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Menina Lendo (s/d.), de Vladimir Ezhakov
Programa d Programa de Pós-graduação em Letras Faculdade de Ciências e Letras de Assis
CADERNO DE RESUMOS
24, 25 e 26 de abril de 2012
Programa de Pós-graduação em Letras Faculdade de Ciências e Letras de Assis
ASSIS/SP 2012
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
Vice-reitor no exercício da Reitoria
Prof. Dr. Julio Cezar Durigan
FACULDADE DE CIÊNCIAS E LETRAS DE ASSIS
Diretor
Dr. Ivan Esperança Rocha
Vice-diretor
Drª. Ana Maria Rodrigues Carvalho
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS
Coordenadora
Drª. Cleide Antonia Rapucci
Vice-coordenador
Dr. Álvaro Santos Simões Junior
IV COLÓQUIO DA PÓS GRADUAÇÃO EM LETRAS
COMISSÃO ORGANIZADORA
Coordenador
César Palma dos Santos
Membros
Adriana Marcon
Célia Cristina de Azevedo
Elisa dos Santos Prado
Letícia de Souza Gonçalves
Lidiane Moreira e Silva
Luiz Fernando Martins de Lima
Thais Nascimento do Vale
Secretário da Seção de Pós-graduação
Marcos Francisco D’Andrea
CADERNO DE RESUMOS
Projeto gráfico, capa e diagramação
Luiz Fernando Martins de Lima
APRESENTAÇÃO
O IV Colóquio de Pós-Graduação em Letras da
UNESP/Assis estará centrado na própria área de concentração
do programa de Pós-Graduação em Letras - "Literatura e Vida
Social" -, desdobrando-se em subtemas relacionados às linhas de
pesquisa do programa: 1) Fontes primárias e História Literária;
2) Expressões Literárias da Modernidade; 3) Literatura e
Representação: Gêneros e Fronteiras.
Será proferida uma conferência e serão compostas duas
mesas redondas, de modo a contemplar cada uma dessas linhas
de pesquisa, promovendo uma interação entre pesquisadores do
programa e especialistas do assunto de outros programas.
Além de conferências e comunicações gerais, o Colóquio
pretende promover também a realização de Seminários de
Pesquisa, fomentando discussões sobre projetos de alunos
ingressantes, alunos da Iniciação Científica e candidatos do
processo seletivo de programas de pós-graduação.
Assis, abril de 2012
RESUMOS – SEMINÁRIOS DE PESQUISA
O PROJETO AUTO-BIOGRÁFICO SARAMAGUIANO EM MANUAL
DE PINTURA E CALIGRAFIA E AS PEQUENAS MEMÓRIAS
Adriana Marcon (Mestranda – UNESP/Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 9:00 ÀS 11:30 – CENTRAL DE SALAS DE AULAS DE
HISTÓRIA – MINI ANFITEATRO
A presente pesquisa propõe a análise do processo figurativo, temático e
estilístico do escritor português José Saramago em Manual de Pintura e
Caligrafia (1977) e As Pequenas Memórias (2006), procurando destacar suas
semelhanças e diferenças, por meio do rastreamento dos temas e figuras
recorrentes nas duas obras. Para tal, serão consideradas as tensões de gêneros
instaladas na autobiografia quando produzida por um ficcionista, bem como o
uso de indícios autobiográficos na elaboração de um romance. Além disso,
pretende-se contrabalancear dois momentos distintos da produção do Autor,
nos quais respectivamente se enquadram as referidas obras: “período de
formação” e “período de consolidação”. Dado o cariz inovador e subversivo
apresentado na escrita de Saramago, almeja-se também, verificar a
vinculação de ambas as escrituras com os novos caminhos da ficção
portuguesa e com as diretrizes estéticas do Pós-modernismo.
O ENSINO DA LITERATURA INFANTIL NA ESCOLA E A
FORMAÇÃO DO LEITOR: UM OLHAR SOBRE AS CONCEPÇÕES
E PRÁTICAS DE PROFESSORES
Ana Suellen Martins (Mestranda – UNESP/Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 9:00 ÀS 11:30 – CENTRAL DE SALAS DE AULAS DE
HISTÓRIA – SALA 5
A leitura é uma das atividades que permite ao sujeito conhecer, além de si
mesmo, histórias e fatos a partir do olhar do outro. O sujeito que lê mergulha
num universo em que códigos se unem para transmitir informações de vários
gêneros e que, se bem interligadas, prendem a sua atenção. Assim, esta
pesquisa situa, portanto, a literatura enquanto uma prática que se concretiza
por meio da leitura, sendo a escola uma das instituições responsáveis pelo seu
ensino e trabalho com a obra literária. O modo como o texto literário é
trabalhado na escola influenciará a visão do aluno e, consequentemente, a
(de) formação do leitor. Portanto, como objetivo geral desta pesquisa, busca-
se investigar como os professores dos primeiros anos do Ensino Fundamental
concebem a obra literária e a utilizam nas aulas tanto nas atividades de escrita
como de leitura com vista a formar o leitor, desdobrando-se na análise das
metodologias usadas pelos professores. Para tal, será realizada a pesquisa de
campo numa escola pública de Assis-SP, por meio da observação e
questionário aplicado a professores das séries iniciais. A contribuição de tal
estudo fundamenta-se na investigação, de modo mais sistemático, de como a
literatura é concebida na escola, segundo a visão dos professores, e como o
seu ensino ocorre na escola para formar o aluno leitor, tudo visando à
promoção de melhorias do ensino, principalmente no da leitura.
LITERATURA E HISTÓRIA – A PRESENÇA DA METAFICÇÃO
HISTORIOGRÁFICA NAS OBRAS O PROSCRITO, DE RUY
TAPIOCA E DESMUNDO DE ANA MIRANDA
Cristiano Mello de Oliveira (UFSC)
25 DE ABRIL DE 2012 – 9:00 ÀS 11:30 – CENTRAL DE SALAS DE AULAS DE
HISTÓRIA – ANFITEATRO ANTONIO MERISSE
A obra O Proscrito (2004), do escritor Ruy Tapioca, e Desmundo (1996), da
escritora Ana Miranda, conjugam-se como obras literárias fora dos padrões
comuns da literatura brasileira e, além disso, postulam variados olhares para
alguns fatores da historiografia brasileira. O presente projeto de tese de
doutorado discute, em linhas gerais, algumas considerações através do
recorte de alguns teóricos contemporâneos que mais evidenciem a temática
da “metaficção historiográfica” nessas obras. Postulamos com a hipótese de
que os autores e as obras mencionadas desconstroem a história oficial,
partindo para uma profunda crítica da nação brasileira e da portuguesa. A
linha de pesquisa a que iremos submeter esse projeto está vinculada à
dicotomia literatura e memória e à área de concentração Literatura Brasileira.
Em um primeiro momento, esse projeto percorre as principais características
dos romances O Proscrito e Desmundo, realizando, de forma panorâmica, a
problemática dos enredos e da tessitura textual. Em um segundo momento,
buscaremos descrever a justificativa do discurso entre literatura e história,
discutindo as principais razões e os motivos que nos ambicionam a investigar
o tema aqui proposto. Em um terceiro momento, partiremos para a análise
dos objetivos gerais e específicos, buscando concatenar as principais
estratégias e metas para chegarmos ao resultado e contribuições acadêmicas
nesse projeto de tese de doutorado. Em um quarto momento, enfrentaremos
as reflexões epistemológicas e teóricas que irão movimentar a nossa linha de
raciocínio para a exploração do objeto. Em síntese, contaremos nessa etapa
com o lastro teórico de Sevcenko (1985), Santiago (1981), Esteves (2008),
Weinhardt (1994), Hutcheon (1991) entre outros, necessários para
contemplação do projeto e do tema proposto. Por último, as metodologias
que serão abordadas durante o projeto, a cronologia de execução e as devidas
referências necessárias que iremos organizar para sistematizar a nossa
pesquisa e investigação. Por fim, a contribuição desse projeto de tese de
doutorado visa explorar e instigar os romances O Proscrito e Desmundo, de
fortuna crítica escassa, instigando o esmaecimento das fronteiras entre ficção
e história oficial, alcançando novas perspectivas para a crítica contemporânea
e para a academia.
UMA PONTE ENTRE O BRASIL E A FRANÇA: HISTÓRIAS DA
MEIA NOITE, DE MACHADO DE ASSIS
Dayane Mussulini (Graduanda – UNESP/Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 9:00 ÀS 11:30 – CENTRAL DE SALAS DE AULAS DE
HISTÓRIA – ANFITEATRO ANTONIO MERISSE
Histórias da meia noite, de Machado de Assis, é composto por seis contos
que, inicialmente, foram publicados no Jornal das Famílias (1863-1878) e só
foram compilados em livro em 1873. Tendo todos eles a presença de marcas
francesas, pretende-se, à luz da Literatura Comparada e dos estudos de
intertextualidade, realizar a análise desses textos, de modo que, por meio da
localização das fontes citadas pelo autor brasileiro, seja possível apresentar
sugestões para a compreensão de como o elemento francês se manifesta na
obra machadiana, levando também em consideração todo o contexto
brasileiro do século XIX. É imprescindível relembrar que nesse período havia
uma forte tendência brasileira em se espelhar no molde francês, também
como consequência de uma política nacionalista em voga; no entanto,
possuindo Machado de Assis o olhar arguto que teve, objetiva-se levantar
hipóteses de como essa presença francesa se deu nos seus contos e com que
finalidade ela ali se insere.
A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO NA OBRA LOURENTINHO, DONA
ANTÓNIA DE SOUZA NETO & EU, DE LUANDINO VIEIRA
Denise Baleeiro Rosa (Graduanda – UNESP/Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 9:00 ÀS 11:30 – CENTRAL DE SALAS DE AULAS DE
HISTÓRIA – MINI ANFITEATRO
Este projeto pretende examinar a questão da representação do espaço na obra
de Luandino Vieira (1935), a partir da relação deste com os demais
elementos estruturais da narrativa. Como corpus da pesquisa, optou-se pelo
livro de contos Lourentinho, Dona Antónia de Souza Neto & Eu. A partir
dessa leitura, objetiva-se expor a relação que os contos pertencentes à obra
mantêm com as teorias existentes sobre o espaço. Luandino Vieira reconstrói
Angola pela visão de mundo dos protagonistas, os quais não se enquadram
nos moldes escolhidos pela sociedade no final da colonização. Nesse
contexto, aspira-se mostrar como o espaço assume um papel importante na
trajetória das personagens, pois, além de caracterizar a construção da
narrativa, contribui para a construção psicológica dos heróis, uma vez que as
mudanças do meio em que vivem delimitam o seu pensar e agir. Dessa
forma, os heróis são marcados por uma busca de identidade em meio a um
mundo que sofreu com a interferência europeia, tentando reconstituir uma
alteridade frente às culturas que criam espaços de exclusão.
A EPOPÉIA PORNÔ DE REINALDO MORAES: QUANDO A
MALANDRAGEM INVADE A ESTÉTICA NARRATIVA
Diogo Schmidt Brunner (Mestrando – UNESP/Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 9:00 ÀS 11:30 – CENTRAL DE SALAS DE AULAS DE
HISTÓRIA – ANFITEATRO ANTONIO MERISSE
Este projeto se propõe a analisar o mais recente livro do escritor paulistano
Reinaldo Moraes: Pornopopéia, lançado em 2009. Nossa hipótese é que
Reinaldo retoma uma figura clássica muito usada como objeto de análise da
sociedade brasileira: o malandro. Atualizando a discussão iniciada, na
literatura, com Memórias de um Sargento de Milícias de Manuel Antônio de
Almeida, trataremos da figura do malandro contemporâneo, do século XXI.
Com uma linguagem muito inovadora Reinaldo Moraes nos traz a trajetória
de Zeca, personagem–narrador do livro, que nos oferece uma narrativa em
potencial para se entender a figura do malandro (ou poderíamos falar em
cafajeste, outsider, anti-herói, herói pícaro?) nos dias atuais. Temos aqui
novamente a dialética entre ordem e desordem, a questão do trabalho e da
boemia. Mas Pornopopéia possui uma inovação no que diz respeito à
linguagem dessa tradição malandra no romance, - a novidade está na
narrativa, também malandra - sua relação totalmente descompromissada com
as drogas e o sexo, uma busca de prazer que tentaremos analisar como uma
possível resistência em constante tensão com uma crítica desse
comportamento na sociedade contemporânea, dentro de uma realidade cada
vez mais voltada para o trabalho mecanizado, onde a busca do prazer deve vir
sempre em segundo plano.
UM JOGO DE DÚVIDAS: HELENA, DE MACHADO DE ASSIS E LE
ROMAN D’UN JEUNE HOMME PAUVRE, DE OCTAVE FEUILLET
Ederson Murback (Graduado – UNESP/Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 9:00 ÀS 11:30 – CENTRAL DE SALAS DE AULAS DE
HISTÓRIA – ANFITEATRO ANTONIO MERISSE
Por meio do confronto entre os romances Helena, de Machado de Assis, e Le
Roman d’un jeune homme pauvre, de Octave Feuilllet, pretende-se
estabelecer uma comparação entre os dois autores e suas relativas obras, bem
como destacar a importância, a recepção e o tratamento do elemento francês
no Brasil e no romance do escritor brasileiro. É inegável a importância da
literatura e da cultura francesa no Brasil. Desde o século XVIII, a França e
sua cultura despertavam o interesse das altas classes sociais e intelectuais
brasileiras. No século XIX, a influência francesa atinge o “clímax de seu
prestígio e de sua função civilizadora” na sociedade brasileira (CANDIDO,
1977), tornando-se símbolo de cultura e erudição no país. Não é
necessário muita procura para que se encontrem, nos diversos tipos de texto
de Machado de Assis, indícios da presença francesa, já que, sendo parte do
chão cultural do autor, a literatura e a cultura francesa sempre estiveram em
diálogo com a obra de Machado (PASSOS, 1995). Partindo da afirmação de
Álvaro Manuel Machado de que “não há acaso num texto literário” (1988, p.
116), serão encontradas marcas da presença da cultura francesa na obra de
Machado de Assis e, principalmente, se fará um busca de elementos que
demonstrem o diálogo existente entre Helena e Le Roman d’um jeune homme
pauvre.
ESTUDO E TRADUÇÃO DE TRÊS ARTIGOS INÉDITOS DE
PROUST.
Felipe Navarro Bio de Toledo (Graduando – USP)
25 DE ABRIL DE 2012 – 9:00 ÀS 11:30 – CENTRAL DE SALAS DE AULAS DE
HISTÓRIA – ANFITEATRO ANTONIO MERISSE
O trabalho de iniciação científica que estamos desenvolvendo consiste, em
uma primeira fase, na tradução de três trabalhos de Proust inéditos em língua
portuguesa (Contre l'obscurité, La Bible d'Amiens - post-scriptum à la
préface du traducteur e Impressions de route en automobile). Todos eles
foram escritos entre 1896 e 1907, antes, portanto, da publicação do seu
romance mais importante, À la recherche du temps perdu. Em uma segunda
fase, desenvolve-se uma análise literária e cultural de tais textos. Neles, como
sabemos, o escritor francês discorre sobre temas – como questões de crítica
literária, movimentos artísticos e a relação entre a modernidade e os objetos
clássicos – e inaugura modos de escrever importantes tanto para a sua
produção literária subsequente quanto para a compreensão de posições
históricas e culturais de sua época, as quais, no entanto, ultrapassam o seu
enquadramento histórico para nos fornecer ferramentas para a compreensão
de problemas contemporâneos. A análise dos escritos revela-se, pois, muito
frutífera. As traduções estão sendo feitas com base na edição de Jérôme
Picon, Écrits sur l'art, e buscam desvendar e esclarecer ao leitor, na medida
do possível, as alusões sociais, históricas e culturais presentes nos textos,
para possibilitar uma compreensão mais ampla das obras.
O MAR DE AGOSTINHO NETO E FERNANDO PESSOA:
REFLEXÕES SOBRE PASSADO E PRESENTE PARA A
CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NACIONAL
Lidiane Moreira e Silva (Mestranda - UNESP/Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 9:00 ÀS 11:30 – CENTRAL DE SALAS DE AULAS DE
HISTÓRIA – MINI ANFITEATRO
As ideias de Portugal e Angola acerca de suas identidades nacionais expostas
nos poemas de Fernando Pessoa (1888-1935) e Agostinho Neto (1922-1979)
apontam para o mar como elemento fundamental para a construção histórica
de seus povos. Atentando-se às concepções simbólicas universais e
principalmente dando observância às diversas visões daquele que é
colonizado, contrapondo com àquelas do colonizador, o mar pode ser
compreendido como local de transição, de memória e, portanto, matéria
essencial para a construção histórica e do perfil de um povo. A identidade
nacional e o mar são aspectos que poderão ser verificados em obras como
Sagrada Esperança (NETO, 1974) e Mensagem (PESSOA, 1934), as quais
foram escolhidas para iniciar a pesquisa proposta. A identidade de um povo
se constroi através do tempo, estudá-la por meio de análises comparadas de
obras de arte proporcionam visões plurais, portanto bastante frutíferas, a
respeito das culturas em questão.
A POESIA ENGAJADA DE SOPHIA DE MELLO BREYNER
ANDRESEN
Luane Gonçalves Amurin (Graduanda – UNESP/Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 9:00 ÀS 11:30 – CENTRAL DE SALAS DE AULAS DE
HISTÓRIA – SALA 5
Este projeto visa fazer uma antologia comentada com os poemas da
poetisa portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen.
A poetisa viveu em Portugal Salazarista, periodo ditadorial
conturbado para muitos intelectuais da época. Shophia de Mello, com seu
caráter revolucionário, deixa transparecer todos seus sentimentos, que
também eram semelhantes aos da sociedade, de revolta e luta à liberdade.
Seus poemas abrangem o período do neorrealismo português,
movimento de concientização do fenômeno artistico, contexto em que a
teoria literária se vale de ideologias, realidade e transformação da sociedade.
VERSÕES DE MARIANA – UMA APROXIMAÇÃO ENTRE O
CONTO E O ROMANCE
Luís Roberto de Souza Junior (Mestrando – PUC/RS)
25 DE ABRIL DE 2012 – 9:00 ÀS 11:30 – CENTRAL DE SALAS DE AULAS DE
HISTÓRIA – SALA 5
A justificativa para que o projeto seja realizado é primeiramente fomentar a
linha de pesquisa na qual ele se encaixa, ou seja, escrita criativa.
Do ponto de vista teórico, a proposta aqui apresentada aborda o tema por um
ângulo novo, uma vez que combina num mesmo livro, as características do
conto – cuja função, segundo comparação de Mempo Giardinelli, é “esgotar,
por intensidade, uma situação” – com as do romance – cuja função é
“desenvolver várias situações”.
O projeto é resultado de um trabalho que vem de longe, já que se trata de um
livro cuja idéia surgiu há alguns anos, como um livro de contos, e foi
lentamente desenvolvida e transformada num romance peculiar, em que
capítulo também possa ser lido de forma independente.
ENCONTRO E RENDENÇÃO NA OBRA “ONDE ANDARÁ DULCE
VEIGA?”, DE CAIO FERNANDO ABREU
Natália Rizzatti Ferreira (Mestranda – UNESP/Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 9:00 ÀS 11:30 – CENTRAL DE SALAS DE AULAS DE
HISTÓRIA – SALA 5
O presente projeto de pesquisa tem em seu horizonte analítico investigar as
críticas à ideologia moderna e capitalista no interior da obra de Caio
Fernando Abreu (1948-1996). As relações humanas e a formação da
subjetividade dos indivíduos encontra-se no centro das principais
preocupações deste autor. Desta forma, nesta pesquisa, busca-se compreender
como a crítica empreendida pelo autor articula o conteúdo veiculado e os
traços formais, numa dialética em que através da matéria romanesca seus
temas atingem status de recurso estilístico, característicos de toda uma
ideologia. A transposição do modelo do romance europeu clássico para a
realidade de um país subdesenvolvido - e, portanto “atrasado” em relação à
carruagem histórica do progresso linear capitalista - promoverá um desacordo
entre a representação e o seu contexto. Resulta-se dessa querela – foco das
preocupações de grande parte da tradição da crítica literária do Brasil – um
terreno fértil para perscrutarmos a singularidade de nossa cultura literária.
Para tanto, toma-se como foco da análise o romance Onde andará Dulce
Veiga?, com base nos escritos de Walter Benjamin, Györg Lukács e Antônio
Candido pretendendo-se compreender a inter-relação existente no jogo entre
texto e contexto. De tal sorte, o texto de Abreu, ao se apropriar de aspectos
do romance policial em descompasso com a paisagem local, implodiria sua
forma artística e indiciaria assim a singularidade e autonomia da obra.
Problematiza-se também as possibilidades e os limites da inserção da figura
do “herói positivo” no bojo do romance contemporâneo.
OS ESPAÇOS NARRATIVOS NO ROMANCE TODOS OS NOMES,DE
JOSÉ SARAMAGO
Renata Santana (UEM)
25 DE ABRIL DE 2012 – 9:00 ÀS 11:30 – CENTRAL DE SALAS DE AULAS DE
HISTÓRIA – MINI ANFITEATRO
É no espaço que todas as ações vivenciadas pelos personagens acontecem,
sendo, portanto, a partir dele que se dá o desenrolar da história. Pode-se
afirmar que, em Todos os Nomes, o espaço estabelece um contraste com o
íntimo da personagem, visto que ele pode provocar sensações no sujeito ou,
por outro lado, o sujeito pode atribuir significado ao espaço à sua volta, de
modo que, para a compreensão da obra, é essencial a análise da forma como
o personagem percebe o mundo ao redor de si. Além disso, o espaço
estabelece relações essenciais com a categoria do tempo, que lhe confere
mobilidade e complexidade e é justamente esta interatividade que permite
uma configuração definida do espaço, concorrendo para os significados
constantes por ele assumidos na obra, que por sinal em Todos os Nomes são
muitos. A Conservatória do Registro Civil e o Cemitério Geral são os
principais espaços em que a narrativa se desenvolve; a Escola e a Cidade
aparecem como espaços secundários. Este projeto tem como objetivo analisar
os espaços narrativos de Todos os Nomes, principalmente aqueles que se
concentram na configuração da Conservatória Geral do Registro Civil e do
Cemitério Geral. Além deste, o presente trabalho visa relacionar os
elementos espaciais com os demais componentes da narrativa saramaguiana,
verificando de que modo concorrem para o desenrolar do romance e para a
construção dos sentidos construídos nesta obra.
AS COMUNIDADES INTERPRETATIVAS DO ROMANCE O ANO DA
MORTE DE RICARDO REIS DE JOSÉ SARAMAGO
Thais Maria Gonçalves da Silva (Mestre – UNESP/Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 9:00 ÀS 11:30 – CENTRAL DE SALAS DE AULAS DE
HISTÓRIA – MINI ANFITEATRO
José Saramago (1922 – 2010) escreveu em 1984 um livro que fascina o
leitor, entre outros motivos, por causa do seu diálogo com a história, seu
intertexto com a literatura e sua escrita arrebatadora: O ano da morte de
Ricardo Reis. Este trabalho propõe-se a analisar a fortuna crítica dessa obra,
observando-a pela lente da comunidade interpretativa, termo introduzido por
Stanley Fish em seu livro Is there a text in this class? (1980) para designar
diferentes leitores que aplicam as mesmas estratégias de leituras, tanto
construtivas quanto interpretativas, e que têm uma opinião comum sobre o
significado da obra. Este trabalho nasceu da percepção de que os críticos que
se dedicam à obra de Saramago, normalmente, compartilham as mesmas
ideias sobre esse e outros romances do autor. Segundo a hipótese deste
projeto, isso acontece porque esses críticos pertencem à mesma comunidade
interpretativa. Além de estudar a possibilidade da existência de uma ou
várias dessas comunidades na crítica saramaguiana, também pretendemos
investigar a possibilidade de que o próprio Saramago, através da mídia,
influenciou no modo como a crítica, ou parte dela, lê e compreende seus
romances.
RESUMOS – SESSÕES DE COMUNICAÇÃO
A VIOLÊNCIA E OS CONTORNOS DA POBREZA EM MAGGIE: A
GIRL OF THE STREETS, DE STEPHEN CRANE
Adriana Carvalho Conde – Doutoranda – (UNESP - Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE HISTÓRIA – SALA 07
A literatura pode auxiliar a refletir sobre questões relacionadas à violência,
especialmente no romance Maggie: A Girl Of The Streets (1893), no qual o
leitor poderá reconhecer os pontos que evidenciam a existência desse
problema. O mundo da personagem Maggie Johson desenhado por Stephen
Crane é governado pela violência e traduz na ficção urbana de Nova York, no
século XIX, uma nova realidade moral e social imposta pelo
desenvolvimento industrial e pelo crescimento da chamada “classe perigosa”,
referindo-se à classe trabalhadora. A história é modelada pelo naturalismo e o
romance supracitado é povoado por moradores dos inúmeros cortiços da
metrópole, caracterizados, entre vilões, alcoólatras e prostitutas, como uma
grande massa de degradados que lutam para existir em um mundo selvagem,
no qual a expressão “eat or be eaten” é levada as últimas conseqüências. A
violência em Maggie é a forma de comunicação predominante e está presente
em todos os momentos, exigindo uma leitura da narrativa de Crane além da
perspectiva naturalista, já que o tom irônico assumido pelo autor sugere uma
representação peculiar dessa violência a qual delineia a vida de abusos
sofrida por Maggie. No romance, Crane tem uma visão clara da força moral
num mundo de degradação e violência. Irradiada pelo determinismo sórdido,
a história funde elementos da pobreza, ignorância, intolerância, num contexto
violento e cruel. Nesse mundo caótico, seguimos a história da menina que
cresce num ambiente instável e violento e em uma escala descendente se
transforma de garota romântica, à prostituta de rua, até cometer suicídio.
O PESO DA MEMÓRIA COLETIVA EM DIÁRIO DA QUEDA, DE
MICHEL LAUB
Adriana Dusilek (Doutoranda – UNESP/CNPq)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 11
O objetivo desta comunicação é analisar o romance Diário da Queda (2011),
de Michel Laub (1973-), tendo como recorte a influência da memória coletiva
na constituição do narrador. O narrador é um escritor de 40 anos, judeu, que,
ao recordar seu passado e refletir sobre seu presente, toma como ponto de
partida e reiteração um episódio ocorrido quando tinha treze anos: a violência
cometida por ele e outros colegas judeus contra João, um garoto não-judeu,
na festa de aniversário deste. Além da reiteração, a importância de tal
episódio se percebe por ser João o único personagem da história que tem seu
nome mencionado no diário do narrador. Junto à reflexão sobre o evento, o
narrador faz relações entre a história de seu avô, a história de seu pai e a sua
própria história. A discussão sobre a história do povo judeu, mais
particularmente o genocídio em Auschwitz, está muito presente na narrativa,
tornando-se um peso à identidade do narrador, que problematiza a violência e
a injustiça cometidas contra qualquer ser humano, e busca um outro tipo de
relação entre pai e filho. Na presente análise será feito ainda um diálogo entre
A Memória Coletiva, de Maurice Halbwachs (1877-1945), e A Memória, a
História, o Esquecimento, de Paul Ricoeur (1913-2005).
A LITERATURA DE MIGUEL TORGA SOB AS PERCEPÇÕES
CRÍTICAS DE EDUARDO LOURENÇO E ÓSCAR LOPES
Adriano Loureiro – Mestrando (UNESP/Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 B
O objetivo deste trabalho é reunir algo das visões críticas de Eduardo
Lourenço e Óscar Lopes sobre as características artísticas do autor português
Miguel Torga, pseudônimo literário do médico Adolfo Correia da Rocha (S.
Martinho de Anta, 1907 – Coimbra, 1995). Dono de uma vasta produção, em
diversas vertentes artísticas, Torga tem, entre o Presencismo e o
Neorrealismo, o auge de sua maturidade intelectual, cujas especificidades são
cotejadas por Lopes e Lourenço nas obras Cinco personalidades literárias
(1961), História da Literatura Portuguesa (2002) e O Desespero Humanista
de Miguel Torga e o das Novas Gerações (1955). O primeiro crítico enfatiza
o processo por meio do qual a aflição humana e a particular do poeta
assumem a forma concentrada de suas manifestações literárias na produção
lírica; o segundo aborda principalmente o elemento mítico na obra contística
de Torga e faz algumas reflexões sobre o comportamento poético e político
dessa importante personalidade da literatura portuguesa do século XX.
