bioética volume 10

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    Biotica Volume 10, nmero 1 - 2002Revista de Biotica e tica Mdica publicadapelo Conselho ederal de Medicina!"#! $1% - &ote '2 - Bras(lia - ) - C*+ '0$0-1%0 - one .1 //% %$00httpc3mor4br - e-mail revistabioetica5c3mor4bricha Catalo4r67caBiotica Vol 10 n8 2 - 2002 Bras(lia

    Conselho ederal de Medicina, 2002!emestral1 Biotica 9 Conselho ederal de Medicina9!!: 010/-1/01 C); .1/2%a?@oBase de dados &9C! - &iteratura &atino-#mericana e doCaribe de 9n3orma?Aes em Cincias da !adeCopri4ht 2002 Conselho ederal de Medicina*ditor &uiD !alvador de Miranda !6 Enior*ditor adFuntoElio CDar Meirelles "omesConselho editorial #ntonio Carlos Mendes, #ntGnio :er, )lio Eos Hipper, *liane#Devedo, ermin Roland !chramm, "en6rio #lves Barbosa,"enival Veloso de ran?a, EoaIuim Clotet, Eos *duardo de!iIueira, Eos "eraldo de reitas )rumond, &o +essini, &uiD#u4usto +ereira, M6rcio abri, Marco !e4re, M6rio Joscano de

    Brito ilho, Mauro Brand@o, Kliveiros "uanais de #4uiar,Roberto &uiD dL#vila, Roni MarIues, Vital Maria da Costa &ira eilliam !aad NossneEornalista respons6vel +atr(cia #lvares - MJb /.'201/..v):ormaliDa?@o biblio4r67ca *liane M Medeiros e !ilva - CRB 1O re4i@o1.'P!ecret6ria de reda?@o +atr(cia #lvaresCopidesIuerevisor :apole@o Marcos de #IuinoJradu?Aes )iepress *ditorial*ditora?@o eletrGnica MedM(dia Q #ssociados)ia4rama?@o )ivanir Er - MJb /%.01//$v)Jira4em 10000 e>emplaresChe3e de Comunica?@o !ocial #ntonio MarcelloConselho editorial Luiz Salvador de Miranda S Jnior livre-docente e pro3essor titularem +siIuiatria da ;niversidade ederal do Mato "rosso do !ul, pro3essor titular

    da ;niversidade Catlica )om Bosco e membro do Conselho Re4ional eederal de MedicinaSJlio Czar Meirelles Gomes mdico-pneumolo4ista,ensa(sta e escritorS Antonio Carlos Mendes mestre e doutor em)ireito do *stado pela +;C-!+, pro3essor de )ireito Constitucional daaculdade de )ireito da +;C-!+ e pro3essor do )epartamento de iloso7a eJeoria "eral do )ireito da aculdade de )ireito da ;niversidade de !@o +aulo

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    *stadual de &ondrina e 28 vice-+residente da !ociadade Brasileira de BioticaSJos Geraldo de Freitas Drumond pro3essor de Medicina &e4al,Biotica e tica Mdica e reitor da ;niversidade *stadual de Montes ClarosSLo ,essini pro3essor-doutor em Jeolo4ia Moral e coordenador do :cleode *studos e +esIuisas do Centro ;niversit6rio !@o Camilo, em !@o +auloSLuiz Au-usto ,ereira mdico, advo4ado, pro3essor da ;niversidade deCa>ias do !ul e vice-presidente do Conselho Re4ional de Medicina do Rio

    "rande do !ulS Mr&io Fa(ri pro3essor-doutor em Jeolo4ia e diretor do9nstituto #l3onsianum de tica Jeol4ica, em !@o +auloS Mar&o Se-re vicepresidentedo Conselho Re4ional de Medicina de !@o +auloS Mrio .os&anode 'rito Filho doutor em Cardiolo4ia, pro3essor da ;niversidade ederalda +ara(ba e membro da CJ:bio e do Conselho Re4ional de Medicina da+ara(baS Mauro 'rand/o Carneiro in3ectolo4ista, mestre em !ade+blica pela *:!+iocruD e doutorando em !ade +blicaS 0liveirosGuanais de A-uiar anestesiolo4istaJ!#-!B# e membro do Conselhoederal de MedicinaS %o(erto Luiz d1Avila especialista em Cardiolo4ia,mestre em :eurocincias e Comportamento e pro3essor adFunto da;niversidade ederal de !anta CatarinaS %oni Mar+ues mestre emMedicina -pro3essor adFunto de Medicina da ;RE e e>-presidentedo CRM-M!S )ital Maria da Costa Lira e>-pro3essor assistente

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    K ensino da tica no curso de Medicinaa e>perincia da ;niversidade *stadualde &ondrina

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    # primeira delas, Iue pode ser chamada de niilista, pretendeIue todas as pessoas, inclusive os mdicos, adIuiremtodas as suas atitudes ticas na in3Uncia e as consolidam naadolescncia *ssa primeira tendncia se divide em duas seitasou 3ac?Aes uma obFetivistaS outra, subFetivista

    K modelo do niilismo obFetivista pretende Iue, ao che4ar idade adulta, as personalidades F6 estariam estrati7cadas,imut6veis, ininuenci6veis do ponto de vista de seu car6tere, por via de conseIWncia, de sua conduta moral #o ultrapassara in3Uncia, todos F6 estariam devidamente condicionadospela sua realidade, em 4eral socioeconGmica plora?@o, na desi4ualdadee na e>clus@o intrinsecamente imoral e sua imoralidademoldaria tudo o Iue nela crescesse ue a in3raestrutura

    econGmica determina a superestrutura culturalimo, ensinariahipocrisia +retendem Iue a lise moral da 3am(lia e a dissolu?@o dosvalores morais da sociedade- tomada pela corrup?@o, a partir do e>emplo das autoridades maisrepresentativas - determinariam3atalmente o aparecimento de uma sociedade macuna(mica !emvalores positivos, sem heris, sem

    m6rtires, sem modelos com os Iuais se identi7car positivamente# vertente niilista subFetivista parece pretender Iue os indiv(duosestruturariam sua personalidadenica ou predominantemente em 3un?@o de suas vincula?Aes a3etivasin3antis com seus pais ou osadultos Iue lhes 7Dessem as veDes como cuidadores e a4entes deintercUmbio a3etivo ue os mtodose recursos peda44icos seriam absolutamente ine7caDes para mold6-losou mud6-los aps de7nidos ospilares de sua estrutura pessoal Ks mais otimistas crem Iue somenteum lon4o e custoso trabalho

    psicol4ico os poderia, talveD pela ilumina?@o de seus contedosinteriores mais recGnditos, torn6-losobFeto de um processo realmente educativo com al4uma possibilidadede sucesso:o outro e>tremo, a se4unda tendncia peda44ica e>tremadamencionada anteriormente, situam-seos crentes na peda4o4ia *m 4eral, pro3essores Iue ne4am reduDir suatare3a ao meramente instrucional

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    *ducam +retendem educar no triplo sentido de ensinar contedostericos, treinar habilidadestcnicas e 3ormar atitudes e, conseIWentemente, 3orFar caracteres+arecem acreditar Iue isso verdadeabsoluta Ks mais crdulos che4am a crer Iue tudo o Iue disserem aos

    seus alunos, nas aulas ou3ora delas, ser6 avidamente absorvido, 4uardado para sempre como4rande motivador de suas condutastcnicas e ticas 3uturas Jais crentes, apesar de, s veDes, estaremmotivados por estruturas tericase ideol4icas muit(ssimo di3erentes ou contraditrias, parecem repetir omote de cunho sYinnerianodem-me um aluno e eu 3arei dele o Iue Iuiser:o entremeio dessas duas tendncias peda44icas e>tremas e opostas,situa-se a 4rande maioriados pro3essores Iue se es3or?am para ensinar enIuanto aprendemS Iue

    pretendem e>plicar omundo enIuanto o desvendamS Iue se contentam em transmitir aoutrem o Iue, muitas veDes,n@o conse4uem eles mesmos entender ue acalentam a convic?@o deIue o pro3essor deve ensinar+ois, Iuando n@o ensina, por menos Iue 4anhe neste mister, 4anhademais Mostra-se umdesperd(cio econGmico, uma 3raude peda44ica e humana Mas Iue n@opode ensinar tudo o Iuepretende ou Iue tenta 3aD-lo #s tentativas de ensinar s@o bem maisnumerosas Iue a e>perincia

    de aprender +orIue al4um s ensina Iuando um outro aprende * nemtodos aIueles a Iuemse tenta ensinar aprendem +orIue n@o Iuerem, porIue n@o podem ouporIue n@o 3oram adeIua-

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    damente ensinados +orIue o processo did6tico n@o atendeu s suaspossibilidades de aprenderKs pro3essores Iue se situam entre essas duas seitas peda44icase>tremas sabem Iue o mundodas coisas e, principalmente, o mundo das pessoas, n@o podem ser

    subdivididos, arti7cial e in4enuamente,em preto ou branco, assim ou assado *>istem com uma in7nita 4amade tonalidadescinDentas, incont6veis e Iue muitas veDes se superpAem e secon3undem ue os alunos n@os@o todos i4uais e Iue ns, pro3essores, tambm n@o * Iue cada umdeles, individualiDado emsua identidade, n@o sempre o mesmo em todos os momentos, emtodas as circunstUncias ue poss(vel ensinar, porIue poss(vel aprender, ainda Iue taisprocedimentos con74urem um processo

    3eito de tentativas e de e>perincias de cada parte nele envolvida ueos alunos aprendemo Iue lhes parece mais convenienteMas Iue o modelo cultural vi4ente Iue de7ne a Iualidade de suaconvenincia Ks ambientesculturais individualistas e e4o(stas, muito provavelmente a conveninciah6 de se lhes apresentarcom i4ual teor Convivendo em ambientes culturais solid6rios,socialiDantes e comunitaristas,ter6 mais possibilidade de ver sua convenincia como o respeito, asolidariedade e o cuidado com

    os interesses alheiosK cuidado com a 3orma?@o dos estudantes de Medicina deve, como odas outras pro7ssAes de sade,ser tido como prioridade social K Iue n@o tem ocorrido #o contr6rio,est6 cada veD mais submetidoaos interesses burocr6ticos ou mercantis JalveD bem mais Iue aprepara?@o do labor pro7ssional emoutras 6reas do conhecimento, a Medicina e as outras pro7ssAes dosetor sade deveriam merecerprioridade +ois, em contraste com as outras atividades pro7ssionais, asIue se incumbem do cuidado

    com a sade das pessoas devem ser meio de vida essencialmentetcnico e tico Mais tico do Iue tcnico9sto , todos os dilemas com Iue se de3ronte, por mais tcnicos seapresentem, devem ser resolvidosusando-se a moral como pedra de toIue, como bssola, como arrimo+or isso, o ensino da tica mdica deve perpassar toda atividadepeda44ica do ensino mdico, desde

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    o e>ame vestibular Cada disciplina e cada atividade do curso mdicodeveria ser avaliada do ponto devista tico # sele?@o dos alunos e pro3essores do curso mdico, bemcomo o planeFamento curricular,deveriam levar em conta essas duas dimensAes, o tcnico e o tico

    Ks estabelecimentos de sade nos Iuais esta4ia deveriam ser ticos,asse4urar um ambiente tico, alm

    *)9JKR9#&

    *)9JKR9#&*lit, sed diam numm nibh euismodtincidunt ut laoreet dolore ma4na aliIuam

    erat volutpat )uis autem vel eum iriuredolor in hendrerit in vulputate velit essemolestie conseIuat, vel illum dolore eu3eu4iat nulla 3acilisis at vero eros etaccumsan et iusto odio di4nissim Iuiblandit praesentibh euismod tincidunt utlaoreet dolore ma4na aliIuam eratvolutpat )uis autem vel eum iriure dolorin hendrerit in vulputate velit essemolestie conseIuat, vel illum dolore eu3eu4iat nulla 3acilisis at vero eros etaccumsan et iusto odio di4nissim Iuiblandit praesent&uptatum DDril delenit au4ue duis dolorete 3eu4ait nulla 3acilisi &orem ipsumdolor sit amet, consectetuer adipiscin4 elit,sed diam nonumm nibh9bh euismod tincidunt ut laoreet dolorema4na aliIuam erat volutpat )uis autemvel eum iriure dolor in hendre velit essemolestie conseIuat, vel illum dolore eu

    3eu4iat nulla 3acilisis at vero eros etaccumsan et iusto odio di4nissim Iuiblandit pra-esentibh euismod tincidunt utlaoreet dolore ma4na aliIuam eratvolutpat )uis autem vel eum iriure dolorin hendrerit in vulputate velit essemolestie conseIuat, vel illum dolore eu3eu4iat nulla 3acilisis at vero eros et

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    accumsan et iusto odioVelit esse molestie conseIuat, vel illumdolore eu 3eu4iat nulla 3acilisis at veroeros et accumsan et iusto odio di4nissim

    *)9JKR9#&

    *)9JKR9#&de tcnico K mercantilismo e o burocratismo, essas duas pra4as moraisda Medicina, n@o deveriame>istir ali *, se aparecessem, deveriam ser banidas com cerimGniaescandalosa +ara marcar a conscinciados Iue a assistissem Como se 3aD emplo+essoal e institucional, tcnicoe humanoCada pro3essor de Medicina deve inda4ar de si mesmo se seu modelopro7ssional o melhor para osalunos !e o estabelecimento em Iue ensina e no Iual seus alunospraticam lhe o3erece condi?Aesm(nimas para e>ercer e aprender a Medicina com honra e decncia:o mais, preciso recordar Iue de 0 de outubro pr>imo at 2 denovembro, na #cademia de Jnis,

    em Bras(lia, o Con4resso Mundial de Biotica reunir6 muitos dosmelhores pro3essores do mundo!er6 uma oportunidade imperd(vel de conhec-losVenham assistir e boa leituraK *ditor

    #RJ9"K!

