bpm em uma empresa startup: estudo de …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais...

95
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Guilherme Pegorer Frassan BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE CASO SOBRE A MODELAGEM DE PROCESSO NA ÁREA DE RELACIONAMENTO COM CLIENTES. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas da Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito para a obtenção do título em Engenharia Elétrica, habilitação Produção. Orientador: Prof. Dr. Ricardo Villarroel Dávalos. Florianópolis 2018

Upload: others

Post on 17-Jun-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E

SISTEMAS

Guilherme Pegorer Frassan

BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE CASO

SOBRE A MODELAGEM DE PROCESSO NA ÁREA DE

RELACIONAMENTO COM CLIENTES.

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Departamento de

Engenharia de Produção e Sistemas da

Universidade Federal de Santa

Catarina, como requisito para a

obtenção do título em Engenharia

Elétrica, habilitação Produção.

Orientador: Prof. Dr. Ricardo

Villarroel Dávalos.

Florianópolis

2018

Page 2: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor através do Programa

de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC.

Frassan, Guilherme Pegorer

BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO

DE CASO SOBRE A MODELAGEM DE PROCESSO

NA ÁREA DE RELACIONAMENTO COM CLIENTES.

/ Guilherme Pegorer Frassan Frassan ; orientador, Ricardo

Villarroel Dávalos, 2018.

95 p.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) -

Universidade Federal de Santa Catarina, Centro

Tecnológico, Graduação em Engenharia de Produção

Elétrica, Florianópolis, 2018.

Inclui referências.

1. Engenharia de Produção Elétrica. 2.

gerenciamento de processos de negócio. 3. mapeamento

de processos. 4. arquitetura de processos. 5. marketing de

relacionamento. I. Villarroel Dávalos, Ricardo. II.

Universidade Federal de Santa Catarina. Graduação em

Engenharia de Produção Elétrica. III. Título.

Page 3: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

Guilherme Pegorer Frassan

BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE CASO

SOBRE A MODELAGEM DE PROCESSO NA ÁREA DE

RELACIONAMENTO COM CLIENTES.

Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de

“Engenharia Elétrica, habilitação Produção” e aprovada em sua forma

final pelo Programa de Graduação em Engenharia de Produção e

Sistemas.

Florianópolis, 19 de Junho de 2018.

________________________

Prof.ª Marina Bouzon, Drª.

Coordenador do Curso

Banca Examinadora:

_______________________________________

Prof. Ricardo Villarroel Dávalos, Dr.

Orientador

Universidade Federal de Santa Catarina

_______________________________________

Prof. Daniel Christian Henrique, Mestre.

Universidade Federal de Santa Catarina

_______________________________________

Prof.ª Myriam Eugênia Ramalho Prata Barbejat, Dr.ª

Universidade Federal de Santa Catarina

Page 4: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo
Page 5: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

“If you want to change your family,

If you want to change Brazil,

If you want to change the world,

Change yourself,

And the world will change arround you.”

David Roberts, 2018.

Page 6: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo
Page 7: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, a minha mãe, Rosa, meu pai, José, e

meu irmão, Pedro, que sempre estiveram ao meu lado em momentos de

alegria, de ansiedade, de tristeza, me apoiando e me dando todas as

condições para que pudesse chegar até aqui. Sem vocês, com certeza eu

não teria alcançado os meus objetivos e tudo que construí até agora.

Tenham a certeza que vocês são peças fundamentais do meu sucesso.

Agradeço também aos meus colegas de mobLee: Angelina, uma

líder sem igual, Priscila, Antônio, Ana Paula, Katiany e todos os outros

com quem convivi durante os 11 meses em que trabalhei lá, pessoas com

quem compartilhei momentos incríveis e de extremo aprendizado durante

tantos dias. Vocês são parte desse trabalho.

Agradeço também meu orientador, que me auxiliou e aconselhou

na construção desse trabalho e na realização do meu estágio obrigatório,

Prof. Dr. Ricardo Villarroel Dávalos. Obrigado por todas as dicas,

conselhos e paciência nessa caminhada.

Agradeço ainda aos amigos de graduação: Julia Cuellar, pela

pessoa especial que se tornou em minha vida; Vitor Baldessar, por

compartilhar inúmeras horas de estudo e as conquistas da faculdade;

Amanda, Ana Paula Correa, Ana Paula Trevizan, Daniel, Eric, Guilherme

Chiba, Henrique Sadao, João Pedro Uczai, Julia Burigo, Luis Vinholi,

Mauricio Lopes, Matheus Algaier e Mayara, pessoas que conheci ainda

na EJEP mas que constituem parte de quem sou hoje como pessoa e

profissional; e todos aqueles que, de alguma forma, passaram pela minha

vida nesses anos de Universidade Federal de Santa Catarina.

Finalmente, agradeço também a todo o corpo docente e aos

técnicos administrativos da universidade, e especialmente aos do

Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas, sempre solícitos

para resolver todas as minhas necessidades enquanto aluno.

Page 8: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo
Page 9: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

RESUMO

O Gerenciamento de Processo de Negócio (BPM – Business Process Management) vem sendo utilizado em organizações estruturadas

há tempo e tem trazido benefícios no alinhamento estratégico e

operacional, mas sua aplicação encontra desafios num cenário menos

estruturado, como o de empresas de tecnologia de rápido crescimento

(startups). Uma das vantagens proporcionadas pelo BPM é o alinhamento

entre a estratégia da empresa com seus processos e camadas operacionais.

Associado a isso, a gestão pelo marketing de relacionamento tem ganhado

maior importância nas organizações, exigindo o desenvolvimento de

processos orientados ao cliente. Este trabalho apresenta um estudo de

caso realizado numa startup localizada no município de Florianópolis,

tendo como finalidade identificar e modelar processos de negócio visando

estabelecer um alinhamento da estratégia da empresa e de seus processos

de atendimento ao cliente. A contribuição deste trabalho encontra-se na

análise dos processos de negócio da área de Sucesso do Cliente e seu

alinhamento com as estratégias da startup. A discussão dos resultados se

faz ao redor dos benefícios para a organização e na apresentação de um

modelo básico de referência que pode ser replicado em outras

organizações deste tipo (benchmarking).

Palavras-chave: gerenciamento de processos de negócio, mapeamento

de processos, arquitetura de processos, marketing de relacionamento,

sucesso do cliente, CRM.

Page 10: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo
Page 11: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

ABSTRACT

Business Process Management (BPM) has been used in structured

organizations for a long time and has brought benefits in strategic and

operational alignment, but its application encounters challenges in a less

structured scenario, such as that of fast-growing technology companies

(startups). One of the advantages provided by BPM is the alignment of

the company's strategy with its processes and operational layers.

Associated with this, relationship marketing management has gained

greater importance in organizations, requiring the development of

customer-oriented processes. This paper presents a case study carried out

in a startup located in the city of Florianópolis, with the purpose of

identifying and modeling business processes aimed at establishing an

alignment of the company's strategy and its customer service processes.

The contribution of this work is found in the analysis of the business

processes of the area of Customer Success and its alignment with the

strategies of the startup. The discussion of the results is made around the

benefits of this analysis to the organization and the presentation of a basic

reference model that can be replicated in other organizations of this type

as a benchmarking.

Keywords: Business Process management. Business Process mapping.

Process architecture. Relationship marketing. Customer Success.

Customer Relationship management.

Page 12: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo
Page 13: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: gerenciamento de processos de negócio ................................ 31 Figura 2: modelo hierárquico para a modelagem de processos ............. 34 Figura 3: relação entre ambiente, PMS e métricas ................................ 35 Figura 4: ciclo para construção de um modelo de negócio ................... 37 Figura 5: o desdobramento da estratégia em ações táticas. ................... 39 Figura 6: a relação entre valor percebido e satisfação do cliente. ......... 42 Figura 7: metodologia de desenvolvimento da pesquisa ....................... 50 Figura 8: produtos oferecidos pela empresa .......................................... 54 Figura 9: representação da estrutura hierárquica da organização .......... 56 Figura 10: passos para a identificação dos processos de negócio da área

............................................................................................................... 63 Figura 11: modelo hierárquico de processo utilizado como referência para

este estudo de caso ................................................................................ 64 Figura 12: estrutura hierárquica de processo e subprocessos da área de

Sucesso do Cliente ................................................................................ 65 Figura 13: subprocesso de ativação e respectivas funções de negócio .. 67 Figura 14: subprocesso de trajetória e respectivas funções de negócio. 67 Figura 15: fluxo de trabalho do subprocesso ativação, função de negócio

ativação app próprio .............................................................................. 69 Figura 16: fluxo de trabalho da função de negócio MUF/MUA/MULTI

do subprocesso de trajetória .................................................................. 70 Figura 17: planilha de acompanhamento do PMS do processo ............. 78

Page 14: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo
Page 15: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: critérios para seleção do método ........................................... 45 Tabela 2: procedimento metodológico deste trabalho ........................... 48 Tabela 3: áreas da empresa e atividades desenvolvidas em cada uma delas

............................................................................................................... 55 Tabela 4: áreas e objetivos para o quarter 1 de 2018 ............................ 59 Tabela 5: ligação entre modelo clássico do BSC e modelo utilizado pela

empresa ................................................................................................. 60 Tabela 6: descrição dos subprocessos da área de Sucesso do Cliente ... 66 Tabela 7: lista de tarefas para a atividade kickoff, do subprocesso de

ativação, função de negócio app próprio ............................................... 73 Tabela 8: objetivos da área de Sucesso do Cliente para o quarter 1 de 2018

............................................................................................................... 75 Tabela 9: relacionamentos entre objetivos da área e pilares do PMS de

processo ................................................................................................. 75 Tabela 10: PMS do processo da área ..................................................... 76

Page 16: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo
Page 17: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BPM – Business Proccess Management BPR – Business Proccess Reengineering

BSC – Balanced Scorecard

CHI – Customer Happiness Index

MUA – Marca Única Aberto (congressos)

MUF – Marca Única Fechada (eventos fechados)

MULTI – Multimarcas (feiras)

PMS – Performance Measurement System

POP – Crocedimento Operacional Padrão

TQM – Total Quality Management

Page 18: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo
Page 19: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................... 23 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ............................................... 23

1.2 TEMA E PROBLEMA .................................................... 24

1.3 OBJETIVOS .................................................................... 25

1.3.1 Objetivo geral ............................................................. 25

1.3.2 Objetivos específicos .................................................. 25

1.4 JUSTIFICATIVA ............................................................ 25

1.5 ESTRUTURA DO TCC .................................................. 28

2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................. 29

2.1 PROCESSO DE NEGÓCIO E GERENCIAMENTO DE

PROCESSO DE NEGÓCIO ............................................................ 29

2.2 ESTRATÉGIA E MODELO DE NEGÓCIO .................. 36

2.3 RELACIONAMENTO COM O CLIENTE ..................... 40

2.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO ............... 42

3 METODOLOGIA ................................................................. 45

3.1 ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO .................... 45

3.2 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO ......................... 47

3.3 SELEÇÃO DO PORFÓLIO BIBLIOGRÁFICO SOBRE O

TEMA DA PESQUISA ................................................................... 51

3.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA ................................... 51

4 ESTUDO DE CASO ............................................................. 53

4.1 A EMPRESA ................................................................... 53

4.2 DESCRIÇÃO DA ORGANIZAÇÃO .............................. 54

4.2.1 Descrição das áreas funcionais ................................... 55

4.2.2 Identidade organizacional ........................................... 57

4.2.2.1 Missão ................................................................ 57

Page 20: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo
Page 21: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

4.2.2.2 Visão .................................................................. 57

4.2.3 Estratégia organizacional ........................................... 58

4.3 DEFINIÇÃO DA ÁREA PARA DESENVOLVIMENTO

DO ESTUDO ................................................................................... 60

4.4 PREPARAÇÃO PARA A APLICAÇÃO DO BPM........ 61

4.5 IDENTIFICAÇÃO DOS PROCESSOS DE NEGÓCIO . 63

4.5.1 Fluxos de trabalho (estado atual) ................................ 63

4.5.2 Tarefas ........................................................................ 71

4.5.3 Indicadores de controle de processo ........................... 73

4.6 DISCUSSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS DO

CAPÍTULO ...................................................................................... 78

5 CONCLUSÃO E DESENVOLVIMENTOS FUTUROS ..... 81

5.1 CONCLUSÃO ................................................................. 81

5.2 DESENVOLVIMENTOS FUTUROS ............................. 82

6 REFERÊNCIAS .................................................................... 85 APÊNDICE A – Questionário de entrevista para a modelagem de

processo (líderes) .................................................................. 89

APÊNDICE B: Questionário de entrevista para a modelagem de

processo (mapeamento do processo) ..................................................... 91

APÊNCICE C – fluxo de trabalho da função de negócio Promote,

subprocesso de ativação ........................................................ 93

APÊNDICE D – função de negócio app contêiner, subprocesso de

ativação ................................................................................. 95

Page 22: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo
Page 23: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

23

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

O ambiente de competição corporativa tem sofrido, ano após anos,

diversas mudanças que ocorrem muitas vezes de maneira cíclica. Um

exemplo dessa ciclicidade é em como as empresas se relacionam com

seus consumidores: em meados do século passado, o relacionamento era

próximo e cuidadoso; no final do século, a massificação de produtos e

serviços tornou esse relacionamento genérico; hoje, diversas empresas

buscam retornar a um modelo mais próximo e personalizado (CHEN;

POPOVICH, 2003) como forma de desenvolver diferencial competitivo

frente às empresas com produtos e serviços massificados.

Dentro dessa estratégia de volta ao relacionamento mais próximo

do cliente, o CRM (customer relationship management – gerenciamento

do relacionamento com cliente) é tido como uma ferramenta para a

concretização dessa estratégia. Dentre as várias interpretações para o

termo, os autores convergem em dizer que o CRM é simplesmente o

gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao

cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele

pelo produto ou serviço da empresa e seu feedback em relação ao valor

percebido (WOODRUFF, 1997).

Para concretizar essa mudança, o BPM (Business Process

Management – gerenciamento do processo de negócio) e o BPR (Business process reenginering – reengenharia de processo de negócio) surgem

como ferramentas úteis para apoiar as empresas a realizar sua gestão e dar

suporte a liderança competitiva em seu ambiente competitivo (ABPMP,

2013; MURRAY; LYNN, 1997; WESKE, 2007).

Hoje, o BPM e o BPR já são disciplinas consolidadas tanto no

campo acadêmico quanto no campo empresarial (ABPMP, 2013), mas

encontram resistência e dificuldades de aplicação em ambientes de

rápidas mudanças estratégicas.

O processo de negócio e o próprio BPM surgem como forma de

conectar a estratégia corporativa e modelo de negócio das empresas com

suas camadas mais operacionais. (DUMAS et al., 2013). Em ambientes

altamente competitivos, onde modelos de negócio semelhantes são

facilmente replicáveis entre múltiplos competidores, é importante que

haja a correta ligação entre a estratégia escolhida para o negócio e o seu

nível operacional, de forma a garantir a agilidade necessária para manter

o negócio competitivamente à frente (TEECE, 2010).

