5. bioÉtica

13
BIOÉTICA 2012 1º SEMESTRE DEFINIÇÃO ........................................... 131 PRINCIPIOS .......................................... 131 Relatório Belmont............................. 131 Principio da autonomia .................... 131 Principio da beneficência .................. 132 Principio da não-maleficiência ......... 132 Principio do respeito ......................... 132 Princípio da justiça ........................... 132 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) ....................... 133 COMITES DE ÉTICAS ............................. 133 Comitê de ética em pesquisa (CEP) .. 133 Comissão nacional de ética em pesquisa (CONEP) .................... 133 BIOÉTICA E PESQUISA ........................... 134 Resolução 196/96 ............................. 134 Lei Arouca 11.794 ............................. 134 Lei 11794/2008 ................................. 134 VIDA HUMANA COMO VALOR BIOÉTICO ........................................ 135 Declaração universal dos direitos humanos .................................. 135 Artigos ...................................... 136 DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DOS ANIMAIS ..................138 Artigos .............................................. 138 PROJETO DE PESQUISA .........................139 ASPÉCTOS ÉTICOS E METODOLÓGICOS ........................ 139 Identificação ..................................... 139 Título ................................................ 139 Autores ............................................. 139 LOCAL DE ORIGEM E DE REALIZAÇÃO .. 139 Introdução ........................................ 139 Objetivos .......................................... 139 Método ............................................. 139 Cronograma ..................................... 139 Orçamento ....................................... 139 Referências ....................................... 139 VISÃO RELIGIOSA DA MORTE ...............140 ÉTICA E EUTANÁSIA ............................. 140 Eutanásia ......................................... 140 Classificação da eutanásia ........ 140 Distanásia ........................................ 140 Ortotanásia ...................................... 140 ACONTECIMENTOS ENVOLVENDO ASPÉCTOS ÉTICOS........................... 141 PROJETO MANHATTAN ............................. 141 Julgamento de Nuremberg............... 141 CÓDIGO DE NUREMBERG........................... 141 Declaração de Genebra .................... 141 Declaração de Helsing ...................... 141 Projeto Apollo................................... 141 Projeto genoma humano ................. 141 DESLIZES ÉTICOS NA PESQUISA ........... 142 Caso de Tukegee .............................. 142 Caso hospital de Willowbrook .......... 142 Caso Jewish Chronic Diase Hospital do Brooklin ............................. 142

Upload: marcospatologia

Post on 09-Apr-2016

27 views

Category:

Documents


2 download

DESCRIPTION

resumo

TRANSCRIPT

Page 1: 5. BIOÉTICA

BIOÉTICA 2012 1º SEMESTRE

DEFINIÇÃO ........................................... 131

PRINCIPIOS .......................................... 131

Relatório Belmont............................. 131

Principio da autonomia .................... 131

Principio da beneficência .................. 132

Principio da não-maleficiência ......... 132

Principio do respeito ......................... 132

Princípio da justiça ........................... 132

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E

ESCLARECIDO (TCLE) ....................... 133

COMITES DE ÉTICAS ............................. 133

Comitê de ética em pesquisa (CEP) .. 133

Comissão nacional de ética em

pesquisa (CONEP) .................... 133

BIOÉTICA E PESQUISA ........................... 134

Resolução 196/96 ............................. 134

Lei Arouca 11.794 ............................. 134

Lei 11794/2008 ................................. 134

VIDA HUMANA COMO VALOR

BIOÉTICO ........................................ 135

Declaração universal dos direitos

humanos .................................. 135 Artigos ...................................... 136

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS

DIREITOS DOS ANIMAIS ..................138

Artigos .............................................. 138

PROJETO DE PESQUISA .........................139

ASPÉCTOS ÉTICOS E

METODOLÓGICOS ........................ 139

Identificação ..................................... 139

Título ................................................ 139

Autores ............................................. 139

LOCAL DE ORIGEM E DE REALIZAÇÃO .. 139

Introdução ........................................ 139

Objetivos .......................................... 139

Método ............................................. 139

Cronograma ..................................... 139

Orçamento ....................................... 139

Referências ....................................... 139

VISÃO RELIGIOSA DA MORTE ...............140

ÉTICA E EUTANÁSIA ............................. 140

Eutanásia ......................................... 140 Classificação da eutanásia ........ 140

Distanásia ........................................ 140

Ortotanásia ...................................... 140

ACONTECIMENTOS ENVOLVENDO

ASPÉCTOS ÉTICOS........................... 141

PROJETO MANHATTAN ............................. 141

Julgamento de Nuremberg............... 141

CÓDIGO DE NUREMBERG........................... 141

Declaração de Genebra .................... 141

Declaração de Helsing ...................... 141

Projeto Apollo................................... 141

Projeto genoma humano ................. 141

DESLIZES ÉTICOS NA PESQUISA ........... 142

Caso de Tukegee .............................. 142

Caso hospital de Willowbrook .......... 142

Caso Jewish Chronic Diase Hospital

do Brooklin ............................. 142

Page 2: 5. BIOÉTICA

131

DEFINIÇÃO

É uma área do conhecimento interdisciplinar, cuja finalidade é compreender e resolver questões éticas relacionadas aos avanços tecnológicos da biologia e da medicina e questões que de alguma forma influenciam as nossas vidas. Termo criado em 1971, pelo oncologista norte americano Van Rensselaer Potter, sua maior preocupação era buscar uma saída para o desequilíbrio causado pelo homem na natureza.

