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PENALIDADE ALTERNATIVA NOS CRIMES DE TRÁFICO PRIVILEGIADO DE DROGAS E ASSOCIAÇÃO AO TRÁFICO ALTERNATIVE PENALY IN CRIMES PRIVILEGED DRUG TRAFFICKING AND TRAFFICKING ASSOCIATION Bruna Gomes Sponton – [email protected] Discente do curso de Direito do UniSALESIANO Prof. Dr. Pedro Lima Marcheri (Orientador) – [email protected] UniSALESIANO RESUMO O presente trabalho tem a finalidade de demonstrar o real alcance dos crimes tráfico de privilegiado de drogas e a associação ao tráfico, tipificados na Lei 11.343/2006, nos art. 33 § 4° e 35 da lei. Os delitos não se assemelham a equiparados a hediondo, constado no art. 2º da referida lei. Destarte, as alterações realizadas pelo parlamento levaram o procedimento especial de penalização abrir portas para as penas alternativas. Destaca-se que ambos, o grau de ofensividade ao bem jurídico é ínfimo, posto isto, os agentes infratores recebem a medida penal exata, entre pena e delito, tendo por base os princípios da individualização da pena, da humanização da pena, e o da proporcionalidade da pena. Em suma, a ausência de hediondez dos delitos é válida. Vale destacar que o Direito Penal deve-se aludir nos moldes da ressocialização aos condenados por crime de drogas. Abordará, no entanto, a correta medida penal entre delito e pena, respaldado no equilíbrio justo de uma sanção. O trabalho visa- se a uma evolução do sistema jurídico brasileiro, que não comporta os excessos punitivos. Palavras-chave: ASSOCIAÇÃO AO TRÁFICO DE DROGAS. PENAS ALTERNATIVAS. TRÁFICO PRIVILEGIADO DE DROGAS ABSTRACT The present work has the purpose of demonstrating the real scope of the crimes traffic of privileged of drugs and the association to the traffic, typified in the Law 11.343 / 2006, in the art. 33 § 4 and 35 of the law. The crimes do not 1

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PENALIDADE ALTERNATIVA NOS CRIMES DE TRÁFICO PRIVILEGIADO DE DROGAS E ASSOCIAÇÃO AO TRÁFICO

ALTERNATIVE PENALY IN CRIMES PRIVILEGED DRUG TRAFFICKING AND TRAFFICKING ASSOCIATION

Bruna Gomes Sponton – [email protected] do curso de Direito do UniSALESIANO

Prof. Dr. Pedro Lima Marcheri (Orientador) – [email protected]

RESUMO

O presente trabalho tem a finalidade de demonstrar o real alcance dos crimes tráfico de privilegiado de drogas e a associação ao tráfico, tipificados na Lei 11.343/2006, nos art. 33 § 4° e 35 da lei. Os delitos não se assemelham a equiparados a hediondo, constado no art. 2º da referida lei. Destarte, as alterações realizadas pelo parlamento levaram o procedimento especial de penalização abrir portas para as penas alternativas. Destaca-se que ambos, o grau de ofensividade ao bem jurídico é ínfimo, posto isto, os agentes infratores recebem a medida penal exata, entre pena e delito, tendo por base os princípios da individualização da pena, da humanização da pena, e o da proporcionalidade da pena. Em suma, a ausência de hediondez dos delitos é válida. Vale destacar que o Direito Penal deve-se aludir nos moldes da ressocialização aos condenados por crime de drogas. Abordará, no entanto, a correta medida penal entre delito e pena, respaldado no equilíbrio justo de uma sanção. O trabalho visa-se a uma evolução do sistema jurídico brasileiro, que não comporta os excessos punitivos.

