bacterioses - resumo completo
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BACTERIOSES
Leptospirose
A leptospirose é uma zoonose (doença de
animais), também conhecida como doença de
Weil (descoberta pelo patologista alemão Adolf
Weil), causada por uma bactéria, com formato de
saca-rolhas, chamada Leptospira. São portadores
ou reservatórios naturais de leptospiras para o
homem e animais domésticos, mamíferos, aves,
répteis e anfíbios, sendo que os principais
transmissores são o rato, a ratazana e o
camundongo, dada a proximidade do convívio
entre homens e estes roedores.
A doença é adquirida pela ingestão da água ou
alimentos contaminados pela urina de animais
infectados com mucosas ou rachaduras na pele,
bem como a absorção da bactéria pela pele
saudável, quando exposta ao contato prolongado
com a água contaminada, o que pode acontecer
durante uma enchente, por exemplo. O contato
com o solo contaminado também é outra forma de
contágio, já que a bactéria sobrevive em solo
úmido. Não se tem notícia de casos de contágio
entre seres humanos.
Os sintomas da leptospirose são diversos e
semelhantes aos de outras doenças como gripe e
dengue, o que dificulta seu diagnóstico.
Normalmente os sintomas são: febre elevada,
fortes dores de cabeça, dores musculares, como o
da panturrilha (batata-da-perna), vômito, erupções
cutâneas, diarréia e tosse. Nos casos mais graves
pode ocorrer meningite, falência renal e hepática,
icterícia (cor amarelada da pele) e complicações
respiratórias que podem levar à morte.
O diagnóstico em seres humanos é confirmado
através de testes específicos como o Ensaio
Detector de Anticorpos e Enzimas (ELISA) e o de
Reação em Cadeia da Polimerase (PCR).
A hidratação é a maneira correta de tratar a pessoa
infectada quando a doença é diagnosticada em seu
estágio inicial. Não devem ser usados remédios
que contenham ácido acetil-salicílico (como o
Melhoral, AAS ou Aspirina), visto que este
composto pode causar hemorragia digestiva ou
algum tipo de alergia. Quando a doença é
diagnosticada até o quarto dia, devem ser
ministrados antibióticos a fim de evitar que a
leptospirose evolua para seu quadro mais grave
(como foi descrito acima). Neste caso, a pessoa
deve ser internada imediatamente para receber
tratamento intensivo.
Gonorréia
A gonorréia é infecciosa e contagiosa,
sexualmente transmissível – DST -, provocada
pela presença da bactéria Neisseria gonorrhoeae,
ou gonococo, que prolifera sem nenhuma
dificuldade nas partes do aparelho reprodutivo que
se revelam mais úmidas, como o cérvix, o útero e
os tubos de falópio nas mulheres; na uretra, tanto
nos homens quanto no sexo feminino. Esta
bactéria também pode escolher outras áreas do
organismo para o seu crescimento, como a boca, a
garganta, os olhos e o ânus.
O gonococo atinge preferencialmente as células da
uretra, evitando as superfícies escamosas da
vagina e do útero. A doença é transmitida não só
através de relações sexuais completas, mas
também no mero contato com o pênis, a vagina, o
ânus, e até mesmo com a boca. Portanto, ao
contrário do que muitos pensam, não é preciso
haver a ejaculação para a transmissão da
gonorréia. A infecção pode ocorrer igualmente
durante o parto, se a mãe estiver contaminada, ou
por vias indiretas, com o compartilhamento de
artigos de higiene íntima femininos, raras vezes
em vasos sanitários, ou pela utilização de agulhas
contagiadas.
Os sintomas podem se revelar mais amenos nas
mulheres, o que se torna um risco para elas, pois
sem tratamento o quadro pode se complicar.
Quando estão presentes, exteriorizam-se na forma
de corrimento intenso, com segregação de pus –
na uretra, em homens e mulheres, ou na vagina -;
coceira na uretra e ardor na hora de urinar,
complementados no sexo feminino com um estado
de incontinência urinária; às vezes pode haver
também um pouco de febre. È possível, em alguns
momentos, haver uma séria evolução da doença,
com a dispersão desta enfermidade pelo aparelho
reprodutor superior. Ocorrem então fortes dores
abdominais depois de algumas semanas, dentro de
um contexto conhecido como Doença Inflamatória
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Pélvica, em conseqüência de um processo
infeccioso que atinge o útero, as trompas de
falópio e o abdômen. A mulher pode, como
resultado deste agravamento, tornar-se infértil –
aliás, esta enfermidade é uma das maiores fontes
de esterilidade feminina.
A gonorréia pode igualmente ocasionar o aborto
espontâneo, o nascimento de uma criança já
morta, ou prematura; perda de peso, inflamações
da mucosa uterina, da próstata, do canal que
armazena os espermatozóides produzidos pelos
testículos – o epidídimo -, inflamação do bacinete
– cavidade renal que recebe a urina direcionada
depois para a bexiga -, a qual pode se estender ao
parênquima renal, meningite, inflamação do
miocárdio, infecção no globo ocular, pneumonia,
entre outras complicações. Para evitar um quadro
mais sério, é preciso saber que os primeiros
sintomas surgem depois de dois a quatro dias da
aquisição da bactéria, levando um tempo mais
longo, aproximadamente dez a trinta dias, apenas
em raros casos.
