parte ii - alipa.ufpa.bralipa.ufpa.br/teses_mestrado/londrina/parte2~1.pdfagrícolas, brinquedos e...

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73 1 APRESENTAÇÃO DO GLOSSÁRIO Como já se afirmou, os verbetes listados neste glossário representam o campo semântico do homem que, em conjunto com itens referentes à terra, organizam o inquérito lingüístico do ALPR (Aguilera 1990). Tanto aqui como no questionário do Atlas, homem compreende lexias que se referem às partes do corpo (funções, doenças, etc), vestuário e calçados, agricultura e instrumentos agrícolas, brinquedos e jogos infantis, lendas e superstições. Os itens do Vocabulário de Tibagi (Toniolo 1981) e de Algumas Vozes Regionais do Paraná do Extremo Oeste (Muricy 1938) organizaram-se naturalmente dentro desse recorte, além de acrescentarem itens relacionados à alimentação e aos festejos populares. Note-se que os campos foram utilizados apenas como critério de seleção e não como organizadores da macroestrutura do glossário. Os verbetes serão apresentados com a seguinte estruturação: a) entrada ou lema seguida da variante-padrão fonética se necessária; b) classe gramatical: uma tabela de abreviaturas indicadoras das informações que se está fornecendo é apresentada logo abaixo. Os termos da gramática normativa tradicional foram utilizados, pois o uso de qualquer outro tipo de descrição das categorias da língua poderia oferecer dificuldades para o leitor. Abreviaturas indicadoras de classe f. = feminino m. = masculino s.= substantivo v. = verbo adj. = adjetivo

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1 APRESENTAÇÃO DO GLOSSÁRIO

Como já se afirmou, os verbetes listados neste glossário representam o

campo semântico do homem que, em conjunto com itens referentes à terra,

organizam o inquérito lingüístico do ALPR (Aguilera 1990). Tanto aqui como no

questionário do Atlas, homem compreende lexias que se referem às partes do

corpo (funções, doenças, etc), vestuário e calçados, agricultura e instrumentos

agrícolas, brinquedos e jogos infantis, lendas e superstições. Os itens do

Vocabulário de Tibagi (Toniolo 1981) e de Algumas Vozes Regionais do Paraná

do Extremo Oeste (Muricy 1938) organizaram-se naturalmente dentro desse

recorte, além de acrescentarem itens relacionados à alimentação e aos festejos

populares. Note-se que os campos foram utilizados apenas como critério de

seleção e não como organizadores da macroestrutura do glossário.

Os verbetes serão apresentados com a seguinte estruturação:

a) entrada ou lema seguida da variante-padrão fonética se necessária;

b) classe gramatical: uma tabela de abreviaturas indicadoras das

informações que se está fornecendo é apresentada logo abaixo. Os termos

da gramática normativa tradicional foram utilizados, pois o uso de qualquer

outro tipo de descrição das categorias da língua poderia oferecer

dificuldades para o leitor.

Abreviaturas indicadoras de classe

f. = feminino

m. = masculino

s.= substantivo

v. = verbo

adj. = adjetivo

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c) definição: cada definição traz entre parênteses o(s) autor(es) de onde

foram retiradas, segundo tabela abaixo.

Abreviaturas identificadoras dos glossários originais

Ext. Oeste Andrade Muricy (M)

EALLO Vanderci Aguilera (A)

ALPR Vanderci aguilera (A)

Tibagi Ênio Toniolo (T)

d) exemplificação(ões): segundo a autora do Atlas Lingüístico do Paraná

(Aguilera 1990),

a transcrição foi feita integralmente, seguindo-se, com adaptações,

algumas normas de transcrição preconizadas por Marcuschi (1986).

Os sinais de pontuação são os mesmos da escrita padrão, obedecendo-

se, todavia, ao ritmo do discurso do falante e não às pausas

normatizadas pela gramática.

Abreviaturas referentes à transcrição das entrevistas

sinal significado : e ::

Alongamento de sílaba

( ) Ausência de resposta do informante. Em parte final da palavra, indica supressão dos fonemas momento da enunciação.

(( ))

Interferência do entrevistador.

[ ]

Intervenção de terceiros.

[ = ]

Explicação do termo anterior ou dão sua grafia normal.

... Pausa mais prolongada. (...) Cortes no discurso do informante, feitos

para evitar repetições desnecessárias. ((IQ)) Pergunta refeita conforma inquérito.

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e) itens variantes (se existirem), divididos em variantes léxicas, fonéticas

e morfológicas;

f) notas (se necessárias), que trazem informações consideradas relevantes

para aumentar o grau de informatividade dos verbetes.

Outras abreviaturas

v.l. = variantes lexicais v.f. = variantes fonéticas. v. morf. = variante morfológica Ver = remete a uma variante inicial, cujo verbete está completo. Nota = outras informações pertinentes àquela lexia

Na leitura, parta-se do princípio de que todas as exemplificações foram

retiradas das transcrições de entrevistas para o ALPR (Aguilera 1990), conforme

já se afirmou. As que tiverem procedência diferente, serão etiquetadas com as

iniciais do autor. Essa decisão visa a simplificar o texto do verbete, evitando um

excesso de siglas.

Os contextos foram encaixados com a função não só de clarear a

significação da lexia, mas também de documentar seu uso, revelando costumes,

crenças, formas de manejo de instrumentos ou na agricultura, por isso podem

ocorrer duplicadas em alguns verbetes. Isso foi feito quando se sentiu necessidade

de fornecer ao leitor uma informação mais completa ou quando ocorriam traços

interessantes sob o ponto de vista documental. Essas exemplificações são

separadas pela letra e comercial (&) que aparece em negrito. Para evitar

manipulação nos dados transcritos, eles foram mantidos como nos glossários

originais, exceto pela correção de alguns desvios causados pela digitação.

Reitera-se o fato de que algumas lexias não encontradas nas entrevistas

foram retiradas da nomenclatura, pois se levou em consideração a importância

da contextualização para a estrutura do glossário. Entretanto, muitas

permaneceram, mesmo sem abonação, para não tornar imprecisa a estrutura

proposta.

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Várias modificações, portanto, foram feitas a partir da listagem inicial que

os quatro glossários formaram, a maior parte delas na nomenclatura. Além da

retirada de entradas que não puderam contar com abonações, foi feita a

recolocação de variantes fonéticas que pudessem gerar reorientação na busca,

como já se afirmou anteriormente. Por esse mesmo motivo, houve também a

inserção de variantes léxicas mais distantes da forma padrão e por fim a

substituição de algumas formações complexas por lexias simples.

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2 O GLOSSÁRIO

A

acusado, s.m. Brincadeira infantil em que uma criança procura por outras que

estão escondidas.(A) / “Macondê tamém. Tem essas. ((Maria Macondê?))

É. Já dizem bate na bunda vô me iscondê. Tudo isso, tamém tem que as

criança brincam, num é. Tem o acusado tamém brincam de se iscondê às

veiz. ((É! Como que.)) Co se isconde atrais de uma arve o: venha me achá.”/

v.l.: barata, cute, cuti, duro-mole, embopa-escondida, iscondê, isconde-

isconde, maria-condê, maria-macondê, pé-na-lata, trinta-e-um. (A).

adão, s.m. Cartilagem móvel no pescoço dos homens, pomo-de-adão. (A, T)

“...nós mulher nom temo, eles têm poque eles pecaram, né, é uma fluita que

eles comeram, intão foi um pecado que eles cometeram e nóis não. O pecado

de Adão e Eva.” / v.l.: caroço, caroço-de-adão, caroço-de-maçã, caroço-do-

moço, fluita-do-adão, fruta-de-adão, fruta-do-adão, fruta-do-pecado,

garganta, gogó, gongo, gongos, nó, nó-da-garganta, pêssego. (A)

agregado, s.m. Indivíduo que mora em terra alheia, podendo cultivá-la ou não.

(T) “O agregado é ua pessoa que eles põem lá no fundo da fazenda, mais

não tá dando renda pr’eles”(T)

agudão, s.m. [algodão] Produto agrícola do qual se retira matéria-prima para

produzir tecidos. (A) “Ela acumpanha o sol. ((É e da semente fazem óleo.))

O agudão? ((Não. Ela é amarela.)) Amarela. ((É.)) Ah! O girassol?” / v.f.:

argudão. (A)

alejado, adj. [aleijado] Diz-se do portador de qualquer deficiência física. (A) “Ah!

É, fulano tem a perna uma mais curta que a otra intão, alejado. ((Mas tem

um outro nome. Como é que chama?)) Perneta e manco.” / v.f.: lejado (A)

/ v.l.: defeitoso. (A)

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alpacatas (roda), s.f. [alpargata] Calçado popular de lona e sola de corda.(A)

“Alpacatas rodas se chamam aqui. ((Como?)) Alpacatas roda chamavam

antigamente. ((Num tinha.)) Nói chamava ‘qui de cume queto. Cume

queto” / v.f.: alpargata roda, alpargate, alpargato, alpragata, alpragata roda,

apargata roda, arpargata, opargata, paragata, paragata roda, paragata rode,

paragato, pargata, pargata ródia, pragata, pragata roda, pregata. (A) / v.l.:

arigó, chipes, come-queto, conga, isparrama-bosta, ladrão, pão-doce, pé-

de-anjo, pé-de- cachorro, pé-de-cadela, pé-de-caxão, pé-de-chinelo, pé-

de-gato, pé-de-pomba, pé-de-rolo, petebê, pisa-queto, queto, quichute, roba-

galinha, roda-pé, seca-poça, sete-vida, sofre-sozinho, tamanco, úrtimu-

recurso. (A)

amada, s.f. Órgão do corpo feminino localizado no ventre, o útero. (A) “o nenê?

((É. Onde fica o nenê antes de nascer?)) Ante de nascê? ((É.)) Tem dois

nome num tem? ((Tem. Queria ver se você lembrava os dois.)) É: um é

amada, num é. ((Isso.)) E o oto. ((Amada e o outro?)) O oto num to recordano

agora no cumeço.” / v.l.: bacia, barriga, bolsa, mãe-do-corpo, ovária, ovaro,

oveira, overa, oviero, pacente, placenta, trompa, ute, uter, útil, utre, utri,

utro, vente, ventre, vento. (A)

amarelão, adj. Diz-se de uma espécie de arroz. (T.) “ Arroz? ((É.)) Aqui nóis

temo esse tal é o amarelão, né. Mais só tal de amarelão que nóis diz. ((Algum

outro?)) = Amarelão, agulhinha = Agúinha é. ((Mais algum?)) É só

esses.” / v.f.: marelão (T)

amarelinha, s.f. Brincadeira infantil em que uma criança pula sobre quadrados

riscados no chão. (A) “Amarelinha. Que risca no chão. E põe uma pedrinha

e vão pulando assim..” / v.f.: marelinha. (A) / v.l.: boneco, caquinho, caracol,

caracó, caracor, casinha, mancá, maria-bolacha, pulá-boneco, quadrinha

(o), saci-pererê, sapata, treis-maria. (A)

amida, s.f. [amígdalas] Órgão do corpo humano localizado lateralmente na

garganta. (A). “É as amida. ((As amígdalas é aqui, né?)) É esse que tá de

lado da garganta. ((Bolinha, né?)) É a campainha, né? ((É a amígdala é o

quê?)) De lado aqui” / v.f.: amídala, amidla, amídola, amídula, amígola,

amígula, amíuda, azamida, azamidu, azamídula, zamidla, zamídola,

zamígula.(A) / v.l.: gargalho, garganta, íngua, ingüera, laranja, larige. (A)

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amídula, s.f. (A) [amígdalas] Ver amida. “Uns diz que é íngua, otros diz amídula.

((Como?)) Amídula.”

angu, s.m. Alimento feito de farinha de milho, de consistência mole.(T) “A polenta

é mais seca, i o angu é mole” (T)

apá, s.f. / m. [pá] Instrumento para cavar, pá. (A) “ Tem que pô uma, cavá as

coisa pa cortá a terra, né. ((IQ)) O tratô. ((IQ)) A apá. ((Como?)) Apá.” & “A

cortadera é sempre mais quadrado e sempre pra fazê mais pra... pra cortá

bera de valeta, né. E o apá é bom já, pra tirá area da valeta, né.”

apargata-roda, s. f. (A) [alpargata]Ver alpacatas. “ É pargata roda. ((Isso. Você

conhece por outro nome?)) Não, é só apargata roda memo. ((É?))”

aprufia, s.m. [porfia] Forma de desafio (T) “Cantum de aprufia” (T) / Nota: em

desuso.(T)

ar, s.m . Doença cujo sintoma, entre outros, é uma paralisia facial. (T). “Queimado

de aruda, daí é o primeiro remédio, né que a gente sabe qu’ é bom. ((Pra

recaída?)) Pra recaída, pra o ar tamém, muitos tem ar, né, poblema de ar a

veiz na vista, aruda é o primeiro, pra nós é o chá.” & “Ah, o ar é... iss’aí aí é

um... um... um tipo de... de dá assim um repuxamento na pessoa e ele

começa a repuxá e depois ele pinica.”

arcada, adj. Diz-se das pernas que, por defeito nos ossos, parecem formar um

arco (A). “Arcada, né, cambaio. ((Cambaio também?)) É”./ v.l.: emborcada,

goiva, goivada, goivado, goivara, ingurvada, perna–de-lavá-milho, torta. (A)

argudão, s.m. (A) [algodão] Ver agudão.“Ali, uns tempo, o ano passado, caiu ua

faísca nela que ele estava no carrinho, tá vindo da roça colendo argudão,

requeimô a minina interinha, minina ficô nua, assim ó, chegava rancá té os

coro dela assim.”

arguero, s.m . [argueiro] Pó resultante da ação de movimentar o feijão (bater)

para livrá-lo das cascas. (A) “ É na puera, dexa na própria terra. Recói do

terrero... Guarda ali pa num carunchá. ((Como é que chama aquela sujeirinha

do feijão?)) Fala o arguero, puera, pó. A pai/ , palha.”/ v.l.: cisco, cisquera,

munha, muinha, pavana, porvadera. (A)

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arigó, s.m. (A) Ver alpacatas. “Arigó . Nóis cunhecia por arigó. ((Eu nunca

tinha ouvido esse.)) (Nas vóis) que nóis cunhece usava por arigó isso aí.

((com que é? É com corda?)) E assim por cima é pano. ((Fechadinho?))

Fechadinho de abotuá.”

arpargata, s.f. (A) [alpargata] Ver alpacatas. “ Num dizia alpargata, dizia arpargata.

Buscá um par de arpargata pra mim purque sinão daqui a poco..., fazê uma

ropa, tem que lá em casa da cumadre e do cumpade.”

arquere, s.m. [alqueire] 1. Medida de área (24.200 m2). “É, no fundo dessa fazenda

que eu fui criado tem umas treis ilha, tem uma, uma que dá cinco alquere de

chão. Tinha até um rancho d’uns cara que mora lá uns garimpero assim

sempe paravam lá.” 2. s.m . Medida de volume (quarenta litros), alqueire.

(T) / v.f.: arquer (T).

arreganhá, v. [arreganhar] Desenvolver poucos grãos na espiga (A.) “Ah, gente

fala que reganhô, né, chegô assim na ispiga assim arreganhô aquela ispiga

num viu nada, aí fala frango, né. ((Quando dá uma ispiga pequena?)) Aí

fala rastoio.” / v.f.: reganhá / v.l.: faiá (A)

assento, s.m. Brincadeira infantil de se balançar na cangorra. (A) “Como é que

é o nome daquele dali? ... De assento? Brincá de assento? É brincá de

assento memo. ((Aqui falam “pinhé”?)) Não. ((Nunca ouviu?)) Não, aqui

eles vão brincá de assento”

atafona, s.f. Engenho para fabricar farinha de mandioca. (T) “ Só conhece esse

aí pa atá fogo, pa forno de muê mandioca e então aquele era... ela é uma

roda memo, que aqui os muinho também era ali naquela peça, intão ali a

água dá e vai virando, a roda e vai girando tudo maquinário. Não, madera,

de madera. Agora muinho... o muinho tudo bem, muinho a roda é de ferro.

Aquele muinho atafona de muê mandioca... É muinho.” / v.f.: tafona.(T)

atiradera, s.f. [atiradeira] Instrumento para caçar passarinho, feito de madeira

em forma de forquilha. (A) / v.f.: tiradera, / v.l.: badoque, budoque, bodoque,

funda, fundo, honda, istilingue, potoque, seta, sete, setla, setra, setre, setro

(A).

aventá, v. [aventar] Sacudir o feijão colhido para livrá-lo das cascas (A). “(Como

fazem para tirar sujeira do feijão?)) Banando cuma penera, põe numa taquara

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então. ((Aqui vocês falam que vão abanar?)) É banado, ô sinão assim co

vento tamém que a gente chacuai, né, cuma lata e um pano imbaxo, trepa

numa cadera daí a gente sigura no vento assim né, daí o vento ti/ a sujera.

((Aí chamam como?)) Daí abana, é aventado. ((É diferente?)) Abaná é

dum jeito e aventado é assim ca penera, cuma lata, um tamborzinho.” / v.l:

ventejá.

aviãozinho, s.m. Por papagaio, brinquedo infantil feito de papel fino e varetas

de bambu. (A) “ Balão. ((Outro nome?)) Eles dize avião tamém. ((Outro

nome?)) Eu sei assim. ((IQ)) Só de papel. ((Amarrado no fio.)) Pois é

balão. Otos dize aviãozinho.” / v.l.: balão, balãozinho, bandera, bidê,

pandorga, papagaio, papa-vento, patorca, pipa, rabo-de-véia, raia. (A)

azamida, s.f. (A) [amígdalas] Ver amida.“Como? ((IQ)) Azamida?... Campainha,

né. As bolinha.

B

bacia, s.f. 1. Osso do joelho, a rótula. (A) “Bom, eu chamo de bacia, né.” / v.l.:

batata, batata-do-jueio, batata-do-juelho, batatinha-do-jueio, bolacha-do-

jueio, bolachinha-do-jueio, buceta-do-jueio, bulacha, bulacha-do-joelho,

bulachinha, bulachinha-do-jueio, capa-do-choelho, carreté, coronha-do-

juelho, pataca, pataca-do-jueio, pataca-do-juelho, patacão, patacão-do-jueio,

patacãozinho-do-jueio, pataco, patacom, pataquinha-do-jueio, rodilha,

rudela, rota-do-juelho, rótula, tramela-do-juelho, travela, vintém-do-juelho.

(A) 2.s.f. (A) Ver amada. “((Onde fica o nenê antes de nascer?)) Bacia.

((Outro nome?)) … ((Já ouviu falar em mãe do corpo?)) Já vi falá. ((O que

é?)) …( ) ((Não é aonde fica?)) Não, eu num sei. ((IQ)) Na bacia.”/ Nota:

designa também lago. (A)

badoque, s.m. (A) Ver atiradera.

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bagaço, s.m. Resíduo que permanece no coador de café, borra. (A) “Aquele é

o bagacero, dona, ó o pó, ( ) esse pó, esse resto de pó estragado.” / v.f.:

bagacero, ganaço, magaço, vagaço (A) / v.l.: bagaço-de-café, borra, fundage,

munha-do-coadô, sátis, vapuera (A) / Nota: designa também o resíduo sólido

de frutos depois de extraído o suco.(A)

bage, s.f. [vagem] Casca que envolve os grãos do feijão. (T) “É fejão tem

branco, tem carioca, agora tem mais otas marca nova que veio, mais essa

aí é, é tirado da mesma, né. ((Mais antigo?)) Branco, carioquinha e o preto,

né. ((Aquele amarelo grandão vocês / )) Não, aquele não. ((Esse não sabe

o nome.)) Aquele num sei o nome. ((Um outro mais marronzinho.)) E

aquele feijão de bage tamém, né, que dá pa fazê salada, tamém nóis usa.”

/ v.f.: bagia, baginha, barge, vage, vagi. (A) / v.l.: bainha (A,T), casca (A).

baguinho, s.m. Cada grão na espiga de milho (A). “Purque granô poquinho, né.

((Mas tem um nome.)) É granô longe assim, forma aqueles baguinho do

milho bem longe. ((Mas dá um nome pra essa espiga.)) É foi poco granada

de chuva que num granô, né. ((Outro nome?)) É mio faiado.”

bainha, s.f. (A, T) Ver bage. “Vinagrinho, uns trata de cabocrinho, intão um fejão

mais ele dá mais, produiz mais bem aqui nessa região nossa, dá bainha

vermeia, um fejão que produiz mais bem.”

baitatá, s.m . Ente sobrenatural, segundo crença popular, gerado de certas uniões

incestuosas, fogo fátuo. (T) “Eu já vi o baitatá. ((Como que ele é?)) O

baitatá ele, tem de muito sistema. Tem um verde e tem um vermeio. E às

vez ele fica aí com um, uma, uma lu/, um tipo duma lanterna piquena e às

veiz ele fica com uma tocha de fogo muito grande. Assim queu vi ele. Eu vi

ele uma veiz sentado num num bugrero e outra veiz eu vi sentado na cabeça

desse palanque. Vi duas veiz o baitatá. ((Deu medo!?)) Ah!, eu quai num

me deu medo, aquele tempo eu era piá, mais burrinho num tinha medo. ((E

o pessoal aqui tem medo?)) Ah, tem muita gente qui que tem medo. ((O

que é o baitatá?)) Ah, o baitatá, acho que no meu ponto de vista ele é uma

pessoa que… , que num é aceito por Deus, né. Então ele fica aí dispois se

acendeno, se queimando aí, né. Eu penso que isso. ((Eles costumam falar

aqui que é compadre com comadre?)) É tudo os mais antigo aí falava qué

compadre, qué comadre ou primo com prima, é : : essas istória, né. Agora a

gente num sabe se isso aí pode sê certo ou não, né.” / v.f.: boitatá (A).

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balaio, s.m. Cesto feito de taquara, uma espécie de bambu. (T) “No cesto. ((E

onde mais que ela pode botar, fora o cesto?)) Num balaio véio, num barco

véio, ninho tamém. ((É ninho também. Tudo isso serve de ninho?)) É tu/

serve de ninho.” / v.l.: cesto. (T)

balanciá, v. [balancear] Movimentar-se para frente e para trás em uma balança.

