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BRUNO RICARDO SILVA FERNANDO CÂNDIDO DE PAULA JOÃO VITOR ALVES DE OLIVEIRA JORGE KAJURU: UM DEFENSOR DA LIBERDADE DE IMPRENSA OU SIMPLESMENTE ALIENADOR SENSACIONALISTA ASSIS 2010 Av. Getúlio Vargas, 1200 – Vila Nova Santana – Assis – SP – 19807-634 Fone/Fax: (0XX18) 3302 1055 homepage: www.fema.edu.br

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BRUNO RICARDO SILVA

FERNANDO CÂNDIDO DE PAULA

JOÃO VITOR ALVES DE OLIVEIRA

JORGE KAJURU: UM DEFENSOR DA LIBERDADE DE IMPRENSA

OU SIMPLESMENTE ALIENADOR SENSACIONALISTA

ASSIS

2010

Av. Getúlio Vargas, 1200 – Vila Nova Santana – Assis – SP – 19807-634

Fone/Fax: (0XX18) 3302 1055 homepage: www.fema.edu.br

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BRUNO RICARDO SILVA

FERNANDO CÂNDIDO DE PAULA

JOÃO VITOR ALVES DE OLIVEIRA

JORGE KAJURU: UM DEFENSOR DA LIBERDADE DE IMPRENSA

OU SIMPLESMENTE ALIENADOR SENSACIONALISTA

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado junto ao curso de Comunicação

Social com habilitação em Jornalismo do

Instituto Municipal de Ensino Superior de

Assis – IMESA e Fundação Educacional do

Município de Assis – FEMA como requisito

parcial à obtenção do Certificado de

Conclusão de Curso.

Orientandos: Bruno Ricardo, Fernando

Cândido de Paula, João Vitor Alves de

Oliveira.

Orientadora: Profª. Dr.ª Elizete Mello da Silva.

ASSIS

2010

Av. Getúlio Vargas, 1200 – Vila Nova Santana – Assis – SP – 19807-634

Fone/Fax: (0XX18) 3302 1055 homepage: www.fema.edu.br

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DEDICATÓRIAS

Fernando Cândido

Quando o Sol cruza com a lua e deixa de ser visível por alguns instantes, ocorre um

fenômeno chamado de eclipse. Isso acontece porque um astro cobre parcialmente ou

totalmente o outro. Os astros também são chamados de estrelas, e o conjunto delas

forma um signo. Estes signos são estudados pela ciência denominada astrologia, e

segundo os astrólogos, influenciam no destino e comportamento dos homens de maneira

geral.

Não sei se quando escolhi estudar Jornalismo foram os signos que designaram esse

destino. Entende-se que quando terminamos o ensino médio, estamos aptos a escolher

uma profissão, ou partir de uma vez para universo acadêmico. “Conheci” o Jornalismo

através de um primo que já era formado e trabalhava na área. É um jornalista respeitado,

alguém em que me inspiro. Mas de nada adiantaria sem minha opção.

É difícil uma pessoa humilde conseguir realizar sonhos e escolher a profissão que

deseja, mas não é impossível nem proibido lutar por nossos anseios e desejos. Nosso

caráter e nossa vivência são muito mais importantes que qualquer outra coisa no mundo.

Devemos engrandecer e valorizar cada vez mais o ser humano, que é a matéria viva

mais importante existente no mundo. Por estes ideais decidi por Jornalismo.

Quando entrei na faculdade achava que poderia mudar o mundo com a profissão de

jornalista, mas para mudarmos algo é necessário que haja mudança dentro de nós

mesmos. Mais responsabilidade, segurança nas decisões, mais respeito, e tudo que for

necessário para que possamos realizar não somente nossos sonhos, mais os sonhos de

dezenas, centenas, milhares e quem sabe milhões de pessoas.

Tenho absoluta convicção de que estou terminando o curso apto para realizar mudanças

radicais em uma sociedade que necessita de ajuda para lutar, pensar, e ponderar seus

direitos. Esse é meu maior dever a partir de agora.

Mas sem a ajuda de muitas pessoas, galgar os degraus de uma escada que está apenas

no começo seria impossível. O trabalho em equipe deve sempre ser ressaltado e

eternizado. Aprendi nas minhas raízes a agradecer dizendo obrigado quando recebemos

presentes, ajuda e favores. Primeiramente, se não fosse à ação de forças divinas vindas

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de um Deus que nunca deixei de acreditar, não poderia fortalecer a voz da bondade,

dignidade, e respeito com os cidadãos.

Em minha vida, sempre fui cercado de amigos e parentes. Muitos me ajudaram a ter

calma na hora do “pênalti”, a acreditar que existem muitas pessoas querendo dedicar-se

ao bem no mundo. Não poderia deixar de lado quem foi o apoio financeiro e emocional

na minha vida acadêmica, meus pais. Sem eles, não sei em qual seria o degrau que a

vida me reservaria. Aos amigos, fica difícil encontrar palavras ou descrever seus

adjetivos. Não quero citar nomes, seria injusto dizer apenas alguns e esquecer de outros.

Não sei nem se caberiam todos neste espaço. Mas eles sabem que estou falando deles.

Em seguida, gostaria de parabenizar e agradecer todo esforço, dedicação e contribuição

que nossa orientadora, Elizete Mello, ajudou a construir neste ano de 2010. Ela nos fez

separar sentimento e realidade, tendo em vista nosso personagem Kajuru, o que foi de

fundamental importância para a realização desta pesquisa. Agradeço também todas as

pessoas que me ajudaram na Fema, a formar o cidadão que sou, e a todos os

professores especialistas, mestres e doutores que deram uma carga de contribuição

para minha realização emocional e profissional. E agora a vida toma um novo destino, e

seja o que talvez os signos tenham descritos. A única certeza é que estarei

acompanhado da divina força de Deus, onipresente em nossa luta.

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João Vitor Alves

Agradeço primeiramente a Deus por iluminar e dar força a todos nós até o fim do curso,

foram quatro anos da minha vida que nunca vou esquecer, as amizades que fiz espero

que continue por muitos anos.

Dedico este TCC principalmente aos meus pais Paulo e Marli que com muito suor e

esforço acompanharam e confiaram na minha determinação em fazer este curso, sem

eles nada disso seria possível, foram eles que me deram a chance de conhecer todo o

pessoal que convivi todos estes anos e o mais importante, deram o inicio a mais um

período da minha vida, ou melhor, me encaminharam para o ciclo mais importante da

vida, ciclo este que vai definir o meu futuro pessoal e principalmente profissional. E como

um bom engenheiro agrônomo o papai plantou todas as sementinhas necessárias e

agora já começar a colher seus frutos.

Além dos colegas de classe e amigos, nestes quatro anos conheci uma pessoa muito

especial que também foi importantíssima para a minha formação, que me deu muito

apoio e ajuda ao longo desses anos, e além de me ajudar e apoiar esta pessoa roubou a

minha atenção e também o coração, o nome dela é Lilian! Minha namorada e, quem

sabe, no futuro Esposa! Afinal já estou formando, futuro promissor pela frente... Então

por que não?!?!

E mamãe como uma boa cabeleireira deu um talento no meu visual pra sempre estar

apresentável perante a sociedade.

Não posso deixar de citar meus grandes amigos e parceiros não só neste trabalho mais

em muitas outras ocasiões na faculdade, o pequeno grande Fernandão e o ilustríssimo

senhor Bruno, quando junta os três na sala ai não tinha pra ninguém era risadas,

imitações, piadas o tempo todo, mais claro não esquecíamos dos estudos e a prova é

este TCC.

Foram muitos altos e baixos ao longo do curso mais quem espera sempre alcança e

encerro esta dedicatória com uma frase que sempre digo quando alguém acha que na

vida tudo esta perdido, “O impossível não existe, ele é apenas uma questão de tempo!”

Esta fase já se encerrou e vou levar sempre na lembrança todas as pessoas que

participaram desta jornada, e espero poder reencontrar todos num futuro próximo. E

como em todo final de final ou novela... FIM!

João Vitor Alves de Oliveira, o seu companheiro de aventuras TODDY!

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Bruno Ricardo

E se passaram quatro anos, na bagagem: o sonho transformado em realidade, a

formação acadêmica, mas uma etapa cumprida em busca de um lugar ao sol.

Os agradecimentos são diversos, pois em todas as batalhas conquistadas na vida,

precisamos de um alicerce para nos apoiar nos momentos adversos. Momentos esses

superados pela força de vontade, e crença nas conquistas dos objetivos traçados.

Aos professores, responsáveis pelos conhecimentos adquiridos no decorrer do curso.

