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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSUINSTITUTO A VEZ DO MESTRE O BRINCAR E SUA IMPLICAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA Por: Luana Ferreira Guimarães Gijsen Orientador: Prof. Luiz Cláudio Lopes Alves Rio de Janeiro 2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O BRINCAR E SUA IMPLICAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA

Por: Luana Ferreira Guimarães Gijsen

Orientador:

Prof. Luiz Cláudio Lopes Alves

Rio de Janeiro 2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O BRINCAR E SUA IMPLICAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA

Por: Luana Ferreira Guimarães Gijsen

OBJETIVOS:

Apresentação de monografia a Universidade Candido

Mendes como condição prévia para conclusão do

Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em

Psicopedagogia.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todas os professores do curso de

Psicopedagogia pelo acompanhamento do meu

crescimento ao longo do curso.

Agradeço a minhas amigas Cláudia Pinto e Eliane Lima

que aturaram meu mau humor todas as manhãs de

sábado.

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DEDICATÓRIA

A Deus pelo amparo;

A minha mãe Silvia pela força;

As minhas filhas Letícia e Maria Eduarda por serem a

razão da minha vida;

As minhas amigas e companheiras de profissão Cláudia

Pinto e Eliane Lima pelo apoio;

Ao meu marido Sérgio pelo carinho.

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"Brincar com crianças não é perder

tempo, é ganhá-lo; se é triste ver

meninos sem escola, mas triste

ainda é vê-los sentados enfileirados,

em sala sem ar, com exercícios

estéries, sem valor para formação do

homem”.

Carlos Drummond de Andrade

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RESUMO

O brincar vem desde a antiguidade, passando por Aristóteles e chegando aos

dias atuais, mostrando a sua importância no desenvolvimento da criança.

Esta monografia mostra como a escola e os professores colocam o brincar

apenas como modo de lazer, e esquecem que as crianças assimilam melhor os

conteúdos quando brincam. E porque não juntar o brincar e a pratica

pedagógica?

Porque será que é tão difícil resgatar brincadeiras da infância de nossos avós,

nossos pais e ensinar aos nossos filhos, o prazer de uma boa brincadeira.

Palavra-chave: Brincar, Educação, Infantil-família.

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO......................................................................................................09

CAPÍTULO 1 - O BRINCAR ATRAVÉS DOS TEMPOS ...................................................10

CAPÍTULO 2 - COMO VOVÓ BRINCAVA E COMO SE BRINCA HOJE............................... 15

CAPÍTULO 3 - CONCEITUANDO ............................................................................. 18

CAPÍTULO 4 - O BRINCAR NO CONTEXTO SÓCIO CULTURAL .................................... 25

CAPÍTULO 5 - O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL ................................................. 28

CONCLUSÃO....................................................................................................... 30

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 31

ANEXO............................................................................................................... 36

ÍNDICE ............................................................................................................... 38

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INTRODUÇÃO

O que seria o brincar? Qual é a sua importância na vida da criança?

Porque será que a escola não lhe dá a devida importância? Entre tantas outras

questões, se levanta a importância do brincar e sua implicação pedagógica.

Este estudo mostrará como o brincar é importante para o desenvolvimento

cognitivo, intelectual e social da criança na idade da educação infantil.

O presente estudo destina-se a pais, professores e pessoas

responsáveis pela arte de educar, que muitas vezes, mesmo sabendo desse

gostar, acabam não valorizando ou mesmo não as encorajando, preferindo

lapidar o fazer infantil, de forma que os agrade. O brincar é criativo e deve ser

livre, quando um adulto decide programá-lo pode ser desastroso, pois o ato de

brincar é extremamente delicado.

Ele pode atrapalhar a fantasia e a improvisação. O brincar deve ser

natural, sendo satisfatório quando não é perturbado. Para o escritor Millôr

Fernandes "livre brincar é só brincar". E se não for livre, perde a graça.

A metodologia adotada caracteriza-se por uma pesquisa qualitativa

exploratória. Optou-se por esse delineamento por comportar a pesquisa

bibliográfica, e pelo conhecimento e familiaridade que se tem com os teóricos

que já escreveram sobre este assunto.

O brincar é essencial, criança que brinca é mais feliz, mais completa,

aprende com facilidade e se torna adulto mais feliz.

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CAPÍTULO 1

O BRINCAR ATRAVÉS DOS TEMPOS

Em 1990, o Brasil avança com a construção do Estatuto da Criança e do

Adolescente, conhecido como ECA. LEI N°. 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990.

Entre outros direito, essa lei assegura à criança o direito ao brincar, no

seu capítulo II que nos diz que:

"Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis.

Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos: I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as

restrições legais; II - opinião e expressão; III - crença e culto religioso; IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação; VI - participar da vida política, na forma da lei; VII - buscar refúgio, auxílio e orientação. Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física,

psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.

Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.”.

Mas a história sobre esse direito começou a ser construída há muito

tempo. Embora o brincar sempre tenha feito parte do cotidiano infantil nem

sempre lhe foi dada devida importância, assim “... a atividade lúdica da criança

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10é considerada com menosprezo pelo adulto, que a contrapõe ao seu trabalho

cotidiano" (Lebovici e Diatkine, 1988, p. 12).

Faz-se necessário, então, um outro olhar, pois a presença de atividades

lúdicas desde os mais tempos primitivos tem se evidenciado através de

registros de brinquedos infantis em várias culturas, desde a pré-história,

caracterizando-se como atividade fundamental, por ser intrínseco à alma

humana; o que deixa claro que o brincar é inerente à natureza humana, seja

qual for a sua origem ou sua época.

Ao longo do tempo, a forma, o espaço e tempo de brincar sofreram

transformações.

