bioética

13
[1] 2010/2011 Bioética e a Clonagem BIOÉTICA Realizado por: Vasco Abreu Docente: Maria L. Valente Disciplina: Filosofia Colégio Júlio Dinis

Upload: mluisavalente

Post on 04-Jul-2015

2.628 views

Category:

Education


2 download

TRANSCRIPT

Page 1: Bioética

[1]

2010/2011

Bioética e a

Clonagem

BIOÉ

TICA

Realizado por: Vasco Abreu

Docente: Maria L. Valente

Disciplina: Filosofia

Colégio Júlio Dinis

Page 2: Bioética

Índice

Introdução 3

A Bioética 4

Contextualização 4

Que matérias aborda? 4

A Genética 6

Contextualização 6

A genética e a Ética 6

A Clonagem Humana 8

Conclusão 11

Bibliografia/Netgrafia 12

[2]

Page 3: Bioética

Introdução Este trabalho foi realizado no âmbito da disciplina de Filosofia está enquadrado no tema dos

problemas da cultura científico-tecnológica. Aqui farei uma reflexão sobre as questões e os problemas que se podem colocar face ao desenvolvimento da cultura científico-tecnológica, mais precisamente a bioética.

A bioética surgiu no século XX a par com os enormes avanços tecnológicos que se faziam sentir na época e é por definição a ética da biosfera, pois ocupa-se simultaneamente de questões médicas e ecológicas.

Neste trabalho falo também da genética, do bem que ela nos podes trazer assim como das suas desvantagens. A genética surgiu, pois não éramos capazes de saber o porquê das crianças herdarem ou não determinada característica da mão ou do pai e partindo daí evolui de tal forma que foi possível criar a engenharia genética. Esta engenharia tenta compreender como funciona o nosso organismo e qual é o papel dos genes e do DNA na formação das nossas características. Foi também esta área da ciência que permitiu a modificação genética de vegetais, de forma a torná-los mais resistentes, assim como diminuir o seu tempo de desenvolvimento.

Para finalizar, vou falar sobre a clonagem, o ponto mais importante deste trabalho. Primeiro explico o que é a clonagem e defino os dois principais tipos de clonagem: a clonagem reprodutiva e a clonagem terapêutica. Neste ponto, tento mostrar o ponto de vista de indivíduos ligados à área e dou também eu a minha opinião acerca da clonagem e das consequências que esta pode trazer.

Será então aconselhável continuar com os projectos relativos à clonagem de seres humanos?

[3]

Page 4: Bioética

A BioéticaContextualização

A bioética nasceu por volta dos anos 70, a par com o desenvolvimento da tecnologia e das ciências biomédicas. Dentro destes progressos estão as inovações relativas a cuidados intensivos com crianças, a hemodiálise em pacientes com insuficiência renal, assim como as técnicas de fertilização in vitro.

O certo é que não foram apenas estas inovações que levaram à criação e desenvolvimento da bioética, foram também factos da história da humanidade, tal como as experiências realizadas em humanos no período nazi, entre outros.

Que matérias aborda?

É fácil de compreender que a bioética trata da ética relacionada com fenómenos da biologia da responsabilidade que temos perante a vida humana. A palavra bioética foi construída a partir das palavras gregas bios (vida) + ethos (ética).

A bioética não é uma disciplina tecnocientífica nem uma ética universal da vida, tal como não trata apenas da ética médica, ela aborda outras disciplinas, como a engenharia genética, a biotecnologia e a ecologia. Ela envolve a todas as questões acerca da manipulação/preservação da vida de todas as espécies.

As diretrizes filosóficas desta área começaram a consolidar-se após a tragédia da Segunda Guerra Mundial, quando o mundo ocidental, chocado com as experiências abusivas por parte dos médicos nazistas em nome da ciência, cria um código para limitar os estudos relacionados. Formula-se aí também a ideia que a ciência não é mais importante que o homem. O progresso tencológico deve ser controlado para acompanhar a consciência da humanidade sobre os efeitos que este pode ter no mundo e na sociedade para que as novas descobertas e as suas aplicações não se tornem nocivas à humanidade.

