versão final - king james o evangelho de lucas com notas

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8/14/2019 Versão Final - King James O Evangelho de Lucas com Notas http://slidepdf.com/reader/full/versao-final-king-james-o-evangelho-de-lucas-com-notas 1/66 Sociedade Bíblica IberoAmericana (www.bibliakingjames.com.br) e Abba Press do Brasil (www.abbapress.com.br) Apresentam:  Os Evangelhos segundo a Bíblia Este  E Book  está  licenciado  sob  uma  Licença  Creative  Commons.  Você pode:  copiar,  distribuir,  exibir e executar a obra Sob as seguintes condições:  Atribuição. Você deve dar crédito ao autor original, da forma especificada  pelo autor ou licenciante.   Uso NãoComercial . Você não pode utilizar esta obra com finalidades comerciais.   Vedada a Criação de Obras Derivadas . Você não pode alterar,  transformar  ou criar outra obra com base nesta.  Para cada novo uso ou distribuição,  você deve deixar claro para outros os termos da licença desta obra.   Qualquer  uma destas condições  podem ser renunciadas,  desde que Você obtenha permissão  do autor.  

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Os Evangelhos segundo a Bíblia 

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O EVANGELHO SEGUNDO LUCAS 

Cap. 1‐ Prefácio e dedicatória a Teófilo

1 Tendo em vista que muitos já se empenharam em elaborar uma narrativa histórica sobre os eventos que secumpriram entre nós,2 conforme nos transmitiram os que desde o princípio foram testemunhas oculares dos fatos e servos dedicados àPalavra,3 eu, pessoalmente, investiguei tudo em minúcias, a partir da origem e decidi escrever-te um relato ordenado,ó excelentíssimo Teófilo.1 4 E isso, para que tenhas plena certeza das verdades que a ti foram ministradas.

Gabriel anuncia o nascimento de João5 Na época de Herodes, rei da Judéia, havia um certo sacerdote chamado Zacarias, que fazia parte do gruposacerdotal de Abias. E Isabel, sua esposa, também era uma das descendentes de Arão.2  6 Os dois andavam em justiça aos olhos de Deus e obedeciam de forma irrepreensível a todos os mandamentos

e doutrinas do Senhor.3 

 7 Contudo, eles não tinham filhos, porque Isabel era estéril, e ambos eram avançados em idade.8 Em certa ocasião, quando seu grupo estava de serviço, Zacarias ministrava como sacerdote diante de Deus.9 Ele foi escolhido por sorteio, de acordo com a tradição do sacerdócio, para ter acesso ao altar do Santo dosSantos e ali oferecer a queima do incenso.4  10 E, chegando o momento da oferta do incenso, uma multidão de pessoas estava orando do lado de fora.11 Foi então que um anjo do Senhor apareceu a Zacarias, à direita do altar do incenso.12 Assim que Zacarias o viu, ficou perplexo e um grande temor o dominou completamente.13 Entretanto, o anjo lhe assegurou: “Não tenhas medo, Zacarias; eis que a tua súplica foi ouvida. Isabel, tuaesposa, te dará à luz um filho, e tu lhe porás o nome de João.5  14 Ele te será motivo de grande felicidade e regozijo. E muitos se alegrarão com o seu nascimento.15 Pois ele será grande aos olhos do Senhor, jamais beberá vinho nem qualquer outra bebida fermentada, eserá pleno do Espírito Santo desde antes do seu nascimento.

16 E conduzirá muitos dos filhos de Israel à conversão ao Senhor, seu Deus.6 

 17 Ele avançará na presença do Senhor, no mesmo espírito e poder de Elias, com o propósito de fazer voltar ocoração dos pais a seus filhos e os desobedientes à sabedoria dos justos, deixando um povo preparado para oSenhor”.7  18 Então, Zacarias indagou do anjo: “Como poderei certificar-me disso? Pois já sou idoso, e minha esposaigualmente de idade avançada”.8  19 Ao que o anjo lhe replicou: “Sou Gabriel, aquele que está permanentemente na presença de Deus e fuiencarregado de vir para falar e transmitir-te estas boas notícias.9  20 Porém, eis que permanecerás em silêncio, pois não conseguirás falar até o dia em que venha a ocorrer tudoquanto te revelei, porquanto não acreditaste nas minhas palavras, as quais, no seu devido tempo, secumprirão”.21 Enquanto isso, o povo estava aguardando Zacarias e preocupava-se com o fato de que demorasse tanto nosantuário do Senhor.10 

22 Mas, ao sair, nenhuma palavra conseguia pronunciar; as pessoas perceberam que ele tivera uma visão nosantuário. Zacarias tentava comunicar-se através de sinais, permanecendo todavia mudo.23 Ao completar seus dias dedicados ao serviço, ele regressou para casa.24 E, passado esse tempo, Isabel, sua esposa, engravidou, mas durante cinco meses ocultou-se das pessoas nãosaindo de casa.25 E ela dizia a si mesma: “Isto é dádiva do Senhor para mim! Eis que seus olhos me contemplaram, pararetirar de sobre mim a grande humilhação que sentia diante de todos”.11 

Gabriel anuncia o nascimento de Jesus 26 Então, no sexto mês, Deus enviou o anjo Gabriel para Nazaré, uma cidade da Galiléia,27 a uma virgem prometida em casamento a certo homem chamado José, descendente de Davi. E o nome davirgem era Maria.12  28 O anjo chegou ao lugar onde ela estava e ao se aproximar lhe declarou: “Alegra-te, mui agraciada! O

Senhor está contigo!”.13  

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29 Diante de tais palavras, Maria ficou intrigada, imaginando qual poderia ser o motivo daquele tipo desaudação.30 Mas o anjo lhe revelou: “Maria, não temas; pois recebeste grande graça da parte de Deus.31 Eis que engravidarás e darás à luz um filho, a quem chamarás pelo nome de Jesus.14  32 Ele será Grande, e será chamado Filho do Altíssimo. O Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi,15  33 e Ele reinará para sempre sobre o povo de Jacó, e seu Reino nunca terá fim”.16  34 Então, perguntou Maria ao anjo: “Como acontecerá isso, pois jamais tive relação sexual com homemalgum?”.17  35 Então o anjo lhe esclareceu: “O Espírito Santo virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a suasombra. E por esse motivo, o ser que nascerá de ti será chamado Santo, Filho de Deus.18  36 Saiba também que Isabel, tua parenta, dará à luz a um filho mesmo em idade avançada, sendo que este já éo sexto mês de gestação para aquela a quem julgavam estéril.37 Porquanto para Deus não existe nada que lhe seja impossível!”.38 Diante disso, declarou Maria: “Eis aqui a serva do Senhor; que se realize em mim tudo conforme a tuapalavra!”. Em seguida o anjo partiu.

O encontro de Maria com Isabel  39 Durante aqueles dias, Maria preparou-se e saiu rapidamente em viagem para uma cidade da regiãomontanhosa da Judéia.40 Chegou à casa de Zacarias e foi saudar Isabel.41 Assim que Isabel ouviu a saudação de Maria, o bebê agitou-se em seu ventre, e Isabel ficou plena doEspírito Santo.19  42 E, com um forte grito, exclamou: “Bendita és tu entre todas as mulheres, e bendito é o fruto de teu ventre!43 Mas, qual o motivo desta graça maravilhosa, que me venha visitar a mãe do meu Senhor?44 Pois, no mesmo instante em que a tua voz de saudação chegou aos meus ouvidos, o bebê que está em meuventre agitou-se de alegria.45 Bem-aventurada é aquela que acreditou que o Senhor cumprirá tudo quanto lhe foi revelado!”.

 Magnificat, o cântico de Maria46 Então declarou Maria:20  “Engrandece minha alma ao Senhor,47 e o meu espírito se regozija em Deus, meu Salvador,48 pois contemplou a insignificância da sua serva. Mas, de hoje em diante, todas as gerações me chamarãobem-aventurada,49 porque o Poderoso realizou maravilhas a meu favor; Santo é o seu Nome!50 A sua misericórdia estende-se aos que o temem, de geração em geração.51 Ele operou poderosos feitos com seu braço; dispersou aqueles cujos sentimentos mais íntimos são soberbos.52 Derrubou governantes dos seus tronos, mas exaltou os humildes.53 Supriu abundantemente os famintos, mas expulsou de mãos vazias os que se achavam ricos.21 54 Ajudou a seu servo Israel, recordando-se da sua misericórdia infinda55 a favor de Abraão e sua descendência, para sempre, assim como prometera aos nossos antepassados”.22 

56 E Maria permaneceu com Isabel por cerca de três meses, quando então retornou à sua casa.23  

 Nasce João Batista57 Ao se completar o tempo de Isabel dar à luz, nasceu-lhe um filho.58 Todos os seus vizinhos e parentes ouviram falar da grande misericórdia com a qual o Senhor a haviacontemplado e muito se alegraram com ela.59 No oitavo dia levaram o menino para ser circuncidado, e desejavam dar-lhe o nome do pai, Zacarias.60 No entanto sua mãe tomou a palavra e afirmou: “Não! O nome dele deverá ser João”.61 Ponderaram-lhe: “Mas ninguém há entre teus parentes que se chame assim”.62 Então, através de sinais, consultaram o pai do menino que nome queria que lhe dessem.63 Ele pediu uma tabuinha e, para surpresa de todos, escreveu: “O nome dele é João”.24  64 No mesmo instante sua boca se abriu, sua língua se soltou e ele começou a falar, louvando a Deus.65 Toda a vizinhança foi tomada de grande temor e por toda a região montanhosa da Judéia se comentavamesses fatos.66 E aconteceu que todos quantos ouviam falar dessas ocorrências ficavam imaginando: “O que virá a ser este

menino?”. Pois a boa mão do Senhor estava com ele. Benedictus, o cântico de Zacarias

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67 Então, seu pai Zacarias foi cheio do Espírito Santo e profetizou:25  68 “Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, pois que visitou e redimiu o seu povo.69 Ele concedeu poderosa salvação na casa de Davi, seu servo.26  70 Assim como prometera por meio dos seus santos profetas desde a antigüidade.71 Salvando-nos dos nossos inimigos e das mãos de todos os que nos odeiam,72 para demonstrar sua misericórdia aos nossos antepassados e recordar sua santa aliança,73 o juramento que prestou ao nosso pai Abraão.74 Que nos resgataria da mão de todos os nossos inimigos, a fim de o servirmos livres do medo,75 em santidade e justiça na sua presença, durante todos os dias de nossas vidas.76 Tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, pois marcharás à frente do Senhor, para lhe preparar ocaminho.27  77 Para proclamar ao seu povo o conhecimento da salvação, mediante o perdão dos seus pecados.78 E isso, por causa das profundas misericórdias de nosso Deus, através das quais dos céus nos visitará o solnascente,28  79 para iluminar aqueles que estão vivendo em meio às trevas, e guiar nossos pés no caminho da paz”.29  80 E o menino crescia e se robustecia em espírito; e viveu no deserto até o dia em que havia de revelar-sepublicamente a Israel.30  

Cap. 2 -Nasce Jesus de Nazaré, o Cristo (Mt 1.18-25) 1 Naquela época, César Augusto publicou um decreto, convocando para um recenseamento, todos osmoradores das terras dominadas por seu império.1 2 Este foi o primeiro cadastramento da população de todo o império romano, quando Quirino era governador daSíria.2 

3 E todos seguiam para as cidades onde haviam nascido, a fim de serem arrolados. 4 Por isso, José também viajou da cidade de Nazaré da Galiléia para a Judéia, até Belém, cidade de Davi,porque pertencia à casa e à descendência de Davi.3  5 E partiu com o propósito de alistar-se, juntamente com Maria, sua esposa prometida, que estava grávida.4  6 Enquanto estavam em Belém, chegou o momento de nascer o bebê,7 e ela deu à luz o seu primogênito. Envolveu-o com tiras de pano e o colocou sobre uma manjedoura, poisnão havia lugar para eles na hospedaria.5  

“Gloria in Exelsis Deo!” 8 Nas proximidades havia pastores que estavam nos campos e que durante a noite cuidavam dos seusrebanhos.9 E aconteceu que um anjo do Senhor apareceu a eles e a glória do Senhor reluzindo os envolveu; e todosficaram apavorados.10 Todavia o anjo lhes revelou: “Não temais; eis que vos trago boas notícias de grande alegria, e que são paratodas as pessoas:11 Hoje, na cidade de Davi, vos nasceu o Salvador, que é o Messias, o Senhor!6  12 Isto vos servirá de sinal: encontrareis um recém-nascido envolto em panos e deitado sobre umamanjedoura”.13 

E no mesmo instante, surgiu uma grande multidão do exército celestial que se juntou ao anjo e louvavam aDeus entoando:14 “Glória a Deus nos mais altos céus, e paz na terra às pessoas que recebem a sua graça!”.7  15 Quando os anjos partiram e foram para os céus, os pastores combinaram entre si: “Vamos até Belém, evejamos este acontecimento que o Senhor nos deu a saber”.16 Então correram até o local e chegando, encontraram Maria e José, e o recém-nascido deitado numamanjedoura.17 E depois de o contemplarem, comunicaram a todos o que lhes fora revelado a respeito daquele menino,18 Ao ouvirem o que os pastores relatavam ficaram sobremodo assustados.19 Maria, contudo, observava silenciosa todos os acontecimentos, e refletia sobre eles em seu coração.20 Os pastores retornaram glorificando e louvando a Deus por tudo quanto tinham visto e ouvido, assim comolhes fora predito.

 Jesus é apresentado no templo 21 Completando-se os oito dias para o ritual de circuncisão do menino, foi-lhe dado o nome de Jesus, o qual jáhavia sido outorgado pelo anjo antes de Ele nascer.8  

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22 De igual modo, ao completar-se o tempo da purificação deles, de acordo com a Lei de Moisés, José e Marialevaram o bebê Jesus até Jerusalém para apresentá-lo a Deus no templo.9  23 Assim como está escrito na Lei do Senhor: “Todo primogênito nascido do sexo masculino deverá serdedicado ao Senhor”.24 Também um sacrifício deveria ser oferecido, como proclama a Lei do Senhor: “duas rolinhas ou doispombinhos”.10  

“Nunc Dimittis” 25 Entrementes, havia um homem em Jerusalém chamado Simeão, homem justo e piedoso e que almejava aconsolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre Ele.11 26 O Espírito Santo lhe havia revelado que não morreria sem ter a oportunidade de ver o Cristo de Deus.27 Movido pelo Espírito Santo, ele dirigiu-se ao templo. Assim que os pais trouxeram o menino Jesus pararealizarem com Ele o ritual de consagração exigido pela tradição da Lei,28 Simeão o tomou em seus braços e louvou a Deus, exclamando:29 “Ó Soberano! Como prometeste, podes agora despedir em paz o teu servo.30 Porquanto os meus olhos já contemplaram a tua Salvação,12  31 a qual preparaste à vista de todos os povos:32 luz para revelação aos gentios, e para glória do teu povo de Israel”.33 O pai e a mãe do menino ficaram admirados com a proclamação feita a respeito dele.34 Então Simeão os abençoou e revelou a Maria, mãe de Jesus: “Eis que este menino está destinado a ser oresponsável pela queda e pelo soerguimento de multidões em Israel, e a ser um sinal de contradição,35 de maneira que a intimidade dos pensamentos de muitos corações será revelada. Quanto a ti, todavia, umaespada traspassará a tua alma”.13  

 As profecias de Ana 36 Estava também presente a profetiza Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era uma senhora de idadeavançada; tinha vivido com seu marido durante sete anos depois de se casar,14 

37 e desde então permanecera viúva até a idade de oitenta e quatro anos. Jamais deixava o templo: adorava aDeus, jejuando e orando dia e noite.38 Havendo chegado ali, naquele exato momento, deu graças a Deus e proclamava acerca do bebê Jesus paratodos os que anelavam pela redenção de Jerusalém”.15 

39 Depois de terem cumprido tudo quanto era requerido pela Lei do Senhor, retornaram para a sua própriacidade, Nazaré, na Galiléia.40 E o menino crescia e se fortalecia, tornando-se pleno em sabedoria; e a graça de Deus permanecia sobreEle.16 

O menino Jesus no templo 41 Todos os anos seus pais viajavam até Jerusalém para celebrar a festa da Páscoa.42 Assim sendo, no ano em que Ele completou doze anos de idade, eles subiram à festa, de acordo com atradição.17 

43 Encerradas as comemorações, voltando seus pais para casa, o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem queeles notassem.44 Imaginando que Ele estivesse entre os muitos companheiros de viagem, caminharam por um dia inteiro.Então começaram a buscá-lo entre os seus parentes e conhecidos.45 Como não conseguiam encontrá-lo, retornaram a Jerusalém para procurá-lo.46 Após três dias o acharam no templo, sentado na companhia dos mestres, ouvindo-os e propondo-lhesquestões.47 Todos os que o ouviam ficavam maravilhados com a sua capacidade intelectual e com a maneira comocomunicava suas conclusões.18 

48 Assim que seus pais o avistaram, ficaram perplexos. Então sua mãe o inquiriu: “Filho, por que agiste assimconosco? Teu pai e eu nos angustiamos muito à tua procura!”.49 Então Ele lhes perguntou: “Por que me procuráveis? Como não sabíeis que era meu dever tratar de assuntosconcernentes ao meu Pai?”.50 Mas eles não compreenderam bem o que lhes explicara.19  51 Contudo, Ele seguiu com eles para Nazaré, pois lhes era obediente. Sua mãe, entretanto, meditava

silenciosamente em seu coração sobre todos estes acontecimentos.52 E Jesus se desenvolvia em sabedoria, estatura e graça na presença de Deus e de todas as pessoas.20  

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Cap. 3 -  João Batista proclama a Palavra (Mt 3.1-12; Mc 1.2-8) 1 No décimo quinto ano do reinado de Tibério César, época em que Pôncio Pilatos foi governador da Judéia;Herodes, tetrarca da Galiléia; seu irmão Filipe, tetrarca da Ituréia e Traconites; e Lisânias, tetrarca de Abilene, e1 2 Anás e Caifás exerciam o ofício de sumo sacerdotes. Foi nesse mesmo ano que João, filho de Zacarias,recebeu uma palavra convocatória do Senhor, no deserto.2  3 Então ele percorreu toda a região próxima ao Jordão, proclamando um batismo de arrependimento paraperdão dos pecados.3  4 Assim como está escrito no livro das palavras do profeta Isaías: “Voz do que clama no deserto: ‘Preparai ocaminho do Senhor, tornai retas as suas veredas.5 Pois que todo o vale será aterrado e todas as montanhas e colinas, niveladas. As estradas tortuosas setransformarão em retas e os caminhos acidentados serão aplanados. 6 E todos os seres viventes contemplarão a salvação que Deus oferece’”.7 João repreendia as multidões que vinham para ser batizadas por ele: “Raça de víboras! Quem lhes persuadiua fugir da ira vindoura?4  8 Produzi, então, frutos que demonstrem arrependimento. E não comeceis a cogitar em vossos corações:‘Abraão é nosso pai!’. Pois eu vos asseguro que destas pedras Deus pode fazer surgir filhos a Abraão.5  9 O machado já está posto à raiz das árvores, e toda árvore que não der bom fruto será cortada e jogada ao fogo”.10 E as multidões lhe rogavam: “O que devemos fazer então?”.11 Diante do que João as exortava: “Quem tiver duas túnicas dê uma a quem não tem nenhuma; e quem possuio que comer, da mesma maneira reparta”.12 Chegaram inclusive alguns publicanos para ser batizados. E indagavam: “Mestre, como devemosproceder?”.13 E João lhes respondeu: “Não deveis exigir nada além do que vos foi prescrito”. 6  14 Então um grupo de soldados lhe inquiriu: “E quanto a nós, o que devemos fazer?”. E ele os orientou: “Aninguém molesteis com extorsões, nem denuncieis falsamente. Contentai-vos com o vosso próprio salário”.7  

 João exalta a Jesus: o Caminho (Mt 3.11-12; Mc 1.7-8; Jo 1.19-17) 15 A esta altura as pessoas estavam em grande expectativa, imaginando em seus corações se porventura Joãonão seria o Cristo.16 Então João esclareceu a todos: “Eu, de fato, vos batizo com água. Entretanto, chegará alguém maispoderoso do que eu, tanto que não sou digno sequer de desamarrar as correias das suas sandálias. Ele sim, vosbatizará com o Espírito Santo e com fogo.8  17 Ele traz uma pá em suas mãos, a fim de limpar a sua eira e juntar o trigo em seu celeiro; todavia queimará apalha com o fogo que jamais se apaga”.9 

18 E com muitas outras palavras João entusiasmava as multidões e lhes pregava as Boas Novas.19 Contudo, quando João admoestou Herodes, o tetrarca, por causa de Herodias, mulher do próprio irmão deHerodes, e devido a muitas outras obras perversas que havia praticado,20 Herodes acrescentou a todas essas maldades a de mandar João para a prisão.10  

O batismo e a ascendência de Jesus (Mt 1.1-17; 3.13; Mc 1.9-11)

21 E ocorreu que, quando todo o povo estava sendo batizado, da mesma maneira Jesus o foi; e no momento emque Ele estava orando, o céu se abriu11 22 e o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma corporal, como uma pomba. E do céu surgiu uma voz: “Tu és omeu Filho amado; e em ti me agrado sobremaneira”.23 Jesus tinha cerca de trinta anos de idade quando iniciou seu ministério. Ele era, como se dizia, filho de José;filho de Eli,12  24 filho de Matate, filho de Levi, filho de Melqui, filho de Janai, filho de José,25 filho de Matatias, filho de Amós, filho de Naum, filho de Esli, filho de Nagai,26 filho de Máate, filho de Matatias, filho de Semei, filho de José, filho de Jodá,27 filho de Joanã, filho de Resa, filho de Zorobabel, filho de Salatiel, filho de Neri,28 filho de Melqui, filho de Adi, filho de Cosã, filho de Elmadã, filho de Er,29 filho de Josué, filho de Eliézer, filho de Jorim, filho de Matate, filho de Levi,30 filho de Simeão, filho de Judá, filho de José, filho de Jonã, filho de Eliaquim,31 filho de Meleá, filho de Mená, filho de Matatá, filho de Natã, filho de Davi,32 filho de Jessé, filho de Obede, filho de Boaz, filho de Salá, filho de Naassom,

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33 filho de Aminadabe, filho de Admim, filho de Arni, filho de Esrom, filho de Peres, filho de Judá,34 filho de Jacó, filho de Isaque, filho de Abraão, filho de Terá, filho de Naor,35 filho de Serugue, filho de Ragaú, filho de Faleque, filho de Éber, filho de Salá,36 filho de Cainã, filho de Arfaxade, filho de Sem, filho de Noé, filho de Lameque,37 filho de Matusalém, filho de Enoque, filho de Jarede, filho de Maalaleel, filho de Cainã,38 filho de Enos, filho de Sete, filho de Adão, filho de Deus.

Cap. 4 - Jesus vence o ataque satânico (Mt 4.1-11; Mc 1.12,13) 1 Pleno do Espírito Santo, retornou Jesus do Jordão e foi conduzido pelo Espírito ao deserto,1 2 onde enfrentou as tentações do Diabo por quarenta dias. Durante todos esses dias não comeu nada e, ao fimdesse período, estava faminto.3 Indagou-lhe, então, o Diabo: “Se tu és o Filho de Deus, ordena que esta pedra se transforme em pão”.2 

4 Mas Jesus lhe contestou: “Está escrito: ‘Nem só de pão viverá o ser humano’”.5 Então o Diabo o levou a um lugar muito alto e lhe mostrou, em uma fração de tempo, todos os reinos domundo.6 E lhe propôs: “Eu te darei todo o poder sobre eles e toda a glória destes reinos, porque me foram entregues etenho autoridade para doá-los a quem bem entender.7 Portanto, se prostrado me adorares, tudo isso será teu!”.3  8 Contudo Jesus lhe afirmou: “Está escrito: ‘Ao Senhor teu Deus adorarás e só a Ele darás culto’”.9 Em seguida o Diabo o levou para Jerusalém, e o colocou sobre a parte mais alta do templo e o desafiou: “Setu és o Filho de Deus, lança-te daqui para baixo.10 Pois, como está escrito: ‘Aos seus anjos ordenará a teu respeito, para que te protejam;11 eles te sustentarão sobre suas mãos para que não batas com teu pé contra alguma pedra’”.4 

12 Repreendeu-lhe Jesus: “Dito está! ‘Não tentarás o Senhor teu Deus’”.13 E assim, tendo concluído todo o tipo de tentação, o Diabo afastou-se dele até o tempo oportuno.

 Jesus volta pleno do Espírito (Mt 4.12-17; Mc 1.14-15) 14 Então, Jesus retornou para a Galiléia, no poder do Espírito, e por toda aquela região se espalhou sua fama.15 Ensinava nas sinagogas e, de todos, recebia manifestações de grande apreciação.

 Jesus é rejeitado pelos seus (Mt 13.54-58; Mc 6.1-4) 16 Jesus viajou para Nazaré, onde havia sido criado e conforme seu costume, num dia de sábado, entrou nasinagoga. E posicionou-se em pé para fazer a leitura.17 Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías. Desenrolando-o achou o lugar onde está escrito:5  18 “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para pregar o Evangelho aos pobres. Ele me envioupara proclamar a libertação dos aprisionados e a recuperação da vista aos cegos; para restituir a liberdade aosoprimidos,19 e promulgar a época da graça do Senhor”.20 Em seguida, enrolou novamente o livro, devolveu-o ao assistente e assentou-se. E na sinagoga todosestavam com os olhos fixos em sua pessoa.21 Então Ele começou a pregar-lhes: “Hoje se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir”.6  22 E todos exclamavam maravilhas sobre Ele, e estavam admirados com as palavras de graça que saíam dosseus lábios. Mas questionavam entre si: “Não é este o filho de José?”.23 No entanto, Jesus lhes replicou: “Com toda a certeza citareis a mim o conhecido provérbio: ‘Médico, cura-te a ti mesmo! Faze aqui em tua terra o que soubemos que fizeste em Cafarnaum’”.7  24 E continuou a falar Jesus: “Realmente vos afirmo: Nenhum profeta é bem recebido em sua própria terra.25 No tempo de Elias, posso lhes afirmar com certeza, que havia muitas viúvas em Israel, quando o céu foifechado por três anos e meio, e grande fome ocorreu em toda a terra.26 Contudo, Elias não foi mandado a nenhuma delas, senão somente a uma viúva de Sarepta, na região deSidom.8  27  Assim também, no tempo do profeta Eliseu, havia muitos leprosos em Israel, mas nenhum deles foipurificado, a não ser Naamã, o sírio”.28 Então, todos os que estavam na sinagoga foram tomados de grande raiva ao ouvirem tais palavras.9 

29 E, levantando-se, expulsaram a Jesus da cidade, levando-o até o topo da colina sobre a qual a cidade haviasido edificada, com o propósito de jogá-lo de lá, precipício abaixo.

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30 Todavia, Jesus passou por entre eles, e seguiu seu caminho.10  

O poder da Palavra de Jesus(Mc 1.21-28) 31 Então Jesus desceu para Cafarnaum, cidade da Galiléia, e, noutro sábado, começou a ensinar o povo.32 E todos ficavam deslumbrados com o seu ensino, pois que sua palavra era ministrada com autoridade.33 Entrementes, na sinagoga, havia um homem possesso de demônio, ou seja, de um espírito imundo, queberrou com toda a força:11

34 “Ah! Que tu queres conosco, Jesus de Nazaré? Vieste destruir a nós? Sei bem quem tu és: o Santo deDeus!”.35 Mas Jesus o repreendeu, ordenando: “Fica quieto e sai deste homem!”. Imediatamente o demônio jogou ohomem no chão, perante todos, e saiu dele sem o ferir.36 Todas as pessoas ficaram maravilhadas e diziam umas às outras: “Que Palavra é esta? Pois até aos espíritosdemoníacos Ele dá ordens com autoridade e poder, e eles se vão?”.37 E as notícias a respeito de Jesus se espalhavam por todas as regiões vizinhas.

O poder de Jesus sobre todo o mal (Mt 8.14-17; Mc 1.29-34) 38 Saindo da sinagoga dirigiu-se Jesus à casa de Simão. A sogra de Simão estava atormentada, ardendo em febre, erogaram a Jesus que a ajudasse de alguma forma.12  39 Estando Ele em pé próximo a ela, inclinou-se e repreendeu aquela febre, que no mesmo instante adeixou. Ela rapidamente se levantou e passou a servi-los.40 Ao cair da tarde, o povo trouxe à presença de Jesus todos os que tinham diversos tipos de doenças e Ele oscurou, impondo suas mãos sobre cada um deles.41 Além disso, de várias pessoas saíam demônios gritando: “Tu és o Filho de Deus!”. Ele, contudo, os repreendiae não permitia que se expressassem, pois sabiam que Ele era o Cristo.

 Jesus ora em solitude ao amanhecer (Mc 1.35-39) 42 Ao raiar do dia, Jesus foi para um lugar solitário. De outro lado, as multidões o procuravam, e assim que

conseguiram chegar ao local onde Ele estava, suplicaram para que não as deixasse.43 Contudo, Ele ponderou: “É necessário que Eu anuncie também as Boas Novas do Reino de Deus em outrascidades, pois precisamente para isso fui enviado”.13  44 E assim, prosseguia pregando pelas sinagogas da Palestina.14  

Cap. 5 - Jesus convoca seus discípulos(Mt 4.18-22; Mc 1.16-20; Jo 1.35-42) 1 E aconteceu que, num determinado dia, Jesus estava próximo ao lago de Genesaré, e uma multidão oespremia de todos os lados para ouvir a Palavra de Deus.1 2 Ele observou junto à beira do lago dois barcos, deixados ali pelos pescadores, que havendo desembarcado,cuidavam de lavar suas redes.3 Então, entrou num dos barcos, o que pertencia a Simão, e lhe solicitou que o afastasse um pouco da praia. E,assentando-se, do barco ensinava o povo.2  4 Assim que acabou de ministrar, dirigiu-se a Simão e aos demais, e lhes pediu: “Ide para onde as águas sãomais profundas e lançai as vossas redes para a pesca!”.5 Ao que lhe replicou Simão: “Mestre, tendo trabalhado durante a noite toda, não pegamos nada. Todavia,confiando em tua Palavra, lançarei as redes.3  6 Assim procederam e pegaram enorme quantidade de peixes, tanto que as redes começaram a se romper.7 Por esse motivo acenaram aos seus amigos no outro barco, para que viessem ajudá-los. Eles chegaram elotaram ambos os barcos, a ponto de começarem a afundar.4  8 Diante de tamanho evento, Simão se prostrou aos pés de Jesus e declarou: “Afasta-te de mim, Senhor, poissou homem pecador!”.9 Porquanto, ele e seus companheiros estavam maravilhados com a pesca que haviam realizado,5  10 assim como de Tiago e João, os filhos de Zebedeu, que eram sócios de Simão. Todavia, Jesus revela aSimão: “Não tenhas medo; a partir deste momento tu serás um pescador de vidas humanas”.6  11 Então, eles arrastaram seus barcos para a praia, renunciaram a todas as coisas e seguiram a Jesus.7  

 Jesus cura um homem leproso 

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(Mt 8.1-4; Mc 1.40-45) 12 Estando Jesus em uma das cidades, eis que um homem coberto de lepra veio em sua direção. Assim quecontemplou a Jesus, ajoelhou-se e colocando o rosto rente ao chão, suplicou-lhe: “Senhor! Se for da tuavontade, sei que podes me purificar”.8  13 Jesus estendeu a mão, tocou nele e proferiu: “Quero. Sê purificado!”. E, no mesmo instante a lepra seretirou daque-le homem.14 Em seguida, Jesus lhe ordenou:“Não fales sobre este acontecimento a ninguém; porém, vai, mostra-te aosacerdote e oferece pela tua purificação os sacrifícios que Moisés determinou, para servir de testemunho aopovo.9  15 Contudo, as notícias a respeito de Jesus se espalhavam ainda mais, de maneira que multidões convergiampara ouvi-lo e para serem curadas de suas enfermidades.16 Todavia, Jesus procurava manter-se afastado, indo para lugares solitários, onde ficava orando.

 Jesus cura um homem paralítico (Mt 9.1-8; Mc 2.1-12) 17 Num outro dia, quando Jesus ministrava, estavam sentados ali fariseus e professores da Lei, vindos de todosos povoados da Galiléia, da Judéia e de Jerusalém; e Ele tinha o poder de Deus para realizar curas.10  18 Chegaram, então, uns homens trazendo um paralítico numa maca e tentaram fazê-lo entrar na casa, a fim deapresentá-lo perante Jesus.19 Não tendo sucesso nessa tentativa, devido à grande multidão aglomerada, subiram ao terraço e o baixaramem sua maca, através de uma abertura no teto, até o meio da multidão, bem diante de Jesus.11 20 Observando a fé que aqueles homens demonstravam, Jesus declarou: “Homem! Os teus pecados estãoperdoados”.12  21 Diante disto, os escribas e os fariseus começaram a cogitar: “Quem é este que profere blasfêmias? Quemtem poder para perdoar pecados, a não ser somente Deus?”.13  22 Jesus, entretanto, tendo pleno discernimento do que estavam pensando, questionou-lhes: “Que censurais emvossos corações?23 Que é mais fácil declarar: ‘Os teus pecados estão perdoados’, ou ‘Levanta-te e anda’?14  24 Todavia, para que vos certifiqueis de que o Filho do homem tem na terra autoridade para perdoar pecados” –dirigindo-se ao paralítico declarou – “Eu te ordeno: Levanta-te! Pega a tua maca e vai para casa”.25 Então, naquele mesmo instante, o homem se levantou diante de todos os presentes, pegou a maca em queestivera prostrado e correu para casa louvando e bendizendo a Deus.15  26 E todos ficaram estupefatos e glorificavam a Deus; e, tomados de grande temor, exclamavam: “Hoje vimosgrandes prodígios!”.

 Jesus torna um publicano em discípulo  (Mt 9.9-13; Mc 2.13-17)

27 Passados estes eventos, saindo Jesus, encontrou-se com um publicano, chamado Levi, sentado à mesa dacoletoria, e o convocou: “Segue-me!”.28 Levi levantou-se, abandonou tudo e seguiu a Jesus.16 

 Jesus num banquete com pecadores (Mt 9.10-13; Mc 2.15-17) 29 Então Levi ofereceu a Jesus uma grande festa em sua casa; e uma multidão de publicanos e de outraspessoas estava à mesa comendo com eles.30 Os fariseus e seus escribas reclamaram dos discípulos de Jesus: “Por que comeis e bebeis com ospublicanos e pecadores?”.31 Ao que Jesus lhes ponderou: “Os que têm saúde não precisam de médico, mas sim os enfermos.32 Eu não vim para convocar os justos, mas sim, para chamar os pecadores ao arrependimento!”.17  

 Jesus é questionado quanto ao jejum (Mt 9.14-17; Mc 2.18-22) 33 Em seguida eles lhe observaram: “Os discípulos de João jejuam e oram com grande freqüência, assim comoos discípulos dos fariseus; no entanto, os teus vivem comendo e bebendo”.18  34 Jesus então lhes propôs: “Podeis fazer jejuar os convidados para o casamento, enquanto está com eles opróprio noivo?35 Contudo, dias virão, em que lhes será tirado o noivo; naqueles dias, verdadeiramente, jejuarão”.

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36 E lhes acrescentou esta parábola para pensar: “Ninguém tira um remendo de roupa nova e o costura sobreroupa velha; se o fizer, certamente estragará a roupa nova; e, além disso, o remendo novo jamais se ajustará àvelha roupa.37 Da mesma maneira, não há alguém que coloque vinho novo em recipiente de couro velho. Ora, se o fizer, ovinho novo, ao fermentar, arrebentará o recipiente, se derramará e danificará o recipiente onde fora colocado.38 Ao contrário! O vinho novo deve ser posto em um recipiente de couro novo.39 Pois, pessoa alguma, depois de beber o vinho velho, prefere o novo; porquanto se diz: ‘O vinho velho ébom o suficiente!’”.20  

Cap. 6 - Jesus é Senhor do Sábado (Mt 12.1-14; Mc 2.23-28) 1  Em um certo dia de sábado, enquanto Jesus caminhava pelos campos, onde se plantavam cereais, seusdiscípulos começaram a colher e a debulhar espigas com as mãos, e se alimentavam dos grãos.1 2 Foi quando alguns dos fariseus os inquiriram: “Por que fazeis o que não é permitido durante o sábado?”.3 Então Jesus os questionou: “Nem ao menos tendes lido o que fez Davi, quando teve fome, ele e os seuscompanheiros?4 Pois ele entrou na casa de Deus e, tomando os pães da Presença, alimentou-se do que apenas aos sacerdotes erapermitido comer, e os entregou de igual modo aos seus amigos”.5 E Jesus lhes asseverou: “O Filho do homem é Senhor do sábado!”.2  

O homem da mão atrofiada(Mt 12.9-14; Mc 3.1-6)

6 Num outro sábado, Ele entrou na sinagoga e iniciou o seu ensino; e estava ali um homem cuja mão direitaera atrofiada.7 Os doutores da Lei e os fariseus estavam ávidos para achar algum motivo pelo qual pudessem acusar Jesus; epor isso o observavam com toda a atenção, a fim de perceber se Ele o haveria de curar durante o sábado.8 Todavia, Jesus tinha conhecimento do que eles pensavam, mesmo assim pediu ao homem da mão atrofiada:“Levanta-te, vem à frente e permanece em pé aqui no meio”. E o homem se levantou e atendeu a Ele.3  9 Jesus então dirigiu-se a eles: “Eu vos apresento uma questão: O que é permitido realizar no sábado: o bemou o mal? Salvar uma vida ou destruí-la?”.10 E Jesus olha atentamente para cada um dos que estão à sua volta e ordena ao homem: “Estende a tua mão!”.O homem a estendeu, e ela foi instantaneamente restaurada.11 Contudo, eles ficaram enraivecidos e começaram a tramar entre si sobre que fim dariam a Jesus.4  

 Jesus escolhe seus doze apóstolos (Mc 3.13-19) 12 E ocorreu naquela ocasião que Jesus se retirou para um monte a fim de orar, e atravessou toda a noite emoração a Deus.5  13 Logo ao nascer do dia, convocou seus discípulos e escolheu dentre eles, doze, a quem também designoucomo apóstolos:6  14 Simão, a quem deu o nome de Pedro; seu irmão André; Tiago; João; Filipe; Bartolomeu;15 Marcos; Tomé; Tiago, filho de Alfeu; Simão, conhecido como Zelote;16 Judas, filho de Tiago; e Judas Iscariotes, que se tornou traidor.7  

 Jesus cura e liberta multidões (Mc 4.23-25) 17 Então, desceu Jesus com os apóstolos e parou num lugar plano. Estavam ali reunidos muitos dos seusdiscípulos, e uma enorme multidão vinda de toda a Judéia, de Jerusalém e do litoral de Tiro e de Sidom,8  18 pessoas que vieram para serem ensinadas por Ele e curadas de suas doenças. Aqueles que eramatormentados por espíritos impuros foram curados,19 e cada pessoa da multidão procurava tocar nele, pois dele emanava poder que curava a todos.

 As bem-aventuranças (Mt 5.1-12) 20 Então, dirigindo o olhar para os seus discípulos, Jesus lhes declarou:9  

“Bem-aventurados vós, os pobres, porquanto a vós pertence o Reino de Deus.10  21 Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis saciados.

Bem-aventurados vós, que neste momento estais chorando, pois haveis de sorrir.

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22 Bem-aventurados sois, quando as pessoas vos odiarem, vos expulsarem do convívio delas, vos insultarem,e excluírem vosso nome, julgando-o execrável, por causa do Filho do homem.23 Regozijai-vos nesse dia e saltai de alegria, porquanto imensa é a vossa recompensa no céu. Pois, desta mesmamaneira, os seus antepassados agiram contra os profetas.11 

Os pesares de Jesus 24 Porém, ai de vós, os ricos! Pois já ganharam toda a vossa consolação.25 Ai de vós, que viveis agora em fartura, porque vireis a passar fome.12  Ai de vós, que agora rides, pois haveisde muito lamentar e prantear.26 Ai de vós, quando todos vos louvarem! Porquanto, foi assim também que agiram os vossos antepassadoscom os falsos profetas.

 Jesus ensina a amar aos inimigos(Mt 5.38-48)

27 Contudo, tenho a declarar a vós outros que me estais ouvindo: amai os vossos inimigos, fazei o bem aos quevos odeiam;28 abençoai aos que vos amaldiçoam, orai pelos que vos acusam falsamente.13  29 Ao que te bate numa face, oferece-lhe igualmente a outra; e, ao que tirar a tua capa, não o impeças de tirar-te também a túnica.14  30 Dá sempre a todo aquele que te pede; e, se alguém levar o que te pertence, não lhe exijas que o devolva.31 Como quereis que as pessoas vos tratem, assim fazei a elas da mesma maneira.32 Pois se amais os que vos amam, que galardão pode haver nisso? Porquanto, até mesmo os ímpios amamaqueles que os amam.33 E se fizerdes o bem aos que vos fazem o bem, qual é o vosso mérito? Até os infiéis agem deste mesmomodo.34 E ainda, se emprestais àqueles de quem esperais receber de volta, qual é a vossa recompensa? Também osincrédulos emprestam aos incrédulos, a fim de receberem seu retorno desejado.15  35 Concluindo, amai os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem se desesperar por receber de volta. Então,sendo assim, grande será o vosso prêmio, e sereis filhos do Altíssimo. Porquanto Ele é bondoso até mesmo paracom os ingratos e ímpios.36 Sede misericordiosos para com os outros, assim como vosso Pai é misericordioso para convosco.16  

 Não cabe ao discípulo julgar o próximo (Mt 7.1-5) 37 Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados.38 Dai sempre, e recebereis sobre o vosso colo uma boa medida, calcada, sacudida, transbordante;generosamente vos darão. Portanto, à medida que usares para medir o teu próximo, essa mesma será usadapara vos medir.17  

 Parábola do cego que conduz outro cego39 Então, Jesus lhes propôs também uma parábola: “É possível um cego guiar outro cego? Não acontecerá queambos venham a cair em algum buraco?18  40 O discípulo não pode estar acima do seu mestre e; entretanto, todo aquele que completar condignamente seu

aprendizado, será como seu mestre.41 Por que reparas no cisco que está no olho do teu irmão e não percebes o tronco que está no teu próprioolho?42 Como poderás advertir a teu irmão dizendo: ‘Irmão! Permita que eu tire o cisco do teu olho’, se tu mesmonem sequer notas o tronco que repousa no teu olho? Hipócrita! Retira, antes de tudo, a trave do teu olho e, sóassim, verás com nitidez para tirar o cisco que está no olho de teu irmão.19  

 Parábola da árvore e seu fruto (Mt 7.24-27) 43 Não existe árvore boa produzindo mau fruto; nem inversamente, uma árvore má produzindo bom fruto.44 Pois cada árvore é conhecida pelos seus próprios frutos. Não é possível colher-se figos de espinheiros, nemtampouco, uvas de ervas daninhas.45 Uma pessoa boa produz do bom tesouro do seu coração o bem, assim como a pessoa má, produz toda a

sorte de coisas ruins a partir do mal que está em seu íntimo, pois a boca fala do que está repleto o coração.20  

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 A parábola do sábio e do insensato (Mt 7.24-27) 46 E por que me chamais: ‘Senhor, Senhor’, e não praticais o que Eu vos ensino?47 Eu vos revelarei com quem se compara àquela pessoa que vem a mim, ouve as minhas palavras e as pratica.48 É como se fosse um homem que, ao construir sua casa, cavou fundo e firmou os alicerces sobre a rocha. Esobrevindo grande enchente, o rio transbordou e as muitas águas avançaram sobre aquela casa, mas a casa nãose abalou, por ter sido solidamente edificada.49 Entretanto, aquele que ouve as minhas palavras e não as pratica, é como um homem que construiu sua casasobre a terra, sem alicerces. No momento em que as muitas águas chocaram-se contra ela, a casa caiu, e a suadestruição foi total”.21 

Cap. 7 - Um centurião revela sua fé em Jesus (Mt 8.5-13) 1 Havendo concluído suas instruções aos discípulos e ao povo, Jesus entrou em Cafarnaum.2 E o servo de um centurião, a quem este muito estimava, estava doente e à beira da morte.1 3 O centurião havia ouvido falar de Jesus e, por isso, lhe enviou alguns líderes religiosos dos judeus, pedindoque fosse curar seu servo.4 Então, aproximando-se de Jesus, apelaram-lhe com muitas súplicas: “Este é um homem que merece que lheconcedas esse favor,5 pois trata nosso povo com elevada consideração, e ele mesmo construiu nossa sinagoga”.6 Então Jesus seguiu com eles. Mas, ao chegarem nas proximidades da residência, o centurião enviou-lhealguns amigos para lhe entregarem a seguinte notícia: “Senhor, não te incomodes, porque sei que não soudigno de receber-te sob o teto da minha casa.7 Por isso, nem mesmo me considerei merecedor de ir ao teu encontro. Mas ordena, com uma só palavra, e omeu servo será curado.8 Pois eu também sou homem sujeito à autoridade, e tenho soldados sob o meu comando. Mando a um: vai, eele vai; e a outro: vem, e ele vem; e ao meu servo: faze isto, e ele o faz.2  9 Ao ouvir esta declaração, Jesus muito se admirou dele e, voltando-se para a multidão que o acompanhava,exclamou: “Asseguro-vos que nem mesmo em Israel encontrei uma fé como esta”.10 E aconteceu que os homens que haviam sido enviados, retornaram para a casa do centurião, e ao chegaremlá, encontraram o servo dele totalmente curado.3  

 Jesus ressuscita um jovem na multidão11 No dia seguinte, partiu Jesus para uma cidade chamada Naim, e com ele caminhavam seus discípulos e umagrande multidão.4  

12 Ao se aproximar da porta da cidade, estava saindo o enterro do filho único de uma viúva; e grande multidãoda cidade a acompanhava.13 Ao observá-la, o Senhor se compadeceu dela e a encorajou: “Não chores!”.5  14 E aproximando-se, tocou no esquife. Então, os que o carregavam pararam. E Jesus exclamou: “Jovem! Eute ordeno: levanta-te!”.15 No mesmo instante, o jovem que estivera morto se pôs sentado, e começou a conversar, e assim Jesusrestituiu o jovem à sua mãe.6 

16 Todos foram tomados de grande temor e louvavam a Deus proclamando: “Grande profeta foi levantadoentre nós!” e “Deus veio salvar o seu povo!”.17 Estas notícias a respeito de Jesus circularam por toda a Judéia e regiões circunvizinhas.7 

 João manda saber quem é Jesus(Mt 11.2-6) 18 Então, os discípulos de João lhe relataram todos esses acontecimentos. E João, chamando dois deles,19  enviou-os ao Senhor para lhe perguntar: “És Tu aquele que estava para chegar ou havemos de esperaroutro?”.8  20 Assim que os discípulos de João se aproximaram de Jesus lhe explicaram: “João Batista mandou-nos paravos indagar: ‘És Tu aquele que estava para chegar ou havemos de esperar outro?’”.21 E naquela mesma hora Jesus curou muitos de doenças e todos os tipos de sofrimento, bem como de espíritosmalignos, e concedeu visão a muitos que eram cegos.22 E, depois disto, declarou aos mensageiros: “Ide e relatai a João tudo o que vistes e ouvistes: os cegosvêem, os aleijados andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados e oEvangelho é pregado aos pobres.

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23 E mais, bem-aventurado é aquele que não se escandalizar por minha causa!”.9  

 Jesus confere honras a João (Mt 11.7-19) 24 Havendo partido os mensageiros de João, passou Jesus a testemunhar às multidões acerca da pessoa e da obra deJoão: “Que saístes a ver no deserto? Um caniço movido de um lado para o outro pelo vento?25 Que saístes a contemplar? Um cavalheiro vestido de roupas finas? Ora, os que vestem roupas suntuosas seentregam ao luxo e vivem em delícias estão nos palácios.26 Afinal, que fostes observar? Um profeta? Eu vos asseguro que sim, e muito mais do que um profeta.27 Este é aquele a respeito de quem está escrito: ‘Eis que enviarei o meu mensageiro à tua frente; pois elepreparará o teu caminho diante de Ti’.28 Eu vos afirmo que dentre os nascidos de mulher não há um ser humano maior do que João. Todavia, omenor no Reino de Deus é maior do que ele”.10  29 E todo o povo, inclusive os publicanos, ao ouvirem as palavras de Jesus, reconheceram que o caminhode Deus era justo, e se submeteram ao batismo de João.11

30 Entretanto, os fariseus e os doutores da lei rejeitaram o conselho de Deus para eles próprios, e não sedispuseram a ser batizados por ele.12  31 “Sendo assim, a que compararei as pessoas da presente geração?”, prosseguiu Jesus, “Com que seassemelham?”.32 “Ora, são como crianças que ficam sentadas na praça e gritam umas às outras: ‘Nós vos tocamos flauta, evós não dançastes; entoamos lamentações e vós não chorastes’.33 Assim tendes agido, pois veio João Batista, que não come pão e não bebe vinho, e julgais: ‘Este está comdemônio!’.34 Então chegou o Filho do homem, comendo pão e bebendo vinho, e condenais: ‘Eis aí um glutão e beberrão,amigo de publicanos e pecadores!’.35 Todavia, os filhos da Sabedoria reconhecem e acolhem as suas obras”.13  

Uma pecadora unge a Jesus 36 Tendo sido convidado por um dos fariseus para jantar, Jesus foi à casa dele e reclinou-se, como era ocostume, junto à mesa.14  37 Assim que tomou conhecimento que Jesus estava reunido à mesa, na casa do fariseu, certa mulher daquelacidade, uma pecadora, trouxe um frasco de alabastro cheio de perfume.38 E, posicionando-se atrás de Jesus, prostrou-se a seus pés e começou a chorar. Suas lágrimas molharam os pésde Jesus, mas ela, em seguida os enxugou com os próprios cabelos, beijou-os e os ungiu com o perfume.39 Diante de tal cena, o fariseu que o havia convidado falou consigo mesmo: “Se este homem fora de fatoprofeta, bem saberia quem nele está tocando e que espécie de mulher ela é: uma pecadora!”.15  40 Então, voltou-se Jesus para o fariseu e lhe propôs: “Simão, tenho algo para dizer-te”. Ao que ele aquiesceu:“Sim, Mestre, dize-me”.41 “Dois homens deviam a certo credor. Um lhe devia quinhentos denários e o outro, cinqüenta.42 Nenhum dos dois tinha com que pagar, por isso o credor decidiu perdoar a dívida de ambos. Qual deles oamará mais?”.43  Replicou-lhe Simão: “Imagino que aquele a quem foi perdoada a dívida maior”. Ao que Jesus ocongratulou: “Julgaste acertadamente!”.44 Então, virou-se em direção à mulher e declarou a Simão: “Vês esta mulher? Entrei em tua casa, e não metrouxeste água para lavar os pés, como é o costume. Esta, porém, molhou os meus pés com suas lágrimas e osenxugou com os próprios cabelos.45 Da mesma maneira, tu não me saudaste com um beijo na face, como é tradicional; ela, todavia, desde quecheguei não cessa de me beijar os pés.46 E mais, tu não me ungiste a cabeça com óleo, como era de se esperar, mas esta mulher, com puro bálsamo,ungiu os meus pés.47 Por tudo isso, te asseguro: o grande amor por ela demonstrado prova que seus muitos pecados já foramtodos perdoados. Mas onde há necessidade de pouco perdão, pouco amor é revelado.48 Em seguida, Jesus afirmou à mulher: “Perdoados estão todos os teus pecados!”.49 Então, os demais convidados começaram a comentar: “Quem é este que pode até perdoar pecados?”.50 E Jesus revela à mulher: “A tua fé te salvou; vai-te em permanente paz”.16 

 

Cap. 8 - As muitas discípulas de Jesus

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1 Havendo passado esses acontecimentos, caminhava Jesus por todos os povoados e cidades proclamando asboas novas do Reino de Deus, e os Doze estavam com Ele.1 2 E também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e doenças: Maria, conhecidacomo Madalena, de quem haviam saído sete demônios;3  Joana, esposa de Cuza, administrador da casa de Herodes; Susana e muitas outras. Essas mulherescooperavam no sustento deles com seus bens.2  

 A parábola do semeador (Mt 13.1-9; Mc 4.1-9) 4 E ocorreu que uma grande multidão se reuniu, e pessoas de todas as cidades vieram ouvir a Jesus. Foiquando Ele lhes propôs a seguinte parábola:3  5 “Eis que um semeador saiu a semear. Enquanto lançava a semente, parte dela caiu à beira do caminho; foipisoteada, e as aves do céu a devoraram.6 Outra parte caiu sobre as rochas e, quando germinou, as plantas secaram, pois não havia umidade suficiente.7 Outra parte ainda, caiu entre os espinhos, que com ela cresceram e sufocaram suas plantas.8 Todavia, uma outra parte, caiu em boa terra. Germinou, cresceu e produziu grande colheita, a cem por um”.Tendo concluído esta parábola, exclamou: “Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça!”.4  

 Jesus explica a parábola(Mt 13.10-23; Mc 4.10-20)

9 Seus discípulos lhe perguntaram o que Ele queria comunicar com aquela parábola.10 Ao que Ele lhes replicou: “A vós outros é concedido saber os mistérios do Reino de Deus; aos demais,contudo, anuncio através de parábolas, para que ‘vendo, não vejam; e ouvindo, não compreendam’.5  11 Eis, portanto, o esclarecimento desta parábola: A semente é a Palavra de Deus.12 As que caíram à beira do caminho representam todos os que ouvem, mas então chega o Diabo e tira aPalavra do coração deles, para que não venham a crer e não sejam salvos.13 As que caíram sobre as rochas simbolizam os que recebem a Palavra com alegria assim que a ouvem,contudo não possuem raiz. Crêem por um período, mas desistem no tempo da provação.6  14 As que caíram entre os espinhos, significam os que ouvem; todavia, ao seguirem seu caminho, sãosufocados pelas muitas ansiedades, pelas riquezas e pelos prazeres desta vida, e não conseguem amadurecer.15 No entanto, as que caíram em boa terra, são os que, de bom coração e com sinceridade, ouvem a Palavra, aentesouram, e com perseverança, frutificam.7  

 A parábola da luz manifesta(Mc 4.21-25) 16 Não há ninguém que, depois de acender uma candeia, a esconda debaixo de um jarro ou a coloque sob acama. Ao contrário, coloca-a num lugar apropriado, de maneira que todos aqueles que entram, vejam oresplandecer da luz.8  17  Porquanto não há nada oculto que não venha a ser revelado, e nada escondido que não venha a serconhecido e trazido à luz.18 Assim sendo, vede, pois, como ouvis; porque ao que tiver, mais se lhe concederá; e ao que não tiver, atémesmo aquilo que imagina possuir lhe será tirado”.9 

Os fiéis formam a família de Jesus(Mt 12.46-50; Mc 3.31-35) 19 Então a mãe e os irmãos de Jesus vieram para falar com Ele, entretanto, não conseguiam aproximar-se dele,pois grande era a multidão à sua frente.10  20 Certa pessoa comunicou a Jesus: “Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e desejam ver-te”.21 Contudo, Ele lhe replicou: “Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e apraticam!”.