Na Antigüidade, no séc. v, utilizavam-se dados, assim como doces e

guloseimas em formas de letras e números para ensinar a criança. Somente

com a quebra do pensamento romântico a valorização da brincadeira ganha

espaço na educação da criança pequena.

Anteriormente, a brincadeira era considerada como recreação e a

imagem da infância não permitia a aceitação de um comportamento infantil,

espontâneo.

Durante a Idade Média (séc. XI), há uma revolução cultural, que tem

como fator central a religião, com a ascensão do cristianismo, que relacionava

o jogo ao prazer, que era considerado profano e imoral. A Pedagogia é

contaminada com esse pensamento e passa a ser baseada na disciplina, na

rigidez, no controle e na obediência, considerando somente as necessidades

do mundo adulto, tornando-se sem sentido para as crianças, que têm como

única saída fugir da escola em busca dos folguedos e das brincadeiras. Fica

evidente que o brincar não tinha nenhuma importância. A criança não

significava muito para seus pais. A criança não existia para essa sociedade,

pois não trabalhava e não servia como mão-de-obra. Já os filhos de nobres,

eram considerados como "miniadultos" e eram educadas desde cedo para o

trabalho.

A partir do séc. XVI, como o advento do mercantilismo e o nascimento do

pensamento pedagógico, o lúdico começa a ser utilizado pelos jesuítas no

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11ensino da Gramática e Ortografia. E é a partir daí que a criança passa a ser

vista como "criatura" e a ter sua necessidade especifica como brincar

reconhecida...

Na Europa do séc. XVI nasce a instituição escola, administrada por

religiosos, o que provocou uma metamorfose na formação moral e espiritual da

criança. Já na Idade Média, a aprendizagem era para dominar técnicas e

saberes tradicionais, ensinados pelos mais velhos na comunidade. A Idade

Moderna prepara o futuro adulto em escolas. Pode-se perceber que a criança

era então vista como um adulto em gestação.

Na Revolução Industrial, a criança passa muito tempo sozinha dentro de

casa, enquanto sua mãe desloca-se para frente de trabalho, mas, com o tempo

é incorporada como mão de obra, havendo indícios de fábricas que possuíam

máquinas em tamanho pequeno apenas para o trabalho infantil; era um tempo

ele privação, perigo e trabalho intenso.

Para Montaigne (1533) o brincar era um instrumento do desenvolvimento

da expressão, da oralidade e do imaginário, onde se podia expressar

espontaneamente sentimentos e sensações através do jogo.

Aproximadamente entre o século XVII e XVIII, novos movimentos

culturais surgem, rompendo com o modelo pedagógico voltado para o homem-

adulto, passando a levar em conta outros sujeitos. Considerava-se a criança

diferente do adulto, com um processo evolutivo, com valores próprios e direito

à fantasia, igualdade e comunicação, descobre-se a infância, ela adquire o

direito à educação, o que muda as instituições educativas e as ciências

humanas. Surge, então, o ensino através dos jogos defendido por Rousseau,

que traz conceitos novos, respeito ao ritmo de crescimento e à valorização das

características infantis. Aqui pode-se evidenciar o brincar valorizado como

instrumento infantil do aprender.

"Brincar é a fase mais importante da infância" (Frobel, 1912, pp. 54 e 54)

Para o criador do jardim da infância, o primeiro a introduzir brincadeira no

contexto infantil, iniciando-se timidamente, o brincar era essencial nos

primeiros anos de vida, e a partir daí cresce como ser humano, sabendo usar

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12seu corpo e seus sentidos para a prática ou para buscar resultados. A criança

não tem idéia sobre o significado destas práticas, por isso, ela brinca com tanta

liberdade e prazer. Ele introduz o trabalho pedagógico usando jogos e

brinquedos. Aponta que, no brincar, levantam-se certas características como:

representatividade, prazer, autodeterminação, expressão e valorização do

brincar. Para ele a brincadeira era importante para o desenvolvimento,

especialmente, nos primeiros anos. Embora Froebel definisse o brincar como

ação livre para a criança, a adoção da supervisão relaciona-se com o interesse

em concebê-Io como forma eficaz de gerar unidade ideológica e social em

populações éticas e classes sociais distintas.

Para Sócrates (470 a.C) Aristóteles (1900) e Tomás de Aquino (1227) o

jogo era visto como recreação, como relaxamento para atividades física,

intelectual e escolar, não tinha uma importância psicológica ou pedagógica

valorizada.

Segundo Kishimoto citando Rabelais (1998, p.62):

"Rabelais critica o jogo como futilidade, como não-sério, relacionado a dinheiro, e o valoriza como instrumento de educação, para ensinar conteúdos, gerar conversas, ilustrar valores e práticas do passado ou até para recuperar brincadeiras dos tempos passados".

Para ele, o jogo tinha um caráter pedagógico, onde se valorizava a

oralidade para educar e era através desse brincar que se educava, formavam-

se valores, resgatava-se a história de um povo, buscava-se a construção de

identidades.

Uma nova concepção aparece no Renascimento, no séc.XV, que

reconhece na criança a natureza boa. Mais do que uma característica própria,

a criança é vista como um ser que imita e que brinca cheia de liberdade. Nasce

a infância. Aqui a brincadeira é vista como conduta livre que favorece o

desenvolvimento da inteligência e facilita o estudo, sendo adotada como

instrumento de aprendizagem de conteúdos escolares, acabando com a

ideologia da palmatória. Neste momento o educador ministrava seus conteúdos

de forma lúdica.

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13Após o século XVII houve uma grande preocupação com a moral, a

saúde e o bem comum, passa-se a ter a infância como alvo principal. A

criança, a partir desta época, torna-se cidadã.