Page 24: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

24

Esta monografia tem como proposta o estudo de caso sobre o

gerenciamento de processos de negócio focalizando a etapa de

mapeamento de processos, a partir de uma condição estratégica

específica, no caso, o contexto de desenvolvimento de uma empresa de

alto crescimento – chamadas de startups. Além disso, busca também o

estabelecimento de um modelo de referência para a aplicação em

empresas com contextos afins (benchmarking).

O estudo de caso foi desenvolvido na empresa mobLee Tecnologia

da Informação, localizada na cidade de Florianópolis, Estado de Santa

Catarina – Brasil, que tem como principal atividade o desenvolvimento

de uma plataforma de tecnologia para auxiliar organizadores de eventos

a realizar seus projetos.

1.2 TEMA E PROBLEMA

Com base na contextualização exposta no tópico anterior, é

possível observar que a mudança no olhar das organizações, dando maior

importância aos desejos e feedbacks de seus clientes trazem evidentes

desafios às organizações.

Além disso, o ambiente altamente competitivo ao qual as

organizações estão inseridas nos dias de hoje causam uma infinidade de

problemas internos, indefinições, e dificuldades na aplicação de modelos

clássicos baseados nas disciplinas de BPM e BPR. Como, então, adequar

tais disciplinas ao contexto competitivo atual, dando a agilidade

necessária nas mudanças das empresas desse tipo – as startups?

O presente trabalho busca entender, através de um estudo de caso

como uma pequena empresa em rápido crescimento, com mudanças

constantes de estratégia e posicionamento, consegue ligar sua estratégia a

seus processos de maneira eficiente, refletindo no campo operacional as

mudanças de estratégias que o mercado exige dela. Além de responder à

questão levantada anteriormente nessa seção, o autor também buscará a

solução de outras indagações: como as disciplinas clássicas de BPM e

BPR podem ser utilizadas com sucesso nesse novo contexto? Qual o papel

de processos de negócio para uma organização de tamanho reduzido, em

termos do gerenciamento de suas operações?

A mobLee, empresa que será estudada no caso prático, passa por

um momento de modificações da sua operação e estratégia, com a

modificação de seu posicionamento de mercado e introdução de novos

produtos e serviços a seus clientes. Carece, portanto, da formalização de

seus processos para a correta ligação entre o campo estratégico e o campo

operacional.

Page 25: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

25

A partir das entrevistas com os colaboradores, é possível perceber

alinhamento estratégico na forma do entendimento geral dos objetivos e

metas da empresa. Entretanto, a empresa ainda passa por dificuldades

para concretizar sua visão estratégica na forma de processos

consolidados, elevando seu desempenho operacional. É, portanto, de

grande valia, entender como as disciplinas clássicas podem auxiliar na

materialização desses processos, e como elas irão refletir as mudanças

que continuarem a ocorrer no campo estratégico dentro da empresa.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo geral

O objetivo geral deste trabalho é modelar os processos de negócio

de uma empresa de tecnologia de rápido crescimento – “startup” – e

apresentar as etapas para realização dessa modelagem.

1.3.2 Objetivos específicos

a. Identificação do modelo estratégico e operacional da empresa

objeto do estudo de caso, visando a definição dos processos;

b. Análise e definição do processo a ser representado, dentre as

necessidades da empresa;

c. Mapeamento e padronização do processo escolhido, levando

em consideração a estrutura e cultura estratégica da empresa

objeto do estudo de caso;

d. Proposição do modelo de referência básico (benchmarking)

levando em consideração o ambiente identificado em relação

a cultura estratégica e organizacional.

1.4 JUSTIFICATIVA

Nos últimos anos, o Brasil tem observado o nascimento de um sem

número de pequenas empresas com negócios disruptivos, as chamadas

startups, além do crescimento de maneira consistente de todo o

ecossistema que, de alguma maneira, contribui para o nascimento e

manutenção desse tipo de empresa.

Negócios disruptivos são baseados em modelos de negócio

capazes de gerar uma quebra no modelo vigente até então, seja uma

tecnologia, produto ou serviço. Fazendo isso, essas empresas se

estabelecem como novo padrão de mercado, possibilitando a construção

Page 26: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

26

de novos grupos de produtos, processos e serviços (SCHIAVI; BEHR;

BEHR, 2017).

Segundo pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (2016),

até aquele momento 865 startups tinham passado pelo processo de

aceleração no Brasil, que consiste no aconselhamento e investimento por

empresas de private equity a pequenas empresas de tecnologia ou

negócios disruptivos, as chamadas aceleradoras. Esse número

corresponde a apenas uma fração das startups que efetivamente negociam

dentro do Brasil, visto que nem todas elas passam por esse processo.

Pode-se, portanto, afirmar com segurança que o número total dessas

empresas é bastante superior ao informado pela Fundação Getúlio Vargas.

Além da grande quantidade de empresas desse tipo, o que por si só

já demonstra a sua importância no contexto atual de mercado e negócios,

as startups possuem características peculiares, principalmente em relação

à velocidade com que evoluem e modificam seu modelo de negócio,

estratégia, processos e produtos. Uma definição aceita tanto no âmbito

nacional quanto internacional é a de que uma startup deve apresentar

crescimento acima de 20% em número de empregados ou em sua receita,

durante três anos consecutivos para se enquadrar dentro dessa categoria

de empresas (RODRÍGUEZ, 2015).

Essas peculiaridades, principalmente o crescimento acelerado

característico dessas empresas traz uma série de desafios para a aplicação

de teorias clássicas relacionadas à Administração e Engenharia de

Produção. Dificilmente tais teorias terão uma aplicação clara e pura em

startups.

O desenho e melhoria de um processo ponta-a-ponta, por exemplo,

é um retrato e mudança da natureza estratégica da empresa, e devido a

isso, esse projeto deve ser encarado como de longo prazo dentro da

organização que decide fazê-lo. Por isso mesmo, é sugerido que se faça a

representação atual do processo – AS-IS – e após, tal processo seja

dividido em partes menores que serão trabalhadas de maneira

individualizada de deverão se encaixar posteriormente (ABPMP, 2013).

Entretanto, para uma empresa que cresce no mínimo 20% ao ano em

receita ou número de funcionários, é extremamente difícil engajar toda a

equipe em um projeto como este. Mesmo pequenos projetos relacionados

a processo podem ser grandes demais para startups.

Porém, existem características da gestão de processo de negócio

que são úteis para essas empresas, como por exemplo, o fato de a

metodologia ter como princípio o desenho de processos de fora para

dentro, ou seja, tendo como referências as percepções dos clientes sobre

as atividades internas da corporação (ABPMP, 2013). Foco no cliente é

Page 27: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

27

algo que pode facilmente ser perdido sem uma gestão eficiente dos

processos de uma empresa.

A união dos fatores expostos – o movimento recente em torno

desse tipo de empresa, principalmente – faz com que a academia ofereça

pouco material que discuta a abordagem processual (processo de negócio

e gestão de processo de negócio) dentro de um ambiente de intensa e

rápida mudança.

A busca pelos termos startup business process management na

base Scopus, utilizada como principal ferramenta de pesquisa para o

desenvolvimento deste trabalho, retorna 133 resultados, sendo que

nenhum deles apresenta um estudo que vincula a gestão de processo de

negócio com o ambiente de uma empresa enquadrada dentro da categoria

de startup.

A maioria dos trabalhos discutem a criação de processos

específicos para o negócio da empresa, como por exemplo, o artigo How

the design processes add innovative capacity in startup companies, de

Moroni, Arruda e Bezerra (2018) ou aspectos do crescimento da empresa

relacionados a risco e sucesso, como o artigo A profile of new venture

success and failure in an emerging industry, de Duchesnau e Gartner

(1990). Alguns artigos se aproximam do tema deste trabalho, como o

intitulado Knowledge management in startups: Systematic literature

review and future research agenda, de Centobelli, Cerchione e Esposito

(2017), mas se distanciam trabalhando apenas um aspecto da disciplina

BPM, como pode ser visto em seu título.

Dada a importância desse tipo de negócio no cenário atual da

economia nacional e o elevado número de empresas desse tipo na

dinâmica econômica regional em que se insere a Universidade Federal de

Santa Catarina, na cidade de Florianópolis e no estado de Santa Catarina,

é necessária a investigação sobre a aplicação dos conceitos e da teoria de

processo de negócio e gestão de processos de negócio em empresas desse

modelo, a fim de verificar as particularidades, dificuldades e resultados

práticos.

A contribuição deste trabalho, portanto, é apresentar uma

abordagem na aplicação da teoria de processo de negócio e gestão de

processos de negócio em um contexto específico a partir de um estudo de

caso, contexto este que é o de uma pequena empresa de rápido

crescimento.

Page 28: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

28

1.5 ESTRUTURA DO TCC

O presente trabalho está dividido em 5 grandes capítulos:

Introdução, Referencial Teórico, Metodologia, Estudo de caso e

Conclusão.

O primeiro capítulo é a Introdução, onde são explicadas as

motivações para realização do trabalho, bem como os objetivos que o

autor pretende atingir ao desenvolver o estudo de caso proposto.

A seguir, no capítulo 2, o Referencial Teórico, busca-se embasar

os principais temas abordados no estudo de caso, com bibliografia sobre

os temas que serão discutidos: processo de negócio e gerenciamento de

processos de negócio, estratégia e modelo de negócio, relacionamento

com o cliente e desenho e reengenharia de processo. Cada um desses

assuntos será abordado de maneira prática ao longo do estudo de caso e,

dessa maneira, é útil ao autor discutir as teorias aplicadas na empresa

objeto desse trabalho.

No capítulo 3, a metodologia do trabalho é explicada: as análises

que levaram ao enquadramento metodológico (estudo de caso), como

foram selecionados os trabalhos acadêmicos utilizados para formação do

referencial bibliográfico, as etapas que serão seguidas para realização da

aplicação prática dessa teoria e a delimitação da pesquisa, ou seja, as

fronteiras dentro das quais os temas serão explorados, bem como a

especificação do que não será abordado neste trabalho.

Após a apresentação da teoria de referência e a explicação da

metodologia básica do trabalho, passa-se então para a discussão da

aplicação prática na empresa que será objeto do estudo de caso, fazendo-

se uma breve introdução sobre ela, e após a discussão de cada um dos

passos executados para se chegar as conclusões.

Finalmente, no capítulo 5, é feito o fechamento do trabalho, com a

conclusão remetida ao estudo de caso e a ligação desses resultados com o

referencial teórico apresentado.

Após as conclusões, apresenta-se a bibliografia utilizada no

trabalho, bem como anexos e apêndices utilizados e produzidos durante a

elaboração do trabalho.

Page 29: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

29

2 REFERENCIAL TEÓRICO

A fundamentação teórica deste trabalho divide-se em 4 temas

principais: a definição de processo de negócio e gerenciamento de

processos (2.1); o estudo teórico sobre estratégia organizacional (2.2); e

a abordagem de focalização dos processos das organizações no cliente

(2.3) A última seção é dedicada ao fechamento desse capítulo.

2.1 PROCESSO DE NEGÓCIO E GERENCIAMENTO DE

PROCESSO DE NEGÓCIO

A palavra negócio comumente é utilizada para se referir a um

conjunto de pessoas trabalhando, em uma direção comum, para executar

um conjunto de tarefas que entregam valor a outro – o cliente (ABPMP,

2013; KETTINGER; TENG; GUHA, 1997). Processo pode ser definido

como um conjunto de tarefas e atividades que, em uma sequência lógica

previamente definida, quando executadas por humanos ou máquinas,

permite alcançar um objetivo (ABPMP, 2013; DOOMUN; VUNKA

JUNGUM, 2008). Dessa forma, segundo a ABPMP (2013),

um “processo de negócio” é um trabalho que

entrega valor para os clientes ou apoia/gerencia

outros processos. Esse trabalho pode ser ponta a

ponta, interfuncional e até mesmo

interorganizacional.

Em adendo a definição de processo de negócio, Dumas (2013)

reforça que processo de negócio é o que as organizações fazem sempre

que entregam um produto ou serviço a seus clientes, e que processos de

negócio são compostos por um número finito de eventos e atividades,

organizados e executados em uma ordem lógica.

Segundo a ABPMP (2013), podem ser definidos três tipos

principais de processos de negócio:

Processos primários: são os processos principais do

negócio, que efetivamente agregam valor sob o ponto de

vista do cliente (ABPMP, 2013);

Processos de suporte: processos que existem para suportar

o funcionamento das diversas áreas da organização,

entregando valor a outros processos e não para o cliente

final do negócio (ABPMP, 2013);

Page 30: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

30

Processos de gerenciamento: processos que existem para

garantir o alinhamento das áreas da organização e dos seus

componentes – colaboradores – com seu negócio principal

(ABPMP, 2013).

Alguns autores ainda mencionam o fato de existir processos que

não estão dentro das fronteiras da organização, mas que influenciam a

operação dos processos intracorporativos (EARL, 1994).

Tão importante quanto os processos de negócio está o

gerenciamento destes processos, conhecido como gerenciamento do

processo de negócio, ou BPM (business process management) (WESKE,

2007). Trata-se do desenvolvimento de novos processos, administração

dos existentes, mudanças de parâmetros e configurações, análises e

melhorias. Traz diversos benefícios para a empresa, caso corretamente

implementado: redução dos lead-times, menos erros na comunicação

entre setores da corporação, e maior flexibilidade para a adaptação dos

processos de negócio a novas realidades (REIJERS, 2006).

De acordo com Weske (2007), o BPM tem como um dos seus

principais objetivos conectar a estratégia da organização com a sua

operação. É possível afirmar, analisando o histórico de criação do BPM

que esse campo do conhecimento aproxima quem decide de quem realiza

as tarefas, diminuindo a lacuna entre as duas pontas (ABPMP, 2013;

WESKE, 2007)

A Figura 1 ilustra a ligação entre as camadas operacionais e

estratégicas. De cima para baixo, a estratégia determina as metas da

organização; tais metas dão origem para os processos de negócio, que em

um nível mais baixo, dão origem a tarefas e atividades (ABPMP, 2013).

Page 31: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

31

Figura 1: gerenciamento de processos de negócio

Fonte: adaptado de Dumas (2013).

A implementação dessas tarefas e atividades no sentido contrário,

realiza os processos de negócio, que acabam por possibilitar o

atingimento das metas da organização e consequentemente, a realização

de seus objetivos estratégicos (ABPMP, 2013; DUMAS et al., 2013).

Para que o gerenciamento por processos de negócio possa

funcionar, é necessário obviamente que existam processos a serem

gerenciados dentro da estrutura da empresa. É, portanto, necessário, que

os processos sejam criados, analisados, medidos e redefinidos sempre que

necessário, para que se mantenham atualizados e com a melhor

performance possível (ABPMP, 2013; DUMAS et al., 2013). A esse

conjunto de atividades dá-se o nome de engenharia e reengenharia de

processos, que é parte integrante da disciplina de BPM.