 A tempestade é neutralizada por Jesus(Mt 8.23-27; Mc 4.35-41) 22 E aconteceu que, em um daqueles dias, ao entrar no barco, pediu Jesus aos seus discípulos: “Passemos paraa outra margem do lago”, e partiram.23 Enquanto navegavam, Ele adormeceu. E abateu-se sobre o lago uma grande tempestade com fortes ventos,

de modo que o barco estava sendo inundado, e eles corriam o risco de naufragar.

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24 Então os discípulos correram para acordá-lo, exclamando: “Mestre! Mestre, estamos a ponto de morrer!”. Elese levantou e repreendeu a tempestade e a violência das águas. Tudo então se acalmou e houve perfeita paz.25 Jesus, no entanto, dirigiu-se aos seus discípulos e indagou: “Onde está a vossa fé?”. Mas eles, amedrontadose maravilhados, interrogavam uns aos outros: “Quem é este que até aos ventos e às ondas dá ordens, e eles lheobedecem?”.11 

 A libertação de um endemoninhado (Mt 8.28-34; Mc 5.1-20)

26 Zarparam então, para a região dos gerasenos, que se localiza do outro lado do lago, na fronteira da Galiléia.27 Assim que Jesus desembarcou, foi ao encontro dele um homem daquela cidade, possesso de demônio que,fazia muito tempo, não usava roupas, nem habitava em casa alguma, mas vivia nos sepulcros.12  28 Ao contemplar Jesus, berrou, prostrou-se aos seus pés e exclamou com voz forte: “Que desejas comigo,Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Imploro a Ti, não me castigues!”29 Porquanto Jesus ordenara ao espírito imundo que abandonasse o corpo daquele homem. Diversas vezes odemônio havia se apoderado dele. Mesmo com os pés e as mãos acorrentados, e vigiado por guardas,arrebentava as cadeias e os grilhões, e era impelido pelo demônio para lugares desolados.30 Jesus lhe inquiriu: “Qual é o teu nome?”. Ao que ele replicou: “Legião!”, pois eram muitos os demônios

que tinham invadido aquele homem.13  31 E suplicavam a Jesus que não os mandasse para o Abismo.32 Entrementes, uma grande manada de porcos estava pastando naquela colina. Os demônios imploraram queJesus lhes permitisse entrar nos porcos. E Jesus consentiu.33 Então, saindo do homem, os demônios invadiram os porcos, e a manada jogou-se precipício abaixo emdireção ao grande lago e todos os porcos se afogaram.34 Ao observar tudo o que acontecera, as pessoas responsáveis pelo cuidado dos porcos fugiram e foramcontar esses fatos na cidade e pelos campos.14 

Um homem geraseno se torna discípulo (Mt 8.34; Mc 5.14-20)

35 E ocorreu que o povo saiu para ver o que tinha sucedido. Quando se aproximaram de Jesus, viramaquele homem de quem os demônios haviam saído, assentado aos pés de Jesus, vestido e em perfeito

 juízo, e todos ficaram apavorados.36 As pessoas que haviam testemunhado todos os fatos, contaram também como fora liberto aquele homemdos muitos demônios que o haviam tomado.15  37 Então, todo o povo da região dos gerasenos rogou a Jesus para que se retirasse de suas terras, pois estavamaterrorizados.38 Contudo, o homem de quem haviam sido expulsos os demônios, implorava-lhe que o deixasse ir com Ele;mas Jesus despediu-se, recomendando-lhe:39 “Volta para tua casa e compartilha tudo quanto Deus fez por ti!”. E assim o homem partiu, e anunciou nacidade inteira todas as obras que Jesus havia realizado em sua vida.16 

 A súplica do dirigente da sinagoga (Mt 9.18-19; Mc 5.21-24) 40 Assim que Jesus regressou, a multidão o recebeu com grande júbilo, pois todos o estavam aguardando com

ansiedade.41 Eis que se aproximou de Jesus um homem chamado Jairo, que era dirigente da sinagoga local, e,prostrando-se aos pés de Jesus, lhe implorou que fosse até a sua casa.42 Pois tinha uma filha única com cerca de doze anos, que estava à beira da morte. E, enquanto Ele caminhava,as multidões o comprimiam.

 A cura de uma mulher no caminho(Mt 9.20-22; Mc 5.24-34) 43 Nas proximidades estava certa mulher que, havia doze anos, vinha sofrendo de hemorragia e já tinha gastotudo o que podia com os médicos, mas ninguém fora capaz de curá-la.44 Ela conseguiu se aproximar de Jesus, por trás, e tocou na borda de seu manto, quando no mesmo instante selhe cessou completamente a hemorragia.45 Ao que Jesus indagou: “Quem tocou em mim?” Como todos negassem, Pedro pondera: “Mestre, a multidão

se aglomera e te espreme. E, ainda assim, desejas saber quem te tocou?46 Contudo, Jesus insistiu: “Certamente alguém me tocou, pois senti que de mim emanou poder!”.

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47 Então a mulher, compreendendo que não haveria de passar despercebida, aproximou-se tremendo e prostrou-seaos pés de Jesus. E, diante de todo o povo, declarou o motivo pelo qual o tocara daquela maneira, e como naquelemesmo momento fora totalmente curada.48 Ao que Jesus lhe afirmou: “Filha! A tua fé te curou; vai-te em perfeita paz”.17  

 Jesus ressuscita a filha de Jairo (Mt 9.23-25; Mc 5.35-43) 49 Falava Ele ainda, quando chegou uma pessoa da casa do dirigente da sinagoga, informando: “Tua filha jáestá morta. Não adianta mais incomodar o Mestre”.18  50 Ao ouvir tais notícias, Jesus declarou a Jairo: “Não temas, tão-somente crê, e ela será salva!”.51 Assim que chegou à casa de Jairo, não permitiu que ninguém entrasse com Ele, a não ser Pedro, João, Tiago,bem como, o pai e a mãe da menina.52 Enquanto isso, grande comoção atingiu a multidão, e todos choravam e se lamentavam por ela. Diante distoJesus os encorajou: “Não pranteeis! Ela não está morta, mas dorme”.19  53 E muitos zombavam dele, pois tinham certeza de que ela estava morta.54 Entretanto, Ele a tomou pela mão e, em voz alta, lhe ordenou: “Menina, levanta-te!”.55 Imediatamente o espírito dela retornou, e no mesmo momento ela se levantou, e Ele mandou que lhe

dessem algo para comer.56 Os pais da menina ficaram maravilhados, contudo Jesus lhes ordenou que não contassem a ninguém oque se passara ali.20 

Cap. 9 - Jesus envia os Doze em missão (Mt 10.1-15; Mc 6.7-13) 1 Havendo Jesus convocado os Doze, concedeu-lhes poder e completa autoridade para expulsar todos osdemônios, assim como para realizarem curas.1 2 Igualmente os enviou para proclamar o Reino de Deus e curar os doentes.3 E lhes orientou: “Nada leveis convosco pelo caminho: nem bordão, nem mochila de viagem, nem pão, nemdinheiro e nem mesmo uma túnica extra.4 Na casa em que entrardes, ali permanecei até que chegue a hora da vossa saída.2  5 Porém, se não vos receberem, sacudi o pó das vossas sandálias assim que sairdes daquela cidade, comotestemunho contra aquela gente”.3  6 E assim, partiram os Doze e percorreram todos os povoados, pregando o evangelho e realizando curas portoda a parte.4  

 Herodes tenta encontrar Jesus (Mt 14.1-12; Mc 6.14-29) 7 O tetrarca Herodes ouviu comentários sobre o que estava ocorrendo e ficou assustado, pois algumas pessoasdivulgavam que João havia ressuscitado dos mortos.8 Outros, alegavam que Elias tinha ressurgido; e outros ainda falavam que um dos profetas do passado haviavoltado à vida.9 Herodes, entretanto, afirmava: “Eu mandei decapitar a João; quem é, pois, este a respeito do qual tenho ouvidotais coisas?”. E se empenhava por conhecê-lo.5  

 A primeira multiplicação dos pães (Mt 14.13-21; Mc 6.30-44; Jo 6.1-15) 10 Entrementes, ao regressarem os apóstolos, relataram a Jesus tudo quanto tinham realizado. Então Ele oslevou consigo, e retiraram-se para uma cidade chamada Betsaida.11 Contudo, as multidões ficaram sabendo, e o seguiram. Ele as acolheu, e ensinava-lhes acerca do Reino deDeus, e atendia a todos que tinham necessidade de qualquer cura.12 Ao cair da tarde, os Doze se aproximaram de Jesus e lhe sugeriram: “Despede a multidão para que possamir aos campos vizinhos e aos povoados, e encontrem alimento e pousada, pois aqui estamos em lugardesabitado”.13 No entanto, Ele lhes ordenou: “Dai-lhes vós algo com que possam se alimentar”. Mas eles replicaram: “Nãotemos nada além de cinco pães e dois peixes, a não ser que compremos comida para todo esse povo”.14 Pois estavam ali reunidos cerca de cinco mil homens. Ele, então, orientou aos seus discípulos: “Fazei-ossentar em grupos de cinqüenta pessoas”.15 E assim procederam os discípulos, e todos se assentaram.

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16 Então, tomando os cinco pães e os dois peixes, e erguendo o olhar em direção ao céu, deu graças e ospartiu. Em seguida, entregou-os aos discípulos para que os servissem para toda a multidão.17 E aconteceu que todas as pessoas se alimentaram até ficarem plenamente satisfeitas, e os discípulosrecolheram doze cestos repletos de pedaços que haviam sobrado.6  

 Pedro confessa que Jesus é o Cristo  (Mt 16.13-20; Mc 8.27-30)

18 Certa ocasião, estava Jesus orando em particular, e com Ele estavam seus discípulos; então lhes indagou:“Quem as multidões afirmam que sou Eu?”.7  19 Ao que eles replicaram: “Alguns comentam que és João Batista; outros, Elias; e ainda outros afirmam que ésum dos profetas do passado que ressuscitou”.20 “Mas vós”, inquiriu Jesus, “quem dizeis que Eu Sou?”. Então Pedro tomou a palavra e declarou: “És oCristo de Deus!”.8  

 Jesus prediz sua morte e ressurreição (Mt 17.1-8; Mc 9.2-8) 21 Então Jesus os preveniu veementemente e ordenou que a ninguém revelassem esse fato.22 E acrescentou: “Pois é necessário que o Filho do homem passe por muitos sofrimentos e venha a serrejeitado pelos líderes religiosos, pelos chefes dos sacerdotes e pelos mestres da lei; seja assassinado e, aoterceiro dia, ressuscite”.9  

Tome a sua cruz e siga a Jesus (Mt 16.24-28; Mc 8.34 – 9.1) 23 E Jesus proclamava às multidões: “Se alguém deseja seguir-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz diaapós dia, e caminhe após mim.24 Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá; mas quem perder a sua vida por minha causa, este a salvará.25 Porquanto, de que adianta ao ser humano ganhar o mundo inteiro, mas perder-se ou destruir a si mesmo?10  26 Se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras, o Filho do homem, igualmente, se envergonharádele, quando voltar em sua glória e sob as honrarias do Pai e dos santos anjos.27 Com certeza vos asseguro que alguns que aqui se encontram, de modo algum passarão pela morte antes de

verem o Reino de Deus”.11 

 Alguns vêem a glória de Jesus (Mt 17.1-13; Mc 9.2-13) 28 Passados quase oito dias após o pronunciamento destas palavras, Jesus tomou consigo a Pedro, João e Tiago esubiu a um monte para orar.29 Enquanto orava, a aparência do seu rosto foi se transformando e suas roupas ficaram alvas eresplandeceram como o brilho de um relâmpago.30 Então, surgiram dois homens que começaram a conversar com Jesus. Eram Moisés e Elias.31 Apareceram em glorioso esplendor e falavam sobre a partida de Jesus, que estava para se cumprir emJerusalém.32 Pedro e seus amigos estavam dormindo profundamente, mas despertaram de súbito, e viram a fulguranteglória de Jesus e os dois homens que permaneciam com Ele.33 Quando estes iam se afastando de Jesus, Pedro sugeriu: “Mestre, como é bom que estejamos aqui!Vamos erguer três tabernáculos: um será teu, outro para Moisés, e outro, de Elias”. Mas Pedro não sabia, aocerto, o que estava propondo.34 Entretanto, enquanto ele ainda falava, uma nuvem surgiu e os encobriu, e grande foi o temor que sentiramos discípulos ao verem aqueles homens desaparecerem dentro da espessa nuvem.35 Então, dela propagou-se uma voz, afirmando: “Este é o meu Filho, o Escolhido; a Ele dai toda atenção!”36 Passado o som daquela voz, Jesus ficou só. Os discípulos, então, guardaram o que viram e ouviramsomente para si; durante aquele tempo não compartilharam com ninguém o que acontecera.12 

 A cura de um menino possesso (Mt 17.14-23; Mc 9.14-32) 37 No dia seguinte, assim que desceram do monte, uma grande multidão veio ao encontro de Jesus.13  38 De repente, um homem surgiu do meio da multidão clamando em alta voz : “Mestre! Suplico-te que socorras

meu filho, o meu único filho!

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39 Um espírito se apodera dele; e no mesmo instante faz o menino berrar, joga-o no chão, provoca-lheconvulsões até espumar pela boca, jamais o deixa por muito tempo, e por meio de muitos ferimentos o estádestruindo.40 Roguei aos teus discípulos que expulsassem o espírito maligno, mas eles não conseguiram”.41 Então, declarou Jesus: “Ó geração sem fé e perversa! Até quando estarei convosco e sofrerei com vossaincredulidade? Trazei-me aqui o teu filho”.14  42 Enquanto o menino caminhava em sua direção, o demônio o lançou por terra, em convulsão. Porém Jesusrepreendeu o espírito imundo, curou o menino e o entregou de volta a seu pai.43 Diante disto, todos ficaram pasmos perante o poder majestoso de Deus. 15  

 Jesus prediz a sua morte outra vez(Mt 17.22-23; Mc 9.33-37)

E, enquanto todas as pessoas estavam maravilhadas com seus feitos, todos prodigiosos, Ele comunicou aosseus discípulos:44 “Dai toda a vossa atenção às palavras que vos passo a revelar: o Filho do homem está prestes a ser entreguenas mãos dos homens”.45 Todavia, eles não conseguiam entender o significado de tais palavras, pois foi-lhes vedado esse entendimento,

a fim de que não as compreendessem. E tinham receio de pedir mais explicações a Jesus a este respeito.

Quem é o maior no Reino? (Mt 18.1-5; Mc 9.33-41) 46 Emergiu entre os discípulos uma discussão sobre quem, dentre eles, seria o maior.47 Mas, Jesus, conhecendo os seus anseios mais íntimos, tomou uma criança e a colocou em pé, ao seu lado.48 Então afirmou: “Quem recebe esta criança em meu Nome, recebe a minha própria pessoa; e quem merecebe, está recebendo Aquele que me enviou. Portanto, aquele que entre vós for o menor, este sim, égrandioso”.16  

 Jesus não aprova o sectarismo(Mc 9.38-40) 49 Então replicou João: “Mestre, vimos um homem expulsando demônios em teu nome e nos dispusemos a

tentar impedi-lo, pois afinal, ele não caminha conosco.50 Jesus, entretanto, lhes advertiu: “Não o proibais! Pois quem não é contra vós outros, está a vosso favor”.17 

 Jesus não é aceito pelos samaritanos 51 E ocorreu que, ao se cumprirem os dias em que seria elevado aos céus, Jesus manifestou em seu semblante afirme resolução de ir em direção a Jerusalém.18 

52 E, por isso, enviou mensageiros à sua frente. Indo estes, chegaram a um povoado samaritano a fim de lhepreparar pousada.53 Contudo, o povo daquela aldeia não o recebeu por notar que Ele estava prioritariamente a caminho deJerusalém.54 Diante de tal situação, os discípulos Tiago e João, propuseram: “Senhor, queres que mandemos descer fogo docéu para que sejam aniquilados?”.55 Mas Jesus, mirando-os, admoestou-lhes severamente: “Não sabeis vós de que espécie de espírito sois?56 Ora, o Filho do homem não veio com o objetivo de destruir a vida dos seres humanos, mas sim para salvá-los!”. E assim, rumaram para um outro povoado.19  

O alto custo do discipulado (Mt 8.19-22) 57 Quando estavam andando pelo caminho, uma pessoa declarou a Jesus: “Eu te seguirei por onde quer queandares”.58 Mas Jesus lhe replicou: “As raposas têm suas tocas e as aves do céu têm seus ninhos, mas o Filho dohomem não tem onde repousar a cabeça”.20  59 Entretanto, a outro homem fez um convite: “Segue-me!” Ele, contudo, argumentou: “Senhor, permite-me irprimeiramente sepultar meu pai”.60 Todavia, insistiu Jesus: “Deixa os mortos sepultarem os seus próprios mortos. Tu, porém, vai e proclama o Reinode Deus”.21 61 Outro ainda lhe prometeu: “Senhor, eu te acompanharei, mas deixa-me primeiro despedir-me dos meusfamiliares”.

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62 Ao que Jesus lhe asseverou: “Ninguém que coloca a mão no arado, e fica contemplando as coisas quedeixou para trás, é apto para o Reino de Deus”.22  

Cap. 10 - Jesus envia setenta e dois discípulos 1 Havendo passado estes acontecimentos, o Senhor nomeou outros setenta e dois; e os enviou de dois em dois,adiante dele, a todas as cidades e lugares que Ele estava prestes a visitar.1 2 E lhes recomendou: “A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor daplantação que mande obreiros para fazerem a colheita.2  3 Portanto, ide! Eis que Eu vos envio como cordeiros para o meio dos lobos.3  4 Não leveis bolsa, nem mochila de viagem, nem sandálias; e a ninguém saudeis longamente pelo caminho.5 Assim que entrardes numa casa, dizei em primeiro lugar: ‘Paz seja para esta casa!’4  6 Se morar ali um filho da paz, a vossa bênção de paz repousará sobre ele; caso não haja, ela voltará para vós.7 Permanecei naquele domicílio. Comei e bebei do que vos for oferecido, pois digno é o trabalhador do seusalário. Não andeis a mudar de casa em casa.5  8 Quando entrardes em uma cidade e ali fordes bem recebidos, alimentai-vos do que for colocado diante devós.9 Curai os doentes que houver na cidade e proclamai-lhes: O Reino de Deus está à vossa disposição!10 No entanto, quando entrardes numa cidade e não fordes bem recebidos, saí por suas ruas e exclamai a todos:11 ‘Até a poeira da vossa cidade, que se nos pegou às sandálias, sacudimos contra vós outros!’. Apesar disto,sabei que o Reino de Deus está próximo.12 Eu vos asseguro que, naquele Dia, haverá mais tolerância para Sodoma do que para aquela cidade.6  

 Ai daqueles que não se arrependem (Mt 11.20-24) 13 Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque se as maravilhas que foram realizadas entre vós o fossem emTiro e Sidom, há muito tempo elas teriam se arrependido, vestindo roupas de saco e cobrindo-se de cinzas.14 Contudo, no Juízo haverá menor rigor para Tiro e Sidom do que para vós outras.15 E tu, Cafarnaum: serás, porventura, elevada até ao céu? Não! Serás derrubada até o Hades.7  16 Portanto, qualquer pessoa que vos der ouvidos, a mim está dando ouvidos; mas aquele que vos rejeitar,estará rejeitando a mim mesmo; e quem me rejeitar, rejeita Aquele que me enviou”.

Os setenta e dois regressam felizes17 Então, os setenta e dois discípulos retornaram muito felizes e relataram: “Senhor! Até os demônios sesubmetem ao nosso comando, em teu Nome”.18 Ao que Jesus lhes revelou: “Eu vi Satanás caindo do céu como relâmpago.19 Atentai! Eu vos tenho dado autoridade para pisardes serpentes e escorpiões, assim como sobre todo o poderdo inimigo, e nada nem ninguém vos fará qualquer mal.20 Contudo, regozijai-vos, não apenas porque os espíritos vos obedecem, mas sim porque os vossos nomesestão inscritos nos céus”.8  

 A grande alegria de Jesus no Espírito (Mt 11.25-27) 21 Naquele mesmo momento, Jesus exultando no Espírito Santo exclamou: “Ó Pai, Senhor do céu e da terra!Louvo a ti, pois ocultaste estas verdades dos sábios e cultos e as revelaste aos pequeninos. Amém, ó Pai,porque Tu tiveste a alegria de proceder assim.9  22 Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém sabe quem é o Filho, a não ser o Pai; e nenhuma pessoa sabequem é o Pai, senão o Filho e aqueles a quem o Filho o desejar revelar”.10  23 Então, mirando os seus discípulos, declarou-lhes em particular: “Bem-aventurados são os olhos de quem vê asrevelações que vós vedes.11 24 Pois vos asseguro que muitos profetas e reis almejaram ver o que estais vendo, mas não viram; e ouvir oque ouvis e não ouviram”.

 A parábola do bom samaritano 25 Certa vez, um advogado da Lei levantou-se com o propósito de submeter Jesus à prova e lhe indagou:“Mestre, o que preciso fazer para herdar a vida eterna?”.12  26 Ao que Jesus lhe propôs: “O que está escrito na Lei? Como tu a interpretas?”.27 E ele replicou: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuasforças e com toda a tua capacidade intelectual’ e ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’”.

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28 Então, Jesus lhe afirmou: “Respondeste corretamente; faze isto e viverás”.13 

29 Ele, no entanto, insistindo em justificar-se, questionou a Jesus: “Mas, quem é o meu próximo?”.14  30 Diante do que Jesus lhe responde assim: “Certo homem descia de Jerusalém para Jericó, quando veio a cairnas mãos de alguns assaltantes, os quais, depois de lhe roubarem tudo e o espancarem, fugiram, abandonando-o quase morto.31 Coincidentemente, descia um sacerdote pela mesma estrada. Assim que viu o homem, passou pelo outro lado.32 Do mesmo modo agiu um levita; quando chegou ao lugar, observando aquele homem, passou de largo.33 Mas um samaritano, estando de viagem, chegou onde se encontrava o homem e, assim que o viu, tevemisericórdia dele.15  34 Então, aproximou-se, enfaixou-lhe as feridas, derramando nelas vinho e óleo. Em seguida, colocou-o sobreseu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e cuidou dele.35 No dia seguinte, deu dois denários ao hospedeiro e lhe recomendou: ‘Cuida deste homem, e, se algumadespesa tiverdes a mais, eu reembolsarei a ti quando voltar’.36 Qual destes três te parece ter sido o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?37 Declarou-lhe o advogado da Lei: “O que teve misericórdia para com ele!”. Ao que Jesus lhe exortou: “Vai eprocede tu de maneira semelhante”.

 A adoração de Marta e Maria38 Caminhando Jesus e os seus discípulos, chegaram a um povoado, onde certa mulher chamada Marta orecebeu em sua casa.16  39 Maria, sua irmã, ficou sentada aos pés do Senhor, ouvindo o que Ele ensinava.40 Marta estava inquieta, ocupada com os muitos afazeres. E, aproximando-se de Jesus inquiriu-lhe: “Senhor, nãote importas de que minha irmã tenha me deixado só com todo o serviço? Peça-lhe, portanto, que venha ajudar-me!”.41 Orientou-lhe o Senhor: “Marta! Marta! Andas ansiosa e te afliges por muitas razões.42 Todavia, uma só causa é necessária. Maria, pois, escolheu a melhor de todas, e esta não lhe será tirada”.

Cap. 11 - O ensino de Jesus sobre a oração (Mt 6.5-15; 7.7-12) 1 Certa ocasião, Jesus estava orando em um determinado lugar; quando concluiu, um dos seus discípulos lhesolicitou: “Senhor, ensina-nos orar, assim como João ensinou aos discípulos dele”.1 2 Então, Ele passou a ensiná-los: “Quando orardes, dizei: Pai! Santificado seja o teu Nome; venha o teuReino;2 

3 o pão nosso de cada dia, continua nos dando hoje e sempre.4 Perdoa-nos os nossos pecados, pois assim também devemos perdoar a todos que erram contra nós. E não nosdeixes sucumbir à tentação, mas livra-nos do Maligno”.3  

 A parábola do amigo insistente 5 E acrescentou-lhes Jesus: “Imaginai que um de vós tenha um amigo e que precise recorrer a ele à meia-noitee lhe peça: ‘Amigo, empresta-me três pães,6 porque um amigo meu acaba de chegar de viagem, e não tenho nada para lhe oferecer’.7 E o que estiver dentro da casa lhe responda: ‘Não me incomodes. A porta já está fechada, e eu e meus filhos já estamos deitados. Não posso me levantar e dar-te o que me pedes’.8 Eu vos afirmo que, embora ele não se levante para dar-lhe o pão por ser seu amigo, por causa da insistênciase levantará e lhe dará tudo o que precisar.

 Jesus ensina perseverança na oração (Mt 7.7-11) 9 Portanto, vos asseguro: Pedi, e vos será concedido; buscai e encontrareis; batei e a porta será aberta para vós.10 Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e a quem bate se lhe abrirá.11 Qual pai, dentre vós, se o filho lhe pedir um peixe, em lugar disso lhe dará uma cobra?12 Ou se pedir um ovo, lhe dará um escorpião?13 Ora, se vós, apesar de serdes maus, sabeis dar o que é bom aos vossos filhos, quanto mais o Pai que estános céus dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem!”.4  

Uma casa dividida não prospera (Mt 12.22-32; Mc 3.20-30) 

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14 De outra feita, Jesus expulsou um demônio que estava mudo. Assim que o demônio saiu, o homem falou, ea multidão ficou maravilhada.15 Entretanto, alguns deles O censuraram: “Ora, ele expulsa os demônios pelo poder de Belzebu, o príncipe dosdemônios!”.16 E outros ainda, apenas para prová-lo, pediam dele um sinal do céu.5  17 Mas, conhecendo Ele o que se lhes passava pela mente, afirmou-lhes: “Todo reino dividido contra si mesmoserá arruinado; da mesma forma que uma casa dividida contra si mesma ruirá.18 Ora, se assim também Satanás estiver dividido contra si mesmo, como é possível que seu reino subsista?Expresso-me desta forma pois dizeis que Eu expulso demônios por Belzebu.19 Sendo assim, se Eu expulso demônios por Belzebu, por quem os expulsam vossos filhos? Por isso, elesmesmos serão os vossos juízes.20 Todavia, se é pelo dedo de Deus que Eu expulso os demônios, então, com toda certeza, é chegado o Reinode Deus sobre vós.21 Quando um homem forte, bem armado, guarda sua casa, seus bens estão seguros.6  22 Mas, quando alguém mais forte o ataca e o vence, tira-lhe a armadura em que confiava e divide os bens que lherestaram.23 Toda pessoa que não está comigo, contra mim está, e aquele que comigo não ajunta, espalha.7  

 A maneira de agir de Satanás (Mt 12.43-45) 24  Quando um espírito sai de uma pessoa, passa por lugares áridos procurando refrigério, mas não oencontrando, então cogita: ‘Voltarei para a casa de onde saí’.25 Assim que chega, encontra a casa varrida e em ordem.26 Então vai e traz outros sete espíritos piores do que ele, e entrando passam a viver ali. E a situação finaldaquela pessoa torna-se pior do que a primeira”.8  

 Felizes os que recebem a Palavra 27 Entrementes, enquanto Jesus comunicava esses ensinos, uma mulher da multidão exclamou: “Bem-aventuradaaquela que te deu à luz, e os seios que te amamentaram!”.  28 Ele, porém, afirmou: “Antes disso, mais felizes são todos aqueles que ouvem a Palavra de Deus e lheobedecem”.9  

O sinal de Jonas (Mt 12.38-42) 29  Enquanto as multidões convergiam em sua direção, Jesus passou a admoestar-lhes: “Esta é uma geraçãoperversa! Pede um sinal miraculoso, mas nenhum sinal lhe será concedido, a não ser o sinal de Jonas.10 

30 Porquanto, assim como Jonas foi sinal para os ninivitas, o Filho do homem o será para esta geração.31 A rainha do Sul se levantará, no dia do Juízo, juntamente com os homens desta geração e os condenará, poisela veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão.32  A população de Nínive se levantará, no dia do Juízo, com esta geração e a condenará; pois eles searrependeram com a pregação de Jonas. Contudo, agora aqui está quem é maior do que Jonas.11 

 A parábola da candeia(Mt 6.22-23) 33 Ninguém acende uma candeia e a coloca em lugar onde fique escondida, nem debaixo de uma vasilha. Aocontrário, coloca-a num local apropriado, para que os que entram na casa possam ver seu luminar.34 São os teus olhos a luz do teu corpo; se teus olhos forem humildes, todo o teu corpo será cheio de luz.Porém se teus olhos forem malignos, todo o teu corpo estará tomado pelas trevas.12  35 Certifica-te, pois, que o fulgor que há no teu interior não sejam trevas.36 Portanto, se todo o teu corpo estiver pleno de luz, sem ter nenhuma parte dele em trevas, então ele estaráverdadeiramente iluminado, assim como quando a luz de uma forte candeia resplandece sobre vós”.

 Jesus condena a hipocrisia religiosa 37 Ao concluir essas palavras, um fariseu o convidou para comer em sua companhia. Jesus, aceitando, foi ereclinou-se junto à mesa conforme o costume.13 

38 Entretanto, o fariseu, notando que Jesus não se lavara de acordo com a tradição cerimonial que antecede às

refeições, ficou surpreso.

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39 Então o Senhor lhe declarou: “Vós, fariseus, purificais o exterior do copo e do prato; mas vosso interior estáentulhado de avareza e perversidade.40 Insensatos! Aquele que criou o exterior não criou igualmente o interior?14  41 Portanto, dai ao necessitado do que está dentro do prato, e vereis que tudo vos será purificado.15 

42 Mas ai de vós, fariseus! Porque dais o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as hortaliças e desprezais a justiça e o amor de Deus; devíeis, contudo, praticar essas virtudes, sem deixar de proceder daquela forma.43 Ai de vós, fariseus! Pois amais os lugares de honra nas sinagogas e as saudações em público!44 Ai de vós, porque sois como sepulturas que não são vistas, por sobre as quais os homens andam sem osaber!”.16  

 Ai dos doutores da Lei!45 Então, um dos advogados da Lei advertiu a Jesus: “Mestre, quando dizes essas palavras, também nosofendes a nós outros!”.46 Todavia, Ele afirmou: “Ai de vós também, advogados da Lei! Porque sobrecarregais as pessoas com fardosque dificilmente podem carregar; no entanto, vós mesmos não levantais um só dedo para ajudá-las.17  47 Ai de vós! Porque edificais os túmulos dos profetas, sendo que foram os vossos próprios antepassadosque os assassinaram.48 Assim, sois testemunhas e aprovais com cumplicidade essas obras dos vossos antepassados; porquanto elesmataram os profetas, e vós lhes edificais os túmulos.49 Por isso, também, Deus advertiu em sua sabedoria: ‘Eu vos enviarei profetas e apóstolos, dos quaisassassinarão alguns, e a outros perseguirão’.50 Pelo que, esta geração será considerada responsável pelo sangue de todos os profetas, derramado desde oinício do mundo:18  51 desde o sangue de Abel até o sangue de Zacarias, que foi morto entre o altar e o santuário. Sim, Eu vosasseguro, contas de tudo isso deverão ser prestadas por esta geração! 19  52 Ai de vós, advogados da Lei! Porque vos apropriastes da chave do conhecimento. Contudo, vós mesmos nãoentrastes nem permitistes que entrassem aqueles que estavam prestes a entrar”.20 

 A trama para matar Jesus tem início53 Enquanto Jesus se afastava dali, começaram os fariseus e os mestres da Lei a criticá-lo com veemência,buscando confundi-lo acerca de muitos assuntos. 54 Tudo isso para tentar extrair de suas próprias palavras algum motivo para o acusarem formalmente.

Cap. 12 - Os fiéis devem evitar a hipocrisia 1 Enquanto isso, uma multidão de milhares de pessoas, aglomerava-se, a ponto de pisotearem uma às outras.Foi quando Jesus começou a ensinar primeiramente aos discípulos, prevenindo-os: “Acautelai-vos com ofermento dos fariseus, que é a hipocrisia.1 2 Pois não existe nada escondido que não venha a ser revelado, ou oculto que não venha a ser conhecido.3 Porque tudo o que dissestes nas trevas será ouvido em plena luz, e o que sussurrastes ao pé do ouvido, nointerior de quartos fechados, será proclamado do alto das casas.2  

 Jesus ensina o temor do Senhor4 

Eu vos afirmo, meus amigos: não temais os que podem matar o corpo; todavia, além disso, nada maisconseguem fazer.5 Contudo, Eu vos revelarei a quem deveis temer: temei Aquele que, depois de matar o corpo, tem poder paralançar a alma no inferno. Sim, Eu vos afirmo, a esse deveis temer.3  6 Não se costuma vender cinco pardais por duas pequenas moedas? Entretanto, nenhum deles deixa de recebero cuidado de Deus.7 Portanto, até os fios de cabelo da vossa cabeça estão todos contados. Não temais! Valeis muito mais do quemilhares de pardais.4 

Testemunhe sua fé ao mundo 8 Digo-vos mais: todo aquele que me confessar diante das pessoas, também o Filho do homem o confessarádiante dos anjos de Deus.9 No entanto, o que me negar diante dos homens será negado diante dos anjos de Deus.10 

Todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do homem será perdoado, mas quem blasfemar contra oEspírito Santo jamais receberá perdão.5  

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11 Quando vos levarem forçados às sinagogas e perante governantes e autoridades, não vos preocupeis quantoà maneira que deveis responder, nem tampouco quanto ao que tiverdes de falar.12 Porquanto, naquele momento, o Espírito Santo vos ministrará tudo o que for necessário dizer”.6 

 Jesus condena a avareza 13 E aconteceu que, nesse ponto, um homem que estava no meio da multidão lhe requereu: “Mestre, ordena ameu irmão que divida comigo a herança”.14 Porém Jesus lhe replicou: “Homem, quem me designou juiz ou negociador entre vós?”.7  15 Em seguida lhes advertiu: “Tende cautela e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porquanto a vida deuma pessoa não se constitui do acúmulo de bens que possa conseguir”.8  

 A parábola do rico insensato  16 E lhes propôs uma parábola: “As terras de certo homem rico produziram com abundância.17 E ele começou a pensar consigo mesmo: ‘Que farei agora, pois não tenho onde armazenar toda a minhacolheita?’.18 Então lhe veio à mente: ‘Já sei! Derrubarei os meus celeiros e construirei outros ainda maiores, e aliguardarei toda a minha safra e todos os meus bens.19 E assim direi à minha alma: tens grande quantidade de bens, depositados para muitos anos; agoratranqüiliza-te, come, bebe e diverte-te!20 Contudo, Deus lhe afirmou: ‘Tolo! Esta mesma noite arrebatarei a tua alma. E todos os bens que tensentesourado para quem ficarão?’.21 Isso também acontece com quem poupa riquezas para si mesmo, mas não é rico para com Deus”. 9 

Os fiéis não devem viver ansiosos(Mt 6.25-34) 22 Então, dirigindo-se aos seus discípulos, Jesus os exortou: “Portanto, vos afirmo: não andeis preocupadoscom a vossa própria vida, quanto ao que haveis de comer, nem muito menos com o vosso corpo, quanto aoque haveis de vestir.23 Porquanto a vida é mais preciosa do que o alimento, e o corpo, mais importante do que as roupas.10  24 Observai os corvos, os quais não semeiam, nem ceifam, não possuem armazéns nem celeiros; contudo,Deus os alimenta. Quanto mais valeis vós do que as aves!25 Quem de vós, por mais ansioso que possa estar, é capaz de prolongar, por um pouco que seja, a duração dasua vida?26 Considerando que vós não podeis fazer nada em relação às pequenas coisas da vida, por que vos preocupaiscom todas as outras?11 27 Olhai as flores do campo; elas não fiam, nem tecem. Eu, todavia, vos asseguro que nem mesmo Salomão, em todoo seu esplendor, pôde se vestir como uma delas.28 Ora, se Deus veste assim uma simples erva do campo, que hoje vive e amanhã é lançada ao fogo, muito mais daráa vós, vestindo-vos de glória, homens fracos na fé!29 Não procurareis, pois, ansiosamente, o que haveis de comer ou beber; não empenhareis o vosso coraçãonessas preocupações.12  30 Porquanto o mundo pagão é que peleja por essas coisas; entretanto, o vosso Pai sabe perfeitamente que asnecessitais.31 Buscai, pois, em primeiro lugar, o Reino de Deus, e todas as demais coisas vos serão providenciadas.32 Nada temais, pequeno rebanho, pois de bom grado o Pai vos concedeu o seu Reino.13  33 Vendei os vossos bens e ajudai os que não têm recursos; fazei para vós outros bolsos que não se gastem com opassar do tempo, tesouro acumulado nos céus que jamais se acaba, onde ladrão algum se aproxima, e nenhuma traçao poderá corroer. 34 Por isso, onde estiverem os vossos bens mais preciosos, certamente aí também estará o vosso coração.14  

 A parábola do servo leal e do infiel 35 Estejais prontos para servir, e conservai acesas as vossas candeias.15 

36 Sede vós semelhantes aos servos, quando esperam seu senhor voltar de um banquete de casamento; para que,assim que chegar e anunciar-se, possais abrir-lhe a porta sem demora.37 Felizes aqueles servos a quem o Senhor, quando vier, os encontre vigilantes; com toda a certeza vosasseguro que Ele se vestirá para os servir, fará que se reclinem ao redor da mesa, e pessoalmente irá aoencontro deles para servi-los.16 

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38 Ainda que Ele chegue durante a alta noite ou ao raiar do dia, bem-aventurados os servos que o senhorencontrar preparados.39 Compreendei, entretanto isto: se o pai de família soubesse a que hora havia de vir o assaltante, nãopermitiria que a sua casa fosse invadida.17  

40 Ficai também vós alertas, pois o Filho do homem virá no momento em que menos o esperais”.41 Então, Pedro indagou: “Senhor, estás propondo esta parábola para nós ou para todas as pessoas?”.18 

42 Ao que o Senhor lhe asseverou: “Quem é, portanto, o administrador fiel, que age com bom senso, a quemseu senhor encarrega dos seus servos, para ministrar-lhes sua porção de alimento no tempo devido?43 Feliz o servo a quem o seu senhor surpreender agindo dessa maneira quando voltar.44 Asseguro-vos que Ele o encarregará de todos os seus bens.45 Todavia, imaginai que esse servo pense consigo mesmo: ‘Meu senhor tarda demais a voltar’, e por issocomece a agredir os demais servos e servas, entregando-se à glutonaria e à embriaguez.46 Entretanto, o senhor daquele servo voltará no dia em que ele menos espera e num momento totalmenteimprevisível e o punirá com todo o rigor e lhe condenará ao lugar dos infiéis.19 

47 Aquele servo que conhece a vontade de seu senhor e não prepara o que ele deseja, nem age para agradá-lo,será castigado com extrema severidade.48 Contudo, aquele que não conhece a vontade do seu senhor, mas praticou o que era sujeito a castigo,receberá poucos açoites. A quem muito foi dado, muito será exigido; e a quem muito foi confiado, muito maisainda será requerido.20  

 Jesus veio trazer fogo à terra 49 Eu vim para trazer fogo sobre a terra e como gostaria que já estivesse em chamas!21 50 Tenho, porém, que passar por um batismo; e muito me angustio até que ele se consuma!51 Pensai que Eu vim para trazer paz à terra? Não, Eu vo-lo asseguro. Ao contrário, vim trazer separação!52 De agora em diante haverá cinco em uma família, todos divididos uns contra os outros: três contra dois edois contra três.53 Estarão em litígio pai contra filho e filho contra pai, mãe contra filha e filha contra mãe, sogra contra nora enora contra sogra”.

 Discernindo o final dos tempos54 Então admoestava Ele à multidão: “Quando vedes surgir uma nuvem na direção do pôr-do-sol, logo dizeisque é sinal de chuva, e, de fato, assim ocorre.55 Também, quando sentis soprar o vento sul, proclamais: ‘Haverá calor!’, e acontece como previstes.56 Hipócritas! Sabeis muito bem interpretar os sinais da terra e do céu. Como não conseguis discernir os sinaisdo tempo presente?22  

 Buscar a paz enquanto há tempo57 E por que não julgais também por vós mesmos o que é justo?58 Quando um de vós estiver caminhando com seu adversário em direção ao magistrado, fazei tudo o queestiver ao vosso alcance para se reconciliar com ele; isso para que ele não vos conduza ao juiz, e o juiz vosentregue ao oficial de justiça, e o oficial de justiça vos jogue no cárcere.59 Eu vos asseguro que não saireis da prisão enquanto não pagardes o último centavo devido”.23  

Cap. 13 - Os impenitentes perecerão1 Naquela mesma época, alguns dos que estavam presentes foram dizer a Jesus que Pilatos havia misturado osangue de alguns galileus com os próprios sacrifícios que ofereciam.1

2 Ao que Jesus lhes advertiu: “Julgais que esses galileus fossem mais pecadores do que todos os demaisgalileus, por haverem sofrido dessa forma?3 Pois Eu vos asseguro que não! Todavia, se não vos arrependerdes, todos vós, se-melhantemente perecereis.2  4 Ou pensais vós, que aquelas dezoito pessoas, sobre as quais desabou a torre de Siloé e as matou eram maisculpadas que todos os outros habitantes de Jerusalém?5 Com certeza não eram, Eu vo-lo afirmo. Porém, se não vos arrependerdes, todos vós, da mesma maneiraperecereis.3  

 A parábola da figueira estéril 6

Em seguida, Jesus lhes propôs a seguinte parábola: “Certo homem possuía uma figueira cultivada em meio auma grande plantação de videiras; contudo, vindo procurar fruto nela, não encontrou nem ao menos um.4  

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7 E, por isso, recomendou ao vinicultor: ‘Este é o terceiro ano que venho buscar os frutos desta figueira e nãoacho. Sendo assim, podes cortá-la! Para que está ela ainda ocupando inutilmente a boa terra?’.5  8 O vinicultor, porém, lhe rogou: ‘Senhor, deixa-a ainda por mais um ano, e eu cuidarei dela, cavando ao seuredor e a adubando.9 Se vier a dar fruto no próximo ano, muito bem; caso contrário, mandarás cortá-la!’”.6  

Uma mulher é curada no sábado10 Aconteceu em certo sábado, quando Jesus estava ensinando numa das sinagogas,11 que se aproximou uma mulher possuída há dezoito anos por um espírito de enfermidade que a mantinhadoente. Ela caminhava encurvada, sem condição alguma de se endireitar.12 Ao observá-la, Jesus pediu que viesse à frente e lhe afirmou: “Mulher, estás livre da tua enfermidade”.13 Em seguida, lhe impôs as mãos; e naquele mesmo instante ela se endireitou, e passou a glorificar a Deus.14 Entretanto, o dirigente da sinagoga, indignado ao ver Jesus curando no sá-bado, admoestou a multidão: “Háseis dias em que se deve trabalhar; vinde, portanto, nesses dias para serdes curados e não no sábado!”.7  15 Então o Senhor exclamou: “Hipócritas! Porventura, cada um de vós não desamarra, no sábado, o seu boi ou jumento do estábulo e o leva dali para servir-lhe água?16 Sendo assim, por qual motivo não se deveria libertar, em dia de sábado, esta mulher, uma filha de Abraão, aquem Satanás escravizava por dezoito anos?”8  17 Havendo Jesus pronunciado estas palavras, todos os seus oponentes se envergonharam. De outro lado, opovo muito se alegrava diante de todos os sinais miraculosos que estavam sendo realizados por Jesus.

 A parábola do grão de mostarda (Mt 13.31-32; Mc 4.30-32) 18 Então Jesus os questionou: “Com o que se assemelha o Reino de Deus? Com o que o compararei?19 É parecido com o germinar do grão de mostarda que uma pessoa semeou em sua horta. O grão cresceu e setornou uma árvore, e as aves do céu armaram ninhos sobre seus ramos”.9  

 A parábola do fermento(Mt 13.33) 20 Novamente Jesus levanta a questão: “A que assemelharei o Reino de Deus?21 É comparável ao trabalho do fermento, que uma mulher misturou com três medidas de farinha, e toda amassa ficou levedada!”.10  

 Estreita é a porta do Reino 22 Mais tarde, seguiu Jesus a percorrer muitas outras cidades e povoados, ensinando e caminhando em direçãoa Jerusalém.11

23 Foi quando alguém lhe indagou: “Senhor, haverão de ser poucos os salvos?”.24 E Ele lhes exortou: “Esforçai-vos por adentrar pela porta estreita, pois Eu vos asseguro que muitas pessoasprocurarão entrar e não conseguirão.25 Quando o proprietário da Casa tiver levantado e fechado a porta, e vós, do lado de fora, começardes a bater,excla-mando: ‘Senhor, abre-nos a porta!’ Ele, contudo, vos responderá: ‘Não vos co-nheço, nem sei de ondesois vós!’.26 E vós insistireis: ‘Comíamos e bebía-mos reclinados ao redor da Tua mesa, e pregavas em nossas ruas’.27 No entanto, Ele vos afirmará: ‘Não vos conheço, tampouco sei de onde sois. Re-tirai-vos para longe demim, vós todos os que viveis a praticar o mal!’28 Ali haverá grande lamento e ranger de dentes, quando virdes Abraão, Isaque e Jacó, bem como todos osprofetas no Reino de Deus, mas vós, porém, absolutamente excluídos.29 Pessoas virão do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e ocuparão seus lugares à grande mesa no Reinode Deus.30 Com toda a certeza, existem últimos que virão a ser primeiros, e primeiros que serão os últimos”.12 

O lamento profético de Jesus (Mt 23.37-39) 31 Naquele mesmo momento, alguns fariseus aproximaram-se de Jesus e lhe avisaram: “Parte agora mesmo e vai-te daqui, pois Herodes intenta matar-te!”.13  32 Ele, entretanto, lhes ordenou: “Ide anunciar a essa raposa que, hoje e amanhã, expulso demônios e curo

enfermos e, no terceiro dia estarei pronto.14  

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33 Contudo, prosseguirei meu caminho hoje, amanhã e depois de amanhã. Afinal, nenhum profeta deve morrerfora de Jerusalém!15  34 Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes Eu quisreunir os teus filhos como a galinha reúne os seus pintinhos debaixo das suas asas, mas vós não o aceitastes!16  35 Eis que a vossa Casa vos ficará desabitada! E, com toda a certeza vos asseguro, que não mais me vereis atéque venhais a proclamar: ‘Bendito o que vem em nome do Senhor!”.17  

Cap. 14 - Jesus cura um hidrópico no sábado  1 Certo sábado, chegando Jesus para comer na casa de um importante fariseu, todos o observavam comatenção.1 2 E aconteceu que à frente dele estava um homem doente, com o corpo todo inchado.2  3 Jesus indagou aos fariseus e aos mestres na Lei: “É permitido ou não curar no sábado?”.4 Eles, todavia, ficaram em silêncio. Jesus, por sua vez, tomando o homem pela mão o curou e despediu-sedele.5 Em seguida, lhes questionou: “Qual de vós, se o seu jumento ou boi cair num poço, não o salvarárapidamente, ainda que seja dia de sábado?”.3  6 Diante disto, eles ficaram sem palavras para responder.

Os humildes serão exaltados7 Observando como os convidados escolhiam os lugares de maior destaque ao redor da mesa, Jesus lhespropôs uma parábola:4 

8 “Quando por alguém fores convidado para um banquete de casamento, não busques o lugar de honra; pois épossível que tenha sido convidada também outra pessoa, ainda mais digna do que tu.9 Sendo assim, o anfitrião que aos dois convidou, se aproximará e te pedirá: ‘Dá o lugar onde estás a este’.Então, sob grande humilhação, irás ocupar o último lugar.5  10 Por esse motivo, quando fores convidado, dá preferência aos lugares menos importantes, de forma que,quando passar o anfitrião do banquete, te saúde exaltando: ‘Amigo! Vem, assume um lugar mais importante’.E assim serás honrado na presença de todos os convidados.11 Portanto, todo o que se promove será envergonhado; mas o que a si mesmo se humilha receberá

exaltação”.

 12 Então Jesus dirige-se ao que o havia convidado e lhe exorta: “Quando deres um banquete ou um jantar, nãoconvides os teus amigos, irmãos, ou parentes, nem teus vizinhos ricos; se assim procederes, eles poderão, damesma maneira, convidar-te, e desta forma sempre serás re-compensado.13 Pelo contrário, ao dares uma grande ceia, convida os pobres, os deficientes físicos, os mutilados e os que nãopodem ver.14 Feliz serás tu, porque estes não têm como te pagar. Entretanto, receberás tua régia recompensa na ressurreiçãodos justos”.7 

 A parábola do grande banquete (Mt 22.1-14) 15 Ora, ao ouvir tais ensinos, um dos que estavam reclinados ao redor da mesa, enunciou: “Feliz será aquele quepartilhar do pão no banquete do Reino de Deus!”.8  16 Jesus, contudo, declarou: “Certo homem estava preparando um notável banquete e convidou muitas pessoas.17 Próximo à hora do início da ceia, enviou seu servo para anunciar aos que haviam sido convidados: ‘Vinde!Eis que tudo está preparado para vós’.18 Contudo, um por um, começaram a declinar com desculpas. O primeiro alegou: ‘Acabei de adquirir umagrande propriedade, e preciso ir vê-la. Por favor, queiras desculpar-me!’.19 Outro conviva explicou-se: ‘Acabei de comprar cinco juntas de bois e preciso ir experimentá-las. Rogo-teque me tenhas por perdoado!’.20 E outro ainda argumentou: ‘Acabo de me casar, e por esse motivo, não posso ir’.9  21 Diante disso, voltou o servo e tudo relatou ao seu senhor. Então, o dono da casa irou-se sobremaneira eordenou ao seu servo: ‘Sai agora mesmo para as ruas e becos da cidade e traze para aqui os pobres, osaleijados, os cegos e os coxos’.22 Mais tarde lhe relatou o servo: ‘Tudo o que o senhor mandou está feito conforme a tua vontade, mas aindahá lugar!’.23

Então ordenou o senhor ao seu servo: ‘Ide por vários caminhos e atalhos e os que encontrar obriga-os aentrar, para que a minha casa fique repleta.