Portanto, são as conclusões a que chegam os dois ensaístas que aqui nos
interessam registrar.
UM CRONISTA A SERVIÇO DO JORNAL: OS TEMAS
RECORRENTES NOS TEXTOS MACHADIANOS D`O FUTURO
(1862-1863).
Aline Cristina de Oliveira Cataneli (Mestranda – UNESP/ASSIS)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 C
Em meados do século XIX, o jovem Machado de Assis, que apenas dava os
primeiros passos na carreira jornalística, passa a ser um dos mais assíduos
colaboradores d`O Futuro: periódico literário luso-brasileiro que primava
pela inserção, no cenário fluminense, das literaturas pertencentes às duas
nações de língua portuguesa. O periódico, que durou apenas dez meses,
ostentava uma diretriz de caráter artístico, ignorando o modelo francês de
jornalismo, símbolo da imprensa bem sucedida da época. Tendo publicado
em dezesseis dos vinte números do jornal, Machado escrevia, com ares de
conversa entre amigos, os acontecimentos que ele considerava importantes,
ou que, embora lhe parecessem banais, pudessem interessar aos assinantes.
Sempre atento as inclinações artísticas do periódico, o cronista sabia como
enredar o leitor e mantê-lo atento do começo ao fim do texto, que era curto,
como se esperava, no tamanho exato para se ler entre as obrigações do dia.
Os assinantes d`O Futuro eram informados sobre o que havia de novo no
campo literário teatral e musical d`aqui e d`além mar. Contudo, as crônicas
não se limitavam ao simples comentário e um olhar mais atento revela que os
textos machadianos enveredavam para o campo da crítica, atividade
desenvolvida pelo escritor ao longo de sua carreira, mas que naquele
momento era veemente negada, porquanto o cronista dizia apenas comentar
as obras por ele abordadas. Destarte, as crônicas d`O Futuro, escritas no
período de 1862 a 1863, guardam um momento de aprendizagem e
despretensão de um Machado de Assis iniciante como homem de letras, mas
também são, a despeito da efemeridade do jornal, páginas de um momento
histórico em que o Brasil começava a desenvolver uma identidade cultural
enquanto Portugal esforçava-se para se manter vivo na ex-colônia.
O ESTUDO DA LITERATURA PORTUGUESA CONTEMPORÂNEA
NA REVISTA COLÓQUIO/LETRAS – SEÇÃO “RECENSÃO
CRÍTICA”
Amanda Mendes – Graduanda (UNESP/Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 09
Proponho o estudo da literatura portuguesa contemporânea por meio das
resenhas publicadas na revista portuguesa Colóquio Letras seção "Recensão
Crítica" (1980/n. 53 - 1989/n. 112). O estudante brasileiro universitário de
Letras, dificilmente tem a oportunidade de estudar a Literatura Portuguesa
Contemporânea, das décadas de 1970 até hoje, durante o curso de Graduação.
Por meio da seção "Recensão Crítica" de uma revista literária de grande
prestígio e credibilidade, Colóquio/Letras, é possível deixar os estudantes da
disciplina Literatura Portuguesa em sintonia com os novos autores e textos
literários portugueses. A pesquisa tem como objetivo a elaboração de uma
monografia contemplando comentários acerca da Literatura Portuguesa da
segunda metade do século XX, a partir de livros da história da literatura
portuguesa, contextualização sócio-histórica sobre a revista Colóquio/Letras,
considerações sobre o gênero resenha e anexos contendo fichas catalográficas
com informações sobre o resumo da obra resenhada, nomes de autores e
obras mencionadas, vida e obra do autor resenhado, breves comentários para
os principais pontos da resenha, palavras-chave, informações sobre o
resenhista, seções da revista e nomes referenciados além de textos integrais
das resenhas, sumários das revistas n.53-112 e tabelas diversas. Com base
nessa pesquisa, espera-se contribuir para o estudo da literatura portuguesa
contemporânea (segunda metade do século XX), história da imprensa
periódica portuguesa, desenvolvimento/aguçamento da sensibilidade crítica
do aluno (habilidade de leitura e produção de textos), reflexão sobre a prática
do gênero acadêmico resenha e o eventual material de apoio didático para
alunos e professores de Literatura Portuguesa, possibilitando a continuação
de pesquisas em nível de pós-graduação.
DUHEM: SOBRE A RENASCENÇA DAS CIÊNCIAS, DAS ARTES E
DAS LETRAS
Amélia de Jesus Oliveira (doutoranda em Filosofia/UNICAMP)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 B
Até o início do século XX, a Idade Média representava para os historiadores
da ciência um período infértil e sem importância. Segundo uma concepção
geral, a sabedoria antiga dos gregos havia saído de cena num contexto em
que a confusão, superstição e ignorância passam a dominar toda a cultura
humana. A passagem da Idade Média para a Renascença foi retratada
usualmente como o da passagem de um estado de dormência da humanidade
para o da revitalização de suas potencialidades. O ideário entusiasta e
engrandecedor da Renascença, promovido sobretudo por Jacob Burckhardt,
em seu livro A cultura do Renascimento na Itália, publicado pela primeira
vez em 1860 fortaleceu a visão que Giorgio Vasari defendera na história da
arte, já em 1550, e a expandiu para outras áreas da cultura humana.
Discutimos, neste trabalho, o combate à história da Renascença, empreendido
por Pierre Duhem, um historiador e filósofo da ciência, visto como o pioneiro
na defesa da importância da Idade Média para o desenvolvimento da ciência
moderna. A discussão das concepções históricas duhemianas relativas ao
empreendimento científico permite uma reflexão sobre a mudança de
perspectiva histórica ocorrida também em outros campos, como o das artes e
das letras.
EMPISMO ERETICO: CONCEITOS-CHAVE
Ana Carolina Negrão Berlini de Andrade (Doutoranda – UNESP/Araraquara)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 04
Neste trabalho apresentaremos de forma sucinta as teorias e concepções
estéticas de Pier Paolo Pasolini contidas no livro Empirismo eretico (2000),
que reúne artigos de teor cultural publicados na imprensa italiana entre os
anos sessenta e setenta. Nestes artigos, Pasolini discute três grandes temas:
língua, literatura e cinema, que, apesar de estarem divididos didaticamente
em capítulos, intercomunicam-se, imbricam-se uns nos outros. O conceito de
cinema de poesia, por exemplo, é elaborado por Pasolini a partir de analogias
a procedimentos literários, como o discurso indireto livre e a função poética,
como conceituada por Jakobson. Sendo assim, para o presente trabalho
daremos ênfase aos aspectos relacionados à literatura e ao cinema, sobretudo
no que diz respeito ao cinema de poesia o qual, além de oferecer um
paradigma de análise cinematográfica interessante, também nos permite
discutir alguns conceitos sobre a própria literariedade, uma vez que esta é a
base a partir da qual o artista teoriza o que seria a “essência” estética das
obras fílmicas.
O NARRADOR EM “VIDA OCIOSA”, DE GODOFREDO RANGEL
Ana Cláudia da Silva (Doutora– UNINCOR – UNESP/Araraquara)
Publicado em 1920, o romance “Vida ociosa”, do escritor mineiro Godofredo
Rangel, apresenta um advogado que retorna a uma cidade interiorana para
exercer a função de magistrado. O narrador autodiegético divide-se entre a
admiração e o desprezo pela gente simples que o acolhe festivamente como a
mais ilustre personalidade da região; comovido com a simplicidade que rege
a vida local, o narrador destoa daqueles que o acolhem pela consciência do
distanciamento existente entre os brasileiros letrados – dentre os quais ele se
coloca como representante - e a gente simples, por vezes iletrada, sem acesso
aos bens culturais valorizados pela classe dominante do Brasil no início do
século XX. Incapaz de vencer essa distância, coloca-se o narrador em posição
de observador privilegiado, que narra com ironia aspectos pitorescos da vida
“ociosa” da população local. Escrito em uma linguagem que Antonio
Candido denominou como “literatura caligráfica”, o romance demonstra o
apuro formal e a elegância que fizeram de seu autor o mestre de escritores
mineiros da estirpe de Autran Dourado e Carlos Drummond de Andrade.
A SÁTIRA ROMANA NA SÁTIRA FRANCESA: PETRÔNIO E A
ILHA DOS HERMAFRODITAS
Ana Cláudia Romano Ribeiro (Doutora – UNINCOR)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 04
Em geral classificada junto à literatura panfletária e satírica, A ilha dos
hermafroditas foi publicada anonimamente em Paris, em 1605. Essa obra
contém a estrutura narrativa do gênero literário inaugurado por Thomas
Morus, a utopia: um narrador viajante, que um naufrágio o faz desembarcar
em uma ilha desconhecida, regida por leis mais perfeitas do que as que regem
o mundo do narrador, em seu retorno, relata tudo o que viu. A ilha dos
hermafroditas, porém, não é uma comunidade perfeita, mas um local onde
vivem criaturas cuja vida é regida pelo princípio da dissimulação. Nesse país,
nada é deixado em seu estado natural, nada permanece o mesmo por muito
tempo, tudo, coisas e seres, muda constantemente. Essa instabilidade
encontra-se na citação inicial, possivelmente inspirada em um fragmento
sobre a loucura do mundo, atribuído a Petrônio. O autor do Satíricon e seu
personagem Trimalquião também são citados, dessa vez explicitamente, num
episódio que descreve um banquete da corte hermafrodita. O que revela a
presença de um autor satírico romano numa sátira francesa? Quais as relações
entre o tecido narrativo de uma e de outra? Responder a essas questões é o
objetivo dessa comunicação.
EU A CANÇÃO: SEBASTIÃO ALBA, O POETA E SUA POESIA.
Ana Maria Lange Gomes (Mestranda – UNESP/Assis)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 09
Sebastião Alba, pseudônimo de Dinis Albano Carneiro Gonçalves, nasceu em
Portugal e mudou-se aos oito anos de idade para Moçambique. Na África ele
publica seus primeiros poemas e acaba por ser reconhecido como um poeta
da literatura moçambicana. Sua obra ainda é pouco conhecida por um público
geral, mas amplamente valorizada dentro do âmbito dos escritores. O
objetivo deste trabalho é tecer algumas considerações sobre o autor e a obra,
sobretudo destacando o diálogo do escritor com a música, em especial a Alba
(canção provençal que culminava com a despedida dos dois amantes ao
amanhecer), como temática e estrutura de composição poética. Esta menção
clara ao universo musical, fala nos também da união íntima do escritor com a
sua arte, onde ele é a própria matéria da qual escreve, portanto é a própria
“canção”, o que talvez justifique uma recorrência de poemas metalinguísticos
em seu conjunto literário. Ao resgatar alguns elementos biográficos do
escritor, e a partir da análise de alguns poemas, procura-se divulgar
modestamente este poeta marginal, que viveu na rua e faleceu como
mendigo, atropelado por um carro na cidade de Braga.
EM BUSCA DO GÊNERO ENCENADO NAS CARTAS CHILENAS
Ana Paula Gomes do Nascimento (Mestranda em Teoria e História Literária
– IEL/UNICAMP – FAPESP)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 03
As Cartas chilenas circularam em manuscritos anônimos no decênio de 1780
em Vila Rica, atual Ouro Preto. Por terem surgido num período próximo à
Inconfidência Mineira e por terem sido atribuídas a Tomás Antônio Gonzaga,
as cartas passaram a ser lidas como um documento prenunciador desse
movimento em que o autor esteve implicado. Dessa forma, a recepção crítica
da obra se interessou mais por possíveis aspectos reveladores da realidade
histórica da época do que com a historicidade de sua forma poética.
Por essa razão, poucos estudos se ocuparam com a questão do gênero ao qual
a obra pode ser filiada, havendo consenso de que se trata de uma sátira.
Nosso estudo, porém, entende que a obra é tributária de um gênero epistolar
satírico, e por essa razão pensamos que é relevante examinar que espécie de
gênero é esta. Para tanto, recorreremos à tradição retórico-ético-poética,
ainda vigente até o século XVIII, para tentar desvendá-lo. Note-se que já no
título da obra encontra-se a menção ao gênero epistolar, faltando apenas
descobrir que tipo de carta Critilo escreve de Santiago do Chile para o seu
amigo Doroteu, residente em Espanha. Para responder a essa questão,
precisaremos estudar de que maneira Fanfarrão Minésio é retratado ao longo
de tais cartas.
UM ESTUDO EM TRÊS VERTENTES SOBRE O CONTO O GATO PRETO, DE EDGAR ALLAN POE
Anderson de Souza ANDRADE (G-UNESP/Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 04
Na história mundial, desde os antigos egípcios, o gato preto sempre teve uma
simbologia de grande importância. Animal venerado, na Idade Média, foi
perseguido pela Inquisição por acreditarem que esses negros gatos nada mais
eram que bruxas disfarçadas. Na atualidade, continua a existir uma forte
crendice envolvendo esse animal que também serviu de tema para Edgar
Allan Poe (1809-1849) em sua obra O Gato Preto (1843). Nosso objetivo é
fazer uma análise do conto e da presença do fantástico nele inserido, como
também apresentar a ampla simbologia empregada em vários momentos de
sua tessitura. Iniciamos nossa análise, em sua vertente histórica, sobre esse
animal utilizado por Poe como personagem central da narrativa. Por tratar-se
de um conto fantástico, em que habitam o sobrenatural e o irreal, partimos
também para essa vertente ao realizar nosso trabalho, utilizando conceitos de
Todorov (1975) e Darnton (1986). Outra vertente a ser comentada é a
psicanalítica para a qual lançamos mão da obra Figuração da Intimidade
(1986), de João Luiz Lafetá (1946-1996). Pretendemos mostrar que alguns
dos conceitos psicanalíticos podem ser observados nas ações do personagem
de O Gato Preto, como os indicados por Lafetá (1986): o enforcamento do
gato Pluto foi em razão da morte da mãe do personagem como vingança do
pequeno menino contra a castração mutiladora, assim como a forma em que
se deu esse assassínio (o dependuramento da forca). Portanto, o conto de Poe
leva o leitor a fazer várias leituras. Nossa intenção é analisar as várias faces
interpretativas que essa obra nos oferece.
OS ROMANCES DE ANTÔNIO DA FONSECA SOARES E O
“VULGAR” NA POÉTICA DO SÉCULO XVII
André da Costa Lopes (Mestre, UNESP –Campus de Assis)
Luís Fernando Campos D’Arcadia (Mestre, UNESP –Campus de Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 09
Uma certa porção da poesia seiscentista de língua portuguesa do século XVII
é alvo uma série de estigmas, os quais vão de “exageradamente ornamentada”
até “excessivamente vulgar”. Um exemplo clássico dessa produção poética,
de cunho principalmente lírico, está reunido em coletâneas como a Fênix
Renascida e o Postilhão de Apolo. Execradas pela crítica, grande parte desse
patrimônio cultural do período ainda se encontra manuscrito nas bibliotecas e
arquivos portugueses, como é o caso do poeta Antônio da Fonseca Soares.
Considerado o melhor conceptista do século XVII em Portugal, esse poeta e
seus romances são considerados pela critica posterior uma literatura do “cano
de esgoto”, sendo sua poesia o objeto do conceito, cunhado por sua principal
estudiosa, Maria de Lourdes Belchior Pontes, de “poesia vulgar”. Parte de
um projeto de catalogação dos escritos “vulgares” do autor, procuramos
apresentar nessa comunicação um apanhado de referências que expliquem o
uso do conceito de vulgar, e a carga retórico-poética desse termo antes de seu
uso pela estudiosa.
PEREGRINACIONES DE UNA ALMA TRISTE DE JUANA
MANUELA GORRITI: UMA NARRATIVA DE VIAGEM
Andreza Aparecida Gomes de Andrade (Mestranda – UNESP/Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 03
Terminada em Buenos Aires no ano de 1875, e publicada na coleção de dois
volumes intitulada Panoramas de la vida em 1876; Peregrinaciones de una
alma triste é um retrato de varias regiões americanas. Descreve as localidades
por onde passa a “alma triste”, ao mesmo tempo em que mostra os costumes
locais, desenhado com habilidade uma espécie de relato de viagem pela
América Latina. É um dos vários romances da escritora argentina Juana
Manuela Gorriti (1818-1892), estruturado como narrativa de viagem, com
uma narradora viajante que confere unidade a uma série de incidentes e
histórias diferentes. A narrativa conta a história de Laura, filha de uma
família de classe alta de Lima, que foge de sua casa e viaja sozinha pelo
Paraguai, Uruguai, Chile e Brasil. A fuga começa como uma forma de
rebelar-se frente às restrições daquela sociedade, contudo Laura distribui os
problemas que encontra em cada pais, fazendo o papel de uma espécie de
consciência nacional, ou consciência sul-americana. Viajando entre os
marginais, falando com campesinos, bandidos, escravos e principalmente
com mulheres, pode-se perceber que qualidades morais, assim como justiça,
generosidade e compaixão ainda permanecem nas pessoas comuns apesar do
caos social; tirania militar e política, guerras civis e disputas entre índios,
além dos roubos e homicídios frequentes a época nas regiões por onde passa.
EPÍGRAFES DE O MARIDO DA ADÚLTERA, DE LÚCIO DE
MENDONÇA: SETAS NORTEADORAS NO LABIRINTO DO
TEXTO.
Ariane Carvalho Souza (Mestranda- UNESP/Assis)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 12
O trabalho a seguir propõe uma breve reflexão sobre o romance epistolar O
marido da adúltera, publicado em 1882 pelo escritor e jornalista Lúcio de
Mendonça. A obra tem como protagonista a jovem Laura, que manipula
quem a cerca para obter o que deseja. A moça, por meio de cartas escritas à
redação do Colombo, conta que teve uma infância difícil e que, depois de
muito sofrer, encontra refúgio nos braços de Luís Marcos, um marido bom a
quem Laura não soube, entretanto, respeitar e que passa a trair. Para a
realização deste trabalho, utilizaremos o conceito operatório de
intertextualidade desenvolvido por Julia Kristeva em Introdução à
Semanálise, no ano de 1969, a partir do conceito de dialogismo de Bakhtin,
de 1929, para quem todo texto literário está inserido em um contexto; “a
‘palavra literária’ não é um ponto (um sentido fixo), mas um cruzamento de
superfícies textuais, um diálogo de diversas escrituras: do escritor, do
destinatário (ou da personagem), do contexto cultural atual ou anterior.”
(KRISTEVA, 1974, p.62). Especificamente para este trabalho, será
imprescindível também o uso do conceito de Paratexto, de Gerard Genette,
de 1982, em que o teórico ressalta que a análise do paratexto é fundamental
para toda e qualquer obra. O Marido da adúltera tem como epígrafe três
citações indiscutivelmente deterministas, que funcionam como setas
norteadoras do caminho a ser percorrido. Desta forma, tentaremos esclarecer
rapidamente a função dos paratextos, lembrando que suas importâncias são
incontestáveis e corroboram para que o leitor percorra o labirinto sugerido
pelo texto à luz de teorias naturalistas bem definidas e bem explicitadas
desde o início de sua configuração.
UM DESLIZE NA EPÍGRAFE DA PARTE III DOS “VERSOS A
CORINA”
Audrey Ludmilla do Nascimento Miasso (Pós-graduanda em Literatura -
Centro Universitário Padre Anchieta)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 C
Os “Versos a Corina” são o vigésimo sétimo poema das Crisálidas, de
Machado de Assis. Composto de seis partes, os versos são dedicados à
Corina e as partes como um todo recebem epígrafe de Dante Alighieri.
Contudo, para cada parte há uma epígrafe, começando por Briseux, passando
por Houssaye, Mickiewicz, o abreviado A. M., Silvio Pellico e finalizando
com Homero. Nesse estudo nos aprofundamos na epígrafe da parte III dos
“Versos a Corina”, que Machado aponta no livro como sendo versos de
Adam Mickiewicz, retirados dos Sonetos a Crimeia. Na leitura de tais
sonetos não é possível encontrar versos semelhantes aos traduzidos por
Machado na epígrafe (Machado não conhecia o polonês, provavelmente se
valeu da tradução francesa de Christiano Ostrowski), porém, ao lermos os
versos que compõem as “Poésies Diverses”, presentes no primeiro volume de
Oeuvres Poétiques Complètes, tradução de Christiano Ostrowski,
encontramos versos semelhantes na parte intitulada “Elégies”, no poema “A
D. D.”. Dessa maneira, inferimos um deslize do autor ao indicar suas fontes.
A proposta não é condenar o autor por seu deslize, mas entender de que
maneira ele pode ter ocorrido e como essa epígrafe se articula com o poema
machadiano.
TODA CRÔNICA?: ANÁLISE SOBRE TODA CRÔNICA DE LIMA
BARRETO
Áureo Joaquim Camargo (Doutorando – UNESP/Assis)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10
Publicados em 2004, pela Agir, sob a organização das pesquisadoras cariocas
Beatriz Resende e Rachel Valença, os dois volumes de Toda Crônica: Lima
Barreto foram recebidos pela crítica como um trabalho de fôlego na
compilação das crônicas produzidas pelo escritor carioca Lima Barreto
(1881-1922). O objetivo desta comunicação é comparar a organização dos
dois volumes de Toda Crônica: Lima Barreto com as organizações feitas
anteriormente da obra do autor, principalmente a realizada em 1956 pela
Brasiliense, sob a direção de Francisco de Assis Barbosa. Pretende-se, assim,
cotejar as organizações e apresentar as semelhanças e diferenças para, com
isso, analisar os critérios de seleção usados pelos organizadores. A
comunicação, então, dividir-se-á em três momentos: 1º - descrição da
organização dos volumes de Toda Crônica; 2º - cotejo entre as organizações
de Resende & Valença e a de 1956, e 3º: análise dos critérios usados pelos
organizadores para compilação das crônicas de Lima Barreto.
MENINOS DE RUA E A CHACINA DA CANDELÁRIA: A
REESCRITURA DA NOTÍCIA POR GONÇALO FERREIRA DA
SILVA
Bárbara Laís Falcão da Silva Cação (Graduanda – UNESP/Assis –
FAPESP)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 11
Este estudo tem como objetivo apresentar aspectos da obra do poeta
Gonçalo Ferreira da Silva por meio da análise do folheto Meninos de rua
e a chacina da candelária com vistas a demonstrar que, apesar de ter
formação acadêmica, o autor utiliza praticamente as mesmas ferramentas
empregadas pelos poetas pioneiros da literatura de cordel com o intuito
de aproximar-se de seu público-leitor. Uma leitura mesmo que apressada
dos poemas de Gonçalo nos permite conceber a presença, por meio da
intertextualidade, de poetas como Leandro Gomes de Barros, João
Martins de Athayde e tantos outros que, de forma pioneira, lançaram
mão dos versos simples e rudes para retratar a realidade circundante.
Analisando o folheto em tela, reelaborado a partir de uma notícia
divulgada pelos meios de comunicação oficial, constatamos que o poeta
lança um novo olhar sobre o universo e a mídia globalizada, recriando os
significados a partir do processo de releitura.
AS PERSONAGENS PROUSTIANAS EM “EPISTOLOGRAFIA” E
“CIRCO DE CAVALINHOS”, DE MÁRIO DE ANDRADE.
Beatriz Simonaio Birelli. (Mestranda – UNESP/ASSIS)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 04
O presente trabalho visa analisar duas crônicas de Mário de Andrade,
intituladas “Epistolografia” e “Circo de Cavalinhos”. Nos dois textos,
publicados no livro Táxi e crônicas no Diário Nacional, organizado por Telê
Porto Ancona Lopez (2005), o cronista transfigura suas próprias experiências
para discutir aspectos que considerava importantes para a literatura brasileira;
no entanto, ao longo de suas reflexões, Mário refere-se ao escritor francês
Marcel Proust, mais especificamente, a suas personagens. Aparentemente, as
personagens proustianas não possuem nenhuma relação com os textos em
questão, que abordam a incapacidade da linguagem e da inteligência humana
de analisar a si mesmas e o desaparecimento na cultura brasileira dos circos
paulistanos. Mas o confronto entre os textos pode demonstrar que sua
presença não é gratuita. Dessa forma, pretende-se mostrar de que maneira e
com qual função o escritor de Macunaíma inseriu em crônicas com temáticas
diferentes o mesmo elemento estrangeiro, focalizando o aproveitamento
criativo feito pelo escritor brasileiro em seus textos feitos “ao correr da
pena”.
SÃO PAULO: A CIDADE DAS SENSAÇÕES
Bruna Araujo Cunha (Mestranda/UFV)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 12
A percepção do espaço é fruto da experiência humana. Já o disse Antonio
Dimas. Buscando compreender a interação do espaço na poesia moderna, este
estudo se concentra na área de literatura e sociedade, observando com
Antonio Candido que a realidade criada pelo poeta não é a realidade do
mundo empírico, mas dialoga com realidade exteriores. Nesse sentido, nos
propomos a analisar na obra Paulicéia Desvairada (1922), de Mário de
Andrade, a tensão entre o “eu” e a “cidade”, já bastante identificada pela
crítica, porém com o objetivo de investigar a figurativização da cidade,
referências de espaços públicos da capital paulista e possíveis relações entre
São Paulo dos anos 1920 e a paulicéia marioandradiana . Dessa forma,
trabalharemos com os conceitos de espaço semantizado e polissensorial,
tendo em vista que são condizentes com os poemas da obra modernista, nos
quais o eu-lírico constroi a cidade por meio de vivências e sensações.
ESFERAS REPRESENTATIVAS DO UNIVERSO CABOVERDIANO
NA FICÇÃO DE HENRIQUE TEIXEIRA DE SOUSA.
Bruna Carolina de Almeida Pinto (Mestranda – UNESP/Assis – FAPESP)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 09
A representação do universo caboverdiano no contexto da obra de Henrique
Teixeira de Sousa (1919 – 2005) é de grande valor para a compreensão do
espaço e tempo históricos da Ilha do Fogo, localidade onde viveu o autor. O
conjunto de sua obra oferece uma leitura dessa sociedade e uma visão
panorâmica dos conflitos nela gerados com o surgimento de uma nova classe
que aos poucos substitui a então elite dominante formada, em sua maioria,
por descendentes de portugueses que ali se instalaram em virtude da
colonização de Cabo Verde. Ilhéu de contenda (1978) apresenta um enredo
voltado para os conflitos gerados por esses dois extratos sociais. O romance é
aqui analisado e interpretado segundo os processos de formalizações
literárias da realidade social circunscrita nos três romances que compõem a
trilogia: Ilhéu de contenda (1978), Xaguate (1987) e Na Ribeira de Deus
(1992), os quais são objetos centrais desta pesquisa.
A CRONOTOPIA E A EXOTOPIA DOS “TRIBALISTAS” EM
“BATOM NO DENTE”
Bruna de Souza Silva (Graduanda – UNESP/Assis – BAAE)
Igor Augusto Leite (Graduando – UNESP/Assis)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 C
Esta comunicação, derivada de um projeto inicial de pesquisa científica, tem
como objetivo analisar as relações dialógicas dos cantores-compositores
Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown, construídas de maneira
dialógica e constituídas por vivências diversas que, ao se reunirem,
constroem marcas autorais peculiares, conforme seus estilos individuais em
um mesmo tempo e espaço. Como representação do processo de produção,
circulação e recepção tribalista, propõe-se analisar a canção “Batom no
dente”, em processo de composição pelos artistas mencionados, divulgado
em 2004, no DVD Barulhinho Bom. A teoria que fundamenta este estudo
encontra-se no cerne do próprio objeto, que a solicita já em sua constituição:
a filosofia dialógica da linguagem do Círculo Bakhtin, Medvedev,
Volochinov e, em especial, as concepções de diálogo, sujeito, autoria,
exotopia, cronotopia e gênero. Como não há uma metodologia consolidada
de análise do gênero discursivo ou uma proposta que enfatize o aspecto
arquitetônico de construção do discurso, esta comunicação propõe uma
pesquisa de natureza qualitativa com caráter interpretativista, composta por
etapas de análise de gêneros que partem do texto, mas o vêem sempre no
âmbito de sua mobilização pelo gênero, por meio do discurso. Esta
apresentação justifica-se pela tentativa de compreensão do processo de
produção, circulação e recepção do cotidiano tendo como objeto delimitado
de pesquisa a composição da canção como discurso intergenérico formado
em um mesmo “tempo” e “espaço”: o estúdio e a canção como tribais. A
hipótese é a de que a relação dos cantores-compositores intensifica-se com o
tempo e essa convivência desenvolve um estilo de conjunto construído
pelascaracterísticas estéticas de cada membro. Por isso, a composição de uma
canção apresenta marcas de todos os envolvidos de maneira democrática e
não hierárquica, o que possibilita a inovação da produção da canção na
contemporaneidade: uma tribo individual e carreiras solo tribais, como é o
caso estudado.
