análise de déficit de trabalho decente: trabalho doméstico...

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SÃO PAULO MARÇO DE 2012 SEDE NACIONAL Rua Dona Brígida 299 - Vila Marina São Paulo/ SP Fone: (+ 55 11) 3105-0884 / Fax: (+ 55 11) 3107-0538 [email protected] www.os.org.br Análise de Déficit de Trabalho Decente: Trabalho Doméstico Relatório 1ª fase de pesquisa

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SÃO PAULO

MARÇO DE 2012

SEDE NACIONAL

Rua Dona Brígida 299 - Vila Marina – São Paulo/ SP

Fone: (+ 55 11) 3105-0884 / Fax: (+ 55 11) 3107-0538

[email protected]

www.os.org.br

Análise de Déficit de Trabalho Decente:

Trabalho Doméstico

Relatório 1ª fase de pesquisa

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Instituto Observatório Social

DIRETORIA EXECUTIVA – CUT

Aparecido Donizeti da Silva

Vagner Freitas de Moraes

João Antônio Felício

ValeirErtle

DIRETORIA EXECUTIVA – CEDEC

Maria Inês Barreto

DIRETORIA EXECUTIVA – UNITRABALHO

Carlos Roberto Horta

DIRETORIA EXECUTIVA – DIEESE

João Vicente Silva Cayres

CONSELHO DIRETOR – CUT

Rosane da Silva

Aparecido Donizeti da Silva

Denise Motta Dau

Quintino Marques Severo

Vagner Freitas de Moraes

Jacy Afonso de Melo

João Antônio Felício

ValeirErtle

CONSELHO DIRETOR – DIEESE

Maria Luzia Feltes

João Vicente Silva Cayres

CONSELHO DIRETOR – UNITRABALHO

Francisco José Carvalho Mazzeu

Silvia Araújo

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CONSELHO DIRETOR - CEDEC

TulloVigevani

Maria Inês Barreto

CONSELHO FISCAL EFETIVO

Alci Matos Araújo

Manoel Messias Nascimento Melo

Antônio Sabóia Barros Junior

CONSELHO FISCAL SUPLENCIA

José Celestino Lourenço

Adeílson Ribeiro Telles

Eduardo Alves Pacheco

COORDENAÇÃO TÉCNICA

Coordenador institucional: Amarildo Dudu Bolito

Coordenadora de pesquisa: Lilian Arruda

EQUIPE TÉCNICA

Juliana Sousa

Hélio da Costa

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Sumário Introdução ................................................................................................................................... 05

Metodologia de indicadores de Trabalho Decente ................................................................. 06

1. Oportunidades de emprego ............................................................................................ 07

2. Trabalho inaceitável ........................................................................................................ 07

3. Salários adequados e trabalho produtivo ....................................................................... 08

4. Jornada Decente .............................................................................................................. 08

5. Estabilidade e garantia no trabalho ................................................................................ 09

6. Equilíbrio entre trabalho e vida familiar ......................................................................... 09

7. Tratamento justo no emprego ........................................................................................ 10

8. Trabalho seguro ............................................................................................................... 11

9. Proteção social na empresa ............................................................................................ 12

10. Diálogo social................................................................................................................. 12

11. Trabalho doméstico ....................................................................................................... 13

1. Panorama do trabalho doméstico..........................................................................................15

1.1. Breve introdução: a divisão sexual do trabalho e a sub-representação das mulheres na

política sindical.................... .................................................................................................15

1.2. Trabalho doméstico como atividade desvalorizada: a Constituição Brasileira de

1988......................................................................................................................................18

1.3 Convenção e Recomendação 189 da OIT: Trabalho Decente para as Trabalhadoras e

Trabalhadores Domésticos, 2011.......................... ...............................................................20

1.4 Outros dados sobre as trabalhadoras domésticas no Brasil...........................................25

2. Condições de trabalho- Déficit de trabalho decente...............................................................38

2.1. Oportunidades de emprego...........................................................................................38

2.2. Trabalho inaceitável.......................................................................................................41

2.3. Salário adequado e trabalho produtivo.........................................................................43

2.4. Jornada decente.............................................................................................................44

2.5. Estabilidade e garantia no trabalho...............................................................................45

2.6 Equilíbrio entre trabalho e vida familiar.........................................................................45

2.7. Tratamento digno no emprego familiar.........................................................................46

2.8. Trabalho seguro.............................................................................................................47

2.9. Proteção social...............................................................................................................49

2.10. Diálogo social (negociação coletiva e liberdade sindical)............................................49

Considerações Finais...................................................................................................................51

Referências consultadas..............................................................................................................52

Sites consultados.........................................................................................................................53

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Introdução

O Instituto Observatório Social (IOS) tem adotado a Declaração de Princípios

e Direitos Fundamentais no Trabalho (liberdade sindical e o reconhecimento efetivo do

direito de negociação coletiva, eliminação de todas as formas de trabalho forçado ou

obrigatório, abolição efetiva de trabalho infantil, e a eliminação da discriminação em

matéria de emprego e ocupação) e as Convenções da OIT nelas incluídas como

principais referências para a construção de seus indicadores e metodologia. Mas a

própria OIT fixou como seu objetivo central a promoção de um trabalho decente para

todos os homens e mulheres em qualquer parte do mundo, combinando quatro pilares

estratégicos: a promoção de emprego com proteção social, respeito aos Direitos

Fundamentais do Trabalho (DFTs) e com diálogo social. Trabalho Decente é

definido como "oportunidades a que mulheres e homens possam obter um trabalho

digno e produtivo em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade

humana"1.

O Observatório Social, neste trabalho, amplia o escopo de abordagem em

suas pesquisas, adotando o conceito de Trabalho Decente desenvolvido pela OIT. Neste

sentido, o desafio do IOS foi adaptar os indicadores para o nível da empresa e incluir

dimensões até então ausentes na referência de análise. Para isso, criou um conjunto de

indicadores que norteiam o trabalho de pesquisa, a confecção desses indicadores está

assentada nas convenções da OIT.

A construção de indicadores tem o objetivo de monitorar o déficit de

Trabalho Decente mediante pesquisas, comparar realidades distintas no que se refere às

condições de trabalho, disponibilizar mais uma ferramenta para a ação sindical e,

1 ILO, Decent Work: Report of the Director General, International Labour Conference, 87

th Session.

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simultaneamente ao processo de pesquisa, difundir o conceito de trabalho decente entre

trabalhadores e organizações sindicais.

Os indicadores são divididos em 10 temas, de acordo com o conceito de

Trabalho Decente: oportunidades de emprego, trabalho inaceitável, salários adequados

de trabalho produtivo, jornada decente, estabilidade e garantia de trabalho, equilíbrio

entre trabalho e vida familiar, tratamento digno no emprego, trabalho seguro, proteção

social, diálogo social. O tema, contexto socioeconômico, embora faça parte do conceito

de Trabalho Decente, não está entre os temas abordados pelos indicadores do IOS, uma

vez que não é aplicável ao nível da empresa, condiciona, contudo, os outros aspectos

que compõem o conceito de Trabalho Decente.

Este estudo faz parte de um projeto desenvolvido com a Central Única dos

Trabalhadores (CUT) que tem o objetivo, permeando formação sindical e pesquisa, de

estabelecer uma plataforma de negociação coletiva. Nesse sentido, a execução do

projeto é uma parceria entre as seguintes entidades da CUT: Secretaria Nacional de

Formação (SNF), Secretaria de Relações de Trabalho (SRT) e Instituto Observatório

Social (IOS) com o apoio da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

As empresas a serem estudados foram escolhidas juntamente com os ramos e

sindicatos dos setores a serem estudados: construção civil, hotelaria, têxtil e calçados,

trabalho doméstico.

Metodologia de indicadores de Trabalho Decente

A construção de indicadores de Trabalho Decente foi um trabalho coletivo dos

pesquisadores do IOS, baseado em convenções da OIT. A partir dos indicadores foram

construídas as ferramentas da pesquisa, questionários para dirigentes sindicais e

trabalhadores, com a colaboração a SNF e SRT e, posteriormente, com a colaboração de

dirigentes sindicais presentes nos módulos de formação. As convenções da OIT foram

utilizada de acordo com os temas abordados:

As normas da OIT consultadas para compor os indicadores relacionados ao tema:

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1. Oportunidades de emprego

- Convenio 88 sobre el servicio de empleo

- Convenio 122 sobre la política del empleo, 1964

- Recomendación 122 sobre la política del empleo, 1964

- Recomendación 169 sobre la política del empleo (disposiciones

complementarias), 1984

- Convenio 181 sobre las agencias de empleo privadas, 1997

- Recomendación 188 sobre las agencias de empleo privadas, 1997

- Convenio 142 sobre desarrollo de los recursos humanos, 1975

- Recomendación 195 sobre el desarrollo de los recursos humanos, 2004

Os indicadores relativos à existência de oportunidades de emprego para todos que

procurem trabalho, referem-se às informações sobre emprego/participação entre

mulheres, jovens (15 a 24 anos) no emprego assalariado. Além disso, verifica a presença

de trabalhadores terceirizados e informais. As informações são comparadas com a

média do setor e, se necessário, da região.

2. Trabalho inaceitável

As normas da OIT consultadas para compor os indicadores relacionados ao tema:

- Convenio 29 sobre el trabajo forzoso, 1930

- Convenio 105 sobre la abolición del trabajo forzoso

- Convenio 138 sobre la edad mínima, 1973

- Recomendación 146 sobre la edad mínima, 1973

- Convenio 182 sobre las peores formas de trabajo infantil, 1999

- Recomendación 190 sobre las peores formas de trabajo infantil, 1999

A OIT identificou duas formas de trabalho inaceitáveis: trabalho escravo e

trabalho infantil. Estas sugestões não se aplicam ao nível da empresa, sendo necessário

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partir das reflexões que o IOS já acumulou para construir os indicadores. É possível,

porém, encontrar tais formas de trabalho na cadeia produtiva e na cadeia de

fornecedores. Pode haver também, situações de trabalho de menores de idade em

condições, penosas, periculosas e insalubres.

3. Salários adequados e trabalho produtivo

As normas da OIT consultadas para compor os indicadores relacionados ao

tema:

- Convenio 131 sobre la fijación de salarios mínimos, 1970

- Recomendación 135 sobre la fijación de salarios mínimos, 1970

- Convenio 140 sobre la licencia pagada de estudios, 1974

- Convenio 95 sobre la protección del salario, 1949

- Recomendación 85 sobre la protección del salario, 1949

Estes indicadores referem-se ao trabalho que garanta rendimentos e assegure

o bem estar do trabalhador e de seus familiares. O trabalho deve assegurar o aspecto

dinâmico da continuidade da garantia de remuneração, por exemplo, o da melhoria do

trabalho futuro via treinamento e escolarização.

4. Jornada Decente

As normas da OIT consultadas para compor os indicadores relacionados ao

tema:

- Convenio 47, sobre las 40 horas, 1935

- Convenio 14 sobre el descanso semanal (industria), 1921

- Convenio 89 sobre el trabajo nocturno (mujeres) (revisado), 1948

- Protocolo de 1990 relativo al Convenio (revisado) sobre el trabajo nocturno

(mujeres), 1948

- Convenio 106 sobre el descanso semanal (comercio y oficinas), 1957

- Recomendación 103 sobre el descanso semanal (comercio y oficinas), 1957

- Convenio 132 y Convenio 52 sobre las vacaciones pagadas (revisado), 1970-

- Convenio 171 sobre el trabajo nocturno, 1990

- Recomendación 178 sobre el trabajo nocturno, 1990

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- Convenio 175 sobre el trabajo a tiempo parcial, 1994

- Recomendación 182 sobre el trabajo a tiempo parcial, 1994

- Recomendación 116 sobre la reducción de la duración del trabajo, 1962

Três aspectos do TD estão relacionados à jornada decente: horas excessivas

de trabalho (jornada excessiva) e jornada atípica podem ser prejudiciais à saúde física

e mental e impedem o equilíbrio entre trabalho e vida familiar; jornada excessiva é um

sinal de salário inadequado; jornada de curta duração (jornada insuficiente) pode

indicar oportunidades de emprego inadequadas.

5. Estabilidade e garantia no trabalho

As normas da OIT consultadas para compor os indicadores relacionados ao

tema:

- Convenio N.° 44, sobre el desempleo; Recomendación N.° 44, sobre el

desempleo y - - Recomendación N.° 176, sobre el fomento del empleo y la

protección contra el desempleo.

- Convenio N.° 158, sobre la terminación de la relación de trabajo;

Recomendación N.° 166, sobre la terminación de la relación de trabajo.