(A) “Ess’ é balanciá tamém, né. ((IQ)) Se balanciá. ((É.)) É um balanço

tamém, né.”

balanço, s.m. Brinquedo infantil para se balançar sentado. (A) “Balanço. ((Outro

nome?)) Balango eles fala.” / v.f.: balança, balango. / v.l. balanço de tábua,

balanço na(de) tábua, balangadera, balangador, balanguinho, brinca-de-

se-pesá.

balango, s.m. (A) Ver balanço. “Rede. Balango. ((Como que é o balanço?)) O

balango é assim como a senhora falô, amarra uma corda lá e, arguns até

amarra uma tabuinha pa ficá bom de sentá, né. Ali, se balanga, né. Diz,

vamo fazê um balango.”

balão, s.m. (A) Ver aviãozinho. “Eu digo balão pr’aquele. ((Outro nome?)) Não

conheço por oto nome. ((Aqui eles brincam disso?)) Aqui não.”

baliza, s.f. Brincadeira infantil de virar por sobre a cabeça, cambalhota. (A)

“Piruleta. ((Que mais?)) Baliza. ((Como é? Põe a mão no chão...) E vira

piruleta.” / v.f.: balize.(A) / v.l.: bicicleta, cambaiota, cambalhota, cambota,

cambote, carrete, ginaste, piroleta, piruleta, prantá-bananeira, sarto-mortá,

virá-cambota, virá-cambote, virá-de-ponta-cambota, virá-piroleta (A).

bandera, s.f. (A) [bandeira] 1. Ver aviãozinho. “Quele : : sei lá… Balão. ((E um

outro que, por que o balão é redondinho, né? … Não é assim?)) É. ((Um

que é assim, só um papelzinho esticadinho, que a gente faz, faz ele mais ou

menos assim.)) … ((Mais retinho, às vezes faz assim, um pedacinho assim.))

( ). Aquele é : : ((É que põe a/ )) É bandera” 2. s.f. Monte de milho que

se faz na roça durante a colheita. (A) “Bandera. ((IQ)) Uma hastre. ((Que

daí a bandera, né?)) Não. A bandera é um, a hastre é otro. ((Então me

explica.)) A sinhora tem uma roça às veiz, mio sujo... lugá difíci pá muntuá

quele mio, ô carregá no balaio, né? Que antigamente era assim. Intão ia

aquela turma vem quebra o mio e a sinhora ingige. Fala óia quero que faze

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a bandera e dexe uma hastre. Uma hastre, a sinhora iscói um pé de mio,

limpa em roda dele, tudo o mio que quebra em roda joga ali, faiz uma bandera

de mio quebrado e dexa um pé sem quebrá purque os otro istão quebrado,

intão a senhora vem com o balaio catô toda aquela bandera, intão a sinhora

quebra aquele pé, intorta ele tamém que a sinhora sabe tudo on/ tá as

bandera que tem carregá, de longe a sinhora vê... Intão chama... a bandera

e uma hastre.” & “É, nóis fala quebrano o milho e montoano. ((E aqueles

montes?)) Fala bandera.” 3. s.f. Porção limpa de terreno, na roça, onde se

amontoa o milho colhido, para posterior transporte. (T)

banguela, adj. Diz-se das pessoas sem dentes ou a quem faltam alguns dentes.

(A, T) “‘a pessoa banguela, desdentado pra pessoa que é banguela,

desdentada. / v.l.: banguelo, boca-mucha, macete da boca, panquela. (A)

barata, s.f. (A) Ver acusado. “É barata, né. ((Outro nome?)) Brinca de salva, né.

((Como?)) De salva. ((Como brinca de barata?)) É corrê i batê um no otro,

né. Fala que é barata. “

barba, s.f. Pêlo que se deixa crescer apenas no queixo, cavanhaque (A). “Eu

também num sei. ((Esse, essa daí não( )? Aquele negócio assim,

puxadinho?)) Eu não sei comé. ((Ah! O que que fala que é? Quando a

senhora vê uma pessoa que a senhora vai falar, tinha o quê?)) Diz qué

barba. ((Fala barba também? Não fala um outro nome mais comum?))

Não.” / v.l.: barba-de-bode, barba-do-quexo, barbia-de-cabrito, barbicacho,

barbicha, barbichinha, capuchim, capuchinho, capucho, custeleta, quexo-

de-bode. (A) / Nota: designação também para guelra dos peixes (A).

barba-de-bode, s.m. (A) Ver barba. “Pois eu digo barba de bode .” & “É o : : ...

com’ é que é, espera lá eu sei, vô lembra... ficam queto cê cumeçá me

cutucá ih rapaz... ah cum’ é : : eu me lembrava disso... // barbinha de bode”

barbicacho, s.m. (A) Ver barba “Aí é: , é barbicacho. É. Isso. É.”

barbicha, s.m. (A) Ver barba. “ Dexô só a barba, só no quexo. ((Daí a gente não

dá um nome só para esse aqui?)) Barbicha.”

barbim-de-cabrito, s.m. (A) [barbinha-de-cabrito] Ver barba. “ Aí é : : ... ((IQ)) É

dexa crescê só assim. ((IQ)) Ah esse fala : : barbim de cabrito.

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barbudim, adj. [barbudinho] Diz-se do homem que usa cavanhaque (A). “((Você

sabe o nome pra isso aqui?)) Barbudim. ((Só barbudinho?)) É. Fala o quê?

((Você não fala cavanhaque?)) não.

barriga, s.f. (A) Ver amada. “((Outro nome? Mais comum.)) ( ) barriga, né?”

batata, s.f. (A) Ver bacia (1). “Juelho. ((IQ)) Tem : : trata de batata do juelho.

((Como?)) Batata do juelho, nós dizemo, pataca do juelho que dizem.”

batatinha, s.f. Tubérculo comestível bastante comum, batata-inglesa. (T) “Nós

não num plantava arroz nós plantava fumo… nós plantava fumo, plantava

milho, plantava fejão… plantava batatinha isso nós plantava batata-doce…

minduim. ((“Minduim” também?)) É, minduim também.”

batê, v. 1. [bater] Livrar o feijão das cascas. (A) “A gente bate cuma vara…

((Não tem algum outro nome pra vara que bate?)) Tem um vizinho meu

antigo era que era chipi que diziam. ((Como?)) Chipi… maiá o fejão. ((Agora

é com a vara?)) É, gora ‘a vara, tem a maiadera. ((Tem o quê?)) Maidera.

((Ah!)) É assim uma maquininha.

batê-cara, s.m. [bater-cara] Brincadeira infantil em que uma criança corre atrás

de outras para pegá-las (alcançar com um toque) (A). / v.l.: bila, corre-corre,

feda, fedô, lete, leti, letes, mãe, pai, pega-pega, pegador, pique, pique-salva,

rela, rua, salva. (A)

batedera, s.f. [batedeira] Máquina utilizada para retirar as cascas do feijão (A)

“A batedera é a maiadera, né, é maiadera, uns diz batedera, otos diz

maiadera, mais o certo é maiadera. ((Como ela é?)) Ela bate o fejão né, é

uma máquina.”/ v.f.: batedeira / v.l.: batedô, maiadera, manguá.(A) / Nota:

designa também doença dos porcos.(T)

batedô, s.m .(A) [batedor] Ver batedera. “É ca triadera; agora, esse ano que

chegô batedô aí, intão, esse ano... planta co... cumecemo a... ( ) tiremo co

batedô mais sinão era só com as triadera. ((E quando é pouco feijão?)) Aí

tem que batê a pau memo, né?” / Nota: designa também lugar onde o gado

se reúne para descansar. (T)

beruga, s.f. [verruga] Caroço rígido e áspero na pele. (A) “Não é assim à veiz

nem óio, né... Que num presta contá istrela, né. ((Por quê?)) Cria beruga,

né... ‘conteceu...” / v.f.: berruga, berruguinha, biruga, figuera. (A)

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bicicleta, s.f. (A) Ver baliza. “Bicicleta.((IQ)) Bicicleta, bicicleta e sarto mortal,

que nóis dizemo. ((Não dão um outro nome também?)) Não, aqui é bicicleta

ô sinão sarto mortal. ((Aqui não falam virá cambota?)) Não, o cambota aí

já, daí num põe a mão, daí já faiz salto cabeça. ((É como?)) Aí é o cambota.”

bico-preto, s.m. Tipo de arroz. (T) “Arroiz conheço bastante tipo. ((Quais?))

Conheço marelão, marelão agúinha, bico preto, cana branca, bico preto

cana roxa, conheço arroiz jaguari, conheço santomé...”

bicho-feio, s.m. (A) Ver cão.

bidê, s.m. (A) Ver aviãozinho. “O bidê é um, nóis fazemo de pacotinho de farinha,

aí nóis colocamo uns pauzinho assim e amarramo na ponta uma linha e

sortamo.”

biju, s.m. Alimento feito de farinha de milho seca, em forma de crosta. (T) “.E

condo ele tava loro aí dava pra fazê o cuscuiz, dava pra fazê o biju... dava

pa fazê polenta... dele. Tudo isso nós usava.”

bila, s.f. (A) Ver batê-cara. “ Bila. ((Estão brincando de quê?)) De bila. ((Outro

nome?)) Não sei. ((IQ)) Esconde-esconde, né. ((Também. Bila e esconde-

esconde são a mesma coisa?)) Não. ((Como que é bila?)) Bila é as criança

sai correndo e dá um tapa na otra e bila. Aí aquela que tomou o tapa fica de

bilosa até discontá ne otra. Agora o esconde-esconde não. Um ia escondê

pro otro achá, né, a gente diz vamo brincá de esconde-esconde? Cada um

ia se escondê pro otro achá. O que vai ficá pra achá é que se iscondia os

dois, né.”

bilosa, adj. Diz-se da criança que está na função de pegadora no jogo de bila.(A)

“Bila é as criança sai correndo e dá um tapa na otra e bila. Aí aquela que

tomou o tapa fica de bilosa até discontá ne outra.”

biroca, s.f. Buraco no qual devem cair as bolinhas no jogo de gude. (A) “(Esse

buraco não tem o nome dele?)) Buraco : : ... ((Nome só do buraco?)) ... //

((Como que chama?)) Biroca” / v.l.: burca, burco, burquinha, caçapa. (A)

birruga, s.f. (A) [verruga] Ver beruga. “‘spinha, né. ((IQ)) Essa birruga como

essa que eu tenho na perna assim? ((É, é o quê?)) Birruga.”

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bixiga s.f. [bexiga] Vesícula cheia de líquido claro, bolha d’água.(A) “Formô uma

bixiga de água.” / v.l.: bixiga-de-água, boia, bóia d’água, bóia-de-calo, bola

d’água, bolha-de-água, isfolado, pipoca (A).

bobinete, s.m. Peça circular que faz parte do mecanismo com o qual se retira

água dos poços, sarilho. (A) “É, colocava o balde. ((IQ)) Descia puraquilo

ali, né. ((Vem enrolando?)) É, não, no nosso tempo era baxa, né, era fonte

baxa... e daí cuma altura assim, né, e a água e a gente pegava co balde

trazia pra cima. ((IQ)) Ah, esse é o bobinete, né. ((Como?)) Bobinete.

((IQ)) É, esse é o bobinete é.” / v.l.: burrinho, cambito, cabido, cabito,

carreté, carretia, manivela, paeta, paieta, rolete, sario, sarili, sarilo, sario,

saris, sariu, sarriu, sirili. (A)

boca-mucha, adj. (A) [boca-murcha] Ver banguela. “((A pessoa que não tem

dentes.)) É boca mucha. Amucha a boca, né. ((Outro nome?)) É purque se

u tiro a minha chapa fica boca mucha.”

bodoque, s.m. (A, T) Ver atiradera. “Armadilha para pegar passarinho? ((Eu

nunca peguei passarinho.)) Tem bodoque, tem setra… tem essa arapuca,

né.”

boitatá, s.m. (A) Ver baitatá. “mais um dizeno dos boitatá, né, judiação tomara

que vão po céu, eles diziam amém, amém, muito obrigado.”

bolacha-do-jueio, s.f . (A) [bolacha-do-joelho]Ver bacia (1) “É: nós fala pataca

do jueio, bolacha do jueio, a junta.”

bolinho-de-graxa, s.m. (A) tipo de bolinho frito. “Ah, o milho verde faiz, tem

vários jeito de fazê ele, né, faiz ele cozido, faiz o bolo, faiz a pamonha, faiz o

boloo, o bolão, faiz o mingau, tamém pode fazê o bolinho, o bolinho fritado.”

bolo, s.m. Alimento feito de fubá ou milho verde ralado. (T) “Rala ele, tempera

a massa, põe o sar, põe a banha, bata nu’a panela, assa ele, é o bolo” (T).

bóia-d’água, s.f . (A) [bolha d’água] Ver bixiga. “Calo. ((E na mão?))Calo tamém.

((Tem diferença de nome?)) Acho que na mão semp/ dá calo seco, né, e no

pé dá aquela bóia de água , calo de água, né.”

bolsa, s.f. (A) Ver amada. “Diz que bolsa. ((Aquela que o bezerrinho fica dentro

da vaca, também fala bolsa?)) Esse aí num sei, né, dicerto tamém, né”

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boneca, s.f. Espiga mal formada (A). “É sabugo, com’ é que : : dá mei sartada,

buneca. ((Outro nome?)) Não mais cunhecido por buneca memo, que dá

só a buneca dá faia, intão num dá num dá : : num dá milho dá sartiado assim

intão el’ é faiado.” / v.f.: buneca.(A) / v.l.:.chocho, chupetana, rastoio,

rastoinho, rastolho, restolho, restoio (A)

boneco, s.m. (A) Ver amarelinha. “[Boneco.] Eles brincam aí. [Boneco, pulá

boneco]”

borra, s.f. (A) Ver bagaço. “Fala a borra do café, né.” / Nota: designa também o

picumã, sujeira na parede feita pelo fogão a lenha (A).

botá, v. [botar] Colocar, pôr. (T) “Pra botá ovos, pô ovos” (T). “Ela bota no ninho,

bota à veiz, onde se ajeitá. Se ela tivé fechada, se ela tivé acustumado no

galinhero, ela vai no galinhero senão ela vai, ela vai, ela faiz um ninho ela

bota.” & “((Como que é cortadera?)) A cortadera ela é assim, né, meio, ah!,

desse tamanho assim, aí põe o cabo, assim em cima, né? E daí bota o pé

nela, segura com a mão, bota o pé nela.” .

bronquite, s.f. Doença nos pulmões cujo principal sintoma é um ruído ao se

respirar (T), por tuberculose. (A) “Que dexa a pessoa magra é : : bronquite,

conheço por bronquite, asma que uns diz asma tamém. ((IQ)) [Senhora

diz: - chio.] É uns diz chio, né, nós conhecemo por chio, otro dize o [Senhora

diz: - piança.] ((Como que é?)) O piança é a pessoa que tem muita tosse,

né, qu’é atacado. ((IQ)) É bronquite puque otra eu num sei com’é qu’é.” /

v.l.: chio-de-peito (T), chiadera, chiera, piança, ronquera no peito (A)

buceta-do-joelho, s.f. (A) [boceta-do-joelho] Ver bacia (1). “Ah! Dizem que é... a

coronha do juelho. ((Tem outro nome?)) Ah! tem um nome muito feio.

((Então diz.)) Não eu num digo, diz que é a buceta do juelho. ((Como que

é?)) A buceta do juelho.”

burbom, adj. Variedade de cafeeiro. (A) “Café conheço... Café aí tem o catura,

tem burbom que dá o pé grande, e tem caturinha que dá baixo caturinha. É

essas treis qualidades que tem.” / v.f.: burbão (A)

burca, s.f. (A) 1. Ver biroca. 2. s.f. Esfera de vidro com que se joga o jogo de

gude. (A). “Bola de gude. ((Outro nome?)) Burca. Burca.” / v.morf.: bolinha-

de-búrico(T), burco, burquinha.

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burco, s.m. (A) 1. Ver biroca “É burco, ah intão é burco é onde joga a burca.”

2.s.f. (A) Ver burca (2)

burrinho, s.m. (A) Por sarilho de poço. Ver bobinete. “A gente diz burrinho ( ).

((IQ)) burrinho. ((Outro nome?)) Poraqui não. ((Manivela?)) É que aqui

quase num num uso, né, ( ) manivela, né, mas aqui num uso poço.”

C

cabeca-de-prego, s.m. Tumor pequeno na pele (A,T) “É porque o cabeça de

prego ele geralmente dá na pele da pessoa, né, quando a pessoa, gente

tem no pelo assim, né, daí ele inframa, né, intão diz o tumor, oto diz a

cabeça de prego. ” / v.l.: inchaço (A,T), licenço, inchação, mardita, tumigueiro.

(A)

caboco, s.m. [caboclo] O indivíduo, um homem. (T)“Eu sô um caboco que num

durmo de dia, sabe, i eu ainda passo apurado...”(T) & “Sô caboco

destrompido, sô dono desse sertão, tenho medo das caboca, dos caboclo

amó que não”(M – violeiro) / Nota: não é ofensivo. (T)

caçapa, s.f. (A) Ver biroca. “Num sei. Caçapa qu’eis fala, num é?”

caçarola, s.f. Vasilha de cozinha com cabo e tampa.(T) “Já. ((Onde?)) Não, a

minha mãe torrava antigamente numa caçarola... carcava o café ali na

caçarola com açúcar e ia... torrá daí nós socava no pilão... socá e passá

naquelas penera fina que tem, né, de arame, né. Deí fazia o café.”

cacete, s.m. Instrumento para executar a retirada da casca do feijão.(A) “Quando

o pessoal colhe bastante, estende uma lona grande no terrero pode batê

(com mais uma lona) com cacete mais ele, quando é poquinho tira do pé

debulha ele e ( ). ((Esse cacete tem nome?)) Pá mim num tem não, num

conheço o nome dele nos chama cacete memo. Cacete, um pau... mas ele

tem nome também. / v.l.: cambau, cambão, cambom, chipe, gamba, gambão,

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gambau, garrote, pau, pau-e-meio, pauzinho, piúva, porrete, toco-de-pau,

vara. (A)

cachaça, s.f. Bebida feita da cana de açúcar, de conteúdo alcoólico,

aguardente.(T) “Conheço. ((IQ)) Pois aqui nói dize água de cana, né.

((IQ)) Não, tem só a água da cana a gente diz, né. ((O que dá para fazer?))

Pois nessas fábrica assim fazem acho que a cachaça, fazem num sei lá,

acho que é rapadura num sei tem, e tem mais, o que eu sei é só isso.

((Bebem água de cana?)) Bebe, é gostoso.” / v.l.: pinga (T)

caiano, adj. Tipo de milho branco usado pelos “antigos”.(T) “‘So é milho amarelim,

mio marelão né, o caiano, tem arroiz caiano e mio caiano tamém... é, o

prantava no sítio, era desse.”

caiera, s.f . [caieira] Conjunto de galhos e troncos para queimar (T) na fogueira

de São João (A) “Simpatia às veiz a gente faz pra pará de chovê.((Que tipo

de simpatia?)) Dexá a penera no terrero com caiero de tição de fogo de

São Juão Maria. ((Como?)) Tição de fogo de caiera de São Juão Maria

tamém é bom. ((Tição de fogo de?)) São Juão Maria. ((O senhor falou uma

palavra antes, caiero?)) Caiera, é. ((O que é caiera?)) É uma caiera é um

pau que a gente faiz pra queimá dia de São Juão, aí guarda o tição. ((Ah,

certo ( ) da foguera.)) É da foguera, isso mesmo. ((Aquele pau trançado é

caiera.)) É.”

calo, s.m. 1. Endurecimento da pele (T) “Faiz calo duro. ((Esse do pé é calo de

água.)) É, e da mão falam calo duro, né.” 2. s.m. Vesícula cheia de líquido

que se forma nos pés com o uso de sapatos muito apertados. (A) “Calo.

((Calo?)) É, chamamo de calo. ((Mesmo que tenha água.)) É um calo pra

mim.” / v.l.: calo-d’água (A,T), calo-de-bolha-d’água, calo-de-sangue. (A)

calo-de-sangue, s.m . Bolha d’água com sangue. (T) “Ah! É o calo, né. É um

calo, um calo d’água, um calo de sangue, né.”

camarada, s.m . Empregado na lavoura. “Camarada já é pra lavora, pra roça” (T)

/ v.l.: pião. (T)

cambaio, adj. Diz-se de quem tem pernas arqueadas. (A) “É cambaia. ((Outro

nome?)) Não, a gente diz cambaio, né, cambaio.” / v.f.: cambaia, iscambaio

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(A) / v.l.: cambeta, cambote, camboto, campota, dismunhecado, gambeta,

lonanco, lunanco, náfico, náfrico, nafro, narfo (A) nonanco, pé-de-pato,

perna-aberta, perna-de-cambota, rengo. (A)

cambalhota, s.f. (A) Ver baliza. “Virá uma cambota, uma cambalhota, nós tratava

cambota. ((Cambota?)) É, vamo virá uma cambota.”

cambau, s.m . (A, T) Ver cacete “Nói batemo ca vara, co chipe, né. ((Como?))

Tem a vara, né, tem uma vara cumprida, estende ele no terrero, sinão, daí

sinão faiz o chipe, né / ((O que é o chipe?)) É um cambau que diz, né?

((Chipe e o cambau é a mesma coisa?)) É mesma coisa. ((E bate com

ele?)) É sim senhora.”

cambeta, adj . (A)Ver cambaio. “Nós falamo que é cambeta né, que tem, puxano

né, uma perna.”

cambito, s.m. 1. Perna fina. (A) “Perna fina e comprida? Nós dizemo que tem o

cambito comprido.” & “Cambito. É cambito, né, porque é fininha, né? ((perna

de alguma coisa engraçada?)) De saracura. ((Falam?)) Fala. ((Perna de

saracura?)) Perna de saracura.” / v.f.: cabido, cabito. 2. s.m . (A)Ver bobinete.

“Siri, silirio, né tem o sirilo de, e o cambito .”

cambota, adj. (A) 1. Ver cambaio. “É eles fala que perna de, o cara é cambota

d’uma perna, né.” 2. s.m . (A) Ver baliza. “É sarto mortal que eles fala, virá

cambota. ((Como é que é?)) Virá cambota. ((O senhor falou um outro,

que nome que é?)) Ah quele lá é sarto mortal mai aqui só fala cambota virá

cambota.”

campainha, s.f. Órgão do corpo humano localizado ao final do céu da boca, tem

um formato comprido e fino, úvula (T) “Ah!, pra dentro da língua? campainha

eu conheço, campainha.” & “... Esse que eu não me lembrei ainda, né...