Aos poucos, mas sinceros amigos conquistados e, em especial aos colegas de

monografia: Fernando Candido e João Vitor. A professora e orientadora do projeto:

Elizete. A fundação Educacional do Município de Assis que, apesar das falhas

demonstradas ao longo dos quatro anos, é a instituição que nos graduou e nos habilitou

para exercer a profissão.

A meu Deus, que é o alimento espiritual da sobrevivência. A família, o suporte para

seguir em frente, em especial a Dona Maria José Feitosa que, além de mãe, amiga, é a

principal responsável pelos dias e noites respirados. A Johanna Cordova, amiga e

confidente que reside no interior de Santa Catarina, a pessoa que me deu força no

momento mais complexo da minha vida e, que tenho um carinho especial.

Assim, celebramos mais uma etapa construída ao longo de quatro anos e, meu desejo

sincero de conhecer nas próximas outros: Fernandos, Joãos, Felipes, Diegos, Anas ..

... E se passaram quatro anos.

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“Liberdade é o estado e a condição do homem livre. Todos temos direito á

crítica tanto positivamente quanto negativamente e, de forma verdadeira,

fazer justiça através do meio chamado jornalismo”

(Fernando Cândido)

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RESUMO

O presente trabalho teve como principal objetivo analisar o discurso do jornalista

e apresentador Jorge kajuru, enquanto profissional da comunicação esportiva.

Seria ele uma voz da liberdade de imprensa, garantida por lei, ou alienador

sensacionalista?

A leitura da nossa pesquisa permite promover uma discussão sobre qual a

importância do futebol e liberdade jornalística para a imprensa e sociedade

brasileira, levando em conta a carreira e o trabalho de Kajuru.

PALAVRAS CHAVE: liberdade de imprensa – sensacionalismo – Jorge Kajuru

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ABSTRACT

This study aimed to analyze the speech of a journalist and presenter Jorge

Kajuru, while communications professional sports. Was he a voice of freedom of

the press guaranteed by law, alienating or sensationalist?

The reading of our research helps to foster a discussion about how important

football and journalistic freedom for the press and the Brazilian society, taking into

account the career and work Kajuru.

KEYWORDS: freedom of the press - sensationalist - Jorge Kajuru

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ÍNDICE

INTRUDUÇÃO 12

CAPÍTULO 1 – FUTEBOL E JORNALISMO ESPORTIVO: A HISTÓRIA

DE UMA PAIXÃO 14

1.1 Futebol na China ou Grã-Bretanha? 14

1.2 O Futebol no Brasil 16

1.3 Jornalismo Esportivo no Brasil (impresso) 19

1.4 Rádio: Esporte e Emoção 21

1.5 Telejornalismo Esportivo 23

1.6 Webjornalismo Esportivo 26

1.7 Alguns Ícones do Jornalismo Esportivo Brasileiros 28

CAPÍTULO 2 – SENSACIONALISMO E LIBERDADE DE IMPRENA:

AUDIÊNCIA E LUTA 30

2.1 Liberdade de Imprensa 30

2.2 Sensacionalismo 32

CAPÍTULO 3 – JORGE KAJURU E O JORNALISMO ESPORTIVO 36

3.1 Infância: Bons Tempos 36

3.2 Jornalista e Apresentador 36

3.3 Kajuru Atualmente 38

3.4 Carreira Profissional 40

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CAPÍTULO 4 – KAJURU: LIBERDADE OU PRODUTO 42

4.1 Um Defensor da Verdade Jornalística 42

4.2 Crítica ridicularizada: um defeito para a liberdade 42

4.3 Kajuru: bom rebelde 46

CONCLUSÃO 47

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 48

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INTRODUÇÃO

Esta monografia, em formato de grande reportagem, é interessante para todos os

seguimentos e editoriais jornalísticos. Mesmo tratando-se de jornalismo esportivo,

a principal finalidade é discutir o discurso, enquanto profissional da comunicação

esportiva, do jornalista e apresentador Jorge Reis da Costa, o Kajuru. Assim,

questionamos a polêmica entre o que é Liberdade de imprensa ou

sensacionalismo?

Não queremos ser tendenciosos, mas é importante antes de tudo saber a

importância do jornalista na sociedade brasileira. Até meados do século XX era

muito fácil dizer que a figura do jornalista era de um herói, revolucionário, e

derrubador de políticos, assim muitos invadiram e ocuparam um lugar de

destaque perante a sociedade. Foi diante de várias situações, como a repressão

durante a ditadura militar, ou quando houve o movimento “Caras Pintadas”, para

conseguir o Impeachment do governo Collor, e até para eleger novos

representantes que esses jornalistas tornaram-se ícones de representação e

anseios sociais. A imagem do profissional foi historicamente construída, e,

calçada sobre os ideais nobres da democracia, da justiça e liberdade.

Atualmente é difícil dizer que a função do jornalista é a mesma. Mas alguns

nomes brigam para defender os ideais jornalísticos e formar a opinião pública.

Jorge kajuru é um desses nomes. Não tem medo de dizer o que pensa, rasga o

verbo, qualifica criminosos, e por ventura arrasta dezenas de processos. Mas

nunca deixou de fugir da ideologia de criticar sempre, seja positivamente ou

negativamente.

É raro um jornalista agir com a personalidade de kajuru. Muitos estão

interessados na manutenção do emprego e no salário.

Em nosso trabalho resolvemos apresentar uma estrutura dividida em quatro

capítulos. No primeiro, através do debate apoiados em trabalhos de conclusão de

curso (TCC) de alunos formados em jornalismo pela FEMA (Fundação

Educacional do Município de Assis), e referências bibliográficas de vários autores

que tratam de esporte, abordamos a história do futebol. Abordamos ainda a

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história do jornalismo esportivo nos matutinos, rádios, emissoras de TV, Web, e

nomes de alguns jornalistas brasileiros consagrados.

No segundo capítulo trabalhamos com a idéia de liberdade de imprensa e

sensacionalismo. O significado de cada um, e a importância da liberdade para o

jornalista brasileiro.

Já no terceiro capítulo contamos a história de Jorge Kajuru, sua infância,

jornalista e apresentador, além de uma apresentação de seu histórico como

profissional da comunicação.

O último capítulo trata-se da análise. É onde analisamos o discurso de Kajuru

como jornalista esportivo com base em vários programas apresentados e

comentados por ele. Será que ele é uma voz ativa da liberdade de imprensa

garantida por lei ou é um alienador sensacionalista?

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-CAPÍTULO 1-

FUTEBOL E JORNALISMO ESPORTIVO: A HISTÓRIA DE UMA PAIXÃO

O futebol é o esporte mais conhecido e difundido no Brasil e no mundo. Desde

quando chegou ao nosso país, há cerca de 115 anos atrás tem arrastado milhões

de fãs e adeptos a sua prática. É uma atividade profissional que gera receitas

milionárias para clubes, jogadores, e todos que estão envolvidos nesta área. Uma

paixão nacional que, por ventura, atrai olhares da imprensa brasileira. Muitos

jornais, revistas, programas de rádio e TV, surgiram graças á esse esporte

chamado futebol.

1.1 Futebol na China ou Grã-Bretanha?

Para muitos o futebol teve início na Grã-Bretanha, já outros acreditam que

começou na antiguidade, antes mesmo de Jesus Cristo nascer. Analisando a

literatura especializada que a prática futebolística realmente iniciou-se na China

em 2.197 a.C.

Ao contrário do que as pessoas pensam o esporte não era nada parecido com o

que é atualmente. O futebol é uma evolução do chamado Ts’uchu, praticado com

crânios humanos. Isso acontecia porque na antiguidade, na luta por comida,

território e poder, os chineses eram invadidos por nômades de tártaros e arianos.

Naquela época homens e crianças morriam cruelmente nas invasões e as

mulheres eram violadas:

“Com o objetivo de combater estes abusos, vários reinos decidiram organizar-se

militarmente, concentrando as tropas próximas às fronteiras, sem nunca tomarem iniciativa

de ataque aos inimigos. Quando ficavam sabendo da ocorrência de invasões de seu

território e conseguiam localizar seus inimigos, em grande parte das vezes, os tártaros

travavam violentas batalhas. Certamente ocorriam muitas mortes e os chineses

conseguiam fazer alguns prisioneiros”. (CARVALHO, 2006, p.10)

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Algumas bolas eram feitas de raízes de coqueiro e bambu, pele animal, couro cru

(presos com traços de ponto), cheias de cereais, pêlos e cabelos. Outras com a

cabeça do adversário.

