boas praticas na gestao de residuos nas industrias de piso de
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CURSO TÉCNICO
BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE RESÍDUOS
NAS INDÚSTRIAS DE PISO DE MADEIRA
2013
www.pimads.org
Título da Publicação
BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE RESÍDUOS NAS INDÚSTRIAS DE PISO DE
MADEIRA
Autores
Adriana Maria Nolasco
Lis Rodrigues Uliana
Mariana Cerca
Coordenação Geral do Projeto PIMADS
Ariel de Andrade - ANPM
Ivaldo Pontes Jankowsky - ESALQ-USP
Coordenação Técnica do Projeto PIMADS
Natalie Ferreira de Almeida
Coordenação de Cursos do Projeto PIMADS
Julianne Oliveira Sbeghen Lima
Instituições Participantes
ANPM – Associação Nacional dos Produtores de Pisos de Madeira
ESALQ/USP – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz / Universidade de São Paulo
XYLEMA Serviços e Comércio de Equipamentos para Indústria da Madeira Ltda
Suporte Financeiro
ITTO – International Tropical Timber Organization
É PROIBIDA A REPRODUÇÃO
Nenhuma parte dessa obra poderá ser reproduzida, total ou parcialmente, sem a permissão por escrito da ANPM, a partir de qualquer
meio: FOTOCÓPIA, FOTOGRÁFICO, SCANNER e etc. Tampouco poderá ser copiada ou transcrita, nem mesmo transmitida a p a r t i r de
meios eletrônicos ou gravações. Os infratores serão punidos conforme Lei 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998.
APRESENTAÇÃO
A Associação Nacional dos Produtores de Pisos de Madeira (ANPM) representa
diversas empresas localizadas em diferentes regiões do país e busca o aumento da
competitividade e o desenvolvimento deste setor.
Sua missão está em promover a aplicação da tecnologia de processo e a
sustentabilidade dos recursos madeireiros, além de divulgar e fomentar a utilização de
pisos de madeira. Esperamos que as ações da ANPM contribuam com todos os setores
envolvidos na produção, comercialização e utilização de pisos de madeira.
Com o intuito de integrar e desenvolver a cadeia produtiva relacionada ao setor de
pisos de madeira, a ANPM desenvolveu o Projeto Piso de Madeira Sustentável
(PIMADS), com recursos oferecidos pela Organização Internacional de Madeiras
Tropicais (ITTO).
A execução do projeto PIMADS conta com a colaboração do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (EMBRAPA/MAPA), Ministério do Meio Ambiente
(LPF/SFB/MMA), Ministério das Relações Exteriores (ABC/MRE), Universidade de
Brasília (EFL/UNB), Universidade do Estado do Pará (CCNT/UEPA) e Universidade de
São Paulo (ESALQ/USP).
O projeto PIMADS foi desenvolvido com o objetivo geral de contribuir para o uso
sustentável dos recursos florestais e também aumentar a eficiência na sua utilização
desde a floresta até seu produto final.
Espera-se que o projeto consista em uma ferramenta eficiente para contribuir com o
crescimento e desenvolvimento de todos os setores relacionados a piso de madeira.
A presente publicação técnica consiste em uma das ações do projeto PIMADS com o
objetivo de contribuir com a melhor capacitação e aperfeiçoamento técnico dos
profissionais que trabalham com produtos de madeira.
Manifestamos os nossos agradecimentos ao suporte financeiro disponibilizado pela
ITTO e ao apoio das instituições colaboradoras, que foi fundamental para a execução
do projeto. Também agradecemos às empresas, pesquisadores e demais profissionais
que contribuíram para o desenvolvimento do projeto.