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    #RJ9"K!#RJ9"K!;nitermos "entica mdica, aconselhamento4entico, n@o-paternidade, aborto, Iualidade de

    vida!@o apresentados dados relativos a uma enIuete - realiDada com '/ pesIuisadoresbrasileiros em 4enticamdica - sobre um conFunto padroniDado de %2 IuestAes relacionadas a problemasticos # investi4a?@o3oi concomitantemente e3etivada em . outros pa(ses e 3aD parte de um pro4rama deavalia?@o do tipo cultural-cruDado, Iue busca determinar, em n(vel mundial, di3eren?as e similaridades deopini@o sobre estasIuestAes, entre especialistas da 6rea #s compara?Aes internacionais ainda n@o 3oram7naliDadas mas osresultados aIui obtidos s@o coteFados com dados preliminares alcan?ados em outrasna?Aes e com um

    outro estudo do mesmo tipo, realiDado no Brasil na dcada de P0 *ntre essesespecialistas h6 4rande diversidadede opiniAes Iuanto aos temas abordados N6 consenso, no entanto, de Iue aIuantidade de servi?os4enticos o3erecidos popula?@o deve aumentar e Iue as leis Iue re4em o abortodevem ser modi7cadasKs depoimentos d@o n3ase ao princ(pio da autonomia, des3avorecendo aobri4atoriedade de determinadosprocedimentos N6 apoio, porm, ao uso do ):# para a identi7ca?@o de criminososrancisco M !alDano+ro3essor emrito, ;niversidadeederal do Rio "rande do !ul&av(nia !chWler-accini+ro3essora adFunta, ;niversidade

    ederal do Rio "rande do !ulScoordenadora do !istema :acionalde 9n3orma?@o !obre #4entes

    Jerato4nicos

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    conhecimento dos 3atores heredit6rios de nossa e de outrasespcies se aprimora, as IuestAes ticas v@o sur4indoe condicionam opiniAes s veDes diametralmenteopostas :@o vamos, aIui, tratar dessas controvrsias deuma maneira 4eral, mas concentrarmo-nos em resultados

    relacionados a dois proFetos de investi4a?@o internacionaldo Iual participamos#mbos 3oram coordenados, em n(vel internacional,Biotica 2002 - vol 10 - n8 11 2$

    5 N . % 0 D 4 6 7 0

    +er7l tico dos pesIuisadores em 4enticarancisco M !alDano&6vinia !hWler-accini89 1/

    pelos norte-americanos )oroth C ertD eEohn C letcher # primeira investi4a?@o

    desenvolveu-se entre 1$P% e 1$P' e seus principaisresultados 3oram publicados em 3ormade livro em 1$P$

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    ertD no 7nal de 1$$2, e ent@o circulamosamplamente a tradu?@o, utiliDando para tantoas listas de scios da !ociedade Brasileira de"entica Cl(nica e da !ociedade Brasileira de"entica

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    em 4entica mdicaS outros /, mais de 10anos - cerca de um ter?o aminavamais de 10 pacientes por semanaRessalte-se Iue esses nmeros n@o s@o muitodi3erentes dos apresentados por ertD ce?Aes,por e>emplo a propor?@o de casados

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    pro(bem discrimina?@o no empre4o poderiam3avorecer indiv(duos com doen?a polic(sticados rins, suscet(veis esIuiDo3renia, e portadoresdo 4ene da 7brose c(stica

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    3oi considerado Iue o interesse social, oude parentes do a3etado, deveria sobrepor-se aoprinc(pio da con7dencialidade# tabela 3ornece as op?Aes dos pesIuisadoresbrasileiros em 4entica mdica com rela?@o a

    Iuatro casos espec(7cos # situa?@o n8 podeser considerada como con3erncia s respostasdadas nos itens listados na tabela 2, e a concordUncia satis3atria :ovamente, comon@o houve consenso em rela?@o aos casos 1 e2, as respostas l6 3ornecidas, e tambm para asdo caso /, indicam maior propens@o dos brasileirosa liberar in3orma?Aes *nIuanto somente2' dos brasileiros preservariam a con7dencialidadecom rela?@o ao motorista de Gnibus,os valores para a *uropa e pa(ses n@oeuropeus

    selecionados 3oram de /$ e %,respectivamente

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    vida +or outro lado, essas posi?Aes n@o si4ni7camnecessariamente uma atitude a 3avor deuma restri?@o ainda maior ao abortamento porparte das leis brasileiras, F6 Iue a Iuest@o daadmissibilidade desse procedimento por causas

    socioeconGmicas n@o 3oi considerada no estudoJodos os casos apresentados na tabela . re3erem-se Iualidade de vida de crian?as planeFadasou recm-nascidas :a situa?@o em Iue acrian?a teria uma probabilidade de 100 deser ce4a, apenas %' dos entrevistados indicaramIue a decis@o de seus 4enitores seria inFustapara ela, e somente . de Iue seria inFustapara a sociedade E6 Iuanto m@e 3enilcetonrica,somente 20 desses entrevistadosimporiam uma hospitaliDa?@o 3or?ada :o

    caso do casal de surdos, '1 tentariam dissuadi-lo de abortar um 3eto com audi?@o normal,e ' n@o realiDariam o dia4nstico prnatalIue possibilitaria a pr6tica do abortoKapoio para a recusa do consentimento realiDa?@ode cirur4ia card(aca varia com a condi?@oconsiderada, sendo o mais alto o antesda concep?@o, e>ceto nos casos de risco paradoen?as causadas por 4enes li4ados ao cromossomo N6 consenso sobre o interesse emarmaDenar o ):# de pessoas condenadas ou

    acusadas de crimes se>uais e de outros delitossrios, com a 7nalidade de au>iliar Fu(Des ouautoridades policiais na sua identi7ca?@o emcasos de reincidncia Nouve tambm consensosobre a admissibilidade da utiliDa?@o dematerial obtido para um tipo de tria4em emoutros estudos*m um pa(s como o nosso, assolado por doen?as

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    causadas por a4entes ambientais, seria umcontra-senso preconiDar alta prioridade, em umor?amento de sade pblica, para a solu?@o deproblemas 4enticos # Iuest@o considerada noitem . da tabela ', no entanto, procurava estabelecer

    a pre3erncia relativa, entre os entrevistados,com rela?@o aos 11 pontos l6 indicados# maioria deu primeira prioridade ao tratamentopr-natal para todas as mulheres, e asprioridades 2 e 3oram dadas a, respectiva-1'8= 1P

    mente, tratamento de mulheres 4r6vidas semrecursos e educa?@o se>ual K item Iue recebeuprioridade mais bai>a 3oi a terapia 4nica$omparao com o primeiro estudoKs resultados, para o Brasil, do estudo realiDado

    entre 1$P% e 1$P' 3oram descritos por!alDano e +ena

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    3oram encontradas di3eren?as com rela?@o aatitudes Iuanto sele?@o relacionada com ose>o ou n@o-paternidade$oncluso#ntes de apresentarmos IualIuer conclus@o,

    importante en3atiDar as limita?Aes de umainvesti4a?@o como a aIui relatada, baseada emrespostas a Iuestion6rios previamente elaboradospelo pesIuisador #lm do 3ato de Iue aprpria elabora?@o de um Iuestion6rio inevitavelmenteinuencia o padr@o das respostas, oIue uma pessoa 3aD em uma situa?@o determinadamuitas veDes di3ere do Iue ela havia previamenteima4inado +or e>emplo, em umaaula na aculdade de Medicina da;niversidade de !@o +aulo uma cole4a nossa

    per4untou aos estudantes se eles concordariamem tomar conhecimento da constitui?@o deuma re4i@o de seus ):#s na Iual o nmero derepeti?Aes poderia levar, na meia-idade, a umadoen?a de4enerativa crGnica

    #RJ9"K!1$

    e socioeconGmicas de nosso pa(s N6 consenso,no entanto, de Iue a Iuantidade dos servi?os4enticos dispon(veis popula?@o deveaumentar, e Iue as leis Iue re4ulam o abortodevem ser modi7cadas #s tendncias 4erais

    observadas d@o n3ase ao princ(pio da autonomia,com uma disposi?@o para o 3ornecimentoda in3orma?@o 4entica, se ela 3or solicitada #obri4atoriedade de determinados procedimentos, em 4eral, des3avorecida, mas apoiado ouso do ):# para a identi7ca?@o de criminosos*m um mundo dominado cada veDmais pela tecnolo4ia, essencial a observUncia

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    de atitudes ticas Ks pesIuisadores brasileirosem 4entica mdica assemelham-se em muitosaspectos a seus cole4as de outras na?Aes#l4umas di3eren?as, no entanto, 3oram notadas,e isso n@o ruim #7nal, a diversidade 3oi

    a caracter(stica-chave Iue possibilitou a evolu?@ode nossa espcie, e com ela o desenvolvimentoda cultura e da moralAgradecimentos# nossa pesIuisa 7nanciada pelo +ro4ramade #poio a :cleos de *>celncia

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    & ;alores em percenta#ens.*. 8ortador do #ene para %ibrose c?;= ). @ranslocao cromossmica 6ue pode causar a sA?@ $RC%TA&'5> C%CRA1. >m motorista de Bnibus tem /ipercolesterolemiaamiliar e poder ter uma parada cardaca duranteo trabal/o mas recusa a aposentadoria. que 6ocD aria:&.&. 8reservaria a con%idencialidade do paciente *1

    &.*. Avisaria a companhia de transporte &4&.+. Avisaria a companhia de transporte sem indicar especi%icamente o seu nome +)&.. Avisaria a companhia de transporte e se ela notomasse as medidas ade6uadas %orneceria o seu nome a ela *1+. #norma92o sobre os resultados relati6os 8condi92o EFF 8 escola. scol/a da a92oG*.&. 2o responderia ao 6uestion"rio escolar 4*.*. esponderia mas no mencionaria os resultados dos testes &4*.+. ?n%ormaria sobre os sintomas mas no 6uanto ao dia#n7stico *.. ?n%ormaria sobre o dia#n7stico e os sintomas

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    *.(. !sta situao no poderia ocorrer em meu pam paciente com uma doen9a gen,tica ou parcialmentegen,tica recusaHse a permitir que esta inorma92o se*aornecida a seus parentes. IocD respeitaria a suapri6acidade se ele ti6esse as condi9;es abai3o indicadas:+.&. ,oena de >untin#ton *++.*. >ipercolesterolemia %amiliar *4+.+. >emo%ilia A &1+.. !s6uiDo%renia *(+.(. S

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    A #%TRR>$?@&. A vida da me est" em peri#o 4*. A #estao resultou de um ato de estupro *4+. Surler &1. @rissomia do cromossomo &+ +&(. E"bio leporino e palato %endido em %eto do se$o %eminino +). !spinha b?; no %eto *4*. @o$oplasmose no primeiro trimestre da #estao &'*(. ubola no primeiro trimestre da #estao &1*). FenilcetonLria '?:

    #RJ9"K!Tabela . 5uest;es relacionadas 8 qualidade de 6ida"#T>A?@$RC%TA&'

    5> C%CRA&. >m casal de cegos ambos com a mesma doen9a de6idaa genes autossBmicos recessi6os tem uma probabilidade de1NNO de que qualquer de seus il/os ser cego de nascen9a.Apesar disso eles querem ter um il/o. 5ual seria a sua posi92oG&.&. @rataria de dissuadi0los de ter uma criana ce#a 4&.*. Aconselharia a 6ue continuassem em seu intento 4&.+. ?n%ormaria 6ue apoiaria 6ual6uer deciso 6ue tomassem )(*. "e eles decidissem ter um il/o cego 6ocD concordariacom as seguintes airmati6asG*.&. Sua deciso pode ser 7tima para eles devido K suasituao e o desejo de terem %ilhos +)*.*. Se eu estivesse na situao deles %aria o mesmo +*.+. A deciso injusta para a criana (1

    *.. A deciso injusta para a sociedade +)+. >ma mul/er enilceton-rica que recebeu dieta especialna inJncia mas que * n2o a utiliKa est gr6ida. laest ainda no incio do terceiro trimestre de gesta92o demaneira que uma inter6en92o diet,tica oereceriaalguma prote92o ao eto mas ela se recusa a adotar adieta. que 6ocD ariaG+.&. Su#eriria hospitaliDao volunt"ria para controle da dieta 3*+.*. ?mporia a hospitaliDao compuls7ria e a ader-ncia K dieta *4

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    +.+. /%ereceria e discutiria a interrupo da #ravideD (1+.. ,enunci"0la0ia por abuso K in%:ncia se elacompletasse a #estao e a criana nascesse com problemas *+.(. !vitaria inter%erir &&. >m casal de surdos com di6ersos il/os queapresentam audi92o normal dese*a um que se*a comoeles. les possuem um tipo de surdeK /ereditria quepode ser diagnosticado em ,poca pr,Hnatal. lesinormam que ir2o abortar um eto com audi92o normal.5ue aconsel/amento 6ocD daria:.&. Forneceria apenas a in%ormao mdica &1.*. @entaria dissuadi0los de realiDar o dia#n7stico pr0natal 1&.+. ?n%ormaria 6ue iria ajud"0los a alcanar os seus objetivos 4.. Apoiaria 6ual6uer deciso 6ue eles tomassem &*?;/ 6ue voc- %ariaH.(. ealiDaria o dia#n7stico pr0natal e %orneceria a in%ormao solicitada *4.). ecusar0se0ia a realiDar o dia#n7stico pr0natal 1+.1. !ncaminh"0los0ia para outro mdico inclusive para %ora do pam casal tem um rec,mHnascido com uma doen9a

    gen,tica. A crian9a morrer se n2o or eita uma cirurgiacardaca. s genitores se recusam a dar o consentimentopara a opera92o e inormam que se o bebD or operadoeles o abandonar2o no /ospital declinando de seusdireitos e responsabilidades parentais. IocD apoiariaesta decis2o se a doen9a osseG(.&. @rissomia do cromossomo &+ 1)(.*. Constituio cromossmica ( &3(.+. @rissomia do cromossomo *& +3(.. !spinha bA?@ A"$CT "$C!#C$RC%TA&'5> C%CRA1. Triagem no local de trabal/o&.&. ,e%ici-ncia de al%a0&0antitripsina nas %"bricas/bri#at7ria *+&.*. ,oena card

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    +.&.*. Apenas para duplas casadas 4+.&.+. Apenas para %amA?@ A"$CT "$C!#C$RC%TA&'5> C%CRA& 8ela maneira como %oi %ormulada esta per#unta Icolo6ue em ordem de prioridade os && itens indicadosJ

    imposs

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    los resultados aIu( obtenidos son coteFados con datos preliminares alcanDados en otrasnaciones con otroestudio del mismo tipo, realiDado en Brasil en la dcada de los P0 *ntre estosespecialistas ha una 4randiversidad de opiniones en cuanto a los temas abordados Na un consenso, en tanto,de Iue la calidad deservicios 4enticos o3recidos a la poblacin debe aumentar Iue las lees Iue ri4en elaborto deben ser modi7cadas&as declaraciones dan n3asis al principio de la autonom(a, des3avoreciendo laobli4atoriedad dedeterminados procedimientos Na apoo, todav(a, al uso del ):# para la identi7cacinde criminales;nitermos "entica mdica, aconseFador 4entico, no-paternidad, aborto, calidad devida#B!JR#CJ*thical pro7le o3 4enetics researchersJhis paper introduces the results o3 a surve conducted amon4 '/ BraDilian medical4enetics researchers 3roma standard %2-item Iuestionnaire on ethical issues Jhe investi4ation as

    simultaneousl carried out in .other countries as part o3 a cross-cultural assessment pro4ram aimed at determinin4orldide dijerencesand similarities in e>pert opinions #lthou4h the international data comparison has notet been completed,the results obtained in BraDil are ei4hed a4ainst the preliminar data 4athered inother countries and comparedith results 3rom a similar stud carried out in BraDil in the 1$P0s *>perts tend to dijer4reatl re4ardin4the issues in Iuestion Noever, the a4ree that the number o3 4enetic services madeavailable to thepopulation must increase, and that abortion las ou4ht to be chan4ed Jhe statementsemphasiDe the principleo3 sel3-determination and challen4e the propriet o3 certain mandator procedures Jheuse o3 ):# 3orcriminal identi7cation purposes is supported, thou4h;niterms Medical 4enetics, 4enetic counselin4, non-paternit, abortion, Iualit o3 li3e?=

    R*!;M*:

    #RJ9"K!R**Rk:C9#! B9B&9K"R9C#!1 ertD )C, letcher EC *thics and human 4eneticsa cross-cultural perspective Berlin !prin4er-Verla4, 1$P$2 Costa )ossi 4entica e tica Revista ;!+

    1$$/1$$%S2//-' Hipper )E, #Devdo *!, Clotet E or4aniDadores!impsio tica e 4entica Biotica 1$$'S%12$-2'2/ )e Boni , Eacob ", !alDano M, or4aniDadorestica e 4entica +orto #le4re *)9+;CR!, 1$$P% !alDano M, !chWler & uestAes ticas em 4enticahumana 9n )e Boni , Eacob ", !alDano M,or4aniDadores Kpcit 1$$P 1$-210. ertD ) *thical vies o3 european and non-european

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    4eneticists results o3 an international surve+aper presented at the *uropean !ociet o3 Numan"enetics, Berlin, 1$$%' !alDano M, +ena !)E *thics and medical 4eneticsin BraDil 9n ertD )C, letcher EC, editorsKpcit 1$P$ 100-1P

    ?>*:)*R*\K +#R# CKRR*!+K:)k:C9#rancisco M !alDano)epartamento de "entica, 9nstituto deBiocincias, ;R"!Cai>a +ostal 1%0%+orto #le4re - R! - BrasilC*+ $1%01-$'0*-mail 3ranciscosalDano5u3r4sbr@

    #RJ9"K!

    # discuss@o das di3eren?as entre homens e animaisremonta a centenas de anos atr6s +it64oras

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    sade, 3oram obtidos com modelos animais # re4ulamenta?@o do uso de animais para7ns cient(7cos edid6ticos uma preocupa?@o constante no meio acadmico :o Brasil, n@o e>iste leiespec(7ca ou eIuivalenteIue re4ulamente o uso de animais em e>perimenta?Aes cient(7cas *ntretanto, doisproFetos delei sobre o assunto est@o tramitando no Con4resso :acional desde 1$$% *>istemal4umas normas e princ(piosorientadores para a pesIuisa em modelos animais, criadas por diversas institui?Aesnacionais einternacionais, Iue podem ser utiliDadas para orientar os pesIuisadores *mboramuitas pessoas tenhamescrito sobre o statusmoral dos animais ao lon4o de muitos anos, ainda n@o h6, nosdias atuais, um consensosobre a verdadeira posi?@o Iue os animais ocupam em rela?@o aos seres humanos5 N . % 0 D 4 6 7 0Biotica 2002 - vol 10 - n8 11 //? 2

    *rasistratus

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    cuFos estudos contribu(ram para muitas6reas da cincia, tambm utiliDava animais paraseus e>perimentos )entre as contribui?Aes deRaumur est@o um tratado de seis volumessobre insetos e a demonstra?@o de Iue o estGma4o

    atua Iuimicamente sobre o alimento!tephen Nales

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    crucial das IuestAes ticas relativas ao uso deanimais e seres humanos como obFeto de e>perimenta?Aescient(7cas #s IuestAes s@o podeal4um amar mais a um animal Iue a um serhumanoZ +ode al4um amar mais a doen?a

    Iue a sadeZ +ode al4um amar mais a i4norUnciaIue o conhecimento do corpoZ

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    para o desenvolvimento dessas alternativas+rovavelmente, os protestos Iuanto ao uso deanimais em pesIuisas cient(7cas devem tercontribu(do para a inclus@o de uma salva4uardaao uso de animais na )eclara?@o de

    NelsinIue 99

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    americanas de pesIuisa, roubando mais de2000 animais, resultando num preFu(Do demais de ' milhAes de dlares em danos 3(sicose arruinando anos de pesIuisas cient(7cas emandamento *stas a?Aes atin4iram tal ma4nitude

    Iue a #ssocia?@o Mundial de Medicinapublicou uma declara?@o espec(7ca sobre o usode animais em pesIuisas biomdicas, incluindoa necessidade de reunir es3or?os para prote4erpesIuisadores e seus 3amiliares perimental ou deoutra natureDa e visa prote4-los da dor, so3rimento,

    an4stia ou dano permanente #lm daprpria lei tambm 3oram publicados um 4uiaoperacional desta lei - "uidance on theKperation o3 the #nimals

    dedicada pesIuisa em seres humanos, en4lobavaaspectos relativos ao uso de animais empesIuisas pr-cl(nicas*m 1$$., o Conselho :acional de !adeaprovou a Resolu?@o 1$.$. contendo as)iretriDes e :ormas Re4ulamentadoras da+esIuisa *nvolvendo !eres Numanos i4ncia de Iue aspesIuisas envolvendo seres humanos devem

    estar 3undamentadas na e>perimenta?@o pr:#RJ9"K!via realiDada em laboratrios, animais ou emoutros 3atos cient(7cos# Constitui?@o da Repblica ederativa doBrasil

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    +ortanto, o prprio +oder +blico est6condicionado a a4ir em estreita observUncia aeste direito reconhecido aos animais*m 1$$. 3oram apresentados ao Con4resso:acional do Brasil v6rios proFetos de lei visando

    re4ulamentar a e>perimenta?@o animal, semIue IualIuer um deles tenha sido aprovado, ato presente momento *m 1$$P 3oi sancionadano Brasil a &ei de Crimes #mbientais ticos, sob pena de deten?@o por um per(odode trs meses a um ano e multa K primeiropar64ra3o deste arti4o diD Iue _incorre nas

    mesmas penas Iuem realiDa e>perincia dolorosaou cruel em animal vivo, ainda Iue para 7nsdid6ticos ou cient(7cos, Iuando e>istiremrecursos alternativos` *sta lei re3or?a a necessidadede Iue os pesIuisadores Fusti7Iuem adeIuadamenteo uso de animais nos e>perimentosIue realiDam ou nas atividades did6ticas Iuedesenvolvem # possibilidade de realiDa?@o destasatividades utiliDando mtodos alternativosao uso de animais deve sempre ser consideradapreviamente pelo pesIuisador

    #tualmente, tramitam em conFunto noCon4resso :acional dois proFetos de lei sobreeste tema K primeiro deles, +& 11%1$$%,3oi proposto em 1$$% pelo deputado !r4io#rouca e dispAe sobre a utiliDa?@o de _cobaias`K outro, +& $./1$$', 3oi proposto em1$$' pelo *>ecutivo 3ederal e dispAe sobre acria?@o e o uso de animais para atividades deensino e pesIuisaAspectos ticos# Iuest@o do status moral dos animais sempre

    3oi debatida Muitos 7lso3os dedicaram-se aeste tema :o entanto, a controvrsia permaneceat os dias atuais, n@o havendo consensoIuanto posi?@o Iue os animais ocupam emrela?@o aos seres humanosMichel Montai4ne

