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A VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NA COMPREENSÃO DE MULHERES USUÁRIAS DA REDE PÚBLICA DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE LINS TÍTULO EM INGLÊS Damaris Rebeca Vieira – [email protected] Josiane Aparecida Apolinário – [email protected] Graduandas em Psicologia - UniSalesiano Prof. ª Ma. Liara Rodrigues de Oliveira – UniSalesiano [email protected] RESUMO A violência obstétrica é uma forma de violência cometida contra mulheres durante o pré-natal, parto e puerpério, caracterizada como ato de violência física, psicológica e emocional, sendo um sério problema de saúde pública no Brasil. Neste sentido, este estudo tem como finalidade esclarecer a compreensão de usuárias das Unidades Básica de Saúde de Lins, SP, sobre a violência obstétrica, assim como, seus possíveis impactos. Trata-se de um estudo exploratório composto por um questionário semiestruturado, em que foram coletados dados acerca dos caracterizadores da violência obstétrica, definidos pela Defensoria do Estado de São Paulo, bem como, as leis de humanização utilizadas: Lei Nº 15.759/15 e Lei Nº 11.108/05, onde os dados foram tratados e categorizados em violência durante a gestação, parto e pós-parto. Quanto aos resultados, observou-se que as mulheres não compreendem atos violentos e invasivos durante o parto, tanto quanto, negligências e procedimentos que ferem as políticas de humanização, pois estão vivenciando momentos de grande comoção, fazendo-se considerar um ato violento, algo comum, sendo estas as consequências decorrentes da institucionalização do parto que, fez com que a classe médica fosse entendida como a detentora de todo conhecimento referente à parturiente, objetificando e fazendo com que a mulher perdesse sua autonomia no ato de parir, tendo suas escolhas subjugadas. Entre os procedimentos técnicos mais citados pelas mulheres, caracterizadores de violência obstétrica, quando utilizados de forma generalizada, estão: Exame de Toque Recorrente, Episiotomia, Amniotomia, 1

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A VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NA COMPREENSÃO DE MULHERES USUÁRIAS DA REDE PÚBLICA DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE LINS

TÍTULO EM INGLÊS

Damaris Rebeca Vieira – [email protected] Aparecida Apolinário – [email protected]

Graduandas em Psicologia - UniSalesianoProf. ª Ma. Liara Rodrigues de Oliveira – UniSalesiano

 [email protected]

RESUMO

A violência obstétrica é uma forma de violência cometida contra mulheres durante o pré-natal, parto e puerpério, caracterizada como ato de violência física, psicológica e emocional, sendo um sério problema de saúde pública no Brasil. Neste sentido, este estudo tem como finalidade esclarecer a compreensão de usuárias das Unidades Básica de Saúde de Lins, SP, sobre a violência obstétrica, assim como, seus possíveis impactos. Trata-se de um estudo exploratório composto por um questionário semiestruturado, em que foram coletados dados acerca dos caracterizadores da violência obstétrica, definidos pela Defensoria do Estado de São Paulo, bem como, as leis de humanização utilizadas: Lei Nº 15.759/15 e Lei Nº 11.108/05, onde os dados foram tratados e categorizados em violência durante a gestação, parto e pós-parto. Quanto aos resultados, observou-se que as mulheres não compreendem atos violentos e invasivos durante o parto, tanto quanto, negligências e procedimentos que ferem as políticas de humanização, pois estão vivenciando momentos de grande comoção, fazendo-se considerar um ato violento, algo comum, sendo estas as consequências decorrentes da institucionalização do parto que, fez com que a classe médica fosse entendida como a detentora de todo conhecimento referente à parturiente, objetificando e fazendo com que a mulher perdesse sua autonomia no ato de parir, tendo suas escolhas subjugadas. Entre os procedimentos técnicos mais citados pelas mulheres, caracterizadores de violência obstétrica, quando utilizados de forma generalizada, estão: Exame de Toque Recorrente, Episiotomia, Amniotomia, Manobra de Kristeller, Tricotomia e Extração Manual da Placenta, bem como, a proibição do acompanhante e a desconsideração sobre o tipo de parto que a parturiente deseja realizar. Assim sendo, o intuito da pesquisa ancorada na Psicologia Sócio-histórica foi demonstrar e aprofundar, de forma crítica, a problemática que, historicamente, afeta mulheres por todo o Brasil e investigar - baseando-se na concepção das mesmas - o que caracteriza a violência obstétrica, distinguir suas manifestações mais comuns e, consequentemente, possibilitar uma oportunidade de expressão e a garantia de atenção às mulheres que sofreram um parto violento, a fim de que compreendam seus direitos.

