relatório anual da poliomielite 2013
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organizaÇÃo mUndial da saÚdEEscritório regional para a África
Brazzaville • 2014
Relatório Anual da Poliomielite
2013
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© Escritório Regional da OMS para a África, 2014
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Relatório Anual da Poliomielite 2013
1. Poliomielite - prevenção & controle 2. Poliomielite- epidemiologia 3. Poliomielite - transmissão4. Poliomielite – economia5. Erradicação de Doenças - organização & administração 6. Vacinação
I-Organização Mundial da Saúde. Escritório Regional Africano
ISBN: 978 929034 066 9 (NLM Classification: WC 555)
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RelatóRio anual da Poliomielite 2013
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SIGLAS E ACRóNIMOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .v
PREFÁCIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .vii
RESUMO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ix
1. CONTEXTE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1
2. ESTADO DA TRANSMISSÃO DO POLIOVÍRUS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3
3. VIGILÂNCIA DO POLIOVÍRUS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
3.1. Actividades de vigilância da paralisia flácida aguda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
3.2. Vigilância ambiental. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
3.3. Desempenho laboratorial da poliomielite. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
4. PARAR A TRANSMISSÃO DO POLIOVÍRUS NA REGIÃO AFRICANA . . . . . . 13
4.1. Parar a Transmissão do Poliovírus na Região Africana. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13
4.2. Reforço da vacinação de rotina. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15
4.3. Actividades suplementares de vacinação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17
4.4. Actividades de resposta aos surtos epidémicos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
5. CERTIFICAçÃO E CONTENçÃO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .20
6. INVESTIGAçÃO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
7. RECURSOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24
8. CONCLUSÕES E ACçÕES PRIORITÁRIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
8.1. Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .26
8.2. Acções prioritárias para 2014 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
ANEXOS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29
1. Poliovírus confirmado na Região Africana, 2008-2013. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2. Cobertura da VOP3 de rotina notificada na Região Africana
da OMS, 2008-2013 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .30
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3. Desempenho da vigilância da PFA na Região Africana
da OMS, 2008-2013 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31
4. Panorâmica das ASV da poliomielite na Região Africana, em 2013 . . . . . . . . . . . 32
list of figUrEs
Figura 1: Casos confirmados de poliovírus selvagem na Região Africana, 2008-2013. . . . . .3
Figura 2: Casos confirmados de poliovírus (selvagem e de circulação derivada da vacina) na Nigéria, 2013 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .4
Figura 3: Casos confirmados de poliovírus (cVDPV) na Nigéria, 2008-2013. . . . . . . . . . . . . . . 5
Figura 4: Casos confirmados de cVDPV na Região Africana, 2013. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
Figura 5: Vigilância de PFA a nível subnacional na Região Africana da OMS, 2013. . . . . . . . .7
Figura 6: Selecção de locais de amostragem na Nigéria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10
Figura 7: Número de amostras para isolamento recebidas dos laboratórios africanos de poliomielite em 2013. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Figura 8: Nombre d’isolements reçus des laboratoires polio africains de la poliomyélite à des fins de différenciation intratypique. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
Figura 9: Líderes políticos e tradicionais num evento de erradicação da poliomielite no Chade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .14
Figura 10: Reunião do GTC para a Erradicação da Poliomielite no Chade, Novembro de 2013 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Figura 11: Razões para a falha na realização de sessões de vacinação de rotina em áreas de governo local de risco elevado na Nigéria, Out-Dez de 2013. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .16
Figura 12: Erradicação da poliomielite conduzida por ASV na Região Africana em 2013 . . . 17
Figura 13: Percentagem das áreas de governo local aceites, com uma cobertura de 80% por inquéritos de garantia da qualidade dos lotes, realizados em 85 AGL de risco muito elevado, na Nigéria, em 2013. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .18
Figura 14: Participantes na 11.ª reunião da Comissão de Certificação da
Região Africana, em Outubro de 2013 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .20
Figura 15: Recursos financeiros dos parceiros da IEP para a Região Africana, 2013. . . . . . . . 25
Figura 16: Recursos financeiros por área operacional, 2013. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
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RelatóRio anual da Poliomielite 2013
Siglas e AcronimosPFA Paralisia flácida aguda
AFRO Escritório Regional da OMS para a África
AGL Área de governo local
AIDI Atenção Integrada às Doenças da Infância
ASV Actividades suplementares de vacinação
CCRA Comissão de Certificação da Região Africana
CDC Centros para o Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos
cVDPV Poliovírus circulante derivado da vacina
DPT3 Terceira dose da vacina contra difteria, tosse convulsa e tétano
EAI Equipa de Apoio Interpaíses
ERC Comissão de Avaliação de Peritos sobre a Erradicação da Poliomielite e Vacinação de Rotina, Nigéria
GAV Grupo de Acção sobre a Vacinação em África
GAVI Aliança GAVI (antigamente Aliança Mundial para as Vacinas e Vacinação)
GTC Grupo Técnico Consultivo
Hep Vacina da hepatite
Hib Vacina Haemophilus influenzae tipo B
IEP Iniciativa de Erradicação da Poliomielite
IM Monitorização Independente
IMB Conselho de Monitorização Independente da Iniciativa Mundial para Erradicação da Poliomielite
IMEP Iniciativa Mundial para a Erradicação da Poliomielite
ITD Diferenciação intratípica
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IVE Grupo Orgânico de Vacinação, Vacinas e Emergências
JNV Jornadas Nacionais de Vacinação
JSV Jornadas Subnacionais de Vacinação
LQAS Amostragem de garantia da qualidade dos lotes
NPEC Comissão Nacional de Peritos da Poliomielite
NTF Grupo Nacional de Acção para a Contenção
OMS Organização Mundial da Saúde
PAGV Plano Mundial de Acção para a Vacinação
PIRI Intensificação Periódica da Vacinação de Rotina
PV Poliovírus
PVS Poliovírus selvagem
PVT Equipa de Vacinação Permanente
RED Chegar a Todos os Distritos
RI Vacinação de rotina
SAV Semana Africana da Vacinação
SIG Sistema de Informação Geográfica
VDPV Poliovírus derivado da vacina
VIP Vacina inactivada da poliomielite
VOP Vacina oral da poliomielite
VOPb Vacina oral da poliomielite bivalente
VOPt Vacina oral da poliomielite trivalente
WR Representante da Organização Mundial da Saúde
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RelatóRio anual da Poliomielite 2013
PREFaCIOAs áreas de acção prioritárias identificadas para a erradicação da poliomielite na Região Africana no final de 2012 incluíam a interrupção da transmissão do poliovírus selvagem e do poliovírus circulante derivado da vacina; reforço da vacinação de rotina e mobilização de recursos; gestão dos recursos existentes e preparação para a certificação e contenção.
Foram feitos progressos em cada uma das áreas prioritárias. A Região Africana registou um declínio de 40% em casos resultantes da infecção do poliovírus selvagem e uma redução de 67% em casos resultantes poliovírus circulante derivado da vacina. O último caso de PVS3 na Região foi registado em Novembro de 2012. O declínio da intensidade de casos está também associado com o declínio da diversidade geográfica e genética do poliovírus circulante.
Vários países na Região registaram melhorias na cobertura da vacinação de rotina. No entanto, a melhoria na cobertura da vacinação de rotina registada disfarça, muitas vezes, grandes disparidades a nível subnacional.
Em 2013, o Director Regional da OMS para África reconstituiu o Grupo de Acção sobre a Vacinação em África (GAV), assim como a Comissão de Certificação da Região Africana (CCRA). Ambos os órgãos fornecem orientações técnicas valiosas ao Escritório Regional, assim como aos Estados-Membros da Região.
Apesar do progresso geral na Região, continuam a existir vários desafios importantes. Em 2013, a insegurança afectou negativamente a implementação de actividades do programa em vários países e 13 profissionais de saúde e voluntários foram tragicamente mortos na Nigéria durante campanhas de erradicação da poliomielite.
Um crescente número de países na Região sofreu surtos de poliomielite após a importação do poliovírus selvagem. A transmissão do poliovírus circulante derivado da vacina persiste em áreas com falta de segurança e com um terreno bastante difícil.
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Gostaria de expressar o meu agradecimento aos governos nacionais na Região pelo seu compromisso para com o objectivo da erradicação da poliomielite. Continuam a ser implementadas estratégias inovadoras e apropriadas para que as restantes barreiras presentes nas áreas de risco mais elevado sejam ultrapassadas, por forma a que se alcance a interrupção da transmissão do poliovírus na Região Africana.
O generoso apoio técnico, financeiro e material fornecido pelos parceiros e doadores, de modo a assegurar a implementação atempada e eficaz de estratégias e actividades apropriadas é muito apreciado.
dr. luis gomes sambo
Director Regional para África
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RelatóRio anual da Poliomielite 2013
RESUMOEm Setembro de 2011, os participantes da sexagésima primeira sessão do Comité Regional Africano exortaram todos os Estados-Membros onde o poliovírus continua a circular ou tenha sido detectado recentemente a declarem a presença da poliomielite uma emergência nacional de saúde pública para que se tomem as medidas necessárias para interromper a transmissão o mais rapidamente possível. Em Maio de 2012, a Assembleia Mundial da Saúde declarou a erradicação completa da poliomielite como uma emergência programática.