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    *le estabelece uma nova concep?@o terica dohomem, onde este parte de uma correntecont(nua, desde as mais bai>as criaturas at oser supremo, Iue )eus Montai4ne n@o acreditavana supremacia do homem e criticava a

    pretens@o deste em Iuerer Ful4ar os animais#o contr6rio de indicar as di3eren?as e>istentesentre homens e animais, Montai4ne discorreusobre as semelhan?as e>istentes entreambos, como por e>emplo Iuando compara os4estos empreendidos pelos animais para comunicarem-se entre si aos 4estos empre4adospelas crian?as para suprir a palavra Iue lhes3alta uanto comunica?@o entre sereshumanos e animais, a7rma

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    Iue eles se movimentassem sem Iue a vontadeos conduDisse

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    sculo V99 a realiDarem seus e>perimentossem Iuestionar o uso de animais #s considera?Aesdeste pensador de Iue os processos depensamento e sensibilidade correspondem alma talveD tenham levado os cientistas da

    poca a pensarem Iue por serem desprovidosde uma alma _racional` n@o havia possibilidadedos animais sentirem dor Eustamenteneste per(odo, as investi4a?Aes cient(7caspassam a ser menos observacionais e descritivas,assumindo um car6ter mais invasivo ee>perimentalKpondo-se idia de Iue os animais s@o autGmatose n@o possuem raD@o est@o as considera?Aesdo 7lso3o escocs )avid Nume

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    demarcar a linha divisria Iue distin4ue oshomens de outros animaisZ !eria a 3aculdadede raciocinar, ou talveD a de 3alarZ Jodavia,um cavalo ou um c@o adulto incomparavelmentemais racional e mais social e educado

    Iue um beb de um dia, ou de uma semana,ou mesmo de um ms *ntretanto, suponhamosIue o caso 3osse outro mesmo nessahiptese, Iue se demonstraria com issoZ Kproblema n@o consiste em saber se os animaispodem raciocinarS tampouco interessa se3alam ou n@oS o verdadeiro problema estepodem eles so3rerZ#s considera?Aes de Bentham a respeito doso3rimento dos animais nos levam ao Iuestionamentodo uso de animais em e>perimentos cient(7cos

    9nmeras IuestAes de ordem tica podemser levantadas Iuanto utiliDa?@o de animaiscomo modelos e>perimentais )entre essas IuestAespode-se destacar o direito dos homens deutiliDar animais como cobaias e a validade da'= P

    transposi?@o para o ser humano dos resultadosencontrados em estudos realiDados em animais+rovavelmente a partir das idias de Benthamistiu na ColGnia da Ba(a deMassachusetts, em 1./1 *sta lei propunhaIue _nin4um pode e>ercer tirania ou crueldadepara com IualIuer criatura animal Iuehabitualmente utiliDada para au>iliar nastare3as do homem`*m 1P%$, Charles )arin publica o livroA)rigem das Espcies istente entre as di3erentesespcies animais num nico processo evolutivo)esta 3orma, a teoria de )arin possibilitou

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    a e>trapola?@o dos dados obtidos em pesIuisascom modelos animais para seres humanos,dando um maior respaldo aos cientistas IueutiliDavam animais em suas pesIuisas*sta uma rela?@o parado>al, pois as constata?Aes

    de )arin associadas s investi4a?Aes IueF6 haviam demonstrado semelhan?as importantesentre as estruturas e 3uncionamento docorpo dos seres humanos e de al4uns animaispermitiram Iue estes 3ossem ainda mais utiliDadosKu seFa, Fustamente por apresentaremsemelhan?as com os seres humanos Iue osanimais s@o utiliDados como modelos e>perimentaispara a evolu?@o da cincia e, principalmente,em bene3(cio do homem !e o obFetivode Montai4ne era demonstrar semelhan?as

    para a prote?@o dos animais, 3oram Fustamenteestas semelhan?as Iue levaram os cientistas autiliDarem animais para seus e>perimentos,prioritariamente ao uso de seres humanosCharles )arin apontava o senso moral - ou aconscincia - como a mais importante dasdi3eren?as e>istentes entre o homem e os animaisin3eriores *ntretanto, )arin admiteIue pode haver al4um tipo de autoconscincianos animais e, 3orma-se uma 3ortepresun?@o de Iue o mesmo princ(pio seencontra em todas as outras criaturas perimenta?@oe ensino envolveu a esposa e a 7lha>

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    #RJ9"K!de Claude Bernard K 4rande 7siolo4ista utiliDou,ao redor de 1P.0, o cachorro de estima?@oda sua 7lha para dar aula aos seus alunos*m resposta a este ato, sua esposa 3undou a

    primeira associa?@o de de3esa dos animais delaboratrio Claude Bernard, Iue dei>ou inmeroste>tos, de e>celente Iualidade, sobre atica para com os pacientes, diDia Iue parte dapostura do cientista ser indi3erente ao so3rimentodos animais de laboratrio perimentos, e ns podemos salvar seres vivosda morte somente aps sacri7car outros`:@o vemos nas palavras de Claude Bernarduma preocupa?@o em estabelecer distUncias oupro>imidades morais entre seres humanos eanimais, como 3oi poss(vel depreender das idiasdos pensadores citados anteriormente*ntretanto, o cientista demonstra clara preocupa?@ono desenvolvimento da cincia, o Iue Fusti7cariaat mesmo o sacri3(cio de al4uns seresvivos em detrimento de outros *ntretanto,Claude Bernard admite Iue e>perimentosdevem ser 3eitos tanto no homem Iuanto nosanimais, pois os mdicos F6 3aDem muitos e>perimentosperi4osos no homem, antes de estud6loscuidadosamente nos animais*m 1$%$, o Doolo4ista illiam M! Russelle o microbiolo4ista Re> & Burch publicaramum livro onde estabeleceram os trs _Rs` dapesIuisa em animais -eplace, -educe e -ene.*sta proposta n@o impede a utiliDa?@o de

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    modelos animais em e>perimenta?@o, mas 3aDuma adeIua?@o no sentido de humaniD6-laemplares utiliDadose 4arantir tcnicas Iue minimiDem oso3rimento dos animais Ks trs _Rs` da e>perimenta?@oanimal continuam sendo citadosat os dias de hoFe como uma necessidade paraa adeIua?@o da pesIuisa em modelos animais# discuss@o Iuanto ao status moral dos animais

    e o direito dos homens de utiliD6-los emseu bene3(cio - provocando seu so3rimento -atravessou sculos de histria e permanecelatente, levando muitos 7lso3os e estudiososcontemporUneos a reetirem sobre o assunto+ara +eter Carruthers, o eIuil(brio ree>ivonos conduD ao consenso de Iue 3aDer um animalso3rer sem motivo, por motivos triviais ou$9@

    pela a?@o em si, n@o est6 certo Resta saber emIuais circunstUncias seria moralmente conden6vel3aDer um animal so3rer K prprio autorresponde Iue um ato mani3estar6 ou n@o crueldadese4undo as circunstUncias e o motivo detal ato :a e>plica?@o contratualista os animaisn@o possuem entidade moral, portanto, n@onos 3aDem e>i4ncias morais diretas *mbora ocontratualismo possa abordar a Iuest@o dosanimais com todos os atributos de uma slidateoria moral, resta ainda investi4ar as conseIWnciasdeste en3oIue sobre as controvertidaspr6ticas da ca?a, da cria?@o industrial e dae>perimenta?@o animal em laboratrios

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    base moral para as rela?Aes com outros seres denossa prpria espcie, tambm somos obri4ados aaceit6-lo como uma slida base moral para asrela?Aes com aIueles Iue n@o pertencem nossaespcie os animais n@o-humanos poentes na ree>@o sobre osdireitos dos animais , sem dvida, Jom Re4an*m seu livro 1he 2ase of Animal -ights, Re4anatribui valor moral aos animais baseado em sua

    prpria tese de Iue todas as criaturas Iue s@o_suFeitos de uma vida` possuem o mesmo valormoral intr(nseco #Iueles Iue satis3aDem oscritrios de suFeitos de uma vida - ter cren?as edeseFos, percep?@o, memria, senso de 3uturo

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    humanos s@o prioriDados, mesmo e>istindo apossibilidade dos animais so3rerem em decorrnciadeste uso, caracteriDando, assim, uma/098

    #RJ9"K!/14rande di3eren?a entre o status moral dos sereshumanos e o dos animais Kpondo-se a estavis@o, a cultura oriental estabelece um maiorstatus moral aos animais n@o-humanos,como, por e>emplo, na doutrina Nindu, IuepreconiDa evitar o so3rimento @o biotica considera todosos pontos de vista levantados no passado e nopresente visando adeIuar a pesIuisa nos 3undamentosdo respeito vida e da tolerUnciaK respeito vida Iue di4ni7ca o animalcomo merecedor de considera?Aes ticas, e atolerUncia Iue traD consi4o a possibilidade de

    manter a realiDa?@o de e>perimentos, desdeIue adeIuadamente Fusti7cados e planeFadoscom um m(nimo de impacto sobre a vida dosanimais participantesR*!;M*:tica de la investi4acin en modelos animales&a utiliDacin de animales en e>perimentos cient(7cos se remonta al si4lo V a C +ero,el uso intensivo

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    3ue creciente a partir de los aos 1P00 Muchos avances en los conocimientos,especialmente en el 6reade la salud, 3ueron obtenidos con modelos animales &a re4ulacin del uso de animalespara 7nes cient(7cos did6cticos es una preocupacin constante en el medio acadmico *n Brasil, no e>isteuna le espec(7cao eIuivalente Iue re4lamente el uso de animales en e>perimentos cient(7cos*ntretanto, dos proectosde le sobre el asunto est6n siendo tramitados en el Con4reso :acional desde 1$$%*>isten al4unasnormas principios orientadores para la investi4acin en modelos animales, creadaspor diversas institucionesnacionales e internacionales, Iue pueden ser utiliDadas para orientar a losinvesti4adores#unIue muchas personas haan escrito sobre el status moral de los animales a lo lar4ode muchos aos,todav(a no ha, en los d(as actuales, un consenso sobre la verdadera posicin Iue losanimales ocupan enrelacin con los seres humanos;nitermos *tica en la investi4acin, biotica, modelos animales, e>perimentacinanimal, derechos de losanimales9?R**Rk:C9#! B9B&9K"R9C#!1 Reich J, editors *ncclopedia o3bioethics 2 ed :e forY Macmillan,1$$%1/-/2 CKB*# Manual para tcnicos em bioterismo!@o +aulo inner, 1$$. 9v #C Jhe histor and ethics o3 the use o3human subFects in medical research !cience1$/PS10P1-%

    / ;nited Hin4dom "uidance on the operationo3 the animals perimentation Chica4o #M#, 1$0$. !in4er + #nimal liberation :e forY #vonBooYs, 1$$1 20p' Conselho de Kr4aniDa?Aes 9nternacionais deCincias Mdicas

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    realiDada em Bru>elas em 2' de maio de 1$'P#cess(vel em httpvnetcombrami4osdeniteroideclar@ohtm10 Brasil &ei n8 ..P, de P de maio de 1$'$#B!JR#CJ*thics in animal model research

    Jhe use o3 animals in scienti7c trials dates bacY to the %th Centur BC Noever, a3ter1P00 it becameincreasin4l common !everal advances in Ynoled4e, particularl in the healthdomain, ere obtained3rom animal models )isciplinin4 the use o3 animals 3or scienti7c and teachin4 purposesis a permanentconcern b scholars 9n BraDil, there is no speci7c le4islation or norm providin4 3or theuse o3 animals inscienti7c e>periments !ince 1$$%, hoever, to dra3t bills are bein4 discussed at the:ational Con4ressJhere are indeed norms and 4uidin4 principles b national and international institutionson animal modelresearch that could prove use3ul hen it comes to orientin4 researchers #lthou4h

    much has been rittenover the ears on the moral status o3 animals, there is at present no consensusre4ardin4 the actual situationo3 animals in relation to humans;niterms Research ethics, bioethics, animal models, animal e>periments, animalri4hts9

    #RJ9"K!*stabelece normas para a pr6tica did6tico-cient(7cada vivissec?@o de animais e determinaoutras providncias )i6rio K7cial da ;ni@o,Bras(lia, 10 maio 1$'$, cole?@o 2, p .%'

