caderno de análise regional nº6 - 2001 - mineração - bahia

129

Upload: noelio-dantasle-spinola

Post on 06-Nov-2015

22 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

A despeito de ser antigo (2001) este estudo é bastante útil para quem se dedica ao estudo de minerais nobres como o ouro e as gemas. A qualidade técnica dos expositores e o nível do debate travado fornecem informações preciosas para os estudiosos.

TRANSCRIPT

  • IPA Instituto de Pesquisas AplicadasDepartamento de Cincias Sociais Aplicadas 2 DCSA 2

    Programa de Ps-Graduao em Desenvolvimento Regional e Urbano

    Perspectivasda Minerao

    na Bahia

    TEXTO DE ANLISE DO DESENVOLVIMENTO REGIONALN 6 - AGOSTO DE 2001

  • A REALIZAO DO PAINEL SOBRE ASPERSPECTIVAS DA MINERAO NA BA-HIA E A EDIO DESTE CADERNO FORAMPATROCINADAS PELO DESENBANCO.

    DesenbancoBanco de Desenvolvimentodo Estado da Bahia S.A

  • 5APRESENTAO ...................................................................... 7I EXPOSIES

    1. AcademiaAspectos Histricos e Geolgicos da Minerao na Bahia 11 Apresentao da palestra em slides ........................... 31Joo Batista Guimares Teixeira

    2. Setor EmpresarialO Setor de Gemas, Jias e Artefatos Minerais da Bahia:em busca de uma poltica integrada para o seu desen-volvimento ....................................................................... 47 Apresentao da palestra em slides .......................... 68Paulo Henrique Leito Lopes

    3. GovernoA Minerao na Bahia Desempenho e Perspectivas .. 87Adalberto de F. Ribeiro

    II COMENTRIOSRespostas s questes formuladas pelo pblicopresente .......................................................................... 115

    Sumrio

  • Aspectos Histricos e Geolgicos da Minerao na Bahia Joo Batista Guimares Teixeira

    7

    Apresentao

    Este sexto nmero dos Cader-nos de Anlise Regional examina osetor mineral do Estado da Bahia, reu-nindo a contribuio dos professoresJoo Batista Guimares Teixeira eAdalberto de F. Ribeiro. O primeiro, re-presentando a Universidade e o segun-do, a Coordenao de Minerao daSecretaria de Indstria, Comrcio e Mi-nerao do Estado da Bahia. Compa-rece tambm ao debate o empresrioPaulo Henrique Leito Lopes, Presiden-te da Progemas, um ardente defensordo potencial econmico do setor, nota-damente na rea das gemas e pedraspreciosas.

    Nesta edio, apresentam-se tam-bm os slides das palestras, que foramgentilmente cedidos pelos expositores.

    O caderno reproduz integralmenteos textos apresentados, assim como asrespostas s questes formuladas pe-los participantes.

    Este painel, que faz parte de umconjunto de quinze sobre os mais di-versos aspectos da economia regional, uma produo conjunta do Programade Ps-Graduao em Desenvolvimen-to Regional e Urbano, Mestrado emAnlise Regional, e do Instituto de Pes-quisas Aplicadas da UNIFACS, com o

    patrocnio do Desenbahia que realizanesta Universidade, no mbito do pro-grama, um curso de formao de espe-cialistas em economia baiana queatuaro em seu quadro funcional.

    O Mestrado em Anlise Regional,particularmente, sente-se orgulhoso de,com este trabalho, e tantos outros jrealizados, demonstrar na prtica a qua-lidade do curso e do programa de pes-quisa que realiza com seus alunos eprofessores; a sua preocupao com oestudo e o debate dos mais importan-tes problemas regionais, segundo o es-copo que norteia a sua concepocomo um programa de ps-graduaostricto sensu, e a sua inteno, que aospoucos se consolida, de formar umncleo permanente de estudos da eco-nomia regional que no s forme pes-quisadores e estudiosos da Bahia e doNordeste, mas tambm contribua comoum celeiro de idias e de projetos quepodero municiar os organismos de fo-mento, notadamente os do Governo es-tadual, na sua permanente luta paraconstruir um Estado mais prspero emenos desigual.

    Salvador, agosto de 2001Prof. Dr. Noelio Dantasl Spinola

  • IExposies

  • 11

    Aspectos Histricos eGeolgicos da Minerao

    na BahiaJoo Batista Guimares Teixeira*

    (*) Gelogo, PhD, professor do Instituto de Geocincias da Universidade Federal da Bahia.

    INTRODUOOs recursos minerais incluem todas

    as substncia naturais que podem serutilizadas pelo homem, sejam elas or-gnicas ou inorgnicas. Deste modo,todas as substncias cristalinas natu-

    rais, combustveis fsseis (carvo, pe-trleo e gs natural), alm dos recur-sos hdricos da Terra e dos gases daatmosfera esto includos nesta defini-o. Os recursos minerais podem serclassificados com base em sua utiliza-o (Tabela 1).

    Tabela 1- Classificao dos Recursos Minerais

    Preciosos: Au, Ag, Pt.Raros: Se, Te, Nb, Ta, Li, Zr, Be.Estruturais: Fe.De liga: Cr, Ni, Ti, W, V, Mo, Mn.

    Metais:

    No-ferrosos: Cu, Pb, Zn (metais base), Mg, Al (metais leves).Metalides: Na, K, Br, As, S, Ca, P, F, B (indstria qumica).Minerais no-metlicosMaterial deConstruo:

    areia, argila, cascalho, amianto, gipsita, calcrio (cimento), as-falto, mrmore e granito (revestimento, pedra britada).

    Agricultura: calcrio (corretivo do solo), rocha fosftica (fertilizante).Eletrnica quartzo (SiO2 Si metlico), Ga, Se.Abrasivos diamante (C)Joalheria: Au, Ag, rubi, esmeralda, diamante, berilo, gua-marinha, ame-

    tista, etc.Recursos energticosComb. fsseis turfa, carvo, petrleo, gs natural, folhelho betuminosoRadioativos U, ThRecursos Hdricos

  • CADERNOS DE ANLISE REGIONAL - PERSPECTIVAS DA MINERAO NA BAHIA

    12

    A Bahia produz cerca de 40 subs-tncias minerais, ocupando o terceirolugar no ranking entre os estados bra-sileiros, depois de Minas Gerais e Par,os grandes produtores de minrio deferro. Na pauta de exportaes desta-cam-se: ouro, cobre, magnsio, cromo,ligas de ferro (ferro-mangans, ferro-cromo, ferro-silcio-cromo), ligas de alu-mnio, pedras preciosas e semi-precio-sas e rochas ornamentais. Ao mercadointerno destinam-se as produes degua mineral, areia, areia quartzosa,arenito, argila, artefatos minerais,barita, cal, calcrio, calcita, caulim,diatomita, feldspato, grafita, sal-gema,talco e vermiculita.

    RETROSPECTIVA DAMINERAO NO BRASIL ENA BAHIA

    A histria dos grandes descobri-mentos realizados por Espanha e Por-tugal, as grandes potncias europiasda Idade Mdia, relaciona-se intima-mente com a histria da minerao,principalmente a de metais e pedraspreciosas. Aps a descoberta da Am-rica em 1492, aventureiros eram enco-rajados pelos monarcas europeus avelajarem para o novo continente pro-cura de riquezas. Isto conduziu s con-quistas espanholas no incio do SculoXVI, incluindo-se as invases do Mxi-co por Hernn Cortez e do Peru porFrancisco Pizarro. Cortez desembarcouno Mxico em 1519 e mais tarde ata-cou as cidades astecas, derrotantoMontezuma e apoderando-se de umgrande tesouro em peas de ouro e pra-ta. Ao desembarcarem no territrio pe-ruano, em 1531, os espanhis encon-traram sofisticadas peas de joalheria,preparadas por artesos cuja tcnica

    remontava civilizao Chavin (1300300 a.C.). A partir daquela poca a pi-lhagem sul-americana tornou-se a prin-cipal fonte de ouro e pedras preciosasna Europa.

    A descoberta de pepitas de ouro emterrenos laterticos do Brasil aconteceuno Sculo XVIII, ocasionando grandescorridas de garimpeiros, normalmenteorganizadas por bandeirantes, a vri-as regies que hoje pertencem aos es-tados de Gois, Mato Grosso, Mara-nho, Minas Gerais e Bahia. Condiesfavorveis de extrao do ouro superfi-cial aliadas disponibilidade da mo-de-obra escrava, mantiveram o Brasilcomo o maior exportador desse metalpor mais de 150 anos, tendo produzidocerca de de 960 t no perodo de 1701 a1850. No Sculo XIX ocorreram aindaa descoberta do minrio de ferro daItabira (MG, 1830), a abertura da minade ouro de Morro Velho (Nova Lima,MG, 1834) e a descoberta dos depsi-tos de cobre de Camaqu (RS, 1870).

    A Bahia comeou a despontar comoimportante produtor de riquezas mine-rais com a extrao do ouro de Rio deContas no incio do Sculo XVIII e doouro de Jacobina a partir de 1722. Maisde um sculo mais tarde teve incio ogrande ciclo do diamante da ChapadaDiamantina, originado nos aluvies doRio Mucug em 1844. J em plenoSculo XX instituu-se o ciclo do petr-leo, a partir da descoberta do campode leo do Recncavo, no subrbio deLobato, em 1939.

    A fase da industrializao mineralverticalizada, compreendendo desde aextrao, produo de concentrado deminrio e metalurgia, iniciou-se naBahia em 1957, com a inaugurao damina de chumbo de Boquira. At suaexausto em 1992, desta mina foram

    LOGIN INFORealce

  • Aspectos Histricos e Geolgicos da Minerao na Bahia Joo Batista Guimares Teixeira

    13

    extradas cerca de 117 mil toneladas deminrio, com 8.500 toneladas de chum-bo, 2.000 toneladas de zinco e 1.300kg de prata.

    Embora a cromita tenha sido mine-rada em carter artesanal desde 1907nas regies de Campo Formoso e San-ta Luz, a implantao de empreendi-mentos industriais somente foi viabiliza-da em 1961 em Campo Formoso e noVale do Rio Jacurici, com a inaugura-o das minas de cromo da Companhiade Ferro Ligas S. A. (FERBASA).

    Notcias sobre a ocorrncia de co-bre no Vale do Rio Cura constam dorelatrio do engenheiro Oliveira Bu-lhes, que descobriu fragmentos demalaquita (carbonato de cobre de corverde) em seus estudos para o prolon-gamento da Estrada de Ferro do RioSo Francisco, no ano de 1874. Entreesta descoberta e a implantao damina de cobre de Caraba (cu-abertoe mais tarde subterrnea), hoje geren-ciada pela Caraba Metais S. A., decor-reram mais de cem anos.

    A grande jazida de magnesita deSerra das guas, Municpio de Bruma-do, foi descoberta em 1939 pela Divi-so de Fomento da Produo Mineral.As atividades industriais da MagnesitaS.A., concessionria da maior jazidalocal, tiveram incio em 1940, com aproduo de refratrios aluminosos eslico-aluminosos, e em 1948 iniciou aproduo dos refratrios magnesianose cromo-magnesianos. Entretanto, aconsolidao da minerao de magne-sita na Bahia s ocorreu efetivamentea partir da dcada de 70.

    A produo de esmeraldas na re-gio da Serra de Jacobina, centro-nor-te do Estado, teve incio no Garimpo deCarnaba, Municpio de Pindobau, em1963. A segunda rea a entrar em pro-

    duo foi o Garimpo de Socot, Muni-cpio de Jaguarari, que encontra-se emoperao desde 1980.

    A criao da Companhia Baiana dePesquisa Mineral (CBPM) e a entradada Companhia Vale do Rio Doce (CVRD),em 1972, inauguraram a fase modernada pesquisa mineral no Estado. Comoresultado direto dos trabalhos dessasempresas, importantes minas de ouroforam implantadas: Fazenda Brasileiro,situada prximo cidade de Serrinha eadministrada pela CVRD alm de maisduas minas de ouro (atualmente parali-zadas) localizadas prximo ao Rio Itapi-curu, Municpio de Araci (Mina Maria Pre-ta, controlada pela CVRD e Mina RioSalitre, controlada pela CBPM). A CBPMtambm descobriu reservas de vandiono municpio de Maracs no incio dadcada de 80, cuja extrao comercialou explotao depende ainda de umamelhor definio da equao do merca-do internacional.