Com o apoio da Organização Mundial da Saúde e de outros parceiros da Iniciativa Mundial de Erradicação da Poliomielite, os Estados-Membros na Região Africana da OMS, continuam a implementar as actividades recomendadas com vista a assegurar, o mais rapidamente possível, a interrupção de toda a transmissão de poliovírus.
O Plano Estratégico e Fase Final de Erradicação da Poliomielite e para 2013-2018 forneceu o quadro geral para a implementação de actividades de erradicação da poliomielite na Região em 2013. A colaboração inter-regional entre as regiões da África e do Mediterrâneo Oriental da OMS foi especialmente reforçada relativamente ao controlo de surtos epidémicos que afectam países de ambas as regiões.
Em 2013, a Região Africana da OMS registou uma transmissão contínua do poliovírus selvagem tipo 1 (PVS1), assim como do poliovírus circulante derivado da vacina (cVDPV). Foram confirmados um total de 80 casos de doença paralítica devido ao PVS1 em quatro países e 13 casos devido ao cVDPV. Comparando 2013 com 2012, houve perto de 40% de declínio em casos resultantes do PVS na Região, enquanto foi observado um declínio de 67% de casos confirmados de cVDPV. O último caso confirmado de PVS3 na Região foi em Novembro de 2012.
O declínio da incidência do poliovírus na Região é o resultado de uma crescente cobertura das actividades de vacinação. No final de 2013, 33 países registaram uma cobertura nacional de pelo menos 80% da VOP3. Um número crescente de distritos de alto risco em países infectados ou de risco elevado também registaram uma cobertura de pelo menos 80% durante as campanhas de vacinação.
Os principais factores que contribuíram para a melhor cobertura e qualidade das actividades de erradicação da poliomielite na Região Africana da OMS e para o declínio da intensidade da transmissão do poliovírus incluem:
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• um grande empenho no objectivo de erradicação da poliomielite por parte dos líderes políticos e das autoridades governamentais a nível nacional e subnacional;
• um envolvimento eficaz por parte dos líderes da comunidade, líderes religiosos, assim como membros influentes da sociedade civil nas actividades de erradicação da poliomielite, especialmente nas áreas de risco mais elevado;
• recursos técnicos, materiais e financeiros fornecidos para a implementação das actividades de erradicação da poliomielite por parte dos governos nacionais, parceiros internacionais e doadores;
• a implementação eficaz de estratégias apropriadas para reforçar a apropriação e a responsabilização a nível local entre as principais partes interessadas do programa nas restantes áreas infectadas e de risco elevado; prestação de serviços por parte de equipas de vacinação de primeira linha; e um envolvimento e procura de serviços de vacinação por parte das comunidades;
• a implementação de inovações apropriadas de modo a ultrapassar as barreiras locais, incluindo a crescente insegurança em áreas infectadas e de risco elevado.
Os progressos feitos na erradicação da poliomielite na Região em 2013 continuam frágeis devido às lacunas existentes na imunidade da população e na vigilância, assim como à crescente insegurança que afecta as operações do programa em vários países.
Em 2013, três países na Região Africana sofreram surtos epidémicos de poliomielite após a importação do poliovírus dos reservatório de poliomielite ainda existentes. É fundamental que o progresso realizado em 2013 seja consolidado e intensificado, de modo a que a interrupção da transmissão seja alcançada o mais rapidamente possível. São identificadas acções prioritárias para assegurar outros alvos e metas fundamentais no Plano Estratégico de Erradicação e Fase Final da Poliomielite para 2013-2018.
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RelatóRio anual da Poliomielite 2013
1. CONTEXTo
A implementação de actividades intensificadas de erradicação da poliomielite na Região Africana continua a ser orientada por resoluções para a erradicação da poliomielite por parte da Assembleia Mundial da Saúde e do Comité Regional Africano da OMS.
O Plano Estratégico de Erradicação da Poliomielite e Objectivo Final para 2013-2018, discutido na sexagésima-sexta Assembleia Mundial da Saúde, em Maio de 2013, forneceu o quadro geral para a implementação de actividades de erradicação da poliomielite na Região Africana em 2013. Este relatório irá fornecer uma actualização sobre os progressos com vista à concretização de três dos quatro principais objectivos deste Plano Estratégico, nomeadamente:
• detecção e interrupção do poliovírus,
• reforço dos sistemas de vacinação,
• contenção e certificação.
O trabalho no quarto objectivo do Plano Estratégico, que consiste no planeamento do legado da poliomielite na Região Africana da OMS, será abordado com determinação em 2014.
Os Estados-Membros na Região Africana da OMS continuam a implementar as resoluções da sexagésima primeira sessão do Comité Regional. Essas resoluções apelaram aos estados afectados que envolvessem sistematicamente todos os líderes a nível nacional e local, de modo a assegurar campanhas de vacinação com a maior qualidade e conseguir a interrupção das últimas cadeias de transmissão o mais rapidamente possível.
Os participantes da sexagésima-terceira sessão do Comité Regional Africano da OMS, que se reuniram em Brazzaville, no Congo, em Setembro de 2013, discutiram os progressos alcançados na implementação do Plano Estratégico Regional de Vacinação para 2009-2013, no Plano Mundial de Acção para a Vacinaçãoas (PAGV) e na Fase Final da luta contra a Poliomielite. Recomendaram aos Estados-Membros que: i) utilizem as lições aprendidas recentemente na melhoria da cobertura da vacinação de rotina para melhorarem ainda mais a cobertura e alcançarem os objectivos propostos pelo PAGV; ii) reforcem a colaboração transfronteiriça sobre os problemas de saúde pública, incluindo a vacinação; e iii) desenvolvam planos para reforçar a vacinação de rotina e acelerar a retirada da VOP2 e a introdução da VIP.
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Grupos técnicos consultivos (GTC) globais, regionais, sub-regionais e específicos a países para a erradicação da poliomielite e reforço dos sistemas de vacinação fornecem uma orientação técnica importante ao Escritório Regional da OMS para a África e aos países da Região. Estes grupos incluem o Conselho de Monitorização Independente (IMB), o Grupo Consultivo Estratégico de Peritos (SAGE), o Grupo de Acção para a Vacinação em África, a Comissão de Certificação da Região Africana (CCRA), assim como GTC sub-regionais e específicos a países.
Os Directores Regionais das regiões Africana e do Mediterrâneo Oriental continuaram a promover uma colaboração e coordenação próximas relativamente às actividades de erradicação da poliomielite. Em Junho de 2013, países de ambas as regiões desenvolveram um plano sub-regional de resposta a surtos epidémicos, que abrangia todos os países no Corno de África. Ambos os Directores Regionais monitorizaram de perto a implementação deste plano.
O Director Regional da OMS para a África, os Representantes da OMS (WR) de países prioritários relativamente à poliomielite, assim como o pessoal técnico de vacinação do Escritório Regional e das Representações da OMS nos países reúnem-se trimestralmente para rever o progresso com vista à consecução das metas relativas à erradicação da poliomielite na Região Africana da OMS. Estas reuniões proporcionam um fórum para discussões sobre a forma como a OMS pode aumentar o apoio aos Estados-Membros em termos da erradicação da poliomielite e do reforço da vacinação de rotina.
As prioridades para a erradicação da poliomielite na Região Africana da OMS identificadas no final de 2012 incluíam a interrupção da transmissão do poliovírus, tanto do poliovírus selvagem (PVS) como do poliovírus circulante derivado da vacina (cVDPV); o reforço da vacinação de rotina; a melhoria da mobilização e gestão de recursos; e a preparação para a certificação e contenção.1
Este terceiro relatório anual da poliomielite descreve o estado evolutivo da transmissão do poliovírus na Região Africana; a vigilância do poliovírus na Região; as acções tomadas para interromper a transmissão do poliovírus; as actividades de certificação e de investigação; os recursos utilizados; e as acções prioritárias futuras para a erradicação da poliomielite na Região Africana.
1. Relatório Anual da Poliomielite 2012. Brazzaville: Organização Mundial da Saúde, Escritório Regional para a África; 2013.
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RelatóRio anual da Poliomielite 2013
2. ESTADO DA TRANSMISSaO DO POLIOViRUSEm 2013 foram confirmados 80 casos de doenças paralíticas devido ao poliovírus selvagem em quatro países da Região Africana da OMS. Isto representou um declínio de quase 40% quando comparado com os 128 casos confirmados em três países na Região em 2012.
A Nigéria é o único país endémico na Região Africana, uma vez que é o único país que ainda não conseguiu interromper o poliovírus selvagem indígena. Os outros países na Região com casos confirmados de poliomielite devido ao poliovírus selvagem importaram esta transmissão de reservatórios de poliomielite endémica. 2
Pela primeira vez na história da erradicação da poliomielite, apenas um serótipo de poliovírus selvagem, o PVS1, foi registado na Região em 2013. O último caso de PVS3 registado na Região Africana foi em Novembro de 2012 no estado de Yobe, no norte da Nigéria.
