biblia king james - bkj

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bkj

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  • Bblia King James (KJA)A Bblia que J.F de Almeida leu, agora traduzida a partir de melhores e

    mais antigos manuscritos originais. Comit Internacional de Traduo da Bblia King James Atualizada (KJA), 2012

    ABBA PRESS Editora e Div. Cult. Ltda & SBIA Sociedade Bblica bero-Americana

    1a Edio Dezembro/2012

    CategoriaBblia

    Cd: 01.30107.0113.1

    ISBN 978-85-7857-047-5

    ImpressoPowergraphics

    Tels/Fax (11) 5686-5058 / 5523-9441Site: www.abbapress.com.br

    E-mail: [email protected]

    Site: www.bibliakingjames.com.brE-mail: [email protected]

    SBIASociedade BblicaIbero-Americana

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  • King

    James

    ContedoApresentao ..................................................................................................................... 05

    Prefcio ................................................................................................................................ 07

    Reconhecimentos Oswaldo Paio ............................................................................. 09

    Qual foi a bblia que Almeida leu...?............................................................................... 13

    Entre os muitos manuscritos quais so os mais fiis e acurados? ......................... 14

    O que significa a transmisso textual do Antigo Testamento? ................................ 15

    Por que a traduo KJA se baseia na Bblia Hebraica Stuttgartensia? .................. 16

    Tradues e Verses ......................................................................................................... 16

    Antes da imprensa, cartas e livros s podiam ........................................................... 17

    O problema da transmisso e alterao do texto bblico ....................................... 18

    Alguns equvocos e erros ortogrficos foram involuntrios ................................... 19

    Vamos conhecer um pouco sobre as Famlias Textuais ........................................ 20

    Uma palavra de esclarecimento sobre o famoso e estimado Textus Receptus .. 23

    Por que muitos lderes religiosos tm medo da Crtica Textual? ........................... 26

    O Chamado Perodo Pr-Crtico .................................................................................. 27

    O Perodo Crtico-Moderno .......................................................................................... 27

    Tischendorf, o grande descobridor ............................................................................... 28

    A notvel obra de Tregelles em prol do Texto Crtico ............................................. 29

    Um destaque ao valoroso crtico Alford ..................................................................... 29

    Westcott e Hort, a cincia da crtica textual .............................................................. 30

    A arte da crtica textual de Bernhard Weiss ............................................................... 31

    Nestle, Souter, Merk, Bover... Excelentes exemplos de erudio bblica .............. 31

    Os incentivadores da traduo King James Atualizada: Aland e Metzger ............. 32

    O novo Texto Grego normativo ou majoritrio ........................................................ 33

    Diretrizes para determinao do melhor Texto Grego do Novo Testamento ... 34

    Qual o melhor sistema teolgico para traduo dos textos originais da Bblia? ............................................................................................................. 36

    Por que a Bblia King James Atualizada a melhor traduo dos originais bblicos? ............................................................................................................... 37

    Por que essa traduo leva o nome King James? ....................................................... 38

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    Anos

    Quais so outros benefcios oferecidos aos leitores da Bblia King James Atualizada? .......................................................................................... 39

    Ser literal na traduo da Bblia no ser exato, nem correto ................... 40

    Alm da preciosa traduo dos originais, o que mais oferece a Bblia King James Atualizada? .......................................................................................... 43

    Alguns exemplos de problemas de traduo elucidados na KJA ........................... 43

    Alguns Depoimentos Sobre a Bblia King James Atualizada (KJA) ......................... 47

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  • King

    James

    Apresentao Edio ComEmorativa aos 400 anos da BBlia King JamEs

    Posso dizer que, durante todos os meus anos de vida e ministrio, conheci a graa de Deus manifestada de vrias maneiras. Uma delas, e o afirmo com toda a humildade, mas tambm com orgulho saudvel, a de ter nascido no Brasil, um pas que amo no apenas por ser meu bero e de toda a minha famlia, mas pela riqueza de recursos que aprouve ao Senhor colocar disposio de seus filhos nesta terra to abenoada. Um desses recursos a obra que voc tem em mos neste momento: o povo de lngua portuguesa passa a contar com o texto integral da Bblia King James, privilgio antes restrito praticamente aos cristos de pases e regies de lngua inglesa, desde 1611.

    Trata-se de um momento singular. Afinal, no estamos falando apenas do mais importante Livro de todos, mas da prpria Palavra de Deus, o testemunho escrito e divinamente inspirado da vida e da obra salvfica de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, bem como da continuidade da era da Graa na operao do Deus Esprito Santo em sua Igreja.

    Esta edio atualizada e comemorativa dos 400 anos da primeira publicao da Bblia King James nos chega numa de suas tradues mais acuradas e notveis, que prima por um texto to claro quanto elegante; ao mesmo requintado e acessvel, rigoroso na preciso exegtica e hermenutica, mas transposto para o nosso idioma com extrema erudio e sensibilidade.

    Isso faz do Brasil membro de um seleto clube. A traduo da Bblia King James, que j foi instrumento de evangelizao e ensino nas mos de grandes telogos nos ltimos quatro sculos, reconhecida tambm pela nobreza de sua linguagem, em grande parte creditada ao ambiente histrico em que foi concebida. Com isso, os ministros eclesisticos, os lderes leigos e todo fiel estudioso da Palavra de Deus ganham um recurso poderoso alm da edio do Novo Testamento da Bblia King James j recebido com enorme aceitao em todas as igrejas no Brasil e no exterior a elaborao de mensagens e profundas anlises, como igualmente na pesquisa e na fundamentao de uma teologia saudvel, contextualizada, abrangente e, principalmente, bblica.

    Antes, porm, de comear a desfrutar desse texto magnfico, dedique alguns mi-nutos de orao e agradea ao Senhor pelo trabalho srio e dedicado, ao longo de mais de dez anos, das pessoas envolvidas no projeto de traduo da Bblia Sagrada Authorized Version (Verso Autorizada) e que seguiro pesquisando e buscando melhorar ainda mais a traduo dessa obra para a lngua portuguesa.

    Ore tambm para que a Bblia King James Atualizada (KJA) seja veculo de bnos para todos aqueles que desejam conhecer e crescer no conhecimento do nosso poderoso e amoroso Deus.

    Carlos Alberto de Quadros Bezerra Pastor-Presidente da Comunidade da Graa / Brasil;

    escritor e conferencista internacional.

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  • King

    James

    Prefcio

    Lidar com verses bblicas diferentes sempre traz enriquecimento para todo estudioso da Palavra de Deus, tanto para a prpria vida como para o ensino pblico das Escrituras. por isso que tanto me alegro ao ver em lngua portuguesa esta traduo da Bblia King James Atualizada (KJA). Verso elaborada a partir dos manuscritos nas lnguas originais hebraico, ara-maico e grego, preservando o estilo da famosa edio do comit de eruditos britnicos, liderados pelo prprio rei Tiago, em 1611.

    Lendo as Escrituras podemos de incio prender-nos ao texto e daquele tex-to ouvir a voz de Deus. Ao mesmo tempo, podemos estudar todo o contexto daquilo que estamos lendo e, neste caso, de extrema valia consultarmos outras tradues, verses, comentrios e demais ajudas.

    por isso que fico entusiasmado com este trabalho para nossa lngua, pro-duzido com todo esmero pelo Comit Internacional de Traduo da Sociedade Bblica Ibero-Americana e Abba Press no Brasil. A traduo da Bblia King James Atualizada para o portugus abenoar ricamente os plpitos e leitores srios da Palavra de Deus.

    especial lembrar que nossa antiga verso de Joo Ferreira de Almeida teve forte influncia e ajuda da traduo anterior, a verso publicada h mais de 400 anos e produzida pelos 50 mais notveis exegetas e biblistas britnicos, sditos do rei evanglico James I (Tiago Primeiro). Assim, de certa forma, quando usa-mos umas das verses de Almeida. estamos lendo um texto que foi orientado pelo prprio estudo das pginas da Bblia King James, obra que continua a inspi-rar uma srie de novas tradues e adaptaes no Brasil e no mundo.

    Planejada inicialmente, a pedido do rei James, por volta de 1607, para ser um trabalhado criterioso de reviso de alguns excessos doutrinrios observados na conhecida verso da Bblia de Genebra, a obra ganhou fora e iluminao espiritual incontrolveis; e daquele trabalho apenas corretivo produzido pelos mais brilhantes estudiosos de todas as denominaes crists britnicas reunidas na Universidade de Oxford, surgiu a mais lida e amada traduo das Escrituras Sagradas desde 1611 at nossos dias em todo o mundo.

    Quando manuscritos originais mais antigos da Bblia e, portanto, mais prxi-mos dos eventos ocorridos (o que lhes confere mais alto grau de acuracidade, e assim, tendem a ser mais fiis aos autgrafos), foram encontrados na regio montanhosa de Vadi Qunram, prxima ao mar Morto, constituindo-se na mais importante descoberta arqueolgica do sculo XX, um precioso trabalho de reviso da prpria Bblia King James teve incio, e uma nova, precisa e rica tra-duo surgiu.

    Hoje, depois de muitos anos de lutas, provaes e lindas vitrias, a Bblia King James Atualizada em portugus (KJA), comunica atravs de seu texto a majestade divina e o estilo clssico da Bblia King James de 1611, preservando

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    sua beleza e fidelidade aos melhores e mais antigos originais, ao mesmo tempo, gerando contemporaneidade.

    Estou convicto que ao estudar a Tor (Lei de Moiss o Pentateuco) e o Antigo Testamento da Bblia King James a exemplo do que j fao com o Novo Testamento h alguns anos na preparao de mensagens e estudos, bem como em minhas devocionais, serei muito enriquecido. Essa mesma convico tenho em relao ao amigo leitor. Voc tambm, guiado pelo Esprito Santo, se benefi-ciar das consultas e leituras que fizer desta obra monumental.

    Que Deus lhe abenoe em sua jornada espiritual, como filho de Deus, como leitor e anunciador das Sagradas Escrituras.

    Dr. Lisnias MouraPastor snior da Igreja Batista do Morumbi; mestre em teologia pelo

    Dallas Theological Seminary (DTS) / EUA.

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  • King

    James

    Reconhecimentos

    Como disse C.S. Lewis ao longo de sua obra: Deus absolutamente bom e soberano, ainda que voc creia no livre-arbtrio total. Levei mais de meio sculo para aprender que o mundo e a Histria tm um Autor e roteirista, e que a vida de cada indivduo est nas mos de Deus, espero que voc chegue a essa concluso bem mais cedo, far um bem enorme a si mesmo e para sempre. Neste sentido, a leitura atenta e diria da Bblia King James lhe ser de vital ajuda, creia nisso.