Palavras-chave: ASSOCIAÇÃO AO TRÁFICO DE DROGAS. PENAS ALTERNATIVAS. TRÁFICO PRIVILEGIADO DE DROGAS

ABSTRACT

The present work has the purpose of demonstrating the real scope of the crimes traffic of privileged of drugs and the association to the traffic, typified in the Law 11.343 / 2006, in the art. 33 § 4 and 35 of the law. The crimes do not resemble the same as heinous, set forth in art. 2 of said law. Thus, the changes made by the parliament led the special penalty procedure to open doors to alternative penalties. It should be emphasized that both the degree of offensiveness to the legal good is insignificant; therefore, offending agents receive the exact penal measure, between penalty and offense, based on the principles of individualization of punishment, humanization of punishment, and of the proportionality of the penalty. In short, the absence of hideous crime is valid. It is worth mentioning that the Criminal Law must be alluded to in the way of resocialization of those convicted of drug offenses. It will, however, address the correct penal measure between offense and punishment, backed up in the fair balance of a sanction. The work aims at an evolution of the Brazilian legal system, which does not include punitive excesses.Keywords: association of drug trafficking . alternative penalties. privileged drug trafficking.

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INTRODUÇÃO

A associação para o tráfico é um tipo penal trazido atualmente pela lei de

drogas, Lei 11.343/06, de modo que criminaliza a associação ao fim de cometer

tráfico ilícito de drogas, mesmo que esse delito não se consuma, sendo o tipo penal

constado no art. 35 da lei um crime autônomo. O delito não está previsto no rol

taxativo dos crimes hediondos e também os julgados dos tribunais descaracteriza a

natureza hedionda nele, logo não há o que se falar na aplicação de diretrizes da lei

8.072/90 os que praticam o crime em comento. Há divergências no ordenamento

jurídico com relação a isso, pois há quem não aceite essa tese, entendendo que os

equiparados, vistos pelo art. 33 e 34 nascem justamente pela finalidade da

associação para o tráfico, demandando a provar a estabilidade e permanência do

mencionado crime de perigo abstrato.

Em vista disso, a proposta da Lei dos crimes Hediondos ficaria prejudicada,

vez que ela prevê tratamento mais severo àqueles que cometem os crimes

considerados de maior comoção social, logo vem à questão: e a associação para o

tráfico deveria ter o mesmo tratamento?

Outro assunto que gera polemica é o tráfico privilegiado, previsto no artigo

33, §4° da Lei 11.343/2006. O Tráfico de Drogas constado no caput do art. 33 e

figuras equiparadas ao tráfico de drogas expresso no §1° e incisos são considerados

tráfico de drogas, e por consequência adentra a natureza hedionda. Nestas

infrações, a pena é de 5 a 15 anos de reclusão. O juiz poderá de acordo com a sua

faculdade no caso concreto reduzir a pena para 1/6 até 2/3, se o acusado/réu for

primário, tiver bons antecedentes e não pertencer à organização criminosa. Este tipo

penal possui muitas críticas, onde que se cria um benefício ao tráfico de drogas que

não existe para os outros crimes.

Assim, há um questionamento sobre o princípio da proporcionalidade e da

aplicação ao critério da sucessividade. Então vem a questão indagando duvidas:

ora, se para todos os antecedentes e primariedade dos crimes não podem fazer com

que a pena fique abaixo do mínimo, por que a pena do tráfico faz com que fica

reduzido à pena abaixo do mínimo de 1/6 a 2/3? Nesse contexto, surge à chamada

privilegiada ao crime de tráfico, uma exceção da hediondez.

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A problemática iniciará nas profundas circunstancia concretas do tema no

ordenamento jurídico brasileiro. Busca-se o detalhamento da questão levantada

através das características, percepções, descrições e consequências a respeito do

tema, no qual se evidencia a ausência de hediondez aos delitos da Lei de Drogas,

do tráfico privilegiado (art. 33, §4°) e a associação ao tráfico (art. 35), de modo que a

regra não pode levar a interpretações absurdas intencionadas a punir com maior

grau de severidade os agentes criminosos, sob pena de patente violação ao

princípio da proporcionalidade, da humanização da pena e da individualização da

pena.