Figura 1: Casos confirmados de poliovírus selvagem na Região Africana, 2008-2013
2. Em 2013, os reservatórios endémicos de poliovírus selvagem existiam apenas em três países: Afeganistão, Nigéria e Paquistão. Todos os casos de importação do poliovírus selvagem na Região Africana em 2013 estavam geneticamente ligados ao reservatório endémico na Nigéria.
Nã endémicoEndémico
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A poliomielite paralítica devido ao poliovírus circulante derivado da vacina (cVDPV) continua a ser confirmada na Região Africana. Em 2013, um total de 13 casos de poliomielite paralítica devido a cVDPV foram confirmados em quatro países na Região Africana. Isto representou um declínio de aproximadamente 68% nos casos de cVDPV na Região, comparado com os 40 casos registados em quatro países em 2012 (ver Anexo 1).
nigéria. Em 2013, a transmissão do poliovírus na Nigéria foi confirmada a partir de análises virológicas a amostras de fezes de crianças com paralisia flácida aguda (PFA), assim como de avaliações sistemáticas das amostras ambientais recolhidas de locais específicos.
Figure 2. Cas confirmés de poliovirus (sauvages et circulants dérivés d’une souche vaccinale) au Nigéria, en 2013
O número de crianças paralisadas após serem infectadas com o poliovírus selvagem diminuiu de 798 casos em 2008 para 122 casos em 2012 (um declínio de 85%) (Anexo 9.1). Em 2013, a Nigéria tinha um total de 53 casos confirmados de doença paralítica devido ao poliovírus selvagem, comparado com os 122 casos confirmados em 2012.
O declínio de intensidade da transmissão do poliovírus selvagem na Nigéria está associado com a dimensão do declínio geográfico da transmissão. Em 2012, um total de 13 estados confirmaram a existência de poliovírus selvagem, enquanto em 2013 foram apenas nove. Perto de 48% (17/53) dos casos de poliovírus selvagem confirmados em 2013 na Nigéria ocorreram em dois estados: Borno e Yobe. Estes estados estavam no epicentro da falta de segurança verificada no norte da Nigéria em 2012-2013.
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RelatóRio anual da Poliomielite 2013
Em 2013, o poliovírus selvagem e o poliovírus circulante derivado da vacina foram detectados pela vigilância ambiental, mas não nos casos de paralisia flácida aguda registados num estado da Nigéria: Sokoto.
O número e a extensão geográfica decrescentes do poliovírus selvagem na Nigéria também têm sido associados com o declínio na diversidade genética do vírus. O número registado de grupos genéticos circulantes de PVS1 diminuiu de 11 em 2011 para 8 em 2012, sendo apenas 2 em 2013.
A Nigéria tem tido surtos persistentes de poliomielite paralítica devido a cVDPV desde 2005. Os dois casos de doença paralítica devido a cVDPV registados em 2013 é o número mais baixo de casos deste vírus nos últimos cinco anos.
Figura 3: Casos confirmados de poliovírus (cVDPV) na Nigéria, 2008-2013
Os factores que contribuíram para o progresso na redução da transmissão do poliovírus na Nigéria são discutidos em pormenor no Capítulo 4 deste relatório.
Países com surtos epidémicos: A percentagem de casos confirmados de PVS em países da Região Africana da OMS que registaram surtos epidémicos após importação aumentou perto de 80% em 2013 relativamente a 2012. Em 2013, foram registados um total de 27 casos confirmados de PVS em quatro países na Região que anteriormente não sofriam de poliomielite e registaram a importação de poliovírus selvagem, nomeadamente os Camarões (quatro casos de PVS), a Etiópia (nove casos) e o Quénia (14 casos). Em 2012, a Região Africana da OMS tinha seis casos de PVS em dois países que anteriormente não sofriam de poliomielite, nomeadamente o Chade (cinco casos) e o Níger (um caso).
A transmissão do poliovírus selvagem no Corno de África, Etiópia e Quénia de 2013 foi geneticamente ligada à transmissão do poliovírus selvagem no norte da Nigéria do mesmo ano.
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A análise genética do PVS1 de 2013 nos Camarões confirmou que esta transmissão estava geneticamente ligada ao PVS1 detectado no Chade em 2011. O PVS1 no Chade tinha sido anteriormente importado da reserva endémica no norte da Nigéria.
Países anteriormente classificados como países de transmissão restabelecida: Em 2010, três países na Região Africana que anteriormente não sofriam de poliomielite, nomeadamente Angola, Chade e República Democrática do Congo, tinham registado uma transmissão persistente do poliovírus durante mais de três anos, após importação da reserva endémica. Estes países foram depois classificados como países com transmissão restabelecida. Em 2013, não foram registados quaisquer casos confirmados de poliovírus selvagem nestes três países. O último PVS confirmado em Angola e na República Democrática do Congo remonta a 2011, enquanto o último caso confirmado de PVS no Chade foi registado em 2012.
Transmissão do poliovírus circulante derivado da vacina em 2013: Quatro países que partilham fronteiras internacionais comuns à volta do Lago Chade, nomeadamente os Camarões, Chade, Níger e Nigéria, confirmaram a existência de poliovírus circulante derivado da vacina em 2013.
Figura 4: Casos confirmados de cVDPV na Região Africana da OMS, 2013
3. O surto epidémico no Corno de África também afectou a Somália, que registou um total de 195 casos confirmados de poliomielite em 2013. Este facto não é descrito neste relatório uma vez que a Somália não é um membro da Região do Mediterrâneo Oriental da OMS.
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3. VIGILaNCIA DO POLIOViRUSA vigilância da paralisia flácida aguda (PFA) é a principal estratégia para a detecção do poliovírus. A vigilância ambiental, que é a amostragem sistemática de detritos à procura do poliovírus, é uma estratégia complementar para a detecção. A vigilância do poliovírus fornece informações fundamentais para orientar as actividades de erradicação da poliomielite, incluindo a intensificação de actividades de vacinação nas áreas infectadas.
3.1. Actividadesdevigilânciadaparalisiaflácidaaguda
A vigilância activa para todos os casos de PFA continua a ser a base da vigilância do poliovírus na Região Africana da OMS. Os profissionais de saúde e médicos da linha da frente são frequentemente sensibilizados para notificarem todos os casos de PFA. Os profissionais de saúde formados realizam investigações exaustivas de todos os casos registados de PFA, incluindo a recolha e transporte de amostras de fezes a laboratórios de poliomielite acreditados pela OMS.
A vigilância da PFA é monitorizada através de indicadores padrão para a sensibilidade, assim como da pontualidade e integralidade da investigação do caso. Os dois principais indicadores de desempenho de vigilância utilizados para avaliar a qualidade da vigilância da PFA são uma taxa de PFA não relacionada com poliomielite de pelo menos dois por cada 100 000 habitantes com idade inferior a 15 anos, assim como pelo menos 80% de casos de PFA com amostras adequadas de fezes recolhidas.
Figura 5: Vigilância de PFA a nível subnacional na Região Africana da OMS, 2013
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Em 2013, 39 dos 46 países na Região Africana da OMS cumpriram os indicadores de vigilância da PFA para a sensibilidade, i.e. taxa de PFA não relacionada com a poliomielite de dois por 100 000 habitantes com idade inferir a 15 anos. Seis países insulares (Cabo Verde, Guiné Equatorial, Maurícia, São Tomé e Príncipe, Maurícia, Seicheles) e dois países continentais (Argélia e Gabão) não cumpriram o indicador de vigilância da PFA para a sensibilidade em 2013. Cerca de 50% dos países na Região Africana da OMS não cumpriu o indicador de possuírem pelo menos 80% de fezes adequadas (ver Anexo 3).
Em 2013, os países implementaram várias actividades para assegurarem que os dois principais indicadores de desempenho da vigilância da PFA (taxa de detecção de PFA não relacionada com a poliomielite e percentagem de casos de PFA com duas amostras adequadas de fezes) fossem cumpridos e/ou mantidos. Estas actividades incluíam:
• formação de reciclagem por parte de profissionais de saúde e médicos da linha da frente;
• monitorização minuciosa das visitas de vigilância activa até ao nível distrital, com especial atenção aos distritos com indicadores de desempenho de vigilância abaixo do ideal;
• implementação de reuniões trimestrais de revisão da vigilância, de modo a avaliar regularmente o desempenho e implementar quaisquer medidas correctivas necessárias;
• preparação e divulgação de boletins nacionais de resposta à vigilância.
Oito países na região realizaram, em 2013, revisões de vigilância. Essas revisões documentaram vários factores que estavam a comprometer a qualidade da vigilância. Esses factores incluíam visitas insuficientes de vigilância activa; desafios com o transporte; e uma rotatividade elevada ou um número insuficiente de funcionários de vigilância formados.