- Recomendación 198 sobre la relación de trabajo, 2006

Aqui se trata de estabilidade e segurança do emprego, considerado um dos

mais importantes aspectos do TD. A perda do emprego afeta os custos econômicos, a

acumulação de capital humano, os sistemas e o acesso a benefícios e pensões, bem

como a vida pessoal.

Podem ser analisados os seguintes aspectos: duração do emprego inferior a

um ano; emprego temporário, percepção da segurança no emprego no futuro.

6. Equilíbrio entre trabalho e vida familiar

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As normas da OIT consultadas para compor os indicadores relacionados ao

tema:

- Convenio 156 sobre los trabajadores con responsabilidades familiares,

1981

- Recomendación 156 sobre los trabajadores con responsabilidades familiares,

1981

Esta conciliação é uma preocupação das políticas públicas em muitos países,

é basicamente uma questão de gênero. O cuidado das crianças e de outros familiares é

central para se alcançar as Metas do Milênio da ONU.

O princípio da OIT (C. 156) é que as pessoas que tenham responsabilidades

familiares possam obter emprego, sem serem discriminadas. As responsabilidades

familiares não devem ser motivo para a demissão.

Questões gerais relativas às políticas de emprego neste sentido: proteção do

emprego para empregados que tenham que se ausentar do trabalho para atender

contingências familiares (maternidade e cuidado de filhos); políticas por parte das

empresas para que trabalhadores conciliem trabalho e vida familiar.

7. Tratamento justo no emprego

As normas da OIT consultadas para compor os indicadores relacionados ao

tema:

- Convenio 111 sobre la discriminación (empleo y ocupación), 1958

- Recomendación 111 sobre la discriminación (empleo y ocupación), 1958

- Convenio 100 sobre la igualdad de remuneración, 1951

- Recomendación 90 sobre igualdad de remueneración, 1951

- Convenio 159 sobre la readaptación profesional y el empleo

(personas inválidas), 1983

- Recomendación 99 sobre la adaptación y la readaptación profesionales de

los inválidos, 1955

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- Recomendación 168 sobre la readaptación profesional y el empleo

(personas inválidas), 1983

Este tópico refere-se principalmente às Convenções 100 e 111 da OIT. Além

delas, o significado de Tratamento Justo no Emprego compreenderia trabalho sem

assédio ou exposição à violência, autonomia no trabalho, existência de mecanismos

justos de solução de conflitos ou de tratamento de queixas (estes últimos relacionados à

existência de diálogo social).

Entre os indicadores sugeridos estão a 1) segregação ocupacional por sexo e

2) o percentual de mulheres em cargos de gerência e administração. Entre outros

indicadores já mencionados em itens anteriores, os principais referem-se à participação

das mulheres no emprego, diferenciais salariais em ocupações selecionadas. Duas outras

considerações para futuro desenvolvimento: Segregação por outros motivos (religião,

etnia, origem nacional etc.) e Assédio.

8. Trabalho seguro

As normas da OIT consultadas para compor os indicadores relacionados ao

tema:

- Convenio núm. 121 y Recomendación núm. 121

- Convenio 81 sobre la inspección del trabajo, 1947

- Recomendación 81 sobre la inspección del trabajo, 1947

- Convenio 120 sobre la higiene (comercio y oficinas), 1964

- Recomendación 120 sobre la higiene (comercio y oficinas), 1964

- Convenio 155 sobre seguridad y salud de los trabajadores, 1981

- Protocolo de 2002 del Convenio sobre seguridad y salud de los

trabajadores. 1981

- Recomendación 164 sobre seguridad y salud de los trabajadores, 1981

- Convenio 161 sobre los servicios de salud en el trabajo, 1985

- Recomendación 171 sobre los servicios de salud en el trabajo, 1985

- Convenio 167 sobre seguridad y salud en la construcción, 1988

- Recomendación 175 sobre seguridad y salud en la construcción, 1988

- Convenio 187 sobre el marco promocional para la seguridad y salud en el

trabajo, 2006

- Recomendación 194 sobre la lista de enfermedades profesionales, 2002

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- Recomendación 197 sobre el marco promocional para la seguridad y salud en el trabajo, 2006

O tema segurança e saúde no trabalho está relacionado com condições que

preservem e promovam a integridade física e psicológica do trabalhador. Algumas

questões devem ser abordadas: número de acidentes ocorridos em determinado período;

incidência de doenças ocupacionais; avaliação da atuação da CIPA.

9. Proteção social na empresa

As normas da OIT consultadas para compor os indicadores relacionados ao

tema:

- Convenio 103, sobre la protección de la maternidad

- Convenio 102 sobre la seguridad social (norma mínima), 1952

- Convenio núm. 102

- Convenio núm. 130 y Recomendación núm. 134

- Convenio núm. 168 y Recomendación núm. 176

- Convenio núm. 128 y Recomendación núm. 131

Proteção contra as contingências da vida, tais como doenças, envelhecimento

e deficiência física e mental, bem como da pobreza.

Em estudos sobre empresas, o grau com que estas se preocupam com a

seguridade dos seus empregados poderia ser medido através de normas e sistemas

como: fundos privados de aposentadoria e pensão, plano de saúde, licença maternidade

(e paternidade). Sobre a licença maternidade, duas dimensões importantes são a duração

da licença em relação ao previsto em lei e a garantia do emprego após o retorno ao

trabalho.

10. Diálogo social

As normas da OIT consultadas para compor os indicadores relacionados ao

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tema:

- Resolución N° 52 sobre los derechos sindicales y su relación con las

libertades civiles (adoptada el 25 de junio de 1970),

- Convenio 87 sobre la libertad sindical y la protección del derecho de

sindicación, 1948

- Convenio 98 sobre el derecho de sindicación y negociación colectiva,

1949

- Convenio 135 sobre los representantes de los trabajadores, 1971

- Recomendación 143 sobre los representantes de los trabajadores, 1971

- Convenio 151 sobre las relaciones de trabajo en la administración

pública, 1978

- Recomendación 159 sobre las relaciones de trabajo en la administración

pública, 1978

- Convenio 154 sobre la negociación colectiva, 1981

- Recomendación 91 sobre los contratos colectivos, 1951

- Recomendación 163 sobre la negociación colectiva, 1981

- Convenio 144 sobre la consulta tripartita (normas internacionales del

trabajo), 1976

- Recomendación 152 sobre la consulta tripartita (actividades de la

Organización Internacional del Trabajo), 1976

- Recomendación 113 sobre la consulta (ramas de actividad económica y

ámbito nacional), 1960

Considera-se neste tópico o quanto os trabalhadores podem se expressar no

âmbito da empresa em assuntos relativos ao seu trabalho e participar nas decisões sobre

as condições de trabalho. Distinguem formas de participação individual e coletiva,

através de representantes eleitos.

Os indicadores estão relacionados com organização sindical e à negociação

coletiva, referem-se ao respeito aos acordos e convenções coletivas, livre exercício da

ação sindical e dos trabalhadores, presença da organização no local de trabalho,

interlocução constante com a empresa.

11. Trabalho doméstico

Por fim, para subsidiar a pesquisa sobre emprego doméstico foram utilizadas

as seguintes convenções da OIT:

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- Convenção (No 189);

- Recomendação (No 201) sobre Trabalho Decente para as Trabalhadoras e

os Trabalhadores Domésticos de 2011.

Neste caso, os indicadores abordam as especificidades do trabalho doméstico:

jornada excessiva, acúmulo de atividades e desvio de funções, o domicílio da família é o

local de trabalho.

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1. Panorama do trabalho doméstico

1.1. Breve introdução: a divisão sexual do trabalho e a sub-representação das

mulheres na política sindical

A divisão sexual do trabalho na sociedade contemporânea tem conferido

tradicionalmente e como prioridade o trabalho doméstico às mulheres, como atividade

duplamente desvalorizada, primeiro por se tratar de uma tarefa não necessariamente

remunerada e segundo por ser primordialmente desempenhada pelas mulheres, porque

por suposição atrelada ao papel que a natureza concede a elas: de cuidado do lar e da

família. A naturalização e a cristalização dessa dinâmica que atribui papéis sociais

polarizados a mulheres e homens – e que envolvem representações simbólicas das quais

resultam a associação tipificada da mulher à imagem da dona de casa, da mãe,

responsável pelo trabalho reprodutivo (desvalorizado), e do homem à imagem do

provedor, chefe de família, autoridade, por sua vez responsável pelo trabalho produtivo

(remunerado) –, estariam ancoradas em justificativas respondidas pelos atributos

biológicos, concedidos pela natureza a ambos os sexos. A rigor, habilidades tais como

paciência, cuidado e docilidade muitas vezes não são encaradas como qualificações

culturalmente adquiridas pelas mulheres em nossa sociedade, mas como dons

supostamente natos, inerentes à “natureza feminina” e, portanto, em grande medida com

os quais nos restaria a conformidade.

Embora a tradição cultural machista esteja enraizada e fortalecida na

sociedade brasileira – as mulheres trabalhadoras2 constituem a parcela da força de

trabalho pior remunerada e são alvo privilegiado de constrangimentos e abusos de

autoridade pelas chefias – em virtude de nossa herança escravista3, bem como da

2 O termo “mulher trabalhadora” é “utilizado pelas mulheres sindicalistas como forma de autorreferir-se,

indica o desejo de apontar para a articulação entre mercado de trabalho e família e manifesta o

interesse de manter unidos, na diferença, estes dois papéis sociais” (Cappellin-Giuliani apud Soares,

1998: p. 143). Além disso, a Secretaria Nacional da Mulher Trabalhadora da Central Única dos

Trabalhadores (CUT) adota essa terminologia em suas abordagens. 3 Durante o regime escravocrata as mulheres negras desempenhavam principalmente afazeres domésticos,

atuando como cozinheiras ou arrumadeiras, e também como amas de leite. Expropriadas do livre usufruto

de sua força de trabalho, as mulheres negras também eram frequentemente violentadas sexualmente pelos

senhores brancos – em contrapartida, cabe mencionar que, além de concubinas, muitas se tornaram

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reprodução de um modelo de sociabilidade fundamentalmente patriarcal, as assimetrias

de gênero têm sido progressivamente contestadas e o papel subalterno conferido às

mulheres, refutado. Contribuíram nesse processo os movimentos feministas, que no

Brasil tomaram impulso a partir da década de 1970, preocupados com a constituição de

um espaço público que possibilitasse a expressão das experiências cotidianas das

mulheres, retirando essas experiências da invisibilidade do âmbito privado.

Nesse sentido, o feminismo destacou-se com uma relevante intervenção

na cena política brasileira, pautando o debate de gênero e inserindo a discussão assim

como uma atuação propriamente feminista nas diferentes esferas de poder, o que

acentuou o crescimento da participação das mulheres no mercado de trabalho4 e nos

sindicatos, questionou a divisão sexual do trabalho e denunciou as assimetrias de gênero

reproduzidas no espaço sindical. Na CUT, durante o período de formação da central, em

1983, houve a preocupação em atrair as mulheres trabalhadoras e, dentre as estratégias

de luta, foram introduzidos na agenda sindical temas não diretamente associados ao

movimento dos trabalhadores, como o aborto ou a violência contra a mulher – em

decorrência da orientação de corte de gênero exercida pelo movimento feminista

classista e pelo movimento social de mulheres –, além das necessidades e problemas

sentidos pelas trabalhadoras cotidianamente.

Desde 1986, durante o II Congresso Nacional da CUT (2º CONCUT),

algumas militantes sindicais estavam empenhadas na discussão das temáticas

específicas das mulheres trabalhadoras – contando inclusive com o apoio de feministas,

que assessoravam e militavam na CUT, e de outros segmentos do movimento social – e

apresentaram no evento um documento contendo diversas propostas, dentre as quais a

criação da Comissão Nacional sobre a Questão da Mulher Trabalhadora (CNMT-CUT).

A CNMT reforçou os embates pela ampliação da atuação feminina nos espaços

sindicais e possibilitou a organização de mobilizações, em âmbito nacional, em defesa

de direitos da mulher trabalhadora – como a licença-maternidade, creche no local de

esposas legítimas dos senhores, gerando filhos mestiços ilegítimos e também legítimos. A escravatura foi

oficialmente abolida no Brasil em 13 de maio de 1888, através da assinatura da Lei Áurea pela Princesa

Isabel – momento em que o rei Dom Pedro II estava em viagem ao exterior. O Brasil foi o último país do

continente americano a decretar o fim da escravidão. 4 Dados comparativos da PNAD/IBGE de 2009 sobre a taxa de participação por sexo no mercado de

trabalho brasileiro apontam que, enquanto a participação dos homens no mercado de trabalho manteve-se

estacionada em torno de 81% em 2001 e em 2008 – respectivamente, 81% e 80,47% – a taxa de

participação das mulheres no mercado de trabalho prossegue em sua tendência de alta (verificada nas

últimas décadas), passando de 54,15% em 2001 para 57,58% em 2008 (IPEA, 2009: p. 21).

