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PONENCIA EGAL 2011- COSTA RICA
GESTO AMBIENTAL EM BUSCA DO QUE FORMA, MATM, PROTEGE,
REGULA E REGENERA O AMBIENTE.
Yarnel de Oliveira Campos
Professor Doutor da Universidade Federal do Par - Brasil
E-mail: [email protected]
A evoluo histrica dos conceitos e instrumentos de poltica e gesto
ambiental, nos ltimos 50 anos, indica as tendncias fundadas nas
transformaes social, econmica e tecnolgica. A sociedade denominada ps-
industrial baseia-se em uma economia globalizada e em uma crescente e veloztransformao tecnolgica. Segundo DIAS, (2009)
Na segunda metade do sculo XX, com a intensificao do
crescimento econmico mundial, os problemas ambientais se
agravam e comeam a aparecer com maior visibilidade para
amplos setores da populao, particularmente dos pases
desenvolvidos, os primeiros a serem afetados pelos impactos
provocados pela Revoluo Industrial. (DIAS, Reinaldo. 2009, p.12).
Nesse formato, o ambiente adquiriu nova concepo, transformou-se de
essencialmente local para uma realidade global e incorporou nas estratgias
locais os novos e diferentes agentes sociais.
O crescimento da atividade econmica sempre esteve associado ao
aumento da utilizao dos recursos naturais e energticos, a partir do momento
em que as atividades produtivas adquiriram uma nova organizao. Esta
associao ocorreu tanto na agropecuria como na indstria.
As velozes mudanas tecnolgicas, com profunda interveno no processo
produtivo, na economia e no social, introduziram uma dinmica mais intensiva no
processo de transformao, instaurando um sistema cada vez mais complexo em
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relao organizao ambiental com base no uso intensivo de recursos de
matria-prima e de energia.
Essa velocidade de eventos, a bordo do processo
multidimensional da globalizao, produziu e precipitou uma das
mais graves preocupaes para os cientistas da rea ecolgico-
ambiental, referente capacidade de suporte da terra e
viabilidade biolgica da espcie humana: o nmero crescente de
indivduos que passam a ocupar o mesmo nicho, dentro da
biosfera, ou seja, cada vez mais pessoas adotam os mesmos
padres de consumo, em todo o mundo, exercendo presses
crescentes sobre uma mesma categoria de recursos finitos ou cuja
velocidade de regenerao no est sendo observada. (DIAS,
2001, p. 92).
Essa configurao tem provocado mudanas nas estruturas fsicas naturais
e nas sociais como a transnacionalizao do poder embasado na apropriao das
informaes e do conhecimento e o crescente esvaziamento da interveno do
Estado Nacional.
O processo evolutivo no se revelou de forma homognea, mas possvel
perceber uma linha mestra que engendra as polticas de forma semelhante. Os
acontecimentos, no final da dcada de 1960 e incio da dcada de 1970,
manifestaram um processo de estruturao institucional e elaborao de polticas
ambientais em diferentes pases, centrada em uma tica essencialmente corretiva
gerada no mecanismo de controle de impactos ambientais.
J na dcada de 1980, as polticas ambientais direcionaram-se para a
preveno de impacto ambiental em quase todos os pases do mundo ocidental.
Comeavam a utilizar, como instrumento de preveno e auxlio a gesto
ambiental, a Avaliao de Impacto Ambiental e os Instrumentos de Comando e
Controle.
Com a aplicao dos instrumentos de comando e controle, nas dcadas
de 1970 e 1980, a gesto ambiental foi essencialmente praticada pelo Estado por
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meio de uma poltica ambiental fortemente centralizada. Durante esse perodo, a
gesto ambiental foi marcada por intensos conflitos pblicos e privados.
Com o intuito de promover a harmonia entre as instituies pblicas e
privadas, as Naes Unidas publicaram em 1987, no Relatrio denominado
Nosso Futuro Comum, o conceito de desenvolvimento sustentvel, que tem
sido motivo de calorosos debates. Apesar do desgaste que esse termo sofreu, foi
um dos constituintes das transformaes percebidas na dcada de 1990 e que
vem embasando as orientaes buscadas pelas polticas ambientais de diferentes
pases.
