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ÓRGÃO MENSAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA PARA TODO O BRASIL • OUTUBRO DE 2017 • ANO 5 • Nº 49 • 15.500 EXEMPLARES DISTRIBUIÇÃO GRATUITA www.institutocairbarschutel.org – www.associacaochicoxavier.com.br Fechamento autorizado Pode ser aberto pela ECT Remetente: INSTITUTO CAIRBAR SCHUTEL Cx. Postal 2013 – 15997-970 – Matão-SP. Cabe aos pais a educação dos filhos Foto: http://www.lds.org Exemplos, conselhos, orientações e especialmente correções das más tendências do caráter preparam para a vida digna em sociedade. Veja página 2. De forma geral os fatores que têm maior influência no desenvolvimento socioemocional de uma criança são os outros seres humanos que a cercam. Em todas as fases a família tem uma importância fundamental. Página 9 Psiquiatria infantil Biografia revela a surpreendente história de superação de Benedita Fernandes. Página 7 Benedita Fernandes

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ÓRGÃO MENSAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA PARA TODO O BRASIL • OUTUBRO DE 2017 • ANO 5 • Nº 49 • 15.500 EXEMPLARES • DISTRIBUIÇÃO GRATUITAwww.institutocairbarschutel.org – www.associacaochicoxavier.com.br

Fechamento autorizadoPode ser aberto pela ECT

Remetente: INSTITUTO CAIRBAR SCHUTELCx. Postal 2013 – 15997-970 – Matão-SP.

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Exemplos, conselhos, orientações e especialmente correções das más tendências do caráter preparam para a vida digna em sociedade. Veja página 2.

De forma geral os fatores que têm maior influência no desenvolvimento socioemocional de uma criança são os outros seres humanos que a cercam. Em todas as fases a família tem uma importância fundamental.

Página 9

Psiquiatria infantilBiografia revela a surpreendente história de superação de Benedita Fernandes.

Página 7

Benedita Fernandes

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Outubro de 2017 PÁGINA 2

Editorial

Mês das crianças e também de Kardec

Passou o EAC, com grande êxito e harmonia. O tra-balho detalhado, anteci-

pado, garante essa circunstância, embora não se consiga, é óbvio, eliminar todas as falhas que sempre ocorrem, felizmente, sem prejuízos para o evento.

Foram, no sábado, aproxi-madamente 700 pessoas. Mais de 60 cidades representadas, entre alegrias, confraternização, convivência e sólido programa doutrinário, inclusive com as crianças, que se alegraram com a presença do Palhaço Tiririca.

O vídeos das atividades já estão disponíveis no canal do Youtube do Centro Espírita Nosso Lar, de Matão. A equipe já se reuniu visando a 2018, para aprimorar ainda mais a edição sempre esperada.

Adentramos outubro, que abre a perspectiva de aprofun-dar estudos em torno da notável personalidade do Codi� cador do Espiritismo e lembrando as crianças – homenageadas no mês – trazemos rica entrevista – ainda que parcial – com a Dra. Tais Moriyama, de máximo in-teresse para pais e educadores.

Agradecidos à ajuda de tanta gente, nossos votos de paz e harmonia no coração. r

No nascimento de KardecObra comenta livro “O Céu e o Inferno”.

Redaçã[email protected]

No mês em que se co-memora o nascimen-to do Codi� cador do

Espiritismo, Allan Kardec – pseudônimo de Hippolyte Léon Denizard Rivail, que nasceu em Lion, França, no dia 03 de outubro de 1804, nada mais oportuno que o surgimento do livro Vivendo o Mais Além de psicogra� a de Antonio Baduy Filho (que conviveu muitos anos ao lado de Chico Xavier), e ditado pelo Espírito André Luiz.

No mesmo formato do Vi-vendo a Doutrina Espírita (vo-lumes I a IV e comentando as questões de O Livro dos Espíri-tos em compactas mensagens) e Vivendo o Evangelho (vols. I e II, que comenta os capítulos e itens de O Evangelho Segundo o Espiritismo), a nova obra em único volume reúne comentários de O Céu e o Inferno, integrante da Codi� cação Espírita.

São mensagens breves, de grande conteúdo, todavia, como instrumentos de ampliação do ensino trazido pela obra original. Sugerimos aos leitores pesquisa-rem a biogra� a do citado médium, que atuou junto a Chico a partir de 1969.

A obra O Céu e o Inferno, como se sabe, estuda a Justiça Divina à luz do Espiritismo, trazendo lúcidas apreciações de Kardec

sobre o tema que intitula a obra e seus desdobramentos, inclusive com depoimentos de espíritos nas mais diversas situações no plano espiritual após o decesso do corpo físi-co. Importante obra da Co-di� cação Espírita, foi lançada em 1865 e traz dois preciosos documentos inseridos em seu contexto: A Passagem (que estuda o momento da morte) e Código Penal da Vida Futura (que estuda a Lei Divina gravada no consciente do espírito humano). Desde os títulos de cada capítulo (céu, inferno, purgatório, penas eternas, entre outros) e mesmo os depoimentos dos espíritos em cada situação são ampliadas para enten-dimento do leitor com as mensagens de alto teor re� e-

xivo trazidos pelo espírito autor da obra em lançamento. Aliás, muito oportuno lançamento já à disposição dos leitores. r

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Outubro de 2017PÁGINA 3

A responsabilidade dos paisÉ na família que se educa para os deveres, as responsabilidades, o respeito ao outro, para o viver ético.

