adubaÇÃo racional e econÔmica na lavoura cafeeira · combinar com práticas para o bom...

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ADUBAÇÃO RACIONAL E ECONÔMICA NA LAVOURA CAFEEIRA J.B. Matiello e S.R. de Almeida - Engs. Agrs. MAPA/Fundação Procafé

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ADUBAÇÃO RACIONAL E

ECONÔMICA

NA LAVOURA CAFEEIRA

J.B. Matiello e S.R. de Almeida - Engs. Agrs.

MAPA/Fundação Procafé

O que é a adubação

racional - econômica

Uma nutrição adequada dos cafeeiros, com uso

conjunto dos variados nutrientes, de forma

equilibrada.

Oriundos dos corretivos e dos adubos apropriados.

Observando as necessidades - diante das

características do solo e da lavoura a ser adubada,

evitando faltas ou excessos.

Associando boa eficiência nutricional com um

adequado retorno econômico dos gastos efetuados.

Necessidade de racionalizar

A adubação é uma das práticas mais importante na

lavoura cafeeira –

Por influenciar diretamente a produtividade.

Por ser significativa, também, sobre o custo de

produção, pois representa cerca de 20% das despesas

anuais com custeio da lavoura.

Integração e equilíbrio Integração da adubação com as demais práticas na

lavoura –

Combinar com práticas para o bom suprimento de água

e proteção contra as pragas/doenças/ervas, visando

reduzir a desfolha e o desgaste dos cafeeiros.

Equilibrio

O uso de uma alta dose de adubo, não significa que o

cafeicultor adubou bem.

O crescimento e a produtividade do cafezal podem ficar

limitados por apenas um ou poucos nutrientes, que se

encontram em quantidades insuficientes. (Lei do

mínimo).

Equilibrios necessários

Os principais desequilíbrios que podem ocorrer em lavouras de café são os seguintes:

• Excesso de calcário ou outro corretivo - deficiência de micro-nutrientes, Zn, B, Cu, Fe e Mn e provável desequilíbrio para K (pelo antagonismo com Mg e Ca do calcário).

• Falta de correção do solo – Menor índice de aproveitamento dos adubos NPK aplicados.

• Excesso de nitrogênio - deficiência de B, Cu, Zn e Fe e maior susceptibilidade a Phoma e Pseudomonas.

• Excesso de P no plantio - deficiência de Zn e Cu.

• Excesso de K - deficiência de Mg e Ca e muitas vezes de B.

• Excesso de matéria orgânica - deficiência de cobre

Pro

du

çã

o (

sa

ca

s b

en

ef/

ha

)

5

10

15

20

25

30

35

40

Testemunha Adubação

NPK

Adubação

NPK +

Calagem

Adub. NPK

+ Calagem +

Zn e B

Resultado pioneiro de resposta do cafeeiro à calagem , à adubação NPK e

micro,em solos de campo-cerrado, Batatais-SP – 1956 (média de 10 produções).

-Produção de café, na 1ª. safra útil após as adubações, e teores de

K no solo em ensaio de doses de K2O, Martins Soares – MG, 2004.

Tratamentos

Produção

2004

(scs/ha)

Teores de K no solo

(ppm)

Teores de Ca e

Mg no solo em

2004

(cmolc/dm3)

2003 2004 Ca Mg

100 kg de K2O/ha/ano como Kcl

200 kg de K2O/ha/ano como Kcl

400 kg de K2O/ha/ano como Kcl

Testemunha, sem K

50,8 b

56,9 b

51,9 b

65,6 a

198

242

220

70

125

210

240

39

2,0

2,0

2,0

2,0

0,6

0,7

0,8

0,6

CTC do solo= 11 eq mg ou cmolc/dm3 Fonte: Matiello et alli – Anais 30ºCBPC, MAPA/PROCAFE, 2004, p.35.

Exigências nutricionais do cafeeiro

Os trabalhos de pesquisa mostram que as plantas de café, para vegetar e produzir, necessitam, em ordem de grandeza, dos seguintes nutrientes:

• Macro N, K, Ca, Mg, P e S

• Micro Fe, Mn, Zn, Cu , B e Mo

Exigência

de

Nutrientes

(g/planta

)

Idade (meses)

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

6 18 30 42 54 66 78 90

N

K2O

CaO

MgO

P2O5

Figura 1 – Evolução das exigências de macro-nutrientes pelo cafeeiro, média de cafeeiros M.Novo e Catuaí

- Retirada de nutrientes NPK pelo cafeeiro em 3 regiões, na fase de formação

até a 1ª safra, sob diferentes condições de clima, de sistema de plantio e

manejo.

