book cooperao brasileira

Upload: luiz-otavio-kunty

Post on 13-Oct-2015

13 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • Secretaria de Assuntos Estratgicos da Presidncia da Repblica (SAE/PR)

    Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada (Ipea)

    Ministrio das Relaes Exteriores (MRE)

    Agncia Brasileira de Cooperao (ABC)

    COOPERAO BRASILEIRA PARA O DESENVOLVIMENTO INTERNACIONAL:2005-2009

    Book_Cooperao_Brasileira.indb 1 22/12/2010 10:57:10

  • Governo FederalSecretaria de Assuntos Estratgicos da Presidncia da RepblicaMinistro Samuel Pinheiro Guimares Neto

    PresidenteMarcio Pochmann

    Diretor de Desenvolvimento InstitucionalFernando Ferreira

    Diretor de Estudos e Relaes Econmicas e Polticas InternacionaisMrio Lisboa Theodoro

    Diretor de Estudos e Polticas do Estado, das Instituies e da Democracia Jos Celso Pereira Cardoso Jnior Diretor de Estudos e Polticas MacroeconmicasJoo Sics

    Diretora de Estudos e Polticas Regionais, Urbanas e AmbientaisLiana Maria da Frota Carleial

    Diretor de Estudos e Polticas Setoriais, de Inovao, Regulao e InfraestruturaMrcio Wohlers de Almeida

    Diretor de Estudos e Polticas SociaisJorge Abraho de Castro

    Chefe de GabinetePersio Marco Antonio Davison

    Assessor-chefe de Imprensa e ComunicaoDaniel Castro

    Ouvidoria: http://www.ipea.gov.br/ouvidoria

    URL: http://www.ipea.gov.br

    Fundao pblica vinculada Secretaria de Assuntos Estratgicos, o Ipea fornece suporte tcnico e institucional s aes governamentais possibilitando a formulao de inmeras polticas pblicas e de programas de desenvolvimento brasileiro e disponibiliza, para a sociedade, pesquisas e estudos realizados por seus tcnicos.

    Book_Cooperao_Brasileira.indb 2 22/12/2010 10:57:10

  • Secretaria de Assuntos Estratgicos da Presidncia da Repblica (SAE/PR)

    Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada (Ipea)

    Ministrio das Relaes Exteriores (MRE)

    Agncia Brasileira de Cooperao (ABC)

    COOPERAO BRASILEIRA PARA O DESENVOLVIMENTO INTERNACIONAL:2005-2009

    Braslia, dezembro de 2010

    Book_Cooperao_Brasileira.indb 3 22/12/2010 10:57:10

  • Organizador / Editor

    Marcos Antonio Macedo Cintra

    Equipes Tcnicas

    Diretoria de Estudos em Relaes Econmicas e Polticas Internacionais (Dirin), do Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada (Ipea)

    Guilherme de Oliveira SchmitzJoo Brgido Bezerra LimaManuel Jos Forero GonzalezHilbernon Delgado OnofreClineo Monteiro Frana BisnetoTlio Carrijo SoaresAlan SomaioGustavo da Frota SimesLuara Landulpho Alves Lopes

    Agncia Brasileira de Cooperao (ABC), do Ministrio das Relaes Exteriores (MRE)

    Mrcio Lopes CorraLaura SegallRodrigo P. de CamposCamila Ariza

    Cooperao brasileira para o desenvolvimento internacional : 2005-2009 / Instituto de Pesquisa Econmica

    Aplicada, Agncia Brasileira de Cooperao. - Braslia : Ipea : ABC, 2010. 78 p. : grfs., tabs.

    ISBN

    1.Relaes Internacionais. 2.Cooperao Internacional. 3. Brasil. I. Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada. II. Agncia Brasileira de Cooperao.

    CDD 327.81

    permitida a reproduo deste texto e dos dados nele contidos, desde que citada a fonte. Reprodues para fins comerciais so proibidas.

    Book_Cooperao_Brasileira.indb 4 22/12/2010 10:57:11

  • SUMRIO

    PREFCIO......................................................................................................................... 7

    APRESENTAO............................................................................................................... 9

    SUMRIO.EXECUTIVO.................................................................................................... 11

    CAPTUlO.1..SOBRE.O.MTODO.DO.lEVANTAMENTO................................................... 13

    CAPTUlO.2...A.EVOlUO.DA.COOPERAO.BRASIlEIRA..PARA.O.DESENVOlVIMENTO.INTERNACIONAl.........................................16

    CAPTUlO.3...PRINCIPAIS.RESUlTADOS.DO.lEVANTAMENTO:.2005-2009................................................................................................19

    3.1 Assistncia humanitria

    3.2 Bolsas de estudo para estrangeiros

    3.3 Cooperao tcnica, cientfica e tecnolgica

    3.4 Contribuies a organizaes internacionais

    e bancos regionais

    3.5 Operaes de paz

    ANEXOS........................................................................................................................49

    Book_Cooperao_Brasileira.indb 5 22/12/2010 10:57:11

  • Lista de Tabelas

    Tabela 1 Cooperao brasileira para o desenvolvimento internacional 2005-2009 (R$ valores correntes)Tabela 2 Cooperao brasileira para o desenvolvimento internacional 2005-2009 (R$ valores constantes)Tabela 3 Cooperao brasileira para o desenvolvimento internacional 2005-2009 (US$ calores correntes)Tabela 4 Cooperao brasileira para o desenvolvimento internacional 2005-2009 (Us$ valores constantes)Tabela 5 Assistncia Humanitria Internacional, detalhamento dos recursos 2005-2009Tabela 6 Maiores receptores de assistncia humanitria internacional do Brasil 2005-2009Tabela 7 Bolsas de estudo para estrangeiros despesa a cada ano e percentual de participao da instituio em relao ao totalTabela 8 Contribuies por organizaes internacionais e bancos regionais 2005-2009Tabela 9 Fundo de convergncia estrutural e de fortalecimento institucional do MercosulTabela 10 Presena do Brasil no conselho de segurana da ONU 1946-2010Tabela 11 Recursos oramentrios para participao em operaes de paz da ONU, segundo programa de ao Brasil, 2005-2009Tabela 12 Principais projetos de cooperao com o Haiti Brasil, 2005-2009Tabela 4A Detalhamento de recursos per Assistncia Humanitria, por grupo de pases divididos conforme a renda em 2007Tabela 5A Detalhamento de recursos per Assistncia Humanitria, por grupo de pases divididos conforme a renda em 2008Tabela 6A Detalhamento de recursos per Assistncia Humanitria, por grupo de pases divididos conforme a renda em 2009Tabela 7A Bolsas de Estudos para Estrangeiros recursos detalhados a cada anoTabela 8A Cooperao Tcnica, Cientfica e Tecnolgica por regies 2005-2009Tabela 9A Cooperao Tcnica, Cientfica e Tecnolgica por distribuio por nvel de renda dos pases, a cada anoTabela 10A Cooperao Tcnica, Cientfica e Tecnolgica modalidades de despesa a cada anoTabela 11A As 10 maiores contribuies a Organizaes Internacionais 2005Tabela 12A As 10 maiores contribuies a Organizaes Internacionais 2006Tabela 13A As 10 maiores contribuies a Organizaes Internacionais - 2007 Tabela 14A As 10 maiores contribuies a Organizaes Internacionais 2008Tabela 15A As 10 maiores contribuies a Organizaes Internacionais - 2009

    Lista de Grficos

    Grfico 1 Evoluo da Assistncia Humanitria Internacional ao longo do perodo 2005-2009 Grfico 2 Porcentagem destinada a pases e a organizaes internacionais a cada anoGrfico 3 Distribuio da Assistncia Humanitria Internacional por regio 2005-2009Grfico 4 Assistncia Humanitria Internacional por grupo de pases segundo nvel de rendaGrfico 5 Detalhamento de recursos para bolsas de estudo para estrangeiros 2005-2009Grfico 6 Bolsas de estudo para estrangeiros por instituies participantes 2005-2009Grfico 7 Bolsas de estudo para estrangeiros concedidas pelo MCT Grfico 8 Bolsas de estudo para estrangeiros concedidas pela Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal em Nvel Superior 2005-2009Grfico 9 Evoluo dos recursos anuais aplicados em Cooperao Tcnica, Cientfica e Tecnolgica 2005-2009Grfico 10 Detalhamento de recursos da Cooperao Tcnica, Cientfica e Tecnolgica 2005-2009Grfico 11 Cooperao Tcnica, Cientfica e Tecnolgica distribuio por nvel de rendaGrfico 12 Gastos do Governo Federal com refugiados

    Lista de Anexos

    Anexo 1 Lista de organizaes internacionais que receberam recursosAnexo 2 Guia de Orientao BsicaAnexo 3 EstatsticasAnexo 4 Instituies que participaram do Levantamento da Cooperao Brasileira para o Desenvolvimento Internacional e seus

    respectivos pontos focais

    Book_Cooperao_Brasileira.indb 6 22/12/2010 10:57:11

  • PREFCIO

    Nos ltimos anos, o Brasil tem despertado a ateno da comunidade internacional, graas s grandes transformaes promovidas no mbito social e econmico, que permitiram que milhes de brasileiros rompessem os grilhes histricos da pobreza e da excluso. De fato, alm da consolidao do regime democrtico e de uma estratgia de crescimento econmico inclusivo, o pas se orgulha de ter atingido e superado vrias das metas relacionadas reduo da pobreza estabelecidas pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milnio (ODM) acordados pela Organizao das Naes Unidas (ONU), muito antes do prazo estabelecido (2015). No entanto, em um mundo cada vez mais interdependente, a paz, a prosperidade e a dignidade humana no dependem apenas de aes em mbito nacional e a cooperao para o desenvolvimento internacional pea-chave para o estabelecimento de uma ordem internacional mais justa e pacfica.

    Assim, o Brasil tem feito uso das solues criadas e desenvolvidas internamente, em temas como agricultura, educao e segurana pblica, para apoiar pases com dificuldades semelhantes na superao de seus obstculos ao desenvolvimento. Seja por meio de aes pontuais, como a doao de alimentos e remdios para vtimas de catstrofes naturais, seja pelos projetos de cooperao tcnica, seja pela concesso de bolsas de estudo a alunos estrangeiros, seja pela contribuio a organizaes internacionais, o princpio da no in-diferena inspira e impulsiona a Cooperao Brasileira para o Desenvolvimento Interna-cional. Equilibrando o respeito soberania e a defesa da autodeterminao, caractersticas tradicionais da diplomacia brasileira, o Brasil vem desenvolvendo uma maneira bastante prpria de cooperar com os pases em desenvolvimento. De fato, a colaborao concedida pelo pas no impe condicionalidades nem visa a objetivos polticos imediatistas. A co-operao brasileira especializada, pois conta com o engajamento de rgos e entidades pblicos, universidades e organizaes da sociedade civil. tambm participativa, pois inclui os pases parceiros desde a fase de negociao, que adaptam e contextualizam as aes para a realidade local.

    O governo brasileiro entende que a cooperao para o desenvolvimento no se resume interao entre doadores e recebedores: entendemos-la como uma troca entre semelhantes, com mtuos benefcios e responsabilidades. Trata-se de um modelo ainda em construo, que, apesar de j revelar algumas de suas caractersticas, ainda carece de maior sistematizao e debate. Este levantamento representa, portanto, o primeiro passo no sentido de construir uma poltica de cooperao internacional para o desenvolvimento integrada aos objetivos da poltica externa brasileira, que no esteja sujeita s prioridades de cada governo, mas que possa contar com uma ampla base de apoio no Estado e na sociedade civil.