No final do século XVIII a atividade lúdica modifica-se: torna-se

segmentada, passando a fazer parte especificamente da vida das crianças; ao

mesmo tempo torna-se "pedagógica", pois entra na escola com objetivos

educacionais. Estes fenômenos são acompanhados do surgimento do

brinquedo industrializado, da institucionalização da criança, e de um movimento

da mulher para o mercado de trabalho, que aliados à falta de espaço e

segurança nas ruas das grandes cidades, transforma o brincar em uma

atividade mais solitária e que acontece em função do apelo ao consumo de

brinquedos.

O Romantismo, no séc.XIX, cria um novo lugar para a criança e seu

jogo, que tem o brincar como instrumento de educação para a primeira

infância.

O grego Platão, em 428 a.C, é quem primeiro apresenta estudos sobre o

lúdico e suas influências na educação e a importância dos jogos no

desenvolvimento da criança, como facilitador no seu processo de

aprendizagem.

Frobel, Maria Montessori e Decroly foram os primeiros pedagogos na

educação pré-escolar a romper a educação verbal e tradicionalista de sua

época.

Eles propuseram uma educação sensorial, utilizando jogos e materiais

didáticos que deveriam traduzir por si a crença de uma educação natural dos

instintos infantis.

Eles contribuíram muito para superação da concepção tradicionalista de

ensino, onde a criança passa a ser respeitada e compreendida enquanto ser

ativo.

Influenciaram a história da pedagogia pré-escolar brasileira, a partir de

sua entrada através do movimento da Escola Nova.

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14Hoje se percebe que a maioria das escolas vêm didatizando a atividade

lúdica da criança, restringindo a exercícios repetidos de discriminação viso

motora ou auditiva, através do uso de jogos pedagógicos, e musicas ritmadas.

Deixam de lado a livre expressão e não se preocupam com a construção de

conhecimento, entregando às crianças modelos prontos, como desenhos para

colorir e muitas folhas mimeografadas Ao fazer isso, ao mesmo tempo em que

se bloqueia a organização independente da criança para a brincadeira, inibe-se

seu potencial criador e imaginativo.

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CAPÍTULO 2

COMO A VOVÓ BRINCAVA E COMO SE BRINCA HOJE.

Será que a criança do século XXI, brinca tanto quanto brincavam seus

pais e avós quando tinham a sua idade?

A resposta provavelmente é não. Vários fatores contribuíram para que a

criança dedique menos tempo ao brincar.

Pode-se dizer que a criança moderna vive como um "mini-adulto": está

envolvida em várias atividades extracurriculares como aulas de bale, inglês,

judô, natação etc., antes mesmo de entrar na escola.

Entre vários fatores pode-se citar a televisão como um deles.

"Nos Estados Unidos, uma criança pré-escolar passa cerca de 4 horas por dia frente ao aparelho de televisão, o que significa que, mantendo-se esse ritmo, antes de chegar aos 10 anos será consumido um ano de vida nessa atividade ou melhor, nessa "passividade" (Bonamigo e Kude, 1991 p. 76 citando Bee).

No Brasil, certamente não é diferente, esses dados são alarmantes e,

infelizmente tendem a agravar-se. Talvez seja inútil lutar contra a televisão, ela

veio pra ficar, fazendo parte do cotidiano, mas o seu uso deve ser dosado.

Muitas vezes os pais lamentam o excesso de tempo que seus filhos

ficam na frente da televisão, reconhecendo que em suas casas o aparelho

permanece constantemente ligado, mesmo quando ninguém está olhando um

programa específico. Sendo assim a televisão já virou um membro da família.

A criança também acha incoerente quando seus pais falam para ela ir

brincar, enquanto eles próprios passam horas na frente da televisão, assistindo

a novela ou ao futebol. Poucas coisas são tão antipedagógicas quanto o "faça

o que eu digo, mas não faça o que eu faço". Aqui entra uma questão de bom

senso. É preciso criar regras, aplicar normas, limitar o número de horas em que

a televisão deve ficar ligada.

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16Como explicar porque o brincar já não ocupa mais o lugar que ocupava

antes?

No século XVII, as crianças e os adultos brincavam juntos e hoje é um

fazer exclusivamente da criança.

Por que será que o ser humano perdeu o gosto pelo brincar?

Provavelmente o ritmo pela vida moderna não deixa muito tempo livre para que

o adulto possa se divertir livremente. É provável que as modernas e

sofisticadas opções de lazer exerçam maior atração do que as tradicionais. O

fato é que o adulto deveria recuperar o gosto pelo lúdico se lhe interessar

realmente que a criança restabeleça o prazer de brincar.

É muito importante que a criança perceba que o adulto divide com ela o

gosto por suas brincadeiras.

"As atitudes internas dos pais sempre têm um impacto sobre os filhos; assim, o modo pelo quais os pais sentem a respeito das brincadeiras, a importância que eles dão, ou a falta de interesse nelas nunca passam despercebidas pelo filho... a experiência lúdica propicia à criança uma base sólida sobre a qual desenvolver sua relação com eles e, posteriormente, com o mundo..." (Bonamigo e Kude, 1991 p. 78 citando Buttelheim).

Quando o adulto emprega expressões tipo: "isso é mera brincadeira" ou

"passatempo infantil", ele coloca e reafirma que o brincar é desprezível e

mostra a criança o abismo que separa seu mundo do mundo adulto. Os pais

que fazem um investimento positivo na brincadeira dos seus filhos passam

para eles segurança dando-Ihes condições de realizar "tarefas" da vida adulta.

Hoje soltar pipa, jogar bolinha de gude, pular corda, amarelinha, subir em

uma árvore para comer jabuticaba ou uma manga, são brincadeiras que não

têm mais graça, a criança prefere jogar videogame ou mesmo acessar a

internet.