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trabalho, além da licença-paternidade, direitos que estavam sob o risco de serem

suprimidos da Constituição de 1988, em função das pressões do empresariado5.

A chefe da Comissão Nacional da Mulher Trabalhadora da CUT, em

1993, Maria Berenice Godinho (a Didice), em entrevista concedida a Castro6, assinalou

as reclamações mais frequentes apontadas pelas mulheres trabalhadoras acerca de suas

condições de trabalho, quais sejam: as desigualdades salariais percebidas por mulheres e

homens no exercício da mesma atividade; a seleção desfavorável às mulheres no acesso

ao treinamento, o que cerceia sua mobilidade profissional, isto é, as oportunidades de

ascensão profissional são reduzidas para as mulheres trabalhadoras; o assédio sexual por

parte do superior na hierarquia funcional das empresas; problemas de saúde decorrentes

das más condições de trabalho; irregularidades no registro da carteira de trabalho

informando a natureza do trabalho realizado, dentre outras.

Depois do 4º CONCUT, que ocorreu em 1991, as sindicalistas feministas

protagonizaram estratégias na tentativa de ampliar o acesso das mulheres aos cargos de

direção da CUT e dos sindicatos. Nesse sentido, a partir de 1992, debates para discutir a

sub-representação das mulheres trabalhadoras nas instâncias de decisão da CUT, das

confederações e dos sindicatos associados a ela passaram a ser instigados pela central,

aliados à proposição de políticas de ação afirmativa7. A proposta de cotas de 30%, em

todas as instâncias, inclusive de direção, a serem ocupadas pelas mulheres trabalhadoras

na CUT e, como recomendação, nas entidades a ela filiadas, foi aprovada em plenária

em 1993, após sofrer uma derrota no ano anterior, e implementada a partir de 1994.

A CNMT desempenhou papel fundamental na expansão dos debates

acerca das relações de gênero na CUT e nos sindicatos a ela filiados, o que repercutiu na

criação de comissões de mulheres nas entidades sindicais e na promoção de atividades

para estimular a mobilização das mulheres trabalhadoras. Entretanto, houve uma série

de dificuldades, enfrentadas ao longo dos anos e que ainda se apresentam em nossos

dias, quanto à propagação das medidas que visam à promoção da igualdade de

oportunidades entre os gêneros no mundo do trabalho e nos sindicatos. Dentre as

dificuldades presentes no mercado de trabalho, o emprego doméstico destaca-se como

um campo cuja análise revela a persistência da discrepância social e da segregação das

mulheres em categorias profissionais desfavorecidas – de acordo com o Censo do

5 Araújo; Ferreira, 1998.

6 Castro, 1995: pp. 33-34.

7 Fonte: Araújo; Ferreira, 1998; Ferreira, 2005.

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Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010, as mulheres auferiram

renda correspondente a apenas 70% da auferida pelos homens8 naquele ano.

Além disso, as mulheres representaram, ao longo da primeira década do

século XXI, 93% dos trabalhadores domésticos remunerados no Brasil, sendo que as

mulheres negras corresponderam a 61,6% do total de mulheres ocupadas nessa

profissão. Ao todo, o trabalho doméstico remunerado empregava, em 2009, 7,2 milhões

de trabalhadoras e trabalhadores, conforme aponta a Pesquisa Nacional por Amostra de

Domicílio (PNAD), realizada pelo IBGE. Segundo a PNAD, o segmento de Trabalho

Doméstico emprega atualmente cerca de 17% das mulheres ocupadas, ou 6,7 milhões de

mulheres, seguido do setor de Comércio e Reparação, que reúne 16,8% das ocupadas e

pelo segmento de Educação, Saúde e Serviços Sociais, onde estão 16,7% das

trabalhadoras9: “O emprego doméstico tem, assim, ocupado posição central nas

possibilidades de incorporação das mulheres ao mercado de trabalho, particularmente

das negras, pobres e sem escolaridade ou qualificação profissional” (IPEA, 2011: p.

4).

1.2 Trabalho doméstico como atividade desvalorizada: a Constituição

Brasileira de 1988

A legislação definiu, em 1972, o “Empregado Doméstico”10

como sendo

“aquele que presta serviços de natureza contínua e de finalidade não-lucrativa a

pessoa ou família, no âmbito residencial destas” (Lei 5.859/72). Trata-se, portanto, de

uma atividade não esporádica ou eventual e a partir da qual o(a) patrão/patroa não

obtém lucro ou benefício financeiro. O âmbito residencial a que se refere engloba o lar e

suas imediações, como o jardim, o quintal, bem como automóveis, lanchas e aviões

8 Os dados de 2010 também registram que a proporção da parcela de mulheres supera à equivalente aos

homens nas estatísticas que apontam as classes de trabalho sem rendimento (43,1% e 30,8%,

respectivamente), que recebem até meio salário mínimo (8% e 4,6%, respectivamente) e até um salário

mínimo (21,5% e 20,8%, respectivamente). Fonte: folha.com. “Mulheres ganham apenas 70% da renda

dos homens, aponta Censo de 2010” (16/11/2011). Disponível em:

<http://www.observatoriosocial.org.br/portal/noticia/1316>. Acesso em 20/01/2012. 9 Fonte: Pesquisa Emprego e Desemprego (PED). “A mulher nos mercados de trabalho metropolitanos”,

Especial – Abril/2011. 10

Embora a legislação faça referências a empregada(o) doméstica(o), nossa abordagem constrói uma

reflexão alicerçada em outros parâmetros, utilizando como categorias de análise os termos “trabalhadora

doméstica” e “trabalhador doméstico”, reforçando, dessa maneira, a tradição envolvida no histórico da

luta de classes na sociedade contemporânea, bem como a vertente clássica do pensamento social e seus

desdobramentos que têm se debruçado sobre o tema nos últimos séculos.

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particulares de lazer. Nesses termos, compreendem a categoria as(os) seguintes

trabalhadoras(es): cozinheira(o), governanta, babá, lavadeira, faxineira(o), vigia,

motorista particular, jardineiro(a), acompanhante de idosos(as), enfermeira(o), assim

como o(a) caseiro(a), quando sua localidade de trabalho não possui finalidade lucrativa.

O artigo 7º da Constituição Federal, que versa sobre direitos e garantias

fundamentais de trabalhadoras e trabalhadores urbanos e rurais no Brasil, assegura uma

série de direitos à força de trabalho que não se estendem, porém, integralmente à

categoria dos trabalhadores domésticos. Em parágrafo único, o artigo menciona apenas

9 parágrafos (de um total de 34 parágrafos) cujos direitos estão assegurados aos

trabalhadores domésticos pela legislação: salário mínimo fixado em lei; irredutibilidade

salarial; 13º salário; repouso semanal remunerado; gozo de férias anuais remuneradas

com, pelo menos, 1/3 a mais do que o salário normal; licença à gestante, sem prejuízo

do emprego e do salário, com duração de 120 dias; licença-paternidade; aviso prévio;

aposentadoria, bem como integração à Previdência Social.

Em 2006, modificações na legislação incorporaram novos direitos às(aos)

trabalhadoras(es) domésticas(os), que passaram a contar com o direito a férias de 30

dias, estabilidade para gestantes, direito aos feriados civis e religiosos, além da

proibição de descontos de moradia, alimentação e produtos de higiene pessoal utilizados

no local de trabalho. Outra mudança significativa foi a dedução no Imposto de Renda

Pessoa Física de 12% do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), que

possibilitou incrementar a formalização dos vínculos de trabalhadoras(es)

domésticas(os). Dessa maneira, os direitos garantidos constitucionalmente às(aos)

trabalhadoras(es) domésticas(os) abrangem11

:

1. Carteira de Trabalho e Previdência Social, devidamente anotada;

2. Salário mínimo fixado em lei;

3. Irredutibilidade salarial;

4. 13º salário;

5. Repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;

6. Feriados civis e religiosos;

7. Férias de 30 dias remuneradas;

8. Férias proporcionais, no término do contrato de trabalho;

9. Estabilidade no emprego em razão da gravidez;

11

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego.

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10. Licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário;

11. Licença-paternidade de 5 dias corridos;

12. Auxílio-doença pago pelo INSS;

13. Aviso prévio de, no mínimo, 30 dias;

14. Aposentadoria;

15. Integração à Previdência Social;

16. Vale-transporte;

17. Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) – benefício

opcional;

18. Seguro-desemprego concedido exclusivamente à(ao) trabalhadora

incluída(o) no FGTS.

Com o propósito de avançar na defesa dos direitos trabalhistas, está em

tramitação, no Congresso Nacional, uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC)

478-2010, que pretende revogar o Parágrafo Único do Artigo 7º da Constituição

Federal, responsável pela exclusão da maior parte dos direitos trabalhistas a

trabalhadoras(es) domésticas(os). O texto da emenda está em consonância com a

Convenção 189 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre trabalhadores

domésticos, que recomenda aos países membros a equiparação dos direitos dos

trabalhadores em geral à categoria.

1.3 Convenção e Recomendação 189 da OIT: Trabalho Decente para as

Trabalhadoras e os Trabalhadores Domésticos, 2011

Na proposta de defesa e promoção do Trabalho Decente12

pela OIT –

num comprometimento amplo com vistas à superação da pobreza e das desigualdades

sociais –, o trabalho doméstico ocupa posição particularmente relevante em função das

discriminações de gênero e raça que persistem na atividade, o permite a abordagem da

temática da igualdade de oportunidades e tratamento no mundo do trabalho. Como

ressalta a OIT:

12

O Trabalho Decente, conceito formalizado pela OIT em 1999, é um “trabalho adequadamente

remunerado, exercido em condições de liberdade, equidade e segurança, sem quaisquer formas de

discriminação e capaz de garantir uma vida digna a todas as pessoas que vivem de seu trabalho”

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As trabalhadoras/es domésticas/os seguem, portanto, sendo

vítimas frequentes de violação dos direitos humanos e dos

direitos fundamentais no trabalho, como o trabalho forçado, o

trabalho infantil e a discriminação. (OIT, 2011: p. 2)

Com o propósito de instigar as reflexões e discussões a respeito do

trabalho doméstico e subsidiar o estabelecimento de uma efetiva proteção aos direitos

de trabalhadoras/es domésticas/os, o OIT realizou duas Conferências Internacionais do

Trabalho, em 2010 e 2011, das quais resultou a adoção da Convenção nº 189 sobre o

Trabalho Decente para as Trabalhadoras e os Trabalhadores Domésticos, de 2011,

acompanhada da Recomendação nº 201. O Escritório da OIT no Brasil desde 2009

desenvolveu diversas iniciativas – que resultaram na produção de estudos e

documentos, bem como na realização de reuniões e oficinas técnicas –, com o apoio da

ONU-Mulheres e das Secretarias de Políticas para as Mulheres (SPM) e de Políticas de

Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), contando com a participação de

representantes das trabalhadoras domésticas, de organizações de trabalhadoras/es e

empregadores e de outros órgãos do governo brasileiro, como o Ministério do Trabalho

e Emprego (MTE) e o Ministério das Relações Exteriores (MRE).

A Convenção nº 189, assim como a Recomendação que a complementa,

resultaram portanto dessas discussões em âmbito internacional e, conforme

procedimentos adotados pela OIT, a nova Convenção estará em vigor após ser ratificada

por dois países. A ratificação é um ato soberano, em que uma nação assina a Convenção

voluntariamente e compromete-se a implementá-la em seu território, de acordo com o

arcabouço de normas e legislação em vigor no país. O quadro abaixo apresenta um

resumo da Convenção nº 189 e da Recomendação nº 201 sobre as Trabalhadoras e

Trabalhadores Domésticos (2011):

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Resumo da Convenção nº 189 e da Recomendação nº 201 sobre

as Trabalhadoras e os Trabalhadores Domésticos, 2011

CONVENÇÃO

Artigos Conteúdo

1 e 2 Definições e cobertura: Trabalho doméstico: aquele realizado em

ou para domicílio(s); trabalhador: (sexo feminino ou masculino)

quem realiza o trabalho doméstico no âmbito de uma relação de

trabalho, estando excluídos aquelas/es que o fazem de maneira

ocasional e sem que seja um meio de subsistência. A convenção

se aplica a todas/os trabalhadoras/es domésticas/es. Há

possibilidade de exclusão de categorias, desde que justificadas

(outra proteção equivalente ou questões substantivas).

3 e 4 Direitos humanos e direitos fundamentais do trabalho:

Implementação de medidas efetivas para garantir estes direitos.

