boletim extra - out/2014

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BOLETIM EXTRA Carta de João Pessoa Boletim Informativo da Asdef – Edição Especial – Out-Dez 2014 Fórum defende incentivo à inserção da pessoa c ciência no mercado As pessoas c ciência precisam de um incentiv ego capaz de concorrer com o benefício de prestação continuada (BPC), que garante um salário mínimo mensal àqueles que não comprovarem meios de prover a própria manutenção. Esse incentivo ou compensação seria nos moldes do auxílio-acidente, para os reabilitados, "de modo a tornar racional o sistema e atrativo ao trabalhador c ego, ainda que de baixa renda". Esse é um dos pontos da Carta de João Pessoa, documento extraído das discussões realizadas durante os Seminário de Empregabilidade da Pessoa com D ealizados em Campina Grande e João Pessoa em 2014, pelo Fórum Paraibano para Inclusão das Pessoas com D eabilitadas, do qual a Asdef é Secretária Executiva. A Carta de João Pessoa lamenta os baixos salários oferecidos pelo mercado de trabalho às pessoas com ov , inclusive, é uma das principais queixas dos empresários paraibanos no cumprimento das cotas legais.

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Page 1: Boletim Extra - out/2014

BOLETIM EXTRACarta de João Pessoa

Boletim Informativo da Asdef – Edição Especial – Out-Dez 2014

Fórum defende incentivo à inserção da pessoa c ciência no mercado

As pessoas c ciência precisam de um incentiv ego capaz de concorrer com o benefício de prestação continuada (BPC), que garante um salário mínimo mensal àqueles que não comprovarem meios de prover a própria manutenção. Esse incentivo ou compensação seria nos

moldes do auxílio-acidente, para os reabilitados, "de modo a tornar racional o sistema e atrativo ao trabalhador c ego, ainda que de baixa renda".

Esse é um dos pontos da Carta de João Pessoa, documento extraído das discussões realizadas durante os Seminário de Empregabilidade da Pessoa com D ealizados em Campina Grande e João Pessoa

em 2014, pelo Fórum Paraibano para Inclusão das Pessoas com D eabilitadas, do qual a Asdef é Secretária Executiva.

A Carta de João Pessoa lamenta os baixos salários oferecidos pelo mercado de trabalho às pessoas com ov ,

inclusive, é uma das principais queixas dos empresários paraibanos no cumprimento das cotas legais.

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C A R T A D E J O Ã O P E S S O A

A pretensão deste documento é reunir as percepções e conclusões extraídas das discussões havidas no II SEMINÁRIO PARAIBANO PARA EMPREGABILIDADE DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA, ocorrido na Estação Ciência, Cultura e Artes, em João Pessoa/PB, nos dias 4 e 5 de setembro de 2014, que reuniu mais de 150 (cento e cinquenta) empresas e 500 (quinhentos) participantes, numa promoção do Forum Paraibano para Inclusão das Pessoas com e Reabilitadas no Mercado de Trabalho.

Na atualidade a sociedade brasileira está sendo posta diante de complexos à supera-ção dos entraves à efetividade dos direitos fundamentais de minorias, histórica e culturalmente discrimina-das e, mais ainda, postas à margem da dinâmica social e econômica, como é o caso do segmento das pessoas com Deparar-se com esta problemática, envolver a Sociedade e o Estado no pensar e resolver os impasses é uma imposição da agenda internacional dos direitos humanos. O Brasil, país que optou pelo caminho da horizontalização do exercício dos direitos pelos seus cidadãos, eis que Estado Democrático de Direito, conforme posto no preâmbulo da Carta Política de 1988, necessariamente precisa e com agilidade, encontrar os mecanismos à plena cidadania dos mais de 45 (quarenta e cinco) milhões de nacionais que se autodeclararam com alguma forma de conforme o Censo IBGE 2010.

Como detentores do atributo da Dignidade, e simplesmente por essa razão, a todos devem ser oferecidas as condições para o desenvolvimento e exercício dos seus talentos, de modo a poderem se realizar e ter acesso aos bens da vida, independente de terem ou não alguma limitação de ordem física, intelectual ou sensorial (artigos 1º e 2º da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948).