    Empreendimentos minerais recen-temente implantados na Bahia incluema minerao do fosfato de Irec, con-trolada pela CBPM e gerenciada peloGrupo Bafertil, a mina de urnio deCaetit, explotada pelas Indstrias Nu-cleares do Brasil S. A. (INB), o manga-ns de Barreiras e So Desidrio, explo-tado pela Eletrosiderrgica Brasileira S.A. (SIBRA) e a extrao de salgemapromovida pela Minerao e Qumicado Nordeste, empresa do grupo Dow-Chemical, na Ilha de Matarandiba, vizi-nha da Ilha de Itaparica, Municpio deVera Cruz.

    Tradicionalmente, a Bahia aindamantm destacada posio como pro-dutora dos seguintes bens minerais: (1)pedras semi-preciosas, como ametista,berilo e gua-marinha; (2) minerais in-dustriais, como barita, calcrio (para

  • CADERNOS DE ANLISE REGIONAL - PERSPECTIVAS DA MINERAO NA BAHIA

    14

    produo de cimento e corretivo de solo)e feldspato; (3) talco; (4) rochas orna-mentais, incluindo-se granitos, gnaisses,sienitos, mrmores, quartzitos e arenitos;(5) materiais de construo, principal-mente pedra de brita, areia e cermicavermelha e (6) gua mineral.

    Um diagrama mostrando a produ-o mineral baiana comercializada(PMBC) no ano 2000 por substnciamineral, encontra-se na Figura 1.

    EVOLUO GEOLGICA EMETALOGENTICA DOTERRITRIO BAIANO

    O embasamento de rochascristalinas do Estado da Bahia, consis-te de trs blocos continentais pr-cam-brianos, formados entre 3 e 2,5 bilhesde anos atrs em diferentes regies do

    planeta. Estes blocos, denominadosGavio, Serrinha e Jequi, participaramde um processo colisional por fora doprocesso de tectnica de placas e amal-gamaram-se h cerca de 2 bilhes deanos. exemplo do que hoje ocorre naCordilheira do Himalaia (no Tibet), acoliso de blocos continentais causouo espessamento da crosta, com forma-o de uma grande cadeia de monta-nhas (Figura 2). Nas razes da cadeiade montanhas formaram-se rochas dealto grau metamrfico chamadas granu-litos. Durante o processo tectnico asrochas granulticas foram aladas paraprofundidades mais rasas, sendo final-mente expostas pela elevao do ter-reno e eroso das rochas sobreja-centes.

    Cerca de 200 milhes de anos apsa coliso, as rochas quentes do mantosobrelevaram-se, causando a rupturada crosta (Figura 3). Ocorreu ento um

    FIGURA 1Produo mineral baiana comercializada (PMBC) no ano 2000(Fonte: Coordenao da Produo Mineral, Secretaria da Inds-tria, Comrcio e Minerao do Estado da Bahia).

  • Aspectos Histricos e Geolgicos da Minerao na Bahia Joo Batista Guimares Teixeira

    15

    FIGURA 2Esboo geotectnico do embasamento cristalino do Estado da Bahia, mostrando: (a)mapa com a situao dos blocos pr-cambrianos amalgamados; (b) seo geolgicavertical X-X, mostrando a provvel cadeia de montanhas formada durante a colisodos blocos continentais h cerca de 2 bilhes de anos.

  • CADERNOS DE ANLISE REGIONAL - PERSPECTIVAS DA MINERAO NA BAHIA

    16

    FIGURA 3Mapa geolgico (a) e seo geolgica vertical (b) mostrando o esboo geotectnicodo Estado da Bahia na poca da formao da Fossa do Paramirim h cerca de 1.800milhes de anos, pela sobrelevao das rochas do manto, causando a ruptura dacrosta continental. Naquela poca a cadeia de montanhas criada durante o processocolisional (ver Fig. 2) j havia sido erodida.

  • Aspectos Histricos e Geolgicos da Minerao na Bahia Joo Batista Guimares Teixeira

    17

    grande evento de vulcanismo e sedi-mentao na parte central da Bahia, naregio correspondente Serra do Espi-nhao e Chapada Diamantina.

    Existe ainda incerteza sobre astrajetrias percorridas pelos continen-tes na superfcie do globo terrestre, noperodo de tempo que vai de 1.800 at625 milhes de anos atrs, quando ini-ciou-se uma nova aglutinao de terre-nos para formar o supercontinente deGondwana (Figura 4). Este supercon-tinente, composto pela unio do quehoje corresponde Amrica do Sul,frica, Arbia, ndia, Austrlia e Antrti-da, manteve-se estvel at cerca de200 milhes de anos atrs, quando en-to fragmentou-se. Aps esta fragmen-

    tao que iniciou-se a formao doOceano Atlntico. Na poca atual oscontinentes derivados do Gondwanacontinuam se afastando uns dos outros,enquanto que a rea do Oceano Atln-tico aumenta continuamente.

    A palavra metalognese define Oestudo da origem de depsitos mine-rais, com nfase em seu relacionamen-to espacial e temporal a feies petro-grficas e tectnicas regionais da cros-ta terrestre. O termo utilizado tantopara minerais metlicos quanto parano-metlicos. Estudos geolgicos comutilizao de critrios metalogenticoscomprovam que a distribuio de dep-sitos minerais em uma determinada re-gio no aleatria e sim dependente

    FIGURA 4Mapa esquemtico do Supercontinente Gondwana h cerca de 200 milhes de anos.Este supercontinente era formado pela Amrica do Sul, frica, Arbia, ndia, Austrliae Antrtida e perdurou por cerca de 500 milhes de anos. Notar a localizao aproxi-mada do Estado da Bahia.

  • CADERNOS DE ANLISE REGIONAL - PERSPECTIVAS DA MINERAO NA BAHIA

    18

    das interaes que ocorreram no pas-sado geolgico entre as rochas do man-to e a crosta. Em outras palavras, a fon-te primordial dos metais, dos minriosem geral e das prprias rochas da cros-ta encontra-se no manto terrestre.

    Como exemplo, podemos citar o adistribuio dos depsitos de ouro no

    Estado da Bahia (Figura 5). Observan-do o mapa, no sentido de leste paraoeste notamos a existncia de trs con-juntos distintos de depsitos e ocorrn-cias: (1) um conjunto formado pelasminas Fazenda Brasileiro e Maria Pre-ta; (2) um outro conjunto formado pelaMina de Jacobina e ocorrncias prxi-

    FIGURA 5Mapa geolgico mostrando a distribuio das jazidas, depsitos e ocorrn-cias de ouro no Estado da Bahia.

  • Aspectos Histricos e Geolgicos da Minerao na Bahia Joo Batista Guimares Teixeira

    19

    mas e (3) um terceiro conjunto, ampla-mente distribudo, formado pelos dep-sitos e ocorrncias situados entre Gen-tio do Ouro, a norte e Jacarac, a sul,passando por Rio de Contas e Caetit.Anlises isotpicas que permitem adatao de minerais especficos mos-traram que as mineralizaes do con-junto (1) so mais antigas e relaciona-das fase de coliso continental, mos-trada na Figura 2. Os mesmos estudosmostraram que as mineralizaes doconjunto (3) so mais novas e relacio-nadas sobrelevao do manto, mos-trada na Figura 3 e que as mineraliza-es do conjunto (2) tm idade inter-medirias entre (1) e (3).

    Na Figura 6 encontram-se localiza-dos os depsitos de minerais industri-ais no-metlicos. Alm do calcrio edo talco, aparece como destaque agrande jazida de magnesita de Bruma-do, um dos dois nicos depsitos des-te porte do mundo. Ainda no existeminformaes concretas sobre a idadedestas jazidas, que provavelmente fo-ram depositadas em fundos de maresrestritos do perodo pr-cambriano.

    A Figura 7 mostra a distribuio dasocorrncias de pedras preciosas esemi-preciosas no Estado. Tanto osmodelos genticos quanto as idadedestes bens minerais so bastante va-riados. As esmeraldas de Carnaba eSocot, por exemplo, formaram-se hcerca de 1.900 milhes de anos pelareao de fluidos hidrotermais (mistu-ras de gua aquecidas com gases) deorigem magmtica, provenientes deintruses granticas ps-colisionais.Estes fluidos reagiram quimicamentecom rochas ultrabsicas denominadasserpentinitos, nas profundezas da cros-ta e possibilitaram a formao de cris-tais de berilo verde (esmeraldas). A cor

    verde devida contaminao do berilopelo metal cromo extrado da rochaencaixante durante a reao qumica.Os diamantes da Chapada Diamantina,por sua vez, so encontrados em terra-os aluvionares geologicamente recen-tes. A origem destas valiosas pedras,no entanto, remonta pocas passa-das, quando elas foram trazidos su-perfcie por intruses de rochas ultra-mficas provenientes do manto. Os ter-renos do extremo sul da Bahia, regiesde Cndido Sales, Encruzilhada, Mai-quinique, Guaratinga, Itanhm e Me-deiros Neto, fazem parte do cinturoorognico de Araua, que encerra umadas maiores provncias de pegmatitosdo mundo. Nesta provncia ocorrem tur-malina, morganita (uma variedade deberilo rseo, contendo impurezas decsio), espodumnio e petalita (silicatosde ltio e alumnio), ambligonita (fosfatohidratado de flor, alumnio, ltio esdio), gua-marinha (variedade inco-lor de berilo) e inclusive alexandrita,uma variedade transparente de crisobe-rilo, cuja cotao atinge valor superiorao da esmeralda no mercado internaci-onal. O cinturo orognico de Arauaformou-se durante a amalgamao dosblocos continentais para constituir osupercontinente de Gondwana, no pe-rodo de 625 a 500 milhes de anosatrs.

    As principais jazidas de rochas or-namentais em explotao no Estadoaparecem na Figura 8. Neste caso, tan-to a origem quanto a idade de cada tipolitolgico variam amplamente. Temospor exemplo o quartzito com dumor-tierita (mineral azul, composto de silica-to de boro e alumnio) de Boquira, umtipo extremamente raro de rocha orna-mental, com idade arqueana (mais an-tigo do que 2.500 milhes de anos). No

  • CADERNOS DE ANLISE REGIONAL - PERSPECTIVAS DA MINERAO NA BAHIA

    20

    FIGURA 6Mapa geolgico mostrando a distribuio dos depsitos e ocorrncias deminerais industriais no-metlicos no Estado da Bahia.

  • Aspectos Histricos e Geolgicos da Minerao na Bahia Joo Batista Guimares Teixeira

    21

    FIGURA 7Mapa geolgico mostrando a distribuio das ocorrncias de pedras precio-sas e semi-preciosas no Estado da Bahia.

  • CADERNOS DE ANLISE REGIONAL - PERSPECTIVAS DA MINERAO NA BAHIA

    22

    FIGURA 8Mapa geolgico mostrando a distribuio das ocorrncias de rochas orna-mentais no Estado da Bahia.

  • Aspectos Histricos e Geolgicos da Minerao na Bahia Joo Batista Guimares Teixeira

    23

    outro extremo temos os arenitos pararevestimento de pavimentao extra-dos dos sedimentos da Bacia de Tuca-no, depositados h cerca de 65 milhesde anos. No meio-termo, temos ossienitos da regio de Potiragu, Itaran-tim e Camac, que so intruses gneascom idades entre 625 e 500 milhes deanos. Juntam-se a estes um certo n-mero de intruses granticas ps-colisionais, gnaisses e migmatitos doembasamento antigo e uma variedadede mrmores brancos e coloridos (bege,rosa e preto) de idade neoproterozica.

    Na Figura 9 aparecem os principaisdepsitos e ocorrncias de mineraisindustriais metlicos da Bahia. Os des-taques neste caso vo para as cromitasdas minas de Medrado, Campo Formo-so e Santa Luz, o minrio de cobre,extrado da Mina Caraba, no vale doRio Cura e o mangans explotadonas minas de So Desidrio, no oestedo Estado. A origem dos minrios decobre e cromo esto relacionadas uma fase de vulcanismo basltico emambiente ocenico que processou-seem torno de 2.200 milhes de anosatrs, muito antes da fase colisionalmostrada na Figura 2. O minrio demangans, por sua vez, ocorre em cros-tas superficiais, com uma histria deconcentrao relativamente recente,processada do perodo Cretceo aoperodo Quaternrio.