    11 NK !tatement on #nimal use inBiomedical Research Numan ri4hts and pro3essionalresponsabilities o3 phsicians 9n Jheorld +schiatric #ssociation +hsicians,+atients, !ociet Hiev B+#, 1$$. /0-/112 Conselho :acional de !ade

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    ao meio ambiente, e d6 outras providncias)i6rio K7cial da ;ni@o, Bras(lia, 1 3ev 1$$P,se?@o 9011. Montai4ne M #polo4ia de Ramond!ebond !@o +aulo :ova Cultural, 1$$. P2-ual !@o +aulo Nemus, 1$'/ 10/-%22 !pinsanti ! tica biomdica !@o +aulo

    +aulinas, 1$$0 //2 Nampson E #nimal e>perimentation practicaldilemmas and solutions 9n +aterson ),+almer M Jhe status o3 animals K>on perimental techniIue &ondonMethuen, 1$%$2% Carruthers + &a cuestin de los animalesteoria de la moral aplicada Cambrid4eCambrid4e ;niversit +ress, 1$$% 1P/-.2. !in4er + tica pr6tica !@o +aulo Martins

    ontes, 1$$/ .%2' !cheitDer # Jhe ethic o3 reverence 3orli3e 9n Re4an J, !in4er + #nimal ri4hts and99human obli4ations :e Eerse +rentice Nall,1$P$ 2-'2P Re4an J Jhe case o3 animals ri4hts BerYele;niversit o3 Cali3ornia +ress, 1$P 2/2$ Veatch RM Jhe basics o3 bioethics :e

    Eerse +rentice Nall, 2000 2-/*:)*R*\K +#R# CKRR*!+K:)k:C9#Marcia Mocellin Ramundo

    Nospital de Cl(nicas de +orto #le4reRua Ramiro Barcelos 2%0 - sala 222'+orto #le4re R! - BrasilC*+ $00%-00*-mail mramundo5hcpau3r4sbr

    !9M+X!9K

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    !9M+X!9KJ9C# **:!9:K M)9CK!!9M+X!9K! +;B&9C#)K!#9)! e Biotica+acientes terminais#borto*rro mdico+esIuisas em seres humanosK ensino da tica dos pro7ssionais de sade+ol(tica demo4r67ca# tica da aloca?@o de recursos em sadetica e 4enticaKs limites da autonomia do pacienteComits de tica institucionais*utan6sia)esa7os da Biotica no sculo 9Jecnolo4ia e MedicinaBiotica e )ireito

    tica Mdica e +siIuiatria#spectos ticos da Reprodu?@o #ssistida#+R*!*:J#\^K K simpsio J9C# * *:!9:K M)9CK 3oi preparadoespecialmente para os docentes e universidades empenhadosno ensino da tica e Biotica nos cursos deMedicina#pesar de apresentar um nmero reduDido de te>tos, estesimpsio prima pela narrativa de cunho 7los7co epr6tico +ara os pro3essores de Medicina, ou mesmo deoutras 6reas, sua abertura traD pro3(cuo contedo Iue osaFudar6 na pr6tica docente di6riaS F6 o se4undo e terceiro

    te>tos narram a e>perincia de duas universidades noensino da tica no curso de MedicinaKs trabalhos publicados s@o /tica do professor de(edicina, do editor da revista Biotica, &uiD !alvador deMiranda !6 Enior, ) ensino da tica no curso de(edicina4 a experi5ncia da "ni6ersidade Estadual deLondrina 7"EL8, dos autores Eos *duardo de !iIueira,M6rcia Niromi !aYai e Ro4rio &uiD *isele, /tica

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    (dica e Biotica4 a disciplina em falta na gradua$%o mdica,do pro3essor :elson "risard e / poss'6el ensinar /tica(dica em um curso formal curricular!, do corre4edor doCM e respons6vel por este simpsio, Roberto &uiDd[#vila/'

    #presenta?@o*ditores convidadosRoberto &uiD d[#vila

    !9M+X!9K

    !9M+X!9K+ode-se co4itar sobre a eticidade da conduta docente,pelo menos em Iuatro tipos de rela?@o sua rela?@o comos alunos, sua rela?@o com os estabelecimentos de ensino,

    sua rela?@o com a sociedade, sua rela?@o com suacorpora?@o pro7ssionalS e, no caso dos pro3essores deMedicina, sua rela?@o com os pacientes+ois, em cada um desses planos relacionais, o educadormdico mantm compromissos pessoais, morais e sociaisIue lhe 4eram responsabilidades tcnicas e ticas #Iuisublinha-se o car6ter essencialmente altru(sta, de solidariedade,de aFuda e de prote?@o Iue deve estar presenteem toda rela?@o peda44ica e em toda conduta mdicaSo Iue con3orma o ncleo comum do compromisso socialK arti4o trata da eticidade da conduta docente na Medicina como entidade social de

    moralidade ecienti7cidade comple>as e ao mesmo tempo atividade laboral cada veD menosautGnoma, econGmicae tecnicamente +ara o autor, na avalia?@o da conduta mdica e peda44ica dopro3essor deMedicina n@o se deve separar os aspectos tcnicos dos ticos, nem os pessoais dospro7ssionais aDa di3erencia?@o entre trs tipos de pessoas Iue ensinam Medicina - os pro7ssionais deeduca?@o, ospro3essores e os mestres - e estabelece trs dimensAes dos processos educacionais ainstru?@o, o treinamentoe a 3orma?@o Ressalta, ainda, trs valores hipocr6ticos Iue podem ser tidos comopreliminaresessenciais para o e>erc(cio da cl(nica e docncia mdicas a 7lantropia, a 7loso7a e a7lotecnia#inda nessa linha, conclui com o Iue denomina de princ(pios 3undamentais da ticamdica hipocr6tica,Iue serviriam para 3undamentar a conduta tica dos pro3essores de Medicina;nitermos docncia mdica, conduta tica,7loso7a, 7lantropia, 7lotecnia/$ P/&uiD !alvador de Miranda !6 Er&ivre-docente e pro3essor titular em+siIuiatria da ;niversidade ederal

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    do Mato "rosso do !ulS pro3essortitular da ;niversidade Catlica )omBoscoS membro do ConselhoRe4ional e ederal de Medicina eeditor da revista Biotica

    5 N . % 0 D 4 6 7 0Biotica 2002 - vol 10 - n8 1

    tica do pro3essor de Medicina&uiD !alvador de Miranda !6 Erdas suas eticidades e lhes 3ornece o elementoconceitual b6sico comum)estaIue-se Iue a 3undamenta?@o terica daMedicina a situa no plano de interse?@o entre ascincias biol4icas, as cincias humanas e ascincias sociais K Iue a torna uma atividadepro7ssional, uma pr6>is relacional e uma entidadesocial e todas essas 3acetas apresentammoralidade e cienti7cidade bastante comple>as

    i4ncias da e>istnciacontemporUnea, com sua imensidade derecursos para conhecer e um nmero maiorainda de in3orma?Aes e tecnolo4ias produDidascom esses recursos *st6 se tornando cada veDmais demorado, mais di3(cil e mais dispendiosopreparar uma pessoa at para as e>i4nciascotidianas do trabalho social n@o especialiDadoe, mesmo, para a vida em sociedadeS sobretudo

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    nos estamentos sociais situados dentro eacima das assim chamadas camadas mdias:a prepara?@o dos recursos humanos altamenteespecialiDados, como a educa?@o mdica,ent@o, tais di7culdades mostram-se mais pro3undas

    e mais ampliadas !em 3alar na emer4nciaverti4inosa de novos conhecimentos ede novos procedimentos dia4nsticos e teraputicos,o Iue implica na necessidade deaprendiDa4em de novos recursos tecnol4icos aserem incorporados s pr6ticas mdicas e emsua atividade peda44ica # tare3a do pro3essorde Medicina costuma ser complicada pela obri4a?@ode manter o ensino mdico atualiDado epela necessidade de ensinar usando a tcnicadid6tico-peda44ica mais moderna e mais e7caD

    para cada contedo did6tico+or outro lado, Iuando se considera o si4ni7cadoda educa?@o mdica no plano interpessoal,aumenta a importUncia do trabalho docente naMedicina !abe-se Iue, em IualIuer sistemaeducacional de IualIuer pro7ss@o, a Iualidadeda rela?@o pro3essor-aluno muito importante,independendo at da tcnica peda44ica empre4ada

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    Iuem est6 pronto para ser habilitado paraatuar na assistncia aos en3ermos e nos servi?osde sade da comunidade)eve-se mencionar ainda Iue, na avalia?@o daconduta mdica e do desempenho peda44ico do

    pro3essor de Medicina, como sucede com os alunos,n@o se deve separar os aspectos tcnicos dosticos, nem os pessoais dos pro7ssionais :emse pode esIuecer Iue a no?@o de pro3essor remeteaos anti4os conceitos de preparador de pro3essos,aIueles Iue iriam emitir votos reli4iosos,permanecendo um conceito muito arrai4ado natradi?@o cultural de todas as sociedades poss(velIue o mdico e o pro3essor seFam dos pro7ssionaismais acreditados, o Iue lhes impAe umacar4a maior de responsabilidade para estar

    altura dessa avalia?@o social )esde a 9dadeMdia pelo menos, os conceitos de pro3essor epro7ssional, alm de sua ori4em comum, mantmestreita li4a?@o com a e>pectativa de voca?@oespecial, 7delidade, si4ilo e o compromissode servir desambiciosamente, de prestar servi?oprioriDando o interesse do cliente ima da Iue as di3erentes culturas,anti4as e coetUneas, pretendem do Iuedeveria ser a conduta sacerdotal idealiDadaJalveD, as culturas contemporUneas tenham osmdicos e os pro3essores como sacerdotes dacincia Ks mdicos costumam ser tidos comosacerdotes da humanidade

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    )e 3ato, tudo isso se pode diDer do pro3essor edo mdico +ois ambos tm em comum anecessidade de voca?@o e o reconhecimento socialde sua pr6>is +osto Iue ambas as atividadesdevem estar voltadas primariamente para

    servir com dedica?@o e desvelo sua clientelae, mais Iue isso, humanidadeBuscou-se destacar neste te>to al4uns aspectosticos da rela?@o trian4ulada pro3essor-alunodoenteno processo interativo de ensinar e de

    !9M+X!9K%1

    aprender as cincias mdicas contemporUnease a antiIW(ssima arte de curar Iue, reunidas epraticadas como trabalho social, 3ormam apro7ss@o mdica

    A %elao "rofessor&Aluno# intera?@o pro3essor-aluno desenvolve-se comnumerosos aspectos co4nitivos e a3etivos, tcnicose ticos, econGmicos, culturais e pol(ticost@o imbricados, Iue sua separa?@o, mesmo Iuepretendida como apenas restrita ao conceitual,pode se mostrar imposs(vel

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    uma rela?@o de i4uais *m 4eral, apresenta-sepoliticamente dissimtrica

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    )eve-se destacar os casos em Iue o direito autonomia pessoal do aluno e do paciente conitacom o direito autonomia tcnica do pro7ssional,seFa pro3essor ou mdico#Iui, 3aD-se necess6rio, talveD, recordar o si4ni7cado

    de al4uns conceitos da cincia pol(ticade importUncia na avalia?@o da eticidade doscomportamentos a espa?o autonomiaindividual de al4um, Iuando essa se3aD necess6ria #narIuia a 3alta do necess6riopoder pol(tico em um sistema social#utoridade a denomina?@o Iue se d6 ao e>erc(ciole4al e le4(timo do poder ;m pro3essorercer duas modalidadesde autoridade a institucional pectativa elevada Iue tinha dopro3essor antes de conviver com ele# conduta do pro3essor tende a e>ercerinuncia preponderante no processo e no

    resultado de IualIuer procedimento peda44ico,e isso parece ser mais evidente no ensinomdico Iue em outra atividade peda44ica+rovavelmente porIue o pro3essor de Medicinaensina com o e>emplo e seu aluno aprendecopiando o modelo Iue ele lhe o3erece de suatcnica, de seu desempenho pessoal e de suaconduta social

