boletim fepagro - asf manejo_bba44f2187

Upload: luan-kroth

Post on 12-Jul-2015

383 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SECRETARIA DA CINCIA E TECNOLOGIA FUNDAO ESTADUAL DE PESQUISA AGROPECURIA ISSN 0104-9089 EPAGRO Nmero 15 - Agosto 2005 ABELHAS SEM FERRO DO RIO GRANDE DO SUL Manejo e ConservaoSidia Witter Betina Blochtein Camila dos Santos Porto Alegre, RS, 2005

Porto Alegre, RSFUNDAO ESTADUAL DE PESQUISA AGROPECURIA - FEPAGRO Setor de Editorao Rua Gonalves Dias, 570 - Bairro Menino Deus CEP 90130-060 Porto Alegre, RS - Brasil Fone: (51) 3288-8050 Fax: (51) 3233-7607 e-mail: [email protected] Tiragem: 500 exemplares Fundao Estadual de Pesquisa Agropecuria - FEPAGRO Diviso de Comunicao Rural: Lauro Beltro

1

Comisso editorial: Nelson Gomes Bertoldo Lauro Beltro Pedro Cinel Filho Zlia Maria de Souza Castilhos Bernadete Radin Alberto Cargnelutti Filho Eduardo Pires de Albuquerque Nmora Arlindo Rodrigues ASSESSORIA DA COMISSO EDITORIAL: EDITORAO: Eduardo Pires de Albuquerque BIBLIOTECRIA: Nmora Arlindo Rodrigues - CRB-10/820 JORNALISTA: Clarissa Goulart MtB 8524 DESENHOS: Flvia Tirelli e Rafael Rebelo CAPA: Rodolfo de Paris Chouene e Fernando Kluwe Dias REVISO TCNICA: Vera Lucia Imperatriz Fonseca - IBUSP CATALOGAO NA FONTE BOLETIM FEPAGRO, Boletim Tcnico da Fundao Estadual de Pesquisa Agropecuria / FEPAGRO; Secretaria da Cincia e Tecnologia Porto Alegre, 2005. ISSN 0104-9089. Contedo: n. 15 WITTER, S. et al. Abelhas sem ferro do Rio Grande do Sul: manejo e conservao. REFERNCIA BIBLIOGRFICA WITTER, S. et al. Abelhas sem Ferro do Rio Grande do Sul: Manejo e Conservao. Porto Alegre: FEPAGRO, 2005. 79p. BOLETIM FEPAGRO, 15.

SUMRIO INTRODUO 7 PARTE 1 - BIOLOGIA GERAL 9 1.1 Nmero de espcies e distribuio 9 1.2 Ninhos 9 1.3 Indivduos da colnia 13 1.4 Diviso de trabalho 16 1.5 Produo da prole 17 1.6 Enxameao 17 1.7 Defesa 20 PARTE 2 - MELIPONICULTURA PARA INICIANTES 22 2.1 Escolha das espcies 22 2.2 Espcies de abelhas sem ferro do Rio Grande do Sul 23 2.3 Instalao do meliponrio 26 2.4 Povoamento do meliponrio 29 2.5 Modelos de caixas 37 2.6 Inspees das colnias 49 2.7 Fortalecendo colnias ..50 2.8 Evitar, detectar e eliminar inimigos das abelhas 53 PARTE 3 - MEL DE ABELHAS SEM FERRO 57 3.1 Colheita e conservao 57 3.2 Pasteurizao e envase 59 PARTE 4 - ABELHAS SEM FERRO E POLINIZAO, 63 PARTE 5 - REGULAMENTAO 66 6 CONSIDERAES FINAIS 69 7 REFERNCIAS 71 8 AGRADECIMENTOS 77 9 ANEXOS 78 Relao de Tabelas1 Principais diferenas entre abelhas indgenas sem ferro e abelhas domsticas (Apis mellifera) 21 2 Espcies de abelhas indgenas sem ferro que ocorrem naturalmente no RS .. 23 Relao de Figuras 1 Entradas de ninhos de abelhas sem ferro: a) Jata; b) tubuna; c) mandaaia , 10

2

2 Disposio dos favos de abelhas sem ferro: (a) horizontal (mirim); (b) helicoidal (guiruu) 11 3 Esquema do ninho de abelha sem ferro 12 4 Vista do ninho de mirim emerina 12 5 Favo com clula real 14 6 (a) Rainha fecundada de mirim mosquito; (b) priso de rainha virgem de mirim mosquito, construda sob tampa de colmia racional 14 7 Operria de mirim transportando plen na corbcula 15 8 Nuvem de machos de jata 15 9 Operria de mirim realizando trabalho de construo no ninho 16 10 Processo reprodutivo das abelhas sem ferro observando-se clulas em: (a) construo; (b) aprovisionamento; (c) postura; (d) fechamento (VEL THUIS, 1997); (e) clulas de cria de guiruu em construo 17 11 Esquema do processo de enxameao em abelhas sem ferro: (1) escolha de local para abrigar a nova colnia; (1-3) vedao de frestas e delimitao da entrada do ninho; (4) transferncia de cerume e alimento da colnia me; (5) entrada da rainha jovem e de operrias; (6) construo de favos de cria e estabelecimento da colnia. Desenho Flvia Tirelli 19 12 (a) Mirim saiqui colocando resina em formiga; (b) mirim droriana colocando resina em um dptero (mosca) 20 13 Modelos de suportes para colmias racionais 28 14 Procedimentos utilizados para transferncia de ninhos de abelhas sem ferro 30 15 Ninho de abelha sem ferro no interior do tronco 30 16 Procedimento utilizado para transferncia dos favos de cria 31 17 Procedimentos utilizados para o preparo dos potes de alimentos danificados pelo meliponicultor durante o processo de transferncia de ninhos de abelhas sem ferro. (a) escorrer o mel sobre uma peneira; (b) limpeza dos potes; (c) enxugamento do excesso de gua 32 18 Sugador de insetos 33 19 Tronco contendo ninho de abelha sem ferro cuja entrada foi fechada com tela para transporte (NOGUEIRA-NETO, 1997) 33 20 Mtodo simples de diviso de colnias de abelhas sem ferro (NOGUEIRA-NETO 1997) ' 34 21 Detalhe do ninho de mirim emerina: (a) favo de cria nova; (b) favo de cria nascente 36 22 Modelo de colmia Portugal-Arajo, com modificaes de Oliveira & Kerr (2000) e Venturieri et al. (2003). Desenvolvida originalmente para Melipona fasciculata. Desenho de Giorgio Venturieri 41 23 Modelo de colmia Portugal-Arajo, com modificaes de Oliveira & Kerr (2000) e Venturieri et al. (2003). Desenvolvida originalmente para Melipona fasciculata. Desenho Flvia Tirelli 41 24 Melgueira de colmia modelo Portugal-Arajo com modificaes de Oliveira e Kerr (2000) e Venturieri et al. (2003). Desenhos com medidas para confeco. Desenho de Giorgio Venturieri e Flvia Tirelli 42 25 Sobre ninho de colmia modelo Portugal-Arajo com modificaes de Oliveira e Kerr (2000) e Venturieri et al. (2003). Desenhos com medidas para confeco. Desenho de Giorgio Venturieri e Flvia Tirelli 42 26 Ninho base, tampa e bandeja em corte de colmia modelo Portugal-Arajo com modificaes de Oliveira e Kerr (2000) e Venturieri et al. (2003). Desenhos com medidas para confeco. Desenho de Giorgio Venturieri e Flvia Tirelli 43 27 Modelo de colmia racional PNN (NOGUEIRA-NETO, 1997) 45 28 Modelo de colmia racional PNN (NOGUEIRA-NETO, 1997) 46 29 Modelo de colmia racional PNN (NOGUEIRA-NETO, 1997) 47 30 Exemplos de alimentadores internos utilizados no estado para abelhas sem ferro. (a) tubo de ensaio; (b) copo pequeno descartvel 52 31 Alimentador externo modelo (Pedro Martini) 52 32 Esquema do alimentador externo modelo (Pedro Martini). Desenho Rafael Rebelo 53 33 Adultos e formas jovens (larvas) de fordeos. (NOGUEIRA-NETO, 1997) 54 34 Armadilha para capturar fordeos. Desenho Flvia Tirelli 55 35 Iratim ou abelha limo (Lestrimellita limao) saindo para roubar ninho de abelhas sem ferro , 56 36 Mtodo utilizado para colheita do mel de abelhas sem ferro 58 37 Mtodo utilizado para colheita do mel de abelhas sem ferro 58 38 Mtodo para pasteurizao de pequenas quantidades de mel (banho-maria) (NOGUEIRA-NETO, 1997) 61 39 Pasteurizao e envase do mel de abelhas sem ferro nas dependncias da casa do mel (Associao Gacha de Apicultores) 61

3

ABELHAS SEM FERRO DO RIO GRANDE DO SUL Manejo e conservaoSidia Witter 1 Betina Blochtein 2 Camila dos Santos 3

INTRODUO As abelhas sem ferro eram as nicas produtoras de mel e as principais polinizadoras das plantas nativas no Brasil at 1838, quando foi introduzida no pas a abelha domstica (Apis mellifera) (KERR et al., 2001). Os ndios foram os primeiros a utilizar os produtos dessas abelhas para alimentao, auxiliar na confeco de objetos de caa e na impermeabilizao de cestos e outros utenslios feitos de fibras vegetais (AI DAR, 1996). A criao das abelhas sem ferro chamada meliponicultura em referncia classificao destes insetos da subtribo Meliponina. A situao atual da meliponicultura no Brasil, caracteriza-se pela transmisso oral de conhecimentos, oriundos principalmente de herana cultural ou familiar e com interesse especfico na produo de mel (CORTOPASSI-LAURINO, 2004). No nordeste brasileiro a meliponicultura uma tradio (www.ib.usp.br/jandaira; www.ib.usp.br/urucu ). O sucesso da criao de abelhas sem ferro depende do conhecimento de vrios aspectos, especialmente da biologia e ecologia dessas abelhas. A reproduo com sucesso o apogeu na linha de sobrevivncia de qualquer espcie e o seu conhecimento essencial para o desenvolvimento da meliponicultura. Apesar das inmeras publicaes sobre o tema, nota-se que a maioria dos trabalhos com abelhas sem ferro no Brasil esto disponibilizados na forma de artigos cientficos, dissertaes e teses direcionados a um pblico especfico. Existem tambm vrias publicaes de divulgao sobre meliponicultura disponibilizadas na Internet (vide referncias) direcionadas ao pblico em geral, entretanto, esses recursos atingem apenas uma parcela da populao e pequenos produtores raramente tm acesso a esse material. Embora, popularmente, a produo de mel seja o principal atrativo para a criao dessas abelhas, a meliponicultura deve ser encarada como uma atividade vital em nossa sociedade, no apenas para a produo de mel e outros subprodutos mas tambm para a manuteno da vida vegetal atravs da polinizao das plantas. A utilizao das abelhas sem ferro como polinizadores de culturas agrcolas muito recente. Assim que o papel destas abelhas na polinizao for reconhecido e os rendimentos deste servio forem avaliados economicamente, seu uso ser intensificado. Segundo Gliessman (2000) a agricultura est com grandes dificuldades em responder a preocupaes sobre qualidade do ambiente, conservao de recursos, segurana alimentar, qualidade de vida rural e sustentabilidade da prpria agricultura. A criao das abelhas sem ferro (meliponicultura) representa fonte de renda com a produo de mel e outros subprodutos s populaes rurais e indgenas, sem que haja grandes investimentos; ajuda a preservar a biodiversidade pois so polinizadores por excelncia das matas; contribui para a restaurao ambiental atravs da conscientizao sobre preservao de rvores que servem de locais para construo dos ninhos; o manejo menos arriscado em relao a abelha domstica; pode ser grande aliada da agricultura atravs da polinizao de cultivos; o manejo de espcies com ameaa de extino proporciona o aumento de suas populaes e conseqentemente permite maiores conhecimentos biolgicos e auxilia na conservao da natureza. Portanto, a meliponicultura, uma atividade que atende a vrias metas do desenvolvimento sustentvel tais como: a satisfao das necessidades bsicas da populao, a solidariedade para com as geraes futuras, a participao da populao envolvida (todos devem se conscientizar da necessidade de conservar o ambiente e fazer cada um a parte que lhe cabe para tal), a preservao

1

Biloga. Pesquisadora da FEPAGAO sede. Porto Alegre - Professora da UACAMP. Bag. E-mail: [email protected] 2 Biloga, Pesquisadora e Professora da PUCAS. Porto Alegre/AS. E-mail: [email protected] 3 Biloga. Pesquisadora da PUCAS. Porto Alegre E-mail: [email protected]

4

dos recursos naturais, a elaborao de um sistema social garantindo emprego, segurana social e respeito a outras culturas e a efetivao dos programas educativos. A grande demanda regional de informaes sobre o tema, especialmente de sistemas de agricultura familiar, motivou a elaborao do presente trabalho com o objetivo divulgar conhecimentos sobre a criao e manejo de abelhas sem ferro e a conservao das espcies nativas do Rio Grande do Sul.