Palavras-chave: violência obstétrica, parto humanizado, saúde da mulher.

ABSTRACT

1

Obstetric violence is a form of violence committed against women during prenatal, childbirth and the puerperium, characterized as an act of physical, psychological and emotional violence, being a serious public health problem in Brazil. In this sense, this study aims to clarify the understanding of users of the Basic Health Units of Lins, SP, on obstetric violence, as well as its possible impacts. This is an exploratory study composed of a semi-structured questionnaire, in which data were collected on the characteristics of obstetric violence, defined by the Defensoria do Estado de São Paulo, as well as the humanization laws used: Law Nº 15.759 / 15 and Law No. 11,108 / 05, where the data were treated and categorized into violence during gestation, delivery and postpartum. Regarding the results, it was observed that women do not understand violent and invasive acts during childbirth, as well as negligence and procedures that hurt the policies of humanization, since they are experiencing moments intense emotional fragility, making themselves considered a violent act, something common , these being the consequences arising from the institutionalization of childbirth that made the medical class understood as the holder of all knowledge regarding the parturient, objectifying and causing the woman to lose her autonomy in the act of giving birth, having her choices subdued. Among the most frequently cited technical procedures for women, obstetric violence, when used in a general way, are: Recurrent Touch Examination, Episiotomy, Amniotomy, Kristeller Maneuver, Trichotomy and Manual Extraction of the Placenta, as well as, the prohibition of the companion and the disregard for the type of childbirth the woman wants to perform. Therefore, the research's aim was to anchored in Sociohistorical Psychology was to critically demonstrate and deepen a problematic that, historically, affects women Brazil and to investigate - based on the conception of the same ones - which characterizes violence obstetric, distinguish its most common manifestations and, consequently, to enable an opportunity of expression and the guarantee of attention to women who have suffered a violent birth, so that they can understand their rights.

Keywords: obstetric violence, humanized childbirth, women's healt

INTRODUÇÃO

À violência cometida contra mulheres durante o pré-natal, parto e puerpério, é

denominada como de violência obstétrica. A violência obstétrica é caracterizada

como ato de violência física, psicológica e emocional contra mulheres no processo

de parto. Diversas são as demonstrações desse tipo de violência, das mais leves às

mais graves, e algumas são bastante comuns, atingindo uma em cada quatro

parturientes (VENTURI; BOKANY; DIAS, 2010).

Considerando que a violência obstétrica não é reconhecida pelas parturientes

como um ato violento, visto que, no momento em que ocorrem, as mulheres

vivenciam fortes emoções, fato que as leva a pensar que seja comum aceitar

2

agressões verbais; serem impedidas de exprimir o que sentem durante o trabalho de

parto; o direito de um acompanhante e, outros direitos negligenciados, a presente

pesquisa tem o intuito de elucidar a compreensão das usuárias da Rede Pública de

Saúde do Município de Lins, sobre a violência obstétrica e identificar os impactos

sofridos por estas mulheres.

A amostra da pesquisa foi constituída por 25 mulheres, mas a quantidade de

participantes da pesquisa foi delimitada a partir da amostragem por saturação, ou

seja, houve suspensão da inclusão de novas participantes quando as respostas

passaram a apresentar, na avaliação do pesquisador, certa redundância ou

repetição. Norteou-se a referida pesquisa exploratória, e a metodologia utilizada

para analisar as informações adquiridas, a partir do questionário qualitativo,

embasado teoricamente, através da abordagem psicológica Sócio-Histórica, que

analisou as respostas de acordo com a perspectiva social e histórica da mulher.

1 A HISTÓRIA DO PARTO

Historicamente, os partos e seus cuidados eram realizados por

mulheres conhecidas popularmente como aparadeiras ou comadres. A arte de

partejar foi constituída como saber-poder feminino, era rico em saberes populares,

orientado pela intuição e pela experiência vivida no cotidiano. Segundo Brenes

(1991), as parteiras, assistiam as mulheres durante a gestação, parto e puerpério e

até mesmo auxiliavam nos cuidados com os recém-nascidos. Estas parteiras eram

de muita confiança e eram também consultadas sobre vários temas, como cuidados

com o corpo, doenças venéreas, e até mesmo praticavam o aborto (BRENES,

1991).

