabalho, realizadaem Genebra, no mês de junho de 2003, a OIT ado-tou uma resolução em matéria de segurança e saúdeno trabalho (OIT 2003b), na qual se enfatiza a utili-zação do “enfoque de sistema” na gestão da SST noâmbito nacional. A resolução promove a criação deprogramas nacionais de SST com vista ao fortaleci-mento e à melhoria contínua dos sistemas nacionaisde segurança e saúde no trabalho. A Figura 10 re-sume o novo enfoque estratégico em matéria de SSTna dita resolução.

A Resolução nos lembra que muitos dos princípioscaracterísticos dos sistemas de gestão da segurançae saúde (SG-SST) na empresa são também aplicá-veis à gestão dos sistemas nacionais de segurança esaúde no trabalho (SN-SST). Assim, ao se referir aprogramas nacionais, a Resolução fala de melhoriacontínua de objetivos e prioridades claramente esta-belecidos, da necessidade de um compromisso domais alto nível (nesse caso político e governamental)e da participação de trabalhadores (e de emprega-dores), princípios esses todos constantes também nasILO-OSH 2001.

O surgimento dos sistemas de gestão de segurança esaúde no trabalho (SG-SST) é resultado, em grandeparte, das maiores exigências de competitividade a queas empresas se vêem submetidas. Do mesmo modo,maiores exigências de competitividade, a que os paí-ses estão sujeitos, tornaram seus Sistemas Nacionais

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de SST cada vez mais passíveis de ser examinados soba ótica de sua contribuição para a competitividade dopaís, o que explica, de algum modo, o crescente re-curso dos países (Reino Unido, Estados Unidos,Austrália, Japão, Coréia, Hungria, Tailândia, etc.) aosprogramas nacionais de SST como forma de melhorara eficácia e a eficiência de seus correspondentes siste-mas nacionais de SST.

No contexto dos programas nacionais de SST, a OITpromove também programas nacionais de segurançae saúde na construção, como estratégia para priorizara melhoria dos componentes do SN-SST, própriosdo setor da construção, como são, por exemplo, anormativa, o controle, o treinamento, os estudos e aconsulta tripartite de SST voltados especificamentepara o setor da construção.

Figura 10

8. Consideração finalEmbora a segurança e saúde no trabalho devam ser,sobretudo, consideradas como um direito dos traba-lhadores, isso não deveria esconder o fato de que aprevenção dos acidentes de trabalho é também umrecurso a mais com que contam as empresas cons-trutoras para melhorar sua competitividade.

Finalmente, o passo definitivo para a integração dasegurança e saúde no trabalho nas obras deconstrução só será dado quando todas as partesenvolvidas no processo (trabalhadores, empresários,projetistas, donos de obra) se convencerem de queos imperativos da segurança e saúde no trabalho, deum lado, e os imperativos da competitividade, deoutro, não só não se contradizem, mas, pelo contráriosão convergentes.

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CAPÍTULO III

Segurança e Saúde no Trabalho da Construção na União Européia

Luis Alves Dias

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Abreviaturas Utilizadas neste Documento

AISS-C – Associação Internacional da Segurança Social – Seção da ConstruçãoCP – Comunicação Prévia, como definido na Diretriz CanteirosCSS-C – Coordenação de Segurança e Saúde no Trabalho na Fase de ConstruçãoCSS-P – Coordenação de Segurança e Saúde no Trabalho para a Fase de ProjetoDC – Diretriz Canteiros n.º 92/57/CEE, de 24 de junho de 1992DQ – Diretriz Quadro da SST n.º 89/391/CEE, de 12 de junho de 1989OIT – Organização Internacional do TrabalhoPGP – Princípios Gerais de Prevenção, como definido na DQPIP – Plano de Intervenções Posteriores, designação que pretende significar o dossiê previsto na DC, que deverá

conter os elementos úteis em matéria de segurança e saúde a ter em conta trabalhos posteriores,designadamente de manutenção

PSS – Plano de Segurança e Saúde, como definido na DCSST – Segurança e Saúde no TrabalhoUE – União Européia (abrangendo apenas os 15 países no início de 2004)

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1. Introdução

Os 15 países da União Européia (UE)1 ocupam umaárea de cerca de 3,2 milhões de quilômetros quadra-dos, com uma população total de cerca de 375 milhõesde habitantes. O setor da construção tem uma produ-ção total de cerca de 910 bilhões de euros (2003) eemprega cerca de 8% da força total de trabalho (re-presentando cerca de 11 milhões de trabalhadores daconstrução). Do número total de acidentes de traba-lho em todas as atividades econômicas, o setor daconstrução representa aproximadamente 18% (cercade 850 mil acidentes de trabalho com mais de três diasde trabalho perdidos por ano) e, no que respeita aacidentes de trabalho fatais, representa cerca de 24%(1,3 mil acidentes de trabalho fatais por ano). Tendoem conta a estimativa da Organização Internacional doTrabalho (OIT), de 60 mil acidentes de trabalho fataispor ano em canteiros em todo o mundo [López-Valcárcel], e a distribuição desses acidentes por regiões(64% para a Ásia e região do Pacífico, 17% para asAméricas, 10% para a África e 9% para a Europa), ospaíses da União Européia são responsáveis por menosde 2% de todos os acidentes de trabalho fatais.

Esses números são de fato inaceitáveis do ponto devista social e humano. Diante desse cenário e o re-conhecimento de que a construção é uma indústria deelevado risco, a União Européia publicou, em 1992,uma diretriz especial mudando a forma de como asegurança e saúde na construção vinham sendo con-sideradas. Essa diretriz (92/57/CEE) é agoraconhecida mundialmente como a Diretriz Canteiros(DC). Desde então, a indústria da construção mudouem todos os países da União Européia e a segurançae saúde no trabalho da construção são agora umaquestão de que a maioria dos intervenientes na cons-trução têm conhecimento e levam em consideraçãona atividade corrente.

O elevado número de encontros, seminários, con-gressos e simpósios, desde então organizados nospaíses da União Européia, tem contribuído significa-tivamente para esse conhecimento. Apesar disso, háainda, em alguns países alguns intervenientes (nome-adamente, donos de obra e autores de projeto) quecontinuam a ignorar suas responsabilidades relativa-mente a segurança e saúde na construção, sobretudodonos de obra e autores de projetos que, por tradi-ção, consideravam segurança e saúde como exclusivaquestões da responsabilidade de empreiteiros. Ór-gãos oficiais (governos, particularmente, as inspeçõesdo trabalho) deveriam promover ou reforçar o conhe-cimento desses intervenientes sobre essas matériascom intensificação de seminários relacionados com asresponsabilidades específicas de cada um desses gru-pos de intervenientes.