    A Figura 10 mostra onde se encon-tram os principais recursos energticosdo Estado. A jazida de urnio de LagoaReal, localizada a nordeste de Caetit, formada por concentraes do mine-ral uraninita (U3O8) associadas a gnais-ses granticos albitizados. Esta jazidasfoi gerada durante a fase de soergui-mento do manto, acompanhada de intru-so de granitos, que causou a ruptura

    da crosta continental h cerca de 1.800milhes de anos (Figura 3). Os camposde petrleo e gs natural da Bahia dis-tribuem-se em dois conjuntos principaisde bacias: (1) Tucano-Recncavo,Jacupe e Camamu-Almada, a norte e(2) Jequitinhonha-Cumuruxatiba a sul.O conjunto (1) corresponde s partesemersas e submersas da margem con-tinental baiana, que adjacente Baade Todos os Santos, abrangendo umarea de 110.000 km2. O conjunto (2)compreende bacias submersas, comextenso total de 350 km no sentidonorte-sul. Todas estas bacias tm umaorigem comum, ligada ao quebramentodo supercontinente de Gondwana (Fi-gura 4) e separao da Amrica doSul da frica. A deposio dos sedi-mentos nestas bacias, seguida dos pro-cessos de gerao, migrao e acumu-lao dos hidrocarbonetos, processou-se desde o perodo Neojurssico at operodo Cretceo, o que em termos detempo significa de 142 at aproxima-damente 65 milhes de anos atrs.

    SOBRE A VIABILIZAO DEUM EMPREENDIMENTOMINERAL

    A viabilizao de um empreendimen-to mineral, com a entrada em produoou incio da lavra e comercializao dosprodutos minerais, requer um longo pe-rodo de maturao que tem origem nasetapas anteriores descoberta do de-psito. Os bens minerais metlicos comoferro, cobre, zinco, vandio, etc., deman-dam um perodo de tempo nunca inferi-or a 10 anos de trabalho contnuo parao estabelecimento de uma mina de por-te mdio, passando por vrias etapas,compreendendo:

  • CADERNOS DE ANLISE REGIONAL - PERSPECTIVAS DA MINERAO NA BAHIA

    24

    FIGURA 9Mapa geolgico mostrando a distribuio das jazidas, depsitos e ocorrn-cias de minerais industriais metlicos no Estado da Bahia.

  • Aspectos Histricos e Geolgicos da Minerao na Bahia Joo Batista Guimares Teixeira

    25

    FIGURA 10Mapa geolgico mostrando a localizao dos recursos energticos do Esta-do da Bahia. So mostrados: a jazida de urnio de Caetit e os campos depetrleo e gs do litoral baiano (continente e plataforma submarina).

  • CADERNOS DE ANLISE REGIONAL - PERSPECTIVAS DA MINERAO NA BAHIA

    26

    O retorno do investimento total rea-lizado em um bom empreendimento, ouseja, no qual as equaes de mercadosejam bem resolvidas e as conjunturaseconmicas e polticas mantenham-sefavorveis, pode comear a ocorrerlogo a partir do segundo ou terceiro anodo incio da produo, a depender dobem mineral. Um investimento desseporte gera empreendimentos que po-dem durar de 20 a 30 anos, alguns comelevada taxa de retorno.

    A vocao mineral do territrio vaidepender dos vrios fatores decorren-tes da histria geolgica e evoluogeotectnica da regio, como discutidoacima. Mapas metalogenticos previsio-nais podem ser elaborados, desde quea organizao estatal faa sua parte,investindo na aqisio do conhecimen-to geolgico bsico do terreno. Esta uma das funes dos Servios Geolgi-cos federais e estaduais, que normal-mente perseguem o objetivo de mapeargeologicamente o territrio nacional des-de escalas regionais (1:250.000 at1:100.000), podendo atingir escalas desemi-detalhe (1:10.000 at 1:5.000).Outras atribuies dos Servios Geo-lgicos de pases desenvolvidos inclu-em a realizao de levantamentos b-sicos de aerogeofsica (magnetometria,eletromagnetometria, radiometria, etc.),alm de levantamentos terrestres degeofsica (gravimetria, fluxo termal,magneto-telrico, etc.) e de geoqumica.Os relatrios e mapas resultantes des-tas atividades constituem poderosasferramentas de fomento no setor mine-

    ral, uma vez que possibilitam anlisesmetalogenticas mais corretas e toma-das de deciso mais rpidas por partedas empresas de minerao.

    O papel da Universidade tambm importante para o processo de geraode jazidas, podendo efetivar-se de 3maneiras principais (1) com a divulga-o de novos conhecimentos geolgicose descobertas, originados nas pesqui-sas acadmicas; (2) por meio de cursosde treinamento e/ou atualizao tcni-co-cientfica, oferecidos aos alunos re-gulares e tambm ao pblico externo e(3) pelo desenvolvimento e introduode novas tecnologias para explorao eproduo mineral, geralmente fruto dedemoradas pesquisas cientficas.

    PERSPECTIVAS PARA APRODUO MINERALBAIANA

    Como acima demonstrado, a Bahiaapresenta uma grande diversidade deambientes geolgicos e metalogenti-cos, perfeitamente comparvel a outrasregies do mundo que so grandes pro-dutores de bens minerais, como ocaso da Austrlia, Canad e algunspases da frica Central. Para efeito decomparao, somente na dcada de 90,a Austrlia aumentou as suas reservasde metais base (Cu+Pb+Zn) em cercade 20 milhes de toneladas, por meioda descoberta de novos depsitos mi-nerais. Para manter a indstria mineralno privilegiado patamar em que se en-

    EXPLORAO REGIONAL PROSPECO DE SEMI-DETALHE PROSPECO DE DETALHE AVALIAO DO DEPSITO DESENVOLVIMENTO DA MINA PRODUO.

  • Aspectos Histricos e Geolgicos da Minerao na Bahia Joo Batista Guimares Teixeira

    27

    contra, o governo australiano tem inves-tido recursos anuais da ordem de 50dlares por km em mapeamento geo-lgico bsico, levantamentos geofsicose geoqumicos e tambm em sondagem

    Tabela 2 Comparao de Alguns Parmetros Relacionados Explorao e Produo Mineral no Brasil e na Austrlia

    exploratria no seu territrio. Alguns da-dos para comparao entre Austrlia eBrasil, no que se refere a parmetros fi-siogrficos, demogrficos e de investimen-to mineral, encontram-se na Tabela 2.

    A indstria da minerao processa-se em um ambiente dinmico, dispen-dioso e altamente sensvel s oscila-es polticas e econmico-financeiras.As empresas de minerao tornaram-se extremamente seletivas na aplicaodos seus investimentos, sendo que adescoberta de depsitos de minrio declasse mundial (world class mineraldeposits) continua sendo um de seusmaiores objetivos.

    O Governo Australiano um exem-plo importante de xito a partir da apli-cao de uma poltica nacional corretade aproveitamento dos recursos mine-rais. Os levantamentos geolgicos egeofsicos regionais so constantemen-te atualizados naquele pas. Ao mes-mo tempo, proporcionam-se constantesincentivos pesquisa cientfica voltada

    para a explorao mineral, ao treina-mento e o aperfeioamento dos quadrostcnicos, tudo graas forte integraoe sinergia entre governo, empresas euniversidades.

    Por quase 20 anos perdura umaenorme retrao dos investimentos go-vernamentais e privados em levanta-mentos bsicos e em explorao mine-ral no Brasil, o que vem causando umacerta letargia no setor. A Bahia ocupa oterceiro lugar entre os estados produ-tores custa de investimentos estadu-ais da ordem de 6 milhes de dlarespor ano. Uma complementao em ver-bas federais correspondente a duasvezes este valor deveria ser investidano Estado, para alcanar-se um pata-mar em torno de 50% do nvel de in-vestimento australiano.

    CONSIDERAES FINAIS

    AUSTRLIA BRASILInvestimentos em explorao mineral (ref. a 1997) US$ 50,00/km2 US$ 12,00/km2Levantamentos geofsicos de alta resoluo (emquilmetros lineares, 1990 a 1998) 4.100.000 km 17.000 km

    Produo mineral (exclusive petrleo e gs, em bilhesde dlares, 1997) 17,3 8

    Produto Interno Bruto (PIB, em bilhes de dlares,1997) 348 749

    Populao (milhes de habitantes) 18 160Superfcie territorial (km2) 7.682.300 km2 8.547.403 km2Descobertas importantes de metais base (em milhesde toneladas de metais, de 1990 a 1997) 26

  • CADERNOS DE ANLISE REGIONAL - PERSPECTIVAS DA MINERAO NA BAHIA

    28

    Aluvio: Material detrtico inconsolida-do, composto de cascalho, areia, silte eargila, depositado em tempos recentespela ao de rios.

    Beneficiamento: Processo de separa-o dos minerais de minrio dos mine-rais de ganga, ou dos elemntos qumi-cos ou substncias minerais teis dasoutras, no aproveitadas economica-mente. Atravs do beneficiamento pro-duz-se o concentrado e o rejeito.

    Cinturo Orognico: Regio arqueadaou linear que esteve sujeita a dobramen-tos e outras deformaes durante umciclo orognico, que conduz formaode cadeias de montanhas.

    Depsito mineral: Define concentra-es minerais ou ocorrncias mineraisque no foram completamente avaliadasou concentraes minerais sub-econ-micas.

    Explorao mineral: Ato de buscar re-gies mais favorveis existncia deconcentraes minerais econmicasusando raciocnio geolgico e aplican-do tcnicas e ferramentas diversas, prin-cipalmente geofsicas e geoqumicas.

    Explotao mineral: Ato de extrair umbem mineral, de lavrar, ou seja, de retir-lo do seu stio geolgico natural.

    Geotectnica: Ramo da Geologia quetrata da arquitetura geral da parte exte-rior da Terra, compreendendo a monta-gem regional de feies deformacionaise estruturais, o estudo de suas mltiplasrelaes, origem e evoluo histrica.

    Granulito: Rocha de granulao relati-vamente grosseira formada em condi-

    AGRADECIMENTOSO autor agradece (1) ao Prof. Nolio

    Dantasl Spinola, pelo convite paraparticipar no painel A Minerao naBahia, Desempenho e Perspectivas,realizado como seminrio do Curso dePs-Graduao em Desenvolvimento

    Regional e Urbano da UNIFACS; (2) aoProf. Aroldo Misi (UFBA), pelo prestimo-so auxlio durante a elaborao destetrabalho e (3) ao CNPq pela concessode bolsa de pesquisa ao autor, catego-ria Desenvolvimento Cientfico Regional.

    GLOSSRIOes de alta temperatura da faciesgranulito, que geralmente exibe uma tex-tura aproximadamente gnissica devidaao paralelismo de lentes achatadas dequartzo e/ou feldspato.

    Hidrocarboneto: qualquer compostoorgnico, gasoso, lqido ou slido, con-sistindo somente de carbono e hidrog-nio. O petrleo (ou leo cru) uma mis-tura complexa de hidrocarbonetos.

    Jazida mineral: Toda massa de subs-tncia mineral da qual se pode extrairum ou mais minerais ou substnciasminerais que podem ser utilizadas eco-nomicamente. O conceito de jazida mi-neral ,portanto,econmico e est direta-mente relacionado (1) demanda dasubstncia mineral; (2) s condies deexplotabilidade ou de extrao, que in-cluem custos de lavra, tratamento, trans-porte, etc. do material extrado, e (3) aopreo de venda do produto mineral.

    Manto: Zona do globo terrestre situadaabaixo da crosta e acima do ncleo, divi-dida em manto superior e manto inferior,com uma zona de transio entre elas.

    Migmatito: rocha encontrada em zonasde grau metamrfico mdio a alto,pervasivamente heterognea em esca-la macroscpica, uma das partes sendode colorao clara e composio quart-zo-feldsptica ou feldsptica. O migmati-to pode ser formado por anatexia, quesignifica a fuso parcial de uma rochapr- existente.

    Minrio: Massa de agregados mineraise rocha da qual se pode extrair, com lu-cro, um ou mais elementos qumicos ou

  • Aspectos Histricos e Geolgicos da Minerao na Bahia Joo Batista Guimares Teixeira

    29

    substncia mineral composto por mi-nerais de minrio e por minerais deganga (que, em geral, no tm valorcomercial).

    Ocorrncia mineral: Descreve qualquerconcentrao mineral numa rocha, numsedimento ou num solo, sem qualquersentido econmico.

    Pegmatito: Rocha gnea com granulaoexcepcionalmente grosseira. A maioriados minerais tem um centmetro ou maisde dimetro. Sua composio fundamen-tal a mesma do granito (quartzo,faldspato potssico e mica). Pode noentanto conter minerais raros de ltio,boro, flor, nibio, tntalo, urnio e ele-mentos do grupo das terras raras.