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    considerados positivos ercer Medicina n@o selimita, em 4eral, ao conhecimento e ao treinamentona aplica?@o de normas tcnicas mais oumenos invari6veis em certas situa?Aes de7nidaspor um dia4nstico mdico !i4ni7ca lidar compessoas muito di3erentes entre si e com di3erentesnecessidades mais ou menos aitivas daspessoas, em situa?@o de en3ermidade, o Iueamplia a dimens@o tica desse trabalho#s pessoas apresentam mar4ens muito 4randede varia?@o estrutural e 3uncional :o trabalho

    mdico, os casos Iue se enIuadram nas re4ras4erais podem ser menos numerosos Iue ase>ce?Aes * em Medicina, os casos t(picos s@ore3erncia obri4atria e podem ser mais importantesdo Iue os casos mais comuns ou maiscaracter(sticos K mesmo ocorre na docncia,veD Iue n@o se encontram dois alunos i4uais,com a mesma conscincia, o mesmo interesse,as mesmas necessidades ou idnticas possibilidades#ssim como raramente se repetemsitua?Aes cl(nicas completamente idnticas

    )i3erentemente do Iue sucede em outras aplica?Aescient(7cas, na Medicina o racioc(niopor analo4ia pode ser mais importante Iue odedutivo ou o indutivo, mesmo nos casos maiscomuns de uma en3ermidade

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    atividades :a Medicina como na docncia, atica da i4ualdade i4ncias peculiares da 3orma?@omdica, Iue obri4am o pro3essor de Medicinaa uma moralidade peculiar, mais ri4orosa emais e>i4ente Iue a de um mdico Iue n@o

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    e>er?a atividade docente +rincipalmente, emde3esa de sua autoridade tcnica e cient(7ca, opro3essor deve ser mais ri4oroso consi4o mesmodo Iue com seus alunos ou com os 3uncion6riossubordinados a si

    +or diversos motivos +rimeiro, porIue o processode ensino-aprendiDado da Medicina temmostrado uma 7sionomia particular atravs dossculos Como F6 se a7rmou, muito mais do Iueno e>erc(cio de outras pro7ssAes, o aprendiDadodas condutas mdicas se d6 por imita?@o, Iueprovm da identi7ca?@o do aluno com o pro3essorao lon4o do trabalho conFunto e da convivnciaem comum K conhecimento mtuo e oreconhecimento da capacidade do outro costumainuir muito neste tipo de ensino K Iue,

    di4a-se de passa4em, sucede de modo relativamenteindependente da tcnica peda44icaempre4ada para ensinar, mas parece dependerbastante da personalidade de ambos os intera4entese, um tanto menos, das circunstUncias desua atividade, especialmente da con7an?a Iue opro3essor inspira no aluno istncia de duas vulnerabilidadescon7adas ao seu desempenho a vulnerabilidadeprpria dos doentes e a vulnerabilidadet(pica dos alunos# 3un?@o de curador natural de seus en3ermos,para a Iual ;lisses +ernambucano F6 chamava

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    a aten?@o com muito destaIue, constitui umadas ra(Des da importUncia da tica para o mdicoe, principalmente, para o pro3essor de Medicina,

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    n@o 36cil Fusti7car a tica como uma disciplinaacadmica a ser lecionada como as outrasdisciplinas +arece mais 36cil entender a ticacomo dimens@o essencial de todo procedimentomdico, cuFa eticidade deve ser permanentemente

    a3erida no processo natural de supervis@odas atividades de todas as disciplinas b6sicase pro7ssionaisVive-se um momento da cultura ocidental a4eradamente 3alada e insi4ni7cantementepraticada ;ma breve mirada sobre o desempenhosocial dos modelos sociais de identi7ca?@o,como os diri4entes pol(ticos, os artistas denomeada e outros l(deres sociais, pode mostrara evidncia de tal proposi?@o

    +or 7m, sabe-se Iue a natureDa psicol4ica daidenti7ca?@o peda44ica do aluno com o pro3essordepende de outros elementos das suaspersonalidades, como a Iualidade da sintoniaa3etiva Iue se estabele?a entre elesS de outroselementos de identi7ca?@oS da coincidnciados motivos e dos obFetivos de seu encontroSdas circunstUncias imediatas e das e>pectativasprovocadas por sua intera?@oTipos de 'nsinadores de )edicina*e de outras coisas+

    Considerando pre3erentemente a personalidadedo pro3essor e seu modo de atuar em sua intera?@ocom o aluno, pode-se di3erenciar trs tiposde ensinadores de Medicina iFa maisIue instru?@o e treinamento= os pro7ssionaisde educa?@o, os pro3essores e os mestresKs primeiros, os pro7ssionais de educa?@o, s@o:erc(ciomalvolo, nem da auto-cr(tica um ritualde auto-comisera?@o Colocam os interessesdos doentes e dos alunos acima dos seus e e>i4emIue os estudantes o 3a?am em rela?@o aos

    doentes Iue eles atendem Costumam encararseu dever como recompensador por si mesmo:@o se 3aDem credores por cumprirem seudever, nem cobram 4ratid@o ou recompensapor isso !abem Iue a4radam principalmente asi mesmos !ua conduta caracteriDa-se poramor e dedica?@o ao trabalho e es3or?o permanentede desenvolvimento pro7ssional e pessoal,por altru(smo e solidariedade em suasrela?Aes com os demais, sobretudo, com seusdoentes e com seus alunos *, por isso, s@o

    disciplinados e disciplinadores +or necessidade!9M+X!9K:=

    de sua 3un?@o, muito mais do Iue por 4ostopessoal +ro3essores e alunos 3ormam umad(ade particular na Iual seus componentes secompletam, tendo em comum a comunidadede seus interesses, motivos e propsitos e umavincula?@o a3etiva baseada na con7an?a :acon7an?a pessoal e na con7an?a tcnicaKs terceiros, s@o os chamados mestres Jm

    os tra?os caracter(sticos dos pro3essores emescala superlativamente mais ampla e pro3undaMostram mais talento, responsabilidade ededica?@o ao trabalho e sobra-lhes altu(smo esolidariedade Revelam-se mais doutos Iue ocomum !ua antevis@o do porvir, criatividadee lideran?a 3aDem-nos modelos de desempenhopol(tico, tcnico e social Kutra caracter(sticaessencial sua a pai>@o pelas conseIWncias deseu trabalho e pelo 3uturo de seus alunos

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    tico +ode-se diDer Iue os mestres s@o maisbem dotados em 7loso7a, 7lantropia e 7lotecniaIue os pro3essores comuns Mas, sobretudodevem ser mais autocr(ticos e menos indul4entesconsi4o mesmos, enIuanto se devem

    3aDer mais tolerantes com os demais +arecemreunir, naturalmente, tolerUncia e intransi4nciacom os erros Mas, principalmente, 3aDemseami4os dos seus disc(pulos enIuanto os criticame os au>iliam em seu auto-aper3ei?oamento)entro do esp(rito da poca atual pode-se talveD denomin6-los superpro3essores+ode ser curioso mencionar Iue a eticidade daconduta de uma mesma pessoa Iue atue comousu6rio, como aluno e como disc(pulo tambmpode se mostrar di3erente Mas isso matria

    para outro trabalhoA %elao )dico&"acientee a %elao "rofessor&Aluno# preocupa?@o e a dedica?@o mencionadasacima se mani3estam tanto no compromissodo mdico Iuanto no do pro3essor Cada pro3essorde Medicina, em sua dupla identidade,necessita comprometer-se com pelo menosdois sistemas de valores ticos o Iue interessa rela?@o mdico-paciente e o Iue se diri4epara a rela?@o pro3essor-aluno, aplicando-lhes

    os valores mdicos e os valores peda44icos dedire?@o da conduta tcnica e relacional #tica Mdica e a tica +eda44ica podem serconsideradas como duas proFe?Aes particularese duas aplica?Aes pr6ticas da tica "eral, Iueresta seFa considerada como uma co4ita?@osobre a moral e a moralidade mdicas e peda44icas,Iuer seFa entendida como o estudo dapr6tica mdica condicionada por essa co4ita?@osobre os valores morais e sua concretiDa?@ona conduta do cl(nico e do docente

    *ssas duas aplica?Aes ticas, a mdica e apeda44ica, se estruturam na conscincia daspessoas

    conscincia moral individual= e nas culturas

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    *m um processo de estrutura?@o no Iual osprocessos individual e coletivo intera4emindissoluvelmente Judo isso ocasiona o aparecimentoe o desenvolvimento nas conscinciasindividuais das no?Aes de dever e de responsabilidade

    social, individual ou coletiva dos indiv(duose dos sistemas sociais

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    iste como uminstrumento Iue possibilita al4um aFudar aoutrem a aprender al4o, a proceder bem, a aper3ei?oarseu desempenho ou a melhorar no plano

    tcnico, no plano tico, no plano humano ouno plano social o resultado de sua atividadeE6 se repetiu Iue a pr6tica mdica e o trabalhodocente mantm este ponto comum, s@oambas rela?Aes de aFuda solid6ria Iue dependemda con7an?a presente nelas, ainda Iue anatureDa da aFuda seFa substancialmente di3erenteem cada um desses casos +ois, cada umadessas modalidades de aFuda e de con7an?a4uarda suas caracter(sticas di3erenciais emcada caso concreto, mas ambas tm muito em

    comum em todas as situa?AesK pro3essor aFuda o aluno ensinando-o adesempenhar o seu papel na sociedade e a realiDaral4um procedimento tcnico Iue possibilitea constru?@o de sua autonomia pessoal9sso um dado essencial seu como necessidadesocial, porIue sempre haver6 al4um ne7tonecessitando de seu servi?o K mdico

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    aFuda o paciente prevenindo uma en3ermidade,curando-o, minorando seu so3rimento ou consolando-o em sua molstia *ssas caracter(sticasessenciais de mdico e de pro3essor apontampara a necessidade de e>istir uma dupla

    responsabilidade tica de mentor de estudantesde Medicina e de cuidador de doentesK processo peda44ico de aFudar al4um a 3aDerbem al4uma coisa, a a4ir bem e a melhorar seuspadrAes de conduta interpessoal, social, tcnica etica na sua rela?@o pro7ssional com a sociedadenecessita, ao menos inicialmente, estar determinadopelo con3ronto dialtico havido na introFe?@odas 74uras da boa conduta em compara?@o com oIue se possa descrever como m6 conduta # compara?@odo bom comportamento com o mau, do

    melhor desempenho com o pior ecutado K Iue se d6 sobretudo na valora?@orelativa dos procedimentos e das circunstUnciasem Iue eles ocorreram :@o costuma

    haver desempenho tico satis3atrio na rela?@ode ensino se o aluno n@o tem ambiente de criticaro pro3essor, os membros da eIuipe mdicae os seus cole4as K pro3essor deve dare>emplo de e>erc(cio natural da cr(tica e,sobretudo, da autocr(tica como instrumentovalioso 3ormativo Mas, sobretudo pertinenteIue seFa mostrado Iue n@o e>iste bondade emaldade isolados e ant(podas, Iue esses 3enGmenoss@o abstra?Aes Iue s se revelam naconduta social de pessoas concretas ue o

    si4ni7cado das e>pressAes bem e bondade est6impl(cito no Iue se avalia como uma boa conduta,no Iue se pode chamar de bom procederJambm pode ser interessante mostrar Iue e>celentesinten?Aes podem resultar em pssimascondutas ue ser bom bem 3aDer, 3aDer bem o

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    bem +ois, como as idias de maldade e de mal,as no?Aes de bondade e de bem s@o abstra?Aesinteli4entes Iue emanam de condutas concretasIuando s@o avaliadas moralmente:esse processo, o aluno aprende a encarar os

    erros com naturalidade, a evit6-los sem 4randesmani3esta?Aes neurticas de onipotnciaou de auto-culpabilidadeMas, tambm importante Iue se ensine e Iuese mostre Iue e>istem coisa boas e coisas m6s,assim como e>istem meios e instrumentosbons e maus para atin4ir obFetivos Iue se tmpor bons ue se pode tentar 3aDer a coisacerta de maneira errada * Iue isso 7nda pordeterminar o Ful4amento 7nal:outro plano de avalia?@o, caso se considere a

    estrutura dos instrumentos peda44icos envolvidosna rela?@o pro3essor-aluno, cabe per4untarIual seria o resultado deseFado do ensinomdico em termos de tipo de 3un?@o atin4idatica do 'nsinar, do nstruir e do 'ducarK processo peda44ico, sabe-se, si4ni7ca transmitirin3orma?Aes, desenvolver ou reabilitaraptidAes, trans3ormando-as em capacidades, emobiliDar e cultivar atitudes nos educandos*ssas trs modalidades essenciais dos processoseducacionais podem ser denominadas instru?@o