PARTE 1 BIOLOGIA GERAL1.1 Nmero de espcies e distribuio As abelhas indgenas sem ferro (Meliponina) so insetos sociais distribudos em regies tropicais e subtropicais do mundo. Existem aproximadamente 400 espcies registradas e, destas, cerca de 300 so encontradas no Brasil, em quase todos os ecossistemas (VEL THUIS, 1997). So conhecidas 20 espcies no Rio Grande do Sul, at o momento. 1.2 Ninhos Os ninhos so construdos em cavidades pr-existentes como ocos de rvores, ocos no solo, fendas de rochas ou de construes e ainda em ninhos de cupins e formigas. Entretanto, algumas espcies constroem ninhos expostos. Para as construes, as operrias coletam diversos materiais na natureza, a exemplo de barro e resinas vegetais, usam tambm a cera, produzida por elas. Resinas produzidas por numerosas plantas so coletadas pelas abelhas, transportadas para o interior dos ninhos e misturadas substncias glandulares, sendo ento denominadas prpolis. Em particular, jata e mirins acumulam prpolis em depsitos distribudos em vrias partes do ninho. Essa prpolis viscosa e pegajosa utilizada na construo e defesa do ninho contra inimigos (NOGUEIRA-NETO, 1997). Atualmente, numerosos estudos a respeito da composio qumica tm evidenciado a presena de substncias teraputicas na prpolis das abelhas sem ferro. A cera, proveniente das glndulas abdominais, misturada prpolis formando o cerume utilizado na construo de clulas de cria, potes de alimento e invlucro. A prpolis pode ser misturada ao barro formando o batume utilizado na construo da entrada de algumas espcies e tambm na delimitao e vedao do ninho. As entradas dos ninhos geralmente apresentam detalhes arquitetnicos caractersticos, o que permite freqentemente o reconhecimento das espcies. Para a jata e Tubuna as entradas so formadas por um tubo de cerume (Figura 1). Na abelha Bor, a entrada construda com cera e prpolis, mas no tem a forma de tubo. Na mandaaia, guaraipo e Manduri, as entradas apresentam estrias de barro e prpolis (Figura 1).

Figura 1 - Entradas de ninhos de Meliponina: (a) jata; (b) tubuna; (c) mandaaia.

5

A entrada comunica-se com o ninho atravs de um tnel. O mel e o plen so armazenados em potes que, de modo geral so colocados na periferia da rea ocupada pelos favos de cria. As clulas de cria esto agrupadas em favos horizontais, helicoidais (em forma de escada) (Figura 2) e, mais raramente, em forma de cachos. No entanto, na maioria das espcies, os favos so construdos em forma de discos horizontais sobrepostos, separados entre si por pilares que asseguram uma distncia que permite a passagem das operrias. Estes favos geralmente so circulares, mas podem tomar qualquer forma, dependendo do espao existente.

Figura 2 - Disposio dos favos em abelhas sem ferro: (a) horizontal (mirim); (b) helicoidal (guiruu).

Na maioria das espcies de abelhas sem ferro os favos so envolvidos pelo invlucro que consiste em lamelas de cerume, cuja funo manter condies propcias de umidade e temperatura ao desenvolvimento das crias (Figura 3 e 4).Figura 3 - Esquema do ninho de abelha sem ferro. Desenho Flvia Tirelli.

Figura 4 - Vista do ninho de mirim emerina.

1.3 Indivduos da colnia Nas abelhas sem ferro, assim como nas outras abelhas sociais, existem na colnia trs tipos de indivduos, a rainha, operrias e machos. As fmeas so originadas a partir de ovos fecundados, diplides (2n = 1 n do macho + 1 n da fmea), com o nmero total de cromossomos da espcie. Os machos so originados de ovos no fecundados provenientes das fmeas, denominados haplides (1 n), podendo ser produzidos pela rainha ou pelas operrias. W Rainhas - (funo reprodutiva) cabe a elas a postura dos ovos frteis que daro origem aos outros indivduos da colnia. Depois do acasalamento seu abdmen se desenvolve muito (fisogastria) e, durante esta fase so chamadas de rainhas poedeiras ou fisogstricas (Figura 6a). De acordo com observaes de Kerr e Krause (1950), nos Meliponina, aps a cpula, a genitlia do macho fica presa da fmea, obstruindo sua abertura genital, sendo removida aps alguns dias. 6

Nas espcies de Melipona (manduri, mandaaia e guaraipo) h evidncias de que existam fatores genticos envolvidos no processo de determinao das castas dos indivduos da colnia. Nestas abelhas, as rainhas, operrias e machos emergem de clulas de tamanho semelhante e as rainhas so produzidas constantemente, podendo ocorrer uma proporo de at 25% de rainhas em relao a operrias (KERR et al., 1996). Nos outros gneros de abelhas sem ferro estudos demonstram que a quantidade de alimento decisiva para o desenvolvimento das rainhas. Em algumas espcies, como a jata e mirins, as rainhas so produzidas em clulas diferenciadas, localizadas geralmente na periferia do favo de cria, denominadas realeiras ou clulas reais (Figura 5). Em guiru estas clulas so relativamente pequenas e esto no interior do favo. Nas abelhas sem ferro, de modo geral, rainhas virgens podem ser encontradas no ninho durante todo ano (existem pocas em que so produzidas em maior nmero) e o destino destas rainhas varia de acordo com a necessidade e as condies da colnia (podendo ser mortas ou fecundadas). Em algumas espcies, rainhas virgens podem ser aprisionadas em potes vazios ou em construes de cerume conhecidas como cmaras ou prises (Figura 6b). O aprisionamento utilizado para manter rainhas virgens de reserva, caso ocorra necessidade de substituio e para proteg-las da agressividade das operrias (JULIANI, 1962; IMPERATRIZFONSECA,1977; TERADA, 1980).Figura 5 - Favo com clula real ou realeira.

Figura 6 - (a) Rainha fecundada de mirim mosquito; (b) priso de rainha virgem de mirim mosquito, construda sob tampa de colmia racional.

Operrias - so responsveis pela maior parte dos trabalhos realizados na colnia como o cuidado com a cria, a construo das estruturas do ninho, limpeza, desidratao do nctar, defesa e coleta de materiais. As operrias das abelhas sem ferro, como em A. mellifera, apresentam nas tbias das pernas traseiras uma expanso cncava, chamada corbcula (cesta de plen) que serve para transportar plen, resinas e outros materiais (Figura 7).Figura 7 - Operria mirim transportando plen na corbcula.

Machos - Diferentemente dos machos das abelhas melferas, os das abelhas sem ferro podem executar pequenos trabalhos dentro da colnia como desidratao do nctar, incubao de favos de cria entre outros (tMPERATRIZ-FONSECA, 1973). Muitas vezes observa-se nuvens de centenas de machos agrupados nas proximidades da entrada do ninho que sinalizam o perodo reprodutivo, ou seja, reflete a existncia de rainhas virgens prestes a acasalar (Figura 8). Figura 8 - Nuvem de machos de jata.

7

1.4 Diviso de trabalho Assim como nas abelhas domsticas, nas colnias das abelhas sem ferro h diviso de trabalho entre as operrias. A diviso difere entre espcies e as atividades esto relacionadas com a idade, desenvolvimento fisiolgico e necessidades das colnias. Em termos genricos, registra-se que nas primeiras horas aps a emergncia as operrias realizam limpeza corporal; depois de alguns dias participam das construes de clulas de cria e de potes de alimento, dos processos de postura e do aprovisionamento das clulas de cria (Figura 9). A partir do 14Q trabalham na limpeza interna dos ninhos. Aps algumas semanas tornam-se guardas, recebem e desidratam nctar e ventilam a colnia e, finalmente, as abelhas realizam atividades externas em busca de plen, nctar, resinas e outros materiais. O desenvolvimento de ovo ao adulto varia de 36 a 45 dias e a longevidade mdia da uma operria de 50 a 52 dias, mas varia significativamente de acordo com a espcie e com a poca do ano (KERR et al., 1996; NOGUEIRA-NETO, 1997).Figura 9 - Operria de mirim realizando trabalho de construo no ninho.

1.5 Produo da prole O processo de produo de novas abelhas sem ferro apresenta uma seqncia de comportamentos que se iniciam com a construo da clula onde ser depositado o ovo, que ali permanece at a emergncia do adulto. A principal caracterstica das abelhas sem ferro a alimentao macia da cria. Aps a clula de cria estar pronta, o alimento lquido ali colocado at que a rainha bote o ovo sobre ele; a clula ento fechada pelas operrias (Figura 10) (SAKAGAMI e ZUCCHI, 1974).

Figura 10 - Processo reprodutivo das abelhas sem ferro observando-se clulas em: (a) construo; (b) aprovisionamento; (c) postura; (d) fechamento (VELTHUIS, 1997); (e) clulas de cria de Guiru em construo.

1.6 Enxameao Diferentemente de Apis mellitera, em que o enxame sai de uma vez e no retorna mais colniame, as operrias das abelhas sem ferro dividem a colnia progressivamente. Escolhem um determinado local para abrigar a nova colnia e iniciam a vedao das frestas e a construo do orifcio de entrada. Depois disso, as operrias transportam cerume, alimento e prpolis da colniame para a filha. Uma vez estabelecido o novo ninho com um nmero suficiente de operrias, a rainha jovem, no fecundada desloca-se para a nova colnia e, ser fecundada. A durao do processo varivel conforme as espcies e as condies ambientais, variando de 15 dias a alguns meses. Aps a fecundao, o abdmen da rainha aumenta de tamanho (fisogastria) fato que a impede definitivamente de voar. Muitas vezes a enxameao pode ser constatada devido presena de um grande nmero de machos voando (nuvem de machos) junto entrada da colnia a procura de uma rainha virgem ou em frente ao novo ninho que est sendo estabelecido (Figura 11). Lembramos que nuvens de machos em frente entrada dos ninhos tambm ocorre nos ninhos j estabelecidos, por ocasio da substituio da rainha me por uma de suas filhas.Figura 11 - Esquema do processo de enxameao em abelhas sem ferro: (1) Escolha de local para abrigar a nova colnia; (1-3) vedao de frestas e delimitao da entrada do ninho; (4) transferncia de cerume e alimento da colnia me; (5) entrada da rainha jovem e de operrias; (6) construo de favos de cria e estabelecimento da colnia. Desenho Fk3.via Tirelli.

8

1.7 Defesa O nome popular de "abelhas sem ferro" refere-se ao fato dessas abelhas possurem um ferro no funcional (no utilizado para defesa). Mas elas so capazes de defender suas colnias tanto de forma indireta, construindo seus ninhos em locais de difcil acesso (no interior de paredes grossas, em rvores altas, cavidades profundas e ninhos abandonados de outros animais agressivos), como de forma direta atacando os inimigos que entram em suas colnias. Em Parlamona testacea h construo de um falso ninho que engana os inimigos naturais, disfarando o oco verdadeiro ocupado pelo ninho. Mirim Saiqui reveste a entrada do ninho com prpolis e em situao de perigo, adere (aplica) pores de prpolis pegajosa contra o intruso (Figura 12).

Figura 12 - (a) Mirim saiqui colocando resina em formiga no interior do ninho; (b) mirim droriana colocando resina em um dptero (mosca).