Marcus De [email protected]

Estamos assistindo crianças extremamente rebeldes, au-toritárias e egoístas; jovens

que não respeitam nenhum tipo de autoridade; adultos exibicionistas, sensuais e violentos. Fala-se então da falência da educação, apon-tando-se a escola como grande culpada, a vilã do caos social que estamos vivendo. Não podemos deixar de concordar que a escola há muito tempo perdeu-se da edu-cação, mas não podemos culpá-la por todos os males sociais, pois outro instituto basilar tem falhado gravemente na educação das no-vas gerações e na reeducação dos adultos: a família.

É da responsabilidade dos pais a educação dos � lhos através dos bons exemplos, dos bons con-selhos, das orientações úteis, da correção das más tendências do caráter, do preparar para a vida em sociedade. É na família que se educa para os deveres, as respon-sabilidades, o respeito ao outro, para o viver ético. Quando os pais, e também outros responsáveis, fa-lham nessa educação, a sociedade sofre, pois a escola, que também deve trabalhar a educação moral, não pode e não deve substituir a família. Por maior seja o amor e a dedicação de um professor, ele não pode substituir nem o pai, nem a mãe daquela criança ou jovem que está seu aluno.

A tarefa educacional dos pais é tão importante que os Espíritos Superiores deixam claro na ques-tão 582 de O Livro dos Espíritos, que se falharem, responderão pe-rante a lei divina pelos desvios dos � lhos, pois eles foram con� ados

por Deus aos pais terrenos, que aceitaram essa missão durante a realização do planejamento reencarnatório, ou seja, ainda no mundo espiritual.

Não estamos dizendo que seja fácil educar um filho rebelde, indolente ou preguiçoso, mas lembremos que eles são � lhos-de-

sa� o, requerendo doses maiores de amor, paciência, perseverança e autoridade moral. E quanto mais os pais se esforçarem em colocar em prática essas quatro ferramentas, mais crescerão em moralidade e espiritualidade, ou seja, no esforço de educar o � lho, educa-se a si próprio.

Ensinar a respeitar o outro, a compreendê-lo; a colaborar nas tarefas domésticas, a saber lidar com o não; a desenvolver virtudes; a ter limites, são tarefas que com-petem aos pais no seio da família. Se isso não for feito, continuare-mos a assistir alunos baterem nos professores, jovens se acabando em baladas regadas a bebidas alcoóli-cas, drogas e sexo desequilibrado. Continuaremos a assistir adultos se corrompendo por dinheiro e

poder e a violência tomando conta da sociedade.

A família deve ser instituição social de educação das novas ge-rações, preparando também os fu-turos pais. E não esqueçam os pais de ligar essas almas reencarnantes com o Evangelho, roteiro de luz da vida, pois está faltando Cristo nos

corações, está faltando sensibilizar os sentimentos, tocar as almas, e esse trabalho deve ser feito no lar, na família.

A escola irá se associar ao trabalho da família, não ficando apenas no compromisso formal do ensino de conteúdos curricu-lares mas, repetimos, a escola não tem como substituir a família,

assim como não pode corrigir to-talmente a falta de educação que as crianças e os jovens carregam de casa. Agora, se a família se unir à escola, e a escola receber generosamente a família, então teremos luz no fim do túnel. Por isso está surgindo o trabalho das comunidades de ensino, que envolvem escola, família e comu-nidade. Todos juntos, se dando as mãos, trabalhando em conjunto, unindo experiências e esforços na educação.

Não esqueçam os pais que a missão de educar lhes pertencem, e que a chave do progresso e da felicidade do homem e da huma-nidade estão na educação moral dos � lhos. r

O Instituto Brasileiro de Edu-cação Moral – IBEM está em novo endereço na internet: www.ibemeduca.com.br.

Nesta página estão disponíveis informações sobre o Projeto Es-cola do Sentimento e o Programa Vivendo Sempre em Paz, além de

Novo site e livro sobre família cursos a distância de capacitação

de educadores.***

Já está disponível em www.almadolivro.com o livro Família, Espaço de Convivência, de autoria de Marcus De Mario (lançamento da Solidum Editora).

“A família deve ser instituição social de edu-cação das novas gerações, preparando também os futuros pais. E não esque-çam os pais de ligar essas almas reencarnantes com o Evangelho, roteiro de luz da vida, pois está fal-tando Cristo nos cora-ções, está faltando sensi-bilizar os sentimentos, tocar as almas, e esse trabalho deve ser feito no lar, na família.

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Outubro de 2017 PÁGINA 4

O sentido da dedicaçãoVirtude abre contínuas portas.

Ângela [email protected]

Regina era uma jovem advo-gada inteligente e sensível. Nas contas da moça, em

talvez um a dois anos conseguiria a promoção tão desejada, se tudo saís-se da maneira como planejava. Mas não saiu. Por um desses revezes da vida, certo formigamento começou a lhe atrapalhar os movimentos da mão direita. Deu pouca importân-cia ao fato e foi compensando com a esquerda, que acabou entrando igualmente em formigamento até que, por � m, Regina viu-se abso-lutamente incapacitada de digitar e fazer movimentos simples. Con-sultado o especialista, corriqueira tendinite explicava o quadro, mas para curar-se haveria de se livrar da tarefa da digitação por pelo menos noventa dias. Três meses!!!

O espírito ansioso de Regi-na desesperou-se: nesse tempo, tudo poderia acontecer! Perderia oportunidades profissionais, ce-deria lugar a outras colegas em suas tarefas, seria esquecida. No dia seguinte, compareceu ao es-critório com o laudo médico em mãos e um profundo abatimento no rosto. O chefe sentenciou, sendo solidário:

– Teremos que afastá-la e, vol-tando, acharemos outra função que possa desempenhar até que esteja totalmente curada.