A medicina, enquanto instituição incorporou prática da realização do parto

como uma das suas atribuições, intitulando-a “Arte Obstétrica” e denominou

de parteiro ou médico-parteiro os profissionais por ela formados (TOSI, 1988). Este

processo se deu primeiro na Europa (nos séculos XVII e XVIII) se estendendo ao

Brasil, ao se inaugurar as escolas de medicina e cirurgia na Bahia e Rio de Janeiro,

em 1808. E, após a segunda guerra mundial o parto foi se institucionalizando,

gradualmente, pois os médicos adquiriram novos conhecimentos e habilidades nos

campos de cirurgia, da assepsia, da anestesia, da hemoterapia e da

antibióticoterapia (TANAKA, 1995). E o resultado da institucionalização do parto, foi

3

à medicalização e perda da autonomia da mulher como condutora do seu processo

de parir.

Dessa forma, o modelo de atenção ao parto e nascimento atual é marcado

pela medicalização, pelo abuso de práticas invasivas e desnecessárias. O ato de dar

à luz, que antes era uma experiência intima e profundamente subjetiva, de vivência

no ambiente domiciliar para a mulher e sua família, transformou-se em experiência

no âmbito hospitalar: um momento privilegiado para o treinamento de acadêmicos e

residentes de medicina e obstetrizes (WOLFF; WALDOW, 2008).

1.1A violência obstétrica

O parto é um processo fisiológico normal que requer cuidado e acolhimento

nas maternidades, mas infelizmente, este momento muitas vezes torna-se marcado

pela violência institucional cometida por aqueles que deveriam acolher. No Brasil, as

desigualdades sociais favorecem as expressões da violência, e conforme Chauí, a

sociedade brasileira é caracterizada como violenta, autoritária, vertical, hierárquica e

oligárquica, polarizada entre a carência total e o privilégio absoluto (CHAUÍ, 2006

apud BRASIL, 2014), o que torna as mudanças neste quadro mais difíceis, pois há

bloqueios e resistências à efetivação dos direitos humanos (GOMES; NATIONS;

LUZ, 2008 apud BRASIL, 2014).

De acordo Sena; Tesser (2017) a Venezuela foi o primeiro país latino-

americano a adotar, em lei de 2007, a expressão “violência obstétrica”, como fruto

de reivindicações de parte do movimento feminista local e do processo de

reconhecimento institucional da violência contra a mulher como um problema social,

político e público.

Na lei venezuelana, a violência obstétrica é definida em termos de apropriação do corpo e do processo reprodutivo feminino pelos profissionais da saúde, podendo ser expressa por: tratamento desumanizado, uso abusivo de medicação e conversão do processo natural de nascimento em patologia, com consequente perda da autonomia feminina e impossibilidade de decidir livremente sobre seus corpos e sua sexualidade, o que impactaria negativamente na qualidade de vida da mulher (SENA; TESSER, 2017, p.211).

Diversas pesquisas apontam que muitos profissionais de saúde usam de

sua autoridade e saber no controle dos corpos e da sexualidade de suas

4

pacientes, criando-se assim, de acordo com Aguiar e D’Oliveira (2010), uma das

principais fontes da violência obstétrica. Em uma pesquisa denominada

“Mulheres Brasileiras e Gênero nos espaços público e privado”, realizada em

2010 em parceria entre Fundação Perseu Abramo e SESC, revelou-se que 25%

das mulheres entrevistadas sofreram algum tipo de violência durante a gestação,

em consultas pré-natais ou no parto. As mais comuns, segundo o estudo são:

jejum forçado; isolamento; não permissão de acompanhante; restrição ao leito,

para que não se movimente; amarrar a parturiente à maca; utilização de meios

farmacológicos sem autorização; indução do parto; episiotomia; manobra de

kristeller (quando a barriga é empurrada); impermitir que a mulher grite ou

converse; agressões físicas e humilhações. (VENTURI; BOKANY; DIAS, 2010).

De acordo com a pesquisa a violência obstétrica é definida como:

Qualquer ato ou intervenção direcionado à mulher grávida, parturiente ou puérpera ou ao seu bebê, praticado sem o consentimento explícito e informado da mulher e/ou em desrespeito à sua autonomia, integridade física e mental, aos seus sentimentos, opções e preferências (VENTURI; BOKANY; DIAS, 2010).

2 A HUMANIZAÇÃO DO PARTO

Na busca pelo resgate do parto como um evento natural e na contramão da

forma tecnológica e mecanicista que o parto vem sendo abordado, surgem os

primeiros ideais sobre a humanização do parto. No Brasil, o movimento pela

humanização do parto é impulsionado por volta da década de 1970, quando

surgiram profissionais dissidentes, inspirados por práticas tradicionais de parteiras e

índios. Na década de 1980, vários grupos oferecem assistência humanizada à

gravidez e parto e propuseram mudanças nas práticas, como o “Coletivo Feminista

Sexualidade e Saúde” e a “Associação Comunitária Monte Azul” em São Paulo, e os

grupos “Curumim” e “Cais do Parto” em Pernambuco.