Brincar descalça e tomar banho de mangueira, brincar de telefone sem

fio, queimado, roda, pião, Ah!...Como o tempo passou, por que se perdeu

encanto por essas brincadeiras tão gostosas?

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17O que será que está acontecendo com a criança de hoje? São tantas as

perguntas, tantas respostas. Uma delas é que o tempo mudou. Vive-se hoje a

era da tecnologia, vive-se para o trabalho.

Brincadeiras de rua vão perdendo espaço para as brincadeiras

eletrônicas, ficar dentro de casa é questão de segurança pública. A

modernidade trouxe a violência e a agressão social fazendo com que espaços

coletivos sejam cada vez menores, há uma desconfiança no ar. Assim brincar

de amarelinha, pular corda pique bandeira e outras brincadeiras vão ficando

esquecidas, adormecidas.

Numa sociedade capitalista, o consumismo é incentivado, assim

brinquedos e Jogos comerciais acabam sendo mais valorizados do que os

jogos e brincadeiras populares. Percebe-se então a desvalorização das

brincadeiras tradicionais e a hiper valorização de brinquedos caros e

descartáveis. É comum a criança fazer uma lista de pedidos de brinquedos,

relacionando entre eles jogos de valor monetário alto ou mesmo preferindo

ganhar um celular, mesmo que não saiba o valor de uso. A criança moderna

valoriza produtos eletrônicos e jogos como o adulto os valoriza, deixando-se

perder assim a infância tão durante conquistada.

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CAPÍTULO 3

CONCEITUANDO... 3.1 O Brincar

Brinca-se desde muito cedo. A criança ainda dentro do ventre de sua

mãe brinca com seu corpo. Ao nascer brinca com o primeiro olhar, com o seio,

com o contato com a face de sua mãe, com o sorriso do pai, brinca com seus

pés e mãos, brinca com sua orelha, com seus cabelos, descobrindo a si, o

outro e o mundo a sua volta. Tudo é brinquedo, tudo é brincadeira.

Mas o que significa brincar? Você sabe? Brincar antes de qualquer coisa

é um processo e não um produto, é atividade e experiência que envolve a

participação total da criança.

Sabe-se que o brincar é fundamental e essencial para o ser humano. E é

através dele que a criança cria e recria "é no brincar, e talvez apenas no

brincar, que a criança ou adulto fruem sua liberdade de criação" (WINNICOTT,

p. 79, 1971).

Pode-se ver que o brincar faz parte da história da humanidade e da

criança.

Qual adulto não lembra de ter brincado?

Em uma pesquisa sobre o brincar viu-se como vários autores o definem:

Existem vários significados para a palavra brincar:

"Divertir-se infantilmente... recrear-se, distrair-se, pular, dançar... Dizer

ou fazer algo por brincadeira...” (dicionário Aurélio, p. 228).

"Divertir-se como criança. Fazer ou dizer por brincadeiras; gracejar”

(minidicionário Ruth Rocha, 1995, p. 99)

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19Segundo Bonamigo, Kude (1991, p. 11) citado Bech, enumera da

seguinte maneira o brincar:

1. "Tem um elemento emocional de prazer;

2. Não tem resultado biológico relativamente imediato que afete a

continuação da existência do indivíduo ou da espécie;

3. Suas formas exteriores são relativamente específicas de espécies;

4. A quantidade, duração e diversidade do brincar numa determinada

espécie estão relacionadas com sua posição filogenética".

Já para Piaget, segundo Bonamigo e Kute (1991, p. 12) nos diz que

brincar é:

1. "É um fim em si mesmo;

2. É espontâneo;

3. É uma atividade para o prazer;

4. Tem uma relativa ausência de organização;

5. É livre de conflito;

6. É super motivado”.

Assim o brincar é visto de diferentes maneiras por diferentes estudiosos

Segundo Bonamigo e Kute (1991, p. 13) citando Freud nos diz que "brincar é a

estrada nobre que a compreensão dos esforços do ego infantil para chegar à

síntese". Então, brincar seria uma função do ego, uma tentativa de reunir o

processo corporal ao processo social com o "eu". Brincar tem então uma

função subjetivante, construindo espaço de formação do eu social.

Durante o ato de brincar, a criança não se preocupa com os resultados,

o prazer e a motivação a leva para ação e exploração livre, que contribui para

espontaneidade de quem brinca. Kishimoto (2002 p. 146) nos diz que:

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20"Pode ser uma ação iniciada e mantida pela criança, a brincadeira possibilita a busca de meios, pela exploração, ainda que desordenada, e exerce papel fundamental na construção do saber-fazer".

É também no brincar que a criança pode elaborar o luto pela perda

relativa dos cuidados maternos, assim como inspira e descobre estratégias de

como enfrentar o desafio de caminhar com as próprias pernas e começar a

pensar com a própria cabeça, assumindo aos poucos a responsabilidade por

seus próprios atos, enfim, aprender a viver. Pode-se definir que o brincar é

espontâneo, é criativo, é uma atividade de pesquisa realizada por si mesma.

O brincar é o fazer mais sério da infância, e o adulto deveria não só

respeitá-lo como encorajá-lo e propiciá-lo a todo instante, de fato "brincar é o

modo com a criança aprende o que ninguém lhe pode ensinar” (BONAMIGO e

KUDE, citando Hartley 1991, p. 18).

Alguns adultos mesmo sabendo que crianças gostam de brincar, acabam

não valorizando ou mesmo não as encorajando e, preferem lapidar seu fazer

infantil, de forma a lhes agrade. O brincar é criativo, mas quando um adulto

decide programá-lo pode ser desastroso, pois o ato de brincar é extremamente

delicado. Ele pode atrapalhar fantasia improvisação. O brincar deve ser natural,

sendo satisfatório quando não é perturbado.