    Enquanto escrevo, lembro-me de uma frase de Sto. Agostinho: O Novo Testamento est oculto no Antigo Testamento, e o Antigo Testamento est re-velado no Novo Testamento. A vida, para a maioria de ns, um livro no qual no escreveremos o ltimo captulo; as pessoas sempre morrem antes do que gostariam, antes de escrever seus captulos finais, talvez os mais sonhados. Isso to mais verdade para tradutores da Bblia, a maioria sofreu demais, morreu cedo e no viu, muito menos usufruiu dos resultados maravilhosos da sua obra.

    Minha histria pessoal tinha a direo do inferno, mas que bom que Deus mudou tudo atravs da vida e da palavra do pastor e amigo Paulo Solonca, e ainda me deu o presente de ver a publicao desse exemplar comemorativo da Bblia King James, 400 anos depois da sua primeira edio em Londres no ano de 1611 da nossa era. No h melhor viso para um autor ou editor do que contemplar a sua obra nas mos do leitor. Aqui vai um reconhecimento obra de homens e mulheres, das grandes cidades aos mais desconhecidos rinces do planeta, que se dedicam tantas vezes, brilhantes annimos tarefa herclea, ingrata e utpica de traduzir as Sagradas Escrituras para seu tempo e sua gente. Acho que aqui posso citar Castro Alves: Oh! Bendito o que semeia livros... livros mo cheia, e manda o povo pensar. O livro caindo nalma grmen que faz a palma. chuva que faz o mar.....

    A histria da traduo da Bblia King James Atualizada (KJA) que voc tem mo, comeou a ganhar concretude por volta de 1999 (Deus j havia me falado sobre isso h dez anos antes numa visita a Universidade de Oxford, mas fora desestimulado por alguns amigos), quando fui procurado pelo Dr. Carlos Fushan e seus amigos Dr. Francisco Lacueva e Dr. Bruce M. Metzger com uma ideia re-volucionria sobre uma traduo das Sagradas Escrituras com base nos recentes relatrios arqueolgicos da poca, chamados Rolos do Mar Morto, e novos tra-balhos de exegese concludos na Alemanha conhecidos como Textos Crti-cos dos mais antigos e fiis manuscritos bblicos nas lnguas originais (hebraico, aramaico, grego); e o projeto fora dirigido prioritariamente para as lnguas espa-nhola e portuguesa. Deste tempo a essa data, muitas coisas ocorreram, muitas guas rolaram por baixo da ponte, muitas pessoas mudaram de rumo, outras j esto com o Senhor; e ns, que ainda estamos aqui por breve tempo, sentimos de Deus o dever e o privilgio de continuar a obra para a glria do Senhor e em memria dos que tanto desejaram ver pessoas tendo a experincia de um

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    segundo nascimento, e a alegria do estudo bblico. Lembro-me neste momento do meu pai, do meu sogro e do amado amigo Dr. Mike Wells (responsvel pela maioria das notas e comentrios devocionais na KJA). Agradeo profundamente aos inmeros exegetas, linguistas, fillogos, biblistas, arquelogos, telogos; eru-ditos de diversas reas do saber, que voluntaria e prazerosamente dedicaram tempo importante de suas vidas para cooperar na produo da KJA. Terei sem-pre muito a agradecer pelo aprendizado e o exemplo que obtive ao lado de pes-soas das mais variadas culturas, lnguas e vises de mundo, na Sociedade Bblica Internacional, durante o tempo em que fui diretor no Brasil e pudemos lanar a conhecida traduo NVI (Nova Verso Internacional) ao lado do Dr. Luis Sayo, Dr. Russell Shedd, Ricardo Gondim, Ed Ren Kivitz; no convvio de anos com os mestres que tive no Seminrio Bblico Palavra da Vida, aos ps dos doutores: Carlos Osvaldo Pinto e Estevan Kirschner; da mesma maneira foi significativa a instrutiva e inesquecvel passagem pela JUERP (Junta de Educao Religiosa da Conveno Batista); pela United Bible Society e, particularmente, pela Sociedade Bblica do Brasil, onde tive o privilgio de criar a logomarca que a organizao preserva at hoje, e conhecer pessoas ilustres como meu diretor Rev. Antnio Giraldi, seus familiares, e a equipe de nobres amigos como Dr. Rudi Zimmer, C-lio Emerik (esse j antigo amigo desde que trabalhamos juntos na Editora Abril), Pr. Eude Martins (amigo desde que foi presidente da conhecida Editora Vida) e o professor Erni Seibert, alm do eterno amigo Dr. Eneas Tognini (a primeira pessoa de renome internacional a escrever uma carta de elogio traduo e publicao do Novo Testamento da KJA). No posso deixar de reconhecer a enorme contribuio dos amigos Caio Fbio e Robinson Cavalcanti nos bons tempos das misses AEVB e VINDE, bem como dos irmos da SEPAL (Servio de Evangelizao para a Amrica Latina), especialmente nas pessoas dos missio-nrios e meus chefes: Dr. Jaime Kemp, Ary Velloso, Douglas Spurlock, Tim Halls e Ted Limpic, pelo bem que fizeram minha vida e, por conseguinte, obra da KJA. Jamais vou me esquecer das conversas com Ted Limpic e Luis Palau sobre a ideia de uma nova traduo das Escrituras para a Amrica Latina. Realmente, como disse Fernando Pessoa: Sou esse intervalo, esse vazio de um lado, o meu desejo; do outro lado, o desejo dos outros que esperam coisas de mim... Assim, que somos um misto de nossas vontades e das expectativas e exemplos de pessoas que com suas histrias atravessam a vida da gente, e nessa hora timo confiar que Deus o Autor das nossas histrias todas, e de cada uma.

    No final desse texto, procuro colocar algumas expresses de reconheci-mento de amigos e pessoas que muito cooperaram para que essa traduo das Sagradas Escrituras chegasse at voc; a tantos outros, entretanto, que a modstia os fez preferir ficar em oculto, guardados eternamente na gratido do corao; do fundo da alma, muito obrigado!

    Desde o lanamento do Novo Testamento da Bblia King James em 2002, ouo algumas perguntas; entre elas, se a KJA uma traduo direta da New King James Bible? No, no . A KJA uma traduo dos mais antigos e fiis manus-critos nas lnguas originais (hebraico, aramaico e grego), preservando o estilo clssico, reverente e majestoso da Bblia King James de 1611. Basicamente, nosso comit de traduo seguiu os conhecidos Textus Receptus, a Septuaginta (a

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    James

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    mais antiga traduo grega do AT), a Vulgata (a mais antiga traduo em latim dos originais em hebraico, aramaico e grego), os diversos documentos bblicos fundamentais, como os Cdices (Leningrado, Profetas do Cairo, Papiro Nash, Severi, Hillel, Muga, Jericho, Yerushalmi, etc); a Bblia Hebraica Stuttgartensia e as novas exegeses do Instituto Nestle-Aland, conhecidas como Novum Testamen-tum Graece; alm de pesquisas e estudos pessoais de diversos eruditos em todo o mundo que preferem preservar suas identidades a fim de que a obra receba o devido mrito e no seus autores; so pessoas iluminadas e que chegaram concluso de que a poesia sempre mais bonita que os poetas. E isso respon-de ltima pergunta: a Bblia, desde suas primeiras publicaes, foi escrita para ser lida e estudada pelo povo, pela gente simples, no apenas pelos acadmicos e eruditos (alis, o termo vulgata editio, significa verso popular); os acad-micos e biblistas so pessoas chamadas por Deus para fazer as tradues e os estudos teolgicos, e deveriam se comportar como servos de Deus, s isso. Portanto, o comit de traduo da KJA, em unanimidade, achou apropriado no promover a vaidade dos seus colaboradores mais ilustres com longas disserta-es e currculos, ainda que faamos questo de louvar a Deus por suas vidas e amoroso trabalho. Isso tambm explica porque no h um prefcio erudito e acadmico detalhado aqui, para essa obra. Ao finalizar, desejo agradecer minha esposa Cida, e meus filhos Deborah e Paulo, por jamais terem me abandona-do em suas oraes durante todos esses anos de labuta, ainda que lhes tenha dado muitos motivos. com eles que mais tenho aprendido a simplicidade do Evangelho e a difcil arte de ser crente. Penso que essa citao de Goethe, de 1830, ajuda a explicar a falta de um prefcio mais elaborado: Ainda na juventu-de, tornei-me ciente de que um vasto abismo separa os autores de seu pblico, embora, felizmente para ambos os lados, nenhum deles se d conta disso. Logo percebi tambm quo inteis so todos os prefcios, pois, quanto mais tentamos explicar os nossos propsitos, mais confuso criamos. Alm disso, um autor pode escrever um prefcio to longo quanto desejar, que o pblico continuar a dirigir-lhe as mesmas cobranas que ele havia procurado afastar.

    Durante mais de uma dcada, dia e noite, dedicamos nossas vidas, e muitos foram ceifados nesse perodo, na tentativa sincera e altrusta de servir ao povo com a mais preciosa das leituras. Nosso Juiz o Senhor; ou como diria Niet-zsche: O autor tem o direito ao prefcio; mas ao leitor pertence o posfcio.

    Sendo assim, todos ns, do Comit de Traduo da Bblia King James Atu-alizada, lhe desejamos uma abenoada leitura desta traduo e edio de estu-do, comemorativa dos 400 anos da primeira publicao da Bblia Authorized Version, Verso Autorizada pelo rei James I; certos de que, nas pginas que se seguem, inspiradas por Deus, o milagre da vida eterna o aguarda. To somente creia! (At 16.31).

    Boa leitura ! Oswaldo Paio

    Presidente da Sociedade Bblica Ibero-Americana & Abba Press do Brasil

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    Qual foi a Bblia que Almeida leu quando fazia a primeira verso para o idioma portugus?

    Desde o final do sculo 19, o desenvolvimento dos estudos textuais da Bblia, juntamente com os descobrimentos promovidos pela arqueologia bblica, resultaram num extraordinrio benefcio para a restaurao do Texto Bblico. Hoje, como nunca antes, a Igreja de Jesus Cristo tem em sua mo manuscritos nas lnguas originais (hebraico, aramaico e grego), maravilhosamente prximos dos Autgrafos das Sagradas Escrituras.

