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I Vitamina A Acida, Vitamina E e Vitamina C Injetaveis no Tratamento de Necroses de Pele Jussara G. PerssoneUe I Ewaldo Bolivar de Souza Pinto 2 Rogerio de Olivei"a Ruiz 3 I] Cirurgia Phistiea e Direrora Gilliea do Hospit.,1 Saint Paul, Sao P.llIlo, 51' 2J Cirurgiao Plastico c Diretor do Curso de em Cirurgia PHsrica cia Uni\'ersicladc Sama Cedlia das Bandeiranrcs) Santos, SP 3 J Cirurgiao P1<istico} Medico Assistenrc clo Hospiral Saint Paul, Sao Paulo, SP' para Correspondeneia: Jussara G. Perssonelle AI'. Mocma ] 70/111 Sao Paulo - 51' 04077-020 suMARro Este tmbalho baseon-sc CIII csrlldos rcalhados elll labomtorios cOlltaudo COlli a capacidadc dc ueojiJl"lllarao llasmlar iudl/zida pclo ACE pool isto e, Ilitl!1l1iua A dcida "all tmus ,-etiuoic acid 0,1%", COlli a arao antioxidl!1lte das vitl!1niuas E '5'1cetato de tocoj'crol 0,2%" c C "ricido ascorbico "cllcstido 0,2%" c COlli a capacidade das ",esmas un csrabilizarao das membmllas cellliarcs. As llitaminas jiJmm dilllMas 1:-1- com llitamiua A 0,002%, Ilitamiua E 0,0.5% e "itamiua C 0,0.5%. 0 IISO dc ACE paolI/a jiJ1"IIIa iUjCtrille/ iutradenllica superficial por 15 dins dcmousrTolI "ellemao do IJnad.-o de uecrose wtauca pos cirll1lJia plristica (Iitidoplastia, mamoplasria "cdntom c abdollliuoplnsria). INTRODUGAo o objerivo desre rrabalho e demonsrrar que 0 cimrgiio pl:\srico pode anlar em casos dram:\ticos de necrose curinea, pos ato cirllrgico, mjni.lllizando au revertendo seqlielas tardias que tanto estigmatizam os pacientes. Panimos da dinica e de estudos microscapicos previos em ratos e da ciinica de pacientcs que apresentaram sofrimento de retalhos p6s-cirllrgicos. Urilizamos a aplicac;ao intradermica superficial de um composro com vit3mina A) vir3.mina E e vitamina C (ACE pool). Iniciam-se as 24 horas apOs 0 ato cirllrgico, quando se nota 0 sofrimenro do retalho, e 0 procedimento e continuado por 15 dias, quando se observa a remissao do quadro. Baseou-se tambe.n nos esrudos preliminares de PERSSONELLE et al"" na melhora da te5mra da pele par aLlmento de fibras cobigcn3s e e1asticas nus tratamentos esteticos da face, em que foram rcalizadas intradermicas sLlperficiais de all tmllS ,·ctiuoic acid 0, I% cUI a biodisponibilidade apas foi de 0,02%. 24 Rev. Soc. Bras. Cir. PI3..'it. Sao Paulo \/.13 11.1 p. 17-30 jan.japr. 1998

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I

Vitamina A Acida, Vitamina E e VitaminaC Injetaveis no Tratamento de Necroses

de PeleJussara G. PerssoneUe I

Ewaldo Bolivar de Souza Pinto2

Rogerio de Olivei"a Ruiz3

I] Cirurgia Phistiea e Direrora Gilliea do Hospit.,1 Saint Paul, Sao P.llIlo, 51'

2J Cirurgiao Plastico c Diretor do Curso de Especi.\liza~·jo em Cirurgia PHsrica cia Uni\'ersicladc Sama Cedlia dasBandeiranrcs) Santos, SP

3J Cirurgiao P1<istico} Medico Assistenrc clo Hospiral Saint Paul, Sao Paulo, SP'