    Pr-Cambriano: Uma das unidades daEscala Padro de CronoestratigrafiaGlobal compreendendo todas as rochasformadas antes do incio da Era Paleo-zica. O pr-cambriano comea com onascimento do planeta Terra, cerca de4.600 milhes de anos atrs e terminacerca de 570 milhes de anos atrs. Istoeqivale aproximadamente 90% dotempo geolgico.

    Recursos: Incluem as reservas e todosos outros depsitos minerais que ocor-rem ou que potencialmente podem ocor-rer em uma determinada regio.

    Reservas: Incluem jazidas minerais emproduo, corpos de minrio j reconhe-cidos atravs de sondagem ou outro tra-balho de detalhe (reserva medida e re-serva indicada) ou a suposta continua-o do corpo de minrio pesquisado (re-serva inferida).

    Rocha metamrfica: Qualquer rochaderivada de rochas pr-existentes, pormudanas mineralgicas, qumicas e/ouestruturais, essencialmente no estadoslido, em resposta a importantes mu-danas de temperatura e presso, ge-ralmente nas profundezas da crosta ter-restre.

    Rocha ultramfica: Rocha gnea com-posta principalmente por mineraismficos (hiperstnio, augita e olivina).

    Serpentinito: Rocha composta essen-cialmente de minerais do grupo da ser-pentina (antigorita, crisotila, ou asbes-to), derivados da hidratao de mineraisferromagnesianos (olivina e piroxnio).Trata-se normalmente de produto demetamorfismo de rochas ultramficas.

    Subprodutos: So minerais, elementosqumicos ou substncias qumicas mi-nerais de interesse econmico que iso-ladamente no poderiam ser recupera-do com lucro, mas que podem ser ex-trados devido ao processo de extraorealizado para obteno dos produtosprincipais.

    Tectnica de Placas: Teoria a respeitoda tectnica global segundo a qual alitosfera dividida em um certo nmerode placas cujos padres de movimenta-o horizontal eqivale ao de corpos r-gidos submetidos torso. As placasinteragem umas com as outras ao longode seus contactos, causando atividadesssmicas (falhamentos, terremotos) etectnicas (subduco, vulcanismo,intruso e orognese, ou formao demontanhas).

    CEDRE Centro de Estudosdo Desenvolvimento RegionalPrdio de Aulas 8 - Campus Iguatemi

    Alameda das Espatdias, 915 - Caminho das rvoresCEP 41820-460 - Salvador, Bahia - Tel.: (71) 273-8528/8557

    e-mail: [email protected]

  • CADERNOS DE ANLISE REGIONAL - PERSPECTIVAS DA MINERAO NA BAHIA

    30

    ANEXOESCALA DO TEMPO GEOLGICO

  • Aspectos Histricos e Geolgicos da Minerao na Bahia Joo Batista Guimares Teixeira

    31

    Apresentao da Palestraem Slides

  • CADERNOS DE ANLISE REGIONAL - PERSPECTIVAS DA MINERAO NA BAHIA

    32

  • Aspectos Histricos e Geolgicos da Minerao na Bahia Joo Batista Guimares Teixeira

    33

  • CADERNOS DE ANLISE REGIONAL - PERSPECTIVAS DA MINERAO NA BAHIA

    34

  • Aspectos Histricos e Geolgicos da Minerao na Bahia Joo Batista Guimares Teixeira

    35

  • CADERNOS DE ANLISE REGIONAL - PERSPECTIVAS DA MINERAO NA BAHIA

    36

  • Aspectos Histricos e Geolgicos da Minerao na Bahia Joo Batista Guimares Teixeira

    37

  • CADERNOS DE ANLISE REGIONAL - PERSPECTIVAS DA MINERAO NA BAHIA

    38

  • Aspectos Histricos e Geolgicos da Minerao na Bahia Joo Batista Guimares Teixeira

    39

  • CADERNOS DE ANLISE REGIONAL - PERSPECTIVAS DA MINERAO NA BAHIA

    40

  • Aspectos Histricos e Geolgicos da Minerao na Bahia Joo Batista Guimares Teixeira

    41

  • CADERNOS DE ANLISE REGIONAL - PERSPECTIVAS DA MINERAO NA BAHIA

    42

  • Aspectos Histricos e Geolgicos da Minerao na Bahia Joo Batista Guimares Teixeira

    43

  • CADERNOS DE ANLISE REGIONAL - PERSPECTIVAS DA MINERAO NA BAHIA

    44

  • Aspectos Histricos e Geolgicos da Minerao na Bahia Joo Batista Guimares Teixeira

    45

  • 46

    J` SARAMOS CADERNOS DE AN`LISE REGIONAL:

    AGRICULTURA, INDSTRIA, COMRCIO,MINERAO E TURSMO

    Ligue: (71) 273-8557MAIS UMA PUBLICAO

    COM O SELO UNIFACS

  • 47

    I INTRODUODe acordo com o GOLD FIELDS

    MINERAL SERVICES LTD., sediadoem Londres, na Inglaterra e o GEMMO-LOGICAL INSTITUTE OF AMRICA -GIA2 , o Brasil considerado e reco-nhecido como uma das principais re-servas gemolgicas do planeta tantopela quantidade quanto pela varieda-de de gemas produzidas. De fato, se-gundo o Departamento Nacional dePesquisa Mineral - DNPM, o pas umdos maiores produtores de guas ma-rinhas, ametistas, esmeraldas, citrinos,berilos, crisoberilos, topzios, gata,turmalina, quartzo diversos e diaman-te. Destaca-se ainda como o nico pro-dutor mundial de topzio imperial, emMinas Gerais, e turmalina Paraba noEstado com o mesmo nome.

    No que tange a produo de ouro,o Brasil detm reservas aurferas sig-nificativas tornando-o 12 produtormundial, com perspectivas favorveisde ampliar sua produo em mdio elongo prazo. Estimativas do InstitutoBrasileiro de Gemas e Metais Precio-sos IBGM e do World Gold Council(Conselho Mundial do Ouro), indicamque o atual consumo de ouro da in-

    dstria de jias brasileira de aproxi-madamente 40 toneladas por ano.

    Ainda segundo dados do GOLDFIELDS MINERAL SERVICES 1998,o volume estimado de transaes nomercado mundial de gemas, jias, me-tais preciosos e afins da ordem deUS$18, 4 bilhes, o que denota a pre-sena de um grande mercado para umpas considerado o Paraso das Ge-mas.

    O Estado da Bahia o 2 produtornacional de gemas brutas (no lapida-das) e o 4 em produo primria deouro, segundo o DNPM. Conhecida pelaquantidade e qualidade de suas esme-raldas, o subsolo baiano tambm pro-duz ametistas, guas marinhas, citrinos,topzios azuis, turmalinas, cristal derocha, quartzos diversos, berilos, dia-mantes, etc.

    Apesar de toda sua potencialidadeo Brasil e, em particular, o Estado daBahia, foco principal desse artigo, no

    O Setor de Gemas, Jias eArtefatos Minerais da Bahia:

    em busca de uma poltica integrada para oseu desenvolvimento

    Paulo Henrique Leito Lopes1

    1 Empresrio do Setor de Gemas e Jias, Eco-nomista, Ps-Graduado em Metodologia e Di-dtica do Ensino Superior e Comrcio Interna-cional e Mestrando em Anlise Regional pelaUniversidade Salvador.

  • CADERNOS DE ANLISE REGIONAL - PERSPECTIVAS DA MINERAO NA BAHIA

    48

    tem tirado proveito racional e inteligen-te dessa riqueza. A realidade atual des-se segmento econmico incompat-vel com seu volume de reservas depedras preciosas e ouro, sobretudo,quando se constata sua nfima einexpressiva participao de aproxima-damente 1,4% do mercado internacio-nal, como poderemos atestar atravs deestatsticas especficas.

    Numa abordagem histrica, desta-camos, apenas como referncias pon-tuais, trs importantes ciclos econmi-cos do Brasil: O Ciclo do pau-Brasil, dacana-de-acar e da minerao. O Ci-clo do pau-Brasil, como sabemos, foi oprimeiro perodo da histria econmicado Brasil caracterizado pela exploraode rvore de mesmo nome. Estendeu-se desde os primeiros anos da desco-berta at o incio da segunda metadedo sculo XVI, quando perdeu a prima-zia para o cultivo da cana-de-acar.Tratava-se apenas de uma atividadeextrativa cuja madeira era utilizada nafabricao de violinos, na industria na-val e, principalmente, como corante.Essa atividade continuou sendo rendo-sa at metade do sculo XIX, quando ainveno de corantes artificiais a tornouno mais atraente.

    O segundo ciclo econmico de nos-sa histria econmica foi a cana-de-a-car, que na metade do sculo XVII, tor-na o Brasil maior produtor mundial deacar perdendo essa hegemonia pos-teriormente para Antilhas. O comrcioaucareiro, segundo as normas do pac-to colonial e da poltica mercantilista, eramonoplio da coroa e toda produodestinada ao mercado externo. Em de-corrncia disso, configurava-se tipica-mente uma sociedade patriarcal.

    O ciclo do ouro perodo da hist-ria colonial e econmica do pas, quecompreende o final do sculo XVII e o

    final do sculo XVIII, em que a extra-o de ouro e diamantes alterou deci-sivamente a economia brasileira daque-la poca. Aproximadamente 2/3 das la-vras se concentrou em Minas Gerais eo restante distribudo nos Estados deGois, Bahia e Mato Grosso.

    A explorao do ouro e de diaman-tes determinou o rpido crescimento dapopulao brasileira e sua interioriza-o. A importao de escravos triplicouem relao aos dois ciclos citados an-teriormente. Como conseqncia sur-giram cidades ricas em Minas Gerais eestreitaram-se as conexes entre asvrias regies da Colnia. O ouro bra-sileiro favoreceu o esplendor da cortede d. Joo V e as iniciativas econmi-cas do Marqus de Pombal, mas flui,em sua maior parte, para a Inglaterraestimulando a Revoluo Industrial.Com o esgotamento das minas, acen-tuou-se a contradio entre a coroa esua colnia, pois a metrpole insistiana adoo de mtodos tributriostruculentos e inquos, que logo se es-palharam nas regies aurferas ediamantferas do Brasil, fato esse quecausou interminveis conflitos que seestenderam por todo o sculo, dandoorigem Inconfidncia Mineira3 .

    Desses trs importantes ciclos eco-nmicos do Brasil pontuados at aqui,o da minerao, ou melhor, o Ciclo dasGemas Coradas Brasileiras e do Ouro,permanecem vivos. Entretanto, todaessa potencialidade est inativa dianteda dinmica do mercado mundial e dasua condio privilegiada de principalprodutor de gemas coradas do mundo4e um dos maiores em produo prim-ria de ouro.

    3 Paulo Sandroni. Dicionrio de economia, p.97.4 Golds Mineral Services. Londres, 1998.

  • O Setor de Gemas, Jias e Artefatos da Bahia: em busca de uma poltica... Paulo Henrique Leito Lopes

    49

    Apesar de suas reais potencialidadesgemolgicas e aurferas, como podere-mos atestar no decorrer deste artigo, oBrasil continua deitado em bero espln-dido como se estivesse ainda no pero-do colonial, exercendo apenas o papelde mero exportador de matrias-primas(ouro, gemas e outros metais preciosos).Enquanto isso, verifica-se que pasescomo os Estados Unidos da Amrica,Tailndia, Israel, ndia e, mais recente-mente, a China souberam revisar e re-formar suas polticas de fomento levan-do sempre em considerao s suas pe-culiaridades e as questes consideradasimpeditivas para o desenvolvimento.

    A exemplo dos pases que soube-ram, de forma racional e inteligente,ajustar suas polticas s suas particu-laridades de produo e comercializa-o de gemas e metais preciosos, oBrasil e, em particular, a Bahia, pode-ro adotar o mesmo processo, uma vezque detm uma larga vantagem com-parativa em relao a outros pases quesustentam posies de liderana nomercado mundial. Ressalte-se aqui,que a proposta bsica criar mecanis-mos e aplicar os j existentes por ou-tros pases, de modo que essas vanta-gens comparativas sejam convertidasem vantagens competitivas.

    Mas importante salientar que, an-tes de tudo, necessrio caminhar nosentido direto da construo de umapoltica integrada de desenvolvimentopara o setor de gemas e jias a partirdessas mesmas vantagens comparati-vas, as quais sero abordadas nestetrabalho.