Desde sua publicação, em 1992, todo país da UEincorporou, em seu direito interno, as disposiçõesdessa Diretriz. Ora, enquanto alguns países “traba-lharam” essa Diretriz para criar mecanismos e meiospara sua efetiva implementação, outros limitaram-sea fazer “simples” transposição, com poucas adapta-ções à realidade, criando confusão, em alguns casos,para os responsáveis por sua implementação ou peloacompanhamento diário de sua aplicação. Outrospaíses mudaram ou estão em processo de revisão dassuas primeiras transposições, revendo a legislaçãopara clarificação ou pormenorização (IRL, B, P).Apesar da base comum introduzida pela Diretriz, ofato é que cada país da UE tem sua própria aborda-gem (por vezes com diferenças significativas), o quenão favorece a circulação das empresas de constru-ção entre os diferentes Estados-membros.Observa-se que alguns indicadores de sinistralidadelaboral (em particular o número de acidentes de tra-balho fatais na construção por 100 mil trabalhadores

1 Como é sabido, em maio de 2004, a UE foi ampliada de 15 (vide Quadro 1) para 25 países, sendo os dez novos os seguintes países: Chipre,República Tcheca, Estônia, Hungria, Letônia, Lituânia, Malta, Polônia, Eslováquia e Eslovênia. A UE25 compreende então uma área de cercade 4 milhões de quilômetros quadrados, com uma população de cerca de 450 milhões de habitantes. O presente documento abrange, porém,apenas a UE dos 15 (UE15).

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- cerca de 12 na EU, nos EUA e Japão) diferem entreos 15 países, por vezes significativamente. Os aciden-tes de trabalho fatais mais freqüentes na construçãona UE são os relacionados com quedas de altura,esmagamentos, soterramentos e eletrocussão.

No presente texto, pretende-se essencialmente apre-sentar e discutir a nova abordagem dessa DiretrizCanteiros relativa a segurança e saúde na construção,levando em conta diferentes abordagens em países daUE. É também discutido o papel dos principaisintervenientes no processo de construção, apresen-tando-se, por último, algumas considerações finaissobre os temas aqui abordados.

Fonte de InformaçãoA fonte de informação utilizada neste texto é apresen-tada no Quadro 1. A referência a uma “lei” pretende

significar qualquer documento legal, independente-mente do nome utilizado em cada país (lei, decreto-lei,“ordem executiva”, código de prática, portaria, etc.).Outros documentos de referência são também cita-dos, com prioridade para o já estabelecido nas leisconhecidas em cada país cuja língua o autor podia lere compreender. Para outros casos, tomou-se porbase a informação contida nas duas publicações re-feridas no mesmo Quadro (AISS-C, 2001 eCIB-W99, 1999). Convém, todavia, observar quealguns países da UE podem ter alterado as suas leispor diferentes razões (seja para melhor cumprir aDiretriz, seja por razões de maior clareza). A discus-são, neste texto, baseia-se também na experiência econhecimento do autor em sua atual atividade profis-sional e participação em diversos encontrosinternacionais em que esse tema tem sido extensiva-mente discutido.

Quadro 1: Fonte de informação (Países da UE)

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2. Nova abordagem da Diretriz Canteiros sobreSST

Tradicionalmente e antes da publicação da DC naUnião Européia, a responsabilidade pela imple-mentação de todas as medidas de prevenção noscanteiros estava a cargo principalmente (e em algunspaíses apenas) dos empreiteiros, com base na legis-lação e/ou nos contratos firmados entre eles e osdonos de obras. Depois da publicação dessa Diretrizna UE, todos os intervenientes no processo deconstrução passaram a ter ou continuam a terresponsabilidades e obrigações em matéria desegurança e saúde no trabalho (donos de obras,projetistas, gestores e supervisores de obras,empreiteiros e subempreiteiros, trabalhadores).

De fato, a DC introduziu uma nova abordagem paraa melhoria da segurança e saúde na construção, como objetivo de relevar a importância da aplicação demedidas de prevenção (de gestão e materiais) quepossam contribuir para a redução dos acidentesrelacionados com o trabalho na construção. Teve emconta, de alguma forma, as disposições daConvenção da OIT n.º 167, de 1988, sobreSegurança e Saúde na Construção, ratificada porcinco países da UE (DK, FIN, D, I, S).

Sumariamente, essa nova abordagem da DC baseia-se:

(i) no princípio, segundo o qual, todos osintervenientes envolvidos no processo deconstrução têm tarefas (responsabilidades)específicas relativamente à SST, inclusive odono da obra2 e autores dos projetos;

(ii) na introdução de novo conceito de coordena-ção de segurança e saúde (para a fase doprojeto/concepção e para a fase de construção/execução física dos trabalhos), criando:

- dois novos intervenientes no processo deconstrução (os coordenadores de segurançae saúde para a fase de projeto e para a fasede construção) e

- três novos documentos de prevenção de ris-cos profissionais (a comunicação prévia, oplano de segurança e saúde e o plano de in-tervenções posteriores).

Em 2.1, as tarefas sobre SST de todos osintervenientes no processo de construção sãoapresentadas de forma sumária e, em 2.2, o novoconceito de coordenação de segurança e saúde éapresentado e discutido, quer para a fase de projetoquer para a fase de construção.

Os novos documentos de prevenção de riscos profis-sionais são também sumariamente descritos em 2.3.

2.1 - Tarefas, no âmbito da SST, dosintervenientes no processo de construção

Num sistema tradicional de gestão deempreendimentos podem ser considerados osseguintes e principais intervenientes: o dono da obra,o “proprietário” do empreendimento ou da obra; osupervisor (por vezes designado como gestor doempreendimento ou gestor da construção), quesupervisiona o empreendimento ou obra por conta dodono da obra ou no lugar dele; os autores do projetoque projetam o empreendimento e os empreiteiros(incluindo seus subempreiteiros e trabalhadores) queexecutam o projetado. Todas as funções ou, partedelas, podem ser também exercidas pelo própriodono da obra, dependendo dos recursos e decapacidade (meios humanos e materiais) de que dis-põe em sua estrutura para cumprir as tarefas. Muitasoutras estruturas organizacionais (diferentes e/ou maiscomplexas) poderão ser consideradas, mas essa dis-cussão escapa ao âmbito do presente estudo.

2 Entidade que manda executar a construção e/ou para quem a construção se destina (entidade pública ou particular/incorporador/proprietário).

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Cada um desses intervenientes tem tarefas específi-cas relativas à SST, e suas responsabilidades sãogradativas, de acordo com a função, experiência econhecimento em matéria de construção de cada ume com seu desempenho no processo de construção.

2.1.1 - Dono da obra e a SST

O dono da obra não possui em geral conhecimentosna área da construção, sendo-lhe, por isso, atribuídasobrigações simples e não técnicas relativamente àSST. Suas tarefas em matéria de SST incluem, deacordo com a DC, nomeadamente:

(i) designação de um ou mais coordenadores desegurança e saúde (para a fase de projeto epara a fase de construção);

(ii) formalização da comunicação prévia às auto-ridades competentes em matéria de SST(inspeção do trabalho) antes de começarem ostrabalhos;

(iii) assegurar a existência de um plano de segu-rança e saúde, antes da abertura do canteiro edo início dos trabalhos, que deve especificar asregras aplicáveis ao canteiro em causa.

