caderno - o novo ceará 12 de junho 2014

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Jornal O Estado (Ceará)

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CEARÁ

Difícil dizer o que significa a palavra “Ce-ará”. Para alguns ela significa “canto da jandaia”, tal como adotou José de

Alencar em seu romance, Iracema, baseado nos estudos do historiador e geógrafo por-tuguês que morou durante muito tempo no Brasil: Aires de Casal. Para o cônego Ulisses Penaforte, no entanto, “Ceará” quer dizer “muitas serras” ou “reunião de cordilheiras”, levando-se em consideração que, para ele, esta é uma palavra que reúne duas outras: “cetá”, muitas, e “ará”, serras.

Mas há quem afirme, como o historiador Teodoro Sampaio, que ela tem outro sentido: “bandos de papagaios”, diz ele. E não para por aí. As indagações são tantas que hou-ve até quem aventasse a possibilidade de “Ceará” vir de “Saara” por causa das secas que, de vez em quando, assolam a região. O certo é que ninguém sabe o que significa. Mas todos sabem o que não significa. Bas-ta alguém procurar pela palavra “Ceará” em qualquer lugar do mundo para saber, ime-diatamente, que aqui não faz frio e que, se o sol nasce na China ou no Japão, é para es-tes lados que se dirige e, antes de desapa-recer por trás das Cordilheiras dos Andes,

permanece mais tempo por aqui do que em qualquer lugar do planeta. Assim, para quem quer conhecer estas terras e para quem já conhece, a palavra “Ceará” tem este sentido mágico: sol, calor e alegria. Não é à-toa que o estado é considerado a capital do humor, no Brasil, e se José do Patrocínio a chamou de “a Terra da Luz” não foi só porque libertou os es-cravos, em 1884, quatro anos antes do Brasil, mas porque a luz brilha quase o ano todo so-bre ela a ponto de Paula Ney, poeta cearense do século XIX, considerar Fortaleza, a capital do estado, “a loura desposada pelo sol”.

Aqui, neste Caderno, um pouco dessa his-tória na qual o Ceará está inserido. Árvores como as carnaubeiras, que só nascem em regiões secas como o Ceará, cajueiros e oitizeiros que fazem parte não só do meio ambiente mas, inclusive, da vida do povo. Assim, há o cajueiro da Mentira, o cajueiro do Fagundes e o oitizeiro do Instituto. Tudo isso ao lado de ruas que já se chamaram da Alegria, das Flores ou da Aurora e hoje se chamam Floriano Peixoto, Castro e Sil-va e Costa Barros. Não importa. No Ceará é assim. A poesia divide seu espaço com a prosa sem ninguém perder.

EXPEDIENTECOORDENAÇÃO: Ricardo Dreher TEXTOS HISTÓRICOS E TURÍSTICOS: Natalício Barroso VERSÃO EM INGLÊS: Márcio Correia

REVISÃO: Lena Lopes PROGRAMAÇÃO VISUAL: J. Júnior FOTOGRAFIA: Anderson Santiago e Divulgação.

Terra do sol, calor e alegria

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Gruta de Ubajara ou, em tupi-guarani, do “Senhor das Canoas”

AS CIDADES DO CEARÁ E SEUS NOMES EM PORTUGUÊS

Revelação

Qual o nome de sua cidade? Tianguá, Ipaporanga ou Jaguaribe? Pois a sua cidade, na verdade, se chama “espectro d’água” em tupi-guarani, “águas belas”

e “onças pretas”. Aqui, a tradução de alguns destes nomes em português

As denominações são várias. Logo que os portugueses chegaram aqui, no Ceará,

os lugares por onde andaram já ti-nham nome. Alguns deles se cha-mavam “Apuiarés” porque era ali que esta tribo habitava ou “Canin-dé” porque, tal como a região de Apuiarés, era habitada por esta tri-bo de índios. Havia outros nomes, no entanto, que indicavam aciden-tes geográ� cos ou abundância de pássaros, por exemplo, como é o caso de “Aratuba”.

Modi� cando alguns nomes e mantendo outros ao longo do tempo, o Ceará possui, atualmen-te, 184 municípios dos quais pelo menos 107 são nomes indígenas: Camocim, Crateús, Crato, Itatira e assim por diante. Para quem gos-taria de saber o que alguns destes nomes signi� cam, em português, aqui vão algumas versões.

Aquiraz, município que � ca per-to de Fortaleza e, segundo a His-tória, foi a primeira capital do es-tado, quer dizer “gente de terra”. Não se sabe exatamente por que mas, se se levar em consideração que � ca perto do mar dá a impres-são de que tal denominação foi dada por índios pescadores em relação àqueles que � cavam em terra enquanto se aventuravam em alto mar. Aracati, por sua vez, se refere a um vento. Diferente

de todos os outros, no entanto, o “vento aracati” tem uma particula-ridade. Ele não só refresca o am-biente por onde passa. Ele tam-bém perfuma estes lugares.

Aracoiaba, por outro lado, se refere ao lugar onde as aves can-tam enquanto Beberibe indica o lugar onde a cana cresce. Bana-buiú é o rio que dá muitas voltas. Assaré, a terra que � ca entre dois rios. Guaiuba é o vale que pos-sui muitas águas e Coreaú indica o nome de um pássaro, curiá, e de um rio porque era para ali que estes pássaros costumavam se dirigir quando tinham sede. Core-aú, portanto, signi� ca “água dos curiás”. O mesmo acontece com Ipaporanga que, se não tem nome de pássaro em sua etimologia tem, pelo menos, o nome de um rio ou lagoa que, de tão bonito, os indígenas chamaram de “águas belas”. Irauçuba é “amizade”. Itapajé, “pedra do pajé”. Itapipo-ca, “pedra-lascada” e Itarema, tal como Aracati, também exala per-fume em suas sílabas. “Ita” iden-ti� ca “pedra” e “ema”, “perfume”. Itarema, portanto, quer dizer “a pedra que perfuma”. De onde os índios tiraram tal nome, � ca difícil dizer mas, se se levar em conta que, além das pedras e ventanias que perfumam o interior do Ceará ainda há o “lugar das � ores”, Po-

tiretama, e do “senhor das cano-as”, Ubajara, dá para entender por que outros lugares da terra de Ira-cema se chamam “rio das onças”, Jaguaribe, “onças pretas”, Jagua-retama e “buraco das tartarugas”, Jericoacoara.

Tianguá, em tupi-guarani, quer dizer “espectro de águas” e Qui-xeramobim, segundo uma lenda, “Ah que saudades que eu tenho”. Conta a lenda que um velho índio, tendo voltado à terra onde nasceu depois de muito tempo, se emo-cionou tanto diante do que viu que exclamou: “Quixeramobim” que, em português, quer dizer “Ah que saudades que eu tenho”.

Com a Independência do Bra-sil em 1822, muitas destas cida-des ou povoados passaram a se chamar Independência, Imperatriz ou Pedro II. Logo após a Procla-mação da República, os nomes indígenas retornaram. Itapipoca, por exemplo, que se chamava Im-peratriz em homenagem à Dona Leopoldina, mulher de D. Pedro I, voltou a se chamar Itapipoca e D. Pedro II, atual Abaiara, passou a ter este último nome em 1938, trinta e nove anos depois da Pro-clamação da República, é verda-de. Abaiara, no entanto, quer dizer “homem ilustre” em tupi-guarani. Como D. Pedro II é, de fato, uma pessoa ilustre, há quem diga que

tal nome, quando foi escolhido pela população, tinha, como ob-jetivo, homenagear o velho impe-rador novamente. Desta vez em língua indígena.

OUTRAS CURIOSIDADESIndependência, que � ca a 310

quilômetro de Fortaleza, só pas-sou a ter este nome em 1857. An-tes disso se chamava Pelo Sinal. E por uma razão muito simples. Ha-via passado pelo lugar, em � ns do século XVIII, o Frei Vidal da Penha e pediu a um fazendeiro, José Fer-reira de Melo, para levantar uma capela em suas terras. O fazen-deiro atendeu à sugestão do frei e, com o tempo, surgiu um povoado em torno da capela que, por falta de nome melhor, passou a se cha-mar Pelo Sinal e como tal perma-neceu até meados do século XIX.

Acarape, que � ca nas ime-diações de Redenção, tinha ou-tro nome. Chamava-se “Cala a Boca”. Segundo a tradição, tal denominação foi dada pelos � eis que frequentavam a igreja nas imediações. Como os índios fa-ziam muito barulho em torno dela, os � eis saíam para fora e gritavam “cala a boca” para eles. De tanto repetir esta admoestação, o nome pegou e, antes de Acarape, o mu-nicípio se chamava “Cala a Boca”. “Vai para onde?” “Cala a Boca”.

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LENDAS E CURIOSIDADES DE FORTALEZA E DO INTERIOR

As mil e uma noites do Ceará

Camelos em Fortaleza e em Baturité, dilúvio em Itapipoca, dragões em Ipu e uma cruz milagrosa em Solonópole. Estas são algumas das lendas do interior e da capital cearense

R ecém-chegado ao Ceará em 1859, o pintor francês, F. Biard, não � cou nem um pou-

co surpreso quando se deparou com alguns camelos nas praias de Fortaleza. Para ele isso era muito natural. Mas não para a população que quando viu aqueles ruminan-tes chegar � cou extasiada.

A ideia, na verdade, partiu da Comissão Cientí� ca, formada no Rio de Janeiro em meados do sé-culo XIX e que tinha o objetivo de viajar por todo o Brasil coletando amostras da fauna e da flora do País. Achando que o clima cea-rense era propício para se criar camelos e dromedários, a Co-missão, também chamada “das Borboletas”, por causa de sua aparente inutilidade, aconselhou Dom Pedro II a praticar esta ex-periência científica. E Dom Pe-dro aceitou o conselho. Assim, no dia 14 de setembro de 1859 Fortaleza recebia, estupefata, a chegada de 14 animais estra-nhos totalmente ao seu meio am-biente. Impressionado com aqui-lo, o povo de Fortaleza foi para o cais ver a chegada dos animais e dos quatro árabes que os acom-panhava. Alguns dias depois, a experiência continuou. Como a Comissão Científica queria sa-ber se os animais se adaptariam, de fato, ao clima seco do Ceará, promoveu uma pequena carava-na, dirigida por um dos árabes, que tinha, como finalidade, partir de Fortaleza e chegar a Baturité.

Não se sabe se a caravana foi ou não bem sucedida. O certo é que, com o tempo, os camelos deixaram de ser meios de trans-porte, no Ceará, e tornaram-se atração turística. Eram levados para Pernambuco, por exemplo, onde os jornais locais anunciavam a chegada deles da seguinte for-ma: “No botequim do Buessard, camelos aclimatados no Ceará. Entrada: 500 reis”.

OUTRAS LENDAS E EXTRAVAGÂNCIAS

Fortaleza concentra, nela, boa parte da história do Ceará. Há outros municípios cearenses, no entanto, que também têm suas lendas e curiosidades e um deles é Ipueiras. Segundo a lenda, Ipuei-ras surgiu a partir da prisão de Ma-noel Martins Chaves, potentado do lugar. Acusado de ter mandado matar o Juiz Ordinário de Vila Nova d’El-Rei, contam os historiadores de Ipueiras que o governador da província do Ceará, nesta época, João Carlos Augusto Oeynhausen e Grwembourg resolveu prender o coronel e, para isso, decidiu via-jar para a Ibiapaba. A intenção do governador, aparentemente, era a de passar revista no Regimento da Capitania. Assim, foi recebido por Manoel Martins Chaves que, para ser útil ao governador, o acom-panhou por algum tempo até que Oeynhausen resolveu revelar a sua verdadeira intenção. Estava com o coronel em Ibiapina quando mos-trou uma réplica da coroa portu-guesa para ele e perguntou se sa-bia de quem era. O coronel disse que era da rainha, Sua Senhora.

