brinquedos e brincadeiras infantis na área do falar baiano

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS E LINGUÍSTICA SILVANA SOARES COSTA RIBEIRO BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS INFANTIS NA ÁREA DO FALAR BAIANO v. 1 Salvador 2012

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE LETRAS

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM LETRAS E LINGUSTICA

    SILVANA SOARES COSTA RIBEIRO

    BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS INFANTIS NA REA DO FALAR BAIANO

    v. 1

    Salvador 2012

  • SILVANA SOARES COSTA RIBEIRO

    BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS INFANTIS NA REA DO FALAR BAIANO

    v. 1

    Tese apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Letras e Lingustica do Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obteno do grau de Doutora em Letras e Lingustica. Orientadora: Prof. Dr. Suzana Alice Marcelino da Silva Cardoso

    Salvador 2012

  • Sistema de Bibliotecas - UFBA

    R484 Ribeiro, Silvana Soares Costa

    Brinquedos e brincadeiras infantis na rea do Falar Baiano / Silvana Soares Costa Ribeiro. Salvador: 2012. 3 v.: il 752f.

    Orientadora: Profa. Dra. Suzana Alice Marcelino da Silva Cardoso. Tese (Doutorado do Programa de Ps-graduao em Letras e Lingustica) - Instituto

    de Letras, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2012.

    1. Lngustica. 2. Geolingustica. 3. brinquedos - brincadeiras infantis. I. Universidade Federal da Bahia. II. Ttulo.

    CDD: 407

  • SILVANA SOARES COSTA RIBEIRO

    BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS INFANTIS NA REA DO FALAR BAIANO

    Tese apresentada como requisito parcial para obteno do grau de Doutora em Letras e Lingustica, Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia.

    Banca Examinadora

    Dra. Suzana Alice Marcelino. Cardoso - Orientadora Universidade Federal da Bahia UFBA

    __________________

    Dra.Jacyra Andrade Mota Universidade Federal da Bahia - UFBA

    __________________

    Dra. Snia Bastos Borba Costa Universidade Federal da Bahia - UFBA

    __________________

    Dra. Aparecida Negri Isquerdo Universidade Federal do Mato Grosso do Sul - UFMS

    __________________

    Dra. Vanderci de Andrade Aguilera Universidade Estadual de Londrina - UEL

    __________________

    Dra. Marcela Moura Torres Paim (suplente) Universidade Federal da Bahia - UFBA

    __________________

    Dra. Aurelina Ariadne Domingues Almeida (suplente) Universidade Federal da Bahia - UFBA

    __________________

    Dra. Maria do Socorro Silva de Arago (suplente) Universidade Federal do Cear UFC

    __________________

    Dra. Denise Gomes Dias Santos (suplente) Universidade do Estado da Bahia - UNEB

    __________________

  • Agora que esta jornada chegou ao fim, no h como ser diferente: todo o trabalho para vocs, . minha famlia

    minha alma-gmea, , capaz de acreditar em mim e no meu Neumark

    trabalho e me ensinar a ter a disciplina necessria para a concluso da tarefa, abdicando, nos ltimos quatro anos, de vrios perodos de frias, para me acompanhar nas viagens pela Bahia, Minas Gerais, Piau e Pernambuco.

    minha filha, , distante fisicamente nesse ltimo ano, mas Moema

    presente todos os dias e todas as horas, paciente e amiga, soube me escutar, me acolher, mas tambm soube ser enrgica para, muitas vezes, dizer: Me est na hora de acabar!

    Ao meu filho, , companheiro na confeco dos mapas temticos, Lucas

    pela coragem de assumir uma tarefa que no conhecia, ter interesse em aprender design grfico, e, sobretudo, pela competncia, perseverana, pacincia e dedicao com que a realizou.

  • AGRADECIMENTOS

    Amigo coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito, dentro do corao...

    Milton Nascimento

    A Deus, grande responsvel por todos os meus atos, pelas minhas conquistas, pela vida, pela sabedoria, e aos amigos do plano espiritual que de alguma forma me ajudaram na concluso desta tarefa.

    Aos meus pais, Raimundo e Flr de Maria, e meus irmos, Joo Henrique, Fernando e Raimundo Filho pelo constante incentivo ao estudo e ao crescimento intelectual, nunca me deixando fraquejar, e mesmo estando distantes no permitem que a chama do amor que nos une se apague.

    Aos familiares, tios, primos, sobrinhos, cunhadas, que sempre compreenderam a minha ausncia e souberam me incentivar a prosseguir.

    A todos os amigos, especialmente Ana Maria, Marcela, Llian, Mrio Srgio, Norma, Wellington, Zaida e Anderson, incansveis companheiros, pelo apoio em todas as horas de sufoco, de desnimo, sempre presentes para me acolher e estimular.

    s colegas Daiane, Mrcia Estrela, Maria do Carmo, Laiza e demais colegas de curso, pelo estmulo dado ao trabalho e ainda pelas sugestes.

    Ao Comit Nacional do Projeto Atlas Lingustico do Brasil, por autorizar a realizao da pesquisa de doutoramento com os materiais coletados para o Projeto e confiar os dados inditos para tratamento e anlise sistemticos.

    Ao Departamento de Letras Vernculas e Universidade Federal da Bahia pela concesso da Licena para Capacitao, o que permitiu meu afastamento das atividades didticas, administrativas e de extenso do DLV, beneficiando-me do Programa de Qualificao Docente da UFBA e podendo dedicar-me exclusivamente atividade de pesquisa.

    coordenadora do PPGLL, Clia Marques Telles, pelo exemplo de trabalho dedicado Ps-Graduao e por ter atendido prontamente s minhas solicitaes acadmicas e pessoais.

    Ao PPGLL pela destinao de recursos da taxa de bancada para execuo de parte da pesquisa de campo em Minas Gerais, Esprito Santo, Piau e Pernambuco.

    Aos amigos, colegas e funcionrios da Pr-reitoria de Ensino de Graduao da UFBA e do CPD - SIAC, em especial, Maerbal Marinho, Olga Vernica Souza, Celeste Melo, Cananga Donati e Antnio Ribeiro, pelo apoio necessrio para realizar a transio das tarefas inerentes ao cargo de Superintendente Acadmica e durante o primeiro ano de doutoramento, terem contribudo, sabiamente, para que o meu afastamento da atividade administrativa pudesse se concretizar, sem prejuzos

  • implantao do REUNI e continuidade das atividades fim da PROGRAD e do CPD-SIAC.

    CAPES/COFECUB pelo apoio financeiro para cursar o Doutorado Sanduche por cinco meses na Frana Universit Paris 13 Laboratoire, Lexiques, Dictionnaires, Informatique LDI.

    Aos Membros do LDI, professor orientador, Salah Mejri, secretria Nicole Martelloni, bibliotecrias, Chantal e Jordane, analista de sistema responsvel pelos atlas lingustico, Harmed, e todos os mestrandos e doutorandos das diversas nacionalidades com os quais convivi no Laboratrio pelo apoio realizao do trabalho.

    A Ana Maria Cortez, professora aposentada de Paris 13, pesquisadora do LDI, amiga e companheira, pelos ensinamentos sobre a Frana e os franceses e, sobretudo, por abrir caminhos para que a minha estadia na Paris 13 fosse realizada da melhor forma possvel.

    A Maison du Brsil, sua diretoria e seus funcionrios, pela acolhida durante os meses de estadia na Frana, e, em especial, a bibliotecria, Sandra, pela gentileza, pacincia e profissionalismo com que nos recebe e nos atende a cada dia num espao acolhedor.

    Aos colegas brasileiros, em especial Rachel e Rodrigo Esteves, e aos de outras nacionalidades que fiz na Maison du Brsil e na Cit Universitaire pela acolhida, pela prtica da lngua francesa e pelas experincias compartilhadas.

    amiga e professora da UFBA, Takiko do Nascimento, pela reviso das tradues para a lngua francesa do Projeto para Doutorado Sanduche, do Relatrio final de pesquisa e pela traduo do resumo da Tese.

    coordenao do LABRIMP/USP e, em especial bolsista, Tatiana Tutya, e funcionria, Elenice Ferrari, por se disponibilizarem a estar presentes no espao em reforma do laboratrio e fornecerem todo o material bibliogrfico sobre jogos e diverses infantis de que dispe o Museu da Educao e do Brinquedo.

    A todos, muito obrigada.

  • AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

    Famlia ALiB,

    Sim, somos uma famlia!, respondemos quando muitos nos perguntam por que nos tratamos dessa forma.

    fcil listar nomes de pesquisadores, professores e bolsistas e registrar os agradecimentos, mas no s isso que quero expressar.

    No meio acadmico, onde faltam, muitas vezes, o calor humano, a sinceridade, a cumplicidade, e, porque no, o respeito mtuo, na Famlia ALiB que encontramos tais valores.

    Se os cultivamos porque encontramos os semeadores e o campo frtil para que brotem, floresam e deem frutos.

    Durante uma jornada to longa, s uma famlia carrega junto o peso do trabalho. Assim a minha, a nossa famlia acadmica.

    A Suzana Cardoso, a Orientadora da Tese, aquela que foi me nas horas em que precisei de um ombro amigo, aquela que soube me ouvir e muitas vezes confiar no meu trabalho, mais do que eu pudesse avaliar. Tambm soube lidar com meu jeito perfeccionista e detalhista de ser e com sbia batuta foi trilhando comigo os caminhos que nos levavam ao Falar Baiano. Ora pulvamos macaco, ora olhvamos atentas as balanas e as petecas que queriam nos confundir... Ouvimos cuidadosamente os informantes: cabra-cega? No! se esconder... Brincamos seriamente e muito, fato!

    A Ana Regina Teles, grande amiga de todas e de tantas longas horas, com quem compartilho minhas ideias e inquietaes sobre a academia e a cartografia, pelo imensurvel apoio para a concepo da base cartogrfica adotada para a Tese e pelas sugestes, ponderaes e solues imprescindveis para a concretizao da cartografia temtica realizada. Desafio para mim e para ela: Entender os linguistas no fcil!

    Ao grupo de professoras pesquisadoras de Dialetologia da UFBA, Carlota Ferreira, Jacyra Mota, Judith Freitas (in memoriam), Maria del Rosrio Albn, Suzana Alice Cardoso e Vera Rollemberg, nossas mestras, aquelas que so responsveis por manter a Dialetologia viva em nossos coraes e em nosso dia a dia, que souberam ensinar o que o trabalho em equipe caracterstico do grupo de docentes coordenados por Nelson Rossi, pelas orientaes pessoais e profissionais recebidas a cada dia.

    professora, sempre orientadora, Jacyra Mota, pela leitura criteriosa e atenta realizada para a verso da Tese julgada no Exame de Qualificao e pelas

  • importantes sugestes fornecidas, objetivando manter o foco em regies dialetais do Brasil e finalizao das cartas lingusticas.

    professora Aparecida Isquerdo, membro da Banca Examinadora para Exame de Qualificao, pelas sugestes de bibliografia e redirecionamentos para a abordagem do lxico.