íngua não é a íngua. ((IQ)) não é da mesma campainha esse aqui que tem

na garganta.”

cananéia, s.f. (A) Dente molar.

cancha, s.f. Caixa de madeira onde se colocam cereais para debulhar. (A, T)

“Lugar que a gente fazia era cancha. ((Cancha.)) É, com’era, era, cancha

e / ((Lá que batia o feijão.)) Lá que batia o fejão”.

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canela, s.f. Osso da perna abaixo do joelho. (T) “Aí é canela. ((Outro nome?))

Carcanhá. ((Quando termina a perna / )) A junta, junta. ((A junta, né?)) É.”

/ Nota: Também designa uma espécie de árvore (A) e o sentimento de

ciúme: “tá cum canela” (T)

cangorra, s.f. Brinquedo infantil em que as crianças sentam nas extremidades

de uma tábua, apoiada num centro, e sobem e descem alternadamente. (A)

“A cangorra.” / v.l.: corupio, currupio, gangora, gangorra, gatica, minjolo,

monjolo, munjolo, pinhé-pinhé, pinhé-pimbão, pinheque, pula-tábua, pula-

tauba, sacatica (A)

cão, s.m. Entidade do mal que, segundo crença popular, anima o redemoinho,

demônio. (A) “((Quem faz esse vento?)) ... Deve sê o cão. ((Quem?)) É o

capeta, que Deus não é que faiz. ((A gente fala, né.)) E é memo. ((O que

é bom fazer quando vem redemunho?)) Ah : : tem gente que : : faiz ...

simpatia, num sei. ((Simpatia?)) É se tivé uma penera, se tem uma cruiz

joga lá, e ele se vai ‘mbora pra longe. ((Vai mesmo?)) Vai. ((Bom saber.))

Penera de taquera que fazem e põe a cruz, né.” / v.l.: bicho-feio, cão, capeta,

chifrudo, coisa-feio, coisinha-feio, diabo, dídico, dítico, demônio, demonho,

demunhinho, fantasma, nhanguinho, o-que-não-presta, pé-de-pato, rabaner,

rabudo, tentação. (A)

caoio, adj . [caolho] Diz-se da pessoa que não tem um olho. (T) “É caoio memo.

((Que perdeu um olho.)) Óia lá o caoio véio lá.”

capa-do-choelho, s.f. (A) Ver bacia (1). “Capa do choelho.”

capa-do-olho, s.f. Pele que recobre os olhos externamente, pálpebra (A). “Aqui

é a capa do zóio, né.” / v.f.: capa-do-zóio. / v.l.: capela, capela-do-olho,

capela-do-oio, capela-do-zoio, capela-do-zolho, capelim-do-olho, capelim-

do-zóio, capelinha, capelinha-da-vista, capelinha-do-olho, capelinha-do-zoio,

capelinha-do-zolho, capelinha-dos-oio, coro-do-zóio, corinho, corinho-do-

olho, corinho-do-zóio, pela-do-olho, pele-da-vista, pele-do-zói, pele-do-zóio,

pele-do-olho, pelinha-do-olho, pipila, pipila-do-zolho, pupila-do-zolho, véu-

do-olho. (A)

capa-do-zóio, s.f. (A) [capa-dos-olhos] Ver capa-do-olho. “Eu digo pestana,

otro diz capa do zóio.”

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capela, s.f. (A) Ver capa-do-olho. “É, esse, não sei vam dizê sombrancelha, que

a sinhora falô, aqui que é a pestana, né, nóis conhecemo por pestana.

((Nome mais comum?)) Não sinhora, capela do zóio, também tem. ((Nome

bem comum, né.)) É, bem comum o povo diz a capela do zóio.”

capela-do-olho, s.f. (A) Ver capa-do-olho. “É a capelinha do, capelinha do zóio,

né? ((Sim, mas este pelinho, como é que chama esse cabelinho?)) Não

sei. ((Se arrancar um, arrancou um o quê?)) Arranquei a capelinha aqui da

sombrancelha. ((Então não dá nome pra esse cabelinho?)) Não sinhora.”

capeta, s.m. (A) Ver cão. “É o redemoim, né? ((O que tinha lá dentro?)) Alguma

sempre falava que era o capeta que tinha dento daquilo, mais eu num... Eu

num sei. ((Nunca quis saber se era?)) É. ((Que a mãe da gente tinha medo

daquilo, né?)) É, põe.”

capora, s.f. Ente sobrenatural muito grande e feio, habitante dos matos, que

captura as pessoas para devorar, caipora ou caapora. (A, T) “Da capora,

tem uma ‘stória pra lhe contá, agora mais eu num posso lembrá tudo o

causo da capora, tendeu?”.

capucho, s.m. (A) Ver barba. “Pois é… pois o nome que nós falava no mato…

diziam… como era meu Deus que nós dizia. ((Lembrar do passado.)) ( )

dizia um carpucho do barba. ((Como?)) Um capucho. ((É um “capucho”?))

A minha mãe dizia um capucho.”

capuera, s.f. [capoeira] 1. Vegetação baixa, em terra que se deixou de cultivar,

tigüera crescido. (T) “Temo fejão preto aqui tem esse amarelinho, o tal de

bico-de-oro que nói dizemo, é essas duas qualidade se a sora, e tem o

cumum também aí nas capuera que nóis conhecemo por fejão,” / v.l.: quiçaça,

tigüera (A,T). 2. s.f. Terreno em que o mato foi roçado ou queimado (T).

“Eu vi às veiz tava roçano as capuera, às veiz tava durmino na (área) que

gosta durmi na rede fechada assim, pois dava foiçada na arve ele sai ( )

se bateno tudo, purque de dia ele num inxerga, só de noite. ((É um

passarinho?)) É, é um passarinho. ((Que canta.)) É, esse grita aí perturbano

a gente à noite. ((Ele faz algum mal?)) Não, não faiz.” / v.f.: capoera / v.l.:

tigüera.

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capuerão, s.m . [capoeirão] Capoeira com vários anos de idade.(T) “[Dizem:

capuera é um mato maior.] É capuera já é maior; e daí aquele lá já é : : fazê

uma roça no mato lá, no capuerão. ((É mato, capuerão?)) [Perguntam: e

aquele monte ali de árvore já crescido?] Ali é capuerão, é.”

caquinho, s.m. (A) Ver amarelinha.

cara-suja, s.m. Variedade de feijão.(A) “Cunheço fradinha, cunheço fejão cara

suja, cunheço fejão jaula.”

caracol, s.m. (A) Ver amarelinha. “Ah, caracol, ah é sim. E um tar de pula caracol

memo. Seora fez lembrá memo”.

caracu, s.m. Espécie de massa que enche os ossos, medula óssea. (T) “Ma,

num tinha um ossinho do corpo intero intero, tudo muído, e ele quebra junta

das pessoa já chupá : : o caracu de dentro das junta. ((Que horror! Sua

mãe que contou?)) Sim, foi a minha mãe que contô.” / v.l.: miolo, tutano.(T)

/ Nota: por raiz mestra (A) e parte interior de alguns frutos: “miolo é de

melancia” (T).

carção, s.m. [calção] Peça íntima do vestuário masculino. (A)“A zorba, carção,

antigamente era o carção” & “Lá no mato nós dizia o carção agora é zorba.”

/ v.f.: calção / v.morf.: calçolão, carçãozinho(A) / v.l.: jorba, zobra, zolba,

zorba (A)

carnegão, s. m. Massa mais dura do que o pus no tumor. (A) “Sai pus. ((Isso. E

aquele negócio duro que tem lá dentro e a gente tem que tirar?)) É eu

conheço por ca: carnegão.” / v.f.: carnicão (A) / v.l.: estopim, maldades,

mardades (A).

caroço-de-adão, s.m. (A) Ver adão. “Esse daí nóis tratava que era o... caroço

de Adão. ((Por aqui eles falam que é caroço de Adão?)) É eles falaro diz

que é casca no num sei numa hora duma f ruta lá lá qui parô lá.”

caroço de maçã, s.m. (A) Ver adão. “A Eva diz que tava pegano a maça, né,

iscudido do do anjo do Senhor, né, e o anjo tava sondando ela, né, e ela

cortô e deu um oco , um pedaço da maçã po Adão, né, e daí o Adão se

apurô, se co anjo pegô inguliu, parô no pescoço dele. ((Então que nome

dá?)) pos daí que a gente num, tem dúvida, né, tem que sê o caroço da

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maçã que parô no pescoço dele.((Não fala que é alguma coisa do Adão?))

pecado, né, eles fizeram pecado, né, purque Deus num era pa (duvidá), né,

num tinha de (duvidá).”

caroço-do-moço, s.m. (A) Ver adão.

carreté, s.m. (A) [carretel] 1. s.m. (A) Ver bacia (1) 2. s.m . (A) Ver bobinete. “Tem

o carreté, né / ((IQ)) Já, já vi sim. ((Nome?)) Dizem uma corda, né.

((Como?)) Uma corda, né, de / ((Aqui tem?)) Num tem.”

carretia, s.f. (A) [carretilha] Ver bobinete “Caretia, né, que faiz ali pá sortá o

barde lá em baxo. E dali tem um nome também ma não tô lembrado o nome

daquele ali. ((Vocês não têm poço aqui?)) Não, nós temo água encanada

(manguera) ali no rio. ((IQ)) Nós não temo poço. ((Já teve?)) Não. ((Nunca

teve?)) Não, pegamo água do rio. ( ) é longe do rio vem cano.” 6

casca, s.f. (A) Ver bage. “Da casca, da bage”

casinha, s.f . (A) Ver amarelinha. “Pulá casinha”

catação, s.m. Segunda colheita de arroz.(A)

catatumba, s.f. [catacumba] Local onde se sepultam os mortos. (A, T) “No

Tibagi, tem a catatumba do frei Mané”(T)

catetinho, adj. 1. Diz-se do milho mal formado ou com poucos grãos.(A) “Ah,

milho: hoje em dia tá tudo deferente né, ma nós antigamente tinha o: quele

milho branco, quele grandão, né? Tinha quele pra fazê fari/ de milho. Nós

tinha o catetinho. Agora já: ... mudaro tudo...” / v.l.: dente-de-véia, faia,

faiado, falhada, falhado, fanada, frango, frangada, franguinho, galo, guacho,

guirim, ingri, ingrim, ingranado, inguirim, ingriro, inguiro, mal-granado, meia-

grana, mea-grana, raliado, ralo, ralinho, sartiado, sovela, tigüera (A). 2. s.m .

Variedade de arroz. (T) “Aroiz? ((É.)) Jaguari, catetinho, treis meia nove,

cento e vinte cinco, essas quatro qualidade.” & “Só dois... amarelão,

branquim, e o catetim que falam.”

cateto, s.m . Variedade de milho miúdo e de arroz. (A, T) “Eu conheço, diversa

qualidade. Eu conheço um milho mais doméstico, que é um milho comum,

mais ele é mais pra’limento do que pra produção do animal, nós tratemo de

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cateto. A gente faiz o fubá, e faiz bolinho, faiz diversas coisa. Lá cuzinha

mesmo, lá no milho comum pra cuzinha.”

catinguento, adj. Diz-se de quem está mal cheiroso.(A)

cavadera, s.f. Instrumento para plantar feijão, milho, etc, em solo muito úmido

ou cheio de raízes. (T) “Cavadera é um só. ((Como é?)) Cavadera é uma

ferramenta assim istreita, cumprida... grande, assim arta, a gente bate ela

no chão, intão faiz o buraco do jeito que qué se qué redondo, faiz redondo

se num qué faiz ele quadrado. ((E aquele que é de dois assim?)) É uma

cavadera de duas mão. ((Então tem a cavadera de duas mãos?)) É e a de

uma só. ((Mais algum?)) Inxadão pa cavucá.”

cavedar, s.m. Dinheiro enterrado em uma panela. (T) “agora, bamo la, rapaziada,

tirá aquele otro cavedar, aquele otro incante” (T)

cegonha, s.m. Mulher que ajuda nos partos, parteira. (A) “Nó falá uma partera,

né. ((Outro nome?)) Agora fala cegonha, né. ((Cegonha?))” / v.f.: cigonha /

v.l.: intendente, partera, surjoa (A, T), companhera, cumpanhera, fermera,

intendida, intendente, sistente, surjoa, tendente, tendida. (A)

cento-i-um, s.m. [cento-e-um] Variedade de arroz (T) “Tem o, bico preto, e

cento e um, e branco. Tem arroz do otro marelão. Tem tantos tipo, né?”

cento-i-vinte, s.m. [cento-e-vinte] Variedade de cana-de-açúcar arroxeada e fina.

(T) “dá cento i vinte pauzinho cada tocera” (T)

cesto, s.m. (T) Ver balaio. “Prá carrega milho assim, no ombro, no carguero” (T)

cevá, v. [cevar] Alimentar a máquina que mói ou debulha. (T) “Ali o sior ta

cevando ali, ponhando o fejão ali i já tá saindo o fejão aventado imbaxo” (T)

chacho, s.m. Instrumento feito de pau apontado que faz as vezes de cavadera.(T)

“Chacho, né. ((Chacho? Como é?)) É tipo acho uma cavadera, né. [Senhor

diz: não ele é mandá/ fazê no ferrero ele é tem um lugar de enfiá uma vara,

mas ele é tipo apontadinho só ele compridinho assim só mas ele imita um

chifre dum boi, na ponta é, começa fininha a ponta e engrossa e senão a

mesma cavadera... o falecido véio meu pai não sabia de máquina assim (...)

dessas máquina, hoje, em dia aí ele prantava com aquilo, né, ele plantava

co a cavaadera.]” / v.l.: saraquá, sengo.(T)

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charque, s.m . Carne ressecada para levar em viagem, carne seca. (T) “ele

viajando, dum lugar pra otro, ele chegô lá num determinado lugar meio dia

tinha uma sanga, ele foi garrá e tirá charque de que ele levava no arreio, no

cavalo, no burro, o almoço, que era sistema antigo, té nas história mesmo

contá, né? Intão ele garrava e carregava esse aí, e nele carrega” / v.l: jabá

(T)

chiadera, s.f . [chiadeira] (A) Ver bronquite. “Teno gripe, chiadera no peito, num é

não? É fica com, fechado a respiração”

chifrudo, s.m. (A) Ver cão. “Então a minha mãe dizia o pé de pato, né, diz que é.

((O pé de pato? Muitos têm o sistema de... )) Se benzê, né. ((Por que

benzer?)) Pra mode tropelá ele, né. ((Atropelar quem?)) Tropelá o... eles

dizem que aquele lá... uns dizem que é o chifrudo, né.”

chimarrão, s.m. Bebida feita de chá-mate amargo, tomado em vasilha

especialmente feita para ele, muito quente e sem açúcar. (M, T) “Pá

defumação tamém. Defumá na sexta fera é bom. Sexta e quarta é bom

defumá, né? É, ponha num caco de brasa e põe o alecrim e erva, erva

dessas, daquela erva ali. ((Mate?)) dessa é, nóis toma chimarrão. É, nóis

pega e faiz e passa por toda casa aquilo é bom.” & “Ah o guiné é muito bom

pa tomá no mate assim, no chimarrão, e ele é bom pro ar. Pessoa que sofre

ar no corpo intão ele combate. Ah, o ar é... iss’aí aí é um... um... um tipo

de... de dá assim um repuxamento na pessoa e ele começa a repuxá e

depois ele pinica.”

chipe, s.m. (A) Ver cacete. “Nói batemo ca vara, co chipe, né. ((Como?)) Tem

a vara, né, tem uma vara cumprida, estende ele no terrero, sinão, daí sinão

faiz o chipe, né / ((O que é o chipe?)) É um cambau que diz, né? ((Chipe e

o cambau é a mesma coisa?)) É mesma coisa. ((E bate com ele?)) É sim

senhora.”

chipes, s.m. (A) Ver alpacatas. “Lembro e aquele tem uma quantia de nome.

((Então fala.)) Lá no mato nós cohecia por arpagata, o ladrão e o chipes,

chipes. ((Chipes?)) É chipes é aquele trançadinho de barbante sola dura,

né. Esses três nome eu cunheci é arpagata, ladrão e chipes po povo do

mato. ((“Chipes” eu não conhecia.)) É o nome lá pro mato era o nome.

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((Por quê?)) Sabemo porquê... ah! tinha mais um nome o come queto ainda,

né. ((E o “pé de gato”...)) O pé de gato não sei se era esse memo o pé de

gato que dizem. ((Uma mulher me disse que também era “pé de gato”.))

Então ele tem tudo essa nomarada, tão, mas num aprovô. Num ingiste mas,

né.”

chocadera, s.f. [chocadeira] Brincadeira infantil. (A) “Nós brincava de choca/ ,

quem ficava, dexava a:: bolinha ali é :: a chocadera.”

chocho, adj. (A) Ver boneca. “Milho chocho. ((Fora chocho.)) É nós dizemo

assim, milho chocho. ((Vocês só conhecem por chocho.)) Por conhecemo

( ) eu já ia dizê pra sinhora, pois eles dizem frangão, né, que às vezes dá

um dente lá, outro cá intão dente graúdo, dizemo frangão do milho, né.”

chupetana, s.f. (A) Ver boneca. “(Mas e quando eu abro uma espiga e tem grão,

mas bem pouquinho? Tem um grão aqui outro lá longe, outro lá do outro

lado.)) Pois aí é a chupetana. ((Como?)) Rastoio, chupetana. ((Quando

dá pouquinho milho.)) É rastoio, chupetana, né. ((Aqui não falam faiado,

faiada?)) Fala sim. ((É a mesma coisa da chupetana?)) É a mesma coisa,

mesma coisa.”

cilos, s.m. [cílios] Pêlos que crescem na beira das pálpebras, cílios (A) “É cilos.

((Outro nome?)) Falo pestana, sei lá.” / v.f.: cilos, cilo, círis (A)

cinzero, s.m. [cinzeiro] Local onde se acende o fogo, em casa ou num galpão.

(T)

ciscadô, s.m. [ciscador] Instrumento agrícola para juntar material no chão,

ancinho. (T) / v.l.: rastelo (T)

cisco, s.m. (A) Ver arguero.. “Abanamo. ((Não guarda com a sujera pra não

carunchá?)) Às veiz guardamo e às veiz abanamo um poco tamém é às

veiz dexamo no cisco um poco. ((Outro nome?)) Nóis dizemo aqui guardá

no cisco, né. ((Outro nome?)) Não. ((Guardá na munha.)) Não, é só

maiamo assim e vamo dexá um poco no cisco pá num carunchá.”

cisquera, s.f. [cisqueira] (A) Ver arguero. “A palha do fejão. ((Outro nome?)) A

cisquera tamém pode ser, né. Que daí guarda, tem uns que guarda junto

assim pra num carunchá pra conservá o fejão. ((Chama cisquera.)) É pa

conservá o fejão, a poera do fejão, conserva o fejão.”

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cisura, s.f. [cesura] Marca que permanece na pele após a mordida ou picada de

um animal. (T). “Um corte na mão, na pele. ((IQ)) Cisura.” / v.l.: sinar.(T)

cobra-cega, s.m. Brincadeira infantil que consiste em procurar, com os olhos

vendados, outras crianças. (A) “Cobra-cega donde veio. ((Falam assim.))

Falam é : : cobra-cega donde veio que a criança mais pequena pulam pelos

canto.” / v.l.: cabra-cega, galo-cego.

cobrero, s.m. [cobreiro] Doença da pele em cuja superfície se formam manchas

esbranquiçadas, impingem. (A) “((Como é o cobreiro?)) O cobrero ele sai

um grossero, né? Quele grossero, e vai isparramano po corpo se não atende

ele, ele vai isparramano. ((É um branquinho assim?)) É. ((Tem gente que

fala que é bom passar alguma coisa.)) É, é bom passá, muntos cerca com

tinta de caneta em roda, otos passa leite com sal, né. ((Tem alguma

simpatia?)) Tem, né, tem muita simpatia, né. Muntos iscrevem assim Ave

maria em roda, né, daí tampa ca tinta tudo, né, purque a tinta tamém mata

o cobrero.”

cócega, s.f. Sensação física que provoca riso. (A) “Um susto. ((É.)) Cócega.”

/ v.f.: cócica, cosca, cosque, cosquinha, cucica, cuscurica, curica. (A)

cogote, s.m. [cangote] Parte do posterior do pescoço bem junto aos ombros,

nuca. (A) “Cogote, né dona, conhecemo cogote do pescoço.”

coisa-feio, s.m. (A) Ver cão.

come-queto, s.m. [come-quieto] (A) Ver alpacatas. “É esse sapato era alpargata

num é mai tinha diversos nome uns chamava de come-queto. Uns chamava

de alpargata num é paragata até falava paragata.”

conga, s.f. (A) Ver alpacatas. “Nós tratava a conga, né. ((Outro?)) É alpargata”

/ Nota: também usada para um tipo de banana.

conxo, s.m. [coxo] Diz-se do indivíduo que manca de uma perna, que tem uma

perna mais curta que a outra. (A) “É conxo daí, alejado também d’uma perna,

quase não tem otro nome, a fala é uma só, alejado seje o braço, perna, é

alejado. / v.l.: coxo, manco

coroa, s.f. Parte mais alta da cabeça. (T) / v.l.: coroa-da-cabeça. (T) / Nota:

usada também por ilha. (A) “Coroa? ((Tem coroa e tem... ?)) Tem coroa e

tem ilha.”

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coro-do-zóio, s.m. [couro-dos-olhos] (A) Ver capa-do-olho. “Esta é : : ... eu

tamém sei parece que nóis fala : : ... o coro duzolho” & “Pele do zói ? É... nói

fala coro do zóio. ”

coronha-do-juelho, s.m. [coronha-do-joelho] (A) Ver bacia (1)“Ah! Dizem que

é... a coronha do juelho. ((Tem outro nome?)) Ah! tem um nome muito feio.