A REVISTA GUANABARA (1849-1856) E A BUSCA DO
NACIONALISMO LITERÁRIO ATRAVÉS DE ALGUNS POEMAS
Bruno Colla (Mestrando – UNESP/Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10
A Guanabara: revista mensal científica, artística e literária (1849-1856) foi
fundada por escritores do primeiro período romântico no Brasil – Gonçalves
Dias, Manuel de Araújo Porto Alegre e Joaquim Manuel de Macedo. Logo
no número de estreia, os redatores publicaram um manifesto de intenções,
cujo discurso apresenta-se articulado com a afirmação da nacionalidade
literária e artística brasileira. Esta apresentação visa demonstrar duas
maneiras distintas de tratar desse assunto. Uma delas é a valorização do
indígena como representante original brasileiro, como se mostrará em análise
do poema “Itaé. Idílio Americano”, de Antonio Joaquim de Melo, autor
pouco conhecido atualmente. Outra forma de expressão é o sentimento
amoroso, contido em “Não sei (escrito no álbum de uma senhora)”, de
Joaquim Manuel de Macedo, autor conhecido, mas cujo poema caiu no
ostracismo. A escolha desses textos justifica-se por uma recuperação literária
de composições que tiveram e tem a contribuir para a literatura brasileira, por
meio de análises de composições poéticas em fonte primária.
A DESCOBERTA DA AMÉRICA:
VISÕES DO DESCOBRIMENTO NA VOZ DE UMBERTO ECO.
Camila Aparecida Landucci (Mestranda – UNESP/Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 04
Fundado sob a perspectiva de um estudo sobre a cultura e sua representação,
que observa na crônica A descoberta da América (1968), do escritor italiano
Umberto Eco, imagens e visões da descoberta do continente americano, esse
trabalho pretende tecer algumas considerações sobre o gênero híbrido da
crônica e as extremidades que ela toca no panorama literário contemporâneo,
partindo da discussão de conceitos de gênero e fronteira. Tal escolha é
justificada pela posição intelectual, artística e acadêmica de Umberto Eco,
que recria o momento da descoberta das terras americanas dos mais variados
ângulos e perspectivas, projetando diferentes visões do fato histórico, por
meio da abundante apropriação polifônica, representadas nas vozes narrativas
de personagens fictícios e históricos. No tecido tramado por Eco é possível
perceber o predomínio das zonas fronteiriças que oscilam entre o instantâneo
e o fragmentário, os quais, consequentemente, identificam-se com a presença
de múltiplos espaços e o entrecruzar do tempo presente com o passado, que
ao se transporem para o campo estético, possibilitam a conexão entre
diferentes imagens literárias e favorecem o caráter híbrido que se verifica nas
grandes obras de arte da contemporaneidade. Dessas conexões, a literatura
estabelece pontes com diferentes áreas e possibilita a aproximação de
específicas práticas culturais, inserindo-as na mesma expressão, conforme
observamos na relação que o texto literário estabelece com o jornalismo.
Assim, a crônica econiana, imbuída de traços característicos da estética
literária e publicada em veículos nos quais predominam outras textualidades,
discute a situação do entre-lugar americano de forma irônica, porém lúcida e
apresenta um posicionamento crítico sobre a dominação e exploração
europeia, que moldou as linhas e as formas a serem replicadas pelo novo
mundo e que refletem ainda hoje na sociedade pós-moderna.
“FANFRELUCHES”, DE PEDRO MALAZARTE
Camila Soares López (Mestranda – UNESP/Assis)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10
Pedro Malazarte, pseudônimo do poeta e teatrólogo Antonio Soares de Sousa
Junior, manteve na Gazeta de Notícias, no início da década de 1890, a coluna
“Fanfreluches”. Em tal espaço, que aparecia diariamente no jornal de Ferreira
de Araújo, Malazarte divulgou sátiras que ridicularizavam os indivíduos e as
condições estruturais do Rio de Janeiro da época, além de chacotear os que
almejavam o retorno da Monarquia e as peças de teatro que considerava um
fracasso. Foi um dos primeiros, ainda, a colocar em questão, nas páginas da
Gazeta, a poesia de Cruz e Sousa. Publicou, também, poemas líricos,
caracterizados pelo apelo à subjetividade, à temática da natureza e o elogio às
mulheres, e que contrastam com a sua produção satírica. As estrofes de Pedro
Malazarte são objeto de investigação deste trabalho; propõe-se a
apresentação de alguns de seus versos, a fim trazer à luz os escritos desse
autor que se inseriu no momento parnasiano-simbolista, quando, no Brasil, a
poesia foi gênero de destaque, inclusive nas páginas da Gazeta de Notícias.
NA ROLANÇA DA VIDA: OS MÚLTIPLOS CONTRASTES DE
MÁRIO LAGO
Carla Drielly dos Santos Teixeira (Graduanda em História – UNESP/Assis)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 11
A biografia abre espaço para o entendimento das incertezas e indecisões,
permitindo uma incursão na temporalidade, ao mesmo tempo em que desfaz
a ideia de uma racionalidade que ordena os acontecimentos e as ações
humanas, abrindo, assim, a possibilidade de equilíbrio entre a trajetória
individual e o sistema social como um todo. Na biografia de Mario Lago
(1911-2002) há um ponto que merece atenção do historiador, uma vez que
parte do próprio autor o empenho na reconstituição do processo
memorialístico, o que transforma sua vida em matéria de memória social.
Tais ponderações nos permitem realizar reflexões significativas sobre os
aspectos citados, considerando que a relação do autor com a cultura boêmia e
a cultura política, vinculada à militância no Partido Comunista, expõe um
curso de vida bastante original. A proposta deste trabalho é analisar a
trajetória de Mario Lago com o intuito de (re)pensar a dinâmica cotidiana no
Rio de Janeiro sob aspectos culturais e políticos apresentados pelo autor em
sua obra “Na rolança do tempo”, publicada em 1976.
SINGULARIDADES DE UMA RAPARIGA LOURA: DA PALAVRA
ESCRITA À LINGUAGEM AUDIOVISUAL
Carlos Alberto Correia (Doutorando – UNESP/Assis)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 03
O conto Singularidades de uma rapariga loura tem uma trajetória bastante
interessante no que se refere ao suporte pelo qual vem sendo veiculado.
Originalmente publicado como suplemento-brinde do Diário de Notícias em
1874. Revisado por Eça a convite de Eugênio Castro passa a compor uma
coletânea de contos publicados postumamente em 1902. E em 2009, a
narrativa reaparece revisitada pelo importante diretor português Manoel de
Oliveira, que escolhe adaptar o conto e transportá-lo da palavra escrita para
linguagem audiovisual. Neste percurso, este trabalho tem como finalidade a
partir de uma perspectiva comparada pontuar aspectos de redução, adição,
deslocamento e transformação apontados por José Batista Brito (2006),
presentes na nova produção revisitada pelo olhar de Manoel de Oliveira. A
fim de delimitar o trabalho nos fixaremos em dois elementos da narrativa:
enredo e personagens, e como tais se reconfiguram na nova produção
audiovisual. Para tal, primeiro far-se-á um percurso pela estética Realista-
Naturalista, pontuando as diferenças entre o vocábulo realista, os pormenores
em Singularidades e a sua nova concepção para linguagem audiovisual.
ALEGORIA E IMPLOSÃO DA LINGUAGEM EM O NOVO SISTEMA
DE HILDA HILST
Carlos Eduardo dos Santos Zago (Mestrando – UNESP/Assis – CAPES)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 12
Em 1968, a escritora Hilda Hilst, já conhecida pela feitura de poemas,
escreve sua terceira peça teatral, O novo sistema. Cria-se para o palco uma
distopia de atmosfera parecida a 1984, de George Orwell, que funciona como
alegoria à ditadura militar brasileira, em um sentido maior, ou a qualquer
outra forma de totalitarismo. Com o mundo dominado pela técnica
instrumental e pelas leis da Física, Hilst se utiliza de uma gama vasta de
discursos – religião, pedagogia e ciência – para denunciar, inclusive
formalmente, como se montam as estruturas aniquiladoras e alienantes que
rumam os sujeitos para uma massa homogênea de seres amorfos. Esta
comunicação pretende mostrar como a peça forma-se por um mosaico de
linguagens e como Hilda Hilst quanto voz autoral detona as funções das
linguagens ao fazer, por exemplo, com que conceitos da Física passam da
objetividade científica à plurissignificação da linguagem poética.
O ROMANCE MODERNO DE ITALO SVEVO E GRACILIANO
RAMOS
Carlos Felipe da Silva dos Santos (Graduado – UNESP/Assis)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 04
A partir do século XX, as obras literárias passaram por modificações quanto
à sua estética e, principalmente, quanto à sua forma de interpretação. Isso se
deu por vários motivos. No Brasil, por exemplo, mais especificamente na
década de 1920, essa revolução na maneira de escrita literária se deu por
causa da Semana de Artes Modernas, na qual o principal intuito dos artistas
era se livrar das formas antigas e estrangeiras e dar às artes, em geral, um
toque propriamente brasileiro. Outra contribuição para essa transformação foi
a influência das vanguardas europeias, sobretudo do Futurismo e do
Impressionismo. Na Itália, nesse mesmo período, encontramos variados
escritores contemporâneos, porém, com obras diferentes. Se pensarmos em
grandes nomes, encontramos Luigi Pirandello, sobretudo no teatro, Aldo
Palazzeschi, representando as obras futuristas, e Italo Svevo com o romance
A consciência de Zeno, objeto de discussão a ser tratado aqui nesse trabalho.
Várias características do romance moderno podem ser encontradas na obra de
Svevo, como a incapacidade do protagonista, o fluxo de consciência que dará
a atemporalidade do romance e também o próprio gênero memória, que se
tornou frequente nas obras modernas. Outro exemplo de tais aspectos
modernos é o romance São Bernardo, do escritor brasileiro Graciliano
Ramos. Pertencente já à segunda fase modernista, a obra mostra com clareza
como que se dá essa transformação desejada pelos artistas. A proposta é
apresentar um ensaio analítico entre as duas obras citadas. Somente com uma
leitura superficial não conseguimos encontrar semelhanças entre elas, a não
ser pelo fato de pertencerem à mesma fase literária; mas, se nos atermos aos
detalhes, ato necessário para melhor se compreender uma obra,
principalmente as alegóricas, percebemos algo em comum entre elas. Por
mais que sejam de diferentes temas, a essência é bem parecida e podemos vê-
la nos protagonistas e também em sua estrutura.
LITERATURA E POLÍTICA O CONCEITO DE DEMOCRACIA EM
ENSAIO SOBRE A LUCIDEZ, DE JOSÉ SARAMAGO.
Carolina Braconi dos Santos – (Graduanda – UNESP/Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 09
Este projeto de pesquisa tem como propósito realizar uma análise do romance
Ensaio sobre a lucidez (2005), do escritor português José Saramago. O
romance narra as eleições em um país imaginário, onde um fenômeno
eleitoral inusitado deflagra uma série crise política. Ao término das
apurações, descobre-se um espantoso número de votos em branco, uma
possível “epidemia branca” que remete ao Ensaio sobre a cegueira, do
mesmo autor. A pesquisa tem como objetivo as considerações sobre os
aspectos temáticos concernentes às noções de democracia, totalitarismo e
representatividade que será fundamentada nas reflexões de Hannah Arendt. O
propósito da pesquisa, portanto, é evidenciar que Ensaio sobre a lucidez
apresenta uma estrutura romanesca cujos constituintes narrativos são
entretecidos de modo a compor um painel acerca das imprecisões inerentes
ao conceito de democracia no mundo ocidental. Em razão disso, configura-se
como uma via estética de reflexão acerca da representatividade política, a
partir de situações narrativas insólitas, mas fortemente marcadas por
impasses próprios do exercício político no mundo ocidental contemporâneo.
A CONFIGURAÇÃO MÚTUA DE DOIS ESTILOS: O CLASSICISMO
E O BARROCO
Carolina Tomasi (Doutoranda – USP – CNPq)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 B
O estudo que propomos nesta comunicação parte de uma semiótica da estesia
e não das divisões estéticas em períodos, com base em um contínuo que
considera, de um lado, objetos de dominância clássica e, de outro, objetos de
dominância barroca (Wölfflin, 2006). A simplificação que propomos toma
como base elementos do próprio texto (Hjelmslev, 1975), sem recorrer a
nomenclaturas variadas e destituídas muitas vezes de relação direta com a
estrutura imanente ao texto. Para Mukarovski (apud LOPES, 1997, p. 295),
“a linguagem poética tende a enfatizar o valor autônomo do signo”. Dessa
afirmação decorre que todos os planos de um sistema lingüístico
desempenham valores autônomos, diferentemente da linguagem de
comunicação que desempenha um papel instrumental. Partimos da hipótese
de que podemos encontrar elementos barrocos em uma obra clássica, assim
como elementos clássicos em uma obra barroca. Interessa-nos não o termo
simples, isolado (por exemplo, barroco, clássico, neobarroco), mas o termo
complexo: um texto seria mais barroco e menos clássico, sem possibilidade
de exclusão. Identidades e diferenças convivem em um processo dialético em
que um termo positivo implica sempre seu negativo, formando uma síntese
que se constitui em tese para nova antítese, que produzirá outra vez uma
síntese. Outra questão que evoca este projeto: que lógica produz
conhecimentos discretos que opõem uma estética a outra? Tensivamente, um
termo X ou é mais ou é menos, ou pende mais para uma coisa ou para outra.
Trata-se de uma postura metodológica que partirá da estrutura do objeto sob
análise para investigar o barroco e o classicismo como cifra, um tipo de
configuração mútua, presente nos textos em maior ou menor grau: “um texto
é mais barroco ou menos barroco, mais clássico ou menos clássico”.
CONSIDERAÇÕES SOBRE OBJETOS PESSOAIS DE SENTIDO
SOCIAL NO CONTO “THE DRAGON”, DE MURIEL SPARK
Célia Cristina de Azevedo Ask (Doutoranda – UNESP/Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE HISTÓRIA – SALA 07
A crítica feminista tem adotado parâmetros interessantes ao tratar das
questões relativas ao lugar da mulher na história, principalmente levando-se
em consideração o lugar social deste grupo na contemporaneidade. Para as
feministas, a história oficial relegou as vivências femininas a um segundo
plano, ignorando experiências enriquecedoras, capazes de contar a história
humana para além da realidade do grupo masculino. Ao distinguir as
experiências pessoais e sociais de mulheres e homens em espaços
diferenciados, a crítica feminista deseja, de modo mais contundente,
evidenciar que as mulheres apresentam vivências peculiares, de modo que a
distinção que se impõe entre os dois gêneros seja um elemento que contribua
para que a sociedade contemporânea possa caminhar rumo a um futuro
socialmente mais justo, respeitando as diferenças. Este posicionamento da
crítica feminista, neste trabalho, tem a função de contribuir para uma leitura
“interessada” do conto “The Dragon”, de Muriel Spark, em que as
experiências pessoais e sociais de uma figura feminina dominante levam-na a
um isolamento social que evidencia o processo de empoderamento das
mulheres. A observação desta personagem em seu ateliê, espaço físico cuja
simbologia adentra o campo social, pode permitir-nos visualizar a zona
selvagem que Showalter (1985) identificou como espaço das mulheres e,
mais ainda, compreendê-la e (re)valorizá-la.
O DOM DE ENTENDER OS ANIMAIS (E REVELAR OS HOMENS):
UMA LEITURA DE “GALINHA CEGA” DE JOÃO ALPHONSUS
Cilene Margarete Pereira (Doutora/UNINCOR)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 11
Apesar de bastante elogiado pela crítica, o escritor mineiro João Alphonsus,
filho do célebre poeta simbolista Alphonsus de Guimaraens, tem sido alvo de
poucos estudos, sendo um dos mais importantes os trabalhos de Fernando
Corrêa Dias (João Alphonsus: tempo e modo) e João Etiene Filho (João
Alphonsus) para a coleção Nossos Clássicos, publicados, respectivamente,
em 1965 e 1971. Autor de dois romances, Totônio Pacheco (1935) e Rola-
moça (1938); e de três livros de contos, Galinha cega (1931); Pesca da
baleia (1941) e Eis a noite! (1943), chama atenção na obra de João
Alphonsus a atitude afetiva de seu narrador com o mundo animal. Para o
crítico Fernando Corrêa Dias, aos animais presentes na ficção do escritor
mineiro “se atribuem sentimentos análogos aos nossos” (DIAS, 1965, p. 38).
João Alphonsus parece, com isso, humanizar o bicho enquanto promove um
processo de animalização do homem de maneira um pouco diversa (porque
não circunscritas a aspectos sociais ou geográficos) da proposta por
Graciliano Ramos em Vidas Secas (1937), em que as condições da terra e da
exploração do homem sobre o homem ajudam a embrutecer o vaqueiro
Fabiano e sua família. Dando início a uma pesquisa sobre a narrativa de João
Alphonsus, integrada ao grupo de pesquisa “Minas Gerais: diálogos”, esta
comunicação pretende fazer uma reflexão sobre este processo de
humanização dos animais no conto “Galinha Cega”, entendendo-o como um
aspecto que universaliza a ficção do autor.
A REPRESENTAÇÃO DA EXPERIÊNCIA ESPIRITUAL NA
LITERATURA: UMA LEITURA DE A ARCA DA ALIANÇA DE
CARLOS NEJAR.
Cínthia Marítz dos Santos Ferraz Machado (Mestranda – UFV)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 11
Frequentemente surgem questionamentos sobre a influência religiosa dentro da
literatura, e sobre a (im)possibilidade de aproximação e intersecção entre
Teologia e Literatura, uma vez que a primeira constitui uma ciência e a segunda
é considerada como arte. O que acontece é que, sendo ciência, a Teologia trata
do ser humano e, por isso, é antropológica: ela pretende ser conhecimento
especulativo e racional sobre a natureza de Deus e suas relações com o homem.
A Literatura também trata dos homens, dos seus sonhos, do seu modo de viver,
enfim, é conhecimento ficcional e representação do mundo; lança seu olhar sobre
a realidade e os homens inseridos nela. Logo, Teologia e Literatura têm algo em
comum: as artes literárias são uma forma de comunicação de que a mensagem
teológica pode e sempre se utilizou. Deste modo, elas ajudam a completar a
visão que a Teologia tem do homem, uma vez que cuidam da relação entre este e
o estar no mundo por um viés distinto do das ciências. Nessa mesma esfera, o
encontro com Deus se nos faz por intermédio da linguagem, ou seja, por meio do
discurso, visto que as experiências espirituais só se nos tornam acessíveis por
intermédio da comunicação. Cabe então, o questionamento sobre como se
constrói e se manifesta a espiritualidade e o sentimentalismo, na alfaiataria em
que se transforma, muitas vezes, a linguagem literária.
A OUSADIA DE MADAME OLENSKA EM THE AGE OF
INNOCENCE, EDITH WHARTON (1920)
Cíntia de Vito Zollner (Graduanda – UNESP)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE HISTÓRIA – SALA 07
Na Nova Iorque do final do século XIX, Newland Archer, um advogado em
ascensão, apaixona-se por Ellen Olenska, prima de sua futura esposa recém-
chegada da Europa. A exuberante Condessa, recém-separada de seu marido,
um conde europeu, decide reconstruir sua vida em Nova Iorque e reatar laços
familiares; contudo, ousa chocar a alta sociedade conservadora de 1870,
escandalizando a muitos com seus modos liberais. A imagem da mulher
ousada frente às representações socias da época é fato marcante na narrativa
ficcional de Edith Wharton (1920) e neste estudo pretendemos analisar e
discutir tais aspectos.
MAGIA E LITERATURA NO EGITO ANTIGO: O PAPIRO
WESTCAR E O CONTO DAS MARAVILHAS NO REINADO DE
KHUFU
Cintia Prates Facuri (Graduanda - USP)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10
Ainda pouco conhecida fora dos círculos da egiptologia, a literatura egípcia
antiga tem-se mostrado extremamente heterogênea. Dentre os escritos
estudados pelos egiptólogos, surgiu uma série de narrativas que poderiam
inquestionavelmente ser classificada como literatura no sentido que temos
hoje. No entanto, ainda existem muitas questões a respeito da forma como
estas narrativas eram transmitidas, para quem eram destinadas, se eram
transmitidas oralmente e posteriormente registradas em escrita, entre outras
questões que permanecem sem resposta. Neste estudo, será apresentada a
narrativa fantástica do Papiro Westcar, podendo ser considerada um dos mais
antigos textos literários faraônicos já encontrados e estudados. O texto está
preservado em um único documento e tem sua composição datada de cerca
de 1650 a. C. A partir da apresentação do manuscrito e da tradução do quarto
conto desta série, serão analisados os aspectos literários e as principais
características da narrativa.
REVISTA KOSMOS: A PADRONIZAÇÃO DO REFINAMENTO
Clara Asperti Nogueira (Doutoranda — UNESP/Assis — CAPES)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10
No advento da República, o periodismo, que vinha de anos de estagnação
temática, encontrou no novo cenário político a chance de se renovar. A
imprensa finissecular, apoiada na renovação político-social da nação, não
apenas estamparia a Belle Époque nacional, fruto deste novo ambiente
político, como também absorveria as recentes tecnologias em disposição que
fariam a transposição da até então imprensa rudimentar para a nova fase
empresarial. Nesta efervescência de tecnologias, a imprensa carioca seria
atualizada. É neste novo contexto técnico, considerado fervilhante, da virada
para o século XX que apareceram as sessenta e quatro edições da revista
Kosmos (1904-1909). A revista lançada em janeiro de 1904 tinha como
missão — extraoficial — traduzir para nação, através de suas colunas
literárias, reportagens e, sobretudo, imagens iconográficas, o cosmopolitismo
efervescente da urbe carioca. Deste modo, esta comunicação tem como
objetivo traçar um breve panorama da citada revista, evidenciando suas
principais características e seu impacto junto ao rarefeito público leitor da
época.
AUXILIO LACOUTURE E A UNIVERSIDADE DE BOLAÑO
Clarisse Lyra Simões (Mestranda –USP – FAPESP).
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 03
O presente trabalho se propõe a delinear a configuração que assume a
universidade latino-americana na obra do escritor chileno Roberto Bolaño
(1953 - 2003), especialmente na novela Amuleto (1999), cuja protagonista,
Auxilio Lacouture, uma uruguaia residente no México, vivencia relações
informais com o universo acadêmico e acaba sendo vítima de um episódio da
história política do México, permanecendo por treze dias em um banheiro da
Faculdade de Filosofia e Letras da UNAM, quando da invasão do campus
universitário por militares. Diferentemente do que se pode observar no
romance 2666 (2004), no qual a crítica literária universitária funciona como
impulso e tema para a ação dramática, em Amuleto a universidade aparece
basicamente como espaço, locus privilegiado da narrativa, apresentando-se
como um território livre, um lugar aberto onde uma poeta e viajante pode
encontrar trabalhos temporários, embora nunca por vias oficiais. Com isto,
este trabalho espera também indagar o lugar que Auxilio ocupa no mundo
das instituições e das hierarquias universitárias, precisando o seu papel
marginal no jogo de autoridades que o universo acadêmico desfecha.
ANCESTRALIDADE E RESISTÊNCIA NO
ROMANCE PORTAGEM, DE ORLANDO MENDES.
Clauber Ribeiro Cruz (Mestrando – UNESP/Assis).
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 09
Este trabalho analisa os traços da ancestralidade no espaço da memória a
partir da resistência em meio a uma situação colonial vivenciada
por Moçambique entre as décadas de 60 e 70 do século XX. Para isso, o
romance Portagem (1966), do escritor moçambicano Orlando Mendes
(1916-1990), dará a sua voz por meio das personagens Velha Alima e
João Xilim, cujas trajetórias estão dentro do processo de degradação do
espaço que se sintoniza com a mesma representação do homem em seu
estado de impotência frente a um mundo assustador marcado pela seca e
pela miséria. A primeira personagem (a Velha Alima) é a representante
do espaço ancestral enquanto a segunda (João Xilim) é a representante da
cisão entre a memória ancestral e o espaço colonial, ou melhor, a
resultante deste processo. Com isso, por meio da análise literária,
verifica-se como a ancestralidade, junto ao espaço colonial, irá resistir ou
não dentro do processo de formação da literatura moçambicana num país
em que negros vivem, mulatos nascem, mas brancos dominam.
A POSTURA DO GOVERNO EM ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA
Cleomar Pinheiro Sotta (Mestrando – UNESP/Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 09
Parado no trânsito com seu carro, esperando o sinal verde do semáforo para
atravessar, repentinamente um homem é atingido por uma cegueira branca,
um mal desconhecido até mesmo pelos anais de medicina. Além de branca,
descobre-se também que essa cegueira era contagiosa, uma vez que estava a
se espalhar paulatinamente, provocando uma verdadeira epidemia em uma
capital não nomeada. Diante dessa situação de calamidade pública, narrada
em Ensaio sobre a cegueira (1995), de José Saramago, o Estado precisa agir.
A medida em que as atitudes são tomadas, a obra do escritor português traça
uma crítica ao governo, deixando transparecer a sua incapacidade de ação e o
não cumprimento do seu papel de zelar pelo bem estar de toda a população.
Uma vez que o Estado decide manter os cegos em quarentena, isentando-se
de uma efetiva intervenção durante o confinamento, um grupo de cegos
malvados, toma o poder e passa a comandar os demais infectados por meio
da ameaça e do autoritarismo.
FIGURAÇÕES DO PAINEL HISTÓRICO BRASILEIRO NA OBRA O
FANTASMA DE LUIS BUÑUEL, DE MARIA JOSÉ SILVEIRA
Cristiano Mello de Oliveira (UFSC)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 C
O romance O fantasma de Luis Buñuel (2004), de Maria José Silveira
distingue-se na sua forma e conteúdo estético de muitos outros romances
históricos da literatura contemporânea brasileira por apresentar vozes
narrativas em situações cronológicas bem distintas. O presente estudo visa
realizar brevemente um recorte dos fragmentos que mais evidenciem a
característica histórica literária da ditadura militar no Brasil e sua resistência
de esquerda aplicada aos fatores impostos pela extrema direita. Em um
primeiro momento, iremos realizar um preâmbulo que vise introduzir de
forma panorâmica o enredo do próprio romance. Num segundo momento,
vamos realizar uma abordagem entre a dicotomia problemática da história e
da literatura. Em uma terceira etapa, propomos realizar um breve painel das
principais características do romance, buscando esmiuçar os principais
fragmentos. Como lastro teórico, sugerimos submeter esses fragmentos aos
conceitos sobre o romance histórico, ambientado na Ditadura Militar:
Silvermann (1995), Hutcheon (1991), Santiago (1998), entre outros
necessários. Esperamos que os resultados aqui alcançados vise instigar e
alavancar outros estudos e investigações, tendo em vista o escasso repertório
de estudos sobre tal objeto de análise
KINAXIXI KIAMI; MEMÓRIA, SAUDADE E NARRATIVAS
Dagoberto Rosa de Jesus (Mestre – UFMS)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 09
Nesse inicio de século XXI observamos um aumento significativo do
interesse pela produção literária de autores africanos, muitos deles
influenciados pela literatura brasileira, resultando disso vários estudos em
nossas universidadaes tem como tema a produção literária das cinco nações
africanas de língua portuguesa. O presente trabalho tem como objeto de
análise a novela do escritor angolano José Luandino Vieira, “Kinaxixi
Kiami” que pode ser traduzido como meu Kinaxixi. Esta novela juntamente
com “Estória de Família” compõe o livro Lourentinho Dona Antónia de
Sousa Neto & Eu. As duas novelas foram escritas nos anos de 1971 e 1972
período em que o autor estava no Campo de Concentracão do Tarrafal onde
ficou preso por oito anos. O texto tem uma narrativa em primeira pessoa
marcadamente influenciada pela oralidade. Essa característica muito utilizada
pelo escritor brasileiro Guimarães Rosa e por outros escritores africanos
como Mia Couto atribui a obra uma cor local, num primeiro momento essa
caracteristica oferece uma certa dificuldade ao leitor frente ao vocabulário
que logo é compensado pela força estética da narrativa. Buscamos neste
trabalho, após um breve contexto da literatura produzida em África, apontar
elementos estéticos, distanciamentos e aproximações com a literatura
brasileira de forma mais precisa com a prosa de Guimarães Rosa.