    Ao mesmo tempo, estas descobertas e avanos cientficos tm colocado em evidncia numerosas diferenas entre os vrios manuscritos, denominadas va-riantes textuais, de maneira que quando se compara as mais reconhecidas tra-dues do mundo moderno: King James de 1611 (em ingls); a Reina-Valera de 1862 (em espanhol), e a estimada Joo Ferreira de Almeida (em portugus), publicada pela primeira vez no Brasil pela Imprensa Bblica Brasileira, em 1943; com manuscritos originais mais antigos e fidedignos que aqueles que serviram de base para essas excelentes tradues, se manifestam algumas discrepncias e erros textuais importantes, os quais a traduo da Bblia King James procura corrigir. Esse foi o motivo da formao da Sociedade Bblia Ibero-Americana, e muito especialmente do seu Comit Internacional de Traduo, dirigido ini-cialmente por seus fundadores: Dr. Carlos W. Fushan, Dr. Bruce M. Metzger, Dr. Francisco Lacueva, e presidido no Brasil pelo Pr. Oswaldo Paio, membro da Igreja Batista do Morumbi e diretor editorial da Abba Press, responsvel pela traduo dessa obra para a lngua portuguesa. Assim como foi o sentimento do rei Tiago I (King James I), quando em 1607, atendendo a um pedido da Igreja, e sendo o prprio rei um cristo apaixonado pelo estudo bblico, reuniu cerca de 50 dos melhores exegetas e eruditos do seu tempo. Tambm o Comit Inter-nacional de Traduo da Bblia King James decidiu preservar o que de melhor h nas excelentes e consagradas tradues de King James (1611), Reina-Valera (1862), e Joo F. de Almeida (1943); isto : sua forma, estilo literrio (conside-rando que William Shakespeare foi amigo particular e grande colaborador lin-gustico de King James), riqueza de expresses, ainda hoje presentes na cultura bblica de todo leitor das Sagradas Escrituras.

    Mas, qual o Texto original da Bblia?

    Esta uma pergunta que merece ser feita e respondida sem temor, com ver-dade e clareza. E a primeira resposta : no existe nenhum documento (texto) original da Bblia hoje em dia. Entretanto com as descobertas dos chamados Rolos do Mar Morto (a maior descoberta arqueolgica do sc. 20) milhares de cpias manuscritas (tambm chamadas de originais, pois delas que todos os eruditos partem para suas exegeses e tradues vernculas), passaram a compor o j extenso acervo de manuscritos sagrados disposio de pesqui-sadores credenciados em todo o mundo. O Museu de Israel, com seu Santurio do Livro em Jerusalm; os museus: Britnico, Americano, Alemo, Holands, Va-ticano, Protestante de Genebra / Sua, Francs (Louvre); bem como as maiores

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    universidades e sociedades bblicas em todo mundo, mantm constante servio de guarda e pesquisa desses preciosos documentos histricos.

    Apesar de no dispormos dos originais da Bblia, o nmero de cpias manuscritas (originais), to imenso e consistente que supera em centenas de vezes o nmero de cpias de qualquer grande obra na Histria. Por exem-plo, a histria de Teucdides (460-400 a.C.) chegou at ns com apenas oito cpias manuscritas datadas do ano 900 d.C. Todos os manuscritos do famoso filsofo e historiador grego Herdoto tm tambm um lapso de cerca de 1300 anos entre o original e as poucas cpias encontradas at hoje. Contudo, comenta o famoso telogo F.F. Bruce: Nenhum sbio clssico daria ateno a qualquer argumento que pusesse em dvida a autenticidade de Herdoto ou Teucdides, s porque os manuscritos mais antigos de suas obras, que so de utilidade para ns, tm um atraso superior a mil anos sobre o manuscrito original. (The New Testament Documents: Are They Reliable? Inter Varsity Press). Aristteles escreveu suas obras por volta de 343 a.C., no entanto, a cpia mais antiga que temos delas datada de 1100 d.C., revelando um intervalo de 1400 anos, e existem somente cinco manuscritos em todo o mundo. O livro antigo que mais evidncia manuscrtica apresenta Ilada, com 643 ma-nuscritos, e algumas dvidas quanto prpria autoria de Homero. S o Novo Testamento possui mais de 50.000 cpias e fragmentos bblicos. O grande Csar, escreveu sua histria das guerras gaulesas entre os anos 58 e 50 a.C., mas sua autoridade histrica baseia-se apenas em nove cpias que datam de 1000 anos aps sua morte.

    Entre os muitos manuscritos quais so os mais fiis e acurados?

    A maioria dos manuscritos do Novo Testamento foi escrita sobre frgeis folhas de papiro, e por causa do uso contnuo que se lhes dava, os documen-tos originais se gastaram, receberam novos textos sobre si, ou se destru-ram completamente pelo excessivo uso. Durante o transcurso de mais de catorze sculos, e at a inveno da impressa, milhares de transcries de todo o Novo Testamento foram copiadas e distribudas pelo mundo civiliza-do de ento. Considera-se que haja hoje cerca de 5600 cpias manuscritas completas do Novo Testamento, em bom estado, nos principais museus e centros de estudo do mundo. Contudo, entre todos esses textos originais, mais de 250.000 variantes textuais so discutidas entre os diversos erudi-tos, exegetas, arquelogos, linguistas, historiadores e outros especialistas ao redor do mundo.

    O texto do Antigo Testamento foi ainda mais zelosamente preservado pelas autoridades israelitas desde a antiguidade, e totalmente recompilado nos anos 750 at 1000 da nossa era, em uma edio que ficou conhecida como Texto Massortico (TM). Esta obra o resultado do rduo e dedicado trabalho de um grupo de eruditos chamados massoretas (comentaristas); exegetas judeus que se dedicaram ao estudo e depurao das distintas cpias do Texto Sagrado. Uma de suas escolas, a de Ben Asher, em Tiberas, desen-volveu at o final do sc. 9 a.C. um sistema de integrao de vogais dentro

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    do texto hebraico tradicional, formado somente com consoantes, que acabou por impor-se e dominar sobre todas as demais escolas e sugestes para se ler e pronunciar a lngua hebraica, e isso tanto na regio de Tiberas, quanto em toda a Babilnia (hoje regio do Iraque). O surgimento da estrutura conso-nantal do Texto Massortico remonta ao perodo do Segundo Templo e a sua aceitao cannica deu-se por volta do ano 100 da nossa Era, pelo judasmo rabnico e por todas as comunidades judaicas, tanto as de Israel quanto as da dispora. Possivelmente, o snodo de Iabne (Jmnia), realizado por volta do ano 90, liderado por renomados rabinos, como Joo ben Zakai (rav Yohanan ben Zakay), entre outros representantes do ramo farisaico, contribuiu de modo decisivo e praticamente definitivo para tal aceitao. Os fariseus foram o ni-co grupo religioso judaico sobrevivente aps os anos 70 d.C., que manteve sua liderana religiosa dentro do judasmo desse perodo em diante. O texto consonantal do Texto Massortico anterior poca dos massoretas recebe a denominao de Texto Protomassortico ou Texto Protorabnico, o qual no continha ainda a vocalizao, a acentuao e o aparato massortico de-senvolvidos somente durante a Idade Mdia.

    Alm de tudo, em nossos dias, possvel ter acesso s mais desenvolvidas pesquisas sobre os chamados Rolos do Mar Morto (milhares de rolos de per-gaminho com textos sagrados encontrados nas cavernas do monte Qunram, durante mais de dez anos de exploraes arqueolgicas no Vale de Qunram, no Mediterrneo). A maior parte desses achados arqueolgicos se referem a textos do Antigo Testamento datados do sc. 2 a.C.

    O que significa a transmisso textual do Antigo Testamento?

    Historiadores e exegetas consideram atualmente Antigo Testamento todo o conjunto de livros sagrados que os judeus costumam denominar: Tanakn, Tanach ou ainda Tenak, uma abreviatura formada com as iniciais de Tor, Nebiim, Ketubim (T.N.K), isto , Lei, Profetas e Escritos; acervo sagrado que constitui para judeus e cristos, a mais antiga e confivel fonte de revelao divina escrita.

    Os 39 livros do AT (Antigo Testamento) foram inspirados diretamente por Deus (Yahweh, em hebraico), a fim de serem escritos em lngua hebraica bblica (antiga), salvo algumas pequenas pores em aramaico. Os documentos ori-ginais sados das mos dos autores bblicos se perderam no tempo ou foram destrudos em algum momento histrico, de tal maneira que nenhum original foi descoberto at hoje.

    Contudo, antes do desaparecimento dos originais, muitas cpias manuscritas foram criteriosamente produzidas, e com o passar dos sculos, os textos desses manuscritos se foram transmitindo, tornando-se nos originais das Escrituras, sempre copiados com extremo zelo e fidelidade. Algumas cpias desses origi-nais chegaram at ns na forma de Cdices (livros completos ou conjuntos de livros), ou fragmentos (pequenas partes).

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    Por que a traduo King James Atualizada se baseia na Bblia Hebraica Stuttgartensia?

    O texto mais completo e fidedigno do Antigo Testamento o que conserva o chamado Cdice de Leningrado (conhecido entre os exegetas e biblistas pelo cdigo B19a), que datado do ano 1008 da Era Crist. Foi copiado pelo Rabino Samuel bem Yaacob, e se conserva no museu de Leningrado (de onde deriva seu nome); trazido por seu descobridor, o arquelogo Firkowitseh. Em um magnfico trabalho editorial, esse texto foi compilado e deu origem a mais reconhecida edio das Escrituras do AT: a Bblia Hebraica Stuttgartensia, acom-panhada de preciso e valioso aparato crtico formado principalmente por amplas e profundas comparaes com antigas tradues gregas, siracas, latinas, etc.

    Mas existem outros textos que referendam o Antigo Testamento?

    Sim, existem manuscritos ainda mais antigos que os que formam o Cdice de Leningrado, todavia, trata-se de textos incompletos; assim como o chamado Cdice dos Profetas do Cairo ou o Cdice de Alepo. Do mesmo modo, existem fragmentos do sc. 6 d.C., (Geniz do Cairo) e alguns manuscritos completos dos livros de Gnesis e Isaas do sc. 2 e 1 a.C., encontrados em Qunram. Alguns outros textos importantes e que foram consultados pelo Co-mit Internacional de Traduo da Bblia King James Atualizada (KJA) foram: O Pentateuco (a Tor) Samaritano (sc. 4 a.C.), As Passagens Paralelas: o Papiro Nash; o Codex Severi; o Codex Hil.lel; o Codex Muga; o Codex Jericho; o Co-dex Yerushalmi e os mais recentes relatrios publicados sobre os Rolos do Mar Morto (The Dead Sea Scrolls Private Worldwide Report / Oxford / United Bible Societies).

    Tradues e Verses

    Em geral, atualmente, se usa indistintamente e de forma intercambivel, os temos tcnicos traduo e verso para significar o trabalho e a arte de se comunicar adequadamente o texto bblico das cpias manuscritas nas lnguas originais para o vernculo receptor. Contudo, a expresso traduo implica num processo de transmisso mais fiel e literal ao texto original e seu sentido primeiro; enquanto o termo verso comunica a ideia de uma adaptao da linguagem e do significado vertido do original para lngua receptora, ainda que mais livre e possivelmente correta. Por isso conceituamos a Bblia King James Atualizada como uma nova traduo dos Manuscritos Sagrados (nas lnguas originais: hebraico, aramaico e grego) para o idioma portugus, hoje fala-do por mais de 280 milhes de pessoas, como lngua nacional em vrios pases (Brasil, Portugal, Moambique, Angola, Aores, Cabo Verde, So Tom e Prncipe, Macau, Timor Leste, Goa, Guin Bissau e Equatorial), e como lngua materna ou segunda lngua, pelas colnias de brasileiros e descendentes, estabelecidas em todo o mundo.