O diagnóstico da gonorréia não exige a realização
de exames em laboratórios, pois ela é detectada
em uma simples observação clínica. Mas, se for
preciso, pode-se recorrer a pesquisas
epidemiológicas, como, por exemplo, a coleta “in
vitro”. O tratamento também não é complicado,
pois há diversos antibióticos que curam com êxito
esta enfermidade, tanto em adolescentes quanto
nos adultos. Mas, atualmente, outras espécies de
gonorréia mais resistentes têm surgido,
provocando algumas dificuldades. Quando ocorre
a conjunção da doença com outra igualmente
transmissível por vias sexuais, a clamídia, o
paciente é tratado com a associação de
antibióticos, que combatem ambas. O tratamento é
imprescindível, pois prejuízos mais sérios, que se
instalam em fases posteriores, muitas vezes são
irreversíveis. Pacientes que já tiveram a doença
podem ser contaminados novamente se
persistirem na relação com parceiros contagiados,
mesmo quando foram devidamente tratados.
A manutenção de uma boa higiene, o uso de
camisinha, evitar o sexo indiscriminado com
vários parceiros, são formas eficazes de prevenir a
gonorréia e outras doenças sexualmente
transmissíveis. A pessoa que suspeitar da presença
desta e de outras enfermidades semelhantes devem
cessar qualquer relação sexual e procurar
imediatamente um especialista.
Pneumonia
A pneumonia é uma infecção nos alvéolos
pulmonares, local onde acontecem as trocas
gasosas. A doença faz com que os alvéolos se
enchem de muco, pus, e outros líquidos, que
comprometem o funcionamento dos pulmões. Os
agentes causadores da pneumonia podem ser
bactérias, vírus, fungos entre outros.
A grande maioria dos casos de pneumonia é
causada pela bactéria Streptococcus pneumoniae,
conhecida vulgarmente como Pneumococo.
A pneumonia atinge pessoas de todas as idades,
mas é mais perigosa para as crianças e para os
idosos, podendo ser fatal.
Os sintomas da pneumonia podem ser
confundidos inicialmente com os sintomas dos
resfriados e gripes, porém com maior intensidade.
Seguem-se: febre, falta de apetite, dor de cabeça,
suor intenso, calafrios e tremores, prostração, dor
no tórax, tosse com expectoração (catarro)
esverdeado ou amarelado, dor de garganta,
respiração ofegante e gemência.
O diagnóstico da doença é feito normalmente
através de raio-X do tórax e/ou do exame do
escarro, para identificar o agente causador e
indicar o tratamento correto.
As pneumonias causadas por bactérias são tratadas
com o uso de antibióticos. Os primeiros sinais de
melhora dos sintomas do paciente devem
acontecer entre 48 e 72 horas. Em casos de
pacientes previamente saudáveis, o médico
costuma optar pelo tratamento em casa. A
ingestão de líquidos é muito importante para
evitar a desidratação e favorecer a expectoração.
A avaliação do médico pode ser favorável à
internação, em casos mais graves, inclusive em
UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Além disso,
pode ser feita fisioterapia respiratória, como a
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tapotagem, entre outras.
Já as pneumonias causadas por vírus são tratadas
como as gripes, dando-se apenas o suporte para
que o organismo reaja e ministrando
medicamentos para diminuir a febre e dor. O
cuidado com a alimentação e a ingestão de
líquidos é muito importante.
Nos casos de pneumonias causadas por fungos ou
parasitas, são utilizados medicamentos
antimicrobianos.
Já existem vacinas disponíveis para alguns tipos
de pneumonia, inclusive a de maior incidência,
causada pela bactéria do pneumococo. Essa vacina
deve ser aplicada todos os anos nos idosos acima
de 65 anos e em pessoas que tenham seu
organismo debilitado por algumas doenças, como
por exemplo, AIDS e doenças renais.
Tétano
O tétano é uma infecção considerada grave. O
agente causador do tétano é a bactéria anaeróbica
Clostridium tetani, que produz uma toxina
chamada neurotoxina tetanospasmina. Essa toxina
é muito potente, muitas vezes letal para o ser
humano. Ela é a responsável por todos os
sintomas da doença.
A bactéria Clostridium tetani está presente nas
fezes do homem e de animais (quando depositadas
na terra ou areia), e utiliza qualquer ferimento na
pele como entrada para o organismo.
Desde a II Guerra Mundial existe imunização
contra o tétano, sendo que atualmente são raros os
casos nos países desenvolvidos. Nos países em
que a imunização não atinge a maioria da
população, o número de casos ainda é
considerável, sendo que a taxa de mortalidade é de
50% entre os adultos.
O tétano não é transmissível de uma pessoa para a
outra.
Existem duas formas de se adquirir a infecção:
Tétano acidental:
É adquirido através da contaminação de algum
ferimento (cortes, queimaduras, necroses), por
menor que seja, pelos esporos da bactéria. Quando
essa bactéria encontra as condições favoráveis, se
multiplica e produz a neurotoxina tetanospasmina.
O período de incubação do tétano acidental é, em
média, de 10 dias (pode variar de 2 a 21).
Tétano Neonatal
A contaminação pode acontecer via cordão
umbilical, quando a gestante não foi imunizada
(nunca tomou vacina antitétano). Não possuem e
não passam para o bebê os anticorpos que poderia
ter produzido se tivesse sido vacinada.
O período de incubação do tétano neonatal é, em
média, de 7 dias ( varia de 4 a 14 dias). Por isso, o
tétano neonatal é popularmente chamado de “mal
de sete dias”.
Os sintomas do tétano são os seguintes:
- Espasmos musculares
- Contração dos músculos da mandibula
(dificuldade para abrir a boca, mastigar)
- Espasmo dos músculos em volta da boca (risus
sardonicus)
- Rigidez no pescoço, nas costas e no abdômem
A rigidez torna-se progressiva, podendo atingir o
sistema respiratório. Por isso é comum a
necessidade de internamento em UTI (Unidade de
Terapia Intensiva).
O paciente com tétano apresenta ainda febre, suor
excessivo e taquicardia.
