avanço na erradicação da poliomielite - angola, janeiro 1998 - junho de 2002

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  • 8/19/2019 Avanço Na Erradicação Da Poliomielite - Angola, Janeiro 1998 - Junho de 2002

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    Avanço na Erradicação da Poliomielite - Angola,

    Janeiro 1998-Junho de 2002

    Desde que a Assembléia Mundial de Saúde em 1988 resolveu erradicar apoliomielite, o número estimado de casos de pólio selvagem tem declinado >99%(1). A Angola começou as atividades para erradicação da pólio em 1996. Emboraas ações para erradicação tenham sido dificultadas pela guerra civil durante 27anos, a incidência de casos de pólio e a circulação geográfica do poliovírus em Angola têm diminuído substancialmente (2). A cessação das hostilidades em 4 deabril de 2002 apresenta uma nova oportunidade para alcançar as populações quetêm sido inacessíveis e sub vacinadas previamente. Este relatório sumariza oprogresso feito durante o período de janeiro de 1998-junho 2002 e exalta osdesafios que restam para a erradicação da pólio em Angola.

    Vacinação de Rotina

    Durante o período de 1990-2000, a cobertura nacional notificada de crianças de0-11 meses com três doses de vacina oral de vírus vivo (VOP3) variou de 21% a45%. O inquérito de Agrupamento de Indicador Múltiplo realizado pelo InstitutoNacional de Estatística de Angola estimou a cobertura de VOP3 em 63% entre ascrianças de 12-23 meses.

    Atividades de Imunização Suplementar

    Desde 1996, os Dias Nacionais de Imunizações*  têm sido realizados em Angolavisando aproximadamente quatro milhões de crianças

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    Traduzido por: Edson Alves de Moura FilhoE-mail: [email protected]  

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    organizados em áreas de alto risco em 2001 e 2002. Os DSNIs em maio de 2002visaram 40 municípios com uma estimativa de 2,6 milhões de crianças 1 caso por 100.000 crianças 80% de todas as pessoas com PFA). A Angola alcançou uma taxa dePFA não pólio de 1,2 em 1999 (Tabela). Até 30 de junho de 2002, a taxa de PFAnão pólio foi 3,4 com 17 de 18 províncias notificando casos de PFA. A proporção

    de pessoas com PFA das quais duas amostras adequadas de fezes foram coletadasfoi 66% durante 2001 e 89% durante o período janeiro-junho de 2002. A taxa deisolamento de enterovírus não pólio (alvo: >10%), um marcador para odesempenho laboratorial e a integridade da rede de frio reversa para transporte deamostras, foi 14% em 2000 e 22% em 2002.

    Tabela. Número de casos notificados de paralisia flácida aguda PFA), número de casos confirmados de pólio,

    e indicadores chaves de vigilância, por ano – Angola, 1998-2002*

     Ano

    Nº de casos

    de PFA

    Nº de casosconfirmados de

    poliovírus(confirmados

    laboratorialmente)

    Casoscompatíveis

    com pólio

    Taxa de PFA

    não pólio†

     

    % de pessoascom PFA com

    amostrasadequadas de

    fezes§

     1998 16 7 ( 3) - 0,1 56%

    1999 1.176 1.103 (53) - 1,2 7%

    2000 213 115 (55) - 1,6 55%2001 149 1 ( 1) 10 2,0 66%

    2002 100 0 0 3,4 89%* até 30 de junho de 2002.† Número de pessoas com PFA por 100.000 habitantes

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    selvagem tipo 1 (P1) também tenha sido isolado. Em 2000, a Angola notificou 55casos de pólio, incluindo 52 casos com isolamento de P1 e três casos comisolamento de P3. Em 2001, um caso de pólio com isolamento de P1 foi notificadopor Angola (Figura).

    Figura. Distribuição de isolados de poliovírus selvagem e casos de

    paralisia flácida aguda PFA) – Angola e Zâmbia Ocidental, 2001.

    * Dia Nacional de Imunização

    Durante o ano de 2000, um surto de pólio com uma taxa de mortalidade alta (56casos, 17 óbitos) ocorreu nas Ilhas de Cabo Verde (5). A análise de seqüênciagenética mostrou que o P1 isolado foi importado da Angola. Durante dezembro de2001-fevereiro de 2002, cinco casos de pólio com isolamento de P3 foramdetectados entre os refugiados no ocidente de Zâmbia. A análise deseqüenciamento genético mostrou que esses isolados estavam relacionados com ascepas de poliovírus selvagem anteriormente isoladas em Angola e RepúblicaDemocrática do Congo (RPC) durante o ano de 2000.

