campus magazine 2º semestre 2011

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CAMPUS Revista-laboratório - Universidade Sagrado Coração - Jornalismo - 2ºSemestre 2011 Que loucura é essa? e mais ... Colecionadores Consumo Paixão por Futebol Fanatismo Um pouco da história da loucura Drogas Manias Magazine A representação na moda Vidas diferentes A loucura na Arte Por amor

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A Campus Magazine é a revista-laboratório elaborada pelos alunos do curso de Comunicação Social, Jornalismo da USC -Universidade Sagrado Coração. Reitora: Profa. Dra. Irmã Susana de Jesus Fadel Coordenadora de Curso: Profa. Ms. Daniela Pereira Bochembuzo Textos: Alunos da disciplina Laboratório de Jornalismo Impresso II – Revista (turma do 2º semestre de 2011). Diagramação: Alunos da disciplina Design Gráfico (turma do 2º semestre de 2011). Jornalista responsável: Profa. Dra. Érika de Moraes (MTB 29.053) Direção de Arte: Prof. Esp. Renato Valderramas

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Page 1: Campus Magazine 2º semestre 2011

CAMPUS

Revista-laboratório - Universidade Sagrado Coração - Jornalismo - 2ºSemestre 2011

Que loucura é essa?

e mais ...

Colecionadores Consumo Paixão por Futebol

FanatismoUm pouco da história da loucura

Drogas

Manias

Magazine

A representação na moda

Vidas diferentes

A loucura na Arte

Por amor

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2 | Campus Magazine

Editorial

Poetase loucos Índice

Afinal, o que é loucura? Perder a razão? Estar trancado em um hospício? Ou melhor, casa terapêutica, termo estabelecido como mais apro-priado desde o movimento antimanicomial. Ou loucura seria estar “doidamente apaixonado”, ou absolutamente louco(a) de vontade de comprar uma roupa nova ou uma barra de chocolate? Qual é a sua loucura cotidiana, a sua mania? Quando refletimos sobre a loucura, chegamos à conclusão de que não há ditado mais verdadeiro do que o célebre “de louco, todo mundo tem um pouco”.

Os alunos do segundo ano de Jornalismo da USC, da disciplina “Laboratório de Jornalismo Impresso – Revista”, debruçaram-se sobre essas questões e, no conjunto da obra, chegamos a uma edição abrangente sobre a loucura, cuja produção foi um grande desafio e aprendizado para os estu-dantes. Já os alunos do primeiro ano de Jornalismo da disciplina “Design Gráfico” trabalharam com muita dedicação no projeto gráfico deste material.

Agora, como fruto de um trabalho interdisci-plinar, a Campus Magazine chega até você, leitor, que, afinal, é o mais importante dessa equipe. Es-peramos que você goste, aprenda algo novo (não há nada melhor do que aprender, não?) e, como nós, termine esta leitura com uma certeza: por mais que possa parecer maluco, certas “loucuras” fazem parte da nossa identidade. Afinal, humano e louco também podem ser um pouco sinônimos!

Érika de Moraes

A Campus Magazine é a revista-laboratório elaborada pelos alunos do curso de Comunicação Social, Jornalismo da USC - Universidade Sagrado Coração.

Reitora: Profa. Dra. Irmã Susana de Jesus Fadel

Coordenadora de Curso: Profa. Ms. Daniela Pereira Bochembuzo

Textos: Alunos da disciplina Laboratório de Jornalismo Impres-so II – Revista (turma do 2º semestre de 2011).

Diagramação: Alunos da disciplina Design Gráfico (turma do 2º semestre de 2011).

Jornalista responsável: Profa. Dra. Érika de Moraes (MTB 29.053)

Direção de Arte: Prof. Esp. Renato Valderramas

Tiragem: 2.000 exemplares

Impressão: Fullgraphics - Bauru - SP

O material publicado (textos ou imagens) não reflete, necessa-riamente, a opinião, a filosofia ou o posicionamento institucio-nais – uma vez que se trata de publicação experimental.

Distribuição gratuita.

UTIoucura ........................................................................................................................................................................................ 3

Nada muito além do normal ................................................................................................... 4

Fanáticos religiosos .............................................................................................................................................. 5

Coragem ou loucura? ................................................................................................................................... 6

Fala povo ............................................................................................................................................................................................. 7

Loucos pela boa forma ............................................................................................................................... 8

“Retratos de uma obsessão” ..................................................................................................... 9

De colecionador e louco… ............................................................................................................. 10

Ensaio fotográfico ................................................................................................................................................. 12

Compras, um mal superável ................................................................................................. 14

Loucuras de Amor ................................................................................................................................................ 15

Loucuras “Chavesmaníacas” ................................................................................................. 16

Soy Loco por Ti ................................................................................................................................................................ 17

Adolescência, fase anormal? ................................................................................................. 18

Drogas - um caminho de loucurae difícil reabilitação ........................................................................................................................................ 19

Paixão por carros antigos ............................................................................................................ 20

Shine on you, crazy Diamond! Syd Barrett criador e criatura ............................................................................................. 21

Doces loucuras da Web ...................................................................................................................... 22

Loucos de pedra ......................................................................................................................................................... 23

A loucura na arte imita a vida ...................................................................................... 24

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“De médico e louco todo mundo tem um pouco.” Mesmo com a afir-mação do ditado popular de que a loucura é algo comum e corri-

queiro na vida de todos nós, não é bem assim que a ciência, em especial a medicina, vê os loucos.

A história da loucura e da ciência começou no século XVII, quando o médico francês Phi-lippe Pinel classificou as expressões de loucura, até então tidas como corriqueiras e cotidianas, como doença mental, e disse que as pessoas que sofriam desse mal deveriam ser objeto de intervenção médica e, posteriormente, psiqui-átrica.

Foi nesse período que surgiram os primeiros hospitais psiquiátricos ou manicômios, “onde vão ser levadas essas pessoas consideradas ‘su-jeitos sem-razão’. Para tentar fazer um trabalho com eles, a fim de que retomem a vida, para que eles possam ser livres e vendam a sua força de trabalho”, explica o professor doutor Osvaldo Gradella, do departamento de psicologia da Fa-

culdade de Ciências da Universidade Estadual Paulista (FC/Unesp).

Entretanto, a perspectiva humanista que mar-cava o trabalho de Pinel começa a mudar no sé-culo seguinte com o avanço da visão biologicista. Essa nova forma de tratar a loucura deixou de vinculá-la com a razão, para colocar sua origem no orgânico e no biológico.

Segundo Gradella, esse foi o período de cres-cimento e superlotação dos hospitais psiquiátri-cos em todo o mundo. “O (Hospital Psiquiátrico do) Juqueri, que foi fundado por Franco da Ro-cha em 1898, foi construído para 800 pessoas. Nos anos 50, ele tinha 15 mil internos. Por quê? Porque você não tem uma ação que garanta a so-lução desses sintomas”, explica.

Foi justamente nos anos 50, logo após a 2ª Guerra Mundial, que essa situação de superlo-tação, violência e tortura que fazia parte do dia a dia dos hospitais psiquiátricos começa a mu-dar, com o surgimento do movimento antima-nicomial.

do cotidiano ao manicômio

Saúde

BauruA história da loucura também passa pela nos-

sa cidade. Depois de ganhar força na Europa, o movimento antimanicomial tem seu marco inaugural no Brasil no interior paulista. Em de-zembro de 1987, 250 usuários e trabalhadores da saúde mental saíram às ruas de Bauru pedindo o fim dos manicômios. Naqueles dias, a cidade recebia o II Congresso Nacional dos Trabalha-dores em Saúde Mental.

Como explicam Lígia Helena Hahn Lüch-mann e Jefferson Rodrigues, no artigo O Mo-vimento Antimanicomial no Brasil, “esse mo-mento marca uma renovação teórica e política do MTSM (Movimento dos trabalhadores da Saúde Mental), através de um processo de distanciamento do movimento em relação ao Estado e de aproximação com as entidades de usuários e familiares, que passaram a partici-par das discussões”, colocando a questão do tratamento da loucura além do caráter assisten-cial realizado pelo estado

Por Fernanando Strongren

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Imagine um homem ser mantido trancado pela família há 25 anos e viver apenas com uma refeição por dia e 30 cigarros para ficar “calminho”, num espaço de pouco mais de 3 m²? Parece irreal, mas é fato e resultado da

incapacidade da família de cuidar de um porta-dor de doença mental e não procurar atendimen-to médico. Segundo reportagem da Folha de São Paulo publicada no dia 30/09/11, foi encontrado, no Rio Grande do Norte, José Antônio do Nasci-mento, 45, que mora em Areia Branca e vive tran-cado com grade de ferro, corrente e cadeado há 25 anos pelos próprios pais. É um caso chocante e a forma como Nascimento é tratado se caracteriza como cárcere privado e não condiz com as atuais formas de tratamento com portadores de trans-torno mental. Estes têm, segundo o site do Mi-nistério da Saúde, à sua disposição, 275 hospitais psiquiátricos espalhados pelo país, equipes médi-cas especializadas para atendê-los e um ambiente propício para conviverem uns com os outros.

Com o movimento antimanicomial, surgiram as casas terapêuticas que são locais destinados para a reabilitação dos internos e a possível rein-tegração destes com a sociedade. Esquizofrenia,

transtorno bipolar e casos de depressão são os mais frequentes e quem consegue se curar pode voltar pra casa, mas, se a família não aceitar o retorno, o indivíduo passa a ser morador da casa terapêutica, onde não será discriminado nem te-mido. Andreza Lopes, 27, é professora de educa-ção física no Hospital Psiquiátrico de Araraquara e diz que “o doente mental hospitalizado constitui uma população específica, com perda da sua au-tonomia e vulnerável não só em decorrência da própria doença que o afeta, mas também pela situ-ação de abandono em que, muitas vezes, se encon-tra”. Ou seja, ainda existe uma dificuldade, muitas vezes repulsa para tê-los dentro do meio familiar.