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24 Porquanto vos asseguro que nenhum daqueles que previamente foram convidados provará da minhaceia’”.10  

O custo de ser discípulo de Cristo  25 Milhares de pessoas acompanhavam Jesus; então, dirigindo-se à multidão lhes declarou:26 “Se alguém deseja seguir-me e ama a seu pai, sua mãe, sua esposa, seus filhos, seus irmãos e irmãs, e atémesmo a sua própria vida mais do que a mim, não pode ser meu discípulo.11 27 Da mesma forma, todo aquele que não carrega a sua própria cruz e segue após mim não pode ser meudiscípulo.12 

28  Porquanto, qual de vós, desejando construir uma torre, primeiro não se assenta e calcula o custo doempreendimento, e avalia se tem os recursos necessários para edificá-la?29 Para não acontecer que, havendo providenciado os alicerces, mas não podendo concluir a obra, todas aspessoas que a contemplarem inacabada zombem dele,30 proclamando: ‘Este homem começou grande construção, mas não foi capaz de terminá-la!’13 

31 Ou ainda, qual é o rei que, pretendendo partir para guerrear contra outro rei, não se assenta primeiro paraanalisar se com dez mil soldados poderá vencer aquele que vem enfrentá-lo com vinte mil?32 Se chegar à conclusão de que não poderá vencer, enviará uma delegação, estando o inimigo ainda longe, esolicitará suas condições de paz.33 Assim, portanto, todo aquele dentre vós que não renunciar a tudo quanto de mais estimado possui não podeser meu discípulo.14 

34 Portanto, bom é o sal, mas ainda ele, se perder o sabor, como restaurá-lo?35 Não serve nem para o solo nem mesmo para adubo; será apenas lançado fora. Aquele que tem ouvidospara ouvir, ouça!”.15 

Cap. 15 - Jesus come com os pecadores 1 E aconteceu que todos os pecadores, como os coletores de impostos e pessoas de má fama estavam sereunindo para ouvir a Jesus.2 Entretanto, os fariseus e os mestres da Lei o censuravam murmurando: “Este saúda e se mistura a pessoasdesqualificadas e ainda partilha do pão com elas”.1 

 A parábola da ovelha perdida (Mt 18.10-14) 3 Foi então que Jesus lhes propôs a seguinte parábola:2 

4 “Qual, dentre vós, é homem que, possuindo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa no campo asnoventa e nove e vai em busca da que se extraviou, até que a encontre?3  5 E assim que a encontra, coloca-a por sobre os ombros cheio de júbilo6 e ruma para casa. Ao chegar, reúne seus amigos e vizinhos e anuncia: ‘Alegrai-vos comigo, pois hojeencontrei minha ovelha perdida’.7 Eu vos afirmo que, da mesma maneira, haverá muito mais alegria no céu por um pecador que se arrependedo que por noventa e nove justos que não carecem de arrependimento.4  

 A parábola da moeda perdida 8 Ou ainda, qual é a mulher que, possuindo dez dracmas e, perdendo uma delas, não acende uma candeia,varre a casa e a procura diligentemente até encontrá-la?9 E, tendo-a achado, reúne suas amigas e vizinhas e proclama: ‘Alegrai-vos comigo, porque agora achei minhadracma perdida’.10 Eu vos asseguro que, de igual modo, há grande júbilo na presença dos anjos de Deus por um pecador que searrepende”.5 

 A parábola do filho perdido11 E Jesus continuou: “Um homem tinha dois filhos.12 O mais novo reivindicou do seu pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança a que tenho direito’. E consentindo, opai repartiu sua propriedade entre eles.6  

13 Não se passou muito tempo, e o filho mais novo reuniu tudo o que tinha, partindo para terras distantes; e láesbanjou todos os seus bens, vivendo de forma irresponsável.14

Coincidentemente, após haver gasto tudo o que possuía, abateu-se sobre toda aquela região uma grandefome, e ele começou a passar muita necessidade.7  

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15 Por esse motivo foi empregar-se com um dos cidadãos daquela região, que o mandou para o campo a fim decuidar dos porcos.8 

16 Ali, chegou a ter vontade de encher o estômago com as vagens de alfarrobeira com as quais os porcos eramalimentados, no entanto, ninguém lhe dava absolutamente nada.17 Foi quando, caindo em si, falou consigo mesmo: ‘Quantos empregados de meu pai têm comida com fartura,e eu aqui, morrendo de fome!9  18 Levantar-me-ei, tomarei o caminho de volta para meu pai, e ao chegar lhe confessarei: Pai, pequei contra o céue contra ti.19 Não sou mais digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores’.20 E, logo em seguida, levantou-se e saiu na direção do pai. Vinha caminhando ele ainda distante, quando seupai o viu e, pleno de compaixão, correu ao encontro do seu filho, e muito o abraçou e beijou.21 Então, o filho lhe declarou: ‘Pai, pequei contra o céu e contra ti. Não sou mais digno de ser chamado teufilho!’.22 Entretanto, o pai ordenou aos seus servos: ‘Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o com distinção, ponde-lhe o anel de autoridade e as sandálias de filho.10  23 Também trazei o novilho gordo e o preparai. Comamos, façamos uma grande festa e regozijemo-nos!24 Porquanto este meu filho estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi encontrado’. E começaram acelebrar o seu regresso.11 25 Entrementes, o filho mais velho estava no campo. Quando foi se aproximando da casa do pai, ouviu o somda música e das danças.26 Então chamou um dos servos e indagou-lhe sobre o que estava acontecendo.27 Este informou: ‘Teu irmão regressou, e teu pai mandou matar o novilho gordo, porque o recebeu de voltasão e salvo!’.28 Mas o filho mais velho encheu-se de ira, e negou-se a entrar. Então o pai saiu e insistiu com ele.12 

29 Porém ele replicou ao pai: ‘Há tantos anos tenho trabalhado como um escravo para ti sem nunca terdesobedecido a uma só ordem tua. Contudo, tu nunca me ofereceste nem ao menos um cabrito para que pudessefestejar com meus amigos.30 No entanto, chegando em casa esse teu filho, que pôs fora os teus bens com prostitutas, tu ordenaste matar onovilho gordo para ele!’.13  31 Então, lhe arrazoou o pai: ‘Meu filho, tu sempre estás comigo; tudo o que possuo é igualmente teu.14  32 Porém, nós tínhamos que celebrar muito à volta deste teu irmão e regozijar-mo-nos, porque ele estavamorto e reviveu, estava sem esperança e foi salvo!’”.

Cap. 16 - A parábola do administrador infiel 1 E contou Jesus ainda aos seus discípulos: “Havia um homem rico que mantinha um administrador; esteporém, foi acusado de estar esbanjando os bens do seu patrão.1 2 E aconteceu, que mandando-o chamar, o interrogou: ‘Que é isso que chega a mim a teu respeito? Prestacontas da tua administração, porquanto já não podes continuar com essa responsabilidade!’.3 Diante disso, falou o administrador consigo mesmo: ‘Meu senhor está me despedindo. Que farei? Trabalharna terra, não tenho força; quanto a viver esmolando, tenho vergonha.4 Já sei o que farei para que, quando perder o cargo de administrador, as pessoas continuem a me receber emsuas casas’.2  5

Tendo chamado cada um dos seus devedores, indagou ao primeiro: ‘Quanto deves ao meu senhor?’.6 Replicou ele: ‘Cem potes de azeite’. Ao que o administrador lhe autorizou: ‘Toma a tua conta, assenta-tedepressa e escreve cinqüenta!’.3  7 Em seguida, questionou outro: ‘E tu, quanto deves?’ Respondeu ele: ‘Cem tonéis de trigo’. E oadministrador lhe orientou: ‘Toma a tua conta e escreve oitenta!’.4 

8 Então, o senhor elogiou aquele administrador da injustiça, pois agiu com sabedoria. Porquanto os filhosdeste mundo são mais sagazes entre si, na conquista dos seus interesses, do que os filhos da luz em meio à suaprópria geração.5  9 Portanto, Eu vos recomendo: Usai as riquezas deste mundo ímpio para ajudar ao próximo e ganhai amigos,para que, quando aquelas chegarem ao fim, esses amigos vos recebam com alegria nas moradas eternas.6  10 Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito, e quem é desonesto no pouco, também é desonesto nomuito.7  11 Assim, se vós não fores justos em lidar com as riquezas deste mundo ímpio, quem vos confiará a

verdadeira riqueza?12 Se, portanto, não vos tornastes dignos de confiança em relação ao que é dos outros, quem vos dará o que évosso?8  

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13 Nenhum servo pode devotar-se a dois senhores; pois odiará um e amará outro, ou dedicar-se-á a um edesprezará ao outro. Jamais podereis servir a Deus e ao Dinheiro!”.9  

 Jesus reprova a avareza 14 Os fariseus, conhecidos por sua avareza, escutavam tudo isso e procuravam ridicularizar a Jesus.15 Ele, no entanto, lhes admoestou: “Vós sois os que justificais a vós mesmos à vista das pessoas, todaviaDeus conhece o vosso coração; pois àquilo que as pessoas atribuem grande valor é detestável aos olhos deDeus.10  

 A Lei, os Profetas e o Reino  16 A Lei e os Profetas profetizaram até João. Dessa época em diante estão sendo pregadas as Boas Novas doReino de Deus, e todos tentam conquistar sua entrada no Reino.17 Contudo, é mais fácil os céus e a terra desaparecerem do que cair um traço da menor letra de toda a Lei.11

Cuidado para não deturpar a Lei (Mt 19.9; Mc 10.10-12)

18 Quem se separar de sua esposa e se unir a outra mulher estará cometendo adultério; assim como, o homem

que se casar com uma mulher divorciada estará igualmente adulterando.12  

O rico avarento e Lázaro 19 Havia um certo homem rico que se vestia de púrpura e de linho finíssimo e que despendia todos os dias desua vida de forma regalada.20 E havia também um outro homem, chamado Lázaro, que coberto de chagas, vivia a esmolar, e foraabandonado no portão do homem rico.13  21 Lázaro ansiava por alimentar-se ao menos das migalhas que porventura viessem a cair da mesa do rico. Atéos cães vinham lamber suas feridas.22 E assim, chegou o dia em que o mendigo morreu e os anjos o levaram para junto de Abraão. Entretanto, ohomem rico também morreu e foi sepultado.14  23 Mas no Hades, onde estava em tormentos, ele olhou para cima e observou Abraão ao longe, com Lázaroao seu lado.24 Então, gritou: ‘Pai Abraão! Tem compaixão de mim e manda a Lázaro que molhe em água a ponta dodedo e me refresque a língua, porquanto estou sofrendo muito em meio a estas chamas!’ 15  25 No entanto, Abraão lhe replicou: ‘Filho, recorda-te de que recebeste todos os teus bens durante a tua vida, eLázaro foi afligido por muitos males. Agora, entretanto, aqui ele está sendo consolado, enquanto tu estáspadecendo.16  26 E, além do mais, foi colocado um grande abismo entre nós e vós, de maneira que os que desejem passardaqui para vós outros não consigam, tampouco passem de lá para o nosso lado’.27 Diante disso, suplicou: ‘Pai, então eu te imploro que mandes Lázaro à casa de meu pai,28 pois tenho cinco irmãos. Permite que ele os avise, a fim de que eles também não venham para este terrívellugar de sofrimento’.29 Contudo, Abraão lhe afirmou: ‘Eles têm Moisés e os Profetas; que os ouçam!’.17  30 Mas ele insistiu: ‘Não, pai Abraão! Se alguém dentre os mortos for ter com eles, certamente searrependerão’.31 Abraão, concluindo, lhe afirmou: ‘Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se permitirãoconverter, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos!’.18  

Cap. 17 - Aviso quanto aos escândalos (Mt 18.6-7; Mc 9.42) 1 Então Jesus declarou aos seus discípulos: “É inevitável que fatos ocorram que levem o povo a tropeçar na fé,mas ai da pessoa por meio de quem vêm os escândalos!2 Seria melhor que tal pessoa fosse atirada ao mar com uma pedra de moinho amarrada ao pescoço, do queinduzir um destes pequeninos a pecar.1 

 Repreender e perdoar os irmãos(Mt 18.21-22) 3 Tende cuidado de vós mesmos. Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o e, caso ele venha a se arrepender,perdoa-lhe.

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4 Se, contra ti pecar sete vezes ao dia, e por sete vezes vier a ter contigo, dizendo: ‘Arrependo-me do que fiz’.Perdoa-lhe!”.5 Diante disso, pediram os apóstolos ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!”.2  6 Ao que encorajou-os o Senhor: “Se tiverdes fé do tamanho de uma semente de mostarda, podereis dizer aesta amoreira: ‘Arranca-te e transplanta-te no mar; e ela vos obedecerá’.3  7 Qual de vós, tendo um escravo arando a terra ou apascentado as ovelhas, assim que ele chegar do campo, oconvidará: ‘Podes vir agora mesmo, reclina-te junto à mesa para cear’?8 Ao contrário. Conforme o costume direis a ele: ‘Prepara o meu jantar, apronta-te devidamente e então vem eserve-me enquanto como e bebo; depois tu, comerás e beberás também’.9 Porventura, deverá agradecer ao escravo porque este fez o que lhe havia mandado?10 Assim igualmente vós, depois de haverdes realizado tudo quanto vos foi ordenado, dizei: ‘Somos servosinúteis, pois tão somente cumprimos o nosso dever!’”4 

 Jesus cura dez leprosos 11 A caminho de Jerusalém, passou Jesus pela divisa entre Samaria e Galiléia.5  12 Ao chegar num povoado, dez leprosos foram em sua direção e ficaram a certa distância.13 Então, aos gritos, chamaram seu nome: “Jesus! Mestre! Tem piedade de nós!”.14 Ao vê-los, ordenou-lhes: “Ide e mostrai-vos aos sacerdotes!” E aconteceu, que enquanto elescaminhavam, foram purificados.6  15 Um dos dez, observando que fora curado, retornou, louvando a Deus em alta voz.16 E, prostrando-se, com o rosto em terra aos pés de Jesus, muito lhe agradeceu; e este era samaritano.17 Então, Jesus questionou: “Não foram purificados todos os dez? Onde se encontram os outros nove?18 Não se achou nenhum outro que voltasse para render glória a Deus, a não ser este estrangeiro?”.7  19 Então, Jesus declarou-lhe: “Levanta-te e vai! A tua fé te salvou”.8  

 A chegada do Reino de Deus20 Certa vez, interrogado pelos fariseus sobre quando se daria a vinda do Reino de Deus, Jesus lhes explicou:“Não vem o Reino de Deus com visível aparência.9  21 Nem haverá anúncios: ‘Ei-lo aqui!’ Ou: ‘Lá está!’. Pois o Reino de Deus já está entre vós!”.10  22 Depois declarou aos discípulos: “Chegará o tempo em que desejareis ver um dos dias do Filho do homem,mas não o vereis.11 23 E vos dirão: ‘Ei-lo aqui!’ Ou: ‘Lá está Ele!’. Não vades, tampouco os sigais!12  24 Porquanto, a chegada do Filho do homem, no seu Dia, será como o relâmpago cujo esplendor da luz vai deuma à outra extremidade do céu.25 Antes, porém, se faz necessário que Ele sofra muito e seja rejeitado por esta geração.13 

26 Pois, assim como aconteceu nos dias de Noé, também será nos dias do Filho do homem.27 As pessoas viviam comendo, bebendo, unindo-se em matrimônio e sendo prometidas em casamento, até odia em que Noé entrou na arca. Então sobreveio o dilúvio e os destruiu a todos.28 Da mesma forma ocorreu nos dias de Ló. O povo dedicava-se a comer e beber, comprar e vender, plantar econstruir.29 Todavia, no dia em que Ló abandonou Sodoma, choveu fogo e enxofre do céu e destruiu a todos.30 E, acontecerá exatamente assim, no Dia em que o Filho do homem for revelado.14  31 Portanto, naquele Dia, quem estiver sobre a laje, não desça para recolher os bens que estiverem dentro decasa. Semelhantemente, quem estiver no campo, não deve retornar por motivo algum.15  32 Lembrai-vos da esposa de Ló!33 Quem tentar preservar sua vida perde-la-á; mas quem perder a sua vida na realidade a manterá.34 Eu vos asseguro que, naquela noite, duas pessoas estarão numa cama; uma será levada e a outra deixada.35 Duas mulheres estarão no campo; uma será tirada, e a outra deixada’.16  36 Dois trabalhadores estarão no campo; um será tomado, e o outro, deixado”.37 Diante disso, lhe indagaram: “Onde se dará tudo isso, Senhor?”. Advertiu-lhes o Senhor: “Onde houver umcadáver, ali se ajuntarão os abutres!”.17  

Cap. 18 - A parábola da viúva persistente 1 Então Jesus propôs uma parábola aos seus discípulos, com a intenção de adverti-los quanto ao dever de orarcontinuamente e jamais desanimar.1 2

E lhes contou: “Em certa cidade havia um juiz que não temia a Deus, tampouco era sensível às necessidadesdas pessoas.

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3 E havia, naquela mesma cidade, uma viúva que freqüentemente se dirigia a ele, rogando-lhe: ‘Faze-me justiça na causa que pleiteio contra meu adversário!’.2 

4 Ele, por algum tempo, não a quis atender; todavia, mais tarde considerou consigo mesmo: ‘É bem verdade que eunão temo a Deus, nem respeito à pessoa alguma;5  contudo, como esta viúva me importuna, farei justiça a ela, para não acontecer que, por fim, venha a meaborrecer ainda mais’”.3  6 Então, concluiu o Senhor: “Atentai à resposta do juiz da injustiça!7 Porventura Deus não fará plena justiça aos seus escolhidos, que a Ele clamam de dia e de noite, ainda quelhes pareça demorado em atendê-los?8 Eu vos asseguro: Ele vos fará sua justiça, e depressa. No entanto, quando o Filho do homem vier, encontraráfé em alguma parte da terra?”.4  

 A parábola do fariseu e do publicano9 Para algumas pessoas que confiavam em sua própria justiça e menosprezavam os outros, Jesus contou ainda estaparábola:10 “Dois homens subiram ao templo para orar; um era fariseu e o outro, publicano.11 O fariseu, em pé, orava em seu íntimo: ‘Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens:roubadores, corruptos, adúlteros; nem mesmo como este cobrador de impostos.12 Jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho’.5  13 Entretanto, o publicano ficou à distância. Ele sequer ousava olhar para o céu, mas batendo no peito, confessava:‘Ó Deus, sê benevolente para comigo, pois sou pecador’.6  14 Eu vos asseguro que este homem, e não o outro, foi para sua casa justificado diante de Deus. Porquantotodo aquele que se vangloriar será desprezado, mas o que se humilhar será exaltado!”7  

 Jesus abençoa os pequeninos (Mt 19.13-15; Mc 10.13-16) 15 O povo trazia-lhe também as crianças, para que as abençoasse. Mas assim que os discípulos notaram isso,repreenderam aqueles que as haviam trazido.16 Jesus, porém, chamando as crianças para junto de si, ordenou: “Deixai vir a mim os pequeninos e não osimpeçais; pois o Reino de Deus pertence aos que são semelhantes a eles.17 Eu vos asseguro com toda certeza: Quem não receber o Reino de Deus como uma criança, de maneiraalguma entrará nele!”.8 

 Jesus e o rico que amava seus bens (Mt 19.16-30; Mc 10.17-31) 18 Certo líder judeu indagou-lhe: “Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?”.19 Questionou-lhe Jesus: “Por que me chamas bom? Ninguém é bom, senão um, que é Deus!9  20 Tu sabes os mandamentos: ‘Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, honra a teupai e a tua mãe’”.21 Replicou-lhe o jovem: “A tudo isso tenho obedecido desde a minha adolescência!”.22 Ao ouvir isto, exortou-lhe Jesus: “Contudo, algo ainda te falta! Vende tudo o que tens, reparte o dinheiroentre os pobres e ganharás um tesouro nos céus. Depois, vem e segue-me”.10  23 Ao ouvir estas orientações, o jovem entristeceu-se muito, pois era riquíssimo.24 Jesus, observando o semblante abatido daquele homem, exclamou: “Quão dificilmente entrarão no Reino deDeus os que possuem muitas riquezas!11 25 Certamente, é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no Reino deDeus”.26 E os que ouviram essas palavras questionaram: “Se é dessa maneira, quem poderá se salvar?”.12  27 Jesus lhes asseverou: “Tudo o que é impossível aos seres humanos é possível para Deus!”.28 Ao que Pedro se manifestou: “Eis que nós deixamos nossa família e bens para te seguirmos!”.29 Então Jesus lhes afirmou: “Com toda a certeza Eu vos asseguro: Ninguém há que tenha deixado casa,esposa, irmãos, pai ou filhos por causa do Reino de Deus,30 que não receba, no tempo presente, muitas vezes mais, e, na era futura, a vida eterna!”.

 Jesus prediz outra vez seu holocausto (Mt 20.17-19; Mc 10.32-34) 31 E Jesus, chamando à parte os Doze, lhes revelou: “Eis que estamos subindo para Jerusalém, e tudo o queestá escrito pelos profetas sobre o Filho do homem se cumprirá.

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32 Ele será entregue aos gentios que zombarão dele, o insultarão, cuspirão nele, e depois de muito açoitá-lo, omatarão.13  33 Contudo, no terceiro dia Ele ressuscitará!”.34 Os discípulos não compreenderam nada do que fora dito. O significado dessas palavras ainda lhes estavaoculto, e, portanto, não podiam entender do que Ele estava falando.14 

Um homem cego ganha a visão (Mt 20.17-19; Mc 10.32-34) 35 Aconteceu que, ao aproximar-se Jesus de Jericó, estava um homem cego sentado à beira do caminho,suplicando por esmolas.15  36 Assim que ouviu a multidão passando, ele perguntou do que se tratava aquilo.37 E informaram-lhe: “É Jesus de Nazaré que vem passando!”.38 Então, o cego se pôs a exclamar: “Jesus! Filho de Davi, tem misericórdia de mim!”.16  39 Os que caminhavam à frente o repreenderam para que se calasse; entretanto, o homem gritava cada vezmais alto: “Filho de Davi, tem misericórdia de mim!”.40 Foi então que Jesus parou e ordenou que aquele homem fosse trazido à sua presença. E, tendo ele chegadobem próximo, Jesus perguntou-lhe:41 “Que queres que Eu te faça?”. Ao que lhe respondeu o homem: “Senhor, eu quero voltar a enxergar!”.42 Então Jesus lhe determinou: “Recupera a visão! A tua fé te curou”.43 Naquele mesmo instante, o homem recuperou a capacidade de ver e passou a seguir a Jesus, glorificando aDeus. Quando toda a multidão observou o que aconteceu, da mesma forma rendia louvores ao Senhor.17  

Cap. 19 - A salvação de Zaqueu, o publicano 1 Chegando a Jericó, atravessava Jesus a cidade.2 Eis que um homem rico, chamado Zaqueu, chefe dos publicanos,1 3 buscava ver quem era Jesus; todavia, sendo ele de pequena estatura, não o conseguia, devido à afluência dopovo.4 Por esse motivo, correu adiante da multidão e subiu em uma figueira brava para observá-lo, pois Jesus iapassar por ali.2  5 Quando Jesus chegou àquele local, olhou para cima e o chamou: “Zaqueu! Desce depressa, pois preciso ficarhoje em tua casa”.3  6 No mesmo momento desceu Zaqueu apressado e o recebeu com enorme alegria.7 Todos, em meio à multidão, que presenciaram o que se passou começaram a murmurar: “Ele entrou na casadaquele pecador e vai hospedar-se lá!”.4  8 Então, Zaqueu tomou a palavra e comunicou a Jesus: “Eis a metade dos meus bens Senhor, que estoudoando aos pobres; e se de alguém extorqui alguma coisa, devolverei quatro vezes mais!”.5  9 Diante disso, Jesus declarou: “Hoje, houve salvação nesta casa, pois este homem também é filho de Abraão.10 Porquanto o Filho do homem veio buscar e salvar o que estava perdido”.6  

 A parábola das moedas de ouro 11 Estando eles a ouvi-lo, Jesus passou a expôr-lhes uma parábola, visto estar próximo de Jerusalém e o povo

imaginar que o Reino de Deus ia se estabelecer ali a qualquer momento.

 12 E assim, contou-lhes Jesus: “Certo homem de nobre nascimento, partiu para uma terra longínqua, com oobjetivo de ser coroado rei de um determinado reino e regressar.8  13 Convocou dez dos seus servos, a cada um confiou uma moeda de ouro e orientando a todos lhes disse:‘Fazei com que esse dinheiro produza lucro até que eu volte’.9 

14 Entrementes, seus súditos o odiavam e por isso mandaram uma delegação atrás dele, protestando: “Nãoqueremos que este venha a reinar sobre nós!”.15 Contudo, ele tomou posse do reino e voltou. Então mandou chamar os servos a quem dera o dinheiro, a fimde verificar o quanto haviam lucrado.16 O primeiro chegou e relatou: ‘Senhor, a tua moeda de ouro rendeu dez vezes mais!’.17 Ao que o senhor o elogiou: ‘Muito bem, servo bom! E por teres sido leal no pouco, governarás sobre dezcidades’.18 Vindo o segundo servo, lhe declarou: ‘Senhor, a tua moeda de ouro produziu cinco vezes mais lucro!’.19

E a este determinou: ‘Terás autoridade sobre cinco cidades!’.20 Veio, então, o outro servo, explicando: ‘Eis aqui, Senhor, a tua moeda de ouro, que eu envolvi num lenço econservei bem guardada!

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Cap. 20 - A autoridade de Jesus é questionada (Mt 21.23-27; Mc 11.27-33) 1 E aconteceu que, num daqueles dias, enquanto Jesus estava ensinando e evangelizando o povo no templo,aproximaram-se dele os chefes dos sacerdotes, os mestres da lei e os líderes religiosos,1 2 e o questionaram nestes termos: “Dize-nos: com que autoridade procedes como tens feito? Ou melhor: quemte deu tal autoridade?”.2  3 Replicou-lhes Jesus: “Da mesma forma Eu vos questionarei; dizei-me:4 o batismo de João tinha autorização do céu ou dos seres humanos?”.5 Diante disso, eles discutiam entre si: “Se afirmarmos: Do céu, ele nos indagará: ‘Então, por qual motivo nãoacreditastes nele?’.6 Por outro lado, se respondermos: Dos seres humanos, todo o povo nos apedrejará, pois estão convictos deque João era profeta”.7 Por fim, alegaram que não sabiam.8 Então, Jesus lhes respondeu: “Pois nem Eu vos digo com que autoridade faço o que faço!”.

 A parábola dos vinicultores maus(Mt 21.33-46; Mc 12.1-12) 9 Em seguida, passou Jesus a expor ao povo esta parábola: “Certo homem plantou uma vinha, arrendou-a paraalguns vinicultores e saiu de viagem por longo tempo.3  10 Na época da colheita, ele enviou um servo aos vinicultores, para receber a sua parte nos lucros da vinha; noentanto, os vinicultores, depois de o espancarem, o mandaram embora de mãos vazias.11 Diante do ocorrido, enviou-lhes outro servo; mas eles, da mesma forma, a este esbofetearam e depois de ohumilharem, o despediram sem nada.12 Mandou ainda um terceiro servo, todavia, a este também, muito feriram e expulsaram da vinha.13 Então, disse o proprietário da vinha: ‘Que farei? Enviarei o meu filho amado; é possível que a esterespeitem mais’.14 Contudo, assim que os vinicultores o viram, tramaram entre si argumentando: ‘Este é o herdeiro! Ora,vamos matá-lo, e assim, a herança caberá a nós’.15 E, atirando o filho para fora da vinha, o assassinaram. E, agora? O que lhes fará o dono da vinha?4  16 Virá e destruirá aqueles vinicultores maus e dará a vinha a outros!”. Quando o povo ouviu isso, exclamou:“Que tal coisa jamais ocorra!”.5  17 Porém, Jesus olhou bem nos olhos de cada pessoa e indagou: “Então, qual é o significado do que estáescrito: ‘A pedra que os construtores rejeitaram, esta veio a ser a principal pedra angular’?18 Todo o que bater contra esta pedra será despedaçado, e aquele sobre quem ela vier a cair será reduzido apó!”.6  19 E, naquele mesmo instante, os mestres da lei e os chefes dos sacerdotes tentavam de alguma maneiraprender a Jesus, pois perceberam que fora contra eles que Ele havia exposto esta parábola. Contudo, temiam areação do povo.7  

Tributos pagos a Deus e a César (Mt 22.15-22; Mc 12.13-17) 20 Então, eles se dispuseram a vigiá-lo, e para tanto, subornaram espiões que se fingiram justos para apanharJesus em qualquer eventual deslize verbal e com isso poder entregá-lo à jurisdição e à autoridade do

governador.8  21 E, por isso, os espiões lhe apresentaram a seguinte questão: “Mestre, sabemos que falas e ensinas o queé correto, e que não julgas pela aparência, mas ministras o caminho de Deus de acordo com a verdade.22 Pois bem. É certo pagar impostos a César ou não?”.9  23 Jesus percebeu a astúcia deles e lhes ponderou:24 “Mostrai-me um denário. De quem é a imagem e a inscrição estampadas?” Imediatamente replicaram: “DeCésar!” Ao que Ele lhes orientou:25 “Dai, portanto, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus!”.10  26 Não conseguiram apanhá-lo em palavra alguma perante a multidão. E assombrados com a sua resposta, ficaramem silêncio.

 A verdade sobre a ressurreição(Mt 22.23-33; Mc 12.18-27) 27 Alguns dos saduceus, que pregam que não há ressurreição, chegaram para Jesus com a seguinte questão:

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28 “Mestre! Moisés nos legou por escrito que, se morrer o irmão de alguém, sendo aquele casado e nãodeixando filhos, seu irmão deve se casar com a viúva e gerar descendência ao falecido.11 29 Pois bem! Havia sete irmãos. O primeiro casou-se e morreu sem deixar filhos.30 O segundo e o terceiro, e mais tarde os demais, da mesma forma, casaram-se com ela;31 e morreram os sete sucessivamente, sem deixar nenhum filho.32 Finalmente faleceu também a mulher.33 Na ressurreição, de quem ela será esposa, visto que os sete foram casados com ela?”.34 Então, Jesus lhes esclareceu: “Os filhos deste século casam-se e são dados em casamento;35 todavia, os que forem julgados dignos de tomar parte no mundo vindouro e na ressurreição dos mortos nãomais se casarão nem serão prometidos para matrimônio,36 e também não podem mais morrer, pois são como os anjos. São filhos de Deus, sendo igualmente filhos daressurreição.12  37 Quanto aos mortos ressuscitarem, Moisés já o mostrou no relato da sarça, no momento em que ele se refereao Senhor como ‘Deus de Abraão, Deus de Isaque e Deus de Jacó’.13  38 Portanto, Deus não é Deus de mortos, mas sim de vivos, pois para Ele todos vivem”.39 Então, alguns dos mestres da lei se manifestaram exclamando: “Mestre, falaste muito bem!”.40 E a partir daquele momento, ninguém mais ousava lhe interrogar.14  

O Cristo é Senhor de Davi(Mt 22.41-46; Mc 12.35-37)

41 Então Jesus lhes indagou: “Como podem afirmar que o Cristo é filho de Davi?42 Sendo que o próprio Davi declara no livro dos Salmos: ‘O Senhor disse ao meu Senhor: Senta-te à minhadireita,15  43 até que Eu ponha os teus inimigos como estrado para os teus pés’.44 Desta forma, portanto, Davi lhe chama ‘Senhor’. Então como pode ser ele seu filho?”.16  

 Jesus previne aos seus discípulos (Mt 23.1-12; Mc 12.38-40) 45 E estando todo o povo a ouvi-lo, Jesus advertiu aos seus discípulos:46 “Tende cuidado com os mestres da lei. Pois eles fazem questão de andar com roupas especiais, e muito

apreciam serem saudados nas praças, ocupar as cadeiras mais importantes nas sinagogas e os lugares de honranos banquetes.47 Contudo, eles devoram as casas das viúvas, e, para não dar na vista, fazem longas orações. Sem dúvida,estes homens sofrerão condenação mais severa!”.17  

Cap. 21 - A oferta da viúva pobre (Mc 12.41-44) 1 E erguendo os olhos, Jesus observou os ricos colocando suas contribuições nas caixas para coleta de ofertas.1 2 Percebeu também que uma viúva pobre ofertou duas pequenas moedas judaicas.3 E exclamou: “Com toda certeza vos asseguro que esta viúva pobre contribuiu mais do que todos eles juntos.4 Porquanto todos os ofertantes deram daquilo que lhes sobrava; esta, porém, da sua extrema pobreza, deutudo o que tinha, todo o seu sustento!”.2 

 A queda do templo é profetizada(Mt 24.1-2; Mc 13.1-2)

5 Alguns dos seus discípulos começaram a falar com admiração sobre a magnificência do templo, edificadocom enormes pedras e portentosas obras de arte dedicadas a Deus.3  6 Então, lhes declarou Jesus: “Chegarão os dias, nos quais, de tudo o que vedes aqui não será deixada pedrasobre pedra que não seja derrubada!”.4  

 Jesus revela os sinais do fim (Mt 24.3-14; Mc 13.3-13) 7 Então indagaram de Jesus: “Mestre! Quando acontecerá tudo isso? E que sinal haverá, quando tais eventosestiverem para se cumprir?”.5  8 Esclareceu-lhes Jesus proferindo: “Cuidai para que ninguém vos iluda. Pois muitas pessoas virão em meunome, proclamando: ‘Ele sou eu!’ E ainda: ‘Chegou o final dos tempos!’ A estes não sigais!9 Quando ouvirdes falar de guerras e revoluções, não vos apavoreis; pois é necessário que estes fatos venhamprimeiro, contudo o final dos tempos não ocorrerá em breve”.6 

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10 E acrescentou Jesus: “Porquanto, nação se levantará contra nação, e reino contra reino;11 e haverá em muitos lugares enormes terremotos, epidemias horríveis e devastadora falta de alimentos.Então sucederão eventos terríveis e surgirão poderosos fenômenos celestes.12 Entretanto, antes que tudo isso aconteça, vos prenderão e perseguirão. E assim vos entregarão às sinagogase aos cárceres, e sereis conduzidos à presença de reis e governadores, e tudo isso por causa do meu Nome.7  13 Porém, isso vos será uma oportunidade para que deis testemunho.14 Assentai, portanto, desde agora, em vosso coração que não deveis vos preocupar com o que haveis dedeclarar em vossa defesa.15 Porque Eu colocarei as devidas palavras em vossa boca e vos concederei sabedoria, a que não conseguirãoresistir ou contradizer todos os que vierem a se opor a vós.8  16 Mas sereis traídos até por pais, irmãos, parentes e amigos, e matarão alguns de vós.17 E por todos sereis odiados por causa do meu Nome.18 Contudo, não se perderá um único fio de cabelo da vossa cabeça. 9  19 É na vossa perseverança que confirmais a salvação da vossa alma.10  

 A destruição de Jerusalém(Mt 24.15-28; Mc 13.14-23) 20 Quando virdes exércitos fechando o cerco ao redor de toda Jerusalém, sabei que é chegada a hora dasua absoluta destruição.21  Então, os que estiverem na Judéia, refugiem-se nos montes, mas os que estiverem na cidade saiamimediatamente, e os que estiverem nos campos não venham para ela.11 22 Porquanto, estes serão os dias da vingança, a fim de que se cumpra tudo o que está escrito.12  23 Ai das que carregam no ventre seus filhos e daquelas que amamentam naqueles dias! Porque haverá grandeaflição na terra e ira contra este povo.24 Eles sucumbirão ao fio da espada, e muitos serão levados como prisioneiros para todas as nações. Jerusalémserá pisoteada pelos gentios, até que passe o tempo de poderem agir assim.13  

O glorioso retorno de Jesus (Mt 24.29-31; Mc 13.24-27) 25 E haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra, as nações ficarão desesperadas, com medo do terrível

estrondo do mar e das ondas.14 

26 Muitas pessoas desmaiarão de terror, preocupadas com o que estará sobrevindo às populações do mundo,pois os poderes do espaço sideral serão abalados.27 Então, se observará o Filho do homem vindo numa nuvem, com poder e portentosa glória.28 Sendo assim, quando esses fatos começarem a surgir, exultai e levantai as vossas cabeças, pois está muitoperto a vossa redenção!”.15  

 A parábola da figueira (Mt 24.32-44; Mc 13.28-37)

29 Em seguida, Jesus lhes propôs uma parábola: “Observai a figueira, bem como todas as demais árvores.30 Assim que começam a brotar, percebendo-o, reconheceis, por vós mesmos, que o verão está chegando.31 Da mesma forma, quando notardes que estes eventos começam a ocorrer, sabei que está próximo o Reinode Deus.32 Com toda a certeza vos asseguro que de modo algum passará esta geração sem que todos estes fatosaconteçam.16 

33 Porquanto, o céu e a terra desaparecerão, contudo as minhas palavras de maneira nenhuma passarão.17 

 Devemos viver vigilantes (Mt 24.42-44; Mc 13.33-37) 34 Tende cuidado de vós mesmos, para que jamais vos suceda que o vosso coração fique sobrecarregado comas conseqüências da libertinagem, da embriaguez e das ansiedades desta vida terrena, e para que aquele Dianão se precipite sobre vós, de surpresa, como uma armadilha.35 Pois ele certamente virá sobre todos os que vivem na face de toda a terra.18  36 Vigiai, portanto, em todo o tempo, orando, para que possais escapar detodos estes eventos que estão para acontecer, e apresentar-vos em pé diante do Filho do homem”.19  

37 Jesus passava o dia ensinando no templo; e ao pôr-do-sol caminhava até o monte chamado das Oliveiras,

onde passava a noite.20  38 Ao raiar do dia, todo o povo se dirigia ao templo para ouvi-lo.

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Cap. 22 - A conspiração para matar Jesus (Mt 26.1-5; Mc 14.1-2) 1 A Festa dos Pães sem fermento, chamada Páscoa, estava se aproximando.1 2 E os chefes dos sacerdotes e mestres da lei procuravam um meio para matar Jesus, todavia tinham grande receiodo povo.

O pacto da traição (Mt 26.14-16; Mc 14.10-11)

3 Então Satanás entrou em Judas, chamado Iscariotes, que fora um dos doze discípulos.2  4 E Judas dirigiu-se aos chefes dos sacerdotes e aos oficiais da guarda do templo e negociou com eles comolhes poderia entregar Jesus.3  5 A proposta muito os satisfez, e acordaram em lhe dar dinheiro.6 Judas aceitou e ficou aguardando uma oportunidade, quando a multidão não estivesse ao redor de Jesus, paraentão entregá-lo sem tumulto.4  

 Jesus e os discípulos na Páscoa (Mt 26.17-19; Mc 14.12-16) 7 Finalmente, chegou o Dia dos Pães sem fermento, no qual devia ser sacrificado o cordeiro pascal.5  8 Então Jesus enviou Pedro e João, recomendando: “Ide preparar-nos a Páscoa para que a ceiemos juntos!”.6  9 E eles lhe perguntaram: “Onde desejas que a preparemos?”.10 Ao que Ele lhes orientou: “Ao entrardes na cidade, encontrareis um homem carregando um pote de água;segui-o até à casa em que ele entrar7  11 e comunicareis ao proprietário da casa: ‘O Mestre manda indagar-te: Onde é o salão de hóspedes noqual poderei cear a Páscoa com os meus discípulos?’.12 Então ele lhes mostrará uma ampla sala no andar superior, toda mobiliada; ali fazei os preparativos”.13 E, seguindo, tudo encontraram conforme Jesus lhes havia predito e prepararam a Páscoa.8  

 A última Páscoa de Jesus 14 Quando chegou o momento, Jesus e os seus discípulos se reclinaram à mesa.15 Então, Ele lhes revelou: “Tenho desejado ansiosamente comer convosco esta Páscoa, antes da hora do meusofrimento!16 Pois vos afirmo que não a comerei novamente até que ela se cumpra no Reino de Deus.9 

17 E, havendo pegado um cálice, Ele deu graças e ordenou: Tomai do cálice e partilhai entre vós;10  18 pois vos declaro que, de agora em diante, não mais beberei do fruto da videira, até que venha o Reino deDeus”.

 A Ceia do Senhor(Mt 26.26-30; Mc 14.22-26; 1Co 11.23-25) 19 E, tomando um pão, havendo dado graças, o partiu e o serviu aos discípulos, recomendando: “Isto é o meucorpo oferecido em favor de vós; fazei isto em memória de mim”.11 20 Da mesma maneira, depois de cear, pegou o cálice, explicando: “Este cálice significa a nova aliança no meusangue, derramado em vosso benefício.21 Eis, contudo, que a mão daquele que vai me trair está com a minha sobre a mesa.22 O Filho do homem certamente vai, conforme o que está prescrito; todavia, ai daquele por intermédio dequem Ele está sendo traído!”.12  23 A partir de então, começaram a questionar entre si quem seria, dentre eles, o que estava para fazer isto.

Seja o maior como quem serve24 E surgiu também uma discussão entre eles, acerca de qual deles deveria ser considerado o mais importante.25 Mas Jesus lhes ponderou: “Os reis das nações são os senhores delas, e os que exercem autoridade sobre ospovos são chamados de benfeitores.13  26 Entretanto, vós não sereis assim. Ao contrário, o maior entre vós seja como o mais jovem, e aquele quegoverna, como o que serve.27 Porquanto quem é o maior: o que está reclinado à mesa, ou o que serve? Porventura, não é o que estáreclinado à mesa? Contudo, entre vós, Eu Sou como aquele que serve.28 Vós sois os que tendes permanecido ao meu lado durante as minhas tribulações.14  29 Assim como meu Pai me outorgou um Reino, Eu o designo a vós,

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30 para que comais e bebais à minha mesa no meu Reino; e vos assentareis em tronos para governar as dozetribos de Israel.15 

 Jesus prediz a traição de Pedro (Mt 26.31-35; Mc 14.27-31; Jo 13.36-38) 31 Simão, Simão, eis que Satanás já recebeu autorização para vos peneirar como trigo!32 Eu, entretanto, roguei por ti, para que a tua fé não se esgote; tu pois, quando te converteres, fortalece os teusirmãos!”.33 Mas Pedro replicou: “Senhor! Estou pronto a ir contigo, tanto para a prisão quanto para a morte”.34 Contudo, predisse-lhe Jesus: “Asseguro-te, Pedro, que antes que o galo cante hoje, três vezes negarás queme conheces!”.16  

 Lutar pela vida e pelo Reino35 Em seguida, Jesus os inquiriu: “Quando Eu vos enviei sem bolsa, mochila de viagem e outro par de sandálias,sentistes falta de algo?” Ao que eles prontamente replicaram: “De nada!”.17  36 Então, Jesus os adverte: “Agora, porém, quem tem bolsa, pegue-a, assim como a mochila de viagem; e quemnão tem espada, venda a própria capa e compre uma.37 Pois vos asseguro que é necessário que se cumpra em mim o que está escrito: ‘E Ele foi contado com ostransgressores’. Sim, o que está escrito a meu respeito está para se cumprir”.38 Então os discípulos afirmaram: “Senhor, eis aqui duas espadas!” Mas Jesus lhes exortou: “É o bastante!”.18  

 Jesus sai para orar no monte (Mt 26.36-46; Mc 14.32-42) 39 E, retirando-se, seguiu, como de costume, para o monte das Oliveiras; e os discípulos o acompanharam.19  40 Chegando ao lugar, Jesus lhes instruiu: “Orai, para que não venhais a cair em tentação”.20  41 Então Ele se afastou deles à distância de um tiro de pedra, ajoelhou-se e começou a orar:21 42 “Pai, se queres, afasta de mim este cálice; entretanto, não seja feita a minha vontade, mas o que Tudesejas!”.43 Foi então que apareceu-lhe um anjo do céu que o encorajava.44 E, em grande agonia, orava ainda mais intensamente. E aconteceu que seu suor se transformou em gotas de

sangue caindo sobre a terra.22  45 Assim que se levantou da oração e voltou à presença dos discípulos, os encontrou adormecidos, exaustos detristeza,46 e exortou-lhes: “Por que estais dormindo? Levantai-vos e orai! Para que não venhais a cair em tentação”.

 Jesus é preso (Mt 26.47-56; Mc 14.43-50; Jo 18.1-11) 47 Enquanto Ele ainda falava, chegou uma multidão seguindo a Judas, um dos Doze. Este se aproximou deJesus para saudá-lo com um beijo.48 Jesus, no entanto, lhe argüiu: “Judas, por meio de um ósculo estás traindo o Filho do homem?”.49 Ao perceberem o que se sucederia, os que estavam com Jesus lhe propuseram: “Senhor! Devemos atacá-losà espada?”.50 E um deles feriu o servo do sumo sacerdote, decepando-lhe a orelha direita. 23  51 Contudo, Jesus interveio e ordenou: “Deixai-os. Basta!”. E tocando a orelha do homem, Ele o curou.52 Então, voltando-se Jesus para os chefes dos sacerdotes, os oficiais da guarda do templo e os líderes do povoque haviam chegado para prendê-lo, inquiriu-lhes: “Viestes contra mim com espadas e varas, como se Euestivesse liderando uma rebelião?53 Todos os dias Eu estive convosco no templo e não estendestes as mãos contra mim. Contudo, esta é a vossahora, quando as trevas dominam”.

 Pedro nega a Jesus(Mt 26.69-75; Mc 14.66-72; Jo 18.15; 25-27) 54 Então, prenderam a Jesus, o levaram e o fizeram entrar na casa do sumo sacerdote. Pedro, entretanto, osseguia à distância.55 Mas, quando acenderam um fogo no meio do pátio e se sentaram ao redor dele, Pedro assentou-se com eles.56 Uma criada o viu sentado ali à luz do fogo e olhando fixamente em seu rosto o acusou: “Este homem

também estava com Ele!”.57 Contudo, Pedro negou, assegurando-lhe: “Mulher, não o conheço!”.

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58 Pouco depois, um homem também o viu e afirmou: “Tu também és um deles!”. Mas Pedro o contradisse:“Homem, eu não sou!”.59 Então, havendo passado cerca de uma hora, outro homem o identificou: “Com toda a certeza, também estehomem, estava com ele, porquanto também é galileu!”.60 Ao que Pedro exclamou: “Homem, não sei do que estás falando!”. E falava ele ainda, quando o galo cantou.61 E aconteceu que o Senhor encontrou-se com Pedro e o olhou diretamente nos olhos. Então Pedro selembrou da palavra que o Senhor lhe havia predito: “Antes que o galo cante hoje, tu me negarás três vezes”.62 Então Pedro, retirando-se dali, chorou amargamente.

 Jesus é humilhado e torturado  63 Os homens que haviam detido a Jesus começaram a zombar dele e a espancá-lo.64 Vendaram seus olhos e escarneciam: “Profetiza-nos: quem é que te esbofeteou?”.65 E lhe dirigiam muitas outras palavras infames, blasfemando.

 Jesus diante dos líderes judeus(Mt 26.57-68; Mc 14.53-65) 66 Logo que o dia clareou, reuniu-se todo o Sinédrio, tanto os chefes dos sacerdotes quanto os mestres da lei, e

Jesus foi conduzido à presença dos maiores líderes do povo, onde o interrogaram:24  67 “Se tu és o Cristo, declara-o a nós!” Então Jesus lhes respondeu: “Se vo-lo disser, não acreditareis em mim.68 Assim como, se Eu vos questionar, tampouco me atendereis.69 No entanto, a partir de agora, o Filho do homem estará assentado à direita do poder soberano de Deus!”.70 Ao que todos lhe inquiriram: “Ora, então Tu és o Filho de Deus?”. Então, Jesus lhes afirmou: “Vós dizeisque Eu Sou”.71 Diante disso, exclamaram todos: “Por que precisamos de mais testemunhas? Posto que acabamos de ouvir aconfissão da sua própria boca!”.25 

Cap. 23 - Jesus diante dos líderes romanos(Mt 27.1-2,11-14; Mc 15.1-5; Jo 18.28-38) 1 Então todo o conselho dos principais líderes do povo judeu levantou-se e conduziu Jesus a Pilatos.1 2 E ali passaram a acusá-lo, alegando: “Encontramos este homem subvertendo a nossa nação. Inclusive,proibindo o pagamento de impostos a César e se dizendo o Messias, o Rei!”.3 Diante disso, lhe interrogou Pilatos: “És tu o rei dos judeus?”. Replicou-lhe Jesus: “De fato, é como dizes!”.4 Então Pilatos declarou aos chefes dos sacerdotes e às muitas pessoas reunidas: “Não vejo neste homemmotivo algum para acusação!”.2  5 Todavia, eles insistiam cada vez mais, exclamando: “Ele amotina o povo, pregando por toda a Judéia, desdea Galiléia, onde começou, até aqui”.6 Ao ouvir isto, Pilatos quis saber se aquele homem era de fato galileu.7 Ao ser informado que era da jurisdição de Herodes, estando este, naqueles dias, em Jerusalém, lho enviou.3  

 Jesus é interrogado por Herodes 8 Assim que Herodes viu a Jesus, expressou grande satisfação, pois havia muito que desejava conhecê-lo, porter ouvido falar sobre sua fama; tinha também a expectativa de vê-lo fazer algum sinal.4  9 E de muitas maneiras o questionava; Jesus, entretanto, nada lhe respondia.10 Os chefes dos sacerdotes e os mestres da lei estavam presentes, e o acusavam com grande eloqüência.11 Porém Herodes, assim como os seus soldados, acabaram por ridicularizá-lo e zombar dele. Obrigaram-no avestir-se com uma capa de aparente realeza e o mandaram de volta a Pilatos.5 

12 Naquele mesmo dia, Herodes e Pilatos, que viviam em clima de inimizade, firmaram um pacto dereconciliação.

 Pilatos interroga Jesus outra vez(Mt 27,15-26; Mc 15.6-15; Jo 18.39-19.16) 13 Então, Pilatos convocando os chefes dos sacerdotes, todas as demais autoridades judaicas e o povo,14 ponderou-lhes: “Entregaste-me este homem como amotinador do povo; todavia, tendo-o interrogado na vossapresença, nada constatei contra Ele dos crimes de que o acusais.15 Tampouco Herodes encontrou alguma falta nele, pois no-lo mandou de volta. E não existe nada digno demorte realizado por Ele.16 Portanto, após submetê-lo a açoites, libertá-lo-ei!”.17 Pois, conforme a tradição, ele deveria dar liberdade a um detento judeu por ocasião da Páscoa.

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18 Contudo, todo o povo gritou a uma voz: “Acaba com este! Solta-nos Barrabás!”.6 

19 Ora, Barrabás havia sido condenado e estava na prisão por causa de uma rebelião na cidade e por tercometido um assassinato.20 Mas Pilatos desejava soltar a Jesus e voltou a argumentar com a multidão.21 Eles, entretanto, gritavam ainda mais: “Crucifica-o! Crucifica-o!”.22 Então, pela terceira vez, declarou ao povo: “Que mal fez este homem? De fato, motivo algum encontreicontra Ele para condená-lo à morte. Sendo assim, depois de açoitá-lo, soltá-lo-ei!”.23 Mas a multidão reivindicava insistentemente aos brados que Ele fosse crucificado. E o clamor do povoprevaleceu.24 E assim, Pilatos resolveu dar-lhes o que desejavam.25 Libertou o homem que havia sido lançado na prisão por causa da rebelião que causara e do homicídio quecometera, mas por quem clamava o povo. E entregou Jesus à vontade deles.