O termo também foi mencionado em 1971, no livro "Bioética: Ponte para o Futuro", do biólogo e oncologista americano Van R. Potter. Pouco tempo depois, uma abordagem mais incisiva da disciplina foi feita pelo obstetra holandês Hellegers.

Em Outubro de 2005, a Conferência Geral da UNESCO adoptou a Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos, que consolida os princípios fundamentais da bioética e visa definir e promover um quadro ético com normas comuns que possam ser utilizadas para a formulação e implementação de legislações nacionais. A bioética é também um movimento cultural já que as suas restrições podem variar de país para país, de cultura para cultura.

[4]

Page 5: Bioética

Apesar de tudo, a bioética tem como principal preocupação a manipulação genética e as suas aplicações no Homem. Alguns dos assuntos que a bioética retrata são: a genética, as modificações do genoma humano para criar o Homem perfeito, a clonagem humana, os alimentos transgénicos e as consequências da manipulação genética de uma forma geral.

[5]

Page 6: Bioética

A GenéticaContextualização

A genética surgiu com o principal intuito de descobrir como é que uma criança vai ou não herdar determinada característica da mãe ou do pai. As respostas para este tipo de questões não tardaram a serem descobertas e a partir daí, a evolução do conhecimento do genoma, de várias espécies, mas principalmente da espécie humana foram notáveis.

A genética e a Ética

Percebeu-se então, que os genes eram pedaços de cromossomas e que tinham como a base de estrutura o ácido desoxirribonucleico (DNA) e que em união com o ácido ribonucleico (RNA), se criam proteínas e se define o fenótipo (características físicas) de cada indivíduo.

Depois destas s ign i f ica t ivas descober tas, começaram a ser efectuados estudos acerca de como introduzir ou activar um gene num indivíduo que até então não o tinha activo e criou-se assim a engenharia genética.

A engenharia genética começou então a ser ut i l izada para f ins comerc i a i s , p r i nc i pa lmen te na agricultura. Os vegetais começaram a s e r m o d i f i c a d o s d e f o r m a a desenvolverem-se mais depressa e a serem mais resistente a determinadas pragas. Depois disto, foi o património genético humano que começou a sofrer alterações, finalmente se conseguiu implementar mudanças no código genético.

Tudo isto permitiu que se iniciassem processos para melhorias das espécies, mais concretamente da espécie humana, mas será que nos toca a nós impor características genéticas impostas por nós às gerações vindouras? Será que devemos condicionar a evolução da espécie humana?

Bem, Luís Archer, bioético português, afirma que “não se pode condenar, à partida e globalmente, toda a inovação genética no homem” e que “a liberdade (...) é entendida aqui como

[6]

Page 7: Bioética

o direito de cada sujeito humano à sua auto-realidade na linha daquilo que como pessoa é (...) na sua individualidade e irrepetibilidade”, assim percebe-se que Luís Archer defende tornar as definir as gerações futuras como “objectos” seria invadir essa liberdade e que tal não deve concebido. Contudo, ele defende que a genética pode t r a z e r c o n s e q u ê n c i a s presumivelmente aceites por todos como melhorias no domínio do

bem-estar integral da pessoa, assim como da capacidade intelectual, entre outros.

Na minha opinião, deveria-se continuar a apostar na genética, primeiro porque o conhecimento sobre o nosso DNA é bastante reduzido, há muitos “porquês” ainda por serem respondidos e em segundo, porque acredito que avanços na área da ciência podem permitir descobrir curas para condições que hoje matam milhares ou até mesmo milhões por cada ano que passa.

[7]

Page 8: Bioética

A Clonagem Humana

Existem dois tipos principais de clonagem: a clonagem terapêutica – que é utilizada para fins de investigação biomédica – e a clonagem reprodutiva – que é utilizada com a finalidade de reproduzir indivíduos geneticamente idênticos.