Na Conferncia das Naes Unidas em 1992, no Rio de Janeiro, houve
maior divulgao do conceito desenvolvimento sustentvel. Foi nesse contexto
que se incorporaram novos elementos, como o fortalecimento da administraolocal em resposta ao processo da globalizao e a introduo de mecanismos de
gesto ambiental nas empresas privadas.
Aps a Conferncia ECO 92, percebeu-se o desenvolvimento de normas
voluntrias sobre Sistema de Gesto Ambiental, instrumentos da chamada Gesto
Ambiental Privada.
Dentre as iniciativas de auto-regulamentao, esto as
normas voluntrias relativas aos SGAs que comearam a ser
elaboradas de modo mais intenso a partir de meados da dcada
de 1990. O surgimento dessas normas deve-se aos seguintes
fatores: crescimento da influncia das ONGs que atuam nas reas
do meio ambiente e correlatas; aumento do contingente de
consumidores responsveis, ou consumidores verdes, que
procuram cada vez mais utilizar produtos ambientalmente
saudveis; intensificao dos processos de abertura comercial
expondo produtores diferenas pronunciadas de custo ambientais
e sociais a uma competio mais acirrada e internacional; e
restries criao de barreiras comerciais para proteger
mercados dentro da lgica da globalizao, restries que foram
ampliadas com a aprovao do Tratado de Marrakesh de 1994,
que encerrou a Rodada Uruguai de negociaes comerciais
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multilaterais no mbito do Gatt e criou a Organizao Mundial do
Comrcio (OMC). (BARBIERI, 2004, p. 141).
Dentre os instrumentos da chamada Gesto Ambiental Privada, destacam-
se os desenvolvimentos na base da srie de normas ISO 14.0001: Sistema degesto ambiental, Auditoria Ambiental e Avaliao de Desempenho Ambiental,
relacionados gesto ambiental de organizaes.
Outro instrumento a Avaliao do Ciclo de Vida (ACV), Rotulagem e
Aspectos Ambientais em Padres, referentes gesto ambiental de produtos.
A avaliao do ciclo de vida (ACV) um instrumento de
gesto ambiental aplicvel a bens e servios. O ciclo de vida que
interessa gesto ambiental refere-se aos aspectos ambientais de
um bem ou servio em todos os seus estgios, desde a origem
dos recursos no meio ambiente at a disposio final dos resduos
de materiais e energia aps o uso, passando por todas as etapas
intermedirias, como beneficiamento, transportes, estocagens e
outras. (BARBIERI, 2004, p. 146).
Com a emergncia de elementos e novos instrumentos, inicia-se a
conquista do espao de negociao e prepara-se o terreno para as aes de
conciliao, sempre embasado em um conceito frgil e alvo de diversas crticas, o
de desenvolvimento sustentvel. Negociaes cujas partes se constituem de
mltiplos interesses e percepes ambientais diferentes, de um lado, o
gerenciamento do Estado e, do outro, a busca da gesto ambiental.
Na problemtica ambiental, o vocbulo gesto adquire um significado mais
geral, pois envolve uma multiplicidade interativa de variveis sistmicas
dependentes e independentes, que interagem ao mesmo tempo em um espao
imposto pelos gestores. Com essa concepo, ao gerenciar as emergncias
1ISO 14000 um conjunto de normas que definem parmetros e diretrizes para a gesto ambiental para as
empresas privadas e pblicas. Estas normas foram definidas pela International Organization for
Standardization - ISO (Organizao Internacional para Padronizao).
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oriundas da apropriao dos recursos naturais no se deve perder de vista o todo
sistmico, a integrao das unidades e a ao e a funo que se desenvolvem na
sua globalidade.
Entretanto a gesto ambiental pode ser entendida como um conjunto de
aes e processos que tem como objetivo a qualidade de vida satisfatria para o
desenvolvimento econmico e social. Essa busca de qualidade ambiental principia
na percepo da capacidade de carga do ambiente e das necessidades da
sociedade local.
Com a compreenso sistmica do ambiente conduz-se aos fatores que so
identificados de forma transdisciplinar, que permite a compreenso e a aplicao
de medidas adequadas na soluo dos problemas ambientais.