A engenharia e reengenharia de processo (BPR – business process

reengineering) surge então como um caminho para que as empresas

consigam realizar as adaptações necessárias ao seu negócio, permitindo

mudanças rápidas, efetivas, e alinhadas à estrutura organizacional,

estratégia e as novas necessidades (DOOMUN; VUNKA JUNGUM,

2008). BPR não deve ser confundido com melhoria contínua (TQM –

total quality management), por se tratar de uma ação de inovação, visando

posicionar o negócio a frente de seus competidores, ao invés de apenas

reagir a seus movimentos (MURRAY; LYNN, 1997). Entretanto, alguns

autores defendem que projetos de BPR geralmente passam de

revolucionários, ou seja, mudanças radicais nas práticas corporativas,

Estratégia de negócio

Processo de negócio organizacional

Objetivos

Processos de negócio operacionais

Implementação dos processos de negócio

Det

erm

ina

Realiza

Page 32: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

32

para mudanças incrementais, se assemelhando ao processo de melhoria

contínua (KETTINGER; TENG; GUHA, 1997). Não há, portanto, um

consenso sobre posicionamento do BPR dentro dos níveis de melhorias

de processos de negócio.

Não há consenso entre os autores sobre um framework definitivo

sobre o ciclo de vida dos processos de negócio. Há, porém, certa

convergência quando se observa os modelos propostos por cada um à

distância, agrupando as etapas em grandes grupos.

Segundo Doomun e Jungum (2008), o ciclo de vida do processo

começa com a confirmação da necessidade de mudança (1), indo para a

definição dos objetivos do modelo (2), definição do escopo do processo e

seus limites (3), coleta de dados e análise (4), o desenvolvimento do

modelo do processo de negócio (5), a simulação do modelo do processo

(6), teste do modelo (7), a experimentação do modelo (8), a análise dos

dados de saída do modelo (9), sugestão de mudanças baseado no que foi

observado pela análise dos dados de saída (10), reengenharia e melhoria

contínua (11) e, finalmente, a análise do resultado e efetividade do

processo em funcionamento (12).

Já Kettinger, Teng e Guha (1997) dividem o ciclo de vida em

menos fases, sendo elas a fase de ideação e sensibilização da alta diretoria

da organização (envision - 1), a definição de objetivos, metas,

colaboradores a serem envolvidos e o estudo dos impactos e benefícios

(initiate – 2), a fase de diagnóstico e estudo do processo atual e dos

problemas que o afetam (diagnose – 3), a fase de redesenho do processo,

segundo os objetivos definidos na fase 1 (redesign – 4), a reconstrução do

processo, ou seja, a implementação do processo definido na fase anterior

e o treinamento dos envolvidos (reconstruct - 5) e finalmente o

monitoramento do desempenho do novo processo (evaluate – 6).

É possível perceber, pela comparação dos dois frameworks, que

embora o segundo apresente menos fases que o primeiro, de maneira geral

a concepção e a estratégia que os permeiam é a mesma. Ainda, é possível

agrupar as fases de ambos os modelos em três macroetapas: identificação

da necessidade de redesign (macroetapa 1), o redesign do processo

propriamente dito (macroetapa 2) e a avaliação e correção, caso

necessário (macroetapa 3).

Dumas (2013) apresenta ainda uma outra visão sobre o ciclo de

vida do processo, mas que, como observado para os outros dois casos,

converge também para um modelo macro comum. Para o autor, o ciclo

começa com a identificação dos processos e da arquitetura deles como um

todo dentro do sistema (process identification), seguido pelo mapeamento

dos fluxos de trabalho (process discovery), a análise de forças e fraquezas

Page 33: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

33

dos processos mapeados (process analysis), a modelagem de um estado

futuro do processo com as correções necessárias (process redesign),

implementação do processo já em estado corrigido (process implementation) finalizando com a monitoração e controle dos fluxos

definidos e corrigidos (process monitoring and controlling). Dumas

(2013) ainda adiciona que esse ciclo deve ser visto como contínuo, sem

que haja parada entre a última etapa e a primeira. O mesmo é defendido

pelos outros autores.

Partes importantes do ciclo BPM, e que serão posteriormente

fontes de discussão no estudo de caso, são as etapas de modelagem de

processo e de monitoração e controle.

A modelagem de processos tem sua origem nos processos de

desenvolvimento de software, mas, diferentemente daqueles, o modelo de

processo busca explicitar o papel das pessoas, e tem objetivo de facilitar

o entendimento, análise e comunicação sobre os fluxos de trabalho. Tem

fundamental importância nos processos de mudança corporativos

(KONDAREDDY, 1998).

Para efetuar a modelagem de processos, que nessa pesquisa será

referida como mapeamento de processos, há técnicas e maneiras diversas.

Entretanto, a mais difundida e comumente adotada é a representação

através de fluxograma (ABPMP, 2013), identificando através de uma

notação (utilizando comumente o BPMN, ou business process model and

notation (ABPMP, 2013)) a sequência de atividades. Oferece grande

facilidade para o entendimento da sequência de atividades, da forma

como elas se encaixam e também é útil para disciplinar a forma de

raciocínio da equipe que executa o processo (ENOKI, 2006).

Importante conceito na modelagem de processo é o de níveis de

processo, ou hierarquia de processos. É de extrema importância que o a

modelagem de processo leve em consideração os diferentes níveis no

mapeamento para que a estrutura lógica do processo seja corretamente

desenhada no fluxograma ou modelo (ABPMP, 2013).

A Figura 2 apresenta o modelo hierárquico que será utilizado como

referência para o desenvolvimento do estudo de caso deste trabalho.

Page 34: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

34

Figura 2: modelo hierárquico para a modelagem de processos

Fonte: ABPMP (2013)

Não há consenso ou padrão na literatura sobre a nomenclatura de

cada um dos níveis no mapeamento de padrão, mas estes devem ser

adaptados para a realidade e contexto da organização onde está sendo

desenvolvido. Além disso, mais importante que as nomenclaturas está o

nível ao qual a modelagem será feita, garantindo a profundidade

necessária no detalhamento dos processos de negócio (ABPMP, 2013).

Além da própria modelagem, é de fundamental importância e parte

do ciclo de vida do processo, como discutido anteriormente, o

monitoramento e controle dos fluxos de trabalho (MASKELL, 1991).

Esse controle acontece através da medição de desempenho do processo

(ABPMP, 2013). Embora discutido, a medição de desempenho é

dificilmente definida pela literatura, por ser tratado de forma ampla e pela

grande quantidade de material disponível sobre o tema (ATTADIA;

MARTINS, 2003).

Page 35: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

35

Um sistema de medição de desempenho (PMS – performance

measurement system) é definido pela união de medidas individuais

utilizadas para medir tanto a eficiência do processo quanto sua efetividade

(NEELY et al., 1995). A Figura 3 ilustra exatamente o relacionamento

entre as medidas individuais, o sistema de medição de performance e o

contexto onde esse sistema está inserido.

Figura 3: relação entre ambiente, PMS e métricas

Fonte: adaptado de Neely (1995).

Embora essa definição não seja voltada para a gestão por processos

de negócio, ela pode ser utilizada com relativo conforto, como defende

Attadia e Martins (2003).

Assim como não há consenso na própria definição sobre PMS,

também não o há sobre quais aspectos devem ser levados em

consideração. Maskel (1991) defende a utilização dos critérios

competitivos da manufatura, que são: qualidade, tempo, entrega,

flexibilidade, custo e inovação. Já a ABPMP (2013) defende que, para a

disciplina do BPM, são de particular utilidade medir o tempo, custo,

capacidade e qualidade do processo. Harrington (1993) por outro lado,

reduz a escala de análise e defende três principais objetivos para o aperfeiçoamento de processos empresariais: tornar os processos eficazes,

produzindo o resultado esperado pelo cliente dentro do custo esperado;

tornar os processos eficientes, produzindo o resultado esperado com o

menor custo possível; e tornar os processos adaptáveis, capazes de

atender pedidos especiais de seus clientes.

Page 36: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

36

Como se pode perceber, a discussão de controle de processo e

desempenho de processos empresariais é ampla, e cada autor defende uma

diferente abordagem em termos do que deve ser medido e com qual

objetivo isso deve ser feito.

É também de importância fundamental o entendimento que o nível

de controle se altera à medida em que se avança na hierarquia de processo.

Por exemplo, em nível de atividade o controle deve estar na

movimentação entre as atividades, enquanto a nível de processo esse

controle deve estar mais presente nas entradas e saídas dos processos,

mudando dessa maneira o escopo de itens e análises a serem feitas

(ABPMP, 2013).

2.2 ESTRATÉGIA E MODELO DE NEGÓCIO

De acordo com Teece (2010), modelo de negócio pode ser definido

como: Um modelo de negócio articula a lógica e evidencia

a forma como um negócio cria e entrega valor a

seus consumidores. Também destaca a arquitetura

de receita, custos e lucros associados com a entrega

do valor para o cliente.

De maneira simplificada, um modelo de negócio é capaz de

mostrar de maneira clara como uma organização pode entregar valor a

seu mercado e, a partir disso, transformar receita em lucro (TEECE,

2010).

A Figura 4 ilustra o relacionamento os aspectos necessários para

construir um modelo de negócio e quais perguntas um modelo de negócio

deve diretamente responder.

Page 37: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

37

Figura 4: ciclo para construção de um modelo de negócio

Fonte: adaptado de Teece (2010).

Casadesus-Masanell e Ricart (2010) adicionam que um modelo de

negócio se refere à lógica da organização, como ela irá operar e criar valor

para os seus stakeholders.

Outra possível definição, particularmente interessante, é a de que

um modelo de negócio é a simples junção se dois conjuntos diferentes de

elementos: as decisões concretas tomadas pela empresa em relação aos

assuntos que cercam seu mercado (1) e a consequências advindas dessas

decisões. Fica fácil entender a relação entre esses dois componentes

(decisão (1) e consequência (2)) quando se analisa o caso da Ryanair,

famosa empresa aérea low-cost (empresa que opera comercializando

passagens a um baixo valor, em um modelo de serviço de baixo custo)

que opera no continente Europeu. Por exemplo, a empresa opera apenas

em aeroportos secundários (1), o que diminui seus custos com taxas

aeroportuárias (2); não oferece refeições grátis a seus passageiros (1), o

que reduz o tempo em solo e maximiza a utilização de suas aeronaves (2).

Ou seja, o modelo de negócio dessa empresa em particular é composto

por decisões que tem como consequência a redução de seu custo e,

consequentemente, a maximização do lucro (CASADESUS-MASANELL; RICART, 2010).

Com o passar do tempo, os modelos de negócio tendem a ser

compartilhados entre empresas que atuam no mesmo segmento de

mercado (TEECE, 2010), e por isso, é necessário que elas se diferenciem

em algum outro aspecto para terem sucesso em um ambiente de extrema

Selecionar as principais funcionalidades do produto

Determinar o benefício que o consumidor terá ao utiliz´-lo

Identificar os segmentos de mercado que serão atacados

Confirmar a disponibilidade de fontes de recursos

Desenvolver mecanismos para capturar valor

Page 38: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

38

competição. Ainda com a Ryanair como exemplo, embora ela tenha sido

a pioneira em voos lowcosts, hoje esse mesmo modelo é utilizado por

diversas companhias, até mesmo aquelas ditas tradicionais e que adotam

um padrão de serviço mais completo – e, portanto, um modelo de negócio

diferente a princípio.

O modelo de negócio, como pôde ser percebido até então, trata

apenas de como a empresa funciona, um conjunto de decisões que terão

consequência sobre como a empresa faz negócio. Não trata, porém, sobre

como a empresa se comporta em um ambiente competitivo – ou seja,

quais decisões precisa tomar para que saia vencedora perante a

concorrência de seu negócio (TEECE, 2010). É nesse ponto onde a

diferença entre modelo de negócio e estratégia fica clara. Segundo

Casadesus-Masanell e Ricart (2010), a estratégia trata da escolha do

modelo de negócio mais adequado para o ambiente competitivo no qual

a organização está inserido. Em última medida, é a escolha de quais

escolhas serão feitas. Ainda, os autores defendem que mais do que

escolher qual modelo de negócio é o mais indicado, a estratégia trata de

mitigar mudanças relevantes no ambiente competitivo, sendo responsável

pelas mudanças necessárias no modelo de negócio da empresa para que

ela possa se adaptar a essas mudanças.

É impossível falar de estratégia e modelo de negócio sem pensar

no resultado causado por essas escolhas: o planejamento tático, o

operacional da empresa. Cada modelo de negócio, definido por uma

estratégia e ambiente competitivo diferente, levará a um conjunto de

ações específico para aquela organização (CASADESUS-MASANELL;

RICART, 2010).

A Figura 5 apresenta a dinâmica de escolha de diferentes modelos

de negócio, a partir de possíveis estratégias das organizações, e das

consequências tático-operacionais de cada uma delas – os conjuntos de

ações táticas.

Page 39: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

39

Figura 5: o desdobramento da estratégia em ações táticas.

Fonte: adaptado de Casadesus-Masanell e Ricart (2010).

Para que as empresas se diferenciam em um ambiente de alta

competição, em que muitas vezes os modelos de negócio são

compartilhados, é necessário que seus processos e atividades sejam

continuamente melhorados (TEECE, 2010). Tais melhoramentos e

desenvolvimentos levam as organizações a terem ganhos, principalmente

do ponto de vista de confiabilidade operacional, o que reflete, também,

nos resultados financeiros (REIJERS, 2006).

Por isso, é importante que o modelo de negócio esteja apoiado em

estratégias diferenciadas que sustentem um modelo superior aos demais.

O modelo de negócio, por si só, e por melhor que seja, não representa de

maneira isolada uma vantagem competitiva para a organização. Empresas

que tiveram sucesso em seus modelos de negócio, ainda que

compartilhem estes com seus competidores, possuem como diferencial

processos bem ajustados e melhorados ao longo do tempo, garantindo que

estes não possam ser copiados ou que, pelo menos, estejam sempre à

frente dos competidores mais importantes (TEECE, 2010).

Page 40: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

40

2.3 RELACIONAMENTO COM O CLIENTE

Processo de negócio pode ser definido como uma sequência de

atividades encadeadas de maneira lógica, e realizadas com o objetivo de

entregar valor ao cliente final da organização (ABPMP, 2013; DUMAS

et al., 2013; WESKE, 2007). Independente do autor, pode ser considerado

como unânime a constatação de que os processos de negócio primários

(ABPMP, 2013) de uma organização existem para entregar valor ao

cliente daquela organização. Somente a partir dessa entrega de valor é que

os acionistas, investidores, donos dessa organização terão retorno sobre o

investimento efetuado (ABPMP, 2013).