Endere~o para Correspondeneia:

Jussara G. Perssonelle

AI'. Mocma ] 70/111Sao Paulo - 51'04077-020

suMARroEste tmbalho baseon-sc CIII csrlldos rcalhados elll labomtorios cOlltaudo COlli a capacidadc dc ueojiJl"lllaraollasmlar iudl/zida pclo ACE pool isto e, Ilitl!1l1iua A dcida "all tmus ,-etiuoic acid 0,1%", COlli a araoantioxidl!1lte das vitl!1niuas E '5'1cetato de tocoj'crol 0,2%" c C "ricido ascorbico "cllcstido 0,2%" c COlli acapacidade das ",esmas un csrabilizarao das membmllas cellliarcs. As llitaminas jiJmm dilllMas 1:-1- comllitamiua A 0,002%, Ilitamiua E 0,0.5% e "itamiua C 0,0.5%. 0 IISO dc ACE paolI/a jiJ1"IIIa iUjCtrille/iutradenllica superficial por 15 dins dcmousrTolI "ellemao do IJnad.-o de uecrose wtauca pos cirll1lJia plristica(Iitidoplastia, mamoplasria "cdntom c abdollliuoplnsria).

INTRODUGAo

o objerivo desre rrabalho e demonsrrar que 0 cimrgiiopl:\srico pode anlar em casos dram:\ticos de necrosecurinea, pos ato cirllrgico, mjni.lllizando au revertendoseqlielas tardias que tanto estigmatizam os pacientes.Panimos da observa~ao dinica e de estudosmicroscapicos previos em ratos e da observa~ao ciinicade pacientcs que apresentaram sofrimento de retalhosp6s-cirllrgicos. Urilizamos a aplicac;ao intradermicasuperficial de um composro com vit3mina A) vir3.minaE e vitamina C (ACE pool).

Iniciam-se as aplica~Ocs 24 horas apOs 0 ato cirllrgico,quando se nota 0 sofrimenro do retalho, e 0

procedimento e continuado por 15 dias, quando seobserva a remissao do quadro. Baseou-se tambe.n nosesrudos preliminares de PERSSONELLE et al"" namelhora da te5mra da pele par aLlmento de fibrascobigcn3s e e1asticas nus tratamentos esteticos da face,em que foram rcalizadas apliea~6es intradermicassLlperficiais de all tmllS ,·ctiuoic acid 0, I % cUI abiodisponibilidade apas dilui~ao foi de 0,02%.

24 Rev. Soc. Bras. Cir. PI3..'it. Sao Paulo \/.13 11.1 p. 17-30 jan.japr. 1998

Vit.lll1ina A Acida, Vir:lll1ina E e Viramina C Injed.veis no Trar:ullCIltO dc Necroses de Pclc

VITAMINA A

Sabe-se que a vitamina A (all tram retinoie acid) temcomo propriedade a atil'a~ao intra nllcleo do eiclodos retinoides obtcndo lllll eomportamento cclubradequado e assim uma maior produ~ao de fibrascolagenas e clasticas; com poder anrioxidanre,imunorregubdor, podendo ser usada nas mais diversa.,parologias. CHANDHARy'2" ESCRIBANO(6"KLIG,\1A.!'\JIII.12', PERSSONELLE"Xi c TONG""-

SIT TGEN,2u, em 1962 fez a primeira al'alia~ao

clfnica da vitamina A associ ada , doen~a

hiperqueratotica. Em 1968, KLIGNIAN'"' fez aprimeira avalia~:io da vitamina A em acne dando illfcioao uso da vitamina A em altera~i)es da pc Ie,principalmente na photo aged skin, nos seus csntdoscom retin-A nos bboratorios Orrho. Ortho R. \~Z 151.