Locais Exigências

/meses de

campo

Nutrientes (kg/ha)

N P205 K2O

0-6 7-18 18-30 0-6 7-18 18-30 0-6 6-18 18-30

Varginha Vegetação 1,0 26,9 16,0 0,11 1,52 1,0 0,8 18,8 12,1

Produção - - 34,9 - - 3,1 - - 39,1

Total 1,0 26,9 50,9 0,11 1,52 4,1 0,8 18,8 51,2

Carmo do

Paranaiba

Vegetação 1,8 47,0 67,4 0,05 2,0 3,2 0,8 29,4 41,4

Produção - - 82,5 - - 6,9 - - 119,4

Total 1,8 47,0 149,9 0,05 2,0 10,1 0,8 29,4 160,8

Luiz

Eduardo

Magalhães

Vegetação 6,4 77,0 235,0 0,16 3,0 9,8 2,7 58,8 126,4

Produção - - 236,2 - - 13,6 - - 265,7

Total 6,4 77,0 491,2 0,16 3,0 23,4 2,7 58,8 392,1

Condições: Varginha – Catuaí 4 x 2,5 m; 2 plantas/cova; prod. 18 scs/ha na 1ª safra.

C.Paranaíba – Catuaí 3,8 x 0,5 m, 1 planta, prod. de 34 scs/ha na 1ª safra.

L.E.Magalhães – Catuaí 3,8 x 0,5 m; 1 planta; prod. de 74 scs/ha na 1ª safra.

Na fase adulta do cafeeiro

.

• Para cada saca de café produzida, compreendida a vegetação e a produção,, são necessários em média:

• 6,2Kg de N; 0,6Kg de P2O5; 5,9Kg de K2O; 3,0Kg de

CaO; 1,9Kg de MgO; 0,3Kg de S; 110g de Fe; 10g de

Mn; 10g de Zn; 8,8g de Cu e 6,5g de B.

Resultados de análise de solo, em 3 tipos de amostras,

em uma área de pesquisa em lavoura de café,

na Fazenda Experimental de Varginha. 2009.

Fonte Fagundes, A. V. et alli, Anais do 35º CBPC, Mapa/Procafé, 2009, p. 81

Tipos de amostra pH

(H20)

M.O.

%

P

mg/

dm3

K

mg/dm3

Ca

Cmolc/

dm3

Mg

Cmolc/

dm3

V

%

1-Amostra padrão, na

projeção da saia do

cafeeiro

5,00 3,41 8,10 72,00 1,43 0,32 27,80

2- Amostr. fora da saia 6,00 2,36 16,60 64,00 2,80 0,78 61,90

3_ Amostr. no meio da

rua

6,10 3,00 8,10 46,00 3,09 1,02 66,80

Padrões para interpretação de análise de solo.

Elemento/ Unidade Método Padrões ou níveis nutricionais

Baixo Médio Alto

pH (acidez) Água

CaCl2

< 5,0

< 4,4

5,0-6,0

4,4-5,4

> 6,0

> 5,4

M. O.

% ou dag/kg

Bicromato

de

Sódio

Argiloso

Médio

Arenoso

< 1,5

< 1,2

< 1,0

1,5-3,0

1,2-2,5

1,0-2,0

> 3,0

> 2,5

> 2,0

P mg/dm3 Mehlich

Resina

< 10

< 25

10-20

25-50

> 20

> 50

K mg/dm3

Cmol/dm3

Mehlich

Mehlich

< 60

< 0,15

60-120

0,15 – 0,30

> 120

> 0,3

Ca Cmol/dm3 Mehlich < 1,5 1,5-3,0 > 3,0

Mg Cmol/dm3 Mehlich < 0,5 0,5-1,0 > 1,0

S mg/dm3 Fosfato Monocálcio < 5 5-10 > 10

Zn mg/dm3 Mehlich < 1,5 1,5-3,0 > 3,0

B mg/dm3 Água quente < 0,5 0,5-1,0 > 1,0

Cu mg/dm3 Mehlich < 0,5 0,5-1,5 > 1,5

Fe mg/dm3 Mehlich < 10 10-40 > 40

Mn mg/dm3 Mehlich < 5,0 5,0-20,0 > 20

Al Cmol/dm3 Mehlich > 1,0 1,0-0,5 < 0,5

H+Al Cmol/dm3 SMP > 4,0 4,0-2,0 < 2,0

V% < 40 40-60 > 60

Padrões para avaliação de resultados de análise foliar do cafeeiro.