    A Marcela Paim e Daniela Claro, pesquisadoras do Projeto ALiB, com as quais elaborei projetos para obteno de recursos para a pesquisa dialetal e a constituio do Banco de Dados do Projeto Nacional.

    A Neumark Ribeiro, Roberto Teles e Francisco Aguilera, maridos motoristas- voluntrios do Projeto ALiB, pelo envolvimento dirio, aproximando as distncias Como enfrentar os mais de 15000 km rodados nas estradas brasileiras, tapetes rudos por traas, sem a companhia e o competente trabalho de vocs?

    A Cludia Santos de Jesus, inquiridora auxiliar do Projeto ALiB, companheira de viagem desbravando as Minas Gerais, o Esprito Santo e a Bahia, por partilhar comigo to importante fase da minha vida. No foi fcil, mas conseguimos!

    A Viviane de Jesus e Isamar Neiva, inquiridoras auxiliares do Projeto ALiB, companheiras em viagens pela Bahia e Minas Gerais, pela presena e pelo apoio constantes.

    A Sandra Prudncio e Leandro Almeida, inquiridores auxiliares do Projeto ALiB, e Viviane de Deus Deir, inquiridora do Projeto ALiB, companheiros de viagem no Piau e em Pernambuco, do cerrado caatinga, ajudando a compor o corpus da pesquisa.

    A Viviane de Jesus, Leandro Almeida e Mara Raabe, transcritores de inquritos, e a Tiara de Deus, responsvel pelo cadastro das fichas de informantes, pelo trabalho, pelo compromisso demonstrado e, sobretudo, pela pacincia para atender uma doutoranda que sempre requisitava de todos rapidez e eficincia.

    A todos os demais bolsistas PIBIC, Voluntrios, Permanecer e Apoio Tcnico do Projeto ALiB - Regional Bahia -, aqui representados por Andra Mafra, incansveis formiguinhas, pelo apoio, empenho e compromisso dedicados s tarefas de preparao da pesquisa de campo, organizao do material oriundo do campo e disponibilizao imediata das cpias de udios necessrios pesquisa de doutoramento.

    s Regionais Mato Grosso do Sul, sob a coordenao da profa. Aparecida Isquerdo, e Paran, sob a coordenao da profa. Vanderci Aguilera, pela eficincia demonstrada, exemplificvel atravs da disponibilizao quase imediata dos udios, transcries e fichas de informantes dos inquritos concludos ao longo dos ltimos trs anos, proporcionando que a anlise fosse realizada sempre que nova cidade era visitada.

  • Regional Cear Equipe do Maranho por fornecer transcritos os dados coletados em Alto Parnaba MA.

    Regional Minas Gerais, sob a coordenao de Ana Paula Rocha, pelo apoio financeiro oriundo de Projeto do CNPq, para realizao de pesquisa de campo em localidades do Estado.

    Aos contatos nas cidades, funcionrios das secretarias municipais de Educao, Sade e Ao Social e tambm aos membros das Associaes de moradores que vestem a camisa do ALiB e conosco realizam a difcil tarefa de encontrar em cada cidade os informantes para a pesquisa.

    A todos, muito obrigada.

    E, finalmente,

    Aos informantes, sujeitos da pesquisa, fidles gardiens du langage naturel, 1 Sem vocs nosso trabalho no se concretiza. difcil lembr-los sem deixar que a emoo tome conta de ns. Vocs abrem seus lares, seus coraes e expem suas vidas, suas

    memrias. O passado, o presente, as alegrias, as tristezas... Conte um fato marcante da sua vida...

    Ficam as lembranas dos sorrisos, das gargalhadas, das vozes embargadas,

    do choro compulsivo ou do choro contido, das poucas lgrimas que deixamos escapar e que a emoo no permite que mantenhamos guardadas, mesmo quando a racionalidade quer imperar...

    Ao final, samos com tanto... e quem sabe se deixamos algo... A partir de ento, tornam-se annimos, por que assim deve ser para a cincia.

    Aqui, s posso agradecer-lhes pelo muito que nos forneceram.

    1 [...] fiis guardies da linguagem falada [...] (Traduo nossa) (POP, 1950, p. IX-X).

  • Le linguiste doit toutefois admirer le travail sans

    relche des dialectologues qui ont quitt leur cabinet de

    travail pour passer de nombreux jours dans la

    compagnie des fidles gardiens du langage naturel,

    lequel na connu que rarement lhonneur dtre

    employ comme langue crite. Leurs contributions

    constituent aujourdhui une documentation trs

    prcieuse pour retracer lhistoire de levolution du

    langage humain [].

    (POP, Sever, La Dialectologie, 1950, p. IX-X)

    Toda cincia, todo mtodo cientfico, aspira ao

    universal, isto , procura enunciados vlidos para

    qualquer situao, circunstncia, momento ou rea. A

    Dialectologia no foge a essa ambio. Mas fazendo da

    distribuio espacial dos fatos lingsticos num

    momento dado (sincrnica, portanto) seu objetivo

    primeiro e matria prima da interpretao histrica

    (logo, diacrnica) das reas assim delimitadas, muito

    dificilmente escapa fatalidade das imposies do

    regional, quando no das peculiaridades do

    estritamente local.

    (ROSSI, Nelson. A dialetologia, 1967, p.89)

  • RESUMO RIBEIRO, Silvana S. C. Brinquedos e brincadeiras infantis na rea do Falar Baiano. 2012. 752p. Tese (Doutorado em Letras) Programa de Ps-graduao em Letras e Lingustica) Instituto de Letras, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2012. A Tese de Doutorado examina a atualidade da diviso dialetal do Brasil, proposta Nascentes (1953), especificamente no que se refere rea do Falar Baiano, e a pertinncia dos limites estabelecidos, considera a realidade presente. O autor divide o Brasil em dois grupos de falares, o do (a) Norte e o do (b) Sul, no qual situa o Falar Baiano, e reconhece, ainda, uma rea a que denomina territrio incaracterstico. O trabalho fundamenta-se na Dialetologia e na Geolingustica Pluridimensional Contempornea. Tem por objetivo demonstrar a variao diatpica identificada a partir dos dados coletados com base na rea semntica escolhida. A Tese apresenta um estudo do lxico dos brinquedos e brincadeiras infantis, fazendo registro das variantes lexicais coletadas na amostra para cada um dos artefatos ou atividades ldicas. Descreve as caractersticas gerais de uso e o modo de confeco de cada um deles, assinalando a importncia da sua preservao para a cultura popular. Traz resultado da consulta aos dicionrios de Houaiss (2002), Ferreira (1999), Aulete (2006) e Cascudo (1954) no que se refere s variantes lexicais documentadas na amostra. Tem como base, para a anlise, um extrato do corpus do Projeto Atlas Lingustico do Brasil composto de 244 inquritos lingusticos. Os informantes, em igual nmero, so de ambos os sexos, de duas faixas etrias (18 a 30 e 50 a 65 anos) e de dois graus de escolaridade (fundamental incompleto e superior completo). A rea geogrfica estudada composta de 57 localidades pertencentes a 11 estados brasileiros, dos quais 5 esto situados na rea do Falar Baiano e os demais em regies fronteirias. Os resultados obtidos com a aplicao das perguntas referentes aos jogos e diverses infantis so mostrados em grficos e tabelas contendo a variao encontrada. A variao diatpica est descrita em cartas lingusticas. A Tese vem apresentada em trs volumes. No Volume I, constam os captulos referentes aos pressupostos tericos adotados, ao Projeto Atlas Lingustico do Brasil, metodologia aplicada na pesquisa e anlise dos dados coletados. Fecha-se o volume com as Consideraes Finais e as Referncias Bibliogrficas que ampararam o trabalho. O Volume II formado por um conjunto de 40 cartas das quais 7 so introdutrias, 23 semntico-lexicais, 1 fontica e 9 cartas-resumo, estas contendo o traado de isolxicas e a delimitao de subreas dialetais. Do Volume III, constam os Apndices constitudos pelas listagens de ocorrncias das lexias documentadas e da pesquisa lexicogrfica e os Anexos. O trabalho atesta a vitalidade do Falar Baiano e sugere a existncia de 4 subreas dialetais. Palavras-chave: Geolingustica, reas dialetais, Falar Baiano, Projeto ALiB, lxico, brinquedos e brincadeiras infantis.

  • RESUM RIBEIRO, Silvana S. C. Jeux denfants dans le domaine du Parler Bahianais. 2012. 752p. Thse de Doctorat (Programme de post-graduation en Lettres et Linguistique). Institut de Lettres, Universit Fdrale de Bahia, Salvador, 2012. Cette Thse examine lactualit de la division dialectale du Brsil propose par Nascentes (1953), spcifiquement sur le domaine du Parler Bahianais, et la pertinence des limites tablies, en considrant la ralit prsente. Lauteur divise le Brsil en deux groupes de parlers, celui du Nord (a) et celui du Sud (b), o il place le Parler Bahianais, et reconnait encore un domaine auquel il dnomme territoire non-caractristique. Le prsent travail se fonde sur la Dialectologie et la Golinguistique pluridimensionnelle contemporaines. Il a pour objectif de dmontrer la variation diatopique identifie partir des donnes collectes sur laire smantique choisie. Cette thse prsente une tude du lexique des jeux denfants, en enregistrant les variantes lexicales collectes dans lchantillon pour chacun des artefacts ou activits ludiques. Elle dcrit les caractrisques gnrales de lemploi et le mode de confection de chacun deux, signalant limportance de sa prservation pour la culture populaire. Elle prsente aussi le rsultat des consultations aux dictionnaires de Houaiss (2002), Ferreira (1999), Aulete (2006) et Cascudo (1954), en ce qui concerne les variantes lexicales documentes dans lchantillon. Ce travail a comme base danalyse un extrait du corpus du Projet Atlas Linguistique du Brsil, compos de 244 enqutes linguistiques. Les informateurs, du mme nombre, sont des deux sexes, de deux fourchettes dge (18 30 et 50 65 ans) et de deux degrs de scolarit (cole primaire incomplte et cours suprieur complet). Le domaine gographique tudi est compos de 57 localits qui appartiennent 11 tats brsiliens, dont 5 situs dans la zone du Parler Bahianais et les autres des rgions frontalires. Les rsultats obtenus de lapplication des questions concernant les jeux et divertissements enfantins sont montrs en des graphiques et des tableaux contenant la variation trouve. La variation diatopique est dcrite en des cartes linguistiques. La Thse est prsente en trois volumes. Dans le Volume I, figurent les chapitres concernant les prsuposs thoriques adopts, le Projet Atlas Linguistique du Brsil, la mthodologie applique dans la recherche et lanalyse des donnes collectes. Ce volume se ferme sur des considrations finales et les rfrences bibliographiques qui ont tayes le travail. Le Volume II est form par un ensemble de 40 cartes dont 7 sont introductrices, 23 smantico-lexicales, 1 phontique et 9 cartes-rsum, ces dernires contenant le trac disolexiques et la dlimitation de sous-aires dialectales. Dans le Volume III figurent les Appendices constitus par des listes doccurrences des lexies documentes et de la recherche lexicographique et les Annexes. Cette tude atteste la vitalit du Parler Bahianais et suggre lexistence de 4 sous-aires dialectales. Mots-cl: Golinguistique, aires dialectales, Parler Bahianais, Projet ALiB, lexique, jeux enfantins.