Como forma de adestramento militar, a prática era distribuída em dois grupos, um

de soldados outro de prisioneiros. O jogo iniciava-se com o corte da cabeça do

primeiro aprisionado, já o soldado tinha que conduzi-la com os pés até duas

hastes de bambu no formato de um gol, quando o crânio do inimigo rompia-se, o

segundo era decepado. Neste caso havia somente um vencedor, o soldado.

O campo de jogo possuía duas medidas: uma no formato retangular e outra

quadrada. A primeira tinha 30 metros de largura por 60 metros de comprimento,

já a segunda media 96 metros.

Mas a prática do verdadeiro futebol que conhecemos hoje, com jogadores,

torcedores, como hobby e trabalho profissional, surgiu na Inglaterra. É uma

versão bem mais evoluída do que as batalhas da antiga china. Não há invasores,

nem guerra, muito menos cabeças rolando ao chão.

Em 1863, o futebol iniciava-se na Inglaterra. Vários times eram formados por

trabalhadores de várias fábricas espalhadas pelo país. Os jogos chamados de

várzeas, pois o esporte foi uma atividade que veio do povo, denominado cultura

de massa. A invasão do futebol no país tinha dia e hora marcada, aos sábados,

domingos e dias de folga, os operários reuniam-se e disputavam as partidas.

Assim:

“A partir de então, deu-se início à identificação por parte da população pelos clubes de

futebol, seja por razões comunitárias, culturais, e até mesmo religiosas. Os clubes se

rivalizavam, fazendo com que inúmeras pessoas alimentassem essa disputa, cantando

seus gritos de guerra”, (CARVALHO, 2006, p. 15)

Com o passar do tempo, o futebol começa a tomar conta das pessoas, várias

famílias e comunidades começam a montar seus times. Começam a surgir os

primeiros clubes, Manchester City, Manchester United, da cidade de Manchester,

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o Arsenal e Chelsea de Londres, e o Liverpool da cidade de Liverpool. A paixão

começa a tomar conta da população:

1.2 O Futebol no Brasil

Entre o final do século XIX e começo do XX, mais precisamente no ano de 1894,

o futebol chegava ao Brasil. Originário da Grã-Bretanha, o esporte ganhou o

nome de Bretão, e foi trazido para o país por Charles Miller, filho de pais ingleses,

que nasceu em São Paulo, mas fora morar na Inglaterra muito cedo, aos nove

anos de idade. Quando voltou ao Brasil trouxe um acessório principal para a

prática do esporte, a bola. Até então o esporte mais popular era o remo, praticado

pela burguesia brasileira.

A exemplo da Inglaterra, os primeiros times surgiram nos campos de várzea,

formados por operários de algumas fábricas da capital paulista. A primeira

partida:

O primeiro jogo oficial que se tem registro no futebol brasileiro, aconteceu em São Paulo

em 1895, assistido por 18 torcedores, na Várzea do Carmo, nas proximidades das Ruas do

Gasômetro e Santa Rosa, reunindo brasileiros e ingleses, empregados da Companhia de

Gás e da Companhia Ferroviária (...) E o primeiro jogo com equipes formadas de jogadores

exclusivamente brasileiros, ocorreu em março de 1899, em São Paulo. O jogo entre

Athletic Association Mackenzie College x Hans Nobling Quadro, que em 7 de setembro do

mesmo ano, passou a se chamar Germânia. (MARTINO, 1997, p.47).

Foi na mesma época que se fundaram os primeiros clubes Brasileiros, formados

por sócios acompanhantes e praticantes do esporte. Associação Atlética Ponte

Preta, Sport Clube Corinthians Paulista, Palestra Itália, Clube de Regatas

Flamengo, Clube de Regatas Vasco da Gama, são alguns dos mais conhecidos,

e que atualmente formam a elite do futebol Brasileiro.

Ainda na primeira metade do século XX o futebol já era o esporte nacional de

maior repercussão no país. Formava e arrastava milhões de pessoas para

acompanhar e praticar os jogos. Foram criados os primeiros campeonatos,

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Paulista, Carioca, Mineiro, torneiros nacionais e internacionais como o

Campeonato Sul-americano, e mais tarde a Copa do Mudo da FIFA em 1930,

vencida pelo Uruguai, que foi sede do torneio.

Em dezembro de 1926, foi criada uma comissão para estudar a realização da primeira

Copa do Mundo da Fifa. Seis países candidataram-se a realizar este torneio, que foram:

Espanha, a Holanda, a Hungria, a Itália, a Suécia, e o único representante das Américas, o

Uruguai. A vitória ficou com os uruguaios, que no ano da realização da primeira Copa, em

1930, comemoravam o centenário da sua independência. (REVISTA PLACAR, 2003,

p.530)

No final da década de 1920 o esporte é profissionalizado no país, os jogadores

passam a receber salários para jogar. Alguns clubes decidiram dedicar-se a

outros esportes para conter despesas, dirigentes achavam um absurdo pagar

para que jogadores entrassem em campo. No entanto, a grande maioria

insistente manteve os times.

Durante todos os acontecimentos e fatos que envolviam futebol, foram

construídos os primeiros estádios. Eládio de Barros Carvalho, Aflitos; Urbano

Caldeira, Vila Belmiro; Paulo Machado de Carvalho, Pacaembu; Mário Filho,

Maracanã; Aldemar da Costa Carvalho, Ilha do retiro; Olímpico Monumental,

Olímpico; Major Antônio Couto Pereira, Couto Pereira. Alguns de propriedade

particular construídos pelos próprios clubes, outros da iniciativa pública, pelos

governos municipais, estaduais e federais.

O futebol entrava cada vez mais na vida dos brasileiros. Em 1950, o Brasil foi

sede da quarta Copa do Mundo. Festa Nacional, e decepção no final. A Seleção

nacional perde o título no último jogo. A final da Copa entre Brasil e Uruguai

termina 2x1 para os visitantes. Oito anos mais tarde a Seleção Brasileira

conseguiria o primeiro título mundial ao vencer a Suécia por 5 x 2. Geração que

marcou época, craques como Pelé, Garrincha, Didi, Zagalo, levaram o nosso país

a primeira conquista. Desde então o Brasil tornou-se a principal seleção mundial,

conquistando mais quatro títulos, 1962 no Chile, 1970 no México, 1994 nos

Estados Unidos, 2002 na Coréia e Japão.

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No futebol nacional foi criado o principal campeonato que já pendura há quase 40

anos, em 1971 surge o Campeonato Brasileiro. A competição é dada como a

mais competitiva entre os campeonatos nacionais do mundo. No Brasil são

muitos clubes de grande expressão que disputam o Brasileiro. Confira abaixo, a

tabela de todos os vencedores do Campeonato:

* O Flamengo recusou-se a disputar a final contra o Sport em 1987 que seria decidida entre os vencedores

do Campeonato Brasileiro e Copa União.

** O Vasco venceu na Copa João Havelange no ano de 2000 que foi considerado o campeonato brasileiro

na época.

O futebol é também uma grande fonte de receita e renda para os clubes.

Assinaturas de parcerias milionárias que ultrapassam a casa dos 40 milhões de

reais, venda de jogadores, multas rescisórias de contrato que chegam aos 100

milhões, fazem parte da contabilidade dos maiores clubes do país.

1.3 O Jornalismo Esportivo no Brasil (impresso)

Conforme os esportes popularizavam-se, os veículos de comunicação do início

do século XX começam a lançar as primeiras notícias sobre a editoria esportiva.

CAMPEÕES BRASILEIROS NÚMERO DE CONQUISTAS

São Paulo 6

Flamengo* 5*

Corinthians, Palmeiras, Vasco** 4

Internacional 3

Santos 2

Atlético Mineiro, Atlético Paranaense,

Bahia, Botafogo, Coritiba, Cruzeiro,

Fluminense, Grêmio, Guarani, Sport

1

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Não se tratavam de grandes reportagens, nem coberturas de grandes jogos,

apenas pequenas colunas dedicadas ao esporte. As primeiras notícias foram

publicadas pelo Jornal do Comércio, de São Paulo, na edição de 17 de outubro

de 1901, e tinha um caráter estilista, como o próprio futebol.

Poucas pessoas tinham acesso aos jornais da época, eram muito caros. Os

leitores também encontravam dificuldades para compreender as mensagens que

eram escritas nos matutinos. A maioria dos brasileiros eram analfabetos, e vários

termos utilizados nos jornais faziam referência à língua inglesa, difícil de

entender. Somente a elite acompanhava os periódicos.

Algumas matérias coletadas de jornais cariocas, referentes ao campeonato Sul-

Americano de 1919:

A Rua 7 de maio de 1919

Apesar do campeonato, o football aqui já era uma doença: agora é uma grande epidemia,

a coqueluche da cidade, de que ninguém escapa.