Em 1993, é fundada a Rede pela Humanização do Parto e do Nascimento

(Rehuna), que atualmente congrega centenas de participantes, entre indivíduos e

instituições. A Carta de Campinas, documento fundador da Rehuna, denuncia as

circunstâncias que se dá a assistência às mulheres e as crianças no momento do

nascimento (REHUNA, 1993 apud DINIZ, 2005). Em 2000 foi lançado o Programa

Humanização do Pré-Natal e Nascimento (PHPN), por meio da Portaria GM n. 569,

5

de 1º/06/2000. O programa tem por prioridade promover a melhoria do acesso, da

cobertura e da qualidade do acompanhamento do pré-natal, da assistência ao parto

e ao puerpério para as gestantes e ao recém-nascido, e, também, garantir um

padrão mínimo na assistência e seu registro (DINIZ, 2005).

Em 2015, foi sancionada a Lei do Parto Humanizado (15.759/2015) e

aprovada por unanimidade pela Assembleia Legislativa de São Paulo, que vale para

toda rede pública do Estado de São Paulo.  A norma estabelece regras claras para o

cumprimento e garantia dos direitos básicos da gestante, do bebê e do pai, durante

a gestação, parto e pós-parto. Os principais pontos da Lei 15.759/2015 são: Direito à

anestesia em parto normal e escolha de métodos de alívio da dor; Direito ao Plano

Individual de Parto; As disposições de vontade constantes do Plano Individual de

Parto só poderão ser contrariadas quando assim o exigirem a segurança do parto ou

a saúde da mãe ou do recém-nascido; Garantia do exercício do direito a um

acompanhante (que acentua a já existente lei federal); o direito a ser informada, de

forma clara, precisa e objetiva, sobre todas as rotinas e procedimentos eletivos de

assistência ao parto; Saber com antecedência onde será realizado o parto; Será

objeto de justificação por escrito, firmada pelo chefe da equipe responsável pelo

parto, à adoção de qualquer dos procedimentos que os protocolos mencionados

nesta lei classifiquem como: (desnecessários ou prejudiciais à saúde da gestante ou

parturiente ou ao nascituro; de eficácia carente de evidência científica; suscetíveis

de causar dano quando aplicados de forma generalizada ou rotineira); Ressalvada

disposição legal expressa em contrário, ficam sujeitas à justificação de que trata este

artigo: (a administração de enemas; a administração de ocitocina, a fim de acelerar o

trabalho de parto; os esforços de puxo prolongados e dirigidos durante processo

expulsivo; a amniotomia; a episiotomia, quando indicado).

A humanização compreende pelo menos dois aspectos fundamentais: o

primeiro diz respeito à convicção de que é dever das unidades de saúde receber

com dignidade a mulher, seus familiares e o recém-nascido. Isto requer atitude ética

e solidária por parte dos profissionais de saúde e a organização da instituição, de

modo a criar um ambiente acolhedor e a instituir rotinas hospitalares que rompam

com o tradicional isolamento imposto à mulher. O outro, refere-se à adoção de

medidas e procedimentos sabidamente benéficos para o acompanhamento do parto

e do nascimento, evitando práticas intervencionistas desnecessárias, que, embora

6

tradicionalmente realizadas, não beneficiem a mulher nem o recém-nascido, e com

frequência acarretam maiores riscos para ambos (BRASIL, 2002).

3 A METODOLOGIA

3.1 Introdução

A violência obstétrica é um problema recorrente nas práticas da atenção

destinada à mulher durante a gestação, parto e pós-parto. Diante desta

problemática, tenta-se compreender se os atos violentos de caráter físico,

psicológico e sexual são reconhecidos pelas parturientes usuárias da rede pública

de saúde do município de Lins como violência obstétrica e, quais são os possíveis

impactos na saúde física e psicológica destas mulheres. O projeto foi submetido à

Plataforma Brasil atendendo a resolução 466 do Ministério da Saúde e aprovado

pelo comitê de Ética e Pesquisa do Centro Universitário Católico Auxilium – Parecer

nº 2.279.027, sendo a data da relatoria de 15 Set. de 2017.