Importa observar que o dono da obra poderá tam-bém desempenhar a função dos coordenadores desegurança e saúde ou poderá contratar outra pessoa(individual ou coletiva) para fazê-lo em seu nome,como é mais usual. Esses coordenadores (vide 2.1.2)constituem-se assim especialistas do dono da obrasobre todas as questões relativas à segurança e saúdeno processo de construção (durante as fases deprojeto e de construção). São “agentes” econselheiros do dono da obra e, portanto,responsáveis também pelo estabelecimento das prin-cipais políticas relativas à SST em cadaempreendimento ou obra. O dono da obra atua dealguma forma como um “mestre de orquestra”. Elesabe o que quer, decide o que fazer, mas não pode“tocar cada instrumento com a qualidade de cada

tocador”. Ele está na primeira linha de responsabili-dades no que respeita à SST, dado que possui podere autoridade sobre todos os outros intervenientes edeverá encorajá-los a ter em conta a segurança e asaúde durante todas as fases do processo de cons-trução, dando-lhes todos os meios necessários esuportando os respectivos custos.

2.1.2 - Coordenadores de segurança e saúde e a SST

Os coordenadores de segurança e saúde podem serpessoas individuais ou coletivas designadas pelo donoda obra ou pelo supervisor do empreendimento ouobra para executar as disposições da coordenaçãode segurança e saúde a seguir referidas, durante asfases de projeto e de construção. Essas duas funçõespodem ser preenchidas por uma ou mais pessoas nomesmo empreendimento ou obra. São designadaspelo dono da obra para coordenar o empreendimentoou obra em todas as questões relativas a segurança esaúde, e não há impedimento para designar algum oualguns dos intervenientes existentes (especialmente ogestor do empreendimento ou obra ou o própriosupervisor) que podem acumular a função, desde queassegurada sua independência e não haja conflitoscom as tarefas que já possuem no empreendimentoou obra em causa, isto é, quem faz não supervisiona.Seja quem for designado como coordenador desegurança e saúde, o importante é assegurar aimplementação da coordenação de segurança esaúde, acreditando-se que cada caso deve seranalisado e decidido, tendo em vista sua natureza,dimensão e complexidade.

Embora a Diretriz estabeleça que esses coordenadorespodem ser pessoas físicas ou jurídicas, alguns paísesda EU impõem que sejam pessoas físicas (p.ex. E, I),enquanto outros, pessoas jurídicas (p.ex. S, UK). Al-guns países consideram que, no caso de pessoa jurídica,essa deve incluir na sua equipe pessoas físicas qualifi-cadas como coordenadores de segurança e saúde (p.ex. A, F, D, P).

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De acordo com a DC, a designação desses coorde-nadores está relacionada apenas com o número deempresas que se prevê estejam simultaneamente pre-sentes no canteiro. Na maioria dos países, nadeterminação desse número de empresas, com essafinalidade, é claramente estabelecido que ossubempreiteiros e/ou qualquer empregador ou traba-lhador autônomo devem ser considerados.Permitem-se derrogações dessas designações decoordenadores, a menos que os trabalhos envolvamriscos especiais (vide definição e discussão em 2.2)ou quando é exigida a comunicação prévia (vide 2.3).

2.1.3 - Autor do projeto e a SST

O autor do projeto deverá ter em conta os princípiosgerais de prevenção (PGP) referidos na DiretrizQuadro da SST (vide 2.2) quando aspectosarquitetônicos, técnicos e/ou organizacionais sãodecididos e quando se estima o prazo de execuçãopara o empreendimento ou obra ou para as suasfases. Importa observar que na DC esta obrigação éatribuída ao dono da obra ou ao supervisor por eledesignado, mas, na maioria dos países da EU, essaobrigação foi atribuída por lei a autores dos projetos.O conhecimento e a interpretação desses PGP porautores de projetos é uma questão muito importante,tendo em vista influírem significativamente nasegurança e na saúde não apenas de trabalhadoresda construção, durante a fase de execução física dostrabalhos, mas também de trabalhadores queintervirão durante a fase de exploração/manutenção.Em 2.2 apresentam-se algumas considerações sobreesses princípios bem como sua interpretação.

A questão está em saber como é que os autores dosprojetos estão desempenhando essas tarefas. Seráque conhecem e têm preparação/qualificação paraaplicação desses princípios? A resposta pode variarde país para país, mas acredita-se que, na maioria doscasos, há ainda muito a fazer e melhorar nessa área.

2.1.4 - Empreiteiros e a SST

Os empreiteiros devem cumprir todas as regras so-bre SST estabelecidas na legislação e no contratocom o dono da obra. Os subcontratados(subempreiteiros, fornecedores de mão-de-obra e deequipamento com os manobreiros/operadores) e bemassim as respectivas e sucessivas cadeias desubcontratação devem também seguir as mesmasregras sobre SST e nos contratos estabelecidos comos respectivos contratantes. Nesses casos, devem serseguidas as regras estabelecidas no plano de segu-rança e saúde e no plano de intervenções posterioreselaborados para o empreendimento ou obra em cau-sa, incluindo esses mesmos documentos, de formaclara, em cada um desses contratos quanto à parteque lhes diz respeito. Os empreiteiros têm a obriga-ção de coordenar todos os seus subcontratados eesses também têm o dever de cooperar com o em-preiteiro que os contratou. O empreiteiro deve aindaimplementar, e fazer implementar pelos seussubcontratados, os princípios gerais de prevenção (osmesmos acima referidos, mas agora aplicados durantea execução dos trabalhos). Uma questão importanteque vale sublinhar refere-se às responsabilidades dosempreiteiros, como empregadores, que não foram re-duzidas com essa nova abordagem sobre SSTintroduzida pela DC.

2.1.5 - Trabalhadores e a SST

Os trabalhadores da construção têm direitos e deve-res em matéria de SST. A DQ releva os direitos dostrabalhadores, atribuindo aos empregadores a res-ponsabilidade de lhes garantir segurança e saúde emtodos os aspectos relacionados com o trabalho. Paratal, os empregadores devem, designadamente, tomartodas as medidas necessárias para implementar asatividades de prevenção de riscos profissionais, deinformação e formação, bem como a criação de umsistema de gestão devidamente organizado e com osmeios necessários. A aplicação dessas medidas deve

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ter por base os nove princípios gerais de prevençãoadiante referidos.

Por outro lado, os trabalhadores têm também deve-res em matéria de SST, consubstanciados, sobretudo,pela obrigatoriedade de cumprirem as disposições dalegislação e do plano de segurança e saúde na parteque lhes compete. Objetivamente, têm a obrigaçãode utilizar o equipamento de proteção individual (EPI)de acordo com as instruções do empregador e mantê-lo em boas condições. Devem ainda informar seusuperior hierárquico ou o representante dos trabalha-dores sobre qualquer situação de não segurança narealização do trabalho que lhes foi atribuído e podemsugerir a implementação de novas medidas de segu-rança ou em alternativa às preconizadas no plano desegurança e saúde. A formação e sensibilização dostrabalhadores sobre SST são da maior importânciapara esse objetivo, por serem eles os principaisbeneficiários de todas essas medidas.

2.1.6 - Nota final

Independentemente das tarefas de cada interveniente,é importante garantir e esclarecer que a SST é umaquestão que diz respeito a todos os intervenientes noprocesso de construção. Cada pessoa é responsávelpor sua própria segurança e pela segurança de outrosque possam ser afetados por suas ações. Convémassim exigir o comprometimento e o esforço de todose evitar a idéia de que a SST é uma questão que dizrespeito apenas aos especialistas em segurança esaúde, que têm formação e qualificação específica emmatéria de segurança e saúde, situação que, por ve-zes, se verifica em diversos casos.