O diagnóstico é feito através do exame da amostra
do liquído retirada da ferida do paciente.
O tratamento requer a internação, que dura
normalmente de três a quinze semanas. São
administrados antibióticos, relaxantes musculares
e se necessário, sedativos. Os pacientes são
mantidos na penumbra, em lugares silenciosos. O
ferimento é limpo constantemente. Todo o
esquema de vacinas antitétano é ministrado.
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A recomendação principal para a prevenção do
tétano é a vacinação, que deve ser reforçada, no
caso dos adultos, de 10 em 10 anos. Outra ação
preventiva é o tratamento e limpeza adequados
dos ferimentos, evitando a proliferação da bactéria
pelo organismo.
Coqueluche
A coqueluche, também chamada de pertússis,
tosse comprida ou tosse convulsa, é uma doença
altamente contagiosa, que tem como agente
etiológico a bactéria Bordetella pertussis. Essa
bactéria é um pequeno cocobacilo, gram-negativo,
imóvel e estritamente aeróbio.
A B. pertussis está presente no mundo inteiro e
acomete apenas os seres humanos. Estima-se que
ocorram aproximadamente 30 a 50 milhões de
casos da doença anualmente, sendo que 300.000
evoluem para óbito. Acomete quase sempre
crianças com menos de 1 ano de vida.
Sua transmissão se dá através de perdigotos
eliminados por indivíduos doentes. As bactérias
aderem ao epitélio ciliado dos brônquios,
permanecendo no lúmen, sem invadirem as
células. Também pode ocorrer transmissão por
fômites recentemente contaminados com
secreções de doentes.
O período de incubação varia de 7 a 14 dias,
sendo que a época de maior transmissibilidade
ocorre na fase catarral. Para o controle da
enfermidade, considera-se que o período de
transmissão se estende de sete dias após contato
com um enfermo até três semanas após o início
dos acessos de tosse típicos da doença (fase
paroxística).
A coqueluche manifesta-se classicamente em três
estágios:
Estágio catarral: sintomas iniciais são
semelhantes ao do resfriado (febre
moderada, coriza, espirros e tosse
irritativa).
Estágio paroxístico: aproximadamente
duas semanas após, a tosse torna-se
irritativa, com espasmos (paroxismos) de
tosse. A tosse se caracteriza por repetidos
acessos, vinte a trinta tossidas sem
inalação seguidas de um ruído inspiratório
característico. Em cada acesso de tosse, a
face se torna pletórica ou repentinamente
fica cianótica. O paciente pode perder a
consciência momentaneamente ao final de
uma crise de tosse. Nessa fase, há uma
produção de muco intensa e os acessos de
tosse podem levar o indivíduo à êmese.
Estágio de convalescência: os paroxismos
de tosse desaparecem, dando lugar a
episódios de tosse comum, podendo
persistir por mais algumas semanas.
Quando infecções respiratórias secundárias
se instalam nessa fase, podem resultar em
reaparecimento transitório dos paroxismos.
As complicações mais comuns afetam as vias
respiratórias. Os lactantes apresentam um risco
devido à falta de oxigenação após períodos de
apnéia ou acessos de tosse. As crianças podem
desenvolver pneumonia, que pode ser fatal. Pode
ocorrer pneumotórax durante um episódio de
tosse, hemorragia ocular, úlcera abaixo da língua
quando esta é comprimida contra os dentes
durante um episódio de tosse, hérnia umbilical e
até prolapso retal. Lactantes também podem
apresentar convulsões, sendo que essas são raras
em crianças maiores. A hemorragia, o edema e
inflamação cerebral podem resultar em lesão
cerebral e retardo mental, paralisia ou outros
problemas neurológicos.
Normalmente a coqueluche não é diagnosticada
no período catarral, já que os sintomas são
inespecíficos. Métodos laboratoriais de
diagnóstico incluem cultura bacteriana,
imunofluorescência, PCR e sorologia. Como a
bactéria só pode ser obtida do indivíduo infectado
durante as três primeiras semanas da doença, a
cultura e a imunofluorescência são inúteis depois
desse período.
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O tratamento deve ser feito com orientação
médica e consiste, basicamente, no uso de
antibióticos como macrolídeos, sendo que é mais
eficaz na fase catarral. Na fase paroxística há
pouco a ser feito.
A prevenção deve ser feito com a vacinação, que
é obrigatória de acordo com o esquema de
vacinação (incluída na antiga tríplice, hoje
tetravalente).
Meningite
A meningite é uma doença caracterizada pela
inflamação das membranas que revestem o
encéfalo e a medula. Geralmente acomete crianças
na faixa etária de menor resposta imunológica
(recém-nascidos e lactentes) As membranas são
três: a dura-máter é a mais externa e a mais
espessa. A aracnóide é a membrana intermediária
e a pia-máter é a mais interna delas, através da
pia-máter (membrana que contém vasos
sangüíneos) é possível a nutrição e a oxigenação
do tecido nervoso.
A inflamação pode ser causada por diversos
agentes como bactérias, vírus e fungos. Em
menores casos há relatos de células tumorais e
agentes químicos que também podem desencadear
uma meningite. Quando os microorganismos
atingem as meninges o corpo reage produzindo
células de defesa (leucócitos), a reação entre
microorganismos e leucócitos é que leva ao
processo inflamatório.
Os principais sintomas da meningite são: febre
elevada e persistente, vômitos, rigidez da nuca,
dor de cabeça intensa, delírio, convulsões,
manchas vermelhas na pele (geralmente nas
pernas), irritabilidade e confusão. O tratamento
deve ser feito rapidamente porque a meningite é
uma doença que pode deixar graves seqüelas no
sistema nervoso, tal como a epilepsia ou, em
crianças, retardo mental e surdez.