De acordo com Woodruf (1997), no final do século passado,

muitas ferramentas para melhorias da qualidade foram desenvolvidas,

dentre elas, as focadas em processos de negócio e no BPM. Essas

metodologias, no entanto, majoritariamente reforçavam uma visão

interna, dado atenção para a qualidade do processo e do produto sem, no

entanto, olhar para o cliente para o qual esse processo e produto é

desenvolvido. Chen e Popovich (2003) adicionam que, com o

crescimento de opções e maior disponibilidade de produtos e serviços, o

consumidor passou a ser tratado de maneira genérica, sem que as

companhias observassem de maneira cautelosa e atenciosa suas

necessidades e opiniões.

Porter (1980) defende, nesse cenário, que as organizações têm

basicamente três estratégias principais, as quais o autor chama de

estratégias genéricas: liderança de custos, diferenciação e foco. A

liderança por custos é, segundo Porter, a que tem a visão mais centrada

na própria organização e nos seus processos, enquanto que a estratégia de

foco é a que mais olha para fora da organização.

Recentemente, esse movimento se inverteu e cada vez mais as

organizações se preocupam com o relacionamento e lealdade de seus

consumidores. É o chamado CRM – customer relationship management

(CHEN; POPOVICH, 2003). Berry (1995) também denomina o processo

de relacionamento com clientes e aumento de sua lealdade como

relationship marketing, ou marketing de relacionamento em uma

tradução livre. Segundo o autor, o marketing de relacionamento busca

atrair, manter e melhorar o relacionamento com o cliente foco da empresa,

e em última medida, para empresas multisserviços, aumentar o número

de negócios realizados entre esses dois atores. Para efeitos de

simplificação, nesse trabalho, CRM e marketing de relacionamento terão

a mesma dimensão.

Page 41: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

41

Algumas empresas denominam de CRM apenas as ferramentas de

TI utilizadas para realizar a gestão de atuais e potenciais clientes. Autores

no entanto defendem que CRM é na verdade o gerenciamento dos

processos de negócio de maneira integrada entre as várias da empresa e

de maneira orientada ao cliente, ou seja, tendo em vista os desejos e

necessidades de seus atuais clientes e também do mercado (CHEN;

POPOVICH, 2003).

Para a implementação de uma estratégia de CRM, no entanto, é

necessário entender o valor entregue através do produto e serviço da

empresa para o seu mercado e cliente ideal. Para que isso seja feito, é

necessário que a empresa entenda profundamente qual é seu mercado e

quem é seu cliente, determinando, portanto, seu cliente ideal – ou perfil

de cliente ideal (WOODRUFF, 1997).

Woodruf (1997) pontua que o valor percebido pelo cliente de um

produto ou serviço não é algo que as empresas conseguem objetivamente

determinar. Mais do que isso, trata-se de um trade-off entre o que o cliente

irá receber em termos de qualidade, benefícios, utilidade, e o que ele irá

“gastar” em termos de financeiros e pessoais (energia e sacrifício) para

adquiri-lo. A comparação entre esses dois extremos é o valor percebido

por ele do bem ou serviço adquirido.

Woodruf (1997) também defende que a percepção de valor varia

de acordo com o momento: antes da compra, o cliente tende a prestar mais

atenção aos atributos do produto ou serviço, e durante o uso a

performance tende a ser mais notada, como consequência dos atributos

levados anteriormente em consideração.

Levar em consideração a percepção de valor pelo cliente sobre um

produto ou serviço leva a uma implementação bem sucedida de sistemas

de CRM (CHEN; POPOVICH, 2003; WOODRUFF, 1997). Iniciativas

bem sucedidas de implementação de CRM tem como benefícios para as

organizações maiores margens e menores custos operacionais,

decorrentes principalmente do aumento da retenção de clientes, aumento

do valor do ciclo de vida e diminuição dos investimentos necessários para

a prospecção de novos clientes (CHEN; POPOVICH, 2003).

A noção de valor percebido pelo cliente e a satisfação dele com a

aquisição e uso do produto ou serviço estão proximamente ligados

(WOODRUFF, 1997). De acordo com Chen e Popovich (2003), sistemas

de CRM estão também intimamente ligados a satisfação do cliente, sendo

responsáveis por medi-la e entende-la de maneira exata.

A Figura 6 demonstra de maneira simples a relação entre a

construção do valor percebido pelo cliente a seu sentimento em relação à

satisfação com a aquisição e uso de determinado produto e serviço.

Page 42: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

42

Figura 6: a relação entre valor percebido e satisfação do cliente.

Fonte: adaptado de Woodruf (1997).

É possível perceber, a partir da Figura 6, que a satisfação deriva de

dois caminhos possíveis: diretamente através do trade-off entre atributos

e consequências (pré e pós-compra, respectivamente) ou pela comparação

desse trade-off com padrões de atributos e consequência externas

(WOODRUFF, 1997). Tais atributos e consequências externas são,

geralmente, produtos e serviços similares de concorrentes, que levam o

cliente a construir seu sentimento de satisfação.

CRM pode ser definido, a partir do discutido neste trabalho, como

a gerência das expectativas do cliente em termos dos valores percebidos

por ele sobre determinado produto e serviço. A implementação desses

sistemas leva, então, aos benefícios destacados por Chen e Popovich

(2003), como redução de custos, lead times, aumento da margem. Tais

benefícios só são possíveis com a alta satisfação do cliente, que passa por

uma alta percepção de valor sobre o produto ou serviço adquirido, e são

gerados a partir da retenção dos atuais clientes, sem prejuízo, no entanto,

na aquisição de novos. De fato, é 5 vezes mais barato manter um cliente

atual do que trabalhar para conquistar um novo cliente (PETERS;

RODABAUGH, 1988).

2.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO

A partir do discutido nas seções desse capítulo, é possível

estabelecer uma forte relação entre os temas processo de negócio e BPM,

Page 43: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

43

reengenharia do processo de negócio (BPR), estratégia e modelo de

negócio e o relacionamento com o cliente.

O processo de negócio, através do BPM, é um dos principais

responsáveis por aproximar as camadas mais estratégicas das

organizações, que efetivamente tomam as decisões em termos das

escolhas de como a organização irá competir no ambiente competitivo

que está inserida, da sua camada operacional, responsável por

efetivamente colocar em prática as escolhas realizadas.

Faz parte dessas escolhas definir quão focada a empresa será em

seu cliente, foco esse que apresenta benefícios e vantagens para as

organizações em termos de fidelização e lealdade de seus consumidores

e melhorias relevantes nas margens de lucro e nos custos operacionais de

prospecção. Essa estratégia customer focused, como exposto, vem sendo

cada vez mais adotada justamente por essas características.

Entretanto, é necessário que todo o conjunto de processos de

negócio seja redesenhado para acomodar essa mentalidade, momento em

que entra em ação a metodologia de reengenharia do processo – BPR –

que garante que os sejam reflexos das melhorias necessárias e do

ambiente competitivo no qual a organização está inserida.

Não é objetivo desse trabalho discutir em profundidade os temas

abordados, mas sim a caracterização de cada um deles de forma que o

estudo de caso que será realizado a frente possa ser compreendido de

maneira completa.

Page 44: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo
Page 45: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

45

3 METODOLOGIA

3.1 ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO

A estratégia para o desenvolvimento de uma pesquisa deve levar

em conta basicamente três condições:

i) o tipo de questão da pesquisa;

ii) o controle do pesquisador sobre os eventos

comportamentais efetivos;

iii) o foco em fenômenos históricos ou em fenômenos

contemporâneos (YIN, 2013).

Não existe, portanto, apenas um método para o desenvolvimento

de pesquisas e trabalhos acadêmicos. As diferentes respostas a cada um

desses fatores levam a escolha de um dentre os diferentes métodos para

realizar pesquisa. A Tabela 1 apresenta alguns dos métodos

frequentemente utilizados em pesquisas e a relação que cada metodologia

tem com as 3 questões levantadas anteriormente.

Tabela 1: critérios para seleção do método

Critérios de decisão

Forma da

questão de

pesquisa

Exige controle

sobre eventos

comportamentais?

Focaliza

acontecimentos

contemporâneos?

Mét

od

os

de

Pes

qu

isa

Experimento Como, por

que Sim Sim

Levantamento

Quem, o

que, onde,

quantos,

quanto

Não Sim

Análise de

arquivos

Quem, o

que, onde,

quantos,

quanto

Não Sim/não

Pesquisa

histórica

Como, por

que Não Não

Estudo de caso Como, por

que não Sim

Fonte: Yin (2013).

Page 46: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

46

A partir dos critérios elencados por Yin (2013), é possível definir

facilmente o método a ser utilizado para o desenvolvimento desse

trabalho.

Segundo exposto na seção de objetivos e justificativa, o presente

trabalho busca entender como o desenrolar da estratégia organizacional

tem efeito sobre a determinação de novos processos de negócio e a

reengenharia de processos de negócio já existes. Dessa forma, a questão

de pesquisa pode ser determinada como, “como, por que”, já que o

trabalho buscará como essa influência ocorre e porque ela acontece dessa

forma.

O presente trabalho não tem a intenção de buscar o controle de

todas as variáveis presentes no ambiente do estudo. Na verdade, a

variação desses elementos é fator enriquecedor no contexto da produção

desse trabalho. Segundo Yin (2013), somente haveria a necessidade de tal

controle caso fosse interessante determinar um padrão, como acontece,

por exemplo, no caso de experimentações laboratoriais.

Sobre o último critério, é clara a intenção deste trabalho em

focalizar os acontecimentos contemporâneos, ou seja, não faz parte do seu

desenvolvimento analisar o histórico da disciplina de gerenciamento de

processos de negócio e nem como tal histórico se desdobra e afeta os

acontecimentos de hoje. Além disso, o fato de centralizar seu

desenvolvimento justamente na realidade corrente é importante para a

construção de um framework novo e útil no contexto de empresas de

tecnologia de rápido crescimento, um fenômeno atual e que oferece novos

desafios para os campos de estudo da Engenharia de Produção.

Segundo os critérios definidos por Yin (2013), portanto, é possível

perceber que o estudo de caso é o método mais apropriado para o trabalho

em questão: busca responder como e porque a estratégia organizacional

afeta o desenvolvimento de processos de negócio, em um momento

contemporâneo focado e em um ambiente onde não se exige o controle

de variáveis ambientais.

O estudo de caso busca investigar, empiricamente, como um

fenômeno contemporâneo afeta, dentro de seu contexto, o ambiente da

vida real. Descreve a intervenção, o contexto na vida real onde ela ocorre

(YIN, 2013). O estudo de caso pode ter foco em um caso único,

individual, ou em múltiplos casos, nos quais vários estudos são

conduzidos simultaneamente (VENTURA, 2007). Este trabalho trata de

um caso único, específico, voltado para o estudo de uma empresa e de um

contexto exclusivo.

Page 47: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

47

3.2 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO

Selecionado então o método que será utilizado para o

desenvolvimento do presente trabalho, método esse que é o Estudo de

Caso, deve-se então entender qual é o procedimento metodológico

necessário para que se atinja os objetivos gerais e específicos

determinados no início de seu desenvolvimento.

Embora não seja possível definir uma estrutura rígida para o estudo

de caso, dado a abrangência do método, é possível delinear certa estrutura

para o seu desenvolvimento (GIL, 2002), como segue:

a) delimitação da unidade-caso;

b) coleta de dados;

c) seleção, análise e interpretação dos dados;

d) elaboração do relatório

A primeira fase consiste na delimitação de onde será realizado o

estudo, não no sentido geográfico da palavra mas sim, no de delimitar a

unidade – empresa, pessoa, organização – que será estudada (VENTURA,

2007).

Realizado o passo primeiro, passa-se para a coleta de dados que

podem ser qualitativos ou quantitativos, onde através de diversos

artifícios e ferramentas, busca-se a maior quantidade de informações

possíveis para a análise posterior (VENTURA, 2007). Dentre as

ferramentas que podem ser utilizadas, que são diversas, destaca-se a

observação, análise de documentos, entrevistas e aplicação de

questionários, que serão aquelas utilizadas para o desenvolvimento do

estudo de caso do presente trabalho.

Feita a coleta, a seleção dos dados que serão analisados,

descartando aqueles que podem comprometer a qualidade do estudo, é

parte importante do estudo de caso. Isso deve ser feito para descartar

dados que podem conferir incertezas aos resultados. É importante definir

também a qualidade da amostra, para que o pesquisador possa generalizar

seus resultados, no caso de uma amostra representativa, ou particularizar

suas conclusões e trabalhar probabilisticamente (VENTURA, 2007).

Feito isso, passa-se para a análise dos dados utilizando as ferramentas

apropriadas.

Finalmente, após a análise dos dados, é necessário apresentar as

conclusões as quais o pesquisador chegou de maneira clara e estruturada.

Comumente, especifica-se como os dados foram coletados, a teoria que

embasou o estudo de caso, os dados obtidos e as conclusões realizadas

(VENTURA, 2007).

Page 48: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

48

O presente trabalho, caracterizado pelo estudo de caso de uma empresa

de tecnologia de rápido crescimento, irá se basear, portanto, nesse

conjunto de etapas para a sua realização. De maneira mais detalhada, a

Tabela 2 descreve os passos necessários para a sua realização,

agora no contexto do caso que se busca descrever.

Tabela 2: procedimento metodológico deste trabalho

# Etapa Ferramentas utilizadas

1 Organização da bibliografia de

apoio e construção da estrutura

do estudo

Ferramentas de pesquisa

acadêmica e editor de texto

2 Identificação da estratégia

organizacional da empresa

objeto do estudo

Observação, análise documental

3 Definição da área que terá seu

processo de negócio definido

Análise documental, análise dos

dados da etapa anterior

4 Definição do processo de

negócio do produto definido

Análise documental, entrevista

com colaboradores, aplicação de

questionário

5 Validação do processo de

negócio definido

Entrevista com colaboradores,

observação

6 Análise dos dados e

apresentação dos resultados

Análise documental, análise dos

dados coletados nas fases

anteriores

Fonte: autoria própria (2018).

Como observado, este trabalho será desenvolvido através da

realização de 6 passos práticos.

Primeiro, com o objetivo de sedimentar o conteúdo teórico

relacionado a essa pesquisa, procede-se com a pesquisa e organização do

referencial teórico, que será utilizado posteriormente para a organização

das etapas práticas do trabalho.

A segunda etapa é a identificação da estratégia organizacional da

empresa objeto do estudo de caso. Essa é uma etapa importante já que o

objetivo do estudo de caso é justamente determinar, em termos de

processo de negócio, da estratégia e modelo de negócio da empresa.

Assim, somente a partir da finalização dessa etapa é que o restante do estudo de caso poderá ser realizado.