  • LISTA DE CARTAS

    Carta 01 SITUAO 472 Carta 02 REDE DE PONTOS 473 Carta 03 HIDROGRAFIA 474 Carta 04 MESORREGIES GEOGRFICAS 475

    Carta 05 REGIO DO FALAR BAIANO E ADJACNCIAS (LIMITE APROXIMADO)

    476

    Carta 06 LIMITE DO FALAR BAIANO E ADJACNCIAS 477 Carta 07 INQUIRIDORES Inquiridores por localidade 478

    Carta 08 CAMBALHOTA Todas as respostas por localidade (superiores a 8%)

    479 Carta 09 CAMBALHOTA Todas as respostas por localidade (inferiores a 8%) 480 Carta 10 GUDE Todas as respostas por localidade (superiores a 8%) 481 Carta 11 GUDE Todas as respostas por localidade (inferiores a 8%) 482 Carta 12 GUDE (variantes) Todas as respostas por localidade 483 Carta 13 ESTILINGUE Todas as respostas por localidade 484 Carta 14 BADOGUE (variantes fonticas) Todas as respostas por localidade 485 Carta 15 PETECA (semasiologia de) Todas as respostas por localidade 486 Carta 16 PIPA Todas as respostas por localidade (superiores a 50%) 487 Carta 17 PIPA Todas as respostas por localidade (inferiores a 50%) 488

    Carta 18 PIPA (sem varetas) Todas as respostas por localidade (superiores a 15%)

    489

    Carta 19 PIPA (sem varetas) Todas as respostas por localidade (inferiores a 15%)

    490 Carta 20 ESCONDE-ESCONDE Todas as respostas por localidade 491 Carta 21 ESCONDE-ESCONDE (variantes de sema esconder) Todas as respostas por localidade

    492

    Carta 22 COBRA-CEGA Todas as respostas por localidade 493 Carta 23 PEGA-PEGA Todas as respostas por localidade (superiores a 8%) 494 Carta 24 PEGA-PEGA Todas as respostas por localidade (inferiores a 8%) 495

    Carta 25 PEGA-PEGA (variantes de sema pegar) Todas as respostas por localidade

    496 Carta 26 PIQUE (local combinado) Todas as respostas por localidade 497 Carta 27 CHICOTINHO-QUEIMADO Todas as respostas por localidade 498 Carta 28 GANGORRA Todas as respostas por localidade 499 Carta 29 BALANO Todas as respostas por localidade 500 Carta 30 AMARELINHA Todas as respostas por localidade 501 Carta 31 MACACO Todas as respostas por localidade 502

    Carta 32 SUBREA DIALETAL A Isolxicas de manja, peteca, cabra-cega e se esconder

    503 Carta 33 SUBREA DIALETAL A (viso ampliada) Isolxicas de manja, peteca, cabra-cega e se esconder

    504

    Carta 34 SUBREA DIALETAL B Isolxicas de picula, badogue, balana e periquito

    505 Carta 35 SUBREA DIALETAL B (viso ampliada) Isolxicas de picula, badogue, balana e periquito

    506

    Carta 36 SUBREA DIALETAL C Isolxicas de (bango)balango, mar, pique e pique-pega

  • 507 Carta 37 SUBREA DIALETAL C (viso ampliada) Isolxicas de (bango)balango, mar, pique e pique-pega

    508

    Carta 38 SUBREA DIALETAL D Isolxicas de ratinho, seta, boleba e vidro 509 Carta 39 SUBREA DIALETAL D (viso ampliada) Isolxicas de ratinho, seta, boleba e vidro

    510

    Carta 40 SUBREAS DIALETAIS A, B, C e D (viso conjunta) 511

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 Carta 60 do EALMG Isolxica de china (china = bolinha de gude) 43

    Figura 2 Carta 168 do ALPR Isolxica de urup (urup = fungo, cogumelo) 44

    Figura 3 Carta s.n. Isolxicas de borbulha, mouco, peteca e quartinha. (borbulha = bolha de queimadura; mouco = surdo; peteca = estilingue e quartinha = vasilhame para gua) 44

    Figura 4 Histria dos estudos dialetais no Brasil periodizao 56

    Figura 5 Conceito bsico da cartografia 64

    Figura 6 Diviso dialetal de Jlio Ribeiro (1891) 81

    Figura 7 Diviso dialetal de Maximino Maciel (1950) 82 Figura 8 Diviso dialetal de Rodolfo Garcia (1915) 83

    Figura 9 Diviso dialetal de Antenor Nascentes (1922) 84 Figura 10 Diviso dialetal de Antenor Nascentes (1933/1953) 85

    Figura 11 Os Trs Falares Mineiros 89

    Figura 12 Designaes para cria de ovelha na Bahia e em Sergipe 91

    Figura 13 Capuco (= espiga de milho sem gros) e tabaco (= rap) na Bahia e em Sergipe 92

    Figura 14 Solta (= pastagem para gado), guin (= galinha dangola) e osso da fome (= clavcula) na Bahia e em Sergipe 92

    Figura 15 Mapa 2 reas de maior coincidncia lexical 94

    Figura 16 Mapa 1 Denominaes para Estrela Cadente no Falar Baiano 95

    Figura 17 Mapa 3 Denominaes para Estrela Cadente no Falar Baiano 96

    Figura 18 Exemplo de carta lingustica 160 Figura 19 Crianas virando cambalhota/bunda canastra/cabriola em aula de educao fsica 164

    Figura 20 Posio inicial preparatria da cambalhota 166

    Figura 21 Cambalhota: giro sobre a cabea 167

    Figura 22 Movimento completo da cambalhota 167

    Figura 23 Movimento de a capoeira 168

    Figura 24 Meninos brincando com bola de gude, no Acre 188

    Figura 25 Garoto palestino aponta estilingue em direo aos jipes militares israelenses em West Bank, Palestina 211

    Figura 26 Bodoque confeccionado por Sr. Eliseu Rio de Janeiro 214

    Figura 27 Garotos soltando pipa no Morro Santa Marta Rio de Janeiro RJ 233

    Figura 28 Alguns formatos conhecidos para o brinquedo pipa 242

    Figura 29 Como fazer uma pipa 243

    Figura 30 Pipa sem varetas caixotinho 255

    Figura 31 Crianas brincando de esconde-esconde, pique-esconde, bacond ou escondidas 274

    Figura 32 Crianas brincando de cobra-cega em Burquina Fasso (frica) 298

    Figura 33 Crianas brincando de pega-pega, pique-pega, picula ou cerca-loureno 313

    Figura 34 Crianas e adultos em torno do local combinado picula, pique, manja (na brincadeira de pega-pega) 343

    Figura 35 Crianas brincando de chicotinho-queimado ou leno-atrs ou corre-cutia ou ovo-choco 362

  • Figura 36 Gangorra em rea indgena 382

    Figura 37 Giramundo: confeco e utilizao 386

    Figura 38 Balano em rea indgena 396

    Figura 39 Catlogo de brinquedos para parques infantis 408

    Figura 40 Crianas brincando de amarelinha, avio, mar ou academia em ptio de escola 411

    Figura 41 Diagramas representando traados da brincadeira amarelinha 414

    Figura 42 Diagrama do desenho de macaca, reproduo de desenho obtido em Bailique no Amap 415

    Figura 43 Imagem destacada do verbete academia de Dicionrio do Folclore Brasileiro 419

    Figura 44 Diagrama do desenho de academia do po doce 421

    Figura 45 Diagrama representando traado da brincadeira amarelinha de caracol 427

  • LISTA DE GRFICOS

    Grfico 1 Distribuio temporal da coleta de dados 144

    Grfico 2 Distribuio das reas de atuao dos informantes 150

    Grfico 3 Percentual das formas lexicais de cambalhota todas as respostas 182

    Grfico 4 (a) Percentual de presena das formas lexicais de cambalhota nas localidades (superior a 8%) 184

    Grfico 4 (b) Percentual de presena das formas lexicais de cambalhota nas localidades (inferior a 8%) 184

    Grfico 5 Percentual das formas lexicais de gude todas as respostas 205

    Grfico 6 (a) Percentual de presena das formas lexicais de gude nas localidades (superior a 8%) 206

    Grfico 6 (b) Percentual de presena das formas lexicais de gude nas localidades (inferior a 8%) 206

    Grfico 7 Percentual das formas lexicais de badogue todas as respostas 222

    Grfico 8 Percentual das formas lexicais de estilingue todas as respostas 226

    Grfico 9 Percentual de presena das formas lexicais de estilingue nas localidades 227

    Grfico 10 Percentual de presena das formas lexicais de badogue nas localidades 229

    Grfico 11 Percentual das formas lexicais de pipa todas as respostas 251

    Grfico 12 (a) Percentual de presena das formas lexicais de pipa nas localidades (superior a 50%) 252

    Grfico 12 (b) Percentual de presena das formas lexicais de pipa nas localidades (inferior a 50%) 252

    Grfico 13 Percentual das formas lexicais de pipa (sem varetas) todas as respostas 268 Grfico 14 (a) Percentual de presena das formas lexicais de pipa (sem varetas) nas localidades (superior a 15%) 270

    Grfico 14 (b) Percentual de presena das formas lexicais de pipa (sem varetas) nas localidades (inferior a 15%) 270

    Grfico 15 Percentual das formas lexicais de esconde-esconde - todas as respostas (sema esconder e outras formas reunidas) 281

    Grfico 16 Presena das formas lexicais de esconde-esconde (outras denominaes) 287

    Grfico 17 Percentual das formas lexicais de esconde-esconde todas as respostas (variantes do sema esconder) 292

    Grfico 18 Percentual de presena das formas lexicais de escondeesconde nas localidades (outras denominaes) 293

    Grfico 19 Percentual de presena das formas lexicais de esconde-esconde nas localidades (variantes do sema esconder) 294

    Grfico 20 Percentual das formas lexicais de cobra-cega todas as respostas 307

    Grfico 21 Percentual de presena das formas lexicais de cobra-cega nas localidades 308