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    Entre as diversas tradues das Sagradas Escrituras j realizadas ao longo de sculos e sculos de Histria, h algumas que, exatamente por sua antiguidade, merecem um destaque especial; ainda mais considerando que suas diferenas em relao ao Texto Massortico nos indicam que muito provavelmente tiveram como base textual outro tipo de original hebraico. Entre as mais importantes se encontram: a Septuaginta (a primeira traduo do AT hebraico para o grego, produzida por cerca de 70 escribas, h 250 anos antes da Era Crist, conheci-da pela sigla LXX), cuja origem se deu para atender as necessidades do povo israelita durante a dispora; contudo, com o passar do tempo, ao ser adotada pelo Cristianismo (possivelmente a Bblia que Jesus e seus apstolos tambm leram), foi colocada em segundo plano pela comunidade israelita mais ortodoxa em relao ao Judasmo.

    Outra traduo muito importante, e igualmente considerada em toda a traduo da prpria Bblia King James Atualizada (KJA), a Vulgata (Vulgata Ver-sio, em latim), isto , Edio Popular. Uma obra espetacular de erudio na traduo dos manuscritos hebraicos diretamente para o latim cotidiano, que se diferenciava do latim rebuscado de Ccero, realizada sob o comando de Jer-nimo, famoso apologista, doutor e padre catlico; por isso chamado de So (Santo ou Separado para o ministrio, considerado padroeiro dos estudiosos e tradutores da Bblia), a pedido do papa Damaso, no final do sc. 4 e incio do sculo 5 d.C. Jernimo seguiu o cnon bblico judaico e no considerou como parte da Bblia Vulgata os conhecidos livros deuterocannicos, mais tarde incor-porados s edies catlicas com a observao de que, de fato, no devem ser reconhecidos como cannicos. A denominao Vulgata para essa traduo das Escrituras consolidou-se na primeira metade do sc. 16, a partir da publicao da edio revisada de 1532. E, no Concilio de Trento, em 1546, quando recebeu suas correes finais e foi consagrada a Bblia oficial da Igreja Catlica, posio que detm at nossos dias, apesar de algumas revises.

    Outras tradues de importncia so: as edies de quila e Simmaco, a Peshitta, e os Targumim.

    Antes da imprensa, cartas e livros s podiam ser transcritos copiando letra por letra

    Por isso, o estudo e a compreenso de toda a arte e o laborioso trabalho que envolveram a produo e transcrio de manuscritos antigos de suma importncia para a anlise e o entendimento do Texto Sagrado em suas lnguas originais.

    Os materiais e suportes usados para receber e conservar a escrita

    Entre os diversos materiais utilizados na antiguidade para a confeco dos livros, como madeira, osso, metal, argila, papiro e pergaminho, o estudante da Bblia haver de se interessar principalmente por conhecer os dois ltimos: o papiro e o pergaminho. A manufatura do primeiro constituiu-se num negcio altamente rentvel no Egito, pois crescia abundantemente s margens do delta

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    do rio Nilo (J 8.11 KJA) e o valor da escrita ganhava cada vez mais prestgio em todo o mundo civilizado. O pergaminho, por sua vez, tem uma histria ain-da mais interessante e relacionada com o desejo e capacidade dos reis dessas pocas de possuir enormes bibliotecas, talvez no af de acumular conhecimento e saber como se acumulava riquezas materiais. Um desses monarcas foi Ptolo-meu Epfanes (205-182 a.C.), que decretou uma paralisao nas exportaes do papiro produzido no Egito, o que obrigou o rei de Prgamo a procurar uma forma alternativa de materiais capazes de receber a escritura. E assim teve incio a indstria do pergaminho, nome pelo qual se passou a chamar certas folhas tratadas de peles de gado, antlopes, cabras e ovelhas, especialmente de animais recm-nascidos.

    A forma dos livros na Antiguidade era muito diferente de hoje em dia

    O uso mais antigo do papiro como receptor de escritura tinha a forma de rolo (sfer, em hebraico). As folhas de papiro eram unidas lateralmente para, em seguida, se enrolarem, formando bastes cilndricos, com um comprimento mdio de at 10 metros. Uma cpia manuscrita do Evangelho de Lucas, por exemplo, chegava a ter essa medida.

    Os rolos eram relativamente difceis de usar, manipular e transportar, e a Igreja primitiva logo descobriu o quanto era complicado achar uma passagem especfica nas Escrituras. At porque a diviso da Bblia em captulos e versculos s surgiu em 1528, em Paris, com a chamada Bblia de Estienne (um artista em tipografia, telogo de Sorbonne; que depois de restabelecer a pureza textual da Vulgata, cujo texto se corrompera ao longo da Idade Mdia; inclusive fazendo ntida separao entre os livros cannicos e os deuterocannicos ou apcrifos, foi condecorado por Francisco I, rei da Frana, com o honroso ttulo de Typo-graphus Regius, isto , Tipografo Real).

    Sendo assim, antes mesmo do final do primeiro sculo depois de Cristo, j se comeou a usar a forma de Cdice (codex, cdigo ou livro, em latim), o que consistia em dobrar uma ou vrias folhas de papiro e costur-las todas juntas de um lado. muito possvel que esta forma de cdice tenha sido uma maneira idealizada pelos cristos gentios em sua disposio por diferenciar-se das tpicas leituras dos rolos judaicos nas sinagogas.

    O pergaminho foi tambm utilizado posteriormente em forma de cdi-ce. Em 331 d.C., o imperador Constantino ordenou que se confeccionasse 50 cpias da Bblia em pergaminho. Duas dessas cpias existem ainda hoje, e se constituem as cpias manuscritas mais importantes do texto bblico do Novo Testamento: O Cdigo Sinatico e o Cdigo Vaticano.

    O problema da transmisso e alterao do texto bblico

    Nos primeiros dias da Igreja Crist, logo que uma carta apostlica era envia-da a uma congregao ou a um indivduo, ou mesmo quando da publicao de um dos Evangelhos, a fim de suprir as necessidades teolgicas dos crentes em particular, e proclamar a Salvao em Jesus Cristo, o Messias, para todos; ime-

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    diatamente, copistas se dedicavam ao propsito de reproduzir fielmente aquelas palavras escritas para o benefcio de todos quantos as leriam e as ouviriam as chamadas Boas Novas do Evangelho. Dada a euforia daqueles tempos, as difi-culdades e limitaes, tais cpias circularam com um nmero maior e menor de diferenas e erros ortogrficos em relao ao original.

    Alguns equvocos e erros ortogrficos foram involuntrios

    Das quase 300.000 variveis ou variantes observadas na comparao e es-tudo de cerca de 20.000 cpias completas de manuscritos do Novo Testamento encontradas at hoje, cerca de 75% do total se referem a pequenas diferenas ou enganos ortogrficos, como no modo de grafar um nome ou no uso de um pronome em algumas cpias em vez do nome, especialmente quando se trata da pessoa de Jesus. Em alguns manuscritos aparece Senhor ou Ele, enquanto outros dizem: Jesus (Conforme citado por Komoszewski, Sawyer, Wallace, em Reiventing Jesus). Entretanto, os demais 25% se referem a erros ou lapsos que requerem anlise, estudo, honestidade e coragem na devida correo. Eugene Rubing, consultor da United Bible Society gostava de lembrar aos tradutores: A Bblia, muito menos Deus, precisam de ajuda; no tentem ajustar a Palavra de Deus a nenhuma doutrina, por mais piedosa que seja; limitem-se a traduzir o que est expresso no original da maneira mais honesta e comunicativa possvel em seu idioma!

    A maior parte das divergncias surgiram por causas acidentais, tais como confundir uma letra ou palavra com outra parecida. Em hebraico, por exemplo, a letra Dalet () muito parecida graficamente com a letra Resh ().

    Portanto, se duas linhas vizinhas de um manuscrito comeam ou terminam com o mesmo grupo de letras, ou ainda, se duas palavras similares se encontram juntas na mesma linha, seria fcil para os olhos de um copista, cansado e luz de velas ou lamparinas, saltar do primeiro grupo de letras para o segundo, e assim omitir uma letra ou palavra do texto.

    Inversamente, o escriba (escritor ou copista), poderia regressar do segundo ao primeiro grupo e, sem querer, copiar uma ou mais palavras duas vezes. De igual modo, as letras que se pronunciam de modo muito semelhante, poderiam ser confundidas algumas vezes pelos chamados escribas ouvintes. Tais erros acidentais eram quase inevitveis sempre que longos trechos eram copiados a mo. Alm disso, as limitaes fsicas dos copistas, os ambientes pouco adequa-dos, as interrupes ou qualquer falta de ateno, eram sempre bons motivos para lapsos e pequenos erros.

    Havia, contudo, algumas causas deliberadas para erros textuais

    Outras divergncias, contudo, surgiram de intentos deliberados a fim de suavizar expresses e formas gramaticais fortes ou toscas, ou por ter a inteno de eliminar partes obscuras ou de difcil compreenso quanto aos seus signifi-cados do texto.

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    Algumas vezes, um copista substitua ou inclua o que lhe parecia ser uma palavra ou forma mais apropriada; s vezes de uma passagem paralela (harmoni-zao de passagens similares). Desta maneira, durante os primeiros sculos que seguiram ao estabelecimento do Cnon do Novo Testamento, surgiram centenas e milhares de variantes textuais.

    Vamos conhecer um pouco sobre as Famlias Textuais

    Durante os primeiros anos da expanso da Igreja, se desenvolveu o que hoje conhecemos como Textos Locais do Novo Testamento. Para as novas congregaes que iam se formando nas grandes cidades ou em suas proxi-midades, como Alexandria, Antioquia, Constantinopla, Cartago ou Roma, eram providas cpias manuscritas das Escrituras Sagradas no estilo corrente de cada rea ou regio. Na medida em que mais e mais cpias eram confeccionadas para determinada regio, as leituras e interpretaes de cada passagem e breves observaes marginais eram incorporadas ao texto principal, ainda que sempre houvesse o mximo cuidado para no afetar de nenhum modo o sentido da Pa-lavra de Deus. Com o passar do tempo, certos grupos de manuscritos tomaram mais a forma e a linguagem de suas regies prprias.

    Hoje, possvel identificar o tipo ou classe de texto preservado em manus-critos do Novo Testamento ao comparar suas caractersticas textuais com as citaes de certas passagens nos escritos dos chamados padres da Igreja (pri-meiros pastores e lderes cristos de grande notabilidade em suas comunidades e por seus escritos). Ao mesmo tempo, as peculiaridades do texto local tendiam a diluir-se e mesclar-se com outras fontes de texto ou tipos de linguagem. Por exemplo, um manuscrito do Evangelho segundo Marcos copiado em Alexandria e levado a Roma, exerceria sem dvida, alguma influncia nos copistas que trans-creviam o texto de Marcos que era corrente em Roma. No entanto, durante os primeiros sculos, as tendncias para desenvolver e preservar um tipo particular de manuscrito original prevaleceram sobre a mescla de todos. Assim, se forma-ram vrios tipos de Texto do Novo Testamento, dos quais, os mais importantes e reconhecidos em todos os tempos e por todos os cristos em todo mundo so: o Alexandrino, o Ocidental, o Cesarense e o Bizantino.

