avaliação e mensuração dos ativos imobilizados a partir da

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Avaliação e Mensuração dos Ativos Imobilizados a Partir da NBCT 16.10: Um Estudo nas Unidades Federativas Carla Caroliny Soares de Oliveira Lima Faculdade de Ciências aplicadas e Sociais de Petrolina - FACAPE Josaias Santana dos Santos Universidade Federal do Vale do São Francisco - UNIVASF Clarissa Vassem Campos Fucape Business School - FUCAPE Wellington Dantas de Sousa Instituto Federal Baiano - IFBAIANO Resumo Este estudo teve por objetivo verificar se as unidades federativas estão empregando os procedimentos para avaliação e mensuração dos ativos imobilizados, conforme a NBCT 16.10. A metodologia foi de natureza descritiva, qualitativa e documental. Para coleta de dados, foram consultados os sites oficiais das Secretarias da Fazenda e do SICONFI, os demonstrativos para a extração dos dados, foram: Balanço Patrimonial, Demonstração de Variações Patrimoniais, Balanço Geral do Estado e Notas Explicativas, dos exercícios de 2014 e 2015. Os resultados mostraram que nove estados apresentaram como o ativo imobilizado foi mensurado no ano de 2014 e dez em 2015. Verificou-se ainda, que alguns estados não publicaram informações dos demonstrativos analisados, bem como, não disponibilizaram informações acerca de algumas ocorrências que alteram os seus imobilizados. Concluiu-se que as unidades federativas não estão adequadas aos novos padrões de contabilidade aplicada ao setor público, mas que ao longo dos anos de 2014 e 2015 se obteve uma tímida evolução na adesão, sendo necessária esta convergência para que os entes da federação possam evidenciar uma situação patrimonial condizente com a sua realidade. Palavras-chave: Contabilidade aplicada ao setor público. Ativo imobilizado. Avaliação e mensuração. NBCT 16.10. Método de Pesquisa: MET2 Estudo de Caso/Campo. Área do Conhecimento da Pesquisa: AT 7 Contabilidade e Setor Público

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Page 1: Avaliação e Mensuração dos Ativos Imobilizados a Partir da

Avaliação e Mensuração dos Ativos Imobilizados a Partir da NBCT 16.10: Um Estudo

nas Unidades Federativas

Carla Caroliny Soares de Oliveira Lima

Faculdade de Ciências aplicadas e Sociais de Petrolina - FACAPE

Josaias Santana dos Santos

Universidade Federal do Vale do São Francisco - UNIVASF

Clarissa Vassem Campos

Fucape Business School - FUCAPE

Wellington Dantas de Sousa

Instituto Federal Baiano - IFBAIANO

Resumo

Este estudo teve por objetivo verificar se as unidades federativas estão empregando os

procedimentos para avaliação e mensuração dos ativos imobilizados, conforme a NBCT

16.10. A metodologia foi de natureza descritiva, qualitativa e documental. Para coleta de

dados, foram consultados os sites oficiais das Secretarias da Fazenda e do SICONFI, os

demonstrativos para a extração dos dados, foram: Balanço Patrimonial, Demonstração de

Variações Patrimoniais, Balanço Geral do Estado e Notas Explicativas, dos exercícios de

2014 e 2015. Os resultados mostraram que nove estados apresentaram como o ativo

imobilizado foi mensurado no ano de 2014 e dez em 2015. Verificou-se ainda, que alguns

estados não publicaram informações dos demonstrativos analisados, bem como, não

disponibilizaram informações acerca de algumas ocorrências que alteram os seus

imobilizados. Concluiu-se que as unidades federativas não estão adequadas aos novos

padrões de contabilidade aplicada ao setor público, mas que ao longo dos anos de 2014 e

2015 se obteve uma tímida evolução na adesão, sendo necessária esta convergência para que

os entes da federação possam evidenciar uma situação patrimonial condizente com a sua

realidade.

Palavras-chave: Contabilidade aplicada ao setor público. Ativo imobilizado. Avaliação e

mensuração. NBCT 16.10.

Método de Pesquisa: MET2 – Estudo de Caso/Campo.

Área do Conhecimento da Pesquisa: AT 7 – Contabilidade e Setor Público

Page 2: Avaliação e Mensuração dos Ativos Imobilizados a Partir da

1 INTRODUÇÃO

O ritmo para difundir padrões e conceitos contábeis, vem se intensificando, a partir de um

arcabouço mais ordenado, que passa pelo processo de adoção, harmonização e vem indicando

para a convergência com base nos modelos internacionais (Fragoso, Macêdo, Lopes, Ribeiro

Filho & Pederneiras, 2012).

A adesão do Brasil à padronização dos procedimentos contábeis internacionais no setor

público ocorreu a partir da publicação da Portaria nº 184/2008 do Ministério da Fazenda. A

partir desta Portaria, a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) foi permitida a produzir meios

que auxiliassem o processo de convergência, dentre tais instrumentos está o Manual de

Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP) (Moura, Lima & Ferreira, 2010). Além da

participação do STN, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) publicou as Normas

Brasileiras de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (NBC T SP) (Cruvinel & Lima,

2011).