Apontaremos também elementos da narrativa que buscam valorar a memória,
a saudade, o lugar e o sentimento de amor e valoração da natureza, das coisas
da terra, do mito.
HISTÓRIA, MEMÓRIA E FICÇÃO EM HIJO DE HOMBRE DE
ROA BASTOS
Damaris Pereira Santana Lima (Doutoranda – UNESP/ Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 03
Este trabalho tem o objetivo de investigar como a literatura articula-se com
a história para a reconstrução da identidade paraguaia, na obra do escritor
Augusto Roa Bastos. A obra analisada é um dos romances que compõem a
trilogia “del dolor paraguayo”: Hijo de Hombre. O presente trabalho é
parte da pesquisa de doutorado sobre a narrativa de Augusto Roa Bastos,
onde são analisadas as seguintes obras: Yo, el Supremo, Hijo de Hombre y
El Fiscal. São objetivos desta pesquisa contribuir com os estudos culturais
sobre a América Latina e fazer uma reflexão crítica acerca da
ficcionalização da História do país e a reconstrução da identidade
paraguaia. Em Hijo de Hombre, como nas outras duas novelas, o que
sustenta a obra de Augusto Roa Bastos é a História e o mito. Neste
romance emerge a convivência dos rituais e ideias míticas aborígenes junto
aos ritos do cristianismo, que foram trazidos pelo colonizador. É uma
narrativa híbrida, pois também a língua espanhola se modifica pelo contato
com a língua do índio, há um espaço onde as culturas lutam para se impor
e, no entanto se fundem dando origem a uma nova visão de mundo. A
análise é feita à luz do referencial teórico que trata da narrativa pós-
moderna, objetivando-se, assim, a construção de um arcabouço teórico
para reflexão crítica acerca da ficcionalização da história do Paraguai.
TEMPO E MEMÓRIA EM UM CINTURÃO, DE GRACILIANO
RAMOS
Daniela Aparecida Francisco (Mestranda – UFMS/Três Lagoas)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 11
O presente trabalho objetiva identificar as questões temporais presentes no
conto “Um cinturão”, que compõe a obra Infância, publicado a primeira vez
em 1945, pelo escritor Graciliano Ramos. Ao identificar as anacronias
presentes na narrativa (analepses e prolepses temporais) e a influência da
memória do autor-narrador-personagem a partir dos pressupostos teóricos de
Gérard Genette e de Benedito Nunes busca-se verificar como a narração é
construída e como os recursos narrativos referentes ao tempo do enunciado e
ao tempo da enunciação se complementam e se confundem em alguns
momentos do conto. Devido ao uso do narrador-adulto e do narrador-criança,
a narrativa faz-se dual durante a maior parte do conto. O posicionamento do
autor-narrador-personagem oscila entre realidade e memória, oscilações
perceptíveis a partir da identificação das técnicas narrativas utilizadas na
elaboração da narrativa. Com a presença das anacronias, o texto nos faz
também reviver este episódio de sua vida e perceber como tudo deixou
marcas no narrador-adulto.
O CURSO DE LETRAS E AS NOVAS TECNOLOGIAS:
PERSPECTIVAS E DESDOBRAMENTOS PARA AS AULAS DE
LÍNGUA ESTRANGEIRA
Daniela Nogueira de Moraes Garcia (Docente – UNESP/Assis)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 03
Esta comunicação irá, a partir do Curso de Letras da FCL- UNESP- Assis e o
uso das novas tecnologias de informação e comunicação (TICs), enfocar
perspectivas e desdobramentos na aula de língua estrangeira (inglês). No
referido Curso de Letras, a carga horária das aulas de Línguas Estrangeiras é,
atualmente, de 480 horas/aula, possibilitando que o aluno desenvolva suas
habilidades e proficiência linguísticas. O acesso às línguas esbarra em
questões financeiras e geográficas e, assim, em tempos onde a globalização é
instigada, as novas tecnologias desempenham papéis de grande importância
que perpassam pela formação dos futuros professores e pelo desenvolvimento
da competência intercultural. A telecolaboração tem permitido uma
complementação das aulas de língua inglesa e possibilitado oportunidades
reais de uso da língua para os alunos do Curso de Letras. Assim, o processo
de ensino e aprendizagem é enriquecido e a reflexão e autonomia
fomentadas. Irei, nesta comunicação, utilizar dados que fazem parte de um
corpus de uma pesquisa de doutorado, qualitativa, interpretativista de cunho
etnográfico. Tais dados demonstram práticas telecolaborativas em teletandem
em parcerias formadas por alunos do Curso de Letras e apontam benefícios e
entraves observados nas interações.
DEBATE SOBRE FUTURISMO
Daniela Spinelli (Doutoranda – UNICAMP – CNPq)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 B
O início do século XX é um tempo de grandes expectativas, sejam utópicas
ou apocalípticas, com relação ao futuro. Seus intelectuais levaram às
últimas consequências idéias novas e pensamentos radicais que refletiram nos
novos movimentos estéticos. Neste tempo de extremos e cheio de tensões
políticas nasce o Manifesto Futurista, de Filippo Tommaso Marinetti.
O Manifesto é publicado na primeira página do jornal Le Figaro, em 1909.
Depois da publicação, o Futurismo fica conhecido internacionalmente como
o primeiro movimento de arte de vanguarda organizado do século XX. O
objetivo de Marinetti era a revolução total. Transformar a sociedade, inventar
o futuro e criar um novo homem. Embora a construção do movimento seja
internacionalista, o futurismo será essencialmente uma proposta nacionalista
e italiana. Fonte de uma sensibilidade nascida no exterior, o futurismo
ganhou sua expressão dinâmica, no intenso debate promovido pelas famosas
revistas vanguardistas. Assumiu o papel de intervenção social, a fim de
construir uma nova potência européia. Em Janeiro de 1913, um grupo de
jovens, Palazzeschi, Papini e Soffici, são surpreendidos em Florença, pela
visita de representantes do grupo futurista milanês. Marinetti, Boccioni e
Carrà, desgostosos ao lerem uma crítica escrita por Soffici, resolvem viajar
para a Toscana para ensinar-lhes uma lição. Se enfrentaram pelo menos duas
vezes. No café Giubbe Rosse e na estação central Santa Maria Novella. Após
esse encontro, percebem que suas idéias não estavam tão distantes e iniciam a
construção de um movimento único. Eles fundam a revista Lacerba, que
rapidamente se torna "órgão oficial" do futurismo. Em fevereiro de 1914,
surgirá nas páginas da Lacerba uma polêmica – entre artigos de Papini e
Boccioni a respeito dos fundamentos e capacidade de criação futurista.
Diante desse quadro, este trabalho pretende apresentar o debate interno à
vanguarda, que acabará por rachar definitivamente os dois futurismos.
ADMIRÁVEIS MUNDOS/CHIP NOVOS: DA CANÇÃO DE PITTY
AO ROMANCE DE HUXLEY
Danyllo Ferreira Leite Basso (Graduando – UNESP/Assis)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 C
Esta comunicação apresenta como proposta uma análise dialógica da canção
“Admirável Chip Novo”, de Pitty. Com tal objetivo, ela centrar-se-á na
filosofia da linguagem do Círculo de Bakhtin, especificamente nos conceitos
de sujeito, responsabilidade e responsividade e ainda mais enfaticamente em
diálogo e gêneros do discurso. O diálogo que se refere o estudo ao qual esta
comunicação se vincula ocorre entre a canção de Pitty supracitada e o
romance de Aldous Huxley, Admirável Mundo Novo (1932). Parte-se da
premissa de que, como afirma Mikhail Bakhtin (2003, p.316), “o enunciado
está repleto dos ecos e lembranças de outros enunciados”. Isso permite dizer
que as obras, compreendidas como enunciados, são elos de uma cadeia,
respondem e são respondidas por outros enunciados/obras. Tal comunicação,
fruto de uma pesquisa maior de Iniciação Científica, vai ao encontro dos ecos
de Huxley presentes em Pitty. Ecos estes que a fazem, literalmente, gritar de
maneira reflexiva, desesperada, acerca de um “Admirável Mundo/chip
Novo”. O diálogo aqui contemplado também revela que os gêneros do
discurso de cada obra, em sua composição (conteúdo, forma e estilo), estão
intimamente ligados às esferas de atividades onde são produzidos e com o
“outro” a quem se destinam. A hipótese da pesquisa a qual se vincula esta
comunicação, a ser confirmada, é a de que as obras estudadas se assemelham
no que tange ao conteúdo – a coisificação e alienação dos sujeitos
(responsivos e responsáveis para Bakhtin) – mas diferem-se na forma –
romance e canção – e no estilo – a ser investigado no decorrer da pesquisa –
justamente por estarem situadas em contextos diferentes, vinculados a esferas
distintas e ter “outros” diferentes por público-alvo.
RELATO DE UMA VIAGEM: AS EXPERIÊNCIAS DE ERICO
VERISSIMO EM PORTUGAL
Davi Siqueira Santos (Doutorando – UNESP/Assis – CAPES)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 12
No ano de 1959, Erico Verissimo deixa temporariamente seu reduto em Porto
Alegre a fim de dar início a uma viagem pela Europa, acompanhado de sua
mulher, Mafalda, e de seu filho, Luís Fernando. Suas experiências de viagem,
particularmente as vividas em Portugal, são relatadas com minúcia no
segundo tomo do livro Solo de clarineta. Nessa obra múltipla e fragmentada,
há um espaço destinado à narração de sua passagem por várias cidades
portuguesas como Lisboa, Coimbra, Porto, Évora, Faro, entre muitas outras,
visitadas com objetivo não apenas turístico, mas também com o intuito de
realizar conferências político-literárias em plena ditadura salazarista. Durante
sua estadia em território luso, dois intelectuais portugueses o acompanharam
ao longo de todo o itinerário, são eles o editor de livros Antônio de Souza
Pinto e o escritor Jorge de Sena. Essa experiência de viagem de Erico
Verissimo é de fundamental importância, uma vez que acrescenta material
tanto à sua produção no campo das narrativas de viagem como integra seu
projeto memorialístico e autobiográfico, majoritariamente desenvolvido nos
últimos anos de sua carreira literária. Diante desse quadro, a presente
comunicação deseja rastrear esse itinerário em terras portuguesas e analisar
seu modo de elaboração, visto que Verissimo relata essa viagem, no segundo
tomo de Solo de clarineta, passados 15 anos do ocorrido.
A CONSTRUÇÃO DIALÓGICA DE “MÚSICA URBANA”
David de Almeida Isidoro (Graduando – UNESP/Assis)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 C
Essa comunicação é fruto de um projeto maior que tem como preocupação
fundamental a metalinguagem do gênero canção, de maneira a encontrar a
concepção de canção construída e veiculada por ela. Para realizar a análise a
que a pesquisa se propõe, considera-se a canção como um gênero expressivo
no território nacional (e além dele) e, mais que isso, identitário, uma vez que
ela constrói uma imagem de Brasil que é veiculada nacional e
internacionalmente, o que contribui para a cristalização ou mudança de
valores sociais do e sobre o país nele e fora dele. Aqui, busca-se entender a
importância da construção dialógica das canções denominadas “Música
Urbana” 1, 2 e 3, considerando de maneira enfática a letra de cada uma delas,
para refletir acerca de sua significação. Leva-se em consideração o momento
histórico, o sujeito discursivo e a relação entre os textos/discursos como
elementos imprescindíveis de análise. O arcabouço teórico fundamenta-se na
filosofia da linguagem do Círculo de Bakhtin e considera-se, como
concepção chave a ser trabalhada, a noção de dialogo, em torno da qual as
demais gravitam. Entende-se que a abordagem da dialógica presente nos
discursos (almejada nesse trabalho) contribua para os estudos de diálogo e
discurso assim como a escolha do corpus conduz a uma conceituação
metalinguística de canção que produz uma imagem de brasilidade
LITERATURA, HISTÓRIA E OUTRO LADO DA MARGEM EM LA
CASA DE LOS CONEJOS, DE LAURA ALCOBA
Debora Duarte dos Santos (Mestranda – USP – FAPESP)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 03
O presente estudo centra-se na análise do primeiro romance da argentina
Laura Alcoba, intitulado La casa de los conejos, lançado em 2006 pela
editora Gallimard, na França, e em 2008 pela Edhasa, na Argentina. A obra,
cuja trama tem como pano de fundo os processos que se arquitetaram no país
a partir do regime ditatorial, é construída por meio da representação
discursiva sobrevinda da infância. Na tessitura narrativa identificamos que a
escritora revisita os episódios que provocaram trauma na vida de pessoas que
vivenciaram o terrorismo, explorando-os através da mirada da inocência, ao
criar como protagonista uma criança de apenas sete anos de idade.
Acreditamos que, ao articular esse tipo de construção, a autora ambiciona
escrever para exorcizar o trauma, traduzindo recortes – já que no caso em
questão a escritora é escrava de sua memória – de uma história que foi
vivenciada por distintos sujeitos, muitos dos quais ainda se encontram vivos,
e cujas biografias coexistem com as sombras da truculência sofrida. Dito de
modo semelhante, para a Alcoba é importante que haja espaço para os
sobreviventes do terrorismo de Estado, na atual conjuntura social, como
forma de confirmar que determinados episódios sociais germinaram
cicatrizes profundas na história daqueles que habitaram o outro lado da
margem. Desse modo, na comunicação em questão pretendemos apresentar e
explorar os meandros constitutivos dessa (auto) biografia, intentando
compreender de que forma se apresentam e configuram as relações dialéticas
entre Literatura e História no romance La casa de los conejos e como essa
literatura se dispõe a legitimar novas conformações enunciativas no campo
literário.
A VIAGEM EXISTENCIAL DE CECÍLIA MEIRELES EM
SOLOMBRA
Delvanir Lopes (Doutorando – Unesp/Assis)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 12
Cecília Meireles (1901-1964), poetisa brasileira, é reconhecida,
principalmente, pelas referências, em seus poemas, ao mar e à viagem, à
efemeridade dos instantes, à musicalidade e à sombra e melancolia, entre
outros temas. A viagem sempre exerceu certa magia na escritora. Não é ao
acaso, portanto, que entre seus principais títulos encontremos Viagem (1939),
Vaga Música (1942) e Mar Absoluto (1945)ou ainda outros em que refere-se
diretamente aos locais em que esteve. Citamos Doze noturnos da Holanda
(1952), Poemas escritos na Índia (1962) e Poemas italianos (1968). Neste
artigo, contudo, nos detemos mais pormenorizadamente em Solombra (1963),
que foi o último livro editado em vida pela escritora carioca. Na obra
propomos a análise de aspectos da viagem, que denominamos existencial,
realizada por Cecília ao deparar-se com temas como o mundo e o estar nele
ou o tempo e a angústia gerada pela morte para, a partir deles, realizar com
maestria o seu fazer poético. A poetisa, além de suas viagens físicas,
sobretudo a Portugal e Índia, Itália e Estados Unidos, extrai, dessas,
elementos para um percurso regido pela introspecção, pela interioridade. É
neste aspecto que elegemos Solombra, objeto de estudo do doutorado, como
obra que proporciona verificar como se dá a viagem existencial do eu-lírico,
amparados pelo ideário de Martin Heidegger (1889-1976), que amplia e
clarifica nossa compreensão dos poemas, permitindo novas ilações e
reflexões. Viagem poética que busca a perenidade na “glória das palavras
restituídas” que, paradoxalmente, ao registrar o momentâneo do tempo,
alcançam a permanência e a transcendência.
O OGRO E A PRINCESA: UMA RELEITURA DO CONTO DE
FADAS
Denise Loreto de Souza (Mestranda – UNESP/SJRP – FAPESP)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 03
O objetivo desta comunicação é apresentar de que forma a paródia atua no
processo de releitura do gênero conto de fadas no primeiro filme Shrek
produzidos pelos estúdios Dreamworks. Para tanto, buscaremos
embasamento teórico sobre a paródia em Hutcheon (1985) em seu livro Uma
teoria da paródia para sermos capazes de perceber como o discurso atual
interfere na convenção. Para a autora, a paródia é “repetição com distância
crítica que marca a diferença em vez da semelhança” (HUTCHEON, 1985, p.
17). É com esse olhar que partiremos para a análise do filme Shrek, para
perceber até que ponto há uma ruptura com a tradição dos contos de fadas e
de que modo a paródia funciona como um dispositivo dessa releitura.
Percebemos que na narrativa cinematográfica, o procedimento paródico se
sobressai como o principal elemento desse processo de releitura dos contos
de fadas. Shrek é um ogro, que vai desempenhar toda a trajetória de um
príncipe, ao resgatar a princesa da torre onde se encontra trancafiada.
Entretanto, Shrek, por ser um ogro, se comporta como tal: tem hábito de
soltar gases, é rude, ou seja, seu comportamento destoa do padrão de
comportamento de um príncipe. Fiona é uma princesa que sonha em ser
resgatada pelo príncipe, que vai lhe dar o beijo do amor verdadeiro. No
entanto, Fiona é resgatada por um ogro e não por um príncipe como ela
esperava. É por meio do embate entre o comportamento e o discurso dos
personagens Shrek e Fiona, que podemos perceber o embate entre “tradição”
(discurso vinculado à tradição dos contos de fadas – na fala de Fiona) e
“ruptura” (discurso que preza pelo novo – na fala de Shrek).
LETTERS TO CHILDREN, DE C. S. LEWIS
Denise Maria de Paiva Bertolucci (Doutora em Letras)
Júlio César da Rocha (Graduando – FATEC/Ourinhos)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 04
Nesta comunicação, apresentam-se algumas descobertas efetuadas no
trabalho em processo de transposição do livro do escritor irlandês Clive
Staples Lewis (1898-1963), Letters to children (1995), para a língua
portuguesa do Brasil. Para que se alcance esse objetivo básico, estão sendo
implementados estudos variados associados à cultura geral, literatura
comparada, análise linguístico-literária e ao estudo da obra de C. S. Lewis,
como é mais conhecido. Além disso, há o esforço para que se atinjam
soluções provenientes da informática, no que respeita ao armazenamento, ao
acesso e ao uso das informações, no caso, às ferramentas computacionais
associadas à atividade de tradução. O uso da tecnologia em questão permite o
controle da qualidade da transposição de Lewis e o acompanhamento
funcional do processo pelo supervisor da pesquisa. C. S. Lewis é o autor da
série As crônicas de Nárnia (The chronicles of Narnia), obra de imaginação
para jovens escrita nos anos 50 do século XX, com notoriedade mundial. Da
obra objeto de pesquisa, além de uma coleção de cartas de Lewis endereçadas
aos jovens leitores e apreciadores das crônicas, também fazem parte um
prefácio escrito por Douglas H. Gresham – enteado de Lewis –, uma
apresentação e alguns dados sobre a infância do escritor. A linha teórica de
tradução vincula-se à noção de suplementaridade entre os textos, defendida
pela reflexão pós-moderna.
O GRUPO DO CENÁCULO (1868) E O REENCONTRO NA CIDADE
DO PORTO (1884): A INTERPRETAÇÃO DE MIGUEL REAL EM A
VISÃO DE TÚNDALO POR EÇA DE QUEIRÓS (2000).
Denise Rocha (Doutora – UNESP/Assis).
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 09
O romance A visão de Túndalo por Eça de Queirós foi escrito por Miguel
Real, em 2000, como homenagem ao centenário da morte do consagrado
escritor Eça (1845-1900). Nessa narrativa, que abrange o século XIX e XX
bem como o século XII, o escritor português contemporâneo Real (Luis
Martins) revisita os planos e as trajetórias de alguns membros da Geração de
70 -Eça de Queirós, Antero de Quental, Oliveira Martins, Guerra Junqueiro, e
Ramalho Ortigão- que se encontram, no ano de 1884, na cidade do Porto,
partilham sentimentos e, posam para o famoso daguerreótipo de Sáàvedra,
publicado na revista Ilustração (1885).
UM CAVALEIRO PÓS-MODERNO: UMA LEITURA DE
HEROÍSMO DE QUIXOTE (2005), DE PAULA MASTROBERTI
Elaine Cristina Caron – (Doutoranda – UNESP/Assis)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 12
Ganhador do segundo lugar do Prêmio Jabuti de 2006, na categoria juvenil,
Heroísmo de Quixote, de Paula Mastroberti, é o segundo título de uma série
criada pela autora, chamada “Reversões”. Neste projeto, Mastroberti busca
despertar nos jovens leitores o desejo de conhecer as obras-primas da
literatura universal que serviram de ponto de partida para as recriações. São
quatro os romances que foram publicados dentro desta mesma proposta:
Angústia de Fausto (2004), Heroísmo de Quixote (2005), Retorno de Ulisses
(2007) e Loucura de Hamlet (2010). Em Heroísmo de Quixote, a escritora
recria a saga do Cavaleiro de triste figura a partir de dois grandes romances
modernos, Dom Quixote de La Mancha (1605-1615), de Miguel de Cervantes
e O Idiota (1869), de Fiodor Dostoievski, que também se inspirou na figura
de Quixote na construção de seu personagem. O objetivo deste trabalho,
portanto, é o de apresentar uma leitura deste romance abordando o diálogo
existente entre os textos literários citados, mas também entre as outras formas
artísticas, como a ilustração o cinema e a música, já que, podemos observar
uma intensa mescla de todos estes códigos artísticos no decorrer da narrativa
e até mesmo somente ao observar a capa do romance, o que resulta em uma
obra tipicamente pós-moderna.
A CONSTRUÇÃO DO SERTÃO COMO MITO DE BRASILIDADE
EM GUIMARÃES ROSA E EUCLIDES DA CUNHA.
Élen Ângela Silva (Mestranda e bolsista CAPES/ Unesp/Marília)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 11
Aqui, iremos discutir uma das mais poderosas configurações da cultura
brasileira: o sertão. No Brasil, a literatura foi pioneira na construção e na
investigação científica desse mito de brasilidade fundamentado
principalmente pela visão dualista do moderno versus não moderno, do
civilizado versus primitivo, do individualismo versus personalismo, do
progresso versus atraso, etc. Nesse âmbito, duas obras, distintas no tempo e
no espaço, marcaram profundamente a maneira como o sertão é falado,
pensado, sentido e (re)configurado: Grande sertão: veredas, de Guimarães
Rosa e Os Sertões, de Euclides da Cunha. Aqui, através da análise
comparativa, procurar-se-á compreender a narrativa de ambos os autores para
problematizar: o sertão pode ser compreendido enquanto uma categoria de
análise? Na obra de Heloisa Starling, Lembranças do Brasil (1999), nota-se
que o sertão recriado por Guimaraes Rosa não é exatamente a
correspondência do sertão de onde ele retira os variados modos de falar, as
histórias e os seus personagens. É uma das muitas ideias do sertão circulantes
que o instituem como espaço imaginado que não é propriamente reflexo de
um sertão “real”. Já Custódia Selma Sena, em Regionalismos e
Sociabilidades (2010), vemos que o sertão, tal qual mostrado em Euclides da
Cunha, se constitui como suporte mítico, ageográfico e atemporal da saga
que narra a conquista da civilização pela nação brasileira, pois o sertão é
onde a civilização não chegou ainda.
A CONSTRUÇÃO DA PERSONAGEM FEMININA EM PAULO E
VIRGÍNIA (1787), DE BERNARDIN DE SAINT-PIERRE, E
INOCÊNCIA (1872), DO VISCONDE DE TAUNAY: UM ESTUDO
COMPARATIVO.
Elisa dos Santos Prado (Mestranda – Unesp/Assis – CAPES)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 04
Neste trabalho se pretende estabelecer uma relação entre as obras Paulo e
Virgínia (1787 – Bernardin de Saint Pierre) e Inocência (1872 – Visconde de
Taunay), cotejando-as e enfocando sobretudo as personagens femininas.
Trata-se de um recorte na tentativa de abordar, concomitantemente, textos da
fortuna crítica de Inocência e estabelecer um diálogo em que se apontem
semelhanças e diferenças entre Virgínia e Inocência com o intuito de discutir
e ressignificar conceitos veiculados no passado, quando parte da crítica se
preocupava apenas em apontar fontes e a noção de influência de autores
estrangeiros, principalmente franceses, sobre a nossa literatura, o que
conferia aos escritos brasileiros a condição de inferioridade. Para que o
estudo se viabilizasse, serão cotejados os dois textos literários com base nas
teorias da literatura comparada e da personagem de ficção.
THE HOLLOW MEN: UM ESTUDO INTERTEXTUAL
Ellen Valotta Elias Borges (Mestre – UNESP/Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 04
“The Hollow Men”, objeto de análise deste trabalho, é um poema escrito em
1925 pelo grande poeta, crítico e dramaturgo norte-americano naturalizado
inglês Thomas Stearns Eliot. Este poema foi traduzido para o português por
Ivan Junqueira com o título “Os homens ocos”. Podemos notar a influência
de diferentes obras no poema como, por exemplo, “A Divina Comédia”, de
Dante Alighieri, “O coração das Trevas”, cujo título original é “Heart of
Darkness”, de Joseph Conrad, “The hollow Land” (1856), de William Morris
e do poema “The Broken Men” (1902), de Rudyard Kipling. As relações de
intertextualidade presentes no poema possibilitam diferentes interpretações,
além de criar condições para um estudo sobre o texto e o seu contexto
histórico-social. Considerando o homem um sujeito que se constrói a cada
dia por relações estabelecidas e determinadas pela sociedade que o cerca,
analisaremos o poema de acordo com as relações de intertextualidade
presentes na sua estrutura por meio de uma análise comparativa entre o texto
original e sua tradução na língua portuguesa.
O PROJETO DISCIPLINADOR DAS CRÔNICAS DE ARTUR
AZEVEDO
Esequiel Gomes da Silva (Doutorando – UNESP/Assis – FAPESP)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10
A “De Palanque” era uma seção de variedades assinada por Artur Azevedo
nos periódicos Diário de Notícias e Novidades, no Rio de Janeiro, na qual
eram feitos comentários acerca da vida social, artística e cultural da capital
do império. Nos textos que publicava, ao mesmo tempo em que divulgava
notícias sobre os temas acima referidos o cronista tentava criar um tipo de
leitor afeito a apreciar a arte e a cultura de um modo geral. Tratava-se de
lapidar o gosto de um público que ele mesmo classificava como indiferente,
sobretudo em matéria de arte. Em um momento fortemente marcado pela
necessidade de se criar cidadãos fortes, do ponto de vista físico, moral e
intelectual, a “De palanque” tinha também um caráter pedagógico, uma vez
que funcionava como um canal de circulação da cultura letrada para a cultura
iletrada. Nesse sentindo, o jornalista maranhense assumia o papel de
reformador de costumes, tendo como ferramenta a sua coluna diária. Por essa
razão, com a proposta que ora apresentamos, interessa-nos analisar o
procedimento textual utilizado Artur Azevedo na tentativa de refinar o gosto
do público para o qual escrevia, no final do século XIX.
DA PROSA AO VERSO: UMA ADAPTAÇÃO
MACHADIANA
Fabiana Gonçalves (Doutoranda – UNESP/Assis – FAPESP)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 C
Machado de Assis lançou Crisálidas, sua primeira compilação poética, em
1864. Nesse volume foram coletadas várias imitações ou recriações,
resultado da atividade tradutória do autor. Além das adaptações a textos
estrangeiros, Machado de Assis dedicou-se a reinterpretar seus próprios
textos também. “Monte Alverne”, publicado no Jornal do Comércio em 06
de dezembro de 1858, recuperado posteriormente nas Crisálidas, apresenta
esse feitio na medida em que promove a versificação de um tema
desenvolvido anteriormente em prosa. Escrito por ocasião da morte de Frei
Francisco de Mont’Alverne, personagem ilustre da sociedade carioca do
século XIX, o poema-homenagem reforça por meio de versos um
pensamento do poeta registrado em um ensaio de 1856. Inaugurando a seção
“Idéias vagas”, da Marmota Fluminense, Machado de Assis inicia a vida de
prosador com uma sequencia de três textos e no último escrito da série
reverencia o orador sacro. Assim sendo, a partir de leituras confrontes entre
as duas composições, buscaremos nesta comunicação demonstrar as
intersecções temático-estruturais entre os dois textos e desse modo recuperar
a transposição machadiana da prosa para o verso.