    Considerando que os Autgrafos (Originais) do Novo Testamento foram pro-duzidos entre os anos 60 e 90 d.C., o Texto Alexandrino o mais antigo, havendo surgido por volta de 125 d.C., o Ocidental em 250 d.C., o Cesarense em 350 d.C., as Antigas Verses Latinas em 400 d.C., e o Texto Bizantino em 500 d.C.

    O Manuscrito Original em Texto Alexandrino

    A maioria dos eruditos e exegetas em todo o mundo reconhece o Texto Alexandrino como o melhor e mais fiel em relao ao Original. Suas caracters-ticas so a brevidade e a austeridade. O Texto Alexandrino o mais sucinto dos manuscritos originais mais importantes; tambm no se preocupa em exibir um grau de polidez gramatical e estilstica que caracteriza outros manuscritos, por exemplo, o Cesarense e, principalmente, o Bizantino.

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    At bem recentemente, os principais testemunhos do estilo Alexandrino de manuscrito eram o Cdice Vaticano e o Cdice Sinatico (manuscritos em pergaminho de meados do sc.4 ).

    No entanto, com o descobrimento dos papiros Bodmer, particularmente os denominados P66 e P75 (ambos datados do final do sc.2), existe a evidncia de que, de fato, o Texto Alexandrino est entre as primeiras cpias feitas dire-tamente do Original.

    O Manuscrito Original em Texto Ocidental

    Este tipo de manuscrito era corrente em vrias regies da Itlia, Glia, frica do Norte e outras partes do mundo (incluindo o Egito). possvel tambm que seu incio tenha ocorrido em meados do segundo sculo da nossa Era. Utilizado por vrios padres da Igreja (Cipriano, Tertuliano, Irineu e Tatiano), sua presena no Egito fica demonstrada por meio dos papiros P38 (datados de cerca de 300 d.C), e papiros P48 (prximos do sculo 3). Os manuscritos gregos mais impor-tantes, que representam o tipo de texto Ocidental so o Cdice Beza (D), do sculo 5 ou 6 (que continha os Evangelhos e Atos), e o Cdice Claromontanus (D), do final do sculo 4 (que continha desde Marcos 1.1 at 5.30). De igual maneira, as Velhas Verses Latinas so o grande testemunho de um tipo de Tex-to Ocidental, e se encontram dentro de grupos principais, tais como as formas africana, italiana e hispnica do texto latino antigo. Curiosamente, a principal caracterstica do Texto Ocidental sua parfrase.

    O Manuscrito Original em Texto Cesarense

    Tudo indica que o Texto Cesarense tenha surgido no Egito, e o que respalda essa tese o contedo do papiro Chster Beatty P45. possvel que tenha sido levado por Orgenes para Cesrea, depois utilizado por Eusbio e outros eruditos. De Cesrea foi enviado a Jerusalm, onde foi estudado por Cirilo e mestres armnios que inicialmente chegaram a formar uma colnia em Jerusa-lm. Os missionrios armnios levaram cpias do Texto Cesarense para a Ger-gia, influenciando sobremaneira a Traduo Georgiana, como tambm o prprio manuscrito grego do sc. 9, conhecido como Cdice Korideti (Q).

    Parece, portanto, que o tipo de Texto Cesarense teve uma larga e acidentada carreira. De acordo com os pontos de vista da maioria dos eruditos em nossos dias, se trata de um texto Oriental, e est caracterizado por uma mescla de lei-turas Ocidentais e Alexandrinas. Tambm visvel a preocupao dos tradutores em construir as frases de modo elegante e polido, distino notvel em um tipo de Texto Bizantino.

    O Manuscrito Original em Texto Bizantino

    Esse o ltimo dos vrios tipos importantes de Texto do Novo Testamento. O que mais o caracteriza seu esforo por demonstrar-se completo e lcido. Os construtores desse texto, sem dvida, tiveram a inteno de polir qualquer

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    forma rude ou deselegante de linguagem; buscaram tambm combinar duas ou mais leituras divergentes em um s texto expandido (fuso textual), e harmo-nizar passagens paralelas que se opusessem. Este tipo de texto combinado, possivelmente produzido em Antioquia, na Sria, foi levado para Constantinopla, de onde foi distribudo amplamente por todo o Imprio Bizantino. Seu melhor representante, em nossos dias, o Cdice Alexandrino e o grande volume de manuscritos minsculos (fragmentos). Assim, durante o perodo transcorrido entre o sc. 6 at a inveno da imprensa no sc. 15, esse tipo de Texto Bizantino foi reconhecido como o maior Texto Autorizado (Normativo), e foi o de maior circulao e o mais aceito pela Igreja.

    A descrio clssica do tipo do Texto Bizantino foi feita por F.J.A. Hort, ao afirmar: ....As qualidades que os autores do Texto Bizantino pareceram mais interessados em ressaltar so a lucidez e o completivo. Eles estavam evidente-mente ansiosos, at no poder mais, e sem recorrer a medidas violentas, por remover todos os obstculos, e pedras de tropeo, que possivelmente impe-dissem um mais fcil caminhar do leitor mdio pelas vias literrias. Do mesmo modo, estavam desejosos de que o leitor obtivera todos os benefcios da parte instrutiva e corretiva em todo o texto existente, tendo em conta no confundir o contexto ou introduzir aparentes contradies. Sendo assim, novas omisses, so raras no texto, e quando ocorrem, normalmente tem o objetivo de con-tribuir simplicidade. Por outro lado, abundam as novas interpolaes, sendo a maioria delas provocadas devido s harmonizaes e outras similaridades; felizmente, porm, bem identificveis.

    Tanto no tema como na direo, o texto Srio visivelmente um texto completo. Deleita-se em pronomes, conjunes, e expresses fortes e nada polidas, permitindo todo o tipo de associaes; assim como adies por inter-pretao. Como distinguir se o valor denotado dos escribas ocidentais e da erudio dos alexandrinos, o esprito de suas correes ao mesmo tempo sensvel e dbil. Absolutamente irreprovvel em bases literrias e religiosas em relao a um modo de expresso vulgar ou indigna; revelando a ausncia de dis-cernimento crtico-espiritual (teolgico), apresenta o Novo Testamento de uma forma branda e atrativa, mas visivelmente empobrecido em fora e sentido, mais apropriado para uma leitura rpida ou recitativa que para um estudo diligente, repetido e profundo.

    De tal maneira foi alterado do texto original que se tornou o mais aceito e o manuscrito que mais proveu as bases para quase todas as tradues do Novo Testamento, em todas as lnguas, at o sc. 19. O Texto Bizantino serviu de base para a conhecida e amada edio de Erasmo de Rotterdam publicada pelo editor J. Froben em 1516. Esta verso grega do Novo Testamento e suas subsequentes edies foram amplamente difundidas, reconhecidas e comemoradas como o Texto Normativo da Igreja Protestante (tambm chamado Texto Majoritrio ou TM), e tornou-se famoso em todo o mundo por seu nome latino: Textus Receptus (Texto Recebido). A denominao Textus Receptus tem sua origem no prefcio da edio de 1633 (dos irmos Bonnaventura e Abrao Elzevir) que diz em latim:Textum ergo habes nunc ab omnibus receptum, in quo nihil immutatum aut corruptum damus(Tens, portanto, o texto agora recebido por todos, no qual nada

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    oferecemos de alterado ou corrupto). As palavras textum e receptum foram utilizadas para formar o nome Textus Receptus.

    Uma palavra de esclarecimento sobre o famoso e estimado Textus Receptus

    As novas tecnologias desenvolvidas por Johannes Gensfleisch zur Laden, da comunidade de zum Gutenberg em Mainz, na Alemanha; e que mais tarde ficou conhecido por Joo Gutenberg, inventou a prensa de tipos mveis, uma srie de componentes e tcnicas grficas, e produziu a mais transcendente das mudanas culturais na civilizao at nossos dias. Pode-se dizer que a cultura conhecida dos povos dividi-se entre antes e depois da impressa. Gutenberg (Boa Montanha ou Belo Monte, em alemo), sempre foi um leitor voraz, mas sofria com o ma-nejo desconfortvel dos livros e seu preo insuportvel para a grande maioria das pessoas; e Gutenberg imaginava um meio melhor, mais prtico, rpido (um nico exemplar levava meses ou anos para ficar pronto) e econmico de se produzir mais cpias de livros. E decidiu que seu primeiro projeto de impresso seria a Bblia, com o texto da Vulgata de Jernimo, publicada na cidade de Mainz (tambm conhecida por Maguncia), entre 1450 e 1456. Foram publicadas 135 cpias em papel, e um exemplar est na Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro. Outro, em So Paulo, com um colecionador.

    No entanto, com exceo de algumas passagens, o Novo Testamento Gre-go teve que esperar at 1514 para ser impresso. Historiadores atribuem duas razes principais para essa demora de quase setenta anos. A primeira foi a dificuldade e o custo financeiro para fundir e produzir os tipos mveis com o alfabeto grego para um livro de considerveis dimenses. O segundo motivo, e o mais importante para todo esse atraso, foi o prestgio que a Vulgata latina tinha nesse momento histrico. As tradues em idiomas vernculos no se equiparavam superioridade do Texto Latino do qual proviam; mas a publicao do Novo Testamento Grego oferecia a qualquer erudito conhecedor de ambas as lnguas, uma ferramenta com a qual podia criticar e corrigir a Bblia oficial da igreja Romana.

    Contudo, em 1514, saiu da imprensa o primeiro Novo Testamento em Gre-go como parte da Bblia Poliglota. Planejada em 1502 pelo Cardeal Primado da Espanha, Francisco Jimnez de Cisneros, numa magnfica edio do texto hebrai-co, aramaico, grego e latim, impressa na cidade universitria de Alcal, Espanha (Complutum / Confluir). Apesar de o texto complutense ter dado origem ao primeiro Novo Testamento Grego impresso, no foi o primeiro a ser publicado, isto , colocado em circulao pblica. Esse feito foi conseguido pela rpida edio preparada pelo brilhante erudito humanista holands, Desiderio Erasmo de Rotterdam.

