biodiversidade e serviços ecossistêmicos nas empresas ... · foi uma honra conhecê-los. ......

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO RAFAELA DE REZENDE BARRETO Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos nas Empresas Brasileiras: Diagnóstico e Modelo Preliminar de Avaliação Financeira. Rio de Janeiro 2014

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Page 1: Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos nas Empresas ... · Foi uma honra conhecê-los. ... modelo foram selecionadas as empresas brasileiras líderes em sustentabilidade e,

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO

RAFAELA DE REZENDE BARRETO

Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos nas

Empresas Brasileiras: Diagnóstico e Modelo

Preliminar de Avaliação Financeira.

Rio de Janeiro

2014

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RAFAELA DE REZENDE BARRETO

Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos nas Empresas Brasileiras:

Diagnóstico e Proposição de Modelo Preliminar de Avaliação

Financeira.

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em

Administração, Instituto COPPEAD de

Administração, Universidade Federal do Rio

de Janeiro, como requisito parcial à

obtenção do título de Mestre em

Administração.

Orientador: Prof. Celso Funcia Lemme, D. Sc.

RIO DE JANEIRO

2014

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Barreto, Rafaela de Rezende.

Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos nas Empresas Brasileiras: Diagnóstico e Modelo Preliminar de Avaliação Financeira / Rafaela de Rezende Barreto. – Rio de Janeiro: UFRJ, 2014. 131 p.: 31 cm. Orientador: Celso Funcia Lemme. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto COPPEAD de Administração, 2014.

1. Finanças. 2. Responsabilidade social da empresa. 3. Administração – Teses. I. Lemme, Celso Funcia. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto COPPEAD de Administração. III. Título.

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Rafaela de Rezende Barreto

Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos nas Empresas Brasileiras:

Diagnóstico e Proposição de Modelo Preliminar de Avaliação

Financeira.

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em

Administração, Instituto COPPEAD de

Administração, Universidade Federal do Rio

de Janeiro, como requisito parcial à

obtenção do título de Mestre em

Administração.

Aprovada por:

___________________________________________________

Prof. Celso Funcia Lemme, D. Sc. – Orientador (COPPEAD/UFRJ)

___________________________________________________

Prof. Peter Herman May, D. Sc. - (CDPA/UFRRJ)

___________________________________________________

Profa. Carlos Eduardo Lessa Brandão, D. Sc. – (IBGC)

RIO DE JANEIRO

2014

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À minha pequena grande família,

Meus pais, meu irmão, minha cunhada e um anjo chamado Alice.

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vi

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao universo pela oportunidade de desfrutar dessa experiência de vida que

é o mestrado. Aqui conhecemos o verdadeiro valor do nosso tempo na terra e temos

encontros de vida com seres humanos incríveis que, certamente, levarei para toda minha

jornada.

Meus pais, minha razão de ser, duas pessoas lindas que me colocaram no mundo

com todo o amor, trabalharam arduamente sem medir esforços para me criar e sem os

quais nada seria possível. Meu irmão, minha fonte de inspiração, meu grande incentivador,

meu orgulho, meu presente capaz de me conectar com as mais doces recordações do

passado. Minha cunhada que entrou em nossas vidas e nos deu o presente mais incrível e

perfeito, um anjo chamado Alice. Obrigada por fazerem parte de mim, por trazerem uma

razão para o meu existir.

Aos grandes amigos que aqui fiz. Grandiosos seres humanos que trouxeram leveza

para essa longa e dura jornada. Em especial à minha amada Elite, Guiga pelos incansáveis

e divertidos cafés, Pati pelos prolíferos divãs e Milene, minha companheira de todos, todos

os dias. Foi uma honra conhecê-los.

Agradeço também à infinita dedicação do meu orientador. Grande ser humano que

por sua inquestionável ética e profissionalismo tem toda a minha admiração e eterna

gratidão. Á todos os funcionários, desde a limpeza, biblioteca, professores e secretaria que

nos deram todo o suporte e estrutura para fazer parte do time Coppead.

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RESUMO

BARRETO, Rafaela de Rezende. Biodiversidade e serviços ecossistêmicos nas empresas

brasileiras: diagnóstico e modelo preliminar de avaliação financeira. Rio de janeiro, 2014.

Dissertação (mestrado em administração) – Instituto COPPEAD de Administração,

Universidade Federal Do Rio De Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.

O presente trabalho teve por objetivo propor um modelo preliminar para incorporação das

iniciativas relacionados à Biodiversidade e serviços ecossistêmicos na avaliação econômica

de empresas, aplicável aos diferentes setores econômicos. Para a construção desse

modelo foram selecionadas as empresas brasileiras líderes em sustentabilidade e, com

base nas informações divulgadas em seus relatórios anuais, foram reunidas as principais

iniciativas ambientais e identificados seus impactos econômicos e respectivos reflexos no

fluxo de caixa empresarial. O modelo proposto aponta quais informações são necessárias

para que investidores e analistas financeiros possam identificar o ganho ou perda de valor

decorrentes das práticas de biodiversidade e serviços ecossistêmicos adotadas pelas

empresas brasileiras líderes em sustentabilidade. A varredura dos relatórios selecionados

mostraram que as informações divulgadas ainda não fornecem uma visão integrada das

iniciativas com os impactos financeiros de custo e benefício que geram. No entanto, muitas

empresas já publicam informações quantitativas relevantes que, uma vez trabalhadas,

podem facilmente ser transformadas em impacto monetário.

Palavras-chave: Biodiversidade, Serviços ecossistêmicos, Avaliação financeira,

Sustentabilidade, Impactos ambientais.

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ABSTRACT

BARRETO, Rafaela de Rezende. Biodiversity and ecosystem services on Brazilian

enterprises: diagnoses and preliminary valuation model. Rio de janeiro, 2014. Master

Thesis (Master of Business Administration) –COPPEAD, Federal University of Rio de

Janeiro. Rio de Janeiro, 2014.

This work aimed to propose a preliminary model to incorporate the initiatives related to

biodiversity and ecosystem services to the economic valuation of companies, being

applicable to different economic sectors. To build this model, it was selected the Brazilian

companies recognized by its leadership in sustainability in order to use the information

disclosed in their annual reports to identify the major environmental initiatives and its

economic impacts on business cash flow. The proposed model indicates what information is

needed for investors and financial analysts to identify the gain or loss of value arising from

the practices of biodiversity and ecosystem services adopted by Brazilian business leaders

in sustainability. The analysis of the selected reports have shown that the information

disclosed does not provide yet the financial impacts of the environmental initiatives.

However, many relevant quantitative information could be identified and easily transformed

into monetary impact.

Key-words: Biodiversity, Ecosystem services, Valuation, Sustainability.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Riscos e oportunidades: tendências para sustentabilidade global ........................................ - 32 -

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Composição setorial da amostra ............................................................................................... - 48 -

Tabela 2: Total de iniciativas GRI mapeadas por setor econômico ....................................................... - 58 -

Tabela 3: Quantidade de iniciativas mapeadas por parâmetro GRI ...................................................... - 59 -

Tabela 4: Quantidade de iniciativas mapeadas por indicador GRI específico de cada setor econômico

.......................................................................................................................................................................... - 60 -

Tabela 5: Acompanhamento de desempenho de indicadores ambientais Masisa .............................. - 62 -

Tabela 6: Número de iniciativas ambientais mapeadas de acordo com o nível de associação com o

desempenho financeiro corporativo (Epstein & Roy, 2003) .................................................................... - 64 -

Tabela 7: Resultados do p-valor para as proporções dos quatro níveis de informação da escala

Epstein & Roy (2003) nas 501 iniciativas em BSE da amostra, com diversas proporções teóricas

(testes unicaudais, com α=5%). .................................................................................................................. - 65 -

Tabela 8: Resultados do p-valor para a proporção das 55 empresas da amostra que atingiram cada

um dos quatro níveis de informação da escala de Epstein & Roy (2003), com diversas proporções

teóricas (testes unicaudais, com α=5%). ................................................................................................... - 66 -

Tabela 9: VPL (BRL) iniciativa 10. .............................................................................................................. - 88 -

Tabela 10: VPL (BRL) iniciativa 11. ............................................................................................................ - 89 -

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Exemplos de iniciativas de PSE ............................................................................................... - 11 -

Quadro 2: Mecanismos relacionados aos SE's ......................................................................................... - 18 -

Quadro 3: Relação entre serviços ecossistêmicos e componentes do valor econômico total .......... - 25 -

Quadro 4: Avaliação rigorosa dos impactos de projetos e programas de BSE ................................... - 30 -

Quadro 5: Indicadores ambientais baseados no uso de recursos ......................................................... - 38 -

Quadro 6: Indicadores ambientais de desempenho GRI ......................................................................... - 40 -

Quadro 7: Análise custo-benefício cultura de camarão vs preservação do mangue .......................... - 44 -

Quadro 8: Indicadores Ambientais GRI G3 (2000-2011) ......................................................................... - 51 -

Quadro 9: Matriz classificatória das iniciativas ambientais ..................................................................... - 53 -

Quadro 10: Indicadores GRI específicos de biodiversidade ................................................................... - 62 -

Quadro 11: Setor de Alimentos - principais iniciativas ambientais e seus impactos no fluxo de caixa ... -

68 -

Quadro 12: Setor Produtos de uso pessoal e limpeza - principais iniciativas ambientais e seus

impactos no fluxo de caixa. .......................................................................................................................... - 68 -

Quadro 13: Setor Energia elétrica - principais iniciativas ambientais e seus impactos no fluxo de

caixa. ................................................................................................................................................................ - 69 -

Quadro 14: Setor Madeira e Papel - principais iniciativas ambientais e seus impactos no fluxo de

caixa. ................................................................................................................................................................ - 70 -

Quadro 15: Setor Materiais e construção - principais iniciativas ambientais e seus impactos no fluxo

de caixa. .......................................................................................................................................................... - 71 -

Quadro 16: Setor Metalurgia - principais iniciativas e seus impactos econômicos no fluxo de caixa. - 72

-

Quadro 17: Setor Mineração - principais iniciativas ambientais e seus impactos no fluxo de caixa.- 73 -

Quadro 18: Setor Petróleo e gás - principais iniciativas ambientais e seus impactos no fluxo de caixa.-

74 -

Quadro 19: Setor Saneamento básico - principais iniciativas ambientais e seus impactos no fluxo de

caixa. ................................................................................................................................................................ - 74 -

Quadro 20: Setor Transporte - principais iniciativas ambientais e seus impactos no fluxo de caixa. . - 74

-

Quadro 21: Resumo por empresa e setor das principais iniciativas ambientais mapeadas. ............. - 76 -

Quadro 22: Mapeamento dos impactos em Biodiversidade da Fibria ................................................... - 81 -

Quadro 23: Mapeamento dos impactos em Biodiversidade da Anglo American ................................. - 81 -

Quadro 24: Cálculo do fluxo de caixa livre para empresa ....................................................................... - 85 -

Quadro 25: Modelo preliminar de avaliação econômica das iniciativas de BSE. ................................ - 86 -

Quadro 26: Exemplos escolhidos para teste do modelo. ........................................................................ - 87 -

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Custos Ambientais para os cinco setores principais - 3000 empresas públicas ............... - 15 -

Gráfico 2: Comparação desempenho DJSI x MCSI ................................................................................. - 21 -

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ÍNDICE

1. APRESENTAÇÃO ................................................................................................... - 1 -

1.1) O PROBLEMA ................................................................................................................................ - 1 -

1.2) OBJETIVO DA PESQUISA ........................................................................................................... - 5 -

2. REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................................... - 6 -

2.1) MOVIMENTOS GLOBAIS EM PROL DA BIODIVERSIDADE E SERVIÇOS

ECOSSISTÊMICOS ........................................................................................................................................ - 7 -

2.2) SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS E FLUXOS FINANCEIROS .............................................. - 13 -

2.2.1) O PAGAMENTO POR SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS (PSE) ................................................. - 16 -

2.2.2) RELEVÂNCIA DA RESPONSABILIDADE AMBIENTAL PARA O MERCADO DE CAPITAIS . - 19

-

2.2.3) MUDANÇA NAS PREFERÊNCIAS DOS CONSUMIDORES ...................................................... - 21 -

2.3) MÉTODOS DE VALORAÇÃO ECONÔMICA PARA SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS .... - 23 -

2.4) BUSINESS CASES EM BSE ...................................................................................................... - 27 -

2.4.1) RISCOS E OPORTUNIDADES DE BSE PARA O NEGÓCIO .................................................... - 31 -

2.4.2) MEDIDAS DE DESEMPENHO ......................................................................................................... - 33 -

2.5) CRÍTICAS À VALORAÇÃO ECONÔMICA DA BSE ............................................................... - 41 -

3. MÉTODO DE PESQUISA ...................................................................................... - 45 -

3.1) UNIVERSO E AMOSTRA ..................................................................................................................... - 45 -

3.2) FONTE E COLETA DE INFORMAÇÕES ........................................................................................... - 49 -

3.3) TRATAMENTO DOS DADOS .............................................................................................................. - 49 -

3.4) LIMITAÇÕES DO MÉTODO ................................................................................................................ - 56 -

4. RESULTADOS ...................................................................................................... - 57 -

4.1) O USO DE INDICADORES GRI PARA MONITORAMENTO DAS INICIATIVAS EM BSE ....... - 57 -

4.2) AS INICIATIVAS EM BSE E SUA ASSOCIAÇÃO COM O NÍVEL DE DESEMPENHO

FINANCEIRO CORPORATIVO ................................................................................................................... - 63 -

4.3) TENDÊNCIAS DE INICIATIVAS AMBIENTAIS E A ABORDAGEM DE PSE PELAS

ORGANIZAÇÕES. ......................................................................................................................................... - 78 -

4.4) PROPOSIÇÃO DE UM MODELO FINANCEIRO PRELIMINAR PARA AVALIAÇÃO DE

INICIATIVAS EMPRESARIAIS EM BSE .................................................................................................... - 84 -

4.5) TESTE DO MODELO .................................................................................................................. - 87 -

4.6) CONSIDERAÇÕES AO TESTE DO MODELO ........................................................................ - 89 -

5. CONCLUSÃO ........................................................................................................ - 89 -

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ - 92 -

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APÊNDICE 1: MÉTODOS DE VALORAÇÃO DA BSE ................................................... - 98 -

APÊNDICE 2: RISCOS E OPORTUNIDADES ................................................................ - 99 -

APÊNDICE 3: PANORAMA DO MERCADO DE SE ..................................................... - 101 -

APÊNDICE 4: AMOSTRA .............................................................................................. - 102 -

APÊNDICE 5: CONJUNTO DE EMPRESAS ANALISADAS ........................................ - 103 -

APÊNDICE 6 FONTE DE COLETA DE DADOS DA AMOSTRA .................................. - 104 -

APÊNDICE 7: NÚMERO DE INICIATIVAS GRI POR SETOR ...................................... - 105 -

APÊNDICE 8: PRINCIPAIS INICIATIVAS AMBIENTAIS E IMPACTOS NO FLUXO DE

CAIXA ............................................................................................................................. - 119 -

ANEXO I ......................................................................................................................... - 130 -

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- 1 -

1. APRESENTAÇÃO

1.1) O PROBLEMA

O assunto biodiversidade e serviços ambientais tem recebido cada vez mais

notoriedade tanto na esfera governamental, na direção de regulamentações, quanto na

esfera empresarial, para conformidade legal, continuidade da atividade econômica e

criação de vantagem competitiva.

A sociedade enfrenta o esgotamento de muitos de seus recursos naturais em

função de diversos fatores, como falhas de mercado associadas com externalidades,

natureza pública da maioria dos Serviços Ecossistêmicos - SE, imperfeição do direito de

propriedade e até incipiência de conhecimentos e informações consideradas fundamentais

para o entendimento da relevância da Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos -BSE

para a vida humana (Engel, Pagiola e Wunder, 2008). Por isso, a BSE está seguindo os

primeiros passos de um processo que já aconteceu com a emissão de gases de efeito

estufa – GEE, pois novos mercados para serviços ecossistêmicos já estão se

desenvolvendo (THE ECONOMICS OF ECOSYSTEM AND BIODIVERSITY – TEEB,

2010).

Além disso, os riscos apontados no relatório TEEB 2010, como, por exemplo: o

aumento da regulação direcionada às empresas para redução dos impactos na

biodiversidade, com os governos aplicando cada vez mais o “princípio do poluidor

pagador”; os custos de conformidade e impostos verdes sobre o carbono, terra, água,

sinalizando a tendência de que os serviços promovidos pela BSE sairão da concepção de

bem público e passarão a ser precificados.

Tal movimento já pode ser percebido a partir de iniciativas locais, como a criação

da Bolsa Verde do Rio de Janeiro e globais, como a divulgação de relatórios como o The

Economics of Ecosystem and Biodiversity - TEEB, de autoria de diversas instituições1 de

prestígio internacional. Iniciativas governamentais, como a da secretária do meio ambiente

do Reino Unido, Hilary Benn, responsável por convidar os líderes políticos para o esforço

de um consenso sobre a precificação da biodiversidade, adotando como ponto de partida

o que foi feito para as mudanças climáticas (mercado de cotas e créditos de carbono),

também demonstram a conscientização e o engajamento público e privado em direção ao

tema.

1 International Union for Conservation of Nature (IUCN), United Nations Environment Programme (UNEP), Global Report Initiative (GRI), Business for Social Responsibility (BSR), World Business Council for Sustainability Development (WBCSD) e outras.

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A perda de BSE é juntamente com as mudanças climáticas, uma das maiores

questões ambientais dos últimos tempos (GRIGG, A.; HARPER, M.; VERBUNT, 2011). A

exploração desenfreada desses recursos e o seu potencial esgotamento trazem a

necessidade de se rever a sua caracterização como bem público e, consequentemente, de

avaliá-los financeira e economicamente.

A degradação da BSE promove riscos tanto para a sociedade quanto para as

empresas. É a visão sobre o cenário atual de degradação, juntamente com as previsões

pessimistas de cenários futuros e seus impactos na atividade econômica, que compõem a

base em que o presente trabalho se apoia.

O cenário atual de degradação pode ser visto a partir de alguns exemplos expostos

no relatório o GLOBAL BIODIVERSITITY OUTLOOK 3, cujas fontes essenciais de

informação são os relatórios apresentados pelas PARTES DA CONVENÇÃO SOBRE

DIVERSIDADE BIOLÓGICA (SECRETARIAT OF THE CONVENTION ON BIOLOGICAL

DIVERSITY, 2010):

A pegada ecológica da humanidade excede a capacidade biológica da Terra e tem

aumentado desde que a meta de biodiversidade para 2010 foi traçada;

Espécies que foram avaliadas como em risco de extinção estão, em média,

aproximando-se da extinção. Anfíbios enfrentam o maior risco e espécies de corais estão

se deteriorando mais rapidamente no seu estado de conservação. Quase um quarto das

espécies de plantas é considerado ameaçado de extinção;

A diversidade genética da agricultura e da pecuária continua a decrescer em

sistemas manejados;

Embora tenha havido um progresso significativo em retardar a taxa de perda de

florestas tropicais e manguezais em algumas regiões, os habitats naturais, em muitas

partes do mundo, continuam a diminuir em extensão e integridade. Zonas úmidas de água

doce, habitats de gelo marinho, pântanos salgados, recifes de coral, bancos de algas

marinhas e bancos recifais de moluscos estão apresentando graves declínios;

Extensa fragmentação e degradação de florestas, rios e outros ecossistemas

também levaram à perda de BSE.

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O documento da O Eco (2010) e o relatório Millenium Ecosystem Assessment2

(MILLENIUM ECOSYSTEM ASSESSMENT - MEA, 2005) também fornecem uma

perspectiva sobre o capital natural já degradado até o momento:

Mais terras foram convertidas para cultivo nos trinta anos posteriores a 1950 do que

nos 150 anos entre 1700 e 1850;

35% dos mangues foram perdidos nas últimas duas décadas em países onde as

informações adequadas estavam disponíveis para pesquisa (abrangendo quase metade

das áreas de mangue);

20% dos recifes de corais foram destruídos e 20% degradados nas últimas décadas;

23% das espécies de plantas estão ameaçadas de extinção;

Queda de aproximadamente 33% da população dos vertebrados terrestres (baseado

na população avaliada) entre os anos de 1970 e 2006. Tal percentual de queda continua a

aumentar globalmente, especialmente nos trópicos e entre as espécies de água doce;

Metade dos 14 biomas avaliados pelo MEA passaram por conversão entre 20%-50%

para o uso humano;

1.020 Km2 de mangues são perdidos anualmente, principalmente na Ásia, que

detém a maior proporção de mangues em todo o mundo;

A quantidade de zonas mortas, resultantes principalmente da poluição por

fertilizantes agrícolas, tem duplicado a cada dez anos e hoje existem mais de 500 áreas

nos oceanos.

Dado tal cenário de degradação, o documento Visão 2050 (CONSELHO EMPRESARIAL

BRASILEIRO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL-CEBDS, 2009), estudo

colaborativo liderado pelo World Business Council for Sustainable Development – WBCSD

buscou analisar o futuro da humanidade e dos recursos naturais, promovendo a

compreensão sobre os riscos relacionados à BSE e identificando as principais tendências:

Espera-se que a população mundial cresça de 6.7 bi para 9.2 bi em 2050, levando a

um incremento da demanda por produtos e serviços, além de maior pressão na

exploração dos recursos naturais;

Mais da metade da população deve viver sob condições de severa escassez de

água em 2025, enquanto a maior parte dos recursos hídricos será utilizada para irrigação;

2 O Millenium Ecosystem Assessment foi criado entre 2001 e 2005 para avaliar as consequências das mudanças nos ecossistemas para o bem-estar humano e estabelecer uma base científica para as ações necessárias para alcançar a conservação e o uso sustentável dos ecossistemas.

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Para alcançar a demanda por alimento de 9 bilhões de pessoas será necessário um

aumento médio de 2% ao ano dos rendimentos agrícolas;

Será necessária uma redução de 50% na emissão de gases de efeito estufa (GEE)

até 2050, que será estimulada em parte pela reforma de política pública que coloca preço

no carbono;

O setor empresarial deve pagar mais pelo acesso e pelos impactos em vasto

conjunto de recursos naturais, em função das abordagens de pagamento por serviço

ambiental (PSA) estarem ganhando importância;

Para um futuro mais sustentável, será necessário reduzir os impactos ambientais por

meio de regulações, preferências do mercado consumidor, precificação de insumos e

medidas de perdas e lucros. Preços deverão refletir todas as externalidades, sejam custos

ou benefícios. Tudo isso terá impacto direto nos negócios.

Além das tendências que requerem atenção das empresas cuja atividade econômica

depende diretamente da BSE também se deve considerar o valor monetário da

biodiversidade, exemplificado a seguir (O ECO, 2010; SECRETARIAT OF THE

CONVENTION ON BIOLOGICAL DIVERSITY, 2010; TEEB, 2010):

Estima-se que o Delta do Okavango, na África Austral, gere US$ 32 milhões por ano

para as famílias locais em Botsuana, por meio da utilização de seus recursos naturais e

dos lucros provenientes da indústria do turismo. O rendimento total das atividades

econômicas associadas ao delta é estimado em mais de US$ 145 milhões, ou cerca de

2,6% do Produto Nacional Bruto de Botsuana;

O Pântano Muthurajawela, zona úmida costeira localizada em área de elevada

densidade populacional do norte do Sri Lanka, tem o valor estimado em US$ 150 por

hectare, para os serviços relacionados com agricultura, pesca e lenha; US$ 1.907 por

hectare, por prevenir os danos das enchentes; e US$ 654 por hectare pelo tratamento de

águas residuais industriais e domésticas;

US$ 300 milhões/ano é o valor da receita perdida com o turismo na região do Caribe

devido à degradação dos recife de corais;

US$ 190 bilhões/ano é a contribuição estimada de insetos polinizadores para

resultados na agricultura;

25 a 50% dos US$ 640 bilhões de receita anual do mercado farmacêutico resultam

de recursos genéticos;

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US$ 12.392/hectare ano é o valor estimado dos serviços ambientais dos mangues

na Tailândia, em comparação com um lucro de US$ 1.220/hectare por ano de

carcinicultura3;

Entre US$ 8 a 10 bilhões são gastos em conservação no mundo, enquanto US$ 950

a 1450 bilhões são gastos por ano com subsídios para atividades potencialmente danosas

ao meio ambiente;

1 de cada 6 empregos na Europa é dependente do meio ambiente, sendo essa

dependência maior em países em desenvolvimento.

Os dados e tendências citados podem ser vistos como um diagnóstico do que viria a

ser os primeiros sinais de que a biodiversidade e serviços ecossistêmicos podem passar

de bens públicos a bens privados. Nesse caso, nenhum dos setores de produção e de

processamentos primários seriam lucrativos, já que a receita gerada por suas atividades

não seriam suficientes para cobrir os custos dos impactos ambientais que causam (THE

ECONOMICS OF ECOSYSTEM AND BIODIVERSITY - TEEB, 2013). Por isso, a

avaliação financeira dos ativos ambientais e sua inclusão no processo decisório passam a

ser elementos de relevância para a estratégia empresarial.

1.2) OBJETIVO DA PESQUISA

Tanto o estudo The Natural Value Initiative (2009) para os setores de tabaco, alimento

e bebida, quanto a Revisão do Insight Investment (2005) do setor extrativista, destacaram

que mesmo as organizações que são consideradas relativamente avançadas na

divulgação de informações sobre BSE encontram dificuldades para o estabelecimento de

indicadores de desempenho, comunicação e gestão de tais questões. Foi identificado que

as empresas raramente estabelecem objetivos claros, além de utilizarem mais

informações qualitativas (estudos de caso, descrições de iniciativas) para comunicar a

gestão de BSE do que indicadores de desempenho quantitativos (THE ECONOMICS OF

ECOSYSTEM AND BIODIVERSITY - TEEB, 2010).

Da mesma maneira, uma reportagem sobre o uso de serviços ecossistêmicos - SE por

empresas privadas aponta que a evolução do conceito para a prática dos SE permanece

um grande desafio em função da pequena quantidade de informações públicas disponíveis

sobre a efetividade de ferramentas e abordagens relacionadas ao tema (WAAGE, 2013).

Sendo assim, elas raramente fornecem dados suficientes que capacitem uma análise

3 Técnica de criação de camarões em viveiros, muito desenvolvida no litoral brasileiro do Rio Grande do Norte (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Carcinicultura).

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acurada dos stakeholders externos sobre os esforços das organizações para avaliar,

evitar, mitigar ou compensar seus impactos em BSE (THE ECONOMICS OF

ECOSYSTEMS AND BIODIVERSITY-TEEB, 2010)

Portanto, o objetivo desta pesquisa, de natureza exploratória, foi fazer um diagnóstico

preliminar sobre o posicionamento das empresas brasileiras na incorporação de questões

de biodiversidade e serviços ecossistêmicos na estratégia corporativa e sua associação

com o desempenho financeiro. Adicionalmente, tentou-se propor um modelo preliminar de

avaliação financeira, capaz de orientar as empresas na identificação e avaliação de riscos

e oportunidades relacionados a essas questões.

A escolha por empresas brasileiras se deveu ao fato de o Brasil ser visto como número

um em termos de biodiversidade mundial, o que faz com que existam expectativas globais

para a liderança brasileira (GONÇALVES, 2013). Dessa maneira, buscou-se contribuir

com o esforço das empresas brasileiras interessadas em incorporar as questões de BSE

em seu processo decisório, integrando-as com o desempenho corporativo. Conforme

detalhado mais adiante no capítulo de metodologia, a pesquisa foi desenvolvida a partir do

mapeamento das iniciativas em BSE das empresas brasileiras líderes em sustentabilidade

e seu relacionamento com os modelos conceituais da revisão da literatura.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

O referencial teórico está estruturado em quatro temas: (a) movimentos globais em

prol de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos - BSE; (b) serviços ecossistêmicos e

fluxos financeiros; (c) métodos de valoração econômica para serviços ecossistêmicos –

SE; e (d) business case4 em BSE.

Na seção 2.1 são revistas iniciativas e movimentos institucionais, nacionais e

internacionais, relacionados a BSE. Na seção 2.2 são abordados os aspectos conceituais

de BSE e sua relação com a atividade econômica, de acordo com os fluxos financeiros

que geram. O objetivo é esclarecer a relação entre BSE e o desempenho financeiro

organizacional, com base nos fluxos de caixa atuais e futuros. Além da garantia da

continuidade do negócio, são discutidas tendências que explicam porque as empresas

deveriam integrar BSE em seu planejamento estratégico e financeiro, como o surgimento

de um mercado de serviços ambientais, a crescente conscientização ambiental dos

analistas de mercado de capitais e a mudança na preferência dos consumidores por

produtos “verdes". A seção 2.3 aborda as alternativas de avaliação econômica de BSE,

4 Justificativa empresarial ou justificativa de negócios.

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enquanto a seção 2.4 examina as motivações e expectativas das organizações que

investem em BSE, identificando riscos e oportunidades a serem considerados na

estratégia empresarial e apontando indicadores de desempenho para monitorar BSE.

Com isso, busca-se lançar as bases, teórica e prática, para a análise do panorama

das empresas brasileiras na integração do tema em seu negócio e a tentativa de

proposição de um modelo preliminar de avaliação financeira.

2.1) MOVIMENTOS GLOBAIS EM PROL DA BIODIVERSIDADE E SERVIÇOS

ECOSSISTÊMICOS

Embora a avaliação econômica da BSE seja um tema relativamente recente, existem

diversos movimentos globais e iniciativas privadas que estão contribuindo para uma

consolidação dessa questão entre governos e empresas.

A primeira convenção desse gênero ocorreu no ano de 1992, no Rio de Janeiro,

conhecida como ECO-92 e reuniu mais de cem chefes de Estado com o objetivo de

conciliar o desenvolvimento socioeconômico com a conservação e proteção dos

ecossistemas da Terra (ECO..., 2013). Existem atualmente 193 Partes da Convenção (192

países e a União Europeia) que em abril de 2002 se comprometeram a atingir, até 2010,

redução significativa da taxa atual de perda de biodiversidade em níveis global, regional e

nacional, de forma a contribuir para a redução da pobreza e para benefício de toda a vida

na Terra5.

No entanto, pode-se dizer que nenhuma das 21 metas acordadas foi definitivamente

alcançada em nível mundial, embora algumas tenham sido parcial ou localmente atingidas

(SECRETARIAT OF THE CONVENTION ON BIOLOGICAL DIVERSITY, 2010). A mais

recente conferência, nesse sentido, foi a COP10 (10° Conference of Parts), que aconteceu

na cidade de Nagóia no Japão, em 2010, onde os representantes dos países também se

reuniram com o intuito de reduzir o desaparecimento da biodiversidade mundial e de criar

um novo acordo internacional com metas a serem cumpridas até 2020 (O ECO, 2010).

A União Européia também desenvolveu uma nova estratégia de biodiversidade onde

aponta o papel central que o setor privado deveria exercer na manutenção e proteção dos

ativos naturais (GRIGG, HARPER e VERBUNT, 2011). No mesmo caminho temos

programas como o Millennium ecosystem assessment - MA (2005), o The economics of

ecosystem and biodiversity - TEEB (2010), United nations environment programme -

5 Esse objetivo foi aprovado pela Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (a Cúpula "Rio + 10"), em Joanesburgo, em 2002, e pela Assembléia Geral da ONU.

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UNEP, World business council for sustainable development - WBCSD, Fundo Brasileiro

para biodiversidade – Funbio e a Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável

- FBDS que buscam aumentar a conscientização sobre a ligação entre natureza, pessoas

e organizações. De maneira mais específica, tais movimentos visam ajudar os gestores a

reconhecer, demonstrar e capturar o valor da BSE, assim como incluir esses valores no

processo decisório organizacional6.

O enfoque do TEEB, por exemplo, está nos malefícios da inação política em relação

à exploração da BSE tendo o objetivo de influenciar as instituições públicas e privadas

para mudança gradativa de política e postura dessas organizações.

Outro movimento relevante no contexto de serviços ecossistêmicos é o Natural value

initiative - NVI7 cujo papel é fazer um benchmark relacionado à gestão da biodiversidade e

serviços ecossistêmicos entre 30 empresas do setor de mineração e energia. Uma de

suas bandeiras é a de que empresas que administram tais questões de maneira proativa,

assim como as que investem nesse âmbito, são mais propensas a adquirir vantagem

competitiva no futuro, juntamente com melhor gestão dos riscos operacionais, financeiros

e de reputação8.

Outras iniciativas como, Forest Footprint Disclosure, Natural Value Initiative

Ecosystem Service Benchmark, Carbon Disclosure Programme (CDP) e o Water

Disclosure Programme têm a missão de encorajar empresas a implantar políticas e

estratégias, assim como encontrar riscos e oportunidades que estejam relacionados a

diferentes aspectos dos serviços ecossistêmicos (UNITED NATIONS ENVIRONMENT

PROGRAMME FINANCE INITIATIVE - UNEP FI, THE PRINCIPLES FOR RESPONSIBLE

INVESTMENT - PRI, TRUCOST, 2010).

Os objetivos e metas definidos nas convenções citadas são geralmente voltados

para os países megadiversos, como Brasil, Colômbia, Malásia, África do Sul, Bolívia,

China, Costa Rica, Equador, Filipinas, Índia, Indonésia, Madagascar, México, Nepal, Peru,

Quênia, Congo e Venezuela, que juntos detêm 70% das espécies animais e vegetais do

planeta (O PORTAL DO BRASIL, 2010; O ECO, 2010). No caso do Brasil, já é possível

listar algumas iniciativas de regulamentação do pagamento por serviços ecossistêmicos -

PSE:

(i) O programa de desenvolvimento socioambiental da produção familiar -

Proambiente, incorporado pelo Ministério do Meio Ambiente em 2003, paga as famílias

6 Fonte: http://www.teebweb.org/about/ 7 Colaboração entre UNEP Finance Initiative, Dutch Social Investment NGO VBDO e International Environmental Group Fauna & Flora International. 8 Fonte: http://www.naturalvalueinitiative.org

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que adotam práticas relacionadas à recuperação de áreas alteradas ou de áreas de

preservação permanente e reserva legal. Tais famílias contribuem para redução do

desmatamento, absorção do carbono atmosférico, recuperação das funções hidrológicas

dos ecossistemas etc. Nesse caso, os agricultores são premiados com uma média de R$

1.032,61 por família, independentemente do tamanho da área e do nível de

sustentabilidade da propriedade (OLIVEIRA E ALTAFIN);

(ii) ICMS ecológico: o objetivo é compensar os governos municipais pela perda

potencial de receitas de impostos em função do estabelecimento de áreas de proteção

ambiental em seus territórios ou por fatores como a gestão de resíduos sólidos, tratamento

de esgoto e outros determinados de acordo com cada lei estadual. A lei do ICMS rege que

25% do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre operações relativas à

circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e

intermunicipal e de comunicação sejam realocadas para os municípios de acordo com

critérios pré-definidos. Alguns estados como Paraná, Minas Gerais e São Paulo optaram

por adotar critérios ambientais, onde 5% desse valor repassado aos municípios (1/4 dos

25%) são calculados de acordo com os serviços ambientais prestados9.

(iii) Compensação ambiental: é baseado no princípio usuário/poluidor pagador, onde o

responsável por gerar a externalidade negativa deve pagar no mínimo 0,5% do valor total

do projeto como compensação pelo impacto e por danos inevitáveis. As agências públicas

federais ou estaduais são responsáveis por estabelecer a quantia e o destino dos recursos

de compensação. A compensação deve ser usada pelas agências de proteção ambiental

para criar e manter unidades de conservação de proteção integral (YOUNG, 2008).

Mesmo em projeções muito conservadoras, os recursos futuros gerados pela

compensação ambiental devem pelo menos dobrar em relação aos valores atuais (Geluda

e Young, 2004 apud Young, 2008);

(iv) Reposição florestal: voltado para empreendimentos madeireiros, trata-se de um

mecanismo de fomento ao reflorestamento de áreas, seja através do cumprimento de

regras de manejo florestal (só é permitido cortar uma parcela de árvores) ou do

pagamento de uma taxa de reposição, que irá financiar o reflorestamento em outras áreas

(PAGAMENTO..., 2013);

(v) Isenção fiscal para Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN's):

mecanismo que isenta do pagamento do Imposto Territorial Rural (ITR) as áreas

protegidas incluindo RPPN's (PAGAMENTO..., 2013);

9Fonte:http://www.icmsecologico.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=51&Itemid=64

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(vi) Projeto de Extrema, Minas Gerais, programa pioneiro de pagamento por serviços

ambientais, com recursos do município, ONG’s e dos governos estadual e federal. O

projeto já conta com 7,3 mil hectares de propriedades rurais, cujos donos recebem

dinheiro pela conservação das nascentes, evitando erosões e ajudando a reter mais água

no terreno. O objetivo é buscar melhor e maior produção de água no munícipio, por meio

de incentivos econômicos para os proprietários das terras, que no lugar de utilizá-las para

fins de exploração, recebem renda associada aos serviços ambientais que promovem

(GLOBO RURAL, 2013).