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    3ormar atitudes coincide com o o de aprendera valoriDar, atribuir valor s condutas e s coisaspara as Iuais a atitude ir6 ser diri4ida# educa?@o moral se inicia com a estrutura?@odo car6ter da crian?a +or isso, a educa?@o tica

    se inicia na 3am(lia e n@o na 3aculdade +orIue na in3Uncia Iue o aparecimento das atitudesindica o sur4imento do car6ter pessoalalando em termos tcnicos, atitude n@o condutamani3esta, nem conduta de resposta a umest(muloS n@o a?@o, nem rea?@o, como muitosempre4am inadeIuadamente, contaminadospelo senso comum #titude uma tendnciainata ou adIuirida, de natureDa co4nitiva

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    prpria conduta e das condutas alheias, numambiente relacional de con7an?a! se aprende tica observando, comparando eFul4ando, a si mesmo e a outrem # observa?@ocr(tica da prpria conduta e das condutas

    alheias, avaliadas luD de critrios a>iol4icosv6lidos tem se mostrado muito mais valiosaIue aulas, con3erncias e sermAes K desenvolvimentoda capacidade de Ful4ar a outreme>i4e e>erc(cio *, ainda mais di3(cil do Iueapreciar a conduta alheia, a avalia?@oautocr(tica # avalia?@o da prpria conduta,Iue 3unciona mais e3etivamente neste processo3ormativo e se con3unde com o desenvolvimentodos tra?os de car6ter das pessoasA 'xig-ncia e a ndulg-ncia

    :este momento, deve-se considerar a Iuest@oda indul4ncia e da e>i4ncia na conduta dodocente em sua rela?@o com o aluno *>i4nciae indul4ncia s@o ambas caracter(sticas essenciaisdo desempenho peda44ico, ainda Iue suaestrutura?@o como tra?o da personalidade tenhara(Des in3antis muito precoces !@o recursosinstrumentais da personalidade e da condutaIue podem ser bons ou maus, dependendo dascircunstUncias :@o se pode ensinar sem empre4ardoses e propor?Aes adeIuadas de ambos

    esses procedimentos :@o obstante todas asobFe?Aes, pode-se diDer Iue, em 4eral, um pro3essore>cessivamente indul4ente i4ente+orIue a indul4ncia com o erro se con3undecom a ne4li4ncia, ainda Iue possa a4radarmuito mais aos alunos # indul4ncia com oerro mostra-se muito pior para o aluno Iue ae>cessiva e>i4ncia, tanto do ponto de vista da

    3orma?@o tcnica, Iuantor do ponto de vista dasua educa?@o ticaK pro3essor e>cessivamente auto-indul4ente;

    com a avali?@o dos seus prprios erros, em 4eral,tambm costuma se mostrar ne4li4ente com oserros cometidos pelos alunos K Iue pode lhesser a4rad6vel, mas 3aD-se instrumento de corrup?@o

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    e n@o de 3orma?@o Considerar isso pode sermuito importante, porIue o pro3essor deMedicina deve ter compromisso tcnico e ticocom seus doentes, com seus alunos e com osdoentes delesS mesmo com doentes Iue eles ir@o

    atender muitos anos depois de 4raduados+ode ser imposs(vel distin4uir os erros tcnicos,de relacionamento e ticos em muitosmomentos do trabalho mdico +osto Iue,para um mdico, Iuase sempre imposs(velseparar a tcnica da tica, porIue a di4nidadedevida ao obFeto de seu trabalho, a sade e obem-estar do ser humano, e>i4e Iue IualIuerintera?@o Iue se d com ele seFa 3eita a partirde um padr@o relacional predominantementetico i4nciaJambm aIui, a virtude est6 no meio, entreduas posi?Aes e>tremas, devendo-se ponderar adevida propor?@o de indul4ncia e e>i4nciaem cada situa?@o peda44ica concretaK pro3essor e>a4eradamente e>i4ente revela-seum tirano Iue n@o pode valoriDar adeIuadamenteos interesses e necessidades dos alunosK mesmo sucede ao mdico e>a4eradamenteindul4ente com seus pacientes Costuma aFudar

    muito mais s doen?as Iue aos en3ermos# ne4li4ncia e a e>cessiva e>i4ncia, tanto noIue respeita ao prprio desempenho, Iuantoao Iue interessa avalia?@o do desempenhodos alunos e dos pacientes, podem ser sriosobst6culos ao e>erc(cio tico do papel de pro3essorde Medicina.i(culdades da %eali!ao .ocente# estrutura?@o dos valores ticos positivos esua trans3orma?@o em condutas ticas individuaisaprov6veis e em h6bitos morais socialmente

    reconhecidos costumam ser di7cultadaspor diversos condicionamentos Iue inter3eremne4ativamente no desempenho dos docentes# primeira das di7culdades presentes na realiDa?@odocente nos dias Iue correm

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    muitos estabelecimentos de ensino, mesmo noensino mdico, a rela?@o pro3essor-aluno praticamente casual e intermitente #lunos epro3essores n@o se conhecem ou mal se reconhecem,porIue n@o convivem Jodos os alunos

    s@o considerados como se 3ossem i4uaisem capacidade, possibilidades e interesse muito di3(cil conse4uir bons mdicos com essetipo de ensino :@o raro Iue os modelosreais de desempenho tcnico e tico o3erecidosaos estudantes seFam os dos mdicos administrativosdo hospital universit6rio, Iue n@o s@odocentes mas se tornam seus modelos pro7ssionaise humanos +elo menos, os Iue permitemIue os estudantes se apro>imem de si eaprendam consi4o +or isso, muito comum

    !9M+X!9K;9Iue os docentes desconhe?am as condi?AesobFetivas da e>istncia dos alunos e da sua pr6ticapeda44ica, de sua e>perincia educacionalSde seus valores, de suas aspira?Aes e desuas possibilidades K entendimento da universidadecomo uma comunidade de pro3essorese alunos indispens6vel para manter suaeticidade ;ma comunidade como uma estruturasocial de7nida na Iual seus componentes

    tenham conscincia de suas 7nalidades e deseus problemas e esteFam adeIuadamentemobiliDados para en3rent6-los!e4ue-se o problema da avalia?@o uando opro3essor Iue ensina o nico avaliador dodesempenho de seus alunos, isso cria umaindeseF6vel tens@o na sua rela?@o com os estudantesa de ser apenas um instrumentode auto-aper3ei?oamento, para se trans3ormarem meio de aprova?@o e de reprova?@o,o Iue seria melhor evitar nesta d(ade operacionale a3etiva K anti4o sistema de avalia?@opor bancas e>aminadoras evitava essa tens@o,avaliava tambm o pro3essor e impossibilitavaIue di7culdades disciplinares ou de empatia

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    inu(ssem na aprova?@o ou na reprova?@o #e>oavalia?@o tem as vanta4ens de n@o inuirne4ativamente na rela?@o pro3essor-aluno e deavaliar a ambos, docentes e discentesMais uma Iuest@o a ser considerada a ideolo4ia

    da supervaloriDa?@o das notas 3rente aoaprendiDado, Iue acomete todo sistema educacionalComo o aluno sente a nota como maisimportante Iue seu aproveitamento press@o debem Iuerer e de mal Iuerer, para seduDir istam obFetivos educacionaisreais Cada um empurra, pu>a ou;:

    dei>a 7car o processo peda44ico para ondelhe convenha mais ou para onde lhe pare?amelhor # meritocracia, Iue constitui o ncleo

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    Fusti7cador da universidade como institui?@osocial autGnoma, deu lu4ar a umi4ualitarismo alienado e alienador da mediocrecraciaComo acontece Iuando se empre4aum instrumento pol(tico para 3abricar

    um obFeto tcnico!ome-se a isso a de4rada?@o salarial dos pro3essoresdas escolas mdicas e o encolhimento deseu prest(4io social +ois nin4um pode ne4arIue isso inui de uma maneira direta na suaconduta, porIue a tica n@o uma entidadesupra natural, nem e>iste independente dascondi?Aes de vida de seu a4enteS resulta dasitua?@o individual e so-cial concretas da pessoaIue a vivencia # tica de Iuem passa 3ome di3erente da tica de Iuem vive na 3arturaS a

    tica do homem livre di3erente da tica doescravoS a do patr@o, di3erente da do empre4adoMani3esta-se, tambm indiretamente, o rebai>amentodo n(vel social da atividade docenteIue inui na conduta dos Iue se mantm delaA deologia /i#eralista e ndividualista#lm do e>posto, os pro3essores est@o alienadosde si mesmos como cidad@os, como docentese como pessoas +ol(tica, econGmica, sociale culturalmente # ideolo4ia do neoliberalismoindividualista 4erou um caldo de cultura onde

    viceFa o e4o(smo, o hedonismo e o imediatismo,o Iue di7culta ou impede medrar a solidariedadeou o altru(smo #lm de 3omentar apulveriDa?@o das entidades sociais, o Iue, nasuniversidades, impede a estrutura?@o de umcorpo docente comprometido com os mesmosobFetivos educacionaisVeri7ca-se, em incidncia e intensidademuito maiores do Iue seria toler6vel, os casosde aliena?@o pessoal, o Iue se revela nodesconhecimento pelos pro3essores dos motivos

    das emo?Aes e sentimentos Iue e>istemneles com rela?@o ao ensino e aos alunos* muitos est@o tomados pelo mercantilismo

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    da conduta pro7ssional Iue supervaloriDa adimens@o tcnica da rela?@o com o pacienteem detrimento dos valores humanos=S ou, oIue pode ser muito pior, o aproveitamentodos alunos eou dos pacientes em seu prprio

    proveito

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    uma mudan?a radical nos paradi4mas ticosComo se d6 com praticamente todos osmodelos culturais vi4entes, os padrAes ticosest@o mudando muito e em per(odos relativamentemuito curtos, Iuando se compara

    com o passado Mesmo com o passado maisou menos recenteKutro 3ator semelhante ao anterior, mastambm capaD de di7cultar a educa?@otica s@o as mudan?as havidas nos padrAesde eticidade na cultura aram de sera boa 3ama, o prest(4io e a boa reputa?@o Iueal4um adIuiria com suas a?Aes, para se revelarnica ou predominantemente na renda7nanceira e na propriedade acumulada o 4rau de e>i4nciaeducacional poss(vel haver Iuem

    tenha a virtude pl(cita do suFeitoA 1ualidade do 2ervio "restado;m subproduto do consumismo e do hedonismoprovenientes do individualismo liberalista

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    Iue campeia na civiliDa?@o ocidental a con3us@ohavida entre Iualidade do servi?o e o contentamentodo paciente ou do aluno K consumidorde substUncias psicoativas depenci4enaspode 7car muito satis3eito com o mdico Iue

    lhe vende as receitas Iue permitem sua aIuisi?@oou com o tra7cante Iue lhe 3ornece assubstUncias das Iuais depende, mas isso constituium desservi?o Iue lhe prestado, um comportamentosocial superlativamente anti-ticoe uma conduta tcnica e le4almente conden6velK mesmo se d6 na rela?@o dos pro3essorescom seus alunos K aluno pode se mostrarsuperlativamente satis3eito com o pro3essor Iueelo4ia seus erros e o aprova sem e>i4ir muitodele, mas essa conduta docente errada sob

    IuaisIuer aspectos Iue se a e>amineK pro3essor tico i4ir delesmais dos Iue eles se dispAem a 3aDer e, sveDes, n@o aprov6-los#s di3erentes opiniAes sobre a bondade e maldadee sobre o contentamento ou o descontentamentodos doentes e dos alunos utiliDadoscomo critrios de Iualidade do trabalho tambmperturbam o desempenho docente Muitocedo, os mdicos percebem Iue a4radar o

    doente pode si4ni7car aFudar a doen?a :adocncia, d6-se coisa an6lo4a #4radar aoaluno pode si4ni7car preFudicar sua 3orma?@o:as escolas privadas, isso pode ser essencialpara manter o empre4o a4radando aos alunose seus respons6veis tremo, situam-se os docentes Iueprocuram manter a maior distUncia poss(veldos alunos, inclusive com irascibilidade oua4ressividade

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    dando aulas ininteli4(veis ou reprovando e>a4eradamente,diminuindo-os ou desvaloriDando-os, por incapacidade tcnica ou pessoaliste outro obst6culo ideol4ico maior #moral neoliberal, assentada no individualismoe4ocentrado e na utilidade consumista eimediatista, pretende-se composta por vencedores,os Iue 4anham muito, e perdedores, os

