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PROJETO DE PRODUTO: CONCEPÇÃO
DE UM EQUIPAMENTO PARA
DOSAGEM DIRIGIDA DE CALCÁRIO
Caina Lima Costa (UNIPAMPA)
Vanderlei Eckhardt (UNIPAMPA)
THAYSE GONCALVES DE MELLO (UNIPAMPA)
Otavio Silveira da Costa (UNIPAMPA)
Em virtude da acidez do solo nas diversas regiões do país, faz-se
necessário a aplicação de minerais que auxiliam sua neutralização, o
que o torna mais fértil e promove o melhor desenvolvimento das
culturas agrícolas em todo país. Os solos em sua maioria são ácidos,
seja pela sua própria natureza, ou pelo efeito dos sistemas de irrigação
e uso continuado. As culturas em geral são tolerantes à acidez, o que
não impede o seu desenvolvimento, mas é num ambiente de
neutralidade que as plantas adquirem máxima produtividade (Alcarde,
1992). Diante deste problema, este trabalho tem por objetivo
apresentar o projeto informacional e conceitual de um equipamento
para dosagem dirigida de calcário. No desenvolvimento do projeto
utilizou-se a metodologia de projeto de produto tratado com única fase
por Rozenfeld et al., 2006, na qual destaca-se o projeto informacional
e conceitual. Como resultado do projeto informacional identificou-se a
diversidade de produtos existentes e suas particularidades, onde
verificamos que nenhum destes atende a forma de aplicação proposta e
como resultado obteve-se as especificações iniciais para o produto. No
projeto conceitual foi estabelecido o conceito que será desenvolvido
para o produto a partir da fase preliminar e detalhado dentro do
modelo de referência.
Palavras-chave: projeto de produto, projeto conceitual, dosador de
calcário
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
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Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
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1. Introdução
A aplicação de fertilizantes no solo pode modificar suas propriedades químicas, a mesma pode ser diretamente
na superfície ou na camada arável. Muitas culturas necessitam deste procedimento para o seu desenvolvimento.
O solo que apresenta grande concentração de íons hidrogênio e/ou alumínio é considerado ácido o que dificulta a
germinação e o desenvolvimento da planta. Esta adversidade pode ser minimizada pela aplicação de calcário.
Caires e Fonseca (2000) apontam que a calagem na superfície deve ser criteriosa, o uso em excesso eleva o pH,
reduzindo a capacidade do solo em absorver elementos essenciais. Estudos na área de ciência dos solos avaliam
a potencialidade das dosagens de calcário. Kamisnki et al. (2005) realizou experimentos que mostram que a
incorporação do calcário em camadas aráveis, ou seja, mais profundas neutralizam este impacto.
Neste contexto, surge à necessidade de um produto inovador que atenda ou supere os anseios dos produtores, e a
demanda do mercado provocada pela especificidade do problema. Conforme Rozenfeld (2006) o processo de
desenvolvimento de produtos (PDP) situa-se na interface entre a empresa e o mercado, cabendo a ele identificar
e propor soluções de projetos que atendam a estas necessidades.
A percepção de um problema e suas possíveis soluções pode resultar em um produto, o qual requer planejamento
e método. Segundo Back et al (2008), o desenvolvimento de produto compreende aspectos de planejamento e
projeto, ao longo das fases pelas quais passa o produto, desde planejamento, pesquisa de mercado, projeto de
produto, projeto do processo de fabricação, distribuição, uso, manutenção e descarte. A realização correta e da
melhor forma possível na execução dessas etapas pode garantir a inserção de um produto de qualidade no
mercado alvo. Quanto mais complexo for o produto desejado, maior a necessidade do uso de uma metodologia
de projeto para auxiliar na organização das ideias e no desenvolvimento deste produto. (ROMANO, 2013;
BACK et AL., 2008).
Um produto mal planejado pode resultar no insucesso, não há garantia que após seu resultado final ele será
sucesso em vendas. Impactos negativos podem ser minimizados, com avaliações e escolhas realizadas durante a
fase do projeto. É preciso transpassar os obstáculos encontrados, redirecionar o curso quando necessário e
manter o ritmo na evolução dos trabalhos. (BAXTER, 2003).