Oeynhausen, diante disso, acres-centou: “pois, diante desta coroa, o senhor está preso” e disse lá o motivo. Levado para Fortaleza, Manoel Martins foi transferido, em seguida, para Lisboa onde foi re-colhido na prisão de Limoeiro.

Morto em 1808, justamente no ano em que a Família Real partia de Portugal para o Brasil, as terras do coronel foram vendidas em Vila Nova d’El-Rei. Dentre elas a Fa-zenda Ipueiras que, com o tempo, foi doada à freguesia de Nossa Senhora de Assunção e hoje dá nome à cidade que dista 298 qui-lômetros de Fortaleza.

PEDRA LASCADAA lenda de Itapipoca é indíge-

na. Denominada “pedra lascada” em tupi-guarani, há quem diga que esta lenda data do tempo do dilúvio. Neste tempo, enquanto Noé singrava os mares por cima da Mesopotâmia, as águas da praia da Baleia invadiam a região de Uruburetama e tomavam con-ta do lugar. Noé, quando o dilúvio acabou, se deparou com o arco--íris. Em Itapipoca, o que surgiu foi uma pedra, justamente aquela que dá nome à cidade e que ainda hoje pode ser vista em Vila Velha do Arapari, com o nome de Itaqua-tiara, em tupi-guarani, ou “pedra--d’água” em português.

TESOUROS, GRUTAS E DRAGÕES DO IPU

Ipu,a região para onde a índia tabajara Iracema do romance de José de Alencar se dirigia para to-mar banho em uma bica, também tem suas lendas. A Grécia fala de um velocino de ouro, guardado por um dragão, a Alemanha de um anel, o de Nibelungo, guardado por outro dragão. No Ipu também havia

um dragão que guardava um tesou-ro, mas que foi vencido por um ho-landês. Descobrindo uma forma de fazer o monstro dormir, este holan-dês, que não tem nome conhecido, conseguiu roubar um pouco do te-souro que o monstro guardava em sua gruta. Feito isso, levou-o para a frente da Igreja de São Sebastião, que estava sendo construída em Ipu, e o enterrou para que toda a sua riqueza fosse protegida pelo santo. Em seguida, partiu para a gruta novamente. A intenção, des-ta vez, era a de levar todo o ouro que existia no local. Mas como não conseguiu adormecer o dragão, su� cientemente, foi morto por ele.

A lenda, no entanto, pegou e, em pouco tempo, apareceu muita gente disposta a explorar a gruta do holandês. A pessoa que se deu bem, no entanto, não precisou ir até lá. Trata-se de um homem cha-mado João da Costa Alecrim que, sem precisar enfrentar nenhum monstro nem entrar em nenhuma gruta, deu com o tesouro do ho-landês diante da Igreja de São Se-bastião. Assim, � cou rico da noite para o dia. Toda vez que saía de casa, porém, era recebido com in-diferença pela população do Ipu. Como ela considerava que aque-le ouro todo estava sob a guarda de um santo (São Sebastião) não admitia que ninguém se servisse dele tal como fez Alecrim. Assim, toda vez que passava pelas ruas do povoado, a população dava--lhe as costas.

A CRUZ MILAGROSASolonópole é tida e havida

como terra de muita fé. Foi ali, por exemplo, que se deu um caso até hoje contado como intrigante. Pas-toreando os rebanhos do tenente general Manuel Pinheiro do Lago,

um de seus escravos viu reluzir, por entre o matagal rarefeito, um objeto de metal. Percebendo que era um cruci� xo que media mais ou menos um palmo de comprido e largura, pegou-o e o levou, imedia-tamente, para a casa grande sem se importar mais com as ovelhas do general. Na casa grande, entre-gou a cruz para a mulher do gene-ral, dona Rita das Dores Pinheiro, que levou a cruz para a capela da fazenda. No dia seguinte, porém, a cruz havia sumido. Procurada por todo canto, ninguém dava com ela até que o mesmo negro a desco-briu no mesmo local. Colocando a cruz em um baú, desta vez, dona Rita esperou para ver o que have-ria de acontecer e, para sua sur-presa, a cruz sumiu outra vez sem ninguém forçar o baú para o abrir. Diante disso, dona Rita resolveu reunir a família na fazenda e dis-cutir a situação. Terminada a reu-nião, foi tomada a seguinte deci-são: dona Rita haveria de construir uma capela para aquela cruz no mesmo local onde ela apareceu a primeira vez. Tomada essa de-cisão, algo quase inacreditável aconteceu: a cruz reapareceu novamente. Desta vez dentro do baú sem que, como antes, fosse forçado. Diante disso, a capela foi construída, rapidamente, e o primeiro milagre da cruz aconte-ceu. A filha do coronel Simeão Correia Lima Landim era muda e, por algum motivo, transporta-va a cruz de metal de um lugar para outro. Durante este percur-so, abriu a boca e falou. Toda população de Solonópoles tes-temunhou o ocorrido e, desde então, a capela de Bom Jesus Aparecido da Cachoeira, atual Solonópole, nunca mais deixou de ser frequentada pelos fieis.

Camelos e árabes nas dunas do Ceará

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O POETA MAIS EXCÊNTRICO DE TODOS OS TEMPOS

Poetas do Ceará

Alto, magro e dispondo de “per� l grego”, o poeta Raimundo Varão, do Ceará, possuía seis dedos em cada mão, criava um sapo em uma quartinha e só comia biscoito

As excentricidades dos poetas são conhecidas no mundo todo. Há um

poeta cearense, no entanto, que se destaca neste quesito. Chama-se Raimundo Varão. Contam os cronistas do início do século XX que o poeta não dava muito valor à higiene, mas, antes de pegar em um livro, fosse ele qual fosse, la-vava as mãos. E mais um de-talhe. Podia andar sujo e mal lavado, os livros que possuía, entretanto, eram todos eles impecáveis. Não havia um de-les que possuísse um risco quanto mais uma mancha em seu interior ou em sua capa.

Acostumado a andar sujo e mal vestido, houve um dia em que resolveu tomar banho. A novidade foi grande. Curiosos com aquilo, os amigos quise-ram saber por que e desco-briram o motivo. O autor de “Mademoiselle Íbis” e “Visão Noturna” estava apaixonado. Assim, resolveu não só tomar banho. Queria mudar de rou-pas, também, e assim foi feito.

A casa onde o poeta morava neste tempo, portanto, que � ca-va na Rua Formosa, atual Barão do Rio Branco, � cou apinha-da. Muitos eram os amigos (e até inimigos, quem sabe) que queriam acompanhar aque-la transformação. Depois do banho, Raimundo Varão virou um gentleman. A� nal, não era feio. Conta Otacílio de Azevedo em “Fortaleza Descalça” que, como tinha “per� l grego” era, de fato, bastante elegante.

A elegância do poeta, infe-lizmente, durou pouco. Como a mulher amada não correspon-deu às suas expectativas, voltou à vida desleixada de sempre e, como resultado disso, andava sempre com as mãos para trás levando, entre elas, um atlas de grandes dimensões que nun-ca foi aberto por ele. Depois

se soube que aquele atlas ti-nha uma função. A intenção do poeta era a de esconder, das pessoas, os fundilhos de suas calças que, segundo Otacílio, estavam “em petição de misé-ria”. O atlas servia, também, para o poeta se sentar sobre ele fosse lá onde fosse. Outra mania do poeta era a de criar um sapo dourado na casa onde vivia. Há quem diga que era desta água, inclusive, que be-bia e não comia outra coisa que não fosse biscoito. Quando se aventurou a comer carne seca assada com farinha d’água e cebolas quase morre. Sofreu uma indigestão.

A última excentricidade do poeta ocorreu no Rio de Janei-ro. Encantado com a Cidade Maravilhosa teve a felicidade, ainda, de ganhar na loteria. Assim, montou uma camisaria. Mas durou pouco tempo a fe-licidade. Revoltado com o fato de ter que abrir a loja todo dia e � car por trás de um balcão, to-mou uma decisão drástica: fe-chou as portas da loja e foi para a rua distribuir as camisas, de graça, para as pessoas. Depois disso desapareceu e ninguém nunca mais teve notícias dele.

OUTRO EXCÊNTRICOVisitando Quintino Cunha,

certa vez, Otacílio de Azevedo se deparou com uma menina linda e loura que saía da casa dele. Impressionado com aqui-lo, perguntou ao poeta, brin-cando, se aquela menina era � -lha da Holanda. Quintino disse que sim. Achando que o autor de “Solimões” estava ironizan-do, Otacílio � cou envergonha-do. Percebendo o embaraço do amigo, Quintino se voltou para dentro de casa e gritou: “Holanda!” “Oh Holanda!” Daí a instantes, apareceu a mulher do poeta que, de fato, se cha-mava Holanda. Raimundo Varão, o poeta mais excêntrico que morou no Ceará

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POR ENTRE PARREIRAIS E CAJUEIROS

Uva no Ceará

Natural de regiões quentes, e não frias como as uvas, os cajus também produzem o seu vinho e suas guirlandas para um povo alegre que se vestia de algodão e não de linho

O trigo, o linho e a uva fazem parte da cultura europeia. A mandioca, o algodão e a

aguardente, da brasileira. Com o trigo se faz o pão, com o linho, as roupas que foram usadas, inclusive, pelos faraós e, com a uva o vinho do qual se tem notícia ainda no tempo de Noé quando este, tendo salvo a humanidade do dilúvio, tomou vinho com seus � lhos e � lhas em uma car-raspana que ainda hoje é discutida pelos rabinos nas sinagogas.

A civilização da mandioca, do al-godão e da aguardente, por sua vez, tem uma outra história. Mas é com a mandioca, neste caso, que se faz o pão; com o algodão que se veste os seus integrantes e com a aguarden-te, extraída da cana-de-açucar, que se faz a bebida alcoólica. Há uma outra bebida produzida por esta civi-lização, no entanto, que se asseme-lha um pouco com aquela feita pela civilização do trigo: o vinho de caju e não de uva. Há quem diga que tal descoberta se deu por intermédio de uma pessoa que, tal como Newton,

na Inglaterra, estava sentado em bai-xo de um pé de cajueiro no Ceará e não de uma macieira e, de repente, foi atingido por um caju que lhe caiu em cima da cabeça. Newton, quan-do isso aconteceu com ele, na Ingla-

terra, descobriu a Lei da Gravidade. No Ceará, o Newton brasileiro desco-briu algo tão fantástico quanto aque-le: a fórmula mágica de tirar vinho do caju transformando a sociedade da aguardente e da cana-de-açucar

em uma sociedade do vinho a par-tir do caju e não da uva. Assim, se a Europa teve seus vinhos deliciosos citados por Homero, no passado, e por Baudelaire no século XIX, o Bra-sil também tem o seu sem que, para isso, precise viver em regiões frias e nubladas como acontece com aque-les que cultivam a parreira.

Natural de regiões secas e enso-laradas, o cajueiro é o oposto desta cultura fechada que faz com que as chuvas, e não a luz do sol; a neve, e não a claridade, transforme o ser hu-mano em � lósofo. Para quem mora em regiões onde o cajueiro fruti� ca, geralmente, o que prevalece é a ale-gria. Por aqui, se Baco tivesse desco-berto este recanto do mundo em seu tempo, teria abandonado Roma e a Grécia e partido para estes lados em busca de cajueiros frondosos para fazer guirlandas com seus ramos e dançar e cantar em torno deles ten-do, ao seu lado, as belas bacantes � lhas dos morubixabas e não as lou-ras de olhos verdes ou azuis � lhas dos reis sangrentos da Europa.