Em fase de implantação, existem outras políticas públicas de PSE ainda não

implantadas, dependentes de aprovação ou regulamentação. É o caso, por exemplo, do

imposto de renda (IR) ecológico, que propõe que um percentual do imposto devido pelos

contribuintes possa ser investido em projetos ambientais (PAGAMENTO..., 2013). O

projeto consiste em deduzir do IR até 40% das doações e 30% dos recursos destinados a

patrocínios ambientais, com limite de 4% do imposto devido.

Outro projeto em discussão para encaminhamento ao Congresso Nacional é a

fórmula para compensar com dinheiro comunidades e União pelo acesso ao patrimônio

genético. Tal medida deverá impactar diretamente empresas de medicamentos,

cosméticos e produtos alimentícios, que exploram recursos genéticos ou conhecimento

tradicional de comunidades nativas, como indígenas e caiçaras (FARIELLO, 2013).

Além disso, no Quadro 1 pode-se encontrar diversos programas similares ao de

Extrema-MG identificados por Shiki (2011):

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Quadro 1: Exemplos de iniciativas de PSE

Fonte: Shiki, 2011

Outra iniciativa local dentro do contexto de PSE é a Bolsa Verde do Rio de Janeiro -

BVRIO, cujo papel primordial é trazer liquidez para o mercado de serviços ambientais.

Trata-se de uma bolsa de valores ambientais com o objetivo de prover soluções de

mercado para auxiliar no cumprimento de leis ambientais.

O mercado deve funcionar da seguinte maneira: indivíduos que, em razão de sua

especialização ou vantagem comparativa, tenham um menor custo em realizar

determinada atividade ou serviço ambiental (reciclagem, provisão de reserva legal, etc.)

poderão receber créditos por essa atividade ou serviço e esses créditos podem ser

vendidos àqueles que teriam um custo mais elevado na realização direta da sua obrigação

ambiental. Dessa forma, o objetivo final é trazer liquidez para o mercado de ativos

ambientais, aumentando a segurança das operações e reduzindo custo e risco dos

investimentos em projetos ambientais10. Os mercados que a BVRio está desenvolvendo

são:

1) Carbono – a BVRio tem intenção de criar um mercado de carbono nacional,

seguindo o mecanismo padrão que é a alocação de cotas para as indústrias,

monitoramento, compra e venda de cotas conforme necessidade e submissão do

inventário de emissões por parte de cada indústria. O volume total de emissões deve

corresponder a quantidade de cotas e créditos de cada uma. Os créditos de carbono

10 Fonte: http://www.bvrio.org/site/index.php/mercados

Esquemas de pagamento

públicos para melhorar

Serviços Ambientais

Mercados regulados, de livre

transação entre os

compradores e vendedores

Mercados Voluntários, de

livre transação entre

compradores e vendedores

Produtos Eco-rotulados

Conservação da

Biodiversidade

Programa Bolsa Verde no

Brasil sem Miséria

Projetos JUMA, SURUI,

BOTICARIO; Projetos Fundo

Amazônia

Sequestro e Estoque de

Carbono

REDD+ Projetos Fundo

Amazônia; Negociação

Governadores da Amazônia e

Estados Americanos

(Califórnia)

Proteção de Água

Programa Produtor de Água;

Leis Estaduais de PSA (ES, SP,

RJ)

Projetos locais de proteção

de mananciais: Extrema, Rio

Guandu, Apucarana,

Piracicamirim

Serviços agrupados

(biodiversidade, água,

carbono-florestal)

PL 792/2007 - Bolsa Verde;

Leis Estaduais MG, ES, AM,

AC, SP; Proambiente

Beleza da paisagem e

recreação

Esquemas de pagamento de

taxas de ecoturismo

Tipos de Pagamento

Segmentos de Mercado

Produtos Orgânicos (lei

regulamentada pelo

MAPA;

Produtos da agroecologia

(extrativos florestais não

madeireiros e

cultivados);

Produtos para o mercado

solidário

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podem vir de projetos de MDL (Mecanismos de Desenvolvimento Limpo), projetos

voluntários reconhecidos pelo INEA (Instituto Estadual do Ambiente) e REDD (Redução de

Emissões de Desmatamento de Degradação Florestal).

2) Florestal – onde serão transacionadas Cotas de Reserva Ambiental (CRA) e

Créditos de Reposição Florestal (CRF). As demandas para tais cotas e créditos são

criadas a partir da legislação florestal brasileira, que exige a manutenção de área com

cobertura de vegetação nativa em propriedades rurais, além de exigir reposição florestal

nos casos de extração de floresta.

3) Logística Reversa – nesse caso serão criados os Créditos de Destinação Adequada

(CDA) que envolve a destinação final ambientalmente correta dos resíduos sólidos. As

empresas recicladoras poderão receber tais créditos e vender ao importador ou produtor

interessado.

4) Efluentes – nesse caso a BVRio em parceria com três empresas estudou a

viabilidade de criar mecanismos de mercado como o sistema de cotas negociáveis (cap &

trade) para controlar o impacto ambiental dos efluentes no sistema hidrográfico. No

entanto, concluiu-se que seria prematuro focar esforços para promover esse mecanismo

de mercado. A arquitetura de um sistema de comércio de cotas de efluentes deverá levar

em consideração mecanismos que possibilitem lidar com a heterogeneidade do impacto

de emissões provenientes de diferentes fontes11.

Se os riscos e oportunidades relacionados à BSE forem identificados, avaliados e

administrados antecipadamente, poderão ser transformados em vantagem competitiva. O

aumento do rigor e fiscalização das políticas públicas voltadas para proteção e garantia

dos pagamentos por danos causados à biodiversidade trazem oportunidades de negócio,

como a possível antecipação a mudanças regulatórias, e riscos, como maiores custos de

conformidade, taxas verdes sobre o carbono, água, terra e outros recursos. Para que tais

questões sejam incorporadas ao processo decisório, a valoração econômica dos ativos

ambientais torna-se uma ferramenta importante. A avaliação econômica dos ecossistemas

tem sido utilizada por algumas empresas na identificação de riscos, melhoria de eficiência

operacional ou desenvolvimento de novos negócios (THE ECONOMICS OF

ECOSYSTEMS AND BIODIVERSITY - TEEB, 2010).

11 Para maiores detalhes sobre as conclusões do estudo consultar http://www.bvrio.org/site/index.php/mercados/efluentes.

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2.2) SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS E FLUXOS FINANCEIROS

Como o tema BSE pertence a uma área específica, a Biologia, fora do

conhecimento da maioria dos gestores de empresas, é importante identificar seus

conceitos básicos e o possível relacionamento com os fluxos financeiros empresariais.

Entender como BSE pode agregar valor para as organizações é condição fundamental

para a sua inclusão na estratégia empresarial.

A biodiversidade pode ser considerada sinônimo de diversidade biológica e

apresenta três níveis: diversidade genética (entre as espécies), diversidade das espécies

(número de espécies) e diversidade ecológica (riqueza de processos para os quais as

espécies contribuem). Nessa abordagem, o princípio básico para mensurar a

biodiversidade deveria ser sua associação com as características ou serviços úteis que ela

proporciona ou respalda (Brock and Xepapadeas, 2001).

Nesse sentido, Brock & Xepapadeas (2001), consideram a biodiversidade como

uma commodity e sugerem que sua importância econômica se relaciona aos seguintes

serviços e funções:

Produtividade Ecossistêmica – sistemas com maior diversidade de plantas são mais

produtivos que os menos diversos;

Seguro – associa-se à possibilidade de achar genes em espécies não usualmente

comercializáveis que podem ser utilizados para desenvolver resistência contra doenças

que afetam outras espécies. Logo, a diversidade genética pode ser usada como um

seguro contra eventos catastróficos ou contaminações;

Conhecimento – a biodiversidade pode servir como fonte de conhecimento para

desenvolver novos produtos na indústria de biotecnologia ou farmacêutica;

Serviços de Ecossistema – a biodiversidade é essencial para o próprio

funcionamento do ecossistema graças à capacidade de prover serviços economicamente

importantes, como os benefícios da bacia hidrográfica, ecoturismo, serviço de captação de

carbono pelas florestas e produção de produtos florestais não madeireiros.

Tratando-se de um conceito abstrato, a biodiversidade pode ser relacionada com

medidas do funcionamento dos ecossistemas, especialmente em termos de produtividade

e estabilidade, que, por sua vez, são condições necessárias para o apropriado

funcionamento das sociedades humanas e garantia de seu bem estar (Meinard & Grill,

2011), uma vez que os serviços ecossistêmicos - SE são fundamentais para a garantia da

vida humana.

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Os SE, além de sustentarem a vida, representam insumos fundamentais para

manutenção de diversas atividades econômicas, e, consequentemente, para a geração de

seus fluxos financeiros. Como exemplos pode-se citar: a água, insumo crítico para os

processos industriais, agricultura e diversos outros setores; os recursos genéticos das

florestas, dos quais dependem as empresas farmacêuticas; a polinização e controle de

pestes, dos quais dependem o agronegócio (Hanson et al., 2012); proteção de bacias

hidrográficas para companhias hidroelétricas ou fornecedoras de água potável; cenário

natural para as indústrias de turismo; provisão de matéria-prima para as indústrias de

petróleo e de alimentos (Koellner et al., 2010).

Os SE são categorizados como serviços de provisão (alimento, fibras, recursos

genéticos), serviços de regulação (regulação de clima, regulação de água, polinização),

serviços culturais (valores estéticos, espiritual e religioso, recreação e ecoturismo) e

serviços de suporte (ciclo de nutrientes, formação de solo) (MILLENIUM ECOSYSTEM

ASSESSMENT – MEA, 2005). Dentro dessas categorias existem alguns serviços providos

pelo ecossistema mais frequentemente tratados na literatura, como a captação de

carbono, conservação da biodiversidade, proteção das bacias hidrográficas e o cenário

natural. Para uma visão geral e tipologia dos SE, olhar PEARCE AND MORAN, 1997 e DE

GROOT et al., 2002.

Pela diversidade de serviços ecossistêmicos, que vão desde os mais simples,

como provisão e purificação da água, até outros mais complexos, como formação de solo,

é difícil de imaginar qualquer atividade econômica que não se beneficia de alguma

maneira da BSE. No entanto, existem setores econômicos onde a inclusão de BSE no

planejamento financeiro e estratégico é mais relevante, tanto em função dos seus

principais insumos residirem na natureza, quanto pelos impactos ambientais diretos12 que

causam. De acordo com pesquisa realizada entre as 3000 maiores empresas da economia

global por valor de mercado (componentes do banco de dados da Trucost) 60% de todas

as externalidades são geradas pelos setores de eletricidade, óleo e gás, indústria de metal

e mineração, produtores de alimentos e construção & materiais, conforme ilustrado no

Gráfico 1 (TRUCOST, UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME FINANCE

INITIATIVE - UNEP FI, THE PRINCIPLES FOR RESPONSIBLE INVESTMENT - PRI,

2010).

No ano 2000, o Congresso Nacional Brasileiro sancionou a lei 10.165 responsável

por instituir a Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental – TCFA, cujo fato gerador é o

12 Impactos ambientais diretos são aqueles produzidos pela própria operação da organização, enquanto os impactos indiretos são aqueles promovidos pela cadeia de fornecimento pelo uso ou descarte do produto, ou investimentos (Trucost, 2013).

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exercício regular de polícia conferido ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos

Recursos Naturais Renováveis – Ibama para controle e fiscalização das atividades

potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos naturais. Juntamente com a lei, foi

feita uma classificação das atividades empresariais com alto, médio e baixo nível de

impacto ambiental. Essa classificação pode ser vista no anexo 1 e vão de encontro com os

setores indicados no Gráfico 1.

Gráfico 1: Custos Ambientais para os cinco setores principais - 3000 empresas públicas

Fonte: Adaptado de The top 100 externalities (Trucost et al, 2010)

A garantia de continuidade do negócio é somente uma das razões pelas quais as

empresas pertencentes a esses setores mais críticos deveriam aderir a um manejo

sustentável da BSE. Para esses e outros setores, é importante considerar outros motivos

como o surgimento e amadurecimento de um mercado de SE, a maior atenção dos

analistas do mercado de capitais sobre a responsabilidade ambiental como ferramenta de

redução do risco e a mudança nas preferências dos consumidores.

0

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

300.000

350.000

400.000

450.000

Eletricidade Óleo&Gás Metais &Mineração

Alimento Construção &Materiais

Cu

sto

Ext

ern

alid

ades

Am

bie

nta

is (

US$

mill

ion

)

Metais Pesados

Desperdício em geral

VOCs

Extração de água

Poluição do ar

Gases Efeito Estufa

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2.2.1) O PAGAMENTO POR SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS (PSE)

Assim como aconteceu com emissão de gases de efeito estufa, convertida em

serviços transacionáveis, o mercado de serviços ecossistêmicos pode ser uma abordagem

promissora de estímulo à conservação ambiental. O interesse das organizações não-

lucrativas bilaterais e internacionais no pagamento por serviços ecossistêmicos baseia-se

na percepção de que isto pode mudar o comportamento potencialmente prejudicial ao

meio ambiente, além de trazer benefícios para as áreas rurais dos países em

desenvolvimento (SUSTAINABLE AGRICULTURE AND NATURAL RESOURCES

MANAGEMENT-SANREM, CRSP OFFICE OF INTERNATIONAL RESEARCH,

EDUCATION AND DEVELOPMENT, 2007).

O pagamento por serviços ecossistêmicos se baseia no fato de que os gestores de

ecossistemas, sejam fazendeiros ou administradores de áreas protegidas, frequentemente

recebem menos benefícios pela conservação da floresta do que pelo seu uso alternativo,

como a conversão para lavoura ou pasto, o que incentiva mais a exploração dos recursos

do que a sua conservação. Com a criação de um mercado que pague a tais agentes pela

conservação das áreas de sua propriedade, cria-se um mecanismo de incentivo para

proteção ambiental (Engel, Pagiola and Wunder, 2008).

Como o uso da terra muitas vezes provoca efeitos negativos (externalidades) em

outras pessoas (por exemplo, os usuários de recursos hídricos da ponta da cadeia)

configura-se o cenário para um mercado onde o comprador de SE (“vítima” da

externalidade) paga aos gestores do ecossistema (dono da propriedade) de maneira a

induzi-los na adoção de práticas que garantam a provisão dos serviços. O pagamento

precisa ser: (i) no mínimo igual aos benefícios concedidos pelos provedores de SE,

incluindo custos de oportunidade e custos de transação incorridos pelo provedor do SE e

(ii) igual ou menor que o valor do SE para os compradores (Engel, Pagiola and Wunder,

2008).

O PSE pode ser de dois tipos: user-financed PES program ou government-financed

PES program (Engel, Pagiola and Wunder, 2008). O primeiro costuma ser mais eficiente,

pois as duas partes mais interessadas no programa estão diretamente envolvidas e são as

que têm maior informação sobre o valor do serviço que está sendo prestado. Isso garante

que comprador do serviço esteja em constante monitoramento sobre o cumprimento das

condições contratuais. No segundo caso, os compradores do serviço são uma terceira

parte, que pode participar do programa por meio de pagamento de taxas compulsórias e

muitas vezes pode não saber por qual serviço está pagando, nem como e onde verificar

se o mesmo está sendo efetivamente prestado.

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A estruturação do programa de PSE consistirá, então, em identificar o SE a ser

provisionado (sob escala apropriada) ou o proxy de práticas de gestão ambiental que se

mostrem eficazes na provisão do SE; selecionar as áreas geográficas e os provedores de

SE para participação do programa; elaborar um contrato entre as partes que possibilite o

monitoramento da aderência ao acordo e revisão do desempenho do esquema; assegurar

voluntária participação das partes de maneira que se garanta a eficiência de Pareto e a

efetividade dos custos envolvidos (Tacconi, 2012).

Os critérios para estabelecimento do programa devem ser: incentivo econômico

para a garantia da provisão dos serviços ambientais, quando esses não são feitos com

motivação intrínseca; grau de mediação existente entre provedores do SE e compradores

ou beneficiários de tais serviços; e o grau de comoditização do SE, que nada mais é do

que a clareza e extensão com que o SE pode ser acessado e adquirido em medidas

quantificáveis (Muradian et al., 2010). Um quarto critério importante destacado por Wunder

(2005) é a condicionalidade, ou seja, a garantia por parte do provedor do SE de que o

serviço ecossistêmico será entregue, com o pagamento somente ocorrendo se houver a

entrega do serviço.

Como o nível de provisão dos SE frequentemente não pode ser observado com

facilidade, a maioria dos programas tem como base de pagamento a adoção de um uso

particular da terra, com o pagamento sendo feito por hectare. Há, também, outras bases

de pagamento alternativas, como número de árvores plantadas e número de horas

trabalhadas para espécies exóticas (WUNDER, 2005).

O mercado de PSE representa uma ferramenta de correção para ecossistemas mal

administrados em função de seus benefícios serem exclusivamente externalidades, sob o

ponto de vista do gestor do ecossistema (Engel et al., 2008). Por esse motivo, diversas

pesquisas mostraram a preponderância de precificação do cálculo de custo oportunidade

sobre as demais formas para definição e desenho de um PSE. Nesse sentido, o objetivo

dos programas de PSE é fazer com que práticas privadas não lucrativas, mas desejadas

socialmente, se tornem lucrativas para o proprietário de terra individual, incentivando-os a

adotá-las (Engel, Pagiola and Wunder, 2008).

Tendo em vista as configurações que permitem a comercialização dos SE é

preciso entender quais são as bases para consolidação desse mercado:

Primeiramente, para que BSE seja reconhecida como fluxo financeiro é essencial

que tenha as características de um bem privado13. Uma descoberta comum entre os

13 Princípio da Exclusividade – para se obter um bem é preciso pagar por ele Princípio da Rivalidade – o consumo do bem por uma pessoa impede o consumo de outra.

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estudos sobre o desenvolvimento do mercado de SE é que as transformações dos SE de

bens públicos em privados usualmente envolvem intervenções governamentais, como

regulação ou introdução de instrumentos mercadológicos que ajudem a superar as

questões de não-exclusividade e não rivalidade dos serviços (ver Farber, Costanza e

Wilson, 2002; Mantau et al., 2001; Murtough, Aretino, Matysek, 2002).

Os mecanismos que lançam as bases para um mercado de ativos ambientais

podem ser vistos no Quadro 2:

Quadro 2: Mecanismos relacionados aos SE's

Mecanismo Papel desempenhado

Regulação

Responsabilidade Ambiental passa a ser um

dever e são estabelecidos os limites para

exploração dos recursos.

Definição dos Direitos de Propriedade/

Fornecimento de Recinto

Bases para correta captura das externalidades,

identificação dos provedores de SE e seus

beneficiários.

Padronização do Ativo

Os ativos ambientais e os serviços

ecossistêmicos precisam ser padronizados para

que sua precificação seja viável.

Liquidez

Com o estabelecimento de cotas e créditos

(títulos de direito de natureza ambiental) para

ativos ambientais (recursos oou serviços) cria-se

demanda e oferta para os SE.

As cotas ou permissões são responsáveis por limitar uma atividade com impacto

ambiental. Elas são alocadas pelo poder público e podem ser definidas como um direito,

por parte das empresas, de realizar um impacto (ex: cotas de emissão de gases de efeito

estufa e cotas de emissão de efluentes.). Esse sistema é conhecido como Cap & Trade e

representa um meio bastante eficaz para redução de impactos ambientais14.

De outro lado temos os créditos que são resultantes da prestação de SE que

podem ter conversibilidade com cotas de sistemas de Cap & Trade. São certificados que

representam um impacto ambiental positivo resultante de uma atividade realizada de

modo voluntário e podem ser usados para compensar um impacto ambiental negativo15.

Um exemplo prático desse mercado foi dado por Pedro Moura Costa, fundador da

Bolsa Verde do Rio de Janeiro, em entrevista para o BizAsiaAmerica, programa global de

notícias de negócio. Ele comenta que o Brasil apresenta 5 milhões de propriedades rurais,

das quais 4 milhões não apresentam excesso de Reserva Legal, o que faz com que um

mercado seja criado entre estas propriedades e o outro milhão que detém excesso de

Reserva Legal. Em tal plataforma os preços são determinados por oferta e demanda e no

14 Fonte: http://www.bvrio.org/site/index.php/abvrio/ativos-ambientais 15 Fonte: http://www.bvrio.org/site/index.php/abvrio/ativos-ambientais

Page 32: Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos nas Empresas ... · Foi uma honra conhecê-los. ... modelo foram selecionadas as empresas brasileiras líderes em sustentabilidade e,

- 19 -

momento em que este texto estava sendo escrito (Abril/2013) o preço médio por hectare

era de USD 300 16.

A partir dessa estruturação, pode-se perceber que a presença do setor público

como regulador e incentivador de políticas sustentáveis é de grande importância. Os

mecanismos de mercado são instrumentos eficientes de execução de políticas públicas

ambientais e de desenvolvimento sustentável17. No apêndice 3, é possível observar um

panorama do quanto o mercado de SE movimentou no ano de 2008 e quais são as

estimativas para 2020 e 2050.

A despeito do valor econômico dos SE, a maioria deles continuam sendo tratados

como bem público, sem valor de mercado. Nos poucos casos em que os proprietários

privados das florestas são recompensados por manter e provisionar serviços ambientais,

isso ocorre na forma de subsídios públicos, sendo a compensação econômica por

consumidores privados, ainda, uma exceção (Chomitz, Brenes e Constantino, 1999; Daily

et al., 2000).

2.2.2) RELEVÂNCIA DA RESPONSABILIDADE AMBIENTAL PARA O MERCADO DE

CAPITAIS

As grandes instituições de investimento como fundos de pensão, fundos mútuos e

companhias de seguro, podem ser consideradas “proprietários universais”, uma vez que

frequentemente detêm um portfólio de longo prazo e altamente diversificado,

representativo do mercado de capitais global. Essas instituições são proprietárias de

grandes empresas responsáveis por causar custos ambientais significantes na economia,

o que torna seus capitais, inevitavelmente, expostos aos crescentes custos advindos de

acidentes ambientais capazes de reduzir o retorno dos investidores (UNITED NATIONS

ENVIRONMENT PROGRAMME FINANCE INITIATIVE - UNEP FI, THE PRINCIPLES FOR

RESPONSIBLE INVESTMENT - PRI, 2010).

Os custos ambientais podem afetar o valor dos ativos e o retorno dos fundos, pois

contribuem para o aumento do risco econômico e de mercado. Para reduzir as

externalidades e minimizar sua exposição a esses riscos, as instituições financeiras

deveriam influenciar positivamente a maneira como os negócios são conduzidos,

reduzindo o risco financeiro decorrentes dos impactos ambientais (UNITED NATIONS

ENVIRONMENT PROGRAMME FINANCE INITIATIVE - UNEP FI, THE PRINCIPLES FOR

RESPONSIBLE INVESTMENT - PRI, 2010).

16 Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=h1WDDgf9t2A 17 Fonte: http://www.bvrio.org/site/index.php/abvrio

Page 33: Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos nas Empresas ... · Foi uma honra conhecê-los. ... modelo foram selecionadas as empresas brasileiras líderes em sustentabilidade e,

- 20 -

Isso significa que quanto mais a avaliação dos custos ambientais estiver

incorporada ao processo decisório das agências de rating, analistas financeiros e gestores

de fundo, maior será o incentivo para que as empresas de capital aberto reduzam os

impactos ambientais (UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME FINANCE

INITIATIVE - UNEP FI, THE PRINCIPLES FOR RESPONSIBLE INVESTMENT - PRI,

2010). Dentro desse contexto, diversas instituições financeiras criaram índices de

sustentabilidade para classificação das empresas de capital aberto. Dois importantes

índices a serem destacados são o ISE (índice de sustentabilidade empresarial, da

BM&FBOVESPA) e DJSI (Dow Jones Sustainability Index).

O ISE representa uma iniciativa pioneira na América Latina, originalmente

financiado pela International Finance Corporation (IFC), braço financeiro do Banco

Mundial, e é uma ferramenta de análise comparativa do desempenho das empresas

listadas na BMF&BOVESPA sob o aspecto de sustentabilidade corporativa, baseada em

eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa18.

O DJSI é, também, um índice de desempenho financeiro, que tem o objetivo de

classificar as empresas mais capazes de criar valor para os acionistas, a longo prazo,

através de uma gestão dos riscos associados tanto a fatores econômicos, como

ambientais e sociais (DOW..., 2013). Em sua revisão de desempenho anual de 2012, é

possível perceber paridade de desempenho entre as empresas que compõem o DJSI

comparadas ao MSCI, índice global do mercado de ações comumente utilizado como

benchmark de fundos de ações globais19 (ver Gráfico 2).

18 Fonte: http://www.bmfbovespa.com.br/indices/ResumoIndice.aspx?Indice=ISE&Idioma=pt-BR 19 Fonte: http://www.sustainability-indices.com/review/annual-review-2012.jsp

Page 34: Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos nas Empresas ... · Foi uma honra conhecê-los. ... modelo foram selecionadas as empresas brasileiras líderes em sustentabilidade e,

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Gráfico 2: Comparação desempenho DJSI x MCSI

Fonte: http://www.sustainability-indices.com/review/annual-review-2013.jsp

Isto mostra que além das organizações reduzirem o risco dos investidores por

incorporarem fatores ambientais estratégicos (UNITED NATIONS ENVIRONMENT

PROGRAMME FINANCE INITIATIVE - UNEP FI, THE PRINCIPLES FOR RESPONSIBLE

INVESTMENT - PRI, TRUCOST, 2010), ainda são capazes de alcançar o mesmo

desempenho financeiro que as organizações que não o fazem.

2.2.3) MUDANÇA NAS PREFERÊNCIAS DOS CONSUMIDORES

Outra razão para que as empresas façam uma gestão efetiva de BSE é a

valorização cada vez maior, por parte dos consumidores finais, de produtos social e

ambientalmente responsáveis, mesmo que para isso necessitem pagar mais caro.

O TEEB (2010) reuniu dados que refletem as mudanças de preferência do

consumidor e mostram que as ações empresariais estão não somente respondendo a tais

alterações de comportamento, mas também estão influenciando e educando os

consumidores:

Pesquisa realizada com 13000 pessoas sugeriu que os consumidores estão mais

preocupados com o meio ambiente hoje do que há alguns anos atrás (TNS, 2008 apud

TEEB, 2010).

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Em outra pesquisa, 81% dos consumidores entrevistados declararam que deixariam

de comprar produtos de empresas que não consideram práticas éticas de fornecimento

(UEBT, 2010 apud TEEB, 2010).

Em pesquisa realizada no Reino Unido, em 2010, metade dos respondentes

declararam que aceitariam pagar entre 10% e 25% a mais em compras de até GB£100

para absorver os impactos causados na biodiversidade e ecossistemas (Opinium, 2010

apud TEEB, 2010).

Crescente importância de esquemas de rotulagem, que surgiram como resposta a

ações de organizações não-governamentais, preocupações públicas e mudanças de

preferências relacionadas à perda de biodiversidade, incluindo o Forest Stewardship

Council (FSC), Marine Stewardship Council (MSC) e Rainforest Alliance Certified Coffee,

Cocoa and Tea. A adesão ao International Social and Environmental Accreditation and

Labelling Alliance mais que dobrou durante os últimos dois anos (ISEAL, 2010 apud

TEEB, 2010).

Vendas de produtos rotulados pelo FSC quadruplicaram e o consumo de alimentos e

bebidas éticas em geral aumentou mais que três vezes na última década (de GB£1.9 bi

em 1999 para GB£ 6 bi em 2008) (The Cooperative Bank, 2008 apud TEEB, 2010).

Portanto, as organizações, principalmente as pertencentes aos cinco setores de

maior impacto ambiental já destacados, dispõem de uma gama de motivos para se

engajarem em uma administração mais efetiva da BSE. De maneira resumida, a

continuidade da atividade econômica, o aumento dos custos de acesso à BSE, o

desenvolvimento do mercado de SE e a crescente valorização da responsabilidade

ambiental pelo mercado de capitais formam as bases para as tendências nessa área.

Empresas que conseguem um melhor desempenho nos aspectos ambientais,

sociais e de governança podem aumentar o valor para o acionista através, por exemplo,

de uma apropriada gestão dos riscos, antecipação de ações regulatórias ou acesso a

novos mercados, enquanto contribuem para o desenvolvimento sustentável da sociedade

em que estão inseridas. Além disso, a correta gestão de tais aspectos pode ter um forte

impacto na reputação e marca, fatores de grande importância para o valor da empresa

(SWISS FEDERAL DEPARTMENT OF FOREIGN AFFAIRS, UNITED NATIONS - UN,

2004).

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2.3) MÉTODOS DE VALORAÇÃO ECONÔMICA PARA SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS

A valoração econômica das questões ambientais, incluindo BSE, pode ser usada

para (a) estimar a importância relativa de diversos ecossistemas, (b) justificar ou avaliar as

decisões de conservação em lugares específicos, (c) identificar como benefícios de uma

decisão de conservação específica são distribuídos, e (d) identificar fontes potenciais de

finanças sustentáveis (Ferraro et al., 2011).

São usualmente considerados métodos de valoração não comerciais, porque a

maioria dos produtos e serviços ecossistêmicos não são comercializados nos mercados

convencionais. Portanto, é preciso estabelecer uma conexão entre o processo do

ecossistema e uma commodity do mercado relacionada. O estabelecimento dessa relação

permite a valoração desses serviços por meio da teoria de demanda econômica, mesmo

quando o serviço do ecossistema é indireto, sutil ou latente (Pattanayak, 2004).

Os métodos tradicionais para valoração de ativos biológicos são baseados em

técnicas monetárias e se dividem em quatro grandes abordagens (TEIXEIRA, 2004):

Valoração a preços de mercado onde se pressupõe a existência de um mercado

para os impactos avaliados e o valor é atribuído de acordo com o preço de mercado.

Nessa categoria incluem-se as classes da Variação de Produtividade, do Custo de

Reposição, do Projeto-Sombra, do custo de Relocalização e do Lucro Cessante.

Valoração segundo funções de produção doméstica que se divide entre abordagem

dos Gastos defensivos e do custo de viagem.

Abordagem dos Preços Hedônicos que efetua a valoração por meio de valor de

propriedades ou pelo diferencial de remuneração.

Método de Valoração Contingencial que se baseia na criação de um mercado

hipotético para o serviço ecossistêmico em análise.

O que os métodos citados acima fazem é buscar um mercado ou produto (já

existente ou hipotético) análogo ao serviço ecossistêmico analisado, servindo como um

proxy para o seu valor econômico. Em pesquisa realizada por Christie et al. (2012) sobre

as técnicas utilizadas nos países menos desenvolvidos para avaliação de ativos

ambientais foi constatado que as técnicas mais adotadas eram valoração contingencial

(26%), custo de oportunidade (20%) e questionário (17%).

Uma das grandes críticas aos métodos de valoração econômica da biodiversidade

é o fato de que acabam reduzindo todos os valores à uma única métrica pré-existente,

“valor da demanda” (Norton, 1987), cuja fonte passam a ser as “preferências individuais”

(Sarkar, 2005). Tais críticas apontam basicamente a limitação dos métodos que podem

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comprometer questões como justiça, dignidade e incomensurabilidade dos diversos

produtos, recursos e práticas de pessoas das mais diversas culturas.

A maioria dos exercícios de valoração é constituída por um modelo analítico de três

estágios, que atrela as funções ecossistêmicas direta ou indiretamente ao bem estar

humano (Freeman, 1993). O primeiro estágio é a medida de como os fluxos

ecossistêmicos mudam como resultado de políticas públicas e ações privadas que alteram

as condições ecossistêmicas. O segundo mede como mudanças no fluxo ecossistêmico

afetam a produtividade ou o bem-estar socioeconômico de um indivíduo. Por exemplo,

poderia haver uma mudança no resultado provido pela agricultura familiar, na saúde ou na

receita se determinada mudança de fluxo ecossistêmico gerasse maior produção de um

SE particular. No terceiro estágio as mudanças na produtividade ou bem-estar são

expressas em termos monetários. Quando mudanças na produtividade estiverem

diretamente relacionadas a commodities de mercado, o valor monetário será o mesmo que

o preço de tais itens. Em outros casos, estão intimamente relacionadas à produção desses

produtos, como tempo dispendido em coletar água ou perda de trabalho por incidência de

doença (Ferraro et al., 2011).

A implantação desse modelo de valoração demanda três tipos de dados: (a) dados

sobre as funções ecológicas específicas, processos e resultados (ex.: hectares de floresta

protegida); (b) dados de produção para atrelar o fluxo ecossistêmico com a atividade

econômica (ex.: o funcionamento de uma reserva para geração de eletricidade ou a

irrigação de plantios condicional à taxa de sedimentação); e (c) dados sobre a preferência

do consumidor (ou produção tecnológica, em caso de resultado intermediário) e preços

para expressar as mudanças de produtividade em termos monetários. Variações

estatísticas em cada tipo de dado são necessárias para estimar parâmetros das três

funções associadas com cada estágio do modelo (Ferraro et al., 2011).

Uma abordagem bastante abrangente para valoração da biodiversidade é o total

economic value (TEV) que engloba os valores de uso e de não-uso. O valor de uso inclui

os benefícios diretos (como consumo dos serviços culturais e de provisão), indiretos

(contribuição da biodiversidade para a continuidade dos serviços de regulação) e o valor

de opção (satisfação advinda da possiblidade futura de uso dos SE). Já o valor de não-uso

se refere aos valores altruísticos (satisfação de saber que outras pessoas detêm acesso

aos benefícios da natureza), valor de herança (a satisfação de saber que as futuras

gerações terão acesso) e o valor de existência (satisfação pela existência das espécies e

do ecossistema) (Christie et al., 2012). Uma síntese dessa abordagem encontra-se no

Quadro 3.

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Quadro 3: Relação entre serviços ecossistêmicos e componentes do valor econômico total

Fonte: adaptado de Millenium ecosystem assessment, 2005

Dada a complexidade de se valorar os diversos tipos de benefícios que

determinado ecossistema é capaz de gerar, a utilização de técnicas não-monetárias em

conjunto com as técnicas monetárias torna-se de fundamental importância, para que

sejam recolhidas informações qualitativas sobre os benefícios intangíveis, como bem-estar

mental, valores culturais, religiosos, espirituais e ecológicos, bem como sobre os

benefícios mais tangíveis que podem variar de acordo com o ecossistema e com os usos

e costumes da comunidade local (Christie et al., 2012).

As técnicas de valoração não monetárias variam desde pesquisas estruturadas,

como questionários e entrevistas, até abordagens mais participativas, como diagnóstico

rural participativo (participatory rural appraisal – PRA) e Pesquisa de Ação Participativa

(participatory action research – PAR). Embora esses métodos não forneçam uma

avaliação monetária da biodiversidade, podem prover informações úteis sobre a

importância da biodiversidade para as pessoas, em aspectos não tratados pelos métodos

monetários (Christie et al., 2012). A correta aplicação dos métodos não- monetários pode

melhorar o desempenho da avaliação monetária (detalhes no apêndice 1).

A avaliação econômica da biodiversidade é um dos mais excitantes e difíceis

desafios que economistas e conservacionistas terão que enfrentar nos próximos anos

(Meinard and Grill, 2011). A principal dificuldade encontrada é a definição de um modelo

Categoria Descrição

Uso

Direto

Uso

Indireto

Valor de

Opção

Serviços de Provisão

Produtos obtidos do ecossistema como

comida, combustível, material para

construção.

x x

Serviços de Regulação

Benefícios obtidos da regulação do

ecossistema como regulação do clima,

purrificação da água.

x x

Serviços Culturais

Benefícios não materiais que as pessoas

obtêm do ecossistema e das paisagens

através do enriquecimento espiritual,

reflexão, recreação, e experiências estéticas.

Além do valor que pessoas atribuem à

plantas e animais.

x x x

Serviços de Suporte

Esses serviços são necessários para a

produção de outros SE. Seus impactos nas

pessoas são frequentemente indiretos ou

ocorrem por períodos muito longos,

enquanto que as outras categorias

apresentam impactos diretos de de curto

prazo nas pessoas.

Valor de Uso Valor de

Não Uso

Os Serviços de Suporte são avaliados

através das outras categorias de SE.

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padrão de vasta aplicação, capaz de capturar as particularidades de cada ecossistema,

advindas tanto de ações humanas quanto de diferenças em variáveis chaves, como o

clima e solo, que afetam a provisão de SE.