Figura 1: Van Rensselaer Potter (1911-2001) Bioquímico norte americano foi professor de oncologia no laboratório Mcardle para pesquisa do câncer por 50 anos.

Então a bioética chegou como a ciência, que visa minimizar os conflitos e controversas morais, pelas práticas no âmbito das ciências da saúde e do ponto de vistas de alguns sistemas de valores. Tais conflitos surgem das interações humanas em sociedades a princípio seculares. Para entendermos melhor a bioética precisamos conhecer a ética que é uma palavra de origem grega Ethos que significa morada do homem na terra, casa, costumes tradicionais, busca do senso comum e conhecimento religioso. Os romanos traduziram o Ethos para o latim Mores que significa costume.

PRINCIPIOS

Relatório Belmont Apresenta os princípios básicos que podem ajudar na solução dos problemas éticos surgidos na pesquisa com seres humanos. Os princípios elencados são:

O principio do respeito às pessoas;

O principio da beneficência;

O princípio da justiça; Beauchamp e Children tentam apresentar uma teoria de princípios básicos da moral alicerçada no:

Principio da não-maleficiência;

Principio da beneficência;

Principio da beneficência;

Principio da justiça.

Principio da autonomia Autonomia é um termo derivado do Grego (próprio) e nomos (lei, regra, norma). Significa auto-governo, da pessoa de forma decisões que afetem sua vida saúde, da pessoa de forma decisões que afetem sua vida, sua saúde integridade física psíquica, suas relações sociais. refere-se à capacidade de o ser humano decidir o que é bom., ou o que é seu bem-estar. É o respeito à vontade, aos valores morais dos indivíduos e à sua intimidade. As pessoas têm o direito de decidir sobre as questões relacionadas ao seu corpo e à sua vida, em indivíduos intelectualmente deficientes, e no caso de menores de 18 anos, este princípio deve ser exercido pela família ou pelo responsável legal. Para que exista uma autonomia é preciso, a existência de alternativa ou opção desejada, a ação ou que seja possível que o agente as crie, pois só existe apenas um único caminho a ser seguido, não há propriamente o exercício da autonomia. Quando não há liberdade de pensamento, nem opções, quando se tem apenas uma alternativa de escolha, ou ainda quando não exista liberdade de agir conforme a alternativa ou opção desejada, a ação empreendida não pode ser julgada autônoma. Respeitar a autonomia é reconhecer que ao individuo cabe possuir certos pontos de vistas e que é ele quem deve deliberar e tomar decisões segundo seu próprio plano de vida e ação, embasado em crenças, aspirações e valores próprio, mesmo quando divirjam daqueles dominantes na sociedade ou daqueles aceitos pelos profissionais de saúde. O respeito pela autonomia da pessoa conjuga-se com o principio da dignidade da natureza humana, aceitando que o ser humano é um fim em si mesmo, não somente um meio de satisfação de interesse de terceiros, comerciais, industriais, ou dos próprios profissionais e serviços de saúde. O ser humano não nasce autônomo, torna-se autônomo e para isto contribuem variáveis estruturais biológicas, psíquicas e socioculturais. Nas situações de autonomia reduzidas cabe a terceiros, familiares ou mesmo aos profissionais de saúde decidir pela pessoa não-autonoma. Deve se salientar que autonomia do paciente, não sendo um direito moral absoluto poderá vir a se confrontar com a do profissional de saúde. Este pode, por razões éticas se opor aos desejos do paciente de realizar certos procedimentos, tais como técnicos de reprodução assistidas, eutanásia ou aborto.

Page 3: 5. BIOÉTICA

132

Principio da beneficência Assegura o bem estar das pessoas e evitando danos, e garante que sejam atendidas seus interesses. Busca-se a maximização do beneficio e a minimização dos agravos. A beneficência, no seu significado filosófico moral, quer dizer fazer o bem. a beneficência, é uma manifestação da benevolência. O moralista britânico Butter, diz que existe no homem, de forma prioritária, um principio natural de benevolência ou da postura e realização do bem dos outros e que, do mesmo modo, temos propensão a cuidar da nossa própria vida, saúde e bens particulares. A benevolência tem as seguintes características: É uma disposição emotiva que tenta fazer bem aos outros; É uma qualidade boa do caráter das pessoas, uma virtude; É uma disposição para agir de forma correta; De forma geral todos os seres humanos normais possuem. O principio da benevolência tenta, num primeiro momento, a promoção da saúde e a prevenção da doença e, em segundo lugar, para os bens e os males buscando a prevalência dos primeiros. A beneficência no seu sentido estrito deve ser entendida, conforme o relatório Belmont, com uma dupla obrigação, primeiramente a de não causar danos e, em segundo lugar a de maximizar o número de possíveis benefícios e minimizar os prejuízos. É evidente que o médico e demais profissionais de saúde não podem exercer o principio da beneficência de modo absoluto. A beneficência tem também seus limites. O primeiro dos quais seria a dignidade individual intrínseca a todo o ser humano. É difícil mostrar onde fica o limite entre beneficência com obrigação ou dever e a beneficência como ideal ético que deve animar a consciência moral de qualquer profissional. O principio da beneficência tem como regra na prática médica, odontológica, psicológica e da enfermagem, entre outras, o bem do paciente, o seu bem-estar e os seus interesses, de acordo com os critérios do bem fornecidos pela medicina, esses profissionais procuram o bem do paciente conforme o que a medicina, a odontologia, a enfermagem e a psicologia entendem que pode ser bom no caso ou situação apresentado.