Nessas circunstncias, a gesto ambiental qualifica a atuao institucional,seja governamental ou pela sociedade civil organizada, no sentido de pr em
execuo a poltica ambiental. Dessa forma, pode-se compreender a gesto
ambiental como uma ao pblica realizada pela organizao estatal em conjunto
com a sociedade civil. Assim, as decises perpassam governo com aes
descentralizadas, o que se constitui na base do sucesso das propostas de gesto
ambiental.
Desse modo, a expresso gesto ambiental ser aqui entendida como
processo de articulao das aes dos mltiplos agentes que atuam e inter-
relacionam-se em um territrio pr-determinado, no caso, a bacia hidrogrfica,
com objetivo de atingir efeitos positivos sobre o ambiente, seja mitigando ou
eliminando os reflexos dos impactos naturais e os provenientes das aes sociais.
Todas as aes na gesto ambiental envolvem uma intencionalidade
varivel na sua abrangncia espacial, da qual se esperam os resultados eficazes,
sejam na escala global, regional ou local, assim como os que se destinam, por
exemplo, gua, ao ar, ao solo, fauna ou a flora; e de acordo com as diferentes
instituies que tomam a iniciativa, como governo, empresa, sociedade civil ou
uma iniciativa com vrias instituies.
Os problemas se agravam, em sua maior parte, pela estagnao e
deficincia da teoria e das prticas tradicionais de como se concebe a gesto
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ambiental. Ao deparar com as emergncias resultantes do desenvolvimento
tecnolgico e com as diferentes apropriaes dos recursos naturais, evidenciam-
se as deficincias na ausncia de informaes sobre a dinmica e as interaes
ambientais e com a obscuridade das definies e objetivos confusos dos rgos
pblicos e privados, como nos mecanismos articuladores entre os atores sociais
envolvidos no processo.
No deixa de ser constrangedor quando admitimos que
ainda no dispomos de equipamentos tericos e instrumental
adequado para lidarmos, apropriadamente, com a complexa
temtica ambiental. Estamos ainda arranhando a superfcie da
nossa compreenso sobre as mltiplas, complexas, instigantes e
fascinantes interrelaes ambientais, que se revelam a cada
pesquisa. (DIAS, 2001, p. 249).
O gerenciamento ambiental deveria ter uma percepo da dinmica e da
totalidade ambiental, em que se encontrariam suas funes bsicas, com foco nos
resultados das interaes emergentes. Nesse sentido, os recursos naturais e as
aes sociais seriam agregados sob um rgo gestor de bacia hidrogrfica.
Assim, poder-se-ia evitar o que acontece na maioria das gestes dos Estados,onde se evidenciam as divergncias e a falta de sintonia administrativa e um
descompasso com a dinmica natural.
Muitos obstculos devero de ser ultrapassados para que se consiga atingir
o objetivo da gesto ambiental. A busca da aproximao entre o desenvolvimento
socioeconmico e a capacidade de carga do ambiente embasa-se nos
conhecimentos cientficos e na negociao social como articuladora dos diferentes
interesses sociais e diferentes capacidades naturais, que interagem em diferentes
espaos. Esse procedimento se manifesta como uma das ferramentas na busca
da sustentabilidade ambiental.
Nesse propsito, a gesto ambiental, como articuladora das interaes
ambientais, tem como objetivo regulamentar o uso, a proteo, o controle e a
conservao ambiental dos mltiplos agentes sociais que interagem em diferentes
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configuraes espaciais. Manifesta-se na conduo e nas definies de acordos e
adequaes para a explorao de acordo com a capacidade de carga do sistema
local.
Ao mesmo tempo, tais sistemas esto sujeitos a crises. Toda
crise, seja qual seja qual for sua origem, se traduz por uma falha
na regulao, ou seja, no controle dos antagonismos. Os
antagonismos irrompem quando h crise; eles fazem crise quando
esto em erupo. A crise se manifesta por transformaes de
diferenas em oposio, de complementaridades em
antagonismos, e a desordem se espalha no sistema em crise.