Eng. Florestal Ariel de Andrade Gerente Executivo – ANPM
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1
1. Práticas para reduzir a geração de resíduos ............................................................ 3
1.1 Controle de qualidade no recebimento da matéria-prima ................................... 3
1.2 Mudança de matéria-prima ............................................................................... 12
1.3 Adequação de medidas matéria-prima e produto ............................................. 12
1.4 Capacitação da mão-de-obra ........................................................................... 12
1.5 Manutenção de máquinas e de ferramentas ........................................................ 13
2. Valorização de resíduos ......................................................................................... 14
3. Tratamento e disposição ........................................................................................ 15
4. Conclusão .............................................................................................................. 17
INTRODUÇÃO
A indústria da madeira utiliza os recursos naturais de maneira ineficiente, tanto
na extração de madeira, quanto no processamento mecânico da mesma e no descarte
dos produtos no fim de sua vida útil. Isso resulta em uma grande exploração dos
recursos madeireiros, especialmente, das florestas nativas, levando a grande
devastação desses recursos. A grande geração de resíduos é a prova dessa
ineficiência
Nas últimas décadas tem ocorrido uma grande mudança no ambiente em que as
empresas operam. As empresas, que eram vistas apenas como instituições
econômicas com responsabilidades referentes a resolver os problemas econômicos
fundamentais têm incorporado novos papéis, com maior compromisso social e
ambiental.
Entre as diferentes variáveis que afetam o ambiente de negócios, a preocupação
ambiental tem ganhado destaque significativo por afetar a imagem das empresas e
seus resultados econômicos.Gradativamente, as empresas vêm alterando sua postura
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em relação aos aspectos ambientais, num processo de reconciliação entre produção e
ambiente, numa perspectiva de alcançar um desenvolvimento mais sustentável.
Alguns procedimentos começam a ser revistos, buscando novas alternativas de
não geração ou valorização, atendendo aos requisitos legais e não descartando os
resíduos da maneira mais fácil e econômica, chamadas de tecnologias de “Fim de
Tubo”. Investir nos aspectos ambientais, especialmente na gestão de resíduos,
anteriormente considerados custos sem retorno para a empresa, passam a ser vistos
como investimento em melhoria tecnológica, de qualidade e imagem, que contribui para
a melhoria do produto, da eficiência e da imagem, abrindo novos mercados.
A indústria de pisos, assim como boa parte da indústria de base florestal
nacional, ainda não incorporou a gestão ambiental e a gestão de resíduos na sua
administração. Isso se deve em parte às suas características: predominantemente de
pequeno e médio porte, portanto, pouco visada pelos agentes ambientais; baixa
tecnologia; empresa familiar; baixa capacitação administrativa e operacional; pouco
exigente em relação aos aspectos ambientais.
Neste contexto, não há preocupação com procedência de matéria-prima nem
com as perdas no processo produtivo, pois isso é repassado no preço para o
consumidor; as soluções para os resíduos geralmente se
restringem à disposição junto com o lixo doméstico, a
queima ou o descarte em áreas não autorizadas
denominadas “Boca de Porco” ou em cursos d’água.
Isso trás consequências desastrosas para o
ambiente, que são pouco consideradas devido aos
impactos serem localizados (pontuais) e pouco
estudados. Cabe considerar, ainda, que nem sempre os
resíduos da indústria de pisos são Classe II. A queima de
painéis, de peças coladas ou de peças que já receberam
acabamento com verniz ou, ainda, de madeira tratada
com produtos químicos, pode liberar substâncias
altamente prejudiciais à saúde. Entretanto, isso é pouco
valorizado.
A gestão das questões
ambientais em uma
empresa começa a ser
reconhecida como uma
função organizacional
independente e necessária,
com características
próprias que a distingue
das funções segurança,
relações industriais,
relações públicas e outras
mais com as quais
interage.
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Somente na última década, a preocupação ambiental começou a ser inserida na
gestão ambiental de algumas empresas do setor de pisos de madeira, principalmente
nas médias e nas grandes.
Assim, essa cartilha busca apontar alternativas para o gerenciamento de
resíduos gerados pela indústria de pisos com base nos princípios da “Produção mais
Limpa”, apontando as boas práticas no gerenciamento de resíduos que podem ser
adotadas pelo segmento de pisos de madeira.
1. Práticas para reduzir a geração de resíduos
Os processos produtivos se baseiam em três componentes:
I. Matéria-prima e insumos;
II. Equipamentos e processos de produção;
III. Mão-de-obra operacional e gerencial.
A qualidade do produto final é depende desses três fatores e a falha em
qualquer um desses fatores depreciará o seu padrão de qualidade ou irá fazer com que
haja um gasto maior de matéria-prima, equipamento e mão-de-obra.
Esses três fatores influenciaram na geração de resíduos, pois são a base do
processo produtivo. Logo, a observação de cada um deles pode indicar falhas no
processo de produção que podem ser corrigidas. Além desses, outro fator que pode
contribuir na determinação do tipo e volume de resíduos são as exigências do
mercado.