Mais recentcmente, ELL[S"', em [990, dcmonstrouem esrudo clinico e microscopio quc 0 uso topico dctrerinolna (all trans retinoie acid) 0, I % cremc (1000mm/ml) mclhora a photo alTed skill. Esta melhora foirelaciollada 3. compaCr~Hj:io do C$trato corneo, allmcntOda Clmada granubr com maior cspessura da epidcrme,aW11enro do ntimero de mitoses nos qucratinocitos,presen~a dc glicosaminoglicanas c aumcnto das tibrasde ancoragcm da jun~ao dermo-cpidermica. 0 cSUldofoi completado em ~ meses c toi real'aliado ao 22"mes, quando sc observoll c1inic3Jllcnre limadimillui~:io 3CCIltUada das rugas c vincos c lIIlla

melhora na tcxtura c ebsticidadc da pek. Continnandoos achados de KLJGMAN(l2" LASNITZKl(l·lI c WIL­SONJ2l', nao toraln rclacionados efeiros cabtcrais.

Segundo JARDILLlER'91, 0 ,icido rctinoico e maiseficaz que 0 retinol, po is para a obten~ao deglicosaminoglicanas (que mantcm a expressao dasfibronecrinas) nao neccssira glicoliza~ao. Asfibronectinas se encontralll diminuidas na photo agedskill e COI11 crescimcnto descontrolado nasrransforma<jOcs lTIalfgnas. Com isso, tlca demonstradaa possibilidade da I'iramina A antar como inibidor dacarcinogcnesc (CONNOR"')

Efeito Imullorregulador da Vitamina A Acida

Oe acardo com 0 rclaro de PENN er COL"-', asuplemema~ao vitamfnica A, C e E aumcma afun~ao dos mecliaclores cclulares imunologicos,sendo signifieativa a c1eva~iio do n° absoluro delinf6ciros T, scguida de conseqiieme aumemo doslinf6ciros T~ (helper) e esrabiliza~ao do linf6ciro

Rev. Soc. Bras. Or. Phsr. S~O Pailio v.1 ~ n.1 p. 17-30 jal1./apr. 1998

T8 (suprcssor) em resposta , tirohemaglutinina(mcdiador qufmico aumcmado na prescn~a dasvitaminas A, C e E).

No preseme estudo, reportaremo-nos ao all traIlSrctilloic acid, espcciallllClltc sua flln~';io naimunorrcgula~ao c imunocstimula~ao na imunidadecelular (linhagem do linf6cito T).

Sabc-sc que a vit<1min:J A pcrpetu::t a c0ll1unica'r50intraeelular.

Saocmos que a slmese de prosraglandin.ls E2 pelacpidermc 113 presenCia do nil n"fi1JS retilloic acid geraesrimula~ao sangiifnea permitinclo uma rcspostakucocidria dpida. Portanro, csd associado :1melhura na defesa primordial contra baeterias, virus,parasiras e processos ntmorais ocnignos e malignos.

Sabe-se tambem que 0 ~kido rerinoico prolllovc 0

aUl1lcnto cit: intericlicina.

A presensa do acido rcrinoico no tegumentoCUt<lneo ariva a rcde dc cclulas dc Merkel e asrennin3.<jocs nervosas livres siruadas na jun<j3odcrlllo~cpidermica, sao accitas atualmente comoelementos lI11porranres na libera~ao dasprostaglandinas 02, scrUton ina, leucorricnos(mediadores qUlmicos) que cstimulam avasodilata~ao COIll consequente aUll1cnto depermeabilidade vascular; isro origina a chamadatecidual de elememos celulares e possivclmeme devarias bioquimicas que passamos a dcscrcvcr.

As plaquctas se ativam ao aderir ao subendorelio,devido , cxposi~ao ao colageno e , trombina. No­vas plaquetas se ligam a estas fOrtlus arivadas,arivando-se rambem e liberando 0 acidoaraquidonico,o PAF (faror de ativa~ao plaquedria)eo AOP

A trombina e 0 colageno rem receprores diteremcsna membrana plaquetaria; de sua a~ao ocolTcmrea~oes bioqulmicas que levam , secl"C~ao dosgriinulos das plaqueras, entre elas a liber,l~,io du IP3(prosraglandina IP3) que e 0 scgundo induror maisimport'Ulrc de ativa~ao plaquedria. 0 lP3 age comoionoforo de cilcio, aumcntando a sua conccntrasao.Essa concemra~ao aumemada ativa tosfolipascs(cnzimas) como a A2 que liberam 0 acicloaraquidonico.

