caderno de esporte 2011

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Leandro e Escudero comemoram a marcação do pênalti que deu a vitória por 2 a 1 do Grêmio no Gre-Nal 388, no Olímpico. Durante a maior parte do jogo, o time de Celso Roth mostrou mais ambição e mereceu o resultado [email protected] Editor Executivo: David Coimbra > 3218-4350. Editor: Sérgio Villar > 3218-4361 > Diagramação: Aluísio Pinheiro, Norton Voloski e Renan Sampaio > SEGUNDA | 29 | AGOSTO | 2011 JUSTO ABRAÇO Envie TORPEDO COM BOLA para 46956 e escolha seu time. O custo é de R$ 0,31 + impostos por mensagem recebida para clientes Claro, Vivo, Tim e Oi. Para cancelar as assinaturas, envie CANC para 46956. Receba notícias do Grêmio ou Inter no seu celular. MAURO VIEIRA

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Caderno de esportes de Zero Hora 2011

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Leandro e Escudero comemoram a marcação do pênalti que deu a vitória por 2 a 1 do Grêmio no Gre-Nal 388, noOlímpico. Durante a maior parte do jogo, o time de Celso Roth mostrou mais ambição e mereceu o resultado

[email protected] Editor Executivo: DavidCoimbra >3218-4350. Editor: SérgioVillar >3218-4361 >Diagramação:AluísioPinheiro,NortonVoloski eRenanSampaio> SEGUNDA | 29 | AGOSTO | 2011

JUSTOABRAÇOEnvie TORPEDO COM BOLA para 46956 e escolha seu time. Ocusto édeR$0,31 + impostos pormensagem recebida para clientes

Claro, Vivo, TimeOi. Para cancelar as assinaturas, envie CANCpara46956.

Receba notícias do Grêmio ou Inter no seu celular.

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Esporte/GRE-NAL30 DOMINGO,28 DE AGOSTO DE 2011ZERO HORA

É fácil gostar

A pesar do aparente balde deágua fria, o plano originalfoi mantido,e o cavaquinho

foi entregue à gerente do Z Café,com arecomendação de que só saísse de trásdo balcão quando fizéssemos o sinal.GilbertoSilvachegouaolocal10minu-tos depois de todo o cenário armado.De jeans e moletom cinza,parece maismagro do que na tevê. E mais jovemtambém. Completa 35 anos no dia 7de outubro,mas poderia perfeitamen-te dizer que tem 28 ou 29. Não usanenhum desses acessórios que com-põem o estilo de ídolos midiáticos,co-mo correntes douradas com as iniciaisdo nome ou brincos cravejados debrilhantes. Na mão esquerda, apenasa aliança de ouro denuncia que é umhomem casado – há sete anos comJanaina e pai de três filhos: Gilberto,9, do primeiro casamento, Isabela, 8, eGiovana 4.

É tímido, mas não se pode dizerque fale pouco. Fala bem, e arrastado,

como um típico mineiro de Lagoa daPrata. O som caipira do R se faz ouvirem palavras como“forte”, e o R chia-do, com sonoridade carioca, apareceem adjetivos como “soberbo”. Gostade chocolate quente e,apesar do tama-nho (1m85cm), cuida do apetite commoderação.Fica na dúvida se uma xí-cara pequena é suficiente.Aconselha-do pelo garçom, aceita a maior, acom-panhada de água sem gás.

Gilberto Silva está feliz da vida noGrêmio. O clube gaúcho ajudou-lhe arealizar o desejo de voltar para o Brasilapós nove anos jogando fora – primei-ro no Arsenal da Inglaterra, depois noPanathinaikos da Grécia. Tinha sau-dade,muita saudade do país,dos pais,das três irmãs, dos amigos e, sobretu-do,de Gilberto.

– Não é fácil deixar um filho – diz.– Quando surgiu a oportunidade devir para o Grêmio, não pensei duasvezes. Estou super à vontade no clube,sinto que tenho uma casa.

Do futebol europeu,não importou adisciplina, até porque disciplina sem-pre foi característica inerente ao seucaráter.Aprendeu,no entanto,a enxer-gar a profissão como um negócio queexige do jogador não apenas desempe-nho em campo,mas postura fora dele.Uma das primeiras iniciativas ao serapresentado como novo meio-campodo Grêmio foi colocar-se inteiramenteà disposição do clube.