Para isso, será feio o uso da pesquisa crítica bibliográfica, legislativa e

jurisprudencial, tomando como base a argumentação de que tais delitos são regidos

pelo procedimento comum do Código Penal, pois a baixa lesividade de ambos os

crimes não é compatível adotarem o tratamento penal rigoroso da lei hedionda e da

lei de drogas, tanto é que houve alterações declarando alguns benefícios vedados

serem inconstitucionais cujo são inaplicáveis à realidade atual brasileira as sanções

inflexíveis de ambas as regras especial, pois não garantem o mínimo indispensável

para a individualização e a humanização da pena dos agentes infratores, conforme

casos práticos.

1 CRIMES HEDIONDOS E EQUIPARADOS A HEDIONDO

O legislador constituinte desde logo assegurou aos crimes tratamento

imperdoável quanto aos demais delitos trazidos pelo Código Penal (CAPEZ, 2014, p.

197). Vale ressaltar que o procedimento penal dos delitos é diferenciado. O

legislador ordinário elencou em rol taxativo os delitos tidos por hediondos, previstos

no art. 1º da Lei, uma vez que, a constituição explicita somente delitos fruídos por

equiparados a hediondez, sendo eles: a tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes,

drogas afins e o terrorismo. (CUNHA et al., 2010, p. 495).

Portanto, veja-se que o legislador constitucional ao criar a nova Norma de

1988, determinou implantar nela um tratamento mais árduo na proteção e prevenção

das práticas de tortura, do terrorismo, tráfico de drogas e afins, e os crimes

hediondos, visto como repúdio social. (BRASIL, 1988). O inciso exarado na norma,

não dispõe maleabilidade em sua alteração, pelo motivo de sua característica ser

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rígida e, os conteúdos ali estados constitui-se de mera formalidade, frágeis e vastos

no excesso.

1.1 A lei 8.072 de 2006, Lei de Crimes Hediondos

Breve destacar, a regra elenca um rol taxativo dos delitos hediondos em seu

art. 1º, e seus equiparados a hediondos no art. 2º. Os delitos equiparados, embora

não fazem parte do rol taxativo, têm na essência repugnância idênticas, uma vez

que, a execução da pena para os crimes hediondos e equiparados não recebem o

benefício da anistia, graça e indulto, nem a liberdade provisória com pagamento de

fiança. O condenado obriga-se a cumprir pena no regime fechado a início e a

progressão é permitido após cumprimento de 2/5 da pena aos primários, e 3/5, aos

reincidentes. A prisão temporária é prolongada para 30 dias, prorrogável por igual

período e a sanção cumprir-se-á em prisões penais de segurança máxima. (BRASIL,

1990). A regra legal desta lei é intransigente. Todos os crimes contidos nela adota

esse rígido tratamento.

As medidas punitivas de tratamento aos hediondos, impedem a

oportunidade da aplicação de penas alternativas. A obrigatoriedade no cumprimento

inicial em regime fechado para delitos comedidos, os tornam incompatíveis: delito e

pena, no qual, ao certo, é penalização equânime de danos ínfimos causadores de

menor infortúnio social. (BITENCOURT, 2010, p. 593).

Em suma, convém dispor que o “meio político” criminal precisa ser

melhorado, haja vista que há dispositivos mais agravantes e não caracterizados por

hediondo, mas que também a falta de descrição para os crimes de entorpecentes,

constado no art. 2º da Lei de Crimes Hedionda (BRASIL, 1990) exara discussões,

uma vez que a Lei de Drogas Lei nº 11.343/06 enumera vários crimes, e muito deles

não adequa ser dotados de alta lesividade como o tráfico privilegiado de drogas e a

associação para o tráfico. Sendo assim, a ausência de hediondez para tais crimes é

sob o argumento de que não é proporcional tratamento rigoroso igual aos crimes de

tráfico convencional causador de maior grau de lesividade ao bem jurídico.