No nosso País, te no mundo do trabalho, destacam-se dois instrumentos legais à realização do objetivo acima plasmado. Primeiramente, a Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com D de 2006, ra pelo Brasil em 2008, e no plano infraconstitucional, a Lei de Cotas (art. 93 da Lei n. 8213/1991). Numa visão pragmática, que fazer para que tais regramentos alcancem a pretendida efetividade. A esse respeito e conforme discussões havidas no Seminário, foi possível o seguinte diagnóstico:

Primeiramente as pessoas c ansformação de atitude ante a vida, pois historicamente lhes foi passada uma impossibilidade de acesso à educação, ao trabalho e ao próprio contexto social. Família, sociedade e governos não eram capazes de enxergar a importância que as pessoas com possuem na linha do efetivo desenvolvimento do País, para o que é pressuposto garantir ao cidadão o acesso à Justiça Social. Todavia, no r uxo de uma cultura secular, nas últimas duas décadas lhes foi anunciada a possibilidade de um mundo novo, onde não mais estariam enclausuradas nos muros da segregação caritativa e assistencial, mas, superadas as barreiras, poderiam ser cidadãos na sua plenitude, sobretudo pelo acesso à educação regular, à pr e ao trabalho.

Acrescente-se que a caminhada histórica das pessoas com ocorreu a par das transformações sociais havidas na humanidade. Extrai-se daí que é imperativa a assunção pelo segmento do protagonismo a respeito das suas próprias demandas. A positivação e implementação de políticas públicas

C A R T A D E J O Ã O P E S S O A

A pretensão deste documento é reunir as percepções e conclusões extraídas das discussões havidas no II SEMINÁRIO PARAIBANO PARA EMPREGABILIDADE DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA, ocorrido na Estação Ciência, Cultura e Artes, em João Pessoa/PB, nos dias 4 e 5 de setembro de 2014, que reuniu mais de 150 (cento e cinquenta) empresas e 500 (quinhentos) participantes, numa promoção do Forum Paraibano para Inclusão das Pessoas com e Reabilitadas no Mercado de Trabalho.

Na atualidade a sociedade brasileira está sendo posta diante de complexos à supera-ção dos entraves à efetividade dos direitos fundamentais de minorias, histórica e culturalmente discrimina-das e, mais ainda, postas à margem da dinâmica social e econômica, como é o caso do segmento das pessoas com Deparar-se com esta problemática, envolver a Sociedade e o Estado no pensar e resolver os impasses é uma imposição da agenda internacional dos direitos humanos. O Brasil, país que optou pelo caminho da horizontalização do exercício dos direitos pelos seus cidadãos, eis que Estado Democrático de Direito, conforme posto no preâmbulo da Carta Política de 1988, necessariamente precisa e com agilidade, encontrar os mecanismos à plena cidadania dos mais de 45 (quarenta e cinco) milhões de nacionais que se autodeclararam com alguma forma de conforme o Censo IBGE 2010.

Como detentores do atributo da Dignidade, e simplesmente por essa razão, a todos devem ser oferecidas as condições para o desenvolvimento e exercício dos seus talentos, de modo a poderem se realizar e ter acesso aos bens da vida, independente de terem ou não alguma limitação de ordem física, intelectual ou sensorial (artigos 1º e 2º da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948).

No nosso País, te no mundo do trabalho, destacam-se dois instrumentos legais à realização do objetivo acima plasmado. Primeiramente, a Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com D de 2006, ra pelo Brasil em 2008, e no plano infraconstitucional, a Lei de Cotas (art. 93 da Lei n. 8213/1991). Numa visão pragmática, que fazer para que tais regramentos alcancem a pretendida efetividade. A esse respeito e conforme discussões havidas no Seminário, foi possível o seguinte diagnóstico:

Primeiramente as pessoas c ansformação de atitude ante a vida, pois historicamente lhes foi passada uma impossibilidade de acesso à educação, ao trabalho e ao próprio contexto social. Família, sociedade e governos não eram capazes de enxergar a importância que as pessoas com possuem na linha do efetivo desenvolvimento do País, para o que é pressuposto garantir ao cidadão o acesso à Justiça Social. Todavia, no r uxo de uma cultura secular, nas últimas duas décadas lhes foi anunciada a possibilidade de um mundo novo, onde não mais estariam enclausuradas nos muros da segregação caritativa e assistencial, mas, superadas as barreiras, poderiam ser cidadãos na sua plenitude, sobretudo pelo acesso à educação regular, à pr e ao trabalho.