– Ele foi conversar com o assessorde imprensa para dizer que entendea importância de sua imagem para oGrêmio e que essa imagem está à dis-posição do clube. Isso é atitude raraem jogador hoje em dia – observa Ro-gério Braun, empresário que ajudouneste retorno do jogador ao Brasil. Eleacrescenta: – Já reparou que o Gilbertonão tira a camisa para fora do calçãodurante a partida? Ele entende queatrás do calção existe um patrocinador.São atitudes sutis que demonstram aforça do seu caráter.

Gilberto Silva confirma a opiniãodo empresário a seu respeito:

– A partir do momento em quevocê faz parte de um clube, você geraexpectativa nas pessoas. Conseqüen-temente, tem que representar bem asua casa.

Os quatro cachorros vieram demudança com a família da Grécia

Seria tarefa mais fácil se o Grêmiovivesse um momento cor de rosa, oque não é o caso. O tricolor beira azona de rebaixamento do Campeo-nato Brasileiro, e o Gre-Nal deste do-mingo é quase um caso de vida oumorte. Gilberto Silva sabe disso. Otime também.

– É um momento muito incô-modo – admite. – Todo mundo estáchateado, mas não existe outra pala-vra dentro do vestiário que não sejamotivação, e isso é bacana. Diante darealidade, seria natural acontecerem

MARIANA KALIL

O objetivo era pegarGilberto Silva desurpresa. Ele chegariaao Z Café da Praçada Encol para estaentrevista às 18h30min.Nós conversaríamossobre sua passagem pelofutebol inglês e grego,falaríamos da volta aoBrasil, da mudançapara Porto Alegre, daadaptação ao Grêmio,da sua vida fora decampo, de família,filhos, dinheiro, medos,manias, infância eafins. Então, chegariao momento solene deconversar sobre música,já que futebol e músicaocupam praticamenteo mesmo lugar dedestaque no coração dojogador.

– O senhor acha queele toparia tocar violãoou cavaquinho paraa gente? – sondei, portelefone, Paulo Vilhena,assessor pessoal deGilberto e seu amigo háuma década.

Ele riu.– Olha, Gilberto tem

verdadeiro fascínio pelamúsica e gosta muito detocar cavaquinho. Tocapor hobby, como válvulade escape. Mas devodizer: ele é bem tímido etem vergonha de tocar ecantar em público. Entreos amigos, só agora estáum pouco mais solto.

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Gilberto Silva à vontade com o cavaquinho após o susto inicial de que teria que driblar a timidez e mostrar o talento também para a música

DOMINGO,28 DE AGOSTO DE 2011ZERO HORA 31Esporte

r dele“Adoro comida mineira, mas nãosei fazer nada. Me arrisco no feijãoe arroz e no bife na chapa. Comopassei nove anos fora, quandovou a uma churrascaria devoroqualquer corte de carne (risos),sempre no ponto. Mas se for fazerum programa, tipo sair parajantar, tenho preferência por umbom prato de massa”

“Gosto e leio muitolivros de autoajuda.Na época em quejogava no América,li um livro bacana:Quem Mexeuno Meu Queijo?Me ajudou ater um maiorentendimento davida pessoal e profissional.Recentemente, li O Vendedor deSonhos. Me senti praticamente opersonagem da história”

desavenças e desentendimentos, masocorre o contrário. Todo mundo sófala em reverter essa situação.A gentetem consciência que cada jogo daquipara frente é uma final.

Em Porto Alegre, Gilberto vive comJanaina e as duas filhas em um apar-tamento no bairro Bela Vista. Chegoua pensar em procurar uma casa, masdesistiu – e teve,portanto,que desistirtambém de trazer os seis cachorros.Só a Yorkshire, por ser a menorzinha,usufrui desse privilégio da convivên-cia familiar.Os dois labradores sempremoraram com seus pais em Lagoa daPrata, na casa que ele ajudou a cons-truir quando renovou o segundo con-trato com o América de Minas. O Be-agle,o Chihuahua e também a sortudaYorkshire usufruíram dias de dolce farniente à beira do mar Mediterrâneo.Sim, Gilberto Silva comprou os trêscachorros na Grécia. E tem mais: sen-tiu o coração amolecer diante de umacadela mestiça que sempre aparecianos treinos do Panathinaikos e nemcogitou a hipótese de não levá-la paracasa. Adotou a Flora também.