2.2 - Coordenação de segurança e saúde

A Diretriz Canteiros considera as seguintes duas fa-ses para a coordenação de segurança e saúde duranteo processo de construção:

- Coordenação de segurança e saúde durante afase de projeto (adiante designada por CSS-P);

- Coordenação de segurança e saúde durante afase de construção (adiante designada porCSS-C).

A primeira (CSS-P) é desempenhada pelocoordenador de segurança e saúde para a fase deprojeto, que deverá ser designado pelo dono da obra,preferencialmente antes do processo de seleção doautor do projeto. A CSS-C é desempenhada pelocoordenador de segurança e saúde para a fase deconstrução, que deverá também ser designado antesdo processo de licitação dos empreiteiros.Considera-se que esses momentos de designação deambos os coordenadores são os desejáveis, mas talnão consta da DC, diferindo na prática para cadacaso e para cada país.

Em ambos os casos, o cumprimento dos chamados“Princípios Gerais de Prevenção” (PGP) é da maiorimportância para uma completa e eficientecoordenação de segurança e saúde durante as fasesde projeto e de construção. Esses PGP devem seraplicados pelos autores dos projetos, durante oprocesso de elaboração dos projetos, e pelosempreiteiros, durante a execução física dos trabalhos,com o acompanhamento, em ambos os casos, dosrespectivos coordenadores de segurança e saúde.Esses intervenientes deverão conhecer, compreendere interpretar esses princípios tendo em conta, para cadaempreendimento ou obra, o respectivo projeto de cons-trução em causa (relativamente à CSS-P) e o processode construção (no que respeita à CSS-C).

Os nove PGP são apresentados no Quadro 2 maisadiante juntamente com alguns comentários, conside-rações e exemplos para cada um deles. Como acimareferido (vide 2.1), durante a fase de projeto, a mai-oria dos países cometeram a aplicação dos PGP aosautores dos projetos, e a tarefa dos coordenadores

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é principalmente de coordenação ou supervisão desua aplicação.

Em termos gerais, a coordenação de segurança esaúde (durante as fases de projeto e de construção)baseia-se na seguinte questão para cada empreendi-mento ou obra e para cada elemento de construção3,considerando quaisquer soluções possíveis ou alter-nativas no que se refere aos aspectos arquitetônico,técnico ou organizacional:

Como será construído e mantido?

Para cada empreendimento ou obra (edifício, ponte,estrada, etc), essa questão pode ser estendida dediferentes formas como se apresenta a seguir.

Como será construído cada elemento de construçãosem pôr os trabalhadores em situação de risco quepossa comprometer sua segurança e saúde? Haveriaoutra solução menos perigosa sem comprometer osrequisitos arquitetônicos ou técnicos ou, comprome-tendo esses requisitos, seja viável?

Como será mantido esse elemento de construçãodurante o ciclo de vida do empreendimento ou obrasem pôr em risco os trabalhadores da manutenção?Como será feita a limpeza da fachada (por exemplo,os vidros podem ser limpos do interior, se as janelasforem pequenas ou puderem ser abertas para o inte-rior, caso contrário poderá ser necessário instalar umaplataforma no exterior)?

Como será feito o acesso ao equipamento instaladopelos trabalhadores da manutenção, caso esse este-ja colocado em posição de difícil acesso (porexemplo, equipamento de ar condicionado colocadoem posição muito alta num armazém)?

Como será feito o acesso à cobertura do edifício (le-vando em conta também sua inclinação)? Para futurasmanutenções, seria o caso de deixar pontos de an-coragem na cumeeira da cobertura para fixação de“linhas de vida” (permitindo a utilização de arneses)ou para a fixação de plataformas de trabalho? Pode-rá o parapeito na cobertura ter altura de 1,00 - 1,20metro (variável para cada país) para evitar a necessi-dade de guarda-corpos complementares e de modoque os trabalhadores, durante as fases de construçãoe de manutenção, possam executar, de forma segurasuas tarefas na cobertura?

Essas são apenas algumas das questões que pode-rão sempre ser postas, especialmente pelos autoresdos projetos durante a elaboração dos projetos epelos empreiteiros durante a execução dos trabalhos,e ainda pelos coordenadores de segurança e saúde(fases de projeto e construção).

Com base no acima referido, importa sublinhar que,embora a coordenação de segurança e saúde devaser implementada desde a fase inicial de elaboraçãodos projetos até à conclusão de todos os trabalhos,ela diz respeito também à segurança e saúde de to-dos os trabalhadores que serão envolvidos nasintervenções posteriores (designadamente de manu-tenção) durante todo o período de vida útil doempreendimento. Para isso, o plano de intervençõesposteriores deverá ser utilizado e atualizado durantetodo esse período de vida útil.

Além disso, considera-se que a coordenação desegurança e saúde (em ambas as fases) deverá serimplementada em todos os empreendimentos ouobras, graduando as exigências tendo em vista suadimensão (por ex., custo) e/ou complexidade e,independentemente da dimensão para todos os

3 Um elemento de construção é uma parte do empreendimento ou obra, como pilares, fachada, cobertura, etc.

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empreendimentos ou obras que envolvam riscosespeciais como definido na DC, ou para os quais seexigir prévia comunicação.

Os trabalhos envolvendo riscos especiais, como de-finido pela DC, são: (1) trabalhos que exponhamos trabalhadores a riscos de soterramento, deafundamento ou de queda de altura, particularmenteagravados pela natureza da atividade ou dos métodosutilizados ou pelo enquadramento em que se situa oposto de trabalho ou a obra; (2) trabalhos queexponham os trabalhadores a substâncias químicas oubiológicas que representem riscos específicos para asegurança e a saúde dos trabalhadores ou comrelação às quais haja obrigação legal de vigilânciasanitária; (3) trabalhos com radiações ionizantes, comrelação aos quais seja obrigatória a designação dezonas controladas ou vigiadas; (4) trabalhos naproximidade de cabos elétricos de alta tensão; (5)trabalhos que impliquem risco de afogamento; (6)trabalhos em poços, túneis ou galerias; (7) trabalhosde mergulho com aparelhagem; (8) trabalhos emcaixotões de ar comprimido; (9) trabalhos queimpliquem a utilização de explosivos e (10) trabalhosde montagem ou desmontagem de elementos pesadospré-fabricados.

A DC prevê ainda que cada país pode fixar valoresnuméricos para os riscos referidos no item (1), para queesses riscos possam ser considerados como especiais,isto é, efetivamente não parece razoável considerar, porexemplo, como envolvendo riscos especiais todas asquedas de altura, independentemente da altura daqueda, e todas as escavações, independentemente desua profundidade4.

2.2.1 - Coordenação de segurança e saúde nafase de projeto

A coordenação de segurança e saúde na fase deprojeto (CSS-P) pretende assegurar a identificaçãoe avaliação de potenciais riscos a ser evitados duranteas fases iniciais de elaboração dos projetos por meioda adopção, sempre que possível, de soluçõesalternativas como base de prevenção. Isso deverá serfeito assegurando a observância dos princípios geraisde prevenção a ser aplicados pelos autores dosprojetos como acima referido.