Nutrientes

Escala Nutricional

Deficiente

(c/sintomas) Limiar Adequada

N (%)

P (%)

K (%)

Mg (%)

Ca (%)

S (%)

Zn (ppm)

B (ppm)

Cu (ppm)

Mn (ppm)

Fe (ppm)

Mo (ppm)

< 2,5

< 0,05

< 1,2

< 0,2

< 0,5

< 0,05

< 7

< 30

< 4

< 30

< 50

-

3,0

0,12

1,8

0,35

1,0

0,15

10

40

8

50

70

0,1

3,0-3,5

0,12-0,15

1,8-2,3

0,35-0,5

1,0-1,5

0,15-0,20

10-20

40-80

8-30

50-200

70-200

-

.

Calagem

Favorece o desenvolvimento e a produção do cafeeiro, através dos seguintes benefícios:

• Neutraliza o alumínio trocável (tóxico) e insolubiliza o manganês.

• Fornece cálcio e magnésio, exigidos pelo cafeeiro.

• Melhora o aproveitamento das adubações químicas, através da elevação do pH.

• Aumenta atividade microbiana do solo, assim acelera a decomposição e liberação de nutrientes da MO.

• Aumenta as cargas dependentes do pH e, consequentemente, eleva a capacidade de troca de cátions (CTC).

Aumentos de produtividade obtidos com a prática de calagem em cafezais

em diferentes regiões cafeeiras. Resultados extraídos de parcelas

experimentais (Pesquisa/IBC).

Regiões Características

das lavouras

Tipos

de

solo

Produção média em

scs./ha Aumento

em % Sem

calagem

Com calagem

(melhor dose)

Bandeirantes-

MS

Catuaí amarelo

LVA 10,5 23,1 +120

Patrocínio -

MG

Catuaí amarelo LVE 14,9 26,2 +75

Capelinha-MG Catuaí amarelo LVH 11,0 18,0 +63

V.Conquista-

BA

Catuaí vermelho LVA 10,9 21,1 +93

Varginha -MG Catuaí amarelo LVA 10,7 27,9 +160

Realeza -MG Mundo Novo LVH 15,0 29,3 +95

Uso dos corretivos

Os tipos de corretivos que podem ser usados em cafezais podem ser assim agrupados:

• Calcário comum.

• Calcário calcinado.

• Escórias siderúrgicas comuns.

• Cálcio-silício ou agro-silício.

• Cal dolomitica

• Óxidos e sulfatos de magnésio.

Modo de aplicação de calcário na formação do cafeeiro

em solo LE cerrado – Patrocínio-MG – 1985 - Catuaí 4 x 2m.

Tratamentos Produção média, 3 primeiras

safras

Scs.benef./ha Relat. (%)

1.Sem calagem

2.Calagem na cova (200g/cova)

3.Calagem na cova (400g/cova)

4.Calagem área total (2 ton/ha)

5.Calagem área total (4 ton/ha)

6.Calagem na cova (200g) + área total (2 ton)

7.Calagem na cova (400g) + área total (4 ton)

4,9

14,7

18,1

19,4

18,7

24,5

26,2

19

56

69

74

71

93

100

. Tabela 1- Resultados de correção de solo em áreas cafeeiras

Irrigadas e fertilizadas sob pivô-lepa, antes e após o uso de

cal dolomitica via pivô. Pirapora-MG, 2011

Parâmetros analisados

solo-folhas Amostras de ago/10(antes da

apl. da cal via pivô-lepa) Amostras de nov/10(depois

da apl. da cal via pivô-lepa)

Dados no solo

pH 4,2 5,2

Ca (% da CTC) 22 44

Mg (% da CTC) 9,6 15,6

K (% da CTC) 2,8 5,6

V (%) 32 64

Dados nas folhas

N(%) - 3,30

K(%) - 2,30

Ca (%) - 1,20

Mg (%) - 0, 41

Tratamentos - Modo e

tipo de corretivo

Parrâmetros no solo

pH Ca

(cmolc/dm3

Mg

(cmolc/dm3

V%

1-GEOX, a seco 7,0 a 5,66 a 2,24 a 87,0 a

2-GEOX, diluído em

água

7,1a 5,85 a 2,20 a 89,5 a

3 – GEOX HD, a seco 7,2 a 5,60 a 1,90 a 88,0 a

4 - Testemunha 6,0 b 3,52 b 1,03 b 70,7 b

Tabela 1- Dados médios de pH, teores de Ca, Mg e V% em amostras de solo,

O-20 cm, sob efeito de diferentes modos e produtos coretivos de rápida efeito

– Coleta do solo aos 25 dias após aplicação. Piumhi-MG, 2013

Fonte - J. B. Matiello e Ana Carolina R.S. Paiva – Engs Agrs Mapa e Fundação Procafé, e Gabriel R. O.

Vaz e Eduardo M. C. Pinto, Engs Agrs GECAL , In - Anais do 39º Cong. Bras. Pesq. Caf., Fundação

Procafé, 2013, p. 153.