Quanto mais rica a complexidade organizacional, mais h
possibilidade, logo, perigo de crise, e mais o sistema capaz de
ultrapassar suas crises e at de tirar proveito delas para o seu
desenvolvimento.
No se pode, ento, conceber organizao sem
antagonismo, quer dizer, sem uma antiorganizao potencial
includa em sua existncia e em seu funcionamento. (MORIN,
2002, p. 154 e 155).
A degradao ambiental no se justifica apenas pelo desconhecimento do
funcionamento do sistema natural articulado com o sistema social. Na
configurao atual dos fatos mais importantes a serem considerados, esto as
inadequadas aes e as falhas no processo de gesto ambiental. Nesse sentido,
deve-se dar maior ateno ao conhecimento da funcionalidade, da organizao do
sistema ambiental e ao desenvolvimento de instrumentos de gesto que
promovam de maneira sistmica a proteo, a conservao e o monitoramento
ambiental.A gesto ambiental se constitui, tambm, por poltica pblica, a qual institui
as diretrizes gerais por um gerenciamento ambiental, que articula funes
particulares das instituies e pe em prtica os instrumentos legais e seus
procedimentos metodolgicos na execuo do planejamento ambiental.
Assim, faz-se oportuno o esclarecimento da diferena entre a compreenso
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de gesto ambiental e gerenciamento, por representar atuaes e procedimentos
diferenciados. A gesto ambiental considerada de maneira ilimitada, ampla,
abrigando todas as aes, incluindo as do gerenciamento ambiental. Considera-se
gerenciamento ambiental como uma forma de governo que se caracteriza por um
conjunto de organismos governamentais e privados, constitudo com o objetivo de
executar a poltica pblica ambiental por meio dos procedimentos metodolgicos
adotados por um governo e utilizando-se de instrumentos para o planejamento
ambiental. As aes governamentais se respaldam e orientam-se pela legislao
em vigor. Assim, estabelece-se o que se denomina por gerenciamento ambiental,
entendido como arranjo estrutural da administrao do Estado para gerenciar o
ambiente.
Os impactos das prticas participativas embasadas na manifestaocoletiva na gesto ambiental conduzem a uma nova qualidade de cidadania, que
institui o cidado de direitos para a participao social e poltica. Configura-se
como superao de barreiras a serem superadas para proliferar iniciativas de
gesto que articulem com eficincia a complexidade ambiental com a democracia.
Tal fundamento reside no fortalecimento do espao pblico local e na
participao da sociedade cvil na elaborao das polticas pblicas em uma
democracia direta, assim como na complexa e contraditria institucionalizao de
prticas participativas inovadoras, que rompem com o processo predominante,
superando as aes clientelistas.
Na complexidade da gesto ambiental, procura-se classificar e ordenar os
mltiplos elementos para compor um sistema, ocupando-se de procedimentos
metodolgicos que incluem ou excluem alguns elementos. Utilizam-se as
informaes em vrias composies organizacionais e com diferentes graus de
complexidades na construo de uma totalidade sistmica.
Assim, dependendo da intencionalidade, tem-se uma relativa aproximao
das unidades sistmicas. As abordagens implicam a uma relativa aproximao de
suas unidades elementares e de seus processos atuantes que correspondem
representao do espao e do tempo de um sistema ambiental.
Entretanto o conhecimento da estrutura e da dinmica do entorno do
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sistema abordado importante para uma tomada de deciso em uma gesto
ambiental mais eficiente.
no idear do espao total que se incluem todos os elementos introduzidos
pelo homem ao longo da histria. Assim, compreende-se a complexidade nas
interaes elementares dos componentes naturais intercambiando-os com
componentes introduzidos pelas aes antrpicas desenvolvidas no tempo e
localizadas em um espao especfico.
De qualquer ponto de vista ou hiptese, a nica maneira de
abranger o universo da territorialidade criada por aes e
atividades antrpicas sobre os restos de uma natureza
modificada residir em uma correta anlise do espao total
regional. Haver sempre a necessidade de delimitar uma core area
para o detalhamento dessa pesquisa, sem que se desprezem,
porm, os crculos transicionais dos entornos envolvidos na
funcionalidade dos espaos integrados. (ABSBER, 1998, p. 31).