    A histria do ouro e dos diamantesno Brasil e a atual experincia interna-cional apontam para a formulao deuma poltica especfica de fomento parao setor de gemas, jias, metais precio-

    sos e de artefatos minerais da Bahia,assim como de todo o pas.

    A formulao dessa poltica quepossibilite a gerao de novos empre-gos, de renda e de divisas, que, aomesmo tempo, combata o alto grau deinformalidade e aumente, por conseq-ncia, a arrecadao de impostos, aincorporao de novas tecnologias eoutras variveis mercadolgicas, aexemplo do design, prescreve, semsombra de dvidas, o envolvimento dogoverno e empresrios do setor na bus-ca de um entendimento inequvoco daspeculiaridades desse segmento econ-mico, cujos produtos so de fcilocultao, alto valor agregado e consi-derados quase moeda.

    Ressaltamos porm, que a base deformulao dessa poltica passa inici-almente pela questo tributria. Para-doxalmente, a experincia interna emundial, tem comprovado que o sim-ples aumento de alquotas de impostoreduz a arrecadao de impostos, en-quanto que a reduo de alquota au-menta a arrecadao.

    Assim este artigo objetiva trazer tona a discusso em torno da imple-mentao de uma poltica de fomentoe desenvolvimento sustentvel para osetor de gemas, jias, metais preciosose artefatos minerais da Bahia. Mas umapoltica que seja capaz de compreen-der as peculiaridades e as facetasdesse segmento econmico.

    II ASPECTOS ADMINIS- TRATIVOS E DE MERCADO

    O segmento econmico de gemas,jias, metais preciosos, bijuterias, arte-fatos minerais e afins est representa-do pelo Captulo 71 da Nomenclatura

  • CADERNOS DE ANLISE REGIONAL - PERSPECTIVAS DA MINERAO NA BAHIA

    50

    Comum do Mercosul NCM, em suaSeo XIV da Tarifa Externa Comum TEC.

    Apresentamos a seguir a LegislaoBsica do setor:

    Portaria SCE n02/92 de 22.12.92,DOU 24.12.92;

    Instruo Normativa SRF n28/94; Cartas Circulares do Banco Cen-

    tral; Regulamento do ICMS/Ba; Legislao subseqente.Este captulo 71 NCM encontra-se

    segmentado da seguinte forma: Gemas em estado bruto e lapida-

    da; Barra de ouro; Joalheria de ouro; Obras de pedras artefato mine-

    ral; Folheados de metais preciosos; Bijuteria; Produtos para industria.No que diz respeito s gemas pe-

    dras preciosas o mercado mundialest dividido em dois distintos grupos:

    1. Gemas Coradas so pedraspreciosas de cor, a exemplo dasesmeraldas, guas marinhas,ametistas, turmalinas, topzios,etc. Trata-se de um mercado li-teralmente regulado pela Lei daOferta X Procura.

    2. Diamantes mercado forte-mente controlado pela De Beers,cartel sul-africano e ingls quecontrola a produo e comercia-lizao de diamantes no mundo.

    III PANORAMA MUNDIALDO SETOR DE GEMASE JIAS

    O potencial estimado das transa-es internacionais anuais de gemas ejias, folheados e obras de pedras (ar-tefatos minerais) de aproximadamenteUS$18,4 bilhes em 2000, conformedemonstrado na tabela abaixo:

    Potencial Estimadodo Mercado Internacional

    (montante das transaes anuais)

    Fonte: Gold Fields Mineral Services Ltd. GoldSurvey 2001.

    Dada a sua potencialidade merca-dolgica e de sua riqueza em gemas eouro, conclui-se que o Brasil detm umainexpressiva fatia do mercado mundial.

    A seguir para que o leitor possa teruma idia ntida do mercado mundial,apresentaremos as estatsticas dosprincipais pases produtores de diaman-tes, principais produtores de ouro embruto, principais pases fabricantes dejoalheria de ouro e principais pasesconsumidores de joalheria de ouro.

    As informaes de mercado apre-sentadas a seguir so provenientes deuma das mais importantes e represen-tativas instituies do setor de gemas,jias, metais preciosos e afins em nvelmundial: Gold fields Mineral ServicesLtd.

    MercadoMundial

    ParticipaoBrasileira

    Gemas Coradas US$1,5 bi 5,0%Diamantes US$8,5 bi 1,0%Jias de Ouro US$7,0 bi 0,5%Folheados US$700 milhes 1,0%Artefatos de Pedras US$700 milhes 2,0%

  • O Setor de Gemas, Jias e Artefatos da Bahia: em busca de uma poltica... Paulo Henrique Leito Lopes

    51

    FONTE: Gold Fields Mineral Service LTD. GoldSurvey 2001.

    No que diz respeito produo deouro bruto ocupamos a 12 posio noRanking Mundial que vem apresentan-do expanso da produo de 1997 a2000.

    PRINCIPAIS PASES PRODUTORESDE OURO EM BRUTO 1997 A 2000

    Em toneladas

    ranking mundial com apenas 23 tone-ladas, ocupando a 29 posio.

    Em relao aos pases que maisconsumem joalheria de ouro, o Brasil o 22 colocado com 38 toneladas con-sumidas em 2000. A ndia imbatvelcom 600 toneladas consumidas contra645t de jias produzidas, ou seja, omercado indiano consume 93% de suaproduo de joalheria de ouro. O Esta-dos Unidos aparecem em 2 lugar com409 toneladas, China com 184 tonela-das e em 4 a Arbia Saudita com 169toneladas, performance registrada noano de 2000.

    IV PANORAMABRASILEIRO DE GEMASE JIAS

    De acordo com o GOLD FIELDSMINERAL SERVICE, o Brasil o 12produtor mundial de ouro. No que tan-ge as reservas gemolgicas, o Brasil apontado pelos principais rgos inter-nacionais, a exemplo da CIBJO - Con-federao Internacional do Setor, DeBeers, dentre outros, como a principalreserva de pedras preciosas do plane-ta. Estima-se que 1/3 das gemas cora-das comercializadas no mundo so pro-venientes do Brasil.

    sabido por todos que desde osprimrdios da civilizao, as pedras pre-ciosas as gemas vm proporcionan-do a gerao de negcios, empregos,divisas e at aumento da arrecadaode impostos por parte dos governos.Sendo considerada uma das maioresreservas gemolgicas do mundo e me-tade das reservas planetrias de ouroe de pedras preciosas e semipreciosas,a participao brasileira no comrciointernacional de gemas coradas, jiase diamantes no ultrapassa 1,4%.

    PRINCIPAIS PASES PRODUTORESDE DIAMANTES 2000

    Fonte: Gold Fields Mineral Services Ltda. GoldSurvey - 2001

    Em termos de fabricao de jias deouro, a maior indstria do planeta estlocalizada na ndia com a utilizao de645 toneladas em 2000. Em seguida aItlia com 509 toneladas, Estados Uni-dos com 182 toneladas e China com166 toneladas. O Brasil aparece no

    Pases Participaono Total

    Botswana 28%Rssia 20%Angola 14%frica do Sul 11%Nambia 6%Canad 6%Repblica do Congo 5%Austrlia 4%Demais Pases 6%

    TOTAL 100%

    Pases 1997 1998 1999 20001 frica do Sul 493 464 450 4282 EUA 359 366 342 3553 Austrlia 313 310 300 2964 China 153 160 156 1625 Canad 168 164 158 1556 Rssia 138 127 138 15512 Brasil 59 55 54 53Demais 235 228 226 229TOTAL 2.480 2.541 2.568 2.573

  • CADERNOS DE ANLISE REGIONAL - PERSPECTIVAS DA MINERAO NA BAHIA

    52

    As primeiras descobertas de metaispreciosos remontam ao sculo XVIII,quando os bandeirantes se aventuravamna busca de fantsticas riquezas e, aomesmo tempo, expandiam as fronteirasdo Brasil. Cada vez mais, novas reasde garimpo tm surgido pelo Brasil afo-ra, na busca insana de riquezas.

    O desenvolvimento inicial da inds-tria brasileira de jias teve incio em 1941,com restries exportao de pedraspreciosas em bruto. A revoluo no seg-mento ocorre com as mudanas experi-mentadas nas tcnicas de lapidar e in-crustar gemas, o que culminou, a partirda, na produo de belas peas negoci-adas nas sofisticadas lojas europias dadcada de 50. o panorama brasileiro degemas coradas se aquilatou com a des-coberta de esmeraldas de alto valor co-mercial na Bahia, na dcada de 605 .

    O ressurgimento vigoroso da inds-tria de jias proporcionou a renovaoda maneira pela qual se extraam asgemas das minas descobertas nos Es-

    tados de Gois, Cear, Paraba e MinasGerais. O Estado de Minas, por sinal, asminas foram reativadas em condiesviveis de explorao do ponto de vistatcnico e econmico. Assim, comeavao caminho da produo de pedras pre-ciosas coradas que podem substituir asmais valorizadas, como esmeraldas, ru-bis ou safiras.

    Conhecido mundialmente pelas suasimensas riquezas gemolgicas, o Brasilexportou US$568 milhes, em 1999,sendo US$330 milhes em barras deouro e chapas (aproximadamente 58%do total). Com exportaes de apenasUS$143 milhes, insignificantes para acondio de integrante do seleto clubede produtores globais de gemas cora-das*6 , o Pas ocupa 7 lugar na classifi-cao na classificao mundial, grande

    EXPORTAO BRASILEIRA DO CAPTULO 71 DA NCM1996 - 2000

    US$ mil

    Fonte: MDIC/SECEX/DECEXElaborao: PROGEMAS(*): No inclui exportaes realizadas a no residentes (antigo DEE)

    5 Segundo o Mapa Gemolgico da Bahia, os prin-cipais garimpos de esmeraldas so os deSocot, em Campo Formoso e da Carnaba, emPindobau.

    6 Exceto rubis, safiras e diamantes.

    Principais Itens 1996 1997 1998 1999 2000

    Diamantes em Bruto 5.729 2.507 1.295 4.122 6.254Diamantes Lapidados 25.916 29.260 11.726 6.389 4.645Pedras Preciosas em Bruto 27.024 32.988 24.113 26.291 29.993Rubis, Safiras e Esmeraldas Lapidadas 11.729 5.095 3.652 12.391 21.993Outras Pedras Preciosas Lapidadas 42.774 34.009 25.952 32.081 39.805Obras e Artefatos de Pedras 11.044 10.120 9.019 9.466 9.716Ouro em Barras, Fios e Chapas 570.959 489.394 371.808 329.982 356.980Produtos de Metais Preciosos p/ Indstria 3.982 20.099 39.709 54.957 56.013Artefatos de Joalheria de Ouro 19.506 28.293 25.213 27.235 24.200Folheados de Metais Preciosos 5.602 5.544 7.069 7.514 11.430Bijuterias de Metais Comum 3.559 4.872 4.767 3.060 3.003Outros Produtos 14.167 10.533 5.305 4.744 2.609TOTAL 741.991 672.714 529.628 518.232 566.641

  • O Setor de Gemas, Jias e Artefatos da Bahia: em busca de uma poltica... Paulo Henrique Leito Lopes

    53

    capacidade de expanso e expectativade incremento de suas vendas externas.

    Vale ressaltar que 20% da produode ouro do Brasil destinado industriade jias, enquanto que 80% est con-centrado no mercado financeiro. Nospases em que o setor de gema s e ji-as considerado estratgico, essa re-lao inversa.

    Os mecanismos utilizados paraincrementar suas vendas externas po-dem transformar suas riquezas mine-rais (gemolgicas e aurferas) em soci-ais. Estatsticas setoriais indicam pos-sibilidades de crescimento significativoao verificado nos ltimos anos para ofaturamento bruto, impostos arrecada-dos e gerao de empregos.

    de fundamental importncia quesejam adotadas as seguintes aes nosetor de gemas e jias:

    Investimentos em pesquisa, pros-peco e lavra;

    Qualificao da mo-de-obra; Incentivos dos Governos Federal

    e dos Estaduais; Desenvolvimento gerencial nos

    garimpos, empresas produtoras eexportadoras;

    Desregulamentao dos procedi-mentos operacionais e fiscais;

    Poltica tributria similar a dosprincipais Pases produtores e ex-portadores dos produtos destecaptulo 71 NCM. (*)

    V PANORAMA DOMERCADO BAIANO DEGEMAS E JIAS

    No contexto brasileiro, a Bahia umdos estados mais privilegiados em ter-mos de pedras preciosas - 2 produtornacional de gemas em estado bruto -

    pois quase todo territrio propcio paraexplorao, alm de ser produtor de es-meraldas consideradas mundialmentecom as mais belas, no encontradas emnenhum outro lugar do mundo. No dizrespeito as principais minas de esme-raldas, podemos destacar as minas tra-dicionais de Socot e Carnaba, alm deoutras gemas como gua marinha,ametista, topzio azul, turmalinas, quart-zos diversos, citrinos, turmalinas, etc.