A seguir, do passo 3 até o 5, passa-se para o estudo dos processos

de negócio da organização. Para o presente estudo, será selecionado

apenas uma área da organização e o processo relacionado a 1 de seus

Page 49: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

49

produtos, tanto para facilitar o desenvolvimento do trabalho quanto para

permitir o estudo mais aprofundado e a correta definição de um

framework que, posteriormente, poderá ser aplicado às outras áreas da

própria empresa. A partir dessa definição (feita no passo 3), procede-se

com o mapeamento (passo 4) e validação do processo (passo 5), seguindo

a metodologia de trabalho exposta na revisão bibliográfica deste trabalho

e na disciplina de gerenciamento de processos de negócio.

Finalmente, finalizado a etapa de criação e padronização do

processo de negócio selecionado, será feita a análise dos dados coletados

e sua reunião na forma de um benchmarking de trabalho, que poderá ser

utilizado dentro da própria empresa e em casos relacionados.

A metodologia também pode ser vista no fluxograma ilustrado na

Figura 7, onde as etapas são mostradas de maneira detalhada e segundo

um fluxo de trabalho bem definido.

Page 50: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

50

Figura 7: metodologia de desenvolvimento da pesquisa

Fonte: autoria própria (2018).

Page 51: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

51

3.3 SELEÇÃO DO PORFÓLIO BIBLIOGRÁFICO SOBRE O TEMA

DA PESQUISA

De forma a delimitar o portfólio bibliográfico sobre o tema dessa

pesquisa, foram utilizadas três bases de artigos e teses: Scopus, Emerald

Insight e Google Scholar. Adicionalmente, foram utilizados trabalhos

acadêmicos dos anais do Encontro Nacional de Engenharia de Produção

(ENEGEP), além de outras fontes. Dentro dessas fontes, foram definidas

palavras chaves relacionadas ao tema central da pesquisa, notadamente as

seguintes: “business process”, “business process management”,

“business process reenginering”, “business models”, “business strategy”, “crm”, “customer relationship management”, “relationship

marketing”. Além dessas, suas respectivas traduções também foram

utilizadas na busca por artigos de lígnua portuguesa.

Com a utilização das palavras-chave indicadas, foram encontrados

um número grande de artigos, dos quais foram selecionados os mais

relevantes para o desenvolvimento do referencial teórico. Como forma de

seleção, foram utilizados alguns critérios, principalmente:

a) artigos revisados por pares;

b) qualidade da revista ou jornal em que o artigo foi publicado;

c) quantidade de citações realizadas daquele artigo em

específico;

d) relevância do autor em sua área de pesquisa.

Além dos artigos e teses buscados nas fontes citadas, também

foram utilizadas obras relevantes relacionadas aos assuntos tratados nesse

trabalho, notadamente o common body of knowledge (CBOK),

desenvolvido pela Associação dos Profissionais de Gerenciamento de

Processos (ABPMP), Dumas (2013), Porter (1980) dentre outros. De

maneira complementar, utilizou-se também notícias e fatos relevantes de

próprio mercado relacionados aos assuntos tratados aqui.

3.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

O presente trabalho busca identificar o desdobramento da

estratégia organizacional de uma empresa de tecnologia de rápido

crescimento em seus processos. Para fins de simplificação, o trabalho não

buscará mapear e detalhar toda a cadeia de valor da empresa objeto do

estudo de caso. Seu foco será em determinar um modelo de referência a

partir de uma área de empresa e processos específicos, para ser utilizado

Page 52: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

52

nas outras áreas e processos e em outras empresas que tenham um

contexto relacionado.

Ainda em relação ao mapeamento, também não será abordado

neste trabalho uma análise completa de estado futuro do processo, uma

das partes do ciclo BPM. Dessa forma, será apresentado o estado atual do

processo da área definida e uma análise dos pontos que podem ser

melhorados. Ficará como sugestão para trabalhos futuro a realização de

um estudo de reengenharia do processo.

Page 53: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

53

4 ESTUDO DE CASO

4.1 A EMPRESA

O estudo de caso foi desenvolvido na empresa mobLee Tecnologia

da Informação, localizada na cidade de Florianópolis, Estado de Santa

Catarina - Brasil. Tem como principal atividade o desenvolvimento de

uma plataforma de tecnologia para auxiliar organizadores de eventos a

realizarem seus projetos.

Todo o desenvolvimento da plataforma é pautado em eventos que

se enquadram dentro de 3 categorias específicas: congressos (que podem

ser médicos, científicos, de entidades de classe, dentre outros), eventos

corporativos (que se realizam dentro de empresas, associações,

corporações, com um objetivo específico e não abertos ao público em

geral) e feiras de negócio (caracterizadas pela participação de outras

empresas – B2B, ou business to business – e realização de negócios ou

para a exposição de produtos e serviços para o público em geral – B2C

ou business to customer).

Essa diferenciação entre tipos de eventos, como será visto ao longo

do estudo de caso, é importante já que dentro da realidade de operação da

empresa, os processos são implementados com base nas características de

cada um desses eventos.

A plataforma é constituída por 4 produtos, denominados Register,

Promote, Engage e Collect. Cada produto tem um objetivo específico, de

acordo com o momento da organização do evento: o Register é

responsável pela venda de ingressos; o Promote oferece ferramentas para

a promoção do evento no meio digital; o Engage é um aplicativo de

celular que promove o envio de informações ao participante e o

engajamento deste público com o conteúdo do evento; e o Collect é uma

ferramenta oferecida aos expositores do evento para que estes coletem

informações úteis aos seus negócios dos participantes e visitantes.

A Figura 8 traz uma representação que mostra os 4 produtos da

empresa e o momento da organização de um evento onde cada um deles

se encaixa: pré-evento, durante o evento ou após o evento. Essa imagem

é útil para entender o papel de cada um dos produtos dentro da plataforma

da empresa e dentro de sua estratégia.

Page 54: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

54

Figura 8: produtos oferecidos pela empresa

Fonte: reprodução do site da empresa <www.moblee.com.br> (2018)

4.2 DESCRIÇÃO DA ORGANIZAÇÃO

Antes de ter seu foco no desenvolvimento de uma solução para

organização de eventos, a mobLee nasceu como uma empresa voltada

para o desenvolvimento de aplicativos customizados para smartphones.

Logo no início, porém, na fase de validação do modelo de negócio da

empresa e definição da estratégia, a contratação de um grande projeto para

uma empresa de feiras e exposições de negócio fez com que os sócios

identificassem ali uma oportunidade, até então inexplorada no mercado

brasileiro, mas que já vinha ganhando destaque em outros países.

Em 2017, 6 anos após sua fundação, a mobLee recebeu sua

primeira rodada de investimentos, o que permitiu a empresa acelerar seus

planos de expansão, contratando mais funcionários para a sua operação

bem como realizando investimento em infraestrutura e no

desenvolvimento de seus produtos.

Essa aceleração no seu crescimento também proporcionou desafios

operacionais para a equipe, principalmente do ponto de vista do

desenvolvimento de processos de negócio e do gerenciamento dos

processos de negócio da empresa. Entre Janeiro de 2017 e Julho de 2017,

Page 55: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

55

a empresa passou de 16 funcionários para mais de 50, um crescimento de

300% em 6 meses. Tal crescimento se deu em um ambiente de profundas

mudanças estratégicas e operacionais, onde a maioria dos processos de

negócio precisou ser revista ou desenhada. Daí a motivação para o estudo

de caso, que buscará entender como essa mudança aconteceu e a ligação

entre as mudanças estratégicas ocorridas e o reflexo operacional dessas

transformações.

O processo de identificação da estrutura organizacional –

identidade, estratégia e estrutura de áreas – foi realizado através de 8

entrevistas com os líderes de cada uma das áreas da empresa, buscando o

entendimento dos seguintes pontos:

Qual a sua área e quais as funções desempenhadas por ela?

Quais são os produtos oferecidos pela empresa?

Quem são os principais clientes da empresa?

Qual é a principal proposta de valor para esses clientes?

Como esses clientes utilizam o produto?

Como é feito o gerenciamento estratégico da sua área?

Sua área possui processos definidos?

A partir das respostas, foi construído o mapeamento discutido a

seguir.

O Apêndice A apresenta o formulário contendo o roteiro que

norteou as entrevistas de liderança.

4.2.1 Descrição das áreas funcionais

A empresa hoje se divide em 8 áreas, cada uma delas com

atribuições específicas e bem delimitadas, sendo que 6 delas se

relacionam diretamente com o negócio da empresa, principalmente as

áreas de Produto e Sucesso do Cliente, responsáveis, respectivamente,

pela manutenção do produto e da atividade dos clientes As outras 2,

Talentos e Back Office são áreas que se destinam a apoias as outras, sendo

os processos dessas áreas considerados processos de apoio. A Tabela 3

sumariza as áreas da empresa e as atividades desenvolvidas por cada uma.

Tabela 3: áreas da empresa e atividades desenvolvidas em cada uma

delas

Page 56: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

56

Área Atividades desenvolvidas

Produto Define a estratégia de produto, o que será

desenvolvido e o que é prioridade em termos de

funções para os produtos já existentes

Sucesso do Cliente Faz a gestão da carteira de clientes da empresa,

trabalha os projetos específicos de cada cliente e

garante a melhor utilização dos produtos. Realiza a

negociação e renovação de clientes ativos e antigos.

Marketing Busca novos clientes no mercado através de diversas

estratégias, como geração de conteúdo relevante,

participação em eventos, cases de sucesso, etc.

Inteligência

Comercial

Gera novas oportunidades para o time de prospecção

através de listas de empresas, garante a conformidade

de dados na operação comercial da empresa.

Prospecção Trata os prospects provenientes das ações de

marketing e aborda ativamente potenciais clientes no

mercado, validando a necessidade de cada um de

acordo com as soluções oferecidas.

Comercial Desenha uma solução customizada para cada cliente,

de acordo com as funções do produto, e realiza a

negociação e fechamento de novos contratos.

Talentos Realiza a contratação de novas pessoas para o time,

além da gestão dos atuais funcionários.

Back office Responsável pelos processos de apoio da empresa,

como compras, financeiro, cobrança, infraestrutura,

compliance, etc.

Fonte: autoria própria (2018).

Todas as áreas supracitadas têm autonomia no desenvolvimento de

suas atividades internas, e seus líderes estão em um mesmo

posicionamento hierárquico, respondendo de maneira igualitária ao CEO

da empresa que, por sua vez, responde ao conselho administrativo. A

Figura 9 ilustra essa estrutura.

Figura 9: representação da estrutura hierárquica da organização

Fonte: autoria própria (2018).

Page 57: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

57

4.2.2 Identidade organizacional

A partir das entrevistas, foi possível identificar que a empresa está

fortemente alinhada em termos da sua identidade organizacional, sendo

as respostas oferecidas pelos líderes similares entre si, sem grandes

diferenças.

A definição da missão e visão da empresa, itens que tem relação

mais forte com o desenho de processos de negócio, foram obtidos

diretamente a partir do código de cultura da empresa – documento que

contém todas as informações sobre a identidade organizacional da

empresa, valores, princípios e regras internas.

4.2.2.1 Missão

Segundo o código de cultura da mobLee (2018), a missão da

empresa é definida como: Melhoramos a vida do organizador, reduzindo o

número de fornecedores e trazendo todas as

informações para um lugar só. Estamos

comprometidos com todo o ciclo do evento,

compartilhando conhecimento e garantindo seu

sucesso.

A empresa tem como missão, portanto, facilitar, através dos

produtos que oferece ao mercado, o trabalho do organizador de evento,

seu principal foco em termos de prospecção de clientes e

desenvolvimento de produto. Pretende também estar presente durante

todo o ciclo de organização de eventos, desde o momento da promoção

do evento e comercialização dos ingressos, até o dia em que ele se realiza.

4.2.2.2 Visão

Em relação à visão, o código de cultura da mobLee (2018) a define

como:

Somos pioneiros em tecnologia para eventos.

Queremos que toda a tecnologia que participantes

e patrocinadores vejam, toquem e interajam seja

nossa.

Através de sua visão, a empresa se posiciona como pioneira do

setor além de desejar, em algum momento futuro, ser o principal

Page 58: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

58

fornecedor de tecnologia para eventos, sendo tudo o que participante e

organizador precisam para realizar e estar presentes no evento.

4.2.3 Estratégia organizacional

Durante as entrevistas com os líderes de cada uma das áreas, foi

possível identificar que a estratégia da empresa é fortemente baseada no

conceito de gerenciamento por objetivos e resultados chave através das

respostas a duas perguntas: “Como é feito o gerenciamento estratégico da

sua área” e “Sua área possui processos definidos?”. Todas as respostas

mencionaram, de diferentes formas, a existência de objetivos para a área

e de metas relacionadas a esses objetivos.

Nesse modelo de gerenciamento por objetivos, cada uma das áreas

desenvolve internamente seu próprio conjunto de objetivos e, associados

a eles, indicadores de monitoramento, os chamados resultados chave. Tais

objetivos e indicadores são revisados a cada 3 meses, acomodando as

mudanças que ocorreram no período anterior na estratégia da empresa.

Segundo os líderes, esse modelo é utilizado principalmente por sua

versatilidade para acomodar as mudanças período a período. A empresa

tem como característica marcante a forte mudança de seus projetos e

prioridade em cada quarter (trimestre) e, por isso, precisa de um modelo

que possa ser adaptado facilmente.

É possível perceber, guardadas as diferenças, certa semelhança

com o modelo BSC – balanced score card – que é difundido tanto na

academia quanto no mundo corporativo e proposto por Norton e Kaplan

(2007). A própria empresa, entretanto, não utiliza um modelo de BSC

para o gerenciamento de sua estratégia; o modelo clássico é composto de

4 perspectivas: perspectiva financeira, perspectiva do cliente, perspectiva

de processos e perspectiva de aprendizado e crescimento (KAPLAN;

NORTON, 2007), sendo que nem todas elas são trabalhadas dentro da

estratégia da empresa, notadamente as perspectivas de processos e

perspectiva de aprendizado e crescimento (por não trabalhadas entenda-

se que a empresa não tem diretrizes dentro de sua estratégia relacionadas

a essas perspectivas, trabalhando-as de maneira secundária com ações

pontuais dentro das áreas).

A falta de uma metodologia clássica norteando a estratégia da

empresa é, inclusive, um dos motivadores para a realização desse estudo,

pois afeta de maneira importante o desenvolvimento do gerenciamento

por processos de negócios. Dessa forma, a estratégia da empresa será

analisada segundo sua própria perspectiva.

Page 59: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

59

A Tabela 4 a seguir sumariza os objetivos das áreas para o primeiro

trimestre de 2018.

Tabela 4: áreas e objetivos para o quarter 1 de 2018

# Área Objetivo quarter 1

1 - Faturamento de X milhões de reais

2 Produto -

3.1 Marketing Aumentar o número de visitantes no site

da empresa

3.2 Gerar oportunidades através de levantas

de mão

4.1 Inteligência comercial Implementar processo de inteligência

comercial

4.2 Entregar 10 vezes o número de leads

processados pela prospecção

5 Prospecção Entregar um número X de oportunidades

em Janeiro, Fevereiro e Março

6 Vendas Meta financeira de X reais para os meses

de Janeiro, Fevereiro e Março

7.1 Sucesso do cliente Obter o valor X através de renovações de

contratos

7.2 Definir os processos para novos

produtos e redefinir e integrar os

processos já existentes

7.3 Garantir que 60% dos marcos de sucesso

definidos para os clientes sejam

atingidos

8 Talentos Contratação de X novos funcionários,

segundo planejamento orçamentário e

necessidade das áreas

Fonte: autoria própria (2018).