Principio da não-maleficiência Assegura que sejam minerados ou evitando danos físicos aos sujeitos da pesquisa ou pacientes. É universalmente consagrado através do aforismo hipocrático primum non nocere. as origens desse principio remontam a tradição hipocrática: cria o hábito de duas coisas, socorrer ou não causar danos. Nem sempre o principio da não-maleficiência é entendido corretamente, pois a sua prioridade pode ser questionada. Os próprios pacientes seriam os primeiros a questionar a prioridade moral da beneficência não sendo assim, os médicos recusar-se-iam a intervir sempre que houvesse um risco ameaçador grave. Convém observar que o principio não causar danos nem sempre tem sido interpretado da mesma forma, mudando de acordo co as circunstâncias históricas e as instituições.

Principio do respeito Incorpora duas convicções éticas, primeiramente é que os indivíduos tenha, de fato, sua autonomia respeitada: significa que em casos de pesquisas envolvendo humanos, o respeito pela pessoa exige que entrem voluntariamente e com informações adequadas. A segunda é que pessoas com capacidades intelectuais reduzida sejam protegidas.

Princípio da justiça Exige que os benefícios e os riscos da pesquisa sejam repartidos com igualdade entre os participantes da pesquisa, tratando os indivíduos de acordo com suas necessidades. os gregos entendiam a justiça como uma propriedade natural das coisas. Na cultura grega identificava-se uma superioridade do bem comum sobre o individual. a figura do médico nessa sociedade apreseNtava-se tal qual a do soberano. Quando Aristóteles e São Tomas do Aquino falavam da perfeição moral do rei, para quem os súditos deveriam demonstrar incondicional obediência, se reconhece de imediato o mesmo modelo na relação médico-paciente. O médico, como orei e o sacerdote, representava o comum e, a perfeição moral. Nesse modelo de justiça paciente eram destituídas de autonomia e recebia uma parcela de atendimento médico proporcional à sua categoria. Somente na modernidade a justiça deixou de ser concebida como condição natural para transformar-se em decisão moral. no final do séc. 17. John Locke descreveu como direito primários de todo ser humano o direito à vida, à saúde, à integridade física, à liberdade e à propriedade. Para Lucke, a verdadeira justiça erigia-se num contratoo social que obrigatoriamente emanava do exercício da liberdade individual do estado a plena liberdade do contrato substituía o velho ajuste natural.

Page 4: 5. BIOÉTICA

133

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E

ESCLARECIDO (TCLE)

Estabelecido pelo código de Nuremberg, regulamentado pela Declaração de Helsinque e adotada pela Associação Médica Mundial em 1964. A pessoa tem o direito de consentir ou recusar propostas ou recusar propostas de caráter preventivo, diagnóstico ou terapêutico que afetam ou venha a afetar sua integridade físico-psíquica ou social. Na esfera jurídica, a primeira decisão que tratou da questão parece ter sido o caso States veros Bakes & Staplenton, julgado em 1767 na Inglaterra: dois médicos foram considerados culpados por não terem obtidos a consentimento do paciente quando a realização da cirurgia de membro inferior que resultou em amputação. O processo Schloendorff versus Socit of New York Hospital, do inicio séc. 20. Refere-se à um senhora que, em 1908, dirigindo-se ao New York Hospital com queixas abdominais, foi encaminhada por médico que diagnosticou a existência de tumor benigno instalado no útero, para o qual indicou ser necessário a realização de procedimentos cirúrgicos. A paciente submeteu-se à cirurgia, tendo seu útero tirando. Mas pouco tempo depois a realização do ato acusa o médio e o hospital perante os tribunais alegando ter sido enganada e operada sem que houvesse dado seu consentimento. Ocaso chegou à corte suprema do estado de New York, que sentenciou favoravelmente a queixosa. No Brasil não recolhimento do consentimento da pessoa é tipificado como ilícito penal apenas quando for ocasionado por uma conduta dolosa, de acordo com o art. 146, § 3º do código penal. No Brasil a resolução 196/96 regulamenta os critérios bioéticos na pesquisa envolvendo seres humanos. Essa resolução foi criada pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS), que criou o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) e a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP). A TCLE é um documento que consiste na aprovação do sujeito da pesquisa, livre de fraude, suborno ou intimidação, após explicação completa sobre a natureza da pesquisa, e seus riscos. O indivíduo tem total liberdade para se retirar a qualquer momento da pesquisa, sem qualquer prejuízo a sua pessoa. O TCLE deve estar redigido em linguagem acessível, incluir justificativa, deve ser elaborado pelo pesquisador responsável, e ser aprovado pelo CEP. O consentimento prevê a autorização relativa aos não capazes de assinar o documento, como em pesquisas envolvendo crianças e adolescentes portadores de doenças mentais ou em comunidades culturalmente diferentes como a indígena, o consentimento deve ser individual e comunitário através de seus lideres.

COMITES DE ÉTICAS

Comitê de ética em pesquisa (CEP) Criado para defender os interesses, integridade e dignidade dos sujeitos da pesquisa, contribuindo para o desenvolvimento da pesquisa dentro de padrões éticos. Ele deverá ser composto de 7 membros sendo profissionais da área da saúde das ciências exatas, sociais e humanas e um membro da sociedade representando os usuários das instituição. Esses membros não poderão ser remunerados por essa atividade. O desenho e o desenvolvimento de cada procedimento experimental envolvendo de cada procedimento experimental envolvendo o ser humano devem ser claramente formulados em um protocolo de pesquisa, o qual deverá ser submetido, à consideração, discussão e orientação de um comitê especialmente designado, independente do investigador e, do patrocinador. Estes comitês desempenham um papel central não permitindo que nem pesquisares nem patrocinadores sejam que os únicos a julgar, se seus projetos estão de acordo com as orientações aceitas. Dessa forma, seu objetivo é proteger as pessoas, sujeitos das pesquisas de possíveis danos, preservando seus direitos e assegurando à sociedade que a pesquisa vem sendo feita de forma eticamente correta.