Perante a complexidade do produto estudado, e sabendo da importância de uma metodologia a ser adotada para o
desenvolvimento do projeto, onde buscamos obter ganhos significativos no mercado e na sociedade,
desenvolvemos esta pesquisa com o objetivo de apresentar como foi aplicado o projeto informacional e
conceitual para o desenvolvimento deste equipamento.
2. Referencial Teórico
2.1 Correção do Solo
A maioria dos solos do Rio Grande do Sul, bem como do restante do país, possuem caráter ácido. A acidez do
solo causa danos ao sistema radicular das plantas pelo efeito do alumínio tóxico, que está presente no solo
quando o seu pH for inferior a 5,5. Além disso, nos solos ácidos alguns nutrientes essenciais às plantas, como o
fósforo e o molibdênio, são pouco disponíveis. Além dos prejuízos relacionados com a redução da
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disponibilidade e absorção de nutrientes, a drástica diminuição do volume de solo explorado pelas raízes das
plantas aumenta os efeitos negativos das estiagens. (FEPAGRO, 2012).
Há muitos anos a principal estratégia para controlar a toxidez por alumínio é a elevação do pH do solo utilizando
calcário. A calagem é uma técnica eficiente e de emprego consagrado, podendo elevar a produtividade das
culturas em mais de 100% (FEPAGRO, 2012). O calcário aplicado nas lavouras e pastagens é um insumo
natural, produzido pela moagem do mármore rico em cálcio e magnésio, extraído em minas localizadas em
diferentes regiões do RS.
2.1.1 Benefícios da Correção
Segundo Lopes (2002) a correção adequada da acidez do solo é uma das práticas que mais benefícios trazem ao
agricultor, sendo uma combinação favorável de vários efeitos dentre os quais se mencionam os seguintes:
Eleva o pH do solo (reduzindo a acidez);
Fornece cálcio e magnésio como nutrientes;
Diminui ou elimina os efeitos tóxicos do alumínio (Al);
Diminui a "fixação" de fósforo;
Aumenta a disponibilidade do NPK, cálcio, magnésio, enxofre e molibdênio no solo;
Aumenta a eficiência dos fertilizantes;
Aumenta a atividade biológica do solo e a liberação de nutrientes, tais como nitrogênio, fósforo e boro,
pela decomposição da matéria orgânica;
Em solos ricos em manganês (Mn), reduz as quantidades excessivas deste elemento presentes na
solução do solo;
2.2.2 Escolha do Corretivo
Existem diversos materiais que podem neutralizar a acidez do solo. Os principais são: cal virgem, cal apagada,
calcário calcinado, conchas marinhas moídas, cinzas e calcário. No Brasil o corretivo da acidez mais utilizado é
o calcário moído, que contém principalmente carbonatos de cálcio e de magnésio (VOLKWEISS, 1992).
A eficiência e o preço sofrem variações para cada tipo de corretivo. Corretivos com qualidade baixa são em geral
mais baratos, mas para compensar, devem ser usados em quantidades maiores na correção da acidez do solo. O
aumento da quantidade também aumenta o custo do transporte até a propriedade e a aplicação por área de terra
corrigida (LOPES, 2002). A qualidade do material e o custo da aplicação na lavoura são fundamentais na escolha
do corretivo pelo agricultor.
A efetividade do corretivo é mensurada pelo valor do PRNT (Poder Relativo de Neutralização Total). Um índice
alto de PRNT implica em baixo tempo de resposta e alta eficiência do corretivo. Já as quantidades a serem
adotadas do corretivo são determinadas através de análise química do solo. A calagem pode ser realizada em
qualquer época do ano, mas é importante que seja realizada antecipadamente aos processos de plantio e
adubação, nas exceções é necessário utilizar produtos com maior PRNT. (Lopes, 1990).