Verificou-se que actividades de vigilância em populações especiais, como por exemplo comunidades nómadas/pastoris, comunidades nómadas, comunidades com difícil acesso, comunidades desalojadas/refugiados, eram na maior parte das vezes subaproveitadas. Algumas das recomendações das revisões de vigilância realizadas em 2013 incluíam a necessidade de uma monitorização mais minuciosa da vigilância activa, especialmente em áreas com um fraco desempenho; formações de reciclagem regulares de todos os profissionais de saúde da linha da frente; análise regular e comentários aos indicadores de desempenho da vigilância; e a expansão das redes de vigilância para incluírem os principais informadores da comunidade.
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3.2 Vigilância ambiental
A vigilância ambiental do poliovírus é a monitorização da transmissão do poliovírus nas populações humanas através do rastreio das amostras ambientais possivelmente contaminadas por fezes humanas. A lógica assenta no facto de que as pessoas infectadas largaram grandes quantidades de poliovírus nas fezes durante várias semanas. Existem situações em que há boas razões para se suspeitar que os resultados negativos da vigilância de PFA não são fiáveis, por isso é necessária informação suplementar e uma das abordagens é a vigilância ambiental. A vigilância ambiental é um complemento à vigilância de PFA, podendo detectar a circulação de PVS, cVDPV ou VOP na população.
O plano estratégico para a expansão da vigilância ambiental em África tem quatro pontos, centrando-se na selecção do país, recolha de amostras, expansão da vigilância ambiental e capacidade de laboratório. Relativamente à selecção do país, a vigilância ambiental irá fornecer informações sobre locais endémicos, distritos sem poliomielite adjacentes a distritos endémicos, no mesmo país ou em países vizinhos, e também áreas com importação recente ou recorrente, restabelecimento de transmissão ou uma história de transmissão silenciosa relativamente aos indicadores de vigilância adequados. No que toca à recolha de amostras, a vigilância ambiental irá avaliar a viabilidade dos países em concentrarem as amostras no terreno e transportá-las para um laboratório central, de modo a serem processadas. Quanto à expansão da vigilância ambiental, está a ser dada atenção ao aumento de locais de recolha de amostras na Nigéria; ao início de recolha de amostras em locais designados de Luanda, Angola, para concentrações locais; e ao processamento remoto provisório na África do Sul. Estão a ser considerados locais adicionais na África Subsariana uma vez que estes são grandes centros de transporte (Burkina Faso, Chade, Gana, Mali, Níger) ou áreas de grande risco (Angola, Quénia, República Democrática do Congo, Somália, Sudão do Sul). A capacidade laboratorial deve ser, em primeiro lugar, aumentada o suficiente para que seja capaz de lidar com a carga de trabalho excessiva.
Em África, a vigilância ambiental teve início em Julho de 2011 em Kano e expandiu-se depois para Sokoto, Lagos, Kaduna, Território da Capital Federal e Borno (estados da Nigéria). Em 2013, a vigilância ambiental detectou três casos de PVS1 (1 em Kano e 2 em Sokoto). Foram também detectados um total de 18 casos de cVDPV2 (9 em Sokoto, 1 em Kano e 8 em Borno). A vigilância ambiental foi iniciada como um projecto-piloto no Quénia em meados de 2013. No mesmo ano, foram identificados e retiraram-se amostras de dois locais, em Kamukunji e Kibera. Em Outubro de 2013, foi isolado um poliovírus selvagem de uma amostra de detritos recolhidos de Kamukuji.
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Figura 6: Selecção de locais de amostragem na Nigéria (Fonte: Laboratório Maiduguri, na Nigéria)
A vigilância ambiental enfrenta vários desafios. Muitas áreas não dispõem de sistemas de rede de esgotos devidamente planeados. Outro dos problemas comuns é o frequente entupimento de lixo nos canais abertos, que interrompem o fluxo da água do esgoto.
As experiências na Nigéria confirmam que a vigilância ambiental pode detectar a introdução e a circulação silenciosa de PVS e VDPV. Além disso, uma vez que a vigilância ambiental incorpora mais sensibilidade que a vigilância de PFA, pode monitorizar os poliovírus cessantes.
3.3. Desempenho laboratorial da poliomielite na Região Africana
A Rede de Laboratórios da Poliomielite na Região Africana tem um papel fundamental na Iniciativa Global de Erradicação da Poliomielite. Os resultados de laboratório precisos e atempados encaminham as acções de saúde pública e ajudam a delinear as políticas.
A Rede de Laboratórios da Poliomielite foi criada em 1993 com 16 laboratórios a realizarem diagnósticos laboratoriais de poliovírus. Os três laboratórios na África do Sul, Gana e República Centro-Africana são os laboratórios regionais de referência; o laboratório na África do Sul realiza a sequenciação da poliomielite para toda a Região. A Rede fornece apoio a 47 países4 da Região Africana da OMS e a dois países da Região do Mediterrâneo Oriental. O laboratório do Quénia processou amostras da Somália e do Sudão, países da Região do Mediterrâneo Oriental.
4. Inclui o Sudão do Sul, que passou da Região do Mediterrâneo Oriental para a Região Africana em 2013.
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Em 2013, todos os laboratórios da Região Africana da OMS foram acreditados5, com a excepção do Laboratório Nacional da Poliomielite na República Centro-Africana. Devido à falta de segurança na República Centro-Africana em 2013, a visita anual de acreditação não pôde ser realizada. Esta visita irá ter lugar assim que as condições de segurança o permitam.
Em 2013, um total de 46 333 amostras foram recebidas pela Rede de Laboratórios da Poliomielite da Região Africana para isolamento de vírus (Figura 7). O laboratório da Nigéria, em Ibadan, processou 12 000 amostras e o laboratório no Quénia processou aproximadamente 6000 amostras. Todos os laboratórios conseguiram apresentar os resultados do isolamento no prazo de entrega de 14 dias, com a excepção dos laboratórios no Quénia e na República Centro-Africana.
Figura 7: Número de amostras para isolamento recebidas dos laboratórios africanos de poliomielite em 2013
Foram recebidas um total de 4631 amostras para diferenciação intratípica (ITD) (Figura 8) e cerca de 26% foram caracterizadas pelo laboratório do Quénia. Os resultados de ITD foram apresentados dentro do prazo esperado de 7 dias e o alvo de 80% foi atingido por todos os 16 laboratórios.
5. A visita de acreditação de 2013 ao Laboratório da Poliomielite da Argélia foi realizada em Fevereiro de 2014.
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Figura 8: Número de isolados recebidos dos laboratórios africanos de poliomielite para ITD
Em 2013, foi identificado um total de 80 casos de poliovírus selvagem tipo 1 (PVS1) (53 na Nigéria, 14 no Quénia, 9 na Etiópia e 4 nos Camarões), todos eles com início de paralisia. Os poliovírus selvagens isolados na Etiópia e no Quénia estavam geneticamente ligados ao vírus circulante no norte da Nigéria. Um total de 16 casos de poliovírus derivados da vacina (VDPV) foi identificado em África e classificado em duas categorias: i) poliovírus circulante derivado da vacina (cVDPV) e ii) poliovírus ambíguo derivado da vacina (aVDPV).
A carga de trabalho nos laboratórios ao serviço de países com surtos aumentou devido aos surtos. Estes laboratórios receberam apoio técnico adicional do Escritório Regional, assim como profissionais de emergências em alguns casos. Foi também fornecido equipamento adicional a estes laboratórios. Foram instituídas teleconferências diárias com alguns destes laboratórios, de modo a identificar e resolver problemas, incluindo o processamento rápido de amostras. O coordenador do Laboratório Regional no Escritório Regional da OMS para a África prestou também apoio técnico à análise remota de dados.
Todos os 16 laboratórios têm agora competência para realizar a análise de ITD, incluindo o laboratório da Argélia. A capacidade de sequenciação da Região aumentou, através da formação adicional do laboratório do Gana que consistia em 12 participantes, incluindo dois da Índia e Tailândia (na Região do Sudeste Asiático da OMS).
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Resumindo, a Rede de Laboratórios da Poliomielite tem mantido um padrão de desempenho elevado. Os laboratórios reduziram significativamente o prazo de entrega de resultados em mais de 50%. A informação da sequência genética criada sugere a existência de progressos regionais na redução do reservatório de poliovírus selvagem (PVS), tal como evidencia a redução do número de vírus circulantes. Continuam a existir lacunas na vigilância, que são aparentes nos vírus órfãos identificados nos países com PVS circulante. A detecção de cVDPV em África indica uma baixa imunidade na população dos países identificados e a necessidade de reforçar a vacinação de rotina da VOP.
A Rede de Laboratórios da Poliomielite da Região Africana apoiou o reforço das redes laboratoriais para outras doenças, como o sarampo, febre-amarela, rotavírus e gripe. Esse apoio incluiu a partilha de tecnologias, recursos humanos, planeamento e missões conjuntas.