Quando animais maiores como vertebrados incluindo o prprio homem so considerados elementos invasores, vrias espcies enroscam-se em seus cabelos e plos, penetram em suas narinas e ouvidos, beliscando-os com suas mandbulas ou grudando-lhes resina, deixando o inimigo em estado desconfortvel. A espcie caga-fogo (Oxytrigona tataira) que ocorre nos estados da Bahia, Esprito Santo, Minas Gerais, Paran, Santa Catarina e So Paulo, produz uma secreo custica que libera sobre o inimigo, causando srias queimaduras, sendo considerada a forma mais agressiva de defesa das abelhas sem ferro. Tabela 1 - Principais diferenas entre abelhas indgenas sem ferro e abelhas domsticas (Apis mellifera).Abelhas indgenas Meliponina Cera, barro e prpolis Enxameagem progressiva Rainha virgem migra com o enxame Horizontal, helicoidal, cacho Potes de cerume Macia Poro dorsal/abdmen Abelhas domsticas Apina Cera e prpolis Enxameagem nica Rainha fecundada migra com o enxame Vertical Favos semelhantes aos construdos Dara a cria Progressiva Poro ventral/abdmen

Material de construo dos ninhos Fundao do ninho Disposio dos favos Armazenagem do alimento Alimentao da cria Localizao das glndulas de cera

PARTE 2 MELIPONICUL TURA PARA INICIANTESA meliponicultura o manejo racional dos meliponneos. A criao das abelhas sem ferro em caixas constitui uma atividade tradicional em quase todas as regies do Brasil. Como na criao de outros animais, as abelhas sem ferro requerem cuidados especiais para seu sucesso, como a escolha das espcies a serem criadas, o local onde ser implantado o meliponrio e o manejo ao longo do ano. 9

2.1 Escolha das espcies Inicialmente importante conhecer quais so as espcies mais comuns que ocorrem em sua regio. Para isso conveniente contatar apicultores, comunidades rurais e indgenas, pois muitos conhecem e criam abelhas sem ferro. A espcie a ser criada deve ser selecionada de acordo com a sua regio de ocorrncia, respeitando seus atributos ecolgicos de melhor adaptao ambiental. Desta forma, melhores resultados podero ser obtidos no manejo e produo. O meliponicultor poder iniciar sua criao com uma ou mais colnias das espcies que ocorrem na sua regio. Assim, provavelmente, existiro outras da mesma espcie na rea evitando a consanginidade e a conseqente degenerao gentica. No quadro abaixo apresentada a distribuio das abelhas sem ferro nativas no Rio Grande do Sul. 2.2 Espcies de abelhas sem ferro do Rio Grande do Sul Tabela 2 - Espcies de Meliponina que ocorrem naturalmente no RS.Nome popular / nome cientfico "mirim droriana" Plebeia droryana (Friese, 1900) "mirim emerina" Plebeia emerina (Friese,1900) Localidade de registro no RS Canela, Caxias do Sul, Guaba, Nova Petrpolis, Osrio, Porto Alegre, So Francisco de Paula, Taquari, Torres, Trs Coroas, Vacaria. Alegrete, Caapava do Sul, Cambar do Sul, Canela, Gramado, Guaba, Nova Petrpolis, Osrio, Planalto, Porto Alegre, Santa na da Boa Vista, So Francisco de Paula, Tenente Portela, Uruguaiana, Vacaria, Viamo. Canela, Gramado, Osrio, Planalto, Porto Alegre, Taquari, Vacaria. Cambar do Sul, Canela, Osrio, Planalto, So Francisco de Paula. Bento Gonalves, Canela, Caxias do Sul, Planalto, Santa Rosa, So Francisco de Paula, Tenente Portela. Planalto, Tenente Portela. Bag, Caapava do Sul, Canela, Cangu, Lavras do Sul, Nova Petrpolis, Pelotas, Santana da Boa Vista, So Loureno do Sul, Tenente Portela, Uruguaiana. Bag, Caapava do Sul, Candiota, Cangu, Guaba, Lavras do Sul, Pinheiro Machado, Piratini, Porto Alegre, Santana da Boa Vista, Santana do Livramento, So Loureno do Sul, Viamo. Bom Jesus, Cambar do Sul, Canela, Caxias do Sul, Gramado, Nova Petrpolis, Osrio, Planalto, So Francisco de Paula, Taquari, Tenente Portela, Torres Frederico Westphalen, Planalto, Tenente Portela. Osrio, Torres. Alpestre, Planalto, Santa Rosa. Canela, Dois Irmos, Gramado, Lavras do Sul, Riozinho, Rolante, Viamo. Canela, Osrio, Rolante. Bag, Bom Jesus, Caapava do Sul, Canela, Cangu, Guaba, Lavras do Sul, Osrio, Pelotas, Piratini, Planalto,

"mirim guau" Plebeia remota (Holbero, 1903) "mirim saiqui Plebeia saiqui (Friese, 1900) "mirim Plebeia nigriceps (Friese, 1901) "mirim" Plebeia catamarcensis (Holmbero, 1903) "mirim mosquito" Plebeia wittmanni (Moure & Camargo 1989) "mirim de cho ou bieira" Mourella caerulea (Friese, 1900)

"guiruu" SchwalZiana quadripunctata quadripunctata (Lepeletier, 1836) "ira" Nannotrigona testaceicomis testaceicomis (Lepeletier, 1836) "jata da terra" Paratrigona subnuda Moure, 1947 "bor" Tetragona clavipes (Fabricius, 1804) #"tubuna" Scaptotrigona bipunctata (Lepeletier, 1836) "canudo sem pelos" Scaptotrigona depilis (Moure, 1942) "Irapu" Trigona spinipes (Fabricius, 1793)

10

#"Jata, Tetragonisca angustula (Latreille, 1811) "abelha limo" Lestrimelitta limao (Smith, 1863)

# * "guaraipo" Me/ipona bicolor (LeReletier, 1836) # * "manduri" Me/ipona marginata obscurior (Moure, 1971) # **"mandaaia" Melipona quadrifasciata quadrifasciata (Lepeletier, 1836) Dados compilados de Hoffmann & Wittmann (1990) e do Banco de Dados de Abelhas da PUCRS. # Espcies com potencial para a meliponicultura. Categoria de ameaa (BLOCHTEIN & HARTER, 2003) - *vulnervel / ** em perigo.

Porto Alegre, Santana da Boa Vista, So Francisco de Paula, So Loureno do Sul, Tenente Portela, Viamo. Osrio, Planalto, Porto Alegre, Riozinho, Rolante, Santa Rosa, Tenente Portela, Viamo. Canela, Nova Petrpolis, So Francisco de Paula, Tenente Portela, Vacaria. Cambar do Sul, Canela, Osrio, Riozinho, So Francisco de Paula. Cambar do Sul, Canela, Caxias do Sul, Osrio, Planalto, Riozinho, Rolante, So Francisco de Paula, Tenente Portela. So Francisco de Paula.

Desaconselha-se trazer colnias de abelhas de regies distintas devido ao risco de perdas, especialmente quando envolve regies de climas diferentes. De acordo com a literatura prejuzos podem ocorrer por inibio da postura da rainha, ocorrncia de posturas infrteis, ausncia de novas rainhas e de machos, problemas ligados a termoregulao da colnia e perda da eficincia defensiva. Alm disso, enfatiza-se que a criao e o comrcio de animais silvestres e nativos da fauna brasileira esto sujeitos a rigorosa legislao. No raro o surgimento de machos a partir de ovos fecundados (2n). Segundo Nogueira-Neto (1997) este fenmeno resulta de uma interao entre certos fatores genticos, principalmente no que se refere consanginidade, e s condies ambientais adversas relacionadas ao clima e escassez de alimento. A consanginidade, resultante do acasalamento contnuo entre indivduos de parentesco estreito, conduz a alto ndice de homozigose nos diversos pares de cromossomos que determinam as caractersticas dos indivduos. O surgimento de machos diplides um efeito considerado altamente prejudicial (deletrio), uma vez que estes indivduos no desempenham certas funes essenciais para o funcionamento de uma colnia e, em geral esses machos so estreis e mortos pelas operrias. Alm disso, rainhas que produzem esses machos tambm so mortas pelas operrias. Baseados neste princpio, KERR e VENKVSKY (1982) teorizam que necessria a manuteno de um grupo de 44 colnias diferentes de cada espcie de abelha sem ferro para superar os efeitos da homozigose. Segundo este conhecimento, o nmero reduzido de colnias dessas abelhas em uma determinada rea, decorrente da ao humana ou da introduo de colnias de espcies de abelhas exticas, inviabiliza sua sobrevivncia. Avalia-se o potencial das abelhas para a meliponicultura, considerando-se as caractersticas: - Sabor do mel - Volume de mel armazenado - Potencial de uso da prpolis e plen - Facilidade de manejo - Rusticidade das espcies Dentre as espcies que contemplam essas caractersticas no Rio Grande do Sul, cita-se: jata, tubuna, guaraipo, mandaaia e manduri. A jata (Tetragonisca angustula) uma espcie muito comum na Depresso Central e acompanha o crescimento urbano, sendo freqentemente encontrada em ocos de rvores e orifcios de construes de alvenaria ou de pedra. A entrada das colnias marcada pela presena de um delicado canudo de cerume (Figura 1 a) rendilhado (pequenos orifcios) guardado por numerosas operrias. Nos perodos de acasalamento verifica-se uma "nuvem de abelhas" que paira no ar, em frente colnia. So os machos aguardando a possibilidade de fecundar uma rainha. Estima-se que jata produz um litro de mel por ano. Apesar da pequena quantidade, seu mel muito valorizado (alcanando at 15 vezes o valor de A. mellifera) devido s propriedades medicinais a ele atribudas (AI DAR, 1999; GODI, 1989). 11

A Tubuna (Scaptotrigona bipunctata) tem ampla distribuio geogrfica e desenvolve colnias muito populosas. Nas entradas dos ninhos constroem um tubo em forma de corneta muito caracterstico da espcie. Apesar de no terem ferro estas abelhas defendem-se mordendo seus inimigos (meliponicultores) com as mandbulas. Alguns autores comentam que estas abelhas apresentam hbitos anti-higinicos, fato que poderia comprometer a qualidade do mel. Segundo Nogueira-Neto (2004, informao pessoal), o mel de tubuna deve ser pasteurizado para o consumo humano. A Manduri (Me/ipona marginata obscurior) e o Guaraipo (Melipona bicolor schencki) produzem maior volume de mel, podendo alcanar 5 litros/ano. Constroem seus ninhos em ocos de rvores, em florestas, especialmente no nordeste do Estado. As entradas so pequenas, por onde passa somente uma abelha de cada vez, e normalmente marcadas por depsitos de barro ou prpolis que configuram raios (Figura 1 c). A dificuldade para o uso imediato destas espcies na meliponicultura devida pequena disponibilidade de colnias no Estado. Por produzirem mel abundante e saboroso suas colnias sofreram intensa ao extrativista e encontram-se ameaadas de extino (BLOCHTEIN e HARTER-MARQUES, 2003). Entre as recomendaes tcnicas para a recuperao destas espcies est a criao racional para o aumento das populaes, medida que pode ser aliada Meliponicultura. 2.3 Instalao do meliponrio O meliponrio o conjunto de colnias de abelhas sem ferro mantidas em caixas racionais. As condies fundamentais a serem consideradas na escolha do local para disposio das colnias de abelhas sem ferro so: Flora - Deve-se observar a ocorrncia de plantas que floresam e fornea plen e nctar s abelhas durante a maior parte do ano. A distncia de vo ou "raio de ao" (distncia percorrida pelas operrias at a fonte de alimento) deve ser considerada na instalao do meliponrio. Sabe-se pouco a respeito da capacidade de vo e esta varia bastante entre as espcies de Meliponina. Estudos indicam o raio de ao de jata (500m), mandaaia (2.500m), Irapu (840m) e mirim (540m) (NOGUEIRA-NETO, 1997). gua - deve-se preferir gua corrente, de boa qualidade prxima do meliponrio (100m para a maioria das espcies), pois algumas espcies possuem um "raio de coleta" bem inferior quando comparadas a A. mellifera (3Km). A ausncia de fontes naturais pode ser contornada com bebedouros artificiais, renovados periodicamente para impedir a proliferao de organismos indesejveis. Vento - conveniente evitar locais de ventos fortes, que dificultam o vo das abelhas e provocam resfriamento interno das caixas. A existncia de barreiras naturais, como rvores, ou proteo das colmias em galpes fundamental na quebra de fortes correntes de ventos. Sombreamento - o ideal colocar as caixas em locais sombreados para evitar o aquecimento excessivo no seu interior. Em caixas colocadas ao ar livre (cavaletes) deve-se protege-las com cobertura de telha. necessrio evitar contato direto da telha com a tampa da caixa utilizando-se para isto ripas de madeira ou outro material, fornecendo desta forma um espao entre as mesmas. Acesso - instalar as caixas em locais de fcil acesso, prximos das residncias ou mesmo nas varandas das casas, facilitando o transporte dos materiais e a segurana das abelhas. Distncia de apirios - manter o meliponrio a uma distncia mnima de 2500 metros de apirios. 12

Cerca - cercar o meliponrio dificulta o ataque de outros animais. Cercas vivas so especialmente recomendveis porque, alm de cumprir este objetivo, tambm protegem o meliponrio do vento e oferecem flores e sombra s abelhas. Os Suportes para caixas racionais - as caixas podem ser colocadas prximas as residncias, em terreno limpo, utilizando-se cavaletes construdos de madeira, cimento, ferro ou outros materiais, considerando-se uma altura mdia de 60cm do cho e proteo contra invaso de formigas (Figura 13ab). Os cavaletes individuais facilitam o manejo e evitam movimentos desnecessrios (Figura 13bc).