Comissão nacional de ética em pesquisa (CONEP)

O CONEP foi criado pela resolução CNA nº 196/96 para desenvolver a regulamentação sobre proteção dos sujeitos da pesquisa e para constituir um nível de recursos disponíveis qualquer dos envolvidos em pesquisas com seres humanos tem a atribuição de apreciar os projetos de pesquisa de área temáticas especiais, enviados pelo CEP. É composta por 13 membros titulares e seus suplentes, sendo 5 personalidades destacadas no campo da ética. Na pesquisa e na saúde e 8 personalidades da área da saúde com destacada atuação nos campos teológicos, pelo menos um tem que ser da área da gestão da saúde. A CONEP cabe o exame dos aspectos éticos da pesquisa envolvendo seres humanos.

Page 5: 5. BIOÉTICA

134

BIOÉTICA E PESQUISA

Experiências com seres humanos trouxeram vários benefícios para a humanidade, mas também são fontes de preocupação as pessoas que estão atentas à preservação dos interesses do bem humano. Atualmente cresceu muito os estudos biomédicos, notícias de estudos que tiveram sucesso e alegação de abuso se multiplicaram. Pesquisas mal sucedida deram origem a vários escândalos públicos que indignaram a comunidade científica e a opinião pública do mundo inteiro. A bioética passou a ser usada para regulamentar a realização dessas pesquisas de forma digna para os sujeitos e também para os pesquisadores. Assim toda ação na pesquisa deve ser justificada pela ética, embasada pela moral e respaldada pelas leis.

Resolução 196/96 Criou normas para o controle ético de pesquisa envolvendo seres humanos. A 196/96 são resoluções constituídas por instâncias regionais CEP e uma instância federativa o CONEP órgão nacional de controle de pesquisa envolvendo seres humanos. Esta resolução também orienta sobre os aspectos éticos que devem ser observados nos protocolos de pesquisa e determina que toda pesquisa que envolve seres humanos independente da área do conhecimento deve ser apreciada por um CEP. De acordo com a resolução 196/96, o projeto de pesquisa deve gerar conhecimento, trazendo algo inovador, tanto em seus propósitos, quanto em seus métodos de desenvolvimento. Esse conhecimento deve ter relevância científica, agregando valores ao conhecimento científico. O procedimento deve ser reprodutível em qualquer lugar do planeta. É dever dos pesquisadores respeitar os sujeitos das pesquisas nos seus anseios, desejos e dúvidas, bem como na sua história de vida, nos seus valores crenças, não realizando qualquer ato que lhe cause constrangimentos estranheza. Respeitar as vontades dos sujeitos da pesquisa é um dos itens básicos para a sua realização. O sujeito da pesquisa deve receber todas as informações a respeito dos riscos e benefícios do seu desenvolvimento e estar ciente e apto para decidir-se voluntariamente, em participar da pesquisa apesar dos riscos.

Lei Arouca 11.794 Lei 11.794, de 8 de outubro de 2008, o Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea), vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, passou a regular e normatizar os procedimentos de experimentação animal no país. Basicamente, o pesquisador deve obedecer a três critérios básicos: O primeiro é em relação ao número máximo de animais a ser utilizado na pesquisa. Não é permitido utilizar mais animais que o necessário. Se, por exemplo, 10 camundongos satisfazem uma pesquisa, não é permitido dobrar ou triplicar este número sem uma justificativa. Do mesmo modo, um número muito reduzido de animais pode determinar a inconsistência dos resultados e, assim, invalidar a pesquisa, o que significa ter que refazer o experimento e fazer uso de outros animais. O tipo de pesquisa e a variabilidade prevista para os dados geralmente requerem um bom planejamento estatístico. • O segundo critério é em relação ao bem-estar animal. Todo animal que é utilizado numa pesquisa deve ser submetido a determinados cuidados. Ele não pode sofrer, tem que ser convenientemente anestesiado, no caso de uma cirurgia, assim como receber cuidados pré e pós-operatórios, com relação a analgésicos e antibióticos, por exemplo. Além disso, deve receber alimentação adequada, viver em um ambiente com temperatura controlada e sem barulho ou outros fatores de estresse. Tudo isso diz respeito ao bem-estar do animal, ele tem que ser tratado de maneira a não sofrer danos ou estresse que venham a prejudicar as observações e causar sofrimento. • O terceiro critério diz respeito à substituição da experimentação em animais por métodos alternativos com respostas e repetibilidade confiáveis, com vistas à sua aplicação na saúde humana e animal.

Lei 11794/2008 Dispõe sobre as regras de tratamento de animais em atividades de pesquisa científica em todo o Brasil. A utilização de animais é restrita ao estabelecimento de ensino superior, estabelecimento de educação profissional de nível médio e técnico da área biomédica.

