bacterioses - resumo completo

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1 BACTERIOSES Leptospirose A leptospirose é uma zoonose (doença de animais), também conhecida como doença de Weil (descoberta pelo patologista alemão Adolf Weil), causada por uma bactéria, com formato de saca-rolhas, chamada Leptospira. São portadores ou reservatórios naturais de leptospiras para o homem e animais domésticos, mamíferos, aves, répteis e anfíbios, sendo que os principais transmissores são o rato, a ratazana e o camundongo, dada a proximidade do convívio entre homens e estes roedores. A doença é adquirida pela ingestão da água ou alimentos contaminados pela urina de animais infectados com mucosas ou rachaduras na pele, bem como a absorção da bactéria pela pele saudável, quando exposta ao contato prolongado com a água contaminada, o que pode acontecer durante uma enchente, por exemplo. O contato com o solo contaminado também é outra forma de contágio, já que a bactéria sobrevive em solo úmido. Não se tem notícia de casos de contágio entre seres humanos. Os sintomas da leptospirose são diversos e semelhantes aos de outras doenças como gripe e dengue, o que dificulta seu diagnóstico. Normalmente os sintomas são: febre elevada, fortes dores de cabeça, dores musculares, como o da panturrilha (batata-da-perna), vômito, erupções cutâneas, diarréia e tosse. Nos casos mais graves pode ocorrer meningite, falência renal e hepática, icterícia (cor amarelada da pele) e complicações respiratórias que podem levar à morte. O diagnóstico em seres humanos é confirmado através de testes específicos como o Ensaio Detector de Anticorpos e Enzimas (ELISA) e o de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR). A hidratação é a maneira correta de tratar a pessoa infectada quando a doença é diagnosticada em seu estágio inicial. Não devem ser usados remédios que contenham ácido acetil-salicílico (como o Melhoral, AAS ou Aspirina), visto que este composto pode causar hemorragia digestiva ou algum tipo de alergia. Quando a doença é diagnosticada até o quarto dia, devem ser ministrados antibióticos a fim de evitar que a leptospirose evolua para seu quadro mais grave (como foi descrito acima). Neste caso, a pessoa deve ser internada imediatamente para receber tratamento intensivo. Gonorréia A gonorréia é infecciosa e contagiosa, sexualmente transmissível DST -, provocada pela presença da bactéria Neisseria gonorrhoeae, ou gonococo, que prolifera sem nenhuma dificuldade nas partes do aparelho reprodutivo que se revelam mais úmidas, como o cérvix, o útero e os tubos de falópio nas mulheres; na uretra, tanto nos homens quanto no sexo feminino. Esta bactéria também pode escolher outras áreas do organismo para o seu crescimento, como a boca, a garganta, os olhos e o ânus. O gonococo atinge preferencialmente as células da uretra, evitando as superfícies escamosas da vagina e do útero. A doença é transmitida não só através de relações sexuais completas, mas também no mero contato com o pênis, a vagina, o ânus, e até mesmo com a boca. Portanto, ao contrário do que muitos pensam, não é preciso haver a ejaculação para a transmissão da gonorréia. A infecção pode ocorrer igualmente durante o parto, se a mãe estiver contaminada, ou por vias indiretas, com o compartilhamento de artigos de higiene íntima femininos, raras vezes em vasos sanitários, ou pela utilização de agulhas contagiadas. Os sintomas podem se revelar mais amenos nas mulheres, o que se torna um risco para elas, pois sem tratamento o quadro pode se complicar. Quando estão presentes, exteriorizam-se na forma de corrimento intenso, com segregação de pus na uretra, em homens e mulheres, ou na vagina -; coceira na uretra e ardor na hora de urinar, complementados no sexo feminino com um estado de incontinência urinária; às vezes pode haver também um pouco de febre. È possível, em alguns momentos, haver uma séria evolução da doença, com a dispersão desta enfermidade pelo aparelho reprodutor superior. Ocorrem então fortes dores abdominais depois de algumas semanas, dentro de um contexto conhecido como Doença Inflamatória

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BACTERIOSES

Leptospirose

A leptospirose é uma zoonose (doença de

animais), também conhecida como doença de

Weil (descoberta pelo patologista alemão Adolf

Weil), causada por uma bactéria, com formato de

saca-rolhas, chamada Leptospira. São portadores

ou reservatórios naturais de leptospiras para o

homem e animais domésticos, mamíferos, aves,

répteis e anfíbios, sendo que os principais

transmissores são o rato, a ratazana e o

camundongo, dada a proximidade do convívio

entre homens e estes roedores.

A doença é adquirida pela ingestão da água ou

alimentos contaminados pela urina de animais

infectados com mucosas ou rachaduras na pele,

bem como a absorção da bactéria pela pele

saudável, quando exposta ao contato prolongado

com a água contaminada, o que pode acontecer

durante uma enchente, por exemplo. O contato

com o solo contaminado também é outra forma de

contágio, já que a bactéria sobrevive em solo

úmido. Não se tem notícia de casos de contágio

entre seres humanos.

Os sintomas da leptospirose são diversos e

semelhantes aos de outras doenças como gripe e

dengue, o que dificulta seu diagnóstico.

Normalmente os sintomas são: febre elevada,

fortes dores de cabeça, dores musculares, como o

da panturrilha (batata-da-perna), vômito, erupções

cutâneas, diarréia e tosse. Nos casos mais graves

pode ocorrer meningite, falência renal e hepática,

icterícia (cor amarelada da pele) e complicações

respiratórias que podem levar à morte.

O diagnóstico em seres humanos é confirmado

através de testes específicos como o Ensaio

Detector de Anticorpos e Enzimas (ELISA) e o de

Reação em Cadeia da Polimerase (PCR).

A hidratação é a maneira correta de tratar a pessoa

infectada quando a doença é diagnosticada em seu

estágio inicial. Não devem ser usados remédios

que contenham ácido acetil-salicílico (como o

Melhoral, AAS ou Aspirina), visto que este

composto pode causar hemorragia digestiva ou

algum tipo de alergia. Quando a doença é

diagnosticada até o quarto dia, devem ser

ministrados antibióticos a fim de evitar que a

leptospirose evolua para seu quadro mais grave

(como foi descrito acima). Neste caso, a pessoa

deve ser internada imediatamente para receber

tratamento intensivo.