    Grfico 22 Percentual das formas lexicais de pega-pega todas as respostas (sema pegar e outras formas reunidas) 323

    Grfico 23 Percentual das formas lexicais de pega-pega todas as respostas (variantes do sema pegar) 327

    Grfico 24 Percentual das formas lexicais de pega-pega todas as respostas (outras denominaes) 337

  • Grfico 25 Percentual de presena das formas lexicais de pega-pega nas localidades (outras denominaes) 338

    Grfico 26 Percentual de presena das formas lexicais de pega-pega nas localidades (variantes do sema pegar) 339

    Grfico 27 Pique relao presena versus ausncia em localidades para respostas obtidas 344

    Grfico 28 Percentual das formas lexicais de pique todas as respostas 357

    Grfico 29 Percentual de presena das formas lexicais de pique nas localidades 358

    Grfico 30 Respostas obtidas versus no obtidas para a pergunta 164 QSL 363

    Grfico 31 Percentual das formas lexicais de chicotinho-queimado todas as respostas 378

    Grfico 32 Percentual de presena das formas lexicais de chicotinho-queimado nas localidades 379

    Grfico 33 Percentual das formas lexicais de gangorra todas as respostas 391

    Grfico 34 Percentual de presena das formas lexicais de gangorra nas localidades 392

    Grfico 35 Percentual das formas lexicais de balano todas as respostas 405

    Grfico 36 Percentual de presena das formas lexicais de balano nas localidades 406

    Grfico 37 Percentual das formas lexicais de amarelinha todas as respostas 428

    Grfico 38 Percentual de presena das formas lexicais de amarelinha nas localidades 429

  • LISTA DE QUADROS

    Quadro 1 reas semnticas do Questionrio Semntico Lexical 123

    Quadro 2 Aplicao das questes 155 a 167 do QSL comentrios 130

    Quadro 3 Rede de pontos da pesquisa distribuio regional 139

    Quadro 4 Distribuio dos informantes variveis sociais 147

    Quadro 5 Distribuio da populao pesquisada variveis sociais 147

    Quadro 6 Formas lexicais de cambalhota agrupamentos 173 Quadro 7 Agrupamento lexical - respostas nicas (cambalhota) 180

    Quadro 8 Respostas nicas por localidade e informante cambalhota 186

    Quadro 9 Formas lexicais de gude agrupamentos 196

    Quadro 10 Agrupamento lexical gude 201

    Quadro 11 Formas lexicais de estilingue agrupamentos 220

    Quadro 12 Respostas nicas por localidade e informante estilingue 228

    Quadro 13 Formas lexicais de pipa agrupamentos 244

    Quadro 14 Agrupamento lexical - respostas nicas (pipa) 249

    Quadro 15 Respostas nicas por localidade e informante pipa 253

    Quadro 16 Formas lexicais de pipa (sem varetas) agrupamentos 261

    Quadro 17 Agrupamento lexical - respostas nicas (pipa sem varetas) 267

    Quadro 18 Respostas nicas por localidade e informante pipa (sem varetas) 272

    Quadro 19 Formas lexicais de esconde-esconde agrupamentos (outras denominaes) 282

    Quadro 20 Formas lexicais de esconde-esconde agrupamentos (variantes de sema esconder) 282

    Quadro 21 Agrupamento lexical - respostas nicas (esconde-esconde) 285

    Quadro 22 Respostas nicas por localidade e informante - esconde-esconde (outras denominaes) 295

    Quadro 23 Respostas nicas por localidade e informante - esconde-esconde (variantes) 295

    Quadro 24 Formas lexicais de cobra-cega agrupamentos 302

    Quadro 25 Agrupamento lexical - outras com sema cego/cega 305

    Quadro 26 Agrupamento lexical - respostas nicas (cobra-cega) 306

    Quadro 27 Respostas nicas por localidade e informante - cobra-cega 311

    Quadro 28 Formas lexicais de pega-pega agrupamentos (sema pegar) 325 Quadro 29 Formas lexicais de pega-pega agrupamentos (outras denominaes) 325

    Quadro 30 Agrupamento lexical - respostas nicas (pega-pega) 334

    Quadro 31 Respostas nicas por localidade e informante - pega-pega 340

    Quadro 32 Formas lexicais de pique agrupamentos 352 Quadro 33 Agrupamento lexical - respostas nicas (pique) 356

    Quadro 34 Respostas nicas por localidade e informante pique 359

    Quadro 35 Formas lexicais de chicotinho-queimado agrupamentos. 367

    Quadro 36 Agrupamento lexical - respostas nicas (chicotinho-queimado) 372

    Quadro 37 Respostas nicas por localidade e informante - chicotinho-queimado 379

  • Quadro 38 Formas lexicais de gangorra agrupamentos 387

    Quadro 39 Agrupamento lexical - respostas nicas (gangorra) 390

    Quadro 40 Respostas nicas por localidade e informante gangorra 393

    Quadro 41 Formas lexicais de balano agrupamentos 400 Quadro 42 Respostas nicas por localidade e informante balano 407

    Quadro 43 Formas lexicais de amarelinha agrupamentos 419

    Quadro 44 Agrupamento lexical - respostas nicas (amarelinha) 426

    Quadro 45 Respostas nicas por localidade e informante amarelinha 429

    Quadro 46 Distribuio de itens lexicais na Subrea Dialetal A 441

    Quadro 47 Distribuio de itens lexicais na Subrea Dialetal B 443

    Quadro 48 Distribuio de itens lexicais na Subrea Dialetal C 444

    Quadro 49 Distribuio de itens lexicais na Subrea Dialetal D 446

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Distribuio dos inquiridores por localidade pesquisada 145

    Tabela 2 Distribuio dos inquiridores auxiliares por localidade pesquisada 145

    Tabela 3 Informantes por rea de atuao 149

    Tabela 4 Frequncia das formas lexicais de cambalhota todas as respostas 181

    Tabela 5 Presena das formas lexicais de cambalhota nas localidades pesquisadas 183

    Tabela 6 Frequncia das formas lexicais de gude (variantes) todas as respostas 202

    Tabela 7 Frequncia das formas lexicais de gude todas as respostas 204

    Tabela 8 Presena das formas lexicais de gude nas localidades pesquisadas 205

    Tabela 9 Frequncia das formas lexicais de badogue todas as respostas 222

    Tabela 10 Frequncia das formas lexicais de estilingue todas as respostas 226

    Tabela 11 Presena das formas lexicais de estilingue nas localidades pesquisadas 227

    Tabela 12 Presena das formas lexicais de badogue nas localidades pesquisadas 229

    Tabela 13 Frequncia das formas lexicais de pipa todas as respostas 250

    Tabela 14 Presena das formas lexicais de pipa nas localidades pesquisadas 251

    Tabela 15 Frequncia das formas lexicais de pipa (sem varetas) todas as respostas 268

    Tabela 16 Presena das formas lexicais de pipa (sem varetas) nas localidades pesquisadas 269

    Tabela 17 Frequncia das formas lexicais de esconde-esconde todas as respostas (sema esconder e outras formas reunidas) 280

    Tabela 18 Frequncia das formas lexicais de esconde-esconde todas as respostas (sema esconder e outras denominaes) 281

    Tabela 19 Frequncia das formas lexicais de esconde-esconde todas as respostas (outras denominaes) 286

    Tabela 20 Frequncia das formas lexicais de esconde-esconde todas as respostas (variantes do sema esconder) 291

    Tabela 21 Presena das formas lexicais de esconde-esconde nas localidades pesquisadas 293

    Tabela 22 Presena das formas lexicais de esconde-esconde nas localidades pesquisadas (variantes do sema esconder) 293

    Tabela 23 Frequncia das formas lexicais de cobra-cega todas as respostas 307

    Tabela 24 Presena das formas lexicais de cobra-cega nas localidades pesquisadas 308

    Tabela 25 Frequncia das formas lexicais de pega-pega todas as respostas (sema pegar e outras denominaes) 324

    Tabela 26 Frequncia das formas lexicais de pega-pega todas as respostas (variantes do sema pegar) 327

    Tabela 27 Frequncia das formas lexicais de pega-pega todas as respostas (outras denominaes) 336

    Tabela 28 Presena das formas lexicais de pega-pega nas localidades pesquisadas 338

    Tabela 29 Presena das formas lexicais de pega-pega nas localidades pesquisadas (variantes do sema pegar) 339

    Tabela 30 Distribuio das ocorrncias de pique respostas obtidas versus no obtidas 344

    Tabela 31 Distribuio das respostas de pique presena versus ausncia em localidades 344

    Tabela 32 Frequncia das formas lexicais de pique todas as respostas 357

  • Tabela 33 Presena das formas lexicais de pique nas localidades pesquisadas 358

    Tabela 34 Frequncia das formas lexicais de chicotinho-queimado todas as respostas 377

    Tabela 35 Presena das formas lexicais de chicotinho-queimado nas localidades pesquisadas 378

    Tabela 36 Frequncia das formas lexicais de gangorra todas as respostas 391

    Tabela 37 Presena das formas lexicais de gangorra nas localidades pesquisadas 392

    Tabela 38 Frequncia das formas lexicais de balano todas as respostas 405

    Tabela 39 Presena das formas lexicais de balano nas localidades pesquisadas 406

    Tabela 40 Frequncia das formas lexicais de amarelinha todas as respostas 427

    Tabela 41 Presena das formas lexicais de amarelinha nas localidades pesquisadas 428

    Tabela 42 ndice de aproveitamento de respostas s perguntas do QSL 433

    Tabela 43 Itens lexicais de maior frequncia em n. de ocorrncias e presena em localidades 433

  • LISTA DE ABREVIATURAS

    ABC Santo Andr, So Bernardo do Campo e So Caetano do Sul

    ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    AC Acre

    ADDU Atlas Lingstico Diatpico y Diastrtico del Uruguay

    AL Alagoas

    ALE Atlas Linguarum Europae

    ALERS Atlas Lingstico-Etnogrfico da Regio Sul do Brasil

    ALF Atlas Linguistique de La France

    ALiB Atlas Lingustico do Brasil

    ALiR Atlas Linguistique Roman

    ALISPA Atlas Lingstico Sonoro do Par

    ALPR Atlas Lingstico do Paran

    ALPR II Atlas Lingstico do Paran II

    ALS Atlas Lingstico de Sergipe

    ALS II Atlas Lingstico de Sergipe II

    AM Amazonas

    AP Amap

    APFB Atlas Prvio do Falares Baianos

    BA Bahia

    CAPES Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior

    CE Cear

    CEFET-PB Centro Federal de Educao Tecnolgica da Paraba

    CNPq Conselho Nacional de Conhecimento Cientfico e Tecnolgico

    CPD Centro de Processamento de Dados

    DF Distrito Federal

    DLV Departamento de Letras Vernculas

    DSG Diretoria do Servio Geogrfico do Exrcito

    EALMG Esboo Atlas Lingstico de Minas Gerais

    EJA Educao de Jovens e Adultos

    ES Esprito Santo

    EUA Estados Unidos da Amrica

    EXPERICE Centre de Recherches interuniversitaires, exprience, ressources culturelles