Trabalho Infantil Doméstico: Estabelecimento de idade mínima,

em consonância com convenções associadas ao tema (nº 138 e

182), e adoção de medidas com relação a trabalhadoras/es

menores de 18 anos.

5 Proteção contra abusos, assédio e violência: adoção de medidas

nestes temas.

6 Condições de emprego equitativas e trabalho decente: adoção de

medidas efetivas nestes temas.

7 Informação sobre termos e condições, quando possível em

contratos de trabalho.

8 Proteção às/aos trabalhadoras/es domésticas/os migrantes: oferta

de emprego por escrito/contrato de trabalho com condições

estabelecidas no artigo 7, ainda no país de origem.

9 Liberdade para decidir moradia, se acompanha ou não membros

do domicílio em suas férias e quanto a manter em posse seus

documentos.

10 Jornada de trabalho: medidas para assegurar jornada,

compensação de horas extras e períodos de descanso diários,

semanais (24 horas consecutivas) e férias. Tempo em que

trabalhadores/as estão à disposição conta como horas de trabalho.

11 Estabelecimento de remuneração mínima.

12 Remunerações e proteção social: pagamentos em dinheiro, em

intervalos regulares e pelo menos uma vez ao mês. Possibilidade

de pagamento in natura, desde que estabelecidas condições para

que não seja desfavorável.

13 e 14 Medidas de saúde e segurança no trabalho; proteção social e

proteção à maternidade.

15 Agências de emprego privadas: condições de funcionamento;

proteção contra abusos de agências de emprego mediante

obrigações jurídicas.

16 Acesso a instâncias de resolução de conflitos.

17 Inspeção do Trabalho: adoção de medidas e possibilidade de

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23

acesso ao domicílio, com respeito à privacidade.

18 As disposições da Convenção deverão ser colocadas em prática

por meio da legislação nacional, de acordos coletivos e de outras

medidas adicionais com relação aos/às trabalhadores/as

domésticos/as.

19 a 27 Procedimentos para adoção, ratificação e implementação da

convenção.

RECOMENDAÇÃO

Artigos Conteúdo

2 Liberdade de associação e direito à negociação coletiva: revisão

da legislação nacional no sentido de tornar efetivos estes direitos.

Direito das/os trabalhadoras/es domésticas/os e de

empregadores/as a terem suas próprias organizações.

3 Exames médicos: princípio da confidencialidade; impedimento de

exames de HIV e gravidez e não-discriminação em função de

exames.

4 Medidas com relação aos exames médicos: informação sobre

saúde pública.

5 Identificação e proibição de trabalho doméstico insalubre para

crianças, proteção para trabalhadoras/es domésticas/os jovens:

para estes últimos, limitação da jornada; proibição de trabalho

noturno; restrição quanto a tarefas penosas e vigilância das

condições de trabalho.

6 Informações sobre termos e condições de emprego;

estabelecimento de informações em contratos.

7 Proteção contra abuso, assédio e violência: estabelecimento de

mecanismos de queixa; programas de reinserção e readaptação de

trabalhadoras/es vítimas.

8 a 13 Jornada de trabalho: registro exato das horas trabalhadas, das

horas extras e dos períodos de disponibilidade imediata para o

trabalho de fácil acesso para as/os trabalhadoras/es;

regulamentação do tempo em que a/o trabalhador/a está

disponível para o trabalho; estabelecimento de medidas

específicas para trabalho noturno; estabelecimento de pausas

durante jornada diária; estabelecimento de descanso semanal de

24 horas, em comum acordo; compensação por trabalho em dia

de descanso; acompanhamento dos membros do domicílio nos

períodos de férias não deve ser considerado como férias da/o

trabalhador/a.

14 e 15 Proteção quanto a remunerações e pagamento in natura:

limitação de pagamento in natura; critérios objetivos para cálculo

do valor; considerar somente questão de alimentação e

alojamento; proibição de incluir artigos relacionados ao

desempenho do trabalho; informações precisas quanto aos valores

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do pagamento.

17 Condições adequadas de acomodação e alimentação.

18 Prazo para busca de outro emprego e tempo livre durante o

trabalho em casos de término do emprego por iniciativa do

empregador/a para trabalhadoras/es que moram nas residências.

19 Saúde e segurança: Medidas e dados sobre saúde e segurança no

trabalho; estabelecimento de sistema de inspeção.

20 Adoção de medidas para contribuição à previdência social.

21 e 22 Trabalhadoras/es migrantes: sistema de visitas; rede de

alojamento de urgência; linha telefônica de assistência;

informações quanto às obrigações dos empregadores, legislação e

direitos no caso dos trabalhadoras/es nos países de origem e

destino; repatriação.

23 Agências de emprego privadas: promoção de boas práticas das

agências privadas de emprego com relação ao trabalho

doméstico.

24 Inspeção do trabalho: estabelecimento de condições para a

inspeção do trabalho.

25 Políticas e programas: para o desenvolvimento continuado de

competências e qualificação, incluindo alfabetização; para

favorecer o equilíbrio entre trabalho e família; formulação de

dados estatísticos sobre trabalhadoras/es domésticas/os.

26 Cooperação internacional para proteção dos trabalhadoras/es

domésticas/os.

Fonte: Organização Internacional do Trabalho (OIT), 2011.

Dentre os apontamentos da OIT elencados acima, a liberdade de

associação e o direito à negociação coletiva para trabalhadoras/es domésticas/os –

apresentados como uma recomendação da OIT e não no escopo da Convenção nº 189

propriamente – remete diretamente a uma outra Convenção (nº 87) do órgão, que trata

da liberdade sindical e a proteção do direito sindical de trabalhadoras e trabalhadores

em geral, que não foi ratificada pelo Brasil13

. Neste caso, essa preocupação deve-se à

baixa sindicalização especialmente verificada nos serviços domésticos.

Na tabela 1 abaixo visualizamos as estatísticas de sindicalização de

trabalhadoras e trabalhadores, segundo setor da economia e sexo, no Brasil em 2009. É

interessante observar que as mulheres trabalhadoras domésticas representaram 88% do

13

A livre associação profissional e sindical, conforme preconiza a Convenção nº 87 da OIT, é em certa

medida incompatível com o modelo sindical em vigor no Brasil em virtude do princípio da unicidade

sindical, que proíbe a criação de mais de uma organização sindical, representativa de categoria

profissional ou econômica, na mesma base territorial e cerceia, portanto, as possibilidades de escolha de

trabalhadores quanto à entidade sindical à qual desejariam se associar.

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total de sindicalizados empregados nos serviços domésticos – uma vez que elas

somavam aproximadamente 93% do contingente total que trabalhava no setor. Mulheres

e homens empregados nos serviços domésticos representaram apenas 1,03% do total de

trabalhadores sindicalizados no Brasil em 2009, enquanto a taxa de sindicalização

referente ao total de ocupados no país, no mesmo ano, era de 17,7%14

. Essa análise

permite-nos verificar que a dificuldade de sindicalização de trabalhadoras e

trabalhadores domésticas(os) é maior do que a enfrentada por outras categorias.

Tabela 1: Trabalhadoras e Trabalhadores sindicalizados

por setor da economia e sexo – Brasil, 2009

Setor

Homens Mulheres Total

absoluto

% Nº

absoluto

% Nº

absoluto

%

Agrícola 2.543.451 61,7 1.580.778 38,3 4.124.229 100,0

Indústria 2.224.062 73,7 794.294 26,3 3.018.356 100,0

Indústria de transformação 1.971.816 72,4 753.501 27,6 2.725.317 100,0

Construção 552.967 93,0 41.405 7,0 594.372 100,0

Comércio e reparação 1.130.634 57,7 829.670 42,3 1.960.304 100,0

Alojamento e alimentação 169.137 48,1 182.580 51,9 351.717 100,0

Transporte, armazenagem e comunicação 958.840 86,9 144.011 13,1 1.102.851 100,0

Administração pública 771.801 59,7 520.414 40,3 1.292.215 100,0

Educação, saúde e serviços sociais 602.128 23,8 1.932.740 76,2 2.534.868 100,0

Serviços domésticos 21.276 12,0 155.412 88,0 176.688 100,0 Outros serviços coletivos, sociais e pessoais 217.937 54,8 179.662 45,2 397.599 100,0

Outras atividades 1.008.174 63,6 576.144 36,4 1.584.318 100,0

Atividades mal definidas 2.083 47,8 2.277 52,2 4.360 100,0

Total 10.202.490 59,5 6.939.387 40,5 17.141.877 100,0 Fonte: PNAD-IBGE.

Elaboração: DIEESE, 2010/2011.

1.4 Outros dados sobre as trabalhadoras domésticas no Brasil

Em 2010, as mulheres ocupavam cerca de 45% dos postos de trabalho

existentes nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife,

Salvador, São Paulo e Fortaleza, bem como no Distrito Federal. Essa informação

demonstra que a preocupação de estar no mercado de trabalho (por necessidade ou

14

Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD-IBGE). Elaboração: DIEESE, 2010-

2011:

p. 192.

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desejo) é uma realidade para mulheres assim como para homens, pois elas representam

quase a metade da força de trabalho brasileira. Na próxima tabela (tabela 2)

acompanhamos a distribuição das mulheres ocupadas em 2010, segundo o setor de

atividade, no Distrito Federal e nas seguintes regiões metropolitanas brasileiras:

Tabela 2: Distribuição das mulheres ocupadas por setor de atividade

nas Regiões Metropolitanas e no Distrito Federal – 2010

(Em percentagem)

Setor de atividade

Belo

Horizont

e

Distrit

o

Federal

Porto

Alegr

e

Recif

e

Salvado

r

São

Paulo Fortalez

a

Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,

0

100,0

Indústria 9,2 3,1 12,6 5,5 4,2 13,7 18,9

Comércio 14,5 14,5 17,3 19,3 17,6 15,8 20,3

Serviços 60,9 64,4 57,5 55,4 61,4 53,7 43,1

Construção Civil 1,0 (2) (2) (2) (2) 0,6 (2)

Serviços

Domésticos

14,3 15,8 12,0 16,9 15,1 15,7 16,7

Outros (1) (2) 1,5 (2) 2,3 (2) (2) (2)

Fonte: Convênio DIEESE, SEADE, MTE/FAT e instituições regionais. Pesquisa de Emprego e

Desemprego-PED, Abril/2011: p. 3.

Notas: (1) Incluem agricultura, pecuária, extração vegetal, embaixadas, consulados, representações

oficiais e outras atividades não classificadas.

O setor de serviços destacou-se como o maior empregador da mão de

obra feminina em 2010, para todas as localidades pesquisadas. Os serviços domésticos

atuaram como outra possibilidade de emprego expressiva para as mulheres no mercado

de trabalho: no Distrito Federal foi a segunda maior ocupação, abrangendo 15,8% das

mulheres trabalhadoras. Apenas nas regiões metropolitanas de Fortaleza e Porto Alegre

houve mais trabalhadoras empregadas na indústria (18,9% e 12,6%, respectivamente)

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do que nos serviços domésticos (16,7% e 12%, respectivamente, nessas duas regiões

metropolitanas). Na região metropolitana de São Paulo (assim como de Belo Horizonte,

Recife e Salvador e no Distrito Federal) havia mais mulheres empregadas em serviços

domésticos, 15,7%, do que na indústria, 13,7% – foi, nesta região metropolitana, o setor

de comércio o segundo maior agregador de mulheres trabalhadoras, com 15,8% do total

de ocupadas. Em números absolutos, na região metropolitana de São Paulo, havia

aproximadamente 640 mil trabalhadoras e trabalhadores domésticas(os) em 201115

.

A respeito da cor/raça de mulheres trabalhadoras empregadas em

serviços domésticos (tabela 3) em 2010, prevaleceu a presença de negras na maior parte

das regiões pesquisadas. Nas regiões de Belo Horizonte, Fortaleza, Recife, Salvador e

no Distrito Federal, mais de 70% das mulheres ocupadas no setor eram negras – em

Salvador, onde mais de 85% da população é negra, elas representaram quase a

totalidade, correspondendo a 96,7% das trabalhadoras em serviços domésticos. Na

região metropolitana de São Paulo houve maior equivalência: 51,1% das trabalhadoras

em serviços domésticos eram não negras e 48,9% eram negras. Já na região de Porto

Alegre, onde a população negra é menor, 73,5% da força de trabalho ocupada no setor

era não negra, enquanto 26,5% eram negras.

