brainews - edição 2 - agosto/2012

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A BRAiN - Brasil Invesmentos & Negócios, por meio da Comissão Doing Business, elaborou uma pro- posta de Projeto de Lei para a cria- ção do Balcão Único de Aprovação de Projetos de Empreendimentos (BUAPE-HAB). O objevo da iniciava, desen- volvida em parceria com o Secovi-SP (Sindicato da Habitação), é centra- lizar a análise e a instrução dos pe- didos de aprovação de projetos de empreendimentos que dependam do exame, não apenas dos departa- mentos de Aprovação de Edificações e de Parcelamento do Solo e Inter - venções Urbanas e da Secretaria da Habitação, como também de outras secretarias municipais ou órgãos administravos da Prefeitura. As proposições do Balcão Único visam reduzir a burocracia, agilizan- do os processos junto aos órgãos públicos. A ideia é diminuir a sobre- posição entre agências, aumen- tando a eficiência sem perder a qualidade e a segurança exigidas pelos procedimentos. Se o projeto for materializado, o processo provocará grande efeito mulplicador para a economia de São Paulo, incorrendo na maior atra- ção de serviços relacionados ao polo. Neste sendo, o pedido da BRAiN e do Secovi-SP à Prefeitura de São Paulo abriu um processo de modernização do sistema, poden- do gerar resultados muito posi- vos em pouco tempo. Nesta edição de BRAiNews são mostradas ações semelhantes pra- cadas em outros países e seus resul - tados assim como o quanto São Paulo perde com a burocracia. nº2 • agosto 2012 publicação mensal BALCÃO ÚNICO CONTRA A BUROCRACIA BRAiN propõe uma forma mais eficiente de aprovar projetos de empreendimentos na cidade de São Paulo, sem colocar em risco a segurança do processo

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Publicação mensal da Brasil Investimentos & Negócios (BRAiN), entidade com a missão de transformar o Brasil em um polo internacional de investimentos e negócios.

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Page 1: BRAiNews - Edição 2 - Agosto/2012

A BRAiN - Brasil Investimentos & Negócios, por meio da Comissão Doing Business, elaborou uma pro-posta de Projeto de Lei para a cria-ção do Balcão Único de Aprovação de Projetos de Empreendimentos (BUAPE-HAB).

O objetivo da iniciativa, desen-volvida em parceria com o Secovi-SP (Sindicato da Habitação), é centra-lizar a análise e a instrução dos pe-

didos de aprovação de projetos de empreendimentos que dependam do exame, não apenas dos departa-mentos de Aprovação de Edificações e de Parcelamento do Solo e Inter-venções Urbanas e da Secretaria da Habitação, como também de outras secretarias municipais ou órgãos administrativos da Prefeitura.

As proposições do Balcão Único visam reduzir a burocracia, agilizan-

do os processos junto aos órgãos públicos. A ideia é diminuir a sobre- posição entre agências, aumen- tando a eficiência sem perder a qualidade e a segurança exigidas pelos procedimentos.

Se o projeto for materializado, o processo provocará grande efeito multiplicador para a economia de São Paulo, incorrendo na maior atra-ção de serviços relacionados ao polo.

Neste sentido, o pedido da BRAiN e do Secovi-SP à Prefeitura de São Paulo abriu um processo de modernização do sistema, poden-do gerar resultados muito positi-vos em pouco tempo.

Nesta edição de BRAiNews são mostradas ações semelhantes prati-cadas em outros países e seus resul-tados assim como o quanto São Paulo perde com a burocracia.

nº2 • agosto 2012publicação mensal

Balcão Único contra a BurocraciaBRAiN propõe uma forma mais eficiente de aprovar projetos de empreendimentos na cidade de São Paulo, sem colocar em risco a segurança do processo

Page 2: BRAiNews - Edição 2 - Agosto/2012

Países que implementaram iniciativas semelhantes conseguiram diminuir o tempo de atendimento e o custo uniFicar para

reduzir tempo

BonS exemploS Que VÊm da américa latina

O Brasil não está bem colocado no ranking do relatório Doing Business 2012 que mede o tempo gasto para a aprovação de um projeto de empre-endimento. O levantamento, basea-do em estudos realizados pelo Banco Mundial (World Bank) e International Finance Corporation (IFC), coloca o Brasil atrás de vários países como Estônia, Lituânia, Chipre, Peru, Ruanda, Cazaquistão, Zâmbia, Sri Lanka, entre tantos outros que possuem econo-mias de menor porte e representativi-dade que a brasileira. Entre as 10 áreas avaliadas, a de obten-ção de licenças de cons-trução posiciona o País na vergonhosa 127ª posição entre as 183 economias analisadas.