 Jesus a caminho do Gólgota(Mt 27.32; Mc 15.21) 26 Então, o retiraram dali e enquanto o levavam, agarraram Simão de Cirene, que estava chegando do campo, e

 jogaram a trave da cruz sobre seus ombros, obrigando-o a carregá-la e caminhar atrás de Jesus.7 

27 E uma grande multidão seguia a Ele, inclusive muitas mulheres que choravam e pranteavam em desespero.28 Porém, Jesus, dirigindo-se a elas, as preveniu: “Filhas de Jerusalém, não choreis por mim; antes, pranteai, porvós mesmas e por vossos filhos!8  29 Porquanto eis que estão chegando os dias em que se dirá: ‘Felizes as estéreis, os ventres que jamais gerarame os seios que nunca amamentaram!30 Então clamareis às montanhas: ‘Caí sobre nossas cabeças!’ E às colinas: ‘Cobri-nos!’.9  31 Pois, se fazei isto com a árvore verde, o que acontecerá quando ela estiver seca?”. 10 

32 E eram levados com Ele dois outros homens, ambos criminosos, a fim de serem executados.

 A crucificação (Mt 27.33-44; Mc 15.22-32; Jo 19.17-27)

33 Quando chegaram a um lugar conhecido como Caveira, ali o crucificaram com os criminosos, um à direita eo outro à sua esquerda.11 34 Apesar de tudo, Jesus dizia: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que estão fazendo!”. A seguir, dividiramentre si as vestes de Jesus, tirando sortes.12  35 Uma grande multidão estava presente e a tudo observava, enquanto as autoridades o ridicularizavam,exclamando: “Salvou os outros! Pois agora salve-se a si mesmo, se é de fato o Cristo de Deus, o Escolhido!”.36 Da mesma forma os soldados se aproximaram e também dele zombavam. Oferecendo a Ele vinagre.37 E o provocavam: “Se tu és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo!”.38 Também havia sido afixada uma inscrição acima dele, onde se lia: ESTE É O REI DOS JUDEUS.13 

39 Um dos criminosos que ali estavam crucificados esbravejava insultos contra Ele: “Não és tu o Messias?Salva-te a ti mesmo e a nós também!”.40 Mas o outro criminoso o repreendeu, afirmando: “Nem ao menos temes a Deus, estando sob a mesmasentença?41 Nós, na verdade, estamos sendo executados com justiça, pois que recebemos a pena que nossos atosmerecem. Porém, este homem não cometeu mal algum!”.42 Então, dirigindo-se a Jesus, rogou-lhe: “Jesus! Lembra-te de mim quando entrardes no teu Reino”.43 E Jesus lhe assegurou: “Com toda a certeza te garanto: Hoje mesmo estarás comigo no paraíso!”. 14  

 Jesus entrega sua vida na cruz (Mt 27.45-56; Mc 15.33-41; Jo 19.28-30) 44 E já era cerca de meio-dia, quando as trevas cobriram toda a terra até as três horas da tarde;15  45 o sol perdera seu brilho. E o véu do santuário rasgou-se ao meio.16  46 Então, Jesus bradou com voz forte: “Pai! Em tuas mãos entrego o meu espírito”. E havendo dito isto,expirou.47 O centurião, constatando o que tinha acontecido, glorificou a Deus, exclamando: “Verdadeiramente, estehomem era justo!”.17 

48  E todas as multidões que haviam afluído, a fim de presenciar aquele acontecimento, ao verem isso,retiraram-se aos prantos, batendo nos peitos.18 

49 No entanto, todos aqueles que o conheciam, inclusive as mulheres que o haviam seguido desde a Galiléiapermaneceram, ainda que à certa distância, observando atentamente todos esses fatos.19 

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O sepultamento de Jesus Cristo (Mt 27.57-61) 50 E eis que havia certo homem, chamado José, natural de Arimatéia, uma cidade da Judéia, e membro do

Sinédrio, que era bom e justo.51 Ele não havia concordado com o veredicto, tampouco com o proceder dos outros, e aguardava o Reino deDeus.20  52 Foi à presença de Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus.53 Então, tirando-o da cruz, o envolveu em um lençol de linho, e o depositou num túmulo cavado na rocha, noqual ainda ninguém havia sido sepultado.54 Era o Dia da Preparação, e estava para começar o sábado.21 55 As mulheres que vinham seguindo a Jesus desde a Galiléia, acompanharam José, e contemplando o túmulo,viram como o corpo de Jesus fora colocado naquele local.22  56 Em seguida, foram para casa e prepararam perfumes e bálsamos. E no sábado, descansaram, em obediênciaao mandamento.23 

Cap. 24 - Jesus Cristo ressuscitou! (Mt 28.1-10; Mc 16.1-8; Jo 20.1-9) 1 No primeiro dia da semana, logo ao raiar da aurora, as mulheres levaram ao sepulcro as especiariasaromáticas que haviam preparado.1 2 E encontraram removida a pedra do sepulcro;3 todavia, quando entraram, não mais acharam o corpo do Senhor Jesus.2  4 Ficaram pasmas, sem saber o que fazer. De repente, dois homens com roupas que reluziam como a luz do solse colocaram ao lado delas.3  5 Atemorizadas, as mulheres inclinaram o rosto para o chão e nesse momento os homens lhes questionaram:“Por que procurais entre os mortos Aquele que vive?4 

6 Ele não está aqui. Ressuscitou! Lembrai-vos de como vos preveniu, enquanto ainda estava convosco naGaliléia:7 ‘É impreterível que o Filho do homem seja entregue nas mãos de pecadores, e seja crucificado, eressuscite no terceiro dia’”.8 Então, se lembraram das palavras de Jesus.9 E, ao voltarem do sepulcro, elas compartilharam tudo o que lhes acontecera aos Onze e a todos os outros.5  10 As mulheres que relataram todos esses fatos aos apóstolos foram Maria Madalena, Joana e Maria, mãe deTiago, bem como as demais que com elas estavam.6  11 Entretanto, eles não acreditaram nelas, as palavras daquelas mulheres lhes pareciam um delírio.7  12 Contudo, Pedro levantou-se e saiu correndo até o sepulcro. Ao chegar, abaixando-se, viu as faixas de linhoe mais nada; então afastou-se e voltou perplexo com o que acontecera.8  

 Jesus surge no caminho de Emaús (Mc 16.12-13)

13 E, naquele mesmo dia, dois deles estavam caminhando em direção a um povoado chamado Emaús, queficava a cerca de onze quilômetros de Jerusalém.9  14 E iam dialogando sobre todos os fatos recentemente ocorridos.15 Enquanto trocavam idéias e discutiam, o próprio Jesus se aproximou de ambos e começou a caminhar comeles;16 entretanto, os olhos deles foram impedidos de reconhecê-lo.17 Então, Ele lhes questionou: “O que vos preocupa e sobre o que ides discutindo durante vossa jornada?”. Eeles pararam entristecidos.18 No entanto, um deles, chamado Cléopas, replicou-lhe: “És o único, porventura, que tendo estado emJerusalém, ignoras os acontecimentos destes últimos dias?”.19 Ao que Ele lhes indagou: “Quais?” E eles começaram a lhe explanar: “Ora, o que ocorreu a Jesus, oNazareno, que era varão profeta, poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo,10  20 e como os chefes dos sacerdotes e as nossas autoridades o entregaram para ser condenado à pena de morte, e ocrucificaram;21 e nós acreditávamos que fosse Ele quem havia de trazer a total redenção a Israel. Mas, hoje já é o terceirodia desde que tudo isso aconteceu.

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22 É verdade também que algumas mulheres, seguidoras conosco, nos assustaram. Porquanto foram demadrugada ao sepulcro,23 mas não encontraram o corpo de Jesus. Contudo, voltaram e nos relataram que tiveram uma visão de anjos,que lhes asseguraram que Ele vive!24 De fato, alguns outros seguidores entre nós foram ao sepulcro e encontraram tudo exatamente como asmulheres haviam informado; porém não viram a Ele”.11 25 Então, lhes admoestou Jesus: “Ó tolos de entendimento e lentos de coração para crer em tudo quanto osprofetas já declararam a vós!26 Ora, não era imprescindível que o Cristo padecesse para que entrasse na sua glória?”.12  27 Então, iniciando por Moisés e discorrendo sobre todos os profetas, explanou-lhes o que a seu respeitoconstava em todas as Escrituras.28 Ao se aproximarem do povoado para o qual se dirigiam, Jesus fez como quem ia continuar a caminhada,seguindo mais à frente.29 Porém eles muito insistiram, rogando-lhe: “Fica conosco, pois é tarde, e o dia já está chegando ao fim!”.Então, Ele entrou para ficar com eles.13 

30 E aconteceu que, quando estavam reclinados ao redor da mesa, tomando Ele o pão, deu graças, partiu-o e odeu a eles;14 

31 neste mesmo instante, se lhes abriram os olhos, e o reconheceram; Ele, contudo, desapareceu diante dosolhos deles.32 E questionaram-se entre si: “Porventura não nos queimava o coração, quando Ele, durante a nossa jornada,nos falava, quando nos explicava as Escrituras?”.15  33 E, na mesma hora, levantando-se, retornaram para Jerusalém, onde encontraram reunidos os Onze e outrosseguidores com eles,34 os quais anunciavam: “É verdade! O Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!”.16 

35 Então os dois comunicaram o que havia ocorrido no caminho e como Jesus fora reconhecido por elesenquanto partia o pão.

 Jesus aparece aos discípulos (Jo 20.19-23) 36 E aconteceu que, estando ainda conversando sobre esses fatos, o próprio Jesus apareceu entre eles e lhessaudou: “Paz seja convosco!”.37 Eles ficaram atônitos e aterrorizados, pensando que estivessem vendo um espírito.38 Todavia, Ele lhes exortou: “Por que estais apavorados? E por qual motivo sobem dúvidas ao vosso coração?39 Observai as minhas mãos e meus pés e vede que Eu Sou o mesmo! Tocai-me e comprovai o que vos afirmo.Por que um espírito não tem carne nem ossos, como percebeis que Eu tenho.17 

40 E havendo dito isto, passou a mostrar-lhes as mãos e os pés.41 E tão repletos de alegria e surpresa estavam, que não conseguiam acreditar no que viam. Por isso, Jesus lhespediu: “Tendes aqui algo para comer?”.42 E eles lhe ofereceram um pedaço de peixe assado.43 E pegando aquele pedaço de peixe o comeu na presença de todos.

 Jesus esclarece as Escrituras 44 Em seguida, Jesus lhes explicou: “São estas as palavras que Eu vos ensinei quando ainda estava entre vós:Era necessário que se cumprisse tudo o que a meu respeito está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nosSalmos!”.18  45 Então, se lhes abriu o entendimento para que pudessem compreender as Escrituras.46 E lhes afirmou: “Está escrito que o Cristo haveria de padecer e ressuscitar dos mortos no terceiro dia,19  47 e que em Seu Nome seria pregado o arrependimento para o perdão dos pecados a todas as nações,começando por Jerusalém.48 E vós sois testemunhas destes fatos.49 Eis que Eu sobre vós envio a promessa de meu Pai; contudo, permanecei na cidade, até que sejais revestidosdo poder do alto!”.20  

 Jesus é elevado ao céu (Mc 16.19-20) 50 Tendo-os levado até as proximidades de Betânia, Jesus ergueu as mãos e os abençoou.21 51 E, enquanto os abençoava, ia-se retirando da presença deles, sendo elevado ao céu.22  52 Então, eles o adoraram e voltaram para Jerusalém plenos de felicidade.23 

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21 Maria, usando uma forma de expressão profética, refere-se às maravilhas que a vinda do Cristo (o Messias) produziria (Tg 5.1-6). Deus supre os “famintos” debênçãos espirituais e bens materiais (de pão e justiça – Ef 1.3 com 1Sm 2.5), especialmente quando eles aprendem o que é “temer ao Senhor” (viver em harmonia erespeito à vontade revelada de Deus na sua Palavra).

22  A expressão “seu servo”, em grego transliterado é paidos , e significa: “servo filho”. “Filhos de Deus” é uma expressão que, em grego, se refere a outras duaspalavras: tekna ou huioi . Além do servo Israel, também Davi e Cristo são como “servos” de Deus (v.69; conforme At 3.13,26; 4.25,27,30). Israel, como o Servo de Yahweh

(Jeová), tendo cumprido sua missão, cede seu lugar ao Messias (Jesus Cristo) nas maravilhosas profecias sobre o “Meu Servo” (Is 41.8,9; 42.1; 44.1,2,21; 45.4). Ocântico termina garantindo que Deus será fiel às promessas que fez a Seu povo (Gn 22.16-18).23 Maria ficou com Isabel, sua parenta e amiga querida, até o nascimento de João Batista, quando retornou para casa, em Nazaré.24 Na antigüidade judaica era usado um pedacinho de madeira coberto com cera e um buril (um pequeno instrumento de metal usado para gravar textos e imagens em

madeira), como uma espécie de livro de anotações. A importância dos nomes atribuídos às pessoas é algo notável em toda a Bíblia. No início da Nova Dispensação,temos Zacarias – “Deus se recorda de Sua aliança” (v.54); Isabel – “Deus é fiel”; João – “Deus é bom e misericordioso” (Mt 3.1); Maria – “aquela que guarda em seucoração”, e o próprio Jesus – “Deus é o Salvador” (v.31; Mt 1.21).

25  A exemplo de Maria, com seu salmo, Zacarias também expressa sua alegria espiritual e louvor (agora com a voz livre do sinal punitivo do anjo, devido aocumprimento da promessa), por meio de um hino profético. Esse cântico ficou conhecido pela Igreja como Benedictus , que em latim significa “Bendito” ou “Louvado seja”,pois se trata da palavra que inicia este hino na Vulgata latina.

26  A salvação de Deus para Israel não se limitará à redenção nacional (v.71), mas, principalmente, à salvação espiritual (vs.75,77). A expressão hebraica, aquiinterpretada por “poderosa” se traduz literalmente por “chifre de boi”, numa alusão à força e ao poder ( conforme Dt 33.17; Sl 18.1-3; 22.21; 92.10,11; 132.17,18; Mq 4.13).Jesus – o Messias da Casa de Davi – tem poder para salvar e libertar seu povo de todo tipo de opressão e escravidão.

27  João foi chamado profeta do Altíssimo, enquanto Jesus foi reconhecido como Filho do Altíssimo (v.32). O principal ministério de João foi testificar de Cristo (Jo1.7,29,32-36). O maior ministério do cristão é também ser testemunha de Jesus Cristo (At 1.8). João recebeu a missão de preparar os caminhos do Senhor para suaprimeira vinda, enquanto nós devemos apressar o glorioso retorno de Cristo por meio do nosso testemunho e da evangelização de t odos os povos (2Pe 3.11,12).

28 Assim como o sol nascente desvanece as trevas, Cristo aniquilou o poder e a culpa do pecado. Veja figuras de linguagem semelhantes em: Nm 24.17; Is 9.2; 60.1.Ele conquistou o império que estava nas mãos de Satanás e destruiu o poder da morte (Rm 5.12-21). O sacerdote Zacarias, não apenas exaltou seu filho, o profeta João,mas louvou o Messias Jesus que chegaria em breve (vs.78,79).

29 Os que vivem nas trevas são os que estão perdidos, a caminho da morte (separação de Deus) eterna (Is 9.1,2; Mt 4.16). A humanidade busca desesperadamentepor paz, entretanto o que se vê é o aumento constante da violência e da brutalidade entre pessoas e nações. O vocábulo “paz” no original grego (transliterado: irene ),significa: “estado de descanso, tranqüilidade e segurança, devido a um harmonioso relacionamento entre Deus e a pessoa humana”. Jesus Cristo é o Príncipe da Paz etodos os seus discípulos já podem desfrutar dessa Paz que será completa e mundial, quando o Senhor estabelecer seu Reino de forma plena e definitiva na terrarenovada (Ap 21.1).

30 Zacarias e Isabel, já idosos quando João nasceu; morreram quando ele era ainda muito jovem. Segundo historiadores e arqueólogos, João teria sido levado para odeserto da Judéia, onde viveu cerca de trinta anos e muito aprendeu com os essênios da região de Qunram. A semelhança de terminologia da sua pregação com oschamados Rolos do Mar Morto é notável. João Batista começou seu ministério público com cerca de trinta anos, idade em que os profetas tinham, em geral, suamaioridade e maturidade espiritual reconhecidas pelos conselhos de rabinos.

Capítulo 2  1 Lucas procura sempre relacionar sua narrativa aos grandes fatos históricos de seu tempo. César Augusto (30 a.C. a 14 d.C) foi o primeiro e o maior dos imperadores

romanos. Estabeleceu a chamada “Pax Romana”, trocou o sistema republicano por uma forma imperial de governo, conquistou todo o mundo civil izado do Mediterrâneo eestabeleceu a idade áurea das artes, arquitetura e literatura romanas. No ano 27 a.C. o senado romano lhe concedeu o título de “augusto”, que em latim significa:“exaltado” ou “digno de toda a reverência”. Embora os judeus estivessem isentos do serviço militar romano, e por isso não eram obrigados a atender às convocaçõesmilitares, não estavam livres de pagar os impostos, e esse recenseamento ou cadastramento visava exatamente alistar todos os cidadãos e moradores sob o domínioromano, especialmente para recolhimento de impostos. Deus usou o decreto de um imperador pagão para cumprir a profecia de Mq 5.2.

2 Quirino foi um oficial romano que coincidentemente trabalhou neste censo e em um segundo alistamento geral que ocorreu de 6 a 9 d.C., registrado por Lucas em At5.37, no qual Judas se levantou contra o governo romano da época, alegando que Deus era o único e legítimo Rei de Israel, sendo, portanto, ilícito (um pecado) pagarimpostos a qualquer outra autoridade.

3 Belém é a mesma cidade onde nasceu o rei Davi cerca de 1000 anos antes destes eventos (1Sm 17.12; 20.6) e se localizava a uma distância aproximada de 10 kmao sul de Jerusalém. Naquela época, uma viagem de pelo menos três dias até Nazaré. “Judéia”, era a maneira greco-romana de chamar a parte sul da Palestina, nopassado abrangida pelo reino de Judá.

4 Na Síria, província romana na qual se localizava a Palestina, as mulheres acima de 12 anos deviam pagar um imposto i ndividual ao governo, e para isso tinham de sercadastradas (recenseadas). Maria também pertencia à casa de Davi.

5  No ocidente e por motivos não históricos nos acostumamos a celebrar o natal (nascimento de Jesus Cristo) em dezembro. Entretanto, segundo muitos historiadores earqueólogos de prestígio, a data mais provável deve ter sido na primavera palestina (entre maio e junho). Era costume entre as mães judias envolver os filhos recém-nascidos com tiras de tecido para que ficassem bem agasalhados e protegidos. A cidade estava lotada com pessoas de todas as partes vindas para ser arroladas nocenso. Maria sentia as dores de parto e a única solução foi se acomodarem em um estábulo. Ao nascer, Jesus foi posto em uma manjedoura, uma espécie de cocho ondese colocava o alimento dos animais.

6  Os líderes religiosos e o povo judeu estavam divididos em suas expectativas quanto à obra do Messias prometido. Uns esperavam que ele fosse um grande lídermilitar e os livrasse do domínio romano. Outros desejavam cura para as enfermidades e os muitos sofrimentos físicos. E, outros ainda, ambicionavam um Messias que oslivrasse da fome e da pobreza. Contudo, a missão prioritária do Cristo, anunciada pelos anjos, é que Ele viria resgatar a humanidade, pagando o preço pelo pecado: amorte (Mt 1.21; Jo 4.42). A pessoa e a obra de Cristo neste mundo significam: maior glorificação de Deus Pai nos céus (17.4,5) e paz divina eterna para todos oshabitantes da terra que receberem seu Espírito com amor e sinceridade (v.14; Rm 5.1,2). A expressão hebraica: “Senhor”, até a vinda de Cristo, era usada exclusivamentepara se referir a Deus (At 2.36; Fp 2.11).

7 Um grande coral de anjos entoou um cântico de louvor a Deus. As primeiras palavras deste pequeno hino, registrado em latim na Vulgata, são: Gloria in exelsis Deo!  Os anjos exaltam a majestade de Deus em todo o universo, nos céus, onde Deus habita (Mt 6.9). O mundo da época vivia sob a Pax romana , uma paz exterior etemporária, imposta por um imperador humano. Os anjos anunciam a “Paz de Deus”, eterna e absoluta, garantida a todos quantos se agradam (recebem com gratidão,sinceridade e lealdade) a graça de Deus (Lucas usa a palavra “agrado” em vários momentos 3.22; 10.21; 12.32). A “Paz de Deus” só pode ser recebida por quem crer queEle é o Único doador e Salvador. Em resumo: é um ato de fé (Rm 5.1). O Messias davídico era chamado de “Príncipe da Paz” (Is 9.6). De outro lado, embora Cristo tenhaprometido essa Paz aos seus discípulos (Jo 14.27), Ele deixou bem claro que haveria lutas, aflições e tensões (Mt 10.34-36; Lc 12.49; Jo 16.33), pois manter a paz comDeus significa viver em oposição diária a Satanás e seus ardis (Tg 4.4).

8 Jesus, o Filho de Deus, relacionou-se de perto com a Lei e a Velha Aliança. Nasceu, cresceu e foi educado sob a Lei para resgatar todos os que estavam sob a Lei esuas conseqüências. Obedeceu a Lei e foi além, para nos ensinar a viver sob o espírito da lei; ou seja, livres da formalidade da letra, mas conduzidos pelo Espírito deDeus, nosso Advogado e Orientador quanto ao que devemos fazer para agradar ao Pai Celestial (Jo 14.25-27; Gl 4.4-5). Lucas usa muitas vezes a expressão “louvandoao Senhor” (1.64; 2.13,28; 5.25,26; 7.16; 13.13; 17.15,18; 18.43; 19.37; 23.47; 24.53).

9 Depois de dar à luz a um filho, a mãe judia, precisava aguardar 40 dias (resguardo), para dirigir-se ao templo e oferecer os sacrifícios chamados de “purificação”. Sefosse pobre e não pudesse comprar um cordeiro e uma rolinha (espécie de pombo pequeno), como ocorreu com José e Maria, eram aceitáveis dois pombinhos (Lv 12.2-8;5.11).

10 Belém distava de Jerusalém cerca de 10 km. Todos os primogênitos dos seres humanos e dos animais deviam, pela Lei, serem consagrados (dedicados) ao Senhor(Êx 13.12-13). Os animais eram sacrificados, pois somente o sangue e a morte dos inocentes podia pagar o preço dos pecados humanos. Cristo tomou sobre si estapenalidade (Is 53.6; 2Co 5.21) e se deu em sacrifício único, suficiente e perpétuo. Os primogênitos humanos eram simbolicamente oferecidos aos cuidados do Senhor(Rm 8.29), e seus pais se obrigavam a educá-los para adorar e servir a Deus. Os filhos deviam seguir a fé dos pais durante toda a vida, mas eram os levitas quem, de

fato, dedicavam suas vidas inteiras ao serviço religioso diário, como ministros, representando a adoração de todos os primogênitos masculinos de Israel (Nm 3.11-13;8.17,18).

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11 A consolação que os judeus piedosos (fiéis e adoradores sinceros de Deus) aguardavam era a vinda do Messias (Cristo, em grego) e a implantação de um Reino de justiça, paz e felicidade (vs. 26,38; 23.51; 24.21; Is 40.1,2; Mt 5.4). O Espírito Santo, antes do evento de Pentecostes, vinha “sobre” as pessoas e as agraciava com suapresença por algum tempo. Após a ascensão de Cristo, o Espírito vem “habitar”, ou, como no sentido original do AT, “tabernacular” permanentemente na vida do crente(Jo 14.16-18). Lucas dá grande atenção em seus textos à pessoa e ao tríplice ministério do Espírito Santo: Primeiro como condutor da graça preveniente e sensibilizadoraque leva o ser humano a buscar a Deus (Jo 16.8), em seguida, revelando a Cristo e iniciando a obra salvadora do Senhor ( Jo 3.5; Rm 8.9), e santificando a vida do crente

e o preparando para herdar a vida eterna com Cristo (Rm 8.14).12 Todo aquele que tem uma fé viva e verdadeira na pessoa e na obra de Cristo pode, com toda a certeza e tranqüilidade, morrer em plena paz (1Jo 1.1 em relação aGn 15.15). Simeão declama um salmo que se tornaria um hino da Igreja conhecido como: Nunc dimittis , que são as primeiras palavras deste cântico em latim, comoaparece na Vulgata, e significam: “Agora despede”. Lucas, não sendo judeu, teve o cuidado de ressaltar a verdade de que a Salvação é uma graça disponível também a osgentios e não apenas aos judeus (v.32; Mt 24.14; Mc 13.10; Ap 7.9).

13  Cristo veio para reabilitar o caído, consolar os que sofrem e restaurar os que se consideram perdidos. Aos que não se acham necessitados, Cristo veio para,literalmente, “derrubar a casa” (em grego, ptõsis ), pois Jesus é pedra de tropeço para os incrédulos (20.17-18; 1Co 1.23; 1Pe 2.6-8). Jesus causa divisão entre o queprefere viver nas trevas e aqueles que atendem ao apelo do seu amor (Jo 3.19), e entre o criminoso arrependido e o blasfemo (Lc 23.39-43). Lucas, pela primeira vez, falasobre os sofrimentos e o martírio de Cristo, salientando que sua mãe sofreria tanto quanto Ele, como se uma espada varasse seu coração. No entanto não se tem notíciade que Maria tivesse ficado amargurada, ressentida com Deus ou amaldiçoasse seu destino.

14 A Bíblia apresenta outras profetizas: Miriã (Êx 15.20), Débora (Jz 4.4), Hulda (2 Rs 22.14) e as filhas de Filipe (At 21.9). Curiosamente, essa Ana do NT louvou aDeus pelo menino Jesus, assim como, a Ana do AT exaltou ao Senhor pelo menino Samuel. Ambas foram divinamente inspiradas para revelar a Palavra de Deus. Onome “Ana” significa em hebraico antigo: “misericordiosa” (1Sm 2.1-10).

15 Jerusalém é a cidade santa do povo escolhido de Deus (Is 40.2; 52.9). Neste texto representa a nação de Israel como um todo.16  Lucas não menciona a vinda dos magos (astrônomos), o perigo da parte de Herodes, nem ainda a fuga para o Egito e a viagem de retorno de lá (Mt 2.1-23).17 José e Maria tinham o zelo de cumprir tudo quanto a Lei requeria, e assim educavam o menino Jesus. Aos doze anos, a tradição judaica considerava o jovem menino

como “filho da lei”, e seu dever era aprender os preceitos mais amplos da Lei, para no ano seguinte começar a cumprir as exigências cerimoniais relacionadas às festas, jejuns, orações e estudos teológicos. Jesus estava certo de que seus pais sabiam da necessidade que ele tinha – no ano em que completava doze anos – de dedicar-se aesse aprendizado e aprofundamento na cultura judaica junto aos rabinos e mestres da Lei do seu tempo.

18  Na época de Jesus as aulas eram gravadas na memória e no coração dos alunos, não havia as facilidades modernas dos muitos livros, cadernos ecomputadores. As respostas orais dos alunos às seguidas perguntas dos mestres demonstravam o quanto do ensino havia sido retido e compreendido. Jesusassombrou até os doutores de seu tempo com seu saber e carisma pessoal. 

19 Jesus tentou gentilmente lembrar seus pais terrenos sobre seu compromisso de obediência ainda maior a Seu Pai celeste, e por isso contrapôs a expressão: “teupai”, usada por Maria, com a frase: “meu Pai”. Ao doze anos Jesus já tinha grande compreensão sobre quem Ele era e qual sua missão na terra. Sua mãe, entretanto,procurou compreender o que havia se passado ponderando tudo silenciosamente em seu coração, e assim agiria durante toda a vida de seu filho na terra. Lucas fazquestão de frisar que Jesus foi obediente aos seus pais e os seguiu para casa. Na época em que Lucas estava escrevendo seu Evangelho (entre 60 e 70 d.C.), muitaslendas sobre a adolescência e a primeira juventude de Jesus circulavam por todo o império romano. Uma delas dizia que Jesus passou por uma fase de rebeldia contraseus pais, bem como transformava pequenas peças de barro em pássaros apenas para demonstrar seu poder. O problema, como sempre, é que muitos acreditaram maisna ficção do que na realidade.

20  Lucas afirma a perfeita e completa humanidade pela qual Deus passou ao encarnar-se em Jesus de Nazaré, seu Filho. Como qualquer pessoa, Cristo passou pelasdiversas fases do desenvolvimento humano, porém sempre de forma brilhante, perfeito e sem pecado. José, o pai terreno de Jesus, morreu quando Ele era ainda muito

  jovem, deixando para Ele toda a responsabilidade de cuidar de Maria, sua mãe, e dos demais irmãos. E Jesus ajudou a sustentar sua família por muito tempo,trabalhando como carpinteiro e pedreiro (Mc 6.3).

Capítulo 3  1 Tibério passou a ter autoridade sobre as províncias romanas por volta de 11 d.C, e Pilatos exerceu a suprema autoridade de Roma na Judéia, entre os anos de 26 e

36 d.C, enquanto Herodes Antipas (filho de Herodes, o Grande) a exerceu na Galiléia e Peréia, de 4 a.C. até 39 d.C. O “décimo quinto ano”, citado por Lucas, refere-se aoano 25 ou 26 d.C.

2 Embora Roma tivesse substituído o sumo sacerdote Anás, sucedido por seu filho Eleazar no ano 15 d.C., os judeus continuavam a reconhecer sua autoridade (Jo 18.13;At 4.6), e por isso Lucas incluiu o nome dele junto com Caifás, a quem os romanos tinham nomeado. Depois de 400 anos sem um profeta oficial, o Senhor convoca (chama)João para ser Sua voz e anunciar a vinda do Messias. João foi o último dos profetas da Antiga Aliança, por isso seu estilo característico, um tanto diferente dos profetas doNT. O chamado de Deus veio a João da mesma maneira como vinha aos profetas do AT (Jr 1.2; Ez 1.3; Os 1.1; Jl 1.1). A palavra “deserto” nos originais, nem sempre serefere a uma região seca e arenosa, mas principalmente a um lugar desolado e desabitado.

3  João foi chamado por Deus para pregar arrependimento ao povo. Somente um coração contrito e quebrantado é caminho pavimentado para a vinda de Jesus e ahabitação do Espírito Santo. O batismo de João era um ato simbóli co, no qual as pessoas demonstravam publicamente sua compreensão e tristeza pelos erros e pecadoscometidos, e a sincera disposição de buscar uma vida em plena harmonia com a vontade de Deus. A morte do homem interior é a única maneira de revelar o caráter deDeus: a Imago Dei (Imagem de Deus). Quanto mais parecidos com Deus, mais verdadeiramente humanos nos tornamos. A remissão total dos pecados viria na Salvaçãode Deus: Jesus Cristo (v.6), que seria oferecida a todas as pessoas da terra e, por fim, virá a eterna condenação dos rebeldes (v.7). Somente Jesus Cristo tem o poder deperdoar todos os nossos pecados e cancelar (pagando por nós), a pena de condenação já decretada contra nós (Rm 8.1).

4 Deus mandou que João quebrasse a arrogância daqueles que imaginavam a salvação apenas como uma promessa hereditária e mais nada. João lhes fala da únicamaneira capaz de os fazer acordar para a realidade. Advertindo-os severamente para o fato de que estavam sendo enganados pela “mãe das víboras”: o Diabo. Eram,portanto, uma geração de serpentes venenosas (Jo 8.44). Os verdadeiros filhos de Abraão são aqueles que amam a Deus e aos seus semelhantes (Rm 8.14). A ira deDeus manifestou-se no ano 70 d.C. quando toda Jerusalém foi destruída (21.20-23); e o será de maneira global, por ocasião do Juízo final (Jo 3.36). Os arrogantes, osímpios e todos aqueles que vivem longe de um arrependimento genuíno, e de uma vida cristã sincera, estão diariamente sujeitos ao Juízo de Deus (v.9; Mt 7.19; 13.40-42).

5 Os frutos que surgem em função de um verdadeiro arrependimento diante de Deus são: O reconhecimento da responsabilidade pessoal e social. A disposição paraevitar o mal. A prática espontânea de boas obras. A partilha amorosa e voluntária dos bens pessoais com aqueles que mais necessitam. Um caráter honesto e justo emtodos os relacionamentos e assuntos. Uma atitude paciente em todas as situações. A prática da verdade. Um espírito alegre e otimista mesmo em meio às grandesdificuldades da vida, compreendendo que a esperança não vem das pessoas, nem das coisas, mas de Deus, nosso Pai (1Tm 6.6). João usa um trocadilho em hebraico,facilmente compreendido naquela época por seus conterrâneos. A palavra aramaica transliterada: “filhos” banim , muito se assemelha à palavra “pedras” abanim ,significando que Deus pode dar aos que carecem de dignidade humana, a mais alta posição com Seu Filho.

6  Os publicanos eram agentes judeus contratados pelo império romano para receberem os impostos cobrados pelo governo. Eram detestados pelo povo judeu porvárias razões, entre as quais por colaborarem com o conquistador romano pagão e, por mui tas vezes fraudarem e oprimirem seus próprios irmãos (Lc 19.2,8). Entretanto,os publicanos que se arrependiam, passavam a ter um comportamento honesto e justo.

7 Os publicanos contavam com a cooperação de uma escolta romana para realizar o trabalho de coletar impostos. Era comum os publicanos se juntarem aos soldadose armarem situações para defraudarem os judeus que deviam impostos ao governo. A orientação clara de João é que, uma vez arrependido e comprometido com o Reino,o comportamento deve ser digno e ético. Uma autoridade que teme a Deus jamais deveria usar seu cargo ou posição para intimidar com o propósito de extorquir, ouacusar (denunciar) com objetivos escusos.

8  João tinha o ministério do arauto. Na cultura oriental da época, um proclamador adiantava-se à caravana do monarca com o objetivo de anunciar a chegada de tãoimportante personalidade, a fim de que o povo se preparasse adequadamente para recebê-lo. Normalmente as pessoas se vestiam com roupas de gala, arrumavam suascasas e decoravam a cidade de forma festiva. Em termos espirituais, o arrependimento era a grande preparação para a vinda do Messias (o Cristo) e a inauguração deum novo tempo, no qual Jesus concederia o Seu Espírito aos que nele cressem (Jo 3.3,5), o que veio a ocorrer a partir do Pentecostes (At 1.5; 2.4,38). A expressão“fogo”, nos originais, está ligada ao Juízo (v.17; 12.49-53), ao Pentecostes (At 2.3) e às provações (1Co 3.13).

9 A palha representa os infiéis e impenitentes (Rt 1.22), e o trigo, os justos e fiéis. Deus, em relação às pessoas, sempre faz separação entre os que humildementedesejam Sua Graça e os arrogantes e rebeldes, que preferem uma vida de pecado, e, conseqüentemente, seu salário. O vocábulo grego transliterado: “asbest õ”, significauma qualidade do fogo que, devido à sua fúria e poder de combustão, não pode ser apagado. Muitos judeus imaginavam que na vinda do Messias somente os pagãos

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seriam julgados e condenados ao fogo eterno. Entretanto, João deixa bem claro que o Juízo vem para todos quantos não se arrependem, inclusive os judeus denascimento.

10 Esse foi Herodes Antipas, filho de Herodes, o Grande, que mandou matar todas as crianças judias de Belém. Conforme os escritos de Josefo, historiador judeu, Joãofoi encarcerado em Maquero, a leste do mar Morto (Jo 3.22-24). Lucas antecipa a narração deste fato para encerrar a seção sobre o ministério de João e iniciar suadescrição do ministério de Jesus (Mt 4.12; Mc 1.14), mais tarde faz breve menção à morte de João (9.7-9).

11

Lucas chama atenção para o fato de que Jesus estava em oração por ocasião do seu batismo, assim como o faz em muitos momentos (5.16; 6.12; 9.18-29; 11.1;22.32,41; 23.34,46), oferecendo aos seus discípulos um grande exemplo e demonstrando sua total humanidade e dependência do Pai (Hb 4.15; 5.7). O Espírito assumiuuma forma corpórea (uma espécie de pombo), para que os presentes pudessem reconhecer a Jesus como o Messias (Is 11.2,3; 42.1; Sl 2.7; Hb 1.5) e para sinalizar oinício de um tempo em que seus discípulos poderiam viver plenos do Espírito do Pai (4.1,14). Este evento demonstra que a Trindade está presente no batismo e na vidado cristão sincero (Mt 28.19).

12  Lucas segue a linhagem de Maria, mãe natural de Jesus, e seu parentesco consangüíneo; enquanto Mateus destaca a ascendência de José (o pai jurídico deJesus). Tanto José, quanto Maria, pertenciam à Casa de Davi. Mateus preocupa-se em demonstrar o parentesco de Jesus com Abraão, enquanto Lucas ressalta aimportância de Maria na genealogia de Jesus e sua solidariedade com toda a humanidade em Adão. Não era nada comum descrever uma árvore genealógica pelo ladomaterno. Todavia, Lucas se propusera a fazer uma narrativa o mais lógica e ordenada possível dos acontecimentos. Como já havia sido muito franco e direto ao expli car ageração virginal de Jesus (1.34,35), fato ainda mais inusitado, não podia omitir a maneira como a paternidade de Jesus ocorrera: de um lado, José, “como se dizia” ou“como se imaginava” (v.23; 4.22), ou seja, o pai juridicamente responsável por Jesus; e o Espírito de Deus que o gerou. Aos trinta anos de idade Jesus inicia seuministério, assim como era costume entre os levitas (Nm 4.47), quando um servo judeu era considerado maduro para os variados serviços religiosos. Jesus cumpriu todaa Lei, e foi além.

Capítulo 4  1 Lucas é inspirado por Deus (aqui e no livro de Atos) para dar especial destaque à ação da terceira pessoa da Trindade – o Espírito Santo – no mover do coração do

Senhor e de seus discípulos para fazerem a vontade do Pai (1.35; 41.7; 2.25-27; 3.16,22; 4.14,18; 10.21; 11.13; 12.10,12). Durante toda a sua vida na terra, Jesussuportou fortes e complexas tentações, em algumas delas a Bíblia não nos r evela os detalhes. Todavia, esse embate mereceu especial destaque, pois esteve em questãotodo o futuro dos seres humanos. Os ataques do Diabo foram contra o Messias (o Ungido de Deus, Seu Filho), o cabeça da Nova Humanidade (Cl 2.15). Jesus foi tentadode forma extremamente sutil, ardilosa e não menos poderosa. Contudo, venceu por nós. Em contraste com Adão (em hebraico: homem – Gn 2.20, enquanto Eva,significa: humanidade), que se tornou o cabeça da Velha Humanidade, pois não conseguiu obedecer ao Criador, embora vivendo em condições i deais; e caiu, cometendoo primeiro pecado da humanidade, com conseqüências mortais, o qual acompanhará o gene de cada indivíduo humano, de geração em geração, até o final dos tempos. OSegundo Adão (Jesus – o Novo Homem), venceu o Diabo em total fraqueza da carne. Adão havia inaugurado a humanidade com toda a autoridade e glória do mundo (Gn1.28-30), enquanto Jesus foi glorificado através do sofrimento, da humilhação e da morte (Rm 1.4; Fp 2.9-11). O primeiro Adão não aceitou cumprir a vontade de Deus efez prevalecer os seus próprios desejos, rebelando-se contra a única restrição imposta a ele por Deus. O Segundo Adão, o Filho de Deus, aceitou, de livre vontade,cumprir todos os desejos do Pai (Gl 4.4; Fp 2.6-8).

2 Após 40 dias em absoluto jejum, os originais hebraicos e gregos revelam que Jesus não apenas estava com “fome” (como consta em algumas versões), mas sim queele estava sôfrego de fome (esfomeado). O Diabo nem sempre é horrível e violento, pois pode travestir-se de luz e justiça. Sua estratégia foi induzir Jesus a abdicar desua condição humana, usar de seus poderes divinos, e deixar o caminho do sofrimento inevitável. O Diabo sempre fará as tentações parecerem irresistivelmenteatraentes. Entretanto, Jesus – o Novo Homem - apegou-se à Palavra de Deus e, citando a Torá (Lei), mais precisamente, passagens em Deuteronômio (8.3; 6.13-16),enfatiza que o pão e a fartura material nada valem sem a bênção de Deus. Jesus não diz que não podia fazer o que o Diabo lhe sugeria, mas sim que sua vontade maiorera agradar ao Pai.

3  Uma tentação aparentemente inteligente, considerando que Jesus veio para dominar sobre todos os reinos da terra. Depois deste lugar, Jesus foi conduzido ao cantosudeste da colunata do templo, o seu ponto mais alto (ou pináculo do templo), um declive de cerca de 30 metros para o vale do Cedrom. Todavia, o ardil de Satanásestava no fato de tentar fazer com que Jesus evitasse os sofrimentos do caminho da cruz, os quais veio especificamente suportar como única maneira, divinamente legal,de libertar a humanidade do estigma do pecado (Mc 10.45), herança do Velho Homem. Pecado esse que somente poderia ser pago (resgatado), com a morte (sacrifício)de um homem inocente (sem pecados). Uma vez que o Diabo não conseguiu iludir Jesus apelando para as suas necessidades físicas, tenta seduzi-lo com toda a glória epoder que este mundo pode oferecer e que estão (temporariamente) sob seu domínio, mas é novamente rechaçado (1Jo 5.19).

4 Satanás questiona a filiação de Jesus a Deus, cita as Escrituras corretamente (Sl 91.11-12), porém aplica o ensino de forma tendenciosa e errônea, como fizera emGn 3.1, e tenta fazer com que Jesus teste a fidelidade do seu Pai e chame a atenção do público sobre sua pessoa de forma espetacular. O príncipe do mal é afastadoquando Jesus reafirma sua total humanidade ao usar a Palavra para confirmar que não cabe ao homem testar a Deus; e sua total divindade ao chamar a atenção deSatanás para o fato de que ele não deveria estar provocando a Deus. Entretanto, o Diabo continuou tentando ao Senhor (o arrogante é surdo) durante todo o seuministério (Mc 8.33), até culminar com a prova maior, no Getsêmani (Jo 14.30; Lc 22.53).

5 Jesus foi para Nazaré cerca de um ano depois do início do seu ministério. Os acontecimentos narrados por João, de Jo 1.19 até 4.42, foram sintetizados por Lucas emLc 4.13-14. Jesus voltou para sua terra natal apenas duas vezes (Mt 13.53-58 e 6.1-6). Em ambos os casos se destaca a falta de fé daqueles que mais conviveram comEle, mas o conheciam apenas como um jovem e bom judeu do interior, que ajudava seu pai José a manter a família como carpinteiro e construtor (pedreiro). Os livros doAT eram escritos em rolos de couro, guardados em lugar especial e honroso na sinagoga (como ainda ocorre em nossos dias), e oferecidos, por um funcionário, aopregador do dia ou a um mestre visitante (no caso de Jesus naquele dia). Jesus leu o texto de Is 61.1,2 em hebraico e o pregou em aramaico, sua língua materna e deseus conterrâneos.

6 O texto do AT lido por Jesus descreve o ministério do Messias, na emancipação dos pobres, através da riqueza que há no Evangelho (em grego: Boas Novas, Ef 1.3);dos cativos, através da libertação da Graça abundante (Gl 5.1,13); dos deficientes visuais (em todos os sentidos), através do seu jugo, pois Ele toma para si o nosso fardo(Mt 11.28-30; 1Pe 5.7). Durante todo o Evangelho, Lucas demonstra que Jesus, o Cristo (o Messias) foi Ungido (escolhido, separado), não apenas por um ritual datradição judaica (Êx 30.22-31), mas pelo próprio Espírito de Deus. Sua missão foi proclamar um novo tempo da graça de Deus, no qual as pessoas de toda a terraalcançariam a salvação (vida eterna) ao receberem a Palavra de Jesus Cristo em seus corações com fé, amor e sinceridade (2Co 6.2). Jesus interrompe sua leitura antesde citar “o dia da vingança”, que ocorrerá com sua segunda vinda no futuro iminente. A expressão grega, transliterada por: dektos  (que significa: “aceitável”, “bem

recebido”), refere-se não a um ano civil de doze meses, mas a um período, a chamada Era Messiânica.7  Embora Jesus tenha nascido em Belém, foi criado e passou toda a adolescência em Nazaré, na Galiléia (1.26; 2.39,51; Mt 2.23).8 Sidom foi uma das mais antigas e importantes cidades da Fenícia, e localizava-se a cerca de 32 km ao norte de Tir o.9  Jesus descreve a si como um dos profetas de Deus, que também haviam sido rejeitados pelos seus próprios e amados concidadãos. Lucas faz ainda questão de

observar a referência feita por Jesus à graça dispensada por Deus a uma mulher e a um homem, ambos gentios, ou seja, que não eram judeus (1Rs 17.1-15; 2Rs 5.1-14).O que mais enfureceu os nazarenos, membros da sinagoga, foi o fato de Jesus dizer que, quando Israel rejeitou o mensageiro da redenção, especialmente mandado porDeus, este o enviou aos gentios, e que isso aconteceria uma vez mais, caso eles se recusassem a aceitar o ensino e a graça de Jesus (10.13-15; At 13.46 Rm 9 e 11).

10 Lucas nos deixa em suspense quanto aos detalhes dessa saída de Jesus das garras de seus oponentes. Os originais revelam que Jesus “saiu andando e seguiupara onde devia ir”. Algumas versões apenas traduzem por “...passando por eles, retirou-se.” De qualquer forma, a grande lição deste evento é que o tempo de Jesusainda não havia chegado, prova de que ele tinha plena consciência e controle do momento exato no qual ofereceria sua vida em prol da humanidade, ninguém seria capazde tirar a vida do Senhor, ele, espontaneamente, a daria.

11  Para os povos pagãos a expressão “demônio”, significava apenas “um ser sobrenatural”, que podia ser “bom” ou “mau”. Lucas, quis que os gentios ocompreendessem corretamente e deixa claro que esse era mesmo um espírito maligno. Esses demônios, ao se incorporarem a uma pessoa, podiam provocar distúrbiosmentais (Jo 10.20), atitudes violentas (Lc 8.26-29), doenças e enfermidades físicas diversas (13.11,16) e a própria rebelião contra Deus (Ap 16.14).

12 Ao contrário do que muitos teólogos pregam para defender especialmente a teoria do celibato, Pedro foi casado (1Co 9.5). Os três evangelhos sinóticos discorremsobre esse milagre, mas apenas Lucas, por ser médico, acrescenta expressões tipicamente técnicas, como: “com muita febre” ou “febre alta”.

13  Ao pôr-do-sol encerrava-se o Shabbãth (em hebraico: o sábado judaico), isso se dava por volta das 18h. Antes dessa hora, conforme a tradição dos anciãos, os judeus eram proibidos de viajar mais que um quilômetro de distância, ou sequer carregar um fardo. Somente a partir do entardecer do sábado as multidões podiam levar

seus enfermos a Jesus, o que faziam ansiosa e confiantemente em Cafarnaum, sendo por isso abençoadas por Jesus, com curas e outros milagres em profusão.Entretanto, a missão do Senhor deveria continuar e sua graça ser estendida aos limites da terra. Os originais deixam transparecer o coração compassivo de Jesus em suadespedida.

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14  Algumas versões, utilizando manuscritos historicamente mais recentes, e os relatos paralelos de Mt 4.23; Mc 1.39, informam que Jesus se dirigiu para a Galiléia.Entretanto, originais mais antigos, trazem “Judéia”, no sentido de toda a região da Palestina, que inclui a Galiléia (Jo 2.13 – 4.3), e por isso o Comitê de Tradução da BíbliaKing James optou por essa designação mais abrangente e fiel aos melhores originais.

Capítulo 5  1 

Lucas é o único dos evangelistas que se refere ao grande lago da Galiléia, que fica a 220m abaixo do nível do mar e mede 21 km de comprimento por 12 km delargura, chamando-o, de forma tecnicamente correta, de lago. Os demais escritores o chamam de “mar da Galiléia”, e João o denomina por duas vezes de “mar deTiberíades” (Jo 6.1; 21.1).

2  O barco de Pedro foi posicionado de forma estratégica de modo que Jesus pudesse ser visto e ouvido por toda a multidão. Além disso, era costume judaico que ummestre ao ensinar, deveria fazê-lo assentado, bem como seus ouvintes, para que a comunicação se desse da maneira mais confortável possível.

3 A palavra “Mestre”, em grego transliterado: epistata , só aparece em Lucas, e significa: “aquele que tem o direito de mandar”. Quando todos os indicativos apontavampara um novo insucesso: o melhor horário para a pesca era durante a noite e não em pleno dia; a experiência profissional de Pedro e de seus companheiros contra ainexperiência de Jesus no ramo, pois era um carpinteiro ligado às artes e letras; o fato de terem trabalhado arduamente durante toda aquela noite e terem apenas sujadoas redes, Pedro decide obedecer à Palavra de Jesus. Preparou e lançou sua rede com esperança.

4  Curiosamente a expressão grega transliterada: buthizesthai (que significa: afundar), usada por Lucas, traduzida em algumas versões por irem a pique  e aqui porcomeçarem a  afundar , tem a ver com a mesma expressão usada em 1Tm 6.9, onde descreve o mergulho para a perdição daqueles que ambicionam exclusivamente asriquezas materiais.

5  Pedro assombrou-se mais com sua falta de fé e indignidade do que com o evento em si. Ele tinha confiança em Jesus, mas não tinha certeza absoluta de que omilagre se daria, ainda mais naquelas proporções. A reação de Pedro revela a atitude normal de todas as pessoas ao chegarem sinceramente à conclusão de que sãopecadores e indignos de permanecerem na presença santa de Deus; portanto carentes e dependentes absolutamente da graça do Senhor (Ap 6.16). Desta mesmamaneira se sentiram os grandes líderes espirituais da antiguidade. Entre eles: Abraão (Gn 18.27); Jó (42.6) e Isaías ( 6.5).

6 É digno de nota o fato de Jesus haver escolhido seus discípulos entre homens que estavam dedicados a um trabalho árduo, não entre líderes religiosos preguiçosos edesocupados. Contudo Pedro foi convocado duas vezes para servir a Cristo após duas pescarias milagrosas. Primeiro para o discipulado e algum tempo mais tarde, parao apostolado (Jo 21.1-18), quando – uma vez mais – achava-se indigno para o ministério.

7  Jesus já conhecia esses homens aos quais agora faz uma convocação formal (Jo 1.40-42; 2.1,2). Os originais e outras passagens dão a entender que eles nãoabandonaram tudo de forma irresponsável e tresloucada; mas sim que renunciaram a seus lucros – especialmente os dessa última pescaria – e entregaram aadministração da empresa a Zebedeu, pai de João e Tiago, ou a outros membros da família (Mt 4.18-22).

8  A expressão original grega, muito usada em escritos médicos da época, e aqui traduzida como “lepra”, refere-se a uma série de doenças e cânceres de pele. Osevangelhos sinóticos registram esse acontecimento de forma diferente: Mateus o cita como parte de uma galeria de milagres (Mt 8.1-4). Marcos e Lucas o colocam comoum dos primeiros sinais maravilhosos realizados por Jesus no início de sua peregrinação pela Galiléia. O homem doente e transfigurado por uma doença que o excluíasocialmente, contrariando a Lei (Lv 13), busca a Jesus com todas as suas forças como única solução para seu grave problema. Ele se aproxima do Senhor com fé,humildade e vontade de obedecer ao que Jesus lhe mandasse fazer; exatamente como todo pecador arrependido deve agir. O perdão assim como a cura se materializaminstantaneamente ao toque do Senhor, e o homem renasce, li vre do pecado e da enfermidade que o escravizavam.

9   Jesus tentava evitar que o povo interpretasse mal sua pessoa e ministério, pois muitos o aclamavam como grande curandeiro, milagreiro e líder nacionalistarevolucionário, que era a visão simplista que alimentavam quanto ao Messias prometido. Além disso, suas atitudes começavam a i rritar os líderes religiosos e provocavamneles enorme inveja e medo de perderem o poder sobre o povo. Jesus manda que o homem vá apresentar-se ao sacerdote de plantão; e com isso, o estimula a guardar aLei, apresentar todas as provas de sua cura e receber a certidão r itual de purificação para que pudesse ser r eintegrado à sociedade (Mt 8.4; 16.20; Mc 1.44).

10  Os fariseus (em hebraico original: separados ), citados aqui por Lucas pela primeira vez, mas que já haviam questionado o ministério e a pessoa de Jesusanteriormente, eram mestres autoritários e muito respeitados nas sinagogas. Formavam uma confraria e um partido político, com mais de seis mil membros, espalhadospor toda a Palestina. Eles se autodenominavam “guardiões da Lei”. Pregavam que suas tradições e interpretações teológicas eram tão importantes quanto as EscriturasSagradas (Mc 7.8-13). Jesus já havia confrontado alguns líderes judaicos em Jerusalém (Jo 5.16-18). Agora o seguiram até uma casa em Cafarnaum, com o objetivo deanalisar suas palavras e vigiar seus movimentos. Os “escribas” (v.21) eram estudiosos com grande habilidade para a escrita (arte rara na época, permitida apenas aoshomens, e de muito prestígio). Eles eram responsáveis pelo estudo, interpretação e ensino da Lei (escrita e oral) e das tradições judaicas. A maioria dos “escribas”pertencia ao partido (popular) dos fariseus e os demais eram vinculados ao partido aristocrático dos saduceus.

11 O estilo palestinense de construção já havia incorporado a maneira greco-romana de cobrir as casas com uma espécie de laje pré-moldada em ladrilhos de barrocozido (Mc 2.4).

12   A grande causa das doenças no mundo reside no pecado: nos cometidos por cada um de nós em função de nossas vontades perversas (Jo 9.3), e naquelespraticados pela humanidade como um todo desde a Queda (Gn 3). O homem paralítico, pela fé, reconhece o pecado como a raiz do seu problema e, por isso, obedece àordem de Cristo. Os amigos revelam igualmente grande fé em Jesus e amor ao amigo incapacitado, e não desistem ao primeiro obstáculo, pelo que também sãoabençoados. Esse episódio nos leva a concluir que a oração e o esforço dos amigos e parentes em levar seus “atrofiados pelo pecado” ao Senhor, serão eficazes egalardoados com alegrias espirituais.