Gonorréia

A gonorréia é infecciosa e contagiosa,

sexualmente transmissível – DST -, provocada

pela presença da bactéria Neisseria gonorrhoeae,

ou gonococo, que prolifera sem nenhuma

dificuldade nas partes do aparelho reprodutivo que

se revelam mais úmidas, como o cérvix, o útero e

os tubos de falópio nas mulheres; na uretra, tanto

nos homens quanto no sexo feminino. Esta

bactéria também pode escolher outras áreas do

organismo para o seu crescimento, como a boca, a

garganta, os olhos e o ânus.

O gonococo atinge preferencialmente as células da

uretra, evitando as superfícies escamosas da

vagina e do útero. A doença é transmitida não só

através de relações sexuais completas, mas

também no mero contato com o pênis, a vagina, o

ânus, e até mesmo com a boca. Portanto, ao

contrário do que muitos pensam, não é preciso

haver a ejaculação para a transmissão da

gonorréia. A infecção pode ocorrer igualmente

durante o parto, se a mãe estiver contaminada, ou

por vias indiretas, com o compartilhamento de

artigos de higiene íntima femininos, raras vezes

em vasos sanitários, ou pela utilização de agulhas

contagiadas.

Os sintomas podem se revelar mais amenos nas

mulheres, o que se torna um risco para elas, pois

sem tratamento o quadro pode se complicar.

Quando estão presentes, exteriorizam-se na forma

de corrimento intenso, com segregação de pus –

na uretra, em homens e mulheres, ou na vagina -;

coceira na uretra e ardor na hora de urinar,

complementados no sexo feminino com um estado

de incontinência urinária; às vezes pode haver

também um pouco de febre. È possível, em alguns

momentos, haver uma séria evolução da doença,

com a dispersão desta enfermidade pelo aparelho

reprodutor superior. Ocorrem então fortes dores

abdominais depois de algumas semanas, dentro de

um contexto conhecido como Doença Inflamatória

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Pélvica, em conseqüência de um processo

infeccioso que atinge o útero, as trompas de

falópio e o abdômen. A mulher pode, como

resultado deste agravamento, tornar-se infértil –

aliás, esta enfermidade é uma das maiores fontes

de esterilidade feminina.

A gonorréia pode igualmente ocasionar o aborto

espontâneo, o nascimento de uma criança já

morta, ou prematura; perda de peso, inflamações

da mucosa uterina, da próstata, do canal que

armazena os espermatozóides produzidos pelos

testículos – o epidídimo -, inflamação do bacinete

– cavidade renal que recebe a urina direcionada

depois para a bexiga -, a qual pode se estender ao

parênquima renal, meningite, inflamação do

miocárdio, infecção no globo ocular, pneumonia,

entre outras complicações. Para evitar um quadro

mais sério, é preciso saber que os primeiros

sintomas surgem depois de dois a quatro dias da

aquisição da bactéria, levando um tempo mais

longo, aproximadamente dez a trinta dias, apenas

em raros casos.

O diagnóstico da gonorréia não exige a realização

de exames em laboratórios, pois ela é detectada

em uma simples observação clínica. Mas, se for

preciso, pode-se recorrer a pesquisas

epidemiológicas, como, por exemplo, a coleta “in

vitro”. O tratamento também não é complicado,

pois há diversos antibióticos que curam com êxito

esta enfermidade, tanto em adolescentes quanto

nos adultos. Mas, atualmente, outras espécies de

gonorréia mais resistentes têm surgido,

provocando algumas dificuldades. Quando ocorre

a conjunção da doença com outra igualmente

transmissível por vias sexuais, a clamídia, o

paciente é tratado com a associação de

antibióticos, que combatem ambas. O tratamento é

imprescindível, pois prejuízos mais sérios, que se

instalam em fases posteriores, muitas vezes são

irreversíveis. Pacientes que já tiveram a doença

podem ser contaminados novamente se

persistirem na relação com parceiros contagiados,

mesmo quando foram devidamente tratados.

A manutenção de uma boa higiene, o uso de

camisinha, evitar o sexo indiscriminado com

vários parceiros, são formas eficazes de prevenir a

gonorréia e outras doenças sexualmente

transmissíveis. A pessoa que suspeitar da presença

desta e de outras enfermidades semelhantes devem

cessar qualquer relação sexual e procurar

imediatamente um especialista.

Pneumonia

A pneumonia é uma infecção nos alvéolos

pulmonares, local onde acontecem as trocas

gasosas. A doença faz com que os alvéolos se

enchem de muco, pus, e outros líquidos, que

comprometem o funcionamento dos pulmões. Os

agentes causadores da pneumonia podem ser

bactérias, vírus, fungos entre outros.

A grande maioria dos casos de pneumonia é

causada pela bactéria Streptococcus pneumoniae,

conhecida vulgarmente como Pneumococo.

A pneumonia atinge pessoas de todas as idades,

mas é mais perigosa para as crianças e para os

idosos, podendo ser fatal.

Os sintomas da pneumonia podem ser

confundidos inicialmente com os sintomas dos

resfriados e gripes, porém com maior intensidade.

Seguem-se: febre, falta de apetite, dor de cabeça,

suor intenso, calafrios e tremores, prostração, dor

no tórax, tosse com expectoração (catarro)

esverdeado ou amarelado, dor de garganta,

respiração ofegante e gemência.

O diagnóstico da doença é feito normalmente

através de raio-X do tórax e/ou do exame do

escarro, para identificar o agente causador e

indicar o tratamento correto.

As pneumonias causadas por bactérias são tratadas

com o uso de antibióticos. Os primeiros sinais de

melhora dos sintomas do paciente devem

acontecer entre 48 e 72 horas. Em casos de

pacientes previamente saudáveis, o médico

costuma optar pelo tratamento em casa. A

ingestão de líquidos é muito importante para

evitar a desidratação e favorecer a expectoração.

A avaliação do médico pode ser favorável à

internação, em casos mais graves, inclusive em

UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Além disso,

pode ser feita fisioterapia respiratória, como a

Page 3: Bacterioses - RESUMO COMPLETO

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tapotagem, entre outras.