1.1 Controle de qualidade no recebimento da matéria-prima
A qualidade da matéria-prima é afetada por defeitos inerentes à espécie,
condições de colheita, condições de processamento primário, condições de secagem,
condições de empilhamento e estocagem (na floresta e nos demais locais ao longo da
cadeia produtiva), relação entre as dimensões da peça de madeira serrada e medidas
inadequadas para determinado tipo de produto ou componente.Devem ser adotados
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procedimentos para compra e seleção da madeira em função do tipo de
produto/componente que será processado (dimensões e exigências físico-mecânicas).
Durante o recebimento da matéria-prima avalia-se como a madeira chega à
fábrica, que tipos de defeitos ela apresenta. Nessa etapa a empresa confere se os
requisitos necessários para um melhor aproveitamento da madeira foram obedecidos
pela empresa fornecedora. Isto é, se a fabricante de pisos fez alguma exigência,
especialmente com relação às medidas das peças brutas, à fornecedora de madeira
bruta e se esses requisitos foram obedecidos. Se a produtora de pisos ainda não
possui esses requisitos pré-estabelecidos, é de suma importância que se faça, pois
essa etapa é a principal para que as perdas de matéria-prima durante o processo
sejam minimizadas (Figura 1).
Figura 1 – Recebimento da madeira. Chegada da madeira (a), conferência de volume e defeitos da carga
(b), conferência de tamanho de peças (c), tabicagem das peças (d)
É fundamental nesse processo a adoção de critérios de qualidade para compra e
recebimento da madeira serrada bruta. Cada empresa de pisos necessita definir
claramente quais as dimensões mais adequadas para o seu tipo de produto. Além
disso, deve-se fazer o controle do armazenamento da madeira bruta. Sendo em local
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bem ventilado, seguindo as normas para empilhamento em função da espessura da
peça de madeira, com boa distribuição dos separadores de pilhas (espaçamento de 1,0
a 1,5m entre esses separadores e sempre apoiar as pontas para minimizar o
empenamento). Os separadores devem possuir dimensões uniformes e ser alinhados
no sentido vertical da pilha; separar as peças por espessuras iguais entre si e colocá-
las na horizontal, com as mesmas espessuras, para alinhar as peças. A variação na
espessura das peças restringe o fluxo de ar e prejudica a secagem. O empilhamento
adequado facilita o fluxo do ar através da pilha, contribuindo para uma secagem mais
rápida e uniforme. (Figura 2).
Figura 2 – Empilhamento da madeira. Pátio de estocagem (a), madeira seca pronta para usinagem (b),
peças tabicadas (c)
Fazer a separação e identificação das espécies na área de armazenamento.
Classificar e separar o material de aproveitamento por espécie e por dimensões para o
armazenamento.
Durante a secagem da madeira ocorre uma movimentação natural nos três
planos (transversal, longitudinal radial e longitudinal tangencial). Tanto a secagem ao ar
livre como a secagem em estufa, resultam em defeitos nas peças de madeira
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(rachaduras de superfície, rachaduras de topo, rachaduras em favos, colapso,
empenamentos). Os tipos de defeitos e a incidência variam com a espécie e com o
programa de secagem, além do empilhamento e influenciam no rendimento final do
produto. A secagem artificial é um procedimento fundamental para prevenir a
decomposição e o aparecimento de manchas na madeira, e para permitir a penetração
de aditivos.
É fundamental definir um programa de secagem adequado às características
das peças e da espécie de madeira, uma vez que ocorre a retração induzida, podendo
ocasionar aberturas de fendas e outros defeitos. O tempo necessário para uma
secagem adequada depende das condições climáticas, da localização, do método de
empilhamento, da dimensão das peças e das espécies de madeira.
A madeira é um tecido vegetal morto, portanto, possui defeitos, na concepção da
produção nacional. Peculiaridades de algumas espécies são consideradas defeitos,
quando poderiam ser valorizadas, como por exemplo um nó. Outros defeitos
comprometem a qualidade do produto, tendo que se descartar a peça de madeira.
Portanto, defeitos da madeira comprometem o seu rendimento, quanto maior a
incidência e o volume dos defeitos, maior a geração de resíduos.