COlllO enecessaria in.ibir Oll campenI' com 0 acidoaraquidonico, que rem como subproduto 0

25

-

-

Rcvista da Sociedadc Brasilcira de Cirurgia PI;isrica

rromboxaJlo A2 (parente vasoconsrritor e agregantephguet<irio), deveremos esrimuhr a produ~ao daenzima ciclo-ox.igcnasc pc las plaqueras e produzir,entao, pequenas qU;lntilbdes de rromboxano A3,quc c fisiologicamcnrc inanvo, reduzindo aagrega~ao plaquedria porem, manrendo avasodilara~ao.

No endorelio, temos que a produ~ao deprosraghndina 12 (parente vasodilatador e antiagreganre plaquedrio) nao e significativamenteinibida c a atividade fisiologica de umJ novaprosraglandina, a 13 e acrescentada aprostaglandina[2. 0 resulrado e uma altera~ao do equilibriohemosdtieo em dire~ao a uma eondi~ao maisvasodilatadora, com menos agrega'1ao plagllcdria,ABB'" [982.

Do icido araguidonico tambcm se dcrivam osleucotrienos, esrando os do ripo 134 (LTB4)envalvidos cm doen)"3s como a artrite reuIllar6idee a psorfase. Quando 0 icido araquidonico soti·e aa~ao da enzima lipoxigcnase, formam-se osleucorrienos do ripo 135 (LTB5) que possucmmenor efeiro sobre os proccssos int1amatorios equimiost:iticos melhorando, entaD) 0 processo.

Hi. relatos t<lmbem, como as de ABBlll, de que 0

acido rcrinoico elll usa prolongado e elllconcentra<;6es nio toxicas) inibe a atividadcespont3nea do linf6cito T natural killer emhumanos, nos advertindo ma1S 1I.ma vez para sermoscaurelosos no seu uso prolongado.

VITAMINA C

A vitamina C (ascorbato - forma ionizada do icidoascorbico) e essencia.l para a sintese do co13geno11X1

por ser requerida na hidroxila~ao da prolina nocol;\geno OLZWERI14'. Assim 0 ascorbato resgata 0

Ion ferrico da enzima, inativado dur;lntc a hidroxila~ao

da prolina, sendo entao um antioxidanre especifico. A,imese do eoLigeno na auseneia do ascorbato produzfibras anormais e comribui para as les6cs na pcle cti-agilidade vascular.

A vitamina C regenera a vitamina E na sua formaredllzida FITZPATIUCK") A defieiencia da viraminaC Illosrra no infcio uma queratose. A vitami.na Cregen era a vitamin;l E n3 sua forma reduzidaJARDILUER,<J,. A deticiencia da vitamina C mosrrano infeio uma queratose do folfeulo piloso quc, coma tempo) sc torna helllorr~lgico proporcionando a

gucda do pelo'9', fazendo parre de lllll sisremabiogulmico de redox, podendo ser oxidado(reversivclmenre) sc rransformado em aldeido­ascorbaro. Esre composro pode ser lllll doador de H 2em rea<;6es de hidroxilatrao enzim3tica. A vitamina Cca llll.ica vir3.lllina que naa cSiJlrcrizada pelu hamcmpOlS nio exisre Clll nosso orgalllsmo a cnZlIlla queconvene acido L-glucclnico em acido ascorbicoOLZWERil4'.

A cxigcncia humana dcsra vitanliJla excede a das outrasvitamlllas pOl' uma au duas ordens de grandezaKARLSONllOl.