3.2 A Brincadeira

A brincadeira tem uma grande importância na construção da inteligência

e do equilíbrio emocional da criança, contribuindo para sua afirmação pessoal e

integração social.

Segundo Wajskop (2001, p. 29) citando Brougene nos diz que:

"A brincadeira é uma mutação do sentido da realidade: nele as coisas se transformam em outras. É um espaço à margem da vida cotidiana que obedece a regras criadas pela circunstância..."

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21Como atividade social específica, a brincadeira é partilhada pela criança,

interpretação da realidade em que vive. Implica uma atividade consciente e não

evasiva.

Existem vários significados para a palavra brincadeira:

"Brincadeira: ato feito de brincar, brinco; divertimento, sobretudo entre crianças; brinquedo, jogo; passatempo, entretenimento, divertimento..." (Dicionário Aurélio, p. 227) "Brincar - ato de brincar; divertimento; gracejo; palavras ao ato que não pretende ser real" (Dicionário Ruth Rocha, p. 99).

Portanto, a brincadeira é uma atividade social infantil, cuja característica

imaginativa é repleta de significados, fornecendo uma ação educativa única

para a criança.

Na brincadeira, a criança pode pensar e experimentar situações novas

ou mesmo do seu cotidiano, isentas das pressões situacionais. No entanto, é

importante ressaltar que pelo seu caráter aleatório, a brincadeira também pode

ter fatores doloridos, com os quais a maioria das crianças se confronta

diariamente.

A brincadeira tem importância fundamental na construção da inteligência

e do equilíbrio emocional infantil, contribuindo para afirmação pessoal e

integração social da criança.

As brincadeiras em conjunto vêm a ser a melhor experiência de

socialização, uma vez que, para fazer parte do grupo, é preciso aprender

gradativamente a tomar conta dos próprios impulsos. Além disso, a visão de

mundo deixa de partir de um único foco, voltando para si mesmo, para se

expandir para outras formas.

"A mudança no conteúdo da brincadeira da criança está intimamente

relacionada a mudanças em suas atividades rotineiras". (Bontempo, 2000 p.

129).

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22Brincando, a criança passa a representar vários tipos de papeis, como

pai, mãe, professor, médico, etc., dando novos significados e funções aos

objetos.

Para se conhecer bem uma criança, deve-se conhecer seus brinquedos

e suas brincadeiras, pois é na brincadeira que a criança expressa suas idéias e

visão do mundo.

O brinquedo não pode ser definido apenas, como uma atividade que dá

prazer à criança, A tendência de uma criança muito pequena é satisfazer seus

desejos imediatamente. Para resolver esta tensão ela envolve-se num mundo

ilusório e imaginário, onde seus desejos e necessidades são realizáveis. Esse

mundo é o que Vygotsky chama de brinquedo. Então fica evidente que a

influência do brinquedo no desenvolvimento de uma criança é enorme.

As crianças estão constantemente fazendo coincidir a situação de

brincadeira e a realidade; sendo assim, o que na vida real passa despercebido

pela criança, torna-se uma regra de comportamento no brinquedo.

A ação numa situação imaginária ensina a criança a dirigir seu

comportamento pelo significado do problema. Ela passa a se interessar por

uma esfera mais ampla da realidade e sente necessidade de agir sobre ela.

Assim, a criança tenta atuar não apenas sobre as coisas às quais tem acesso,

mas esforça-se para agir como um adulto e é isso que se torna motivo de

brincadeira.

O espaço da brincadeira na escola é a garantia de uma possibilidade de

educação criadora, voluntário e consciente.

3.3 O Jogo

“... o adulto acha que a criança tem o direito de brincar, por que é criança, enquanto que ele possui o mesmo direito, porque trabalha. O jogo da criança, para ele, costuma ser uma atividade desodorizada, característica da infância, ainda não responsável". (LEBOVICI e DIATKINE, 1995 p. 29).

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23O jogo e o brincar são desvalorizados pelo adulto, que por ter a

responsabilidade de trabalhar e pagar contas acha que isso é apenas coisa de

criança, não sabendo que ele precisa desse momento de descontração. O

brincar na fase adulta afasta o temido stress, pois é através da brincadeira que

se pode extravasar energias negativas, descontraindo e fazendo uma opção

pela saúde.

Existem vários significados para a palavra jogo, deixando claro que ele

não se refere em nenhum momento como coisa específica de criança.

A palavra jogo é de origem latim, jocu, "gracejo", "zombaria" que mais

tarde toma o lugar ludus que hoje também significa lúdico. Na França usa-se

jeu, que também se aplica aos instrumentos musicais e no alemão, spielen.

"Jogo - ato de jogar; divertimento submetido a regras, no qual se perde

ou ganha coleção, conjunto". (Dicionário Ruth Rovha, p. 359).

"Jogo - atividade física ou mental organizado por um sistema de regras

que definem a perda ou ganho; brinquedo, passatempo, divertimento; jogo de

azar..." (Dicionário Aurélio, p. 803).

Huizinga tentou realizar um balanço da função social do jogo, mostrando

que o jogo é expressão da cultura. O jogo, sendo um elemento construído

sócio-culturalmente pelo sujeito, varia em função do meio cultural e da época

em que está inserindo.

Para VygotsKy, o fator social está presente nos jogos quando a criança

cria uma situação imaginária, incorporando elementos do contexto cultural

adquiridos por meio da interação e da comunicação.

Quando uma criança promove uma situação imaginária, ela expressa

seus desejos e internaliza as regras sociais. A criança quando brinca ou joga é

livre, podendo construir regras para o jogo ou para brincadeira, o que na vida

real não poderia aplicá-la.