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2 DA PENA ALTERNATIVA NOS CRIMES DE TRÁFICO PRIVILEGIADO DE DROGAS E ASSOCIAÇÃO AO TRÁFICO

Reconhece que as infrações definidas como crimes hediondos e afins levam

a ter sanção agravosas. Para os crimes da Lei 8.072/90 a pena ao criminoso

hediondo é endurecido, uma vez que o tratamento não segue por base os

parâmetros do Código Penal. Devido o rigoroso tratamento, a execução da pena do

indivíduo não é aberta ao juiz a liberdade para analisar no caso concreto de acordo

com as circunstâncias de cada agente. Assevera Guilherme de Souza Nucci (2015,

p. 285) que a norma é inconstitucional, pois fere o princípio da individualização da

pena e, ao ferir esse amplo princípio, não abre espaço também para que o

magistrado analise o quantum, a espécie de pena e o regime inicial para seu

cumprimento.

Os crimes ali estados como sendo hediondo ficam à mercê do tratamento

exacerbado que o legislador ordinário colocou, um tratamento específico e

diferenciado daquele previsto no Código Penal. E deixa claro as críticas que os

doutrinadores têm com a lei ordinária. César Roberto de Bitencourt (2010, p. 592)

exaspera-se na falta de proporcionalidade e afetação do princípio do bem jurídico

decorrente do erro do legislador em punir infrações penais na “obsessiva vontade de

exasperar brutalmente a punição”.

O cumprimento de regime penal aos hediondos deve iniciar, conforme

determinação do legislador, em regime fechado e a duração deste regime é bem

extensa. Mesmo a inclusão do direito a progressão, é obrigado que todos os delitos

passem pela reclusão da privativa de liberdade como pena, não dá oportunidades de

iniciar no regime semiaberto ou no aberto, é por isso que as críticas ainda continuam

exacerbadas, mesmo após incluir no texto a permissão de progressão de regime1

(BRASIL, 2007). Portanto, conclui-se César Roberto de Bitencourt (2010, p. 592) o

entendimento de que “a política criminal é exasperação de penas e endurecimento

dos regimes de encarceramento, e, no mínimo, de tentar dificultar a adoção do

sistema progressivo”.

1 Art. 2º - § 1o A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime fechado. E, § 2o A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007).

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Entretanto, nos crimes de tráfico privilegiado de drogas e a associação ao

tráfico a jurisprudência é quase que pacífica com relação de ambos não serem

hediondos, um porque é crime autônomo (art. 35) e o outro porque a pena é

diminuída (art. 33 §4º) – (BRASIL, 2006), deixando evidente a não qualificação de

adotar um tratamento como os crimes hediondos. Sendo assim, ambos não são

inclusos a Lei n. 8.072/902. Sendo, pois, excluídos da obrigação do tratamento de

pena na norma, tornam-se enquadrados aos tratamentos do Código Penal.

No sistema criminal composto pelo Direito Penal e Processual Penal,

possibilita a aplicação da lei, o código penal, ao caso concreto, cujo assegurará ao

agente garantias processuais indispensáveis e dentro das medidas que mais

adequará ao condenado, conforme o ano de pena, possibilidade de regime inicial

semiaberto ou aberto ou penas alternativa, todos os critérios ao livre olhar do art. 593

do código e da análise discricionária do juiz, que nada mais justo como “garantias

processuais indisponíveis” e necessárias. (NUCCI, 2015, p. 23, grifo nosso).

A ambos os crimes da Lei de Drogas, os atos não se comparada ao

traficante de drogas convencional, este sim é merecedor de tratamento rigoroso e

crime hediondo, pois consta alta lesividade no bem jurídico. Posto isto, a pena para

elas chegando ao teto mínimo, conforme o sistema trifásico e relevância do crime

(circunstâncias para o juiz calcular a pena) são tidas por baixa lesividade ao bem

jurídico, e, mediante a pena ser ínfima, a possibilidade de inversão de cumprimento

para penas restritivas de direito (ou penas alternativas) são justas.

Aos olhos de jus, a política criminal das penas alternativas, Lei n. 9.714/98, é

um facilitador de gestão do Estado cujo procura evitar o encarceramento.

(BITENCOURT, 2010, p. 592-593). Uma vez que “a superlotação e a precariedade

do estabelecimento penal não adequa nas condições necessárias ao cumprimento

da pena em regime”. (BRASIL, 2012). Mais adequado que isso, somente levando em

consideração os princípios da humanidade da pena e da individualização da pena4.