    A Cooperao Brasileira para o Desenvolvimento Internacional busca, portanto, contri-buir com o movimento de renovao da agenda do desenvolvimento no sculo XXI, marcado pela busca por modelos de desenvolvimento que possam conjugar crescimento econmico com incluso social e prosperidade nacional com sustentabilidade e estabilidade global.

    Luiz Incio Lula da Silva

    Presidente da Repblica

    Book_Cooperao_Brasileira.indb 7 22/12/2010 10:57:11

  • Book_Cooperao_Brasileira.indb 8 22/12/2010 10:57:11

  • APRESENTAO

    O Brasil pode ser descrito, no presente momento, como uma nao de crescimento econmi-co com incluso social crescente, em que a reduo progressiva das desigualdades e o compro-misso comum com a plena vigncia da democracia convivem e se reforam mutuamente. O fortalecimento do mercado interno e a execuo de polticas pblicas firmes e transparentes tm se constitudo em instrumentos eficazes de enfrentamento das desigualdades de renda e de promoo de oportunidades, cujo resultado mais eloquente a migrao de milhes de brasileiros do nvel de pobreza extrema para a classe mdia. Nesse contexto, o pas est a caminho de alcanar, em 2015, todos os ODM. No obstante os desafios ainda a serem superados pela sociedade brasileira, o pas demonstra dispor, atualmente, da vontade e das condies necessrias para materializar seu anseio pelo pleno desenvolvimento e, sob um esprito de solidariedade, contribuir para o progresso social e econmico de outros povos.

    Considerando que a promoo do desenvolvimento uma responsabilidade coletiva e que a incapacidade de qualquer pas em alcanar os ODM configura um fracasso de toda a comunidade internacional, o Brasil vem se empenhando em apoiar os esforos de outros pases no sentido de superar os desafios ao desenvolvimento, a partir do compartilhamento de conhecimentos, experincias bem-sucedidas e oferta de insumos de diferentes naturezas. Em razo do saber acumulado e de experincias disponveis em inmeras instituies na-cionais, bem como luz da capacidade brasileira de replicar as boas prticas para enfrentar problemas que se reproduzem em outros pases em desenvolvimento, a cooperao horizontal brasileira tem demonstrado resultados positivos no apoio correo de assimetrias sociais e econmicas presentes em outras naes. As diretrizes da atuao do Brasil em diferentes modalidades de intercmbio internacional foram construdas e so aplicadas a partir de uma diplomacia independente, sem subservincia e respeitosa de seus parceiros. Segundo o ministro das Relaes Exteriores do Brasil, embaixador Celso Amorim, o pas hoje carac-terizado por uma diplomacia inovadora, mas que no se afasta dos valores fundamentais da nao brasileira a paz, o pluralismo, a tolerncia e a solidariedade.

    A cooperao internacional uma atividade que, para preservar sua relevncia, precisa se renovar continuamente, haja vista a dinmica das relaes internacionais. Hoje, no incio do sculo XXI, somos testemunhas de um momento de inflexo nas estratgias e nas prticas da cooperao internacional. Os paradigmas que pautaram a cooperao internacional na segunda metade do sculo XX demonstram no ser suficientes para permitir a superao das causas estruturais da pobreza e da fome no mundo. O progresso obtido por muitos pases em desenvolvimento nas ltimas dcadas e sua atuao cada vez mais assertiva no mbito das diferentes vertentes de cooperao internacional confirmam haver chegado o momento de se rever velhos conceitos e estratgias.

    Nesse sentido, mais do que testemunhas, os pases em desenvolvimento precisam as-sumir a responsabilidade de propor novos caminhos para a cooperao internacional, nos quais os princpios de solidariedade e atendimento s reais necessidades desses pases, sem condicionalidades, se constituam na principal referncia para a mobilizao de recursos fsicos, humanos, tcnicos e tecnolgicos em escala global. O amadurecimento poltico e econmico dos pases em desenvolvimento lhes assegura autonomia para conceber estratgias de desenvolvimento plenamente aderentes a polticas de longo prazo, concebidas a partir das necessidades especficas de suas respectivas sociedades.

    Book_Cooperao_Brasileira.indb 9 22/12/2010 10:57:11

  • A dimenso global da poltica externa brasileira conta com uma de suas principais vertentes: o compromisso de contribuir para a promoo do desenvolvimento global, com nfase na Amrica Latina, frica e sia. De forma coerente com esse discurso, um nmero cada vez maior de instituies nacionais do setor pblico ou da sociedade civil organizada, em suas diversas categorias, tem incorporado a atuao no exterior como parte do seu cotidiano de trabalho. A amplitude da capacidade tcnica, tecnolgica e material dessas instituies e entidades localizadas em praticamente todo o territrio nacional permite que essas iniciativas de intercmbio se desdobrem em diferentes modalidades, com destaque para as cooperaes cientfico-tecnolgica, tcnica, educacional e econmica e a assistncia humanitria.

    A atuao brasileira nessas diferentes modalidades de cooperao internacional demons-tra vividamente que o pas apreende a promoo ao desenvolvimento de forma holstica, sem priorizar nichos especficos decorrentes de interesses unilaterais. Em consequncia, a agenda brasileira de cooperao internacional para o desenvolvimento se dissemina me-diante mecanismos de intercmbio bilaterais, regionais ou multilaterais. Ao nvel bilateral, o Brasil atua como parceiro de mais de 70 pases. No mbito regional, o pas demonstra proatividade em instncias como a Unio das Naes Sul-Americanas (Unasul), o Mercado Comum do Sul (Mercosul), o Sistema Econmico Latino-Americano (Sela), a Associao Latino-Americana de Integrao (Aladi) e a Organizao dos Estados Americanos (OEA). Em termos de mecanismos intergovernamentais, o Brasil contribui ativamente em foros como a Comunidade dos Pases de Lngua Portuguesa (CPLP) e a Secretaria-Geral Ibero-Americana (SEGIB). No mbito multilateral, a cooperao brasileira se manifesta pelo apoio ao financiamento de organismos internacionais e pelo estabelecimento de operaes trilaterais que contemplam o desenvolvimento de capacidades institucionais, humanas, cientficas e tecnolgicas.

    A cooperao horizontal do Brasil para o desenvolvimento tem, portanto, resultados positivos a relatar, os quais demonstram ser alinhados com o objetivo ltimo de se promover mudanas estruturais sustentadas nos processos de desenvolvimento social e econmico das naes parceiras do pas. Conforme discurso do chanceler brasileiro, proferido por ocasio da LXV Sesso da Assembleia-Geral da ONU (Nova Iorque, 23 de setembro de 2010), com os avanos tecnolgicos e a riqueza acumulada, no h mais lugar para a fome, a pobreza e as epidemias que podem ser evitadas. No podemos mais conviver com a discriminao, a injustia e o autoritarismo. Temos de enfrentar os desafios do desarmamento nuclear, do desenvolvimento sustentvel e de um comrcio mais livre e mais justo. O Brasil luta para fazer desses ideais uma realidade.

    Marcio Pochmann

    Presidente do Ipea

    Marco Farani

    Diretor da ABC

    Book_Cooperao_Brasileira.indb 10 22/12/2010 10:57:11

  • SUMRIO EXECUTIVO

    O carter universalista da insero internacional do Brasil firmou a presena do pas em debates acerca das mais variadas questes e no compartilhamento de boas prticas. Neste contexto, a percepo da necessidade de promover o tema do desenvolvimento na agenda internacional implicou a diversificao do escopo da atuao do Brasil na cooperao in-ternacional em suas mltiplas modalidades e distintos setores para outros pases e orga-nizaes internacionais. Assim, com potencial impacto para o desenvolvimento de outras naes que compartilham problemas econmicos e sociais semelhantes aos dos brasileiros, esta cooperao passou a ser reconhecida como instrumento de poltica externa.

    Nos ltimos anos, rgos e entidades do governo federal intensificaram a destinao de parte dos seus recursos em projetos voltados para a promoo do desenvolvimento de diversos pases. No entanto, a identificao desta prtica no era quantificada, tampouco sistematizada no mbito da administrao pblica federal, o que representava um fator limitante no emprego desse instrumento para a execuo de objetivos de poltica externa e o reconhecimento da contribuio do pas para o desenvolvimento socioeconmico de outros pases.

    O carter descentralizado das aes implementadas pelas instituies do governo fe-deral configura desafio para definir com clareza o volume de investimento em cooperao internacional, fator-chave para o fortalecimento de suas parcerias com pases, sobretudo os do Eixo Sul.

    Assim, ciente da importncia da cooperao internacional para o desenvolvimento, o Ministrio das Relaes Exteriores (MRE) props Presidncia da Repblica (PR) a reali-zao do primeiro levantamento dos recursos do governo federal brasileiro investidos com o propsito de contribuir para o desenvolvimento de outros pases. Em janeiro de 2010, em resposta a essa demanda, o MRE, por meio da Agncia Brasileira de Cooperao (ABC), e o Ipea estabeleceram parceria, com o apoio da Casa Civil/PR, para a realizao do primeiro levantamento destes recursos no mbito da administrao pblica federal, com o objetivo de identificar, resgatar e sistematizar os dados e as informaes do investimento pblico para atividades, projetos e programas da Cooperao Brasileira para o Desenvolvimento Internacional no perodo 2005-2009.

    De forma a concretizar o levantamento, foram realizadas diversas reunies com as instituies participantes, aprofundando o entendimento acerca da definio desta coope-rao e das caractersticas e peculiaridades de suas vrias modalidades, o que possibilitou a consolidao de uma metodologia para o processo. Destas reunies, chegou-se a definio comum que serviu de base para o levantamento de dados, a saber: a Cooperao Brasileira para o Desenvolvimento Internacional a totalidade de recursos investidos pelo governo federal brasileiro, totalmente a fundo perdido, no governo de outros pases, em nacionais de outros pases em territrio brasileiro, ou em organizaes internacionais com o propsito de contribuir para o desenvolvimento internacional, entendido como o fortalecimento das capacidades de organizaes internacionais e de grupos ou populaes de outros pases para a melhoria de suas condies socioeconmicas.

    Book_Cooperao_Brasileira.indb 11 22/12/2010 10:57:11

  • Ao longo de 2010, deu-se consecuo ao levantamento, em que os rgos e as entidades do governo federal foram protagonistas, colhendo os dados juntos aos seus departamen-tos. Foram apurados dados de rgos da administrao direta e de entidades vinculadas do governo federal, consolidando informaes de nmero bastante significativo de aes, projetos e atividades.

    Apurado o valor do investimento realizado, constatou-se que o volume total nos ltimos cinco anos foi de R$ 2.898.526.873,49, dividido entre as modalidades de ajuda humanitria, bolsa de estudo para estrangeiro e cooperao tcnica, cientfica e tecnolgica e as contribuies para organizaes internacionais.