    FGTS Fundo de Garantia do Tempo de Servio

    GO Gois

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

  • IFPB Instituto Federal de Educao Cincia e Tecnologia da Paraba

    LABRIMP Laboratrio de Brinquedos e Materiais Pedaggicos da USP

    LDI Laboratoire, Lexiques, Dictionnaires, Informatique

    LE Texto para leitura

    MA Maranho

    MEB Museu da Educao e do Brinquedo

    MEC Ministrio da Educao

    MG Minas Gerais

    MS Mato Grosso do Sul

    MT Mato Grosso

    NGB Nomenclatura Gramatical Brasileira OMEP Organizao Mundial de Educao Pr-escolar

    PA Par

    PB Paraba

    PE Pernambuco

    PI Piau

    PIBIC Programa Institucional de Bolsas de Iniciao Cientfica

    PM Perguntas Metalingustica

    PPGLL Programa de Ps-Graduao em Letras e Lingustica

    PR Paran

    PROGRAD Pr-Reitoria de Ensino de Graduao

    QFF Questionrio Fontico-Fonolgico

    QMS Questionrio Morfossinttico

    QP Questes de Pragmtica

    QSL Questionrio Semntico-Lexical

    REUNI Programa de Apoio a Planos de Reestruturao e Expanso das Universidades Federais

    RJ Rio de Janeiro

    RN Rio Grande do Norte

    RO Rondnia

    RR Roraima

    RS Rio Grande do Sul

    SC Santa Catarina

    SE Sergipe

    SIAC Sistema Acadmico

    SN Sintagma nominal

    SP Sintagma preposicionado

  • SP So Paulo

    SV Sintagma verbal

    TO Tocantins

    UECE Universidade Estadual do Cear

    UEL Universidade Estadual de Londrina

    UERN Universidade do Estado do Rio Grande do Norte

    UFBA Universidade Federal da Bahia

    UFCE Universidade Federal do Cear

    UFJF Universidade Federal de Juiz de Fora

    UFMS Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

    UFOP Universidade Federal Ouro Preto

    UFPA Universidade Federal do Par

    UFPB Universidade Federal da Paraba

    UFPI Universidade Federal do Piau

    UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul

    UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

    UFSC Universidade Federal Santa Catarina

    UNIME Unio Metropolitana de Educao e Cultura

    UnP Universidade Potiguar

    USP Universidade So Paulo

    WorkALiB Workshop Nacional do Projeto Atlas Lingustico do Brasil

  • SUMRIO

    VOLUME I

    1 INTRODUO ........................................................................................ 33

    2 FUNDAMENTAO TERICA ............................................................... 40

    2.1 DIALETOLOGIA ...................................................................................... 40

    2.1.1 Revisando conceitos bsicos ................................................................... 40

    2.1.2 Dialetologia e Sociolingustica: as interfaces............................................ 50

    2.1.3 Dialetologia no Brasil ............................................................................... 55

    2.1.4 A Geolingustica como mtodo da Dialetologia ........................................ 61

    2.1.4.1 A Geolingustica pluridimensional ............................................................ 69

    2.1.4.2 Os Atlas lingusticos no Brasil .................................................................. 73

    2.2 REAS DIALETAIS DO BRASIL.............................................................. 79

    2.2.1 Primeiros esboos de reas dialetais brasileiras ...................................... 80

    2.2.1.1 A rea dialetal do Falar Baiano ................................................................ 87

    2.3 LXICO DOS BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS

    INFANTIS ................................................................................................................ 96

    2.3.1 Revisitando conceitos bsicos ................................................................. 96

    2.3.2 O campo lxico dos jogos e diverses infantis ....................................... 105

    2.3.2.1 Pesquisando sobre brinquedos e brincadeiras infantis: experincia na

    Frana e no Brasil .................................................................................................. 107

    2.3.2.2 Revisitando a histria, a cultura e a tradio folclrica dos jogos e

    diverses infantis ................................................................................................... 110

    3 METODOLOGIA .................................................................................... 116

    3.1 O PROJETO ALIB ................................................................................. 116

    3.1.1 Breve histrico ....................................................................................... 117

    3.1.2 Objetivos ................................................................................................ 119

    3.1.3 Caractersticas gerais ............................................................................ 119

  • 3.1.3.1 Questionrio lingustico .......................................................................... 120

    3.1.3.2 Informantes ............................................................................................ 124

    3.1.3.3 Rede de Pontos ..................................................................................... 126

    3.1.3.4 Pesquisa de campo ............................................................................... 127

    3.1.3.5 Mapeamento lingustico ......................................................................... 127

    3.2 O CORPUS DA PESQUISA ................................................................... 128

    3.2.1 QSL - rea semntica: jogos e diverses infantis. ................................. 128

    3.2.2 Rede de pontos - Falar Baiano e rea de Controle ................................ 136

    3.2.3 Amostra ................................................................................................. 142

    3.2.3.1 Constituio a partir dos dados do ALiB j documentados .................... 142

    3.2.3.2 Pesquisa de campo ............................................................................... 143

    3.2.4 Os informantes ...................................................................................... 146

    3.2.5 Tcnicas de anlise dos dados .............................................................. 150

    3.2.5.1 Audio dos inquritos ........................................................................... 151

    3.2.5.2 Critrios adotados para o levantamento e o fichamento dos dados ....... 151

    3.2.5.3 Pesquisa em dicionrios ........................................................................ 153

    3.2.5.4 Classificao e tratamento estatstico .................................................... 156

    3.2.5.5 Mapeamento lingustico ......................................................................... 158

    4 ANLISE DOS DADOS ........................................................................ 162

    4.1 CAMBALHOTA ...................................................................................... 164

    4.1.1 Pesquisando em dicionrios .................................................................. 165

    4.1.2 Descrevendo as estruturas lingusticas: agrupamentos ......................... 172

    4.1.3 Cartografando os dados: distribuio diatpica ...................................... 182

    4.2 GUDE .................................................................................................... 188

    4.2.1 Pesquisando em dicionrios .................................................................. 189

    4.2.2 Descrevendo as estruturas lingusticas: agrupamentos ......................... 195

    4.2.3 Cartografando os dados: distribuio diatpica ...................................... 205

  • 4.3 ESTILINGUE ......................................................................................... 210

    4.3.1 Pesquisando em dicionrios .................................................................. 214

    4.3.2 Descrevendo as estruturas lingusticas: agrupamentos ......................... 220

    4.3.3 Cartografando os dados: distribuio diatpica ...................................... 226

    4.4 PIPA ...................................................................................................... 233

    4.4.1 Pesquisando em dicionrios .................................................................. 236

    4.4.2 Descrevendo as estruturas lingusticas: agrupamentos ......................... 243

    4.4.3 Cartografando os dados: distribuio diatpica ...................................... 251

    4.5 PIPA (SEM VARETAS) .......................................................................... 255

    4.5.1 Pesquisando em dicionrios e obras sobre o folclore brasileiro ............. 258

    4.5.2 Descrevendo as estruturas lingusticas: agrupamentos ......................... 260

    4.5.3 Cartografando os dados: distribuio diatpica ...................................... 269

    4.6 ESCONDE-ESCONDE .......................................................................... 274

    4.6.1 Pesquisando em dicionrios .................................................................. 275

    4.6.2 Descrevendo as estruturas lingusticas: agrupamentos ......................... 280

    4.6.3 Cartografando os dados: distribuio diatpica ...................................... 292

    4.7 COBRA-CEGA ....................................................................................... 298

    4.7.1 Pesquisando em dicionrios .................................................................. 300

    4.7.2 Descrevendo as estruturas lingusticas: agrupamentos ......................... 302

    4.7.3 Cartografando os dados: distribuio diatpica ...................................... 308

    4.8 PEGA-PEGA .......................................................................................... 313

    4.8.1 Pesquisando em dicionrios .................................................................. 314

    4.8.2 Descrevendo as estruturas lingusticas: agrupamentos ......................... 323

    4.8.3 Cartografando os dados: distribuio diatpica ...................................... 337

    4.9 PIQUE (LOCAL COMBINADO) .............................................................. 343

    4.9.1 Pesquisando em dicionrios .................................................................. 347

    4.9.2 Descrevendo as estruturas lingusticas: agrupamentos ......................... 352

  • 4.9.3 Cartografando os dados: distribuio diatpica ...................................... 358

    4.10 CHICOTINHO-QUEIMADO .................................................................... 362

    4.10.1 Pesquisando em dicionrios e obras sobre o folclore brasileiro ............. 363

    4.10.2 Descrevendo as estruturas lingusticas: agrupamentos ......................... 367

    4.10.3 Cartografando os dados: distribuio diatpica ...................................... 378

    4.11 GANGORRA .......................................................................................... 382

    4.11.1 Pesquisando em dicionrios .................................................................. 384

    4.11.2 Descrevendo as estruturas lingusticas: agrupamentos ......................... 387

    4.11.3 Cartografando os dados: distribuio diatpica ...................................... 391

    4.12 BALANO ............................................................................................. 396

    4.12.1 Pesquisando em dicionrios .................................................................. 397

    4.12.2 Descrevendo as estruturas lingusticas: agrupamentos ......................... 399

    4.12.3 Cartografando os dados: distribuio diatpica ...................................... 405

    4.12.4 Relacionando balano e gangorra ......................................................... 407

    4.13 AMARELINHA ....................................................................................... 411

    4.13.1 Pesquisando em dicionrios .................................................................. 415

    4.13.2 Descrevendo as estruturas lingusticas: agrupamentos ......................... 419

    4.13.3 Cartografando os dados: distribuio diatpica ...................................... 428

    4.14 BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS INFANTIS:

    CONSIDERAES GERAIS ................................................................................. 432

    4.15 VARIAO DIATPICA: DEFININDO REAS DIALETAIS ................... 436

    4.15.1 Unidade na diversidade ......................................................................... 437

    4.15.2 Diversidade na unidade ......................................................................... 439

    5 CONSIDERAES FINAIS ................................................................... 448

    REFERNCIAS ..................................................................................................... 455

  • VOLUME II

    APRESENTAO 467 Carta 01 SITUAO............................................................................................... 472 Carta 02 REDE DE PONTOS.................................................................................. 473 Carta 03 HIDROGRAFIA......................................................................................... 474 Carta 04 MESORREGIES GEOGRFICAS......................................................... 475 Carta 05 REGIO DO FALAR BAIANO E ADJACNCIAS