Nesse diapasão, César Roberto de Bitencourt (2010, p. 593) assevera que, deve-se

sempre buscar proporcionar o que for mais benéfico para o réu. O mais adequado é 2 São determinados ausentes de receber a hediondez dizente no art. 2º caput - na expressão “o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins”, como equiparados. 3 Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime4 STJ, 6ª Turma – HC 216828/RS. Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura. J. 02.02.2012, DJe 15.02.2012 (6ª Turma – HC 217058/RS. Rel. Min. Vasco Della Giustina. 20.03.2012, v.u).

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priorizar penas alternativas do que pena privativa de liberdade, medida àquela de

proporção adequada e “descarcerizadora”, incompatível com a “exasperação de

pena” prevista na Lei de Crimes Hediondos.

2.1 Princípios regentes: a dignidade da pessoa humana e o devido processo legal

Os princípios penais e processuais penais usados para a facilidade do

manuseio jurídico devem utilizar legisladores e juízes com a mesma visão, juntos,

acolhendo ambos a adequada utilização dos princípios no Direito Penal em respeito

dos considerados bases para os demais princípios, sendo eles: a dignidade da

pessoa humana e o devido processo legal.

Em um país como o Brasil, que é regido por um Estado Democrático de

Direito (art. 1º, III, CF), o princípio da dignidade da pessoa humana divide-se em dois

aspectos, o objetivo e o subjetivo. (NUCCI, 2015, p. 23). A visão objetiva do princípio

é que o ser humano já é garantido o mínimo existencial em sua vida, no qual as

necessidades primordiais devem ser atendidas a ele, a exemplo, reconhecido pelo

art. 7º da CF/88: moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene,

transporte, previdência social. (BRASIL, 1988). Sob o prisma subjetivo, a dignidade

da pessoa humana respalda no valor moral que nasce dentro de sí, cujo singela

respeito e autoestima ao ser humano, respalda proporcionar a plenitude e felicidade

do indivíduo no seu desenvolvimento. (NUCCI, 2015, p. 23).

Diante do princípio genitor, a dignidade da pessoa humana, a pessoa que

praticou tal delito e este delito não afeta altamente o bem jurídico, levando para os

dois lados, sociedade e indivíduo, a pena de fato deve equivaler a gravidade da

malfeitoria. Porém, a pena de ambos os crimes, privilegiado e a associação para o

tráfico condiz a permitir tratamento mais brando, seja de cumprimento inicial a

regime semiaberto, aberto ou penas alternativas, tudo vai depender da dosimetria

judicial estipulada, mas em qualquer meios alternativos de cumprimento de sanção,

são respaldados no amparo para um desenvolvimento que não desmorone o

indivíduo em seu interior (subjetivo), bem como adequa na plenitude de mínimo

necessário a manter a integridade do indivíduo (objetivo).

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Em consequência, só haverá o devido processo legal se a penalização for

adequada para o agente que praticou o crime, com isto, a pena e o delito devem ser

proporcionais, senão, o que é chamado de devido vira indevido processo e

incondizente com a lei. O princípio do devido processo legal é aquele respaldado

nos direitos e garantias fundamentais, e é acompanhado da dignidade da pessoa

humana. Sem respeito ao princípio da dignidade mínima da pessoa humana, de

nada vale dizer “o devido processo legal”. Posto isto, ao chamo pena alternativa, o

devido processo conforme a lei deve enquadrar nas escolhas de restritivas de direito

e não privativa liberdade do indivíduo. Para melhor nitidez, o pensamento de

Guilherme de Souza Nucci (2015, p. 24) é de que o devido processo legal introduziu

no Direito Penal (penais e processuais penais) “consubstanciando o parâmetro

garantista ideal para a concretude da punição, sob o Estado Democrático de Direito”,

tido isto, conclui-se, “seguindo-se todos os princípios penais e processuais penais,

pode-se dizer que se respeitou, fielmente, o devido processo legal. (grifo nosso).