    Book_Cooperao_Brasileira.indb 12 22/12/2010 10:57:11

  • 1 SOBRE O MTODO DO LEVANTAMENTO

    O primeiro levantamento da Cooperao Brasileira para o Desenvolvimento Internacio-nal buscou identificar, quantificar e classificar a totalidade dos recursos humanos, fsicos e financeiros investidos a fundo perdido pelo governo federal brasileiro em outros pases e organizaes internacionais ao longo do quinqunio 2005-2009.1

    A classificao dos recursos quantificados seguiu um conjunto de categorias predefinidas, criadas a partir da reviso de metodologias internacionais, com o intuito de permitir certo grau de comparabilidade dos dados levantados com os disponveis em mbito internacional. Assim, os recursos foram classificados de acordo com o tipo de cooperao (bilateral ou multilateral) e de acordo com a modalidade da cooperao (tcnica, cientfica e tecnolgica, bolsas de estudos para estrangeiros, ajuda humanitria, refugiados no Brasil, operaes de paz e contribuies do oramento brasileiro para organizaes internacionais).

    Sobre sua cobertura, pretendia-se desde o incio incluir a totalidade dos ministrios e suas entidades vinculadas, todos do governo federal, atuando diretamente na Cooperao Brasileira para o Desenvolvimento Internacional. Para tanto, a totalidade de ministrios e entidades foi informada e convidada oficialmente a participar do levantamento, ainda que no se soubesse, de antemo, quais dessas instituies de fato desenvolviam aes de cooperao conforme o recorte conceitual adotado para esse fim.

    Na referida carta-convite, solicitou-se a indicao oficial de uma pessoa para servir como seu ponto focal. Aos pontos focais das instituies, caberiam trs funes primordiais: articular e mobilizar recursos internos que viabilizassem a realizao do levantamento, garantir estreita comunicao entre sua instituio e os responsveis por este (Ipea e ABC) e, ainda, centralizar os dados antes de sua divulgao definitiva para fins de verificao de sua consistncia.

    A coleta dos dados contou com um formulrio eletrnico (via internet) que alimentava uma base de dados no Ipea. Cada ponto focal obteve uma senha de acesso ao formulrio e a permisso para registrar no sistema outras pessoas de sua instituio, colaboradoras no processo de levantamento e coleta de dados. Uma vez lanados todos os dados no sistema, eles eram finalmente homologados pelo prprio ponto focal, aps a verificao de sua con-sistncia ver no quadro 1 a relao das instituies que participaram do levantamento.

    Como apoio coleta de dados, elaborou-se o Guia de Orientaes Bsicas do Le-vantamento no formato de um manual autoexplicativo com orientaes detalhadas sobre formas de quantificar e classificar os recursos ver no anexo 2 as principais indicaes , alm da criao de um e-mail exclusivo para o encaminhamento de dvidas relativas ao levantamento ou ao preenchimento do formulrio eletrnico. Este guia foi destinado aos pontos focais das instituies participantes do levantamento e disponibilizado em formato impresso e tambm eletrnico.

    1. O perodo originalmente pretendido, de 2000 a 2009, revelou-se invivel dado o carter pioneiro do levantamento e a escassez de registros desses recursos, to maior quanto mais se retrocedia nesses anos.

    Book_Cooperao_Brasileira.indb 13 22/12/2010 10:57:12

  • Cooperao Brasileira para o Desenvolvimento Internacional 2005-200914Em reconhecimento ao carter pioneiro do levantamento, realizou-se um esforo rumo

    mobilizao e capacitao das instituies envolvidas e seus respectivos pontos focais. Nesse sentido, responsveis pelo levantamento no Ipea e na ABC organizaram e participaram de reunies plenrias e pontuais.2

    Em meados de outubro de 2010, concluda a apurao, o Ipea realizou nova anlise de consistncia dos dados. Em seguida, deu incio etapa de sistematizao dos dados e elaborao do relatrio final do levantamento. O estudo dos dados ateve-se totalizao e consolidao dos valores informados pelas instituies e organizao destes segundo as categorias predefinidas de classificao dos recursos, conforme o Guia de Orientaes Bsicas do Levantamento.

    QUADRO 1Instituies.que.participaram.do.levantamento.da.Cooperao.Brasileira.para.o.Desenvolvimento.Internacional

    Unidade Ministrio/entidade

    Abin Agncia Brasileira de Inteligncia

    AEB Agncia Espacial Brasileira

    ANA Agncia Nacional de guas

    ANAC Agncia Nacional de Aviao Civil

    Aneel Agncia Nacional de Energia Eltrica

    Anatel Agncia Nacional de Telecomunicaes

    ANTAQ Agncia Nacional de Transportes Aquavirios

    ANTT Agncia Nacional de Transportes Terrestres

    Anvisa Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria

    Ancine Agncia Nacional do Cinema

    ANP Agncia Nacional do Petrleo, Gs Natural e Biocombustveis

    BB Banco do Brasil

    BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social

    CEF Caixa Econmica Federal

    CEPLAC Comisso Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira

    CONAB Companhia Nacional de Abastecimento

    CGU/PR Controladoria-Geral da Unio da Presidncia da Repblica

    Capes Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior

    DPF Departamento de Polcia Federal

    Embrapa Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria

    ESAF Escola de Administrao Fazendria

    ENAP Escola Nacional de Administrao Pblica

    Fiocruz Fundao Oswaldo Cruz

    GSI/PR Gabinete de Segurana Institucional da Presidncia da Repblica

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    Embratur Instituto Brasileiro de Turismo

    (Continua)

    2. As principais reunies com os pontos focais das instituies participantes do levantamento foram: i) 7 de abril de 2010: primeira reunio com os pontos focais da cooperao brasileira para o desenvolvimento internacional (local: Ipea); ii) 12 de abril a 4 de junho de 2010: rodadas de reunies com pontos focais (locais: ministrios e entidades vinculadas); iii) 8 de junho de 2010: capacitao dos pontos focais para o uso do Guia de Orientaes Bsicas do Levantamento rumo realizao da apurao (local: MRE); e iv) 5 de julho a 8 de outubro de 2010: novas rodadas de reunies com pontos focais (locais: ministrios e entidades vinculadas).

    Book_Cooperao_Brasileira.indb 14 22/12/2010 10:57:12

  • 15Sobre o mtodo do levantamento(Continuao)

    Unidade Ministrio/entidade

    Ibama Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis

    Ipea Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada

    IPHAN Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional

    Inpi Instituto Nacional da Propriedade Industrial

    Incra Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria

    INMET Instituto Nacional de Meteorologia

    ITI/PR Instituto Nacional de Tecnologia da Informao da Presidncia da Repblica

    Mapa Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento

    MCT Ministrio da Cincia e Tecnologia

    MinC Ministrio da Cultura

    MD Ministrio da Defesa

    MEC Ministrio da Educao

    MF Ministrio da Fazenda

    MI Ministrio da Integrao Nacional

    MJ Ministrio da Justia

    MPA Ministrio da Pesca e Aquicultura

    MPAS Ministrio da Previdncia Social

    MS Ministrio da Sade

    MCidades Ministrio das Cidades

    MC Ministrio das Comunicaes

    MRE Ministrio das Relaes Exteriores

    MME Ministrio de Minas e Energia

    MDA Ministrio do Desenvolvimento Agrrio

    MDS Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome

    MDIC Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior

    ME Ministrio do Esporte

    MMA Ministrio do Meio Ambiente

    MPOG Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto

    MTE Ministrio do Trabalho e Emprego

    MTur Ministrio do Turismo

    MT Ministrio dos Transportes

    Petrobras Petrleo Brasileiro S/A

    SAE/PR Secretaria de Assuntos Estratgicos da Presidncia da Repblica

    Sesu Secretaria de Educao Superior

    SEPPIR/PR Secretaria de Polticas de Promoo da Igualdade Racial da Presidncia da Rep-blica

    SEPM/PR Secretaria Especial de Polticas para as Mulheres da Presidncia da Repblica

    SEDH/PR Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidncia da Repblica

    SENAD Secretaria Nacional de Polticas sobre Drogas

    Serpro Servio Federal de Processamento de Dados

    Fonte: Levantamento da Cooperao para o Desenvolvimento Internacional.

    Book_Cooperao_Brasileira.indb 15 22/12/2010 10:57:12

  • Cooperao Brasileira para o Desenvolvimento Internacional 2005-2009162 A EVOLUO DA COOPERAO BRASILEIRA PARA O DESENVOLVIMENTO INTERNACIONAL

    As origens histricas e os princpios basilares da Cooperao Brasileira para o Desenvol-vimento Internacional remontam a diferentes conjunturas polticas, sociais e econmicas. Internacionalmente, estas origens se originaram aos anos 1960 e 1970, com os movimentos de independncia de ex-colnias da frica e da sia e de pases no alinhados e sua crescente influncia no mbito da ONU; ao espao de dilogo Norte-Sul; e s articulaes pela Nova Ordem Econmica Internacional (Noei).

    H registros da cooperao brasileira na dcada de 1950, paralelamente estruturao de instituies governamentais para sua coordenao. Seus princpios so reforados com as mudanas no cenrio poltico-institucional brasileiro a partir do fim do Regime Militar at a primeira dcada do sculo XXI. O fortalecimento dos movimentos sociais, a consolidao da democracia, a reforma constitucional, a reformulao e a consolidao de polticas so-ciais, o reconhecimento internacional destas e a maior estabilidade econmica e financeira garantiram crescente consistncia e visibilidade cooperao brasileira.

    A Cooperao Brasileira para o Desenvolvimento Internacional tem sido movida por princpios alinhados s vises de relaes equnimes e de justia social, constituindo-se em importante instrumento de poltica externa.

    De fato, o Brasil acumulou significativos resultados na implementao de suas polticas sociais. medida que estas se ampliavam e se consolidavam internamente, o governo recebia crescentes pedidos para compartilhar suas experincias e boas prticas com pases parceiros. A repercusso positiva dessas polticas, por sua vez, garantiu ao Brasil crescente reconheci-mento internacional, consolidado, sobretudo, ao longo da primeira dcada do sculo XXI.

    Mais de uma centena de instituies brasileiras do governo federal, entre ministrios e entidades vinculadas, esto hoje diretamente envolvidas nas aes da cooperao inter-nacional. Disponibiliza-se expertise brasileira, em setores diversos, segundo princpios, diretrizes e prioridades nacionais e internacionais. Aliados, esses fatores possibilitam ao pas o reconhecimento como um ator emergente na chamada cooperao internacional para o desenvolvimento, tendo recebido crescente ateno por parte de atores da chama-da comunidade internacional de doadores, os pases-membros do Comit de Assistncia para o Desenvolvimento (CAD) da Organizao para Cooperao e Desenvolvimento Econmico (OCDE).

    Com a notria expanso e diversificao da cooperao externa, ficou evidente a neces-sidade de quantific-la de forma sistematizada no mbito da administrao pblica federal. A inexistncia de um mtodo estruturado e consensual entre as instituies do governo federal, aliado ao carter predominantemente descentralizado da cooperao internacional, configurava, at ento, desafio para definir com clareza o volume de investimentos nacionais em cooperao internacional para o desenvolvimento. Uma noo mais clara desse volume pode contribuir para o avano da poltica externa nacional, da cooperao Sul Sul do pas e dos esforos globais para a reduo da fome e da pobreza rumo ao desenvolvimento internacional sustentvel.

    Book_Cooperao_Brasileira.indb 16 22/12/2010 10:57:12

  • 17A evoluo da cooperaao brasileira para o desenvolvimento internacionalEm conformidade com o mtodo para o levantamento, foram realizadas diversas reu-

    nies com as instituies participantes, aprofundando o entendimento acerca da definio da cooperao brasileira e das caractersticas e peculiaridades de suas vrias modalidades, o que possibilitou a consolidao do mtodo para o processo. Dessas reunies, chegou-se definio comum de cooperao internacional que serviu de base operacional3 para o levantamento de dados, a saber:

    A totalidade de recursos investidos pelo governo federal brasileiro, totalmente a fundo

    perdido, no governo de outros pases, em nacionais de outros pases em territrio brasileiro,

    ou em organizaes internacionais com o propsito de contribuir para o desenvolvimento

    internacional, entendido como o fortalecimento das capacidades de organizaes inter-

    nacionais e de grupos ou populaes de outros pases para a melhoria de suas condies

    socioeconmicas.