Parecia que tinha dois cérebros funcionando ao mesmo tempo:

um lançava especulações sobre as possíveis funções. O outro amaldi-çoava o destino e rebelava-se con-tra Deus, que permitira tamanha “injustiça”. Passados os quinze dias de afastamento em casa, a duras penas, Regina voltou ao escritório algo melhor, mas ainda longe da completa cura:

– Separamos um trabalho que é de suma importância que seja feito, mas ninguém tem tempo para fazê--lo e não envolve digitação – disse o chefe.

Regina foi levada então até a edícula que ficava no fundo do escritório. Haveria de organizar os milhares de documentos e pro-cessos que estavam empilhados à revelia, cheios de poeira. Turvou os olhos em lágrimas e revolta, debateu-se em ideias de pedir a conta, ou de arrancar do médico um atestado qualquer, mas sa-bia que não escaparia do longo caminho que tinha pela frente. Chegou em casa e jogou-se na cama, como quem quisesse des-ligar-se em um sono que levasse noventa dias para acabar. Em meio a pensamentos desconexos, no entanto, lembrou-se de tomar o Evangelho e abrir aleatoria-mente. Abriu nas cartas de Paulo aos Colossenses:

“Tudo quanto f izerdes, quer de palavras, quer de obras, fazei tudo em

nome do Senhor Jesus, dando por Ele graças a Deus Pai”.

Que queria dizer com graças ao Pai? Deveria agradecer pelo infor-túnio de que se sentia vítima? Leu de novo. Obras. É, realmente não tinha muitas obras de caridade no currículo, talvez faltasse isso. Ima-ginou-se punida por não ter sido caridosa. Nesse ponto da re� exão,

seu mentor espiritual interferiu em seus pensamentos, ajudando-a:

– Regina, minha querida, ob-serve que o ensinamento do apóstolo é de amor, não de puni-ção. Faça tudo com amor. Obras, palavras, pensamentos: amor! Trabalho, relacionamentos, dese-jos: compreensão! Arquivo, chefe, ansiedade: dedicação!!!

Neste ponto, Regina abriu os olhos. De repente, sentiu clarear suas ideias, seus ânimos se acal-maram e tudo passou a fazer mais sentido: dedicação. Se fora incum-bida de reorganizar aquela bagunça gigantesca, que aquele fosse o mais

inteligente método de catalogação que o escritório já houvera visto!!! Aliás, se pensasse bem, já estava era atrasada: pelo tamanho da bagunça, corria o risco de curar-se antes de terminar o trabalho. Com esse pen-samento de urgência, seu espírito se motivou.

Nos dias que se seguiram, Regi-na passou a fazer exatamente o que havia se proposto: criou categorias para os documentos, tendo o cuida-do de olhar se eram casos sigilosos ou não, para que tivessem a devida armazenagem. Ao final, grande conhecimento havia passado pelos seus olhos. Aprendera com os pro-cessos encerrados ali mais do que na faculdade e no seu breve período de experiência pro� ssional.

Ao final do terceiro mês, o arquivo estava pronto, limpíssimo e organizado. Sem perceber, as mãos de Regina foram voltando ao normal, conforme o avanço do seu tratamento e o novo foco do seu espírito. Prestes a retornar ao seu cargo novamente, Regina se lem-brou da passagem bíblica que lera: “Fazer tudo com amor”, dissera-lhe o nobre apóstolo. Re� etiu que nun-ca havia se aprofundado daquela maneira em nenhum de seus tra-balhos, sempre ansiosa e ávida pelo próximo, beirando muitas vezes a desmotivação. Aprendera, en� m, a valorizar cada tarefa, por menor que fosse, dando graças ao Deus Pai. r

“Prestes a retornar ao seu cargo novamente, Re-gina se lembrou da passa-gem bíblica que lera: “Fa-zer tudo com amor”, dis-sera-lhe o nobre apóstolo.

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Outubro de 2017PÁGINA 5

Práticas estranhas no centro espíritaNão podemos aceitar tudo e nem abraçar tudo.

Joaquim [email protected]

Pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, Emmanuel e An-

dré Luiz ditaram a obra Opinião Espírita, publicada pelo Instituto Beneficente Boa Nova. Os capí-tulos do livro foram psicografa-dos por ambos os médiuns, em reuniões públicas, sendo que os autores espirituais subordinaram todos os estudos a questões rela-cionadas na Codificação Karde-quiana. Gostaríamos de chamar a atenção, aqui, para o sugestivo capítulo 25, cujo título é Prá-ticas Estranhas.

Explicam os benfeitores que muitos companheiros julgam, sob a alegação de que todas as religi-ões são boas e respeitáveis, que as tarefas espíritas nada perdem por aceitar a enxertia de práticas estra-nhas à sua simplicidade.

Todavia, anotam: “é sabido que águas de qualquer procedência li-quidam a sede. No entanto, com a desculpa de que todas são valiosas, não é aconselhável se beba qualquer uma, sem qualquer preocupação de limpeza, a menos que a pessoa esteja nas vascas da sofreguidão, ameaçada de morte pelo deserto”.

Nesse sentido, assegurar a sim-plicidade dos princípios espíritas, nas casas doutrinárias, para que as suas atividades atinjam a meta da libertação espiritual do homem, não é fanatismo e nem rigorismo de espécie alguma, porquanto, agir de outro modo seria o mesmo que “devolver um mapa luminoso ao labirinto das sombras, após séculos de esforço e sacrifício para obtê-lo, como se também, a pretexto de fraternidade, fôsse-

mos obrigados a desertar do lar para residir nas penitenciárias; a deixar o caminho certo para se-guir pelo cipoal; a largar o prato

saudável para ingerir a refeição deteriorada e desprezar água potável por líquidos de salubri-dade suspeita”.