Tais instrumentos e legislações aplicadas ao setor público brasileiro estão em conformidade

com as internacionais, chamadas de International Public Sector Accounting Standard

(IPSAS), publicadas pelo International Federation of Accountants (IFAC) (Fragoso et al.,

2012). As IPSAS objetivam a harmonização dos critérios de reconhecimento de receitas e

despesas, a avaliação de ativos e passivos, e também a forma de evidenciação da apuração do

resultado do exercício, da situação financeira e das mutações do patrimônio líquido (Soares &

Scarpin, 2010).

Com o processo de convergência brasileiro, ressalta-se a mudança do enfoque contábil, de

uma visão orçamentária para uma contabilidade pública patrimonial (Darós & Pereira, 2009).

Estas alterações no enfoque contábil, trará novas definições, além da necessidade de avaliar e

mensurar os ativos públicos, conforme previsto na Norma Brasileira de Contabilidade 16.10,

que se refere sobre a “Avaliação e Mensuração de Ativos e Passivos em Entidades do Setor

Público”.

Sob a ótica da contabilidade pública, os ativos “[...] consistem do conjunto de bens e direitos

tangíveis ou não, por aquisição, doação ou comodato, considerado ativos que possam ser

mensurados monetariamente” (Mota, 2009, p. 271). Dentre os ativos, está o imobilizado,

definido pelo IFAC (2010, p. 465) como: “[...] o item tangível que é mantido para o uso na

produção ou fornecimento de bens ou serviços, ou para fins administrativos, inclusive os

decorrentes de operações que transfiram para a entidade os benefícios, riscos e controle desses

bens”.

Acerca dos ativos imobilizados, a avaliação e a mensuração são imprescindíveis para um

melhor entendimento da realidade patrimonial, pois estes processos consistem em atribuir

valores pelo qual o ativo deve ser apresentado nas demonstrações contábeis, tornando

possível, serem registrados com valores condizentes com a realidade e usuários distintos

atribuírem utilidade em diferentes níveis de importância da informação contábil (Almeida &

El Hajj, 1997).

Apesar da relevância da avaliação e mensuração de ativos imobilizados no setor público,

Silva (2011) salienta que a verificação da realidade do patrimônio, é dificultada por alguns

fatores, por exemplo, a existência de alguns ativos registrados com valores irrisórios,

decorrentes dos efeitos da inflação e do não reconhecimento das perdas causadas pela

depreciação, amortização ou exaustão, conforme o caso.

Page 3: Avaliação e Mensuração dos Ativos Imobilizados a Partir da

Atentando-se ao já exposto acerca da convergência da contabilidade aplicada ao setor público

e as novas práticas acerca dos ativos imobilizados, em especial a NBCT 16.10, apresenta-se o

problema que orientará esta pesquisa: as unidades federativas brasileiras estão

empregando os procedimentos para avaliação e mensuração dos ativos imobilizados?

Para responder à presente pergunta emerge-se o objetivo deste artigo: verificar se as unidades

federativas brasileiras estão empregando os procedimentos para avaliação e mensuração dos

ativos imobilizados conforme estabelecido pela NBC T 16.10.

Diante desse cenário, foi realizado um estudo nas 27 unidades federativas brasileiras, sendo a

fonte de dados inicial desta pesquisa os portais eletrônicos das Secretarias de Fazenda

Estaduais, para o acesso ao Balanço Geral dos Estados e Distrito Federal. Utilizou-se também

o site do Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro

<https://siconfi.tesouro.gov.br>. Foram analisados o Balanço Patrimonial, a Demonstração de

Variações Patrimoniais e as Notas Explicativas dos exercícios de 2014 e 2015.

Considerando que estes bens que até então classificados como despesas e somente a partir de

2008 passaram a ter um novo conceito dentro da contabilidade pública sendo reconhecidos

como ativos imobilizados. A partir do contexto acerca do processo de convergência no país,

esta pesquisa se justifica e terá sua contribuição pela tentativa de cooperar para o avanço das

discussões acadêmica e conceitual no âmbito público estadual, em especial sobre os ativos

imobilizados.

As evidências indicam que será necessário um intenso trabalho por parte das Secretarias de

Fazenda Estaduais, para as unidades federativas se adequarem totalmente aos novos

procedimentos, e assim evidenciarem a real situação do patrimônio público, que no decorrer

dos anos de 2014 e 2015 evoluiu timidamente no que se refere à adoção aos padrões

internacionais de contabilidade aplicada ao setor público.

Este artigo está dividido em cinco partes, incluindo esta introdução, a segunda parte trata da

fundamentação teórica desta pesquisa, a terceira apresenta os procedimentos metodológicos

adotados, na quarta parte é feita a análise, a exposição e a discussão dos resultados e por fim,

na quinta parte traz as considerações finais referentes à pesquisa realizada.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 O PATRIMÔNIO E OS BENS PÚBLICOS

O patrimônio do setor público “constitui-se no conjunto de bens, valores, créditos e

obrigações de conteúdo econômico e avaliáveis em moeda, utilizado pela Fazenda Pública

para alcançar seus objetivos” (Bezerra Filho, 2008, p. 152). A Lei n. º 4.717, de 29 de junho

de 1965, trata o patrimônio público como o conjunto dos ativos, ou seja, bens e direitos,

mensurável em dinheiro, que pertence à União, a um Estado, a um Município, a uma

autarquia ou empresa pública.