Para tanto, relevante compreender, em uma escala, o espao, o tempo e
as condies em que ocorrem os fenmenos. Pois os fatores que desencadeiam
as suas distribuies, reaes e interaes elementares variam no tempo e noespao.
A diferena de um perodo de ocorrncia de um fenmeno e o tempo de
reao no sistema so uma questo a ser considerada na escolha da escala, pois
as relaes elementares dos fenmenos que motivam a sua ocorrncia,
organizao, possuem tempos diferentes entre a ao e a sua reao.
Quando o objetivo definir os detalhes que se desejam para selecionar os
instrumentos e a metodologia adequada para no se perder a representao da
heterogeneidade dos sistemas, percebe-se a ausncia de conhecimentos e de
pesquisas que discutam os procedimentos para a escolha da escala apropriada.
Atualmente, no existe uma escala ideal possvel de diagnosticar as
mltiplas interaes ambientais. A escolha intuitiva e depende do bom senso do
pesquisador, pois, na determinao da escala, podem-se perder informaes
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fundamentais para a compreenso do processo, assim como se podem incluir
detalhes pormenorizados que resultaro na incompreenso da dinmica do todo.
O agrupamento dos semelhantes depende da escala escolhida, porque a variao
da homogeneidade depende do nvel de detalhamento. O desafio reside no que
no pode excluir informaes elementares que conduzam compreenso da
dinmica do sistema ambiental com seus conflitos.
Os impactos ambientais so identificados de acordo com as alteraes
indesejadas que afetam as condies ambientais e a qualidade de vida. Essas
situaes resultam das exploraes praticadas no ambiente que podem
comprometer outros recursos ambientais. A qualidade da gua de um rio pode ser
comprometida ou inutilizada para o abastecimento humano, quando o mesmo rio
aproveitado para o lanamento de efluentes industriais ou de esgoto cloacal. Damesma forma, a quantidade de gua usada para a irrigao na agricultura pode
comprometer o abastecimento de cidades, o uso na indstria e a gerao de
energia eltrica. O conflito ambiental manifesta-se no resultado da explorao
praticada em relao a um determinado recurso ambiental e se agrava quando
uma determinada atividade econmica envolve outra.
Com os conflitos socioeconmicos provocados pela economia dominante e
pela concentrao de poder decisrio, emergem novos atores sociais que se
destacam ao reivindicar qualidade de vida e de gesto compartilhada em busca de
uma poltica mais democrtica para satisfazer as suas necessidades bsicas e
aos seus desejos de desenvolvimento econmico, cultural e social.
A gesto ambiental no se faz mediante de uma percepo esttica dos
sistemas ambientais. Deve fazer parte a dinmica dos processos que envolvem a
apropriao dos recursos naturais, na expectativa de perceber a sustentabilidade
do ambiente.
Nesse contexto, as questes que surgem no mundo atual tm como
caracterstica a crescente complexidade que se revela incompatvel com o
desenvolvimento cientfico, relativo aos estudos metodolgicos, com tendncia ao
positivismo para a compreenso da dinmica de transformao.
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Dentro dessa tendncia geral do pensamento positivista, o
pensamento marxista, o materialismo histrico e dialtico, abriu um
campo para o estudo dos processos histricos e econmicos e
para a anlise das estruturas e dos processos que integram o todo
social, com uma viso mais abrangente de suas diferentesinstncias e processos. A teoria marxista abre-se inclusive para
uma percepo das conexes entre sociedade e natureza a partir
da centralidade (da determinao, em ltima instncia) da
produo material e dos processos econmicos. (LEFF, 2002, p.
115).
As condies atuais dos sistemas ambientais no representam os
resultados dos impactos individualizados desconectados da histria, pelocontrrio, so produtos das aes e reaes que foram organizando entre si, que
determinaram as condies ambientais atuais de conservao ou degradao.