A volta para o Brasil com toda essatropa foi um acontecimento.

– Uma aventura digna de RobinsonCrusoé – conta,rindo.

Além da esposa e das duas filhas,osquatro cachorros embarcaram no voode Atenas para Paris. Só que a famílianão conseguiu pegar a conexão Paris-São Paulo.E em Paris os oito integran-tes dos Silva se hospedaram em doisquartos de hotel.

– Família unida é isso,né?O conceito família sempre foi mui-

to presente na vida de Gilberto Silva eajudou a forjar o homem digno e hon-rado em que se transformou. Primo-gênito e bendito fruto entre três irmãs,começou a trabalhar aos 14 anos emuma estofaria para não precisar pedirdinheiro ao pai

– É a postura que se espera de umhomem,não?

Aos 16 anos, fez teste para o Améri-ca Mineiro.Jogou durante cinco mesesno clube, mas a mãe adoeceu, e Gil-berto não quis e não soube ficar longe.Voltou para Lagoa da Prata e empre-gou-se em uma fábrica de doces. Lá,trabalhou durante dois anos e cincomeses. Muito ouviu que havia fracas-sado.Nunca levantou a voz,nunca res-pondeu atravessado.

Juntava toda a família em oração epedia pacientemente pela cura.

– Sou um homem de fé.

Aos 19 anos, foi atendido.Arrumoua mochila e voltou a tempo de se inte-grar à equipe de juniores do clube. Oque aconteceu,então,foi uma sucessãode bem-aventuranças, cujo ponto altoculminou com sua escalação para aSeleção que conquistaria o pentacam-peonato em 2002. Ele credita essa sé-rie de fortunas ao que denomina “leido retorno”,do colher o que se planta.

Na lida doméstica, é um pai quejamais levantou a voz para um filho.“Não” é “não” – e ele diz “não” umaúnica vez.Não sendo atendido,resolveas pendências só com o olhar. Antesde se tornar chefe de família, não foiadolescente de baladas. Não espera-va ansiosamente pelo fim de semana.Muitos finais de semana,aliás,preferiuficar em casa. Também não teve mui-tas namoradas. Diz ele que não tinhao dom do“xaveco”.

Repertório inclui Bezerrada Silva e Jorge Aragão

– Sempre fui péssimo xavequeiroe não gostava muito de me arriscar– lembra.– Mas mineiro dá seu jeito.

Gilberto Silva chora com facilidadee não se esconde para chorar. Chorana frente da família, chora de saudadedos pais,chorou muito quando a Sele-ção Brasileira perdeu para a Holandana Copa passada. Só levanta da camacom o pé direito e só entra em campocom o pé direito também. É sua úni-ca superstição. Já a música é capaz detransportá-lo a um outro nível, a umoutro plano,quase espiritual.

– A música me leva a um mundoque é só meu – diz. – Eu viajo paraoutra dimensão. Quando estou tocan-do, não escuto nenhum som além domeu universo particular.

No fim de tarde da última quinta-feira,o Z Café estava transformado emum ruído ensurdecedor de pessoas fa-lando ao mesmo tempo. Em meio aoburburinho, o cavaquinho foi, enfim,apresentado a Gilberto Silva. Ele che-gou a esboçar uma certa rejeição,masa timidez não ofereceu muita resistên-cia. Começou tocando alguns acordese logo já desfiava versos de Bezerra daSilva e JorgeAragão.

– Da próxima vez, trago o boné e fi-ca ainda mais fácil – divertiu-se.

Difícil foi convencê-lo a largar obrinquedo e dar por encerrada a rodade samba e pagode.

[email protected]

O meio-campo desembarcou no Grêmio com uma bolsaestilo carteiro da Louis Vuitton atravessada no corpo

Nas viagens com o clube e com a Seleção, gosta de ouvir música, eo seu fone de ouvido preferido é da marca americana Böse

“Sou um bom observador e rapidamenteentendi a dinâmica do futebol. Ele é feitode altos e baixos, independentemente dojogador. É como na vida, né? Tem dias emque você está feliz; em outros, nem tanto.O segredo é exercitar o autocontrole”

“Foi duro ser o único irmão no meio damulherada, viu? Trabalhoso... Mulheradaque fala pra caramba... (risos) Mas elassempre foram muito ligadas a mim e

me respeitarammuito. Quando elascomeçavam a falardemais, eu davaum jeito de sairdevagarinho, deum jeito que elasnem percebiam”