VITAMINAE

Para que as processos intracellliarcs obtidos atravesda viramina A c vitamina C scjam sarisfatorios cnecessaria uma integridade de membrana celular,consegllida pcb a<;;lo da vitamina E, que tambemproporciona a obtcn~ao de ATP atraves da cadeia dasquinomas, que e uma eadeia isopren6ide lateralfacilmenre oxidada (quinol1la - hidroquinol1la)(STRYER(19,).

A vitamina E (31[, tocofcrol - l1lais COI1lUI1l) inibe oslipopigl1lcmos dos radicais livres, sendo porramo tllll

antioxidamc.

Foi dcmonstrado que cada molecula de viral1lina Eprotege 220 11l0leculas de icidos graxos poli­insarllrados c) na prcscncra da vitamina C cm sua formade ascorbato, sua porencia anti-oxidanrc eJumcntada114).

Segundo PALAN"6" DIPLOCK'4' EFITZPATRICK(7), a vitamina E e inibidora dacarClnogcncse.

NECROSE TECIDUAL E MEDICINAORTOMOLECULAR

Radieais Livres

S~lo aromos , lons OLi lllolecuLls que possllem lllllnllmero llllpar de elctrons, ou scja, lll11 e1en-on naoparcado na orbita externa e, por serem inst3veis eCOIll devada reatividade, rendel1l a acoplar 0 eterronnao pareado em cstrllrllras pr6xjmas, realizandoproccssos de oxida)"ao ou 3tuando como rcdutorasdc e1etrons e) porranto, os antio"xidanrcs (viranlinas)djminllclll este processo.

26 Re\'. Soc. Bras. Cir. Plast. S~o Paulo \'.13 11.1 p. 17-30 j:lll.japr. 1998

. '

I

Viramina A Acida, Viramina E e Viramina C Injed\'cis no Traramellto de Necroses de Pelt:

Segundo Efrain OLSZEWER<I', existem duasfonnas de prodw;ao de radieais livres quederermin31ll as necroses recidu3is.

I" - lsquemia par reperfusao

2° - Rea'lao de Haber-Weiss

Isquemia por Reperfusao

As altera'l6es nos niveis de oxigenio proporcionamo aparecimcl1ro dos radicais livres, que C3l1Sam les30na membrana cclular, e tamocm de :\cidos nucleicos(constiu,imes das proteinas).

Nos processos cirllrgicos, isro c, nas Isqllcmiasinduzidas, n:lo h:i forma'lao de radieais Iivres, porcmao se induzir a reoxigena'lao (reperfusao) obtemosa sua forma'lao.

Durante 0 processo isquemico, 0 ATP c catalisadopara hipoxantina que se acumub no interior dastecidos. A xantina-oxidase c a ma;s imporrame nesteprocesso catalitico e c formada pela xamino­desidrogenase qlle age rcdllzindo a nicorinamidaadenosina dinucleotido (NAD), ou seja:

xamina + H,O + 20, <:>

:icido urico + NADH + H+

Assim, em processos isquemicos, a xanrina­desidrogenase se converre em xantina-oxidase quef.1cilita a produ'lao dos radicais Iivres.

xmtina + H,O + 2 0, <:>

acido urico + 2 0,' + 2H

Sabe-se, tambem, quc 0 dlcio ciwsolico cimporranre catalisador da CIlzima xamino-oxidasee sua cOnCl"ntr3~;1o allment:l durante a faseisquemica, Oll scja, no sofrimenro ccllllar,favorecendo a conversao da xantina-desidrogenascem xamina-oxidase, produzindo alros nil;;'is deradicais livres que aumemam a pcrmeabilidade mi­crovascular e 0 proccsso isqucmico rccidllal.

Sabe-se, por inllllleros trabalhos con.firmados purOLSZEWER'''', que drogas amioxidantes comovitamina A 3cida, vit::l.1nina E, \'itamina C, sclenio,EOTA (:icido dietilaminotetracetico) podem re­verrer 0 aLllllentO da permeabilidade vascular econrrabalan'lar 0 processo isquemico, ou seja aforma'lao dos radicais lin'es na hora da reperfusao(Fig. I).