AS MULHERES-ILHAS DE ORLANDA AMARÍLIS: O
CONTO MAIRA DA LUZ
Fabiana Miraz de Freitas Grecco (Doutoranda – UNESP/Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE HISTÓRIA – SALA 07
Orlanda Amarílis é uma contista cabo-verdiana nascida em Assomada, Cabo
Verde, 1924. Pertenceu à geração da Revista Certeza (1944), periódico cabo-
verdiano que se destacou por sua grande preocupação social. Tem publicado,
além de artigos nessa revista e em outras como “Colóquio Letras” e “África”,
três livros de contos intitulados “Cais-do-Sodré té Salamansa” (1974), “Ilhéu
dos Pássaros” (1982), “A casa dos mastros” (1989). Ligada aos propósitos de
busca pela identidade cabo-verdiana, Amarílis criou, através de suas
personagens femininas, uma nova maneira de tratar essa questão, que se
destacou e diferenciou da produção de seus contemporâneos e companheiros
do grupo Certeza. Testemunha-se por meio da sua escrita, o esmiuçar do
cotidiano de mulheres exiladas, que buscam a sua identidade em um espaço
alheio e distante. Procuraremos refletir, nesta comunicação, as questões sobre
a identidade da mulher cabo-verdiana no conto “Maira da Luz”, do livro A
casa dos mastros, 1989, explicando como ocorre a “escrita pós-colonial de
fronteira” na obra da escritora.
DESENHOS E REVOLUÇÃO: HUMOR E CRÍTICA
SOCIAL/VISUAL EM REGENERACIÓN
Fábio da Silva Sousa (Doutorando em História – UNESP/Assis – FAPESP)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10
O Regeneración foi um periódico fundado em agosto de 1900, pelos irmãos
Ricardo e Jesús Flores Magón, na Cidade do México. Em 1905, tornou-se
publicação oficial do Partido Liberal Mexicano (PLM), e, durante o período
armado da Revolução Mexicana (1910 – 1920) foi editado na fronteira dos
Estados Unidos com o México, na região da Califórnia, até outubro de 1918,
cuja coleção completa totaliza cerca de 381 edições. Apesar de ter sido objeto
e tema de várias pesquisas, que se aprofundaram nas análises de seus textos,
cuja maioria foi de autoria de Ricardo Flores Magón, essa comunicação
pretende trabalhar um aspecto importante, porém pouco pesquisado de
Regeneración: suas charges e caricaturas políticas. Por meio de uma análise
do significado de tais desenhos, essa comunicação tem como objetivo
demonstrar que o Regeneración também utilizou a arte e o humor como uma
forma de propaganda política, ao criticar os rumos da Revolução Mexicana e
promover o anarquismo como a principal alternativa de governo político e
social.
INCOMUNICABILIDADE E AMOR-PAIXÃO EM GRAÇA, DE LUIZ
VILELA
Fabrina Martinez de Souza (Mestranda – UFMS)
Rauer Ribeiro Rodrigues (Docente – UFMS)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 11
O artigo tem como objetivo investigar como Luiz Vilela evidencia a
incomunicabilidade e o amor-paixão no romance Graça, publicado em 1989,
através dos diálogos entre as personagens Epifânio e Graça. A
incomunicabilidade, característica da poética do autor, será estudada como
aspecto resultante da condição de mônada. Segundo a teoria do filósofo
Leibniz, publicada em 1720, todo indivíduo é uma mônada. Universo lacrado
que muda exclusivamente a partir de movimentos internos. A hipótese é de
que essa mudança se iniciaria a partir do amor e resultaria num processo de
auto-avaliação. No caso de Graça, o amor-paixão. Esse conceito será lido
conforme apresentado por Anthony Giddens em A transformação da
intimidade, de 1993. A escolha do diálogo como estratégia para potencializar
a incomunicabilidade será estudada a partir das considerações de Hudinilson
Urbano em Oralidade na literatura, de 2000, que se vale, em especial, de
proposições teóricas de Roland Barthes, Mikhail Bakhtin e Dino Preti.
Através da análise e interpretação desses elementos (a incomunicabilidade
como mônada, o amor-passion e o diálogo) é possível perceber a
movimentação interna das personagens.
O SISTEMA SEMISSIMBÓLICO PARA LEITURA DE TEXTOS
Fernando Moreno da Silva (Pós-doutorando – UNESP/Araraquara –
FAPESP)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 C
Com base em Hjelmslev, a semiótica francesa distingue três grandes tipos de
linguagens segundo a natureza da relação entre Plano de Expressão (PE) e
Plano de Conteúdo (PC): sistemas semiótico, simbólico e semissimbólico.
Sistema semiótico: não há conformidade entre os dois planos; é necessário
distinguir e estudar separadamente expressão e conteúdo. Exemplo: línguas
naturais. Sistema simbólico: os dois planos estão em conformidade total: a
cada elemento da expressão corresponde um – e apenas um – elemento do
conteúdo, não sendo necessário distinguir PE e PC porque ambos têm a
mesma forma. Exemplo: semáforo. Sistema semissimbólico: define-se pela
conformidade não entre elementos isolados dos dois planos mas entre
categorias da expressão e categorias do conteúdo. Assim, valendo-se do
sistema semissimbólico, a proposta da comunicação é apresentar as
ferramentas que a semiótica oferece para leitura de textos verbais ou não
verbais, tomando como exemplos de análise imagens e poemas para mostrar
as relações entre conteúdo e expressão.
UMA LEITURA DA METAFICÇÃO HISTORIOGRÁFICA:
TATUAJES EN EL CIELO Y EN LA TIERRA
Flávia Giúlia Andriolo Pinati (Mestranda – UNESP/Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 03
Compreendida como “uma conjuntura memorial e estética” (REGÍNE, 1989,
p. 200), a Pós-Modernidade tem como uma das suas principais características
a narrativa que problematiza, indaga e, consequentemente, faz reviver a
história que foi deixada por nossos ancestrais, tratando-a com a liberdade de
modificá-la e mostrá-la sob outros ângulos através da ficção. Desta maneira,
as narrativas passam a recuperar a história de uma forma diferente daquela
até então usada pelo romance histórico. O gênero passa a ser reinventado,
fazendo surgir o que a estudiosa Linda Hutcheon chama de metaficção
historiográfica, texto que “procura desmarginalizar o literário por meio do
confronto com o histórico, e o faz tanto em termos temáticos como formais”
(1991, p.145), mais do que isso, esse tipo de ficção pós-moderna se propõe a
reapresentar o passado histórico na ficção, revelando-o na atualidade a fim de
impedir que o texto oficial seja conclusivo. Diante de tal importância,
pretendemos examinar como o conto “Tatuajes en el cielo y en la tierra”,
presente no livro Amores Insólitos de nuestra historia (2001), da escritora
argentina María Rosa Lojo, configura-se como uma metaficção
historiográfica. Pra isso, apontaremos os possíveis jogos intertextuais e
paródicos produzidos durante o processo de construção metaficcional e
observaremos os aspectos de fronteira constituintes do texto.
ENTRE TETOS, CASAS E BECOS: O COTIDIANO DAS
MULHERES SICILIANAS NA OBRA NARRATIVA DE MARIA
MESSINA
Francisco Cláudio Alves Marques (Docente – UNESP/Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE HISTÓRIA – SALA 07
O cotidiano das protagonistas de Maria Messina, escritora siciliana do
Novecentos, é sempre descrito a partir de lugares fechados, becos estreitos e
penumbrosos. Suas heroínas vêem a vida através da janela ou por cima de
tetos que se estendem infinitamente ao longo dos becos medievais da Sicília.
Por meio da escrita messiniana, a eloqüência dessas imagens denuncia a
submissão e o silêncio das mulheres sicilianas bem como define o lugar
ocupado por elas numa sociedade secularmente marcada pelo discurso
patriarcalista.
PATRÍCIA MELO E A HERANÇA “BRUTALISTA” EM SUAS
NARRATIVAS
Francisco Mariani Casadore (Mestrando – UNESP/Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 12
Patrícia Melo é uma das autoras de maior reconhecimento na literatura
brasileira contemporânea. Por vezes, sua obra é comparada à produção de
Rubem Fonseca - caracterizada, por Alfredo Bosi, como sendo brutalista.
Desse modo, o estudo propõe reconhecer, no estilo da escritora, traços que
também condizem com tal conceito. Para tanto, selecionamos três dos seus
romances – Mundo perdido (1996), Inferno (2000) e Valsa Negra (2002).
Após um levantamento bibliográfico que contemple apontamentos acerca da
visão histórico-social brasileira, da relação entre o indivíduo e a sociedade e
da teoria literária (especificidades do gênero romance, bem como
desdobramentos das estruturas narrativas), dar-se-á o momento de cotejarmos
o material teórico com o corpus literário, a fim de promover a análise
individual desses romances, seguida da identificação de recursos e técnicas
que constituem o estilo da autora. Utilizando, inicialmente, as obras de
Sérgio Buarque de Holanda, Antonio Candido, Georg Lukács, Roland
Barthes e Alfredo Bosi, pretendemos ainda contribuir para a consolidação de
uma fortuna crítica que tenha como objeto de estudo as produções de Patrícia
Melo.
A MORTE AMANDO A VIDA: HUMOR E REPRESENTAÇÃO DA
MULHER NO MINICONTO “A PAIXÃO DA SUA VIDA”, DE
MARINA COLASANTI
Frederico Helou Doca de Andrade (Mestrando – UNESP/Assis – FAPESP)
Nosso propósito, neste estudo, é o de analisarmos como se dá o processo do
riso sardônico, sarcástico no miniconto “A paixão de sua vida”, de Marina
Colasanti, publicado por essa escritora ítalo-brasileira no livro Contos de
Amor Rasgados, de 1985, no Rio de Janeiro. Ao longo de 99 minicontos, a
poetisa, contista, cronista e artista plástica carioca “rasga” os relacionamentos
amorosos tidos como paradigmáticos, edulcorados e desgastadamente
trabalhados na literatura. Escolhemos o miniconto supracitado porque, além
de investigarmos o porquê do humor refinado e ácido presente na narrativa,
também tencionamos desnudar a representação da mulher na diegese, sendo
que a personagem da morte, alusiva à Juliette do Marquês de Sade; e Justine,
a vida, brigam pelo amor de um rapaz e o dividem. E o desfecho da história é
totalmente irônico, inquietante e causa estranhamento, como se o leitor fosse
atraído à trama por meio de um humor “fácil”, parecido com o chiste,
aparentemente despretensioso, mas que o lacera impiedosamente. Essa
intertextualidade também nos remete à Justine e Juliette de Virginia Woolf,
em seu livro Sadean Woman (A Mulher Sadiana, ainda não traduzido no
Brasil). Para tanto, valeremo-nos de estudiosas da crítica literária feminista,
bem como de autores que trataram do tema do humor, como Henri Bergson,
Linda Hutcheon, entre outros.
A REPRESENTAÇÃO E A TRADUÇÃO DE PARATEXTOS
BÍBLICOS NOS CONTOS DE MARIA ROSA LOJO
Gabriele Franco (Graduanda – UNESP/Assis – FAPESP)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 03
A partir do desenvolvimento do projeto de iniciação Cientifica “Contos
traduzidos de Maria Rosa Lojo”, que se propõe a traduzir alguns contos do
livro Histórias Ocultas en la Recoleta, percebemos a importância que a
intertextualidade presente nos paratextos exerce nessa obra e apresentamos,
portanto, a problemática relacionada à tradução desses paratextos. Como
objeto de estudo, selecionamos o conto La esclava y el niño que apresenta ao
leitor a história pessoal de Catalina Dogan (1788-1863). Essa história é
retomada pela escritora por meio de Bernabé, um menino que era
secretamente apaixonado por Catalina, a escrava responsável por seus
cuidados. O conto, assim como todos os outros do livro, apresenta um pano
de fundo histórico representado aqui pelo conflito de raças na sociedade
escravocrata argentina do século XIX. O paratexto bíblico que antecede o
conto possui um papel fundamental para o leitor atento, pois funciona como
uma piscadela culta da autora. Ele pertence ao Cântico dos Cânticos -
“Mistérios do amor”, livro que trata de uma coleção de cantos populares. O
amor do menino pela escrava, subentendido na narrativa, pode ser iluminado
pelo paratexto a partir de uma leitura intertextual e crítica.Entender os
paratextos é essencial para compreender os contos históricos de Maria Rosa
Lojo, pois traduzi-los é uma tarefa complexa. Para isso, contou-se com o
referencial teórico de Umberto Eco sobre a ironia intertextual e suas
implicações no ato tradutório. Contribuíram, também, as considerações
teóricas de Linda Hutcheon sobre a intertextualidade, a paródia e os discursos
da história.
CULTURA DE MASSA E NOVAS MÍDIAS NO SÉCULO XIV – O
NOVO DISCURSO DOS PERIÓDICOS ILUSTRADOS EUROPEUS
Gerson Luís Pomari (Pós-doutorando – Ruprecht-Karls-Universität
Heidelberg)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10
No âmbito da Comunicação, a sociedade de cultura de massa e as mídias
contemporâneas são o que melhor representa o estágio de civilização no
qual nos encontramos atualmente. Esses dois fenômenos registram suas
origens na mudança do paradigma dos meios de produção da sociedade
ocidental ocorrida na virada do século XVIII para o XIX. A mídia
impressa representou o principal suporte de difusão da informação
naquele período, inicialmente na forma do livro e, posteriormente, de um
modo socialmente mais abrangente na forma dos jornais. Em uma fração
da literatura em prosa da segunda metade do século XIX, o alcance dessa
nova concepção de mundo, entretanto, não se limita apenas ao plano do
conteúdo narrativo, mas chega a atingir a própria forma literária enquanto
meio de expressão. No campo da comunicação (artística e não artística), a
grande revolução ocorrida então parece ter sido a elevação da imagem à
posição de protagonista na tarefa de denotar os conteúdos significativos em
diversas formas de textos. Na Alemanha esse tipo de literatura era veiculado
nas páginas de periódicos crítico-satíricos, tais como Fliegende Blätter
(1845-1944), Simplicissimus (1896-1944), Deutsches Kunstblatt (1850-
1958), Kladderadatsch (1848-1944), Münchener Bilderbogen (1848-1905),
Freiburger Münsterblätter (1905-1922), Mitteilungen zur Geschichte des
Heidelberger Schlosses (1855-1936), Meggendorfer-Blätter (1888-1944) ou
Ulk. Illustriertes Wochenblatt für Humor und Satire (1872-1933), os quais
estabeleceram no âmbito da língua alemã uma intensa prática editorial
jornalística (e humorística) antes mesmo daquela que eclodiria, no final do
mesmo século no continente americano. Na França, circulou em Paris entre
1832 e 1937 o periódico humorístico com ilustrações Le Charivari. Este
influenciou no surgimento em Londres da revista Punch, publicação a ele
assemelhada, a qual evidencia sua inspiração na capa da primeira edição
anunciando-se como Punch or The london Charivari, lançada em 1841 e
publicada até recentemente.
GÊNEROS SEM FRONTEIRAS: GOTA D’ÁGUA,
DE CHICO BUARQUE DE HOLLANDA
Giovanna Maíra Scoparo (Graduanda – UNESP/Assis –
PIBIC/CNPq
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 12
Este trabalho é parte do projeto Diálogos entre gêneros discursivos:
princípios de análises intergenéricas, PIBIC/CNPq, que, por sua vez, é parte
integrante do projeto de pesquisa de Luciane de Paula (2010), denominado A
intergenericidade da canção e se constitui como uma pesquisa de natureza
qualitativa com caráter interpretativista analítico-descritivo. O seu caráter
multidisciplinar contempla teorias e análises díspares ao se voltar para a
organização dos elementos linguísticos e translinguísticos dos gêneros
discursivos postos em diálogo, em consonância com os estudos do Círculo de
Bakhtin. A fundamentação desta pesquisa considera os diálogos entre
gêneros como parte integrante de sua arquitetônica. Por isso, a proposta aqui
presente: pesquisar alguns diálogos entre gêneros discursivos distintos como
princípio da concepção de intergenericidade, ao considerar a
interdiscursividade e a intertextualidade como elementos composicionais da
arquitetônica dos gêneros discursivos. Para compreender alguns princípios da
intergenericidade, esta proposta parte dos aspectos lingüísticos dos gêneros, a
fim de compreender sua translinguística. Seguindo a pesquisa principal de
Paula (2010), este trabalho se dedica à reflexão sobre o conceito de
intergenericidade como construção poética autoral, a fim de fortalecer, por
meio do tratamento da poética de Chico Buarque, analisada de maneira
específica por meio de sua obra Gota D’Água (peça teatral escrita em versos,
onde se encontram as canções “Flor da Idade”, “Bem Querer”, “Basta Um
Dia” e, a principal e título homônimo ao da obra, “Gota D’Água”; bem como
seu intrínseco diálogo com a Medéia, de Eurípedes), vista como exemplo de
uma maneira típica de construção autoral (a intergenericidade, a
interdiscursividade e a intertextualidade como parte da arquitetônica poética
de Chico Buarque), a (re)constituição das amarras entre as noções de diálogo,
gênero, poética e autoria. Trata-se de analisar a operacionalidade e
produtividade das concepções analisadas (pedidas pelo corpus pesquisado)
como um conjunto de noções que compõe procedimentos de análise.
O CAMINHO DA ILUMINAÇÃO BUDISTA EM PROSA E POESIA
NA ESCRITA DE CECÍLIA MEIRELES
Gisele Pereira de Oliveira (Doutoranda – UNESP/Assis)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 12
A relação entre Cecília Meireles e a Índia se apresenta de forma explícita e
implícita em sua obra. Por um lado, dentre seus diversos livros de poesia,
encontra-se o Poemas escritos na Índia, escrito a partir de sua viagem ao país
em 1953, paralelamente às diversas crônicas que narram momentos de sua
passagem pela terra de Gandhi e Tagore. Por outro lado, em sua lírica, há
inúmeros poemas que permitem a leitura de princípios, temas e nuances do
pensamento filosófico-religioso tipicamente oriental, sejam aqueles
reconhecíveis como associáveis ao hinduísmo, ou, como nos interessa aqui,
ao budismo. A partir dessas perspectivas, apresentamos uma seleção de
poemas cuja análise aponta premissas budistas, levando em consideração, ao
mesmo tempo, a crônica de viagem intitulada “Grutas de Ajantá”, que
apresenta sumariamente um panorama da vida do Buda e de seus
ensinamentos fundamentais.
Des Esseintes: o Decadentismo e a lírica moderna
Gláucia Benedita Vieira (Graduanda – UNESP/Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 04
O presente projeto tem como objetivo compreender e analisar as
características literárias da escritura de Huysmans, a partir de sua obra À
Rebours, considerada símbolo de um movimento que transformou a estética
literária no final do século XIX, influenciando toda a lírica moderna. Como
principal representante desse movimento, Huysmans cria o protagonista des
Esseintes, um dândi cujo ideal de vida é extremamente bem elaborado no
decorrer do texto, que descreve de forma exemplar a “rotina” almejada por
quem já não suportava a pressão de uma sociedade condicionada a uma vida
mecânica, artificial. Ao romper com os moldes literários vigentes, Huysmans
elabora textos originais, abusando da linguagem culta, com vasto e rebuscado
vocabulário, detalhando com primazia variados assuntos. Em À Rebours,
para tornar esse mundo real possível de ser vivido, é necessário que des
Esseintes se afaste da sociedade e crie sua própria realidade, então, ele
constrói seu refúgio e reveste-se de uma personagem excêntrica, solitária,
imersa em cultura e no culto ao belo; embora banhada pelo luxo, a vida de
des Esseintes era mergulhada na escuridão da misantropia exagerada. De
fato, as obras dessa fase refletiam o isolamento e é exatamente nesse terreno
que elas abusam dos sonhos e devaneios, pois dentro de um livro,
absolutamente tudo passa a ser permitido. E À Rebours, de J.-K Huysmans,
considerada a “bíblia” ou o “breviário” do movimento decadentista
(LAMART, 2005, p. 3), permite ilustrar os inícios desse processo de
decomposição do mundo real, do júbilo do raro e da cultura da fantasia e do
artificial. ´
A HIBRIDIZAÇÃO DA IMAGEM E DO TEXTO NA OBRA A ARTE
PRODUZIR EFEITO SEM CAUSA DE LOURENÇO MUTARELLI.
Guilherme Mariano Martins da SILVA (Doutorando - UNESP/SJRP)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 03
Este trabalho propõe um estudo sobre como o uso de sequência de números e
do corte sequencial do cinema são utilizados para a produção de ritmo e
suspensão na obra A arte de produzir efeito sem causa (2008), romance
escrito pelo artista Lourenço Mutarelli, cuja carreira inclui trabalhos como
quadrinista e ator. Para o estudo do corte cinematográfico na sintaxe da obra
será utilizado Film Form de Eisenstein (1949), o qual provê um estudo
sistemático do uso do corte e da montagem no cinema, enquanto que para as
questões da diagramação da página do romance, torna-se essencial a
utilização das teorias de McCloud em Desvendando os quadrinhos (2005) e
de Eisner em Quadrinhos e Arte Seqüencial (1999), importantes teóricos das
narrativas visuais, assim como a concepção apresentada por Márcia Arbex
em Poéticas do Visível (2006) acerca da qualidade imagética do texto
escrito,em específico neste trabalho do texto numérico como imagem no
romance estudado. Com o desenvolvimento da análise formal, pretende-se
demonstrar como este corte e esta diagramação são utilizados para a
representação dos estados sensoriais da personagem principal.
“A CARTOMANTE”: UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE AQUELE QUE
DÁ AS CARTAS NO BARALHO FICCIONAL
Héder Junior dos Santos (Mestrando – UNESP/Assis – CNPq)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 C
Este trabalho propõe uma leitura do conto “A cartomante”, escrito e
publicado por Machado de Assis, originalmente, na Gazeta de notícias, em
1884, e compilado, posteriormente, em suas Várias histórias, em 1896, e cuja
temática desenvolve-se a partir do triângulo amoroso (Camilo, Rita e Vilela).
Pretende-se aparafusar a interpretação da narrativa na maneira pela qual o
narrador social dispõe os acontecimentos vividos pelas personagens, quer
dizer, nosso objetivo central é discutir o modo de pensar orquestrador da
diegése, o sistema de base dessa narrativa curta, pois esta almejaria
esclarecer, postular ou redesenhar fatos históricos, políticos e sociais:
consecutivamente, por meio da elaboração de uma história, e encarnados na
figura do narrador social, já que é ele quem recorta e dá forma àquilo que nos
é apresentado. Importa mencionar que para tal leitura, partimos de alguns
pressupostos norteadores: a ficcionalidade como valor estético, a consciência
construtiva cultivada rigorosamente pelo literato e a ficção como mediadora
de verdades ou realidades mentais e sociais construídas historicamente.
JOSÉ LINS DO REGO E SUA TRAJETÓRIA LITERÁRIA
ROMANESCA: REALIDADE X FICÇÃO
Helton Marques (Mestrando – UNESP/Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 11
Autor de várias produções literárias, José Lins do Rego (1901 – 1957) é
considerado pela crítica um dos principais escritores da Literatura Brasileira
da década de 30, e sua ficção filia-se de modo único à estética regionalista
vigente na época. Caracterizada pela liberdade de expressão, o interesse
social e o regionalismo, a obra de Zé Lins é uma das mais importantes
produzidas durante o Modernismo no Brasil. Seus primeiros romances, em
geral, são o retrato melancólico e ao mesmo tempo poético de uma sociedade
decadente. Em 1932, Zé Lins publicou seu primeiro romance, intitulado
Menino de engenho, que inicia o chamado “Ciclo da cana-de-açúcar”, e
segue com Doidinho (1933), Bangüê (1934), O Moleque Ricardo (1935),
Usina (1936), e, como romance-síntese desse processo, a obra-prima Fogo
Morto (1943). Como é possível observar, entre a publicação de Usina e
Fogo-Morto, houve um intervalo de sete anos, durante o qual José Lins
revelou que seu talento de romancista não se restringia a uma criação literária
baseada apenas em suas vivências de infância e mocidade. Deixando de lado
a vida dos engenhos e do patriarcado nordestino, o autor usou de toda sua
imaginação e criou narrativas ambientadas em diferentes épocas e espaços,
como Pureza (1937), Pedra Bonita (1938), Riacho Doce (1939), e Água-mãe
(1941), para, em 1943 com Fogo-Morto, retornar (daí a ideia de ciclo) ao
espaço do patriarcado sertão nordestino em decadência. Alguns anos depois
da publicação desse romance, em 1947, é publicado Eurídice, drama
psicológico ambientado no Rio de Janeiro, e, em 1953, o último romance do
autor, intitulado Cangaceiros, uma narrativa que apresenta a figura do
cangaceiro ambiguamente delineada, ora apresentando ares de heroísmo, ora
de banditismo, encerra a trajetória literária romanesca de José Lins do Rego.
A POESIA PEREGRINA DE GREGÓRIO DE MATOS PELA CIDADE
DA BAHIA
Higor Alberto Sampaio (Mestrando – UNESP/SJRP)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 11
O presente trabalho tem por objetivo nortear um passeio por alguns dos
sonetos satíricos de Gregório de Matos nos quais a cidade da Bahia se
presentifica enquanto signo, no intuito de verificar como a cidade, enquanto
espaço, é ali representada e reflete esse eu-viajante problemático. Entretanto,
essa “poesia geográfica” (JACKSON, 2010) que peregrina pela Bahia do
século XVII não é uma viagem de descoberta, eufônica, mas sim uma viagem
na qual não faltam a denúncia, o descalabro e o riso. À forma do soneto,
enquanto forma quadrática e ordenadora somar-se-á o engenho poético, a
crítica e o riso carnavalizante próprios da expressão do poeta, conferindo ao
quadro a deformação, representação elíptica que, segundo Sant’Anna (2000),
é própria do Barroco, período estético que marca no Brasil o início de uma
vida intelectual e de uma expressão própria aos ares do cá. Ademais,
pretendemos enfatizar como a poesia de Gregório de Matos ressoa em nossa
literatura como precursora de algumas questões que as vanguardas brasileiras
do século XX aspiraram, ou seja, uma poesia que mantivesse diálogo com
outras culturas e literaturas, características de uma poesia própria à
exportação.
A RAIZ E O RIZOMA EM MIA COUTO
Ingrid Leutwiler P. Faustino (Graduanda – UNESP/Assis)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 09
Em seu prefácio ao Entrelaçar de vozes mestiças de Celina Martins, Mia
Couto comenta a necessidade de amálgama entre a raiz, identificada como
memória e terra, própria territorialização da cultura, que nos chega por
Walter Benjamin pela imagem do camponês sedentário, e o rizoma, termo
que Deleuze e Guattari usam como uma rede múltipla de relações, e que foi
trazido por Glissant para os estudos pós-coloniais para falar da mestiçagem
cultural - e para este conceito, Mia Couto confere a imagem do vôo, e,
portanto, do ar. Os contos que pretendemos trabalhar trazem imagens de
enraizamentos na profundidade da terra, e também de vôos até ao devaneio
lunar – e isso ao mesmo tempo. Por exemplo, em Raízes há o surgimento do
poeta, daquele que pratica a poiésis, a criação, e este surgimento se dá
quando, tendo o sujeito se enraizado na terra inteira, lhe plantam a cabeça na
lua. Moçambique, como diz o próprio Mia Couto, é uma nação em estado de
construção, é um espaço compósito, mas formam sua hibridez sociedades
atávicas, em sua maioria povos de raiz bantu de cultura oral – e a união entre
raiz e rizoma torna-se fundamental neste contexto. Mia Couto traz para nós
estas imagens que mais parecem uma atividade mitopoética, pois que vem
dar conta desta ambiguidade no seio da sua Nação – e, como diz Lévi-
Strauss, a função do mito é tentar apaziguar certas ambiguidades criando de
novas imagens, novas narrativas. Através da fenomenologia da imaginação
de Bachelard, pretendemos ler, em contos escolhidos dentro dos Contos do
Nascer da terra, estas imagens em paralelo com a construção do imaginário
Moçambicano, para compreendermos, talvez, o surgimento desta raíz
volitante que Mia Couto acaba por plantar em nosso imaginário.