“Penso há muito tempo na vida pós-futebol, apenas não defini quando vouparar. Quando fui para a Grécia, achavaque aconteceria no fim do contrato. Masvi que dava para seguir. Tenho contratocom o Grêmio até o final de 2012.Quando ele terminar, farei essa avaliação”

‘‘IssotambéméGilbertoSilva

ZEROHORA.COMVeja o vídeo feito no Z Café do

do jogador Gilberto Silva cantandoe tocando cavaquinho. Acesse

www.zerohora.com

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Esporte/GRE-NAL38832 DOMINGO,28 DE AGOSTO DE 2011ZERO HORA

Às vésperas do clássico Gre-Nal, Damião não concedeuentrevistas fora do ambien-

te do Beira-Rio, seguindo regras doInter. Em jogos decisivos e importan-tes, Gre-Nal é um deles, jogadores sãoorientados a não atender à imprensafora do estádio.Não foi só a ZH que elenão atendeu. Damião tem pedidos deentrevistas para programas nacionaisde TV e revistas de todas as áreas. To-das mesmo.Até as publicações femini-nas voltadas para celebridades queremouvir o que o goleador tem a dizer.

– Quer ver só como o Damião é?– provocou Vinícius Prates, seu em-presário. – Ele comemorou a Recopaaté as 4h30min.Às 11h, já estava a ca-minho do Hospital da Criança SantoAntônio, compromisso que havia as-sumido anteriormente. Foi uma atitu-de que,sério,me impressionou.

Damião doou a camiseta com a qualganhou o Gauchão. Na época, o técni-co era Paulo Roberto Falcão,por quem

ele demonstrou carinho publicamente,e que agora retribui com elogios:

– Ele é surpreendente como atleta ecomo ser humano: é jovem, mas temmaturidade; é alto, mas tem agilida-de; tem técnica e força, mas não é defazer firula e está sempre pronto paratreinar.Quando não foi chamado paraa CopaAmérica,fiquei preocupado e ochamei para conversar, pensando emconsolá-lo. Não foi preciso. Ele ficoutriste,mas não se deixou abater e con-tinuou trabalhando para voltar.

A característica de não se abalar nosmomentos de desilusões não é recente.Conversando por telefone com SilvioKohler, do XV de Outubro, time ama-dor catarinense de Indaial, onde Da-mião jogou, ele relembra uma derrotasofrida por 4 a 1.Damião chorou,esta-va sendo criticado,e Silvio disparou:

– Tu tens muita bola.Não te abate.Com técnicas de recursos motiva-

cionais escassas,Silvio apelou para umdiscurso direto,antes de uma decisão:

– Disse que a gente precisava de umtítulo porque, naquele Natal, tudo iaser bem simples, mas se o título vies-se,o próximo ia ser bem melhor.

Preleção encerrada, o guri Damiãofalou ao pé do ouvido do dirigente:

– Pode deixar que eu vou longe!O resto da história é conhecida. O

jogador foi para o futebol profissionalno Atlético Hermann Aichinger, deIbirama,e de lá para o Inter B.

Silvio e Damião se falam via Twitter,ainda mais que dois primos do joga-dor estão no XV. O primo Wamberto,19 anos,ele conta,é“ala-esquerdo pri-moroso,e chuta com as duas pernas.”

– Pode contar,este vai dar Seleção!Damião é descrito por todos como

focado e extremamente disciplinado.– Ficava 30, 40 minutos depois do

treino repetindo, repetindo até acertaros lances – lembra Luis Fernando Or-tiz,coordenador do Projeto Aprimorardo Inter. Ortiz trabalhou diretamentecom Damião, aprimorando técnicas,

pois o jogador sequer passou por cate-gorias de base.

– Tenho um carinho grande por ele.Acompanhei muitos atletas, mas comele foi um trabalho individualizado.Nunca vi profissionalismo igual. Ficoemocionado de ter podido ajudar,masfoi apenas uma pequena parte. Elevenceu pela dedicação que tem – con-cluiu Ortiz.

Filho do meio de três irmãos (outrorapaz, que mora em São Paulo, e umagarota, que mora no Paraná), muitose fala da origem humilde do craque.Nasceu no Paraná, mas foi pequenopara São Paulo, onde o pai havia semudado em busca de emprego. Nata-lino e a mulher se separaram quandoDamião tinha quatro anos:

– Fui eu quem criou esses guris so-zinho – contou o pai,na tarde de sextano Beira-Rio. – Eu e a avó deles, queme ajudou muito.