    (LIMITE APROXIMADO)........................................................................... 476 Carta 06 LIMITE DO FALAR BAIANO E ADJACNCIAS..................................... 477 Carta 07 INQUIRIDORES

    Inquiridores por localidade........................................................................ 478 Carta 08 CAMBALHOTA

    Todas as respostas por localidade (superiores a 8%).............................. 479 Carta 09 CAMBALHOTA

    Todas as respostas por localidade (inferiores a 8%)................................ 480 Carta 10 GUDE

    Todas as respostas por localidade (superiores a 8%).............................. 481 Carta 11 GUDE

    Todas as respostas por localidade (inferiores a 8%)................................ 482 Carta 12 GUDE (variantes)

    Todas as respostas por localidade........................................................... 483 Carta 13 ESTILINGUE

    Todas as respostas por localidade........................................................... 484 Carta 14 BADOGUE (variantes fonticas)

    Todas as respostas por localidade........................................................... 485 Carta 15 PETECA (semasiologia de)

    Todas as respostas por localidade........................................................... 486 Carta 16 PIPA

    Todas as respostas por localidade (superiores a 50%)............................ 487 Carta 17 PIPA

    Todas as respostas por localidade (inferiores a 50%).............................. 488 Carta 18 PIPA (sem varetas)

    Todas as respostas por localidade (superiores a 15%)............................ 489 Carta 19 PIPA (sem varetas)

    Todas as respostas por localidade (inferiores a 15%).............................. 490 Carta 20 ESCONDE-ESCONDE

    Todas as respostas por localidade........................................................... 491 Carta 21 ESCONDE-ESCONDE (variantes de sema esconder)

    Todas as respostas por localidade........................................................... 492

  • Carta 22 COBRA-CEGA Todas as respostas por localidade........................................................... 493

    Carta 23 PEGA-PEGA Todas as respostas por localidade (superiores a 8%).............................. 494

    Carta 24 PEGA-PEGA Todas as respostas por localidade (inferiores a 8%)................................ 495

    Carta 25 PEGA-PEGA (variantes de sema pegar) Todas as respostas por localidade........................................................... 496

    Carta 26 PIQUE (local combinado) Todas as respostas por localidade........................................................... 497

    Carta 27 CHICOTINHO-QUEIMADO Todas as respostas por localidade........................................................... 498

    Carta 28 GANGORRA Todas as respostas por localidade........................................................... 499

    Carta 29 BALANO Todas as respostas por localidade........................................................... 500

    Carta 30 AMARELINHA Todas as respostas por localidade........................................................... 501

    Carta 31 MACACO Todas as respostas por localidade........................................................... 502

    Carta 32 SUBREA DIALETAL A Isolxicas de manja, peteca, cabra-cega e se esconder.......................... 503

    Carta 33 SUBREA DIALETAL A (viso ampliada) Isolxicas de manja, peteca, cabra-cega e se esconder.......................... 504

    Carta 34 SUBREA DIALETAL B Isolxicas de picula, badogue, balana e periquito................................... 505

    Carta 35 SUBREA DIALETAL B (viso ampliada) Isolxicas de picula, badogue, balana e periquito................................... 506

    Carta 36 SUBREA DIALETAL C Isolxicas de (bango)balango, mar, pique e pique-pega........................ 507

    Carta 37 SUBREA DIALETAL C (viso ampliada) Isolxicas de (bango)balango, mar, pique e pique-pega........................ 508

    Carta 38 SUBREA DIALETAL D Isolxicas de ratinho, seta, boleba e vidro................................................ 509

    Carta 39 SUBREA DIALETAL D (viso ampliada) Isolxicas de ratinho, seta, boleba e vidro................................................ 510

    Carta 40 SUBREAS DIALETAIS A, B, C E D (viso conjunta)......................................................................................... 511

  • VOLUME III

    APNDICES APRESENTAO.......................................................................... 512 APNDICE A Quadro geral - caractersticas das localidades............................... 515 APNDICE B Quadro geral - caractersticas dos inquritos - pesquisa de

    campo e inquiridores....................................................................... 517 APNDICE C Quadro geral - caractersticas dos informantes.............................. 525 APNDICE D Distribuio de profisses por ramos de atuao........................... 533 APNDICE E Quadro geral de ocorrncias de Cambalhota

    agrupamentos.................................................................................. 535 APNDICE F Quadro geral de ocorrncias de Gude

    agrupamentos.................................................................................. 544 APNDICE G Quadro geral de ocorrncias de Estilingue

    agrupamentos.................................................................................. 555 APNDICE H Quadro geral de ocorrncias de Pipa

    agrupamentos.................................................................................. 567 APNDICE I Quadro geral de ocorrncias de Pipa (sem varetas)

    agrupamentos.................................................................................. 580 APNDICE J Quadro geral de ocorrncias de Esconde-esconde

    agrupamentos.................................................................................. 590 APNDICE K Quadro geral de ocorrncias de Cobra-cega

    agrupamentos.................................................................................. 608 APNDICE L Quadro geral de ocorrncias de Pega-pega

    agrupamentos.................................................................................. 616 APNDICE M Quadro geral de ocorrncias de Pique (local combinado)

    agrupamentos.................................................................................. 625 APNDICE N Quadro geral de ocorrncias de Chicotinho-queimado

    agrupamentos.................................................................................. 632 APNDICE O Quadro geral de ocorrncias de Gangorra

    agrupamentos.................................................................................. 641 APNDICE P Quadro geral de ocorrncias de Balano

    agrupamentos.................................................................................. 649 APNDICE Q Quadro geral de ocorrncias de Amarelinha

    agrupamentos.................................................................................. 658 APNDICE R Quadro resumo Cambalhota pesquisa em dicionrios de

    lngua portuguesa............................................................................ 667 APNDICE S Quadro resumo Gude pesquisa em dicionrios de lngua

    portuguesa....................................................................................... 673 APNDICE T Quadro resumo Estilingue pesquisa em dicionrios de lngua

    portuguesa....................................................................................... 679 APNDICE U Quadro resumo Pipa (com varetas) e Pipa (sem varetas)

    pesquisa em dicionrios de lngua portuguesa............................... 688 APNDICE V Quadro resumo Esconde-esconde pesquisa em dicionrios

    de lngua portuguesa....................................................................... 696 APNDICE W Quadro resumo Cobra-cega pesquisa em dicionrios de

    lngua portuguesa............................................................................ 703

  • APNDICE X Quadro resumo Pega-pega pesquisa em dicionrios de lngua portuguesa............................................................................ 705

    APNDICE Y Quadro resumo Pique (local combinado) pesquisa em dicionrios de lngua portuguesa.................................................... 718

    APNDICE Z Quadro resumo Chicotinho-queimado pesquisa em dicionrios de lngua portuguesa.................................................... 724

    APNDICE AA Quadro resumo Gangorra e Balano pesquisa em dicionrios de lngua portuguesa.................................................... 726

    APNDICE AB Quadro resumo Amarelinha pesquisa em dicionrios de lngua portuguesa............................................................................ 728

    ANEXOS ANEXO 01 Rede de pontos do Projeto ALiB com estgio atual da pesquisa......... 732 ANEXO 02 Cpia do Questionrio ALiB (folha de rosto, p. 34 e 35) e das

    gravuras utilizada em QSL 157, 158, 165 e 166................................... 735 ANEXO 03 Ficha da Localidade do Projeto ALiB.................................................... 742 ANEXO 04 Ficha do Informante do Projeto ALiB.................................................... 744 ANEXO 05 Mapa do Brincar confeco de pipa (com e sem varetas) ............... 746 ANEXO 06 Ficha 305 (LABRIMP/USP)................................................................... 750 ANEXO 07 Cpia digitalizada da Carta O BALOIO de Manuel de Paiva Bolo 752

  • 1 INTRODUO

    O interesse da autora pela Dialetologia j estava presente desde o incio dos

    estudos do curso de Graduao em Letras na Universidade Federal da Bahia

    (UFBA). Dos nveis de anlise da lngua variao e mudana, os temas

    estudados a fascinavam e a motivavam ao estudo e pesquisa. As aulas de lngua

    portuguesa da professora Carlota Ferreira revelavam os caminhos da Dialetologia

    brasileira. Estudava-se a variao diatpica, tratava-se da elaborao e da

    importncia dos atlas lingusticos e retomavam-se as experincias dos

    pesquisadores baianos, liderados por Nelson Rossi, na confeco do Atlas Prvio do

    Falares Baianos, o APFB, e do Atlas Lingstico de Sergipe, o ALS. Ao frequentar a

    disciplina de Dialetologia, com a professora Maria Del Rosrio Albn, a autora

    aprofundou os estudos em Geolingustica, conheceu os trabalhos de Antenor

    Nascentes e sua diviso dialetal do Brasil. Plantava-se a semente.

    Foi trabalhando como bolsista de iniciao cientfica do CNPq, orientada por

    Carlota Ferreira, que a autora comeou a se interessar de maneira especial pelo

    tema. Conviveu com as professoras do grupo de Dialetologia da UFBA, tendo

    conhecido a professora Jacyra Mota, que viria a ser sua orientadora de Mestrado.

    Tornou-se professora da UFBA e os caminhos da pesquisa foram entrecruzados

    pelos da administrao universitria, mas a semente j estava plantada e a trajetria

    de pesquisa foi retomada em 2008.

    Momento de recomear, o doutorado foi o caminho escolhido e a trilha a de

    Antenor Nascentes em busca do Falar Baiano.

    Foi alimentando a vontade de retomar desejos antigos que se chegou ao

    tema desta Tese de Doutorado, a qual examina a atualidade da diviso dialetal do

    Brasil, proposta por Nascentes (1953), especificamente no que se refere rea do

    Falar Baiano, e pertinncia dos limites estabelecidos, considera a realidade

    presente e toma por base o estudo do lxico dos brinquedos e brincadeiras infantis,

    fazendo registro das variantes lexicais coletadas na amostra para cada um dos

    artefatos ou atividades ldicas e demonstrando a sua organizao no espao

    geogrfico.

  • 34

    Retomando a primeira epgrafe deste trabalho2, pensa-se em Dialetologia

    como a cincia fora do gabinete, como uma atividade ampla e diversa, instigante por

    ter horizontes longnquos e de certa forma desconhecidos, por basear-se no

    empirismo para fundamentar seus propsitos e, finalmente, por envolver fenmenos

    de interao importantes e que englobam o homem e a sociedade.

    Caracterizada como a cincia que estuda os dialetos de forma sistemtica e

    interpretativa, a Dialetologia ocupa-se, prioritariamente, dos estudos da variao

    diatpica ou geogrfica. Retomando a segunda epgrafe do trabalho, de acordo com

    Rossi (1967, p.89), ela como toda cincia, todo mtodo cientfico, aspira ao

    universal, isto , procura enunciados vlidos para qualquer situao, circunstncia,

    momento ou rea. ela que, atravs do seu mtodo comparativo, a Geografia

    Lingustica, vai revelar, por meio da distribuio espacial, a variao lingustica.