O atual cenário de aprovação de projetos de empreendimentos é caótico, burocrático e demasiada-mente lento. Ao ingressar com um pedido de aprovação, o empresário en-frenta uma longa espera de 469 dias e passa por 18 procedimentos distintos, sendo que apenas para a obtenção de licença de construção são despendi-dos 274 dias.

A proposta da BRAiN para a criação do Balcão Único foi inspirada no exce-

lente trabalho realizado pelo Poupa-tempo e por outros órgãos. O BUAPE--HAB será integrado por representantes de cada um dos órgãos envolvidos no processo: secretarias municipais da Habitação, da Coordenação das Sub-prefeituras, de Infraestrutura Urbana e Obras, dos Negócios Jurídicos, de Cultura, de Desenvolvimento Urba-no, de Transportes e do Verde e Meio Ambiente. Além disso, nas reuniões do BUAPE-HAB fica ainda assegurada, sem caráter deliberativo, a participação-de um representante de importantes

entidades de classe e profissionais do setor de engenharia e arquitetura. Ao promover a diversidade de porta-vozes sob um mesmo guarda-chuva é possí-vel centralizar a análise e a instrução dos pedidos de aprovação de projetos que dependam de avaliação. Essa cen-tralização é importante para otimizar o tempo e agilizar os negócios que tanto afetam a economia brasileira.

Cada secretaria integrante do BUAPE-HAB deverá elaborar, no prazo máximo de 30 dias, contados da pu-blicação da lei, um manual de orien-tação com a lista de documentos e as informações necessárias à análise dos diferentes tipos de empreendimentos. A partir daí, o secretário de Habitação terá que publicar o conjunto dos ma-nuais elaborados, respeitando o prazo máximo de 60 dias posteriores à apro-vação do projeto.

A proposta da BRAiN para a cria-ção do Balcão Único também teve

influência direta de modelos desenvolvidos em outros países, ci-tados no documento. É o caso de Croácia, Nova Zelândia, Quênia e República do Iêmen, que instauraram e or-ganizaram um conjun-

to de normas a serem aplicadas nos projetos de empreendimento. Outros exemplos vêm de países como Alemanha, Armênia, Cingapura e Ilhas Maurício, no Sul da África, que passa-ram a usar alvarás de construção ba-seados no risco do empreendimento, assim como Bahrein, no Golfo Pérsico, Chile, Hong Kong, China e Ruanda cen-tralizaram os seus procedimentos.

Políticas públicas bem aplicadas podem alcançar resultados positivos e diminuir a burocracia

compromiSSo de eStado, não de goVerno

A BRAiN tem como missão articular e catalisar a consoli-dação do Brasil como um polo internacional de investimentos e negócios, com foco regional na América Latina, mas com projeção e conexões globais. Para isso, a entidade trata di-retamente com o poder públi-co para mostrar como ações realizadas por outros países e sugeridas no relatório Doing Business podem ser aplicadas em São Paulo.

O projeto já está devida-mente encaminhado. O dire-tor-presidente da organização, Paulo Oliveira, e o presidente da Comissão Doing Business, Antonio Carlos Borges, se reu-niram com o prefeito Gilberto Kassab no dia 18 de junho e entregaram à autoridade a pro-posta de Projeto de Lei para a

criação do Balcão Único, que segue a linha sugerida em pro-jeto pelo vereador Domingos Dissei (PSD).

“Precisamos de uma agen-da de Estado e não de gover-no. Prefeitos, governadores e vereadores vão e vêm, porém o Estado permanece. Enten-demos que essa proposta é interessante por institucionali-zar, por meio de uma lei, uma grande mesa de aprovação dos empreendimentos imo-biliários, reunindo as mais di-versas secretarias envolvidas. Isso contribui para acabar com o empurra-empurra e a buro-cracia exagerada na aprovação dos projetos no município”, afirmou Eduardo Della Manna, integrante da Comissão Doing Business da BRAiN e diretor do Secovi-SP.

goVernança e SimplicidadeRedução de processos e adoção de novas normas de construção são ações efetivas que o Brasil pode adotar

O Brasil ocupa a 127ª posição em licença para construção entre 183 economias analisadas pelo Doing Business. Empresário leva 469 dias para aprovar empreendimento

Para a melhora do posicionamen-to brasileiro no quesito aprovação de projetos de empreendimentos, a autoridade pública é fundamental, como mostra o exemplo de outros países. Além das iniciativas de na-ções latino-americanas, relatadas na página 2, o BRAiNews traz exemplos de mudanças aplicadas por repre-sentantes da Europa, Ásia e África, elencadas pelo Doing Business.