Page 6: 5. BIOÉTICA

135

VIDA HUMANA COMO VALOR BIOÉTICO

Entre os valores inerentes à condição humana está a vida. Por necessidade material, psíquica, espiritual, todo ser humano depende de outros para viver, para desenvolver sua vida e para sobreviver. A ética de um povo ou de um grupo social é um conjunto de costumes consagrados, informado por valores. no final da idade média, no séc., 13, aparece, Santo Tomas de Aquino, terá importância para a recuperação do reconhecimento da dignidade essencial da pessoa humana. Santo Tomas de Aquino retomou Aristóteles, sob muitos aspectos e procurou fixar conceitos universais. e procurou fixar conceitos universais, tomando a vontade de deus como fundamentos dos direitos humanos, santo Tomas condena as violências e discriminação dizendo que o ser humano tem direitos naturais que devem ser respeitados. Chegando a afirmar o direito de rebelião dos que forem submetidos a condições indignas. No campo das ideias surgem grandes filósofos políticos, que reafirmam a existência dos direitos fundamentais da pessoa humana, sobretudo os direitos a liberdade e à igualdade, mas dando como fundamentos desses direitos a própria natureza humana, descoberta e dirigida pela razão. Isso favoreceu a eclosão de movimentos revolucionários que, associado a burguesia e a plebe, ambos interessados na destruição dos seculares privilégios, levaram a derrocada do antigo regime e abriram caminho para a ascensão política da burguesia. Os pontos culminantes dessa fase revolucionária foram a independência das colônias inglesas da América do norte, em 1776, e a revolução francesa, que obteve a vitoria em 1789. Em 1789 foi publicada a declaração dos direitos do homem e do cidadão, onde se afirmava no art. 1º, que todos os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos, mas, ao mesmo tempo, admitia a distinções sociais, as quais, conforme a declaração deveriam ter fundamentos na utilidade comum. Sob o pretexto de garantir o direito a liberdade e esquecendo a igualdade, foram criadas novas formas políticas que passaram a caracterizar o estado liberal, burguês: o mínimo possível de interferência nas atividades econômicas e sociais, superação dos objetivos do capitalismo, com plena liberdade contratual, garantia da propriedade como direito absoluto, sem responsabilidade social, e ocupação dos cargos e das funções públicas mais relevantes apenas por pessoas do sexo masculino e com independência econômica. Essa produção de injustiça teve como consequência a perda da paz, com duas guerras

mundiais no séc. 20, chegando-se a extremos, de violência contra a vida e a dignidade da pessoa humana. há pessoas que colocam suas ambições pessoais, acima dos valores humanos, sem perceber que desse modo eliminam qualquer barreira ética e semeam a violência, criando insegurança para si próprio e para seu patrimônio. São contra os direitos humanos os que, em nome do progresso cientifico e de um futura e incerto beneficio da humanidade, ou alegando atitude piedosa em defesa da dignidade humana, pregam ou aceitam com facilidade a inexistência de limites éticos para as experiências cientificas ou uso dos conhecimentos médicos para apressar a morte de uma pessoa.

Declaração universal dos direitos humanos Foi adotada pela Organização das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948. As ideias e valores dos direitos humanos são traçadas através da história antiga e das crenças religiosas e culturais ao redor do mundo. Filósofos europeus da época do Iluminismo desenvolveram teorias da lei natural que influenciaram a adoção de documentos como a Declaração de Direitos de 1689 da Inglaterra, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 da França e a Carta de Direitos de 1791 dos Estados Unidos. Durante a Segunda Guerra Mundial, os aliados adotaram as Quatro Liberdades: liberdade da palavra e da livre expressão, liberdade de religião, liberdade pornecessidades e liberdade de viver livre do medo. A Carta das Nações Unidas reafirmou a fé nos direitos humanos, na dignidade e nos valores humanos das pessoas e convocou a todos seus estados-membros a promover respeito universal e observância dos direitos humanos e liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião.

Page 7: 5. BIOÉTICA

136

Artigos

Art. 1: Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade. Art. 2: Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. Art. 3: Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. Art. 4: Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas. Art. 5: Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante. Art. 6: Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecida como pessoa perante a lei. Art. 7: Todos são iguais perante a lei e tem direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação. Art. 8: Toda pessoa tem direito a receber dos tributos nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei. Art. 9: Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado. Art. 10: Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal contra ele. Art. 11: § 1. Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de ser presumida inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido assegurada todas as garantias necessárias à sua defesa. § 2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Tampouco será imposta pena mais forte do que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso. Art. 12: Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques.

Art. 13: § 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado. § 2. Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar. Art. 14: § 1. Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países. § 2. Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos propósitos e princípios das Nações Unidas. Art. 15: § 1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade. § 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade. Art. 16: § 1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução. § 2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes. Art. 17: § 1. Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros. § 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade. Art. 18: Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular. Art. 19: Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras. Art. 20: § 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e associação pacíficas. § 2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação. Art. 21: § 1. Toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo de seu país, diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos. § 2. Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.

Page 8: 5. BIOÉTICA

137

§ 3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que assegure a liberdade de voto. Art. 22: Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade. Art. 23: § 1.Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego. § 2. Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho. § 3. Toda pessoa que trabalhe tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentará se necessário, outros meios de proteção social. § 4. Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e neles ingressar para proteção de seus interesses. Art. 24: Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive alimentação razoável das horas de trabalho e férias periódicas remuneradas. Art. 25: § 1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora de seu controle. § 2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças nascidas dentro ou fora do matrimônio gozarão da mesma proteção social. Art. 26: § 1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito. § 2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.