Figura 13a - Modelo de suportes individuais para colmias. (NOGUEIRA-NETO, 1997).

Figura 13b - Modelo de suporte para colmias. Desenho Flvia Tirelli

Figura 13c - Suportes individuais para colmias de abelhas sem ferro.

No entanto, podem ser construdos cavaletes coletivos em forma de prateleiras, sempre obedecendo a distncia entre as colnias (varivel entre as espcies). As caixas ainda podem ser penduradas no beiral (prolongamento do telhado) das casas, em varandas ou no interior de galpes. A distncia adequada entre colnias de abelhas sem ferro no meliponrio varia de acordo com as espcies. Em geral, colnias de mesma espcie, podem ficar relativamente prximas umas das outras (a partir de 1 metro). Observa-se que a distncia de 50cm entre colnias de jata e mirins insuficiente e resulta em conflitos entre as abelhas. Segundo Carvalho et al. (2003) importante observar se h chiqueiros e/ou galinheiros prximos das colnias, pois algumas espcies podem coletar barro nestes locais, levando contaminao do mel, durante o manuseio da caixa. Esse tipo de situao ocorre durante estiagem prolongada, quando as abelhas tem mais dificuldade de encontrar fontes de barro mido. Uma soluo seria depositar barro mido e limpo prximo do meliponrio. 2.4 Povoamento do meliponrio As colnias de meliponneos podem ser obtidas a partir de: 2.4.1 Transferncias de colnias alojadas em troncos cados ou em situao imprpria A retirada de colnias de seus locais originais deve ocorrer somente quando os enxames esto mal alojados ou com sua sobrevivncia ameaada. Desaconselha-se a retirada de colnias de rvores vivas. Alm disso, a transferncia de colnias para caixas racionais deve ser realizada preferencialmente nos meses quentes, em dias ensolarados e com temperaturas amenas. Inicialmente deve-se identificar a espcie e observar as condies do ninho, planejando as etapas e relacionando o material necessrio para a captura. Normalmente so necessrios: caixa racional, fita adesiva, recipiente com tampa, faca de ponta, seringa descartvel, marreta, cunhas, machado, gua, 13

sugador de insetos, peneira, papel absorvente, jornal e dependendo da espcie (tubuna e canudo sem plos) vu de proteo. A transferncia de uma colnia para uma caixa racional pode ser feita no local original da colnia ou, quando possvel, aps o transporte at o local desejado. Na noite anterior ao transporte a entrada do ninho deve ser fechada evitando-se assim a perda de abelhas campeiras. Logo no incio da transferncia deve-se acessar o ninho abrindo-se a caixa antiga, removendo-se material da parede ou rachando o tronco com cuidado para no atingir o ninho. Ao surgirem as primeiras rachaduras, utilizam-se cunhas para forar a abertura do oco (Figuras 14 e 15).

Figura 14 - Procedimentos utilizados para transferncia de ninho de abelhas sem ferro.

Figura 15 - Ninho de abelha sem ferro no interior do tronco.

Aps a abertura do tronco, deve-se transferir para a caixa racional, os favos de cria onde provavelmente estar a rainha. A transferncia da rainha pode ser auxiliada por pedaos de invlucro, dispostos no caminho da rainha para que a mesma se transfira para ele, evitando-se, desta maneira, que a rainha seja esmagada ou mesmo tocada, o que poderia provocar sua rejeio na colnia devido ao cheiro das mos do meliponicultor. Os favos devem ser colocados na mesma posio que se encontravam na colnia natural (Figura 16), e entre dois favos deve haver sempre um espao suficiente para a circulao das abelhas, bem como entre o fundo da colnia e o primeiro favo. Para estabelecer esse espao (espao abelha) basta colocar pequenos pedaos (bolinhas) de cerume entre esses favos. Os favos eventualtimente danificados devem ser descartados. Em seguida, dever ser feita a transferncia dos potes de alimento que estiverem fechados, pois potes abertos, com alimento exposto, atraem formigas, abelhas domsticas, moscas e outros inimigos. Os potes danificados podem ser virados sobre uma peneira de malha fina acoplada em uma pequena bacia deixando escorrer o mel. Posteriormente deve-se lavar os potes em gua corrente e deix-los sobre papel absorvente (Figura 17). O conjunto de potes pode ainda ser cortado, se for necessrio, deixando-os de tamanho compatvel a nova colmia.Figura 16 - Procedimento utilizado para transferncia de favos.

14

Figura 17 - Procedimentos utilizados para o tratamento dos potes de alimentos, danificados pelo meliponicultor durante o processo de transferncia de ninhos de abelhas sem ferro, (a) escorrer o mel sobre uma peneira; (b) lavar os potes; (c) enxaguar o excesso de gua.

Os acmulos de prpolis e cerume devem ser colocados na caixa racional. As abelhas novas, que ainda no voam, devem ser cuidadosamente coletadas com auxlio de um sugador de insetos (Figura 18) e colocadas na nova colnia. Caso a colnia apresente um tubo na entrada do ninho, este deve ser retirado e transferido para a caixa ou pode-se moldar um anel de cerume e coloc-lo no orifcio de entrada da mesma. Aps a transferncia da colnia, somente uma entrada para as abelhas deve permanecer aberta e frestas da caixa devem ser isoladas (com fita crepe) para evitar o acesso de inimigos. necessrio que a entrada da caixa fique na mesma posio da entrada do ninho transferido, isto facilita a orientao e o acesso das abelhas que esto voando. Antes do transporte at o local definitivo, ao anoitecer, deve-se obstruir a entrada da colmia utilizando-se um pequeno pedao de tela (Figura 19). Se no for possvel a transferncia imediata do ninho para a caixa, o tro~co pode ser transportado, obedecendo a posio original em que se encontrava no ambiente. Este procedimento evita a perda das crias em desenvolvimento nos favos.Figura 18 - Sugador de insetos Figura 19 - Tronco entrada foi fechada com 1997). contendo ninho de abelha sem ferro cuja tela para transporte (NOGUEIRA-NETO,

As abelhas podem meliponicultor deve dificulte o retorno das algumas espcies no colnia.

retornar para sua antiga morada! O transportar a caixa a uma distncia que abelhas (observar a distncia de vo de captulo 2.3) para o local original da

2.4.2 Divises de colnias fortes A diviso de colnias uma das formas recomendveis de ampliar o meliponrio, isto , de aumentar o nmero de colnias, abreviando o processo natural de enxameagem. Alm disso, com a diviso esse processo pode ser evitado. As pocas mais indicadas para realizar divises de colnias so primavera e incio do vero, quando normalmente h maior disponibilidade de flores (plen e nctar). Porm, apenas colnias fortes, com muitas operrias, favos de cria e potes com alimentos, devem ser divididas. A diviso de colnias deve ser realizada, preferencialmente, em dias ensolarados e sem vento.

15

O mtodo a ser utilizado para a diviso da colnia depende de cada espcie. O mtodo mais comum a diviso simples, onde todo o material dividido pela metade (Figura 20). Em uma das caixas deve ficar a rainha fecundada e na outra so mantidos favos de cria nascente.

Figura 20 - Mtodo simples de diviso de colnias de abelhas sem ferro (NOGUEIRA-NETO 1997).

Vrios mtodos de diviso de colnias de abelhas sem ferro foram propostos por Aidar (1996), Kerr et al. (1996), Nogueira-Neto (1997), Oliveira e Kerr (2000), Venturieri et al. (2003) e Carvalho et al. (2003), alguns sero descritos a seguir: Quando a colnia possui realeira Nas colnias de jata, mirins, tubuna, ira e bor, deve-se observar a presena de realeiras (Figuras 5 e 20) que daro origem a uma nova rainha. Durante a diviso, procede-se transferncia do favo com realeira e mais 2 a 3 favos de cria nascente para a colnia-filha (caixa vazia). Caso no seja possvel transferir os favos sem alterar sua distribuio, deve-se estabelecer entre eles um pequeno espao (espao abelha) colocando-se bolinhas confeccionadas com cerume ou mesmo pequenos gravetos de madeira. Alm dos favos, deve-se dividir parte do cerume e dos potes de alimento (mel e plen) entre as duas caixas, tendo cuidado de no danific-los. A colnia-filha ser colocada no local da colnia-me, para receber as campeiras. A colnia-me, que ficou com a rainha, ser colocada em local distante da colnia-filha. De acordo com Carvalho et al. (2003) deve-se colocar mais favos de cria nascente para fortalecer a colnia, enquanto a rainha nova se desenvolve. Quando a colnia possui rainha virgem Ao observar-se a presena da rainha virgem na colnia, a diviso pode ser realizada repartindo-se em propores iguais a quantidade de favos de cria nova (escuros) e de cria nascente (claros), assim como os potes de alimento, depsitos de prpolis (quando presente) e invlucro. A nova colnia 16

com rainha virgem deve ficar no lugar da colnia velha (colnia-me). necessrio ter certeza de que a rainha poedeira ficou na colnia velha (Figura 21). Espcie que no constri realeiras e sem rainha virgem Situao encontrada em manduri e guaraipo. Neste caso, transfere-se favos de cria nascente para a nova caixa que dever ocupar o lugar da colnia velha onde ficou a rainha fecundada. Potes fechados com alimento podero ser fornecidos de trs a cinco dias da operao. importante que se diferencie a cor dos de favos. Havendo uma quantidade suficiente de crias nascentes a diviso ter sucesso (Figura 21).Figura 21 - Detalhe do ninho de mirim emerina: (a) favo de cria nova; (b) favo de cria nascente.