Silva, Silva, Pletsch e Rosa (2014) afirmam que o patrimônio público está sujeito às variações

e às mutações originadas pela arrecadação e pelo dispêndio de recursos que visam a

manutenção da máquina pública em funcionamento constante, com a finalidade de fornecer e

manter serviços públicos. O citado dispêndio, denominado despesa, é configurado como os

gastos efetuados pelo governo objetivando desempenhar seu principal objetivo que é a

manutenção e o fornecimento dos serviços básicos à sociedade.

Page 4: Avaliação e Mensuração dos Ativos Imobilizados a Partir da

Segundo Silva (2009), todos os elementos na Contabilidade Pública que fazem parte do

patrimônio público, é preciso que eles sejam devidamente registrados segundo sua destinação,

deverão estar também inventariados e avaliados regularmente.

Por outro lado, “[...] os bens públicos são o conjunto de pertences corpóreos e incorpóreos,

móveis, imóveis e semoventes de que o Estado se vale para puder atingir as suas finalidades”

(Bastos, 2002, p.499). Para Meirelles (2004), “bens públicos, em sentido amplo, são todas as

coisas corpóreas ou incorpóreas, moveis e imóveis e semoventes créditos, direitos e ações que

pertencem a qualquer título as entidades, autarquias, fundações e empresas governamentais”.

De acordo com a Lei n. º 10.406, de 10 de janeiro de 2002, o Código Civil Brasileiro, em seu

artigo 98: “São públicos os bens do domínio nacional pertencente às pessoas jurídicas de

direito público interno, todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que

pertencerem”. O Código Civil, no artigo 99, ainda dispõe que os bens públicos são: I - os de

uso comum, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; II - os de uso especial, tais como

edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal,

estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias; III - os dominicais, que são

o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real,

de cada uma dessas entidades.

Conforme Andrade (2002) os bens de uso comum do povo, refere-se àqueles que são

utilizados por qualquer indivíduo. “Os bens de uso especial, são todas as coisas, móveis e

imóveis corpóreas ou incorpóreas, utilizadas pela Administração Pública para a realização de

suas atividades e consecução de seus fins” (Di Pietro, 2001, p.532). Finalmente, “os bens

dominiais são de suma importância para a Contabilidade Pública, pois suas variações serão

registradas e escrituradas nos devidos grupos de acordo com sua discriminação usual”

(Kohama, 2010, p.176).

2.3 ATIVO IMOBILIZADO

Conforme Greco (2008), os ativos imobilizados possuem aspectos a se considerar na sua

contabilização: o reconhecimento dos ativos, a determinação das suas quantias escrituradas e

os débitos de depreciação e as perdas por recuperabilidade a serem reconhecidos em relação

aos mesmos. Para Silva et al. (2014), o ativo imobilizado quando organizado, registrado e

mantido a valor presente e conservado, só tem a trazer benefícios, tanto para os resultados das

empresas, quanto para o trabalho eficaz dos colaboradores da entidade.

Do ponto de vista da IPSAS 17, que se refere ao ativo imobilizado, o mesmo é descrito como

o item tangível que é mantido para o uso na produção ou fornecimento de mercadorias ou

serviços, para aluguel a terceiros, ou para fins administrativos e se espera utilizar por mais de

um período (IFAC, 2010). A IPSAS 17 tem por objetivo estabelecer o tratamento contábil

para ativos imobilizados, de forma que os usuários das demonstrações contábeis possam

discernir a informação sobre o investimento da entidade em seus ativos imobilizados, bem

como suas mutações. (IFAC, 2010).

Ainda quanto a IPSAS 17, o normativo é aplicável a entidade que elabora e apresenta

demonstrações financeiras sob o regime de competência, exceto quando um tratamento

contábil diferente foi adotado de acordo com outra Norma Internacional de Contabilidade

para o Setor Público e quanto a bens do patrimônio cultural (IFAC, 2010).

Em consonância com os fundamentos das IPSAS, o CFC, na qualidade de órgão regulador das

práticas contábeis e de membro do IFAC, instituiu grupo de trabalho para desenvolver as

primeiras Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBC T 16)

Page 5: Avaliação e Mensuração dos Ativos Imobilizados a Partir da

(Lima, Santana & Guedes, 2009). A NBC T 16.10 é a norma que estabelece critérios e

procedimentos para a avaliação e a mensuração de ativos e passivos integrantes do patrimônio

de entidades do setor público e apresenta critérios para avaliação e mensuração das

disponibilidades, créditos e dívidas, estoques, investimentos permanentes, imobilizado e

intangível.

2.2.1 AVALIAÇÃO E MENSURAÇÃO

Segundo o Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP), o ativo

imobilizado é composto pelos bens móveis que representa:

O valor da aquisição ou incorporação de bens corpóreos, que têm existência material e

que podem ser transportados por movimento próprio ou removidos por força alheia

sem alteração da substância ou da destinação econômico-social, para a produção de

outros bens ou serviços (MCASP, 2014, p. 146).

Já os bens imóveis que compreendem “o valor dos bens vinculados ao terreno que não podem

ser retirados sem destruição ou dano” (MCASP, 2014, p. 146).

A mensuração, de acordo com o MCASP (2014), é o processo que consiste em determinar os

valores pelos quais os elementos das demonstrações contábeis devem ser reconhecidos e

apresentados nas demonstrações contábeis.