O presente estudo foi norteado por meio da pesquisa exploratória, pois

segundo Triviños (2006) permite que o investigador aumente sua experiência de

determinado problema - planejar um estudo exploratório para então, em contato com

a população estudada, obter os resultados investigados. Usou-se a entrevista como

instrumento para coleta de dados, constituída por um questionário semiestruturado.

As entrevistas foram aplicadas em duas Unidades Básicas da Saúde da

cidade de Lins, na UBS “Dr. Péricles da Silva Pereira”, no Bairro Ribeiro e, na

UBS “Dr. Adalberto Ariano Crespo”, no Bairro Junqueira, na sala de espera da

pediatria no período matutino. O questionário foi aplicado também, nas residências

das mulheres que apresentaram interesse em participar da pesquisa, mas por falta

de disponibilidade de horário, não tinham possibilidade de comparecer às UBS. A

aplicação da pesquisa ocorreu no mês de outubro de 2017 e teve duração de 15

minutos por participante. Utilizaram-se como critérios de inclusão, as mulheres com

idade igual ou superior a 18 anos, usuárias do serviço de saúde pública, residentes

em Lins e parturientes nos últimos cinco anos.

Após a coleta dos dados, realizada através da entrevista semiestruturada,

optou-se pela análise de conteúdo, que é conjunto um de técnicas de análise das

comunicações que busca compreender as características, estruturas ou modelos

7

que estão por trás dos fragmentos de mensagens tornados em consideração. Na

utilização da análise de conteúdo o presente estudo seguiu as três fases

fundamentais: A Pré-análise; Exploração do material e Tratamento dos resultados

(inferência e a interpretação)

3.2 Discussão de resultados

Considerando que os dados da pesquisa efetuada não podem ser

considerados, isoladamente, sem a análise de um contexto social, político,

econômico e histórico, foi, portanto, realizado um breve perfil sócio demográfico,

assim como, também foram categorizadas as questões respaldando-se na definição

de violência obstétrica de acordo com a publicação da Defensoria Pública do Estado

de São Paulo (2013). Foram, ainda, utilizadas as leis que contemplam a assistência

humanizada durante o parto, sendo elas:

a) Lei do Parto Humanizado Nº 15.759/2015;

b) Lei Federal do acompanhante Nº 11.108/05.

Para isso, foi realizada uma classificação das perguntas fechadas do

questionário para agrupá-las de acordo com a definição de violência obstétrica

proposta pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo (2013), que ocorre

durante a gestação e parto. Foram propostas três fases em que podem ocorrer a

violência obstétrica:

a) Violência obstétrica durante a gestação;

b) Violência obstétrica durante o parto (Normal/cesárea);

c) Violência obstétrica durante pós-parto.

Ao analisar os 25 questionários foi possível categorizar os temas de acordo

com as respostas derivadas das perguntas fechadas, para a identificação da

violência obstétrica, possivelmente ocorrida durante a gestação, parto e pós-parto.

Para identificação dos resultados foram criadas as tabelas, relacionando as fases

propostas.

3.2.1 Descrição dos resultados

A tabela 1 apresenta o perfil sócio demográfico das 25 mulheres que foram

entrevistadas:

8

Tabela 1: Perfil Sócio demográfico das mulheres entrevistadas

Renda FamiliarMenos de 1 Salário Mínimo 2 8Entre 1 e 2 Salário Mínimos 16 64Acima de 2 Salários Mínimos 5 20Não tem renda 0 0Não informado 2 8Total 25 100

Fonte: elaborado pelas autoras, 2017.

Quanto à caracterização das participantes da pesquisa, mulheres com idade

entre 18 a 40 anos, sendo que 40% tinha entre 24 a 29 anos de idade. Sobre o

estado civil a maioria das mulheres eram casadas ou estavam em uma união estável

(68%). Sobre a renda da família, a maioria representada por 64%, tinha renda

familiar entre 1 a 2 salários mínimos.

A tabela 2 apresenta a quantidade de gestações das participantes:

Tabela 2: Quantidade de GestaçõesQuantidade de gestações Freq. (%)Uma gestação 10 40Duas gestações 7 28Três gestações 5 20Quatro gestações 1 4Cinco gestações 0 0Seis gestações 2 8Total 25 100

Fonte: elaborado pelas autoras, 2017.

De acordo com os dados adquiridos em relação à quantidade de gestações,

foram constatadas de uma a seis gestações. A pesquisa descobriu que 40% das

mulheres tiveram apenas uma gestação, 28% das mulheres, duas gestações, 20%,

três gestações, enquanto apenas uma mulher teve quatro gestações (4%) e duas

mulheres, tiveram seis gestações (8%).