13  Para os fariseus e os escribas (doutores da Lei), a blasfêmia (palavra que ultraja a Deus ou a religião), era o pecado mais grave e terrível que alguém poderiacometer, sendo sujeito à pena de morte (Mc 14.64).

14  Aqui temos mais uma evidência da divindade de Jesus, pois ele conhece plenamente os pensamentos e os mais profundos sentimentos de cada ser humano (Mc2.8). Os corações das pessoas, quando não entregues ao Senhor, são levados a condenar tudo o que se refere a Deus e à verdade. A cura para Deus é um ato muitomais fácil do que levar o homem a reconhecer seus pecados e decidir por uma vida de adoração espontânea ao Criador. A restauração de um doente pode sercomprovada num instante, mas a restauração da alma pode levar algum tempo, e somente Deus é capaz de atestar esse milagre (Mc 2.9-10).

15  A autoridade de Jesus não era humana, nem fora outorgada por líderes religiosos, mas sim de Deus. O vocábulo grego transliterado: exousia , que significa:“proveniente de Deus” (Mt 28.18), enfatiza este atributo de Jesus. Seu título: “Filho do homem”, bem como sua plena divindade, são prerrogativas exclusivas do Messias(o Cristo) prometido (Dn 7.13,14). A operação de milagres e maravilhas é uma prova da presença do Rei e do Reino entre nós (10.9).

16 Levi era o nome de família de Mateus (3.12; Mc 2.14), o apóstolo rico do colegiado de Jesus (Mt 10.3; At 1.13). Como “publicano”, chefe dos fiscais da coletoria deimpostos para o governo romano, a serviço do tetrarca Herodes (Mt 9.9), era odiado pelo povo judeu, pois os publicanos eram, em geral, desonestos e maldosos. Jesus haviaministrado em Cafarnaum durante algum tempo, quando conheceu Levi e se tornaram amigos. Alguns discípulos de Jesus, que eram pescadores, voltaram a trabalhar emseu ramo em certas ocasiões. Mateus tomou uma decisão só de ida. Sabia que o preço de seguir a Jesus implicaria em mudança total de vida sem direito a volta, ainda quemomentânea. Entretanto, Levi o fez com grande alegria de alma. E ao invés de o fazer em surdina, deu uma grande festa “evangelística”, convidando todos os seus amigospara verem e conhecerem o Messias que lhe confiara a gloriosa missão de proclamar Seu Reino e libertar a todos das ilusões e das amarras do pecado. Conta-se ainda que,após a ressurreição de Jesus, Mateus foi um valoroso missionário em muitos lugares da Palestina e em terras distantes, onde morreu.

17 Os publicanos se davam bem com os “pecadores”. Enquanto os primeiros extorquiam e roubavam seus próprios irmãos judeus; os outros, tratavam com desleixo osdiversos preceitos cerimoniais exigidos pelos fariseus e escribas. Contudo, os dois grupos não tinham paz nem desfrutavam de alegria real em seus corações. Enquantoos líderes religiosos e mestres da época procuravam a salvação por meio da segregação, ou seja, “seleção natural dos mais dedicados no cumprimento formal dasinúmeras leis judaicas”, Jesus chegava com Seu Reino oferecendo a Graça de Deus aos que, de coração sincero, desejassem simplesmente amar a Deus de verdade eviver este ato de adoração no dia-a-dia. Esta proposta de Deus tocou as almas espiritualmente famintas dos publicanos e pecadores, que não tiveram muita dificuldadepara enxergar seus muitos erros, e arrependidos, sentiram-se bem-vindos ao banquete de Jesus. Já os fariseus e escribas tinham grande dificuldade para reconhecerqualquer pecado em si mesmos; e, por isso, ficaram fora da festa. Um dos principais temas das parábolas de Jesus sobre a salvação eterna é: os que se julgam justos,separam-se da Graça Salvadora de Cristo (18.9-14; Mc 2.17).

18   João Batista não era o Filho de Deus. Porém, veio com uma missão poderosa e específica: preparar o coração da humanidade para a chegada de Cristo e aimplantação do Reino de Deus. João foi criado e educado no deserto, junto a um grupo de judeus teologicamente muito restritos e sérios em relação a Deus. Aprendeu asobreviver com uma dieta limitada e austera, própria do lugar que habitava, composta de uma espécie de gafanhotos (que até hoje são torrados e degustados pelo povo

da região) e mel silvestre. Seu ministério foi marcado por uma mensagem urgente, grave, forte e direta quanto ao arrependimento dos pecados, mediante testemunhopúblico e um ritual de passagem pelas águas, repleto de simbolismos ligados à implementação do Reino, que se completaria com o batismo trazido por Jesus Cristo: oFilho de Deus. Os fariseus também pregavam um modo de vida rigoroso (18.12). Mas Jesus aceitava convites para casamentos, banquetes e festas, pois tinha interesse

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em estar onde mais se precisava dele: no coração daqueles que se reconhecem perdidos e necessitados da direção e do amor de Deus. Embora Jesus rejeitasse todo otipo de atitude apenas legalista e exterior, com finalidade de autoglorificação (Is 58.3-11), é fato que ele próprio jejuava e orava muito em particular e defendia o jejumvoluntário para benefício espiritual (Mt 4.2; 6.16-18).

19  Neste trecho, Jesus faz a primeira referência à sua morte. A tristeza e a vontade de estar com o Senhor levaria seus discípulos ao jejum e à oração até o seu gloriosoretorno e o final dos tempos (Mt 28.20). A Igreja primitiva ensinou e praticou o jejum com orações, especialmente nas épocas de provação e dificuldades (At 9.9; 13.2,3;

14.23).20  Assim como seria tolice estragar uma veste nova para remendar outra roupa, o novo Caminho oferecido graciosamente por Jesus, não pode ser remendado eestragado com os antigos rituais e obrigações cerimoniais, exclusivamente legalistas e exagerados do judaísmo (como o fato de não mencionar o nome de Deus, apenaspara evitar pronunciá-lo em vão). Ainda que o AT esteja intimamente relacionado ao NT, que é o cumprimento das promessas registradas nas Sagradas Escrituras do AT,é preciso cuidado para não se confundir profecias com o seu cumprimento, nem as sombras com a realidade (Gl 5.1-6). Somos livres em Cristo, para adorar a Deus comtoda a sinceridade de nossos corações, na beleza da santidade do Senhor (Rm 3.28).

Capítulo 6  1 Jesus e seus discípulos estavam em jornada de ministério, e passando por uma plantação de cereais, como era permitido pela Lei (Dt 23.25), colheram algumas

espigas para delas se alimentarem. Mas, as autoridades judaicas os censuraram por estarem agindo assim durante o shabbãth (sábado judaico, que significa no hebraicooriginal: tempo de paz, misericórdia, adoração ao Criador, gozo espiritual e descanso), Jesus então vai lhes explicar que perante a Lei, atos de misericórdia (como este eos que se seguirão), não apenas são permitidos, mas obrigatórios e prioritários sobre qualquer outra lei (Jo 7.23-24; ver Mc 2.14).

2 Nem Deus nem os doutores e intérpretes da Mishna (tratado das interpretações das leis sagradas judaicas), condenaram a Davi por esta transgressão (Mt 12.4-8; Mc2.23-25). Davi foi orientado por Deus para agir daquela maneira, a fim de preservar sua vida e a de seus companheiros para servir ao Senhor. O mesmo Deus doShabbãth (sábado judaico), tem o direito, como Autor do mandamento, de interpretar suas exceções, não sendo engessado pela Lei, mas tendo-a sob o controle absolutoda Sua vontade. Essa é a flexibilidade divina que se move em função da misericórdia e do amor.

3 Num claro gesto de contraste em relação aos líderes religiosos, que sorrateiramente foram espionar seus procedimentos, Jesus age abertamente e sem receio. Pedepara o homem sair do seu lugar e vir para o centro do salão de cultos da sinagoga, onde todos poderiam ver e ouvir claramente o que se passava. Aquele que segue aCristo deve ser sincero, franco e corajoso (Mt 5.34-37; Tg 5.12).

4  Jesus já havia suportado muitos ataques e provocações dos fariseus, escribas e líderes religiosos (todos também líderes políticos). Então Ele inverte as posições epassa a questionar seus oponentes e a todos na sinagoga (Mc 3.4). As autoridades judaicas ficaram furiosas, pois não conseguiram resistir ao raciocínio brilhante, simplese cheio de compaixão do Senhor. E por isso, começaram a planejar um meio de eliminá-lo (Jo 5.18; ver Mc 3.6). Os líderes religiosos precisam ter cuidado, pois a religião,muitas vezes, transforma a justiça em transgressão, e o ilícito (planejar a morte ou a exclusão de um inocente), num ato legal perante a lei (os estatutos).

5 Para o próprio Filho de Deus encarnado, a oração era a perfeita comunhão com o Pai. Por isso, Jesus, freqüentemente se dedicava a longos períodos de oração,muitas vezes em jejum, especialmente quando precisava tomar uma decisão importante. O fato de Jesus dar tanta atenção a esse diálogo com Deus, deve nos servir deinspiração. Jesus passou aquela noite inteira em oração e ao raiar do dia saiu para escolher, segundo a vontade soberana do Pai, aqueles discípulos que – cada qual coma sua contribuição – seriam responsáveis pelos alicerces da Igreja (Ef 2.20), tarefa que desde o início foi distribuída a um grupo de cristãos e não exclusivamente a umapessoa.

6  A expressão em aramaico (o dialeto hebraico que Jesus falava), aqui transliterada por Shaliah , quer dizer “apóstolos” (em grego: ), e serefere a alguém que recebeu comissão e autoridade explícitas daquele que o enviou, todavia sem o poder para transferir seus atributos para outra pessoa. Ou seja,“enviados com uma missão específica” (Mc 6.30; 1Co 1.1; Hb 3.1). Entre a multidão que veio ouvir ao Senhor naquele dia, havia um grupo que o seguia regularmente ese dedicava aos seus ensinos, havia ao todo cerca de 72 homens, considerando que esse fora o número de missionários que Jesus enviou em missão evangelística(10.1,17). Mais tarde, logo após sua ascensão aos céus, cerca de 120 cristãos o aguardavam e adoravam em Jerusalém (At 1.15).

7 Bartolomeu é o outro nome de Natanael (Jo 1.45). Judas, filho de Tiago (At 1.13), é chamado de Tadeu por Mateus e Marcos. Todas as três listas citam Pedro emprimeiro lugar e Judas Iscariotes no fim. O nome Iscariotes quer dizer: “homem de Queriote”, sua cidade natal. Judas foi o único não galileu entre os Doze. Todos osevangelistas mencionam o ato de traição de Judas. Somente Lucas ressalva que ele “se tornou traidor”, mostrando que alguém pode começar bem, mas terminar mal.Contudo, enquanto há vida, há tempo para o arrependimento, como ocorreu com Pedro, que também traiu ao Senhor mas se arrependeu e recebeu o pleno perdão deDeus (Mt 26.71-45; Jo 21.15-19).

8 É importante notar que Jesus teve um tempo particular com seus discípulos, no alto da montanha (Mt 5.1) e, em seguida, desce para o planalto (ou planura), ondeexorta a todos os fiéis na multidão, e aos discípulos em particular, a terem uma vida na terra verdadeiramente à imagem de Deus (imago Dei), testemunhando aomundo caído o projeto original de Deus para a humanidade. Jesus proferiu naquele dia uma de suas mais profundas mensagens em relação ao comportamento doverdadeiro filho de Deus: aquela pessoa que crê e é dirigida pelo Espírito do Senhor. O chamado Sermão do Planalto, registrado resumidamente, sob a ótica de Lucas,é o mesmo e conhecido Sermão do Monte ou da Montanha (Mt 5 a 7). Curiosamente, partes do sermão descrito por Mateus, podem ser encontradas em váriaspassagens de Lucas (11.2-4; 12.22-31, 33, 34), o que demonstra o esforço de Jesus em fazer com que os crentes (da sua época e do futuro) compreendessem, comclareza, o âmago do Evangelho e da vida com Deus.

9  As beatitudes, bem-aventuranças ou ainda bênçãos de felicidade, não se restringem à pobreza material (v.20) e à fome física (v.21). A narrativa de Mateus revela queJesus referiu-se à pobreza “em espírito” (Mt 5.3) e à fome “de justiça” (Mt 5.6). A arrogância e a utilização de quaisquer meios para se atingir a um fim almejado, parecemser características demoníacas incorporadas pela humanidade desde a Queda (Gn 3). Nos versículos seguintes Jesus apresenta o verdadeiro mapa da felicidade: Ahumildade que troca os bens deste mundo pela herança incorruptível de Cristo (Fp 3.7,8; 1Pe 1.3-9); a fome que privilegia o Pão do Céu em relação ao alimento físico(4.4; Jo 6.35); o arrependimento que lamenta profundamente o pecado a ponto de abandoná-lo (2Tm 2.19); a piedade que se espelha no exemplo de Cristo, provoca –nos mundanos e falsos religiosos – o mesmo ódio que o crucificou (2Tm 3.12). Em suma: Todo sacrifício por causa de Jesus Cristo e sua Igreja terá sua recompensa(prêmio, galardão) aqui mesmo na terra, assim como no céu. O verbo no original grego indica que a ação se passa no presente e se estende por todo o futuro: “vosso é oReino” (no original grego: ☺  ☺ ).

10 Jesus não está falando da pobreza em si, pois ela pode ser tanto uma maldição quanto uma bênção. Jesus está se referindo à pessoa dos discípulos. Devem sermesmo pobres (humildes), conscientes de que não têm recursos e que dependem de Deus para realizar absolutamente tudo. Esse é o sentido que o AT dá a esta

expressão, muitas vezes equivalente a “piedosos” (Sl 40.17; 72.2,4). Mateus ressalta o significado de “pobres de (ou em) espírito”. Os arrogantes, aqueles que se acham“ricos” e, portanto, confiam sua e stabilidade aos recursos financeiros e materiais que possuem, desenvolvem freqüentemente uma auto-estima além do normal (complexode superioridade), menosprezando e usando as pessoas das quais se aproximam. Como se habituam a comprar e conseguir tudo o que desejam, não conseguem recebera Graça do Reino, da qual os pobres e humildes tomam posse com grande alegria e louvor a Deus.

11 Nesta passagem, Jesus não está ensinando sobre a questão do sofrimento universal, mas refere-se a um tipo de sofrimento específico: “por causa do Filho dohomem”. Ou seja, o preço da humilhação, perdas e dor, que o discípulo de Cristo paga por desejar viver uma vida digna do Senhor, num mundo comandado pelas forçasde Satanás, que influenciam o sistema geral de valores e a moda (o estilo de vida) de todos os povos e culturas do planeta. Contudo, aqueles que sofrem por esse motivodevem muito se alegrar, pois já são considerados por Deus como: bem-aventurados (no original grego: benditos, felizes). Pois foram escolhidos, assim como os profetasdo AT, para testemunho vivo da ignorância e da perdição humana em contraste com o amor e a sabedoria de Deus.

12   Somente Lucas cita os “ais” de Jesus em relação à rebeldia instalada na alma dos seres humanos, inclusive nos religiosos. A expressão original no grego é:, e indica profundo lamento por uma desgraça que poderia ser evitada. Jesus se refere aos “ricos” (pessoas presunçosas e arrogantes, que depositam sua fénos bens financeiros e materiais que são capazes de conquistar a qualquer preço), e lhes garante que já receberam toda a recompensa que merecem. Jesus usa umverbo freqüentemente empregado, em sua época, em recibos de pagamento, significando: “Integralmente Pago!” Quando tudo quanto uma pessoa tem é a sua riquezamundana, estamos diante de um ser humano mui to pobre mesmo. Jamais devemos confundir conforto material com bem-aventurança (felicidade).

13 O principal objetivo de Jesus, especialmente neste sermão, é conscientizar seus discípulos de que eles são filhos do Amor e devem ter amor incondicional. Essa é aessência de Deus e do homem, todavia a alma dos seres humanos está ferida de morte desde a Queda (Gn 3), e tornou-se arrogante, revoltada contra Deus, egoísta,ímpia, amargurada, insegura e desesperada. Quando o Espírito Santo é recebido em nossos corações, uma transformação radical se inicia (conversão), o homem sai desi mesmo, e, neste sentido, da influência escravizadora de Satanás, volta à comunhão (amizade) com o Pai – de onde jamais deveria ter saído – e ganha paz, liberdade,

poder, verdadeira compreensão do que é amar e ser amado, e a vida eterna por herança com todos os seus tesouros. Em grego havia várias palavras para “amor”. Jesusnão está pedindo que sintamos storg e, “afeição natural”, nem philia , “amor amizade”, nem muito menos eros , “amor romântico, erótico, sensual”. A expressão usada porJesus foi agape , que significa o amor perdão, misericórdia, graça, compreensão, paciência, sacrifício. O amor que Deus tem pela humanidade e que Jesus demonstrou

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diante dos seus oponentes, carrascos e executores. Um amor justo, mas compassivo, que não é atraído pelo mérito da pessoa amada, mas sim pelo fato de que o cri stãorecebe poder espiritual para “ser uma pessoa amorosa, misericordiosa”; e, portanto, pode suportar e perdoar os demais seres humanos e suas ofensas. Mateus mostraque as pessoas têm disposição natural para amar seu amigo e odiar seu inimigo (Mt 5.43), não é de admirar tantas guerras, terrorismos e violência assolando o mundoem nosso século assim como o foi na antigüidade. Jesus, entretanto, vai além, para o cerne da vontade de Deus, e revela que seu discípulo não pode ser seletivo quantoao amor agape , mas deve amar inclusive o seu mais odioso e repugnante inimigo. E não basta refrear os atos hostis ou vingativos, é preciso “fazer o bem aos que vos

odeiam”. Não é difícil imaginar a expressão no rosto daqueles discípulos, judeus nacionalistas e guerreiros, ao ouvir seu mestre dizendo que deveriam ser pacíficos ecordiais com o dominador romano. E Jesus ainda acrescenta: abençoem os que os amaldiçoam; e orem (só orem) por aqueles que falam mal a seu respeito, espalhandomentiras e calúnias.

14 A expressão grega original transliterada siagon , aqui e em várias versões traduzida por “face”, mais propriamente se refere ao queixo. Portanto, Jesus está falandode levar um soco no lado do queixo. A reação natural diante de um ataque como esse, é ferir o agressor da mesma maneira, aliás, como era previsto pela Lei (Êx 21.12-35). Jesus está se referindo à atitude; ou seja, ao sermos decepcionados, traídos ou mesmo agredidos, não devemos guardar amargura contra a humanidade egeneralizar uma prevenção odiosa contra todas as pessoas; mas, sim, abrir-nos para novos relacionamentos (dar a outra face, mudar de lado). Contudo, oferecer –literalmente – o rosto para um outro golpe nem sempre será a melhor maneira de cumprir esse mandamento. Afinal, o próprio Senhor nos deu um exemplo ao sergolpeado no rosto (Jo 18.22-23). Quanto à capa (em grego: himation ), que era a roupa externa usual, e a túnica (em grego: chiton ), normalmente a veste interna, elasrepresentam alguns de nossos mais importantes e necessários bens materiais. No entanto, Jesus nos ensina que – seremos felizes (benditos) – quando o amor agape nos controlar, a ponto de não reagirmos com ódio, ou qualquer tipo de retaliação, quando alguém – por qualquer motivo – nos privar ou roubar qualquer de nossospertences, ainda que mais caros. Esse é um ótimo conselho diante do crescente número de furtos e assaltos em nossos dias.

15  Mais uma vez é importante observar o “espírito do ensino” de Jesus, e não querer ser mais real do que o Rei, literalizando as figuras de linguagem do mestre. Se oscristãos tivessem que agir, com total literalidade neste caso, haveria uma classe de “santos indigentes” perambulando pelas cidades do mundo inteiro, e outra classe de“incrédulos e prósperos ladrões”. O que Jesus está enfatizando é que seu discípulo, por amor, jamais deve perder o sentimento de colaboração, ajuda e graça. O cristãodeve estar sempre pronto a dar e a contribuir com todas as suas posses se for necessário. Entretanto, esse não é um ato meramente automático e sem reflexão, pois emmuitos casos, dar não seria a melhor forma de amar. O verdadeiro amor – aquele que se preocupa com a real feli cidade da outra pessoa – deve ser o j uiz que decidirá sedevemos dar ou reter em cada uma das situações da vida, e não a estima que temos por nossos bens. O verbo “dar” no grego original está num tempo contínuo, o quereforça a idéia de que este não é um ato ou impulso de generosidade ocasional, mas sim uma atitude habitual. Um estilo de vida. Jesus resume com sua regra de ouro:faça aos outros o que gostaria que as pessoas lhe fizessem. Esse é um princípio judaico ensinado desde muito antes do nascimento de Cristo. Entretanto, sempre forapregado pelos sábios em sua forma negativa: “O que é odioso a ti, não faz ao teu próximo: isto é a Torá inteira, o restante é comentário disto” (Hillel em Shabbãth 31.a).Jesus foi o primeiro a dar um sentido totalmente positivo a este ensino áureo: não basta ao discípulo evitar atos que não gostaria que alguém praticasse contra ele. Oscristãos devem ser pró-ativos na prática do bem. Jesus ilustra sua exortação para que os cristãos sejam mais humanos (refletissem mais a imago Dei – imagem de Deus)do que os pagãos. Pois, até mesmo, pessoas que não professam qualquer religiosidade ou fé em Deus, praticam certas virtudes. Amam aos que as amam, retribuem obem que lhes é feito e emprestam, especialmente se podem ter certeza de recebê-los de volta. O verbo original usado neste trecho indica um “emprestar sob juros”. Se oscristãos assim procederem, não estão fazendo mais do que o mundo faz.

16  Em resumo, Jesus nos orienta a tomar seus mandamentos pelo lado positivo e de forma pró-ativa: “amai aos vossos inimigos, fazei o bem e emprestai”. Comocristãos sempre devemos nos antecipar na prática e defesa do bem. O verbo grego original, aqui transliterado por alpelpizo , é usado no sentido de “não desesperar-se”, enão com o significado de “sem esperar nenhuma paga”, como aparece em várias versões bíblicas. Os cristãos devem emprestar, de forma justa, como um ato de louvor eserviço a Deus e ao próximo, sem nunca se desesperarem por nada e por ninguém. O Senhor nos conclama a nunca servir, tendo em vista uma recompensa – ainda queseja um galardão no céu – pois, se assim agirmos, estaremos simplesmente trocando o egoísmo e a vaidade material pelo espiritual. Deus é benigno e misericordioso atépara com os ímpios, pois lhes proporciona suas boas dádivas, tais como o sol, a chuva, o solo fértil e a boa colheita, na expectativa de que essas almas – um dia –percebam seu amor e salvação. O sonho de Deus é que todos os seus filhos fossem como Jesus é em relação ao seu Pai. A perfeição de Deus deve ser nosso grandeexemplo de vida (Mt 5.9,48).

17  O cristão não deve censurar, muito menos se entregar aos comentários sobre a vida de qualquer pessoa, com o propósito de destruir sua reputação e levar aodesprezo o seu caráter. O julgamento dos motivos íntimos de alguém, bem como qualquer vingança ou pena a serem aplicadas, pertencem ao Senhor (Rm 12.19).Entretanto, não estamos isentos da responsabilidade de desenvolvermos senso crítico sobre tudo e todos, bem como discernirmos quanto ao certo e o errado (vs. 43-45).Afinal, foi essa a escolha feita pela humanidade no jardim do Éden (Gn 3). Contudo, Jesus nos exorta a não agirmos com hipocrisia, como é próprio dos incrédulos. Operdão, em vez de condenação, revela o verdadeiro amor cristão em exercício. Jesus salienta que a pessoa perdoada e salva tem um coração aberto e generoso. Esseestilo de vida sensibilizará a Deus e aos homens, e uma correspondência de bênçãos será inevitável. E não apenas na mesma proporção, mas tão abundante quetransbordará. Jesus tira essa metáfora a partir da maneira usada pela multidão que estava à sua volta naquele momento, para quantificar e qualificar os grãos colhidos. Aexpressão grega aplicada aqui e transliterada por kolpon , tem a ver com as expressões: “boa medida” e “generosamente”, referindo-se a uma espécie de bolsa, que sefazia ao dobrar parte da veste externa ou com uma peça de roupa gasta, que ficava pendurada sobre o cinto, e era usada para guardar uma medida de trigo. Jesusrelembra o antigo dito dos sábios judeus: “Há mais felicidade em dar do que em receber” (At 20.35).

18 Jesus faz uso de mais uma série de metáforas para ressaltar a importância de seus discípulos viverem acima da mediocridade dos religiosos formais. Este trechoadverte a todos nós sobre o perigo de condenarmos alguém, esquecendo-nos de que também somos réus de crimes semelhantes. Entretanto, a advertência maior é emrelação aos líderes espirituais (Tg 3.1). Em primeiro lugar, somente aquele que anda na luz e pode ver com nitidez (Jo 8.12; 1Jo 1.7) consegue evitar os perigos docaminho e conduzir outros em segurança. Os jovens líderes devem ter paciência e humildade para esperar o devido tempo, quando serão – se aprovados por Deus e pelavida – semelhantes aos seus mestres. Da mesma maneira, o discípulo de Jesus deve estabelecer, como seu alvo pessoal, o ser semelhante a Ele. A expressão “beminstruído” (como aparece em algumas versões), vem do grego: katartizo , que tem um significado mais amplo: “tornar digno” ou “completo”. É um termo normalmenteusado para consertar algo que foi quebrado (Mc 1.19), ou no sentido de “suprir plenamente” (como quando o mundo foi “plenamente formado” – Hb 11.3). O discípulo deJesus, tenha a experiência e a formação acadêmica que tiver, não pode relegar o mandamento do amor a segundo plano, acreditando que – de alguma forma – estáacima do nível de servo que deve seu amor a Deus e ao próximo.

19 Jesus retoma outro antigo ensino dos rabinos judeus, com certo toque de humor, uma vez que usa a paródia para evidenciar seu ponto de vista. Retrata o hipócritacom um enorme tronco (trave ou viga) projetando-se do seu olho, enquanto busca, cuidadosamente, tirar uma partícula do olho do seu irmão. Freqüentemente as atitudes

egoístas, arrogantes e preconceituosas dos seres humanos chegam a ser hilariantes, devido ao evidente contra-senso por elas tr ansmitido. Contudo, a lição apresentadapor Jesus é muito séria: a leve imperfeição ou erro de outras pessoas é freqüentemente mais notado por nós, do que um grande defeito ou pecado em nós mesmos. Overbo “reparar” vem do original grego blepeis que significa: atenção e observação prolongadas. Jesus nos exorta a um rígido auto-exame antes de nos lançarmos ao

 julgamento de qualquer um de nossos semelhantes.20 Jesus frisa que o caráter de uma pessoa não pode ser alterado apenas por força de vontade ou pelas circunstâncias. Somente o novo nascimento, que é a invocação

e a habitação do Espírito de Deus em nossa alma (Jo 3.5; 15.5,16), pode transformar a essência das pessoas e desenvolver um ser humano celestial (cidadão do Reino).Jesus nos faz lembrar do ensino do profeta Jeremias, sobre a maldade que reside no coração do homem (Jr 17.9), acerca da qual Paulo também nos adverte (Rm 3.23),para nos legar um princípio fundamental ao conhecimento da pessoa humana: “a boca fala do que está repleto o coração”. Ou seja, nossas palavras revelam quem somosna realidade, em nosso íntimo. Por isso, mais do que um cuidado com a língua, precisamos avaliar corretamente o centro das nossas emoções e sentimentos (para osocidentais modernos: o coração, mas no oriente antigo: os intestinos). Portanto, no amor e nos negócios é bom ouvir muito, e bem, antes de celebrar sociedade.

21 Alguns discípulos já mostravam sinais de falsidade e deslealdade, pois o chamavam formalmente de “Senhor” (em grego: kurios ), que significa “mestre a quem sedeve seguir com lealdade absoluta”, mas não praticavam o que Ele lhes ensinava. É possível que Jesus tenha repetido este sermão em outra ocasião, porém com omesmo sentido, pois em Mateus a diferença entre os dois homens da parábola, é que escolheram terrenos diferentes para construir (Mt 7.24-27), e aqui, diferem quanto àmaneira de edificar sobre os terrenos. Embora Jesus esteja advertindo que um bom alicerce é vital nas horas de provação e dificuldades proporcionadas pela vida, seuprincipal objetivo é alertar para o teste supremo, no Juízo final, quando somente sobreviverão aqueles que estiverem firmados na Rocha, que é o Filho de Deus (1Co3.11).

Capítulo 7  1 Um centurião era um oficial militar romano, em geral, responsável por um grupamento igual ou superior a 100 soldados. O NT cita alguns centuriões notáveis, como

esse homem de fé apresentado por Lucas (At 10.2; 23.17,18; 27.43). Embora gentio, os próprios líderes judeus admiravam sua honradez, cooperação e sensibilidade (vs.5,6).

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2  A fé que opera milagres, como a demonstrada por esse oficial romano, tem os seguintes componentes básicos: parte de um coração profundamente humilde,consciente da sua insignificância e pecado, da santidade e do poder de Deus. É uma fé pura, que não precisa da presença física de Jesus nem, muito menos, de outroselementos, mas apenas da sua Palavra (Tg 5.15-18). Também não se r estringe a qualquer nacionalidade, cor ou raça. Lucas nos revela que a fé do gentio foi não apenasaceitável, mas elogiada pelo Senhor.

3 Em apenas duas ocasiões o NT registra que Jesus se admirou: nesta passagem - devido à fé que observou em um gentio - e, em Nazaré, por causa da incredulidade

de muitos dos seus amigos e parentes judeus (Mc 6.6).4 Naim localizava-se a cerca de três quilômetros, o oeste de En-Dot, aproximadamente a um dia de viagem, a pé, de Cafarnaum.5 O vocábulo grego usado aqui para se referir ao Senhor é kurios . O único com poder para extinguir toda a tristeza e dor dos nossos corações, e expulsar a morte de

nossas almas (1Co 15.55-57). O Senhor é movido pelo amor e por sua compaixão em relação à morte do ser humano. Jesus sabia que o ente humano fora criado paraviver eternamente em harmonia com Deus; e, por isso, várias vezes, demonstra sua dor e indignação em relação à morte.

6 Conforme a tradição judaica, o jovem morto estava sendo conduzido num tipo de caixão aberto. Essa é a primeira de três ocasiões citadas nos evangelhos em queJesus ressuscitou alguém, as demais são: a filha de Jairo (8.40-56), e seu amigo Lázaro (Jo 11.38-44). Quadrato, pensador e historiador, que viveu no ano 125 d.C, emsuas cartas a Adriano, relata o fato de que algumas das pessoas curadas e ressuscitadas por Jesus ainda viviam em seu tempo e davam testemunho do Senhor.Curiosamente, vários milagres de ressurreição de mortos narrados na Bíblia, ocorreram devido à participação de mulheres de fé, humildes, corajosas e piedosas (1Rs17.23; 2Rs 4.36; Jo 11.22,32; At 9.41; Hb 11.35).

7  Por mais de 400 anos o povo de Israel esperou pelo Messias prometido. João surge, vindo das regiões desérticas, com poder e unção de Deus para anunciar achegada do Messias. Diante dos inúmeros milagres de Jesus por toda a Palestina, e de sua palavra e autoridade espiritual, as multidões começam a aclamá-lo como oUngido (o Cristo), reconhecendo a presença de Deus em Israel após gerações e gerações de silêncio.

8 João estava no cárcere por ter colocado sua lealdade ao Senhor e sinceridade quanto à sua missão muito acima da subserviência aos poderosos desta terra. Estavapreocupado e ansioso para ver o Messias, a quem anunciara durante toda a sua vida, e continuaria a fazer através dos seus discípulos, libertar Israel e estabelecer seuReino.

9 Jesus respondeu para seu querido amigo João de maneira que ele, como profeta, entenderia bem e não teri a qualquer dúvida: através dos sinais e maravilhas que osprofetas do AT haviam dito que acompanhariam o Messias (Is 29.18-21; 35.5,6; 61.1 e Lc 4.18). Em nossos dias, essa confirmação é obra da fé, e entra em nossa almacom o Espírito Santo, quando – humildemente – aceitamos a Palavra de Deus e recebemos a Cristo em nossos corações sem restrições. Jesus exorta a João e aosdiscípulos dele a não duvidarem e com isso se “escandalizarem” (nos originais gregos: skandalizõ ). O sentido original desta palavra tem a ver com a ação das gaiolaspara caçar passarinhos, “skandalon ” é exatamente o mecanismo que dispara o alçapão e prende o pássaro. Jesus receava que o tempo e a distância pudessem servir de“laço” skandalon para que seus amados amigos caíssem na terrível e fatal armadilha da dúvida e do desânimo.

10  Jesus explica aos seus discípulos e à multidão quem era João, pois muitos o achavam apenas um pregador excêntrico. Mas, Jesus faz isso de maneira muitoespecial. Começa perguntando o que as multidões tinham ido fazer no deserto. O povo tinha ido ouvir a palavra de João e, muitos, arrependidos, já haviam passado pelobatismo. Jesus informa que ele era autêntico e corajoso, como os maiores profetas de Deus. Não era uma vareta que se move ao sabor do vento das vontades deninguém (Mt 14.3-5), nem tampouco um lacaio dos aristocratas; era um homem simples, talhado pela vida dura do deserto, onde havia se disciplinado ao extremo, eensinava a todos quantos estavam afastados da santidade de Deus e necessitavam desesperadamente de arrependimento e salvação. Jesus conclui declarando queJoão era aquele a quem Malaquias anunciara há mais de 400 anos (Ml 3.1). Mais que um profeta, pois foi o precursor imediato de Cristo. Pregou sobre Ele e sua vinda eO revelou ao mundo. Jesus, entretanto, salienta que os nascidos de novo (Jo 3.1-21), gozam do direito de serem Filhos de Deus (Jo 1.12). E isso faz com que, o menordeles, seja maior do que qualquer membro da Antiga Aliança, da qual João foi o último e magnífico profeta.

11 A palavra de Jesus produziu em todas as pessoas e, particularmente, nos coletores de impostos, o reconhecimento dos seus erros e, ao mesmo tempo, da GraçaSalvadora de Deus. Havendo sido justificados, se submeteram de bom grado aos princípios da Palavra e ao ensino de João.

12 “Doutores ou peritos” da lei foi a maneira como Lucas se referiu aos escribas e mestres da lei, que muitas vezes também pertenciam ao partido dos fariseus (5.17;10.35,37: 11.45,52; 14.3 e em Mt 22.35). Esses teólogos e juristas judeus, que tiveram o privilégio de ouvir esse sermão diretamente dos lábios de Jesus, nãoconseguiram perceber que aquela Palavra de Deus era dirigida a eles, e demonstraram que o livre arbítrio capacita o homem a anular o propósito divino de conceder-lhe asalvação.

13 Em geral, as pessoas demonstram um comportamento infantil em relação à decisão de se consagrarem a Deus e à verdade. Elas agem como aquelas crianças daépoca de Jesus: se lhes era apresentado algo alegre, elas não se alegravam; se melancólico, não se sensibilizavam. Não haviam se associado a João com seuconservadorismo e rigidez ascética em relação à Lei e à devoção ao Senhor; nem tampouco aceitaram o convite de Jesus para um novo tempo de Graça, liberdade eplenitude espiritual como membros do Reino. Preferiram acusar João e a Jesus de falsos e endemoninhados (Jo 7.20; 8.48; 10.20) e seguiram seus próprios e danososcaminhos. Entretanto, Jesus deixa claro que os que são de Deus (Sabedoria), reconhecem as suas grandes obras e maravilhas e atendem ao seu chamado (Jo 10.1-18).

14 Para os judeus, uma refeição era um convite de alto valor social, representava um selo de amizade e reconhecimento entre os convidados. Como as mesas erambaixas, e ao redor havia uma série de divãs e almofadas, os convidados se reclinavam sobre eles, com os pés pra trás, a fim de degustarem as iguarias que eram trazidaspor escravos ou empregados. Estes, além de servirem à mesa, cuidavam da recepção aos convivas, que incluía ungir com óleos e perfumes, lavar e enxugar os pés,especialmente dos mestres da Torá (Lei). Alguns senhores ou patrões, dispensavam seus criados da cerimônia de recepção e a realizavam eles próprios, numa atitude deelevada estima e consideração por seus amigos. Assim, a sala de refeição fi cava, em geral, repleta de pessoas; umas comendo e descansando, outras, entrando e saindopara servir aos comensais. É neste contexto que uma mulher, desejosa de abandonar sua vida de prostituição e encontrar a paz (Jo 8.11), entra na sala em busca doSenhor, trazendo o melhor que possuía: amor no coração, fé no Filho de Deus, arrependimento, desejo de mudar e adoração (um frasco caríssimo de óleos aromáticos).Jesus estava reclinado, com os pés estendidos e distantes da mesa central. A mulher, não querendo se interpor entre Jesus e o fariseu anfitrião, preferiu, humildemente,ungir os pés de Jesus à sua maneira, mas com especial e genuína devoção. O frasco era feito de alabastro (uma rocha branca e fácil de moldar). Uma garrafa globular,com gargalo comprido, contendo ungüento (óleo) perfumado, cujo valor correspondia à cerca de 300 dias de trabalho braçal. O frasco (vaso) precisava ter seu gargaloquebrado, e usava-se todo o conteúdo numa única aplicação. Ato semelhante foi realizado por Maria de Betânia, poucos dias antes da crucificação (Jo 12.3).

15 Jesus é realmente o Salvador dos pecadores. A contradição é quase sempre marcante: para o fariseu, Jesus era um profeta e deveria agir com o rigor e o legalismoque ele (fariseu) esperava de um profeta. Para a mulher, prostituta e pecadora, carente de amor, perdão e consideração, Jesus era Deus encarnado, Senhor demisericórdias e da salvação; o único que tinha poderes para perdoá-la e purificar sua vida. E Jesus olhou para a alma daquele ser humano e além do seu pecado, viu uma

filha de Deus, uma irmã e herdeira do seu Reino (Tg 2.1-5).16  Jesus dá toda atenção à pobre mulher e a abençoa com paz. Nos originais, o verbo desta frase está no tempo presente do indicativo, o que descreve um estado de

“constante paz interior com Deus”. Literalmente: vai para dentro da paz . Os antigos rabinos costumavam dizer: vai em paz aos mortos e vai para dentro da paz aos vivos.É importante notar, que o amor da mulher não foi a causa da sua salvação, mas sim a conseqüência. O fruto de uma vida salva e consagrada ao Senhor. Só a fé emJesus nos salva do Diabo, do mundo e de nós mesmos.

Capítulo 8  1 Jesus havia concentrado seu ministério nas sinagogas em Cafarnaum. Mas agora voltava ao interior da Galiléia, ministrando em todas as cidades ao longo deste

segundo percurso. Quanto à primeira viagem missionária ver: 4.43,44; Mt 4.23-25; Mc 1.38,39. Em relação à terceira viagem veja: 9.1-6.2  Lucas salienta a importância das mulheres no ministério de Jesus, como discípulas e cooperadoras financeiras daquele que se fez pobre para nos fazer ricos (2Co

8.9). Maria Madalena, da cidade de Magdala, é normalmente confundida com a mulher pecadora do cap.7, e com Maria de Betânia (Jo 11.1).3 Jesus passa a dirigir seu ensino mais aos realmente interessados em se tornarem filhos de Deus e, como discípulos (não apenas os Doze, mas todos – Mc 4.10),

fazerem parte do seu Reino. Por isso, Jesus escolhe as metáforas e as parábolas para comunicar as grandes e surpreendentes verdades sobre o estilo de vida doscidadãos do Reino (Mt 13.3; Mc 4.2). Embora as parábolas fossem histórias com fundos espirituais e morais fáceis de compreender, havia alguns elementos enigmáticosque careciam de esclarecimento. Essa era a maneira como Jesus filtrava e atraía para si apenas os mais interessados, aquelas pessoas que continuavam a segui-lo nãoapenas pelas curas milagrosas, mas para entender melhor sua mensagem, com todos os detalhes sobre como viver sob a plena direção de Deus. Nas parábolas, osinimigos de Jesus não conseguiram achar declarações claras e diretas para usar contra ele. A conhecida “parábola do semeador”, é uma das três histórias enigmáticasregistradas em todos os evangelhos sinóticos (Mt 13.1-23; Mc 4.1-20). As outras são: “a do grão de mostarda” (13.19; Mt 13.31,32; Mc 4.30-32) e da “vinha” (20.9-19; Mt

21.33-46; Mc 12.1-12).

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4 A narração de Lucas é mais sucinta que a de Mateus (13.8), e a de Marcos (4.8). Entretanto, a lição central é a mesma: a quantidade da colheita depende da qualidadedo terreno. Jesus exorta a todos que receberam capacidade espiritual para ouvir a voz de Deus, abram completamente seu entendimento e vivam como cidadãos do Reino,ainda que neste mundo materialista e injusto.

5  Muitos ensinos e conceitos de vida transmitidos por Deus aos seres humanos são considerados – especialmente pelos incrédulos – como grandes enigmas e mistérios.Dependemos das misericórdias do Senhor para recebermos a correta e clara revelação da verdade (Mc 4.11; Ef 3.2-5; 1Pe 1.10-12). A citação de Isaías (Is 6.9), não quer dizer

que há uma disposição divina de vetar o acesso ao conhecimento da verdade para algumas pessoas. Mas essa é simplesmente uma triste constatação: todos aqueles que nãoestiverem dispostos a receber e incorporar a mensagem de Jesus perceberão o quanto a verdade (o caminho da paz e da plena felicidade) escapou ao seu entendimento. Eseu destino final fica subentendido na citação complementar de Mt 13.14,15 (veja também Mc 4.12).

6  Denomina-se “Palavra de Deus” toda a mensagem proveniente diretamente do Senhor. O principal objetivo do Diabo, até o final dos tempos, será provar que Deusfalhou em seus juízos e que a humanidade não quer nem precisa de Deus. O Diabo é o pai da mentira e da arrogância (uma forma de mentira), e por isso, embora saibado seu final no lago do fogo eterno, juntamente com todos os seus correligionários, simpatizantes e “inocentes úteis” (aquelas pessoas que dizem que não se envolvemem religião, pois não matam, não roubam, e ajudam o próximo quando possível; consideram a si mesmas tão boas que não precisam de arrependimento, muito menos dasalvação), não pode admitir que isso venha realmente a acontecer. O soberbo é também, espiritualmente, surdo e cego. Mas existe um outro tipo de pessoa, cujo coração(terreno para o plantio da Palavra) se anima com a mensagem de Jesus e com a amizade dos cristãos, e por algum tempo vive como crente. Entretanto sua fé ésuperficial e, portanto, não própria do salvo. É semelhante a fé que Tiago chama de “morta” (2.17,26) e “i nútil” (2.20).

7  Há um coração e uma alma comparáveis à terra fértil e irrigada. O Senhor ressalta que só a perseverança na fé – mesmo em meio às lutas, derrotas e vitórias – é amarca do cristão, a prova da fé salvadora, que garante a vida eterna e proporciona os mais belos fr utos em palavras e, sobretudo, em ações concretas (1Co 16.13-14).

8 Jesus estimula seus discípulos a proclamarem a verdade em todas as partes (11.33; 12.2; Mt 5.15). A luz corresponde à semente (11), que é a Palavra de Deus. Apessoa que irradia a luz do Evangelho – através de uma conduta exemplar e pela comunicação dos princípios bíblicos – cumpre bem seu propósito. Entretanto, paramanter uma vida reluzente é fundamental: ouvir e obedecer (41).

9  A verdade (semente) não assimilada, e, portanto, não colocada em prática no dia-a-dia será perdida. E mais, tudo quanto foi conquistado, porém sem a compreensãoda verdade, igualmente se perderá (19.26). Os discípulos deveriam dar toda a atenção à prática da Palavra de Deus, não apenas para si próprios, mas especialmente porcausa daqueles que estão perdidos e precisam da graça do maravilhoso conhecimento do Senhor em suas vidas (Mc 4.24; Tg 1.19-22).

10 Alguns estudiosos questionam o fato de Jesus haver tido irmãos consangüíneos, filhos de Maria, sua mãe. Contudo as provas são incontestes neste caso (Mc 6.3).Entretanto, nem o mais estreito parentesco humano é maior e mais importante do que a filiação de uma pessoa a Deus e seus relacionamentos dentro da família deCristo. Por isso, os cristãos costumam se chamar de “irmãos” (Mc 3.21,31,32; Jo 7.5).

11  Jesus notou a participação das forças malignas naquela tempestade inusitada, exatamente quando ele e seus discípulos rumavam para a terra dos gerasenos(gadarenos ou ainda gergesenos). Um povo gentio, que vivia isolado, e que tinha como fonte de renda a criação de porcos, animal considerado impuro pelos judeus emtodos os sentidos. Com esse milagre, Jesus confirma mais uma vez, seu poder sobre todas as forças impessoais. Ele as criou e as controla (Jo 1.3; Cl 1.17). “Onde está avossa fé?” Se estiver depositada em uma capacidade ou criação humana, como um bom barco com navegadores experientes, por exemplo, poderá afundar. Se estiver nadedicação e nas obras morais e beneficentes, com certeza, as forças contrárias serão maiores. Entretanto, se estiver firmada em Cristo: tranqüilize-se e comece adesfrutar da bonança (Ef 2.8,9).

12 Mateus faz referência a dois endemoninhados (Mt 8.28). Entretanto, Marcos e Lucas ressaltam a ação daquele que se adiantou para interagir com Jesus (Mc 5.2).Esses homens, vítimas do domínio absoluto do demônio, foram ao encontro de Jesus para maltratá-lo, no entanto, ao se aproximarem do Filho de Deus, prostraram-sediante do poder do Altíssimo e lhe suplicaram por misericórdia. Essas pessoas atormentadas viviam ainda mais i soladas, em lugares desolados que serviam de cemitérios(Mc 5.3).

13 Os gentios, em geral, se referiam ao Senhor como “Deus Altíssimo” (1.24,32; 4.34; Gn 14.19; At 16.17). O reino de Satanás não tem absolutamente nada em comumcom o Reino de Deus (11.14-22), por isso o questionamento dos demônios, haja vista que eles dominavam aquela região e, mais especificamente, aqueles homens.Jesus pergunta o nome do homem com quem está falando, mas quem responde é “Legião” (palavra usada para identificar uma corporação romana com até 6000soldados), o chefe de uma multidão de demônios que havia tomado o corpo daquela pessoa; numa demonstração clara de posse e comando daquela vida, cuja própriaidentidade havia sido confiscada.

14 O Abismo (lugar de confinamento de Satanás e dos espíritos malignos), sempre será o destino final dos demônios e das almas incrédulas (Ap 9.1; 20.3). O desejoinvejoso de Satanás é controlar a vida dos seres humanos, e isso ele buscará de todas as maneiras até o final dos tempos. A criação de porcos era uma atividadeeconômica expressamente proibida pela Lei de Deus em todo o território israelense (Lv 11.7-8). Entretanto, essa região, pertencia a Decápolis, territóriopredominantemente gentílico. Os demônios e a população do lugar perceberam que Jesus e suas palavras e maravilhas poderiam alterar todo o modus vivendi (modo devida) da cidade. Contudo, não foi Jesus quem matou os porcos, mas sim os próprios demônios, que no ímpeto de se afastarem da santidade de Deus, para dominar edestruir desvairadamente, voltaram para o abismo e se afogaram no lago. Uma clara ilustração do Juízo final.

15  O termo grego original: esõthe , é muito rico em significados paralelos, podendo ser traduzido como: “salvar”; “curar”; “resgatar” e “libertar”. É a mesma expressãousada várias vezes no NT para descrever o novo relacionamento de ser humano “resgatado” por Deus. No verso 48 temos um sentido duplo: salvação em relação à mortefísica e espiritual.

16 Contraste entre o pedido dos gerasenos e do homem liberto. A população valorizou os bens materiais acima dos espirituais. Ficaram com medo de perder sua fontede renda, segurança e da destruição que Jesus poderia promover na cidade. E preferiram permanecer oprimidos pelas forças malignas. O geraseno, salvo e curado,reconheceu em Jesus o Filho de Deus e a fonte da vida; valorizou sua salvação acima de todos os bens, e teve pavor de voltar à vida antiga. Em seu coração, disposto aseguir e servir a Deus, aceitou com alegria a orientação missionária de Jesus e, a caminho de casa, pregou o evangelho em várias cidades por toda Decápolis (liga dascidades livres, localizadas além do rio Jordão, caracterizadas pelo alto nível de cultura grega, portanto, gentios).

17  Uma hemorragia crônica (fluxo de sangue) havia tirado a saúde e excluído aquela mulher da sociedade (tornando-a impura segundo a Lei – Lv 15.19-30), pordoze anos (Mt 9.20; Mc 5.25). Jesus sente e abençoa a fé demonstrada por ela, curando sua enfermidade, e a restituindo ao convívio familiar e social através dotestemunho público. Para uma pessoa que passou tanto tempo sendo desprezada e humilhada, Jesus reserva uma palavra especial: “filha”, expressão de ternura quenão aparece em nenhuma outra citação de Jesus nos evangelhos. É a confiança na esperança (Jesus) que produz a ação (17.19), e uma paz que independe dascircunstâncias (7.50).

18  Jairo (nome que significa em hebraico: “Deus dará luz”), era responsável pela sinagoga local e um homem piedoso. Aparentemente o atraso de Jesus em socorrer afilha de Jairo cooperou para sua morte. Incidente semelhante ocorreu com Lázaro, um grande amigo de Jesus (Jo 11.5,6). Esses são dois grandes temores humanos: otempo e a morte. Para Deus, entretanto, estes aspectos limitantes da vida não existem. A razão nos encoraja a crer no possível; a experiência afirma que ninguém voltoudo lugar dos mortos revelando detalhes sobre esse caminho (Lc 16.30); as emoções nos fazem sentir preocupados e assustados em relação à morte (Sl 55.4). Mas Jesusnos afirma que confiando (confiança é a palavra hebraica para fé) nele, como nossa única e suficiente esperança, testemunharemos que o finis da morte (o final de tudo)se transforma no prelúdio da vida verdadeira: plena e eterna (Jo 11.25).

19 Jesus faz uma grande diferença entre a morte eterna e o estado de descanso temporário da alma, fora do corpo, enquanto aguarda a volta de Cristo, e o final da erahumana como a conhecemos hoje. A morte para Jesus é o estado de eterno banimento da comunhão e das misericórdias de Deus. Destino este reservado para Satanás,seus anjos e todos aqueles que rejeitarem a graça salvadora do Senhor durante suas vidas. Sendo assim, Jesus adverte a Jairo de que sua filha não estava(permanentemente) morta. Mas, como ocorre com “os mortos no Senhor”, estava “adormecida” ou “descansando” (1Ts 4.13), na expectativa da ressurreição. Jesusdemonstra a veracidade das suas palavras, despertando a menina da morte, concedendo-lhe uma ressurreição antes da ressurreição definitiva, e comprovando, uma vezmais, que para Deus não há impossíveis (Mt 5.38; Jo 11.11-14).

20  Jesus sempre se preocupou com a maneira como as pessoas o estavam recebendo, bem como a sua mensagem. Ele não queria que o povo o seguisse de formautilitarista, ou seja, somente a troco dos benefícios físicos que Ele proporcionava aos que nele criam: saúde física e emocional, libertação dos demônios, segurança,alimentação (Jo 6.26) e até ressurreição. Pois todos querem ir para o céu, mas ninguém deseja morrer (Lc 9.24). Desde a Criação no Éden, o plano de Deus é que o serhumano lhe fosse um amigo leal, adorando-o como seu Criador e Pai. Uma comunhão que resulta em glória a Deus (Jo 5.44; Fp 3.11).

Capítulo 9  1 O Cristo (forma grega de: o Messias, em hebraico), Soberano do Novo Reino, compartilha seu “poder” (em grego: dunamis ), e sua “autoridade” (em grego: exousia ),

com seus “apóstolos”, termo que em grego significa: “enviados em lugar daquele que os comissionou”, ou seja “embaixadores”. Essa é uma nova fase do ministério de

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Jesus, quando envia seus plenos representantes para colocarem em prática o estilo de vida, proclamação, curas e maravilhas que haviam visto diariamente em suapessoa (Mt 9.35). Essa foi também a terceira viagem pelas terras da Galiléia realizada por Jesus e seus discípulos (8.1).