Rio Jornal 11 de maio de 1919

Iniciou-se hoje, às 15 ½ horas, sob os melhores auspícios o sensacional Terceiro

Campeonato Sul-Americano de Football. Fazendo coincidir com esta temporada de

“matches” internacionais, a festa de hoje teve ainda o seu brilho aumentado pela

inauguração do stadium do Fluminense Football Club, o glorio campeão tricolor brasileiro.

A cerimônia de inauguração do stadium consistiu juntamente na inauguração do “match”

internacional, para qual foi construído o soberbo campo. (COELHO, 2003,p.86)

Na década de 1910, páginas do periódico Fanfulha divulgavam notícias sobre

esportes, não era um jornal voltado para a elite, mas atingia um grande público

na cidade de São Paulo: os imigrantes italianos. Foi assim que surgiu um dos

maiores clubes de futebol do país, o Palmeiras. Através de um anúncio

convidando pessoas a fundar um clube.

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Nos anos 30 surge no Rio de Janeiro o Jornal dos Sports, primeiro diário

dedicado exclusivamente ao esporte. O jornal lutou contra a realidade que tomou

o país no século passado, o preconceito. Dizia-se na época que diários

esportivos eram folhados pelo público de menor poder aquisitivo. Aqueles de

menor poder cultural. Ler, para a classe econômica inferior não constava como

prioridade, e se o futebol já era uma paixão, seria necessário ir ao estádio assistir

uma partida, portanto menos dinheiro sobrava para comprar publicações.

Assim foram surgindo revistas e jornais esportivos. Ainda no Rio de Janeiro, entre

o final da década de 1950 e 1960, a Revista do Esporte viveu bons momentos.

Viu nascer Pelé, Garrincha, Didi, Zagallo, grandes jogadores brasileiros, além de

a seleção conquistar as Copas do Mundo de 1958 e1962.

Somente no final da década de 1960 que os grandes jornais do país começaram

a lançar cadernos voltados unicamente aos esportes. Em São Paulo surgiu o

Caderno dos Esportes, que mais tarde originaria o Jornal da Tarde, um dos mais

importantes matutinos do Brasil.

Nos anos 90 quem dominou as “paradas” do noticiário esportivo foi o jornal A

Gazeta Esportiva. O matutino tinha sede na cidade de São Paulo mas circulava

por tudo território nacional. O jornal distribuía prêmios a clubes e jogadores do

futebol brasileiro e firmou-se com um dos mais tradicionais meios de

comunicação esportiva no país. Até surgir um grupo que levaria o levaria a

falência em 2001, continuando apenas com uma versão online

www.gazetaesportiva .net.

No final da década de 1990, mais precisamente no ano de 1997, surge o grupo

Lance!, criado pelo jornalista Walter Mattos Júnior, e que se perdura como maior

diário esportivo do país. É referência nacional, onde trabalham e escrevem os

mais renomeados jornalistas esportivos atualmente. É o único voltado totalmente

ao esporte, principalmente futebol, que chega a ocupar 75% do espaço do jornal.

Sediado na cidade do Rio de Janeiro, o Jornal Lance! tem versões regionais para

vários estados brasileiros. Além do Rio de Janeiro, São Paulo, e Minas Gerais,

existe uma edição nacional que atende Brasília e Goiás, e uma no Amazonas. O

instituto Marplan (Instituto Verificador de Circulação) constatou que atualmente o

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jornal conta com uma chancela de dois milhões de leitores em todo Brasil. As

edições podem ser acompanhadas no site do jornal pelo www.lancenet.com.br .

Acima: exemplar atual do Jornal Lance! 25/07/2010 acesso - 14h30 min (www.lancenet.com.br)

1.4 Rádio: Esporte e Emoção

No final da década de 1970, as rádios brasileiras faziam o maior sucesso com

transmissões de jogos e programas esportivos. Em São Paulo, Globo, Jovem

Pan, Tupi, Record, Bandeirantes, Difusora e Capital, eram as que davam um

verdadeiro show esportivo.

Para que todas as rádios chegassem a transmitir o mundo esportivo para seus

ouvintes, foi preciso que o aparelho tomasse conta do Brasil. Em 1923, Roquete

Pinto trazia para o país um aparelho capaz de reproduzir, em ondas curtas, voz e

músicas de um transmissor chamado rádio. O país vivia uma década muito

agitada, Pós-guerra Mundial, havia a semana de arte moderna em 1922, a

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fundação do Partido Comunista, e as pessoas estavam migrando para as cidades

em grande expansão, êxodo rural.

A primeira a ser instalada foi chamada Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, e

tinha como maior objetivo difundir educação e cultura para a população brasileira.

No ano seguinte, em 1924, foram instaladas outras como a Rádio Sociedade de

São Paulo, Rádio Clube no Estado do Paraná, Pernambuco, na cidade de

Santos, São José do Rio Preto. Eram denominadas Sociedades ou Clubes, pois

eram financiadas por sócios da alta sociedade. Roquete acreditava em um

instrumento que poderia contribuir para uma mudança na sociedade da época.

Na década seguinte, 1930, o Brasil já contava com mais de 20 emissoras

instaladas, a sociedade era livre para utilizar o meio de comunicação. Os

programas criados eram baseados em música clássica, óperas, e textos

educativos como poesia e contos. Na mesma década, o governo Getúlio Vargas

descobre o verdadeiro valor de difusão de informação que o veículo de

comunicação poderia ter, o rádio passa a ser visto como instrumento de

interesse nacional e finalidade educativa.

O rádio, a partir do governo Vargas, começa a desenvolver-se no país sob o

impulso da propaganda, imitando a realidade que ocorria nos Estados Unidos,

uma sociedade voltada para o consumismo. As rádios convertem-se em

empreendimento lucrativo, profissionalizando-se, trocando o som didático pelo

entretenimento de massa. As mensagens comerciais transformam o veículo, as

antigas programações eruditas passam a dar lugar para as populares. O rádio

passa a ocupar lugar de honra nos lares brasileiros. São criadas as primeiras

rádio novelas, e em 1931, a primeira transmissão de jogo de futebol, feita pelo

narrador paulista Nicolau Tuma.

As narrações e matérias jornalísticas continham muitas gírias e jargões na área esportiva e

ascenderam a partir desta época, porque no rádio a função básica era criar a imagem da

disputa para aqueles que estavam distantes dos jogos e mesmo quem estava nas

arquibancadas, ouvindo a transmissão. (CARVALHO, 2006, p.25)

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As revelações do radiojornalismo esportivo começam a aparecer: Fiori Gigliotti,

Osmar Santos, Adilson Ferreira Couto, Ary Barroso, Ary Silva, Dirceu Maravilha,

Éder Luiz, Fernando Sasso, Fernando Soléra, Leonardo Gagliano Neto entre

muitos outros. Atualmente, o rádio é formado por locutores que começaram na

década de 1990, como José Silvério, Rádio Bandeirantes; Nilson César, Rádio

Jovem Pan; Juarez Soares, Rádio Record, entre outros.

Com a massificação da TV e Internet, o rádio passou a ser o terceiro veículo na

transmissão de jogos de futebol. Para que o ouvinte crie a “imagem do jogo”, as

narrações contem muita emoção, criando certas vezes até um ar de irreal. Muitos

apostam que narradores criem certas jogadas para prender a atenção. Mas essa

é uma alternativa do rádio, colocando em prática toda sensibilidade da partida.

Até o barulho da torcida é mais alto, parece que o ouvinte está dentro do estádio.

1.5 Telejornalismo Esportivo

O Brasil foi o quarto país do mundo a receber a televisão. No dia 22 de setembro

do ano de 1955, foi ao ar o primeiro programa brasileiro. A TV Tupi, de

propriedade do jornalista Assis Chateaubriand, entrou para a história como a

primeira emissora de televisão brasileira.

A televisão segue praticamente o modelo do rádio no aspecto de regulamentação

e sustenta-se com a publicidade, estreitando o elo entre a indústria de bens

culturais e a indústria de bens tradicionais voltadas para o consumo.

Em primeiro momento a televisão esteve concentrada principalmente no Rio de

Janeiro e São Paulo. As programações eram locais, mas sem o hábito da

sociedade, até pelos altos preços dos televisores. A partir da década de 1960 a

televisão começa a espalhar-se pelo país. São criados canais no Rio Grande do

Sul, em Brasília, e, no Nordeste.