Os cajus, mais do que as uvas, produzem vinho no Ceará

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PRAÇAS SÃO REFORMADAS E ENTREGUES AO POVO

Era o Que Faltava

Com o Programa de Adoção de Praças e Áreas Verdes da Prefeitura, as praças da cidade começam a ser ocupadas por grupos de capoeira, jogadores de basquete e futevôlei

As praças de Fortaleza têm muitas histórias. A do Ferrei-ra, no centro da cidade, tem

este nome em homenagem ao boti-cário Ferreira que, no século XIX,foi prefeitoe presidente da Câmara dos Vereadores até morrer em 1859. A Marquês de Herval, atual José de Alencar, foi campo de futebol, e a da Lagoinha, entre a Av. do Imperador e Tristão Gonçalves à altura da Gui-lherme Rocha, tem este nome por causa de uma lagoa que ali existia antes de se tornar espaço público.

A Praça da Bandeira, por outro lado, se chamava Pelotas, e era o lugar para onde os circos se diri-giam quando vinham para Forta-leza. A Praça dos Leões só tem este nome por causa de três leões que foram esculpidos na França e colocados ali em 1915. Naver-dade se chama General Tibúrcio, em homenagem a este oficial cea-rense que participou da Guerra do Paraguai de 1864 a 1870.

As praças também têm suas par-ticularidades. A General Tibúrcio, por exemplo, possui uma estátua do general que, em 1892 foi atingi-da por um bombardeio, desferido pelos estudantes do Colégio Mili-tar e, quando caiu, manteve-se de pé. Possui, também, a estátua de Rachel de Queiroz, a autora do “O Quinze”, romance publicado por ela em 1930, quando estava com ape-nas dezenove anos, e serve deper-sonagem para muitos que querem tirar uma foto com a escritora cea-rense no banco onde se encontra.

O Passeio Público, nas imedia-ções, possuía distinção de bancos. Um deles era destinadoaos frequen-tadores demais idade e um outro, usado pelos mais novos. Todos os dias, no � nal da tarde, os dois grupos se encontravam sem que nenhum dos dois invadisse o espaço do ou-tro. Transferindo-se para a Praça do

Ferreira, posteriormente, o “banco dos idosos” – também chamado de “O Banco” – existiu até 1968, quan-do foi derrubado pelo prefeito José Walter para, em seu lugar, levantar os famosos “Jardins Suspensos”.

ADOÇÃO DE PRAÇASQuantas praças Fortaleza pos-

sui? Inúmeras. Cento e vinte e qua-tro delas, porém, foram adotadas por algumas empresas que, em convênio com a prefeitura munici-pal, se tornaram responsáveis por sua reforma e manutenção. Dentre elas a Engenheiro Pedro Felipe Bor-ges, no Cocó, que agora abriga a população de seu entorno com es-paço reformulado e adequado para uso público. Segundo a estudan-te Fernanda Holanda, de 31 anos, que fazia cooper no local quando a reportagem do Jornal o Estado chegou, a reforma da praça foi um incentivo para seguir com suas ati-vidades físicas. Desde que a Cons-trutora Manhattan assumiu a res-ponsabilidade de cuidar da praça,

no entanto, muita coisa mudou em sua vida e uma delas era aquilo: fa-zer cooper todos os dias, participar de roda de capoeira terças e quin-tas-feiras, a partir das 19h30min, e levar os três � lhos para se divertir na praça de vez em quando sem medo de ser agredida porque, além da iluminação pública, que melhorou bastante, havia, também, seguran-ça permanente. E mostrou a Guar-da Municipal que se encontrava a postos nas imediações.

Denilson da Silva, 17 anos, reforça o depoimento de Fernanda Holanda. Para ele a praça mudou muito. Como ainda é muito novo, frequentava o lo-cal mesmo antes da reforma. Mas foi a partir dela que se tornou mais assí-duo. Gonçalo Evangelista, 75 anos, reformado e não aposentado, tam-bém se encontrava na praça. De-monstrando apego às Forças Arma-das com um boné que lembrava o do exército, disse, sentando em um dos bancos da Pedro Felipe Borges, que se sentia um homem privilegia-do depois que reformaram a praça. A frequentadora mais animada, no entanto, foi a engenheira civil Con-ceição Ramalho. Sorrindo sempre, disse, durante a entrevista, que an-tes da reforma, tinha o hábito de fre-quentar o Parque do Cocó. Depois dela passou a frequentar a Pedro

Felipe Borges porque, como morava perto, não podia ser diferente. A úni-ca reclamação que fazia era quanto à educação do povo que, no lugar de se servir dos muitos depósitos de lixo que havia no local, costumava jogar copos plásticos e garrafas pets no chão. Felizmente, diz ela, a ad-ministração da praça, mantida pela Manhattan, com o apoio da Prefeitu-ra, estava presente para cuidar deste deslize e tornar aquele sonho antigo, a reforma da Pedro Felipe Borges, em uma realidade.

EM BOAS MÃOSGerente de Sala Técnica e Incor-

poração da Construtora Manhattan, Kildary Rios falou, por telefone, que o Programa de Adoção das Praças e Áreas Verdes da Prefeitura de Fortale-za, por intermédio de suas regionais, é uma grande proposta. A� rmando que a Manhattan havia recebido uma praça da qual todos se afastavam, quando passavam por perto, e entre-garam outra, da qual todos se aproxi-mavam, Kildary explica o motivo.

A primeira medida tomada pela empresa para acabar com aquela si-tuação de abandono, foi a de mudar o piso que era de pedrinhas portu-guesas, por outro, mais adequado para quem costuma correr ou fazer exercícios. Assim, resolveu um pro-blema básico e primordial naquela praça. Depois, acrescentou equipa-mentos novos logo após reformar os já existentes, e plantou algumas árvores para, assim, melhorar ainda mais o ambiente com novos cami-nhos para quem gosta de passear tendo, em torno, a natureza.

Os novos equipamentos foram os seguintes: pista de skate, um an� teatro, pelo menos na con� gu-ração atual, quadra de futevôlei e algo com o qual somente os que têm compromisso com o que existe de melhor no ser humano, se pre-ocupam: espaço para leitura. Cus-tando um milhão de reais, todo este trabalho, o investimento, segundo Kildary, saiu até pequeno quando se pensa que um projeto como este melhora a situação do bairro e valo-riza o metro quadrado no local.

FOTOS: BETH DREHER

FOTOS: BETH DREHER

Engenheira civil, Conceição Ramalho, trocou o Parque do Cocó pela praça depois da reforma

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CAJUEIROS E OITIS DE FORTALEZA

Árvores famosas

Dois cajueiros e um oiti fazem parte da história do Ceará. O primeiro deles, o Cajueiro da Mentira, e o segundo, o do Fagundes. O oiti do Instituto tinha este nome por causa do Instituto do Ceará

C ajueiro da Mentira e Cajuei-ro do Fagundes, são duas árvores famosas em Fortale-

za. A primeira tinha este nome, “da Mentira”, porque, todo primeiro de abril, Dia da Mentira, a população de Fortaleza se reunia e elegia, de baixo dele, o maior mentiroso do Ceará. O Cajueiro do Fagundes tem outra história. Nela, o gover-nador Féo e Torres passeava a cavalo nas imediações deste ca-jueiro quando um de seus galhos derrubou o chapéu que levava na cabeça. Revoltado com isso, o go-vernador pediu ao Fagundes, que estava perto, para que lhe devol-vesse o chapéu. Fagundes, no en-tanto, que era açougueiro e tinha seu negócio em baixo do pé de cajueiro, não se mexeu. Féo e Tor-res, por sua vez, ficou mais irrita-do ainda e, em troca, disse para o Fagundes que a intenção dele, no início, era apenas a de derrubar o galho do cajueiro que havia tirado seu chapéu da cabeça mas, dian-te da atitude arrogante do açou-gueiro, iria derrubar a árvore toda.

No dia seguinte, quando os tra-balhadores do governador chega-ram para derrubar a árvore, encon-traram o Fagundes armado de faca ao lado de outros açougueiros. Assustados, foram embora. Mas

logo voltaram. Desta vez acompa-nhados pela polícia e os dois gru-pos entraram em ação. O grupo do açougueiro, felizmente, se saiu vitorioso e o cajueiro em baixo do qual trabalhava permaneceu de pé.

Houve uma árvore em Fortaleza, no entanto, que não resistiu à cha-mada “sanha ou fúria do progres-so”. Trata-se do famoso pé de oiti que havia atrás da Igreja do Rosário em baixo do qual funcionava o Insti-tuto Histórico e Geográ� co do Cea-rá quando ainda não tinha sede. Era para ali que os membros do Instituto se dirigiam e faziam suas reuniões.

Por causa disso, passou a ser conhecido como “o oitizeiro do Instituto”. Derrubado em 1929 pelo prefeito Álvaro Weyne que, hoje, é nome de bairro em Fortale-za, conta Otacílio de Azevedo em “Fortaleza Descalça” que quando isso foi feito, o prefeito, para con-tentar um pouco a revolta do povo que queria manter a árvore de pé, mandou tirar uma foto dela. “Triste consolo”, escreve Otacílio. E con-tinua. Diz ele, que estava presente à derrubada da árvore, que o povo chorava toda vez em que os ga-lhos do oiti eram cortados e caí-am no chão com suas folhas ainda verdes e viçosas. Era um dilúvio de folhas, conclui ele, emocionado.

Cajueiro da Mentira, na Praça do Ferreira, animava Fortaleza no dia 1o de abril

DIVULGAÇÃO

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HISTÓRIAS E CURIOSIDADES SOBRE AS RUAS DE FORTALEZA

Descalça e pavimentada

Rua das Belas, das Flores ou da Aurora são nomes de ruas que foram substituídos por Floriano Peixoto, Costa Barros ou Castro e Silva. Aqui, um pouco desta história

De um lado, a história de For-taleza. Do outro, a poesia de seu povo. Na história, nomes

como Costa Barros, José Martinia-no de Alencar e Major Facundo. Na poesia, os seguintes: Rua da Ale-gria, do Sol e das Flores. Qual dos dois o leitor prefere para nominar as ruas de sua cidade? Aqueles que foram escolhidos pelo povo ou aqueles que foram dados pela Câmara Municipal?

Há nomes de ruas insigni� can-tes. Canuto de Aguiar, quem foi? Ninguém sabe. Mas há outros que fazem parte, de fato, da história do Ceará. José Martiniano de Alencar, já citado, Tristão Gonçalves, irmão dele, e Bárbara de Alencar, mãe dos dois e avó do romancista José de Alencar são alguns deles. A biogra-� a dos três está ligada à Revolução de 1817, que começou em Pernam-buco, e à Confederação do Equador que data de 1824.

PELEJANDO, GRAÇAS A DEUS

Presa em junho de 1817 no Crato, Bárbara de Alencar foi acorrentada e enviada a pé para Fortaleza. Aqui foi trancafiada em um calabouço da 10a Região Mili-tar e mantida sob severa vigilân-cia. Tristão de Alencar, tal como ela, também foi preso na mesma Fortaleza, ainda que em outro lu-gar. Contam que, como não pos-suía tinta nem pena para escrever, fez, na prisão, o mesmo que o Marquês de Sade, na Bastilha, um pouco antes da Revolução Fran-cesa em 1789: cortou os pulsos e mandou um recado para a mãe redigido com o próprio sangue.

Disposto a tudo fazer para fugir porque o tratamento, na prisão, era muito cruel, o revolucionário escre-veu o seguinte: “Hoje ou amanhã na ocasião da comida, fugiremos. Dê no que der”. Preocupada, a mãe, que conhecia o � lho, mandou o bi-

lhete para o governador que, se-gundo a lenda, abrandou um pouco mais a situação. Melhorou a comida e deu celas novas e arejadas para os prisioneiros. Morto em combate durante a Confederação do Equa-dor, em 1824, Tristão Gonçalves tor-nou-se nome de rua, em Fortaleza, após a proclamação da República em 1889. Morreu como queria: “Pe-lejando, Graças a Deus”.