Os nós são consequência da ramificação da árvore e depreciam as peças,
devido à presença de grã irregular no seu entorno, afetando a trabalhabilidade da peça
no local, e a resistência. Normalmente, quanto menor o seu número melhor a qualidade
estética, porém, em algumas situações, eles contribuem para reforçar a originalidade
da madeira, como o caso da bracatinga, por exemplo (Figura 3).
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Figura 3 – Madeira com nós. Nó observado na lateral da prancha (a), descarte de material em função do
nó (b e c), detalhe de nó em piso de bracatinga (d)
A madeira estrondada é uma rachadura interna que ocorreu durante a queda da
árvore. Essa rachadura é imperceptível, num primeiro momento, após algumas
operações de usinagem ela é notada e a peça deve ser descartada (Figura 4).
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Figura 4 – Madeira estrondada (seta)
As galerias feitas por insetos são perfurações escavadas na madeira.
Desvalorizam a madeira quando as peças ficam aparentes, afetando sua estética. As
manchas e as galerias são consequência da biodeterioração da madeira. A
biodeterioração é o termo usado para indicar alterações indesejáveis originadas pela
ação, direta ou indireta, de seres vivos, nos materiais utilizados pelo homem. Os fungos
manchadores causam manchas profundas no alburno das madeiras. Porém, com a
grande utilização de materiais em estilo demolição esses defeitos são considerados
peculiaridades de cada peça de madeira, sendo desejáveis nesse tipo de produto.
Assim, as empresas podem não descartar esse material que antes seria resíduo.
(Figuras 5 e 6).
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Figura 5 – Material com manchas e galerias, pilha de cabreúva com madeira de alburno (seta), pilha de
sucupira com madeira de alburno (seta), material com galerias (seta) (c), material com manchas no alburno da madeira (d)
Figura 6 – Piso em estilo demolição, detalhe das manchas (setas) (Fonte: Indusparquet, 2012)
A grã pode afetar o desempenho, a maquinabilidade e a resistência da madeira.
A madeira de sucupira apresenta esse defeito e pode gerar maiores quantidades de
resíduos durante o processamento por apresentar maior descarte de peças com a grã
revessa e por apresentar maior descarte em forma de cavaco quando submetida à
máquina desengrossadeira (Figura 7).
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Figura 7 – Madeira de sucupira com grã revessa. Peça com a grã revessa (a), detalhe da grã revessa em
madeira de sucupira (b)
Os denominados defeitos de secagem (rachaduras e colapsos) acontecem,
principalmente, pela falta de cuidados no empilhamento e na ocorrência de tensões
internas geradas durante a secagem. Para se diminuir a incidência de defeitos deve-se
conduzir a secagem de uma maneira mais lenta, dependendo da espécie a ser seca.
As rachaduras em peças serradas de madeira ocorrem em função da diferença
de retração nas direções radial e tangencial da madeira e por diferenças de umidade
entre locais de uma mesma peça ao longo do processo de secagem (Figura 8).As
rachaduras de superfície, quando mais amenas podem ser usadas como material em
estilo demolição. Os empenamentos podem ser minimizados se serradas peças em
menores dimensões.
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Figura 8 – Rachaduras. Rachadura de topo (a), detalhe da rachadura de topo juntamente com nó (b),
rachadura de superfície (c), detalhe da rachadura de superfície (d)
Apesar da madeira apresentar inúmeros defeitos e desses defeitos serem mais
ou menos frequentes em função da espécie, a indústria fabricante de pisos de madeira
encontrou uma solução para se utilizar esse tipo de material e diminuir as perdas
durante o processamento. Criou-se uma linha de produtos em estilo demolição, que
imitam as madeiras retiradas de locais demolidos. Esse tipo de piso segue a tendência
da decoração atual e favorece o melhor aproveitamento da madeira. Além disso,
defeitos que antes eram causas de descarte de peças, hoje são procurados justamente
por apresentar esses defeitos, que compõem o estilo demolição.
Assim, alternativas para o melhor aproveitamento do material surgem com
tendências mais sustentáveis na decoração. E com a grande diversidade de produtos
que a fábrica possui. Quanto maior o número de produtos, maior a chance de se
aproveitar o material, pois se aumenta a gama de opções com relação às medidas e
aos modelos utilizados.