O relatório The economics of ecosystem and biodiversity - TEEB (2010) identificou

10 razões pelas quais as organizações podem desejar valorar os SE:

(i) Melhora das decisões de negócio: empresas podem utilizar a valoração de

ecossistemas para fortalecer o planejamento estratégico interno e o processo decisório

relacionado aos impactos ambientais ou ao uso de recursos naturais;

(ii) Captura de novas fontes de renda pela diversificação de produtos e criação

de novos mercados: a valoração pode ajudar na avaliação dos benefícios da participação

em mercados de SE por meio do conhecimento sobre se o retorno é suficientemente alto

para investir na diversificação ou na entrada em novos mercados;

(iii) Identificação de oportunidades para reduzir taxas e assegurar incentivos: empresas

podem ser eleitas para receberem benefícios fiscais no caso de serem proprietárias de

ativos que geram benefícios ecossistêmicos valorizados pelo público, ou se suas

operações são reconhecidas como ambientalmente corretas;

(iv) Identificação de oportunidades para redução de custos: a valoração pode ajudar a

identificar opções de manejo do ecossistema que reduzem riscos e custos como, por

exemplo, o papel dos mangues na filtragem e purificação das águas, ou o papel da

vegetação na proteção na proteção contra inundações, tempestades e desastres naturais;

(v) Avaliação sobre como as receitas do negócio podem ser sustentadas: as empresas

podem utilizar a valoração para estimar os retornos do investimento em BSE como

insumos de produção;

(vi) Valoração de ativos: empresas podem valorar seus ativos ecossistêmicos para

identificar oportunidades de geração ou incremento de retorno;

(vii) Avaliação de responsabilidades ou compensações: a valoração pode ser utilizada

para estimar danos ao ecossistema e informar deveres ou pagamentos de compensação;

(viii) Medida do valor da empresa e o valor de mercado: investidores podem obter uma

melhor visão sobre o valor de seu portfolio incluindo seus ativos e passivos

ecossistêmicos;

(ix) Melhorar a comunicação e divulgação sobre o desempenho corporativo: empresas

podem avaliar o valor monetário de suas ações e desempenho ambiental fornecendo

relatórios mais claros e facilitando a conexão do desempenho ambiental com o financeiro;

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(x) Exploração de novos produtos e serviços: a valoração pode ser usada para

determinar a magnitude dos custos de BSE e dos benefícios associados a novas

tecnologias e atividades de negócio.

2.4) BUSINESS CASES EM BSE

De acordo com pesquisa, realizada pela Pricewaterhouse em 2010 entre 1200

CEO’s do mundo inteiro, 27% deles estão “extremamente” ou “em alguma medida”

preocupados com a questão de perda de biodiversidade. Vale a pena destacar que, na

análise por região, os percentuais mais elevados foram encontrados na América Latina e

África, onde estão os países com maior biodiversidade do planeta (TEEB, 2010).

O que a literatura sobre PSE ainda precisa analisar são as expectativas das

empresas relacionadas aos benefícios financeiros e não financeiros dos investimentos em

Serviços Ecossistêmicos. Há insuficiência de investimentos de empresas que possibilitem

uma análise acurada de demanda por SE, assim como para avaliação do benefício

econômico gerado (Koellner et al., 2010).

Para reduzir tal lacuna de conhecimento, foi aplicada por Koellner et al. (2010), a

Avaliação pelo Método Contingencial (ou em inglês Contingent Valuation Method) em

empresas da Costa Rica e de diversos outros países, com o objetivo de quantificar sua

disposição para investir20 (DPI ou WTI – willingness to invest) e de investigar os fatores

potencialmente capazes de influenciar a demanda declarada por SE. Os SE pesquisados

foram conservação da biodiversidade, captação de carbono, cenário natural e proteção

das bacias hidrográficas.

É importante destacar a importância da Costa Rica na vanguarda do mercado de

pagamento por serviços ecossistêmicos. O país ocupou o quinto lugar em nível mundial na

classificação do Índice de Desempenho Ambiental de 2012 e o primeiro lugar entre os

países do continente americano. Tal fato está intimamente ligado a uma instituição do

país, o FONAFIFO (Fondo Nacional de Finaciamiento Forestal), que tem interesse de

financiar projetos com determinado nível de risco e prazo compatível com a realidade

florestal do país. Nesse contexto, também foi criado o PESP (Payments for Environmental

Services Program) para beneficiar o pequeno e médio proprietário de terra, cuja

propriedade contenha áreas adequadas para atividades florestais, promovendo a

conservação e recuperação da área florestal do país. O FONAFIFO é uma agência

20 As firmas responderam sobre sua disposição para investir em um certificado (certificate) para cada serviço ecossistêmico. Um certificado representa o correspondente ao serviço ecossistêmico produzido em um ano, por um hectare de floresta.

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governamental que administra o esquema de PSE, objetivando orientar e estimular o setor

privado.

A pesquisa mostrou que as empresas situadas na Costa Rica, em geral,

demonstraram maior DPI em serviços de ecossistema que as empresas internacionais.

Isso se comprovou especialmente nos casos dos serviços de conservação da

biodiversidade, cenário natural e proteção de bacia hidrográfica (para os certificados de

captura de carbono a diferença se mostrou bem menor). Em uma análise setorial, as

empresas do setor financeiro demonstraram maior interesse em investir em serviços

ecossistêmicos do que as do setor industrial e de consumo (resultado influenciado,

essencialmente, pelos bancos situados na Costa Rica).

Outro resultado bastante importante para o entendimento das motivações

empresariais envolvidas no mercado de serviços ambientais foi relacionado aos benefícios

esperados do investimento em SE. As motivações intrínsecas (bem-estar humano e

responsabilidade ecológica) seguidas de benefícios de imagem, compensação voluntária e

resultados financeiros diretos foram as razões destacadas pelas empresas, em ordem de

importância, para investir no mercado de SE.

Os fatores que as empresas valorizaram no que tange à estruturação da estratégia

para PSE, foi a presença de um intermediário (entre o provedor do SE e o comprador), a

existência de uma organização verificadora (garantia de implementação do projeto

conforme planejado) e a existência de um mercado de certificados (garante que a

empresas possa reverter o investimento feito, caso se mostre desvantajoso, com a venda

do mesmo). Todos esses mecanismos representam uma maneira para reduzir o risco.

Foi identificado elevado interesse por parte das empresas internacionais em

serviço de captura de carbono, que corresponde a um serviço ecossistêmico global,

enquanto as empresas costa-riquenhas expressaram forte interesse por todos os tipos de

SE pesquisados. Isso pode estar relacionado à questão da força das instituições,

mencionada por Meinard & Grill (2011), capazes de influenciar o comportamento da

sociedade e das empresas. Segundo o autor, ainda existe certo grau de incipiência

relacionada à força e poder de influência das instituições de cunho ambiental, o que não

acontece para o mercado de carbono que já se encontra consolidado.

Conforme afirmado por Koellner et al. (2010), se por um lado o benefício recebido

por uma firma que investe recursos em SE, é influenciado pelo contexto natural em que

está inserida, em termos de clima, geologia, hidrologia, ecologia etc., o contexto legal e

sócio-econômico também terá relevância no benefício financeiro esperado.

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Sell et al. (2006) realizaram pesquisa similar com o objetivo de analisar os critérios

de decisão21, por parte dos integrantes do mercado europeu e latino-americano, que são

relevantes para engajamento em projetos de florestas tropicais que fornecem SE. As

instituições latino-americanas deram maior importância aos recursos financeiros e de

mercado, além de questões relacionadas ao conhecimento e informações disponíveis. Por

outro lado, as empresas europeias valorizaram os critérios sociais e ambientais, além da

conformidade legal.

Mais uma vez pode-se perceber a ausência de critérios financeiros para a decisão

de investir em projetos de SE (exceto por parte das empresas latino-americanas). Tal fato

não reside na justificativa de que as empresas não precisam de motivações financeiras

para engajar em tais projetos, mas, conforme destacado por Koellner et al. (2010), dada a

elevada expectativa, das instituições pesquisadas, relacionada aos benefícios não

financeiros, é aconselhável aumentar o conhecimento científico e prático sobre o valor

financeiro dos SE como recursos para as funções de produção das empresas.

A consideração sobre os critérios utilizados pelos agentes de mercado,

determinantes para a decisão de investir ou não em projetos que envolvam SE, pode

contribuir para aumentar seu envolvimento em projetos florestais tropicais. O autor salienta

que o mais relevante para o processo decisório dos agentes do mercado pode ser a

crescente proeminência dos investimentos socialmente responsáveis (SRI – Socially

Responsible Investment), que tem recebido atenção da comunidade, público e instituições

privadas.

A controvérsia entre o crescimento dos casos da abordagem de pagamento pela

conservação ambiental (Landell-Mills and Porras, 2002 listaram 300 exemplos de tais

mecanismos pelo mundo e desde então tal número vem crescendo) e o incipiente estado

da arte de sua efetividade financeira pode ser explicada pelo fato de poucos estudos

utilizarem critérios considerados chave nesse processo. De acordo com Pattanayak,

Wunder and Ferraro (2010), as quatro regras de ouro recomendadas para avaliações das

intervenções para conservação ambiental são: (1) identificar os fatores ecológicos e

21 Recursos Financeiros – referem-se a capital semente, fundos de investimento, atração de investimentos internacionais, incentivos florestais financeiros, recursos para formulação do projeto, incentivos financeiros governamentais. Recursos de Mercado – Setor Privado, Mercado de Certificados ou Negociação em Bolsa, incentivos para novos mercados, compradores. Benefícios Sociais – benefícios socioeconômicos para a comunidade, bem-estar social de longo prazo para os provedores de SE, redução de pobreza, etc. Conformidade Legal – conformidade com Protocolo de Kyoto, convenções, segurança jurídica para compradores, etc. Conhecimento/Informação – fácil acesso a à sistemas de informação, troca de informação, disponibilidade de dados, dados sobre as florestas.

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socioeconômicos que covariam com o programa e quais deles podem influenciar a medida

de resultado; (2) estimar os potenciais vieses que podem existir na interpretação da

efetividade da intervenção; (3) construir grupos de controle simples (aqueles que não

recebem pagamento do programa) para representar o contrafato22; e (4) coletar dados de

base e de controle dos resultados e de inputs chave.

A fim de entender a efetividade financeira dos PSEs desenvolvidos pelo mundo até

então, os autores reuniram estudos que levassem em consideração pelo menos 3 dos

critérios acima mencionados, na avaliação econômica do PSE. O resumo da pesquisa

pode ser visto no Quadro 4 e aponta que a principal característica dos PSE’s, a

adicionalidade, ainda é pouco representativa nos programas desenvolvidos até o

momento.

Quadro 4: Avaliação rigorosa dos impactos de projetos e programas de BSE

Fonte: Adaptado de Pattanayak, Wunder and Ferraro (2010)

22 Para identificar os impactos causais de cada programa de PSE, o avaliador deverá determinar o contrafato: o que teria acontecido na ausência do programa. Como o previsão do que poderia acontecer é de difícil realização, os avaliadores devem criar os grupos de controle (Pattanayak, Wunder and Ferraro, 2010).

Estudo Local Tipo Amostra Métodos 3Mudança Uso da

Terra

Serviços

Ecossistêmicos

Bem-estar

& Sócio-eco

Rios & PagiolaQuinindo,

ColômbiaObservação

72 contratos de PSE,

29 controlesTobit/OLS n.s.

3,6 pts serviços

ecossistêmicos~

Alix-Garicia, Shapiro e

Sims (2010)México

Quase-

experimental

352 contratos PSE,

462 controles

Combinação

&

Regressão

-10%

desmatamento~

Uchida, Rozelle e Xu

(2009)China

Quase-

experimental

230 participantes, 40

controles3 PSM & DID ~ ~

15-20%

perda

trabalho Sierra & Russman

(2006)

Osa, Costa

RicaObservação4 30 contratos de PSE,

30 controlesOLS

0,4 he inativos

-0,25 he florestas~ ~

Sills et al. (2008)Sarapiqui,

Costa Rica

44 contratos PSA,

119 controlesPSM & DID

3-10 he florestas

naturais5 ~ ~

Arriagada et al. (2008) Costa RicaQuase-

experimental

1019 contratos de

PSA e 519 controlesPSM & DID

25-35 he

reflorestamento6 ~ ~

Plaff, Robalino, e

Sánchez-Azofeifa

(2008)

Costa RicaQuase-

experimental

40 PSA pixels, 40-

240 controles 15 PSM <- 1%

desmatamento~ ~

Robalino et al. (2008) Costa RicaQuase-

experimental

925 PSA pixels, 925-

4625 controlesPSM

-0.4%

desmatamento~ ~

1 n.s. significa "não estatísticamente significante" e ~ significa que o impacto não foi estudado

7 A amostra de controles potenciais é de 1.070. Eles usam simples, duplo e múltiplos (no máximo 6) em suas estimações PSM.

Resultados & Impactos1

3 Uchida, Rozelle, e Xu começaram com uma amostra de 270 donas de casa, sendo nenhuma que tenha participado em SLCP em 1999. Em 2002

(segunda medição), havia 201 participantes, e em 2004 os participantes totalizaram 230, com um total de 40 donas de casas ainda presente no

grupo de controle.

6 Arriagada et al. Inicia o estudo comparando 1.065 setores censitários com contratos de PSA com 7.138 setores censitários sem contratos de

PSA. O processo de combinação reduziu a amostra geral para 1.538.

2 Acrônimos para métodos estatísticos são: OLS, mínimos quadrados ordinários; PSM, estimação do escore de propensão; DID, estimação da

diferença-na-diferença.

5 A ánalise começou com uma amostra de 200 (50 contratos de PSA e 150 controles), porém termina com uma amostra de 163 donos de terra por

causa do atrito de amostra em função do PSM.

4 O estudo incluiu donos de terra baseados em seu tamanho (30 he<terra selecionada<350 he) mas não reportou sobre a similaridade dos

controles.

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2.4.1) RISCOS E OPORTUNIDADES DE BSE PARA O NEGÓCIO

A biodiversidade e os serviços ecossistêmicos oferecem oportunidades para

diversos setores da atividade empresarial. A integração de BSE no negócio pode criar um

valor agregado significativo para as empresas, pela garantia da sustentabilidade das

cadeias de produção, ou pela penetração em novos mercados e atração de novos clientes

(TEEB, 2010).

As oportunidades incluem cortes de custos operacionais e aumento de eficiência,

desenvolvimento de parcerias lucrativas com Governos, ONG’s e outros negócios e até

produtos e serviços inovadores. Já os riscos podem variar desde os físicos, como danos

nos ativos ou na cadeia de fornecimento causados por eventos climáticos extremos, até

competitivos, como a volatilidade dos preços das commodities e rápida mudança na

dinâmica do mercado. Outros riscos incluem danos à reputação, aumento da exposição a

ações judiciais e evolução rápida e complexa da Regulação (KPMG, ROBECOSAM

SUSTAINABILITY INVESTING, 2013). No apêndice 2 encontra-se uma consolidação das

principais tendências de BSE, seus riscos, oportunidades e implicações para as

organizações, com um resumo na figura 1.

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Fonte: Adaptado de The Economics of ecosystem and biodiversity (2013).

Elaboração e divulgação de relatórios

Investimento em inovação: produtos e serviços sustentáveis

Parcerias setoriais estratégicas

Gestão Sustentável da Cadeia de Fornecimento

Eficiência de operações com energia e recursos

Intervenções pelos negócios

As tendências para sustentabilidade global

resultam em riscos e oportunidades. Os negócios podem

desenvolver estratégias efetivas para reduzir os

riscos e simultaneamente capturar as

oportunidades.

Aumento de

preço e

volatilidade

Novas

Regulações Mudanças

Climáticas e

Físicas Preferências do

consumidor

Escassez de

Recursos para

produção

Provisão de

Alimento

Escassez de

Água

Declínio

Ecossistema Urbanização

Riqueza Crescimento

Populacional

Escassez de

Recursos e

Material

Energia e

Combustíveis

Desmatamento Mudança

Climática

Tendências para Sustentabilidade Global: Riscos e Oportunidades

Figura 1: Riscos e oportunidades: tendências para sustentabilidade global

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O fato de que muitas atividades econômicas não geram lucros suficientes para cobrir

o uso de recursos naturais e os seus custos de poluição e a tendência de se atribuir um

preço aos recursos e serviços proporcionados pelo BSE mostram que o ponto de partida

para uma análise acurada de riscos e oportunidades de BSE reside no levantamento de

todas as externalidades promovidas pelas organizações (THE ECONOMICS OF

ECOSYSTEM AND BIODIVERSITY, 2013). Partindo dessa premissa, o mesmo estudo

organizou uma recomendação de modelo de avaliação econômica, composto por cinco

passos, dos riscos e oportunidades de BSE:

1) Focar em dados de impacto primário e conduzir estudos de valoração

ambiental de operações diretas e de cadeias de fornecimento que representem hot spots;

2) Identificar mecanismos que poderiam internalizar os custos do capital natural, bem

como a probabilidade e impacto financeiro da internalização desses custos no futuro;

3) Avaliar EKPIs (especificar a sigla), promovendo o uso de preço-sombra no processo

decisório da área de Procurement (traduzir) e nas análises financeiras;

4) Explorar oportunidades de adaptação e de aumento da eficiência de recursos, tanto

internamente quanto na cadeia de fornecimento;

5) Avaliar a possibilidade de troca de fornecedores, local de fornecimento ou materiais,

caso os fornecedores atuais não estejam dispostos a mudar.

2.4.2) MEDIDAS DE DESEMPENHO

Os indicadores de BSE podem ser úteis por diversas razões: (a) entendimento de

diversos impactos e dependências dos diferentes modelos de negócio na BSE; (b)

acompanhamento de indicadores chave de desempenho relacionados aos objetivos

estratégicos junto de uma efetiva gestão dos riscos e oportunidades; (c) comunicação de

desempenho e desafios de BSE para stakeholders internos e externos. No entanto,

existem dificuldades para criação de suas medidas, pois uma efetiva gestão de BSE

requer o acompanhamento tanto de impactos em diversos componentes da biodiversidade

(genes, espécies, ecossistemas etc.), como da dependência empresarial de processos

biológicos intangíveis (controle natural de pestes e doenças, ciclos de nutrientes,

decomposição etc.). Além disso, existem os desafios relacionados à amplitude das

ligações e fronteiras ecológicas de gestão, que podem estar além dos limites de controle

da organização (THE ECONOMICS OF ECOSYSTEM AND BIODIVERSITY - TEEB,

2010).

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O princípio do “No Net Loss (NNL)” ou “Net Positive Impact (NPI)” surge como uma

ferramenta capaz de auxiliar na definição de objetivos e metas relacionados à BSE. Ele é

baseado no reconhecimento de que certas atividades econômicas (Ex: extrativista ou

agricultura) inevitavelmente resultarão em algum prejuízo para a BSE de determinada

extensão de terra ou mar, mesmo que existam os melhores esforços de mitigação e

restauração. Como tais impactos residuais não podem ser evitados por inteiro, a

organização poderá atingir o NNL ou NPI por meio de ações de conservação e

restauração do BSE em outras áreas (THE ECONOMICS OF ECOSYSTEM AND

BIODIVERSITY – TEEB, 2010). Algumas empresas como Deutsche Post DHL, Microsoft e

Japan Airlines já declararam aderência a iniciativas do gênero.

Certificações relacionadas a esse conceito já foram criadas, envolvendo um time

multidisciplinar com Academia, ONG’s e empresas. A certificação LIFE (Lasting Initiative

for Earth) propõe a avaliação dos impactos à biodiversidade por parte da organização e a

sua subsequente mitigação ou compensação por meio de uma gama de ações concretas

para a conservação da BSE, baseadas em prioridades. Os quatro passos compreendidos

pelo processo de Certificação LIFE são:

1) Verificação do atendimento da organização aos Padrões de Certificação Life;

2) Cálculo do Valor Estimado de Impacto à Biodiverdidade (VEIB);

3) Definição de desempenho mínimo em ações de conservação à biodiverdidade;

4) Avaliação do desempenho em ações de conservação da biodiversidade.

Outro princípio frequentemente utilizado como base para definição de metas,

objetivos e indicadores de BSE é o Life Cycle Management (LCA), voltado para estudar as

intervenções ambientais e os impactos potenciais ao longo do ciclo de vida do produto,

desde a aquisição de matéria-prima até produção, uso e disposição final. O objetivo é

prover informações que possibilitem a redução do consumo de recursos e emissões, e,

portanto, uma redução dos impactos ambientais em todos os estágios do ciclo de vida do

produto23.

No que diz respeito à coleta de dados que alimentem os sistemas de gestão de

BSE pode-se citar duas categorias amplas de indicadores quantitativos (THE

ECONOMICS OF ECOSYSTEM AND BIODIVERSITY - TEEB, 2010):

Indicadores baseados em processo: medem a extensão em que as empresas

adotam processos e sistemas de gestão que, quando implementados de maneira efetiva,

podem levar a melhorias de desempenho. Um exemplo pode ser o número de locais que

tem um plano de ação relacionado à biodiversidade, ou a extensão com que as avaliações

23 Fonte: http://www.lifecycleinitiative.org/

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de impactos ambientais incorporam os impactos e dependências da biodiversidade e

serviços ecossistêmicos. A crítica a tais indicadores é que fornecem um checklist das

ações recomendadas, sem identificar se elas estão efetivamente contribuindo para uma

melhor gestão da BSE;

Indicadores baseados em resultados: esses indicadores fornecem uma visão do

desempenho ao longo do tempo e são essenciais para avaliação dos impactos e relações

de dependência da BSE. Tendem a ser quantitativos, como o volume de água captado por

hectare de plantação, ou o número de linhas de produtos orgânicos. Esses indicadores

tendem a ser criados independentemente por cada organização, uma vez que não existe

consenso para indicadores corporativos de desempenho em questões relacionadas à

BSE, em função da variedade de circunstâncias em que cada empresa ou setor opera.

Isto pode criar barreiras para benchmarking e interpretação dos stakeholders.

Muitos críticos ressaltam uma possível ineficiência dos indicadores baseados em

processo pelo fato de representarem apenas uma descrição de iniciativas ambientais sem

que seja demonstrada sua conexão com resultados financeiros e com criação de valor

para a organização. Nesse sentido, Epstein and Roy (2003), apresentam uma proposta de

indicadores que classifica o nível de integração das ações sustentáveis ao desempenho

financeiro das empresas segundo 4 patamares:

Nível 1: informação qualitativa, não relacionada ao desempenho financeiro. Se refere

somente à descrição das atividades da companhia relacionadas a iniciativas sustentáveis,

desempenho ambiental ou reações dos stakeholders. Ex: descrição de um programa de

gestão dos resíduos;

Nível 2: informação quantitativa, porém de natureza apenas física ou operacional (não-

monetária), não relacionada ao desempenho financeiro. Ex: número de violações da

regulação;

Nível 3: informação monetária dos gastos para desenvolver iniciativas sustentáveis,

parcialmente relacionada ao desempenho financeiro, pois a empresa não informa os

benefícios financeiros das iniciativas. Ex: custo de uma tecnologia de reciclagem;

Nível 4: informação monetária sobre os benefícios das iniciativas sustentáveis (em adição

às medidas de gastos), portanto totalmente integrada ao desempenho financeiro. Ex:

receita advinda em função da gestão dos resíduos (tecnologia de reciclagem).

Nota-se que os indicadores baseados em processos definidos pelo THE

ECONOMICS OF ECOSYSTEM AND BIODIVERSITY - TEEB (2010) se assemelham à

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classificação de nível 1 e 2 de Epstein and Roy (2003), assim como os indicadores

baseados em resultados se assemelham aos níveis 3 e 4.

Em função da complexidade na avaliação dos impactos de BSE é recomendada a

utilização de indicadores convencionais de desempenho ambiental quantitativo como o

fluxo de recursos, emissões e poluição (THE ECONOMICS OF ECOSYSTEM AND

BIODIVERSITY, 2010). Por exemplo, o volume e toxicidade das descargas de águas

residuais podem ser usados como um indicador do potencial impacto na BSE por receber

tais descarregamentos, ou uma empresa pode avaliar o melhor custo-benefício entre

investir na capacidade de filtragem e limpeza natural de um pantanal ou comprar um

equipamento de controle de poluição. Para a medição dos fluxos de recursos, emissões e

poluição existem alguns métodos que cobrem as cinco categorias básicas de recursos

naturais que servem como insumo de produção e de processos (Giljum et al., 2011):

Em estudo dirigido pela THE ECONOMICS OF ECOSYSTEM AND BIODIVERSITY

- TEEB (2013) cujo objetivo foi capturar os riscos financeiros relacionados ao capital

natural, foram avaliados mais de 100 impactos ambientais diretos que, posteriormente

condensados, resultaram em seis EKPI’s (Environment Key Performance Indicator): uso

da água, emissões de gases de efeito estufa, desperdício, poluição do ar, poluição da

terra e água e uso de terra. O custo do capital natural não precificado relacionado a esses

indicadores foi estimado em US$ 7,3 trilhões, o que corresponde a 13% do resultado

econômico global de 2009.

Abaixo um detalhamento maior em relação ao impacto ambiental relacionado a

cada indicador:

Uso da Terra: a terra provê benefícios sociais em forma de serviços ecossistêmicos

que são perdidos quando a terra é convertida para produção industrial. Para calcular o

valor das externalidades foram avaliados os 24 serviços ecossistêmicos identificados pelo

Millenium Ecosystem Assessment, onde cada unidade de serviço receberá um valor em

função das características locais, já que cada ecossistema fornece diferentes conjuntos e

escalas de serviço por unidade de área.

Consumo de Água: a água é diretamente extraída da superfície ou dos lençóis

subterrâneos e seu valor para sociedade varia de acordo com a sua escassez regional.

Por isso foi avaliada de acordo com a sua disponibilidade nacional e valorada de acordo

com o custo social do consumo de água do país.

Gases de Efeito Estufa: o custo das emissões foi avaliado de acordo com os

impactos das mudanças climáticas como redução dos rendimentos agrícolas, enchentes,

doenças, acidificação dos oceanos e perda de biodiversidade. O tempo, magnitude e

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custo econômico e social de tais impactos foram modelados de acordo com cenários e

atrelados à concentração de dióxido de carbono na atmosfera para estimar o custo

marginal de cada tonelada de carbono e outros gases de efeito estufa, posteriormente

postos em equivalência com o CO2.

Poluição do Ar: os poluentes de ar são compostos por dióxido de enxofre (SO2),

óxidos de nitrogênio (NOx), partículas em suspensão (PM), amônia (NH3), monóxido de

carbono (CO2) e compostos orgânicos voláteis. O custo social da poluição do ar foi

desenvolvido para cada país baseado no impacto na saúde humana, infraestrutura,

agricultura e florestas. O dano econômico causado por unidade de poluente dependerá

das especificidades de cada local e será conduzido de acordo com a densidade

populacional, florestal e de agricultura.

Poluição de terra e água: o uso de fertilizantes aumenta o nível de nutrientes como

fosfato e nitrato levando ao fenômeno da eutrofização24. A valoração de tais impactos é

feita por meio do abatement cost25 que corresponde ao custo de remoção ou redução de

um elemento indesejado.

Resíduos: tal indicador pode ser dividido em três categorias: resíduo prejudicial,

resíduo não prejudicial e resíduo nuclear. No caso da pesquisa a categoria mais relevante

foi considerada a nuclear que foi valorada de acordo com estudos acadêmicos sobre os

danos que causam e referenciados de acordo com taxas relevantes. Dessa maneira

chegou-se ao um único valor por MWh para o output nuclear.

Outra proposta de indicadores focaliza a quantidade absoluta de recursos

utilizados no lugar de impactos ambientais específicos (Giljum et al., 2011). Os quatro

indicadores sugeridos encontram-se no Quadro 5:

24 Chama-se eutrofização ao fenômeno causado pelo excesso de nutrientes (compostos químicos ricos em fósforo ou nitrogênio) numa massa de água, provocando um aumento excessivo de algas. Estas, por sua vez, fomentam o desenvolvimento dos consumidores primários e eventualmente de outros elementos da teia alimentar nesse ecossistema. Este aumento da biomassa pode levar a uma diminuição do oxigênio dissolvido, provocando a morte e consequente decomposição de muitos organismos, diminuindo a qualidade da água e eventualmente a alteração profunda do ecossistema. 25 Livre tradução: Custo de abatimento

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Quadro 5: Indicadores ambientais baseados no uso de recursos

Categoria de uso de recurso Indicador

Materiais separados entre as

categorias: bióticos e abióticos Input de material por produto

Água Pegada hídrica dos produtos

Área de Terra Quantidade atual de terra

utilizada por produto

Emissão de Gases de efeito

estufa Pegada de carbono do produto

É importante salientar que tais indicadores devem ser utilizados sob a perspectiva

do ciclo de vida, levando em consideração todos os recursos utilizados desde a produção

até o descarte. Além disso, a separação dos materiais bióticos e abióticos consumidos na

produção se faz necessária, pelas significativas diferenças de impactos ambientais e

econômicos. Os autores defendem o uso de indicadores concentrados no consumo de

recursos, em função da crescente limitação da capacidade ecossistêmica e da escassez

de recursos, que fazem com que a redução do uso de insumos naturais seja fator

determinante no desenvolvimento da sustentabilidade global.

Nessa mesma linha, um estudo dirigido para a Comissão Européia, cujo objetivo

principal era fornecer indicadores específicos para a avaliação dos impactos ambientais

em função do uso de recursos, foi sugerido um conjunto de quatro indicadores: Ecological

Footprint que ilustra os impactos na biocapacidade; Environmentally Weighted Material

Consumption (EMC), que reflete os impactos ambientais específicos de material e produto;

Human Appropriation of Net Primary Consumption, que indica a intensidade de uso do

ecossistema; e, finalmente, Land and Ecosystem Accounts (LEAC), que ilustra os

principais responsáveis pelas mudanças na cobertura e uso de terras, com implicações

para biodiversidade e serviços ecossistêmicos ( BEST FOOT FORWARD; ECOLOGIC;

SUSTAINABLE EUROPE RESEARCH INSTITUTE - SERI, 2008).

Os quatro indicadores propostos por Giljum et al. (2011) complementam esses

indicadores, provendo as informações de volume envolvidas nas operações, já que em

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muitos casos o cálculo dos indicadores de impacto demanda o volume absoluto de

recursos utilizados.

Já o Global Reporting Initiative – GRI fornece um conjunto de indicadores de

desempenho ambiental diretamente relacionado à gestão da biodiversidade. O diferencial

desses indicadores em comparação com aqueles encontrados na literatura é que a

instituição desenvolveu um conjunto para cada setor de atividade econômica. O GRI é

uma organização não lucrativa que visa à sustentabilidade da economia global por meio

do fornecimento de orientação para as empresas, na confecção de relatórios de

sustentabilidade. Sua missão é fornecer práticas e padrões para esses relatórios, por meio

de orientação e suporte para as organizações. Seu papel é prover26:

1) Princípios e orientações para definição de conteúdo, qualidade e limitação de

informações dos relatórios;

2) Padronização dos Relatórios (sistematização das informações) – estratégia e perfil

da organização, abordagem de gestão, indicadores de desempenho.

Para cada parâmetro destacado no Quadro 6, o GRI atrela uma série de

indicadores de desempenho (GLOBAL REPORTING INITIATIVE - GRI, 2000-2011):

26 Fonte: https://www.globalreporting.org/Information/about-gri/Pages/default.aspx

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Quadro 6: Indicadores ambientais de desempenho GRI

Indicadores Ambientais de Desempenho

Parâmetros

Material

Energia

Água

Biodiversidade

Emissões, Efluentes e Desperdício.

Produtos e Serviços

Conformidade

Transporte

Geral

Fonte: Adaptado do Global Reporting Initiative (2000-2011)

Considerando todos os indicadores de desempenho de BSE já expostos, é

necessária a criação de um sistema gerencial contábil que torne viável a cobertura dos 4

níveis de integração, propostos por Epstein e Roy (2003), das ações de cunho ambiental

com desempenho financeiro. O Environmental Management Accounting (EMA) é definido

como a identificação, coleta, análise e uso de informação para o processo decisório

interno e deve abranger (i) informações financeiras sobre os custos, ganhos e economias

relacionadas ao meio ambiente (níveis 3 e 4 de Epstein & Roy, 2003), e (ii) informação

física de uso, fluxos e destino de energia, água e materiais, incluindo desperdício (níveis 1

e 2 de Epstein e Roy, 2003). Essa abordagem engloba os custos diretos dos fluxos

ambientais por meio de (a) precificação de outputs de produção como desperdício ou

poluição de maneira que sejam ressaltados os custos dos materiais convertidos em

desperdícios e emissões não comercializáveis e (b) da quantificação dos impactos

monetários de regulamentações ambientais (taxas, normas, quotas etc) em relação a

outros fatores que também influenciam o resultado financeiro, de maneira a distinguir as

transações de natureza ambiental (como custo de conformidade legal) das transações do

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negócio per se (THE ECONOMICS OF ECOSYSTEM AND BIODIVERSITY – TEEB,

2010).

Giljum et al. (2011) destacam duas questões importantes na avaliação dos

indicadores. Primeiramente, devem ser considerados os contextos regional e local na

melhor extensão possível. Isso porque indicadores como o uso de água dependem

fundamentalmente da disponibilidade de água renovável local e regional, portanto

determinada medida do indicador Pegada Hídrica poderia ser problemático em uma

região, porém sustentável em outra. Outro ponto de fundamental atenção é a análise de

possíveis trade-offs entre os diferentes tipos de uso de recursos e respectivos limites de

sustentabilidade de cada categoria. Por exemplo, elevada produção de biocombustíveis

provocaria uma redução do indicador de recursos abióticos e, dependendo do tipo de

biocombustíveis, também reduziria as emissões de gases de efeito estufa. Por outro lado,

a demanda por uso de terra e água sofreria um aumento. O conjunto de indicadores e

seus limites ilustram o fato de que melhoras em uma categoria pode resultar em uma

situação insustentável em outra (Giljum et al., 2011).

Algumas das barreiras destacadas no relatório TEEB (2010) mostram porque uma

efetiva gestão de BSE pelas empresas ainda encontra-se em estágio de inicial de

desenvolvimento:

Lacuna de métrica ou medidas monetárias: ainda não existe uma medida única ou

um conjunto que seja consistente para utilização pelas empresas de diferentes setores;

Ausência de um conjunto de business cases capaz de demonstrar os custos e

benefícios financeiros advindos da gestão de BSE. A lacuna de preços para os SE

intangíveis representa grande parte desse problema;

O uso sustentável da BSE frequentemente reside além das fronteiras da

organização e, portanto, fora de seu controle e gestão direta, dificultando a medição e

quantificação dos impactos de BSE causados pela organização.

2.5) CRÍTICAS À VALORAÇÃO ECONÔMICA DA BSE

Existem correntes contrárias à valoração econômica da BSE, que discutem a

efetividade de tal enfoque na busca da redução da degradação ambiental. As questões

vão desde inconsistências internas, omissões e simplificações no processo de valoração,

até a discussão da “comoditização” do meio ambiente, que pode se sobrepor aos aspectos

de equidade, ética e justiça social.

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No que se refere às inconsistências e omissões, Lele et al (2013) apontam

algumas questões que podem colocar em xeque a credibilidade da valoração econômica

dos SE:

A persistente tendência da literatura de SE em tratar os processos internos do

ecossistema como sinônimo de serviço ecossistêmico. Por exemplo, o ciclo de nutrientes

não é um serviço; é somente um processo que contribui para o serviço de produção

madeireira; da mesma forma, a polinização das plantas é um processo interno do

ecossistema de uma floresta. Uma vez que os produtos úteis dessa floresta foram

valorados, a polinização que atuou em seu processo de formação não deveria ser

valorada novamente. A não separação dos processos e benefícios pode levar a dupla

contagem;

A separação entre a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos leva a um impasse

científico. A diversidade genética é avaliada por trazer serviços ecossistêmicos de maior

qualidade, o que, novamente, recai na necessidade de uma correta divisão entre processo

e benefício. O ponto de discussão gira em torno do valor intrínseco da biodiversidade

enfatizado por conservacionistas toda vez que os benefícios da conservação são menores

que o da destruição. Isto mostra que, para ecologistas e biólogos conservadores, a

avaliação econômica da BSE nunca poderá ser desfavorável, em função dos valores

intrínsecos e do imperativo ético para a sociedade;

A relação necessariamente positiva entre capital natural, serviços ecossistêmicos e

bem-estar humano, pois o capital natural também pode apresentar malefícios, como no

caso de grandes herbívoros danificando plantações, predação da pecuária pelos

carnívoros etc;

A omissão dos recursos abióticos (estoque de água e minerais) como serviços

ambientais falha ao não considerar que muitos dos recursos bióticos puderam ser

substituídos por recursos abióticos, graças à inovação tecnológica (hidrelétricas, carvão,

petróleo, cimento, alumínio). Os trade-offs entre os serviços derivados da natureza biótica

e abiótica e a possível natureza de curto prazo dos recursos abióticos representam um

desafio central no planejamento para conservação e sustentabilidade.

Além das questões conceituais citadas acima, Lele et al (2013) apontam algumas

falhas recorrentes quando o assunto é a correta valoração econômica ambiental:

A estimativa em valores absolutos no lugar de variação marginal de valor, a geração

de estimativas de escala global derivadas de estudos locais e a dupla contagem entre

serviços finais e serviços de suporte (processos e benefícios);

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Ausência de equidade na avaliação econômica dos serviços ambientais. O autor

salienta que a simples soma de custos e benefícios, a despeito das diferenças de riqueza

entre os indivíduos, deixa uma lacuna na análise de trade-offs. Por exemplo, os benefícios

do sequestro de carbono por meio da plantação de árvores impactam todo o mundo, mas

o custo oportunidade imposto aos coletores de madeira nos trópicos também deveriam ser

levados em consideração;

O uso de um custo de capital positivo prevê menor peso para o bem-estar das

futuras gerações. A premissa da prosperidade econômica das futuras gerações graças ao

desenvolvimento econômico atual tenta justificar as altas taxas de desconto utilizadas para

fluxos de capital advindos de ações conservacionistas no presente.