Rea'lao de Harber-\Veiss

Ea rea'lao que ocon-e para a forma'lao do radicallivre super-oxido, quando na presen'la de ferro nostecidos, ocasionado por hemaromas que tJmbeminduzem J necrose tecidua!.

Segundo HE FFN E R,g" fisiologicameme .1

quamidade de ferro exrracelular Zlimitada noenglobamemo pela hemoglobina, liga'lao comtr~ulsferrinaprevcnindo a torllla~5.o de radicais Iivres,impedindo a rea'lao de Fenton.

Assim, na dlula, a maior parte do ferro nao esddisponivcl, pois CSt:] Iigado "fen·erina. A pequena" 1 . - " I' , drcserva l C transl'1ao para rea Izar a sll1tese aprotein;) e prorcgida pelo sistema antioxidanrcorganico constintido por catalases, super oxido­desmlltase.

Celulas lesadas e em :ireas de inflama'lJo teeidualliber'Ull ferro Iigado J fen'itina coda "reserva detransi'lao". Este terro e 0 que promo\'e a rca'lao deHaber-Weiss. Isto pOLk cxplicar pOl'que tecidoslcsados sao sujeiros ao dano oxidanre maisf:.lcilmenrc que os recidos fntegros, independentcda causa prim<iria do dano celubr. T.1mbcm e sabidoque, nos fllmantcs, as aJrcras-ocs :llveolarcs inclllcmmais ferro ligado a fen-irina nos macr6fagosalveolarcs. Assim, nos pulJ1lC>cs dos nlmanteS, Iibera­sc 111aiS ferro Livre e aUJllcnta 0 processo oxidarivosistematicamente que, associado , libera'l:lo localdo ferro (hematoma), induz a necrose tecidual lo­cal.

AVALIAGAo EM RATOS

°presenre esmdo, objetiva a observa'lao da melhoracic:ltricial, em ratOS neozelandeses, apos aplica'lao deACE pool. ESUldos realizados com a t<'cnica estatisticarandomizada, fechada, demonstraram melhora d.lqualidade tecidual local, no grupo tratado.

Material e Metodo

I'oram observados oim raws (neozclandeses),adulros (90 dias), brancos, num esmdo duplo cego,quatro machos e qLl:ltl·o tcmeas, higidos. Todos osanimajs foram colocados em gaiolas individuais, emLII11:1 sala fechada JCusticamenre de 4 por 4 merrose mantidos em temperatura constante de 22°C,recebendo ilumina'lao artiticial com luz branca de100 W por 12 horas di:irias, alternadas com 12 horas

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Rcvisra da SOl:ied.lde Brasilcir.l de Cirurgia PHstica

de escuro.

Os r3fOS rccdxram ra~;jo3liment3r 113 primcir3 horade illimina~5.u, qU::lI1rirati\,:llllenrc C qua..lirativamcnrep3dronizados.

o csrudo foi dcrmdo scmprc pdo mesmo medico,nos sere dias c, durante esse pcriodo, os r~1tos sem3nti\'cram higidos, nao ha\'cndo alrera~ao dccomporr.ullcnro cntrc machos c fcme3s.

Rcalizaram-sc rrcs reralhos rri3ngubrcs n3 rcgjjodorsal dc C'llia rato, com ;'pice ccf:ilico de I cm deb3se por 5 cm de altUr3, com rela~ao base/alrura de1/5 c angulo do apice de 11,6° Os retalhos foramdenominados: A, Be C, em cada ratO, sendo quc Ac B eram reralhos paralelos c 0 reralho C foiconfcccionado inferiorlllenre em dire<;3.o caudal,conforlllc Figs. 2a c 2b.