Segundo Bonamigo e Kute (1991, p. 33) citando Bruner nos diz que as

funções fundamentais do jogo são:

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241. "O jogo reduz a gravidade das conseqüências dos erros e dos

fracassos. O jogo é uma atividade séria que não tem

conseqüências frustrantes para a criança, é uma atividade que se

justifica por si mesma e, por conseguinte é um excelente meio de

exploração que por si mesmo estimula".

2. O jogo caracteriza-se por apresentar uma fraca conexão entre os

meios e os fins... O jogo é um meio de exploração e de invenção,

a criança não se preocupa demasiadamente com os resultados,

mas, pelo contrario, modifica freqüentemente sua atividade

deixando o caminho livre para sua fantasia.

3. O jogo, apesar de ser variado, raramente é aleatório ou casual,

antes pelo contrário, parece obedecer a um plano.

4. O jogo é uma projeção da vida interior para o mundo... No jogo o

mundo é transformado de acordo com os desejos da criança...

Assim, o Jogo é uma atividade extremamente importante para o

desenvolvimento, pois dá à criança uma sensação de

onipotência.

5. O jogo diverte e diverte muito. "Mesmo os obstáculos divertem a

criança, pois sem eles o jogo seria entediante".

3.4 Lúdico

A atividade lúdica oferece oportunidade para a criança· experimentar

comportamentos que, em situações normais jamais aconteceriam, devido ao

medo do erro e da punição.

"Lúdico - relativo a jogos e brinquedos; diz-se do que distrai com jogos e

brincadeiras." (Dicionário Ruth Rocha, p. 381) "Lúdico - Referente a, ou que

tem o caráter de jogos, brinquedos e divertimentos: a atividade lúdica das

crianças..." (Dicionário Aurélio, p. 855) O termo lúdico é mais abrangente: é

atividade individual e livre e também é a coletiva e regrada. Quando se pede

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25um sinônimo para lúdico, geralmente dizem que é algo "prazeroso" e nunca

"livre", está confusão ocorre por considerar-se o efeito e não a sua causa: o

prazer é o resultado do caráter livre.

O fato de a criança aprender informática com mais facilidade do que o

adulto verifica-se porque elas brincam com o computador ao usá-lo; a atividade

livre proporciona liberdade para descobrir. A liberdade é a fonte do novo.

Segundo Bonamigo e Kude (1991, p. 35) citando Scarfe nos conclui que

"o espírito lúdico é vital para a espécie humana".

O espírito lúdico é base da felicidade, e o meio pelo qual o sujeito cresce

criativamente, intelectualmente e socialmente sadio.

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26

CAPÍTULO 4

O BRINCAR NO CONTEXTO SÓCIO CULTURAL

A criança desde o seu nascimento está inserida num contexto social que

a identifica como ser histórico. Ela não deve ser um joguete da sociedade Tem

um papel ativo na sociedade em que está inserida. E é através da brincadeira

que ela imita, assimila e recria a experiência sócio cultural de seu povo e de

tempo.

Elas estão em todos os lugares, em todos os países, desempenhando

diversos papéis, cheiram cola, mendigam nos sinais, trabalham, são

exploradas sexualmente, brincam ou mesmo roubam. Assume a casa, trazendo

todos os dias o sustento da família ou apenas estudam e brinca.

Negras, mulatas, brancas, meninos ou meninas são usados pela

publicidade para vender seus produtos. A mídia investe em seu potencial

consumista, vendendo-lhes seus produtos.

A brincadeira é uma atividade socialmente construída, onde ocorrem

interações e construções de conhecimento, e que faz estabelecer uma ligação

com o mundo adulto. Ela se constrói a partir das trocas de idéias com seus

pares, e interações com os adultos e outras crianças ao seu redor. Wajskop

(2001, p. 25) nos fala que "a criança se desenvolve pela experiência pessoal,

nas interações que estabelece desde cedo, com a experiência sócio-histórica

dos adultos do mundo por eles criados”.

Discute-se muito a respeito da construção da infância e de seus direitos,

onde o direito de brincar é um direito assegurado por lei, assim constrói-se um

espaço que favorece a construção de uma identidade infantil, e que preserva

seus instrumentos de manifestação, comunicação e organização: o brincar e a

brincadeira.

Percebe-se assim que o brincar favorece a construção do sujeito

autônomo, criativo e cooperativo. Crianças não são só produtos da cultura, mas

também produtoras dela. Para Winnicott (1975, p. 63) "a brincadeira facilita o

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27crescimento...; o brincar conduz aos relacionamentos grupais; o brincar pode

ser uma forma de comunicação...".

Só se pode avaliar o desenvolvimento de uma criança quando se

conhece o seu ambiente, seu desenvolvimento pessoal e suas relações com o

brincar.

É através do brincar que a criança aceita desafios, levanta

questionamentos, que faz parte do seu cotidiano, tenta resolvê-los para melhor

compreendê-los, brinca de casinha e boneca para assimilar esta realidade,

onde assume diferentes personalidades e personagens, criando uma situação

imaginária.

"Ao brincar a criança desenvolver a imaginação, a criatividade, associa experiências reais e elabora regras. Brincando ela constitui a consciência de sua própria realidade, criando condições para modificá-las. Brincar pode se entendido como mudança de significado, como movimento, tem uma linguagem, é um projeto de ação. Brincando molda-se a subjetividade do ser humano, cunha a realidade, estabelece um tempo e espaço, brincar é criar, criar uma forma não convencional de utilizar objetos, materiais. É inventar o próprio tempo e espaço". ESTEVES (1998, p. 50).

No brincar há um espaço onde ocorrem interações e confrontos de

diferentes idéias e diferentes maneiras de se ver o mundo, a criança recria

regras estabelecidas por ela mesma, onde há trocas de experiência e

oportunidade de conhecer novas brincadeiras.