Lele et al (2013) e Rodríguez-Labajos et al (2013) reconhecem que a valoração

econômica da BSE é útil como um dos caminhos existentes para se entender a relação

natureza-sociedade e para chamar a atenção da comunidade empresarial e de lideranças

políticas. No entanto, a existência de diversos valores incomensuráveis presentes na BSE

torna a valoração monetária, quando assumida como instrumento único de tomada de

decisões, uma ferramenta reducionista e parcial. As variáveis envolvidas em iniciativas

ambientais são diversas e o processo decisório, de acordo com os autores, deveria

envolver uma análise multicritérios capaz de abranger impactos tanto financeiros quanto

sociais27.

Lele et al (2013) citam o TEV (Valor Econômico Total) como uma abordagem mais

consistente em relação às premissas citadas acima. Nela o valor intrínseco da

biodiversidade é subsomado aos ‘valores culturais’, que inclui valores estéticos, religiosos

e culturais providos pelo ecossistema. Em outras palavras, todas as diferentes maneiras

pelas quais a sociedade valoriza o meio ambiente são incluídas no valor. A argumentação

dos autores também se baseia em um conceito desenvolvido pelo TEEB chamado GDP of

the poors (Produto Interno Bruto dos Pobres). Os SE’s e outros bens naturais não

comercializados são responsáveis por aproximadamente 47% a 89% do GDP dos pobres

em alguns dos países em desenvolvimento (extração, plantação, subsistência, entre

outros). Quando uma iniciativa privada avalia com uma ótica estritamente econômica os

custos e benefícios de se manter determinado ecossistema ou de substituí-lo por outro

empreendimento, deixa de considerar o custo de oportunidade das pessoas que dele

dependem para sua própria sobrevivência. Se essas decisões frequentemente envolvem

grupos com diferentes níveis de riqueza, uma proporcional distribuição de benefícios entre

os envolvidos também deveria ser levada em consideração.

27 Variáveis envolvidas em uma avaliação multicritérios: diretos de propriedade, estética, sacralidade ecológica, povos tribais, diferenças sócias etc.

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Baseado nesse conceito, Rodríguez-Labajos et al (2013) mencionam que algumas

recomendações do TEEB como o NPI – Impacto líquido positivo28 servem como

greenwashing29 para grandes corporações mineradoras. Por exemplo, se for considerada

a destruição de um mangue, não faria sentido destruir dez hectares em Muisne, Equador e

pagar pela preservação de área equivalente na Tanzania. Esse conceito poderia levar à

extinção de áreas de mangue em países pequenos como Equador e Honduras.

O Quadro 7 exemplifica a pluralidade de valores envolvidos nas decisões de

biodiversidade: cinco anos de cultura de camarão comparados com 15 anos de perda de

receita de um mangue30.

Quadro 7: Análise custo-benefício cultura de camarão vs preservação do mangue

Variáveis – Cultura

de camarão

Impacto Variáveis – Reposição

do Mangue

Preservação

do Mangue

Produção 4.000 kg per

ha/ano

Biomassa gerada na

forma de Peixe,

Caranguejo, marisco e

madeira

100 ou 200 por

he/ano

Receita Bruta 100.000 per

ha

Defesa Costeira (SE) –

Replacement Cost

Custos de Produção Biodiversidade perdida Incomensurável

Amortização

Investimentos

10.000 per ha Captura de carbono

Water Pollution Reposição de recursos

genéticos resistentes à

salinidade

Outras externalidades

(doenças causadas a

mulheres e crianças,

nova resistência a

antibióticos)

Valores recreativos

Reconstrução do

mangue

300 a 8000

por ha

28 Livre tradução de Net Positive Impact - NPI 29 Trata-se de um neologismo que indica a injustificada apropriação de virtudes ambientalistas por parte de organizações (empresas, governos, etc.) ou pessoas, mediante o uso de técnicas de marketing e relações públicas. 30 Para ter mais detalhes sobre as premissas utilizadas para o caso da cultura de camarão x preservação do mangue recorrer ao artigo de Barbier e Sathiratai (2004)

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Valor Final 10000 por

ha/ano ou

menos

Valor Final 10000 por

ha/ano ou

mais

Fonte: Adaptado de Barbier e Sathiratai (2004)

Pela análise de custo-benefício, o mangue pode ser defendido ou atacado,

dependendo, essencialmente, da taxa de desconto e dos métodos de valoração

econômica utilizados. Em relação à taxa de desconto, poderia ser utilizada uma bem baixa

em função da crescente escassez de mangue no planeta. Por outro lado, seria plausível

utilizar uma taxa de desconto elevada para a cultura de camarão, de maneira a reduzir os

custos estimados de reconstrução do mangue e elevar o valor da receita de exportação

obtida, porque a taxa de câmbio poderia ser um fator limitador para o crescimento

econômico. Nesse caso quem teria o poder de simplificar a complexidade das variáveis

sociais envolvidas, impondo um padrão particular de avaliação monetária?

Embora não haja consenso na literatura em relação à valoração monetária da

biodiversidade, a maioria dos autores estudados concorda com a eficiência desse

instrumento para chamar a atenção da sociedade, comunidade empresarial e lideres

políticos para o estágio de degradação do meio ambiente atual. Assim, o enfoque da

presente pesquisa, cujo método será descrito no item 3 a seguir, reflete o entendimento de

que a valoração econômica dos recursos naturais podem ser útil na proteção e geração

de valor para as organizações.

3. MÉTODO DE PESQUISA

3.1) UNIVERSO E AMOSTRA

O universo escolhido para esse estudo foi constituído pelas empresas brasileiras,

considerando como tal as que atuam no país, mesmo com controle do capital ou sede em

outros países. Adicionalmente, elas deveriam ser reconhecidas pela liderança em

sustentabilidade e dispor de informações públicas sobre inciativas e práticas sustentáveis.

Logo, trata-se de uma amostra direcionada e não aleatória.

Para um diagnóstico sobre o posicionamento das empresas brasileiras em relação

à integração de BSE na estratégia de negócios foi definida uma amostra por julgamento,

direcionada e não-probabilística, composta, a principio, pelas empresas listadas nas

seguintes iniciativas nacionais e internacionais: DJSI (Dow Jones Sustainability Index), ISE

(Índice de Sustentabilidade Empresarial da BM&FBOVESPA), CDP (Carbon Disclosure

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Project), GRI (Global Reporting Initiative), CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o

Desenvolvimento Sustentável), Guia Exame de Sustentabilidade e Road to Credibility.

Para tornar mais clara a construção da amostra, a seguir encontra-se uma breve descrição

dessas inciativas.

(i) Carbon Disclosure Project – CDP: lançado em 2000, com o objetivo de informar aos

investidores sobre gestão, riscos e oportunidades empresariais associados às mudanças

climáticas (ABRÃO, 2011). O CDP utiliza a divulgação de informações para melhorar a

gestão do risco ambiental e incentiva milhares de empresas pertencentes às maiores

economias do mundo a medir e divulgar informações associando suas operações e

estratégias às mudanças climáticas. Essa iniciativa detém a maior coleção global de

dados de auto-avaliação de empresas sobre riscos de mudanças climáticas, água e

florestas31;

(ii) Dow Jones Sustainability Index – DJSI: lançado em setembro de 1999, sendo o

primeiro índice mundial de mercado de capitais com o objetivo de acompanhar o

desempenho de empresas líderes em sustentabilidade corporativa nos diversos setores

(ABRÃO, 2011);

(iii) Índice de Sustentabilidade Empresarial – ISE: iniciativa pioneira na América Latina, o

Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) busca criar um ambiente de investimento

compatível com as demandas de desenvolvimento sustentável da sociedade

contemporânea e estimular a responsabilidade ética das corporações. Iniciado em 2005, é

uma ferramenta para análise comparativa do desempenho das empresas listadas na

BM&FBOVESPA sob o aspecto da sustentabilidade corporativa, baseada em eficiência

econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa. Também amplia

o entendimento sobre empresas e grupos comprometidos com a sustentabilidade,

diferenciando-os em termos de qualidade, nível de compromisso com o desenvolvimento

sustentável, equidade, transparência e prestação de contas, natureza do produto, além do

desempenho empresarial nas dimensões econômico-financeira, social, ambiental e de

mudanças climáticas32.

(iv) Guia Exame de sustentabilidade – em 2007, o Centro de estudos em

sustentabilidade da FGV-EAESP (CES-FGV) foi convidado pela editora Abril a elaborar

uma nova metodologia de avaliação do desempenho de empresas para o Guia Exame de

Sustentabilidade. O processo tem como objetivo destacar as empresas pelo conjunto de

suas práticas em todas as dimensões da sustentabilidade empresarial.

31 Fonte: https://www.cdproject.net/en-US/Programmes/Pages/CDP-Investors.aspx 32 Fonte: http://www.bmfbovespa.com.br/indices/ResumoIndice.aspx?Indice=ISE&Idioma=pt-BR

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(v) Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável – CEBDS:

associação civil fundada em 1997 para liderar os esforços do setor empresarial para a

implementação do desenvolvimento sustentável no Brasil, com efetiva articulação junto

aos governos, empresas e sociedade civil. Reunindo os maiores grupos empresariais do

país, é o representante no Brasil da rede do World Business Council for Sustainable

Development - WBCSD, que conta com quase 60 conselhos nacionais e regionais de 22

setores industriais em 36 países, além de 200 grupos empresariais que atuam em todos

os continentes;

(vi) Global Reporting Initiative – GRI: organização não lucrativa que visa à

sustentabilidade da economia global por meio do fornecimento de orientação para as

empresas, na confecção de relatórios de sustentabilidade;

(vii) Road to Credibility: publicação do programa Global Reporters, com informações

sobre relatórios de sustentabilidade no Brasil em pesquisas realizadas em 2008 e 2010.

Busca assegurar uma avaliação abrangente e profissional sobre os relatórios de

sustentabilidade, utilizando um conjunto de 29 critérios para testar a qualidade e a forma

pela qual as questões ligadas à sustentabilidade são abordadas nos processos, nas

operações e na tomada de decisão (para detalhes da metodologia consultar

SUSTAINABILITY, 2010).

A seleção com base nessas sete iniciativas resultou em um conjunto inicial de 160

empresas. Com o objetivo de destacar os setores onde a inclusão de BSE no

planejamento financeiro e estratégico fosse mais relevante, tanto em função dos seus

principais insumos, quanto pelos impactos ambientais diretos que causam, foram

selecionados os setores apontados no estudo desenvolvido pela Trucost, UNEP e PRI, em

outubro de 2010, denominado Universal Ownership: why externalities matter to institutional

investors, discutido na seção 2.2 do referencial teórico, ou seja: eletricidade, óleo e gás,

metais e mineração, alimentos, construção e materiais. Embora o estudo reflita o cenário

global, a presente pesquisa manteve esta classificação, em função da inexistência de

estudos semelhantes no Brasil.

Os setores foram conciliados com o padrão da BM&FBOVESPA, resultando nos

seguintes subsetores: Energia Elétrica, Petróleo, Gás e Biocombustíveis, Mineração,

Siderurgia e Metalurgia, Químicos, Madeira e Papel, Materiais Diversos, Transporte,

Construção e Engenharia, Agropecuária, Alimentos Processados e Bebidas. Finalmente,

foi incluído o subsetor “Produtos de uso pessoal e de limpeza” correspondente ao setor

comumente conhecido como de cosméticos, por ter como fonte básica de matéria-prima

recursos da biodiversidade e por incluir a empresa brasileira presente no maior número de

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iniciativas de sustentabilidade. Após esse filtro de setores, obteve-se uma amostra inicial

composta por 77 empresas, listadas no Apêndice 4.

Em seguida, foi constatado que algumas empresas não tinham os relatórios

disponíveis em seus websites ou tinham seu último relatório atualizado em anos anteriores

a 2011, sendo eliminadas da amostra. No Apêndice 6 encontra-se a principal fonte de

consulta para cada empresa analisada, assim como a data em que o relatório foi

acessado.

A ordem de prioridade para a análise de empresas foi baseada na presença no

maior número de inciativas de sustentabilidade. Em um procedimento preliminar de busca

e comparação de informações, observou-se que empresas pertencentes ao mesmo setor

apresentavam iniciativas sustentáveis associadas a BSE bastante similares, com reduzida

chance de encontrar informações relevantes à medida que novas empresas do setor eram

examinadas. Também percebeu-se que as melhores contribuições vinham das empresas

presentes no maior número de inciativas nacionais e internacionais.

Assim, para configuração final da amostra foi definida a análise de todas as

empresas presentes em três ou mais iniciativas. Para as demais, foi estabelecido o

objetivo de analisar em torno de 50% de cada setor, com base no faturamento e cobertura

regional. A amostra final, detalhada no Apêndice 5, ficou com 55 empresas e composição

setorial descrita na Tabela 1.

Tabela 1: Composição setorial da amostra

SubsetorAmostra

Inicial

Amostra

Final%

Madeira e Papel 6 6 100%

Materiais Diversos 1 1 100%

Mineração 4 4 100%

Produtos de Uso Pessoal e de Limpeza 4 4 100%

Água e Saneamento 5 4 80%

Alimentos Processados 5 4 80%

Químicos 5 4 80%

Agropecuária 4 3 75%

Siderurgia e Metalurgia 4 3 75%

Bebidas 3 2 67%

Petróleo, Gás e Biocombustíveis 6 4 67%

Transporte 6 4 67%

Construção e Engenharia 5 3 60%

Energia Elétrica 19 9 47%

TOTAL 77 55 71%

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3.2) FONTE E COLETA DE INFORMAÇÕES

Os dados coletados para realização dessa pesquisa foram de origem secundária e

pública, obtidos nas seguintes fontes de informação das empresas:

a) Relatórios de Responsabilidade Corporativa;

b) Relatórios de Sustentabilidade;

c) Relatórios Anuais;

d) Relatórios destinados aos investidores;

e) Websites.

Para buscar informações relevantes sobre a inclusão de BSE na operação,

estratégia e desempenho das empresas, foi dada prioridade aos Relatórios de

Sustentabilidade (ou Responsabilidade Social Corporativa) disponibilizados nos websites;

na ausência deles, foram analisados Relatórios Anuais ou outros relatórios voltados para

investidores. A busca de informações foi direcionada para as estratégias e iniciativas

ambientais associadas a BSE. Algumas empresas, como a Klabin, apresentavam a versão

compacta do relatório de sustentabilidade. Primeiramente foi lida a versão resumida e

quando foram encontradas questões relevantes o relatório completo foi estudado.

3.3) TRATAMENTO DOS DADOS

Para mapear o posicionamento das empresas brasileiras em relação aos temas de

BSE foi utilizada uma matriz baseada nos indicadores ambientais encontrados na revisão

de literatura, expostos e detalhados na seção 2.4.2. Como já mencionado, um grande

desafio relacionado à gestão de BSE é o estabelecimento de um conjunto de indicadores

abrangente que empresas de diversos setores possam utilizar. Diante da quantidade e

diversidade de indicadores identificados na revisão de literatura, foi necessário estabelecer

um critério para a seleção. O critério foi voltado para o mapeamento das ações das

empresas que teriam relação e impacto direto na biodiversidade e nos serviços

ecossistêmicos.

As principais causas identificadas para a perda de biodiversidade e alterações dos

SE foram: mudanças no uso e cobertura de terra; introdução ou remoção de espécies;

adaptação e uso de tecnologia e insumos externos (como fertilizantes, pesticidas e

irrigação); consumo de recursos e colheita; mudanças climáticas; e fatores naturais, físicos

e biológicos (como evolução e vulcões). As causas mais importantes podem ser

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resumidas como: mudanças de habitats (uso de terra; modificação dos rios; perda de

recife de corais; danos ao fundo do mar em função de atividade pesqueira); mudanças

climáticas; invasão de espécies exóticas; exploração em excesso; e poluição (MILLENIUM

ECOSYSTEM ASSESSMENT, 2005).

Observou-se que os indicadores de BSE propostos pelo GRI (2000-2011), listados

no Quadro 8, seriam os mais adequados para análise das informações das empresas.

Além de estarem de acordo com as causas ressaltadas acima, englobam os demais

indicadores encontrados na literatura, como os propostos no TEEB (2013) e por Giljum et

al. (2011). O relatório TEEB (2010) corrobora a utilização dos indicadores do GRI para

BSE, quando afirma que os indicadores de desempenho ambiental convencionais, como o

fluxo de recursos, emissões e poluição representam proxies para os impactos na BSE.

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Quadro 8: Indicadores Ambientais GRI G3 (2000-2011)

Fonte: GRI G3 (2000-2011)

ParâmetrosInputs (Ex: Material, Energia, àgua...) e Outputs (Ex: Emissões, Efluentes, Desperdícios...),

Conformidade Legal com Biodiversidade e AmbienteCódigo

Materiais usados por Peso ou Volume EN1

Percentual de materiais reciclados do total de insumos. EN2

Consumo direto de fonte primária de energia EN3

Consumo indireto de fonte de energia primária EN4

Economia de energia em função de conservação ou melhoras de eficiência. EN5

Iniciativas para prover o uso eficiente de energia ou produtos e serviços baseados em energia

renovável, e redução da necessidade de energia como resultado dessas iniciativas.EN6

Iniciativas para reduzir o consumo indireto de energia e resultados alcançados. EN7

Total de água consumida por fonte. EN8

Fontes de água significativamente afetadas pelo consumo de água. EN9

Percentual e volume total de água reciclada e reutilizada. EN10

Localização e tamanho de terras próprias, arrendadas, administradas em ou adjacentes à

áreas protegidas e áreas de alto valor de biodiversidade fora de áreas protegidas.EN11

Descrição dos impactos significativos na biodiversidade pelas atividades, produtos e serviços,

dentro ou fora de áreas protegidas.EN12

Habitats protegidos ou restaurados. EN13

Estratégias, Ações atuais e planos futuros para gerir os impactos na biodiversidade. EN14

Número de espécies IUCN Red List e da lista nacional de conservação com habitats em áreas

afetadas pelas operações, por nível de risco de extinção.EN15

Emissão direta e indireta de GHG por peso. EN16

Outras emissões indiretas relevantes de GHG por peso. EN17

Iniciativas para reduzir a emissão de GHG e metas alcançadas. EN18

Emissão de substâncias prejuciais à camada de ozônio por peso. EN19

Óxido Nítrico e Sulfúrico e outras emissões significativas por tipo e peso. EN20

Total de água descarregada por qualidade e destinação. EN21

Peso total do desperdício por tipo e método de disposição. EN22

Número total e volume de derramamentos significativos. EN23

Peso de transportados, importados, exportados, ou desperdícios tratados considerados

perigosos sob os termos da Convenção Basel dos Anexos I, II, III e VIII, e percentual de

desperdicios transportados internacionalmente.

EN24

Identidade, tamanho, status de proteção e valor da biodiversidade de corpos d'água e habitats

relacionados significativamente afetados pelos descarregamentos e o escoamento de água da

organização.

EN25

Iniciativas para mitigar os impactos ambientais de produtos e serviços, e extensão do impacto

da mitigação.EN26

Percentagem de produtos vendidos e materiais de embalagem que são reutilizados, por

categoria.EN27

ConformidadeValor monetário e não monetário das sanções por não conformidade com as leis e regulações

ambientais.EN28

TransporteImpactos ambientais de produtos e materiais transportados em função da atividade

organizacional, e do transporte de membros da força de trabalho.EN29

Geral Total dos gastos com proteção ambiental e investimentos do tipo. EN30

Indicadores Ambientais de Desempenho

Biodiversidade

Emissões,

Efluentes e

Desperdício.

Produtos e

Serviços

Material

Energia

Água

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Para concentrar o estudo nos impactos relacionados a BSE, os parâmetros do GRI

denominados material, energia, produtos e serviços, conformidade e transporte foram

excluídos da matriz, sendo considerados apenas os de emissões, efluentes e desperdício,

biodiversidade e água e geral. Uma vantagem dos indicadores do GRI é a sua divisão

setorial. Para cada setor da economia o GRI fornece um relatório específico, que pode

conter indicadores peculiares e comentários sobre os aspectos que o setor não pode

deixar de considerar, assim como a indicação das medidas de desempenho principais.

Foram incluídos nas matrizes de análises setoriais somente os indicadores

principais, os novos indicadores e os comentários que poderiam ser pertinentes para o

conteúdo da pesquisa. Não foram considerados todos os comentários propostos pelo GRI,

uma vez que muitos são orientações para a divulgação das informações e não

especificações de medidas de desempenho.

Complementando os indicadores selecionados do GRI, foi incluída no modelo de

análise desta pesquisa a identificação de dois princípios de gestão de BSE: No Net Loss

(NNL) / Net Positive Impact (NPI) e Life Cycle Assessment (LCA), ambos discutidos na

seção 2.4.2 do referencial teórico. Assim, buscou-se identificar as empresas que utilizam

tais princípios na definição de suas estratégias e modelos de negócios.

Com o objetivo de avaliar o relacionamento da gestão de BSE com o desempenho

financeiro corporativo, foi utilizada a escala de quatro níveis de Epstein & Roy (2003),

apresentada na seção 2.4.2 do referencial teórico. Ao identificar nos relatórios das

empresas informações referentes aos indicadores GRI ou princípios NNL/NPI ou LCA, a

cada uma delas foi associado um dos quatro níveis da classificação de Epstein & Roy

(2003), com o objetivo é indicar a proximidade de um business case, ou seja, o nível de

integração com o desempenho financeiro. Como já mencionado, os quatro níveis são:

nível 1 - informação qualitativa, não relacionada ao desempenho financeiro; nível 2;

informação quantitativa física ou operacional, não relacionada ao desempenho financeiro;

nível 3; informação quantitativa e monetária dos gastos relacionados à gestão de BSE,

parcialmente relacionada ao desempenho financeiro; nível 4: informação quantitativa e

monetária sobre os benefícios financeiros obtidos com a gestão de BSE, totalmente

integrada ao desempenho financeiro. O Quadro 9 consolida o modelo utilizado para

mapear as iniciativas de gestão de BSE nas empresas da amostra.

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Quadro 9: Matriz classificatória das iniciativas ambientais

Fonte Parâmetros

Inputs (Ex: Material, Energia, àgua...) e Outputs (Ex:

Emissões, Efluentes, Desperdícios...), Conformidade

Legal com Biodiversidade e Ambiente

Cód. GRI N1 N2 N3 N4

Total de água consumida por fonte. EN8

Fontes de água significativamente afetadas pelo

consumo de água.EN9

Percentual e volume total de água reciclada e reutilizada. EN10

Localização e tamanho de terras próprias, arrendadas,

administradas em ou adjacentes à áreas protegidas e

áreas de alto valor de biodiversidade fora de áreas

protegidas.

EN11

Descrição dos impactos significativos na biodiversidade

pelas atividades, produtos e serviços, dentro ou fora de

áreas protegidas.

EN12

Habitats protegidos ou restaurados. EN13

Estratégias, Ações atuais e planos futuros para gerir os

impactos na biodiversidade.EN14

Número de espécies IUCN Red List e da lista nacional de

conservação com habitats em áreas afetadas pelas

operações, por nível de risco de extinção.

EN15

Emissão direta e indireta de GHG por peso. EN16

Outras emissões indiretas relevantes de GHG por peso. EN17

Iniciativas para reduzir a emissão de GHG e metas

alcançadas.EN18

Emissão de substâncias prejuciais à camada de ozônio

por peso.EN19

Óxido Nítrico e Sulfúrico e outras emissões significativas

por tipo e peso.EN20

Total de água descarregada por qualidade e destinação. EN21

Peso total do desperdício por tipo e método de

disposição.EN22

Número total e volume de derramamentos significativos. EN23

Peso de transportados, importados, exportados, ou

desperdícios tratados considerados perigosos sob os

termos da Convenção Basel dos Anexos I, II, III e VIII, e

percentual de desperdicios transportados

internacionalmente.

EN24

Identidade, tamanho, status de proteção e valor da

biodiversidade de corpos d'água e habitats relacionados

significativamente afetados pelos descarregamentos e o

escoamento de água da organização.

EN25

GRI GeralTotal dos gastos com proteção ambiental e

investimentos do tipo.EN30

LITERATURA Geral Atua no Mercado de PSE PSE

LITERATURA Geral Life Cycle Assessment LCA

LITERATURA Geral Positive Net Impact PNI

Emissões,

Efluentes e

Desperdício.

Nível de Integração da Estratégia Empresarial

com a Sustentabilidade (Epstein & Roy)

Água

Biodiversidade

GRI

GRI

GRI

Indicadores Ambientais

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Esta matriz de análise foi preenchida para cada empresa, com base nos relatórios

consultados. As matrizes completas para cada empresa analisada estão disponíveis com

a pesquisadora e poderão ser obtidas por contato através do email [email protected].

Como procedimento complementar de inferência estatística, foram realizados

testes de hipóteses de proporções, a partir da classificação das iniciativas empresarias em

BSE nos quatro níveis da escala de Epstein & Roy (2003). Os testes foram baseados na

distribuição binomial, uma vez que, para cada iniciativa e cada nível da escala, só existiam

duas alternativas: enquadrar ou não a iniciativa naquele nível.

Os valores críticos para os testes de hipóteses foram extraídos diretamente da

distribuição binomial. Em função do tamanho e perfil da amostra, não foi considerada a

aproximação para a distribuição normal, que permitiria o uso da estatística Z para os

testes. A função de probabilidade seguiu o modelo clássico da distribuição binomial, como

registrado na equação 1:

P(x) = 𝑛!

(𝑛−𝑥)!𝑥! 𝑝𝑥𝑞𝑛−𝑥 (1)

Sendo:

n: número de observações;

p: probabilidade teórica de ocorrência dos níveis 1 a 4;

q: probabilidade teórica de não-ocorrência dos níveis 1 a 4;

x: número de ocorrências dos níveis 1 a 4.

A média desta distribuição está expressa na equação 2:

µ = 𝑛𝑝 (2)

e o desvio-padrão na equação 3:

σ= √𝑛𝑝𝑞 (3)

Dois conjuntos de testes foram realizados, com nível de significância (α) de 5%:

a)testes de hipótese unicaudais das proporções totais dos níveis 1 a 4 nas iniciativas em

BSE, de todas as empresas e setores da amostra, com as seguintes hipóteses:

H0: p = estimativa;

H1: p > estimativa;

e os seguintes parâmetros:

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n = 501;

x1= 173;

x2= 314;

x3 = 13;

x4 = 1;

estimativas de “p” variando de 1% a 60%.

b)testes de hipótese unicaudais das proporções das empresas na amostra cuja

associação das iniciativas em BSE com o desempenho financeiro atingiu no máximo os

níveis 1 a 4, sendo cada empresa classificada pelo mais alto nível de associação,

alcançado em pelo menos uma iniciativa. As hipóteses foram:

H0: p = estimativa;

H1: p > estimativa;

com os seguintes parâmetros:

n = 55;

x1= 6;

x2= 40;

x3 = 8;

x4 = 1;

estimativas de “p” variando de 1% a 70%.

Os resultados dos testes estatísticos devem ser considerados apenas como

indicadores complementares em um estudo exploratório, uma vez que a amostra de

empresas e iniciativas em BSE não atendeu ao requisito de aleatoriedade, conforme

descrito na seção 3.1 deste capítulo. Assim, generalizações para o conjunto de empresas

brasileiras podem ser inadequadas, embora possam ter alguma validade se voltadas para

empresas que se destacam em estratégia e gestão para sustentabilidade.

O preenchimento das matrizes das empresas levou em conta que, após o

diagnóstico, seria construído um modelo preliminar de avaliação financeira das iniciativas

voltadas para BSE, dando-se ênfase às informações relevantes para a construção deste

modelo. Portanto, não se deve esperar encontrar na matriz todas as iniciativas e

atividades sustentáveis de cada empresa, mesmo aquelas relacionadas aos indicadores

GRI.

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A maioria das empresas apresentou um relatório de sustentabilidade bem

estruturado, atendendo aos padrões do GRI. No entanto, observou-se preocupação maior

com o atendimento das normas do GRI e regulações governamentais do que em associar

as ações com a geração de valor para a empresa. Redução de custos, novas receitas ou

maior eficiência no uso de materiais poucas vezes estavam atreladas às iniciativas de

BSE. Por exemplo, a Danone mostra em seu relatório que ano após ano aumenta o

percentual de PET reciclado na constituição de suas embalagens, no entanto não informa

quanto essa ação agregou financeiramente para a organização.

As informações mapeadas na matriz constituíram a base para a construção de um

modelo de avaliação financeira pelo método de fluxo de caixa descontado, escolhido por

ser o mais difundido na comunidade financeira e utilizado pelos analistas financeiros de

bancos, empresas e consultorias. As iniciativas das empresas foram organizadas nas

linhas de fluxo de caixa usualmente utilizadas para obter estimativas do fluxo de caixa livre

(free cash flow to the firm): receitas operacionais, custos e despesas operacionais (OPEX)

e gastos com investimentos (CAPEX). Buscou-se assim criar uma estrutura de avaliação

padronizada para possível utilização futura pelas empresas interessadas em avaliar o

impacto financeiro de suas iniciativas em BSE.

3.4) LIMITAÇÕES DO MÉTODO

A principal restrição para o método utilizado é a possível influência das

interpretações pessoais do pesquisador na varredura das informações dos relatórios das

organizações. No entanto, é esperado que a clara definição das informações e rigor

metodológico tenha ajudado a atenuar esta influência. Outro fator que pode ter limitado a

qualidade da varredura dos relatórios é o conhecimento limitado da pesquisadora sobre os

processos operacionais dos diversos setores empresariais. Tal obstáculo foi amenizado

por pesquisas sobre termos específicos e sobre processos até então desconhecidos.

Em alguns casos, a pesquisadora também enfrentou dificuldades para encontrar os

relatórios anuais e de sustentabilidade nos websites das empresas, o que pode ter levado

ao estudo de um relatório inadequado ou à exclusão da empresa da amostra. Antes de

optar pela exclusão, a pesquisadora efetuou a varredura do site da empresa e,

posteriormente, utilizou o site de busca Google.

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4. RESULTADOS

O resultado conjunto do estudo da literatura sobre os indicadores de BSE indicou a

necessidade de serem utilizados proxies capazes de captar a amplitude do conceito de

biodiversidade. Os parâmetros GRI relacionados à água, emissões, efluentes, desperdício

e biodiversidade foram selecionados como proxies para a avaliação dos impactos em

BSE. Portanto, as menções a impactos em BSE ou a impactos ambientais devem ser

interpretados da mesma maneira, nesse estudo.

O estudo feito por Trajano (2013) mostrou que os principais fatores ambientais

poderiam ser categorizados em função de alguns recursos naturais, como energia, água,

biodiversidade e por resíduos decorrentes das atividades corporativas. Exceto pelo

parâmetro energia, nota-se que existe relação entre esses fatores ambientais e os

indicadores escolhidos nesse estudo como proxies para BSE.

Os resultados encontrados no estudo dos relatórios anuais das 55 empresas foram

estruturados em três subitens. O primeiro item foi focado no uso dos indicadores GRI para

o monitoramento de iniciativas em BSE. Com isso buscou-se mostrar de que maneira o

GRI ajuda e orienta os setores econômicos na organização e detalhamento de suas

iniciativas. O segundo subitem foi voltado para a associação das iniciativas ambientais

com o nível de desempenho financeiro corporativo. Finalmente, o terceiro subitem sugeriu

um modelo preliminar para a avaliação financeira das iniciativas empresariais em BSE.

4.1) O USO DE INDICADORES GRI PARA MONITORAMENTO DAS INICIATIVAS EM

BSE

O presente estudo mapeou um total de 501 iniciativas ambientais. A organização

setorial das informações, exibida na tabela 2, indica que sessenta e um por cento das

iniciativas vieram de cinco setores: energia elétrica (14%), madeira e papel (14%),

mineração (13%), produto de uso pessoal e limpeza (10%) e químicos (10%).

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Tabela 2: Total de iniciativas GRI mapeadas por setor econômico

. Conforme detalhado no capítulo de metodologia, as iniciativas ambientais foram

mapeadas de acordo com os indicadores GRI gerais, os indicadores GRI por setor e os

indicadores definidos a partir da revisão de literatura (PSE, LCA e PNI). Para facilitar a

compreensão dos resultados, os grupos indicadores foram designados 1, 2 e 3,

respectivamente.

Abaixo, uma breve descrição dos dados mapeados por grupo, exibidos na tabela 3:

Grupo 1: total de 457 iniciativas mapeadas sendo 44% concentradas em emissões,

efluentes e desperdício. Para água, biodiversidade e gastos com proteção ambiental, as

ações foram bem distribuídas, com 17%, 24% e 9% respectivamente.

Grupo 2: total de 15 iniciativas, bem distribuídas entre os parâmetros, sendo o setor

de construção o que menos relatou iniciativas nesse grupo.

Grupo 3: total de 29 iniciativas, sendo 3% classificadas em PSE, 2% em LCA e 1%

em PNI.

Agropecuária 17

Água e Saneamento 23

Alimentos Processados 34

Bebidas 23

Construção e Engenharia 18

Energia Elétrica 71

Madeira e Papel 68

Materiais Diversos 1

Mineração 66

Petróleo, Gás e Biocombustíveis 34

Produtos de Uso Pessoal e de Limpeza 52

Químicos 50

Siderurgia e Metalurgia 19

Transporte 25

TOTAL INICIATIVAS AMBIENTAIS MAPEADAS 501

SubsetorTotal iniciativas GRI

por setor

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Tabela 3: Quantidade de iniciativas mapeadas por parâmetro GRI

Parâmetros Inputs e Outputs Cód.Total de iniciativas

mapeadas

Total de água consumida por fonte. EN8 28

Fontes de água significativamente afetadas pelo

consumo de água.EN9 13

Percentual e volume total de água reciclada e reutilizada. EN10 42

Localização e tamanho de terras próprias, arrendadas,

administradas em ou adjacentes à áreas protegidas e

áreas de alto valor de biodiversidade fora de áreas

protegidas.

EN11 29

Descrição dos impactos significativos na biodiversidade

pelas atividades, produtos e serviços, dentro ou fora de

áreas protegidas.

EN12 23

Habitats protegidos ou restaurados. EN13 17

Estratégias, Ações atuais e planos futuros para gerir os

impactos na biodiversidade.EN14 37

Número de espécies IUCN Red List e da lista nacional de

conservação com habitats em áreas afetadas pelas

operações, por nível de risco de extinção.

EN15 9

Emissão direta e indireta de GHG por peso. EN16 29

Outras emissões indiretas relevantes de GHG por peso. EN17 7

Iniciativas para reduzir a emissão de GHG e metas

alcançadas.EN18 47

Emissão de substâncias prejuciais à camada de ozônio

por peso.EN19 11

Óxido Nítrico e Sulfúrico e outras emissões significativas

por tipo e peso.EN20 17

Total de água descarregada por qualidade e destinação. EN21 22

Peso total do desperdício por tipo e método de

disposição.EN22 62

Número total e volume de derramamentos significativos. EN23 10

Peso de transportados, importados, exportados, ou

desperdícios tratados considerados perigosos sob os

termos da Convenção Basel dos Anexos I, II, III e VIII, e

percentual de desperdicios transportados

internacionalmente.

EN24 5

Identidade, tamanho, status de proteção e valor da

biodiversidade de corpos d'água e habitats relacionados

significativamente afetados pelos descarregamentos e o

escoamento de água da organização.

EN25 3

GeralTotal dos gastos com proteção ambiental e

investimentos do tipo.EN30 46

Literatura Menciona PSE no relatório PSE 15

Literatura Life Cycle Assessment LCA 11

Literatura Positive Net Impact PNI 3

TOTAL 486

Água

Biodiversidade

Emissões,

Efluentes e

Desperdício.

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A tabela 4 exibe os 12 indicadores ambientais específicos para cada setor. No

apêndice 7 os indicadores ambientais criados para um setor específico foram marcados

em amarelo e os indicadores designados prioridade de determinado setor foram marcados

em verde.

Tabela 4: Quantidade de iniciativas mapeadas por indicador GRI específico de cada setor

econômico

O documento, criado pelo GRI para orientar os diferentes setores econômicos tem

o objetivo de indicar os parâmetros ambientais denominados prioridade de cada setor em

função das atividades exercidas, impactos ambientais e necessidade de gerenciamento

adequado por meio de métricas operacionais. Por exemplo, para o setor de mineração o

documento especifica: “A divulgação sobre a gestão de emissões, efluentes e resíduos

deve incluir a discussão de: processos para avaliar e gerir os riscos associados com

sobrecarga, resíduos de rocha, rejeitos, lamas e outros resíduos (por exemplo, a

estabilidade estrutural de instalações de armazenamento, potencial de lixiviação do metal,

Parâmetros Inputs e Outputs Cód. SetorTotal de iniciativas

mapeadas

Água Intensidade do uso de água por atividade CRE2 Construção 0

Intensidade de emissão de GHG das atividades principais

(construção).CRE3 Construção 0

Intensidade de emissão de GHG das atividades

relacionadas a novas construções e redesenvolvimento

de atividades.

CRE4 Construção 0

Degradação de

terra,

contaminação e

remediação

Terras recuperadas ou na necessidade de recuperação

para uso do solo já existente ou daqueles pretendidos,

de acordo com as designações legais aplicáveis.