De acordo com a Diretriz Canteiros, essacoordenação implica basicamente o cumprimento dostrês seguintes itens:

- coordenar a implementação dos princípiosgerais de prevenção (PGP) quando se decidemaspectos arquitetônicos, técnicos ouorganizacionais e quando se estimam os prazosde execução globais ou parciais (por fases detrabalho);

- elaborar, ou mandar elaborar, um plano desegurança e saúde (PSS) que estabeleça asregras aplicáveis ao canteiro em consideração;

- preparar um dossiê adaptado às característicasdo empreendimento ou obra, contendoinformação relevante sobre segurança e saúdea ser levada em conta em eventuais trabalhosposteriores (documento aqui designado porplano de intervenções posteriores).

Baseado nesses principais elementos, alguns paísesadaptaram alguns deles tendo em vista sua própriarealidade e/ou para efeitos de esclarecimento. É ocaso, por exemplo, das diferentes designações parao PSS como plano geral de coordenação desegurança e saúde (F, I), plano preliminar de

4 Por exemplo, para trabalhos de escavações envolvendo o risco de soterramento, alguns países consideraram profundidades superiores a 1,20metro (B), enquanto outros consideraram 1,50 metro (I). Para o risco de queda de altura, são considerados, em alguns casos, alturas superioresa 2 metros (I, S), 3 metros (F) ou 5 metros (B).

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Quadro 2: Os Nove Princípios Gerais de Prevenção

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segurança e saúde (IRL), plano de segurança e saúdepré-licitação (UK) ou estudo de segurança e saúde(E). Outros países acrescentaram outros itens com amesma finalidade, por exemplo, assegurar aaplicação dos PGP ou a cooperação entre os autoresdos projetos.

Tendo em vista o acima referido, considera-se que acoordenação de segurança e saúde para a fase deprojeto deveria incluir, nomeadamente, o seguinte:

- assessoria ao dono da obra em todos os assuntosrelacionados com a segurança e saúde notrabalho, incluindo a preparação da política deSST para o empreendimento ou obra em causa;

- coordenação da implementação dos PGP queos autores de projetos devem aplicar durante oprocesso de sua elaboração;

- elaboração do PSS, que deverá incluir todas asregras relativas à SST para serem implementadasdurante a execução dos trabalhos;

- elaboração do PIP, que deverá incluir todainformação relevante assim como as medidasde prevenção e proteção a serem tomadasdurante qualquer trabalho posterior,designadamente de manutenção do produto final;

- preparação, sempre que aplicável, das exigên-cias sobre SST que devem ser incluídas no pro-cesso de licitação, e participação na avaliação eseleção de outros intervenientes no processo deconstrução (principalmente, empreiteiros) e naformulação dos respectivos contratos;

- transmissão ao coordenador de segurança esaúde, na fase de construção, de toda infor-mação relevante sobre SST, nomeadamente oPSS e o PIP, sempre que ocorrer mudança dapessoa responsável pela coordenação de se-gurança e saúde.

2.2.2 - Coordenação de segurança e saúde nafase de construção

A coordenação de segurança e saúde na fase deconstrução (CSS-C) pretende assegurar aidentificação e avaliação de potenciais riscos durantea fase de construção, para efeitos de prevenção. Issodeverá ser feito pelos empreiteiros (e seussubcontratados), com o acompanhamento docoordenador de segurança e saúde nesse fase, epelos supervisores.

De acordo com a Diretriz Canteiros, essacoordenação compreende basicamente seis itens:

- coordenar a aplicação dos princípios gerais deprevenção e de segurança: (i) nas opçõestécnicas e/ou organizacionais para planejar osdiferentes trabalhos ou fases de trabalho queirão desenrolar-se simultânea ousucessivamente; (ii) na previsão do tempodestinado à realização desses diferentestrabalhos ou fases do trabalho;

- coordenar a aplicação das disposiçõespertinentes, a fim de garantir que as entidadespatronais e, se necessário para a proteção dostrabalhadores, os trabalhadores autônomos: (i)apliquem de forma coerente os princípiosindicados na DC que adiante se referem; (ii)apliquem, sempre que a situação o exigir, oplano de segurança e de saúde;

- proceder, ou mandar proceder, a eventuaisadaptações do plano de segurança e de saúdee do plano de intervenções posteriores, emfunção da evolução dos trabalhos e dasmodificações eventualmente efetuadas;

- organizar em nível das entidades patronais, in-clusive as que se sucedem no canteiro, a coo-peração e coordenação das atividades comvista à proteção dos trabalhadores e àprevenção de acidentes e de riscos profissio-

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nais prejudiciais à saúde, bem como a respec-tiva informação mútua, integrando, se existi-rem, trabalhadores autônomos;

- coordenar a fiscalização da correta aplicaçãodos métodos de trabalho;

- tomar as medidas necessárias para que o acessoao canteiro seja reservado apenas a pessoasautorizadas.

Os princípios previstos na DC, já aludidos, são osseguintes: (1) manter o canteiro em ordem e emestado de salubridade satisfatório; (2) escolha dalocalização dos postos de trabalho levando em contaas condições de acesso a esses postos e adeterminação das vias ou zonas de deslocamento oude circulação; (3) condições de manutenção dosdiferentes materiais; (4) conservação, controle antesda entrada em funcionamento e controle periódico dasinstalações e dispositivos, a fim de eliminardeficiências susceptíveis de afetar a segurança e asaúde dos trabalhadores; (5) delimitação eorganização das zonas de armazenagem e dedepósito dos diferentes materiais, especialmentequando se trata de matérias ou substâncias perigosas;(6) condições de coleta de materiais perigososutilizados; (7) armazenagem e eliminação ou retiradade resíduos e escombros; (8) adaptação, em funçãoda evolução do canteiro, do tempo efetivo aconsagrar aos diferentes tipos de trabalho ou fases dotrabalho; (9) cooperação entre entidades patronais etrabalhadores autônomos; (10) interações comatividades de exploração no local em cujo interior ouproximidade está implantado o canteiro.

Tal como para CSS-P acima referida, alguns paíseslimitaram-se a transpor (traduzir) a Diretriz Canteirospara o direito interno com poucas adaptações,enquanto outros estenderam, modificaram eesclareceram as disposições da DC de formadetalhada (B, F, IRL, UK), levando em conta sua

própria realidade e/ou por razões de melhorentendimento.