Obteno de uma nova colnia a partir de duas j existentes Esse processo reduz o impacto da diviso sobre uma nica colnia, por que utiliza mais de uma matriz fornecedora das partes que vo formar a terceira colnia. Dessa forma, uma colnia denominada de A fornece os favos de cria nascente, de cria nova e de potes de alimentos, enquanto que uma outra denominada de B fornece as operrias e o local para a nova colnia denominada de C. Neste mtodo necessrio que os favos transportados para a nova caixa tenham uma ou mais realeiras, quando se tratar de espcies mirins, jata, ira e vor.

importante nesse caso, a utilizao de uma ficha de controle do material gentico utilizado neste procedimento (Anexo 3). Mtodo de diviso proposto por Oliveira e Kerr (2000) Nesse mtodo utilizada uma caixa racional (Figuras 22 e 23) que permite o crescimento da colnia na posio vertical, passando por diferentes mdulos (ninho e sobreninho) at atingir a melgueira). Quando observa-se uma colnia bem forte que apresenta favos de cria no sobre ninho (ala de diviso), o meliponicultor poder retirar o sobre ninho juntamente com os favos e compor uma nova colnia. Para isso sero necessrios mais um ninho, sobre ninho e uma tampa para completar as duas colnias. Durante a separao dos mdulos deve-se localizar a rainha fecundada. A colnia me com rainha fecundada dever ser transferida para outro local, enquanto que a caixa rf ficar no local da colnia me. Se a rainha fecundada no for localizada, necessrio observar a proporcionalidade entre favos de cria nova (mais escuros) e favos de cria nascentes (mais claros) nos conjuntos formados, sendo que a caixa com a maioria dos favos com cria nova dever ocupar o lugar da colnia me para receber as campeiras. Durante as primeiras semanas, o meliponicultor precisa inspecionar periodicamente a colnia e oferecer alimentao artificial para garantir seu fortalecimento. 2.4.3 Capturas com ninhos-iscas 17

Para atrair enxames de meliponneos, utilizam-se caixas-iscas que consistem em caixas de madeira com um pouco de cerume e prpolis em seu interior. Preferencialmente, utilizam-se caixas que j foram povoadas por colnias de meliponneos. As caixas-iscas devem ser colocadas em locais protegidos, onde existam colnias naturais que possam enxamear. Outra possibilidade o uso de garrafas "pet ou gales plsticos de 3 a 4 litros envolvidos com papel jornal e isoladas com plstico preto. O gargalo deve ser dirigido para o lado ou para baixo e o dimetro reduzido com uma massa de prpolis ou cerume de abelhas sem ferro. Periodicamente, o meliponicultor deve verificar se essas iscas foram ocupadas por abelhas ou retirar outros animais que possam estar l instalados (Godo, 1989; NOGUEIRA-NETO, 1997). A enxameao nas abelhas sem ferro um processo gradual e pode prolongar-se por vrias semanas, por isso um enxame recm estabelecido numa caixa-isca no deve ser retirado de imediato do local. A transferncia ou transporte da colnia s deve ser feito quando a nova colnia estiver completamente estabelecida, com favos de cria e alimento estocado. 2.5 Modelos de caixas racionais O melhor mtodo para se criar as abelhas indgenas sem ferro aquele em que o criador observador, procura aprender um pouco mais sobre a vida das abelhas e utiliza as chamadas "caixas racionais", que facilitam a multiplicao dos ninhos e a colheita do mel. O tipo de caixa precisa ser analisado com cuidado para a espcie que se pretende criar, pois entre os meliponneos h uma grande variabilidade de tamanho, comportamento e adaptabilidade ao ambiente. Vrios tipos de colmias j foram testados e descritos, especialmente por Nogueira-Neto (1970, 1997). O volume da colmia o fator mais importante. As medidas da caixa devem ser, em mdia, equivalentes ao dobro do volume ocupado pela espcie na natureza, no esquecendo que algumas tem desenvolvimento diferenciado em regies distintas. O objetivo das caixas facilitar o manejo com as abelhas, proporcionando s mesmas, um ambiente parecido ou melhor do que aquele em que viviam antes da captura, e ao mesmo tempo manter a qualidade do mel colhido, com uma extrao adequada e higinica do produto. importante lembrar que quanto maior o espao mais alimento ser consumido pelas abelhas para obter a energia necessria construo de favos, potes, invlucro e defesa da colnia. Quando a produo de mel for prioridade, deve-se optar por colmias com gavetas substituveis por que permitem o isolamento dos favos proporcionando facilidade na manipulao e colheita do mel.Modelo Portugal - Arajo, com modificaes de Oliveira & Kerr (2000) e Venturieri et al.(2003)

A confeco dessas caixas simples, de custo baixo, e a colheita do mel higinica. A idia de se fazer caixas verticais partiu do professor Portugal-Arajo (1955). Posteriormente o modelo teve modificaes realizadas por Oliveira e Kerr (2000) e Venturieri et al. (2003) (Figuras 22, 23, 24, 25, 26). um dos modelos mais indicados por facilitar a diviso da colnia e a colheita do mel. Neste sistema de caixa, as abelhas so induzidas a estocar o mel em melgueiras (Figura 24) localizada acima do sobre ninho (Figura 25). De acordo com Venturieri et al. (2003) cada melgueira totalmente preenchida, pode armazenar de 1.250 a 1.350 ml de mel (60 a 70 potes/20.45 ml de mel em mdia). Para a colheita do mel neste modelo de caixa, os potes so perfurados com uma faca e, posteriormente, a melgueira inclinada sobre um recipiente plstico contendo tela para filtragem do mel ou uma peneira. Aps a colheita, as melgueiras so devolvidas s suas respectivas caixas, para serem novamente trabalhadas pelas abelhas. Outra importante vantagem deste modelo de caixa a facilidade com que os ninhos podem ser multiplicados. No Rio Grande do Sul, este modelo indicado para mirins de ninhos maiores (Plebeia saiqui e Plebeia emerina), jata, tubuna, manduri, mandaaia e guaraipo, entretanto as dimenses podem ser ajustadas para outras espcies de abelhas sem ferro.

18

Figura 22 - Modelo de colmia Portugal-Arajo, com modificaes de Oliveira & Kerr (2000) e Venturieri et al. (2003). Desenvolvida originalmente para Melipona fasciculata. Desenho Giorgio Venturieri.

Figura 23 - Modelo de colmia Portugal-Arajo, com modificaes de Oliveira & Kerr (2000) e Venturieri et aI. (2003). Desenvolvida originalmente para Melipona fasciculata. Desenho Flvia Tirelli.

Figura 24 - Melgueira de colmia modelo Portugal-Arajo com modificaes de Oliveira e Kerr (2000) e Venturieri et al. (2003). Desenhos com medidas para confeco. Desenho de Giorgio Venturieri e Flvia Tirelli.

Figura 25 - Sobre ninho de colmia modelo Portugal-Arajo com modificaes de Oliveira e Kerr (2000) e Venturieri et al. (2003). Desenhos com medidas para confeco. Desenho de Giorgio Venturieri e Flvia Tirelli.

19

Figura 26 - Ninho base, tampa e bandeja em corte de colmia modelo Portugal-Arajo com modificaes de Oliveira e Kerr (2000) e Venturieri et al. (2003). Desenhos com medidas para confeco. Desenho de Giorgio Venturieri e Flvia Tirelli.

Modelo PNN Peas para colmia PNN (NOGUEIRA-NETO, 1997) (Figuras 27,28 e 29) A - Paredes de frente e de trs das gavetas; B - Paredes laterais das gavetas; C - Piso nico da gaveta de baixo; D - Piso da frente e piso de trs que delimitam parte do espao livre, quadrado e central, existente na gaveta ou nas gavetas de cima; E - Pisos laterais da gaveta de cima, que delimitam o restante do espao livre, quadrado e central, existente na gaveta ou nas gavetas de cima; F - Teto da colmia; G - Reforos transversais do teto; H - Ripa grossa de suporte das telhas; I - Ripa fina de suporte das telhas; J - Peas da frente e de trs dos quadros de aumento. Os quadros servem para aumentar as dimenses das gavetas das colmias de tamanho mediano; K - Peas laterais dos referidos quadros; L - Tacos para reduzir a altura interna da colmia na rea de espao livre destinado aos favas de cria. Devem ser colocados no centro do piso da gaveta de baixo.

Figura 27 - Modelo de colmia racional PNN (NOGUEIRA-NETO, 1997)

20

Figura 28 - Modelo de colmia racional PNN (NOGUEIRA-NETO, 1997)

Figura 29 - Modelo de colmia racional PNN (NOGUEIRA-NETO, 1997)

Tamanho grande Tubuna A 43 x 10 x 2,5 cm 6 peas B 19 x 10 x 2,5 cm 6 peas C 38x19x2,5cm 1 pea D 14x2,5x2,5cm 4 peas E 19 x 11 x 2,5 cm 4 peas F 43 x 24 x 2,5 cm 1 pea G 24x4x2,5cm 3 ou 4 peas H 43 x 4 x 2,5 cm 1 pea I 43 x 4 x 1 cm 1 pea J K L 6 x 6 x 2,5 cm 1 pea, facultativa

Tamanho mediano Jata, mirins de ninhos maiores e Guaraipo 31 x 7 x 2,5 cm 4 peas 15 x 7 x 2,5 cm 4 peas 26x15x2,5cm 1 pea 10x2,5x2,5cm 2 peas 15 x 7 x 2,5 cm 2 peas 31 x 20 x 2,5 cm 1 pea 20x4x2,5cm 3 peas 31 x 3 x 2,5 cm ou 41 x 3 x 2,5 cm - 1 pea 31 x 3 x 1 cm ou 41 x 3 x 1 cm - 1 pea 31 x 3 x 2,5 cm 4 peas 15 x 3 x 2,5 cm - 4 peas 6 x 6 x 2,5 cm 1ou 2 peas, facultativas

Tamanho pequeno Mirins de ninhos e pequenos 20 x 7 x 2,5 cm 4 peas 11 x 7 x 2,5 cm 4 peas 15x11x2,5cm 1 pea 6x2,5x2,5cm 2 peas 11 x 4 x 2,5 2 peas 20 x 16 x 2,5 cm 1 pea 16x3x2,5cm 2 peas 20 x 3 x 2,5 cm ou 40 x 3 x 2,5 cm 20 x 3 x 1 cm ou 40 x 3 x 1 cm

6 x 6 x 2,5 1 pea

Observao: - Espao lateral entre as peas B e E - 1 cm (colmia grande e mediana) e 5 mm (colmia pequena). - Sem quadro de aumento a colmia mediana serve para criao de jata, mirins de ninhos maiores e guiruu. - Com o acrscimo de 1 quadro de aumento em uma das gavetas, a colmia de tamanho mediano serve tambm para a criao de guaraipo. 21

As caixas devem ser construdas com madeira que no empene, bem seca, resistente s condies climticas e cupins e, se possvel, no muito pesada, sem odores ou tratamento com produtos qumicos. A caixa pode ser pintada externamente, de preferncia com tinta acrlica (branca ou azul), que solvel em gua. Para criadores interessados na produo de mel orgnico, a pintura da caixa no recomendada, neste caso o cuidado com a umidade e cupins tero que ser redobrados. 2.6 Inspees das colnias Uma vez efetuada a transferncia das colnias para caixas racionais, apropriadas de acordo com a espcie e com o tamanho da colnia, deve-se efetuar revises peridicas (mensais) ao longo do ano para observar o estado da colnia (disponibilidade de alimentos, presena de inimigos, lixo, favos mofados, desenvolvimento do ninho e populao) e tomar as providncias necessrias. Aspectos externos a exemplo de prpolis ou outros materiais colocados recentemente na entrada, intensa atividade de vo e entrada de operrias com plen, resina ou barro so indicativos de condies satisfatrias da colnia. Quando da diviso ou captura de colnias, a construo do tubo de entrada, caracterstico da espcie, pode ser um indicativo que a colnia nova aceitou a nova caixa e est se desenvolvendo. Inspees no interior da colnia devem ser realizadas quinzenalmente, de preferncia durante a primavera e o vero. A reviso deve ser feita em dias ensolarados, sem vento, nos horrios mais quentes do dia. Durante as revises deve-se evitar deixar as colnias abertas muito tempo, principalmente em dias muito quentes ou frios, o que ocasionaria a morte das crias. Nas espcies que apresentam favos de cria protegidos por invlucro, deve-se proceder retirada deste cuidadosamente, com auxlio de esptula, evitando-se contato com favos de cria ou com a rainha. Alm disso, deve-se evitar danificar potes de plen e favos de crias durante as revises das colnias. Sugere-se que as revises para observar presena de realeira e/ou rainhas sejam breves. Para avaliar o desenvolvimento da colnia, alguns critrios devem ser observados durante as revises, entre eles cita-se: - Favos de cria; - Rainha fecundada (fisogstrica); - Desgaste das asas da rainha; - Rainhas virgens (princesas); - Clulas reais (em jata, mirins e tubuna); - Quantidade de potes com mel e plen; - Presena de parasita; - Acmulo de resduos (deve ser retirado). CARVALHO et al. (2003) prope trs tipos de revises de acordo com o objetivo e a poca das mesmas: Reviso de produo - a colocao de melgueiras ou potes artificiais de alimento para que as abelhas depositem mel e plen. Acontece antes do principal perodo de florao e varia com a regio e as condies climticas. O meliponicultor deve estar atento as floraes de sua regio, construindo um calendrio de florao e atividades a serem desenvolvidas. Reviso de inverno - refere-se a limpeza da colnia no perodo de escassez de alimento, sendo necessrio a reduo do espao interno com recolhimento de melgueiras e o fornecimento de alimento artificial. Reviso de manuteno - Consiste na observao do desenvolvimento do ninho e na presena ou no de excesso de umidade. A umidade em excesso pode promover o aparecimento de potes mofados, que devero ser retirados da colnia. Esta reviso deve ser realizada durante todo o ano, dependendo do calendrio de florao. 2.7 Fortalecendo as colnias 22