A clonagem tem-se tornado um assun to comum, no en tan to , frequentemente se cai no erro de associa a clonagem à simples produção de clones humanos. Na realidade, os principais estudos e trabalhos na nesta área, centram-se na produção células clonadas que possam ser ut i l izadas para a prevenção e cura de determinadas doenças, tal como o Síndrome de Down, a Leucemia ou Parkinson, entre outras.

Este é um tópico de conversa constante entre pessoas ligadas à Medicina e à Genética e António Coutinho, médico, afirma que: “(...) a clonagem não é algo que me aflija em demasiado (...) nunca me preocupou que alguns tentassem repetir indivíduos, porque em Biologia não há essa possibilidade”. A. Coutinho tem, no meu ponto de vista, uma visão muito diminuta acerca do assunto, porque apesar de um clone e a “versão original” não serem totalmente iguais, de não terem os mesmo traços psicológicos, existe uma grande perda de individualidade, para não falar de todos os problemas que o processo de clonagem podem causar. Se pensar que foram necessárias 277 tentativas para produzir a famosa Dolly, questiono-me: Quem é que aceitaria esta s estatísticas numa experiência com bebés humanos? Existira algum ser humano capaz de se voluntariar para esta experiência?

John Kilner, Presidente do Centro de Bioética e Dignidade Humana nos Estados Unidos da América dá uma resposta a estas questões: “(...) submeter os seres humanos à clonagem não é assumir um risco desconhecido, é prejudicá-los conscientemente”. O que faz todo o sentido, pois caso algum ser humano se submeta a um processo de clonagem estará totalmente informado de tudo o que se passa, para não falar de que os próprios geneticistas e médicos sabem que existe a possibilidade da ocorrência de perturbações e contrariedades que nem sequer são capazes de prever, até porque a esmagadora maioria das tentativas de clonagem em embriões feitas em animais resultaram em embriões deformados ou abortos logo após a implantação.

[8]

Page 9: Bioética

Todos os avanços na tecnologia e na ciência têm como objectivo uma melhoria nas condições de vida das populações e o aumento da esperança média de vida. No entanto, actualmente, existem muita mais doenças do que curas, uma vezes por interesse económicos, outras porque não sabemos o suficiente sobre nós próprios, mas o certo é que a clonagem terapêutica parece ser um hipótese bastante viável de conseguirmos reverter o processo e de começarmos a eliminar doenças da lista das incuráveis.

Este tipo de clonagem tem como objectivo a criação bancos de órgãos, em que ninguém tem que esperar até encontrar um dador compatível. Este procedimento consiste na clonagem de um qualquer indivíduo e na criação de um embrião saudável que irá fornecer órgãos por meio de transplantes. E é neste ponto que entram os dois principais problemas deste tipo de clonagem.

Neste procedimento, à semelhança do que acontece com a clonagem reprodutiva, quando se verificam anomalias nos embriões clonados, estes são eliminados de imediato. E será correcto matar um novo ser, apenas porque não alcançou as nossas expectativas e objectivos?

Kant acaba por ter uma resposta para esta questão, ele diz o seguinte: “Age de tal modo que possas usar a humanidade, tanto em tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre como um fim (...) e nunca apenas como um meio”. Ora transpondo esta frase para a problemática da clonagem humana, assume-se que Kant defende que a criação deste tipo de embriões deveria ser um fim e não apenas um meio para o diagnóstico e tratamento de determinadas condições genéticas.

O segundo problema que este tipo de clonagem nos trás é o facto retirarmos órgãos de um indivíduo para os colocar-mos num outro ser. Será justo que alguém viva apenas para doar órgãos?

Do meu ponto de vista, isso não faz qualquer sentido, esse alguém vai ter uma consciência, uma vida, por mais estranha que seja e não será justo que ele tenha dar partes de si, ou até morrer, para satisfazer as necessidades de outrem. Este tipo se situação não é sequer humana e nada justifica este tipo de acção. Contudo, acredito que o processo de clonagem possa ser reduzido a órgão e não a um ser humano completo, o que, para mim é algo de bom e que pode realmente ajudar a humanidade.