    Os falantes de uma lngua, independentemente de sua idade, sexo, classe

    social ou origem geogrfica, conhecem ou tm conscincia da variao lingustica,

    embora no percam de vista que falam a mesma lngua. No Brasil, por exemplo,

    quer sejam brasileiros oriundos do norte ou do sul do pas, todos sabem que falam a

    lngua portuguesa e reconhecem as diferenas. Uma vez reunidos em uma

    determinada regio geogrfica tendem a utilizar a lngua de uma mesma forma.

    Quando se comparam os falantes desta mesma lngua, originrios de uma outra

    regio geogrfica, certamente identificam-se diferenas de uso, sem contudo, tratar-

    se de outro sistema lingustico.

    Estudos relacionados histria da lngua portuguesa e histria do

    portugus do Brasil j demonstram as caractersticas da lngua falada em alm-mar

    e sua variao. No comeo do sculo XX, Vasconcellos (1987) considera o

    portugus do Brasil como dialeto (como fez para todo o portugus europeu e

    ultramarino). Tratando das caractersticas do portugus do Brasil, diversidade

    geogrfica e diversidade cultural, Teyssier (1987) afirma que os linguistas vm

    tentando elaborar mapas dos dialetos brasileiros, como j proposto para outras

    lnguas da Europa.

    2 O linguista deve, entretanto, admirar o trabalho incessante dos dialetlogos que deixaram o seu gabinete de trabalho para passar numerosos dias na companhia dos fiis guardies da lngua falada, a qual s raramente conheceu a honra de ser empregada como lngua escrita. Suas contribuies so agora uma documentao muito valiosa para traar a histria da evoluo da linguagem humana. (POP, 1950, p. IX-X) (Traduo nossa).

  • 35

    A proposta de 1953 para delimitao dos falares regionais do Brasil, fruto da

    reviso que faz Nascentes da apresentada em O linguajar Carioca em 1922,

    considerada uma referncia para a maioria dos trabalhos que pretendem descrever

    a variao dialetal no Brasil. O autor divide o Brasil em dois grandes grupos de

    falares: a) o do Norte, que engloba os subfalares: Amaznico e Nordestino e b) o do

    Sul, que engloba o Baiano, o Fluminense, o Mineiro e o Sulista. A proposta de

    Nascentes completada com uma rea definida pelo autor como territrio

    incaracterstico.

    Um dos problemas a serem solucionados pela Dialetologia brasileira, hoje, o

    de que, passadas mais de seis dcadas da delimitao dos falares regionais do

    Brasil, por Nascentes (1953), os pesquisadores brasileiros, embora empenhados e

    incansveis, ainda no conseguiram, com base em dados coletados in loco, atestar

    a atualidade da diviso dialetal proposta pelo autor ou traar novo perfil para as

    reas dialetais brasileiras.

    A publicao de atlas lingusticos estaduais e regionais colabora para a

    identificao de falares regionais do Brasil, mas no fornece, ainda, elementos

    suficientes para a definio de reas dialetais. O projeto de pesquisa para

    elaborao de atlas nacional (Projeto ALiB), em andamento, vem atender a este

    anseio, delineado entre os seus objetivos e explicitado como o estabelecimento de

    isoglossas com vistas a traar a diviso dialetal do Brasil.

    De acordo com Mota (2006b), mesmo constatando-se a importncia dos

    avanos alcanados com a publicao dos atlas regionais brasileiros, existe, ainda,

    a dificuldade de intercomparao entre os dados publicados nos atlas, quer seja

    pela adoo de metodologias distintas, quer seja pela distncia temporal que se

    instituiu entre as publicaes (APFB 1963 ao ALERS - 2002) e, no que se refere

    atualizao da subdiviso dialetal, em seis falares, proposta por Nascentes (1953),

    a autora afirma a necessidade de um maior conhecimento das reas dialetais

    brasileiras, especialmente, daquelas que ainda no dispem de atlas regionais

    (p.351).

    Documenta-se que a maioria dos trabalhos que objetivam traar reas

    dialetais, ou confirmar a proposta de Nascentes (1953), se pauta no nvel fontico de

    anlise da lngua. Observa-se que traar reas dialetais com base no lxico no

    tarefa fcil e a muitos pode fazer crer que no possvel empreender tal intento.

  • 36

    Alguns estudos voltados para o campo lxico na Bahia, em Sergipe e em

    Minas Gerais demonstram resultados obtidos no que se refere rea dialetal do

    Falar Baiano de Nascentes (1953), tanto para constatar sua unidade, quanto para

    revelar sua diversidade (subreas).

    A presente pesquisa se insere nessa temtica e teve por meta definir reas

    dialetais do Brasil, circunscritas regio denominada por Nascentes (1953) como

    Falar Baiano. A realizao da pesquisa baseia-se na demanda por descrio da

    variante brasileira da lngua portuguesa, sobretudo em busca da identificao e do

    reconhecimento de dialetos do portugus do Brasil.

    Documentar a situao dos dialetos no Brasil, justifica-se pela necessidade

    de: (i) descrever a realidade do portugus brasileiro, (ii) fornecer comunidade

    lingustica informao com base em dados empricos e (iii) facultar aos docentes de

    lngua portuguesa subsdios para atuao mais adequada e apropriada no ensino da

    lngua verncula.

    As perguntas que motivaram este estudo foram as seguintes:

    Atravs do lxico, se podem delinear ou estabelecer reas dialetais?

    Na perspectiva sincrnica e com base no lxico de brinquedos e

    brincadeiras infantis, se pode atestar a vitalidade da rea dialetal do

    Falar Baiano?

    H subreas dialetais na rea geogrfica delineada para a pesquisa?

    Como elas esto configuradas?

    Estabeleceram-se, desta forma, os seguintes objetivos para a pesquisa:

    (i) examinar os dados do Projeto ALiB, com vistas a traar

    isoglossas que definam o Falar Baiano, confirmando ou no o traado

    estabelecido por Nascentes (1953);

    (ii) identificar possveis subreas dialetais na rea geogrfica

    estudada e

    (iii) verificar a viabilidade de traar/delinear reas ou subreas

    dialetais com base nos estudos do lxico.

  • 37

    Para alcanar os objetivos propostos, adotaram-se os pressupostos tericos

    da Dialetologia, da Geografia Lingustica e da Lexicologia e tomou-se como corpus

    da pesquisa um extrato do corpus do Projeto Atlas Lingustico do Brasil (Projeto

    ALiB), concentrando-se nos dados do Questionrio Semntico Lexical - QSL, rea

    semntica: jogos e diverses infantis. (Comit..., 2001, p. 34, 35).

    A escolha do campo lxico jogos e diverses infantis deveu-se, sobretudo,

    importncia que os brinquedos e as brincadeiras infantis possuem na formao

    cultural e social dos indivduos. As atividades ldicas favorecem a descrio da

    cultura de um povo, revelando crenas e tradies. O estudo desse campo lxico

    contribuiu para revelar regies dialetais, em especfico na rea geogrfica em

    estudo.

    Para esta pesquisa, foram selecionadas 57 localidades pertencentes a 4 das

    5 regies geogrficas brasileiras, compreendendo 11 estados da Federao. Dentre

    as localidades selecionadas, 35 foram elencadas por Antenor Nascentes em Bases

    para elaborao do Atlas do Brasil (1958).

    A amostra constituda de 244 inquritos lingusticos, dos quais se extraem

    as respostas s questes 155 a 167 do QSL, que totalizam, aproximadamente, 40

    horas de gravao e um levantamento de dados que documenta um total superior a

    4000 ocorrncias.

    A populao investigada composta de 244 informantes, distribudos de

    forma equnime entre ambos os sexos e duas faixas etrias (18 a 30 anos e 50 a 65

    anos) e com distribuio regular entre dois graus de escolaridade.

    Os dicionrios de lngua portuguesa adotados para a pesquisa lexicogrfica

    foram: Houaiss (2002), Ferreira (1999) e Aulete (2006). Consultou-se tambm

    Cascudo (1954), um dicionrio sobre o folclore brasileiro.

    A Tese est estruturada em trs volumes.

    No primeiro volume constam cinco captulos, alm das referncias

    bibliogrficas. A Introduo corresponde ao primeiro captulo.

    O captulo 2 traz a Fundamentao Terica da pesquisa que engloba: (i) uma

    reviso de conceitos bsicos da Dialetologia; (ii) a interface entre Dialetologia e

    Sociolingustica; (iii) o percurso histrico da Dialetologia brasileira; (iv) a Geografia

  • 38

    Lingustica, mtodo por excelncia da Dialetologia, e em especial os estudos de

    reas dialetais brasileiras. O lxico dos jogos e diverses infantis vem contemplado

    na segunda parte do captulo.

    O captulo 3 foi dedicado metodologia do trabalho e teve por objetivo

    especificar os procedimentos metodolgicos adotados para a realizao da

    investigao lingustica. Nele esto apresentados os dados gerais do Projeto ALiB e

    descrevem-se: (i) o corpus da pesquisa, dando informaes sobre o questionrio

    (recorte campo lxico: jogos e diverses infantis e aplicao); (ii) a rede de pontos;

    (iii) a constituio da amostra (pesquisa de campo) e (iv) os informantes. Finaliza-se

    com a descrio dos critrios adotados para a anlise e a classificao dos dados,

    bem como da cartografia temtica empreendida.

    O captulo 4 corresponde anlise dos dados e fundamenta-se nas respostas

    coletadas com base na aplicao do Questionrio Semntico Lexical. Est dividido

    em trs grandes partes: na primeira, subdividida em 13 itens sequenciados, vem

    apresentada a anlise detalhada empreendida para cada brinquedo ou brincadeira

    infantil; na segunda, demonstra-se a organizao dos dados em grupos de

    frequncia, busca-se apresentar uma viso do conjunto constitudo a partir da

    descrio feita nos itens anteriores e na terceira parte, discute-se a variao

    diatpica identificada a partir do corpus estudado, trata-se de unidade na diversidade

    e diversidade na unidade. Consideram-se os critrios definidos e adotados para

    definio de reas e subreas dialetais e apresenta-se o esboo de possveis

    regies dialetais existentes na rea geogrfica estudada: Falar Baiano e Subreas

    A, B, C e D.

    Ao final do Volume I, no captulo cinco, so apresentadas as consideraes

    finais, a relao entre os objetivos propostos e os resultados alcanados, bem como

    so anotadas as contribuies da pesquisa para a Dialetologia brasileira, em

    especial para a descrio de reas dialetais, e as possveis linhas de continuidade

    do trabalho.