    O conceito de cooperao foi formulado para nortear o levantamento sem perder de vista a necessidade de permitir comparabilidade deste com os conceitos tradicionais utiliza-dos para quantificar a cooperao internacional pblica para o desenvolvimento de outros pases do mundo h aproximadamente 60 anos. Porm, vale ressaltar que este conceito no se alinha tradicional definio de Assistncia Oficial para o Desenvolvimento (AOD) da OCDE. Esta amplamente definida como:

    Fluxos de financiamentos oficiais administrados com o objetivo primordial de promover

    desenvolvimento econmico e bem-estar nos pases em desenvolvimento e que possuem

    carter de concessionalidade por serem estendidos com pelo menos 25% de fundo perdido,

    seja diretamente para pases em desenvolvimento (bilateral), via agncias governamentais

    dos pases doadores, ou via instituies multilaterais, excluindo emprstimos de agncias de

    crditos de exportao com o nico propsito de promoo das exportaes nacionais (OCDE).

    H semelhanas e diferenas entre a AOD e a Cooperao Brasileira para o Desenvol-vimento Internacional. Assemelham-se no fluxo de financiamentos oficiais administrados com o objetivo primordial de promover o desenvolvimento econmico e bem-estar nos pases em desenvolvimento e no carter de concessionalidade. Esta cooperao, porm, refere-se aos recursos brasileiros oferecidos totalmente a fundo perdido, e no queles com grau de concessionalidade igual ou maior que 25%, como no caso da AOD. Uma segunda diferena, ainda que implcita, refere-se dimenso multilateral da Cooperao Brasileira para o Desenvolvimento Internacional. Se a AOD tradicional contabiliza recursos de finan-ciamento a organizaes internacionais exclusivamente do Norte, a cooperao incluiu os recursos de financiamento do Brasil destinados a uma gama de organizaes internacionais tipicamente do Sul, das quais o Brasil pas-membro.

    Ao longo de 2010, deu-se consecuo ao levantamento, em que os rgos e as entidades do governo federal foram protagonistas, colhendo os dados internamente e lanando-os em formulrio eletrnico desenhado para esse fim. Foi notvel a determi-nao dos representantes das instituies envolvidas na busca por dados substantivos, em estreita articulao e comunicao com o Ipea e com a ABC, mesmo de forma concorrente com outras atividades relevantes do governo federal.

    3. Ver anexo 2 a respeito da metodologia.

    Book_Cooperao_Brasileira.indb 17 22/12/2010 10:57:12

  • Cooperao Brasileira para o Desenvolvimento Internacional 2005-200918Trata-se de dados preliminares, seja pela dificuldade intrnseca em identificarem e

    quantificarem aquilo que se enquadra e separarem o que no se enquadra na definio da Cooperao Brasileira para o Desenvolvimento Internacional, seja por refletirem uma parte, e no a totalidade, de instituies brasileiras.

    Por fim, apesar de este levantamento restringir-se quantificao da cooperao brasileira, a avaliao qualitativa desta foi um tema recorrente nas diversas reunies junto aos representantes do governo federal brasileiro. reconhecido o potencial da cooperao externa do Brasil. O pas j possui condies de realizar tais avaliaes para avanar no debate interno e externo sobre a relao entre polticas pblicas, poltica externa e cooperao internacional para o desenvolvimento. Trata-se de um passo importante e potencial no futuro.

    Book_Cooperao_Brasileira.indb 18 22/12/2010 10:57:12

  • 19Principais resultados do levantamento: 2005-20093 PRINCIPAIS RESULTADOS DO LEVANTAMENTO: 2005-2009

    A Cooperao Brasileira para o Desenvolvimento Internacional durante o perodo 2005-2009 alcana uma cifra prxima a R$ 2,9 bilhes, em valores correntes. Como ilustra a tabela 1, mais de 76%, em mdia, dos dados levantados, corresponde a contribuies para organizaes internacionais e bancos regionais, cabendo s demais modalidades (assistncia humanitria, bolsas de estudo e cooperao tcnica) quase 24% do total. A cooperao praticamente dobra entre 2005 e 2009, passando de R$ 384,2 milhes para mais de R$ 724 milhes, respectivamente.

    A assistncia humanitria e a cooperao tcnica registram aumentos absolutos expres-sivos durante o perodo em anlise, passando de R$ 28,9 milhes em 2005 (7,53% do total no ano), para R$ 184,8 milhes em 2009 (25,51% do total no ano). Essa sextuplicao de recursos aplicados nessas duas modalidades constitui um sinal inequvoco da crescente importncia que o Brasil atribuindo cooperao internacional, em um marco global de desenvolvimento econmico e social.

    As bolsas de estudo para estrangeiros, outra modalidade na qual o Brasil tradicional cooperante, contribuem com mais de R$ 284 milhes durante o perodo (quase 10% do total), sendo a segunda modalidade que mais destina recursos internacionalmente, depois das contribuies a organismos internacionais.

    As contribuies para organizaes internacionais registram, tambm, um aumento consistente durante esses anos, passando de quase R$ 300 milhes em 2005 para mais de R$ 495 milhes em 2009, como reflexo do crescente papel do Brasil em organismos internacionais e bancos regionais. Ao se examinar esta modalidade, verifica-se que, exce-tuando os bancos regionais, as contribuies do governo brasileiro para as organizaes internacionais foram mais que duplicadas, passando de R$ 134,5 milhes em 2005, para R$ 361,4 milhes em 2009.

    A ttulo de informao complementar, a tabela 3 mostra os dados da cooperao em dlares correntes, indicando que o valor global da cooperao atingiu cerca de US$ 1,43 bilho durante o perodo. No mesmo intuito, a tabela 2 reproduz os dados da tabela 1 em valores constantes, expressando-os em reais de 2009. Finalmente, a tabela 4 traz os dados da tabela 2 convertidos em dlares mdios de 2009. Nesses dois ltimos casos, as tabelas mostram que a cooperao 2005-2009 chegou a pouco mais de R$ 3,2 bilhes em valores de 2009, ou seja, mais de US$ 1,6 bilho em valores mdios de 2009, com aumento, em termos reais, de quase 50% entre 2005 e 2009.

    Book_Cooperao_Brasileira.indb 19 22/12/2010 10:57:13

  • Cooperao Brasileira para o Desenvolvimento Internacional 2005-200920

    TABE

    LA 1

    Coop

    erao

    .brasileira.pa

    ra.o.desen

    volvim

    ento.in

    ternaciona

    l.200

    5-20

    09(Em R$ valores corre

    ntes)

    2005

    2006

    2007

    2008

    2009

    Total

    R$% em re

    lao

    ao to

    tal

    R$% em re

    lao

    ao to

    tal

    R$% em re

    lao

    ao to

    tal

    R$% em re

    lao

    ao to

    tal

    R$% em re

    lao

    ao to

    tal

    R$% em re

    lao

    ao to

    tal

    Assis

    tncia hum

    anit

    ria1.18

    5.82

    6,34

    0,31

    5.52

    4.35

    9,06

    0,91

    31.804

    .809

    ,29

    5,59

    29.744

    .778

    ,97

    4,83

    87.042

    .331

    ,20

    12,02

    155.30

    2.10

    4,86

    5,36

    Bolsa

    s de estud

    os para

    estra

    ngeiros

    56.104

    .204

    ,86

    14,60

    56.454

    .857

    ,68

    9,34

    56.376

    .649

    ,16

    9,90

    70.666

    .566

    ,99

    11,46

    44.473

    .906

    ,96

    6,14

    284.07

    6.18

    5,65

    9,80

    Coop

    erao

    tcnica

    27.755

    .710

    ,55

    7,22

    32.801

    .148

    ,70

    5,43

    35.599

    .271

    ,59

    6,25

    58.738

    .112

    ,72

    9,53

    97.744

    .759

    ,99

    13,49

    252.63

    9.00

    3,55

    8,72

    Contrib

    uies para orga

    niza-

    es in

    ternaciona

    is29

    9.14

    5.64

    9,02

    77,86

    509.53

    3.96

    3,63

    84,32

    445.42

    1.63

    8,10

    78,25

    457.24

    9.20

    0,67

    74,18

    495.15

    9.12

    8,01

    68,35

    2.20

    6.50

    9.57

    9,43

    76,13

    Total

    384.19

    1.39

    0,77

    100

    604.31

    4.32

    9,07

    100,00

    569.20

    2.36

    8,14

    100,00

    616.39

    8.65

    9,35

    100,00

    724.42

    0.12

    6,16

    100,00

    2.89

    8.52

    6.87

    3,49

    100,00

    Fonte: Levan

    tamen

    to da Co

    operao

    Brasileira

    para o De

    senv

    olvimen

    to In

    ternaciona

    l 200

    5-20

    09.

    TABE

    LA 2

    Coop

    erao

    .brasileira.pa

    ra.o.desen

    volvim

    ento.in

    ternaciona

    l.200

    5-20

    09(Em R$ valores constantes)1

    2005

    20

    06

    2007

    20

    08

    2009

    Total

    R$% em re

    lao

    ao to

    tal

    R$% em re

    lao

    ao to

    tal

    R$% em re

    lao

    ao to

    tal

    R$% em re

    lao

    ao to

    tal

    R$% em re

    lao

    ao to

    tal

    R$% em re

    lao

    ao to

    tal

    Assis

    tncia hum

    anit

    ria1.49

    9.71

    4,57

    0,31

    6.58

    1.87

    1,79

    0,91

    35.792

    .438

    ,43

    5,59

    31.169

    .294

    ,86

    4,83

    87.042

    .331

    ,20

    12,02

    162.08

    5.65

    0,85

    5,04

    Bolsa

    s de estud

    os para

    estra

    ngeiros

    70.954

    .987

    ,89

    14,60

    67.261

    .854

    ,46

    9,34

    63.445

    .050

    ,89

    9,90

    74.050

    .880

    ,17

    11,46

    44.473

    .906

    ,96

    6,14

    320.18

    6.68

    0,36

    9,95

    Coop

    erao

    tcnica

    35.102

    .647

    ,13

    7,22

    39.080

    .181

    ,59

    5,43

    40.062

    .643

    ,51

    6,25

    61.551

    .156

    ,81

    9,53

    97.744

    .759

    ,99

    13,49

    273.54

    1.38

    9,04

    8,50

    Contrib

    uies para orga

    niza-

    es in

    ternaciona

    is37

    8.32

    9.50

    2,32

    77,86

    607.07

    2.63

    6,65

    84,32

    501.26

    7.79

    2,94

    78,25

    479.14

    7.45

    5,54

    74,18

    495.15

    9.12

    8,01

    68,35

    2.46

    0.97

    6.51

    5,45

    76,50

    Total

    485.88

    6.85

    1,91

    100,00

    719.99

    6.54

    4,49

    100,00

    640.56

    7.92

    5,78

    100,00

    645.91

    8.78

    7,37

    100,00

    724.42

    0.12

    6,16

    100

    3.21

    6.79

    0.23

    5,70

    100,00

    Fontes: Levan

    tamen

    to da Co

    operao

    Brasileira

    para o De

    senv

    olvimen

    to In

    ternaciona

    l 200

    5-20

    09 e IB

    GE.