    Aliado a vocao natural do Estado,o Governo da Bahia vem desenvolven-do uma estratgia que visa incentivar osetor no sentido de incrementar as ex-portaes dos produtos beneficiados.Em 2000, as exportaes do captulo 71NCM da Bahia atingiu os US$ 46,85 mi-lhes de dlares sendo que desse totalUS$45,67 milhes de ouro em barras,fios, etc. conforme tabela abaixo. A pers-pectiva que estes nmeros sejam re-vertidos, gerando mais renda, empregoe influindo positivamente nas economi-as regionais, caso a tentativa de cele-brao de Acordo Setorial - ver anexo 1- seja concretizado pelo governo da Ba-hia e empresrios do setor.

    Nesse contexto alm da produo degemas e de jias, a produo de artefa-to mineral uma alternativa para o se-tor. A disponibilidade de matria prima,que so rejeitos das jazidas, a criativi-dade do arteso baiano e o empenhodo governo estadual em incrementar apauta de exportaes de produtos be-neficiados se apresentam como fatoresdecisivos para o sucesso do projeto.

    A Bahia, apesar de ser responsvelpor 10% das exportaes nacionais,pouco explora o seu real potencial. Asiniciativas associativistas como as deCampo Formoso, Macabas, Oliveira

    (*) Nomenclatura Comum do Mercosul conf. p. 65.

  • CADERNOS DE ANLISE REGIONAL - PERSPECTIVAS DA MINERAO NA BAHIA

    54

    dos Brejinhos e Vitria da Conquistaainda so incipientes e so verificadasdeficincias bsicas de ordem tcnicae gerencial.

    No ano de 1997 com o apoio do Se-brae Nacional e do World Gold Council,o Instituto Brasileiro de Gemas e MetaisPreciosos - IBGM e a Associao Bahia-na dos Produtores e Comerciantes deGemas, Jias, Metais Preciosos e Afins PROGEMAS realizaram uma pesqui-sa de campo no estado da Bahia, queserviram para ratificar as principais ca-ractersticas e peculiaridades desse seg-mento econmico, entre elas:

    Perfil Genrico do Setor na Bahia1. O Setor basicamente constitudo

    de micro e pequenas empresas, decunho familiar, espalhadas pratica-mente por todo o Estado;

    2. A industria de jias incipiente;3. O Estado j ofereceu alguns incen-

    tivos para lapidao;4. O mercado interno bastante re-

    duzido para o segmento de gemas,que absorve apenas 5 a 10% desua produo;

    5. O setor tem uma elevada carga tri-butria, em torno de 51%, para asvendas internas de jias e bijute-rias (a mdia internacional varia de

    12 a 15%), vale lembrar que nocaso da Bahia a carga tributriasobe para 61%, a confusa e com-plexa legislao fiscal e mineral ea competio desleal da produoinformal no tem possibilitado ofortalecimento e a expanso dosetor em nosso Estado;

    Principais Caractersticas1. Apresenta, em mdia, defasagem

    tecnolgica nos processos produ-tivos, nas mquinas e equipamen-tos e nos mtodos de gesto;

    2. intensivo em mo-de-obra;3. A industria de lapidao basica-

    mente voltada para exportao, ade bijuteria para o mercado inter-no, a do artefato mineral para omercado interno e o segmento dejias para ambos os mercados,embora a pauta de exportaesseja inexpressiva;

    4. As indstrias de lapidao e de ji-as apresentam incomum relaoentre capital fixo e capital de giro;

    5. Os produtos do setor so de fcilocultao, contidos em peas depequeno volume e peso (jias pe-dras), o que inviabiliza a prpria fis-calizao.

    EXPORTAO DO ESTADO DA BAHIA DE GEMAS, METAIS PRECIOSOS,JIAS E AFINS - CAPTULO 71 - NCM

    PRINCIPAIS ITENS 2000 1999 1998 1997Ouro em Barras, Fios, etc. 45.675 36.953 66.384 81.293Pedras Preciosas em Bruto 1.056 1.804 841 331Diamantes Lapidados 33 - - -Rubis, Safiras e Esmeraldas Lapidadas - 379 4 6Obras e artefatos de Pedras - 9 - 16Outras Pedras Preciosas Lapidadas 1 6 73 24Outros 81 70 - -

    TOTAL 46.846 39.221 67.302 81.670

  • O Setor de Gemas, Jias e Artefatos da Bahia: em busca de uma poltica... Paulo Henrique Leito Lopes

    55

    Outras Caractersticas

    1. Possui grande sensibilidade a car-ga tributria;

    2. O sistema de comercializao degemas e metais preciosos base-ado na cotao da moeda ameri-cana (dlar paralelo);

    3. Comrcio mundialmente livre, noexistindo, normalmente impostosde importao/exportao paramatrias-primas e pedras lapida-das, bem como alquotas para arti-gos de joalherias so reduzidos.

    As Gemas BrutasA Bahia um dos principais produ-

    tores de gemas brutas, com destaquepara a produo de esmeraldas, ame-tista, citrino, diamante e gua marinha.Quase toda produo provm de garim-pos, ou seja, de um modo de produoartesanal, sendo at hoje os principaisplos de extrao os de Socot, emCampo Formoso e Carnaba, no muni-cpio de Pindobau, na regio centro-norte do estado ambos de produo deesmeraldas, Cabeluda (ametista/citri-no), Lenis e Andara (diamante) ePedra Azul (gua marinha).

    O domnio da atividade garimpeiratem razes histricas que remontam poca da colonizao. Alm disso, tmcontribudo para essa situao as ca-ractersticas das prprias exploraes,que so equivocadas e de difcil con-trole geolgico; a falta de alternativaatrativa para grande nmero de garim-peiros; a esperana de enriquecimentorpido; a falta de entendimento da mi-nerao como uma atividade industrialorganizada tanto pelos produtorescomo pelo prprio governo.

    A comercializao se d de manei-ra predominantemente informal, sem

    qualquer fiscalizao, na origem, ou se-ja, no prprio garimpo ou em feiras li-vres nos centros urbanos prximos aestas minas. Contribuem para essa in-formalidade a marginalidade de muitosdos participantes do comrcio de ge-mas, a facilidade de ocultao que elaspropiciam, a elevada tributao nasoperaes internas que aumenta a re-compensa sonegao, etc.

    Gemas LapidadasA Bahia apesar de ser um grande

    produtor de gemas, a lapidao pou-ca desenvolvida, sendo a produo, emquase sua totalidade, comercializadaem bruto. H apenas dois pequenoscentros de lapidao localizados emCampo Formoso e Salvador. Existemcentros de lapidao mais desenvolvi-dos em outros estados brasileiros o quedificulta o crescimento desta atividade.

    Algumas medidas foram tomadaspara superao desse problema comoa implantao de diversos centros delapidao e treinamento de mo-de-obra espalhada pelo estado. Os resul-tados , no entanto, tm sido incipientes,insatisfatrios, quase inexistentes.

    JiasO segmento de produo artesanal

    e comercializao de jias na Bahiaest concentrado em Salvador, ondeatuam aproximadamente 15 empresas.Os produtores e comerciantes de jiastm pleiteado mudanas na carga tri-butria a que esto sujeitos nas opera-es internas, tanto com relao aoICMS como ao IPI, alegando que ascondies vigentes e baseado na ex-perincia e concorrncia internacionaisimpedem o crescimento do mercadonacional e local.

  • CADERNOS DE ANLISE REGIONAL - PERSPECTIVAS DA MINERAO NA BAHIA

    56

    VI A CARGA TRIBUTRIAConsiderado a principal restrio

    institucional do setor de gemas, jias,metais preciosos e artefatos minerais,o volume da carga tributria mais o graude complexidade fiscal tm desempe-nhado papel essencial para o xito oufracasso da industria joalheira e delapidao no Brasil e no mundo, cons-tituindo-se atualmente num verdadeiroentrave para o seu desenvolvimentosustentado.

    A situao vigente deve ser realiza-da em dois nveis,a saber: na produoda matria-prima em bruto e na indus-trializao. No caso da primeira quedetermina o maior ou menor grau deregularizao da origem. Como ouro epedras so obtidas basicamente atra-vs de garimpos e representam o mai-or peso na composio dos custos dosprodutos industrializados, tributaoelevada e exigncias fiscais complexasinduzam fortemente ao descaminho.Uma mxima de mercado alerta que sea pedra e o ouro no tiverem certidode nascimento a jia tambm no ter.

    H de considerar tambm que a altacarga tributria na jia leva criaode um grande mercado informal, queconcorre de forma desleal com as em-presas legalizadas. Resultado prtico:essas empresas tm dificuldades deinvestir, e, portanto, de alcanar escalacompatvel com o mercado internacio-nal, perdendo assim competitividade.

    Segundo o IBGM Instituto Brasi-leiro de Gemas e Metais Preciosos, aproduo de matria-prima em bruto, ofator que induz mais fortemente o setorde gemas e jias ao mercado informal a alta carga tributria estadual inci-dente sobre a produo de gemas emetais preciosos. Isso se deve pela in-corporao do antigo Imposto nicosobre Minerais IUM pelo ICMS, quenormalmente prev alquotas estaduais

    de 18% e interestaduais de 12%7 . Essasituao se agrava ainda mais pelo fatode que pelo menos 90% das gemasextradas tem como destino final a ex-portao e, portanto, no deveria incidirnenhum imposto.

    No que diz respeito ao ouro, a duali-dade de alquotas (18% ou 12% de ICMSpara matria-prima e 1% sobre ouro ati-vo financeiro) causou o inusitado fato dedestinar quase que 80% da produoprimria para o mercado financeiro, ,queno gera emprego nem valor agregado.Atualmente o mercado financeiro foisubstitudo pelas exportaes de ouroem barra que tornou-se mais lucrativopela no incidncia de impostos.

    7 A Bahia detm a maior alquota de ICMS dopas incidente sobre jias que de 25%.

    PasesBrasil .......................................... 51,2%Chile ........................................... 18,8%Argentina ...................................18,0%Inglaterra ...................................17,5%Alemanha .................................. 14,0%Espanha..................................... 12,0%Tailndia .................................... 10,3%EUA .............................................. 7,0%Sua ............................................ 6,5%Venezuela .................................... 6,0%Japo ........................................... 3,0%

    Carga Tributria Interna naComercializao de Gemas e Jias

    no Mundo

    Pases

    Bras

    il

    Chile

    Arge

    ntin

    a

    Ingl

    ater

    ra

    Alem

    anha

    Espa

    nha

    Tail

    ndia

    EUA

    Su

    a

    Vene

    zuel

    a

    Jap

    o

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    Alquotas

  • O Setor de Gemas, Jias e Artefatos da Bahia: em busca de uma poltica... Paulo Henrique Leito Lopes

    57

    VII UMA HISTRIA DESUCESSO8

    Agora vamos contar uma histriareal e de sucesso. Em 1982, tomou-seuma importante deciso poltica: darprioridade expanso da produonacional de jias, aproveitando-se opotencial de crescimento do mercadomundial e utilizando-se as vantagenscompetitivas do pas.

    Desde o primeiro choque do petr-leo, ocorrido em meados da dcadaanterior, os desequilbrios no balanode pagamentos, seguidos por gravescrises cambiais se sucediam. A dca-da de 80 que se iniciava, prenunciavanuvens sombrias e instabilidade.

    O Setor de Gemas, Jias e MetaisPreciosos foi escolhido como uma dasprioridades nacionais porque, dentreos diferentes setores industriais, suacapacidade de resposta estmulosapropriados era uma das mais rpidas.Por outro lado, o setor era intensivo emmo-de-obra abundante e barata; a re-lao entre capital fixo e faturamentoera uma das menores; a tecnologia erarelativamente simples, de custo relati-vamente reduzido e de fcil acesso; opas era grande produtor de pedraspreciosas, que, em sua maioria, naque-la poca, eram exportadas apenas emestado. Sua utilizao pela indstriajoalheira, agregava valor e, o que eramais importante, empregos, que emmuito iriam contribuir para amenizar ograve quadro social causado pelosdesequilbrios econmicos mundiaisque se prenunciavam para a dcadade 90.