O diagnóstico é feito com a solicitação de um
exame de sangue e estudo do líquor, ou líquido
céfalo-raquidiano, obtido através de uma punção
lombar, a fim de detectar qual é o agente que está
causando a infecção (vírus ou bactéria, por
exemplo). No caso de haver crises convulsivas, ou
sinais de hipertensão intra-craniana, o médico
pode solicitar uma tomografia computadorizada.
O tratamento consiste em identificar rapidamente
qual é o agente causador do distúrbio,
principalmente quando é causado por uma
bactéria, caso em que devem ser ministrados
antibióticos por via endovenosa (penicilina,
clorafenicol, vancomicina e ampicilina são
amplamente utilizados), visto que, nestes casos, a
meningite pode ser mortal e deixar marcas para
toda a vida. Quando a doença é causada por algum
vírus não há risco de seqüelas graves ou risco de
morte, já que a meningite viral evolui
benignamente e apresenta sintomas parecidos com
os de uma gripe, não requer tratamento específico.
Um sintoma que ambas as meningites temem
comum é a rigidez da nuca.
Difteria
A difteria, ou crupe como é popularmente
conhecida, é um distúrbio infeccioso do sistema
respiratório causado por um bacilo chamado
Corynebacterium diphteriae. Quando a vacina
ainda não havia sido inventada esta doença foi
responsável por epidemias que mataram muita
gente. Exemplo disso foi o que aconteceu entre
1735 e 1740, nos Estados Unidos, quando cerca de
80% das crianças daquele país faleceram.
Geralmente o bacilo infecta a mucosa da garganta,
laringe, nariz, traquéia e brônquios, podendo
provocar a contração da laringe.
Trata-se de uma doença altamente contagiosa que
pode se propagar através do contato com pessoas
infectadas ou por respirar as secreções de algum
doente. Embora a difteria se manifeste o ano todo
é mais comum seu aparecimento nos meses mais
frios. Normalmente a melhor forma de prevenir a
difteria é a vacinação dos bebês com a vacina
tríplice (difteria, coqueluche e tétano) a partir do
segundo mês de vida.
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O período de incubação pode durar até seis dias. É
na faringe que o bacilo encontra um local ideal
para se reproduzir e, em seguida, espalhar-se por
outros órgãos. Quando o contágio ocorre em
criança menores de quatorze anos pode levar a
óbito aproximadamente 20% dos casos. Os
sintomas mais freqüentes são: fadiga, febre,
garganta dolorida, incapacidade de engolir
alimentos, inchaço nos gânglios linfáticos e baixa
pressão arterial. Estes sintomas se agravam à noite
quando a respiração muda, a expiração é marcada
por tosse sem catarro, e a inspiração é
acompanhada por chiado.
Nesta doença são produzidas toxinas que, quando
liberadas na circulação sangüínea, chegam a
outros órgãos (fígado, nervos, glândulas adrenais,
rins e coração, por exemplo) comprometendo seu
funcionamento e, assim, podem ocasionar a morte
do paciente.
O tratamento é feito através de medicamentos
como soro anti-diftérico (SAD) e bactericidas
(penicilina ou eritromicina). A recuperação é
demorada e é importante lembrar que o paciente
não deve fazer esforço físico principalmente nos
casos em que há inflamação dos músculos do
coração. Em alguns casos mais graves o paciente
deve ser levado para tratamento intensivo porque
pode ocorrer parada cardíaca e a paralisia de
músculos que auxiliam na respiração. Quando
acontece o bloqueio total da garganta o paciente
deve ser submetido à traqueotomia.
Peste Negra
Também chamada de peste bubônica, assim ficou
conhecida a pandemia que, vinda da China em
navios mercantes, entre 1347 e 1350, rapidamente
se espalhou para diversos países com
conseqüências desastrosas, reduzindo a população
européia em aproximadamente um terço (cerca de
25 milhões de pessoas).
A peste não escolhia vítimas, morriam mulheres,
crianças, nobres, clérigos e camponeses. Durante
este período a produção agrícola e industrial
diminui muito, houve escassez de alimentos e de
bens de consumo. Os efetivos militares
diminuíram, a nobreza empobreceu e ocorreu a
ascensão da burguesia, que detinha a exploração
do comércio. Todos estes fatores provocaram
grandes mudanças sociais. Devido à ignorância
das pessoas naquela época, cogitava-se a
possibilidade da peste ser um castigo de Deus.
O causador da peste negra foi um bacilo chamado
Pasturella Pestis (descoberto posteriormente no
final do século XIX) presente em roedores tais
como ratos e suas pulgas (Xenopsilla cheopis).
Estes foram os responsáveis pelo contágio de
seres humanos. A peste era extremamente
agressiva chegando a matar em três dias.
Havia três formas da peste se manifestar:
Peste bubônica – a mais comum, que se
caracterizava pela inflamação dos gânglios
linfáticos do pescoço, virilhas e axilas,
Pneumônica – atacava os pulmões
Septicêmica – atacava o sangue, ocasionando
hemorragias em diversas partes do corpo.
A doença alastrava-se facilmente entre as pessoas
através de espirros e tosse com pus e sangue. O
aspecto dos doentes era horrível, os tumores
secretavam sangue e pus, a urina, o suor, a saliva e
o escarro apresentavam aspecto escurecido (daí o
nome peste negra). Há relatos de que as pessoas
acometidas pela peste fediam muito. Entre os
sintomas é importante ressaltar a febre alta e dores
fortíssimas.