    Nota: 1 Va

    lores em

    reais de

    200

    9, atualizad

    os pelo De

    flator Implcito

    do Prod

    uto Interno Bruto (PIB)/IBG

    E.

    Book_Cooperao_Brasileira.indb 20 22/12/2010 10:57:13

  • 21Principais resultados do levantamento: 2005-2009

    TABE

    LA 3

    Coop

    erao

    .brasileira.pa

    ra.o.desen

    volvim

    ento.in

    ternaciona

    l.200

    5-20

    09(Em US$

    valores correntes)1

    2005

    2006

    2007

    2008

    2009

    Total

    US$

    % em re

    lao

    ao to

    tal

    US$

    % em re

    lao

    ao to

    tal

    US$

    % em re

    lao

    ao to

    tal

    US$

    % em re

    lao

    ao to

    tal

    US$

    % em re

    lao

    ao to

    tal

    US$

    % em re

    lao

    ao to

    tal

    Assis

    tncia hum

    anit

    ria48

    7.99

    4,38

    0,31

    2.53

    4.10

    9,66

    0,91

    16.310

    .158

    ,61

    5,59

    16.253

    .977

    ,58

    4,83

    43.521

    .165

    ,60

    12,02

    79.107

    .405

    ,83

    5,55

    Bolsa

    s de estud

    os para

    estra

    ngeiros

    23.088

    .150

    ,15

    14,60

    25.896

    .723

    ,71

    9,34

    28.911

    .102

    ,13

    9,90

    38.615

    .610

    ,38

    11,46

    22.236

    .953

    ,48

    6,14

    138.74

    8.53

    9,84

    9,73

    Coop

    erao

    tcnica

    11.422

    .103

    ,11

    7,22

    15.046

    .398

    ,49

    5,43

    18.256

    .036

    ,71

    6,25

    32.097

    .329

    ,36

    9,53

    48.872

    .380

    ,00

    13,49

    125.69

    4.24

    7,66

    8,81

    Contrib

    uies para orga

    niza-

    es in

    ternaciona

    is12

    3.10

    5.20

    5,36

    77,86

    233.73

    1.17

    5,98

    84,32

    228.42

    1.35

    2,87

    78,25

    249.86

    2.95

    1,19

    74,18

    247.57

    9.56

    4,01

    68,35

    1.08

    2.70

    0.24

    9,40

    75,91

    Total

    158.10

    3.45

    2,99

    100,00

    277.20

    8.40

    7,83

    100,00

    291.89

    8.65

    0,33

    100,00

    336.82

    9.86

    8,50

    100,00

    362.21

    0.06

    3,08

    100,00

    1.42

    6.25

    0.44

    2,73

    100,00

    Fonte: Levan

    tamen

    to da Co

    operao

    Brasileira

    para o De

    senv

    olvimen

    to In

    ternaciona

    l 200

    5-20

    09 e Ban

    co Cen

    tral do Brasil (BCN

    ).

    Nota: 1 Taxa de cmbio PTAX

    -BCB

    . Md

    ia anu

    al.

    TABE

    LA 4

    .Coo

    perao.brasile

    ira.pa

    ra.o.desen

    volvim

    ento.in

    ternaciona

    l.200

    5-20

    09 (E

    m US$

    valores con

    stan

    tes)

    1

    2005

    2006

    2007

    2008

    2009

    Total

    US$

    % em re

    lao

    ao to

    tal

    US$

    % em re

    lao

    ao to

    tal

    US$

    % em re

    lao

    ao to

    tal

    US$

    % em re

    lao

    ao to

    tal

    US$

    % em re

    lao

    ao to

    tal

    US$

    % em re

    lao

    ao to

    tal

    Assis

    tncia hum

    anit

    ria74

    9.85

    7,29

    0,31

    3.29

    0.93

    5,89

    0,91

    17.896

    .219

    ,22

    5,59

    15.584

    .647

    ,43

    4,83

    43.521

    .165

    ,60

    12,02

    81.042

    .825

    ,42

    5,04

    Bolsa

    s de estud

    os para

    estra

    ngeiros

    35.477

    .493

    ,94

    14,60

    33.630

    .927

    ,23

    9,34

    31.722

    .525

    ,45

    9,90

    37.025

    .440

    ,08

    11,46

    22.236

    .953

    ,48

    6,14

    160.09

    3.34

    0,18

    9,95

    Coop

    erao

    tcnica

    17.551

    .323

    ,57

    7,22

    19.540

    .090

    ,80

    5,43

    20.031

    .321

    ,76

    6,25

    30.775

    .578

    ,41

    9,53

    48.872

    .380

    ,00

    13,49

    136.77

    0.69

    4,52

    8,50

    Contrib

    uies para orga

    niza-

    es in

    ternaciona

    is18

    9.16

    4.75

    1,16

    77,86

    303.53

    6.31

    8,32

    84,32

    250.63

    3.89

    6,47

    78,25

    239.57

    3.72

    7,77

    74,18

    247.57

    9.56

    4,01

    68,35

    1.23

    0.48

    8.25

    7,73

    76,50

    Total

    242.94

    3.42

    5,95

    100,00

    359.99

    8.27

    2,24

    100,00

    320.28

    3.96

    2,89

    100,00

    322.95

    9.39

    3,69

    100,00

    362.21

    0.06

    3,08

    100,00

    1.60

    8.39

    5.11

    7,85

    100,00

    Fontes: Levan

    tamen

    to da Co

    operao

    Brasileira

    para o De

    senv

    olvimen

    to In

    ternaciona

    l 200

    5-20

    09 e BCB

    .

    Nota: 1 Va

    lores em

    reais de

    200

    9, con

    vertidos em dlares de 20

    09, u

    sand

    o taxa m

    dia de cmbio PTAX

    -BCB

    de 20

    09.

    Book_Cooperao_Brasileira.indb 21 22/12/2010 10:57:14

  • Cooperao Brasileira para o Desenvolvimento Internacional 2005-2009223.1 Assistncia humanitria

    A assistncia humanitria internacional (AHI) est presente no histrico das aes do governo brasileiro no mbito internacional. Entre 2005 e 2009, o montante destinado a essa modalidade de cooperao atinge R$ 155.302.104,80 em valores correntes , o que representa 5,36% da cooperao brasileira para o desenvolvimento internacional no perodo.

    A ajuda do Brasil a pases ou regies que se encontrem, momentaneamente ou no, em situaes de emergncia ou de calamidade pblica ao longo do quinqunio teve um crescimento significativo, atingindo em 2009 R$ 87.042.331,20, como mostra o grfico 1, valor 73 vezes maior que aquele apurado em 2005, de R$ 1.185.826,34. A evoluo da AHI deu-se de forma acentuada em 2006 e 2007, alcanando R$ 31.804.809,29. No ano seguinte, manteve-se praticamente estvel, com ligeira queda de contribuio e logo em seguida, em 2009, atingiu um nvel expressivo, com crescimento de quase 300%.

    GRFICO 1Evoluo.da.AHI.ao.longo.do.perodo.2005-2009(Em R$ milhes)

    Fonte: Levantamento da Cooperao Brasileira para o Desenvolvimento Internacional.

    O desembolso de recursos em 2009 coloca a AHI em um novo patamar nas modali-dades de cooperao internacional, representando 12% no exerccio, e 53,70% de toda a AHI no quinqunio em anlise.

    Quanto forma de execuo da ajuda estatal, percebe-se uma mudana dos canais de distribuio ao longo de 2005-2009, preferindo-se oferecer a assistncia de maneira direta nos territrios acometidos pela calamidade ou desastre. Em 2005, a participao brasileira era relativamente equilibrada entre encaminhamentos de ajuda por meio de organizaes internacionais e envio direto de assistncias aos pases beneficiados, com primazia da pri-meira opo. Em 2009, 97% dos recursos em AHI foram canalizados bilateralmente, sem a mediao de organizaes internacionais, conforme ilustra o grfico 2. O crescimento da execuo direta ocorre em linha crescente, com pequena queda em 2008, ano em que houve tambm ligeira reduo da AHI, como mencionado anteriormente.

    Book_Cooperao_Brasileira.indb 22 22/12/2010 10:57:14

  • 23Principais resultados do levantamento: 2005-2009GRFICO 2 Porcentagem.destinada.a.pases.e.a.organizaes.internacionais.a.cada.ano

    Fonte: Levantamento da Cooperao Brasileira para o Desenvolvimento Internacional.

    Entre os dados reportados pelas instituies do governo federal, vale ressaltar a predo-minncia de ministrios e de entidades com atuao relevante em questes de alimentao, sade, frete e direitos humanos e que constituem o Grupo de Trabalho Interministerial sobre Assistncia Humanitria Internacional (GTI-AHI). Institudo para coordenar as aes de assistncia humanitria internacional no governo brasileiro, o GTI-AHI foi criado em 20064 e intensificou substancialmente a prestao rpida e eficiente de assistncia humanitria. Atento necessidade de assistir as vtimas de catstrofes naturais, bem como de conflitos armados e de outros tipos de convulses sociais, o trabalho do grupo tem atuado no aperfei-oamento do processo de prestao de assistncia humanitria. A instncia interministerial conta com 15 ministrios5 e presidido pelo MRE.

    A distribuio geogrfica da assistncia humanitria do Brasil majoritria em pases da Amrica Latina e Caribe, que receberam R$ 107.819.457,37, ou seja, 76,27% da ajuda enviada diretamente aos pases beneficiados. Em seguida, est a sia com R$ 23.241.017,77 e a frica com R$ 10.269.463,80 respectivamente, 16,44% e 7,26% dos recursos. A Oceania recebeu R$ 34.058,00, ou seja, 0,02% da AHI enviada nos cinco anos (grfico 3). Destaque deve ser dado, tambm, na participao dos pases da CPLP como pases-desti-natrios. Angola, Cabo Verde, Guin-Bissau, Moambique, So Tom e Prncipe e Timor Leste receberam juntos R$ 8.063.670,78, equivalente a 8% dos recursos.

    Entre os pases da Amrica Latina e Caribe, Bolvia, Paraguai, Haiti, Cuba, Jamaica, Peru, Honduras e Nicargua so os que mais receberam recursos de assistncia humanitria brasileiros. No mbito dos pases em desenvolvimento da CPLP, Guin Bissau recebeu

    4. Dec. de 21.06.2006

    5. Compem o GTI-AHI um representante titular, com seu respectivo suplente, da Casa Civil/PR, do MRE, do MD, do MJ, do MF, do Mapa, do MS, do MI, do MDS, do MEC, do MDA, do MC, da Secretaria Geral/PR e da SEDH/PR.

    Book_Cooperao_Brasileira.indb 23 22/12/2010 10:57:14

  • Cooperao Brasileira para o Desenvolvimento Internacional 2005-200924montante superior ao enviado para os outros membros da comunidade. Sobre os pases citados, vale lembrar que existem situaes particulares recorrentes em seus territrios, como os constantes furaces na Amrica Central e Caribe, as chuvas torrenciais na Amrica do Sul e a instabilidade poltica com ocorrncia de conflitos em Guin Bissau.

    GRFICO 3 Distribuio.da.AHI.por.regio..2005-2009(Em %)

    Fonte: Levantamento da Cooperao Brasileira para o Desenvolvimento Internacional.