Observou-sc que, apos 24 h d3 confcc~ao dosrcralhos, esres apresentavam em media 30 a 40%de necrose dcrmo-epidermica no scu apice, scguidadc, aproxiIll3da.mente, l09u de sufrimentu ocrlllo­epidermico levc com epidenllolisc superficial,conforme Fig. 2c.

A dura~ao da observa~ao foi de sere dias; rodos osretalhos A for3m submeridos a biopsia 24 horasapos a confec~ao do rcralho quando ja insralad3 3necrose; tOdos os retalhos C perrenccram .10 grupocontl'ole, quc nao recebcll tratamcnto, e rodos asreralhos B perrencer3m ao grupo quc reccbeu asolu~ao injedvel de ACE pool (diluido 1:4 comprilocafna scm vasoconstriror).

As aplic3~6es no reralho B foran1 diarias, realizadasdu.ls horas apos a alimenta~ao dos rmos por Ulllperiodo dc scre dias, scndo a primeira aplica~ao

rcalizada 3pOS 24 h d3 indu~ao da necrose. Fig. 2d.

o esrudo consisriu 113 3plica~ao de 0,5 ml de ACEpool inrradermica supcrficial, diariamentc, norcralho B cscolhido para scr do grupo rrar3do comassepsia pre-'ia de aleool a 92 GL, com seringa doripo rubcrculina agulhada, scmpre no mesmo locald3 3plica~ao anterior abrangendo todo 0 retalho ea arc3 subjaccnrc a csre. Iniciaram-se as aplica~6es

a 0,5 cm da arca induzida a necrose, indo-seccnrripctamcnte ,1te 0 :lpice do rct:1lho triangular.

Um dia apos a t'drima aplica~;jo, rcrirou-se umabiopsia dos dois grupos, B e C (rrarado e naotr .Hado, respecri \'amenre), pa r.1 com para~ao

28

histOlogica dos processos de cicarriza~ao (Figs. 2e,2f e 2g).

Avalia~ao Cliniea

A ava\i;l~ao dinica foi dererminada peb avalia~ao

da qualidade de cicarriz e peb elimina~ao da ne­crose (rcgrcssao d.1 nccrosc): em 87,5% dos rcralhosrrarados obscr\'ou-se rcmiss3.o da necrose; 110S

12,59-'0 rcsranrcs, IllCSI110 1130 h3\'cndo rcmissaocomplera d3 necrosc, houvc mdhoria da cicatriz cmcompara<;30 ao grllpo njo tJ·atado.

AvaJia~ao Microsc6pia

I) Biopsia dc necrose do retalho, rctirado nodia subscqlienrc ;10 lb indu~ao da necrose.

2) Biopsia do grllpo rratada (3p6s 16 dias detratal11cnto)~ au tinal do tr;:lt:l.lllcnro.

3) Biopsia do grupo nao tratado apos 0 finaldo pedodo de tr.lramenro.

Discussao

Naa foram observadas mones no periodo detratalllcnro C l1ao foram obscrvadas difcrcllS':lssignificativas no traramento quanro ao sexo dasal1llllalS.

Duranre os sere dias de obscrvJ~aa, p6de-se nor3rque 0 grupo que reccbcli 0 tratamcnto cvoluiul11uiro mais rapidamcnrc que 0 grupo 1130 rrarado)sClldo quc, Clll :lpcnas lllll rato (12,59-&), nao hOllvcrcmiss3.o da necrose, mesmo assim obscrvou-sc lunamclhora da ql1alidade cicarricial quando comparad3com a ql1alidade cicatricial do grupo nao trarado.

Em 7 ratos (87,5%) houvc remissao total da ne­crose; obscrvou-sc restaura<;30 do tcgumenrocudnco e na compara<;:1o com 0 grupo contrak: queapr~scntava 5 raros (62,S9-u) com ~lrca cruenr:l, CUIll

secre~aosorofibrinosa c cm 2 "ltOS (25%) observou­se :linda a torma<;ao de crostas espc:ssas e escuras,aderidas 3 dcrme, scndo que lllll r:uo (12,5%) tcvecicarriza~ao por segl.lnda inren~ao, apos retiradarota I do retalho.