Para mim, a ciência envolvida nos processos de clonagem é de extrema importância, pois pode fornecer-nos conhecimento que até hoje não possuímos. Eu discordo com a clonagem reprodutiva, no entanto, consigo concordar com a terapêutica. Isto claro, se formos capazes de clonar órgãos, individualmente, sem que seja necessária a morte de um ser só porque alguém precisa de um coração, por exemplo. Eu acredito que a tecnologia e ciência envolvida neste processos podem ser de grande ajuda à humanidade, mas o problema é que nem sempre nós somos capazes de utilizar a tecnologia e ciência para o bem, tal como a história o retrata, sendo a bomba atómica uma das mais importantes situações em que o Homem usou a sua tecnologia para o pior fim possível.

[9]

Page 10: Bioética

O certo é tudo o que já sabemos deveria ser também utilizado na agricultura, de forma aumentar a produção de alimentos no mundo todo, de forma sustentável. Acredito que seríamos capazes de diminuir a fome no mundo e impedir a morte de milhares de pessoas, de seres humanos em todo o mundo ao longo de cada ano que passa em que resolvemos pensar apenas no dinheiro e não no bem-estar comum.

[10]

Page 11: Bioética

Conclusão

Este trabalho trata essencialmente da ética aplicada à biosfera, á medicina e e a todas as formas de vida.

Após a finalização deste trabalho cheguei à conclusão de que a bioética é verdadeiramente importante para a evolução do conhecimento científico e que esta apenas existe devido aos desastres causados pelas inovações tecnológicas como a Segunda Guerra Mundial.

Um dos assuntos sobre os quais a bioética mais se debruça é a clonagem humana. Esta pode ser de dois tipo: terapêutica ou reprodutiva. A clonagem reprodutiva é utilizada com a finalidade de obter indivíduos geneticamente idênticos e como tal é fortemente criticada, pois promove a perda de identidade, para não falar do facto de não dá-mos nenhuma escolha ou sequer a hipótese do acaso ao novo ser. Por outro lado, a clonagem terapêutica é aceite pela maior parte das pessoas, pois tem como objectivo a investigação biomédica e a cura, através de transplantes, de doenças até hoje incuráveis.

Existem várias opiniões convergentes quanto a esta temática, pois uns defendem que não podemos continuar com estes estudos, enquanto outros acreditam esse é o caminho e para pe proibido. Eu acredito que a bioética é realmente importante e que a temática da clonagem precisa de “conselhos” pois estão envolvidas vidas humanas e não é fácil de se tomar uma posição. Para mim, a clonagem reprodutiva não é boa e deve, realmente, ser abandonada, contudo acho que a clonagem terapêutica é algo em que se deve apostar. Com ela, há a possibilidade de curar doenças e eliminar as listas de espera para transplantes de órgãos. O problema é não me parece justo nem ético, criar um ser que irá apenas servir de banco de órgãos, sendo esta a principal desvantagem da clonagem terapêutica.

“Será então aconselhável continuar com os projectos relativos à clonagem de seres humanos?” - esta questão encontrava-se na introdução e pretendo agora responde-la.

Eu acredito que a a ciência e tecnologia envolvidas das técnicas de clonagem podem resolver muitos dos problemas da humanidade, no entanto existem muitas contradições e pontos negativos que devem ultrapassados antes re realmente começarmos a utilizar estes processos.

[11]

Page 12: Bioética

Bibliografia/Netgrafia

• PAIVA, Marta; BORGES, José Ferreira; TAVARES, Orlanda - Contextos, 2009 Porto Editora.

• http://naordemdodia.blogspot.com/2008/10/clonagem.html

• http://pt.wikipedia.org/wiki/Clonagem

• http://pt.wikipedia.org/wiki/Bioética

[12]

Page 13: Bioética

[13]