    No se sabe exatamente quando Erasmo decidiu preparar sua edio do Novo Testamento Grego, mas durante uma visita a Basileia, em agosto de 1514, tratou com o editor J. Frben, a possibilidade de imprimir a obra. Suas negocia-es pareciam ter naufragado, quando, depois de certo tempo, se restabelece-ram durante uma visita de Erasmo a Universidade de Cambridge, em abril de

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    1515. Foi nesse momento que Frben o desafiou, atravs de um amigo comum chamado Beatus Rhenamus, a fim de que tomasse providencias urgentes para a impresso da sua edio do Novo Testamento Grego. Sem dvida. Frben, havia tido notcias da iminente publicao da Bblia Poliglota espanhola e percebendo que o mercado estava pronto para comprar uma edio do Novo Testamento Grego, desejava arrebanhar para si essa demanda antes que a obra de Jimnez pudesse ser concluda e colocada venda. Frben fez a proposta de pagar a Erasmo tanto quanto qualquer outro editor pudesse pag-lo, aparentemente tal oferta chegou ao momento muito oportuno. Tendo ido novamente a Basileia, em julho de 1515, Erasmo esperava encontrar manuscritos gregos suficiente-mente bons para envi-los para impresso, e logo apresent-los juntamente com sua prpria traduo latina, na qual j vinha trabalhando de forma intermitente durante alguns anos.

    Entretanto, com muito desgosto, pode comprovar que os nicos manus-critos disponveis para aquele momento e urgncia, requeriam certo grau de leitura, reviso e correo antes que pudessem ter a mnima condio de serem reproduzidos (impressos).

    Mesmo assim, Erasmo decidiu comear o trabalho de reviso no dia 2 de outubro de 1515, e no dia 1 de maro de 1516 somente aps cinco meses a edio inteira estava concluda e impressa em um grande volume com aproxi-madamente mil pginas que, segundo o prprio Erasmo declarou antes de sua morte: ... foi precipitado antes que editado.

    Devido pressa exacerbada para a produo, a obra continha centenas de erros ortogrficos e tipogrficos. Diante do que declarou Scribener: ... esse o livro com mais erros que j conheci!.

    E tudo isso, porque Erasmo, naquele aodamento, no pode conseguir um s bom manuscrito grego que contivesse o Novo Testamento completo, em meio a grande aflio, utilizou-se de vrias cpias parciais e distintas para montar um texto inteiro. Na maioria dos textos, tomou como base apenas dois manuscri-tos dos mais inferiores em termos de acuracidade, procedncia e fidelidade s melhores cpias originais; material que encontrou, em cima da hora, numa biblioteca monstica da Basileia. Uma cpia dos Evangelhos e outra, com Atos e as Epstolas, ambas do sculo 12. Erasmo comparou os manuscritos produzidos com os poucos fragmentos e textos que dispunha e fez todas as correes para o impressor nas margens ou entre as linhas do prprio manuscrito grego en-viado para impresso. Para o livro de Apocalipse, por exemplo, Erasmo tinha em mos apenas um manuscrito em grego e ainda do sculo 12, que fora tomado por emprstimo do seu amigo Reuschlin, livro em que faltava a ltima pgina, que haveria de conter os versculos finais do texto bblico.

    Para esses versculos faltantes, como para vrias outras passagens do livro, onde o texto grego de Apocalipse (Revelaes), e seu comentrio adjunto que por estarem to rabiscados e mesclados se demonstraram indistinguveis para os impressores Erasmo dependeu da Vulgata Latina, traduzindo, na verdade, do latim para o grego. Como era de se esperar de um tipo de procedimento assim, encontram-se aqui e ali leituras do grego prprias de Erasmo, que nunca, de fato, foram ditas ou escritas em nenhum dos autores dos manuscritos originais

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    gregos conhecidos, mas que acabaram sendo perpetuadas at nossos dias, e es-to presentes em quase todas as tradues vernculas da Bblia, que se utilizam exclusivamente do conhecido e prestigiado Textus Receptus.

    Do mesmo modo, em outras partes do Novo Testamento, Erasmo introdu-ziu ocasionalmente no seu texto grego, material tomado direta e exclusivamente da Vulgata Latina. Por exemplo, em Atos 9.6, a pergunta que Paulo faz no mo-mento de sua converso a caminho de Damasco: ...e ele, tremendo e atnito, disse: Senhor; que queres que faa? (Almeida Revista e Corrigida / IBB). O que uma flagrante interpolao procedente da Vulgata. Esse acrscimo, que no consta de nenhum manuscrito grego original confivel, fez parte do mesmo Tex-tus Receptus do qual as antigas verses de King James, Reina-Valera e Almeida preservam at hoje. Erro que foi corrigido na nova traduo da Bblia King James Atualizada (KJA): Ao que ele inquiriu: Quem s, Senhor? E Ele disse: Eu Sou Jesus, a quem tu persegues; contudo levanta-te e entra na cidade; pois l algum te revelar o que deves realizar. (At 9.5,6).

    A Verso Reina-Valera em Portugus (Sociedade Bblica Intercontinental e Igreja Universal), lanada em 2010, por exemplo, repete as palavras de Erasmo: E ele disse: Quem s, Senhor? Respondeu o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues; duro para ti recalcitrar contra os aguilhes. E ele, tremendo e at-nito, disse: Senhor, que queres que faa? E o Senhor disse: Levanta-te, e entra na cidade, e l te ser dito o que deves fazer. (At 9.5,6 RV).

    Assim que, depois da palavra persegues, e omitindo a conjuno adversa-tiva contudo do verso 6, o Textus Receptus acrescenta por determinao pessoal e exclusiva de Erasmo a expresso que a Reina Valera publicou em espanhol: ...dura cosa te s dar coces contra el aguijn. El, temblando y teme-roso, dijo: Seor. Qu quieres que yo haga? ...

    At onde se conhece em todo mundo, nenhum dos 5600 manuscritos gre-gos, nem os menos confiveis, registra estas palavras nessa passagem bblica. Essas expresses foram deduzidas de At 26.14 e At 22.10 e se encontram nes-sas passagens unicamente nos Cdices da Vulgata Latina, os quais coincidem substancialmente entre si, exceto em relao prpria Vulgata, que acrescenta depois da palavra temeroso, em espanhol; ou tremendo, em portugus, a fra-se: por lo que le haba sucedido, em espanhol; ou ...pelo que lhe acontecera., conforme a RV em portugus (At 3.10).

    Sendo assim, essa passagem espria foi introduzida no Textus Receptus quando o prprio Erasmo a traduziu da Vulgata Latina para o grego, posto que estava aflito para preparar e entregar sua obra aos impressores, transferindo essa impropriedade textual para a edio do Novo Testamento Grego (Basileia, 1516), reverenciada at hoje por muitos editores, como acabamos de constatar.

    Outra interpolao que no est respaldada em nenhum manuscrito grego antigo e fidedigno, a conhecida Comma Johanneum de 1Jo 5.7-8, que Erasmo se viu obrigado a introduzir em seu texto grego por causa dos fortes e exigen-tes ataques dos editores da Bblia Poliglota Complutense.

    Definitivamente, o texto do Novo Testamento Grego de Erasmo, foi basea-do em no mais que meia dzia de fragmentos (manuscritos escritos em letras minsculas). O mais antigo e mais preservado entre eles, o Cdice I, um frag-

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    mento do sc. 10, que concorda com muitas partes com o Texto Uncial antigo, foi o documento que, infelizmente, Erasmo menos se utilizou, pois afirmou que temia pelos erros que pudesse conter.

    A obra de Erasmo de Rotterdam foi editada cinco vezes, e mais de trinta edies foram publicadas em Veneza, Estrasburgo, Basileia, Paris e outros lugares, sem autorizao. Mais tarde, editores conhecidos, como Melchiore Sessa, Robert Estienne, Teodoro Beza, os irmos Buenaventura e Abraham Elzevier, apesar de haver realizado um nmero de alteraes, seguiram reproduzindo mais e mais essa adulterada forma de texto do Novo Testamento Grego, mas que, devido inveno da imprensa, tima distribuio e grande aceitao popular da poca e nos sculos seguintes, assegurou-lhe uma preeminncia to importante em todo mundo que chegou a ser considerado Texto Majoritrio, e, compreen-sivelmente, amado e reverenciado por grande parte da Igreja; resistindo como texto normativo por mais de quatro sculos, at nossos dias, mesmo diante de textos originais mais autnticos, antigos, preservados e fiis.

    O Textus Receptus serviu como base para traduo do Novo Testamento na maioria dos idiomas vernculos da Europa, incluindo o castelhano, ingls, ale-mo e francs, at 1881. Nas palavras do Dr. Carlos Fushan, um dos fundadores da Sociedade Bblica Ibero-Americana: To supersticiosa e pedante tem sido a imerecida reverncia atribuda injustamente ao texto grego de Erasmo, que as tentativas teolgicas, srias e cientficas de corrigir o Textus Receptus tm sido consideradas como um sacrilgio; e todo esse escndalo, mesmo considerando que sua base textual completa essencialmente uma manipulao e arranjo de manuscritos tardios, conseguidos s pressas, sem critrio, aleatoriamente; e, pelo menos em uma dzia de passagens bblicas importantes, sua transcrio e leitura no esto respaldadas nem mesmo por uma nica cpia manuscrita do original grego conhecida em nossos dias!.

    Por que muitos lderes religiosos tm medo da Crtica Textual?

    A crtica textual uma cincia bblica que procura estabelecer, por meio do estudo e da pesquisa cientfica reconhecida, a originalidade, qualidade, au-tenticidade, antiguidade, autoria e autoridade das cpias dos manuscritos b-blicos em suas lnguas originais (hebraico, aramaico e grego). Busca-se separar as melhores e mais fiis cpias e definir arqueologicamente quais podem ser consideradas mais prximas dos Originais e, portanto, mais dignas de confiana e aptas para se constituir textos normativos e base de traduo para as lnguas vernculas em todo o mundo. no resultado das novas descobertas arqueolgi-cas e nas mais acuradas anlises histrico-cientficas que o Comit Internacional de Traduo da Bblia King James Atualizada (KJA) fundamentou a traduo para a lngua portuguesa que voc tem mo em nossos dias.

    Os estudos e o desenvolvimento da crtica textual no se constituem em um assunto moderno ou novo campo do saber e da cincia. Desde o sculo 17, estudiosos, exegetas e biblistas vm se dedicando de forma disciplinada busca dos manuscritos bblicos mais prximos e fiis aos Originais.