4. PARAR A TRANSMISSaO DO POLIOViRUS NA REGIaO AFRICANA
4.1 Visão geral das acções para parar a transmissão do poliovírus
As abordagens operacionais para parar a transmissão do poliovírus na Região Africana são semelhantes às que foram aplicadas com sucesso noutras regiões da OMS e incluem medidas com vista a i) detectar rapidamente todos os poliovírus; ii) obter uma imunidade populacional elevada, de modo a que o poliovírus não consiga encontrar indivíduos susceptíveis suficientes para infectar e manter a transmissão; e iii) responder de forma rápida a qualquer novo surto de poliomielite.
As actividades realizadas para assegurar a rápida detecção de todos os poliovírus foram descritas na Secção 3 deste relatório.
A obtenção e manutenção de uma imunidade populacional elevada, acima do limiar necessário para interromper a transmissão, são alcançadas através de uma melhor cobertura da vacinação de rotina e de actividades suplementares de vacinação (ASV), especialmente em áreas de risco elevado, de risco e infectadas (ver Anexo 4).
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Foram realizadas actividades de advocacia para assegurar o apoio de líderes políticos, tradicionais e da comunidade com vista à erradicação da poliomielite a todos os níveis, especialmente em países infectados e de risco elevado. Estas actividades foram fundamentais para assegurar uma mobilização eficaz de todas as comunidades para participarem nas campanhas de vacinação, assim como para obter recursos financeiros e não financeiros para apoiar as actividades de erradicação da poliomielite.
Figura 9: Líderes políticos e tradicionais num evento de erradicação da poliomielite no Chade
Os Grupos Técnicos Consultivos (GTC) independentes forneceram uma orientação técnica importante aos países relativamente à implementação de estratégias programáticas com vista a parar a transmissão do poliovírus, assim como para manterem o estatuto de imunidade da poliomielite. Em 2013, o Grupo de Acção sobre a Vacinação foi reconstituído como o GTC regional.
As reuniões do GTC realizadas em 2013 incluíram o Grupo de Acção sobre Vacinação em África, recentemente reconstituído, o GTC do Corno de África, GTC de cinco países na África Central e do Sul6, a Comissão de Avaliação de Peritos sobre a Erradicação da Poliomielite e o Reforço da Vacinação de Rotina na Nigéria, assim como o GTC para o Chade. Os GTC reviram o estado da implementação das estratégias com vista a reforçar a imunidade da população e obter uma vigilância do poliovírus da mais alta qualidade e o impacto destas estratégias na redução de riscos da transmissão persistente ou renovada do poliovírus. Para além disso, os GTC fizeram recomendações apropriadas para serem consideradas pelas autoridades nacionais e parceiros.
6. Angola, Congo, Namíbia, República Democrática do Congo e Zâmbia.
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Figura 10: Reunião do Grupo Técnico Consultivo para a Erradicação da Poliomielite no Chade, Novembro de 2013
As actividades de resposta rápida a surtos na Região Africana em 2013 incluíram a implementação de pelo menos três séries de campanhas de vacinação de larga escala, actividades com vista a reforçar a sensibilidade ao poliovírus, assim como actividades destinadas a melhorar o desempenho da vacinação de rotina.
4.2 Reforço da vacinação de rotina
Todos os países da Região implementaram actividades com vista a assegurar uma cobertura elevada da vacinação de rotina. Foram implementadas intervenções específicas em distritos que possuíam uma cobertura da vacinação de rotina insuficiente e um número elevado de crianças não vacinadas. Algumas das intervenções implementadas nestas áreas incluíam:
• melhorar a implementação da estratégia Chegar a Todos os Distritos (RED), incluindo um microplaneamento, assim como uma supervisão de apoio, uma monitorização das sessões de vacina (tanto nos locais fixos como de proximidade) e a utilização de dados para a acção;
• assegurar os recursos para o reforço da vacinação, incluindo a priorização dos recursos da GAVI para o reforço dos sistemas de vacinação e do sistema de saúde em distritos de risco elevado e baixa cobertura;
• implementação de campanhas locais de vários antigénios;
• aumento de actividades de vacinação de rotina durante a Semana de Vacinação Africana (SVA);
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• aumento das actividades de mobilização social para estimular a procura de actividades de vacinação de rotina por parte da comunidade.
Os profissionais de vacinação na Região Africana da OMS, apoiados pelo financiamento com vista à erradicação da poliomielite, continuaram a ajudar as autoridades nacionais a implementar estratégias para melhorar o desempenho da vacinação de rotina.
Na Nigéria, foram implementadas actividades específicas em áreas de governo local com número elevado de crianças não vacinadas, assim como em áreas de governo local com transmissão de cVDPV. Durante o ultimo trimestre de 2013, as visitas de supervisão foram realizadas mensalmente pelos profissionais de vacinação da OMS na Nigéria a pelo menos 500 locais de prestação de serviços de vacinação de rotina. A percentagem de sessões planeadas que foram realizadas, assim como a qualidade de cada uma das sessões monitorizadas foi avaliada e foi dado feedback aos profissionais de saúde, assim como às autoridades das áreas de governo local para serem tomadas as medidas adequadas. Foi também fornecido um resumo mensal das descobertas de supervisão de apoio à vacinação de rotina às autoridades e parceiros nacionais, de modo a mobilizar o seu apoio para qualquer medida adequada.
Figura 11: Razões para a falha na realização de sessões de vacinação de rotina em áreas de governo local de risco elevado na Nigéria, Out-Dez de 2013
No Chade, Etiópia, República Democrática do Congo e Uganda, a implementação do reforço integrado da vacinação de rotina e dos planos de erradicação da poliomielite foram monitorizados de perto pelas autoridades e parceiros nacionais.
No final de 2013, um total de 33 dos 47 países na Região Africana da OMS registava uma cobertura de VOP3 de pelo menos 80% (ver Anexo 2). A cobertura de vacinação registada varia significativamente entre e dentro dos países. A qualidade dos dados em vários países na Região continua a ser insuficiente, com grandes discrepâncias entre os dados administrativos registados de cobertura da vacinação e os dados dos inquéritos à cobertura da vacinação.
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4.3 Actividades suplementares de vacinação
Em 2013, foram administrados 500 milhões de doses da vacina oral da poliomielite (VOP), durante 85 rondas das campanhas de erradicação da doença, realizadas em 24 países, na Região Africana da OMS. Como se indica na Figura 12, o maior número de rondas foi levado a cabo nos países com transmissão confirmada do poliovírus em 2013 e nos países com maior risco de importação do poliovírus.
Figura 12: Erradicação da poliomielite conduzida por ASV na Região Africana em 2013
As autoridades nacionais, com o apoio dos parceiros, mostraram-se particularmente preocupadas em garantir que as ASV fossem da melhor qualidade e atingissem a maior cobertura possível. Esses esforços incluíram actividades destinadas a i) melhorar a apropriação e responsabilização locais pelos principais líderes e partes interessadas, particularmente nas zonas infectadas e de alto risco; ii) melhorar o desempenho das equipas de vacinação da linha da frente, através do reforço do microplaneamento, da escolha dos membros das equipas de vacinação e da supervisão e monitorização de apoio; iii) adoptar estratégias especiais para se chegar às comunidades difíceis de alcançar, desfavorecidas e móveis; e iv) intensificar a procura da vacinação por parte das comunidades.
Na Nigéria, a preocupação foi ultrapassar as barreiras que se colocavam a uma elevada cobertura vacinal nas AGL, sistematicamente com cobertura insuficiente, assim como nas zonas afectadas pela insegurança. O presidente da Nigéria presidiu pessoalmente a duas reuniões do Grupo de Acção Presidencial para a Erradicação da Poliomielite em 2013. Nessas reuniões, participaram governadores de estados de alto risco e outras importantes partes interessadas, que avaliaram os progressos feitos na melhoria da qualidade das actividades de erradicação da poliomielite nos estados e nas AGL de maior risco. Como se mostra na Figura 13, em 2013, na Nigéria, registou-se um aumento sustentado da qualidade das ASV nas AGL de maior risco.
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As principais estratégias implementadas na Nigéria para melhorar a cobertura vacinal nas zonas de maior risco incluíram: o aumento da participação e supervisão de todos os líderes políticos, tradicionais e comunitários; a implementação do quadro de responsabilização para a erradicação da poliomielite; a melhoria da qualidade do microplaneamento e da supervisão de apoio das equipas de vacinação; e o reforço da monitorização das equipas de vacinação, inclusive através do uso da tecnologia dos Sistemas de Informação Geográfica (SIG).
Nos estados e AGL afectados pela insegurança no Norte da Nigéria, as principais estratégias usadas para melhorar a qualidade das ASV incluíram a implementação de actividades de vacinação de baixa visibilidade, destinadas a reduzir a exposição do pessoal a potenciais ameaças. Essas actividades incluem a colocação de equipas de vacinação permanentes (EVP) de baixa visibilidade em zonas inseguras e o pré-posicionamento de vacinas e outra logística perto de zonas inseguras, para facilitar a implementação das campanhas em tempo oportuno, sempre que o nível de insegurança diminui, uma estratégia designada de “atacar e retirar”. No último trimestre de 2013, quase 350 000 crianças foram vacinadas em Borno por EVP, enquanto quase 1,1 milhões de crianças foram vacinadas durante campanhas de “atacar e retirar”. Nas zonas inseguras, foi realçada a importância de garantir uma maior colaboração entre as equipas de vacinação, as autoridades de segurança locais e os líderes e partes interessadas locais, assim como promover a procura de vacinação por parte das comunidades.