Já as pneumonias causadas por vírus são tratadas

como as gripes, dando-se apenas o suporte para

que o organismo reaja e ministrando

medicamentos para diminuir a febre e dor. O

cuidado com a alimentação e a ingestão de

líquidos é muito importante.

Nos casos de pneumonias causadas por fungos ou

parasitas, são utilizados medicamentos

antimicrobianos.

Já existem vacinas disponíveis para alguns tipos

de pneumonia, inclusive a de maior incidência,

causada pela bactéria do pneumococo. Essa vacina

deve ser aplicada todos os anos nos idosos acima

de 65 anos e em pessoas que tenham seu

organismo debilitado por algumas doenças, como

por exemplo, AIDS e doenças renais.

Tétano

O tétano é uma infecção considerada grave. O

agente causador do tétano é a bactéria anaeróbica

Clostridium tetani, que produz uma toxina

chamada neurotoxina tetanospasmina. Essa toxina

é muito potente, muitas vezes letal para o ser

humano. Ela é a responsável por todos os

sintomas da doença.

A bactéria Clostridium tetani está presente nas

fezes do homem e de animais (quando depositadas

na terra ou areia), e utiliza qualquer ferimento na

pele como entrada para o organismo.

Desde a II Guerra Mundial existe imunização

contra o tétano, sendo que atualmente são raros os

casos nos países desenvolvidos. Nos países em

que a imunização não atinge a maioria da

população, o número de casos ainda é

considerável, sendo que a taxa de mortalidade é de

50% entre os adultos.

O tétano não é transmissível de uma pessoa para a

outra.

Existem duas formas de se adquirir a infecção:

Tétano acidental:

É adquirido através da contaminação de algum

ferimento (cortes, queimaduras, necroses), por

menor que seja, pelos esporos da bactéria. Quando

essa bactéria encontra as condições favoráveis, se

multiplica e produz a neurotoxina tetanospasmina.

O período de incubação do tétano acidental é, em

média, de 10 dias (pode variar de 2 a 21).

Tétano Neonatal

A contaminação pode acontecer via cordão

umbilical, quando a gestante não foi imunizada

(nunca tomou vacina antitétano). Não possuem e

não passam para o bebê os anticorpos que poderia

ter produzido se tivesse sido vacinada.

O período de incubação do tétano neonatal é, em

média, de 7 dias ( varia de 4 a 14 dias). Por isso, o

tétano neonatal é popularmente chamado de “mal

de sete dias”.

Os sintomas do tétano são os seguintes:

- Espasmos musculares

- Contração dos músculos da mandibula

(dificuldade para abrir a boca, mastigar)

- Espasmo dos músculos em volta da boca (risus

sardonicus)

- Rigidez no pescoço, nas costas e no abdômem

A rigidez torna-se progressiva, podendo atingir o

sistema respiratório. Por isso é comum a

necessidade de internamento em UTI (Unidade de

Terapia Intensiva).

O paciente com tétano apresenta ainda febre, suor

excessivo e taquicardia.

O diagnóstico é feito através do exame da amostra

do liquído retirada da ferida do paciente.

O tratamento requer a internação, que dura

normalmente de três a quinze semanas. São

administrados antibióticos, relaxantes musculares

e se necessário, sedativos. Os pacientes são

mantidos na penumbra, em lugares silenciosos. O

ferimento é limpo constantemente. Todo o

esquema de vacinas antitétano é ministrado.

Page 4: Bacterioses - RESUMO COMPLETO

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A recomendação principal para a prevenção do

tétano é a vacinação, que deve ser reforçada, no

caso dos adultos, de 10 em 10 anos. Outra ação

preventiva é o tratamento e limpeza adequados

dos ferimentos, evitando a proliferação da bactéria

pelo organismo.

Coqueluche

A coqueluche, também chamada de pertússis,

tosse comprida ou tosse convulsa, é uma doença

altamente contagiosa, que tem como agente

etiológico a bactéria Bordetella pertussis. Essa

bactéria é um pequeno cocobacilo, gram-negativo,

imóvel e estritamente aeróbio.

A B. pertussis está presente no mundo inteiro e

acomete apenas os seres humanos. Estima-se que

ocorram aproximadamente 30 a 50 milhões de

casos da doença anualmente, sendo que 300.000

evoluem para óbito. Acomete quase sempre

crianças com menos de 1 ano de vida.

Sua transmissão se dá através de perdigotos

eliminados por indivíduos doentes. As bactérias

aderem ao epitélio ciliado dos brônquios,

permanecendo no lúmen, sem invadirem as

células. Também pode ocorrer transmissão por

fômites recentemente contaminados com

secreções de doentes.

O período de incubação varia de 7 a 14 dias,

sendo que a época de maior transmissibilidade

ocorre na fase catarral. Para o controle da

enfermidade, considera-se que o período de

transmissão se estende de sete dias após contato

com um enfermo até três semanas após o início

dos acessos de tosse típicos da doença (fase

paroxística).

A coqueluche manifesta-se classicamente em três

estágios:

Estágio catarral: sintomas iniciais são

semelhantes ao do resfriado (febre

moderada, coriza, espirros e tosse

irritativa).

Estágio paroxístico: aproximadamente

duas semanas após, a tosse torna-se

irritativa, com espasmos (paroxismos) de

tosse. A tosse se caracteriza por repetidos

acessos, vinte a trinta tossidas sem

inalação seguidas de um ruído inspiratório

característico. Em cada acesso de tosse, a

face se torna pletórica ou repentinamente

fica cianótica. O paciente pode perder a

consciência momentaneamente ao final de

uma crise de tosse. Nessa fase, há uma

produção de muco intensa e os acessos de

tosse podem levar o indivíduo à êmese.

Estágio de convalescência: os paroxismos

de tosse desaparecem, dando lugar a

episódios de tosse comum, podendo

persistir por mais algumas semanas.

Quando infecções respiratórias secundárias

se instalam nessa fase, podem resultar em

reaparecimento transitório dos paroxismos.