((Então diz.)) Não eu num digo, diz que é a buceta do juelho. ((Como que

é?)) A buceta do juelho.”

corpete, s.m. Peça íntima do vestuário feminino, sutiã. (A) “Aquele sutiã? ((IQ))

Não tem não. ((Um nome mais comum?)) = Antigamente eles falavam

corpete = Corpete. = A minha avó que fala, falô isso = ((O senhor ouviu

falar?)) Vi falá sim. ((Como é?)) Corpete, depois que veio sutiã, já é segundo,

né.” / v.l.: corpinho. (A)

corpinho, s.m. (A) Ver corpete. “Sutiã. ((Outro nome por aqui?)) Corpinho.”

corpo-seco, s.m. Doença infecciosa caracterizada por emagrecimento e tosse,

tuberculose (A) / v.l.: becoloso, berculose, berculoso, berticulosa, berticuloso,

bertuculosa, borculosa, duença-do-peito, duença-da-magra, doença-magra,

duença-ruim, doença-dos-purmão, duen’-dos-pormão, duença-de-secá,

fraqueza-nos-pormão, purmão-fraco, taberculosa, teberculosa, teberculoso,

toberculose, toberculoso, trebeculosa, tuperculosa, tuperculose. (A)

berculosa, bertulosa, teberculosa, tibetulosa, tubeculosa, tubertulosa,

tubreculosa (T).

corre-corre, s.m. (A) Ver batê-cara. “Umas corre // ((como é que chama?)) Uns

fala de pega-pega, ota corre-corre, né.”

cortadera, s.m. (A, T) Ver apá. “((O que é cortadeira?)) Cortadera é aquele igual

uma pá também que põe na terra aperta ( ) pá tirá.”

cosca, s.f. (A) Ver cócega. “Um ripio, né. Dá um ripio. ((se faz assim, que que

eu sinto?)) Um arripio, né. ((Dá risada, como é?)) Uma pessoa bem // ((Se

eu faço assim nela, ela fica com quê?)) Ela fica com medo cê fazê cosca,

né.”

coxo, adj. (A) Ver conxo. “Coxo. ((Perdeu uma perna ou puxa a perna para andar?)

... Acho que é o que perdeu a perna.”

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criado, adj. Diz-se de quem ou o que cresceu e já está plenamente desenvolvido

(pessoa, animal, vegetal). “Aquele ali é calípio. ((Como?)) Calipto. ((Serve

pra quê?)) Pois aquele ali dá tora tamém tando bem criado. ((A folha?)) Dá

remédio. ((Para quê?)) Remédio pra tirá catarro do purmão... dá pá fazê o

bafo e dá pá tomá.”

cuá, v. [coar] Passar pela peneira. (T) “Cuá na penera é o tar de cuscuis” (T) &

“Coa na penera, né; tem a penerinha de cuá. ((IQ)) É a gente, a gente soca,

daí, se tem o pilão, a gente soca no pilão daí coa, né, ca penerinha.”

cucica, s.f. (A) Ver cócega. “Ah, sente um nervoso, né. ((IQ)) Levô um cutucão

faiz um (bicho), né. ((IQ)) Cutuca do lado assim, né. E daí faz (como) a

gente, né. A gente toma aquele susto, né. ((IQ)) Cucica. ((Como?)) Cucica.”

cumpanhera, s.f. [companheira](A) Ver cegonha. “Partera. ((Outro nome?)) Pra

nós aqui é partera, né... otos já fala em cumpanhera.”

cunha, adj. Variedade de milho. (A) “Cunheço mio branco, marelinho, cunha.

((Como?)) Cunha... ele é bem grandão, aquele branco... Acho que agora

até nem ingiste mais. ((É bem antigo?)) Bem antigo. ((Tem mais algum?))

Tinha um bem roxinho tamém que agora acho que nem... Esses mais novo

num cunheci acho. ((como era o nome desse roxinho?)) Acho que era o

mio roxo, né?”

curadô, s.m. [curador] Indivíduo que pratica medicina popular. (T) “... É, tinha co

co precurá o curadô, né? Crianç’ustada, né? ((Simpatia?)) Tinha” / v.l.:

bocozero, raizero (T)

curau, s.m. Alimento feito de milho verde ralado e coado, leite e açúcar (A)

podendo ser doce ou salgado. (T) “Faço pamonha, bolo. ((Outro?)) Curau.”

/ v.l.: mingau (T)

curica, s.f. (A) Ver cócega. “Cócica.((Outro nome?)) Curica, nós falava no mato

curica.”

curunio, s.m. [colmilho] Dente molar de animais (T) e de seres humanos. (A)

“Dente curunio. ((Fala mais alto.)) Dente curunio. ((Esses são os últimos.))é.”/

v.f.: cormio, curnio (A)

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curupio, s.m. [currupio] (A) Ver cangorra. “Esse daí é, corupio, né? ((Como?))

Corupio acho qué. ((É, aquele que senta um de cada canto da tábua e fica

fazendo assim?)) [criança responde = um balango = ] ((Um balanço, né?

Como que chama esse?)) Esse aí eu num sei como é que chama. ((Como

que chama esse que assim no balanço, você sabe o nome? Não? Não fala

gangorra aqui? Não? Não tem um outro nome?)) Tem o curupio. ((Curupio,

esse que fica um de cada lado da táboa?)) É.”

cuscuiz, s.m. [cuzcuz] Alimento de milho socado ou ralado e assado ao vapor.

(T) “((Na panela?)) Com açúca eu eu (num faço), mais argum usa fazê.

((Nome?)) Milho doce? ((É.)) ... ((Como vocês fazem a pamonha?)) A

pamonha ralamo... colocamo sal, quem gosta salgada, né, que aqui ( ) doce

e pegamo e misturamo bem daí marra numa paia ( ) cuzinhá. Essa é

pamonha. ((IQ)) Mio frito. ((IQ)) Acho que o cuscuz de certo (). ((Não

conhece curau?)) ... ((Não fazem?)) Curau de milho? ((É.)) ... ((Não

conhece?)) Não.”

cuscurica, s.f. (A) Ver cócega. “Cosca. ((Outro nome?))Tem cuscurica.((Como?))

Cuscurica”

custeleta, s.f . [costeleta] Parte da barba que acompanha o cabelo, crescendo

no rosto em frente às orelhas. (A) “I : : isqueçco como é que é... custeleta. ”

custipação, s.m . [constipação] Doença cujos principais sintomas são mal-estar

físico, espirros e excesso de secreção nasal, resfriado. (T) “É início de

gripe. ((E a gente está com muita tosse, né?)) É, probrema de, de gripe

recolhida. ((Outro nome?)) Ah! constipação. Ah! respriado, assim.” / v.l.:

defruço, difruço.(T)

cute, s.m . (A) Ver acusado. “Brincá de cute. ((Como que é isso?)) Aquele lá é

um, ah, um, é brincá de cute e otro é brincá de pique. ((E tem diferença?))

Tem. ((Como que é?)) Pra brincá de cute um fica escondido. E brincá de

pique o otro corre atrás do otro.” & “Brincava de cuti, né, falava assim

naquele tempo. ((Outro nome?)) Não eles falava esse nome, ele pode tê

otro nome mais só falava esse daí, né.”

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103

D

dedão, s.m . Dedo mais grosso da mão, polegar. (T) “Té fui prantá grama na

fazenda otro dia daí fui reparti a toça de grama num toco lá deu certo finquei

dedão em cima do toco lá, mais é que, daí feiz uma firida, feiz uma firida

levantô o osso do dedo pra cima.”

defeitoso, adj. [defeituoso] (A) Ver alejado. “Pra mim é alejado, num é? ((Chama

de alejado?)) Perna torta. ((Que mais?)) Defeitoso. ((Não falam cambaia?))

Não.”

demônio, s.m. (A) Ver cão. “Ah! Eles dizia que era o saci pererê... Que era o

demônio que tava lá que tinha que fazê cruiz, té hoje as criança têm esse

medo de se formá um redimunho, ( ) casa e já faiz uma cruiz.”

dente-chato, s.m . Dentes pré-molares ou molares. (A, T) “Esses nóis fala as

presa, (...) Ah dispois tem os dente chato, né.” / v.l..: dente do canto, dente

do fundo, dente do lado, dente da ponte, dente do quexá, dente do quexo,

dente-de-trais, furquia, grande, miúdo, muela, panela, pilão, quexada,

quexado, quexal, quexar, trasero.

dente-de-véia, s.f. [dente-de-velha] (A) Ver catetinho. “Faiada. ((Outro nome?))

A gente chamava faiada, dente de véia.”

dente-do-juízo, s.m . Os últimos molares, dente do siso. (A) “Presa. ((Não,

aquele último lá no fundo. A presa é essa, né?)) É. ((Aquele último lá no

fundo.)) ... Aquele num sei. ((Que nasce depois que a gente já é grandão,

moça já. Fala que está nascendo dente do quê?)) Do juízo.” / v.f.: den’ de

juízo. / v.l.: civil, dente-da-idéia, dente-da-sisa, dente-de-siso, dente-de-

vinte-e-um-ano, do sisa, dente-isquero, dente-quero, dente-nascente, dente-

quero, dente-sensível, isquero, queiro, quero, sisa, siso, xis, xise, zizo, dente-

do-zolho, verstandzahn. (A)

dente-do-quexá, s.m. [dente-do-queixar] (A) Ver dente-chato. “É os den/ do

quexá, nós dizemo, uns dize da sisa, né? ((O quexá é igual o siso?)) Eu

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acho que é igual. Eu num sei. ((Como chama o dente chato?)) Seá qu’ eu

té num sei. ((Esse seria o do quexá ou não?)) É os mesmo né? Os memo

dente eu acho fora as presa é o memo dente.”

dente-nascente, s.m. (A) Ver dente-do-juízo. “O dente nascente, né? ((Aquele

último, que nasce quando a gente já está grande?)) É. É dente nascente.

((Outro nome?)) Não dá. ((está nascendo o dente do quê?)) Tá, da, tá

nascendo o dente nascente, né? Só que eu conheço é esse aí.”

dente-quero, s.m . (A) Ver dente-do-juízo. Ás vezes, dente pré-molar e molar.

“Dentiquero. ((Outro nome?)) Dentiquero, otos fala dente juízo.”

diabo, s.m . (A) Ver cão. “... Redimunho. ((O que a mãe falava que tinha lá

dentro?)) ... tinha o diabo.”

dídico, s.m. (A) Ver cão. “É o redemonho. ((O que tem lá dentro?)) Dize que

coisa que tá lá dentro. ((Que coisa que está lá?)) Eu tenho medo daquele.

((Tem medo?)) Tenho. ((Nem fala o nome.)) Não. ((O que tem lá dentro?))

Dize que coiso, o coisa ruim. ((Quem é o coisa ruim?)) O demônio, o dídico.

((Como é?)) Diabinho. ((Em polonês.)) Dídico.”

difruço, s.m. [defluxo] (T) Ver custipação. “Aquilo é (...). ((Como?)) Difruço.

((Outro nome?)) É dizê gripe otros já diz difruço...”

direitero, adj. [direiteiro] Diz-se de quem usa a mão direita para os afazeres

cotidianos, destrímano. (A) “É se tá contra ( ) é: canhoto é contra Deus né,

e o direitero é favor a Deus, né” & “Trabaia com a mão direita direitero”

dismunhecado, adj. [desmunhecado] (A) Ver cambaio “Ah num : : fala ‘lejado da

perna, fala o : : dismunhecado.”

doença-do-peito, s.m. (A) Ver corpo-seco. “Duença do purmão. ((Tem outro

nome?)) Tem duença do peito que diz...”

doença-magra, s.m. (A) Ver corpo-seco. “É nós cunhece por duença magra ô

essa duença dos purmão memo, né. ((Doença o quê?)) Duença-magra.”

dotor, s.m . [doutor] Profissional que cuida da saúde, o médico.(A) “Agora esses

tempo, qué vê, tá com quatro meis que eu fui operada, que eu fiquei grávida,

intão eu perdi um aborto de doi meis, né, e eu nunca fiquei ruim , né, eu

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pensei que tava, de repente cumeçô a descê, descê, né, aí num teve jeito

memo, aí fui no médico, feiz raspage, aí o dotor conseiô pa mim aperá

purque já tem bastante fiio, já tá com idade, né, aí eu peguei operei, mai não

que eu fiquei doentio assim não.”

duença-de-secá, s.m . [doença-de-secar] (A) Ver corpo-seco. “Tuberculoso.

((Nome mais antigo?)) Os cara, eles falava, falava um modo de falá é tá

sofre/ pessoa sofreno duença de secá e tal, ( ) mais sempre o mais

cunhecido é tuberculoso memo é. ((Chamavam também de magra, né.)) É

duença magra, é tá com duença da magra oto falava fulano tá com duença

de secá puque vai imagreceno”

duença-dos-purmão, s.f . [doença-dos-pulmões] (A) Ver corpo-seco “É : : ...

com’ é que é ‘quela duença é : : ((IQ)) Tem o bronquite que ataca o

purmão tamém. ((Mas tem...)) Tem otra : : ((Precisa internar.)) A duença

dos purmão que ataca muito e fica muito magro e a pessoa vai se num tratá

morre memo. ((Nome?)) Num sei falam de otos fala ética, otos fala duença

dos purmão.”

duro-mole, s.m (A) Ver acusado. “Os duro mole, né, queles brinquedo de criança

duro mole, um bate duro otos vem solta, dá mole.”

E

embopa-escondida, s.f. (A) Ver acusado. “Embopa a gente/ ((Em bopa?)) Bopa.

Intão a gente se ‘scondia, e um ficava procurando, e quando a gente achava

aquele a gente ponhava a mão e falava embopa, falava, ponhava a mão”

emborcada, adj. (A) Ver arcada. “Ah! Num sei. ((Você conhece por emborcada?))

= Emborcado, tá emborcada, perna torta.”

enferrujá, v. [enferrujar] Colorir a plantação de um tom amarelado. (A)

“Cripe.((Amarela o feijão?)) Sempre amarela. Amarela, enferruja, ele:

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churinga. ((Dá para evitar?)) Ah, eu sempre vejo arguns faá que, diz que é

bom ponhá uma cruz de lítro branco na lavoura, ou que, mas meu pai nunca

ponhava nada, num sei se seja bom mesmo.”

espigão, s.m . Parte mais alta do terreno, própria para o plantio de café em

regiões passíveis de geada (A) “Ah, nóis usa falá assim, vamo prantá café

lá naquele morro lá, que invita de giada, muitos vento forte, tão daí usa

prantá mais no morro. ((Outro nome?)) Não, só morro. ((Não fala espigão?))

Muita gente usa falá ispigão, mais, nóis usá falá, usa fala mais é morro.” &

“((Então para, por exemplo para não pegar a geada vocês costumam dizer

que vão plantar?)) É: na, na, na serra, no ar/ da serra, no ar/ do ispigão,

otos fala né. ((Espigão é o nome comum aqui ou não?)) É comum.” / Nota:

por raiz mestra, pião. (A)

estopim, s.m. (A) Ver carnegão.

F

faiá, v. [falhar] (A) Ver arreganhá. “É diferente da : : faia intão a roça que num

lugarzinho que tá sartado dá uma seca, ela dá aquelas sortá : : sorta a

buneca ma num cunsegue graná o mio intão fica ‘quela faia.”

faiada, adj. [falhada] (A) 1. Ver catetinho. “Arreganhô a ispiga e num... Arreganhô

ispiga. ((IQ)) É faiada. Nós dizia que era faiada, né... é nós dizia assim que

era faiada a ispiga de mio.” / 2. adj. (A) Ver banguela. “Nói falava banguela .

((Outro nome?)) Faiada .”

famia, s.f . [família] Cada um dos filhos do casal. (A) “... Antes do tempo? ((É.))

Hemorragia. ((IQ)) É perdeu famia, né. ((IQ)) Aqui é perdeu famia. ((Só.))

É. ((Outro nome?)) Não num tem que eu saiba não. ((Não falam aborto?))

Não, aqui não. ((E perca?)) É perca que eles usa. ((É perca?)) É.” & “O

povo fala que cria, cria gême, né. A pessoa que tá criano famia cria minino

gême, né.”

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fanada, adj. (A) Ver catetinho. / Nota: também para feijão.(T) “feijão que não

grana pareio” (T)

fandango, s.m . Celebração regional dançada no Paraná ao toque da viola, baile

antigo. (M), baile antigo (T) “Era fandango, não era baile. Fandango. Ah!, o

baile e a gaita, i o fandango e a viola” (T)

fantasma, s.m . (A) Ver cão. “Redemunho. ((O que a mãe da gente falava que

tinha lá dentro?)) Ah, diz que é fantasma né. ((Não dizia que tinha outra

coisa lá?)) É diz que é fantasma, diz que é perigoso aquilo, né.”

farelar, v . [esfarelar] Tornar-se como farelo ou farinha, desfazer (a pele) (A)

“Não conheço viu. ((Já ouviu falar em “gipela”?)) Gipela já. ((O que é?))

Gipela é as coisa que dá cocera e farelera na perna da pessoa. É essa

gipela.”

feda, s.f. (A) Ver batê-cara. “Ah. Cumé é que chama, Hélio? Brinca de feda?

((Como?)) Feda. // ((Bom, você conhece por...))brincá de pique, brincá de

feda, corre, comé que é, corre-corre e/ comé que é? [ = pega-pega = ]”

fermera, s.f . [enfermeira](A) por parteira. Ver cegonha. “Partera. ((Outro nome?))

( ) enfermera. ((IQ)) Partera.”

ferrinho, s.m . Instrumento para cortar arroz parecido com a foice, também usado

para lascar troncos de pinheiro, na feitura de tabuinhas para cobrir casas.

(T) “Os, os antigo cortava co ferrinho, né?, cas pópia mão, né. Agora os

grande corta com a ceifa, né. Eles chega a ceifa lá e :: é pra já. ((É máquina?))

Maquinário. ((Aí vai rápido?)) Ma os piqueno inda tão cos ferrinho, né. Já

tão com poquinho memo. Intão tá co ferrinho.” / v.morf.: ferro.

ferro, s.m. (A) Ver ferrinho. “Agora é com colhedera, mas antigamente é com

ferrim. ((Tinha nome esse ferrinho?)) Não, era ferro de cortá arroiz, um

ferrinho torto.”

figo, s.m . [fígado] Órgão do corpo humano. (A) “Fica doendo. ((IQ)) Vai no

bucho. ((E o que vem dentro mais aqui da barriga?)) Dento da ba, tripa.

((Que mais?)) Paqüera, figo.”

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figuera, s.m. [figueira] (A) Ver beruga. “Assim que coça, né. ((Não. Tem gente

que fala que apontou a lua.)) É berruga, né. ((Como?)) berruga, pra nóis é

berruga, otos fala figuera sim pra num aumentá, né. ((Como?)) Uns fala

berruga otos figuera, sim pa num aumentá.”

fluita-do-adão, s.f. (A) Ver adão.

foia, s.f. [folha] Lâmina de ferro estanhado. (T) “O cuscuiz e depois que o miio ta

seco... daí a pessoa rala ele nua foia” (T)

fonte, s.f . Região da cabeça lateral aos olhos (parietal) (T) “É guizo. ((E o que

falam desse guizo?)) Ela, muitos fala que é pá punhá assim na fonte assim,

diz que é bão pa (aí) né, na vista. ((E o que são aqueles gominhos que tem

o guizo?)) Ali é os ano dela.” & “Pescoço. ((Essa aqui.)) Essa aí é. ((Diz que

não é bom bater, né?)) É a fonte da gente. ((A fonte é aqui, e aqui?)) Aí é o

pescoço.”

forquia, s.f . [forquilha] Parte de madeira do estilingue, forquilha. (A) “Tem fazê

uma forquia.” / v.f.: furquia. (A) / Nota: por cangalha, pedaço de madeira

colocado no pescoço do animal para que ele não pule as cercas. (A)

frango, s.m. .(A) Ver catetinho. “Diz qu’ é o sabugo, é um mio assim : : com’ é qu’

é um rastoio, um : : esse aqui deu ralo é um frango. ((Frango, né.)) Fala um

frango. ((Eles usam muito aqui.)) É, frango.”

frangoradinho, adj. Diz-se da plantação do feijão quando as vagens estão se

formando (A) “É... Dá um cripe no sol, né? Istraga a pranta, o feijão memo,

aquilo ali acaba tudo. Pode tá bunito do jeito que for, frangoradinho, derruba

tudo e num vai não. (( ... )) Os antigo falava que a gente tinha que fazê

cruzero de litro, branco na roça, faiz uma (dúzia) põe aqueles lua e larga,

diz que: num estraga a prantação, mais eu nunca fiz... e acho que nunca vô

fazê. Não, nun credito nisso aí não.”

fraqueza-nos-purmão, s.m. [fraqueza-nos-pulmões] (A) Ver corpo-seco. “Deve

sê fraqueza nos purmão, né? A pessoa fuma, fuma, tosse, tosse, tosse,

infraquece, e aí... né.”

fruta-do-pecado, s.f . [fruta-do-pecado] (A) Ver adão. “... Pois esse só home que

tem diz que é fruta do pecado, né. ((O que aconteceu?)) Se nós ingulisse

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era nós que tinha, né. ((Ele parou no meio?)) Ele parô no meio.” & “Esse

caroço? ... É garganta. ((IQ)) Esse aí diz que é a fruita do pecado. ((O que

contam?)) Pois esse aí é : : ( ) ... porque... Adão comeu a fruita do

pecado e parô então deu... se parasse na Eva tamém as mulher tamém

tinha mais : : mais nela desceu e parô nele... então ele que ficô, então ficô

os home só com esse carocinho na garganta.”

funda, s.f . (A) Ver atiradera. “Istilingue, setra, né, falam aqui. E eu cunheci por

funda.”

fundage, s.f . [fundagem] (A) Ver bagaço. “(Fundagem) ((Que joga fora.)) Isso é

(gagi). Sinão po/ sê bagaço, né. ((“Fundage” também?)) É.”

G

gaita, s.f . Instrumento musical composto de teclado e uma espécie de sanfona

que se toca em pé, acordeão. (T) “Já eu sei tirá guizo da cascavé. ((O que

representa cada nozinho?)) Os ano dela, vam supor se ela tivé deiz nozinho

ali no no naquele guizo é os ano dela tem deiz ano, até tirei uma veiz dezoito,

dezoito ano matei e tirei. ((Guardou?)) Guardei ele ali sabemo que foi ( )

muitos dizia que aquilo era uma simpatia medonha pá ( ). ((Era bom pra

quê?)) Diz que era bom até pra aprendê tocá instrumento aquele ali se o

cara tivesse toda aquele ali. ((Tocar o quê?)) Instrumento violão, uma gaita

aí, né, antigamente o povo fazia assim mas acho que é só uma bobage,

tirei, nunca aprendi nada...” / v.l.: sanfona. (T) / Nota: registra-se também

acordiona e cordiona. (T)

galo, adj. (A) Ver catetinho. “É aquele é mio galo né, nós trata mio gala, né.”

galo-cego, s.m. (A) Ver cobra cega.

gambeta, adj. (A) Ver cambaio.