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2.2.3 Aplicação do Corretivo
É indicado que a aplicação de calcário tenha melhor uniformidade possível. Para isso um fator limitante é o
maquinário disponível. Segundo Lopes (1990), o auxilio de uma distribuidora que permita aplicação correta,
com regulagem e profundidade é fundamental para obter melhor contato do corretivo com as partículas do solo.
2.3 Projeto de Produto
Quanto mais complexo for um produto, maior é o número de requisitos e fatores influenciadores do projeto. Os
requisitos de projetos e as especificações requerem dos profissionais envolvidos uma atenção especial para as
fases de projeto do produto (BAXTER, 2003). A etapa de planejamento do projeto do produto possui alguns
fatores que devem ser considerados pela equipe de projeto, conforme Back et al (2008), “projeto do produto é
um plano amplo para realizar algo, compreendendo aspectos desde a identificação de uma necessidade até o
descarte ou o seu efeito sobre o meio ambiente". Os autores enfatizam que se o resultado for um produto físico,
este deve ser funcional, seguro, confiável, competitivo, utilizável, manufaturável e mercável (ROMANO, 2013).
Um projeto, na visão do PDP, significa seguir e interpretar esse processo de forma única e temporária, visando
criar um novo produto, cumprindo com as atividades e especificações para sua fabricação. É única porque esse
produto desenvolvido será de alguma forma diferenciada em relação aos outros produtos do portfólio da
organização (ROZENFELD et al., 2006). Baxter (2003) salienta que o desenvolvimento do produto do qual as
fases tenham caráter evolutivo implicará em riscos e incertezas menores, havendo a possibilidade de persistência
de alguma incerteza na fabricação. As atividades iniciais do projeto têm custos baixos, mas aumentam de forma
gradativa.
2.4 Metodologia de projeto do produto
Romano (2003) ressalta a importância de compreender o que é um projeto, salientando que o mesmo envolve
operações e compartilha de características comuns, como por exemplo, são realizados por pessoas, são limitados
por recursos, também serem planejados, executados e controlados. Atualmente as empresas utilizam modelos de
referência em seus projetos, tendo uma visão integrada e concisa que auxilia no seu gerenciamento. Com este
modelo é possível chegar a resultados de compreensão do processo, registro do conhecimento, plano de
melhorias no processo, definições básicas para tomada de decisões e por fim, racionalizar e garantir o fluxo de
informações. Todas estas informações permitem estabelecer uma visão detalhada e integrada do trabalho a ser
realizado.
Rozenfeld et al. (2006), evidencia que o desenvolvimento do produto precisa de um processo eficaz e eficiente
para favorecer a competitividade da empresa. O suporte para alcançar tal objetivo esta na adoção de modelos,
eles definem o padrão de trabalho para o desenvolvimento de produtos. O mesmo autor ainda apresenta um
modelo de detalhamento para o desenvolvimento de novos produtos, com base em três macroprocessos (pré-
desenvolvimento, desenvolvimento e pós-desenvolvimento).
O pré-desenvolvimento inclui o planejamento estratégico, nesta etapa a empresa determina o portfólio de seus
produtos.
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A macrofase de desenvolvimento esta dividida entre as fases de: planejamento do projeto, projeto informacional,
definição do conceito, projeto detalhado, preparação da produção e finaliza com o lançamento do produto.
Atividades desenvolvidas nas fases:
Planejamento do projeto: definição do escopo do projeto, a viabilidade econômica, os recursos humanos
a serem mobilizados, os prazos de execução, os custos esperados e os riscos implicados;
Projeto informacional: transformam em especificações as informações da fase anterior, detalha os
requisitos do produto e coleta informações sobre o usuário do produto;
Projeto conceitual: transforma a linguagem formal em geométrica, definição da estrutura funcional do
produto após análise das diferentes soluções levantadas, busca por fornecedores chaves;
Projeto detalhado: descrição completa do produto, incluindo seleção de materiais, processos de
fabricação e dimensionamento do componente, documentando essas informações, realização de testes.