A avaliação e a mensuração do ativo imobilizado nas entidades do setor público obedecem

aos seguintes critérios (MCASP, 2014, p. 145):

1. O reconhecimento inicial tem como base o valor de aquisição, produção ou de

construção;

2. Quanto tiverem vida útil econômica limitada, sujeita-se a depreciação, amortização

ou exaustão por um período, sistematicamente (sem prejuízo dos casos

excepcionais expressos na norma);

3. Quanto o ativo imobilizado tiver como origem de gratuita devem ser registrados

pelo valor justo na data em que foi adquirido, conforme valor resultante de

avaliação sob critérios técnicos ou valor definido na própria doação.

Sobre avaliação e mensuração, a partir da NBC T 16.10, ao referir-se ao ativo imobilizado, a

norma traz expressamente que a avaliação ou a mensuração é com base no valor de aquisição,

produção ou construção. Ainda em consonância com a NBC T 16.10, os gastos posteriores à

aquisição ou ao registro de elemento do ativo imobilizado devem ser incorporados ao valor

desse ativo quando houver possibilidade de geração de benefícios econômicos futuros ou

potenciais de serviços; qualquer outro gasto que não gere benefícios futuros deve ser

reconhecido como despesa do período em que seja incorrido.

Acerca da evidenciação, a NBCT 16.10, normaliza que deve ser evidenciado em notas

explicativas o critério de mensuração ou avaliação dos ativos do imobilizado obtidos a título

de gratuidade, bem como a eventual impossibilidade de sua valoração, devidamente

justificada.

Em suma, a respeito do custo do imobilizado, a IPSAS 17 diz que “[...]o custo de um item de

imobilizado deve ser reconhecido como ativo se, e apenas se for provável que benefícios

econômicos futuros ou potencial de serviços associados ao item fluirão para a entidade e o

custo ou valor justo do item puder ser mensurado confiavelmente” (IFAC, 2010, p.465). E

Page 6: Avaliação e Mensuração dos Ativos Imobilizados a Partir da

sobre o reconhecimento, um item do ativo imobilizado que seja classificado para

reconhecimento como ativo deve ser mensurado pelo seu custo (IFAC, 2010).

3 METODOLOGIA

Nesta seção serão descritas as estratégias de pesquisa a utilizadas para alcançar o objetivo

deste trabalho. As tipologias de delineamento de pesquisa deste projeto estão agrupadas em

três categorias, quanto aos: objetivos, abordagem do problema e procedimentos (Beuren,

2008).

A pesquisa apresenta-se com descritiva. A pesquisa descritiva preocupa-se em observar os

fatos, registrá-los, analisá-los, classificá-los e interpretá-los, e o pesquisador não interfere

neles (Beuren, 2008).

Em relação à abordagem do problema, será empregada uma metodologia qualitativa, pois

podem descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação das variáveis,

compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais (Richardson, 1999),

podendo assim, compreender melhor as perspectivas e as interpretações das pessoas

pesquisadas.

Quanto aos procedimentos, a pesquisa apresenta-se como documental. “A característica da

pesquisa documental é que a fonte de coleta de dados está restrita a documentos, escritos ou

não, constituindo o que se denomina de fontes primárias” (Marconi & Lakatos, 2003, p.174).

Para a coleta de dados, a fonte de dados inicial desta pesquisa foram os portais eletrônicas das

Secretarias de Fazenda Estaduais, onde foram feitas consultas públicas para ter acesso ao

Balanço Geral dos 26 Estados e Distrito Federal. Utilizou-se também o site do SICONFI

(Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro)

<https://siconfi.tesouro.gov.br> para coleta de dados das demonstrações contábeis. O Balanço

Patrimonial, a Demonstração de Variações Patrimoniais e as Notas Explicativas foram os

demonstrativos contábeis utilizados para a extração dos dados, referentes aos exercícios de

2014 e 2015.

4 ANÁLISE DE DADOS

O quadro 1 apresenta as unidades federativas que tornaram públicas suas informações quanto

aos demonstrativos Balanço Patrimonial, Demonstração de Variações Patrimoniais, Balanço

Geral do Estado e as Notas Explicativas, nos exercícios de 2014 e 2015.

Page 7: Avaliação e Mensuração dos Ativos Imobilizados a Partir da

Quadro 1: Publicação dos demonstrativos contábeis pelas Unidades Federativas do Brasil

Unidades Federativas

Balanço Patrimonial Demonstração das

Variações Patrimoniais

Balanço Geral do Estado

/ Notas Explicativas

2014 2015 2014 2015 2014 2015

Acre NP P NP P NP P

Alagoas P P P P P P

Amapá P P P P P NP

Amazonas P P P P P P

Bahia P P P P P P

Ceará P P P P P P

Distrito Federal P P P P P P

Espírito Santo P P P P P P

Goiás P P P P P P

Maranhão P P P P NP P

Mato Grosso P P P P P P

Mato Grosso do Sul NP P NP P NP P

Minas Gerais P P P P P P

Pará P P P P P P

Paraíba P P P P NP NP

Paraná P P P P P P

Pernambuco P P P P P P

Piauí P P P P P P

Rio de Janeiro P P P P P P

Rio Grande do Norte P P P P P P

Rio Grande do Sul P P P P P P

Rondônia P P P P P P

Roraima P P P P P P

Santa Catarina P P P P P P

São Paulo P P P P P P

Sergipe P P P P P P

Tocantins P P P P P P

Total 25 P 27 P 25 P 27 P 23 P 25 P

Fonte: Dados da pesquisa. Elaborado pelos autores. Legenda: NP=Não Publicou. P=Publicou.