    O Volume II foi dedicado apresentao do produto cartogrfico da Tese, se

    constitui num conjunto de cartas centrado no lxico dos jogos e diverses infantis e

    apresenta os resultados que retratam a variao diatpica, foco primordial da

    Geolingustica, a que se deu prioridade nesta anlise, nada obstante reconhecer-se

  • 39

    a importncia do enfoque na perspectiva sociolingustica e da sua representao

    cartogrfica.

    Esse volume formado por 40 cartas, 7 das quais so introdutrias, 23 so

    semntico-lexicais, 1 fontica e 9 so cartas-resumo que contm o traado de

    isolxicas definidoras de reas dialetais, demarcadas e identificadas como Subreas

    dialetais A, B, C e D. Como encarte ao volume, encontra-se a verso dos

    documentos em meio digital.

    O Volume III desta Tese corresponde aos Apndices e Anexos. Dos

    Apndices constam: (i) os quadros gerais referentes s localidades, aos inquritos e

    aos informantes e s suas profisses; (ii) os quadros gerais de ocorrncias por

    agrupamentos e (iii) os quadros-resumo da pesquisa em dicionrios. Nos Anexos,

    encontram-se documentos que apoiaram o trabalho de pesquisa, como aqueles

    integrantes do Questionrio do Projeto ALiB.

    Cabe registrar que esta Tese de Doutorado, vinculada ao Projeto Atlas

    Lingustico do Brasil, foi realizada com base em material indito de pesquisa, e teve

    a anlise autorizada pelo Comit Nacional do Projeto. Com os resultados aqui

    trazidos, pretende-se, de alguma maneira, contribuir para a desafiante empreitada

    que a elaborao de um atlas lingustico para o Brasil e a descrio do portugus

    brasileiro nessa sincronia.

  • 40

    2 FUNDAMENTAO TERICA

    Objetivando o estudo do Falar Baiano, uma das reas dialetais do Brasil

    descritas por Nascentes (1953), tendo por base os dados referentes ao lxico dos

    brinquedos e brincadeiras infantis, tomou-se como pressuposto terico desta

    pesquisa a Dialetologia. Para o desenvolvimento deste item destacam-se os

    seguintes aspectos: (i) conceitos bsicos; (ii) a interface entre Dialetologia e

    Sociolingustica; (iii) o percurso histrico da Dialetologia brasileira; (iv) a Geografia

    Lingustica, mtodo por excelncia da Dialetologia, e em especial os estudos de

    reas dialetais brasileiras. O lxico dos jogos e diverses infantis vem contemplado

    na segunda parte do captulo.

    2.1 DIALETOLOGIA

    2.1.1 Revisando conceitos bsicos

    A lngua falada essencialmente a primeira manifestao lingustica dos

    homens e base para os estudos da linguagem. estudso sobre Lngua e linguagem

    tem sido alvo de observao durante todos os perodos da histria da humanidade,

    motivo para discusso, questionamentos e publicaes em torno do tema.

    Pensando-se na lngua como uma atividade prpria e exclusiva dos seres humanos,

    verifica-se que ela possibilita uma diversidade de atos, quer informativos, quer

    filosficos, quer interacionais. Ela funciona promovendo a comunicao entre os

    componentes de uma dada comunidade, resulta de processos histricos evolutivos e

    um produto social.

    Os estudos lingusticos, em sua longa histria, passaram por perodos bem

    marcados, que, de certa forma, no deixaram transparecer a necessidade de

    envolver lngua e sociedade como aspectos interligados e no excludentes. Como

    afirma Vandresen:

    [...] na maior parte do sculo XX a lingstica estrutural, particularmente a americana, ficou amarrada a postulados que no permitiam o enfoque das atitudes do falante ou outros dados extralingsticos que explicassem a variao encontrada. (1974, p.09).

    Coseriu (1973) que, ao criar o trinmio, sistema, norma y habla (sistema,

    norma e fala), em contrapartida ao binmio saussuriano langue e parole (lngua e

    fala), se baseia, entre outros, no critrio social para estabelecer o elemento

  • 41

    intermedirio norma. Segundo o autor, para caracterizar o fenmeno lingustico

    deve-se levar em considerao o fato de que certos elementos so:

    [...] sociales, es decir, normales y repetidos en el hablar de una comunidad, y que, sin embargo, no pertencen al sistema funcional de las formas lingsticas, o sea que ya sobre la base del llamado producto lingustico puede establecerce un sistema normal, distinto del sistema funcional que se establece en el plano superior de abstraccin, el de las formas lingsticas.3 (p. 56)

    A separao bem ntida entre indivduo e sociedade postulada por Saussure

    , ento, questionada por Coseriu (1973), que no descarta a possibilidade de

    envolvimento de um terceiro elemento intermedirio, qual seja, o coletivo, o social,

    representado pela norma. Como confirma o autor,

    [...] la dicotomia saussureana resulta demasiado rgida tambin por la concepcin del individuo que tiene Saussure, un individuo completamente separado de la sociedad y que no sera l mismo colectividade [...] en la parole individual no habra, segn Saussure, nada de coletivo. Pero, si as fuese, si existe realmente esse abismo entre sociedad e individuo, cmo podra subsistir aquella ntima interdependencia entre langue e parole que el mismo Saussure reconoce ? [...] Saussure hace una distincin demasiado rgida entre individual y social [...].4 (p.56).

    A lngua, vista a partir da diviso tripartida proposta por Coseriu (1973),

    apresenta aspectos implcitos e explcitos a ela, que permitem diferentes enfoques, a

    saber:

    (a) Aspectos relativos ao espao geogrfico em que uma lngua falada -

    fatores diatpicos.

    (b) Aspectos relativos aos estratos sociais e culturais existentes dos falantes

    de uma lngua - fatores diastrticos, diagenricos e diageracionais.

    (c) Aspectos relativos ao uso da lngua pelos falantes nos diversos contextos

    ou registros em que ocorrem os atos de fala - fatores diafsicos.

    3 [...] sociais, isto , normais e repetidos na fala de uma comunidade, e que, no entanto, no pertencem ao sistema funcional das formas lingusticas, ou seja, que sobre a base do chamado produto lingustico (a lngua) pode-se estabelecer um sistema normal diferente do sistema funcional que se estabelece no plano superior de abstrao, o das formas lingusticas. (Traduo nossa). 4 [...] a dicotomia saussuriana mostra-se demasiadamente rgida tambm pela concepo de indivduo que tem Saussure, um indivduo completamente separado da sociedade e que no seria o mesmo que coletividade [...] na parole individual no havia, segundo Saussure, nada de coletivo. Mas se assim fosse, se existisse realmente esse abismo entre sociedade e indivduo, como poderia subsistir aquela ntima interdependncia entre langue e parole que o prprio Saussure reconhece? [...] Saussure faz uma distino demasiadamente rgida entre individual e social [...]. (Traduo nossa).

  • 42

    Dentre esses, destaca-se, por ser aquele em que se centrar esta pesquisa, o

    aspecto diatpico.

    A primeira questo a considerar diz respeito ao conceito de dialeto. Os

    falantes de uma dada lngua, uma vez reunidos em uma determinada regio

    geogrfica tendem a utilizar a lngua de uma mesma forma. Ao serem comparados

    os falantes desta mesma lngua, originrios de uma outra regio geogrfica,

    certamente, identificam-se diferenas de uso, sem contudo, tratar-se de outro

    sistema lingustico. Cada subsistema identificado pode ser chamado de dialeto. Os

    dialetos tambm podem ser divididos em subdialetos.

    Sobre o conceito de dialeto, Cmara Jr.(1986) apresenta a seguinte definio:

    Do ponto de vista puramente lingstico, os dialetos so falares regionais que apresentam entre si coincidncia de traos lingsticos fundamentais. Cada dialeto no oferece, por sua vez, uma unidade absoluta em todo o territrio por que se estende, e pode dividir-se em subdialetos, quando h divergncia aprecivel de traos lingsticos secundrios entre zonas desse territrio. (p.95).

    Identificam-se os dialetos de uma lngua, estudando as unidades lingusticas

    recorrentes, reunidas por um conjunto de traos lingusticos comuns. Para traar os

    limites entre os dialetos, utilizam-se linhas virtuais, que so denominadas isoglossas.

    Os aspectos diatpicos, diastrticos, diagenricos, diageracionais ou diafsicos

    podem estar representados atravs de isoglossas e quando da reunio dessas por

    meio de feixes de isoglossas. As linhas isoglssicas servem para representar, em

    mapas, os limites entre os dialetos de uma lngua, ou, em particular, de um

    fenmeno de lngua que se est estudando e se quer demarcar geograficamente.

    importante destacar que as isoglossas no correspondem, necessariamente, aos

    limites poltico-geogrficos existentes nos mapas.

    A propsito do conceito de dialeto, Ferreira e Cardoso (1994, p. 12-13)

    afirmam que dialeto um subsistema inserido no sistema abstrato que a prpria

    lngua e que para tornar mais claro o que se entende por dialeto sua distribuio e

    relao com a lngua histrica [...] oportuno rever o conceito de isoglossa que,

    segundo as autoras, uma linha virtual que marca o limite, tambm virtual, de

    formas e expresses lingusticas.

    De acordo com Chambers e Trudgill (1994), uma das preocupaes da

    Dialetologia a determinao de isoglossas. Para os autores, o uso do termo pelos

  • 43

    dialetlogos data de 1892. Trata-se de um neologismo baseado num termo da

    meteorologia (isoterma).

    Isoglosa significa literalmente, igual (iso + glosa). Presumiblemente quiere expresar el hecho de que una lnea trazada a travs de una regin mostrar dos reas en cada una de las cuales coincide algn aspecto del uso lingstico, pero que difieren una de la otra. (p. 139).5

    As isoglossas prestam-se para demarcar contrastes e consequentemente

    apontar semelhanas em espaos geogrficos (isoglossas diatpicas). Tambm

    podem mostrar contrastes e/ou semelhanas lingusticas socioculturais (isoglossas

    diastrticas) ou ainda podem configurar diferenas de estilo (isoglossas diafsicas).

    No que se refere natureza dos fatos lingusticos considerados, uma isoglossa pode

    ser: lexical ou isolxica; fnica ou isfona; morfolgica ou isomorfa; semntica ou

    sinttica, as duas ltimas sem uma denominao especfica.

    Ilustram-se isolxicas por meio das Figuras 1, 2 e 3, exemplos de carta

    lingusticas elaboradas e apresentadas no Esboo de Atlas Lingstico de Minas

    Gerais - EALMG (1977), Atlas Lingstico do Paran - ALPR (1994) e Atlas

    Lingstico de Sergipe - ALS II (2005), como se v a seguir.

    Figura 1 Carta 60 do EALMG Isolxica de china (china = bolinha de gude). Fonte: RIBEIRO; ZGARI; PASSINI; GAIO (1977).