Tabela 3: Distribuição das ocupadas nos serviços domésticos por cor/raça

nas Regiões Metropolitanas e no Distrito Federal – 2010

(Em percentagem)

Regiões Metropolitanas e

Distrito Federal

Total Negras Não-

negras

Belo Horizonte 100,0 71,0 29,0

Distrito Federal 100,0 79,3 20,7

Porto Alegre 100,0 26,5 73,5

Fortaleza 100,0 76,7 23,3

Recife 100,0 80,9 19,0

Salvador 100,0 96,7 (1)

São Paulo 100,0 48,9 51,1

15

Fonte: Revista Folha de São Paulo. 5 a 11 de fevereiro de 2012, p. 31.

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28

Fonte: Convênio DIEESE, SEADE, MTE/FAT e instituições regionais.

Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED, Abril/2011: p. 6.

Nota: (1) A amostra não comporta desagregação para esta categoria.

Obs.: Cor negra= pretos + pardos. Cor não negra= brancos + amarelos.

As tabelas a seguir informam acerca da faixa etária das trabalhadoras

domésticas (tabela 4) e da proporção de trabalhadoras domésticas negras e não negras

com escolarização até o ensino fundamental incompleto (tabela 5), em 2010,

empregadas nas regiões metropolitanas brasileiras pesquisadas e no Distrito Federal:

Tabela 4: Distribuição das trabalhadoras domésticas segundo a faixa etária

nas Regiões Metropolitanas e no Distrito Federal – 2010

(Em percentagem)

Faixa etária Belo

Horizonte

Distrito

Federal

Porto

Alegre Recife Salvador

São

Paulo Fortaleza

Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

10 a 17 anos (1) (1) (1) (1) (1) (1) 3,8

18 a 24 anos 6,1 12,1 (1) 7,1 10,4 4,7 13,3

25 a 39 anos 37,2 42,5 28,4 40,7 46,2 36,2 41,2

40 a 49 anos 29,4 26,3 34,2 31,9 27,3 32,0 25,9

50 a 59 anos 19,8 14,3 27,6 16,2 12,8 20,7 12,5

60 anos ou mais 6,2 (1) 5,9 (1) (1) 5,6 (1)

Fonte: Convênio DIEESE, SEADE, MTE/FAT e instituições regionais. Pesquisa de Emprego e

Desemprego – PED, Abril/2011: p. 7.

Nota: (1) A amostra não comporta desagregação para esta categoria.

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29

Tabela 5: Proporção das trabalhadoras domésticas negras e não negras

com até o ensino fundamental incompleto

nas Regiões Metropolitanas e no Distrito Federal – 2010

(Em percentagem)

Regiões Metropolitanas e

Distrito Federal Total Negras

Não-

negras

Belo Horizonte 100,0 62,5 58,7

Distrito Federal 100,0 51,5 51,2

Porto Alegre 100,0 63,6 56,8

Fortaleza 100,0 62,9 57,5

Recife 100,0 64,4 58,5

Salvador 100,0 51,7 (1)

São Paulo 100,0 60,6 59,2

Fonte: Convênio DIEESE, SEADE, MTE/FAT e instituições regionais.

Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED, Abril/2011: p. 8.

Nota: (1) A amostra não comporta desagregação para esta categoria.

Obs.: Cor negra= pretos + pardos. Cor não negra= brancos + amarelos.

Em se tratando da faixa etária das trabalhadoras domésticas em 2010, de

acordo com a tabela 4, observamos que maior parcela estava em idade adulta (acima de

62% em todas as localidades pesquisadas), possuindo entre 25 anos e 49 anos. No

entanto, tratou-se de realidade também para mulheres na faixa etária de 50 anos a 59

anos: na região metropolitana de Porto Alegre, as mulheres desta faixa etária somaram

27,6% do total de trabalhadoras domésticas da região e, de São Paulo, representaram

20,7% delas. A proporção de jovens com idade entre 18 anos e 24 anos foi mais

reduzida, atingindo maior participação na região metropolitana de Fortaleza, onde

representaram 13,3% das ocupadas em serviços domésticos. Essa participação mais

restrita de jovens pode ser explicada pela expansão econômica que o Brasil vem

apresentando, com a geração de oportunidades de trabalho mais valorizadas

socialmente, com maiores salários e direitos trabalhistas. Embora o número de

adolescentes e jovens desempenhando o trabalho doméstico esteja decrescendo em todo

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30

o Brasil, em 2009 havia cerca de 340 mil meninas de 10 a 17 anos ocupadas no setor,

equivalente a 5% do total de trabalhadoras16

.

Analisando a tabela 5, verificamos que a escolaridade das trabalhadoras

domésticas é baixa, sendo que a maior fração delas não havia completado o ensino

fundamental em 2010; além disso, a proporção de trabalhadoras domésticas negras que

possuem escolaridade até ensino fundamental incompleto supera a proporção de não

negras com o mesmo grau de escolarização em todas as localidades apontadas. Porém,

dentre trabalhadoras que desempenham funções como babás, trabalhadoras e

trabalhadores acompanhantes de idosos, bem como alguns profissionais da área de

saúde – em ocupações enquadradas como Serviços Domésticos –, observa-se a melhora

progressiva do nível de escolarização nos últimos anos17

. Na região metropolitana de

São Paulo, como exemplo, comparando informações entre 2011 e 2003, houve elevação

de 137,3% no número de trabalhadoras e trabalhadores domésticas(os) que possuíam 11

anos ou mais de escolarização – pelo menos o ensino médio completo.

As modalidades mensalista e diarista, bem como a formalização (ou não)

do vínculo trabalhista (com ou sem registro em carteira), também foram analisadas na

pesquisa, que constatou a redução do percentual de trabalhadoras domésticas

mensalistas, com ou sem carteira assinada, no período de 2000 a 2010, ao passo em que

houve elevação do número de diaristas. A despeito dessa observação, conforme

acompanhamos na tabela 6, a maior parte das trabalhadoras domésticas desempenhou

seu trabalho como mensalista em 2010: na região metropolitana de Salvador elas

totalizaram 78,4%, de Porto Alegre, foram 67,5% e, de São Paulo, representaram

68,7%. Contudo, boa parte das mensalistas não contou com registro em carteira em

2010: na região metropolitana de Salvador foram 45,7% e, de Fortaleza, somaram

60,5%.

16

Fonte: Agência Brasil. “Trabalhadoras domésticas tinham salário menor que o mínimo em 2009, diz

IPEA” (05/5/2011). Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br>. Acesso em 08/2/2012. 17

Fonte: Pesquisa Emprego e Desemprego (PED). “A mulher nos mercados de trabalho metropolitanos”,

Especial – Abril/2011: p. 8.

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Tabela 6: Proporção das trabalhadoras domésticas segundo posição na ocupação

nas Regiões Metropolitanas e no Distrito Federal – 2010

(Em percentagem)

Regiões Metropolitanas e

Distrito Federal

Mensalista

com

carteira

Mensalista

sem

carteira

Diaristas

Belo Horizonte 48,9 20,2 30,8

Distrito Federal 42,0 31,2 26,8

Porto Alegre 45,2 22,3 32,6

Fortaleza 14,8 60,5 24,7

Recife 33,5 36,6 29,9

Salvador 32,7 45,7 21,6

São Paulo 37,6 31,1 31,3

Fonte: Convênio DIEESE, SEADE, MTE/FAT e instituições regionais.

Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED, Abril/2011: p. 12.

Assim como as mensalistas sem carteira, as diaristas possuem vínculos

de trabalho mais precários. Especialmente no caso das diaristas, além de maior

precarização, elas enfrentam maior instabilidade na vida profissional. Em 2010 na

região metropolitana de São Paulo, 31,3% ou aproximadamente uma a cada três

trabalhadoras domésticas atuaram como diaristas – em 2011, havia 260 mil

trabalhadoras e trabalhadores domésticas(os) que possuíam carteira assinada, o que

equivale a 40,6% do total. Na região metropolitana de Porto Alegre, as diaristas

somaram 32,6% das trabalhadoras domésticas. A opção de muitas trabalhadoras

diaristas pela modalidade pode se explicar pelo maior rendimento mensal, embora

possam não estar incluídas no sistema de proteção social, caso não contribuam como

autônomas para a Previdência Social, e não tenham direito aos benefícios decorrentes da

Seguridade Social – aposentadoria, seguro acidente de trabalho, licença remunerada por

enfermidade, férias remuneradas18

.

18

Diaristas, assim como taxistas, dentistas, advogados, médicos, síndicos remunerados, motoboys,

manicures, modelos, entre outros profissionais que trabalham por conta própria, podem contudo se

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32

No Brasil, mais de 70% das trabalhadoras domésticas não possuem

carteira assinada19

. De fato, é pequena a proporção de trabalhadoras que contribuem

para a Previdência Social, conforme podemos acompanhar na tabela 7 abaixo. A região

metropolitana de Fortaleza apresenta o menor percentual de trabalhadoras domésticas

que contribuem para a Previdência Social, apenas 16,5%. Belo Horizonte é a região em

que há a maior parcela da mão de obra feminina do setor que contribui, 57,8%. Já na

região metropolitana de São Paulo, 44,7% (menos da metade) das trabalhadoras

domésticas contribui com a Previdência Social. Especialmente no que se refere às

diaristas, foi possível observar percentuais de trabalhadoras domésticas que haviam

contribuído apenas nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte, 20,1%, Porto Alegre,

17,2%, e em São Paulo, 14,2%20

.

inscrever na Previdência Social como trabalhador autônomo (contribuinte individual). Esse contribuinte

contará com o direito aos benefícios como salário-maternidade, auxílio-doença, aposentadoria, auxílio-

acidente, dentre outros. 19

Fonte: Agência Brasil. “Mais de 70% das trabalhadoras domésticas brasileiras não têm carteira

assinada” (27/4/2011). Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br>. Acesso em 08/02/2012. 20

Fonte: Pesquisa Emprego e Desemprego (PED). “A mulher nos mercados de trabalho metropolitanos”,

Especial – Abril/2011: p. 13.

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33

Tabela 7: Proporção de trabalhadoras domésticas que

contribuem para a Previdência Social (1)

nas Regiões Metropolitanas e Distrito Federal – 2010

(Em percentagem)

Localidade %

Belo Horizonte 57,8

Distrito Federal 44,9

Porto Alegre 53,6

Fortaleza 16,5

Recife 35,9

Salvador 34,9

São Paulo 44,7

Fonte: Convênio DIEESE, SEADE, MTE/FAT e instituições regionais.

Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED, Abril/2011: p. 13.

Nota: (1) No caso das mensalistas sem carteira, o número de contribuintes

foi tão baixo que não foi possível desagregar a amostra.

A jornada de trabalho doméstico não possui limitação máxima como a

relativa às demais categorias de trabalhadores, de acordo com a legislação trabalhista

brasileira. Nesse sentido, as jornadas das trabalhadoras domésticas são normalmente

bastante longas, sobretudo daquelas que moram no local de trabalho e têm de servir o

café da manhã e retirar a mesa do jantar, sem receber por isso hora extra. De acordo

com o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a trabalhadora que mora na

casa do empregador trabalha até 13 horas por semana a mais do que aquela que volta

para sua casa21

. A tabela abaixo (tabela 8) informa a respeito da jornada semanal média

desempenhada pelas trabalhadoras domésticas nas regiões metropolitanas brasileiras e

no Distrito Federal:

21

Fonte: Revista Folha de São Paulo. 5 a 11 de fevereiro de 2012, p. 29.

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34

Tabela 8: Horas semanais médias trabalhadas pelas trabalhadoras domésticas1

negras e não negras segundo posição na ocupação

nas Regiões Metropolitanas e no Distrito Federal – 2010 (Em horas)

Regiões Metropolitanas

e

Distrito Federal

Negras Não negras

Mensalista

Diarist

a

Mensalista

Diarist

a com

carteir

a

sem

carteir

a

com

carteir

a

sem

carteir

a

Belo Horizonte 44 38 26 44 39 28

Distrito Federal 45 43 24 45 42 26

Porto Alegre 41 39 25 42 40 24

Fortaleza 53 49 24 52 48 24

Recife 56 50 22 57 51 21

Salvador 48 41 21 (2) (2) (2)

São Paulo 43 37 25 42 36 23

Fonte: Convênio DIEESE, SEADE, MTE/FAT e instituições regionais.

Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED, Abril/2011: p. 14.

Notas: (1) Exclusive as que não trabalharam na semana.

(2) A amostra não comporta a desagregação para esta categoria.

Obs.: Cor negra = pretos + pardos. Cor não negra = brancos + amarelos.