Cohn (2005, p. 33) nos diz que "... a diferença entre as crianças e os

adultos não é quantitativa, mas qualitativa...". A criança não sabe menos, sabe

outra coisa que faz parte do seu cotidiano, ela fala ou faz o que o adulto sabe,

mas não faz.

Segundo Wajaskop citando Nygotysk (2001, p. 35) nos diz que:

"a zona proximal de desenvolvimento nada mais é do que a distância entre o que a criança pode fazer sozinha e entre o que ela precisa da ajuda de outra pessoa: a brincadeira possui três características: a imaginação, a imitação e a regra".

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28Reconhecer a criança com indivíduo participativo é o grande problema

em questão, pois cobra-se muito dela e a escuta muito pouco, achando que

sua opinião não faz. a diferença, e quando a criança se impõe como sujeito,

colocando sua opinião é vista "como adulto". Cohn (2005, p. 28) nos diz que

"Reconhecê-la é assumir que ela não é um adulto em miniatura", ou alguém

que treina para a vida adulta.

Quando o sujeito age sobre o conhecimento ele aprende, constrói e usa

o que aprendeu em diferentes situações, agindo e modificando a si e ao meio.

Aprendizagem é antes de mais nada um processo, processo construtivo,

que vai se estruturando por extensa troca entre o sujeito e seus pares e o meio

onde vive.

A criança vive em sociedade, estabelece relações com seus pares, se

comunica. Através de sua ação sobre o meio ambiente ele se modifica e

modifica o meio. Ela aprende, constrói conhecimento é um ser social, afetivo e

cognitivo. É social porque vive em sociedade, adquire uma cultura, sofre

interferências da sociedade, produz mudanças, vive num ambiente de extensa

troca entre pares, estabelece relações, assume regras de conduta, tem direitos

e deveres, age dentro de um padrão social, financeiro, moral, vive num tempo e

espaço delimitado por uma sociedade. É afetivo, pois em seu processo de vida

elege objetos para interagir, para trocar, estabelece relações afetivas com o

meio em que vive, pode gostar ou não, tem a opção de escolha. É cognitivo,

pois aprende troca, constrói conhecimento, cria ferramentas que o ajudam a

melhor elaborar e executar o seu trabalho.

A criança que pensa, age, que sabe criticar, que pode fazer escolhas,

que planeja, constrói pensamento e conhecimento, que aprende e que interage

é um ser criativo e integro.

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29Para aprender, para construir conhecimento, precisa-se eleger um objeto

e então agir sobre ele. Todo conhecimento implica sempre em uma parte que é

o objeto e de uma outra parte que é o sujeito, e o que ocorre entre eles é o que

se denomina aprendizagem, ou construção do conhecimento, isto é, a ação

que o sujeito pratica para interiorizar o objeto. O conhecimento, na concepção

piagetiana, não provém do sujeito nem do ambiente, mas da interação de

ambos por intermédio da ação. Portanto, para haver interação e compreensão

do mundo, são necessários dois pólos distintos: de um lado, o sujeito; do outro,

o objeto.

Assim a criança aprende e constrói conhecimento quando descobre e

age no seu contexto sócio cultural, modificando a si também o ambiente.

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CAPÍTULO 5

O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL

O brincar tem grande importância na idade pré-escolar, onde se deve

compreendem a criança como um ser histórico social.

Muito se vem estudando a diferença entre crianças que têm a

oportunidade de brincar na escola e outras crianças onde a escola prioriza a

reprodução de "folhinhas" de atividades mimeografadas ou xerocadas como

principal e única atividade escolar A escola, enquanto instituição que tem uma

função social a desempenhar na organização da sociedade, participante do

processo de constituição do homem, torna-se um espaço possível e

privilegiado onde o brincar é caracterizado.

A experiência do brincar na escola pode ser uma experiência

fundamental ao indivíduo já que possibilita maior intimidade com o

conhecimento, construção de respostas, interpretação e assimilação do mundo

por meio de um trabalho lúdico.

Mas está concepção é uma prática ainda nova e ameaçadora para a

maioria dos professores, que foram nos cursos de magistério, acostumados a

folhas mimeografadas e, ainda, para outros professores, a idéia, em relação ao

brincar na escola, está associada a disfarce, prontidão e passatempo,

utilizando-se do brincar apenas como recurso didático de sedução.

Quando perde sua dimensão lúdica, sufocada por um uso didático que a

restringe o seu papel técnico, a brincadeira esvazia-se: a criança explora

rapidamente o material. Isso se dá quando, em vez de aprender brincando, a

criança é levada a usar o brinquedo para aprender.

O conteúdo dos jogos pode ser incorporado em projetos pedagógicos: o

professor deve observar, participar, enriquecer e incorporar o conteúdo do

brincar espontâneo, sendo que todo brincar deve ser valorizado.

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31Muitos autores defendem o uso do brincar como elemento que deve ser

priorizado e valorizado, pois acreditam que ele tem um papel fundamental na

educação infantil. Também são importantes na construção da identidade e da

autonomia.

A educação infantil deve ter um projeto educativo que assuma o brincar

como atividade educativa, que deve ser utilizada como ponto de partida para o

desenvolvimento e para a aprendizagem.

Além disso, antes de aceitar a brincadeira como um meio para

desenvolver esta ou aquela atividade, deve-se ter a consciência de que brincar

é um direito da criança.

Muitos autores defendem o uso do brincar como elemento que deve ser

priorizado e valorizado, pois acreditam que ele tem papel fundamental sendo

importante na construção da identidade e da autonomia e da formação de

sujeitos criativos e críticos desde a educação infantil.

A educação infantil precisa de um projeto educativo que assuma o

brincar como atividade educativa, que deve ser utilizada como ponto de partida.

Deve-se ter a consciência de que brincar é um direito da criança,

contribuindo para o desenvolvimento cognitivo, intelectual e social, facilitando

aprendizagem.