Em Hong Kong, os procedimen-tos que envolviam seis diferentes agências e dois provedores de ser-viços básicos foram aglutinados em um único local.

Em Benin, Burkina Faso, República Democrática do Congo, Croácia, Hungria, Cazaquistão, Romênia, Ruanda e Serra Leoa houve redu-ção do tempo para o processamen-to de pedidos de licença. Ainda em Benin, a introdução de uma nova comissão de análise de pedidos de

licença reduziu o tempo médio de aprovação de projetos de 410 para 320 dias.

Processos simplificados também foram adotados na Costa do Marfim, Croácia, Cazaquistão, Mali, Arábia Saudita e Ucrânia – esta, cortou nove de seus 31 procedimentos, reduzindo o tempo do processo em um terço e os custos em 6%.

A adoção de novas normas de construção foi o caminho seguido por Croácia, Hungria, Cazaquistão e Romênia, sendo que este país reali-zou mudanças na lei de construções e reduziu em 15 dias o tempo total do procedimento e em 13% os custos.

Por fim, República Democrática do Congo, Ruanda, Vietnã e Burkina Faso também diminuíram os proces-sos, tendo este último país instituí-do reuniões periódicas com todos os agentes responsáveis por aprovação de licenças.

ao ingressar com um pedido de aprovação, o empresário enfrenta uma

longa espera de 469 dias e passa por 18 procedimentos distintos, sendo que

apenas para a obtenção de licença de construção são despendidos 274 dias.

As economias da América Latina possuem bons exemplos concretos de ações que contribuíram para diminuição do tempo de aprovação de em-preendimentos. É o caso do Paraguai, que reduziu seu processo significativamente – de 291 para 179 dias – ao instituir o sistema “balcão único”, com a consolidação de sete diferentes departamentos do governo em um. No México, houve simplificação de tarefas e redução de tempo para processamento de pedidos de licença.

Outro país latino-americano a aplicar ações se-melhantes foi a Colômbia, que conseguiu reduzir seu tempo de procedimentos de três anos para um mês após a aplicação de um pacote de reformas. Entre as ações do governo que permitiram drástica redu-ção de prazos estão a transferência da administração de procedimentos de licença de construção para o setor privado e a introdução de procedimentos di-ferenciados por risco oferecido pela construção e de processo eletrônico de verificação de propriedade.

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Page 3: BRAiNews - Edição 2 - Agosto/2012

tempo é muito maiS Que dinheiro Eduardo Della Manna analisa a necessidade de a cidadede São Paulo tornar mais ágil o sistema de aprovação das edificações, e enxerga sinais encorajadores na gestão municipal, em linha com o apresentado pela BRAiN

A cidade de São Paulo, em ter-mos populacionais, corresponde a três “Uruguais”. Além de constituir--se no termômetro econômico do Brasil, reúne as principais e mais dis-putadas universidades, os melhores hospitais – que atendem uma gama populacional enorme vinda de ou-tros Estados –, e tem outras inúme-ras qualidades. Porém, o tamanho dos seus problemas é proporcional à sua grandeza.

Na capital, são 1,5 milhão de moradores vivendo em favelas, muitas vezes localizadas em áreas de alto risco, além daqueles que habitam cortiços. É sabido que al-gumas boas iniciativas têm sido to-madas pelo governo municipal em parceira com os governos estadual e federal, mas ainda são insuficien-tes diante da enorme necessidade habitacional da população.

O setor privado, por sua vez, tra-balha cada vez mais para atender à demanda. As projeções de mercado apontam para o lançamento na ci-dade, até dezembro de 2012, de 30 mil novas unidades habitacionais, e 70,5% desse volume somente no segundo semestre do ano. Esse mo-

vimento reflete a ação do mercado em equilibrar oferta e demanda.