Acrescente-se que a caminhada histórica das pessoas com ocorreu a par das transformações sociais havidas na humanidade. Extrai-se daí que é imperativa a assunção pelo segmento do protagonismo a respeito das suas próprias demandas. A positivação e implementação de políticas públicas

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não são benesses dos governantes de plantão, mas sim fruto de uma mobilização social e conscientização do seu papel na construção da sociedade.

Numa segunda percepção, podemos visualizar as barreiras à inserção em três principais ordens, as atitudinais, que tem na base o preconceito e a resistência da sociedade para lidar com a diversi-dade, no que pese se tratar de um país originalmente miscigenado como o Brasil. Tal traço cultural é agrava-do pela ditadura do belo e do jovem, imposição do marketing do consumo cada vez mais em voga, para o desapreço dos valores universais da solidariedade e fraternidade, do que resulta numa banalização da vida, posto que tudo é pr der crescente da dimensão humana. Tal processo é reproduzido no cotidiano das empresas, revelando-se de suma impor o de informações para quebra de falsos paradigmas e formação de novos conceitos que considerem o homem na sua inteireza e potencialidades, sem qualquer discriminação.

Já propriamente no mundo do trabalho, identi ca-se a barreira da educa-ção/pr , campo em que, no que pesem os esforços públicos, pode-se que nossas escolas regulares, públicas e privadas estão longe da concretização dos modelos do “desenho universal” e “adaptação razoável”, concebidos na Convenção da ONU, de 2006. Essa é a base operacional para o desate da problemática – políticas públicas que propiciem com otimização no custo/desempenho, os investimen-tos necessários para que as instituições de ensino adaptem-se sob todos os aspectos (arquitetônico, peda-gógico, tecnológico etc). Prova da nossa é o fato do PRONATEC ter matriculados nos seus cursos apenas 2% (dois por cento) de pessoas c to) da população brasileira declarou possuir alguma forma de (Censo IBGE 2010). Nesse campo, dê-se o devido destaque à experiência da Superintendência Regional do Trabalho no Rio Grande do Sul, que através dos Auditores Fiscais do Trabalho, Ana Maria Machado Costa e Rafael Faria Giguer, vem tendo notáveis resulta-dos em um programa de e inserção pr de pessoas com intelectual, trabalho que precisa ser disseminado e replicado nas demais regiões do País.

Nesse campo, medidas foram sugeridas por ocasião do evento, algumas delas já objeto de estudo para formatação de projetos de lei na Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com a exemplo de condicionar às instituições ofertantes de cursos pr tes, no PRONATEC, que comprovem como condição à contratação, a implementa-ção de acessibilidade das instalações, disponibilização de equipamentos e corpo pedagógico treinado.

A terceira barreira consiste na preparação/adequação do mercado de trabalho. Reportamo-nos aos setores público e privado estarem dotados de

órum de Empregabilidade de Campina Grande foi realizado em maio

não são benesses dos governantes de plantão, mas sim fruto de uma mobilização social e conscientização do seu papel na construção da sociedade.

Numa segunda percepção, podemos visualizar as barreiras à inserção em três principais ordens, as atitudinais, que tem na base o preconceito e a resistência da sociedade para lidar com a diversi-dade, no que pese se tratar de um país originalmente miscigenado como o Brasil. Tal traço cultural é agrava-do pela ditadura do belo e do jovem, imposição do marketing do consumo cada vez mais em voga, para o desapreço dos valores universais da solidariedade e fraternidade, do que resulta numa banalização da vida, posto que tudo é pr der crescente da dimensão humana. Tal processo é reproduzido no cotidiano das empresas, revelando-se de suma impor o de informações para quebra de falsos paradigmas e formação de novos conceitos que considerem o homem na sua inteireza e potencialidades, sem qualquer discriminação.