§ 3. Os pais têm prioridade de direito n escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos. Art. 27: § 1. Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do processo científico e de seus benefícios. § 2. Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor. Art. 28: Toda pessoa tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberdades estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados.

Page 9: 5. BIOÉTICA

138

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS

DOS ANIMAIS

A Declaração Universal dos Direitos dos Animais foi proclamada pela UNESCO em sessão realizada em Bruxelas - Bélgica, em 27 de Janeiro de 1978. A Declaração Universal dos Direitos Animais é uma proposta para diploma legal internacional, levado por ativistas da causa pela defesa dos direitos animais à UNESCO em 15 de Outubro de 1978, em Paris e que visa criar parâmetros jurídicos para os países membros da Organização das Nações Unidas, sobre os direitos animais.

Artigos Art. 1º: Todos os animais nascem iguais perante a vida e têm os mesmos direitos à existência. Art. 2º: Todo o animal tem o direito a ser respeitado. O homem, como espécie animal, não pode exterminar os outros animais ou explorá-los violando esse direito; tem o dever de pôr os seus conhecimentos ao serviço dos animais. Todo o animal tem o direito à atenção, aos cuidados e à proteção do homem. Art. 3º: Nenhum animal será submetido nem a maus tratos nem a atos cruéis. Se for necessário matar um animal, ele deve de ser morto instantaneamente, sem dor e de modo a não provocar-lhe angústia. Art. 4º: Todo o animal pertencente a uma espécie selvagem tem o direito de viver livre no seu próprio ambiente natural, terrestre, aéreo ou aquático e tem o direito de se reproduzir. Toda a privação de liberdade, mesmo que tenha fins educativos, é contrária a este direito. Art. 5º: Todo o animal pertencente a uma espécie que viva tradicionalmente no meio ambiente do homem tem o direito de viver e de crescer ao ritmo e nas condições de vida e de liberdade que são próprias da sua espécie. Toda a modificação deste ritmo ou destas condições que forem impostas pelo homem com fins mercantis é contrária a este direito. Art. 6º: Todo o animal que o homem escolheu para seu companheiro tem direito a uma duração de vida conforme a sua longevidade natural. O abandono de um animal é um ato cruel e degradante. Art. 7º: Todo o animal de trabalho tem direito a uma limitação razoável de duração e de intensidade de trabalho, a uma alimentação reparadora e ao repouso. Art. 8º: A experimentação animal que implique sofrimento físico ou psicológico é incompatível com os direitos do animal, quer se trate de uma experiência médica, científica, comercial ou qualquer que seja a forma de experimentação. As técnicas de substituição devem de ser utilizadas e desenvolvidas.

Art. 9º: Quando o animal é criado para alimentação, ele deve de ser alimentado, alojado, transportado e morto sem que disso resulte para ele nem ansiedade nem dor. Art. 10º: Nenhum animal deve de ser explorado para divertimento do homem. As exibições de animais e os espetáculos que utilizem animais são incompatíveis com a dignidade do animal. Art. 11º: Todo o ato que implique a morte de um animal sem necessidade é um biocídio, isto é um crime contra a vida. Art. 12º: Todo o ato que implique a morte de um grande número de animais selvagens é um genocídio, isto é, um crime contra a espécie. A poluição e a destruição do ambiente natural conduzem ao genocídio. Art. 13º: O animal morto deve de ser tratado com respeito. As cenas de violência de que os animais são vítimas devem de ser proibidas no cinema e na televisão, salvo se elas tiverem por fim demonstrar um atentado aos direitos do animal. Art. 14º: Os organismos de proteção e de salvaguarda dos animais devem estar apresentados a nível governamental. Os direitos do animal devem ser defendidos pela lei como os direitos do homem.

Page 10: 5. BIOÉTICA

139

PROJETO DE PESQUISA

ASPÉCTOS ÉTICOS E METODOLÓGICOS

Todos os projetos de pesquisa apresentam os seguintes elementos:

Identificação É um bloco de informações de identificação composto pelo título, autores e local de origem e de realização.

Título Deve ser claro, de fácil compreensão inicial de sua finalidade. É a primeira forma de contato do leitor com o projeto, é um elemento importante em sua elaboração.

Autores Os que preenchem os critérios de autoria que devem ser citados no projeto. É um procedimento ético baseado na fidelidade que deve existir entre os membros do grupo que realiza a pesquisa em conjunto. Tendo clara indicação de quem é o pesquisador responsável pelo projeto todos os autores devem ter qualificação acadêmica e cientifica compatível com sua participação no projeto.

LOCAL DE ORIGEM E DE REALIZAÇÃO

Permite caracterizar a instituição, serviço, unidade, setor ou curso que avalia o projeto, que o credencia para ser realizado. O responsável pelo local de realização deve ser consultado previamente ao encaminhamento do projeto para a analise por um CEP.

Introdução Situa o projeto no contexto do tema escolhido, deve permitir um nivelamento dos conhecimentos, possibilitando a compreensão do que vai ser apresentado ao longo do projeto. Contem um breve histórico sobre o tema a ser abordado.

Objetivos Caracteriza de forma reduzida a finalidade do projeto. De acordo com a magnitude do projeto. Nem todo projeto necessita de detalhar os objetivos. Muitas vezes basta apenas caracterizar um único objetivo simples. Os objetivos devem ser redigidos utilizando verbos operacionais no infinitivo, como forma de caracterizar diretamente as ações que são propostas pelo projeto.