    Ademais, a prestao de assistncia humanitria internacional pelo Brasil deu-se de maneira multifacetada. O governo brasileiro procurou auxiliar populaes necessitadas, especialmente nos pases de baixa renda. Questes de grande apelo junto sociedade, como o conflito rabe-israelense, registraram envios especficos de ajuda quando do res-surgimento do embate direto. Entre 2007 e 2009, o montante enviado para esse territrio foi de R$ 20.018.364,16.

    Com fundamento nos dados levantados, vale ressaltar a preponderncia, no campo de AHI, dos setores finalsticos da cooperao de alimentos, direitos humanos, sade e servios de frete. Quanto forma de utilizao do recurso desembolsado, pode-se destacar o dispndio com doaes de suprimentos (bens alimentcios e medicamentos), com repasses de recursos oramentrios s embaixadas brasileiras para a compra de produtos no mercado local, bem como os custos com passagens e dirias, com utilizao de materiais e equipamentos, com a hora tcnica de profissionais brasileiros e com custos administrativos associados AHI.

    Como mostra a tabela 5, preponderam aes de doaes em espcie (suprimentos) no montante de recursos aplicados, correspondendo a 65,67%. Em seguida, destaca-se a categoria cooperao financeira (envio de dinheiro a embaixada local), com 21,37% dos recursos. Somadas as duas categorias, a contribuio brasileira chega a R$ 135.177.780,89, equivalente a 87% do recurso investido em AHI. Exemplo da atuao brasileira foi a doa-o de alimentos para Cuba, Haiti e Honduras, pases castigados pela passagem seguida de

    Book_Cooperao_Brasileira.indb 24 22/12/2010 10:57:14

  • 25Principais resultados do levantamento: 2005-2009furaces no comeo de 2009. Essas aes foram as mais vultosas das realizadas pelo governo brasileiro no perodo, somando aproximadamente R$ 66 milhes.

    TABELA 5Assistncia.humanitria.internacional,.detalhamento.dos.recursos..2005-2009

    Detalhamento R$ %

    Doaes em espcie (suprimentos) 101.986.334,34 65,67

    Cooperao financeira 33.191.446,55 21,37

    Custos administrativos associados 11.482.157,12 7,39

    Horas tcnicas 79.430,63 0,05

    Materiais/equipamentos 8.534.520,11 5,50

    Passagens e dirias 28.216,11 0,02

    Total 155.302.104,86 100,00

    Fonte: Levantamento da Cooperao Brasileira para o Desenvolvimento Internacional.

    Cumpre mencionar tambm a distribuio de AHI por categoria de pases segundo

    os nveis de renda, conforme critrios adotados pelo Banco Mundial, que os separa em

    grupos, a saber: de renda baixa, de renda mdia baixa, de renda mdia alta e de renda

    alta. Por meio desta classificao, o grfico 4 ilustra que de 2005 a 2007 predomina a

    prestao de AHI a pases de renda mdia baixa. Nos anos que se seguem, a participao

    dos pases de renda baixa e renda mdia alta ganharam importncia relativa. Neste sen-

    tido, a distribuio da ajuda ficou mais equilibrada entre essas trs categorias de renda.

    O crescimento da participao dos pases de renda baixa e de renda mdia alta como

    destinos da AHI do Brasil decorre das catstrofes naturais ocorridas na Amrica do Sul e

    Amrica Central. As chuvas e furaces que atingiram Argentina, Equador, Cuba, Haiti,

    Jamaica, entre outros, causaram grandes prejuzos e o Brasil contribuiu para aliviar estas

    situaes emergenciais.

    GRFICO 4.AHI.por.grupo.de.pases.segundo.nvel.de.renda1(Em %)

    Fonte: Levantamento da Cooperao Brasileira para o Desenvolvimento Internacional.

    Nota: 1 Classificao conforme critrios adotados pelo Banco Mundial.

    Book_Cooperao_Brasileira.indb 25 22/12/2010 10:57:15

  • Cooperao Brasileira para o Desenvolvimento Internacional 2005-200926Por fim, expe-se a configurao dos pases em relao ao total recebido. A tabela 6

    apresenta os valores e as porcentagens dos maiores receptores da assistncia humanitria inter-nacional do Brasil. Cuba, Haiti, Territrio Palestino e Honduras so os destinos de quase 64%

    do montante destinado para a AHI pelo Brasil entre 2005 e 2009. Paraguai, Bolvia, Argen-

    tina, Equador, Jamaica, Guin Bissau, Nicargua e Peru correspondem a aproximadamente

    20% desse total. Organizaes internacionais e os demais pases so destinos de aproxima-

    damente 16% do montante para assistncia humanitria do Brasil.

    TABELA 6.Maiores.receptores.da.AHI.do.Brasil..2005-2009

    Receptores R$ %

    Nicargua 2.047.781,37 1,32

    Equador 2.154.393,43 1,39

    Peru 2.219.346,84 1,43

    Argentina 2.849.023,02 1,83

    Jamaica 3.928.526,00 2,53

    Guin Bissau 5.409.910,10 3,48

    Bolvia 6.122.786,66 3,94

    Paraguai 6.258.347,56 4,03

    Organizaes internacionais 13.938.107,92 8,97

    Honduras 15.646.603,87 10,07

    Territrio palestino 19.943.464,16 12,84

    Haiti 29.840.307,15 19,21

    Cuba 33.523.648,54 21,59

    Demais pases 11.419.858,24 7,35

    Fonte: Levantamento da Cooperao Brasileira para o Desenvolvimento Internacional.

    3.2 Bolsas de estudo para estrangeiros

    A concesso de bolsas para alunos estrangeiros que realizam seus estudos no Brasil ou no

    exterior uma das modalidades mais tradicionais da cooperao do pas. De fato, a Comisso

    Nacional de Assistncia Tcnica (CNAT), criada em 1950 e dedicada, principalmente,

    organizao da assistncia tcnica recebida do exterior, j inclua em seu mandato a coope-

    rao do Brasil com outros pases por meio da concesso de bolsas de estudos.6

    Comparando-se os gastos realizados nas demais modalidades de cooperao inter-

    nacional, o volume de recursos para a concesso de bolsas de estudo para estrangeiros

    se apresenta constante durante a maior parte do perodo observado, apesar de registrar

    alta em 2008, seguida por uma significativa diminuio observada em 2009, conforme a

    tabela 7. Apesar das variaes, a concesso de bolsas de estudo representa parte significa-

    tiva da cooperao brasileira (quase 10% do total), responsvel por um total acumulado

    de R$ 284,07 milhes.

    6. Decreto no 28.799, de 27 de outubro de 1950: Art. 1o A Comisso Nacional de Assistncia Tcnica tem por fim: (...) acompanhar os trmites dos projetos de assistncia tcnica solicitada pelo Brasil aos organismos internacionais competente; (...) providenciar para que os portadores de bolsas de estudo oferecidas pelo governo brasileiro, como contribuio nacional aos programas de assistncia tcnica, sejam recebidos e encaminhados.

    Book_Cooperao_Brasileira.indb 26 22/12/2010 10:57:15

  • 27Principais resultados do levantamento: 2005-2009

    TABE

    LA 7

    .Bolsas.de

    .estud

    o.pa

    ra.estrang

    eiros..de

    spesa.a.cada

    .ano

    .e.percentua

    l.de.pa

    rticipao

    .da.instituio.em

    .relao

    .ao.total

    (R$ valores corre

    ntes)

    2005

    %20

    06%

    2007

    %20

    08%

    2009

    %Total/instituio

    %

    MCT

    29.523

    .256

    ,80

    5333

    .110

    .421

    ,55

    59,0

    33.498

    .901

    ,52

    5936

    .829

    .882

    ,07

    527.77

    5.46

    1,92

    1814

    0.73

    7.92

    3,86

    50

    MEC

    9.75

    0.00

    0,00

    1711

    .120

    .100

    ,00

    20,0

    8.34

    2.40

    0,00

    1514

    .060

    .020

    ,00

    2014

    .363

    .480

    ,00

    3257

    .636

    .000

    ,00

    20

    Capes

    15.390

    .068

    ,10

    2711

    .625

    .709

    ,22

    20,0

    13.408

    .303

    ,48

    2418

    .060

    .642

    ,12

    2620

    .608

    .922

    ,36

    4679

    .093

    .645

    ,28

    28

    MRE

    522.30

    7,10

    159

    8.62

    6,91

    1,0

    1.12

    7.04

    4,16

    21.68

    3.20

    2,80

    21.63

    3.14

    2,68

    45.56

    4.32

    3,65

    2

    Demais institu

    ies

    918.57

    2,86

    2

    32

    .820

    ,00

    92

    .900

    ,00

    1.04

    4.29

    2,86

    0

    Total

    56.104

    .204

    ,86

    56

    .454

    .857

    ,68

    56

    .376

    .649

    ,16

    70

    .666

    .566

    ,99

    44

    .473

    .906

    ,96

    28

    4.07

    6.18

    5,65

    Fonte: Levan

    tamen

    to da Co

    operao

    Brasileira

    para o De

    senv

    olvimen

    to In

    ternaciona

    l

    Book_Cooperao_Brasileira.indb 27 22/12/2010 10:57:15

  • Cooperao Brasileira para o Desenvolvimento Internacional 2005-200928Do detalhamento da distribuio dos recursos concedidos s bolsas de estudo para estrangeiros

    (grfico 5), a maior parte alocada categoria cooperao financeira, que inclui o repasse de recur-sos aos alunos para custear despesas diretamente relacionadas com os estudos. Os itens passagens e dirias e custos administrativos associados renem valores relacionados indiretamente com os estudos, associados ao transporte e subsistncia de estrangeiros para sua capacitao em territrio nacional.

    GRFICO 5Detalhamento.de.recursos.para.bolsas.de.estudo.para.estrangeiros..2005-2009(Em %)

    Fonte: Levantamento da Cooperao Brasileira para o Desenvolvimento Internacional.

    O levantamento da cooperao identificou alguns dos principais programas e projetos das instituies que concentram a maior parte dos recursos dedicados concesso de bolsas a estrangeiros. O MCT concentra 50% dos recursos destinados a bolsas de estudo para es-trangeiros (grfico 6) que so executados pelo do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq). A Capes destinou 28% dos recursos e a Sesu/MEC, com 20% dos recursos destinados s bolsas.

    GRFICO 6Bolsas.de.estudo.para.estrangeiros.por.instituies.participantes..2005-2009(Em %)

    Fonte: Levantamento da Cooperao Brasileira para o Desenvolvimento Internacional.

    Book_Cooperao_Brasileira.indb 28 22/12/2010 10:57:15

  • 29Principais resultados do levantamento: 2005-2009No mbito do MCT, compete ao CNPq os processos de seleo e concesso de bolsas

    pagas diretamente a estudantes e pesquisadores estrangeiros oriundos de 118 pases diferentes, entre os programas identificados no grfico 7.

    O Convnio CNPq/TWAS (Academia de Cincias para os Pases em Desenvolvimen-to) representa 7% dos recursos voltados para a concesso de bolsas de estudo. O convnio tambm contempla jovens estudantes e pesquisadores de pases em desenvolvimento que realizam seus estudos de doutorado, doutorado sanduche e ps-doutorado em instituies brasileiras na rea das cincias naturais, que depois retornam a seus pases de origem para dar continuidade ao seu desenvolvimento profissional e acadmico.