O quadro demonstra que do exercício de 2014 para o de 2015, ocorreu um aumento das

Unidades Federativas que publicaram as informações pertinentes aos Balanços Patrimoniais,

Demonstrações das Variações Patrimoniais e Notas Explicativas, estas, normalmente

divulgadas através do Balanço Geral do Estado, ressalta-se o SICONFI não apresenta dados

referentes as notas explicativas.

Percebe-se que os estados de Mato Grosso do Sul e Acre no ano de 2014 não publicaram

nenhum dos demonstrativos coletados, porém no ano de 2015 houve a publicação das

informações por estes estados. Quanto a não publicação do Balanço Geral do Estado e Notas

Explicativas, o Maranhão não publicou informações referentes ao ano 2014, o estado do

Page 8: Avaliação e Mensuração dos Ativos Imobilizados a Partir da

Amapá os dados referentes ao ano de 2015, e o estado da Paraíba os exercícios de 2014 e

2015.

Apesar das observações referentes à falta de publicação dos demonstrativos contábeis por

algumas unidades federativas, nota-se de maneira geral, a preocupação com a accountabilitty

que “[...] pode ser definida como a responsabilização contínua dos governantes e agentes

públicos pelos atos praticados” (Raupp, 2011, p. 55).

Tendo como objeto de pesquisa a avaliação e mensuração dos ativos imobilizados, a fim de

perceber as variações sofridas por esses bens ao longo dos anos de 2014 e 2015, foram

levantados os valores apresentados nestas contas pelas unidades federativas. Conforme quadro

2 a seguir.

Quadro 2: Variação do ativo imobilizado entre os anos 2014 e 2015 (em mil R$)

Unidades Federativas 2014 2015 Variação (%)

Acre 2.951.050,75 3.204.031,00 8,57

Alagoas 2.264.258,04 2.710.907,69 19,73

Amapá 1.795.249,88 1.992.926,54 11,01

Amazonas 7.126.636,36 7.723.489,74 8,37

Bahia 10.603.476,73 11.799.204,85 11,28

Ceará 13.687.202,63 15.322.375,82 11,95

Distrito Federal 8.253.122,82 9.072.581,65 9,93

Espírito Santo 6.869.926,34 7.770.854,31 13,11

Goiás 13.696.271,26 16.052.179,93 17,20

Maranhão 6.888.168,16 7.808.790,56 13,37

Mato Grosso 44.242.366,89 45.017.070,51 1,75

Mato Grosso do Sul 2.062.896,69 2.426.337,50 17,62

Minas Gerais 15.061.537,99 16.176.470,08 7,40

Pará 7.598.597,18 8.355.463,79 9,96

Paraíba 4.077.176,04 4.269.026,16 4,71

Paraná 6.292.368,63 7.030.273,76 11,73

Pernambuco 6.278.272,48 6.983.099,39 11,23

Piauí 2.237.574,45 2.671.041,00 19,37

Rio de Janeiro 21.388.008,57 25.650.008,19 19,93

Rio Grande do Norte 2.181.206,41 2.505.134,92 14,85

Rio Grande do Sul 6.489.026,75 7.078.704,90 9,09

Rondônia 5.246.430,75 5.517.056,43 5,16

Roraima 2.923.219,80 2.996.273,26 2,50

Santa Catarina 10.810.933,28 12.088.165,51 11,81

São Paulo 46.198.019,35 49.788.906,65 7,77

Sergipe 1.521.083,77 1.863.669,34 22,52

Tocantins 1.824.270,56 2.483.280,12 36,12

Média 9.650.679,72 10.605.826,80 12,52

Fonte: Dados da pesquisa. Elaborado pelos autores.

Os estados de Sergipe e Tocantins foram os que apresentaram maiores variações entre os

valores apresentados no ativo imobilizado de seus balanços patrimoniais, 22,52% e 36,12%

respectivamente. Ao consultar os balanços de 2014 e 2015 do estado de Sergipe, o mesmo não

apresenta detalhes sobre o que acarretou o acréscimo do montante do ativo imobilizado,

apenas foram relatadas informações entre os dois anos, que não houve reavaliações de seus

Page 9: Avaliação e Mensuração dos Ativos Imobilizados a Partir da

ativos. Logo, uma das possíveis causas para o acréscimo de valor pode ter ocorrido devido as

novas aquisições de bens.

O estado de Tocantins divulgou em seu balanço do exercício de 2014, que não foi possível

detalhar a posição patrimonial de seus bens, pois os relatórios de controle físico emitidos pelo

Sistema de Patrimônio (SISPAT), não foram disponibilizados até a conclusão do BGE, por

função de erros de programação do referido sistema. Apesar de apresentar as análises das

demonstrações no ano de 2015, o estado de Tocantins, não apresentou maiores detalhes para a

variação de seu ativo imobilizado em suas notas explicativas.

Os estados que possuíram as menores variações entre os valores apresentados dos exercícios

de 2014 para 2015 foram Mato Grosso e Roraima, respectivamente 1,75% e 2,50%. Constata-

se ainda que a média das unidades federativas nas variações dos ativos imobilizados é de

12,52%. O gráfico 1 sintetiza o volume do ativo imobilizado entre 2014 e 2015, já

apresentados no quadro 2, para melhor visualização.