A primeira matéria esportiva na filmada para a televisão, ocorreu em 15 de

outubro de 1950, jogo entre Sociedade Esportiva Palmeiras e São Paulo Futebol

Clube no estádio do Pacaembu. Pela falta de condição os brasileiros não haviam

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aderido à televisão na época, o aparelho televisor era caríssimo. Preferiam o

rádio que era mais barato, mas a partir da década de 1970 a televisão já estava

mais popular e dentro das casas dos brasileiros.

Acima: cinegrafista da TV Tupi primeira emissora brasileira 26/07/2010 acesso – 14h40min

(www.pasargadaproducoes.wordpress.com)

No ano de 1978 é criado no Rio de Janeiro o Programa Globo Esporte, o mais

conhecido e assistido em âmbito esportivo nacional. Em 14 de agosto daquele

ano o jornalista Léo Batista apresentou a primeira edição e até hoje trabalha na

redação do programa. O programa é marcado pelas grandes coberturas

esportivas:

1980 o primeiro grande evento as Olimpíadas de Moscou;

1982 aconteceu a primeira Copa do mundo com cobertura do Globo

Esporte na Espanha, onde a Itália sagrou-se campeã;

1983 ficou marcado pela perda de um dos maiores jogadores do futebol

mundial, Mané Garrincha, o programa realizou a cobertura completa;

1994, outra tragédia. Morre o piloto de Formula 1 Airton Senna;

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1994, da tristeza para a alegria o Brasil vence pela 4° vez a Copa do

Mundo tornando-se o maior vencedor de todos os tempos. Vitória sofrida

nos pênaltis contra a seleção italiana nos EUA.

2002 pela 5° vez a seleção vence a Copa e consolida-se como o melhor

futebol do planeta. Vitória sobre os alemães no Japão e Coréia.

Atualmente o Globo Esporte conta com três edições: uma que é gerada pela

TV Globo do Rio de Janeiro para todo território nacional, menos para São

Paulo e Minas Gerais que têm edições próprias. No Rio, o jornalista Alex

Escobar apresenta o programa. Já em São Paulo Tiago Leifert é o diretor de

jornalismo e apresentador, em Minas Gerais.

Acima: Tiago Leifert atual apresentador do Globo Esporte São Paulo 26/07/2010 acesso – 14h20min

(www.globoesporte.com)

APRESENTADORES DO GLOBO ESPORTE:

• Léo Batista (1978-1982)

• Léo Batista e Fernando Vanucci (1982-1991)

• Mylena Ciribelli e Fernando Vanucci (1991-1998)

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• Mylena Ciribelli e Léo Batista (1998-2008)

• Glenda Kozlowski e Mylena Ciribelli (2008)

• Glenda Kozlowski e Tino Marcos (2008)

• Glenda Kozlowski (2008-2010) Rio; Tiago Leifert (desde 2009) São Paulo;

• Alex Escobar (desde 2010) Rio;

1.6 Webjornalismo Esportivo

Limites e vantagens tecnológicas sempre determinam formas de relacionamento

e vantagens tecnológicas entre um meio de comunicação e seu público. E em

nenhum outro meio essa característica é mais perceptível que na internet. A rede

vive uma evolução extraordinária, muito mais rápida que qualquer outra mídia.

A World wide web, famoso www, exerce quatro características principais:

transmissão de dados, mídia, ferramenta de trabalho, e memória. Esses são

considerados as funções mais importantes da internet. Mas algumas outras

surgem como forma de facilitar alguns serviços e trazer lazer aos usuários:

comércio eletrônico, jogos, buscar, entretenimento.

Como meio de comunicação social a Internet apresenta-se de várias formas:

“Blogs pessoais (diários on-line), sites e portais, que são amplos espaços com grande

número de conteúdos e informações, inclusive publicidade e programas de venda direta;

boletins que são pequenos jornais ou newsletters em forma exclusivamente eletrônica, que

não existiriam se não fosse a internet, jornais e revistas on-line, que são versões

resumidas ou seletivas de publicações que já existiam e continuam a existir em forma

impressa; e, finalmente os e-mails, uma modalidade de correio ou comunicação

interpessoal, mas que na internet assume caráter também de comunicação socializada.

Em todas essas formas, há uma superação dialética entre público e privada”.

(HERNANDES, 2006, p. 235)

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Para o jornalismo esportivo, no final da década de 1990 o futuro era muito

promissor. A febre chamada internet invadia cada vez mais os lares brasileiros.

Sites tiravam jornalistas das redações de jornais, rádios e TV´s. Todos com

muitos anos de experiências, e acreditavam que finalmente o jornalismo seria

uma profissão corretamente remunerada. A empolgação durou pouco tempo.

Logo alguns anos mais tarde, os sites demitiam em grande número seus

empregados.

Não havia lugar para tantos jornalistas. A internet, assim como outros veículos

também depende da propaganda. É um impulso que toma conta de todos os

meios. Ela quem paga os salários dos repórteres, editores, fotógrafos, entre

outros da profissão. Mesmo com tantos problemas financeiros a internet tomou

conta na cobertura de eventos, com a massificação do meio eletrônico, empresas

começam enfim a investir na rede.

O jornalismo esportivo na internet tem um formato bem interativo. Desde os

vários meios que “cabem” dentro de um portal à construção de textos e

informações jornalísticas. A partir da interatividade que qualquer outro meio pode

apresentar, temos a hipermídia:

“Referem-se à manifestação de informação de mídias de fluxo, como o rádio, à TV, ou

quaisquer arquivos que tenham uma progressão temporal, como uma apresentação de

fotos em programas de slides do tipo PowerPoint, desenhos animados e até mesmo

animações somente com letras”. (HERNANDES, 2006, p.343)

A internet é capaz de transmitir jogos de futebol ao vivo através das webtv’s,

rádios on-line, e pelo meio impresso com microtextos atualizados a cada minuto

da partida. Assim também são feitos os programas esportivos, que vão ao ar

diariamente ou semanalmente.

ALGUNS SITES ESPORTIVOS ACESSADOS PELOS INTERNAUTAS:

• www.lancenet.com.br

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• www.globoesporte.com

• www.uol.com.br/esporte

• www.gazetaesportiva.com.br

• www.placar.com.br

• www.espn.com.br

• www.esporteinterativo.com.br

1.7 Alguns Ícones do Jornalismo Esportivos Brasileiro

NOME VEÍCULO DE

COMUNICAÇÃO

Mário Filho Jornal Impresso

Nelson Rodrigues Jornal Impresso

Osmar Santos Rádio

Fiori Gigliotti Rádio e TV

Paulo Vinícius Coelho Jornal Impresso, Rádio,

TV, Web

Mauro Betting Jornal Impresso, Rádio,

TV, Web

Juca Kfouri Jornal Impresso, Rádio,

TV, Web

João Saldanha Jornal Impresso

José Luiz Datena Rádio e TV

Regis Rosing TV

Vanderlei Nogueira Rádio

Galvão Bueno TV

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Sergio Xavier Jornal Impresso e Web

Walter Matos Júnior Jornal Impresso e Web

Cleber Machado TV

-CAPÍTULO 2-

SENSACIONALISMO E LIBERDADE DE IMPRENSA: AUDIÊNCIA E LUTA

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Para exercer a função jornalística, o jornalista depende da liberdade de imprensa.

No Brasil essa liberdade é garantida por lei, todos têm direito a informação e a

crítica. Mas muitos veículos de comunicação aproveitam-se dessa liberdade para

produzir verdadeiros programas que não sustentam o interesse da sociedade.

Entra então, o chamado sensacionalismo, que toma conta da indústria televisiva

brasileira com fatos e informações repetitivas, cheias de especulações e

informações duvidosas. Esse meio de transferência de informações prende a

atenção do telespectador, formando assim um ciclo de debates populares,

levando ao auge de discussões, assuntos que, muitas vezes, fazem parte da

nossa sociedade, mas ultrapassam o prazo de hot news (notícias quentes) que a

mídia deveria abordar.

2.1 Liberdade de Imprensa

A atividade jornalística depende indispensavelmente da liberdade de imprensa.

Exercer sem censuras suas idéias como sujeito intelectual. A liberdade é

fundamental para a profissão, sem ela não é possível informar, para, formar a

opinião pública.

Desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, vários direitos e

garantias individuais foram declarados de forma bastante clara. A partir ela, no

Brasil a liberdade de imprensa é garantida por lei. O artigo 5°, inciso IX,

estabelece a liberdade de manifestação de pensamento sem que os indivíduos

sofram qualquer tipo de censura. Apesar de gozarem de proteção constitucional,

esse direito encontra-se em colisão com a sociedade.