    Alm das bolsas concedidas para estudantes estrangeiros realizarem seus estudos no Brasil em temas e instituies diversas, o CNPq tambm oferece bolsas em programas e projetos especficos. O Programa de Estudantes-Convnio de Ps-Graduao (PEC-PG), por exemplo, executado pelo MCT, que cuida das bolsas para alunos de mestrado, em parceria com o MRE responsvel, por meio da Diviso de Temas Educacionais, pelo custeio das passagens areas dos bolsistas e pela divulgao do programa , e com o MEC por meio da Capes, que se encarrega das bolsas dos estudantes de doutorado. Estas so concedidas para alunos nacionais de pases com os quais o Brasil mantm Acordo de Co-operao Cultural e Educacional.

    O programa realizado com o Centro Latino-Americano de Fsica (CLAF), sediado no Centro Brasileiro de Pesquisas Fsicas (CBPF), recebe estudantes e pesquisadores dos pases-membros (Argentina, Bolvia, Chile, Colmbia, Costa Rica, Cuba, Equador, Mxico, Nicargua, Peru, Paraguai, Uruguai e Venezuela) interessados no estudo e desenvolvimento da Fsica na Amrica Latina.

    O MCT tambm mantm convnios bilaterais com pases parceiros, como o Programa PS-DOC-Cuba, que consiste na concesso de bolsas de ps-doutorado a pesquisadores cubanos no mbito de programa estabelecido por meio de convnio com o Ministrio de Educao Superior de Cuba (MES). O objetivo desse programa contribuir para a formao de pesquisadores em nvel de doutorado pleno, sanduche e ps-doutorado no Brasil ou de professores visitantes oriundos de instituies cubanas. De forma semelhante, o Programa de Bolsas para Moambicanos, estabelecido mediante de plano de trabalho firmado em 2003 pelos ministrios de Cincia e Tecnologia do Brasil e de Moambique, visa formao de pesquisadores e professores nacionais de Moambique em instituies brasileiras.

    Book_Cooperao_Brasileira.indb 29 22/12/2010 10:57:15

  • Cooperao Brasileira para o Desenvolvimento Internacional 2005-200930GRFICO 7 Bolsas.de.estudo.para.estrangeiros.concedidas.pelo.MCT(Em %)

    Fonte: Levantamento da Cooperao Brasileira para o Desenvolvimento Internacional.

    O Convnio CNPq/CONICIT (Conselho Nacional para Investigaciones Cientficas

    y Tecnolgicas da Costa Rica), firmado entre o MCT e o CONICIT, tem como objetivo

    o intercmbio e a formao de recursos humanos em temas como Biodiversidade, Biotec-

    nologia, Qumica e Fsica.

    Como parte da misso institucional da Capes, as atividades de intercmbio e coope-

    rao internacional contribuem com a ampliao da competncia cientfico-tecnolgica de

    outros pases. A intensificao dessas atividades pode ser demonstrada pela diversidade de

    modalidades de fomento produo cientfica, variando desde aes de carter assistencial

    at atividades de cooperao em parcerias cada vez mais recprocas.

    Novos tratados e acordos culturais, educacionais e cientficos determinaram o surgi-

    mento de um crescente nmero de programas que visam assistir tecnicamente pases com

    deficincia no ensino superior. A atuao pauta-se pela disponibilizao de recursos para

    atividades e projetos em vrios pases, com nfase cooperao com pases do Eixo Sul Sul,

    especialmente da Amrica Latina com destaque para a Argentina e para o continente

    africano, com os pases de lngua portuguesa. Alm disso, programas bilaterais com Cuba,

    Uruguai e Timor Leste e iniciativas com blocos de pases, como no caso do Mercosul e o

    PEC-PG, figuram entres os projetos conjuntos de pesquisa, parcerias universitrias, projetos

    especiais e bolsas individuais.

    Parceria entre a Capes, o CNPq e o MRE, o PEC-PG, que corresponde a 40% dos

    recursos para bolsa de estudos para estrangeiros oferecidas pela Capes no perodo 2005-2009

    (grfico 8), visa concesso de bolsas de mestrado e doutorado, buscando o aumento da

    qualificao de professores universitrios, pesquisadores, profissionais e graduados do ensino

    superior dos pases em desenvolvimento com os quais o Brasil possui Acordo de Cooperao

    Cultural e/ou Educacional. Essas bolsas so concedidas em todas as reas do conhecimento

    nas quais existam programas de ps-graduao que emitam diplomas de validade nacional.

    Book_Cooperao_Brasileira.indb 30 22/12/2010 10:57:16

  • 31Principais resultados do levantamento: 2005-2009O Programa de Qualificao de Docente e Ensino de Lngua Portuguesa com o Timor

    Leste para a concesso de bolsas individuais representa 37% dos recursos para bolsa de estu-dos para estrangeiros oferecidas pela Capes no perodo de 2005-2009 e objetiva a formao em lngua portuguesa, de professores de diferentes nveis de ensino.

    No mesmo perodo, o programa de bolsas individuais de professor visitante (PVE), com o objetivo de desenvolver atividades de docncia, pesquisa e orientao com a vinda de professores estrangeiros, rene o equivalente a 21% dos recursos da Capes concesso de bolsas para estrangeiros.

    Em 2008, em colaborao com a Sesu/MEC, a Capes passa a apoiar o Programa de Mobilidade Acadmica Regional em Cursos Acreditados (Marca) do Mercosul que tem como objetivo a melhoria da qualidade acadmica, por meio de sistemas de avaliao e reconhecimento, e a mobilidade de estudantes, docentes e pesquisadores entre instituies e pases vinculados aos pases-membros e associados (Argentina, Paraguai, Uruguai, Bolvia e Chile). Relativamente novo, o programa corresponde apenas a 1% dos recursos da Capes para a concesso de bolsas.

    Por fim, o Programa de Formao Cientfica (Profor) oferece bolsas individuais a estudantes de Angola, Cabo Verde e Moambique e corresponde ao restante dos recursos.

    GRFICO 8Bolsas.de.estudo.para.estrangeiros.concedidas.pela.Coordenao.de.Aperfeioamento.de.Pessoal.e.Nvel.Superior..2005-2009(Em %)

    Fonte: Levantamento da Cooperao Brasileira para o Desenvolvimento Internacional.

    No mbito do MEC, dois so os programas que contemplam estudantes estrangeiros do ensino superior: o Programa de Estudantes-Convnio de Graduao (PEC-G) e o Projeto Milton Santos (Promisaes).

    O PEC-G, programa administrado em parceria pelo MRE e MEC, representa 80% dos recursos do Sesu/MEC voltados para a concesso de bolsas de estudo para alunos estrangeiros e configura entre os projetos de cooperao educacional do governo federal oferecida aos

    Book_Cooperao_Brasileira.indb 31 22/12/2010 10:57:16

  • Cooperao Brasileira para o Desenvolvimento Internacional 2005-200932pases da Amrica Latina e da frica. O programa voltado para estudantes de graduao e tem como objetivo principal oferecer formao superior gratuita aos bolsistas.

    Equivalente a 18% dos recursos para bolsa de estudos para estrangeiros concedida pelo MEC, o Promisaes concede a alunos de graduao de pases da Amrica Latina e da frica auxlio financeiro no valor de um salrio mnimo durante 12 meses, podendo ser renovada at o fim do curso. Ao estudante, obrigatria, como critrio de elegibilidade, a matrcula em curso de graduao de instituies federais.

    A concesso de bolsas, no sistema educacional brasileiro, a alunos estrangeiros representa 83% dos recursos em bolsas de estudo para estrangeiros concedidas pelo MRE. Destaca-se o Programa de Incentivo Formao Cientfica, que consiste em oferecer cursos de curta dura-o e acesso a laboratrios e bibliotecas de universidades pblicas brasileiras para estudantes universitrios de Angola, Moambique e Cabo Verde, como forma de complementao formao nos pases de origem. Trata-se de uma parceria entre o Departamento de frica do MRE (DEAF/MRE) e a Capes, que conta com o engajamento de dezenas de ncleos de pesquisa em diversas universidades brasileiras. Esta iniciativa guarda sinergia com o tra-dicional programa PEC-PG, uma vez que familiariza alunos estrangeiros com o universo acadmico brasileiro e pode, assim, contribuir para torn-los mais preparados para pleitear vagas em cursos de ps-graduao oferecidos no Brasil.

    O Programa de Formao de Diplomatas do Instituto Rio Branco (IRBr) responsvel por 17% dos recursos relatados pelo MRE, e contempla, principalmente, diplomatas dos pases de lngua portuguesa.

    3.3 Cooperao tcnica, cientfica e tecnolgica

    O Brasil rene considervel acervo de tecnologias, conhecimentos, tcnicas e experincias testadas e validadas que se encontram aptas para serem compartilhadas com outras naes. Essa capacidade foi acumulada a partir de investimentos em instituies e em indivduos situados em contextos, por vezes, de significativas carncias materiais e de capital humano. Mas foi justamente a superao dessas carncias que permitiu ao pas alcanar uma posio no cenrio internacional de Cooperao Tcnica, Cientfica e Tecnolgica (CTC&T).

    No caso da cooperao tcnica horizontal, ou Sul Sul, a atuao do governo brasi-leiro balizada fundamentalmente pela misso de contribuir para o adensamento de suas relaes com os pases em desenvolvimento. Essa cooperao inspirada no conceito de diplomacia solidria, na qual o Brasil coloca disposio de outros pases em desenvolvimento as experincias e conhecimentos de instituies especializadas nacionais, com o objetivo de colaborar na promoo do progresso econmico e social de outros povos. Ao prover cooperao tcnica, o Brasil tem particular cuidado em atuar com base nos princpios do respeito soberania e da no interveno em assuntos internos de outras naes. Sem fins lucrativos e desvinculada de interesses comerciais, a cooperao tcnica horizontal do Brasil pretende compartilhar nossos xitos e melhores prticas nas reas demandadas pelos pases parceiros, sem imposies ou condicionalidades polticas. O objetivo ltimo do Brasil

    Book_Cooperao_Brasileira.indb 32 22/12/2010 10:57:17

  • 33Principais resultados do levantamento: 2005-2009o desenvolvimento integral dos parceiros, que impulsione mudanas estruturais em suas economias, levando a um crescimento sustentvel que garanta, igualmente, incluso social e respeito ao meio ambiente.

    A troca de experincias e de conhecimentos que materializa o sentimento de solida-riedade recproca entre os povos, certamente beneficia no somente os pases parceiros das instituies cooperantes brasileiras, mas tambm estas ltimas, j que nesse processo ningum sabe tanto que no tenha algo a aprender, nem to pouco que no tenha algo a ensinar. Os mecanismos de cooperao tcnica demonstram que possvel realizar atividades de elevado contedo socioeconmico mesmo em contextos desafiadores em termos polticos, econmicos ou sociais, desde que haja disposio e vontade poltica. Em suas relaes com os pases em desenvolvimento, o governo brasileiro busca se distinguir pelo compromisso em conceber, de forma conjunta com o pas parceiro, iniciativas ancoradas no desenvolvi-mento efetivo de capacidades locais, abordagem que fortalece o exerccio da apropriao e potencializa a autoestima dos beneficirios diretos dos programas e projetos.