Pós-desenvolvimento:
Preparação para produção mobilização de recursos para a produção, a preparação das máquinas de
fabricação, produção em um lote piloto, desenvolvimento dos fornecedores e treinamento de pessoal;
Lançamento do produto: desenvolvimento dos processos de comercialização, vendas, distribuição,
atendimento ao cliente e assistência técnica.
3. Metodologia Empregada
Sabendo da importância do uso de metodologia de projeto, o desenvolvimento do trabalho foi elaborado com
base no modelo prescrito por Rozenfeld et al (2006), mais especificamente na macrofase de desenvolvimento nas
fases de projeto informacional onde foi realizado o levantamento de informações sobre o produto e a fase de
projeto conceitual onde gerou-se o conceito do produto.
4. Resultados
4.1 Projeto Informacional
4.1.2 Avaliação dos produtos disponíveis no mercado
Os produtos disponíveis no mercado não possuem características semelhantes, podendo afirmar a
indisponibilidade de concorrência com estes quesitos que o projeto propõe. Contudo, foram realizadas algumas
comparações do disponível no mercado, correlacionado ao produto, equipamento para dosagem dirigida de
calcário, como auxilio no desenvolvimento do projeto conceitual.
4.1.3 Equipamentos de distribuição disponíveis no mercado
Nesta etapa foram pesquisados equipamentos disponíveis no mercado que aplicam calcário de alguma maneira.
Constatou-se que os principais equipamentos têm como princípio de funcionamento a queda livre, força
centrífuga ou movimento pendular.
No equipamento que utiliza dosagem gravitacional o fluxo de calcário ocorre por gravidade, em alguns casos
com auxilio de agitador mecânico operando sobre um canal de abertura regulável (Figura 1).
Figura 1 – Dosador gravimétrico
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Fonte: Balastreire & Coelho (1992)
Este equipamento tem um distribuidor pendular, Reservatório (1), Dosador gravitacional (2), Agitador mecânico
(3), Alavanca reguladora de vazão (4) e Pêndulo (5).
Já o volumétrico (Figura 2) promove a retirada do material continuamente por meio de uma esteira ou correia
transportadora. A vazão neste caso é regulada por uma chapa transportadora que limita a altura do produto sobre
a esteira, junto ao canal de saída. É um mecanismo eficiente para determinados produtos pela uniformidade de
aplicação. Mas, operando com calcário sofre algumas variações, no caso de um alto teor de umidade temos
dificuldade nos mecanismos de transmissão, com baixa umidade promove deriva na aplicação.
Figura 2 – Distribuidor de corretivos equipado com dosador volumétrico
Fonte: Balastreire & Coelho (1992)
Este distribuidor é composto por mecanismo dosador volumétrico do tipo esteira transportadora (1), chapa
raspadora (2), cardam para acionamento da esteira (3), distribuidor do tipo rotor duplo (4).
4.1.4 Informação sobre o uso do produto
O produto deverá ter especificações para uso agrícola, em solos que necessitem de neutralização e que atenda as
necessidades do produtor rural. Será acoplado em subsoladores, ou plantadeiras possuindo como característica a
versatilidade. Contendo mangueiras de distribuição ajustáveis, fixadas as hastes responsáveis pela quebra da
camada compactada no caso do subsolador. Se acoplado a plantadeira as mesmas serão fixadas nas proximidades
do disco de perfuração. A distribuição estará conectada a um sistema composto por reservatório, bomba, filtro,
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regulador de pressão, válvulas e misturador. O conjunto será capaz de dissolver o calcário em pó para aplicação
de forma aquosa.
4.1.5 Definições dos clientes
O público de abrangência inicialmente são produtores agropecuários em geral, podendo limitar-se a uma
classificação de pequenos, médios e grandes consumidores. Esta determinação só será definida após análise
intermediária entre o projeto conceitual e detalhado chamada de projeto preliminar. Segundo Rozenfeld et al
(2006) é justificável pela necessidade de avaliação das concepções geradas afim de manter, ou não os
investimentos nas fases seguintes.