Natalino, apelidado de Seu Bigodepelo jogador Taison, é pai zeloso. E

FERNANDA ZAFFARI

Para quem acha queLeandro Damião já tememoção que chega comodestaque do Brasileirão,enfileirando gols decraque e angariando acada rodada a quaseunanimidade entre oscríticos nacionais defutebol, aguarde até ofim do ano.

Além da esperadanegociação milionáriapara o futebol europeu,expectativa que ronda oBeira-Rio toda vez queele acerta a bola na rede,o jogador vai casar.

Casado, no papel, elee Nádia, a namoradade quase 10 anos, jásão. Só ficou faltando afesta. E, por questões decalendário esportivo, estafoi pensada para quandodezembro ou janeirochegar.

A festa é a cereja nobolo no ano do jogador.Ano em que conquistoua titularidade no timeprincipal, foi convocadopara a Seleção Brasileirapela primeira vez e entraem campo no clássicoGre-Nal como estrelada rodada. Na semanaque passou, enquetespipocavam na imprensacom a pergunta:“Quemé o melhor jogador doBrasileirão: Neymar,Ronaldinho Gaúcho ouDamião?”

Não há dúvida de queo jovem é elite no esporte,é elite no país especialistaem produzir atacantesacima do padrão.

E não há dúvidatambém que ele viveà margem destasuperbadalação.

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Leandro Damião chega ao Beira-Riopara o treino em preparação a maisum clássico Gre-Nal na carreira

DOMINGO,28 DE AGOSTO DE 2011ZERO HORA 33Esporte

Damião, sempre que a oportunidadeaparece, retribui. É um filho amoroso.Natalino mora em Santo Amaro, ondetrabalhou como auxiliar de depósito,em um frigorífico e como caseiro.Nosúltimos anos,atuava em um condomí-nio de Osasco na função de auxiliar delimpeza.Faz pouco,deixou a atividade,mas o excelente momento profissionaldo filho não mudou seu estilo de vida.Ele nem pensa em trocar de endereço.Antes do treino,a conversa fluiu:

– Como o Damião virou jogador?– Não sei,acho que foi obra de Deus

– respondeu um Natalino retraído co-mo o filho famoso.– Eu gostava de fu-tebol, mas achei que era o mais velhoque ia ser jogador,o Edimar.

Relembrando os tempos em queDamião foi selecionado pelo XV, obri-gando-se a sair de casa, fica claro queo pai criou os filhos muito próximos:

– Fiquei com medo. Ele tinha só 17anos.Tinha medo que ele se fosse.

O pai não precisa se preocupar. To-

dos que acompanham Damião são ca-tegóricos: o guri continua o mesmo.

Em Munique,no dia de folga da Co-pa Audi, jogadores e comissão técnicasaíram para curtir as tentações de umcentro de compras sofisticado como éo da elegante cidade alemã. Damiãofoi um dos poucos que ficou no hotel.Justificativa? Queria descansar.

Consumo só se for de gadgets.Gostade videogames, de carros de corrida edo seu iPhone,de onde tuita como umprofissional. Mora num apartamentono bairro Menino Deus,usa o mesmocarro, um Renault Sandero dos tem-pos do Inter B, e não mudou o visualesportivo para se vestir,optando quasesempre pela marca do patrocinador.

Essa semana, Fernando Carvalhocomentou sobre o atleta a um amigo:

– Me enganei sobre o Damião.Acheique ele era bom,mas é um fenômeno.

Outro discurso empolgado vem dointerior profundo de Santa Catarina.Ayres Marchetti, secretário de Desen-

volvimento de Ibirama, dirigente doAtlético e dono de 30% do passe dojogador,é só felicidade.

– Achava que ele ia ser excelente,mas não ao ponto que chegou.

É mais um a querer fazer previsões:– Será o melhor do mundo em 2013!Na noite do Bi da Recopa, houve fo-

guetório na cidade:– Acordamos toda a Alemanha que

tem aqui! – diverte-se, referindo-se àorigem dos habitantes locais – Anteso Inter tinha aqui uns 10 torcedores,agora são uns 20 mil.