2.2 Possibilidade de substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos

A redação original do artigo 33, §4º, da Lei nº 11.343/06, veda a conversão

da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos. Contudo, o Superior Tribunal

Federal, declarou a inconstitucionalidade de tal vedação admitindo que o juiz possui

maior força quanto ao legislador, no caso, a fala da lei, pois é ele que balanceia no

caso concreto a aplicação mais razoável possível de sanção criminal conforme o

fato-tipo5. Sendo assim, o juiz no seu limite discricionário de livre aplicação de pena

sentenciará conforme enquadraste da alternatividade sancionatória. (BRASIL 2010).

O STF preferencia-se em seus julgados deixando claro a validade de mudança no

cumprimento da pena aos crimes de drogas:

As penas restritivas de direitos são, em essência, uma alternativa aos efeitos certamente traumáticos e onerosos do cárcere. Não é à toa que todas elas são comumente chamadas de penas alternativas, pois essa é mesmo a sua natureza: constituir-se num substitutivo ao encarceramento e suas sequelas [...] e ninguém melhor do que o juiz natural da causa para saber, no caso concreto, qual o tipo alternativo de reprimenda é suficiente para castigar e, ao mesmo tempo, recuperar socialmente o apenado [...] , é

5 STF- HC 97256/RS, Rel. Min. Ayres Britto. J 01/09/2010, DJe-247, 15-12-2010

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conferido tratamento diferenciado ao tráfico ilícito de entorpecentes que se caracterize pelo seu menor potencial ofensivo. Tratamento diferenciado, esse, para possibilitar alternativas ao encarceramento. (BRASIL, 2010, grifo nosso).

Diante disso, o efeito erga omnes passou a ser válido após a Resolução nº

05 na Lei de Drogas, no qual retirou a vedação a conversão de pena para restritiva

de direitos, sendo assim, dispôs ao juiz a admissibilidade na medida cabível ao caso

concreto, se restritiva de direito ou se privativa de liberdade. O juiz é livre em adotar

os requisitos do Código Penal para haver uma medida justa ao indivíduo e, não é

privado impor somente a opção de pena privativa de liberdade, sua decisão pode ser

pautada a penalizar o delinquente com pena restritiva de direito/ pena alternativa6.

Posto isto, não há vedação de penas alternativas para o condenado por crimes de

tráfico de drogas, com isso, arremata-se:

Declarada a inconstitucionalidade da regra do artigo 44 da Lei 11.343/2006, a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos no crime de tráfico de drogas deve seguir os requisitos do Código Penal. (7ª CÂMARA CRIMINAL, 2013).

Destarte, a possibilidade da pena alternativa é ganha. Nada mais nada

menos, a pena alternativa é um substituto penal da privativa de liberdade, chamado

pelo Código Penal (1940) de penas restritivas de direitos, art. 437 e 44 §2º (dispõe

da multa) como substitutivas. Inclui na sua classificação compreender que são

penas brandas de liberdade, restritivas de direitos e pecuniárias cujo são aplicadas

condições de penas não superior a quatro anos e sem haver violência ou grave

ameaça com o delito.

A ela é um meio de não encarcerar, bem como um garantista cujo adequa-

se as premissas da Constituição, garantidores de direitos fundamentais, impostas de

normas abrangentes de princípios significantes. De plano, César Roberto Bitencourt

6 Apelação Criminal 1.0459.12.002948-1/001. Rel. Des. Sálvio Chaves, 7ª Câmara Criminal. J 17/10/2013, publicação 25/10/2013.7  Art. 43. As penas restritivas de direitos são:         I - Prestação pecuniária;         II - Perda de bens e valores;          III - Limitação de fim de semana.          IV - Prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;         V - Interdição temporária de direitos;          VI - Limitação de fim de semana. 

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(2010, p. 594) apreende: “constata-se que o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas

afins, como regra, não é praticado com violência ou grave ameaça, incluindo-se,

portanto, entre aquelas infrações que passam a admitir a substituição de pena”.

Mesmo havendo modalidade de dolo aos delitos, César Roberto Bitencourt

(2010, p. 560) esclarece que se tem o direito de beneficiarem da alternativa ao

encarceramento hipóteses de réus com abonados antecedentes culpabilidade

mínima, personalidade bem formada e motivos e circunstâncias favoráveis para a

medida de “maior benevolência e de diminuto grau intimidativo”.