O meliponicultor dever alimentar as colnias sempre que houver escassez de plantas em florao ou quando as condies climticas so desfavorveis atividade forrageira das abelhas. No Rio Grande do Sul, durante as estaes frias (outono e inverno), algumas espcies, a exemplo das abelhas mirins e de Manduri, paralisam temporariamente suas atividades reprodutivas, fenmeno chamado diapausa reprodutiva (BORGES, 2004; PICK e Blochtein, 2003a, 2003b; FREITAS, 1994). Estas colnias, neste perodo no apresentam favos de cria e a quantidade de potes de alimento estocado tende a reduzir. As atividades de construo do ninho e de coleta de alimento, tambm so reduzidas. A rainha dificilmente visualizada e as operrias deslocam-se lentamente pelo ninho. Esta paralisao temporria varia de acordo com a espcie e com a regio e inicia, geralmente, em meados de maio e prolonga-se at julho. Neste perodo, recomenda-se, reduzir o espao interno da caixa para auxiliar na manuteno da temperatura pelas abelhas. Em geral nesta poca do ano, h pouca oferta de plen e nctar e os fatores meteorolgicos dificultam o vo das abelhas, por isso, quando necessrio, recomenda-se tambm alimentar as colnias. A preparao do xarope consiste em juntar gua fervente e acar (cristal, mascavo ou refinado). A quantidade de gua e acar depende das condies ambientais nas quais a colnia est submetida. Assim, se o ambiente estiver muito seco, o xarope precisa ser diludo (75% gua e 25% de acar) e, no caso do ambiente estar mido as propores da mistura devem ser iguais (50% de gua e 50% de mel). Misturar com uma colher at que a mistura se torne homognea e esperar esfriar em temperatura ambiente. Existem alguns modelos de alimentadores artificiais citados por Nogueira-Neto (1997) que so colocados dentro da colnia (alimentador interno), em geral nas reas onde esto os potes de alimentos. Pode ser usada uma pequena mangueira de plstico ou tubo de ensaio com um chumao de algodo na extremidade, indicado para espcies menores como jata e mirins (Figura 30a). Uma outra opo copinho (de caf) descartvel com algodo ou outro material que evite o afogamento das abelhas. Este mtodo foi testado com sucesso para manduri, mandaaia e guaraipo por pesquisadores (FEPAGRO e PUCRS) e meliponicultores no Estado (Figura 30b).

Figura 30 - Exemplos de alimentadores internos utilizados no estado para abelhas sem ferro. (a) tubo de ensaio; (b) copo pequeno descartvel.

Em funo das caractersticas meteorolgicas do Rio Grande do Sul, recomenda-se utilizar alimentadores externos colnia. O alimentador criado pelo Sr. Pedro Martini (Figuras 31 e 32) encaixado na tampa da caixa de modo a permitir a disponibilizao do alimento para as abelhas sem a abertura da caixa. A alimentao artificial deve ser reposta de acordo com o consumo pelas abelhas. importante salientar que esta tcnica utilizada de maneira indiscriminada poder resultar na adulterao do mel armazenado. Trata-se de um reforo emergencial para perodos de pouca disponibilidade de recursos florais ou para colnias recm divididas.

23

Figura 31 Alimentador externo modelo (Pedra Martini).

Figura 32 - Esquema do alimentador externo modelo (Pedra Martini). Desenho Rafael Rebelo.

2.8 Evitar, detectar e eliminar inimigos das abelhas Na natureza, o equilbrio ecolgico seriamente afetado por aes do homem que trazem graves conseqncias para todos os seres vivos. As abelhas indgenas sem ferro so seres que sofrem com o ataque de alguns inimigos, os mais comuns so: fordeos, formigas, lagartixas, algumas abelhas ladras, caros, aves, frio e o homem. Fordeos: so moscas pequenas, que se alimentam de material orgnico em decomposio (principalmente frutas). A fase larval adaptou-se ao consumo de plen e larvas de abelhas sem ferro. Os gneros mais comuns no Brasil so Pseudohypocera e Me/a/oncha. Os adultos de Pseudohypocera constituem inimigos srios das abelhas sem ferro, so muito geis, voam pouco, deslocando-se rapidamente dentro da colonia. Pem seus ovos nos potes de plen, na cria mais nova ou em favos destrudos pelo manejo inadequado. As larvas alimentam-se de plen, larvas e pupas de abelhas. Cada fordeo pe at 70 ovos, que em trs indivduos adultos. Uma colnia com fordeos fonte de infestao no meliponrio (Figura 33).Figura 33 - Adultos e formas jovens (larvas) dias desenvolvem-se em de fordeos. (NOGUEIRA-NETO, 1997).

Como evitar e eliminar fordeos - No furar potes e clulas de cria durante o manejo; - No deixar colnias infestadas nas imediaes do meliponrio; - Manter colnias fortes; - As colnias iniciais devem estar populosas e sem potes de plen; - A alimentao artificial deve ser progressiva, isto , conforme o crescimento da colnia aumenta-se a quantidade de alimento; - Remover potes de plen, favos danificados e depsitos de lixo. - Restos de ninhos e colmias abandonadas so abrigos para fordeos; - Plen e mel derramados devem ser removidos, lavando-se os mesmos em gua corrente; - Utilizar armadilhas para capturar fordeos que consistem basicamente de um pequeno tubo (plstico ou vidro). Na tampa deste tubo so feitos furos menores que as abelhas e, no seu interior, colocado vinagre cujo odor semelhante ao do plen atrai os fordeos. A armadilha pode ser colocada no interior ou exterior da caixa (Figura 34); - Eliminar fordeos adultos; 24

-

-

-

Retirar as larvas da colnia infestada utilizando-se uma espt Ia. Formigas: algumas espcies de formigas conseguem exterminar colnias. Por isso, o melhor eliminar toda e qualquer possibilidade de acesso das formigas s colnias. Para isto, podemos usar isoladores (l de carneiro, estopa ou espuma embebida em leo queimado, gua ou graxa) sob os ps dos suportes de colnias, a fim de barra r a subida destes insetos. Pode-se adotar outras protees contra formigas, com exceo de inseticidas que tambm afetam as abelhas. As rainhas das formigas so aladas, portanto podem alcanar as abelhas mesmo com todas as protees. Devemos vistoriar as colnias periodicamente e elimin-las se estiverem presentes. Lagartixas: geralmente estes rpteis ficam prximos entrada das colnias para comer as abelhas campeiras. Presena de lagartixas pode ser evitada adaptando-se proteo lisa no orifcio de entrada das colnias, como por exemplo, um funil ou prato de alumnio. As lagartixas escorregam na superfcie lisa e no conseguem passar. Abelhas ladras: h algumas abelhas, como Lestrimelitta limao (iratim), que vivem apenas de saque a outras colnias. Elas no coletam seu prprio alimento nas flores, sendo to especializadas em roubo que no apresentam corbculas. Deve-se evitar ter colnias desta espcie no meliponrio (Figura 35).Figura 34 -Armadilha para capturar, fordeos. Desenho Flvia Tirelli.

Figura 35 - Iratim ou abelha limo ( Lestrimelitta limao) saindo para roubar ninho de abelhas sem ferro.

-

caros: h muitas espcies de caros que so encontrados nas colnias, mas no so prejudiciais s abelhas. Muitos deles auxiliam na eliminao do lixo. Homem: infelizmente, o pior de seus inimigos. Faz-se necessria a conscientizao sobre a importncia das abelhas no meio ambiente do qual ele tambm depende diretamente.

PARTE 3 MEL DE ABELHAS SEM FERRONo Rio Grande do Sul, o valor dos mis de meliponneos chega a alcanar 100 reais/Kg. Apesar do alto custo para o consumidor, a aceitao destes mis tem aumentado a medida em que informaes alcanam o pblico. Naturalmente a receptividade do produto est relacionada qualidade dos mis, resultante dos cuidados na coleta, beneficiamento, envase e armazenamento. 3.1 Colheita e conservao A colheita do mel deve ser realizada nas pocas de florada expressiva, quando houver um grande nmero de potes fechados e repletos de mel (colnias fortes). O mel deve ser colhido somente dos 25

potes fechados (maduro), considerado pronto, isto , mel cujo excesso de gua foi retirado e as enzimas adicionadas. Uma parte do mel deve permanecer na colnia para consumo as abelhas. Mtodos de coleta de mel de abelhas sem ferro: 3.1.1 Seringa - Quando a colnia no permitir a separao dos potes do resto do ninho, como acontece em colnias acondicionadas em cabaas ou caixas rsticas, o mel pode ser retirado com auxlio de uma seringa plstica nova, ou esterilizada, de 20cm3, sem agulha (Figura 36). Neste caso abre-se um pequeno orifcio na parte superior do pote (mais escuros), sugando-se o mel e, derramando-o em uma peneira, colocando-o em seguida nos vasilhames definitivos. CARVALHO et al. (2003) sugerem fazer uma adaptao na extremidade da seringa com uma capa plstica de cabo condutor de energia eltrica 10 (fio 10) quando o meliponicultor possuir um pequeno nmero de caixas.

Figura 36 - Mtodo utilizado para colheita do mel de abelhas sem ferro.

3.1.2 Retirada da melgueira - Neste mtodo, aps uma suave inclinao da melgueira, o contedo dos potes j abertos ser escorrido para os vasilhames, passando antes por uma peneira para retirar qualquer material que venha junto com o mel. Aps a extrao, deve-se lavar os potes vazios e esperar pela secagem antes de retorn-los as melgueiras (Figura 37).