A ITÁLIA NO SONHO DE UM TEMPO: A PRESENÇA ITALIANA
EM “A SEMANA” DE MACHADO DE ASSIS (1892 E 1893)
Ionara Satin (Mestranda – UNESP/Assis – Bolsista CAPES)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 C
Quando Machado de Assis dialoga com a Itália em suas crônicas, esse
discurso intertextual está, na maioria das vezes, atrelado às manifestações
artísticas desse país; o destaque é dado às óperas, companhias líricas, tenores,
atrizes e compositores. Enfim, ligado àquela visão de Itália expressa pelo
fascínio em relação a sua história, devido ao seu passado romano, à
quantidade de beleza antiga que exala daquele solo e, sobretudo, à atmosfera
romântica que circunda essa terra de belas canções e grandes artistas. Essa
Itália machadiana é construída pelo escritor de diversas maneiras, como por
exemplo, na crônica de 16 de julho de 1893, escolhida para essa
comunicação, na qual o colaborador da Gazeta de Notícias refere-se à Itália
por meio do sonho de um tempo, todo intertexto italiano é inserido nessa
crônica pela memória saudosista do cronista.
PAULO PRADO E A SEMANA DE 22
Isabel Cristina Domingues Aguiar (Doutoranda – UNESP/Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 B
O estudo biográfico de Paulo Prado (1869-1943) nos mostra o quanto
valorizou as artes e cultura em geral. Tendo vivido na Europa a efervescência
intelectual, Prado a compreendia como parte decisiva para a mudança de uma
sociedade que se encontrava alheia ao processo de modernização evidenciado
em outros países. Daí, na inovação cultural justifica-se o apoio
principalmente financeiro dado ao grupo modernista de São Paulo. Contudo,
a adesão do autor ao Modernismo não instituiu uma mudança radical de
ideologia como ocorreu com outros participantes da Semana de Arte
Moderna, ao contrário, Paulo Prado permaneceu na fronteira entre o
conservadorismo x modernismo, o tradicional x inovador, tanto que publicou
o clássico livro Paulística (1925) em meio as atividades de mecenas do
movimento. Nesse sentido, esse trabalho pretende destacar a participação de
Paulo Prado na Semana de Arte Moderna de 1922, a partir das
correspondências trocadas com alguns dos participantes do movimento
modernista, como também por meio dos estudos existentes sobre o autor.
DEVIR E AMBIVALÊNCIA NA POÉTICA DE VINÍCIUS DE
MORAES
Isabela Morais (Mestranda em Sociologia – UNESP/Araraquara)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 12
A partir da arquitetônica teórica de Mikhail Bakhtin, suas reflexões sobre o
devir, ambivalência e a relação entre ética e estética, pretende-se aqui
dialogar com a obra de Vinicius de Moraes, seja na prosa, na poesia ou na
canção popular, fazendo uma interpretação das seguintes obras: “Depois da
Guerra”, crônica de maio de 1944, “Marcha da Quarta-feira de Cinzas”,
canção em parceria com Carlos Lyra, de 1963, “Mensagem à Poesia” poesia,
de 1960, “Tempo de Amor (Samba o Veloso)”, canção em parceria com
Baden Powell, de 1962 (gravada em 1966), e o poema inconcluso “O Haver”
(1962-1970). Entende-se aqui tanto o devir quanto a ambivalência enquanto
termos constitutivos de uma metáfora crítica (PETRILI, 2012) que Bakhtin
desenvolve e interpreta no estudo sobre Rabelais e o realismo grotesco.
Procuramos refletir, de outra parte, a relação destes textos com o momento
histórico em que foram redigidos e as possibilidades de sua interpretação,
entendendo a obra enquanto inacabada, tendo seu sentido renovado no
encontro com o outro.
A PRESENÇA DO BRASIL NO ARQUIVO DO ESCRITOR
MEXICANO ALFONSO REYES
Jacicarla Souza da Silva (Doutoranda – UNESP/Assis – UEL)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 03
Embora tenha atuado de maneira bastante ativa no cenário intelectual do
Brasil na primeira metade do século XX, o nome do escritor mexicano
Alfonso Reyes (1889-1959) ainda parece configurar um desses ilustres
“desconhecidos” entre os brasileiros. Durante o período que viveu no Brasil
(1930-1936), em que desempenhou o cargo de Embaixador do México, ele
participou significativamente da vida cultural brasileira. Alfonso Reyes,
como se sabe, estabeleceu grandes vínculos de amizade com diferentes
personalidades da época como Cecília Meireles, Manuel Bandeira, Cândido
Portinari, Rachel de Queiroz, Jorge de Lima, Carlos Lacerda, Gilberto
Freyre, Jorge Amado, Cícero Dias, Di Cavalcanti, entre outras. Ao considerar
a importância do diálogo estalecido entre o embaixador mexicano e os
escritores brasileiros, esta comunicação visa a destacar a presença do Brasil
no arquivo alfonsino, como forma de elucidar o papel desempenhado por ele
no que se refere ao intercâmbio cultural entre Brasil e México. Diante desta
proposta, pretende-se analisar algumas correspondências trocadas entre
Reyes e algumas personalidades brasileiras, como também evidenciar como o
Brasil sobressai-se tanto na obra quanto na biblioteca pessoal do autor de
Visión de Anáhuac.
MACHADO DE ASSIS E SEUS PRECURSORES
Jaison Luís Crestani(Pós-Doutorando – USP – FAPESP)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 C
A análise da atividade intelectual de Machado de Assis enquanto homem de
imprensa, desenvolvida junto a O Cruzeiro durante o ano de 1878, permite
averiguar a sua interação dinâmica com as questões e linguagens de seu
tempo, com a audiência, o corpo de colaboradores e a conjuntura editorial do
periódico. Dessa colaboração no jornal, merece destaque a tarefa de continuar
a seção “Fantasias”, iniciada pelo pseudônimo não identificado de
“Rigoletto”. Em sua primeira manifestação, Rigoletto apresenta uma espécie
de programa da série, cuja dominante seria o humor, a irreverência e a
experimentação formal. Nessa apresentação, são mencionadas as tendências
criativas e enumerados os precursores dessa linhagem humorística: Diógenes,
Luciano de Samósata, Desgenais, entre outros. Ao dar continuidade a essa
série, Machado de Assis teve de defrontar-se necessariamente com o
programa, os modelos e referenciais humorísticos sugeridos pelo iniciador da
proposta e amparados pela diretriz editorial do jornal. Desse modo, este
trabalho pretende demonstrar como a inserção do escritor nesse projeto
coletivo e a apropriação e continuação de seus motivos contribuíram
decisivamente para a experimentação, o aprendizado e o domínio da
habilidade humorística, da técnica da paródia e de soluções genéricas e
procedimentos formais inovadores no âmbito da literatura brasileira.
A RELAÇÃO METAFÓRICA ENTRE A FIGURA MATERNA E A
ITÁLIA PÓS-UNIFICADA EM LUIGI PIRANDELLO E MARIA
MESSINA
Jéssica Cristina da Silva (Graduanda – UNESP/Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 04
Depois de sua Unificação, em 1860, a Itália passou a viver um de seus
maiores dramas, o gravíssimo problema da emigração em massa: expulsão,
abandono, exílio forçado e definitivo. Apesar de unificada, a Itália passa a
sofrer o dilema de consolidar-se como nação, de reunir os fragmentos para a
reconstrução de sua identidade. Nas novelas “L´altro figlio” e “La Mèrica”,
dos escritores Luigi Pirandello e Maria Messina, o drama vivido pela figura
materna configura-se uma tentativa de estabelecer uma relação metafórica
entre a mãe solitária e abandonada pelo marido ou pelos filhos, que partem
para a América, e a catastrófica realidade social da Itália pós-unificada e o
trauma decorrente da emigração maciça nos primeiros decênios do
Novecentos. Nossa pesquisa pretende analisar como se dá a construção dessa
relação figura materna/Itália pós-unificada dentro das narrativas em tela e que
aspectos da realidade histórico-social italiana, “soterrados” no inconsciente
coletivo dos italianos, são reapresentados por meio da escritura.
EL ZORRO DE ARRIBA Y EL ZORRO DE ABAJO, DE JOSÉ MARÍA
ARGUEDAS: RESGATE DE UMA UTOPIA ARCAICA OU
REVELAÇÃO DE UMA TOTALIDADE CONTRADITÓRIA E
HETEROGÊNEA?
Juliana Bevilacqua Maioli (Doutoranda – UNESP/Assis – UNIR)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 B
o presente trabalho propõe o embate entre divergentes leituras críticas
elaboradas pelos intelectuais Mario Vargas Llosa e Antonio Cornejo Polar a
respeito do romance El zorro de arriba y el zorro de abajo, de José María
Arguedas. Publicada em 1971, a obra ficcionaliza as transformações sócio-
econômicas experimentadas pelo Peru, a partir da metade do século XX,
motivadas principalmente pelo intenso fluxo migratório que rapidamente
promoverá a urbanização do país. Ambientado em Chimbote, o relato revela
a edificação de um novo mundo sobre as bases do capitalismo consumista e
do individualismo. Logo, o romance objetiva representar o futuro da cultura
andina/quéchua em meio às demandas da modernização implementadas no
território peruano. O universo ficcional tecido na narrativa suscita diferentes
apreciações críticas. De um lado, Vargas Llosa enfatiza a perspectiva
reacionária e passadista de El zorro... que, ao refletir os sofrimentos do Peru
e dos demais países subdesenvolvidos da América Latina, tende a ressuscitar
o arcaísmo da cultura incaica em uma utopia literária, hostil ao
desenvolvimento industrial e a modernização do país. No pólo oposto,
Cornejo Polar busca enfatizar o caráter dinâmico e inovador do romance,
válido como representação coerente da totalidade contraditória e heterogênea
da cultura peruana.
REVISTA COLÓQUIO/LETRAS: A CRÍTICA LITERÁRIA SOBRE O
ROMANCE OS MAIAS, DE EÇA DE QUEIRÓS
Juliana Casarotti Ferreira (Doutoranda – UNESP/Assis – CAPES)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10
A revista portuguesa Colóquio/Letras, editada pela Fundação Calouste
Gulbenkian, vem abrigando textos de crítica literária sobre escritores da
literatura mundial, desde seu surgimento em 1971. Um dos princípios da
revista portuguesa é a busca por excelência, por isso, diversos estudiosos
estrangeiros são convidados a contribuir, cada um em sua área de pesquisa.
Este trabalho investiga os diferentes métodos de crítica utilizados pelos
colaboradores da seção “Ensaio” na análise da obra Os Maias, de Eça de
Queirós, durante as décadas de 70, 80 e 90 do século XX. O objetivo
principal é acompanhar o desenrolar do pensamento crítico dos anos 1970 a
1990 sobre o romance por meio dos artigos publicados na revista
Colóquio/Letras. Conclui-se que a avaliação da obra Os Maias não ocorre
pelos mesmos juízos, mas é “reescrita” ao longo do tempo. Espera-se ainda
contribuir para a divulgação do importante trabalho desempenhado pela
revista portuguesa no campo dos estudos literários.
REVISTA FEMININA (1915-1936), UM PERIÓDICO NA IMPRENSA
PAULISTA DO INÍCIO DO SÉCULO XX
Juliana Cristina Bonilha (Doutoranda – UNESP/Assis – CAPES)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10
A Revista Feminina (1915-1930), periódico paulista, mas de abrangência
nacional, caracteriza-se por sua preocupação em divulgar dentre outros
assuntos, a literatura/ cultura para o público feminino. Em suas páginas
constam inúmeros textos de caráter literário, alguns deles assinados por
renomados escritores paulistas como Coelho Neto, Menotti Del Picchia,
Garcia Redondo, Júlia Lopes de Almeida, dentre outros. Para entender de
forma mais completa a produção literária que aparece na Revista Feminina, e
que tipo de relação trava-se entre autor-leitor-obra (Antonio Candido) o
contexto histórico-social foi aprofundado, pois esse tema é o que
pretendemos divulgar nesta comunicação - o contexto de produção da Revista
Feminina. Para isso, faremos menção à especialização da imprensa ocorrida
nas primeiras décadas do século XX; à Belle Epoque e à valorização dos
costumes franceses na sociedade brasileira; à reurbanização ou reestruturação
do Rio e de São Paulo; e ainda, à profusão de periódicos no início do século
XX, em decorrência da modernização dos meios de confecção de periódicos.
Todos estes temas constituem o panorama histórico-social paulista, e este
leque de informações serve como base para o comentário da Revista
Feminina em sua relação com a sociedade, particularmente paulista.
O GRAU DE MARGINALIDADE DE UMA CERTA
HISTORIOGRAFIA: AS NOTAS DE RODAPÉ CONTIDAS EM O
GUARANI (1857), DE JOSÉ DE ALENCAR
Juliane Bezerra Seraphim Viana (Mestranda – UNESP/Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 11
Este trabalho tem como objetivo analisar as notas de rodapé contidas no
romance O Guarani (1857), de José de Alencar, de modo a investigar a sua
importância na construção da obra, as condições em que são inseridas, a
ligação com a história do país e a "certificação" histórica que propiciam.
Alencar, nesta obra, aguça nossa imaginação sobre os tempos passados, a
época da “gestação” do país, e delineia o Brasil de maneira a “refazer” nossa
história resgatando o sentido de nacionalidade e, para isso, baseou-se em
diversas fontes históricas disponíveis na época. A escrita das notas de rodapé
parece, a princípio, ser um adorno ficcional, mas, na verdade, revela os
bastidores da produção e resulta no afã do autor em definir a nossa identidade
e dar continuidade ao seu projeto nacionalista literário. Para alcançarmos o
nosso objetivo e compreendermos a utilização das referidas notas na obra,
refletimos sobre o surgimento do romance histórico e suas principais marcas
a partir dos estudos do teórico György Lukács (1936-7), observamos a
relação intertextual de O Guarani com textos históricos e discorremos sobre
o modo como o autor selecionou as fontes, interpretou a historiografia, e
inseriu tais aspectos em seu romance considerado por ele próprio como
histórico.
A SUBVERSÃO DO CÂNONE EM THE SECRET LIFE OF BEES
Juliane Camila Chatagnier (Mestranda – UNESP/SJRP – FAPESP)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE HISTÓRIA – SALA 07
Propõe-se, neste trabalho, uma leitura da obra The Secret Life of Bees, de Sue
Monk Kidd, sob a perspectiva da (re)definição do romance de formação
(FAPESP 2010/15.203-6). Seguindo as teorias de Pinto (1990) e Maas
(2000), a respeito do romance de formação (Bildungsroman), é válido
lembrar que, apesar de, no início, este apresentar um protagonista masculino
que faz uma trajetória evolutiva, modificando-se de acordo com o ambiente
em que se insere, é possível afirmar que a grandiosidade de mostrar, com fins
pedagógicos, como acontece a formação de um indivíduo da classe
favorecida, de modo a influenciar o leitor, perdeu a força com os anos e abriu
espaço para a discussão da construção identitária de um grupo minoritário – a
mulher. No entanto, como a mulher sempre foi considerada inferior ao
homem, tornou-se um problema creditar à mulher a capacidade de substituí-
lo, no papel principal de uma obra, de modo a percorrer uma trajetória de
autorrealização com maestria. No romance analisado, apesar de manter
alguns dos passos propostos nos romances tradicionais, pode-se dizer que
Kidd rompe com os padrões da tradição, e apresenta uma versão subvertida
do cânone literário, posto que o desenrolar da narrativa foge dos paradigmas
propostos, ou impostos, no Bildungsroman tradicional. Assim como a forma
do romance, que não segue padrões socialmente impostos, a formação
identitária construída no romance não pode ser equiparada com as
representações de sujeitos ‘dominantes’, ‘soberanos’, mas deve ser vista
como forma de dar a vez, e voz, àqueles que não têm lugar, os ‘dominados’,
os ‘subalternos’, posto que Lily é mulher, pobre e marginalizada. Desta
maneira, considera-se que a forma como Kidd organiza a trajetória de Lily é
singular, e difere dos padrões estabelecidos socialmente em relação ao
romance de formação, por meio de um trabalho de subversão.
A INTERDISCURSIVIDADE ENTRE A PINTURA “A CONDIÇÃO
HUMANA” DE RENÉ MAGRITTE E O CONTO “A CAÇADA” DE
LYGIA FAGUNDES TELLES.
Karen de Almeida Carneiro (Graduanda – UNESP/Assis)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 03
Há muito tempo que a temática da representação do real desperta interesse de
filósofos, escritores, estudiosos, Platão foi o primeiro a tratar o tema em A
república, segundo ele a representação do real pela arte não passa de
imitação, mimesis. Já com Aristóteles esta ideia da representação mudou para
uma formulação mais sublime, na qual a realidade seria a inspiração; assim
sendo, a imitação não seria algo cru e sem vida, mas um aporte, uma
referência que sobrevelaria o real. Os questionamentos acerca da criação
artística são diversos, Pirandello com o metateatro, por exemplo, retirava a
quarta parede nas peças para ilustrar que a realidade jamais será atingida pela
representação artística. Na pintura, Magritte em A condição humana, ilustra a
fusão do que é real com que não é, com limites tênues, quase imperceptíveis,
similar o conto “A Caçada” de Lygia Fagundes Telles. A relação entre as
formas de criação artística, no caso, pictórica e literária pode ser percebida
desde as mais antigas obras da humanidade. As transformações no
relacionamento entre a pintura e a literatura ao longo do tempo, deram-se,
principalmente, pela superação do conceito de arte imitativa e a conquista do
conceito de arte expressiva pela modernidade, Gonçalves (1994). Nessa
transição, o “ut pictura poesis” é negado pela pintura que passa a se
constituir objeto autônomo. Para tanto, como aponta Bourdieu (1996),
primeiro, a pintura teve que se libertar da obrigação de cumprir funções
sociais, o que já era uma conquista da literatura, e depois negar a sua
dependência em relação aos textos literários. Até então, a arte pictórica
buscava na literatura seus “motivos” e “temas”. O presente trabalho propõe
uma breve análise da interdiscusividade na composição discursiva da obra
literária “A Caçada” entre a obra pictórica A condição humana.
IMAGENS DA REVOLUÇÃO MEXICANA EM PEDRO PÁRAMO
(1955), DE JUAN RULFO
Kátia Rodrigues Mello Miranda (Doutoranda – UNESP/Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 03
Este trabalho pretende comentar algumas imagens da Revolução Mexicana
(1910-1940) presentes em Pedro Páramo (1955), do escritor mexicano Juan
Rulfo (1917-1986). O romance possui uma estrutura fragmentada e
episódica, em que destaca-se o esfacelamento cronológico. No entanto, a
partir de um exame mais cuidadoso de pistas existentes na narrativa, é
possível estabelecer um paralelo cronológico entre dados ficcionais e fatos da
histórica do México. Essas pistas são reveladas por meio de referências
escassas, e, por vezes, indiretas, à Revolução Mexicana e também à Guerra
Cristera (1926-1929), um dos movimentos da revolução. O protagonista da
narrativa é o cacique Pedro Páramo, que, nascido na segunda metade do
século XIX, é herdeiro de uma cultura de caráter patriarcal. Dono de terras –
algumas herdadas e outras usurpadas –, Pedro Páramo exerce poder ilimitado
e tirânico sobre o povoado de Comala. Na tentativa de manter seu poder,
Pedro Páramo insere um homem de sua confiança na luta revolucionária, mas
sucumbe, simbolizando o fim da era dos caciques, para os quais não havia
lugar na nova estrutura social que estava prestes a surgir no México.
REESCRITURAS DA MILENAR HISTÓRIA DA ESPOSA
CALUNIADA DE ADULTÉRIO NA LITERATURA DE CORDEL
Letícia Fernanda da Silva Oliveira (Graduanda –UNESP/Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 11
O presente trabalho visa, sobretudo, uma leitura panorâmica das reescrituras
da arquetípica história da “casta heroína caluniada de adultério” e de seus
desdobramentos a partir do século XI até sua chegada no Nordeste brasileiro
através dos poetas de cordel. Mostramos que a heroína nesse contexto precisa
se travestir, para que consiga escapar com vida daquilo que seria a sua
chamada “punição”. Embora a estrutura temática dessa história milenar não
tenha sofrido significantes alterações ao longo dos séculos, ao ser transposta
para a literatura de folhetos, dado o contexto patriarcalista em que se dá sua
reedição, a narrativa se reveste de novos significados contextuais, assumindo
principalmente uma postura didático-moralizante no Nordeste brasileiro de
início do século XX, quando as mulheres começam a se emancipar e a adotar
novos modelos de sociabilidade, sobretudo, europeus. Outra marca temporal
que o estudo busca ressaltar é como a mulher é vista pela sociedade,
principalmente quando caluniada de tal modo que não tem como se defender.
O ENTRE-LUGAR EM POEMAS DE AGOSTINHO NETO
Lidiane Moreira e Silva (Mestranda – UNESP/Assis)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 09
A África do povo africano passou por um processo de sufocamento
identitário ao longo do período de colonização. O universo europeu imposto
nos países colonizados por meio da violência da escravidão e do trabalho por
contrato torna o “eu-africano” a mescla de mundos e, assim, fortalece a
reflexão a respeito de suas origens. O homem africano constitui, deste modo,
um ser híbrido, agregando tradições, línguas e valores distintos, vivendo e
constituindo-o em um ambiente de entre-lugar. A partir do estudo realizado
sobre a obra Sagrada Esperança (1974) do poeta angolano Agostinho Neto
(1922-1979), buscar-se-á apresentar um recorte da pesquisa de mestrado
acerca da identidade coletiva e a presença do mar em seus poemas,
debruçando-se sobre questões como fronteira e hibridismo conceitos tão
recorrentes na literatura africana e principalmente na literatura pós-colonial,
considerando, portanto o passado e o presente do povo africano.
LA NOUVELLE JUSTINE, DO MARQUES DE SADE: ALGUMAS
RELAÇÕES PARATEXTUAIS.
Luana Aparecida de Almeida (Mestranda – UNESP/Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 04
A obra do Marquês de Sade é notória, essencialmente, por seu conteúdo
obsceno, que acarretou constantemente apreciações hostis. É válido destacar
que tais apreciações não se deviam simplesmente às questões amorais
apresentadas, visto que sabemos que o escritor francês permeava seus textos
com as ideias filosóficas que nutriam o pensamento a ele contemporâneo,
fator que incomodava bastante. As reflexões contidas nas narrativas do
“Divino Marquês”, outrora firmemente rechaçadas, passaram a ser base,
elemento positivo, para escritos de outros escritores. Sabendo que todo texto
traz continuamente alusão a outros textos, como nos esclarece o conceito da
intertextualidade, podemos assinalar que são reveladas no texto sadiano
inúmeras referências, tanto as que ele utilizou, assim como os que dele se
utilizaram. Tomando o livro La Nouvelle Justine, ou les malheurs de la vertu
em observação, sob a mira da paratextualidade, determinada por Gerard
Genette, percebemos a elucidação das concepções defendidas pelo Marquês
de Sade. Este trabalho tem como objetivo, demonstrar algumas dessas
ocorrências paratextuais.
COLAGEM POÉTICA E ORFISMO NA LÍRICA FINAL DE JORGE DE
LIMA
Luciano Marcos Dias Cavalcanti (Pós-doutorando – UNESP/Araraquara)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 12
Em nossa pesquisa de pós-doutorado, em desenvolvimento no Departamento de
Literatura da UNESP/Araraquara (com financiamento da Fapesp), objetivamos estudar
uma das mais importantes características presentes em Invenção de Orfeu, de
Jorge de Lima: a relação entre poesia e mito. Nesta comunicação,
analisaremos o modo como o poeta alagoano se utiliza da figura mitológica
de Orfeu e do recurso da colagem poética. No “épico” limiano, Orfeu leva à
poesia os seus significados mais característicos: o canto, o ritmo, a melodia e o
encantamento, aspectos intrinsecamente ligados à sua mitologia. O recurso da
colagem poética provém dos papiers collés cubistas, técnica que consiste em
aproximar duas realidades diferentes em um plano diverso de ambas,
construindo uma imagem inusitada, distante do corriqueiro e do lógico. Nessa
perspectiva, apresentaremos e discutiremos o recurso da montagem utilizado pelo
poeta em suas fotomontagens e seu emprego em Invenção de Orfeu, relacionando-o
à figura mítica de Orfeu.
A PUBLICAÇÃO DE ULISSES E OUTROS FEITOS DE UM TEMPLO
LITERÁRIO
Luís Roberto de Souza Jr (Mestrando – PUCRS)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 04
O trabalho reflete sobre a importância da livraria parisiense Shakespeare and
company. O estabelecimento – que hoje fica ao lado da catedral de Notre-
Dame – também pode ser considerado um templo literário, pois desde sua
abertura, em 1919, reuniu verdadeiros “papas” da literatura. Entre os
freqüentadores, contam-se nomes como Bernard Shaw, Ezra Pound, Paul
Valéry, André Gide, John dos Passos, E. E. Cummings, Ernest Hemingway e
James Joyce. Para os dois últimos, a Shakespeare and company e sua
proprietária, Sylvia Beach, foram de fundamental importância. Hemingway
tornou-se muito amigo de Beach e em sua fase parisiense, nos anos 1920,
usou a livraria como endereço comercial-literário. Joyce, por sua vez, teve
seu então rejeitado Ulisses acolhido por Beach, que decidiu publicá-lo em
1922. Em seguida, ela travou uma verdadeira batalha para fazer circular a
revolucionária obra de Joyce, tanto que foi sua editora até o fim. Depois, já
nos anos 1950 e 60, a Shakespeare and company – com outro proprietário,
mas com a benção de Sylvia – divulgou e deu abrigo aos escritores beatniks.
O trabalho relembra essas histórias, citando Paris é uma festa, de Ernest
Hemingway; Um Livro Por Dia, de Jeremy Mercer; o próprio livro de Sylvia
Beach sobre o local: Shakespeare and company – uma livraria na Paris do
entre-guerras; e uma entrevista feita por mim com a atual proprietária.
O GRANDE MENTECAPTO: UMA SÁTIRA RENOVADORA
Maraiza Almeida Ruiz (Mestranda – UNESP/SJRP – CAPES)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 11
O presente trabalho tem o objetivo de analisar o romance brasileiro O
Grande Mentecapto, do autor Fernando Sabino, situando-o em uma linhagem
literária carnavalizada, realista e satírica. O referido romance, publicado em
1979, foi muito bem recebido pelos leitores e pela crítica, tornando-se o Best
Seller desse importante escritor mineiro, porém é uma obra pouco discutida
pelos teóricos em diversos aspectos como, por exemplo, a sátira a uma
estrutura sócio-política brasileira. Portanto, almejamos, com esse estudo,
realizar uma leitura dessa obra inserindo-a em uma linhagem literária
carnavalizada, que surge com a sátira latina, abrange o romance picaresco
espanhol e chega à literatura brasileira por meio da neopicaresca ou
malandragem. Por meio dessa pesquisa, é possível chamar a atenção para a
sátira presente no romance, tomando-a como um traço típico da linhagem
literária na qual a obra se insere e discutindo a sua importância para a
construção de uma compreensão da nossa cultura. Além disso, podemos
ressaltar que o porta-voz da sátira é o protagonista Geraldo Viramundo e a
partir de sua trajetória de vida e de sua percepção da realidade é que O
Grande Mentecapto questiona o contexto da vida urbana mineira, a
experiência política vivenciada pelos cidadãos, os papéis sociais, etc.
Portanto, a sátira presente no referido romance está intimamente relacionada
com a ênfase na renovação, no olhar novo e liberto que a obra nos apresenta
por meio de um personagem marcante em nossa literatura: o anti-herói
Viramundo.
“AMOR QUE MATA” X “AMOR DE MARIA”:
O PROCESSO DE CRIAÇÃO DOS CONTOS DE INGLÊS DE SOUSA
Marcela Ferreira (Doutoranda – UNESP/Assis – IFG)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 11
A obra literária de Inglês de Sousa é composta pelos romances O cacaulista
(1876), História de um pescador (1876), O coronel Sangrado (1877), O
Missionário (1891) e pelo livro de contos, Contos Amazônicos (1893). Os
primeiros livros do autor não tiveram repercussão, nem mesmo O Coronel
Sangrado, que pode ser considerado o inaugurador da corrente naturalista na
literatura brasileira. Segundo Alfredo Bosi (2001), Inglês de Sousa
“antecipou o próprio Aluísio no manejo da prosa analítica”, pois o livro O
Coronel Sangrado “precede de quatro anos à publicação de O Mulato”, como
“romance naturalista de costumes” (p. 214-5). Inglês de Sousa só foi
reconhecido em 1891, com a publicação de O Missionário, seu livro
naturalista ao extremo, com influência de Zola e de Eça de Queirós. Além
dos livros citados, há outros trabalhos de Inglês de Sousa oriundos de
periódicos, pois o autor participou como colaborador, fundador e editor de
periódicos em várias cidades do país. É justamente nessa obra dispersa, que
está pautado esse trabalho, que tem como pretensão analisar o conto “Amor
de Maria”, do livro Contos Amazônicos, que foi publicado pela primeira vez
em 8 de maio de 1876, no periódico A Academia de São Paulo. Pretende-se
ressaltar as modificações realizadas pelo autor na passagem do jornal para o
livro. Entre essas, a mudança do título - visto que o conto foi publicado com
o título “Amor que mata”, criando uma expectativa diferente no leitor do
jornal, remetendo ao desfecho da história -, da estrutura e da linguagem.