4.1.6 Definição dos requisitos dos Clientes
Com o diagnóstico prévio resultante de entrevistas informais com os interessados, surgem os requisitos. Em um
primeiro momento os mesmos são complementados com a pesquisa bibliográfica, resultando nas necessidades
descritas no Quadro 1.
Quadro 1 – Requistos do Cliente
Definição Requisitos
Funcionamento
Profundidade na aplicação
Autonomia do tanque
Acoplável
Ergonomia Padrões ergonômicos
Segurança
Sem risco ao meio ambiente
Prevenção do Produtor
Manutenção Fácil aquisição de peças para reposição
Facilidade na manutenção
Operação
Ser leve
Facilidade no acoplamento
Praticidade
Confiabilidade Alta durabilidade
Resistente
Eficaz
Material Leve
Geometria Compacto
Fabricação Ser economicamente viável
Fonte: Elaboração Própria
4.1.6 Valoração dos requisitos
A valoração realizada utilizou-se da técnica do Diagrama de Mudge, onde foram observadas prioridades
qualitativas para os requisitos dos clientes. Destaca-se como resultado no Quadro 2 o item “ser economicamente
viável” que obteve a maior pontuação, este resultado teve um tratamento especial na definição global do produto
para que os conjuntos e subconjuntos tenham um custo acessível de fabricação.
Quadro 2 – Diagrama de Mudge
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Fonte: Elaboração própria
4.1.7 Hierarquização dos requisitos do projeto
A hierarquização foi definida em reunião entre os membros da pesquisa, foram listadas com suas considerações
chaves para cada nível hierárquico. Está apresentado neste artigo na forma de alíneas, primeiro o ponto de
dialogado e em seguida os parâmetros.
a) Ser economicamente viável: custo de projeto, custo de produção, custo de utilização e custo de
manutenção;
b) Ser seguro e ergonômico: atender as normas regulamentadoras de segurança;
c) Ser resistente e alta durabilidade: ser robusto, durável, e baixa manutenção;
d) Ser eficaz na operação: obter melhor rendimento na correção de Ph no solo;
e) Alta produtividade: será capaz de aplicar calcário de forma aquosa em 500 ha/dia;
f) Fácil manutenção: facilidade nas operações de manutenção;
g) Ser prático: deverá ter uma operação fácil, sendo rápido e eficiente;
h) Ter reposição de peças: as peças de maior desgaste e/ou que sofrem maior impacto serão elaboradas de
forma padronizadas;
i) Ser compacto e leve: deverá ser compacto e leve para não prejudicar o equipamento acoplável;
j) Autonomia do operador: o implemento deve ser de fácil operação, possibilitando que qualquer pessoa,
mesmo sem muitos conhecimentos técnicos opere.
k) Ser rebocável: acoplado a subsoladores e/ou semeadeiras com aplicação no sulco, movido pelo trator.
4.2 Projeto conceitual
4.2.1 Definição da função global e determinação das funções do produto
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A construção e estrutura da função global têm como objetivo a definição da função principal e funções
secundárias, com a finalidade de utiliza-la posteriormente na geração da concepção ideal para o desempenho de
cada uma das funções.
Figura 1 – Estrutura de Funções
Fonte: Elaboração própria
4.2.3 Descrição dos princípios de solução para as funções do produto
No Quadro 3 apresentamos as propostas de solução para o projeto através da matriz morfológica para cada uma
das subfunções da estrutura funcional do produto.