2  A estratégia espiritual de Jesus para vencer o Diabo e o mundo – e que durante muito tempo foi seguida pela Igreja primitiva – consistia em: sair em missão deproclamação do Evangelho por todo o mundo (Mt 28.16-20); manter um estilo de vida simples sem preocupações materiais (Mc 6.8); confiar na generosidade da provisãodivina; ter senso de urgência, remindo o tempo e aproveitando bem todas as oportunidades para apresentar a Salvação em Cristo (1Co 7.29); fixar a base do seu

ministério numa casa hospitaleira – e não mudar de casa, buscando melhores acomodações. Jesus deu grande ênfase ao ministério da “Igreja nas casas” (Rm 16.5; 1Co16.19; Cl 4.15; Fm 2).3 Sacudir a poeira das sandálias era um ato simbólico praticado pelos judeus piedosos, ao retornarem à Palestina, e que neste contexto significa uma expressão de

relações cortadas, responsabilidade cessada, e um eloqüente e derradeiro apelo ao arrependimento. Esse passou a ser um sinal de total repúdio pela rejeição damensagem de Deus (10.11; Mt 10.14; At 13.51).

4  O objetivo principal de Jesus é trazer todos os seres humanos para o Seu Reino, visto que a humanidade está afastada de Deus, perdida e condenada à morte eterna(Rm 3.23), e essa missão deve ser realizada levando em conta todas as necessidades básicas das pessoas. O amor não separa o bem-estar espiritual e eterno domaterial e presente (1Jo 3.17).

5  Lucas não informa os detalhes sobre a morte de João Batista (Mt 14.1-12; Mc 6.17-29), que ocorreu naquela época. Entretanto, Herodes Antipas, filho de Herodes, oGrande (Mt 2.1-19), perturbado pelo medo e remorso, ansiava ver se Jesus era João Batista, que ele assassinara (13.31; 23.8). Entretanto seu desejo de ver a Cristo sóse concretizou no julgamento de Jesus (23.8-12). Somente as pessoas que recebem a Cristo em seu coração, por meio de fé pura e sincera, ganham a capacidade de vê-lo (9.27; 13.35; Jo 11.40). O “crer” sempre precede o “ver” no Reino de Deus. Tanto Herodes, quanto os judeus e qualquer outra pessoa que procure um sinal de Deus,são exortados – antes de tudo – ao arrependimento sincero e à entrega da alma aos cuidados do Senhor (Mt 12.38-42).

6 A multiplicação dos pães e peixes, além da ressurreição de Jesus, é o único milagre narrado nos quatro evangelhos (Mt 14.13-21; Mc 6.30-44; Jo 6.1-15). Esse eventomarca o clímax do ministério do Senhor na Galiléia. Lembrava os judeus sobre o milagre do maná no deserto. Identificava a Jesus como sendo o cumprimento da profeciade Moisés (Dt 18.18; Jo 6). Por isso, a Igreja primitiva reconheceu neste milagre um paralelo com a última Ceia (22.19; Jo 6.48-58), fazendo com que os discípulos deCristo sejam o Novo Povo de Deus que, pela Páscoa e o Êxodo (saída do mundo pecaminoso), são conduzidos para a eterna Terra Celestial (Hb 3 e 4).

7  Lucas dá especial atenção ao relato de Jesus em oração (conversando com o Pai): Antes do batismo; da escolha dos Doze; da confissão de Pedro; da transfiguraçãoe da traição.

8  Pedro era o porta-voz natural dos Doze. Há séculos, o Messias era aguardado com ansiedade (Cristo é a tradução grega do termo hebraico: Mashiah ), que significa:“o Ungido”. Expressão que na antiguidade se referiu ao Sumo Sacerdote (como na Septuaginta – Lv 4.5), e depois designou o Rei (1Sm 2.10,35; Sl 2.2; Dn 9.25), e foiinterpretado pelos doutores e mestres judaicos – ao tempo de Jesus – como o Salvador e Libertador prometido, cuja vinda era considerada iminente.

9  O povo judeu nutria há séculos uma falsa expectativa em relação à figura do Messias. Esperavam um revolucionário, guerreiro e estrategista militar, que libertariaIsrael do império romano e instalaria seu reino de glória e poder a exemplo de Davi. Portanto, em primeiro lugar, Jesus se revelou aos Doze e esforçou-se para que elescompreendessem bem quem Ele era e qual a sua missão na terra. O próximo passo era comunicar essa revelação ao seu povo antes de Jesus se identificar publicamente(Mt 8.4; 16.20; Mc 1.34). Jesus gostava de se apresentar como “o Filho do homem”, pois essa expressão no original é uma clara indicação do Messias profetizado emDaniel 7.13. A figura do Servo Sofredor (Is 53), é sobreposta à imagem do Messias (Mt 8.20) para retratar adequadamente a pessoa e a obra de Jesus.

10  Seguir a Jesus exige sacrifício do ser humano: consagração, abnegação, dedicação, disciplina e absoluta obediência voluntária à Palavra de Deus. Lucas ainda dáênfase ao aspecto da continuidade, ou seja, viver assim “dia após dia”, haja o que houver. A imagem da crucificação era comum e clara para todos os discípulos. Era amaneira como o império romano executava os traidores, criminosos e revolucionários da época. Contudo, Jesus assegura ao fiel, que ainda que lhe seja necessário dar aprópria vida em holocausto por amor a Deus, uma nova vida de paz e fel icidade lhe será outorgada. Pessoas que aceitam o convite do Senhor e decidem abandonar umavida mundana (morrer para o mundo), passando a dedicar-se à obra de Cristo, são grandes testemunhas desse milagre (viver para Cristo – Gl 2.19-20; Fp 1.21).Nenhuma outra declaração de Jesus recebeu tanto destaque por parte dos quatro evangelistas (Mt 10.38,39; 16.24,25; Mc 8.34,35; Lc 14.26,27; 17.33; Jo 12.25).

11 A palavra grega heos (morte antes...), indica que Jesus não se refere aqui à sua segunda e gloriosa vinda (pois não haverá morte depois – 1Ts 4.17). Jesus está falandoda manifestação do início de um novo tempo do Reino: na ressurreição de Cristo e no dia do Pentecostes. Alguns dos que ali estavam veriam o Rei ressurreto (1Co 15.5-6),enquanto os incrédulos só o verão em seu retorno triunfal para o Juízo (Mc 14.62). Pedro, João e Tiago tiveram uma antecipação desta visão gloriosa cerca de uma semanadepois.

12  Conforme estudos de respeitáveis arqueólogos e historiadores cristãos, o lugar onde ocorre o milagre da transfiguração é o monte Hermom, cujo cume coberto deneve, acima de 2.740 metros de altura (Mc 9.2), pode ser avistado de muitas partes da Palestina, brilhando como ouro polido à luz do sol. Moisés e Elias, os grandesrepresentantes da Lei e dos Profetas, aparecem em glória, porém não como espíritos imateriais, e sim em forma corpórea como Jesus estava. Elias havia sido trasladadocorporeamente para o céu (2Rs 2.11), e o testemunho de Judas (Jd 9) dá a entender que Moisés fora ressuscitado da morte. A obra de Moisés havia sido completada por seudiscípulo Josué, assim como a de Elias por seu discípulo Eliseu (uma variação do nome Josué). Agora estavam conversando com Jesus (nome grego correspondente aJosué, que em hebraico significa: “Deus Salvador” ou “Jeová é Salvação”), e Lucas nos informa que o assunto era o exodon (em grego: a partida) de Jesus (2Pe 1.15): a obraredentora de Cristo na cruz (sua morte) e, conseqüentemente, a sua ressurreição, ascensão e glória final. Esse encontro extraordinário, presenciado por três apóstolos doSenhor, indica o momento exato do cumprimento de tudo quanto o AT prenuncia. A tipologia do Êxodo fornece o pano de fundo; Jesus supera a Moisés na formação e nogoverno do Novo Israel de Deus, por ser o Filho (v.35; Hb 2.9,10). O título “Escolhido” aparece nos rolos do mar Morto, ecoando Is 42.1; 23.35. O termo “Escolhido”corresponde à expressão “Amado” (Mt 17.5; 2Pe 1.17). Jesus, mediante o seu “êxodo” livrou o seu povo (seus seguidores) da escravidão do pecado que domina o nossosistema mundial, levando a bom termo a obra tanto de Moisés quanto de Elias (1Rs 19.16).

13 O milagre da transfiguração ocorreu à noite. No outro dia, após o grande êxtase no monte, Jesus e os discípulos descem para o vale e reencontram a vida normal,cotidiana, com suas aflições, inquietações e necessidades básicas. Toda essa seqüência de acontecimentos demonstra a necessidade do serviço cristão ser umaextensão do culto. A permanência no monte, na contemplação ou busca de experiências, sem o esforço prático para melhorar a vida das pessoas no vale, e vice-versa,resulta em falta de poder e autoridade. A possessão demoníaca afeta suas vítimas de maneiras diversas (Mt 17.15; Mc 9.17; 4.33; 8.28; 13.11,16). Na vida deste jovem, oespírito maligno catalisou os efeitos nocivos da epilepsia amedrontando e confundindo as pessoas, e os próprios discípulos de Jesus que haviam ficado no vale.

14  As pessoas estavam vendo os milagres de Jesus como maravilhas e oportunidades de se livrarem de situações incuráveis ou insolúveis, mas não conseguiam vernos prodígios das palavras e das realizações de Jesus os sinais da presença de Deus na terra, entre seu povo. O lamento de Jesus é contra a incredulidade de todas as

pessoas que se aproximam de Deus apenas para testar seu poder, para assistir a um exemplo da ação extraordinária e especial do Criador. Esquecidas de que precisamde arrependimento, buscam apenas uma solução rápida, prática e a baixo custo para seus problemas imediatos (Dt 32.5; Nm 14.27).

15  Jesus refletia de maneira tão clara a imagem de Deus (imago Dei), que as multidões admiravam nele a sublimidade e a realeza do Senhor (2Pe 1.16). Contudo,Jesus não se deixava envolver pelos louvores e bajulações do povo, e procurava sempre lembrá-los de que rumava resoluto para entregar sua vida como holocausto paraa salvação da humanidade, a quem sempre muito amou (Jo 3.16).

16 A grandeza no Reino de Deus é proporcional ao serviço humilde, sincero e totalmente em louvor ao Senhor. É o próprio significado da cruz (44,45; Fp 2.7,8). Essapolêmica surgiu algumas vezes entre os discípulos (22.24; Mc 10.35-45). O verdadeiro e desinteressado amor é provado por sua operação em favor daqueles que sãoconsiderados pela sociedade como os mais insignificantes. Esse amor será exaltado e premiado por Deus.

17  João responde (literalmente no original grego: “respondendo”) ao esclarecimento do Senhor sobre a grandeza de servir com humildade no Reino, com mais umaquestão: como pode alguém estranho ao seu grupo expelir demônios em nome de Jesus (especialmente quando alguns discípulos não conseguiram)? Não é a posiçãooficial que mede a grandeza de uma pessoa, mas sim a qualidade do seu propósito. Para os discípulos, preocupados, naquele momento, com a hierarquia e o fluxogramado ministério, não bastava que aquela pessoa, possivelmente conhecida de Jesus (50), estivesse realizando prodígios em nome do Senhor, era fundamental que fossemembro do grupo e se comportasse segundo “os estatutos” e a doutrina comuns. Esse tem sido, há séculos, o erro de muitos cristãos. Jesus não diz que o homem eracontra Ele, mas adverte que se aquela pessoa não os estava prejudicando, certamente havia cooperado com eles de alguma forma, pois trabalhava pela mesma causa.Não pode haver neutralidade na guerra contra o mal. Todo o homem que se opõe aos demônios e às suas influências, em nome de Jesus, deve ser bem recebido, e nãoalvo de inveja e oposição.

18 Começa neste ponto a seção central do livro de Lucas que é concluída em 19.44 e focaliza especialmente o ensino de Jesus. Lucas usa literalmente a expressão:“firmou o rosto para ir para Jerusalém”, numa alusão a Is 50.7, ressaltando a determinação inabalável de Jesus em cumprir sua missão até o fim (13.22). Essa viagem a

Jerusalém não é a mesma onde ocorreu a crucificação, porém marca o início de um período de ministério na Judéia, cuja cidade principal era Jerusalém.19 Tiago e João eram conhecidos como “filhos do trovão” (Mc 3.17). À semelhança de Elias desejaram mais do que apenas “sacudir o pó de suas sandálias” (2Rs 1.9-

16). Entretanto, Jesus os alerta para o fato de pertencerem a outro espírito e demonstra o tipo de amor que estava ensinando aos seus discípulos (Mt 5.44). Para alguns

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estudiosos, partes dos versos 55 e 56 foram introduzidos por copistas ao longo dos primeiros séculos. No entanto, o Comitê de Tradução da KJ decidiu manter o textoinalterado como vem sendo publicado originalmente desde 1611 e sobre os quais as novas descobertas nada apresentam em contrário.

20  Quais são as pessoas que não podem seguir a Jesus? As que valorizam a segurança e o conforto acima do Senhor. As que dão total preeminência à família e aosamigos, muito acima do Salvador. As que permanecem contemplando o que deixam para trás (a velha vida) enquanto caminham (Gn 19.26; Ef 5.17-24).

21 Conforme as tradições e rituais fúnebres observados no judaísmo, se o pai daquele homem já estivesse morto, ele não poderia estar ali no meio do caminho, deveria

estar se ocupando de todos os detalhes e cerimônias que envolviam um sepultamento judaico naqueles dias. O que o homem pede na verdade, é um tempo para ficar emcasa até que seu pai morra, para depois, mais maduro e livre de certas obrigações, poder avaliar com calma as vantagens e desvantagens de aceitar o convite de Cristo.Mas Jesus e o Reino têm urgência e necessitam de pessoas dispostas e resolutas. Jesus usa um jogo de palavras (em grego, logioni , aplica-se duplamente ao sentido,físico e espiritual, da palavra: “morto”), para chocar aquele homem com a verdade de que restarão muitas pessoas no mundo que não atenderão ao chamado de Deuspara a vida eterna, e que, portanto, aos mortos espirituais caberá cuidar dos rituais de um mundo que perece (Ef 2.1).

22  Esse trecho bíblico (9.57-62) se passa justamente “ao longo do caminho”. Enquanto Jesus viajava, Lucas nos conta alguns dos muitos casos de pessoas que seapresentaram ou foram convidadas a seguir Jesus e fazer parte do Reino de Deus. Nos três exemplos narrados por Lucas, todas as pessoas ti nham uma razão para adiarou recusar esse compromisso. Claramente tiveram boas intenções, mas não haviam percebido a natureza das exigências que a nova vida e o Reino faz aos sereshumanos que habitarão a Nova Jerusalém. A missão de Cristo é mais urgente do que aquela que Elias estabeleceu para Eliseu (1Rs 19.20). Todo trecho mostra queJesus não exige aquilo que Ele mesmo – enquanto ser humano – não praticou ou suportou. Assemelhar-se ao Mestre é o grande alvo e o preço do discipulado (6.40).

Capítulo 10  1 Os melhores e mais antigos manuscritos gregos de Lucas, nos informam que Jesus enviou 72 de seus discípulos (uma alusão a Nm 11.16-17), em duplas (9.1-6; Mc

6.7; At 13.2; 15.27,39,40; 17.14; 19.22), com a missão de proclamar o Reino de Deus e fazer novos arautos do Senhor (discípulos). Lucas salienta a universalidade doEvangelho (16 vezes), para os pecadores de todos os povos e raças, tanto samaritanos como gentios e os próprios judeus (24.47). O número de discípulos demonstraque Jesus tinha um grupo de seguidores fiéis de tempo integral muito maior do que os Doze mais próximos, e uma agenda repleta. Orientações semelhantes foram dadaspor Jesus aos Doze (Mt 9.37,38; 10.7-16; Mc 6.7-11; conforme Lc 9.3-5).

2  O campo (a seara) é enorme e a grande missão é fazer discípulos de Cristo em todas as nações, pois o Dia do Juízo se aproxima (Mt 13.39, Jo 4.35; Ap 14.15). Esseé o desafio missionário: a grandeza da plantação e a urgência da missão. A oração contínua para que Deus mande servos dedicados à obra. O “Ide” de Jesus é um apelopara todos os discípulos, cada qual com seu dom e campo de ação (Rm 10.15; Rm 12).

3 A estratégia de Cristo é completamente diferente de qualquer outro imperador. Seus discípulos devem ser totalmente dependentes do Onipotente Pastor na conquistapacífica do território de posse do inimigo.

4  Os discípulos não deveriam se preocupar com o sustento, muito menos com o acúmulo de bens. Não levariam sacos de viagem (alforjes), nem um par extra desandálias. Sua manutenção viria de Deus, através de pessoas generosas, que cuidariam plenamente de suas necessidades. As saudações orientais tradicionais eram (eainda o são em muitos lugares) prolongadas, consumindo horas de conversa. Jesus adverte a todo cristão sobre o sentido de urgência e otimização do tempo. Otradicional shalom , saudação hebraica que significa “paz e bem-estar”, passa a ter um sentido ampliado e mais profundo: reconciliação do pecador com Deus (Rm 5.1,10;Ef 2.16; Cl 1.21,22).

5 Ordem de Jesus citada em 1Tm 5.18 como Escritura, numa indicação clara de que o livro de Lucas já era considerado inspirado (canônico). Os líderes cristãos devemreceber justo sustento de todas as suas necessidades. Entretanto, não devem mudar de casas (igrejas ou comunidades) apenas por interesses materiais ou melhorremuneração.

6  A proximidade do Reino tinha a ver com a pessoa de Cristo e de seus arautos (missionários), não em relação ao tempo (Mc 12.34). Apesar de Sodoma ter sido tãopecaminosa que Deus precisou destruí-la (Gn 19.24-28; Jd 7), o povo que ali estava tendo o privilégio de ver e ouvir a Jesus, e os seus discípulos, estava contraindoculpa ainda maior, devido à sua incredulidade, a ser cobrada no Dia do Juízo final. Tiro e Sidom, cidades gentílicas da Fenícia, ainda não haviam tido a oportunidade dereceber a mensagem de Cristo e observar seus milagres, oportunidade dada à maior parte da população da Galiléia. Privilégios maiores sempre resultam em maiorresponsabilidade.

7 Cafarnaum foi o centro do ministério de Jesus na fronteira norte da Galiléia (Mt 4.13). Seus habitantes tiveram todas as chances para verem e ouvirem a Jesus e, amaioria, não se arrependeu. Portanto, maior será sua condenação. A palavra “inferno” vem do grego transliterado haidou ou “hades”, que corresponde à expressãohebraica do AT sheol , a qual significa: lugar dos mortos ou sepulcro.

8  Os discípulos receberam poder e autoridade do Espírito de Deus, pela Palavra de Jesus, para expulsar demônios de todos os tipos e derrotar a Satanás e seusterríveis ataques. Esse momento histórico, contemplado pelo Senhor (v.18), representou um marco no ministério de Jesus com seus discípulos em relação aoestabelecimento do Reino de Deus. Jesus aproveita a euforia dos discípulos para lhes advertir sobre o grande perigo da arrogância, soberba e orgulho, que acomete atodos aqueles que se deixam inebriar pelas glórias do sucesso. Assim se deu a queda de Lúcifer, nome original do Diabo, em hebraico transliterado: helel , que significa:“glorioso”, “luzente”; vocábulo que a Vulgata l atina traduziu pela expressão: “estrela da manhã”. Evento este, de tremendo impacto no universo e testemunhado por JesusCristo no céu (Is 14.12). Jesus previne aos seus discípulos para manterem a humildade e o louvor a Deus por suas virtudes e realizações. Caso contrário, correm o riscode terem o mesmo destino do império babilônico, rebaixado ao nível do pó, depois de ter sido exaltado como o mais poderoso entre os poderosos reinos da terra. Opróprio rei da Babilônia (região onde hoje se localiza o Iraque) foi usado pelos profetas do Senhor como prefiguração da “besta”, que se reerguerá e comandará aBabilônia dos últimos dias (Ap 13.4; 17.3; segundo a descrição do di rigente de Tiro em Ez 28). O próprio Satanás, ao admirar e exaltar seus atributos pessoais – deixandode considerar que todos lhe foram concedidos por Deus, e para Sua glória – cogitou ser semelhante a Deus e por isso foi execrado da presença do Senhor, banido doscéus e rebaixado às regiões do inferno com a violência e a velocidade de um raio. Portanto, a Salvação do ser humano é mais importante que o poder para realizarmaravilhas e vencer o Diabo. A Salvação nos mantém humildes diante dos grandes feitos, e nos encoraja quando erramos e caímos. Ela registra o nosso nome no céu (Sl69.28; Dn 12.1; Fp 4.3; Hb 12.23; Ap 3.5).

9 Uma das principais características do evangelho escrito por Lucas é mencionar a alegria e felicidade por mais de 20 vezes, o cântico e a glorificação de Deus (1.64;2.13; 2.28; 5.25; 7.16; 13.13; 17.15; 19.37; 24.53). Nossa maior alegria não deve estar nas coisas nem nas pessoas, mas no fato de termos sido eleitos para a Salvaçãopelo amor onisciente de Deus, condição privilegiada, que jamais será anulada (Ef 1.4), a qual devemos honrar. Jesus demonstra seu grande júbilo (em grego: agalliaõ ,que significa: “exultação”, “demonstração pública de gozo profundo”). O motivo de tamanho contentamento de Jesus foi testemunhar a revelação da justiça e bondade de

Deus para com os humildes em detrimento dos arrogantes e soberbos. A alegria da redenção (1.14,47; At 2.26; 1Pe 4.13), da qual o Espírito Santo é o agente do gozoespiritual (Gl 5.22 e Fp 4.4).

10 Deus entregou a Seu Filho, Jesus, a chave da reconciliação definitiva entre o Criador e a humanidade: o Evangelho (1Co 15.1-3). Essa revelação não vem dos pais(tradição judaica), mas do Pai em Cristo (Jo 14.6-11).

11 A fé abre a vi são para a verdade, a realidade de Jesus, o Cristo (Messias), e o Reino. Enquanto, o pecado, cega a humanidade (Jo 9.39-41).12  A palavra grega transliterada nomikos , significa originalmente: “advogado”, como consta da Bíblia King James desde 1611. As versões posteriores usaram

expressões como “intérprete”, ou ainda “perito na lei”. Tratava-se de um teólogo judeu, autoridade na Lei (a Torá) de Deus (11.45) e que nesta passagem procurasubmeter Jesus à prova (Mt 4.7; Tg 1.3), mas é provado pelo Senhor através de seus próprios argumentos legalistas.

13 Em outra situação Jesus agrupa os mandamentos formando um só (Mt 22.35-40; Mc 12.28-32 com base em Dt 6.5; Lv 19.18). Se considerarmos que o amor temquatro aspectos (coração, alma, forças e entendimento ou inteligência – como aqui e em Mc 12.30), ou apenas três (Dt 6.5; Mt 22.37; Mc 12.33), o princípio maior a serobservado é a ampla e irrestrita dedicação do nosso ser a Deus. Esses dois mandamentos resumem toda a Lei (Rm 13.9). Como – após a Queda (Gn 3) – tornou-seimpossível ao ser humano, cujo pecado habita no coração, atingir esse padrão; Cristo o fez por nós: a dupla Lei do Amor (1Jo 4.7-19).

14  O advogado busca demonstrar o valor de sua questão. No entanto, oferece ainda mais elementos para que Jesus destrua os argumentos da Lei e revele a verdadeda Graça. A autojustificação ambicionada pelo mais ri goroso fariseu (18.9-14; Fp 3.6) é negada na parábola do Bom Samaritano. A justiça do sacerdote, que representa asuprema autoridade religiosa, e a do levita (que trabalhavam em parceria no templo a serviço de Deus) ainda que zelosos no cumprimento da Lei, omitem o verdadeiro“amor de Deus” (11.42) e passam “de largo” (pelo outro lado da estrada) para evitar um contato frontal com aquele ser humano (semelhante e próximo) mortalmenteferido.

15 Jesus usa de certa ironia ao eleger como o benfeitor da história um samaritano. Considerado pelos judeus da época como o mais asqueroso dos hereges, excluído

do direito de ser “próximo” do judeu, um pecador tanto em relação à doutrina como à prática da religião (Jo 4.20); mesmo assim, era capaz de compadecer-se e termisericórdia de um inimigo necessitado, sacrificando-se e pagando alto preço para salvá-lo. Dois denários de prata correspondiam a dois dias de trabalho e eramsuficientes para custear cerca de dois meses numa hospedaria. Uma ilustração clara da obra de Cristo por nós (Rm 5.8).

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16 Maria e Marta eram irmãs de Lázaro (Jo 11; 12.1-3), grandes amigos de Jesus. Viviam em Betânia, um povoado que ficava a uma distância de quatro quilômetros deJerusalém. Jesus ensina a Marta, e a nós, que freqüentemente aplicamos nossas forças e preocupações na performance (realizar, conquistar). Quando o correto, mais sábioe proveitoso é empenhar nossos sentidos a ouvir e adorar o Senhor, assim como fez Maria. Esse princípio oferece o equilíbrio ideal em relação ao estímulo para o serviçoque aprendemos com a parábola do Bom Samaritano. Em vez da preocupação e ansiedade pelo servir um banquete digno do Senhor, um prato seria suficiente; e Mariapreferiu o banquete espiritual aos pés de Cristo: a melhor causa (At 6.2,4; Mc 10.45; Jo 4.32-34).

Capítulo 11 1 Jesus conversava (orava) com Deus costumeiramente (5.16; Mt 14.23; Mc 1.35) e, mais ainda em ocasiões especiais, como em seu batismo (3.21), na escolha dos

seus apóstolos (6.12), no Getsêmani (22.41). Os discípulos observaram essa prática devocional e disciplina espiritual de Jesus e quiseram aprender como estabeleceresse nível de comunicação com Deus. Diante desse desejo manifestado pelos discípulos, Jesus nos ensina um modelo de oração e não um mantra ou reza repetitiva. Porisso temos uma sugestão em Mateus (Mt 6.9-13) no Sermão no Monte, e outra, de forma resumida, aqui.

2  Jesus ensina que devemos iniciar nossas orações expressando a mesma intimidade, carinho e respeito que uma criança amorosa e obediente tem por seu pai. Maisuma vez Jesus faz um jogo com as palavras para demonstrar o quanto é fácil confundir “religião formal” com “adoração sincera”. Jesus afirma que devemos nos dirigir aDeus como Abba (em aramaico, papai ou paizinho querido – Mc 14.36; Rm 8.15. Gl 4.6), denotando assim o verdadeiro sentimento que há no coração de Deus para comseus filhos. Sentimento este que deveria igualmente inundar nossa alma e que nos ajudaria a compreender melhor a pessoa do Senhor e seu modo de agir na história. Oslíderes religiosos judeus costumavam iniciar suas preces com a palavra hebraica transliterada Abinu com o acréscimo de alguma expressão que significasse que Deusestava no céu . Este tipo de formalismo e protocolo – jamais requerido por Deus – tendia a colocar o ser humano numa posição de quase inacessibil idade a Deus. Um tipode relacionamento parecido com o que os pagãos tinham com seus deuses, e por isso precisavam lhes oferecer sacrifícios, autoflagelos e mantras infindáveis a fim deobter um pouco da atenção e graça divinas.

3  Depois de certificar-se de que pode chamar a Deus de Pai (Jo 1.12), o discípulo deve exaltar o nome do Senhor. Os nomes na antiguidade judaica tinham umsignificado intrínseco muito maior do que nos dias de hoje que resumia a totalidade do caráter de uma pessoa. Por isso, Jesus mudou o nome de algumas pessoasquando foram convertidas, pois suas filosofias de vida (a maneira de pensar e viver) haviam sido completamente alteradas ao se tornarem seguidoras de Cristo. Deus éPai, que significa o Criador: Aquele que dá origem ao ser humano. É nosso “paizinho” mas também é nosso Senhor, esse é o caráter de Deus (amor e justiça) e merecetoda a nossa reverência (de alma). Expressamos o Deus que vive em nós através de nossas atitudes (1Pe 1.14-21; 3.15). Logo em seguida, enquanto ora, o discípulodeve almejar a implantação do Reino de Deus na terra. Esse alvo de Jesus deve ser a missão dos seus discípulos: que todos os povos, raças e culturas, sejamcontemplados com a Salvação e que um sistema global de amor e justiça permeie toda a terra (Mt 28.18-20). Devemos orar, pois essa missão cumpre-se parcialmentequando uma pessoa aceita a Jesus como seu Salvador e Senhor pessoal, mas ainda esperamos pela total e perpétua remissão de toda terra, quando Cristo voltar emglória. A oração continua, e agora o discípulo está pronto para, reconhecendo que Deus é quem provê o sustento diário e eterno (em grego epiousion , que significa, “dia adia”, “cotidiano”, “para amanhã e depois”), suplicar agradecido pela provisão de amanhã enquanto coloca mãos à obra. Seu trabalho não visa apenas ganhar o sustento,mas sim prestar glória ao Senhor e dar testemunho ao mundo (Jo 6.35 e 4.32 com Pv 30.8 e Ap 19.9). Esta perspectiva cristã do trabalho faz toda a diferença. O pecado éconsiderado como uma dívida que precisa ser paga. Deus é o Criador de toda a terra e da humanidade, portanto, tudo o que somos e temos pertence a Deus. Quandodesobedecemos ao Senhor, estamos roubando os direitos de Deus e ficamos em pecado (em dívida). Assim como o Senhor provê diariamente recursos para nossosustento, também nos oferece seu perdão em Jesus Cristo. Da mesma maneira, devemos estar dispostos a perdoar nossos semelhantes todos os dias. Viver a vida cristãdentro desse padrão é correr o risco de ser tentado (em grego peirasmos que também significa um tipo de “teste” ou “prova”) a todo o momento. Deus não “tenta” aninguém, mas “prova” a todos os seus filhos (Mt 9.1; 6.9-15; Dt 8.1-5; Tg 1.13; Hb 2.17); Jesus está nos ensinando a ficar alertas e fugir das inúmeras ciladas do Inimigo,que tem o objetivo de nos persuadir a viver abaixo do padrão moral de Deus para nos condenar (1Co 6.18; 10.14; 1Tm 6.11; 2Tm 2.22) e com isso, neutralizar nossamissão de testemunharmos e implementarmos o Reino de Deus no mundo.

4 Lucas é o evangelho da oração e nos revela o apelo de Jesus para que sejamos ousados e perseverantes na oração (vs. 5-8), nos oferecendo total garantia de queDeus responde às nossas súplicas (vs. 9-13). O argumento é que se nós que estamos sob a influência do pecado universal (13.1-9), ainda assim, somos amorosos paracom nossos filhos, quanto mais o Pai da humanidade fica feliz em presentear seus filhos com os dons espirituais, sendo o primeiro e maior deles o dom da Salvação (1Co12.13). Todo crente em Jesus tem o Espírito Santo (At 1.8; Gl 5.22), mas quando pedimos para que o Espírito dirija nossas vidas abrimos a alma para sua maravilhosa ecompleta ação (Ef 4.30 com 1Ts 5.19).

5 O sinal que tanto buscavam estava diante deles. Jesus acabara de expulsar o Mal e curar aquele homem cego, surdo e mudo (Mt 2.22-30; Mc 3.20-27). Mas, os olhosdos legalistas, obscurecidos pelo pecado, não podiam enxergar as maravilhas realizadas por Jesus em palavras e atitudes. Ao afirmar que Jesus exorcizava sob o poderdo inferno (Mt 12.24), não compreendiam que aquele esconjuro era a maior prova que Jesus agia pelo poder de Deus, pois que o reino do mal não está dividido. Osdemônios não lutam entre si, somente os homens agem assim. A expulsão do demônio evidencia a chegada do Reino de Deus e a derrota do príncipe deste mundo.

6 O Reino de Deus havia chegado no sentido de o Rei estar presente na pessoa de Cristo (4.43) e de os poderes do mal estarem sendo vencidos. O Diabo (tambémchamado de “valente” ou “homem forte”) prende e escraviza a todos que consegue dominar, mas somente até a chegada de Jesus, que tem plena autoridade e poderpara destruí-lo; bem como aos seus exércitos e resgatar a humanidade (Cl 1.13; 2.15; Hb 2.14).

7  A neutralidade no Reino de Deus é inaceitável e impossível. Quem não apóia sinceramente a Jesus, seus ensinos e Igreja, opõem-se ao Senhor. Entretanto é precisocuidado para não censurar os que estão do lado de Cristo como se não estivessem. Aquele obreiro citado em 9.50 não era membro do grupo dos Doze, nem dos setentae dois, mas fazia a obra em nome de Jesus e o Senhor não o condenou (Mc 9.38-39).

8 O ministério dos exorcistas judeus era ineficaz (v.19), pois afugentavam os demônios por algum tempo, mas não aceitavam o Reino de Deus em seus corações (Mt12.43-45). Quando uma pessoa é liberta da opressão do mal deve abrir seu coração para que seja cheio do Espírito Santo de Deus: a única maneira de viver livre docontrole do Diabo. Uma vida reformada, mas sem a presença do Espírito Santo fica sujeita a ser novamente tomada pelo mal.

9   Maior privilégio do que ser a própria mãe de Jesus e compartilhar da humanidade de Deus é compreender e aceitar a mensagem salvadora de Jesus Cristo eparticipar do seu corpo espiritual (Tg 1.22).

10 O profeta Jonas ficou três dias “sepultado” no interior de um grande peixe e depois voltou à terra de Israel. Desta mesma forma, Jesus seria ressuscitado depois detrês dias do seu sepultamento (Mt 12.40; Jo 14.11; Jn 3.4).

11 Gentios, como a rainha de Sabá (1Rs 10.1-10) e os ninivitas, testemunharão, no juízo, contra os incrédulos judeus; porque, ao perceberem um pouco da glória de Deus,

não endureceram ainda mais seus corações e se arrependeram de seus pecados. Entretanto, os judeus estavam diante do fulgor da luz divina irradiada de Jesus Cristo e nãoconseguiam ver o Reino e a glória de Deus. Todos têm alguma luz; todavia, a responsabilidade aumenta, conforme a intensidade da luz do evangelho (Jo 1.9; Rm 1.20; 2.5).

12  As pessoas que pedem sinais não precisam de mais luz e sim de ampliar sua percepção, a capacidade de ver e analisar com olhos espirituais. A candeia tem opoder de iluminar todos aqueles que se aproximam dela, tanto mais quanto mais perto estiverem. A luz de Cristo e de Sua Igreja jamais será apagada, mas continuarábrilhando até os confins da terra, oferecendo a oportunidade da Salvação a todos os povos, raças e culturas; atraindo para Si todos os que têm “olhos bons” (abençoadospor Deus), fazendo-os ingressarem no Reino e participarem da fulgurante luz de Cristo.

13 A expressão “fariseus” significa em hebraico “os separados”, e era usada para identificar uma seita político-religiosa que lutava pela segregação da cultura judaica.Eles aguardavam a vinda de um Messias político, que obrigasse o povo a seguir todas as leis e ordenanças da tradição rabínica e legalista criada por eles para explicar oAT. O ato cerimonial de se lavar (verbo grego: baptizõ ) várias vezes antes das refeições, não era ordenado na Lei, mas fora acrescentado pelos fariseus (Mt 7.3; Mt 15.9).

14  A mais perigosa insensatez é pensar que Deus se preocupa mais com as cerimônias exteriores do que com o sentimento sincero da alma humana (Is 1.10-17). Jesusnos adverte para que não tentemos ser mais reais do que o Rei em nossos procedimentos e relacionamentos. Os fariseus estavam dando muito mais atenção a formasrígidas de comportamento do que a uma vida moral limpa e generosa para com Deus e os nossos semelhantes (Mc 7.20-23).

15  O amor sincero ao próximo, que se reflete em atitudes práticas e concretas de respeito, solidariedade e cooperação, é um dos mais significativos atos de purificaçãoespiritual e adoração a Deus. Os líderes religiosos e políticos devem ter muito cuidado com a demagogia, pois é comum falarem do que não fazem. Exortam o povo àsatitudes humanitárias e projetos sociais; contudo, eles próprios não se desprendem de seus bens materiais, amor ao poder, egoísmo e vaidades (19.8).

16 Os judeus costumavam pintar seus túmulos com cal para que ninguém por acidente tropeçasse ou tocasse neles e, dessa forma, ficasse contaminado ou “imundocerimonialmente” por sete dias (Nm 19.16; Mt 23.27). Assim como tocar em um túmulo resultava em “impureza”, Jesus afirma que associar-se aos “fariseus” (aoslegalistas) podia levar à “impureza moral” e proclama três maldições contra isso: Aqueles que colocam as normas e estatutos religiosos acima do amor a Deus (1Co

16.22) e da justiça (Fp 3.9); aqueles que valorizam a honra e os elogios das pessoas acima da glória de Deus (Jo 12.43); e aqueles que contaminam seus semelhantes aoinvés de conduzi-los a Jesus Cristo e, portanto, à Salvação (Hb 12.15 com Tg 5.20).

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20 Jesus estabelece um contraste entre os líderes irresponsáveis (vv 45-47), e os demais cristãos, mal instruídos que se permitem viver sob a direção do egoísmo, daarrogância e que duvidam das promessas gloriosas; todos receberão o justo castigo no tribunal de Cristo (2Co 5.10). Certamente haverá um castigo para aqueles quedeixam de cumprir seu dever. A responsabilidade recai sobre aqueles que muito receberam (Am 3.2). As pessoas não serão castigadas apenas pelo mal que praticaram,mas também pelo bem que deixaram de fazer (Tg 4.17). O fato de não conhecer a Palavra ou a ignorância não podem ser usados como desculpa para evitar a puniçãofutura, pois não existe ignorância moral absoluta (Rm 1.20; 2.14,15), e nossa ignorância faz parte de nosso pecado.

21

Aqui o “fogo” é uma metáfora do Juízo que começou a “arder” na crucificação de Jesus Cristo. Jesus afirma também que suportará o julgamento de Deus no lugardos crentes, e estabelece um forte vínculo entre “batismo” e “morte” (Mc 10.38-39 e 1Jo 5.6-8). Jesus contemplava com horror o momento da cruz, mas com submissãototal e resoluta à sua inevitável missão de salvar a humanidade. Por isso, seu Espírito foi derramado com poder sobre todos os crentes (At 1.8; 2.1). Entretanto, aquelesque rejeitarem o seu sacrifício e apelo serão condenados ao juízo do fogo eterno ( 3.16; Mt 25.46).

22  O poente ficava na direção do mar Mediterrâneo (1Rs 18.44). Os ventos do sul sopravam do deserto do Neguebe e traziam muito calor. Embora as pessoas,desde a antiguidade, soubessem compreender e usar esses indicadores atmosféricos para prever climas, estações e tempos, não conseguiam perceber a gravidadeda sua incredulidade e dos próprios pecados, a importância histórica daqueles momentos em que Deus andou sobre a terra na pessoa de Cristo, a chegada do Reinode Deus, e muito menos, o terrível julgamento que se avizinhava com o massacre do povo judeu pelos exércitos de Roma e suas conseqüências eternas.

23 Jesus nos ensina que acima das tradições religiosas e dos sistemas de leis de um povo, está a Palavra de Deus. Os sinais dos tempos eram nítidos (como o sãohoje) e uma decisão radical e urgente de arrependimento e volta à Palavra se fazia necessária, mas as pessoas não conseguiam ver o terrível furacão do juízo tomandoforma. É preciso acertar as contas antes que seja tarde demais. A expressão grega lepton foi traduzida como “último centavo” e representava uma pequena moeda decobre ou bronze cujo valor correspondia à metade da kodrantes (um centavo).

Capítulo 13  1 Segundo o historiador judeu Flávio Josefo, contemporâneo dos apóstolos de Cristo, em sua obra “Antiguidades”, os galileus eram conhecidos como insurgentes, e

Pilatos, por sua crueldade ilimitada.2   Na antiguidade, especialmente no AT, acreditava-se que grandes desgraças aconteciam aos crentes que cometiam grandes pecados. Esse, por exemplo, foi o

argumento de alguns dos amigos de Jó (Elifaz em Jó 4.7; 22.5). Jesus, porém, adverte aos que se acham “justos” sobre o pecado da arrogância espiritual e da auto-suficiência (18.9-14), pois não percebem a sua necessidade de arrependimento diário. O pecado é inerente ao ser humano desde a Queda (Gn 3); contudo, Deus não usao castigo conforme a lógica humana (Jo 9.1,2).

3  Somente Lucas, em toda a Bíblia, cita esse acontecimento, observado por Jesus para lembrar a doutrina do pecado original e a necessidade que todos temos dearrependimento.

4 Essa parábola tem um sentido muito amplo, pode referir-se a Israel como também a cada um de nós (Mc 11.14).5 Os três anos citados por Jesus nessa parábola representam um período de vários séculos de graça e oportunidade que Deus garantiu a Israel por ocasião da Aliança

e que culminaram com a chegada e a proclamação do Evangelho (Cristo).6   Deus exige frutos e não simplesmente folhas; vida e não somente palavras e promessas (Mt 7.21-27). A aparente demora no juízo não significa indiferença ou

inoperância, pelo contrário, é Deus usando de sua incomensurável paciência e bondade, na esperança do fruto de arrependimento (3.8 com 2Pe 3.4-10). Todavia, maiscedo ou mais tarde a lâmina do machado da justiça punitiva de Deus cairá com severidade sobre toda raiz de vida inútil, a qual não aceitou o enxerto da nova vida emJesus (Mt 7.16; Rm 11.16-24; Cl 1.6,10). O juízo deveria ter caído sobre Israel imediatamente após a crucificação do Filho de Deus, entretanto, o Senhor concedeu – apedido do Vinicultor – uma derradeira oportunidade especial que ocorreu entre o Pentecostes e a destruição completa de Jerusalém (66-70 d.C.).

7  O chefe da congregação dos judeus (sinagoga) preocupou-se mais com sua tarefa de pôr ordem no serviço religioso (culto) do que com a salvação (cura) de umser humano (Êx 20.9,10). Passagens anteriores que relatam a dificuldade que mestres e líderes judaicos tinham em compreender o significado do sábado, revelam aautoridade de Jesus Cristo sobre esse dia (6.1-11; 14.1-6; Mt 12.1-8,11,12; Jo 5.1-18). Aqui se evidencia o significado do dia do descanso. Desde o princípio, o sábado(em hebraico transliterado shabbãth – descanso no mais amplo e absoluto sentido da palavra), era profético, relembrando a reconsagração da Criação à sua finalidadeoriginal, o que só se realizará de maneira completa por meio da derrota final de Satanás (v.16). Essa vitória total é prevista na libertação da mulher de quem foi expulsoo espírito de enfermidade (v.11,12), cuja tradução literal e original da frase de Jesus seria: “foste libertada para permanecerdes livre”. Jesus usou o exemplo vivodaquela mulher para deixar seu último ensino e a maravilha das suas ações de poder na congregação dos judeus. Jesus jamais voltaria a uma sinagoga.

8 Jesus exalta o valor da mulher, ressaltando que ela, como todos os homens, é herdeira nacional e espiritual do Pai dos fiéis (1Pe 3.6) e que, pela fé, viu sua busca demuito anos ser agraciada com o chamado (Jesus a viu e a chamou ao centro da congregação) e o toque salvador (curador) do Senhor (v.12). Os líderes religiososestavam dando mais valor e respeito aos animais de carga do que aos seus semelhantes; e, por isso, Jesus afirmou que eram hipócritas, pois fingiam ter zelo pela Lei,mas tramavam desmoralizá-lo e matá-lo.

9  Tanto nas plantações quanto na cozinha (onde a alimentação é preparada), como no mundo e nas almas humanas, a implantação e o desenvolvimento da novanatureza do reino não podem permanecer ocultos ou tímidos. A vida do Espírito de Deus se manifestará em todo indivíduo que aceitar a salvação de Jesus, depois serefletirá na congregação dos justificados pelo sangue do Cordeiro (a Igreja) e, como conseqüência, afetará e influenciará o mundo todo (Ap 5.9). Em geral, árvores e avessimbolizam nações, nessa passagem, Israel (Ez 17.23; 31.6; Dn 4.12,21) e os gentios salvos que – em Cristo – terão livre acesso ao Evangelho e à mesma assembléiados filhos de Deus (Ef 3.6).

10 No original, a expressão grega três satos significa uma grande quantidade de farinha (pouco mais de 10 quilos). A mesma quantidade usada por Sara em Gn 18.6.No primeiro século da Igreja, a ignorância dos pagãos (gentios) em relação ao Reino de Deus em Cristo era quase total. Entretanto, com o passar dos séculos, oCristianismo se tornou a maior das religiões da terra.

11 Em algum momento entre os acontecimentos registrados em 11.1 e 13.21, Jesus partiu da Judéia para iniciar sua ministração aos povos da Peréia e terras vizinhas(Mt 19.1; Mc 10 e Jo 10.40-42). Embora realizasse grande obra na Peréia e em muitas outras terras, onde repetiu vários de seus ensinos e prodígios, seus olhos ecoração estavam voltados para a Cidade Santa (terra das profecias), para onde caminhava resoluto, ao encontro do seu destino final nesta terra em benefício dahumanidade.

12 No verso 22 começa uma seção que vai até 16.13, com o objetivo de responder a duas questões especiais, que muito preocupavam os teólogos da época de Jesuse de hoje: “Quem entrará no Reino de Deus?” e “Serão poucos ou muitos os que terão esse acesso privi legiado?”. Apesar das multidões que vinham à procura de curas e

outras bênçãos, Jesus não é claro sobre o número dos salvos, mas adverte que muitos tentariam buscar a salvação (entrar no Reino) depois de ser tarde demais (portasfechadas). O verdadeiro salvo não é necessariamente o religioso e bem instruído, mas sim aquela pessoa que, arrependida de sua condição mundana e pecadora, senteo desejo inesgotável de, em Cristo, lutar (no original grego transliterado agõnizõ – concentrar toda a atenção e força), pois a porta é estreita e não permite que passemoscarregando nosso “Eu” nem o “mundo” (v.24). Além disso, devemos passar com urgência – sem deixar essa decisão para amanhã – pois poderá não haver mais tempo(2Co 6.2). Imbuídos de toda a santificação, sem a qual não é possível ver o Senhor (Hb 12.14), e cheios do Espírito Santo (Rm 8.4). A mesa no Reino se refere ao grandebanquete messiânico (Mt 22.2; Ap 19.9) onde, para surpresa dos judeus ortodoxos e outros legalistas, muitos gentios cristãos estarão presentes (Rm 11.11-25).

13 Herodes Antipas não admitia qualquer perturbação ou revolta nas suas terras, e Jesus estava na Transjordânia, que juntamente com a Galiléia, fazia parte da sua jurisdição.

14   Jesus refere-se a Herodes como a um animal sanguinário, astuto e traiçoeiro. A expressão “hoje e amanhã” era de uso corrente entre os líderes semíticos esignificava um período indefinido de tempo, mas determinado exclusivamente por quem expressava a frase (4.43; 9.22). Jesus faz uma referência clara à conclusão dasua obra redentora na terra.

15  Jesus contemplava a parte final da sua vida de sacrifícios e tinha horror do que via, mas estava resoluto. Sua hora ainda não havia chegado, e ele controlava cadamomento que antecedia o seu próprio holocausto. Todavia ninguém o sangraria como a qualquer cordeiro, ele daria sua vida no lugar de cada ser humano que aceitasseo seu sacrifício diante de Deus e se arrependesse de seus pecados (Jo 1.12). Morreria em Jerusalém, como os grandes profetas de Deus que pregaram e foram mortosna Cidade Santa antes dele (2.38; Jo 7.30; 8.20; de acordo com Jo 8.59; 10.39; 11.54).

16 Jesus lamenta-se profundamente por Jerusalém e pela nação israelense não haverem dado o devido valor aos muitos e grandes privilégios concedidos por Deus aos judeus (2Pe 3.9). Muitas foram às vezes em que Jesus esteve pregando sobre o Reino em Jerusalém ( Jo 2.13; 4.45; 5.1; 7.10; 10.22). Essa mesma exclamação de dor elamento foi proferida na terça-feira da Semana da Paixão (Mt 23.37,38).

17 Jesus faz um anúncio tremendo! Após sua morte e ressurreição o Espírito de Deus será retirado da Casa de Deus – o Templo de Jerusalém – e será transferido paraum outro templo, não feito de pedras ou por mãos humanas, composto dos salvos, os crentes em Cristo (2Co 6.16; 1Pe 2.5). Deus abandonaria o seu Templo e suaCidade (21.20,24; Jr 12.7; 22.5 de acordo com Zc 12.10; Ap 1.7; Is 45.23; Rm 14.11; Fp 2.10,11), e só seria novamente visto por Jerusalém no dia do seu glorioso retorno.

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Capítulo 14 1 Os evangelhos registram sete milagres realizados por Jesus em dias de sábado, sendo que cinco deles aparecem em Lucas e os outros dois são narrados por João

(Jo 5.10; 9.14). Todas as refeições que os judeus fariseus comiam no sábado eram preparadas no dia anterior conforme as normas da Lei por eles interpretadas.2  Lucas chama a doença que o homem apresentava pelo nome médico em grego hidropisia , que se refere ao acúmulo de líquidos e fluidos; afetava outras partes do

corpo e provocava inchaço generalizado.3 Manuscritos antigos e fiéis, assim como a KJ de 1611 trazem a expressão “jumento” ao invés de “filho” como aparece em algumas versões. O Comitê de Tradução daKJ entende que essa variante combina melhor com a expressão “boi” que acompanha a frase, e com o contexto mais amplo do ensino de Jesus (13.10-17). Em Dt 5.14 aLei é determinada tanto para seres humanos quanto para os animais. A ação de Jesus não seria permitida pela lei rabínica dos me stres judaicos, mas sim conforme a Leimosaica. A letra da Lei, para a pessoa legalista, nega o espírito da própria Lei (Rm 7.6), enquanto a autoridade do Espírito no coração produz a verdadeira justiça da Lei(Rm 8.4). Esse era o ponto de vista que Jesus queria ensinar aos líderes religiosos de sua época: a vida, o amor e a justiça são mais importantes do que milhares deregulamentos e decretos de lei.

4   Jesus já antevia as discussões insensatas por posições e poder na comunidade dos cristãos (22.24) e recomenda que o servo entregue esse assunto ao Pai eaguarde sua promoção em paz, serviço e humildade.

5 Jesus não está falando apenas de boas maneiras, mas da vida espiritual, na qual a humildade é o primeiro requisito para a exaltação, especialmente no Juízo fi nal.6  Deus não honrará os seus filhos segundo a prática mundana de exaltar aos que têm influência nesta vida, mas conforme o testemunho de Cristo que se doou

completamente, revelando uma atitude de total abnegação (Fp 2.6 de acordo com Tg 2.2-4).7  Todas as nossas intenções e ações têm sua recompensa. Por isso, o cristão sábio é aquele que age de maneira a agradar a Deus e obter sua aprovação na

ressurreição dos justos. Há doutrinas que separam a ressurreição dos justos (1Co 15.23; 1Ts 4.16; Ap 20.4-6) da ressurreição geral (1Co 15.12,21; Hb 6.2; Ap 20.11-15).Todavia, todos serão ressuscitados (Dn 12.2; Jo 5.28,29; At 24.15). Os “j ustos” são os que forem justificados por Deus por causa do sacrifício expiatório de Jesus Cri sto eque tiveram comprovado sua fé mediante as suas ações na terra (Mt 25.34-40).

8 Era comum aos estudiosos das Escrituras associarem o reino futuro de Deus a um grande banquete (13.29; Is 25.6; Mt 8.11; 25.1-10; 26.29; ap 19.9). Jesus aproveitaa manifestação deste homem para adverti-los, em forma de parábola, sobre o fato de que nem todos entrariam no Reino de Deus.

9 Os homens deram uma série de desculpas falsas, uma vez que ninguém compra terras e propriedades sem ver, ou bois de arado sem experimentá-los. Nem mesmoa rigidez das cerimônias matrimoniais dos antigos judeus privaria o jovem marido de levar sua esposa ao banquete e atender ao convite do seu senhor.

10 A parábola do maravilhoso banquete (grande Ceia) nos ensina: Deus convida a humanidade para entrar em Seu Reino e cear com Ele e seus amigos. Obviamentenão há desculpas para não aceitar tal honra, e qualquer recusa será entendida como uma afronta. O evangelho é ministrado de graça e tudo já está preparado para ogrande evento. Os homens procuram eximir-se da responsabilidade de atender ao convite do Senhor, pois preferem cuidar de suas propriedades terrenas a fazer parte doReino (Jo 3.3,5); preferem trabalhar, ganhar, comprar e vender seus bens temporais a receber o Reino eterno de graça (Ef 2.8,9); preferem seus relacionamentos nomundo, como o casamento, às bodas no céu. Assim que a Casa estiver com sua lotação preenchida, virá o fim dos séculos e a completa implantação do Reino de Deus(Rm 11.25).

11 Jesus apreciava o uso das figuras de linguagem a fim de dar maior significado e amplitude aos seus ensinos. Aqui, ele se vale de uma hipérbole vívida (exagero)para revelar que o ser humano deve amar a Deus (Cristo) de forma mais completa e abnegada, que a si próprio e à sua família imediata (Mt 10.37). A expressão“aborrece” como aparece em algumas versões, tem o sentido de “amar menos...” e significa submeter tudo, de forma absoluta, inclusive a própria pessoa, a umcompromisso total com Cristo (16.13).