    Todavia, uma condio fundamen-tal, essencial deveria ser criada paratornar possvel o Programa: poltica fis-cal e tributria adequada s caracters-

    ticas internacionais do segmento degemas, jias e metais preciosos.

    A determinao poltica do Gover-no na obteno de resultados concre-tos e importantes para o pas resultouna promulgao da Lei de Promoesde Investimentos para o setor e naiseno de impostos de importaopara pedras em bruto, lapidadas e parao ouro, com o intuito de se reverter ofluxo comercial e alterar o perfil de ex-portador de matrias-primas da inds-tria joalheira, para pas importador degemas em bruto e exportador de pro-dutos manufaturados.

    Partindo-se do princpio de que a ex-panso do mercado interno era condioessencial para o fortalecimento dasindustrias e para obteno das escalasnecessrias para disputar o concorridomercado internacional, o governo de for-ma inteligente, reduziu os impostos inter-nos para uma carga total de 12%.

    As medidas acima foram comple-mentadas pela reduo, para 5%, daalquota de importao de mquinas eequipamentos fundamentais para amodernizao industrial do setor.

    Uma vez criadas, pelo Governo, ascondies de poltica econmica neces-srias, o empresariado fez o seu papele elevou as exportaes de gemas ejias de US$156 milhes em 1982, paraUS$2 bilhes em 1993.

    Modernos Centros de Comerciali-zao de Jias foram construdos, sen-do o maior uma torre com 55 andares,que abriga a Bolsa Internacional deGemas e Diamantes. Dessa formidvelexpanso surgiu at mesmo uma cida-de exclusivamente orientada para a

    8 Transcrito do livreto Ouro, Gemas e Jias: embusca de um entendimento. Braslia IBGM,2001.

  • CADERNOS DE ANLISE REGIONAL - PERSPECTIVAS DA MINERAO NA BAHIA

    58

    industria de gemas lapidadas e jias- aGEMPOLIS onde foram construdas46 novas e modernas fbricas, residn-cias para 20.000 trabalhadores, duastorres para escritrios e comercializao.Mais uma vez o Governo compreendeue fez e cumpriu a sua parte, instituindoem torno da referida cidade das gemasuma zona livre de comercializaoobjetivando assim, aproveitar todo po-tencial exportador ora criado.

    Tornar-se-ia ocioso afirmar que areduo inicial de impostos, para via-bilizar o Programa, retornou em prs-peros dividendos para toda a socieda-de. Houve, na verdade, gerao de no-vos empregos com melhor qualificao,aumento do nvel de divisas que auxi-liou muito na superao das sucessi-vas crises cambiais e tambm no au-mento significativa da arrecadao deimpostos.

    Essa brilhante e maravilhosa hist-ria no um conto de fadas. Trata-sede uma experincia verdica. Essa his-tria de sucesso infelizmente no nossa, e sim da TAILNDIA.

    O Brasil poderia ter desfrutado des-sa experincia, pois no incio da dca-

    da de 80, as semelhanas entre os doispases era muito grande: o valor dasexportaes praticamente era o mes-mo, ou seja, em torno de US$150 mi-lhes (nessa poca tanto o Brasil comoa Tailndia eram exportadores de pe-dras preciosas em bruto) e o nvel deescolaridade da populao era seme-lhante.

    Outros pases bem sucedidos forama Itlia, a Blgica, Israel, Holanda, Coria,ndia e mais recentemente a China. Es-tes pases adotaram programas coorde-nados de estruturao do setor, contem-plando toda a cadeia produtiva, prece-didos de forte reduo dos impostos,inclusive para importao de matrias-primas, mquinas e equipamentos, almda prpria simplificao dos procedi-mentos fiscais.

    No seria interessante tomar comobase as experincias internacionaispara o setor de gemas e jias do Esta-do da Bahia to rico em gemas cora-das, diamante e ouro?! Por que noconseguimos construir esse entendi-mento para a criao de uma polticade fomento especfica, onde Governo,Empresrios e Trabalhadores juntos

    VISTA PANORMICA DA CIDADE DAS GEMAS - GEMPOLIS

  • O Setor de Gemas, Jias e Artefatos da Bahia: em busca de uma poltica... Paulo Henrique Leito Lopes

    59

    poderiam desatar as amarras que im-pedem o desenvolvimento sustentadodesse segmento econmico?

    Costumamos atribuir nossos fracas-sos aos fatores culturais adversos..Entretanto, a internacionalizao daeconomia e o fenmeno da globali-zao das comunicaes, ao difundirvalores globais, tm reduzido, signifi-cativamente, o grau de influncia dasculturas locais.

    Segundo o conceituado McKinseyGlobal Institute, cuja funo produzirestudos comparativos do mercado emdiferentes regies do mundo, concluiu,ao estudar comparativamente o desem-penho de uma dzia de pases, entreeles o Brasil, que, o que determina queuma regio tire maior proveito das opor-tunidades de crescimento a polticaadotada. Concordamos de imediato comessa tese, pois ela um fator mais influ-ente no desempenho global que a cultu-ra do povo. O exemplo do desenvolvi-mento econmico ingls, vis--vis coma americano, um exemplo tpico. Am-bos so de origem anglo-saxnica, maso desempenho econmico desigual.

    Uma outra explicao, segundo oreferido Instituto, que um ponto sen-svel na receita do crescimento est nasregras setoriais sob as quais as empre-sas tm que operar. Trata-se de micror-regulamentaes que, normalmente,no chamam muito ateno porque somuitas e muito detalhadas.

    CONSIDERAES FINAISO tratamento dispensado ao setor

    pelas autoridades fazendrias precisaurgentemente ser revisto. Toda e qual-quer proposta encaminhada pelo setorde gemas e jias so sempre ignora-das em nome do conceito e visosimplista da essencialidade.

    Sabemos, contudo, que o conceitoda essencialidade de difcil aplicao,muito subjetivo e tem sido crescente-mente substitudo pelo conceito dopragmatismo tributrio. Na realidade, osgovernos tm tributado, com alquotaselevadas, bens considerados de gran-de essencialidade, a exemplo de tele-fonia, energia eltrica e combustveisem funo da simplicidade e facilidadede arrecadao.

    Imaginemos o inverso dessa situa-o, no seria tambm verdadeiro? Pro-dutos de fcil ocultao e que agregammuito valor, que so de difcil arrecada-o e fiscalizao, como gemas, jias,metais preciosos e artefatos minerais,deveriam ter alquotas baixas, deses-timulando a clandestinidade e, por con-seqncia proporcionar maior arreca-dao de impostos.

    Os argumentos apresentados acimano foram levados em considerao etodas as nossas propostas em nvel na-cional e estadual (Bahia) foram arqui-vadas e/ou rejeitadas, apesar de esta-belecer claramente que a reduo dealquota geraria aumento de arrecada-o, exportao e de emprego, ou seja,um fantstico ganho para a sociedadecomo um todo.

    O potencial brasileiro imenso, damesma forma se apresenta o subsolobaiano como j dissemos at aqui.Poderamos com muita facilidade atin-gir os nveis obtidos pela Tailndia, comsuas conseqncias extremamente be-nficas sobre todos os indicadores s-cio-econmicos, revertendo a insusten-tvel situao atual de crescente infor-malidade, que vem impiedosamenteatrofiando o setor pela concorrncia des-leal para com as empresas legalizadas.

    A Associao Bahiana dos Produ-tores e Comerciantes de Gemas,

  • CADERNOS DE ANLISE REGIONAL - PERSPECTIVAS DA MINERAO NA BAHIA

    60

    Jias, Metais Preciosos e Afins PRO-GEMAS e o Instituto Brasileiro de Ge-mas e Metais Preciosos IBGM acredi-tam firmemente nessas vantagens e en-tendem que o incio deste milnio, comfreqentes quedas de paradigmas ecom a globalizao da economia, omomento ideal para se tomar medidasrealistas de reduo da carga tributria.

    A proposta do Setor de Gemas,Jias, Metais Preciosos e Afins da Ba-hia passa necessariamente por duasetapas:

    A 1 etapa consiste em aguardar areduo das alquotas do IPI para arti-gos de joalheria, folheados de metaispreciosos e artefatos e obras de pedraspara os nveis vigentes at 1990, ouseja, alquota de IPI de 5%. Este umtrabalho que vem sendo articulado sis-tematicamente pelo IBGM. Em parale-lo a PROGEMAS estar retomando suaproposta de acordo setorial junto aogoverno baiano VER ANEXO 2 queprev entre outras coisas a reduo doICMS de 25% para 12%.

    Esperamos que na Reforma Tribu-

    tria , o setor tenha alquotas de con-sumo compatveis com o mercado in-ternacional que algo em torno de 15%.

    A 2 etapa um desdobramentonatural e a resposta vir diretamente doempresariado que se comprometem aaumentar a arrecadao, o nvel deempregos, de renda e divisas e da pr-pria exportao.

    Precisamos converter nossas van-tagens comparativas em vantagenscompetitivas. Transformar matrias-pri-mas (gemas e ouro) em pedras lapida-das, jias e obras de pedras e seus ar-tefatos minerais. Mas para isso preci-so que haja uma clara compreenso,por parte do governo, das peculiarida-des desse setor econmico. Dessa for-ma, acreditamos que ser possvel ins-tituir uma poltica industrial especficade fomento do setor de gemas e jiasda Bahia.

    Nesta proposta de Acordo Setorialcom o Governo da Bahia s teremosvencedores: A BAHIA, OS EMPRES-RIOS E OS TRABALHADORES.

    VAMOS SOLTAR AS AMARRAS!!!

    RDE Revista deDesenvolvimento EconmicoUma publicao do Departamento deCincias Sociais Aplicadas 2 e do Programde Ps-Graduao em DesenvolvimentoRegional e Urbano PPDRU, da UNIFACS

    Secretaria da RDE:Prdio de Aulas 8 - Campus Iguatemi

    Alameda das Espatdias, 915 - Caminho das `rvoresCEP 41820-460 - Salvador, BA - Tel.: (71) 273-8557/8557

    e-mail: [email protected] www.unifacs.br

  • O Setor de Gemas, Jias e Artefatos da Bahia: em busca de uma poltica... Paulo Henrique Leito Lopes

    61

    Aps a apresentao do cenrio doSetor de Gemas e Jias no mundo, noBrasil e na Bahia, foram discutidas asexperincias de desenvolvimento seto-rial, particularmente a do Estado deMinas Gerais e do Distrito Federal e osprojetos de fomento especficos comoo do Centro Gemolgico da Bahia.

    Ficou bastante claro que, apesar detodo potencial existente no Brasil e naBahia (grande produo de ouro e ge-mas), o setor de gemas e jias s sedesenvolver efetivamente gerandoemprego, renda e divisas, se existir umapoltica de apoio integrada, nas reasde capacitao tecnolgica e gerencial,de treinamento de recursos humanos,de promoo comercial e de reduoda carga tributria e simplificao fis-cal, cobrindo toda a cadeia produtiva.

    Essa poltica dever ser formuladae implementada em conjunto, pelosgovernos federal e estadual e pela ini-ciativa privada, com definio precisadas responsabilidades de cada parte edos objetivos e metas a serem alcana-das. Nesse mbito, a PROGEMAS secomprometeu a apresentar, no curts-simo prazo, um plano de desenvolvi-mento para o setor de gemas e jias daBahia, cujas linhas e diretrizes de aoestariam integradas ao plano nacionaldesenvolvido pelo IBGM.

    Foi tambm ressaltado, no que tan-ge adequao tributria, que esta condio primeira e fundamental parao crescimento do setor de gemas ejias, conforme demonstram as experi-

    ncias dos pases que implementaram,com xito, polticas de fomento a essesetor.

    Nesse sentido, foi julgado conveni-ente e extremamente oportuna a assi-natura de um acordo setorial a ser fir-mado pela PROGEMAS e pelo IBGMcom o Governo do Estado da Bahia, aexemplo do assinado pelo Estado deMinas Gerais.

    No acordo, cuja minuta encontra-seem anexo, contemplou-se as seguinteslinhas de ao, consideradas priorit-rias pelos participantes do Workshop.

    I - Na rea de CapacitaoTecnolgica e Gerencial

    I.1 - Promover a realizao de pa-lestras, seminrios e consulto-rias, visando conscientizar etreinar os empresrios da Ba-hia para a qualidade, produti-vidade e satisfao das exign-cias dos mercados interno eexterno.

    I.2 - Elaborar um diagnstico tcni-co, econmico e social da pro-duo, lapidao e comerciali-zao das gemas e da fabrica-o de jias da Bahia.