O LOUVOR NA OBRA DE CLÁUDIO MANUEL DA COSTA
Marcela Verônica da Silva (Doutoranda – UNESP/Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 11
Dentro do contexto letrado e político do século XVIII o encômio é uma
prática comum. Baseia-se nas relações de hierarquia, em que os louvores
eram trocados por “favores” entre membros de uma mesma classe social ou
entre classes sociais diferentes visando (o autor) a benfeitoria de uma
personalidade elevada. Seus protocolos orientavam-se por tópicas que se
baseavam nos manuais retóricos e poéticos. Cláudio Manuel da Costa
participou ativamente tanto da política quanto da vida social de seu tempo,
sendo, inclusive, convidado a participar na condição de sócio supranumerário
da Academia Brasílica dos Renascidos, agremiação baiana datada de 1759,
formada pela elite erudita, instaurada com a finalidade de veicular os ideais
pombalinos na colônia. Com base em tais pressupostos, pretende-se tecer um
panorama do momento histórico marcado pelo declínio da Escolástica e
advento do Iluminismo, através da fundação da academia supracitada,
enfatizando uma das tópicas comuns às práticas letradas da época: o louvor.
Tal tópica permite um desdobramento: o estudo do mecenato associado ao
panegírico.
AS REPRESENTAÇÕES DO INTELECTUAL NA
CORRESPONDÊNCIA ENTRE JORGE DE SENA E VERGÍLIO
FERREIRA ― (1950-1975)
Marcio Roberto Pereira (Doutor –UNESP/Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 09
A proposta deste trabalho é discutir as representações do intelectual na
produção epistolar de Jorge de Sena (1919-1978), mais especificamente na
correspondência com Vergílio Ferreira (1916-1997), ocorrida entre os anos
de 1950 a 1975. Alguns temas, como a condição do intelectual em tempos de
ditadura, a posição do escritor e a estética do Neo-realismo e a condição do
exílio, serão abordados de maneira mais aprofundada porque compõem
grande parte das preocupações de ambos os escritores. A partir de uma
perspectiva em que a linguagem age como uma instância de reflexão e ação
que subverte o apagamento da identidade e das memórias frente a espaços de
solidão ou angústia, essa pesquisa reflete, por meio de uma linguagem ora
centrada pelo simbólico ora pelo compromisso com a realidade, os impasses
de intelectuais que procuram compreender um mundo fragmentado,
delineado pela violência do salazarismo e pela condição de exílio ― Jorge de
Sena exilado em outro país e Vergílio Ferreira sentindo-se um exilado em sua
própria terra. Por meio da confissão e das relações com espaços públicos e o
cotidiano, os intelectuais fazem um contraponto entre sua condição e os
processos de representação da realidade num mosaico de ideias que ganham
um contorno maior a partir de testemunhos que se transformam em biografias
oblíquas.
A CONCEPÇÃO DE ÁLVARO LINS SOBRE O ROMANCE
VIDAS SECAS (1938), DE GRACILIANO RAMOS
Marcos Antonio Rodrigues (Graduado – UNESP/Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 B
Álvaro Lins (1912-1970) foi um dos críticos de rodapé mais importantes que
já apareceu no Brasil, de modo que seu trabalho abrangeu todo o período
modernista; seu momento de atuação por excelência se deu durante os
decênios de 40 e 50 da primeira metade do século XX. Ele foi o crítico titular
de um dos jornais mais importantes do período modernista, o Correio da
Manhã, do Rio de Janeiro, que, até então, era ocupado por Humberto de
Campos. Aliás, ele colaborou em rodapés de jornais diversos da época, tais
como Folha da Manhã, A Tribuna, Diário de Notícias, Jornal do
Comércio, Folha do Norte, dentre outros. Álvaro Lins foi uma das
personalidades mais influentes de sua época, manifestando-se acerca de
grande parte da produção literária que vinha surgindo no momento em que
atuou. Sendo assim, muitos escritores desse período se tornaram objeto de
estudo desse crítico. Levando em consideração que ele recepcionou grande
parte dos ficcionistas regionalistas dos anos 30, temos por objetivo apreender
seus apontamentos críticos sobre a ficção de Graciliano Ramos (1892-1953).
Para ser mais específico, nos restringiremos as suas concepções acerca do
romance Vidas Secas (1938). Desse modo, podemos adiantar que o crítico
considera essa obra como sendo uma das que relava as melhores qualidades
desse escritor. Além disso, a seu ver, quase toda a ficção desse autor tende a
nos confundir devido à similaridade entre a figura do escritor e a figura de
seus personagens ficcionais. Apesar desses liames biográficos e psicológicos
em que se pautam suas teorizações, veremos, por fim, que ele realizou
análises precisas e meticulosas no que diz respeito à estrutura das narrativas
do escritor alagoano.
FONTES PARA A PESQUISA LITERÁRIA: ESTUDO DO ARQUIVO
CLARICE LISPECTOR
Marcos Ulisses Cavalheiro (Graduando em Arquivologia – UNESP/Marília;
Graduando em Letras – Faculdade Estácio de Sá/Ourinhos).
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10
Os arquivos pessoais são dotados de caráter histórico e devem ser
preservados devido ao valor cultural, patrimonial e testemunhal que
caracteriza a documentação referida. Como problema dessa investigação,
pretende-se verificar os desafios em torno à organização do arquivo pessoal
da modernista Clarice Lispector. Para tanto, busca-se na concepção da Teoria
Arquivística que a organização dos documentos cuja guarda é direcionada à
pesquisa histórica e literária seja indispensavelmente realizada por fundos
documentais. Dessa forma, por objetivo geral, quer-se analisar e relatar a
metodologia da organização do Arquivo Clarice Lispector (ACL). Nessa
perspectiva, discute-se a importância da identificação dos tipos documentais
como parâmetro para organização do arquivo pessoal em questão. Trata-se de
uma pesquisa de valor qualitativo com procedimento metodológico realizado
por meio de uma revisão acerca da trajetória de vida de Clarice, levantamento
bibliográfico e exploratório, além de consultado os instrumentos de pesquisa
do ACL. Fazendo-se jus ao estudo sobre fontes para a pesquisa literária, faz-
se necessário um relato histórico da Fundação Casa de Rui Barbosa, em
especial o Arquivo-Museu de Literatura Brasileira, onde se encontra
custodiado o ACL. Acredita-se que, apesar dos desafios encontrados devido
às informalidades que caracterizam os documentos de arquivo pessoal, o
relato da experiência do ACL será relevante, em especial, aos campos da
arquivologia e das letras, pois esse acervo é uma rica fonte de informação e
memória acerca da renomada escritora, e, portanto, um patrimônio
documental, que será mais seguramente mantido se organizado em respeito à
constituição do fundo documental.
BAUDELAIRE E MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO: UMA LEITURA DA
MODERNIDADE
Maria Alice Sabaini de Souza (Mestre – UNIR)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 04
A relação que a modernidade aponta entre tais poetas ajuda-nos a observar
como a literatura, de acordo com Eliot (1989), faz uso de sua tradição para
criar o novo. Mário de Sá-Carneiro, poeta português do início do século XX,
retoma algumas características da modernidade baudelaireana, preconizadas
no Romantismo, para resgatá-las em sua obra poética no primeiro
modernismo, conhecido por Orfismo. Percebe-se, com isso, que as melhores
e mais individuais características de uma obra podem ter sido herança de
poetas antecessores, numa recuperação de alguns importantes aspectos que
remetem ao que já foi produzido, tomando novas perspectivas em outra obra.
A proposta dessa comunicação é destacar no corpus escolhido a influência
temática que Mário de Sá-Carneiro recebe de Baudelaire. Para tanto, faz-se
necessário que os poemas (Spleen et Ideal) de Baudelaire e (Dispersão) de
Sá-Carneiro configurem uma relação entre ambos, no tocante a modernidade
e, de modo especial, a negatividade e as reflexões acerca da vida urbana.
Tendo em vista a temática da modernidade percebida nos poemas dos dois
escritores, o embasamento teórico será pautado, sobretudo, em Benjamin,
Berman, Compagnon e Eliot.
AS EVIDÊNCIAS DOS PROCEDIMENTOS REALISTAS E
ROMÂNTICOS NA NARRATIVA DE JULIO DINIS
Maria Carolina Payão de Almeida (Mestranda – UNESP-Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 09
Julio Dinis (1839-1871) é considerado representante da prosa do terceiro
momento romântico em Portugal (1860-1870). Desenvolve, no entanto,
alguns aspectos que se distanciam das temáticas típicas do discurso
romântico tais como a melancolia, o sofrimento por um amor impossível e a
fragilidade de seus personagens. Dessa forma, o enredo dinisiano permite a
investigação de diálogos em sintonia com os padrões românticos e/ou
associados ao comportamento de análise e observação típicos do Realismo,
os quais permeiam tanto o seu processo descritivo quanto à composição do
perfil de suas personagens femininas em seus romances: As Pupilas do
Senhor Reitor e Uma Família Inglesa. Nesse sentido, verifica-se que o
processo descritivo configurado por Julio Dinis caminha além da posição de
um “quadro” em sua totalidade plástica, assinalando também um cenário de
fenômeno social ou a representação de um ambiente, o qual não se anula na
simplicidade de uma simples significação causal, isto é, adquire então
autonomia única em seu desenvolvimento. Já a descrição proposta por Dinis
quanto ao perfil de suas personagens femininas vai ao encontro dos
procedimentos realistas e das adesões românticas por ele empregados na
criação de suas histórias. Observa-se que, apesar das personagens femininas
do autor apresentar expressividade e ação nos conflitos que compõem o
enredo das obras em questão, elas ainda demonstram traços sentimentais que
contemplam o viés romântico. Desse modo, pode-se dizer que Julio Dinis,
em razão de suas singularidades, prenuncia, de certa forma, o Realismo em
Portugal, mantendo um sutil diálogo com o novo estilo artístico por meio de
técnicas e formatos composicionais de escrita como, a exemplo, do aspecto
descritivo do espaço e de suas personagens femininas.
A PERSPECTIVA POLÍTICA DA CRIANÇA NAS OBRAS INFANTO-
JUVENIS DE MOACYR SCLIAR
Mariana de Oliveira Turini. (Graduada em Letras – UNESP/Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 12
O trabalho pretende realizar análise de obras infanto-juvenis do autor gaúcho
Moacyr Scliar (1937-2011) no que concerne a visão social e política da
criança no contexto em que as histórias são narradas. É importante notar que
Scliar subverte a realidade e propõe uma narrativa, onde muitas vezes parece
ter mais verossimilhança que o fato real, como por exemplo, nos livros Os
Cavalos da República (1989), Pra você eu conto (1991), e No Caminho dos
Sonhos (1988) e A Festa no Castelo (2001). A projeção da narrativa e
principalmente a do o narrador, muitas vezes já adulto, transmite as situações
políticas vividas em meio à sua história. Fundamentando-se na teoria da
Literatura, na História da Literatura infanto-juvenil, em fatos históricos e
sociais, a estrutura da narrativa será analisada sob o ponto de vista da criança
ou adolescente.
O AMANUENSE BELMIRO E A PRESENÇA DE PASCAL
Mariana Mansano Masoni (Mestranda – UNESP/Assis
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 04
O romance O amanuense Belmiro, de Cyro dos Anjos, publicado em 1937,
revela uma narrativa lírica e de introspecção por parte de seu narrador-
personagem. Esta obra destoa das demais produzidas no país na década de
1930, seja por seu tom introspectivo, resultado da busca constante pelo
passado e pela sua própria essência, seja pelo gênero do diário utilizado para
narrar os acontecimentos vividos pelo protagonista. Na obra também é
possível observar a presença francesa, marcadamente expressa por citações
de autores franceses, os mais recorrentes são Marcel Proust e Blaise Pascal.
Por meio das citações é possível observar a presença francesa na obra, bem
como as reflexões obtidas por elas. Sabe-se que toda citação ou referência a
um autor não é por acaso e merece atenção. No caso d’O amanuense Belmiro
as citações confirmam a visão de mundo do personagem e agregam novos
significados à obra. Em relação à Pascal, observam-se duas questões
filosóficas: a vida e a religião, estas questões permeiam todo o romance de
modo sutil, mas não menos importante. Já que o protagonista, Belmiro
Borba, tem a necessidade de compreender melhor a vida e a si próprio.
FRANÇOIS RABELAIS EM UMA RETÓRICA DE CONTRASTES:
HUMANISMO VERSUS CRISTIANISMO
Meriele Miranda de Souza (Mestranda – UNESP/Assis – FAPESP)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 04
O autor François Rabelais, desde criança, é educado segundo os preceitos
sofistas. Aprende as primeiras letras nos conventos e, mais tarde, torna-se
monge. Entretanto, Rabelais não se contenta com a educação eclesiástica, sua
sede de saber leva-o a frequentar as rodas humanistas de André Tiraqueau,
por intermédio das quais os eruditos podiam estudar as Letras Humanas e
obras clássicas recém-publicadas com a invenção da Imprensa. A curiosidade
e empenho do escritor nos estudos atiçam a inveja dos superiores do
convento de que Rabelais fazia parte e estes passam a persegui-lo,
confiscando todos os seus livros. As duas educações, sofista e humanista
serão, mais tarde, retratadas na obra rabelaisiana, por meio da qual ele
demonstra sua preferência pelo ensino renascentista e critica a pedagogia
eclesiástica. No Pantagruel, através de uma carta de Gargantua dirigida a
seu filho, Rabelais delineia sua pedagogia ideal, de acordo com os moldes
humanistas. Nesta carta, o gigante Gargantua instrui Pantagruel a engajar-se,
de tal maneira, nos estudos de forma que não haja nenhuma planta da qual ele
não conheça o nome e nenhuma espécie que ele não conheça. Encoraja-o
ainda a não perder a oportunidade de aprender sobre tudo, posto que de cada
coisa ou momento ou situação poderia extrair um ensinamento. Já em
Gargantua, Rabelais opõe as duas educações aclamando, visivelmente, o
ensinamento humanista e satirizando a pedagogia religiosa. Através deste
trabalho, pretendemos analisar o papel desempenhado por essas duas formas
educacionais na obra rabelaisiana e investigar a pedagogia ideal, segundo o
escritor.
UM CORONEL EM DECLÍNIO: A CONSTRUÇÃO DA
PERSONAGEM NO ROMANCE DE JOSÉ CÂNDIDO DE
CARVALHO
Naiara Alberti Moreno (Mestranda – UNESP/Araraquara)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 11
No panorama da ficção brasileira, o regionalismo apresenta-se como um
conceito complexo e multifacetado que permeia a compreensão da literatura
nacional desde o seu processo de formação até as produções contemporâneas.
No âmbito da historiografia literária, o termo filia-se à questão do
nacionalismo e à dialética entre o aproveitamento das sugestões locais e a
incorporação dos modelos importados. Como reflexo dessa problemática,
pode-se mencionar a produção de José Cândido de Carvalho, comumente
classificada pela tradição crítica como pertencente à corrente “regionalista”
do século XX. Nesse sentido, este trabalho busca questionar e avaliar a
aplicação desse conceito à produção do autor, tomando como corpus o
romance O coronel e o lobisomem (1964). Para tanto, privilegiou-se o estudo
da configuração do “herói” em sua relação com o espaço da obra, uma vez
que a história explora o conflito gerado pela incapacidade de adaptação do
protagonista – um coronel preso aos valores de um mundo rural em
decadência – ao meio urbano e às diferentes convenções que o regem. Assim,
a análise do romance aliada à reflexão sobre as fronteiras entre local e
universal propõe redefinir as relações entre a vertente regional e o projeto
estético do autor.
O DUPLO BAKHTINIANO NAS MULHERES VAMPIRAS: UMA
VISÃO DE A FLOR DO MAL DE MARTHA ARGEL E O CONTO
FANTÁSTICO DE AUTORIA FEMININA
Natália de Barros Nascimento (Graduanda – UNESP/Assis)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 C
Tendo como base o conto A Flor do Mal da autora brasileira Martha Argel, o
trabalho visa interpretar o Duplo Feminino, sob a ótica de Bakhtin. Cabe a
essa interpretação perceber o confronto interno que há entre a mulher e a
vampira que esta se tornou, destacando os combates de época, pois o conto se
passa na Renascença, mas traz consigo a ótica da mulher moderna, quando se
trata da vampira, uma femme fatale, construída por sua autora contemporânea
ao século XXI . No conto é possível encontrar os conflitos de Francesca com
a sexualidade vampírica e a necessidade do amor, enquanto mantém um
homem cativo, retratando a fragilidade masculina diante da mulher. Enquanto
antes havia a hegemonia do vampiro homem, que refletia a sociedade
falocêntrica que compunha o universo em que a literatura fantástica obteve
maior espaço, o Romantismo do século XVIII e XIX, na literatura assim
como na sociedade o mito passou a dar voz e atitude às mulheres como
vampiras. Dessa maneira percebemos como o período literário acompanhou a
visão da sociedade sobre a fraqueza das mulheres dominadas pelos homens,
daí os vampiros representarem toda a subversão daquilo que se tinha como os
dogmas tanto da igreja quanto da sociedade, ser o maior símbolo do Duplo
ou Doppelgänger do mal. O trabalho irá ressaltar como o papel representado
pela mulher na Literatura Fantástica que era exclusivamente o de vitima,
sempre submissas ao poder masculino mudou, assim como seus conflitos
internos, muito bem representados pelo Duplo do mito expresso no conto.
A REPRESENTAÇÃO DO BRASIL EM A CASA DE VIDRO.
Natália Pires Tiso de Melo (Mestranda – UNICAMP – FAPESP)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 12
A Casa de Vidro (1979), de Ivan Angelo, é um conjunto de histórias que
escapa aos enquadramentos formais dos gêneros literários. Ao analisar sua
construção e seus sentidos destacam-se a objetividade e velocidade da
narrativa, a pluralidade dos formatos das histórias, a variedade de
personagens da sociedade urbana e a prevalência de ações de violência. Tais
aspectos contribuem sobremaneira para que o texto extrapole o seu contexto
de produção e permaneça não só inteligível, mas atual. Apesar de reunir
histórias díspares e até independentes, há evidências que nos permitem
enxergá-las como um mosaico de representações do Brasil contemporâneo.
Além da ambientação e algumas marcas que datam as narrativas entre os
anos 1960 e 70, o elemento mais interessante para captar o desejo de
representar o Brasil é a camada historicista contida no texto. A Casa de
Vidro joga metaliterariamente com a interação entre ficção e História, usa
marcas discursivas típicas da historiografia, da documentação histórica e, a
todo o tempo, traça paralelos entre passado e presente. Portanto, a análise
desta obra de Ivan Angelo é um exercício que toca reflexões sobre a
Literatura e a História, sobre o teor testemunhal da literatura e, como se verá,
sobre a Violência, o tema que atravessa todas as histórias do livro e o
aproxima da atualidade. Notadamente, A Casa de Vidro não trata só da
violência política, repressiva e vigilante, mas também da violência urbana,
cotidiana, disseminada pelas redes de poder na sociedade.
O RITMO E A POESIA NO HIP HOP BRASILEIRO
Nátalie Ferreira Carvalho Silva (Graduanda – UNESP/Assis)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 C
Esta comunicação propõe realizar uma leitura do gênero cancioneiro rap, que
se vincula ao Hip Hop brasileiro contemporâneo e no qual participa como
mediador das propostas e críticas que o movimento engloba. Visto como
discurso poético-social, o rap, tal como o próprio nome sugere (Rhythm and
Poetry – Ritmo e Poesia), caracteriza-se como uma das mais significativas
expressões artísticas da contemporaneidade, o que se assegura por seu caráter
resistente e revolucionário. Por meio da análise de três canções, de três
rappers distintos (que possuem suas marcas estilísticas específicas), este
trabalho propõe pensar na constituição do gênero canção rap em sua esfera
de atividade, bem como, em sua legitimidade, refletir sobre o papel desse
gênero discursivo, que dialoga tão diretamente com a comunidade cantada e
busca entender como esses discursos podem influenciar a sociedade para
mudar a posição de grupos que se encontram à margem do sistema. As
canções a serem analisadas aqui – “O Homem na Estrada”, dos Racionais
Mc´s; “Até quando”, do Gabriel o pensador; e “Rap du bom parte 2”, do
Rappin Hood – possuem como temática principal a proposição de algumas
possíveis soluções para alguns problemas que assolam as comunidades
brasileiras. Para fundamentar esta proposta, a análise se centrará nas
concepções do Círculo de Bakhtin (tais como sujeito, voz, entonação,
diálogo, estética, exotopia, cronotopia e gênero – composto por material,
forma e conteúdo) das canções. A relevância de um estudo como o aqui
proposto é o de pensar como o discurso cancioneiro, em uma determinada
esfera de atividade, a reflete e refrata como forma de organização para
perspectivas de melhora em outros campos.
O CÃO E OS CALUANDAS: RETRATOS DE UMA ANGOLA
CONTEMPORÂNEA
Nefatalin Gonçalves Neto (Doutorando – USP)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 09
O livro O cão e os Caluandas do escritor angolano Pepetela se nos
apresenta, aparentemente, como uma narrativa fragmentaria, construída de
forma desconexa. Nosso objetivo é mapear o discurso que compõe o livro
deste escritor para desvendar seus significados ocultos. Pretendemos
demonstrar que o discurso de Pepetela é construído por meio de uma fina
ironia que avalia Angola, o sujeito angolano e, consequentemente, o ser
humano de forma a interpreta-lo e a propor novos caminhos para esse ser em
constante estado de mudança. Para tanto, recorreremos aos princípios
teóricos sugeridos por Antônio Candido – nos quais a relação entre literatura
e sociedade são recíprocas – e deslindar, nas linhas e entrelinhas do texto, o
projeto artístico e engajado do escritor angolano. Baseado na proposta
estética contemporânea, em que o leitor traz para dentro do texto seus
conhecimentos pessoais – disseminados pelo livro –, comporemos um
caminho de leitura que perscrute a construção discursiva da obra em questão
de forma a interpretar suas possíveis significações.
GRACILIANO RAMOS E A SUA CONTRIBUIÇÃO EM CULTURA
POLÍTICA
Patricia Aparecida Gonçalves de Faria (Mestranda – UNESP/Assis)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10
O escritor Graciliano Ramos, preso político durante o período do Estado
Novo, após deixar o cárcere e alcançar o reconhecimento de editores e
intelectuais renomados, decidiu fixar residência no Rio de Janeiro. Contudo,
enfrentou sérias dificuldades financeiras na capital juntamente com esposa e
filhos e constatou que sobreviver somente de literatura não era uma tarefa
fácil. Assim sendo, resolveu também trabalhar como inspetor federal do
ensino secundário e como colaborador do periódico Cultura Política: revista
mensal de estudos brasileiros, entre os anos de 1941 a 1945, órgãos
controlados e financiados pelo governo de Getúlio Vargas, com o qual, a
princípio, não compartilhava ideais. É, portanto, neste contexto conflitante,
que o objetivo do presente estudo pretende verificar as características da
revista e analisar os principais motivos que levaram Graciliano a contribuir
com o periódico, avaliando as suas principais estratégias de escrita para
manter-se como colaborador de Cultura Política, sem, todavia, abandonar as
suas convicções de homem, escritor e intelectual.
IMAGENS DA DEVASTAÇÃO: A GUERRA SOB A ÓTICA DE UM
PILOTO-POETA
Patrícia Munhoz (Doutoranda –UNESP/Assis)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 03
Em 1942, Piloto de Guerra, do escritor francês Saint-Exupéry, é publicado
inicialmente nos EUA, onde ficou exilado, e reconhecido como o mais
vendido no ano, influenciando extremamente a opinião pública norte-
americana. Essa obra reúne o relato de arriscadas missões de reconhecimento
sobre o norte da França que esse escritor realizou durante o período
turbulento da Segunda Guerra, quando o país foi invadido pela Alemanha
nazista. Sendo assim, nosso objetivo é analisar as imagens bélicas exploradas
pelo autor nesse livro, marcadas não só pela questão exterior da Guerra, mas
por seus conflitos interiores, pois, como ele mesmo afirma, seu livro foi
escrito em momento de desordem interior. Para isso, apoiamo-nos na teoria
do crítico canadense Northrop Frye, no que diz respeito à classificação de
imagens em demoníacas e apocalípticas. Pretendemos refletir ainda de que
maneira Piloto de Guerra pode ser considerado como um instrumento de
combate, uma vez que tais imagens podem ser uma tentativa de que os dados
negligenciados ou mal interpretados durante a missão pudessem ser
(re)conhecidos.
ENTRE O JORNALISTA E O FOLHETINISTA: UM ESTUDO DA
OBRA SUBTERRÂNEO DO MORRO DO CASTELO DE LIMA
BARRETO
Patrícia Regina e Morais Bertolucci Cardoso (Doutoranda – UNESP/Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 11
O presente artigo tem como foco investigativo analisar a obra Subterrâneo do
Morro do Castelo de Afonso Henriques de Lima Barreto, cuja trama
narrativa está alicerçada sob a lenda acerca da possível existência de galerias
internas nesse morro que, além de funcionarem como rota de fuga dos
jesuítas, esconderia seus preciosos tesouros. Sabe-se que o Morro do Castelo
abrigava importantes prédios da administração pública bem como também o
Colégio dos Jesuítas que, segundo remonta a história, foram expulsos pelo
Marques de Pombal no ano de 1759 e deixaram para trás um valioso tesouro
ao qual estaria escondido em galerias no interior desse morro. Em
conformidade com Corrêa et Simões, o estudo da obra de Lima Barreto é
imprescindível tendo em vista que esse autor é “apontado como um dos
melhores autores de crônicas e artigos de jornais”. De forma mais específica,
voltar-me-ei para a análise de dois planos narrativos em que se figura um
autor que se divide entre jornalista e folhetinista.
A POÉTICA DA MEMÓRIA EM LEITE DERRAMADO, DE CHICO
BUARQUE DE HOLLANDA
Paulo Fernando Zaganin Rosa (Doutorando – UNESP/Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 12
O presente trabalho propõe uma discussão sobre a narrativa memorialista por
meio do estudo do quarto livro do compositor e autor brasileiro Chico
Buarque de Hollanda, Leite derramado (2009), uma obra nostálgica que
investiga as relações entre a memória individual e memória coletiva. Seu
protagonista é Eulálio Montenegro D´Assumpção, um centenário carioca de
família aristocrática decadente, que no hospital, em seu leito de morte,
relembra fatos de sua vida pessoal, por trás dos quais se desenha também a
história do Brasil. Partindo do princípio de que a obra, no decorrer de sua
narrativa, confirma a força da memória para o registro da própria história e
constituição das identidades individual e nacional, discutiremos as formas
utilizadas pelo autor para o registro memorialístico, procurando identificar e
analisar sua representação no romance a partir de seus símbolos.
QUARTO DE DESPEJO: MEIO AMBIENTE E VIDA URBANA EM
SÃO PAULO NA DÉCADA DE 1950
Paulo Henrique Martinez (Departamento de História – UNESP/Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 12
A leitura de Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, publicado em
1960, permite a indagação sobre um elenco de temas de interesse para os
estudiosos da história ambiental e na elaboração de projetos de educação
ambiental. A história, a memória e as representações da cidade de São Paulo,
na segunda metade do século XX, comparecem nos relatos e registros deste
livro em forma de diário. O sucesso editorial que a autora – migrante, negra,
moradora na favela – conheceu tanto no Brasil quanto no exterior decorreu
também, e em larga medida, dos diálogos que estabelecia com o tempo e a
organização social paulistana e nacional que assistiram à elaboração e
divulgação do texto. Neste ano em que as Nações Unidas promovem a
Conferencia sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, as páginas de
Quarto de despejo adquirem relevância para o debate sobre uso e ocupação
dos solos urbanos, saneamento, resíduos, qualidade de vida, educação e
sustentabilidade ambiental. O livro abriga múltiplas interfaces e alcança o
debate de questões como vida urbana, experiência política, indústria cultural,
espaço público e privado, papel do intelectual. Este percurso será trilhado
nesta comunicação a partir de fotografias, textos de época, escritos de
Carolina Maria de Jesus e da historiografia.