Otimistas, os empresários per-manecem firmes na corrida com obstáculos. Isso porque as dificulda-des enfrentadas para lançar novos empreendimentos são maiores do que a dificuldade de atender à natu-reza da atividade imobiliária, ou seja, subir o empreendimento. Enfrentar trâmites burocráticos intermináveis é desgastante e improdutivo.

Há pelo menos uma década, es-peramos a adoção de ferramentas modernas e ágeis nessas aprova-ções. Afinal, vivemos a “Era da In-formação” e tempo é muito mais do que dinheiro – é conforto, tranqui-lidade, segurança, credibilidade e melhor ambiente para os negócios

e para o trabalho. E no setor imo-biliário é garantia de sobrevivência.

Agora, parece que finalmente teremos mudanças efetivas, pois a área do Departamento de Aprova-ção e Edificações (Aprov) da Secre-taria de Habitação do Município de São Paulo iniciou um revolucionário processo de informatização – revo-lucionário para os moldes do que se tem atualmente, é bom esclarecer – com a chegada de seu novo diretor Alfonso Orlandi Neto.

Atualizações técnicas, e não so-mente legais, são mais do que ne-cessárias e o Aprov é a principal instância no licenciamento de uma construção. Como existe a previsão de grande volume de lançamentos no segundo semestre deste ano, a

aprovação de projetos tem de ser ágil e eficiente.

A emissão de “Habite-se” por meio eletrônico já está em funcio-namento e foi bem recebida pe-los empresários, que aguardam o anúncio de outras inovações.

Mudanças só acontecem quan-do há disposição de todas as partes envolvidas. Nesse caso, a Prefeitura soube escutar os pareceres técnicos do Secovi-SP, elaborados por quem vive diariamente a realidade de um dos maiores mercados imobiliários do País, e aparentemente se mostra sensível e atenta ao pleito da BRAiN de agilizar todo o processo de aprovação de forma a melhorar o ambiente de negócios e contribuir para um melhor posicionamento do Brasil no relatório Doing Business do Banco Mundial. Interlocutores qualificados de ambos os lados do balcão podem interferir positiva-mente na vida da cidade.

Eduardo Della Manna é arquiteto, urbanista, diretor de Legislação Urbana do Secovi-SP (Sindicato da Habitação) e integrante da Comissão Doing Business da BRAiN

as projeções de mercado apontam para o lançamento na

cidade, até dezembro de 2012, de 30 mil novas unidades habitacionais, e 70,5% desse volume somente no

segundo semestre do ano.

diretoria: Diretor-Presidente: Paulo de Sousa Oliveira JuniorAndré Luiz Sacconato (Diretor de Pesquisas), José Moulin Netto (Diretor de Projetos), Luiz Calado (Diretor de Relacionamento com Associados) e Pedro Guerra (Diretor de Planejamento Estratégico)

integranteS da comiSSão doing BuSineSS: Antonio Carlos Borges (Presidente)Abelardo Campoy Diaz, Alice Andrade Baptista Frechs, Andre Grunspun Pitta, Beatriz Oliveira de Mendonça, Carlos Pela, Cristiane Leite Calixto, Danilo Vivan, Eduardo Coifman, Eduardo Della Manna, Eduardo Freitas, Eduardo Oliveira Limeira, Fabio Pina, Fernando Fix, Karina Zuanazi Negreli, Laércio Baptista da Silva, Leandro Ricci, Luiz Roberto Calado, Marcelo Fleury, Mario Sergio, Paul Wisiers, Paula Coutinho Fleury, Régio Soares Ferreira Martins, Reinaldo Castanheira, Ricardo Araujo de Deus Rodrigues, Rogério Monteiro, Tomás Cortez Wisssenbach, William Salasar e Wilson Antonio Salmeron Gutierrez (Representantes)

Av. Nações Unidas 8501, 11º andar / Pinheiros São Paulo / SP / 05425-070 / +55 11 2529-7040www.brainbrasil.org

proJeto grÁFico e conteÚdo editorial: TUTU / Clara Voegeli e Demian Russo (Editores de Arte), Carolina Lusser (Chefe de Arte), Ângela Bacon (Designer), Cristina Sano e Camila Marques (Assistentes de Arte) / Jornalista Responsável: Jander Ramon - Mtb 29.269, André Rocha (Diretor de Conteúdo), Selma Panazzo (Editora Executiva), Denise Ramiro (Editora Assistente), Textos: Enzo Bertolini

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coordenador de comunicação: Danilo Vivan