Figura 13: Percentagem das áreas de governo local aceites, com uma cobertura de 80% por inquéritos de garantia da qualidade dos lotes, realizados em 85 AGL de risco muito
elevado, na Nigéria, em 2013
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Em 2013, as autoridades nacionais e os parceiros continuaram preocupados em garantir a alta qualidade das ASV nos países de alto risco, incluindo países que já tinham antes restabelecido a transmissão. No Chade, o Presidente continuou a presidir a reuniões para monitorizar a qualidade da erradicação da poliomielite e as actividades de vacinação de rotina. Adoptaram-se estratégias especiais, destinadas a garantir uma implementação das ASV da mais alta qualidade, em zonas identificadas por instrumentos-padrão de avaliação dos riscos como estando em alto risco de reemergência de transmissão do poliovírus selvagem. As zonas identificadas de maior risco incluíam zonas de difícil acesso, zonas inseguras e zonas com movimentação de populações, incluindo zonas fronteiriças. Desenvolveram-se esforços para implementar actividades junto das fronteiriças internacionais, especialmente nas sub-regiões da África Ocidental, África Central e Corno de África.
4.4 Actividades de resposta aos surtos epidémicos
Os três países que sofreram surtos de poliomielite em 2013 implementaram várias rondas de campanhas, em larga escala, de resposta aos surtos. Foram envidados esforços para garantir que essas rondas fossem da melhor qualidade possível, particularmente nas zonas infectadas e de alto risco, incluindo a advocacia para melhorar o empenhamento político, o fornecimento de apoio técnico adicional às zonas de maior risco e a elaboração de planos nacionais de resposta aos surtos emergentes. As estratégias adicionais usadas nos países com surtos incluíram a estreita colaboração e apoio a actividades da poliomielite, através da implementação de centros nacionais e sub-nacionais de coordenação e de comando, que reuniram o governo e os outros parceiros.
Estratégias operacionais para reforçar a eficácia das actividades de resposta aos surtos incluíram a implementação de campanhas alargadas a grupos etários e campanhas dirigidas à totalidade da população (nordeste do Quénia) ou a todas as crianças até ao 10-15 anos (Camarões, Etiópia e Quénia). No nordeste do Quénia, realizou-se uma campanha de sucesso combinada VOP-VIP, num campo de refugiados, em finais de 2013.
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Lições retiradas dos surtos de poliomielite de 2013 na Região Africana
• Oenvolvimentodealtosfuncionáriosgovernamentaiscomautoridadeparatomardecisõesprecoces, aquando da elaboração do plano de resposta às emergências, foi fundamental parafacilitaraimplementaçãoeficazdarespostaaossurtos.
• A criaçãode centros de coordenação e de comandode resposta aos surtos, comaparticipação de pessoal governamental e dos parceiros relevantes, constituiu ummecanismoeficazdemonitorizaçãodasactividadesderespostaaossurtos.
• Arecolhaeanálisededadossobreaqualidadedarespostadavacinação,bemcomooreforçodasactividadesdevigilância,naformadepainéisdefácilconsulta,forammuitoúteisparaorientarasactividadesderespostaaossurtos.
• Aprestaçãodeapoio técnicoadicional às zonas infectadasedealto risco,durante arespostaaossurtos,constituíramumaoportunidadeparacolmataraslacunasnavacinaçãoevigilânciaderotina.
• Asestratégiaslocalmenteconcebidaspermitiramquetodasascomunidadesefamíliasfossemabordadaspelasequipasdevacinação,nomeadamenteatravésdemicroplanospormenorizados, e quehouvesseumaprocura adequadada vacinaçãopor parte dacomunidade.
5. CERTIFICAÇÃO E CONTENcÃOA Comissão de Certificação da Região Africana (CCRA) é um organismo independente nomeado pelo Director Regional da OMS para a África, que tem como missão supervisionar o processo de certificação e de contenção na Região Africana. Espera-se que a CCRA certifique a Região Africana como livre da poliomielite, assim que a transmissão do poliovírus seja interrompida na Região, e que mantenha a vigilância da PFA no padrão de certificação por, pelo menos, três anos.
Figura 14: Participantes na 11.ª reunião da Comissão de Certificação da Região Africana, em Outubro de 2013
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Na sequência do ressurgimento da transmissão do poliovírus selvagem na Região Africana da OMS, em 2008-2009, as actividades de certificação supervisionadas pela CCRA foram temporariamente suspensas. Com os progressos alcançados em 2012-2013 na via da interrupção da transmissão do poliovírus selvagem, as actividades de certificação foram retomadas na Região, em 2013. A CCRA foi renovada e a sua composição alargada, de 9 membros activos para os actuais 17 membros nomeados pelo Director Regional. Os membros da CCRA integram membros de pleno direito de outras três Regiões da OMS (Mediterrâneo Oriental, Sudeste Asiático e Américas).
Com base em critérios pré-estabelecidos, a CCRA selecciona países para apre-sentarem a documentação nacional completa para a situação de imunidade contra a poliomielite. A CCRA recebeu e analisou a documentação nacional completa de 29 países, 25 dos quais foram aceites (2 na EAI da África Central, 9 na EAI da África Ocidental e 14 na EAI da África Oriental e Austral). Doze dos 25 países com documentação nacional completa aceites pela CCRA sofreram importações de PVS. As actividades laboratoriais de contenção da Fase 1 foram efectuadas apenas em 11 países.
Em 2013, a CCRA realizou duas reuniões, em Junho e Outubro. A reunião de Junho forneceu orientações para os membros recém-nomeados da CCRA. A reunião de Outubro de 2013 analisou e adoptou um plano de actividades de certificação e contenção para 2014.
6. iNVESTIGAÇÃOA investigação foi priorizada como um instrumento para atingir as metas e os objectivos estabelecidos na iniciativa para a erradicação da poliomielite (IEP) na Região Africana. Foram realizados dois cursos de formação na área da investigação operacional, para participantes de cinco países7 anglófonos e seis países francófonos8. Os participantes eram pessoal do Ministério da
7. Angola, Etiópia, Quénia, Nigéria e Uganda.8. Camarões, República Centro-Africana, Chade, Congo, República Democrática do Congo e Níger.
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Saúde (MS) e funcionários das Representações da OMS dos respectivos países. Os participantes elaboraram propostas de investigação para responder a problemas operacionais prioritários da IEP nos seus respectivos países. Estas propostas foram analisadas com vista à sua adequação técnica e ética e ao seu financiamento.pour l’éradication de la poliomyélite dans leurs pays respectifs. Ces propositions ont été analysées afin de déterminer si elles se prêtent bien à une application technique et éthique et du point de vue de leur financement.
a) Auto-percepção dos vacinadores e supervisores nas Jornadas Nacionais de Vacinação, em Angola. Principais achados deste estudo:
o As crianças não são vacinadas porque os vacinadores assumiram que outro membro da equipa irá cobrir ou já terá coberto uma casa específica;
o O planeamento das actividades não é eficazmente coordenado com os vacinadores;
o A supervisão é centrada no número de fichas de contagem preenchidas e não nos dedos pintados nem no controlo porta-a-porta;
o Alguns vacinadores juntam-se às ASV porque isso lhes dá protagonismo junto das comunidades;
o Alguns vacinadores participam para responder ao pedido de um importante líder comunitário, embora não estejam interessados, o que resulta num mau desempenho e na falta de vacinação de crianças.
b) Razões e circunstâncias para a notificação tardia dos casos de paralisia flácida aguda, nas unidades de saúde em Angola. Alguns dos principais achados deste estudo incluem:
o A ignorância e percepção errada da etiologia dos casos, bem como a insatisfação com as unidades de saúde, são as principais razões para a notificação tardia dos casos de PFA;
o A primeira escolha, para quem pode pagar os custos, são normalmente os cuidados alternativos dos curandeiros tradicionais e espiritualistas, porque as pessoas acreditam que o problema é de índole espiritual;
o Os poucos que se dirigem às unidades de saúde são confrontados com agentes rurais mal equipados e têm muitas vezes que esperar muitos dias, até que chegue pessoal mais qualificado;
o Dada a ansiedade e a ameaça para a vida dos seus filhos, os pais optam frequentemente pelas abordagens da medicina alternativa, que são mais rápidas na resposta.