Analisando a jornada de trabalho semanal média das trabalhadoras

domésticas em 2010, verificamos que foram as mensalistas que possuíam registro em

carteira que exerciam as jornadas mais longas – na pesquisa não foram identificadas

diferenças em termos da jornada semanal média em função do recorte cor/raça, ou seja,

trabalhadoras domésticas negras e não negras apresentaram jornadas médias bastante

semelhantes. A região metropolitana de Recife destacou-se como a localidade em que

essas jornadas foram mais extensas, totalizando 56 horas semanais médias de trabalho

para trabalhadoras domésticas negras com registro em carteira e 57 horas semanais

médias para não negras. Com relação às diaristas, na região metropolitana de Belo

Horizonte, as trabalhadoras domésticas negras trabalharam em média 26 horas por

semana, enquanto as não negras trabalharam 28 horas em média semanalmente.

Na região metropolitana de São Paulo, as mensalistas com carteira

assinada trabalharam em média 43 horas e 42 horas por semana, se negras ou não

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35

negras, respectivamente. As mensalistas sem carteira assinada, por sua vez, trabalharam

37 horas semanais em média, no caso das trabalhadoras domésticas negras, e 36 horas

semanais em média, no caso das trabalhadoras domésticas não negras. Já em se tratando

das diaristas na região metropolitana de São Paulo, desempenharam jornadas médias de

25 horas e 23 horas, no que se refere a trabalhadoras domésticas negras e não negras,

respectivamente. Particularmente nessa região metropolitana a pesquisa identificou que

as mulheres negras enfrentam uma hora de trabalho a mais em sua jornada semanal

comparativamente às mulheres não negras, para as mensalistas com ou sem carteira, e

duas horas semanais a mais no caso das diaristas negras.

O rendimento médio real por hora das diaristas, observado em 2010

(conforme tabela 9), foi mais elevado do que o das mensalistas com ou sem carteira

assinada em todas as regiões metropolitanas brasileiras e no Distrito Federal. Em Porto

Alegre verificou-se o maior rendimento médio real, auferido por diaristas não negras, de

R$ 5,33/hora trabalhada; em relação ao total analisado, ainda na região metropolitana de

Porto Alegre, as diaristas recebiam rendimento 34,5% superior em comparação ao

rendimento de mensalistas com carteira. Comparando o rendimento médio por hora das

diaristas com o das mensalistas sem carteira, o diferencial foi de cerca de 61% em

Fortaleza e no Recife, também em benefício das diaristas. O menor rendimento médio

da análise foi verificado em Fortaleza, onde as mulheres negras mensalistas sem carteira

receberam apenas R$ 1,69 por hora, equivalente à praticamente metade do rendimento

observado em São Paulo, de R$ 3,33 por hora para a trabalhadora correspondente ao

mesmo perfil.

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36

Tabela 9: Rendimento médio real por hora das trabalhadoras domésticas

negras e não negras segundo posição na ocupação

nas Regiões Metropolitanas e no Distrito Federal – 2010

(Em R$ de novembro de 2010)

Regiões

Metropolitanas

e

Distrito Federal

Total Negras Não negras

Mensalista

Diarist

a

Mensalista

Diarist

a

Mensalista

Diarist

a com

carteir

a

sem

carteir

a

com

carteir

a

sem

carteir

a

com

carteir

a

sem

carteir

a

Belo Horizonte 3,35 (1) 4,1

0

3,31 (1) (1) (1) (1) (1)

Distrito Federal 3,50 3,10 4,3

9

3,52 3,02 4,47 (1) (1) (1)

Porto Alegre 3,86 (1) 5,1

9

(1) (1) (1) 3,81 (1) 5,33

Fortaleza (1) 1,76 2,8

5

(1) 1,69 2,95 (1) (1) (1)

Recife 2,30 1,72 2,7

7

2,31 1,72 2,80 (1) (1) (1)

Salvador 2,59 2,18 (1) 2,64 2,17 (1) (1) (1) (1)

São Paulo 4,22 3,47 5,0

3

4,29 3,33 5,06 4,25 3,50 5,04

Fonte: Convênio DIEESE, SEADE, MTE/FAT e instituições regionais. Pesquisa de Emprego e

Desemprego – PED, Abril/2011: p. 15.

Notas: (1) A amostra não comporta a desagregação para esta categoria.

Obs.: a) Exclusive as empregadas domésticas assalariadas que não tiveram remuneração no mês.

b) Exclusive os que não trabalharam na semana.

c) Inflatores utilizados: IPCA-BH/IPEAD, INPC-DF-IBGE, IPC-IEPE/RS, INPC-RMR/IBGE/PE, IPC-

SEI/BA, ICV-DIEESE/SP e INPC-RMF.

d) Cor negra = pretos + pardos. Cor não negra = brancos + amarelos

A região metropolitana de São Paulo registrou a menor diferença,

comparativamente às outras localidades pesquisadas, em termos de rendimento médio

total de diaristas e de mensalistas com carteira assinada, 19,2%. Embora tenha sido

menor em relação às outras regiões metropolitanas brasileiras e ao Distrito Federal, essa

disparidade foi expressiva. Na comparação entre diaristas e mensalistas sem carteira,

ainda na região metropolitana de São Paulo, a diferença foi bastante significativa, de

aproximadamente 45%: enquanto as diaristas receberam rendimento médio real de R$

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5,03 por hora, as mensalistas sem carteira receberam R$ 3,47 por hora.

Comparativamente, para a mesma localidade, o rendimento médio de mensalistas sem

carteira negras foi menor do que o de não negras, de R$ 3,33/hora e R$ 3,50/hora,

respectivamente.

Dados do Brasil, de acordo com estudo do IPEA, informam que, em

2009, as trabalhadoras domésticas brasileiras tiveram remuneração R$ 78,55 menor do

que o salário mínimo em vigor naquele ano, cujo valor era de R$ 465,00. O estudo

também apurou que há diferença nos salários das trabalhadoras domésticas brancas e

negras: as brancas recebiam R$ 421,58, em média, enquanto as negras recebiam R$

364,84, ou seja, as trabalhadoras negras receberam, em média, 86,5% da remuneração

recebida pelas trabalhadoras brancas22

.

Rendimento mais elevado e possibilidade de maior flexibilidade da

jornada de trabalho podem explicar, quando a escolha é feita pela trabalhadora e não

pelo empregador que não quer maiores despesas, a opção por atuar como mensalista ou

como diarista. Nesta avaliação por parte da trabalhadora, há priorização de rendimento

mais elevado no curto prazo e a trabalhadora abre mão de outros benefícios assegurados

pelo registro em carteira, tais quais descanso semanal remunerado, férias, 13º salário.

De fato, no período de 2003 a 2009, segundo aponta um estudo do IBGE, o número de

trabalhadoras e trabalhadores domésticas(os) da região metropolitana de São Paulo que

trabalham em mais de uma casa cresceu de 13,1% para 23,2%23

.

Finalmente, apesar da baixa remuneração das trabalhadoras domésticas

em referência à remuneração das outras categorias profissionais, tem sido observado

aumento do número de famílias chefiadas por mulheres entre as famílias das

trabalhadoras domésticas no Brasil. Nas regiões metropolitanas de Fortaleza e Porto

Alegre, a proporção de trabalhadoras domésticas chefes de família foi de 28,3% e de

34,9% do total das trabalhadoras domésticas em 2010, respectivamente, o que indica

que aproximadamente uma em cada três trabalhadoras domésticas desempenhou a

função de chefe de família naquele ano24

.

22

Fonte: Agência Brasil. “Trabalhadoras domésticas tinham salário menor que o mínimo em 2009, diz

IPEA” (05/5/2011). Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br>. Acesso em 08/2/2012. 23

Fonte: Revista Folha de São Paulo. 5 a 11 de fevereiro de 2012, p. 31. 24

Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED, Abril/2011: p. 8.

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2. Condições de trabalho - Déficit de trabalho decente

A oficina para elaboração deste relatório foi realizada no dia 13 de março de

2012 no Sindicato das Trabalhadoras Doméstica de Campinas Paulínia, Valinhos,

Sumaré e Hortolândia e contou com a participação de três trabalhadoras, duas dirigentes

sindicais e uma ex-diretora sindical.

A entidade sindical, filiada à Central Única dos Trabalhadores (CUT), agrega

aproximadamente 27.000 (vinte e sete mil) trabalhadores (as) em sua base. Segundo

levantamento feito pelo sindicato, somente nos condomínios da região são cerca de 6mil

trabalhadores (as) domésticos (as) em atividade.

A parte sindicalizada, que contribui com R$5,00 mensalmente, é composta por

50 trabalhadoras, dentre as quais havia a presença de apenas um homem nas reuniões.

Segundo relato da dirigente sindical, grande parte das trabalhadoras freqüentam o

sindicato apenas em situações de emergência e quando necessitam de ajuda, e por esse

motivo as sindicalistas não consideram apenas o número de inscritas (filiadas), que ao

todo chega a 2.224 (dois mil, duzentas e vinte e quatro) trabalhadores (as).

2.1. Oportunidades de emprego

Segundo uma das sindicalistas, a idade das trabalhadoras domésticas é muito

variada, mas a maioria possui entre 20 a 30 anos. Aquelas trabalhadoras que possuem

acima de 30 anos sentem muita dificuldade para serem empregadas por conta da idade

elevada e as conseqüências que esta traz ao desempenho no trabalho.

De acordo com a dirigente, muitas trabalhadoras acima de 50 anos de idade

estão procurando o sindicato quando descobrem que o INSS não está sendo pago após

20 ou 30 anos de trabalho, contudo, uma das dirigentes afirmou perceber que essa é uma

prática que vem mudando entre as jovens trabalhadoras, pois estas últimas por muitas

vezes não terem a responsabilidade de sustentar uma família, não admitem serem

cobradas injustamente e sempre procuram exigir seus direitos, o que, portanto, faz com

que muitas abandonem o trabalho a procura de outro que ofereça melhores condições.

De acordo com as exposições das sindicalistas, como o mercado de trabalho é

escasso o trabalho doméstico acaba sendo uma opção para essas jovens, pois geralmente

são de origem pobre, com baixa escolaridade e migrantes de outras regiões do país,

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como norte e nordeste, que deixam a família no Estado de origem à procura de emprego

sem a exigência de alto nível de qualificação. Em alguns casos a trabalhadora é

considerada a pessoa responsável pelo domicilio, com baixo nível de escolaridade

(fundamental completo ou incompleto) e se sujeita às más condições de trabalho.

Na região abrangida pela representação deste sindicato existem mais de 20.000

(vinte mil) trabalhadoras domésticas com carteira assinada, mas somente cerca de

10.000 (dez mil) contribuem para o INSS. Para recorrer à justiça a fim de exigir o

cumprimento deste direito, o empregador tem que ir até a Receita Federal, para pagar as

contribuições atrasadas, pois entre as instâncias judiciais e de fiscalização não há um

acordo, pois o INSS e a Justiça do Trabalho não cobram o que o empregador sonega.

Em contraponto a essa situação, o sindicato orienta as trabalhadoras no sentido de

pressionar o patrão para que este contribua espontaneamente. Geralmente, a

trabalhadora só procura saber se contribui com o INSS quando adoece, engravida ou se

aposenta.

Segundo orientação expressa em informativo vinculado a esta base sindical, é

necessário que “trabalhadora conheça os 13 artigos que estão garantidos no parágrafo

único do art. 7º da Constituição Federal. Exija que seu patrão cumpra a lei” 25

.

Nesse sentido, de acordo com a ex-diretora do sindicado, a grande reivindicação

feita pela categoria em Genebra em julho de 201126

se debruça sobre o fato do trabalho

doméstico ser isolado, e, portanto, faz-se necessário a fiscalização no local de trabalho

através dos órgãos competentes.

Nos casos das diaristas27

há agravantes, pois além de trabalharem por dia, não

tem consciência de que irão envelhecer ou terão que se aposentar, pois apesar de

financeiramente compensar ganhando cerca de R$1200,00 por mês trabalhando três

25

Fonte: Informativo do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos de Campinas, Paulínia, Valinhos,

Sumaré e Hortolândia, 2012: p.01 26

A 100º Conferência da Organização Internacional do Trabalho (CIT) em Genebra foi responsável pela

aprovação da Convenção sobre o Trabalho Decente para trabalhadoras e trabalhadores domésticos nº 189

(2011) e a Recomendação nº201(2011), a qual se refere ao mesmo tema. Segundo estimativas esses

instrumentos irão beneficiar entre 53 a 100 milhões de trabalhadores e trabalhadoras no Brasil. Fonte:

http://www.oit.org.br/sites/default/files/topic/gender/doc/boletimgra%C3%A7a_666.pdf, acesso em

26/03/2012. 27

“O termo diarista é uma das funções da categoria das domésticas, porém os empregadores preferem

contratar por dia para economizar e se “livrar” da lei. A “diarista” que receba salário mensal é aquela

definida pela Lei 5.859/1972 regulamentada pelo Decreto 71.885/1973, e com as modificações

introduzidas pela Lei 11.324/2006” Fonte: Informativo do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos de

Campinas, Paulínia, Valinhos, Sumaré e Hortolândia de fevereiro/2012.