É assim que se constituem enxertias, no movimento espíri-ta, crescentes práticas igrejeiras e proselitistas, que se infiltram inocentemente, aceitas devido ao eco que encontram em heranças acumuladas pelo Espírito imortal, numa longa vivência em meio a cultos exteriores. Consideramos perfeitamente dispensáveis quais-quer práticas nesse sentido, em-basados na própria orientação do Cristo, para quem antigamente o céu era tomado por violência, mas

hoje o será pela caridade e a doçura (Mat.11:12).

Não há, em toda a Codi� ca-ção, argumento que justi� que tais concessões. Pelo contrário, Allan Kardec foi muito claro não só em repudiar práticas exteriores do culto, como também em censurar atitudes proselitistas. No célebre diálogo com um céptico visitante, como se lê no capítulo 1 da obra O que é o Espiritismo, o Codi� cador esclarece que os Espíritos não se inquietam em convencer as pessoas, cuja importância eles não medem como elas mesmas o fazem. E ainda acrescenta: “Os Espíritos apreciam os observadores assíduos e cons-cienciosos, para os quais multipli-cam as fontes de luz”.

É certo respeitar tudo e bene-ficiar sem complicar a cada um de nossos irmãos, onde quer que se encontrem, mas não podemos aceitar tudo e nem abraçar tudo, a � m de não comprometer nossa querida doutrina espírita. r

“(...) assegurar a sim-plicidade dos princípios espíritas, nas casas doutri-nárias, para que as suas atividades atinjam a meta da libertação espiritual do homem, não é fanatismo e nem rigorismo de espé-cie alguma (...).

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Outubro de 2017 PÁGINA 6

Campanhas ganham adesão do Movimento EspíritaContribuições doutrinárias ampliam entendimento das temáticas.

Redação – USE Araçatuba

Desde o ano de 2014, a cor amarela ganhou co-notação especial no mês

que marca o início da primavera. Setembro Amarelo tornou-se a identidade da campanha de cons-cientização sobre a prevenção ao suicídio, com o objetivo de aler-tar a população a respeito desta realidade, no Brasil e no mundo, incluindo formas de prevenção.

E, a partir de 2017, dirigentes de instituições espíritas mobili-zaram-se para apresentar contri-buições doutrinárias à importante iniciativa, em um formato que visa ampliar ações já existentes no Movimento Espírita. “A Doutri-na Espírita reúne conceituações fundamentais para valorização da

vida humana, uma oportunidade evolutiva que não pode ser des-perdiçada”, explica a educadora Jane Maiolo, cocriadora do Projeto Amor à Vida!

Vice-presidente da Sociedade Espírita Allan Kardec, de Jales, no interior paulista, Jane Maiolo acrescenta que “o Espiritismo é a religião cuja � loso� a moral pode levar o ser humano ao entendi-mento da vida – passada, presente e futura. E a devolver-lhe a es-perança, para sair das malhas do materialismo destruidor”.

A proposta é o engajamento de espíritas em iniciativas que visam ao bem comum. “E muitas delas estão vinculadas a cores, como Setembro Amarelo, Outubro Rosa,

Novembro Azul. Neste momento, o objetivo foi divulgar o conteúdo espírita em favor da vida, contra o suicídio. Por isto, multiplicadores abordaram o tema nas exposições habituais da Casa Espírita e em

outros eventos especiais, abran-gendo as cinco regiões do Brasil”, dimensiona o jornalista e co-criador Sirlei Nogueira, que está presidente da USE (União das Sociedades Espíritas) Regional de Araçatuba, outra cidade paulista.

Além do conteúdo espírita sobre o tema, a formatação do Projeto Amor à Vida! incluiu subs ídios do CVV (Centro de Valorização da Vida) e da ABP (Associação Brasi leira de Psiquiatria), entidades que iniciaram Setembro Amarelo em 2014, ao lado do CFM (Conse-lho Federal de Medicina). Após o começo, em Brasília (DF), a campanha conseguiu rápida projeção com ações em todas as regiões do País. No exterior, a Associação Internacional para Prevenção do Suicídio (IASP) estimula a divulgação da causa, vinculada a 10 de setembro, Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. r

“A proposta é o enga-jamento de espíritas em iniciativas que visam ao bem comum.

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Outubro de 2017PÁGINA 7

O ano de 2017 engloba quatro datas marcantes na história de Benedita

Fernandes. E uma delas no mês de outubro: 70 anos de desencar-nação. Por este motivo, associado ainda aos 160 anos de nascimento da Doutrina Espírita, uma edição comemorati-va da biogra� a dela está no mercado.

“O l ivro ‘Benedita Fernandes. A Dama da Caridade’ é uma edição comemorativa – ampliada, atualizada e revisada – ins-pirada na obra intitulada ‘Dama da Caridade’. A primeira edição foi lança-da pela União Municipal Espírita de Araçatuba, no interior paulista, há 35 anos (outra data) e, depois, pela Editora Radhu, de São Paulo, em 1987 (mais uma). A publicação de agora é, efetivamente, uma nova obra”, diz o biógrafo dela, araçatubense Antonio Cesar Perri de Carvalho.

Ex-presidente da Fe-deração Espírita Brasilei-ra e da USE do Estado

de São Paulo, Perri destaca que “a primeira versão de ‘Dama da Caridade’ atingiu vários rincões, motivando interesse dos leitores pela biografada e estímulo à cria-ção de núcleos de trabalho espírita com o nome dela. Companheiros

espíritas, de várias regiões do País, há muito solicitam a reedição desta obra biográ� ca. Como se encontra esgotada há anos, e já passados 30 da última edição, entendemos que a elaboração de uma nova versão seria mais adequada”.