    !9M+X!9K;=Iue 4anham pouco !e honesta ou desonestamente,pouco importa Ks demais elementosde realiDa?@o pessoal, tambm n@o#7nal, para eles, a 3elicidade pode ser descritacomo u>o de cai>a positivo e o >ito pro7ssional,medido pela renda K Iue induDmuitos docentes a usarem seus car4os comoinstrumento de aumentar sua renda, mesmoIue em preFu(Do do trabalho docente :@osendo despreD(vel pGr reparo em como este

    tipo de procedimento 3aD pro3essores Iue sediDem socialistas ou comunitaristas au>iliaremna privatiDa?@o da universidade pblica eem sua decadncia Como se, pelo 3ato da4anharem pouco, IualIuer recurso 3osse v6lidopara lhes aumentar a renda+ode-se acrescentar mais um 3ator capaD dedi7cultar o ensino da tica nos cursos deMedicina a di3eren?a com Iue pro3essores ealunos interpretam o conceito de TticaT emum mesmo conte>to educacional +ara este

    autor, por e>emplo, a tica pro7ssional temcomo triplo obFeto a rela?@o dos pro7ssionaisentre si, deles com a sociedade e de cada a4enteda pro7ss@o com seus clientesS Iue esta ltimainter3ace tica deve ser sempre a maisimportante, porIue, como IualIuer tica, estadeve estar diri4ida inicialmente para as a?Aes erela?Aes humanas, depois, ainda Iue mais ou

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    menos imediatamente, para a prote?@o e parapreven?@o do erro e para a prote?@o da partemais 3raca em uma intera?@o K Iue, aIui, opaciente ou o aluno, con3orme 3or o caso +oisbem, na maior parte das veDes Iue este autor

    assistiu um pro3essor ou um aluno de cursomdico invocar uma Iuest@o de tica, estaIuase sempre estava se re3erindo eticidade darela?@o entre pro7ssionais, principalmentesendo empre4ada para minimiDar ou encobrirum erro pro7ssional ou uma conduta pro7ssional,no m(nimo, discut(vel no plano tcnicoou tico, Iue 4era ou possa 4erar um problemacom ou para um cole4a de pro7ss@o*ssa ideolo4ia claramente corporativista,Iue induD a minimiDa?@o do conceito de

    tica e de eticidade na atividade dos pro7ssionais,restrin4indo-as rela?@o entre cole4as,talveD seFa o 3ator contemporUneo maisimportante na de4rada?@o tica das intera?Aespro7ssionais, inclusive na Medicina #tica das rela?Aes entre cole4as s tem sentidoporIue serve para prote4er os pacientes,os elementos mais vulner6veis, os mais 3racosna rela?@o mdico-paciente # ticamdica e>iste basicamente para prote4er osdoentes e a sociedade;m anti4o preceito da

    tica mdica - Tnunca 3alar mal de um cole4apara um paciente`- retrata este ponto#o diminuir a con7an?a de um doente emum cole4a, atin4e-se o crdito da Medicina,de todos os mdicos, inclusive o seuuando um mdico acoberta uma condutapro7ssional errada, 3ornece valiosa muni?@opara minar o prest(4io de todos os pro7ssionaisdaIuela cate4oria ante a opini@o pblica:ada pode ser pior para o prest(4io social deuma pro7ss@o do Iue o pblico acreditar Iue

    os mdicos s@o mais preocupados consi4o mesmosdo Iue com seus doentes ou com asociedade +ondere-se, no entanto Iue, Iuando3or necess6rio criticar um cole4a, deve-se;>

    diri4ir a cr(tica diretamente a ele prprio, comiss@o de tica do estabelecimento onde sedeu a conduta contestada ou ao CRM, con3orme

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    3or o caso K mesmo se d6 na tica pro7ssionaldos pro3essores, Iue e>iste para prote4ermais os alunos e a sociedade da m6 condutadocente do Iue para acobertar os erros pro7ssionaisdos a4entes pro7ssionais Mas, em

    ambos os casos, deve ser mobiliDada pelosmdicos e pro3essores Iue necessitam ser prote4idosde um a4ressor mais 3orte e mais poderosoos a4entes 4overnamentais Iue os che7ame tentam coloc6-los a servi?o de seus propsitosanti-sociais e seus empre4adores Iue,em bene3(cio de seus lucros e de seu poder,muito 3reIWentemente abusam deles+rincipalmente, Iuando est@o em superioridadepol(tica e ideol4ica, como acontece atualmentenos *stados com economias mar4inadas

    e mar4inais, nos Iuais ocorre imensa superioridadedo capital sobre o trabalhotica e 3iloso(a:@o e>iste aspecto da 7loso7a isento de diver4nciase contradi?Aes de todas as ma4nitudese pro3undidades Matria 3ortemente ideolo4iDada,a 7loso7a tem se mostrado ao lon4o dossculos, simultaneamente, instrumento decombate e campo de batalha das mais diversastendncias pol(ticas Iue se con3rontam nomundo +or isso, sua de7ni?@o e sua classi7ca?@o

    tambm costumam ser obFeto de muitasdiver4ncias e de intenso con3ronto Mesmoconsiderando isto, o autor deve ser 7el aos seuspontos de vista, ainda Iue disposto a de3endlos,se necess6rio #Iui, se de7ne sinteticamente7loso7a como uma cincia ideal acincia Iue tem como obFeto a vis@o de mundode al4um Iue determina suas atitudes intelectuais,a3etivas, psicomotoras e sociais diantedas demais coisas e acontecimentos, condicionandosua conduta

    Considerando-se a 7loso7a cincia e como7loso7a da cincia, pode-se classi7car a 7loso7aem Iuatro cap(tulos ontolo4ia

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    dos Fu(Dos e dos racioc(nios=, e metodolo4iai4ncias de veracidade=Classi7ca?@o da 7loso7a # sistematiDa?@o da

    7loso7a 3eita aIui tambm n@o atende a todasas opiniAes dos especialistas, porIue nenhumaconse4ue esta 3a?anha oi empre4ada aIui,como op?@o do autor, porIue su7cientementede3ens6vel, por parecer bastante coerentecom as opiniAes e>postas 3rente Iuest@o centralda 7loso7a e s outras op?Aes doutrin6rias3eitas ao lon4o deste trabalho * tambm porIuese presta muito bem ao entendimento da7loso7a do conhecimento como instrumentodo processo de conhecer, e>plicar e trans3ormar

    o mundo+ara Iuem considere a 7loso7a como cincia3ormal, como os mar>istas e al4uns positivis-

    S5M,BS50iolo4iaiolo4ia e seus ramos

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    setenta como s(ntese de uma tica 4lobal, compropsitos nitidamente ecol4icos, 3oi celerementetrans3ormada em uma tecnotica dascincias biol4icas, talveD por causa dos abusosIue se praticaram naIuela 6rea de produ?@o do

    conhecimentoMais recentemente, a biotica tem sido propostacomo se 3osse uma tica pro7ssionalsupra-corporativa, abran4endo em seu boFotodas atividades ocupacionais Iue lidam comos 3enGmenos e processos biol4icos ;maespcie de super-tica pro7ssional das cinciase das pro7ssAes da vida #o relacionar a bioticacom a tica pro7ssional, nota-se Iuepodem e>istir duas posi?Aes e>tremas sobre oestatuto ontol4ico da biotica ;ma primeira,

    com a maior amplitude poss(vel, sustentadapor muitos pro3essores de biotica e bioeticlo4osontolo4icamente mais ambiciosos,ima4ina a biotica como 7loso7a autGnoma,continente de todas as mani3esta?Aes das co4ita?Aesticas, pro7ssionais ou n@o, sobre o Iuese passa nas cincias da vida e em todas as pro7ssAesIue as empre4am privile4iadamenteistisse IualIuer mani3esta?@o deIualIuer tica Iue n@o se reportasse aos seresvivos e a suas rela?Aes=

    !e4ue-se sua contraposi?@o doutrin6ria ri4orosamenteoposta, a Iue ima4ina a biotica muitomais modestamente, apenas como dimens@oparticular

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    intermedi6rias.eontologia e .iceologia )dicas)eontolo4ia o ramo da tica pr6tica Iue tratados deveres, enIuanto a diceolo4ia trata dosdireitos Iue lhes devem ser correspondentes

    Ks conceitos e as a?Aes correspondentes aosdeveres K dever de um direito de outro evice-versa +orIue n@o h6, F6 se disse, nem podehaver, direito sem dever, nem dever sem direito#ssim como os direitos e os deveres s@o conceitoscomplementares insepar6veis, porIue n@opode e>istir um sem o outro, deontolo4ia ediceolo4ia podem ser consideradas como cate4oriasa>iol4ica dialticas :o Brasil, ine>isteminstrumentos deontol4icos nacionaisre4uladores da conduta docente e discente e

    Iue apontem para valores ticos essenciais,para normas 4erais Iue devem nortear sua condutae estabelecer re4ras de conduta Iue 7>emas proscri?Aes e as prescri?Aes morais Iuedevam ser atendidas por todos +ode-se e>empli7cardiDendo Iue a convivncia, cada veDmais prom(scua, de certos pro3essores coma4entes de empresas 3abricantes de medicamentosou eIuipamentos mdicos precisa ser disciplinadaCom ur4ncia !ob pena de contaminara ima4em do docente mdico diante da

    sociedade e, principalmente, de seus alunos*sta perspectiva reete uma vis@o comunit6riada e>istncia humana, de sua identidade pessoale de sua realiDa?@o

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    outras le4isla?Aes=*ssa tica se denomina deontol4ica *>isteIuem subestime esta e>press@o da tica, Ful4ando-a desinteressante por se tratar de norma 7>ada,re4ra de conduta imposta 9sso poderia corresponder

    verdade se as re4ras deontol4icas3ossem ptreas, imut6veis, n@o se 4astassem,perdessem vi4ncia parcial ou 4lobal, nem tivessemde ser emendadas ou substitu(das:os compromissos deontol4icos mais anti4os,como o Euramento de Nipcrates, F6 7cava evidentea conscincia do tr(plice comprometimento dosmdicos compromisso com os doentes, com oscole4as e com a sociedade :esta ordemNierarIuia Iue s deve ser alterada Iuando o mdicoatuaremcasos de per(cia, de auditoria, de

    7scaliDa?@ooudecontroledoe>erc(ciopro7ssional,eem

    S5M,BS50

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    e da docncia mdicas a 7lantropia, a7loso7a e a 7lotcnica pressa a 7lantropia mdicacomo obFetivos humanos permanentescurar, al4umas veDesS aliviar, muitas veDes, econsolar, sempre Mostrar interesse e dedica?@opelo aluno e pelos en3ermos como s Iuem4osta de seu labor pode 3aDer #diante, h6 de semencionar a capacidade de amar como virtudeessencial da conduta mdica e docente# amiDade com o doente tem sido a pedra

    an4ular da tica mdica hipocr6tica desde apoca cl6ssica #ssim como a amiDade com odisc(pulo alicer?a a tica da rela?@o peda44icaentre o mestre e seus disc(pulos em todas asmetodolo4ias peda44icas di4nas desta desi4na?@oVale a pena destacar Iue o oposto da7lantropia, sua ne4a?@o, a indi3eren?a a3etiva,a apatia

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    # Medicina e a docncia mdica tm se reveladoamantes e>i4ent(ssimas, e>i4em estudopermanente e dedica?@o Iuase e>clusiva, sacri7cammuito do desempenho pessoal, 3amiliare social de seus pro3essos e, principalmente, de

    seus pro3essores K pro3essor Iue n@o 4osta deestudar e de aprender 3aD um pssimo modelopara seus alunos, 3aD-se um modelo ne4ativo,um modelo de como n@o ser, de como n@o a4irK amor ao conhecimento, diri4ido pela 7lantropia,o bene3(cio da humanidade, era amarca da atividade do cientista e do pro3essorat o ltimo sculo+rinc(pio da 7lotcnica importante Iueal4um 4oste de seu trabalho :este sentidoespec(7co, 7lotcnica ou 7lotecnia si4ni7ca

    amor arte, com o sentido de ocupa?@o, o3(cioou pro7ss@oS Iuer diDer praDer, Iue o pro7ssionaldeve dedicar-se a seu trabalho com amorS oamor do mdico pela MedicinaS pois, n@o podeser 3eliD Iuem n@o 4osta de seu trabalho :@opode