Uma imprensa livre é fundamental para liberdades para a sociedade e

consolidação da democracia. Grande problema é quando a imprensa se ocupa

do “poder” da liberdade de forma incorreta, podendo provocar danos a uma

pessoa, família, e até uma empresa.

A imprensa moderna transformou-se em um verdadeiro poder social, muitas vezes fazendo

do cidadão não um destinatário, mas um refém da informação tornando necessário

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defender não só a liberdade da imprensa, mas também a liberdade em face da imprensa.

(Guerra, 2004, p. 0)

A liberdade é um direito, e sua proteção um elemento indispensável para realizar

justiça e democracias. Todos os assuntos ligados á imprensa são garantidos por

leis específicas. Com a promulgação de 1988, a imprensa voltou, após um

período de repressão, a viver sob um clima de liberdade embora várias

circunstâncias e ações jornalísticas provoquem apreensões. Mesmo antes de tal

data, a liberdade de expressão estava em vigor pela lei de imprensa n°5.250, de

9 de fevereiro de 1967 elaborada pelo o regime militar (1964 – 1985), mas

mesmo assim jornalistas sentiam-se ameaçados.

Diversas propostas em tramitação no Poder Legislativo, algumas delas de

iniciativa do Poder Executivo, representam perigo real de restrições à liberdade

de expressão no país:

A legislação eleitoral, igualmente, inclui dispositivos que implicam restrições à liberdade de

informar. Em períodos que antecedem eleições, o clima de acirrada competição entre

partidos e entre candidatos leva a ações e a decisões judiciais com conseqüências graves,

como a proibição de veicular determinadas informações e até mesmo ameaças de impedir

a circulação de jornais. (In: www.anj.org.br/programas-e-acoes/liberdade-de-imprensa,

2010)

Muitas violações são registradas à liberdade dia-a-dia. Muitos jornalistas sofrem

processos judiciais por crimes de injúria, calúnia, difamação:

INJÚRIA: no direito consiste em atribuir a alguém qualidade negativa, que ofenda

sua honra, dignidade e decoro. É um crime que consiste em ofender

verbalmente, por escrito ou fisicamente (injúria real, a dignidade ou decoro de

alguém, ofendendo o moral, abatendo o ânimo da vítima.

DIFAMAÇÃO: é um termo jurídico que consiste em atribuir a alguém fato

determinado ofensivo à sua reputação, honra objetiva, e se costuma quando um

terceiro toma conhecimento do fato. De imputação ofensiva que atenta contra a

honra e a reputação de alguém, com a intenção de torná-lo passível de

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descrédito na opinião pública. A difamação fere a moral da vítima, a injúria atinge

seu moral, seu ânimo.

CALÚNIA: é uma afirmação falsa e desonrosa a respeito de alguém. Consiste em

atribuir falsamente, a alguém, a responsabilidade pela prática de um fato

determinado definido como crime, feita com má fé. Pode ser feita verbalmente, de

forma escrita, por representação gráfica ou internet. A calúnia qualificada é

praticada contra o chefe do executivo nacional ou estrangeiro e funcionário

público em razão de suas funções; pode ser na presença de várias pessoas ou

por meio que facilite sua divulgação.

A Lei de imprensa foi atualizada no ano de 2000 pelo poder legislativo nacional,

câmara dos deputados, através do presidente da Michel Temer na época. Em

julho de 2009 o presidente do STF (Superior Tribunal Federal), Gilmar Mendes,

suspende a obrigatoriedade do diploma jornalístico, deixando os profissionais da

comunicação apreensivos, sem qualquer visão sobre o futuro dessa decisão.

No fim de abril, o STF derrubou a Lei de Imprensa, uma das últimas legislações do tempo

da ditadura que continuavam em vigor. Num julgamento histórico, 7 dos 11 ministros do

STF decidiram tornar sem efeitos a totalidade da lei ao concluírem que ela, que foi editada

em 1967, era incompatível com a democracia e com a atual Constituição Federal. Eles

consideraram que a Lei de Imprensa era inconstitucional. (In:

www.estadao.com.br/noticias/nacional,fim-do-diploma-reduzira-salario-de-jornalistas-diz-

sindicato,388874,0.htm, 2010)

Assim a verdadeira lei de imprensa que se estabelece hoje é a da constituição de

1988, Artigo 5°, inciso IX.

2.2 Sensacionalismo

O sensacionalismo é uma prática adotada por vários veículos de comunicação.

Ela surge da própria liberdade de imprensa garantida por lei. Um jornal ou

qualquer outro meio pode usufruir da liberdade para produzir sensacionalismo. É

caracterizado pelo exagero em que trata certos assuntos. O apelo emotivo junta-

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se com o uso de imagens fortes e impactantes na cobertura de um fato, muitas

vezes generaliza o tema exibido, deixando de lado assuntos que interessam mais

á sociedade brasileira. Para compreender o que é sensacional buscamos o

significado de sensacional e sensacionalismo:

SENSACIONAL:

adj. 2 gén.

Relativo à sensação e que produz sensação.

SENSACIONALISMO:

s. m.

1. Caráter ou qualidade de sensacional.

2. Divulgação de notícias exageradas ou que causem sensação.

3. Filos. Doutrina ou teoria em que todas as idéias são derivadas unicamente da sensação

ou das percepções dos sentidos.

(27/07/2010 acesso – 15h30min www.dicionárioaurélio.com)

Esse meio de prender a atenção dos receptores, é usado para ganhar audiência.

O sensacionalismo, muitas vezes, manipula a informação, deixando-a num

formato exagerado ou enganador. Envolve uma busca de verdade absoluta em

determinados fatos, quando se tem opiniões, hipóteses, casos isolados. É um

instrumento de competição entre a grande mídia. Concorrência que é prejudicial

à formação da opinião pública clara e sensata.

Sensacionalismo é, enfim, fazer apelo a reações mais baseadas na emoção do que na

razão, trazendo sentimentos primários à tona, simplificando polêmicas em vez de fornecer

elementos que permitam pensar, compreender, formar opinião. E, neste contexto, não

interessa só aquilo que o veículo diz, mas também o modo como se diz. É claro que a

mídia deve ser investigativa, denunciante de injustiças. Este é seu principal papel na

sociedade, mas precisa ser exercido com responsabilidade, visando às conseqüências que

erros de informação podem causar. (In: www.canaldaimprensa.com.br/canalant/debate ,

2010)

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A luta do trabalhador dentro do sistema sócio econômico capitalista é a mais

violenta de todas. O homem tem que arrancar forças para manter-se integrado

nesta ordem liberal. Sobreviver à displicência pelo trabalho para alimentar-se e

criar uma “falsa esperança” de dias melhores, são os grandes objetivos deste

trabalhador. Quando chega em casa liga o televisor, e busca uma pausa neste

sofrimento, busca lazer, algo que mexa com suas emoções, que o faça ter

coragem para acordar, levantar e trabalhar novamente. Ele não assiste um

telejornal para ver novamente pessoas sofrendo, mas sim casos que trabalhem

suas sensações. O sensacionalismo trabalha para satisfazer as necessidades

instintivas do público, por meio de formas sádicas, caluniadoras, ridicularizadoras

das pessoas. E assim a imprensa sensacional volta-se a casos que pouco

interessam ao público, mas prendem a atenção.

O valor de uso de um jornal é a notícia, a informação e a afirmação ideológica. E

como forma de sustentação é a sobrevivência empresarial, vendendo espaço

para anunciantes.

Muitos donos de jornais liberais saem às ruas para clamar por maior liberdade,

mas isso acontece por interesses empresariais e capitalistas. Seus produtos que

tornan-se ameaçados, não o direito das pessoas à imformação, e a formação da

opinião pública. Muitos jornalistas, a fim de manter seus empregos e salários

também cometem tais manifestações e partem para o sensacionalismo.

Jornais brasileiros desviam focos, não criticam políticos, grandes empresas, ou

cobram zelando pelo bem público. Acreditam que é mais viável praticar

sensacionalismo para atingir metas de audiência. Como o “Caso Isabela”, “Caso

Bruno”, ou “Mércia Nakajima”, que foram assassinatos chocantes, aterrorizantes

e tomam um espaço muito grande da mídia e deixam outros assuntos à

referentes e relevantes á população completamente de lado. O sensacional mexe

com as emoções dos leitores, telespectadores, e ouvintes. Prendem a atenção

deixa o público comovido com as histórias.

Muito difícil é uma empresa jornalística responder a um processo jurídico por uma

crítica de um funcionário. Não haveria receitas. Mas parte da consciência do

jornalista dizer sempre a verdade. A formação do profissional tanto na área

específica do jornalismo, quanto sociológica, filosófica, antropológica e política,

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não permite que o jornalista afugente-se de sua função que é a de informar para

revolucionar, democratizar, e formar a opinião pública. É imoral contrariar tais

funções.