AA

AA

A

A AA

A A

A

A

CC

C

C

C C

B

C

C

C

C

C

5,6

B

BB

B

A B B

B B

B

B

B

5,0

5,1

5,2

5,3

5,4

5,5

5,6

5,7

5,8

5,9

6,0

6,1

6,2

6,3

6,4

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Dias após a aplicação do corretivo

pH d

o so

lo

Cal dolomita

Calcário líquido

Calcário comum

CORREÇÃO DE PH EM SOLO SOB DIVERSAS FONTES DE

CALCÁRIO, Muzambinho-MG, 2013

Fonte - LD do CARMO; FC FIGUEIREDO; PP BOTREL.. In- Anais do 39º Cong. Bras. Pesq. Caf., Fundação Procafé, 2013, p. 175

Tratamentos Produtividade (sacas/ha)

2009 2010 2011 2012 2013 Média

Testemunha 12,2 71,3 12,2 48,5 59,4 40,7

1,5 Kg/m (4,3 ton/ha) 9,9 68,0 18,1 52,6 64,3 42,6

3,0 Kg/m (8,6 ton/ha) 8,4 71,7 9,1 51,2 58,1 39,7

4,5 Kg/m(12,9 ton/ha) 14,6 58,5 9,5 50,3 55,7 37,7

6,0 Kg/m(17,1 ton/ha) 7,5 61,2 9,9 58,5 55,7 38,5

7,5 Kg/m (21,4 ton/ha)

14,8 70,9 12,2 48,5 64,3 42,1

9,0 Kg/m (25,7 ton/ha)

15,0 66,7 8,62 54,0 55,7 40,0

Produtividade média, em sacas/ha, nas 5 safras de 2009 a 2013, em cafeeiros

dos tratamentos sob diferentes doses elevadas de gesso, Boa Esperança-

MG,2013

Fonte - Fagundes, Garcia, Matiello e Ramos, Anais do 39º CBPC, no prelo. NS

Produtividade média, em sacas/ha, de cafeeiros submetidos a diferentes formas

de cobertura do solo ou irrigados, visando retenção de umidade no solo.

Varginha-MG, 2007.

Critérios para a indicação da

adubação A indicação de uso da adubação (adubos e

doses) deve ser baseada nos seguintes

critérios:

1- Verificação da situação da lavoura (potencial

produtivo, idade, espaçamento, sistema de plantio e de

manejo etc, para ajustes de doses, fontes e modos de

adubação;

2- Observação das exigências do cafeeiro, para

vegetação e produção, conforme quantitativos

determinados pela pesquisa, aplicando ajustes conforme

a condição da lavoura;

Critérios para a indicação... 3 -Verificação da disponibilidade de nutrientes do solo e

do equilíbrio entre eles, de acordo com resultados do

laboratório, para aproveitar a disponibilidade já existente,

seja pela fertilidade natural do solo, seja pelo residual de

adubações anteriores, visando aplicar os nutrientes que se

encontram com teores baixos e procurando manter o

equilíbrio adequado entre eles e usar, também, as

análises de folhas;

4 - Considerar o nível de aproveitamento dos adubos

aplicados, objetivando fazer acréscimos nas doses de

modo a compensar essas perdas ;

5 - Considerar as condições climáticas da área, para fazer

ajustes, para mais ou menos, nas doses de N;

Critérios para a indicação...

6 - Considerar a grande área explorada pelo sistema

radicular, em profundidade;

7- Considerar a condição de solo corrigido ou de lavoura

adulta, com reservas no solo e reciclagem vegetativa, de

folhas do cafeeiro e do mato;

8 - Considerar a interação entre a nutrição e o controle de

pragas e doenças e a própria irrigação,

9- Finalmente, deve-se levar em conta o tipo e custo

alternativo, de formulações, adubos simples, origens,

fontes, uso de orgânicos etc, para viabilizar uma

adubação mais econômica.

Recomendação de adubação

A aplicação de adubos, para atender às necessidades, observa, assim,

a seguinte equação:

a) Para área não corrigida

Adubação = Necessidade do cafeeiro, para vegetação e produção, menos a disponibilidade do solo.

b) Para área corrigida

Adubação = Necessidade do cafeeiro para a produção, menos a disponibilidade do solo.