As complicações mais comuns afetam as vias

respiratórias. Os lactantes apresentam um risco

devido à falta de oxigenação após períodos de

apnéia ou acessos de tosse. As crianças podem

desenvolver pneumonia, que pode ser fatal. Pode

ocorrer pneumotórax durante um episódio de

tosse, hemorragia ocular, úlcera abaixo da língua

quando esta é comprimida contra os dentes

durante um episódio de tosse, hérnia umbilical e

até prolapso retal. Lactantes também podem

apresentar convulsões, sendo que essas são raras

em crianças maiores. A hemorragia, o edema e

inflamação cerebral podem resultar em lesão

cerebral e retardo mental, paralisia ou outros

problemas neurológicos.

Normalmente a coqueluche não é diagnosticada

no período catarral, já que os sintomas são

inespecíficos. Métodos laboratoriais de

diagnóstico incluem cultura bacteriana,

imunofluorescência, PCR e sorologia. Como a

bactéria só pode ser obtida do indivíduo infectado

durante as três primeiras semanas da doença, a

cultura e a imunofluorescência são inúteis depois

desse período.

Page 5: Bacterioses - RESUMO COMPLETO

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O tratamento deve ser feito com orientação

médica e consiste, basicamente, no uso de

antibióticos como macrolídeos, sendo que é mais

eficaz na fase catarral. Na fase paroxística há

pouco a ser feito.

A prevenção deve ser feito com a vacinação, que

é obrigatória de acordo com o esquema de

vacinação (incluída na antiga tríplice, hoje

tetravalente).

Meningite

A meningite é uma doença caracterizada pela

inflamação das membranas que revestem o

encéfalo e a medula. Geralmente acomete crianças

na faixa etária de menor resposta imunológica

(recém-nascidos e lactentes) As membranas são

três: a dura-máter é a mais externa e a mais

espessa. A aracnóide é a membrana intermediária

e a pia-máter é a mais interna delas, através da

pia-máter (membrana que contém vasos

sangüíneos) é possível a nutrição e a oxigenação

do tecido nervoso.

A inflamação pode ser causada por diversos

agentes como bactérias, vírus e fungos. Em

menores casos há relatos de células tumorais e

agentes químicos que também podem desencadear

uma meningite. Quando os microorganismos

atingem as meninges o corpo reage produzindo

células de defesa (leucócitos), a reação entre

microorganismos e leucócitos é que leva ao

processo inflamatório.

Os principais sintomas da meningite são: febre

elevada e persistente, vômitos, rigidez da nuca,

dor de cabeça intensa, delírio, convulsões,

manchas vermelhas na pele (geralmente nas

pernas), irritabilidade e confusão. O tratamento

deve ser feito rapidamente porque a meningite é

uma doença que pode deixar graves seqüelas no

sistema nervoso, tal como a epilepsia ou, em

crianças, retardo mental e surdez.

O diagnóstico é feito com a solicitação de um

exame de sangue e estudo do líquor, ou líquido

céfalo-raquidiano, obtido através de uma punção

lombar, a fim de detectar qual é o agente que está

causando a infecção (vírus ou bactéria, por

exemplo). No caso de haver crises convulsivas, ou

sinais de hipertensão intra-craniana, o médico

pode solicitar uma tomografia computadorizada.

O tratamento consiste em identificar rapidamente

qual é o agente causador do distúrbio,

principalmente quando é causado por uma

bactéria, caso em que devem ser ministrados

antibióticos por via endovenosa (penicilina,

clorafenicol, vancomicina e ampicilina são

amplamente utilizados), visto que, nestes casos, a

meningite pode ser mortal e deixar marcas para

toda a vida. Quando a doença é causada por algum

vírus não há risco de seqüelas graves ou risco de

morte, já que a meningite viral evolui

benignamente e apresenta sintomas parecidos com

os de uma gripe, não requer tratamento específico.

Um sintoma que ambas as meningites temem

comum é a rigidez da nuca.

Difteria

A difteria, ou crupe como é popularmente

conhecida, é um distúrbio infeccioso do sistema

respiratório causado por um bacilo chamado

Corynebacterium diphteriae. Quando a vacina

ainda não havia sido inventada esta doença foi

responsável por epidemias que mataram muita

gente. Exemplo disso foi o que aconteceu entre

1735 e 1740, nos Estados Unidos, quando cerca de

80% das crianças daquele país faleceram.

Geralmente o bacilo infecta a mucosa da garganta,

laringe, nariz, traquéia e brônquios, podendo

provocar a contração da laringe.

Trata-se de uma doença altamente contagiosa que

pode se propagar através do contato com pessoas

infectadas ou por respirar as secreções de algum

doente. Embora a difteria se manifeste o ano todo

é mais comum seu aparecimento nos meses mais

frios. Normalmente a melhor forma de prevenir a

difteria é a vacinação dos bebês com a vacina

tríplice (difteria, coqueluche e tétano) a partir do

segundo mês de vida.

Page 6: Bacterioses - RESUMO COMPLETO

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O período de incubação pode durar até seis dias. É

na faringe que o bacilo encontra um local ideal

para se reproduzir e, em seguida, espalhar-se por

outros órgãos. Quando o contágio ocorre em

criança menores de quatorze anos pode levar a

óbito aproximadamente 20% dos casos. Os

sintomas mais freqüentes são: fadiga, febre,

garganta dolorida, incapacidade de engolir

alimentos, inchaço nos gânglios linfáticos e baixa

pressão arterial. Estes sintomas se agravam à noite

quando a respiração muda, a expiração é marcada

por tosse sem catarro, e a inspiração é

acompanhada por chiado.

Nesta doença são produzidas toxinas que, quando

liberadas na circulação sangüínea, chegam a

outros órgãos (fígado, nervos, glândulas adrenais,

rins e coração, por exemplo) comprometendo seu

funcionamento e, assim, podem ocasionar a morte

do paciente.

O tratamento é feito através de medicamentos

como soro anti-diftérico (SAD) e bactericidas

(penicilina ou eritromicina). A recuperação é

demorada e é importante lembrar que o paciente

não deve fazer esforço físico principalmente nos

casos em que há inflamação dos músculos do

coração. Em alguns casos mais graves o paciente

deve ser levado para tratamento intensivo porque

pode ocorrer parada cardíaca e a paralisia de

músculos que auxiliam na respiração. Quando

acontece o bloqueio total da garganta o paciente

deve ser submetido à traqueotomia.