Além dos 35 anos da primeira publicação e dos 30 anos da segunda edi-ção, dois outros estímulos nortearam a empreitada literária: 85 anos de fun-dação da Associação das Senhoras Cristãs, por Be-nedita Fernandes, em 6 de março de 1932, e 70 anos da desencarnação dela, em 9 de outubro de 1947. “São datas relevantes, que justificam a publicação, principalmente porque possibilitará que mais e mais pessoas conheçam a história surpreendente de superação de Benedita Fernandes: a mulher que revolucionou a própria vida para se transformar em pioneira do serviço de saúde mental no interior do Estado. E no Brasil”, acrescenta Cesar Perri,

A ‘dama do vestido de chita’Biografia revela surpreendente história de superação.

Redação – USE Araçatuba

autor e organizador de dezenas de livros espíritas e articulista de periódicos espíritas desde 1971.

Ele morou durante 41 anos em Araçatuba. “Após nossa mudança da cidade, eventos relacionados à dona Benedita Fernandes foram mantidos pelos órgãos da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo sediados na cidade – USE Regional e Intermunicipal. Vários destes contaram com a ação e o entusiasmo do jornalista Sirlei Nogueira, atual presidente da USE Regional de Araçatuba, responsável pelo lançamento de ‘Benedita Fer-nandes. A Dama da Caridade’, uma parceria da USE Regional, de Co-criação Editora e de Face Espírita”.

Segundo Nogueira, “a biogra� a re� ete a proposta de trabalho da editora: cocriar. ‘Benedita Fernan-des. A Dama da Caridade’ nasce neste contexto, com apoios de vá-rias instituições espíritas, da cidade e região, principalmente. E com re� exos pelo Brasil. A Associação das Senhoras Cristãs Benedita Fer-nandes é uma das cocriadoras”. r

INFO | www.facebook/[email protected] | Fones: (18) 99709.4684 ou pelo 0800 707 1206

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Outubro de 2017 PÁGINA 8

Hinário EspíritaFatos ocorreram em Itapira-SP.

José Eduardo Rocha [email protected]

Não sei precisar a data, mas foi no � nal dos anos 50 que o Dr. José Carlos de

Camargo Ferraz tomou a iniciativa de incluir a música nas atividades doutrinárias espíritas das quais participava, e que se desenvolviam tanto no Centro Espírita Luís Gon-zaga quanto na Casa de Repouso Allan Kardec, que então se chamava Asilo Espírita São Luís Gonzaga e funcionava como departamento do Centro Espírita de mesmo nome.

Encarregou-se sozinho da ta-refa, facilitada por sua condição de apaixonado por música, e autor de composições que chegaram a ser gra-vadas (uma delas pelo cantor Carlos Galhardo). Além disso, tocava violão e conhecia profundamente literatura,

em especial poesia. Assim, foi com naturalidade que se entregou ao tra-balho de escrever a letra e compor a música de vários hinos. Ampliando o âmbito desse trabalho, pesquisou junto aos � éis da Igreja Protestante os hinos que ali eram cantados e valeu--se das melodias de vários deles, para os quais criou as letras (em alguns casos manteve a letra original).

A moral cristã predominava como tema, com exortações sobre o amor ao próximo e a prática do bem, sendo abordados ainda aspectos bá-sicos da Doutrina Espírita, como a reencarnação e a lei de causa e efeito.

Naquela época introduziu-se o passe para os pacientes do Instituto Bairral que desejavam se submeter a essa prática. O trabalho, no cineteatro

do hospital, era realizado uma vez por semana, nas noites de quarta-feira, e o seu formato incluía uma prece inicial, uma breve alocução sobre os temas acima mencionados, a entoação dos hinos (com acompanhamento mu-sical ao vivo) e � nalmente o passe, tudo exatamente como acontece até hoje, cinquenta anos depois. Para que os próprios pacientes pudessem participar do canto, os hinos foram agrupados e impressos, constituindo um opúsculo com o título de “Hiná-rio Espírita”, distribuído pouco antes de iniciar-se o encontro semanal (desde então, e até hoje, os pacientes são estimulados a levar o hinário para casa, após a alta hospitalar, para que os ensinamentos contidos nas letras os ajudem e orientem).

O “Hinário Espírita” já foi reim-presso diversas vezes, mas nele nunca se fez menção ao seu criador. Com este registro, rendo homenagem ao grande espírita Dr. José Carlos de Camargo Ferraz, nome de extraor-dinária importância na história da Fundação Espírita Américo Bairral, e autor e compilador desse notável

trabalho de cunho artístico e literá-rio, e relembro uma manhã no início do ano de 2004, quando, em compa-nhia dos confrades Ironildo Boselli e Juarez de Moura, fui visitá-lo em Mogi Mirim, onde estava residindo e convalescia de uma cirurgia. Havia muito tempo que eu pensava em buscar com ele informações sobre a autoria da letra e música de cada hino daquele livreto, do qual me valho há vinte e cinco anos como encarregado do mesmo trabalho, que atualmente chamamos de “En-contro Cristão da Quarta-feira”, e naquela oportunidade levei um exemplar para inquiri-lo a respeito. Repassamos um a um os hinos, fui anotando suas observações e hoje guardo comigo esse registro como lembrança especial dessa criatura que nunca cansei de admirar.

Como é limitado o espaço des-tinado a este texto nesta publicação, restrinjo-me a reproduzir parte da letra do hino “Não fale mal” (página 3 da edição de 2007 do Hinário), que dá boa ideia do teor das demais com-posições e ao mesmo tempo constitui um resumo da pro� ssão de fé desse inolvidável companheiro e confrade:

Receba em casa os � lhos da a� içãoE ao pobre dê o pão, remédio e cobertor;Entre os menores, você seja o menor,Se quer ser o maior e o mais � el cristão.