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    O chamado Perodo Pr-Crtico

    As realizaes mais expressivas em toda a Histria dos homens e mulheres que se aplicaram cincia de restaurar os textos originais da Bblia, especial-mente o texto do Novo Testamento Grego at hoje, podem ser resumidas, de maneira geral, desse modo: Durante os sculos 17 e 18, vrios eruditos conse-guiram reunir grande nmero de informaes provenientes de vrios manus-critos gregos, assim como verses antigas e textos importantes escritos pelos chamados Pais da Igreja ou Padres Apostlicos. De 1655 a 1812 vrios es-tudiosos se destacaram: Walton, Bentley, Semler, Fell, Mace, Bowyer, Mill, Bengel, Harwood, Wells, Wettstein, Griesbach. Todavia, com exceo, de trs editores que timidamente se atreveram a corrigir alguns dos mais notrios erros no Textus Receptus, essa imprecisa e degradada forma de base textual grega para o Novo Testamento continua sendo reimpressa e consumida de modo cada vez mais massificante desde o sculo 19. Especialmente no Brasil, alguns lideres religiosos inescrupulosos se aproveitam da lngua arcaica, anacrnica e imprecisa dessas verses para levarem os crentes e incautos de suas comunidades s pr-ticas pseudo crists que s favorecem o desenvolvimento de seus imprios par-ticulares; pouco ou nada tendo a ver com o verdadeiro Reino de Deus. Alguns editores, vendo nesse nicho de mercado um negcio economicamente muito rentvel, pouco se preocupam com a qualidade das edies, muito menos da tra-duo do texto bblico, e aplicam todos os tipos de artimanhas mercadolgicas a fim de ludibriar o povo vendendo-lhes papel pintado e mal encadernado, como se fosse a Palavra de Deus. Segundo, Oswaldo Paio, presidente da Sociedade Bblica Ibero-Americana e coordenador do Comit Internacional de Traduo da Bblia King James Atualizada no Brasil: Contudo, esse apenas o incio das dores, viro tempos mais tenebrosos, quando o Humanismo prover verses da Bblia menos formais, literais e equivalentes aos melhores manuscritos nas lnguas originais, cada vez mais assimiladas meras parfrases; os fatos bblicos se tornaro como lendas; e as profecias em histrias de fico. Os textos sagrados tomaro a forma e o desejo dos seres humanos mais ecumnicos e permissivos. Quem puder ler, apreciar e estudar a sua traduo da Bblia King James Atuali-zada, talvez esteja realizando um dos ltimos atos sagrados dos seres humanos enquanto cristos sinceros e devotados a Deus em meio a uma gerao cada vez mais materialista, narcisista e hedonista.

    O Perodo Crtico-Moderno

    Contudo, no foi seno na primeira parte do sc. 19, quando o erudito clssico alemo Karl Lachmann se aventurou a aplicar os critrios que havia utilizado na edio de textos gregos clssicos para a avaliao e o estudo dos manuscritos bblicos. Lachmann foi o primeiro erudito a quem se reconheceu haver conseguido apartar-se completamente dos ditames errneos do Textus Receptus. Ele demonstrou por extensa e cuidadosa comparao de excelentes cpias manuscritas originais, como seria possvel se retroceder na anlise desses manuscritos at seus arqutipos perdidos e inferir sua condio textual e par-

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    ticipao no conjunto de livros que formou a Bblia Sagrada. Ao produzir a sua edio do Texto Grego do Novo Testamento, a inteno de Lachmann no era reproduzir o texto Original, o que considerava um labor impossvel; mas apre-sentar, com puras evidncias documentadas e parte de qualquer prvia edio, um tipo de texto grego corrente na cristandade oriental ao final do sculo 4.

    Apesar dos muitos obstculos que enfrentou durante esse seu trabalho e as limitaes naturais de sua obra, especialmente considerando o acervo e recur-sos que possua naquela poca, o juzo comum entre a maioria dos mais desta-cados eruditos unnime em reconhecer o acerto da afirmao de F. J. A. Hort: ...Um novo tempo tem incio a partir de 1831, quando pela primeira vez, um texto grego construdo diretamente de antigos documentos, sem a interveno de nenhuma edio impressa paralela; quando tambm, fora aplicado o primeiro esforo sistemtico para substituir o antiquado e ineficaz mtodo da eleio arbitrria de conceitos e expresses, por um mtodo cientfico, especialmente em relao a discriminao de variantes textuais.

    Tischendorf, o grande descobridor

    O homem a quem os crticos textuais modernos do Novo Testamento mais se encontram em dvida , certamente, Lobegott Friedrich Constantin V. Tischen-dorf (1815-1874). Esse exegeta e erudito dedicou-se procura, preparo e con-seguiu publicar mais manuscritos gregos e produziu maior nmero de edies crticas sobre os textos das Escrituras em grego do que qualquer outra pessoa at nossos dias. Entre 1841 e 1872, Tischendorf analisou, preparou e produziu oito edies do Novo Testamento Grego, algumas das quais foram impressas em volumes individuais, mas tambm foram publicadas com verses alems e latinas, assim como tambm como uma srie de 22 volumes de manuscritos de textos bblicos. Entre os anos 1831 e 1966 uma lista de telogos e eruditos ilustres pode ser citada: Lachmann, Westcott e Hort, Bover, Tischendorf, Weiss, Nestle, Tregelles, Souter, Tasker, Alford, von Soden, Legg, Merck, Aland, Black, Wikgren, Metzger (um dos idealizadores da SBIA, grande colaborador e encorajador da traduo da Bblia King James Atualizada).

    Tischendorf escreveu mais de 150 livros e artigos extensos e profundos sobre a arte e o trabalho cientfico da crtica bblica, bem como sua contribuio para que as pessoas em todo o mundo tenham em suas mos um texto bblico o mais prximo possvel do Original e o possam compreender bem.

    Enquanto estudava teologia em Leipzig, entre os anos de 1834 a 1838, o jo-vem Tischendorf esteve sob a tutela do mestre Johann Winer, cuja gramtica do Novo Testamento Grego conquistou o respeito de muitos estudiosos, e vrias edies, permanecendo como texto normativo por muitas geraes.

    Winer soube infundir em seu discpulo a paixo pela busca e aplicao dos testemunhos mais antigos para reconstruir a forma mais pura das Escrituras, es-pecialmente o texto grego do Novo Testamento. Uma carta sua fora descoberta, na qual demonstrava a sua noiva seu estado de esprito e responsabilidade dian-te da misso que apaixonara sua mente e corao: ...estou confrontado com um labor sagrado: A luta por recobrar a forma original do Novo Testamento!

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    Aos vinte e cinco anos de idade, Tischendorf conseguiu decifrar o compli-cado palimpsesto Cdice Efraemi (C); o que o levou a viajar extensamente por toda a Europa e at o Oriente Prximo em busca de manuscritos mais antigos e melhores; ele os examinava, preparava e em 1859, fez sua maior e mais preciosa descoberta. No mosteiro de Santa Catalina, no monte Sinai, encontrou o docu-mento que at nossos dias tem a primazia entre todos os manuscritos mais fiis e reconhecidos por toda a comunidade exegtica e cientfica do mundo, quanto aos originais do Novo Testamento: o Cdigo Sinatico.

    A notvel obra de Tregelles em prol do Texto Crtico

    Na Inglaterra, o erudito que, em meados do sc. 19 teve maior xito em desmistificar uma insensata preferncia, quase idlatra, pelo Textus Receptus, foi Samuel Prideaux Tregelles (1813-1875).

    Ainda muito jovem, aos 20 anos de idade, Tregelles comeou a fazer planos para uma edio crtica do Novo Testamento Grego.

    De fato, Tregelles desenvolveu suas anlises e teses com uma similitude im-pressionante aos princpios de crtica paralelos aqueles ensinados e aplicados por Lachmann. Dessa poca em diante, Tregelles dedicou-se completamente s anlises comparativas dos melhores manuscritos gregos; viajou extensamente por toda a Europa pesquisando, ensinando e praticando esses princpios cient-ficos em prol da verdade e da pureza na traduo bblica.

    Seu cuidadoso e sistemtico exame de quase todos os melhores originais disponveis at ento, e vrios fragmentos importantes, resultou na correo de muitas citaes erradas por vrios editores, repetidas de obras em obras, h dezenas, e at centenas de anos.

    Tambm revisou vrias citaes do Novo Testamento que se encontram nos escritos dos padres da Igreja desde Eusbio, assim como nas verses antigas e finalmente produziu uma edio grega entre 1857 e 1872.

    Apesar de sua pobre condio econmica, diversos opositores e muitas enfermidades, Tregelles superou todas as dificuldades e conseguiu manter-se fiel e dedicado todo o tempo de sua vida aos meticulosos e extenuantes labores que envolvem a pesquisa, anlise e produo de um novo texto crtico do Novo Testamento Grego. Tregelles dizia que fazia tudo isso como uma simples maneira de demonstrar todo o seu louvor e adorao a Deus, como ele mesmo escreve no prefcio de sua edio: ... Entrego essa obra aos leitores, crendo plenamente que isso ser um servio a Deus, ao servir a sua Igreja.

    Um destaque ao valoroso crtico Alford

    Merece tambm mencionar Henry Alford (1810-1871), como um apaixona-do advogado dos princpios da crtica textual formulados por aqueles que, como Lachmann, haviam devotado suas vidas a esse trabalho. Nas prprias palavras de Alford: ....para a demolio da imerecida e pedante reverncia ao Textus Receptus, o qual obstruiu o caminho de toda a possibilidade de se descobrir a genuna Palavra de Deus!.

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    Westcott e Hort, a cincia da crtica textual

    O ano de 1881 tem um significado especial por causa da publicao da mais notvel edio crtica do Novo Testamento Grego, incomparvel at nossos dias. Depois de 28 anos de rduo e dedicado trabalho, B.F. Westcott (1825-1901) e J.A. Hort (1828-1892), ambos os professores de Divindade em Cambridge, produziram dois volumes intitulados O Novo Testamento em Grego Original.

    Diferentemente de autores e editores anteriores, nem Westcott nem Hort se apoiaram na comparao de manuscritos diversos, tampouco se aproveitaram de forte aparato crtico. Mas usando colees de variantes textuais prvias, aper-feioaram a metodologia crtica desenvolvida por Griesbach, Lachmann e outros, e a aplicaram rigorosamente, ainda que com discernimento e ponderao, aos melhores testemunhos escritos do Novo Testamento Grego. Os princpios e procedimentos da crtica textual elaborada por eles so demasiado extensos e complexos, porm possvel resumi-los superficialmente como eles prprios redigiram no final da introduo obra: As evidncias internas da leitura; as probabilidades intrnsecas e de transcrio; os grupos de evidncias internas e as evidncias genealgicas. Ao observar em retrospectiva e avaliar a obra de Westcott e Hort, possvel dizer que os eruditos de hoje em dia esto de acor-do em que a principal contribuio realizada por eles foi a clara demonstrao de que o Texto Bizantino, posterior a outros textos ainda mais prximos do Original. Trs formas principais de evidncias respaldam este juzo: (1) O Texto Bizantino contm leituras combinadas ou mescladas que so claras composies de elementos de outros textos mais antigos; (2) Nenhum dos padres ante--nicenos (perodo anterior ao Conclio Ecumnico de Nicia, 324 d.C.), cita leitura alguma do Texto Bizantino; e (3) Na comparao entre as leituras srias com outras rivais, sua aspirao de ser aceita como Original se encontra gradu-almente diminuda e finalmente desaparece. No de surpreender que o total desprezo demonstrado por Westcott e Hort diante das aspiraes do Textus Receptus em confirmar-se como texto original do Novo Testamento tenha sido combatido violentamente por certos religiosos e lderes da igreja.