Os aspectos c1inicos foram comprovados ecompariveis com 3 analisc microsc6pica do mare­rial.

Rev. Soc. Bras. Cir. Plasr. S:i.u Paulo v.13 n.l p. 17-30 jan./apr. 1998

\'irJminJ A Acid,l., Viramina E c \'ir.l.mina C Injedxeis no Tr,l.t,l.Incnro Jc ~ccro~cs dc Pele

ESTUDO CLlNICO

Metodologia Cliniea

Em face dos dados acima citados, encor'ljou-se auriJiza~50 do mctodo em pacienres selccionados,inieiando 1II11 esrudo protocolar.

Trararam-se 21 p.lcienres que apresenraramsofrimenro de reralho de pele apos cirurgia,divididos pelo ripo de cirurgia a que foramsubmetidos: quarro riridopla.'itias, del. mamoplastiasreduroras (3 bilarer.1is e 7 unilaterais) e ~ere

dermol ipecrami.lS.

Metodos de Tratamenro

o traramenro com pool injer:lvel foi realiz.lLlo em21 pacienres, com idade variando enrre 17 a 65 anos,selll paralogias prcvias (Figs. 3,4 e 5).

Injeramos 0 ACE pool (diluido 1:4 com prilocainasem vasoconsrritor) ,u quanridade de I a 3 ml,dependendo da exrens50 da parologi.l, viaintradcrmiea superlici.ll, smdo 0 limite da inje~50

loot! 0 nh·c1 de san,r.l~-joda epiden11e. Foramusadasscmprc agulha dc insulina c scringas de 3 ou 5 ml,para a realiza~50 das apliea~6es, (rodo 0 materiaJdescarr.h·eI). Realizaram-se quinze aplica~6es

diarias, sempre cenrriperamenre inici.ldas em areainalrerada (0,5 cm lor.l d.l .irea necrotica) indo emdirc~50 J necrose ou sofrimenro do ret.llho, cominrervalos de 0,5 cm.

Disetlss50

pool apresenraram na av.t1ia~Jo c1inica(m.1Croscopia), diminui~50 do tempo cieatrici.11quando comparado com 0 gmpo n50 rrar.ldo, a.1611de uma regenera~50 compler.l do recido em quaserodos as C.1S0S, c1imil1anuo a Clr~lCtcrisric.l cic,ltri­cia I do recido que oeon'e normah11enre apc\s a ne­crose.

CO CLUSAO

Conclufmos que 0 uso do ACE pool injet,h el " mai,urn metodo de trntamento que vem se somar aoS! maismodemos metodas disponfveis ao cirurgiao phiMicopam a manutent;ao da saude do sistema tegumentar e.com isso. oferecernos altemativas de terapClItica paraos paeiemes. em easo de necrose ou sofrimenlos dotegumenta cUlaneo. que nao tcrial11 resultadossatisfatorios com tratamentos cl:1ssicos.

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As alrera~6es cur5ne.1s obtidas, apos a !:tIt<! deoxigma~50recidual quando se insrala.1 necrO'e, s.iobeneficiadas com 0 uso do ACE pool.

'a aplica~50 inrr.ldermic.l superficial do ACE pool,notamos uma csrabiliz.1~50 da membran.l cclular(diminui~50da loslolipida~Jo da membrana cclular)dada pcb ,'it.1min.l E, ari\'~H;:io inrr.1Iluck.u· cexcira~Jo da fornl.l~50 do col.igeno an'aves davitamina A. Temos r.1mocm uma normaliza~50docolageno induzida pela hidroxila~50 da prolinaatraves da viramina C. e associada ;, a~50 dasvitaminas, rcm-sc ;l potl:llcializac;ao da viramina E,que rambc,11 inibe a peroxida~50 lipidica da mem­brana celular.

Observa-se enr50 que os recidos rrarados com ACE

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