Adubação na lavoura adulta/produção

• O cálculo da dose de adubos NPKS para os cafezais em produção, em área ainda não corrigida, pode ser feito com base nos índices encontrados pela pesquisa, os quais, considerando a necessidade total do cafeeiro (vegetação + produção), são os seguintes:

• Para cada saca de café, são necessários por hectare:

6,2 kg de N

0,6 Kg de P2O5

5,9 Kg de K2O

0,3 Kg de S

• Assim, para uma lavoura que tenha potencial produtivo (médio) de 30 sacas/ha, são necessários (por ha):

186 Kg de N ;18 Kg de P2O5;177 Kg de K2O e 9 Kg de S

Nutrientes Demanda, em kg

Vegetação Produção Total

N 3,60 2,60 6,20

P2O5 0,38 0,23 0,61

K2O 2,90 3,00 5,90

Demanda de nutrientes NPK para a

produção e vegetação de cafeeiros,

correspondentes a uma saca de café por

hectare

Adubação na lavoura adulta/produção

• O cálculo da dose de adubos NPKS para os cafezais em produção, em área corrigida, aproveitando a reciclagem da folhagem, pode ser feito com base nos índices, considerando a necessidade do cafeeiro apenas para a produção , assim:

• Para cada saca de café, são necessários por hectare:

2,6 kg de N

0, 23 Kg de P2O5

3,0 Kg de K2O

• Assim, para uma lavoura que tenha potencial produtivo (médio) de 30 sacas/ha, são necessários (por ha):

78 Kg de N ; 6,9 Kg de P2O5;90 Kg de K2O

Adubação na lavoura adulta/produção

Ajustes de doses, pelo aproveitamento dos adubos e pelo clima, e densidade de plantio.

Pelo aproveitamento - Como os adubos não são totalmente aproveitados seria aconselhável aumentar essas doses em 20-30% para NK (diante de um aproveitamento estimado de 70-80%) e 50% para o fósforo.

Pela condição climática – reduzir o N em cerca de 15% para áreas de clima muito frio e aumentar, cerca de 20% em áreas mais quentes.

Pelo sistema de manejo/densidade de plantio – Reduzir em torno de 20% os níveis correspondentes à mesma produtividade, em sistemas adensados.

Ajuste de doses, pela disponibilidade do solo

• Para P2O5: em caso de teores no solo menores de 10

mg/dm³ usar a dose total; de 10-20 mg/dm³ usar meia

dose e acima de 20 mg/dm³ dispensar a adubação

fosfatada.

• Para K2O: em caso de teores no solo menores que 60

mg/dm³ (ou 0,15 Cmol/dm³) usar a dose total, calculada

pela demanda, mais 20-30% para formação do teor

adequado no solo; de 60-120 mg/dm³ (ou 0,15-0,30

Cmol/dm³) usar 2/3 da dose e com mais de 120 mg/dm³ (+

de 0,30 Cmol/dm³) dispensar o nutriente na adubação,

especialmente nos anos de safras baixas.

Tratamentos Peso seco (g) das

plantas,

6 meses pós

transplante

% de

coloniza-

ção

Teor de P

nas folhas

(%)

Mudas inoc c/ Glomus clarum 42,7 a 40 0,16

“ “ G. margarita 50,2 a 44 0,17

“ “ G. clar. + G. marg. 46,4 a 50 0,20

Inoculação só no transplante 36,2 ab 30 0,18

Inoc.c/ fungos nat. de lavouras 46,8 a 30 0,21

Testemunha, sem inoculação 10,4 c 0 0,09

Efeito de fungos micorrizicos vesico-arbusculares nativos (Gigaspora margarita e

Glomus clarum) no crescimento e nutrição fosfatada do cafeeiro. Lavras-MG, 1989.

Fonte: Siqueira et alli, Anais do 15 CBPC, IBC, 1989, p.60

Produtividade, em 5 safras (2008-12), de cafeeiros sob diferentes

doses de P2O5, e nivel do nutriente no solo, M. Soares-MG,2012.

Fonte: Matiello, Rosa, Leite Filho e Cunha, Anais do 38º CBPC, Mapa/Procafé, 2012, p. 103.

Doses de P2O5

ensaiadas

Produtividad

e media em 5

safras (scs

por ha)

Niveis de P

no solo em

2011

(ppm)

Niveis de P nas

folhas em 2011

(%)

0 - Testemunha 57,4 10 0,11

100 Kg de P2O5 64,3 120 0,137

200 Kg de P2O5 59,9 233 0,155

400 Kg de P2O5 57,1

NS

262 0,135

Doses de P2O5

por vaso (g/pl)

Teor de P2O5 no

solo (ppm)

Teor de P

foliar (%)

Massa seca das

plantas (g)

0 5 0,08 47

2 13 0,10 49

4 20 0,10 52

8 33 0,12 47

16 84 0,16 51

32 230 0,24 53

64 575 0,30 52

Teores de fósforo, no solo e em folhas, e acumulo de massa seca em plantas de

café, sob diferentes doses de P2O5 aplicadas ao solo, em vasos, Varginha-MG,

2009

Fonte: Garcia, A.L et alli, Anais do 35º CBPC, Mapa/Procafé, 2009, p. 90.

Níveis básicos de NPK indicados para

adultos, de acordo com seus níveis de produtividade.