A tabela 3 apresenta os dados obtidos acerca da caracterização dos partos

realizados pelas mulheres:

Tabela 3: Tipos de partos realizados

9

PERFIL Freq. (%)Idade18 a 23 8 3224 a 29 10 4030 a 35 3 1236 a 41 4 16Total 25 100Estado CivilCasada / União Estável 17 68Solteira 8 32Separada/divorciada 0 0Viúva 0 0Total 25 100

Tipo de parto Freq. (%)Apenas Cesárea 13 52Apenas Parto Normal 7 28Os dois tipos de partos 5 20Total 25 100

Fonte: elaborado pelas autoras, 2017.

Observa-se que a maioria das mulheres realizaram apenas cesárea (52%), seguido

de 28% das mulheres realizando apenas o parto normal e 20%, os dois tipos de

partos. De acordo com o questionário, as mulheres que realizaram cesáreas, mais

da metade delas, foram cesáreas de emergência (Intraparto). Nas respostas

adquiridas pelos questionários, os motivos alegados pela equipe de saúde para

realização da cesárea foram: "a falta de dilatação” o “tamanho da criança” e a “falta

de liquido amniótico”.

A tabela 4 apresenta dados relevantes acerca dos procedimentos que se

caracterizam como violência obstétrica, se utilizados com frequência pela equipe de

obstetrícia, desobedecendo às normas estabelecidas pela Lei do parto Humanizado

nº 15.759/2015:

Tabela 4: Procedimentos que podem ser considerados violência obstétrica

Procedimentos (%)Exame de toque 36Episiotomia 32Amniotomia 28Manobra de Kristeller 24Tricotomia (raspagem dos pelos pubianos) 24Massagem / Extração manual da placenta 24Hormônio sintético (ocitocina) 20Enema (lavagem intestinal) 8Fórceps ou vácuo extrator 0

Fonte: elaborado pelas autoras, 2017.

Quando há utilização de recursos tecnocráticos pela obstetrícia no cuidado a

mulher, ocorre um cuidado mecanizado, visto que, o olhar do profissional se volta

tão somente para o útero e suas partes, esquecendo-se da mulher, transformando-a

em objeto a ser estudado e tratado, expondo a sua privacidade e intimidade, e

assim, caracterizando uma violência velada pela invasão indevida ao seu corpo.

Através do questionário observou-se que os procedimentos mais realizados durante

o parto normal são o Exame de Toque (36%), a Episiotomia (32%), e a Amniotomia

(28%).

10

O exame de toque recorrente de acordo com Barboza (2016), é uma

manipulação vaginal desnecessária e, frequentemente, dolorosa e constrangedora,

gerando uma violência física e psicológica no momento do parto.

A medicina autoriza que os órgãos sexuais das mulheres possam ser vasculhados sem constrangimento, fragmentando o corpo da mulher e desvalorizando a dor e desconforto provocado por determinados procedimentos, como o toque vaginal (BARBOZA; MOTA, 2016, p.05).

A episiotomia é uma das práticas cirúrgicas mais realizadas no mundo inteiro,

entretanto, de acordo com o Ministério da Saúde (2001) o uso liberal ou rotineiro da

episiotomia é claramente prejudicial e ineficaz e, deve ser eliminado. A amniotomia,

também, pode ser prejudicial à mulher, pois de acordo com o Ministério da Saúde

(2001) aumenta o risco de infecção amniótica e risco de acidente de cordão, além,

de aumentar o risco de infecção ovular e puerperal e, por isso, deve ser evitada,

reservando-se seu uso para aquelas condições onde sua prática seja, claramente,

benéfica (BRASIL, 2001).

Seis mulheres (24%), responderam que foram submetidas à Manobra de

Kristeller, assim como, na Tricotomia e Massagem / Extração manual da Placenta

(24%). É importante ressaltar que a manobra de Kristeller é proibida, porém, essa

prática continua sendo realizada, apesar de jamais serem registradas em prontuário

(LEAL et al., 2012; PARTO DO PRINCÍPIO, 2012). Sobre a utilização de Ocitocina

sintética 20% das mulheres responderam que utilizaram.

Todos os procedimentos citados acima, segundo a Lei do parto humanizado

Lei Nº 15. 759/15, devem ser justificados por escrito pelo chefe da equipe

responsável pelo parto.

A tabela a seguir apresenta os dados referentes a pergunta: “Se pudesse mudar

algo no parto, o que seria?”