Método Deve apresentar o tipo de delineamento que será utilizado, podem apresentar fatores em estudos e os desfechos previstos. A caracterização da população a serem estudadas, quando for o caso, as técnicas de amostragem e os critérios de seleção, inclusão e exclusão utilizadas, deve constar de forma explicita.

Cronograma

Todo projeto de pesquisa tem um prazo para ser realizado. O cronograma expressa a compatibilidade das atividades propostas com o tempo previsto para a realização do projeto como um todo. Este pode ser subdividido em grandes etapas, tais como: planejamento, execução e divulgação.

Orçamento Relaciona os recursos financeiros a serem utilizados ao longo de todo o projeto. Os itens básicos, habitualmente descritos, são: material permanente, material de consumo, serviços de terceiros e recursos humanos, incluindo neste últimos as bolsas eventuais de remuneração.

Referências A adequada citação de material bibliográfico utilizado é um pressuposto ético da produção científica. As referências permitem ao leitor do projeto verificar as fontes de informações usadas na elaboração do projeto, permitindo recuperar e confrontar dados. Um cuidado especial deve ser tomado com relação a fontes eletrônicas, especialmente as provenientes da internet. Todas elas devem ser referidas com a data da consulta e impressas para a documentação, pois são feitas muitas modificações neste tipo de meio.

Page 11: 5. BIOÉTICA

140

VISÃO RELIGIOSA DA MORTE

O homem é o único ser sobre a terra que tem consciência sobre seu inevitável fim. Somos os únicos, a saber, que nossa passagem nessa terra é temporária. O avanço cientifico encontrou uma saída para o dilema da ética e a eutanásia. Essa saída é o fato de podermos medicamentar a morte. Passamos a determinar que nossos doentes devem morrer nos hospitais e não mais em casa, como era feito antes do séc. 19 onde era por vontade de Deus que as pessoas morreriam. Agora a morte é algo técnico, no qual o médico decreta quando interromper todo e qualquer tratamento. Dessa forma nem a família e nem o indivíduo são senhores de sua própria morte. Tal poder foi retirado em nome da ciência.

ÉTICA E EUTANÁSIA

A partir do juramento de Hipócrates, o pilar de sustentação da profissão médica até hoje, a administração de drogas letais ao paciente terminal ou a omissão de determinados recursos disponíveis, tem motivado intenso debate na sociedade. O debate tornou-se acirrado no final do séc. 19 com a ocorrência de várias disputas entre advogados e cientistas sociais, principalmente na imprensa inglesa e americana. No passado procuravam-se explicações para a morte no meio sobrenatural. Hoje recorremos à medicina para tratar das questões relativas a esse assunto.

Eutanásia Significa sistema que procura dar morte sem sofrimento, a um doente incurável. É proibido em vários países, inclusive no Brasil, onde a prática é considerada homicídio. As pessoas que julgam a eutanásia um mal necessário têm como principal argumento poupar o paciente terminal irreversível de seu sofrimento e avaliar a angústia de seus familiares. Outro aspecto importante dessa discussão é o custo financeiro, tanto social como pessoal, causado pelo prolongamento de uma impossibilidade de continuar. O custo social está na superlotação de leitos nos hospitais e nos gastos públicos com remédios e tratamentos desses pacientes. Por outro lado, se essa prática fosse autorizada, poderia ter revolta por parte das religiões, que são contra. Com o avanço da tecnologia médica, nas ultimas décadas, torna-se mais complexa essa discussão. Os aparelhos eletrônicos são capazes de garantir, longa sobrevida vegetativa aos doentes e permitem que os sinais vitais sejam mantidos artificialmente, mesmo em pacientes terminais, por muito tempo.

Classificação da eutanásia

Essa classificação depende do critério considerado, podendo ser classificados de várias formas: 1. Classificação quanto ao tipo de ação:

Eutanásia ativa: é o ato deliberado de provocara morte sem sofrimento do paciente, por fins misericordiosos;

Eutanásia passiva: a morte do paciente ocorre dentro de um quadro terminal, ou porque não se inicia uma ação médica;

Eutanásia de duplo efeito: a morte é acelerada como uma consequência indireta das ações médicas que são executadas visando ao alívio do sofrimento de um paciente terminal.

2. Classificação quanto ao consentimento do paciente:

Eutanásia voluntária: a morte é provocada atendendo a vontade do paciente.

Eutanásia involuntária: a morte é provocada contra a vontade do paciente.

Eutanásia não-voluntária: quando a morte é provocada sem que o paciente se manifesta-se contra ou a favor.

Distanásia

É a agonia prolongada, com sofrimento físico e mental do indivíduo lúcido. Esse termo foi proposto por Morache, em 1904. Apesar dos problemas clínicos relacionados ao atendimento do paciente, o médico deve focalizar seus esforços no alívio do sofrimento, para evitar ao máximo os desconfortos do paciente em estado terminal. A dor é apenas um de seus componentes, entretanto, o impacto que a dor tem na vida do paciente vária deste um desconforto até a exaustão, que é a própria das doenças que levam a morte direta ou indiretamente. Só tem acesso à livre escolha de maneira adequada aquela pessoa que tiver pleno conhecimento dos fatos médicos ligados à sua doença. Para tanto, o acesso à verdade essencial. Contudo, o direito à verdade cria a obrigação de os médicos sempre dizerem a verdade aos pacientes. O médico prudente avaliará cada caso, tentando pesar os prós e os contras.