CRE5 Construção 1

Biodiversidade de habitats de compensação em relação

à biodiversidade dos afetadosEU13 Energia Elétrica 3

Quantidade de terra (própria ou alugada, e administrada

para atividade produtiva ou extrativa) danificada ou

reabilitada.

MM1 Mineração & Metais 2

Número e percentagem total de plantas que demandam

planos de gestão da biodiversidade. Fornecer também o

número de plantas com um plano em ação.

MM2 Mineração & Metais 2

Emissões,

Efluentes e

Desperdício.

Quantidade de pedras, rejeitos, barragens e os riscos

associados.MM3 Mineração & Metais 3

Biodiversidade

Número e percentual de plantas de operação onde o

risco de biodiversidade tenha sido avaliado e

monitorado.

OG4 Óleo & Gás 0

Volume de formação e produção de água OG5 Óleo & Gás 2

Volume de Hidrocarboneto queimado e liberado OG6 Óleo & Gás 0

Quantidade de resíduos de perfuração e estratégias de

tratamento e disposição.OG7 Óleo & Gás 2

TOTAL 15

Emissões,

Efluentes e

Desperdício.

Biodiversidade

Emissões,

Efluentes e

Desperdício.

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e perigos de propriedades); tipos de instalações de rejeitos que possui ou opera incluindo

fluvial, lacustre e descarte de resíduos de submarinos, e o uso de forrado versus poços

sem forro (...)”.

Somente quinze iniciativas foram mapeadas para esses indicadores, o que pode

significar um estágio ainda incipiente do tratamento setorial para as iniciativas

empresariais.

Dos dezenove indicadores gerais do GRI (grupo 1) doze são indicadores que

requerem algum tipo de informação quantitativa por parte da organização. Informações

como total de água consumida por fonte, percentual e volume de água reciclada e

reutilizada, localização e tamanho de terras próprias de alto valor de biodiversidade e

emissão direta e indireta de GHG por peso podem orientar as empresas na construção de

um banco de dados ambiental. Sendo assim, o grupo 1 é composto por uma maioria de

indicadores baseados em resultados (classificação criada no relatório TEEB, 2010),

identificados na literatura como mais eficazes por serem capazes de fornecer uma visão

do desempenho ao longo do tempo.

Adicionalmente, podem ser úteis como base para o cálculo da pegada hídrica,

pegada de carbono e pegada ecológica. O monitoramento anual dos indicadores

baseados em resultado pode levar à conscientização empresarial quanto à sua

dependência em relação a esses recursos, ajudando a despertar uma consciência quanto

ao uso eficiente dos mesmos.

Para publicar as informações quantitativas demandadas pelo GRI, grande parte

das organizações relata a evolução quanto ao uso eficiente do recurso sendo medido. O

estabelecimento de metas anuais para as métricas designadas pelo GRI é prática comum

entre as empresas, conforme exemplo da tabela 5.

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Tabela 5: Acompanhamento de desempenho de indicadores ambientais Masisa

Fonte: Relatório Memória anual 2012 Masisa

Conforme exposto no quadro 10, o GRI estabelece seis indicadores específicos de

Biodiversidade de um total de dezenove indicadores ambientais gerais. Nesses, foram

mapeadas cento e dezoito iniciativas, o que representa 24% do total mapeado pelo

estudo.

Quadro 10: Indicadores GRI específicos de biodiversidade

Parâmetro Inputs e Outputs Cód.Total de iniciativas

mapeadas

Localização e tamanho de terras próprias, arrendadas,

administradas em ou adjacentes à áreas protegidas e

áreas de alto valor de biodiversidade fora de áreas

protegidas.

EN11 29

Descrição dos impactos significativos na biodiversidade

pelas atividades, produtos e serviços, dentro ou fora de

áreas protegidas.

EN12 23

Habitats protegidos ou restaurados. EN13 17

Estratégias, Ações atuais e planos futuros para gerir os

impactos na biodiversidade.EN14 37

Número de espécies IUCN Red List e da lista nacional de

conservação com habitats em áreas afetadas pelas

operações, por nível de risco de extinção.

EN15 9

Identidade, tamanho, status de proteção e valor da

biodiversidade de corpos d'água e habitats relacionados

significativamente afetados pelos descarregamentos e

o escoamento de água da organização.

EN25 3

TOTAL 118

Biodiversidade

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Percebe-se que a maioria dos indicadores específicos de biodiversidade são

aqueles classificados pelo TEEB (2010) como indicadores baseados em processo. Eles

medem a extensão em que as empresas adotam processos e sistemas de gestão que,

quando implantados de maneira efetiva, podem levar a melhorias de desempenho. Um

exemplo pode ser o número de locais que têm um plano de ação relacionado à

biodiversidade, ou a extensão com que as avaliações de impactos ambientais incorporam

os impactos e dependências da biodiversidade e serviços ecossistêmicos. A crítica a tais

indicadores é que fornecem um checklist das ações recomendadas, sem identificar se elas

estão efetivamente contribuindo para uma melhor gestão da BSE.

Conforme a literatura de indicadores de biodiversidade baseados em resultados for

evoluindo, a sua inclusão nos direcionamentos do GRI poderá representar um passo

importante na adequada gestão de BSE pelas organizações.

Apesar da utilidade dos indicadores GRI para criação de informações de nível 2 da

escala de Epstein e Roy (2003), somente um dos indicadores de todos os grupos

demanda algum tipo de dado financeiro. O EN30, total dos gastos com proteção ambiental

e investimento do tipo, foi responsável por 46 das 501 iniciativas mapeadas ao longo do

estudo. Isso significa que parte da amostra estudada já controla o total investido em

iniciativas ambientais.

De acordo com o Environmental Management Accounting (EMA), definido como a

identificação, coleta, análise e uso de informação para o processo decisório interno,

existem dois componentes importantes para uma gestão ambiental efetiva: (i) informação

física de uso, fluxos e destino de energia, água e materiais, incluindo desperdício (níveis 1

e 2 de Epstein e Roy, 2003); (ii) informações financeiras sobre os custos, ganhos e

economias relacionadas ao meio ambiente (níveis 3 e 4 de Epstein & Roy, 2003). O GRI já

se mostra bastante útil para a criação de componentes do tipo (i) e tem a oportunidade de

influenciar as organizações a incorporarem o componente do tipo (ii) em seus relatórios

anuais. O alcance de tal nível de informação poderia resultar na criação de business cases

em BSE e contribuir para a evolução dessa literatura e das práticas empresariais.

4.2) AS INICIATIVAS EM BSE E SUA ASSOCIAÇÃO COM O NÍVEL DE DESEMPENHO

FINANCEIRO CORPORATIVO

As matrizes com as iniciativas ambientais das 55 empresas estudadas resultou em

um total de 501 iniciativas mapeadas, sendo 173 classificadas como nível 1 de associação

com o desempenho financeiro corporativo, 314 como nível 2, 13 como nível 3 e 1 como

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nível 4. Os setores econômicos que tiveram mais classificações de nível 2 e 3 foram: setor

de energia elétrica (50 iniciativas níveis 2 e 3) e o setor de madeira e papel (44 iniciativas).

Na tabela 6 é possível verificar essa abertura por nível de associação com o

desempenho financeiro e setor econômico.

Tabela 6: Número de iniciativas ambientais mapeadas de acordo com o nível de

associação com o desempenho financeiro corporativo (Epstein & Roy, 2003)

O resultado deste conjunto de empresas indica que os relatórios publicados

dispõem de informações tanto qualitativas quanto quantitativas, porém raramente capazes

de prover uma visão estratégica clara de custo e benefício das ações. Dentre as 501

iniciativas mapeadas somente 3% (14 iniciativas) estão classificadas entre os níveis 3 e 4.

Esse resultado pode mostrar que as organizações estão empenhadas em gerir os

impactos ambientais que causam, porém ainda muito influenciadas por conformidade

legal. A incipiência da motivação econômica poderia ser explicada pelo fato do tema BSE

ser da área de conhecimento da Biologia, fora do escopo dos gestores. Por isso, torna-se

necessária a integração entre as áreas ambiental e financeira das empresas para a

criação de sistemas de informação e indicadores de desempenho adequados.

A despeito disso, muitas empresas parecem estar engajadas e focadas na redução

dos impactos ambientais como criação de valor para suas operações. O fato das

N1 N2 N3 N4

Agropecuária 5 11 1 0 17

Água e Saneamento 12 11 0 0 23

Alimentos Processados 11 23 0 0 34

Bebidas 6 17 0 0 23

Construção e Engenharia 6 12 0 0 18

Energia Elétrica 20 48 2 1 71

Madeira e Papel 24 42 2 0 68

Materiais Diversos 1 0 0 0 1

Mineração 26 36 4 0 66

Petróleo, Gás e Biocombustíveis 15 18 1 0 34

Produtos de Uso Pessoal e de Limpeza 20 31 1 0 52

Químicos 11 37 2 0 50

Siderurgia e Metalurgia 5 14 0 0 19

Transporte 11 14 0 0 25

TOTAL INICIATIVAS AMBIENTAIS MAPEADAS 173 314 13 1 501

SubsetorNível Epstein&Roy

Total

iniciativas GRI

por setor

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iniciativas se concentrarem no nível 2 mostra que as empresas já são capazes de

estabelecer métricas operacionais de suas iniciativas, ficando a poucos passos da sua

classificação como um business case.

Os resultados dos testes de hipóteses das proporções dos níveis 1 a 4 da escala

de Epstein & Roy (2003) nas 501 iniciativas em BSE das empresas da amostra estão

sintetizados na Tabela 7.

Tabela 7: Resultados do p-valor para as proporções dos quatro níveis de informação da

escala Epstein & Roy (2003) nas 501 iniciativas em BSE da amostra, com diversas

proporções teóricas (testes unicaudais, com α=5%).

Hipótese nula (H0) Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4

0% 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000

1% 0,0000 0,0000 0,0007 0,9606

2% 0,0000 0,0000 0,1348 0,9995

5% 0,0000 0,0000 0,9946 1,0000

10% 0,0000 0,0000 1,0000 1,0000

15% 0,0000 0,0000 1,0000 1,0000

20% 0,0000 0,0000 1,0000 1,0000

25% 0,0000 0,0000 1,0000 1,0000

30% 0,0126 0,0000 1,0000 1,0000

35% 0,5670 0,0000 1,0000 1,0000

40% 0,9933 0,0000 1,0000 1,0000

45% 1,0000 0,0000 1,0000 1,0000

50% 1,0000 0,0000 1,0000 1,0000

55% 1,0000 0,0002 1,0000 1,0000

60% 1,0000 0,1021 1,0000 1,0000

Observa-se que a ocorrência dos níveis 3 e 4 na amostra não tem relevância

estatística, não sendo possível rejeitar a hipótese nula com proporções teóricas tão

pequenas como 1% (nível 4) e 2% (nível 3). Por outro lado, o nível 2, com informações

quantitativas físicas e operacionais, que podem gerar informações financeiras com algum

esforço adicional, não rejeita a hipótese nula até a proporção teórica de 55%, sugerindo

uma posição consistente nas iniciativas das empresas brasileiras líderes em

sustentabilidade.

A não-rejeição até a proporção teórica de 30% das informações de nível 1, de

natureza qualitativa, pode ter dupla interpretação: por um lado sugere algum envolvimento

inicial com o tema, por outro pode significar que informações genéricas, sem indicadores

quantitativos que os sustentem, podem ser uma forma das empresas marcarem presença

em um tema em que sua atuação não é consistente.

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A partir dessas constatações, é útil examinar os resultados do segundo grupo de

testes estatísticos, que verificou o nível mais alto de associação com o desempenho

financeiro corporativo que cada empresa conseguiu atingir nas suas informações públicas

sobre iniciativas em BSE. A Tabela 8 consolida esses resultados.

Tabela 8: Resultados do p-valor para a proporção das 55 empresas da amostra que

atingiram cada um dos quatro níveis de informação da escala de Epstein & Roy (2003),

com diversas proporções teóricas (testes unicaudais, com α=5%).

Hipótese nula (H0) Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4

0% 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000

1% 0,0000 0,0000 0,0000 0,1050

2% 0,0001 0,0000 0,0000 0,3013

5% 0,0193 0,0000 0,0015 0,7681

10% 0,3096 0,0000 0,0944 0,9784

15% 0,7372 0,0000 0,4449 0,9986

20% 0,9424 0,0000 0,7975 0,9999

25% 0,9920 0,0000 0,9546 1,0000

30% 0,9993 0,0000 0,9934 1,0000

35% 1,0000 0,0000 0,9994 1,0000

40% 1,0000 0,0000 1,0000 1,0000

45% 1,0000 0,0000 1,0000 1,0000

50% 1,0000 0,0002 1,0000 1,0000

55% 1,0000 0,0022 1,0000 1,0000

60% 1,0000 0,0175 1,0000 1,0000

65% 1,0000 0,0874 1,0000 1,0000

70% 1,0000 0,2827 1,0000 1,0000

Observa-se, novamente, a irrelevância estatística do nível 4, com não-rejeição da

hipótese nula com proporção teórica de apenas 1%. Apenas uma empresa, do setor

elétrico (Cemig), relatou iniciativa em BSE neste nível, plenamente associada com o

desempenho financeiro corporativo.

O cenário ficou um pouco mais favorável quando examinado o nível 3, em que a

hipótese nula é rejeitada a partir de proporções teóricas superiores a 8%. Na amostra, as

informações de oito empresas, em seis setores, alcançaram esse nível: Braskem,

Celulose Irani, Fibria, Monsanto, Natura, Petrobras, Samarco e Vale. Chama a atenção o

fato de que todas estão presentes em rankings e índices de sustentabilidade tradicionais

ou têm suas atividades principais fortemente ligadas ao uso de recursos naturais e a

impactos ambientais relevantes.

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Todas as empresas da amostra tiveram ao mesmo uma iniciativa em BSE

registrada em suas informações corporativas públicas, mas 6 delas adotaram apenas

abordagem qualitativa ou descritiva. Com isso, a rejeição da hipótese nula para o nível 1

se deu a partir da proporção teórica de 7%.

A rejeição da hipótese nula para o nível 2 só ocorreu a partir da proporção teórica

de 63%. Isto sugere que boa parte das empresas líderes em sustentabilidade já alcançou

um estágio de monitoramento de suas iniciativas em BSE que permite associação com o

desempenho financeiro corporativo, sendo necessário algum esforço adicional de

precificação de indicadores operacionais e físicos. Foram 40 empresas na amostra, de

diversos setores, limitadas ao nível 2 da escala de Epstein e Roy (2003).

Foram encontrados relatórios de qualidade entre os diferentes setores. A

sequência de quadros, de números 11 a 20, reúne as principais iniciativas ambientais

coletadas por meio do estudo dos relatórios anuais das 55 empresas da amostra. Nele,

buscou-se identificar a iniciativa ambiental relevante, associar o impacto econômico

evidenciado nos relatórios das empresas e, a despeito de sua natureza quantitativa ou

qualitativa, traduzir seu efeito econômico para o método de fluxo de caixa.

No apêndice 8 é possível encontrar mais detalhes sobre os quadros 11 a 20 como

por exemplo: a empresa responsável pela iniciativa, o nível de associação com

desempenho financeiro em que a iniciativa foi classificada e um indicativo sobre se a

iniciativa está relacionada a PSE ou não.

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- 68 -

Quadro 11: Setor de Alimentos - principais iniciativas ambientais e seus impactos no fluxo de caixa

Quadro 12: Setor Produtos de uso pessoal e limpeza - principais iniciativas ambientais e seus impactos no fluxo de caixa.

Práticas socioambientais Impactos Econômicos Reflexos no fluxo de caixa

Logística Reversa.

Retorno do óleo vegetal utilizado pelos seus

consumidores que é transformado em sabão com 95%

de biodegradabilidade ou em biocombustível que

reduz a emissão de GEE.

- Receitas - venda de coproduto

- Receitas - venda de crédito de

carbono

- Receitas - venda de produtos

- Receitas - renda de cota de

destinação adequada (CDA) na BVRio.

Pecuária integrada de baixo carbono.

Aumento da produtividade;

Menor necessidade de conversão de novas áreas de

floresta em pastagem por meio da assistência técnica

e orientação dos pecuaristas para adotar boas práticas

agropecuárias recomendadas pela Embrapa Gado de

Corte.

- Custos

- Imobilizações / Ativo diferido -

Terrenos

Resíduos industriais para geração de

energia térmica.

O sebo proveniente do processamento de aves e o

conteúdo ruminal bovino em substituição ao

combustível não renovável;

Redução das emissões de GEE provenientes do

tratamento de efluentes.

- Custos - energia elétrica

- Receitas - venda de crédito de

carbono

Substituição da queima de carvão

por queima de sementes.

Queima de cerca de 8.000 t de sementes por ano

deixando de usar 4.500 t de carvão;

Redução de custos em 800 mil dólares por menor

custo com eliminação do milho e menor compra de

carvão.

- Custos - insumo

- Custos - manutenção

Parceria entre empresas e

fazendeiros em prol de práticas

produtivas mais sustentáveis.

Aumento da produtividade por meio do programa de

repasse aos agricultores das melhores técnicas

agrícolas que vão desde escolha de sementes, plantio

até colheita.

- Custos

Práticas socioambientais Impactos Econômicos Reflexos no fluxo de caixa

Projeto FreePacking.

Fornecedor de frascos de vidro permite reutilizar de

oito a dez vezes as caixas e embalagens que

envolvem os frascos.

Redução de custo equivalente à 12.057.283 caixas.

- Custos - insumo

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Quadro 13: Setor Energia elétrica - principais iniciativas ambientais e seus impactos no fluxo de caixa.

Práticas socioambientais Impactos Econômicos Reflexos no fluxo de caixa

Medidas de controle: conscientização

dos empregados, substituição de

equipamentos hidráulicos antigos,

utilização de arejadores nas torneiras,

entre outras.

Redução do consumo administrativo de água de

24% em relação a 2011. - Custos - água

Operação de duas novas torres de

resfriamento para aumento da

eficiência do sistema de resfriamento

da planta.

Redução de 31% no consumo de água nos

últimos 4 anos. - Custos - água

Produção de sementes e mudas para

revegetação de áreas protegidas.

Gastos com reflorestamento como

condicionante à licença de operação.

- Imobilizações / Ativo diferido -

reflorestamento de áreas

degradadas;

- Receitas - venda de cota de

reposição florestal (BVRio).

Programa de Eficiência Energética por

meio da substituição de chuveiro por

sistema de aquecimento solar: 6000

sistemas implementados.

11.8 MM investidos;

Economia de energia 1.807 Mwh/ano;

Emissões evitadas 124 t CO2 e.

- Custos - energia elétrica;

- Receitas - venda de crédito de

carbono.

Gerenciamento de resíduos.

1.48 MM investidos para gerenciamento de

resíduos;

26.319 t de resíduos e material industrial

alienado ou reciclado;

Receita gerada de 8.4MM.

- Custos - armazenamento e

transporte de resíduos;

- Despesas - contingência

ambiental;

- Receitas - venda de cota de

destinação adequada (BVRio).

Manejo integrado de vegetação em

faixas de passagens de linha de

transmissão.

Investimento 5MM;

Redução 34 % dos desligamentos (interrupções

de energia) causados pelo contato com as

árvores;

- Receitas - venda de produtos

- Custos - podas.

Programa de reflorestamento ciliar em

parceria com proprietários rurais e

com o Ministério Público.

Efetivação de 74,2 he de matas plantadas no

entorno de 8 reservatórios de usinas;

Produção de sementes e mudas.

- Receitas - venda de produtos

- Custos - manutenção

-Receitas - venda de cota de

reposição florestal (BVRio).

Coproduto cinzas utilizado para

produção de cimento.

As cinzas geradas pela combustão de carvão no

processo de geração de energia nas usinas

termelétricas servem para a indústria

cimenteira como insumo do cimento pozolânico

substituindo o calcário em sua composição.

- Receitas - venda de coproduto

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- 70 -

Quadro 14: Setor Madeira e Papel - principais iniciativas ambientais e seus impactos no fluxo de caixa.

Práticas socioambientais Impactos Econômicos Reflexos no fluxo de caixa

Plantio de árvores.

Restauração da mata atlântica;

Previsão de plantio de 200 milhões de árvores em 150 mil

hectares nos próximos 10 anos;

Investimento de R$ 3bi.

- Receitas - venda de cota de reserva

ambiental (CRA) na BVRio;

- Despesas - reflorestamento de

áreas degradadas.

Reciclagem.

Lama de cal, cinza de biomassa, dregs e grits são resíduos

reaproveitados como corretivo de solo;

Economia na compra de calcário e outros fertilizantes

minerais;

65.150 t recicladas gerou uma economia de R$ 9,85

milhões.

- Custos - insumos

Corredores Ecológicos(CE);

árvores-ponte (AP); mosaico de

colheita (MC); dormitórios de

psitacídeos (DP).

CE - faixas de plantios de eucalipto destinadas à conexão

de fragmentos de mata nativa contribuem para o

deslocamento dos animais da região; AP - manutenção de

árvores em pé nas áreas de colheita de eucalipto para

facilitar o deslocamento das aves entre fragmentos de

mata nativa; MC - manutenção de talhões de eucalipto em

pé enquanto outros são colhidos numa mesma região, de

forma a manter a estabilidade ambiental; DP - alguns

talhões de eucalipto são utilizados por grupos de

psitacídeos para pouso e dormitório.

- Receitas - venda de produtos

Gerenciamento de resíduos.

Utilização do lodo resultante do processo de

branqueamento de fibras recicladas em olarias de

cimento ou na caldeira de biomassa.

- Receitas - venda de coproduto

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- 71 -

Quadro 15: Setor Materiais e construção - principais iniciativas ambientais e seus impactos no fluxo de caixa.

Práticas socioambientais Impactos Econômicos Reflexos no fluxo de caixa

Gerenciamento de resíduos.

Aproveitamento de restos de concreto, argamassa,

alvenaria, cerâmica podem compor misturas como de

argamassa para assentamentos, revestimentos e contra

pisos.

6.500 m3 de resíduos aproveitáveis dos canteiros de

obra correspondentes a 1.625 caçambas de plástico e

papel.

- Receitas - venda de coproduto

Gerenciamento de resíduos

Destinação dos resíduos de madeira das obras a uma

empresa que os transforma em biomassa para produção

de energia limpa.- Receitas - venda de coproduto

Logística Reversa.Devolução de entulho para produção de blocos

estruturais.

- Receitas - venda de coproduto

- Receitas - venda de cota de

destinação adequada (CDA) na

BVRio.

Reciclagem de Gesso.Reciclagem de 558,4 t que produziram 11.167 t de

cimento. - Receitas - venda de coproduto

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- 72 -

Quadro 16: Setor Metalurgia - principais iniciativas e seus impactos econômicos no fluxo de caixa.

Práticas socioambientais Impactos Econômicos Reflexos no fluxo de caixa

Construção de cinturões

verdes e barreiras vegetais

ao redor dos pátios

produtivos.

Redução da suspensão de material particulado;

Redução da velocidade com que os ventos incidem nas

pilhas de matérias-primas por meio de adubação e

realização de novos plantios de modo a enriquecer

floresta existente, aumentando sua diversidade

florestal, sustentabilidade e eficácia na redução de

materiais particulados suspensos.

- Custos - insumo

Mecanismo de

desenvolvimento limpo

(MDL).

Projeto de cogeração de energia elétrica pela

reutilização de gases da aciaria, resultando na

aprovação pelo Comitê executivo das nações unidas

para a comercialização de um segundo lote de créditos

de carbono;

Venda de 140 mil t de CO2 no valor de 3,34 milhões de

reais.

- Custos - energia elétrica

- Receitas - venda de crédito de

carbono

Fechamento do circuito de

águas para reciclagem e

reaproveitamento.

Investimento em avançados sistemas fechados de

tratamento e recirculação de água trazendo economia

de 2 trilhões de litros de água;

Menores impactos ambientais.

- Imobilizações / Ativo diferido -

instalações Fabris

- Custos

Sistema de despoeiramento.

Captação de partículas sólidas geradas no processo de

produção de aço, que posteriormente são

transformadas em coprodutos utilizados em outro

segmento da indústria.

- Receitas - venda de coproduto

- Custos

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- 73 -

Quadro 17: Setor Mineração - principais iniciativas ambientais e seus impactos no fluxo de caixa.

Práticas socioambientais Impactos Econômicos Reflexos no fluxo de caixa

Substituição de combustível

fóssil por cavaco de madeira.

Redução de emissão de 22 mil t de CO2 com o mesmo

consumo de energia;

Economia de R$6 milhões por substituição de insumo.

- Receitas - venda de crédito de

carbono

- Custos - insumo

Instalação de barreiras de vento

nos pátios de estocagem de

pelotas e finos de minério de

ferro.

Investimento de R$ 88,6 MM;

67,1% de progresso na redução da emissão de

particulados nos pátios

- Imobilizações / Ativo diferido -

instalações fabris

Fechamento do circuito de águas

para reciclagem e

reaproveitamento.

Investimento de R$ 90MM em tanques de decantação,

rampas, bomba, tubulação e caixas d'água em fibras e

gestão de recursos hídricos em geral;

Reaproveitamento da água resultante da limpeza dos

caminhões;

Reuso da água nos processos de concretagem, com

economia de 3,2 milhões de m3 de água;

70% da água consumida nos processos produtivos vem

de reuso (953 bilhões de litros de água).

- Custos - água

- Imobilizações / Ativo diferido -

instalações fabris

Guia de fechamento de minas.82MM investidos em fechamento de minas;

Disponibilização de terreno para usos alternativos.

- Despesas - contingência ambiental

- Imobilizações / Ativo diferido -

instalações fabris

Incentivo à melhoria da gestão

ambiental e ao

desenvolvimento de economias

municipais sustentáveis;

Apoio à conservação de áreas

protegidas e sua biodiversidade;

Monitoramento estratégico do

bioma.

Redução de 40% na taxa de desmatamento no Pará

(2009-2011);

Área de floresta que deixou de ser suprimida equivale a

1000 Km2.

- Receitas - venda de cota de reserva

ambiental (CRA) na BVRio

- Despesas - reflorestamento de

áreas degradadas

Reaproveitamento do fino de

minério de ferro depositado nas

barragens após o processo de

beneficiamento.

Investimento em dragas, baias, planta de

repeineramento

Reprocessamento do material e reincorporação à

produção mineral;

Total de 2,5 milhões t de finos reprocessados.

- Imobilizações / Ativo diferido -

instalações fabris

- Custos - insumo

Sistema de gestão de barragens

e pilhas.

Reaproveitamento da escória para geração de

coprodutos;

Receita com a venda dos coprodutos para indústrias de

construção civil, pavimentação e de fertilizantes:

cimento, cerâmica e outros agregados.

Lucro médio de USD 88k pelo gerenciamento adequado

dos resíduos e seus coprodutos.

- Imobilizações / Ativo diferido -

instalações fabris

- Receitas - venda de coproduto

Tecnologia de peneiramento por

meio da umidade da mina.

Economia de 19,7 bi de litros de água anuais;

Redução do consumo de energia em mais de 18k

MW/ano;

Evita construção de barragens de rejeitos.

- Custos - água

- Custos - energia elétrica

- Imobilizações / Ativo diferido -

terrenos

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Quadro 18: Setor Petróleo e gás - principais iniciativas ambientais e seus impactos no fluxo de caixa.

Quadro 19: Setor Saneamento básico - principais iniciativas ambientais e seus impactos no fluxo de caixa.

Quadro 20: Setor Transporte - principais iniciativas ambientais e seus impactos no fluxo de caixa.

As 14 iniciativas mapeadas nos níveis 3 e 4 foram oriundas dos setores de

agropecuária, energia elétrica, madeira e papel, mineração, óleo e gás, produtos de uso

pessoal e limpeza e químico. As empresas responsáveis pela iniciativas foram Monsanto,

Cemig, Irani, Fibria, Vale, Samarco, Petrobrás, Natura e Braskem. Pode-se dizer que

essas empresas e setores foram destaque em termos de engajamento em iniciativas de

BSE.

Práticas socioambientais Impactos Econômicos Reflexos no fluxo de caixa

Produção de biocombustível (etanol) a

partir do bagaço da cana.

Aumento de 40% do potencial de produção do

etanol por área plantada;

Menor custo de insumo, por se tratar de um

subproduto.

- Imobilizações / Ativo diferido -

pesquisa & desenvolvimento e

terrenos

- Custos - insumo

Proclima - Programa tecnológico para

mitigação de mudanças climáticas.

Recebimento de recursos pela negociação de

créditos de carbono.

- Receitas - venda de créditos de

carbono

- Imobilizações / Ativo diferido -

instalações fabris

Reuso de efluente no sistema de

resfriamento com o seu emprego no

processo de dessalinização por eletro

diálise reversa.

Economia de 293 mil m3 de água. - Custos - água

Estação de tratamento de despejos

industriais.

Economia potencial de 2,6MM m3 de água por

ano.- Custos - água

Práticas socioambientais Impactos Econômicos Reflexos no fluxo de caixa

Aproveitamento do biogás gerado a

partir do tratamento de esgotos para

geração de energia.

Proteção dos lençóis freáticos;

Economia de energia elétrica. - Custos - energia elétrica

Gerenciamento de resíduos.

Transformação do lodo produzido na estação de

tratamento de esgoto em composto agrícola;

Compostagem de 70 t diárias, redução de 58% dos

custos operacionais de tratamento e disposição

final do lodo.

- Receitas - venda de coproduto

- Custos - manutenção

- Receitas - venda de cota de

destinação adequada (CDA) BVRio.

Práticas socioambientais Impactos Econômicos Reflexos no fluxo de caixa

Tecnologia de asfalto morno.

Redução das emissões de GEE por meio de um

processo de pavimentação em que a temperatura

utilizada na usina para a mistura dos agregados é

reduzida significativamente.

- Custos - energia elétrica

- Receitas - venda de crédito de

carbono

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Em termos de qualidade de informações publicadas em relatórios anuais, o

presente estudo destacaria os setores de alimentos, energia elétrica e mineração. Essa

classificação se deu a partir de uma compilação das 41 iniciativas mapeadas no apêndice

8, o que resultou no quadro 11 com um resumo da origem das 41 iniciativas por setor e

empresa. Os três setores citados respondem por 51% das iniciativas ambientais

selecionadas por relevância.

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Quadro 21: Resumo por empresa e setor das principais iniciativas ambientais mapeadas.

Setor econômico EmpresaRef. da iniciativa

mapeada no Apêndice 8

Nível de associação com o

desempenho financeiro

Total iniciativas

por setor

Bunge 1 2

JBS 2 2

JBS 3 1

Monsanto 4 3

Nestlé 5 1 5

Cosméticos O Boticário 6 2 1

Cemig 7 2

Cemig 8 2

Cemig 9 1

Cemig 10 3

Cemig 11 4

Cemig 12 2

Cemig 13 2

Tractebel 14 2 8

Fibria 15 2

Fibria 16 3

Fibria 17 2

Kimberly-clark 18 2 4

Cyrela19 2

Even 20 1

Even 21 1

Even 22 2 4

Arcelor 23 1

Arcelor 24 2

Gerdau 25 2

Gerdau 26 1 4

Anglo American 27 2

Samarco 28 3

Vale 29 3

Vale 30 2

Vale 31 1

Vale 32 2

Vale 33 3

Vale 34 2 8

Petrobrás 35 2

Petrobrás 36 1

Petrobrás 37 2

Petrobrás 38 2 4

Saneamento BásicoSabesp

39 1

Sabesp 40 2 2

Transporte CCR 41 1 1

TOTAL 41

Petróleo e Gás

Materias e

Construção

Madeira e Papel

Energia Elétrica

Alimentos

Metalurgia

Mineração

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A Cemig foi a única empresa que forneceu uma iniciativa de nível 4. Nela menciona

um programa de gerenciamento de resíduos com investimento de BRL 1,48 milhões

responsável pela reciclagem ou alienação de 26.319 toneladas de resíduos e material

industrial e pela geração de receita de BRL 8,4 milhões. Tal iniciativa foi classificada como

nível 4 por fornecer as informações monetárias de investimento e receita gerada,

atrelando o impacto na operação (reciclagem).

Foram encontradas iniciativas de nível 2 e 3 que, embora não tenham fornecido

todas as informações monetárias, ficaram a poucos passos de se tornarem um nível 4. Por

exemplo, a iniciativa de referência 29 no apêndice 8, da Vale, sobre o fechamento do

circuito de águas para reciclagem e reaproveitamento, fornece os seguintes dados:

1) Investimento de BRL 90 milhões em tanques de decantação, rampas, bomba,

tubulação e caixas d’água em fibras e em gestão de recursos hídricos em geral;

2) Ação: reaproveitamento da água resultante da limpeza dos caminhões, reúso da

água nos processos de concretagem

3) Benefício: economia de 3,2 milhões de m3 de água com a concretagem e reuso de

953 bilhões de litros de água nos processos produtivos (o que corresponde a 70% da

demanda por água).

Nesse caso, a ação foi melhor detalhada do que aquela classificada como nível 4,

faltando somente o valor monetário do total de água economizada com o investimento.

Assumindo o custo médio para o metro cúbico da água de R$2,9933, o benefício monetário

seria de BRL 2,9 bilhões por ano. E dessa maneira, uma informação de nível 3 poderia ser

rapidamente transformada em nível 4.

Da mesma maneira, a iniciativa de referência 4, da JBS, relacionada à substituição

da queima de carvão por queima de sementes fornece os seguintes dados:

1) Ação: queima de 8.000 toneladas de sementes por ano em substituição à 4.500

toneladas de carvão

2) Benefício: redução de custos de USD 800 mil por menor quantidade de carvão

consumida e menor custo de eliminação de milho não aproveitável.

Nesse caso, a empresa poderia ter registrado o investimento necessário para a

posse dos equipamentos de queima das sementes e geração da energia térmica, assim

como do possível espaço demandado para colocar essa operação em atividade.

33 Fonte: http://exame.abril.com.br/economia/noticias/sabesp-defende-tarifa-media-de-r-3-38-m3

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Por mais que as informações de nível 1 sejam as mais distantes de um business

case, algumas delas também foram incluídas no apêndice 8 com o objetivo de demonstrar

como essas poderiam se transformar em uma informação de nível 4. Por exemplo, a

iniciativa de referência 23, da Arcelor, relacionada à construção de cinturões verdes e

barreiras vegetais ao redor dos pátios produtivos fornece os seguintes dados:

1) Ação: adubação e realização de novos plantios para enriquecimento da floresta

existente;

2) Benefício: redução da velocidade com que os ventos incidem nas pilhas de matérias-

primas e, consequentemente, dos materiais particulados suspensos, além do aumento da

diversidade florestal e sustentabilidade.

Com a adição das informações abaixo, a informação de nível 1 poderia se

transformar em nível 3:

3) Investimento: custos incorridos para construção dos cinturões verdes como compra

de mudas de árvores e força de trabalho contratada para plantio;

4) Benefício: quantidade e precificação dos materiais particulados retidos.

4.3) TENDÊNCIAS DE INICIATIVAS AMBIENTAIS E A ABORDAGEM DE PSE PELAS

ORGANIZAÇÕES.

Nota-se que há um esforço comum das organizações estudadas em fechar o ciclo

de suas operações de maneira que se atinja um impacto líquido positivo (NPI-net positive

impact) no meio ambiente e sociedade. Pouco mais da metade dos subsetores estudados,

oito dos quatorze, apresentaram iniciativas nessa direção: alimentos, energia elétrica,

madeira e papel, materiais e construção, metalurgia, mineração, petróleo & gás e

saneamento básico.

Grande parte visa à eliminação/reaproveitamento de desperdício, efluentes,

resíduos, circuito fechado da água e autossuficiência energética. A Anglo American, por

exemplo, realiza pesquisas em parceria com o Senai e a Embrapa para o aproveitamento

de escória de níquel em produtos para a construção civil e fertilizante. Os estudos testam

a resistência de produtos que utilizam a escória, comparando-os com aqueles produzidos

a partir de materiais mais tradicionais, como cimento e brita. Embora ainda em

andamento, os resultados devem trazer a análise de produtos que podem ser

manufaturados com o uso da escória de forma segura e economicamente viável.

Igualmente, a Dow Chemical investe em iniciativas para a redução de emissão de

resíduos sólidos enviados para aterros em Aratu (BA) e Jacareí (SP), levando a uma

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economia de R$158 mil por ano somente em Jacareí. Além disso, também recupera 100%

das embalagens junto ao consumidor final, sendo membro da InPEV (Instituto Nacional de

Processamento de Embalagens Vazias) que as coleta e dá o destino adequado a elas.

A Alcoa dedica-se ao coprocessamento do revestimento gasto de cubas em

fábricas de cimento, o que, além de reduzir as emissões atmosféricas e a necessidade de

aterro para dispor os resíduos sólidos, ainda traz vantagens para as fábricas de alumínio e

cimenteiras, sem causar qualquer efeito na produção e na qualidade do cimento.