Gráfico 1: Variações do ativo imobilizado do exercício de 2014 para 2015 das unidades federativas

brasileiras (em mil R$)

Fonte: Dados da pesquisa. Elaborado pelos autores.

O MCASP determina que as informações relacionadas ao patrimônio público devem

transparecer a real situação do patrimônio, de forma detalhada e que permita a compreensão

pelos usuários das informações, instrumentalizando assim o controle social dos recursos

públicos utilizados (MCASP, 2014). Acerca dos fenômenos que afetam o ativo imobilizado,

estão: as alienações, o impairment, as perdas por desvalorização e a depreciação (MCASP,

2014).

2014 2014

10.000.000 20.000.000 30.000.000 40.000.000 50.000.000 60.000.000 -

Acre

Amapá

Bahia

Distrito Federal

Góias

Mato Grosso

Minas Gerais

Paraíba

Pernambuco

Rio de Janeiro

Rio Grande do Sul

Roraíma

São Paulo

Tocantins

Page 10: Avaliação e Mensuração dos Ativos Imobilizados a Partir da

Tomando como base estas informações, buscou-se verificar as movimentações ocorridas no

ativo imobilizado das unidades federativas brasileiras, tendo como finalidade observar as

alterações ao longo do exercício de 2014, conforme o quadro 3.

Quadro 3: Fenômenos que alteraram o ativo imobilizado das unidades federativas – Exercício 2014

Unidades Federativas Alienações Impairment (Redução

ao valor recuperável)

Perdas por

desvalorização Depreciação

Acre NP NP NP P

Alagoas P NP NP P

Amapá P NP NP NP

Amazonas P NP NP P

Bahia P NP NP P

Ceará P NP NP NP

Distrito Federal P NP NP P

Espírito Santo P P NP P

Goiás P NP NP NP

Maranhão P NP NP P

Mato Grosso P NP NP P

Mato Grosso do Sul P P NP P

Minas Gerais P NP P P

Pará P NP NP P

Paraíba P NP NP NP

Paraná NP NP P P

Pernambuco P NP NP P

Piauí P NP NP NP

Rio de Janeiro P P NP P

Rio Grande do Norte P NP NP P

Rio Grande do Sul P NP NP NP

Rondônia P NP NP NP

Roraima P NP P P

Santa Catarina P P P P

São Paulo P NP P P

Sergipe P NP P P

Tocantins P P NP P

Total 25 P 5 P 6 P 20 P

Fonte: Dados da pesquisa. Elaborado pelos autores. Legenda: NP=Não Publicou. P=Publicou.

Os dados apresentados no quadro anterior, se referem a alguns fenômenos evidenciados nos

demonstrativos contábeis publicados pelas unidades federativas em 2014. Percebeu-se que as

maiores informações divulgadas pertinentes às alterações do ativo imobilizado deste ano

foram as alienações e a depreciação dos bens.

Já o impairment e as perdas por desvalorização foram menos publicados, em 2014, tais fatos

se devem a estes procedimentos serem novos na contabilidade brasileira, em ambos setores:

privado e público.

Ainda sobre os fenômenos do ativo imobilizado, ocorreram as seguintes alterações em 2015,

segundo o quadro a seguir.

Page 11: Avaliação e Mensuração dos Ativos Imobilizados a Partir da

Quadro 4: Fenômenos que alteraram o ativo imobilizado das unidades federativas – Exercício 2015

Unidades Federativas Alienações Impairment (Redução ao

valor recuperável)

Perdas por

desvalorização Depreciação

Acre P NP NP P

Alagoas P NP NP P

Amapá NP NP NP NP

Amazonas P NP NP P

Bahia P P NP P

Ceará P NP NP P

Distrito Federal P NP NP P

Espírito Santo P P P P

Goiás P NP NP NP

Maranhão P NP NP P

Mato Grosso P NP NP P

Mato Grosso do Sul P NP NP P

Minas Gerais P NP P P

Pará P NP NP P

Paraíba P NP NP P

Paraná P NP P P

Pernambuco P NP NP P

Piauí P NP NP NP

Rio de Janeiro P P NP P

Rio Grande do Norte P NP NP P

Rio Grande do Sul P NP NP NP

Rondônia NP NP NP P

Roraima NP NP NP P

Santa Catarina P P P P

São Paulo P NP P P

Sergipe P NP NP P

Tocantins P P NP P

Total 24 P 5 P 5 P 23 P

Fonte: Dados da pesquisa. Elaborado pelos autores. Legenda: NP=Não Publicou. P=Publicou.

Próximo aos resultados obtidos em 2014, os dois fenômenos mais evidenciados no ano de

2015 foram as alienações e as depreciações. E os menos evidenciados foram o impairment e

as perdas por desvalorização.

Ressalta-se que em 2014 o Acre e o Paraná foram os únicos estados que não apresentaram as

alienações em seus demonstrativos, e em 2015, os estados que não apresentaram as alienações

foram Amapá, Rondônia e Roraima. Em 2015 os estados de Amapá, Goiás, Piauí e Rio

Grande do Sul não apresentaram nos seus demonstrativos a depreciação do imobilizado. E

Ceará, Paraíba e Rondônia que não haviam evidenciaram a depreciação em 2014, passaram a

publicar no ano de 2015.

Page 12: Avaliação e Mensuração dos Ativos Imobilizados a Partir da

Sobre o impairment, em 2014, os estados do Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Rio de

Janeiro, Santa Catarina e Tocantins realizaram. No exercício de 2015, Bahia, Espírito Santo,

Rio de Janeiro, Santa Catarina e Tocantins evidenciaram o teste de impairment.