A LEITURA DO TEXTO LITERÁRIO SEGUNDO UMBERTO ECO
Paulo Sérgio Fernandes (Doutorando – UNESP/Assis –
UNISALESIANO/Lins)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 B
A leitura, tanto quanto a escrita, não constitui um ato neutro em si. Entre o
leitor e o texto estabelece-se um conjunto de relações complexas e singulares
do ponto de vista psicológico e sociológico, de estratégias intersubjetivas
que, com frequência, modificam sensivelmente, mesmo de maneira
inconsciente, a natureza do escrito originário, ou mesmo a real intenção de
seu autor. Umberto Eco propõe que o objetivo da obra Lector in fabula é o
fenômeno da narratividade expressa verbalmente enquanto interpretada por
um leitor cooperante. Este estudo oferece um panorama das correntes que
empreenderam uma apresentação do receptor, num percurso no campo da
filosofia, mormente na Hermenêutica, no sentido da interpretação e atuação
do leitor no processo da leitura e da exegese do texto literário. Partindo do
trabalho iniciado em Obra aberta, retorna-se o tema da análise da obra
literária à luz das investigações no campo da semiótica, no sentido de uma
análise concreta dos mecanismos de cooperação textual, relacionado aos
problemas de textualidade e intertextualidade. Para Eco, o texto é uma
máquina concedida, iniciando interpretações; um texto prevê um leitor que o
atualize. Cada ato de leitura é uma transação difícil entre a competência do
leitor e o tipo de competência que o texto postula. Nesta relação, o leitor
constrói um novo objeto, interpretado por ele, no universo do seu
conhecimento.
O GÊNERO FOLHETIM E A CONSTRUÇÃO DO ETHOS DO
NARRADOR EM HELENA DE MACHADO DE ASSIS
Raquel Cristina Ribeiro Pedroso (Graduada – UFAM)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 C
O jovem escritor Machado de Assis arriscou-se e lançou Helena no formato
romance-folhetim nos rodapés do jornal O Globo de 1876. Conservando as
características do feuilleton, o romance é construído de forma a chamar a
atenção do leitor para a possível dualidade de caráter da protagonista, cuja
compreensão se faz aos “pedaços”, como a leitura do folhetim. O postulado
de base desta pesquisa está na descrição desse possível narrador,
minuciosamente elaborado, “astuto, ousado e consciente”, que trabalha como
agente estruturador na progressão textual, utilizando seu ethos para despistar
o leitor ou aproximá-lo dos personagens. Em outras palavras, será pensado se
o fato de Machado de Assis ter publicado Helena em formato romance-
folhetim teria influenciado a construção desse narrador.
“A VINGANÇA É UM PRATO QUE SE SABOREIA QUENTE”:
O DIÁLOGO INTERTEXTUAL ENTRE MURILO RUBIÃO E LYGIA
FAGUNDES TELLES
Renan Fornaziero de Oliveira (Mestrando – UNESP/Assis)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 04
Em sua obra Recherche pour une sémanalyse (1969), Julia Kristeva
demonstra que a intertextualidade constitui-se de um cruzamento de
enunciados tomados de outros textos ou, ainda, de transposição na linguagem
comunicativa de enunciados anteriores ou sincrônicos. Para Samoyault
(2008), o termo torna-se ambíguo nos estudos literários, podendo ser
resumido pela palavra “diálogo”. Nesse sentido, a intertextualidade alude um
fenômeno bastante comum em inúmeros textos: a presença de outros textos
(discursos). A partir de um traço temático, é possível estabelecer relações
entre o conto de Murilo Rubião – A armadilha – e o de Lygia Fagundes
Telles – Venha ver o pôr-do-sol – nos quais vemos como se dá a construção e
condução da vingança que, paulatinamente, se revela como bem arquitetada,
abrindo brechas para o medo e instaurando um clima de terror. Sendo assim,
propõe-se com este trabalho esmiuçar os mecanismos de construção da
vingança nos referidos autores, de modo a demonstrar como se dá essa
interlocução entre ambos.
HQS ELETRÔNICAS NO AUXÍLIO À LEITURA DAS NOVAS
GERAÇÕES
Renan Milanez Vieira (Graduado em Jornalismo – UNESP/Bauru;
Especialista em Língua e Cultura Japonesa pela Fundação Japão)
Henrique Luiz Perroni Ferraresso (Mestrando em Design – UNESP/Bauru)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 03
Nos últimos tempos a tecnologia tem se desenvolvido numa velocidade cada
vez maior e esse desenvolvimento reflete diretamente na sociedade,
moldando comportamentos, hábitos e até mesmo diferentes maneiras de
pensamento levando a atual geração a ser estimulada por novas formas de
aprendizagem. Ancorada por metodologias tradicionais a escola tem deixado
de acompanhar as evoluções tecnológicas e ideológicas da nova geração,
conhecida como geração Z, composta por crianças e adolescentes nascidos a
partir de 1989, o que gera uma falta de motivação e desinteresse por parte
destes. Algumas das conseqüências de tal desinteresse frente às
possibilidades das novas tecnologias tem sido o baixo volume de leitura em
comparação as gerações anteriores. Em contrapartida, a recente geração é a
que passa mais tempo online e apresenta maior facilidade com a tecnologia.
Este artigo investiga a potencialidade de estimular a leitura nas novas
gerações através das histórias em quadrinhos feitas para o ambiente digital
(hq’s eletrônicas), por estas corresponderem ao perfil de aprendizado da
geração Z, além de que, histórias em quadrinhos motivam a leitura e
fomentam a migração para leituras mais complexas como os livros.
CRÍTICAS CRUZADAS: MÁRIO DE ANDRADE E SÉRGIO
BUARQUE DE HOLANDA
Ricardo Gaiotto de Moraes (Doutorando – UNICAMP – FAPESP)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 B
Este projeto propõe uma pesquisa de comparação detalhada das categorias
críticas de Mário de Andrade e Sérgio Buarque de Holanda. João Luiz Lafetá
ao aproximar Mário de Andrade, Tristão de Athayde, Otávio de Faria e
Agripino Grieco, tomou como critério de valorização a preocupação estética.
Para comparar Sérgio Buarque de Holanda e Mário de Andrade seria
necessário não o estabelecimento de um critério fixo, dada a complexidade
das formulações críticas dos dois autores, mas a análise dos temas
semelhantes e de como as ideias de um são permeáveis às do outro. Como
Mário de Andrade e Sérgio Buarque de Holanda têm presença tanto em
periódicos modernistas como naqueles de circulação menos específica, é
necessário que essa análise leve em consideração, para cada conjunto de
textos, os lugares ocupados por cada um. Isso porque no caso da comparação,
uma análise que levasse em consideração apenas os critérios cronológicos
poderia alinhar os autores a momentos discrepantes de sua evolução. Assim,
é crucial que se atente para a especificidade do contexto histórico e material
dos artigos comparados, construindo um panorama da participação de ambos
em jornais e periódicos. O corpus do estudo ora apresentado será formado
pelos textos de crítica literária de Mário de Andrade, publicados em Aspectos
da Literatura Brasileira, O Empalhador de Passarinho e Vida Literária, e
pelos de Sérgio Buarque de Holanda, publicados em Cobra de Vidro (1944;
2ª Ed. 1978), Tentativas de Mitologia (1979) e O Espírito e a Letra (1996).
CRÔNICAS DE D. JOÃO DA CÂMARA NO JORNAL A GAZETA DE
NOTÍCIAS E NA REVISTA O OCIDENTE: BREVE APRESENTAÇÃO
COMPARATIVA
Rita de Cássia Lamino de Araújo. (Doutoranda – UNESP/Assis)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10
No início do século XX, os jornais do Rio de Janeiro contavam com uma
ampla e frutífera participação de escritores portugueses. Dentre eles, destaca-
se D. João da Câmara, que iniciou sua carreira jornalística na revista
portuguesa O Ocidente, em 1875 e foi seu colaborador até 1908. Em 1901, o
autor iniciou sua participação no jornal carioca Gazeta de Notícias até 1905.
As crônicas dos dois periódicos apresentam e discutem os principais
acontecimentos culturais, sociais e políticos ocorridos na sociedade
portuguesa daquele período. Em vista disso, nosso objetivo é fazer uma breve
apresentação dos textos de D. João da Câmara no jornal brasileiro e na
revista portuguesa. Ao longo da pesquisa, verificou-se que a crônica da
Gazeta de Notícias tem a forma semelhante à de um ensaio, enquanto que a
da revista O Ocidente apresenta-se como um conjunto de notas e comentários
sobre os principais assuntos da semana. Com o trabalho, pretende-se
colaborar para a divulgação dos textos jornalísticos/crônicas de D. João da
Câmara publicados nos dois periódicos e contribuir para a história da
literatura luso- brasileira do período.
REALISMO E TEORIA DA VANGUARDA EM LUKÁCS
Rosecler Silva (Mestranda – UNICAMP)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 B
O termo realismo utilizado por Lukács é bastante singular e diferenciado do
termo “Realismo” enquanto escola literária, surgida na França, atribuído a
um período marcado como reação ao “Romantismo”. Não se trata, nesse
caso, de uma escola literária, mas de uma forma sensível de representação
artística que liga organicamente a interioridade do ser humano e os fatores
externos a uma noção que abarca um período. Segundo nosso autor, realista é
o modo da representação, o desenho preciso dos pormenores necessários na
sua ligação orgânica com as grandes forças sociais, cuja luta se manifesta nos
pormenores, o autor realista deve participar da construção da exposição da
estrutura ao publico, enquanto o autor naturalista descreve o observado de
forma expectadora. O momento do final do séc. XIX é representando em
geral por um abismo entre a arte e a realidade social no qual o artista se
distancia do público e, contraditoriamente ao mesmo tempo, reúne-se em
grupos ou “movimentos” na busca de experiência, por vezes em um
“engajamento”. Esses movimentos são as vanguardas: tendências confusas,
instáveis em luta permanente umas com as outras, propagadas geralmente em
forma de manifestos que expressam ideias radicais de transformação. A
problemática entre arte realista e arte de vanguarda, consiste para Lukács, na
ausência da escolha de um critério laborioso dos elementos de composição
que se fundem na obra, que abarcam tanto a possibilidade concreta como a
possibilidade abstrata de forma equilibrada. Esta comunicação pretende
trabalhar o conceito de vanguarda proposto pelo pensador húngaro, tendo em
vista a dimensão e o esvaziamento da condição humana na sociedade
presente na estética vanguardista. Conforme a análise lukacsiana, a arte
sendo um fenômeno social, atua como um reflexo da realidade, no entanto, a
arte de vanguarda renuncia a forma objetiva, a marca de universalidade
refletida da realidade, (pressuposto de critério de toda criação artística
realista) para se restringir à possibilidade abstrata e submergir as experiências
artísticas, limitadas a uma micro dimensão demasiadamente subjetiva. A
fragmentação da subjetividade em alas isoladas é consequência da
subordinação do sujeito à divisão capitalista, pois a concepção ontológica que
apresenta os indivíduos isolados, como dados a uma existência, traz
A DRAMATURGIA COMO FERRAMENTA DE POLITIZAÇÃO
TEATRAL: DE BRECHT PARA BOAL
Sandro de Cássio Dutra (Doutorando – UNIRIO – CNPq)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 03
Há grande semelhança nos propósitos cênicos e dramatúrgicos de Bertold
Brecht e de Augusto Boal, uma vez que ambos acreditam que o teatro pode
transformar os seres humanos, que podem modificar a sociedade. No entanto,
podemos perceber alguma divergência quando o foco é o procedimento que
cada um adota para atingir o propósito apontado. Brecht, com a sua teoria do
‘distanciamento’, busca politizar e despertar o senso crítico do espectador,
enquanto que Boal, com a ‘dinamização’, em seu Teatro do Oprimido,
permite que o espectador entre em cena, opine e tente resolver o problema
social previamente escolhido pelo público. Disso se seguem algumas
questões: podemos entender que Boal dá continuidade e, principalmente,
avança nas propostas de politização social de Brecht? O que ocorre com a
dramaturgia quando Boal consente a entrada do espectador em cena? Que
relação podemos estabelecer entre o texto cênico elaborado e o texto cênico
improvisado, considerando que ambos são politizadores? São essas questões
que motivam nosso trabalho.
CONSIDERAÇÕES SOBRE CRONOTOPO EM FAZENDA MODELO
– NOVELA PECUÁRIA, DE CHICO BUARQUE
Sandro Viana Essêncio (Mestrando – UNESP/Assis)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 12
Este trabalho debruça-se sobre a configuração do Cronotopo na obra Fazenda
Modelo – novela pecuária, de Chico Buarque. O Cronotopo é um conceito de
Bakhtin que pauta-se na junção e inseparabilidade do tempo e do espaço,
através dele Bakhtin empreende uma tipologia histórica do romance e traça
linhas fundamentais do desenvolvimento da prosa. Nesse trabalho, busca-se
compreender como na novela de Chico Buarque as relações entre o tempo e o
espaço ficcionais mantêm ligação direta com o sentimento do tempo e do
espaço experimentados pelos indivíduos reais, pela sociedade como um todo;
como a sensação do tempo e da transformação do espaço, sob um regime
totalitário, pode ser percebida e receber um dado acabamento estético. Para
compreender tais peculiaridades é preciso ocupar-se das tensões existentes
entre os gêneros que compõem a tradição da prosa e, tecidas de maneira
satírica e paródica, vão integrar a obra. Dialogando com a literatura distópica
– sobretudo, Aldous Huxley e George Orwell – o autor imprime a essa
tradição ritmo e cor tipicamente nacionais, trazendo à tona muitas das
contradições da vida em nossa sociedade, compondo uma avaliação dos dez
anos de governo militar e alertando para as possíveis consequências desse
tipo de ideologia.
A SITUAÇÃO DA MULHER NA SOCIEDADE CABOVERDIANA
VISTA SOB O PRISMA DA FICÇÃO: O ROMANCE CHIQUINHO,
DE BALTASAR LOPES E O TESTAMENTO DO SR.
NAPUMOCENO, DE GERMANO ALMEIDA
Sônia Regina Benjamin de Brito (Graduanda – UNESP/Assis)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 04
Cabo Verde, como se sabe, sempre enfrentou problemas com a estiagem. A
diáspora caboverdiana para os países da Europa e para a América deu-se e
dá-se com a imensa maioria masculina, cabendo à mulher o papel de manter e
proteger a família. A literatura do arquipélago mostra essa realidade, em
especial nos romances e contos. O Testamento do Sr. Napumoceno(1996), do
autor cabo verdiano Germano Almeida, e Chiquinho, de Baltasar Lopes,
apresentam figuras femininas com este perfil, com base nelas, a nossa
pesquisa tem como objetivo, a importância da mulher no mundo literário e
sua influência na sociedade como transmissora de cultura. Expor a questão
da mulher africana e caboverdiana, fazendo um levantamento histórico da
situação social delas ao longo do período colonial até os dias de hoje. Nosso
foco é a comparação da mulher vista sobre o prisma de Chiquinho, de
Baltasar Lopes e da mulher vista sobre o olhar de O Testamento do senhor
Napumoceno, de Germano Almeida. Há outros desdobramentos ao longo da
produção literária de Cabo Verde, porém este primeiro momento é bastante
significativo.
MANOEL DE BARROS E A POÉTICA DO ÍNFIMO
Suzel Domini dos Santos (Mestranda – UNESP/SJRP)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 12
A poesia de Manoel de Barros é notadamente marcada pelo uso de elementos
pertencentes à natureza do Pantanal mato-grossense como matéria prima para
a construção de imagens. Indo mais além, destacamos também o fato de que
há na poesia de Barros um olhar que flagra o ínfimo, as miudezas, as
inutilidades, um olhar que, atraído por tudo aquilo que não apresenta
qualquer tipo de valor para a sociedade, está sempre em busca do avesso, das
dobras, das coisas que se enquadram em um paradigma de inferioridade e
desvalorização. Esse olhar descobre no ínfimo a possibilidade do belo e
transforma aquilo que é da ordem do inútil em material poético. Tendo em
vista tais características da poesia barrosiana, debruçamo-nos sobre a tarefa
de observar a presença dos elementos inúteis e o modo como são
aproveitados e trabalhados pelo poeta, diante do que constatamos que a
escolha pelo uso do inútil e do desvalorizado como matéria de construção
poética aponta para uma reação ao utilitarismo e à lucratividade exacerbada
que fundamentam o mundo ocidental.
POIÉSIS COMO METÁFORA DA PEDRA SACIADORA DE
CRONOS
Tatiane Milene Torres (Doutoranda – USP)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 04
Tendo em vista o cotejo entre o Almanaque Brasileiro Garnier e o Almanach
Hachette, propomos o estudo comparativo para aferição do engendramento
das cidades excelentes, Paris e Rio de Janeiro, como resposta poética ao
Tempo Profano que leva consigo o Belo que, por sua vez, é recuperado na
contemplação diária da verdadeira beleza do mundo, inscrita no Sublime, do
melhor dos mundos possíveis. É, pois, pela tessitura incessante das urbes
ideais, que o Tempo Sagrado é fiado para salvação dos leitores dos males da
modernidade, tendo na feitura da Terra sem males de almanaque, a supressão
da “falsa ordem” gerada pelo utilitarismo e pela divisa de crescente progresso
do mundo moderno, realizando a ordenação da matéria preexistente de Caos,
pelo resgate da Poiésis em meio ao seu aviltamento, em Cosmo de Deleite
restaurador do sonhar. É o ato poético, como resgate da beleza olvidada em
meio às intempéries modernas, tecedor do microcosmo de almanaque, que
permite a edificação da nova realidade, a Criação anual como sinônimo da
idade de ouro recuperadora do Tempo Sagrado, como se o decurso
aprisionado e regenerado em seus vários calendários, trouxesse um devir de
eterna ventura nas Repúblicas das delícias, Paris e Rio de Janeiro,
representativas do Sublime no melhor dos mundos possíveis.
A IDEOLOGIA NO ANONIMATO DE UMA FLOR
Tatiele Novais Silva (Graduanda – UNESP/Assis)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 C
Esta comunicação tem por objeto de pesquisa o conto “Flor Anônima”, de
Machado de Assis. Pretende-se analisá-lo por meio da filosofia da linguagem
dialógica do, chamado no Brasil, “Círculo de Bakhtin”. O tema a ser
explorado, uma vez que enfatizado no conto, é a vaidade. O objetivo central é
compreender como o tema vaidade, tão expressivo na contemporaneidade, é
narrado e dialoga com o conto de Machado, escrito no século XIX. Para isso,
este trabalho se centrará nas forças que movem e constituem o texto/discurso.
O que se tentará compreender é como essas forças contribuem com a
formação do sujeito do conto (entendido como reflexo e refração social) e do
espaço que ocupa. As vozes que compõem o discurso, de certa forma,
também determinam o tema e sua significação discursiva, pois são as forças
que movimentam a atmosfera discursiva, uma vez que representam não
apenas a voz de uma personagem, mas uma (ou mais) voz(es) social(is) ao
fazerem, por meio da personagem, digladiar valores ideológicos no interior
do conto. Ao se estudar a enunciação é possível compreender as estabilidades
e instabilidades do signo ideológico, bem como as relações entre sujeitos e
como se dá a construção de sentidos, ao se levar em conta o verbal e o não
verbal da e na linguagem, implicada ao seu caráter interativo, social, histórico
e cultural. Com isso, acredita-se ser possível entender como os valores
ideológicos se encontram presentes no conto, sendo, este, encarado como
obra literária que, tal qual analisa o Círculo russo, reflete e refrata a vida com
acabamento estético, uma vez que a arte configura-se como gênero
secundário – que parte do primário e não deve ser visto apartado dele (e da
vida cotidiana).
ESCRITOR-JORNALISTA: A TRAJETÓRIA DO ARGENTINO
ROBERTO ARLT NO EL MUNDO
Thaís Nascimento do Vale (Mestranda – UNESP/Assis – CNPq)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10
O presente trabalho dedica-se ao estudo da trajetória do escritor argentino
Roberto Arlt (1900-1942) a partir de sua inserção no jornal El Mundo, em
1928. Busca-se refletir sobre as diversas manifestações discursivas presentes
na obra do escritor, a partir das relações entre o texto literário e o texto
jornalístico na composição da mesma, sobretudo na produção de suas águas-
fortes, gênero híbrido cuja matriz busca nas artes plásticas e inserem-se no
âmbito das narrativas de extração histórica, uma vez que misturam uma série
de tipos de narrativa que mantém uma estreita relação com a intenção de
reproduzir a realidade. Tais produções são construídas, portanto, a partir de
características advindas de diversos tipos de gêneros que dialogam e se
superpõem, fazendo com que, desta forma, a presença de Arlt no jornal El
Mundo como jornalista profissional modifique o escritor, e este, interfira com
seu saber literário nas linhas do jornalismo cotidiano argentino.
GÊNERO E LINGUAGEM: O IMPACTO DOS PAPIROS
DEMÓTICOS NO EGITO PTOLOMAICO.
Thais Rocha da Silva. (Mestranda – USP)
25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10
Os textos em demótico desde os anos 1970 tem colaborado para novas
abordagens nos estudos sobre o Gênero no Egito Helenístico. Associados ao
material em grego e a um crescente diálogo com a antropologia, é possível
hoje reposicionar antigos pressupostos. O crescimento desse campo se deu,
por outro lado, graças ao desenvolvimento dos estudos demóticos na primeira
metade do século XX. Ironicamente, a tradição filológica dos demoticistas e
sua obsessiva organização conduziram tardiamente pesquisas sobre o Egito
ptolomaico a novos rumos, mais distanciados das abordagens helenizantes.
Parte desse entusiasmo se deu a uma crença de que textos em demótico
poderiam revelar o “verdadeiro” modo de vida dos egípcios, em oposição aos
textos gregos, que mostrariam apenas a vida dos colonizadores. Os papiros
foram utilizados em estudos sobre etnicidade, identidade, etc., mas sobretudo
pela oferta de um “acesso direto aos nativos”. A parceria entre Gênero e
linguagem é relativamente nova na egiptologia, muito focada ainda na
procura de discursos femininos, na esperança de encontrar as “palavras das
mulheres”. Novas discussões teóricas a respeito do Gênero surgiram, saindo
do modelo dicotômico, buscando as implicações das várias definições de
masculino e feminino em seus contextos específicos, comparados a outros
dados como faixa etária e a posição social desses indivíduos. A apropriação
pelos pesquisadores da escola anglo-americana possibilitou uma parceria
entre demoticistas e pesquisadores interessados no Gênero, mas sem se
desprender de uma abordagem dicotômica. A polarização entre fontes
egípcias e gregas demonstrou também uma atitude orientalista em diversos
níveis. O exame desse arranjo acadêmico na investigação dos papiros pode
auxiliar tanto os demoticistas como os estudos sobre o Gênero,
reposicionando tratamentos teóricos determinados por ideologias específicas
e anacrônicas.
O DOCUMENTO ORFEU BRASÍLICO (1736) COMO REGISTRO DA
TRADIÇÃO CLÁSSICA NO PERÍODO COLONIAL BRASILEIRO
Thissiane Fioreto (Mestre – UFGD)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10
Com o interesse de refletir sobre o estabelecimento de uma tradição clássica
em solo colonial, o trabalho, realizado sob uma perspectiva filológica,
objetiva apresentar o documento Orfeu Brasílico, opúsculo poético escrito
em latim e dedicado a Anchieta pelos alunos do Colégio Jesuítico da Bahia,
em 1736. Tal opúsculo foi publicado pela primeira vez em 1737 pelo
professor de Retórica, Pe. Francisco de Almeida, e reeditado, em edição fac-
similar, pelo professor da Universidade de Coimbra, Sebastião Tavares
Pinho, em 1998. Composto sob os preceitos do Ratio Studiorum, o método de
ensino jesuítico, a obra tem dupla importância por fazer o registro histórico
de um festejo religioso e, ao mesmo tempo, por realizar o registro de escrita
da época. Assim, o objetivo desta comunicação é, sobretudo, buscar
compreender a obra como um registro da latinidade brasileira e um exemplar
de como a cultura clássica e humanística adentrou o solo da Colônia, para
isso busca-se aporte teórico nas Artes Retórica e Poética.
LITERATURA SURDA: UMA REPRESENTAÇÃO CULTURAL DA
IDENTIDADE DE UMA COMUNIDADE LINGUÍSTICA
Viviane Lameu Ribeiro Paccini (Mestre – Faculdades Integradas de Ourinho)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 03
A partir da Lei Federal Nº 10.436, de 22 de abril de 2002, a Língua Brasileira
de Sinais – LIBRAS passa a ser reconhecida como língua oficial da
comunidade surda, a qual compreende e interage com o mundo por meio de
experiências visuais, manifestando sua cultura, considerada por vários
estudiosos como Cultura Surda, principalmente, pelo uso dessa língua
gestual-visual. Nesse sentido, os produtos culturais consumidos e produzidos
pelos surdos passam por um processo de leitura, tradução, concepção e
julgamento peculiar, que se dá com base nas formas de existência dessa
comunidade, em sua identidade bilíngue e bicultural. Partindo desse
pressuposto, propõe-se uma análise, a partir de abordagem baseada nos
Estudos Culturais, de textos clássicos da literatura infantil adaptada em
LIBRAS e da literatura infantil produzida por autores surdos ou integrantes
dessa comunidade, destacando-se a relevância da construção de uma
Literatura Surda, como é denominada, bem como os elementos que a
constituem, vinculados a discussões sobre língua, cultura, identidade e
diferenças.
A HISTÓRIA DA LITERATURA BRASILEIRA, DE JOSÉ
VERÍSSIMO: DA VALORIZAÇÃO ETNOLÓGICA AO
SENTIMENTO NACIONALISTA E UNIVERSAL.
Viviane Santos Bezerra (Graduanda – UNESP/Assis – FAPESP)
26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 B
Este projeto pretende analisar a História da literatura brasileira, de José
Veríssimo, a partir da ruptura com a crítica romântica ou com a interpretação
cientificista ao adotar um ecletismo teórico que o faz desconfiar dos sistemas
fechados e das classificações únicas. Da valorização etnológica ao sentimento
nacionalista ou do cientificismo à defesa estética da construção do cânone
literário, a trajetória de José Veríssimo é marcada por uma organicidade que
gera o apuramento de seus critérios. Assim sendo, essa pesquisa procura
analisar as percepções sobre indianismo, nativismo, nacionalismo e
universalismo na História da literatura brasileira, de José Veríssimo. A
crítica literária feita no decorrer do Romantismo esboça as primeiras
sistematizações da literatura brasileira, reconhecendo a “brasilidade” dos
escritores que escrevem sobre o Brasil. Os críticos românticos ao recolher,
catalogar e recuperar os textos que formam a literatura brasileira fornecem as
primeiras manifestações de uma cultura erudita que ratifica o
desenvolvimento da nação brasileira configurando, assim, um corpus que
será revalidado pelos críticos naturalistas a partir de uma variedade de
modelos teóricos vindos da Europa. Alinhar e sistematizar os conceitos que
Veríssimo adota em sua História da literatura brasileira, pressupõe o
principal objetivo dessa pesquisa. Busca-se, assim, a formação de um sistema
ou sequência que se inicia com a transformação do nativismo em
nacionalismo e, por fim, em universalismo. Veríssimo não pretende apenas
historiar, como faziam os românticos, todos os escritores delimitados em
escolas estéticas, mas relativizar a importância do escritor para a sociedade
brasileira e selecionar aquelas obras que possuem traços diferenciais ou
passaram por uma seleção natural fazendo parte do cânone literário
nacional.
REALIZAÇÃO
Programa de Pós-graduação em Letras Faculdade de Ciências e Letras de Assis/SP
Av. Dom Antônio, 2100, CEP: 19806-900 Assis/SP Tel.: (18) 3302-5800 – Fax: (18) 3302-5804 – www.assis.unesp.br
AGRADECIMENTOS
IEVASA
Instituto de Estudos Vernáculos “Antonio Soares Amora”