Com sua colossal cultura e invejável conhecimento da língua portuguesa, José Carlos, se qui-sesse, poderia ter produzido obras literárias de respeito. Limitou-se a apenas uma, de natureza doutrinária (“Reencarnação sem Mistérios”), pois a maior parte do seu tempo dis-ponível era ocupada com o auxílio ao próximo. No entanto, reservou um pouco desse tempo para compor os hinos e escrever as letras, encargo que lhe proporcionou grande alegria íntima. Mais de uma vez ouvi-o dizer que as letras dos hinos foram resultado dos momentos de maior inspiração em sua vida. r

Instituição foi fundada em 31 de dezembro de 1937 e completa 80 anos em 2017.

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Outubro de 2017PÁGINA 9

Psiquiatria infantilMédica estará em Matão em 2018.

Orson Peter [email protected]

Selecionamos aos leitores trechos parciais de entrevista com a Dra. Taís Moriyama,

de Campinas-SP, que é médica psiquiatra da infância e adolescência atuando no Instituto Bairral, em Itapira-SP. A entrevista, na íntegra, está publicada pela revista eletrônica www.oconsolador.com.br (edição 533, de 10/09/17). Dra. Taís pro-ferirá palestras em Matão sobre o tema nos dias 26 e 27 de maio de 2018, cujos eventos serão ampla-mente divulgados.

(...)

2 - Para orientar os pais com � lhos pequenos, quais os principais indícios de um distúrbio psiquiátrico numa criança?

O principal indício de que a criança precisa passar por  avalia-ção  sócio emocional-emocional é a falha em atingir metas de desenvol-vimento típicas a idade. Isso pode ser muito sutil. Por exemplo, uma criança que demora para falar pode estar dentro de um padrão próprio de desenvolvimento, mas pode também ter  algum transtorno. Para saber se essa criança segue uma curva de desenvolvimento típico ou atípico é necessário fazer uma avaliação re-lativamente complexa, envolvendo vários aspectos relacionados ao pro-cessamento de sons, desenvolvimento de habilidades sociais, vocabulá-rio compreensivo e expressivo, uso de recursos não verbais de comunicação, etc. Outro exemplo: um escolar que não  consegue fazer amigos pode ser apenas uma criança tímida, mas, al-ternativamente, pode ser fóbico social ou ter baixas habilidades sociais.(...) Por isso o melhor caminho é ter um

pro� ssional de referência que avalie a criança de tempos em tempos ou sempre que surgirem  dúvidas sobre seu desenvolvimento.  

(...)

5 - O bullying na escola, e mesmo a desestrutura familiar podem res-ponder para o surgimento dessas dis-funções cerebrais? 

Sim, hoje temos dados robustos que nos mostram que o bullying, con� itos familiares e outros eventos adversos de vida são fatores de risco para o de-senvolvimento de diversos transtornos mentais, como depressão, ansiedade e mesmo psicoses. 

6 - Invertendo a pergunta an-terior, como a harmonia familiar e um ambiente saudável auxiliam na recuperação de uma criança que traz ou apresenta tais di� culdades?

O suporte interpessoal é certamente um potente fator na promoção de saúde mental. Crianças que crescem em am-bientes de violência e que sofrem ou presenciam con� itos intrafamiliares apresentam taxas mais altas de de-pressão, ansiedade, uso de substâncias, psicose, entre outros transtornos. (...) A forma como uma criança percebe seu ambiente familiar pode determinar a forma como ela perceberá seu ambiente para o resto da vida. 

(...)

8 - O que mais afeta emocional-mente a vida mental de uma criança, contribuindo para o desenvolvimen-to desses distúrbios?

(...) Eu diria que de forma geral os fatores que  têm maior in� uência no desenvolvimento  socioemocional de uma criança são os outros seres hu-manos que a cercam. (...) Em todas as

fases a família tem uma importância fundamental.  

9 - E o que mais a auxilia na superação para recuperar-se?

Além procurar por um  trata-mento adequado, certamente o  su-porte interpessoal é o principal fator determinante de saúde mental. É muito importante que o as pessoas em sofrimento  psíquico se sintam ama-das, compreendidas e protegidas.

(...)

11 - Algo marcante de suas ex-periências que gostaria de relatar aos leitores?

Tenho presenciado com muita fre-quência a situação de jovens que tendo tido acesso a todo o conforto e proteção não encontram um propósito na vida. Infelizmente essa situação tem se tornado cada vez mais comum. Creio que seja fundamental despertar o senso existencial das crianças levando-as a se apegar a ideais que possam preencher de sentido suas vidas. E devemos nos pre-ocupar também em não promover mais facilidades que as necessárias, creio que precisamos encarar como egoísmo nosso o favorecimento exagerado do conforto as nossas crianças quando existe ainda tanta necessidade a nossa volta. Propi-ciar facilidades em excesso é uma forma indireta de ensinar o egoísmo e a in-sensibilidade as necessidades alheias. r 

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Outubro de 2017 PÁGINA 10

Advertências proféticasJá não passou a hora de nos voltarmos mais para Kardec?

Rogério [email protected]

Ilustres personagens de nossa História, não é de agora, vêm registrando advertências, con-

selhos ou sugestões, as quais em futuro próximo ou distante, acaba-ram por se tornar realidade.

Consta na Revista Espírita de 1862, um interessante texto de Allan Kardec aos espíritas de Lyon, sua cidade natal, a propósito do ano recentemente iniciado.