12  A expressão grega original carregar a sua cruz  aparece em algumas versões como tomar a sua cruz , mas tem o mesmo sentido de seguir o exemplo de Cristo,consagrar-se absolutamente a Deus, não exatamente numa rebelião política ou militar contra Roma, mas na causa do Reino, até o martírio. Em contraste com a vinda deCristo para a salvação (Mt 11.28), devemos segui-lo em todos os momentos, dia após dia, como discípulos fiéis. O custo do discipulado é a nossa rendição total aoEspírito Santo em amor. Essa consagração deve ser maior e mais íntima do que todas as nossas afeições familiares (v.26), maior do que todas as nossas vontadespessoais de carreira e sucesso (v.27), e maior do que nossa estima ao dinheiro, bens e poder (33). Paulo compreendeu e pregava esse mistério (Fp 3.8).

13 Jesus é bem claro em nos advertir quanto à importância de não aceitarmos o compromisso do discipulado sem pensar bem sobre seu alto custo e implicações eternas.Por isso não é correto pregarmos somente sobre as bênçãos de andarmos com Cristo; devemos igualmente explicar a todos sobre a grande responsabilidade assumida comDeus por meio dessa decisão pessoal. O perigo de uma decisão irresponsável e insincera é duplo: a zombaria pelo fracasso nesta vida, e a perda total na outra (Hb 2.1-3).

14 Jesus usa mais duas parábolas para frisar o custo de viver como cidadão do Reino na terra, bem como o preço que será pago por todos aqueles que não aceitarem oconvite do Senhor para o notável banquete. O ser humano sábio é como o rei consciencioso, que ao perceber o poder do Reino que se avizinha, não espera o confrontofinal, mas se rende e busca a paz.

15  Cristo compara o crente morno, espiritual e moralmente i rresponsável, que não reflete sobre a importância da sua decisão de seguir o Evangelho, com um tipo de salque havia na Palestina no século I, o qual era tão impuro que perdia o pouco cloreto de sódio que abrigava. Não servia para fertilizar o solo, nem mesmo para decompor-se de modo útil em meio ao esterco (Ap 3.16).

Capítulo 15  1 Os fariseus e os escribas (mestres da Lei) eram visceralmente contra os coletores de impostos (publicanos) e contra toda pessoa que não cumprisse rigorosamente

as suas doutrinas e normas religiosas de comportamento. Referiam-se a essas pessoas como “pecadores” (pessoas de má reputação). Cristo não apenas recebe o“pecador” como oferece a ele a Salvação (representada na partilha do pão). É importante lembrar que Jesus jamais participou do pecado, mas sempre amou aospecadores e para libertá-los das garras do pecado foi que Ele veio e entregou sua vida (3.12, vs. 4,8; Mc 2.15; At 11.3; 1Co 5.11; Gl 2.12).

2 Jesus responde ao questionamento dos legalistas com histórias de fundo teológico, filosófico e moral que contrapunham o amor longânime de Deus ao exclusivismodos fariseus, escribas e líderes religiosos. As três parábolas que se seguem: a do pastor que busca; a da mulher que sofre com a perda; e do pai que jamais deixa deamar e perdoa, ensinam o significado do arrependimento (12.54). A volta dos que se extraviaram produz um enorme regozijo no coração de Deus (3.8; At 11.18; 26.20;Rm 2.4).

3  Referências ao pastor e o pastoreio eram comuns durante toda a história do povo judeu. Grandes líderes nacionais e profetas apreciavam esse tema (Sl 23; Is 40.11;

Ez 34.11-16). Algumas versões trazem a expressão “deserto”, todavia não tem a ver com dunas de areia, mas com campos de pasto não cultivados (Jo 6.10). Jesus nosexorta, como cristãos, a “ir em busca” dos perdidos – como maior estratégia de evangelização – e não simplesmente adotarmos uma postura insensível, crítica e punitiva(14.21,23). Deus em Cristo é nosso maior exemplo de evangelista. Seu amor e persistência em procurar salvar a humanidade ultrapassam a gravidade do pecadohumano e a sua própria soberania intocável (Ez 34.6,11 em relação a Gn 3.9,10).

4 Jesus, em algumas ocasiões, valia-se da ironia para destacar o pecado e completa miopia espiritual daqueles que deveriam ser homens de Deus perante seu povo.Os que se consideram justos não sentem a necessidade de se arrepender dos seus pequenos delitos, e acabam pecando por sua arrogância, orgulho e insensibilidade.

5 Lucas faz referência a uma moeda grega (dracma) e não romana (denário). O valor monetário dessas moedas era próximo e equivalia a um dia de trabalho (Mt 20.2).As casas da Palestina, na época de Jesus, não tinham janelas, e o chão era de barro, o que tornava ainda mais difícil a localização de uma pequena moeda.

6 Um pai judeu podia dividir sua herança entre os filhos quando desejasse (garantindo ao filho mais velho o dobro de todos os bens da família, conforme Dt 21.17 eoutros textos da Torá), retendo para si, entretanto, as respectivas rendas que obtinha com a propriedade, até sua morte. Contudo, era extremamente incomum dar ao filhomais novo a sua porção na herança mediante qualquer solicitação. Jesus mostra filosoficamente que foi a humanidade, representada pela nação judaica, que insistiu paradeixar a companhia de Deus, retirando-se para r egiões distantes, áridas e sombrias.

7 A intenção do filho de abandonar suas terras onde vivia com a família e sob os cuidados do seu pai, para viver em completa liberdade, sem precisar prestar contas deseus atos, numa região distante, junto a um povo com outros costumes e cultura, fica bem clara quando ele parte levando consigo tudo o que possuía, sem deixar para trásabsolutamente nada à espera de um possível retorno. Queria ficar livre das orientações e restrições impostas pelo pai, gastando conforme o seu bel prazer (hedonismo) suaparte das riquezas que a família havia conquistado, com trabalho árduo, ao longo de muito tempo de disciplina e força de vontade (Sl 107).

8 A maior das vergonhas e dos castigos para um judeu era ter que se aproximar ou lidar com porcos, pois desde a antiguidade judaica esses animais representavam aimpureza, a imundícia e o afastamento total de Deus (Lv 11.7).

9   Os revezes, quedas, erros e toda sorte de insucessos representam grandes oportunidades para nos achegarmos ao Senhor, confessarmos amarguras,ressentimentos, fraquezas e pecados, e abraçarmos uma nova perspectiva de vida que não se limita a esta terra, nem a este tempo: é eterna. A Bíblia revela umahumanidade insensata afastando-se do seu Criador, desesperadamente necessitada de recobrar o bom senso (cair em si).

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10 No contexto cultural da época e, em respeito ao significado dos termos originais do texto bíblico, cada um dos elementos do vestuário que o pai ordenou que fossemtrazidos para seu filho maltrapilho (apenas um símbolo da sua condição espiritual), tinha um significado maior, que não pode ficar ausente do texto correspondente emlíngua portuguesa. A longa veste representava distinção, o anel de sinete era um símbolo de autoridade e tradição de família (Gn 41.42), e as sandálias demonstravamque ele era filho do senhor daquelas terras, uma vez que os escravos andavam descalços. Um novilho era engordado (cevado) por anos, na expectativa de ser abatido,assado e comido por todos, em uma ocasião memorável.

11 Morto ou perdido é o estado de uma pessoa que perdeu o contato com Deus (Rm 6.13; Ef 2.1) e, por isso, não participa mais da vida de ressurreição e completoresgate em Cristo (Jo 11.25).

12  O amor misericordioso e perdoador do pai simboliza a divina misericórdia de Deus, e o ressentimento punitivo do irmão mais velho assemelha-se à atitude legalistados fariseus e líderes reli giosos que se opunham aos pecadores, gentios e, mui to especialmente, a Jesus.

13 O irmão mais velho havia obedecido a seu pai por medo e mera obrigação ritual. Entretanto, colecionava cada amargura em silêncio. O cabrito era considerado umalimento inferior, bem menos caro do que um novilho gordo. O preconceito e o ódio do irmão mais velho não permitiram que ele reconhecesse em seu irmão mais novo omesmo sangue de família, e, portanto, pudesse também comemorar a sua salvação (livramento, cura).

14 O mesmo ocorre com muitos filhos de Deus; tudo está ao nosso dispor – todas as riquezas do Pai – em Cristo (Ef 1.3). A inveja e a arrogância, contudo, impedem oseu amplo e completo usufruto.

Capítulo 16 1 Esta parábola tem forte ligação com a anterior. Aqui, um mordomo ou gerente de patrimônio é denunciado como esbanjador (pródigo, defraudador, dissipador) dos

bens do dono das terras e propriedades sobre as quais tinha o dever de bem administrar e gerar l ucros.2 Uma antiga prática comercial judaica era aumentar excessivamente os preços, no caso de pagamentos a longo prazo. Isso para evitar a cobrança de juros, o que não

era permitido pela Torá, especialmente entre os judeus (Dt 23.19). Muitos estudiosos defendem a tese de que o administrador procurou os devedores do seu patrão e,renegociando as dívidas com base em valores justos, para pagamento à vista, conseguiu receber um alto volume de recursos financeiros, agradando e conquistandoassim o bom favor dos seus devedores, bem como satisfazendo os interesses do seu senhor.

3  Cem potes de azeite, ou como aparece em algumas versões: “cem cados de azeite”, correspondem à produção de aproximadamente 450 oliveiras. Cerca de 400 litrosde azeite puro. Normalmente os administradores colocavam um preço ainda mais alto no azeite, pois no caso de apropriação, por falta de pagamento, era costumeadulterar o azeite com outros óleos para aumentar o volume devolvido.

4 Cem tonéis de trigo, ou como aparece em algumas versões: “ cem coros de trigo”, correspondem à produção de aproximadamente 100 acres de terra plantada. Cercade 36.000 quilos de trigo colhido.

5 O que Jesus elogia não é, evidentemente, a desonestidade do administrador, mas sim a sua engenhosidade em usar os problemas e as oportunidades que estavampresentes para se preparar para um futuro inóspito que ele antevia. Da mesma forma, o cristão deveria investir todos os recursos que possui nesta vida no serviço deDeus e do Evangelho, em benefício dos seus semelhantes, a fim de assegurar galardões e grandes recompensas no céu e na vida eterna. A expressão “filhos destemundo” (no original grego transliterado: tou aionos toutou ) era uma frase comum para indicar o período anterior à vinda do Messias e o Seu Reino. Os cristãos fiéis, “osfilhos da luz”, devem dar mais valor e atenção à eternidade (Jo 8.12; 12.36; Ef 5.8).

6 O vocábulo grego original transliterado: adika , traduzido aqui, por algumas versões, como iníqua não indica uma falta de justiça ou ética pessoal; mas, a característicageral desta era, portanto, “deste mundo” (sociedade) em que vivemos (v .11; 1Jo 5.19). O povo de Deus deve estar disponível e motivado para usar todos os recursos queo próprio Senhor lhe tem concedido, na gloriosa tarefa de ajudar o próximo, e fazer discípulos de Cristo por meio da amizade sincera. A obra de amor ao próximo deve serrealizada com fidelidade, quer seja com poucos ou com muitos recursos. Esses amigos, discípulos de Cristo, estarão no céu (nos tabernáculos ou moradas eternas) eserão eternamente gratos por nossas atitudes de amor cristão. Dessa forma, as riquezas acumuladas neste mundo podem ser investidas para conquistar benefícioseternos.

7 A lealdade e a fideli dade não são determinadas pelo montante confiado, mas pelo caráter da pessoa que faz uso dele (19.17; Mt 25.21).8  Nessa vida nada nos pertence, somos apenas administradores (mordomos) dos bens do Senhor. No céu, entretanto, receberemos nossa herança e o direito de

possuí-la (Sl 24.1).9  A palavra grega original para “servir” é douleuen , que significa “ser escravo” (Rm 1.1). Nem sempre a escravidão era cruel ou jugo involuntário. Havia muitos senhores

sábios e justos para com seus escravos, bem como algumas pessoas que se voluntariavam para servir com absoluta dedicação a certos senhores em troca de proteção esegurança. A expressão grega: mamõna , é uma palavra de origem aramaica que significa tudo o que pode ser adquirido por meio das riquezas. Lucas, mais que qualqueroutro evangelista, destaca os “santos pobres” e o perigo do amor a Mâmon: o deus do dinheiro. Uma pessoa pode dedicar-se de todo o coração ao serviço de um ououtro, mas não de ambos (Cl 3.5; Mt 6.24 conforme Tg 4.4).

10 Os fariseus apreciavam receber o louvor e os elogios das pessoas, especialmente por causa de sua cultura, aparente rigidez religiosa e oratória (Jo 5.44; 12.43), masDeus, que sonda os corações e o íntimo de cada ser humano, vê os motivos egoístas que são abomináveis para Ele.

11 A vida e o ministério de João Batista, que preparou o caminho para Jesus, o Messias, marcou a linha divisória entre o AT (a Lei e os Profetas) e o NT (o Evangelhoda Nova Aliança – Hb 8.6-12 conforme Jr 31.31-34). No Evangelho, a salvação é dada inteiramente pela graça, de modo que, mesmo não sendo judeus “zelosos da Lei”,como os fariseus, muitos estão – a cada dia – entrando no Reino de Deus seguindo o difícil, estreito e desprezado Caminho de Cristo (14.27). É a vida e o ministério deCristo que trazem uma nova e derradeira oportunidade de salvação à humanidade caída (Nova Aliança). Cumprindo assim, nos menores detalhes, toda a Lei (AntigaAliança). Jesus ilustra o completo cumprimento da Lei e suas profecias, assegurando que nem um pequeno traço gráfico (algumas versões o chamam impropriamente de“til” ao tentar uma correspondência com a língua portuguesa) da menor letra do alfabeto hebraico se apagaria da Lei até que fosse cumprido (Mt 5.17-18).

12 Jesus toca sabiamente em um assunto delicado j á naquela época. Os fariseus, apesar de todo o seu zelo e legalismo, haviam se tornado extremamente permissivosem relação ao divórcio. Alguns mestres judaicos como Hillel concediam divórcio pelos motivos mais triviais; por exemplo, se uma esposa deixasse queimar ou azedar oalmoço do marido. Aquibá, outro jurista fariseu, chegou ao ponto de permitir o divórcio a maridos que se queixaram da beleza de suas esposas e desejavam casar comoutra mais bonita. Além disso, apenas aos homens era dado o direito do divórcio. As mulheres eram obrigadas a permanecer casadas enquanto os maridos asdesejassem. Jesus notou que os fariseus haviam transformado a Lei numa zombaria e, por isso, fazia questão de expor os juristas e religiosos da época ao ridículo desuas práticas injustas. Jesus ensinou que o alvo maior da Lei não é o divórcio, mas sim orientar o casal para que se ame, respeite e viva em harmonia e companheirismo

por toda a vida terrena. Deus criou o casamento de modo que dois seres humanos se tornem um e dêem seqüência à raça humana como uma grande família (Gn 2.24). Odivórcio nada mais é do que uma disposição por causa do egoísmo, insensibilidade e arrogância – “dureza de coração” – a que chegaram os homens (Mc 10.5).

Descasar e casar de novo é uma alteração (adultério, deformação) da vontade original de Deus para o homem e a mulher; assim como os fariseus estavam fazendocom toda a Lei. De passagem, Jesus estava defendendo publicamente a posição de João a respeito do procedimento de Herodes Antipas para se unir a Herodias (Mt14.1-4). Mateus revela mais sobre o ensino de Jesus em relação ao divórcio (Mt 5.31,32; 19.9), tema que também aparece em outros textos bíblicos (Mc 10.11,12; 1Co7.10,11).

13   Jesus conta uma outra história. Desta feita um homem rico e avarento vivia de forma perdulária. Insensível, não atentava para as necessidades de Lázaro, ummendigo cujo nome em hebraico significa: “Deus me socorreu”, e que fora deixado na entrada da mansão do homem rico. A palavra grega transliterada: esbebl etosignifica literalmente, “foi jogado”. Lucas, como médico, nos informa sobre a extensão e a gravidade das feridas do pobre Lázaro, usando uma expressão médica, muitoespecífica em grego, e que só aparece aqui no NT “chagas”.

14  O Talmude menciona tanto o paraíso (23.43) quanto o lado de Abraão (tradicional e literalmente chamado de “seio de Abraão”), como sendo o lar eterno dos justos.Estar junto a Abraão significa estar em um lugar de paz e felicidade (o verdadeiro Shabbãth – repouso), para onde vão todos os justos após a morte e ficam aguardando oDia do Senhor, a vindicação futura e final. O ri co avarento demonstra todas as características de um saduceu da época: riquezas, amor excessivo ao luxo, dinheiro e bensmateriais. Também não acreditavam na vida após a morte (At 23.8), e limitavam o cânon bíblico aos livros de Moisés (a Torá). Em contraste com o “administrador astuto”e sua preocupação quanto ao seu futuro (v.4-9), este rico, como o “tolo” (12.16), foi indiferente à sua própria condição e ao sofrimento dos seus semelhantes no presente,e não se preocupou com o juízo futuro. Sua atitude quanto à vida ilustra bem o princípio revelado no v.15b.

15 Algumas versões trazem aqui a palavra “inferno”. Entretanto, Hades não é geena , como em Mt 5.22. Hades ou Sheol (em hebraico), refere-se ao lugar para onde vãotodas as almas após a morte física. O Hades é dividido em duas áreas: o paraíso e o lugar de tormento, onde os ímpios esperam pelo Juízo final para a condenação (Ef

4.9; Ap 20.11-15). Que os tormentos começam no Hades fica evidenciado pela lastimável situação desse rico avarento. O Hades inclui os castigos característicos do fogodo inferno (lago de fogo e enxofre, Ap 20.10; agonia extrema, Ap 14.11; separação total e definitiva, Mt 8.12). O paraíso (seio de Abraão – 22; 13.28) está separado porum abismo instransponível entre o mundo inferior e os “lugares celestiais” (2Co 12.4; Ap 2.7; 6.9). Nesta história o Senhor ensinou que existe plena consciência após a

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8/14/2019 Versão Final - King James O Evangelho de Lucas com Notas

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morte. A memória do passado não é anulada no outro mundo. O inferno é um lugar de sofrimento eterno. Não existe uma segunda chance de salvação após a morte. Éimpossível qualquer comunicação entre mortos e vivos. Todavia, há alguns teólogos que entendem de modo menos literal essa descrição feita por Jesus sobre estar “noseio de Abraão” ou no Hades .

16 Os dois homens desejaram muito algumas coisas. O rico avarento desejou e amou suas riquezas e o glamour do luxo e do poder, e recebeu tudo do que mais queria.Durante toda a sua vida perdulária, muitas vezes passou ao lado do mendigo, mas jamais sentiu compaixão pelo seu semelhante atirado a uma situação tão degradante,

sem forças nem qualquer auxílio. Lázaro sonhava com uma oportunidade de vida digna, a cura física e qualquer alimento ou ajuda que viesse daquele seu semelhante tãopróximo e tão rico. Esperou até a morte pela realização dos seus sonhos, mas morreu em silenciosa esperança, resignado. Aceitou a vontade de Deus até o fim.Entretanto, a vida não acaba na sepultura, e na eternidade, a situação desses dois seres humanos sofreu grande inversão. O rico avarento, que jamais precisara pedircoisa alguma, agora experimenta o que significa mendigar, e suplica algumas gotas de água a Abraão (a quem chama de Pai, mas em nome de quem nunca agiu comofilho) usando palavras semelhantes às que Lázaro usara para lhe implorar algumas migalhas de pão. Mesmo assim, considerava que Lázaro poderia servi-lo. O inferno éum lugar de padecimento constante e eterno, de onde pode ser contemplado o que jamais se alcançará (v.23), e de onde os condenados se lembrarão do passado comsaudade insaciável e terrível remorso (v.25), como uma espécie de sede sem alívio (v.24).

17 Referir-se a “Moisés e os Profetas” era um meio comum de mencionar todo o AT. O rico avarento não prestara atenção às Escrituras e aos seus ensinamentos, eagora temia que seus irmãos caíssem no mesmo erro.

18 Lucas mostra que essa história não trata apenas do cuidado que devemos ter com nossos desejos, ambições e atitudes durante esta vida. No final Jesus mencionasua ressurreição (v.31; 9.22) para fazer uma importante revelação: se a mente e o coração de uma pessoa estiverem refratários ao Espírito do Senhor, e as EscriturasSagradas forem rejeitadas, nenhum tipo de prova – nem mesmo uma ressurreição – fará essa pessoa mudar de opinião (Jo 5.45-47). Nem a ressurreição de Lázaro,amigo de Jesus, em Betânia, nem mesmo a de Cristo foram capazes de persuadir os arrogantes e legalistas líderes religiosos a se arrependerem (Jo 11.47 – 12.11), masno coração de muitas outras pessoas houve fé, e foram salvas.

Capítulo 17  1 Jesus se refere especialmente aos líderes religiosos e previne seus discípulos para evitarem qualquer escândalo (em grego: skandala – que significa literalmente,

“tentações ao pecado”). Lucas coloca esse texto numa seqüência de advertências sobre o uso das riquezas e o correto ensino das Escrituras. Todos os cristãos devemcuidar-se para não se tornarem “pedra de tropeço”. Ou seja, motivo de desânimo espiritual ou pecado que afaste os mais novos na fé (de qualquer idade) ou os imaturosdo Caminho do Senhor (17.23; 21.8; Mt 18.6; Mc 9.43; Rm 14.13).

2  A palavra original, aqui traduzida por “repreende-o” tem o sentido de “corrigir com amor”. Jesus ensina que seus seguidores devem perdoar tudo, em todos, e sempre(Mt 18.21). Como cristãos temos não somente a obrigação, mas o poder de perdoar o arrependido, assim como Deus perdoa (15.1-32; Mt 6.14,15). Apesar de todas asdificuldades para cumprir esse mandamento do Senhor, sua prática produz enormes, profundas e eternas bênçãos. Evidentemente, a fé é tão essencial para perdoarquanto para pedir e receber perdão.

3 Os apóstolos imediatamente pediram mais fé ao Senhor para conseguirem cumprir o mandamento do perdão. Jesus nos ensina que para cumprir essa ordenança eviver a vida cristã com coerência e frutos espiri tuais (abundância, plenitude, Jo 10.10), não é necessário uma grande fé, mas fé em um grande Deus. Jesus usa a figura dogrão (semente) de mostarda – que era proverbial por causa do seu pequeno tamanho – e substitui o conceito de maior ou menor fé, para a realidade de uma fé genuína.Se há uma fé real, sem dúvida, os seus efeitos a seguirão. Jesus refere-se à figura da amoreira negra, muito usada pelos fariseus como metáfora de solidez e tradiçãoarraigada (diziam que as raízes desta árvore eram enormes e viviam até 600 anos) e assegura que a fé pura e verdadeira poderia removê-la e plantá-la em pleno mar.

4  Muitas são as pessoas que imaginam que Deus pode se tornar nosso devedor por causa de boas obras praticadas, sacrifícios, ofertas ou promessas cumpridas. Naverdade, nossa alegria deve estar em sermos recebidos como servos (escravos). Jesus previne seus discípulos quanto ao uso correto da fé. Ou seja, com humildade. Nãoesquecendo da nossa condição primeira de escravos sem direito. A palavra grega original: achreioi (inúteis), significa “que não dá dividendos”, isso quer dizer: “não hácomo barganhar com Deus” (Mt 5.48; 1Co 9.16). Jesus relata como era a vida normal dos senhores e seus criados, mas ele próprio agia com muito mais generosidade(12.37; 22.27).

5 A partir deste trecho Jesus segue sua jornada até Jerusalém, passando pela Peréia e ministrando ao longo do caminho até chegar ao seu destino final (9.51; 13.22).6 Caminhar sob o comando do Senhor é sempre a prova da fé pura e verdadeira que remove obstáculos (2Rs 5.10-15). Jesus não queria chamar atenção sobre si, nem

quebrar a Lei. Porém, é importante observar que somente depois de curadas as pessoas deviam ser apresentadas diante dos sacerdotes para a entrega de ofertas degratidão a Deus (Lv 13.2,3; 14.2-32).

7 Os nove leprosos ingratos representam a atitude da maioria do povo judaico diante da pessoa e missão de Cristo. Os judeus não suportavam os samaritanos há muitotempo (Jo 4.9). Contudo a doença e as crises sempre aproximam os inimigos. A maneira agradecida e feliz com que o samaritano volta para louvar ao Senhor é umprenúncio do Evangelho chegando a todos os povos da terra não judeus (gentios).

8  Jesus costumava abençoar as pessoas com essa frase, cuja palavra “curar”, também pode ser traduzida como “salvar”, ou ainda “livrar”. Jesus gostava de usar osentido ampliado dessa expressão em sua língua original para dar ênfase ao significado completo da salvação trazida por ele. Os nove judeus também tiveram fé, poisforam curados. Mas esse homem teve fé e gratidão e recebeu cura para o corpo e salvação para a alma. Ou seja, foi plenamente restaurado (7.50; 8.48,50; Mt 9.22).

9  Jesus usa a palavra parateresis, que no original grego quer dizer: “sinais” ou “ritos de culto” (Gl 4.10) para ensinar que sua chegada e seu Reino não dependem degrandes manifestações exteriores como ocorreu na noite de Páscoa (Êx 12.42). Deste momento em diante, as pessoas em todo o mundo receberiam Deus para habitar(tabernacular) em seus corações, sem quaisquer ritos ou grandes manifestações cerimoniais. O sangue da salvação no madeiro, seria o do próprio Deus encarnado: JesusCristo.

10  Jesus faz muitas vezes uso de expressões enigmáticas, para que apenas aqueles cuja alma for tocada por Deus, o sigam e obtenham a revelação. Assim, nestetrecho, a expressão “entre vós” significa, ao mesmo tempo, que a experiência de receber o Reino de Deus é um milagre que ocorre no interior do ser humano (Mt 23.26),e que o Reino já havia chegado e estava bem ali na pessoa do seu Rei (19.11; 21.7; At 1.6). Jesus declara que não está no meio dos fariseus incrédulos; mas sim, que oFilho de Deus já estava agindo no meio deles, convocando seus súditos e proclamando sua volta em poder e glória no final dos tempos.

11 Quando os exércitos de Roma invadiram Jerusalém e massacraram o povo judeu (cerca de 70 d.C), muitos discípulos suplicaram desesperadamente pela volta deCristo. Em épocas de guerras e grandes crises, os crentes desejam ver o grande Dia do Senhor, pois isso significará para os cristãos de todas as raças, povos enações, o fim do sofrimento, das angústias, privações e perseguições.

12 Jesus prevê que os dias que antecederem ao seu glorioso retorno – repentino e brilhante como um relâmpago que corta os céus – a situação espiritual e moral daspessoas será de absoluta indiferença. O mundo viverá uma completa permissividade e apenas o poder econômico será reverenciado. A religiosidade da verdadeirateologia bíblica será esvaziada. Muitos destes sinais já são observados em países da Europa e em algumas partes dos Estados Unidos, conhecidos por sua tradição cristãreformada e protestante, e como um dos maiores centros evangélicos do mundo. Nessa época, vários falsos profetas surgirão e enganarão a muitos.

13  Mas os tempos seriam marcados pelo sangue de Cristo. Antes que a história continuasse até seu epílogo, era impreterível o sacrifício do Filho de Deus parasalvação do seu povo, e Jesus fez muitas vezes menção a esse ato histórico e decisivo na vida dos discípulos e da Igreja por todas as gerações até a sua volta (5.35;9.22,43; 12.50; 13.32,33; 18.32; 24.7 de acordo com Mt 16.21).

14  Os dias de Ló (Gn 18.16 – 19.28) se repetirão, porém não de forma localizada, mas sobre todo o planeta. Então o Filho de Deus aparecerá claramente visível paratodas as pessoas, em todas as partes da terra (1Co 1.7; 2 Ts 1.7; 1Pe 1.7,13; 4.13). Os cristãos sinceros imediatamente estarão com Cristo, os demais, infelizmente,continuarão a história de afastamento de Deus e danação que escolheram trilhar (Jo 1. 11-14).

15 Na medida em que os dias se aproximam do glorioso retorno do Senhor, a sociedade relativisa e r omanceia os princípios e mandamentos da Palavra de Deus, e a fétende à apostasia, mais vigilância e consagração serão necessárias aos cristãos fiéis. A importância vital dessa preparação prévia para o grande Dia é um dos principaistemas do ensino de Jesus Cristo sobre o final dos tempos (12.35-48; Mt 25.1-3). Vigi lância é a constante e disciplinada concentração no Senhor e na prática diária da suaPalavra. Qualquer distração espiritual pode ser fatal, como ocorreu com a mulher de Ló. Nos tempos de Cristo, era costume subir nas lajes planas das casas paradescansar à brisa amena dos finais de tarde na Palestina. Entretanto, no dia da volta de Cristo, não haverá tempo para buscar qualquer pertence. Tudo acontecerá numsó instante. Mateus e Marcos se referiram da mesma forma à queda de Jerusalém e de modo indireto ao final dos tempos (Mt 24.17,18; Mc 13.15). Entretanto, o texto serefere aqui ao glorioso retorno de Jesus (v.30 de acordo com 21.21).

16 Independentemente do quanto duas pessoas sejam íntimas e da mesma família, não há qualquer garantia de que ambas venham a ter o mesmo destino eterno. Uma

pode ser levada ao Juízo e à condenação eterna, e a outra, à salvação e à vida eterna com Cristo. A certeza da salvação deve estar no coração de cada pessoa que umdia aceitou sinceramente o sacrifício do Senhor por seu resgate pessoal.

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17  Jesus cita um antigo provérbio judaico em resposta à pergunta dos discípulos afirmando que esses eventos ocorrerão em todas as partes do mundo. Os abutrespercebem o cheiro de carniça a quilômetros de distância, muito tempo antes do último suspiro de suas vítimas. Assim sendo, mesmo com o céu azul e limpo, os abutres jácomeçam a se aproximar dos cadáveres dos incrédulos para seu banquete final. Todavia, quando essa hora chegar, os cristãos sinceros já estarão na glória do Senhor,salvos e exultantes. Uma alusão à carnificina que ocorrerá por ocasião do Armagedom (Ap 19.17-19).

Capítulo 18  1 Assim como a parábola do administrador infiel (16.1-8), essa também é uma “história enigmática de contraste”. Revela que, se um magistrado que não teme aoSenhor, nem respeita ou teme a homem algum, pode ser levado a atender a petição de uma pobre viúva por causa de sua insistência, quanto mais o fará o justo Juiz douniverso (Tg 4.12). Os cristãos são encorajados a permanecer fiéis e confiantes em suas orações a Deus, que no momento oportuno responde a todos como um Paiamoroso.

2 O juiz insensível da parábola não temia a Deus e muito menos aos homens. Não se preocupava com o bem-estar da sua comunidade nem com o que as pessoaspensavam sobre ele. A viúva, especialmente no AT, representava – assim como os órfãos – todo tipo de pessoa desamparada e carente de recursos (Sl 68.5; Lm 1.1).

3   A palavra grega original aqui traduzida por “aborrecer” é a mesma que Paulo usou ao se referir à disciplina que aplicava ao próprio corpo por causa de Cristo:“esmurro o meu corpo” (1Co 9.27) e seu sentido mais literal é: “esbofetear”. As súplicas da pobre viúva eram como “bofetadas” no rosto daquele juiz insensível. A oraçãoque sempre alcança a resposta do Senhor é: isenta de pecados não confessados (Tg 5.16); i ncessante (1Ts 5.17) e cheia de fé (1Jo 5.15).

4  A justiça de Deus sempre é feita, e será vista com clareza, por toda a terra no glorioso retorno de Jesus. A expressão “escolhidos” tem sua origem num termohebraico, particularmente usado no AT, para se referir a Israel, o povo eleito de Deus. Entretanto, seu paralelismo com outra palavra hebraica muito significativa “servo”(1Cr 16.13; Sl 105.6; Is 65.9), une as idéias de “responsabilidade” e “privilégio”. No NT a expressão tem seu conceito estendido à Igreja, como o Novo Israel de Deus (1Pe2.9). Entretanto, Jesus prediz que a sua volta se dará em momento de grande esfriamento espiritual sobre a terra, afastamento da teologia bíblica e perseguição aoscrentes sinceros. Nessa época será ainda mais necessário perseverar na oração e não esmorecer na fé leal a Cristo, assim como no exemplo da viúva.

5 O jejum não era uma prática ordenada na Torá (Lei), a não ser o jejum do Dia da Expiação. Os fariseus, entretanto, haviam instituído jejuns às segundas e quintas-feiras (Dt 14.22; Lc 5.33; Mt 6.16; 9.14; Mc 2.18; At 27.9). Da mesma forma, em relação ao dízimo, os fariseus ofereciam a décima parte de tudo quanto produziam,recebiam ou ganhavam e não apenas do salário e de algumas rendas, conforme prescrevia a lei mosaica.

6  A palavra “benevolente” vem do hebraico original transliterado hilastheti e quer dizer: “sê conciliado”, “expiado”, “indulgente”. No NT e na Septuaginta essa expressãoestá relacionada com os atos no propiciatório, no Santo dos Santos do templo (Rm 3.25; Hb 9.5; Êx 25.17). O verbo aqui usado significa “ser propiciado” (1Jo 2.1-2). Opublicano não evoca seu bom coração ou boas obras, mas suplica a misericórdia do Senhor para l he perdoar os pecados e receber suas orações e ações de graças.

7 Jesus enfatiza um dos pilares doutrinais da fé cristã: a justificação. O fariseu tenta justificar-se a si mesmo ao apresentar suas qualificações morais e espirituais aoSenhor. Algumas, inclusive, acima do que a lei de Moisés ordenava. Entretanto, somente Deus pode justificar o ser humano culpado e já condenado (Rm 1.17; 5.1). Aotentar justificar-nos a nós mesmos, estamos sendo falsos, mentirosos e desprezando a justiça da graça de Deus (Rm 3.20).

8 Jesus usa uma outra ilustração para explicar, particularmente aos discípulos, que tipo de pessoa herdará o Reino de Deus. A recepção calorosa e protetora do Senhoràs crianças – no original grego transliterado brephe , “infantes” – denota que as principais virtudes desejadas por Deus no ser humano não são a instrução, compreensão eobediência irrefletida às leis; mas sim, a relação de amor puro, confiante e sincero para com o Senhor (Mt 18.3; 19.14; Mc 10.15 de acordo com 1Pe 2.2). Qualquertentativa de obstruir ou impedir que crianças e pessoas simples do povo tenham essa relação verdadeira com Deus será duramente castigada (17.1,2; Mt 18.1).

9  A expressão usada por Jesus tem o seguinte sentido original: “Tu sabes o que dizes?” Ou seja, somente alguém que reconhece em Cristo a pessoa de Deus (EuSou), pode dirigir-se a ele por suas qualidades de lealdade, misericórdia e benevolência sem cair no pecado da hipocrisia (Rm 7.18). Afinal, somente Deus é bom, todosos homens são pecadores e inclinados ao mal. O jovem rico e religioso não percebeu que estava falando com Deus.

10   Jesus procura ser mais claro e, considerando o apego extremo daquele líder judeu ao cumprimento da Lei, o encoraja a cumprir o décimo mandamento, pois suaavareza era maior do que seu amor a Deus. A renúncia a tudo, e a qualquer coisa, que possa ocupar o lugar de primazia de Deus em nossa alma é condição sine qua non  (latim: sem a qual não ) para o discipulado (12.34).

11 Causas da tristeza e depressão de muitas pessoas: Negam-se a confiar plenamente em Deus e a corresponder às expectativas do Senhor (Jo 3.3,5); rejeitam oúnico Mestre que verdadeiramente pode guiá-las pelos árduos caminhos desta vida (Jo 8.12); afastam-se do único Caminho que pode conduzi-las à felicidade e vidaeternas (Jo 14.6).

12 A ninguém foi dado o dom de salvar-se a si mesmo ou a qualquer outra pessoa. Essa é uma dádiva de Deus, outorgada através do sacrifício vicário de Jesus Cristoem benefício exclusivo daqueles que sinceramente nele crêem (Jo 6.37). Poucos são os ricos, mas todos amam o mundo e as coisas que o mundo oferece (1Jo 2.15). Arenúncia de tudo por amor a Cristo é igualmente impossível, tanto para pobres quanto para ricos, por isso dependemos da graça do Senhor e do seu toque milagroso emnossos corações para abraçarmos com fé a salvação e nos convertermos dos nossos caminhos naturais de egoísmo e pecado.

13 Lucas destaca, pela primeira vez, a participação efetiva dos gentios (no caso, os romanos) em relação às perseguições e ao martírio de Jesus Cristo.14  Apesar desta ser a sétima predição feita por Jesus sobre seu holocausto (5.35; 9.22.44; 12.50; 13.32; 17.25), os discípulos – como todos os judeus da época –

esperavam há séculos a chegada de um Messias que venceria todos os inimigos de Israel e se tornaria rei dos judeus, como Davi. E também compartilharia seu reinadode glória com seus seguidores leais. Honras e autoridade seriam distribuídas entre os cooperadores mais próximos. Somente o Espírito Santo poderia lhes esclarecerquanto ao novo e definitivo procedimento de Deus em relação a Israel e ao mundo (2Co 4.3,4 de acordo com Lc 24.26).

15 É possível que Bartimeu (Mc 10.46) tenha sido curado entre a velha Jericó (uma cidade de cananeus) e a nova Jericó (construção que Herodes havia recentementeterminado). Mateus relata que dois cegos foram curados (Mt 20.30). É provável que um deles tenha falado de forma mais incisiva e destacada, suplicando em favor deambos e, por isso, Marcos e Lucas não mencionam o outro.

16 O homem cego já tinha ouvido acerca dos rumores sobre o título messiânico que as multidões haviam consagrado a Jesus: Filho de Davi, e que culminariam na suaentrada triunfal (como o Messias que seria proclamado rei pela vontade popular) em Jerusalém (19.28). Esse agitar das massas judaicas começava a perturbarseriamente os governadores romanos, que permitiam a livre manifestação religiosa dos povos por eles dominados, mas jamais, qualquer tipo de insubordinação políticaou econômica.

17   Jesus parou em sinal de reprovação aos que, desprezando os apelos do mendigo cego, o repreendiam. Por outro lado, Bartimeu demonstrou de forma prática aparábola da “viúva persistente”. Ao homem que pedia “misericórdia” o Senhor pergunta em que sentido prático a misericórdia do Filho de Davi poderia ajudá-lo. Mateus

acrescenta que Jesus tocou os olhos do homem, mas ambos mencionam que Jesus abençoou aquele homem com a palavra da cura completa, que pode ser traduzida como“salvação”, o que significa uma cura do corpo e da alma. A fé daquele homem não produziu a cura, mas foi o meio pelo qual ele a recebeu. Daí em diante, o homem podiaver, e vendo, já não chamava a Jesus de Filho de Davi – líder político e rei dos judeus – mas glorificava a Deus, pois havia visto Seu Filho Jesus.

Capítulo 19  1 Em hebraico literal, o nome “Zaqueu” significa, “o justo”. Ele não era apenas um cobrador de impostos, mas uma espécie de gerente geral de arrecadações, cargo esse

mencionado só nesta passagem em toda a Bíblia. Jericó ficava na fronteira com a Transjordânia (Peréia), uma região próspera nessa época e Zaqueu ganhava umaporcentagem sobre o trabalho de todos os demais publicanos do distrito. Zaqueu é um exemplo de que o impossível ao ser humano, é possível a Deus (18.24-47; Mc2.14,15).

2  Havia um desejo no coração de Zaqueu e uma curiosidade por ver a Jesus muito diferente da inveja e maldade de Herodes (9.9), ou da incredulidade de muitaspessoas da multidão (11.16,24). Era a mesma disposição e perseverança do cego (18.41). Zaqueu subiu numa árvore robusta, de tronco curto, mas com longos e fortesgalhos. Normalmente atingia dez metros de altura (Am 7.14).

3  Embora Zaqueu sentisse um desejo irresistível de conhecer Jesus; de fato, Jesus já sabia quem era ele. A frase usada por Jesus no original, não é apenas umasimples solicitação de pouso ou hospedagem, mas uma expressão enfática. Jesus entendia sua visita a Zaqueu como parte da sua missão divina. Zaqueu respondeu comregozijo ao chamado do Senhor. Lucas faz 19 referências explícitas à alegria e ao gozo espiritual. Assim como seu amigo Paulo em sua carta aos filipenses (Fp 1.18).

4  Para a maior parte da multidão era mais fácil louvar a Deus pelo milagre da cura do cego Bartimeu (18.43), do que se regozijar pelo milagre – ainda maior – daconversão de um rico avarento e pecador como Zaqueu (15.28,30).

5  O milagre da conversão sempre atinge a pessoa humana em seus pecados e recalques psicológicos mais crônicos, transformando o caráter e os sentimentos à

semelhança do Senhor (Imago Dei – à Imagem de Deus). Zaqueu passa a ver em Cristo o grande valor e referencial da sua vida. Seus valores e ambições assumemprioridades celestiais e eternas. Zaqueu tira seu foco do acumular egoísta de bens e amplia sua visão para a socialização do amor e dos recursos materiais. Suas

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capacidades serão agora usadas para glorificar a Deus, em benefício do Reino, e não apenas para si mesmo. Zaqueu enxerga o mal que fazia e decide indenizar a quemprejudicou além do que exigia a Lei, considerando sua antiga atitude como roubo e r estituindo, portanto, até quatro vezes mais (Êx 22.1; 2Sm 12.6; Pv 6.31).

6  A sociedade judaica costumava excluir os publicanos da comunhão nas sinagogas e os considerava como “pecadores”, e não membros da família de Abraão (judeuverdadeiro). Jesus reconduz Zaqueu à sua condição de filho de Abraão – não apenas pela linhagem – mas, sobretudo pelo seu “andar nos passos da mesma fé que teveAbraão” (Rm 4.12). O título messiânico: “Filho do homem” (Dn 7.13) foi usado apenas por Jesus, citado nos quatro evangelhos, por Estevão (At 7.56) e na visão

escatológica de João (Ap 1.13).7  A parábola das moedas de ouro (ou minas) tem o propósito de revelar aos discípulos que – ao contrário do que pensava o povo – Jesus não iria completar aimplementação do seu Reino terrestre ao chegar em Jerusalém.

8 Curiosamente, caso semelhante ocorreu no ano 4 a.C, relatado por Josefo em suas obras “Guerras” e “Antigüidades”, nas quais narrou a história de Arquelau (irmãode Antipas) que viajou para Roma a fim de ser coroado e assinar os documentos de posse sobre a Judéia. Os judeus, conhecendo seu caráter tirânico, pois haviamassacrado cerca de 3.000 judeus na primeira Páscoa após sua ascensão, mandaram uma delegação pedir que lhe fosse negado o reino. O imperador Augusto lheconcedeu metade do território que estava sob a tutela de seu pai, Herodes, o Grande. Embora jamais lhe outorgasse o título de “rei”.

9  Em contraste com a história contada em Mt 25.14, a quantia é pequena e repartida igualmente para todos. A “mina” era uma moeda grega de ouro e seu valorequivalia a 100 dracmas gregas, cada dracma (ou denário romano) correspondendo ao salário de um dia de trabalho braçal (15.8). Cada mina pagava cerca de trêsmeses de trabalho. Dez minas equivaliam aproximadamente a meio quilo de prata. E um talento, a cerca de 60 minas. Sendo assim, o montante total entregue a cadaservo, equivalia ao salário de quase três anos.

10 Os cristãos recebem do Senhor um investimento de poder em suas vidas. Os que buscarem no Evangelho dividendos espirituais para si e para o próximo ficarãoainda mais ricos. Todavia, os que forem negligentes e preguiçosos, ou esbanjarem a graça que lhes foi concedida se tornarão cada vez mais pobres, a ponto de perderematé mesmo o que já possuem.

11 Uma referência ao genocídio de Jerusalém em 70 d.C. O castigo dos que se rebelaram contra o Rei e ativamente se opuseram ao Senhor foi muito mais severo que oaplicado ao servo negligente. Esse texto é também uma alusão escatológica ao Dia do Juízo.

12 Betfagé era uma aldeia situada a leste do cume do chamado monte das Oliveiras, a cerca de um quilômetro e meio de Jerusalém. Betânia, onde vivia Lázaro comsuas irmãs, Marta e Maria, grandes amigos de Jesus (10.38 conforme Jo 11.1), era um outro povoado, no sopé do monte, a cerca de quatro quilômetros da cidade deJerusalém (Jo 11.18). O monte das Oliveiras era uma cri sta montanhosa com quase dois quilômetros de extensão, separada de Jerusalém pelo vale de Cedrom (Zc 14.4;Mc 11.1).

13  O povoado aqui se refere a Betânia. Em outros relatos temos a confirmação de que se tratava de um jumentinho saudável, nunca antes montado (Jo 12.15 de acordocom Nm 19.2; 1Sm 6.7) acompanhado de sua mãe jumenta conforme o costume (Mt 21.7). Os evangelhos não revelam os nomes dos dois discípulos que foram buscar o

 jumentinho sob as ordens do Senhor, mas confirmaram que tudo aconteceu como Jesus profetizara (22.13,21,34); como profeta, conhece o que se passa no íntimo daspessoas (7.39 conforme Jo 1.47) e seu ensino está de acordo com Moisés e os profetas (24.6,26).

14 Jesus decide entrar em Jerusalém montado num jumentinho assumindo publicamente sua filiação a Davi e, portanto, digno do seu trono (1Rs 1.33,44). Porém, maisdo que sucessor do reino de Davi, ele era o Messias a quem, quatrocentos anos atrás, os profetas haviam anunciado (Zc 9.9). Todos os judeus da cidade, liderados porum incontável número de discípulos, conduziam Jesus em procissão e o aclamavam como Rei dos judeus. A ressurreição de Lázaro e a cura do cego Bartimeu eramexemplos recentes, mas muitas outras maravilhas e obras poderosas estariam incluídas – algumas registradas por João – ocorridas em várias ocasiões em Jerusalém ena Galiléia (Mt 21.14; Jo 12.17).

15 Finalmente o povo unido reconhecia a divindade e majestade de Jesus (Mc 11.9 e Mt 21.4 com Sl 118.26). A paz messiânica de Jeová vinda à terra (2.14) volta aocéu, onde estará entronizado o Cristo ressurreto. Essa paz foi rejeitada por Jerusalém (42) e aguarda o glorioso retorno do Senhor para seu pleno cumprimento. Enquantoisso inunda de paz e gozo o coração dos que aceitam o Espírito do Senhor (Is 9.6; Jo 14.27; Ef 2.13,14; Fp 4.7). É importante notar que, enquanto as multidões louvam aDeus, aclamando Jesus como rei, o próprio Jesus chora e se lamenta pelo que sobrevirá à sua cidade amada (38-41), e os fariseus manifestam um descontentamentoque logo culminaria no julgamento e assassinato de Jesus (23.21,27).

16 Os fariseus e líderes políticos e religiosos dos judeus pedem para que Jesus ordene aos seus milhares de discípulos que parem com aquela proclamação. Jesus lhesexplica que o que estava acontecendo ali jamais teria fim. Ainda que todos se calassem, o estrondo das pedras, despencando do templo, contaria a triste história de quandoDeus veio à terra e foi rejeitado pelos seus. Ninguém entendeu o que Jesus estava dizendo, até que no ano 70 d.C., Jerusalém foi arrasada e não sobrou pedra sobre pedra.

17  Ao observar a cidade e o povo a quem tanto amou, sabendo do desenrolar da história, e de tudo quanto aquela gente, seus filhos e netos, ainda sofreriam por causade seus corações empedernidos (Nm 13 e 14; Ap 6.16,17), Jesus não suportou a emoção e esvaiu-se em pranto derramando seu lamento na forma de lágrimas sobre osolo árido da Palestina. Jesus bem sabia que sua entrada triunfal era, na verdade, o caminho do holocausto. A coroa que o aguardava era de espinhos e todos os seusseguidores o abandonariam em breve aos carrascos.

18 Jesus profetizou detalhes sobre como se daria a invasão romana cerca de quarenta anos mais tarde. Os exércitos roma nos, durante anos, construíram trincheiras atésitiar toda a cidade. A descrição do Senhor lembra as predições do AT (Is 29.3; 37.33; Ez 4.1-3). Deus, na pessoa de Jesus – o Messias prometido – achegou-se até seupovo amado, e eles não o reconheceram, e o rejeitaram – assim como ocorre nos dias de hoje em toda a terra com relação ao Evangelho – (Jo 1.10,11 conforme Lc20.13-16). Aqui termina a seção central de Lucas sobre a ida de Jesus para Jerusalém iniciada em 9.51. O verso 45 começa a seção sobre “Jesus no templo” que terminaem 21.38, com a profecia sobre a invasão de Jerusalém e a destruição total do templo.

19  Marcos nos informa que essa chamada “purificação do templo” deu-se após a “entrada triunfal”, ou seja, na segunda-feira da Paixão. Jesus se deparou com osvendilhões no átrio exterior (espaço reservado aos gentios), onde os animais destinados aos sacrifícios e ofertas eram vendidos, especialmente aos não judeus, porpreços totalmente injustos e de forma contrária a Lei. João menciona uma situação semelhante no início do ministério de Jesus (Jo 2,13-25), mas os evangelhos sinóticos(Mateus, Marcos e Lucas) referem-se apenas a esse mesmo momento (Mt 21.12,13; Mc 11.15-17).

20 Os chefes dos sacerdotes faziam parte do concílio governamental dos judeus, chamado de Sinédrio, e procuravam uma forma de matar Jesus sem causar comoçãoentre o povo (Mc 14.55; 20.19,20 conforme Jo 7.1; 11.53-57). A Casa de Oração torna-se um covil de ladrões, quando: O Senhor da casa não é reconhecido como Deus(Ml 3.1); a adoração e o verdadeiro amor são trocados pela avareza (Jr 7.11; 1Co 13); a casa do Senhor é tratada como se não pertencesse a ele (1Co 6.19); palavras epetições egoístas tomam o lugar da verdadeira intercessão (Tg 4.2,3).

Capítulo 20  1 Jesus começa um longo dia de controvérsias (terça-feira da Paixão) sem perder seu ânimo e seu objetivo maior: salvar todos os que nele cressem (Jo 1.12-14), ainda

que esse esforço o levasse ao martírio. No domingo Jesus havia entrado em Jerusalém sob aclamação do povo em procissão. Na segunda-feira expulsou os vendilhõesdo templo (Mc 11.19,20,27-33). Agora, os líderes dos três mais importantes grupos religiosos e políticos de Israel (sacerdotes, escribas e os anciãos, ou “maiorais dopovo”) e que faziam parte do Sinédrio, a assembléia governante do povo judeu, mobilizam todas as forças na tentativa de pegar Jesus em flagrante delito de desrespeito(blasfêmia) ou heresia quanto ao ensino das Escrituras. Esse seria o pretexto ideal para levá-lo a um sumário julgamento seguido de execução.

2  Jesus se expôs perigosamente quando, de forma violenta, censurou a atitude das pessoas que – em parceria com sacerdotes e líderes do Sinédrio – usavam oespaço do templo para negociar os animais (muitos com defeito e doentes) destinados às ofertas e sacrifícios. Uma atitude dessas só poderia ser tomada por alguém coma autoridade de um líder maior do Sinédrio ou pelo próprio Messias. Além de desafiar a autoridade dos principais líderes judaicos da época, Jesus também estavaprejudicando os lucros monetários advindos dessa operação sinistra. As autoridades judaicas constituídas da época já haviam inquirido João Batista sobre sua autoridadeprofética (Jo 1.19-25), e ao próprio Jesus, no começo do seu ministério (Jo 2.18-22). Agora, entretanto, eles tinham que fazer algo rápido para desacreditar Jesus aosolhos do povo que o amava e exaltava como Messias. Um meio seria apresentá-lo como um revolucionário radical e descontrolado, o que chamaria a atenção imediata deRoma.

3 Essa parábola é ampla e profunda em significados, como a maior parte do ensino do Senhor. A história nos faz pensar sobre Is 5.1-7 (a vinha refere-se a Israel), temimplicações messiânicas ao mesmo tempo em que é uma profecia sobre a Paixão de Cristo. Os servos que foram enviados aos vinicultores (trabalhadores especializados nocultivo e beneficiamento da uva em larga escala), representam todos os profetas que Deus enviou no passado (Ne 9.26; Jr 7.25,26; 25.4-7; Am 3.7; Mt 23.24; At 7.52; Hb 11.36-38). Como normalmente ocorre nos contratos de meeiros, parte da renda obtida com a produção da safra deve ser encaminhada ao dono da propriedade. Jesus usa essametáfora para explicar a expectativa de Deus em relação à nossa produção espiritual e nos alertar quanto aos dias de hoje. Vivemos na época da graça, quando Jesus Cristo

viajou para terras distantes, mas voltará a qualquer momento para acertar as contas com seus vinicultores. Somos alertados a não ter a mesma atitude dos judeus (Mt 25; Lc12.35; 19.11).