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gangora, s.f. (A) Ver cangorra. “É aquela lá é a tal gangora, né. ((Como?))

Gangora. ((Mas não tem outro nome por aqui?)) É: o :: que eu sei: no meu

tempo era gangora, né.”

garganta, s.f. (A) 1. Por amígdalas. Ver amida. “As amídalas? ((Outro nome

mais comum?)) Mais comum? ((É. Ou o senhor falava esse?)) Tem até

garganta, cá gangan..., garganta é, garganta inflama tal, assim, da garganta,

a gente já falava assim, nem dizia amídala, nem nada, agora a gente já diz

as amídala.” 2. s.f. Por pomo-de-adão. Ver adão. “Esse aí num sei tamém.

((Não contam uma história disso daí?)) Nunca ninguém me falou isso não.

((Não? ... E a senhora fala que é o quê?)) Dizemo garganta. ((Só garganta?))

... ((mais nada?)) ... ((Não contavam uma história, falava que era da época

de Adão? Não? E quando a senhora vê assim um homem, não quer falar

garganta, fala que é o quê?)) ... Diz caroço, né.”

garrão, s.m. Parte traseira do pé, calcanhar (A, T) “Garrão. ((Esse aqui?)) É

carcanhá, né. ((Qual o outro?)) Garrão, garrão.”

garrote, s.m . (A) Ver cacete. “Garrote, né. ((É.)) Já iscutei garrote.” / Nota:

Também designa bezerro com mais de um ano. (T)

gatica, s.f . (A) Ver cangorra. “Aquele lá é a catica. ((Como?)) Gatica. ((Gatica?))

A gatica... é. Uma ba/ é tipo duma balança, intão faiz uma vorta assim. Meio

pirigoso, mei pirigoso. Ago/ esses tempo morreu uma criança assim, sobre

aquele brinquedo, né. ((esse que eu digo uma sobe outra desce.)) Pos é,

a balança, tem a balança que é a balança parada, né, tem a gatica que é

coisa também antiga que faz um buraco numa madera, assim numa madera

roliça, né. E: põe, intão a gente faz (incompreensível) assim rodiando, né,

intão é a gatica, né.”

gengibe, s.m. [gengiva] Local onde os dentes estão inseridos na boca, gengiva.

(A) “Gengibe. ((Como?)) Gengibe.” & “É gingive. ((Fala mais alto, um

pouquinho.)) Gingibe [riso]. / v.f.: gengiba, gengibra, gengiva, gengive,

gingibe, gingibre, gingiva, gingive, gingivre, gingivri, gingive, gingivu (A).

ginaste, s.m. (A) Ver baliza.

gingibra, s.f. (A) Ver gengibe. “A parte da frente qui? ((Aqui onde está o dente?))

É a gengibra, né?”

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gírio, adj . Diz-se de quem não apresenta comportamento dentro dos padrões da

normalidade, maluco. (T) “meio balanciado, meio gírio da idéia” (T)

gogó, s.m. (A)Ver adão. “Pois aquele diz qu’ é o... ( ) fala gongo... otro fala

num me lembro como é o nome. ((Gongo? Ou gogó?)) Gogó. ((Mais

comum?)) É argum fala gongo oto fala gogó agora não sei qualé o mais

certo. ((Já ouviu os dois?)... É já.”

goiva, adj. Diz-se da perna torta. (A).

goivara, adj. (A) Ver arcada. “É falamo que é: goivara. ((Como?)) Goivara. Fica

um coxo, né. Perna de coxo, goivara.” / Nota: também para um tipo de

telha.

gongo, s,m. (A) Ver adão. “Nós trata assim, uns trata gongos, num é. Da

garganta.” / Nota: também para piolho de cobra. (A)

grana, s.f. [glândula] Parte do corpo que prepara e secreta certos líquidos

orgânicos. (A) “A gente na na nossa língua fala grana” / v.f.: grândula, grana,

grânula, granga, grângola, grângua, grânola, landra. (A)

grânula, s.f. (A) Ver grana. “É as grânula. ((Como?)) Grana.”

grosserão, s.m . [grosseirão] (A) Por erisipela. “Eu nunca vi falá. ((Zipa?)) Não.

((“Zipela”?)) ... isipela que eu sei é: a: esse coiso que que dá um tipão assim

de: ... um grosserão ansim de sê coçá e daí parte tudo eu digo zipela pa

quilo... Esse eu intendo por zipela.” / v.morf.: grossero (A)

guacho, adj . (A) Ver catetinho. “É nóis falava miio deu chocho, deu grão ralo. E

aqui eles fala que deu miio guacho.” / Nota: Também para animal

amamentado com leite não-materno. (M, T)

guirim, adj . [ingrime] (A) Ver catetinho. “O mio tá: poquinho. Ele tá guirim. ((Não

tem outro nome por aqui?)) Num tem, só guirim. Cê fica abrindo os mio

guirim tudo.” / v.f.: ingri, ingrim, inguiro

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112

I

imbigo, s.m .[umbigo] Cicatriz do cordão umbilical no centro do ventre. (A, T)

“Aqui é a boca d’istâmbo que’les fala. ((Mas esse buraquinho aqui?)) Ah,

imbigo. ((Isso.)) Tão aí é mai pra baxo um poco.” / v.f.: embigo (A) / Nota:

também a inflorescência terminal da banana. (A)

impinge, s.f. [impingem] Doença de pele que se caracteriza por manchas brancas

que descascam. (A) “O impinge dá aquela mancha assim tipo duma roda e

dá um tipo duma farinha, né, é vermeia. = ... = e sorta uma aguinha e

coça, né. ((E para curar?)) Aquele cê faiz só com binzimento, simpatia mais

tem uma pumada tamém.”

incante, s.m. [encante] Coisa encantada, tesouro enterrado.(T) “i agora, bamo

la, rapaziada, tira aquele otro cavedar, aquele otro incante” (T)

incarregado, s.m. [encarregado] Substituto eventual do capataz. “Incarregado,

quando o capataiz sai, ele fica tomando conta, atendendo, até o capataz

chegá.” (T)

inchaço, s.m . (A, T) Ver cabeça-de-prego. “Tem que tirá o carnegão pá se não

inquanto não tirá não pára de saí boca. ((IQ)) É aquele que é o inchaço.

((Inchaço?)) É aquele é inchaço. ((Não conhece licenço?)) ...Licenço?

Licenço é o memo cabeça de prego que eu conheço... que um fala cabeça

de prego otro diz licenço mas o esse de bastante boca é o inchaço memo.”

ingenho, s.m. [engenho] Conjunto de máquinas para fabricar farinha de milho,

de mandioca ou aguardente. (T) “É, esse, também num vi. Eu sei que

existe, já ouvi falá, mas nunca vi desse aí. O que eu vi uma vez foi ingenho,

né, esse negócio de ingenho de virá... do... água, pra tocá maquinário, parece

que de: de moê: mandioca, essas cois’assim, moê milho.”

ingraxado, adj. [engraxado] Diz-se do que está gorduroso. (T) “Bem ingraxadinho,

c’ua cebolinha, fica bom barbaridade” (T)

ingrim, s.f. [inguiro] (A) Ver catetinho. “Tá ralo na ispiga? Ele num granô direito

né. ((É, mas como é que ele chama, tem um nome para essa espiga? Para

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113

ese milho que não granou?)) Esse num tô lembrado. // ((Que nome que o

senhor dá para esse milho?)) É: inguirim, né. É quando ele tá formado, daí

ele num tá granado ainda sai, tão é inguirim”. íngua, s.f. (A) Ver amida.

“Uns diz que é íngua, otros diz amídula. ((Como?)) Amídula. ((Ah! sei e

“gângla” é só aquele rabinho?)) É.”

ingüera, s.f. (A) Ver amida.

ingurvada, adj. [encurvada] (A) Ver arcada. “Perna ingurvada. ((IQ)) É torta.

((Outro nome?)) Perna torta é esses nome eu uso falá.”

intendente, s.f. [atendente] (A, T) Ver cegonha. “A partera. ((Outro nome?))

Intendente aqui nós falamo intendente. ((Outro nome?)) Não eles falavam

a partera.” & “É argum fala intendente, oto fala : : ... ‘squeci do oto nome que

sempre fala... qu’ é de muié que que vai cas otra assim ganhá nenê chama

intendente.”

intindida, s.f. . [entendida] (A) Ver cegonha. “Ah, eles dizia uma partera, né. ((Outro

nome?)) Não. ((IQ)) Uma partera uma intindida, né, antigamente dizia uma

intindida.”

inxadão, s.m. [enxadão] Ferramenta para cavar, semelhante a uma enxada. (T)

“Inxadão é de ará terra” (T) & “Picareta. ((Outro?)) Inxadão. ((Como é o

enxadão?)) Sabe que é mais arto que a inxada e mais istreito.”

ioioca, s.m. Fenômeno respiratório involuntário com ruído característico, soluço.

(A) “Ele :: ele tá com ioioca. ((Como?)) Ioioca.” / v.l. jejoca, jujoca, jojoca,

ipo, saluço. (A)

ipo, s.m . (A) Ver ioioca. “Soluça. ((Não tem outro nome por aqui?)) Não, a gente

sabia quando era criança por ipo. ((Ipo?)) É. Uh! Nenê tá com ipo.”

iscondê, v. [esconder] (A) Ver acusado. “Brincá de isconde né, de iscondê. ((É.

Tem um outro nome?)) Não. ((Quando eles brincam, que esconde, que um

corre atrás do outro?)) Não.”

isconde-isconde, s.m . [esconde-esconde] (A) Ver acusado. “Eles tão brincano

de: isconde-isconde otos fala: pique né. ((Outro nome?)) Só que eu tô

lembrado. Mais algum?)) Tem. É. Tem a feda que’les fala né.”

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isfolado, s.m. [esfolado](A) Por bolha d’água. Ver bixiga. “Um isfolado, né.((Uma

bolinha.)) Bóia d’água. ((Como?)) Bóia d’água.”

isfregadera, s.f. [esfregadeira] Tábua inclinada para lavar roupas, com água ao

lado.(T) “I antes tempo não usavum isfregadera, assim, de lavá ropa assim

de pé, era sentado na tábua.” (T)

isparrama-bosta, s.m. [esparrama-bosta] (A)Ver alpacatas. “O come quieto.

((Outro?)) Pé de cachorro. ((“Esparrama bosta”?)) Isparrama bosta.

((Falava?)) É falava isparrama bosta, pé de cachorro, come quieto. ((Mais

falado?)) Aqui é : : aqui é come quieto, pé da cachorro memo.”

istamo, s.m . [estômago] Órgão do corpo humano no qual se processa parte da

digestão, estômago (A) “Dá mal estar, o : : istamo ruim, imbruiano. ((Às

vezes fica queimando, né.)) É uma queimação, uma azia.” / v.f.: istomo,

istamo, istômego, istâmudo, istâmugo, istômago (T) estâmago, estambo,

estômego, estômogo, istambu, istamo, istâmugo, istango, istômego,

istômigo, istômogo, istômugo (A).

istilingue, s.m . [estilingue] (A) Ver atiradera “Istilingue. ((Outro nome?)) Aquele

tempo meu pai chamava de setra. Mas o nome certo é istilingue, né. ((Mas

também conheceu como setra?)) Cunhici.”

istômiu, s.m . [estômago] (A) Ver istamo. “E tem o bordo, tamém, probrema de

istômio é um grande remédio.”

istomo,s.m . [estômago] (A) Ver istamo. “Foi que purque num feiz digestão, né.

((E o que é isso que a gente fica sentindo? Essa dor, essa queimação?)) Aí

é do istomo. ((Daí a gente fala que tá com quê?)) Fala que dá dor de istomo.”

istômugo, s.m. [estômago] (A) Ver istamo. “Dor do istômugo. ((Dá aquela dor

de estômago e eu chamo de quê?)) Dor de istômogo. ((Falam azia?))

Não.”

istributi, s.m. Inflamação na unha. (A) “Unhero. ((Tem outra?)) Não. ‘stributi.

((Como?)) Istributi. É, tem o unhero e o istributi. ((Como é essa?)) Unhero

come a unha, istributi fica preto. (Preteia.) a unha assim, preteia e fica

purgando tuda vida, e unhero pega e cai a unha tudo. ((Esse não cai a

unha?)) Não, só fica inflamado o tempo.”

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istrivo, s,m . [estrivo] Última bebida, tomada antes de partir. (T) “Bamos toma

um istrivo, ua saidera...” (T). / v.l.: saidera

istrupisia, s.f. [hidropsia] Doença de pele cujos sintomas principais são

vermelhidão e inchaço. (A) “É, incha, né, dá tipo uns, dá té uns, dá té

istrupisia, né? Mais eu nunca cheguei a vê.”

J

jaguari, adj. Variedade de arroz. (T) “Esse cateto japoneis que falum” (T) & “Aroiz?

((É.)) Jaguari, catetinho, treis meia nove, cento e vinte cinco, essas quatro

qualidade.”

janta, s.f . Refeição feita no começo da noite. (T) “Dá armoço, dá café i janta” (T)

& “...dava trabaio pra chegá lá, né, aí eu tive que voltá na casa otra veiz e

minha tia fazê otra cumida otra veiz pra levá lá pos camarada, atrasô, sabe,

intão ficô, quando eu cheguei voltá lá, a hora que eu cheguei volta lá co

almoço pra eis era hora da janta, já, ele tava brabo pra daná, é má ocê

demorô purque tal e, mais era longe, né.”

jaula, s.m. Variedade de feijão, gialo (do italiano). (A) “Ah,fejão tem o jaula né, o

carioquinha que fala o ... Ah eu num me lembro ma não.” / v.f. jalo, jaulo.

jojoca, s.m . (A) Ver ioioca. “Jojoca. ((Outro nome?)) Conheci por saluço. ((E

jojoca?)) Jojoca é o mesmo, tem o mesmo sintido, só que o modo de falá

que é dois, um fala jojoca, oto fala soluço. ((Como curar?)) Bom, diz que é

a simpatia, né, se a pessoa tá com, memo pra gente grande se dá um

saluço forte na pissoa diz que se tomano nove gole d’água sem tomá fôlego

diz que melhora, intão sistema que tem puqui sinão quando isquecê, sinão

pegá uma mentira bem forte na pessoa tamém diz que para.”

jorba, s.m .[zorba] (A) Ver carção. “Calção, uma jorba, né. ((Tem algum outro

nome?)) Que eu sei não. Antigamente era cilora.”

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junta, s.f . Área de articulação entre entre o osso da perna e o pé (T) “Aí é

canela. ((Outro nome?)) Carcanhá. ((Quando termina a perna / )) A junta,

junta. ((A junta, né?)) É.” & “Esse, é junta do pé.”

justá, v .[ajustar] Contratar empregado, ajustar. (T) “Se fizé aí dois arquer de

roça, i tive na fiúza de justá camarada, (...)” (T)

L

ladrão, s.m. (A) Ver alpacatas. “Lembro e aquele tem uma quantia de nome.

((Então fala.)) Lá no mato nós cohecia por arpagata, o ladrão e o chipes,

chipes. ((Chipes?)) É chipes é aquele trançadinho de barbante sola dura,

né.”

landra, s.f. (A) Ver grana.

laranja, s.f. [laringe] (A) Ver amida.

larige, s.f. [laringe] (A) Ver amida. “A larige .”

lejado, adj. (A) Ver alejado. “Aquele, lejado. ((Outro nome?)) Perneta, um chama

perneta, intão acho que deve sê sim.”

lejo, s.m. [alejo] Ferida provocada por um corte. (T) “um lejo é um taio bem

grande.” (T)

lera, s.f. Amontoado de cisco, no meio da “rua” da plantação (T) “Usa é aquele

é tombadô... e tem o arado, bico de arado e tem a chapa também que põe

o animal pa carpi, intão passa no meio da lera. ((Passa no meio da?)) Da

lera de milho, pa prantá rua de milho uma pra lá otra pra cá, daí põe o

animal, e puxa o animal por dento assim e quem ( ) pra trais já vai passano,

intão.”

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lergia, s.f . [alergia] Por doença de pele que produz coceira, vermelhidão e

encaroçamento principalmente nas dobras de pele, sarna. (A) “Hum... po/

pode sê sarna tamém, né. Ô lergia tamém pode sê.((Como é o nome?))

Sarna.” / v.f.: legia, negia. (A)

leti, s.m . [leite] (A) Ver batê-cara. “Lêti. ((Como?)) É brinca de leti. É. ((De que

mais?)) Eles fala salva, né. ((Que mais?)) É só isso qu’eu conheço. ((“Leti

e salva”?)) É.”

licenço, s.m. [leicenço](T) Ver cabeça-de-prego. “É nós trata de ferida. ((Mas.))

Tem tem o licenço. ((Licenço.)) É : : otro trata de cabeça de prego. ((Cabeça

de prego é o mesmo licenço.)) É o memo licenço.”

lonanco, adj. (A, M) Ver cambaio. “É... é manco. ((Outro nome?)) [Alguns dize

lonanco.] Lonanco. ((Conhecia.)) Lonanco, conhecia.”

lubisome, s.m. [lobisomem] Ente sobrenatural com a aparência de cachorro

(T). “Do lubisome? O lubisome minha vó falava nos cachorro latiam ãssim

latiam ela dizia fiquem quieta que pode sê o lubisome era quarta e sexta da

curesma intão senhora tinha aquela... aquele cunfusão... via lubisome.”

lumbriga, s.f. [lombriga] Parasita intestinal (T). “((Chá pra quê?)) Da canela? É

só de lumbriga da criança tamém é bom aquilo ali pá.”

M

macete-da-boca, adj. (A) Por banguela. Ver banguela.

mãe-do-corpo, s.f . (A) Ver amada. “Uti. ((Outro nome?)) Lá no mato eles falava

a mãe do corpo é.” / Nota: parte superior do corpo humano (M).

mãe, s.f . (A) Ver batê-cara. “Brincá de mãe. ((Outro nome?)) Ais veiz dizem

vamo brincá de se escondê, né.”

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magaço, s.m. (A) Ver bagaço. “Quele magaço da cana. ((Como?)) Assim o

magaço da cana.”

maiadera, s.f . [malhadeira] (A) Ver batedera. “Nóis aqui surramo ca vara, nóis

num tem, num tem malhadera, agora tá vindo a malhadera, nóis aqui

ponhamo terrero, isquentamo dexamo, arrancamo, dexamo na roça ele

secando ali tá bem seco, puxamo pra cá ‘squentamo no sol e surramo

c’uma vara, aí jogamo a palha e juntamo o fejão c’a, co cisco do ( ) vamo

aventá na penera quem não tem aventador não é, muitos já tem aventador

daí aí a motor intão daí rende muito.”

mal-de-peles, s.m. (A) Ver istrupisia. “É mal de peles, né. Mal de peles. Mal de

peles. Não, não tem. Eu chamo mal de peles.”

mal-granada, adj. (A) Ver catetinho. “Aquela é que num granô bem; mal granada.”

maloiado, s.m. [mal-olhado] Poder que se atribui a certas pessoas de fazer mal

para quem olham, quebranto.(A). “Eu nunca usei. ((Mas o que as outras

pessoas falam?) Só sei maloiado.” / v.f.: maloiado, mar-oiado. (A)

manco, adj. (A) Ver conxo. “É tem a perna mais curta que a outra. Ah! Aquele é

coitado tem a perna mais curta que a outra. ((Nome mais comum?)) É

alejado, né. ((Só alejado?)) Alejado, maneta, alejado da perna. E é de

assim de vê uma pessoa aí, uma perna mais curta que a outra, é, ( ) o

home precisa de, o, o, a, acupá aquela maneta do lado, né, pa se apoiá, se

incostá, né. ((Não chamam de manco?)) É, dizem ó’lá o manco véio, né.

((Manco.)) Argum por marvade até diz de gritá, ó’lá o manco véio, né... À

veiz não sabe que pode tamém à veiz um dia / ((É ficar, né / )) Ficá manco,

né?”

manguá, s.m. (A) Ver batedera. “Com manguá. ((Como é?)) Manguá tem uma

madera cumprida e tem uma corda pa atá nas duas ponta e atra/ e no oto

lado tem um pedaço mais piqueno, sabe e daí ata a corda e marra, gente

bate lá, com pano, fejão em cima d’um pano, sabe.”

manivela, s.f. (A) Ver bobinete.“É a manivela, né. ((Aquela corda vai enrolando

ali, chama manivela?)) É.” & “Num sei o nome disso aí... como é que é...

sario, sario. Não num sei certo não. Não não isquento... falo manivela, eu

conto tudo junto. ((Tudo é manivela?)) É.”

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mar-de-sete-dia, s.m . (mal-de-sete-dias) Doença infecciosa no umbigo, tétano

de recém-nascido.(T). “Fala que é mar de sete dia, tomô vento, recebeu

visita na sua casa... E tinha que ficá no iscuro dia de sétimo dia pa num vê

ninguém de fora pa num pegá ar no imbigo. ((Ah, então quando o nenê é

pequenininho e vê alguém de fora...)) Daí ele pega a duença, né, po cause

que antes de sete dia, no dia de sétimo dia num pode tirá na cozinha e num

pode ninguém de fora visitá. ((E tem que ficar...)) Se não sapecá as mão no

fogo não pode visitá os nenezim. Os meu neném é assim. ((Pra ir visitar o

neném tem que...)) Pa i visitá o nenê que tá com sete dia, se fô da, uma

ermã, um padrinho da criança o/ aliais uma madrinha, tem que sapecá o

fogo na er/ , fazê o fogo e ponhá pó de erva, mato e sapecá bem as mão pa

entrá lá no quarto, e se sapecá a ropa, senão não vai, que senão pega

duença na criança. ((Tem alguma erva própria?)) Tem, é erva mate, essa

erva que compra nós pacote nas loja. Se num sapecá num pode, tem que

ficá no iscuro a criança, o dia todo do sétimo dia porque pega doença se tivé

visita de fora. ((E é só no sétimo dia?)) Só no sétimo dia, meus nenê

nenhum eu nunca tirei na cozinha, e nunca levei visita dento do meu quarto.