O Codi� cador havia recebido inúmeras cartas por ocasião do ano novo, e naturalmente não poderia respondê-las a todas, mas escolheu uma em especial, assinada por cerca de duzentos seguidores de vários grupos espíritas, evidenciando a coesão, união e harmonia a reinar entre os espíritas de Lyon, um exemplo a ser seguido nos dias atuais no movimento espírita na Terra do Cruzeiro. Em sua epístola de resposta, Allan Kardec aprovei-tou e endereçou alguns conselhos gerais, pois as suas palavras seriam publicadas na Revista Espírita a pedido da Sociedade Espírita de Paris, função de sua relevância para o movimento espírita em geral, retiramos alguns, a saber1:

– A garantia do sucesso está nesta divisa, que é a de todos os

verdadeiros espíri-tas: Fora da carida-de não há salvação. Empunhai-a bem alto, porque ela é a cabeça de medusa para os egoístas;

– A tática já posta em ação pelos ini-migos dos espíritas, mas que vai ser em-pregada com novo ardor, é a de tentar dividi-los, criando sistemas divergentes e suscitando entre eles a descon� ança e a inveja;

– Aquele que procura, seja por que meio for, romper a boa harmonia, não pode estar animado de boas intenções;

– G u a r d a r a maior prudência na formação dos vossos grupos, não só para a vossa tran-quilidade, mas no próprio interesse dos vossos trabalhos;

– Com orgulhosos, que se es-candalizam e se melindram por tudo; com ambiciosos, que se

decepcionam quando não têm a supremacia, e com egoístas que só pensam em si mesmos, a cizânia não tardará a ser introduzida e, com ela, a dissolução;

– Devo ainda vos chamar a atenção para outra tática de nossos adversários: a de procu-rar comprometer os espíritas, induzindo-os a se afastarem do verdadeiro objetivo da doutrina, que é o da moral, para aborda-rem questões que não são de sua competência e que poderiam, com toda razão, despertar sus-ceptibilidades e desconfianças. Também não vos deixeis cair nessa armadilha; afastai cuidado-

samente de vossas reuniões tudo quanto disser respeito à política e às questões irritantes;

“Os trabalhadores da última hora em sua grande maioria não leram e não se interessam em apren-der com os escritos do Mestre Lionês, ávidos que estão por pseudonovida-des literárias a se apresen-tarem instigantes nos dias hodiernos.

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Outubro de 2017PÁGINA 11

– Visando à desacreditar o Espiritismo, pretendem alguns que ele vai destruir a religião. Sabeis que é exatamente o con-trário, pois a maioria de vós, que mal acreditáveis em Deus e na alma, agora creem; quem não sabia o que era orar, ora com fervor; quem não mais punha os pés nas igrejas, a elas vão com recolhimento;

– Repetirei aqui o que já disse em outras oportunidades: em caso de divergência de opinião, o meio fácil de sair da incerteza é ver qual a opinião que reúne o maior número de partidários, pois há nas massas um bom-senso inato que não se deixa enganar;

– Pela vossa união, frustrareis os cálculos dos que vos quises-sem dividir. Provai, enfim, pelo vosso exemplo, que a doutrina nos torna mais moderados, mais brandos, mais pacientes e mais indulgentes.

Como se nota, o Mestre de conceituado professor e educador passou a fazer parte da classe dos Profetas, pois as previsões daquela época se tornaram realidade há bom tempo atrás e, tudo parece indicar, continuará acontecendo dadas as circunstâncias atuais.

Os trabalhadores da última hora em sua grande maioria não leram e não se interessam em aprender com os escritos do Mestre Lionês, ávidos que estão por pseudonovi-dades literárias a se apresentarem instigantes nos dias hodiernos.

Já nos primeiros anos de de-sempenho de sua missão singu-lar, em 1862, cinco anos após o lançamento da pedra angular do Espiritismo, O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, em algumas pou-cas recomendações cristalinas, certamente inspirado ou intuito pelos luminares que o acompa-nharam durante a elaboração da obra espírita, resumiu como os adeptos da Doutrina deveriam se conduzir para fazer brilhar

bem alto a bandeira espírita, sem rixas, tampouco dissensões, muito menos divisões.

A “receita” do Mestre ainda é válida e nos aguarda para segui-la com dedicação, sob pena destes trabalhadores da última hora, que somos todos nós os espíritas, ape-sar de termos recebido mais uma oportunidade de trabalho, mais um voto de con� ança de Jesus, nos encontrarmos em mais um � nal de vida, no plano espiritual, surpresos por não termos aproveitado esta derradeira chance de acompanhar a evolução natural da Terra.

O tempo urge àqueles que:1. Ainda se mostram mais pre-

ocupados em ocupar cargos admi-nistrativos dentro do movimento

e na própria Casa em que militam, esquecendo-se de trabalhar com a� nco nas pequenas tarefas que dão sustentação às Instituições;

2. Não se interessam em estudar com constância os livros básicos do Espiritismo se deixando levar pelos modismos e propostas indecorosas que fustigam a verdadeira Doutrina por todos os lados;

3. Estimulam movimentos duvidosos em torno de nomes de valorosos espíritas desencarnados, se auto intitulando amigos deste ou amigos daquele, mais no fundo apenas desejam servir aos seus in-teresses particulares, alimentando a própria vaidade e soberba, e mais, comercializando as suas próprias obras ditas espíritas;

4. Atuam nos Centros visando apenas servir às suas opiniões pes-soais, fazendo das instituições seus locais particulares onde se expres-sam apenas para agradar a maioria sem nenhum compromisso com a verdade e a caridade;

5. Usam suas posições de mando dentro das Instituições permitin-do trabalhadores despreparados estarem à frente de atividades requerendo o mais alto grau de conhecimento e responsabilidade, apenas para contentá-los, man-tendo-os, desta maneira, sob seus círculos de in� uência...