2.2.1 Fixação de Pena

Além das circunstâncias para a ocorrência da substituição de pena, no art.

44 do CP. Suscintamente os requisitos são: a pena não superior a quatro anos; não

reincidente aos crimes dolosos; crime sem cometimento de violência ou grave

ameaça e prognose de suficiência da substituição cujo o juiz possui

discricionariedade para aplicar a medida apropriadamente ao caso concreto.

(BITENCOURT, 2010, p. 556-560).

Nos crimes, presentes as condições mínimas de ano-pena, o réu tem direito

subjetivo para que sua pena seja convertida em restritivas de direito. Já que ambos

os crimes, tráfico privilegiado de drogas e associação para o tráfico, possui ausência

de hediondez, sendo assim, não adentram nas condições de tratamento severo da

Lei de Crimes Hediondos.

Posto isto, nada mais justo conforme análise da individualização da pena e

do agente comparado aos traficantes convencionais trazidos de maior ofensividade

a sociedade, nada mais justo e proporcional, diante dos princípios da

individualização da pena, da humanização do apenado, e da proporcionalidade entre

pena e delito, proporcionar àqueles condenados sanção menos severa e de melhor

eficácia ressocializadora.

Ambas os crimes se forem compara-los ao tráfico de drogas, não tem intuito

de denegrir a sociedade, também por não adentrar na Lei n. 8.072/90 cujo de modo

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literal ex lege, são crimes trazido de não repúdio a sociedade, tal qual é impossível

interpretação extensiva “in malam partem”, por causa prejuízo do réu.

A medida facilita o aliviamento do sistema carcerário, uma vez que o tráfico

de drogas e drogas afins enseja maior parte da prisão, tal qual, a solução

nitidamente que mais adequa é: retirar o pequeno traficante e os associados com

fins, do convívio com os delinquentes trazidos de maior lesividade ao bem jurídico.

Resume-se que a política criminal está sendo flexibilizada nesse sentido, depois de

muitas discussões, erros legislativos, e correções do judiciário sobre o qual o faz

levar em melhorias no sistema de ordem brasileiro, sendo assim, a política criminal

antidrogas almeja nos séculos atuais dar resoluções neste sentido, o qual é de

proporcionar a medida cabível, justa e equânime aos delitos, respaldado nos

princípios constitucionais.

CONCLUSÃO

A ausente expressão nomen iuris e dos quais tipos penais de crimes de

drogas, as injustas punições severas mantinham-se aos delitos com baixa

potencialidade lesiva, abstendo de violar o sistema progressivo de pena. A falta de

medidas punitivas adequadas para os delitos de tráfico privilegiado de drogas e

associação para o tráfico, percebia o ferimento dos os princípios da

proporcionalidade e da individualização da pena, pelo motivo de a Lei de Crimes

Hediondas não dar acesso a discricionariedade do juiz em seu procedimento

especial, o que se torna paralítica.

O rigoroso tratamento punitivo da Lei de Crimes Hediondez não mais

enquadra em ambos os delitos, a jurisprudência preencheu falhas e apazigua até

hoje, determinou-se que o tráfico privilegiado de drogas e a associação para o tráfico

não são equiparados a hediondos, deixando os equiparados somente o tráfico de

drogas e afins. E, a ausência de hediondez abre lacunas para que o juiz aplique

penas alternativas da privativa de liberdade. Nada que mais justo, uma vez que os

tipos penais não são merecedores de um tratamento igualitário com o traficante de

alta periculosidade. Ambos tipos penais não incidem ofensividade da mesma

maneira, uma vez que a saúde pública não sofre com o ato dele praticado não é

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envolvido com organizações criminosas e não é procurado incansavelmente por

usuários e dependentes narcóticos, sendo assim, os vínculos profissionais tidos a

ele não é contumaz.