((E tem alguma simpatia?)) É, não, nada de simpatia.))” / v.l.: ar-de-sete-dia

(T)

mardades, s.f . [maldades] (A) Ver carnegão. “Pus. ((Outro nome?)) ... Mardades...

a gente diz.”

mardita, s.f. [maldita] (A) Ver cabeça-de-prego. “Aí já é um tumor, né. Quando é

grande já num é ma licenço, já é um tumor, né ((Outro nome?)) dizem que

( ). ((Já ouviu falar em maldita?)) Ouvi falá. ((O que é?)) Dizem que é

também é um tipo de licenço também, quando sai em algum lugar a pessoa

não inxerga dizem (aquilo). ((Chamam de quê?)) Aí esse nome mardita.”

maria-bolacha, s.f. (A) Ver amarelinha. “Maria bolacha = ((Conhece essa

brincadeira?)) Não conheço.”

maria-condê, s.f. (A) Ver acusado. “Maria condê ( ). Maria condê, vira as costa e

vai s’iscondê.”

mau-oiado, s.m . [mal-olhado] (A) Ver maloiado. “Guiné e arruda, e paia de aio

eles usam, né? Essa, muita essa gente do nordeste, né, eles usa fazê esses

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negoço, né, e / ((Pra espantar mau olhado?)) Ispantá mau oiado, ( ) essas

coisa.”

melequinha, s.f. (A) Secreção amarela que aparece nos olhos. “Aqui usa falá ::,

oiá no otro falá ( ) melequinha no canto dozóio” / v.l.: puis, regina, tramelinha,

tremelinha (A)

mialho, adj .(A) Variedade de milho.

micuim, s.m. Doença de pele que provoca coceira e feridas, sarna. (A) “Miqüi é

um : : bichinho piquinininho que tem : : ... é bem miudinho mas se ele se : :

dá o miqüi num animal aí se não passá sarnicida uma coisa nele... acaba

co/ bicho pelá tudo, né; é um bichinho piquininho, à veiz mais gruda ali que

nem que nem mema coisa de carrapato assim gruda e não sorta então tem

que passá um veneno nele qu’ele. ((Não é o mesmo carrapato?)) Não : :

((É diferente?)) Micuim é bem mais piquininho, é bem deferente.” / v.l.:

micuim-da-chujera (A)

milita , s.m. [melita] Filtro de papel para café. (A) “No coadô ? A gente passa

sempre no coadô, como tem também, tem a milita também. ((É.)) É, argum

usa.”

mingau, s.m . (T) Ver curau. “Do mio dá pra fazê quirera, farinha, fubá: muntos

tipo de cumida, né. ((Do milho verde?)) Tamém, né? Faz, você faz mingau,

ocê faz um botão, cê faiz uma pamonha, cê come cuzido, né? O mio verde

dá pa fazê muito tipo de cumida.”

miolo, s.m. (A,T) Ver caracu.

monjolo, s.m. 1. Engenho tosco para socar milho, movido com água ou

manualmente (T). “Porque tem:, pode sê intão ( ) no é pa puxá água. ((Que

essa do moinho é para mexer o moinho.)) É a água que faiz, né. ((A é a

água que faz.)) Porque uma vez meu pai fez um ( ) co negócio de mandioca

intão ele, feiz um ( ) pa lá de água tudo, pá água fica aí, pá virá po mó de

moe. Intão pá servi pa monjolo. A água cai. ((É um pouquinho diferente.))

Ago/ esse aí eu num sei não. ((É porque essa aí é uma roda que fica no

chão né, e vai rodando a água.)) É. ((Esse não o vento bate e vai puxando

a água.)) Não esse eu num.” / v.f.: minjolo, munjolo. (T) 2. s.m. (A) Ver

cangorra. / v.f.: manjolinho, minjolim, minjulinho (A)

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munha, s.f . (A) Ver arguero. “É o cisco né, quele pozinho, né.((Outro?)) Pra nói,

nós trata cisco né, ansim. ((Tem gente que bate o feijão e deixa na sujera,

né.)) Na munha, né”

munha-do-cuadô, s.m . [munha-do-coador] (A) Ver bagaço. “ Munha. ((O pó.)) A

borra que dizê. É munha do cuadô, é borra do cuadô.”

muringa, s.f. [moringa] Recipiente de barro para água.(T) “O pote e um i a

muringa e otro. o que tem arca e a muringa. Os dois tem tampa de barro” (T)

N

náfico, adj. (A) Ver cambaio. “Manco, né. ((Outro?)) Num sei. ((Para quando

puxa a perna?)) Só conheço por manco. ((E quando é animal?)) A gente

fala náfico, né. ((Para gente não?)) Não, pa gente é disajeitado, né, po

causo que: pessoa humana num pode tratá como animal já, né. Animal a

gente já trata assim, tipo assim náfico, né e: , pa gente chamá uma pessoa

de náfico a pissoa pode achá ruim co a gente, né. ((Tem lugar que chama.))

Isso é tem pessoa, tem lugar que chama mais... eu acho ( ). ((Aqui não?))

Aqui memo... ninguém vê chamá, né, puque: povo muito revortado, né, pode

achá bom e pode não, né.” & “É: comé que ís dizem é: / / Manco.

((Também?)) É: uns dizem náfico otos dizem... ((Fala de novo.)) Náfico?

Ó uma pessoa bem náfico. Antigamente só dizia ansim náfico.” / Nota:

também para cavalo com um quarto caído (T).

narrote, s.m. Corrimento do nariz no resfriado e gripe (A) “É aquela lá a gente

num tem nome a gen/ o: o memo num sei o nome. ((O senhor não fala

ranho?)) ... É uns fala assim também. ((Ou narote?)) Narrote /sas coisa.

((Qual que é o mais comum pra o senhor?)) É narrote. ((Esse é menos

italiano.)) Eu não falo ( ). Eles fala /sim sempe arrastado, né. ((Não mas

eu sei, o que eu aprendi foi o italiano é que onde descendentes de italiano,

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né, eles apresentam esse nome.)) Que o italiano geralmente, né, no : o

erre é é o (tem poco). Ele sempre quando é vai dois erre (coisa) um, né.” /

v.f.: narótia, narrótia. (A)

nhanguinho, s.m. (A) Ver cão. “Redemunho. ((História?)) Quaje não. Um diz

que é o nhanguinho. Pos é o diabo ué, do redemunho, né?”

nó, s.m. (A) Ver adão. “Bom, esse aí incrusive eu num sei ixplicá direto, falam

que é nó na garganta a pessoa tem, que os home tem, né. ((E por que que

tem?)) Esse aí, esse nóis sabe que foi a fruta do pecado que um home

cumeu, né.”

nonanco, adj. (A) Ver cambaio. “Perna aberta. ((Outro nome?)) Esse aí é nonanco

mesma coisa que eu tava falando, né. ((É o mesmo?)) É puque... tem

gente que fala ( ). ((Também?)) É. ((Perna torta?)) É. ((Ou é.)) Pra

queles que anda mancano assim.”

O

olho bom, adj. Diz-se de quem tem boa visão, que enxerga bem. (A) “Aquela é

istrela, istrela da alva..ela tá aqui quem tivé olho bom ela tá andando aqui

junto com a lua.((Junto com a lua?))É... istrela da alva é até de manhã cedo

ela tá’li só ela, né, as otra já.”

opargata, s.m .(A) Ver alpacata.

osso-do-quarto , s.m. Osso da parte superior da perna, fêmur. (T)

oviero, s.m. (A) Ver amada. “Tem que sê oviero. ((Como?)) Tem que sê oviero.

((Outro nome?)) [A senhora sabe, puis quantas vezes a senhora conversô

comigo e me falô que tem época que ela anda.] A bixiga? [Não, mãe do

corpo.] Ah, mãe do corpo.”

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P

pacente, s.f. (A) Ver amada.

paeta, s.m. (A) Por sarilho de poço. Ver bobinete “É... aquele é... cumé que diz

aquele um? Nós dizemo paeta, manivela, né, rolete. ((Paeta também?)) É,

paieta toca o rolete, né. ((Assim?)) Aquele que enlea a corda é rolete, né,

e aquele de pegá aqui é... nóis dizemo manivela, paeta, né. Tempo bem

antigo é paeta.”

pai, s.m. (A) Ver batê-cara. “Brincá de se escondê. ((Outro nome?)) Não, que

eu sei não. ((IQ)) ... ((Vocês só falam que é brincar de.)) De cobra, cega.

((Não, esse IQ)) De pai. ((Como?)) Brincá de pai. ((Outro?)) [Não].”

paió, s.m. [paiol] Local onde se guardam os grãos da colheita. (A) “Ah, a cortadera

é... dá pa fazê buraco. ((O senhor tem?)) Tenho, vai lá ( ) vai lá no paió de

milho lá tá lá a cortadera pegue lá, parece que tá lá no galinhero.”

pamonha, s.f . Alimento doce ou salgado feito de milho verde ralado, coado,

misturado ao leite e cozido envolto na própria palha do milho.(A, T) “Mais é

a pamonha, sora, já cumeu, né? ((É na palha, né?)) É. ((Que é cozido,

né?)) É cuzido na paia, é tirado do milho, ponhado numa paia, né? É

amarrado ela / Cozinha na panela. Agora o doce de milho eu não comi.

((Não?)) Não. ((Então esse a gente faiz lá, faiz na panela. Só com aquele

caldo, né?, e põe lá e vai apurando. Lá a gente chama curau. Aqui o senhor

não conhece?)) Não sinhora.”

pandorga, s.f . (A) Ver aviãozinho. “Pandorga. ((Outro nome?)) Que eu cunheço

é só esse memo.” & “Num sei se dizem rabo. ((Como?)) Rabo, balão.

((Não falam papagaio, pipa?)) Acho que essa tamém : : ((Falam pandorga,

pandoa?)) Ah! Pandorga, é. ((Como?)) É pandorga. ((Ah! Pandorga.)) É

isso aí.”

panela, s.m. (A) Ver dente-chato. “É: as penela que diz do dente, panela. ((Outro

nome?)) Tem o: cumé que diz... tem a presa tem o quexar, dente do quexar.

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panquela, s.f. [banguela] (A) Ver banguela.

pão-doce, s.m . (A) Ver alpacatas. “Num cheguei conhecê. Não. Ah, era tipo...

se quisesse fazia um chinelo também. Muitos tratava de Pão-doce. Pão-

doce. Aqui pra nóis era custumado assim. É... tinha um otro dizer que eu

tinha isquecido, mais é que é... lá uns tempos atrais, né? Intão hoje quase

não ixiste isso aí. ((Nome antigo?)) Não lembro. Pão-doce. ((Ouviu falar

em pargata, paragata... )) Eu vi falá, sim. ((É esse nome?)) Era esse

nome. Esse memo.”

papagaio, s.m. (A) Ver aviãozinho. “Nóis fala de papagaio, otros fala de pipa né.”

papa-vento, s.m . (A) Ver aviãozinho. “Ah! O papavento. ((Outro nome?)) O

barquim. ((IQ)) Aí é o papavento, né. ((Não tem outro nome?)) Papagaio.

((Papagaio.)) É, papavento, eu tô c’a cabeça pensano papa, vento. ((E o

papagaio não tem outro nome por aqui? Pandorga, piga?)) Não sinhora.

((Só papagaio?)) Papagaio de falar que a sinhora qué dizê? ((Não papagaio

brinquedo.)) Ah! Não, é só esse mesmo. ((Só papagaio.)) É.” / Nota: Também

uma espécie de lagartixa. (A)

paragato, s.f. (A) Ver alpacatas. “Um paragato. ((Outro nome?)) Um come queto.

É... paragata e come queto. ((Outro nome?)) Não qu’eu conheci só esse,

paragatu, uns falava paragata, otos falava come queto, otos falava paragata

roda. ((É falava tudo.)) É é tudo treis nome ele tem treis nome.”

pargata, s.f. (A) Ver alpacatas. “Sapatão num pode sê, sapatão na roça. ((Não,

IQ)) Ué, será que eu num conheci esse sapato / ((IQ)) Arigó, pargata,

eles dizia pargata tamém. ((Pargata e aligó?)) Arigó”.

partera, s.f. (A, T) Ver cegonha. “É a partera, né. ((Outro nome?)) Tendente.”

pataca, s.f. (A) Ver bacia (1) “Jueio aqui? ((É.)) A pataca do jueio, né.” & “Pataco.

O joelho é o mesmo pataco, né?”

patorca, s.f. (A) Ver aviãozinho.

pau, s.m. (A) Ver cacete. “Quando o pessoal colhe bastante, estende uma lona

grande no terrero pode batê (com mais uma lona) com cacete mais ele,

quando é poquinho tira do pé debulha ele e ( ). ((Esse cacete tem nome?))

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Pá mim num tem não, num conheço o nome dele nos chama cacete memo.

Cacete, um pau... mas ele tem nome também.” / Nota: também usado para

árvore, madeira. (A)

pavana, s.f. (A) Por pó do feijão batido.Ver arguero. “Pavana, né. ((Como?))

Pavana.”

peça, s.f. (A) Ver narrote / Nota: designa também um compartimento da casa,

cômodo. (T)

pé-de-anjo, s.m . (A) Ver alpacatas.

pé-de-cachorro, s.m. (A) Ver alpacatas. “Ah, aquele chama pé de cachorro.

((Tem outro?)) É paragata. ((É.)) Os oto fala paragata mais a gente memo

conhece por pé de cachorro.”

pé-de-caxão, s.m . (A) Ver alpacatas. “(Outro nome?)) Tinha pé de caxão. ((Pé

de caxão.)) Pé de caxão. ((Tinha mais algum assim?)) Não, era um pé de

caxão. Num dizia alpargata, dizia arpargata. Buscá um par de arpargata pra

mim purque sinão daqui a poco, fazê uma ropa, tem que lá em casa da

cumadre e do cumpade. Alpargata.”

pé-de-chinelo, s.m. (A) Ver alpacatas. “Come queto. ((Outro nome?)) Pé de

chinelo, pargata. ”

pé-de-gato, s.m. (A) Ver alpacatas. “A paragata, nós tinha, usava muito aquilo a

paragata.((Outro nome?))Tinha o pé de gato.”

pé-de-pato, adj. (A) 1. Ver cambaio. “Aí nói chamam aqui de pé-de-pato.” 2. s.m.

Ver cão. “Redimunho. ((Estória.)) Num lembra, né, nós dizia assim um

redimunho que dava assim, né, té com sol, né, também dá, né. ((O que tem

dentro?)) Ma não sei. ((Por que não pode chegar perto?)) Então a minha

mãe dizia o pé de pato, né, diz que é. ((O pé de pato? Muitos têm o sistema

de... )) Se benzê, né. ((Por que benzer?)) Pra mode tropelá ele, né.

((Atropelar quem?)) Tropelá o.. eles dizem que aquele lá...uns dizem que é

o chifrudo, né.”

pé-de-pomba, s.m. (A) Ver alpacatas. “Sei, sei. Conga. ((Outro nome?)) Conga

e ... ((Conga era de borracha não era?)) É tinha conga de borracha mesmo.

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((Como é que chama isso aí? [Interupção de um trovão])) [38] Um arrebento?

((Tinha aquele sapato de lona, né, e a sola era de corda.)) Tinha gente, às

veiz, o pé de pomba tamém. ((Pé de pomba?)) É. É de lona. De lona, e por

baxo é de corda. É, e tinha otro nome tamém é, num me lembro comé que

a gente diz. Aquele é muito antigo já faiz tempo que num vi.”

pé-de-rolo, s.m . (A) Ver alpacatas. “Eu por todos os antigo conhecia como pé de

rolo, pé de cachorro, né? = Pé de cachorro naquele tempo, né? = Pé de

rolo era minha mãe que dizia = Que aqueles carçado não existe mais, num

tem, pra cá num vem mais daqueles carçado.”

pega-pega, s.m. (A) Ver batê-cara. “Num sei, acho que é pega-pega , né?”

pelamunia, s.f. [pneumonia] Doença inflamatória do pulmão, pneumonia (T), para

tuberculose (A) / v.f.: pantomonia, penamonia, penemunia, penomonia,

peumonia, pilamunia, pomonia, pormonia (A), prumunia (T)

pele-do-olho, s.f . (A) Ver capa-do-olho “Não. ((Capa do olho?)) Não... não eles

diz pele do olho, né.”

pelote, s.m. Projetil de barro para estilingue ou bodoque (T). “Dumingo nois imo

fazê uns pelote, i sapecamo cum grimpa...” (T)

pé-na-lata, s.m . (A) Ver acusado. “Chama: = Costa na arve? = ((Você não brincou

disso?)) = Já mai ele num lembro mai não, quele brinquedo ca gente fica na

árve contano, otos , dispois a gente vai pegá como que chama?... Pé na

lata, mais é diferente. = ((Como?)) Pé na lata, otos fala pé na lata. ((Outro?))

Tem o... memo. ((Eles se escondem e sai pega.)) É fala pé na lata memo. =

Os duro mole, né, queles brinquedo de criança duro mole, um bate duro

otos vem solta, dá mole. =”

perca, s.f . Interrupção da gravidez humana, aborto. (A) “... Um aborto. ((Outro

nome?)) Lá no mato eles falavam perca.”

perna-aberta, adj. (A) Ver cambaio. “Quele é alejado. ((Mas às vezes aleijado,

né, é normal, só que fecha, a pessoa que fecha a perna e não encosta aqui,

fica assim a perna.)) É, num sei, né. ((geralmente quem anda muito a

cavalo, né, homem geralmente tem a perna assim. A gente vê aquela pessoa

com aquela perna aberta assim, fala que é, que é uma pessoa o que?))

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Perna aberta. ((Não dá nome mais engraçado? Já ouviu falar em cambaio?

Não?)) Não.”

perna-de-lavá-milho, adj . (A) Ver arcada. “Perna de lavá milho. ((Por que

Tereza?)) Por que ela é torta. ((É. Por que lavar milho?)) Lavá... daí pra fazê

farinha. ((Não. Como é que você falou?)) Lavá milho, né, a perna torta, por

fora, pé de pato. ((Isso.))”

pêssego, s.m. (A) Ver adão.

pestana, s.f. (A) Para pálpebras e sobrancelhas. “ ... ((O que é pestana?))

Pestana é aqui. ((Aqui em cima?)) É. ((Mas você não disse sombrancelha?))

[Risos] ((Pestana é qual?)) ... Pestana é aqui, e aqui é sombranceia. ((Então

pestana é o que dá aqui na pele.)) É.”

petebê, s.m. (A) Ver alpacatas. “Eu cunheço aquele quichute, pé-de-cachorro,

petebê, come quieto. Sofre sozinho. ((Mais algum?)) Sofrê sozinho

purque cê pensa que tá carçado e num tá nada. Num dá nem pá passá

perto do ispinh/ que já finca tudo na gente. Intão ce tá co ele no pé, tá o

memo que tá discarço, tá sofreno e num tá veno.”

piá, s.m. Criança do sexo masculino, menino, garoto. (A, T) “Nóis não saía

passiá, nóis não ia matá, nóis não ia em bar, nem nada. Tão se reunia broco

de quinze, vinte, trinta piá e se largava nesse matão.” / v.l.: guri, minino,

muleque (T)

piança, s.f. (A) Ver bronquite. “Que dexa a pessoa magra é : : bronquite, conheço

por bronquite, asma que uns diz asma tamém. ((IQ)) [Senhora diz: - chio.]

É uns diz chio, né, nós conhecemo por chio, otro dize o [Senhora diz: -

piança.] ((Como que é?)) O piança é a pessoa que tem muita tosse, né, qu

é atacado. ((IQ)) É bronquite puque otra eu num sei com’é qu’é. ((Aqui

vocês não conhecem tuberculose?)) ... Aqui, ói, falaram certa veiz que o : :

minino da Lourdis tinha lá... essa tuberculose. ”

pião, s.m. [peão] (A) Ver camarada. “Hoje num tenho nada, graças a Deus só os

filho que é meu, né. Mas naquela época pecisa vê, né, eu não sendo pião se

tornei num pião, né. Então por mim aquilo lá num serviu bem purque eu

tinha casa da minha mãe e do meu pai pá morá que morava do oto lado, né,

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mais sempre nóis apurado, né, intão aí eu achei minha véia aí, minha véia

biruta.” / Nota: também para raiz mestra, principal. (A, T)

piazada, s.f. Conjunto de crianças do sexo masculino, garotada. (A) “Turma de

piazada( ) se embalava ali. Não é que nem hoje, hoje já é otros tipo de

brinquedo.”

picareta, s.f . Instrumento para cavar solo duro. (T) “Picareta. ((Outro?)) Inxadão.

((Como é o enxadão?)) Sabe que é mais arto que a inxada e mais istreito.”

/ v.l.: picão.

pilão, s.m. (A) 1. Ver dente-chato. “Eu cunheço por pilão que fala. Dente chato ,

né.” 2. s.m. Instrumento ou engenho para descascar ou triturar grãos. (A)

“Na caçarola, na caçarola de ferro assim daí levava até o pilão socava e

peneirava na peneirinha.”

pindocá, v . [pindocar] Moer milho no monjolo. (T) “Pindocá, põe o milho puro, i

põe água ali, dai o munjolo cumeca a soca, dai pindoca o milho” (T)

pinga, s.f . (T) Ver cachaça. “Eu nunca vi falá. ((Nunca ninguém contou?)) Não,

nunca ninguém contô. ((Que é um bicho peludo.)) É bastante fala, né, mas

eu. ((Então me conta.)) Diz que é o capora diz que é um bicho que só... o

corpo, né, diz que :: que nem uma criação assim o rabo duma criação ( ).

((Para matar?)) Diz que tem... povo mais véio diz que só ponhá um garrafão

de pinga que e : : dexá lá ondé que tá ele que :: oto dia é i só buscá ( )

purque torra e cai lá diz que no memo lugar. ((Alguém contou uma estória?

Alguém foi pego e ficou lá?)) Não.”

pinhé-pinhé, s.m. (A) Ver cangorra. “Apinhé-pinhé nós fala pinhé-pinhé. ((Outro?))

Balanço. Pinhé-pinhé e balanço. ((Faz assim.)) É isso mesmo. Pinhé-pinhé.”

pinheque, s.m . (A) Ver cangorra. “O pinheque.((Como é que chama?))