Produtividade

básica

(scs/ha)

Nutrientes indicados kg/ha (*)

N P205 K20

20 sacas

30 sacas

40 sacas

50 sacas

60 sacas

120-160

180-240

250-310

310-390

380-470

15-20

18-40

25-50

30-60

40-80

120-130

170-220

240-270

300-330

360-400

(*) Estes níveis básicos devem ser ajustados de acordo com a análise de solos

para PK considerando, ainda, a textura do solo, onde os arenosos exigem mais

NK e, também, as condições climáticas, em áreas quentes devendo-se acrescer

15-20% de N e em áreas frias 10-15% menos de N. Caso seja possível, ajustar os

2 últimos parcelamentos de N conforme a análise foliar.

Condição das lavouras Peso seco das

folhas caídas

( Kg por ha)

Cafeeiros arabica-Catuai

1-Catuai, aos 7 anos,, espaç. 3,6 x 0,5 m e produtividade, de 72 scs/há, Pirapora-MG 7400

2-Catuai, 13 anos, espaç 4 mX 0,,75m., Martins Soares-MG, CEPEC 3300

3-Catuai, 13 anos, espaç 2 m X 0,,75m., Martins Soares, CEPEC 4500

4-Catuai, 13 anos, espaç 1 m,, X 0,,75m, Martins Soares, CEPEC 7000

Média cafeeiros arabica 5500

Cafeeiros conillon

1-Lavoura de semente, 16 anos, espaç. 4x1m, produt. 50 scs por ha, Mutum-MG 11580

2- Lavoura de semente, 7 anos, espaç. 3x0,8m, produt. 80 scs por ha, Pirapora-MG 9620

3- Lavoura de semente, 13 anos, espaç. 3x1,3m, produt. 46 scs por ha, Linhares-ES 5100

4- Lavoura clonal, 5 anos, espaç. 3x 1,0m, produt. 90 scs por ha, Linhares-ES 2750

Média cafeeiros conillon 7200

Quadro 1- Peso seco de folhas caídas em diferentes condições de

lavouras de café , arábica e conillon, Pirapora, Martins Soares,

Mutum e Linhares, 2009-10

Trincheira em lavoura de catuai aos 11 anos de idade

Níveis de K, em ppm, em diferentes profundidades de solo e em

diferentes condições(idades) de lavouras. Varginha - MG

Adubação

Racional/Econômica

Definição de níveis mais adequados

(menores) no uso do potássio, nutriente caro,

importado, 80-100 ppm no solo,

correspondente a cerca de 3% na CTC.

Função do acumulo em profundidade.

Exclusão da parcela de nutrientes para

vegetação no cálculo da adubação em

lavouras estabilizadas, função da reciclagem.

Ensaio com grande numero de safras,

3 ciclos, 6 safras.

Cultivar Acaiá, espaç 4,0 x 1 m.

Acompanhamento com análises de solo

e folhas.

Foram retiradas adubações de P e K

conforme critérios de suficiência.

Racionalização

Produtividade do cafeeiro (Acaiá -10 anos) submetido a diferentes níveis de

adubação nitrogenada. Média de 6 safras (1993 a 1998). Varginha-MG

Fonte:Matiello, J. B; Almeida, S. R; Ferreira, R. A. , Anais do 24° CBPC, Mapa/Procafé, 1998, p. 35

Produção média,em 4 safras (1984-7), em sacas benef./ha, em cafezal 4 x

1m, sob efeito de 3 doses de N e K20. Varginha-MG, 1987.

N /K2O Kg/ha/ano

75 150 300 Média

75

150

300

21,1

22,3

25,2

20,3

27,5

33,8

19,7

28,0

35,0

20,4 c

25,9 b

31,3 a

Média 22,9 b 27,2 a 27,6 a 25,9

K, no solo (mg/dm3) 51 b 57 b 104 a -

Fonte: Viana et alli – Anais 14º CBPC, 1987, p. 170-4

Produção média de 9 safras, níveis de pH, K, %K na CTC, Ca e Mg em

função da aplicação de diferentes doses de N e K2O em lavoura de café

adensada (1,5 x 0,7m). Martins Soares – MG, 2004.

Níveis de

N/K20

Kg/ha/ano

Prod.média

9 safras

(scs/ha)

pH

H2O

Ksolo

ppm

% K

na

CTC

Ca

(cmolc/

dm³)

Mg

(cmolc

/dm³)

600 66,8 4,2 147 2,0 1,2 0,3

400 61,9 4,3 126 2,3 1,2 0,3

200 58,8 4,6 125 2,6 2,2 0,4

100 40,0 5,3 114 2,0 3,9 0,8

Testemunha 15,0 5,9 55 1,1 5,4 1,3

Tratamentos(fontes de N) Produção média, 3 safras

(scs/ha)

Nitrato de amonia 49,0 a

Sulfato de amonia 47,7 a

Uréia 43,9 b

Testemunha 30,2 c

Produção, na média de 3 safras úteis, em cafeeiros sob diferentes

fontes de adubo nitrogenado. Martins Soares, MG, 2002.