Examina-se que os estados de Espírito Santo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Tocantins;

efetuaram o impairment em ambos os exercícios.

Em relação as perdas por desvalorização os estados de Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e

São Paulo, registraram suas perdas nos dois exercícios. Ressalta-se que Santa Catarina foi o

único estado publicou todos os registros em 2014 e 2015.

O gráfico 2 sintetiza as informações de quantidade de publicações em cada fenômeno

(alienação, impairment, perda por desvalorização e depreciação) que alterou o ativo

imobilizado nos dois exercícios pesquisados.

Gráfico 2 - Fenômenos que alteraram o ativo imobilizado das unidades federativas – Exercícios 2014 e

2015

Fonte: Dados da pesquisa. Elaborado pelos autores.

A respeito da mensuração de ativos imobilizados, o MCASP estabelece orientações sobre os

procedimentos contábeis patrimoniais, como mensurar os ativos e passivos dos entes

públicos. A seguir, serão apresentadas definições para melhor entendimento das técnicas de

mensuração.

A mensuração dos ativos imobilizados é a verificação do valor monetário do bem, onde, pode

ser registrado pelo valor de aquisição, valor justo (fair value) e valor realizável líquido; como

também devem ser registradas todas as alterações sofridas pelos ativos decorrentes de

reavaliação (valor de mercado), redução ao valor recuperável (impairment) e outros (MCASP,

2014). O critério de critério de mensuração ou avaliação dos ativos imobilizados deve ser

evidenciado em notas explicativas outros (MCASP, 2014).

Ao analisar o Balanço Geral de cada unidade federativa de 2014, foram verificadas que todas

as unidades apresentaram em seus Balanços informações sobre o modo de mensuração dos

ativos imobilizados, utilizaram o método do valor de aquisição. O método do valor de

aquisição é definido como “a soma do preço de compra de um bem com os gastos suportados

Page 13: Avaliação e Mensuração dos Ativos Imobilizados a Partir da

direta ou indiretamente para coloca-lo em condição de uso” (MCASP, p. 142, 2014). O

quadro 5 indica os estados e qual a forma de mensuração utilizada no ano de 2014:

Quadro 5: Método de mensuração do ativo imobilizado – Exercício de 2014

Unidades Federativas Mensuração do Ativo Imobilizado

Alagoas Valor de Aquisição

Amazonas Valor de Aquisição

Bahia Valor de Aquisição

Mato Grosso do Sul Valor de Aquisição

Pará Valor de Aquisição

Pernambuco Valor de Aquisição

Rondônia Valor de Aquisição

Santa Catarina Valor de Aquisição

São Paulo Valor de Aquisição

Fonte: Dados da pesquisa. Elaborado pelos autores.

Os entes públicos também devem apresentar em seus demonstrativos as depreciações e os

seus respectivos métodos utilizados. Dentre estes métodos, destaca-se os das quotas

constantes ou da linha reta, que “[...] utiliza-se de taxa de depreciação constante durante a

vida útil do ativo, caso o seu valor residual não se altere” (MCASP, 2014, p. 168). Em 2014,

todos os estados que apresentaram informações sobre a metodologia de depreciação,

evidenciaram que utilizaram o método das quotas constantes, conforme quadro 6:

Quadro 6: Método de depreciação do ativo imobilizado – Exercício de 2014

Unidades Federativas Método de Depreciação

Mato Grosso do Sul Quotas constantes

Pará Quotas constantes

Pernambuco Quotas constantes

Santa Catarina Quotas constantes

Fonte: Dados da pesquisa. Elaborado pelos autores.

No ano de 2015, os estados que apresentaram o critério de mensuração de seu ativo

imobilizado, em sua totalidade, o critério de avaliação utilizado, assim como em 2014, foi

valor de aquisição, de acordo com o quadro 7.

Page 14: Avaliação e Mensuração dos Ativos Imobilizados a Partir da

Quadro 7: Método de mensuração do ativo imobilizado – Exercício de 2015

Unidades Federativas Mensuração do Ativo Imobilizado

Alagoas Valor de Aquisição

Amazonas Valor de Aquisição

Bahia Valor de Aquisição

Espírito Santo Valor de Aquisição

Pará Valor de Aquisição

Paraná Valor de Aquisição

Piauí Valor de Aquisição

Rio Grande do Norte Valor de Aquisição

Rondônia Valor de Aquisição

Santa Catarina Valor de Aquisição

Fonte: Dados da pesquisa. Elaborado pelos autores.

Em relação ao método de depreciação, que é utilizado para cálculo do desgaste sofrido pelo

ativo imobilizado em razão do tempo de uso, o método das quotas constantes, foi o único

utilizado pelos estados, assim como em 2014, como apresenta o quadro 8:

QUADRO 8: Método de depreciação do ativo imobilizado – Exercício de 2015

Unidades Federativas Método de Depreciação

Alagoas Quotas Constantes

Amazonas Quotas Constantes

Bahia Quotas Constantes

Espírito Santo Quotas Constantes

Pará Quotas Constantes

Santa Catarina Quotas Constantes

Tocantins Quotas Constantes

Fonte: Dados da pesquisa. Elaborado pelos autores.