Ortotanásia Esse termo tem sido usado como sinônimo de morte natural (do grego Orthos=normal e Thanatos=morte) na qual age por omissão. O prolongamento da vida desses indivíduos, seja por meio de terapêutica ou de aparelhos, nada mais representará do que uma batalha inútil e perdida contra a morte, esta sim salvadora e redentora. Para estes, se postula a morte piedosa, assistida, dando fim aos seus males, pois, como afirma Sênegal, filósofo grego, por única razão, a vida não é um mal, pois ninguém é obrigado a viver.

Page 12: 5. BIOÉTICA

141

ACONTECIMENTOS ENVOLVENDO

ASPÉCTOS ÉTICOS

Projeto Manhattan

Projeto desenvolvido pelo EUA, Canadá e Reino Unido, durante a segunda guerra mundial, para desenvolver armas nucleares. Foi dirigido pelo general Leslie R, Grooves e a pesquisa foram dirigidas pelo físico J. Robert Oppenheimer. O projeto trabalhava na concepção, produção e detonação de três bombas nucleares em 1945: A primeira bomba Trinity foi detonada em 16/07/1945 no Novo México. A segunda Little Boy foi detonada em 06/08/1945 sobre a cidade de Hiroshima. A terceira Fat Man detonou em 09/08/1945 na cidade de Nagasaki.

Figura 2: (a) Leslie R, Grooves (1896-1970) Membro do exercido americano observou a construção do Pentágono. Aposentou-se em 1948; (b) J. Robert Oppenheimer (1904-1967) Físico norte americano, de família judia, seus últimos de vida fazia reflexões sobre problemas da relação da ciência e a sociedade. Morreu de câncer na garganta.

Julgamento de Nuremberg

Foi o julgamentos dos principais criminosos de guerra da segunda guerra mundial, o julgamento foi de 20 de novembro de 1945 até 1 de outubro de 1946, na cidade alemã de Nuremberg.

Figura 3: julgamento de Nuremberg.

Código de Nuremberg

Conjunto de princípios éticos que regem a pesquisa com seres humanos, sendo considerado como uma das consequências do processo de guerra de Nuremberg. Esse código possui dez princípios básicos e determina as normas de consentimento informado e da legalidade de coerção, regulamenta a experimentação cientifica, e defende a beneficência como um dos fatores justificáveis sobre os participantes dos experimentos.

Declaração de Genebra Aprovada pela assembleia geral das associações médicas mundiais na cidade de Genebra em 1948 sofrendo alterações nos anos seguintes, a declaração foi concebida como uma revisão atualizada dos preceitos morais do Juramento de Hipócrates e tem sido utilizado em vários países.

Declaração de Helsing

Conjunto de princípios que regem pesquisas com seres humanos, foi regida pela associação médica mundial em 1964. Ela é um importante documento da história da ética em pesquisa, e surge como o primeiro esforço significativo da comunidade médica para regulamentar a investigação em si.

Projeto Apollo Conjunto de missões espaciais controladas pela NASA entre 1961 a 1972, com objetivo de colocar o homem na lua. O projeto culminou com o pouso da Apollo 11 no solo lunar em 20/07/1969. O objetivo de explorar a lua foi abandonado em 1972 por motivo de pouco interesse popular e os altos custos.

Figura 4: A chegada do homem à Lua foi uma das conseqüências do Programa Apollo

Projeto genoma humano

Consistia em um esforço internacional para o mapeamento do genoma humano e a identificação de todos os nucleotídeos que o compõe. Centenas de laboratórios de todo o mundo se uniram à tarefa de sequenciar, um a um, os genes que codificam as proteínas do corpo humano e também aquelas sequências de DNA que não são genes. Projeto iniciado em 1990, com prazo de 15 anos. Envolvia mais de 5000 cientistas, de 250 laboratórios diferentes. Em 14 de abril de 2003, foi anunciado a conclusão com sucesso do projeto, com a sequênciação de 99,99% do genoma humano.

Page 13: 5. BIOÉTICA

142

DESLIZES ÉTICOS NA PESQUISA

Caso de Tukegee

O estudo de sífilis não tratada, ensaio clínico levado acabo pelo serviço de saúde dos EUA, entre 1932 a 1972, no qual 400 negros sifilíticos pobres e analfabetos, e mais 200 indivíduos saudáveis para comparação foram usados como cobaias na observação do progresso natural da sífilis sem medicamentos. Quando o estudo chegou ao fim, apenas 74 dos pacientes que participaram estavam vivos, 35 tinham morrido de sífilis, 100 morreram de complicações relacionadas com a doença, 40 das esposas dos pacientes foram infectadas, e 19 das suas crianças nasceram com sífilis congênita.

Figura 5: Caso de Tukegee.

Caso hospital de Willowbrook

Com o objetivo de desenvolver uma vacina para a hepatite B, no período de 1956 a 1970, infectaram, com o vírus da Hepatite B cerca de 700 a 800 crianças com deficiência mental. Os pesquisadores pediram e receberam permissão dos pais das crianças internadas com o argumento de que mais cedo ou mais tarde todas elas contrairiam a doença. Essa pesquisa possibilitou o desenvolvimento da vacina.

Figura 6: Caso hospital de Willowbrook.

Caso Jewish Chronic Diase Hospital do Brooklin

Com o propósito de aprender mais sobre a relação do sistema imunitário com o câncer, em 1964, pesquisadores injetaram células hepáticas cancerígenas em 22 pacientes idosos. Estes eram informados que iriam receber algumas células através de injeções mas o termo cancerígena foi completamente omitida.

Figura 7: Caso Jewish Chronic Diase Hospital do Brooklin.