Figura 37 . - Mtodo utilizado para colheita do mel de abelhas sem ferro

Para a produo de mel deve-se utilizar caixas cujo modelo obrigue as abelhas a construrem os potes de alimentos em posio que permita sua remoo sem danificar a estrutura do niQt!-~ estes devem ser removidos juntamente com a gaveta (melgueira}. Se os favos forem muito inclinados juntamente com os potes para a colheita do mel, os ovos podem cair no alimento larval e desta forma, no se desenvolvem. Por isso, importante o uso da caixa articulada em duas partes: a dos favos e a dos potes. Aps a retirada do mel, a caixa deve ser bem fechada evitando a atrao de inimigos como fordeos. Uma vez retirado o mel, este no deve ficar exposto ao ar por mais de 10 minutos, pois absorve a umidade existente. Sem os cuidados bsicos de higiene como a esterilizao dos instrumentos utilizados para o processamento e envase do mel, bem como sua pasteurizao, at mesmo os melhores mis podem ser contaminados e/ou fermentar. 3.2 Pasteurizao e envase

26

O mel leva uma vantagem sanitria em relao grande maioria dos alimentos pois normalmente contm certos fatores antibiticos. importante ressaltar que as espcies de abelhas variam muito em relao ao exerccio de atividades que podem ser contaminadoras. O mel das abelhas sem ferro mais aquoso (contm at 36,4% de gua) que o das abelhas domsticas (18 a 19% de gua). A quantidade de gua presente no mel muito importante no que se refere a sua conservao. Quando a concentrao de acares no mel elevada, poucas molculas de gua esto disponveis para os microorganismos se desenvolverem, e assim estes ficam inibidos. Portanto, os mis de abelhas sem ferro so mais vulnerveis aos processos de fermentao, apresentando maior dificuldade na sua conservao, dependendo do acondicionamento empregado. O pH (3,71) mdio dos mis de meliponineos suficientemente baixo para impedir o crescimento de microorganismos, sendo considerado um importante fator antibacteriano. A abelha jata (Tetragonisca angustula), uma das espcies mais promissoras na meliponicultura, apresenta pH mdio de 4,2, com uma amplitude de 3,2 a 7,4. Alm disso, o mel dos meliponneos rico em substncias antibacterianas. A inibina (perxido de hidrognio) um antibitico que tem maior atividade quando o mel for mais diludo. O perxido de hidrognio um dos principais, se no o principal fator antibitico do mel e produzido pelas operrias. A literatura refere que a atividade antibacteriana dos mis de meliponneos claramente maior que a mdia dos mis de Apis mellifera. Existem hipteses que sugerem que isto esteja relacionado ao fato de que os potes de alimentos dos meliponneos serem construdos com cerume (cera + prpolis). A prpolis tem propriedades e substncias antibacterianas que poderiam ser acrescidas ao mel. A pasteurizao consiste em aquecer o mel at atingir uma determinada temperatura, por um certo tempo, com o que a grande maioria de microorganismos nocivos a sade eliminada. A pasteurizao extremamente importante, em termos de sade pblica, pois a melhor opo que temos para reduzir riscos causados por alimentos lquidos. Existem referncias que os ndios mexicanos h mais de 400 anos atrs j referiam a necessidade de aquecer o mel das abelhas indgenas. Quando se trata do mel das abelhas indgenas que podem ter hbitos sujos, a pasteurizao medida de segurana indispensvel e muito fcil. 3.2.1 Pasteurizao para pequenas quantidades de mel Nesse caso, o aquecimento deve ser feito em banho-maria. Inicialmente o recipiente com mel colocado em uma vasilha (leiteira ou panela) com gua. Logo, leva-se o conjunto ao fogo a gs com aquecimento lento. O mel deve ser agitado com um termmetro freqentemente. Este procedimento mantm a temperatura uniforme na massa toda de mel que esta sendo aquecida. Quando a temperatura atingir 72C, conta-se um minuto e desliga-se o fogo, deixando a temperatura baixar aos poucos, naturalmente (Figura 38).

Figura 38 - Mara pasteurizao de pequenas quantidades de mel (banho-maria) (NOGUEIRA-NETO,1997).

27

3.2.2 Pasteurizao para grandes quantidades de mel Para quantidades acima de um litro de mel, o aquecimento deve ser realizado diretamente na vasilha, agitando-se constantemente a massa de mel com uma esptula, colher ou o prprio termmetro. Atualmente a Associao Gacha de Apicultores (AGA) dispe de equipamento apropriado para a pasteurizao de grandes quantidades de mel de abelhas sem ferro (Figura 39).

Figura 39 - Pasteurizao e envase do mel de abelhas sem ferro nas dependncias da casa do mel (Associao Gacha de Apicultores).

Para ser comercializado o mel deve ser colhido e beneficiado num lugar que tenha assepsia - limpo, arejado, com pia, esta uma exigncia do Ministrio da Agricultura. O mel de abelhas indgenas sem ferro aps a pasteurizao deve ser conservado em frasco hermeticamente fechado, guardado em local livre de umidade e luminosidade. No caso de usar outras embalagens, ou aps a abertura do recipiente hermtico, o mel deve ser mantido em geladeira. Alm do mel, outros subprodutos das abelhas sem ferro, como a prpolis e o plen, apresentam potencial para a comercializao. Entretanto, iniciativas neste sentido ainda so incipientes.

PARTE 4 ABELHAS SEM FERRO E POLlNIZAOA maior importncia das abelhas em termos de benefcios para a humanidade, ao contrrio do que se pensa, sua atuao como polinizadores. Aproximadamente 30% do alimento humano proveniente de plantas polinizadas por abelhas. A polinizao, transferncia do plen (elemento masculino) at o estigma (elemento feminino) da flor, em muitos casos, resulta da ao de agentes polinizadores (vento, gua, animais). Se uma populao de polinizadores, exclusivos de uma planta suprimida o sucesso reprodutivo e a manuteno das populaes vegetais no so mais garantidas e a mdio prazo esta espcie vegetal desaparece. Quando um polinizador forrageia e nidifica em ambientes naturais que circundam reas cultivadas, estas ltimas so favorecidas pelo abastecimento dos servios de polinizao. A falta de polinizao pode ser um dos fatores limitantes na produo agrcola. A reduo de polinizadores decorrente da ao humana como o cultivo intensivo da terra, que destri plantas que servem como fontes de alimento natural e locais de nidificao de polinizadores nativos e o uso de agrotxicos. Os polinizadores nativos precisam ser protegidos e as prticas agrcolas devem incorporar formas de manejo sustentvel dessas espcies. No Brasil ainda prevalece a idia de que a simples introduo de colnias de abelhas domsticas na rea plantada j suficiente para obter-se nveis ideais de polinizao. Ainda faltam conhecimentos a respeito da efetividade das abelhas domsticas e da densidade de colnias necessria para a otimizao da polinizao de muitos cultivos. As baixas produtividades agrcolas so muitas vezes atribudas a fatores climticos, doenas e prticas culturais. No entanto, raramente so relacionadas deficincias na polinizao. Quando bem conduzida a polinizao leva a um aumento qualitativo e quantitativo de frutos e gros. 28

Registra-se a reduo dos ndices de malformaes, o aumento do teor de leos e outras substncias extradas dos frutos, a diminuio do ciclo de certas culturas agrcolas e a uniformizao do amadurecimento dos frutos. As abelhas so os principais agentes polinizadores de numerosas culturas. Entre as abelhas, Apis mellifera destaca-se nos servios de polinizao pela sua ampla distribuio geogrfica, abundncia e hbitos generalistas. Entretanto, a abelha melfera no capaz de polinizar determinadas espcies vegetais. Para muitas plantas, em funo de suas peculiaridades, torna-se fundamental a ao de outras espcies de abelhas para realizar a polinizao. Os polinizadores apresentam diferenas no tamanho, presena de plos, fidelidade s flores de determinada espcie, longevidade, capacidade de aprendizado, velocidade de vo e tolerncia ao frio. De acordo com a forma ou estrutura das flores, um polinizador ser mais efetivo para determinadas plantas. Assim, as mamangavas (gnero Bombus) so importantes polinizadores de determinados cultivos, podendo forragear em locais com temperaturas baixas onde a atividade de A. mellifera limitada. As flores do maracuj, para frutificar, necessitam receber visitas de polinizadores de grande porte a exemplo das abelhas carpinteiras (Xy/ocopa spp). As flores de berinjela necessitam a visita de insetos que efetuem, durante a coleta, vibraes para a liberao do plen (anteras poricidas). Este comportamento, exibido por espcies de abelhas nativas no apresentado pelas abelhas africanizadas. Em funo da recente crise na indstria da apicultura em pases de clima temperado e ao fato de A. mellifera no ser eficaz na polinizao de certas plantas cultivadas e silvestres, est crescendo o interesse pelo uso de animais nativos para esta tarefa. A criao e a explorao racional das abelhas sem ferro uma alternativa que poder preservar muitas espcies, permitindo a obteno de seus produtos e sua utilizao como polinizadores. As abelhas sem ferro, assim como as melferas, tm um sistema social bem desenvolvido, so importantes e eficientes polinizadoras de muitos cultivos em pases tropicais e subtropicais, mas o uso e manejo dessas abelhas para esta finalidade incipiente. Alguns cultivos agrcolas beneficiados pela polinizao de abelhas sem ferro so: morango, pssego, ameixa, pera, cebola, melancia, girassol, abbora, goiaba, jaboticaba, pepino, funcho, abacate, pimento, acerola, manga (HEARD, 1999). As abelhas sem ferro possuem caractersticas importantes para sua utilizao na polinizao de plantas cultivadas, entre elas cita-se: - Hbito alimentar generalista - visitam flores das mais variadas famlias de plantas; - Fidelidade s flores - as abelhas campeiras, em geral, visitam uma nica espcie de planta em um nico vo de forrageamento; - Domesticao - podem ser mantidas em colnias o que facilita seu manejo. - Ausncia de ferro funcional - facilita a instalao, manuteno e manejo das colnias; - Colnias perenes - suas colnias sobrevivem ao longo dos anos, o que permite um forrageamento contnuo dentro de certos limites climticos; - Armazenagem de grande quantidade de alimento no ninho - o que possibilita a sobrevivncia da colnia durante perodo de escassez de alimento. Pesquisas com abelhas sem ferro na polinizao de cultivos no Brasil vm sendo desenvolvidas com morango (MALAGOGI-BRAGA e KLEINERT, 2004a), pimento (CRUZ et al., 2004), tomate (DEL SARTO et al., 2004), umbu, goiaba e pitanga (CASTRO, 2002). Estudos indicam que as abelhas nativas sem ferro so responsveis pela polinizao de at 90% das rvores nativas dependendo do ecossistema. Grande parte da polinizao da Mata Atlntica realizada fundamentalmente por estas abelhas (KERR et al., 1996) e sua conservao juntamente com outros polinizadores preocupante (KEARNS et al., 1998).

PARTE 5 REGULAMENTAO29

Resoluo 346 A utilizao das abelhas silvestres nativas, bem como a implantao de meliponrios regulamentada pela resoluo CONAMA nQ 346, publicada em 17 de agosto de 2004 no Dirio Oficial da Unio (http://www.cprh.pe.gov.br/downloads/res-conama346.doc). RESOLUO N 346 , DE 06 DE JULHO DE 2004 Disciplina a utilizao das abelhas silvestres nativas, bem como a implantao de meliponrios . O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA , no uso das competncias que lhe so conferidas pela lei nQ 6.938, de 31 de agosto de 1981, regulamentada pelo Decreto nQ 99.274, de 6 de junho de 1990, e tendo em vista o disposto no seu Regimento Interno, Considerando que as abelhas silvestres nativas, em qualquer fase do seu desenvolvimento, e que vivem naturalmente fora do cativeiro, constituem parte da fauna silvestre brasileira; Considerando que essas abelhas, bem como seus ninhos, abrigos e criadouros naturais so bens de uso comum do povo nos termos do art. 22S da Constituio Federal; Considerando o valor da meliponicultura para a economia local e regional e a importncia da polinizao efetuada pelas abelhas silvestres nativas na estabilidade dos ecossistemas e na sustentabilidade da agricultura; e Considerando que o Brasil, signatrio da Conveno sobre a Diversidade Biolgica-CDB, props a "Iniciativa Internacional para a Conservao e Uso Sustentvel de Polinizadores", aprovada na Deciso VIS da Conferncia das Partes da CDB em 2000 e cujo Plano de Ao foi aprovado pela Deciso VI/S da Conferncia das Partes da CDB em 2002, resolve: CAPTULO I - DISPOSIES GERAIS Art. 1 Esta Resoluo disciplina a proteo e a utilizao das abelhas silvestres nativas, bem como a implantao de meliponrios. Art. 2 Para fins dessa Resoluo entende-se por: I - utilizao: o exerccio de atividades de criao de abelhas silvestres nativas para fins de comrcio, pesquisa cientfica, atividades de lazer e ainda para consumo prprio ou familiar de mel e de outros produtos dessas abelhas, objetivando tambm a conservao das espcies e sua utilizao na polinizao das plantas; II - meliponrio: locais destinados criao racional de abelhas silvestres nativas, composto de um conjunto de colnias alojadas em colmias especialmente preparadas para o manejo e manuteno dessas espcies. Art. 3 permitida a utilizao e o comrcio de abelhas e seus produtos, procedentes dos criadouros autorizados pelo rgo ambiental competente, na forma de meliponrios, bem como a captura de colnias e espcimes a eles destinados por meio da utilizao de ninhos-isca. Art. 42 Ser permitida a comercializao de colnias ou parte delas desde que sejam resultado de mtodos de multiplicao artificial ou de captura por meio da utilizao de ninhos-isca. CAPTULO II - DAS AUTORIZAES Art. 5 A venda, a exposio venda, a aquisio, a guarda, a manuteno em cativeiro ou depsito, a exportao e a utilizao de abelhas silvestres nativas e de seus produtos, assim como o uso e o comrcio de favos de cria ou de espcimes adultos dessas abelhas sero permitidos quando provenientes de criadouros autorizados pelo rgo ambiental competente. 1 A autorizao citada no caput deste artigo ser efetiva aps a incluso do criador no Cadastro Tcnico Federal-CTF do IBAMA e aps obteno de autorizao de funcionamento na atividade de criao de abelhas silvestres nativas. 2 Ficam dispensados da obteno de autorizao de funcionamento citada no pargrafo anterior os meliponrios com menos de cinqenta colnias e que se destinem produo artesanal de abelhas nativas em sua regio geogrfica de ocorrncia natural. 3 A obteno de colnias na natureza, para a formao ou ampliao de meliponrios, ser permitida por meio da utilizao de ninhos-isca ou outros mtodos no destrutivos mediante autorizao do rgo ambiental competente. Art 6 O transporte de abelhas silvestres nativas entre os Estados ser feito mediante autorizao do IBAMA, sem prejuzo das exigncias, sendo vedada a criao de abelhas nativas fora de sua regio geogrfica de ocorrncia natural, exceto para fins cientficos. Art. 7 OS desmatamentos e empreendimentos sujeitos ao licenciamento ambiental devero facilitar a coleta de colnias em sua rea de impacto ou envi-las para os meliponrios cadastrados mais 30