Na gesto ambiental, a percepo temporal deve situar o presente, o
passado e o futuro do sistema. A interpretao dos fenmenos diacrnicos busca
as respostas das mudanas ambientais. Compete ao gestor identificar as aes
indutoras que interferem na trajetria das mudanas ambientais e monitor-las em
prol da qualidade ambiental.A construo sistmica deve retratar um contedo concreto, construdo no
diagnstico fsico, assim como na poltica governamental, na realidade cultural, na
legislao vigente. As informaes que contribuem para a construo sistmica
vo alm das informaes elementares estticas, como somente a rea de uma
bacia hidrogrfica sem correlacion-la com sua dinmica natural e social.
imperioso adicionar informaes oriundas dos subsistemas sociais.
A busca da estabilidade ambiental relaciona-se ao desequilbrio de qualquer
sistema ambiental. Os sistemas abertos atingem o seu pice em busca de sua
estabilidade quando estabelecem a menor amplitude entre as foras antagnicas
que ajustam a dinmica prpria do sistema, ou seja, uma situao de equilbrio
no se prolonga no tempo, respeita os movimentos e as foras inerentes a
dinmica do sistema em atividade.
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Atualmente, a articulao entre o social e o natural limita-se a incorporar
saberes ecolgicos aos econmicos, marginalizando a anlise dos conflitos
sociais que se revelam na dimenso ambiental.
Nesse sentido, h necessidade de compreender as relaes entre os
processos sociais e as questes naturais, bem como as suas degradaes, a
marginalizao social, o empobrecimento do solo, o qual depende de inovaes
tecnolgicas em prol da sustentabilidade ambiental.
As questes emergentes atuais se manifestam com uma crescente
complexidade, carecendo de novas ferramentas para a compreenso dos
mltiplos processos da natureza. A questo ambiental com seus impactos
negativos necessita de um pensamento sistmico complexo, capaz de captar as
inter-relaes entre os diferentes processos que ocorrem no sistema ambiental.Com a evoluo do conhecimento das bases econmicas e suas inter-
relaes com outros sistemas, houve a exigncia de articular diferentes modos de
produo com intuito de compreender as variaes das riquezas econmicas e as
condies naturais. Buscou-se, assim, a integrao do todo sistmico que
organiza o processo material de produo.
Para caracterizar certa localidade, integrando as relaes de propriedade
privada, posse da terra, a produo prtica e as culturas locais de cada formao
econmica e social, requer-se o desenvolvimento de metodologias para a gesto
ambiental, estabelecendo os limites fsicos e energticos que interagem em
diversos processos naturais e sociais e que estruturem e caracterizem a sua
funo produtiva local.
Assim, as percepes dos processos naturais se manifestam sobre o modo
de produo histrico indexado terra, por sua vez, limitada por seu valor de uso.
Com as emergncias tecnolgicas, h necessidade de correlacionar as estruturas
econmicas com as naturais para particularizar o modo de produo.
A formao econmica e social serve como processo de construo terica
que possibilita correlacionar a dinmica de uma sociedade particular com as
estruturas e funes naturais locais, como base da dinmica produtiva, agregando
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suas condies restritivas ao seu potencial nato. Isso condicionar a anlise de
diferentes estratgias ambientais na gesto ambiental.
A anlise do sistema ambiental, fundamentada na Formao Econmica e
Social, conduz a gesto ambiental sistmica aos mltiplos processos em um
territrio especfico. Para que isso ocorra, foroso categorizar as formaes
ambientais, para compreender o uso e ocupao da terra.
Assim, procuram-se na multiplicidade elementar complexa de um territrio
algumas regularidades no processo produtivo a fim de elaborar uma metodologia
para orientar a gesto ambiental e promover novas estratgias para o uso e a
ocupao da terra.
Na gesto ambiental sistmica complexa, esse formato de produo com
multiplicidades de elementos que se inter-relacionam gera a complexidadesistmica, articula-se com os processos de produo, culturais, polticos,
econmicos, e a sustentabilidade das funes ambientais. Isso condiciona a
elaborao de esquemas de anlise capazes de integrar os processos naturais,
sociais, culturais e tecnolgicos, em um processo dinmico e diacrnico.
Referncias
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DIAS, Reinaldo. Gesto Ambiental: responsabilidade social e sustentabilidade.So Paulo: Atlas, 2009. 196 p.
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