DE REVOLUCIONÁRIO A GOVERNADOR

José Martiniano de Alencar, o ir-mão, teve sorte diferente. De revo-lucionário como a mãe e o irmão, se tornou governador do Ceará e sobreviveu normalmente até morrer como senador do Império em 1860. Pereira Filgueiras foi outro que par-ticipou da Revolução Pernambuca-na, no Ceará. Mas não ao lado da família Alencar. Tomou o partido do Rei (Dom João VI estava no Brasil nesta época). Combateu a família Alencar e seus partidários no Cra-to e em outras regiões do Ceará e se saiu vitorioso nesta empreitada. Em 1824, durante a Confederação do Equador, tomou o partido dos revolucionários e não do Império e foi derrotado depois de empreen-der batalhas memoráveis contra as

forças de Dom Pedro I. Morto em 1825 na prisão, passou a nome de rua, tal como Tristão Gonçalves e Bárbara de Alencar, depois da pro-clamação da República.

O PADRE BENZE CACETEPinto Madeira tem quase a mes-

ma história. A luta empreendida por ele, no entanto, se deve à partida de D. Pedro I do Brasil, em 1831. Mo-rador de Jardim, nas imediações de Juazeiro, Pinto Madeira se aliou ao padre Antônio Manuel de Souza e aliciou um grande contingente de matutos para formar um pequeno exército. Chegou a reunir duas mil pessoas. Como o pequeno exército não dispunha de armas adequadas para se defender ou atacar, os “ca-bras” de Pinto Madeira recorreram ao que tinham em quantidade: o ca-cete que, por sua vez, foi abençoa-do pelo padre Antônio Manuel que, a partir desse dia, passou a se cha-mar de “padre benze cacete”.

Iniciada a refrega, Pinto Madeira pôs em polvorosa o sertão do Cea-rá. Derrotado pelo general francês, Pedro Labatut, que participou de outras batalhas no interior do Brasil, foi morto em 1834 depois de lhe ter sido garantida a vida se, por aca-so, se rendesse. Outros nomes de

rua de Fortaleza também têm rela-ção direta com este período. Padre Mororó, fuzilado em praça pública por ter participado da Confedera-ção do Equador; Pessoa Anta, outro integrante do movimento, também teve o mesmo destino assim como Feliciano José da Silva Carapinima e Bezerra de Menezes. Este último, felizmente, teve a pena capital co-mutada em degredo.

Aí está um pouco da história do Ceará estampada nas ruas de For-taleza. Os primeiros nomes dados pelo povo se devem a um acaso feliz. A antiga rua do Cajueiro, por exemplo, tinha esta denominação porque ali existia um açougueiro que entrou em choque com o go-vernador da época, Féo e Torres porque o governador queria der-rubar a árvore cujo galho teve a ousadia de tirar o chapéu de Sua Excelência de sua cabeça. Como o negócio do açougueiro funcio-nava em baixo do pé de cajueiro, o magarefe, acompanhado de al-guns colegas, enfrentou a polícia armado de faca e pôs a correr os homens do governador que tinham chegado para derrubar a árvore. Como resultado desta peleja, a rua passou a se chamar “do Cajueiro”. Hoje se chama Pedro Borges.

Rua Castro e Silva, antiga Rua das Flores, em um � m de semana

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AÇÃO

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O CEARÁ DAS MUCAMAS, DO TRABUCO E DAS GARRAFADAS

Hábitos medievais

Gilberto Freyre escreve, em al-gum lugar de “Sobrados e Mocambos”, que as mulhe-

res, no Brasil colonial, não tinham o hábito de receber ninguém dentro de casa. Se, por acaso, surgia uma visi-ta e esta visita fosse um homem, en-travam correndo para um quarto en-quanto o pai e os � lhos homens iam para fora. No Ceará, pelo menos no interior, esta prática continuou até tar-de. A coisa era tão séria que a noiva chegava ao cúmulo de só conhecer o noivo no dia do casamento e se, por acaso, houvesse algum tipo de transgressão da parte dele, a reação era imediata. A família mandava um ultimato para o noivo: casava ou mor-ria e tal aviso nem sempre era acom-panhado de palavras. O pai da noiva, simplesmente mandava uma bala de cera para o noivo e ele entendia tudo.

As mulheres, por sua vez, também não sabiam ler ou escrever. E a razão disso também era moral. Os pais não queriam que as � lhas mandassem ou recebessem bilhetinhos de seus namorados. Assim, impediam qual-quer tipo de formação intelectual da parte delas. Montar a cavalo como os homens, no entanto, era permitido. A prática de montar em selins é bem mais recente, por incrível que pareça.

O casamento era motivo para uma festa que durava de dois a três dias. Principalmente se a família do ca-sal fosse rica. Neste caso, se punha abaixo a “criação” quase toda prati-cando, no Ceará, o que, na Grécia, se chamava “hecatombe”. E quando nascia uma criança a festa também era grande. Desde que o renascido fosse menino porque, se fosse meni-na, os fogos de artifício e as bebidas continuavam guardados esperan-do o próximo rebento. As mucamas (escravas domésticas), por sua vez, tinham várias serventias dentro de casa. Uma delas era a de lavar os pés da mãe e de suas � lhas antes de se deitar. Outra era a de acompanhar as mesmas nas viagens que faziam de rede ou em liteiras. As mucamas a pé, naturalmente, e suas senhoras devidamente acomodadas.

SAÚDE A medicina era uma pequena

tragédia. O doente tinha que � car nove dias recolhido em uma camarinha es-cura com os ouvidos tapados por algodão. E por que isso? Para que o vento não en-trasse por eles. Para as pisaduras, quedas e sur-ras de pau, a receita era uma certa beberagem tirada d e entre a casca do jucá e para as mo-léstias do mundo, um “drástico hor-rível” que, “por pouco”, dizem certos entendidos nisso, “não deixavam o paciente completamente morto”.

“Remédio que dói”, diziam os ser-tanejos deste tempo, “é o que cura”. Assim, para gente forte, meizinha “braba” nele. Havia remédios imagi-nários também. E a oração era uma delas. Para curar “isipa” (erisipela) nada como a Ave Maria e se alguém � car com a boca torta por causa de uma congestão cerebral, o jeito era rezar a Ave Maria e dar, ao paciente, a famosa garrafada que, segundo alguns médicos, hoje, foram mais danosas do que medicinais para muita gente. Mas nem só para isso

serviam as orações. A “Oração da Estrela do Céu”, por exemplo, livrava as plantações de todo tipo de bicho e insetos daninhos e se alguém que-ria curar o rebanho de algum mal, o rezador não precisava, sequer, estar presente. Bastava saber a direção do gado para se posicionar naque-le rumo com um ramo qualquer nas mãos e rezar. Pronto. Estava tudo resolvido. Os tapurus caiam do pelo dos animais. “Animal”, aliás, era uma palavra que se destinava, normal-mente, ao cavalo. As outras alimá-rias eram chamadas de criação.

Os curadores de mordida de cobra agiam de maneira diferen-te. Não rezavam. Mas mandavam, para o doente, uma jaqueta, por exemplo, que usavam que,

se o doente não tivesse morrido ainda, era capaz de se curar ime-diatamente. Pelo menos era o que fazia um certo Saldanha, natural de Sobral, que se tornou famoso com suas curas milagrosas à distância.

ESTÉTICAE o que dizer da beleza cultivada

pelos homens e mulheres do sertão cearense? Haverá algo mais esquisi-to do que aquilo, na África, no qual as mulheres alongam o pescoço pon-do, em volta dele, uma série quase interminável de argolas que, com o tempo, se forem retiradas, é bem ca-paz de o pescoço se partir só com o peso da cabeça? E na China, onde as mulheres encolhem os pés o má-ximo que podem a ponto de se tornar redondos e não compridos como no resto do mundo? Pois no sertão cea-

rense a prática também não era dife-rente. Baseados, sabe-se lá em que, o hábito era limar os dentes para que se tornassem pontudos. E isso valia para homens e mulheres.

Agora imaginem uma sociedade na qual todos os membros tivessem os dentes assim, limados em ponta como dos tubarões? Seria horrível. Mas não para o sertanejo dos século XVII e XVIII. E se, por acaso, alguém reclamasse, corria o risco de ser man-dado embora tal como certo bacharel que não fez, pelo manda-chuva do lugar, o que queria. Recebia dois ca-cetes cruzados diante da porta onde dormia. O próximo aviso, se não fosse

embora, era o de receber a visita de um homem com bar-

bante nas mãos medindo a altura e a largura do cidadão para, em se-guida, dar início ao caixão.

Os � lhos também não podiam fazer a primeira barba sem, antes, avisar ao pai. Se este consentisse, a barba seria feita. Também, se não consentisse, teria que � car com ela até a mãe ou uma das irmãs inter-ceder a seu favor. Não podiam pas-sar em frente à casa do pai sem descer do cavalo e pedir à bênção. Só então, podiam seguir viagem. Digamos que um dos � lhos fos-se agredido física ou moralmente por alguém. Não podia voltar para casa dos pais antes de se vingar da afronta. Mascar fumo e cuspir nas paredes, em seguida, era conside-rado um ato elegante e não uma falta de educação como seria hoje.

A CAPITALEm Fortaleza, os costumes eram

diferentes. Como se tratava da ca-

pital do estado, ainda que o muni-cípio fosse menor do que Aracati, Sobral e Icó, era aqui, a� nal, que � cava o presidente da província e rezava a tradição que ninguém po-dia ter uma casa mais alta do que a dele. Assim as casas podiam até ser ricas e ter candeias e arande-las suspensas sobre as portas, mas não podiam ser mais altas do que a do presidente da província.

A primeira casa de dois andares levantada em Fortaleza, aliás, data de 1825 quando um engenheiro, cha-mado Conrado Jacó de Niemeyer teve a coragem de romper com uma superstição antiga da cidade. Dizia ela que, como a capital cearense � -cava em cima de um terreno

muito arenoso, não estava apta a ter prédios de dois andares. Niemeyer mostrou o contrário. Ergueu a casa do coronel Machado no lugar onde, no futuro, funcionou o Excelsior Hotel.

Todo mundo, nesta época, dor-mia de rede. As camas, quando existiam, � cavam em lugar alto. Era preciso subir uma escadinha de três ou quatro degraus para chegar até ela. As crianças, quando nasciam, passavam por um ritual. Em Roma, o recém-nascido tinha que ser le-vantado do chão pelo pai para, as-sim, ser aceito por ele e reconhecido pela família. Caso o pai não � zesse isso, o � lho ou a � lha era enjeitado e abandonado em algum lugar. No Ceará a prática era diferente.

O menino, desde que bonito, era colocado em uma bandeja e levado de casa em casa para ser mostrado para os vizinhos. Mais tarde, quando crescia, o pai dizia, para quem não conheceu o � lho na infância, que ti-nha sido “menino de bandeja”.

Trabucos e garrafadas faziam parte da cultura cearense no tempo dos coronéis

O noivo que se cuide. Se romper com a � lha do coronel, pode receber uma bala de cera como aviso. O hóspede indesejado acordar e dar com dois cacetes cruzados diante da porta

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CERAS, CASAS E SOMBRAS EXTRAÍDAS DA CARNAUBEIRA

A árvore da vida

Símbolo do Nordeste brasileiro, as carnaubeiras são mais vistas no Ceará e no Piauí. Consideradas a “árvore da vida”, pelo naturalista alemão

Humboldt, dela se extrai a cera e se constrói casa no sertão

As carnaubeiras, para quem adentra os sertões do Ceará, sempre chamam a

atenção de longe. Ali estão elas, às margens de um rio ou no meio de um descampado mostrando a sua copa que mais parece um cocar de índio do que qualquer outra coisa. Natural do Nordeste, mais do que do Brasil, as carnau-beiras são vistas, principalmente, no Ceará e no Piauí. Duas regi-ões secas que rivalizam uma com a outra neste sentido.