4  Jesus profetiza que seria excluído da comunhão dos seus e morto de forma injusta e indigna (Jo 9.34; Hb 13.12).

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5 Jesus profetiza que todas as honras da salvação e da herança eterna do Reino de Deus passariam para outras pessoas (os gentios), por crerem no sacrifício vicário deJesus Cristo, ganharão tudo quanto Israel perdeu (Rm 11.11; 22-25 conforme Lc 22.30).

6  Assim como um frágil vaso de barro se despedaça ao colidir contra a rocha pura. E, da mesma maneira, o vaso se espatifa quando atropelado por essa rocha. Assimvirá o Juízo sobre os que se opõem ao Evangelho e sobre aqueles que de Jesus, o Messias, tentam se afastar (Is 8.14 de acordo com Dn 2.34,35,44; Lc 2.34). Jesus citaSl 118, que foi cantado por ocasião do término da reconstrução dos muros de Jerusalém em 444 a.C. O verso 22 desse salmo refere-se à volta de Israel à Palestina e seu

estabelecimento como nação, o que só veio a ocorrer definitivamente em meados do século XX. Os religiosos e o povo fiel esperavam uma renovação gloriosa do templocom a chegada do Messias. No entanto, Pedro nos revela que essa expectativa se cumpriu na edificação espiritual do templo que é a Igreja, o Corpo V ivo de Cristo, ondeSeu Espírito habita e nos prepara para seu glorioso retorno (1Pe 2.4-9 de acordo com Jo 2.19-22; Ef 2.20-22).

7 Os escribas (mestres da lei) compreenderam muito bem que as profecias e admoestações tratavam particularmente de Israel e deles como líderes do povo. Jesusainda nos previne que tropeçar espiritualmente, por causa da miopia ou cegueira da incredulidade, trará repentina destruição (despedaçamento) por causa do julgamentodivino que ocorre também aqui na terra (um grande exemplo foi a destruição de Jerusalém em 70 d.C.). Da mesma forma, todos os incrédulos que persistirem na durezados seus pensamentos e sentimentos, até passar esse período da graça, no qual vivemos, serão levados pelo próprio Cristo ao Juízo final e espalhados como a palhanum vendaval.

8  Ao perceberem a irritação de Jesus contra tudo o que de errado estava ocorrendo no templo e o quanto ele estava sendo identificado pelo povo como o Messiasprometido, os líderes religiosos judaicos, tendo receio de tomar alguma atitude que pudesse provocar a revolta do povo contra eles, começaram a tentar – de todas asmaneiras – levar Jesus a fazer algum comentário contra o sistema vigente de dominação romana. Roma era implacável com qualquer manifestação de revolta eindisciplina política por parte dos povos dominados e certamente separaria Jesus do povo se notasse qualquer insubordinação de um mestre judaico em relação às leisromanas.

9 Uma questão capciosa. Apoiar o pagamento dos impostos exigidos pelo gentio e dominador César seria uma decepção para um povo que há 400 anos esperava pelavinda do Libertador e agora via em Jesus a figura desse Messias. Todavia, aconselhar publicamente o não cumprimento da lei romana, seria um crime de insubordinaçãoexplícita e poderia atrair a indignação dos oficiais de Roma.

10 Jesus pede uma moeda corrente e lhe entregam um denário (moeda romana de prata cujo valor correspondia a um dia de trabalho de um soldado romano). Jesuschama a atenção da multidão para a figura cunhada na moeda. O retrato com o nome de César identificava o proprietário daquela moeda. Então Jesus, demonstrando amais ampla e profunda visão sobre a vida e o relacionamento das pessoas com o Criador e com as criaturas, de forma absolutamente didática, ilustra seu ensino. Aresponsabilidade civil e temporal abrange tudo quanto tenha a imagem do mundo. O Estado com suas l eis e regulamentos, por exemplo (Rm 13.1-7). Porém, há um outrolado. A responsabilidade espiritual e eterna que tem a ver com tudo aquilo que envolve a imagem de Deus. A pessoa humana com sua alma, mente e sentimentos (Mt22.37). A palavra grega original transliterada apodote significa literalmente “pagar de volta”.

11 Os saduceus pertenciam a uma linhagem sacerdotal de aristocratas judeus que influenciavam decisivamente a política e a economia israelense que não tinhaadeptos entre os pobres. Eles não acreditavam na ressurreição e pregavam suas interpretações sobre a lei do levirato (Dt 25.5,6; At 23.6-8). Uma crença dos antigos

 judeus, que impunha à viúva o casamento com o irmão do marido falecido, com o propósito de assegurar a continuidade da família, ou seja, da patrilinearidade (Gn 38.8).12  A expressão grega original e literal traduzida por algumas versões como “era” e “mundo” é, na verdade, “século”. Expressão que abrange todos esses sentidos.

Jesus usou o estilo de vida dos saduceus (excessivamente preocupados com poder e dinheiro) para se referir às pessoas materialistas e que adotam os valores destemundo (comportamento modal da sociedade de cada época), quer dizer, do presente século, como alvo e exemplo. Em contraste, Jesus menciona os “filhos daressurreição”, cujos valores e comportamento serão diferentes aqui e por toda a eternidade (Cl 3.1-4).

13 Na época de Jesus as Escrituras não eram divididas e numeradas em capítulos e versículos como hoje. Os mestres e estudiosos tinham que decorar os conceitos ecitar quem e como tal assunto era tratado. A partir do ano 1244 d.C. a Bíblia começou a ser dividida em capítulos para facilitar o estudo e apenas nos séculos XV e XVIpassou também a ser subdividida em versículos numerados. Jesus na verdade citou Êx 3.2 para fundamentar sua explicação quanto à realidade da ressurreição e da vidaeterna.

14  Jesus observa que passados vários séculos depois dos patriarcas, quando Deus se revela a Moisés, faz questão de apresentar-se como Deus de Abraão, Isaque eJacó (Êx 3; 6). Se esses homens não estivessem vivos o Senhor não poderia referir-se a eles como seu Deus, dando a entender que eles ainda mantinham uma relaçãode culto e adoração ao Senhor mesmo após sua morte na terra. Um argumento desses, firmado em Moisés, tocou profundamente a todos, em especial, aos fariseus (amaioria dos escribas da época), que acreditavam na ressurreição e viviam divergindo teologicamente dos saduceus (At 23.6-8). A resposta de Jesus foi tão brilhante quetodos ficaram atônitos e maravilhados com a simplicidade, sabedoria e verdade do seu ensino.

15  Se o Messias fosse apenas o descendente humano de Davi, como seria possível um rei deste porte chamar alguém da sua descendência de Senhor? Jesusaproveita o momento de grande atenção de todos para destacar a verdade sobre a sua pessoa e ministéri o. Os adversários de Jesus foram obrigados a reconhecer que oMessias era também o Fi lho divino de Deus (Sl 110.1). Estar à direita do rei é a maior demonstração de poder e soberania real, honras normalmente outorgadas somenteao seu filho e sucessor. Cristo reina agora (22.16; 23.42; Jo 18.36; 1Co 15.24). Os inimigos do Senhor que serão todos vencidos são: a morte (1Co 15.25,26), o pecado eas forças do mal (Cl 2.15; Hb 2.8).

16  Na hierarquia patriarcal dos antigos judeus, o filho mais velho não podia honrar o mais novo chamando-o de Senhor. Jesus explica que essa é uma referência àpreexistência e deidade de Cristo, o Messias (Mt 22.41; Mc 12.35). Sendo eterno, Jesus antecede a Davi, como também é anterior a Abraão e sempre esteve com Deus(Jo 8.58).

17  Os escribas (mestres da lei que viviam da oferta do povo) procuravam representar as viúvas, como advogados, em suas causas jurídicas junto às famílias e osrequerimentos do templo, para tirarem vantagens financeiras ilícitas (12.47,48). A vida religiosa não os fazia mais humildes, nem tampouco leais e verdadeiros. Aimportância do cargo que representavam, a cultura que ostentavam e o louvor das multidões – ao longo de séculos sem submissão verdadeira à Palavra – os haviatransformado em pessoas avarentas, arrogantes, egoístas, fraudulentas e, portanto, hipócritas religiosos. A advertência de Jesus é clara e assustadora também para osnossos dias.

Capítulo 21 1 O gazofilácio era o nome dado a uma seção do átrio das mulheres onde havia treze caixas para coleta de ofertas, com o formato de trombeta. Cada uma tinha uma

inscrição que indicava em qual uso específico sua arrecadação seria investida. Alguns ricos contribuíam de forma generosa.2 Lucas usa uma rara palavra grega penichra para salientar a condição de pobreza absoluta daquela mulher vestida de luto, conforme a tradição j udaica, o que indicava

seu estado de viuvez. Ela ofertou duas lepta . O lepton (em grego) era uma moedinha de cobre (a única moeda hebraica mencionada no NT, chamada perutah ) e tinha umvalor monetário irrisório (equivalente a um oitavo de dólar atual e suficiente apenas para comprar dois pardais na época). Por isso a lei recomendava jamais colocar umlepton na caixa de caridade. Entretanto, conhecendo a condição de vida daquela senhora e seu coração, Jesus declara não apenas que ela teria dado mais do que cadaum dos ofertantes; mas, sim, literalmente, que ela deu mais do que todos aqueles contribuintes somados. Jesus calculou o valor espiritual da oferta pelo que sobrou acada um e a pobre viúva ofereceu o maior sacrifício.

3  Esse segundo templo (515 a.C.) havia sido completamente renovado por Herodes a partir de 19 a.C. e foi mais uma estratégia política para reconciliar o povo judeucom seu rei que era idumeu, do que um ato de louvor e adoração ao Senhor, mesmo considerando que Herodes mandou treinar cerca de mil sacerdotes como pedreiros econstrutores, para edificarem o santuário com todo o zelo religioso. A estrutura principal foi terminada no ano 9 a.C., mas toda a reconstrução foi concluída somente noano 64 d.C., pouco tempo antes da invasão romana. O templo ocupava uma área aproximada de 400 por 500 metros, sendo todo revestido em ouro e prata. As pedrasusadas para erigir a construção eram enormes blocos com cerca de 60 cm de altura por 5 metros de comprimento. Algumas dessas grandes pedras ainda podem servistas no chamado “muro das lamentações” em Jerusalém. Contudo, esse muro fazia parte da infra-estrutura, e não propriamente do templo. Josefo faz a seguintedescrição em relação às enormes pedras que adornavam o templo: “Tudo o que não era revestido de ouro, era do branco mais puro”. Herodes ofereceu ao templo umavideira de ouro como obra de arte. Cada um de seus cachos era da altura de um homem e cada uva do tamanho de uma melancia de ouro maciço.

4  A destruição de Jerusalém e, especialmente do templo, seria tão arrasadora que prefiguraria a destruição final do sistema mundial no Dia do Juízo. Os exércitosromanos cercaram Jerusalém e no ano 70 d.C. invadiram a cidade santa, matando quase toda a população. Destruíram e saquearam completamente o templo. Invadiramo santo dos santos e levaram para Roma o candelabro de ouro, a mesa dos pães da proposição e todos os objetos sagrados dos judeus, como um sinal de que haviamvencido o Deus dos judeus. Além de não deixarem uma pedra em cima da outra (Mt 24.2), e rasparem até o ouro que havia nas junções dos blocos de pedra, salgaram

toda a cidade para que nem a grama voltasse a crescer naquele lugar.5 Marcos esclarece que essa pergunta foi feita por quatro discípulos: Pedro, Tiago, João e André (Mc 13.3). Mateus apresenta a questão de forma mais abrangente,

incluindo um pedido de mais detalhes sobre o sinal do retorno de Jesus e conseqüentemente do final dos tempos (Mt 24.3). Parte do discurso de Jesus refere-se ao final

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dos tempos e parte, especificamente, à destruição de Jerusalém. Em Lucas a distinção entre os dois acontecimentos, considerando que a queda de Jerusalém faz partedas profecias em relação ao fim do mundo, é mais clara que nos demais evangelhos. Jesus anunciou pessoalmente o fim das eras, mas adiantou que esse terrível eventonão se daria logo. Jesus expressa sua certeza na vitória final dos crentes fiéis, embora tivessem que passar por períodos muito difíceis à frente. E termina com um desafioanimador aos seus seguidores no sentido de permanecerem vigilantes e não se deixarem envolver pelas preocupações deste mundo. A linguagem usada pelo Senhorrelembra passagens do AT (2Cr 15.6; Is 8.21-22; 13.13; Jr 34.17) e enfatiza que ele estava descrevendo uma visitação divina.

6  Jesus adverte seus seguidores e discípulos para não se deixarem enganar pelos acontecimentos tumultuosos pelos quais passaria a terra. Em épocas conturbadasapareceriam falsos cristos, ou seja, falsos messias (salvadores), afirmando ser como Cristo (Eu Sou) e predizendo a data do final dos tempos. Todos os acontecimentos

citados nos versos de 8 a 18 caracterizam a era presente como um todo, além de serem sinais do final dos tempos (Mt 24.3,6; Mc 13.25).7  As sinagogas serviam não apenas para o culto e o estudo religioso, mas também para a administração comunitária e para aprisionar pessoas acusadas que

aguardavam julgamento.8  O Senhor concederia aos seus discípulos a oratória e um saber acima do normal para testemunhar diante das autoridades (At 6.9,10). O Espírito de Cristo (Mc 13.11)

dará a mensagem e a coragem para proclamá-la (At 4.8-13; 6.3,10; 7.1).9 É preciso muito cuidado para não interpretar literalmente metáforas e outras figuras de linguagem muito usadas na Bíblia. Jesus não estava garantindo a integridade

física dos seus discípulos, uma vez que ele mesmo avisou sobre a morte de alguns (v.16). Mas, assegurou aos fiéis que, mesmo a morte, não lhes roubaria todas ashonras e glórias para eles reservadas no céu. O Senhor sempre está no controle da história e especialmente da vida de cada crente. O resultado final será sem dúvida otriunfo eterno. O crente jamais sofrerá perda total e real, pois seu espírito receberá um novo e perfeito corpo na ressurreição (Fp 3.21).

10  A palavra grega para “alma” é psyche , de onde vêm as palavras “psiquiatria, psicologia”. A psique é a sede das emoções, sentimentos, vontades, paixões, razão eentendimento, e por isso, a alma é diferenciada do corpo físico. A “psique” é o nosso “Eu interior”, a essência da vida.Várias vezes essa palavra no grego denota a própria“pessoa” (At 2.41,43; 1Pe 3.20). A “psique” não pode ser dissolvida com a morte. Corpo e espírito serão separados, mas espírito e alma podem apenas ser distinguidos,

 jamais divorciados. A Bíblia nos ensina que o ser humano é constituído de três partes: O corpo, nossa parte física; a alma, constituída pelas emoções e intelecto; e oespírito, que é nossa verdadeira e eterna natureza. Ao recebermos Jesus como Salvador pessoal, nosso espírito – que estava morto por causa do pecado – éprontamente revivificado e, portanto, devemos passar a alimentá-lo com a Palavra e cuidar para que, tendo um desenvolvimento saudável, possa cada vez mais viver emharmonia com o Espírito de Deus. Esse é o mais amplo aspecto do Reino de Deus, o qual nosso Senhor deseja que se expanda dentro de nós e administre as maisprofundas dimensões do nosso caráter e personalidade. A disposição e a coragem para enfrentar lutas interiores, perseguições e provações em geral são confirmaçõesde que somos verdadeiramente salvos e, portanto, podemos ter essa certeza e a paz decorrente (Mt 10.28).

11 Quando um exército cercava uma cidade o mais indicado era buscar refúgio dentro dos muros. Entretanto Jesus previne seus discípulos para que fujam do centro dacidade e busquem segurança nos montes. Os muros de Jerusalém agüentaram os fortes ataques dos exércitos romanos por cerca de três meses, quando então foraminvadidos violentamente e todo o povo chacinado (Mt 24.16).

12  Os dias da vingança eram a maneira profética de se expressar no AT para advertir os judeus em relação à justiça punitiva de Deus, em conseqüência daincredulidade e da infidelidade dos líderes religiosos e do povo em relação ao Senhor (Is 63.4; Jr 5.29; Os 9.7).

13 Na verdade, Jerusalém já vinha sendo dominada por nações gentias (em grego: ethnõn ), há vários séculos, e esta dominação ainda seri a pior com a devastação dosromanos, as sucessivas guerras com os países árabes, as grandes guerras mundiais, hoje com a forte presença gentílica na cidade; haja vista que a principal mesquitamulçumana na Palestina está situada sobre as ruínas do templo no centro de Jerusalém, e no futuro com novas e poderosas invasões (Ap 11.2). Por outro lado, essetambém é o “tempo da oportunidade” (em grego: kairos ). Um longo tempo da graça de Deus para que todos os não judeus possam receber o Senhor e serem salvos (Mc13.10; Lc 20.16; Rm 11.25). Contudo, o “tempo dos gentios” será encerrado logo depois de terem sido cumpridos os propósitos do Senhor para os próprios gentios.

14  Continuam, a partir daqui, as profecias iniciadas no v.11, depois do parêntese aberto pelos versos 12 a 24. Como afirma 17.20, o significado dos sinais do gloriosoretorno do Senhor, ainda que portentosos e espantosos (v.11), passará sem a verdadeira compreensão por parte dos incrédulos. O próprio discípulo que for incauto ouinfiel será apanhado como um pássaro por uma armadilha. Essa terminologia apocalíptica do AT e dos escritos judaicos é muito utilizada para descrever convulsõespolíticas, ou acerca do fim do mundo. Aqui devem ser considerados ainda os fenômenos cósmicos que ocorrerão (Is 13.10; 34.4; Ez 32.7).

15 Muitas das predições nesse discurso de Jesus têm a ver com a iminente destruição de Jerusalém que ocorreria em 70 d.C., mas consideram também que esse seriaum dos grandes sinais quanto ao final dos tempos e o glorioso retorno de Jesus (Dn 7.13). Contudo, os discípulos do Senhor não devem ficar apavorados quandoobservarem esses sinais, mas erguer as cabeças, olhar para cima, de onde virá a nossa redenção, a salvação completa e eterna de nossas almas e a dádiva de um novocorpo glorificado (Rm 13.11; 1Jo 3.2).

16 Segundo descobriu-se nas análises dos rolos do monte Qunram a expressão “geração”, significa “a duração de uma vida” e pretendia identificar “um tipo especial depessoas”, como no AT: os maus (Sl 12.7) e os bons (Sl 14.5). Isso quer dizer que aquelas pessoas que presenciarem os sinais dos grandes eventos são de uma geraçãoque verá o cumprimento daquelas profecias específicas, por exemplo, como ocorreu com a geração à qual Jesus profetizou sobre a destruição de Jerusalém, aqueles queviram o cumprimento da profecia, faziam parte da “geração” que foi até o fim. Da mesma forma, aqueles que virem os grandes sinais que antecederão o glorioso retornode Jesus, haverão de ficar firmes até o fim. Tal como “última hora” (1Jo 2.18), “hoje” (Hb 3.7,15) ou “agora” (2Co 6.2), “geração” significa também a fase final da história daSalvação. A geração dos “fins dos séculos” (1Co 10.11) que se estende da ressurreição de Jesus até a revelação pública do Reino (em grego: parousia ) prestes a surgir,mas cujo tempo cronológico é indeterminado.

17 O cumprimento da Palavra do Senhor é mais certo e seguro que a permanência do mundo ou do próprio universo (Mt 5.18).18 A volta gloriosa de Jesus abrangerá todas as nações e a raça humana em geral. A queda de Jerusalém foi um evento localizado e específico, aviso de Deus para o

mundo, e parte dos sinais que apontam para o final dos tempos.19  Os cristãos escaparão da destruição eterna por evidenciarem um viver próprio dos salvos: Corações livres de vícios carnais e ambições mundanas (v. 34; Hb 2.3;

2Pe 3.10,11). Mentes e corações em sintonia com as profecias e os sinais bíblicos (Mt 24.33; 1Ts 5.4). Vida com alegria espiritual, fruto da esperança em Cristo, semdesânimo (“exultai”, v.28; Tt 2.13). Estado de oração constante (1Ts 5.17; 1Tm 2.8).

20  Jesus fez questão de passar sua última semana na terra ensinando no templo, desde o princípio do dia até o pôr-do-sol. Desde a entrada triunfal até a Páscoa (dedomingo até quinta-feira da Paixão). Após seus longos períodos de oração no monte das Oliveiras, em Betânia, caminhava até a casa de Lázaro, onde pernoitava (Mt21.17). Bem cedo, quando o povo chegava ao templo para ouvi-lo, Ele já estava lá.

Capítulo 22  1 A palavra “Páscoa” era usada em dois sentidos: A refeição específica que se iniciava ao pôr-do-sol, no dia 14 do primeiro mês do ano judaico (Lv 23.4,5), conhecido

como nisã , e que corresponde aos meses de março e abril (Lv 23.4,5), e a semana que se seguia à refeição da Páscoa (Ez 45.21), conhecida também como a Festa dosPães (asmos), ou Festa dos Pães (sem fermento), semana na qual a Lei proibia o uso de fermento (Êx 12.15-20; 13.3-7). Na época do NT, essa celebração nacional,religiosa e política, com uma semana de duração, era reconhecida por ambos os nomes.

2 Desde sua derrota, quando tentou a Jesus de várias e poderosas formas (4.1), Satanás permaneceu sempre na defensiva, influenciando pessoas, circunstâncias eelementos da natureza para atacar o Senhor. Agora, aproveitando a permissão divina (v.31) e a falta de fé sincera de Judas, bem como sua avareza, inveja e revoltaexacerbadas, volta à ofensiva. Apenas nesta passagem e durante a última ceia (Jo 13.27) essa expressão é usada no original grego.

3  Até esse momento não houve qualquer participação romana. Os guardas eram todos judeus, selecionados especialmente entre os levitas e a serviço do Sinédrio,formado pelos principais sacerdotes (chefes dos sacerdotes), escribas (mestres da lei) e os anciãos (líderes do povo).

4  A essa altura, todo o plano para assassinar Jesus estava tramado e em andamento. O maior receio dos inimigos de Cristo era quanto a uma possível revolta dasmultidões que amavam Jesus e já o aclamavam como rei dos judeus. A grande oportunidade seria durante a celebração da Páscoa, quando as ruas e estradas estariamdesertas.

5 Conforme a lei e a tradição, o cordeiro pascal deveria ser sacrificado no dia 14 de nisã , entre 14h30 e 17h30, no átrio dos sacerdotes. Era quinta-feira da semana daPaixão.

6 Preparar a Páscoa consistia em matar e assar o cordeiro conforme todas as instruções ritualísticas da lei e providenciar pão sem fermento (asmo), ervas amargas evinho.

7  Carregar água em potes era um serviço típico das mulheres, por isso um homem realizando esse trabalho seria fácil de ser notado. Jesus precisava tomar todo

cuidado para não ser capturado antes da ceia, momento tão significativo, o qual tanto desejou partilhar com seus discípulos. Judas não devia ter conhecimento prévio dolocal da celebração. Entretanto, a maneira como Jesus pede que os discípulos se apresentem ao dono da casa indica que além de conhecido, aquele homem era umseguidor de Jesus. Vários estudiosos acreditam que essa casa pertencia aos pais de Marcos (At 12.12).

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8/14/2019 Versão Final - King James O Evangelho de Lucas com Notas

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8 As profecias do Senhor sempre se cumprem cabalmente (19.32).9  O evangelho segundo João (13.26-30) deixa claro que Judas já havia se retirado do cenáculo antes de Jesus haver compartilhado o pão e o cálice da Ceia do Senhor,

mas Lucas não se preocupa em mostrar quando Judas se ausentou do grupo dos discípulos para ir cumprir sua traição. Jesus ansiava por comemorar essa Páscoa emcomunhão com seus amados discípulos, pois esta seria sua última oportunidade antes de ser sacrificado como o perfeito “Cordeiro pascal” (1Co 5.7) em resgate de todoscristãos sinceros. Contudo, todos aqueles que durante todas as eras, por causa da fé que abraçaram, participaram desse memorial, também estarão com Cristo nas

grandes “bodas” messiânicas do futuro (Ap 19.9). A Ceia, portanto, é a Páscoa cristã, e o antegozo da futura festa messiânica, quando a noiva (a Igreja verdadeira) seunirá eternamente ao Noivo (Cristo – Ap 19.6).10 Três grandes cálices de vinho foram tomados durante a Páscoa (a tradição judaica recomendava quatro cálices): dois antes de ser servido o cordeiro, e o terceiro

depois, quando Jesus explicou os novos significados do pão e do vinho instituindo a Ceia como memorial a ser guardado por todos os cristãos até o seu glorioso retorno.11 Assim como o ano judaico começava com a Páscoa, que era uma constante lembrança e proclamação de como Deus redimiu Israel de séculos de escravidão

gentílica (egípcia), da mesma forma, os cristãos fiéis deveriam observar as ordenanças de Jesus e guardar a cerimônia da Ceia do Senhor, celebrando a libertação doscrentes do jugo do pecado e da morte eterna mediante a obra expiatória de Jesus Cristo na cruz (1Co 1.9; 5.7; 16.22; Cl 1.13).

12 Deus está no controle do Universo, da história e do indivíduo. Suas profecias são todas infalíveis e anunciam prudência aos sábios e perdição aos arrogantes. Deusem Cristo tem um plano de redenção que jamais enfrentará surpresas ou reveses intransponíveis. Jesus desejava que as pessoas o tivessem compreendido melhor eobedecido suas orientações, mas sabia que apenas alguns o seguiriam até o fim ao acreditar e receber o seu sacrifício oferecido por toda a humanidade (v.37; 24.25).

13  Já que haveria um traidor no grupo, e que o líder estava prestes a ser preso e morto, os demais quiseram aproveitar o momento para definir quem era o maisimportante para continuar a “obra revolucionária” do mestre. Os discípulos ainda não estavam convertidos e não entendiam a amplitude da obra de Jesus Cristo. O termo“discussão” no original grego é “contenda”. Os governantes da Síria, Egito e Roma (três dominadores clássicos de Israel) se autoproclamavam “benfeitores” do povo,ainda que na maioria das vezes isso não passasse de propaganda política enganosa, e servisse apenas para alimentar o ego insaciável dos déspotas. Jesus,entretanto, convoca seus maiores e melhores discípulos para que sejam bons servos e cooperem com todos os demais em amor e humildade. Infelizmente, muitasvezes, o único recurso de Deus para arrancar a arrogância e o orgulho do coração humano é permitir que Satanás o “peneire” (v.31). Pedro e alguns dos discípulosprecisaram passar fortemente por essa provação. A grandeza do verdadeiro discípulo de Cristo está na sua humilde dedicação aos outros (9.46). A palavra “servir” nooriginal grego é: diakonõn , e significa: “servir às mesas” (At 6.2). Servir é apascentar os famintos espirituais (Jo 21.15-17).

14  Muitas tribulações, entre as quais: Tentações (4.13); adversidades (9.58) e rejeição (Jo 1.11). Algumas versões usam aqui a palavra “tentações”, no entanto, aexpressão no grego original é peirasmois , que significa “tribulações” ou “provações” (Tg 1.2,12), as quais serão compartilhadas por todos os discípulos de Cristo até suavolta gloriosa (Cl 1.24).

15 O contexto desta passagem demonstra que Jesus está se referindo à forma futura do reino (4.43; Mt 3.2). Da mesma maneira que os discípulos compartilharam dasprovações do Senhor, assim também compartil harão do seu reinado (2Tm 2.12), governando (julgando ou liderando) as doze tribos de Israel (Jz 2.16 e Mt 19.28).

16  Jesus se refere ao cantar do galo para sinalizar que sua profecia em relação à atitude covarde de Pedro (que até então tinha uma auto-estima por demais elevada)aconteceria antes que aquela noite terminasse.

17 Os discípulos de Cristo precisariam estar atentos às épocas e aos tempos difíceis. De agora em diante não poderiam mais contar com a bênção da hospitalidadeonde quer que fossem. A grande oposição e perseguição futura exigiria que eles estivessem preparados para pagar suas despesas de ministério. Jesus se refere àespada como mais uma figura de linguagem, a fim de alertá-los quanto aos tempos perigosos que já estavam chegando. Assim como Paulo ao apelar a César (At 25.11)como portador de espada (Rm 13.4).

18 Esse trecho da Bíblia já gerou muita polêmica. Em 1302 d.C. o papa Bonifácio VII assinou um documento (bula papal), chamado em latim: Unam Sanctum , ondeafirmava o direito divino da Igreja de exercer plenamente todos os poderes (espiritual e material, civil e militar), interpretando literalmente essa palavra de Cristo. Aseparação do Mestre trouxe ao mundo, e especialmente aos discípulos, ainda mais hostilidade. Entretanto, Jesus não está recomendando a compra de espadas (v.36; M t5.9,22,38), mas assinalando sua crucificação e as sanguinárias perseguições que viriam em breve. As mais eficazes armas do cristão são: o poder espiritual (6.10) e aoração (v.40). Quando os discípulos correm para mostrar-lhe as duas espadas que possuíam, Jesus demonstra que elas poderão ser necessárias, mas não decisivaspara vencer no seu reino, e encerra o assunto (v.51).

19  O local exato no monte das Oliveiras (Jo 18.2) é descrito, de forma mais judaica, por Mateus como Getsêmani (Mt 26.36), e João o indica, mais teologicamente,como um olival (Jo 18.1). De qualquer maneira, tratava-se de um grande jardim, que ficava localizado na encosta inferior do monte das Oliveiras.

20  O objetivo de Satanás e seus demônios em relação aos cristãos é atingi-los da mesma maneira que o fez com Judas. Suas armas vão das promessas de riquezas,sucesso e poder às terríveis provas e perseguições. Nesses momentos todas as fraquezas humanas são alvos de seus ardis (ambição, inveja, arrogância, depressão,revolta, indolência, medo, dor, etc). É preciso orar e desenvolver uma fé inabalável no Senhor (Rm 8.35-37).

21  Lucas destaca a forma adotada por Jesus para orar, pois o tradicional, para os judeus era a oração em pé. A oração de joelhos expressava total submissão,adoração e insistência humilde (18.11).

22 Jesus sentiu de tal maneira as emoções humanas que teve uma crise aguda de hematidrose, que é a mistura de sangue ao suor, nos casos de extrema angústia eseveras alterações emocionais.

23  O servo do sumo sacerdote chamava-se Malco e foi Pedro quem lhe arrancou a orelha direita quando tentou matá-lo com um golpe de espada (Jo 18.10). Jesusimediatamente restabeleceu a orelha daquele homem. Jesus não era um mero chefe de uma das muitas facções revolucionárias que havia em Jerusalém e evitou quequalquer acusação verdadeira neste sentido fosse alegada em seu i nquérito no alto tribunal religioso e político do judaísmo.

24  Jesus foi submetido a dois inquéritos preliminares nas casas de Anás (Jo 18.19-23) e de Caifás, o sumo sacerdote (v.54; Jo 11.49), e finalmente, depois doamanhecer (para ser legal, conforme a tradição judaica), diante do Sinédrio (as mais altas autoridades religiosas e políticas do judaísmo na época). Entretanto, estetribunal não tinha poderes para aplicar a pena de morte sem autorização expressa do procurador romano em exercício (Jo 18.31).

25  Tendenciosamente o Sinédrio acusa Jesus de se autoproclamar o Messias (o Libertador). Essa era a única acusação formal que poderia levar Pilatos a condenarJesus à pena de morte. Admitir que era rei implicaria que Cristo estava em rebelião contra o Estado romano (23.2). A assembléia dos sacerdotes e mestres judaicos nãoestava à procura da verdade, apenas desejava arrancar de Jesus uma confissão condenatória que satisfizesse os líderes político-religiosos dos judeus. Para osverdadeiros interessados Jesus podia revelar-se por meio das muitas profecias messiânicas a seu respeito (24.44; Mc 14.62-64).

Capítulo 23  1 Todo o conselho (o Sinédrio ou toda a assembléia) é o mesmo grupo dos principais líderes político-religiosos dos judeus que já haviam se reunido ao raiar do dia

(22.66; Mt 26.59; 27.1,2). Pilatos era governador romano e tinha seu principal quartel-general em Cesaréia, mas ficava em Jerusalém durante as comemorações anuaisda Páscoa. Pois Roma ti nha receio de que uma possível revolução pudesse ocorrer por ocasião da mais importante celebração da liberdade do povo judaico (Mc 15.1).

2  Multidões seguiam a Jesus, mas ele as ensinava sobre o Reino de Deus. Jesus se apresentava como o Messias prometido, o Filho de Deus, mas não como umpolítico revolucionário, do tipo que sempre surgia em Jerusalém, especialmente nas celebrações da Páscoa. Pilatos percebeu que se Jesus fosse quem os líderes judeusestavam alegando, jamais o denunciariam, pois eram os mais interessados num motim do povo contra Roma. Jesus afirma ser rei, mas explica a Pilatos que seu Reinonão é deste mundo (Jo 18.33-38). Historiadores afirmam que Pilatos ficou extremamente impressionado com o carisma e a “Imago Dei” (imagem de Deus, divi ndade) quea pessoa de Jesus refletia.

3 Pilatos estava acuado. Se condenasse a Jesus, perderia sua dignidade e sua consciência jamais o perdoaria. Caso não o fizesse, os líderes judeus poderiam levar ofato ao desconfiado imperador Tibério e ele se arriscaria a perder a posição e talvez a própria vida. Ao notar que Jesus era natural da Galiléia, mandou o caso paraHerodes (com quem tinha rixas), pois seu quartel-general ficava em Tiberíades, região do mar da Galiléia, e viera a Jerusalém pelo mesmo motivo de Pilatos.

4  Herodes (Antipas) era um homem supersticioso e atormentado. Os apelos de João Batista ao seu arrependimento ainda ecoavam em sua mente perturbada peloremorso (3.19), e o faziam acreditar que Jesus poderia ser João reencarnado. Jesus, entretanto, nada mais tinha a acrescentar.

5  Essa capa de aparência luxuosa, era na verdade, um velho manto militar, cuja cor púrpura era sinal de realeza. Marcos acrescenta que forçaram uma coroa deespinhos venenosos sobre a cabeça do Senhor (Mc 15.17), tudo com a finalidade de menosprezar sua pessoa e real majestade (Mt 27.28).

6 Alguns manuscritos de Mateus trazem a curiosa informação que o primeiro nome de Barrabás (em aramaico: “ filho de Abba”), era também Jesus (Mt 27.16). Esse fatocoopera para ilustrar a morte vicária de Cristo. O Jesus, homem incrédulo e mundano, é aceito e beneficiado pela justiça dos homens. Enquanto isso, Jesus, o Cristo,

Filho de Deus, homem justo e abençoador, morre inocente em seu lugar (Mt 27.15-20; Mc 15.6-1; Jo 18.39-40).

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8/14/2019 Versão Final - King James O Evangelho de Lucas com Notas

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7 Simão era natural da cidade de Cirene, localizada na Líbia, a oeste do Egito e na costa norte da África, foi pai de Alexandre e Rufo (Mc 15.21 de acordo com Rm16.13). Houve uma sinagoga de cirineus em Jerusalém (At 6.9; 11.20). Os romanos obrigavam os condenados à crucificação a carregar nas costas a parte horizontal dacruz – uma viga de madeira maciça chamada de “antena” ou “trave” – até o lugar do suplício final.

8  Jesus aproveita suas últimas forças físicas para avisar aos seus discípulos em Jerusalém sobre o terrível Dia da Vingança, o qual chegaria por meio da invasãoromana cerca de 40 anos mais tarde e que culminaria com a destruição total do templo e a chacina de todas as pessoas que permaneceram na cidade.

9  Conhecendo o coração das mães, Jesus as adverte de que melhor seria não ter filhos, a vê-los padecer e serem mortos das maneiras mais cruéis e imagináveis (1Co7.25-35 com Jr 16.1-4), como de fato ocorreu no ano 70 d.C. O horror foi de tal ordem que as pessoas pediam para morrer sem passar pelas torturas e atrocidades

impingidas pelos exércitos romanos ensandecidos (Os 10.8; Ap 6.16).10 Jesus cita um velho provérbio popular para explicar que se o desespero toma conta das pessoas quando a boa vontade do Senhor ainda está viçosa (“árvore verde”),

como será no Dia do Julgamento, quando o Senhor “secar” sua paciência e misericórdia para com Israel e toda a incredulidade?11 A Caveira, como consta dos originais em grego, era o nome de um monte com o formato de um grande crânio humano. Algumas versões fizeram uma adaptação do

nome em latim: “Calvária” e o traduziram por “Calvário”, um termo mais elegante, porém impreciso (Mc 15.22-24).12 Quaisquer bens que uma pessoa condenada à pena de morte levasse consigo eram arrancados dela pelos algozes. Sem saber (Jo 19.23-24), os soldados estavam

cumprindo as profecias do milenar Salmo 22. Da mesma maneira cumpria-se Is 53.12. Jesus revela o coração misericordioso do Pai diante do ser humano pecador einfiel, o qual ele ama infinitamente (Jo 3.16) e o perdoará enquanto estiver agindo sem o conhecimento do seu Evangelho (A t 3.17; 17.30).

13  Os quatro evangelistas mencionam a inscrição condenatória afixada no alto da cruz, acima da cabeça de Jesus. Entretanto é João (Jo 19.20), e não Lucas, quemafirma – nos melhores originais em grego – que a inscrição estava nas três principais línguas do mundo na época: hebraico, latim e grego. Ao agir ironicamente contra oslíderes judaicos, Pilatos, sem perceber, anunciava ao mundo que ali estava o Rei dos judeus (Mc 15.26).

14 Na Septuaginta (a tradução grega do AT) a palavra “paraíso” significava um “jardim imenso e perfeito” (Gn 2.8-10; Ne 2.8). No NT, essa palavra é usada somenteaqui, em 2Co 12.4 e Ap 2.7. Refere-se ao lugar de plena felici dade e repouso (o perfeito shabbãth ), entre a morte e a ressurreição (Lc 16.22; 2Co 12.2).

15  Jesus havia sido colocado na cruz na “hora terceira”, ou seja, às nove horas (Mc 15.25). Do meio-dia às três da tarde ocorreu um fenômeno assustador e escuridãoespessa, como um eclipse total do sol, que foi observado sobre toda a região da Palestina. A “hora sexta” citada em Jo 19.14 tem a ver com o sistema romano de designar ashoras (6 horas), quando Pilatos comunicou sua decisão.

16 No templo, o Lugar Santo era separado do Santo dos Santos (onde o Espírito de Deus estava presente para receber a adoração e as ofertas do seu povo), por umalonga cortina de tecido. No momento da morte de Jesus, o Espírito de Deus se retira do templo. A cortina (véu) é partida ao meio, de cima a baixo. Esse ato simbólico deDeus indicou que Seu Espírito não estaria mais no templo. Daquele momento em diante, o acesso a Ele e à vida eterna, seria exclusivamente pela fé no sacrifício vicário(sangue) de Jesus Cristo, Seu Filho (Hb 9.3,8; 10.19-22). O tabernáculo e a Casa de Deus (templo) deixaram de ser os lugares da habitação de Deus, que passou a vi verno espírito de cada ser humano que sinceramente crê e segue a Jesus (Jo 4.21).

17 Mateus e Marcos apresentam o centurião romano, responsável geral pela execução de Jesus, constatando em voz alta que: “este homem era inegavelmente o Filhode Deus”. Lucas observa que ele bradou literalmente: “este homem era o Justo!” Para muitos estudiosos, “Justo” e “Filho de Deus”, neste contexto, teriam sido termossimilares. Os pilares do império romano começavam a demonstrar seus primeiros sinais de rendição ao Espírito do Senhor. Séculos mais tarde toda Roma – de umaforma ou de outra – seria cristã.

18 Um profundo espírito de arrependimento arrebatou a todos os presentes indistintamente. Entretanto, os judeus sentiram todo o peso do remorso e maior pavor emrelação ao futuro. Deixaram o local da crucificação arrasados e, conforme a tradição judaica, batiam nos próprios peitos como sinal de profunda angústia e desolamento.Esse estado de alma preparou milhares de pessoas para a grande demonstração de arrependimento no dia do Pentecostes, marcando o início da Igreja de Jesus Cristo(At 2.37-41). A oração final de Jesus havia sido respondida (v.34).

19  Não era permitido às mulheres se aproximarem dos atos de cruci ficação. Entretanto, a mãe de Jesus (Jo 19.25-27) e várias outras discípulas, que o acompanhavamdesde o início do ministério na Galiléia, juntamente com muitos discípulos, não abandonaram Jesus na cruz (Mt 27.55,56; Mc 15.40,41; Jo 19.25 conforme Lc 24.10).

20  José de Arimatéia era um verdadeiro discípulo de Jesus. Entretanto, como Nicodemos (Jo 19.29), agia em secreto, “aguardando o Reino de Deus”, mesmo assim –manifestou-se contrário à decisão do Sinédrio – e arriscou sua posição e a própria vida ao tomar a iniciativa de solicitar uma audiência urgente com P ilatos para pedir quelhe entregasse o corpo de Jesus para os devidos preparativos dos funerais, com todas as honras e cerimoniais judaicos. Esses rituais eram proibidos pelo Sinédrio, nocaso de criminosos executados. E assim, cumpriu-se mais uma profecia acerca de Jesus, o Cristo (Is 53.9).

21 O “Dia da Preparação” para os judeus é a sexta-feira, dia em que todo o trabalho, a alimentação e os preparativos para os cerimoniais do sábado são finalizados(essa prática ritual é rigorosamente guardada até nossos dias entre os judeus rel igiosos).

22  As discípulas do Senhor o acompanharam até a conclusão do seu sepultamento. Mais tarde, esse testemunho seria de grande valia para refutar as alegações,especialmente por parte dos gnósticos docetas (filósofos que negavam a morte de Cristo), e de vários incrédulos, que alegavam que elas haviam ido para o túmulo errado,ou que os discípulos haviam roubado e escondido o corpo de Jesus com a finalidade de propagar uma idéia mística da ressurreição.

23 Apesar da forte oposição dos líderes do Sinédrio, que tentaram de todas as maneiras influenciar Pilatos, quanto ao martírio e sepultamento de Cristo (Jo 19.21-22), ofato é que Jesus teve um funeral digno de príncipe. Ocupou uma rica sepultura, nunca antes usada, construída na rocha por José de Ar imatéia. Muitos metros de tecido, egrande quantidade de custosas especiarias aromáticas foram usados no preparo do seu corpo para o sepultamento. Cerca de 34 quilos de mirra e aloés foramconsumidos apenas naquela primeira tarde (Jo 19.39). E muito mais foi comprado, para ungir seu corpo e o sepulcro, logo na aurora do primeiro dia da semana, quandoas discípulas do Senhor voltassem para lá.

Capítulo 24  1 Conforme o horário judaico, o primeiro dia da semana (domingo) começava logo após o pôr-do-sol do sábado. As mulheres puderam então comprar os perfumes e

especiarias e preparar os ungüentos e bálsamos que seriam usados na conclusão dos preparativos do corpo de Jesus e do túmulo para o sepultamento conforme atradição judaica (Mc 16.1). As mulheres saíram bem cedo na manhã do domingo, quando ainda estava escuro (Jo 20.1), e chegaram ao túmulo sob os primeiros raios daaurora (Mt 28.1; Mc 16.2).

2   Normalmente se fechavam os túmulos com uma grande pedra para evitar que vândalos e animais pudessem perturbar os corpos ali sepultados. Entretanto, asautoridades romanas haviam lacrado o túmulo, onde depositaram o corpo de Jesus com o selo de Roma e um grupo de soldados foi destacado para vigiar a área do

sepulcro (Mt 27.62-66).3 Os anjos tinham aparência humana, mas suas vestes irradiavam uma luz intensa como a do dia claro. Fenômeno semelhante ocorreu no evento da transfiguração,

como um prenúncio da ressurreição (9.29,32; At 1.10; 10.30). Mateus e Marcos descrevem apenas um anjo (Mt 28.2; Mc 16.5), mas era comum aos autores dosevangelhos dar ênfase às pessoas que tomavam a palavra nos eventos narrados. Além disso, em certas ocasiões, cada um dos evangelistas teve sua atenção voltadapara um ou outro aspecto específico, o que evidencia a total independência dos relatos.

4  Os anjos procuram encorajar a fé das mulheres. O Senhor havia predito todos esses acontecimentos aos seus discípulos e discípulas muitas vezes e de diversasmaneiras (9.22). Agora, mais do que nunca, era importante crer. Elas estavam vendo as ataduras de linho e o lenço (em grego: soudarion ) que envolvera a cabeça doSenhor, tudo arrumado de um jeito que ser humano algum sequer teria forças para romper aquelas amarras fúnebres, mesmo assim não conseguiam, de imediato,acreditar plenamente na ressurreição de Jesus (Jo 20.5-8).

5 Depois do ato de traição de Judas, a expressão “os Onze” passou a ser usada em referência ao grupo dos apóstolos (At 1.26; 2.14). Judas já estava morto quando oCristo ressurreto se encontrou com seus apóstolos pela primeira vez, no entanto, o grupo continuava, em muitas ocasiões, a ser chamado de “os Doze” (Jo 20.24). Os“demais” ou “outros” se refere aos muitos discípulos e discípulas que vinham seguindo o Senhor desde a Galiléia.

6 Maria Madalena é citada em primeiro lugar na maioria das listas das discípulas do Senhor (Mt 27.56; Mc 15.40 conforme Jo 19.25). Foi também a primeira pessoa aver Jesus ressuscitado (Jo 20.13-18). Joana (8.3) é mencionada apenas por Lucas nesta ocasião, e Marcos é o único que acrescenta Salomé (Mc 16.1). Maria, mãe deTiago (16.1), é “a outra Maria” de Mt 28.1. A ausência de Maria, mãe do Senhor, pode ser explicada pelo fato de que ela, mais que todos, confiava nas palavras do seufilho e aguardava com João – o discípulo amado – o cumprimento das profecias e da ressurreição de Jesus (Jo 19.27).

7  Os apóstolos e discípulos estavam longe de acreditar no evento da ressurreição com base no testemunho emocionalmente descontrolado daquelas discípulas (Jo20.25). A expressão leros nos originais gregos, traduzida aqui por “delírio”, e, em algumas versões por “loucura”, significa literalmente “tolice” ou “esquisitice”.

8 João nos informa que ele também estava com Pedro nessa emocionante corrida até o sepulcro (Jo 20.3-9).

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8/14/2019 Versão Final - King James O Evangelho de Lucas com Notas

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Sociedade Bíblica Ibero‐Americana (www.bibliakingjames.com.br) e Abba Press do Brasil (www.abbapress.com.br) 

9 O domingo da ressurreição simboliza a era da nova cri ação. A época da Graça e o início do final dos tempos com a iminente volta de Cristo em glória. Emaús era umapequena vila, hoje desconhecida, mas seu nome significa “lugar das águas termais” ou “águas que curam”, e para lá caminhavam desconsolados dois discípulos doSenhor: Cléopas (v.18) e, segundo vários estudiosos, o próprio Lucas. A medida de di stância romana “sessenta estádios”, corresponde a cerca de onze quilômetros.

10  Tinham certeza de que era um profeta de Deus, por suas palavras poderosas e milagres indiscutíveis (At 7.22). Entretanto, eles esperavam que ele também fosse oMessias (Dt 18.15,18) e libertasse o povo de Israel da opressão romana (1.68; 2.38; 21.28,31 conforme Tt 2.14; 1Pe 1.18). E por isso estavam muito decepcionados.

11

Assim como a maiori a das pessoas em nossos dias, os discípulos não conseguiram acreditar nas evidências do túmulo vazio, nem na declaração explícita dos anjos,nem no testemunho respeitável das discípulas que acompanharam Jesus desde a Galiléia; nada convence, a não ser a própria pessoa de Cristo (v.30). Isso significa queninguém se convencerá da ressurreição e do senhorio de Cristo, a menos que o Espírito Santo venha e toque a cada pessoa em sua individualidade com o poder da fé (At2.38; Rm 6.23; Ef 2.8).

12  O vocábulo grego edei , conforme os originais bíblicos, tem o sentido de “era necessário” ou “imperioso”. O que signifi ca que tudo quanto se passou com Jesus Cristofora conseqüência do propósito divino e da Palavra de Deus, que estão acima de toda a justiça e compreensão humanas. A esperança messiânica concentra seu amor eatenção sobre as glórias eternas, sem se deixar abater pela dor da Paixão (9.43; Fp 2.5-11).

13  Tudo indica que se Jesus não tivesse sido convidado a entrar, teria continuado seu caminho. O Senhor jamais força sua entrada no coração humano. Ele seapresenta e aguarda ansioso o convite para habitar em nosso espírito e nos abençoar com um novo nascimento e uma nova vida (Ap 3.20; Jo 10.9).

14 Essa passagem lembra a Ceia, onde o “partir do pão” é termo comum para a Ceia (At 2.42) e simboliza o fato de que sem Jesus Cristo à cabeça da mesa não podehaver verdadeira comunhão (1Co 10.16).

15 Os “olhos impedidos” de antes (v.16) recebem o milagre da visão espiritual e são “abertos”. Almas e corações “tolos” e “lentos” (v.25) passam a “queimar” (v.32) comamor e disposição urgente para proclamar a Salvação de Cristo ao mundo.

16  E Jesus, apesar de tudo, fez questão de aparecer a Simão (Jo 21.15-19), o primeiro discípulo da l ista de aparecimentos de 1Co 15.5.17  Temos base bíblica para afirmar que o corpo ressurreto tem a aparência do corpo anterior, todavia sua substância geral é de um estado especial e tênue. Jesus

apareceu entre eles, por trás das espessas portas trancadas (Jo 20.19, 26), evidenciando que seu corpo era de uma ordem diferente (Mc 16.12). As marcas dos cravos eda lança podiam ser vistas no corpo de Cristo (Jo 20.27), pois era exatamente o mesmo corpo do Senhor antes da morte, composto de carne e ossos (v.39). Expressõescomo: “Tocai-me” ou “Apalpai-me”, colocam por terra os argumentos gnósticos (1Jo 1.1). Essas são indicações que nos fazem crer que sem dúvida reconheceremosperfeitamente nossos amados na ressurreição (1Co 15.44). A tradicional saudação hebraica, com sotaque galileu: Shãlôm , que traz o sentido geral de “paz com saúde econforto”, foi recebida com surpresa e alegria pelos discípulos e agora adquire o sentido completo e messiânico de: Graça (Rm 1.7), Vida (Rm 8.6) e Justiça (Rm 14.17).

18  O cânon hebraico do AT é formado de três grandes divisões, sendo que o livro dos Salmos era o primeiro livro da terceira sessão, chamada de “Escritos”, o querevela que Jesus Cristo, o Messias, fora predito em todo o AT.

19   O AT retrata o Messias como um profeta que sofreria (Sl 22; Is 53), mas ressuscitaria no terceiro dia (Sl 16.9-11; Is 53.10,11 conforme Jo 1.17 e Mt 12.40). Apredição da morte e da ressurreição de Jesus Cristo está conectada à essência da resposta do ser humano (o arrependimento – At 5.31; 10.43; 13.38; 26.18) e do seubenefício resultante (o perdão – Is 49.6; At 13.47; 26.22,23), a começar de Jerusalém (At 1.8).

20 O poder para cumprir a missão de pregar a todas as nações (v.47) é uma referência à promessa do Espírito Santo, que é a própria pessoa do Cristo, habitando eagindo na vida do cristão fiel, e que se cumpriria a partir do relato de At 2.4 (Jl 2.28,29 conforme Mt 28.18-20 e At 1.8).

21 Jesus acompanhou seus discípulos até uma aldeia próxima a Betânia, no monte das Ol iveiras (19.29; Mt 21.17).22  Bem diferente dos seus desaparecimentos anteriores (4.30; 24.3; Jo 8.59), esse “até logo” do Senhor se dá à vista de todos, no jardim das Oliveiras, de forma

saudosa e tranqüila, subindo ao céu numa nuvem (At 1.9). Não é ainda a exaltação do Senhor (Jo 20.17), mas o fim de um tempo histórico. Jesus não mais apareceráfisicamente ao mundo até seu glorioso retorno (At 1.11).

23 A terrível tristeza com o afastamento de Jesus na cruz e no sepulcro é agora perfeitamente substituída pelo júbilo glorioso da presença do Espírito do Senhor noscorações de todos os discípulos, produzindo alegria e poder (At 2.46; 5.41).

24  E naqueles dias, imediatamente após a ascensão de Jesus Cristo, os cristãos (expressão com a qual as pessoas se referiam aos seguidores do Senhor e quesignifica em grego: “pequenos cristos” ou “crentes”), costumavam reunir-se diariamente no templo (At 2.46; 3.1; 5.21,42), no qual muitas salas ficavam à disposição parameditação, oração e estudo das Escrituras ( 2.37).