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1.2 Mudança de matéria-prima
Espécies de madeira que apresentam grande frequência de defeitos inerentes à
ela. Ou que em função da secagem apresentam grande incidência de rachaduras,
devem ser analisadas. Se essa ocorrência de defeitos resultar em baixo rendimento,
deve-se procurar espécies com características físico-mecânicas e visuais parecidas e
substituir a espécie de baixo rendimento.
1.3 Adequação de medidas matéria-prima e produto
O desenvolvimento dos produtos deve ser feito em união com as condições da
matéria-prima, além dos requisitos do mercado, pois isso permitirá maior modulação e
a definição prévia de planos de corte, reduzindo as perdas.
A falta de critério no dimensionamento da matéria-prima, em função do produto
resulta no aumento do número de operações, maior geração de resíduos, gasto de
energia, de tempo e de mão-de-obra.
1.4 Capacitação da mão-de-obra
Os funcionários são peças-chave na produção. São eles os responsáveis por
grande parte das decisões e ações que determinam o rendimento na produção, como a
seleção das peças de madeira que serão processadas para um determinado
componente/produto e o plano de corte. Se o operador da máquina regulá-la
indevidamente, utilizar pedaços com defeitos ou superdimensionara peça a ser cortada,
haverá um gasto desnecessário de matéria-prima, energia e tempo.
A capacitação da mão-de-obra e a satisfação do funcionário no ambiente de
trabalho são fatores importantes para um bom aproveitamento da matéria-prima e para
a eficiência na produção. Funcionários mais capacitados e satisfeitos com sua
condição de trabalho tendem a tomar decisões mais acertadas quanto à seleção da
madeira e do plano de corte.
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Uma forma de minimizar a ação do elemento humano no rendimento do processo é
estabelecer protocolos de ações que definam:
a) atribuição de funções/responsabilidades;
b) acompanhamento e treinamento constante;
c) aplicação de sistemas de gestão baseados na qualidade e no controle ambiental.
1.5 Manutenção de máquinas e de ferramentas
Programas de manutenção de máquinas e ferramentas devem fazer parte da
rotina da empresa. Baseados em tempo de operação e características da matéria-
prima processada, e não somente na opinião do operador.
Na empresa, a decisão de quando a afiação das serras deve ser feita,
normalmente, é responsabilidade do operador da máquina. Como não há
especialização do trabalho, muitas vezes, todos executavam todas as atividades.
Portanto, ninguém se sente responsável pela manutenção de máquinas e ferramentas.
Com isso, a afiação das ferramentas de corte pode ocorrer de maneira aleatória, no
momento em que o funcionário sente que não há mais condição de operação. Isso
também contribuiu para geração de resíduos, pois a deficiência na afiação aumenta a
formação de cavaco (resíduo fino).O tempo de reposição de ferramentas das máquinas
corresponde ao tempo efetivamente gasto por peça fabricada, e está ligado ao número
de peças usinadas por vida da ferramenta, pois esse define a frequência das paradas
da máquina para troca e colocação da ferramenta.
O plano de troca de ferramentas elimina a decisão arbitrária do operador da em
relação à substituição das máquinas, resultando num melhor aproveitamento das
ferramentas de corte e permitindo a redução dos tempos de parada para a máquina.
Para se aplicar o plano de troca das ferramentas deve-se ter um controle
frequente das condições de usinagem, temperaturas atingidas, forças de corte,
desgastes das ferramentas, acabamentos superficiais, etc. Rotinas para a afiação e a
manutenção das máquinas devem ser estabelecidas, assim como a definição do(s)
funcionário(s) responsável(is) pelo controle desse procedimento, para aumentar,
inclusive, a produtividade por máquina.
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2. Valorização de resíduos
Para que se realize a valorização dos resíduos deve-se primeiramente saber a
quantidade de resíduo gerada, a sazonalidade da produção, o tipo de armazenamento
do mesmo, se há separação por tamanho e/ou por espécie, características de mercado
da região. O aproveitamento de resíduos ocorre diretamente pela empresa ou em local
próximo. A valorização de resíduos é influenciada, principalmente, pelo custo com
transporte e pode, muitas vezes, inviabilizar o seu uso.
A classificação dos resíduos pode ser feita com base em suas características
morfológicas, ou seja, forma e tamanho das partículas. Nesse caso, podem ser
classificados como finos e grossos.