-CAPÍTULO 3-

JORGE KAJURU E O JORNALISMO ESPORTIVO

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Jorge Reis da Costa é uma pessoa de origem simples, nascido no interior do

Estado de São Paulo, cidade de Cajuru. Não é formado em jornalismo, nem

possui qualquer tipo de diploma de nível superior, mas é um dos maiores nomes

da imprensa esportiva brasileira. Esse rapaz, que começou no rádio, passou por

emissoras de TV, jornais impressos e revistas, vive atualmente fora do cenário

nacional da mídia, mesmo assim não perde seus seguidores.

3.1 Infância: bons tempos

Jorge Reis da Costa nasceu na pequena cidade de Cajuru, interior do Estado de

São Paulo no dia 20 de janeiro de 1961. É filho de família simples, seu pai, José

da Costa, foi padeiro, e sua mãe merendeira de grupo escolar. Na infância foi

locutor da Rádio Cultura de Cajuru, e já no primeiro trabalho com a comunicação

sofreu por expressar sua opinião. Foi de sua cidade natal que surgiu o apelido no

qual é conhecido por todo cenário nacional: Kajuru.

Logo aos 15 anos mudou-se para a cidade de Ribeirão Preto para trabalhar na

Rádio Renascença, ao lado de José Luis Datena. Em 1977 conseguiu estágio na

Rádio Globo, através dos olhares de Osmar Santos.

Kajuru desde criança é causador de muita polêmica. Na adolescência teve uma

experiência homossexual, e quando é perguntado sobre o ocorrido, confirma, e

diz que não gostou nada, que foi somente um caso isolado que não interfere na

sua masculinidade.

3.2 Jornalista e Apresentador

Em 1978 Kajuru consegue o primeiro emprego em uma grande rádio, conseguiu

emprego na Rádio Capital. Durante um ano e meio permaneceu no emprego,

quando xingou o diretor da emissora, Hélio Ribeiro, e foi demitido. No ano de

1979 o jornalista segue para Goiânia, trabalhou seis meses, e foi para Belo

Horizonte onde trabalhou na Rádio Itatiaia até 1983.

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Retornou para Goiânia em 1984. Mas uma proposta do SBT de São Paulo para

trabalhar na emissora do Silvio Santos foi o suficiente para Kajuru voltar. Em

1986 tenta comprar uma rádio AM novamente em Goiânia, consegue, mas

somente em 1997 que monta sua própria emissora. A Rádio K do Brasil

começava a nascer.

Mesmo sem qualquer tipo de formação acadêmica de nível superior, descartando

diploma jornalístico, Jorge Kajuru é jornalista esportivo, radialista e apresentador

de televisão. É famoso por suas declarações polêmicas que geraram muitas

inimizades e afinidades durante sua carreira de mais de 30 anos.

Kajuru é o tipo de apresentador que rasga o termo, crítica duramente, e não

aceita a fazer “merchandising” para lucrar. Por sua “língua afiada” foi demitido de

quase todos locais que trabalhou, exceto na emissora RedeTV! Quando pediu

demissão no ar, ao vivo, durante o programa que apresentava.

Em 2000, quando trabalhava na Rádio K, de sua propriedade na cidade de

Goiânia, Kajuru denunciou o ex-governador de Goiás na época, Marconi Perillo,

por irregularidades no governo. Como jornalista e apresentador, Jorge Kajuru

sofreu ameaça de morte, teve sua rádio lacrada, retirada do ar, perdeu a mulher

abusada sexualmente, e teve um livro, de sua autoria, proibido de circular no

Estado.

Até 2002 trabalhou na RedeTv!, mas como pediu demissão, e tinha um longo

contrato, foi emprestado a TV Cultura onde permaneceu até 2003. Comprado

pela Band, ficou na emissora menos de um ano, quando foi mandado embora ao

vivo, durante seu programa esportivo ao criticar momentos antes do jogo Brasil x

argentina que ingressos a autoridades eram gratuitos e o povo quem sofria para

pagar mais de R$ 200,00 para assistir a partida. Além disso, por recusar-se a

fazer publicidade para a rede de lojas Casas Bahia. Em 2005 foi contratado

pela ESPN, trabalhou com Juca Kfouri, velho amigo, e muitos outros bons

jornalistas, mas uma vez não durou muito tempo no ar, três meses.

Kajuru tem um grave problema de saúde, diabetes. Por causa da doença perdeu

a visão do lado esquerdo do olho, e enxerga somente 60% com o direito.

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Acima: Kajuru com óculos escuros, visão prejudicada por causa da diabete 27/07/2010 acesso – 14h50 min

(www.tvkajuru.com)

3.3 Kajuru Atualmente

Atualmente apresentava um programa que se chamava Kajuru na Área para o

interior do Estado de São Paulo, na cidade de Campinas. A produção era

transmitida pela TVB do SBT (Sistema Brasileiro de Televisão). Mas há alguns

meses saiu do ar, pois está trabalhando para voltar ao SBT de São Paulo em

rede aberta.

O jornalista reside em Ribeirão Preto, cidade onde tem muitos amigos. Fora da

rede nacional, kajuru admite ter recebido várias propostas para atuar em TV

aberta no país. Mas disse que nunca mais trabalharia em outra emissora, a não

ser o SBT. Ele também trabalha com mídia alternativa, a internet. Tem uma TV

na web, onde tem vários vídeos de seu programa, vida, e carreira profissional.

Em janeiro de 2010, kajuru começou a trabalhar na TV Esporte Interativo (E+I),

com o programa “Kajuru Sobre Controle”, que vai ao ar pela antena parabólica e

pelo site da TV E+I.

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Acima: Kajuru durante programa “Kajuru na Área” na TVB do SBT 27/07/2010 acesso – 14h45min

(www.tvkajuru.com)

Acima: Kajuru Sobre Controle programa da TV Esporte Interativo 27/07/2010 acesso – 15h05min

(www.esporteinterativo.com.br)

3.4 Carreira Profissional

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• Rádio Cultura de Cajuru (Década de1970)

• Rádio Renascença de Ribeirão Preto (1976)

• Rádio Globo (1977)

• Rádio Capital (1978)

• Cortina de Vidro - (novela) Antero Rox

• Papo de bola - TV Alterosa (1981-1982)

• TV Goyá (1983-1984)

• TV Brasil Central (1995-1997)

• Bola na Rede - RedeTV! (2000-2002)

• TV Esporte - RedeTV! (2000-2002)

• Cartão verde - TV cultura (2002-2003)

• Hora do Esporte - TV Cultura (2002-2003)

• Esporte Total - Band (2003-2004)

• Hora do Kajuru - TV THATHI de Ribeirão Preto (2005)

• Kajuru Liberado - TV THATHI de Ribeirão Preto (2005)

• Linha de Passe - Mesa Redonda, ESPN BRASIL (2005)

• Fora do Ar - SBT (2005)

• Casamento à Moda Antiga - SBT (2005)

• Jogo Duro - SBT (2005-2006)

• Kajuru na Área - SBT - filial RP, Jaú (2007-2008)

• kajuru na Área - SBT-filial TVB, (2007-2010)

• Bola na Rede - RedeTV! (2008)

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• Kajuru Sobre Controle - TV Esporte Interativo (2010)

-CAPÍTULO 4-

KAJURU: LIBERDADE OU PRODUTO

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Por muitos anos Jorge Reis da Costa, o Kajuru, vivenciou entre os grandes

nomes da mídia esportiva brasileira. Apresentador e jornalista esportivo, Jorge é

um dos maiores críticos da imprensa brasileira. Conhecido pelo jeito ranzinza, e,

pela “língua afiada, Kajuru sempre tentou destruir castelos e construir casas

populares”. Mas esse ser mídiático, que se recusa a fazer merchandising, é um

defensor da causa justa da liberdade de expressão ou apenas um produto a ser

consumido pela massa alienada louca por assuntos que prendem atenção?

4.1 Um Defensor da Verdade Jornalística

Jorge kajuru é um jornalista que convive em meio a políticos, grandes

empresários, e pessoas famosas que por conseqüência, tem grande repercussão

na mídia. Segundo a lei citada no capítulo 2, a verdadeira lei de imprensa que se

estabelece hoje é a da constituição de 1988, Artigo 5°, inciso IX. Esta garante ao

jornalista liberdade para informar e opinar para o público, mas muitos acabam

aproveitando-se para fazer sensacionalismo.