Já propriamente no mundo do trabalho, identi ca-se a barreira da educa-ção/pr , campo em que, no que pesem os esforços públicos, pode-se que nossas escolas regulares, públicas e privadas estão longe da concretização dos modelos do “desenho universal” e “adaptação razoável”, concebidos na Convenção da ONU, de 2006. Essa é a base operacional para o desate da problemática – políticas públicas que propiciem com otimização no custo/desempenho, os investimen-tos necessários para que as instituições de ensino adaptem-se sob todos os aspectos (arquitetônico, peda-gógico, tecnológico etc). Prova da nossa é o fato do PRONATEC ter matriculados nos seus cursos apenas 2% (dois por cento) de pessoas c to) da população brasileira declarou possuir alguma forma de (Censo IBGE 2010). Nesse campo, dê-se o devido destaque à experiência da Superintendência Regional do Trabalho no Rio Grande do Sul, que através dos Auditores Fiscais do Trabalho, Ana Maria Machado Costa e Rafael Faria Giguer, vem tendo notáveis resulta-dos em um programa de e inserção pr de pessoas com intelectual, trabalho que precisa ser disseminado e replicado nas demais regiões do País.

Nesse campo, medidas foram sugeridas por ocasião do evento, algumas delas já objeto de estudo para formatação de projetos de lei na Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com a exemplo de condicionar às instituições ofertantes de cursos pr tes, no PRONATEC, que comprovem como condição à contratação, a implementa-ção de acessibilidade das instalações, disponibilização de equipamentos e corpo pedagógico treinado.

A terceira barreira consiste na preparação/adequação do mercado de trabalho. Reportamo-nos aos setores público e privado estarem dotados de

Fórum de Empregabilidade de Campina Grande foi realizado em maio

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estrutura física, humana e motivacional, ou seja, dos necessários aportes arquitetônicos, tecnológico e funcional, este sobretudo, para lidar com a nova realidade que se descortina, além da compensação salarial justa à motivação da busca da pr e ativação na vida econômica do País.

Nesse terreno, as cotas nos concursos públicos, os cases empresariais de sucesso demonstram um caminho a seguir. Todavia, a informação e formação de uma mentalidade pela responsabilidade social é a pedra de toque para o avanço.

Dois gargalos se evidenciam nessa área – o custo alto das adaptações necessárias à acessibili-dade nas empresas; os baixos salários dos postos de trabalho ofertados às PcDs em concorrência com o BPC – Benefício de Prestação Continuada (art. 203, V da CF). Quanto ao primeiro, cogitou-se a ideia desse custo ser partilhado com a sociedade, através de incentivos ou outra forma que se mostre tecnicamente adequa-da. No que diz respeito ao segundo óbice, sustentou-se que qualquer restrição ao alcance e limites do BPC, pressuporia a excelência do nosso sistema escolar regular e de pr , em relação à pessoa com o que não se vislumbra a curto prazo. Quanto à saída do BPC, houve o entendimento de que se faz necessária a criação de um incentivo/compensação ao emprego, nos moldes do auxílio-acidente, para os reabilitados, previsto no art. 86 da Lei nº 8.213/1991, de modo a tornar racional o sistema e atrativo ao trabalhador com a busca de uma pr e emprego, ainda que de baixa renda.

reitera-se que algumas das ideias lançadas já estão em fase de formatação de projetos de lei na Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com D revelando-se de funda-mental importância a mobilização e pressão política dos fóruns organizados, conselhos estaduais, municipa-is e entidades em geral envolvidas na problemática, para que se imprima a necessária agilidade na aprovação das propostas legislativas que vierem a atender à racionalização do sistema, no sentido da efetivação dos Direitos Fundamentais das pessoas com

que a construção de uma sociedade na qual as pessoas com possam usufruir de seus direitos em situação de igualdade com qualquer cidadão brasileiro é o objetivo a ser alcançado. Para consecução desta meta necessária se faz a divulgação das informações a todos indistinta-mente. Esta luta precisa sair dos círculos das associações de defesa de direitos das pessoas com alcançar cada vez um publico mais amplo. A inclusão das pessoas com no mercado de trabalho passa necessariamente por uma mudança cultural na forma como a pessoa com é vista na nossa sociedade. O nosso trabalho é para que um dia este objetivo seja atingido.

João Pessoa, 25 de setembro de 2014.

Coral de surdos de indústria paraibana se apresentou nas duas edições do Seminário de Empregabilidade