Sobre os dados da Tabela 4 é importante pontuar: o objetivo

faturamento (1) não tem uma área específica, pois é encarado como

objetivo estratégico a ser atingido em conjunto com a empresa. Esse

objetivo é separado, posteriormente, nos objetivos 6 e 7.1, das áreas de

Vendas e Sucesso do Cliente; os valores das metas financeiras não foram

aqui caracterizados por serem irrelevantes para os objetivos dessa

pesquisa; a área de produto não tem objetivo definido porque trabalha

com entregas segundo o roadmap definido pela diretoria no início do

período, segundo feedback recebido de outras áreas da empresa e

pesquisas de mercado; a área de backoffice não especificou um objetivo

Page 60: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

60

para o quarter, trabalhando apenas com projetos ligados a compliance e

auditorias internas e externas no período; a área de talentos trabalhou na

contratação dos funcionários necessários segundo a estratégia financeira

e de pessoas definida no planejamento do ano de 2018.

Traçando um paralelo com o BSC, é possível perceber que a

empresa trabalha segundo o proposto pelo framework, através de

objetivos e métricas, porém, sem que esses objetivos estejam divididos

dentro das 4 perspectivas do BSC. Na empresa, os objetivos estão

atrelados às áreas e não às perspectivas. Entretanto, é possível encaixar a

estratégia da empresa dentro do modelo clássico do BSC, como

demonstrado na Tabela 5.

Tabela 5: ligação entre modelo clássico do BSC e modelo utilizado pela

empresa

# Perspectiva Objetivo

1 Financeira 1, 5, 6, 7.1

2 De clientes 3.1, 3.2, 4.2, 5, 7.3

3 Dos processos 4.1, 7.2

4 De aprendizado e crescimento -

Fonte: autoria própria

Ainda, a partir da Tabela 5, é possível perceber que a área de

Produto, por não ter um objetivo definido, não se encaixa dentro das

perspectivas do BSC, e o objetivo da área de talentos também não tem

uma ligação clara com nenhuma das perspectivas do BSC.

Para esse estudo de caso, não serão discutidos os indicadores e

metas relacionadas a cada uma das áreas; o foco será o estudo dos

processos, tarefas e PMS de apenas uma dela, seguindo priorização

explicadas nos capítulos seguintes.

4.3 DEFINIÇÃO DA ÁREA PARA DESENVOLVIMENTO DO

ESTUDO

A presente pesquisa não tem como objetivo discutir a aplicação do

gerenciamento por processos de negócio em todas as áreas da empresa,

pelos seguintes motivos: algumas áreas da empresa possuem processos

simples e bem definidos – por exemplo, marketing, prospecção e vendas;

a maioria das áreas não passa por remodelação ou incorporação de novos

processos com o passar dos períodos do ano e, por isso, é mais

Page 61: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

61

interessante dar foco para a área que deve passar por isso a fim de estudar

as dinâmicas dessas atividades, conforme proposta dessa pesquisa. Além

disso, por questões de tempo, foi opção do autor dessa pesquisa a

focalização de uma área apenas, ao invés de abordar a empresa como um

todo.

Dessa forma, para definir a área que seria objeto central do estudo,

foram levados em consideração os seguintes critérios, em conjunto com

a direção da empresa:

a. ligação clara com o objetivo geral da empresa (1)

b. necessidade clara de desenho ou redesenho de processo

c. falta de processo mapeado e/ou definido

Levando os critérios acima em consideração, foi escolhida a área

de Sucesso do Cliente, já que um de seus objetivos para o quarter e

também para o ano tem ligação direta com o objetivo 1 (objetivo 7.1),

preenchendo o critério (a); e há a clara necessidade de desenho e

redesenho de processo, atendendo ao critério (b), principalmente pela

inserção de novos produtos, que deverão ser ativados e acompanhados

pelas equipes dentro da área.

Além dos critérios objetivamente considerados, conforme

discussão anterior, levou-se em consideração também o fato da área de

Sucesso do Cliente ter importância fundamental no posicionamento da

empresa perante o mercado e na sua operação como fator de diferenciação

estratégica.

Como abordado no referencial teórico deste trabalho, o CRM tem

se tornado cada vez mais a base de operação de muitas empresas, e o é na

empresa objeto do estudo de caso desta pesquisa. Neste caso específico,

a área de Sucesso do Cliente tem ganhado papel cada vez mais

protagonista, na visão dos próprios líderes de área da empresa, segundo

conversa desenvolvida anteriormente, por ser responsável pela

fidelização da base atual de clientes da empresa, com resultados claros

observados ao final desse estudo, como será discutido posteriormente.

4.4 PREPARAÇÃO PARA A APLICAÇÃO DO BPM

Após o entendimento da estrutura da organização, com a definição

e descrição de suas áreas e o entendimento da sua estratégia, é possível

iniciar a aplicação da disciplina de BPM, através do mapeamento dos

fluxos de trabalho, das tarefas realizadas em cada atividade e do PMS que

é aplicado.

Page 62: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

62

De acordo com Dumas (2013), é função do gerenciamento por

processos de negócio em uma empresa é aproximar a camada estratégica

da organização com suas camadas mais operacionais.

Para que isso aconteça, é imprescindível que a empresa tenha uma

estratégia organizacional que defina qual é sua missão no mercado, a

visão de onde ela quer chegar e os valores sobre os quais as ações de todos

os seus colaboradores devem estar pautadas.

Segundo a ABPMP (2013), entrevistas e aplicação de

questionários são a melhor maneira para levantar dados a fim de realizar

a definição de processos de negócio. Dessa forma, foi necessário realizar

a construção de um questionário com vistas às entrevistas que seriam

realizadas com todos os colaboradores que fazem parte da área de Sucesso

do Cliente.

O objetivo primordial dessa etapa e a elaboração de um formulário

que possa ser utilizado como guia durante as entrevistas. Antes de definir

o que será perguntado, entende-se primeiro quais são as respostas que

devem ser obtidas durante essas entrevistas para então ter as perguntas

que devem ser aplicadas aos atores dos processos que serão identificados

(ABPMP, 2013).

O questionário aplicado encontra-se no apêndice B desta pesquisa.

Ele é composto por três perguntas iniciais, abertas, com o objetivo de

entender o valor entregue pela área, e uma última, que pede que o ator do

processo descreva sua rotina de trabalho, que tem o objetivo de auxiliar

no mapeamento dos processos de negócio em que esse ator está inserido.

As perguntas realizadas foram:

1. Pergunta 1 – Qual é o valor entregue pelo setor em que

você trabalha?

2. Pergunta 2 – Para quem esse valor é entregue? Quais são

os clientes dos processos da sua área?

3. Pergunta 3 – Como esse valor é entregue aos clientes da

sua área?

4. Pergunta 4 – Você pode descrever, de maneira detalhada,

sua rotina de trabalho ao longo do seu dia/semana/mês?

As respostas das 3 primeiras perguntas foram registradas pelo

entrevistador em formulário eletrônico para posterior consulta. Já as

respostas da pergunta 4 foram trabalhadas de maneira visual em conjunto

com o ator do processo, de forma que ele pudesse observar a construção

do processo com o entrevistador, além de possibilitar, de maneira mais

fácil, a correção dos fluxos de trabalho conforme o entrevistado se

Page 63: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

63

lembrava de sua rotina. Foram realizadas um total de 5 entrevistas: 2 para

o subprocesso de ativação, 2 para o subprocesso de trajetória e 1 para o

subprocesso de renovação de contas.

Realizada a etapa de preparação, passou-se então para a entrevista

com os atores dos processos da área de Sucesso do Cliente para que a

identificação dos processos de negócio da área fosse realizada.

4.5 IDENTIFICAÇÃO DOS PROCESSOS DE NEGÓCIO

O objetivo desta fase do trabalho foi a identificação tanto dos

fluxos de trabalho, quanto do esquema operacional utilizado pela área

para realização dos mesmos. Para facilitar o entendimento do leitor, essa

subseção do trabalho foi dividida em 3 partes: uma para a discussão dos

fluxos de trabalho (4.5.1), a segunda para a apresentação da camada

operacional desse fluxo (4.5.2) e uma terceira para a discussão das

métricas e indicadores utilizados para o controle dos processos (4.5.3).

A abordagem escolhida para a modelagem dos processos foi a top-

down, ou seja, uma abordagem de descida, onde primeiro se definem os

fluxos de trabalho e, posteriormente, as tarefas dentro de cada atividade.

Essa abordagem é particularmente interessante na definição do

funcionamento de áreas (ABPMP, 2013), o caso deste estudo. Cabe

definir, de acordo com o contexto, a melhor abordagem para a

modelagem.

A Figura 10 ilustra os passos tomados para a caracterização do

processo de negócio da área de Sucesso do Cliente.

Figura 10: passos para a identificação dos processos de negócio da área

Fonte: autoria própria (2018).

4.5.1 Fluxos de trabalho (estado atual)

O primeiro passo para a identificação do processo de negócio da

área de Sucesso do Cliente foi a definição dos fluxos de trabalho, segundo

entrevistas realizadas com os autores desses processos. Foram envolvidos

Entendimento da hierarquia do processo

Mapeamento dos fluxos de

trabalho

Identificação das tarefas de cada atividade

Criação de listas de tarefas

Page 64: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

64

nessas entrevistas tanto a líder da área, que tem uma visão mais macro de

todo o processo de negócio da área de Sucesso do Cliente, quanto os

outros atores, que desenvolvem as atividades no dia-a-dia da empresa, em

camadas mais operacionais. Com isso, foi possível obter tanto a visão

estratégica da entrega de valor da área para os clientes internos e externos,

quanto o detalhamento operacional dos fluxos de trabalhos, descendo na

hierarquia de processo.

Antes de definir os fluxos de trabalho, foi preciso entender como

ocorre a divisão das atividades dentro da área, seus grupos funcionais e

inter-relacionamentos. Foi particularmente útil utilizar o modelo sugerido

pela ABPMP (2013) de hierarquia processual, como ilustrado na Figura

2 do referencial teórico deste trabalho.

Com os devidos ajustes realizados no modelo de referência, foi

feita a aplicação deste na modelagem dos processos da área, e a Figura 11

ilustra o modelo resultante.

Figura 11: modelo hierárquico de processo utilizado como referência para

este estudo de caso

Fonte: autoria própria (2018).

Cabe ainda notar importante diferença entre a Figura 2 e a Figura 11, que é a ausência dos níveis mais baixos, de cenário e passo. Os dois

níveis foram suprimidos por não terem sido abordados nas entrevistas,

além de, posteriormente, julgar-se como pouco relevante dado a baixa

complexidade dos processos modelados.

Processo de negócio

Subprocesso

Função de negócio

Atividade

Tarefa

Page 65: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

65

Definidos as metodologias de modelagem de referência, passou-se

então para a realização das entrevistas com o objetivo principal de captar

a estrutura dos processos da área e os fluxos de trabalho compreendidos

dentro deles.

O primeiro resultado obtido foi a estrutura processual segundo a

qual a área de Sucesso do Cliente da empresa funciona. Esse é um

importante resultado já que, embora os processos acontecessem

normalmente no dia-a-dia de trabalho dos integrantes da área, esses dados

não haviam sido até então formalizados como forma de gestão de

conhecimento da área e padronização de suas atividades. A Figura 12

ilustra essa estrutura.

Figura 12: estrutura hierárquica de processo e subprocessos da área de

Sucesso do Cliente

Fonte: autoria própria (2018).

O processo de Sucesso do Cliente é composto por 3 subprocessos:

1. Subprocesso de ativação

2. Subprocesso de trajetória

3. Subprocesso de renovação de contas

Os 2 primeiros subprocessos possuem funções de negócio

distintas, que influenciam, principalmente no caso do subprocesso de

ativação, as atividades exercidas pelos autores.

Embora essas funções de negócio também existam para o

subprocesso de trajetória, será percebido mais à frente quando o fluxo de

Processo de Sucesso do

Cliente

Subprocesso de Ativação

Subprocesso de trajetória

Renovação de contas

Page 66: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

66

trabalho e as atividades desse subprocesso forem apresentadas que tais

funções acabam tendo influência reduzida no nível de atividade,

impactando mais diretamente nas tarefas executadas dentro de cada uma

delas. Ou seja, ainda que a função de negócio não tenha um papel

determinante no nível hierárquico exatamente abaixo dela, exerce papel

influenciador no restante da hierarquia, no caso, o nível de tarefas.

De acordo com as entrevistas realizadas, foram também

identificadas as entregas de valor de cada um desses subprocessos, além

dos clientes aos quais essas entregas se destinam. A Tabela 6 apresenta

os dados coletados.

Tabela 6: descrição dos subprocessos da área de Sucesso do Cliente

Subprocesso Descrição Valor entregue e cliente

Ativação Objetiva a implementação

da ferramenta no projeto

do cliente; educa o cliente

sobre o funcionamento da

ferramenta

Educa o cliente sobre a

utilização da ferramenta.

Cliente externo.

Trajetória Acompanha o cliente

durante a utilização da

ferramenta; estabelece

atividades, objetivos e

metas do projeto;

determina resultados.

Acompanha o cliente no

projeto e maximiza os

resultados obtidos. Cliente

externo.

Renovação de

contas

Utiliza os resultados

obtidos pelos clientes para

renovar os contratos para

os eventos subsequentes.

Auxilia na manutenção de

receitas. Colabora com a

meta estratégica da

empresa (1). Cliente

interno.

Fonte: autoria própria (2018).

Os fluxos de trabalho estão compreendidos logo abaixo do nível de

função de negócio, quando este existe, ou diretamente a seguir do nível

de subprocesso, para o caso do subprocesso de renovação de contas, caso

em que as funções de negócio não exercem influência sobre o modo como

o fluxo de trabalho será desempenhado.

Page 67: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

67

Figura 13: subprocesso de ativação e respectivas funções de negócio

Fonte: autoria própria (2018).

Figura 14: subprocesso de trajetória e respectivas funções de negócio

Fonte: autoria própria (2018).

O fluxo de trabalho, exatamente abaixo das funções de negócio,

não é exatamente um nível na estrutura hierárquica da modelagem de

processo, mas engloba os dois níveis mais inferiores do modelo de

referência dessa pesquisa:

a. Atividade: conjunto de tarefas para que uma determinada

parte do produto ou serviço possa ser entregue ao cliente

ou à atividade exatamente posterior;

Subprocesso de ativação

Evento em app próprio

Evento no contâiner

Evento com Promote +

Register

Subprocesso de trajetória

Promote + register MUA/MUF/MULTI Comunidades

Page 68: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

68

b. Tarefa: decomposição do nível exatamente superior, o de

tarefa, em um conjunto de ações necessárias para realizar

a atividade das quais essas tarefas fazem parte (ABPMP,

2013).