Peste Negra

Também chamada de peste bubônica, assim ficou

conhecida a pandemia que, vinda da China em

navios mercantes, entre 1347 e 1350, rapidamente

se espalhou para diversos países com

conseqüências desastrosas, reduzindo a população

européia em aproximadamente um terço (cerca de

25 milhões de pessoas).

A peste não escolhia vítimas, morriam mulheres,

crianças, nobres, clérigos e camponeses. Durante

este período a produção agrícola e industrial

diminui muito, houve escassez de alimentos e de

bens de consumo. Os efetivos militares

diminuíram, a nobreza empobreceu e ocorreu a

ascensão da burguesia, que detinha a exploração

do comércio. Todos estes fatores provocaram

grandes mudanças sociais. Devido à ignorância

das pessoas naquela época, cogitava-se a

possibilidade da peste ser um castigo de Deus.

O causador da peste negra foi um bacilo chamado

Pasturella Pestis (descoberto posteriormente no

final do século XIX) presente em roedores tais

como ratos e suas pulgas (Xenopsilla cheopis).

Estes foram os responsáveis pelo contágio de

seres humanos. A peste era extremamente

agressiva chegando a matar em três dias.

Havia três formas da peste se manifestar:

Peste bubônica – a mais comum, que se

caracterizava pela inflamação dos gânglios

linfáticos do pescoço, virilhas e axilas,

Pneumônica – atacava os pulmões

Septicêmica – atacava o sangue, ocasionando

hemorragias em diversas partes do corpo.

A doença alastrava-se facilmente entre as pessoas

através de espirros e tosse com pus e sangue. O

aspecto dos doentes era horrível, os tumores

secretavam sangue e pus, a urina, o suor, a saliva e

o escarro apresentavam aspecto escurecido (daí o

nome peste negra). Há relatos de que as pessoas

acometidas pela peste fediam muito. Entre os

sintomas é importante ressaltar a febre alta e dores

fortíssimas.

Na Idade Média, como não havia cura, as pessoas

usavam vinagre pra tentar se defender, tendo em

vista que tanto os ratos quanto as pulgas evitam

seu cheiro. O número de mortos era tão grande

que eram abertas enormes valas comuns. Com a

descoberta dos antibióticos a doença antes tida

como mortal, atualmente é facilmente controlada.

São usados neste caso estreptomicina,

tetraciclinas, clorafenicol, gentamicina e

doxiciclina.

Botulismo

Botulismo é uma doença grave e rara, que pode

levar a paralisia, e é causada por uma toxina

produzida pela bactéria Clostridium botulinum.

Existem três tipos de botulismo: o botulismo de

feridas, o botulismo infantil e o botulismo

alimentar.

Page 7: Bacterioses - RESUMO COMPLETO

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O botulismo de feridas ocorre devido à toxina

presente na ferida, conseqüência da contaminação

do ferimento pela bactéria. O tratamento

geralmente é cirúrgico, com o objetivo de remover

a fonte da bactéria, que produz a toxina.

O botulismo infantil ocorre pela ingestão de

esporos da bactéria e a conseqüente proliferação

das mesmas no intestino da criança, produzindo a

toxina que causa a doença. Essa ingestão pode

acontecer pela ingestão de mel, por exemplo. Os

sintomas desse tipo de botulismo são: constipação,

falta de apetite, choro fraco e diminuição no tônus

muscular.

O botulismo mais comum é o botulismo

alimentar, que ocorre devido à ingestão de

alimentos que contenham a toxina butulímica.

Normalmente a toxina está presente em alimentos

mal conservados ou contaminados.

A bactéria Clostridium botulinum só se

desenvolve na ausência de oxigênio. Por isso,

alimentos enlatados e embalados a vácuo tem

maior probabilidade de contaminação. Latas

estufadas, por exemplo, não devem ser utilizadas,

e a procedência de alguns alimentos deve ser

investigada antes do consumo, como é o caso do

palmito.

São vários os sintomas do botulismo, porém

nenhum é característico apenas dessa doença, o

que pode atrasar o diagnóstico. Pessoas que

consumiram alimento contaminado apresentam os

primeiros sintomas entre doze e trinta horas. São

eles: visão dupla e turva, aversão à luz, pálpebras

caídas, boca seca, garganta seca, dificuldade de

engolir, vômito, fala ininteligível, retenção de

urina, constipação intestinal, fraqueza muscular

podendo evoluir para paralisia respiratória.

Como esses sintomas podem levantar suspeita de

várias doenças, exames como tomografia cerebral,

eletromiografia e exame do fluido espinhal podem

ser necessários para excluir essas suspeitas.

Portanto, o modo mais rápido e barato de se obter

o diagnóstico preciso de botulismo seria injetar

fezes ou plasma do paciente em uma cobaia, um

camundongo, e observar se o mesmo apresenta os

sintomas do botulismo.

Se diagnosticado o inicio, o botulismo pode ser

tratado com uma antitoxina que impede a ação da

toxina presente na corrente sangüínea. Mesmo

nesses casos, a recuperação pode levar semanas.

O botulismo pode causar a morte por parada

respiratória. Por isso, em casos mais graves, é

necessário tratamento intensivo, inclusive com

respiradores artificiais, muitas vezes por anos.

Seqüelas como falta de fôlego e fadiga podem

melhorar após anos de terapia.

Cólera

A cólera é uma infecção intestinal aguda causada

por uma bactéria chamada Vibrio Cholerae,

também conhecida como vibrião colérico. Esta

bactéria se multiplica rapidamente no intestino,

possui formato de bastonete parecido com uma

vírgula, possui um flagelo para se locomover e

produz uma potente toxina (enterotoxina) capaz de

provocar diarréia e, com isso, a secreção de cloro,

sódio e água do corpo causando uma grave

desidratação, que pode levar à morte se não

tratada adequadamente.

A transmissão ocorre através da ingestão de água

ou de alimentos contaminados por vômito ou

fezes de pessoas infectadas, que podem ou não

manifestar sintomas. O homem e alguns frutos do

mar são os únicos que podem ser infectados. As

moscas podem ser agentes transmissores da

doença, como também peixes e frutos do mar crus

ou mal cozidos. A propagação da cólera se deve

também à ausência de rede de esgoto e falta de

higiene pessoal. Como é um distúrbio que nem

sempre apresenta sintomas, pode se alastrar sem

ser notado. O período de incubação dura de

algumas horas a cinco dias.