Na Arcelor o foco é na redução do consumo de água industrial. Para isso foi

realizada a coleta e análise físico-química dos efluentes da usina para verificar a

possibilidade de aproveitamento e, em caso positivo, em qual processo da aciaria. Os

resultados apontaram a necessidade de tratamento físico (decantação e filtragem) para

que esse efluente pudesse ser utilizado nos sistemas de água industrial. Dessa forma, foi

construída uma miniestação de tratamento dentro da Aciaria, composta de células de

sedimentação, bombeamento e filtragem. O próximo passo será a replicação do projeto na

Laminação. Depois de concluído e totalmente em operação, a expectativa é que o projeto

gere uma redução no consumo de água de aproximadamente 156 mil m³ por ano.

Além disso, o reaproveitamento dos resíduos da produção de aço (10 milhões de

toneladas de aço geram 3,7 milhões de t de resíduos e coprodutos) é superior a 95%, bem

acima da média do setor, de 80%. Em 2011, esse reaproveitamento gerou uma receita

total de R$ 142,37 milhões. A Arcelor Mittal Aços Longos obteve uma receita líquida de R$

32,9 milhões com a venda de coprodutos. Já a Arcelor Tubarão (média de 99,2% de

aproveitamento de resíduos e coprodutos) teve receita de R$ 109,47 milhões com a

comercialização de gases, energia elétrica e coprodutos. Desse total, R$ 61,2 milhões

correspondem à comercialização de 2,47 milhões toneladas de coprodutos.

A partir de tais dados observa-se o esforço de algumas empresas em fechar o ciclo

de produção com o mínimo desperdício e o máximo de reaproveitamento. Além de trazer

inúmeros benefícios ao meio ambiente, como a redução da pressão por área de aterro

sanitário, ainda é capaz de trazer receitas na ordem de R$ 92,1 MM, como foi o caso da

AMBEV, em 2011.

Outra tendência observada é o estabelecimento de parceria intersetorial para

ações ambientais. A Alcoa (setor Mineração) e a Ambev (setor de Bebidas) desenvolvem

um projeto para reaproveitar, nas operações da refinaria Alumar, parte dos 3.100 m3 de

água que a cervejaria trata em sua estação de tratamento de efluentes Industriais e

descarta no Rio Pedrinhas, no Maranhão. Tal iniciativa levou à economia de 2.100 m3 de

água, pela Alcoa no ano de 2012.

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Outro exemplo é o da JBS, que realizou uma parceria, em 2013 com a rede

varejista Walmart Brasil, sendo a primeira empresa no segmento de carnes a participar do

Programa Sustentabilidade de Ponta a Ponta, que teve como principal foco a análise do

ciclo de vida do hambúrguer Friboi. O projeto possibilitou à companhia reduzir o uso de

recursos naturais na produção do hambúrguer, com a redução de 21% no consumo de

água, corte de 13% em energia e aumento de 214% na recuperação de subprodutos, que

são destinados a outras iniciativas. Além disso, a geração de resíduos sólidos diminuiu em

80% e o consumo de lenha nas caldeiras industriais reduziu em 19%. Com as inovações

aplicadas na produção do hambúrguer Friboi, a JBS reduziu suas emissões de CO2

equivalente relacionadas ao processo de tratamento de efluentes em 87%.

Já em relação ao indicador ambiental relacionado à Biodiversidade, notou-se que

os benefícios proporcionados pela mesma ainda são desconhecidos pela maioria das

empresas. Dentre as iniciativas listadas, grande parte está ligada ao cumprimento de

exigências legais, sendo descritas apenas qualitativamente. Por exemplo, as empresas do

setor de Saneamento Básico empenham ações voltadas para a proteção da Ictiofauna:

programa de monitoramento que inclui campanhas de inspeção regulares, para

comparação de resultados entre a fase de implantação e a fase de operação da usina. Já

a Anglo American detém 158m2 de habitats protegidos ou restaurados e ainda 3000

mudas nativas plantadas em 2012. Embora representem iniciativas relevantes, um

potencial investidor poderia querer entender melhor de que maneira essas ações

influenciam o negócio.

Nesse sentido o apêndice 8 e os quadros 11 à 20 buscam, a partir do

conhecimento reunido na revisão de literatura, relacionar de que maneira essas ações

classificadas como nível 1 se conectam com a criação de valor para a empresa. No caso

da proteção da ictiofauna, por exemplo, a iniciativa pode ter influência na redução do risco

de conformidade legal e na garantia de qualidade da água e do regime hidrológico natural,

por meio da limitação do deslocamento de espécies migratórias que reduz a perda biota

aquática.

Além disso, também foram atreladas às ações desses quadros as possibilidades

de comercialização de cotas de reserva ambiental, reposição florestal, destinação

adequada e de carbono como oportunidade de geração de receita para a companhia. Tais

fatos seriam viáveis graças ao mercado em desenvolvimento que está sendo criado pela

Bolsa Verde do Rio de Janeiro.

O estágio de desenvolvimento para os indicadores específicos de biodiversidade

pode ser retratado pela descrição qualitativa de abordagem integrada feita pela Fibria e

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Anglo American, exibido nos quadros 12 e 13. Essas empresas fizeram um estudo sobre

os impactos de suas atividades na Biodiversidade, que pode ser o primeiro passo para

uma posterior conexão do controle de tais impactos com a geração de valor para a

organização.

Quadro 22: Mapeamento dos impactos em Biodiversidade da Fibria

Fonte: Relatório de sustentabilidade 2012, Fibria.

Quadro 23: Mapeamento dos impactos em Biodiversidade da Anglo American

Fonte: Relatório à sociedade 2012, Anglo American.

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Adicionalmente, a Masisa descreve diversas parcerias com universidades para

adequada gestão da biodiversidade e afirma que o projeto de plantações de nova geração

para o manejo sustentável promove uma nova forma de projetar e gerir as plantações,

gerando crescimento econômico, emprego e mantendo a integridade dos ecossistemas e

biodiversidade. Nesse caso, a empresa fornece um direcionamento de criação de valor,

porém não dá detalhes suficientes para o leitor.

No que se refere à menção clara a pagamentos por serviços ecossistêmicos, ainda

verifica-se a incipiência do tema na iniciativa privada. Dentre os 55 relatórios estudados,

apenas 15 iniciativas se aproximaram de um esforço nessa direção e 4 foram utilizadas,

no quadros 11 a 20 como seleção das principais iniciativas ambientais. As quatro

iniciativas foram classificadas como nível 1 ou 2 nos subsetores de energia elétrica,

alimentos e metalurgia, representados pelas empresas Cemig, Nestlé, JBS e Arcelor.

A JBS investe na pecuária integrada de baixo carbono por meio da assistência

técnica e orientação dos pecuaristas para adotar boas práticas agropecuárias

recomendadas pela Embrapa gado de corte. O programa resultou no aumento da

produtividade por meio da redução de uso de terra, de 1 para 3 animais por hectare.

Nesse caso os gestores do ecossistema não recebem o pagamento em dinheiro, mas em

orientação técnica para a liberação de terra para provisão de outros serviços

ecossistêmicos igualmente importantes para a JBS.

A Cemig conta com um programa de reflorestamento ciliar em parceria com

proprietários rurais e com o Ministério público. O resultado foi de 74,2 hectares de matas

plantadas no entorno de oito reservatórios de usinas que contribuíram para a qualidade do

produto final. Em ambos os casos percebe-se que as empresas ainda não aderiram ao

pagamento monetário aos donos de terra, mas somente ao estabelecimento de parcerias

e treinamentos que os influenciem na adoção de práticas mais sustentáveis.

A Basf, organização do setor químico, também parece estar engajada no assunto.

Em 2011, a empresa participou do programa Produtor de Água que incentiva a proteção e

a disponibilidade de água nas bacias hidrográficas do município de Guaratinguetá (Brasil).

A empresa é parceira oficial do projeto e integra seu Comitê Gestor, contribuindo com

recursos para a sua execução. O Produtor de Água é realizado na Bacia Hidrográfica do

Ribeirão de Guaratinguetá, principal manancial de abastecimento público do município e

também local onde são realizadas ações de recuperação de matas ciliares. Trata-se de

uma iniciativa voluntária de restauração do potencial hídrico e do controle da poluição do

meio rural. O programa prevê pagamentos aos produtores rurais que desenvolvem

práticas de conservação ambiental, como melhoria da cobertura vegetal, proteção de

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nascentes, combate à erosão e aumento da infiltração de água no solo. Esse tipo de

remuneração por serviços ambientais é uma ação pioneira no estado de São Paulo e tem

como base uma experiência bem-sucedida realizada em Extrema (Brasil). Os primeiros

pagamentos ocorreriam em março de 2012, em comemoração ao Dia da Água.

Já a COPASA cita PSE de forma indireta por meio da iniciativa para a recuperação,

proteção e preservação das sub-bacias dos mananciais que utiliza. Com a autorização do

proprietário da área onde está localizado o manancial, técnicos da empresa efetuam um

levantamento da situação da propriedade, de forma a identificar a necessidade de ação

ambiental a ser realizada para preservar o manancial, tais como: plantio de mudas nativas,

proteção de nascentes ou implantação de bacias de contenção de águas pluviais

(bolsões). Com o intuito de ampliar essas ações, também são realizadas oficinas de

educação ambiental e outras atividades educacionais, especialmente para promover o

engajamento dos proprietários rurais para que essas atividades tenham a continuidade

necessária.

A Tractebel desenvolve um projeto similar de proteção de nascentes, desenvolvido

em parceria com a Casa Familiar Rural (instituição de ensino que alterna atividades em

sala de aula e no campo). Em 2012, 182 nascentes foram protegidas, atingindo cerca de

60% do total do escopo do projeto, que envolve estudantes da zona rural da região, e o

benefício direto de 192 famílias.

A Fibria relata que se encontra em estágio de evolução quanto ao uso e aplicação

dos serviços ecossistêmicos. Nesse contexto, cita os SE’s que consome e que ajuda a

produzir, conforme trecho: “... Foi identificado como serviços ecossistêmicos consumidos a

fertilidade natural do solo, a utilização de resíduos industriais como fertilizantes e a água

consumida na indústria e nos plantios, entre outros. Já os serviços ecossistêmicos

produzidos incluem sequestro de carbono, regulação do clima, controle de erosão e

produção de eletricidade a partir da biomassa...”. Além disso, se encontra em processo de

busca e compreensão de modelos de valoração de serviços ambientais. O The Nature

Conservancy e o grupo Votorantim industrial iniciaram uma análise de aplicabilidade, para

o negócio da Fibria, de ferramentas de valoração de serviços ambientais como o Invest e

o ESR.

A Danone não somente descreve de que maneira reconhece os serviços

ecossistêmicos dos quais depende como também descreve de que maneira suas ações

influenciaram na preferência dos consumidores por seus produtos:

“... Para preservar a sua fonte natural de água mineral, a marca Villavicencio protege sua

reserva natural circundante de 72.000 hectares (178.000 acres) e sua rica biodiversidade.

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Em parceria inovadora com a ONG Banco de Bosques para implantar a operação "Deja tu

Huella" ("deixe sua marca"), permite que os consumidores participem na criação de uma

nova reserva natural na região do Chaco, um enorme reservatório de biodiversidade de

250.000 hectares (618.000 acres), o lar de espécies de anta e onça em extinção. Por cada

garrafa comprada, a Villavicencio compromete-se a proteger um metro quadrado de

reserva. As ações também são tomadas para informar o público sobre os perigos do

desmatamento e da importância da biodiversidade no ecossistema local. Os resultados

são convincentes, com cerca de 2.200 hectares (5.400 acres) protegidos, participação

ativa do público no projeto e aumento da preferência do consumidor pela marca

Villavicencio. Em 2013, em parceria com a ONG local Pronatura Sur, a Bonafont também

desenvolveu um projeto de restauração de manguezais ao longo das costas mexicanas

devastadas pelo furacão em Chiapas e Oaxaca, voltada principalmente para replantar

árvores. O projeto também ajudou a aumentar os recursos haliêuticos do mangue, o que

contribui para garantir os rendimentos de 5.500 pescadores da região...”.

Dessa forma, percebe-se que algumas das empresas brasileiras líderes em

sustentabilidade já conhecem e praticam o conceito de PSE, com destaque para os

subsetores de alimentos, energia elétrica, químico e madeira e papel. No entanto, da

mesma maneira que se concluiu para os demais indicadores de BSE, ainda é necessário

evoluir nas métricas qualitativas e quantitativas e na tradução da geração de valor das

iniciativas em fluxos financeiros.

4.4) PROPOSIÇÃO DE UM MODELO FINANCEIRO PRELIMINAR PARA AVALIAÇÃO

DE INICIATIVAS EMPRESARIAIS EM BSE

A partir dos impactos econômicos identificados como decorrentes das iniciativas

ambientais selecionadas, conforme quadro 11 a 20 e apêndice 8, foi construído um

modelo preliminar de avaliação financeira de empresas aplicável aos 14 subsetores

estudados (madeira e papel, materiais diversos, mineração, produtos de uso pessoal e

limpeza, água e saneamento, alimentos processados, químicos, agropecuária, siderurgia e

metalurgia, bebidas, petróleo, gás e biocombustíveis, transporte, construção e engenharia

e energia elétrica).

O modelo proposto é composto por linhas indicativas dos recursos empregados

pelas empresas em práticas socioambientais, bem como por linhas que refletem o retorno

gerado para as empresas em função dessas práticas. Uma vez identificados esses

impactos, a despeito de sua natureza descritiva ou quantitativa, traduziu-se seu efeito

econômico para o método de fluxo de caixa. Desta forma, procurou-se expressar os

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impactos das práticas socioambientais em três categorias: recebimentos, desembolsos

operacionais e investimentos corporativos34. Para tanto, foi adotado como referência o

modelo de fluxo de caixa apresentado no quadro 14.

Quadro 24: Cálculo do fluxo de caixa livre para empresa

Fonte: MARTELANC, PASIN E PEREIRA (2010)

No quadro 25 é apresentado o modelo proposto baseado no apêndice 8.

34 Optou-se pelo agrupamento dos itens que resultam no cálculo do fluxo de caixa livre em apenas três categorias para facilitar a apresentação do modelo. Em síntese, este cálculo permite estimar os recursos disponíveis para os proprietários e financiadores da empresa. Ademais, é importante ressaltar que há diferenças entre o lucro líquido e o fluxo de caixa, tais como eventuais diferenças temporais entre receitas e recebimentos, bem como entre custos e despesas e desembolsos. Uma fonte de consulta para aprofundamento do assunto é o livro “Avaliação de empresas” de Roy Martelanc, Rodrigo Pasin e Fernando Pereira (2010).

(+) Receitas

(-) Custos

(-) Depreciação

(-) Despesas operacionais

(-) Imposto de renda sobre operações

(=) Lucro Operacional após Imposto de renda

(+) Depreciação

(-) Imobilizações

(-) Aumento de capital de giro

(=) Fluxo de caixa livre para empresa

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Quadro 25: Modelo preliminar de avaliação econômica das iniciativas de BSE.

(+) Recebimentos

Receitas - venda de coproduto

Receitas - venda de crédito de carbono

Receitas - venda de produtos

Receitas - venda de cota de destinação adequada (BVRio)

Receitas - venda de cota de reposição florestal (BVRio)

Receitas - venda de cota de reserva ambiental (BVRio)

(-) Desembolsos operacionais

Custos - energia elétrica

Custos - insumo

Custos - manutenção

Custos - água

Custos - armazenamento e transporte de resíduos

Custos - podas

Despesas Operacionais - água

Despesas - contingência ambiental

Despesas - desenvolvimento de comunidades locais

(=) Fluxo de caixa operacional

(-) Investimentos

Imobilizações / Ativo diferido - Equipamentos agrícolas

Imobilizações / Ativo Diferido - Equipamentos florestais

Imobilizações / Ativo diferido - Instalações fabris

Imobilizações / Ativo diferido - Pesquisa e desenvolvimento

Imobilizações / Ativo diferido - Terrenos

Imobilizações / Ativo diferido - reflorestamento de áreas degradadas

(=) Fluxo de caixa livre para a empresa

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4.5) TESTE DO MODELO

Após a proposição do modelo que incorpora as iniciativas de BSE à avaliação

econômica das empresas, foi testada a sua aplicação a partir de dois exemplos extraídos

do conjunto de iniciativas mapeadas nos quadros 12 a 21. Foi escolhido um exemplo

classificado como nível 4 de integração com o desempenho financeiro e outro classificado

como nível 3, ambos da empresa Cemig, setor de energia elétrica. O quadro 26 exibe os

dois exemplos:

Quadro 26: Exemplos escolhidos para teste do modelo.

Para efetuar o cálculo de VPL de tais iniciativas foi considerado um horizonte

hipotético de 10 anos e nenhum valor residual. Em relação ao custo de capital optou-se

pela utilização da taxa usual do setor/atividade. Por questões de escopo deste trabalho

não foi tratada a questão da taxa de desconto ambiental diferenciada, decorrente das

preferências das gerações futuras. Dessa forma buscou-se manter a credibilidade do

modelo preliminar perante as instituições financeiras, dada a incipiência da discussão.

A partir das informações compiladas no quadro 26, foi feito o cálculo de VPL com a

aplicação do modelo proposto na seção 4.4. Abaixo é possível verificar o racional de

cálculo e resultados:

Iniciativa de referência número 10, quadro 26:

Nesse caso foi necessário transformar as iniciativas classificadas como nível 3 de

integração com desempenho financeiro em nível 4. Para tal, as métricas operacionais,

como emissões de carbono evitadas (124t CO2 e) e economia de energia elétrica (1.807

Ref.Práticas

sócioambientaisImpactos Econômicos Benefício

Reflexos no fluxo

de caixaEmpresa Setor

Nível

E&R

10

Programa de Eficiência

Energética por meio da

substituição de

chuveiro por sistema de

aquecimento solar:

6000 sistemas

implementados.

11.8 MM investidos;

Economia de energia 1.807

Mwh/ano;

Emissões evitadas 124 t

CO2 e.

Redução no consumo de

energia (despesas

funcionais);

Acúmulo de créditos de

carbono.

- Energia elétrica

- Venda de crédito

de carbono

CemigEnergia

Elétrica3

11Gerenciamento de

resíduos.

1.48 MM investidos para

gerenciamento de

resíduos;

26.319 t de resíduos e

material industrial

alienado ou reciclado;

Receita gerada de 8.4MM.

Redução do volume de

material disposto em

aterros;

Redução da exposição a

passivos ambientais pela

gestão de resíduos;

Possível acúmulo de cota

por gestão adequada de

resíduos.

- Armazenamento e

transporte de

resíduos;

- Contingências

ambientais.

- Venda de cota de

destinação

adequada na

BVRio.

CemigEnergia

Elétrica4

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Mwh/ano), em informações monetárias. Os dados abaixo foram utilizados para a

conversão:

1) Custo da energia elétrica para indústria – R$313,16/Mwh35

2) Cotação de 1t de crédito de carbono - € 5,78/ton36

3) Cotação Euro/Real – 3,1237

(+) Recebimentos BRL

Receitas - venda de crédito de carbono 2,23438

Redução custo - energia elétrica 565,88039

(=) Fluxo de caixa operacional 568,114

(-) Investimentos Imobilizações / Ativo diferido - Equipamentos -11,800,000

Para fins de simplicação de cálculo não foram considerados impostos, depreciação ou

valor residual no cálculo de fluxo de caixa. Na tabela 9 é possível ver o VPL da iniciativa

para taxas de desconto de 8%, 10% e 12%.

Tabela 9: VPL (BRL) iniciativa 10.

Iniciativa de referência número 11, quadro 26:

(+) Recebimentos BRL

Receitas - venda de coproduto 8,400,000

(=) Fluxo de caixa operacional 8,400,000

(-) Investimentos

Imobilizações / Ativo diferido - Equipamentos -1,480,000

35 Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2014-07/custo-da-energia-para-industria-sobe-para-r-31316-o-megawatt-hora, consulta em 30/09/2014 36 Fonte: http://br.investing.com/commodities/carbon-emissions, consulta em 30/09/2014 37 Fonte: http://economia.uol.com.br/cotacoes/cambio/euro-uniao-europeia/, consulta em 30/09/2014 38 Cálculo: 5,78*3,12*124 39 Cálculo: 313,16*1807

VPL i n

-7,987,911 8% 10

-8,309,188 10% 10

-8,590,031 12% 10

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Os dados de fluxo de caixa foram inteiramente extraídos das informações

disponíveis no relatório anual da Cemig (extrato no quadro 26) e para fins de simplicação

de cálculo não foram considerados impostos, depreciação ou valor residual no cálculo de

fluxo de caixa. Na tabela 9 é possível ver o VPL da iniciativa para taxas de desconto de

8%, 10% e 12%.

Tabela 10: VPL (BRL) iniciativa 11.

4.6) CONSIDERAÇÕES AO TESTE DO MODELO

O experimento de aplicar o modelo proposto de incorporação das iniciativas de BSE

à avaliação econômica de empresas com base em informações divulgadas nos relatórios

anuais e de sustentabilidade mostrou que, hoje, as empresas já dispõem de controles e

informações suficientes para a viabilização da análise financeira dessas iniciativas. Sendo

necessário algum nível de esforço para se transformar as métricas operacionais que já

fazem parte de seu sistema de informações em informações monetárias.

5. CONCLUSÃO

O presente estudo, de natureza exploratória, teve o objetivo de estabelecer um

diagnóstico do posicionamento das empresas brasileiras em relação ao tema de

biodiversidade e serviços ecossistêmicos, tentando, adicionalmente, propor um modelo

preliminar capaz de incorporar as iniciativas em questão à avaliação financeira de

empresas. A construção do modelo se deu em três etapas principais. Primeiramente,

foram mapeadas em uma matriz as principais iniciativas em BSE das 55 empresas

selecionadas. A partir desses dados, foram reunidas as iniciativas que mais se

aproximavam de um business case e atrelados os seus principais impactos econômicos.

E, finalmente, os impactos econômicos foram organizados e reunidos dentro de um

modelo financeiro de fluxo de caixa.

O mapeamento das 501 iniciativas mostrou que as empresas líderes em

sustentabilidade estão razoavelmente próximas de estabelecer a conexão das iniciativas

em BSE com o desempenho financeiro corporativo. Mesmo publicando informações

preponderantemente de nível 2 na escala de Epstein e Roy (2003), foi possível mostrar

que essas poderiam, com algum esforço adicional, ser traduzidas para os níveis 3 e 4 de

VPL i n

54,884,684 8% 10

50,134,364 10% 10

45,981,873 12% 10

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associação com o desempenho financeiro. Para que isso aconteça de maneira mais

consistente é necessária maior aproximação e integração dos gestores do negócio com a

área de gestão ambiental. Dessa maneira, as informações de métricas operacionais,

ambientais, benefícios e impactos advindos das iniciativas e sua ligação com a geração de

fluxo financeiro para a organização seriam mais facilmente reconhecidas e registradas.

O presente trabalho também pode contribuir para a padronização de uma estrutura

de fluxo de caixa para a avaliação financeira empresarial dos fatores de BSE. Observou-

se que é possível a categorização dos reflexos econômicos das práticas ambientais em

três grupos: recebimentos, desembolsos operacionais e investimentos.

Ademais, os resultados que registram as iniciativas com potencial de business

case podem ser úteis para as empresas que desejam avançar no entendimento das

melhores práticas ambientais em BSE em seu setor, servindo como inspiração para

criação de vantagem competitiva.

Observou-se certa lacuna que precisa ser preenchida no que se refere aos

indicadores de BSE. A padronização desses indicadores acaba sendo dificultada pela: (i)

complexidade envolvida no conceito de biodiversidade e no estabelecimento de métricas

físicas; (ii) variedade de circunstâncias em que cada empresa e setor opera, resultando

em uma gama de atividades e impactos a serem abrangidos; e, (iii) diversidade biológica

regional, que faz com que determinado nível de indicador possa ser considerado aceitável

em uma região, porém inaceitável em outra.

Outra possível contribuição desta pesquisa para o meio acadêmico podem ser as

sugestões para os indicadores ambientais do GRI. A influência do GRI na padronização

das publicações empresariais se revelou como ferramenta útil para o alcance de um nível

maior de conexão das iniciativas com o desempenho financeiro corporativo. Para isso foi

sugerido que a instituição colocasse um foco maior em indicadores baseados em

resultados.

Finalmente, constatou-se a contribuição das políticas públicas para o engajamento

empresarial nas questões ambientais. Como exemplos, o ICMS ecológico, as leis de

compensação ambiental e reposição florestal, a isenção fiscal para RPPN’s e o projeto de

Extrema voltado para o PSE mostraram influência no direcionamento das políticas

empresariais ambientais. O estabelecimento de parcerias entre o governo e instituições

geradoras de conhecimento nessa área poderia resultar na confecção de políticas públicas

eficazes para redução das externalidades ambientais causadas pela iniciativa privada.

Como sugestão para pesquisas futuras coloca-se a atualização desse estudo com

a utilização de uma matriz que atrelasse a cada ação ambiental o tipo de risco ou

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oportunidade que a organização estaria tentando gerir. Conforme discutido, os riscos

poderiam ser regulação, reputação, físico, de mercado, litigação e social. Já as

oportunidades seriam reputação e marca, inovação e aprendizado, novos produtos,

serviços e mercados, redução de custos e acesso ao capital. Outra sugestão seria a

seleção de uma empresa considerada benchmark em iniciativas de biodiversidade e

serviços ecossistêmicos para a confecção de um estudo de caso que integrasse as

iniciativas em um modelo financeiro detalhado.

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APÊNDICE 1: MÉTODOS DE VALORAÇÃO DA BSE

Abordagem de Avaliação Exemplos de Metodologia Descrição da Abordagem

Técnicas Monetárias

Abordagem de Preços de Mercado de

Bens SubstitutosPreços de Mercado

Utiliza preços de mercados reais relacionados ao ativo ambiental

como uma aproximação para o valor daquele ativo. Ex: Receitas

com Turistas para áreas de alta biodiversidade

Abordagem de Custo de MercadoNão mede o TEV, mede e avalia o proxy

definido.

Custo de Reposição/ Custo de Recuperação

Estima o custo de repor ou restaurar o recurso ambiental

danificado de maneira a restabelecer a qualidade ambiental inicial.

Ex: Gasto na Recuperação da qualidade ambiental da Baía de

Guanabara, alterada pelo derramamento de óleo da Petrobras

ocorrido em 2000.

Custo Evitado

O valor é estimado com base no bem substituto produzido

especialmente com o intuito de evitar alteração na quantidade

consumida ou qualidade do recurso ambiental analisado (é preciso

que o bem seja um substituto perfeito. Ex: Valoração de uma Erva

Medicinal para curar dor de cabeça, baseado no preço de um

medicamento alopático (tylenol, aspirina).

Custo de Controle

Custo incorrido, a priori, para evitar a perda de capital natural. É o

custo de investimento que deve ser feito no presente para manter

a capacidade de resposta dos ativos naturais, que é reduzida por

efeitos da degradação. Ex: Custo de investimento nas instalações

de visitação da Gruta de Maquiné, em MG.

Custo Oportunidade

Custo do uso alternativo do ativo natural, sinalizando que o preço

do recurso natural pode ser estimado a partir do uso da área não

degradada para um outro fim, econômico, social ou ambiental. Ex:

Na Floresta Amazônica a captura de carbono e a convervação da

biodiversidade foi precificada pelo uso alternativo do local como

um sistema de produção da agricultuta familiar (no caso utilizaram

as informações de sistemas de produção no NE do Estado do Pará(.

Custo Irreversível

É útil para se estimar o custo do recurso natural quando há um

entendimento de que a despesa realizada no meio ambiente é

irrecuperável, ou seja, o investimento é independente de se o

ativo natural gerará retorno econômico. Ex: Custo para recuperar

uma área de nascente da bacia de um rio, sem interesse para o

capital privado (retorno econômico abaixo das taxas oferecidas

pelo mercado), mas com significante interesse social e ambiental.

Produtividade Marginal

É aplicável quando o recurso natural em questão é utilizado como

insumo de produção de algum bem ou serviço comercializado no

mercado. Ou seja, o aproximação do valor do recurso natural é

feita através de variações de produção em função da alterações

qualidade/quantidade do ativo natural. Ex: Em uma atividade

agrícola que é afetada pela piora da qualidade do solo causada pela

poluição atmosférica, o recurso ambiental poluição atmosférica

será valorado pela alteração causada na oferta do produto agrícola

em questão, no mercado.

Produção Sacrificada

Se refere à perda de produção decorrente da cessação do capital

humano usado no processo de produção. Logo, danos ambientais

que comprometam a saúde ou a vida humana podem ser valorados

pelo valor presente das rendas futuras que deixaram de ser

geradas pela morte dos indivíduos.

Abordagem das Preferências

ReveladasCusto de Viagem

Dados sobre os custos de viagens incorridos para visita a

determinado recurso natural são utilizados para se avaliar os

benefícios recreacionais do recurso natural.

Utiliza observações de mercados reais que

estejam relacionados a algum ativo ou

serviço ambiental.

Preços Hedônicos

Estima o preço implícito de bens e serviços de mercados reais que

são influenciados por atributos ambientais. Os dois principais são o

mercado imobiliário (método do valor de propriedade) e o

mercado de trabalho (método de salário de compensação). A

técnica estima uma função de preço do bem no mercado tendo

como variável explicativa as características ambientais a serem

avaliadas, resultando em uma função de disposição marginal a

pagar. Ex: Redução do preço de residência em função da perda de

belezas naturais raras.

Técnicas Monetárias e não Monetárias para avaliar o valor da biodiversidade

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APÊNDICE 2: RISCOS E OPORTUNIDADES

Abordagem de Avaliação Exemplos de Metodologia Descrição da Abordagem

Técnicas Monetárias

Abordagem de Preferências

DeclaradasSão capazes de avaliar todos os

componentes do TEV

Valoração Contingente

Estima valores econômicos a partir da construção de mercados

hipotéticos onde os participantes da pesquisa são solicitados a

responder sua Disposição a Pagar (WTP - Willing to Pay ) para obter

o ativo natural ou sua Disposição a Aceitar (WTA - willing to accept )

a desistência de um ativo.

Conjoint Analysis

Se trata de uma análise conjunta, onde os indíviduos recebem um

conjunto de cartões com diversos itens para serem ordenados por

preferência. Assim é possível calcular as taxas marginais de

substituição entre as características e o recurso ambiental, e se

algum dos cartões tiver um bem com preço de mercado será

possível calcular a WTP do candidato pelo recurso ambiental. Esse

tipo de pesquisa é muito útil para comunidades com pouca ou

nenhuma inserção na economia de mercado, como a indígena, que

apresentam dificuldades em expressar suas preferências em

termos monetários.

Técnicas Não Monetárias

Métodos de Consulta Questionários

Entrevista in-depth

Abordagem Participativa Grupo Foco

Busca Informações sobre o

relacionamento da comunidade com o

meio ambiente

Júris de Cidadãos

Envolve um processo de juri para avaliação das evidências

disponíveis antes de se chegar ao julgamento final sobre o futuro

do ativo ambiental.

Health BasedMede os impactos de fatores relacionados à saúde na qualidade e

longevidade da vida humana

Metodologia Q

Pesquisa Delphi

Participatory Rural Appraisal (PRA)

Participatory Action Research (PAR)

Utilizados em países em desenvolvimento para promovero

conhecimento local e capacitar as pessoas a fazerem suas próprias

avaliações, análises e planos.

Técnicas Monetárias e não Monetárias para avaliar o valor da biodiversidade

Tabela XX Tendências e Ponteciais Implicações para Biodiversidade e Negócios // Fonte: TEEB for Business

Tendência Risco Empresarial relacionado à Biodiversidade e Implicações Oportunidade Empresarial relacionada à Biodiversidade e Implicações

Esgotamento dos Recursos Naturais

Risco:

* Aumento da escassez de recursos naturais um menor acesso e

maior custo. Riscos secundários como conflitos interestaduais,

nacionalismos de recursos, terrorismo e migração em massa,

podem também reduzir o acesso aos recursos naturais.

Implicação:

* Necessidade de ferramentas para monitorar os estoques de

recursos naturais dos quais o negócio depende, e considerar a

potencial escassez de recursos para um adequado planejamento

de longo prazo.

* Encontrar caminhos criativos para acessar os recursos naturais

necessários, particularmente terras férteis e bem irrigadas, que

demanda cuidados com a necessidade de outros stakeholders.

Oportunidade:

* Eficiência de Recursos se tornará cada vez mais importante para cantagem

competitiva. Negócios com ações antecipadas podem ganhar vantagem

competitiva.

Aumento da Cobertura de Áreas de

Proteção Ambiental.

Nas últimas três décadas a cobertura de

áreas protegidas (UNEP 2007) aumentou

três vezes, expansão que deve

continuar, particularmente para áreas

marinhas e costeiras.

Risco:

* A contínua expansão de áreas protegidas restringirá as

operções de alguns negócios ou aumentará os custos de negócios

que dependem do acesso ou conversão de tais áreas. Isso afetará

os setores de turismo, agricultura, sivicultura, pesca, transporte e

extrativo.

Implicação:

* Empresas precisarão trabalhar em parceria com parceiros,

órgaos reguladores e ONG's para garantir sua licença para operar.

Isso pode incluir contribuições diretas do negócio para as metas

de áreas protegidas.

* Alguns negócios precisarão dedicar mais recursos para o

controle interno da gestão ambiental para assegurar e manter as

operações nas área de Proteção Ambiental concedidas.

Oportunidade:

* Negócios capazes de gerar o mesmo resultado a partir de menores pegadas

ecológicas (terra e mar) terão melhores resultados que seus concorrentes

com restrição de acesso às áreas de proteção ambiental (PA).

* Um bom histórico relacionado à administração e suporte de áreas de PA,

pode ser visto favoravelmente pelos reguladores nos momentos de

solicitação de acesso à recursos.

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Tendência Risco Empresarial relacionado à Biodiversidade e Implicações Oportunidade Empresarial relacionada à Biodiversidade e Implicações

Melhora do Conhecimento Científico.

Uma combinação de pesquisas e

aperfeiçoamentos na tecnologia de

informação significa que as informações

ecológicas estão cada vez mais

confiáveis , acessíveis e daods espaciais

com maior resolução. Por exemplo, 2007-

2009 viram maior qualidade e

acuracidade das informações ecológicas

no World Database on Protected Areas,

incluindo a integração das áreas

marinhas, agora disponíveis on-line

(WDPA 2009).

Risco:

* Avanços na medição do consumo de recursos naturais irá

permitir um maior controle por parte de stakeholders externos

do uso empresarial de recursos e seus impactos na

biodiversidade e ecossistemas.

Implicação:

* Melhores evidências sobre de que maneira as empresas

dependem da biodiversidade e serviços ecossistêmicos irá

colocar os assuntos relacionados a Biodiversidade e Serviços

Ecossistêmicos (BSE) na lista de prioridades das agendas

empresariais.

Oportunidade:

* Empresas que utilizarem as informações ecológicas de maneira eficaz

poderão dquirir vantagem através de aquisições antecipadas de recursos de

elevado valor, acordos de SE e/ou licenças de operação.

Inovação Tecnológica.

Desenvolvimento contínuo da

engenharia de biomimetismo,

bioecnologia, etc. Por exemplo, em 2008,

a 2ª geração de biocombustíveis

(bioquímicos e termoquímicos)

alcaçaram o estágio de demonstração,

enquanto a 3ª geração de

biocombustíveis de algas prometem

mais aumentos de produtividade (IEA

2008).

Risco:

* Algumas tecnologias e sistemas de gestão de recursos podem

reduzir a diversidade genética ou prejudicar o ecossistema,

gerando riscos tanto operacionais quanto de reputação.

Implicação:

* Mais políticas para proteger as espécies em perigo e o

ecossistema dos riscos impostos pelas novas tecnologias. Ex:

Aumento do Controle de Qualidade, punições para novos

produtos próximos à habitats sensíveis.

Oportunidade:

* Empresas podem usar de educação e comunicação, em colaboração com

peers e ONG's, para reduzir as preocupações públicas com novas tecnologias.

* Oportunidades Comercias potencias para empresas que investem ou

desenvolvem novas tecnologias e práticas de produção que são favoráveis à

biodiversidade e SE.

Aumento da Regulação Ambiental.

Aumento da frequência de mudança,

rigor, monitoramento das políticas

públicas para proteger e garantir os

pagamentos por danos à

biodiversidade. Ex: EU Environmental

Liability Directive, EU Habitats Directive,

US Clean Water Act, Mexico Sustainable

Forestry Code (Ecosystem Marketplace

2010), Lei de Compensação Ambiental do

Brasil. Ações Voluntárias estão cada vez

mais influenciando as políticas públicas.

Risco:

* Mudanças de regulação não previstas e aumento da regulação

direcionados às empresas para redução dos impactos na

biodiversidade, com governos aplicando cada vez mais

amplamente o "Princípio do Poluidor Paga".

* Custos de conformidade e impostos verdes sobre o carbono,

recurso de terra, água e outros implicarão em maiores custos

para as empresas.

Implicação:

* Empresas deveriam se familiarizar com as políticas ambientais

emergentes de maneira a identificar, controlar, monitorar e

reportar seu desempenho ambiental.

* Mais tempo e esforço podem ser demandados para expansão

de negócios à medida que os impactos na biodiversidade são

sujeitos a maior controle.