Resistentes à falta d’água, portanto, são elas que, muitas vezes, servem de alimento para o nordestino faminto e, claro, para o gado que o acompanha. Neste momento ela lhe serve, inclusi-ve, de sombra se, por acaso, se embrenha no desconhecido em busca de proteção em algum lugar.

Chamada de “árvore da vida” pelo naturalista alemão Humbol-dt, esta expressão se deve pelo

fato de ela ser totalmente usada pelo nordestino ao longo de sua vida. O tronco, muitas vezes, vira linha, caibro e ripas nas famosas casas de taipa ou de alvenaria. Os talos, ou percíolos, se trans-formam em portas e janelas, tipo veneziana, ou em cercas, jiraus e lastro de cama. A cabeça do talo, muitas vezes, é aproveitada como rolha para fechar garrafas, tal como se faz com a cortiça enquanto as folhas, muitas ve-zes, são aproveitadas no fabrico de chapéus, bolsas, surrões ou cobertas de casa. E não é só. As folhas verdes também servem de alimento ao gado bovino assim como o fruto. O palmito, por sua vez, extraído, normalmente, das palmeiras mais novas, também é consumido pelo homem, prin-cipalmente nos tempos de seca. Como se isso não bastasse, a carnaubeira tem outra função: a ornamentação. Há algo mais belo do que um carnaubal em torno

de uma piscina ou de um lago?

CERAO produto mais cobiçado da

carnaubeira, no entanto, é a cera. Extraída principalmente de setem-bro a dezembro, é neste período que suas folhas são colhidas e postas a secar ao sol durante três a quatro dias. Terminado o prazo, elas são levadas para lugar fecha-do e aí são batidas para que o pó se desprenda delas. Feito isso, o pó é levado ao fogo com um pouco de água e sal de azedas. Esse, pelo menos, era o processo antigo que tinha, como objetivo, retirar parte da poeira e dos detri-tos misturados à cera pelo vento quando da exposição das folhas da carnaubeira ao sol. Em segui-da, a cera, aquecida em água, era coada com pano grosso ou em prensas de madeira.

BRANCAS E VERMELHASDividida e subdividida em

várias espécies, há duas delas, no entanto, que se sobressaem: a carnaubeira “branca” e a “verme-lha”. A primeira é chamada Direita, a segunda, Esquerda. O nome se deve ao crescimento das folhas. Dizem os entendidos que quando as folhas da carnaubeira branca, também chamada Direita, nas-cem, fazem isso da direita para a esquerda enquanto a outra, “vermelha” ou Esquerda, tomam o sentido inverso: vão da esquerda para a direita.

Muitas, na verdade, são as particularidades que se conta sobre as carnaubeiras. Nenhuma delas, no entanto, se compa-ra com esta que a consideram natural do Nordeste brasileiro e, em especial, do Ceará onde ela impera, absoluta, sobre os sertões acompanhada, talvez, do cajueiro e pitombeira. Estas duas, no entanto, ainda podem ser vistas em regiões altas como as serras. A carnaubeira, não.

As carnaúbas dão sombra, alimento e moradia aos cearenses

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A BOLA VAI ROLAR EM FORTALEZA

COPA NA CAPITAL

Cearenses terão quatro jogos na Arena Castelão, um dos estádios mais completos da Copa do Mundo. Conheça um pouco mais sobre cada seleção e os destaques que estarão em campo

A Arena Castelão foi um dos estádios que mais chamaram a atenção

do grande público que este-ve em Fortaleza para presti-giar a Copa das Confedera-ções, além de quem já teve a oportunidade de assistir a alguma partida na principal praça esportiva cearense. A imponência da arena, total vi-sibilidade de qualquer ponto ou lugar do estádio, o confor-to e toda a atmosfera que se cria no lugar em dias de jo-gos fazem com que o Caste-lão se transforme em um ver-dadeiro caldeirão fervente e pulsante, estabelecendo uma sintonia ímpar entre campo e arquibancadas, é como se o torcedor presente jogasse junto e sentisse a emoção de quem está no gramado.

Mas não é só a torcida que estará no estádio torcendo pelo escrete pentacampeão não, já que Fortaleza sediará, pelo menos na fase inicial da Copa do Mundo, quatro par-tidas e, logicamente, que a Arena Castelão receberá mi-lhares de fanáticos torcedores das demais seleções. No en-tanto, os brasileiros também prestigiarão os confrontos das demais equipes e O Es-tado, pensando em quem irá ao Castelão, independente de qual partida assistirá, preocu-pou-se em trazer dicas, infor-mações e um per� l completo das oito seleções que des� la-rão seus talentos no gramado cearense. Na segunda fase, a Terra da Luz terá mais dois jo-gos do torneio, e os comanda-dos de Felipão, caso se clas-si� quem em segundo lugar do grupo A, poderão voltar nas oitavas de � nal.

LUIS SUÁREZ (ATACANTE)IDADE: 27CLUBE: LIVERPOOL (ING)

Sem dúvidas, ‘Luizito’ Suárez fez uma temporada estupenda e quase comandou o Liverpool ao título inglês. Mas, apesar de a conquista ter � cado com o Man-chester City, o camisa 9 celeste foi considerado um dos principais jogadores na Europa, o que lhe credencia a vir ao Brasil disposto a levar o Uruguai bem mais longe do que se espera. Suárez operou o joelho semanas antes do Mun-

dial, mas sua presença em campo está garantida pelos médicos de sua seleção. O atacante, baixinho e polêmico, forma um trio de ata-que poderoso com Diego Forlán e Edinson Cavani, que está entre os melhores da Copa, agora não se sabe até aonde o Uruguai pode chegar.

JOEL CAMPBELL (ATACANTE)IDADE: 21CLUBE: OLYMPIACOS (GRE)

A juventude deste artilheiro po-dem ser o diferencial para, pelo menos, uma campanha honrosa da Costa Rica na Copa do Mundo do Brasil. Logicamente que uma classi� cação para as oitavas de � -nal, em um grupo que possui três campeões mundiais como Itália, Inglaterra e Uruguai, é algo que transcende a barreira do imaginá-vel. No entanto, se os costarrique-nhos possuem alguma esperança de fazer um bom Mundial, todas elas estão depositadas em Joel Campbell, artilheiro do país nas Eliminatórias, um atacante que � u-tua por todo o setor ofensivo, sai para buscar jogo e se apresenta com muita qualidade dentro da grande área. A seleção da Cos-ta Rica pode até não apresentar grande coisa no torneio, mas com certeza a torcida verá um bom de-sempenho do garoto de 21 anos que atua no futebol grego.

NEYMAR (ATACANTE)IDADE: 22CLUBE: BARCELONA (ESP)

Um talento indiscutível. Neymar surgiu no Santos e logo foi reco-nhecido como o protótipo de cra-que. Os anos passaram e a pro-jeção se con� rmou. Hoje, a Joia, como � cou conhecido quando ain-da era um moleque no Peixe, ves-te a camisa do Barcelona e, aos poucos, foi conquistando seu es-paço na Catalunha. Tudo bem que a temporada barcelonista não foi lá grande coisa, mas o camisa 10 da Seleção ganhou reconhecimen-to, experiência e moral para assu-mir o posto de estrela da principal seleção do mundo. Neymar levou o Brasil a conquista da Copa das Confederações e é a grande espe-rança verde-amarela de levantar a taça de campeão pela sexta vez.

JAVIER “CHICHARITO” HERNANDEZ (ATACANTE)IDADE: 26

Clube: Manchester United (ING)É certo que o México vive tem-

pos difíceis com relação ao futebol e que sua safra atual de jogadores é uma das mais fracas, no entan-to, Javier Hernandez é um dos poucos que fazem jus à história do futebol mexicano. Dono de um poder � nalização preciso, além de considerável qualidade técnica, Chicharito (que signi� ca pequena ervilha) não tem tido grande espa-ço nos Red Devils, mas atuando com a camisa de seu país o ata-cante é sempre perigoso e se des-taca. Resta saber se Hernandez terá forças, praticamente sozinho, de levar o México às fases seguin-tes da Copa do Mundo, o que já seria, no mínimo, uma surpresa.

MANUEL NEUER (GOLEIRO)IDADE: 28CLUBE: BAYERN DE MUNIQUE (ALE)

A Alemanha chega ao Brasil credenciada a ser uma das gran-des favoritas ao título mundial, re-cheada de nomes de peso, joga-dores que foram multicampeões nos últimos anos. Mas ninguém chama mais a atenção que justa-mente o camisa 1. Manuel Neuer é considerado o melhor goleiro do mundo e uma das peças funda-mentais para que a seleção de Jo-achim Löw não decepcione e che-gue, pelo menos, a grande � nal. Neuer tem uma qualidade invejá-vel na meta. Dono de um re� exo invejável, o goleiro do Bayern de Munique chama a atenção com suas defesas fantásticas e saídas arrojadas, que complicam a vida de qualquer atacante. A grande in-cógnita é que o goleiro de 28 anos não chega 100% ao torneio, mas torcemos para que o problema no braço não lhe atrapalhe.

KEVIN-PRINCE BOATENG(MEIO-CAMPISTA)IDADE: 27CLUBE: SCHALKE 04 (ALE)

Um meio-campista de muita habilidade, toques re� nados, dri-bles fáceis e grande poder de � -nalização. A descrição pode até parecer exagerada, mas não é. Kevin-Prince Boateng é o princi-pal nome da seleção de Gana no Mundial e nele estão as esperan-ças da torcida de ver as Estrelas Negras avançarem na competi-ção. Boateng é alemão de nasci-mento, mas optou por defender os ganeses por ser o país-Natal

de seu pai, diferentemente de seu irmão, Jeróme, que escolheu atu-ar pela Alemanha. A dupla estará frente a frente na Copa, já que as seleções caíram na mesma chave. Kevin-Prince tem boa experiência, passou por grandes clubes e hoje é a estrela do Schalke 04. Polêmi-co, o meia-armador já sofreu com racismo e tem um temperamento pra lá de forte.

MITROGLOU (ATACANTE)IDADE: 26CLUBE: FULHAM (ING)

O avante grego tem cheiro de gol e uma qualidade incrível para fazê-los. Kostas Mitroglou tem cara de mau e dentro de cam-po, de fato, não costuma perdoar seus adversários, aliando veloci-dade e qualidade técnica, tudo isso em benefício da contestada seleção da Grécia. Mas o atu-al momento é um dos piores na carreira do atacante. Mitroglou passou boa parte da temporada com uma lesão no joelho e isso o fez entrar em campo pelo Fu-lham, seu clube, apenas três ve-zes na temporada. O problema físico gerou rumores de que não estaria no Brasil, mas o treinador português Fernando Santos, que comanda os gregos, sabe do potencial de Mitroglou e preferiu contar com o matador em sua lista de convocados. Ao lado de Salpingidis e Samaras, Mitroglou pode desequilibrar e levar sua se-leção a uma segunda fase.

YAYA TOURÉ (MEIO-CAMPISTA)IDADE: 31CLUBE: MANCHESTER CITY (ING)

O principal nome da seleção mar� nense é dono de uma quali-dade como poucas vezes se viu em um jogador que tem como função primordial desarmar e destruir jogadas. Yaya Touré foi o grande destaque do Manchester City campeão inglês da tempora-da e chega credenciado a ser um dos grandes jogadores da Copa do Mundo. Yaya joga um pouco mais avançado na seleção que em seu clube, com mais liberdade para encostar no trio de ataque e arrematar a gol, o que é uma de suas grandes virtudes. Ao lado de Drogba, o meio-campista tenta levar Costa do Mar� m as oitavas de � nal, pelo menos, mas terá de superar Brasil, México e Croácia.