Tabela 5: O que as mulheres mudariam no partoSe pudesse mudar algo no parto, o que seria? Freq. (%)Quantidade de mulheres que responderam 13 52As respostas relevantes sobre o que mudariam    Mudariam de cesárea para parto normal 6 24Negligência por parte da equipe de saúde 3 12Mudariam de parto normal para cesárea 2 8Gostariam de acompanhante durante o parto 2 8

11

Agressão verbal, desrespeito e humilhação 2 8

Fonte: elaborado pelas autoras, 2017.

Das 25 mulheres entrevistas, treze mulheres (52%) responderam que

gostariam de fazer alguma alteração no parto que tiveram. Entre as várias respostas

que apareceram, há uma quantidade considerável sobre a insatisfação das mulheres

em relação ao parto que tiveram, pois 24% delas gostariam de ter realizado parto

normal e 8% delas gostariam de ter passado por cesárea, vale investigar por qual

motivo gostariam desta mudança.

Os outros motivos que surgiram, foram à forma como foram tratadas pela

equipe de saúde, apontados na tabela como negligência (12%), onde três mulheres

citam o fato de se sentirem abandonadas após o parto, sem auxílio por parte da

equipe de saúde. Duas mulheres (8%), informaram que gostariam de ter tido um

acompanhante durante o parto e, que foram proibidas deste recurso, ação esta que

fere a Lei Federal do Acompanhante (11.108/05. A participante expressou sua

insatisfação em relação ao parto da seguinte forma: “gostaria de ter tido um

acompanhante durante o parto, pois fiquei sozinha lá”. Foi citado por duas mulheres

(8%) agressão verbal: “Falei que estava com dor e a enfermeira respondeu que na

hora de fazer não havia sentido dor” e a outra mulher disse: “pediria mais respeito,

pois os médicos são mal-educados”.

4 A COMPREENSÃO DA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA PELAS USUÁRIAS DA REDE PÚBLICA DE SAÚDE

Mediante a aplicação do questionário, observou-se que nas respostas das

participantes há um aparato de questões para ser analisado, porém para entender

como essas mulheres compreendem a violência obstétrica é preciso relacionar a fala

da mulher com a sua história e cultura, assim como seu contexto social e histórico.

Para compreender a fala de alguém, não basta entender suas palavras; é preciso compreender seu pensamento (que é sempre emocionado), é preciso aprender o significado da fala. O significado é, sem dúvida, parte integrante da palavra, mas é simultaneamente ato do pensamento, é um e outro ao mesmo tempo, porque é a unidade do pensamento e da linguagem (BOCK, 2009, p. 130).

12

Bock (2009), também cita que a fala do sujeito está ligada ao seu contexto e a

partir deste se expressará e processará sua subjetividade, através de suas

motivações, necessidades e interesses.

A tabela a seguir apresenta a respostas das participantes acerca do

conhecimento delas sobre violência obstétrica:

Tabela 6: Respostas acerca do tema principalVocê sabe o que é violência obstétrica

Freq. (%)Não 19 76%Sim 6 24%

Fonte: elaborado pelas autoras, 2017.

Observa-se que a maioria das mulheres não sabe o que é violência

obstétrica, representado por 76% das respostas. Porém, ao analisar a pesquisa

destaca-se que algumas participantes citam a assistência inadequada da equipe de

saúde caracterizados pelas agressões verbais e omissão de informação, assim

como, a submissão à procedimentos desnecessários e até mesmo proibidos. Sendo

possível entender que essas mulheres que referiram formas de assistência

inadequada podem não saber nomear tais situações como violência obstétrica, mas

as identificam como incômodas e inadequadas.

A violência institucional obstétrica é relacionada como uma violência praticada pelas equipes de saúde e consentida por mulheres em trabalho de parto e parto, este fato é atrelado à diversos fatores como: as mulheres desconhecerem o processo fisiológico e práticas de assistência durante o trabalho de parto e parto; e por acreditarem que o médico e/ou a equipe de saúde sejam detentores de conhecimentos e habilidades técnicas naquela situação (WOLFF; WALDOW, 2008).

De outro lado, as mulheres que disseram saber o que era violência obstétrica,

citaram as formas mais concretas da violência, entre as respostas obtidas ressaltam-

se: “quando forçam você a fazer algo que não quer”, “forçar o parto, por ferro e fazer

toque com força” e “quando os médicos te tratam mal”. Entre as poucas respostas

obtidas, observa-se que a dimensão da violência obstétrica não é totalmente

compreendida pelas usuárias da Rede Pública de Saúde do munícipio de Lins, já

que muitas delas tiveram seus direitos negligenciados, como por exemplo, a

presença do acompanhante proibida (28% das mulheres), ou sofreram uma violência

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mais sutil como a omissão de informação durante a gestação, ou quando foram

convencidas a realizar uma cesárea argumentando a falta de dilatação ou o

tamanho da criança, motivos estes raros e escassos de comprovação científica.