    I.3 - Fortalecer o laboratrio gemo-lgico da Bahia, ampliando suacapacitao para atender tam-bm o segmento de metais pre-ciosos e suas ligas.

    I.4 - Avaliar as empresas de lapida-o e joalheria em termos de

    ANEXOS1- PRINCIPAIS CONCLUSES DO WORKSHOP

    - O SETOR DE GEMAS E JIAS - POTENCIAL E REALIDADESalvador - Centro Gemolgico da Bahia - 29 de julho de 1997.

  • CADERNOS DE ANLISE REGIONAL - PERSPECTIVAS DA MINERAO NA BAHIA

    62

    seu processo produtivo (indica-dores de qualidade e produti-vidade) e de sua adequao sexigncias dos mercados inter-no e externo.

    I.5 - Estimular a modernizao dasindstrias do setor, pela incor-porao de novas tcnicas e demquinas e equipamentos maiseficazes e eficientes.

    I.6 - Fortalecer os servios de ex-tenso tecnolgica e de infor-maes tcnicas e mercado-lgica, principalmente os doNcleo Especializado em Ge-mas, Jias e Bijuterias e doNcleo de Design - Gemas eJias, operacionalizados pelaPROGEMAS, no Estado daBahia.

    II - Na rea de Treinamentode Recursos Humanos

    II.1 - Criar e/ou fortalecer cursos delapidao, joalheria, design etcnicas de comercializao,tanto para formar como reciclarpessoal, nos nveis operacionale gerencial.

    II.2 - Promover a vinda de consulto-res externos (nacionais e inter-nacionais) para apoiar os cur-sos e treinar professores emultiplicadores da indstria edo comrcio.

    II.3 - Promover a implantao decursos e programas de Gestopela Qualidade Total nas em-presas do Setor.

    III - Na rea de Promoo Comercial

    III.1 - Promover a participao agru-pada de empresas baianas

    em feiras, exposies e mis-ses comerciais, no Brasil eno exterior.

    III.2 - Promover a publicidade agru-pada e compartilhada do Se-tor, atravs da criao de fo-lhetos, uso de mala diretanacional e internacional,anncio em revistas, encartesnos jornais e chamadas namdia televisiva.

    III.3 - Fortalecer o show-room doCentro Gemolgico da Bahia,principalmente com informa-es voltadas para o turista,brasileiro e estrangeiro.

    III.4 - Promover a criao de umacentral de exportao naestrutura tcnica e adminis-trativa da PROGEMAS a fimde possibilitar que os regis-tros das operaes de comr-cio exterior de seus associa-dos atravs do siscomex sis-tema integrado de comrcioexterior sejam viabilizados deforma rpida e correta.

    IV - Na rea de AdequaoFiscal

    IV.1 - Adotar o diferimento do ICMSsobre operaes internas depedras brutas e lapidadas,bem como de ouro e prata embruto, refinados ou em ligase sobre operaes destina-das industrializao. Ouseja, desonerando toda a ca-deia produtiva, at a fabrica-o da jia ou do artefato depedras preciosas.

    IV.2 - Promover a reduo da al-quota do ICMS incidente so-bre artigos de joalheria (Po-

  • O Setor de Gemas, Jias e Artefatos da Bahia: em busca de uma poltica... Paulo Henrique Leito Lopes

    63

    sies 71.13, 71.14 e 71.16)e de pedras preciosas embruto e lapidadas, de ouro eprata, em bruto, refinado e desuas ligas, para 12%.

    IV.3 - Equiparar exportao, parafins de incidncia do ICMS in-cidente sobre artigos de joa-lheria (posies 71.13, 71.14e 71.16) e de pedras precio-sas e semipreciosas, metaispreciosos, suas obras e arte-fatos de joalheria, quandoefetuadas no mercado inter-no a no residentes no pas,em moeda estrangeira, con-forme Decreto n99.472 de24.08.90 que instituiu o DEE- Documento Especial de Ex-portao, e legislao subse-qente.

    IV.4 - Encaminhar proposta ao CON-FAZ no sentido de ampliar aabrangncia do CONVNIOCONFAZ/ICMS 155/92, inclu-indo alm dos diamantes eesmeraldas, as demais pe-dras e estendendo a reduopara as operaes interesta-duais, de forma a que a inci-dncia do ICMS seja de 1,5%.

    IV.5 - Viabilizar, junto ao governo fe-deral, a reduo da alquotado IPI, de 20% para 5%, deforma a que a carga total in-cidente sobre artigos de joa-lheria fique nos nveis inter-nacionais entre 12 e 15%.

    Salvador, 29 de julho de 1997.Paulo Henrique Leito Lopes

    Presidente

    Objetivos

    Contribuir para solues de problemas econmicos-sociais, ambientais eorganizacionais, a nvel local e regional. Contribuir para formar e atualizar profes-sores, capacitando-os para um desempenho adequado, na graduao e ps-gradua-o. Formar uma massa crtica capaz de desenvolver trabalhos cientficos que con-tribuam para o desenvolvimento local, regional e nacional.

    Prdio de Aulas 08 - Campus Iguatemi Alameda das Espatdias, 915 Caminho das rvores, Salvador-BA

    CEP. 41.820-460 Tel. (071) 273-8528 Fax. (071) 273-8525e-mail: [email protected]

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EMDESENVOLVIMENTO REGIONAL E URBANOMestrado em Anlise Regional(Recomendado pela CAPES)

  • CADERNOS DE ANLISE REGIONAL - PERSPECTIVAS DA MINERAO NA BAHIA

    64

    O Governo do Estado da Bahia, nes-te ato representado pelo Senhor Gover-nador, Csar Borges, a Secretaria deFazenda, neste ato representada peloseu titular, Albrico Machado Mascare-nhas, a Secretaria de Indstria, Comr-cio e Minerao neste ato representa-da pelo seu Titular, Aroldo Cedraz, Associao Bahiana dos Produtores eComerciantes de Gemas, Jias, MetaisPreciosos e Afins, neste ato represen-tada pelo seu Presidente, o SenhorPaulo Henrique Leito Lopes e o Insti-tuto Brasileiro de Gemas e Metais Pre-ciosos, neste ato representado pelo seuPresidente, o Senhor Hcliton SantiniHenriques, doravante denominadosGOVERNO DA BAHIA, SEFAZ, SICM,PROGEMAS e IBGM, os quais consi-derando que:

    1) o Brasil uma das principais pro-vncias gemolgicas do mundo, desta-cando-se a Bahia como 2 produtornacional de gemas em bruto e quartoem produo nacional de ouro e peloexpressivo comrcio de artigos de joa-lheria;

    2) de acordo com os termos daConstituio Federal, em seu artigon174, e da Constituio do Estado daBahia, em seu artigo n......, dever doEstado fomentar e regular as ativida-

    des econmicas, competindo-lhes nes-se sentido, o planejamento de suasaes, a parceria com a iniciativa pri-vada e a observncia dos princpios quenorteiam o federalismo e a expansoda renda e do emprego;

    3) o setor de gemas e jias, emborase constitua numa importante ativida-de econmica do Estado, este no vemaproveitando de maneira racional suaspotencialidades, deixando de gerar ri-quezas e empregos, divisas e arreca-dao de impostos;

    4) h um expressivo nvel de comer-cializao de pedras preciosas e de ji-as no mbito da informalidade, ou seja, margem dos procedimentos legais,penalizando as empresas legalmenteconstitudas e provocando perda de re-ceita do Estado;

    5) os produtos comercializados pelosetor so de difcil fiscalizao, pois sode fcil ocultao, podendo ser trans-portados altos valores em volumes bemreduzidos;

    6) nas discusses e estudos sobreo Setor de Gemas e Jias realizadosat o presente momento, e tomandocomo referncia o workshop realizado,em Salvador, no dia 29 de julho de1997, com a presena de autoridadesdo governo baiano, entre elas o ento

    2 - Proposta de Acordo SetorialPROGEMAS X GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA

    ACORDO SETORIAL QUE ENTRE SI CELEBRAM O GO-VERNO DO ESTADO DA BAHIA, SECRETARIA DA FA-ZENDA - SEFAZ, A SECRETARIA DE INDSTRIA, CO-MRCIO E MINERAO - SICM, A ASSOCIAOBAHIANA DOS PRODUTORES E COMERCIANTES DEGEMAS, JIAS, METAIS PRECIOSOS E AFINS -PROGEMAS E O INSTITUTO BRASILEIRO DE GEMASE METAIS PRECIOSOS - IBGM.

  • O Setor de Gemas, Jias e Artefatos da Bahia: em busca de uma poltica... Paulo Henrique Leito Lopes

    65

    Secretrio de Industria, Comrcio e Mi-nerao, o Dr. Jorge Khoury Hedaye,um dos pontos emergenciais apontadosdizem respeito ao tratamento fiscal etributrio, principalmente objetivando asimplificao fiscal e a reduo de suacarga tributria;

    7) os compromissos a serem assu-midos pelo Estado tm como premissafundamental o interesse pblico.

    Resolvem celebrar o presente Acor-do Setorial mediante o disposto nosTermos a seguir estabelecidos, quemutuamente se obrigam a cumprir eobservar.

    COMPROMISSOS

    A) O ESTADO atravs de seus rgos,autarquias e entidades competentes e noslimites dos dispositivos legais aplicveis,promover as seguintes aes:

    A1) Promover a reduo da alquotado ICMS de 25% para 12% in-cidentes sobre operaes comjias (posio 71.13, 71.1471.16), obedecidos os requisi-tos legais pertinentes;

    A2) Promover a reduo da alquotado ICMS de 17% para 12% in-cidentes sobre operaes compedras preciosas bruta ou lapi-dadas, de ouro e prata, em bru-to, refinado e em ligas, obede-cidos os requisitos legais perti-nentes;

    A3) Adotar o diferimento do ICMSsobre operaes de pedras embruto ou lapidada, bem comoouro, prata em bruto, refinadosou em ligas e sobre operaes

    destinadas industrializao,desde que observadas, pelosbeneficirios, as imposies le-gais previstas no Regulamentodo ICMS/Ba.;

    A4) Instituir o Regime de Substitui-o Tributria nas operaescom jias consoantes assinatu-ra de Protocolos entre os Esta-dos da Bahia e demais Estadosda Federao;

    A5) Equiparar exportao, parafins de incidncia de ICMS, comefeito retroativo a 13.05.91 con-siderando a Portaria n. 07 daSecretaria Nacional de Econo-mia (Departamento de Comr-cio Exterior - DECEX), as ven-das de pedras preciosas e se-mipreciosas, metais preciosos,suas obras e artefatos de joalhe-ria, quando efetuadas no merca-do interno a no residentes nopas, em moeda estrangeira,conforme Decreto n 99.472 de24.08.90 e legislao subse-qente que instituiu o DEE -Documento Especial de Expor-tao, incorporado no ano de1993 ao Sistema Integrado deComrcio Exterior SISCOMEX.

    B) O Estado se compromete tam-bm a mobilizar esforos junto ao Go-verno Federal para que sejam viabiliza-dos os pleitos do Setor de Gemas eJias, relativos quela esfera de com-petncia e que tenham como impactoa reduo da carga tributria e amelhoria da competitividade do setor,com destaque especial para reduo doIPI - Imposto sobre Produtos Industria-lizados, dos atuais 20% para 5%.

  • CADERNOS DE ANLISE REGIONAL - PERSPECTIVAS DA MINERAO NA BAHIA

    66

    C) As Entidades do setor empresa-rial, PROGEMAS e IBGM se compro-metem:

    C1) Promover o aumento da arre-cadao do ICMS pelos seg-mentos, em percentual mnimosde 10% (dez por cento), aferidoa partir de 360 dias contados dadata da concesso dos benef-cios estaduais pleiteados, comocontrapartida s aes viabiliza-das pelo Estado, neste AcordoSetorial/Protocolo de Intenes,alm do incremento de 10% nosnveis de exportao e de 10%na gerao de novos empregospelo Setor. Caso se viabilize areduo do IPI, o aumento daarrecadao ser incrementadoem 20%;

    C2) A engendrar esforos no senti-do de aumentar a legalizaodo setor, promovendo campa-nhas de incentivo para formali-zao de empresas operandono mercado informal; fornecersuporte tcnico-jurdico s em-presas consideradas de fundode quintal, vendedores autno-mos (sacoleiras) para formalizarsuas atividades.

    C3) Promover aes voltadas paraa formao e reciclagem, trei-namento e aperfeioamentodos recursos