Na Idade Média, como não havia cura, as pessoas
usavam vinagre pra tentar se defender, tendo em
vista que tanto os ratos quanto as pulgas evitam
seu cheiro. O número de mortos era tão grande
que eram abertas enormes valas comuns. Com a
descoberta dos antibióticos a doença antes tida
como mortal, atualmente é facilmente controlada.
São usados neste caso estreptomicina,
tetraciclinas, clorafenicol, gentamicina e
doxiciclina.
Botulismo
Botulismo é uma doença grave e rara, que pode
levar a paralisia, e é causada por uma toxina
produzida pela bactéria Clostridium botulinum.
Existem três tipos de botulismo: o botulismo de
feridas, o botulismo infantil e o botulismo
alimentar.
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O botulismo de feridas ocorre devido à toxina
presente na ferida, conseqüência da contaminação
do ferimento pela bactéria. O tratamento
geralmente é cirúrgico, com o objetivo de remover
a fonte da bactéria, que produz a toxina.
O botulismo infantil ocorre pela ingestão de
esporos da bactéria e a conseqüente proliferação
das mesmas no intestino da criança, produzindo a
toxina que causa a doença. Essa ingestão pode
acontecer pela ingestão de mel, por exemplo. Os
sintomas desse tipo de botulismo são: constipação,
falta de apetite, choro fraco e diminuição no tônus
muscular.
O botulismo mais comum é o botulismo
alimentar, que ocorre devido à ingestão de
alimentos que contenham a toxina butulímica.
Normalmente a toxina está presente em alimentos
mal conservados ou contaminados.
A bactéria Clostridium botulinum só se
desenvolve na ausência de oxigênio. Por isso,
alimentos enlatados e embalados a vácuo tem
maior probabilidade de contaminação. Latas
estufadas, por exemplo, não devem ser utilizadas,
e a procedência de alguns alimentos deve ser
investigada antes do consumo, como é o caso do
palmito.
São vários os sintomas do botulismo, porém
nenhum é característico apenas dessa doença, o
que pode atrasar o diagnóstico. Pessoas que
consumiram alimento contaminado apresentam os
primeiros sintomas entre doze e trinta horas. São
eles: visão dupla e turva, aversão à luz, pálpebras
caídas, boca seca, garganta seca, dificuldade de
engolir, vômito, fala ininteligível, retenção de
urina, constipação intestinal, fraqueza muscular
podendo evoluir para paralisia respiratória.
Como esses sintomas podem levantar suspeita de
várias doenças, exames como tomografia cerebral,
eletromiografia e exame do fluido espinhal podem
ser necessários para excluir essas suspeitas.
Portanto, o modo mais rápido e barato de se obter
o diagnóstico preciso de botulismo seria injetar
fezes ou plasma do paciente em uma cobaia, um
camundongo, e observar se o mesmo apresenta os
sintomas do botulismo.
Se diagnosticado o inicio, o botulismo pode ser
tratado com uma antitoxina que impede a ação da
toxina presente na corrente sangüínea. Mesmo
nesses casos, a recuperação pode levar semanas.
O botulismo pode causar a morte por parada
respiratória. Por isso, em casos mais graves, é
necessário tratamento intensivo, inclusive com
respiradores artificiais, muitas vezes por anos.
Seqüelas como falta de fôlego e fadiga podem
melhorar após anos de terapia.
Cólera
A cólera é uma infecção intestinal aguda causada
por uma bactéria chamada Vibrio Cholerae,
também conhecida como vibrião colérico. Esta
bactéria se multiplica rapidamente no intestino,
possui formato de bastonete parecido com uma
vírgula, possui um flagelo para se locomover e
produz uma potente toxina (enterotoxina) capaz de
provocar diarréia e, com isso, a secreção de cloro,
sódio e água do corpo causando uma grave
desidratação, que pode levar à morte se não
tratada adequadamente.
A transmissão ocorre através da ingestão de água
ou de alimentos contaminados por vômito ou
fezes de pessoas infectadas, que podem ou não
manifestar sintomas. O homem e alguns frutos do
mar são os únicos que podem ser infectados. As
moscas podem ser agentes transmissores da
doença, como também peixes e frutos do mar crus
ou mal cozidos. A propagação da cólera se deve
também à ausência de rede de esgoto e falta de
higiene pessoal. Como é um distúrbio que nem
sempre apresenta sintomas, pode se alastrar sem
ser notado. O período de incubação dura de
algumas horas a cinco dias.
Normalmente ocorre uma diarréia não distinguível
de uma diarréia comum. Podem acontecer casos
onde há vômitos, mas raramente dor abdominal
e/ou febre. Nos casos mais graves a diarréia, com
aspecto amarelo-esverdeada, acontece sem pus,
sangue ou muco. Caso não seja tratada
corretamente esta grande desidratação causa
desequilíbrio hidroeletrolítico, sede intensa,
cãibras, perda de peso, voz fraca, olhos fundos
com olhar parado, diminuição da pressão arterial,
funcionamento inadequado dos rins, diminuição
da excreção de urina e morte.
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O diagnóstico é feito através da coleta de fezes de
pacientes com ou sem sintomas para isolar e
identificar o vibrião colérico em culturas em meio
especializado.
Basicamente o tratamento da cólera consiste em
reidratar a pessoa atingida com soro fisiológico ou
soro feito em casa com uma xícara de açúcar, uma
pitada de sal dissolvidos em meio litro de água, a
fim de repor os sais minerais e a água, perdidos
durante a diarréia. Nos casos graves são utilizados
antibióticos e hidratação venosa. A vacinação tem
um grau de eficácia inferior a 50% e a melhor
forma de evitar a doença é a higiene no manuseio
de alimentos, consumo de água tratada, lavar bem
as mãos antes das refeições e ao deixar o sanitário.