A visão cultivada pelas pessoas é que o am-biente de um hospital psiquiátrico é bem pesa-do, onde o tratamento dos pacientes se baseia em sessões de eletrochoque e os doentes vivem amarrados em camisa de força, gritando e tendo surtos de agressividade. Tal impressão é total-mente errada, pois a forma de tratamento mudou muito. Fernanda Brumatti, 29 anos, trabalhou como voluntária no Hospital Psiquiátrico Sebas-tião Paiva, em Bauru, no ano de 2003 e afirma que “os pacientes eram tratados com o cuidado

Nada (muito) além do normal

necessário para cada caso, sempre tomavam seus medicamentos nos horários corretos e de forma não agressiva”.

Outro grande problema enfrentado pelos doentes mentais é a discriminação, pois “como o convívio às vezes se torna extremamente difí-cil, o afastamento das pessoas é o padrão da so-ciedade, inclusive da própria família”, comenta Fernanda.

Carinho pelo paciente e respeito pela doença são vistos diariamente nos hospitais de saúde mental da região. A forma de tratamento exi-ge cuidado especial, pois se trabalha com pes-soas que, como quaisquer outras, precisam de pequenos gestos, uma simples conversa e um pouco de atenção.

A sabedoria popular diz que “respeitar as diferenças é o princípio da igualdade”. Tal fra-se faz muito sentido, principalmente quando pensamos no quanto estamos sujeitos ao dia de amanhã e no que ele pode nos reservar. Discri-minação e estereótipos são inúteis para justifi-car a psicologia humana, tanto é que, até hoje, o comportamento do ser humano é questionado e não se chega a qualquer solução.

Hospital

Contrastes no atendimento de doentes mentaisevidenciam que o ser humano não compreende sua própria espécie

Por Luana Morais

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Religião

Fanatismo religioso é um estado irracional de fervor em nome de uma crença. Grande parte dos conflitos de todas as nações do mundo tiveram como motivo a religião.

Mas como definir o que é ou não fanatismo? Tal definição é completamente subjetiva, depende da cultura, do que é considerado ético e moral.

O que é fanatismo para você, pra alguns povos pode ser simples tradição. Segundo a professora de história Claudia Detomini, existe fanatismo religioso desde os povos greco-romanos. O culto exacerbado pelos deuses e os sacrifícios fazem parte daquilo que consideramos mitologia, mas, para tais povos, aquela era a verdade.

O mesmo acontece atualmente com os mu-çulmanos, que veem a vida como uma provação, praticando o terrorismo como meio de chegar ao reino de Deus.

A Igreja Católica, na Idade Mé-dia, estabeleceu padrões de comportamento mo-ral para a socieda-de, sendo que, no século XIII,

houve a Inquisição para combater os supostos hereges e pagãos.

Guerra X Religião Muitas das guerras acontecem por motivos

religiosos, mas todas têm cunho político. A reli-gião é o meio que encontram para manipular as pessoas a aderirem à guerra, lutando por algo que não será delas e por uma razão que não é a que elas acreditam que seja.

Outro motivo para o fanatismo é que as pesso-as encontram na religião uma tábua de salvação. Em ocasiões de crises, miséria e pobreza, apelam para qualquer coisa que prometa ajuda. Isso re-flete em vários conflitos, como o que aconteceu na Guerra de Canudos e até em situações do dia a dia, quando, por exemplo, um trabalhador entrega todo o salário na sua igreja para garantir prosperidade ou o céu.

Fanáticos religiososBusca pela salvação ou sintomas de loucura?Por Aline Casalenovo e Jéssica Posenato

A psicologia explica...Para a neuropsicóloga Sandra Heloisa Portilho

de Oliveira, o fanatismo é uma cega obediência a uma ideia servida com zelo obstinado. A pessoa acredita que somente será salva se der algo em tro-ca e não mede consequências, pois não se encontra bem de saúde mental. Nesse sentido, o fanatismo já é um pedido de ajuda. “O problema afeta toda a vida familiar, profissional e pessoal, tudo na vida tem um limite, quando isso começa a sair dos parâmetros considerados normais pela sociedade, passa a interferir de uma maneira desfavorável, tornando-se patológico”, explica Sandra, que já teve vários pacientes com transtornos decorrentes da obsessão pela religião. Segundo ela, a pessoa sofre uma dor na alma. Para a cura é necessário o desenvolvimento de um processo psicoterápico, no qual o paciente começa a enxergar certas coisas e a fazer outras escolhas a fim de ter uma vida mais centrada, consciente e sem tanto sofrimento.

As crenças religiosas podem ser saudáveis, desde que haja equilíbrio entre a religião e o convívio social. “Respeitar o limite de cada um, não invadir a privacidade de  ninguém. Não acredito que alguém possa  ditar o que é melhor para o outro. Isso é algo que se conquista com o tempo. Fazer o que sente prazer de uma maneira saudável”, conclui Sandra.

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Por Cíntia Papile e Juliana Midena

“A loucura, objeto dos meus estudos, era até agora uma ilha perdida no oceano da razão; começo a suspei-

tar que é um continente”, assim referiu Simão Ba-camarte sobre as peculiaridades de cada ser que observou.O personagem de Machado de Assis em O Alie-nista era um médico de uma pequena cidade, que prendia em uma casa todos aqueles que julgava serem loucos. A história fictícia se passou em 1882, mas, na vida real, seus sucessores continu-am até hoje a missão de julgar o diferente.

Relembrando o passado, houve conflitos a partir de pessoas que se soltaram das amarras para enxergar um outro lado, como as “bruxas” da Idade Média, que tinham conhecimento sobre as propriedades das ervas e cura; também Galileu Galilei, que defendeu o heliocentrismo, teoria se-gundo a qual os planetas giram em torno do sol, num tempo em que se acreditava que a Terra era o centro do mundo; e até os hippies, que, na dé-cada de 70, pregaram um modelo de vida total-mente incomum.

Divergências de pensamentos são contestadas em uma sociedade que impõe padrões. Por exem-plo, segundo estereótipos, é quase inaceitável uma mulher que não deseja se casar e ter filhos. Cada um acredita que o seu próprio ponto de vis-

ta é o único correto, vendo o outro como errado, e assim procura convencer de que seu modo de viver é o mais adequado.

Segundo a psicóloga Beatriz Frassão, isso acontece principalmente porque “as opiniões são baseadas, e formadas, de acordo com o processo de evolução e desenvolvimento de cada pessoa, valores, princípios, condutas e objetivos”. Portan-to, o repertório de vida influencia no modo de ver e reagir ao mundo.

Novas respostasExiste quem veja o mundo sob um prisma

diferente, como Jônatas Duarte de Campos, mú-sico e estudante de física. A escolha de seu curso partiu de uma origem diferente. Jônatas optou pela física numa tentativa de entender melhor o mundo e o ser humano, ao invés das respostas convencionais como, por exemplo, “eu gosto de exatas”. Ele acredita que, ao expor suas ideias, as pessoas não querem entender e defendem seus próprios princípios, respaldados nos padrões da sociedade.

As decisões e escolhas que revelam a perso-nalidade de cada um dependem da coragem, pois tomar atitudes inesperadas pelas pessoas que o cercam faz com que o indivíduo se arrisque ao julgamento. Então, ser verdadeiro pode não ser tão simples, é necessário acreditar e se aceitar para esperar que a sociedade também o aceite.

Coragemou loucura?Agir fora das amarras da sociedade exige ousadiae a recompensa pode ser uma imagem distorcida, mas também a felicidade

Como Damison Ferreira Campos, que deixou trabalho registrado, saiu de casa para viver como hippie e encontrou no artesanato uma profissão e oportunidade para conhecer pessoas e cultu-ras diferentes. No início, o que mais o atraiu foi a possibilidade de levar uma vida desprendida da sociedade. Agora que já está há três anos na área, Damison ainda é questionado sobre a sua deci-são pela família, amigos e sociedade. Sobre sua escolha de vida, ele reflete: “A sociedade te im-põe como uma coisa fora do comum ou estranha, mas, pra nós, é algo comum”.

Apesar disso, o artesão explica com apreço a relevância de seu trabalho e, principalmente, a satisfação e felicidade que encontrou. “Você mes-mo fazer seu trabalho e chegar na pessoa do lado e oferecer o seu trabalho é uma coisa prazerosa, estou feliz com o que estou fazendo hoje”, revela.

Em busca de sentidoAlém da coragem de ser o que é, outros fa-

tores impulsionam tais atitudes para explorar a personalidade. “Estão relacionados a uma busca incansável pela felicidade, por reconhecimento”, explica a psicóloga Beatriz.

E, nessa busca pela felicidade ou por um rumo na vida, o estudante de física acredita que “a es-sência da atitude humana está em fazer o melhor que ela pode”. Seguindo padrões ou não, o ser hu-mano age da forma até onde confia ser o máximo

A loucura de cada um

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que pode fazer, mas, de forma geral, evita a chan-ce de errar por meio de atitudes esperadas.

  A partir disso, o futuro da humanidade parece incerto; haverá uma padronização ainda maior ou o diferente será usual? Para Damison, “ao mesmo tempo em que a gente está se amar-rando, a gente também está se despertando pra vários sentidos”. Ele também acredita que a hu-manidade ainda vai passar por muita coisa, e a busca de cada um na vida terá maior amplitude, assim, “vai chegar uma hora em que tudo vai se juntar e partir de um lugar só, então, o precon-ceito não terá mais motivo para existir”, finaliza.

“... se tantos homens em quem supomos juízo são reclusos por dementes, quem nos afirma que o alienado não é o alienista?” Assim concluiu o personagem Sebastião Freitas, e o próprio alienis-ta ao fim de tudo, no livro de Machado de Assis. E qual será o veredicto de todo esse julgamento? Quem são os loucos? Talvez, todos nós sejamos um pouco...