Page 16: Caderno -  O Novo Ceará 12 de junho 2014

COPA DO MUNDO FIFA 2014

UMA CAPITAL VERDE E AMARELA...Con� ança

Sede de uma partida da seleção brasileira, Fortaleza já está devidamente preparada para receber a Copa do Mundo e tingida pelas cores da

alegria e da vitória. O cearense já respira Brasil

Fortaleza foi uma das sedes que mais se destacou duran-

te as disputas da Copa das Confederações, em 2013, tanto pelas bele-zas naturais da capital alencarina quanto pela festa protagonizada pela torcida cearense na mo-derníssima Arena Caste-lão, em todos os jogos realizados em nossa terra, mas principalmen-te na vitória da seleção brasileira sobre o Méxi-co - partida em que vol-tará a se repetir também na Copa do Mundo. Os quase 60 mil espectado-res torceram, vibraram e ainda entoaram, a ple-nos pulmões, boa parte do hino nacional, eternizando uma das cenas mais emocionantes da competição. Até Luiz Felipe Scola-ri, técnico canarinho, se rendeu à energia do povo cearense. “O que se viu em Fortaleza foi algo fantás-tico, tirou lágrimas dos jogadores, arrepiou, tomara que seja assim em todos os jogos como foi em Fortaleza”, disse Felipão.

Ao contrário do que muitos pensam, a Copa do Mundo em solo fortalezense despertou sim o espírito patriota na grande maio-ria dos cearenses, a bandeira, guardada há tempos, saiu da ga-veta, foi desfraldada e pendurada com todo orgulho nas sacadas dos apartamentos, nos portões das casas, nos comércios, nos carros, en� m. O Mundial mexe com a emoção, traz consigo uma energia especial e o sentimen-to de querer mais uma estrela

no peito é compartilhado pela cidade, pelo Estado, por toda a nação. O verde-amarelo dá o tom das ruas e avenidas, várias delas já devidamente caracteri-zadas por bandeirinhas e faixas, desenhos em paredes, calçadas e asfaltos, pinturas que colorem até as árvores. Isso sem falar nos automóveis que já des� lam por todos os lugares ostentando ade-reços alusivos à Seleção. Fortale-za está vestida de Brasil.

Incontáveis as vias decoradas com as cores brasileiras e o or-gulho estampado no rosto do ce-arense. “Copa do Mundo é algo especial, um momento que só podemos prestigiar de quatro em quatro anos, então tem de enfeitar a casa, a rua, o bairro. É chamar a vizinhança e torcer junto”, expli-cou Francisca Ribeiro, que relata contar os dias pra ver o Brasil em campo. “O cearense torce mes-

mo, os protestos não precisam ser agora, na Copa, agora é hora de assistir a seleção brasileira. É hora de Copa”, completou. Os moradores da Rua Antônio Au-gusto, no bairro Joaquim Távo-ra, � zeram bonito e trataram de iniciar cedo a ornamentação da rua. “Ficou bonito, o asfalto pin-tado, as paredes, as bandeiras lá no alto, e olha que todos os dias a gente faz um pouquinho mais. “De tarde, de noite, vamos enfei-tando mais e mais. Tudo pelo Bra-sil”, revelou Antônio dos Santos, morador e torcedor fanático pela seleção de Felipão.

E DIGA O VERDE-LOURODESTA FLÂMULA...

Não são só as ruas e avenidas de Fortaleza que traduzem o real sentimento patriota com relação ao Brasil e à Copa do Mundo. Es-tabelecimentos comerciais, como

bares e restaurantes, por exemplo, também apos-taram na ornamentação dos espaços para atrair a clientela e fazer com que o fortalezense, assim como também o turista, já sinta o clima que envolve todo o País. “A gente percebe que o consumidor faz questão de sentir o ambiente de Copa do Mundo, ele quer entrar no embalo do Mun-dial e para isso temos de dar o que ele quer e mere-ce: uma overdose de Bra-sil. O cearense é patriota sim e tem de ser mesmo, vamos torcer juntos, rece-ber bem os turistas e vibrar com os gols do Neymar”, disse Helano Moreira, pro-prietário do tradicional Bar

do Helano, também localizado no bairro Joaquim Távora.

A verdade precisa ser dita: o cearense é um verdadeiro aluci-nado pela seleção brasileira, um fanático pela camisa verde-ama-rela, e por isso fará uma grande festa quando os comandados de Luiz Felipe Scolari entrarem em campo, seja em São Paulo, em Belo Horizonte ou aqui, na Arena Castelão, diante de mais de 60 mil espectadores, que certamen-te farão uma festa igual ou melhor do que a vista na Copa das Con-federações. Que venham os ale-mães, os espanhóis, os italianos, até mesmo os argentinos, porque já nossa seleção jamais estará sozinha, jamais, pois aqui encon-trarão quase 200 milhões de co-rações pulsando juntos, unidos por um só sentimento: o de ser hexacampeão!

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MISTÉRIOS E SINGULARIDADES DE UM EDIFÍCIO SECULAR

DISCO VOADOR, COMIDA TÍPICA E ARTESANATO CEARENSE NO CENTRO DE FORTALEZA

Theatro José de Alencar

Mercado Central

Inaugurado em 1910, o Theatro José de Alencar possui uma bailarina misteriosa em seu interior e uma estrutura de ferro que o torna único em todo o Brasil

Existindo desde 1809, o Mercado Central, reformado em 1998, adquiriu a estrutura que tem hoje: a de um disco voador que vende artesanato e comidas típicas do Ceará

Fortaleza precisava, urgentemente, de um teatro capaz de aten-

der às exigências daque-les que moravam na Ca-pital cearense em � ns do século XIX. Assim, surgiu o Theatro José de Alencar. Iniciado em 1894 com o lançamento da pedra fun-damental, a autorização para que as obras tives-sem início, no entanto, só aconteceu em 1908. Em 1910, � nalmente, o Thea-tro foi inaugurado ao som da Banda Sinfônica do Batalhão de Segurança do Estado, regidas pelos maestros Luigi Maria Smi-do e Henrique Jorge. Na Praça Marquês de Herval que, no futuro, também se chamaria José de Alencar, o povo acompanhava a inauguração com fogos de artifício.

Ocupando um espaço que, no passado, foi do Batalhão da Segurança (Polícia) e da Escola Normal Pedro II, a estrutura de ferro, com a qual foi montado, veio toda ela de Glascow, Escó-cia. Considerado um dos únicos teatros do Brasil que possui esta arquitetura de ferro (o outro seria o de Belém) o Theatro José de Alencar não homenageia o escri-tor cearense apenas no nome. As frisas do segundo andar do pré-dio, que foram pintadas por Ra-mos Cotoco (um artista plástico

cearense que nasceu em 1871 e tinha este nome porque lhe falta-va parte do braço direito) exibem, para o público que � ca na plateia de baixo, o título dos romances do autor de Iracema.

Na lateral esquerda do edifício, para onde o sol nasce, o paisa-gista Burle Marx projetou, na dé-cada de 1973 (com reforma em 1991) um jardim no qual se pode ver carnaubeiras, pleomelas, ipês e outras árvores resistentes ao sol e ao calor. No fundo do jar-dim, para o norte, � ca um palco aberto com um ciclorama (super-fície para cenário) de 12 metros

de altura formado, todo ele, por uma trepadeira e não por uma parede ou uma cortina. Para a di-reção do Theatro, este é o único ciclorama vivo no mundo por se tratar de um vegetal.

Inaugurado em 1910, em 2010 o Theatro José de Alencar com-pletou cem anos. Contam seus funcionários que houve uma épo-ca em que uma bailarina misterio-sa começou a ser vista pelo inte-rior do edifício sem que ninguém soubesse de quem se tratava. Como era surpreendida pelos corredores quase sempre de ma-drugada, chegaram à conclusão

de que era um fantasma que tinha o hábito de dançar até de madruga-da no palco. Pensam os funcionários do Theatro que a bailarina do José de Alencar quer contar uma história, mas como ninguém tem coragem de se aproximar dela, ela não consegue, sequer, abrir a boca para come-çar a falar.

Verdade ou não, o cer-to é que o Theatro José de Alencar possui, hoje, tudo aquilo que todo te-atro de grande porte, no mundo, tem que ter: um jardim projetado por um paisagista conhecido do lado esquerdo de quem entra no prédio um ane-xo com dois mil metros quadrados no qual se encontra uma biblioteca

um centro de artes cênicas; e sa-las de ensaios. Para coroar tudo isso, um fantasma que, como dizem os ingleses, é indispensá-vel em todo prédio antigo que se preza como é o caso do Theatro José de Alencar.

Aberto para visitação pública de terça a sexta-feira das 9h às 17h e sábados e domingos das 14h às 17h. Entrada pela Rua Li-berato Barroso, s/n. Oferece guia turístico em inglês e francês des-de que agendado antecipada-mente. Informações: 3101.2568 ou 3101.2567.

No início, por volta de 1809, o Mercado Central, que hoje se estende por um es-paço de 9.690 metros quadrados de área construída com cinco pavimentos e 553 lojas, não passava de uma construção de madeira na qual vendiam-se carnes, fru-tas e verduras. Na reforma de 1931, dei-xou de vender produtos perecíveis para vender produtos artesanais. Mas foi na reforma de 1975 que adquiriu quase o ta-manho que tem hoje. Nela foram amplia-das as suas dimensões e acrescentados os seus corredores. Com a transforma-ção de Fortaleza em um ponto turístico, o velho Mercado passou por uma nova re-forma, em 1998, quando o arquiteto Luiz Fiúza deu a ele a aparência de um disco voador que pousou em Fortaleza e trou-xe, para a Capital do Estado, vários turis-tas interessados em conhecer as artes, o artesanato e a culinária cearense.

Localizado à Av. Alberto Nepomuce-no, 199, o Mercado Central � ca aberto de segunda a domingo. Das 8h às 18h, de segunda a sexta-feira; das 8h às 17h, sábado; e das 8h às 14h, domingo. Infor-mações: (85) 3454.8586.

Fachada do � eatro José de Alencar

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SUBSÍDIOS DA CACHAÇA PAGAM PALÁCIO DA LUZ

O Palácio e a Aguardente

Levantado no século XVIII e adquirido pela Fazenda Pública, o Palácio da Luz, antiga sede do governo estadual, foi pago com imposto da cachaça

Nada se assemelha mais ao Ceará do que a luz do sol. Por isso mesmo, quando

os escravos foram libertados em 1884, quatro anos antes de a princesa Isabel assinar a Lei Áu-rea no Rio de Janeiro, José do Patrocínio disse, de uma tribu-na, que o Ceará era a “terra da luz”. Palácio da Luz, portanto, é o nome do prédio onde o gover-no do Estado do Ceará residiu por muitos anos, em Fortaleza. Atualmente, se chama Palácio da Abolição em homenagem, mais uma vez, à libertação dos escravos e aos abolicionistas cearenses.

O prédio foi construído no século XVIII pelo Capitão-Mor Antônio de Castro Viana que se serviu, para isso, de tijolos do Cocó e telhas de Aracati. Mor-to o capitão, em 1801, deixando uma dívida fabulosa com a Fa-zenda Pública, o palácio foi pe-nhorado e quem o adquiriu foi a Câmara em 1802. Para pagar o débito adquirido, no entanto, a Câmara promulgou um novo im-

posto: o subsídio da aguardente que consistia em quatro mil réis sobre as pipas importadas de Pernambuco. No Ceará, escreve Gustavo Barroso em “À Margem da História do Ceará” as coisas são assim: consegue-se um pa-lácio, muitas vezes, às custas

da cachaça. A história do Palácio da Luz, a

partir de então, tomou um rumo novo. Como tinha sido apenas residência de Antônio Castro Viana não havia sofrido nenhum atentado. Mas, como sede do governo, foi bombardeado pelo

menos três vezes. A pri-meira em 1892, quando da deposição do gene-ral Clarindo de Queiroz; depois, em 1912, com a queda de Nogueira Aci-óli e, em 1914, em um tiroteio no qual as pa-redes do edifício foram praticamente bordadas a bala.