22 23
RelatóRio anual da Poliomielite 2013
c) Razões para a recusa da vacina da poliomielite por parte dos pais, no Chade. Os principais achados deste estudo incluem:
o Vários factores inter-relacionados, que explicam essa recusa da vacinação, entre as populações do Chade;
o Os rumores acerca de intenções pouco claras dos funcionários governamentais e do pessoal da vacinação não foram explicados;
o Não compreensão da repetição das vacinas, pois algumas pessoas já vacinadas sofreram paralisia dos membros;
o As pessoas alegam que têm formas tradicionais de garantir protecção contra as doenças, que não são diferentes das vacinas modernas;
o A conduta pouco profissional de alguns vacinadores originou alguns problemas.
d) Percepções acerca da vacina da poliomielite: um estudo comparativo de aceitadores e não aceitadores no Estado de Sokoto, na Nigéria. Os principais achados deste estudo incluem:
o A percepção dos benefícios da vacina e da sensibilidade ao vírus influenciam a aceitação da vacina oral da poliomielite (VOP);
o A opinião de membros da família acerca da vacina oral da poliomielite moderou a relação entre alguns laços sociais e a aceitação da vacina;
o A aceitação da vacina oral da poliomielite estava relacionada com surtos de qualquer tipo de paralisia mas não com o resultado final de outros comportamentos preventivos da saúde.
e) Estudo de seroprevalência no estado de Kano, na Nigéria. Este estudo efectuado numa unidade de saúde teve por finalidade identificar as lacunas na imunização, através da avaliação da concentração de anticorpos abaixo e acima dos 5 anos de idade. Estas idades representam as crianças recentemente vacinadas, durante actividades de vacinação de rotina e suplementares e as que já tinham sido vacinadas algum tempo antes.
f) Foi realizado um estudo sobre o conhecimento da PFA por parte de clínicos e agentes de saúde, no estado de Sokoto, na Nigéria. Mais de 50% dos 352 trabalhadores de saúde desconheciam a definição, investigação e o sistema de notificação dos casos de PFA. No entanto, a maioria deles nunca tinha recebido formação nem tinha trabalhado em hospitais privados. Isso implica que as campanhas de sensibilização deverão ser alargadas aos hospitais privados, para minimizar os atrasos na notificação dos casos de PFA. Subsequentemente, todos os participantes neste estudo receberam formação nestes parâmetros.
24 25
7. RECURSOSRecursos financeiros: O total dos recursos financeiros necessários às actividades de erradicação da poliomielite na Região Africana da OMS, para 2013, ascendeu a 508,34 milhões de dólares americanos. A discriminação dos recursos necessários é a seguinte:
• Vigilância da paralisia flácida aguda: 28,45 milhões;
• Mobilização social: 47,14 milhões;
• Assistência técnica: 98,76 milhões;
• Vacina oral da poliomielite: 111,04 milhões;
• Custos operacionais das ASV: 222 milhões de dólares.
Os recursos financeiros necessários são mobilizados entre os parceiros internacionais e doadores, bem como junto dos governos da Região. Em 2013, um total de 308 milhões de dólares mobilizados por doadores internacionais foi canalizado através do Escritório Regional da OMS para a África. A fonte destes fundos é apresentada na Figura 15, sendo a utilização dos mesmos fundos, de acordo com as diferentes componentes do programa, apresentada na Figura 16.
Recursos humanos: O apoio técnico à implementação das actividades prioritárias de erradicação da poliomielite nos países da Região foi fornecido pela OMS e outros parceiros da IEP. A OMS forneceu várias componentes de apoio técnico. Estas incluíram 848 vagas para pessoal essencial financiado pelo programa da poliomielite, 65% dos quais em Angola, República Democrática do Congo, Etiópia e Nigéria. A OMS também apoiou 2449 vagas para recursos humanos de emergência, financiadas pelo programa, para ajudar os países prioritários; 95% destas vagas encontram-se na Nigéria.
As Representações da OMS nos países da Região Africana receberam, igualmente, apoio técnico fornecido pelos Centros de Prevenção e Controlo das Doenças dos EUA , ou seja, Consultores STOP.
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RelatóRio anual da Poliomielite 2013
Figura 15: Recursos financeiros dos parceiros da IEP para a Região Africana, 2013
Figura 16: Recursos financeiros por área operacional, 2013
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8. CONCLUSÕES E ACÇÕES PRIORITÁRIAS8.1. Conclusões
A Região Africana da OMS registou progressos nas seguintes áreas prioritárias de acção, identificadas no final de 2012:
• cerca de 40% na redução do número de casos de paralisia devidos à infecção com o poliovírus selvagem;
• ausência confirmada do PVS3 durante mais de 12 meses;
• declínio da diversidade geográfica e genética da transmissão do poliovírus selvagem nos restantes países polioendémicos da Região;
• cerca de 67% na redução do número de casos de paralisia devidos à infecção com o poliovírus circulante derivado da vacina;
• cobertura nacional notificada da vacinação de rotina com a VOP3 de, pelo menos, 80%, em 33 países da Região;
• retoma das actividades de certificação e contenção na Região.
Os progressos registados na Região Africana da OMS, em 2013, mantêm-se frágeis, devido às falhas contínuas na imunidade da população e na vigilância dos países infectados e de alto risco. A crescente insegurança das várias zonas infectadas e de alto risco continua a exercer um impacto negativo sobre os esforços para colmatar as falhas identificadas em várias zonas da Região.
As falhas na imunidade da população são, muitas vezes, decorrentes dos movimentos populacionais transfronteiriços. Consequentemente, esta migração tem resultado em novos surtos e na disseminação internacional do poliovírus.
8.2. Acções prioritárias para 2014
As principais acções prioritárias para as actividades de erradicação da poliomielite em 2014, na Região Africana da OMS, são:
a) Acelerar mais os progressos em curso para colmatar as falhas remanescentes ma imunidade das populações no Norte da Nigéria e conseguir a interrupção da transmissão no mais curto prazo de tempo possível;
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RelatóRio anual da Poliomielite 2013
b) Reforçar a capacidade para responder eficazmente aos surtos de poliomielite e travar qualquer novo surto da doença, no mais curto prazo de tempo possível;
c) Mobilizar e prestar o necessário apoio técnico, financeiro e material, para reforçar a vigilância da PFA no terreno, a vigilância ambiental e a Rede Africana de Laboratórios da Poliomielite;
d) Implementar as recomendações do Grupo Estratégico Consultivo de Peritos para introduzir a vacina inactivada do poliovírus no calendário nacional de vacinação de rotina, assim como continuar o programa de trabalho, para melhorar a cobertura da vacinação de rotina nos distritos de maior risco;
e) Implementar actividades prioritárias de certificação e contenção, conforme previsto no plano de acção de 2014, aprovado pela Comissão de Certificação da Região Africana, em Outubro de 2013;
f) Iniciar a implementação das anteriores actividades de planeamento da poliomielite na Região Africana da OMS
28 29
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RelatóRio anual da Poliomielite 2013
ANEXOSAnexo 1: Poliovírus confirmado na Região Africana, 2008-2013
PVS cVDPV
País 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2008 2009 2010 2011 2012 2013Argélia* 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0Angola 29 29 33 5 0 0 3 0 0 0 0 0Benim 6 20 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0Botsuana 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0Burquina Faso 6 15 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0Burúndi 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0Camarões 0 3 0 0 0 4 0 0 0 0 0 4Cabo Verde 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0RepúblicaCentro- Africana 3 14 0 4 0 0 0 0 0 0 0 0