Fonte: Matiello et alli, Anais 28 CBPC, Mapa/Procafe, 2002, p. 77.

Época de Adubação

Determinada pelo período de maior consumo (vegetação e frutificação) e pela condição climática favorável (umidade e ta )

Muito importante a época e o modo de adubação, para um bom aproveitamento nutricional

Na vegetação - O cafeeiro cresce ativamente a partir das primeiras chuvas, em setembro-outubro (na primavera), com acréscimo de 1 par de folhas ao mês, atingindo o auge no verão, com l,6 par de folhas ao mês.

No outono e inverno, com a redução das chuvas e da temperatura e foto-periodismo, repouso

Época .....

Na frutificação - exigência na florada e chumbinho é pequena, aumentando no estágio de verde-aquoso, na granação (verde sólido), até a maturação dos frutos.

73% do crescimento vegetativo ocorre de outubro a abril e o consumo de nutrientes para a frutificação é, também, concentrado (mais de 80%) nesse período,

O fornecimento de nutrientes, pelas adubações, é mais necessário nessa época. ficando as demais com as reservas formadas.

No outono e inverno, com a redução das chuvas e da temperatura e foto-periodismo, repouso

Estações

do ano

Primavera Verão Outono Inverno

M e s e s

S O N D J F M A M Jn Jl A

Distribuição das

chuvas (mm) (1)

82 108 183 296 157 151 181 96 54 40 24 25

Crescimento

vegetativo em % (2)

16% 33% 24% 16% 11%

Frutificação Florada Chumbinho Verde Cereja

aquoso/sólido

Consumo em N 8% 13% 30% 49%

% de N, P,K P205 9% 17% 38% 36%

para os frutos K20 6% 22% 32% 40% (1)Dados normais de Varginha-MG – IBC.

(2)Citação de Matiello, J.B. et alli – Moderna Cafeicultura nos Cerrados – IBC – p.86.

Períodos de crescimento vegetativo e de consumo de

nutrientes (NPK) pelo cafeeiro.

Análise de solo inicial

pH (H2O) M.O. P S K Ca Mg Al H+Al

5,09 3,48 17,70 14,5 65,2 2,24 0,53 0,25 7,43

SB CTC m V B Cu Fe Mn Zn

2,94 10,37 7,83% 28,38 1,69 1,18 46,59 11,73 4,43

Tabela 1. Características químicas do solo(amostra de 0-20cm) da área do

ensaio, em nov/2008.

M.O. em dag/Kg; P (Mehlich-1), S, K, B, Cu, Fe, Mn e Zn em mg dm- 3; Ca, Mg, Al, H+Al,

SB, CTC em cmolc dm-3;

Análise de folhas inicial .

N P K Ca Mg S Zn Fe Mn Cu B

dag/Kg mg/Kg

3,4 0,14 1,83 1,38 0,23 0,11 10 507 138 9 72

Tabela 2. Concentrações de macro e micronutrientes em cafeeiros do ensaio,

na análise foliar inicial, realizada em nov/2008.

Resultados

Tratamentos Doses

de Mg Produtividade

(M ± DP ,scs por ha)

Média

de 2

safras Acrésci-

mo

(%) 2009 2010

1-Testemunha 0 29,5 ± 1,4 a 46,3 ± 2,1 a 37,9 0

2-Óxido de Magnésio (94% MgO) 420 29,1 ± 1,0 a 67,4 ± 2,0 b 48,25 27,3

3-Óxido de Magnésio (94% MgO) 840 28,7 ± 1,2 a 66,2 ± 2,1 bc 47,45 25,2

4-Óxido de Magnésio (94% MgO) 210 28,1 ± 1,2 a 69,3 ± 2,4 b 48,7 28,5

5-Sulfato de Magnésio (9% Mg e

12% S)

1575

29,0 ± 1,0 a 61,5 ± 2,3 d 45,25 19,4

6-Sulfato de Magnésio (16% Mg) 945 28,5 ± 1,0 a 64,2 ± 1,6 c 46,35 22,3

Tabela 3. Discriminação dos tratamentos do ensaio(fontes e doses de Mg)

e produtividade em cafeeiros, em sacas/hectare, em 2009, 2010 e média

das 2 safras, em função das aplicações de óxido e sulfato de magnésio.