Tuberculose
A tuberculose ou “doença do peito” é uma
enfermidade infecciosa antiga, contraída através
do ar. O microorganismo que a provoca – o bacilo
de Koch, conhecido nos meios científicos como
Mycobacterium tuberculosis – pode afetar todos
os órgãos, mas principalmente os pulmões.
Embora seja considerado um mal bem remoto,
infelizmente ele continua a reincidir sobre a
humanidade nos tempos atuais. Talvez isso ocorra
porque a tuberculose está relacionada ao modo de
vida e ao trabalho do indivíduo, tendo, portanto,
um componente social em sua transmissão, que
inclui as políticas públicas de controle da doença.
Esta enfermidade é transmitida apenas pelo
paciente portador do bacilo nos pulmões. Para se
ter uma idéia, um simples espirro do sujeito
infectado lança na atmosfera aproximadamente
dois milhões de bacilos. Já através da tosse, são
liberadas 3,5 mil partículas. Quem absorver o ar
de um local contaminado tem grandes
probabilidades de contrair a doença. O mundo
inteiro está sujeito a uma epidemia de tuberculose,
pois em toda parte há ocorrências deste mal. São
altos os seus índices de mortalidade – cerca de 2,6
milhões de mortos em 1990, segundo dados da
Organização Mundial de Saúde. Em 1993, as
inúmeras ocorrências desta doença levaram esta
entidade a decretar estado de emergência mundial
e a criar o Tratamento Diretamente
Supervisionado, programa que tem por objetivo
controlar a tuberculose.
Mas com certeza a incidência de tuberculose em
locais muito pobres, nos quais imperam a mistura
confusa e caótica de pessoas, a fome, a
desnutrição e as péssimas condições de higiene e
de saúde, tais como a Índia, China, Indonésia,
Bangladesh, Nigéria, Paquistão, Filipinas, Congo,
Rússia e Brasil, é muito maior. Normalmente,
porém, o número de mortes atribuídas a esta
doença é desconsiderado, como ocorre em nosso
país. Aqui, as regiões mais atingidas são as do
Norte e Nordeste, por serem muito carentes.
Os sintomas mais comuns são: tosse prolongada –
por mais de quinze dias -, febre, normalmente à
tarde, suores à noite, perda do apetite,
emagrecimento, fadiga, dor torácica, falta de
ânimo. Apenas 10% dos pacientes com a
tuberculose infecciosa progridem para um quadro
mais sério. A doença se instala quando o bacilo
chega aos alvéolos dos pulmões, às vezes se
disseminando entre os nódulos linfáticos. Ele
prossegue sua jornada no corpo humano através
da corrente sanguínea, até atingir pontos nos quais
a enfermidade se desenvolve melhor – no espaço
superior dos pulmões, nos rins, no cérebro e nos
ossos.
No primeiro contato com o bacilo, o paciente não
tem ainda sua imunidade adquirida, mas
rapidamente a sua resistência se delineia e, se o
sujeito não tiver nenhum problema que debilite o
organismo, o microorganismo é logo eliminado.
Além de não permitir que a doença se instale no
sistema fisiológico, suas defesas ainda criam
proteções contra qualquer outra infecção deste
bacilo. Isto ocorre em 90% dos casos. Se os
mecanismos de resistência do organismo não
conseguem, porém, exterminar o bacilo, a
tuberculose primária se acomoda no corpo
atingido, e causa pequenos nódulos nos pulmões.
Não tratada a tempo, a enfermidade evolui para
sintomas mais graves. As lesões se transformam
nas cavernas tuberculosas, que inflamam e
sangram com facilidade. As tosses deixam de ser
secas e passam a conter sangue e pus – neste
estágio elas são conhecidas como hemoptise.
É fácil contrair a doença em regiões nas quais ela
predomina, e também se o sujeito trabalhar no
campo da saúde, ou estiver limitado em espaços
fechados, tais como asilos, presídios, manicômios
ou quartéis; os negros parecem ser mais sensíveis
a este bacilo; também há outros fatores –
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tendência genética, idade mais avançada,
desnutrição, ser alcoólatra, ou viciado em outras
drogas, o uso freqüente de determinados
medicamentos, como os utilizados por pacientes
que receberam um transplante, corticóides ou
outros que afetam a imunidade, e ser portador de
doenças como a Aids, o diabete, insuficiência
renal crônica, tumores ou silicose, uma
enfermidade pulmonar.
O diagnóstico mais eficaz da doença é realizado
colhendo-se secreção pulmonar. O catarro é
coletado por meio da tosse, preferencialmente na
parte da manhã. O ideal é que se colha duas
amostras em dias seguidos. Se o bacilo for
encontrado, a doença é comprovada. Em crianças,
o teste mais freqüente é o aspirado gástrico –
aspira-se as substâncias contidas no estômago do
paciente, nas quais se busca achar o
Mycobacterium através do catarro engolido. A
fibrobroncoscopia é geralmente empregada
quando o sujeito não está expectorando. Um
aparelho é introduzido no pulmão e o que for aí
colhido é usado para se observar a presença ou
não do bacilo da tuberculose. Há também casos
raros em que se lança mão da biópsia pulmonar,
efetuada em uma intervenção cirúrgica.
O importante é prevenir a tuberculose,
principalmente através da vacinação – a BCG,
aplicada no primeiro mês de vida, que imuniza
contra as formas mais sérias deste mal. Uma vez
que se foi contagiado, há três remédios que
geralmente são combinados em um coquetel, a
rifampicina, a isoniazida e a pirazinamida. O
tratamento se prolonga por aproximadamente seis
meses e as probabilidades de cura atingem os
95%. Mas, se o tratamento for suspenso, mesmo
com a aparente extinção dos sintomas, a doença
pode retornar, com os bacilos ainda mais
resistentes aos medicamentos. Isso é muito grave,
pois uma tuberculose resistente pode se
transformar em uma nova epidemia global, talvez
potencialmente incurável. É fundamental
comunicar o sistema público de saúde quando se
contrai essa enfermidade, para que seu controle se
torne possível. No Brasil, os remédios são pública
e gratuitamente distribuídos para os pacientes
afetados.