Restaurado várias vezes, o palácio fica ao lado da Praça Ge-neral Tibúrcio, também conhecida como dos Leões e abriga, hoje, a Academia Cearense de Letras, a mais antiga do Brasil já que foi funda-da em 1894, três anos antes da Brasileira que data de 1897. Aberta

ao público de segunda a sexta--feira das 8h às 16h não possui guia turístico especializado. Lo-calizada na Rua do Rosário, 01, Centro de Fortaleza, as informa-ções podem ser obtidas pelo te-lefone (85) 32260326.

MUSEU ANTROPOLÓGICO EXIBE UM BODE EM SEU ACERVO

O bode do museu

Exposto ao lado de Pe. Cícero, beato Zé Lourenço e boticário Ferreira, o Bode Ioiô, que encantou Fortaleza no início do século XX, chama a atenção dos turistas

A história do bode Ioiô tornou-se lenda. Vin-do do interior do Estado para a Capital cearense com um grupo de reti-rantes na seca de 1915, o bode foi vendido para a Rossbach Brazil Com-pany. A intenção dos compradores, natural-mente, era a de matar o animal e curtir o couro. Mas algo muito estranho aconteceu. O represen-tante da Rossbach Brazil Company, quando com-prou o caprino dos � a-gelados, não estava na Companhia. Estava se divertindo com um gru-po de amigos. Assim, um deles resolveu em-briagar o bode. Embria-gado, o bode Ioiô, que ainda não tinha este nome, demonstrou uma outra particularidade de sua per-sonalidade. Chorar, toda vez que aquele grupo de amigos, para ho-menagear um companheiro morto, recentemente, cantava a música de que ele mais gostava. Os boêmios, quando perceberam isso, chega-ram a uma conclusão: a alma do amigo, que havia morrido porque foi solenemente rejeitado por uma beldade local, tinha migrado para o corpo daquele animal e ali estava ele, novamente, bebendo e cho-rando por sua amada. Os amigos, diante disso, resolveram preservar

o invólucro daquele bicho dentro do qual, segundo eles, encontrava--se a alma do velho companheiro.

Salvo por milagre, o bode Ioiô passou a residir, na Praia de Irace-ma, antiga Praia do Peixe, e todos os dias dirigia-se para o Centro de Fortaleza. Ali era recebido e home-nageado por todos como se car-regasse, de fato, a alma daquele que havia morrido por amor. Com a morte do bode, em 1931, o ca-prino foi empalhado e doado para o Museu Histórico do Ceará, atual Museu do Ceará, onde ainda hoje encontra-se com sua barbicha eri-çada e seu olhar quase humano.

Criado em 1932, o Museu do Ce-

ará não possui apenas o bode para mostrar a seus visitantes. Ali tam-bém se pode ver objetos que per-tenceram aos povos indígenas que habitaram o Ceará antes de os por-tugueses chegarem por aqui; ar-mas de fogo que foram usadas por cangaceiros e coronéis do interior do Estado; batina, chapéu e cajado do padre Cícero e, ao lado, as foices e machados do Caldeirão que servi-ram a Zé Lourenço e seus beatos de instrumento de guerra para enfrentar os aviões que, pela primeira vez, o Exército brasileiro usava para com-bater seus inimigos.

A história de Fortaleza, natu-ralmente, também passa por ali

quando o Museu mostra o quadro “Fortaleza Li-berta” no qual o artista plástico, José Irineu de Souza pintou, ainda no século XIX, a libertação dos escravos no Ceará e o livro de prata que os portugueses, que moravam em Fortaleza, deram para os abolicio-nistas redigir a primeira Ata da Libertação dos Escravos.

Localizado na Rua São Paulo, o prédio no qual o Museu se encon-tra é uma verdadeira preciosidade arquitetô-nica no centro de For-taleza. Levantado pelo engenheiro suíço Adolfo Herbster, em 1871, des-

de então tem servido de sede para várias instituições. Dentre elas, a Assembleia Legislativa, a Academia Cearense de Letras e, � nalmente, o Museu do Ceará que ali está desde 1990 com suas doze mil peças di-vididas em várias coleções: numis-mática, mobiliário, indumentária, pintura, fotogra� a e arqueologia.

Aberto de terça a sábado das 9h às 17h na Rua São Paulo, 51, o Mu-seu do Ceará oferece guia turístico que se comunica em inglês. A visi-ta, no entanto, para estrangeiros, tem que ser marcada com antece-dência. Informações e agendamen-tos pelo telefone: (85) 3101.2610.

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O SABOR INCONFUNDÍVEL DE FORTALEZA

PAPA E ARTISTAS FAMOSOS ESTIVERAM NO CASTELÃO

Culinária nordestina

Centro das atenções

Baião de dois, carne de sol e o famoso peixe assado na telha da Beira Mar podem e devem ser aproveitados por turistas e cearenses em Fortaleza. As caranguejadas

de quinta-feira e as tapioqueiras de Messejana são outras boas pedidas

Toda quinta-feira, boa parte da população de Fortaleza pre-para-se para invadir a Praia

do Futuro. São aquelas pessoas que saem de casa, à noite, e não durante o dia, e vão participar da caranguejada noturna. Diferente-mente de qualquer outro lugar do mundo, a caranguejada está, para a população de Fortaleza, na mes-ma dimensão em que o sol e o mar estão para todos aqueles que pen-sam em ir à praia nos � ns de se-mana. E não é para menos. Cozida normalmente com verduras, legu-mes e leite de coco, a carangue-jada das quintas-feiras da Capital cearense ainda vem acompanha-da com um saboroso caldo que, como se não bastasse, pode ser preparado de várias maneiras.

O baião de dois, tão conheci-do no Ceará, é um prato tradicio-nal feito à base de arroz e feijão. Cozidos juntos e temperados com verduras, queijo coalho, nata de leite salgada e cheiro verde, tam-bém recebe outros ingredientes dependendo de quem o faz e pro-cura adivinhar, dentre os clientes, o que mais convém a cada um.

A paçoca, por sua vez, é uma farofa feita à base de farinha de mandioca, carnes de sol pisada no pilão e cebola roxa. A tapioca é uma iguaria tradicional feita com goma de mandioca, mas que já ganhou uma porção de inovações ao longo do tempo. Tem tapioca com coco ralado e outras que são feitas com camarão e catupiry. Muitas delas podem vir recheadas com carne de sol, por exemplo.

A carne de sol, outra comida típica do Ceará, reúne, em sua feitura, a carne e um elemento mais típico do nordeste brasileiro do que de outros lugares do Bra-sil: o sol. Tirada a carne do boi, ela é exposta durante alguns dias

à luz solar e, quando é retirada, seu aspecto muda de � gura, tor-nando-se rústica e consistente. Normalmente, é acompanhada por outras iguarias nordestinas tal como paçoca, baião de dois, macaxeira e manteiga da terra, em garrafa.

SABORES DA VARJOTA Na Varjota, um dos bairros de

Fortaleza, � ca um corredor ao qual se dá o nome de Corredor Gastronômico da Varjota. Com casas simples distribuídas ao longo de ruas estreitas, o Corre-dor Gastronômico da Varjota é porta de entrada para o que há de melhor na culinária cearense: peixes e frutos do mar são os pratos principais ainda que muito da comida típica do Ceará se es-palhe por vários estabelecimen-tos especializados que oferecem pratos originários do sertão e do mar, além de comidas interna-cionais. As peixadas, no entan-to, são a grande pedida. Princi-palmente para quem vai para a Beira Mar. Ali tem peixe de todo gosto e tamanho. Um deles é o famoso peixe assado na telha e a

caldeirada de mariscos. Também chamado de mariscada. Para quem prefere pratos oriundos do sertão, a opção é procurar os res-taurantes que servem buchada, mão de vaca, cozido de carne de boi, cuscuz, rapadura, pamonha e bolos de macaxeira.

As paneladas também não po-dem faltar em uma lista gastronô-mica como esta. Cozida à base de vísceras de boi, a panelada pode parecer estranha para alguns tu-ristas, mas não para aqueles que já provaram dela e tornaram-se seus adeptos imediatos.

RESTAURANTES Docentes e Decentes, que � ca

na Av. Santos Dumont, 6120 e Rua Ana Bilhar, 1445 também prepara um baião de dois com queijo co-alho, feijão verde e creme de lei-te. O primeiro deles funciona de terça a domingo e o segundo de segunda a segunda das 10h às 24h. Informações pelos telefones: (85) 3265.3267/3267.4855.

TAPIOQUEIRAS Desde 2002 que os aprecia-

dores de tapioca têm um centro

privilegiado. Trata-se do Centro das Tapioqueiras, que � ca na Av. Washington Soares, 10.215, Mes-sejana. Nele, o cliente não se res-tringe apenas à tapioca comum. Contando com 26 boxes e funcio-nando de segunda a segunda, as tapioqueiras oferecem aos clien-tes 70 sabores diferentes de ta-pioca preparadas por cozinheiras hábeis na pro� ssão. Funcionan-do das 5h30min à meia-noite, as informações sobre o local podem ser obtidas pelo seguinte telefo-ne: (85) 3274.7565/3274-7565.

BEACH PARK Localizado no Porto das Du-

nas, Aquiraz, que � ca a 20 km de Fortaleza, o Beach Park possui uma estrutura de turismo e lazer digna de qualquer país de pri-meiro mundo. Recentemente, foi inaugurado um novo brinquedo: o Ramobrinká e o Ramonessa. Duas palavras tiradas do lingua-jar nordestino que costuma tro-car o “v” pelo “r”. Composto de uma torre de 24 metros de altu-ra, uma piscina de 500 mil litros e sete toboáguas, o Ramobrinká é uma das atrações do lugar junto com a piscina de ondas (o maremoto), considerada a maior da América Latina e o Insano, o toboágua mais alto do mundo. Infor¬mações: 4012.3000.

A intenção do governador Plácido Aderaldo Castelo, em 1968, quando pensou em construir um novo está-dio para o Ceará, foi a de fazer esta obra para os lados do Alagadiço Novo. Mas como a região já era mui-to habitada na década de 1960, e se � zesse isso teria que pagar uma soma fabulosa para desapropriar as casas, o governador mudou de ideia. Ocupou uma área que perten-cia à Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza e, depois de indenizar a Santa Casa, deu início às obras que terminaram em 1973 no governo de César Cals de Oliveira Filho.

Com o passar dos anos, o Caste-lão, que tem este nome, justamente, por causa de Plácido Castelo, foi se ampliando. Em 2002, passou por uma primeira reforma no governo de Tasso Jereissati. A segunda inter-

venção ocorreu em 2012, visando à Copa das Confederações, em junho de 2013, e a da Mundo em 2014.

Palco de eventos memoráveis, foi nele que, em 1980, João Paulo II abriu, em Fortaleza, o Congresso Eucarístico Nacional levando, para seu interior, 120 mil pessoas. Em 1995, a Igreja Católica, mais uma vez, reuniu 50 mil pessoas no mes-mo local para se despedir de Dom Aloisio Lorscheider que se transferia de Fortaleza para o sul do País.

Mas nem só para eventos religio-sos e partidas de futebol tem servi-do o Castelão. Ali também estiveram os Mamonas Assassinas, também em 1995 e, em 1996, Xuxa. A última atração foi Paul McCartney no dia 9 de maio de 2013.