Pinheque((Pinheque.)) Pinheque um fica pra lá oto fica pra cá. ((É um sobe,

otro desce, né.))”

pipa, s.f (A) Ver aviãozinho. “É papa-vento não, é, o, papagaio . ((Outro nome?))

Aqui, tem otro nome, eu num lembro de otra:, otro nome. [interrupção de

terceiro] É tem otro nome. Pipa . Isso. ((As crianças falam esse nome?)) É.”

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pipoca, s.f. . (A) Ver bixiga. “É que, caleja, pipoca, faiz no pé. ((E enche de gua?))

É purque, a gente sempre diz que é pipoca, que saiu.” / Nota: também usado

para protozoário dormente alojado na musculatura do porco / curuva (T).

pique, s.m. (A) Ver batê-cara. “((Brincou de pique.../ )) Não, sim, pique eu brinquei.

((Como era?)) No pique nóis num se iscondia não. Purque se era pra i pegá

o otro é mai o meno, né? Nóis marcava lá naquele tronco lá ó, era o pique,

qué dizê que tinha um ponto exato memo, pá nóis chegá, po nome de pique.

Lá nóis cumbinava com quem cumeçava já. Às veiz ficava eu pá i pegá os

otro, chegava lá eu punhava a mão no zóio assim e contava, um, dois, treis,

tudo mundo tinha que corrê dali ô eu ia corrê atrais de um, se eu pegasse

ele, ele ia pegá os otro e eu entrava na brincadera de discansá naquele

pique.” / v.l.: pique-salva.

piroleta, s.f. (A) Ver baliza. “Salto mortal. ((IQ)) É sarto mortal tá certo. ((Outro

nome?)) Não, não é esse memo. ((IQ)) É vira piroleta, né. ((Também?))

Piroleta.”

piruá 1, s.m . Grão de milho que não rebenta quando se faz pipoca. (T)

piruá 2, adj . Diz-se do indivíduo do sexo masculino que ainda não se tornou adulto,

menino, rapazinho (T). “Esse é piruá, ainda! Mas tem bigode, já! Piruá de

bigode...” (T)

pisa-queto, s.m. (A) Ver alpacatas.

piúva, s.f . (T) Ver cacete.

pivolo, s.m . [pivô] Dente postiço. (A) “É pivolo, pilão qu’eles falavam, né.”

placenta, s.f. (A) Ver amada. “A minha avó era uma partera muito boa... sabe ela

cuzinhava, batia uma gemada só do vermelho do ovo bem batido e colocava

pinga ali poco todo ela dava pra muié entonce aquilo apressava... e daí se

se ela ganhasse o nenê e demorasse o resto... ela eles insopavam a urina

assim... num saquinho daqueles saco de argodão e colocavam no borraio

nas cinza assim e levava até a barriga da mulher quele : : aquele : : aquele

emprasto já digo esse era memo que tirá cá mão. Todo ficava bem, qu’era

isso aí remédio de : : ((Esquentava, né.)) Remédio de cabocro, né, remédio

de cabocro. ((E o resto?)) Lá eles falava cumpanhera mais aqui é placenta,

né.”

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polaca, s.f. Instrumento para cavar. “Cavadera, ca polaca. ((Como é a polaca?))

A polaca é e uma cavadera desse jeito assim coloca lá na terra pode jogá já

o. ((Segura a terra?)) É segura e tira fora. ((Polaca, tem duas conchas

assim?)) É quando não havia isso aí lá nos mato era : : ca cortadera e eles

tirava as ( ) eles iam tirano as ( ) assim impurrano co pé e tirano as terra e

jogano fora. ((“Ca cortadera”?)) É ca cortadera agora aqui ixiste a tal de

polaca.” / Nota: Variedade de galinha de penas amarelas

polaco, s. m. Indivíduo de cor e cabelos claros. (T) “A pessoa fala ferrujada, oto:

quando é polaco, né.”

polenta, s.f. Alimento feito de fubá cozido, salgado e consistente. (T) “Eu armava

muita arapuca em baxo do mato. Ia lá, à veiz, tinha um nambu lá fechado,

senão uma rola, né? Eu chegava lá, ficava tão alegre! Digo: Nossa senhora!

Tem moio pa polenta! Ficava tão contente, né?”

porvadera, s.f . (A) [polvadeira] Ver arguero. “Porvadera, cisco, porvadera, terra.

((E é preciso fazer o que pra limpar essa sujeira?)) Tem que aventá ele,

né?”

potoque, s.m. (A) Ver atiradera.

pragata, s.f. (A) Ver alpacatas. “Come-queto. ((Outro nome?))Pragata roda.” &

“Chamo pragata. ((Outro nome?)) Eu tratava só pragata, né?”

presa, s.f . Dente canino humano ou de animal. (A, T) “Não sei dos nome dos

dente, eu num sei. ((Não, quando nasce assim, quando vão nascer nas

crianças, né? A gente diz que está nascendo o quê?)) Dente. ((Mas esse

mais comprido quando está nascendo? // Tem gente que diz que dói mais,

né, pra nascer.)) A presa.”

presa-do-quexo, s.f . [presa-do-queixo] (A) Ver dente chato.

puis, s.m [pus] (A) Ver melequinha.

pula-tábua, s.f. (A) Ver cangorra. “((Como?)) Pula tábua eles pula uma pra lá

otra pra cá, né.”

pupila-do-zóio, s.f. [pupila-dos-olhos](A)Ver capa-do-olho. “((Essa pele?)) Pois

é, pupila do zóio, né.”

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puxirão, s.m. Reunião de pessoas para executar um trabalho, mutirão.(T) “Uma

veiz foi na roça, tava rumemo coma nao, tinha um puxirão oto dia, intão nós

fomo dormi lá no rancho e, posto tudo no cochão, posto bem no jeito lá e

deitemo, dormi daí de noite eu cordei com uma picada no cotovelo.” / v.l.:

reunida. (T)

Q

quadrinha, s.f. (A) Ver amarelinha .

quarta, s.f . 1. Medida de área. (T) 2. s.f. Medida de volume.(T) “Ua quarta soa

deiz litro” (T)

quebrante, s.m. (A) Ver maloiado. “E nós usa e : : eu diariamente tudo que é

coisa qu’eu vô fazê é com arruda. ((IQ)) Pois arruda é pra curá quebrante

pra tirá quebrante do nenê é arruda... pra a cura que que que nos já falemo

qué pra afastá o ispírito da criança assustada coloca arruda junto tamém e

daí o chá... se a pessoa tivé com os nervo bem atacado assim pressão arta

é só tomá o chá de : : de arruda. Deus o livre de acabá... que é tão bom.”

queimação, s.f. Sensação física de mal-estar no estômago. (A) “Tô com... mal

assim uma, mal do istomo, né. ((Essa coisa que fica ardendo assim, eu falo

que eu estou sentindo o quê?)) É :: queimação, né? ((Tem mais algum

nome além de queimação?)) ... Não me lembro.” & “Queimação. ((Outro

nome?)) Não, fala muito é que/ = Azia = Azia, queimação, né?”

quexo-de-bode, s.m. [queixo-de-bode] (A) Ver barba. “Aqui ele usa tratá quexo

de bode que o bode dá, dá barba só na ponta do quexo, então quando vê

um home com a barba só no quexo fala ó a barba de bode ali.”

quiçaça, s.f. (A) Ver capuera (1).

quichute, s.m . Por alpargata. (A) “Eu cunheço aquele quichute, pé-de-cachorro,

petebê, come quieto. Sofre sozinho.”

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quirera, s.f. Milho ou arroz quebrado em pedaços pequenos. (M) “A o amarelão,

arroiz agulha, o esse arroiz branco, e o bem inferiozim que é o quirera. É

bem miudinho.”

quizema, s.f. [equizema] Doença de pele cujos principais sintomas são

vermelhidão e prurido. (A) “Quizema. ((Como que é?)) Quizema. ((Como

que é?)) Ah, ela vira, a perna fica vermelha, né, purque num zipela, né?

((Ela fica andando, né? Tem diferença de uma e outra?)) Tem. ((Como que

é?)) Uai, a zipela, ela se dexá ela vira duença ruim, né, e a quizema não, né,

benze e sara fica só vermeia perna, né? ((A “zipela” também só sara com

benzimento?)) Ahé, e médico, né, otro benzimento, né?”

R

rabaner, s.m . (A) Ver cão.

rabo-de-véia, s.m . (A) Ver aviãozinho. “É pipa dize otro nome é : : ... dize rabo de

véia é rabo de véia... esse aí.”

rabudo, s.m. (A) Ver cão. “Redemunho. ((O que a mãe falava que tinha dentro?))

Num sei, purque a minha mãe morreu, tinha doze ano. ((E o que as pessoas

falam que tem lá dentro?)) É tem o no/ meio feio. ((Eu também falo nome

feio.)) Diz que é o rabudo. ((E a senhora acredita ou não?)) Eu num

acridito. ((Não, né.)) Purque num pode tá li sinão tudo via daí i ele. E cumé

que num vê.”

raia, s.f. (A) Ver aviãozinho. “O balõu, né. Balõuzinho, né. Não, é o papagaio.

((Outro nome?)) Ô: tinha, visto mas fala papagaio, né, papagaio, né; uns

chama raia, né, raia, negócio assim, né, qu’es chama coisas que nunca:

assim, que nunca me: naquele tempo nosso não existia essas coisa.”

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raleado, adj. (A) Ver catetinho. “É que tá falhado, né; tá faiado o milho. ((Outro

nome?)) É diz tá faiado. ((Por aqui não falam dente de velho?)) É: diz tá

muito raleado os grão de milho. ((Raleado?)) É raleado.”

ralo, adj. (A) Ver catetinho. “Ispiga de mio ralo. ((Outro nome?)) Não, que eu

conheço é de milho ralo. ((Aqui não chamam de frango.)) O frango tamém,

tem tamém. ((Aqui só chamam de milho ralo e?)) Mio frango.”

ranho, s.m. (A) Ver narrote. “Pois aí tão dizeno que é, uns diz que é ranho, né?

Ah, essa ranhera disgramada saindo do nariz. ((Outro nome?)) Não.”

rastelo, s.m. (T) Ver ciscadô.

rastoio, s.m. (T) Ver boneca. “Rastoio é mio munto miúdo.” (T) & “((Outro nome?

Alguém diz “rastoio”?)) Bom rastoio é aquele desse tamaninho. ((O “rastoio”

é o quê?)) O rastoio é aquele miinho pa vaca comê, já digo, bem piquinininho

que dá na roça, né, chama aquele ali já dexa pro gado comê, né, é o rastoio

que nós intendemo” &. “Isqueci como é que é que fala... que daí ela é faiada,

né. ((Nome?)) Num posso lembrá mais. ((IQ)) Eu num lembro mais não.

((O que senhor disse?)) Falei que rastoio ou nóis fala que é os dente

muito ralo, né, faiado.”

rebotaio, s.m . (T) [rebotalho] Ver rastoio (1).

recaída, s.f . Doença durante o período pós-parto (A). “Arruda. ((Pra que serve?))

Arruda serve pra dor de cabeça, serve pra recaída, cando a mulher tá de

dieta a minha mãe fazia fervida, ponhava arruda: quando acontecia de uma

pessoa, uma mulher ia ter dieta recaía.”

rede, s.f. Brinquedo infantil para se balançar (A). “É esse nós fazia intão tinha

( ) cipó de macaco que era grudado já nas alve bem arto assim intão noise

ia e fazia um pauzinho assim amarrado nós ia longe quase atravessava

dum canhada a notra assim e : : pra nós era um divertimento. (...) usava de

: : de se sortava daqui ãssim intão se aquele cipó levava nós longe lá e

trazia pra cá de novo lugar destância como lá pelas ( ) assim. ((deve ser

gostoso.)) Ih :: é. (...) ((IQ)) Aquele nós falamo a rede.” / Nota: Também

designa teia de aranha.

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reganhá, v . [arreganhar] (A) Ver faiá. “Arreganhô a ispiga e num... Arreganhô

ispiga. ((IQ)) É faiada. Nós dizia que era faiada, né... é nós dizia assim que

era faiada a ispiga de mio.”

regina, s.f. (A) Ver melequinha. “Regina. ((Como?)) Vam’ tirá a regina do zóio.”

rela, s.f. Ver batê-cara (A). “Ah, ei diz que é corre-corre, né. ((Às vezes encosta

numa árvore, fica para a bola não pegar.) contando e o resto se escondendo,

aí aquele vai sair para pegar.)) E ele num qué que pega, né? Eles fala rela,

né. ((Já brincou disso?)) Não. Meu tempo num ixistia sas coisa não. Nó

num tinha tempo essas coisa que... nosso tempo era meio arojado, né.”

rengo, adj . (A) Ver cambaio. “Manco.((Outro nome?)) Rengo, né? ((Como?))

Rengo.”

requeima, s.f. Efeito da geada sobre a plantação. (A) “É cripe no sol, né.

((Chegou a ver?)) Ah, eu nunca vi. ((O que acontece com a plantação?))

Ah, igual a prantação, tem pranta, requeima tudo, crusive o fejão, o fejão

tosta as foia por cima, fica tudo amarela, eu sei que a lavora :: num ficá boa

mais. ((Fazem alguma coisa para evitar?)) Ah, eu acho que não né. Não

tem nada.”

resseca, s.f. (A) Ver requeima. “É o vento quando tá, tá, vira o vento, né, dá o

venta demais, né, queima tudo a pranta. ((Às vezes está muito frio, né?)) É.

((E queima tudo, congela, né, cai gelo e congela a planta. )) Queima tudo,

né, seca. ((Aí deu o quê?)) que deu requeima, né? (( Outro nome?)) Dá

uma requeima, dá uma resseca, seca a pranta, né? ((planta naquela parte

alta da montanha pra não pegar o quê?)) Pra num pegá ... munta geada,

né? lugar mais arto, né? ((Geada também?)) Fala geada.”

restolho, s.m. (A) Ver boneca. “Ispiga falhado. ((E o restolho o que é?)) Entom

o restolho entom nós custumemo aquela espiguinha piquena tratemo de

restolho é.”

reunida, s.f. (T) Ver puxirão.

roba-galinha, s.m. [rouba-galinha](A)Ver alpacatas. “Come-queto. ((Tem

outronome?)) Gente fala come-queto otos fala... tinha oto nome como que

é, roba galinha sei o que tinha muito dizer. Paragata roda ( ). Muintos falava

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pá robá safado num faiz barulho. ((É.)) ( ) ((Isso mesmo, roba-galinha.)) O

bicho que num fa barulho”

roça, s.f. Plantação em terreno de mato. (T) “Mais só pra lavora, purque pra roça

de toco não tem condições. Pode se um terreno de mato, mais já tudo

destocado” & “Tem a morte do meu marido. ((Como que ele morreu?))

Morreu no pasto. ((Como foi?)) Ele tava na roça trabaiando, aí brigaro lá e

mataro ele.”

roda-d’água, s.m. Engenho ou armação alta de madeira com uma hélice na

extremidade superior usada para tirar água do poço. (A) “Hélice. ((Outro

nome, aquela uma assim que girá água, mas é tocada pelo vento.)) Tá

quele/ ((Tocada pelo vento.)) Que puxa a água, conheço roda d’água,

hélice.” / V.l.: roda-de-vento.

roda-de-vento, s.m. (A) Ver roda-d’agua. “Roda d’água? ((Conheceu?)) Eu num,

num é do meu tempo, num conheci, mais via os otros contarem, né? ((Muita

gente não sabe.)) = Papa vento. ((Ah! É a mesma coisa.)) Papa - vento ele

é assim uma água vem pela corrente, né, papa - vento gira e traiz água. Ela

num conhecia memo esse. = Não, já vi a roda d’água que puxa água, mais

num é assim, grandona, né? ((Como que ela era?)) Era assim piquena,

né?”

roda-pé, s.m . (A) Ver alpacatas. “É roda pé. Otros dizia : : pé-de-cachorro. É de

pano. Tinha tamanca, de coro.”

rodilha, s.f . (A) Ver bacia (1). “O:.. // ((Como?)) Essa é rótula, né, e a rodilha,

né, no: casteliano.”

rolete, s.m . (A) Ver bobinete. “É... aquele é... cumé que diz aquele um? Nós

dizemo paeta, manivela, né, rolete. ((Paeta também?)) É, paieta toca o

rolete, né. ((Assim?)) Aquele que enlea a corda é rolete, né, e aquele de

pegá aqui é... nóis dizemo manivela, paeta, né. Tempo bem antigo é paeta”.

romatismo, s.m . Doença nas articulações com dor e diminuição de movimentos,

reumatismo. (A) “Ah, tem o milome que é muito bom, raiz do milome. ((Serve

pra quê?)) Eu pra mim foi muito bom pra romatismo, tomei bastante milome,

foi bom pra romatismo.”

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rótula, s.f . (A) Ver bacia (1). “(Como?)) Essa é rótula, né, é a rodilha, né, no:

casteliano.”

rua, s.f. (A) Ver batê-cara. “Pois é, nesta parte eu não compreendo. [Trinta e

um, mãe de rua.].”

S

sacatica, s.f. (A) Ver cangorra.

saci, s.m. Ente sobrenatural de uma perna só, que anima o redemoinho. (A)

“Redimunho. ((Quando criança, você lembra de alguma estória?)) De

redimunho? ((É. Ou que a mãe falava que tinha lá dentro?)) Não eu vi um

redimunho bem na curva de istrada e tinh’um puerão, um puerão e levantô

um jornal e foi mais de um quilômetro o jornal voano aí por cima e a gente

oiava aquele jornal vuano é até lindo de vê sabe? ((Mas a mãe da gente

não punha medo?)) Não. ((Não falava o que tinha lá dentro?)) Ah! Eles

dizia que era o saci pererê... Que era o demônio que tava lá que tinha que

fazê cruiz, té hoje as criança têm esse medo de se formá um redimunho,

( ) casa e já faiz uma cruiz.”

saci-perê, s.m. (A) Ver amarelinha. “Também a gente via falá sempre, os antigo

falavam muito no saci, mais histórias assim não tem. ((Assim como que ele

era, o que que ele faz?)) É, cumo diz, o jeito dele é eles dizem que é só de

um pé, que é, até cando a gente era piqueno a gente gostava de brincá de

saci-pererê ( ) e pulando em cima do pé, né.”

saco, s.m. Por coador de café. (A) “Antigamente era penera de : : de : : ((Pra

beber.)) Ah! sim pra bebê era o saco, cuadô, né, cuadô, saco, de cuá café.”

saidera, s.f. (T) Ver istrivo. “Bamos toma um istrivo, ua saidera...” (T).

saluço, s.m. (A) Ver ipo. “Fica saluçano. ((Como?)) Saluçano. ((Está com?))

Saluço.”

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salva, s.f . Ver batê-cara. “É tá brincando de salva. Salva assim uns fala brincá de

fedô, passá na fedô. ((Isso.)) // ((Bom, então você conhece como, Joaquim,

essa brincadeira de correr e pegar?)) É conheço como brincá de salva, ô

sinão brincá de fedô né, passá fedô um no otu”.

samear, v . Distribuir sementes na terra, semear (A) “E prantava dento d’água,

samiava, que a gente prantava gente simiava. Que a gente dento d’água

num pricisa carpi.”

sangue-novo, s.f. Erupção cutânea, por erisipela. (A) “Num é sangue novo...

sai aqueles vergão, vergão assim. ((IQ)) Ah, sipela.” & “... sangue novo.

((com quê?)) cocera.”

sapata,s.f. (A) Ver amarelinha.

sapatão, s.m. Calçado parecido com uma botina, com cadarço (de couro ou

não). (T) “Sapatão, né. ((Não, IQ)) Não é quichute? ... Não tô lembrado.”

saraquá, s.m. (T) Ver chacho. “Com máquina, mas antigamente, antigamente

eles prantavam fejão com saracuá. Sabe que que é saracuá? ((Não, me

conta.)) O saracuá eles faziam de madera sa/ , que nem uma cortadera é

de, de prantá sabe? Assim tipo dum ponha lá, caba ali e daí acava na terra,

abre, jugava, fazia uma colada aqui de fejão incrusive eu prantei argum

fejão ansim, e daí a gente fazia a cova e ó [choc] ia jugando a semente

contadinho, num é que nem agora ca máquina que cai cinco, seis, deiz.

Então. ((E a senhora cortava a terra com quê?)) Com aquelaas, então a

saraquá fazia de madera, um pau bem apontadinho, sim tipo duma pazinha

sa/ bem pontudo, pé bem afiadinho. A madera forte e daí cá quele que nós

prantava. ((Esse era o saracuá?)) Vi uma delas. Saracuá. E vi uma nascida.

Num é a... Era saracuá nós dizia.”

sario, s.m. (A) Ver bobinete. “Sario. ((O sario é aquele que a gente pega aqui?

IQ)) Num fica ali no sario do poço? É sario memo.”

sartiado, adj. (A) Ver catetinho. “Num dá milho dá sartiado assim intão el’ é

faiado. ((Mais conhecido como?)) Faia.”

sarto-mortá, s.m. (A) Ver baliza. “Cambota. ((Outro nome?)) Nóis dizemo sarto

mortá ...”

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sátis, s.m . (A) Ver bagaço. “Eu chamo de sáts. ((Como?)) Sáts, é isso aí, é em

alemão que minha falecida mãe me insinô, né?” / Nota: em alemão

seca-poça, s.f . (A) Ver alpacatas. “Eu cunhici por come-queto, otos falava seca

poça. ((Mais algum?)) Não esse daí.”

sengo, s.m. (A) Ver chacho. “Pra fazê buraco é a cavadera. ((em um tipo só?))

Tem dois tipo de cavadera. ((Como que é?)) Tem dumas mas grande,

otras mais piquena... Agora eu conheço muito cavadera e por sengo, né?

Sengo e cavadera, do meu tempo antigo ficava sengo e cavadera, né?

((Sengo?)) Tem esses dois nome sengo e cavadera. ((É igual?)) É igual

mesmo.”

seta, s.f. (A) Ver atiradera. “Com a seta, com a seta, com bodoque.”

sete-vida, s.f . Por alpargata (A)Ver alpacatas. “Come queto. ((Tem outro nome?))