Normalmente ocorre uma diarréia não distinguível

de uma diarréia comum. Podem acontecer casos

onde há vômitos, mas raramente dor abdominal

e/ou febre. Nos casos mais graves a diarréia, com

aspecto amarelo-esverdeada, acontece sem pus,

sangue ou muco. Caso não seja tratada

corretamente esta grande desidratação causa

desequilíbrio hidroeletrolítico, sede intensa,

cãibras, perda de peso, voz fraca, olhos fundos

com olhar parado, diminuição da pressão arterial,

funcionamento inadequado dos rins, diminuição

da excreção de urina e morte.

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8

O diagnóstico é feito através da coleta de fezes de

pacientes com ou sem sintomas para isolar e

identificar o vibrião colérico em culturas em meio

especializado.

Basicamente o tratamento da cólera consiste em

reidratar a pessoa atingida com soro fisiológico ou

soro feito em casa com uma xícara de açúcar, uma

pitada de sal dissolvidos em meio litro de água, a

fim de repor os sais minerais e a água, perdidos

durante a diarréia. Nos casos graves são utilizados

antibióticos e hidratação venosa. A vacinação tem

um grau de eficácia inferior a 50% e a melhor

forma de evitar a doença é a higiene no manuseio

de alimentos, consumo de água tratada, lavar bem

as mãos antes das refeições e ao deixar o sanitário.

Tuberculose

A tuberculose ou “doença do peito” é uma

enfermidade infecciosa antiga, contraída através

do ar. O microorganismo que a provoca – o bacilo

de Koch, conhecido nos meios científicos como

Mycobacterium tuberculosis – pode afetar todos

os órgãos, mas principalmente os pulmões.

Embora seja considerado um mal bem remoto,

infelizmente ele continua a reincidir sobre a

humanidade nos tempos atuais. Talvez isso ocorra

porque a tuberculose está relacionada ao modo de

vida e ao trabalho do indivíduo, tendo, portanto,

um componente social em sua transmissão, que

inclui as políticas públicas de controle da doença.

Esta enfermidade é transmitida apenas pelo

paciente portador do bacilo nos pulmões. Para se

ter uma idéia, um simples espirro do sujeito

infectado lança na atmosfera aproximadamente

dois milhões de bacilos. Já através da tosse, são

liberadas 3,5 mil partículas. Quem absorver o ar

de um local contaminado tem grandes

probabilidades de contrair a doença. O mundo

inteiro está sujeito a uma epidemia de tuberculose,

pois em toda parte há ocorrências deste mal. São

altos os seus índices de mortalidade – cerca de 2,6

milhões de mortos em 1990, segundo dados da

Organização Mundial de Saúde. Em 1993, as

inúmeras ocorrências desta doença levaram esta

entidade a decretar estado de emergência mundial

e a criar o Tratamento Diretamente

Supervisionado, programa que tem por objetivo

controlar a tuberculose.

Mas com certeza a incidência de tuberculose em

locais muito pobres, nos quais imperam a mistura

confusa e caótica de pessoas, a fome, a

desnutrição e as péssimas condições de higiene e

de saúde, tais como a Índia, China, Indonésia,

Bangladesh, Nigéria, Paquistão, Filipinas, Congo,

Rússia e Brasil, é muito maior. Normalmente,

porém, o número de mortes atribuídas a esta

doença é desconsiderado, como ocorre em nosso

país. Aqui, as regiões mais atingidas são as do

Norte e Nordeste, por serem muito carentes.

Os sintomas mais comuns são: tosse prolongada –

por mais de quinze dias -, febre, normalmente à

tarde, suores à noite, perda do apetite,

emagrecimento, fadiga, dor torácica, falta de

ânimo. Apenas 10% dos pacientes com a

tuberculose infecciosa progridem para um quadro

mais sério. A doença se instala quando o bacilo

chega aos alvéolos dos pulmões, às vezes se

disseminando entre os nódulos linfáticos. Ele

prossegue sua jornada no corpo humano através

da corrente sanguínea, até atingir pontos nos quais

a enfermidade se desenvolve melhor – no espaço

superior dos pulmões, nos rins, no cérebro e nos

ossos.

No primeiro contato com o bacilo, o paciente não

tem ainda sua imunidade adquirida, mas

rapidamente a sua resistência se delineia e, se o

sujeito não tiver nenhum problema que debilite o

organismo, o microorganismo é logo eliminado.

Além de não permitir que a doença se instale no

sistema fisiológico, suas defesas ainda criam

proteções contra qualquer outra infecção deste

bacilo. Isto ocorre em 90% dos casos. Se os

mecanismos de resistência do organismo não

conseguem, porém, exterminar o bacilo, a

tuberculose primária se acomoda no corpo

atingido, e causa pequenos nódulos nos pulmões.

Não tratada a tempo, a enfermidade evolui para

sintomas mais graves. As lesões se transformam

nas cavernas tuberculosas, que inflamam e

sangram com facilidade. As tosses deixam de ser

secas e passam a conter sangue e pus – neste

estágio elas são conhecidas como hemoptise.

É fácil contrair a doença em regiões nas quais ela

predomina, e também se o sujeito trabalhar no

campo da saúde, ou estiver limitado em espaços

fechados, tais como asilos, presídios, manicômios

ou quartéis; os negros parecem ser mais sensíveis

a este bacilo; também há outros fatores –

Page 9: Bacterioses - RESUMO COMPLETO

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tendência genética, idade mais avançada,

desnutrição, ser alcoólatra, ou viciado em outras

drogas, o uso freqüente de determinados

medicamentos, como os utilizados por pacientes

que receberam um transplante, corticóides ou

outros que afetam a imunidade, e ser portador de

doenças como a Aids, o diabete, insuficiência

renal crônica, tumores ou silicose, uma

enfermidade pulmonar.