Quadro 3 – Matriz Morfológica
Subfunções Propostas
Calcário despejado no tanque Alimentação manual Alimentação por esteira Alimentação por
dispositivos mecânicos
(motor independente)
Diluir o calcário Colocar o pó e adicionar Colocar o pó manualmente e Diluir o calcário
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água (com hélice
agitadora)
adicionar água por meio de
engate
manualmente antes de
colocar no tanque
Tanque de diluição Com hélice Com ar comprimido para
homogeneização
Sem hélice e sem ar
Transferência do calcário Bombeamento hidráulico Por bomba de diafragma Bomba de dosagem
pneumática
Tipo de material do tanque Aço inox Polietileno Ferro galvanizado
Cor do tanque Prata Branca Amarelo
Tampa do tanque Com alça Rosqueada Encaixada
Capacidade do Tanque 600 litros 300 litros 150 litros
Mangas de injeção Plásticas Fibra Metálicas
Aplicação no solo Por gravidade Por aspersões ---
Fonte: Elaboração própria
4.2.4 Aplicação da matriz de decisão para seleção da concepção
No Quadro 4 estão tabuladas as propostas para o implemento, que poderá ser acoplado a mais de um tipo de
equipamento agrícola.
Quadro 4 – Matriz de decisão
Subfunções Propostas
Calcário despejado no tanque Alimentação
manual
Alimentação por
esteira
Alimentação
por
dispositivos
mecânicos
(motor
independente)
Diluir o calcário
Colocar o pó
e adicionar
água (com
hélice
agitadora)
Colocar o pó
manualmente e
adicionar água
por meio de
engate. Insuflar
ar comprimido
na solução para
homogeneização
Diluir o
calcário
manualmente
antes de
colocar no
tanque
Tanque de diluição Com hélice
Com ar
comprimido
para
homogeneização
Sem hélice e
sem ar
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Transferência do calcário Bombeamento
hidráulico
Com
acionamento de
válvulas
Bomba de
diafragma
Tipo de material do tanque Aço inox Polietileno Ferro
galvanizado
Cor do tanque Prata Branca Amarelo
Tampa do tanque Com alça Rosqueada ---
Capacidade do Tanque 600 litros 300 litros 150 litros
Mangas de injeção Plástica Fibra Borracha
Aplicação no solo Por aspersores Por gravidade ---
Fonte: Elaboração própria
4.2.3 Apresentação da concepção
Estão representados na Figura 3 os principais componentes do equipamento, desenhados com o auxílio do
software solidworks® relativo à proposta selecionada no projeto.
Figura 3 – Componentes principais
Fonte: Elaboração própria
Figura 4 – Conjunto montado
Fonte: Elaboração própria
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Na parte superior do reservatório do calcário, Figura 3 (b) encontra-se instalado um suporte para o motor
elétrico, com a função de acionar o misturador da solução que é um subconjunto (Figura 3 (e)) composto por
hélice e haste de engate que tem a função de evitar a decantação do material no fundo do reservatório (Figura 3
(b)), para uma melhor homogeneização da mistura. Na manutenção (limpeza) do sistema, outro tanque que
conterá somente água (Figura 3(a)) é necessário. Para permitir o fluxo desejado, utiliza-se uma bomba de
diafragma (Figura 3 (c)) que terá a função de dar fluxo à solução para os aspersores. O reservatório com a
mistura possui orifícios, um superior para alimentação, dois inferiores para saída da solução e entrada de água no
conjunto de regulação (Figura 3 (d)) e um lateral com a função de esgotamento.
5. Conclusão
O desenvolvimento de máquinas e equipamentos agrícolas na indústria nacional encontra-se em processo de
desenvolvimento de soluções pontuais, em face da atual necessidade para atendimento das vicissitudes da
agricultura de precisão. Neste contexto este trabalho busca desenvolver tecnologia para a aplicação de calcário
sob uma nova perspectiva que vai de encontro a estas novas necessidades.
Para o desenvolvimento desta tecnologia utilizou-se a experiência proporcionada pela aplicação do modelo de
referência com o objetivo de desenvolver um equipamento para dosagem dirigida de calcário, que está na fase
conceitual com resultados satisfatórios. Pudemos verificar na prática a importância das etapas propostas pelos
autores destas metodologias, que, apesar da complexidade do produto proposto, foi possível chegar a uma
solução adequada, muito embora ainda não finalizada, pois, o trabalho terá prosseguimento na fase detalhada,
onde poderemos através da construção de um protótipo comprovar a viabilidade do produto.
REFERÊNCIAS
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