Ô ... sete vida. É, de corda.”

setra, s.f. (A) Ver atiradera. “Era istilingue. ((Outro nome?)) Setra, bodoque

tamém nóis usava. ((Iguais ou diferentes?)) Bodoque é deferente. ((Como

é?)) Bodoque é amarrado numa corda na ponta dum pau sabe nas duas

ponta... ( ) pra senhora puxá agora o istilingue já é diferente é amarrado a

borracha na furquia, né. ((E a setra?)) É a mesma, mesmo istilingue e a

setra é uma só. ((Nome mais comum?)) Agora fala mais istilingue, né, mais

de primero nóis : : mais certo era setra.”

sinar, s.m. (T) Ver cisura. “É. (Daí a mão : : )) Ah, continua puquê : : , fiquei

alejado, né, sem dedo aí tá tudo o sinal. ((Ainda bem que não perdeu

muito)).” / v.l.: cesura. (T)

siso, s.m. (A, T) Ver dente-do-juízo. “Tem o dente do, tem a, tem a presa tem o e

os dentinho miúdo. ((Depois da presa.)) Depois da presa tem o dente que

dizem, o dente do siso, né. ((Mas é o último, né?)) É o úrtimo.”

sistente, s.f. (A) Ver cegonha. “A partera. ((Tem outro nome?)) Sistente.”

soca, s.f. Brotamento que segue o primeiro corte do arroz, ou outra planta. (A)

“A paia do arroiz. ((Na terra, o que que ainda fica?)) Fica a, a soca.” / v.l.:

soquera. 2. s.f . O arroz colhido pela segunda vez. (A) “Ele dá arroz de

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novo. ((IQ)) Arroz da soca .” / v.l.: soquera, tigüera / Nota: por bagaço,

resíduo sólido do consumo da cana-de-açúcar. (A)

sofre-sozinho,s.m . (A) Ver alpacatas. “Eu cunheço aquele quichute, pé-de-

cachorro, petebê, come quieto. Sofre sozinho. ((Mais algum?)) Sofrê sozinho

purque cê pensa que tá carçado e num tá nada. Num dá nem pá passá

perto do ispinh/ que já finca tudo na gente. Intão ce tá co ele no pé, tá o

memo que tá discarço, tá sofreno e num tá veno.”

sombranceia, s.f. [sobrancelha] Designação genérica para cílios, pálpebra e

sobrancelhas (A). / v.f.: sobranceia, sombracelha, sombracea,

sombranceinha, sombrancelha. (A)

soquera, s.f. [soqueira] (A) 1. Ver soca (2). “É, nasce é: brotão da soquera, né?

((Como chama aquele arroz?)) É, já é: da soquera, né? ((Fala arroz de

quê?)) Da soquera do, daquele brotação que ficô, né?” 2. s.f. (A) Ver soca

(1) “A soquera. ((E se chover? Aquilo lá dá de...)) A soquera brota de novo.”

sovela, adj. (A) Ver catetinho.

sumata, adj. Variedade de café. (A) “Agora por qualidade eu não sei, cumo diz,

conheço o nome anssim mais dizê eu vê ele e sabê qualé que é o eu não

sei, tem o caturrinha, tem o : : aquele otro café bem grande.” / v.f.: chumata

surjoa, s.f . (A, T) Ver cegonha. “Partera. ((Tem outro nome?)) Tem surjoa tamém.”

/ Nota: parece termos das gerações mais velhas (T)

T

tamanca, s.m . Calçado com sola de madeira (T) “Aqui nóis usava o tamanca, né,

isso era madera por baxo e coro por cima.”

tamanco, s.m. (A) Por alpargata. Ver alpacatas. “Come quieto intão. ((Outro

nome?)) Não senhora, é o come quieto. ((Nome mais antigo?)) Não tem

não sinhora... é come quieto, ixistia até tamanco daquele carçado.”

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tatu, s.m. Resíduos dentro das narinas. (A) “Que dizê... muitos falam tatu. Otros

fala assim que tá limpando o salão: ‘ô, vai tê baile, tá limpando... salão’ ” &

“Isso eu num sei comé que, o que que significa aquilo ali. ((Então, é uma

sujeirinha que dá no nariz, né?)) É. ((IQ)) A que tira de dentro do nariz?

Muita gente die: a criança tá, tá assim tirano, tá tirano,tá caçano tatu!”

tendente, s.f (A) Ver cegonha. “É a partera, né. ((Outro nome?)) Tendente.”

tentação, s.f. (A) Ver cão. “É o redimuinho, né? ((O que tinha lá dentro?)) Pos,

muntos, os ... antigo até falava uma bobage, né, que aquilo, que era tentação,

né, que ... que: arrodiava, né? ((Você chegava perto?)) Não. Não. ((E tinha

jeito de pagar a tentação que tinha lá dentro?)) Não, num pode, né. ((Queria

ficar longe?)) Tá, cê sabe que ele num qué currê longe, né, tem que fica

bem longe, né, que chegá perto lá [incompreensível] ele arde, né?”

terrero, s.m. [terreiro] Lugar onde se esparrama e se bate o feijão. (A) “Ah! ô

tenho uma prima, ele vinha no terrero. Ele é meu, meu mais velho era meu

primo, era casado com ela e ele vinha”.

tigüera, s.m. 1. (A,T) Ver capuera. “Onde tem bastante arve é capuera. ((Outro

nome?)) Depois da capu/ antes da capuera tem o tigüera. ((O que é

tigüera?)) O tigüera, o tigüera é primero donde cai o mio que vem um matinho,

né, alto o tigüera vamo batê o tigüera pa prantá o fejão no seco...” 2. adj.

(A) Ver catetinho. 3. s.m. (A) Ver soca (2) “É, fica o toco, tigüera. ((O que é

o tigüera?)) O tigüera, o tigüera que tira o arroiz que tem mais arroiz daí é

tigüera. ((Aquele todo, ela chama tigüera?)) Aquele toco, é todo do arroiz.”

tipiti, s.m . Cesta redonda, sobre a qual se põe um peso. (T) “pra inxugá a massa

da mandioca. É ralada, depois espreme i torra a farinha de mandioca.” (T).

/ Nota: “estar no tipiti” significa estar sob uma pressão qualquer, em maus

lençóis (M)

tiradera, s.f. (A) Ver atiradeira. “Istilingue. ((Outro nome?)) Tiradera.”

tiriça, s.f. (icterícia) Doença cujo principal sintoma é a amarelidão da pele.

“Antigamente chamava tirícia, né. Que é hepatite hoje, né, tão tamém quele

tempo nosso falava pessoa tá com tirícia e marelava tudo, né.”

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toça, s.f. Resto de raízes e caules na terra, remanescentes da colheita. (T).

“...fui reparti a toça de grama num toco lá deu certo finquei dedão em cima

do toco lá” / v.l: touceira (T)

tosse cumprida, s.f . [tosse-comprida] Doença infecciosa cujo principal sintoma

é a tosse convulsiva, coqueluche. (T) “Tive treis ( ).(Do que a menina

morreu?)) A menina morreu de :: de tosse comprida e sarampo que deu

junto... não teve jeito ela já tava com um ano :: ... e dois meis isso.”

tosse-de-lumbriga, s.f. [tosse-de-lombriga] Tosse provocada pelas por parasita

intestinal (lombriga). (T) “Daí quando o dia qu’ ela intentava de querê quarqué

coisa pode sê de comê, pode não sê de comê, pode sê um passeio daí ela

fica doentinha.”

toceira, s.f . [touceira] (A, T) Ver toça. “Sendo bastante muntuera num só lugar, é

tocera.” & “Fica: é tem a raiz pois tem a tocera do arroiz, né. ((Então quando

a gente corta fica aquele pedaço é...?)) É a tocera. ((Isso.))”

tramela-do-jueio, s.f. (A) Ver bacia (1) “Tramela do jueio, né. ((IQ)) É, é tramela

do jueio.”

tramelinha, s.f. (A) Ver melequinha. “A re/ ... ((Como chama?)) A remela que

diz, tremela do olho tamém pode sê, né. ((Como?)) Pode sê a remela, ô

sinão diz: ó uma tramelinha no teu olho, né, pode sê assim tamém.”

travela, s.f. (A) Ver bacia (1).

treis-maria, s.f . [três-marias] (A) Ver amarelinha. “É treis Maria. ((É?)) Brincá de

treis Maria. ((Como que é?)) É brincá de treis Maria, eles pula pra lá e pula

pra cá, eles vão brincá de três Maria. ((É esse que eu falei? IQ)) É. Eles

brinca de treis Maria aquele ali.”

trem-de-ferro, s.m. Variedade de feijão (A) “((Como que é o trem de ferro?)) O

trem de ferro é um fejão vermelho mei cumpridim.((Nunca ouvi falar.))”

triadera, s.f. [trilhadeira] Máquina de bater feijão.(A) “Nóis sempre custumava

batê no cambau, agora a turma bate já nas máquina, as triadera como eles...”

trinta-e-um, s.m. (A) Ver acusado. “Brincano de trinta-e-um = Tinta-e-um.

((Como?)) Trinta-e-um.”

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tuberculose, s.f. (A) Ver corpo-seco. “Ela só tosse? Nóis chamemo tuberculose.”

(T)

tuia, s.f. [tulha] Depósito de mantimentos ou sementes, dentro de casa. (T) “Aqui?

Conheço o agulinha, conheço bico preto, conheço enchi tuia. ((Como?))

Centi um, enchi tuia. ((“enchi tuia”?)) É é um tipo de arroiz. ((Num conheço.))

E o: centi um, agora tem o: esse bico preto, amarelão que’les fala quato

meis. É só os tipo que nóis cunheci.” / Nota: Rama de mandioca empilhada,

para guardar durante o inverno (T)

tumigueiro , s.m. (A) Ver cabeça-de-prego.

tutano, s.m. (A) Ver miolo.

U

urça, s.f. [úlcera] Doença do aparelho digestivo.(A) “O istômo dilatô de tanto

comê porcariada agora comida num, já, mai num é, acho que é alguma

urça, sofria do istômo ou alguma coisa, né?” / v.f.: ulça urçera, urço, úrçula,

úlcera

úrtimo-recurso, s.m . [último-recurso](A) Ver alpacatas. “Eu lá dizia o úrtimo

recurso. ((Outro nome?)) Num tinha = paragata diziam também.”

utro, s.m . [útero] (A) Ver amada. “Ah! isso... ((IQ)) Lá no utro da mãe, né.”

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V

vagaço, s.m. (A) Ver bagaço. “Vagaço, né. ((Como?)) O vagaço.”

vage, s.f. (A) Ver bage. “Ah, ele fica na raizinha, né? Que quando ele nasce, ele:,

ele: levanta um brotinho intão aquela sementinha fica no meio. ((Mas o pé

de feijão, né?)) Nas vage, do fejão, fica na vage.”

vapuera, s.f. [vapoeira] (A) Ver bagaço. “Aquela joga, né? ((Nome que dá pra

ele?)) É, a gente, é pó mesmo, né? ((Outro nome pra aquele pó que já foi

usado?)) ... É já ficô:, argamassa, né, daí. ((Não dá nenhum nome?))

Não.((Aquilo lá é o quê?)) É: argamassa do, que ficô no coadô, né, quejá

passô aquele café, né, ficô só aquela vapuera memo, né?”

vara, s.f. (A) Ver cacete. “Co’a vara nós cortamo uma vara no mato e : : maiamo.

((iq)) não... nós dizemo uma vara pode cortá de quarqué madera de quarqué

mato. ((outra coisa?)) ... marreta? ... marreta tem algum lugar que maiam

marreta um coisa assim redondo, né... mais nós istendemo ele no terrero

assim isperamo inxugá... e ca vara nós maiamo tudo ele daí nós viramo ele

e aventamo por cima... é.”

ventejá, v . [ventejar] (A) Ver aventá. “... Pó. ((Outro no me?)) Não, é pó, o cisco

e os gaio só, mais gente trata pa tirá o pó, né, gaio, é fáci de tirá, assim, dá

uma ventejada nele.”

ventre, s.m. Ver amada. “É o útro, né? ((Tem outro nome também que a gente dá

pra animal?)) Animal? ((É da vaca. Falava que o bezerrinho estava onde?))

Tava no utro, no ventre, né. Um fala no ventre, no utro.”

verstandszahn, s.m. (A) Ver dente-do-juízo. “Em alemão é verstandzhan, significa

dente da idéia.” / Nota: em alemão (A)

vesgo, adj. Diz-se do indivíduo que tem um desvio no alinhamento normal dos

olhos, estrábico (T) “Tem um olho só?)) É : : que se se é torto é vesgo

agora se é s’ele tem um olho só ele cego dum olho. ((Se é torto então é

vesgo.)) É vesgo.” / v.l.: zarolho (A).

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vesícua, s.f. [vesícula] Órgão do corpo humano. (A) “Vesícua? Vai pa vesícua

daí, daí dispois vai po ististino, né? ((E não tem um nome mais comum?

IQ)) Pa tripa. ((Também?)) É, tamém.”

véu-do-olho, s.m. (A) Ver capa-do-olho. “Ai sei lá, a mãe fala o véu do... do

olho.”

vintém-do-juelho, s.m . (A) Ver bacia (1) “Isso aí nóis dizemo vintém do juelho,

né, uns diz patacão do juelho; eu intendo por vintém do juelho.”

visage, s.f. Assombração, aparecimento de alma do outro mundo. (T, M) “Mãe-

de-oro já vi ela, dizem que é mãe de oro, né, num garanto, já vi descê assim

na minha frente. ((Como é que é?)) Ela dá muito... qué dizê muita faísca,

muito raio de fogo assim em core, né? E até parece uma sombração como

se diz, que a gente tem medo. ((Tipo de visagem?)) É. Tipo uma visage.

Num vi não. ((O que significa... )) Significa nunca cheguei... tamém assim

nunca pricurei pessoa que me ixpricasse, assim, né.”

vista, s.f. Órgão do corpo humano responsável pela visão, o olho (T). “Oio. ((E

pra gente enxergar bem tem que ter dois o quê?)) Ah, tem que tê a vista

boa, né?” & “É ele... porque o cego num inxerga nada, agora esse que

inxerga um poco? ((IQ)) Tem a vista curta, né?” / v.l.: zóio, zolho (A)

viúva, s.f. Carocinho vermelho na borda da pálpebra, terçol (A). “Viúva. ((É, aqui

é viúva, né?)) Eu falo trei sole. Trei sole, mais é que ah! é viúva. Quando

( ) geralmente diz que tem que mandá a viúva benzê, e lá na casa da

viúva, né?” / / v.morf.: viuvinha.(A)

Z

zamídola, s.f. (A) Ver amida. “Inframa. ((IQ)) É bom tem pessoas que tem. ((IQ))

Nós chamamo zamídola.”

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zangado, adj . Diz-se de um ferimento quando seu estado piora, arruinado.(T)

“É que o inchaço é quando ele ja tá zangado memo, né? e que vai furá, aí

já diziam inchaço...” (T)

zarolho, adj. (A) Ver vesgo. “(Tem um olho só?)) É : : que se se é torto é vesgo

agora se é s’ele tem um olho só ele cego dum olho. ((Se é torto então é

vesgo.)) É vesgo. ((Zarolho?)) É zarolho... e se ele tem um oio só qu’ele

inxerga dum só, intão... é cego. ((Cego de um olho?)) É cego de um oio.

((Outro nome?)) Zolho, cego dum zolho.”

zipela, s.f . [erisipela] (A) Ver istrupsia. “É zipela... é zipela qu’ ela falô, é isso

mesmo, agora qu’ eu lembrei. ((Depois que fala a senhora lembra.)) Que

deu, deu nas perna dela, era tão feia as perna dela, tudo discascada, aquela

coisa feia.”

zóio, s.m [olho] (A) Ver vista. “É isso mesmo, “capela-do-zóio.”

zolba, s.f. (A) Ver carção. “A zolba. ((Nome mais antigo?)) Usavam uma cueca,

sinão cirolão, usavam muito. É esse usavam munto.”

zolho, s.m . [olho] (A) Ver vista. “Zóio. ((Um?)) Ficô só com um zolho.”

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3 ÍNDICE

Este índice foi elaborado com o intuito de facilitar o uso do glossário pelos

usuários que utilizem a língua padrão como critério de busca, por isso limitou-se

a oferecer as entradas dos verbetes principais, devendo o consulente reportar-

se ao texto do glossário para encontrar informações mais completas da lexia em

questão.

Está organizado em campos semânticos e, ao mesmo tempo, em ordem

alfabética. Acredita-se assim proporcionar uma flexibilidade maior no uso. As

expressões em negrito orientam a busca.

Muitas lexias serão encontradas por um parassinônimo da língua padrão

e outras a partir de definições curtas. Um dos motivos deste procedimento duplo

é o fato de algumas unidades serem de ocorrência apenas na fala rural, não

possuindo equivalência alguma na língua padrão.

ALIMENTAÇÃO aguardente de cana cachaça alimentação do anoitecer janta carne seca charque gorduroso ingraxado grão de pipoca que não estourou piruá preparado doce angu biju bolinho-de-graxa cuscuiz

preparado doce ou salgado curau pamonha preparado salgado bolo polenta resíduos bagaço borra tipo de chá chimarrão última bebida istrivo vegetais batatinha

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CRENÇAS E SUPERSTIÇÕES catacumba catatumba encantamentos incante cavedar energia maléfica maloiado

entes sobrenaturais baitatá capora lubisome saci visage o demônio cão

ATIVIDADES E PRODUTOS AGRÍCOLAS algodão agudão alimentar a máquina que mói ou debulha cevá amarelar a plantação de feijão enferrujá amontoado de cisco lera cada grão da espiga baguinho distribuir sementes na terra samear faltar grãos na espiga arreganhá limpar feijão recém-colhido aventá batê milho ou arroz quebrado quirera moer milho pindocá

tipos de arroz amarelão bico-preto cateto cento-i-um jaguari tipos de cana cento-i-vinte tipos de cafeeiro burbom sumata tipos de feijão cara-suja jaula trem-de-ferro tipos de milho caiano cateto cunha mialho vagem bage

BRINQUEDOS de madeira e borracha atiradera, de papel fino e varetas aviãozinho parte de madeira da atiradeira forquia

para se balançar balanço cangorra projétil de barro pelote

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DOENÇAS E PROBLEMAS FÍSICOS / PSICOLÓGICOS aborto perca assimetria do olhar vesgo bolha de água bixiga bolha causada por sapato calo bolha com sangue calo-de-sangue cicatriz cisura descascar a pele farelar desdentado banguela deficiente físico alejado doença das articulações romatismo doenças na pele cobrero grosserão impinge lergia istrupsía quizema sangue-novo doença pós-parto recaída doença respiratória bronquite pelamunia espécie de paralisia ar ferida provocada por corte lejo gripe / resfriado custipação icterícia tiriça indivíduo de pernas arqueadas cambaio indivíduo mal-cheiroso catinguento

indivíduo que manca conxo indivíduo que só tem um olho caoio inflamação nas unhas istributi inflamado zangado louco gírio mal-estar no estômago queimação massa endurecida do tumor carnegão parasita intestinal lumbriga pernas arqueadas arcada sarna micuim secreção do nariz narrote secreção dos olhos melequinha sujeira nas narinas tatu terçol viúva tétano mar-de-sete-dia tosses tosse cumprida tosse-de-lumbriga tuberculose corpo-seco tumor de pele cabeça-de-prego úlcera urça verruga beruga vesícula vesícua

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OUTROS cada um dos filhos de um casal famia celebração regional fandango criança do sexo masculino piá conjunto de meninos piazada destrímano direitero forma de desafio aprufia homem caboco indivíduo de cor clara polaco

pernas finas cambito quem já cresceu criado rapazinho piruá sensação que provoca riso cócega sepultura (catacumba) catatumba soluço ioioca ter boa visão olho bom

INSTRUMENTAL E MEDIDAS AGRÍCOLAS área e volume arquere quarta caixa de madeira cancha cesta redonda tipiti depósito paió tuia engenhos atafona ingenho monjolo local onde se limpa o feijão terrero monte de milho / local para amontoar o milho bandera para juntar material no chão ciscadô

para retirar a sujeira do feijão colhido batedera cacete tiradera para cavar apá chacho inxadão picareta polaca para cortar arroz ferrinho para plantar em solo úmido cavadera para tirar água do poço roda-d’água para triturar grãos pilão sarilho de poço bobinete vasilhame para carga balaio

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PLANTAÇÃO E PRODUTOS AGRÍCOLAS arroz de segunda colheita / brotamento soca capoeira mais antiga capuerão efeito da geada na plantação requeima milho com poucos grãos ou malformado catetinho boneca plantação em terreno de mato roça

terra alta p/ plantar café espigão vagens novas na plantação frangoradinho vegetação baixa / terreno roçado ou queimado capuera

TRABALHO E TRABALHADORES contratar empregado justá empregado rural agregado camarada incarregado indivíduo que pratica medicina popular curadô médico dotor parteira cegonha reunião para trabalhar puxirão

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PARTES DO CORPO amígdalas amida articulação junta cavanhaque barba cílios cilos costeleta (barba) custeleta dedo polegar dedão dente canino presa dente pré-molar e molar cananéia curunio (homens e animais) dente-chato dente postiço, pivô pivolo estômago istamo fêmur osso do quarto fígado figo glândulas grana indivíduo que usa cavanhaque barbudim local onde se inserem os dentes na boca gengibe medula óssea caracu olhos vista osso abaixo do joelho canela

osso frontal do joelho bacia pálpebras capa-do-olho pálpebras e sobrancelha pestana sombranceia parte mais alta da cabeça coroa parte posterior do pescoço, nuca cogote pomo-de-adão adão ponto posterior do pé, calcanhar garrão região lateral alta da cabeça fonte últimos molares dente-do-juízo umbigo imbigo útero amada úvula campainha vesícula vesícua

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ROUPAS E CALÇADOS calçado de lona e corda alpacatas (roda) calçado com sola de madeira tamanca instrumento musical gaita sapato parecido com botina sapatão roupa íntima masculina carção sutiã corpete

BRINCADEIRAS E JOGOS balançar assento rede brincadeira infantil chocadera correr e pegar batê-cara dar cambalhotas baliza esconder acusado

movimento no balanço balanciá partes do jogo de burca burca biroca pegadora no jogo de bila bilosa procurar com os olhos vendados cobra-cega pular em quadrados no chão amarelinha

ATIVIDADES E UTILIDADES DOMÉSTICAS coador de café saco milita coar cuá colocar, pôr botá

lâmina de ferro foia local onde se acende o fogo cinzero tábua para lavar r oupa isfregadera tipo de panela caçarola vasilha para água muringa