Sífilis
A sífilis é uma das doenças sexualmente
transmissíveis (DST) que proliferam ainda em
nossos dias, denominada cientificamente de lues.
Enfermidade infecciosa, ela é provocada por uma
bactéria da espécie conhecida como espiroqueta,
melhor especificando, ela tem o formato
espiralado. Seu nome nos meios acadêmicos é
Treponema pallidum. O primeiro efeito é uma
ferida chamada cancro duro, que pode atingir
quase todo o organismo, durante a primeira etapa,
mas também se manter em estado de repouso no
corpo, sem nenhuma manifestação.
Na primeira fase, tanto quanto na segunda, os
sintomas principais se manifestam mais
amplamente, a infecção é intensa, com maior
probabilidade de transmissão. Após este período,
ela some durante um bom tempo, não há mais
sinais da doença e suas manifestações no
organismo parecem estar curadas, mesmo quando
não foram tratadas. Isto representa um risco, pois
ao longo de meses ou até anos ela fica latente, mas
então começam a aparecer complicações, como
manchas por todo o corpo, cegueira, paralisia,
doenças no cérebro e no coração, culminando
muitas vezes no próprio óbito do paciente. Este é
o terceiro estágio, o mais perigoso de todos.
Os sintomas iniciais incluem, além da lesão já
citada, caroços nas virilhas – tantos estes quanto
as feridas não são dolorosos e não provocam
coceiras, bem como não revelam a presença de
pus. Seu diagnóstico nas primeiras etapas é mais
simples no homem do que na mulher, pois a lesão
no pênis é mais evidente, enquanto a da vagina,
por ser interior, é observável apenas em exames
ginecológicos realizados com um espéculo. O
teste sorológico ou VDRL também é muito
utilizado, e tem o objetivo de encontrar
determinados anticorpos que reagem à substância
contida no soro, a cardiolipina. Também é
fundamental o autodiagnóstico, ou seja, perceber o
aparecimento de feridas em órgãos sexuais ou em
outras partes do corpo, depois de dez a noventa
dias da realização do ato sexual.
Esta doença deve ser tratada logo no início,
evitando-se assim que ela evolua para um quadro
muito mais grave. É muito importante, porém,
preveni-la, com o uso de preservativos, a prática
da educação sexual, o tratamento precoce e os
exames pré-natais. Não há ainda, em curto prazo,
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esperanças da criação de vacinas. O que existe é o
tratamento, e quanto mais cedo melhor – um velho
conhecido nosso, a penicilina. Se o paciente tiver
alergia a este medicamento, há como alternativa o
uso da eritromicina ou tetraciclina. O sucesso do
tratamento depende da observação do paciente
pelo período de um a dois anos, tanto no
atendimento clínico quanto na sorologia.
Febre Tifóide
A febre tifóide é uma doença infecciosa que
ocasionalmente pode levar à morte, é causada por
uma bactéria denominada Salmonella typhi
(também conhecida como bacilo de Elberth, nome
dado em homenagem a Karl Joseph Elberth,
primeiro cientista a descrever esta bactéria). A
Salmonella typhi pertence à família
Enterobacteriaceae.
Em países ricos esta doença é menos freqüente e
somente ocorrem surtos ocasionais. Geralmente
este distúrbio está associado a populações de
baixa renda desprovidas de saneamento, ou sem
condições adequadas de saneamento básico. A
falta de higiene pessoal é outro fator que deve ser
levado em consideração.
O contágio acontece em todo o mundo, e, no
Brasil, ocorre com mais freqüência nas regiões
norte e nordeste. Quando não tratada este tipo de
febre leva à morte (cerca de 15% das pessoas
infectadas), visto que a bactéria chega à circulação
sangüínea provocando septicemia (contaminação
geral do sangue) e, finalmente óbito. A
transmissão é feita, na maioria dos casos, através
do consumo de água e alimentos contaminados. O
contágio também pode se dar através do contato
direto com as mãos sujas de fezes, por exemplo
(contágio oral-fecal).
Durante o período de incubação, que dura de 10 a
15 dias (média), a maioria dos doentes não
apresenta sintomas, só depois começam a surgir os
primeiros sinais. São eles: dor de cabeça, falta de
apetite, tosse, febre elevada, manchas rosadas no
tronco do corpo. Nos estágios mais avançados
surgem outros sintomas, tais como: sangramento
do nariz, bradicardia (diminuição do número de
contrações do músculo cardíaco), aumento do
fígado e delírios.
O diagnóstico é feito através da análise das fezes,
da urina ou da medula óssea, por um teste que
evidência a presença de anticorpos contra a
salmonela.
O tratamento é feito com antibióticos específicos
(clorafenicol é a droga mais usada) e reidratação.
Nos casos moderados o tratamento pode ser feito
em casa. Já os pacientes cujos casos são mais
graves devem ser hospitalizados para que sejam
hidratados e recebam a administração venosa de
antibióticos.
Para prevenir a febre tifóide são necessários
alguns procedimentos como proteção e
clorificação da água, fiscalização da produção e
distribuição de alimentos (já que o cheiro e o
sabor dos alimentos contaminados não são
alterados), vacinação das pessoas sujeitas ao
contágio, combate às moscas e fervura e
pasteurização do leite. As autoridades sanitárias
devem ser notificadas para que possam evitar que
a doença se alastre.