Sobre a valorização do jogador, fala-se em 15 e até 20 milhões de euros,eledemonstra o mesmo bom humor:

– Já estou gastando por conta!Certo é que Damião tem fascinado

dentro e fora de campo por motivosdiferentes. No gramado, é um centro-avante atrevido de gols exibidos. Foradele, é o oposto: jovem discreto, semafetação.Coisa rara hoje no futebol pa-ra craques emergentes.

não gostar

*Colaborou Leonardo Oliveira

FOTOS

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PESSOAL

Leandro Damião (E) com osamigos na quadra da escola

Damião e o irmão Edimar

À direita do pai, na festa de 34 anos

Damião com a mulher Nádia

Os irmãos LeandroDamião e Edimar

O pai, Natalino,acompanha o filho

Damião (D)

Damião com o irmão na épocaem que moravam no Paraná

Sem ressalvas

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DAVID COIMBRA

Sem considerações. Semressalvas. Poucas vezes,na história mais que cen-tenária do Gre-Nal, um

time alcançou uma vitória tão irretor-quível quanto foi a do Grêmio sobre oInter, ontem, no Olímpico. O placar de2 a 1 não reproduziu o que foi o jogo.Porque o domínio do Grêmio foi pé-treo, foi absoluto.Um dado dá a medi-da do que ocorreu no clássico: o Interconstruiu uma única oportunidadereal de gol,justamente a que acabou nogol de Índio: uma falta cobrada por Os-car que acabou na cabeça do zagueirogoleador do Inter,aos 26 minutos.

E foi só.De resto, o Grêmio passou a tarde

rondando a área colorada, ameaçan-do, sempre na iminência de marcar.O esquema de Celso Roth funcionou.Talvez tenha sido montado meio queàs pressas, devido à lesão do volanteGilberto Silva, no sábado, mas funcio-nou.Principalmente porque o Grêmiosoube aproveitar bem a habilidade dosseus laterais. Mário Fernandes teveuma atuação estrondosa. Não errouum só lance.Venceu todas as divididas,não foi driblado uma única vez e,paraarrematar,foi uma aguda arma de ata-que pela direita. Foi dele a jogada doprimeiro gol do Grêmio, aos 15 minu-tos: depois de ter ido à linha de fundo,Mário passou para trás, rasteiro. Mar-quinhos desviou com o bico da chutei-ra esquerda e comprovou sua vocaçãode meia que faz gols.

Antes disso, o Grêmio já construíraduas boas oportunidades de marcar,aos seis,com Julio César entrando livrena área e chutando cruzado para fora,e aos 11, quando Índio recuou erradoe quase marcou contra. Muriel espal-mou,a bola voltou para Julio César,quecruzou bem e André Lima perdeu napequena área.

Julio César, aliás, foi uma arma efi-ciente do time gremista, sobretudo noprimeiro tempo, levando vantagemsobre Glaydson a partida inteira, auxi-liado pelo elétrico argentino Escudero,cruzando, batendo na diagonal, mastambém recompondo na defesa, mar-cando com boa eficiência.

Mas quem demonstrou eficiênciana marcação,mesmo,foram os zaguei-ros do Grêmio.Vilson e Saimon foramimpecáveis.Saimon, que cada vez queentra arruma a defesa,ontem foi maisdo que eficiente: foi um gigante.Porquemarcou o melhor centroavante do Bra-sil na atualidade.Com Saimon em seuencalce, Damião não conseguiu jogar.Saimon foi melhor na antecipação, na

> SEGUNDA | 29 | AGOSTO | 2011ZERO HORA

Leia o blog do David emwww.zerohora.com

Douglas bateupênalti comcategoria, noalto, firme, semchances de defesapara o goleiroMuriel

Talvez o Inter estivessecansado, talvez estivessedescontado.Pouco importa.Era o Inter deOscar e Damião.Era o Inter campeão da Recopa

MAURÍCIO SARAIVA comentarista da RBS TV e TVCOM

O JOGO EM 140 CARACTERES

Vitória merecida de quem jogou Copa doMundo contra um time que só conseguiu jogarBrasileirão. Grêmio foi superior em tudo. Justo.