O resíduo fino é formado por:
I. cavacos - resíduos com dimensões máximas de 50 X 20 mm;
II. maravalha - resíduo com mais de 2,5 mm;
III. serragem - resíduo com dimensões entre 0,5 e 2,5 mm;
IV. pó - partículas menores que 0,5 mm
O resíduo grosso é formado por peças de refugo, com defeito, com medidas
inadequadas, etc. (Figura 9).
Figura 9 – Resíduos do processamento de pisos de madeira. Resíduo grosso (a), resíduo fino (b)
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A classificação quanto à composição química e à periculosidade do material
também deve ser observada. Normalmente os resíduos do processamento mecânico
da madeira em uma indústria de pisos é Classe IIA, podendo ser utilizados sem
restrição. Porém os resíduos provenientes de pisos colados ou de material que recebeu
acabamento podem ser classificados com resíduos Classe I ou Classe IIB, assim,
esses devem seguir as normas para tratamento e disposição. Ou observar alternativas
de valorização que contemplem a norma NBR 10.004 (Figura 10).
Figura 10 – Galpão de estocagem temporária de resíduos Classe I (Fonte: MARCA AMBIENTAL, 2012)
As diferentes formas de valorização dos resíduos nas indústrias de pisos de
madeira são encontradas na “Cartilha de aproveitamento de resíduos”.
3. Tratamento e disposição
No tratamento e na disposição de resíduos da fabricação de pisos de madeira
devem-se observar os resíduos da pintura e da colagem e do material contaminado por
eles. Ou seja, além dos próprios produtos e embalagens, deve-se observar a
classificação da madeira que foi submetida à pintura ou à colagem e que é resíduo no
processo.
As ações técnicas são voltadas à redução de volume, periculosidade e riscos
ambientais dos resíduos.
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Os tipos de tratamento são:
I. Físicos (separação de componentes, prensagem, decantação, tratamento por
membranas, centrifugação);
II. Químicos (floculação, neutralização, decromatação, encapsulamento);
III. Térmicos (incineração, tocha de plasma, combustão, esterilização, pirólise).
Na disposição deve-se observar a coleta, o transporte e a disposição final do
resíduo em aterro industrial.
Nesse caso os resíduos da pintura e da colagem devem ser classificados de
acordo com a classificação quanto à periculosidade da NBR 10.004 da ABNT (ABNT,
2004). Esses resíduos podem ser Classe I: Perigosos, apresentam periculosidade,ou
seja, característica apresentada por um resíduo que, em função de suas propriedades
físicas, químicas ou infecto-contagiosas, pode apresentar: a) risco à saúde pública,
provocando mortalidade, incidência de doenças ou acentuando seus índices; b) riscos
ao meio ambiente, quando o resíduo for gerenciado de forma inadequada; ou uma das
características: a) inflamabilidade, b) corrosividade, c) reatividade, d) toxicidade, e)
patogenicidade; ou constem na norma NBR 10.004. Classe II: Não perigosos, podendo
ser Classe IIA, não inertes e Classe IIB, inertes. Os resíduos Classe IIA: Não inertes
possuem as propriedades: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em
água e que não se enquadram nas classificações de resíduos classe I - Perigosos ou
de resíduos classe II B. Os resíduos classe II B – Inertes: quaisquer resíduos que,
quando submetidos aos testes de solubilização (NBR 10.006) e não tiverem nenhum de
seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de
potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor, conforme
anexo G da norma NBR 10.004.
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4. Conclusão
As soluções para o gerenciamento de resíduos:
I. Não devem representar uma única alternativa, mas a uma rede integrada de
soluções capazes de satisfazer as necessidades da eliminação. Não só das
correntes primárias de resíduos (geração na produção), mas também das
correntes secundárias (geração pós-consumo).
II. Não devem ser selecionadas pensando somente no curto prazo, mas também a
médio e a longo prazo. A responsabilidade deve ser compartilhada, ou seja,
durante o ciclo de vida do produto as responsabilidades são se dividem com os
produtores, fornecedores de materiais, comerciantes, consumidores e autoridades
públicas. O fabricante tem o papel principal, visto que ele toma as decisões
chaves acerca de seu produto, as quais determinam a maior parte do potencial de
gerenciamento dos resíduos.