Segundo Bonamigo, Kude citando Erikson (1991, p. 39) "o ser humano

deve trabalhar a maior parte do tempo e brincar pouco" Acredita-se hoje que o

equilibro entre as partes é que seria o ideal.

É possível, através do modo como uma criança brinca, estabelecer o seu

modo de aprender, pode-se notar a forma como vê o mundo, percebe-se como

utiliza a inteligência, se pode jogar ou o que quer ocultar, pode-se observar sua

relação com a aprendizagem, sua capacidade de argumentar, organizar,

construir e significar.

O conhecimento é construído quando se faz do conhecimento do outro o

seu próprio conhecimento. Assim, ao brincar, pode-se construir simbolicamente

e metaforicamente o mundo. É importante destacar que, enquanto a criança

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32brinca, ela lida com a sua sexualidade, com seus impulsos agressivos,

organiza suas relações emocionais.

Assim a criança pode ir transformando seu modo de agir e pensar, pode

recuperar o prazer de jogar, experimentar, estabelecer confiança e criar o seu

próprio tempo e espaço.

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CONCLUSÃO

Brincar, jogar, pular, correr... A vida pode ser tão curta, porque não

aproveitam para brincar com o filho, hoje? Adultos também precisam de

brincadeiras e diversão. Com tanto trabalho, pais e professores acabam não

dando valor as brincadeiras de seus filhos ou alunos.

Será que a vida moderna mudou no brincar das crianças? O brincar é

antigo, antes quem brincava eram os adultos e com o passar do tempo virou

coisa de criança. E como será daqui a alguns anos? Resistirá as tecnologias e

à modernidade? Continuará a existir? Quem não lembra de alguma brincadeira

da infância? O brincar é essencial para a vida humana, o brincar é a lembrança

mais bonita que se pode ter da infância.

Infelizmente, não é possível a todos essa bela recordação. Hoje, com

tanta violência, crianças ficam "presas" em suas casas, tendo apenas a

televisão e,às vezes, o computador como forma de entretenimento, não podem

mais ficar descalças, brincar na rua, subir em árvores, etc. Será que as

crianças de hoje são mais felizes do que a vovó quando era criança?

O brincar é essencial, criança que brinca é mais feliz, mais completa,

aprende com facilidade e se torna adulto mais feliz.

Mesmo com a violência, o consumo desenfreado por brinquedos caros e

automáticos, mesmo que o espaço nos grandes centros não favoreça a

brincadeira ou o jogo, crianças de todas as partes do mundo continuam a

brincar. Brincam em seus sonhos coloridos com coisas que não podem brincar

em sua vida descolorida.

Brincam ainda de sonhar.

Embora o brincar sempre tenha feito parte do cotidiano infantil, até hoje,

não ocupa lugar de destaque na educação infantil.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BONAMIGO, Euza Maria de Rezende e KUDE, Vera Maria Moreira. Brincar.

Porto Alegre: Educação e Realidade, 1991.

COHN, Clarice. Antropologia da Criança. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.

ESTEVES, Claudia Maria. O Brincar com instrumento psicopedagógico:

brincando também se Aprende. Monografia (Pós-graduação em

Psicopedagogia - Instituto Isabel) Rio de Janeiro. 1998.

FERREIRA, Aurélio Buarque. Dicionário Aurélio. Rio de Janeiro: Nova

Fronteira, 1975.

HUIZINGA, Johan. Homo Ludens: A Brincadeira como Elemento da Cultura. 2

ed. São Paulo: Martins Fontes, 1984.

KISHIMOTO, Tisuko Morchida (org.). O Brincar e suas teorias. São Paulo:

Pioneira, 2002.

LEBOVICI, S. e DIATKINE, R. Significado e função do brinquedo na criança.

33 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985.

Ministério da Educação e do Desporto. Referencial Curricular Nacional para

a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998. 3 v.

OLlVEIRA, Vera B. (org). O Brincar e a criança do nascimento aos seus seis

anos. Rio de Janeiro: Vozes, 2000.

ROCHA, Ruth. Dicionário Aurélio. Rio de Janeiro: Ed.Scipione, 1995.

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35VYGOTSKY, L. S. A Formação social da mente. 13 ed. São Paulo: Martins

Fontes, 1984.

WAJSKOP, Gisela. Brincar na Pré-escola. 43 ed. Rio de Janeiro: Cortez, 2001.

WINNICOTT, D. W. O Brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975.

BIBLIOTECA on-line. Disponível em: www.culturabrasileira.com.br - Acesso:

21 de novembro de 2005.

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ANEXO

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ÍNDICE FOLHA DE ROSTO ............................................................................................... 02

AGRADECIMENTO ............................................................................................... 03

DEDICATÓRIA ..................................................................................................... 04

EPIGRAFE .......................................................................................................... 05

RESUMO ............................................................................................................ 06

SUMÁRIO ........................................................................................................... 07

INTRODUÇÃO......................................................................................................09

CAPÍTULO 1 - O BRINCAR ATRAVÉS DOS TEMPOS ...................................................10

CAPÍTULO 2 - COMO VOVÓ BRINCAVA E COMO SE BRINCA HOJE............................... 15

CAPÍTULO 3 - CONCEITUANDO ............................................................................. 18

3.1 O Brincar ....................................................................................................18

3.2 A Brincadeira.............................................................................................. 20

3.3 O Jogo........................................................................................................22

3.4 O Lúdico.....................................................................................................23

CAPÍTULO 4 - O BRINCAR NO CONTEXTO SÓCIO CULTURAL .................................... 25

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CAPÍTULO 5 - O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL ................................................. 28

CONCLUSÃO....................................................................................................... 30

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 31

ANEXO............................................................................................................... 36

ÍNDICE ............................................................................................................... 38