A loucura de cada um

Damison prefere viver desprendido da sociedade

Fala PovoPor Thays Gomes da Silva

Quem nunca ouviu a famosa frase: “de médico e louco todo mundo tem um pouco”? Foi pensando nela que a Campus Magazine saiu pela USC, Universidade Sagrado Coração, querendo saber as manias mais loucas da comunidade acadêmica.

“Tenho compulsão por com-prar... parece que, quanto me-nos tempo e dinheiro eu tenho, mais quero fazer compras...”

Josiane Lourenço,4º ano Enfermagem

“Não sei dizer ao certo uma mania, não consigo pensar em nada... Acho que a minha mania é de não prestar atenção nas coisas.”

Vitor Madureira, 1º ano Biologia

“Acho que de todas as manias lou-cas essa é a mais normal, fico sem-pre prestando atenção no chão. Ou piso no preto ou piso no branco.”

Eduardo da Silva, 3º ano Arquitetura e Urbanismo

“Não sei se é bem uma mania, mas uma coisa bem estranha que eu costumo fazer é não olhar para o rosto das pessoas enquan-to converso com elas.”

Yuri Kufa, 1º ano Música

“Minha mania é realmente louca e até estra-nha, adoro animais peçonhentos e também costumo ir ao brejo de madrugada para coletar anfíbios.”

Josias Ribeiro Lopes, 4º ano Biologia

“Não consigo sair de casa sem verificar se todas as portas, janelas, torneiras e todo o resto está fechado. Às vezes, eu estou deitado, lembro que fechei, mas tenho que levantar e realmente ter certeza.”

Alessandro Heubel, 1º ano Fisioterapia

“Tenho uma mania bem louca: pegar guar-danapos da cantina enquanto estou na mesa comendo ou conversando e ficar enrolando, não sei por que, quando vejo já estou fazendo.”

Larissa Garcia, 1º ano Enfermagem

“Tenho uma mania alimentar... Não consigo dormir sem tomar leite antes, isso desde crian-ça. Às vezes, eu até vou dormir sem, mas me sinto mal no dia seguinte, acordo irritado, não durmo bem durante a noite.”

Élvio Gilberto da Silva, Professor de Ciências da Computação

“Tocar bateria imaginária... o tempo todo, essa é minha mania mais louca.”

Carlos Magno, 2º Farmácia

“Uma coisa que eu sempre faço, que é uma mania louca mesmo, é ficar mordendo a parte de dentro da boca.”

Caroline Lourenço, 2º ano Farmácia

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8 | Campus Magazine

Um novo padrão de beleza surge, com isso, aumenta o número de pessoas frequentadoras assíduas das acade-mias de todo o Brasil. Na busca por músculos torneados, curvas e força

física, aumentam os excessos na malhação, bem como o uso de esteroides anabolizantes, prin-cipalmente entre os homens, por favorecerem o aumento da massa muscular e a redução de gor-dura no corpo. Uma ameaça à saúde, pois seu uso pode levar até a morte, o que já ocorreu diversas vezes. Muitos casos de falecimento devido ao uso desses anabolizantes foram diagnosticados nos últimos anos. Seu efeito colateral pode afe-tar diversos órgãos do corpo humano e a pressão arterial, além de provocar o aumento do nível de hormônios, crescimento excessivo da gengiva, função sexual reduzida, infertilidade temporária entre outros problemas.

Algumas mulheres também têm recorrido a esse perigoso meio, o efeito nelas pode ser nota-do na diminuição do ciclo menstrual, aumento no tamanho do clitóris, crescimento de pelos em todo corpo e alteração na voz, que fica com um tom mais grave.

Experiência negativa

O estudante Guilherme Alves, de 20 anos, sabe muito bem do risco que se corre consu-mindo essa droga em busca de um resultado rá-pido. Há exatamente um ano, Guilherme ficou hospitalizado por dois meses em estado grave, correndo até risco de vida: “Sempre fui muito magro, e isso acabava me constrangendo, dese-java muito engordar, adquirir massa, e não es-tava conseguindo, por infelicidade conheci uma pessoa que vendia esteroides clandestinamente e resolvi comprar. No dia seguinte do consumo, já me senti mal, com muitas dores no fígado e

fraqueza, fui internado e o médico constatou que eu era alérgico a uma das substâncias en-contradas no anabolizante que ingeri, fiquei na UTI por um mês e meio, nesse período estive entre a vida e a morte”. Hoje, Guilherme pensa duas vezes antes de tomar qualquer atitude por vaidade, e alerta as pessoas que fazem da busca pela aparência ideal uma loucura e necessidade física e mental: “Tudo em exagero não é bom, ouvia isso sempre da minha mãe, e não levei em consideração, agora sei que excessos podem deixar marcas por toda a vida, e é importante sempre controlar suas atitudes e vontades, a prá-tica de exercícios, é muito importante, e todos os dias vou à academia, mas com consciência, sem deixar ela me dominar,” finaliza Guilherme que, felizmente, não ficou com nenhuma sequela após o fato.

Esforço saudável

Em contrapartida, Bruno Lourei-ro, de 22 anos, leva a musculação como forma de bem-estar, nunca tendo recorrido a anabolizantes. Praticante da atividade há dois anos, diz que uma dieta balan-ceada e o uso de suplementação dispensam quaisquer outros meios para a busca do cor-po desejado: “Me alimento a cada três horas, com uma dieta à base de arroz, frango, car-ne vermelha, ovos, verduras e legumes; treino cinco vezes por semana e recorro a su-plementos alimentares que re-põem todas as vitaminas que

Loucos pela

não consumi durante meu dia, dando mais força em meus treinos”, conta Bruno.

E até que ponto essa necessidade da malhação na vida de Bruno passa a ser uma loucura? Ele comenta que é uma loucura do bem: “Posso dizer que meus treinos são umas das coisas que mais levo a sério na minha vida hoje em dia, tudo que eu faço é focado nisso, a minha alimentação, o meu sono, porque é preciso ter foco e fazer exatamente tudo correto nos horários certos, tudo é em torno disso”, conta.

Segundo a psicóloga Vânia Ribeiro, o excesso de preocupação com a boa forma pode acarretar em transtorno. “Atualmente, encontramos na socieda-de uma crescente e incessante busca por um corpo perfeito. As revistas, as propagandas, a televisão, os

desfiles de moda, a mídia estão cada vez mais mostrando um modelo com um padrão de

beleza e perfeição. É um culto ao corpo. Essa atitude pode indicar um distúr-bio psicológico chamado vigorexia. É o contrário de anorexia. A vigorexia é

um transtorno que torna indivíduos ob-sessivos por atividades físicas

como forma de obter um corpo magro e musculoso.”

Vânia alerta sobre os da-nos psicológicos desse ex-

cesso: “Os prejuízos mentais são baixa autoestima, senti-

mento de inferioridade, desmotiva-ção, depressão entre outros.” E completa:

“Quando tentamos conseguir o resultado perfeito, estamos na verdade nos conde-

nando ao fracasso. Na realidade, a perfei-ção não existe, porque sempre estamos buscando novas formas de realizações. Controlar nossos desejos e impulsos faz parte da maturidade e nos trans-forma em seres mais felizes, saudáveis e realizados”, diz a psicóloga.

Estética

Até que ponto a procura por academias, esteroides e dietas pode se tornar uma loucura

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ulga

ção

Por Hellen Fiorini

BOA FORMA

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2º Semestre 2011 | 9

Todos nós temos costumes, dos mais va-riados. Seja ouvir o mesmo programa de rádio todas as manhãs, fazer exer-cícios durante algum tempo do dia, ou mesmo regar as plantas da casa no

final da tarde. São tarefas que se repetem mais de uma vez, fazem parte da rotina das pessoas, e são consideradas praticamente um estilo de vida.

Porém, existem pessoas que têm manias como lavar as mãos praticamente toda hora, ou limpar a casa repetidamente. Pois esses e outros diver-sos casos não são considerados somente manias, e sim doenças. Conheça o que vem a ser o TOC.

O que é?O TOC é a sigla para “transtorno obsessivo-

-compulsivo”. É um transtorno mental e, por isso, uma doença. Segundo a Organização Mun-dial de Saúde (OMS), a doença está entre as dez maiores causas de incapacitação do indivíduo, estando presente em aproximadamente 2 a 3% da população mundial. “Acontece principal-mente em adolescentes e adultos, raramente na infância, mas também pode ocorrer”, afirma a psicóloga clínica e escolar Liene Regina Rossi.

CaracterísticasO indivíduo tende a esconder o seu quadro,

seja por vergonha, ou ainda por desconhecer a gravidade, não sabendo que se trata de uma do-ença. Os pensamentos obsessivos e compulsivos são considerados estranhos para a sociedade ou para a própria pessoa. Normalmente, são ideias exageradas sobre limpeza, organização, perfei-ção, entre outras.

Segundo a psicóloga, existe uma diferença entre compulsão e obsessão. “O pensamento é a obsessão e o ritual é a compulsão. Por exemplo, eu penso que tenho que lavar as mãos cinco vezes por dia, essa é a obsessão. A compulsão é o ato de lavar”, afirma. Ainda de acordo com ela, normal-mente, a compulsão rende uma obsessão, sendo difícil ver casos isolados. Liene ainda lembra que

o TOC tem como base a ansiedade. E, ao longo da vida, o indivíduo pode sofrer de depressão e ainda fobia social.

A cura para o TOC exige um longo tratamen-to, feito a base de medicamentos e terapia. A te-rapia vai ajudar o paciente a expor os problemas, prevenindo futuras recaídas. “Ele vai aprender a lidar com esses pensamentos e com esses rituais e, ao longo do tempo, isso vai diminuindo”, ex-plica Liene. Quanto antes o tratamento for ini-ciado, melhor o resultado. Por isso, é fundamen-tal buscar ajuda especializada.