prximos. Art. 8 O IBAMA ou o rgo ambiental competente, mediante justificativa tcnica, poder autorizar que seja feito o controle da florada das espcies vegetais ou de animais que representam ameaa s colnias de abelhas nativas, nas propriedades que manejam os meliponrios. CAPTULO III - DISPOSiES FINAIS Art. 9 O IBAMA no prazo de seis meses, a partir da data de publicao desta resoluo, dever baixar as normas para a regulamentao da atividade de criao e comrcio das abelhas silvestres nativas. Art. 10 O no-cumprimento ao disposto nesta Resoluo sujeitar aos infratores, entre outras, s penalidades e sanes previstas na Lei n o 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 e na sua regulamentao. Art. 11 Esta Resoluo no dispensa o cumprimento da legislao que dispe sobre o acesso ao patrimnio gentico, a proteo e o acesso ao conhecimento tradicional associado e a repartio de benefcios para fins de pesquisa cientfica desenvolvimento tecnolgico ou bioprospeco. Art. 12 Esta Resoluo entra em vigor na data de sua publicao. Marina Silva Ministra do Meio Ambiente 6 CONSIDERAES FINAIS Para que o homem possa usufruir dos benefcios econmico, social, cultural e ecolgico propiciados pelas abelhas sem ferro fundamental a conscientizao da necessidade de preservao destas abelhas nas reas de ocorrncia natural, ou seja em seu sistema e o conhecimento de suas relaes de interdependncia com outras espcies e com o seu meio. A existncia de abelhas depende de flores para o fornecimento de plen, nctar e resinas, bem como de rvores para construo dos ninhos. O desaparecimento de espcies de abelhas sem ferro pelo desmatamento ou extrativismo, implica na extino de espcies vegetais importantes em nossos ecossistemas, desencadeando um ciclo de desequilbrio ecolgico destas espcies inter-relacionadas. Se as abelhas forem destrudas, a floresta modificar sua estrutura, pois as plantas cujas flores so polinizadas pelas abelhas tero sua capacidade de produzir sementes diminuda e em breve desaparecero. Alm disso, a meliponicultura traz, para regio onde praticada, melhores frutos e maior produo de sementes e, o declnio das populaes de abelhas podem acarretar queda na produtividade agrcola. A macia reduo da cobertura florestal do Estado devido fragmentao dos ecossistemas que isola pequenas populaes, a substituio da vegetao nativa para expanso da agropecuria, a prtica de queimadas e o uso de agrotxicos vem ameaando a sobrevivncia dessas abelhas. Alm disso, a coleta predatria e a competio com as abelhas domsticas podem exercer impacto negativo sobre as populaes de algumas espcies presentes no Rio Grande do Sul. A introduo de espcies de outras regies para fins comerciais outra importante questo relacionada a conservao dessas abelhas a ser considerada. necessrio cautela, pois a viabilidade de manuteno dessas colnias depende de um grande nmero destas, para garantir a variabilidade gentica. Deve-se considerar ainda, a competio pelos locais para construo dos ninhos e recursos alimentares entre as abelhas nativas e introduzidas. O conhecimento da biologia das abelhas nativas fundamental para a viabilizao do manejo e adoo de medidas conservacionistas. Com relao s espcies de abelhas sem ferro que constroem ninhos no solo (subterrneas), como a mirim de cho ou Bieira, a profundidade de 40 a 50 cm da superfcie, deve-se atentar para a utilizao do subsolador que penetra o solo a uma distncia de at 40 cm, podendo destruir os ninhos dessa espcie. Trata-se de uma espcie de abelha sem ferro cujas operrias foram observadas visitando flores de cebola, coentro e cenoura, alm de diversas espcies de flores de plantas silvestres. Para a conservao das espcies de abelhas sem ferro no Estado faz-se necessria a divulgao de informaes sobre a importncia das abelhas nativas para a manuteno do equilbrio e a recomposio dos ecossistemas naturais; reforar iniciativas de conservao da Mata Atlntica; incentivar projetos conservacionistas que busquem identificar alternativas s queimadas como 31

prtica de manejo dos campos; incentivar a implementao de prticas agrcolas alternativas, que prescindam do uso de agrotxicos; investigar a biologia e tcnicas de manejo; favorecer a manuteno das abelhas prximo rea de cultivo, mantendo reas de mata ou capes e incentivar o cultivo de parcelas de vegetao nativa nas propriedades rurais destinadas a obteno de recursos alimentares para as colnias de abelhas ao longo do ano. Assim espera-se que esta publicao contribua no s para a difuso de conhecimentos sobre manejo e conservao das abelhas sem ferro, servindo de interlocutora entre o meio cientfico e os meliponicultores, mas tambm de sensibilizao e conscientizao sobre a importncia da conservao dessas abelhas e de seu papel polinizador. 7 REFERNCIASAIDAR, D. S. A Mandaaia: Biologia de Abelhas, Manejo e Multiplicao Artificial de Colnias de Melipona quadrifasciata. Ribeiro Preto: Sociedade Brasileira de Gentica, 1996. 104 p. AIDAR, D. S. Coleta de Ninhos de Jata (Tetragonisca angustula). Paracatu: Acanga, 1999. 32 p. AIDAR, D. S. Controle de Fordeo (Pseudohypocera kertesi). Disponvel em http://apacame.org.br/mensagemdoce/56/artigo2.htm Acesso em 06 maio 2005. ALVES-DOS-SANTOS, I. Abelhas e Plantas da Mata Atlntica, Restinga e Dunas do Litoral Norte do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Entomologia. v. 43, n. 3/4, p. 191-223, 1999. Ambiente Brasil. Desenvolvimento Sustentvel. www.ambientebrasil.com.br/composer.php3? base=./gestao/index.html&comteudo=./gestao/artigos/sustentavel.html Acesso em 06 maio de 2005. BATRA, S. W. T. Bees and pollination in our changing environment. Apidologie, v. 26, p. 361-370,1995. BLOCHTEIN, B.; HARTER-MARQUES, B. Himenpteros. In: Fontana, C. S.; Bencke, G. A.; Reis, R. E (Org.). Livro Vermelho da Fauna Ameaada de Extino do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2003. 632 p. BORGES, F. B. Variao Sazonal das Atividades Externas e Internas em Colnias de Manduri, Melipona marginata obscurior Moure, 1971 (Apidae, Meliponina) no Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2004. 75p. Dissertao (Mestrado) - Instituto de Biocincias da rUGAS, RS, 2004. BUCHMANN, S. L.; NABHAN, G. P. The Forgotten Pollinators. Covelo: Island Press, 1997. 292 p. CAMARGO, J. M. F.; WITTMANN, D. Nest Architecture and Distribution on lhe Primitive Stingless bee Mourella caerulea (Hymenoptera, Apidae, Meliponinae): Evidence for lhe Origin of Plebeia. (s. lat.) on lhe Gondwana Continent. Studies on Neotropical Fauna and Environment, v.24, n. 4, p. 213-229, 1989. CARVALHO, C. A. L.; ALVES, R. M. O.; SOUZA, B. A. Criao de Abelhas sem Ferro: Aspectos Prticos. Cruz das Almas: Universidade Federal da Bahia / SEAGRI, 2003. 42 p. CASTRO, M. S. Bee fauna of some tropical and exotic fruits: Potential Pollinators and their Conservation. In: KEVAN, P.; IMPERATRIZ-FONSECA, V. L. (Eds.) Pollinating Bees: lhe Conservation Link between Agriculture and Nature. Braslia: Mininistry of Environment, 2002. p. 275- 288. CORTOPASSI-LAURINO, M. Meliponicultura: Aspectos Scio-Econmicos, Ecolgicos e seus Desafios. In: MELIPONICUL TURA no Brasil. So Paulo: USP, 2004. CD-ROM - vers02.0 CRUZ, D. D.; FREITAS, B. M.; SILVA, S. E. M.; BONFIM, I. G. A. Use of stingless bee Melipona subnitida to pollinate sweet pepper (Capsicum annuum L.) flowers in greenhouse. In: IBRA International Conference on Tropical Bees, 8. and Encontro sobre Abelhas, 6., 2004, Ribeiro Preto. Proceedings... So Paulo:USPRP, 2004, p. 661. DEPLANE, K. S.; MAYER, D. F. Crop pollination by Bees. Cambridge: Cabi, 2000. 334 p. DEL SARTO, M. C. L.; PERUQUETTI, R. C.; CAMPOS, L. A. O. The neotropical stingless bee Melipona quadrifasciata (Hymenoptera: Apidae) as pollinator of plastic house tomatoes. In: IBRA International Conference on Tropical Bees, 8. and Encontro sobre Abelhas, 6., 2004, Ribeiro Preto. Proceedings... So Paulo:USPRP, 2004. p. 664. FREE, J.B. Insect Pollination of Crops. London : Academic Press, 1993. 684 p. FREITAS, S. W. Polietismo Etrio entre Operrias, Oviposio e Substituio de Rainhas em Plebeia wittmanni Moure & Camargo, 1989 (Hymenoptera, Apidae, Meliponinae). Porto Alegre, 1994.67 p. Dissertao (Mestrado) Instituto de Biocincias da PUCRS, RS, 1994. FREITAS, S. W.; WITTMANN, D. Poliginia temporria em Plebia wittmanni Moure & Camargo, 1989 (Hymenoptera, Apidae, Meliponinae). Biocincias, v.5, n. 2, p. 61-69, 1997. FREITAS, B. M. Uso de programas racionais de polinizao em reas agrcolas. 1994. Disponvel em . Acesso em 06 maio de 2005. GLIESSMAN, S. R. Agroecologia: Processos Ecolgicos em Agricultura Sustentvel. Porto Alegre: Ed. UFRGS, 2000. 653 p. GODOI, R. Criao Racional de Abelhas Jata. So Paulo: cone, 1089. 83 p. HARTER, B. Bienen und ihre Trachtpflanzen im Araukarien-Hochland von Rio Grande do Sul. Mit Fallstudien zur Bestaubung von Pionerpflanzen. Tbingen, 1999. 185p. Tese (Doktor der Naturwissenschaften) - Fakultt fr Biologie, Eberhard-Karls-Universitt, Tbingen. Alemanha. 1999. HEARD, T. A. The role of stingless bess in crop pollination. Annual Reviews Entomology, v.44, p. 183-206, 1999.

32

IMPERATRIZ-FONSECA, V. L. Micellaneous observations on lhe behaviour of Schwarziana quadripunctata (Hymenoptera, Apidae, Meliponinae). Boletim de Zoologia e Biologia Marinha, n. 30, p. 633-640, 1973. L. Studies on Paratrigona subnuda (Moure) (Hymenoptera, Apidae, Meliponinae) - II Behaviour on the Virgin Queen. Boletim de Zoologia da Universidade de So Paulo, n. 2, p. 169-182, 1977. GONALVES, L. S.; DE JONG, D.; FREIT