Hanseníase (Lepra)
A hanseníase mais comumente chamada de
“lepra” é uma doença de fundo infeccioso
(bactéria Mycobacterium leprae). A doença ataca
principalmente a pele e as extremidades do corpo.
A transmissão da doença se dá pelo contato corpo
a corpo dos indivíduos contaminados para os
indivíduos saudáveis (contato com a ferida,
saliva…), onde as bactérias são eliminadas. Porém
são apenas algumas pessoas que são suscetíveis a
doença (geralmente crianças).
Existem várias formas de manifestação da doença
que dependem da resistência dos indivíduos ao
bacilo, podem ser medidas através do teste de
Mitsuda (Boa defesa, Defesa intermediária e
ausência de defesa). Temos as seguintes formas da
doença (manifestações clínicas):
- Hanseníase indeterminada: início da doença que
geralmente evolui pra cura, nota-se apenas uma
pequena mancha na pele (o qual o individuo não
possui sensibilidade);
- Hanseníase tuberculóide: ataca os indivíduos
mais resistentes ao bacilo, causa poucas lesões e
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pode causar dor e atrofia dos músculos próximos a
área das lesões
- Hanseníase dimorfa: atacam os indivíduos de
imunidade intermediária, acometendo os nervos
próximos as lesões;
- Hanseníase lepromatosa: ocorre quando o
organismo não tem imunidade ao bacilo, causando
grandes áreas de lesões no corpo, atrofia muscular
e deformidade das extremidades do corpo, afeta
também os órgãos internos.
A doença tem cura com tratamentos que variam de
6 meses à um ano. Não é necessário o isolamento
dos pacientes como era feito antigamente. O
Brasil é o primeiro colocado na América Latina
com o número estimado de 500 mil doentes. Todo
o tratamento é fornecido gratuitamente pelo SUS.
Antraz ou Carbúnculo Hemático
O carbúnculo hemático, também conhecido
como antraz, anthrax e febre esplênica, afeta
animais e seres humanos, sendo geralmente
mortal.
Muito provavelmente, esta enfermidade já era
conhecida na antiguidade. Aproximadamente no
ano de 1490 a.C., a epidemia descrita por Moisés
foi identificada como sendo carbúnculo hemático,
por diversos autores. No fim do século XVI,
aumento a suspeita de que essa doença era
transmissível aos humanos. No ano de 1613,
morreram cerca de 60.000 pessoas no sul da
Europa devido à esta doença. Mas foi apenas em
1769 que a bibliografia científica sobre o
carbúnculo começou a ser descrita.
As espécies de animais mais sensíveis à esta
doença são os bovinos, ovinos e eqüinos, no
entanto, esta última é menos afetada do que os
ruminantes citados. Já suínos, aves, caprinos,
caninos e felinos, raramente são afetados.
É uma doença cosmopolita, em especial nos países
onde há falhas no controle das zoonoses. No ano
de 2001, o carbúnculo hemático foi usado como
arma biológica nos Estados Unidos, sendo
enviado pelo correio, contaminando 23 pessoas,
sendo que destas três vieram à óbito.
Seu agente etiológico é a bactéria Bacillus
anthracis, uma bactéria anaeróbica, imóvel e
capsulada, gram-positiva, que é encontrado nos
solos, principalmente de onde já ocorreu a doença,
pois sobrevive por vários anos. Quando em meio
aeróbico, os bacilos originam pequenos
corpúsculos, conhecidos como esporos. Esta
bactéria produz toxinas, destacando-se um “fator
edema” e um “fator letal”.
Sua forma vegetativa é muito sensível, sendo
destruída através da pasteurização, por agentes
químicos e durante a putrefação de cadáveres. No
entanto, os esporos são altamente resistentes,
sobrevivendo à dessecação por anos, agentes
químicos e calor.
Geralmente, a via de infecção é a oral, através da
mucosa da faringe e do intestino, podendo os
esporos ser ingerido através da água, rações e
pastos contaminados.
Os sinais clínicos apresentados pelos animais
variam, e em certas ocasiões, podem até passar
despercebidos em casos curtos. Esta enfermidade
é conhecida como moléstia febril, aparecendo
sintomas de depressão, debilidade, corrimentos
hemorrágicos em diferentes orifícios do corpo e
presença de tumefações subcutâneas edematosas.
Já em cães, eqüinos e suínos, a infecção se
restringe à faringe, havendo o crescimento de
linfonodos cervicais, ou então, leva à uma
gastrenterite hemorrágica ou aguda.
A necropsia não é muito indicada devido ao risco
de contaminação, sendo realizada apenas quando
se pretende realizar um diagnóstico laboratorial,
que pode ser um esfregaço sanguíneo de animais
que morreram recentemente ou ainda estão
agonizando; outro material que pode ser utilizado
neste exame é o osso da canela.
Na necropsia pode observar-se edemas gelatinosos
no ponto de inoculação, congestão generalizada
do peritônio e dos órgãos da cavidade abdominal,
baço aumentado (esplenomegalia), com uma
coloração escura.
Para o tratamento utiliza-se soro anticarbunculoso
para neutralizar a toxina liberada pelo bacilo,
geralmente combinado com antibióticos como
penicilina, por exemplo, que é eficaz no combate
ao bacilo, inibindo a multiplicação do agente.
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Embora sejam recomendadas medidas como:
notificação de casos às autoridades, cremação dos
cadáveres, isolamento dos pastos contaminados,
desinfecção energética e queima dos utensílios
contaminados, drenagem e saneamento de áreas
pantanosas, a única medida segura e eficaz é a
imunização dos animais contra o agente.