“Retratos de uma obsessão”

O TOC é uma doença que atinge boa parcela dapopulação mundial;saiba mais sobre o que ée suas características

Manias

Por Giovani Tabaquim

Veja alguns exemplos do que ée do que não é um sintoma do TOC

É TOC: lavar as mãos 100 vezes por dia, até ficarem em carne vivaNão é TOC: sempre lavar as mãos antes das refeiçõesÉ TOC: fechar a porta constantemente du-rante meia hora antes de sair de casaNão é TOC: verificar se tudo está fechado antes de sairÉ TOC: gastar horas colocando em ordem alfabética todos os itens do armário da co-zinha.Não é TOC: não ir embora até que a mesa de seu escritório esteja limpa.

Alguns famosos portadores de TOC

Jô Soares: os quadros de sua casa tem que es-tar levemente tombados para a direita.Roberto Carlos (cantor): tem suas famosas ma-nias de não sair de um ambiente pela mesma porta que entrou e a aversão pela cor marrom.Woody Allen: tem medo de morrer. Até aí tudo bem, se não fosse o fato de ele checar sua tem-peratura de meia em meia hora, de forma cro-nometrada.Luciana Vendramini: já chegou a ficar dez horas no banho, esperando um sinal para po-der “sair”, além de levantar da cama várias ve-zes durante a noite, como num ritual. Segun-do ela, boa parte dos problemas desapareceu com tratamento.

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Tampinhas de garrafa, caixinhas de fós-foro, latas de cerveja ou refrigerante, bonecas, pratos decorativos, ímãs de ge-ladeira, dentre outros, podem ser objetos

de desejo de muitos colecionadores. Corujas, sapinhos, jacarés, patinhos de borracha ou de cristal também têm o seu valor. E não para por aí: Pokémons, embalagens de cigarros e câmeras de vídeo moder-nas e antigas são algumas das co-leções mais inu-sitadas. Objetos de qualquer espécie viram peças preciosas. Pode até pare-cer uma brinca-deira, mas, para colecionadores, é coisa séria.

O hábito de colecionar obje-tos é atemporal e pode começar ainda na infância. Pedrinhas de todos os formatos e cores colhidas no meio do caminho, brinquedos em miniatura, gibis, álbuns de figurinhas são exemplos de coleções que atraem as crianças e, por vezes, chegam à idade adulta. Algumas podem ser adquiridas

facilmente, sem custos, já outras exigem maior esforço. Há ainda as coleções de obras de artes, peças valiosas e raras que movimentam o mer-cado mundial.

No Brasil, as coleções de selos, artes e moedas já estão bem desenvolvidas. Antiguidades grá-ficas, como cartões postais, documentos, fotos, pôsteres e rótulos também estão em evidência.

Atualmente, há revistas, sites e blogs especia-lizados no as-sunto, além de encontros e ex-posições abertas ao público. No ambiente vir-tual, coleciona-dores de todo o mundo expõem, com orgulho, fo-tos e dados nu-méricos de suas coleções. Ver-

dadeiros recordistas que ganham espaço até no Guinness World Records, como Messias Soares Cavalcante, brasileiro, que, segundo o Guinness, reúne 12.800 garrafas de cachaça desde 1988.

O livro dos recordes brasileiros, RankBrasil, é o único sistema de homologação de recordes

De colecionador e louco……todo mundo tem um pouco!Conheça algumas curiosidadese histórias de apaixonadospor coleções

Cardamonecoleciona LPse CDs desde os10 anos de idade e hoje reúne mais de 7 mil

exclusivamente nacional. Coleções de toda natu-reza merecem destaque, como, por exemplo, a de um paranaense que reúne 8.250 canetas promo-cionais, ou ainda, a de um campineiro que tem 1.793 embalagens de chocolate, de acordo com o site oficial do RankBrasil. Quebras-cabeças, lápis, papéis de carta, tickets de cinema, óculos exóticos, palhetas e até preservativos promovem colecionadores a recordistas brasileiros. Para ver e saber mais sobre estas e outras coleções é só acessar www.rankbrasil.com.br.

Paixão pela música Uma coleção de seis mil CDs, 1700 LPs e

10.800 músicas em mp3 é a paixão de Carda-mone, 41, que se recorda com emoção dos en-contros musicais com o avô, ainda na infância. Aos sete anos de idade, já se encantava com a quantidade de cassetes, fitas de rolo, LPs, além de uma aparelhagem profissional vinda do ex-terior que havia na casa de seu avô. “Foi como em um passe de mágica, a batida das caixas de som em volume cada vez mais alto, entrando pelos ouvidos, transformando a maneira de ou-vir que passou a ser muito mais pelas paredes do corpo, pela transformação dos hormônios, dos beats do coração”, conta. Nascia, aí, uma relação muito forte e duradoura com a música e com quem lhe ensinou a gostar de rock, soul, jazz, pop etc.

“Foi como em um passe de mágica, a batida das caixas de som em volume

cada vez mais alto, entrando pelos ouvidos, transformando a maneira de

ouvir que passou a ser muito mais pelas paredes do corpo, pela transformação dos hormônios, dos beats do coração.”

Cardamone

Colecionadores

Por Daniela Provenza Franco Gabriele

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Aos dez anos de idade, já se considerava um co-lecionador profissional prestes a desfrutar do ba-lanço da década de 80. Muitos anos se passaram e a intensidade desta relação com o universo mu-sical só aumentou. Para Cardamone, seus CDs e LPs são mais do que simples objetos, representam um calendário. “Marcam meu tempo, distribuem minhas emoções nas prateleiras, são como um banco de imagens, acontecimentos, e que podem ser revisitados e reprogramados com o momento atual de maneira inesperada”, analisa.

Para este apaixonado, as músicas ultrapassam o limite do tempo e do espaço. “Trazem pessoas de volta, te levam para frente e para traz, juntam lugares e acontecimentos que jamais poderiam se cruzar. Acho que isso não tem valor, não tem medida”, complementa. Os acontecimentos mais importantes de sua vida sempre foram marcados por uma trilha sonora. Histórias de amor, perdas e conquistas com ritmo próprio e letra, assim é Cardamone, movido pela emoção do som.

Todos os CDs e LPs estão espalhados pela casa, mas só ele tem acesso. Com um só olhar é possível saber se foram tirados do lugar. Para ele, o limite da paixão excessiva pode ser a compul-são, embora não seja fácil reconhecer tal limite. Fã de música pop, eletrônica e rock, sua coleção cresce quase que diariamente. As novas aquisi-ções são feitas em lojas especializadas e internet. Atento aos lançamentos mundiais, já comprou várias versões de um mesmo CD, além de alguns repetidos por puro esquecimento. Os projetos gráficos estampados nas capas também inspiram Cardamone, que é graduado em artes plásticas e profissional do ramo publicitário na cidade de São Paulo. Para ele, as cores e formas são um convite para a imaginação.

Totalmente integrado ao mundo virtual, criou seu próprio blog, (http://morangotango.musi-cblog.com.br) e, para ficar por dentro de todos os acontecimentos do mundo da música, visita blogs e sites especializados no assunto, além dos grupos de discussão com muita gente da música.

Automobilismo em miniaturas São 497 réplicas de carros de Fórmula 1 se-

paradas por equipe e dispostas em ordem cro-nológica. Expostas em 15 prateleiras dentro de um armário fechado com vidros, as peças estão catalogadas por número e uma descrição deta-lhada do modelo do carro, nome do piloto, ano da corrida, tipo do motor e dos pneus. A última limpeza durou dois dias e mais treze horas de

trabalho para colocá-las no lugar.Esta coleção pertence à Maronezi, 35, um bau-

ruense apaixonado pelo esporte e, também, pelas pistas de Kart onde corre como amador. “Compe-tição, Fórmula 1 sem-pre foi uma grande pai-xão”, declara. Já assistiu a grandes prêmios em Interlagos, São Paulo, e, em 2010, viu de perto o Grande Prêmio (GP) em Monza, Itália, onde Fernando Alonso foi campeão. Em viagem recente a Silverstone, Reino Unido, teve a satisfação de andar de Fórmula Ford.

Para Maronezi, uma das coisas mais atraen-tes em colecionar es-tes carros é conhecer mais sobre a Fórmula 1. “Cada carro tem uma história, nenhum car-ro está aqui à toa. Você vai conhecendo mais da história através das miniaturas”, declara. Ele tem réplicas procedentes de corridas históricas como a do GP do Brasil em 2008, quando o piloto britâ-nico, Lewis Hamilton, ganhou o título da tempo-rada. Outro exemplo é a réplica do carro de Nigel Mansell no GP da Inglaterra, em Silverstone, no ano de 1991, onde Airton Senna pega uma carona ao ficar sem combustível na reta final. O piloto brasileiro ainda é lembrado em uma réplica da Lotus-Renault que correu no Grande Prêmio de Portugal em 1985.

Nos primeiros anos da coleção que teve início há seis anos, as peças eram adquiridas com maior facilidade e em grande quantidade. Atualmente, a busca é por raridades, o que torna o processo de aquisição mais lento. Essas preciosidades vêm de

longe, como Inglaterra, berço da Fórmula 1, e Ja-pão. Além disso, há fornecedores brasileiros que oferecem aos seus clientes peças de grande valor. O que é mais básico pode ser encontrado no mer-

cado livre (site de com-pras), considerado uma boa ferramenta para quem tem hobbies. Há vários fabricantes de carrinhos de Fórmula 1 espalhados pelo mun-do e a qualidade dos produtos é variável.

Maronezi lembra que algumas peças levaram mais tempo para serem encontra-das. “A réplica do pri-meiro título do Piquet foi difícil de achar. Sou fã do Piquet. Da Fórmula 1 ele é um dos pilotos que mais

admiro não só como piloto, mas eu gosto muito da personalidade dele”. Outro carro de Piquet que lhe custou tempo foi o do tricampeonato. Este veio do Japão depois de meses de procura. Fã do filme Star Wars, ele não podia deixar de acrescentar em sua coleção o carro da Sauber da Star Wars.