Tendo em vista o acima referido, considera-se que acoordenação de segurança e saúde para a fase deconstrução deveria incluir, nomeadamente, o seguinte:

- assessoria ao dono da obra em todos osassuntos relacionados com a SST, incluindo arevisão da política de segurança e saúde parao projeto em causa, que deveria ser claramenteafixada no canteiro;

- coordenação da implementação dos PGP queos intervenientes no processo de construção(nomeadamente, supervisores, empreiteiros,subempreiteiros) deveriam aplicar durante aexecução dos trabalhos;

- preparação e atualização da comunicação pré-via para ser feita pelo dono da obra às autori-dades competentes em matéria de SST, quan-do aplicável;

- coordenação das adaptações e complemen-tos do PSS e PIP, que deveriam ser exigidosdos empreiteiros, tendo em vista os processosconstrutivos e métodos de trabalho que essesempregarão (relativamente ao PSS) e os tra-balhos efetivamente realizados (no que respei-ta ao PIP), assim como o respeito às regras deprevenção e proteção estabelecidas nessesdocumentos (um planejamento para o desen-volvimento da documentação deveria ser exi-gido dos empreiteiros, incluindo datas de en-trega ao supervisor ou dono da obra);

- implementação e coordenação de uma comis-são de SST, que deveria incluir todas as pesso-as responsáveis envolvidas no Projeto em cau-sa, assim como representantes dos trabalhado-res;

- coordenação da supervisão da obrigação dosempreiteiros, subempreiteiros e trabalhadores

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autônomos, em matéria do SST, presentes nocanteiro simultânea ou sucessivamente;

- participação na análise e investigação de quais-quer acidentes de trabalho a ser conduzidapelos empreiteiros, incluindo os dossubcontratados;

- realização de auditorias de SST, em nome dodono da obra, no canteiro em causa;

- coordenação da entrega pelo empreiteiro, naconclusão do projeto, de toda documentaçãorelevante relacionada com a SST, inclusive re-gistros gerados, principalmente o PSS e PIP.

2.3 - Novos documentos de prevenção de riscosprofissionais

Como acima referido, a DC introduziu três novosdocumentos de prevenção de riscos profissionais, quesão descritos sumariamente (uma descrição maisdetalhada de seu conteúdo escapa ao âmbito dopresente documento), a saber:

- Comunicação Prévia (CP);

- Plano de Segurança e Saúde (PSS);

- Plano de Intervenções Posteriores (PIP).

De forma sumária, a CP tem por objetivo comunicara abertura de um novo canteiro, enquanto o PSS e oPIP pretendem identificar e prevenir riscos, oprimeiro, durante a fase de construção e, o segundo,nas intervenções posteriores durante a fase deexploração/manutenção.

A preparação do PSS e do PIP deve ser iniciadadurante o processo de elaboração do projeto e, sefor o caso, ambos os planos devem ser incluídos noprocesso de licitação para que todos os potenciaisconcorrentes (isto é, empreiteiros) possam conheceras exigências neles feitas para a preparação de suaspropostas e consideração dos respectivos custos.

Esses planos devem ser adaptados e comple-mentados depois da adjudicação (antes de iniciadoqualquer trabalho) e durante toda a fase deconstrução, de acordo com as regras estabelecidasnesses documentos.

Ambos os documentos são dinâmicos e devem serseguidos durante a execução dos trabalhos. Se o PSSdeve ser atualizado, adaptado e aplicado durante afase de execução dos trabalhos, o PIP deve seratualizado durante e após a conclusão dos trabalhose ser aplicado durante a fase de manutenção, paraprevenção de perigos em quaisquer intervençõessubseqüentes durante essa fase. Contudo, importasublinhar que, durante a fase de manutenção, paraqualquer reabilitação ou alteração significativa doconstruído, deve ser exigida a coordenação desegurança e saúde, quer na fase de projeto quer nade “construção” dessa reabilitação ou alteração,como se de “nova” obra se tratasse.

2.3.1 - Comunicação PréviaA Comunicação Prévia (CP) pretende informar asautoridades competentes (inspeção do trabalho) oinício de um canteiro de obra e, por isso, deve serpreparado antes de começar qualquer trabalho. Deveser afixada em local bem visível do canteiro eperiodicamente atualizada, se necessário. De acordocom a DC, o conteúdo mínimo da CP é o indicadono Quadro 3.

Esse documento é obrigatório sempre que os traba-lhos tenham duração superior a 30 dias e nelesestejam envolvidos simultaneamente mais de 20 tra-balhadores (em qualquer momento), ou no qual ovolume de trabalho exceda 500 pessoas/dia. Isso sig-nifica, por exemplo, que num projeto que empregatodos os dias dez trabalhadores durante seis meses(construção, por exemplo, de uma pequena habita-ção), seria necessária a CP, já que envolve um volumede 1,2 mil pessoas/dia (na suposição de 20 dias de

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trabalho por mês e , teoricamente, do mesmo núme-ro de trabalhadores todos os dias), embora a primeiracondição não se verifique.

Considera-se que se deveria anexar a essa CP umadeclaração escrita de aceitação dos intervenientesnela incluídos, em especial os alheios à estrutura dodono da obra, isto é, os coordenadores de seguran-ça e saúde e, quando aplicável, essa declaraçãodeveria referir-se também à praticabilidade do prazode execução estabelecido para o empreendimento ouobra. É importante que essa referência ao prazo deexecução seja considerado principalmente pelossupervisores, autores dos projetos e coordenadoresde segurança e saúde, dada a influência (ou relação)que tem o prazo na segurança e saúde (um curtoprazo de execução significa concentração detrabalhadores e, eventualmente, a execuçãosimultânea de trabalhos incompatíveis, favorecendoa ocorrência de acidentes de trabalho).

2.3.2 - Plano de Segurança e Saúde

O Plano de Segurança e Saúde (PSS) é o principaldocumento de prevenção de riscos profissionais paraa fase de execução, tendo por objetivo identificar eavaliar os riscos de SST e respectivas medidas pre-ventivas a serem tomadas durante essa fase nocanteiro em causa. Deve estar disponível antes de ini-ciado qualquer trabalho no canteiro (deve, aliás, serincluído no processo de licitação, quando houver) edeve incluir as regras a seguir por todos osintervenientes no processo de construção. Deve serdisponibilizado em tempo para todos essesintervenientes, nomeadamente, o coordenador desegurança e saúde para a fase de construção,supervisores, empreiteiros, subempreiteiros,trabalhadores autônomos e representantes dostrabalhadores.

Essas regras devem ser estabelecidas de forma queo PSS seja dinâmico, para ser complementadodurante todo o processo de construção, requerendo-

Quadro 3: Conteúdo mínimo da CP (de acordo com a DC)

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Quadro 4: Exemplo de estrutura e conteúdo de um PSS

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se do empreiteiro sua adaptação e desenvolvimento,tendo em vista os processos construtivos e métodosde trabalho que empregará para ser eficientementeutilizado. Esse plano deve conter também exigênciasao empreiteiro quanto à organização de registrosdemonstrativos das ações e medidas implementadas.A exigência de um PSS para a fase de projeto e ou-tro para a fase de construção leva, em geral, adocumentos estáticos de cuja eficiência se duvida.

O PSS é exigido para todos os empreendimentos ouobras em alguns países da EU, independentemente dasua dimensão e complexidade. Noutros países, o

PSS é obrigatório sempre que exigível a Comunica-ção Prévia (vide condições acima) ou que envolvamriscos especiais (vide definição em 2.2). Nesses últi-mos casos, exige-se uma versão simplificada do PSS,sendo utilizadas diferentes designações para essaversão simplificada como referido em 2.2 acima.Outros países excluíram a exigência do PSS (com ousem simplificação) para pequenas obras executadasno interior de uma habitação particular.