Brasileirão 2011 – 19ª rodada – 28/8/2011

GRÊMIO INTER1 Victor;13 Mário Fernandes14 Vilson26 Saimon15 Julio Cesar;17 Fernando5 Fábio Rochemback;19 Marquinhos (21 Leandro,29’/2º)10 Douglas24 Escudero; (27 W. Magrão,38’/2º (6 Edcarlos, 44’/2º))99 André LimaTécnico: Celso Roth

1 Muriel;4 Glaydson2 Bolívar3 Índio6 Kleber; (13 Juan, 24’/2º)5 Elton7 Tinga (14 Ilsinho, 36’/2º)17 Andrezinho16 Oscar;11 Dellatorre (18 Jô, int.)9 Leandro Damião

Técnico: Dorival Júnior

Gols: Marquinhos (G), aos 15 minutos, e Índio (I), aos26 minutos do primeiro tempo; Douglas (G), aos 33minutos do segundo tempo. Cartões amarelos: FábioRochemback e Mário Fernandes (G); Dellatorre, Índio,Jô, Elton e Bolívar (I). Arbitragem: Marcelo de LimaHenrique (Fifa/RJ), auxiliado por Altemir Hausmann (Fi-fa/RS) e Julio Cesar Rodrigues Santos (CBF1/RS). Públi-co: 26.694 (23.182 pagantes). Renda: R$ 502.259. Local:Estádio Olímpico, em Porto Alegre.

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PRÓXIMOS JOGOS – BRASILEIRÃO31/8/2011 – QUARTA-FEIRA, 18H

CORINTHIANS X GRÊMIO31/8/2011 – QUARTA-FEIRA, 21H50MIN

INTER X SANTOS

força e na bola aérea. Damião meteua cabeça na bola só uma vez, no fimda partida, numa testada fraca que foiamortecida pelos braços deVictor.

Saimon deu-se o luxo de sofrer umpênalti,aos 27 minutos,não assinaladopelo árbitro.Quatro minutos depois, oGrêmio desenhou outra chance,numajogada envolvente de Marquinhos eEscudero que terminou em um chutede Fernando defendido por Muriel.Noprimeiro tempo o Grêmio esteve pró-ximo de marcar outras duas vezes,aos37 e aos 45,em jogadas de Júlio César.

No primeiro tempo,portanto, foramsete chances para o Grêmio e uma pa-ra o Inter. No segundo, Escudero pas-sou para Mário Fernandes dentro daárea aos 13 minutos.Muriel derrubouo lateral do Grêmio.Outro pênalti não

assinalado.Aos 23 minutos o Inter deuseu único chute a gol: Oscar, de longe.Victor espalmou para escanteio.

Bem marcado,Oscar não conseguiudar suas usuais arremetidas rumoao gol, mas ao menos foi insinuanteem cobranças de falta e escanteio. JáAndrezinho, Kléber e Dellatorre sediluíram na marcação. Pouco partici-param do jogo, ficaram assistindo àmovimentação dos três meias gremis-tas, com destaque para Escudero, que,segundo Celso Roth,é um jogador“in-trínseco”, seja lá o que o técnico querdizer com isso.

Aos 32, foi Escudero quem entroua drible na área do Inter. Índio o der-rubou com um ombraço. Desta vez oárbitro marcou o pênalti. EnquantoDouglas se preparava para cobrar, o

goleiro Victor cravava os joelhos na li-nha da grande área, enrolava-se todo,como se fosse um muçulmano orandopara Meca, e, de fato, orava. No meiodo campo, Fernando também rezava,ajoelhado. E, no ataque, André Limaerguia os braços para o firmamento,ele também em atitude de prece. Ne-nhum dos três viu a cobrança perfeitade Douglas: 2 a 1.

Mais três minutos e novamente Es-cudero invadiu a drible a área do Intere chutou forte. Muriel espalmou a es-canteio. Agora, Leandro já estava emcampo, driblando, investindo em cor-rida vertical área adentro, tornando-seo atacante mais perigoso da tarde do

Olímpico. Aos 40, Leandro recebeude Julio César, chutou, mas Índio in-terceptou.A partida terminou com oGrêmio retendo a bola, esperando otempo passar para comemorar. No fi-nal, o próprio técnico Dorival Juniorreconheceu a superioridade do adver-sário. Não havia com não reconhecer.Não havia como fazer reparos.Talvez oInter estivesse cansado,talvez estivessedesconcentrado. Pouco importa. Erao Inter de Oscar e Damião.Era o Intercampeão da Recopa.Era,afinal,o Intere isso quer dizer que era Gre-Nal.Ven-cer Gre-Nal sempre é especial.