Letras diferentes nas colunas indicam diferença estatística significativa pelo teste de Tukey (p≤0,05)

Teor de Mg f oliar = -3,7458+0,1532*X

4648

5052

5456

58

Produtiv idade (Sc/ha)

3,0

3,2

3,4

3,6

3,8

4,0

4,2

4,4

4,6

4,8

5,0

5,2T

eo

r d

e M

g f

olia

r (g

/Kg)

Produtiv idade:Teor de Mg f oliar: r2 = 0,8358;

r = 0,9142; p = 0,0107; y = -3,7458 + 0,1532*x

Figura 1- Correlação linear entre o teor de Mg no solo e na folha com

a produtividade (Scs/ha) em cafeeiros.

Como usar a análise de solo para uma adubação econômica

Primeiro verificar a necessidade de correção de Ca, Mg e P, conforme os dados das análises - Vamos ver nos exemplos de análises a seguir.

Segundo, verificar a suficiência de K e seu equilíbrio em relação ao Ca e Mg.

IDENT. pH P K Ca Mg Al

H +

Al T Mg/T K/T Ca/T V

Am. (H2O) (mg/dm3) (Cmolc/dm3) % % % %

01 5.0 48.4 45 2.39 0.75 0.40 4.23 7.48 9.97 1.54 31.95 43.5

02 5.5 8.6 137 2.99 1.48 0.10 4.23 9.04 16.32 3.87 33.04 53.2

03 4.9 9.3 224 2.45 0.69 0.60 5.80 9.51 7.25 6.03 25.72 39.0

04 5.0 124.7 81 3.04 1.01 0.50 5.22 9.48 10.64 2.19 32.10 44.9

05 6.3 9.9 245 4.79 1.43 0.00 2.02 8.86 16.10 7.07 54.00 77.2

6 4.5 19.9 50 2.51 0.86 1.20 7.16 10.6 8.08 1.20 23.55 32.8

7 5.9 10.6 67 4.99 1.48 0.00 2.50 9.14 16.23 1.87 54.57 72.7

8 5.8 11.9 78 3.97 1.25 0.00 2.78 8.20 15.30 2.43 48.41 66.2

9 5.1 23.6 34 2.77 0.91 0.30 4.23 8.00 11.38 1.09 34.63 47.1

10 5.6 12.7 249 4.49 1.02 0.00 3.43 9.58 10.70 6.65 46.89 64.2

11 5.0 48.4 45 2.39 0.75 0.40 4.23 7.48 9.97 1.54 31.95 43.5

12 5.1 17.6 67 2.47 0.84 0.40 4.23 7.71 10.85 2.22 32.05 45.1

13 5.3 7.5 128 3.87 1.02 0.20 3.81 9.03 11.35 3.62 42.89 57.9

14 7.1 29.9 50 5.68 1.12 0.00 1.48 8.41 13.36 1.52 67.57 82.4

Exemplos de resultados de amostras de solo de propriedade no Sul de Minas

Lab. Fundação Procafé, junho/14

Como usar a análise de solo para uma adubação econômica

Amostra 1- P= 48 ppm, K= 45 ppm ou 1,5% na CTC, Ca e Mg baixos na CTC, V= 43% não precisa de adubo fosfatado, precisa de calagem leve (1,6-2 t/ha calcário ou 400 kg cal dolomitica) e de adubação potássica completa.

Amostra 2- P= 8,6 ppm, K= 137 ppm ou 3,87% da CTC, Ca e Mg altos na CTC e V= 53% - Precisa um pouco de fósforo ou pode deixar sem, não precisa correção por calagem, nem aplicação de adubo potássico. Neste ano só nitrogenado.

Segundo, verificar a suficiência de K e seu equilíbrio em relação ao Ca e Mg.

Como usar a análise de solo para uma adubação econômica

Amostra 3- P= 9,3 ppm, K= 224 ppm ou 6% da CTC, Ca e Mg baixos na CTC e V= 39% - Precisa um pouco de fósforo ou pode deixar sem, precisa de calagem leve (1,8-2 t/ha calcário ou 450 kg cal dolomitica) não precisa de aplicação de adubo potássico. Se adubar com ele piora pois o teôr de Mg está muito desequilibrado. Poderia até aplicar uma fonte solúvel de Mg para ajudar inicialmente.

Adubação NK para cafezal adulto correspondente a estas amostras Amostra 1- Para lavoura de 40 scs/ha.

- 300-350 kg de N e 250-300 kg de K2O

Amostra 2- Para lavoura de 40 scs/ha.

- 300 – 350 kg de N/ha.

Amostra 3- Para lavoura de 40 scs/ha.

- 300 – 350 kg de N/ha. (neste caso pode aplicar uma fonte de Mg, caso não use uma cal dolomitica na correção)

CONTATO

35 – 3214-1411 (Fundação Procafé)

[email protected]