Em alguns dos países da UE, o conteúdo mínimo doPSS é também considerado na legislação. O Qua-dro 4 apresenta um exemplo de conteúdo de um

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PSS, organizado de forma estruturada que o autorvem utilizando em muitos casos práticos. Essaestrutura e conteúdo devem ser adaptados(reduzidos ou ampliados) de acordo com ascaracterísticas de cada caso.

2.3.3 - Plano de Intervenções Posteriores

O Plano de Intervenções Posteriores (PIP) é impor-tante documento de prevenção de riscos profissionaisdurante as intervenções após a conclusão dos traba-lhos, isto é, durante a fase de exploração/manutenção.Deverá conter toda informação relevante a ter emconta durante qualquer trabalho subseqüente. Nos

países da UE, esse documento é exigido em geralpara todos os empreendimentos ou obras, mas háexceções. Em alguns países da EU, a legislação in-clui ainda o conteúdo mínimo desse PIP.

O Quadro 5 dá um exemplo do conteúdo desse pla-no organizado de forma estruturada para o caso deum edifício, com uma estrutura similar à do PSS, mascom conteúdo diferente. Essa estrutura e conteúdodevem ser adaptados (reduzidos ou ampliados) deacordo com as características de cada caso, sendocerto que haverá significativas diferenças para dife-rentes tipos de empreendimentos ou obras (edifícios,estradas, pontes, etc.).

Quadro 5: Exemplo de estrutura e conteúdo de um PIP para um edifício

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3. Implementação da Diretriz Canteiros eEstratégias para a melhoria da SST daConstrução

Conforme atrás referido, a Diretriz Canteiros foi trans-posta para o direito interno dos diversos países

membros da UE15 em momentos diferentes. Algunsdesses países têm introduzido alterações e/ou adendosao longo do tempo, com base na experiência adquiri-da com a implementação prática dessa Diretriz.

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O impacto da implementação da nova abordagem daDiretriz Canteiros não é facilmente mensurável como rigor e a abrangência que seria desejável, no en-tendimento de que a medição do desempenho emmatéria de segurança e saúde no trabalho, devebasear-se em critérios e métodos adequados queincluam a monitorização reativa mas também e,sobretudo, a monitorização ativa. Apesar disso e parase ter uma idéia dos benefícios alcançados desde apublicação da referida Diretriz, em 1992, importareferir que o número de acidentes de trabalho fataisna construção por cada 100 mil trabalhadores ou porcada bilhão de euros registrou um decréscimo decerca de, respectivamente, 35%, no primeiro caso, ede 24%, no segundo caso, entre 1992 e 2001.Considerando o número de acidentes de trabalho naconstrução dos quais resultaram mais de três dias deausência, os decréscimos verificados para essesmesmos indicadores foram de, respectivamente, 33%e 24%. Independentemente de outras razões que sepoderão considerar, pode-se afirmar que, no mínimo,a nova abordagem da Diretriz Canteiros poderáexplicar uma parte mais ou menos significativa dessesdecréscimos.

Por outro lado, várias ações têm decorrido em todosos países, seja por iniciativa de cada país, seja deforma concertada pelo conjunto dos países da UE15.Em qualquer dos casos, essas ações têm por objetivosensibilizar e/ou verificar o nível de implementaçãoefetiva das disposições da Diretriz no setor daconstrução, bem como estabelecer prioridades elinhas de ação para a melhoria da segurança e saúdeno trabalho da construção em todos os países da UE.

Dentre essas ações destacam-se: a campanhaeuropéia promovida pelo Comitê dos AltosResponsáveis pelas Inspeções do Trabalho (SLIC);a cúpula organizada pela Agência Européia para aSegurança e Saúde no Trabalho e as estratégiasglobais definidas pela UE sobre segurança e saúde no

trabalho. Abordam-se, a seguir, os principais aspec-tos de cada uma dessas ações.

3.1 - Campanha Européia da Construção 2003

A necessidade de reduzir os elevados indicadores desinistralidade laboral no setor da construção, nospaíses da União Européia, determinou a decisão doComitê dos Altos Responsáveis pelas Inspeções doTrabalho (SLIC) de lançar, de forma concertada, umacampanha européia envolvendo todos os países. Essacampanha ocorreu entre junho e setembro de 2003,baseada num questionário previamente preparado eaceito por todos e implementado em 36.090 canteirosde obras no conjunto dos 15 países da UE.

Diversos aspectos foram abordados nessequestionário no que respeita ao cumprimento dealgumas disposições da Diretriz Canteiros,designadamente a nomeação dos coordenadores desegurança e saúde, elaboração das comunicaçõesprévias, planos de segurança e saúde e planos deintervenções posteriores. O questionário incluiutambém outros aspectos de avaliação de riscos, comoa identificação de atividades e medidas envolvendoo risco de queda de altura, seleção, utilização emanutenção de equipamento e a seleção e controlede empreiteiros.

Das irregularidades detectadas nas ações deinspeção identificadas nessa campanha, a maioriaresultou em advertências escritas ou verbais (69%)com a aplicação de multas pecuniárias em cerca de26% dos casos. Verificou-se ainda a suspensão detrabalhos em 4% dos casos e a instauração deprocesso legal em 1% dos casos. A maioria dasirregularidades foram registradas especialmente noscanteiros de menor dimensão (empregando menos de20 trabalhadores). Importa, porém, referir que entreos diversos países da UE15, houve diferenças deatuação quanto à ação a tomar face às irregularidadesdetectadas. Enquanto alguns países privilegiaram a

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aplicação de multas, outros privilegiaram as advertên-cias verbais e/ou escritas.

A campanha serviu também para troca de experiênci-as entre os países em matéria de ações de inspeçãocom vista à uniformização de critérios, tendo sido tira-das diversas conclusões das quais se destacam asseguintes:

- passar de uma estratégia de prevenção de aci-dentes, baseada na tecnologia, para umapolítica mais focalizada na gestãoorganizacional do risco e em fatores humanos;

- a segurança e a saúde devem ser planejadas naconstrução, antes, durante e após a fase deexecução;

- as medidas de segurança e saúde contribuempara a melhoria das condições de trabalho,reforçando a produtividade, a empregabilidadee a competitividade;

- a necessidade de desenvolver um método demedição no âmbito europeu para comparar onível de segurança nos vários países e estimara eficácia da publicidade ou diferentes açõesde cumprimento.

3.2 - Semana Européia sobre Segurança e Saúdeno Trabalho da Construção 2004

A Agência Européia para a Segurança e Saúde noTrabalho (AE-SST) vem lançando todo ano (desdehá seis anos) uma semana européia de segurança esaúde no trabalho, variando anualmente o temaespecífico. Em geral, os temas dizem respeito a umrisco especial, como é o caso do ano de 2005, emque se pretende realçar o controle do barulho noslocais de trabalho.

No ano de 2004, porém, o tema escolhido para asemana européia, que ocorreu em outubro deste ano,foi, pela primeira vez, um setor de atividade: a

construção. Cerca de 10 mil eventos foram organi-zados em todos os países da União Européia, ondese discutiram formas de melhorar a segurança e saú-de na construção. No final, a Agência Européiaorganizou uma cúpula com a participação das princi-pais organizações da construção, que assinaram umaDeclaração de compromisso sobre a segurança esaúde no trabalho da construção, que integra um con-junto de ações para a melhoria dos níveis desegurança e saúde na indústria da construção.