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40

vezes por semana, dificilmente possuem uma poupança ou contribuem com o INSS.

Além disso, estão sujeitas a vários tipos de doenças, pois a cada dia elas são expostas a

um material de limpeza diferente e podem desenvolver LER/DORT, devido à

concentração da realização das tarefas mensais em apenas dois dias, além de não possuir

a segurança de um vínculo empregatício.

Por este motivo, segundo a orientação expressa no informativo do Sindicato dos

Trabalhadores Domésticos de Campinas, Paulínia, Valinhos, Sumaré e Hortolândia de

faveiro de 2012, a trabalhadora que presta seu serviço na mesma casa duas vezes na

semana deve ser “classificada” enquanto mensalistas e receber todos os direitos

conforme rege a lei, e, portanto, deve pedir o registro em carteira.

Não há um número preciso de diarista e mensalistas na região, mas mesmo

diante da constatação das péssimas condições de trabalho, as entrevistadas afirmaram

que muitas deixam os trabalhos como mensalistas para se tornarem diaristas.

Geralmente, poucas trabalhadoras domésticas dormem no local de trabalho, isso

é exigido com mais freqüência entre as babás. Aqueles ou aquelas que se submetem a

dormir onde trabalham são, na maioria das vezes, de outro Estado ou estão com

problema financeiro, como por exemplo, pagamento de dívidas e aluguel.

O acúmulo de função ocorre em muitos casos relatados pelas trabalhadoras,

como por exemplo, no caso de uma babá que foi incumbida de limpar a casa enquanto

seu patrão viajava com a família.

Ainda de acordo com o informativo sindical, “a função da diarista é limpar

vidros, móveis, azulejos, lavar chão e quintal, isto dentro das 8 horas de trabalho diária.

Todas as atividades a serem realizadas na residência não incluem limpeza dentro de

armários, arrumar guarda-roupas, lavar calçados, lavar louças, limpar geladeira,

cozinhar e passar, recolher fezes de cachorro, etc. As demais funções devem ser

tratadas a parte do dia da faxina”28

.

28

Fonte: Informativo do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos de Campinas, Paulínia, Valinhos,

Sumaré e Hortolândia, 2012: p.02

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2.1 Trabalho inaceitável

Dentre as trabalhadoras presentes na oficina algumas começaram a trabalhar

muito jovens, a partir dos 14 anos, e outras somente na fase adulta, na faixa dos 50 anos

de idade.

Segundo o relato pessoal de uma das sindicalistas presentes, aos sete anos de

idade foi doada a uma família no Paraná, para a qual era obrigada a cumprir os afazeres

domésticos durante toda sua infância e adolescência, não lhe sendo permitido discernir

as brincadeiras infantis e os horários de lazer do trabalho doméstico. Com o passar dos

anos a trabalhadora percebeu que não fazia parte daquela família, pois somente a seus

“irmãos” era permitido freqüentar a escola e trabalhar fora, conforme descreve na

seguinte fala:

“Eu me sentia da família, não tinha salário. Demorei a

amadurecer, os patrões faziam com que eu fosse “tapada” e não

estudasse. Minha patroa queimou muito dos meus documentos e depois

que comecei a estudar já mais velha, fui expulsa de casa”.

Atualmente, não há denuncias recentes de trabalho de adolescentes, contudo, as

sindicalistas afirmaram que ainda há trabalho de menores. Nos dois últimos casos que

chegaram ao sindicato houve a intermediação entre o patrão e a trabalhadora, fazendo

com que o primeiro pagasse os direitos trabalhistas à menor.

Segundo relatos, houve um caso específico de uma trabalhadora doméstica que

levava sua filha para ajudar nos afazeres domésticos, contudo, o empregador alegou que

esta última somente acompanhava a mãe e não realizava nenhum tipo de trabalho.

Diante de situações como essas as dirigentes sindicais afirmaram que sempre buscam

fiscalizar o que ocorre no local de trabalho, principalmente no caso da presença de

grávidas e adolescentes29

, conforme elucida o relato a seguir:

“Às vezes aparece caso de menores trabalhando, daí a gente liga

para o empregador explicando, e nessas vezes que ligo o empregador já

paga o direito dessa pessoa de menor, mas é muito pouco [ocorrências de

29

Este tema é tratado na Convenção nº 189 da OIT (Organização Internacional do Trabalho) relativa às

Trabalhadoras e os Trabalhadores Domésticos, especificamente no Artigo 4º , no qual define o

estabelecimento de idade mínima, em consonância com convenções associadas ao tema (nº 138 e 182), e

adoção de medidas com relação a trabalhadoras/es menores de 18 anos.

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casos envolvendo trabalho de menores] (...) aconteceu duas vezes, num

dos casos eu entrei em contato e falei, e a empregadora disse que a mãe

que trabalhava ali e trazia a criança e que a mãe estava cuidando dela.

Daí eu expliquei que ela não podia trabalhar ali, conversei com a mãe da

adolescente e com a adolescente, falei que ela deveria que voltar a

estudar e mãe concordou porque a adolescente estava „dando

trabalho‟(...) Duas coisas que a gente sempre procura é acompanhar a

grávida e o adolescente, daí a gente sempre procura ligar ou se dá fazer

visitas para ver como está, e no caso dessa adolescente eu acabei ligando

(...)”

Outro tipo de abuso aos quais as trabalhadoras domésticas estão submetidas se

refere às contratações por algumas agências, pois além de serem mal atendidas nesses

estabelecimentos, é exigido o pagamento de até 30% sobre o primeiro salário futuro30

.

As representantes sindicais afirmaram que atualmente há muitos problemas

relacionados à agência conhecida entre as trabalhadoras pelo nome de “Dona Geni”, a

qual não possui sede física e não responde como pessoa jurídica, funcionando como

uma espécie de empresa “fantasma”, pois quando o sindicato a procura para

responsabilizá-la dos problemas não a encontra, conforme exemplifica a fala das

dirigentes sindicais a seguir:

“ Muitas trabalhadoras quando acontece algum problema no

serviço voltam nessa agência e essa “Dona Geni” manda a trabalhadora

se virar (...) e vem muita trabalhadora no sindicato reclamar dessa

agencia, só que não se acha. É uma coisa muito desorganizada, mais do

que essas agências que existe por aí”

30

Embora não ratificada pelo Brasil, a Convenção nº 181 da OIT (Organização Internacional do

Trabalho) Relativa às Agências de Emprego Privadas se opõe a esse tipo de prática e esclarece precisamente no Artigo 7º que as agências de emprego privadas não devem impor aos trabalhadores,

direta ou indiretamente, no todo ou em parte, o pagamento de honorários ou outros encargos.

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Outra agência citada pelas trabalhadoras é a Red House, que segunda elas, as

descrições das vagas de trabalho não condizem com as solicitações reais do

empregador.

2.3. Salário adequado e trabalho produtivo

As categorias dos trabalhadores domésticos, bem como agropecuários,

pescadores, contínuos e serviços de limpeza correspondem a primeira faixa salarial no

valor mínimo do Estado de São Paulo de R$690,00 (seiscentos e noventa reais) 31

.

Os relatos de algumas trabalhadoras domésticas revelaram que recebem abaixo

do salário mínimo. Conforme o relato de uma diarista, ela chegou a receber

mensalmente cerca de R$120,00 a R$150,00, pois trabalhava de 15 em 15 dias, mas já

chegou a receber somente R$70,00 por mês, impossibilitando-a de arcar com os custos

de vida básicos como aluguel e as demais despesas.

Há casos isolados de trabalhadores (as) domésticos que ganham entre

R$1.500,00 a R$3.000,00, os quais são considerados pelas sindicalistas como a

“pseudo-elite” da categoria, como é o caso dos enfermeiros (as) e motoristas que

trabalham nas residências de seus empregadores.

O pagamento é feito regularmente a todas trabalhadoras entrevistadas na oficina,

e não houve relatos de pagamento através de algum tipo de mercadoria. Somente em

alguns casos o empregador não paga os salários nos dias previamente acordados.

Segundo orientação do sindicato expressa em informativo de fevereiro de 2012

“o valor do dia de trabalho de uma diarista é no mínimo R$90,00 e nele deve

acrescentar os valores de: INSS, transporte, alimentação, 13º salário, férias mais 1/3”. O

sindicato disponibiliza uma tabela indicativa do valor a ser cobrado em 2012, conforme

o exemplo abaixo:

31

O último reajuste do salário-mínimo do Estado de São Paulo foi de 15%, em vigorar a partir de 1º de

março de 2012, passando de R$600,00 para R$690,00. Fonte: http://www.casacivil.sp.gov.br/biblioteca-

ccivil/noticias/MostraNoti.asp?par=212, acesso em 28/03/2012.

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Tabela 10: Exemplo do valor a ser cobrado por uma diarista

Diária

mínima

INSS

11%

Transporte 13º

1/12

Férias 1/12

mais 1/3

Alimentação Total

R$ 90,00

R$ 9,90 R$ 6,00 R$ 7,50 R$10,00 R$ 10,00 R$

133,10

Fonte: Sindicato dos Trabalhadores Domésticos de Campinas, Paulínia, Valinhos,

Sumaré e Hortolândia.

Elaboração: IOS. Fevereiro/2012.

2.4. Jornada decente

Geralmente, a jornada de trabalho entre as trabalhadoras da categoria é de 10 a

12 horas por dia, e muitas delas têm insegurança em recusar as atividades realizadas

além da jornada usual de trabalho. O trabalho noturno também é comum, sem o

pagamento do adicional, bem como durante aos sábados intercalados.

Houve um caso que a trabalhadora chegou a ficar de 12 a 18 horas trabalhando,

e quando foi reclamar para sua patroa, a princípio ela concordou em diminuir a carga

horária, mas depois recuou na decisão. Em outro episódio, quando a doméstica

reclamou por trabalhar de domingo a domingo, sem o pagamento do transporte aos

finais de semana, foi dispensada do serviço.

Nos casos em que as trabalhadoras tiveram que esperar o patrão retornar de

alguma atividade fora, essas horas não são contabilizadas como extras. O mesmo ocorre

quando os patrões viajam.

Portanto, o tempo disponível no domicílio não é contabilizado como hora extra,

e as trabalhadoras recebem somente o salário do mês. São raros os casos de viagens

com a família da residência onde trabalham, mas segundo uma das trabalhadoras, no seu

caso em específico não foi pago nenhum adicional, somente o salário do mês.

As férias geralmente são repartidas entre 15 e 15 dias, ou 10 e 20 dias.

Dificilmente são concedidos os trinta dias corridos e sempre é pago 1/3 do salário.

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2.5. Estabilidade e garantia no trabalho

De acordo com as sindicalistas, existem diversos casos de aposentadas que ainda

continuam trabalhando. Geralmente, as mais velhas permanecem mais tempo

empregadas, pois aceitam as condições trabalho. Existem profissionais neste perfil que

estão 24 anos trabalhando sem contribuir com o INSS, contudo, as trabalhadoras mais

jovens não aceitam essas condições, e deixam seus empregos com mais facilidade, o

que explica a alta rotatividade entre as trabalhadoras dessa faixa etária.

2.6. Equilíbrio entre trabalho e vida familiar

Quando questionadas se podem acompanhar seus filhos, cônjuges e pais em

consultas médicas, muitas trabalhadoras disseram que é uma pratica comum entre os

patrões aceitarem o atestado, mas pedirem para que compensem a falta, mesmo que

justificada, em outro dia. Ocorre muitas vezes do empregador não acreditar que o

atestado seja verdadeiro.

Caso seja necessário acompanhar filhos em atividades escolares as entrevistadas

relataram que os patrões reclamam.

Recentemente houve um caso de uma trabalhadora que engravidou e logo foi

demitida. Em outro caso uma trabalhadora procurou o sindicato pelo mesmo motivo,

mas não tinha carteira assinada. Nestes casos, o sindicato entra em contato com

empregador para advertir que por lei a trabalhadora tem ainda direito a um mês de

estabilidade, e, portanto, deve ser remunerada pelo mês correspondente.

Quando questionados se há tempo para se dedicar ao estudo, a maioria afirmou

positivamente, mas os patrões reclamam devido ao horário exigido, conforme o relato

de uma babá:

“Terminei meu segundo grau (...) e daí comecei a fazer um curso

técnico e ela [a patroa] concordou, mas antes de terminar o curso ela

perguntava se estava acabando porque estava difícil chegar muito tarde

(...), isso porque as meninas [crianças] também estudavam de manhã”

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Antes de se candidatar a uma vaga de emprego, as domésticas podem optar por

aceitar ou recusar morar no local de trabalho. Nos casos daquelas que já moram no

local, o direito a descanso e lazer fora da jornada diária é garantido.