Oportunidade:

* Algumas empresas vão além da conformidade para se preparar para

iminentes mudanças regulatórias. Firmas podem se beneficiar por meio da

influência em regulações futuras e melhora da relação com stakeholders.

* Maior confiança nas políticas de mercado ambientais por parte dos agentes

reguladores, podem oferecer novas oportunidades de receita para alguns

negócios e/ou fazer a mitigação de impactos de maneira mais flexivel e

menos custosa.

Insegurança Energética.

Redução e aumento da

inacessibilidadedas reservas de

combustíveis fósseis, combinado com

risco político de fornecimento de energi,

estão forçando os países e e empresas a

reavaliarem e diversificarem suas fontes

de energia.

Risco:

* A maior confiança nas fontes de energia apoiadas em uso

intensivo de terra (bio-energia, energia solar concentrada

térmica, areias betuminosas, vento onshore) podem aumentar a

competição e pressão pelo uso da terra.

* Negócios de energia estão cada vez mais enfrentando desafios

operacionais técnicos relacionados ao meio ambiente (Ex: Águas

Profundas e Ártica) para garantir o acesso aos hidrocarbonetos.

Implicação:

* Negócios que operam em áreas que estimulam o uso intensivo

de terra para geração de energia terão que se planejar para

garantir o seu acesso futuro. Por exemplo, os agronegócios na

Índia podem encontrar dificuldade de encontrar terras férteis,

em função do programa nacional de desenvolvimento de

biocombustíveis (política demanda que 20% da demanda por

diesel seja suprida pelos biocombustíveis até 2017, o que poderá

requerer 14 milhões de hectares de terra (NCAER 2009)).

Oportunidade:

* Negócios podem desenvolver tecnologias de biocultura e biocombustíveis

que não competem com as culturas alimentares por terra e água.

* Oportunidade para ganhar vantagem competitiva por meio de um

planejamento antecipado que garanta o acesso à fontes de energia.

Tabela XX Tendências e Ponteciais Implicações para Biodiversidade e Negócios // Fonte: TEEB for Business

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APÊNDICE 3: PANORAMA DO MERCADO DE SE

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APÊNDICE 4: AMOSTRA

Empresa (Nome Padrão) Subsetor CDP CEBDS DJSI EXAME GRI ISE RTC Presença em Índices

Natura Produtos de Uso Pessoal e de Limpeza 1 1 1 1 1 1 6

CEMIG Energia Elétrica 1 1 1 1 1 1 6

Petrobras Petróleo, Gás e Biocombustíveis 1 1 1 1 1 5

Vale Mineração 1 1 1 1 1 5

Fibria Madeira e Papel 1 1 1 1 4

CPFL Energia Energia Elétrica 1 1 1 1 4

Braskem Químicos 1 1 1 1 4

COPEL Energia Elétrica 1 1 1 1 4

EDP Energias do Brasil SA Energia Elétrica 1 1 1 1 4

Anglo American Mineração 1 1 1 3

CCR SA Transporte 1 1 1 3

TRACTEBEL Energia Elétrica 1 1 1 3

SABESP Água e Saneamento 1 1 1 3

LIGHT S/A Energia Elétrica 1 1 1 3

BRF FOODS Alimentos Processados 1 1 1 3

ALCOA Mineração 1 1 1 3

ELETROPAULO Energia Elétrica 1 1 1 3

Even Construtora e Incorporadora S.A. Construção e Engenharia 1 1 1 3

Eletrobras Energia Elétrica 1 1 1 3

ECORODOVIAS Transporte 1 1 1 3

Duratex Madeira e Papel 1 1 1 3

SUZANO PAPEL Madeira e Papel 1 1 2

Dow Chemical Químicos 1 1 2

Bunge Alimentos Processados 1 1 2

Klabin Madeira e Papel 1 1 2

Samarco Mineração Mineração 1 1 2

Masisa Madeira e Papel 1 1 2

AMBEV Bebidas 1 1 2

CESP Energia Elétrica 1 1 2

TAM Transporte 1 1 2

COELCE Energia Elétrica 1 1 2

COPASA Água e Saneamento 1 1 2

GERDAU Siderurgia e Metalurgia 1 1 2

Ampla Energia Elétrica 1 1

Thyssenkrupp Siderurgia e Metalurgia 1 1

Shell Brasil S.A. Petróleo, Gás e Biocombustíveis 1 1

Brookfield Incorporações S.A. Construção e Engenharia 1 1

Unilever  Produtos de Uso Pessoal e de Limpeza 1 1

CSN Siderurgia e Metalurgia 1 1

Corsan Água e Saneamento 1 1

Gol Transporte 1 1

AES Brasil Energia Elétrica 1 1

Marfrig Alimentos S.A. Alimentos Processados 1 1

The Coca-Cola Company Bebidas 1 1

 Águas do Brasil Água e Saneamento 1 1

ENERGIAS BR Energia Elétrica 1 1

BASF S.A. Químicos 1 1

Coelba Energia Elétrica 1 1

Bayer S.A. Químicos 1 1

Furnas Centrais Elétricas S.A. Energia Elétrica 1 1

Monsanto Agropecuária 1 1

Solvay do Brasil Ltda. Químicos 1 1

Ecofrotas Transporte 1 1

Syngenta Seeds Ltda. Agropecuária 1 1

Nestlé Brasil Ltda. Alimentos Processados 1 1

 Lorentzen Empreendimentos S.A. Construção e Engenharia 1 1

O Boticário Produtos de Uso Pessoal e de Limpeza 1 1

UNICA Agropecuária 1 1

PEPSICO INC Bebidas 1 1

Usina São Manoel Agropecuária 1 1

CHEVRON Petróleo, Gás e Biocombustíveis 1 1

Celulose Irani Madeira e Papel 1 1

Raízen Energia S. A. Energia Elétrica 1 1

ARCELOR Siderurgia e Metalurgia 1 1

RENOVA Energia Elétrica 1 1

DNV - Det Norske Veritas Petróleo, Gás e Biocombustíveis 1 1

Amanco do Brasil S.A. Materiais Diversos 1 1

All America Latina Logistica Transporte 1 1

Elektro Energia Elétrica 1 1

Sanasa Água e Saneamento 1 1

Cyrela Construção e Engenharia 1 1

Ipiranga Produtos de Pretróleo S.A Petróleo, Gás e Biocombustíveis 1 1

JBS Alimentos Processados 1 1

Itaipu Binacional Energia Elétrica 1 1

QGEP Participações S.A. Petróleo, Gás e Biocombustíveis 1 1

Kimberly-Clark Produtos de Uso Pessoal e de Limpeza 1 1

Lafarge Construção e Engenharia 1 1

TOTAL EMPRESAS 77

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APÊNDICE 5: CONJUNTO DE EMPRESAS ANALISADAS

Subsetor Empresa (Nome Padrão) CDP CEBDS DJSI EXAME GRI ISE RTC Presença em Índices

Agropecuária Monsanto 1 1

Agropecuária Syngenta Seeds Ltda. 1 1

Agropecuária Usina São Manoel 1 1

Água e Saneamento  Águas do Brasil 1 1

Água e Saneamento COPASA 1 1 2

Água e Saneamento SABESP 1 1 1 3

Água e Saneamento Sanasa 1 1

Alimentos Processados BRF FOODS 1 1 1 3

Alimentos Processados Bunge 1 1 2

Alimentos Processados JBS 1 1

Alimentos Processados Nestlé Brasil Ltda. 1 1

Bebidas AMBEV 1 1 2

Bebidas The Coca-Cola Company 1 1

Construção e Engenharia Brookfield Incorporações S.A. 1 1

Construção e Engenharia Cyrela 1 1

Construção e Engenharia Even Construtora e Incorporadora S.A. 1 1 1 3

Energia Elétrica CEMIG 1 1 1 1 1 1 6

Energia Elétrica COPEL 1 1 1 1 4

Energia Elétrica CPFL Energia 1 1 1 1 4

Energia Elétrica EDP Energias do Brasil SA 1 1 1 1 4

Energia Elétrica Elektro 1 1

Energia Elétrica ELETROPAULO 1 1 1 3

Energia Elétrica LIGHT S/A 1 1 1 3

Energia Elétrica RENOVA 1 1

Energia Elétrica TRACTEBEL 1 1 1 3

Madeira e Papel Celulose Irani 1 1

Madeira e Papel Duratex 1 1 1 3

Madeira e Papel Fibria 1 1 1 1 4

Madeira e Papel Klabin 1 1 2

Madeira e Papel Masisa 1 1 2

Madeira e Papel SUZANO PAPEL 1 1 2

Materiais Diversos Amanco do Brasil S.A. 1 1

Mineração ALCOA 1 1 1 3

Mineração Anglo American 1 1 1 3

Mineração Samarco Mineração 1 1 2

Mineração Vale 1 1 1 1 1 5

Petróleo, Gás e Biocombustíveis CHEVRON 1 1

Petróleo, Gás e Biocombustíveis Ipiranga Produtos de Pretróleo S.A 1 1

Petróleo, Gás e Biocombustíveis Petrobras 1 1 1 1 1 5

Petróleo, Gás e Biocombustíveis Shell Brasil S.A. 1 1

Produtos de Uso Pessoal e de Limpeza Kimberly-Clark 1 1

Produtos de Uso Pessoal e de Limpeza Natura 1 1 1 1 1 1 6

Produtos de Uso Pessoal e de Limpeza O Boticário 1 1

Produtos de Uso Pessoal e de Limpeza Unilever  1 1

Químicos BASF S.A. 1 1

Químicos Bayer S.A. 1 1

Químicos Braskem 1 1 1 1 4

Químicos Dow Chemical 1 1 2

Siderurgia e Metalurgia ARCELOR 1 1

Siderurgia e Metalurgia GERDAU 1 1 2

Siderurgia e Metalurgia Thyssenkrupp 1 1

Transporte All America Latina Logistica 1 1

Transporte CCR SA 1 1 1 3

Transporte ECORODOVIAS 1 1 1 3

Transporte TAM 1 1 2

TOTAL EMPRESAS ANALISADAS 55

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APÊNDICE 6 FONTE DE COLETA DE DADOS DA AMOSTRA

Subsetor Empresa (Nome Padrão) Tipo de Relatório Ano Relatório Data de Consulta

Agropecuária Monsanto Relatório Sustentabilidade 2012 abr/14

Agropecuária Syngenta Seeds Ltda. Relatório Anual 2013 abr/14

Agropecuária Usina São Manoel Relatório Sustentabilidade 2012 jun/14

Água e Saneamento  Águas do Brasil ago/13

Água e Saneamento COPASA Relatório Anual e de Sustentabilidade 2012 ago/13

Água e Saneamento SABESP Relatório Sustentabilidade 2012 jun/13

Água e Saneamento Sanasa Relatório Anual e de Sustentabilidade 2012 jun/13

Alimentos Processados BRF FOODS Relatório Anual 2012 mai/13

Alimentos Processados Bunge Relatório Sustentabilidade 2012 jun/13

Alimentos Processados JBS Relatório Anual e de Sustentabilidade 2013 jun/14

Alimentos Processados Nestlé Brasil Ltda. Relatório de Criação de Valor Compartilhado 2011 jun/13

Bebidas AMBEV Relatório Anual e de Sustentabilidade 2011 jun/13

Bebidas The Coca-Cola Company Relatório Sustentabilidade 10/11 abr/14

Construção e Engenharia Brookfield Incorporações S.A. Relatório Anual 2012 jun/14

Construção e Engenharia Cyrela Relatório Anual 2013 jun/14

Construção e Engenharia Even Construtora e Incorporadora S.A. Relatório Sustentabilidade 2012 jun/13

Energia Elétrica CEMIG Relatório Anual e de Sustentabilidade 2012 jun/13

Energia Elétrica COPEL Relatório Anual e de Sustentabilidade 2012 abr/14

Energia Elétrica CPFL Energia Relatório Anual 2011 jun/13

Energia Elétrica EDP Energias do Brasil SA Relatório Anual e de Sustentabilidade 2012 jun/13

Energia Elétrica Elektro Relatório Sustentabilidade 2012 jun/13

Energia Elétrica ELETROPAULO Relatório Sustentabilidade 2013 mai/14

Energia Elétrica LIGHT S/A Relatório Sustentabilidade 2012 abr/13

Energia Elétrica RENOVA Relatório Sustentabilidade 2012 mai/14

Energia Elétrica TRACTEBEL Relatório Sustentabilidade 2012 abr/14

Madeira e Papel Celulose Irani Relatório Sustentabilidade 2012 mai/14

Madeira e Papel Duratex Relatório Sustentabilidade 2012 jul/13

Madeira e Papel Fibria Relatório Sustentabilidade 2012 jun/13

Madeira e Papel Klabin Relatório Sustentabilidade 2012 mai/14

Madeira e Papel Masisa Relatório Anual e de Sustentabilidade 2012 jun/13

Madeira e Papel SUZANO PAPEL Relatório Sustentabilidade 2012 jun/13

Materiais Diversos Amanco do Brasil S.A. Relatório Sustentabilidade 2012 jun/14

Mineração ALCOA Relatório Sustentabilidade 2011/12 jun/13

Mineração Anglo American Relatório à Sociedade 2012 jun/13

Mineração Samarco Mineração Relatório Sustentabilidade 2012 jun/13

Mineração Vale Relatório Sustentabilidade 2011 jun/13

Petróleo, Gás e Biocombustíveis CHEVRON Relatório Anual 2013 abr/14

Petróleo, Gás e Biocombustíveis Ipiranga Produtos de Pretróleo S.A Relatório Anual 2012 mai/14

Petróleo, Gás e Biocombustíveis Petrobras Relatório Sustentabilidade 2012 jun/13

Petróleo, Gás e Biocombustíveis Shell Brasil S.A. Relatório Sustentabilidade 2012 abr/14

Produtos de Uso Pessoal e de Limpeza Kimberly-Clark Relatório Sustentabilidade 2012 jun/13

Produtos de Uso Pessoal e de Limpeza Natura Relatório Anual 2012 abr/13

Produtos de Uso Pessoal e de Limpeza O Boticário Relatório Sustentabilidade 2012 jun/13

Produtos de Uso Pessoal e de Limpeza Unilever  Relatório Sustentabilidade 2012 jun/13

Químicos BASF S.A. Relatório Anual 2011 jul/13

Químicos Bayer S.A. Relatório Anual 2013 abr/14

Químicos Braskem Relatório Anual 2011 jun/13

Químicos Dow Chemical Relatório Sustentabilidade 2012 jun/13

Siderurgia e Metalurgia ARCELOR Relatório Sustentabilidade 2011 jul/13

Siderurgia e Metalurgia GERDAU Relatório Anual 2012 jul/13

Siderurgia e Metalurgia Thyssenkrupp Relatório Anual 12/13 mai/14

Transporte All America Latina Logistica Relatório Anual 2012 jun/14

Transporte CCR SA Relatório Sustentabilidade 2013 jun/13

Transporte ECORODOVIAS Relatório Anual 2011 jun/13

Transporte TAM Relatório Anual 2013 mai/14

Consulta Site (Relatório Anual não disponível)

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- 105 -

APÊNDICE 7: NÚMERO DE INICIATIVAS GRI POR SETOR

Parâmetros Inputs e Outputs Cód. Madeira e Papel

Total de água consumida por fonte. EN8 4

Fontes de água significativamente afetadas pelo consumo de água. EN9 2

Percentual e volume total de água reciclada e reutilizada. EN10 5

Localização e tamanho de terras próprias, arrendadas, administradas

em ou adjacentes à áreas protegidas e áreas de alto valor de

biodiversidade fora de áreas protegidas.

EN11 5

Descrição dos impactos significativos na biodiversidade pelas

atividades, produtos e serviços, dentro ou fora de áreas protegidas.EN12 3

Habitats protegidos ou restaurados. EN13 3

Estratégias, Ações atuais e planos futuros para gerir os impactos na

biodiversidade.EN14 6

Número de espécies IUCN Red List e da lista nacional de conservação

com habitats em áreas afetadas pelas operações, por nível de risco de

extinção.

EN15 3

Emissão direta e indireta de GHG por peso. EN16 5

Outras emissões indiretas relevantes de GHG por peso. EN17 1

Iniciativas para reduzir a emissão de GHG e metas alcançadas. EN18 5

Emissão de substâncias prejuciais à camada de ozônio por peso. EN19 1

Óxido Nítrico e Sulfúrico e outras emissões significativas por tipo e peso. EN20 2

Total de água descarregada por qualidade e destinação. EN21 4

Peso total do desperdício por tipo e método de disposição. EN22 7

Número total e volume de derramamentos significativos. EN23 0

Peso de transportados, importados, exportados, ou desperdícios

tratados considerados perigosos sob os termos da Convenção Basel dos

Anexos I, II, III e VIII, e percentual de desperdicios transportados

internacionalmente.

EN24 2

Identidade, tamanho, status de proteção e valor da biodiversidade de

corpos d'água e habitats relacionados significativamente afetados pelos

descarregamentos e o escoamento de água da organização.

EN25 1

Geral Total dos gastos com proteção ambiental e investimentos do tipo. EN30 5

PSE Menciona PSE no relatório PSE 2

PSE Life Cycle Assessment LCA 1

PSE Positive Net Impact PNI 1

TOTAL 68

Água

Biodiversidade

Emissões,

Efluentes e

Desperdício.

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- 106 -

Parâmetros Inputs e Outputs Cód.Materiais

Diversos

Total de água consumida por fonte. EN8 0

Fontes de água significativamente afetadas pelo consumo de água. EN9 0

Percentual e volume total de água reciclada e reutilizada. EN10 1

Localização e tamanho de terras próprias, arrendadas, administradas

em ou adjacentes à áreas protegidas e áreas de alto valor de

biodiversidade fora de áreas protegidas.

EN11 0

Descrição dos impactos significativos na biodiversidade pelas

atividades, produtos e serviços, dentro ou fora de áreas protegidas.EN12 0

Habitats protegidos ou restaurados. EN13 0

Estratégias, Ações atuais e planos futuros para gerir os impactos na

biodiversidade.EN14 0

Número de espécies IUCN Red List e da lista nacional de conservação

com habitats em áreas afetadas pelas operações, por nível de risco de

extinção.

EN15 0

Emissão direta e indireta de GHG por peso. EN16 0

Outras emissões indiretas relevantes de GHG por peso. EN17 0

Iniciativas para reduzir a emissão de GHG e metas alcançadas. EN18 0

Emissão de substâncias prejuciais à camada de ozônio por peso. EN19 0

Óxido Nítrico e Sulfúrico e outras emissões significativas por tipo e peso. EN20 0

Total de água descarregada por qualidade e destinação. EN21 0

Peso total do desperdício por tipo e método de disposição. EN22 0

Número total e volume de derramamentos significativos. EN23 0

Peso de transportados, importados, exportados, ou desperdícios

tratados considerados perigosos sob os termos da Convenção Basel dos

Anexos I, II, III e VIII, e percentual de desperdicios transportados

internacionalmente.

EN24 0

Identidade, tamanho, status de proteção e valor da biodiversidade de

corpos d'água e habitats relacionados significativamente afetados pelos

descarregamentos e o escoamento de água da organização.

EN25 0

Geral Total dos gastos com proteção ambiental e investimentos do tipo. EN30 0

Literatura Menciona PSE no relatório PSE 0

Literatura Life Cycle Assessment LCA 0

Literatura Positive Net Impact PNI 0

TOTAL 1

Água

Biodiversidade

Emissões,

Efluentes e

Desperdício.

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- 107 -

Parâmetros Inputs e Outputs Cód. Mineração

Total de água consumida por fonte. EN8 3

Fontes de água significativamente afetadas pelo consumo de água. EN9 1

Percentual e volume total de água reciclada e reutilizada. EN10 6

Localização e tamanho de terras próprias, arrendadas, administradas

em ou adjacentes à áreas protegidas e áreas de alto valor de

biodiversidade fora de áreas protegidas.

EN11 3

Descrição dos impactos significativos na biodiversidade pelas

atividades, produtos e serviços, dentro ou fora de áreas protegidas.EN12 6

Quantidade de terra (própria ou alugada, e administrada para atividade

produtiva ou extrativa) danificada ou reabilitada.MM1 2

Habitats protegidos ou restaurados. EN13 3

Estratégias, Ações atuais e planos futuros para gerir os impactos na

biodiversidade (comentários relacionados à compilação e reporte sobre

os serviços ecossistêmicos).

EN14 5

Número e percentagem total de plantas que demandam planos de

gestão da biodiversidade. Fornecer também o número de plantas com

um plano em ação.

MM2 2

Número de espécies IUCN Red List e da lista nacional de conservação

com habitats em áreas afetadas pelas operações, por nível de risco de

extinção.

EN15 2

Emissão direta e indireta de GHG por peso. EN16 3

Outras emissões indiretas relevantes de GHG por peso. EN17 0

Iniciativas para reduzir a emissão de GHG e metas alcançadas. EN18 3

Emissão de substâncias prejuciais à camada de ozônio por peso. EN19 2

Óxido Nítrico e Sulfúrico e outras emissões significativas por tipo e peso. EN20 1

Total de água descarregada por qualidade e destinação. EN21 2

Peso total do desperdício por tipo e método de disposição. EN22 9

Quantidade de pedras, rejeitos, barragens e os riscos associados. MM3 3

Número total e volume de derramamentos significativos. EN23 3

Peso de transportados, importados, exportados, ou desperdícios

tratados considerados perigosos sob os termos da Convenção Basel dos

Anexos I, II, III e VIII, e percentual de desperdicios transportados

internacionalmente.

EN24 0

Identidade, tamanho, status de proteção e valor da biodiversidade de

corpos d'água e habitats relacionados significativamente afetados pelos

descarregamentos e o escoamento de água da organização.

EN25 0

Geral Total dos gastos com proteção ambiental e investimentos do tipo. EN30 4

Literatura Atua no Mercado de PSE PSE 1

Literatura Life Cycle Assessment LCA 1

Literatura Positive Net Impact PNI 1

TOTAL 66

Emissões,

Efluentes e

Desperdício.

Água

Biodiversidade

Page 121: Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos nas Empresas ... · Foi uma honra conhecê-los. ... modelo foram selecionadas as empresas brasileiras líderes em sustentabilidade e,

- 108 -

Parâmetros Inputs e Outputs Cód.Produtos de Uso

Pessoal e de

Total de água consumida por fonte. EN8 2

Fontes de água significativamente afetadas pelo consumo de água. EN9 1

Percentual e volume total de água reciclada e reutilizada. EN10 6

Localização e tamanho de terras próprias, arrendadas, administradas

em ou adjacentes à áreas protegidas e áreas de alto valor de

biodiversidade fora de áreas protegidas.

EN11 3

Descrição dos impactos significativos na biodiversidade pelas

atividades, produtos e serviços, dentro ou fora de áreas protegidas.EN12 3

Habitats protegidos ou restaurados. EN13 1

Estratégias, Ações atuais e planos futuros para gerir os impactos na

biodiversidade.EN14 2

Número de espécies IUCN Red List e da lista nacional de conservação

com habitats em áreas afetadas pelas operações, por nível de risco de

extinção.

EN15 1

Emissão direta e indireta de GHG por peso. EN16 3

Outras emissões indiretas relevantes de GHG por peso. EN17 0

Iniciativas para reduzir a emissão de GHG e metas alcançadas. EN18 4

Emissão de substâncias prejuciais à camada de ozônio por peso. EN19 1

Óxido Nítrico e Sulfúrico e outras emissões significativas por tipo e peso. EN20 3

Total de água descarregada por qualidade e destinação. EN21 4

Peso total do desperdício por tipo e método de disposição. EN22 7

Número total e volume de derramamentos significativos. EN23 0

Peso de transportados, importados, exportados, ou desperdícios

tratados considerados perigosos sob os termos da Convenção Basel dos

Anexos I, II, III e VIII, e percentual de desperdicios transportados

internacionalmente.

EN24 0

Identidade, tamanho, status de proteção e valor da biodiversidade de

corpos d'água e habitats relacionados significativamente afetados pelos

descarregamentos e o escoamento de água da organização.

EN25 0

Geral Total dos gastos com proteção ambiental e investimentos do tipo. EN30 4

Literatura Menciona PSE no relatório PSE 3

Literatura Life Cycle Assessment LCA 3

Literatura Positive Net Impact PNI 1

TOTAL 52

Água

Biodiversidade

Emissões,

Efluentes e

Desperdício.

Page 122: Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos nas Empresas ... · Foi uma honra conhecê-los. ... modelo foram selecionadas as empresas brasileiras líderes em sustentabilidade e,

- 109 -

Parâmetros Inputs e Outputs Cód.Água e

Saneamento

Total de água consumida por fonte. EN8 0

Fontes de água significativamente afetadas pelo consumo de água. EN9 2

Percentual e volume total de água reciclada e reutilizada. EN10 3

Localização e tamanho de terras próprias, arrendadas, administradas

em ou adjacentes à áreas protegidas e áreas de alto valor de

biodiversidade fora de áreas protegidas.

EN11 1

Descrição dos impactos significativos na biodiversidade pelas

atividades, produtos e serviços, dentro ou fora de áreas protegidas.EN12 0

Biodiversidade de habitats de compensação em relação à

biodiversidade dos afetadosEU13 2

Habitats protegidos ou restaurados. EN13 0

Estratégias, Ações atuais e planos futuros para gerir os impactos na

biodiversidade (áreas florestais - alteração na densidade de árvores,

perda de espécies indígenas, paisagens - impactos em parques eólicos,

linhas de transmissão, água doce marinha, ecossistemas de zonas

úmidas - qualidade da água incluindo turvação, sedimentação,

assoreamento).

EN14 0

Número de espécies IUCN Red List e da lista nacional de conservação

com habitats em áreas afetadas pelas operações, por nível de risco de

extinção.

EN15 0

Emissão direta e indireta de GHG por peso. EN16 1

Outras emissões indiretas relevantes de GHG por peso. EN17 2

Iniciativas para reduzir a emissão de GHG e metas alcançadas (indicador

principal).EN18 1

Emissão de substâncias prejuciais à camada de ozônio por peso. EN19 0

Óxido Nítrico e Sulfúrico e outras emissões significativas por tipo e peso. EN20 2

Total de água descarregada por qualidade e destinação. EN21 2

Peso total do desperdício por tipo e método de disposição. EN22 3

Número total e volume de derramamentos significativos. EN23 0

Peso de transportados, importados, exportados, ou desperdícios

tratados considerados perigosos sob os termos da Convenção Basel dos

Anexos I, II, III e VIII, e percentual de desperdicios transportados

internacionalmente.

EN24 0

Identidade, tamanho, status de proteção e valor da biodiversidade de

corpos d'água e habitats relacionados significativamente afetados pelos

descarregamentos e o escoamento de água da organização.

EN25 1

Geral Total dos gastos com proteção ambiental e investimentos do tipo. EN30 3

Literatura Atua no Mercado de PSE PSE 0

Literatura Life Cycle Assessment LCA 0

Literatura Positive Net Impact PNI 0

TOTAL 23

Água

Biodiversidade

Emissões,

Efluentes e

Desperdício.

Page 123: Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos nas Empresas ... · Foi uma honra conhecê-los. ... modelo foram selecionadas as empresas brasileiras líderes em sustentabilidade e,

- 110 -

Parâmetros Inputs e Outputs Cód.Alimentos

Processados

Total de água consumida por fonte (indicador principal). EN8 1

Fontes de água significativamente afetadas pelo consumo de água. EN9 1

Percentual e volume total de água reciclada e reutilizada. EN10 4

Localização e tamanho de terras ou água próprias, arrendadas,

administradas em ou adjacentes à áreas protegidas e áreas de alto valor

de biodiversidade fora de áreas protegidas (indicador principal).

EN11 1

Descrição dos impactos significativos na biodiversidade pelas

atividades, produtos e serviços, dentro ou fora de áreas protegidas

(indicador principal).

EN12 0

Habitats protegidos ou restaurados. EN13 0

Estratégias, Ações atuais e planos futuros para gerir os impactos na

biodiversidade (comentários relacionados à compilação e reporte sobre

os serviços ecossistêmicos).

EN14 5

Número de espécies IUCN Red List e da lista nacional de conservação

com habitats em áreas afetadas pelas operações, por nível de risco de

extinção.

EN15 0

Emissão direta e indireta de GHG por peso (indicador principal). EN16 2

Outras emissões indiretas relevantes de GHG por peso (indicador

principal).EN17 0

Iniciativas para reduzir a emissão de GHG e metas alcançadas. EN18 4

Emissão de substâncias prejuciais à camada de ozônio por peso

(indicador principal).EN19 0

Óxido Nítrico e Sulfúrico e outras emissões significativas por tipo e peso

(indicador principal).EN20 0

Total de água descarregada por qualidade e destinação (indicador

principal).EN21 3

Peso total do desperdício por tipo e método de disposição (indicador

principal).EN22 6

Número total e volume de derramamentos significativos (indicador

principal).EN23 0

Peso de transportados, importados, exportados, ou desperdícios

tratados considerados perigosos sob os termos da Convenção Basel dos

Anexos I, II, III e VIII, e percentual de desperdicios transportados

internacionalmente.

EN24 0

Identidade, tamanho, status de proteção e valor da biodiversidade de

corpos d'água e habitats relacionados significativamente afetados pelos

descarregamentos e o escoamento de água da organização.

EN25 0

Geral Total dos gastos com proteção ambiental e investimentos do tipo. EN30 2

Literatura Atua no Mercado de PSE PSE 3

Literatura Life Cycle Assessment LCA 2

Literatura Positive Net Impact PNI 0

TOTAL 34

Emissões,

Efluentes e

Desperdício.

Biodiversidade

Água

Page 124: Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos nas Empresas ... · Foi uma honra conhecê-los. ... modelo foram selecionadas as empresas brasileiras líderes em sustentabilidade e,

- 111 -

Parâmetros Inputs e Outputs Cód. Químicos

Total de água consumida por fonte. EN8 3

Fontes de água significativamente afetadas pelo consumo de água. EN9 2

Percentual e volume total de água reciclada e reutilizada. EN10 3

Localização e tamanho de terras próprias, arrendadas, administradas

em ou adjacentes à áreas protegidas e áreas de alto valor de

biodiversidade fora de áreas protegidas.

EN11 2

Descrição dos impactos significativos na biodiversidade pelas

atividades, produtos e serviços, dentro ou fora de áreas protegidas.EN12 0

Habitats protegidos ou restaurados. EN13 2

Estratégias, Ações atuais e planos futuros para gerir os impactos na

biodiversidade.EN14 2

Número de espécies IUCN Red List e da lista nacional de conservação

com habitats em áreas afetadas pelas operações, por nível de risco de

extinção.

EN15 0

Emissão direta e indireta de GHG por peso. EN16 2

Outras emissões indiretas relevantes de GHG por peso. EN17 3

Iniciativas para reduzir a emissão de GHG e metas alcançadas. EN18 7

Emissão de substâncias prejuciais à camada de ozônio por peso. EN19 2

Óxido Nítrico e Sulfúrico e outras emissões significativas por tipo e peso. EN20 3

Total de água descarregada por qualidade e destinação. EN21 1

Peso total do desperdício por tipo e método de disposição. EN22 5

Número total e volume de derramamentos significativos. EN23 3

Peso de transportados, importados, exportados, ou desperdícios

tratados considerados perigosos sob os termos da Convenção Basel dos

Anexos I, II, III e VIII, e percentual de desperdicios transportados

internacionalmente.

EN24 1

Identidade, tamanho, status de proteção e valor da biodiversidade de

corpos d'água e habitats relacionados significativamente afetados pelos

descarregamentos e o escoamento de água da organização.

EN25 0

Geral Total dos gastos com proteção ambiental e investimentos do tipo. EN30 5

Literatura Atua no Mercado de PSE PSE 2

Literatura Life Cycle Assessment LCA 2

Literatura Positive Net Impact PNI 0

TOTAL 50

Emissões,

Efluentes e

Desperdício.

Biodiversidade

Água

Page 125: Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos nas Empresas ... · Foi uma honra conhecê-los. ... modelo foram selecionadas as empresas brasileiras líderes em sustentabilidade e,

- 112 -

Parâmetros Inputs e Outputs Cód. Agropecuária

Total de água consumida por fonte. EN8 1

Fontes de água significativamente afetadas pelo consumo de água. EN9 1

Percentual e volume total de água reciclada e reutilizada. EN10 2

Localização e tamanho de terras próprias, arrendadas, administradas

em ou adjacentes à áreas protegidas e áreas de alto valor de

biodiversidade fora de áreas protegidas.

EN11 0

Descrição dos impactos significativos na biodiversidade pelas

atividades, produtos e serviços, dentro ou fora de áreas protegidas.EN12 1

Habitats protegidos ou restaurados. EN13 0

Estratégias, Ações atuais e planos futuros para gerir os impactos na

biodiversidade.EN14 3

Número de espécies IUCN Red List e da lista nacional de conservação

com habitats em áreas afetadas pelas operações, por nível de risco de

extinção.

EN15 0

Emissão direta e indireta de GHG por peso. EN16 2

Outras emissões indiretas relevantes de GHG por peso. EN17 0

Iniciativas para reduzir a emissão de GHG e metas alcançadas. EN18 1

Emissão de substâncias prejuciais à camada de ozônio por peso. EN19 1

Óxido Nítrico e Sulfúrico e outras emissões significativas por tipo e peso. EN20 0

Total de água descarregada por qualidade e destinação. EN21 1

Peso total do desperdício por tipo e método de disposição. EN22 2

Número total e volume de derramamentos significativos. EN23 1

Peso de transportados, importados, exportados, ou desperdícios

tratados considerados perigosos sob os termos da Convenção Basel dos

Anexos I, II, III e VIII, e percentual de desperdicios transportados

internacionalmente.

EN24 0

Identidade, tamanho, status de proteção e valor da biodiversidade de

corpos d'água e habitats relacionados significativamente afetados pelos

descarregamentos e o escoamento de água da organização.

EN25 0

Geral Total dos gastos com proteção ambiental e investimentos do tipo. EN30 1

Literatura Menciona PSE no relatório PSE 0

Literatura Life Cycle Assessment LCA 0

Literatura Positive Net Impact PNI 0

TOTAL 17

Biodiversidade

Emissões,

Efluentes e

Desperdício.

Água

Page 126: Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos nas Empresas ... · Foi uma honra conhecê-los. ... modelo foram selecionadas as empresas brasileiras líderes em sustentabilidade e,

- 113 -

Parâmetros Inputs e Outputs Cód.Siderurgia e

Metalurgia

Total de água consumida por fonte. EN8 1

Fontes de água significativamente afetadas pelo consumo de água. EN9 0

Percentual e volume total de água reciclada e reutilizada. EN10 2

Localização e tamanho de terras próprias, arrendadas, administradas

em ou adjacentes à áreas protegidas e áreas de alto valor de

biodiversidade fora de áreas protegidas.

EN11 2

Descrição dos impactos significativos na biodiversidade pelas

atividades, produtos e serviços, dentro ou fora de áreas protegidas.EN12 1

Quantidade de terra (própria ou alugada, e administrada para atividade

produtiva ou extrativa) danificada ou reabilitada.MM1 0

Habitats protegidos ou restaurados. EN13 1

Estratégias, Ações atuais e planos futuros para gerir os impactos na

biodiversidade (comentários relacionados à compilação e reporte sobre

os serviços ecossistêmicos).

EN14 1

Número e percentagem total de plantas que demandam planos de

gestão da biodiversidade. Fornecer também o número de plantas com

um plano em ação.

MM2 0

Número de espécies IUCN Red List e da lista nacional de conservação

com habitats em áreas afetadas pelas operações, por nível de risco de

extinção.

EN15 1

Emissão direta e indireta de GHG por peso. EN16 1

Outras emissões indiretas relevantes de GHG por peso. EN17 0

Iniciativas para reduzir a emissão de GHG e metas alcançadas. EN18 2

Emissão de substâncias prejuciais à camada de ozônio por peso. EN19 0

Óxido Nítrico e Sulfúrico e outras emissões significativas por tipo e peso. EN20 1

Total de água descarregada por qualidade e destinação. EN21 0

Peso total do desperdício por tipo e método de disposição. EN22 3

Quantidade de pedras, rejeitos, barragens e os riscos associados. MM3 0

Número total e volume de derramamentos significativos. EN23 0

Peso de transportados, importados, exportados, ou desperdícios

tratados considerados perigosos sob os termos da Convenção Basel dos

Anexos I, II, III e VIII, e percentual de desperdicios transportados

internacionalmente.

EN24 1

Identidade, tamanho, status de proteção e valor da biodiversidade de

corpos d'água e habitats relacionados significativamente afetados pelos

descarregamentos e o escoamento de água da organização.

EN25 0

Geral Total dos gastos com proteção ambiental e investimentos do tipo. EN30 2

Literatura Atua no Mercado de PSE PSE 0

Literatura Life Cycle Assessment LCA 0

Literatura Positive Net Impact PNI 0

TOTAL 19

Emissões,

Efluentes e

Desperdício.

Biodiversidade

Água

Page 127: Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos nas Empresas ... · Foi uma honra conhecê-los. ... modelo foram selecionadas as empresas brasileiras líderes em sustentabilidade e,

- 114 -

Parâmetros Inputs e Outputs Cód. Bebidas

Total de água consumida por fonte (indicador principal). EN8 3

Fontes de água significativamente afetadas pelo consumo de água. EN9 0

Percentual e volume total de água reciclada e reutilizada. EN10 4

Localização e tamanho de terras ou água próprias, arrendadas,

administradas em ou adjacentes à áreas protegidas e áreas de alto valor

de biodiversidade fora de áreas protegidas (indicador principal).