Sua meta é adquirir todos os carros campe-ões mundiais desde os anos 50, quando a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) organizou o primeiro Campeonato Mundial de Fórmula 1. “Ainda faltam oito carros pra com-pletar isso. Desses oito, seis ainda não foram pro-duzidos e dois eu preciso achar para comprar”, afirma. Para Maronezi, viver entre carrinhos e histórias que envolvem o automobilismo quebra a impessoalidade de seu ambiente de trabalho, além de ser decorativo.

Colecionadores

Coleção temmais de 400 réplicas

de carros de Fórmula 1 dispostas em ordem

cronológica e separadaspor equipe

“Cada carrotem uma história,

nenhum carroestá aqui à toa.

Você vai conhecendomais da história

através dasminiaturas.”

Maronezi

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O ensaio fotográfico retrata as loucuras de fotógrafos e estilistas

Moda

Por Amanda Ângeloe Giovanna Pini(Fotos e Texto)

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2º Semestre 2011 | 13

“É preciso sintonia entre o fotógrafo e o es-tilista, porque você precisa fazer realmente o fotógrafo entender que tipo de olhar ele tem que ter naquele momento.”

Simone Maffei Professora do curso de Moda da USC

Moda

Para criar moda, é preciso elevar o grau de loucura, é pre-ciso ser a fonte de inspiração e não ter medo de ser inusitado demais. Para estar na moda, é preciso ser louco de aceitar ideias de estranhos para o pró-prio guarda-roupa. Para pro-duzir o editorial de moda, vale tudo, quanto mais extravagante e diferente mais atenção para a campanha.

“A loucura pode ser vista como a interpretação

do tema pelo fotógrafo. Alguns fotógrafos uti-

lizam a loucura para dem

onstrar sua liberdade criativa. A fotografia é a interpretação de um

tem

a pela ótica de um fotógrafo, através da

câmera.”

Rodrigo Bassan Fotógrafo

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14 | Campus Magazine

Consumo

Comprar, comprar e comprar. Esse é o prin-cipal verbo na vida de muitas pessoas, e quando essa palavra não sai da cabeça, é preciso tomar cuidado, já que pode ser si-

nal de que alguma coisa está fugindo do controle.O ideal de comprar não é um conceito recente,

já que avançou com as revoluções do século XVIII. Já a ideia de “compras desenfreadas” começou a ser analisada nas últimas décadas. Deste modo, a compulsão por compras passou a ser estudada por especialistas da psiquiatria e psicologia como uma doença: a onimonia.

A onimonia é a doença que caracteriza pessoas que não possuem controle na hora das compras. Assim como todo dependente, os consumidores compulsivos demoram a admitir seu vício e, para se livrar da doença, é necessário tratamento psi-cológico e até medicamentos.

Um ano sem comprarPorém, não são todos os casos que chegam

a um nível doentio. Em algumas situações, este problema pode ser visto mais como uma falta de controle financeiro, como é o caso da blogueira Joanna Moura, que se autodefine como uma “louca” por compras.

Segundo Joanna, faltava habilidade para admi-nistrar suas finanças: “nunca sabia quanto entrava e quanto saía da minha conta. O consumo excessi-vo vinha daí, dessa falta de aptidão pra lidar com dinheiro.” Mas Joanna decidiu enfrentar essa si-tuação. Foi quando surgiu a ideia de um propósito de mudança em sua vida, só que precisava de um incentivo. Resolveu então criar o blog “Um ano sem Zara”: “como eu sabia que não seria capaz de resistir sozinha, precisava tornar o desafio público para ter um compromisso maior”, justifica.

O blog tem como objetivo mostrar produções diárias de looks com as peças que Joanna já pos-suía no armário, sem apelar às compras. E o proje-to deu certo, ela já está na reta final para alcançar 365 dias sem compras, além de estar contribuindo com outras mulheres que sofrem do mesmo mal.

Assim, o que era para ser apenas uma iniciativa pessoal virou sucesso na internet e o blog hoje possui muitos seguidores, acompanhando suas sugestões de moda e partilhando outras experi-ências de loucuras por compras.

Como Joanna tem conseguido provar, é possível se livrar das compras desnecessárias sem perder o estilo. E também vale a pena analisar se a necessi-dade das compras é apenas uma vontade saudável ou um caso doentio para, se necessário, procurar ajuda e não chegar a um estado crítico.

Compras, um mal superável

Compra excessivapode ser doença séria

Dicas fashionistas“Qualquer acessório tem o poder de transformar um look.

É preciso ter bom-senso, por isso, na dúvida, não carregue muito. A palavra é criatividade. Aposte no mix de pulseiras e anéis que são hit da temporada. Se o look é mais sóbrio, arrisque e abuse das pérolas. Você pode usar os acessórios de formas diferentes: um cinto fino de onça, por exemplo, pode virar uma pulseira dando várias voltas, um anel de pedra bacana pode virar pingente de um colar.”

Joana CorreaConsultora de moda e blogueira

“O primeiro passo é visualizar as roupas que tem e tirar as peças de dentro do guarda-roupa. Você vai perceber que exis-tem várias peças que nunca pensou em combinar, porque, na verdade, a gente fica viciada em algumas combinações e não testa nada de novo. A palavra é misturar. Sobrepor peças também é um truque que pode render várias combinações inusitadas!”

Kariny Camargoconsultora de moda e idealizadora de projetos

de reestilização de peças.

Por Letícia Siqueira e Tamylin Silva

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Relacionamento

Loucuras de Amor“Quem um dia irá dizer

Que existe razãoNas coisas feitas pelo coração?”

Renato Russo

Ah, o amor! É aquele sentimento responsável por nossas ações mais bizarras. Alcênio Borges, 18, estu-dante de Publicidade e Propaganda, por exemplo, era apaixonado por uma garota de sua cidade, no entanto, a guria, como ele mesmo disse, simplesmente o des-prezava. Ele, então, na intenção de conquistá-la, se jogou na frente do carro do pai dela em movimento, buscando a chance de dizer a ela algumas palavras amorosas. Só que o pai da guria simplesmente des-viou do garoto e continuou sua rota, assustado, claro. Alcênio não desistiu e correu cerca de seis quarteirões até que, por fim, o carro parou e ele conseguiu, mes-mo muito cansado e quase sem fôlego, conquistar a menina dos seus sonhos (daquela época).

Claro que não foi tão fácil quanto parece, exigiu no mínimo uma cara de pau do jovenzinho, que teve que demonstrar todo esse sentimento em público, além do grande esforço físico. Mas, como ele mesmo disse, valeu a pena.

E na intenção de ajudar aqueles que não têm ideia de como provar a sua paixão, sofrem algum tipo

de timidez, ou são do tipo durões, seguem aí algumas dicas de loucuras de amor.

•Outdoorcomalgumadeclaraçãodeamor:o valor varia de R$ 400,00 a R$ 1.100,00, mas a média é uns R$ 800,00 com fotos.

• Serenata: uma das mais famosas manifestações de amor não poderia faltar por aqui. Se tiver algum cole-ga músico, ótimo, pode sair até de graça, se não, você pode contratar

um por cerca de R$ 90,00. Para fazer, é fácil, é só encontrar uma música

bem romântica, ou até compor a sua própria, e soltar a voz

na presença de sua paixão. Garantimos que você terá

sucesso!

•Aviãocomfaixa: neste caso, é pre-

ciso estar no litoral e de-

sembolsar uma grana maior. Depois, é só sentar na areia, tomando um sol com o amor da sua vida, e esperar o avião com a declaração passar.

• Faixanatorcidaorganizada: o valor sai em média R$ 40,00 para uma faixa de mais ou menos uns 3 metros. Mande fazer essa faixa com uma frase declarando o seu sentimento e, se possível, vá a alguma partida de futebol que tenha transmissão televisiva pra fazer ainda mais sucesso.

• Declaraçãoromânticapelorádio: geral-mente, é um serviço gratuito. Em Bauru, por exemplo, você pode ligar para 94fm e mandar ver (14) 2108-9494.

• Presente-surpresa: mandar uma lem-brança bem chamativa no serviço da pessoa amada.

• Tatuagem: o valor da tatuagem varia, de-pende do tamanho dela. Tem tatuagens que custam de R$ 250,00 até uns R$ 1.000,00 ou R$ 2.000,00.

• Propagandaemônibus: o valor é em média R$ 340,00 por ônibus durante 30 dias.

• Vídeoemredessociais: você precisará apenas de câmera que faça vídeo e perfis em redes sociais, tudo dependerá da sua criatividade e do tamanho do seu amor.

• Jantarromântico: escolha algum restau-rante à luz de velas. Alguns até oferecem a opção de fechar o estabelecimento com exclusividade para o casal.

• Panfletagem: entregar panfletos em frente à faculdade ou trabalho, de-clarando o seu amor. O valor é em média, R$ 600,00 para 10.000 exemplares em qualquer gráfica da região.

Por Marcel Chaves e Kariline Ribeiro

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16 | Campus Magazine

“Chavesmaníacas”

Seriados

Independentemente de qual seja sua opinião em relação aos seriados Chaves e Chapolin, com certeza, você, caro leitor, conhece alguém que ainda assista aos episódios protagonizados

por Roberto Gómez Bolaños. Além disso, também já deve ter ouvido bordões como: “Foi sem querer querendo”; “Isso, isso, isso” e “Ninguém tem paci-ência comigo”. Esses fatos só mostram a força que os seriados mexicanos de Bolaños conquistaram no Brasil.

O mundo “CH” – nome carinhoso que os fãs deram para tudo que envolve os seriados – conta com os mais diversos tipos de fãs, desde os mais novos, até os mais velhos, que começaram a encantar-se com o seriado desde sua estreia na televisão brasileira, em agosto de 1984, pelo Sis-tema Brasileiro de Televisão (SBT).

Um bom exemplo de “Chavesmaníaco” é o Administrador de Empresas Victor Hugo Jun-queira, membro fundador do fã-clube “Os manos do barril”.

“Sempre fui fã de Chaves e Chapolin, desde minha época de escola primária, e sempre tive muitos amigos que também são fãs. Então, a gente se juntou para trocar ideias e assistir aos episódios com a galera reunida”, comenta Junqueira.