Portanto, chega-se à conclusão que as mulheres não reconhecem ações

violentas dentro do âmbito hospitalar como violência obstétrica, pois estão

acostumadas a associar o momento do parto a um momento de dor e sofrimento.

Vimos que, anteriormente, o parto era algo que acontecia naturalmente no ambiente

familiar, sob fortes vínculos afetivos. Porém, atualmente ocorrem em hospitais que

tornaram o parto mecanizado, onde a obstetrícia institucionalizou os procedimentos,

trazendo consigo a submissão feminina, fazendo com que as mulheres deixassem

aos poucos o que lhe é natural, perdendo sua autonomia, assumindo assim um

papel passivo durante o parto (PONTES, 2014). Seguindo essa linha de raciocínio, a

medicalização do parto fez com que a mulher no trabalho de parto, ficasse deitada,

para assim facilitar a manipulação técnica e, propiciando uma melhor visualização

do canal vaginal por parte dos médicos.

4.1 Considerações finais sobre a pesquisa

Na compreensão de indivíduo que contém a totalidade social expressa

através de suas ações, pensamentos e sentimentos, pode-se dizer que a

institucionalização do parto fez com que a mulher compreendesse o médico como

autoridade detentora do conhecimento, acerca do seu funcionamento fisiológico, e

sua posição como a de coadjuvante. A mulher, nos dias de hoje, entende o parto

como uma intervenção médica, marcada pela impotência, alienação e dor,

desconhecendo seus direitos, não sabendo assim, delimitar o que é agressão física,

negligência, imposição de procedimentos médicos desnecessários, caracterizadores

da violência obstétrica, totalmente divergentes do modo como, realmente, deva ser

tratada.

A autonomia feminina para definir como deseja que seu parto seja realizado é

fundamental para o processo de humanização da assistência ao parto e nascimento.

E um meio para que isso ocorra efetivamente é através da informação para que a

mulher compreenda seu papel ativo durante todo o trabalho de parto, parto e

nascimento. Para que isso ocorra os profissionais da saúde precisam estar cientes

que o processo do parto não se refere somente a evidências científicas.

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Propõe-se, portanto, que através da propagação de informação sobre o que

seja violência obstétrica e do surgimento de políticas públicas de reconhecimento de

atos violentos no momento do parto, que se resguarde a garantia da parturiente e,

principalmente, a possibilidade de denunciar e proteger-se. Além de, conscientizá-

las do dever das unidades de saúde tratá-las com respeito, para que, compreendam

que toda parturiente tem direito à assistência ao parto e ao puerpério, permitindo

que este processo seja vivenciado de forma humanizada e segura, de acordo com

os princípios gerais e condições estabelecidas na prática médica.

CONCLUSÃO

A pesquisa permitiu constatar que a violência obstétrica é frequente no âmbito

hospitalar, expressa, de maneiras sutis, como a omissão de informação e, também,

por meio da utilização de procedimentos que não são comprovados pela Ciência.

Constatou-se, ainda, que muitas destas ações violentas, não são compreendidas

pelas usuárias de Rede Pública de Saúde como violência obstétrica, pois a violência

institucional é invisível ou aceita socialmente como natural, porque é justificada

como sendo “práticas necessárias ao bem-estar das próprias mulheres” (SOUZA,

2014).

O fato de a violência obstétrica ser tão naturalizada, faz com que muitas

mulheres retratem como “sorte”, quando recebem um atendimento adequado no

plantão obstétrico, atribuindo o atendimento errôneo, como “falta de sorte”. Isso

demonstra a percepção de que o bom atendimento é considerado raro e não faz

parte da rotina da assistência ao parto (DIAS, 2006 apud PARTO DO PRINCÍPIO,

2012).

Em consequência disto, reiteramos as formas de combate à prática de

violência obstétrica, seja através de uma assistência pré-natal de qualidade, além

de, uma assistência ao parto e ao pós-parto humanizadas. Esta assistência envolve

diversos aspectos benéficos, como compromisso, empatia e respeito. A assistência

hospitalar na atenção obstétrica deveria tornar-se, então, segura, garantindo a cada

mulher os benefícios dos avanços científicos sem, contudo, desprezar a sua

autonomia e seu bem-estar físico e psicológico.

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