O diagnóstico mais eficaz da doença é realizado

colhendo-se secreção pulmonar. O catarro é

coletado por meio da tosse, preferencialmente na

parte da manhã. O ideal é que se colha duas

amostras em dias seguidos. Se o bacilo for

encontrado, a doença é comprovada. Em crianças,

o teste mais freqüente é o aspirado gástrico –

aspira-se as substâncias contidas no estômago do

paciente, nas quais se busca achar o

Mycobacterium através do catarro engolido. A

fibrobroncoscopia é geralmente empregada

quando o sujeito não está expectorando. Um

aparelho é introduzido no pulmão e o que for aí

colhido é usado para se observar a presença ou

não do bacilo da tuberculose. Há também casos

raros em que se lança mão da biópsia pulmonar,

efetuada em uma intervenção cirúrgica.

O importante é prevenir a tuberculose,

principalmente através da vacinação – a BCG,

aplicada no primeiro mês de vida, que imuniza

contra as formas mais sérias deste mal. Uma vez

que se foi contagiado, há três remédios que

geralmente são combinados em um coquetel, a

rifampicina, a isoniazida e a pirazinamida. O

tratamento se prolonga por aproximadamente seis

meses e as probabilidades de cura atingem os

95%. Mas, se o tratamento for suspenso, mesmo

com a aparente extinção dos sintomas, a doença

pode retornar, com os bacilos ainda mais

resistentes aos medicamentos. Isso é muito grave,

pois uma tuberculose resistente pode se

transformar em uma nova epidemia global, talvez

potencialmente incurável. É fundamental

comunicar o sistema público de saúde quando se

contrai essa enfermidade, para que seu controle se

torne possível. No Brasil, os remédios são pública

e gratuitamente distribuídos para os pacientes

afetados.

Sífilis

A sífilis é uma das doenças sexualmente

transmissíveis (DST) que proliferam ainda em

nossos dias, denominada cientificamente de lues.

Enfermidade infecciosa, ela é provocada por uma

bactéria da espécie conhecida como espiroqueta,

melhor especificando, ela tem o formato

espiralado. Seu nome nos meios acadêmicos é

Treponema pallidum. O primeiro efeito é uma

ferida chamada cancro duro, que pode atingir

quase todo o organismo, durante a primeira etapa,

mas também se manter em estado de repouso no

corpo, sem nenhuma manifestação.

Na primeira fase, tanto quanto na segunda, os

sintomas principais se manifestam mais

amplamente, a infecção é intensa, com maior

probabilidade de transmissão. Após este período,

ela some durante um bom tempo, não há mais

sinais da doença e suas manifestações no

organismo parecem estar curadas, mesmo quando

não foram tratadas. Isto representa um risco, pois

ao longo de meses ou até anos ela fica latente, mas

então começam a aparecer complicações, como

manchas por todo o corpo, cegueira, paralisia,

doenças no cérebro e no coração, culminando

muitas vezes no próprio óbito do paciente. Este é

o terceiro estágio, o mais perigoso de todos.

Os sintomas iniciais incluem, além da lesão já

citada, caroços nas virilhas – tantos estes quanto

as feridas não são dolorosos e não provocam

coceiras, bem como não revelam a presença de

pus. Seu diagnóstico nas primeiras etapas é mais

simples no homem do que na mulher, pois a lesão

no pênis é mais evidente, enquanto a da vagina,

por ser interior, é observável apenas em exames

ginecológicos realizados com um espéculo. O

teste sorológico ou VDRL também é muito

utilizado, e tem o objetivo de encontrar

determinados anticorpos que reagem à substância

contida no soro, a cardiolipina. Também é

fundamental o autodiagnóstico, ou seja, perceber o

aparecimento de feridas em órgãos sexuais ou em

outras partes do corpo, depois de dez a noventa

dias da realização do ato sexual.

Esta doença deve ser tratada logo no início,

evitando-se assim que ela evolua para um quadro

muito mais grave. É muito importante, porém,

preveni-la, com o uso de preservativos, a prática

da educação sexual, o tratamento precoce e os

exames pré-natais. Não há ainda, em curto prazo,

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esperanças da criação de vacinas. O que existe é o

tratamento, e quanto mais cedo melhor – um velho

conhecido nosso, a penicilina. Se o paciente tiver

alergia a este medicamento, há como alternativa o

uso da eritromicina ou tetraciclina. O sucesso do

tratamento depende da observação do paciente

pelo período de um a dois anos, tanto no

atendimento clínico quanto na sorologia.

Febre Tifóide

A febre tifóide é uma doença infecciosa que

ocasionalmente pode levar à morte, é causada por

uma bactéria denominada Salmonella typhi

(também conhecida como bacilo de Elberth, nome

dado em homenagem a Karl Joseph Elberth,

primeiro cientista a descrever esta bactéria). A

Salmonella typhi pertence à família

Enterobacteriaceae.

Em países ricos esta doença é menos freqüente e

somente ocorrem surtos ocasionais. Geralmente

este distúrbio está associado a populações de

baixa renda desprovidas de saneamento, ou sem

condições adequadas de saneamento básico. A

falta de higiene pessoal é outro fator que deve ser

levado em consideração.

O contágio acontece em todo o mundo, e, no

Brasil, ocorre com mais freqüência nas regiões

norte e nordeste. Quando não tratada este tipo de

febre leva à morte (cerca de 15% das pessoas

infectadas), visto que a bactéria chega à circulação

sangüínea provocando septicemia (contaminação

geral do sangue) e, finalmente óbito. A

transmissão é feita, na maioria dos casos, através

do consumo de água e alimentos contaminados. O

contágio também pode se dar através do contato

direto com as mãos sujas de fezes, por exemplo

(contágio oral-fecal).

Durante o período de incubação, que dura de 10 a

15 dias (média), a maioria dos doentes não

apresenta sintomas, só depois começam a surgir os

primeiros sinais. São eles: dor de cabeça, falta de

apetite, tosse, febre elevada, manchas rosadas no

tronco do corpo. Nos estágios mais avançados

surgem outros sintomas, tais como: sangramento

do nariz, bradicardia (diminuição do número de

contrações do músculo cardíaco), aumento do

fígado e delírios.

O diagnóstico é feito através da análise das fezes,

da urina ou da medula óssea, por um teste que

evidência a presença de anticorpos contra a

salmonela.

O tratamento é feito com antibióticos específicos

(clorafenicol é a droga mais usada) e reidratação.