Esta é a chamada � nal, a hora da decisão, contudo, caso não aja-mos conforme o Codi� cador nos sugeriu, não nos surpreendamos ao chegar na aduna do pós vida sem as credenciais para adentrar o tão esperado e aguardado “Reino de Deus”, caso isto se dê, mesmo assim, tenhamos a certeza de não estarmos desamparados pelo Mag-nânimo, pois Ele nos proporciona-rá novas chances de acertar o passo com as Suas leis, tantas quantas forem necessárias, porém, não nos espantemos igualmente, talvez mais uma advertência profética, se este novo acerto for realizado em outro orbe, pois não herdarão a Terra: A escolha é nossa! r

1. KARDEC, Allan. Revista Espírita: jornal de estudos psicológicos. ano 5, n. 2, fev. 1862. Trad. Evandro Noleto Bezerra. Res-posta dirigida aos espíritas lioneses – Por ocasião do ano-novo. Texto adaptado para o artigo.

RECEITAS: Em R$Inscrições 14.218,00Pç Alim / Bar / Camisetas 973,00Livraria 1.626,00 Massas em 2017 6.958,00Total de receitas 23.775,00 DESPESAS: Em R$Cadeiras 1.850,00Decoração 3.700,00Tendas 2.200,00 Som 3.500,00 Crachás / Evangelização 557,00Sanitários 320,00Alimentação voluntários 608,00Eletricista 180,00Traslados palestrantes 690,00Água 160,00Hospedagens 502,00Grá� ca - folder 700,00Banners 480,00Rádios - comunicação 320,00Bancos praça alimentação 500,00Circo 2.500,00Lonas laterais 250,00Passagens aéreas 2.477,00Aluguel Sorema 2.000,00Total da despesas 23.494,00

EAC2017Prestaçãode contas

Nota: Resultado po-sitivo de R$ 281,00 se deve à ajuda que tivemos na dispen-sa de despesas por alguns amigos e na colaboração p/alu-guel SOREMA. Não fossem esses casos, estaríamos de� citários em aproximadamente R$ 2.000,00

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Precioso acervo de Chico XavierInstituição reúne fotos, títulos e outros documentos do querido médium.

Extraído parcialmente do original de entrevista ainda inédita

REMETENTE:Instituto Cairbar Schutel.

Caixa postal 2013 15997-970 - Matão-SPOutubro de 2017

Fechamento autorizadoPode ser aberto pela ECT

Entrevistamos D. Nena Gal-ves. Espírita desde 1956, natural e residente em São

Paulo, nossa entrevistada é vin-culada ao Centro Espírita União – CEU (que completou 50 anos de inauguração da sede em 2017, na capital paulista e que também é editora com vários títulos da psicogra� a de Chico Xavier) –, do qual é fundadora e dirigente dos trabalhos espirituais, Nena viveu longamente com Chico Xavier, transmitindo em suas respostas essa rica experiência. A entrevista completa será publicada pela revista eletrônica O conso-lador, mas antecipamos algumas de suas valiosas respostas, ainda que parcialmente.

(...)

3 – Quantos títulos a editora tem publicado? Todos são da psi-cogra� a de Chico Xavier?

Temos 71 livros (65 psicografa-dos por Chico Xavier) e 3 DVDs da Editora Ceu.

4 – No caso dos títulos da psicogra� a de Chico Xavier, há dados de quantos exemplares já editados só pela instituição?

Acima de um milhão de exem-plares dos títulos psicografados por Chico já foram editados. Men-salmente, também, distribuímos aproximadamente 30 mil mensagens impressas sobre temas temas diver-

sos, psicografadas por Chico. Elas correm o mundo todo através da dis-tribuição gratuita da livraria às casas espíritas através do Correio. È um trabalho permanente de divulgação da doutrina como Chico sempre nos ensinou, realizado por um grupo de voluntários no Centro União.

5 – Comente conosco como começaram as visitas anuais do médium à instituição. E esta ati-vidade consistia de lançamentos de livros e também de psicogra� as e atendimentos?

No mês de outubro de cada ano, Chico Xavier comemorava conosco a data de nascimento de Allan Kar-dec, ocorrido em 3 de outubro de 1804, em Lyon, na França. Fazia-se uma prece, lia-se um trecho do Evangelho e enquanto realizávamos os comentários, Chico psicografava lindas mensagens. Esses festejos se prolongavam até a madrugada e havia lançamento de obras psi-cografadas pelo médium, editadas pelo União. Chico a todos beijava e consolava. A primeira aconteceu no Clube Atlético Juventus, uma noite que foi por nós patrocinada. A partir de 1977, quando se co-memoraram também os 50 anos

de mediunidade de Chico, esses encontros memoráveis começaram a ser realizados na sede do Centro Espírita União. Em média, mais de 1.500 pessoas participavam e � cavam em longas � las madrugada adentro para cumprimentar Chico.

(...)

8 – E o acer vo reunido na instituição? Do que se constitui? Como foi formado?

São objetos, títulos, roupas, li-vros, homenagens e fotogra� as que Chico deixava conosco quando vi-nha a São Paulo. Tudo sempre � cou em seu quarto, na nossa residência. Quando Chico desencarnou, tive-mos a ideia de levar esse material para o Centro Espírita União, até porque essa herança não pertencia a nossa família, mas ao mundo espírita e esse acervo deveria ser conhecido por outras pessoas.

9 – Ele está aberto a visitação? Em caso positivo, quais os horá-rios e dias disponíveis e contatos para tal iniciativa?

O acervo é aberto para visitação, por meio de solicitação de agenda-mento através do email [email protected]. r