Vitor conta qual foi sua maior loucura pelo se-riado: “já falei que estava dormindo para deixar de ir às compras com minha mãe e assistir Chaves”.

O técnico em informática Felipe Cardoso Miceli, também membro do fã-clube “Os manos do bar-ril”, admite não mais assistir ao seriado com tanta frequência, em virtude da rotina diária, mas ainda mantém-se fã. “No momento, assisto raramente, por conta dos horários que não me favorecem.

Assisto às vezes aos sábados, perto do meio dia”, diz.

Bruno Henrique da Silva é um dos responsáveis pela interação dos fãs de Chaves e Chapo-lin nas redes sociais, pois é dono da comunidade “Cha-ves (((OFICIAL)))” que hoje conta com 112.619 membros. Silva que, claro, também é um ‘Chavesmaníaco’, revela qual o momento mais marcante nos programas para ele: “A música do início (abertura dos seriados) que serve pra tirar a atenção em qualquer momento e viajar ao passado”.

Por sua vez, o técnico de te-lecomunicações Bruno Otávio Junqueira, também um legítimo “Chavesmaníaco”, destaca qual sua maior loucura pelos seriados: “Comecei a assistir Chaves, perdi a noção do tempo e me desliguei do mundo. Quando percebi, es-tava mais de duas horas atrasado para ver uma mulher com quem tinha marcado encontro”.

Porém, para sorte de Jun-queira, a mulher em questão também era fã do programa, fato que o favoreceu.

“Ficou magoada, mas quan-do falei que estava vendo Cha-ves, ela me perdoou”, completa.

Por Carlos Alberto Garcia Biernath eBruno Guilherme Lecciolle de Faria

Fãs do seriado mais querido do Brasilcriam fã-clubes, dedicam-se a comunidadese apresentam suas manias pela sériecriada por Roberto Gómez Bolaños

Loucuras

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Fazer tatuagem, terminar o namoro, brigar com todo mundo, chorar até não ter mais força. Parece brincadeira, mas estas são

algumas das loucuras que torcedores fanáticos fazem ou já fizeram pelos seus times de futebol.

O Brasil é um país em que o futebol é muito pre-sente e o povo brasileiro gosta e acompanha muito o esporte. Mas há certos exageros por parte de al-guns ou, como eles mesmos preferem dizer, amor.

Percebemos que a preferência nacional é o fu-tebol, porque o ano inteiro há campeonatos esta-duais, nacionais, eliminatórias, e, além disso, os programas de esportes sempre falam de outras modalidades, mas sem deixar de focar no futebol.

Muitos podem pensar: que graça tem um ban-do de marmanjos correndo atrás de uma bola? Mas, para os amantes do esporte, é muito mais que isso. A bola é mais que uma bola, e a busca da vitória é mais que uma simples corrida até o gol. Afinal, como diria Bill Shankly: “O futebol não é uma questão de vida ou morte. É muito mais importante que isso.”

E quem concorda com esta frase é Thiago Giansante, de 24 anos, que é torcedor fanático do Corinthians. “Faço de tudo para seguir meu time, inclusive quase fui vítima de uma em-boscada feita por torcida organizada de outro time.” Porém, mesmo correndo perigo, ele não abre mão de acompanhar o clube. “Quando con-

sigo, vou a qualquer jogo do Corinthians. Pode ser com o último colocado da tabela, pode ser um clássico em que o outro clube é mandante”, finaliza.

Mas tem quem não goste nem um pouco deste fanatismo exacerbado dos homens: as mulheres que não fazem questão de saber o que é um im-pedimento. Como é o caso de Caroline Luquini, 25 anos, namorada de Diego Cordeiro, 26 anos. “Fiquei sozinha, em casa, no dia do aniversário do nosso namoro porque tinha jogo do Palmei-ras”, conta. Mas o namorado justifica que era um jogo imperdível. “Era Palmeiras e Corinthians, como poderia perder? Ela tem que entender”.

Entretanto, parece que nem todas as mulheres são iguais. Afinal, existem, sim, mulheres que são fanáticas pelos seus clubes também. Paula Cardoso é fanática pelo Santos e disse que fez seus pais passarem vergonha por seus exageros. “Meus pais convidaram uns amigos para jantar em casa e era bem no dia de Santos e Flamengo pelo Campeonato Brasileiro. O Flamengo ga-nhou de virada e eu deitei no chão da sala, chorei e xinguei compulsivamente”, relembra. Ainda segundo Paula, os convidados ficaram tão sem graça, que foram embora disfarçadamente.

Tal situação pode ser comum para alguns, mas, segundo a psicóloga Rosana Márcia, nada que seja exagerado é bom. “Há pessoas que per-

dem de desfrutar do convívio social, afastam-se de amigos porque eles torcem por outros times, ou até terminam namoros por isso”, analisa. Ro-sana ainda complementa que é necessário que amigos ou familiares fiquem de olho neste tipo de pessoa para que este amor pelo clube não vire uma séria doença.

André Poli, 31 anos, foi um desses fanáticos que passou a ser doentio pelo clube. “Sou são--paulino com muito orgulho desde criança. Amo meu time, mas não faço mais certas coisas que costumava fazer antes”. André conta que, antes, chegava a gastar praticamente todo o seu salá-rio com objetos, camisetas e tatuagens do São Paulo, e que era capaz de deixar sua família em datas festivas para acompanhar o time ou ir às reuniões da torcida organizada, Independente. “Depois de um tempo, descobri que não há nada mais importante na vida de alguém do que a fa-mília e os amigos. E por muito tempo eu desper-dicei isto. Demorei, mas aprendi”, enfatiza.

Assim como André, muitas pessoas são faná-ticas pelos seus clubes, uns mais, outros menos. Mas é importante que estas mesmas pessoas saibam diferenciar uma coisa da outra para não deixar que o time tome conta de suas vidas e ati-tudes. Rir, pular, comemorar... ser feliz. São estes os verbos que o futebol deve sempre proporcio-nar. Afinal, torcer é fantástico.

Soy Loco Por Ti

Por Mariana Gasparini

Estádio Alfredo de Castilho, casa do Esporte Clube Noroeste

“O futebol não é uma questão de vida ou de morte. É muito mais importante que isso...”

Bill Shankly

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Futebol

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O que é ser adolescente? Loucuras, aventuras, descobertas, seriam es-sas algumas das palavras que me-lhor definem a adolescência? Esta é uma das fases mais intensas

de nossas vidas, e é neste perío-do que nos sentimos envolvidos por diversas sensações. Os jovens possuem uma carga de energia impressionante, por isso, a maioria deles não consegue ter uma rotina comum.

Alguns adolescentes querem aproveitar o máximo todos os mo-mentos e, muitas vezes, devido a isso, acabam não respeitando limites a fim de conseguir o que desejam. Às vezes, tanta ousadia é capaz de dar impulso às loucuras, que geram sustos nos pais.

Não é raro que as atitudes dos adoles-centes sejam consequência da busca de uma identidade, de um caminho a seguir, e é nesta fase que começam a conhecer o mundo realmente. Muitos, então, fogem de casa por se sentirem deslocados, desfrutam do primeiro “porre”, têm a primeira relação sexual, começam a conhecer o que é amor e até sofrem por decepções amorosas. As situa-ções de riscos são consideradas atrativas para alguns, que preferem dizer que vivem perigo-samente.

É como conta Leonardo Goy: “Há um ano, mais ou menos, não sabia mais o que era certo ou errado, fazia tudo o que tinha vontade, sem me preocupar sobre o que iriam achar e, principal-mente, o que meus pais iriam pensar, o que aca-bou gerando diversos conflitos em minha família. Saía de segunda a segunda, sem hora pra voltar, bebia, fumava, fazia de tudo um pouco, o que eu queria era curtir, não só por minha vontade e sim também pela influência de meus amigos”.

Adolescência, Fase anormal?

Como os adolescentes secomportam durante esta etapa.

Adolescentes

Por Mayara Luna

“Há um ano, mais ou menos,não sabia mais o que era certo

ou errado, fazia tudoo que tinha vontade…”

Leonardo Goy

Preconceito A maioria da sociedade encara os comporta-

mentos de adolescentes de forma bastante pre-conceituosa, e muitos se esquecem de que tam-bém viveram este período e, talvez, tenham até passado pelas mesmas situações. Mas a verdade é que, quando se é adolescente, é comum achar que “tudo é possível”, sem se preocupar com nada, e, então, muitos adolescentes não se importam com os conselhos que ouvem, pois continuarão agindo como acham que devem agir.

O jovem Leonardo ainda diz que tudo o que aconteceu não deixou apenas de ser uma fase de sua vida, e, com certeza, ainda aprende muito com ela. Hoje, aos quase 19 anos, pensa de uma forma já um pouco diferente, e entende que a preocupação de seus pais, um ano atrás, foi mais do que normal, pois, se eles não se preocupassem, poderia ter seguido por um caminho ruim, como se envolver com dro-gas, violência…

É assim que, na maioria das vezes, os adolescentes agem. É claro que há casos e casos, que não devem ser comparados,

muito menos adotados por eles.Segundo a psicóloga Maria Lúcia Figueiredo,

na fase da adolescência, a pessoa está passando por mudanças no corpo e na mente, e isto pode causar uma confusão, já que nem o jovem sabe o que ele realmente quer. Estas mudanças e con-flitos, muitas vezes, influenciam no comporta-mento dos adolescentes. É por isso que muitos querem “chocar” e tomam atitudes como fazer tatuagem, cortar e pintar o cabelo, usar roupas diferentes, pois assim acreditam que seria um modo de chamar a atenção. Mas, de certa forma, acabam se conhecendo melhor nesta fase e pas-sam por um processo de amadurecimento.

Afinal, ser adolescente é querer viver ao extre-mo, sem medo de ser feliz!