4.2 Crítica ridicularizada: um defeito para a liberdade

Kajuru é um dos maiores comunicadores brasileiros. Muitas vezes confunde

verdade com agressividade. Ele acredita que para fazer sucesso precisa ofender

as pessoas, criticando, falando mal. Mas ele, ao invés de ridicularizar sempre se

ridiculariza, criando muitos inimigos e colecionando processos.

Kajuru é respeitado pelas opiniões, acontece que muitas delas não trazem

contribuição para a sociedade brasileira, pois são pessoais, portanto não

informam nem formam a opinião das pessoas. Como é o caso da apresentadora

Luciana Gimenez, que apresenta o programa Superpop na RedeTV. Ele a

chamou de “prostituta internacional” em seu programa (Kajuru na área – SBT) de

caráter esportivo, um foco desviado já que Luciana não tem ligação nenhuma

com esporte. Mas devido ao fato dela ser mãe de um filho do cantor Mike Jagger

da banda Rolling Stones, o referiu ao termo prostituta.

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Em 2008 no seu livro “Condenado a Falar”, kajuru diz uma frase polêmica sobre o

Governador de Minas Gerais Aécio Neves – Ele cheira mal – muitos críticos e

jornalistas disseram que ele refere-se que Aécio cheirava cocaína, mas kajuru

afirmou que se referiu ao mal-hálito do governador.

Outro fato, quando trabalhava na Rede Bandeirantes de Televisão, Kajuru

apresentou o programa chamado Esporte Total entre os anos de 2003/2004

criticou duramente e ofendeu moralmente um entrevistado antes de ser agredido

fisicamente. Entenda o caso em que Kajuru como apresentador e Marinho o

boxeador entrevistado desentenderam-se em 2004:

Durante uma luta de boxe Marinho bateu tanto no adversário que o mesmo veio a

desmaiar e após o episódio o boxeador foi convidado a participar do programa

Esporte Total.

Jorge Kajuru (JK): Se eu fosse o juiz dessa luta, eu te punia. Você ficaria punido

por dois anos por ter feito o que você fez.

Marinho (M): Calma, calma, você quer me punir embasado em que?

Jorge Kajuru (JK): Embasado no fato de que você não precisava dar os dois

últimos socos nele. Ele já estava caído...!

M: Calma, isso é burrice, você é burro. Não precisa entender de boxe, tudo bem,

mas isso é burrice. Minha missão é nocautear meu adversário. Quem é você para

me chamar de covarde?

JK: Você me chamou de burro e eu chamo você de covarde

M: Calma ai! Não, não... Sou um esportista e profissional, aquilo é uma luta

profissional e não tem esta de querer matar. Se você acha que sou covarde, vem

aqui me mostrar. Se você é tão homem assim (Marinho se levanta e parte pra

cima de Jorge Kajuru). Você é burro!

JK: E você é covarde

M: Covarde é você... Eu quero ver você ter coragem de subir lá! Seu frouxo! Não

vem me chamar de covarde.

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JK: Você me chamou de burro...

M: Quem é você, heim???

JK: Eu sou jornalista.... Eu não tô correndo não. Eu to aqui. Você quase matou

ele, rapaz. Na minha opinião, pra que fazer isso?

M: Ah, vai pra PQP, seu trouxa... Você e louco, só é homem porque está na

televisão...

JK: Eu não, estou aqui, eu sou jornalista

M: Eu tenho 21 lutas... Não me chama de covarde porque eu estava lá. Seu

bunda mole, seu frouxo!

Nesse momento a TV Bandeirantes chamou os comerciais, mas o bate-boca

continuou nos bastidores. O comentarista Silvio Luiz aparece para tentar separar

a briga.

Marinho: Você é burro e ignorante...

Jorge Kajuru: E você não pode me chamar de burro! (repetindo várias vezes)

M: E bunda mole!

JK: Bunda mole eu não sou...

A tela escurece, mas se escuta um som parecido com um "chega pra lá". A

imagem volta ao normal e nesse momento Marinho já está sendo contido pela

turma do deixa disso. E segue o bate-boca:

Jorge Kajuru: Pra quê que é isso? (repetindo várias vezes, deixando parecer

que foi agredido fisicamente)

Marinho: Entendeu seu bosta? Chamar de covarde é a puta que te pariu!

JK: Mas você me chamou de burro.

M: Te pego lá fora seu bunda mole! Seu trouxa! Seu gordinho bunda mole!!! Pera

aí, tira a mão de mim... entendeu?

JK: Você me chamou de burro.

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M: Covarde é a puta que te pariu... quero ver o que você vai falar depois do

intervalo. Se falar merda vou quebrar essa porra inteira... (sendo conduzido a

deixar o estúdio)

JK: Eu não discuto com você mais, amigo... você não tem condições...

M: O que você tá falando? O que você tá falando de mim aí? (voltando com força

total pro estúdio)

JK: O assunto está encerrado, rapaz.

M: Seu trouxa! Seu bunda mole! Seu gordinho frouxo! Não deve nem fuder direito

seu bunda mole!

Segurança: Vamos lá...

Marinho: Não, agora vou esperar esse merda terminar essa porra! Tomar no

cu... frouxo, bunda mole! (saindo do estúdio novamente)

Produtor do programa: Não fala nada, tá?

Kajuru: Eu não vou falar nada... vou perder meu tempo? Que isso...

Marinho gritando de fora do estúdio: Vamos lá seu frouxa! Vamos ver se tu vai

falar comigo aqui... tira a mão de mim.

Kajuru sendo amparado pela produção: Tô calmíssimo. Eu tô tranquilo! Que

isso... Não, eu tô tranquilo! (rejeitando um copo d'água) Que isso...

Marinho gritando de fora do estúdio: Vai a puta que pariu, covarde, bunda

mole, gordinho, trouxa!

Tirado do link: (www.youtube.com/watch?v=AgNghyVAPHg) 25/09/2010 acesso – 10h25min.

Essa forma de crítica que ridicularizam as pessoas forma o termo chamado de

sensacionalismo, um produto que mexe com as emoções. O sensacional

proporciona ao público uma “fuga” da rotina do dia-a-dia. Como o próprio kajuru

disse em entrevista ao programa Conexão Repórter do SBT em julho de 2010 -

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as pessoas que assistem aos meus programas são as mesmas que assistem

formula 1 para ver acidentes – eles querem ver emoção, críticas, brigas.

Por meio de formas sádicas, ridicularizadoras, informações em tom de discussão,

kajuru mantém seus programas. E assim a imprensa sensacional volta-se a

casos que pouco interessam ao público, mas prendem a atenção. Mas segundo o

também apresentador e jornalista, Marcelo Rezende, kajuru sofre de uma

carência absoluta - Ele é uma pessoa carinhosa, de uma carência enorme,

afetuoso, mas sempre ao ridicularizar se ridiculariza. Às vezes diz que gosta de

uma pessoa, mas algum tempo depois a ridiculariza, por apenas um prazer

mórbido falar mal das pessoas sem ao menos conhecê-las. Um ego muito alto,

que ao mesmo tempo em que agride, é capaz de chorar para pedir desculpas -.

4.3 Kajuru: bom rebelde

A crítica que nosso trabalho analisa na figura do kajuru é o discurso enquanto

jornalista esportivo. Não que ele não seja um grande apresentador e bom

jornalista, ao contrário ele prende o público como ninguém. Mas devido ao fato de

ridicularizar e fugir do foco esportivo ao qual se propõe ele torna-se

sensacionalista. O apresentador é um dos maiores nomes do jornalismo

esportivo nacional, já deu “furos” de reportagens como o que aconteceu com

Ronaldo Fenômeno na final da Copa de 1998, realizou entrevistas importantes

com personagens do futebol brasileiro como Romário, Rogério Ceni, Goleiro

Marcos, Muricy Ramalho e nunca deixou de opinar em várias situações que

envolvem o futebol nacional e mundial.

Marcelo Rezende: Kajuru tem pura certeza de que destruir é melhor que construir

aí ele não destrói o outro, mas a si mesmo colecionando processos e inimigos.

CONCLUSÃO

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Para finda nosso trabalho, concluímos que Jorge Reis da Costa, o Kajuru é um

jornalista e apresentador que representa muito bem a liberdade de imprensa em

nosso país. O problema de kajuru, muitas vezes, é desviar o foco do programa

esportivo para criticas pessoais e ridicularizadoras.

Nos veículos de comunicação onde trabalhou kajuru sempre teve problemas com

agressões morais, perdeu emprego, ganhou processos, mas nunca deixou de

criticar. Portanto é considerado uma voz da liberdade, mas abusa criando o

sensacionalismo através de suas opiniões.

Referências Bibliográficas:

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