Para ilustrar o resultado da aplicação da disciplina de BPM será

utilizado como exemplo o fluxo de trabalho mapeado no subprocesso de

ativação, da função de negócio app próprio.

A Figura 15 ilustra o fluxo de trabalho mapeado. Ele tem como

objetivo realizar o onboarding (recepção) do cliente no produto Engage

da empresa, ou seja, apresentar as funções disponibilizadas para o

organizador do evento, permitindo que ele realize a carga inicial de

informações. Além disso, é durante as atividades desse processo em que

ocorre a configuração para distribuição do aplicativo além da validação

da solução pela equipe da empresa e do cliente.

O fluxo é composto por 7 atividades organizadas em um fluxo

lógico fazendo com justas, elas entreguem o objetivo desse projeto. Ele

tem início a partir de outro fluxo de trabalho, de definição do tipo de

ativação que será realizada, e termina no subprocesso de trajetória.

Além das atividades, o fluxo conta com 4 condições exclusivas,

onde é feita a avaliação de uma condição para que o fluxo de trabalho

continue, qualquer seja a direção.

Na última atividade, há a produção de um documento padrão

chamado de Relatório de desempenho acumulado, que contém as

informações de desempenho do aplicativo do cliente nas primeiras 3

semanas de distribuição nas lojas de aplicativo.

Já a Figura 16 apresenta o fluxo de trabalho do subprocesso de

trajetória, função de negócio MUA/MUF/MULTI. De maneira

semelhante ao retratado na Figura 14, trata-se de um fluxo composto de

atividades com suas tarefas também mapeadas, mas nesse caso, há a

produção constante de informação, armazenadas em um banco de dados

único, além de um timer, que indica a repetição do fluxo de acordo com

um prazo específico, além de um gateway baseado em um evento, que

indica que algo deve ocorrer (o prazo definido) para que o fluxo possa

seguir.

Page 69: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

69

Figura 15: fluxo de trabalho do subprocesso ativação, função de negócio

ativação app próprio

Fonte: autoria própria (2018).

Page 70: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

70

Figura 16: fluxo de trabalho da função de negócio MUF/MUA/MULTI

do subprocesso de trajetória

Fonte: autoria própria (2018)

Page 71: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

71

Os outros fluxos de trabalho seguem a mesma estrutura de

atividades e condições, não havendo grades diferença do apresentado nas

Figura 15 e Figura 16.

Essa sessão não se dedicará a esmiuçar os fluxos de trabalho dos

outros subprocessos e funções de negócio discutidos anteriormente já que

este não é objetivo desta pesquisa. Porém, como forma de enriquecer a

leitura desta pesquisa, os processos modelados estão disponíveis nos

apêndices C e D para consulta e referência.

4.5.2 Tarefas

Como discutido anteriormente, segundo a ABPMP (2013) tarefas

fazem parte do nível operacional na modelagem de processos de negócio,

e são o conjunto de ações necessárias para realizar a atividade das quais

fazem parte. O nível de atividade, portanto, está logo acima do nível de

tarefa. O entendimento dos níveis hierárquicos na modelagem de

processos de negócio é de suma importância para a correta representação

dos processos, subprocessos, atividades e tarefas, ou seja, de toda a lógica

processual a qual está se estudando.

O objetivo da presente pesquisa não é discutir em profundida a

organização das tarefas dentro das atividades mapeadas nos fluxos de

trabalhos do processo e subprocessos da área de Sucesso do Cliente da

organização. O importante é o entendimento sobre o processo para a

definição dessas tarefas como parte da modelagem de processo realizada.

Para realizar a identificação das tarefas compreendidas dentro das

atividades, foram realizadas entrevistas com os atores que trabalham nos

níveis mais baixos da hierarquia de processo, ou seja, aqueles que

efetivamente realizam as atividades dentro dos fluxos de trabalho

definidos. Essas entrevistas foram realizadas imediatamente após a

definição dos fluxos de trabalho. Foi considerada a possibilidade de

realizar a identificação das tarefas de maneira concomitante aos

mapeamentos de fluxo de trabalho, no entanto, os autores preferiram

realizar em momentos distintos essas duas caracterizações para facilitar o

entendimento daqueles que seriam entrevistados, evitando confusões de

conceito. A Figura 10 pode ser utilizada confortavelmente como

referência para essa caracterização.

As entrevistas tiveram roteiro semiestruturado, de forma que o

entrevistado ficasse o mais livre possível para descrever as tarefas que

compõem determinada atividade com riqueza de detalhes, sem que o

roteiro oferecesse amarras para a caracterização das tarefas. Não existiu

um template para essa entrevista, e as informações coletadas foram

Page 72: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

72

armazenadas em planilhas virtuais para posteriormente serem compiladas

na forma de listas de tarefas. Da mesma forma que na fase de preparação

para o mapeamento dos fluxos de trabalho, primeiro definiu-se os

objetivos para as perguntas e posteriormente, quais seriam elas (ABPMP,

2013). Novamente, os 5 atores envolvidos em cada fluxo contribuíram

para o levantamento das atividades realizadas em cada uma das

atividades.

As perguntas utilizadas foram:

1. Pergunta 1 – Qual é o objetivo de realizar a atividade X?

2. Pergunta 2 – Quais tarefas você realiza para executar

completamente a atividade X?

3. Pergunta 3 – Em relação às tarefas descritas

anteriormente, você pode descrever a sequência em que

elas ocorrem?

As respostas para as três perguntas levaram a dois pontos

fundamentais: quais tarefas são executadas para completar uma

determinada atividade e a ordem em que essas tarefas ocorrem.

Para a realidade da empresa, a lista de tarefas a serem executadas

e a ordem segundo a qual elas devem ocorrer são itens suficientes para a

orientação dos atores do processo que o operacionalizam. Dessa forma,

não foi necessário e nem objetivo do trabalho a criação de POPs

(procedimentos operacionais padrões) ou outros artefatos que derivam

diretamente da identificação das tarefas realizadas dentro das atividades

dos fluxos de trabalho.

Como saída dessa etapa da modelagem do processo de negócio

tem-se uma listagem para cada uma das atividades dos fluxos de trabalho

com todas as tarefas que devem ser realizadas dentro delas, e a ordem

lógica segundo a qual esse conjunto de tarefas deve ser executado.

Para deixar mais claro ao leitor o produto dessa etapa da

modelagem, será utilizado como exemplo a primeira atividade do

subprocesso de ativação, na função de negócio app próprio, o kickoff (inicialização), conforme pode ser visualizado. Essa atividade tem como

objetivo específico validar as informações passadas do processo

Comercial para o processo de Sucesso do Cliente, garantindo que não

faltem insumos para realização das atividades dentro do processo de

Sucesso do Cliente.

A Tabela 7 a seguir apresenta a listagem de tarefas que devem ser

realizadas, já na ordem que deve ser seguida.

Page 73: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

73

Tabela 7: lista de tarefas para a atividade kickoff, do subprocesso de

ativação, função de negócio app próprio

# Tarefa

1 Confirmar as informações recebidas no formulário de pedido com o

vendedor responsável pela conta

2 Enviar contrato para o Google Play

3 Adicionar card no mural físico

4 Habilitar evento no Passport (gerenciador de clientes)

5 Definir o tipo de evento

6 Pesquisar e registrar o site do evento

7 Definir responsável pela trajetória

8 Confirmar existência da loja do cliente

9 Reunir dados de acesso da loja do cliente ou explicar processo de

criação

10 Definir pacote do app (Google Play)

11 Definir pacote do app (App Store)

12 Registrar data de início do evento

13 Registrar data de finalização do evento

14 Definir data da reunião de kickoff

15 Definir marcos da ativação (datas)

16 Realizar a priorização do cliente, segundo os critérios da área

17 Passar o card para stand-by ou Aguardando Checklist após a realização

da reunião de kickoff

Fonte: autoria própria (2018).

Como dito anteriormente, a de modelagem do processo não teve

outros níveis mais baixos na hierarquia, níveis mais operacionais além do

de tarefa. Além disso, também não foram criados artefatos adicionais já

que a equipe que conduziu a modelagem julgou que, para a maturidade

processual atual da organização, a lista de tarefas para cada uma das

atividades já era suficiente. Entretanto, em cada caso deve ser analisado

exatamente esses dois pontos, a maturidade processual da organização e

a necessidade de maior detalhamento para que então a decisão sobre a

continuidade do trabalho de modelagem na hierarquia possa ser tomada.

4.5.3 Indicadores de controle de processo

Parte importante do gerenciamento de processos de negócio, como

discutido no referencial teórico deste trabalho, é o controle do processo

através de métricas e indicadores, que conseguem indicar o desempenho

Page 74: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

74

do processo e permitem a tomada rápida de decisão sobre carga de

trabalho e remanejamentos.

Após o mapeamento dos fluxos de trabalho e da definição das

tarefas que compõem tais fluxos, foi realizado a construção do PMS que,

através de indicadores, fornecem subsídio para a tomada de decisão em

relação a eficácia e eficiência dos processos da área de Sucesso do Cliente

da empresa. Segundo a ABPMP (2013), o gerenciamento do desempenho

de processos tem fundamental papel no alinhamento da organização e de

seus colaboradores para o funcionamento com foco total no cliente. No

caso de uma área que cuida justamente com do relacionamento com o

cliente, é, portanto, fundamental que essa atividade se desenvolva.

Especificamente em relação ao controle de processo de satisfação

do cliente, a ABPMP (2013) salienta que no atual momento de

desenvolvimento das organizações, as experiências positivas e,

principalmente, as negativas são rapidamente tornadas públicas e se

disseminam entre os consumidores, que responde com sua escolha –

muitas vezes, por outro produto ou serviço. Dessa forma, para o contexto

desse estudo de caso, desenvolvido dentro da área de Sucesso do Cliente

de uma startup, é de suma importância que um PMS para o processo seja

implementado, a fim garantir a melhor experiência possível para os atuais

clientes e que o objetivo da área, que culmina com a renovação do cliente

para novos projetos, seja alcançado.

Para o controle do processo de Sucesso do Cliente da área, a equipe

desenvolveu um conjunto de indicadores que se relacionam com os

objetivos estratégicos da área para o período. De forma a tornar a

abordagem a mais objetiva possível na construção desse conjunto de

medidas, levou-se em consideração os modelos abordados no referencial

teórico dessa pesquisa, notadamente os propostos pela ABPMP (2013),

Harrington (1993) e Maskell (1991), além dos objetivos da própria área,

discutidos na primeira sessão deste estudo de caso. Dessa forma, chega-

se a 3 pilares norteadores da discussão:

a) Medidas de controle de qualidade do processo

b) Medidas de controle de tempo do processo

c) Medidas de controle de eficiência do processo

As medidas de controle de qualidade do processo foram escolhidas

pela área porque um dos principais objetivos do processo de Sucesso do

Cliente é garantir a melhor utilização do produto pelo cliente, garantindo

ao final do seu ciclo a renovação do contrato.

Page 75: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

75

Em relação ao tempo, como defende Zuza (2003), embora seja

considerada uma medida de eficiência, a duração do processo exerce um

grande impacto sobre clientes, na medida em que afeta, principalmente, o

tempo de entrega de valor ao cliente do processo.

O último pilar, referente à eficiência do processo, é importante na

medida em que permite que a área de Sucesso do Cliente escale sua

operação sem precisar que o número de pessoas que compõem a equipe

operacional necessite ser escalada de maneira semelhante. Ou seja, com

o passar do tempo, é objetivo que este indicador forneça métricas

importantes sobre a produtividade do processo (ZUZA, 2003).

Com os três pilares definidos, passou-se então para a definição de

quais seriam as medidas a compor o PMS do processo da área de Sucesso

do Cliente. Nesse momento, é importante relembrar os objetivos

definidos para a área no primeiro quarter do ano, como abordado

inicialmente na Tabela 4 desse trabalho. Esses objetivos estão novamente

refletidos na Tabela 8.

Tabela 8: objetivos da área de Sucesso do Cliente para o quarter 1 de

2018

# Área Objetivo quarter 1

7.1 Sucesso do cliente Obter o valor X através de renovações de

contratos

7.2 Definir os processos para novos

produtos e redefinir e integrar os

processos já existentes

7.3 Garantir que 60% dos marcos de sucesso

definidos para os clientes sejam

atingidos

Fonte: autoria própria (2018).

É útil também destacar o relacionamento dos pilares norteadores

do PMS de processo da área com seus objetivos. A Tabela 9 faz a ligação

entre esses dois aspectos.

Tabela 9: relacionamentos entre objetivos da área e pilares do PMS de processo

Objetivo Pilar

7.1 (c)

7.2 (a)

Page 76: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

76

Objetivo Pilar

7.3 (a) e (b)

Fonte: autoria própria (2018).

Definido o relacionamento entre os objetivos da área para o

trimestre e os pilares do PMS do processo, torna-se mais simples a

confecção dos indicadores que efetivamente serão utilizados para

acompanhar o desempenho do processo ao longo do trimestre. Um

resultado positivo observado durante a construção desses indicadores,

ainda que não planejado, foi o entendimento do time da relação entre o

que estava sendo medido e os objetivos da área para o trimestre, fazendo

com o ato de medir o desempenho do processo e, consequentemente, dos

atores que dele fazem parte, tarefa que usualmente pode encontrar

dificuldades de ser aceita principalmente nos níveis mais altos de gestão

(ABPMP, 2013), fosse encampado pela própria equipe como benéfico e

necessário.

A Tabela 10, a seguir, apresenta o PMS de processo desenvolvido

para a área de Sucesso do Cliente da empresa. O sistema é composto por

objetivos – o que se deseja atingir com determinado conjunto de medições

-, o resultado chave desejado com o acompanhamento daquele indicador,

o respectivo indicador para o acompanhamento do resultado chave e a

meta para o indicador, cuja comparação com o resultado apresentado até

então oferece a visão aos integrantes da área sobre o desempenho do

processo e de seus atores.

Tabela 10: PMS do processo da área

# Objetivo Resultado chave Indicador Meta

1.1.1

Metrificar e

acompanhar os

subprocessos

Prazos máximos

de ativação

Ativações de app

contêiner abaixo

de 45 dias

70%

1.1.2

Ativações de app

próprio abaixo de

60 dias

70%

1.2.1 Qualidade da

trajetória

Clientes engage

acima de CHI 0,8 60%

1.2.2

Número de

marcos de

sucesso atingidos

pelo cliente

(Promote,

60%

Page 77: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

77

# Objetivo Resultado chave Indicador Meta

Register e

Collect)

2.1

Gerar receita

através do

processo de

Sucesso do

Cliente

X reais gerados

pelo subprocesso

de renovação

Valor de

contratos

assinados em

janeiro (1),

fevereiro (2) e

março (3)

1 – X

2 – X

3 – X

2.2

Manter ticket

médio igual ou

acima do

período anterior

Ticket médio dos

contratos fechado IPP = 1

2.3

Incentivar a

utilização de

novos produtos

Número de

expansão e contas

20% dos

contratos

fechados

Fonte: autoria própria (2018).