    Basta dizer que todos aqueles que se opuseram a obra de Westcott e Hort (e consequentemente aplicao da crtica textual aos manuscritos gregos do Novo Testamento), de fato, no conseguiram compreender bem o poder do m-todo genealgico, segundo o qual o texto mais tardio e combinado se evidencia, na verdade, como secundrio e corrupto.

    Uma breve revisita a obra de Westcott e Hort pode nos ajudar a concluir com o mesmo juzo que o consenso majoritrio de opinies eruditas reconhece que suas obras crticas foram verdadeiramente extraordinrias em excelncia exegtica e lingustica. Sem dvida, esses estudiosos chegaram ao mais puro e mais prximo do Original que um Texto Grego Antigo poderia chegar com os meios tecnolgicos e de informao que dispunham em seu tempo. Apesar de que o grande descobrimento de novos manuscritos h requerido um novo e melhor realinhamento dos variados grupos de evidencias textuais, o valor geral das pesquisas, princpios e procedimentos crticos de Westcott e Hort, ainda

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    hoje, so amplamente reconhecidos, defendidos e usados por eruditos e espe-cialistas textuais em todo o mundo.

    A arte da crtica textual de Bernhard Weiss

    Durante sua longa e frutfera vida, Bernhard Weiss (1827-1918), professor de exegese do Novo Testamento em Kiel e Berlim, construiu e publicou uma edio do Novo Testamento Grego. Aliando sua notvel capacidade como te-logo, conseguiu trazer para seu labor exegtico um amplo e detalhado conhe-cimento dos problemas teolgicos, literrios e lingusticos do texto do Novo Testamento.

    Em vez de agrupar os manuscritos e avaliar as variantes pela via do respaldo externo, Weiss discriminou entre as leituras variantes de acordo com o que lhe parecia ser o sentido mais apropriado de cada contexto. Seu procedimento con-sistiu em percorrer cada um dos livros do Novo Testamento com um aparato crtico e considerar as mais importantes variantes textuais, selecionando em cada caso a leitura que se lhe apresentava mais justificada; como Hort houvera ensinado: por probabilidade intrnseca.

    Depois que Weiss publicou seu texto, adotando as variantes que entendeu ser as mais apropriadas a cada contexto, de acordo com o estilo e a teologia do autor, listou uma srie de diferentes erros que observou entre as variantes textuais e fez uma avaliao de cada um dos principais manuscritos gregos de acordo com a relativa liberdade que dispunha para julgar tais faltas.

    Em sua alocao de grau de pureza dos manuscritos gregos analisados, em seus diversos tipos de erros, faltas e lapsos, Weiss chegou concluso de que o Cdice Vaticano seria, at ento, o melhor dos originais do Novo Testamento. Portanto, no de se surpreender, que o carter geral da edio de Weiss fora extraordinariamente similar a de Westcott e Hort, eruditos que se apoiaram fundamentalmente sobre o Cdice Vaticano na realizao de suas obras. A im-portncia do texto publicado por Weiss consiste em que, no somente expressa a opinio madura de um ilustre erudito, biblista e exegeta, que dedicou vrios anos de sua vida ao estudo detalhado dos significados lingusticos e literrios do texto grego do Novo Testamento; mas tambm pelos amplos resultados alcan-ados mediante sua metodologia subjetiva, que confirmaram todas as conclu-ses textuais registradas por outros eruditos que seguiram um procedimento distinto, qualificado, de certa forma, como mais objetivo.

    Nestle, Souter, Merk, Bover... Excelentes exemplos de erudio bblica

    O texto grego do Novo Testamento prosseguiu sua histria de restaurao mediante a aplicao da cincia da crtica textual, e por meio dos extensos, r-duos, detalhados, competentes e pacientes labores de biblistas eruditos como: A. Souter; H. Von Soden; A. Merk; J. Bover; E. Nestle; S. Legs; R. Tasker e muitos outros homens de Deus, acerca dos quais vale a pena ler e se informar. Contu-do, importante lembrar que a partir dessa gerao de eruditos, os estudiosos dos originais da Bblia foram abenoados pelo achado de milhares de textos e

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    fragmentos bblicos ainda mais antigos do que os manuscritos originais com os quais se costumava trabalhar; especialmente os maravilhosos achados que acon-teceram no vale e nos montes de Qunram (Khirbet Qumran, runa da mancha cinzenta, em hebraico), um stio arqueolgico a cerca de 20 km de Jerusalm, em Israel, na margem nordeste do mar Morto, no Mediterrneo; conhecidos como Dead Sea Scrolls, Rolos do Mar Morto; evento cientfico que passou para a histria como: A maior descoberta arqueolgica do sculo 20.

    Os incentivadores da traduo King James Atualizada: Aland e Metzger

    Em 1966, aps uma dcada de labores de investigao textual realizada por uma comisso internacional de estudiosos, cinco Sociedades Bblicas publicaram uma edio do Novo Testamento Grego (Novum Testamentum Graece, de Nestle--Aland) desenhado especialmente para tradutores e estudantes. Seu aparato textual, que destaca relativamente todas as citaes de evidncias manuscritas inclui cerca de 1400 jogos de variantes textuais, escolhidos especialmente em vista de seu significado exegtico. Contm igualmente um aparato de pontua-o que indica diferenas significativas em mais de 600 passagens, colecionadas de cinco notveis edies do Novo Testamento Grego e mais 10 tradues em ingls, francs e alemo. Durante a reconstruo deste texto, o Grego tomou--se como base a edio de Wescott e Hort, e se avaliaram todas as descobertas arqueolgicas ocorridas at o incio da segunda metade do sculo 20, das quais surgiram documentos manuscritos originais do Novo Testamento, muito mais antigos do que qualquer outro texto grego anterior. Graas a esse trabalho e publicao tem sido possvel produzir novas edies das Escrituras Sagradas com palavras e expresses que se aproximam hoje, mais do que nunca na His-tria, quelas registradas nos Autgrafos Originais.

    No final dos anos 80, o idealizador da Sociedade Bblica Ibero-America-na, Carlos M. Fushan, teve alguns encontros com Bruce M. Metzger e Kurt Aland, que o encorajaram a desenvolver uma traduo ibero-americana da Bblia que contemplasse o Textus Receptus e todos os Cdices disponveis, luz do Novum Testamentum Graece, o Texto Crtico, e das novas e brilhan-tes descobertas textuais; bem como cotejasse o Texto Massortico com os novos estudos e tradues expressos de modo magnfico, atravs das pgi-nas da Bblia Hebraica Stuttgartensia (Stuttgart: Deutsche Bibelgesellschaft). O Dr. Fushan convidou o exegeta e telogo espanhol Francisco Lacueva para cuidar do projeto em castelhano e o editor e biblista Oswaldo Paio, que havia recebido um chamado de Deus, em Oxford, para realizar uma nova traduo das Escrituras Sagradas, para coordenar o Comit Internacional de Traduo no Brasil e assim nasceu a Bblia King James Atualizada (KJA) que depois de 12 anos de rduo trabalho envolvendo diversos eruditos, exegetas, linguistas, telogos, historiadores, fillogos, arquelogos e grande louvor a Yahweh, o SENHOR, mediante Seu Filho Yeshua, Jesus chega s mos dos leitores de lngua portuguesa.

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    O novo Texto Grego normativo ou majoritrio

    At aqui o leitor teve a oportunidade de apreciar cerca de 14 sculos de histria sobre as descobertas e a transmisso dos textos do Novo Testamento por meio de suas cpias manuscritas as quais sofrem vrias e algumas impor-tantes alteraes ao longo do tempo.

    Segundo o Dr. Daniel Wallace, professor de estudos do Novo Testamento do Seminrio Teolgico de Dallas, e uma das maiores autoridades no Texto Grego do Novo Testamento: possvel documentar, hoje, mais de 5600 cpias manuscritas completas do Novo Testamento em grego. Bem mais de 200 ma-nuscritos bblicos nas lnguas originais (noventa dos quais do Novo Testamento) foram descobertos na regio do Sinai, somente em 1975, quando,num stio ar-queolgico, foi encontrado um compartimento escondido na torre So Jorge. Alguns desses originais so muito antigos. Todos esses manuscritos confirmam que a transmisso do Novo Testamento foi realizada em relativa pureza em relao aos seus Autgrafos originais. Alm desses manuscritos fidedignos e em boas condies de leitura e anlise, existem mais de 50 mil fragmentos, at hoje, selados em caixas, aguardando algum tipo de ordem protocolar para estudo. Contudo, no existe meia dzia de cpias manuscritas completas cujo contedo textual coincida completamente; havendo, portanto, a necessidade de profundas anlises, comparaes e estudos a fim de se chegar mais prximo do Original. Trabalho esse realizado pelo imenso grupo de estudiosos e especialistas que de uma forma ou outra cooperou decisivamente na realizao da traduo da Bblia King James Atualizada (KJA).

    Ao serem confrontados com esta massa de leituras e textos que, muitas vezes, se conflitam, os exegetas e editores devem decidir quais variantes me-recem ser includas no texto que esto traduzindo como palavras originais, e quais devem ser relegadas ao aparato crtico, e, em algumas edies, a uma isolada posio de p de pgina. Assim, pode parecer que a tarefa de restaurao textual, isto , de restabelecer o Texto Grego mais prximo do Original, seja uma obra utpica, por causa dos milhares de variantes e omisses envolvidas nas decises textuais. Por isso, eruditos e biblistas de todas as reas do saber, desenvolveram certos critrios para anlise e avaliao que, hoje, so de comum aceitao, inclusive entre a comunidade cientfica. Em muitas ocasies, o texto crtico dever pesar um conjunto dessas probabilidades, uma contra a outra, cotejando-as com muita sinceridade e rigor bblico-cientfico, independentemen-te de paixes doutrinrias pessoais ou a servio de grupos teolgicos, escolas cientficas ou sociedades bblicas e patrocinadores. Esse foi o esprito e a liber-dade de trabalho vivida pelo Comit Internacional de Traduo da Bblia King James para o idioma portugus. Alm disso, importante notar que, apesar de que os critrios revelados a seguir foram desenvolvidos em forma metdica, no garantem, nem devem jamais garantir, uma traduo mecnica e estereotipada. A amplitude e a profunda complexidade dos dados textuais so imensas, a ponto de que nenhum sistema de preceitos, por mais meticuloso que seja, possa em nenhum momento histrico ser aplicado com eficcia e preciso matemtica arte do discernimento bblico dos manuscritos nas lnguas originais. Cada uma

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    BBLIA KING JAMES Atualizada (KJA) - A Bblia que J.F. de Almeida leu...

    das variantes textuais necessita ser considerada individualmente e no julgada, a priori, de acordo com simples regras fixas. Com esta advertncia de sabedoria em mente, o leitor poder apreciar que as orientaes gerais de critrios so bons pressupostos somente como uma conveniente descrio das considera-es mais importantes que a Crtica Textual contempornea leva em considera-o ao classificar e privilegiar uma ou outra variante textual especfica.