Chade 37 64 26 132 5 0 0 0 1 0 12 4Comores 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0Congo 0 0 441 1 0 0 0 0 0 0 0 0Côte d’Ivoire 1 26 0 36 0 0 0 0 0 0 0 0República Democrática do Congo 5 3 100 93 0 0 13 5 18 11 17 0
Guiné Equatorial 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0Eritreia 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0Etiópia 3 0 0 0 0 9 3 2 7 0 0 0Gabão 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0Gâmbia 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0Gana 8 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0Guiné 0 42 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0Guiné-Bissau 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0Quénia 0 19 0 1 0 14 0 0 0 0 3 0Lesoto 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0Libéria 0 11 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0Madagáscar 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0Malawi 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0Mali 1 2 4 7 0 0 0 0 0 0 0 0Mauritânia 0 13 5 0 0 0 0 0 0 0 0 0Maurícia 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0Moçambique 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0Namíbia 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0Níger 12 15 2 5 1 0 0 2 1 1 0 1Nigéria 798 388 21 62 122 53 66 154 27 34 8 4Ruanda 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0São Tomé e Príncipe 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0Senegal 0 0 18 0 0 0 0 0 0 0 0 0Seychelles 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0Serra Leoa 0 11 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0África do Sul * 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0Suazilândia 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0Togo 3 6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0Uganda 0 8 4 0 0 0 0 0 0 0 0 0Tanzânia 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0Zâmbia 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0Zimbabwe 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0AFR 912 691 657 350 128 80 85 163 56 49 40 13
30 31
Anexo 2: Cobertura da VOP3 de rotina, notificada na Região Africana da OMS, 2008-2013
País 2008 2009 2010 2011 2012 2013Argélia*** 92 ND 95 95 95 NDAngola 75 73 92 85 88 80Benim 94 98 98 99 85 93Botsuana**** 99 83 99 99 98 90Burquina Faso 99 99 90 90 90 89Burúndi 89 96 94 99 96 96Camarões 82 79 83 80 85 88Cabo Verde*** 82 74 99 90 94 NDRepública Centro-Africana 56 76 58 67 55 28Chade 41 68 75 67 73 80Comores 81 84 82 85 85 82Congo 89 91 90 90 85 85Côte d’Ivoire 58 77 81 58 94 98República Democrática do Congo 77 90 88 90 89 87Guiné Equatorial 73 68 39 53 40 40Eritreia 85 85 85 94 94 94Etiópia** 75 75 86 87 ND NDGabão 81 74 68 75 80 77Gâmbia 97 92 96 95 98 98Gana 92 94 94 91 91 91Guiné 90 90 90 85 97 102Guiné-Bissau 59 89 83 90 90 96Quénia**** 85 71 83 88 82 73Lesoto**** 91 72 73 69 66 64Libéria 92 92 60 77 93 88Madagáscar 90 89 85 88 86 88Malawi 92 93 86 97 95 89Mali 99 86 89 87 90 79Mauritânia**** 73 63 52 73 80 81Maurícia 99 99 99 98 98 98Moçambique 80 76 73 73 73 78Namíbia 83 83 83 85 84 89Níger 88 88 92 61 95 80Nigéria 50 63 69 74 77 67Ruanda 97 93 93 93 99 102São Tomé e Principe 99 99 98 96 96 97Senegal 87 83 70 73 70 89Seychelles 99 99 99 99 98 98Serra Leoa 86 91 76 76 91 92África do Sul 99 99 99 97 93 90Suazilândia 80 68 89 85 92 98Togo 88 89 92 92 84 84Uganda 79 83 79 82 82 99Tanzânia**** 89 88 94 91 90 89Zâmbia 97 96 81 83 70 74Zimbabwe 75 69 89 93 95 95
** A VOP3 não é um indicador prioritário no sistema HIMS da Etiópia; está em curso a sua revisão
*** JRF da Argélia e Cabo Verde ainda não apresentado
**** Usados dados notificados mensalmente (JRF ainda não apresentado)
Fonte: Dados JRF
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RelatóRio anual da Poliomielite 2013
Anexo 3: Desempenho da vigilância da PFA na Região Africana da OMS, 2008-2013
País Taxa anualizada da PFA não polio Adequação das fezes2008 2009 2010 2011 2012 2013 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Angola 3,6 3,2 3,5 2,4 3,2 2,9 93% 90% 84% 89% 88% 89%Burúndi 2,2 4,2 3,1 2,5 3,0 2,4 83% 82% 82% 91% 96% 93%Camarões 2,3 2,1 2,4 2,7 3,5 5,2 78% 87% 83% 82% 75% 77%RCA 7,5 8,0 7,5 6,5 6,1 2,8 91% 87% 87% 77% 83% 71%Chade 3,7 5,1 4,4 5,3 6,5 7,3 48% 54% 67% 75% 70% 80%Congo 3,8 3,6 7,3 4,7 3,1 5,0 95% 79% 20% 69% 76% 75%Guiné Equatorial 2,7 0,0 0,0 0,3 0,3 0,0 75% -- -- -- 100% --Gabão 4,7 4,6 3,0 3,6 3,1 0,8 55% 69% 46% 57% 8% 0%RDC 6,0 5,0 5,9 5,8 5,0 5,0 82% 80% 73% 79% 83% 82%S.Tomé e Príncipe 4,0 0,0 0,0 4,0 5,0 0,0 50% -- -- 0% 0% --EAI Central 4,6 4,3 4,8 4,6 4,5 4,7 81% 79% 67% 79% 81% 82%Argélia 1,0 1,1 1,3 1,8 2,0 1,8 57% 52% 53% 52% 43% 41%Benim 3,2 3,3 2,6 2,8 3,6 4,2 94% 84% 87% 85% 88% 83%Burquina Faso 3,0 3,6 3,8 3,8 4,0 3,5 82% 80% 88% 80% 80% 78%Cabo Verde 1,5 2,5 1,0 1,0 1,6 1,1 67% 100% 0% 100% 75% 50%Côte d’Ivoire 2,4 3,0 3,3 5,0 4,2 4,8 88% 71% 79% 65% 76% 87%Gâmbia 2,8 2,9 5,1 3,4 3,9 4,4 86% 83% 90% 59% 74% 46%Gana 2,3 2,7 1,8 2,6 1,7 2,7 77% 76% 78% 81% 84% 83%Guiné 2,3 2,2 4,5 4,2 3,4 4,2 88% 77% 14% 85% 68% 55%Guiné-Bissau 0,6 2,0 1,9 2,0 2,5 4,3 20% 56% 53% 38% 47% 42%Libéria 2,9 2,7 2,7 3,1 3,3 2,9 91% 100% 86% 87% 95% 88%Mali 2,0 2,4 2,3 2,8 3,4 3,0 97% 93% 92% 80% 91% 84%Mauritânia 3,9 4,4 4,6 4,1 5,7 4,2 94% 80% 95% 93% 92% 85%Níger 4,9 4,7 4,4 4,1 4,3 4,0 74% 75% 74% 74% 68% 70%Nigéria 6,5 7,1 7,8 7,8 8,8 10,2 90% 88% 93% 93% 93% 95%Senegal 3,5 3,2 5,0 2,0 2,6 3,3 91% 86% 59% 77% 76% 65%Serra Leoa 2,8 6,3 5,9 6,2 6,2 6,1 95% 84% 83% 86% 91% 93%Togo 2,4 3,4 2,6 2,6 2,9 5,7 96% 85% 93% 87% 97% 83%EAI Ocidental 4,5 5,0 5,4 5,5 6,0 6,9 88% 85% 87% 87% 89% 90%Botsuana 1,8 1,8 2,5 3,3 3,2 2,7 55% 55% 67% 85% 50% 76%Comores 3,3 3,0 2,0 2,3 1,3 2,2 91% 22% 100% 100% 25% 43%Eritreia 7,0 7,8 4,6 4,7 3,5 3,7 60% 95% 93% 72% 48% 25%Etiópia 3,0 2,7 2,9 2,7 2,8 2,9 86% 85% 77% 80% 83% 68%Quénia 2,1 2,5 2,3 3,0 4,2 3,6 86% 83% 86% 83% 84% 75%Lesoto 1,4 1,8 1,8 1,9 1,8 2,0 93% 100% 91% 86% 83% 86%Madagáscar 2,1 2,3 2,1 2,9 3,3 3,3 89% 89% 87% 77% 71% 74%Malawi 2,3 2,8 1,8 2,1 2,2 2,3 78% 78% 74% 72% 78% 72%Maurícia 1,7 0,3 1,7 0,7 2,2 1,8 100% 100% 100% 50% 67% 100%Moçambique 1,2 2,4 2,5 2,5 2,9 3,0 72% 79% 71% 78% 84% 88%Namíbia 6,0 3,6 4,1 4,0 3,3 3,2 80% 81% 86% 88% 90% 79%Ruanda 2,8 4,7 3,9 2,6 3,3 3,2 94% 98% 97% 100% 98% 96%Seychelles 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 -- -- -- -- -- --África do Sul 2,0 2,2 2,1 2,4 2,5 2,6 63% 74% 63% 63% 62% 65%Suazilândia 4,4 2,2 3,4 4,3 4,3 6,4 91% 100% 100% 88% 100% 89%Tanzânia 2,0 2,6 2,6 2,1 2,9 3,3 91% 89% 93% 87% 92% 79%Uganda 2,6 3,8 2,5 2,8 2,7 2,8 91% 90% 89% 86% 88% 87%Zâmbia 3,1 3,3 2,8 2,7 3,1 3,1 31% 68% 86% 87% 85% 88%Zimbabwe 1,5 1,9 3,2 3,4 3,1 4,0 70% 78% 79% 84% 85% 88%EAI Oriental /Austral 2,4 2,7 2,6 2,7 3,0 3,1 81% 84% 82% 81% 82% 76%Total Regional 3,7 3,9 4,2 4,2 4,5 4,9 85% 84% 81% 84% 86% 85%
32 33
Anex
o 4:
Pan
orâm
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ASV
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3
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AOc
Beni
m26
-Abr
-13
JNV
VOPb
1 7
14 1
487,
457,
2778
AOc
Beni
m25
-Out
-13
JNV
VOPb
1 7
14 1
483,
045,
6682
AOc
Burq
uina
Fas
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-Mar
-13
JNVS
VOPb
1 6
80 9
650,
815,
7898
AOc
Burq
uina
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- Abr
-13
JNV
VOPb
6 2
65 9
830,
945,
3291
AOc
Burq
uina
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o24
-Mai
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JNV
VOPt
6 2
65 9
830,
974,
8998
AOc
Burq
uina
Fas
o25
-Out
-13
JNV
VOPt
6 4
24 3
431,
004,
0095
AOc
Burq
uina
Fas
o22
-Nov
-13
JNV
VOPt
6 5
03 8
991,
004,
0094
AOc
Côte
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oire
26- A
br -1
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Pb 7
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516
4,84
5,46
75
AOc
Côte
d’Iv
oire
24-M
ai-1
3JN
VVO
Pt 7
676
676
4,06
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