[email protected]

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VIEIRA

| 3 |> SEGUNDA | 29 | AGOSTO | 2011ZERO HORA

LUCIANO PÉRICO, repórter da Rádio Gaúcha

O JOGO EM 140 CARACTERES

Grêmio foi melhor no Gre-Nal 388 e mereceua vitória, porque quis ganhar desde o início!Escudero foi o principal destaque do clássico.

Cotaçãopor Editoria de Esportes

MAU

RO

VIEIRA

VICTORNão teve culpa no gol do Inter.7

MÁRIO FERNANDESSó saiu na boa.Mas quando

saiu, foi sempre perigo de gol.Ougol mesmo,como no passe paraMarquinhos abrir o placar.8

SAIMONNão deixou Damião jogar.8

VILSONUm bom coadjuvante de Saimon

na tarefa de bloquear Damião.6

JULIO CESAREstreia razoável.Poderia ter

atacado mais. 6

FERNANDONa posição de origem,repetiu as

atuações de luxo da seleção sub-20.Uma das torneiras que deveriamfechar para matar Damião de sedeesteve sob seu controle,no combatea Andrezinho e Oscar. 8

FÁBIO ROCHEMBACKMarcado à distância,fez o que

mais sabe: distribuiu o jogo.Errou (ereconheceu a falha) no gol de Índio,que entrou às suas costas. 6

MARQUINHOSFez gol,deu assistência, tabelou,

reteve a bola,acelerou e cadenciouo time na hora exata.8

DOUGLASMostrou mais intensidade do que

em outros jogos,especialmente namarcação aos volantes.7

ESCUDEROValente,ousado,elétrico.Sofreu o

pênalti que decidiu o jogo.8

ANDRÉ LIMAFalta-lhe ritmo.A ausência de um

atacante ao seu lado o prejudicou.5

LEANDROEntrou aos 29 do segundo tempo

para ir para cima.E foi.7

WILLIAN MAGRÃOEntrou aos 38’/2º e saiu lesionado

aos 44.SEM NOTA

EDCARLOSEstreou aos 44’/2º.SEM NOTA

Volantes de futuro, os jovens Fernando (E), 20 anos, e Elton (D), 21, foram os melhores marcadores do clássico

MURIELBastante exigido no primeiro

tempo.Não teve culpa nos gols.7

GLAYDSONCom saída quase zero para o

ataque,seria razoável esperar acontrapartida defensiva.Não veio.4

BOLÍVARVenceu o duelo contra André Lima,

inclusive quando saiu à sua caça.6

ÍNDIOCometeu dois pênaltis,um não

marcado,mas manteve o hábito defazer gol em clássico.5

KLEBERTímido no ataque,sua virtude.

Sofreu com Mário Fernandes.4

ELTONParecia marcar pelo quarteto

inteiro de meio-campo do Inter. 8

TINGAPerdeu o duelo com Marquinhos.

Deu espaço e não chegou à frente.5

OSCARApático.Parecia cansado com a

maratona de jogos.5

ANDREZINHOTeve boa movimentação,mas

D’Alessandro fez muita falta.6

DELLATORREDeixou Damião sem parceria.4

LEANDRO DAMIÃOBem marcado por Saimon.5

JÔSubstituiu Dellatorre sem brilho.4

JUANJogou 34 minutos.Discreto.5

ILSINHOEntrou aos 36’/2º.SEM NOTA

ÁRBITROÁRBITROUm pênalti claro de Índio sobre Saimon,nãoUm pênalti claro de Índio sobre Saimon,não

marcado – na origem do lance,o Inter reclamoumarcado – na origem do lance,o Inter reclamoude carga em Muriel, também ignorada.Outro,de carga em Muriel, também ignorada.Outro,de Muriel sobre Mário Fernandes.Dois lancesde Muriel sobre Mário Fernandes.Dois lancescomprometedores para o trabalho de Marcelo de Lima Henrique,comprometedores para o trabalho de Marcelo de Lima Henrique,que também inverteu faltas a valer para os dois lados.Uma atuaçãoque também inverteu faltas a valer para os dois lados.Uma atuaçãotecnicamente ruim,que influenciou no resultado da partida.Do pontotecnicamente ruim,que influenciou no resultado da partida.Do pontode vista disciplinar,controlou bem o Gre-Nal.de vista disciplinar,controlou bem o Gre-Nal. NOTA 4NOTA 4