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2º Semestre 2011 | 19

do governo ser insuficiente. Luiz Fernando Lo-pes opina: “minha visão é que, no Brasil, ainda estamos na idade da pedra no que diz respeito à prevenção, tratamento, recuperação e reinserção social na área da dependência química”. Lopes também aponta: “É uma verdadeira hipocrisia e um jogo de empurra, sendo que a população não faz nada, pois acha que o problema é do governo. O governo faz muito pouco a respeito, repassando o problema para a área da saúde, que infelizmente no país, está falida”. Cleide, que chegou a cuidar de 40 pacientes, sozinha, assinala os mesmos pro-blemas e reforça a falta de profissionais: “Enferma-gem você tem, profissional médico você não tem”.

QuestionamentoO número de usuários de drogas não para

de aumentar, tendo se tornado uma espécie de epidemia, transformando os que buscam a ale-gria no uso de drogas em seres tristes. Mesmo quando nos aprofundamos no assunto, restam algumas dúvidas: se as drogas atualmente ilí-citas já causam todo este estrago, quais seriam os riscos da liberação das drogas? Como a es-trutura atual vai lidar com a maior demanda de dependentes em busca de tratamento? Quem irá cuidar deles? O Governo? Os profissionais quase inexistentes na área? Somos todos responsáveis pelas respostas a esses questionamentos.

Sociedade

Elevar a mente é algo desejado por muitos seres humanos. Para isso, recorrem a várias formas de transcender: alguns buscam a religião, outros ampliam seus estudos filo-

sóficos ou científicos, uns meditam... Há, porém, quem veja nas drogas um atalho. Mas será mesmo que vale a pena sacrificar o próprio corpo e mente para isso? As drogas agem no organismo alterando suas funções quanto aos sentidos emocionais e físi-cos. Por isso, parecem ser, num primeiro momento, uma ótima escolha para quem quer sentir sensações além do que o corpo e a mente já nos oferecem.

Os entorpecentes, num primeiro momento, fazem o indivíduo parecer feliz, aumentam a sua resistência física, proporcionam a sensação de “viajem” de elevar a mente para outro mundo. Muitos também se drogam por outro razão: a fuga. A sociedade nos cobra muito em tudo, em todas as esferas, o que leva um contingente significativo para o caminho das drogas. Alguns acreditam de fato que as drogas podem trazer realmente benefí-cios e, sem perceber, vão se tornando dependentes. Na opinião de Luiz Fernando Lopes, Coordenador de Tratamento da Associação Comunidade Tera-pêutica Recomeço, Agudos SP, ‘‘é uma das piores doenças já vistas, que afetao físico, o mental, o espiritual e é incurável, que mata desmoralizando os seres humanos, sem distinção de sexo, cor, po-sição profissional, raça ou crença religiosa’’, relata Lopes sobre a dependência química.

O Coordenador de Tratamento explica que a maior barreira dos indivíduos que se aproximam das drogas é o obstáculo em diferenciar admissão de aceitação do problema e que, por isso, eles têm dificuldades em aceitar a dependência e procurar ajuda especializada. “É o famoso quando ‘quiser eu paro’”, enfatiza. Cleide de Andrade, auxiliar de enfermagem no Hospital de Saúde Mental de Ourinhos, SP, explica que não é fácil parar com as drogas: “a dependência química é muito forte”, ressalta. Quem vê de fora acredita faltar esforço por parte de dependentes, pensando que basta querer parar e pronto, mas segundo Andrade, é preciso muito mais do que vontade: “ele (depen-dente) precisa mudar totalmente o meio em que vive, o convívio”.

TratamentoConforme explica Cleide, há tratamentos lon-

gos que apresentam bons índices de melhora. No entanto, alguns casos mais sérios deixam graves sequelas, quando não, levam ao óbito.

Geralmente, quem procura ajuda em centros como o Recomeço são as famílias, sempre de-sesperadas e cansadas, pois já tentaram de tudo.

Hoje, os familiares e os dependentes encon-tram diversas dificuldades. São elas a quantidade escassa de leitos, os profissionais nem sempre qualificados trabalhando na área além do apoio

Por Rafael Vieira Sinhorilioe Rodrigo da Silva Pedroso

Um caminho de loucura e difícil reabilitação

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Quando passam pelas ruas, eles chamam a atenção, pelo seu tamanho, seu visual, suas

cores, ou pelo simples fato da raridade de vê-los circulando pela cidade. São os automóveis an-tigos, que recebem os devidos cuidados de seus donos e são tratados como relíquias, verdadeiras joias raras, carregando histórias e sentimentos. Há mais de 40 anos, o comerciante Luis Antô-nio Biazotto, de 60 anos, se dedica a sua coleção de carros antigos, e conta que essa paixão come-çou logo cedo, com seu pai, que era mecânico e,

aos 14 anos já possuía seu primeiro veículo.

Em sua coleção de carros, desta-ca-se um modelo especial para Biazotto, um

Citroën ano de 1950 que foi restaurado pelo seu próprio pai. Considerado o preferido da coleção, não está à venda por ter um valor inestimável para ele. O conversível está há mais de 40 anos com a família. Para manter os carros antigos, Biazotto afirma que existem diversas dificuldades, que vão desde o encontro de peças especiais até mesmo a mão-de-obra qualificada para restauração.

Os veículos são utilizados em eventos e desfiles comemorativos na cidade e também são alugados para casamentos e festas, a grande procura é prova que esses carros chamam atenção pela beleza e im-ponência, e o glamour destes automóveis encanta

Paixão porcarros antigos

Muito mais quesimples meios de locomoção,

colecionadores mostram que veículos são como membros

da família

o público de todas as idades, desde os mais jovens até os mais saudosistas que lembram de histórias e passagens da vida ao encontrar esses carros.

Além de todos os finais de semana serem re-servados à participação de eventos e encontros de carros antigos, Biazotto afirma que algumas loucuras já foram feitas durante esses anos de coleção e paixão, a de maior destaque, contada orgulhosamente, foi de ter percorrido centenas e centenas de quilômetros até chegar a cidade do Rio de Janeiro para participar de um encontro. O veículo utilizado nessa aventura foi um Chevro-let Bel Air ano 1956.

E o próximo desafio já tem local definido, ir de Jaú, interior de São Paulo, até o sul do país, pas-sando pelas cidades de Florianópolis, Curitiba e Gramado a bordo de um Ford F-1 ano de 1952.

Biazotto posa ao lado de seu Ford F-1: viagem programada para sul do país

com o veículo

Por Murilo Surian

Automóveis

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carros antigos

Música

Shineon you,crazyDiamond!Syd Barrett criador e criatura

Roger Keith Barrett, apelidado de Syd, foi um dos fundadores ao lado de Roger Wa-ters, Nick Mason e Richard Wright, da

banda inglesa Pink Floyd, precursora do gêne-ro progressivo. Vocalista, guitarrista e principal compositor da banda, que no início se dedicava ao rock psicodélico, seu talento era inquestioná-vel, tanto na forma inovadora de tocar quanto na de compor, ou até mesmo na pintura-arte, que não abandonou até a sua morte em 2006.

À frente do Pink Floyd, Barrett lançou dois álbuns, The Piper at the Gates of Dawn (1967), no qual compôs e cantou quase todas as faixas, demonstrando sua liderança e a confiança dos outros membros em seu talento, e A Saucerful of Secrets (1968), o primeiro com David Gilmor nas guitarras e seu último suspiro com o Floyd - nes-se álbum, seu estado mental mostra claramente que era insustentável sua permanência na banda.

Syd tinha uma personalidade excêntrica e afável, mas, em alguns momentos, odiava o con-tato com as pessoas, demonstrando certa instabi-lidade emocional. À medida que a popularidade da banda aumentava, o constante uso de drogas, especialmente o LSD, deixou de ocupar um lugar de escape e fonte de inspiração para muitas de suas músicas, e começou a agir de forma destru-tiva em sua mente.

Por Elton Lucianoe Gabriele Pazetto

“Eu sempre achei que os jovens deveriam se divertir, mas acho que nunca consegui isso.”

Syd Barret

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O seu comportamento nas apresentações era cada vez mais imprevisível, chegou ao ponto de ficar estático no palco com o olhar fixo em um ponto, tocando apenas um acorde. Visivelmente incapacitado de seguir com as turnês, e mesmo de dar entrevistas, os membros da banda opta-ram por não mais levar Syd aos shows.

Após sua saída do Pink Floyd, Syd Barrett ainda lançou dois álbuns, The Madcap Laughs (1970) e Barrett (1971), mas seu declínio mental o fez abandonar tudo e se manter recluso em sua cidade natal, Cambridge, por mais de 30 anos, até a sua morte.

Mesmo longe do Floyd, Barrett se manteve presente. Sua loucura foi fonte de inspiração para composições como Comfortably Numb e o álbum Wish You Were Here – todo dedicado a ele – que trazia a música Shine on you Crazy dimond, con-tando sua história desde a infância até o estrelato e descrevendo a experiência dos outros integran-tes, convivendo com sua deterioração nos últi-mos anos de convívio quando ele perdeu a noção do que era real ou alucinação.

Loucura que destróiBarrett não foi um caso isolado, vários ícones

do Rock and Roll tiveram suas vidas destruídas por conta de problemas psicológicos aliados ao consumo excessivo de drogas. A psicóloga Con-ceição Godoy afirma que em muitos dos casos que acompanhou, geralmente, existia uma pre-disposição à dependência, como históricos de depressão e problemas familiares. Segundo ela, a droga atua como uma válvula de escape, tra-zendo uma sensação de alívio e bem-estar, o que, com o tempo, se desfaz, agravando o quadro clí-nico, muitas vezes sem expectativa de volta.