2.7. Tratamento digno no emprego familiar

As representantes das trabalhadoras afirmaram que não revelam aos patrões que

exercem atividades sindicais, pois já sofreram discriminação por esse motivo.

Contudo, os principais relatos de discriminação foram direcionados à questão de

cor e raça. Segundo as entrevistadas, há uma diferença nítida no tratamento dos

empregadores entre trabalhadoras negras e brancas, pois se algum objeto não é

encontrado pelo empregador sempre se desconfia primeiramente da trabalhadora negra,

sobre a qual sempre recai a acusação. Em outros casos, a trabalhadora negra, na maioria

das vezes, é submetida ao trabalho mais pesado da casa. Segundo um relato de uma

trabalhadora negra, ela foi a única a ser submetida, dentre as demais trabalhadoras

brancas onde trabalhava, a esfregar o chão com palha de aço.

Nos casos em que as trabalhadoras são de outro Estado esse tipo de situação

piora, pois os empregadores tendem a subjugar as trabalhadoras devido ao fato de

estarem sozinhas, longe de um apoio familiar. Segundo uma das entrevistadas, muitas

vezes os patrões acreditam que podem “manter no trabalho e fazer o que querem da

gente”. Há casos de empregadores que ameaçam as trabalhadoras com seus advogados

quando estas reivindicam os direitos trabalhistas, como por exemplo, o pagamento

correspondente ao aviso prévio.

Há relatos de discriminação por opção religiosa, principalmente contra as

trabalhadoras evangélicas. Nos casos de discriminação por opção política, em muitos

casos, na época de eleições, há influência no sentido de que a trabalhadora dê

preferência ao candidato dos patrões, e se ocorre o contrário, corre o risco de ser

demitida.

A discriminação por idade também ocorre entre as trabalhadoras mais jovens,

principalmente por não possuir referências, limitando-as na procura por novas

oportunidades de emprego.

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De modo geral as trabalhadoras se sentem muito ameaçadas pelos patrões.

Houve um episódio em que a patroa mandou a trabalhadora se calar, ameaçando-a e

questionando se ela saberia o que poderia acontecer caso não se calasse, a trabalhadora,

numa atitude sobrepujada, respondeu a patroa que “o pau sempre quebra nas costas do

mais fraco”. Há também algumas insinuações de que a trabalhadora não consegue

realizar determinados serviços devido sua estrutura física, com afirmações do tipo:

“Vejo você tão magrinha (...) acho que não dá conta do serviço”

Sobre os casos de assédio sexual, as representantes sindicais relataram que

alguns anos atrás uma sindicalista foi assediada pelo seu ex-patrão, o qual queria ter

relações sexuais com ela. Em outros casos, as trabalhadoras afirmaram que já foram

assediadas em circunstâncias parecidas, mas nunca foram pressionadas para manterem

relações sexuais com o respectivo patrão. Durante a oficina, uma trabalhadora relatou

que algumas vezes seu patrão demonstrava atitudes com conotação sexual, como por

exemplo, encostar a boca próxima ao seu ouvido.

Segundo o relato de outra trabalhadora, todas às vezes quando preparava o café

pela manhã o patrão encostava órgão genital em suas costas, e diante dessa situação a

trabalhadora ficava sem reação. O assédio se repetiu inúmeras vezes até sua patroa

presenciar a ocorrência, a qual foi previamente alertada pela trabalhadora, e impedir que

os abusos continuassem.

2.8. Trabalho seguro

Sobre as condições do local de trabalho as opiniões foram variadas por não se

tratar de um lugar em comum de trabalho entre elas, porém, muitas trabalhadoras

relataram que às vezes há infiltrações nas casas, a instalação elétrica da residência é

comprometida ou o piso é quebrado. Os banheiros utilizados pelas trabalhadoras

domésticas geralmente são os mesmos utilizados pelos patrões ou somente o lavabo da

residência.

Outra reclamação é que nas janelas não há proteção adequada para que sejam

limpas do lado de fora, mesmo que seja de uma casa alta. As queixas também ocorrem

devido ao peso que carregam, pois tem que fazer grande esforço físico ao levantar e

transportar cargas (malas de viagens, colchões, etc.)

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Em relação às condições de acomodação e alimentação, muitas entrevistadas

comentaram que não recebem alimentação no local de trabalho. Segundo o relato de

uma trabalhadora, durante o café da manhã os pães eram divididos somente entre a

família; uma das entrevistadas disse que leva sua comida porque o almoço onde trabalha

é servido muito tarde.

Em relação aos acidentes de trabalho há sempre a ocorrência de muitos tombos

que nunca são registrados. De acordo com as sindicalistas, houve um caso que durante o

desvio de função cortando as plantas do jardim, a trabalhadora se cortou com uma

planta espinhosa, sofrendo um processo infeccioso no local. Segundo o relato de uma

das trabalhadoras, certa vez quando acidentalmente fez um corte profundo no dedo

lavando a louça, precisou ir sozinha ao hospital, pois a empregadora não prestou

socorro.

De acordo com as sindicalistas, houve também um acidente envolvendo uma

trabalhadora que sofreu queimaduras de primeiro grau perdendo parte do cabelo devido

à explosão de uma panela de pressão. Outro caso exposto durante a oficina ocorreu com

uma trabalhadora grávida que caiu da escada e ficou quatro dias internada, sem a

prestação de socorro por parte do empregador.

O ritmo de trabalho prejudica tanto a saúde física como a mental das

trabalhadoras. A pressão que o trabalhador ou a trabalhadora doméstica sofre é muito

grande, ocorrendo muito estresse, pois muitas vezes são ofendidas/os pelos patrões.

A exposição a alguns produtos químicos, também afeta a saúde física da

trabalhadora doméstica, ocasionado alergias. O cheiro de água sanitária irrita a garganta,

e nas casas onde há animais de estimação o cheiro forte de urina provoca náuseas.

As doenças ocasionadas pela atividade doméstica costumam ser: dor na coluna,

nas pernas e no estomago.

Praticamente todas entrevistadas disseram que não há uso de EPIS nos locais de

trabalho porque não são fornecidos pelos empregadores. Segundo a fala de uma

trabalhadora:

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“(...) fazia onze meses que estava trabalhando lá [residência da

empregadora] e só comprou uma luva e só comprava um produto de

limpeza pequeno para limpar a casa inteirinha”.

2.9. Proteção social

Na maioria dos casos quando a trabalhadora afirma que está grávida o patrão

pressiona para que ela comece a trabalhar mais e após retorno da licença de 120 dias o

empregador a dispensa, sem cumprir o período de estabilidade garantida

constitucionalmente desde 2006. O papel do sindicato diante dessa ação é informar o

empregador sobre a lei que garante a estabilidade de um mês à trabalhadora e seu

respectivo pagamento. Muitas vezes o empregador omite ou apenas desconhece essa lei,

contudo, é comum o mesmo ocorrer entre próprias trabalhadoras.

Segundo as sindicalistas, as trabalhadoras domésticas não têm direito de

estabilidade por lei, apenas nos casos de AIDS, gravidez e câncer, e mesmo assim no

caso de gravidez somente de um mês.

2.10. Diálogo social (negociação coletiva e liberdade sindical)

O processo de sindicalização ocorre através do convite a reuniões e encontros.

De acordo com as sindicalistas, no final do ano de 2012 haverá eleições para direção do

sindicato, e se não houver sócios (as) para votar será preciso fechar a decisão, contudo,

pelo estatuto são necessários 50% destes para legitimar o pleito, no qual somente os (as)

afiliados (as) podem votar.

A participação dos trabalhadores domésticos nas atividades sindicais ocorre uma

vez por semana, às terças-feiras, quando as sindicalistas fazem o atendimento. Por esse

motivo, o sindicato acaba sendo entendido como uma espécie de “pronto-socorro dos

trabalhadores”, cuja maioria dificilmente retorna. As sindicalistas informaram que são

feitas reuniões todo terceiro sábado do mês às 15h no centro da cidade em salas

emprestadas do sindicato da construção civil para incentivar os (as) trabalhadores (as) a

se sindicalizarem, e com o intuito de reforçar a participação, sempre comemoram o mês

dos aniversariantes. Há também as reuniões mensais nos bairros, que contam com a

participação de até 10 trabalhadoras somente.

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Embora a questão sobre de que maneira ocorre a divulgação de informações

sindicais não tenha sido levantada durante a oficina, a equipe de pesquisa presenciou a

distribuição de informativos e panfletos entre as trabalhadoras no decorrer da mesma, o

que sugere que há materiais de divulgação para distribuição.

Geralmente, as sindicalistas montam oficinas, fazem faixas de impacto, mas não

tem livre acesso aos locais de trabalho.

Quando ocorre a rescisão de contrato as trabalhadoras procuram o sindicato para

calcular o valor e apresentá-lo ao patrão, o qual tem até 10 dias para efetuar o

pagamento. O sindicato procura sempre fazer a negociação antes de chegar às instâncias

justiça, pois o trabalho doméstico é isolado e pela a lei a residência é um espaço

inviolável, impossibilitando a presença de testemunhas. Por este motivo o sindicato

orienta que todas as provas sejam recolhidas para comprovar o desvio de função ou

outro tipo de abuso. Essas provas podem ser bilhetes dos patrões ou até mesmo listas de

tarefas realizadas no dia, como por exemplo, alimentar os animais, passar roupas,

jardinagem, etc. O sindicato também orienta para que trabalhadoras saibam o nome e

endereço completo para quem trabalham, pois muitas não sabem.

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Considerações Finais:

A partir das análises sistematizadas após oficina sindical envolvendo

trabalhadores, dirigentes e ex-dirigentes sindicais, e com o auxílio de informativos

sindicais e fontes secundárias32

, nota-se que praticamente em todos os aspectos do

trabalho doméstico há déficits de Trabalho Decente, no entanto, alguns temas foram

destacados durante a oficina, tais como: baixa remuneração, seguida da não

contribuição por parte dos empregadores ao INSS; jornada excessiva de trabalho, com

conseqüente malefício à saúde física e mental das trabalhadoras; discriminação por

raça/cor, assédio moral e assédio sexual.

No que concerne a não contribuição do INSS, seja pela omissão ou

desconhecimento dos empregadores, torna-se imperativo a reivindicação das

trabalhadoras para criação de condições de inspeção do trabalho com o intuito de

fiscalizar o cumprimento da legislação, assim como outros excessos cometidos pelos

empregadores, os quais são combatidos pela atua Convenção nº 189 da OIT.

Neste sentido, a jornada excessiva e o conseqüente adoecimento devido à

atividade laboral tornam-se um agravante em potencial, pois ao adoecer ou se aposentar

a trabalhadora permanece sem nenhum tipo de cobertura social, sujeitas a aumentar o

contingente de trabalhadores excluídos pela falta de alternativas de meios de

subsistência.

O tratamento no emprego familiar diante do contexto de discriminação por

cor/raça e do assédio moral e assédio sexual, revelam a realidade de um ambiente

laboral contrário aos direitos humanos e aos direitos fundamentais do trabalho, e,

portanto, faz-se prontamente necessário a criação de mecanismos de proteção contra

abusos, assédio e violência no local de trabalho conforme prevê o Artigo 7º da

Recomendação nº201 da OIT.

32

Fontes secundárias são consideradas páginas na internet, jornais e revistas de grande circulação, artigos e livros relacionados ao tema.

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52

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Participação das Mulheres no Movimento Sindical (1978-1988). Revista de

Sociologia e Política. Curitiba, 10/11: 55-81, 1998.

Artigo 7º da Constituição Federal Brasileira, de 5 de outubro de 1988.

CASTRO, Mary Garcia. Gênero e Poder no Espaço Sindical. Estudos Feministas, V.

3, N.º 1, IFSC/UFRJ, Rio de Janeiro, 1995.

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Anuário dos Trabalhadores 2010/2011. 11ª edição. São Paulo, 2011.

FERREIRA, Verônica Clemente. Sindicatos: Espaços para a Atuação das Mulheres?

Um estudo sobre a participação das mulheres em sindicatos filiados à Central

Única dos Trabalhadores num cenário de reestruturação produtiva (1986-1999).

Dissertação de Mestrado. UNICAMP, 2005.

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Mercado de Trabalho, 41. Nota Técnica IPEA. Novembro/2009.

FREIRE, Gilberto. Casa-grande & senzala. Editora Record, Rio de Janeiro, 1998.

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Ministério da Previdência Social. Guia do Autônomo (Contribuinte Individual).

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