    Relatado por:  Ministério da Saúde de Angola, Escritório no País da OrganizaçãoMundial de Saúde, Luanda, Angola. Escritório Regional da Organização Mundial de

    Saúde para a África, Harare, Zimbabwe. Departamento de Vacinas e Biológicos,Organização Mundial de Saúde, Genebra, Suíça. Div de Doenças Virais eRickettsiais, Centro Nacional para Doenças Infecciosas; Divisão de ImunizaçãoGlobal, Programa Nacional de Imunização, CDC. 

    Nota Editorial:

    Embora o conflito armado em Angola apresentou muitos desafios para a vigilânciae as atividades de vacinação, os dados durante o período de janeiro de 1999-junhode 2002 indicam avanço substancial na interrupção da transmissão do poliovírusselvagem. Após o surto de 1999, o MoH, a OMS, e o Fundo das Nações Unidaspara a Infância (UNICEF) têm aumentado o número de equipes trabalhando naerradicação da pólio. Como resultado, a percentagem de amostras adequadas defezes coletadas aumentou durante o último trimestre de 2001 para >80%, e a

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     Angola tem atendido os padrões recomendados pela OMS da qualidade devigilância durante o mês de junho de 2002.

     A cessação das hostilidades em Angola tem melhorado o acesso a áreas nuncaantes cobertas pelas atividades suplementares de vacinação ou vigilância da PFA. Aassistência emergencial é necessária para aproximadamente 800.000 pessoasresidentes em áreas que se tornaram acessíveis recentemente e paraaproximadamente 1,9 milhões de pessoas em áreas que estavam acessíveisanteriormente. Uma estimativa de 250.000 membros familiares têm sido resgatadosem torno de 37 áreas de alojamento para antigos combatentes, e 200.000 IDPsestão vivendo temporariamente em centros de trânsito. Aproximadamente 80.000de uma estimativa de 470.000 refugiados angolanos atualmente residentes empaíses vizinhos são esperados para retornarem para Angola (Escritório das NaçõesUnidas para a Coordenação de Ações Comunitárias [OCHA], dados nãopublicados, 2002).

    O recente isolamento de poliovírus selvagem de cinco crianças não vacinadas derefugiados angolanos na Zâmbia ocidental exalta o potencial para circulação dopoliovírus selvagem em áreas onde as crianças de refugiados e grupos IDP podemse reunir. As crianças sub-imunizadas em grupos móveis de alto risco devem servisadas para a vacinação.

     Angola implementou etapas de DNI em junho, julho e agosto de 2002, sincronizoucom etapas realizadas na RDC, República do Congo, Gabão, Zâmbia, Namíbia eSão Tomé e Príncipe. Uma revisão da vigilância da PFA está agendada paraoutubro de 2002, seguida pelo primeiro encontro de um grupo consultivo técnicointernacional para erradicação da pólio em Angola. Os planos futuros incluem

    expansão da vigilância da PFA e atividades de vacinação para incluir áreas epopulações recentemente acessíveis. A interrupção da transmissão do poliovírusselvagem em Angola exigirá que a situação de segurança geral permaneça estável,a existência complemento de recursos financeiros e humanos sejam atendidas, aqualidade da vigilância seja melhorada, e os grupos de crianças de alto risco sejamvacinadas com êxito. A colaboração íntima entre o governo local e seus parceirosglobais§ tem sido crítica na manutenção das atividades de erradicação em Angola econtinuará a ser essencial.

    Referências 

    1. CDC. Progress toward global eradication of poliomyelitis, 2001. MMWR

    2002;51:253-6.

    2. CDC. Progress toward poliomyelitis eradication-Angola, Democratic Republic ofCongo, Ethiopia, and Nigeria, January 2000-July 2001. MMWR 2001;50:826-9.

    § As ações de erradicação da pólio em Angola são apoiadas pelo governo de Angola, reino Unido ePaíses Baixos; Fundação Bill e Melinda Gates, Fundação das Nações Unidas; Aventis Pasteur,DeBeers; Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF); Rotary Internacional; a Agência Americana para Desenvolvimento Internacional, Agência Canadense de DesenvolvimentoInternacional; OMS; e CDC.

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    3. Valente F, Otten M, Balbina F, et al. Massive outbreak of poliomyelitis caused bytype-3 wild poliovirus in Angola in 1999. Bull World Health Organ2000;78:339-46.

    4. CDC. Outbreak of poliomyelitis-Angola, 1999. MMWR 1999; 48:327-9.

    5. CDC. Outbreak of poliomyelitis-Cape Verde 2000. MMWR 2000;49:1070.

    Este documento traduzido trata-se de uma contribuição da Coordenação Geral

    do Programa Nacional de Imunizações – CGPNI/CENEPI/FUNASA/MS, a todos

    que se dedicam às ações de imunizações.