Constata-se sobre a mensuração dos ativos imobilizados, que no exercício de 2014, nove

estados informaram o método utilizado, já em 2015, dez estados. Sendo que Mato Grosso do

Sul, Pernambuco e São Paulo haviam divulgado em 2014 e não divulgaram no ano de 2015.

Espírito Santo, Paraná, Piauí e Rio Grande do Norte realizaram a divulgação da técnica de

mensuração em 2015. Alagoas, Amazonas, Bahia, Pará, Rondônia e Santa Catarina,

publicaram a mensuração em notas explicativas em ambos os exercícios.

Na depreciação, o método foi utilizado por quatro e sete estados respectivamente, nos anos de

2014 e 2015. Mato Grosso do Sul e Pernambuco publicaram em 2014 e se ausentaram da

mesma em 2015. Alagoas, Amazonas, Bahia, Espírito Santo e Tocantins passaram a publicar

em 2015. Os estados do Pará e Santa Catarina foram os únicos que divulgaram informações

sobre o método de depreciação nos dois exercícios.

Acerca da mensuração e depreciação dos ativos imobilizados, observa-se que o Pará e Santa

Catarina foram os estados que realizaram as divulgações pertinentes em suas notas

explicativas. Ressalta-se ainda que no ano de 2015, ocorreram trocas de gestões nas unidades

federativas onde o governador não foi reeleito, se candidato; o que pode ter contribuído para

não continuidade de alguns procedimentos do exercício de 2014 e 2015.

Page 15: Avaliação e Mensuração dos Ativos Imobilizados a Partir da

Com a análise de dados, percebe-se que ainda será necessário um intenso trabalho por parte

das Secretarias de Fazenda Estaduais, para que as unidades federativas possam se adequarem

totalmente aos novos procedimentos, e assim evidenciar a real situação do patrimônio

público, que no decorrer dos anos de 2014 e 2015 evoluiu timidamente no que se refere à

adoção aos padrões internacionais de contabilidade aplicada ao setor público.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante da necessidade da convergência, o Brasil precisou adequar-se ao modelo dos padrões

internacionais para atender as novas demandas externas. Com a adoção deste processo,

destaca-se a novamente nesta pesquisa, que maior mudança é enfoque patrimonial, que

consequentemente gera a necessidade de avaliar e mensurar os ativos dos órgãos públicos,

com a finalidade de apresentar uma situação patrimonial condizente com a realidade.

O presente trabalho buscou verificar se as unidades federativas brasileiras estão empregando

os procedimentos para avaliação e mensuração dos ativos imobilizados conforme estabelecido

pela NBC T 16.10. Em síntese, os resultados permitem inferir:

- No ano de 2015 houve um aumento da publicação das informações pertinentes aos Balanços

Patrimoniais, Demonstrações das Variações Patrimoniais e Notas Explicativas. Observou-se

que quatro estados (Acre, Maranhão, Mato Grosso do Sul e Paraíba) não publicaram no ano

de 2014, e dois estados (Amapá e Paraíba) não publicaram o Balanço Geral e Notas

explicativas referentes a 2015.

- Sobre as movimentações ocorridas no ativo imobilizado das unidades federativas brasileiras,

foi possível perceber que as informações divulgadas pertinentes às alterações do ativo

imobilizado foram as alienações dos bens, como a depreciação, onde, vinte e cinco das

unidades federativas brasileiras divulgaram dados referentes as alienações, enquanto vinte

apresentaram a depreciação em seus demonstrativos.

- Referente à forma de mensuração dos ativos imobilizados, apenas nove unidades federativas

apresentaram a técnica utilizada no ano de 2014, sendo eles: Alagoas, Amazonas, Bahia, Mato

Grosso do Sul, Pará, Pernambuco, Rondônia, Santa Catarina e São Paulo. E no ano de 2015,

dez estados apresentaram, sendo eles: Alagoas, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Pará,

Paraná, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia e Santa Catarina. Já em relação à metodologia

de depreciação utilizada apenas quatro estados evidenciaram o método utilizado no ano de

2014, e sete estados no ano de 2015.

Diante do estudo realizado, foi possível observar que algumas unidades federativas

apresentaram inconsistências em seus demonstrativos, conforme o que estava disponibilizado.

Ao observar os procedimentos utilizados para avaliação e mensuração dos ativos imobilizados

pelos entes brasileiros, é perceptível que será necessário um intenso trabalho por parte das

Secretarias de Fazenda Estaduais para que as unidades federativas adotem totalmente aos

novos critérios, e assim evidenciar a real situação do patrimônio público.

A pesquisa se limitou a verificação da avaliação e mensuração dos ativos imobilizados pelas

unidades federativas nos anos de 2014 e 2015, tendo como base de análise e de extração das

informações necessárias por meio do Balanço Geral do Estado, onde foram encontradas

dificuldades na localização dos balanços de algumas unidades federativas. Ressalta-se ainda

que no ano de 2015, ocorreram trocas de gestões nas unidades federativas onde o governador

não foi reeleito, se candidato; o que pode ter contribuído para não continuidade de alguns

procedimentos do exercício de 2014 e 2015.

Page 16: Avaliação e Mensuração dos Ativos Imobilizados a Partir da

Destaca-se a importância da realização de pesquisas em municípios brasileiros, com intuito de

confirmar os resultados encontrados nos Estados e Distrito Federal, assim como uma análise

acerca das dificuldades encontradas para se adequar às novas diretrizes.

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