Nos casos moderados o tratamento pode ser feito

em casa. Já os pacientes cujos casos são mais

graves devem ser hospitalizados para que sejam

hidratados e recebam a administração venosa de

antibióticos.

Para prevenir a febre tifóide são necessários

alguns procedimentos como proteção e

clorificação da água, fiscalização da produção e

distribuição de alimentos (já que o cheiro e o

sabor dos alimentos contaminados não são

alterados), vacinação das pessoas sujeitas ao

contágio, combate às moscas e fervura e

pasteurização do leite. As autoridades sanitárias

devem ser notificadas para que possam evitar que

a doença se alastre.

Hanseníase (Lepra)

A hanseníase mais comumente chamada de

“lepra” é uma doença de fundo infeccioso

(bactéria Mycobacterium leprae). A doença ataca

principalmente a pele e as extremidades do corpo.

A transmissão da doença se dá pelo contato corpo

a corpo dos indivíduos contaminados para os

indivíduos saudáveis (contato com a ferida,

saliva…), onde as bactérias são eliminadas. Porém

são apenas algumas pessoas que são suscetíveis a

doença (geralmente crianças).

Existem várias formas de manifestação da doença

que dependem da resistência dos indivíduos ao

bacilo, podem ser medidas através do teste de

Mitsuda (Boa defesa, Defesa intermediária e

ausência de defesa). Temos as seguintes formas da

doença (manifestações clínicas):

- Hanseníase indeterminada: início da doença que

geralmente evolui pra cura, nota-se apenas uma

pequena mancha na pele (o qual o individuo não

possui sensibilidade);

- Hanseníase tuberculóide: ataca os indivíduos

mais resistentes ao bacilo, causa poucas lesões e

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pode causar dor e atrofia dos músculos próximos a

área das lesões

- Hanseníase dimorfa: atacam os indivíduos de

imunidade intermediária, acometendo os nervos

próximos as lesões;

- Hanseníase lepromatosa: ocorre quando o

organismo não tem imunidade ao bacilo, causando

grandes áreas de lesões no corpo, atrofia muscular

e deformidade das extremidades do corpo, afeta

também os órgãos internos.

A doença tem cura com tratamentos que variam de

6 meses à um ano. Não é necessário o isolamento

dos pacientes como era feito antigamente. O

Brasil é o primeiro colocado na América Latina

com o número estimado de 500 mil doentes. Todo

o tratamento é fornecido gratuitamente pelo SUS.

Antraz ou Carbúnculo Hemático

O carbúnculo hemático, também conhecido

como antraz, anthrax e febre esplênica, afeta

animais e seres humanos, sendo geralmente

mortal.

Muito provavelmente, esta enfermidade já era

conhecida na antiguidade. Aproximadamente no

ano de 1490 a.C., a epidemia descrita por Moisés

foi identificada como sendo carbúnculo hemático,

por diversos autores. No fim do século XVI,

aumento a suspeita de que essa doença era

transmissível aos humanos. No ano de 1613,

morreram cerca de 60.000 pessoas no sul da

Europa devido à esta doença. Mas foi apenas em

1769 que a bibliografia científica sobre o

carbúnculo começou a ser descrita.

As espécies de animais mais sensíveis à esta

doença são os bovinos, ovinos e eqüinos, no

entanto, esta última é menos afetada do que os

ruminantes citados. Já suínos, aves, caprinos,

caninos e felinos, raramente são afetados.

É uma doença cosmopolita, em especial nos países

onde há falhas no controle das zoonoses. No ano

de 2001, o carbúnculo hemático foi usado como

arma biológica nos Estados Unidos, sendo

enviado pelo correio, contaminando 23 pessoas,

sendo que destas três vieram à óbito.

Seu agente etiológico é a bactéria Bacillus

anthracis, uma bactéria anaeróbica, imóvel e

capsulada, gram-positiva, que é encontrado nos

solos, principalmente de onde já ocorreu a doença,

pois sobrevive por vários anos. Quando em meio

aeróbico, os bacilos originam pequenos

corpúsculos, conhecidos como esporos. Esta

bactéria produz toxinas, destacando-se um “fator

edema” e um “fator letal”.

Sua forma vegetativa é muito sensível, sendo

destruída através da pasteurização, por agentes

químicos e durante a putrefação de cadáveres. No

entanto, os esporos são altamente resistentes,

sobrevivendo à dessecação por anos, agentes

químicos e calor.

Geralmente, a via de infecção é a oral, através da

mucosa da faringe e do intestino, podendo os

esporos ser ingerido através da água, rações e

pastos contaminados.

Os sinais clínicos apresentados pelos animais

variam, e em certas ocasiões, podem até passar

despercebidos em casos curtos. Esta enfermidade

é conhecida como moléstia febril, aparecendo

sintomas de depressão, debilidade, corrimentos

hemorrágicos em diferentes orifícios do corpo e

presença de tumefações subcutâneas edematosas.

Já em cães, eqüinos e suínos, a infecção se

restringe à faringe, havendo o crescimento de

linfonodos cervicais, ou então, leva à uma

gastrenterite hemorrágica ou aguda.

A necropsia não é muito indicada devido ao risco

de contaminação, sendo realizada apenas quando

se pretende realizar um diagnóstico laboratorial,

que pode ser um esfregaço sanguíneo de animais

que morreram recentemente ou ainda estão

agonizando; outro material que pode ser utilizado

neste exame é o osso da canela.

Na necropsia pode observar-se edemas gelatinosos

no ponto de inoculação, congestão generalizada

do peritônio e dos órgãos da cavidade abdominal,

baço aumentado (esplenomegalia), com uma

coloração escura.

Para o tratamento utiliza-se soro anticarbunculoso

para neutralizar a toxina liberada pelo bacilo,

geralmente combinado com antibióticos como

penicilina, por exemplo, que é eficaz no combate

ao bacilo, inibindo a multiplicação do agente.

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Embora sejam recomendadas medidas como:

notificação de casos às autoridades, cremação dos

cadáveres, isolamento dos pastos contaminados,

desinfecção energética e queima dos utensílios

contaminados, drenagem e saneamento de áreas

pantanosas, a única medida segura e eficaz é a

imunização dos animais contra o agente.