A apresentação de Paul McCar-tney no Castelão, no entanto, não

ocorreu mais em um estádio ape-nas, mas em uma verdadeira are-na que contém, além do campo de futebol, outras atrações dignas de serem vistas por torcedores e curio-sos. Memória do Futebol Cearense, por exemplo, é uma delas. Ali se pode ver, por intermédio de troféus, fotos, camisas, vídeos e depoimen-tos a história do futebol cearense de 1896 até os dias de hoje. O Espa-ço Cultural, denominado Deputado Etevaldo Nogueira, é um outro am-biente importante destinado às artes plásticas. No anel inferior do estádio � ca o restaurante que possui capa-cidade para 250 pessoas e que abre de segunda a sexta-feira das 8h às 17h com comidas típicas e uma de-coração so� sticada na qual predo-minam peças de barro e folhagens do Nordeste.

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DESCONTRAÇÃO E DIVERSÃO ANIMAM O LITORAL CEARENSE

Praias do Ceará

Formado por dunas e falésias, as praias do Ceará são a última opção para turistas brasileiros e estrangeiros que queiram andar de buggy, jipe e praticar surf nas feiras e � ns de semana

C onhecidas no mundo todo, as praias de Fortaleza cha-mam a atenção por sua be-

leza. A Praia de Iracema, a mais cantada e decantada, já foi cha-mada Praia do Peixe e ostenta, em sua orla, o prédio que foi levanta-do na década de vinte pelo per-nambucano José Magalhães Por-to e que serviu de reduto poético a boêmios e intelectuais de várias gerações do Ceará: o Estoril.

O Mucuripe, um pouco mais adiante, foi cenário de um � lme de Orson Welles. Indicado pelo governo norte-americano para vir para o Brasil em 1942, o cineas-ta de Cidadão Kane e MacBethe to-mou conhecimento, em dezembro de 1941, da viagem que quatro pescadores cearenses � zeram de jangada do Ceará para o Rio de Janeiro naquele ano. Admirado, veio para Fortaleza no ano seguin-te e escolheu a Praia do Mucuripe, e não a do Peixe, de onde os jan-gadeiros saíram, como cenário de sua epopeia. Loteada por volta de 1960, a Praia do Futuro, que � ca-va em uma região distante de For-taleza, foi, pouco a pouco, sendo ocupada e hoje se tornou a mais visitada da Capital cearense.

CANOA QUEBRADA Com mais de 500 quilômetros

de praias, o litoral do Nordeste brasileiro é generoso em dar aos seus visitantes a oportunidade de encontrar a sua porção ideal en-tre mar, diversão, tranquilidade e areia. Passaram por Fortaleza, em 2013, cerca três milhões de tu-ristas, mas para muitos deles, as escarpas verticais de Canoa Que-brada soam como um dos princi-pais atrativos além-capital.

De buggy, de jipe, kite surf ou de carro alugado, a recompensa está a 164 quilômetros da Capital alencarina, no município de Ara-cati. A pequena aldeia, situada entre falésias e dunas foi desco-berta, segundo a lenda nos anos 70 por hippies e hoje é habitat multicultural, reunindo residentes e comerciantes de diversas na-

cionalidades, re� etindo essa plu-ralidade através da gastronomia e entretenimento local.

A vila, encravada no alto de uma falésia, ainda mantém seu astral al-ternativo, embora aliada ao comple-xo de pousadas, restaurantes, com acesso asfaltado e eletricidade. Apesar das aparentes facilidades e mordomias urbanas, o alto astral de Canoa sustenta-se como um dos destinos cearenses mais cobi-çados, porque esconde recantos fascinantes para casais, badalados para solteiros e diversas aventuras e atividades para pais e � lhos.

O povoado de pescadores tor-nou-se um polo turístico com ex-celente infraestrutura hoteleira. A paisagem deslumbrante insere o turista citadino longe de estacio-namentos caóticos, carros e po-luição, e, por este motivo, o lugar recebe � uxo constante de turistas, que se entregam à esfera natural do lugar e vão adequando, duran-te a temporada, até mesmo seus trajes ao clima leve e descontraído.

Durante a noite, a Broadway complementa a esfera agitada da praia. A rua que virou calçadão e teve o piso de areia substituído por pedras portuguesas é formada por bares, boates de estilos e focos musicais variados e, claro, bons restaurantes de frutos do mar. Ex-perimente também uma visita em noites de lua cheia, pois a pulsa-ção energizante de Canoa transfe-re-se para a faixa de areia: cenário de luaus e festas temáticas.

JERICOACOARA Prepare-se para incluir, em seu

mapa cearense de visitas, um destino que nem os desbravado-res holandeses e portugueses so-nharam em um dia descobrir. Esta praia, que era habitada somente por pescadores e isolada do resto do mundo, foi descoberta pelo tu-rismo em 1994, quando, também, eleita pelo jornal The Washington Post como uma das dez mais bo-nitas do globo.

Na apaixonante “toca das tarta-rugas-marinhas” (signi� cado em

tupi para Jericoaquara), o famoso prato, que leva camarão no aba-caxi, anima as noites de Forró do Restaurante Dona Amélia, que es-quentam as noites aconchegantes de Jeri e, que, só terminam quan-do a Padaria Santo Antônio anun-cia, pelo cheirinho no ar, à fornada de seus pães de queijo quenti-nhos para quem o dia acabou de começar. A padaria tem ambiente rústico, vagamente iluminado, e foi inaugurada por um ex-pescador (Sr. Antônio Marques) em 1998, ano da chegada da luz elétrica na região e abre às 2h da madruga-da, oferecendo também nozes de coco, mel e banana saindo direta-mente do forno.

Um arco rochoso, esculpido pela natureza via ondas do mar e pela ação da erosão do tempo, re-presenta o maior ícone da Praia de Jericoacoara. A “Pedra Furada”, encravada na Praia da Malhada, é, também, um dos cartões pos-tais do Ceará e está acessível via caminhada, de aproximadamente duas horas (ida e volta). Na maré alta, os guias indicam cortar o ca-minho pelo “Morro do Serrote”, passando por dentro das dunas ou optar pelo transporte via bu-ggy, locomoção comum em toda a região. Mas lembre-se: é proi-bido subir na pedra e degradar o lugar. Jeri, que já foi cenário para o � lme brasileiro “A Ostra e o Ven-to”, em 1997. O� cializado como Parque Nacional, a vila não possui postes de iluminação para preser-var a luminosidade natural da lua e das estrelas.

CUMBUCO Contando com excelente loca-

lização no Nordeste brasileiro in-serida na região Metropolitana de Fortaleza, na Costa Oeste do Ceará - a apenas 30 quilômetros do Cen-tro da Capital, encontra-se o “Cum-buco”, recanto no litoral que conta com praias paradisíacas, lagos e lagoas formadas pelas marés.

O acesso a este retiro de paz e tranquilidade é através das ro-dovias BR- 020, BR-222, 4o Anel

Viário ou CE-090. Existem também transportes alternativos e ônibus a custo bem econômico saindo de Fortaleza, com partida da Beira Mar ou Centro.

Com ventos de boa qualida-de (entre 18 e 25 nós) e mar com pouca ondulação, Cumbuco é considerada umas das melhores regiões para a prática de Windsurf e Kitesurf. Privilegiado com cerca de sete meses de ventos por ano, o mar sem rochas e sem animais desta Costa é aclamado por es-portistas do mundo todo, é o que explica o professor Alexandre Bar-th, há 11 anos no Cumbuco, ele ensina Wind e Kitesurf para turis-tas e residentes, em aulas que po-dem durar de um a quatro meses (para o Kitesurf ) ou de um a três anos (Windsurf ).

Tanto Cumbuco, quanto o muni-cípio vizinho de “Caucaia”, contam com um ótimo número de parques, estradas, agências bancárias, cor-reio, comércio, transporte (ônibus, trem), hospitais, clubes, além de boa infraestrutura turística, hospe-dagem e alimentação.

Através dos anos, a Praia de Cumbuco tem se adequado às exigências de quem visita, hoje, a macro região do Cumbuco. Conta com mais de 40 pousadas e hotéis além de uma gastronomia interna-cional com mais de 20 restauran-tes, de especialidades diversas: italiana, francesa, alemã e regional entre outras. Nesta rede, ainda em expansão, destaca-se o Hotel Gol-� nho, tradicional e aconchegante hotel instalado há 16 anos na re-gião que conta com 25 apartamen-tos, onde dois são suítes master e três apartamentos conjugados. O intimista hotel também possui Jacuzzi, piscina infantil e adulta, salão de jogos, playground, sala de eventos e dois restaurantes. Durante o jantar, é servida comida mediterrânea aliada a um cardápio recheado de frutos do mar com to-ques de comida típica.

Manhãs de beleza natural ini-gualável e um pôr do sol deslum-brante regem uma inesquecível.

FORTALEZA MOBILIZADA PARA RECEBER TORCIDASESTAMOS ESPERANDO VOCÊ

Não há Copa sem mobilidade urbana. Nesse sentido, a Prefeitu-ra de Fortaleza preparou todo um esquema para facilitar a locomoção em massa dos torcedores que se dirigirem à Arena Castelão. O Pla-no Operacional de Mobilidade para o Mundial em Fortaleza seguirá o mesmo procedimento já testado e aprovado na Copa das Confedera-ções, em 2013. Ao todo, serão sete bolsões de estacionamento nos quais os torcedores que optarem por fazer uso de veículo particular poderão, com segurança, deixar seus carros. Os bolsões � carão no Shopping Iguatemi, Universida-de de Fortaleza, Shopping Via Sul, Cambeba, Shopping Parangaba, North Shopping Jóquei e Campus do Pici, da Universidade Federal do Ceará. De lá, os fanáticos pela

Copa poderão embarcar em um dos 300 ônibus que irão operar, ex-clusivamente, em linhas expressas com destino à Arena Castelão.

Todavia, é no sistema de trans-porte público que a Prefeitura de-dica especial atenção durante os dias de jogo na Capital cearense. Em primeiro lugar, será criada uma linha especial de ônibus que liga-rá o Aeroporto Internacional Pinto Martins à Avenida Beira Mar, onde se concentra a zona hoteleira for-talezense. Haverá paradas de ôni-bus especiais também na avenida Abolição, entre a Avenida Barão de Studart e Via Expressa. A zona hoteleira da Praia do Futuro, outro ponto turístico bastante procurado por turistas, também será contem-plada, no caso, com duas linhas especiais, que farão a ligação até o

bolsão do Shopping Iguatemi.Segundo a Empresa de Trans-

porte Urbano de Fortaleza (Etufor), essas linhas especiais funcionarão entre os dias 10 de junho e 5 de ju-lho, 24 horas por dia. As mesmas linhas também servirão aos torce-dores que forem às Fan Fest – ani-madas concentrações de torcedo-res que, assim como na Copa das Confederações, reunirão, na Praia de Iracema, milhares de torcedo-res, mesclando em um mesmo coro turistas e cearenses.

PISTAS LIVRESOutro ponto importante no que

diz respeito ao transporte público é a iniciativa de deixar livres as prin-cipais avenidas que dão acesso ao principal palco dos jogos em Fortaleza, uma maneira de fazer

fluir o trânsito e, assim, dar agi-lidade a milhares de pessoas em sua locomoção. Essa operação terá início a partir da meia-noite dos dias de jogos, quando os agentes da Autarquia Municipal de Trânsito (AMC) começarão a remover veículos estacionados de forma irregular nessas vias. Paralelamente a essas ações, a AMC – que contará com um efe-tivo de 170 agentes de trânsito distribuídos em viaturas, motos e reboques – também instalará postos de triagem e bloqueios ao longo das principais vias na área da Arena Castelão, de modo a orientar os motoristas e auxiliar no fluxo do trânsito. Nesse sen-tido, a Etufor contribuirá com 220 agentes operacionais distribuí-dos ao longo dessas vias.