Além do representante do Ministro para os Assun-tos Sociais e Emprego (Presidência Holandesa daUnião Européia à data do evento), foram signatáriasda Declaração as seguintes organizações: a Federa-ção Européia da Indústria da Construção, aFederação Européia dos Trabalhadores da Constru-ção e Madeiras, a Confederação Européia deConstrutores, a Federação Européia de Associaçõesde Consultores em Engenharia, o Conselho Europeudos Arquitetos e o Conselho Europeu dosEngenheiros Civis.

Essa Declaração ficou conhecida como a Declaraçãode Bilbao, por ter sido assinada nessa cidade daEspanha que sedia a AE-SST e inclui cinco pontos-chave que se resumem a seguir:

- integrar as “normas” de segurança e saúde naslicitações, apoiadas por guias de referênciapara a aquisição de bens e serviços;

- garantir que a segurança e saúde sejam tidasem conta nas fases de concepção e planeja-mento dos projetos de construção;

- utilizar inspeções dos canteiros e outras técni-cas para incentivar as empresas a cumprirem alegislação sobre segurança e saúde;

- desenvolver guias para ajudar as empresas acumprirem a legislação, especialmente aspequenas e médias empresas;

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- fomentar a aplicação de “normas” de SST maisexigentes, por meio do diálogo social e acor-dos sobre a formação, estabelecimento demetas de redução de acidentes e outras ques-tões.

Importa realçar que, nessa Declaração, foi prevista aorganização de uma nova cúpula em junho de 2006,para acompanhamento e verificação do que foi feitopelas organizações signatárias para pôr em prática ospontos-chave acima referidos.

3.3 - Estratégia global da União Européia sobre SST

Em março de 2000, a Comissão Européiaestabeleceu como objetivo “criar mais e melhoresempregos”, considerando a segurança e saúde comoelemento fundamental da qualidade do trabalho queimporta melhorar continuamente.

No âmbito dessa estratégia, foram definidas as principaislinhas de força da política da União Européia sobresegurança e saúde no trabalho para o período de 2002-2006, cujos pontos-chave são resumidamente osseguintes: (i) abordagem global do bem-estar notrabalho; (ii) reforçar a cultura de prevenção; (iii)combinar os instrumentos, criar parcerias; (iv)desenvolver a cooperação internacional.

Em fevereiro de 2005, entretanto, a Comissão Européiadistribuiu um comunicado sobre a agenda social, ondese estabelecem duas áreas prioritárias para o futuropróximo, com o objetivo de emprego para todos e umasociedade mais coesa. Integrada na primeira dessasprioridades, a Comissão estabeleceu uma nova estratégiasobre segurança e saúde para o período 2007-2012,baseada nos seguintes três pontos-chave: (i) enfoque nosriscos novos e emergentes e salvaguarda dos níveismínimos de proteção nas situações de trabalho e paratrabalhadores não cobertos adequadamente; (ii) reforçoda qualidade dos serviços de prevenção, formação em

SST e outros instrumentos para assegurar melhor apli-cação das normas de SST; (iii) dado que a qualidade daimplementação tem importância vital, serão envidadostodos os esforços para monitorizar a transposição eimplementação da legislação.

4. Conclusões

A Diretriz Canteiros, publicada em 1992, constituiua principal linha de força para a maioria dos paísesda União Européia desenvolverem sua próprialegislação para a melhoria das condições de trabalhonos canteiros de obra. Hoje, a maioria dosprofissionais da construção têm melhor conhecimentoda importância dessa matéria, que agora faz parte desua atividade corrente, embora muitas melhoriassejam ainda necessárias, seja para melhorentendimento da legislação em alguns países, sejapara o desenvolvimento de soluções técnicasrelacionadas com a segurança e saúde no trabalho,nomeadamente, em matéria de equipamento deproteção e prevenção.

Para isso, as federações ou associações de empresas,européias e nacionais, relacionadas com a área daconstrução (associações de construtores, deprojetistas, de consultores, etc.) e federações esindicatos de trabalhadores têm contribuídosignificativamente para o conhecimento,desenvolvimento e aplicação das disposições da DC,seja por meio de ações organizadas por cada umadessas organizações, seja baseadas em açõesconjuntas com instituições governamentais emambiente tripartite.

Essas ações realizam-se com vista a dar seguimento àsestratégias globais definidas pela Comissão Européiapara a área da segurança e saúde no trabalho, áreaconsiderada prioritária no âmbito da política européia,tendo em vista o reconhecimento de que a prevençãocompensa, isto é, que a redução de acidentes e

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doenças relacionadas com o trabalho faz aumentar aprodutividade, reduz os custos, reforça a qualidade notrabalho e valoriza assim o capital humano.

Por outro lado, o reconhecimento das especificidadesdo setor da construção (com produtos únicos)comparativamente com outros setores de atividadeeconômica (como fabricação de produtos em série)justificou a publicação de uma Diretriz que levasse emconta essas especificidades e os elevados riscos a queos trabalhadores estão expostos.

Assim, a DC surge com uma nova abordagemconsubstanciada na atribuição de responsabilidadesa todos os intervenientes no processo de construção,no âmbito das respectivas competências (incluindo odono da obra e projetistas), criando novosdocumentos de prevenção de riscos profissionais (CP,PSS e PIP) e abrangendo todo o ciclo de vida doempreendimento (desde a fase de projeto, passandopela de execução e incluindo os riscos nasintervenções posteriores à conclusão do empreendi-mento ou obra, até o fim da sua vida útil).

Essa nova abordagem da DC, juntamente com a pu-blicação, no âmbito da DQ, de diversas outrasdiretrizes sobre segurança e saúde no trabalho(equipamentos de trabalho, máquinas, etc.),representa um desafio a todas as empresas e, emparticular, às de construção. Para esse desafio, aimplementação de sistemas de gestão da segurançae saúde no trabalho contribuirá certamente para ajudaras empresas a cumprir, de forma organizada eplanejada, as disposições de todas essas diretrizes e,conseqüentemente, melhorar as condições detrabalho dos trabalhadores da construção, queconstituem o recurso mais valioso de qualquerempresa. Esse sistema, baseado no guia da OIT(ILO-OSH 2001) e no conceito de coordenação desegurança e saúde da Diretriz Canteiros, seadequadamente concebido e implementado, terásignificativo impacto positivo na redução do númerode acidentes de trabalho e de doenças profissionaisna indústria da construção.

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Alves Dias, L. M. e Fonseca, M. (1996): “Plano de Segurança e Saúde na Construção”. Editado por IST-IDICT. Lisboa, Portugal.

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Diretriz 89/391/CEE (1989), relativa à aplicação de medidas destinadas a promover a melhoria da segu-rança e da saúde dos trabalhadores no trabalho.

Diretriz 92/57/CEE (1992), relativa às prescrições mínimas de segurança e de saúde a aplicar em cantei-ros temporários ou móveis.

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Referências

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