Uma característica própria, e que merece ser mencionada neste

trabalho é o fato de que as constantes mudanças estratégicas da empresa

dificultam a utilização de base histórica para a definição de indicadores e

metas para o acompanhamento do desempenho de processo.

É esse contexto, inclusive, o motivador do estudo de caso

apresentado nessa pesquisa já que além da própria construção do processo

e do sistema de medição, o contexto onde ele está inserido oferece

desafios adicionais ao gerenciamento por processo de negócio da área de

Sucesso do Cliente e da empresa.

Para que o PMS pudesse ter a aplicação desejada no controle do

processo, uma planilha que contém as informações da Tabela 10 de

maneira organizada foi construída. Ela está disponível em ambiente

digital com fácil acesso tanto para os atores dos processos da área de

Sucesso do Cliente quando para o restante da organização.

A planilha, ilustrada pela Figura 17 é composta pelos objetivos,

resultados chave, indicadores e metas, além de uma outra coluna onde a

equipe da área de Sucesso do Cliente alimenta as informações medidas

semanalmente. Um conjunto de fórmulas automatiza o cálculo da

porcentagem de cumprimento do objetivo final, que também é formatado

de maneira a facilitar o entendimento das informações – por exemplo,

utilizando um código de cores (vermelho, amarelo e verde) para indicar a

situação do indicador.

Page 78: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

78

Figura 17: planilha de acompanhamento do PMS do processo

Fonte: captura de tela do software utilizado pela área (2018).

Como pôde ser percebido, trata-se de um sistema de medição

simples, mas que já oferece informações que podem ser utilizadas para

corrigir eventuais desvios no processo.

Baseado no acompanhamento dessa planilha, os atores do processo

desenvolveram um sistema de melhora contínua do processo constituído

de reuniões semanais, onde se discute cada um dos indicadores acima e

as causas para a variação nos valores. Sempre que é percebido algum tipo

de desvio dos indicadores em direção oposta ao planejado, a área

desenvolve soluções, seja no desenho dos fluxos de trabalho ou na forma

como as tarefas relacionadas a cada uma das atividades é desenvolvida.

Esse sistema de melhoria contínua trouxe resultados em termos de

remodelagem do processo e sua adaptação a novas situações que

surgiram, principalmente na validação dos processos dos produtos

recentemente lançados. Não é objetivo desse trabalho discutir o sistema

de melhoria contínua do processo, mas o relato tem o objetivo de

enriquecer a leitura dessa pesquisa.

4.6 DISCUSSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO

Como observado ao longo do desenvolvimento deste capítulo, o

estudo de caso de que trata esta pesquisa foi centrado na identificação dos

fluxos de trabalho de uma área específica da empresa, a de Sucesso do

Cliente. Isso se deu pela sua importância perante a estratégia da empresa,

mas também pela necessidade de definição de processos padrões de

Page 79: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

79

trabalho, que ou não existiam, na ocasião do lançamento de novos

produtos, ou precisavam ser remodelados como parte da cultura de

melhoria contínua já presente na organização.

Dentro da modelagem de processo, a Figura 10 dá um bom

panorama sobre os passos que devem ser seguidos na tarefa de identificar

a lógica processual geral da área, os fluxos de trabalho desenvolvidos

diariamente pelos atores do processo e uma listagem, por atividade, das

tarefas necessárias para entregar o valor que o processo tem como

objetivo.

É importante citar que o desenvolvimento e a padronização dos

processos trouxeram avanços relevantes no gerenciamento do processo

de negócio da área de Sucesso do Cliente. Especificamente em relação ao

objetivo de incrementar a receita da empresa através da renovação de

contas de atuais clientes, a meta financeira não foi só atingida como

também ultrapassada, com um resultado de mais de 200% da meta

planejada inicialmente. Esse desempenho permanece constante, sendo

que no 4º mês do ano, já fora do primeiro quarter, o processo continua

trazendo os resultados esperados.

Além disso, é importante destacar que a cultura de melhoria de

processos já era parte da empresa, ainda que eles não fossem todos

padronizados ou formalizados. Em todas as áreas, e não apenas na de

Sucesso do Cliente, existem encontros semanais para discussão de

indicadores e metas, bem como sobre os processos, fazendo com que a

empresa passe por constantes revisões em sua jornada.

Page 80: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

80

Page 81: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

81

5 CONCLUSÃO E DESENVOLVIMENTOS FUTUROS

5.1 CONCLUSÃO

A disciplina de BPM, embora estabelecida no campo acadêmico e

já difundida entre organizações de maior porte ainda encontra

dificuldades de aplicação em empresas de menor tamanho, como é o caso

da empresa objeto do estudo de caso aqui apresentado. Isso se deve às

particularidades de contexto, principalmente em relação às constantes

mudanças que ocorrem na estratégia da empresa em momento de

definição e redefinição de modelo de negócio e da própria estratégia.

Esse foi justamente o fator motivante para o desenvolvimento

deste trabalho. Baseado na disciplina de BPM, como deveria ser

conduzido um programa de modelagem de processos em um contexto de

interesse acadêmico, mas que ganha cada vez mais relevância econômica.

Foi necessário, então, conduzir um amplo entendimento do modelo

estratégico da empresa, que passa pelo seu modelo de negócio, sua

estratégia, sua identidade organizacional e sua estrutura funcional a fim

de conhecer minuciosamente e apresentar esse contexto destoante do

tradicional.

Após isso, dentre as inúmeras áreas que necessitam de um processo

de identificação de processos de negócio e da padronização de fluxos de

trabalho, foi escolhida aquela que atualmente exerce papel mais

significativo na estratégia de expansão da empresa, que a de Sucesso do

Cliente. Conforme visto no referencial teórico deste trabalho, além da

necessidade de criação e reorganização dos processos de negócio da área,

o CRM tem papel hoje de enorme importância nas organizações,

principalmente naquelas que tem negócios disruptivos e inovadores,

como é o caso. Portanto, garantir a qualidade desse relacionamento é

fundamental para o desenvolvimento da empresa e para a escalada dos

negócios, sem que isso represente um aumento de custos e de estrutura.

Definida a área, foi conduzido então o trabalho de identificação de

fluxos de trabalho e das tarefas dentro de cada uma das atividades, de

acordo com o contexto e necessidade da empresa. Não foi necessária uma

condução minuciosa desse trabalho já que os fluxos de trabalho, como

pode ser visto nos apêndices desta pesquisa são relativamente simples.

A entrega, ao final, dos fluxos de trabalho e das tarefas

padronizadas, foi de suma importância para o funcionamento da área de

Sucesso do Cliente, já que garantiu que o treinamento de novos

colaboradores fosse facilitado, além de uniformizar o modo como a área

se relaciona com seus clientes.

Page 82: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

82

Além disso, esse conjunto de entregas forma o modelo básico

(benchmarking) de aplicação da disciplina BPM em uma startup,

conforme proposto nos objetivos dessa pesquisa. Esse modelo pode ser

utilizado tanto em continuidade ao trabalho na mesma área da empresa,

quanto em outras áreas da mesma empresa ou em outras empresas na

mesma área. Cabe, obviamente, aprofundamentos no modelo para torna-

lo mais abrangente, o que é sugerido como um trabalho futuro em

continuidade a esse.

Cabe destacar aqui o ambiente encontrado para o desenvolvimento

do estudo de caso. A empresa já tinha uma cultura de processos

implementada, ainda que eles não fossem tecnicamente desenhados e

padronizados. Foi uma grata surpresa ao autor perceber que o caminho a

ser percorrido já estava pavimentado.

Além disso, já existe também uma cultura bem enraizada de

melhoria dos processos e tarefas dentro da organização. Esse é um fator

de suma importância para que o trabalho realizado não se perca com o

tempo, visto que as entregas do ciclo BPM não param com a

implementação do processo definido. Constantes alterações incrementais

são necessárias para adaptar os processos às necessidades da operação.

Isso porque, principalmente, as necessidades dos clientes a quem esse

processo entrega valor se altera com o tempo, e os processos de negócio

devem responder a essas mudanças ao longo do tempo.

5.2 DESENVOLVIMENTOS FUTUROS

É de utilidade para a academia o desenvolvimento de trabalhos

relacionados ao processo de melhoria contínua relacionados a processos

de negócio, que não foi o objetivo da presente pesquisa.

Além disso, dada a importância estratégica da área dentro da

operação da empresa, o mesmo trabalho aqui proposto poderia ser

realizado junto com time de produto, responsável pelo desenvolvimento

dos produtos comercializados. O desenvolvimento de soluções de TI

oferece desafios únicos e, embora já existam diversos modelos de

referência sobre o tema, o contexto estratégico de startups oferece

desafios ainda não explorados totalmente.

Outro possível trabalho que pode ser desenvolvido em

continuidade é a reengenharia dos processos retratados aqui. No contexto

da startup representada, de mudanças estratégicas frequentes, é sempre

necessário estar olhando para o processo com base em seus indicadores e

realizando as mudanças necessárias para garantir desempenho de acordo

com o necessário.

Page 83: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

83

O mapeamento de processos descrito nesse trabalho pode ser

utilizado como base para o desenvolvimento das outras fases do ciclo

BPM, a notar: a automatização do processo mapeado, o monitoramento

do processo através de um PMS mais robusto do que o atualmente

utilizado e, com a expansão do trabalho para outras áreas da empresa, o

efetivo alinhamento estratégico, resultado chave ligado à aplicação da

disciplina de BPM.

Page 84: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

84

Page 85: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

85

6 REFERÊNCIAS

ABPMP. BPM CBOK - Guia para o Gerenciamento de Processos

de Negócio. Cambridge: Cambridge University Press, 2013.

ATTADIA, L. C. DO L.; MARTINS, R. A. Medição de desempenho

como base para evolução da melhoria contínua. Production, v. 13, n. 2, p.

33–41, 2003.

CASADESUS-MASANELL, R.; RICART, J. E. From strategy to

business models and onto tactics. Long Range Planning, v. 43, n. 2–3, p.

195–215, 2010.

CHEN, I. J.; POPOVICH, K. Understanding customer relationship

management (CRM). [s.l: s.n.]. v. 9

DOOMUN, R.; VUNKA JUNGUM, N. Business process modelling,

simulation and reengineering: call centres. Business Process Management

Journal, v. 14, n. 6, p. 838–848, 2008.

DUMAS, M. et al. Fundamentals of Business Process

Management. [s.l: s.n.].

EARL, M. J. The new and the old of business process redesign. The

Journal of Strategic Information Systems, v. 3, n. 1, p. 5–22, 1 mar. 1994.

ENOKI, C. H. Gestão de processos de negócio: uma contribuição para

a avaliação de soluções de business process management (BPM) sob a ótica

da estratégia de operações. Dissertação (Mestrado). Escola Politécnica da

Universidade de São Paulo - Departamento de Engenharia de Produção,

p. 213, 2006.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. [s.l.] Atlas, 2002.

HARRINGTON, H. J. Aperfeiçoando processos empresariais:

estratégia revolucionária para o aperfeiçoamento da qualidade, da

produtividade e da competitividade. São Paulo, MakronBooks, 1993.

KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. Using the Balanced Scorecard as a

Strategic Management System. Harvard Business Review, n. July-August,

p. 35–48, 2007.

KETTINGER, W. J.; TENG, J. T. C.; GUHA, S. Business Process

Page 86: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

86

Change: A Study of Methodologies, Techniques, and Tools. MIS Quarterly,

v. 21, n. 1, p. 55, mar. 1997.

KONDAREDDY, S. From Business Process Reengineering To

Integrated Process Management: an Exploration of Issues. Doctor of

Philosophy, 1998.

MALAGUEÑO, R.; LOPEZ-VALEIRAS, E.; GOMEZ-CONDE, J.

Balanced scorecard in SMEs: effects on innovation and financial

performance. Small Business Economics, p. 1–24, 2017.

MASKELL, B. H. Performance measurement for world class

manufacturing: A model for American companies. [s.l.] CRC press, 1991.

MURRAY, M. A.; LYNN, M. P. Business process re‐

engineering/information system development to improve customer service

quality. Business Process Management Journal, v. 3, n. 1, p. 9–16, abr.

1997.

NEELY, A. et al. A literature review and research agenda. 1995.

OLIVEIRA, E. M. K. DE. Balanced Scorecard: Um Estudo Empírico

Sobre As Dificuldades De Implantação. 2008.

PETERS, T.; RODABAUGH, K. Thriving on Chaos: Handbook for a

Management Revolution. The Journal of Continuing Higher Education, v.

36, n. 2, p. 27–28, abr. 1988.

REIJERS, H. A. Implementing BPM systems: the role of process

orientation. Business Process Management Journal, v. 12, n. 4, p. 389–409,

2006.

RODRÍGUEZ, J. A. H. Start-up development in Latin America: the

role of venture accelerators. 2015.

SCHIAVI, G. S.; BEHR, A.; BEHR, A. Modelos de negócios

disruptivos : um estudo bibliométrico da produção científica disponível em

bases de dados nacionais e internacionais. 2017.

TEECE, D. J. Business models, business strategy and innovation.

Long Range Planning, v. 43, n. 2–3, p. 172–194, 2010.

VENTURA, M. M. O Estudo de Caso como Modalidade de Pesquisa

Page 87: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

87

The Case Study as a Research Mode. Rev SOCERJ, v. 20, n. 5, p. 383–386,

2007.

WESKE, M. Business Process Management - Concepts,

Languages, Architectures. Berlin, Heidelberg: Springer Berlin Heidelberg,

2007.

WOODRUFF, R. B. Customer value: The next source for competitive

advantage. Journal of the Academy of Marketing Science, v. 25, n. 2, p.

139–153, 1997.

YIN, R. K. Case Study Research: Design and Methods. [s.l.] SAGE

Publications, 2013.

ZUZA, M. S. P. Melhoria do processo de atendimento ao cliente.

2003.

Page 88: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo
Page 89: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

89

APÊNDICE A – Questionário de entrevista para a modelagem de

processo (líderes)

Page 90: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

90

Page 91: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

91

APÊNDICE B: Questionário de entrevista para a modelagem de

processo (mapeamento do processo)

Page 92: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

92

Page 93: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

93

APÊNCICE C – fluxo de trabalho da função de negócio Promote,

subprocesso de ativação

Page 94: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

94

Page 95: BPM EM UMA EMPRESA STARTUP: ESTUDO DE …gerenciamento dos processos do negócio com um olhar mais próximo ao cliente (CHEN; POPOVICH, 2003), entendendo o valor entregue a ele pelo

95

APÊNDICE D – função de negócio app contêiner, subprocesso de

ativação