No sistema criminal composto pelo Direito Penal e Processual Penal,

possibilita a aplicação da lei, o código penal, ao caso concreto, cujo assegurará ao

agente garantias processuais indispensáveis e dentro das medidas que mais

adequará ao condenado, conforme o ano de pena, possibilidade de regime inicial

semiaberto ou aberto ou penas alternativa, todos os critérios ao livre olhar do art. 59

do código e da análise discricionária do juiz, que nada mais justo como “garantias

processuais indisponíveis” e necessárias.

Aos olhos de jus, a política criminal, em penas alternativas, Lei n. 9.714/98, é

um facilitador de gestão do Estado cujo procura evitar o encarceramento. Uma vez

que a superlotação e a precariedade do estabelecimento penal não adequam nas

condições necessárias ao cumprimento da pena em regime. Deve-se sempre buscar

proporcionar o que for mais benéfico para o réu. O mais adequado é priorizar penas

alternativas do que pena privativa de liberdade, medida àquela de proporção

adequada e não prisioneira, incompatível com a exasperação de pena prevista na

Lei de Crimes Hediondos.

Destarte, as alterações realizadas pelo parlamento levaram o procedimento

especial de penalização abrir portas as penas alternativas, no qual, antes, forçava o

seu cumprimento inicial em regime fechado (privativa de liberdade). Destaca-se que

ambos os crimes são de perigo abstrato, porém, o grau de ofensividade ao bem

jurídico é ínfimo, posto isto, os agentes infratores recebem a medida penal exata,

entre pena e delito, tendo por base os princípios da individualização da pena, da

humanização da pena, e o da proporcionalidade da pena.

Em suma, a ausência de hediondez dos delitos é válida, uma vez que não

são merecedores ao tratamento rigoroso da Lei Hedionda, ao contrário do crime de

tráfico de drogas convencional. Entretanto, o estorvo da mercê hediondo nos delitos

ainda possui discussões na jurisprudência e doutrina. Mesmo assim, mediante a

isso, vale destacar que o Direito Penal deve aludir nos moldes da ressocialização

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com os condenados por crime de drogas, e, o ato lesivo menor não é digno de um

tratamento a nível rigoroso. Justo é falar, no entanto, a correta medida penal entre

delito e pena, respaldado no equilíbrio repreensivo da sanção. A importância visa-se

a uma evolução do sistema jurídico brasileiro evoluir, uma vez que parcela

significativa da população carcerária brasileira cumpre pena pelo tráfico de drogas e

afins, de onde não se comporta os excessos punitivos.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição Da República Federativa Do Brasil de 1988. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF.

BRASIL. Decreto-Lei n° 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF.

BRASIL. Lei n° 8.072, de 25 de julho de 1990. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF.

BRASIL. Lei n° 11.343 de 23 de agosto de 2006. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF.

BRASIL. Lei n° 11.464, de 28 de março de 2007. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF.

BRASIL. Habeas Corpus 24002/SP. Superior Tribunal de Justiça. J. 11/03/2014. Relatora: Min Maria Thereza de Assis Moura. Disponível em: <https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/25006817/habeas-corpus-hc-240022-sp-2012-0080333-6-stj/inteiro-teor-25006818?ref=juris-tabs>.Acesso em: 28. dez. 2018.

BRASIL. Habeas Corpus 105905/MS. Supremo Tribunal Federal. J. 02/02/2010. Relator: Min. Cezar Peluso. Disponível em: <https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/20760163/habeas-corpus-hc-105905-ms-stf/inteiro-teor-110107590?ref=juris-tabs>.Acesso em: 09. jan. 2018.BITENCOURT, César Roberto. Tratado de direito penal: parte geral 1. 15. Ed. São Paulo: saraiva, 2010.

CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: legislação penal especial. 8.ed. São Paulo: RT, 2014.

GOMES, Luís Flávio; CUNHA, Rogério Sanches. legislação criminal especial. 2.ed. São Paulo: RT, 2010.

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NUCCI, Guilherme de Souza. Individualização da pena. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.

NUCCI, Guilherme de Souza. Leis Penais e Processuais Penais Comentadas. 8. ed. rev., ampl.e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2014.

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