EN11 2

Descrição dos impactos significativos na biodiversidade pelas

atividades, produtos e serviços, dentro ou fora de áreas protegidas

(indicador principal).

EN12 0

Habitats protegidos ou restaurados. EN13 0

Estratégias, Ações atuais e planos futuros para gerir os impactos na

biodiversidade (comentários relacionados à compilação e reporte sobre

os serviços ecossistêmicos).

EN14 1

Número de espécies IUCN Red List e da lista nacional de conservação

com habitats em áreas afetadas pelas operações, por nível de risco de

extinção.

EN15 1

Emissão direta e indireta de GHG por peso (indicador principal). EN16 1

Outras emissões indiretas relevantes de GHG por peso (indicador

principal).EN17 0

Iniciativas para reduzir a emissão de GHG e metas alcançadas. EN18 2

Emissão de substâncias prejuciais à camada de ozônio por peso

(indicador principal).EN19 0

Óxido Nítrico e Sulfúrico e outras emissões significativas por tipo e peso

(indicador principal).EN20 0

Total de água descarregada por qualidade e destinação (indicador

principal).EN21 2

Peso total do desperdício por tipo e método de disposição (indicador

principal).EN22 3

Número total e volume de derramamentos significativos (indicador

principal).EN23 0

Peso de transportados, importados, exportados, ou desperdícios

tratados considerados perigosos sob os termos da Convenção Basel dos

Anexos I, II, III e VIII, e percentual de desperdicios transportados

internacionalmente.

EN24 0

Identidade, tamanho, status de proteção e valor da biodiversidade de

corpos d'água e habitats relacionados significativamente afetados pelos

descarregamentos e o escoamento de água da organização.

EN25 0

Geral Total dos gastos com proteção ambiental e investimentos do tipo. EN30 2

Literatura Atua no Mercado de PSE PSE 1

Literatura Life Cycle Assessment LCA 1

Literatura Positive Net Impact PNI 0

TOTAL 23

Biodiversidade

Emissões,

Efluentes e

Desperdício.

Água

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- 115 -

Parâmetros Inputs e Outputs Cód.Petróleo, Gás e

Biocombustíveis

Total de água consumida por fonte.

Reportar separadamente a retirada de água para cada operação de uso

inensivo de água.

Reportar os tipos de operações definidas como de uso de água intensivo.

EN8 2

Fontes de água significativamente afetadas pelo consumo de água

(indicador principal).

Reportar metodologias utilizadas para definir fronteiras de retirada de

água.

Reportar importância das fontes de água para as comunidades.

Reportar se para determinado consumo ou retirada de água foi definida

alguma fronteira.

EN9 2

Percentual e volume total de água reciclada e reutilizada. EN10 2

Localização e tamanho de terras próprias, arrendadas, administradas

em ou adjacentes à áreas protegidas e áreas de alto valor de

biodiversidade fora de áreas protegidas.

EN11 2

Descrição dos impactos significativos na biodiversidade pelas

atividades, produtos e serviços, dentro ou fora de áreas protegidas.EN12 1

Habitats protegidos ou restaurados. EN13 1

Estratégias, Ações atuais e planos futuros para gerir os impactos na

biodiversidade (indicador principal).

Indicadore relacionamentos potencialmente complexos com o ambiente

marinho, terrestre e de água e sobre como desenvolver essas

divulgações.

Estratégia para gestão da biodiversidade incluindo: relacionamento

local, e quando e como compensações ambientais foram utilizadas como

política.

EN14 3

Número e percentual de plantas de operação onde o risco de

biodiversidade tenha sido avaliado e monitorado.OG4 0

Número de espécies IUCN Red List e da lista nacional de conservação

com habitats em áreas afetadas pelas operações, por nível de risco de

extinção.

EN15 0

Emissão direta e indireta de GHG por peso. EN16 2

Outras emissões indiretas relevantes de GHG por peso. EN17 0

Iniciativas para reduzir a emissão de GHG e metas alcançadas. (indicador

principal).EN18 4

Emissão de substâncias prejuciais à camada de ozônio por peso. EN19 1

Óxido Nítrico e Sulfúrico e outras emissões significativas por tipo e peso. EN20 1

Total de água descarregada por qualidade e destinação. EN21 1

Volume de formação e produção de água OG5 2

Peso total do desperdício por tipo e método de disposição. EN22 1

Número total e volume de derramamentos significativos. EN23 2

Volume de Hidrocarboneto queimado e liberado OG6 0

Quantidade de resíduos de perfuração e estratégias de tratamento e

disposição.OG7 2

Peso de transportados, importados, exportados, ou desperdícios

tratados considerados perigosos sob os termos da Convenção Basel dos

Anexos I, II, III e VIII, e percentual de desperdicios transportados

internacionalmente.

EN24 1

Identidade, tamanho, status de proteção e valor da biodiversidade de

corpos d'água e habitats relacionados significativamente afetados pelos

descarregamentos e o escoamento de água da organização.

EN25 1

Geral Total dos gastos com proteção ambiental e investimentos do tipo. EN30 2

Literatura Atua no Mercado de PSE PSE 0

Literatura Life Cycle Assessment LCA 1

Literatura Positive Net Impact PNI 0

TOTAL 34

Biodiversidade

Emissões,

Efluentes e

Desperdício.

Água

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- 116 -

Parâmetros Inputs e Outputs Cód. Transporte

Total de água consumida por fonte . EN8 2

Fontes de água significativamente afetadas pelo consumo de água. EN9 0

Percentual e volume total de água reciclada e reutilizada. EN10 1

Localização e tamanho de terras ou água próprias, arrendadas,

administradas em ou adjacentes à áreas protegidas e áreas de alto valor

de biodiversidade fora de áreas protegidas .

EN11 2

Descrição dos impactos significativos na biodiversidade pelas

atividades, produtos e serviços, dentro ou fora de áreas protegidas .EN12 3

Habitats protegidos ou restaurados. EN13 2

Estratégias, Ações atuais e planos futuros para gerir os impactos na

biodiversidade (comentários relacionados à compilação e reporte sobre

os serviços ecossistêmicos).

EN14 2

Número de espécies IUCN Red List e da lista nacional de conservação

com habitats em áreas afetadas pelas operações, por nível de risco de

extinção.

EN15 0

Emissão direta e indireta de GHG por peso . EN16 2

Outras emissões indiretas relevantes de GHG por peso . EN17 0

Iniciativas para reduzir a emissão de GHG e metas alcançadas. EN18 4

Emissão de substâncias prejuciais à camada de ozônio por peso . EN19 0

Óxido Nítrico e Sulfúrico e outras emissões significativas por tipo e peso . EN20 0

Total de água descarregada por qualidade e destinação . EN21 0

Peso total do desperdício por tipo e método de disposição . EN22 2

Número total e volume de derramamentos significativos . EN23 1

Peso de transportados, importados, exportados, ou desperdícios

tratados considerados perigosos sob os termos da Convenção Basel dos

Anexos I, II, III e VIII, e percentual de desperdicios transportados

internacionalmente.

EN24 0

Identidade, tamanho, status de proteção e valor da biodiversidade de

corpos d'água e habitats relacionados significativamente afetados pelos

descarregamentos e o escoamento de água da organização.

EN25 0

Geral Total dos gastos com proteção ambiental e investimentos do tipo. EN30 4

Literatura Atua no Mercado de PSE PSE 0

Literatura Life Cycle Assessment LCA 0

Literatura Positive Net Impact PNI 0

TOTAL 25

Biodiversidade

Emissões,

Efluentes e

Desperdício.

Água

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- 117 -

Parâmetros Inputs e Outputs Cód.Construção e

Engenharia

Total de água consumida por fonte.

Reportar ações para mitigar e reduzir o consumo de água assim como

informações financeiras relevantes.

EN8 2

Fontes de água significativamente afetadas pelo consumo de água. EN9 1

Intensidade do uso de água por atividade CRE2 0

Percentual e volume total de água reciclada e reutilizada. EN10 1

Localização e tamanho de terras próprias, arrendadas, administradas

em ou adjacentes à áreas protegidas e áreas de alto valor de

biodiversidade fora de áreas protegidas.

EN11 1

Descrição dos impactos significativos na biodiversidade pelas

atividades, produtos e serviços, dentro ou fora de áreas protegidas.EN12 0

Habitats protegidos ou restaurados. EN13 1

Estratégias, Ações atuais e planos futuros para gerir os impactos na

biodiversidade.EN14 0

Número de espécies IUCN Red List e da lista nacional de conservação

com habitats em áreas afetadas pelas operações, por nível de risco de

extinção.

EN15 0

Emissão direta e indireta de GHG por peso. EN16 1

Outras emissões indiretas relevantes de GHG por peso. EN17 0

Intensidade de emissão de GHG das atividades principais (construção). CRE3 0

Intensidade de emissão de GHG das atividades relacionadas a novas

construções e redesenvolvimento de atividades.CRE4 0

Iniciativas para reduzir a emissão de GHG e metas alcançadas (indicador

principal).EN18 3

Emissão de substâncias prejuciais à camada de ozônio por peso. EN19 1

Óxido Nítrico e Sulfúrico e outras emissões significativas por tipo e peso. EN20 1

Total de água descarregada por qualidade e destinação. EN21 1

Peso total do desperdício por tipo e método de disposição. EN22 3

Número total e volume de derramamentos significativos. EN23 0

Peso de transportados, importados, exportados, ou desperdícios

tratados considerados perigosos sob os termos da Convenção Basel dos

Anexos I, II, III e VIII, e percentual de desperdicios transportados

internacionalmente.

EN24 0

Identidade, tamanho, status de proteção e valor da biodiversidade de

corpos d'água e habitats relacionados significativamente afetados pelos

descarregamentos e o escoamento de água da organização.

EN25 0

Degradação de

terra,

contaminação e

Terras recuperadas ou na necessidade de recuperação para uso do solo

já existente ou daqueles pretendidos, de acordo com as designações

legais aplicáveis.

CRE5 1

Geral Total dos gastos com proteção ambiental e investimentos do tipo. EN30 1

Literatura Atua no Mercado de PSE PSE 0

Literatura Life Cycle Assessment LCA 0

Literatura Positive Net Impact PNI 0

TOTAL 18

Biodiversidade

Emissões,

Efluentes e

Desperdício.

Água

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- 118 -

Parâmetros Inputs e Outputs Cód. Energia Elétrica

Total de água consumida por fonte. EN8 4

Fontes de água significativamente afetadas pelo consumo de água. EN9 0

Percentual e volume total de água reciclada e reutilizada. EN10 2

Localização e tamanho de terras próprias, arrendadas, administradas

em ou adjacentes à áreas protegidas e áreas de alto valor de

biodiversidade fora de áreas protegidas.

EN11 5

Descrição dos impactos significativos na biodiversidade pelas

atividades, produtos e serviços, dentro ou fora de áreas protegidas.EN12 5

Biodiversidade de habitats de compensação em relação à

biodiversidade dos afetadosEU13 1

Habitats protegidos ou restaurados. EN13 3

Estratégias, Ações atuais e planos futuros para gerir os impactos na

biodiversidade (áreas florestais - alteração na densidade de árvores,

perda de espécies indígenas, paisagens - impactos em parques eólicos,

linhas de transmissão, água doce marinha, ecossistemas de zonas

úmidas - qualidade da água incluindo turvação, sedimentação,

assoreamento).

EN14 7

Número de espécies IUCN Red List e da lista nacional de conservação

com habitats em áreas afetadas pelas operações, por nível de risco de

extinção.

EN15 1

Emissão direta e indireta de GHG por peso. EN16 4

Outras emissões indiretas relevantes de GHG por peso. EN17 1

Iniciativas para reduzir a emissão de GHG e metas alcançadas (indicador

principal).EN18 7

Emissão de substâncias prejuciais à camada de ozônio por peso. EN19 2

Óxido Nítrico e Sulfúrico e outras emissões significativas por tipo e peso. EN20 3

Total de água descarregada por qualidade e destinação. EN21 1

Peso total do desperdício por tipo e método de disposição. EN22 11

Número total e volume de derramamentos significativos. EN23 0

Peso de transportados, importados, exportados, ou desperdícios

tratados considerados perigosos sob os termos da Convenção Basel dos

Anexos I, II, III e VIII, e percentual de desperdicios transportados

internacionalmente.

EN24 0

Identidade, tamanho, status de proteção e valor da biodiversidade de

corpos d'água e habitats relacionados significativamente afetados pelos

descarregamentos e o escoamento de água da organização.

EN25 0

Geral Total dos gastos com proteção ambiental e investimentos do tipo. EN30 11

Literatura Atua no Mercado de PSE PSE 3

Literatura Life Cycle Assessment LCA 0

Literatura Positive Net Impact PNI 0

TOTAL 71

Emissões,

Efluentes e

Desperdício.

Biodiversidade

Água

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- 119 -

APÊNDICE 8: PRINCIPAIS INICIATIVAS AMBIENTAIS E IMPACTOS NO FLUXO DE CAIXA

RefPráticas

sócioambientaisImpactos Econômicos Benefício Reflexos no fluxo de caixa Empresa Setor

Nível

E&RPSE?

1Logística

Reversa.

Retorno do óleo vegetal util izado pelos seus

consumidores que é transformado em sabão com

95% de biodegradabilidade ou em biocombustível

que reduz a emissão de GEE.

Aumento da base de clientes pela crescente

demanda de consumidores por produtos

sustentáveis.

Possível acúmulo de cota de destinação

adequada para transação na BVRio.

- Receita coproduto

- Venda de crédito de

carbono

- Venda de produtos

- Venda de cota de

destinação adequada

(CDA) na BVRio.

Bunge Alimentos 2

2

Pecuária

integrada de

baixo carbono.

Aumento da produtividade;

Menor necessidade de conversão de novas áreas

de floresta em pastagem por meio da assistência

técnica e orientação dos pecuaristas para adotar

boas práticas agropecuárias recomendadas pela

Embrapa Gado de Corte.

Ganho de escala com redução de custo

direto (1 para 3 animais por hectare).

- Custo direto

- TerrenosJBS Alimentos 2 Sim

3

Resíduos

industriais para

geração de

energia térmica.

O sebo proveniente do processamento de aves e o

conteúdo ruminal bovino em substituição ao

combustível não renovável;

Redução das emissões de GEE provenientes do

tratamento de efluentes.

Redução nas emissões de GEE;

Redução custo indireto (energia).

- Energia elétrica

- Venda de crédito de

carbono

JBS Alimentos 1

4

Substituição da

queima de

carvão por

queima de

sementes.

Queima de certa de 8.000 t de sementes por ano

deixando de usar 4.500 t de carvão;

Redução de custos em 800 mil dólares por menor

custo com eliminação do milho e menor compra

de carvão.

Menor custo insumos

Menores custos de manutenção com a

eliminação de sementes.

- Insumos

- Custo manutenção

Monsa

ntoAlimentos 3

5

Parceria entre

empresas e

fazendeiros em

prol de práticas

produtivas mais

sustentáveis.

Aumento da produtividade por meio do programa

de repasse aos agricultores das melhores técnicas

agrícolas que vão desde escolha de sementes,

plantio até colheita.

Ganho de escala com redução de custo

direto;

Maior qualidade de serviço ecossistêmico

provido.

- Custo direto Nestlé Alimentos 1 Sim

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- 120 -

Ref. Práticas sócioambientais Impactos Econômicos BenefícioReflexos no fluxo

de caixaEmpresa Setor

Nível

E&RPSE?

6 Projeto FreePacking.

Fornecedor de frascos de vidro permite

reutilizar de oito a dez vezes as caixas e

embalagens que envolvem os frascos.

Redução de custo equivalente à

12.057.283 caixas.

Redução de custos diretos. - Insumos O Boticário Cosméticos 2

7

Medidas de controle:

conscientização dos

empregados, substituição de

equipamentos hidráulicos

antigos, utilização de arejadores

nas torneiras, entre outras.

Redução do consumo administrativo de

água de 24% em relação a 2011.

Redução despesas indiretas

(funcionais). - Água Cemig Energia Elétrica 2

8

Operação de duas novas torres

de resfriamento para aumento

da eficiência do sistema de

resfriamento da planta.

Redução de 31% no consumo de água nos

últimos 4 anos.Redução custo direto.

- Custo direto

(água) Cemig Energia Elétrica 2

9

Produção de sementes e mudas

para revegetação de áreas

protegidas.

Gastos com reflorestamento como

condicionante à licença de operação

Redução dos riscos com

conformidade legal;

Possível acúmulo de áreas de

reposição florestal para

transação na BVRio.

- Reflorestamento

de áreas

degradadas;

- Venda de cota de

reposição florestal

(BVRio).

Cemig Energia Elétrica 1

10

Programa de Eficiência

Energética por meio da

substituição de chuveiro por

sistema de aquecimento solar:

6000 sistemas implementados.

11.8 MM investidos;

Economia de energia 1.807 Mwh/ano;

Emissões evitadas 124 t CO2 e.

Redução no consumo de

energia (despesas funcionais);

Acúmulo de créditos de

carbono.

- Energia elétrica

- Venda de crédito

de carbono

Cemig Energia Elétrica 3

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- 121 -

Ref. Práticas sócioambientais Impactos Econômicos BenefícioReflexos no fluxo

de caixaEmpresa Setor

Nível

E&RPSE?

11Gerenciamento de

resíduos.

1.48 MM investidos para gerenciamento

de resíduos;

26.319 t de resíduos e material industrial

alienado ou reciclado;

Receita gerada de 8.4MM.

Redução do volume de material

disposto em aterros;

Redução da exposição a

passivos ambientais pela

gestão de resíduos;

Possível acúmulo de cota por

gestão adequada de resíduos.

- Armazenamento e

transporte de

resíduos;

- Contingências

ambientais.

- Venda de cota de

destinação

adequada na BVRio.

Cemig Energia Elétrica 4

12

Manejo integrado de

vegetação em faixas de

passagens de linha de

transmissão.

Investimento 5MM;

Redução 34 % dos desligamentos

(interrupções de energia) causados pelo

contato com as árvores;

Redução da frequência de podas.

Qualidade do produto final;

Redução de custo direto

(podas).

- Venda de Produtos

- Custo direto

(podas).

Cemig Energia Elétrica 2

13

Programa de

reflorestamento ciliar em

parceria com

proprietários rurais e com

o Ministério Público.

Efetivação de 74,2 he de matas

plantadas no entorno de 8 reservatórios

de usinas;

Produção de sementes e mudas.

Qualidade do produto final;

Redução de gastos com

medidas corretivas da água;

Possível acúmulo de áreas de

reposição florestal para

transação na BVRio.

- Venda de Produtos

- Custo Manutenção

- Venda de cota de

reposição florestal

na BVRio.

Cemig Energia Elétrica 2 Sim

14

Coproduto cinzas

utilizado para produção

de cimento.

As cinzas geradas pela combustão de

carvão no processo de geração de

energia nas usinas termelétricas servem

para a indústria cimenteira como insumo

do cimento pozolânico substituindo o

calcário em sua composição.

Redução de impacto mbiental;

Venda de coproduto.- Receita coprodutos Tractebel Energia Elétrica 2

Page 135: Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos nas Empresas ... · Foi uma honra conhecê-los. ... modelo foram selecionadas as empresas brasileiras líderes em sustentabilidade e,

- 122 -

Ref.Práticas

sócioambientaisImpactos Econômicos Benefício Reflexos no fluxo de caixa Empresa Setor

Nível

E&RPSE?

15Plantio de

árvores.

Restauração da mata atlântica;

Previsão de plantio de 200 milhões de árvores

em 150 mil hectares nos próximos 10 anos;

Investimento de R$ 3bi

Redução dos riscos com

conformidade legal;

Gastos com reflorestamento como

condicionante à licença de operação.

Possível acúmulo de cota de reserva

ambiental para transação na BVRio.

- Venda de cota de

reserva ambiental

(CRA) na BVRio;

- Reflorestamento de

áreas degradadas.

FibriaMadeira

e Papel2

16 Reciclagem.

Lama de cal, cinza de biomassa, dregs e grits

são resíduos reaproveitados como corretivo de

solo;

Economia na compra de calcário e outros

fertilizantes minerais;

65.150 t recicladas ferou uma economia de R$

9,85 milhões.

Redução do volume de material

disposto em aterros;

Redução da exposição a passivos

ambientais pela gestão de resíduos.

Redução custo direto (insumos)

- Insumos FibriaMadeira

e Papel3

17

Corredores

Ecológicos(CE);

árvores-ponte

(AP); mosaico

de colheita

(MC);

dormitórios de

psitacídeos

(DP).

CE - faixas de plantios de eucalipto destinadas à

conexão de fragmentos de mata nativa

contribuem para o deslocamento dos animais da

região; AP - manutenção de árvores em pé nas

áreas de colheita de eucalipto para facilitar o

deslocamento das aves entre fragmentos de

mata nativa; MC - manutenção de talhões de

eucalipto em pé enquanto outros são colhidos

numa mesma região, de forma a manter a

estabilidade ambiental; DP - alguns talhões de

eucalipto são utilizados por grupos de

psitacídeos para pouso e dormitório.

Conservação da biodiversidade;

Qualidade do processo produtivo via

fomento da diversidade biológica

para garantia da qualidade dos

serviços ecossistêmicos.

Aumento da base de clientes pela

crescente demanda de consumidores

por produtos sustentáveis.

- Venda de produtos FibriaMadeira

e Papel2

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- 123 -

Ref. Práticas sócioambientais Impactos Econômicos BenefícioReflexos no fluxo

de caixaEmpresa Setor

Nível

E&RPSE?

18Gerenciamento de

resíduos.

Utilização do lodo resultante do processo

de branqueamento de fibras recicladas

em olarias de cimento ou na caldeira de

biomassa.

Redução do volume de material

disposto em aterros.- Receita coproduto

Kimberly-

clarkMadeira e Papel 2

19Gerenciamento de

resíduos.

Aproveitamento de restos de concreto,

argamassa, alvenaria, cerâmica podem

compor misturas como de argamassa

para assentamentos, revestimentos e

contrapisos.

6.500 m3 de resíduos aproveitáveis dos

canteiros de obra correspondentes a

1.625 caçambas de plástico e papel.

Redução do volume de material

disposto em aterros;

Redução da exposição a

passivos ambientais pela

gestão de resíduos.

- Receita coprodutosCyrela

Materias e

Construção2

20Gerenciamento de

resíduos

Destinação dos resíduos de madeira das

obras a uma empresa que os transforma

em biomassa para produção de energia

limpa.

Redução do volume de material

disposto em aterros;

Redução da exposição a

passivos ambientais pela

gestão de resíduos.

- Receita coprodutosEven

Materias e

Construção1

21 Logística Reversa.Devolução de entulho para produção de

blocos estruturais.

Redução do volume de material

disposto em aterros;

Redução da exposição a

passivos ambientais pela

gestão de resíduos.

Possível acúmulo de cota de

destinação adequada para

transação na BVRio.

- Receita coprodutos

-Venda de cota de

destinação

adequada (CDA) na

BVRio.

EvenMaterias e

Construção1

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- 124 -

Ref.Práticas

sócioambientaisImpactos Econômicos Benefício

Reflexos no fluxo

de caixaEmpresa Setor

Nível

E&RPSE?

22 Reciclagem de Gesso.Reciclagem de 558,4 t que produziram

11.167 t de cimento.

Redução do volume de

material disposto em

aterros;

Redução da exposição a

passivos ambientais pela

gestão de resíduos.

- Receita coprodutosEven

Materias e

Construção2

23

Construção de

cinturões verdes e

barreiras vegetais ao

redor dos pátios

produtivos.

Redução da suspensão de material

particulado;

Redução da velocidade com que os

ventos incidem nas pilhas de matérias-

prima por meio de adubação e realização

de novos plantios de modo a enriquecer

floresta existente, aumentando sua

diversidade florestal, sustentabilidade e

eficácia na redução de materiais

particulados suspensos.

Redução desperdício de

matéria-prima- Insumos Arcelor Metalurgia 1 Sim

24

Mecanismo de

desenvolvimento limpo

(MDL).

Projeto de cogeração de energia elétrica

pela reutilização de gases da aciaria,

resultando na aprovação pelo Comitê

executivo das nações unidas para a

comercialização de um segundo lote de

créditos de carbono;

Venda de 140 mil t de CO2 no valor de

3,34 milhões de reais.

Redução nas emissões de

GEE;

Redução custo indireto

(energia).

- Energia elétrica

- Venda de crédito

de carbono

Arcelor Metalurgia 2

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- 125 -

Ref.Práticas

sócioambientaisImpactos Econômicos Benefício

Reflexos no fluxo

de caixaEmpresa Setor

Nível

E&RPSE?

25

Fechamento do circuito

de águas para

reciclagem e

reaproveitamento.

Investimento em avançados sistemas

fechados de tratamento e recirculação de

água trazendo economia de 2 trilhões de

litros de água;

Menores impactos ambientais.

Redução do custo direto na

produção do aço

- Instalações Fabris

- Custo diretoGerdau Metalurgia 2

26Sistema de

despoeiramento.

Captação de partículas sólidas geradas

no processo de produção de aço, que

posteriormente são transformadas em

coprodutos utilizados em outro segmento

da indústria.

Redução de custo de

manutenção;

Receita gerada com a

venda dos coprodutos.

- Receita coprodutos

- Custo indiretoGerdau Metalurgia 1

27

Substituição de

combustível fóssil por

cavaco de madeira.

Redução de emissão de 22 mil t de CO2

com o mesmo consumo de energia;

Economia de R$6 milhões por

substituição de insumo.

Redução de custos

indiretos;

Redução nas emissões de

GEE.

- Venda de crédito

de carbono

- Insumos

Anglo

AmericanMineração 2

28

Instalação de barreiras

de vento nos pátios de

estocagem de pelotas

e finos de minério de

ferro.

Investimento de R$ 88,6 MM;

67,1% de progresso na redução da

emissão de particulados nos pátios

Redução dos riscos com

conformidade legal.- Instalações fabris Samarco Mineração 3

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- 126 -

Ref. Práticas sócioambientais Impactos Econômicos BenefícioReflexos no fluxo

de caixaEmpresa Setor

Nível

E&RPSE?

29

Fechamento do circuito de

águas para reciclagem e

reaproveitamento.

Investimento de R$ 90MM em

tanques de decantação, rampas,

bomba, tubulação e caixas d'água

em fibras e gestão de recusrsos

hídricos em geral;

Reaproveitamento da água

resultante da limpeza dos

caminhões;

Reuso da água nos processos de

concretagem, com economia de 3,2

milhões de m3 de água;

70% da água consumida nos

processos produtivos vem de reúso

(953 bilhões de litros de água).

Redução de custo direto

(redução dos dispêndios

com a água captada em

bacias hidrográficas).

- Água

- Instalações fabrisVale Mineração 3

30Guia de fechamento de

minas.

82MM investidos em fechamento

de minas;

Disponibilização de terreno para

usos alternativos.

Redução dos riscos com

conformidade legal.

- Contingências

ambientais

- Instalações fabris

Vale Mineração 2

31

Incentivo à melhoria da

gestão ambiental e ao

desenvolvimento de

economias municipais

sustentáveis;

Apoio à conservação de

áreas protegidas e sua

biodiversidade;

Monitoramento estratégico

do bioma.

Redução de 40% na taxa de

desmatamento no Pará (2009-

2011);

Área de floresta que deixou de ser

suprimida equivale a 1000 Km2.

Redução dos riscos com

conformidade legal;

Possível acúmulo de áreas

de reserva ambiental para

transação na BVRio.

- Venda de cota de

reserva ambiental

(CRA) na BVRio

- Reflorestamento

de áreas

degradadas

Vale Mineração 1

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- 127 -

Ref. Práticas sócioambientais Impactos Econômicos BenefícioReflexos no fluxo

de caixaEmpresa Setor

Nível

E&RPSE?

32

Reaproveitamento do fino de

minério de ferro depositado

nas barragens após o

processo de beneficiamento.

Investimento em dragas, baias,

planta de repeineramento

Reprocessamento do material e

reincorporação à produção mineral;

Total de 2,5 milhões t de finos

reprocessados.

Redução de custo direto

Redução do impacto no

meio ambiente pois reduz

área destinada a barragens.

- Instalações fabris

- InsumosVale Mineração 2

33Sistema de gestão de

barragens e pilhas.

Reaproveitamento da escória para

geração de coprodutos;

Receita com a venda dos

coprodutos para indústrias de

construção civil, pavimentação e de

fertilizantes: cimento, cerâmica e

outros agregados.

Lucro médio de USD 88k pelo

gerenciamento adequado dos

residuos e seus coprodutos.

Redução do volume de

material disposto em

aterros;

Redução da exposição a

passivos ambientais pela

gestão de resíduos.

- Instalações fabris

- Receita coprodutosVale Mineração 3

34

Tecnologia de peneiramento

por meio da umidade da

mina.

Economia de 19,7 bi de litros de

água anuais;

Redução do consumo de energia

em mais de 18k MW/ano;

Evita construção de barragens de

rejeitos.

Redução de custo direto

(redução dos dispêndios

com a água captada em

bacias hidrográficas e

energia elétrica);

Menor necessidade de terra

para processo produtivo.

- Água

- Energia elétrica

- Terrenos

Vale Mineração 2

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- 128 -

Ref. Práticas sócioambientais Impactos Econômicos BenefícioReflexos no fluxo

de caixaEmpresa Setor

Nível

E&RPSE?

35

Produção de biocombustível

(etanol) a partir do bagaço da

cana.

Aumento de 40% do potencial de

produção do etanol por área

plantada;

Menor custo de insumo, por se

tratar de um subproduto.

Redução de Custo direto;

Menor necessidade de terra

para processo produtivo.

- Pesquisa e

Desenvolvimento

- Insumo

- Terrenos

Petrobrás Petróleo e Gás 2

36

Proclima - Programa

tecnológico para mitigação

de mudanças climpaticas.

Recebimento de recursos pela

negocioção de créditos de carbono.

Redução dos riscos com

conformidade legal;

- Venda de créditos

de carbono

- instalações fabris

Petrobrás Petróleo e Gás 1

37

Reúso de efluente no sistema

de resfriamento com o seu

emprego no processo de

dessalinização por

eletrodiálise reversa.

Economia de 293 mil m3 de água.

Redução de custo direto

(redução dos dispêndios

com a água captada em

bacias hidrográficas e

energia elétrica).

- Água Petrobrás Petróleo e Gás 2

38Estação de tratamento de

despejos industriais.Economia potencial de 2,6MM m

3

de água por ano.

Redução de custo direto

(redução dos dispêndios

com a água captada em

bacias hidrográficas e

energia elétrica).

- Água Petrobrás Petróleo e Gás 2

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- 129 -

Ref. Práticas sócioambientais Impactos Econômicos BenefícioReflexos no fluxo

de caixaEmpresa Setor

Nível

E&RPSE?

39

Aproveitamento do biogás

gerado a partir do tratamento

de esgotos para geração de

energia.

Proteção dos lençõis freáticos;

Economia de energia elétrica.

Redução despesas indiretas

(funcionais). - Energia elétrica Sabesp

Saneamento

Básico1

40 Gerenciamento de resíduos.

Transformação do lodo produzido

na estação de tratamento de

esgoto em composto agrícola;

Compostagem de 70 t diárias,

redução de 58% dos custos

operacionais de tratamento e

disposição final do lodo.

Receita com a venda do

fertilizante;

Redução custos indiretos;

Possível acúmulo de cota

por destinação adequada

de resíduos para transação

na BVRio.

- Receita coproduto

- Custo indireto

(manutenção)

- Venda de cota de

destinação

adequada (CDA)

BVRio.

SabespSaneamento

Básico2

41 Tecnologia de asfalto morno.

Redução das emissões de GEE por

meio de um processo de

pavimentação em que a

temperatura utilizada na usina para

a mistura dos agregados é reduzida

significativamente.

Redução custo indireto

(energia);

Redução nas emissões de

GEE.

- Energia elétrica

- Venda de crédito

de carbono

CCR Transporte 1

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- 130 -

ANEXO I

Código Categoria Descrição Pp/gu

1Extração e Tratamento

de Minerais

- pesquisa mineral com guia de utilização; lavra a

céu aberto, inclusive de aluvião, com ou sem

beneficiamento; lavra subterrânea com ou sem

beneficiamento, lavra garimpeira, perfuração de

poços e produção de petróleo e gás natural.

AAlto

2Indústria de Produtos

Minerais Não Metálicos

- beneficiamento de minerais não metálicos, não

associados a extração; fabricação e elaboração de

produtos minerais não metálicos tais como

produção de material cerâmico, cimento, gesso,

amianto, vidro e similares.

MMédio

3 Indústria Metalúrgica

- fabricação de aço e de produtos siderúrgicos,

produção de fundidos de ferro e aço, forjados,

arames, relaminados com ou sem tratamento; de

superfície, inclusive galvanoplastia, metalurgia dos

metais não-ferrosos, em formas primárias e

secundárias, inclu

AAlto

4 Indústria Mecânica

- fabricação de máquinas, aparelhos, peças,

utensílios e acessórios com e sem tratamento

térmico ou de superfície.

MMédio

5

Indústria de material

Elétrico, Eletrônico e

Comunicações

- fabricação de pilhas, baterias e outros

acumuladores, fabricação de material elétrico,

eletrônico e equipamentos para telecomunicação

e informática; fabricação de aparelhos elétricos e

eletrodomésticos.

MMédio

6Indústria de Material

de Transporte

- fabricação e montagem de veículos rodoviários e

ferroviários, peças e acessórios; fabricação e

montagem de aeronaves; fabricação e reparo de

embarcações e estruturas flutuantes.

MMédio

7 Indústria de Madeira

- serraria e desdobramento de madeira;

preservação de madeira; fabricação de chapas,

placas de madeira aglomerada, prensada e

compensada; fabricação de estruturas de madeira

e de móveis.

Médio

8Indústria de Papel e

Celulose

- fabricação de celulose e pasta mecânica;

fabricação de papel e papelão; fabricação de

artefatos de papel, papelão, cartolina, cartão e

fibra prensada.

Alto

9 Indústria de Borracha

- beneficiamento de borracha natural, fabricação

de câmara de ar, fabricação e recondicionamento

de pneumáticos; fabricação de laminados e fios de

borracha; fabricação de espuma de borracha e de

artefatos de espuma de borracha, inclusive látex.

Pequeno

10Indústria de Couros e

Peles

- secagem e salga de couros e peles, curtimento e

outras preparações de couros e peles; fabricação

de artefatos diversos de couros e peles; fabricação

de cola animal.

Alto

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- 131 -

Código Categoria Descrição Pp/gu

11

Indústria Têxtil, de

Vestuário, Calçados e

Artefatos de Tecidos

- beneficiamento de fibras têxteis, vegetais,

de origem animal e sintéticos; fabricação e

acabamento de fios e tecidos; tingimento,

estamparia e outros acabamentos em peças do

vestuário e artigos diversos de tecidos;

fabricação de calçados e componentes p

Médio

12Indústria de Produtos

de Matéria Plástica.

- fabricação de laminados plásticos, fabricação

de artefatos de material plástico.Pequeno

13 Indústria do Fumo- fabricação de cigarros, charutos, cigarrilhas e

outras atividades de beneficiamento do fumo.Médio

14 Indústrias Diversas - usinas de produção de concreto e de asfalto. Pequeno

15 Indústria Química

- produção de substâncias e fabricação de

produtos químicos, fabricação de produtos

derivados do processamento de petróleo, de

rochas betuminosas e da madeira; fabricação

de combustíveis não derivados de petróleo,

produção de óleos, gorduras, ceras, veget

Alto

16Indústria de Produtos

Alimentares e Bebidas

- beneficiamento, moagem, torrefação e

fabricação de produtos alimentares;

matadouros, abatedouros, frigoríficos,

charqueadas e derivados de origem animal;

fabricação de conservas; preparação de

pescados e fabricação de conservas de

pescados; beneficiamen

Médio

17 Serviços de Utilidade

- produção de energia termoelétrica;

tratamento e destinação de resíduos

industriais líquidos e sólidos; disposição de

resíduos especiais tais como: de agroquímicos

e suas embalagens; usadas e de serviço de

saúde e similares; destinação de resíduos de

esg

Médio

18Transporte, Terminais,

Depósitos e Comércio

- transporte de cargas perigosas, transporte

por dutos; marinas, portos e aeroportos;

terminais de minério, petróleo e derivados e

produtos químicos; depósitos de produtos

químicos e produtos perigosos; comércio de

combustíveis, derivados de petróleo e pr

Alto

19 Turismo- complexos turísticos e de lazer, inclusive

parques temáticos.Pequeno

20Uso de Recursos

Naturais

- silvicultura; exploração econômica da

madeira ou lenha e subprodutos florestais;

importação ou exportação da fauna e flora

nativas brasileiras; atividade de criação e

exploração econômica de fauna exótica e de

fauna silvestre; utilização do patrimônio

Médio

21 (VETADO) x x

22 (VETADO) x x

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