Para o estudante de música erudita Alan Guerreiro, as drogas naquela época eram certa novidade, algo inovador pra se libertar dos pro-blemas, hoje temos muitas drogas legalizadas, como antidepressivos e afins. Já na música eru-dita, não havia essa influência, apenas havia um meio de fuga, como álcool e cigarros, mas nada tão grave. Na história do jazz, já houve uma in-fluência mais forte, tanto que músicos como o Charlie Parker que, pelo uso excessivo de coca-ína, ficou sem seu instrumento, Joe Pass guitar-rista internado por longos períodos, enquanto as drogas tiveram uma influência no rock, o psico-delismo dos anos 70.

O profissional liberal O.Z*, é um ex-depen-dente químico e usou LSD durante sete anos. Ele nos relata que a droga era pra ele como um abrigo, mas que, com o passar dos anos, todas as coisas de que ele fugia o perseguiam, principal-mente quando estava sobre o efeito da droga. “O LSD era meu porto seguro, quando eu usava, me sentia protegido dos meus medos, mas um dia me vi à deriva, naufragando em meio a todos es-ses medos”.

Doces loucuras da Web

Assustadorwww.assustador.com.brVocê é louco por fatos assustadores, histó-rias horripilantes e sobrenaturais? Entre no site Assustador para conferir fotos e deta-lhes incríveis.

Loucos por descontowww.loucospordesconto.com.brO site traz links diretos dos melhores sites de descontos, dos mais diversos produtos, como perfumes, televisores, GPS e cupons de descontos de grandes marcas.

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Akinator,o gênio da internethttp://pt.akinator.comPense em alguém, qualquer pessoa. Cantor, ator, atriz, presidente, apresentador, não im-porta o gênio da internet adivinha. Não está acreditando? Só passando no site e tirando a prova. Vale a pena conferir.

Loucos por cinemawww.loucosporcinema.com.brQuer ficar por dentro das principais estreias do cinema brasileiro e internacional? Acom-panhe o site Loucos por Cinema, e confira o top list dos filmes mais vistos com críticas e comentários.

por Lídia Pauletti e Jéssica Prado

Música + Web

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Loucos de pedraAssustadores, esses personagens distribuí-

ram um verdadeiro pavor aos telespecta-dores e a quem estava a sua volta. Passaram

quase nove meses aterrorizando mocinhos e moci-nhas, fazendo-os sofrer. São capazes das maiores atrocidades em favor de suas loucuras. Relembre os psicopatas, os loucos de pedra de nossa telinha.

Belas e fataisEm 1998, em Torre de Babel, de Silvio de

Abreu, uma executiva potencial, solitária que mantinha uma paixão em segredo por seu me-lhor amigo Henrique (Edson Celulari). Ânge-la Vidal (Cláudia Raia) ao descobrir que seu grande amor e amigo estava apaixonado por outra, acaba perdendo o controle e virando ou-tra pessoa. Rouba, chantageia, sequestra crian-ça e até mata por causa de sua paixão platônica. E o que dizer da tresloucada Adma Guerrero (Cássia Kiss) em Porto dos Milagres (2001)? A personagem era uma mulher amarga que só tinha olhos para seu marido Félix Guerrero (Antonio Fagundes). Para torná-lo rico, fez de tudo. Um de seus truques favoritos era matar as pessoas que cruzavam seu caminho e de seu companheiro. Usava um anel que possuía um compartimento secreto onde guardava veneno em pó, e na ocasião certa, utilizava-o para o crime. Terror total!

Confira quem apimenta e enlouquece as tramas,

deixando até os mais sóbrios, confusos!

Por Paulo Henrique Lopes e Rosilene Barban

Mas nenhuma foi tão venenosa e enlouqueci-da quanto Yvone (Letícia Sabatella) de Caminho das Índias (2009), uma mulher falsa, bonita, mas ordinária. Assim era seu papel na trama de Gló-ria Perez. Era fingida, em seus relacionamentos com os amigos e sobre a existência de sua famí-lia. A personagem chegou a roubar o marido de sua melhor amiga. Para isso, arquitetou um pla-no, fez com que todos acreditassem que ele tives-se morrido. Depois, fugiram para outro país. Lá passou a perna no rapaz, ficou rica e sozinha. E ainda tentou matar outras pessoas por envene-namento.

E não é de hoje que as novelas abordam a lou-cura com um apelo dramático, pois com isso é garantia de muita audiência e discussões.

“Acredito que essa temática aparece como o resultado do apelo dramático; o interesse, não há dúvida, está em aumentar a tensão entre os telespectadores para garantir adesão e fidelida-de. E o que ocorre é, de maneira geral, identi-ficação com os personagens, para a introjeção de modelos ideais, não só de normalidade, mas também de perfeição, seja nos corpos perfei-tamente modelados para um padrão; seja nos atributos pessoais, que levam mágica e invaria-velmente para o sucesso e a riqueza,” comenta Rinaldo Correr, psicólogo da Universidade Sa-grado Coração.

Os homens também têm sua vezAmargo e totalmente desequilibrado, Marcos

(Dan Stulbach) não aceitava a separação com sua esposa, Raquel (Helena Ranaldi). Tinha persona-lidade confusa e a perseguia, não a deixando em paz. Um de seus passatempos favoritos era bater na personagem com raquetes de tênis. Um psico-pata que causou grande indignação no público, em Mulheres apaixonadas (2003). Lobo em pele de cordeiro, Clóvis (Dalton Vigh), de O Profeta (2006), se fingia de bom moço e chamava a aten-ção de muitas mulheres. Acabou se casando com Sônia (Paola Oliveira) e fazendo da vida da moça um verdadeiro inferno. Além de mantê-la presa no sótão de sua casa, colocava todos os dias em sua comida um pouco de veneno para matá-la lentamente.

Na busca pelo novo e pela audiência, estes per-sonagens aparecem em excesso e para que servem?

“Para elucidar o lado do bem e para revestir de sentimentos opostos o lado mal. A loucura desperta uma tensão psicológica, evidenciada pelo estranho, pelo imprevisível... a loucura é a produção moderna da adaptação a um mundo injusto, desigual e caótico; é a adaptação possí-vel de quem não tem possibilidade,” completa Rinaldo.

E quem poderá dizer que todos nós somos normais? Ninguém!

Ficção

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Infância tímida e retraída, relações conturba-das com as pessoas que o cercavam, pobreza e tendências suicidas. A vida de Vincent Van Gogh foi recheada de fatos que causam curio-sidade e comoção entre as pessoas que o estu-

dam. Ele mesmo se considerava um fracasso em todas as áreas, uma vez que não conseguiu mon-tar uma família ou manter o sustento próprio e tampouco conseguiu fazer com que as suas obras fossem reconhecidas enquanto ainda era vivo.

O estado mental de Van Gogh sempre chamou a atenção de especialistas na área, sendo que o seu primeiro diagnóstico foi de perturbações epiléti-cas, com violência e alucinações. Nos dias de hoje, os psiquiatras que estudam o caso especulam que o pintor era vítima do transtorno bipolar do humor, o que explicaria tanto os seus acessos de intensa violência, como também as crises de depressão profunda e de apatia pelas quais era acometido.

Entre os acontecimentos de sua vida, o que mais causa questionamentos e especulações é a pintu-ra em que Van Gogh fez um retrato de si mesmo enfaixado, após ter cortado uma de suas orelhas. Alguns de seus biógrafos contam que esta foi uma vingança contra a sua amante. Naquela época, o pintor teria descoberto que Virginie estava apai-xonada por Paul Gauguin, seu amigo íntimo, e por isso teria cortado a orelha, logo em seguida enviando para a mulher dentro de um envelope.

A profissional Sandra Anísio, educadora ar-tística, defende a versão de que ele teria perse-guido Gauguin com uma navalha no bolso, com a intenção de matá-lo devido à ofensa da qual acreditava ter sido vítima, quando percebeu que não tinha a coragem necessária para cometer esse crime. Então, voltou para a sua casa, onde, perturbado, acabou cortando a sua própria ore-lha com a mesma navalha, para logo em seguida enfaixar a cabeça e pintar o seu autorretrato.

Tudo em nome da arte?Um filme de Akira Kurosawa, Sonhos, ainda

conta a versão de que o pintor estava tentando fazer o retrato de si mesmo, sem conseguir de-senhar a sua orelha com a perfeição necessária, e uma vez que já estava cansado de tentar, simples-mente optou por cortar a mesma, conseguindo assim finalizar a sua pintura.

E não são apenas as imagens polêmicas que trazem discussões sobre o seu psicológico. Estu-

A loucura na arte imita a vidaA pintura, muitas vezes, pode ser um reflexo do que se passa no subconsciente de seu criador

dantes de artes plásticas apontam que os próprios tons que ele usava em sua pintura demonstram a perturbação emocional. Em algumas, apresenta a técnica do pontilhado, em outras, de-dicou-se a pequenas e rápidas pincela-das, assim como a maioria dos quadros do expressionismo, e, ainda em outras, adotava uma técnica mais espiralada, principalmente em suas últimas obras. Ironia ou não, quanto mais a sua vida se deteriorava, mais os seus quadros apresentavam tons artísticos.

Van Gogh conseguiu lidar com as suas frustrações pessoais até comple-tar 37 anos, quando, durante um pas-seio que fazia sozinho, atira contra o próprio peito. Sem morrer imediata-mente, ele ainda consegue voltar para casa, sobrevivendo por mais dois dias, em companhia de seu irmão, Theo. Sobre essa passagem, a professora San-dra afirma que, segundo estudiosos, as suas últimas palavras para Theo foram “A tristeza dura para sempre”.

A loucura e a arte podem ser con-sideradas grandes companheiras, levando em consideração o fato de

que grandes gênios, principalmente no cam-po da pintura, são considerados “loucos” por muitos dos que ouvem as suas histórias. Para quem tem interesse por esse assunto e quer se aprofundar mais, também vale a pena conferir a história de vida de Caravaggio, o gênio da pintura barroca italiana que se encaixava no perfil de psicopata; e do não tão famoso, mas nem por isso menos interessante, Louis Wain, que sofria de esquizofrenia e demonstrava isso claramente em seus quadros de gatos.

Arte

Por Najara Bertoli

Autorretrato de Van Gogh com orelha cortada