    Programas e projetos com abordagem estrutural so caracterizados por aes que possam desenvolver capacidades individuais e institucionais com resultados sustentveis nos pases beneficiados, em contraposio a projetos pontuais, cujos impactos so mais limitados. Os projetos de natureza estrutural oferecem diversas vantagens: aumentam o impacto social e econmico sobre o pblico-alvo da cooperao, logram assegurar maior sustentabilidade dos resultados dos programas/projetos, facilitam a mobiliza-o de instituies brasileiras para a implementao de diferentes componentes dos programas/projetos, bem como criam espao para a mobilizao de parcerias triangulares com outros atores internacionais. De forma convergente, outras modalidades de inter-cmbio tcnico em benefcio de terceiros pases igualmente so praticadas ou recebem colaborao de instituies nacionais de todo o pas, por meio de misses tcnicas, estgios, treinamentos, redes de informao, doao de materiais etc.

    Trs dcadas atrs, quando o Brasil comeou a sistematizar as atividades de cooperao internacional, a limitao de recursos oramentrios impunha restries em termos das modalidades operacionais que poderiam ser adotadas. No entanto, o governo brasileiro buscou identificar mecanismos que permitissem otimizar a mobilizao de recursos hu-manos e materiais do pas para o exterior. O resultado desses esforos alcanou xito que fortaleceu a percepo de que deveria seguir um caminho diferente dos pases doadores tradicionais. A adoo, pelo Brasil, de princpios e de prticas de cooperao internacional especificamente talhadas para as realidades e expectativas dos pases em desenvolvimento contribuiu, junto com aes semelhantes conduzidas por outros pases da Amrica Latina, sia e frica, para o reconhecimento da cooperao tcnica horizontal.

    Para ir alm dos esforos bilaterais de cooperao tcnica horizontal, o governo brasileiro igualmente tem se engajado em parcerias triangulares com governos estrangeiros e organismos internacionais. O Brasil tem assumido compromissos crescentes nessa rea, por entender que a cooperao triangular permite ampliar a escala e o impacto da cooperao Sul Sul. Na cooperao triangular, unem-se os esforos dos dois parceiros externos, favorecendo a otimizao do uso de recursos financeiros, humanos e de infraestrutura. Para o governo bra-

    Book_Cooperao_Brasileira.indb 33 22/12/2010 10:57:17

  • Cooperao Brasileira para o Desenvolvimento Internacional 2005-200934sileiro, esta cooperao precisa apresentar, necessariamente, vantagens comparativas frente aos mecanismos de cooperao tcnica bilateral. Nesse sentido, as parcerias triangulares geral-mente envolvem projetos de maior envergadura se comparados aos dos programas bilaterais.

    A cooperao tcnica triangular que o Brasil desenvolve com governos estrangeiros e or-ganismos internacionais atende ampla gama de reas, tais como combate ao trabalho infantil, aviao civil, educao, sade, preveno e controle da malria, produo de biocombustveis, modernizao de processos legislativos, administrao pblica, meio ambiente, combate fome e pobreza, agricultura, regenerao de reas urbanas, biossegurana, manuteno de recursos hdricos, treinamento profissional, governo eletrnico, desenvolvimento urbano, fortalecimento de instituies judicirias, segurana alimentar, treinamento vocacional, educacional e esportivo, sociedade da informao, relaes trabalhistas, reforo da infraes-trutura. A demanda para atuao conjunta entre Brasil e pases desenvolvidos ou organismos multilaterais, demonstra reconhecimento explcito da excelncia e da efetividade operacional da cooperao tcnica internacional que vem sendo engendrada pelo pas.

    Os principais parceiros do Brasil na cooperao trilateral so: Japo, Estados Unidos, Alemanha, Frana, Canad, Argentina e Espanha. Mais recentemente, Austrlia e Blgica indicaram interesse em atuar em parceria com o governo brasileiro no campo da cooperao tcnica em benefcio de pases em desenvolvimento. Com Itlia, Egito e Israel, o governo brasileiro negociou Memorandos de Entendimento para cooperao com terceiros pases.

    O total dos recursos federais investido em projetos e programas de Cooperao Tcnica, Cien-tfica e Tecnolgica durante o perodo em anlise (2005-2009) ultrapassa os R$ 252,6 milhes. O volume anual do investimento federal na modalidade apresenta um pequeno crescimen-to nos dois primeiros anos do levantamento e um aumento significativo a partir de 2007, conforme se observa no grfico 9. De forma geral, a Cooperao Tcnica, Cientfica e Tec-nolgica do Brasil em 2009 alcana mais do que o triplo daquela registrada em 2005. Este movimento sinaliza a recente intensificao da atividade de CTC&T do Brasil.

    GRFICO 9Evoluo.dos.recursos.anuais.aplicados.em.Cooperao.Tcnica,.Cientfica..e.Tecnolgica..2005-2009(Em R$ milhes)

    Fonte: Levantamento da Cooperao Brasileira para o Desenvolvimento Internacional 2010.

    Book_Cooperao_Brasileira.indb 34 22/12/2010 10:57:17

  • 35Principais resultados do levantamento: 2005-2009Para os fins deste levantamento, so considerados como CTC&T principalmente

    os recursos federais utilizados em atividades de treinamento e capacitao, alm dos cus-tos administrativos a elas relacionados e gastos com materiais e equipamentos diversos. O grfico 10 ilustra o foco em atividades de treinamento e capacitao, que correspondem a quase 69% do total.

    GRFICO 10 Detalhamentos.de.recursos.da.Cooperao.Tcnica,.Cientfica.e.Tecnolgica..2005-2009(Em %)

    Fonte: Levantamento da Cooperao Brasileira para o Desenvolvimento Internacional.

    A opo pela cooperao bilateral7 predominante no levantamento e corresponde a 92% do volume total, em oposio quela realizada por meio de organizaes internacionais. Ainda que a cooperao bilateral seja distribuda de forma bastante equilibrada entre os pases recebedores, possvel destacar entre os parceiros da CTC&T do Brasil, a Argentina que recebeu o correspondente a 8% do volume total de recursos investidos no perodo , assim como Guin Bissau (6%), Timor Leste, Cuba e Moambique (com 4% cada).

    Do valor investido em CTC&T pela cooperao multilateral, ou seja, por intermdio de uma organizao internacional, a Comunidade dos Pases de Lngua Portuguesa recebe mais de 20%, seguida pela Organizao Pan-Americana de Sade (Opas)/Organizao Mundial da Sade (OMS), com 16%, e pelo Programa Conjunto das Naes Unidas sobre HIV/AIDS (11%).

    A CTC&T do Brasil faz uso das boas prticas de desenvolvimento econmico e so-cial testadas e bem-sucedidas em mbito nacional para adapt-las a outros pases em desenvolvimento com realidades semelhantes, e com os quais o Brasil compartilha aspectos histricos e culturais. Nesse sentido, a distribuio geogrfica da CTC&T do Brasil ilustra a prioridade conferida aos vizinhos da Amrica do Sul e aos pases de lngua portuguesa.

    7. Para efeito do levantamento, os recursos externos recebidos pelo governo federal brasileiro, oriundos de fontes, como agncias, bancos, fundos, pases ou organizaes internacionais em cooperaes triangulares no foram consideradas. A contrapartida brasileira nestes projetos foi caracterizada como bilateral.

    Book_Cooperao_Brasileira.indb 35 22/12/2010 10:57:17

  • Cooperao Brasileira para o Desenvolvimento Internacional 2005-200936No mbito sub-regional, os pases do Mercosul recebem o correspondente a 15% do

    volume total de recursos federais investidos em Cooperao Tcnica, Cientfica e Tecnol-gica no perodo. No entanto, apesar de existirem diversos programas e projetos de CTC&T realizados por intermdio do Mercosul como bloco econmico, o que prevalece o investi-mento do Brasil em cada pas-membro, individualmente (Argentina, Paraguai e Uruguai).

    Os pases de lngua portuguesa juntos recebem 27% do volume dedicado CTC&T no perodo sob anlise. A maior parte dos recursos investida nos pases de forma bilateral: de fato, a cooperao multilateral feita por meio da CPLP representa 2% do volume total de CTC&T investido entre 2005 e 2009. Entre os Pases Africanos de Lngua Oficial Por-tuguesa (PALOP), o maior parceiro de CTC&T do Brasil a Guin Bissau, que recebe o equivalente a 6% do total de CTC&T, seguida por Moambique e Angola (ambos com 4% cada). A CTC&T com o Timor Leste representa 4% do volume total levantado.

    Juntas, as regies da frica Subsaariana, Amrica Latina e Caribe recebem 62% do volume total de recursos federais empregados em CTC&T de 2005 a 2009, o que equivale a R$ 154,9 milhes.

    Apesar de concentrada em pases da frica, Amrica Latina e Caribe, a distribuio geogrfica da CTC&T com o Brasil bastante equilibrada se levado em conta o nvel de renda dos pases parceiros. O grfico 11 demonstra que, apesar do grupo dos pases de renda mdia baixa receber a maior parte dos recursos (42%), os pases de renda mdia alta e renda baixa recebem partes semelhantes dos recursos federais dedicados Cooperao Tcnica, Cientfica e Tecnolgica (34% e 21%, respectivamente).

    GRFICO 11

    Cooperao.Tcnica,.Cientfica.e.Tecnolgica..distribuio.por.nvel.de.renda(Em %)

    Fonte: Levantamento da Cooperao Brasileira para o Desenvolvimento Internacional.

    Book_Cooperao_Brasileira.indb 36 22/12/2010 10:57:17

  • 37Principais resultados do levantamento: 2005-2009BOX 1 Cooperao.tcnica.internacional.em.agricultura

    O Brasil tem executado pesquisas agrcolas, assistncia tcnica e extenso rural e ensino profissionalizante de forma integrada h mais de 50 anos, mais especificamente, para atender s demandas dos produtores, trabalhadores rurais, agricultores familiares e segmentos das comunidades de assentados de reforma agrria, extrativistas, indgenas, quilombolas e ribeirinhos, alm das entidades de classe, como associaes, colnia de pescadores, cooperativas, sindicatos, entre outros, vinculados ao agronegcio das regies produtoras de cacau do bioma Mata Atlntica, nos estados da Bahia e do Esprito Santo, bem como da Floresta Amaznica, nos estados do Amazonas, do Mato Grosso, do Par e de Rondnia.

    A cooperao tcnica intensificou-se com vrios pases que consideram o trabalho de pesquisa agrcola como modelo para a cultura de cacau. Entendendo-se que, as regies tropicais midas do planeta so muito importantes pela sua elevada capacidade de produzir alimentos e sua riqueza em biodiversidade, a explorao sustentvel e racional dessas regies deve ser respaldada em Cincia e Tecnologia (C&T), de modo a preservar o ecossistema e garantir a produo agrcola. Nesse contexto, o governo brasileiro possui reconhecida experincia em manejo de cultivos tropicais e contribui para que programas de cultivo de cacau sejam implementados em Camares, Colmbia, Congo e Equador.

    Nesta rea, uma ao propulsora da cadeia do cacau no mbito nacional tem sido executar projetos voltados para a produo de cacau fino, oriundo de sistemas de cultivo orgnico e agroflorestal. Assim, tem se buscado agregar valores ao produto para atender ao mercado, formado por consumidores cada vez mais preocupados com a qualidade. Para tal fim, sugerido aos produtores rurais optar por produzir produtos diferenciados e com caractersticas especficas: orgnicos, saudveis, seguros e livres de agrot-xico, visando contribuir com o aumento da gerao de emprego e renda nas regies produtoras de cacau, por meio do desenvolvimento e da verticalizao da atividade agropecuria regional, considerando-se, sobretudo, as relaes de equilbrio socioeconmico, a capacidade de uso intensivo de mo de obra e a sustentabilidade ambiental.

    Como instrumento propulsor do desenvolvimento reg